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Técnico em Enfermagem

Enfermagem Materno-Infantil
CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ENFERMAGEM MATERNO-INFANTIL

Ementa: Identificar os problemas de saúde da mulher, da criança e do adolescente no


período de internação hospitalar; Prestar assistência de enfermagem à mulher com afecções ginecológicas, à
gestante, à parturiente e à puérpera; Prestar assistência de enfermagem ao RN normal e patológico na unidade
hospitalar estimulando a cooperação e participação dos pais e/ou responsáveis durante a internação do RN,
considerando seu papel no cuidado após a alta; Prestar assistência de enfermagem à criança hospitalizada e à
sua família, adequando-a ao quadro clínico e à fase do desenvolvimento.

UNIDADE I – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER EM IDADE FÉRTIL NO CICLO GRÁVIDO


PUERPERAL
GRAVIDEZ:
1.1- Diagnóstico; intercorrências mais comuns na gravidez, síndromes hemorrágicas.
1.2- Pré-Natal
1.3- Desenvolvimento do embrião e feto.
1.4- Patologia do líquido amniótico: oligoâmnio, polidrâmnio, amniorrexe e corioamnionite.
1.5- Gestação de alto risco: diabetes, cardiopatia, nefropatia, doenças infecciosas (toxoplasmose, rubeola,
malária, varicela, hanseniase etc), doença mental, DST (AIDS, gonorréia, sífilis, condiloma, etc).
ASSISTÊNCIA À PARTURIENTE:
1.6-Admissão; técnica de parto; equipamento e material de sala de parto.
1.7- PARTO: fatores; fenômenos, tipos e fases clínicas.
1.8- Assistência de Enfermagem antes, durante e após o parto normal e cesárea.
1.9-Patologias do funículo: circular de cordão, cordão longo, cordão curto, nó de cordão e prolapso.
1.10- Laceração do canal de parto.
1.11-Secundamento patológico: retenção placentária, inversão uterina.
1.12-Atonia Uterina.
PUERPÉRIO: características; evolução: normal e com intercorrências; assistência.
1.13- Complicações pós-parto: hemorragias e infecções.

UNIDADE II – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO.


2.1- RECÉM-NASCIDO NORMAL: conceituação, características físicas e fisiológicas, sinais de enfermidades;
exame físico imediato e mediato; plano assistencial; alojamento conjunto.
2.2- RECÉM-NASCIDO DE RISCO: baixo peso e prematuridade: conceituação, características físicas e
fisiológicas, cuidados específicos; problemas mais comuns que afetam o recém-nascido.

UNIDADE III – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CAMPO GINECOLÓGICO


3.1-CLIMATÉRIO: modificações físicas, fisiológicas e emocionais.
3.2- INTERCORRÊNCIAS GINECOLÓGICAS: aparelho genital e mama .

UNIDADE IV – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA: ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS.

UNIDADE V - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.


5.1- Assistência de Enfermagem à Criança Sadia:
5.1.1- Aleitamento materno, revisão anatomo-fisiológica.
5.1.2- Composição bioquímica do leite humano
5.1.3- Aspectos gerais da amamentação.
5.1.4- Vantagens do aleitamento materno.
5.1.5- Fatores de impedimento e obstáculos à amamentação: dependentes da nutris e dependentes do
bebê.
5.1.6- Cuidado com as mamas.
5.1.7- Desmame
5.2- Crescimento e desenvolvimento: ósseo, muscular, dentário, neuropsicomotor, cognitivo, linguagem. O
brinquedo e a estimulação.
5.3- Desenvolvimento e estimulação no primeiro ano de vida: estimulação visual, auditiva, olfativa, gustativa,
motora, cognitiva e linguagem.
5.4- No segundo e terceiro ano de vida: área sensório-perceptiva, motora, cognitiva, linguagem, formação de
hábitos.

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UNIDADE VI - A INSTRUMENTALIZAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM PARA CUIDAR EM PEDIATRIA
6.1- Relacionamento e comunicação com a criança e sua familia
6.2- Reações da criança a Hospitalização e o papel da Equipe de Enfermagem
6.3- O processo de enfermagem centrado na criança e na família.

UNIDADE VII - O CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA DOENTE


7.1- A Criança com Infecção Respiratória Aguda
7.2- A Criança com Diarréia Aguda
7.3- A Criança com Desidratação
7.4- A Criança com Desnutrição Proteico-calórica

UNIDADE VIII - PROCEDIMENTOS TÉCNICOS


8.1- Procedimentos Medicamentosos
8.2- Verificação de Sinais Vitais em Pediatria
83- Curativos
8.4-Sondagem Gástrica, gavagem e lavagem gástrica.
8.5- Aspiração das vias aéreas superiores
8.6- Restrições físicas
8.7- Coleta de material para exame.

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DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ

O diagnóstico de gravidez baseia-se na história, no exame físico e nos testes laboratoriais.


Frente a uma amenorréia ou atraso menstrual, deve-se, antes de tudo, suspeitar da possibilidade de uma
gestação. Na prática, para as mulheres que procuram os serviços com atraso menstrual que não
ultrapassa 16 semanas, a confirmação do diagnóstico da gravidez pode ser feita pelo profissional de
saúde da unidade básica, por meio de um teste imunológico para gravidez (TIG), de acordo com os
procedimentos especificados no fluxograma a seguir. O teste laboratorial é, inicialmente, recomendado
para que o diagnóstico não demande o agendamento de consulta, o que poderia postergar a confirmação
da gestação. Para as mulheres com atraso menstrual maior que 16 semanas ou que já saibam estar
grávidas, o teste laboratorial é dispensável. A consulta deve ser realizada imediatamente para não se
perder a oportunidade da captação precoce.
Se o TIG for negativo deve ser agendada consulta para o planejamento familiar, principalmente
para a paciente adolescente.

Atraso ou irregularidade menstrual, Avaliar:


náuseas e aumento do volume Ciclo menstrual
abdominal Data da última menstruação
Atividade sexual

Atraso menstrual em mulheres maiores de 10 anos com


atividade sexual

Solicitar teste imunológico de gravidez

Resultado Negativo Resultado Positivo

Gravidez confirmada Repetir TIG após 15 dias


Iniciar o acompanhamento Resultado negativo
da gestante Persistindo amenorréia
Encaminhar para avaliação
clínico-ginecológica

Após a confirmação da gravidez em consulta, médica ou de enfermagem, dá-se início ao


acompanhamento da gestante, com seu cadastramento no SISPRENATAL. Os procedimentos e as
condutas que se seguem devem ser realizados sistematicamente e avaliados em toda consulta de pré-
natal. As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados na ficha perinatal e no cartão
da gestante.
Nesse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao
acompanhamento pré-natal, seqüência de consultas, visitas domiciliares e reuniões educativas. Deverão
ser fornecidos:

• O cartão da gestante, com a identificação preenchida, o número do SISPRENATAL, o hospital


de referência para o parto e as orientações sobre este;
• O calendário de vacinas e suas orientações;
• A solicitação dos exames de rotina;
• As orientações sobre a participação nas atividades educativas - reuniões e visitas domiciliares;

É importante enfatizar que uma informação essencial que deve constar explicitamente no cartão da
gestante é o nome do hospital de referência para o parto ou intercorrências durante a gestação. Se, no
decorrer da gestação, surgir alguma situação que caracterize risco gestacional, com mudança hospital ou
maternidade de referência, isso também deve estar escrito no cartão. Essa informação é considerada
fundamental para que a mulher e seu companheiro ou familiares possam reivindicar o direito de
atendimento nessa unidade de saúde.

DESENVOLVIMENTO DO EMBRIÃO E DO FETO

Definição:

O desenvolvimento do feto desde o momenta da relação sexual e concepção ate o nascimento.


Uma vez que o espermatozóide é depositado na vagina, ele viaja pelo cérvix até as trompas de
Falópio, a concepção geralmente ocorre no terço externo da trompa. Um único espermatozóide penetra
no ovo e uma união das informações genéticas ocorre, formando uma célula única chamada zigoto.

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O zigoto passa os próximos dias viajando pela trompa de Falópio e multiplicando rapidamente o
número de células por meio da divisão. Uma massa de células é formada por esta divisão celular, cada
uma com uma cópia dos genes que se tornarão o feto. A massa de células na trompa de Falópio é
chamada mórula.
Com divisão celular adicional, a mórula se torna uma concha externa de células com um grupo
de células internas. Esta etapa do desenvolvimento embrionário é chamada blastócito. O grupo externo
de células se torna a membrana que nutre e protege o grupo interno, que se torna o feto.
O blastócito continua sua jornada pela trompa de Falópio e entre o sétimo e nono dia após a
concepção, se implanta no útero. Neste momento do ciclo menstrual da mãe o endométrio (o
revestimento do útero) cresceu, está altamente vascularizado e pronto para receber o feto. 0 blastócito se
adere ao endométrio onde será nutrido. A placenta e a estrutura de apóio para a gestação se formam na
fase de implantação. Estima-se que até 55% dos zigotos nunca alcancem esta fase de crescimento.
É comum quando há um problema com o desenvolvimento embrionário ou fetal haver problemas
com outros tecidos que se desenvolveram ao mesmo tempo. Por exemplo, se uma criança apresenta
problemas de desenvolvimento renal é possível que a criança também tenha problemas auditivos, uma
vez que estes órgãos se desenvolvem ao mesmo tempo.
O estágio embrionário inicia no 15° dia após a concepção e continua ate aproximadamente 8ª
semana, ou até que o embrião tenha 3,5 cm de comprimento. Durante este período as células do embrião
não estão apenas se multiplicando, mas estão assumindo funções específicas. Este processo é chamado
diferenciação de tecidos e é necessário para os diferentes tipos de células que formam um ser humano
(tais como células sanguíneas, células hepáticas, células nervosas, etc.). Há crescimento rápido e as
principais características externas começam a tomar forma. É neste período que a criança em
desenvolvimento esta mais susceptível aos teratogênios (substâncias que causam defeitos ao
nascimento).
Alterações específicas por semana na fase embrionária:
semana 3

• a formação do coração
• o início do desenvolvimento do cérebro e da medula espinal
• o início do desenvolvimento do trato gastrointestinal
• os teratogênios introduzidos nesta fase podem causar: ausência de um ou mais membros;
coração fora da cavidade torácica

semanas 4 e 5

• formação do tecido que se transforma nas vértebras


• formação do tecido que se transforma no maxilar inferior, osso hióideo e cartilagem da laringe
• início das estruturas do ouvido
• maior desenvolvimento do coração, que agora bate em ritmo regular
• movimento do sangue rudimentar pelos vasos principais
• início das estruturas oculares
• o cérebro já apresenta cinco áreas e alguns nervos cranianos estão visíveis
• os brotos dos braços e pernas são visíveis com coxins das mãos e pés
• os teratogênios introduzidos durante este período podem causar: onfalocele, fístulas
transesofágicas, hemivértebra, catarata nuclear, olhos anormalmente pequenos, fendas faciais,
ausência de mãos ou pés.

semana 6

• formação do nariz
• maior desenvolvimento cerebral
• postura mais ereta
• os maxilares já são visíveis
• a traquéia se desenvolve com dois brotos dos pulmões
• o lábio superior é formado
• início da formação do palato
• os ouvidos estão em formação
• os braços e pernas se alongaram, sendo que os braços estão mais desenvolvidos que a pernas
• as mãos e os pés tem dedos, mas ainda podem estar palmados
• a velocidade do crescimento do cóccix diminui
• o coração está quase totalmente desenvolvido
• a circulação fetal está mais desenvolvida
• os teratogênios introduzidos nesta fase podem causar: anormalidades cardíacas ou aórticas
graves, fenda labial, ausência do maxilar inferior

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semana 7

• a cabeça está mais arredondada


• os olhos se movem para a parte anterior da face
• as pálpebras começam a se formar
• o palato está quase completo
• a língua começa a se formar
• o trato gastrointestinal se separa do trato genitourinário
• todos os órgãos essenciais já começaram, no mínimo, a se formar
• teratogênios introduzidos neste período podem causar: defeitos do septo ventricular (DSV),
estenose pulmonar, fenda labial, micrognatia, epicanto, cabeça pequena, genitália ambígua

semana 8

• o embrião agora tem aspecto humano


• as feições faciais continuam a se desenvolver
• as pálpebras começam a se unir
• as características externas do ouvido começam a tomar seu formato final, mas ainda estão
localizadas na parte inferior da cabeça
• a parte externa dos genitais começa a se formar
• a passagem anal se abre, mas a membrana retal está intacta
• a circulação por meio do cordão umbilical está bem desenvolvida
• os ossos longos começam a se formar
• os músculos são capazes de se contrair
• os teratogênios introduzidos neste período podem causar: abertura persistente na aurícula do
coração, atrofia digital
Neste momento embrião já tem desenvolvimento suficiente para ser chamado de feto. Todos os
órgãos e estruturas encontradas em um recém-nascido a termo estão presentes. O período de
desenvolvimento fetal é um tempo de crescimento e desenvolvimento adicional das estruturas que se
diferenciaram durante o período embrionário.

semanas de 9 a 12

• o feto atinge o comprimento de 8,1 cm


• a cabeça compreende quase metade do tamanho do feto
• o pescoço já está presente
• a face está bem formada
• os ouvidos começam a ter uma aparência totalmente desenvolvida
• as pálpebras se fecham e não reabrirão ate a 28ª semana aproximadamente
• os botões dentários aparecem
• os membros são longos e delgados
• os dedos estão bem formados
• o feto pode fechar a mão
• o trato urogenital termina seu desenvolvimento
• os genitais parecem bem diferenciados
• o fígado começa a produzir glóbulos vermelhos
• os batimentos cardíacos fetais podem ser ouvidos com dispositivos eletrônicos

semanas de 13 a 16

• o feto atinge o comprimento de 15,2 cm aproximadamente


• uma penugem chamada lanugo ou lanugem se desenvolve na cabeça
• a pele fetal é quase transparente
• outros músculos e ossos já se desenvolveram e os ossos se tornam mais duros
• o feto se move ativamente
• movimentos de sucção são feitos com a boca
• o feto engole o líquido amniótico
• o mecônio é formado no trato intestinal
• há desenvolvimento adicional dos pulmões
• as glândulas sudoríparas se desenvolvem
• o fígado e o pâncreas começam a produzir suas secreções apropriadas

semana 20

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• o feto atinge o comprimento de 20,3 cm
• o lanugo cobre todo o corpo
• a pele se torna menos transparente a medida que começa a haver depósito de gordura
• os mamilos aparecem
• as sobrancelhas e cílios aparecem
• as unhas aparecem
• o feto esta mais ativo com aumento do desenvolvimento muscular
• geralmente ocorrem os primeiros movimentos fetais identificáveis (quando a mãe sente o feto se
mexer)
• os batimentos cardíacos fetais podem ser ouvidos com um estetoscópio

semana 24

• o feto atinge o comprimento de 28,45 cm


• o feto pesa aproximadamente 500 g
• o cabelo está mais comprido
• as sobrancelhas e cílios estão bem formados
• todos os componentes
oculares estão
desenvolvidos
• o feto apresenta o reflexo
de preensão e sobressalto
• a pele das mãos e pés
está mais grossa
• as impressões digitais
estão se formando
• os alvéolos estão se
formando nos pulmões
• todo o corpo esta coberto
de verniz caseosa (uma
substância protetora
semelhante a queijo
secretada pelo feto)

semanas de 25 a 28

• o feto atinge o
comprimento de 38 cm

• o feto pesa
aproximadamente 970 g
• rápido desenvolvimento
cerebral
• o sistema nervoso está
suficientemente
desenvolvido para
controlar algumas funções
corporais
• as pálpebras abrem e
fecham
• os testículos começam a descer para a bolsa escrotal se o feto for do sexo masculino
• o sistema respiratório, embora imaturo, já se desenvolveu ao ponto onde a troca de gases é
possível
• um bebe nascido neste período pode sobreviver, mas as possibilidades de complicações e morte
permanecem altas

semanas de 29 a 32

• o feto atinge o comprimento de 38 a 44 cm aproximadamente


• o feto pesa aproximadamente 2,12 kg
• rápido aumento da quantidade de gordura corporal
• aumento do controle do sistema nervoso central (SNC) sobre as funções corporais
• presença de movimentos respiratórios rítmicos
• os pulmões ainda não estão totalmente maduros

