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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 6ª

VARA CÍVEL -FORO REGIONAL II -SANTO AMARO – SP.

Processo Nº 1026484-68.2019.8.26.0002

APELANTE – MARCIA REGINA PAIS DE FREITAS LOPES

APELADO – BANCO PAN S/A.

BANCO PAN S/A, já qualificado nos autos da

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C TUTELA DE URGÊNCIA,


autos em epígrafe, que lhe move MARCIA REGINA PAIS DE FREITAS
LOPES, por seu(a) advogado(a), tendo em vista o recurso interposto,

vem, tempestivamente à presença de Vossa Excelência apresentar suas


CONTRARRAZÕES, o que faz em petição anexa.

Termos em que, requerendo seja ordenado


o encaminhamento e processamento do presente ao EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO,

Termos em que pede deferimento

São Paulo, data

Advogado(a)
OAB/SP xxx.xxx

Priscila Pizzocaro Braga


MATR 202008386421
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO,

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Processo Nº 1026484-68.2019.8.26.0002
APELANTE – MARCIA REGINA PAIS DE FREITAS LOPES
APELADO – BANCO PAN S/A.

Egrégio Tribunal,
Colenda Turma,

BANCO PAN S/A, já qualificado nos autos do

processo em epígrafe, que lhe move MARCIA REGINA PAIS DE FREITAS


LOPES, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por

seu(a) advogado(a), apresentar, dentro do prazo legal,


CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, considerando o inconformismo com
a sentença de fls. 125/130.

Priscila Pizzocaro Braga


MATR 202008386421
QUANTO AOS FATOS

O Apelante celebrou com o Apelado, na


data de 02/02/2017, um pacto de financiamento para aquisição de
veículo, com valor líquido do crédito de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil
reais) com entrada de R$13.000,00 (treze mil reais) a ser quitado em 60
parcelas de R$ 775,00, e decorridos um bom tempo, vem solicitar uma
revisão dos valores Financiados, por uma suposta conta dos elevados
valores e ilegais encargos contratuais, que diz estar amparados pela
legislação vigente, o Requerente não consegue mais efetuar os
pagamentos advindos do pacto do contrato, que tentou negociar
administrativamente, mas não obtendo êxito.

QUANTO A NECESSIDADE DA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA

A r. Sentença deve ser reformada, pois o


referido contrato está dentro da mais profunda legalidade, e totalmente
fundamentada, inexistindo a citada elevada de valores e encargos
contratuais, devidamente evidência na referida Decisão do MM. Juiz de
Direito da 6ª. Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro, senão
vejamos:

DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Evidenciamos que a relação de consumo Bancário é prevista


no CDC, mas que também a sua decadência atinge diretamente o
direito em razão desta relação contando se o direito durante certo lapso
temporal.
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Assim, não é possível
afastar a incidência do CDC sobre os contratos bancários:
“Art. 3º. [...] § 2ºServiço é qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária...”.

Desta forma, deverá este Julgador aplicar a presente ação o disposto no


artigo 26,inciso II, do CDC, o qual prescreve:
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em:
I -trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de
produtos não-duráveis;
II -noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de
produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega
efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. (...).

(grifo nosso).

Neste sentido se o CDC deve ser aplicado


às operações bancárias, então o CDC deve ser aplicado também no que
se refere à decadência.
Assim, diante da existência de prazo
decadencial, não tendo o Autor apresentado sua reclamação após 90 da
contratação, ocorrerá a perda de seu direito, quanto ao seu exercício.

Portanto, tendo em vista que o contrato


firmado entre a Ré e o Autor teve início em fevereiro de 2017, verifica-se
que já decorreu o prazo para o requerente reclamar supostos vícios do
produto ou do serviço da relação firmada com a requerida.

