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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Bestas de Dimensões
Distantes - Anatomia dos
Mastins de Tindalos

Há muitos perigos no Universo profano dos


Mitos de Cthulhu, mas poucas criaturas
podem ser mais aterradoras do que as
entidades hiperdimensionais conhecidas como
Mastins de Tindalos.

Por muito tempo, estudiosos da mitologia


ancestral discutiram se haveria uma raça
inteira dessas entidades ou apenas uma delas
responsável por todas as tragédias e
desgraças associadas a eles desde o início dos
tempos. A maioria dos teóricos compreende
que eles compõem uma espécie ancestral, tão
antiga quanto o próprio tempo, ancestral na
gênese do universo.

Os gregos clássicos teriam sido os primeiros


a ter contato direto com os Mastins, em
documentos do século quarto a.C em que
Lycenus de Creta descreve o terrível destino de
um feiticeiro que teve contato com um desses
monstros. Contudo, na antiga Babilônia já
existiam descrições de grandes feras sombrias
com um corpo esquálido, consideradas como
predadores atrozes que "caçavam homens
para devorar-lhes a essência". Nos mitos das
nações nórdicas, matilhas de grotescos
perdigueiros auxiliavam os deuses em suas
caçadas e em certas representações eles são
descritos como alãos de corpo esguio e
ferocidade incomparável. Capazes de
empreender sua caçada através dos Nove
Mundos, farejando suas presas onde quer que
se encontrem. Os Celtas compartilhavam de
rumores semelhantes, que contemplavam
Cães ferozes que integravam a famosa
Caçada Selvagem (Wild Hunt). Os nativos-
americanos das nações Caw e Blackfoot
possuem em seu folclore várias lendas a
respeito de grandes predadores semelhantes a
cães que buscam presas sobretudo shamans.
De fato, os mitos à cerca de Grandes e
tenebrosos cães, é tão difundido pelo mundo
que é provável mais de uma dessas lendas se
referir especificamente aos Mastins de
Tindalos.

O Necronomicon faz menção a eles no


raríssimo Kitab Al Azif que menciona esses
horrores chamando-os de Aldarwas
Fyruz (Literalmente, Mastim Feroz em árabe).
Na sua obra mais apocalíptica, o iemenita de
Sanaá, Abdul Alhazred, menciona os Mastins
com indisfarçável assombro:
"Dentre as coisas que habitam as passagens
através do tempo, uma é mais vil do que todas
as outras juntas. O peregrino que se aventura
através dos arcabouços das eras, deve estar
preparado para tal encontro. E deve tentar
evitá-los à todo custo, pois as marés do tempo
são o terreno de caça das feras Tind'Losi, o
Aldarwas Fyruz".

Tamanho era o receio de alguns místicos em


sequer mencionar essas entidades que
versões do Necronomicom Grego foram
censuradas omitindo as páginas do Al-Azif
sobre essas criaturas. Um dos copistas
anônimos a serviço de Theodorus Philletas
teria sido responsável pela remoção dos
trechos. Segundo rumores, ele teria rasgado as
páginas e as engolido com cicuta para sepultar
o saber profano em seu interior. Séculos mais
tarde, quando a múmia desse escriba foi
descoberta, trechos das páginas teriam sido
achadas ainda legíveis em seu estômago.
Afora o Necronomicon e suas versões, apenas
o Manuscritos Pnakóticos faz menção aos
Mastins, revelando sua existência aos olhos
dos Yithianos, seres famosos por empreender
a exploração do tempo. Os Yithianos se
referem aos Mastins pelo termo
Tindalosianos, que muitos acreditam ser a
terra de origem destas misteriosas criaturas. É
razoável supor que a Grande Raça, raça
alienígena que conquistou esse título por seu
domínio temporal, detenha uma extensiva
sabedoria a respeito dos Mastins. Certos
místicos acreditam que a forma de
deslocamento temporal da Grande Raça -
usando hospedeiros para receber a
consciência yithiana em diferentes períodos de
tempo, tenha sido desenvolvida depois de
tentativas mau sucedidas de exploração do
tempo via deslocamento físico, o que se
mostrou por demais arriscado graças a ameaça
dos Mastins.

De acordo com um notável ocultista Halpin


Chalmers - possivelmente o maior especialista
na mitologia dos Mastins, essas criaturas se
desenvolveram através de camadas de "tempo
angular", enquanto a vida normal tem sua
gênese em ondas de "tempo curvo". Essa
teoria é extremamente controversa e pouco
compreendida. A maioria dos documentos que
explicavam a tese de Chalmers se perderam
quando ele foi morto - supostamente por uma
das criaturas que ele tentava compreender.

