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Disciplina: Conforto Ambiental II

Carga Horária: 80 H/A


Semestre Letivo: 8° Semestre Ano: 2019
Professor: Newerson Kleiton Klein
Curso: Arquitetura e Urbanismo

Acústica

Forma

Em ambientes onde se busca um conforto acústico elevado e aceitável para um fim


proposto, a forma tem um papel muito importante e poderá definir o grau de intervenção
futura.
Em um ambiente projetado para um certo tipo de atividade, onde se busca a eficiência
acústica, deve-se observar principalmente o formato do ambiente.

Ambiente com pontos de projeção multi-direcionais.

Concha Acústica QG do Exército - Brasília


Som e Ruído

O som é a sensação produzida no sistema auditivo e ruído é um som sem harmonia,


em geral de conotação negativa. Sons são vibrações das moléculas do ar que se propagam a
partir de estruturas vibrantes; mas nem toda estrutura que vibra gera som. A corda de um
instrumento musical, colocada com as mãos em vibração, não gera som. Para que haja som, a
corda precisa estar presa e as vibrações serem induzidas de forma adequada. Dessa forma,
ruído pode ser definido como um som indesejável.
Nessa definição de ruído como “som indesejável” está insinuando o julgamento da
serventia do som, um julgamento que depende do contexto. O que significa “indesejável”? O
que dizer dom som de uma serra elétrica, ou do sobrevôo de um helicóptero? Por certo seriam
qualificados como ruído se a circunstância fosse a de tentar dormir. No entanto esses mesmos
sons teriam qualificação bastante distinta no caso de um supervisor de obras da construção
civil monitorando a atividade de seus subordinados à distância, ou no caso de um naufrago,
em um bote salva-vidas, no meio do Atlântico, aflito pela chegada do resgate.

Propagação do Som (Ondas Sonoras)

A Física define o som como uma perturbação que se propaga nos meios materiais e é
capaz de ser detectada pelo ouvido humano. A perturbação é gerada por um corpo que vibra,
transmitindo suas vibrações ao meio que o rodeia. As moléculas deste sofrem alternadamente,
compressões e rarefações, acompanhando o movimento do corpo. Esta variação de pressão é
logo comunicada às moléculas vizinhas do meio, criando ondas longitudinais de compressão e
rarefação que partem do corpo. As moléculas do meio, porem, não se deslocam. Elas oscilam
em torno de suas posições de equilíbrio e o que se propaga é o movimento oscilatório.
A freqüência mede-se em ciclos por segundo (c/s) ou Hertz (Hz). A onda se desloca
com uma velocidade que independe da freqüência e da amplitude da oscilação, depende
porem das características do meio: da pressão, da umidade e especialmente da temperatura. O
seu valor aproximado é de 345 m/s para 22 °C.
Se imaginarmos a fonte sonora como pontual e o meio de propagação como
homogêneo, as ondas emitidas serão esferas concêntricas que se dilatarão à velocidade do
som.
Um corpo que vibra, transmite energia ao meio que o rodeia, através da onda sonora.
Quanto mais longe estamos da fonte, é intuitivo que menor será a quantidade de energia
sonora que vamos receber.

Comprimento das Ondas Sonoras

Tabela de Comprimentos de Onda( )

Comprimento de Onda (m)


Frequência (Hz)
(vel. de propagação = 344 m/s)
10 34,40
20 17,20
30 11,46
40 8,60
50 6,88
60 5,73
70 4,91
90 3,82
100 3,44
250 1,376
500 0,688
750 0,458
1000 0,344
1500 0,229
2000 0,172
2500 0,137
5000 0,0688
7500 0,0458
10000 0,0340
15000 0,0229
20000 0,0172

Ondas Sonoras Captadas pelo ouvido humano

Som é produzido pelas vibrações em um corpo material vibratório. Os sons de todas a


freqüências propagam-se com igual velocidade. Se isto não fosse verdade, sons agudos, de
alta freqüência, como o pífaro, numa banda musical, chegariam aos seus ouvidos antes (ou
depois) dos sons de baixa freqüência, como o do tambor. E assim a música seria deformada.
Quando ouvimos uma orquestra tocando, cada instrumento produz som de uma forma
diferente, no entanto, todos são ouvidos ao mesmo tempo.

