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PARTE I -“Sociedade Civil Encontro de Esperança”


Rua Carolina Machado, nº 1850 – Madureira.
ANÁLISE TRANSACIONAL
(Erick Berne)

TRIÂNGULO DRAMÁTICO
P–S- V

A vítima não acredita que seja capaz e espera que o outro sempre faça por ela. Não move
uma palha se quer.
Ex: O baleiro que entra no ônibus, fala da família, da necessidade, ela se fragiliza para ter
ou sensibilizar o outro.
A vítima = Depressão, erros de percepção.
Quando a mãe sempre fala que a criança não é capaz, isto vai ficando impresso em sua
mente.
A vítima está sempre em busca de um salvador, e o Salvador é aquele que está sempre
buscando uma vítima (ele gosta muito de ajudar os outros) diz sim por fora e não para dentro
podendo deste modo desencadear uma depressão.
O salvador pode criar um filho dependente dele para que ele nunca saia da presença dele.
O salvador pode neste caso ter um sentimento de culpa.
Todo salvador tem tendência a perseguidor, o grande prazer do perseguidor é ser
reconhecido pelo que fez, e o medo é não ser mais necessário.
Ex: A mãe que avisa mais não interrompe o filho que está jogando bola perto de uma jarra
que ganhou.
CARÍCIAS
Carícia – Alimento da Psique
Comida - Alimento do Corpo
MCA = Mulheres Cristã em Ação
Mulheres Carentes de Amor
Carícias podem ser condicionais ou incondicionais:
CONDICIONAIS → Ter, fazer, forma (usa receber carícias pelo que possui), (você é
também tratado pelo que tem).
Ex: comprador compulsivo - compra para ter algo que chame atenção para si.
Forma – Faz ginástica não para saúde e sim para ter físico, para chamar atenção.
As pessoas querem se encher (preencher) com as coisas que tem.
INCONDICIONAIS → Ser → gostar pelo que a pessoa é (você é tratado pelo que é).

Leis de Economia de Carícias

1 → Não dê carícias positivas quando desejares.


2 → Não aceite carícias positivas que mereces.
3 → Não peças carícias positivas que precisas.
4 → Não rejeitem carícias negativas.
5 → Não deem a si mesmo carícias positivas.

O organismo que não se manifestam, as suas potencialidades adoece.

O certo é tirar o NÃO.


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Carícias – é o reconhecimento dado por você a alguém. Ex: “Você está muito elegante!”

Análise Transacional → É a troca dos estímulos → respostas (transações) entre os


indivíduos.
Trata dos pensamentos, dos comportamentos e das emoções das pessoas.
ERIC BERN → Pai da teoria da A.T. disse o seguinte:
A – Todos nós nascemos OK, ou seja, sem nenhum problema. Temos igualmente o
mesmo potencial para pensar, amar, produzir e desfrutar.
B – Todas as doenças são curáveis desde que sejam abordadas adequadamente.
CARÁTER → São as tendências que nós trazemos de Berço → Genético
Ex: Ser (leal, fiel, manso, passivo, rebelde) é nato.

PERSONALIDADE → É tudo aquilo que provém do meio externo.


PERSONA → Máscara usada nos bailes de Viena, para esconder a pessoa (personagem)
HIPÓCRISE→ No Grego→ máscara, que os juízes usavam para não serem reconhecidos
quando julgavam e não sofrerem vingança (hipocrisia).
(Psicanálise = (a pessoa que não gosta de tomar banho, toma forçado) está ou foi
acostumado com a sujeira).

O CARÁTER E A PERSONALIDADE = Jeito de ser= Produto

AS TRÊS PESSOAS QUE TEMOS DENTRO DE NÓS

(Ego-Pessoa)
P Pai - Surgem das influências familiares, ele trata de normas, princípios, ética,
moral e conduta.
A Adulto - Carrega o contato com a realidade, é o computador, recebe os estímulos
externos e vi-
ve das experiências precisa dos fatos e vive pela razão.
C Criança - É emoção pura – pensamentos mágicos, alegria, liberdade, ingenuidade,
amor, tris-
teza, saudade, raiva, medo (é o mais autentico dos estágios do Ego).
Quando a criança é sufocada pelo adulto ou pai que está dentro de si, não vive
mais com alegria.

