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ACÚSTICA, RUÍDOS E PERDA DE AUDIÇÃO

Prof. Dr. J oão Candido F ernandes


Depto de Engenharia Mecânica, FEB, UNESP, Bauru, SP, Brasil, jcandido@feb.unesp.br

Resumo: O objetivo do curso é apresentar o projeto acústico sons e os sons com mais de 20.000 Hz são chamados de
de um ambiente (auditórios, igrejas, teatros, anfiteatros, ultra-sons. Esta faixa de freqüências entre 20 e 20kHz é
estúdios, residências, salas de aula, ginásios, boates, etc.). O definida como faixa audível de freqüências ou banda
curso compreende o estudo de isolamento e tratamento audível.
acústico de ambientes bem como a indicação dos Dentro da faixa audível, verificamos que o ouvido
equipamentos eletroacústicos para sonorização de percebe as freqüências de uma maneira não linear.
ambientes. O curso oferecerá aos participantes as técnicas Experiências demonstram que o ouvido humano obedece a
para reduzir o risco de perda auditiva dos empregados de Lei de Weber de estímulo/sensação, ou seja, as sensações
uma empresa. Serão estudados métodos de atenuação do como cor, som, odor, dor, etc., variam como o logaritmo dos
ruído, técnicas de dificultar a propagação do som e a correta estímulos que as produzem.
utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O Assim, os intervalos entre os sons de 100 e 200 Hz, 200
curso será voltado a profissionais das áreas Civil, Elétrica, e 400 Hz, 400 e 800 Hz parecerão iguais ao nosso ouvido.
Mecânica e Agronômica. Portanto, pela Lei de Weber, concluímos que o intervalo
entre freqüências não se mede pela diferença de freqüências,
Palavr as-chave: Acústica, projeto, ruído, conforto, perda mas pela relação entre elas. Desta maneira, se define uma
auditiva. oitava como sendo o intervalo entre freqüências cuja relação
seja igual a 2.
1. INTRODUÇÃO
O som é um fenômeno vibratório resultante de variações 200 400 800
da pressão no ar. Essas variações de pressão se dão em 2 oita va
torno da pressão atmosférica e se propagam
100 200 400
longitudinalmente, à velocidade de 344 m/s para 20 º C. Esta é a razão que intervalos entre as notas DÓ
Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de pressão no sucessivas de um teclado de piano parecem sempre iguais,
ar é considerado uma fonte sonora. Pode ser um corpo constituindo o intervalo de uma oitava. Em qualquer
sólido em vibração, uma explosão, um vazamento de gás a representação gráfica (figuras ou gráficos) colocamos a
alta pressão, etc. freqüência em escala logarítmica, por ser a forma que mais
Basicamente, todo som se caracteriza por três variáveis se aproxima da sensação do nosso ouvido (Figura 1).
físicas: freqüência, intensidade e timbre. Vamos fazer um
estudo mais detalhado de cada uma delas. Atualmente, usamos como freqüência de referência
(padronizada pelo SI), o valor de 1000 Hz, ficando as
Fr eqüência oitavas com freqüência central em 500, 250, 125, 62,5,
31,25, e 2.000, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz.
Freqüência (f) é a número de oscilações por segundo do
movimento vibratório do som. Para uma onda sonora em
propagação, é o número de ondas que passam por um As freqüências audíveis são divididas em 3 faixas:
determinado referencial em um intervalo de tempo.
Chamando de l o comprimento de onda do som e V a - Baixas freqüências ou sons graves - as 4 oitavas de
velocidade de propagação da onda, pode-se escrever : menor freqüência, ou seja, 31,25 , 62,5 125 e 250 Hz.

- Médias freqüências ou sons médios - as três oitavas


centrais, ou seja, 500, 1000 e 2000 Hz.
V=l.f
- Altas freqüências ou sons agudos - as três oitavas de
A unidade de freqüência (SI) é ciclos por segundo, ou maior freqüência, ou seja, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz.
Her tz (Hz). Portanto, um som de 32 Hz tem uma onda de
10,63 m e, um som de 20.000 Hz tem um comprimento de
onda de 1,7 cm.
O nosso ouvido é capaz de captar sons de 20 a 20.000
Hz. Os sons com menos de 20 Hz são chamados de infra-

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Figura 1 - Freqüências do piano

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Intensidade suficiente apenas para acender uma lâmpada de 50 ou 60
A intensidade do som é a quantidade de energia contida Watts.
no movimento vibratório. Essa intensidade se traduz com Ao fazermos uma relação entre a intensidade sonora e a
uma maior ou menor amplitude na vibração ou na onda audição, novamente nos encontramos com a Lei de Weber ,
sonora. Para um som de média intensidade essa amplitude é ou seja, conforme aumentamos a intensidade sonora o nosso
da ordem de centésimos de milímetros. ouvido fica cada vez menos sensível; ou ainda, precisamos
aumentar a intensidade de maneira exponencial para que o
A intensidade de um som pode ser medida através de
ouvido "sinta" o som de maneira linear.
dois parâmetros:
- a ener gia contida no movimento vibratório (W/cm 2) Desta maneira, quando escutamos um aparelho de som
- a pr essão do ar causado pela onda sonora (BAR = 1 que esteja reproduzindo 20 Watts de potência elétrica, e
dina/cm 2) aumentamos instantaneamente a sua potência para 40 Watts,
Como valor de referência para as medições, fixou-se a o som nos parecerá mais intenso. Se quisermos agora,
menor intensidade sonora audível. Esse valor, obtido da aumentar mais uma vez o som para que o resulte a mesma
média da população, foi de: sensação de aumento, teremos que passar para 80 Watts.
- para energia = 10 -16 W/cm2 Portanto, usamos uma escala logarítmica para a
intensidade sonora, da mesma maneira que usamos para a
- para pressão = 2 x 10 -4 BAR freqüência.
Como podemos notar, do ponto de vista físico, a energia Para sentirmos melhor o problema, analisemos o gráfico
contida num fenômeno sonoro é desprezível. A energia
sonora contida num grito de "gol" de um estádio de futebol da figura 1.5., onde temos intensidades sonoras desde 10-16
lotado, mal daria para aquecer uma xícara de café. Se a W/cm2 (limiar de audibilidade), até 10 -2 W/cm2 (limiar da
energia da voz de toda a população de uma cidade como dor).
Bauru fosse transformada em energia elétrica, seria o

Figura 2 – Esquema da formação da escala em decibels

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Nota-se que o nosso ouvido tem capacidade de escutar Voltando ao exemplo do aparelho de som com 20 Watts,
sons cuja diferença de intensidade seja de cem trilhões de digamos que o aparelho reproduza 60 dB de nível de
vezes. Se quiséssemos usar a escala linear de intensidade intensidade sonora no ambiente; com 40 W, o aparelho
sonora, teríamos que dizer, por exemplo, que o ruído da rua reproduzirá 63 dB, e com 80 W, 66 dB. Da mesma forma,
de uma cidade é 100 milhões de vezes mais intenso que o um avião à jato produz perto de 140 dB de NIS; dois aviões
menor som audível. Logo se vê a improbidade desses idênticos produzirão 143 dB.
números: matematicamente são impraticáveis e,
Desta forma, se uma máquina produz 60 dB, mil
fisiologicamente, não refletem a sensação audível.
Para contornar esses problemas lançamos mão da escala máquinas idênticas produzirão 90 dB. Para um operário
logarítmica. Vamos usar apenas o expoente da relação trabalha 8 horas/dia num ambiente com 100 dB de ruído, se
(figura 2) e dizer que o ruído da rua está 8 BELs acima do ele trabalhar apenas 4 horas/dia ele estaria exposto, em
limite de audibilidade (com valor de 0 BEL). O nome BEL média a 97 dB.
foi dado em homenagem a Alexandr e Gr aham Bell,
pesquisador de acústica e inventor do telefone.
Portanto, na escala em decibels, o dobro de 70
Agora a escala ficou reduzida em excesso, pois, entre o
dB é 73 dB, assim como o dobro de 120 dB é 123
limiar de audibilidade e o ruído da rua existem mais de 8
dB. A metade de 90 dB é 87 dB, assim como a
unidades de sons audíveis. Foi criado, então, o décimo do
metade 150 dB é 147 dB.
BEL, ou seja, o decibel: dizemos agora que o ruído da rua
está 80 dB (com o "d" minúsculo e o "B" maiúsculo), acima
do valor de referência. A figura 3 mostra alguns níveis de intensidade de som.
É importante notar que existe uma nítida divisão entre os
sons que se apresentam abaixo e acima da voz humana; os
Portanto, o número de decibels (dB) nada mais é sons com níveis inferiores à nossa voz são naturais,
que aquele expoente da relação das intensidades confortáveis e não causam perturbação; ao contrário, os sons
físicas, multiplicado por 10. superiores à voz humana podem ser considerados ruídos,
normalmente são produzidos por máquinas, são
indesejáveis, e causam perturbação ao homem.
A intensidade sonor a medida em decibels é
definida como Nível de Intensidade Sonora (NIS) ou Timbr e
Sound Intesity Level (SIL), em inglês. Se nós tocarmos a mesma nota (mesma freqüência) com
Portanto devemos sempre ter em mente: a mesma intensidade, em um piano e em um violino,
notamos claramente a diferença. Em linguagem comum,
dizemos que os seus timbres são diferentes. Portanto, o
Intensidade Sonor a Watts / cm 2 timbre nos permite reconhecer a fonte geradora do som.
Nível de Intensidade Sonor a - NIS - decibels Tecnicamente, o timbre é a forma de onda da vibração
(dB) sonora (Fig. 4).

Análise Espectr al
A unidade de medida de intensidade A análise espectral é o estudo das freqüências que
sonor a é W / cm 2 ou BAR. compõem um som complexo. Existem várias maneiras
O decibel não é uma unidade de medida, de proceder esta análise.
mas apenas uma escala. Espectr o (spectr um) de fr eqüências - O espectro de
O plur al de decibel é decibels. O ter mo um som se refere à relação entre amplitude e freqüência de
" decibeis" é err ado, em-bor a tenha se um som complexo. O matemático francês Jean Baptiste
tor nado de uso popular . Fourier (1768 – 1830) foi o primeiro a aplicar este método
de análise, conhecido hoje com o nome de Análise de
Fourier. Este método demonstra que qualquer forma de
Assim, o NIS, medido em decibels, satisfaz a construção onda pode ser decomposta em uma soma de ondas
fisiológica do nosso ouvido. Matematicamente podemos senoidais. A freqüência destas ondas senoidais que formam
escrever : o espectro guardam uma relação numérica com a freqüência
mais baixa da série que, por este motivo, é chamada de
freqüência fundamental (f0). As demais freqüências, que
I forem múltiplos inteiros da freqüência fundamental, com
NIS = 10 .log valores iguais a 2 f0, 3f0, 4 f0, 5 f0, são os sobretons de f0 e
Iref são conhecidas como tons harmônicos ou freqüências
harmônicas, sendo registradas por f1, f2, f3, .... fn. A Figura
sendo I a intensidade sonora de um som, e I r ef = 10 -16 5 ilustra a Análise de Fourier.
W / cm 2 .

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Figura 3 - Exemplos de Níveis de Intensidade Sonora (NIS).

Figura 4 - Forma de onda da nota de uma flauta.

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Análise Espectr al forma de onda pode ser decomposta em uma soma de ondas
senoidais. A freqüência destas ondas senoidais que formam
A análise espectral é o estudo das freqüências que
o espectro guardam uma relação numérica com a freqüência
compõem um som complexo. Existem várias maneiras mais baixa da série que, por este motivo, é chamada de
de proceder esta análise. freqüência fundamental (f0). As demais freqüências, que
forem múltiplos inteiros da freqüência fundamental, com
Espectr o (spectr um) de fr eqüências valores iguais a 2 f0, 3f0, 4 f0, 5 f0, são os sobretons de f0 e
O espectro de um som se refere à relação entre amplitude são conhecidas como tons harmônicos ou freqüências
e freqüência de um som complexo. O matemático francês harmônicas, sendo registradas por f1, f2, f3, .... fn. A Figura
Jean Baptiste Fourier (1768 – 1830) foi o primeiro a aplicar 5 ilustra a Análise de Fourier.
este método de análise, conhecido hoje com o nome de
Análise de Fourier. Este método demonstra que qualquer

Tipo de onda (em função do tempo) Espectr o (em função da Fr eq.)


Amplitude
Tom puro
(senoide)

F1 Freqüência

Amplitude

Onda Quadrada

F1 F2 F3 F4 F5 F6 Freq

Onda complexa Amplitude

Freq

Figura 5 - Análise de Fourier.

Densidade Espectr al de Ener gia (Power Spectr al no item b é mostrada a combinação de duas ondas
Density) senoidais: o sinal resultante é periódico e o espectro de
A Densidade espectral apresenta a energia do fenômeno freqüências mostra a decomposição do sinal.
vibratório em função da freqüência. O gráfico de densidade a figura 7c mostra uma onda quadrada: trata-se de um
espectral mostra a energia da onda sonora para cada sinal periódico e o espectro de freqüências acusa a formação
freqüência discreta ou banda de freqüência. A Figura 6 de um grande número de harmônicas.
apresenta um diagrama de Densidade espectral de energia. A o item d vemos um sinal não periódico: o espectro de
Figura 7 mostra outros exemplos de espectros e densidade freqüências não acusa valores específicos de freqüências,
espectral. pois estes seriam em número infinito. Assim, apenas é
Vamos analisar com atenção a figura 7. possível obter-se a densidade espectral de energia.
A figura 7a mostra uma onda senoidal, portanto, um Com essas colocações, podemos definir agora o que é
sinal puro. ruído. Trata-se de um som indesejável, não periódico, que
não é possível montar o seu espectro de freqüências, mas
apenas a densidade espectral.

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Energia/freqüência

freqüência

Figura 6 - Densidade espectral para um som complexo.

harmônicas sem qualquer classificação ou ordem de


O Ruído
composição. Normalmente seu espectro é de banda larga
(de freqüências), compacto e uniforme, sendo comum
A definição de ruído é um tanto ambígua. De um modo
geral pode ser definida como um som indesejável. Assim aparecer uma maior predominância de uma faixa de
vamos apresentar duas definições para o ruído : freqüências (graves, médias ou agudas). O espectro de
freqüências de um ruído tem um difícil interpretação,
preferindo-se a densidade espectral. (Figura 8).
Definição Subjetiva : Ruído é toda sensação Nas últimas décadas os ruídos se transformaram em uma
auditiva desagradável ou insalubre. das formas de poluição que afeta a maior quantidade de
pessoas. A partir de 1989 a Organização Mundial da
Saúde já passou a tratar o ruído como problema de saúde
Definição Física : Ruído é todo fenômeno acústico não pública
periódico, sem componentes harmônicos definidos. Nos próximos capítulos estudaremos, em detalhes, todos
os aspectos do ruído.

Os Ruídos padr onizados usados em ensaios


Fisicamente falando, o ruído é um som de grande Por conter um grande número de freqüências, alguns
complexibilidade, resultante da superposição ruídos foram padronizados, sendo usados em testes e
desarmônica de sons provenientes de várias fontes. Seu calibração de equipamentos eletroacústicos. Os principais
espectro sempre será uma confusa composição de são:

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Figura 7 - Espectro e densidade espectral de sons.