Pífaro Tambor
Velocidade do Som em diversos meios na
temperatura de 25ºC
Meio Velocidade (m/s)
Ar 346
Água 1.498
Álcool 1.207
Vidro 4.540
Ferro 5.200
Granito 6.000

Vibração é definida como o movimento de vai-e-vem de uma partícula vibratória em relação


a sua posição normal, é definida como o número de vibrações produzidas por um corpo
vibratório em um segundo. A unidade do SI para freqüência é Hertz (Hz).

Equalizador Gráfico 15 Bandas


Equalizador Gráfico 31 Bandas

Quando uma onda longitudinal estiver vibrando entre uma freqüência de 20 a 20.000
hertz e chegar ao ouvido humano, a pessoa terá uma sensação sonora. Portanto podemos
estabelecer que som é a sensação que sentimos através do sentido da audição quando a onda
estimuladora é do tipo longitudinal e possui uma freqüência entre 20 e 20.000 hertz.

A onda menor que 20 Hz é denominada de infra-som e a maior que 20.000 Hz, ultra-
som. Essas ondas até chegam aos nossos ouvidos mas não são capazes de estimular o nosso
sentido da audição. Alguns animais, como o cachorro e o morcego, conseguem captar altas
freqüências de até 100.000Hz, outros como o elefante e o pombo-correio, são capazes de
perceber infra-sons. Toda onda sonora só chegará ao ouvido humano se existir algo que
provoque essa propagação, seja gás, líquido ou sólido. Assim, é impossível haver som no
vácuo, visto que nesta condição não há ar para que haja a propagação das ondas sonoras.
Em termos de freqüência, cada onda pode apresentar um número específico.
Chamamos de som grave, aquele que é emitido por uma fonte sonora que vibra com baixa
freqüência e som agudo, o que vibra com uma alta freqüência. Para entender melhor basta
perceber a diferença entre a voz masculina (grave) e a voz feminina (agudo). Essa
caracterização em relação à freqüência de um som é chamada de altura.

A voz humana é produzida pelas cordas vocais. A vibração do ar que é expulso dos
pulmões pelo diafragma passa pelas pregas vocais e é modificado pela boca, lábios e a língua.
A mais baixa frequência que pode dar a audibilidade a um ser humano é mais ou menos a de
20 hertz (vibrações por segundo), enquanto a mais alta se encontra entre 10.000 e 20.000
hertz, o que depende da idade do ouvinte (quanto mais idoso, menores as frequências
máximas ouvidas). A frequência comum de um piano é de 40 a 4.000 hertz e a da voz humana
se encontra entre 60 e 1.300 hertz. A voz humana pode ser classificada em tipos conforme a
faixa de frequência que atinge.
Geralmente os homens têm voz mais grave e as mulheres voz aguda. A voz masculina
tem menor frequência que a voz feminina. Essa propriedade do som é caracterizada pela
frequência da onda sonora. Um som com baixa frequência é dito som grave e o som com altas
frequências é dito som agudo.

Fonte: adaptado de: www.brasilescola.com›fisica›ondas.

Timbre é a característica sonora que nos permite distinguir sons de uma mesma freqüência,
porém emitidos por fontes sonoras conhecidas, permitindo-nos identificar o emissor do som.

Dois sons de mesma frequência e mesma intensidade soam de maneira diferente


quando são emitidos por instrumentos diferentes. Por exemplo, a mesma nota musical de um
piano e de um violão é percebida de maneira diferente. Isso ocorre por que as ondas
produzidas, apesar de terem a mesma frequência e intensidade, têm formas diferentes. A nota
emitida por cada instrumento é o resultado da vibração não só da corda, mas também de
outras partes do instrumento, como as peças de madeira, as outras cordas, etc. O que
escutamos é uma superposição de sons que o nosso ouvido consegue distinguir. Chamamos
de timbre essa qualidade do som que nos permite distinguir sons de diferentes fontes mesmo
que tenham mesma frequência e intensidade.

É o timbre que nos permite distinguir a voz de uma pessoa. O timbre da voz pode ser
usado para identificação de pessoa da mesma maneira que a impressão digital. O timbre da
voz de uma pessoa muda um pouco conforme suas condições emocionais. O timbre da voz
depende se a pessoa está muito triste ou muito alegre.

Ondas sonoras de mesma frequência e diferentes timbres produzidas por diversas fontes.

Vibrações sônicas possuem freqüências entre 20 Hz e 20000 Hz. Elas podem ser percebidas
pelo ouvido humano. Vibrações sônicas também são chamadas de vibrações sonoras.

