Você está na página 1de 408

SÉRIE MÉDICA

PSICÓLOGO

ÍNDICE

Nível Superior

LÍNGUA PORTUGUESA:
Ortografia oficial. .......................................................................................................................... 43
Acentuação gráfica. ..................................................................................................................... 41
Flexão nominal e verbal. .............................................................................................................. 59
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. Advérbios. ........................................... 63
Conjunções coordenativas e subordinativas. ................................................................................ 75
Emprego de tempos e modos verbais. ......................................................................................... 67
Vozes do verbo. ........................................................................................................................... 67
Concordância nominal e verbal. Regência nominal e verbal. ....................................................... 81
Sintaxe. ........................................................................................................................................ 77
Ocorrência de crase. .................................................................................................................... 49
Pontuação.................................................................................................................................... 48
Intelecção de texto. ........................................................................................................................ 1

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Legislação do SUS ............................................................................................................................................. 1
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 .......................................................................................................... 4
Resolução CFP Nº 010/05 - O Código de Ética Profissional do Psicólogo - Em vigor desde o dia 27 de
agosto de 2005. ................................................................................................................................................13
Resolução CFP N.º 007/2003 Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de Avaliações Psi-
cológicas ..........................................................................................................................................................15
Resolução CFP Nº 010/2010 - Institui a regulamentação da Escuta Psicológica de Crianças e Adoles-
centes envolvidos em situação de violência, na Rede de Proteção. ..............................................................18
Resolução CFP Nº 008/2010 - Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico
no Poder Judiciário. .........................................................................................................................................19
BRASIL, LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sistema Nacional de Atendimento Socioedu-
cativo - SINASE) ..............................................................................................................................................20
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências...........................................................................................................................................30
A constituição do objeto libidinal patologia das relações objetais. ..................................................................94
Prevenção e efeitos da privação materna. ......................................................................................................95
O papel do pai. ..............................................................................................................................................107
As inter-relações familiares: casamento, conflito conjugal, separação, guarda dos filhos. ..........................117
A criança e a separação dos pais. ................................................................................................................128
A criança e o adolescente vitimizados. .........................................................................................................129
Natureza e origens da tendência anti-social. ................................................................................................139
Os direitos fundamentais da criança e do adolescente. ................................................................................148
As medidas específicas de proteção à criança e ao adolescente. ...............................................................149
Noções de Direito da Família. .......................................................................................................................152
A colocação em família substituta - Guarda, Tutela, Adoção. ......................................................................200
Adolescência, Drogadição e Família. ............................................................................................................202

1 Psicólogo

Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
A apuração de ato infracional atribuído ao adolescente. ..............................................................................206
As medidas sócio-educativas. .......................................................................................................................212
O trabalho do psicólogo e as atribuições da equipe interprofissional na Vara da Infância e da Juventu-
de, nas Varas da Família e das Sucessões e nas Varas Especiais da Infância e da Juventude. ................214
Psicodiagnóstico - técnicas utilizadas. ..........................................................................................................221
A entrevista psicológica. ................................................................................................................................240
Relatórios e laudos periciais psicológicos. ....................................................................................................245
Ética profissional. ...........................................................................................................................................249

2 Psicólogo

Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Aviso
A apostila OPÇÃO não está vinculada a empresa organizadora do concurso público a que se
destina, assim como sua aquisição não garante a inscrição do candidato ou mesmo o seu
ingresso na carreira pública.

O conteúdo dessa apostila almeja abordar os tópicos do edital de forma prática e


esquematizada, porém, isso não impede que se utilize o manuseio de livros, sites, jornais,
revistas, entre outros meios que ampliem os conhecimentos do candidato, visando sua melhor
preparação.

Atualizações legislativas, que não tenham sido colocadas à disposição até a data da
elaboração da apostila, poderão ser encontradas gratuitamente no site das apostilas opção, ou
nos sites governamentais.

Informamos que não são de nossanossa responsabilidade as alterações e retificações nos editais
dos concursos, assim como a distribuição gratuita do material retificado, na versão impressa,
tendo em vista que nossas apostilas são elaboradas de acordo com o edital inicial. Porém,
quando isso ocorrer, inserimos em nosso site, www.apostilasopcao.com.br,
www.apostilasopcao.com.br no link “erratas”,
a matéria retificada, e disponibilizamos gratuitamente o conteúdo na versão digital para nossos
clientes.

Caso haja dúvidas quanto ao conteúdo desta apostila, o adquirente d deve acessar o site
www.apostilasopcao.com.br,, e enviar sua dúvida, que será respondida o mais breve possível,
assim como para consultar alterações legislativas e possíveis erratas.

Também ficam à disposição do adquirente o telefone (11) 2856-6066,


2856 6066, dentro do horário
comercial, para eventuais consultas.

Eventuais reclamações deverão ser encaminhadas por escrito, respeitando os prazos


instituídos no Código de Defesa do Consumidor.

É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo


A 184 do
Código Penal.

Apostilas Opção, a opção certa para a sua realização.

Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
LÍNGUA PORTUGUESA

Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

LÍNGUA PORTUGUESA
autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado certamente
incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto funcional e ler com
atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, assim como
uma técnica, que fará de nós leitores proficientes e sagazes. Agora que
você já conhece nossas dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons
estudos! Luana Castro Alves Perez

