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Historia de la educación de anormales y de la educación especial en Iberoamérica

Breve histórico da educação especial


no Brasil
Resumo
Breve histórico da educação especial no Brasil

O objetivo deste artigo consistiu em apresentar uma compilação dos principais fatos históri-
cos da educação especial no Brasil relacionados a história política do país. Os acontecimentos
históricos foram extraídos de estudos históricos existentes sobre educação especial brasileira.
O texto destaca os principais acontecimentos nos períodos: Pré-Republicano, da Primeira Re-
Enicéia Gonçalves Mendes** pública, do Estado Novo, da Segunda República, da Ditadura Militar, da Abertura Política
e das Reformas Neoliberais do Estado dos anos noventa. Finalmente algumas inferências a
partir desse retrato histórico são extraidas sobre as perspectivas futuras para a escolarização de
crianças e jovens com necessidades educacionais especiais na realidade brasileira

Resumen
Breve historia de la educación especial en Brasil

El objetivo de este trabajo es presentar una recopilación de los principales hechos históricos de
la educación especial en Brasil en relación con la historia política del país. Los acontecimien-
tos históricos fueron extraídos de unos pocos estudios históricos sobre la educación especial
brasileña existentes. El texto pone de relieve los principales acontecimientos en los períodos:
Pre-Republicano, la Primera República, del Estado Novo, Segunda República, la Dictadura
militar, la Apertura Política, el Estado de las reformas neoliberales de los años noventa. Final-
mente, algunas inferencias a partir de este cuadro histórico se extraen sobre las perspectivas
para el futuro de la educación de los niños y jóvenes con necesidades especiales en Brasil.

Abstract
Brief history of special education in Brazil

The aim of this paper was to present a compilation of the main historical facts of Special Edu-
cation in Brazil related to the political history of this country. The historical events were ex-
tracted from historical studies about brazilian special education. The text highlights the main
events in the periods: Pre-Republican, First Republic, New State, Second Republic, Military
Dictatorship, Political Openness and the Neoliberal Reforms of the 90s. Finally some inferen-
ces from this historical framwork are pointed out in terms of perspectives for the education of
children and youth with special needs in Brazil in the future.

Résumé
Brève histoire de l’éducation spéciale au Brésil

Le but de cet article est de présenter une compilation des principaux faits historiques de
l’éducation spéciale au Brésil par rapport à l’histoire politique du pays. Les événements his-
toriques ont été extraites de quelques études historiques existantes sur éducation spéciale
brésilienne. Le texte met en évidence les principaux événements au cours des périodes: Pré-
Républicaine, de la Première République, de l’État Nouveau, de la Deuxième République, la
Dictature militaire, l’Ouverture politique, des Réformes Néolibérale des années 90. Enfin,
certaines conclusions de ce tableau historique sont extraites sur l´avenir de la éducation des
enfants et jeunes ayant des besoins spéciaux particuliers dans le Brésil.

Palabras clave

Educação especial brasileira, estados inferiores da inteligência, assistência à deficiência, insti-


tucionalização da filantropia, fomento ao assistencialismo à questão da deficiência, educação
inclusiva
Educación especial brasileña, estados inferiores de la inteligencia, asistencia para la discapa-
__________________________________________________________ cidad, institucionalización de la filantropía, asistencia a los temas de discapacidad, educación
* Apoio Conselho Nacional de Desen- inclusiva
volvimento Científico e Tecnológico Brazilian special education, lower states of intelligence, disability assistance, institutionaliza-
(CNPq). tion of philanthropy, assistance to disability issues, inclusive education
** Universidade Federal de São Carlos, Brésilienne d’éducation spéciale, des états inférieurs de l’intelligence, aide à l’invalidité,
São Carlos, SP, Brasil. l’institutionnalisation de la philanthropie, l’assistance aux questions de handicap, l’éducation
E-mail: egmendes@ufscar.br inclusive

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Introdução

O marco histórico da educação especial no Bra-


sil tem sido estabelecido no período final do
século XIX, com a criação inspirada na expe-
riência européia do Instituto dos Meninos
Cegos,1 em 1854, sob a direção de Benjamin Constant, e o Ins-
tituto dos Surdos-Mudos,2 em 1857, sob a direção do mestre
francês Edouard Huet (Jannuzzi, 1985, 2004; Mazzotta, 2005).
Para os historiadores da educação a criação destas instituições
pioneiras, pareceram atos inusitados, considerando-se o con-
texto da época. Teixeira comenta:

Nada me parece mais significativo desse longo perío-


do de omissão e estagnação, com medidas medíocres
e lampejos de paternalismo, do que a criação do colé-
gio Pedro II e dos institutos de cegos e surdos-mudos,
como as principais instituições educativas da capital
do país em 60 anos de reinado (1968: 71).

Em 1874 é criado na Bahia o Hospital Juliano Moreira, dando


início a assistência médica aos individuos com deficiência in-
telectual, e em 1887, é criada no Rio de Janeiro a “Escola Méxi-
co” para o atendimento de pesoas com deficiências físicas e
intelectuais (Jannuzzi, 1992; Mazzotta, 2005). Gilberta Jan-
nuzzi identifica neste início da história da educação especial
do Brasil duas vertentes, denominadas por ela como médica-
pedagógica e a psicopedagógica, caracterizadas como se segue:

Vertente médico-pedagógica: mais subordinada ao


médico, não só na determinação do diagnóstico, mas
também no âmbito das práticas escolares […].
Vertente psicopedagógica: que não independe do mé-
dico, mas enfatiza os princípios psicológicos […] (Jan-
nuzzi, 1992: 59).

Analisando o período colonial esta autora concluiu que prevale-


ceu neste período o descaso do poder público, não apenas em
relação à educação de indivíduos com deficiências, mas tam-
1 Atual Instituto Benjamim Constant
(IBC). bém quanto à educação popular de modo geral, e que as ra-
2 Atual Instituto Nacional de Edu- ras instituições existentes possivelmente foram criadas para
cação de Surdos (INES). o atendimento dos casos mais graves, de maior visibilidade,

