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Discipulado de
Novos Convertidos
2012
1
Introdução
Uma das grandes lástimas das igrejas evangélicas de nossos dias é ver um grande número
de convertidos que frequentam a igreja e que até se tornam membros, mas que não estão
integrados à comunidade. Estes cristãos são passivos, comparecendo à igreja como
espectadores, para ver, ouvir e talvez sentir a presença de Deus. Não têm compromisso
com a igreja, não participam ativamente das atividades e das decisões do grupo, não
assumem responsabilidades e não desenvolvem relacionamentos de fraternidade com
outros membros. Não há integração à vida da igreja.
Não é desta forma que a Bíblia ensina o cristão a viver. A igreja cristã é uma comunidade
em que todos participam do Corpo de Cristo. Todos possuem dons espirituais e
habilidades naturais que devem ser colocados a serviço do Reino para a edificação de
todos os cristãos. A igreja é o local onde devemos ensinar e encorajar uns aos outros.
Quando um ou vários de seus membros não funcionam ou não cooperam, o Corpo sofre e
a igreja torna-se deficiente e doente.
O autor do livro aos Hebreus (5:11-14) encontrou dificuldade ao tentar explicar certos
assuntos aos destinatários da carta. Apesar de serem cristãos há muito tempo e
cronologicamente já pudessem ser mestres, eram imaturos espiritualmente. O autor
comparou o alimento espiritual que estava sendo dado (princípios elementares dos
oráculos de Deus) ao leite para recém-nascidos e disse que não havia condições de
receberem alimento sólido. Estes eram cristãos que não havido sido devidamente
discipulados.
1
Mello, Cyro. Manual do Discipulador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 14, 22, 126, 131
Esta matéria tem como objetivo estudar como podemos ajudar os novos convertidos a se
integrarem rapidamente à comunidade e como podemos ajudá-los a aprender a Palavra
de Deus e colocá-la em prática na sua nova vida em Cristo.
2 WARREN, Rick. Uma Vida com Propósitos. (São Paulo: Editora Vida, 2002).
Jesus não apenas informou e ensinou. Ele formou discípulos. A Igreja do Senhor Jesus é
composta de discípulos. Jesus sempre teve a multidão ao seu redor, mas Ele não se iludia
com a multidão, pois a multidão vem e vai. Contudo, Ele se dedicou a um pequeno grupo
de pessoas, próximas a Ele, que estavam dispostas a tudo por Ele: os discípulos. Jesus
procurou enraizar neles a visão do Pai e fez dos discípulos pessoas capazes de dar
continuidade à sua obra. Através de um relacionamento intenso com o Mestre os
discípulos aprenderam tudo e então aplicaram da mesma maneira à Igreja.
Não vamos encontrar na Bíblia as palavras “membro de igreja” nem “evangélico” como
referência aos cristãos e, sim, discípulos. Sempre que a Igreja estava reunida, ali estavam
reunidos os discípulos de Jesus. A Igreja são os discípulos de Jesus! Os irmãos são
discípulos!
Mesmo antes de Jesus, a Bíblia nos mostra pessoas que tinham um relacionamento de
discípulos:
❑ Moisés e Josué – Êxodo 24.13; 33.11; Números 27.18-21.
❑ Elias e Eliseu – 2 Reis 2.1-9.
❑ Davi e Jônatas – 1 Samuel 18.1-4; 19.1-10; 20.1-43.
“O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma
palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido
para que eu ouça como discípulo”. – Is 50:4 (ARC).
O Que é um Discípulo
1. A palavra discípulo em português vem do latim discipulus, que significa aprendiz. Este
termo vem do verbo discere que significa aprender.
2. Discípulo é aquele que crê em tudo que Cristo disse e faz tudo que Cristo manda.
a. Aquele que creu, se arrependeu, foi batizado e recebeu o dom do Espírito Santo,
a Bíblia chama de discípulo – Atos 2.37, 38.
3. Ser discípulo é ser seguidor, ser imitador pelo processo de adquirir a mesma
motivação interior, assumir o mesmo estilo de vida – Mateus 10.24; 1 Pedro 2.21; 1
João 2.6.
a. Amar a Jesus sobre todas as coisas – Lucas 14.26 (NVI) – “Se alguém vem a mim
e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua
própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo”.
Devemos amar a Jesus mais do que a todas as outras pessoas.
b. Renunciar a tudo quanto tem – Lucas 14.33 (NVI) – “Da mesma forma, qualquer
de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo”.