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de


texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá
até o fim, ininterruptamente;
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos
Ortografia oficial. 43 umas três vezes ou mais;
Acentuação gráfica. 41 04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
Flexão nominal e verbal. 59 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colo- 07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compre-
cação. Advérbios. 63 ensão;
Conjunções coordenativas e subordinativas.75 08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto cor-
Emprego de tempos e modos verbais. 67 respondente;
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
Vozes do verbo. 67 10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta,
Concordância nominal e verbal. Regência nominal incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que
e verbal. 81 aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
Sintaxe. 77 perguntou e o que se pediu;
Ocorrência de crase. 49 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
exata ou a mais completa;
Pontuação. 48 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
Intelecção de texto. 1 lógica objetiva;
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
DICAS PARA UMA BOA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a
Uma boa interpretação de texto é importante para o desenvolvimento
resposta;
pessoal e profissional, por isso elaboramos algumas dicas preciosas para
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor,
auxiliar você nos seus estudos.
definindo o tema e a mensagem;
Você tem dificuldades para interpretar um texto? Se a sua resposta for 17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
sim, não se desespere, você não é o único a sofrer com esse problema que 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantís-
afeta muitos leitores. simos na interpretação do texto.
Ex.: Ele morreu de fome.
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar inúmeros pro- de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização
blemas, afetando não só o desenvolvimento profissional, mas também o do fato (= morte de "ele").
desenvolvimento pessoal. O mundo moderno cobra de nós inúmeras com- Ex.: Ele morreu faminto.
petências, uma delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava
a uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de entender quando morreu.;
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está relacionado com 19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as idei-
a dificuldade de decifrar as entrelinhas do código, pois a leitura mecânica é as estão coordenadas entre si;
bem diferente da leitura interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza
analogias e criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo
de textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas dúvidas. Cunegundes
Uma interpretação de texto competente depende de inúmeros fatores,
mas nem por isso deixaremos de contemplar alguns que se fazem essenci- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
ais para esse exercício. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos das TEXTO NARRATIVO
minúcias presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz • As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, for-
suficiente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, ças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar
sempre releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos surpre- dos fatos.
endentes que não foram observados anteriormente. Para auxiliar na busca
de sentidos do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do heroína, personagem principal da história.
conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados,
pelo menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do prota-
estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação gonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias supracitadas ou contracena em primeiro plano.
apresentando novos conceitos.
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar-
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra-
pelo autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
ção.
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos
nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso
O narrador que está a contar a história também é uma personagem,
na superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
Língua Portuguesa 1
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história. Formas de apresentação da fala das personagens
Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso- três maneiras de comunicar as falas das personagens.
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e • Discurso Direto: É a representação da fala das personagens atra-
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma dimen- vés do diálogo.
são psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reações Exemplo:
perante os acontecimentos. “Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, a val a cidade é do povo e de ninguém mais”.
trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo po-
demos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou descendi:
progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o clÍmax, o dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de
desenlace ou desfecho. travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas ou rápidas
os verbos de locução podem ser omitidos.
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre, • Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), ou Exemplo:
seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de inte- “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
resses entre as personagens. dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten- nos sombrios por vir”.
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,
ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos. • Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici- mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração.
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o gê- Exemplo:
nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidiano “Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
constitui uma crônica, o relato de um drama social é um romance alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato central, lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem
que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundários, rela- que estivesse doido. Como poderia andar um homem àquela
cionados ao principal. hora , sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco de pés
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu- no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conter (José Lins do Rego)
informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas ve-
zes, principalmente nos textos literários, essas informações são TEXTO DESCRITIVO
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais carac-
narrativo. terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
• Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
determinado tempo, que consiste na identificação do momento, As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importantes,
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa- tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude que
lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas relações vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para que
podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos, o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma imagem
ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de um fa- unificada.
to que aconteceu depois.
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vari-
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela pouco.
natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra téc-
sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no seu nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
espírito. • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
• Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis- através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a subje-
semos, é a personagem que está a contar a história. A posição em tiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas preferên-
que se coloca o narrador para contar a história constitui o foco, o cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri- que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-
zado por : vo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
- visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o que diz respeito às • Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos acon- personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,
tecimentos e a narração é feita em 3a pessoa. pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e temperamen-
- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da narra- to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so-
tiva que é feito em 1a pessoa. cial e econômico .
- visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê, • Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o
aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per- observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,
sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra- para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa. partes mais típicas desse todo.
• Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de • Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos
apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma
qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos e
feita em 1a pessoa ou 3a pessoa. típicos.
Língua Portuguesa 2
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, A linguagem normalmente é impessoal e objetiva.
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de
O roteiro da persuasão para o texto argumentativo:
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio.
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- Na introdução, no desenvolvimento e na conclusão do texto argumen-
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um vocabu- tativo espera-se que o redator o leitor de seu ponto de vista. Alguns recur-
lário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. É sos podem contribuir para que a defesa da tese seja concluída com suces-
predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer so. Abaixo veremos algumas formas de introduzir um parágrafo argumenta-
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis- tivo:
mos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
• Declaração inicial: É uma forma de apresentar com assertivi-
TEXTO DISSERTATIVO dade e segurança a tese.
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação cons- ‘ A aprovação das Cotas para negros vem reparar uma divida moral e
ta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou ques- um dano social. Oferecer oportunidade igual de ingresso no Ensino Superi-
tão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever or ao negro por meio de políticas afirmativas é uma forma de admitir a
com clareza, coerência e objetividade. diferença social marcante na sociedade e de igualar o acesso ao mercado
de trabalho.’
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir
o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como • Interrogação: Cria-se com a interrogação uma relação próxima
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. com o leitor que, curioso, busca no texto resposta as perguntas feitas na
introdução.
A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-
do o contexto. ‘ Por que nos orgulhamos da nossa falta de consciência coletiva? Por
que ainda insistimos em agir como ‘espertos’ individualistas?’
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em : • Citação ou alusão: Esse recurso garante à defesa da tese cará-
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- ter de autoridade e confere credibilidade ao discurso argumentativo, pois
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e ob- se apoia nas palavras e pensamentos de outrem que goza de prestigio.
jetiva da definição do ponto de vista do autor.
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo- ‘ As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não
cadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan- chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem
tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias as costas e irem embora’. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado
articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte num sobre o que presenciou na Ruanda é um chamado à consciência públi-
conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de- ca.’’
sencadeia a conclusão.
• Exemplificação: O processo narrativo ou descritivo da exempli-
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideia
ficação pode conferir à argumentação leveza a cumplicidade. Porém,
central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in-
deve-se tomar cuidado para que esse recurso seja breve e não interfira
trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para
no processo persuasivo.
haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer
em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipótese ‘ Noite de quarta-feira nos Jardins, bairro paulistano de classe média.
e opinião. Restaurante da moda, frequentado por jovens bem-nascidos, sofre o se-
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; é gundo ‘arrastão’ do mês. Clientes e funcionários são assaltados e amea-
a obra ou ação que realmente se praticou. çados de morte. O cotidiano violento de São Paulo se faz presente.’’
- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- • Roteiro: A antecipação do que se pretende dizer pode funcionar
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. como encaminhamento de leitura da tese.
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou ‘ Busca-se com essa exposição analisar o descaso da sociedade em
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- relação às coletas seletivas de lixo e a incompetência das prefeituras.’’
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a
respeito de algo. • Enumeração: Contribui para que o redator analise os dados e
exponha seus pontos de vista com mais exatidão.
O TEXTO ARGUMENTATIVO ‘ Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Pau-
Um texto argumentativo tem como objetivo convencer alguém das lo aponta que as maiores vítimas do abuso sexual são as crianças meno-
nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer res de 12 anos. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violência se-
tema ou assunto. xual atendidos pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Bying-
ton.’’
É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia no ar,
depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que o escreve, • Causa e consequência: Garantem a coesão e a concatenação
com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve das ideias ao longo do parágrafo, além de conferir caráter lógico ao pro-
também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meio da cesso argumentativo.
leitura que o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um parágrafo ‘ No final de março, o Estado divulgou índices vergonhosos do Idesp
que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a ideia chave da – indicador desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação para ava-
opinião. liar a qualidade do ensino (…). O péssimo resultado é apenas conse-
Geralmente apresenta uma estrutura organizada em três partes: quência de como está baixa a qualidade do ensino público. As causas
a introdução, na qual é apresentada a ideia principal ou tese; são várias, mas certamente entre elas está a falta de respeito do Estado
o desenvolvimento, que fundamenta ou desenvolve a ideia principal; e que, próximo do fim do 1º bimestre, ainda não enviou apostilas para al-
a conclusão. Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser gumas escolas estaduais de Rio Preto.
de diferentes tipos: exemplos, comparação, dados históricos, dados estatís-
tico, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentos - enfim
• Síntese: Reforça a tese defendida, uma vez que fecha o texto
com a retomada de tudo o que foi exposto ao longo da argumentação.
tudo o que possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo autor tem
Recurso seguro e convincente para arrematar o processo discursivo.
consistência. A conclusão pode apresentar uma possível solução/proposta
ou uma síntese. Deve utilizar título que chame a atenção do leitor e utilizar
variedade padrão de língua.
Língua Portuguesa 3
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
‘ Quanto a Lei Geral da Copa, aprovou-se um texto que não é o ideal, 3º parágrafo: A conclusão é desenvolvida com uma proposta de
mas sustenta os requisitos da Fifa para o evento. intervenção relacionada à tese.
O aspecto mais polêmico era a venda de bebidas alcoólicas nos es- “O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os
tádios. A lei eliminou o veto federal, mas não exclui que os organizadores transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnoló-
precisem negociar a permissão em alguns Estados, como São Paulo.’’ gica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais
do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não
• Proposta: Revela autonomia critica do produtor do texto e ga- existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se
rante mais credibilidade ao processo argumentativo. transformar na salvação do mundo.
‘ Recolher de forma digna e justa os usuários de crack que buscam Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral preci-
ajuda, oferecer tratamento humano é dever do Estado. Não faz sentido sam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a
isolar para fora dos olhos da sociedade uma chaga que pertence a to- combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada
dos.’’ Mundograduado.org melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a
Modelo de Dissertação-Argumentativa “ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.” Profª Francinete

Meio-ambiente e tecnologia: não há contraste, há solução Dissertação expositiva e argumentativa

Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambi- A dissertação pode ser feita de maneira expositiva ou argumentativa.
ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre- Expositiva
vivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan-
A dissertação é expositiva quando há a abordagem de uma verdade indis-
do analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.
cutível. O texto oferece um conhecimento ou informação sobre o assunto
O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a através da exposição de ideias, não tomando uma posição sobre elas.
se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao
Argumentativa
progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsá-
veis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, pro- A dissertação argumentativa é aquela que aborda o assunto com uma visão
blemas ambientais que afetam a população. crítica, onde o autor defende o seu ponto de vista, buscando sempre con-
vencer o leitor através de evidências, juízos, provas e opiniões relevantes.
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar
os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de
continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente Como interpretar textos
nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma,
podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemáti- É muito comum, entre os candidatos a um cargo público a preocupação
ca. com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informa-
ções específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas
O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os a concursos públicos.
transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnoló-
gica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de
do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não responder as questões relacionadas a textos.
existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se
transformar na salvação do mundo. TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si,
formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNI-
Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral preci-
CATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).
sam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a
combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma
melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a
delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com
“ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.
a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser
Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que
dissertativa assim organizada: o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retira-
da de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um
1º parágrafo: Introdução com apresentação da tese a ser defendi- significado diferente daquele inicial.
da;
“Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambi- INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou
ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre- indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso deno-
vivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan- mina-se INTERTEXTO.
do analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.”
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação
2º parágrafo: Há o desenvolvimento da tese com fundamentos ar- de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-
gumentativos; se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou
“O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
a se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas prova.
ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respon-
sáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
problemas ambientais que afetam a população.
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argu-
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos mentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de 2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças
continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente entre as situações do texto.
nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, 3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade,
podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemáti- opinando a respeito.
ca.” 4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só

Língua Portuguesa 4
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
parágrafo.
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras palavras. COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam pala-
vras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coe-
EXEMPLO são dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NE-
XOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que
TÍTULO DO TEXTO se vai dizer e o que já foi dito.

"O HOMEM UNIDO ” OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles,
está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este
PARÁFRASES depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode
A INTEGRAÇÃO DO MUNDO esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor se-
A INTEGRAÇÃO DA HUMANIDADE mântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente.
A UNIÃO DO HOMEM Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto,
HOMEM + HOMEM = MUNDO pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar em
A MACACADA SE UNIU (SÁTIRA) consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
cia, a saber:
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE.
Fazem-se necessários: MAS DEPENDE DAS CONDIÇÕES DA FRASE.
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR.
a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura QUEM (PESSOA)
do texto), leitura e prática; CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O
OBJETO POSSUÍDO.
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; COMO (MODO)
OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das palavras) incluem-se: ONDE (LUGAR)
homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonimia, QUANDO (TEMPO)
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. QUANTO (MONTANTE)

c) Capacidade de observação e de síntese e EXEMPLO:

d) Capacidade de raciocínio. Falou tudo QUANTO queria (correto)


Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o de-
INTERPRETAR x COMPREENDER monstrativo O ).

INTERPRETAR SIGNIFICA • VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de linguagem clássicos (BARBA-


- EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. RISMO, SOLECISMO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porém , existem
- TIPOS DE ENUNCIADOS expressões que são mal empregadas, e, por força desse hábito cometem-
• Através do texto, INFERE-SE que... se erros graves como:
• É possível DEDUZIR que...
• O autor permite CONCLUIR que... - “ Ele correu risco de vida “, quando a verdade o risco era de morte.
• Qual é a INTENÇÃO do autor ao afirmar que... - “ Senhor professor, eu lhe vi ontem “. Neste caso, o pronome correto
oblíquo átono
COMPREENDER SIGNIFICA
- INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE REALMENTE Dicionário de Interpretação de textos
ESTÁ ESCRITO. A - Atenção ao ler o texto é fundamental.
- TIPOS DE ENUNCIADOS:
• O texto DIZ que... B - Busque a resposta no texto. Não tente adivinhá-la. “Chute” só em
• É SUGERIDO pelo autor que... último caso.
• De acordo com o texto, é CORRETA ou ERRADA a afirmação...
• O narrador AFIRMA... C - Coesão: uma frase com erro de coesão pode tornar um contexto indeci-
frável. Contexto: é o conjunto de ideias que formam um texto ® o conteú-
ERROS DE INTERPRETAÇÃO do.