Sabe-se, entretanto, que tentativas de viajar


através do tempo resultam em uma
reverberação nos tecidos da realidade. Essa
perturbação parece atrair a atenção dos
Mastins de Tindalos que imediatamente se
aproximam para investigar. Quando um
viajante temporal é percebido, os Mastins o
"farejam" e iniciam uma perseguição
implacável através das faldas do tempo. Essa
perseguição persistente continua até que a
presa seja alcançada ou que ela consiga
escapar - retornando para seu tempo ou
buscando esconderijo em outra era. Presas
alcançadas são dilaceradas nas presas da fera.
Aqueles que conseguem lograr sucesso na
escapada, no entanto, não estão livres de seu
perseguidor. Os Mastins são conhecidos por
"farejar" suas presas onde quer que elas se
encontrem, viajando através do tempo para
encontrá-los e os fazer em pedaços. Tamanha
é a determinação desses monstros que uma
vez iniciada a caçada nada os detém e nada
mais tem importância para eles. Um Mastim
pode empreender a caçada por semanas e até
meses, investigando o paradeiro de sua presa
em diferentes períodos de tempo. Existem
fórmulas e cálculos de matemática avançada
que permitem determinar quanto tempo um
Mastim irá demorar para localizar sua presa,
tendo como base a quantidade de tempo
transcorrido entre o ponto no tempo em que a
criatura percebeu seu alvo e onde ele foi parar.
Com base nesse cálculo, muitos viajantes
temporais tentam traçar uma estratégia para se
proteger do ataque de seu terrível perseguidor.

Segundo Halperim Chalmers, uma das únicas


maneiras de fazer com que os Mastins de
Tindalos percam sua pista é se isolar em um
aposento perfeitamente redondo, sem ângulos
através do qual a criatura seja capaz de se
formar. Viajando através do "tempo angular", os
Mastins carecem de um ponto formado por um
ângulo reto, sem o qual eles não podem se
manifestar fisicamente em nossa realidade.
Manter-se em um aposento redondo pode fazer
com que o Mastim perca o rastro que está
seguindo. Essa técnica, no entanto, não é à
prova de falhas. Sabe-se de Tindalos que
conseguiram seguir suas presas até o espaço
correto no tempo correto, iniciando sangrentas
buscas que lograram sucesso, mesmo com a
presa perfeitamente escondida. Para auxiliar
em suas caçadas, os Mastins podem invocar
aliados metafísicos como sátiros
(possivelmente servos de Shub-Niggurath) e
Dholes para destruir esconderijos.

Outro fator preocupante é que, a medida que


os Mastins se aproximam de sua presa, esta
começa a sentir as emanações telepáticas do
predador. Lentamente esse vínculo com a
mente alienígena do Tindalos faz com que a
vítima perseguida enlouqueça. O já
mencionado ocultista Halpin Chalmers tentou
se esconder em sua mansão em um aposento
cujos ângulos retos foram cobertos de gesso e
proteções místicas. Seu objetivo era escapar
do perseguidor se mantendo lá até este perder
o seu rastro. Ele poderia ter sucesso em seu
plano, não fosse um inesperado terremoto que
atingiu a região, fazendo com que as defesas
erguidas por Chalmers desmoronassem.
Certas narrativas reunidas em um livro
intitulado "The Black Tome of Alsophocus" (O
Tomo Negro de Alsophocus, escrito em 1550),
afirma que os Mastins de Tindalos são a
personificação da própria corrupção e da
entropia universal. Eles teriam ainda uma
ligação íntima com a humanidade. Alsophocus,
um monge cristão acreditava que a Queda do
Paraíso era uma alegoria que envolvia a
relação espúria entre o homem e os Mastins,
representados na Bíblia como Servos de Satã.
Acadêmicos que se debruçaram sobre esse
trabalho sugerem que o mítico artefato
conhecido como Trapezoedro Brilhante
(Shinning Trapezohedron), está de alguma
forma relacionado ao ódio que os Tindalos
reservam para os seres humanos.
Supostamente, o artefato, criado por
Nyarlathotep, teria drenado parte da essência
dos Tindalos, enquanto os humanos foram
poupados desse destino por razões
desconhecidas. O resultado direto disso fez
com que os Mastins fossem aprisionados em
uma cidade fantasmagórica na fronteira do
Tempo Angular, onde eles se tornaram eternos
prisioneiros.

Há conjecturas de que Nyarlathotep os


aprisionou para oferecê-los como presente
para Azathoth, mas são poucas as evidências
que comprovam essa assunção. Para alguns
estudiosos, a misteriosa cidade prisão, formada
por imensas torres negras em formato de
espiral, seria a origem do nome "Tindalos".