Transação Ulterior → Ocorre quando diz alguma coisa, mais queria dizer outra.
Ex: Quero separação (na realidade, quero que você mude).
Omissão de carícia = reserva de carícia.
A Análise Transacional dos estímulos assegura que quando alguém age de um jeito,
ele espera de você o contrário.
LEIS DO CERTO E ERRADO

PAI - Psique →Tradições, conceitos, costumes, paradigmas, externo, conceitos


aprendidos de vida:
(EU POSSO). O pai não questiona, exige, bate o martelo. Síndrome de
Gabriela. Ele
nunca vai praticar “sonda-me oh Deus”.
Adulto – Neo-Psique→ conceitos pensados de vida (É o adequado?) (disciplina).
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Ex: Razão, metas, organização, planejamento, objetivo ( RACIOCÍNIO


LÓGICO).
Criança – Arqueo-Psique → Conceitos sentido de vida, desejo, sonhos, agressividade.
Ex: Espontânea, sincera, egocêntricas, prazer, curiosa. (EU QUERO).
* (SE NÃO É FIEL POR NATUREZA, SEJA POR DISCIPLINA).

PERSONALIDADES

PAI – Atua somente com imposições, não quer mudar.


Adulto – Frio, metódico, calculista, nas horas vagas é horrível.
CRIANÇA – Os franceses dizem que amor é uma questão de pele. A criança trabalha
com a pele, o toque, o instinto. Na paixão é o estado de criança que está atuando (Paixão-
Phatos- Pato= Patologia) pode ser levado a ter erros de concepção, ou seja, ver coisas que não
é realidade.

-NÃO TEM CONDIÇÃO DE SER SÓ UM, TEM QUE TER TODOS ATUANDO CADA UM
NA HORA DEVIDA.

-NECESSIDADE DE PERTENCIMENTO→A CRIANÇA QUE GOSTA QUE OS PAIS SE


PREOCUPEM.
- PAI CRÍTICO NEGATIVO – A CRIANÇA MALTRATADA POR ESSE PAI SERÁ SUBMISSA,
TUDO QUE OUVIU DO PAI REPETIRÁ PARA ELE MESMO.
EX: SE FOI CHAMADO DE BURRO, ELE NUNCA ACREDITARÁ QUE TERÁ CAPACIDADE.

-PAI CRÍTICO NA CRIANÇA REBELDE – ELE NÃO CHORA QUANDO APANHA OU É


ESCURRAÇADO.
EX: O SUBMISSO ASSUME QUE É BURRO.
O REBELDE CORRERÁ ATRÁS PARA PROVAR O CONTRÁRIO.

PENSAMENTO: A FELICIDADE NÃO É TER DINHEIRO, É REALIZAR SONHOS.


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_ QUANDO PERCEBEMOS QUE ERRAMOS E CAIMOS EM SI (COMO O FILHO PRÓDIGO)


COMEÇAMOS A OBSERVAR A SITUAÇÃO EM VOLTA (SER ADULTO) = CONHECER –
ADMITIR- EXPRESSAR.
QUEREMOS A REPARENTALIZAÇÃO (A TERAPIA, O CONTATO COM A MORTE, O AMOR
E A CONVERSÃO).
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PARTE II - “Sociedade Civil Encontro de Esperança”


Rua Carolina Machado, nº 1850 – Madureira.

DINÂMICA DA FAMÍLIA ADICTÓGENA

DINÂMICA FAMILIAR
 Leis próprias Códigos de conduta
 Dupla mensagem Mensagens contraditórias

E.Kalina Estrutura Familiar Pré-Adicta Pacto perverso criminoso “Vivência do não dito”

Estrutura Tradicional da Família Patológica


 Autoritária e conservadora
 Estabelece o “Bode Expiatório” Identifica em um membro a problemática da família

MODELO ADICTIVO DE CONDUTA


(COM OU SEM DROGA)
 Técnica de Sobrevivência
 Importância patogênica da família como facilitadora e indutora do uso de droga
FALTA DE LIMITES
O “NÃO” como base fundamental para se entender o ADICTO.
FREUD O “NÃO”, como processo de Socialização humana.
R.SPITZ O “NÃO”, como organizador da PSIQUÊ no Desenvolvimento Humano. 1º Símbolo
Semântico que aparece na comunicação da criança.

CARACTERÍSTICAS DAS FIGURAS SIGNIFICATIVAS NO NÚCLEO FAMILIAR.