É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpre- D - Deduzir: deduz- se somente através do que o texto informa.
tação. Os mais frequentes são:
E - Erros de Interpretação:
a) Extrapolação (viagem) • Extrapolação ( viagem ): é proibido viajar. Não se pode permitir que o
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no pensamento voe.
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. • Redução: síntese serve apenas para facilitar o entendimento do contexto
e para fixar a ideia principal. Na hora de responder lê-se o texto novamente.
b) Redução • Contradição: é proibido contradizer o autor. Só se contradiz se solicitado.
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esque-
cendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente F – Figuras de linguagem: conhecê-las bem ajudam a compreender o
para o total do entendimento do tema desenvolvido. texto e, até, as questões.

c) Contradição G – Gramática: é a “alma” do texto. Sem ela, não haverá texto interpretá-
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o vel. Portanto, estude-a bastante.
tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão.
H - História da Literatura: reconhecer as escolas e os gêneros literários é
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do fundamental. Revise seus apontamentos de literatura.
leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que
deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais. I – Interpretação: o ato de interpretar tem primeiro e principal objetivo a

Língua Portuguesa 5
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
identificação da ideia principal. • Intertexto: são as citações que comple- A ideia principal e as secundárias
mentam, ou reforçam, o enfoque do autor .
Para treinarmos a redação de pequenos parágrafos narrativos, vamos
J – Jamais responda “de cabeça”. Volte sempre ao texto. nos colocar no papel de narradores, isto é, vamos contar fatos com base na
organização das ideias.
L – Localizar-se no contexto permite que o candidato DESCUBRA a Leia o trecho abaixo:
resposta.
Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de ferro
M – Mensagem: às vezes, a mensagem não é explícita, mas o contexto quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Com
informa qual a intenção do autor. isso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mas, demons-
trando grande presença de espírito, agachou-se, segurou, com as mãos,
N – Nexos: são importantíssimos na coesão. Estude os pronomes relativos um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.
e as conjunções.
Como você deve ter observado, nesse parágrafo, o narrador conta-nos
um fato acontecido com seu primo. É, pois, um parágrafo narrativo. Anali-
O – Observação: se você não é bom observador, comece a praticar HOJE,
semos, agora, o parágrafo quanto à estrutura.
pois essa capacidade está intimamente ligada à atenção. OBSERVAÇÃO
= ATENÇÃO = BOA INTERPRETAÇÃO. As ideias foram organizadas da seguinte maneira:

P – Parafrasear: é dizer o mesmo que está no texto com outras palavras. É Ideia principal:
o mais conhecido “pega – ratão“ das provas. Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de ferro
quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte.
Q – Questões de alternativas ( de “a” a “e” ): devem ser todas lidas.
Nunca se convença de que a resposta é a letra “a” . Duvide e leia até a letra Ideias secundárias:
“e”, pois a resposta correta pode estar aqui. Com isso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mas,
demonstrando grande presença de espírito, agachou-se, segurou, com as
R – Roteiro de Interpretação mãos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.
Na hora de interpretar um texto, alguns cuidados são necessários: A ideia principal, como você pode observar, refere-se a uma ação peri-
gosa, agravada pelo aparecimento de um trem. As ideias secundárias
a) ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua ideia central; complementam a ideia principal, mostrando como o primo do narrador
b) interpretar as palavras desconhecidas através do contexto; conseguiu sair-se da perigosa situação em que se encontrava.
c) reconhecer os argumentos que dão sustentação a ideia central;
Os parágrafos devem conter apenas uma ideia principal acompanhado
d) identificar as objeções à ideia central;
de ideias secundárias. Entretanto, é muito comum encontrarmos, em pará-
e) sublinhar os exemplos que foram empregados como ilustração da ideia
grafos pequenos, apenas a ideia principal. Veja o exemplo:
central;
f) antes de responder as questões, ler mais de uma vez todo o texto, fazen- O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio.
do o mesmo com as questões e as alternativas;
g) a cada questão, voltar ao texto, não responder “de cabeça”; Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram
h) se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto; aproveitar o bom tempo. Pegaram um animal, montaram e seguiram con-
i) se o enunciado pedir a ideia principal, ou tema, estará situada na introdu- tentes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela mãe.
ção, na conclusão, ou no título; Nesse trecho, há dois parágrafos.
j) se o enunciado pedir a argumentação, esta estará localizada, normalmen-
te, no corpo do texto. No primeiro, só há uma ideia desenvolvida, que corresponde à ideia
principal do parágrafo: O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio.
S – Semântica: é a parte da gramática que estuda o significado das pala- No segundo, já podemos perceber a relação ideia principal + ideias
vras. É bom estudar: homônimos e parônimos, denotação e conotação, secundárias. Observe:
polissemia, sinônimos e antônimos. Não esqueça que a mudança de um “i “
para “e” pode mudar o significado da palavra e do contexto. Ideia principal:

IMINENTE - EMINENTE Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram


aproveitar o bom tempo.
T – Texto: basicamente, é um conjunto de IDEIAS (Assun- Ideia secundárias:
to) ORGANIZADAS (Estrutura). (INTRODUÇÃO-ARGUMENTAÇÃO-
CONCLUSÃO) Pegaram um animal, montaram e seguiram contentes pelos campos,
levando um farto lanche, preparado pela mãe.
U – Uma vez, contaram a você que existem a ótica do escritor e a ótica do Agora que já vimos alguns exemplos, você deve estar se perguntando:
leitor. É MENTIRA! Você deve responder às questões de acordo com o “Afinal, de que tamanho é o parágrafo?”
escritor.
Bem, o que podemos responder é que não há como apontar um pa-
V – Vícios: esses “errinhos” do cotidiano atrapalham muito na interpreta- drão, no que se refere ao tamanho ou extensão do parágrafo.
ção. Não deixe que eles interfiram no seu conhecimento.
Há exemplos em que se veem parágrafos muito pequenos; outros, em
que são maiores e outros, ainda, muito extensos.
X – Xerocar os conteúdos, isto é, decorá-los não é o suficiente: é necessá-
rio raciocinar. Também não há como dizer o que é certo ou errado em termos da ex-
tensão do parágrafo, pois o que é importante mesmo, é a organização das
Z – Zebra não existe: o que existe é a falta de informação. Portanto, infor- ideias. No entanto, é sempre útil observar o que diz o dito popular – “nem
me-se! oito, nem oitenta…”.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/como- Assim como não é aconselhável escrevermos um texto, usando apenas
interpretar-textos parágrafos muito curtos, também não é aconselhável empregarmos os
muito longos.

Língua Portuguesa 6
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Essas observações são muito úteis para quem está iniciando os traba- o sexo, a idade, a classe social dos falantes e o grau de formalidade do
lhos de redação. Com o tempo, a prática dirá quando e como usar parágra- contexto. Essas diferenças constituem as variações linguísticas.
fos – pequenos, grandes ou muito grandes.
Observe abaixo as especificidades de algumas variações:
Até aqui, vimos que o parágrafo apresenta em sua estrutura, uma ideia
principal e outras secundárias. Isso não significa, no entanto, que sempre a 1. Profissional: no exercício de algumas atividades profissionais, o
ideia principal apareça no início do parágrafo. Há casos em que a ideia domínio de certas formas de línguas técnicas é essencial. As variações
secundária inicia o parágrafo, sendo seguida pela ideia principal. Veja o profissionais são abundantes em termos específicos e têm seu uso restrito
exemplo: ao intercâmbio técnico.

As estacas da cabana tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo 2. Situacional: as diferentes situações comunicativas exigem de um
estremeceu violentamente sob meus pés. Logo percebi que se tratava de mesmo indivíduo diferentes modalidades da língua. Empregam-se, em
um terremoto. situações formais, modalidades diferentes das usadas em situações infor-
mais, com o objetivo de adequar o nível vocabular e sintático ao ambiente
Observe que a ideia mais importante está contida na frase: “Logo per- linguístico em que se está.
cebi que se tratava de um terremoto”, que aparece no final do parágrafo.
As outras frases (ou ideias) apenas explicam ou comprovam a afirmação: 3. Geográfica: há variações entre as formas que a língua portuguesa
“as estacas tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo estremeceu assume nas diferentes regiões em que é falada. Basta prestar atenção na
violentamente sob meus pés” e estas estão localizadas no início do pará- expressão de um gaúcho em contraste com a de um amazonense. Essas
grafo. variações regionais constituem os falares e os dialetos. Não há motivo
linguístico algum para que se considere qualquer uma dessas formas
Então, a respeito da estrutura do parágrafo, concluímos que as ideias superior ou inferior às outras.
podem organizar-se da seguinte maneira:
4. Social: o português empregado pelas pessoas que têm acesso à
Ideia principal + ideias secundárias escola e aos meios de instrução difere do português empregado pelas
pessoas privadas de escolaridade.
ou
Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que
Ideias secundárias + ideia principal goza prestígio, enquanto outras são vítimas de preconceito por emprega-
É importante frisar, também, que a ideia principal e as ideias se- rem estilos menos prestigiados. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade
cundárias não são ideias diferentes e, por isso, não podem ser separadas de língua – a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e
em parágrafos diferentes. Ao selecionarmos as ideias secundárias deve- cujo domínio é solicitado como modo de ascensão profissional e social.
mos verificar as que realmente interessam ao desenvolvimento da ideia Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que
principal e mantê-las juntas no mesmo parágrafo. Com isso, estaremos alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por aqueles que
evitando e repetição de palavras e assegurando a sua clareza. É importan- não fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona
te, ao termos várias ideias secundárias, que sejam identificadas aquelas o reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita. Assim
que realmente se relacionam à ideia principal. Esse cuidado é de grande se formam, por exemplo, as gírias, as línguas técnicas. Pode-se citar ainda
valia ao se redigir parágrafos sobre qualquer assunto. a variante de acordo com a faixa etária e o sexo.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Língua padrão e não padrão