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• a temperatura corporal fetal é parcialmente auto-controlada
• os ossos estão totalmente desenvolvidos, mas ainda são macios e flexíveis
• os testículos permanecem no canal inguinal
• o feto começa a armazenar ferro, cálcio e fósforo

semana 36

• o feto atinge o comprimento de 40,6 a 48,6 cm aproximadamente


• o feto pesa aproximadamente 2,36 a 2,81 kg
• o lanugo começa a desaparecer
• há aumento da gordura corporal
• as unhas atingem a ponta dos dedos
• aumento do controle do sistema nervoso central (SNC) sobre as funções corporais
• um bebe nascido com 36 semanas tem grandes chances de sobrevivência, mas pode requerer
algumas intervenções

semanas de 38 a 40

• um bebe é considerado a termo com 38 semanas


• o feto pode atingir o comprimento de 48,2 a 53,34 cm
• os meninos geralmente pesam mais que as meninas
• o lanugo desapareceu totalmente exceto nos braços e ombros
• as unhas ultrapassam a ponta dos dedos
• pequenos brotos de mamas se apresentam em ambos os sexos
• o cabelo agora está mais grosso e volumoso
• a mãe fornece ao feto os anticorpos que o protegerão contra doenças
• o feto preenche todo o útero

ATENÇÃO PRÉ-NATAL

Na primeira consulta de pré-natal deve ser realizada anamnese, abordando aspectos


epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da
gravidez atual. 0 exame físico deverá ser completo, constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax,
abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas, seguido por exame ginecológico e obstétrico. Nas
consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta, abordando aspectos do bem-estar materno e fetal.
Inicialmente, deverão ser ouvidas dúvidas e ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação,
hábito intestinal e urinário, movimentação fetal e interrogatório sobre a presença de corrimentos ou outras
perdas vaginais.
As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da unidade, quanto no cartão da
gestante. Em cada consulta, deve-se reavaliar o risco obstétrico e perinatal. Para auxiliar nesse objetivo,
deve-se observar a discriminação dos fatores de risco no cartão de pré-natal, identificados pela cor
amarela. A presença dessas anotações deverá ser interpretada pelo profissional de saúde como sinal de
alerta.

6.1 ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA

1. História clínica (observar cartão da gestante)

Identificação:
- nome;
- número do SISPRENATAL;
- idade;
- cor;
- naturalidade;
- procedência;
- endereço atual;
- unidade de referência.

Dados socioeconômicos;

Grau de instrução;

Profissão / ocupação;

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Estado civil/união;

Número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho doméstico);

Renda familiar;

Pessoas da família com renda;

Condições de moradia (tipo, n° de cômodos);

Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);

Distância da residência até a unidade de saúde;

Antecedentes familiares:
- hipertensão arterial;
- diabetes mellitus;
- doenças congênitas;
- gemelaridade;
- câncer de mama e/ou do colo uterino;
- hanseníase;
- tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau de parentesco);
- doença de Chagas;
- parceiro sexual portador de infecção pelo HIV

Antecedentes pessoais:
- hipertensão arterial crônica;
- cardiopatias, inclusive doença de Chagas;
- diabetes mellitus;
- doenças renais crônicas;
- anemias;
- distúrbios nutricionais (desnutrição, sobrepeso, obesidade);
- epilepsia;
- doenças da tireóide e outras endocrinopatias;
- malária;
- viroses (rubéola, hepatite);
- alergias;
- hanseníase, tuberculose ou outras doenças infecciosas;
- portadora de infecção pelo HIV (em uso de retrovirais? quais?);
- infecção do trato urinário;
- doenças neurológicas e psiquiátricas;
- cirurgia (tipo e data);
- transfusões de sangue

Antecedentes ginecológicos:
- ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);
- uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono);
- infertilidade e esterilidade (tratamento);
- doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro);
- doença inflamatória pélvica;
- cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
- mamas (alterações e tratamento);
- última colpocitologia oncótica (papanicolau ou "preventivo", data e resultado)

Sexualidade:
- inicio da atividade sexual (idade da primeira relação);
- dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);
- prática sexual nesta gestação ou em gestações anteriores;
- número de parceiros da gestante e de seu parceiro, em época recente ou pregressa;
- uso de preservativos masculino ou feminino (uso correto? usa habitual?).

Antecedentes obstétricos:
- número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme);
- número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, fórceps, cesáreas - indicações);
- número de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por infecções,
curetagem pós-abortamento);

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- número de filhos vivos;
- idade na primeira gestação;
- intervalo entre as gestações (em meses);
- isoimunização Rh;
- número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual ou mais de
42 semanas de gestação);
- número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500g) e com mais de 4.000g;
- mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos);
- mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos);
- natimortos (morte fetal intra-útero e idade gestacional em que ocorreu);
- recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia, exsanguineo-transfusões;
- intercorrências ou complicações em gestações anteriores (especificar);
- complicações nos puerpérios (descrever);
- história de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame).

Gestação atual:
- data do primeiro dia/mês/ano da ultima menstruação - DUM (anotar certeza ou dúvida);
- peso prévio e altura;
- sinais e sintomas na gestação em curso;
- hábitos alimentares;
- medicamentos usados na gestação;
- internação durante esta gestação;
- hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas;
- ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente
nocivos, estresse);
- aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se for
adolescente.

II. Exame físico

Geral:
- determinação do peso e da altura;
- medida da pressão arterial (técnica no item 8.3);
- inspeção da pele e das mucosas;
- palpação da tireóide e de todo o pescoço, região cervical e axilar (pesquisa de nódulos ou outras
anormalidades);
- ausculta cardiopulmonar;
- determinação da freqüência cardíaca;
- exame do abdômen;
- exame dos membros inferiores;
- pesquisa de edema (face, tronco, membros)

Específico (gineco-obstétrico):
- exame de mamas (realizar orientações para o aleitamento materno em diferentes momentos educativos,
principalmente se for adolescente. Nos casos em que a amamentação estiver contra-indicada -
portadoras de HIV/HTLV -, orientar a mulher quanto a inibição da lactação (mecânica e/ou química) e
para a aquisição da fórmula infantil);
- palpação obstétrica e identificação da situação e apresentação fetal;
- medida da altura uterina;
- ausculta dos batimentos cardíacos fetais;
- inspeção dos genitais externos;
- exame especular:
a) inspeção das paredes vaginais;
b) inspeção do conteúdo vaginal;
c) inspeção do colo uterino;
d) coleta de material para exame colpocitológico (preventivo de câncer), se houver indicação, e para a
pesquisa de infecção por clamídia e gonococo, se houver sinais de inflamação e corrimento cervical
mucopurulento;
- toque vaginal;
- 0 exame físico das adolescentes devera seguir as orientações do Manual de Organização de Serviços
para a Saúde dos Adolescentes.

III. Exames complementares


Na primeira consulta solicitar:
- dosagem de hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);
- grupo sanguíneo e fator Rh;

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- sorologia para sífilis (VDRL): repetir próximo a 30ª semana;
- glicemia em Jejum: repetir próximo a 30ª semana;
- exame sumário de urina (Tipo I) repetir próxima a 30ª semana;
- sorologia anti-HIV, com o consentimento da mulher após o "aconselhamento pré-teste" (ver item IV);
- sorologia para hepatite B (HBsAg, de preferência próximo a 30ª semana de gestação);
- sorologia para toxoplasmose (lgM para todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para
realização).

Outros exames podem ser acrescidos a esta rotina mínima em algumas situações especiais:
- protoparasitológico: solicitado na primeira consulta, sobretudo para mulheres de baixa renda;
- colpocitologia oncótica (papanicolau), se a mulher nao a tiver realizado nos últimos três anos ou se
houver indicação;
- bacterioscopia da secreção vaginal: em torno da 30ª semana de gestação, particularmente nas
mulheres com antecedente de prematuridade;
- sorologia para rubéola;
- urocultura para o diagnóstico de bacteriúria assintomática, em que exista disponibilidade para esse
exame;
- ultra-sonografia obstétrica realizada precocemente durante a gestação nas unidades ja estruturadas
para isso, com o exame disponível.

A ultra-sonografia de rotina durante a gestação, embora seja procedimento bastante corriqueiro,


permanece como assunto controverso. Não existe, ainda, demonstração científica de que esse
procedimento, rotineiramente realizado, tenha qualquer efetividade sobre a redução da morbidade e da
mortalidade perinatal ou materna. Entretanto, existe, sim, evidencia científica de que sua realização
precocemente durante a gravidez relaciona-se com uma melhor determinação da idade gestacional,
detecção precoce de gestações múltiplas e malformações fetais clinicamente não suspeitas. Essa última
característica associa-se indiretamente a uma menor mortalidade perinatal específica por malformações
fetais nos países onde a interrupção precoce da gravidez é permitida legalmente. Os possíveis benefícios
sobre outros resultados permanecem, ainda, incertos. Dessa maneira, pode-se dizer que o exame de
ultra-som pode ser recomendado como rotina nos locais onde ele esteja disponível e possa ser realizado
no inicio da gestação. A sua não realização não constitui omissão, nem diminui a qualidade do pré-natal.
Outra situação completamente distinta é a indicação do exame de ultra-som mais tardiamente na
gestação, por alguma indicação específica orientada por suspeita clínica, notadamente como
complemento da avaliação da vitalidade do feto ou outras características gestacionais ou fetais
O diagnóstico da infecção pelo HIV, no período pré-concepcional ou no início da gestação,
possibilita melhor controle da infecção materna e melhores resultados na profilaxia da transmissão vertical
desse vírus. Por esse motivo, este teste deve ser oferecido, com aconselhamento pré e pós-teste, para
todas as gestantes, na primeira consulta do pré-natal, independentemente de sua aparente situação de
risco para o HIV

ACONSELHAMENTO PRÉ-TESTE

O profissional deve avaliar os conhecimentos da gestante sobre a infecção pelo HIV/Aids e


outras DST e informá-Ia sobre o que ela não sabe, especialmente acerca de seu agente etiológico, meios
de transmissão, sobre a diferença entre ser portador da infecção e desenvolver a Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (Aids), sobre os conceitos "vulnerabilidade" e "situações de risco acrescido", e
sua importância na exposição ao risco para a infecção pelo HIV, em ocasião recente ou pregressa;
Explicar o que e o teste anti-HIV, como é feito, o que mede, suas limitações, explicando o
significado dos resultados negativo, indeterminado e positivo (ver item 96);
Explicar os benefícios do diagnóstico precoce na gravidez, tanto para a mãe, quanto para o
bebe, reforçando as chances de reduzir a transmissão vertical pelo acompanhamento especializado e as
medidas profiláticas durante a gestação, no parto e no pós-parto, e o controle da infecção materna;
Garantir o caráter confidencial e voluntário do teste anti-HIV. Durante todo esse processo, a
gestante deverá ser estimulada a expressar seus sentimentos e dúvidas em relação a essas informações.

IV. Condutas:
- cálculo da idade gestacional e data provável do parto;
- avaliação nutricional;
- fornecimento de informações necessárias e respostas as indagações da mulher ou da família;
- orientação sobre sinais de riscos e assistência em cada caso;
- referência para atendimento odontológico;
- encaminhamento para imunização antitetânica (vacina dupla viral), quando a gestante não estiver
imunizada;
- referência para serviços especializados na mesma unidade ou unidade de maior complexidade, quando
indicado (mesmo com referência para serviço especializado, a mulher deverá continuar sendo
acompanhada, conjuntamente, na unidade básica);

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- referência para atendimento odontológico.

6.2 ROTEIRO DAS CONSULTAS SUBSEQUENTES


Revisão da ficha pré-natal;
Anamnese atual sucinta;
Verificação do calendário de vacinação.

I. Controles maternos:
- cálculo e anotação da idade gestacional;
- determinação do peso para avaliação do índice de massa corporal (IMC).
Anotar no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do estado nutricional;
- medida da pressão arterial (observar a aferição da PA com técnica adequada);
- palpação obstétrica e medida da altura uterina. Anotar no gráfico e observar o sentido da curva para
avaliação do crescimento fetal;
- pesquisa de edema;
- verificação dos resultados dos testes para sífilis (VDRL e confirmatório, sempre que possível) e, no caso
de resultado positivo, o esquema terapêutico utilizado (na gestante e em seu parceiro), além do resultado
dos exames (VDRL) realizados mensalmente para o controle de cura;
- avaliação dos outros resultados de exames laboratoriais.

II. Controles fetais:


- ausculta dos batimentos cardíacos;
- avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico.

III. Condutas:
- interpretação dos dados de anamnese, do exame obstétrico e dos exames laboratoriais com solicitação
de outros, se necessários;
- tratamento de alterações encontradas, ou encaminhamento, se necessário;
- prescrição de suplementação de sulfato ferroso (60mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia);
- orientação alimentar;
- acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos especializados (a mulher referenciada ao
serviço especializado deverá continuar sendo acompanhada pela equipe da atenção básica);
- realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos (os grupos educativos para
adolescentes devem ser exclusivos dessa faixa etária, abordando temas de interesse do grupo.
Recomenda-se dividir os grupos em faixas de 10-14 anos e de 15-19 anos, para obtenção de melhores
resultados);
- agendamento de consultas subseqüentes.