 Figura Paterna – Homens Passivos, Ausentes
 Figura Materna – Mulheres exigentes, controladoras
PERFIL DESSAS FAMÍLIAS:
 Ausência de um pai vigente – atuante firme; com vigor.
 Regras do jogo, peculiares em famílias que aparentam não contar com elas (regras
implícitas).
 Sérias perturbações no uso dos símbolos.
1 – BASES PREDISPONENTES: (Que condicionam a possibilidade de uma adicção).
 INDIVIDUAIS
 FAMILIARES
 SOCIAIS
2 – VINCULAÇÃO EM FAMÍLIA DISFUNCIONAL:
 Pacto primário
 Rigidez
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 Pacto perverso “o não dito”


 Cristalização dos Papéis
3 – TIPOS DE FAMÍLIAS PATOLÓGICAS:
 SIMBIÓTICA Quando há fusão de seus membros –vínculo simbiótico nutre a
dependência.
 CISMÁTICA Não se tolera a proximidade de seus membros.
4 -SINTOMA FAMILIAR – (A droga é a denúncia da patologia do grupo familiar).
NEGAÇÃO Culpa e vergonha –1 - Dificuldade em buscar tratamento
2 - Preconceitos da sociedade
5 – SINTOMA E COMPORTAMENTO DE DQ,
 É o resultado do Processo Familiar Patológico

INVESTIGAR A COMPLEXIDADE DOS VÍNCULOS FAMILIARES


 Redistribuição no jogo de papéis
 Crescimento Familiar
 Corresponsabilidades

A abordagem da dinâmica familiar tornou-se fundamental na prevenção e tratamento da


D.Q. pois os membros de uma família tornam-se parte integrante da doença, e interagem tanto
na gênese como na evolução desta patologia.
Sabemos que cada família tem suas leis próprias, e com isso estabelece códigos de
conduta, que podem estar implícitos na sua estruturação.
Essas famílias são emissoras de dupla mensagem, ou seja, mensagens contraditórias.
Ex: ”Faça o que digo mais não faça o que faço”. Isso pode não ser expresso em palavras, mas
numa discordância entre o que se diz e o que se faz. (é um mecanismo inconsciente).
E.Kalina postula a existência de uma estrutura familiar pré-adicta. Sendo o pacto criminoso, ou
perverso, do qual participam o adicto a família e a própria sociedade, o aspecto mais
importante. Esse pacto perverso e as mensagens contraditórias têm a finalidade de manter a
homeostasia do Sistema Familiar.
Quando afirmamos que a estrutura tradicional da família enferma é altamente
conservadora e autoritária, precisamos entender que é ela quem estabelece que aquele a quem
denominamos de “O Bode Expiatório”, deve continuar ocupando esse espaço. (Identifica em
um membro a problemática do grupo).
As famílias em que geram adictos, sempre estão presentes o modelo adictivo de conduta
como técnica de sobrevivência (de uma forma ou de outra – com ou sem droga).
Ex: O pai que chega do trabalho e toma um whisky para relaxar; a mãe que toma seu
ansiolítico, ou remédio para emagrecer. Para tudo tem uma droga, ou então faz do trabalho
compulsivo a sua droga. Apesar de estarmos vivenciando um aumento alarmante de uso de
drogas, observamos que nem todos se tornam drogadictos, com isso acreditamos na
importância patogênica da família.
A experiência mostra-nos que surgem adictos de determinados grupos familiares. Isso
vem ratificar que há determinadas circunstâncias da vida que são facilitadoras e indutoras do
consumo de drogas.
Outro fator evidente dentro deste núcleo familiar doentio é a problemática dos LIMITES.
Costumamos dizer que a D.Q. é a doença da falta de LIMITES.
O “NÃO” como base fundamental para se compreender o adicto e o desenvolvimento da
cultura que FREUD assinalou como capital para o desenvolvimento do processo de
socialização humana. É a 1ª palavra que o bebê reconhece como proibição.
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Para R.SPITZ, o não é o organizador da psique, e isso é de vital importância, porque a


capacidade de tolerar frustração está na origem do princípio de realidade; pois todo não
representa uma frustração emocional para a criança. Se a mãe lhe proíbe alguma atividade ou
qualquer outra coisa que deseja, é sempre o não que lhe é dito.
O “NÂO” constitui o 1º símbolo semântico que aparece na comunicação da criança, ou
seja, da espécie humana.
Na família do adicto não se conhece o “NÂO”. Sabemos que o DQ tem baixa tolerância
à frustração.
Para dar limites não basta dizer ao filho que ele pode chegar até certa hora da noite; e
sim significa delimitar, quem é quem no relacionamento, desde o começo da vida = é a
diferenciação dos papéis.
A importância que atribuímos ao significado do “NÃO” tem a ver com o fato de serem
famílias com uma profunda estrutura narcísica e simbiótica, não se conseguindo delimitar
onde começa um e termina o outro. E com isso há uma invasão permanente que extrapola os
limites o tempo todo; o que seria na linguagem popular a manipulação = (as mentiras
encobertas).
Sabemos que todo dependente é um manipulador por excelência, por ter aprendido em
sua família que a manipulação é uma forma de relacionamento.

