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ordem jurídica e social romana, Paulo orienta as pessoas a
obedecerem às autoridades, evitando, assim, maiores problemas.
Segundo, é preciso entender que o cristianismo gozava, na época, da
proteção da própria lei romana, que dava ao judaísmo o privilégio de
não precisar participar do culto estatal ao imperador. Tal obrigação,
sob pena de morte a quem descumprisse, seria a principal causa da
perseguição futura aos cristãos. Nesse momento, porém, o
cristianismo ainda era visto pelos romanos como uma “seita judaica”,
por isso, ainda gozavam da isenção estatal à idolatria compulsória a
que todos os membros do império romano eram sujeitos.
Com isso em mente, podemos compreender que Paulo conclama a
igreja de Roma no capítulo 13 à preservação do seu testemunho e
integridade. As autoridades tinham a função dada por Deus de
organizar a nação, por isso, rebelar-se contra ela era ir contra o que
Deus instituiu (v. 2). Como serva de Deus, era agente da justiça para
punir quem pratica o mal (v. 4). Para a igreja nascente, manter seu
testemunho fazendo o bem e cumprindo as leis faria com que os
cristãos fossem enaltecidos (v. 3).
Considerando que evoluímos em muito na questão do ordenamento
jurídico, podemos compreender perfeitamente a orientação paulina
para hoje como um alerta para que não venhamos a afrontar a
autoridade estabelecida sem uma justa causa, como uma lei que
afronte diretamente a Palavra de Deus. Entretanto, mesmo em casos
assim, devemos buscar os caminhos legais para lutar para que haja
justiça e mudança.
A QUESTÃO DOS IMPOSTOS
Um corolário importante do capítulo 13 é a questão do pagamento de
impostos. Muitos brasileiros deixam de pagar seus tributos por
inúmeros motivos, desde irritação com a quantidade de desvios que
acontecem no nível institucional, até a mera ganância. Paulo, talvez
prevendo que os cristãos não se interessariam em contribuir para
uma instituição claramente perdulária e idólatra como Roma, insta os
membros da igreja romana a continuarem pagando seus impostos.
Por serem agentes de Deus, as autoridades precisam dos impostos
para bancar as políticas que irão sustentar o povo. O maior exemplo
foi Jesus, que não só nos orientou a pagar nossos impostos (Mt 22.17-
21) mas, ele mesmo, pagou um tributo em vida (Mt 17.27).
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Por mais que vejamos os nossos recursos sendo desviados pelas
autoridades instituídas, devemos considerar que elas auxiliam a
reduzir as desigualdades em nosso país, algo que os profetas do
Antigo Testamento constantemente alertavam que não agradava a
Deus. Deixar de pagar seus impostos não só tira dinheiro da saúde, da
educação e da segurança pública, como contraria frontalmente a
atitude de vida do nosso Mestre. Por isso, devemos mudar de
mentalidade e, como cristãos, ser fiéis também no pagamento de
nossos impostos e tributos.
RELACIONAMENTO COM O PRÓXIMO
No restante do texto desta semana Paulo fala sobre a forma como o
cristão deve se relacionar com o próximo. Desde o começo, o apóstolo
menciona que o amor deve ser o norteador do cristão, pois no amor
ao próximo se resume todos os mandamentos (v. 8-10). É o amor que
dará condições ao cristão de conviver em harmonia com os outros.
Este amor justificará, para Paulo, a abnegação que ele propõe ao
cristão no capítulo 14. Sabendo que haveria pessoas na comunidade
em diversos estágios de maturidade cristã, Paulo conclama os
membros da igreja romana a aceitar as diferenças de liturgia e
crenças sobre determinados aspectos entre cada pessoa. Percebam
que Paulo não lista assuntos centrais da fé cristã, como salvação,
batismo ou a ressurreição corpórea de Cristo neste trecho, mas, sim,
questões mais relacionadas com o cotidiano, como a crença em dias
santos (v. 5) e alimentação.
Para combater nosso ego, Paulo demonstra que não pertencemos
mais a nós mesmos, mas somos propriedade do Senhor (v. 8),
devendo viver segundo seus propósitos de fazer discípulos e cuidar
dos caídos. Assim, os cristãos deveriam ter três atitudes bem claras
em relação a tais controvérsias: não debater assuntos polêmicos (v.
1), aceitar as visões diferentes (v. 3, 13) e evitar causar tropeço em
irmãos mais novos na fé com suas atitudes (v. 15,20,21).
A razão para evitar os debates polêmicos e o respeito a visões
distintas, ainda que movidas por uma fé mais imatura, deve-se ao fato
de todos estarem fazendo isso pensando apenas em agradar a Deus (v.
6). Por serem motivações sinceras, movidas pelo amor ao Criador,
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Paulo conclama os cristãos a respeitá-Ias e compreender aqueles que
as professam, ainda que discordem delas.
Quanto ao cuidado com o testemunho, Paulo nos exorta a pensar no
próximo e como ele reagirá com nossas condutas. Sua preocupação
reside no cuidado com os novos na fé, aquelas pessoas que haviam se
convertido e adentrariam nos arraiais da comunidade cristã nascente.
Ele sabia que determinadas atitudes mais liberais referentes à comida
poderiam chocar alguns novos convertidos, dependendo de suas
religiões de origem. Por isso, usando este exemplo, demonstrou que o
cuidado com o novo convertido deveria ser uma tônica da igreja
nascente, para evitar que noviços na fé viessem a se desviar por não
concordarem com as atitudes de seus irmãos mais experientes, por
mais simples que pudessem parecer.
CONCLUSÃO
Por mais difícil que seja para nós aceitar o momento em que vivemos
em nosso país, não devemos sucumbir à tentação de tomar a justiça
de Deus em nossas mãos e causar uma revolução em nosso país.
Devemos, sim, buscar as mudanças dentro das estruturas
estabelecidas, por meio do voto consciente, do exercício do mandato
eletivo e da consciência política e social. Juntos, podemos transformar
a sociedade em que vivemos por meio do amor e respeito a todos.
Viver pensando no próximo não é algo que costumamos fazer, pois
nosso ego nos faz pensar que estamos sempre certos e que os outros
devem nos aceitar como somos. Entretanto, muitas vezes causamos
dor e sofrimento aos que nos rodeiam por não agirmos pensando em
seus sentimentos e necessidades. Devemos, como igreja, agir de forma
a abençoar e apoiar aqueles que estão se iniciando na fé, sem julgá-los
pelas suas limitações ou nível de aprendizado, mas, sim, os ajudando
no que precisarem para crescer em Cristo.
Manter um testemunho sólido e agradável é a chave para alcançarmos
os perdidos. Essa é uma necessidade premente, pois pode acontecer a
qualquer momento. O próprio Paulo deu um tom escatológico à sua
mensagem (Rm 13.11-14), mostrando que a volta de Jesus deveria
motivar os cristãos a fazerem o bem e testemunharem de Cristo aos
que ainda viviam em trevas. Que o amor pelas almas perdidas e o
desejo de levá-Ias a Cristo possam mover nossas ações e nos ajudar a
zelar por aqueles que estão iniciando sua jornada na fé cristã.
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