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Amplitude

Ruído

freqüência

Amplitude

freqüência

Figura 8 - Espectro e densidade espectral de um ruído

Ruído aleatório – É o ruído cuja densidade espectral de energia é próxima da distribuição de gauss.

Amplitude

Banda audível freqüência

Ruído branco – É o ruído cuja densidade espectral de energia é constante para todas as freqüências audíveis. O som de
um ruído branco é semelhante ao de um televisor „fora do ar‟.

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Amplitude Energia

freq freq
Banda audível Banda audível

Espectro Densidade Espectral

Ruído Rosa – É o ruído cuja densidade espectral de energia é constante para todas as freqüências.

Amplitude Energia

Banda audível freq Banda audível freq

Espectro Densidade Espectral

terão um comprimento de onda l, mostrado na Figura 2.1, e


2. Propriedades do Som uma velocidade de propagação.
A velocidade de pr opagação do som depende da
Pr incípio de Huygens-Fr esnel densidade e da pressão do ar e pode ser calculada pela
A propagação do som no ar se dá a partir da fonte equação :
geradora, em todas as direções. Por ser uma vibração
longitudinal das moléculas do ar, esse movimento P
oscilatório é transmitido de molécula para molécula, até V = 1,4.
chegar aos nossos ouvidos, gerando a audição. D
O Pr incípio Huygens-Fr esnel se aplica a essa
propagação: cada molécula de ar, ao vibrar, transmite para a onde P é a pressão atmosférica e D a densidade no SI.
vizinha a sua oscilação, se comportando como uma nova Se tomarmos P= 105 Pa e D=1,18 kg/m3, obteremos a
fonte sonora. velocidade V= 344,44 m/s.
A seguir são discutidas as propriedades da propagação Devemos levar em consideração que a densidade do ar é
no ar. bastante influenciada pelo vapor d'água (umidade). Porém,
o fator que mais influi na velocidade do som é a
Pr opagação Livr e temperatura.
A propagação do som no ar se dá a partir da fonte De uma maneira aproximada, entre - 30 ºC e + 30 ºC,
geradora, com a formação de ondas esféricas. Essas ondas podemos calcular a velocidade do som no ar em função da
temperatura, pela seguinte equação :

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V = 331,4 + 0.607 . t
A Atenuação do som na propagação :
onde a Velocidade V está em m/s e a temperatura t em º é dir etamente pr opor cional à fr eqüência, ou seja,
Celsius. o som agudo "morre" em poucos metros, enquanto
A Tabela 1 mostra a velocidade de propagação do som no que o som grave se pode ouvir a quilômetros de
ar em função da temperatura, supondo-se uma umidade distância.
relativa de 50 %. é inver samente pr opor cional à temper atur a.
é inver samente pr opor cional à umidade.
a poluição do ar, principalmente o monóxido e
Tabela 1. - Velocidade do som em função da temperatura dióxido de Car bono, são muito absorventes,
atenuando bastante o som.
não sofr e influência da pr essão atmosfér ica.
Velocidade do som
(m/s)
Gr aus
Celsius A Velocidade do Som na propagação :
é dir etamente pr opor cional à temper atur a.
- 20 319 é dir etamente pr opor cional à umidade.
- 10 326 não sofr e influência da pr essão atmosfér ica.
0 332 não var ia com a freqüência.
10 338
20 344
Portanto, na propagação, o ar oferecendo maior
30 355
resistência à transmissão de altas freqüências, causa uma
distorção no espectro de freqüências. Por isso que, nos sons
produzidos a grandes distâncias, nós ouvimos com maior
Outro fator importante na propagação do som é a nível os sons graves, ou seja, os sons agudos são atenuados
atenuação. O som ao se propagar sofre uma diminuição na na propagação.
sua intensidade, causada por dois fatores:

Disper são das ondas: o som ao se propagar no


Propagação com obstáculos
ar livre (ondas esféricas) tem a sua área de propagação
aumentada, em função do aumento da área da esfera. Como Quando interpomos uma superfície no avanço de uma
a energia sonora (energia de vibração das moléculas de ar) é onda sonora, esta se divide em várias partes: uma
a mesma, ocorre uma diluição dessa energia, causando uma quantidade é refletida, a outra é absorvida e outra atravessa
atenuação na intensidade. A cada vez que dobramos a a superfície (transmitida). A figura 9 nos dá o exemplo
distância da fonte, a área da esfera aumenta 4 vezes, dessas quantidades.
diminuindo a intensidade sonora em 4 vezes, ou 6 dB. A quantidade Si representa o som incidente; Sr o som
refletido; Sd o som absorvido pela parede (e tranformado
em calor) e St o som transmitido.
Per das entr ópicas : Sempre que se aumenta a
pressão de um gás, a sua temperatura aumenta; ao se
expandir o gás, a temperatura diminui (Boyle). Numa onda Reflexão
sonora, onde acontecem sucessivas compressões e
rarefações, ocorrem pequenos aumentos e diminuições na Se uma onda sonora que se propaga no ar encontra uma
temperatura do ar. Pela 2ª Lei da Termodinâmica, sempre superfície sólida como obstáculo a sua propagação, esta é
que se realiza uma transformação energética, acontece uma refletida, segundo as leis da Reflexão Ótica. A reflexão em
perda, ou seja, parte da energia se perde em forma de calor. uma superfície é diretamente proporcional à dureza do
É a chamada perda entrópica. Sem a existência desta perda, material. Paredes de concreto, mármore, azulejos, vidro,
seria possível o moto-contínuo. Assim, na propagação do etc. refletem quase 100 % do som incidente.
som, parte da energia se transforma em calor, atenuação esta Um ambiente que contenha paredes com muita reflexão
que depende da freqüência do som, da temperatura e da sonora, sem um projeto acústico aprimorado, terá uma
umidade relativa do ar. péssima inteligibilidade da linguagem. É o que acontece,
geralmente, com grandes igrejas, salões de clubes, etc.
Devemos sempre lembrar que :

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Som
transmitido
Som Incidente

Som absorvido

Som refletido

Figura 8 - Esquema da divisão do som ao encontrar um obstáculo

Absorção é a propriedade de alguns materiais em não


Podemos definir os seguintes coeficientes:
permitir que o som seja refletido por uma superfície.

COEFICIENTE DE ABSORÇÃO a IMPORTANTE : Som absorvido por uma


superfície é a quantidade som dissipado
EN ERGI A A BSORVI D A (transformado em calor) mais a quantidade de
a som transmitido.
EN ERGI A IN CI D ENT E
Os materiais absorventes acústicos são de grande
COEFICIENTE DE REFLEXÃO r importância no tratamento de ambientes. A Norma
Brasileira NB 101 especifica os procedimentos para o
tratamento acústico de ambientes fechados. A dissipação da
EN ERGI A REFL ETI DA energia sonora por materiais absorventes depende
r= fundamentalmente da freqüência do som: normalmente é
EN ERGI A IN CI D ENT E grande para altas freqüências, caindo para valores muito
pequenos para baixas freqüências. A figura 9 mostra a
absorção do som em um material.
COEFICIENTE DE TRANSMISSÃO t

EN ERGI A TR ANSMITI DA Tr ansmissão


t=
EN ERGI A IN CI D ENT E Transmissão é a propriedade sonora que permite que o
som passe de um lado para outro de um superfície,
continuando sua propagação. Fisicamente, o fenômeno tem
Reflexão as seguintes características : a onda sonora ao atingir uma
superfície, faz com que ela vibre, transformando-a em uma
Se uma onda sonora que se propaga no ar encontra uma fonte sonora. Assim, a superfície vibrante passa a gerar som
superfície sólida como obstáculo a sua propagação, esta é em sua outra face. Portanto, quanto mais rígida e densa
refletida, segundo as leis da Reflexão Ótica. A reflexão em (pesada) for a superfície menor será a energia transmitida.
uma superfície é diretamente proporcional à dureza do A tabela 3 mostra a atenuação na transmissão causada
material. Paredes de concreto, mármore, azulejos, vidro, por vários materiais.
etc. refletem quase 100 % do som incidente.
Um ambiente que contenha paredes com muita reflexão Difr ação
sonora, sem um projeto acústico aprimorado, terá uma
péssima inteligibilidade da linguagem. É o que
acontece, geralmente, com grandes igrejas, salões de Pelo princípio de Huygens-Fresnel, podemos entender
clubes, etc. que, o som é capaz de rodear obstáculos ou propagar-se por
todo um ambiente, através de uma abertura. A essa
propriedade é dado o nome de difr ação. Os sons graves
Absor ção (baixa freqüência) atendem melhor esse princípio.
A figura 10 nos mostra como um som de grande
comprimento de onda (som grave) contorna um obstáculo.

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A figura 11 mostra um som de pequeno comprimento de menor que o comprimento H do obstáculo ou furo, existirá
onda (alta freqüência) gerando regiões de sombra acústica sombra acústica "S".
ao contornar obstáculos. Podemos observar que a difração Cabe lembrar, portanto, que os sons graves (sons de
do som em um obstáculo depende do valor relativo entre o baixa freqüência e de grande comprimento de onda) tem
tamanho H do obstáculo e o comprimento de onda l do som. maior facilidade em propagar-se no ar, como também maior
O mesmo ocorre com o avanço do som através de um capacidade de contornar obstáculos.
orifício: quando o comprimento de onda do som é muito

Fig. 9 - Absorção em função da freqüência para um material poroso

A tabela 2 mostra o Coeficiente de absorção "a" para alguns materiais.

Tabela 2 – Coeficientes de absorção

Espess Fr eqüência [Hz]


Mater ial ura
125 250 500 1k 2k 4k
[cm]
Lã de rocha 10 0,42 0,66 0,73 0,74 0,76 0,79
Lã de vidro solta 10 0,29 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85
Feltro 1,2 0.02 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85
Piso de tábuas de madeira sobre vigas 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
Placas de cortiça sobre concreto 0,5 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04
Carpete tipo forração 0,5 0,10 0,25 0,4
Tapete de lã 1,5 0,20 0,25 0,35 0,40 0,50 0,75
Concreto aparente 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
Parede de alvenaria, não pintada 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,07
Vidro 0,18 0,06 0,04 0,03 0,03 0,02
Cortina de algodão com muitas dobras 0,07 0,31 0,49 0,81 0,61 0,54

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Tabela 3 - Atenuação na transmissão de som

Espessur a (cm) Atenuação (dB)


Mater ial
Vidr o 0,4 a 0,5 28
Vidr o 0,7 a 0,8 31
Chapa de Fer r o 0,2 30
Concr eto 5 31
Concr eto 10 44
Gesso 5 42
Gesso 10 45
Tijolo 6 45
Tijolo 12 49
Tijolo 25 54
Tijolo 38 57

Figura 10 - Som de baixa freqüência (grave) contornando um obstáculo.

Figura 11 - Difração de um som agudo.

14
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Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 1288
Rever ber ação e Tempo de Rever ber ação Ondas Estacionárias

Quando um som é gerado dentro de um ambiente escuta- É um fenômeno que ocorre em recintos fechados.
se primeiramente o som direto e, em seguida, o som Consiste na superposição de duas ondas de igual freqüência
refletido. No caso em que essas sensações se sobrepõem, que se propagam em sentindo oposto. Ao se sobreporem, a
confundindo o som direto e o refletido, teremos a impressão coincidência dos comprimentos de onda faz com que os nós
de uma audição mais prolongada. A esse fenômeno se dá o e os ventres ocupem alternadamente as mesmas posições,
nome de reverberação. produzindo a impressão de uma onda estacionár ia. Em
Define-se como tempo de reverberação o tempo locais fechados, o som refletido em uma parede plana e o
necessário para que, depois de cessada a fonte, a intensidade som direto podem criar esse efeito, causando graves
do som se reduza de 60 dB. Se as paredes do local forem problemas acústicos para o ambiente.
muito absorventes (pouco reflexivas), o tempo de
reverberação será muito pequeno, caso contrário ocorrerão Eco pulsatór io (Flutter Echo)
muitas reflexões e o tempo de reverberação será grande.
É um caso particular das ondas estacionárias. Ocorre
Eco quando existe a sobreposição de ondas refletidas cujos
caminhos percorridos se diferenciem de um número inteiro
O eco é uma conseqüência imediata da reflexão sonora. de comprimentos de onda. Neste caso, haverá momentos de
Define-se eco como a repetição de um som que chega ao intensificação do som pelas coincidências das fases, e outros
ouvido por reflexão 1/15 de segundo ou mais depois do com a anulação do som pela defasagem da onda. Para uma
som direto. Considerando-se a velocidade do som em 345 pessoa, esses aumentos e diminuições na intensidade sonora
m/s, o objeto que causa essa reflexão no som deve estar a produzirá a mesma sensação de um eco.
uma distância de 23 m ou mais.
Efeito Doppler-Fizeau
Refração
Quando a fonte ou o observador se movem (com
Recebe o nome de r efr ação a mudança de direção que velocidade menor que a do som) é observada uma diferença
sofre uma onda sonora quando passa de um meio de entre a freqüência do som emitido e recebido. Esse
propagação para outro. Essa alteração de direção é causada característica que é conhecida como Efeito Doppler -
pela variação da velocidade de propagação que sofre a onda. Fizeau, torna o som mais agudo quando as fontes se
O principal fator que causa a refração do som é a mudança aproximam, e mais grave no caso de se afastarem.
da temperatura do ar.