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ao passo que os casos leves eram ainda indi- sífilis, tuberculose, doenças venéreas, pobre-
ferenciados em função da desescolarização za e falta de higiene (Magalhães, 1913).
generalizada da população, até então predo-
minantemente rural. Durante as duas primeiras décadas do século XX
o país vivenciava uma fase de estruturação da
república e emergiram discrepâncias regionais
A Primeira República e interesse nos es- mais acentuadas, além de uma série de trans-
tados inferiores da inteligência formações político-sociais que resultaram em
mudanças no panorama da educação. Até a
A república no Brasil foi proclamada em 1889, primeira guerra mundial, a relativa estagnação
e depois disso profissionais que esttudavam econômica da sociedade brasileira, permitiu a
na Europa voltaram entusiasmados com o in- manutenção de um sistema dualista, servindo
tuito de modernizar o Brasil (Aranha, 2005). A para a elite nacional e grande parcela da classe
constituição de 1891 instaurou o federalismo média, sendo que as classes populares ainda
e definiu as responsabilidades pela política não tinham acesso à escola (Teixeira, 1977).
educacional: aos estados e municípios do en-
sino primário ao profissionalizante, e à união, Após a primeira Guerra Mundial (1914-1918)
o ensino secundário e superior. houve surto industrial, surgiu a tendência de
nacionalização da economia e que lentamente
Os médicos foram os primeiros a estudar os foi mudando o modelo econômico, emergin-
casos de crianças com prejuízos mais graves do a demanda por mão de obra especializada
e criaram instituições para crianças junto a resolvida na época pela imigração de italianos
sanatórios psiquiátricos. Em 1900, durante o e espanhóis com influência do sindicalismo
“4° Congresso Brasileiro de Medicina e Cirur- anarquista. Estes fatores seriam em parte res-
gia”, no Rio de Janeiro, Carlos Eiras apresen- ponsáveis pelos posteriores movimentos de
tou sua monografia intitulada: “A Educação e contestações observados na década de vinte.
Tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas”,
que versava sobre a necessidade pedagógi- O processo de popularização da escola primá-
ca dos deficientes intelectuais (Pereira, 1993). ria pública se inicia entre as décadas de vinte
Este interesse dos médicos pelas pessoas com a trinta, quando o índice de analfabetismo era
deficiências teria maior repercurssão após a de 80% (Aranha, 1989). A partir daí observa-
criação dos serviços de higiene mental e saú- se uma expansão do ensino primário, caracte-
de pública, que em alguns estados deu ori- rizado pela redução do tempo de estudo e a
gem ao serviço de Inspeção médico-escolar e multiplicidade dos turnos, que Teixeira (1968)
à preocupação com a identificação e educação caracteriza como uma política de educação
dos estados anormais de inteligência. popular reduzida.

Alguns autores identificam tais medidas Enquanto isso, a vertente psicopedagógica


como ligadas ao higienismo e à saúde pública3 da educação de pessoas com deficiência no
(Cunha, 1988; Jannuzzi, 1992). A concepção Brasil será influenciada neste mesmo período
de deficiência predominante era a de que se pelas reformas nos sistemas educacionais de
tratava de uma doença, em geral atribuída à educação sob o ideário do movimento escola-

3 O higienismo constituiu-se num forte movimento, ao longo do século XIX e início do século XX, de orientação
positivista, formado por médicos que buscavam influenciar o Estado para obter investimentos e intervir não só
na regulamentação de assuntos relacionados especificamente à área de saúde, mas também no ordenamento de
muitas outras esferas da vida social (Boarini, 2003).

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novista. No panorama mundial tal movimen- Mazzotta (2005) registra a publicação em 1915
to se caracterizou pela implantação de escolas dos primeiros trabalhos sobre a educação de
que tentavam superar o tradicionalismo, a pessoas com deficiências, tais como A Educação
rigidez e o viés intelectualista, que pouco se da Infância Anormal da Inteligência no Brasil, do
adequavam as transformações sociais em cur- professor Clementino Quaglio, Tratamento e
so (Aranha, 1989). Educação das Crianças Anormais da Inteligência
e A Educação da Infância Anormal e das Crianças
Os princípios do movimento escola-novista Mentalmente Atrasadas na América Latina, de
resumidos por Cunha (1988) foram a crença Basílio de Magalhães, e na década de vinte,
no poder da educação, o interesse pelas pes- aparece o livro intitulado Infância Retardatária,
quisas científicas, a preocupação em reduzir de Norberto de Souza Pinto.
as desigualdades sociais e em estimular a li-
berdade individual da criança. No Brasil seus Dentre os adeptos da escola nova, que no deco-
ativistas defendiam tanto a necessidade de rrer da década de vinte empreenderam refor-
preparar o país para o desenvolvimento atra- mas estaduais destaca-se Francisco Campos,
vés de reformas educacionais, quanto o direi- de Minas Gerais, que trouxe professores psi-
to de todos à educação, e por isso pregavam cólogos europeus para ministrar cursos para
que a construção de um sistema estatal de professores. Entre estes estrangeiros chega ao
ensino público, laico e gratuito, seria o único Brasil em 1929 Helena Antipoff, uma psicólo-
meio efetivo de combate às desigualdades so- ga russa que se radicou no país e influenciou
ciais da nação. o panorama nacional da educação especial.

Embasados no movimento escola-novista Helena Antipoff (1892-1974), havia estudado


vários estados empreenderam reformas pe- psicologia na França, na Universidade de Sor-
dagógicas, sendo que o ideário da escola nova bonne, e no Brasil criou o Laboratório de Psi-
permitiu ainda a penetração da psicologia na cologia Aplicada na Escola de Aperfeiçoamen-
educação, e o uso dos testes de inteligência to de Professores, em Minas Gerais, em 1929.
para identificar deficientes intelectuais passou Seu trabalho inicial foi uma proposta de or-
a ser difundido neste período. Em 1913 o pro- ganização da educação primária na rede co-
fessor Clemente Quaglio da Escola Normal mum de ensino baseado na composição de
de São Paulo introduziu a escala Binet-Simon classes homogêneas. Helena Antipoff foi tam-
e publicou a primeira amostra estatística. Ba- bém responsável pela criação de serviços de
seada nos dados de cerca de 150 crianças de diagnósticos, classes e escolas especiais. Em
escolas públicas, este autor concluiu que 13% 1932 criou a Sociedade Pestalozzi de Minas
delas eram anormais da inteligência (Quaglio, Gerais,4 que a partir de 1945, iria se expandir
1913). A partir de então se observa uma maior no país.
preocupação no panorama nacional com a
identificação dos casos leves de “anormalidade Em 1939 ela criou uma escola para crianças
da inteligência” nas escolas regulares, uma excepcionais, na Fazenda do Rosário, que
vez que os casos mais graves já eram aprioris- pretendia integrar a escola à comunidade
ticamente considerados rejeitados pela escola rural adjacente, dando início ao Complexo
pública (Jannuzzi, 1992). Educacional da Fazenda do Rosário (Cam-

4 A primeira escola com o nome “Pestalozzi” foi criada em Canoas, Rio Grande do Sul, em 1927. Antipoff iria
influenciar na ampliação da rede das Sociedades e Institutos, ao nível nacional, principalmente com apoio de
Francisco Campos, secretário de Educação de Minas Gerais que posteriormente se tornou Ministro da Educação
(Pereira, 1986).