FALA E ESCRITA A língua padrão está ligada à variedade escrita, culta da língua portu-
guesa. Ela é considerada formal, "correta", e deve ser usada em ocasiões
Registros, variantes ou níveis de língua(gem) mais formais, tanto na escrita , quanto na fala.
A língua não-padrão está ligada à variedade falada, coloquial da nossa
A comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode
transformar-se, através do tempo, e, se compararmos textos antigos com língua. Ela é considerada informal, mais flexível e permite alguns usos que
atuais, perceberemos grandes mudanças no estilo e nas expressões. Por devem ser evitados quando escrevemos : gírias, abreviações, falta dos
que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que conside- plurais nas palavras, etc.Porém, às vezes, encontramos essa variedade
rar múltiplos fatores: época, região geográfica, ambiente e status cultural não-padrão também na variedade escrita : em textos como poesias,
dos falantes. propagandas , jornal,etc. christina luisa

Há uma língua-padrão? O modelo de língua-padrão é uma decorrência


dos parâmetros utilizados pelo grupo social mais culto. Às vezes, a mesma AS DIFERENÇAS ENTRE FALA E ESCRITA
pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situação sociocultural Enquanto a língua falada é espontânea e natural, a língua escrita precisa
dos indivíduos com quem se comunica, usará níveis diferentes de língua. seguir algumas regras. Embora sejam expressões de um mesmo idio-
Dentro desse critério, podemos reconhecer, num primeiro momento, dois ma, cada uma tem a sua especificidade. A língua falada é a mais natu-
tipos de língua: a falada e a escrita. ral, aprendemos a falar imitando o que ouvimos. A língua escrita, por
A língua falada pode ser culta ou coloquial, vulgar ou inculta, regional, seu lado, só é aprendida depois que dominamos a língua falada. E ela
grupal (gíria ou técnica). Quando a gíria é grosseira, recebe o nome de não é uma simples transcrição do que falamos; está mais subordinada
calão. às normas gramaticais. Portanto requer mais atenção e conhecimento
de quem fala. Além disso, a língua escrita é um registro, permanece ao
Quando redigimos um texto, não devemos mudar o registro, a não ser longo do tempo, não tem o caráter efêmero da língua falada.
que o estilo permita, ou seja, se estamos dissertando – e, nesse tipo de Língua falada:
redação, usa-se, geralmente, a língua-padrão – não podemos passar desse · Palavra sonora
nível para um como a gíria, por exemplo. · Requer a presença dos interlocutores
· Ganha em vivacidade
Variação linguística: como falantes da língua portuguesa, percebe-
· É espontânea e imediata
mos que existem situações em que a língua apresenta-se sob uma forma
· Uso de frases feitas
bastante diferente daquela que nos habituamos a ouvir em casa ou nos
· É repetitiva e redundante
meios de comunicação. Essa diferença pode manifestarse tanto pelo voca-
· O contexto extralinguístico é importante
bulário utilizado, como pela pronúncia ou organização da frase.
· A expressividade permite prescindir de certas regras
Nas relações sociais, observamos que nem todos falam da mesma · A informação é permeada de subjetividade e influenciada pela pre-
forma. Isso ocorre porque as línguas naturais são sistemas dinâmicos e sença do
extremamente sensíveis a fatores como, por exemplo, a região geográfica, interlocutor

Língua Portuguesa 7
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
· Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos, entorno físico e AS PALAVRAS-CHAVE
psíquico
Língua escrita: Ninguém chega à escrita sem antes ter passado pela leitura. Mas leitu-
· Palavra gráfica ra aqui não significa somente a capacidade de juntar letras, palavras,
· É possível esquecer o interlocutor frases. Ler é muito mais que isso. É compreender a forma como está tecido
· É mais sintética e objetiva o texto. Ultrapassar sua superfície e aferir da leitura seu sentido maior, que
· A redundância é apenas um recurso estilístico muitas vezes passa despercebido a uma grande maioria de leitores. Só
· Ganha em permanência uma relação mais estreita do leitor com o texto lhe dará esse sentido. Ler
· Mais correção na elaboração das frases bem exige tanta habilidade quanto escrever bem. Leitura e escrita comple-
· Evita a improvisação mentam-se. Lendo textos bem estruturados, podemos apreender os proce-
· Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais de pontua- dimentos linguísticos necessários a uma boa redação.
ção Numa primeira leitura, temos sempre uma noção muito vaga do que o
· É mais precisa e elaborada autor quis dizer. Uma leitura bem feita é aquela capaz de depreender de um
· Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos texto ou de um livro a informação essencial. Tudo deve ajustar-se a elas de
forma precisa. A tarefa do leitor é detectá-las, a fim de realizar uma leitura
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL capaz de dar conta da totalidade do texto.
Linguagem Verbal - Existem várias formas de comunicação. Quando o Por adquirir tal importância na arquitetura textual, as palavras-chave
homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos normalmente aparecem ao longo de todo o texto das mais variadas formas:
que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a repetidas, modificadas, retomadas por sinônimos. Elas pavimentam o
palavra. Tal código está presente, quando falamos com alguém, quando caminho da leitura, levando-nos a compreender melhor o texto. Além disso,
lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação fornecer a pista para uma leitura reconstrutiva porque nos levam à essência
mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, da informação. Após encontrar as palavras-chave de um texto, devemos
expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos tentar reescrevê-lo, tomando-as como base. Elas constituem seu esqueleto.
por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas. Ela está
presente em textos em propagandas; AS IDEIAS-CHAVE
em reportagens (jornais, revistas, etc.); Muitas vezes temos dificuldades para chegar à síntese de um texto só
pelas palavras-chave. Quando isso acontece, a melhor solução é buscar
em obras literárias e científicas; suas ideias-chave. Para tanto é necessário sintetizar a ideia de cada pará-
na comunicação entre as pessoas; grafo.

em discursos (Presidente da República, representantes de classe, can- TÓPICO FRASAL


didatos a cargos públicos, etc.);
Um parágrafo padrão inicia-se por uma introdução em que se encontra
e em várias outras situações. a ideia principal desenvolvida em mais períodos. Segundo a lição de Othon
M. Garcia em sua Comunicação em prosa moderna (p. 192), denomina-
Linguagem Não Verbal se tópico frasal essa introdução. Depois dela, vem o desenvolvimento e
pode haver a conclusão. Um texto de parágrafo:
“Em todos os níveis de sua manifestação, a vida requer certas condi-
ções dinâmicas, que atestam a dependência mútua dos seres vivos. Ne-
cessidades associadas à alimentação, ao crescimento, à reprodução ou a
outros processos biológicos criam, com frequência, relações que fazem do
bem-estar, da segurança e da sobrevivência dos indivíduos matérias de
interesse coletivo”. FERNANDES, Florestan. Elementos de sociologia
teórica 2. ed. São Paulo: Nacional, 1974, p. 35.

Observe a figura abaixo, este sinal demonstra que é proibido fumar em Neste parágrafo, o tópico frasal é o primeiro período (Em .... vivos). Se-
um determinado local. A linguagem utilizada é a não-verbal pois não utiliza gue-se o desenvolvimento especificando o que é dito na introdução. Se o
do código "língua portuguesa" para transmitir que é proibido fumar. Na tópico frasal é uma generalização, e o desenvolvimento constitui-se de
figura abaixo, percebemos que o semáforo, nos transmite a ideia de aten- especificações, o parágrafo é, então, a expressão de um raciocínio deduti-
ção, de acordo com a cor apresentada no semáforo, podemos saber se é vo. Vai do geral para o particular: Todos devem colaborar no combate às
permitido seguir em frente (verde), se é para ter atenção (amarelo) ou se é drogas. Você não pode se omitir.
proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante. Se não há tópico frasal no início do parágrafo e a síntese está na con-
clusão, então o método é indutivo, ou seja, vai do particular para o geral,
dos exemplos para a regra: João pesquisou, o grupo discutiu, Lea redigiu.
Todos colaborando, o trabalho é bem feito.
PARAGRAFAÇÃO
A PARAGRAFAÇÃO
NO/DO TEXTO DISSERTATIVO
(Partes deste capítulo foram adaptados/tirados de PACHECO, Agnelo
C. A dissertação. São Paulo: Atual, 1993 e de SOBRAL, João Jonas Veiga.
Como você percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodi- Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997)
ficadas. Você notou que em nenhuma delas existe a presença da palavra?
O que está presente é outro tipo de código. Apesar de haver ausência da O texto dissertativo é o tipo de texto que expõe uma tese (ideias gerais
palavra, nós temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a sobre um assunto/tema) seguida de um ponto de vista, apoiada em argu-
partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, mentos, dados e fatos que a comprovem.
denomina-se linguagem não-verbal, isto é, usam-se outros códigos (o “A leitura auxilia o desenvolvimento da escrita, pois, lendo, o indivíduo
desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as cores) tem contato com modelos de textos bem redigidos que, ao longo do tempo,
Fonte: www.graudez.com.br farão parte de sua bagagem linguística; e também porque entrará em

Língua Portuguesa 8
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
contato com vários pontos de vista de intelectuais diversos, ampliando, como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo hoje, a
dessa forma, sua própria visão em relação aos assuntos. Como a produção cada dia que passa, no mundo em vivemos, na atualidade.
escrita se baseia praticamente na exposição de ideias por meio de pala-
vras, certamente aquele que lê desenvolverá sua habilidade devido ao Listamos aqui algumas formas de começar um texto. Elas vão das mais
enriquecimento linguístico adquirido através da leitura de bons autores.” simples às mais complexas.