DA INEXISTÊNCIA DE ONEROSIDADE EXCESSIVA

As alegações postas nesta inicial não encontram amparo jurídico junto


ao entendimento do Superior Tribunal de Justiça, quanto a

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onerosidade excessiva e, portanto, foram julgadas
improcedentes, com os fundamentos:

STJ -Súmula: 382 -A estipulação de juros remuneratórios superiores a


12% ao ano, por si só, não indica abusividade.
STJ -Súmula: 381 -Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
STJ -Súmula: 380 -A simples propositura da ação de revisão de
contrato não inibe a caracterização da mora do autor.

A parte Requerente expõe na inicial uma situação que não corresponde


à realidade fática, prejudicando o Réu.
Deste modo não podemos considerar tal absurdo do referido contrato
quanto a sua onerosidade.

LEGALIDADE JUROS REMUNERATÓRIOS

Ao Verificar o CET (custo efetivo total)


informa ao consumidor o custo real de uma operação de crédito,
apresentando todos os custos que incidem na operação pretendida
antes da contratação. Tal item veio a ficar expresso nos contratos em
face da Resolução nº. 3517/2007, do Banco Central do Brasil,
contemplando que todas as instituições financeiras devem informar,
desde o dia 03 de março de 2008, o Custo Efetivo Total das
operações de empréstimos e financiamentos.
Neste sentido, o Custo Efetivo Total (CET)
é calculado considerando os fluxos referentes às liberações e aos
pagamentos previstos, incluindo taxa de juros do contrato, tributos,
tarifas, seguros e outras despesas cobradas do consumidor. E como
se trata de um custo composto por taxa de juros, custos de tarifas,

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tributos, registros e despesas, o valor desses pode
variar de uma instituição financeira para outra.
É o que determina o § 2º, do art. 1º, da
Resolução ora citada: § 2º O CET deve ser calculado considerando os
fluxos referentes às liberações e aos pagamentos previstos, incluindo
taxa de juros a ser pactuada no contrato, tributos, tarifas, seguros e
outras despesas cobradas do cliente, mesmo que relativas ao
pagamento de serviços de terceiros contratados pela instituição,
inclusive quando essas despesas forem objeto de financiamento.
Cumpre destacar que o § 3º, do art. 40,
do CDC, nos diz que “o consumidor não responde por quaisquer
ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de
terceiros não previstos no orçamento prévio”.
Nota-se que há expressado no campo CET
– Custo Efetivo Total da Operação – todos os valores a serem
efetivamente cobrados em razão da operação financeira entabulada,
não havendo nenhum motivo que posso o autor alegar para não
cumprir o que fora pactuado entre as partes.

MULTA CONTRATUAL E MORA DO REQUERENTE

Legalidade da previsão.
É possível a aplicação da multa
contratual, sendo admitida no percentual de 2% (dois por cento)
sobre o valor da quantia inadimplida, seguindo os termos do artigo
52, Súmula 285 do STJ.
 Súmula 285/STJ - 13/05/2004 - Consumidor. Banco. Contrato bancário. Multa
moratória do CDC. Incidência. CDC, art. 3º, § 2º e CDC, art. 52, § 1º.
«Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a
multa moratória nele prevista.»

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Para tanto não houve qualquer ilegalidade
na presente mora cobrada do requerente, cuja informação estava
presente no contrato pactuado entre as partes

DA INSCRIÇÃO EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

A ocorrência de inadimplemento, ao réu cabe o direito integral de


receber o crédito inadimplido, para isso lhe é lícito tomar todas as
providências legais, nas quais se incluem o protesto do título de
crédito garantidor da dívida, o que consequentemente ocasionará a
inscrição do nome da parte autora nos cadastros de restrição ao
crédito, inclusive com o protesto do título concedido como garantia
do débito, haja vista que se assim não ocorrer, obstará o exercício
regular de um direito exercido pelo credor, com amparo na Carta
Magna e no ordenamento jurídico, conforme dispõe o artigo 153 do
Código Civil brasileiro, que não se considera coação a ameaça do
exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Por sua vez, o artigo 188, inciso I, do mesmo Código, afirma que: Não
se constituem atos ilícitos, os atos praticados em legítima defesa ou
no exercício regular de um direito reconhecido.