6.3 CALENDARIO DAS CONSULTAS

As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante visitas


domiciliares.
O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função dos períodos
gestacionais que determinam maior risco materna e perinatal. Deve ser iniciado precocemente (primeiro
trimestre) e deve ser regular e completo (garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam
realizadas e preenchendo-se o cartão da gestante e a ficha de pré-natal).
O PHPN estabelece que ú numero mínimo de consultas de pré-natal deverá ser de seis
consultas, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último
trimestre.
A maior freqüência de visitas no final da gestação visa a avaliação do risco perinatal e das
intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-
eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal.
O acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal, deve ser iniciado o mais
precocemente possível e só se encerra após o 42° dia de puerpério, período em que deverá ter sido
realizada a consulta de puerpério.

6.4 AÇÕES EDUCATIVAS

Informações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as mulheres e os


profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de experiências e conhecimentos é
considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo de gestação.
É necessário que o setor Saúde esteja aberto para as mudanças sociais e cumpra de maneira
mais ampla o seu papel de educador e promotor da saúde. As gestantes constituem o foco principal do
processo de aprendizagem, porém não se pode deixar de atuar, também, entre companheiros e
familiares. A posição do homem na sociedade está mudando tanto quanto os papéis tradicionalmente

Enfermagem Materno-Infantil 12
atribuídos as mulheres. Portanto, os serviços devem promover o envolvimento dos homens, adultos e
adolescentes, discutindo a sua participação responsável nas questões da saúde sexual e reprodutiva.
Entre as diferentes formas de realização do trabalho educativo, destacam-se as discussões em
grupo, as dramatizações e outras dinâmicas que facilitam a fala e a troca de experiências entre os
componentes do grupo. É importante que se façam grupos separados para adultos e adolescentes. Essas
atividades podem ocorrer dentro ou fora da unidade de saúde. O profissional de saúde, atuando como
facilitador, deve evitar o estilo palestra, pouco produtiva, que ofusca questões subjacentes, na maioria das
vezes, mais importantes para as pessoas presentes do que um roteiro preestabelecido.
Durante o pré-natal e no atendimento após o parto, a mulher, ou a família, devem receber
informações sobre os seguintes temas:

-Importância do pré-natal;
-Higiene e atividade física;
-Nutrição: promoção da alimentação saudável (enfoque na prevenção dos distúrbios nutricionais e das
doenças associadas a alimentação e nutrição - baixo peso, sobrepeso, obesidade, hipertensão e
diabetes; e suplementação de ferro, ácido fólico e vitamina A - para as áreas e regiões endêmicas);
-Desenvolvimento da gestação;
-Modificações corporais e emocionais;
-Medos e fantasias referentes à gestação e ao parto;
-Atividade sexual, incluindo prevenção das DST/Aids e aconselhamento para o teste anti-HIV;
-Sintomas comuns na gravidez e orientação alimentar para as queixas mais freqüentes;
-Sinais de alerta e o que fazer nessas situações (sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos
visuais, dor abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço);
-Preparo para o parto: planejamento individual considerando local, transporte, recursos necessários para
o parto e para o recém-nascido, apoio familiar e social;
-Orientação e incentivo para o aleitamento materno e orientação específica para as mulheres que não
poderão amamentar;
-Importância do planejamento familiar, num contexto de escolha informada, com incentivo a dupla
proteção;
-Sinais e sintomas do parto;
-Cuidados após o parto (para a mulher e o recém-nascido - estimular o retorno ao serviço de saúde);
-Saúde mental e violência doméstica e sexual;
-Informação acerca dos benefícios legais a que a mãe tem direito;
-Impacto e agravos das condições de trabalho sobre a gestação, o parto e o puerpério;
-Importância da participação do pai durante a gestação e do desenvolvimento do vínculo pai-filho para o
desenvolvimento saudável da criança;
-Gravidez na adolescência e dificuldades sociais e familiares;
-Importância das consultas puerperais;
-Cuidados com o recém-nascido;
-Importância da realização da triagem neonatal (teste do pezinho) na primeira semana de vida do recém-
nascido;
-Importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança e das medidas
preventivas (vacinação, higiene e saneamento do meio ambiente)

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

Para um bom acompanhamento pré-natal, é necessário que a equipe de saúde realize correta e
uniformemente os procedimentos técnicos durante o exame clínico e obstétrico. Do contrário, ocorrerão
diferenças significativas, prejudicando a comparação e a interpretação dos dados. Cabe aos profissionais
de formação universitária promover a capacitação dos demais membros da equipe, visando a garantir que
todos os dados colhidos sejam fidedignos.
É importante ressaltar, no contexto da qualidade de atenção e da proteção biológica, a
necessidade da lavagem das mãos do examinador, antes e após o atendimento a gestante e,
especialmente, na eventualidade da realização de procedimentos.

8.1 MÉTODOS PARA CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL (IG) E DA DATA PROVÁVEL


DO PARTO (DPP)

Objetivo: estimar o tempo de gravidez/a idade do feto.

Os métodos para esta estimativa dependem da data da última menstruação (DUM), que
corresponde ao primeiro dia de sangramento do último período menstrual referido pela mulher.

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I. Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida e de certeza, e o método de escolha para
se calcular a idade gestacional em mulheres com ciclos menstruais regulares e sem uso de métodos
anticoncepcionais hormonais:
-Uso do calendário: somar o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o
total por sete (resultado em semanas);
-Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre o dia e mês correspondente ao primeiro dia da última
menstruação e observar o número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual.

II.Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece o período do mês em


que ela ocorreu:
-Se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como data da última menstruação os dias 5,
15 e 25, respectivamente. Proceder, então, a utilização de um dos métodos acima descritos.

III. Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos:


Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade gestacional e a data provável
do parto serão, inicialmente, determinadas por aproximação, basicamente pela medida da altura do fundo
do útero e pelo toque vaginal, além da informação sobre a data de início dos movimentos fetais,
habitualmente ocorrendo entre 16 e 20 semanas. Podem-se utilizar a altura uterina mais o toque vaginal,
considerando os seguintes parâmetros:

- ate a sexta semana não ocorre alteração do tamanho uterino;


- na oitava semana o útero corresponde ao dobro do tamanho normal;
- na décima semana o útero corresponde a três vezes o tamanho habitual;
- na 12ª semana enche a pelve de modo que é palpável na sínfise púbica;
- na 16ª semana o fundo uterino encontra-se entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical;
- na 20ª semana o fundo do útero encontra-se na altura da cicatriz umbilical;
- a partir da 20ª semana existe relação direta entre as semanas da gestação e a medida da altura uterina.
Porém, esse parâmetro torna-se menos fieI a partir da 30ª semana de idade gestacional.
Quando não for possível determinar a idade gestacional clinicamente, solicitar o mais
precocemente o exame de ultra-sonografia obstétrica.

Objetivo: estimar o período provável para o nascimento.

Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da gestação


normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM), mediante a utilização de calendário;
Com o disco (gestograma), colocar a seta sobre o dia e mês correspondente ao primeiro dia da
última menstruação e observar a seta na data (dia e mês) indicada como data provável do parto;
Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e subtrair
três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou adicionar nove meses, se carresponder aos
meses de janeiro a março) - Regra de Näegele.

Exemplos:

Data da última menstruação: 13/9/01


Data provável do parto: 20/6/02 (13+7=20 / 9-3=6)

Data da última menstruação: 27/1/01


Data provável do parto: 3/11/02 (27+7=34 / 34-31=3 / 1 +9+ 1 = 11)

8.2 AVALlAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL (EN) E DO GANHO DE PESO GESTACIONAL


Objetivo: avaliar e acompanhar O estado nutricional da gestante e o ganho de peso durante a
gestação para:

• Identificar, a partir de diagnóstico oportuno, as gestantes em risco nutricional (baixo


peso, sobrepeso ou obesidade), no início da gestação;
• Detectar as gestantes com ganho de peso baixo ou excessivo para a idade
gestacional;
• Realizar orientação adequada para cada caso, visando a promoção do estado
nutricional materno, as condições para o parto e o peso do recém-nascido.

Atividade: Medida do peso e da estatura da gestante.
Avaliação do estado nutricional durante a gestação.

TÉCNICAS PARA A TOMADA DAS MEDIDA DO PESO E DA ALTURA

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O peso deve ser aferido em todas as consultas de pré-natal. A estatura da gestante adulta (idade
> 19 anos) deve ser aferida apenas na primeira consulta e a da gestante adolescente, pelo menos
trimestralmente. Recomenda-se a utilização da balança eletrônica ou mecânica, certificando-se se está
em bom funcionamento e calibrada. O cuidado com as técnicas de medição e a aferição regular dos
equipamentos garantem a qualidade das medidas coletadas.

I. Procedimentos para pesagem

Balança de adulto, tipo plataforma, com escala apresentando intervalos de 100g, ou eletrônica,
se disponível.

-Antes de cada pesagem, a balança deve ser destravada, zerada e calibrada;


-A gestante, descalça e vestida apenas com avental ou roupas leves, deve subir na plataforma e ficar em
pé, de costas para o medidor, com os braços estendidos ao longo do corpo e sem qualquer outro apóio;
-Mover o marcador maior (kg) do zero da escala ate o ponto em que o braço da balança incline-se para
baixo, voltar, então, para o nível imediatamente anterior (o braço da balança inclina-se para cima);
-Mover o marcador menor (g) do zero da escala até o ponto em que haja equilíbrio entre o peso da escala
e o peso da gestante (o braço da balança fica em linha reta e o cursor aponta para o ponto médio da
escala);
-Ler o peso em quilogramas na escala maior e em gramas na escala menor. No caso de valores
intermediários (entre os traços da escala), considerar o menor valor. Por exemplo: se o cursor estiver
entre 200 e 300g, considerar 200g;
-Anotar o peso encontrado no prontuário e no cartão da gestante.

II. Procedimentos para medida da estatura:

-A gestante deve estar em pé e descalça, no centro da plataforma da balança, com os braços estendidos
ao longo do corpo. Quando disponível, poderá ser utilizado o antropômetro vertical;
-Calcanhares, nádegas e espáduas devem se aproximar da haste vertical da balança. No caso de se usar
antropômetro vertical, a gestante deverá ficar com calcanhares, nádegas e espáduas encostados no
equipamento;
-A cabeça deve estar erguida de maneira que a borda inferior da órbita fique no mesmo plano horizontal
que o meato do ouvido externo;
-O encarregado de realizar a medida deverá baixar lentamente a haste vertical, pressionando suavemente
os cabelos da gestante até que a haste encoste no couro cabeludo;
-Fazer a leitura na escala da haste. No caso de valores intermediários (entre os traços da escala),
considerar o menor valor. Anotar o resultado no prontuário.

III. Procedimentos para avaliação da idade gestacional (seguir as instruções do item 8.1)

ORIENTAÇÕES PARA O DIAGNÓSTICO E O ACOMPANHAMENTO DO ESTADO


NUTRICIONAL DA GESTANTE
-O primeiro passo para a avaliação nutricional da gestante é a aferição do peso e da estatura maternos e
o calculo da idade gestacional, conforme técnicas descritas anteriormente.
-Na primeira consulta de pré-natal, a avaliação nutricional da gestante com base em seu peso e sua
estatura permite conhecer seu estado nutricional atual e subsidia a previsão de ganho de peso até o fim
da gestação.
Essa avaliação deve ser feita conforme descrito a seguir:

É e extrema importância o registro do estado nutricional tanto no prontuário como no cartão da


gestante. A avaliação do estado nutricional é capaz de fornecer informações importantes para a
prevenção e o controle de agravos à saúde e nutrição, contudo, vale ressaltar a importância da realização
de outros procedimentos que possam complementar o diagnóstico nutricional ou alterar a interpretação
destes, conforme a necessidade de cada gestante. Assim, destaca-se a avaliação clínica para detecção
de doenças associadas à nutrição (ex. Diabetes), a observação da presença de edema que acarreta
aumento de peso e confunde o diagnóstico do estado nutricional, a avaliação laboratorial para diagnóstico
de anemia e outras doenças de interesse clínico, conforme as normas deste manual.
Deve-se observar a classificação do estado nutricional na gestação aqui proposta não é
específica para gestantes adolescentes, devido ao crescimento e à imaturidade biológica, nesta fase do
ciclo de vida. No entanto, essa classificação pode ser usada, desde que a interpretação dos achados seja
flexível e considere a especificidade deste grupo. Para adolescentes que engravidam dois ou mais anos
depois da menarca é equivalente a das adultas. Para gestantes que engravidam menos de dois anos
após a menarca, é provável que se observe que muitas serão classificadas como de baixo peso. Nestes
casos, o mais importante é acompanhar o traçado, que deverá ser ascendente; tratar a gestante

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adolescente como de risco nutricional; reforçar a abordagem nutricional e aumentar o número de visitas à
unidade de saúde.

8.3 CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL (PA)

Objetivo: detectar precocemente estados hipertensivos

Conceitua-se hipertensão arterial na gestação:

1. A observação de níveis tensionais iguais ou maiores que 140mmHg de pressão sistólica, e iguais ou
maiores que 90mmHg de pressão diastólica, mantidos em duas ocasiões e resguardado intervalo de
quatro horas entre as medidas. Este conceito é mais simples e preciso.

2. O aumento de 30mmHg ou mais na pressão sistólica (máxima) e/ou de 15mmHg ou mais na pressão
diastólica (mínima), em relação aos níveis tensionais pré-gestacionais e/ou conhecidos até a 16ª semana
de gestação. É um conceito que foi muito utilizado no passado e ainda é utilizado por alguns, entretanto,
apresenta alto índice de falso positivo, sendo melhor utilizado como sinal de alerta e para agendamento
de controles mais próximos.

3. A presença de pressão arterial diastólica ≥ 110mmHg em uma única oportunidade ou aferição.

Certifica-se de que o aparelho de pressão (esfigmomanômetro) esteja calibrado.

Explicar o procedimento a mulher.

Certificar-se que a gestante: a) não está com a bexiga cheia; b) não praticou exercícios físicos; c)
não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumou até 30 minutos antes da medida.

Com a gestante sentada, após um período de repouso de no mínimo cinco minutos, apoiar-lhes o
antebraço numa superfície, com a palma da mão voltada para cima, à altura do coração, desnudando-lhe
o braço.

Localizar a artéria braquial por palpação.

Colocar o manguito ao redor do braço da gestante, ajustando-o acima da dobra do cotovelo.

Palpar a artéria na dobra do cotovelo e sobre ela colocar a campânula do estetoscópio, com leve
pressão local. Nunca prendê-lo sobre o manguito.

Colocar as olivas do estetoscópio nos ouvidos.

Solicitar à mulher que não fale durante o procedimentos da medida.

Inflar o manguito rapidamente, até mais de 30mmHg após o desaparecimento dos ruídos.

Desinflar lentamente o manguito.