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pos, 2003). Além dessas iniciativas participou va a síntese dos enfoques e procedimentos
ativamente do movimento que culminou na primeiramente franceses e posteriormen-
implantação da Associação de Pais e Amigos te europeus e norte-americanos.
dos Excepcionais, em 1954, além de influen-
ciar a formação de um contingente grande de Enquanto se observa o crescimento da institu-
profissionais que passaram a se dedicar à área cionalização, da implantação de escolas espe-
nos anos posteriores. ciais comunitárias e de classes especiais nas
escolas públicas para os variados graus de de-
Analisando a influência do movimento escola- ficiência em vários países ao longo da primei-
novista na educação especial de nosso país, ra metade do século XX, no Brasil predominou
Cunha (1988) considera que apesar de defen- no geral a despreocupação com a concei-
der a diminuição das desigualdades sociais, tuação, com a classificação e com a criação de
ao enfatizar as características individuais, a serviços. A pequena seleção dos “anormais”
proposição de ensino adequado e especiali- na escola ocorria em função de critérios ainda
zado, a adaptação de técnicas de diagnóstico vagos e baseados em “defeitos pedagógicos”
e especificamente do nível intelectual, muito e os escolares considerados, por exemplo,
contribuiu para a exclusão dos diferentes das como “subnormais intelectuais” eram carac-
escolas regulares naquela época. A igualdade terizados como aqueles:
de oportunidades tão pregada passou a sig-
[…] com atenção fraca, memória pre-
nificar a obrigatoriedade e gratuidade do en-
guiçosa e lenta, vontade caprichosa,
sino, ao mesmo tempo em que a segregação iniciativa rudimentar, com decisão
daqueles que não atendiam as exigências difícil, reflexão laboriosa, credulida-
escolares, passou a ser justificada pela ade- de exagerada, ou ao contrário insu-
quação da educação que lhes seria oferecida. ficiente, donde confiança excessiva
ou desconfiança irredutível (Mello,
Jannuzzi (1992, 2004) ao estudar a educação 1917, apud Jannuzzi, 1985).
de pessoas com deficiência intelectual no Bra-
sil, até por volta de 1935 concluiu que neste Analisando a casuística de um total de 2 mil
período: crianças de escolas públicas do Rio de Janei-
ro, consideradas problemas e encaminhadas
1. Não houve solução escolar para elas. e examinadas durante cinco anos (de 1934 a
2. As conceituações sobre deficiência eram 1939) no Serviço de Higiene Mental do Esco-
contraditórias e imprecisas, e incorpora- lar, Ramos concluiu que:
vam as expectativas sociais do momento
histórico em curso. […] somente uma porcentagem insig-
3. A concepção de deficiência intelectual en- nificante destas crianças mereceria, a
globou diversas e variadas crianças, com rigor, a denominação de ‘anormais’,
comportamentos divergentes das normas isto é, aqueles escolares que não po-
sociais estabelecidas pela sociedade e en- deriam ser educados pela escola co-
tão veiculadas nos padrões escolares. mum (1939: 26).
4. A classificação ficou mais ao nível do
discurso, e foi aplicada muito pouco em Registra-se ainda a partir de 1930 o apareci-
função da desescolarização geral predo- mento da expressão “ensino emendativo”,
minante. significando corrigir a falta, tirar defeito, su-
5. A escassa educação dos pessoas com defi- prir falhas decorrentes da anormalidade (Jan-
ciência intelectual neste período representa- nuzzi, 2004).

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Breve histórico da educação especial no Brasil

A estagnação da assistência à deficiência sistema dual, de escolas para a elite e escolas


no Estado Novo para a classe popular e a política educacional
se tornou mais e mais um instrumento da es-
De 1937 a 1945 o Brasil passou pelo Estado tratificação social.
Novo5 com forte controle estatal em todos os
setores sociais, centralização da Educação, e
retrocesso no processo de democratização do A institucionalização da filantropia no
ensino, em função de uma política explícita trato à questão da deficiência durante a
de favorecimento do ensino superior. A ênfa- Segunda República
se na educação como equalização das oportu-
nidades de ascensão social, vai ceder lugar às Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
mensagens patrióticas para despertar a cons- inicia-se no Brasil a Segunda República
ciência nacional para a necessidade de cen- (1945-1964), também chamada de Repúbli-
tralizar o poder político. ca populista, caracterizada pela ambigüidade
do governo que, se por um lado reconhecia
Entre a década de trinta a quarenta várias a insatisfação do povo, por outro procurava
mudanças no panorama da educação na- dirigir e manipular as aspirações populares.
cional, tais como, por exemplo, o desenvol- Observa-se neste período o processo da in-
vimento do ensino primário e secundário, a ternacionalização da economia, a entrada
criação do ministério da educação e saúde, do capital estrangeiro com as multinacionais,
a fundação da Universidade de São Paulo, o a influência da invasão cultural e econômica
crescimento das escolas técnicas e a reorga- norte-americana e o agravamento da pobreza
nização de algumas escolas de magistério. da população.

Jannuzzi (1992) aponta que durante cerca de O fim do estado novo consubstanciou-se na
20 anos (1930-1949) foi constatada uma lenta adoção de uma nova constituição de cunho li-
evolução dos serviços (cerca de apenas trinta beral e democrático, que determinava a obri-
estabelecimentos novos foram criados), en- gatoriedade de se cumprir o ensino primário,
quanto o número de estabelecimentos nas estabelecia a competência à União para legis-
escolas regulares públicas (provavelmente lar sobre diretrizes e bases da educação nacio-
na modalidade de classes especiais) dupli- nal, e afirmava o preceito de que a educação
cou, os estabelecimentos nas instituições es- era direito de todos. Enquanto isso, a luta pela
pecializadas privadas quintuplicaram. Neste escola pública se intensificava principalmen-
período, a rede de serviços que era predomi- te em função da elaboração do anteprojeto
nantemente pública, apesar de estar pratica- da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que
mente estagnada e de ser ainda incipiente, demorou 13 anos para ser transformado em
parecia apresentar uma tendência para a pri- lei (de 1948 a 1961).
vatização, em parte devido ao descaso gover-
namental em relação à educação de pessoas No período entre 1950 a 1959 houve maior
com deficiências. expansão no número de estabelecimentos de
ensino especial para portadores de deficiência
No sistema educacional nacional ocorreria a intelectual. Jannuzzi (1992) identificou cerca
reforma do ministro Gustavo Capanema en- de 190 estabelecimentos no final da década de
tre 1942 e 1946, que reformulou o ensino se- cinquenta no país, dos quais a grande maio-
cundário e profissionalizante e consolidou o ria (cerca de 77%) eram públicos e em escolas

5 O chamado Estado Novo foi o período do governo de Getulio Vargas que assumiu o poder depois de um golpe
que instalou ou a ditadura entre 1937 e 1945.