Ressonância 3. Psicoacústica
Ressonância é a coincidência de freqüências entre A Psicoacústica estuda as sensações auditivas para
estados de vibração de dois ou mais corpos. Sabemos que estímulos sonoros. Trata dos limiares auditivos, limiares de
todo corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua freqüência dor, percepção da intensidade de da freqüência do som,
natural. Quando temos um corpo vibrando na freqüência mascaramento, e os efeitos da audição binaural (localização
natural de um segundo corpo, o primeiro induz o segundo a das fontes, efeito estéreo, surround etc.).
vibrar. Dizemos então que eles estão em r essonância. Por
exemplo : se tomarmos um diapasão com freqüência natural Lei de Weber-Fechner
de 440 Hz e o colocarmos sobre um piano, ao tocarmos a
nota Lá 4 (que vibra com 440 Hz), o diapasão passará a A Lei de Weber-Fechner faz uma relação entre a
vibrar induzido pela vibração da corda do piano. intensidade física de uma excitação e a intensidade subjetiva
da sensação de uma pessoa. Vale para qualquer percepção
Mascaramento sensorial, seja auditiva, visual, térmica, tátil, gustativa ou
olfativa. De um modo geral, a Lei de Weber-Fechner pode
Na audição simultânea de dois sons de freqüências ser enunciada:
distintas, pode ocorrer que o som de maior intensidade
supere o de menor, tornando-o inaudível ou não inteligível. Enunciado Geral: O aumento do estímulo,
Dizemos então que houve um mascar amento do som de necessár io par a pr oduzir o incr emento mínimo de
maior intensidade sobre o de menor intensidade. O efeito do sensação, é pr opor cional ao estímulo pr eexistente.
mascaramento se torna maior quando a os sons têm
freqüências próximas. S=k. /I ou

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

S = k . log I Angeles e Nova Iorque, em 1939/40 com 500 mil pessoas;


15 pesquisas da ISO em 1964). Os resultados dessas
Onde S é a sensação, I a intensidade do pesquisas e outras realizadas constituem fundamento para o
estímulo e k uma constante. estudo de qualquer sistema de análise do ouvido.
Para determinarmos a menor intensidade percebida
Aplicando-se para a acústica, o enunciado fica: pelo ouvido humano, vamos fazer a seguinte experiência:
coloquemos um observador à distância de um metro de um
alto-falante e de frente para este. Façamos o alto-falante
Para sons de mesma freqüência, a intensidade vibrar com 1 kHz em intensidade perfeitamente audível e,
da sensação sonora cresce proporcionalmente ao vamos atenuando o som até que o observador declare não
logaritmo da intensidade física. mais estar ouvindo. Substituímos então, o observador por
um microfone calibrado para medir a intensidade do som:
esta intensidade será o limiar de audição para 1 kHz, que
Ou ainda: corresponde a 10-16 Watts/cm2, ou 0 dB.
Se repetirmos a experiência para outras freqüências,
vamos determinar o limiar de audi-bilidade. A maior
Sons de freqüência constante, cujas intensidades sensibilidade do ouvido, se dá entre 2000 e 5000 Hz, há uma
físicas variam em progressão geométrica, produzem perda de sensibilidade nos dois extremos da banda de
sensações cujas intensidades subjetivas variam em freqüência audível. Para 50 Hz, essa perda chega a 60 dB.
progressão aritmética. A figura 12 mostra a curva média do limiar de
audibilidade.
Para determinar o limiar de dor, vamos repetir a
Audibilidade (loudness) experiência, só que iremos aumentando o nível de
intensidade sonora do som até que o nosso observador sinta
Audibilidade é o estudo de como nosso ouvido recebe e uma sensação dolorosa acompanhando a audição. Isso deve
interpreta as flutuações da pressão sonora associadas à ocorrer, para 1 kHz, em 120 dB e é chamado de limiar da
variações de freqüência. Esse estudo, logicamente, deve ser dor. Repetindo-se a experiência para outras freqüências
estatístico, pois, dentro da espécie humana, existe a teremos a curva do limiar da dor .
diversidade individual. Assim, várias pesquisas foram O conjunto de sons audíveis é dado pela área
realizadas para determinar a sensibilidade média da audição compreendida entre o limiar de audibilidade e o limiar da
de pessoas normais (pesquisa da NIOSH – USA em dor: é o nosso campo de audibilidade (figura 13).
1935/36; pesquisa durante as Feiras Mundiais de Los

140
dB
120

100

80

60

40

20

50 100 500 1k 5k 10k 20k freq

Figura 12 – Os limiares de audibilidade

16
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Figura 13 – Os limiares e o campo de audibilidade

Estas curvas nos dizem, por exemplo, que um som de 50


Vamos continuar com a nossa experiência: suponhamos dB de NIS em 1 kHz tem o mesmo nível de audibilidade de
agora que ao nosso observador é oferecido um som de um som de 70 dB de NIS e 80 Hz. É usual dar o nome de
freqüência 1000 Hz, com 10 dB de NIS (nível de FON à unidade de nível de audibilidade.
intensidade sonor a). Também lhe é oferecido um som de As curvas de audibilidade (curvas loudness), são muito
freqüência f, sobre o qual o observador tem o controle de importantes no estudo de acústica. Por exemplo: nos
intensidade. Pede-se ao observador que varie o atenuador do aparelhos de som nós podemos utilizar a tecla "loudness"
som da freqüência f até que este soe com a mesma que nos dá um aumento dos sons graves e agudos,
audibilidade do primeiro (1 kHz e 10 dB). Repetindo a proporcional às curvas, para que todas as freqüências sejam
experiência para diversas freqüências teremos a curva de igualmente ouvidas. Nos decibelímetros (aparelhos
igual intensidade psicológica (igual nível de audibilidade), medidores do nível de intensidade sonora) as medições são
ou seja, os valores do NIS em função da freqüência para feitas levando-se em consideração a sensibilidade do
sons que para nós soam com igual intensidade. Repetindo a ouvido: o aparelho mede o NIS da mesma maneira que o
medida para 1 kHz e com NIS de 20, 30, 40 dB, vamos ouvido percebe o som, equalizando de acordo com as curvas
obter as curvas da figura 14. Essas curvas são denominadas loudness.
cur vas de Fletcher e Munson.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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Figura 14 - Curvas de audibilidade.

alterações na intensidade e no tempo de chegada do som


entre cada orelha. O sistema nervoso central registra cada
Audição Binaural sinal recebido, estabelecendo a direção da onda sonora.
A Figura 15 ilustra, num plano horizontal, como uma
onda sonora atinge os dois ouvidos de uma pessoa. Como a
Localização da fonte sonor a onda chega de uma posição lateral, inclinada ( ) em relação
Uma das características principais da audição humana é à frente da pessoa, a onda sonora atinge primeiro o ouvido
o sentimento da direção da propagação das ondas do som.
esquerdo (e com mais intensidade) e depois o ouvido direito
Por causa da localização física das orelhas na cabeça
humana, cada orelha recebe sinais diferentes: ocorrem (com menor intensidade), pois o ouvido direito está mais
distante que o direito.

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Onda
sonora

Figura 15 – Onda sonora atingindo a cabeça de uma pessoa.

Se chamarmos de „d‟ a distância entre as orelhas ( 21 Considerando a velocidade do som de 344 m/s, a Tabela
cm), podemos escrever: 3 apresenta os valores de e o tempo de atraso do som ( )
= d . sen para diferentes valores do ângulo

Tabela 4 – Valor es da difer ença da distância entr e os ouvidos e do


tempo de atr aso do som par a valor es de (velocidade do som de 344
m/s e distância entr e ouvidos de 21 cm)
Ângulo gr aus) (cm) (ms)
0 0 0
10 3,64 0,106
20 7,18 0,208
30 10,5 0,305
45 14,8 0,431
60 18,2 0,528
90 21,0 0,610

Quanto à freqüência do som, quando o comprimento da da fonte se torna mais difícil. Para freqüências acima de 3
onda tem valores múltiplos da distância a localização fica kHz a localização se torna bastante precisa. localizada "
mais difícil. Para sons graves (por terem grandes atrás de " a ouvinte, cria o mesmo tempo praticamente e
comprimentos de onda) existe maior dificuldade em intensidade diferencia na frente como a fonte de som
identificar a direção da onda sonora. Sons de impacto simétrica do ouvinte que faz localizando a fonte sã mais
(pulsos rápidos como o tique-taque de um relógio ou o som difícil.
de palmas) são mais facilmente localizados com uma
margem de erro de 2º a 3º; sons mais longos o erro pode Ângulo de máxima intensidade
chegar a 10º ou 15 º. Se fizermos uma fonte sonora girar ao redor de uma
Quando a fonte de som está localizada atrás do ouvinte, pessoa, no plano horizontal, o ponto de maior intensidade se
a sensação da intensidade é um pouco reduzida (em relação dará para o ângulo da Figura 5.4 igual a 79º. A Figura 16
a uma posição simétrica na frente do ouvinte) e a localização ilustra a situação de máxima intensidade.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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Onda
= 79º sonora

Figura 16 – Ângulo da onda sonora de maior intensidade.

Efeitos estér eo e sur r ound efeito surround possibilita dar movimento ao som, sendo
A audição binaural permitiu que fossem criados efeitos importante nos filmes de ação.
psicoacústicos na reprodução de músicas gravadas. O efeito
estéreo (dois canais independentes de som) e surround (5 Efeitos no plano ver tical
canais), hoje comuns em sistemas de reprodução sonora Em razão da posição dos ouvidos, a localização de fontes
residenciais e em cinemas, usam os princípios da física sonoras no plano vertical é bastante mais difícil que no
acústica para dar a sensação espacial ao som. plano horizontal. Isto porque não existem diferenças nas
O efeito estéreo usa duas fontes (direita e esquerda) intensidades nem no tempo de chegada do som nos ouvidos.
localizadas à frente do ouvinte, dando a impressão que todos A percepção da localização acontece em função das
os instrumentos musicais estão distribuídos a sua frente. condições acústicas do ambiente (reflexões, difrações, etc.).
O sistema surround usa cinco fontes, sendo três Vários estudos mostram que as pessoas têm dificuldades na
principais à frente do ouvinte (centro, direita e esquerda) e localização de sons dispostos com mais de 45º nas direções
duas auxiliares atrás do ouvinte (direita e esquerda). O de propagação. A Figura 5.6 mostra estes dados.

Figura 17 – Pessoa recebendo várias ondas sonoras no plano vertical.

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4. O Ruído Ambiental aeroporto ou de uma auto-estrada, ou uma via elevada,
podem elevar o ruído a níveis insuportáveis.
Os altos níveis de ruído urbano têm se transformado, nas
últimas décadas, em uma das formas de poluição que mais
tem preocupado os urbanistas e arquitetos. Os valores Avaliação do Ruído Ambiental
registrados acusam níveis de desconforto tão altos que a O método mais utilizado para avaliar o ruído em
poluição sonora urbana passou a ser considerada como a ambientes é a aplicação das curvas NC (Noise Criterion)
forma de poluição que atinge o maior número de pessoas. criadas por Beranek em pesquisas a partir de 1952 (ver na
Assim, desde o congresso mundial sobre poluição sonora em bibliografia os vários trabalhos desse autor). Em 1989 o
1989, na Suécia, o assunto passou a ser considerado como mesmo autor publicou as Curvas NCB (Balanced Noise
questão se saúde pública. Entretanto, a preocupação com os Criterion Curves), com aplicação mais ampla. São várias
níveis de ruído ambiental já existia desde 1981 pois, no curvas representadas em um plano cartesiano que apresenta
Congresso Mundial de Acústica, na Austrália, as cidades de no eixo das abscissas as bandas de freqüências e, no eixo
São Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser consideradas das ordenadas, os níveis de ruído. Cada curva representa o
as de maiores níveis de ruído do mundo. Nas cidades limite de ruído para uma da atividade, tendo em vista o
médias brasileiras, onde a qualidade de vida ainda é conforto acústico em função da comunicação humana.
preservada, o ruído já tem apresentado níveis preocupantes, A Fig. 18 apresenta as curvas NCB e a Tabela 5 o limite
fazendo com que várias delas possuam leis que disciplinem de utilização para várias atividades. Por exemplo, a curva
a emissão de sons urbanos. NC-10 estabelece o limite de ruído para salas de concerto,
estúdios de rádio ou TV; a curva NC-20 o limite para
Numa visão mais ampla, o silêncio não deve ser auditórios e igrejas; a curva NC-65 (a de maior nível) o
encarado apenas como um fator determinante no conforto limite para qualquer trabalho humano, com prejuízo da
ambiental, mas deve ser visto como um direito do cidadão. comunicação mas sem haver o risco de dano auditivo. A
O bem-estar da população não deve tratado apenas com Norma Brasileira NBR 10.151 adotou estas curvas como
projetos de isolamento acústico tecnicamente perfeitos mas, padrão, estabelecendo uma tabela (Tabela 6) com limites de
além disso, exige uma visão crítica de todo o ambiente que utilização.
vai receber a nova edificação. É necessária uma discussão a
nível urbanístico.Outro conceito importante a ser discutido
se refere as comunidades já assentadas ameaçadas pela
poluição sonora de novas obras públicas. A transformação
de uma tranqüila rua em avenida, a construção de um

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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dB [ref. 20 a]
100

Curvas Critério de Ruído Balanceadas


Curvas NCB
90
A

80

B NCB
70

65
60
60

55
50
50

45
40
40

35
30
30

25
20
Limiar da 20
Audição
15
10
10

0
16 31.5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Freqüência central da banda de oitava [Hz]

Fig. 18 - Curvas Critério de Ruído Balanceadas (NCB) (BERANEK, 1989 e BERANEK, 1989).

NBR 10151 - Avaliação do ruído em áreas


No Brasil, os critérios para medição e avaliação do ruído habitadas visando o conforto da comunidade;
em ambientes são fixados pelas Normas Brasileiras da NBR 10152 (NB-95) - Níveis de ruído para
Associação Brasileira de Normas Técnicas. As principais conforto acústico.
são :
Nesta última norma, a fixação dos limites de ruído
NBR 7731 - Guia para execução de serviços de para cada finalidade do ambiente é feita de duas formas :
medição de ruído aéreo e avaliação dos seus efeitos sobre o pelo nível de ruído encontrado em medição normal (em
homem; dB(A)), ou com o uso das curvas NC ou NCB (Tabela 5).

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Tabela 5 - Limite de utilização para várias atividades humanas em função das curvas NCB,
estabelecidas por Beranek.
Cur va Tipo de ambiente que pode conter como máximo r uído, os níveis da da cur va
NCB cor r espondente
10 Estúdios de gravação e de rádio (com uso de microfones à distância)
10 a 15 Sala de concertos, de óperas ou recitais (para ouvintes de baixos níveis sonoros)
Grandes auditórios, grandes teatros, grandes igrejas (para médios e grandes intensidades
20
sonoras)
Estúdios de rádio, televisão, e de gravação (com uso de microfones próximos e captação
25
direta)
Pequenos auditórios, teatros, igrejas, salas de ensaio, grandes salas para reuniões,
30
encontros e conferências (até 50 pessoas), escritórios executivos.
Dormitórios, quartos de dormir, hospitais, residências, apartamentos, hotéis, motéis, etc.
25 a 40
(ambientes para o sono, relaxamento e descanso).
Escritórios com privacidade, pequenas salas de conferências, salas de aulas, livrarias,
30 a 40
bibliotecas, etc. (ambientes de boas condições de audição).
Salas de vivência, salas de desenho e projeto, salas de residências (ambientes de boas
30 a 40
condições de conversação e audição de rádio e televisão).
Grandes escritórios, áreas de recepção, áreas de venda e depósito, salas de café,
35 a 45
restaurantes, etc. (para condições de audição moderadamente boas).
Corredores, ambientes de trabalho em laboratórios, salas de engenharia, secretarias (para
40 a 50
condições regulares de audição).
Locais de manutenção de lojas, salas de controle, salas de computadores, cozinhas,
45 a 55
lavanderias (condições moderadas de audição).
Lojas, garagens, etc. (para condições de comunicações por voz ou telefone apenas
50 a 60 aceitáveis). Níveis acima de NCB – 60 não são recomendadas para qualquer ambiente que
exija comunicação humana.
Para áreas de trabalho onde não se exija comunicação oral ou por telefone, não havendo
55 a 70
risco de dano auditivo.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

Tabela 6 - Níveis de som para conforto, segundo a NBR 10152

LOCAIS dB(A) Curvas NC


Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros Cirúrgicos 35 -45 30 -40
Laboratórios, Áreas para uso público 40 - 50 35 -45
Serviços 45 -55 40 -50
Escolas
Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35 -45 30 - 40
Salas de aula, Laboratórios 40 -50 35 - 45
Circulação 45 - 55 40 - 50
Hotéis
Apartamentos 35 – 45 30 - 40
Restaurantes, Salas de estar 40 – 50 35 - 45
Portaria, Recepção, Circulação 45 – 55 40 - 50
Residências
Dormitórios 35 – 45 30 - 40
Salas de estar 40 – 50 35 - 45
Auditór ios
Salas de concerto, Teatros 30 - 40 25 - 30
Salas de Conferências, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35 - 45 30 – 35
Restaur antes 40 - 50 35 - 45
Escr itór ios
Salas de reunião 30 - 40 25 - 35
Salas de gerência, Salas de projetos e de administração 35 - 45 30 - 40
Salas de computadores 45 - 65 40 - 60
Salas de mecanografia 50 - 60 45 - 55
Igr ejas e Templos 40 - 50 35 - 45
Locais par a espor tes
Pavilhões fechados para espetáculos e ativ. esportivas 45 - 60 40 - 55