SÚMULA 385 DO STJ: DA ANOTAÇÃO IRREGULAR EM


CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, NÃO CABE
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, QUANDO PREEXISTENTE
LEGÍTIMA INSCRIÇÃO,

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DO DIREITO

Conforme foi disposto acima, no tocante a


vasta legislação aplicável e do direito a manutenção da decisão do juízo
senão vejamos:

A parte autora contratou financiamento e


utilizou o crédito (dinheiro) fornecido pelo banco réu a fim de adquirir
veículo (que foi dado em garantia de pagamento), sendo de
conhecimento geral que o tomador de empréstimo bancário se submete
a encargos (que variam de acordo com a instituição financeira e a
natureza do empréstimo), portanto;
O AUTOR DETINHA PLENA E TOTAL CIÊNCIA DAS CLÁUSULAS E
TERMOS DO PACTO EM COMENTO, ANTES MESMO DE FIRMAR O
CONTRATO EM QUESTÃO, POSTO QUE PARTIU DO PRÓPRIO
AUTOR A PROPOSTA DE CRÉDITO PARA COM A EMPRESA RÉ.

Importante consignar que conquanto


estejamos diante de contrato por adesão e ser aplicável aqui a lei
consumerista, de se convir também que não está afastada pura e
simplesmente a incidência de princípios que norteiam a teoria geral dos
contratos, com destaque para aquele segundo o qual o contrato faz lei
entre as partes (desde que o pactuado não se mostre ilegal ou abusivo).
A parte autora não se inclui no rol das
pessoas de parcos conhecimentos, tem capacidade econômica para
contratar financiamento bancário e conta com orientação financeira e
jurídica particulares. Também não se pode perder de vista que foi a
parte autora quem procurou e optou por captar dinheiro por esta via
para adquirir veículo automotor, não sendo minimamente verossímil
que não tivesse ele razoável compreensão do contrato que firmava e das
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consequências decorrentes da mora, tudo
contratualmente pactuado. Indubitável, assim, que a adesão ao
contrato pelo autor se deu de forma esclarecida, livre e consciente, não
se cogitando acerca de qualquer desrespeito ao princípio da boa-fé
contratual, ou infringência a qualquer outro princípio aplicável à
matéria, não se evidenciando, sob esse aspecto, inobservância aos
pressupostos traçados no Livro III da Parte Geral do Código Civil,
determinantes da validade do ato jurídico e no CDC:
No § 3º, do art. 40, do CDC, nos diz que “o consumidor não
responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento
prévio”.
Nota-se que há está expresso o campo CET – Custo Efetivo Total da
Operação – todos os valores a serem efetivamente cobrados em
razão da operação financeira entabulada, não havendo nenhum
motivo que posso o autor alegar para não cumprir o que fora
pactuado entre as partes.

Importante ressaltar, ainda, por relevante,


que as parcelas foram contratadas em valores fixos, não podendo o
autor alegar em seu favor a teoria da imprevisão, o desequilíbrio
contratual ou onerosidade excessiva.
Pois bem, a taxa de juros, apesar de não
ser previamente discutida com o tomador, é informada com
antecedência. Quanto aos juros, as instituições financeiras podem
aplicar a taxa de mercado, devendo considerar:
Os juros remuneratórios foram regularmente previstos na folha de rosto do
contrato. (Doc. anexo).
A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, ao
julgar os REsps407.097-RS e420.111-RS, que o fato de as taxas de juros
excederem o limite de 12% ao ano não implica em abusividade.
Emenda Constitucional nº 40, publicada já no longínquo ano de 2003, revogou
o § 3º do artigo 192, aniquilando a antiga discussão sobre o limite
constitucional de juros, já superada pela Súmula Vinculante nº 7 do STF.