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regulares. Em 1954, é criada a primeira esco- cional das Associação de Pais e Amigos dos
la especial da Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE), (FENAPAES), que rea-
dos Excepcionais (APAE), no Rio de Janeiro, lizou seu primeiro congresso em 1963.6 Em
sob influência do casal de norte-americanos 1967 a Sociedade Pestalozzi do Brasil contava
Beatrice Bemis e George Bemis, membros da com 16 instituições espalhadas pelo país.
National Association for Retarded Children
e a atual National Association for Retarded Assim, o fortalecimento neste período da ini-
Citizens (NARCH), que em visita ao Brasil ciativa privada, com instituições de natureza
tentavam estimular a criação de associações filantrópica sem fins lucrativos, se deveu pri-
deste tipo. meiramente a uma omissão do setor da edu-
cação pública que forçou uma mobilização co-
A partir de 1958 o Ministério de Educação co- munitária para preencher a lacuna do sistema
meçou a prestar assistência técnica-financeira escolar brasileiro. Ao mesmo tempo percebe-
às secretarias de educação e instituições espe- se que estas instituições se tornaram parceiras
cializadas, lançando as campanhas nacionais do governo e foram financiadas com recursos
para a educação de pessoas com deficiências: provenientes da área de assistência social, o
Campanha para Educação do Surdo Brasilei- que permitiu exonerar a educação de sua res-
ro (CESB), em 1957; Campanha Nacional de ponsabilidade.
Educação e Reabilitação dos Deficitários Vi-
suais (CNERDV), em 1958; Campanha Nacio- Enquanto que a sociedade civil se organizava
nal de Educação do Deficiente Mental (Cade- em iniciativas comunitárias difundindo o mo-
me), em 1960. Enquanto isso se intensificava delo de instituições privadas e filantrópicas, a
o debate sobre a educação popular, a reforma escola pública, vai estendendo as matrículas
universitária e os movimentos de educação às classes populares. O crescimento do índi-
popular. ce de reprovação e de evasão vai alimentar as
teses que associavam o fracasso escolar e de-
A Lei 4.024 de Diretrizes e Bases, promulga- ficiência inteletcual de grau leve, e que serviu
da em 20 de dezembro de 1961, criou o Con- como justificativa para a implantação de clas-
selho Federal de Educação, e nela apareceu ses especiais nas escolas públicas (Ferreira,
a expressão “educação de excepcionais” con- 1992). A partir daí se verifica uma relação di-
templada em dois artigos (88 e 89). Mazzotta retamente proporcional entre o aumento das
(1990) aponta a promulgação desta lei como o oportunidades de escolarização para as classes
marco inicial das ações oficiais do poder pú- mais populares e a implantação de classes es-
blico na área de educação especial, que antes peciais para os casos considerados leves de
se restringiam a iniciativas regionalizadas e deficiência intelectual nas escolas regulares
isoladas no contexto da política educacional públicas (Jannuzzi, 1992; Ferreira, 1989).
nacional.
De modo geral os historiadores fixam na dé-
Após a promulgação da LDB de 1961 começaria cada de setenta a institucionalização da edu-
a ser observado o crescimento das instituições cação especial devido ao aumento no numero
privadas de cunho filantrópico. Em 1962, por de textos legislativos, das associações, dos es-
exemplo, havia 16 instituições apaeanas e foi tabelecimentos, do financiamento e do envol-
criado então um órgão normativo e represen- vimento das instâncias publicas na questão.
tativo de âmbito nacional, a Federação Na- Entretanto, convém ressaltar que antes mes-

6 O movimento das APAE talvez se configure na atualidade como o maior movimento filantrópico do país,
agregando muitas instituições implantadas em muitos municípios brasileiros.

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Breve histórico da educação especial no Brasil

mo da década de setenta já se observava cer- Talvez em decorrência deste crescimento


ta constituição do campo da assistência, com pode-se observar na década de setenta a ne-
o aparecimento das primeiras organizações cessidade de definir as bases legais e técnico-
não-governamentais, provavelmente apoia- administrativas para o desenvolvimento da
das pelo setor público da assistência social, educação especial no país. Em termos de le-
cujo campo de ação governamental no Brasil gislação a necessidade deste tipo de serviço
tem suas ações inaugurais na década de qua- já constara da Lei 4.024 de 1961, Artigo 88, e
renta com a criação do Conselho Nacional de foi reafirmada na Lei 5.602 de 1971, a segunda
Serviço Social (CNSS) e da Legião Brasileira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
de Assistência (LBA), que posteriormente as- nal de 1971, feita no contexto de ditadura e
sumiriam papel decisivo no financiamento de interesses econômicos mundiais, que alte-
das intuições privadas de assistência à defi- rou a estrutura do ensino criando novos ní-
ciência. veis, entre eles o ensino de 1o grau (8 séries
anuais e obrigatório dos 7 os 14 anos) e en-
sino de 2o grau (duração mínima de 3 anos e
O fomento ao assistencialismo à questão de técnica obrigatória). A regulamentação da
da deficiência no período da Ditadura matéria com pareceres do Conselho Federal
de Educação foi feita entre 1972 e 1974, mui-
Militar
to embora o atendimento preconizado nestes
documentos evidenciem uma abordagem
Em 1964 ocorreu o golpe militar que instaurou
mais terapêutica do que educacional (Nunes
a ditadura, no qual foram acentuados o pro-
e Ferreira, 1994).
cesso de desnacionalização da economia, a
concentração de renda, a repressão das mani-
Na Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, o Arti-
festações políticas, o êxodo rural, os problemas
go 9o definiu a clientela de educação especial
urbanos e o empobrecimento da população.
como os alunos que apresentassem deficiên-
As reformas educacionais deste período atin-
cias físicas ou mentais, os que se encontras-
giram o ensino superior resultando na perda
sem em atraso considerável quanto à idade
da autonomia da universidade, sem entretan-
regular de matrícula, além dos superdota-
to eliminar o dualismo escolar. Neste período dos; dando a educação especial, conforme
ocorreu um processo até então sem preceden- apontou Kassar (1988), uma identificação
tes de privatização do ensino, agora já sob a com os problemas do fracasso escolar evi-
mentalidade empresarial. denciados com a expansão da rede pública
nos anos sessenta.
Na década de sessenta houve grande evo-
lução no número de serviços de assistência e A educação especial foi estabelecida como uma
no ano de 1969, por exemplo, Jannuzzi (1992) das prioridades do I Plano Setorial de Educação
encontrou registros de mais de 800 estabeleci- e Cultural (1972-1974) e foi neste contexto que
mentos para pessoas com deficiência intelec- surgiu em junho de 1973, o Decreto 72.425,
tual, o que representava praticamente quatro de 3 de julho de 1973, que criou o Centro Na-
vezes mais do que a quantidade encontrada cional de Educação Especial (Cenesp), junto ao
no início da década de sessenta. A rede de Ministério de Educação; que iria se constituir
serviços era basicamente composta por clas- no primeiro órgão educacional do governo fe-
ses especiais nas escolas regulares (74%), a deral, responsável pela definição da política de
maioria delas em escolas estaduais (71%). As educação especial.
instituições especializadas compunham cerca
de um quarto dos serviços e eram predomi- No I Plano Nacional para a Educação Espe-
nantemente (80%) de natureza privada. cial nota-se nitidamente a tendência de privi-