Trabalhos científicos relacionados com o ruído sossego público os níveis de ruído superiores aos
ambiental demonstram que uma pessoa só consegue relaxar estabelecidos na Norma NBR 10.151; para edificações, os
totalmente durante o sono, em níveis de ruído abaixo de 39 limites são estabelecidos pela NBR 10.152.
dB(A), enquanto a Organização Mundial de Saúde
estabelece 55 dB(A) como nível médio de ruído diário para A Norma NBR 10.151 – que fixa as condições
uma pessoa viver bem. Portanto, os ambientes localizados exigíveis para a avaliação da aceitabilidade do ruído em
onde o ruído esteja acima dos níveis recomendados comunidades
necessitam de um isolamento acústico.
Acima de 75 dB(A), começa a acontecer o desconforto As Leis Municipais – que devem ser criadas pela
acústico, ou seja, para qualquer situação ou atividade, o Câmara de Vereadores de cada município, compatíveis com
ruído passa a ser um agente de desconforto. Nessas a Resolução CONAMA N.º 001.
condições há uma perda da inteligibilidade da linguagem, a
comunicação fica prejudicada, passando a ocorrer A Norma NBR 10.151 estabelece o método de medição e
distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no os critérios de aceitação do ruído em comunidades.
trabalho. Acima de 80 dB(A), as pessoas mais sensíveis
podem sofrer perda de audição, o que se generaliza para
níveis acima de 85 dB(A).
A Acústica no Interior de Ambientes
Avaliação da Perturbação da Comunidade
O projeto acústico de ambientes é um dos maiores
desafios enfrentados por Arquitetos e Engenheiros Civis.
Para a avaliação dos níveis de ruído aceitáveis em Isto em razão da rara literatura em língua portuguesa e do
comunidades, existem 3 instrumentos legais que devemos enfoque pouco prático das publicações estrangeiras. A
seguir: Acústica Arquitetônica, como é designada essa área da
acústica, preocupa-se, especificamente, com dois aspectos:
A Resolução CONAMA N.º 001 - É a Resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente que visa controlar
a poluição sonora. Fixa que são prejudiciais à saúde e ao

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* Isolamento contra o ruído : duas são as situações onde para aquela região da cidade (fixado em leis municipais, ou
deve ocorrer o isola-mento contra o ruído: pela Norma NBR 10.151) e o Lin é obtido pelo máximo de
- o ambiente interno deve ser isolado dos ruídos externos som que se pretende gerar no interior do recinto.
e dos ruídos produzidos no próprio interior (por exemplo
teatros, salas de aulas, igrejas, bibliotecas, etc.); O isolamento mínimo necessário para o ambiente será :
- deseja-se que o ruído interno não perturbe os
moradores próximos (por exemplo boates, clubes, salões de ISOL = Lex – Lin ou ISOL =
festas, etc.).
Lin – Lex
* Controle dos sons no interior do recinto : nos locais
onde é importante uma comunicação sonora, o projeto conforme o caso.
acústico deve propiciar uma distribuição homogênea do Esse isolamento deve prevalecer em todas as superfícies
som, preservando a inteligibilidade da comunicação e que compõem o ambiente : paredes, laje do teto, laje do
evitando problemas acústicos comuns, como ecos, piso, portas, janelas, visores, sistema de ventilação, etc. A
ressonâncias, reverberação excessiva, etc. atenuação de alguns materiais foram apresentadas na Tabela
3. A Tabela 7 complementa estes dados.
Deve-se lembrar que quanto maior a densidade (peso por
Isolamento Contra o Ruído área) do obstáculo ao som, maior será o isolamento. Assim,
Inicia-se o projeto do isolamento de um ambiente ao as paredes de tijolos maciços ou de concreto e de grande
ruído obtendo-se dois parâmetros essenciais : espessura apresentam as maiores atenuações; as paredes de
- o nível de ruído externo [Lex] tijolos vazados atenuam menos; as lajes maciças de concreto
- o nível de ruído interno [Lin]. atenuam mais que as lajes de tijolos vazados.
Outro fenômeno importante é o do aumento da espessura
Para o caso de isolamento contra ruídos externos (projeto : ao se dobrar a espessura de um obstáculo, a atenuação não
de uma ambiente silencioso), o Lex é obtido pela medição dobra; mas se colocar-se dois obstáculos idênticos o
do ruído externo ao recinto (normalmente toma-se o valor isolamento será dobrado. Desta forma, usa-se portas com 2
máximo, ou o nível equivalente Leq), e o Lin é fixado pelos chapas de madeira, ou janelas com 2 vidros separados em
dados da NBR 10.152, que estabelece os valores máximos mais de 20 cm.
de ruído para locais. Quando pretende-se que o ruído
gerado no interior do ambiente seja isolado do exterior, o
Lex é determinado pelo máximo nível de ruído permitido

Tabela 7 - Isolamento acústico de algumas superfícies

Mater ial Atenuação (PT)

Parede de tijolo maciço com 45 cm de espessura 55 dB


Parede de 1 tijolo de espessura de 23 cm 50 dB
Parede de meio tijolo de espessura com 12 cm e rebocado 45 dB
Parede de concreto de 8 cm de espessura 40 dB
Parede de tijolo vazado de 6 cm de espessura e rebocado 35 dB
Porta de madeira maciça dupla com 5 cm cada folha 45 dB
Janela de vidro duplos de 3 mm cada separados 20 cm 45 dB
Janela com placas de vidro de 6 mm de espessura 30 dB
Porta de madeira maciça de 5 cm de espessura 30 dB
Janela simples com placas de vidro de 3 mm de espessura 20 dB
Porta comum sem vedação no batente 15 dB
Laje de concreto rebocada com 18 cm de espessura 50 dB

O mecanismo de transmissão de som através de paredes 1 – Calcula-se PT da parede em 500 Hz usando a


planas exige modelos matemáticos muito complexos. Uma equação abaixo, e traça-se uma linha com inclinação de 6
forma simples para o cálculo da atenuação [chamado de dB/oitava (ver linha „1‟ da figura 7.1).
Perda na Transmissão „PT‟] é o “Método do Patamar” :
PT = 20 log [M.f] – 47,4

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

onde f é a freqüência (fixaremos em 500 Hz) e M é a


„densidade de área‟ dada pela Tabela 8. fs = fi . Lp

2 – Obtém-se a altura do patamar (Tabela 7.2), e a onde Lp é a largura do patamar dado na Tabela 7.2.
„freqüência inferior [fi]‟ na interseção do patamar (linha 2)
com a linha 1 (ver Figura 7.1). 4 – Acima da „freqüência superior‟ traça-se uma linha
com inclinação de 10 a 18 dB/oitava (linha 3).
3 – A „freqüência superior [fs]‟ é dada pela equação:

Tabela 8 – Dados de alguns materiais

Densidade de área Altura do Patamar Largura do Patamar


Material
[Kg/m2 por cm de espessura] [dB] [Lp]
26,6 29 11
Alumí
nio
Concr eto 22,8 38 4,5
Vidr o 24,7 27 10
Chumbo 112 56 4
Aço 76 40 11
Tijolo 21 37 4,5
Madeir a 5,7 19 6,5

Como exemplo, vamos calcular qual seria o 2 – Altura do patamar (Tabela 19) = 27 dB (linha 2); do
isolamento (PT) oferecido por uma lâmina de vidro de 10 gráfico fi = 250 Hz
mm de espessura.
3 – Cálculo da freqüência superior : Fs = 250 . 10 fs
1 – Cálculo da Perda na Transmissão para 500 Hz (M = = 2500 Hz.
24,7 kg/m2 e f = 500 Hz):
4 – Linha com inclinação de 10 a 12 db/oitava (linha 3).
PT = 20 log [24,7 . 500] – 47,4 PT = 34,4 dB
(linha 1)

PT
[dB]
70
60
50 Linha 3
40
30
20 Linha 1 Linha 2
Freq.
62 125 250 500 1000 2000 4000 8000 [Hz]

Figura 19 - Perda de Transmissão (PT) em uma lâmina de vidro de 10mm de espessura.


Para de ter uma idéia do isolamento acústico, a Tabela 9 sistemas de ventilação e ar condicionado : os compressores e
mostra as condições de audibilidade da voz através de uma as hélices usadas nesses sistemas são grandes geradores de
parede, importante para escritórios e salas de reuniões. ruído. A solução é a instalação do módulo refrigerador de ar
Nenhum isolamento a sons externos teria valor se distante do difusor de entrada do ar no ambiente,
existirem fontes de ruído internas ao ambiente. Assim, interligados por dutos isolados termicamente, onde estariam
todos os pontos geradores de ruído, no interior do ambiente, instalados vários labirintos com amortecimento acústico.
devem ser isolados. O caso mais comum ocorre com os

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Tabela 9 - Condições de audibilidade através de uma parede

Amor tecimento do som


Condições deAudibilidade
atr avés de uma par ede Conclusão

A voz normal pode ser


30 dB ou menos compreendida com facilidade e de Pobre
modo distinto.
O som da voz é percebido
fracamente. A conversa pode ser Suave
de 30 a 35 dB
ouvida, mas não nitidamente
compreendida.
O som da voz pode ser ouvido
mas não compreendidas as palavras
de 30 a 40 dB Bom
com facilidade. A voz normal só será
ouvida debilmente e às vezes não.
O som da voz pode ser ouvido Muito bom.
fracamente sem, no entanto ser Recomendado para
de 40 a 45 dB
compreendido. A conversação normal paredes de edifícios de
não é audível. apartamentos.
Sons muito fortes como o canto, Excelente.
instrumentos de sopro, rádio tocando Recomendado para
45 dB ou mais
muito alto podem ser ouvidos estúdios de rádio,
fracamente e às vezes não. auditórios e indústrias.

Como regra geral, todas as junções como batentes de prioridade (os teatros gregos comportavam milhares de
portas e janelas, moldura de visores, difusores de ventilação, pessoas com boa audibilidade).
devem ser amortecidos com material isolante acústico. As
portas devem ter dobradiças especiais, com batente duplo - Boa relação sinal/r uído - O som gerado no interior do
revestido com material isolante. recinto deve permanecer com níveis acima do ruído de
No projeto de isolamento acústico deve-se ter fundo. Daí a importância do isolamento do ambiente ao
atenção também ao isolamento estrutural : trata-se das ruído externo. Embora existam muitos fatores envolvidos,
vibrações que percorrem a estrutura do prédio, fazendo as pode-se afirmar que a permanência dos níveis de som em 10
paredes vibrarem e gerando o ruído no interior do ambiente. dB acima do nível de ruído, assegura uma boa
inteligibilidade sonora aos ouvintes. Novamente pode-se
recorrer a amplificação sonora para solucionar os casos
Controle dos sons no interior do ambiente problemáticos.
Basicamente, o som no interior de um recinto deve ter as
seguintes características: - Rever ber ação adequada - Quando uma onda sonora
se propaga no ar, ao encontrar uma barreira (uma parede
- Distr ibuição homogênea do som - O som deve chegar dura, por exemplo), ela se reflete, como a luz em um
a todos os pontos do ambiente com o mesmo (ou quase) espelho, gerando uma onda sonora refletida. Num ambiente
nível sonoro. Por exemplo, para uma igreja ou um teatro, as fechado ocorrem muitas reflexões do som, fazendo com que
pessoas posicionadas próximas a fonte sonora, bem como as os ouvintes escutem o som direto da fonte e os vários sons
pessoas no fundo do recinto, devem escutar com níveis refletidos. Isso causa um prolongamento no tempo de
próximos. Quando o ambiente é muito grande, ou a acústica duração do som, dificultando a inteligibilidade da
é deficiente, deve-se recorrer à amplificação do som. Neste linguagem. A esse fenômeno, muito comum em grandes
caso o projeto acústico se altera, incorporando outros igrejas, chama-se reverberação. Existem algumas soluções
aspectos. Deve-se lembrar que o som sem amplificação para se diminuir a reverberação:
torna o ambiente mais natural, devendo sempre ter fazer um projeto arquitetônico que evite as reflexões
do som;

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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revestir as superfícies do recinto com material Usar o público - o corpo humano é um ótimo
absorvente acústico (essa solução deve ser encarada com absorvente acústico - como elemento acústico.
cuidado por 3 razões: o material não absorve igualmente A Norma Brasileira NB-101 estabelece as bases
todas as freqüências - principalmente materiais de pequena fundamentais para a execução de tratamentos acústicos em
espessura como a cortiça - causando distorções no som; recintos fechados. A Figura 20 mostra os tempos ótimos de
não se pode aplicar esses materiais em qualquer recinto; o reverberação para diversos ambientes.
alto custo do revestimento).
Dirigir a absorção sonora apenas para algumas
direções da propagação;

gura 20 – Tempos de reverberação ótimos para recintos (NB 101)

- Campo acústico unifor me - O som em um ambiente coerente e econômica. As tentativas de se corrigir a acústica
deve ter apenas um sentido de propagação. Assim, os de ambientes já construídos, normalmente recaem em
ouvintes devem sentir a sensação do som vindo da fonte soluções pouco eficazes e muito onerosas.
sonora. Paredes laterais com muita reflexão, ou caixas
acústicas nessas paredes, causam estranheza às pessoas que Cálculo do Tempo de Reverberação de
observam a fonte sonora à frente e ouvem o som das Ambientes
laterais. Isso é comum ocorrer em igrejas. O campo sonoro
se torna caótico na existência de ondas sonoras contrárias à
propagação normal do som (do fundo para a frente), Quando necessita-se projetar um ambiente com um
normalmente causadas por caixas acústicas colocadas no tempo de reverberação determinado, pode-se recorrer a
fundo do ambiente ou por uma superfície com muita alguns estudos teóricos sobre o assunto. São três os
reflexão : a inteligibilidade se torna nula. modelos matemáticos usados para se prever o tempo de
reverberação de um ambiente.
Embora a acústica do ambiente dependa de inúmeros
parâmetros, todos eles podem ser resumidos em um único, - Modelo de Sabine –
que expressa a qualidade acústica do local : a
inteligibilidade, que pode ser definida como a porcentagem 0,16.V
de sons que um ouvinte consegue entender no ambiente. T
Recentes estudos mostram que a inteligibilidade depende, S1.a 1 S 2.a 2 S 3.a 3...
basicamente, do nível de ruído interno e do campo acústico onde:
do ambiente. V = volume do ambiente em m3
Finalmente, recomenda-se que a preocupação com a Si = superfície de cada parede em m2
acústica de um ambiente deva existir desde o início do ai = coeficientes de absorção de cada parede
projeto, possibilitando uma análise mais ampla e de forma T = tempo de reverberação em segundos.

