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Ondas sonoras

As ondas mecânicas que propiciam o fenômeno da audição aos seres vivos são
chamadas de ondas sonoras. Como todas as ondas mecânicas, as ondas sonoras podem se
propagar nos mais diversos meios, com exceção do vácuo, onde praticamente não há
matéria.

Nos seres humanos, uma onda sonora qualquer, só ganha significado quando é
recebida e interpretada pelo aparelho auditivo e pelo cérebro. Esse processo de captação e
decodificação da onda sonora é denominado capacidade auditiva ou sensação sonora.

O diagrama a seguir mostra o percurso das ondas sonoras desde sua recepção pelo
pavilhão auditivo até a transmissão dos impulsos elétricos ao cérebro, que codificará e
reconhecerá o tipo de som.

Os sons recebidos na orelha


interna são convertidos em
Recebidos pelo pavilhão auditivo, impulsos elétricos . Coletados
os sons são conduzidos pelo pelo nervo auditivo são levados
canal auditivo para o interior do ao cérebro onde são
sistema auditivo interpretados, dando ao ser
humano a capacidade da audição.

Qualidades fisiológicas de uma onda sonora

As características que o ser humano identifica no som são denominadas


qualidades ou propriedades fisiológicas dos sons. Dentre elas tem-se a altura, a
intensidade e o timbre.

O ser humano ainda tem a capacidade de identificar, com certa precisão, a fonte
emissora de determinadas ondas de som, entre tantas outras fontes possíveis. É o que
ocorre quando se identifica claramente o som proveniente de dois instrumentos musicais
diferentes, até mesmo quando tocam a mesma nota musical, ou então a capacidade de
reconhecer uma pessoa por meio de sua voz.

Altura

Altura é a qualidade do som referente à frequência das ondas sonoras.


A sensação sonora permite ao ser humano classificar os sons em graves (baixa
frequência ou som baixo) ou agudos (alta frequência ou som alto). Essa classificação
entre sons, feita por comparação entre sons de distintas frequências, é relativa e depende
do referencial que se adota. Não há um limite definido separando essas duas
classificações (graves e agudos).

Na experiência do cotidiano, costuma-se utilizar os termos som grosso (para


designar sons graves) e som fino (para designar sons agudos). Por exemplo, diz-se que,
em relação à espécie humana, as vozes masculinas são consideradas “grossas”
(predominância de sons graves), enquanto as vozes femininas são consideradas “finas”
(predominância de sons agudos). O som mais grave que um ser humano pode ouvir, em
média é de 20 Hz, e o som mais agudo é em média, é de 20 000 Hz. Na música, os tons
graves são chamados de baixos e os tons agudos são chamados de agudos.

Os gráficos a seguir mostram a propagação de ondas sonoras de mesma amplitude


e com diferentes frequências. No primeiro a onda sonora é de alta frequência (som alto ou
agudo) quando comparada à do segundo, de baixa frequência (som baixo ou grave)

Gráfico representando uma onda sonora alta (som agudo) Gráfico representando uma onda sonora baixa (som grave)

Uma nota musical é caracterizada principalmente pela sua altura, ou seja, pela sua
frequência. Portanto quando se diz que um instrumento está emitindo notas diferentes,
pode-se dizer que ele está produzindo ondas sonoras de frequências diferentes. Em um
piano, por exemplo, cada tecla corresponde a um som de frequência diferente.

Intensidade

O bater das asas da abelha gera sons fracos que pouco ou nada incomodam os aos
ouvidos humanos, enquanto a fricção dos pneus de um carro no asfalto geram sons que
costumam soar desagradáveis aos ouvidos humanos.
Uma pessoa próxima a esses dois eventos, utilizando a linguagem do cotidiano,
classificaria os ruídos gerados nessas duas situações como fracos no caso da abelha e
fortes no caso do carro. Assim a pessoa estará fazendo alusão à intensidade da onda
sonora.

A intensidade de uma onda sonora está associada à energia transportada pela onda
que é transmitida a certa região do espaço (inclusive a orelha humana) em um
determinado intervalo de tempo.

A intensidade está relacionada com a energia de vibração da fonte que emite a


onda sonora. À medida que a onda se propaga, essa energia é transportada. Quanto maior
for a energia por unidade de tempo transportada à orelha de uma pessoa, maior será a
intensidade do som captado por essa pessoa.

Dependendo de sua intensidade, os sons são classificados como fracos (baixa


intensidade) ou fortes (alta intensidade).

Além de estar associada à energia por unidade de, a intensidade depende da érea
que a onda atingirá (ver figura). Quando mais longe a área estiver da fonte sonora, mais a
energia transportada será espalhada e, portanto, menor será a sua intensidade. É por essa
razão que o estrondo de uma explosão é mais perceptível quanto mais perto se estar do
local em que ela se deu.

