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Ano Letivo de 2020/21

Português – 9º Ano

TESTE DE AVALIAÇÃO

Nome: ______________________________ Nº: _____ Ano/Turma: ______ Data: ___/___/___


GRUPO I – COMPREENSÃO ESCRITA

Parte A

Lê, atentamente, o texto abaixo apresentado e responde aos itens que se seguem, de acordo
com as orientações que te são dadas.

A idade da crise
Os neurologistas descobriram que o cérebro começa a reorganizar-se na puberdade e provoca
um tremendo alvoroço que é responsável, em grande medida, pelas atitudes dos mais jovens […]
Psicólogos e sociólogos tentam descobrir se o comportamento adolescente obedece a um rito
social, se é provocado por uma acumulação de fatores biológicos ou uma combinação de ambos.
Procurámos dar resposta a algumas das questões fundamentais que se colocam entre os onze e os
dezanove anos de idade. […]

Porque têm mudanças de humor?

As alterações fisiológicas explicam, em grande parte, a razão pela qual os adolescentes


costumam estar de mau humor mais vezes do que parece normal. As descargas de hormonas no
organismo podem produzir transições rápidas da tristeza para a alegria ou da afabilidade para a
fúria. Porém, há outro fator que se revela fundamental, segundo um estudo recente da
organização Sleep Scotland (Edimburgo, Escócia): a falta de sono. A investigação detetou que as
alterações no estado de humor coincidem com épocas em que dormimos poucas horas. No caso
de jovens na fase da puberdade, deve-se sobretudo à grande quantidade de tempo que dedicam,
todas as noites, aos videojogos, à TV ou à Internet: muitos apenas dormem entre quatro e cinco
horas por noite, o que influi de forma determinante nas suas drásticas alterações emocionais […]

Porque gostam tanto de SMS?

Um estudo recente da Universidade do Michigan e do Projeto Pew Internet & American Life
revelou que os adolescentes comunicam sobretudo através de mensagens de texto, apesar da
utilização em massa do correio eletrónico e do êxito de redes sociais como o Facebook ou o
Twitter. O volume é impressionante: uma média de 30 SMS por dia, no caso deles, e de 80, no
delas. As razões estão relacionadas com um formato que impõe a brevidade (o que lhes agrada) e
a transmissão quase universal, pois praticamente toda a gente possui um telemóvel. Além disso,
o estudo descobriu outro fator para explicar a preferência juvenil: o sentido de privacidade. Os
SMS parecem bilhetinhos secretos, o que os transforma no meio ideal para trocar mensagens
íntimas. Todavia, há um dado curioso que nos faz refletir sobre o tipo de comunicação que se
estabelece com os pais: na maior parte dos casos, os miúdos recorrem a chamadas de voz quando
querem falar com os progenitores. Talvez porque não lhes contam todos os seus segredos? […]

L.M., in SuperInteressante n.º 152 – dezembro 2010

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1. Classifica as seguintes afirmações como Verdadeiras (V) ou Falsas (F).
(A) Os adolescentes preferem telefonar aos pais.
(B) As alterações fisiológicas condicionam o humor dos adolescentes.
(C) Os investigadores pretendem saber se as atitudes dos jovens são causadas por fatores
biológicos, sociais e económicos.
(D) A reorganização do cérebro, na puberdade, é responsável pelo comportamento dos mais
jovens.
(E) Os jovens comunicam essencialmente através das redes sociais.
(F) Os SMS, para além de secretos, são mais acessíveis às raparigas.

2. Seleciona, em cada item (2.1. a 2.3.), a opção correta relativamente ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

2.1. Os estudos referidos no texto procuravam


(A) explicações biológicas para o comportamento dos adolescentes.
(B) razões sociais que justificassem o comportamento dos jovens entre os onze e os
dezanove anos.
(C) verificar se os comportamentos dos adolescentes se deviam a fatores biológicos,
sociais ou a ambos.
(D) descobrir como controlar o comportamento dos adolescentes.

2.2. Os jovens dormem poucas horas devido


(A) ao uso excessivo de determinados meios tecnológicos.
(B) às alterações hormonais.
(C) à sua instabilidade emocional.
(D) ao envio constante de SMS.

2.3. A pergunta “Talvez porque não lhes contam todos os seus segredos?” (linha 28)
(A) pretende criticar o comportamento dos jovens.
(B) formula uma hipótese para as diferentes formas de comunicação.
(C) defende que os adolescentes contem todos os seus segredos aos pais.
(D) apresenta a principal preocupação dos pais de adolescentes.