No texto acima temos uma ideia defendida pelo autor: Declaração

TESE/TÓPICO FRASAL: “A leitura auxilia o desenvolvimento da escri- É um grande erro a liberação da maconha. Provocará de imediato vio-
ta.” lenta elevação do consumo. O Estado perderá o controle que ainda exerce
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de
Em seguida o autor defende seu ponto de vista com os seguintes ar- viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Alberto
gumentos: Corazza, Isto é, 20 dez. 1995.
ARGUMENTOS: A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fa-
zer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.
(1)“...lendo o indivíduo tem contato com modelos de textos bem redigi-
dos que ao longo do tempo farão parte de sua bagagem linguística e, Definição
também, (2) porque entrará em contato com vários pontos de vista de
intelectuais diversos, (3) ampliando, dessa forma, a sua própria visão em O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo,
relação aos assuntos.” E por fim, comprovada a sua tese, veja que a ideia isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um
desta é recuperada: modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabe-
lecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais
CONCLUSÃO: “Como a produção escrita se baseia praticamente na ou mesmo a construção cultural, mas que dão também, as formas de ação
exposição de ideias por meio de palavras, certamente aquele que lê desen- humana.
volverá sua habilidade devido ao enriquecimento linguístico adquirido
através da leitura de bons autores.” ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Te-
mas de Filosofia.São Paulo, Moderna, 1992. p.62.
Observe como o texto dissertativo tem por objetivo expressar um de-
terminado ponto de vista em relação a um assunto qualquer e convencer o A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafo-chave,
leitor de que este ponto de vista está correto. Poderíamos afirmar que o sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo
texto dissertativo é um exercício de cidadania, pois nele o indivíduo exerce o primeiro parágrafo.
seu papel de cidadão, questionando valores, reivindicando algo, expondo Divisão
pontos de vista, etc.
Predominam ainda no Brasil convicções errôneas sobre o problema da
Pode-se dizer que: exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder públi-
A paragrafação com tópico frasal seguido pelo desenvolvimento é uma co e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordi-
forma de organizar o raciocínio e a exposição das ideias de maneira clara e nários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que combate à margi-
facilmente compreensível. Quando se tem um plano em que os tópicos nalidade social em Nova York vem contando co intensivos esforços do
principais foram selecionados e poder público e ampla participação da iniciativa privada. Folha de S. Paulo,
17 dez.1996.
dispostos de modo a haver transição harmoniosa de um para outro, é
fácil redigir. Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção
que o parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-las na frase seguinte.
O TÓPICO FRASAL DO PARÁGRAFO: geralmente vem no começo
do parágrafo, seguida de outros períodos que explicam ou detalham a ideia Oposição
central e podem ou não concluir a ideia deste parágrafo. De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo
O DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO: é a explanação da ideia governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabó-
exposta no tópico frasal. Devemos desenvolver nossas ideias de maneira licas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive a educação
clara e convincente, utilizando argumentos e/ou ideias sempre tendo em no Brasil.
vista a forma como iniciamos o parágrafo. As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado/ de outro)
A CONCLUSÃO DO PARÁGRAFO encerra o desenvolvimento, com- que estabelecerá o rumo da argumentação.
pleta a discussão do assunto (opcional) Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste
FORMAS DISCURSIVAS DO PARÁGRAFO exemplo:

A) DESCRITIVO: a matéria da descrição é o objeto. Não há persona- “Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacaram pelo grau
gens em movimento (atemporal). O autor/produtor deve apresentar o de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto à
objeto, pessoa, paisagem etc, de tal forma que o leitor consiga distinguir o cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra, esperança por
ser descrito. observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e
quase sempre como forma de resistência e/ou transformação (...)” FEIJÓ,
B) NARRATIVO: a matéria da narração é o fato. Uma maneira eficiente Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985.p.7.
de organizá-lo é respondendo à seis perguntas: O quê? Quem? Quando?
Onde? Como? Por quê? O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a
compõem.
C) DISSERTATIVO: a matéria da dissertação é a análise (discussão).
Alusão histórica
ELABORAÇÃO/ PLANEJAMENTO DE PARÁGRAFOS
Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-
Ter um assunto oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As
fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de
Delimitá-lo, traçando um objetivo: o que pretende transmitir? competição.
Elaborar o tópico frasal; desenvolvê-lo e concluí-lo O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto.
PARÁGRAFO-CHAVE: FORMAS PARA COMEÇAR UM TEXTO O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criati- Pergunta
va. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns

Língua Portuguesa 9
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os Exemplos:
contribuintes já estão cansados de tirar do bolso para tapar um buraco que
parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para a) O presidente George W.Bush ficou indignado com o ataque no
alimentar um sistema que só parece piorar. A pergunta não é respondida de World Trade Center. Ele afirmou que “castigará” os culpados. (retomada de
imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será uma palavra gramatical – referente “Ele” + “ Presidente George W.Bush”)
respondida ao longo da argumentação. b) De você só quero isto: a sua amizade (antecipação de uma palavra
Citação gramatical – “isto” = “a sua amizade”

“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não c) O homem acordou feliz naquele dia. O felizardo ganhou um bom di-
chorarem mais, trazem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as nheiro na loteria. ( retomada por palavra lexical – “o felizardo” = “o homem”)
costas e irem embora.” O comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, 2. Coesão sequencial – é feita por conectores ou operadores discursi-
falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia vos, isto é, palavras ou expressões responsáveis pela criação de relações
ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo. DI FRANCO, Carlos semânticas ( causa, condição, finalidade, etc.). São exemplos de conecto-
Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. p. 73. res: mas, dessa forma, portanto, então, etc..
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pe- Exemplo:
la palavra comentário da segunda frase.
a. Ele é rico, mas não paga suas dívidas.
Comparação
Observe que o vocábulo “mas” não faz referência a outro vocábulo;
O tema de reforma agrária está a bastante tempo nas discussões sobre apenas conecta (liga) uma ideia a outra, transmitindo a ideia de compensa-
os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o ção.
movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passa-
do e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber 3. Coesão recorrencial – é realizada pela repetição de vocábulos ou
algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam de estruturas frasais.
elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor semelhantes.
e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil. OLIVEIRA,
Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. p.101. Exemplos;
Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a socieda- a. Os carros corriam, corriam, corriam.
de de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de
b. O aluno finge que lê, finge que ouve, finge que estuda.
comportamento entre elas.
Coerência textual é a relação que se estabelece entre as diversas
Afirmação
partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está ligada ao en-
A profissionalização de uma equipe começa com a procura e aquisição tendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou
das pessoas que tenham experiência e as aptidões adequadas para o lê.
desempenho da tarefa, especialmente quando esta é imediata. (Desenvol-
OBS: pode haver texto com a presença de elementos coesivos, e não
vimento ) As pessoas já virão integrar a equipe sem precisar de treinamen-
apresentar coerência.
to profissionalizante, podendo entrar em ação logo após seu ingresso.
Exemplo:
Alternativamente, ou quando se dispõe de tempo, pode-se recrutar
pessoas inexperientes, mas que demonstrem o potencial para desenvolver O presidente George W.Bush está descontente com o grupo Talibã.
as aptidões e o interesse em fazer parte da equipe ou dedicar-se a sua Estes eram estudantes da escola fundamentalista. Eles, hoje, governam o
missão. Sempre que possível, uma equipe deve procurar combinar pessoas afeganistão. Os afegãos apóiam o líder Osama Bin Laden. Este foi aliado
experientes e aprendizes em sua composição, de modo que os segundos dos Estados Unidos quando da invasão da União Soviética ao Afeganistão.
aprendam com os primeiros. (conclusão) A falta de um banco de reservas,
muitas vezes, pode ser um obstáculo à própria evolução da equipe.” (Ma- Comentário:
ximiniano, 1986:50 ) Ninguém pode dizer que falta coesão a este parágrafo. Mas de que se
ARTICULAÇÃO ENTRE PARÁGRAFOS trata mesmo? Do descontentamento do presidente dos Estados Unidos? Do
grupo Talibã? Do povo Afegão?
COESÃO E COERÊNCIA
Do Osama Bin Laden? Embora o parágrafo tenha coesão, não apre-
Articulação entre os parágrafos senta coerência, entendimento.
A articulação dos/entre parágrafos depende da coesão e coerência. Pode ainda um texto apresentar coerência, e não apresentar elementos
Sem um deles, ainda assim, é possível haver entendimento textual, entre- coesivos. Veja o texto seguinte:
tanto, há necessidade de ter domínio da língua e do contexto para escrever
um texto de tal forma. Dependendo da tipologia textual, a articulação textual Como se conjuga um empresário
se dá de forma diferente. Na narração, por exemplo, não há necessidade Mino
de ter um parágrafo com mais de um período. Um parágrafo narrativo pode
ser apenas “Oi”. Já a dissertação necessita ter ao menos um parágrafo com “Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-
introdução e desenvolvimento (conclusão; opcional). Assim também varia a se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Saiu. Entrou. Cumprimen-
necessidade de números de parágrafos para cada texto. Para se obter um tou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cum-
bom texto, são necessários também: concisão, clareza, correção, adequa- primentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu.
ção de linguagem, expressividade. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu.
Coerência e Coesão Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Deposi-
Para não ser ludibriado pela articulação do contexto, é necessário que tou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou.
se esteja atento à coesão e à coerência textuais. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou.
Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou.
Coesão textual é o que permite a ligação entre as diversas partes de Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou.
um texto. Pode-se dividir em três segmentos: Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou.
Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Pre-
1. Coesão referencial – é a que se refere a outro(s) elemento(s) do
senteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou.
mundo textual.
Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocu-