Proceder a leitura:
-o ponto de manômetro que corresponder ao aparecimento do primeiro ruído será a pressão sistólica
(máxima).
-a pressão diastólica (mínima) será lida no momento em que os ruídos desaparecerem completamente.
Nos casos em que o desaparecimento completo dos ruídos não ocorrer, proceder à leitura da pressão
diastólica no ponto onde se perceba marcado abafamento.

Esperar um a dois minutos antes de realizar novas medidas.

Anotar o resultado na ficha e no cartão da gestante.

A pressão arterial também poderá ser medida com a mulher em decúbito lateral esquerdo, no
braço direito, mas NUNCA EM POSIÇÃO SUPINA (deitada de costas).

Obs.: O acompanhamento da PA deve ser avaliado em conjunto com o ganho súbito de peso e/ou
presença de edema, principalmente a partir de 24ª semana. Mulheres com ganho de peso superior a 500g
por semana, mesmo sem aumento da pressão arterial, devem ter seus retornos antecipados,
considerando maior risco de pré-eclâmpsia (Quadro 3)

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8.4 PALPAÇÃO OBSTÉTRICA E MEDIDA DA ALTURA UTERINA (AU)

Objetivos:

-Identificar o crescimento fetal;


-Diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e a idade gestacional;
-Identificar a situação e a apresentação fetal.

A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da altura uterina. Ela deve iniciar-se
pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da superfície uterina (esse procedimento
reduz o risco de erro da medida da altura uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é
feita por meio da palpação obstétrica, procurando identificar os pólos cefálico e pélvico e o dorso fetal,
facilmente identificados a partir do terceiro trimestre. Pode-se, ainda, estimar a quantidade de líquido
amniótico.

Manobras de palpação:

O feto pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. A situação transversa reduz a
medida de altura uterina, podendo falsear sua relação com a idade gestacional. As apresentações mais
freqüentes são a cefálica e a pélvica.

Situação:

Enfermagem Materno-Infantil 17
Condutas:

-Registrar a medida da altura uterina encontrada no gráfico de AU/semanas de gestação;


-Realizar interpretação do traçado obtido;
-A situação transversa e a apresentação pélvica em fim de gestação podem significar risco no momento
do parto. Nessas condições, a mulher deve ser, sempre, referida para unidade hospitalar com condições
de atender distocia.

Objetivo:

-Estimar o crescimento fetal, correlacionando-se a medida da altura uterina com o número de semanas de
gestação.
-Padrão de referência: curvas de altura uterina para idade gestacional desenhadas a partir dos dados do
Centro Latino-Americano de Perinatologia (CLAP). Existem, ainda, outras curvas nacionais e
internacionais utilizadas por alguns serviços isoladamente.
-Ponto de corte: serão considerados parâmetros de normalidade para o crescimento uterino o percentil
10, para o limite inferior, e o percentil 90, para o limite superior.
-Representação do indicador por meio de gráfico constituído de duas linhas: a inferior representa o
percentil 10 e a superior, o percentil 90.
-Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto;
-Delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino;
-Por meio da palpação, procurar corrigir a comum dextroversão uterina;
- Fixar a extremidade inicial (Ocm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise
púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio. Proceder a leitura quando a borda cubital da mão
atingir o fundo uterino;
-Anotar a medida, em centímetros, na ficha e no cartão, e marcar o ponto na curva da altura uterina.

Na figura acima, é mostrada a técnica de medida, na qual a extremidade da fita métrica é fixada
na margem superior do púbis com uma mão, deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra
mão até alcançar o fundo do útero com a margem cubital dessa mão.

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8.5 AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS (BCF)

Objetivo: constatar a cada consulta a presença, o ritmo, a freqüência e a normalidade dos


batimentos cardíacos fetais (BCF).

É considerada normal a freqüência cardíaca fetal entre 120 a 160 batimentos por minuto.

-Posicionar a gestante em
decúbito dorsal, com o
abdômen descoberto;
-Identificar o dorso fetal. Além
de realizar a palpação, deve-
se perguntar a gestante em
qual lado ela sente mais os
movimentos fetais; o dorso
estará no lado oposto;
-Segurar o estetoscópio de
Pinard pelo tubo, encostando
a extremidade de abertura
mais ampla no local
previamente identificado
como correspondente ao
dorso fetal;
-Encostar o pavilhão da
orelha na outra extremidade
do estetoscópio;
-Fazer, com a cabeça, leve pressão sobre o estetoscópio e só então retirar a mão que segura o tubo;
-Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF, na região do dorso fetal;
-Controlar o pulso da gestante, para certificar-se de que os batimentos ouvidos são os do feto, já que as
freqüências são diferentes;

-Contar os batimentos cardíacos fetais por um minuto, observando sua freqüência e ritmo;
-Registrar os BCF na ficha perinatal e no cartão da gestante;
-Avaliar resultados da ausculta dos BCF (Quadro 4).

A percepção materna e a constatação objetiva de movimentos fetais, além do crescimento


uterino, são sinais de boa vitalidade fetal.

ACHADOS CONDUTA
BCF não audível com estetoscópio de Pinard, Alerta:
quando a IG for ≥ 24semanas Verificar erro de estimativa de idade gestacional.
Afastar condições que prejudiquem boa ausculta:
obesidade materna, dificuldade de identificar o
dorso fetal.
Em se mantendo a condição, recorrer ao sonar
dappler e, em caso de persistir inaudível, solicitar
ultra-sonografia ou referir para serviço de maior
complexidade.

Bradicardia e taquicardia Sinal de alerta:


Afastar febre e/ou uso de medicamentos pela
mãe.
Deve-se suspeitar de sofrimento fetal.
O médico da unidade deve avaliar a gestante e o
feto. Na persistência do sinal, encaminhar a
gestante para serviço de maior complexidade ou
pronto-atendimento obstétrico.

Após contração uterina, movimentação fetal ou estímulo mecânico sobre o útero, aumento
transitório na freqüência cardíaca fetal e sinal de boa vitalidade.
Além dos eventos registrados acima, pode-se utilizar, ainda, o registro diário da movimentação
fetal realizado pela gestante (RDMF ou mobilograma) e/ou teste de vitalidade fetal simplificado, para o
acompanhamento do bem-estar fetal.

Enfermagem Materno-Infantil 19
SÍNDROMES HEMORRÁGICAS DA GRAVIDEZ

PLACENTA PRÉVIA

A placenta prévia é a implantação anormal da placenta no segmento uterino inferior, parcial ou


completamente cobrindo o orifício. A classificação pode modificar durante o trabalho de parto à medida
que o colo se dilata. A placenta prévia ocorre em 1 em 200 nascimentos vivos.

Fisiopatologia e Etiologia

I. Classificada como: .

a. Placenta prévia total - a placenta cobre totalmente o orifício cervical.


b. Placenta prévia parcial - a placenta cobre parcialmente o orifício cervical.
c. Placenta prévia marginal - a placenta situa-se dentro de 2 a 3 cm do orifício interno, porém não o cobre.
d. Placenta baixa - a relação exata entre a placenta e o orifício externo não foi ainda determinada; há
suspeita de placenta prévia antes do terceiro trimestre. Nos casos de placenta prévia baixa, a placenta
pode migrar para cima a medida que o útero se dilata e cresce.

2. A causa é desconhecida, porém os fatores de risco incluem:


a. Miomectomia prévia.
b. Endometriose.
c. Cicatrização uterina ou parto vaginal após cesariana (PVAC).
d. Multiparidade.
e. Aborto prévio.
f. Partos múltiplos.
g. Eritroblastose.
h. Isoimunização Rh.
i. Placenta prévia pregressa.

3. A medida que o útero aumenta de tamanho, durante a gravidez, outros riscos incluem hemorragia e
maior probabilidade de parto cesariano.

4. Uma possível teoria etiológica afirmar que o embrião se implantará no segmento períneo inferior se a
decídua no fundo do útero não for favorável ou se a implantação for retardada.

5. Cerca de 80% dos episódios de placenta prévia ocorrem em multíparas.

6. A incidência aumenta após os 35 anos de idade e aumenta ainda mais após os 40.

Manifestações Clínicas

1. 0 sinal cardinal é o início súbito de sangramento vaginal indolor, tipicamente próximo do final do
segundo trimestre ou posteriormente. 0 sangramento ocorre em 80% dos casos e aparece sem aviso.

2. Episódio inicial raramente é fatal e, em regra, interrompe-se espontaneamente, com episódios de


sangramento subseqüentes ocorrendo espontaneamente; cada episódio é mais profuso que o anterior.

3. O sangramento em conseqüência da placenta prévia não ocorre até que a dilatação cervical ocorra e a
placenta tenha se soltado do útero.

4. Com uma placenta prévia completa, o sangramento ocorrerá mais precocemente na gravidez e será
mais profuso.

Avaliação Diagnóstica

I. Ultra-sonografia transabdominal é o método de escolha para mostrar a localização da placenta.

2. Se os achados forem duvidosos, a ultra-sonografia transvaginal pode melhorar a precisão do


diagnóstico. Devido as tendências de hemorragia, entretanto, essa deve ser realizada por um médico
altamente treinado.

3. O exame especular estéril também pode confirmar a placenta prévia.

Tratamento

Enfermagem Materno-Infantil 20
1. Se o sangramento for mínimo e cessar, o tratamento é conservador, com repouso no leito e
hospitalização até que o feto esteja maduro e o parto a termo possa ser realizado.

2. Se a paciente tiver alta, ela precisa ter disponibilidade de transporte imediato para o hospital no caso
de sangramento recorrente.

3. Se o sangramento for maciço, um acesso EV deve ser estabelecido imediatamente, juntamente com
coleta de sangue para HC, tipo sanguíneo e Rh e prova cruzada para, pelo menos, quatro unidades de
sangue.

4. Monitorização materna e fetal contínua.

5. A amniocentese pode ser realizada, se o tempo permitir, para determinar maturidade pulmonar fetal
para possível parto.

6. Parto cesariano geralmente é indicado se o grau de placenta prévia for maior que 30% ou se houver
sangramento excessivo. O parto cesariano pode ser realizado imediatamente.

7. O parto vaginal pode, ocasionalmente, ser tentado na placenta prévia marginal ou na placenta baixa
sem sangramento ativo. Nesses casos, equipes da sala de cirurgia e de anestesia podem estar presentes
no centro cirúrgico ou na sala de parto para facilitar parto vaginal ou cesariano, quando indicado.

8. Uma equipe neonatal é necessária no parto devido a prematuridade ou a outras complicações


neonatais.

Complicações

1. Placenta acreta (anormalmente aderente à parede uterina), especialmente se houver placenta prévia
com história materna de cirurgia uterina.

2. Hemorragia imediata, com possível choque e morte materna.

3. Hemorragia pós-parto resultante de diminuição da contralidade do músculo uterino.

4. Maior risco de anemia secundária a maior perda de sangue e infecção secundária a procedimentos
invasivos para solucionar o sangramento.
5. Restrição do crescimento intra-uterino (RCIU), especialmente com história materna de episódios
múltiplos de sangramento pré-parto.

6. Anomalias congênitas, isto é, anormalidades do neurodesenvolvimento, especialmente com história


matema de episódios múltiplos de hemorragia pré-parto, devido a graus sutis de hipoxía fetal.

7. Mortalidade fetal resultante de hipoxia intra-uterina e prematuridade.

Avaliação de Enfermagem

1. Determinar o volume e o tipo de sangramento; além disso, rever qualquer história de sangramento
durante a atual gestação.

2. Perguntar sobre a presença ou ausência de dor em associação ao sangramento.

3. Anotar os sinais vitais maternos e fetais.

4. Palpar quanto a presença de contrações uterinas.

5. Avaliar dados laboratoriais dos níveis de hemoglobina e hematócrito.

6. Avaliar o estado fetal com monitorização fetal contínua.

ALERTA DE ENFERMAGEM: nunca realizar exame vaginal, em qualquer paciente que esteja
sangrando, até que o diagnóstico da placenta prévia tenha sido excluído, uma vez que esse tipo de
exame pode perfurar a placenta.

Diagnósticos de Enfermagem

Enfermagem Materno-Infantil 21
• Perfusão Tecidual Ineficaz: Placentária relacionada com sangramento excessivo causando
comprometimento fetal
• Déficit de Volume de Líquidos relacionado com sangramento excessivo
• Risco de Infecção relacionado com perda de sangue excessiva e vasos abertos próximos do colo
• Ansiedade devido ao sangramento excessivo, procedimentos e possíveis complicações materno-fetais

Intervenções de Enfermagem

Promovendo a Perfusão Tecidual

I. Monitorizar freqüentemente a mãe e o feto. 0 pulso, respirações e PA devem ser verificados a cada 5 a
15 min na presença de sangramento ativo ou se a paciente estiver instável. Após a estabilização, os
sinais vitais devem ser obtidos a cada 30 a 60 min e cada 4 h durante a fase de conduta expectante.

2. Administrar líquidos EV conforme prescrição.

3. Posicionar a paciente em decúbito lateral para promover a perfusão placentária.

4. Administrar oxigênio por máscara facial quando indicado.

5. Preparar para o parto de emergência e a reanimação neonatal quando necessário.

Mantendo o volume de líquidos

I. Estabelecer e manter um acesso EV com cateter de grosso calibre, conforme prescrição, e colher
sangue para a tipagem sanguínea e o RH e prova cruzada para reposição de sangue. Repetir a tipagem
sanguínea e o Rh a cada 72 h, enquanto a paciente estiver hospitalizada - dependerá das condições da
paciente.

2. Colher sangue para HC, plaquetas, TP/TTP, fibrinogênio e tipagem sanguínea e Rh para quatro
unidades de concentrado de hemácias, conforme orientação, se ocorrer sangramento profuso ou se o
parto estiver agendado.

3. Ajudar a paciente a assumir a posição sentada para permitir que o peso do feto comprima a placenta e
diminua o sangramento. Inspecionar o sangramento a cada 1 a 2 h, quando estável, ou mais
freqüentemente, quando indicado. Observar natureza, coloração e volume estimado de sangramento.

4. Manter repouso no leito estrito durante qualquer episódio hemorrágico.

5. Se o sangramento for profuso e o parto não puder ser retardado, preparar a paciente física e
emocionalmente para um parto cesariano.

6. Administrar sangue ou seus derivados de acordo com o protocolo da instituição.

ALERTA DE ENFERMAGEM: as pacientes que apresentaram placenta prévia estão sujeitas a risco
de hemorragia pós-parto devido a diminuição da contralidade do segmento uterino inferior e ao
grande espaço que a placenta ocupou.

Prevenindo a infecção

1. Usar técnica asséptica quando prestar os cuidados.

2. Avaliar a temperatura a cada 4 h, se a bolsa amniótica estiver intacta; se rota, hipotermia ou


hipertermia, avaliar a temperatura a cada 1 a 2 h.