Como você tem usado o que você tem?
c. Obediência à Palavra de Deus – João 8.31 (NVI) – “Disse Jesus aos judeus que
haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra,
verdadeiramente serão meus discípulos”.
d. Amar como Ele amou – João 13.34, 35 – “Um novo mandamento lhes dou: Amem-
se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso
todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.
Assim é que nós conhecemos os que são discípulos de Jesus.
e. Dar fruto que permanece – João 15.7, 8, 16 – “Se vocês permanecerem em mim, e
as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será
concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão
meus discípulos... Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem
fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu
nome”.
O Que é Discipulado
Veja no exemplo abaixo a diferença que o discipulado com multiplicação faz na igreja:
Discipulando uma
Ganhando uma pessoa
ANOS pessoa por ano, e este se
cada dia
reproduzindo
01 365 2
05 1.825 32
10 3.650 1.024
15 5.475 32.768
20 7.300 1.048.576
30 10.950 1.073.741.824
“Foi me dada toda autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-
os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos
tempos” – Mateus 28.18b-20 (NVI).
Cinco razões pelas quais esta comissão de discipular merece ser chamada “grande” e
é indispensável à Igreja:
❑ 1º) É grande em sua autoridade. Não existe outro lugar onde Jesus se veste
com toda sua autoridade divina para nos passar alguma coisa.
❑ 2º) É grande em seu efeito multiplicador.
❑ 3º) É grande por sua extensão geográfica. Chega a todas as nações, todos os
ethnos. Os grupos mais difíceis de alcançar serão alcançados através de
relacionamentos comprometidos e pessoais. Não é uma comissão que se aplica
apenas a um certo grupo, tipo de pessoa ou lugar. É transcultural ao máximo.
❑ 4º) É grande por sua extensão à vida toda. Não existe aspecto algum de
nossas vidas que não deva ser colocado sob a autoridade de Jesus.
❑ 5º) É grande por sua extensão no tempo. É tão válido hoje com foi na igreja
primitiva do primeiro século.
1) Que discípulo é aquele que crê em tudo que Cristo disse e faz tudo que Cristo
manda.
2) Que discipulado é uma relação comprometida e pessoal onde um discípulo mais
maduro ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a aproximarem-se mais dEle e
assim reproduzirem.
3) Que a prática do discipulado é indispensável ao crescimento equilibrado da Igreja.
Que Deus crie em nós o coração de um verdadeiro discípulo, um coração voltado para o
Senhor, liberto, disposto a obedecer, nos capacitando a viver a vida de Jesus e reproduzi-
la em todas as pessoas que estão a nossa volta.
I. O Alvo do Discipulado
Paulo escreveu aos Efésios 5.1, 2: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e
andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como
oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”. No relacionamento discípulo e discipulador,
ambos se edificam mutuamente.
1. Integrar o novo crente à igreja local e levá-lo a comprometer-se com ela. Integrar
significa unir, apresentar, incorporar, adaptar, tornar participante.
2. Integrar o desviado que volta à igreja local, utilizando o mesmo processo do novo
crente.
4. Levar o novo discípulo à frutificação espiritual, pelo cultivo da vida cheia do Espírito
Santo, pela comunhão crescente com Deus, pela conservação de um caráter íntegro e
pelo testemunho e serviço para Deus.
6. Levar o novo discípulo à prática da mordomia cristã. Ensinar que tudo que o crente
tem foi Deus quem lhe deu e ele é apenas um administrador. Isto inclui talentos
pessoais, bens, finanças, dons espirituais, tempo, enfim, tudo em sua vida. Tudo isto
deve ser usado no serviço do Senhor Jesus Cristo.
7. Levar o novo discípulo à pratica da ação social cristã, dentro e fora da igreja local,
começando com o seu próximo da mesma fé. “Por isso, enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” –
Gálatas 6.10.
8. Levar o novo discípulo a ter uma vida devocional equilibrada – oração, leitura da
Bíblia e testemunho (falar aos outros do que Deus fez em sua vida).
9. Levar o novo discípulo a descobrir qual a sua função no corpo de Cristo, a Igreja.
Sem o discipulado cristão, quase todo o esforço evangelístico da Igreja será em vão, pois
os recém-nascidos deixados ao abandono não crescerão e não se reproduzirão. Assim a
Igreja com o tempo se estagnará.
b. João 11.44 – “Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com
ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-
o ir”. Jesus não desenrolou as faixas que prendiam Lázaro após a ressurreição, ele
mandou que seus discípulos o fizessem. O que temos que fazer Ele não fará!
c. Atos 15.36 – “Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para
visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor,
para ver como passam”. Paulo e Barnabé demonstraram um princípio importante
do discipulado que é a visitação para saber do estado dos irmãos.