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- Modelo de Eyring – Deve-se usar o modelo de Millington quando:

- não há uniformidade na distribuição dos materiais


0,16 .V absorventes;
T
S. ln 1 a m - as superfícies não são grandes;
- nenhuma superfície tenha grande absorção;
onde: - se conhece com exatidão os coeficientes de absorção;
- se exige cálculo preciso do tempo de reverberação.
S = área total das paredes do ambiente

S1.a 1 S 2.a 2 S 3.a 3... O Ruído e sua Medição


am
S
Como já vimos, podemos definir Ruído, de maneira
- Modelo de Millington – subjetiva, como toda sensação auditiva desagradável, ou
fisicamente, como todo fenômeno acústico não periódico,
0,16 .V sem componentes harmônicos definidos.
T
S1.ln 1 a 1 S 2. ln 1 a 2 S 3. ln 1 a 3 ... De um modo geral, os ruídos podem ser classificados em
3 tipos

Comparação entre os três modelos Ruídos contínuos : são aqueles cuja variação de nível de
intensidade sonora é muito pequena em função do tempo.
Deve-se usar o modelo de Sabine quando: São ruídos característicos de bombas de líquidos, motores
elétricos, engrenagens, etc. Exemplos : chuva, geladeiras,
- o coeficiente médio de absorção seja alto (acima de compressores, ventiladores (Fig. 21).
0,25);
- os materiais absorventes estejam distribuídos Ruídos flutuantes : são aqueles que apresentam grandes
uniformemente; variações de nível em função do tempo. São geradores
- os coeficientes de absorção não são precisos; desse tipo de ruído os trabalhos manuais, afiação de
- não se exige grande precisão nos cálculos. ferramentas, soldagem, o trânsito de veículos, etc. São os
ruídos mais comuns nos sons diários (Fig. 22).
Deve-se usar o modelo de Eyring quando:
Ruídos impulsivos, ou de impacto : apresentam altos
- os materiais absorventes estejam distribuídos níveis de intensidade sonora, num intervalo de tempo muito
uniformemente; pequeno. São os ruídos provenientes de explosões e
- se conhece com exatidão os coeficientes de absorção; impactos. São ruídos característicos de rebitadeiras,
- se exige cálculo preciso do tempo de reverberação. impressoras automáticas, britadeiras, prensas, etc. (Fig. 23).

dB

90
80
70
60 Ruído Contínuo

Tempo
Figur a 21 – Ruído do tipo contínuo

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dB

90
80
70
60 Ruído Flutuante
Tempo

Figur a 22 – Ruído do tipo flutuante

dB

90 Ruído Impulsivo
80
70
60

Tempo

Figur a 23 – Ruído do tipo impacto

A medição dos níveis de som é a principal atividade versatilidade o opção de modelos, desde simples até
para avaliação dos problemas do ruído em um ambiente. complexas análises de níveis sonoros, com diferentes graus
Podemos fazer desde uma simples avaliação local, passando de exatidão.
por um levantamento mais minucioso, até uma análise de Os aparelhos de boa procedência atendem os padrões
alta precisão usando analisadores de freqüência. da IEC (International Electrotechnical Commission) e do
Essas medições devem ser realizadas por medidor es ANSI (Americam Standards Institute). Portanto ao comprar
de nível de pr essão de som (chamados erradamente de ou usar um equipamento de medida de som, verifique se ele
decibelímetros), que estejam de acordo com as normas atende a uma dessas normas :
internacionais. É importante que o medidor não seja do tipo - IEC 651 (1979) - Sound Level Meters
hobby, facilmente importado e encontrado no mercado por - IEC 804 (1985) - Integrating-Averaging Sound Level
contrabando. Por outro lado, os métodos de medição e Meters
análise dos resultados devem ser escolhidos por pessoas que - ANSI S1.4 - (1983) - Specification for Sound Level
tenham um conhecimento sobre acústica e devem conhecer Meters
as normas nacionais e internacionais, bem como as leis em - ANSI S1.25 - (1991) - Specification for Personal
vigor. Noise Dosimeters
- ANSI S1.11 - (1986) - Specification for Oitave Filters.
Em função de sua precisão nas medições (tolerâncias),
O Medidor de Nível de Pr essão Sonor a (decibelímetr o) os medidores são classificados pela ANSI em três padrões, e
pela IEC em quatro, como mostra a tabela 10.
A instrumentação para medição de ruído é a única que
tem regulamentação internacional e a que apresenta a maior

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Tabela 10 - Padrões dos medidores de ruído conforme a aplicação
Padr ão
Padr ão ANSI S1.4
IEC 651 APLICAÇÃO

0 0 Refer ência padr ão de Labor atór io


1 1 Uso em Laboratório ou campo em condições controladas

2 2 Uso ger al em campo


Inspeções Rotineiras, tipo "varredura", para constatar se
NÃO EXISTE os níveis de ruído estão substancialmente acima dos
3
limites de tolerância.

Os medidores de precisão constam, normalmente de : medições do ruído de acordo com a sensibilidade do ouvido
- microfone humano. Essa equalização é dada pela curva "A" que atenua
- atenuador os sons graves, dá maior ganho para a banda de 2 a 5 kHz, e
- circuitos de equalização volta a atenuar levemente os sons agudos: é exatamente essa
- circuitos integradores a curva de sensibilidade do ouvido.
- mostrador (digital ou analógico) graduado em dB. Vamos comparar a curva "A" da Figura 24 com o limiar
Obrigatoriamente os equipamentos devem conter : de audibilidade da Figura 12, reproduzido na Figura 24.
- 2 curvas de ponderação - os circuitos de equalização Percebemos que a "Curva A" faz com que o medidor
devem fornecer ao usuário a opção de escolha para as curvas perceba o som como nós ouvimos.
A ou C. Alguns aparelhos contém as curvas B e D A curva de ponderação "C" é quase plana e foi
- No mínimo, 2 constantes de tempo : lenta (slow) ou incorporada aos medidores caso haja necessidade de medir
rápida (fast). Alguns aparelhos possuem as constantes todo o som do ambiente (sem filtros), ou para avaliar a
„impulso‟ e „pico‟. presença de sons de baixas freqüências. Como se vê na
- Faixa de medida de 30 a 140 dB. figura 24 a grande diferença entre as Curvas "A" e "C" está
- Calibrador. na etenuação para baixas freqüências. Portanto, se durante
A figura 24 mostra as curvas de equalização A e C uma medição de ruído, constatarmos uma grande diferença
normalizadas pela Norma ISO. entre os valores medidos na escala "A" e "C", isto significa
As curvas de ponderação (ou equalização) dos que grande parte do ruído encontra-se na faixa de baixas
medidores são usadas para que o aparelho efetue as freqüências.

20
dB
10

00
C
-10

-20 A

-30

40

-50

20 50 100 500 1k 5k 10k 20k freq

Figura 24 - Curvas de Ponderação.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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Os medidores de nível de pressão sonora usam duas Alguns cuidados devem ser tomados quando medimos os
constantes de tempo, aceitas internacionalmente. São os níveis de ruído de um ambiente:
tempos correspondentes às respostas lenta (slow), de um Os principais são :
segundo e, rápida (fast), de 0,125 segundos. O medidor - o medidor deve ser colocado na posição de trabalho dos
apresenta em seu mostrador a média quadr ática (RMS = operários e na altura do ouvido dos mesmos;
Root Mean Squar e) das variações da pressão do som - deve ser evitada a interferência do vento no microfone
dentro do tempo especificado pela constante de tempo. do medidor. Para anular esse efeito, existe um dispositivo
É escolhida o valor RMS da pressão sonora porque ela denominado "windscreen" que evita o "sopro" sobre o
relata fielmente a energia contida na onda sonora. Como microfone;
nós sabemos, a resposta do ouvido é proporcional à energia - a distância do medidor à fonte de ruído deve estar de
das variações da pressão. acordo com as Normas ISO 1999, ISO 1966/1 e as
Alguns aparelhos, mais sofisticados, possuem a recomendações ISO R 131, R 266 e R 495;
constante de tempo de 35 ms (0,035 s), correspondente à - devem ser evitadas superfícies refletoras, que não
operação " impulso" . Essa constante existe em normas de sejam comuns ao ambiente. Assim, deve-se evitar que o
alguns países sendo usadas para sons de grande intensidade corpo da pessoa que faz a medição não interfira nas
e tempo de duração muito pequeno. medidas;
- recomenda-se fazer pelo menos 5 medições em cada
Devemos tomar as seguintes precauções com o medidor local;
de nível de pressão sonora : - o principal causador de erros nas medições de ruído é o
- ver ificar a calibr ação sempr e que for usar o Ruído de Fundo. Trata-se do ruído do ambiente, que não
apar elho. O medidor, por ter um circuito eletrônico, é faz parte do ruído daquele local. Para comprovar a sua
muito sensível à temperatura, e o seu microfone tem alta influência, fazemos o seguinte ensaio: medimos o nível de
sensibilidade à umidade e pressão atmosférica; ruído com a máquina em funcionamento e, em seguida,
- r espeitar as car acter ísticas do micr ofone, quanto a desligada. No primeiro caso estaremos medindo o ruído
limites de temperatura, umidade, ângulo de colocação, etc.; total (ruído da máquina + ruído de fundo), e no segundo
- ver ificar a bater ia antes de cada medição; caso apenas o ruído de fundo. Se a diferença do nível for
- fazer as devidas cor r eções, quando utilizar o cabo de menor que 3 dB, indica um ruído de fundo bastante intenso,
extensão; que deve ser levado em consideração nas medições. Para
- usar adequadamente o fundo de escala em dB do determinarmos o nível de ruído gerado apenas pela fonte,
apar elho, para obter maior precisão; medimos o nível de ruído total Ls com a máquina
- usar cor r etamente as cur vas de ponder ação " A" , funcionando e, em seguida, o nível Ln do ruído de fundo.
" B" ou " C" ;
Em seguida subtraímos (Ls - Ln ) e, através da Tabela 11
- usar de maneir a adequada a constante de tempo.
obtemos o valor, em dB, que deve ser subtraído de Ls para
obtenção do nível de ruído emitido pela fonte (máquina).
Precauções durante as medições

Tabela 11 – Medição com r uído de fundo [dB]

Difer ença entre os dois


Valor a ser subtr aído do nível
níveis de r uído
Ls
[Ls – Ln]
1 6,7
2 4,4
3 3,0
4 2,2
5 1,7
6 1,4
7 1,0
8 0,8
9 0,7
10 0,6

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Alguns Métodos de Medição do Ruído Caso um desses dois testes releve resultados positivos,
existe grande possibilidade dos níveis estarem acima do
A seguir, vamos apresentar uma série de métodos de recomendável. Deve-se portanto, providenciar a imediata
avaliação do ruído em ambientes, com crescente grau de avaliação da situação acústica do ambiente.
sofisticação. No final, apresentaremos os métodos usados
no Brasil, fixados pelas Normas Brasileiras e pela 2 – Medição de Ruídos Contínuos
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A avaliação dos níveis de ruído contínuos é feita
1 – Percepção Subjetiva do Ruído (sem o medidor) diretamente com o medidor de nível de pressão sonora.
Aproximamos o aparelho da fonte, na posição de trabalho
Nós percebemos claramente quando estamos num do operário e lemos diretamente no aparelho o nível de
ambiente com ruído pois o nosso aparelho auditivo tem ruído do local. Por ser um ruído do tipo contínuo, deverá
grande sensibilidade para detectar a intensidade do som. haver pouca variação nos valores marcados pelo mostrador.
Surge, porém, uma questão: como saber se os níveis de O medidor deve estar regulado na curva de ponderação
intensidade sonora devem ser encarados como um problema "A" e com a constante de tempo em lenta (Slow = RMS da
ou não? Devemos introduzir um programa de controle de pressão sonora em 1 segundo).
ruído, ou os níveis estão abaixo dos valores prejudiciais à
saúde? 4.3. – Medição de Ruídos Flutuantes
Existem duas maneiras fáceis para constatarmos se os
níveis de ruído estão se tornando elevados demais, sem o Existem muitos métodos de medição para ruído
uso do medidor: flutuantes. Todos eles têm por objetivo encontrar um valor
- A primeira é verificar se existe dificuldade de que represente de forma significativa, em decibels, as
comunicação oral dentro do ambiente. Essa dificuldade é variações de pressão sonora do som.
constatada ao se tentar conversar com outras pessoas a um
metro de distância com nível normal de voz. Caso haja Nível Médio de Som Contínuo Equivalente (L eq )
dificuldade de comunicação, ou necessidade de gritar, ou As variações de nível de um ruído flutuante podem ser
falar mais próximo da outra pessoa, indicará que o nível de representadas pelo Nível de Som Contínuo Equivalente.
ruído do ambiente está acima do nível da voz (que pode ser Nesse método de medição obtemos um nível de ruído
tomado próximo de 70 dB). contínuo que possui a mesma energia acústica que os níveis
- A segunda maneira é constatar se as pessoas, após flutuantes originais, durante um período de tempo. O
permanência prolongada no local, sofrem uma diminuição princípio da mesma energia assegura a precisão do método
da sensibilidade auditiva (também chamada de sensação de para avaliação dos efeitos do ruído sobre o aparelho
campainha nos ouvidos). auditivo, sendo adotado pela Norma ISO, e muitas normas
A diminuição da sensibilidade auditiva e o zumbido nos nacionais.
ouvidos são causados por uma proteção natural que contrai O Leq é definido por:
os músculos do ouvido médio, proporcionando um
amortecimento nas vibrações dos três ossículos. Essa t
contração permanece por algum tempo, mesmo depois de Pa (t )
cessado o ruído, causando uma diminuição da acuidade Leq 0. log 10. .dt
auditiva. 0
Po
A figura 25 mostra o L eq graficamente.