3. Avaliar o leucograma com diferencial.

4. Ensinar a higiene perineal e as técnicas de lavagem das mãos.

5. Avaliar o odor de todo sangramento vaginal ou líquidos.

Diminuindo a ansiedade

1. Explicar todos os tratamentos e procedimentos e responder a todas as perguntas relacionadas.

2. Estimular a verbalização dos sentimentos pela paciente e pela família.

Enfermagem Materno-Infantil 22
3. Proporcionar informação sobre o parto cesariano e preparar a paciente emocionalmente.

4. Informar a mulher e seus familiares que a hospitalização e o repouso no leito prolongados podem ser
necessários e informá-los dos efeitos.

DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA

O descolamento prematuro de placenta é uma separação prematura da placenta normalmente


implantada antes do nascimento do feto. Ele pode ser classificado como parcial, completo ou marginal. A
hemorragia pode ser oculta ou aparente. No caso de hemorragia oculta, geralmente a placenta se separa
centralmente, e um grande volume de sangue fica acumulado sob a placenta. Quando uma hemorragia
aparente está presente, a separação se dá ao longo da margem placentária e o sangue flui sobre a bolsa
amniótica e através do colo (ver Fig. 39.3).

Fisiopatologia e Etiologia

1. Freqüentemente, a etiologia é desconhecida, porém os riscos incluem:

a. História de traumatismo abdominal.


b. Hipertensão materna.
c. Anomalia do cordão umbilical (p. ex., cordão umbilical curto); presença de uma anomalia ou tumor
uterino.
d. Maior paridade (> 6).
e. Idade materna avançada.
f. Consumo de cigarros.
g. Abuso de cocaína ou anfetamina.

2. Riscos adicionais incluem gestação múltipla, ruptura prematura da bolsa amniótica pré-termo (RPBAP)
e gestação inferior a 34 semanas, miomas uterinos, descolamento prematuro de placenta anteriormente e
hipotensão em decúbito.

Enfermagem Materno-Infantil 23
3. A hemorragia ocorre na decídua basal, que então forma o hematoma. Esse hematoma pode se
expandir a medida que o sangramento aumenta; quanto maior o tamanho do hematoma, mais se descola
a placenta da parede do útero.

Manifestações clínicas

1. Início súbito de dor/hipersensibilidade dolorosa a palpação do útero, localizada, intensa com


sangramento vaginal (externo) ou sem sangramento vaginal (oculto); todavia, aproximadamente 10% das
pacientes apresentam apenas hemorragia oculta.

2. As contrações uterinas podem ser de baixa amplitude e alta freqüência. 0 tônus basal do útero em
repouso pode estar elevado, tornando a avaliação da atividade uterina difícil.

3. Alterações na FCF geralmente é o primeiro sinal de desequilíbrio hemodinâmico materno. A FCF pode
estar aumentada (taquicardia) ou diminuída (bradicardia), ou pode demonstrar desacelerações tardias
repetitivas ou variabilidade diminuída ou ausente. A resposta fetal depende do volume de perda
sanguínea e da extensão da insuficiência útero-placentária.

4. A dor abdominal geralmente está presente devido ao aumento da atividade uterina, embora seja um
sintoma menos constante que o sangramento vaginal. A dor nos casos leves pode ser difícil de distinguir
da dor das contrações do trabalho de parto.

5. Náuseas e vômitos.

6. A paciente pode exibir sinais e sintomas de rápido progresso do trabalho de parto e do parto.

Avaliação diagnóstica

1. Baseada na anamnese, no exame físico, nos exames laboratoriais, nos sinais e sintomas da paciente,
incluindo sangramento vaginal, dor abdominal, contrações uterinas, hipersensibilidade dolorosa a
palpação do útero, angústia fetal. Nem todos os sintomas podem ser encontrados em todos os casos.

2. Ultra-sonografia é realizada para excluir o diagnóstico de placenta prévia, porém nem sempre é
suficientemente sensível para diagnosticar ou descartar o descolamento prematuro de placenta.

Tratamento

1. 0 tratamento depende do estado materno-fetal e do grau de sangramento; entretanto, qualquer


paciente com suspeita de descolamento prematuro de placenta deve ser internada imediatamente.

2. Depende do estado materno-fetal.

3. No comprometimento fetal, hemorragia grave, coagulopatia, mal progresso do trabalho de parto ou


tônus de repouso uterino crescente, o parto cesariano de emergência é altamente recomendado.

4. Se a mãe estiver hemodinamicamente estável e o feto estiver estável (um traçado da FCF
tranqüilizador) ou já tiver morrido in útero (morte fetal intra-uterina), o parto vaginal pode ser
recomendado.

5. Se a mãe não estiver hemodinamicamente estável, ela pode necessitar de estabilização com reposição
de sangue/derivados EV para manter a débito urinário em 30 a 60 ml/h e o hematócito de, pelo menos,
30%. Com a infusão rápida de líquidos, monitorizar a paciente
quanto a sinais/sintomas de edema pulmonar.

6. Uma equipe neonatal é necessária no parto devido a


prematuridade e as complicações neonatais.

Complicações

1. Choque materno
2. CID
3. Síndrome anafilactóide de gravidez (antigamente denominada
embolia por líquido amniótico)
4. Hemorragia pós-parto.
5. Síndrome de angústia respiratória aguda.
6. Síndrome de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto).

Enfermagem Materno-Infantil 24
7. Necroses tubulares renais.
8. Trabalho de parto rápido e parto.
9. Óbito materno.
10. Prematuridade.
11. Óbito fetal.

PATOLOGIAS DO LÍQUIDO AMNIÓTICO

POLIIDRÂMNIO

O poliidrâmnio ou hidrâmnio é um volume excessivo de líquido amniótico na bolsa amniótica.


Com 36 semanas de gestação, aproximadamente 1 L de líquido está presente. 0 volume de líquido
amniótico geralmente diminui após essa época. O volume de líquido amniótico presente e controlado, em
parte, pela micção e deglutição fetais.

Fisiopatologia e Etiologia

1. A etiologia geralmente não é determinada.

2. O volume de líquido amniótico normal a termo é de 500 a 1.000 ml. O volume no poliidrâmnio excede
2.000 ml entre 32 e 36 semanas.

3. Anomalias que causam comprometimento da deglutição fetal ou micção fetal excessiva podem
contribuir para esse distúrbio.

4. Ele pode estar associado ao diabetes materna (Tipo I ou Tipo II), gestação múltipla monozigótica,
isoimunização de Rh, anomalias do SNC, incluindo espinha bífida e anencefalia, ou anomalias do trato GI,
incluindo fístula traqueoesofágica.

Manifestações clínicas

1. Ganho de peso excessivo, dispnéia.


2. Abdome pode ser tenso e brilhante.
3. Edema do pudendo e das extremidades dos membros inferiores.
4. Aumento no tamanho do útero para a idade gestacional geralmente acompanhado de dificuldade em
palpar as partes fetais e na ausculta dos batimentos cardiofetais.
5. Traçado não-tranquilizador da FCF; pode mostrar desacelerações variáveis ou tardias repetitivas
preocupantes.

Avaliação diagnóstica

I. 0 diagnóstico é feito baseado nos sintomas presentes e na avaliação ultra-sonográfica revelando um


ILA acima de 25 cm.

2. A avaliação ultra-sonográfica mostrará grandes bolsas de líquido entre o feto e a parede uterina ou
placenta.

3. Dificuldade de palpar o feto ou auscultar a FCF; traçado não-tranquilizador da FCE.

4. Altura do fundo de útero acima do normal para a idade gestacional.

Tratamento

1. Depende da gravidade do distúrbio e da causa; a hospitalização é indicada para angústia materna ou


para intervenção em relação ao prognóstico fetal.

2. Se houver comprometimento da função respiratória materna, deve ser realizada amniocentese para
remoção de líquido.
a. A amniocentese é realizada sob exame ultra-sonográfico para localização da placenta e das partes
fetais.
b. O líquido é então removido lentamente.
c. A remoção rápida de Iíquido pode resultar em separação prematura da placenta.
d. Geralmente 500 a 1.000 ml de líquido são removidos.
Complicações

1. Trabalho de parto disfuncional com maior risco de parto cesariano

Enfermagem Materno-Infantil 25
2. Hemorragia pós-parto devida a atonia uterina pela distensão grosseira do útero
3. Embora rara, a embolia por líquido é possível
4. A hipóxia fetal aguda secundária ao prolapso de cordão ou traumatismo se associado ao diabetes
5. Potencial de parto de um recém-nascido pré-termo

Avaliação de enfermagem

I. Avaliar a função respiratória materna; freqüentemente apresenta-se com dispnéia.


2. Avaliar a FCF para investigar o estado fetal.
3. Inspecionar o abdome e avaliar a altura do útero e comparar com achados anteriores.
4. Avaliar dor abdominal, edema, varicosidades dos membros inferiores e do pudendo.

Diagnósticos de Enfermagem

• Padrão Respiratório lneficaz relacionado com a pressão sobre o diafragma.


• Perfusão Tecidual Ineficaz: Placentária: relacionada com a pressão pelo excesso de líquido.
• Comprometimento da Mobilidade Física devido ao edema e desconforto pelo aumento do útero
• Ansiedade relacionada com o prognóstico fetal
• Risco de Lesão relacionado com a superdistensão do útero e possível hemorragia.

Intervenções de enfermagem

Promovendo a Respiração Eficaz

1. Posicionar a paciente para promover expansão torácica com a cabeça elevada.


2. Proporcionar oxigênio (8 a 12 L(min) por máscara facial, se indicado.
3. Limitar atividades e planejar períodos freqüentes de repouso.
4. Manter a ingestão e eliminação adequadas de líquido.

Promovendo a Perfusão Tecidual Placentária e a Oferta de Oxigênio para o feto

1. Se possível, posicionar a paciente em decúbito lateral, com a cabeça elevada. Se não for capaz de
assumir a posição lateral, usar um apoio para deslocar o útero para qualquer um dos lados.

2. Incentivar exercícios assistidos passivos ou ativos de amplitude de movimento dos membros inferiores.

3. Monitorizar a FCF conforme orientação e avaliar padrões anormais de FCF: variabilidade diminuída ou
ausente, taquicardia, desacelerações tardias prolongadas, não-tranquilizadoras variáveis ou repetitivas.

4. Proporcionar uma boa ingestão de líquidos e uma dieta adequada em proteínas, ferro e líquido.

5. Administrar oxigênio a 8 a 12 mL(min) por máscara facial firmemente adaptada, quando necessário.

Promovendo a Mobilidade

1. Ajudar a paciente a mudar de posição e a deambular, quando necessário.

2. Aconselhar sobre alternar atividades com períodos de repouso para as pernas.

3. Instruir a paciente a usar roupas folgadas e sapatos baixos para um bom apoio.

Diminuindo a Ansiedade

1. Explicar a causa do poliidrâmnio, se conhecida.


2. Incentivar a paciente e a família a fazer perguntas em relação a qualquer tratamento ou procedimento.
3. Estimular a expressão dos sentimentos.
4. Preparar a paciente para o tipo de parto que é previsto e para o achado esperado no momento do
parto.
5. Estimular a presença de pessoas de apóio.

Prevenindo a Hemorragia durante o Trabalho de Parto

1. Usar a curva de Freidman para avaliar o estado do trabalho de parto.


2. Seguir o protocolo de aumento e indução por prescrição ou de acordo com a política da instituição.
3. Notificar o médico sobre curva inadequada ou anormal do trabalho de parto.
4. Manter a paciente bem hidratada e bem nutrida.

Enfermagem Materno-Infantil 26
5. Administrar ocitocina (Pitocin) imediatamente após a expulsão da placenta.
6. Observar alterações ds sinais vitais indicando perda de sangue excessiva: diminuindo a pressão
arterial e aumentando o pulso.
7. Ter a mão outros medicamentos à base de alcalóides do ergot disponíveis caso a ociticina não seja
eficaz (p. Ex. Methergine, Hemabate).

Educação da Paciente e Manutenção da Saúde

1. Instruir a paciente a notificar o médico se apresentar angústia respiratória.


2. Ensinar a paciente sinais de trabalho de parto pré-termo e a necessidade de notificá-los ao médico.

Avaliação dos resultados

-Respirações e freqüência normal de 18 a 20 e não-laboriosas.


-FCF dentro dos limites normais, sem comprometimento fetal.
-Verbalizar maior conforto; move-se livremente.
-Discute o prognóstico da gravidez de forma realista; as perguntas em relação ao tratamento de si própria
e do feto.
-Progresso do trabalho de parto e a involução ocorrem sem hemorragia.

OLIGOIDRÂMNIO

O olidoidrâmnio é uma diminuição acentuada do líquido amniótico na bolsa amniótica abaixo de


0,5 L entre 32 a 36 semanas de gestação. Geralmente, o líquido é extremamente concentrado. A
compreensão do cordão e o comprometimento fetal podem ocorrer e levar a um dignóstico sombrio. O
bebê sofrerá de hipoplasia pulmonar (especialmente se associada à síndrome de Potter) em virtude da
compreensão do tórax e corpo fetais pela parede uterina. A anormalidade ósseas também podem ocorrer
devido à falta de líquidos nos sacos aéreos terminais, se ocorrer oligoidrâmnio no primeiro ou segundo
trimestre.

Fisiopatologia e Etiologia

1. Freqüentemente relacionada com problemas fetais como obstrução nas vias urinárias, agenesia e
RCIU. (Qualquer condição que impeça a formação de urina ou a entrada de urina na bolsa amniótica
geralmente resulta em oligoidrânio).
2. Associado a ruptura prematura de bolsa amniótica (RPBA) e pré-eclâmplisia grave, quando houver uma
diminuição significativa no volume vascular fetal, causando diminuição do débito urinário.
3. Freqüentemente observada em gestações pós-maturas.
4. Insuficiência placentária.
5. Descolamento prematuro da placenta do útero.
6. Transfusão de gêmeo a gêmeo.

Manifestações clínicas

1. Partes fetais proeminentes à palpação do abdome.


2. Tamanho do útero pequeno para a idade gestacional.
3. Desacelerações variáveis preocupantes ou desacelerações tardias repetitivas no traçado fetal.

Avaliação Diagnóstica

1. Avaliação ultra-sonográfica do ILA – líquido amniótico abaixo de 5cm no total, nos quatros quadrantes
planos verticais do útero, está associado a menor mortalidade perinatal. O ILA entre 5 e 8 cm é
considerado limítrofe, com o tratamento sendo orientado pelo médico.

2. Altura do fundo de útero abaixo do normal para a idade gestacional.

Tratamento

1. Avaliação freqüente do estado fetal por meio de TSE, PBF, TEC ou TEO, quando indicado.
2. A ultra-sonografia também é realizada para avaliar melhor o sistema renal e urinário do feto juntamente
com o crescimento fetal.
3. Amnioinfusão (instalação de líquido na cavidade amniótica para repor volumes normais de líquido
amniótico) durante o trabalho de parto.
a. Os protocolos variam; geralmente começa com bolus de 800mL, seguido de infusão contínua de
manutenção.
b. O líquido usado é solução fisiológica ou Ringer lactato.