d. Provérbios 27.23 – “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus
rebanhos”. Deve-se saber como vai a vida dos discípulos.
e. 1 Coríntios 13.11 – “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas
próprias de menino”. Os discípulos, um dia, deixarão de ser “meninos” espirituais.
f. Hebreus 5.12-14 – “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao
tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo,
quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como
necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de
leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é
para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas
para discernir não somente o bem, mas também o mal”. O discípulo precisa crescer
espiritualmente para não permanecer apenas no “leite espiritual”. A maturidade
cristã leva o discípulo a discernir tanto o bem (para aceitá-lo), como o mal (para
rejeitá-lo) porque tem alimentação espiritual sólida e exercita as suas faculdades;
isto é, pensa com uma mente transformada, tem comportamento e objetivos que
refletem uma cosmovisão (modo de enxergar o mundo) cristã e emoções e
relacionamentos restaurados pela graça de Deus.
g. João 15.1-16 – o discípulo e a frutificação que permanece. Que frutos são estes?
Colossenses 1.28 – “...o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando
a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito
em Cristo”.
a. A viver satisfeito – “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver
contente em toda e qualquer situação” – Filipenses 4.11.
b. A ser manso – “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” – Mateus 11.29.
c. A ser humilde – “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele,
em tempo oportuno, vos exalte”. – 1 Pedro 5.6 (veja também Mateus 11.29 e Tiago
4.10).
d. A ocupar-se com o que for útil – “Agora, quanto aos nossos, que aprendam também
a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem
infrutíferos”. – Tito 3.14 (veja também Isaías 1.17).
f. A não ir além do que está escrito – “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente
a mim mesmo e a Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto:
não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de
um em detrimento de outro”. – 1 Coríntios 4.6.
g. A ser reverente diante do Senhor – “E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua
vida, para que aprenda a temer o Senhor, seu Deus, a fim de guardar todas as
palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir” – Deuteronômio 17.19.
h. A Palavra de Deus – “As tuas mãos me fizeram e me afeiçoaram; ensina-me para que
aprenda os teus mandamentos”. – Salmo 119.73.
2. Todo crente é um discípulo e deve ser um discipulador. Pensando nisso, os irmãos que
possuem filhos podem usar o seu lar como oficina.
Paulo afirma na carta aos Filipenses que Deus é quem começa a obra na vida dos
discípulos. Ele começa salvando os discípulos, tornando-os novas criaturas, mas o seu
Espírito continua aperfeiçoando seus discípulos. Nesse processo de Deus para
transformar incrédulos em discípulos de Jesus, a primeira coisa que ele realiza na vida da
pessoa é o novo nascimento.
Evidências internas:
1. O testemunho do Espírito Santo no íntimo da pessoa – “O próprio Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – Romanos 8.16.
2. O testemunho da consciência da pessoa – “E nisto conheceremos que somos da
verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração; pois, se o nosso
coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece
todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, certamente, Deus é maior do
que o nosso coração e conhece todas as coisas” – 1 João 3.19-21.
3. O testemunho da Palavra de Deus para com a pessoa – “Estas coisas vos escrevi, a
fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho
de Deus” – 1 João 5.13 (veja também Atos 16.31).
4. O testemunho da habitação interior do Espírito Santo – “Nisto conhecemos que
permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito” – 1 João 4.13 (ver
também Gálatas 4.6).
5. O testemunho de uma mente renovada – “E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. O verdadeiro discípulo não deixa
que a maneira de pensar da nossa sociedade, orientado por princípios humanistas,
molde-nos e determine nossa maneira de pensar. Como novas criaturas, devemos
permitir que o Espírito Santo transforme nossa maneira de pensar, nossos
sentimentos e nossa vontade para que estes passem a se alinhar com os de Jesus.
6. O testemunho da aversão ao pecado – “Todo aquele que é nascido de Deus não vive
na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não
pode viver pecando, porque é nascido de Deus” – 1 João 3.9 – evidência interna e
externa.
Evidências externas:
1. O testemunho de mudança de vida da pessoa – “E, assim, se alguém está em Cristo,
é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” – 2
Coríntios 5.17. Quando se torna discípulo de Jesus, o comportamento da pessoa
muda, seus interesses são outros, sua maneira de enxergar o mundo é diferente.
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome
a sua cruz e siga-me” – Mateus 16.24. O que quis Jesus dizer por “siga-me”? Estamos de
fato seguindo a Cristo? Vejamos os passos que Jesus deu, deixando-nos o exemplo para o
seguirmos e sabermos se estamos no caminho certo.