Características marcantes das figuras significativas no núcleo familiar do DQ;


Nestas famílias a figura paterna na maioria dos casos, são homens passivos, que se deixam
dominar, se mostra como uma figura frágil; são ausentes – pois sempre justificam essa
ausência, por compromissos profissionais; com isso as decisões são sempre deixadas para a
mãe. Geralmente a ausência de um pai firme que cumpra sua função de lei (atuante com
decisão) é um dos aspectos observados nessas famílias.
As mães são mulheres exigentes e controladoras, que necessitam manter fortes relações
simbióticas com os filhos. A figura materna é autoritária e poderosa.

- Resumindo o perfil dessas famílias encontramos:


 Ausência de um pai vigente, que proponha e sustente valores precisos e consistentes.
 Peculiares regras do jogo em famílias que parecem carecer delas. (Regras implícitas) –
Falta de Limites.
 Sérias perturbações no uso dos símbolos.
Ex: da mãe ao telefone
Como já mencionei, nem todos que experimentam drogas se tornam adictos; pois
existem bases predisponentes, individuais, familiares e locais; que condicionam a possibilidade
de uma adicção.
A qualidade dos vínculos que se estabelece entre seus membros é que distingue uma
família saudável de outra patológica. E quanto menos flexíveis forem esses vínculos, tanto
maior a patologia grupal.

VINCULAÇÃO EM FAMILIAS DISFUNCIONAIS – COMO É ESSA DINÂMICA?


A família adictógena se constitui por membros que partem de um pacto primário, que é o
de manter a unidade familiar a qualquer custo. Caracteriza-se numa rigidez para poder
sustentar essa unidade.
PACTO PERVERSO Seus objetivos não são explícitos é a vivência do não dito.

DOIS TIPOS DE FAMÍLIAS PATOLÓGICAS:


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 FAMÍLIA SIMBIÓTICA É como se houvesse uma fusão no vínculo simbiótico, é essa


vinculação que nutre a dependência. Relação íntima que beneficia ambos (unindo os pares),
um necessita do outro para sobreviver. O indivíduo cria uma dependência do outro vive em
função do outro. (exemplo nos grupos do programa familiar).
Comunicação vinculo dessa família que tenta com isso encobrir a sensação coletiva de
fraqueza.
Seus membros perderam a capacidade de se proteger de forma autônoma, e esta
impotência é que cria a dependência recíproca, verdadeiramente patológica.
Nessas famílias cada um participa em função do papel complementar do outro e vice versa;
mantendo assim o equilíbrio do grupo Equilibram-se em pares é o equilíbrio do desequilíbrio.
A falta de limites nessas relações é caracterizada por manipulações e invasões
permanentes.
Essas famílias são incapazes de reconhecer a individualidade, a distinção de papeis e
aceitação de limites.
 FAMÍLIA CISMÁTICA É o inverso da simbiótica.
É aquela em que não se tolera a proximidade de seus membros. Não podem nunca se
unirem. Cada membro se isola nos seus interesses. Nenhum deles pode se relacionar bem com
o grupo todo. Dificilmente é possível uma comunicação grupal, mas o tempo todo se evita o
conflito com seu distanciamento e rigidez.
Cada integrante desse grupo, quando isolado pode parecer mais saudável do que é; mas
basta reuni-los num mesmo ambiente para percebermos em suas condutas e relacionamentos,
o comprometimento do sistema familiar dispersos eles sobrevivem; a junção dos membros é
uma ameaça ao equilíbrio do grupo.

CASO Exemplo de um rapaz em um programa familiar.


A família age como se ele fosse uma pessoa problemática, com os quais o resto da família
não tem nada a ver. Ele tem 34 anos, algumas internações, porém não consegue se manter em
tratamento, sempre ocorrem recaídas, apesar dos atendimentos individuais; a mãe tem uma
ligação muito forte com ele, e tenta uma serie de manobras; quando ele começa a melhorar,
impedindo o tratamento do filho (mais isso é inconsciente), pois o pai não quer se envolver
apenas aceita pagar o tratamento, se mantém ausente, fazendo aliança com a nora que é
manipulada pelo casal. (a esposa do paciente participa do programa familiar), por exigência da
equipe. Mas fica claro o quanto esse casal boicota a melhora deste filho, para manter o
equilíbrio do grupo. È um casal muito comprometido, facilitam o tempo todo a dependência do
filho; e não aceitam participar do grupo familiar. Até porque qualquer tentativa de mudança
pode comprometer a continuidade da estrutura familiar, que está sendo ameaçada, por isso é
mais fácil apontar para um único responsável pelo problema. De fato, são poucas as pessoas
capazes de suportar a ferida narcísica de se considerarem corresponsáveis por esse “estigma
que é a droga familiar”.
Fica claro que esse filho passa a ser a droga da mãe; produzindo certo equilíbrio familiar.
O DQ utiliza a manipulação para sobreviver na relação com os pais; e os pais necessitam dele
para sustentar essa estrutura patológica ganhos secundários com a co-dependência.