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E, porque as instituições financeiras estão
sob o crivo de lei especial, também não se configura qualquer ilegalidade à
vista da Lei de Usura, conforme enunciado da Súmula 596 do STF (“As
disposições do Decr. nº 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos
outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou
privadas que integram o Sistema Financeiro Nacional”).

Também não há a pretendida ilegalidade


na capitalização mensal de juros remuneratórios (e aqui se trata disto,
pois o banco capta dinheiro no mercado para a autora comprar o seu
carro, e pode cobrar por isto). O STJ já decidiu pela possibilidade de
capitalização mensal de juros em contratos firmados por instituição
financeira após 31/03/2000, haja vista a permissão legal (AgRg no
REsp 655858 -3ªT, 18/11/2004).
A taxa de juros cobrada não é maior que a
apontada no Custo Efetivo Total Anual no contrato. O Custo Efetivo
Total (CET) corresponde a todos os encargos e despesas incidentes nas
operações de crédito e de arrendamento mercantil financeiro, e deve ser
expresso na forma de taxa percentual anual, incluindo todos os
encargos e despesas das operações. Isto é, o CET engloba não apenas a
taxa de juros, mas também tarifas, tributos, seguros e outras despesas
cobradas do cliente.

Tal custo foi regulado pelo BANCO


CENTRAL DO BRASIL pela Resolução nº 3.517, de 6.12.2007, alterada
pela Resolução n.º 003909 de 30/09/10 que dispuseram que as
Instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil
deveriam informar o CET previamente à contratação e, no caso em tela,
a autora na data da contratação, ficou ciente dos fluxos considerados
no cálculo do CET.

Priscila Pizzocaro Braga


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Já nos termos do REsp 1.251.331-RS, a
partir da vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, não
mais tem respaldo legal a contratação da Tarifa de Emissão de Carnê
(TEC) e da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC), ou outra denominação
para o mesmo fato gerador. Porém, permanece válida a Tarifa de
Cadastro expressamente tipificada em ato normativo padronizador da
autoridade monetária, a qual somente pode ser cobrada no início do
relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira, que é o
caso dos autos. Ainda, com relação à tarifa de cadastro, o Colendo
Superior Tribunal de Justiça até editou a Súmula 566 que diz: Nos
contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN
n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro
no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição
financeira.
O mesmo recurso de repercussão geral
(REsp1.251.331-RS) estabeleceu ser lícito aos contratantes
convencionar o pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras e
de Crédito (IOF) por meio financiamento acessório ao mútuo principal,
sujeitando-o aos mesmos encargos contratuais.
A cobrança de honorários advocatícios,
judiciais ou extrajudiciais, em patamares que não se mostram
desarrazoados, não configura abusividade, pois é lícito imputar ao
consumidor despesas de cobranças que são adiantadas pelo credor (no
caso, o réu) em face de eventual inadimplemento do autor, ademais,
conforme artigo 325 do CC:
"Presumem-se a cargo do devedor as
despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do
credor, suportará este a despesa acrescida".
Com o intuito de proteger seu patrimônio,
não há abusividade na previsão de vencimento antecipado da avença
quando as hipóteses estão previstas em contrato.
Priscila Pizzocaro Braga
MATR 202008386421
As chamadas "cobrança de serviços de
terceiros", "tarifa de registro de contrato", "tarifa de avaliação de bem" e
"inclusão de gravame", não são abusivas, tampouco ilegais, pois, entre
outras destinações, constituem despesas decorrentes da complexa
relação contratual que é o financiamento de veículos.
Em relação à tarifa de registro de contrato
e de avaliação do bem, o Superior Tribunal de Justiça julgou o Recurso
Especial nº 1.578.553/SP, paradigma do Tema 958 dos recursos
repetitivos, fixando a seguinte tese: "Validade da tarifa de avaliação do
bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o
ressarcimento da despesa com o registro do contrato, ressalvada a
abusividade da cobrança do serviço não efetivamente prestado e a
possibilidade de controle da onerosidade excessiva em cada caso".
Com efeito, as referidas tarifas
administrativas dizem respeito a serviços efetivamente prestados pelo
réu e, portanto, passíveis de cobrança, já que objetivam,
exclusivamente, dar atendimento ao pleito do autor de se beneficiar do
dinheiro do banco, para o fim por ele pretendido. Tampouco se pode
afirmar, no caso concreto, ter ocorrido onerosidade excessiva, já que as
parcelas do contrato são fixas e pré-determinadas e as tarifas
administrativas são de pequeno valor.
Não se sustenta a alegação de que os
acréscimos são provenientes de cláusulas leoninas e abusivas, visto que
a parte autora assumiu e contratou por sua própria vontade, valendo
salientar que tais informações estão suficientemente claras no contrato.
No caso em análise, não ficou evidenciada a abusividade das tarifas
apontadas na inicial, além do que foram livremente contratadas entre
as partes, de sorte que a parte não pode alegar desconhecimento.