1. Jesus foi gerado pelo Espírito Santo – “Enquanto ponderava nestas coisas, eis que
lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” –
Mateus 1.20 (veja também Lucas 1.35). O crente também deve ter nascido do
Espírito Santo (João 3.5; Tito 3.5 e Tiago 1.18).
2. Jesus foi batizado em águas – “Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o
Jordão, a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que
preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por
enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu” –
Mateus 3.13-15. Um verdadeiro discípulo também deseja ser batizado – Atos 2.37-
39.
3. Jesus foi ungido e cheio do Espírito Santo “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com
o Espírito Santo e com poder...” – Atos 10.38a (veja também Lucas 4.18). Todo
discípulo tem o Espírito Santo (Rom. 8.9) e busca a intimidade com Ele para estar
cheio (ou pleno) d’Ele – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução,
mas enchei-vos do Espírito...” – Ef. 5.18.
4. Jesus foi enviado e guiado (dirigido) pelo Espírito Santo – “Jesus, cheio do Espírito
Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto” – Lucas 4.1
(veja também Lucas 4.18, 19 e Mateus 4.1). Os discípulos devem ter essa
experiência de direção por parte do Espírito de Deus – João 20.20-22; João 16.13;
Romanos 8.14 e Gálatas 5.18.
5. Jesus foi um homem que trabalhou muito na obra do Pai – “Mas ele lhes disse: Meu
Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” – João 5.17 (veja também João 9.4 e
Isaías 53.11). O discípulo também deve ser constante na obra do Senhor –
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” – 1 Coríntios
15.58.
6. Jesus foi um homem de oração – “Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para
um lugar deserto e ali orava” – Marcos 1.35 (veja também Lucas 6.12; 5.16; 4.42;
9.18 e 3.21). O discípulo de Jesus deve ter também uma vida de oração – Atos 6.4;
Romanos 12.12; 1 Pedro 4.7 e 1 Tessalonicenses 5.17.
7. Jesus foi humilde de espírito – “Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve?
Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve”
– Lucas 22.27 (veja também João 13.14, 15). A humildade deve ser uma qualidade
do discípulo – Colossenses 3.12, 13 e 1 Pedro 5.5, 6.
8. Jesus foi um homem santificado (separado para Deus, vivendo longe do pecado) –
“E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam
santificados na verdade” – João 17.19 (veja também 10.36). O discípulo deve
buscar a santificação – 1 Tessalonicenses 4.3, 7; 5.23; 2 Coríntios 7.1 e Hebreus
12.14.
9. Jesus foi um homem que conhecia e usava as Sagradas Escrituras – “Então, lhe
deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde está escrito...”
– Lucas 4.17 (veja também Mateus 4.4, 7, 10). Um seguidor de Jesus deve amar, ler,
viver e ensinar a Bíblia – 1 Timóteo 4.13; Salmo 119.97, 105; Tiago 1.22-25 e 2
Timóteo 3.16.
10. Jesus foi um homem de sofrimento – “Porquanto para isto mesmo fostes chamados,
pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes
os seus passos” – 1 Pedro 2.21 (veja também Hebreu 9.14; Isaías 53.3 e Lucas
14.27). O discípulo de Cristo também passa por dificuldades nesta vida – “Estas
coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições;
mas tende bom ânimo; eu venci o mundo – (veja também João 16.33; Romanos 8.18;
2 Tessalonicenses 1.4; 2 Timóteo 2.3; 4.5 e 1 Pedro 4.12, 13).
11. Jesus priorizou a sua missão acima de todas as outras coisas. Ele também espera
isto de seus discípulos – “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher,
seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode
ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser
meu discípulo.... Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que
possui não pode ser meu discípulo” – Lucas 14.26, 27 e 33 (NVI). – Por três vezes
Jesus fala de situações em que não se pode ser seu discípulo: amor às pessoas mais
do que a Deus, aquele que não carrega sua cruz e aquele que não renuncia a tudo
quanto tem.
Lição 4
1. Ser salvo. O discipulador tem que ser ele mesmo discípulo de Jesus Cristo.
2. Bom testemunho. O discipulador tem que ser uma pessoa que esteja experimentando
transformação e crescimento em sua vida espiritual. Jamais será perfeito, mas precisa
ser um exemplo para a pessoa que ele está discipulando. Deve ter maturidade
espiritual.
3. Amor. O discipulador deve ter amor pelas pessoas e um desejo ardente de vê-las se
entregando a Cristo e seguindo-o.
4. Paciência. O novo convertido provavelmente sabe muito pouco sobre a Bíblia e a vida
cristã. Suas dúvidas e perguntas podem ser bastante básicas. Os amigos e os velhos
hábitos serão uma constante tentação. O discipulador precisa de muita paciência para
trabalhar com a maioria dos novos convertidos.