Vibrações infrasônicas possuem freqüências mais baixas que 20 Hz. Elas não podem ser
percebidas pelo ouvido humano. Vibrações infrasônicas também são chamadas de vibrações
subsônicas.

Vibrações ultrasônicas possuem freqüências mais altas que 20000 Hz. Elas não podem ser
percebidas pelo ouvido humano. Vibrações ultrasônicas também são chamadas de vibrações
supersônicas. Vibrações ultrasônicas são usadas para várias finalidades, tais como
homogeinização do leite, lavagem de pratos e criação de imagens de órgãos internos do corpo
humano. Estas vibrações podem ser ouvidas por alguns animais, como morcegos e golfinhos,
que as utilizam para localizar suas presas.

Intensidade

Quando um som possui uma grande quantidade de energia por unidade de tempo e a
onda sonora possui uma grande amplitude, dizemos que o som possui uma grande
intensidade. Falando de forma mais clara, a intensidade está relacionada ao volume do som.
Essa intensidade é medida em dB (decibéis), onde se estabeleceu que ao som de menor
intensidade que o ser humano fosse capaz de escutar seria atribuído o valor de 0 dB e o de
maior intensidade, de 120 dB. Decibéis podem ser identificados e medidos através do
decibelímetro:

Decibelímetro

Relação de alguns valores de níveis sonoros:

20 a 30 dB – Ambiente muito calmo, dormitório


40 a 50 dB – Escritórios, residência barulhenta
60 a 70 dB – Conversação normal
80 a 90 dB – Ruído de tráfego pesado
90 a 110 dB – Indústria pesada
110 a 120 dB – Turbina de aviões à curta distância
130 dB – Limiar da dor.

Tempo máximo de Nível de ruído


exposição diária
8h 85 dB
4h 90 dB
2h 95 dB
1h 100 dB
30 min 105 dB
15 min 110 dB
Mascaramento:

A existência de outro som, simultâneo com aquele que queremos ouvir, causa
superposição de vibrações da membrana basilar, perturbando a sua percepção. Assim, faz-se
necessário elevar o nível do som desejado para se obter sua percepção correta.
Eco:

O eco acontece quando recebemos sucessivamente um som com sua repetição mais ou
menos fiel um instante depois, percebidos separadamente. De forma geral, dizemos que
poderá existir eco, se a diferença entre o caminho percorrido pelo som direto e o percorrido
pelo primeiro som refletido for maior que 17m.

Quando a onda de pressões sonoras encontra um obstáculo, por exemplo, uma parede,
o choque que se segue ao nível molecular faz com que parte de sua energia volte em forma de
uma onda de pressões refletida e que o resto produza uma vibração das moléculas do novo
meio, o que visto de fora é como se a parede “absorvesse” parte do som incidente. Parte dessa
energia de vibração das moléculas da parede será dissipada sob a forma de calor, devido a
atritos que as moléculas enfrentam no seu movimento ondulatório, outra parte voltará ao
primeiro meio, somando-se com a onda refletida e o resto da energia contida na vibração da
própria parede produzirá a vibração do ar do lado oposto, funcionando a parede como uma
nova fonte sonora que criará uma onda sonora no terceiro meio.
Perto da fonte, o som direto será o predominante porem, longe dela o som
reverberante será o de maior importância. O tipo de problema definirá qual dos dois sons nos
interessa.
Quando os objetos são atingidos por uma onda sonora, entram em vibração. Às vezes
para algumas freqüências a vibração é tão grande que o objeto “soa”, caso dos vidros, vasos e
alto-falantes, etc.

Tempo de Reverberação:

Um ponto de suma importância para o arquiteto, pois, se a reverberação persiste


muito tempo depois da extinção do som direto, isso virá a perturbar a clara percepção do som,
a inteligibilidade de um discurso. Se pelo contrário, o som desaparecer imediatamente, além
de dificultar a audição em pontos afastados da fonte, prejudicará a percepção de alguns tipos
especiais de fonte sonora, como orquestras.

Quando a energia sonora entra num material poroso, se este é tal que o ar tem
condições de transitar livremente entre os poros parte da energia é convertida em calor. Sendo
a espessura do material suficiente e a porosidade razoável, até uns 95% da energia podem ser
dissipados desta maneira. Existe, porém, uma relação direta entre comprimento de onda e a
espessura do material poroso, isto quer dizer que materiais finos só poderão absorver ondas
curtas.