Nível flutuante de Som


dB
Nível de Som equivalente contínuo
90
80
70
60

Tempo
Figur a 25 – Nível de som equivalente contínuo

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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Nesse método devemos usar a constante de tempo em O uso do medidor de dose de ruído requer
"lento" e a ponderação na curva "A", indicando-se por La eq cuidados especiais quanto a exposição a ruídos de
. O tempo usado no método pode ser escolhido conforme a impacto.
indústria ou o tipo de ruído, podendo der, por exemplo, de
60 segundos, 30 minutos, 1 hora, etc.
Esse método é muito preciso para avaliar o risco
auditivo, mas necessita de um medidor que possua a escala 4 – Medição de Sons de Impacto
esquivalente.
Os critérios de risco auditivo devido a sons de impacto
ainda não estão totalmente definidos. As Normas
Internacionais ISO sugerem com aproximação para medição
Dose de Ruído
de sons gerados por martelos e rebitadeiras, o nível medido
em dB na curva "A", com resposta lenta, acrescido de 10
O método de Dose de Ruído é uma variação do Nível de dB. Esse critério não é preciso, principalmente para
Som Contínuo Equivalente, medido para toda a jornada de impactos maiores como martelos pneumáticos, britadeiras,
trabalho. Existem duas diferenças entre o L eq e a Dose de prensas hidráulicas, etc., fazendo com que outros métodos
Ruído: sejam aplicados em muitos países. Muitas Normas
- o medidor de Dose de Ruído, chamado de dosímetr o, é Nacionais (como a ABNT) adotam a resposta rápida "fast"
um pequeno aparelho que o trabalhador transporta (no bolso com a curva "A" ou "C". Algumas Normas Nacionais já
da camisa ou preso na cintura) durante toda a jornada de estão adotando os limites de ruído de impacto em termos da
trabalho, com o microfone instalado no abafador de ouvido. constante de tempo para "impulso" (0,035 s). Os medidores
- enquanto o Leq expressa o ruído em dB, o dosímetro de nível de ruído mais sofisticados do mercado já possuem a
apresenta a medida como uma porcentagem da exposição escala impulso.
diária permitida. Caso esse limite seja fixado em 90 dB (A) Outra maneira de medirmos o som de impacto é usar a
(em alguns países 85 dB(A)), é calculado o Leq para 8 horas escala "valor de pico" (peak) : trata-se não mais da medição
da pressão média quadrática RMS em um determinado
e o medidor acusa a porcentagem da exposição a que foi tempo, mas sim o valor máximo atingido pela pressão
submetido o operário : se 100 %, equivale que o nível de sonora durante a medição. Ensaios mostram que o ouvido
ruído do ambiente está no limite permitido. humano não pode suportar níveis de impacto superiores a
Dessa maneira, o aparelho mede a verdadeira exposição 140 dB(pico).
do operário, pois ele acompanha continuamente todos os A Tabela 12 mostra os ruídos medidos com diversas
ruídos que atingiram o operário durante a jornada, constantes de tempo.
fornecendo, no final do dia, o valor médio. Por isso, a
medição do ruído através da dose de r uído é considerada a
forma mais precisa de se avaliar o risco do trabalhador.

Tabela 12 – Difer entes for mas de medição do r uído de impacto

Constante de Tempo Fonte de Ruído


Martelo manual Matelete pneumático Prensa excêntrica

Rápida [0,125 s] 105 dB(A) 112 dB(A) 93 dB(A)


Impulso [0,035 s] 112 dB(A) 113 dB(A) 97 dB(A)
Pico 131 SPL 128 SPL 121 SPL

A análise em freqüência do ruído, porém, necessita de


Análise de Freqüência aparelhagem bastante sofisticada, como um medidor de
grande precisão e analisador de freqüência. Existem
Quando pretendemos fazer um completo programa de medidores de nível de som que possuem o analisador
controle de ruído ambiental, a análise das freqüências desse incorporado.
ruído se torna de grande importância. O conhecimento das A figura 26 mostra uma análise de freqüência do ruído
freqüências de maior nível sonoro do ruído vai nos facilitar de um trator, medido junto ao ouvido do operador.
o projeto de atenuação dos níveis sonoros, como por É importante lembrar que a análise das freqüências do
exemplo, a escolha de superfícies tratadas acusticamente, o ruído se faz apenas em ruídos contínuos e flutuantes; não se
enclausuramento de fontes de ruído, a escolha de protetores faz a análise de freqüência de ruídos de impacto.
auriculares, etc.

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Figura 26 – Análise de freqüência (espectro) do ruído de um trator (motor em 1800 e 1000 rpm)

- Método de levantamento acústico - é um simples


5 – Os Métodos Usados no Br asil levantamento do campo acústico usando o medidor com a
curva de ponderação em "A" ou "C". Se houver necessidade
No Brasil, os critérios para avaliação dos níveis de ruído de maior precisão, consultar as Normas IEC 179.
são poucos e, os existentes, não são claros, dando origem a
várias interpretações e não detalhando alguns aspectos. - Método de Engenhar ia Acústica - a medição é feita
por faixas de freqüência. Deve-se usar equipamentos de
1 - Os métodos das Normas Brasileiras grande precisão de acordo com as Normas Internacionais.

A Norma Brasileira específica para medição de ruído é a - Método Acústico de Pr ecisão - é um método de
NBR 7731 - "Guia para Execução de Serviços de Medição medida "tão preciso quanto possível". Deve ser feita a
de Ruído Aéreo e Avaliação de seus Efeitos sobre o análise do ruído por faixas de freqüência, utilizando-se até
Homem". Ela cita que a medição do ruído depende de laboratórios de acústica.
fundamentalmente de 4 aspectos : A análise dos resultados deve ser feita de acordo com as
- O tipo do problema do ruído - qual a razão do ruído ser Normas ISO.
um problema;
- A categoria do ruído - se se trata de ruído contínuo, Os Métodos da C.L.T.
flutuante ou de impacto;
Os métodos de medição do ruído e a avaliação dos seus
- A categoria do campo acústico - a existência de
danos auditivos fixados pela C.L.T. são os únicos no Brasil
superfícies refletoras de som;
com força de lei. Portanto, se uma empresa for multada por
- Grau de precisão - a sofisticação das medidas.
atividades insalubres causadas por excesso de ruído, a
fiscalização estará fundamentada nos métodos da C.L.T.
A Norma cita os métodos de medição para ruídos
Esses métodos estão na Norma Regulamentadora Nº 15
contínuos são bem determinados; entretanto as medições dos
(NR15) da Portaria 3.214 e são um pouco mais objetivas
ruídos impulsivos são muito complicadas e não se acham
que a NBR 7731, mas ainda deixam alguns pontos vagos.
adequadamente bem estruturadas.
Os métodos da NR 15 são :
Quanto aos métodos de medição propriamente ditos, a
- Os níveis de ruído contínuo ou flutuante devem ser
Norma cita três:
medidos com medidor de nível de pressão sonora na curva
de equalização "A" e com resposta lenta (slow). As leituras
devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

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Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 1309
Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

- Os ruídos de impacto (são definidos como aqueles que picos de 105 dB. Apenas 5 % da população com problemas
apresentam picos de energia acústica com duração menor auditivos recorre a médicos, mas se vende mais de 30 mil
que 1 segundo), a medição deve ser feita em circuito aparelhos auditivos por ano.
"linear" ou "impacto" próximo do ouvido do trabalhador. Costuma-se dividir os efeitos do ruído sobre o homem
Caso o medidor não disponha de um medidor com resposta em duas partes: os que atuam sobre a saúde e bem estar das
"impacto", será válida a leitura feita na resposta rápida (fast) pessoas e os efeitos sobr e a audição.
e ponderação na curva "C".

Sempre devem ser realizadas várias medições Efeitos sobre a saúde e bem estar das pessoas
(trabalhando-se com a média), com o medidor posicionado
Quando uma pessoa é submetida a altos níveis de ruído,
próximo ao ouvido do trabalhador.
existe a reação de todo o organismo a esse estímulo.
Embora a Portaria 3.214 não detalhe os métodos de
medição (principalmente no que se refere a ruídos As alterações na r esposta vegetativa (involuntária ou
flutuantes), as suas colocações são diretas e objetivas. inconsciente) são :
Principais alterações fisiológicas r ever síveis são :
- Dilatação das pupilas;
- Hipertensão sangüínea;
Avaliação dos Efeitos do Ruído sobre o Homem - Mudanças gastro-intestinais;
- Reação da musculatura do esqueleto;
- Vaso-constricção das veias;
Nos últimos anos, os altos níveis de ruído se Principais mudanças bioquímicas :
transformaram em uma das formas de poluição que atinge - Mudanças na produção de cortisona;
maior número de pessoas. - Mudanças na produção de hormônio da tiróide;
A poluição sonora não se restringe apenas à regiões de - Mudança na produção de adrenalina;
grande concentração industrial, como a poluição - Fracionamento dos lipídios do sangue;
atmosférica; nem a estritas regiões, como a poluição - Mudança na glicose sangüínea;
radiativa; nem a regiões produtoras de álcool, como a - Mudança na proteína do sangue;
poluição dos rios. O barulho está presente em qualquer Os efeitos car dio-vascular es são :
comunidade, em qualquer tipo de trânsito de veículos, em - Aumento do nível de pressão sangüínea - sistólico;
qualquer processo fabril, em qualquer obra civil. - Aumento do nível de pressão sangüínea - diastólico;
O Brasil é um dos líderes mundiais em nível de ruído. - Hipertensão arterial.
Eis alguns dados : as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro A figura 27 mostra os principais efeitos do ruído
estão entre as cinco de maior nível de ruído do mundo ; sobre o organismo.
nessas cidades o ruído alcança, em média 90 a 95 dB, com

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Dilat ação

Aument o da
pr odução de
Moviment os do hor mônios
est ômago e
abdômen Aument o da
f r eqüência
Aument o da car díaca
pr odução de
adr enalina
Reação
Aument o da muscular
pr odução de
cor t isona Vasoconst r ição
dos vasos
sangüíneos

Figura 26 - Efeitos do excesso de ruído sobre o organismo

Quanto ao bem estar das pessoas, o ruído pode ser - Em ensaios com 1.000 pessoas as pessoas
analisado de várias formas : submetidas a níveis maiores que 70 dB(A), houve alto
índice de hipertensão arterial, grupo mais suscetível as
Exposição ao ruído no ambiente comunitár io : pessoas entre 29 e 39 anos.
- Níveis mais baixos que os ocupacionais ;
- Alto grau de incômodo - fator adicional de estresse ; Efeito do ruído dur ante o sono :

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

- O efeitos dependem do estímulo sonoro, sua mudança tempor ár ia do limiar auditivo (TTS): é
intensidade, da largura banda, duração, freqüência, como um efeito a curto prazo que representa uma mudança da
também da idade da pessoa. sensibilidade da audição, dependendo da suscetibilidade
- Como efeitos primários ocorreram : aumento da individual, do tempo de exposição, da intensidade do ruído.
freqüência cardíaca, vasoconstrição periférica, Essa queda do limiar retorna gradualmente ao normal depois
movimentação do corpo. de cessada a exposição. Eis alguns dados sobre o TTS :
- Com o aumento do nível de ruído, notou-se que acima - Os ruído de alta freqüência produzem mais TTS;
de 39 dB(A) há uma diminuição do sono; - A banda de 2.000 a 6.000 Hz produzem mais
- Com o aumento do nível de ruído, ao atingir 64 dB(A), TTS;
5 % das pessoas já haviam acordado, e com 97 dB(A), 50 % - Para a maioria das pessoas, os níveis acima de 60
acordaram. a 80 dB(A) provocam mudança no limiar auditivo;
- Como efeitos secundários (no dia seguinte) ocorreram : - A recuperação dos limiares normais se dá
mudança na disposição, mudança no rendimento, perda da proporcional ao loga-rítmo do tempo;
eficiência, queda de atenção, aumento do risco de acidentes. - A maior parte do TTS se recupera nas primeiras 2
ou 3 horas.
Quanto aos efeitos sociológicos pode-se citar :
mudança per manente do limiar auditivo : é
Em relação à r eação da comunidade : decorrente de um acúmulo de exposições ao ruído. Inicia-se
- Irritação geral e incômodo; com zumbido, cefaléia, fadiga e tontura. A seguir o
- Perturbação na comunicação conversação, telefone, indivíduo tem dificuldade em escutar os sons agudos como,
rádio, televisão; o tique-taque do relógio, as últimas palavras de uma
- Prejudica o repouso e o relaxamento dentro e fora conversação, o barulho da chuva, além de confundir os sons
da residência; em ambientes ruidosos. Numa última fase, o déficit auditivo
- Perturbação do sono; interfere diretamente na comunicação oral, tornando-a difícil
- Prejudica a concentração e performance ; ou praticamente impossível. Pode aparecer também um
- Sensação de vibração ; zumbido permanente que piora as condições auditivas e
- Associação do medo e ansiedade; perturba o repouso. Alguns autores afirmam que a mudança
- Mudança na conduta social; permanente do limiar auditivo é o resultado de repetidas
mudanças temporárias de limiar.
Tipos de r eação das pessoas :
- Longo tempo de exposição não habitua ao tr auma acústico : é definido como uma perda súbita
incômodo ; da audição, decorrente de uma única exposição ao ruído
- Conforme o tipo do ruído o grau do incômodo é muito intenso. Geralmente aparece o zumbido, podendo
diferente ; haver o rompimento da membrana timpânica.
- Conforme a sensibilidade, o grau de incômodo
difere para vários tipos de ruído ;
- O incômodo para diversos tipos de ruído é
equalizado com o uso de Leq (nível equivalente contínuo).
Mecanismo da Perda Auditiva
As perdas de audição causadas por exposição ao
ruído (PAIR = Perda de Audição Induzida Por Ruído) se
Efeitos sobre o aparelho auditivo caracterizam por iniciarem na faixa de 3000 Hz a 5000 Hz,
sendo mais aguda em 4000 Hz. Esse processo é facilmente
Os efeitos do ruído sobre o aparelho auditivo são os constatado através de um exame audiométrico, aparecendo
únicos reconhecidos pela legislação brasileira, e podem ser como uma curva em forma de "V". As figuras 27, 28, 29 e
divididos em 3 fases : 30 mostram a evolução da perda auditiva (linha vermelha =
ouvido direito; linha azul = ouvido esquerdo).

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Figura 27 – Início da PAIR – Audiograma de um operador de martelete pneumático; Ruído no local : 110 dB; idade : 24
anos; tempo de exposição: 3 anos

Figura 28 – Aumento da PAIR – Audiograma de um forjador; Ruído no local : 120 dB; idade: 41 anos; tempo de
exposição: 12 anos

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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Figura 29 – Aumento da PAIR – Audiograma de um operador de martelete pneumático; Ruído no local : 110 dB; idade :
24 anos; tempo de exposição: 3 anos

Figura 30 – Aumento da PAIR – Audiograma de um forjador; Ruído no local : 120 dB; idade: 33 anos; tempo de
exposição: 10 anos

Os 3 primeiros itens são conhecidos e fáceis de se


Fator es que influem na per da auditiva medir. O 4º item (susceptividade individual) é bastante
interessante, pois indivíduos que se encontram num mesmo
São 4 os fatores que contribuem para a perda auditiva : local ruidoso podem reagir de maneiras diferentes: alguns
são extremamente sensíveis ao ruído, enquanto outros
O nível de intensidade sonora NIS; parecem não ser atingidos pelo mesmo.
- O tempo de exposição;
- A freqüência do ruído;
- A susceptividade individual.