Língua Portuguesa 10
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
pou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Te-
meu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dor- Esta relação semântica presente nos textos ocorre devido às interpre-
miu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se... Comentário: tações feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada “semânti-
ca referencial” (p.31) para causar esta busca mental no receptor através de
O texto nos mostra o dia-a-dia de um empresário qualquer. A estrutura palavras semanticamente semelhantes à que fora enunciada, porém, existe
textual – somente verbos – não apresenta elementos coesivos; o que se ainda o que a autora denominou de “inexistência de sinônimo perfeito”
encontra são relações de sentido, isto é, o texto retrata a visão do seu (p.30) que são sinônimos porém quando posto em substituição um ao outro
autor, no caso, a de que todo empresário é calculista e desonesto. não geram uma coerência adequada ao entendimento.
Há palavras e expressões que garantem transições bem feitas e que
estabelecem relações lógicas entre as diferentes ideias apresentadas no Nesta relação de substituição por sinônimos, devemos ter cautela
texto. Fonte: UNINOVE quando formos usar os “hiperônimos” (p.32), ou até mesmo a “hiponímia”
(p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de subs-
tituições pode-se causar desajustes e o resultado final não fazer com que a
ESTRUTURAÇÃO E ARTICULAÇÃO DO TEXTO imagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra assimi-
lação, errônea, pode ser utilizada.
Resenha Critica de Articulação do Texto
Amanda Alves Martins Seguindo ainda neste linear das substituições, existem ainda as “nomi-
Resenha Crítica do livro A Articulação do Texto, da autora Elisa Guima- nações” e a “elipse”, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso por
rães um verbo é substituído por um nome, ou seja, um substantivo; e, enquanto
na segunda, ou seja, na elipse, o substituto é nulo e marcado pela flexão
No livro de Elisa Guimarães, A Articulação do Texto, a autora procura verbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado do livro de
esclarecer as dúvidas referentes à formação e à compreensão de um texto Elisa Guimarães:
e do seu contexto. “Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presença suave. Mil
deles não causam o incômodo de dez cearenses.
Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre si, o
texto constitui, portanto, uma unidade comunicativa para os membros de __Não grita, ___ não empurram< ___ não seguram o braço da gente,
uma comunidade; nele, existe um conjunto de fatores indispensáveis para a ___ não impõem suas opiniões. Para os importunos inventaram eles uma
sua construção, como “as intenções do falante (emissor), o jogo de ima- palavra maravilhosamente definidora e que traduz bem a sua antipatia para
gens conceituais, mentais que o emissor e destinatário executam.”(Manuel essa casta de gente (...)” (Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crônicas
P. Ribeiro, 2004, p.397). Somado à isso, um texto não pode existir de forma escolhidas. Rio de Janeiros, José Olympio, 1958, p.82).
única e sozinha, pois depende dos outros tanto sintaticamente quanto
semanticamente para que haja um entendimento e uma compreensão Porém é preciso especificar que para que haja a elipse o termo elíptico
deste. Dentro de um texto, as partes que o formam se integram e se expli- deve estar perfeitamente claro no contexto. Este conceito e os demais já
cam de forma recíproca. ditos anteriormente são primordiais para a compreensão e produção textu-
al, uma vez que contribuem para a economia de linguagem, fator de grande
Completando o processo de formação de um texto, a autora nos escla- valor para tais feitos.
rece que a economia de linguagem facilita a compreensão dele, sendo
indispensável uma ligação entre as partes, mesmo havendo um corte de Ao abordar os conceitos de coesão e coerência, a autora procura pri-
trechos considerados não essenciais. meiramente retomar a noção de que a construção do texto é feita através
de “referentes linguísticos” (p.38) que geram um conjunto de frases que irão
Quando o tema é a “situação comunicativa” (p.7), a autora nos esclare- constituir uma “microestrutura do texto” (p.38) que se articula com a estrutu-
ce a relação texto X contexto, onde um é essencial para esclarecermos o ra semântica geral. Porém, a dificuldade de se separar a coesão da coe-
outro, utilizando-se de palavras que recebem diferentes significados con- rência está no fato daquela está inserida nesta, formando uma linha de
forme são inseridas em um determinado contexto; nos levando ao entendi- raciocínio de fácil compreensão, no entanto, quando ocorre uma incoerên-
mento de que não podemos considerar isoladamente os seus conceitos e cia textual, decorrente da incompatibilidade e não exatidão do que foi
sim analisá-los de acordo com o contexto semântico ao qual está inserida. escrito, o leitor também é capaz de entender devido a sua fácil compreen-
são apesar da má articulação do texto.
Segundo Elisa Guimarães, o sentido da palavra texto estende-se a
uma enorme vastidão, podendo designar “um enunciado qualquer, oral ou A coerência de um texto não é dada apenas pela boa interligação entre
escrito, longo ou breve, antigo ou moderno” (p.14) e ao contrário do que as suas frases, mas também porque entre estas existe a influência da
muitos podem pensar, um texto pode ser caracterizado como um fragmen- coerência textual, o que nos ajuda a concluir que a coesão, na verdade, é
to, uma frase, um verbo ect e não apenas na reunião destes com mais efeito da coerência. Como observamos em Nova Gramática Aplicada da
algumas outras formas de enunciação; procurando sempre uma objetivida- Língua Portuguesa de Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed):
de para que a sua compreensão seja feita de forma fácil e clara.
A coesão e a coerência trazem a característica de promover a inter-
Esta economia textual facilita no caminho de transmissão entre o enun- relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que
ciador e o receptor do texto que procura condensar as informações recebi- chamamos de conectividade textual. “A coerência diz respeito ao nexo
das a fim de se deter ao “núcleo informativo” (p.17), este sim, primordial a entre os conceitos; e a coesão, à expressão desse nexo no plano linguísti-
qualquer informação. co” (VAL, Maria das Graças Costa. Redação e textualidade, 1991, p.7)

A autora também apresenta diversas formas de classificação do discur- No capítulo que diz respeito às noções de estrutura, Elisa Guimarães,
so e do texto, porém, detenhamo-nos na divisão de texto informativo e de busca ressaltar o nível sintático representado pelas coordenações e subor-
um texto literário ou ficcional. dinações que fixam relações de “equivalência” ou “hierarquia” respectiva-
mente.
Analisando um texto, é possível percebermos que a repetição de um Um fato importante dentro do livro A Articulação do Texto, é o valor atribuí-
nome/lexema, nos induz à lembrar de fatos já abordados, estimula a nossa do às estruturas integrantes do texto, como o título, o parágrafo, as inter e
biblioteca mental e a informa da importância de tal nome, que dentro de um intrapartes, o início e o fim e também, as superestruturas.
contexto qualquer, ou seja que não fosse de um texto informacional, seria
apenas caracterizado como uma redundância desnecessária. Essa repeti- O título funciona como estratégica de articulação do texto podendo de-
ção é normalmente dada através de sinônimos ou “sinônimos perfeitos” sempenhar papéis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-
(p.30) que permitem a permutação destes nomes durante o texto sem que o bém, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.
sentido original e desejado seja modificado.