Isolamentos Sonoros:

Chamaremos de Ruído todo som que não seja desejado pelo receptor. Na Arquitetura,
o ruído será importante na medida em que afetar as pessoas que trabalham ou vivem em
edifícios. O ruído pode afetar em várias formas: pode ser tão forte que cause dano imediato ao
ouvido; pode ser forte para causar dano permanente ao ouvido, se a pessoa estiver exposta a
ele por muito tempo; pode ser suficientemente forte para interferir na audição de música, ou
de um texto lido ou, simplesmente, pode ser perturbador.
Fontes de ruído externas: São aquelas produzidas por tráfego rodoviário, aviões,
máquinas da construção civil, fábricas, etc.
Fontes de ruído internas: Televisão, rádio e impactos nos pisos.

O ruído tem um grau de incomodo bem variável quanto ao tipo de pessoa por ele
atingido, chegando em certos casos a prejudicar a saúde. A setorização dos ambientes de uma
residência e as atividades de uma cidade são de extrema importância para o bom
funcionamento e boa saúde das pessoas.

Cada tipo de ruído produzido deve ter um estudo de viabilização do uso de materiais e
técnicas apropriadas para um resultado aceitável e de benefício comprovado para o usuário.
Cada projeto depende muito de planejamento e pesquisa, seguido do conhecimento das
técnicas empregadas e dos materiais utilizados.

Exemplos: Aeroportos – Pisos de Apartamentos – pistas para automóveis – casas de shows –


escolas – hospitais – auditórios, teatros e igrejas – escritórios.

Fenômenos Sonoros

Sendo o som uma onda, ele apresenta as seguintes propriedades características:


reflexão, refração, difração, interferência e ressonância.

1ª. Propriedade: Reflexão

Quando ondas sonoras AB, A’B’, A”B” provenientes de um ponto P encontram um


obstáculo plano, rígido, MN, produz-se reflexão das ondas sobre o obstáculo.

Na volta, produz-se uma série de ondas refletidas CD, C’D’, que se propagam em
sentido inverso ao das ondas incidentes e se comportam como se emanassem de uma fonte P’,
simétrica da fonte P em relação ao ponto refletor. A reflexão do som pode ocasionar os
fenômenos eco e reverberação.

Fonte:http://ww2.unime.it/weblab/awardarchivio/ondulatoria/acustica.htm

Eco

Os obstáculos que refletem o som podem apresentar superfícies muito ásperas. Assim, o som
pode ser refletido por um muro, uma montanha etc. O som refletido chama-se eco, quando se
distingue do som direto.
Para uma pessoa ouvir o eco de um som por ela produzido, deve ficar situada a, no mínimo,
17 m do obstáculo refletor, pois o ouvido humano só pode distinguir dois sons com intervalo
de 0,1 s. O som, que tem velocidade de 340 m/s, percorre 34 m nesse tempo.

Reverberação

Em grandes salas fechadas ocorre o encontro do som com as paredes. Esse encontro
produz reflexões múltiplas que, além de reforçar o som, prolongam-no durante algum tempo
depois de cessada a emissão. É esse prolongamento que constitui a reverberação.
A reverberação ocorre quando o som refletido atinge o observador no instante em que
o som direito está se extinguindo, ocasionando o prolongamento da sensação auditiva.

2ª. Propriedade: Refração

Consiste em a onda sonora passar de um meio para o outro, mudando sua velocidade
de propagação e comprimento de onda, mas mantendo constante a freqüência.

3ª. Propriedade: Difração

Fenômeno em que uma onda sonora pode transpor obstáculos.

Quando se coloca um obstáculo entre uma fonte sonora e o ouvido, por exemplo, o
som é enfraquecido, porém não extinto. Logo, as ondas sonoras não se propagam somente em
linha reta, mas sofrem desvios nas extremidades dos obstáculos que encontram.

4ª. Propriedade: Interferência

Consiste em um recebimento de dois ou mais sons de fontes diferentes.

Neste caso, teremos uma região do espaço na qual, em certos pontos, ouviremos um
som forte, e em outros, um som fraco ou ausência de som.

Som forte - interferência construtiva

Som fraco - interferência destrutiva

5ª. Propriedade: Ressonância

Quando um corpo começa a vibrar por influência de outro, na mesma freqüência deste,
ocorre um fenômeno chamado ressonância. Como exemplo, podemos citar o vidro de uma
janela que se quebra ao entrar em ressonância com as ondas sonoras produzidas por um avião
a jato. O arquiteto tem que conhecer e dominar a tecnologia para projetar edificações cuja
resposta atenda as exigências de conforto acústico.

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