Estabelecer uma relação amistosa com


Mastins de Tindalos parece ser virtualmente
impossível, embora existam rumores nesse
sentido. Uma matilha de Mastins conhecidos
como ny'rela, teria sido compelida a servir um
mestre humano especialmente poderoso,
embora o rumor não revele detalhes de como
essa barganha foi firmada ou se ela de fato
envolvia exemplares de Mastins. Alguns
conectam os Tindalos com o macabro Culto
Cadáver de Leng, cujo símbolo é um cão
alado.

A origem dos Mastins de Tindalos é no mínimo


obscura. As conjecturas mais populares
supõem que eles podem vir do Passado
distante ou de outra dimensão. O fato é que
eles costumam atravessar eras inteiras e
planos de existência simplesmente abrindo
passagens dimensionais. Os Mastins podem
realizar essa façanha meramente se
concentrando e saltando nas passagens que
foram previamente abertas. Essas passagens
são normalmente envoltas por cortinas de
fumaça cinza azulada ou esverdeada que ao
abrir ou fechar descarregam eletricidade e
faíscas. Antes da abertura de um portal é
possível detectar um ruído de estática. Uma
vez no interior da passagem, as criaturas
podem se deslocar pelo tempo se
materializando onde quer que exista uma
passagem formando um ângulo reto. A
capacidade de viajar através do tempo faz com
que eles sejam virtualmente eternos, imunes a
passagem dos milênios.

O termo "Mastim" se refere ao fato da


aparência geral dos Tindalos lembrar
remotamente a de um enorme cão, magro e
longilíneo. Para muitos, a comparação é bem
pouco satisfatória pois embora a criatura
lembre de longe o formato de um cão, uma
simples observação revela que eles guardam
bem poucas similaridades com qualquer animal
terrestre.

Os Mastim possuem um corpo longilíneo e


magro a ponto de ser emaciado, com quatro
pernas longas guarnecidas de musculosos
tendões. Nas costas, estruturas ósseas da
coluna se destacam, bem como costelas que
compõem a caixa toraxica. Eles não possuem
pelo ou mesmo pele o que lhes confere uma
aparência cadavérica e alienígena. Todo corpo
da criatura é coberto por camadas de uma
substância de consistência viscosa semelhante
a um piche negro. Para muitos, essa
substância lembra uma sombra quase-sólida
que acompanha a criatura garantindo a ela
proteção e furtividade. À noite, o Mastim se
mistura com a escuridão tornando-se
praticamente invisível.

Tipicamente eles tem um comprimento de 1,80


a dois metros, mas alguns espécimes podem
ser ainda maiores chegando a quase três
metros do focinho à ponta da cauda - quando
esta existe. O movimento do Mastim é fluido e
elegante, a criatura caminha com a altivez de
um grande felino, saltando distâncias
consideráveis graças às potentes pernas
traseiras. Embora possa correr com
velocidade, eles preferem usar seu
deslocamento através dos planos para
desaparecer de uma posição e surgir em outra
quase que instantaneamente. Essa estratégia é
utilizada principalmente quando o Mastim está
caçando e deseja encurralar sua presa.

Para qualquer observador se torna óbvio que o


Mastim é um predador. Suas patas terminam
em garras afiadas formadas por pontas ósseas.
O Mastim as usa para dilacerar suas presas
com um eficiência cruel. Dotada de seis dedos
com longas falanges, a pata se assemelha
muito mais a uma mão, visto que têm
capacidade táctil podendo agarrar e realizar
tarefas manuais complexas. Um Mastim é
perfeitamente capaz de segurar objetos, usar
ferramentas e abrir portas. As patas traseiras
são mais longas terminando em estruturas
ósseas que lhe garantem estabilidade. Alguns
espécimes possuem uma cauda sinuosa e
comprida que lembra um tentáculo nodoso,
outros possuem vários desses tentáculos
espalhados pelo dorso ou sobre as escápulas.

A cabeça da criatura é o que chama mais a


atenção, ela tem características vulpinas,
embora não possa realmente ser comparada a
nenhum animal da natureza terrestre. Os olhos
são pequenos e desproporcionais, surgindo
aos pares, mas podendo surgir em outros
números, localizados em posições diferentes
de cada lado da cabeça. Eles podem ser
esverdeados, avermelhados ou ter um brilho
púrpura que muitos salientam reflete
inteligência e maldade. As orelhas em
comparação são pontudas e sempre em estado
de atenção, sendo que por vezes elas não são
aparentes.