Esquema de uma onda sonora incidindo sobre uma área A

A intensidade (I) de uma onda sonora pode ser obtida por meio da seguinte
expressão:

I = E/∆t.A

Em que: I = intensidade da onda sonora, dada em W/m2 (SI); A = área atravessada por
parte da frente de onda, dada em m2 (SI); E = energia transportada pela onda que
atravessa a área mencionada, dada em joule J no SI; ∆t = intervalo de tempo no qual
ocorre o transporte de energia pela onda, dado em segundos (SI).

Como a energia de uma onda depende de sua amplitude, a intensidade também


dependerá dela. Quanto maior for a amplitude da onda, maior será a sua intensidade.
Nível de intensidade da sensação sonora

A percepção de intensidade sonora no aparelho auditivo é diferente da intensidade


sonora emitida pela fonte. Isso ocorre porque a orelha atenua a intensidade das ondas
originais à medida que a onda é transmitida para regiões mais internas do aparelho
auditivo. Por exemplo, ao se “aumentar o volume” de um aparelho de som de modo que a
intensidade (média) das ondas emitidas torna-se cem vezes maior, a sensação ou
percepção no ser humano torna-se em média apenas duas vezes maior.

Dessa maneira, pode-se dizer que a sensação sonora obtida pelo aparelho auditivo
humano devido a uma onda sonora não varra proporcionalmente a essa intensidade. Por
meio de diversos experimentos, foi constatado que a sensação sonora varia com o
logaritmo da intensidade I da onda sonora.

Assim, foi criado o nível de intensidade da sensação sonora, normalmente


representado por β, que mede a intensidade sonora média percebida pelo ser humano e
que é diferente da intensidade original da onda emitida pela fonte. Esse nível de
intensidade sonora é dado por:

Β = 10. Log I/I0 (dB)

Em que: I0 = intensidade sonora mínima percebida pelo ser humano;

I = intensidade sonora da onda sonora;

log I/I0 = logaritmo de base 10 da razão entre as intensidades I e I0

A unidade da intensidade sonora mínima percebida é o bel (B), em homenagem a


Graham Bel, inventor do telefone e pesquisador dos mecanismos da fala e a audição. Na prática
costuma--se utilizar seu submúltiplo, o decibel (1dB = 0,1B). Cabe ressaltar que a intensidade
sonora mínima (I0) não é igual para todas as pessoas e depende da frequência da onda sonora.
Para uma frequência em torno de 1000 Hz e para uma pessoa com audição normal, seu valor,
em média, é de10-2W/m2 – extremamente baixo-, de maneira que se pode dizer que a orelha
humana tem grande sensibilidade para sons.

Pela definição, a menor intensidade sonora percebida pelo ser humano (I0) corresponde
ao nível de intensidade zero.

Ou seja, considerando I = I0, tem-se:

β = 10.logI0/I0; β = 10.log1; β = 10.0; β = 0 dB (pois log101 = 0)

O quador a seguir apresenta situações cotidianas e seus respectivos níveis de intensidade


da sensação sonora.
Limiar da Brisa Conversa Conversa Ambiente Ruído de Conversa Aspirador Rua Veículos Cortador sirene Limiar da britadeir
audição em baixa baixa hospitalar escritório normal de pó congestionada pesados de grama dor a
folhas

Intensidade 10-12 10-11 10-10 10-9 10-8 10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100 101
média (w/m2)
Nível de
intensidade 0
sonora (dB) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Clasiificação suave moderado intenso Muito intenso ensurdecedor doloroso Dano
físico

Timbre

Uma nota musical é uma onda simples, com frequência definida, mas devido a
características da própria fonte (como seu tamanho, formato, materiais que a compõem,
etc.), também são produzidas e emitidas simultaneamente pela mesma fonte ondas
secundárias, chamadas harmônicas. Como resultado, a onda emitida pela onda sonora
será formada pela superposição de todas as ondas produzidas no mesmo instante em que
a fonte foi posta a vibrar.

As ondas secundárias ou harmônicas são de dois tipos: fundamental – som principal


emitido pela fonte – e superior – sons chamados de segundos, terceiros, quartos
harmônicos, etc. A frequência de uma nota musical é uma propriedade relacionada ao
harmônico fundamental. Todas as vezes que uma fonte é posta a vibrar, ou seja, no
momento em que o harmônico fundamental é emitido, ocorrem os harmônicos
superiores.

São as ondas secundárias que permitem a identificação da fonte sonora,


funcionando assim como uma espécie de “assinatura digital”. Mesmo que se emita uma
nota de harmônico fundamental comum a todos os instrumentos musicais, a onda
resultante apresenta características relacionadas às propriedades do instrumento gerador
do som. Tem-se, então, o timbre.

Timbre é uma qualidade da onda sonora que permite diferenciar sons de mesma
frequência produzidos por fontes distintas.

O quadro abaixo apresenta (sem escala) alguns instrumentos musicais e suas


formas de onda associadas a uma determinada nota musical emitida por todas.

Referência Bibliográfica

 Física: Ensino médio, 2º ano/ Adriana Benetti Marques Válio.. (et al.)-1 ed- São Paulo:
edições SM, 2009

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