Enfermagem Materno-Infantil 27
c. Avaliar o retorno de líquido durante a infusão.
d. Monitorizar a atividade uterina e a FCF durante a infusão.
e. Não há necessidade de aquecer o líquido; entretanto, recomenda-se aquecer o líquido se:
I – O feto for pré-termo
II – Houver comprometimento fetal
III – A velocidade da infusão for superior a 600mL/h.

ALERTA DE ENFERMAGEM: as contra-indicações para amnioinfusão incluem deslocamento


prematuro de placenta suspeito ou diagnosticado, comprometimento fetal agudo, a cabeça fetal
encaixada e firmemente aplicada no colo, ou a incapacidade de medir as pressões intra-uterinas.

4. O parto pode ser indicado para condições como RCIU ou comprometimento fetal.

Complicações

1. Trabalho de parto pré-termo


2. Compressão do cordão umbilical
3. Eliminação de mecônio
4. Morte fetal / neonatal

Intervenções de enfermagem e Educação da Paciente

1. Avaliar o estado fetal pela monitorização fetal.


2. Avaliar sinais vitais maternos quanto a sinais de infecção, especialmente se o oligiodrânio foi
secundário a RPBA.
3. Assistir com a amnioinfusão quando indicado.
4. Informar o médico sobre intolerância fetal ao trabalho de parto (padrões não-tranquilizadores da FCF),
ajudar a paciente a se posicionar em decúbito lateral e traçar quando indicado.

RUPTURA PREMATURA DA BOLSA AMNIÓTICA PRÉ-TERMO

A ruptura prematura da bolsa amniótica pré-termo (RPBAP) é defiinida como a ruptura da bolsa
amniótica antes de completar 37 semanas de gestação com ou sem o início de trabalho de parto
espontâneo. Recentemente, devido a confusão sobre o significado de ruptura "prematura" da bolsa
amniótica (i. e., antes do trabalho de parto versus pré-termo), o termo "ruptura pré-parto da bolsa
amniótica" é usado para significar ruptura da bolsa em gestações pré-termo.

Fisiopatologia e Etiologia

1. A causa exata é desconhecida. Entretanto, a RPBAP provavelmente é uma fraqueza intrínseca


patológica ou fatores extrínsecos que causam a ruptura prematura das membranas.

2. Na RPBAP, os fatores de risco incluem:


a. Infecção (amnionite; Streptococcus ß-hemolítico do grupo B)
b. História pregressa de RPBAP ou parto prematuro
c. Hidrâmnio (poliidrâmnio/oligoidrâmnio)
d. Colo incompetente
e. Aumento do volume intra-uterino (gestação múltipla, miomas, poliidrâmnio)
f. Descolamento prematuro de placenta
g. Consumo de cigarros
h. Anomalias fetais
i. Coito (relação sexual)
J. Colonização vaginal com Streptococcus ß-hemolítico do grupo B
k. Sangramento vaginal pré-natal em mais de um trimestre

Avaliação diagnóstica

l. A mesma que para RPBA.


2. Ultra-sonografia para avaliar o volume de líquido amniótico.
3. Amniocentese para injetar índigo-carmim ou corante azul de Evans. Observar saída vaginal de líquido
azul para avaliar a ruptura da bolsa amniótica.

Tratamento

1. Para RPBAP, tocolíticos, corricosteróides (para diminuir a gravidade da SAR no recém-nascido


prematuro) e antibióticos profiláticos são usados.

Enfermagem Materno-Infantil 28
2. A conduta é influenciada pela idade gestacional.

3. Conduta inicial:
a. Confirmar a ruptura da bolsa amniótica.
b. Determinar se há infecção bacteriana no momento da ruptura por culturas vaginais/cervicais.
c. Documentar a idade gestacional.
d. Determinar a maturidade pulmonar fetal por amniocentese ou cultura vaginal.

4. Tratamento ativo:
a. Terapia tocolítica.
b. Terapia antibiótica.
c. Administração de corticosteróides.
d. Amnioinfusão.

5. Tratamento conservador:
a. Repouso no leito.
b. Sinais vitais de acordo com a política da instituição e as condições da paciente.
c. Monitorizar o bem-estar fetal diariamente ou mais freqüentemente, conforme orientação da política da
instituição e de acordo com as condições da paciente.

Complicações

1. Maternas
a. Maior risco de infecção intra-uterina
b. Endometrite pós-parto
c. Descolamento prematuro de placenta

2. Fetal- infecção.

3. Neonatal- SAR, infecção, óbito

Avaliação de enfermagem

1. Avaliar os sinais vitais maternos a cada 2 a 4 h para incluir avaliação fetal. Se a temperatura ou o pulso
estiver elevado, continuar a monitorizar a cada 1 a 2 h, quando indicado.

2. Monitorizar taquicardia fetal.

3. Monitorizar corioamnionite materna (secreção vaginal purulenta de odor fétido, aumemo da


temperatura, aumento da atividade uterina).

4. Minimizar infecção com diminuição do número de exames vaginais (ou nenhum exame), técnicas
assépticas e cuidados perinatais apropriados.

5. Repouso absoluto no leito com ou sem privilégios para banho.

6. Avaliar a HC diariamente com diferenciais, observando qualquer desvio para a esquerda.

7. Cuidados de apoio para a paciente e família.

Diagnóstico de enfermagem

• Risco de lnfecção relacionado com ascensão de bactérias. Ver também Trabalho de parto pré-termo,
anteriormente.

Intervenções de enfermagem

Prevenindo a infecção

1. Avaliar o volume e o odor do líquido amniótico.


2. Não realizar exames vaginais sem consultar o médico.
3. Colocar absorventes higiênicos para coletar o líquido extravasado e trocá-Ios a cada 2h ou mais
freqüentemente, quando necessário.
4. Revisar a necessidade da boa técnica de lavagem das mãos e higiene após micção e evacuação.
5. Monitorizar a FCF e atividade fetal a cada 4 h ou mais, quando indicado.

Enfermagem Materno-Infantil 29
6. Monitorizar a temperatura materna, pulso, respirações, PA e hipersensibilidade dolorosa à palpação do
útero pelo menos a cada 4 h ou mais, quando indicado.
7. Administrar antibióticos conforme prescrição.

ATENÇÃO NO PUERPÉRIO

A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras semanas


após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. O retorno da mulher e do recém-nascido ao
serviço de saúde, depois do parto, deve ser incentivado desde o pré-natal e na maternidade.

Objetivos:

-Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido;


-Avaliar o retorno as condições pré-gravídicas;
-Avaliar e apoiar o aleitamento materno;
-Orientar o planejamento familiar;
-Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzí-Ias;
-Avaliar interação da mãe com o recém-nascido;
-Complementar ou realizar ações não executadas no pré-natal.

Uma vez que boa parte das situações de morbidade e mortalidade materna e neonatal
acontecem na primeira semana após o parto, o retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de
saúde deve acontecer logo nesse período. Os profissionais e os serviços devem estar atentos e
preparados para aproveitar a oportunidade de contato com a mulher e o recém-nascido na primeira
semana após o parto, para instituir todo o cuidado previsto para a "Primeira Semana de Saúde Integral”.

"Primeira Semana de Saúde Integral" - ações a serem desenvolvidas

Acolhimento da mulher e do RN por profissional de saúde habilitado.

Receber a mulher com respeito e gentileza e apresentar-se;

Escutar o que ela tem a dizer, incluindo possíveis queixas e estimulando-a a fazer perguntas;

Informar sobre os passos da consulta e esclarecer dúvidas.

Anamnese

Verificar o cartão da gestante ou perguntar à mulher sobre:

-Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido;


-Dados do parto (data; tipo de parto; se cesárea, qual a indicação),
-Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto (febre, hemorragia, hipertensão,
diabetes, convulsões, sensibilização Rh);
-Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV durante a gestação e/ou parto;
-Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros).

Perguntar como se sente e indagar sobre:

-Aleitamento (freqüência das mamadas - dia e noite -, dificuldades na amamentação, satisfação do RN


com as mamadas, condições das mamas);
-Alimentação, sono, atividades;
-Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre;
-Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar método contraceptivo, métodos já
utilizados, método de preferência);
-Condições psicoemocionais (estado de humor, preocupações, desanimo, fadiga, outros);
-Condições sociais (pessoas de apoio, enxoval do bebe, condições para atendimento de necessidades
básicas).

Avaliação clínico-ginecológica

-Verificar dados vitais;


-Avaliar o estado psíquico da mulher;
-Observar estado geral pele, mucosas, presença de edema, cicatriz (parto normal com episiotomia ou
laceração/cesárea) e membros inferiores;

Enfermagem Materno-Infantil 30
-Examinar mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios, infecciosos ou
cicatrizes que dificultem a amamentação;
-Examinar abdômen, verificando a condição do útero e se há dor à palpação;
-Examinar perínea e genitais externos (verificar sinais de infecção, presença e características de lóquios);
-Verificar possíveis intercorrências: alterações emocionais, hipertensão, febre, dor embaixo do ventre ou
nas mamas, presença de corrimento com odor fétido, sangramentos intensos. No caso de detecção de
alguma dessas alterações, solicitar avaliação médica imediata, caso o atendimento esteja sendo feito por
outro profissional da equipe;
-Observar formação do vínculo mãe-filho;
-Observar e avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da aréola. O
posicionamento errado do bebe, além de dificultar a sucção, comprometendo a quantidade de leite
ingerido, é uma das causas mais freqüentes de problemas nos mamilos. Em caso de ingurgitamento
mamário, mais comum entre o terceiro e o quinto dia pós-parto, orienta quanto a ordenha manual,
armazenamento e doação do leite excedente a um Banco de Leite Humano (caso haja na região);
-Identificar problemas/necessidades da mulher e do recém-nascido, com base na avaliação realizada.

Condutas

Orientar sobre:
- higiene, alimentação, atividades físicas;
- atividade sexual, informando sobre prevenção de DST/Aids;
- cuidado com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento (considerando a situação das
mulheres que não puderem amamentar);
- cuidados com o recém-nascido;
- direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas).

Orientar sobre planejamento familiar e ativação de método contraceptivo, se for o caso:

- informação geral sobre os métodos que podem ser utilizados no pós-parto;


- explicação de como funciona o método da LAM (amenorréia da lactação);
- se a mulher não deseja, ou não pode, usar a LAM, ajudar na escolha de outro método;
- disponibilização do método escolhido pela mulher com instruções para o uso. O que deve ser feito se
esse apresentar efeitos adversos e instruções para o seguimento.
-Aplicar vacinas, dupla tipo adulto e tríplice viral, se necessário;
-Oferecer teste anti-HIV e VDRL, com aconselhamento pré e pós-teste, para as puérperas não
aconselhadas e testadas durante a gravidez e o parto;
-Prescrever suplementação de ferro: 60mg/dia de ferro elementar, até três meses após o parto, para
gestantes sem anemia diagnosticada;
-Tratar possíveis intercorrências;
-Registrar informações em prontuário;
-Agendar consulta de puerpério.

OBSERVAÇÕES AO RECÉM-NASCIDO

-Verificar a existência do cartão da criança e, caso não haja, providenciar abertura imediata;
-Verificar os dados do recém-nascido ao nascer (peso, estatura, apgar, capurro, condições de vitalidade);
-Observar as condições de alta da maternidade/unidade de assistência do RN;
-Observar e orientar a mamada, reforçando as orientações dadas durante o pré-natal e na maternidade,
destacando a necessidade do aleitamento materno exclusivo ate o sexto mês de vida do bebe;
-Observar e avaliar a mamada para garantia de adequado posicionamento e pega da aréola;
-Observar a criança no geral: peso, postura, atividade espontânea, padrão respiratório, estado de
hidratação, eliminações e aleitamento materno, ectoscopia, características da pele (presença de palidez,
icterícia e cianose), crânio, orelhas, olhos, nariz, boca, pescoço, tórax, abdômen (condições do coto
umbilical), genitalia, extremidades e coluna vertebral. Caso seja detectada alguma alteração, solicitar
avaliação médica imediatamente.

Identificar o RN de risco ao nascer:

- residente em área de risco;


- baixo peso ao nascer (menor que 2.500g);
- prematuro (menor que 37 semanas de idade gestaciona!);
- asfixia grave (apgar menor que sete no quinto minuto);
- crianças com intercorrências ou internadas nas maternidades ou unidades de assistência;
- orientações especiais quando da alta da maternidade ou da unidade de assistência;
- RN de mãe adolescente (<18 anos);
- RN de mãe com baixa instrução (< que oito anos de estudo);

Enfermagem Materno-Infantil 31
- história de morte de crianças com menos de cinco anos na família.

Obs.: Caso sejam identificados alguns desses critérios, solicitar avaliação médica imediatamente e
agendamento para o ambulatório para RN de alto risco.

-Realizar o teste do pezinho e registrar o resultado na caderneta da criança;


-Aplicar vacinas (BCG e contra hepatite B) e registrá-Ias em prontuário;
-Agendar a consulta de puericultura com 15 dias.

CONSULTA PUERPERAL (ENTRE 30 E 42 DIAS)

Atividades

Caso a mulher e o recém-nascido já tenham comparecido para as ações da primeira semana de


saúde integral, realizar avaliação das condições de saúde da mulher e do recém-nascido; registro das
alterações; investigação e registro sobre amamentação, retorno da menstruação e atividade sexual;
realização das ações educativas e condução das possíveis intercorrências.

Passos para a consulta:

Escutar a mulher, verificando como se sente, suas possíveis queixas, e esclarecendo dúvidas,

Realizar avaliação clínico-ginecológica, incluindo exame das mamas;

Avaliar o aleitamento;

Orientar sobre:
- higiene, alimentação, atividades físicas;
- atividade sexual, informando sobre prevenção de DST/Aids;
- cuidado com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento (considerando a situação das
mulheres que não puderem amamentar);
- cuidados com o recém-nascido;
- direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas).

Orientar sobre planejamento familiar e ativação de método contraceptivo se for o caso:

- informação geral sobre os métodos que podem ser utilizados no pós-parto;


- explicação de como funciona o método da LAM (amenorréia da lactação);
- se a mulher não deseja, ou não pode, usar a LAM, ajudar na escolha de outro método;
- disponibilização do método escolhido pela mulher com instruções para o uso, o que deve ser feito se
este apresentar efeitos adversos e instruções para o seguimento.

Tratar de possíveis intercorrências.

Caso a mulher não tenha comparecido para consulta na primeira semana após o parto,
realizar as ações previstas para a "Primeira Semana de Saúde Integral".

MÉTODO ANTICONCEPCIONAL DURANTE O ALEITAMENTO

A escolha do método deve ser sempre personalizada para orientar o uso de métodos
anticoncepcionais no pós-parto, deve-se considerar: o tempo pós-parto, deve considerar: o tempo pós-
parto, o padrão da amamentação, o retorno ou não da menstruação, os possíveis efeitos dos
anticoncepcionais hormonais sobre a lactação e o lactante.