Geralmente há uma cristalização desses papéis nessas famílias; ocorrendo um a rigidez


especial para sustentar-se. E quando a droga se instala, ocorre a negação da família, pois a
droga vem denunciar a disfunção do núcleo familiar.
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O DQ também utiliza o mecanismo da negação, e seus familiares negam em função da


culpa e vergonha, por ter que enfrentar a situação.
A descoberta do uso da droga provoca inicialmente o pânico; e os integrantes da família se
unem em torno da “vítima”, e tudo gira em função deste, procurando novos processos
adaptativos; antes de procurar ajuda profissional.
Grande parte do comportamento e dos sintomas do dependente são resultados de
processos familiares, os quais tanto influenciam como são influenciados pela dinâmica de cada
membro da família.
No tratamento com esses pacientes, devemos investigar a complexidade dos vínculos
familiares e sua rede de relações significativas. Procurando uma redistribuição tanto no jogo
dos papeis como nos depositários da patologia grupal, para que se chegue à
corresponsabilidade significando um crescimento de toda a família, pois cada um deve assumir
a responsabilidade que lhe cabe.

PARTE III - “SOCIEDADE CIVIL ENCONTRO DE ESPERANÇA”


Rua Carolina Machado, 1850 – Marechal Hermes

MECANISMOS DE DEFESA

O termo mecanismo foi utilizado por FREUD para explicar o fato dos fenômenos
psíquicos apresentarem articulações que proporcionam observação e análise científica. Tal
termo destaca a noção de DEFESA e FREUD a situa na base dos fenômenos histéricos.

A DEFESA → Se caracteriza por ser um conjunto de operações que tem por fim reduzir ou
suprimir qualquer modificação que ponha em perigo a integridade do ego (ou do individuo). O
EGO é que faz com que essa integridade se dê. Ele é a região da personalidade.
A estrutura da personalidade é constituída por três sistemas: O ID, O EGO E
SUPEREGO.
O comportamento humano é o resultado da interação desses três sistemas, raramente
um sistema funciona isoladamente.
 ID → É o sistema original da personalidade, a partir do qual o Ego e o Superego se
diferenciam.
Ele é formado pelos aspectos psicológicos herdados e presentes no nascimento. É o
reservatório da energia física que põe em funcionamento os outros sistemas.
O ID não tolera aumentos de energia, estados desconfortáveis de tensão. Esse principio
da redução de tensão, pelo qual ele opera, é denominado o Princípio do Prazer.

 EGO → Seu papel principal é o de intermediário entre as exigências instintivas do


organismo e as condições do ambiente. É o mediador entre o ID e o SUPEREGO.
Seus objetivos consistem em manter a vida do indivíduo e garantir a reprodução da
espécie.

 SUPEREGO → É o representante interno dos valores e ideias da sociedade,


transmitidos e reforçados pelo sistema de recompensas e castigos impostos a criança.

Esses TRÊS sistemas trabalham juntos sob a liderança do EGO. O propósito da função
integradora do EGO é produzir a harmonia interior da personalidade DEFESA
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A DEFESA incide de modo geral na EXCITAÇAO INTERNA (PULSÃO) e, de preferência numa


das REPRESENTAÇÕES (recordações, fantasmas, a que esta ligada (geram as ideias).

PULSÃO É um processo dinâmico que consiste numa pressão, ou força (carga energética) que
faz tender o organismo para um alvo.
Segundo FREUD, uma pulsão tem sua fonte numa excitação corporal (estado de
tensão). O seu alvo é eliminar esse estado de tensão.
Através de um afeto desagradável é que surge o conflito defensivo. E o EGO é o agente
da operação defensiva.
O processo defensivo especifica-se em MECANISMO DE DEFESA. A defesa, por incidir
sobre a pulsão, toma muitas vezes um aspecto compulsivo e opera parcialmente de forma
INCONSCIENTE.