6. Humildade. O discipulador precisa reconhecer que não sabe tudo. Ele também está em
uma jornada espiritual aprendendo a cada dia. O discipulador também é um discípulo;
é um aluno mais experiente ensinando outro aluno menos experiente. O discipulador
não deve demonstrar atitude de superioridade ou arrogância espiritual.
8. Confiança no poder do evangelho para transformar vidas. Veja exemplos bíblicos como:
Zaqueu, o endemoninhado gadareno, Saulo, etc..
Os componentes do discipulado
➢ Maneira de vestir – “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem
com modéstia e bom senso...” – 1 Tm 2:9.
➢ Desejos: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza,
paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que
vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” – Cl 3:5-6.
➢ Objetivos na vida;
➢ Mudança nas prioridades;
➢ Mudança no uso do dinheiro.
Lição 5
Quais são os assuntos básicos que devem ser tratados neste curso? O que é essencial para
o estudo de um novo convertido? Cada igreja local terá que decidir o que é mais
apropriado para a sua situação.
Eu proponho que as lições incluam três áreas principais: doutrinas de base, disciplinas
espirituais e mordomia cristã. Os assuntos dentro destas áreas podem variar. Veja um
exemplo:
Doutrinas de base:
1. Plano da salvação e certeza da salvação;
2. A Trindade: Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo;
3. Pecado (separação do pecado, tentação) e o Senhorio de Cristo (santificação,
crescimento espiritual);
4. A Igreja: definição, funções;
5. As ordenanças: batismo, ceia e lavar dos pés;
6. Vivendo na plenitude do Espírito;
7. Coisas futuras: a morte, o céu, o inferno, o retorno de Cristo e o julgamento final.
Disciplinas espirituais:
1. A Bíblia, Palavra de Deus: leitura, meditação e memorização;
2. Oração e jejum;
3. Adoração: individual e com o corpo de Cristo. A nossa atitude para com estes
recursos é uma questão de discipulado;
4. Evangelismo.
Mordomia cristã:
1. Tudo pertence a Deus (dons, tempo, bens materiais), o crente é somente um
gerente. Prestará conta do que fizer com o que Deus lhe dá.
2. Emprego dos dons, talentos, tempo e bens materiais no Reino de Deus.
3. Sustento da obra de Deus (dízimos e contribuições):
a. Ofertamos a Deus (tudo que ofertamos é a Deus).
b. Ofertamos aos pobres (Mt 25:35-40; Rm 15:26 e Gl 2:10).
c. Ofertamos para o sustento da obra de Deus (1 Tm 5:17-18; 1 Co 9:13-14).
Mesmo sem fazer parte das lições do programa, o discipulador deve procurar
oportunidades para ajudar o discipulando a entender que a nova vida em Cristo implica
em uma transformação e uma reprogramação do caráter. Conversas informais ou
acontecimentos recentes na vida do discipulando podem dar oportunidade para mostrar
o que a Bíblia ensina sobre o caráter que o crente deve desenvolver. O discipulador deve
ser preparado para identificar estas áreas e saber onde a Bíblia fala sobre cada um deles.
Áreas que devem chamar a atenção incluem: desonestidade, mentira, egoísmo, orgulho,
ganância, demonstrações de ira, ciúmes, medo, ansiedade, vícios, impureza sexual
(pornografia, sexo antes do casamento, adultério, homossexualidade, etc.), palavrões e
problemas nos relacionamentos (conjugal, familiar e no trabalho), entre outros. Em
resumo, são obras da carne (Gl 5:19-21).
Dependendo dos traços de caráter que precisam de atenção mais urgente, o discipulador
pode usar trechos como:
➢ Gálatas 5:22-25 que fala do fruto do Espírito;
➢ 1 Coríntios 13:4-7 que fala do amor;
➢ Provérbios 12:25, Mateus 6:25-34 e Filipenses 4:6-7 que falam da ansiedade;
➢ 1 João 4:18 que fala do medo;
➢ 1 Coríntios 6:12 que fala em não se deixar dominar por nenhum vício;
➢ 1 Coríntios 6:15-20 que fala que se deve fugir da impureza sexual;
➢ Filipenses 4:8 que fala daquilo que deve ocupar a mente cristã.
4. União com Cristo. O convertido passa a fazer parte do corpo de Cristo. Está em Cristo
e Cristo está nele.
5. Adoção. Deus Pai adota o convertido como filho e agora há um relacionamento íntimo
entre Pai e filho.