1. A associação amenorréia e lactação exclusiva com livre demanda (LAM) tem alta eficácia como método
contraceptivo nos primeiros seis meses após o parto, ou até que apareça a primeira menstruação pós-
parto, o que ocorrer primeiro. A mulher que passa da amamentação exclusiva para a parcial deve iniciar o
uso de outro método, se o parto tiver ocorrido há mais de 45 dias, pois nessa circunstância aumenta o
risco de gravidez;

2. A mulher que está amamentando e necessita, ou deseja, proteção adicional para prevenir a gravidez
deve primeiro considerar os métodos sem hormônios (DIU e métodos de barreira);

3.O DIU pode ser opção para a mulher na fase de amamentação e pode ser inserido imediatamente após
o parto, ou a partir de quatro semanas após este. O DIU está contra-indicado para os casos que cursaram
com infecção puerperal, até três meses após a cura;

Enfermagem Materno-Infantil 32
4. 0 anticoncepcional hormonal oral apenas de progestogênio (minipílula) e boa opção para a mulher que
está amamentando e pode oferecer proteção extra, se a mulher assim o desejar. O seu uso deve ser
iniciado após seis semanas do parto;

5. Injetável trimestral (com progestogênio isolado) acetato de medroxiprogesterona 150mg: deve-se


indicar o início do uso desse método, nas lactantes, a partir de seis semanas após o parto. Seu uso tem
sido preferencial nas situações de doenças maternas como diabetes, hipertensão e outras;

6. O anticoncepcional hormonal oral combinado não deve ser utilizado em lactantes, pois interfere na
qualidade e quantidade do leite materno, e pode afetar adversamente a saúde do bebe;

7. A laqueadura tubária, por ser método definitivo, deve respeitar os preceitos legais e, se indicada, a sua
realização deverá ser postergada para após o período de aleitamento e, nessa situação, introduzido o
método contraceptivo transitório;

8. Os métodos comportamentais (tabelinha, método billings etc.) só poderão ser usados após a
regularização do ciclo menstrual.

ALEITAMENTO MATERNO NO PERÍODO PUERPERAL

Nas conversas com as gestantes, é recomendável orientar sobre a prevenção de situações de


dificuldade somente se esses assuntos forem citados por elas.

1. Pega incorreta do mamilo

A pega incorreta da região mamilo-areolar faz que a criança não consiga retirar leite suficiente,
levando a agitação e choro. A pega errada, só no mamilo, provoca dor e fissuras e faz que a mãe fique
tensa, ansiosa e perca a autoconfiança, acreditando que o seu leite seja insuficiente e/ou fraco.

2. Fissuras (rachaduras)

Habitualmente, as fissuras ocorrem quando a amamentação é praticada com o bebe posicionado


errado ou quando a pega esta incorreta. Manter as mamas secas, não usar sabonetes, cremes ou
pomadas, também ajudam na prevenção. Recomenda-se tratar as fissuras com leite materno do fim das
mamadas, banho de sol e correção da posição e da pega.

3. Mamas ingurgitadas

Acontecem, habitualmente, na maioria das mulheres, do terceiro ao quinto dia após o parto. As
mamas ingurgitadas são dolorosas, edemaciadas (pele brilhante), às vezes, avermelhadas e a mulher
pode ter febre.
Para evitar ingurgitamento, a pega e a posição para amamentação devem estar adequadas e,
quando houver produção de leite superior a demanda, as mamas devem ser ordenhadas manualmente.
Sempre que a mama estiver ingurgitada, a expressão manual do leite deve ser realizada para facilitar a
pega e evitar fissuras. O ingurgitamento mamário é transitório e desaparece após 24 a 48 horas.

4. Mastite

È um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante, habitualmente, a


partir da segunda semana após o parto. Geralmente, é unilateral e pode ser conseqüente a um
ingurgitamento indevidamente tratado. Essa situação exige avaliação médica para o estabelecimento do
tratamento medicamentoso apropriado. A amamentação na mama afetada deve ser mantida, sempre que
possível, e, quando necessário, a pega e a posição devem ser corrigidas.

Ordenha manual

É no pré-natal que o aprendizado da ordenha manual deve ser garantido.


Para que haja retirada satisfatória de leite do peito, é preciso começar com massagens circulares
com as polpas dos dedos, indicador e médio, na região mamilo-areolar, progredindo até as áreas mais
afastadas e intensificando nos pontos mais dolorosos. Para a retirada do leite, é importante garantir o
posicionamento dos dedos, indicador e polegar, no limite da região areolar, seguido por leve compressão
do peito em direção ao tórax ao mesmo tempo em que a compressão da região areolar deve ser feita com
a polpa dos dedos.

Contra-indicações

Enfermagem Materno-Infantil 33
São raras as situações tanto maternas, quanto neonatais, que contra-indicam a amamentação.
Entre as maternas, encontram-se as mulheres com câncer de mama que foram tratadas ou estão em
tratamento, mulheres HIV+ ou HTLV+, mulheres com distúrbios graves da consciência ou do
comportamento.
As causas neonatais que podem contra-indicar a amamentação são, na maioria, transitórias e
incluem alterações da consciência de qualquer natureza e prematuridade.
São poucas as medicações que contra-indicam a amamentação. Nenhuma medicação deve ser
utilizada pela puerpera amamentando sem orientação médica. Na eventualidade da medicação utilizada
ser classificada como de uso criterioso ou contra-indicada durante a amamentação. O procedimento de
escolha é optar por outras alternativas terapêuticas e não suspender o aleitamento.

Mulheres portadoras do HIV/HTLV - contra-indicação para o aleitamento

O risco de transmissão do HIV pelo leite materno é elevado, entre 7% a 22 %, e renova-se a


cada exposição (mamada). A transmissão ocorre tanto pelas mães sintomáticas, quanto pelas
assintomáticas.
O risco de transmissão do HTLV1 e 2 (vírus linfotrófico humano de células T) pela amamentação
é variável e bastante alto, sendo mais preocupante pelo HTLV1. Há referências que apontam para risco
de 13% a 22%. Quanto mais a criança mama, maior será a chance de ela ser infectada.
As gestantes HIV+ e HTLV+ deverão ser orientadas para não amamentar. Quando por falta de
informação o aleitamento materno tiver sido iniciado, torna-se necessário orientar a mãe para suspender
a amamentação o mais rapidamente possível, mesmo em mulheres em uso de terapia anti-retroviral.
Após o parto, a lactação deverá ser inibida mecanicamente (enfaixamento das mamas ou uso de sutiã
justo) e considerar a utilização de inibidor da lactação, respeitando-se as suas contra-indicações. A
amamentação cruzada - aleitamento da criança por outra mulher - está formalmente contra-indicado.
A criança deverá ser alimentada com fórmula infantil durante os seis primeiros meses de vida,
necessitando posteriormente da introdução de outros alimentos, conforme orientação do Guia Prático de
Preparo de Alimentos para Crianças Menores de 12 Meses que não Podem Ser Amamentadas.
Para mais informações sobre este assunto, consultar o documento de consenso
Recomendações para a Profilaxia da Transmissão Vertical do HIVe Terapia Anti-retroviral em Gestantes.

TRABALHO DE PARTO PATOLÓGICO

1. DISTÓCIAS DO CORDÃO UMBILICAL

1.1. Procedência e Prolapso

É procedência ou procúbito a presença do cordão antes da apresentação, íntegro o saco


amniótico; será prolapso após amniorexe. A localização do funículo ao lado da apresentação configura a
laterocidência.
Registra-se em média 0,3 a 0,6% das apresentações cefálicas, 4,5% das pélvicas e em 14,2%
das córmicas.

Ocorre com maior assiduidade nos casos de prolapso funicular:

* Multiparidade; amniorexe prematura;


* Vícios pélvicos;
* Placenta baixa;
* Polidrâminio;
* Gemelaridade;
* Apresentação pélvica e sobretudo as córmicas;

Enfermagem Materno-Infantil 34
* Cordão longo;
* Prematuridade.

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o óbito do concepto. O mesmo pode ser
observado e tocado com as mãos, no canal vaginal; às vezes ele ultrapassa a vulva.
O prognóstico depende do tempo do acidente, e da intensidade da compressão havida, e do
comprimento do cordão prolabado, pois prejudica a circulação feto-placentária.
No feto vivo a intervenção é da maior urgência. Como norma, em caso de procedência ou
prolapso de cordão o indicado é a operação cesariana, que é remédio rápido, independentemente das
condições do colo, da apresentação e do volume, ou de outras distorcias associadas e não tem contra-
indicação alguma.

1.2. Cordão curto

A distinção entre brevidade absoluta ou real e a relativa não tem importância clínica. Num ou
noutro caso favorece apresentações anômalas, motiva dificuldades no parto, prejudicando a descida do
móvel, alongando sua evolução, causando descolamento prematuro de placenta, anoxia do feto, roturas
do funículo e inversão do útero.
É diagnostico impossível. A hipótese poderá ser levantada na parturição prolongada, não
explicada pelas razões que a diagnose diferencial suscita.

1.3. Circulares

Ocorrem em 20-25% dos partos, habitualmente cervicais, mas encontradas no tronco e nos
membros. São propiciadas pelo comprimento exagerado do cordão, a prematuridade e excesso de líquido
amniótico.
As circulares podem provocar brevidade aparente e, sobre as complicações e acidentes daí
decorrentes, acresce referir a possibilidade de determinarem anoxia quando ao redor do pescoço e
também podem levar a compressão do cordão favorecida pela contração uterina.

2. LACERAÇÃO DO TRAJETO

As lesões traumáticas de vulva e do períneo são observadas com extraordinária freqüência,


principalmente em primíparas e na ausência de episiotomia. Ocorrem principalmente em primíparas.

As roturas em vagina, vulva e períneo devem ser cuidadosamente reparadas após o


secundamento.

3. SECUNDAMENTO PATOLÓGICO

Pode-se considerar placenta retida ou


secundamento patológico quando o 3° período não se
completou decorridos 30 minutos do parto fetal. Podemos
classificar de acordo com a implantação da placenta como:

-Placenta acreta: com a penetração até a porção esponjosa


inclusive, resultando em anomalias do secundamento que
resolve pelo deslocamento manual.

-Placenta increta: dá-se da invasão do miométrio e o


deslocamento manual é impossível.

-Placenta percreta: as vilosidades alcançam a serosa


(perimétrio) e chegam, por vezes, a perfurá-la, podendo
comprometer a bexiga e o reto.

Amostra Percutânea do Sangue do cordão umbilical

Descrição

A amostra percutânea do sangue do cordão umbilical ou cordocentese envolve a punção do


cordão umbilical para aspiração de sangue fetal sob orientação ultra-sonográfica.

1. É usada no diagnóstico de distúrbios sanguíneos fetais, infecções, isoimunização Rh, distúrbios


metabólicos e cariotipagern.

Enfermagem Materno-Infantil 35
2. Transfusão para o feto pode ser realizada por meio desse procedimento.

3. Usando a imagem de ultra-sonografia, o médico introduz uma agulha (guiada pelo ultra-som) em um
dos vasos umbilicais. Um pequeno volume de sangue é colhido.

4 Também pode ser usado para terapias fetais como a transfusão de hemácias e plaquetas.

Orientações de Enfermagem na Assistência a Paciente

1. Explicar o procedimento à gestante.


2. Fornecer apoio para a paciente durante o procedimento.
3. Monitorizar a paciente após o procedimento quanto a contrações uterinas, bem como a freqüência
cardíaca do feto quanto a sofrimento fetal.

Teste sem Estresse

Descrição

O teste sem estresse (TSE) é usado para avaliar acelerações da FCF que normalmente ocorrem
em resposta a atividade fetal em um feto em boas condições. As acelerações são indicativas de um
sistema nervoso central e autônomo intactos e são um sinal de bem-estar fetal. A ausência de
acelerações da FCF em resposta aos movimentos do feto pode estar associada a hipóxia, acidose,
medicamentos (analgésicos, barbitúricos), sono fetal e a algumas anomalias fetais.

I. As indicações maternas incluem gestação pós-termo, sensibilização do Rh, idade materna igual ou
superior a 35 anos, doença renal crônica, hipertensão, doença do colágeno, doença falciforme, diabetes,
ruptura prematura de membranas, história de natimorto, traumatismo, sangramento vaginal no segundo e
terceiro trimestres.

2. Não há contra-indicações ou efeitos adversos conhecidos associados ao TSE.

3. As indicações fetais incluem diminuição do movimento fetal, restrição do crescimento intra-uterino,


avaliação fetal após, amniocentese, oligoidrâmnio ou poliidrâmnio.
a. Critérios para um TSE reativo incluem duas acelerações dentro de 20 min, cada uma durando pelo
menos 15 s com a FCF aumentada em 15 hpm acima dos níveis basais em resposta a atividade fetal. A
qualidade do traçado é um fator importante na interpretação do teste.
b. Em um TSE não-reativo ou duvidoso, os critérios precedentes não são atendidos.

Significância / Controle

1. TSE reativo - sugere uma chance < 1 % de óbito fetal dentro da 1ª semana do TSE.
2 TSE não-reativo - sugere que o feto pode estar comprometido e há necessidade de maior
acompanhamento com PBF Teste de Estresse de Contração (TEC) ou Teste de Estímulo com Ocitocina
(TEO).
3. TSE duvidoso - necessita ser repetido em 2 a 3 h ou acompanhamento com TEC, TEO ou PBF.

Orientações de Enfermagem na Assistência a Paciente

1. Explicar o procedimento e o material para a paciente. Certificar-se de que ela recebeu uma nutrição e
ingestão de líquidos adequadas e, se tabagista, não fumou dentro das últimas 2 h.

2. Ajudar a mulher a se colocar em uma posição de semi-Fowler no leito. Realizar as manobras de


Leopold e aplicar os monitores uterino e fetal externos.

3. Os marcadores de eventos não precisam ser usados a menos que o movimento fetal não seja
observado no monitor fetal. Se o movimento fetal não for observado, instruir a paciente a fazer uma marca
na tira do monitor toda vez que o movimento fetal for sentido. O enfermeiro fará isso se a mulher não for
capaz de fazê-lo.

4. Avaliar a resposta da FCF imediatamente após a atividade do feto.

5. Monitorizar a pressão arterial da paciente e a atividade uterina quanto a desvios durante o


procedimento.