Priscila Pizzocaro Braga


MATR 202008386421
Da mesma forma, conforme se verifica do
contrato juntado aos autos, não há previsão da cobrança de comissão
de permanência cumulativamente com outros encargos moratórios.
Não há, tampouco, "venda casada" na
exigência de garantia securitária adicional como condição para a
concessão do financiamento. Aliás, bastante razoável e esperado que o
mutuante exija garantias adicionais do mutuário para a formalização do
contrato. Tal entendimento não destoa da tese fixada pelo C. STJ no
julgamento do Tema 972: "Nos contratos bancários em geral, o
consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela indicada". Ora,
impossível concluir, no caso concreto, ter o autor sido "compelido"
(forçado, obrigado, imposto, coagido, constrangido, pressionado) a
contratar garantia securitária para a realização de financiamento de
veículo automotor.
O mutuário tem a possibilidade de
escolher livremente a instituição financeira em que deseja contratar o
financiamento do bem adquirido, muitas das quais não solicitam
garantia securitária. Certamente, por questão lógica, os juros mensais
do financiamento sem garantia serão superiores aos cobrados em
contratos garantidos por seguro, para "compensar" o risco de
inadimplência. Cabe ao cliente analisar as propostas de cada instituição
e optar, livremente, por aquela que mais lhe convenha. O que não se
pode admitir -ao menos sem ofensa à liberdade de contratar entre
partes maiores e capazes -é a livre escolha da instituição financeira pelo
consumidor, com opção no mais das vezes pela parcela mensal fixa de
menor valor, seguida do ajuizamento de ação judicial temerária visando
à revisão judicial do contrato para "adequar" o valor mensal da parcela
à montante fora da realidade praticada no mercado.

Priscila Pizzocaro Braga


MATR 202008386421
Portanto, nenhuma ilegalidade na
composição das parcelas, não se olvidando, ainda, do enunciado na
Súmula 381 do STJ: "Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer de ofício da abusividade das cláusulas".
Por fim, as alegações do autor não há que
se falar em afronta à lei e nem a Constituição da República, devendo
prevalecer, neste caso, a máxima pacta sunt servanda, não se cogitando
de onerosidade excessiva e nem de infringência a qualquer princípio
contratual.
IN FINE

Diante o exposto, postula-se não seja dado


provimento ao recurso interposto decretando-se total procedência da
contestação da ré e;

PLEITEAR QUE A DECISÃO NÃO SEJA REFORMADA, POIS A


MESMA ENCONTRA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA E
RESPALDADA NA LEGISLAÇÃO PERTINENTE.

Termos em que,
pede deferimento.

São Paulo e data

Advogado(a)
OAB/SP xxx.xxx

Priscila Pizzocaro Braga


MATR 202008386421

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