O crânio é alongado e o focinho extremamente


comprido se dividindo numa bocarra que,
aberta, se dilata para formar um ângulo obtuso.
O interior dessa boca é dotado de fileiras de
dentes tortos que crescem em todas direções
em diferentes tamanhos e formas. As presas
são afiados e a potência da mandíbula permite
que a mordida cause danos consideráveis.
Quando a boca se fecha, o Mastim tende a
relhar as presas em um movimento de rasgar,
como se fosse uma serra. Não é raro que a
criatura após uma mordida perca vários dentes
que ficam enterrados na carne da presa. Os
dentes tendem a se deteriorar rapidamente e
em poucas horas desaparecem. Uma única
mordida pode resultar em quase uma centena
de perfurações simultâneas.

Além dos terríveis dentes, outra característica


da boca dos Mastins é a língua que serpenteia
sem parar. Essa língua azulada tem uma forma
tubular medindo até um metro e meio de
comprimento. Ela é musculosa e pode ser
usada como uma espécie de chicote
agarrando, puxando e apertando quando
necessário. A estrutura é oca, com uma fenda
na extremidade, dela goteja uma bile de
coloração azulada viva. Essa saliva viscosa,
semelhante a um pus, escorre em profusão e
quando o Mastim morde, acaba transferindo
parte dela para o corpo da presa. Essa
substância é extremamente tóxica
representando uma grave ameaça quando em
contato com seres vivos. Quando em contato
com a pele, o pus provoca queimaduras
cáusticas e levado à circulação, causa
envenenamento. A exposição prolongada deixa
marcas que lembram gangrena; a pele tende a
escurecer e apodrecer em camadas que se
cobrem de feridas sangrentas. A substância
pode ser removida com uma toalha ou
enxaguada com água, diminuindo assim sua
letalidade. Uma presa coberta pelo pus pode
morrer em poucos segundos, uma morte
agonizante e dolorosa.

Análise dessa gelatina azulada demonstra que


os Mastim não possuem enzimas em seus
corpos. Enzimas, na natureza, são importantes
para catalizar reações químicas, a maneira
como o organismo do Mastim funciona é
totalmente alienígena de um ponto de vista da
biologia terrestre. A utilidade prática do pus
azulado é desconhecida, é possível que seu
propósito seja apenas defensivo, o que explica
o motivo da criatura espalhar sobre suas garras
a substância.

O pus causa a dissolução completa do Mastim


quando ele é "morto" e o dissolve em poucos
instantes não deixando nada para traz. Matar
um Tindalo é tarefa extremamente difícil. A
matéria que constitui a criatura e a substância
sombria que a envolve agem como uma defesa
contra a maioria dos ferimento que ele pode vir
a sofrer. Feridas provocadas por armas de
fogo, lâminas perfurantes ou contundentes
simplesmente se fecham em instantes, sem
prejuízo para o monstro. Fogo, eletricidade,
ácido, radiação... nada, com exceção de
magia, causa dano duradouro na criatura.

Biologicamente não existe nenhum consenso a


respeito do ciclo de vida dessas criaturas. Não
se sabe, por exemplo, como é sua reprodução
e se existe divisão entre machos e fêmeas.
Não há nenhuma menção a gênero ou relato
sobre filhotes. É possível que os jovens não
sejam capazes de se mover pelos planos, mas
mesmo os que exploraram a Cidade de
Tindalos jamais viram uma criatura que não
seja adulta.

É fato, entretanto, que os Mastins são seres


inteligentes, dotados de uma consciência
maligna e imoral que impele cada uma de suas
ações. A motivação principal desses seres é
perseguir, matar e desaparecer sem serem
vistos. Para atingir seus objetivos, eles
demonstram um nível de brilhantismo
surpreendente, sendo tão ou mais inteligentes
que seres humanos médios. Suas estratégias
durante a caçada incluem cercar, enganar e
atrair suas presas ludibriando e disfarçando
quando necessário. Um Mastim também
demonstra um prazer transcendental em
provocar a morte, sendo que alguns agem com
indisfarçável sadismo. Essas criaturas
conseguem entender idiomas humanos e
presume-se que alguns são perfeitamente
capazes de se comunicar em línguas terrenas,
ainda que com um timbre roufenho e gutural.

Em todas as referências feitas aos Mastins de


Tindalos recomenda-se cuidado extremo. É
possível que esses monstros
hiperdimensionais sejam uma das formas de
vida mais hostis a espécie humana, uma
criatura cujo único propósito parece ser a
destruição de forma ampla e completa.

Outras criaturas dos Mitos de Cthulhu e sua


Anatomia Absurda:

Lloigor

Horror Caçador

Byakhee

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