➢ Não é preciso mais viver sob o peso da culpa e da consciência pesada. O crente é
perdoado por Deus. É justificado. Tem que aprender a se perdoar também.
➢ O convertido não está mais sozinho. Está em união com Cristo. Jesus está sempre
ao seu lado. Ele viveu como ser humano e conhece todas as circunstâncias e os
sentimentos de cada um. Ele intercede diante do Pai pelos que são seus. O Espírito
Santo de Deus habita no crente dando-lhe proteção, direção e força.
➢ A adoção torna o crente parte da família de Deus. Não está sozinho. Tem um
relacionamento com o Deus do universo.
Lição 6
Como evangelizar
A que momento na vida cristã o crente deve começar a evangelizar? Imediatamente após
a conversão! O novo convertido geralmente passa por um período de euforia com a nova
vida em Cristo. É muito importante que o discipulando aproveite esta euforia para dar os
primeiros passos no evangelismo.
Muitos podem argumentar que o novo convertido ainda não conhece a Bíblia e não tem
base para evangelizar. Não é necessário conhecer a Bíblia profundamente para
evangelizar. O discipulando deve começar dando testemunho aos outros do que Deus fez
na sua vida – da sua nova vida em Cristo. No Evangelho segundo João, temos o exemplo
de André, discípulo de João Batista. João, ao ver Jesus, falou para André: “Eis o Cordeiro
de Deus”! (Jo 1:36). André seguiu Jesus e conversou com ele. Imediatamente após este
primeiro encontro, André saiu, chamou seu irmão, Simão Pedro, e o levou a Jesus (v. 41-
42). No dia seguinte, Jesus chamou Filipe para segui-lo (v. 43). Filipe aceitou e saiu para
chamar seu amigo Natanael (v. 45). Nenhum destes três discípulos havia ainda recebido
um treinamento de Jesus, mas saíram e chamaram seus parentes e amigos para o
seguirem. Quanto antes o discípulo começar a evangelizar, mais a evangelização fará
parte da sua nova vida.
Mas além de usar o seu testemunho pessoal, o discipulando precisa aprender alguns
pontos básicos do plano da salvação para passar aos outros. Nada muito complicado.
Segue um mínimo de conhecimento para levar outra pessoa a Cristo:
1. Todos pecaram e vivem separados da comunhão com Deus – Rm 3:23;
2. O resultado do pecado é a morte espiritual – Rm 6:23a;
3. Mas Deus ama a humanidade e providenciou o perdão dos pecados e a vida eterna
através de seu Filho Jesus Cristo – Rm 6:23b;
4. É necessário arrependimento e confissão dos pecados para obter perdão – 1 Jo
1:9;
5. Quando aceita Jesus pela fé, o crente passa a ter vida eterna – Jo 3:16 e 36.
Se for possível, leve o discipulando para ver como se evangeliza outra pessoa. É
oportuno fazer uma visita evangelística com o discipulando para alguém que ele gostaria
de ver entregar-se a Cristo.
Por que demoramos então vários meses para batizar alguém e ainda exigimos que façam
curso de preparação para o batismo?
Cada igreja local tem sua maneira de se organizar para preparar o candidato ao batismo.
Algumas igrejas planejam o discipulado para culminar no batismo. Outras oferecem um
curso de discipulado para o novo convertido e outro curso separado para a preparação
ao batismo. O importante é batizar os que conhecem o Senhor Jesus Cristo como Salvador
e Senhor de suas vidas e que conheçam suas responsabilidades como membro da Igreja
de Cristo.
Recomendação para pessoas batizadas que chegam à igreja oriundas de outras igrejas
evangélicas das quais: 1- não se conhece a doutrina, 2 – sabe-se que a doutrina não é
ortodoxa ou, 3- não se faz nenhum discipulado ou preparação para o batismo; é
recomendável pedir a estas pessoas que passem pelo curso de preparação de batismo (ou
discipulado) para se ter uma ideia se realmente se converteram quando anteriormente
batizadas. Se, após o curso, demonstrarem que de fato eram convertidas ao serem
batizadas, então poderão ser aceitas como membros da igreja. Se demonstrarem que não
tinham conhecimento da salvação anteriormente ao batismo, é recomendável batizá-las
novamente, pois o batismo só é válido para aquele que crê.
Programa de discipulado
Como mencionei na introdução, creio ser uma lástima uma igreja local ser conivente com
a falta de desenvolvimento espiritual de cristãos passivos, sem compromisso com Deus
ou com a igreja e vivendo na sociedade sem demonstrar transformação de vida. Como
comunidade temos a responsabilidade de zelar pela vida espiritual uns dos outros e
cumprir com a função da igreja de ensinar os seus membros. Para tanto é necessário
começar os ensinos bem cedo na vida espiritual do cristão – desde o seu nascimento
espiritual.