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legiar a iniciativa privada em detrimento dos presentativas das categorias de pessoas com
serviços públicos de ensino especial. Começa deficiências.
a aparecer neste período a implantação de
setores da educação especial no âmbito das Assim, no período da ditadura a instituição
secretarias estaduais de educação, possivel- da educação especial vai se afirmando pos-
mente para administrar recursos financeiros sivelmente como decorrência do “milagre
repassados pelo Cenesp, e com foco na políti- econômico”,7 acompanhando a tendência da
ca de formação de professores (Mattos, 2004). privatização, a concentração de renda e a po-
breza (Gaspari, 2002), e reforçando seu cará-
Em 1976 a criação do Sistema Nacional de Pre- ter assistencialista-filatrópico.
vidência e Assistência Social (Sinpas), e seu ins-
trumento financeiro, o Fundo de Previdência O despertar da consciência para a função de
e Assistência Social (FPAS), reuniu e centrali- seletividade social da educação especial em
zou as várias instituições responsáveis pelos tempos de democratização
programas de assistência social, incluindo
Com o fim do governo militar8 e o advento da
entre elas a Legião Brasileira de Assistência
Abertura Política,9 novas iniciativas surgiram
(LBA), que era responsável pelo financiamen-
no panorama da educação especial no Brasil,
to das instituições finlatrópicas privadas. principalmente ao longo da segunda metade
da década de oitenta. Em 1985 o Cenesp a ele-
Em 1977 foi criado o Ministério da Previdên- vado a condição de Secretaria de Educação
cia e Assistência Social, e posteriormente iriam Especial e é instituido um comitê nacional
surgir portarias interministeriais (educação, para traçar política de ação conjunta, destinada
previdência e ação social), formalizando dire- a aprimorar a educação especial e a integrar,
trizes para a ação no campo do atendimento a na sociedade, as pessoas com deficiências,
“excepcionais”, dispondo sobre atendimento problemas de conduta e superdotados.
integrado com ações complementares de as-
sistência medico-psico-social e de educação Em 1986 é o lançado o “Plano Nacional de
especial, definindo e delimitando sua clien- Ação Conjunta” e instituída, a Coordenadoria
tela, dispondo sobre diagnóstico, encamin- para a Integração da Pessoa Portadora de De-
hamento, supervisão e controle, reforçando ficiência (Corde), dispondo sobre a atuação
enfim o caráter assistencial mais do que edu- da Administração Federal, no que concerne
às pessoas com deficiência.
cacional do atendimento.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 traçou
No final da década de setenta são implanta- as linhas mestras visando a democratização da
dos os primeiros cursos de formação de pro- educação brasileira, e trouxe dispositivos para
fessores na área de educação especial ao nível tentar erradicar o analfabetismo, universalizar
do terceiro grau e os primeiros programas de o atendimento escolar, melhorar a qualidade
pós-graduação a se dedicarem à área de edu- do ensino, implementar a formação para o
cação especial (Nunes ET alii, 1999; Bueno, trabalho e a formação humanística, científi-
2002). Em 1980 ocorre o I Encontro Nacional ca e tecnológica do país. Ela assegurou que a
de Entidades de Pessoas Deficientes, a partir educação de pessoas com deficiência deveria
do qual se consolidam várias entidades re- ocorrer, preferencialmente na rede regular de

7 Período entre 1969 a 1973, no qual aumentou o desenvolvimento econômico do país.


8 Depois de vinte e um anos de ditadura militar é eleito, ainda sem contar com o voto popular.
9 A abertura política é o nome pelo qual se dá o processo de redemocratização ocorrido no Brasil entre 1974 e
1985.

Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010 101
Breve histórico da educação especial no Brasil