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É impor tante lembr ar que a Por tar ia Nº
3.214 per tence ao Capítulo V, Título II da
Níveis de ruído confortáveis e perigosos Consolidação das Leis do Tr abalho. Portanto,
essa Portaria tem força de lei, sendo obrigatório o
Os efeitos do ruído podem ser tratados de duas formas: seu cumprimento em todo o território nacional.
do ponto de vista do confor to, e do ponto de vista da per da O mesmo não acontece com as Normas
da audição. Brasileiras.
Sobre confor to, os níveis recomendados estão na Norma
Brasileira NBR 10152 (ou ABNT NB-95), e podem
avaliados através das curvas NC (Noise Criterion), ou pela
medição do ruído em dB(A). Esta avaliação já foi discutida Par a r uídos contínuos ou flutuantes a NR 15
em capítulo anterior. apr esenta uma tabela com a máxima exposição diár ia
Quanto aos pr oblemas de saúde causados pelo r uído, per missível, como r epr oduzida na tabela 14.
não existe um valor exato de nível sonoro que, a partir do
qual existe perda de audição. Como já vimos, existem
pessoas mais sensíveis ao ruído, enquanto outras não
Devemos notar que a Por tar ia Nº 3.214 é
acusam tal problema.
r igor osa ao atuar sobr e níveis de r uído acima
de 85 dB(A) (e não 90 dB(A) como outras
Em função das últimas pesquisas médicas, algumas
normas), mas se tor na mais menos exigente ao
afirmações podem ser feitas :
usar como taxa de divisão 5 dB(A).
- Pessoas expostas ao nível de 85 dB(A), a maioria acusa
TTS como também perda permanente de audição. Quase a
totalidade demostram descon-forto acústico.
- Pessoas submetidas ao nível de 80 dB(A), entre 5 e 10
% acusou perda per-manente de audição. Existe uma tendência mundial em se adotar
- Pessoas submetidas a níveis entre 78 e 80 dB(A), entre
2 e 5 % acusou perda permanente de audição. como início da prevenção o nível de 80 dB(A), e
Vamos comparar esses dados com as exposições que as uma taxa de divisão de 3 dB(A). A legislação da
leis permitem para os trabalhadores.
Comunidade Europeia para Segurança do Trabalho
já estipulou esses dados, assim como a NIOSH
Exposições Permissíveis ao Ruído (USA) estuda modificações em suas normas.
A tabela 13 apresenta os critérios adotados como limite
de exposição ao ruído para diversas Normas Nacionais de Para períodos de exposição a níveis diferentes deve
países. ser efetuada a soma das seguintes frações:

C1 C2 C3 C4 Cn
Critérios usados na Brasil + + + + .....+
A Nor ma Br asileir a NR 7731, cita que os critérios
T1 T2 T3 T4 Tn
para avaliação do risco auditivo são encontrados nas onde : Cn = tempo de exposição a um nível de ruído
Normas Internacionais ISO R 1999, ISO R 1996 e ISO R Tn = exposição diária permitida para aquele
532, já descritos no item 5.4.1. Essa Norma porém não tem nível.
aplicação prática na área de Engenharia de Segurança do
Trabalho. Se a soma das frações ultrapassar a unidade, a exposição
A C.L.T. é bem mais objetiva que as Normas estará acima do limite de tolerância.
Brasileiras. Na Portaria Nº 3.214, de 08/06/78, na Norma
Regulamentadora nº 15, Anexo Nº 1, são estabelecidas todas Para r uído de impacto, os níveis superiores a 140
as condições de insalubridade por ruído. dB(linear ) medidos na resposta de impacto, ou superiores a
130 dB(C) medidos na resposta rápida (fast), oferecerão
risco grava e iminente.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
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Tabela 13 - Critérios adotados como limite de exposição ao ruído para diversas Normas Nacionais de países.

Nível de Tempo Taxa de Nível Nível de


País Ruído dB(A) de divisão Máximo Ruído de
Exposição dB(A) dB(A) impacto (dB)
(h)
Alemanha Oc. 90 8 -- --
Alemanha Or. 85 8 -- --
Alemanha 85 8 3
Japão 90 8 -- --
França 90 40 3 -- --
Bélgica 90 40 5 110 140
Inglaterra 90 8 3 135 150
Inglaterra 83 8 3
Itália 90 8 5 115 140
Itália 90 -- 3 115 --
Itália 85 8 3
Dinamarca 90 40 3 115 --
Suécia 85 40 3 115 --
USA - OSHA 90 8 5 115 140
USA - NIOSH 85 8 5 -- --
Canadá 90 8 5 115 140
Austrália 90 8 3 115 --
Austrália 85 8 3
Holanda 80 8 -- --
Holanda 80 8 3
Espanha -- -- -- 110 --
Espanha 85 8 3
Turquia 95 -- -- -- --
China 70 - 90 8 3
Finlândia 85 8 3
Hungria 85 8 3
Nova Zelândia 85 8 3
Israel 85 8 5
Noruega 85 8 3
Brasil 85 8 5 115 130
segundo GERGES (1988); segundo HAY (1975); segundo HAY (1982); segundo SOBRAC
(1995)
Tempo de exposição diária ou semanal.
Estabelece nível contínuo de prevenção = 85 dB(A)
Estabelece nível contínuo de prevenção = 80 dB(A)
OSHA : Occupational Safety and Health Administration.
NIOSH : National Institute for Occupational Safety and Health.

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Tabela 14. - Limites de Tolerância para ruído contínuo ou flutuante

Nível de Ruído Máxima Exposição Diária Permissível


dB(A)
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 min.
90 4 horas
91 3 horas e 30 min.
92 3 horas
93 2 horas e 30 min.
94 2 horas e 15 min.
95 2 horas
96 1 hora e 45 min.
98 1 hora e 15 min
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

Eis alguns fatores que devem ser observados:


O Contr ole do Ruído
- Avaliação da exposição individual;
- Características do campo acústico;
Contr ole do Ruído são medidas que devemos tomar, no - Condições de comunicação oral;
sentido de atenuar o efeito do ruído sobre as pessoas. - Tipo de ruído;
Controle não significa supressão da causa, mas sim, uma - Tipo de exposição;
manipulação do efeito. - Número de empregados expostos;
É importante lembrar que não existem soluções mágicas - Características do local;
que indiquem quais as medidas que irão solucionar um - Ruído de fundo.
problema de excesso de barulho. Nós devemos utilizar os
nossos conhecimentos sobre acústica, além de um De um modo geral, o contr ole do r uído pode ser
conhecimento detalhado do processo industrial. executado tomando-se as seguintes medidas:
Antes de uma análise mais detalhada do problema,
devemos observar alguns dados de ordem geral, para termos - Controle do ruído na fonte;
uma idéia mais precisa sobre a dimensão da questão e, ao - Controle do ruído no meio de propagação;
mesmo tempo, provocarmos reflexões quanto a soluções. - Controle do ruído no receptor.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

controlar a explosão significa mudar a essência da máquina.


A fonte é a própria causa do ruído. O meio é o elemento Nesses casos procuramos controlar o ruído na trajetória.
transmissor do ruído, que pode ser o ar, o solo ou a estrutura
do prédio. O r eceptor é o operário. É importante As causas magnéticas são devidas a vibração das
esclarecermos a hierarquização dos 3 elementos envolvidos bobinas elétricas.
no fenômeno : em primeiro lugar o controle na fonte, depois
o controle no meio e, por último o controle no operário. Devemos sempre ter em mente que os choques, atritos e
vibrações são causas de ruídos em máquinas. Eis alguns
exemplos que mostram isso :
Controle do Ruído na Fonte
- Enrijecimento de serras circulares;
- Substituição de engrenagens metálicas por plástico;
O ruído na fonte pode ser causado por fatores: - Redução da área vibrante;
- Balanceamento;
- mecânicos; - Diminuição da rotação de exaustores.
- pneumáticos;
- explosões e implosões; Outro fator importante que não devemos esquecer é a
- hidráulicos; manutenção . Eis algumas sugestões :
- magnéticos.
- Boa lubrificação onde há atrito;
As causas mecânicas dos r uídos são devido à choques, - Motores a explosão bem regulados;
atritos ou vibrações. Portanto, devemos observar nas fontes - Abafadores e silenciadores de motores conservados;
causadoras de ruído, a possível substituição do elemento - Motores bem balanceados.
nessas condições, ou então, a diminuição da intensidade
desses choques, atritos ou vibrações. Como exemplo,
colocamos alguns processos de alto nível de ruído e seu Controle do Ruído no Meio de Propagação
equivalente menos ruidoso:
- rebitagem pneumática Quando não é possível o controle do ruído na fonte,
- solda ou a redução obtida foi insuficiente, então devemos passar a
- equipamentos pneumáticos considerar medidas que visem controlar o ruído na sua
- equipamentos elétricos ou mecânicos trajetória de propagação.
- trabalho de metal a frio Podemos conseguir isso de duas maneiras:
- trabalho de metal a quente - Evitando que o som se propague a partir da fonte;
- trabalho por jato de ar - Evitando que o som chegue ao receptor.
- trabalho mecânico
- queda de materiais Isolar a fonte significa construir barreiras que
- transporte contínuo. separem a máquina do meio que a rodeia, evitando que o
som se propague. Isolar o receptor significa construir
Os r uídos pneumáticos ocorrem pela turbulência do ar barreiras o meio do operário. Em qualquer uma das opções
dentro do duto, e por vibrações da tubulação. Geralmente teremos vantagens e desvantagens : o isolamento da fonte
esses ruídos são causados por variações da secção do duto teremos a dificuldade de evitarmos a propagação do som,
ou por sua rugosidade superficial interna. O maior ruído pois a energia acústica é maior em torno da fonte; enquanto
causado por fontes pneumáticas reside no escape do gás sob teremos a vantagem do ruído não se propagar por todo o
pressão. As soluções podem ser : ambiente, mantendo o local salubre. O isolamento do
receptor tem a facilidade de isolarmos o som, pois ao chegar
- Diminuição da turbulência pela diminuição da ao receptor sua intensidade será pequena, mas teremos a
secção dos dutos; desvantagem da propagação do som por todo o ambiente.
- Câmaras atenuadoras; O som utiliza duas vias de propagação :
- Câmaras de expansão de gases; - o ar
- Desvios para atenuação de várias freqüências; - a estrutura.
- Câmaras com material absorvente
- Projetos de bicos de jatos de gás com atenuadores Redução da Pr opagação do som pelo ar .
de pressão.
Só podemos controlar a transmissão do som pelo ar
As causas hidr áulicas são semelhantes às pneumáticas. através de obstáculos à sua propagação.
Devemos lembrar que, em tubulações hidráulicas, podem Antes porém, cabe lembrar que os sons de baixa
ocorrer bolhas e o fenômeno da cavitação, que são grandes freqüência se transmitem mais facilmente pelo ar que os
causadores de ruído. A solução para o ruído em sistemas sons de alta freqüência. Assim, quando possível, devemos
hidráulicos é a eliminação de grandes variações de pressão. transformar os ruídos para a faixa mais aguda do espectro,
fazendo com que percam sua intensidade numa distância
As explosões e implosões se referem a mudança súbita menor.
de pressão da gás contido numa câmara. Para máquinas que O isolamento do som na fonte ou no receptor pode ser
trabalham a explosão, dada a própria natureza da máquina, feito por paredes, que obedecem os princípios de
propagação descritos no Capítulo 2º desta apostila. A figura

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2.1 mostra as quantidades de energia acústica que são vibrar e, gerando o ruído. Mesmo existindo a atenuação do
refletidas, absorvidas ou transmitidas, definindo os seus ruído aéreo, o som alcançará o ambiente via estrutura.
coeficientes. As tabelas 2.3, 2.4, e 2.5 mostram os
coeficientes de absorção de vários materiais: Controle do Ruído no Receptor

Isolamento da fonte Quando todas as medidas de controle de ruído falharam,


devemos considerar a proteção individual. Devemos sempre
O isolamento da fonte tem como vantagem a não lembrar que recorremos ao controle individual somente em
propagação do som por todo o ambiente. casos extremos e nunca como primeira ou única medida.
Existem 3 maneiras de isolar a fonte de ruído : Antes da aplicação de aparelhos de proteção individual,
existem algumas medidas que podem diminuir os efeitos do
- Executando a operação ruidosa à distância, e fazendo a ruído sobre os operários. Eis algumas :
proteção individual apenas se necessário;
- Executando a operação ruidosa fora do turno de - Rotação de turnos : a diminuição do tempo de
trabalho e protegendo os operários envolvidos; exposição diminui o risco de perda auditiva. Essa rotação é
- Isolando acusticamente a máquina. de difícil aplicação na prática e cria sérios problemas à
produtividade.
A terceira hipótese é a mais usada e pode ser muito - Cabines de repouso : são cabines a prova de som, onde
eficiente se bem projetada. No enclausur amento da fonte, o trabalhador exposto a altos níveis de ruído pode descansar
como é conhecida, devemos usar uma caixa que cobre a por alguns minutos. Na Europa, muitas empresas têm
máquina, isolando-a acusticamente do meio externo. A implantado essas cabines. Normalmente o tempo de
construção do enclausuramento deve ser de material isolante repouso é de 5 minutos para cada 55 minutos de trabalho.
e, se possível, internamente com material absorvente. As
tabelas 2.3, 2.4 e 2.5 mostram o coeficiente de absorção de O pesquisador de doenças do trabalho Dr. W. Dixon
alguns materiais, e as tabelas 2.6 e 2.7 apresentam a Ward descobriu que o problema de expor uma pessoa ao
transmissão do som através de alguns materiais. ruído intenso e depois deixá-la repousar, faz com que o
tempo de recuperação da sensibilidade auditiva seja cada
Mudança das condições acústicas do local vez maior. Assim, fica em dúvida a eficiência das cabines
Alterando as condições de propagação do som, podemos de repouso ou os ciclos de exposição/repouso, bem como a
diminuir o ruído de um local. Para tal precisamos estudar a rotação de turnos.
situação em que se encontra a fonte de ruído e as condições
de reflexão, absorção ou difração do som no local. Os Pr otetor es Individuais
O último dos recursos a ser considerado num problema
Isolamento do Receptor de redução dos efeitos do ruído são os protetores
individuais. Podem ser de 4 tipos :
Caso a opção seja o isolamento do receptor, isso pode - de inserção (tampões)
ser feito através de paineis ou paredes. O isolamento do - supra-auriculares
receptor só é possível para os operários que não trabalhem - circum-auriculares (conchas)
diretamente na máquina. É bastante usado para separar o - elmos (capacetes).
pessoal da administração, escritórios, controle de qualidade,
almoxarifado, etc. A tabela 9 mostra as condições de Os protetores de inserção são dispositivos colocados
audibilidade do som através de uma parede. dentro do canal auditivo, podendo ser descartáveis ou não-
Quando isolamos o pessoal em salas e escritórios, não descartáveis. Os descartáveis podem ser de material fibroso,
podemos nos esquecer das portas e janelas, que geralmente ou de cera, ou de espuma. Os não-descartáveis, de borracha,
são os pontos mais vulneráveis do isolamento. A vedação devem ser esterilizados todos os dias. Os de espuma
das janela se faz com dois vidros, de espessuras diferentes e, (moldável), são descartáveis, perdendo sua eficiência na
separados por alguns centímetros. Quanto as portas, há a primeira lavagem.
necessidade de se projetar portas e batentes especialmente Os protetores supra-auriculares são provisórios, e usados
com vedação acústica. em visitas e inspeções. São bastante incômodos e
proporcionam pequena proteção contra o ruído.
Os protetores circum-auriculares, também conhecidos
Redução da Pr opagação do Ruído pela Estr utur a
como conchas, são semelhantes aos fones de ouvido,
O som pode se propagar não só pelo ar, mas também recobrem totalmente o pavilhão auditivo, assentando-se no
pela estrutura do prédio, alcançando grandes distâncias. osso temporal. Fornecem uma boa proteção ao ruído, ao
Isso ocorre quando a máquina em funcionamento, gera uma mesmo tempo permitindo uma boa movimentação do
vibração no solo, que se propaga, fazendo toda a estrutura operário e reduzindo as precauções higiênicas ao mínimo.

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Acústica, Ruídos e Perda de Audição
João Candido Fernandes

Os protetores de elmo (capacetes) são pouco usados.