3. Seleciona a única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto.


Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

(A) “que” (linha 2) substitui “tremendo alvoroço”.


(B) “que” (linha 5) substitui “questões fundamentais”.
(C) “que” (linha 14) substitui “jovens”.
(D) “que” (linha 26) substitui “dado curioso”.

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Parte B

Lê atentamente a crónica, procurando detetar as diferentes recordações referidas por


José Luís Peixoto.
Família

1 A toalha de mesa era nova e só se usava nesses almoços de domingo. Havia uma
garrafa de laranjada de vidro grosso ao centro da mesa, ao lado do vinho. Antes, o meu pai
tinha-me mandado à venda. Levava uma alcofa com duas garrafas vazias. O cheiro do
vinho tinto estava entranhado nas paredes. Nessas horas, fim da manhã de domingo,
5 atravessava as fitas e não estava ninguém na venda, só a caixa das pastilhas de mentol e
uma cadela que não se incomodava com a minha presença. Tinha de bater com a palma da
mão no balcão, que me chegava à altura dos ombros, e, meio tímido, tinha de chamar: Ti
Lourenço, Ti Lourenço. Quando chegava, trazia a sua calma e o seu bigode. Trocava a
garrafa vazia de laranjada por uma cheia e acertava o gargalo da outra garrafa na torneira
10 do barril. Eu pagava com o número certo de notas de vinte e moedas de cinco escudos.
Nesses dias, não faltava sol no quintal. Agora, parece-me que eram sempre
domingos de uma primavera em que já se imaginava o verão. E as galinhas debatiam um
assunto calmo na capoeira, as coelhas ameigavam os filhos na coelheira, os pombos
atiravam-se em voos desde o pombal. A claridade desse tempo entrava pela janela e
15 pousava sobre a mesa posta, a melhor terrina com canja, os melhores copos, os
guardanapos dos dias de festa. A televisão a cores brilhava. Estava ligada e não importa o
que estivesse a dar, programas religiosos, concertos em Viena, grandes prémios
intermináveis de automobilismo, qualquer coisa era boa e acrescentava cor à nossa tarde.
Eu tinha entre seis e treze anos (1980-1987).
20 Depois, chegou uma altura em que essa toalha de mesa, já mais desbotada,
começou a ser usada nas refeições dos dias de semana. Lavada muitas vezes, tornou-se
mais suave ao toque. Ganhou nódoas que já não saíam e, um dia, tornou-se demasiado
velha até para esse uso. Então, a minha mãe rasgou-a e transformou-a num esfregão.
Agora, até esse dia é remoto. Até o dia em que a minha mãe decidiu pôr o esfregão no lixo
25 é remoto.
Esses almoços de domingo moldaram a minha vida.
Quando era pequeno, qualquer tarefa me absorvia por completo. Se decidia fazer
uma torre de lego, não tinha mais pensamentos enquanto escolhia as peças e as encaixava
umas nas outras. Hoje, não há nada que seja capaz de me prender a atenção dessa forma.
30 Aconteceram muitas coisas ao meu olhar.
Tenho a idade que os meus pais tinham durante esses almoços e pergunto-me se
eles olhariam para mim da maneira que eu, agora, olho para os meus filhos. Nesse tempo,
os meus filhos e as minhas sobrinhas não existiam. A parte do mundo em que eles não
existiam era cruel. Talvez os meus pais já fossem capazes de imaginar este momento, eu
35 crescido, estas crianças à mesa, a minha mãe com setenta anos e o meu pai sem estar cá.
Pergunto-me como é que a minha mãe, que foi menina num tempo que imagino a
partir de poucas fotografias, que tratou de todos os almoços de quando eu era pequeno, vê
este tempo, sentada no seu lugar, a ser tratada por avó pela voz destas crianças à espera
de crescerem e de, também elas, ocuparem todos os lugares da mesa.
40 Chego a casa de uma das minhas irmãs. A televisão está ligada num dos canais de
desenhos animados. As vozes fingidas dos bonecos misturam-se com as nossas vozes,
reais, a dizerem palavras que, para mim, com trinta e oito anos, são demasiado nítidas.
Sinto-me culpado. Diante de todas as escolhas, como diante de cruzamentos,
quando escolhi caminhos que me afastavam dos almoços de domingo, senti-me sempre
45 culpado. Os almoços nunca são na minha casa. Não tenho casa para almoços de domingo.
Recebo mensagens no telemóvel a lembrarem-me de trabalhos que tenho de fazer
até amanhã. Não os tinha esquecido, claro. As minhas sobrinhas e os meus filhos falam de
algo que não entendo, um jogo de computador, o Justin Bieber ou um lutador de wrestling.
As minhas irmãs entram nas divisões com travessas saídas do forno. A minha mãe
50 pergunta-me se já paguei a segurança social. Está preocupada. Depois de lhe garantir que
vou pagar amanhã, repete esse pedido três vezes, quatro vezes. Olho para ela e, em
silêncio, peço-lhe para não envelhecer mais.
A toalha de mesa é nova. A toalha de mesa é sempre nova.
Visão nº 1049, abril 2013
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1. Indica o facto do quotidiano que levou o autor a recordar um acontecimento recorrente da sua
infância.
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2. Explicita as diferentes memórias evocadas.