“ALGUNS MECANISMOS DE DEFESA”

1 – SUBLIMAÇÃO FREUD mostra que atividades aparentemente sem qualquer relação com a
sexualidade estariam tendo como elemento propulsor na força da Pulsão Sexual, seria uma
espécie de modificação do alvo e mudança do objeto que entra em consideração a nossa
qualificação social, ou seja, trocar a pulsão sexual por algo valorizado pela sociedade.
Ex: A atividade artística e a investigação intelectual seriam exemplos de atividades de
sublimação.
2 - REGRESSÃO Seria como um retorno a formas anteriores do desenvolvimento, das relações
de objeto e da estruturação do comportamento.
Sempre que alguém depara com uma frustração há tendências a ter saudades de épocas
anteriores da vida em que as experiências eram mais prazerosas; ou seja, haveria um
ressurgimento do passado no presente, através da compulsão a repetição.
Ex: A criança amedrontada no seu 1º dia na escola pode desenvolver comportamento de
chorar, chupar dedo, etc.
3 - FORMAÇÃO REATIVA Esta medida defensiva envolve a substituição na consciência de
um impulso, ou sentimento produtor de angústia pelo seu oposto, seria uma atitude de
sentimento contrário a um desejo recalcado e que se constitui como reação contra tal desejo. O
que aparece é a oposição a “Pulsão”.
Ex: de Formação Reativa é a atitude de pudor em oposição a tendências exibicionistas. Ou o
ódio substituído pelo amor uma mãe que não deseja uma gravidez, O impulso básico
permanece, porem atenuado pela presença de outro que não causa ansiedade; aí essa mãe
dispensa a seu filho muita atenção e afeição (em excesso).
As formas extremas de comportamento indicam forma reativa.

4 – NEGAÇÃO Processo pelo qual o indivíduo embora formule um de seus desejos,


pensamentos ou sentimentos, até aí recalcados. Continua a defender-se dele, negando que lhe
pertença.
É um meio de tomar consciência do recalcado que vem sob forma de negativa.
Aquilo que eu nego em mim, é aquilo que eu não posso suportar, (muito usado DQ e sua
família). Muito comum em crianças e em psicóticos.
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5 – PROJEÇÃO Operação pela qual o indivíduo expulsa de si e focaliza no outra pessoa ou


coisa; qualidades, sentimentos e desejos que ele recusa em si, ou recusa ser (aquilo que é
insustentável). “Poe de gerar transtornos paranóides de perseguição e supertição”
Ex: O indivíduo defende-se dos seus próprios desejos de ser infiel projetando a infidelidade ao
cônjuge. O DQ alcoolista, geralmente acha que a esposa é que está doente e precisa se tratar
não ele. Ou a raiva do DQ.

6 – INTROJEÇÃO Incorporação de determinados comportamentos do outro (coisas que lhe


agradam). O processo de introjeção está ligado ao processo de identificação.

7 – IDENTIFICAÇÃO Seria o método pelo qual a pessoa assimila um aspecto do outro,


incorporando-o a sua própria personalidade.
A estrutura da personalidade representa a acumulação de numerosas identificações
ocorridas nos períodos do desenvolvimento humano. A criança se identifica com seus pais,
porque eles lhe parecem onipotentes, pelo menos na infância a cada período ele procura
figuras significativas para o processo de identificação. A identificação é também um método
pelo qual a pessoa recupera um objeto perdido. Uma forma de reconstruir o objeto amado,
preencher esse vazio.
8 – IDEALIZAÇÃO Processo psíquico, em que as qualidades e o valor do objeto são levados à
perfeição. A identificação com o objeto idealizado contribui para a formação e para o
enriquecimento das instâncias ideais da pessoa.
A idealização em relação aos pais é algo que faz parte necessariamente, das
constituições da instâncias ideais. (na infância).
Ex: Pais idealizados na infância – São perfeitos, na adolescência já vê de outro modo – vem os
questionamentos.
9 – ISOLAMENTO É um mecanismo de defesa típico da neurose obsessiva. Consiste em
isolar um comportamento, fazendo com que as conexões com os outros pensamentos ocorram
por separação entre o representante ideativo (ideias) insuportável e o seu afeto. A ideia mesmo
enfraquecida e isolada se mantém na consciência.
Ex: Lavar as mãos ideia de sujeira o ato anula a ideia, que enfraquece o afeto; a angústia;
isolamento.
10 – RACIONALIZAÇÃO → Motivos que visam justificar comportamento que de outro modo,
seria inaceitável. Processos delirantes.
11 – CONVERSÃO → Ocorre na histeria (neurose conversiva), através de sintomas somáticos,
motores ou sensitivos.