Língua Portuguesa 11
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Os parágrafos esquematizam o raciocínio do escritos, como enuncia cas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaçar, revoar,
Othon Moacir Garcia: voar;
“O parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con- • hipônimos (relações de um termo específico com um termo de
venientemente as ideias principais da sua composição, permitindo ao leitor sentido geral, ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um
acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios”. termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais específi-
co, ex.: felino, gato);
É bom relembrar, que dentro do parágrafo encontraremos o chamado • nominalizações (quando um fato, uma ocorrência, aparece em
tópico frasal, que resumirá a principal ideia do parágrafo no qual esta forma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.:
inserido; e também encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tipos consertar, o conserto; viajar, a viagem). É preciso distinguir-se en-
de parágrafo, cada qual com um ponto de vista específico. tre nominalização estrita e. generalizações (ex.: o cão < o animal)
e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira);
No que diz respeito ao tópico Inicio e fim, Elisa Guimarães preferiu
• substitutos universais (ex.: João trabalha muito. Também o faço.
abordá-los de forma mútua já que um é consequência ou decorrência do
O verbo fazer em substituição ao verbo trabalhar);
outro; ficando a organização da narrativa com uma forma de estrutura
clássica e seguindo uma linha sequencial já esperada pelo leitor, onde o • enunciados que estabelecem a recapitulação da ideia global.
início alimenta a esperança de como virá a ser o texto, enquanto que o fim Ex.: O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também
exercer uma função de dar um destaque maior ao fechamento do texto, o deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono
que também, alimenta a imaginação tanto do leito, quanto do próprio autor. (Vidas Secas, p.11). Esse enunciado é chamado de anáfora con-
ceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global que ele refere
No geral, o que diz respeito ao livro A Articulação do Texto de Elisa são retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta.
Guimarães, ele nos trás um grande número de informações e novos concei- Com esse recurso, evitam-se as repetições e faz-se o discurso
tos em relação à produção e compreensão textual, no entanto, essa grande avançar, mantendo-se sua unidade.
leva de informações muitas vezes se tornam confusas e acabam por des- 2. A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de:
prenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o texto e • certos pronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-
dificultando o entendimento teórico. se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados
como substitutos de elementos anteriormente presentes no texto,
A REFERENCIAÇÃO / OS REFERENTES / COERÊNCIA E COESÃO diferentemente dos pronomes de 1ª e 2ª pessoa que se referem à
pessoa que fala e com quem esta fala.
A fala e também o texto escrito constituem-se não apenas numa se- • certos advérbios e expressões adverbiais;
quência de palavras ou de frases. A sucessão de coisas ditas ou escritas • artigos;
forma uma cadeia que vai muito além da simples sequencialidade: há um • conjunções;
entrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto • numerais;
falado ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectivi-
dade e a retomada e garantem a coesão são os referentes textuais. Cada • elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado
uma das coisas ditas estabelece relações de sentido e significado tanto anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem
com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, constru- recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas for-
indo uma cadeia textual significativa. Essa coesão, que dá unidade ao ças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
texto, vai sendo construída e se evidencia pelo emprego de diferentes relação entre as duas orações.). É a própria ausência do termo que
procedimentos, tanto no campo do léxico, como no da gramática. (Não marca a inter-relação. A identificação pode dar-se com o próprio
esqueçamos que, num texto, não existem ou não deveriam existir elemen- enunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraver-
tos dispensáveis. Os elementos constitutivos vão construindo o texto, e são bais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares pú-
as articulações entre vocábulos, entre as partes de uma oração, entre as blicos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma
orações e entre os parágrafos que determinam a referenciação, os contatos situação não-verbal. Nesse caso, a articulação se dá entre texto e
e conexões e estabelecem sentido ao todo.) contexto (extratextual);
• as concordâncias;
Atenção especial concentram os procedimentos que garantem ao texto • a correlação entre os tempos verbais.
coesão e coerência. São esses procedimentos que desenvolvem a dinâ-
mica articuladora e garantem a progressão textual. Os dêiticos exercem, por excelência, essa função de progressão textu-
al, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas
A coesão é a manifestação linguística da coerência e se realiza nas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os com-
relações entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos ponentes concentram em si a significação. Referem os participantes do ato
em relação aos substantivos; formas verbais em relação aos sujeitos; de comunicação, o momento e o lugar da enunciação.
tempos verbais nas relações espaço-temporais constitutivas do texto etc.),
na organização de períodos, de parágrafos, das partes do todo, como Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos:
formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participan-
um tema ou as unidades de um texto. Construída com os mecanismos tes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções
gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto. prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o
1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada no léxico. Ela pode momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou
dar-se pela reiteração, pela substituição e pela associação. posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti-
É garantida com o emprego de: mamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de
• enlaces semânticos de frases por meio da repetição. A mensa- agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).
gem-tema do texto apoiada na conexão de elementos léxicos su-
cessivos pode dar-se por simples iteração (repetição). Cabe, nesse Maria da Graça Costa Val lembra que “esses recursos expressam rela-
caso, fazer-se a diferenciação entre a simples redundância resul- ções não só entre os elementos no interior de uma frase, mas também
tado da pobreza de vocabulário e o emprego de repetições como entre frases e sequências de frases dentro de um texto”.
recurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.: “As contas do
patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Não só a coesão explícita possibilita a compreensão de um texto. Mui-
Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá- tas vezes a comunicação se faz por meio de uma coesão implícita, apoia-
lo.Enganava.” Vidas secas, p. 143); da no conhecimento mútuo anterior que os participantes do processo
• substituição léxica, que se dá tanto pelo emprego de sinônimos comunicativo têm da língua.
como de palavras quase sinônimas. Considerem-se aqui além
das palavras sinônimas, aquelas resultantes de famílias ideológi- A ligação lógica das ideias

Língua Portuguesa 12
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Uma das características do texto é a organização sequencial dos ele- _________________ ____________________
mentos linguísticos que o compõem, isto é, as relações de sentido que se causa consequência
estabelecem entre as frases e os parágrafos que compõem um texto,
fazendo com que a interpretação de um elemento linguístico qualquer seja
dependente da de outro(s). Os principais fatores que determinam esse Como estudei passei no vestibular
encadeamento lógico são: a articulação, a referência, a substituição voca- Por ter estudado muito passei no vestibular
bular e a elipse. ___________________ ___________________
causa consequência
ARTICULAÇÃO
Os articuladores (também chamados nexos ou conectores) são conjun- finalidade: uma das proposições do período explicita o(s) meio(s) para
ções, advérbios e preposições responsáveis pela ligação entre si dos fatos se atingir determinado fim expresso na outra. Os articuladores principais
denotados num texto, Eles exprimem os diferentes tipos de interdependên- são: para, afim de, para que.
cia de sentido das frases no processo de sequencialização textual. As
ideias ou proposições podem se relacionar indicando causa, consequência, Utilizo o automóvel a fim de facilitar minha vida.
finalidade, etc.
conformidade: essa relação expressa-se por meio de duas proposi-
Ingressei na Faculdade a fim de ascender socialmente. ções, em que se mostra a conformidade de conteúdo de uma delas em
Ingressei na Faculdade porque pretendo ser biólogo. relação a algo afirmado na outra.
Ingressei na Faculdade depois de ter-me casado.
O aluno realizou a prova conforme o professor solicitara.
É possível observar que os articuladores relacionam os argumentos di- segundo
ferentemente. Podemos, inclusive, agrupá-los, conforme a relação que consoante
estabelecem. como
de acordo com a solicitação...
Relações de:
adição: os conectores articula sequencialmente frases cujos conteúdos temporalidade: é a relação por meio da qual se localizam no tempo
se adicionam a favor de uma mesma conclusão: e, também, não ações, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio de
só...como também, tanto...como, além de, além disso, ainda, nem. duas proposições.
Quando
Na maioria dos casos, as frases somadas não são permutáveis, isto é, Mal
a ordem em que ocorrem os fatos descritos deve ser respeitada. Logo que terminei o colégio, matriculei-me aqui.
Assim que
Ele entrou, dirigiu-se à escrivaninha e sentou-se. Depois que
alternância: os conteúdos alternativos das frases são articulados por No momento em que
conectores como ou, ora...ora, seja...seja. O articulador ou pode expres- Nem bem
sar inclusão ou exclusão.
a) concomitância de fatos: Enquanto todos se divertiam, ele estu-
Ele não sabe se conclui o curso ou abandona a Faculdade. dava com afinco.
Existe aqui uma simultaneidade entre os fatos descritos em cada
oposição: os conectores articulam sequencialmente frases cujos con- uma das proposições.
teúdos se opõem. São articuladores de oposição: mas, porém, todavia, b) um tempo progressivo:
entretanto, no entanto, não obstante, embora, apesar de (que), ainda À proporção que os alunos terminavam a prova, iam se retirando.
que, se bem que, mesmo que, etc. • bar enchia de frequentadores à medida que a noite caía.

O candidato foi aprovado, mas não fez a matrícula. Conclusão: um enunciado introduzido por articuladores como portan-
condicionalidade: essa relação é expressa pela combinação de duas to, logo, pois, então, por conseguinte, estabelece uma conclusão em
proposições: uma introduzida pelo articulador se ou caso e outra por então relação a algo dito no enunciado anterior:
(consequente), que pode vir implícito. Estabelece-se uma relação entre o
antecedente e o consequente, isto é, sendo o antecedente verdadeiro ou Assistiu a todas as aulas e realizou com êxito todos os exercícios. Por-
possível, o consequente também o será. tanto tem condições de se sair bem na prova.

Na relação de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, uma É importante salientar que os articuladores conclusivos não se limitam
condição hipotética, isto é,, cria-se na proposição introduzida pelo articula- a articular frases. Eles podem articular parágrafos, capítulos.
dor se/caso uma hipótese que condicionará o que será dito na proposição
seguinte. Em geral, a proposição situa-se num tempo futuro. Comparação: é estabelecida por articuladores : tanto (tão)...como,
tanto (tal)...como, tão ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que,
Caso tenha férias, (então) viajarei para Buenos Aires. assim como.
Ele é tão competente quanto Alberto.
causalidade: é expressa pela combinação de duas proposições, uma
das quais encerra a causa que acarreta a consequência expressa na outra. Explicação ou justificativa: os articuladores do tipo pois, que, por-
Tal relação pode ser veiculada de diferentes formas: que introduzem uma justificativa ou explicação a algo já anteriormente
referido.
Passei no vestibular porque estudei muito
visto que Não se preocupe que eu voltarei
já que pois
uma vez que porque
_________________ _____________________
consequência causa As pausas
Os articuladores são, muitas vezes, substituídos por “pausas” (marca-
das por dois pontos, vírgula, ponto final na escrita). Que podem assinalar
Estudei tanto que passei no vestibular. tipos de relações diferentes.
Estudei muito por isso passei no vestibular