Teste de Estimulação Acústica Fetal e Teste de Estimulação Vibroacústica Fetal

Enfermagem Materno-Infantil 36
Descrição

A estimulação acústica (sonora) e a vibroacústica (som mais vibração) envolvem o uso de


dispositivos manuais operados a bateria (geralmente um estimulador de laringe) colocado sobre o
abdome da mãe próximo a cabeça do feto. Essa técnica produz uma vibração de baixa freqüência e um
tom de zumbido pretendendo induzir o movimento fetal juntamente com as acelerações associadas da
FCF. O estímulo sonoro dura de 2 a 5s. O teste de estímulo acústica fetal (FAST) e o teste de
estimulação vibroacústica fetal (VST) são usados como um adjunto após um TSE não-reativo; esses
testes também podem ser usados com fetos que exibem uma diminuição da variabilidade da freqüência
cardíaca durante o trabalho de parto. Se não houver acelerações na FCF em resposta ao estímulo, esse
é repetido a intervalos de 1 min por até três vezes. Se o padrão da FCF permanecer não-reativo, procede-
se a uma melhor avaliação com PEF e TEC.

1. Não se sabe se o feto responde mais ao som ou à vibração.

2. Ambos os métodos de teste não são invasivos, são fáceis de realizar e produzem resultados rápidos.

3. A interpretação depende dos parâmetros institucionais individualizados. Geralmente:


a. Reativo - duas acelerações atendendo ao critério 15 X 15.
b. Não-reativo - sem aceleração.
c. Duvidoso - uma aceleração ou acelerações que não atendem ao critério 15 X 15 ou traçado fetal não-
interpretável / ilegível.

4. A freqüência taquicárdica pode resultar do estímulo e pode durar mais de 1 h. Se isso ocorrer, observar
a FCF quanto a outras características normais dos níveis basais além de taquicardia, até que a FCF
retorne a freqüência pré-estímulo.

Orientações de Enfermagem na Assistência a Paciente

1. Explicar o procedimento, material e objetivo à paciente.


2. Ajudar a paciente a se colocar na posição semi-Fowler no leito.
3. Aplicar monitores fetais externos na paciente.
4. Demonstrar como o estímulo pode ser sentido no antebrço ou na perna da mulher.
5. Observar a reatividade.

Teste de Estímulo com Ocitocina ou Teste de Estresse de Contração

Descrição

Esse teste é usado para avaliar a capacidade do feto de suportar o estresse das conrtrações
uterinas que ocorreriam durante o trabalho de parto.

1. Geralmente, o teste é usado quando a mulher tem um TSE não-reativo ou FAST/VST duvidoso,
embora em muitas áreas o TEC tenha sido substituído pelo PBF.

2. O teste é contra-indicado em mulheres com hemorragia no terceiro trimestre, gestação múltipla, colo
incompetente, placenta prévia, incisão uterina clássica prévia, hidrâmnios, história de parto prematuro ou
ruptura prematura da bolsa amniótica.

3. Contrações podem ocorrer espontaneamente (o que não é habitual) ou podem ser induzidas.

4. O TEC utiliza a ocitocina produzida endogenamente por meio de estimulação do mamilo ou da mama.

5. O TEO utiliza ocitocina exógena (Pitocin), que é administrada por meio de infusão EV

Orientações de Enfermagem na Assistência a Paciente

1. Obter os sinais vitais maternos, especialmente a pressão arterial.

2. Instruir a paciente a urinar.

3. Ajudar a mulher a se colocar em uma posição de semi-Fowler ou de decúbito lateral no leito.

4. Obter uma fita de 20 min da FCF e da atividade uterina para fornecer dados basais.

Enfermagem Materno-Infantil 37
5. Para TEC:

a. Aplicar compressas mornas nas mamas por 10 min antes do TEC.


b. Instruir a mãe sobre a estimulação do mamilo (quanto ciclos de 2 min estimulando e 2 min sem
estimular).
I. Se não houver contrações uterinas após quatro ciclos, aguardar por 10 min e, em seguida,
reestimular.
II. Se não houver contrações uterinas após a segunda série de quatro ciclos, interromper a
estimulação, notificar o medico e preparar para TEC ou PBF.
c. Interromper a estimulação se:
I. Três ou mais contrações ocorrerem dentro de 10 min, durando mais de 60 s.
II. Ocorrerem contrações uterinas tetânicas ou hiperestiimulação.

6. Para TEO: seguir os passos 1 a 4 citados anteriormente. Além disso:


a. Administrar ocitocina diluída EV por meio de bomba de infusão como indicado até que nas contrações
ocorram dentro de 10 min e durante 40 a 60 s. Manter os líquidos EV na linha principal de acordo com a
política da instituição.
b. Suspender a infusão quando:
I. Os critérios não são atendidos.
II. Ocorrer hiperestimulação.
III. Ocorrer desaceleração ou bradicardia prolongada.
iv. Ocorrerem desacelerações tardias persistentes.

Interpretação do TEC/TEO

1. Negativo (normal) - três contrações uterinas em 10 min sem desacelerações tardias.


2. Positivo (anormal) - desacelerações tardias persistentes ou desacelerações tardias com mais de 50%
de contrações uterinas mesmo se a freqüência for menor que três contrações em 10 min; geralmente
associado a hipóxia.
3. Suspeito (duvidoso) - desacelerações tardias com menos de 50% de contrações uterinas ou variáveis
significativas.
4. lnsatisfatório - qualidade do traçado inadequado para avaliar ou menos de três contrações em 10 min.
5. Hiperestimulação:
a. Contrações com freqüência superior a cada 2 min ou durante mais de 90 s ou hipertonia.
b. Se não houver desacelerações tardias com hiperestimulação, é interpretado como "negativo".
c. Se houver desacelerações com hiperestimulação, é interpretado como "insatisfatório" e
classificado como "hiperestimulação".

Significância / Controle do TEC/TEO

1. Negativo - tranquilizador.
2. Positivo - não-tranquilizador.
3. Suspeito - repetir em 24 h.
4. lnsatisfatório - repetir em 24 h.
5. Hiperestimulação - repetir em 2 h.

Perfil Biofísico

Descrição

O perfil biofísico fetal (PBF) usa a ultra-sonografia e o TSE para avaliar cinco variáveis biofísicas
na determinação do bem-estar fetal. O PBF é realizado durante um intervalo de tempo de 30 min.

1. Teste sem estresse - pesquisa a aceleração da FCF em relação aos movimentos fetais.
2. Volume do índice de líquido amniótico- avaliar uma ou mais bolsas de líquido amniótico medindo 2 cm
ou mais, em dois planos perpendiculares.
3. Movimentos respiratórios fetais - um ou mais episódios durante, pelo menos, 30 s.
4. Movimentos corporais fetais macroscópicos - três ou mais movi mentos corporais ou dos membros,
incluindo rolagem, em 30 min.
5. Tônus muscular fetal- um ou mais episódios de extensão ativa com retorno a flexão da coluna vértebra,
mãos ou membros.

Para cada variável, quando os critérios são atendidos, é dada uma pontuação de 2. Para uma
observação anormal, é dada a pontuação de 0. Uma pontuação de 8 a 10 é considerada normal, de 6 é
duvidosa e de 4 ou menos é considerada anormal.

Enfermagem Materno-Infantil 38
Orientações de Enfermagem na Assistência à Paciente

1. Explicar o propósito e o procedimento a paciente; oferecer apoio emocional.


2. Instruir a paciente a esvaziar a bexiga.
3. Ajudar a paciente a se colocar na mesa de exame e a assumir uma posição confortável.
4. Remover o lubrificante do abdome da paciente após o procedimento.
5. Ajudar a paciente a se levantar da mesa de exame.

Perfil Biofísico Fetal Modificado

Descrição

O PBF modificado consiste em um TSE e em uma verificação do ILA. As pesquisas mostraram


que o PBF modificado fornece a mesma informação viável do que o PBF completo.

Orientações de Enfermagem na Assistência a Paciente

1. Explicar o TSE e o ILA de acordo com orientações previamente estabelecidas observadas neste
capítulo.
2. Documentar os achados no prontuário pré-natal da paciente.

O PROCESSO DE TRABALHO DE PARTO

Desde as consultas iniciais de pré-natal, o enfermeiro precisa enfatizar que o trabalho de parto e
o parto são processos fisiológicos normais. Tipicamente, a mulher grávida relaciona o momento do parto
com preocupações importantes sobre seu bem-estar pessoal, o bem-estar da criança não nascida e com
o temor de um trabalho de parto difícil e doloroso. Abordar essas preocupações e minimizar seu
desconforto deve ser de importância fundamental para todos os participantes envolvidos nos cuidados da
mãe e do feto.

CONSIDERAÇÕES

Parto Preparado

Antigamente, o termo parto natural era usado para descrever uma conduta para dar a luz. Para
alguns, o parto natural significa o parto sem analgesia ou anestesia, enquanto, para aqueles que
desenvolveram a conduta, simplesmente significa estar preparado para o parto através de educação e
treinamento pré-natais. Essa preocupação oferecia a mulher um método de enfrentamento dos
desconfortos do trabalho de parto e do parto. Para evitar a sugestão de que a analgesia ou a anestesia
não está disponível para a mulher durante o trabalho de parto e parto caso ela necessite, o termo parto
preparado atualmente é usado em lugar de parto normal.

Método de Grantly Dick-Read

1. Esse método é baseado na idéia de que o medo e a antecipação surgiram de tensões protetoras
naturais do corpo, tanto física quanto musculares.

2. O medo estimula o sistema nervoso simpático e faz com que músculo circular do colo (cérvice) do útero
se contraia.

3. Os músculos longitudinais do útero então tem que agir contra maior resistência cervical, causando
tensão e dor.

4. A tensão e a dor agravam o medo, que produz um ciclo vicioso de tensão, dor e medo.

5. Um menor grau de dor, amplificado pelo temor, torna-se insuportável.

6. De acordo com Dick-Read, cursos pré-natais e treinamentos de redução do medo superam a


ignorância e constroem a auto-confiança da paciente. Estão incluídos nesse método:
a. Explicação sabre o desenvolvimento fetal e sobre o parto.
b. Descrições dos métodos disponíveis para aliviar a dor.
c. Exercícios que fortalecem certos músculos e relaxam outros.
d. Técnicas de respiração que possibilitarão a paciente relaxar no primeiro estágio do trabalho de
parto e trabalhar efetivamente com os músculos usados durante o parto.
e. Explicações do valor da melhoria da saúde física e da estabilidade emocional para o parto.

Enfermagem Materno-Infantil 39
f. A paciente não é informada de que o trabalho de parto e o parto serão indolores; a analgesia e
a anestesia estão disponíveis se necessárias ou desejadas.
g. A paciente recebe uma compreensão de suporte empático durante o trabalho de parto através
de seu parceiro, do enfermeiro e do médico.

Método Psicoprofilático ou de Lamaze

1. O parto psicoprofilático tem uma justificativa baseada no conceito da percepção da dor de Pavlov e sua
teoria dos reflexos condicionados (a substituição de reflexos condicionados favoráveis por desfavoráveis).
O método de Lamaze é um exemplo dessa técnica.

2. A mulher aprende a substituir respostas de agitação, medo e perda do controle por uma atividade mais
útil. Um nível elevado de atividade pode excitar o córtex cerebral de modo eficaz para inibir outros
estímulos, como a dor no trabalho de parto.

3. A futura mãe aprende exercícios que fortalecem os músculos abdominais e relaxam o períneo.

4. Técnicas de respiração são praticadas para ajudar o processo no trabalho de parto.

5. A paciente é condicionada a responder com atividades respiratória e dissociação ou relaxamento dos


músculos não envolvidos, enquanto controla a percepção dos estímulos associados ao trabalho de parto.

6. O método de controle consiste em respirar normalmente enquanto, silenciosamente, balbucia a letra de


uma música e acompanha de modo simultâneo o ritmo com os dedos.

7. Similaridades entre os métodos de Dick-Read e Lamaze:


a. O medo, que aumenta a percepção da dor, pode diminuir ou desaparecer quando a gestante
compreende a fisiologia do trabalho de parto.
b. Como a tensão física aumenta a percepção da dor, o relaxamento é obtido mais facilmente em
uma atmosfera tranqüila e agradável e com pessoas de apoio por perto.
c. O relaxamento muscular é um tipo específico de respiração diminuem ou eliminam as dores do
trabalho de parto.

O Método de Bradley para o Parto

1. Comumente denominado como "parto treinado pelo marido", embora o treinador, não necessariamente,
seja o marido da gestante.

2. Envolve os conceitos de direção, orientação, apóio, cuidados e promoção de habilidades específicas e


confiança.

3. Os treinadores assistem a aulas e aprendem a ajudar a gestante muito tempo antes de o trabalho de
parto ter início.

4. O treinador serve como estímulo condicionado usando o som de sua voz, o uso de palavras específicas
e a repetição da prática.

5. Medicações não são encorajadas para o alívio da dor. O relaxamento é o componente central. A maior
tolerância a dor é obtida pela diminuição da ansiedade mental e do medo, que acaba diminuindo a tensão
a estímulo doloroso. Ocorre com exercícios cognitivos e físicos.

Parto Domiciliar

1. O parto domiciliar, embora controvertido, tem recebido maior apoio nos últimos anos.
2. As motivações para o parto domiciliar:
a. A crença de que o parto domiciliar tem vantagens significativas para a família e o recém-
nascido.
b. Objeção contra a atmosfera impessoal e autoritária do ambiente hospitalar com separação
forçada da mulher e da família.
c. Desejo de evitar certas práticas, como a cesariana de rotina, para apresentação pélvica,
episiotomia, parto a fórceps, estimulação com ocitocina, monitorização de rotina dos batimentos cardíacos
fetais e outras práticas associadas ao hospital.
d. Risco de infecções hospitalares; crença de que o lactente é imune as bactérias da própria
casa.
e. Aumento dos custos de hospitalização.

Enfermagem Materno-Infantil 40
3. Contra-indicações:
a.Indicações de alto risco para o bebe e para a mãe.
b. A paciente com história de parto prematuro ou pós-termo em gravidez anterior ou cesariana
anterior.
c. Gestante com complicações clínicas ou emocionais.
d. Paciente que não pode ser rapidamente transportada ao hospital.

4. Alternativas
a. Alterações do ambiente hospitalar para uma conduta centrada na família.
b. Centros obstétricos com estrutura adequada para cuidados de emergência em gestantes de
baixo risco.
c. Equipe de apoio motivada e apropriadamente educada.

Início do Trabalho de Parto

O mecanismo exato que inicia o trabalho de parto é desconhecido. Teorias incluem:

1. Teoria do estiramento do útero – o útero torna-se distendido e a pressão aumenta, causando


alterações fisiológicas que iniciam o trabalho de parto.

2. A medida que a gravidez progride, há uma elevação gradual na quantidade de ocitocina circulante.

3. A medida que a gravidez avança, a progesterona é menos eficaz em controlar as contrações uterinas
rítmicas que normalmente ocorrem. Além disso, pode também haver uma diminuição real na quantidade
de progesterona circulante.

4. Há uma maior produção de prostaglandinas pelas membranas fetais e pela decídua uterina a medida
que a gravidez avança.

5. No final da gravidez, o feto produz maiores níveis de cortisol que inibem a produção de progesterona
pela placenta.

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