Eles cobrem hermeticamente a cabeça, se constituindo numa
tentativa de solucionar os problemas de ruído, proteção dos
olhos, respirador e capacete. Tiram a liberdade de
movimentação do operário, além de causar ressonâncias
internas que podem aumentar os problemas de ruído.
Atualmente, os protetores mais usados são os de inserção

(pugs ou tampões) e os circum-auriculares (conchas).

Compar ação entr e os pr otetor es auditivos


A tabela 15 nos mostra uma comparação entre as
conchas e os tampões.
É importante lembrar que :
- os protetores tipo concha são mais eficientes que os
tampões;
- ambos os tipos são mais eficientes a altas freqüências,
sendo praticamente nula a sua proteção para sons graves;
- a utilização de protetores auriculares em uma empresa
deve ser precedida de um programa de treinamento e
conscientização dos funcionários;
- os protetores de inserção (tampões) são de difícil
adaptação, podendo gerar infecções e irritações na canal
auditivo;
- a atenuação citada pelas indústrias de protetores, se
refere à ensaios realizados em laboratório, dificilmente
alcançada no ambiente industrial.
Devemos sempre lembrar que os protetores individuais
diminuem o contato do trabalhador com o meio ambiente.
Isso tem sérios desdobramentos, como :
- Aumento dos acidentes de trabalho;
- Não comunicação com os outros funcionários;
- Aumento da tensão e irritação;
- Queda da produtividade.

Portanto os protetores individuais devem ser


considerados apenas como última solução, ou numa situação
de emergência.

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Tabela 15 - Comparação entre conchas e tampões

Conchas Tampões
Eliminam ajustes complexos de colocação. Podem ser Devem ser adequados a cada diâmetro e longitude
colocados perfeitamente por qualquer pessoa do canal auditivo externo
São grandes e não podem ser levados facilmente nos São fáceis de carregar. Mas são fáceis de esquecer
bolsos das roupas. Não podem ser guardados junto com ou perder.
as ferramentas.
Podem ser observadas as grandes distâncias, permitindo Não são vistos ou notados facilmente e criam
tomar providências para a comunicação oral. dificuldade na comunicação oral.
Interferem com óculos pessoais ou EPIs. Não dificultam o uso de óculos ou EPIs.
Podem ajustar-se mesmo quando se usam luvas Devem-se tirar as luvas para poder colocá-lo.
Podem acarretar problemas de espaço em locais Não produzem problemas por limitação de espaço.
pequenos e confinados.
Podem produzir contágio somente quando usados Podem infectar ou lesar ouvidos sãos.
coletivamente.
Podem ser confortáveis em ambientes frios, mas muito Não são afetados pela temperatura ambiente.
desagradáveis em ambientes quentes.
Sua limpeza deve ser feita em locais apropriados. Devem ser esterilizados freqüentemente.
Podem ser usados por qualquer pessoa, de ouvidos sãos Podem ser inseridos apenas em ouvidos sãos.
ou enfermos.
O custo inicial é grande, mas sua vida útil é longa. O custo inicial é baixo, mas sua vida útil é curta.

Pr ogr ama de Redução do Ruído Ambiental e Pr oteção Auditiva

Este capítulo tem como objetivo ser um guia técnico Como o risco de perda auditiva é a principal
de análise dos problemas de ruído em um ambiente de conseqüência do ruído e, juridicamente, o principal
trabalho, e as principais formas de combatê-los. É problema, o técnico deve, antes de mais nada, ter em
evidente que um programa de controle de ruído mãos os audiogramas dos operários, referentes à data de
ambiental não tem regras fixas aplicáveis a todos os admissão. Se a empresa tiver os valores audiométricos
casos, mas podemos ordenar algumas medidas de caráter dos seus funcionários a cada 6 meses, ainda melhor. O
geral, bastante úteis ao Engenheiro que pretenda atacar o importante é que o Engenheiro tenha um histórico da
problema do ruído. sensibilidade auditiva dos empregados.

Guia para Detecção do Problema


O diagrama de blocos apresentado na Figura 31 nos dá uma maneira de determinar a existência do problema do ruído e,
portanto, a conseqüente necessidade de aplicarmos um programa de redução do barulho e de proteção auditiva. As etapas a
serem seguidas são as seguintes (acompanhar a numeração com o diagrama):

Devemos suspeitar que os níveis de ruído possam estar se tornando um problema, em duas situações : quando ocorrer
1 dificuldades de comunicação oral e/ou quando sentirmos a perda da sensibilidade auditiva ao sairmos do local ruidoso
(sensação de zumbido nos ouvidos). Esses dois fatos acusam que os níveis de barulho devem estar acima de 75 dB e,
portanto, atingindo a faixa perigosa.

Caso se confirme alguma das situações acima, devemos tomar as providências para uma avaliação mais precisa do
2 ambiente.

Para confirmarmos esses níveis, devemos passar para uma avaliação primária. Com o uso do medidor de nível de som
3 (decibelímetro) na curva de ponderação "A" e na resposta "lenta" (slow), devemos andar pelo ambiente, nos
aproximando de cada operador de máquina e fazendo a leitura do nível de ruído na altura do seu ouvido. Com isso,
teremos uma idéia dos níveis, dos locais críticos, do tipo de ruído, número de operários expostos, etc. Cabe aqui lembrar da

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necessidade de termos um aparelho de boa precisão, e com calibração recente (se possível antes das medições). A Tabela 16
mostra uma avaliação primária realizada numa usina de açúcar e álcool.

Se os níveis medidos nessa avaliação não ultrapassaram os 75 dB(A), o ruído não deve ser encarado como um
4 problema.

Se os níveis estão acima dos 75 dB(A), já estamos na faixa de desconforto que, segundo a Norma NBR 10152, tornará
5 o local impróprio para o trabalho, gerando irritação, improdutividade, e até, perda de auditiva nos operários mais
sensíveis.

Se os níveis atingem valores acima de 85 dB(A), o problema é mais sério, pois, com certeza, os operários submetidos a
6 esses níveis (8 horas diárias) estão sujeitos à perda auditiva.

Devem ser feitas novas avaliações de 6 em 6 meses, ou quando houver mudança ou implantação de novas máquinas,
7 implantação de sistemas hidráulicos ou pneumáticos, ou alterações no arranjo físico da indústria.

Recomenda-se que qualquer empresa que possua níveis de ruído acima de 75 dB(A), implante um programa de
11 redução de ruído e proteção auditiva. Essa recomendação se torna uma exigência de lei quando os níveis ultrapassam
os 85 dB(A).

Tabela 16 - Avaliação primária do ruído em uma usina de açúcar e álcool.

Nível de Tempo
Tempo de
Local Ruído admissível
Descrição Exposição
dB(A) (NR 15)
Turbinas Base da turbina 98,2 12:00 01:15
Turbinas Instrumentos 102,1 12:00 00:45
Caldeiras Limpeza de fuligem 92,0 12:00 03:00
Turbo-gerador 1 Sala 3 90,0 12:00 04:00
Compressores --- 92,0 12:00 03:00
Fabricação Turbina 2 - Térreo 93,0 12:00 02:40
Destilaria Piso inferior 96,1 12:00 01:45
Destilaria 1º Piso 96,1 12:00 01:45
Destilaria Centrifugação 98,2 12:00 01:45
Filtros Filtros rotativos 93,5 12:00 02:40
Dosagem Dosagem de cal 92,5 12:00 03:00
Carregamento Tortas de filtros 89,0 12:00 04:30
Hilo 2 Sob o guincho 96,0 12:00 01:45
Hilo 3 Área de limpeza 96,0 12:00 01:45
Hilo 3 Descarregamento 105,0 12:00 00:30
Moenda 2 Base da moenda 96,1 12:00 01:45
Moenda 3 Base da moenda 93,2 12:00 02:40
Moenda 2 Piso superior 92,0 12:00 03:00
Hilo 1 Sob o guincho 95,0 12:00 02:00
Hilo 1 Área de limpeza 105,0 12:00 00:30
Turbo-gerador 2 Sala 98,2 12:00 01:15
Moenda 1 Base da turbina 92,0 12:00 03:00
Moenda 1 Piso Superior 92,1 12:00 03:00
Moenda 1 Base 90,0 12:00 04:00
Fabricação Moinho de sementes 94,0 12:00 02:15
Caldeiras Linha 2 88,0 12:00 05:00
Caldeiras Laje da caldeira 8 88,0 12:00 05:00

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Dificul dade de Com uni cação
ou
Z um bi do no ouv i do
1

Neces s i dade
de
prov idênci as
2

Av al iação Prim ári a


3

Nív ei s abaix o Nív eis acim a Nív eis acim a


de 75 dB (A) de 75 dB (A) de 85 dB (A)
4 5 6

Irri tação
Não ex is tem
Probl em as
Redução da
problem as efici ênci a
Pos s ív el per- audi tiv os
com ruído da audi tiv a
7 8 9

Nov a av al iação Ex ecutar um program a


em 6 m es es , ou
de redução do ruído
em qualquer
am bi ental e de
alteração na
indús tri a 10 proteção auditi v a 11

Figura 31 - Diagrama para detecção do problema do ruído

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Pr ogr ama de Redução do Ruído
Iniciamos um programa de redução dos níveis de ruído, fazendo uma medição mais precisa e dentro dos padrões das
Normas. O diagrama da figura 11.2 nos mostra as principais etapas.
Avaliação da Exposição ao Ruído - É a medição, com precisão, dos níveis de ruído dos postos de trabalho dos
12 operários. Deve-se avaliar o som direto da máquina próxima ao trabalhador e o ruído do ambiente (ruído de fundo).
É importante lembrar do precisão do equipamento e da sua calibração antes das medições.

Situação audiométr ica dos oper ár ios - Numa empresa onde existe níveis de ruído elevados, a saúde auditiva de seus
13 trabalhadores deve ser acompanhada por profissionais da área de otorringolaringologia (médico ou fonoaudiólogo).

Níveis de Ruído nos postos de Tr abalho - Devem ser efetuadas 5 medições em cada local de trabalho (ver NR 15) e
14 obtida a média. É importante lembrar da regulagem do medidor de acordo com o tipo de ruído, das precauções
durante a medição e dos cuidados com o medidor.

Tipo de Ruído - as medições devem ser feitas de acordo com o tipo do ruído. Para ruídos contínuos, usamos o
15 medidor na curva "A" e resposta "lenta"; para ruídos flutuantes, usamos um dos métodos que represente as variações
de nível. Os ruídos de impacto devem ser medidos conforme as regras da NR 15.
Ruído de Fundo - A avaliação do ruído de fundo durante as medições também é importante na determinação das
16 fontes de ruído.

Antecedentes Audiométr icos - A anamnese (histórico clínico) e os resultados audiométricos dos operários
17 (principalmente o audiograma de admissão) são preciosas informações sobre a audição e a sensibilidade auditiva de
cada trabalhador. O Engenheiro de Segurança deve trabalhar em conjunto com a fonoaudióloga (ou médico de
trabalho) da empresa, no sentido de detectar essas situações.

Novas audiometr ias - Se o Programa de Redução do Ruído e Proteção Auditiva estiver sendo implantado (ou seja,
18 a empresa nunca se preocupou com a saúde audiológica de seus empregados), é importante que se obtenha os
audiogramas de todos os trabalhadores e inicie-se avaliações periódicas (de 6 em 6 meses)

Mapeamento - a traçagem dos mapas de ruído é uma das melhores maneiras de definirmos a forma de controle. Um
19 mapa de ruído é uma planta em que são mostradas as instalações e traçada sobre ela as curvas que unem todos os
pontos de mesmo nível de ruído. É importante identificar no mapa o local de trabalho de cada operário.

Medidas de Contr ole - São as providências que o Engenheiro de Segurança deve tomar, tendo em mãos o
20 levantamento dos níveis de ruído e da situação audiológica dos empregados.

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Program a de Redução
do Ruído 11
Av ali ação da Ex pos i ção Si tuação Audiológica
12 13

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ao Ruído dos Operários
Nív ei s de Ruído Tipo de Ruído de Antecedentes Nov as
nos Pos tos de Trabalho Fundo Audiom étri cos Audiom etrias
Ruído
14 15 16 17 18
M apeam ento 19

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M edi das
de
Control e 20
Figura 11.2. - Diagrama do Programa de Redução do Ruído e Proteção Auditiva.
Contr ole do Ruído
Depois da medição do ruído e do mapeamento, podemos passar para as medidas de controle. Vejamos no diagrama de
blocos.

Medidas de
Controle
20

Controle do Providências
Ruído Sociais
21 22

na no no refúgio rotatividade supervisão e


educação
fonte meio receptor de ruído de função treinamento
23 24 25 26 27 28 29

Monitoramento 30
Figura 11.3. - Diagrama das Medidas de Controle

Contr ole do Ruído - É a atenuação dos efeitos do ruído sobre as pessoas. O Engenheiro de Segurança deve estar
21 consciente que é de sua responsabilidade os efeitos do ruído sobre os trabalhadores.

Pr ovidências Sociais - São alterações realizadas no pessoal que ajudam a minimizar os efeitos do ruído.
22
Contr ole na Fonte - É a supressão da causa do ruído. A supressão da fonte do ruído é a verdadeira e a mais indicada
23 maneira de controlar o ruído.

Contr ole no meio - Trata-se da interrupção da propagação do som.


24
Contr ole no Receptor - É uma medida para ser usada apenas em casos extremos, ou em pequenos intervalos de
25 tempo. Nunca como primeira solução ou de forma definitiva.

Refúgio de Ruído - Em algumas operações descontínuas (por exemplo, inspeções) podem ser utilizadas as cabines de
26 repouso, onde os operadores podem descansar por alguns minutos. Deve-se lembrar que a redução pela metade no
tempo de exposição, reduz em apenas 3 dB a dose de ruído.

Rotatividade de Função - Para sistemas produtivos que possibilitam essa rotação de turnos ou de funções, essa
27 prática pode diminuir levemente a dose de ruído.

Educação - Assim como qualquer programa de segurança do trabalho, a educação o Programa de Redução do Ruído
28 e Conservação Auditiva deve ser aceito em todos os níveis da empresa, desde os operários até a gerência. As
técnicas de educação possibilitam esse engajamento de todos num objetivo comum. Podem ser usados posters,
vídeos, palestras, folhetos, exposição de materiais, exercícios práticos, etc. Outro fator importante para a credibilidade d o
programa é a transparência de informações : os trabalhadores devem (ou têm o direito de) saber os níveis de ruído a que estão
submetidos, bem como os resultados dos exames audiológicos.

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Super visão e Tr einamento - Uma pessoa deve ser o responsável pela execução do Programa (pode ser o
29 Engenheiro de Segurança, ou o Médico do Trabalho ou algum funcionário da CIPA ou do Setor de Recursos
Humanos). Os trabalhos técnicos (como medição do ruído, audiometrias, etc) devem ser delegados às pessoas
especializadas ou contratado pessoal externo à empresa. Todas as pessoas envolvidas no Programa devem receber
treinamento apropriado dentro de sua área de atuação.

Monitor amento - Uma vez implantado, o Programa continua indefinidamente, sempre atento a alterações nos níveis
30 de ruído ou nos audiogramas dos trabalhadores. Os níveis de ruído devem ser medidos periodicamente ou em
qualquer alteração no arranjo físico da empresa. A sensibilidade auditiva dos operários deve ser avaliada de 6 em 6 meses.

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