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EBD 12 COMO LIDAR COM O PRÓXIMO

TEXTO BÍBLICO: ROMANOS 13;14 | TEXTO ÁUREO: ROMANOS 14,8


SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO
ROMANOS ROMANOS ROMANOS ROMANOS ROMANOS ROMANOS ROMANOS
13.1-4 13.5-7 13.8-14 14.1-6 14.7-12 14.13-18 14.19-23

m dos maiores limitadores de minha vida sempre foi o


temperamento. Ao longo da minha história, sempre tive dificuldades
com a oposição de ideias ou a injustiça, ficando rapidamente irritado
quando algo não saía conforme eu esperava. Porém, isso acabou me
colocando em diversas situações problemáticas que me fizeram
perceber que eu precisava mudar, caso não quisesse destruir meu
testemunho e, por conseguinte, meu ministério. Hoje, uma das minhas
orações mais constantes é para Deus trazer tranquilidade ao meu
coração frente às adversidades.
Saber como lidar com o próximo é uma das máximas do cristianismo.
Não vivemos apenas para nós mesmos, mas para abençoar e ajudar o
próximo. Essa consciência precisa estar bem destacada em nossas
mentes para que não venhamos a incorrer em pecado.
RELACIONAMENTO COM AS AUTORIDADES
Considerando o tempo em que vivemos hoje, no Brasil (e, no meu
caso, na cidade do Rio de Janeiro), aceitar a situação que estamos
vivendo é complicadíssimo. A corrupção percorre todas as instâncias
do nosso governo, porém, isso é apenas um reflexo da sociedade
brasileira, onde o "jeitinho brasileiro" e o "meu pirão primeiro"
dominam o seu inconsciente coletivo. Por causa disso, é difícil ler
Romanos 13 e não se incomodar com a atitude passiva de Paulo. Falar,
nos dias de hoje, em sujeitar-se às autoridades governamentais (v. 1-
5) parece algo inadmissível. Entretanto, precisamos resgatar o
contexto histórico para compreendermos a razão da afirmação
paulina.
Primeiro, vemos que Paulo está se dirigindo à igreja situada na capital
da maior potência militar da época. Sua existência era certamente
observada pelas autoridades locais, que lutavam para manter uma
"falsa paz" em toda a extensão do império. Por não terem poder social
ou militar para evitar uma severa punição caso agissem contra a

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ordem jurídica e social romana, Paulo orienta as pessoas a
obedecerem às autoridades, evitando, assim, maiores problemas.
Segundo, é preciso entender que o cristianismo gozava, na época, da
proteção da própria lei romana, que dava ao judaísmo o privilégio de
não precisar participar do culto estatal ao imperador. Tal obrigação,
sob pena de morte a quem descumprisse, seria a principal causa da
perseguição futura aos cristãos. Nesse momento, porém, o
cristianismo ainda era visto pelos romanos como uma “seita judaica”,
por isso, ainda gozavam da isenção estatal à idolatria compulsória a
que todos os membros do império romano eram sujeitos.
Com isso em mente, podemos compreender que Paulo conclama a
igreja de Roma no capítulo 13 à preservação do seu testemunho e
integridade. As autoridades tinham a função dada por Deus de
organizar a nação, por isso, rebelar-se contra ela era ir contra o que
Deus instituiu (v. 2). Como serva de Deus, era agente da justiça para
punir quem pratica o mal (v. 4). Para a igreja nascente, manter seu
testemunho fazendo o bem e cumprindo as leis faria com que os
cristãos fossem enaltecidos (v. 3).
Considerando que evoluímos em muito na questão do ordenamento
jurídico, podemos compreender perfeitamente a orientação paulina
para hoje como um alerta para que não venhamos a afrontar a
autoridade estabelecida sem uma justa causa, como uma lei que
afronte diretamente a Palavra de Deus. Entretanto, mesmo em casos
assim, devemos buscar os caminhos legais para lutar para que haja
justiça e mudança.
A QUESTÃO DOS IMPOSTOS
Um corolário importante do capítulo 13 é a questão do pagamento de
impostos. Muitos brasileiros deixam de pagar seus tributos por
inúmeros motivos, desde irritação com a quantidade de desvios que
acontecem no nível institucional, até a mera ganância. Paulo, talvez
prevendo que os cristãos não se interessariam em contribuir para
uma instituição claramente perdulária e idólatra como Roma, insta os
membros da igreja romana a continuarem pagando seus impostos.
Por serem agentes de Deus, as autoridades precisam dos impostos
para bancar as políticas que irão sustentar o povo. O maior exemplo
foi Jesus, que não só nos orientou a pagar nossos impostos (Mt 22.17-
21) mas, ele mesmo, pagou um tributo em vida (Mt 17.27).
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Por mais que vejamos os nossos recursos sendo desviados pelas
autoridades instituídas, devemos considerar que elas auxiliam a
reduzir as desigualdades em nosso país, algo que os profetas do
Antigo Testamento constantemente alertavam que não agradava a
Deus. Deixar de pagar seus impostos não só tira dinheiro da saúde, da
educação e da segurança pública, como contraria frontalmente a
atitude de vida do nosso Mestre. Por isso, devemos mudar de
mentalidade e, como cristãos, ser fiéis também no pagamento de
nossos impostos e tributos.
RELACIONAMENTO COM O PRÓXIMO
No restante do texto desta semana Paulo fala sobre a forma como o
cristão deve se relacionar com o próximo. Desde o começo, o apóstolo
menciona que o amor deve ser o norteador do cristão, pois no amor
ao próximo se resume todos os mandamentos (v. 8-10). É o amor que
dará condições ao cristão de conviver em harmonia com os outros.
Este amor justificará, para Paulo, a abnegação que ele propõe ao
cristão no capítulo 14. Sabendo que haveria pessoas na comunidade
em diversos estágios de maturidade cristã, Paulo conclama os
membros da igreja romana a aceitar as diferenças de liturgia e
crenças sobre determinados aspectos entre cada pessoa. Percebam
que Paulo não lista assuntos centrais da fé cristã, como salvação,
batismo ou a ressurreição corpórea de Cristo neste trecho, mas, sim,
questões mais relacionadas com o cotidiano, como a crença em dias
santos (v. 5) e alimentação.
Para combater nosso ego, Paulo demonstra que não pertencemos
mais a nós mesmos, mas somos propriedade do Senhor (v. 8),
devendo viver segundo seus propósitos de fazer discípulos e cuidar
dos caídos. Assim, os cristãos deveriam ter três atitudes bem claras
em relação a tais controvérsias: não debater assuntos polêmicos (v.
1), aceitar as visões diferentes (v. 3, 13) e evitar causar tropeço em
irmãos mais novos na fé com suas atitudes (v. 15,20,21).
A razão para evitar os debates polêmicos e o respeito a visões
distintas, ainda que movidas por uma fé mais imatura, deve-se ao fato
de todos estarem fazendo isso pensando apenas em agradar a Deus (v.
6). Por serem motivações sinceras, movidas pelo amor ao Criador,