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3. Faz o levantamento de duas sensações que comprovam que o autor estabelece com esse tempo
passado uma relação afetiva intensa.
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4. Clarifica o sentido da expressão “Esses almoços de domingo moldaram a minha vida” (l. 29).
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5. Menciona os sentimentos que o autor manifesta quando afirma “Olho para ela e, em silêncio,
peço-lhe para não envelhecer mais.” (ll. 60 e 61).
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5. Refere e explica a expressividade do recurso estilístico presente na frase: “E as galinhas


debatiam um assunto calmo na capoeira”. (ll.13 e 14)
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6. A crónica assume-se como um texto marcadamente subjetivo /pessoal, escrito na 1ª pessoa.


61. Seleciona duas expressões textuais que comprovem esta afirmação.
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GRUPO II – GRAMÁTICA

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Responde aos itens que se seguem de acordo com as orientações que te são dadas. Usa a
folha de respostas.

1. Organiza em dois grupos as palavras abaixo apresentadas, seguindo as indicações das alíneas:
médico / bicicleta / corrente / pintor / profissão / selim / professor/ pedal / enfermeiro / pneu

a) um hiperónimo e os respetivos hipónimos;


b) um holónimo e os respetivos merónimos.
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2. Associa o processo de formação às palavras apresentadas no quadro.

Palavra Processo de Formação


a) anormalidade 1. derivação por parassíntese
b) belas-artes 2. derivação não afixal
c) estudo 3. derivação por prefixação e sufixação
d) biológico 4. derivação por sufixação
e) brevidade 5. composição morfossintática
f) empobrecer 6. composição morfológica

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3. Indica o processo de formação de cada uma das palavras sublinhadas nas frases.
a) Vou ao hiper comprar um videojogo. ___________________________________________
b) Os SMS são bilhetinhos secretos. _______________________________________________
c) Todos os adolescentes têm um hobby. ___________________________________________

4. Identifica a classe a que pertencem as palavras sublinhadas nas frases.


a) A puberdade provoca um tremendo alvoroço. ___________________________________
b) Os cientistas analisaram o comportamento adolescente. __________________________
c) As redes sociais servem para comunicar. ________________________________________

5. Classifica a oração sublinhada: “Quando chegava, trazia a sua calma e o seu bigode…”

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6. Associa a função sintática aos elementos sublinhados nas frases seguintes.

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Frase Função Sintática
a) Este computador dá para os dois? 1. Complemento direto
b) Ele comprou um telemóvel. 2. Predicativo do sujeito
c) Os jovens veem TV, todas as noites. 3. Compl. agente da passiva
d) Os sociólogos permanecem intrigados. 4. Complemento oblíquo
e) Os adolescentes são controlados pelos pais. 5. Complemento indireto
f) Enviaram o email à professora? 6. Modificador

GRUPO III – PRODUÇÃO ESCRITA

No texto da Parte B, o cronista recorda alguns episódios dos seus tempos de menino.
Relata também tu um acontecimento da tua infância. No teu texto, deves:
• indicar a idade que tinhas;
• descrever o espaço onde te encontravas;

• narrar o que sucedeu.

• apresentar uma reflexão sobre o acontecimento narrado.


O teu texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.
Não te identifiques.

BOM TRABALHO!

A Professora:
Clara Neves

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