Esses mecanismos se manifestam para haver o equilíbrio do sujeito. Pois a energia que
existe em nós e que nos impulsionam a obter a redução de tensão no organismo; pois sob
pressão excessiva vai gerar angústia. Por isso o Ego criou mecanismos para aliviar essa
tensão.
Todos esses mecanismos com características próprias que “Negam, Falsificam, ou
Distorcem” a realidade e operam inconscientemente, é que proporcionam a estruturação do
indivíduo.
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PARTE IV - SOCIEDADE CIVIL ENCONTRO DE ESPERANÇA


Rua Carolina Machado, 1850 – Marechal Hermes

VINCULAÇÃO TERAPÊUTICA
“Transferência e contratransferência”

VÍNCULO → Ato de vincular.


VINCULAR Ligar intimamente, prender com vínculos, firmar a posse de, unir-se, ligar-se,
prender-se, obrigar, sujeitar. “Dicionário da Língua Portuguesa” – Profº Pasquale.

INTRODUÇÃO:
FREUD E A TRANSFERÊNCIA → FREUD fala especificamente da transferência pela primeira
vez em 1910, no último capítulo dos estudos sobre a histeria (PSICOTERAPIA DA HISTERIA).
ELE DIZ:
 A transferência é um fenômeno frequente e até mesmo regular.
Toda reivindicação em direção à pessoa do terapeuta e uma transferência, e o paciente é
tomado por ela a cada ocasião nova.
 Segundo os exemplos e as explicações dadas por FREUD o mecanismo da transferência
supõe:
 No passado, o recalcamento de um desejo.
 No presente, e na relação com o terapeuta, o despertar do mesmo sentimento que
originalmente forçou o paciente a despertar esse desejo clandestino.

- O mecanismo da transferência é, portanto uma “conexão falsa”, um “casamento


desigual”.

Portanto o termo “transferência” significa:

-Processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no


quadro de certo tipo de relação estabelecida com eles, e eminentemente no quadro da relação
terapêutica. Trata-se de uma repetição de protótipos infantis vividos com uma sensação de
atualidade acentuada.
(seriam as relações primitivas).

- A TRANSFERÊNCIA apresenta duas características opostas e contraditórias:

Em certo sentido, apresenta-se como RESISTÊNCIA ao tratamento, e em contra partida


possibilita o terapeuta identificar os fenômenos transferenciais para se chegar aos elementos
do conflito infantil.
No entanto, sua forma positiva, quanto à negativa, nas mãos do terapeuta torna-se o
mais poderoso instrumento terapêutico e desempenha um papel que não pode deixar de ser
valorizado na dinâmica do processo de tratamento.
Então, podemos dizer que a transferência é ambígua; ao mesmo tempo em que serve
para fazer surgir o conteúdo inconsciente; ela é fator de resistência.

Devemos sinalizar para o paciente, como ele atua na relação para fazer baixar a
resistência, FREUD diz que, quando o paciente diz que está piorando, isto é o mecanismo da
resistência.
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Ex: O paciente com sua organização interna funciona diante de suas dificuldades dessa forma,
resistem.
São na relação terapeuta/paciente que vão ser remontadas as relações primitivas do
paciente, sua história familiar. (ele revive sentimentos referentes aos conflitos infantis).
Por isso é importante conhecermos o perfil da família do DQ. Temos que estar atentos,
nesse contexto, para as características da mãe do DQ:
Possessiva, abandonante- usa o filho de acordo com suas necessidades, de acordo
com sua baixa autoestima; pois na relação terapêutica, revive dentre outras, a relação com a
mãe. (possessiva e abandonante). Assim revive o medo do abandono (que é o seu maior
medo).
Por isso o medo constante que o terapeuta o abandone. Ele testa a todo instante essa
confiança. – O DQ tem seus núcleos psicóticos aflorados (E.Kalina). Sentimentos persecutórios
constantes.
Os limites também são testados com o terapeuta.
O paciente pode também tentar colar com o terapeuta para manter a relação simbiótica
desenvolvida com a mãe.
A melhor forma de lidar com isso, é estabelecendo como base da relação terapêutica , a
TRANSFERÊNCIA.
O contrato nos ajuda a estabelecer a transferência e os limites.