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Paulo conclama os cristãos a respeitá-Ias e compreender aqueles que
as professam, ainda que discordem delas.
Quanto ao cuidado com o testemunho, Paulo nos exorta a pensar no
próximo e como ele reagirá com nossas condutas. Sua preocupação
reside no cuidado com os novos na fé, aquelas pessoas que haviam se
convertido e adentrariam nos arraiais da comunidade cristã nascente.
Ele sabia que determinadas atitudes mais liberais referentes à comida
poderiam chocar alguns novos convertidos, dependendo de suas
religiões de origem. Por isso, usando este exemplo, demonstrou que o
cuidado com o novo convertido deveria ser uma tônica da igreja
nascente, para evitar que noviços na fé viessem a se desviar por não
concordarem com as atitudes de seus irmãos mais experientes, por
mais simples que pudessem parecer.
CONCLUSÃO
Por mais difícil que seja para nós aceitar o momento em que vivemos
em nosso país, não devemos sucumbir à tentação de tomar a justiça
de Deus em nossas mãos e causar uma revolução em nosso país.
Devemos, sim, buscar as mudanças dentro das estruturas
estabelecidas, por meio do voto consciente, do exercício do mandato
eletivo e da consciência política e social. Juntos, podemos transformar
a sociedade em que vivemos por meio do amor e respeito a todos.
Viver pensando no próximo não é algo que costumamos fazer, pois
nosso ego nos faz pensar que estamos sempre certos e que os outros
devem nos aceitar como somos. Entretanto, muitas vezes causamos
dor e sofrimento aos que nos rodeiam por não agirmos pensando em
seus sentimentos e necessidades. Devemos, como igreja, agir de forma
a abençoar e apoiar aqueles que estão se iniciando na fé, sem julgá-los
pelas suas limitações ou nível de aprendizado, mas, sim, os ajudando
no que precisarem para crescer em Cristo.
Manter um testemunho sólido e agradável é a chave para alcançarmos
os perdidos. Essa é uma necessidade premente, pois pode acontecer a
qualquer momento. O próprio Paulo deu um tom escatológico à sua
mensagem (Rm 13.11-14), mostrando que a volta de Jesus deveria
motivar os cristãos a fazerem o bem e testemunharem de Cristo aos
que ainda viviam em trevas. Que o amor pelas almas perdidas e o
desejo de levá-Ias a Cristo possam mover nossas ações e nos ajudar a
zelar por aqueles que estão iniciando sua jornada na fé cristã.
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