Seria inconcebível permitirmos que as mulheres da nossa sociedade dessem à luz aos
bebês sem oferecermos nenhuma assistência. Da mesma forma, é inconcebível que a
igreja pregue o evangelho, observe o novo nascimento de almas e não dê nenhuma
assistência a esses bebês espirituais. A igreja tem o dever de dar assistência aos novos
convertidos e para isso precisa se programar. Toda igreja precisa de um programa de
discipulado. Quanto mais estruturado for o programa, maior será o índice de integração
na igreja. Igrejas sem discipulado estruturado apresentam um índice baixo de integração
de novos convertidos na igreja.
7
DORETO, Marli. Manual de Integração do Novo Convertido. (Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembléias de Deus, 2007), p. 20-28.
Para se fazer a integração social é necessário que o novo convertido possa desenvolver
novas amizades entre os irmãos na fé formando uma rede de relacionamentos. Estas
novas amizades tomarão o lugar das antigas amizades que não eram sadias. O apoio, a
camaradagem e o calor humano farão com que o novo convertido tenha uma nova família
e isto solidificará a sua permanência na igreja. A igreja precisa tomar cuidado com as
panelinhas fechadas que tornam difícil a integração dos novos convertidos. A tarefa de
integração social não é só de uma pessoa ou de um ministério, mas de toda a igreja.
Integração emocional – Além das provações emocionais normais que todos enfrentamos
na vida, o novo convertido irá vivenciar emoções fortes com as quais às vezes não está
preparado para lidar. O novo nascimento em si traz, frequentemente, emoções fortes de
alegria, tristeza pelo pecado, culpa e alívio. Logo após a conversão, sua decisão pode gerar
espanto e até revolta nos familiares e colegas, trazendo um sentimento de rejeição,
solidão e dúvida. Satanás redobrará seus ataques para desanimar o novo convertido em
sua nova vida com Cristo. Com quem irá ele compartilhar estas necessidades emocionais?
Quem irá ajudá-lo a entender o que está acontecendo? Quem irá orar e caminhar com ele
durante os momentos de necessidade espiritual? Quem irá dar o suporte espiritual e
emocional ao que está tentando superar algum vício? Obviamente, esta é uma obrigação
de toda a igreja. Havendo uma integração social, isto facilitará também a integração
emocional do novo convertido no Corpo de Cristo.
O novo convertido se sente constrangido e meio perdido. Não sabe o que fazer (e não
fazer) e nem quando. A integração cultural precisa reconhecer estes desafios, ter
sensibilidade e paciência durante o período de integração cultural, explicando o porquê
destes diferentes costumes.
Na maioria das vezes o discipulador não conhece o discipulando. Isto significa que os dois
terão que desenvolver um relacionamento. Algumas pessoas têm facilidade para fazer
amizade com desconhecidos. Outros já relutam. Todos nós temos personalidades
diferentes.
Jesus demonstrou que ficava à vontade com as pessoas. Em Jo 1:37-39, ele convidou duas
pessoas (João e André) que acabara de encontrar para visitarem sua casa. Estes dois se
tornaram seus discípulos e, mais tarde, seus discipuladores. Em outra ocasião, Nicodemos
foi procurá-lo em casa. Jesus também foi convidado à casa de outros para visitá-los e
tomar refeições. Ele mantinha também uma relação de amizade com uma família de três
irmãos em Betânia: Lázaro, Maria e Marta.
1. Prepare-se para correr riscos. Todo novo relacionamento é arriscado. Podemos não
ser compreendidos ou aceitos. Mas este é um risco que devemos estar dispostos a
tomar por amor a Jesus Cristo.
3. Não pretenda ser o que você não é. Se você não é atleta, não aja como se fosse. Se
você não é muito engraçado, não tente contar piadas. Aja naturalmente.
4. Não seja curioso demais. Se notar que o discipulando não gosta de falar sobre
certas áreas de sua vida, não fique pressionando ou fazendo muitas perguntas.
Seja paciente. Talvez, quando a amizade se aprofundar, ele se sentirá mais à
vontade para se abrir.
5. Seja discreto. Durante as suas conversas você certamente ficará sabendo de alguns
problemas e assuntos pessoais. Seja discreto. Guarde estes detalhes em
confidência. Você não precisa contar para outras pessoas. Isso destruirá a
confiança do seu discipulando.