CONTRATRANSFERÊNCIA:

Conjunto das ações inconscientes do analista a pessoa do analisando, e mais particularmente a


transferência deste.
- Interferência dos desejos ou dos fantasmas inconsciente do terapeuta no tratamento:

FREUD diz. “Nenhum analista vai mais longe do que seus próprios complexos e resistências
internas lhe permitam”
Daí a necessidade do terapeuta se submeter a uma análise pessoal.

DUAS ORIENTAÇÕES TEÓRICAS:

 Reduzir o mais possível às manifestações contratransferenciais com a terapia pessoal.


 Utilizar-se e guiar-se das manifestações contratransferenciais, desde que possa tê-las a
nível consciente e sob controle.

Um artigo formulado por Annie Reich elucida bem esse tema.


“Assim como a transferência” foi inicialmente tida como fator perturbador, para em seguida ser
reconhecida como o fator terapêutico “pivô da análise”, atualmente pretende-se que a
contratransferência represente não somente um agente interferente, mas um catalisador
essencial necessário para o cumprimento dos objetivos terapêuticos da análise.
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Neurose de transferência.

É o campo onde se dá a transferência e a


contratransferência, numa relação
terapêutica.

A neurose de transferência permite que o conjunto de sintomas e comportamentos


patológicos do paciente assuma uma nova função referindo-se a situação analítica.
Para FREUD a instauração da neurose de transferência é um elemento positivo na
dinâmica do tratamento segundo ele. “A neurose clinica transforma-se em neurose de
transferência, cuja elucidação leva a descoberta da neurose infantil”.
Para o estabelecimento de um bom vinculo terapêutico fundamental para um
desenvolvimento satisfatório do tratamento, é importante que possamos acolhê-lo, nesse
primeiro momento.
Ao recebermos o paciente, se não pudermos entender seus sentimentos haverá uma
quebra na possível formação do vínculo, inviabilizando o prosseguimento do nosso trabalho.
É na afetividade que a relação se estabelece. Ele deve sentir-se acolhido nesse primeiro
momento.
É importante percebermos como nos sentimos desde a entrevista e em cada sessão,
durante todo processo. (sentimentos contratransferenciais) desta forma poderemos avaliar
melhor o caso, não deixando nossos “pontos cegos” (sentimentos) interferirem; pois muitas
vezes “expulsamos” o paciente por conta desses sentimentos contratransferenciais.
Temos que saber aguardar o momento certo para sinalizar os sentimentos e as
situações. Cuidado para não darmos ao outro o que “achamos” que ele precisa, mas sim o que
ele necessita no momento.
Na DQ as histórias são parecidas, mas respeitar o outro em suas diferenças é
fundamental.

CASO:
Uma paciente de 29 anos, em atendimento a seis meses, onde foi constituído um bom
vínculo terapêutico.
A mesma executa as tarefas sempre esperando a aprovação do terapeuta; ou um elogio;
como em suas relações primitivas, quando em suas ações esperava aprovação da mãe,
reproduzindo isso no decorrer da vida em seus relacionamentos.
Sabemos que uma tarefa pode não estar satisfatória, quando não atinge seus objetivos, e
nesse caso não estava. Mediante então, as sinalizações do terapeuta referentes à tarefa, recua
com uma atitude defensiva e se mostrando magoada, sentindo-se rejeitada, mergulhando em
auto piedade, reage agressivamente numa espécie de “pirraça” infantil, recusando-se a atender
as solicitações do terapeuta que nesse caso, era de que procurasse identificar os sentimentos
que lhe “afloravam” naquele momento. Percebe-se uma clara regressão a infância, revivendo
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suas relações com as figuras parentais, transferindo para essa relação o desejo, o sentimento
recalcado, repetindo-o na relação terapêutica que seria a TRANSFERÊNCIA.
Em contra partida essa reação transferencial poderia ter suscitado no terapeuta, uma
reação contratransferencial.
Ex: Sentimento de raiva, em relação a sua atitude infantil aí, então estaria estabelecido a
CONTRATRANSFERÊNCIA.
Vemos aí a importância de o terapeuta estar atento ao processo (e também em terapia,
revendo suas questões pessoais de forma a se utilizar da transferência para a compreensão da
neurose infantil, e transformá-la em instrumento útil ao processo terapêutico).
Nesse exemplo, o terapeuta pode devolver-lhe através de pontuações pertinentes, o que
ela não conseguia perceber. Desta forma, foi alcançado mais um degrau em sua recuperação.
Através da dissolução da neurose infantil, gerando uma mudança de comportamento, de forma
a romper o quadro que vinha se repetindo, durante toda sua vida, privando-a de vivenciar
relacionamentos saudáveis satisfatórios.

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