ensino e garantiu ainda o direito ao atendi- Fundos Municipais de Assistência Social, para
mento educacional especializado. prefeituras, reforçando assim a tendência de
ampliação da autonomia e responsabilidade
Em 1990 ocorreu uma reforma administrati- local em matéria de assistência social.
va que extinguiu a SEESPE e a Secretaria Na-
cional de Educação Básica (Seneb) assumiu Esta mudança na política da assistência so-
a responsabilidade de implementar a políti- cial iria ter repercussões na área da educação
ca de educação especial. Uma nova reforma porque até então a LBA que financiava as
na estrutura administrativa do Ministério de instituições, definia quem deveria ou não
Educação e Desporto (MEC), efetivada em ser atendido, e o como, tendo portanto mais
1992, recolocou o órgão de educação especial poder na definição na política da educação
na condição de Secretaria, agora com a sigla especial do que o próprio Ministério da Edu-
SEESP. Apesar das mudanças nos nomes e no cação. O resultado disso foi a predominância
estatuto, Cenesp-SEESPE, e depois a SEESP, até meados da década de noventa, quando
extinto este órgão, de uma política assisten-
este órgão até a década de noventa se carac-
cialista mais do que educacional. A mudança
terizou:
decorrente da descentralização em meados
dos anos noventa não significou que outros
[…] pela centralização do poder de
mecanismos de financiamento não tenham
decisão e execução, por uma atuação
emergido em substituição aos antigos como
marcadamente terapêutica e assis-
aponta o estudo de Silva (2002) sobre o finan-
tencial ao invés de educacional, dan-
do ênfase ao atendimento segregado
cimento de instituições privadas filantrópicas
realizado por instituições especializa- na área de educação especial.10
das particulares […] (Mazzotta, 1990:
107). Enquanto isso, no sistema educacional pú-
blico, até meados da década de noventa, o
principal problema educacional do Brasil era
A Constituição Federal de 1988 reconheceu
a repetência no ensino de primeiro grau. Cer-
a assistência social como dever de Estado no
ca de metade das crianças que ingressavam
campo da seguridade social, e não mais como
anualmente eram retidas já na primeira série,
política isolada e complementar à Previdên-
apenas 65% das crianças matriculadas atin-
cia. Em 1989 foi criado o Ministério do Bem
giam a quinta série e apenas 3% completa-
Estar Social que, na contramão do que esta- vam o ciclo escolar sem repetir um ano. Os
va preconizado na constituição, fortaleceu o alunos demoravam em média 12 anos para
modelo centralizado simbolizado pela LBA. completar as oito primeiras séries do primei-
Draibe (1996) destacou que além de concen- ro grau, quando permaneciam na escola, uma
trar os recursos financeiros, a formulação e a vez que a média de anos freqüentados pela
gestão da política também estiveram mono- população era de 8,6 anos (Folha de São Paulo,
polizadas, até 1995, pela Legião Brasileira de 2001). Segundo Fletcher e Ribeiro (1987) um
Assistência (LBA), agência federal que criada quarto das matrículas no primeiro grau esta-
nos anos quarenta e transformada, ao longo riam na primeira série, sendo que destas 54%
do tempo, no instrumento por excelência do eram de alunos repetentes.
clientelismo e dos interesses particularistas.
Este padrão centralizado só começou a mu- Dado que a repetência vinha sendo um cri-
dar com a extinção da LBA em 1995, e com tério básico para o diagnóstico da deficiência
a transferência dos recursos federais para os intelectual, o encaminhamento de indivíduos

10 Na atualidade a filantropia em matéria de assistência parece ainda mais forte em função dos mecanismos
descentralizados e dispersos de financiamento.

102 Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010
Historia de la educación de anormales y de la educación especial en Iberoamérica

com baixo rendimento escolar para os serviços idade, e o acesso à escola para alunos com de-
de educação especial foi amplamente facilita- ficiências ainda permanecia sendo mínimo,
do, principalmente porque no país havia pro- com estimativa de apenas cerca de 1,5% a 2%
blemas sérios nos procedimentos de avaliação de matriculados, com o agravante de servir
e diagnóstico (Schneider, 1974; Paschoalick, muito mais ao processo de legitimação da
1981; Cunha, 1988; Ferreira, 1989, etc.). Além marginalidade social do que à ampliação das
disso, mais da metade da população brasilei- oportunidades educacionais de crianças com
ra (64,7%) vivia em níveis que variavam da necessidades educacionais especiais (Bueno,
miséria para a mais estrita pobreza e detin- 1994).
ha apenas 13,6% da renda produzida no país
(Jaguaribe et alii, 1986). Os alunos com deficiência que tinham algum
acesso a escola se defrontavam basicamente
Assim, não era surpreendente constatar que com duas alternativas de provisões no sistema
existia uma representação da população de ní- educacional brasileiro, nas raras comunidades
vel sócio-econômico baixo nos serviços de en- em que uma ou duas destas alternativas esta-
sino especial do país, fato este apontado por vam disponíveis: a escola especial filantrópi-
diversos autores ao longo das décadas de se- ca que não assegurava a escolarização, ou a
tenta a oitenta (por exemplo: Schneider, 1974; classe especial nas escolas públicas estaduais,
Campana, 1987; Ferreira, 1989, etc.). Neste que mais servia como mecanismo de exclusão
sentido, o conceito de deficiência estava em do que de escolarização (Schneider, 1974; Pas-
parte sendo confundido com os problemas choalick, 1981, Cunha, 1988; Ferreira, 1989;
sociais referentes à pobreza, e particularmen- etc.).
te relacionados à questão do fracasso escolar,
uma vez que era a clientela composta por
Ferreira (1992) destacava que o sistema de
alunos pobres e com história de repetência,
educação especial parecia se limitar a genera-
e que vinha mobilizando mais a educação es-
lizar a partir do rótulo básico, e se concentrar
pecial nas escolas públicas do país.
na recuperação ou remediação de supostas
etapas que faltavam ao aluno, surgindo daí a
Embora algum alunos poderiam ser identifi-
propensão de não se trabalhar assuntos aca-
cados precocemente, muito provavelmente, a
dêmicos, e de enfatizar supostos pré-requisi-
grande maioria se tornava “deficiente” quan-
do entrava para a escola prática esta que es- tos para tais habilidades (Ferreira, 1992). Os
tava sendo utilizada para justificar o fracasso currículos nas classes especiais, pareciam se
escolar, através do discurso que enfatizava a limitar ao desenvolvimento de programas de
existência de limitações, diferenças ou defi- prontidão (Schneider, 1974; Paschoalick, 1981;
ciências (Ferreira, 1989). Cunha, 1988) num modelo tipicamente reme-
diativo que pressupunha que os problemas
Entre as décadas de setenta a noventa o Mi- estivessem centrados no indivíduo, cuja incapa-
nistério de Educação empreendeu três levan- cidade escolar estivesse relacionada a processos
tamentos estatísticos sobre a educação espe- cognitivos subjacentes. A didática assumia
cial no país, que foram publicados em 1975, a infantilização do aluno com deficiência, a
1984 e 1990, com dados coletados respectiva- partir de um raciocínio equivocado que su-
mente nos anos de 1974, 1981 e 1987. Ferreira punha que eles deveriam aprender habilida-
(1992) analisando os dados oficiais concluiu des típicas do nível pré-escolar, para adquirir
que houve uma evolução pouco significativa. “prontidão” para a alfabetização. A estratégia
Mesmo nos centros mais desenvolvidos do instrucional se resumia a treinar os alunos em
país, não era atingido o princípio constitucio- atividades supostamente preparatórias, com
nal de acesso à escolaridade até os 14 anos de ênfase na repetição.

Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010 103
Breve histórico da educação especial no Brasil

Assim, conforme já havia apontado Ferrei- positivos legais que pareciam ser suficientes
ra (1989) sob o termo “educação especial” ain- para garantir o dever do Estado para com a
da se encontrava no Brasil até o final de década educação escolar, a oferta obrigatória de va-
de noventa vários procedimentos para, pri- gas nas escolas públicas, a proposta de um sis-
meiramente isolar indivíduos considerados tema nacional de educação e alguns avanços
deficientes / diferentes, e serviços centrados na relação entre educação regular e educação
na função de efetuar diagnóstico para a iden- especial, bem como na educação especial pú-
tificação, na montagem de arranjos, enquan- blica e privada.
to que não se discutia currículo e estratégias
instrucionais. Ao isolar os indivíduos em am- Apesar das perspectivas favoráveis tanto no
bientes educacionais segregados, rotulando- âmbito legal, quanto no discurso, ainda pre-
os de deficientes e tratando-os como crianças valecia uma vertente da política paralela na
pré-escolares, a educação que lhe era ofereci- área da assistencial, e conforme apontou Fe-
da acrescentava-lhes um duplo ônus: o rótulo rreira (1989) com ênfase no suporte técnico-
e estigma da deficiência com a conseqüente financeira a instituições privadas com base em
exclusão social, além da minimização das suas critérios político-quantitativos, apenas even-
potencialidades através de uma educação de tualmente associados à eficiência dos ser-
qualidade inferior (Ferreira, 1989). viços.
Classes e escolas especiais, essencialmente
Na esfera estadual, a grande maioria dos es-
baseadas no principio da segregação educa-
tados mantinha as classes especiais ou classes
cional, permitiram dessa forma transformar
de recursos nas escolas públicas estaduais.
o ensino especial num espaço onde era legiti-
Os municípios pareciam não ter papel muito
mada a exclusão e discriminação social, o que
definido, podendo ser mero espectador, ator,
transformava a educação especial, em um for-
coadjuvante ou patrocinador-financiador da
te mecanismo de seletividade social na escola
filantropia. A Constituição Federal de 1988
pública de primeiro grau. A partir daí cresceu
promoveu a descentralização administrativa
o criticismo e as restrições por parte de diver-
sos segmentos da sociedade, contra a manu- e de recursos financeiros, que aparentemente
tenção da educação especial como instância dotaria os municípios de uma maior autono-
legitimadora das impropriedades da edu- mia para equacionar os problemas locais, e
cação regular. uma nova perspectiva parecia se vislumbrar
quanto à política da educação especial.
Cumpre ressaltar que a utilização dos serviços
de ensino especial como mecanismo de exclusão As provisões na forma de serviços itinerantes,
ou como aponta Ferreira (1989) de “defi- classes de recursos e classes hospitalares, ape-
cientização escolar ”, só não era tão grave no sar de serem preconizadas nos documentos
Brasil, em função da insuficiência da rede políticos da época, raramente eram encontra-
de serviços de ensino especial, que efetiva- dos na realidade brasileira, de modo que a li-
mente jamais conseguiria comportar o con- teratura oficial parecia muito mais embasada
tingente excluído, por repetência ou evasão, na realidade de outros países que adotavam
das escolas regulares brasileiras ao longo da o modelo do contínuo de serviços que era
década de noventa. fictícia, pois o país sequer chegou a construir
um sistema de serviços que viabilizassem di-
Quanto à legislação o momento era bastan- ferentes opções de colocação dos alunos com
te significativo se considerarmos alguns dis- deficiências.

104 Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010
Historia de la educación de anormales y de la educación especial en Iberoamérica

A educação especial no contexto da re- sua inserção no contexto de reforma educa-


forma de meados dos anos noventa: o cional do sistema educacional e pelo caloroso
advento da “educação inclusiva”? debate da inclusão escolar, envolvendo uma
dicotomização do campo entre os adeptos da
Na política educacional brasileira do início educação inclusiva e os adeptos de uma visão
da década de noventa foi marcada pelo dis- mais radical baseada na inclusão total. Este
curso esperançoso decorrente dos direitos debate iria se acirrar ainda mais com a im-
sociais conquistados na Constituição Fede- posição de medidas políticas mais radicais e
ral de 1988, da ênfase na universalização do pouco consensuais (Mendes, 2006).
acesso, mas que ao mesmo tempo vai dar
espaço ao projeto neoliberal que prometia o Michels (2002) analisando a política brasileira
ingresso do país na era da modernidade atra- de educação e educação especial nos anos no-
vés da reforma do Estado (Mesquita, 2004). venta enfatizou que os avanços em termos da
A partir da promulgação desta constituição legislação e mesmo da compreensão sobre o
iniciou-se uma onda de reforma no sistema significado das necessidades educacionais es-
educacional, que trouxe uma série de ações peciais e das políticas educacionais que seria
oficiais empreendidas sob a justificativa da adequadas foram inegáveis, embora isso não
necessidade de alcançar a “equidade”, tra- tenha sido suficiente para retirar a educação
duzida pela universalização do acesso a to- especial brasileira do âmbito das políticas as-
dos à escola, e à “qualidade do ensino”. sitencialistas.

Diante dos problemas de desempenho da Ferreira (2002) apontou que ao longo dos
educação nacional o país vai sendo cada vez anos noventa a evolução das matrículas não
mais pressionado por agências multilaterais sofreu ampliação significativa frente a de-
a adotar políticas de “educação para todos” manda potencial, possivelmente em função
e de “educação inclusiva”. Num contexto das restrições dos recursos orçamentários
onde uma sociedade inclusiva passou a ser que alcançaram em relação ao total das des-
considerada um processo de fundamental pesas com a educação da federação, dos esta-
importância para o desenvolvimento e a ma- dos e municípios respectivamente de 0,37%,
nutenção do estado democrático, a educação 0,50% e 1,10%. O autor ressalta ainda que as
inclusiva começou a se configurar como parte
referências as instituições privadas nas fon-
integrante e essencial desse processo.
tes documentais oficiais que retratam este
segmento da política continuou forte, e que
No âmbito da educação especial também se
o discurso baseado no princípio da inclusão
observava um contexto de revisão influencia-
escolar não induziu a mudanças significati-
do pelo criticismo relacionado aos serviços e
vas no cenário brasileiro.
às normas e políticas, que foi alimentado pelas
orientações internacionais em torno do prin-
cípio da educação inclusiva. Nesta mesma
linha, as referências às necessidades educa- Perspectivas para a educação especial no
cionais especiais na Lei de Diretrizes e Bases Brasil
da Educação de 1996 vieram tanto atualizar
os dispositivos que a Constituição de 1988 di- Embora iniciativas isoladas e precursoras pos-
rigia aos indivíduos com deficiências, quanto sam ser constatadas em nosso país, na área de
priorizar a expansão de matrículas na rede educação especial, a partir do século XIX, ape-
pública regular (Ferreira e Nunes, 1997). nas na década de setenta, é que se constata
uma resposta mais abrangente da sociedade
Assim, a educação especial brasileira no final brasileira a esta questão (Bueno, 1991; Ferrei-
da década de noventa vai ser marcado pela ra, 1993). O início dessa história coincidiu com

Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010 105
Breve histórico da educação especial no Brasil

o auge da hegemonia da filosofia da “norma- concentrada na rede privada, e mais especifi-


lização e integração” no contexto mundial. camente em instituições filantrópicas), e uma
Se até então havia o pressuposto que a se- lenta evolução no crescimento da oferta de
gregação escolar, permitiria melhor atender matrículas, em comparação com a demanda
as necessidades educacionais diferenciadas existente.
desses alunos, após esse período, houve uma
mudança filosófica orientada pela idéia de in- Pode-se dizer que os resultados dos últimos
serção escolar em escolas comuns. 30 anos de política de “integração escolar” foi
provocar uma expansão das classes especiais,
A partir de então foram cerca de 30 anos de favorecendo o processo de exclusão na escola
uma política tida como regida pelo princípio comum pública. Os recursos predominantes
de “integração escolar”, até emergir o discur- hoje são salas de recursos em escolas públi-
so da “educação inclusiva” ou da “inclusão cas, que substituiram as antigas classes espe-
escolar” no país, a partir de meados da déca- ciais, escolas especiais privadas e filantrópicas
da de noventa. e um gradne contingnete de alunos inseridos
em calsses comuns sem receber nenhum tipo
A despeito das evoluções no discurso, na de suporte à escolarização.
atualidade constata-se que, para uma esti-
mativa de cerca de seis milhões de crianças e Assim, o debate sobre a questão da Educação
jovens com necessidades educacionais espe- Inclusiva é hoje um fenômeno de retórica
ciais, cerca de 800 mil matrículas, consideran- como foi a integração escolar nos últimos 30
do o conjunto de todos os tipos de recursos anos. O paradoxo é que ao mesmo tempo
disponíveis, ou seja, desde os matriculados em que se trata de uma ideologia importada
em escolas especiais até os que estão nas esco- de países desenvolvidos, que representa um
las comuns. A grande maioria dos alunos com alinhamento ao modismo, pois não temos
necessidades educacionais especiais está fora lastro histórico na nossa realidade que a sus-
de qualquer tipo de escola. Tal quadro indica tente; não podemos negar que na perspec-
muito mais uma exclusão escolar generali- tiva filosófica, a inclusão é uma questão de
zada dos indivíduos com necessidades edu- valor, ou seja, é um imperativo moral. Não
cacionais especiais na realidade brasileira, a há como questioná-lo nem na perspectiva fi-
despeito da retórica anterior da integração e losófica nem política, porque de fato se trata
da atual inclusão escolar. de uma estratégia com potencial para garan-
tir o avanço necessário na educação especial
As mazelas da educação especial brasileira, brasileira.
entretanto, não se limitam a falta de aces-
so, pois os poucos alunos com necessidades Tradicionalmente, a história da educação es-
educacionais especiais que tem tido acesso pecial no Brasil tem se processado de forma
a algum tipo de escola não estão necessaria- paralela ou independente dos movimentos
mente recebendo uma educação apropriada, da educação regular. Dado que existe uma
seja por falta de profissionais qualificados ou necessidade urgente de universalização do
mesmo pela falta generalizada de recursos. acesso, esta meta deve ser traçada pelo siste-
Além da predominância de serviços que ain- ma da educação geral, uma vez que, uma es-
da envolvem, desnecessariamente, a segre- cola popular para uma sociedade com acen-
gação escolar, há evidências que indicam um tuada estratificação social, que pretende ser
descaso do poder público em relação ao direi- mais democrática, não poderá surgir quando
to á educação para esta parcela da população; existem mecanismos tão efetivos de exclusão
uma tendência à privatização (considerando e seletividade social. Assim, a grande e con-
que grande parte das matrículas continua junta luta é a de como construir uma escola

106 Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010
Historia de la educación de anormales y de la educación especial en Iberoamérica

brasileira pública de melhor qualidade para ra, disponível em: http://www.inep.gov.br/pesqui-


todos, e ao mesmo tempo, garantir que as es- sa/prolei/mais.htm, acesso em 22 de dezembro de
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especial sejam respeitadas.
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de dezembro, de Diretrizes e Bases da Educação
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vens com necessidades educaionais especiais em: http://wwwp.fc.unesp.br/~lizanata/LDB%20
no país se caracteriza por um sistema dual 4024-61.pdf, acesso em 22 de dezembro de 2007.
onde de um lado existe um forte sistema ca-
racterizado pelo assistencialismo filantrópico _, 1971, Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, fixa di-
com patrocinio difuso de varias instâncias do retrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá
poder público, e do outro um sistema edu- outras providências, Diário Oficial da União, dispo-
nível em: http://www.prolei.inep.gov.br/prolei/,
cacional fragilizado que vem sendo incitado acesso em junho de 2005.
a abrir espaço para a educação escolar desta
parcela da população. _, Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, Diário
Conforme aponta Silva (2002) cabe lembrar Oficial da União, 23 de dezembro de 1996, dispo-
que a educação especial no Brasil está hoje nível em: Ministério da Educação, disponível em:
enquadrada no contexto do pensamento neo- http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tves-
cola/leis/lein9394.pdf, acesso em 22 de dezembro
liberal, que sabemos jogar contra a corrente da
de 2007.
inclusão social e escolar, buscando a privati-
zação, no sentido de reforço ao que não é pú- Brasil, Ministério da Ação Social, Coordenadoria
blico, ao privado não lucrativo, ao chamado Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
“terceiro setor”, às “parcerias” com a socieda- de Deficiência, 1992, Política Nacional de Integração
de civil, ao filantrópico, ao “não governamen- da Pessoa Portadora de Deficiência, Brasília, MAS,
tal”, ou seja, a tudo que minimiza o papel do Corde.
Estado, e consequentemente as ações de res-
Brasil, Ministério da Educação e Cultura, 1974,
ponsabilidade do poder público. Tal contexto
Diretrizes Básicas para a Ação do Centro Nacional de
representa na atualidade um razoável desafio Educação Especial, Brasília, S. G. / Cenesp.
para o avanço das políticas educacionais dire-
cionadas a crianças e jovens com necessida- _, 1975, Educação Especial: Dados Estatísticos-1974,
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Referencia

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pp. 93-109.
Original recibido: mayo 2009
Aceptado: julio 2009

Se autoriza la reproducción del artículo citando la fuente y los créditos


de los autores.

Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010 109
Breve histórico da educação especial no Brasil

110 Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010

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