6. Deixe o discipulando discordar de você. Quando ele tiver uma opinião diferente
sobre o que você está ensinando, deixe-o se expressar e depois pergunte onde é
que isso se encontra na Bíblia. Isto tira a discussão do plano das opiniões das
pessoas e coloca a autoridade na Palavra de Deus. É a Palavra de Deus que decide
o que é certo e o que é errado. Não discuta com o discipulando. É mais importante
ganhar a confiança dele do que ganhar a discussão. Uma vez que você fez a sua
colocação, mesmo que ele não concorde, você pode pedir para que ele pense nisso.
1. Alguns se decepcionam; não é o que pensavam que seria. Algumas pessoas vêm a
Cristo com motivação errada. Não estão dispostos a se arrepender e tornarem-se
discípulos de Jesus. A motivação pode ser simplesmente uma cura física, uma
busca por bens materiais, uma ajuda para sair de uma situação difícil, etc. Outros,
podem ser motivados por emoções. Uma vez que as emoções passam, não há
compromisso.
2. Outros não estão dispostos a pagar o preço do discipulado. Não querem deixar os
prazeres carnais, humilhar o seu ego ou escolher a vontade de Deus.
3. Existem os que não têm tempo para Deus e para as coisas espirituais. Estão sempre
correndo atrás disto e daquilo e não disponibilizam tempo para Deus. Com estas
pessoas é comum não se conseguir um horário em que estejam dispostas a
sentarem-se semanalmente para fazer o discipulado. Aparecem raramente aos
cultos e depois desaparecem.
4. Outros sofrem forte pressão da família ou dos amigos. São proibidos de ir à igreja
ou de se encontrar com os cristãos. Às vezes, a pressão é tão forte que o novo
convertido acaba cedendo.
5. Alguns lutam com vícios (bebida alcoólica, cigarro, pornografia, jogo, vícios
sexuais). Os vícios podem ser públicos ou ocultos. Muitas vezes, o novo convertido
luta sem sucesso para deixar o vício. Este fracasso traz um grande sentimento de
culpa que piora quando ele vai à igreja ou conversa com alguém de lá. Isso pode
levá-lo a desistir.
Quando temos consciência de que a pessoa está lutando com um vício, precisamos
dar muito apoio e não sermos críticos. Primeiramente, esta pessoa precisa saber
que sozinho não vai conseguir vencer. Ela precisa aprender a depender de Deus.
Só ele, com sua força e misericórdia, pode libertá-la. Em segundo lugar, precisamos
apoiá-la nos momentos de fracasso. Todos nós estamos sujeitos a cair, mas não
podemos ficar no chão. Precisamos pedir perdão a Deus e nos levantar e andar
novamente (1 Jo 2:1-2). Uma criança que está aprendendo a andar leva muitos
tombos; faz parte do processo. Mas a criança não pode parar de tentar. Um dia vai
superar os tombos frequentes. O mesmo também ocorre ao aprendermos a andar
na nova vida espiritual.
6. Existem algumas pessoas que começam bem a vida cristã, mas, após certo tempo,
o inimigo ataca com tentações relacionadas à sua vida antiga e elas não conseguem
resistir. Voltam para o mundo.
Jesus procurou preparar os seus discípulos para enfrentar o fato de que nem todos os que
recebem a Palavra se tornam discípulos que dão fruto. Para ilustrar, Jesus contou a
parábola do semeador (Mt 13:3-23; Mc 4:3-20 e Lc 8:5-15). O semeador semeava a
semente (a Palavra de Deus). Parte da semente caiu à beira do caminho onde o solo era
batido. Estas, os pássaros comeram. Representam os que ouvem a Palavra mas não dá
tempo de penetrar no coração, pois o “maligno” vem e apaga da mente o que foi dito.
Parte da semente caiu em um segundo tipo de solo, o rochoso. Ali ela brota, mas como o
solo é superficial, não cria raiz. Quando sai o sol, a planta não resiste. A planta que brotou
neste solo representa o que ouve a Palavra, recebe-a com alegria, mas, como não tem
raízes, não resiste à angústia e à perseguição.
A semente também caiu em um terceiro tipo de solo – entre os espinhos. A planta que
brotou, logo foi sufocada pelos espinhos. Esta planta representa os que recebem a
Palavra, mas os cuidados do mundo e a fascinação da riqueza sufoca a Palavra.
Por fim, a semente também caiu em terra fértil. As plantas brotaram, cresceram e
frutificaram – se multiplicando. Estas plantas representam os que recebem a Palavra com
um coração bem preparado, crescem espiritualmente e se multiplicam.
Moral da história: nem todas as plantas sobrevivem. Mas nós continuamos a trabalhar
preparando o solo para que algumas sementes caiam em terra fértil, brotem, cresçam e
frutifiquem!