Língua Portuguesa 13
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Compramos tudo pela manhã: à tarde pretendemos viajar. (causalida- Convém afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreen-
de) são e a produção escrita em Língua Materna deve ter como meta primordial
Não fique triste. As coisas se resolverão. (justificativa) o desenvolvimento no aluno de habilidades que façam com que ele tenha
Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos à flor da pele. ( oposi- capacidade de usar um número sempre maior de recursos da língua para
ção) produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situação específica
Não estive presente à cerimônia. Não posso descrevê-la. (conclusão) de interação humana.
http://www.seaac.com.br/
Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na esco-
A análise de expressões referenciais é fundamental na interpretação do la a partir da abordagem do Gênero Textual Marcuschi não demonstra
discurso. A identificação de expressões correferentes é importante em favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele,
diversas aplicações de Processamento da Linguagem Natural. Expressões o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez
referenciais podem ser usadas para introduzir entidades em um discurso ou que não é possível, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque, embo-
podem fazer referência a entidades já mencionadas,podendo fazer uso de ra possamos classificar vários textos como sendo narrativos, eles se con-
redução lexical. cretizam em formas diferentes – gêneros – que possuem diferenças especí-
ficas.
Interpretar e produzir textos de qualidade são tarefas muito importantes
na formação do aluno. Para realizá-las de modo satisfatório, é essencial Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG)
saber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativos do defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os
discurso. A linguagem é um ato intencional, o indivíduo faz escolhas quan- textos de diferentes tipos, eles se instauram devido à existência de diferen-
do se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a essas tes modos de interação ou interlocução. O trabalho com o texto e com os
escolhas, de modo a fazer com que suas opiniões sejam aceitas ou respei- diferentes tipos de texto é fundamental para o desenvolvimento da compe-
tadas, é fundamental lançar mão dos operadores que estabelecem ligações tência comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto é
(espécies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso. apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito a
apenas alguns tipos de texto é fazer com que ele só tenha recursos para
atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco
Autor e Narrador: Diferenças capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espécie de
Equipe Aprovação Vest levantamento de quais tipos seriam mais necessários para os alunos, para,
a partir daí, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessários.
Qual é, afinal, a diferença entre Autor e Narrador? Existe uma diferença
enorme entre ambos. Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivoca-
da, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, não se trata de tipo de
Autor
texto, mas de gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a
É um homem do mundo: tem carteira de identidade, vai ao supermer- carta pessoal, por exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele
cado, masca chiclete, eventualmente teve sarampo na infância e, mais atesta que a carta pessoal é um Gênero Textual.
eventualmente ainda, pode até tocar trombone, piano, flauta transversal.
Paga imposto. O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo,
muitas das vezes, o mesmo gênero sendo realizado em dois ou mais tipos.
Narrador Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode
É um ser intradiegético, ou seja, um ser que pertence à história que apresentar as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argu-
está sendo narrada. Está claro que é um preposto do autor, mas isso não mentação. Ele chama essa miscelânea de tipos presentes em um gênero
significa que defenda nem compartilhe suas ideias. Se assim fosse, Ma- de heterogeneidade tipológica.
chado de Assis seria um crápula como Bentinho ou um bígamo, porque,
casado com Carolina Xavier de Novais, casou-se também com Capitu, foi Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica. Para ele, dificilmente
amante de Virgília e de um sem-número de mulheres que permeiam seus são encontrados tipos puros. Realmente é raro um tipo puro. Num texto
contos e romances. como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & Koch (1987) é
um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descri-
O narrador passa a existir a partir do instante que se abre o livro e ele, ção, a injunção e a predição. Travaglia afirma que um texto se define como
em primeira ou terceira pessoa, nos conta a história que o livro guarda. de um tipo por uma questão de dominância, em função do tipo de interlocu-
Confundir narrador e autor é fazer a loucura de imaginar que, morto o autor, ção que se pretende estabelecer e que se estabelece, e não em função do
todos os seus narradores morreriam junto com ele e que, portanto, não espaço ocupado por um tipo na constituição desse texto.
disporíamos mais de nenhuma narrativa dele.
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero
GÊNEROS TEXTUAIS mas ter sido construído em outro, Marcuschi dá o nome de intertextuali-
dade intergêneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu
Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza, no texto a configuração de uma estrutura intergêneros de natureza altamen-
literários ou não. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as te híbrida, sendo que um gênero assume a função de outro.
funções sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e
exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa Travaglia não fala de intertextualidade intergêneros, mas fala de um
forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, intercâmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado
convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias, no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossíveis,
contos de fadas, convênios, crônicas, editoriais, ementas, ensaios, entrevis- na opinião do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de
tas, circulares, contratos, decretos, discursos políticos descrições e comentários dissertativos feitos por meio da narração.

A diferença entre Gênero Textual e Tipologia Textual é, no meu en- Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configuração teórica:
tender, importante para direcionar o trabalho do professor de língua na • intertextualidade intergêneros = um gênero com a função de outro
leitura, compreensão e produção de textos1. O que pretendemos neste
pequeno ensaio é apresentar algumas considerações sobre Gênero Tex-
• heterogeneidade tipológica = um gênero com a presença de vários
tipos
tual e Tipologia Textual, usando, para isso, as considerações feitas por
Travaglia mostra o seguinte:
Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos questionáveis
para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas considerações • conjugação tipológica = um texto apresenta vários tipos
a respeito de minha escolha pelo gênero ou pela tipologia. • intercâmbio de tipos = um tipo usado no lugar de outro

Língua Portuguesa 14
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gê- de dar conhecimento de algo a alguém). Certamente a carta e o e-mail
neros não são entidades naturais, mas artefatos culturais construídos entrariam nessa lista, levando em consideração que o aviso pode ser dado
historicamente pelo ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma sob a forma de uma carta, e-mail ou ofício. Ele continua exemplificando
determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Para apresentando a petição, o memorial, o requerimento, o abaixo assinado
exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o (com a função social de pedir, solicitar). Continuo colocando a carta, o e-
autor da carta não tenha assinado o nome no final, ela continuará sendo mail e o ofício aqui. Nota promissória, termo de compromisso e voto são
carta, graças as suas propriedades necessárias e suficientes .Ele diz, ainda, exemplos com a função de prometer. Para mim o voto não teria essa fun-
que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma lista de ção de prometer. Mas a função de confirmar a promessa de dar o voto a
produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação de alguém. Quando alguém vota, não promete nada, confirma a promessa de
produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usuários daquele votar que pode ter sido feita a um candidato.
produto.
Ele apresenta outros exemplos, mas por questão de espaço não colo-
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado pa- carei todos. É bom notar que os exemplos dados por ele, mesmo os que
ra designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza não foram mostrados aqui, apresentam função social formal, rígida. Ele não
linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as apresenta exemplos de gêneros que tenham uma função social menos
categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção (Swa- rígida, como o bilhete.
les, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Segundo ele, o termo Tipologia
Textual é usado para designar uma espécie de sequência teoricamente Uma discussão vista em Travaglia e não encontrada em Marcusch é a
definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, de Espécie. Para ele, Espécie se define e se caracteriza por aspectos
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22). formais de estrutura e de superfície linguística e/ou aspectos de conteúdo.
Ele exemplifica Espécie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo
Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os narrativo: a história e a não-história. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta
textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam caracte- as Espécies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo ele
rísticas sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades mostra as Espécies distintas objetiva x subjetiva, estática x dinâmica e
funcionais, estilo e composição característica. comentadora x narradora. Mudando para gênero, ele apresenta a corres-
pondência com as Espécies carta, telegrama, bilhete, ofício, etc. No gênero
Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um romance, ele mostra as Espécies romance histórico, regionalista, fantásti-
modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo perspectivas co, de ficção científica, policial, erótico, etc. Não sei até que ponto a Espé-
que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar cie daria conta de todos os Gêneros Textuais existentes. Será que é
ligadas ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao fa- possível especificar todas elas? Talvez seja difícil até mesmo porque não é
zer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à inserção destes no tempo fácil dizer quantos e quais são os gêneros textuais existentes.
e/ou no espaço. Pode ser possível a perspectiva do produtor do texto dada
pela imagem que o mesmo faz do receptor como alguém que concorda ou Se em Travaglia nota-se uma discussão teórica não percebida em Mar-
não com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformação, quando cuschi, o oposto também acontece. Este autor discute o conceito de Domí-
o produtor vê o receptor como alguém que não concorda com ele. Se o nio Discursivo. Ele diz que os domínios discursivos são as grandes esfe-
produtor vir o receptor como alguém que concorda com ele, surge o discur- ras da atividade humana em que os textos circulam (p. 24). Segundo infor-
so da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinião de Travaglia, uma perspecti- ma, esses domínios não seriam nem textos nem discursos, mas dariam
va em que o produtor do texto faz uma antecipação no dizer. Da mesma origem a discursos muito específicos. Constituiriam práticas discursivas
forma, é possível encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa de dentro das quais seria possível a identificação de um conjunto de gêneros
comprometimento ou não. Resumindo, cada uma das perspectivas apre- que às vezes lhes são próprios como práticas ou rotinas comunicativas
sentadas pelo autor gerará um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva institucionalizadas. Como exemplo, ele fala do discurso jornalístico, discur-
faz surgir os tipos descrição, dissertação, injunção e narração. A segun- so jurídico e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalística,
da perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6 e jurídica e religiosa, não abrange gêneros em particular, mas origina vários
não argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipação faz surgir deles.
o tipo preditivo. A do comprometimento dá origem a textos do mundo
comentado (comprometimento) e do mundo narrado (não comprometi- Travaglia até fala do discurso jurídico e religioso, mas não como Mar-
mento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, cuschi. Ele cita esses discursos quando discute o que é para ele tipologia
de maneira geral, no tipo narração. Já os do mundo comentado ficariam no de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipolo-
tipo dissertação. gias de discurso usarão critérios ligados às condições de produção dos
discursos e às diversas formações discursivas em que podem estar inseri-
Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza por exercer uma dos (Koch & Fávero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fávero, o autor fala que
função social específica. Para ele, estas funções sociais são pressentidas e uma tipologia de discurso usaria critérios ligados à referência (institucional
vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabe- (discurso político, religioso, jurídico), ideológica (discurso petista, de direita,
mos que gênero usar em momentos específicos de interação, de acordo de esquerda, cristão, etc), a domínios de saber (discurso médico, linguísti-
com a função social dele. Quando vamos escrever um e-mail, sabemos que co, filosófico, etc), à inter-relação entre elementos da exterioridade (discur-
ele pode apresentar características que farão com que ele “funcione” de so autoritário, polêmico, lúdico)). Marcuschi não faz alusão a uma tipologia
maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo não é o do discurso.
mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo informa-
ções sobre um concurso público, por exemplo. Semelhante opinião entre os dois autores citados é notada quando fa-
lam que texto e discurso não devem ser encarados como iguais. Marcus-
Observamos que Travaglia dá ao gênero uma função social. Parece chi considera o texto como uma entidade concreta realizada materialmente
que ele diferencia Tipologia Textual de Gênero Textual a partir dessa e corporificada em algum Gênero Textual [grifo meu] (p. 24). Discurso
“qualidade” que o gênero possui. Mas todo texto, independente de seu para ele é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instân-
gênero ou tipo, não exerce uma função social qualquer? cia discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera
o discurso como a própria atividade comunicativa, a própria atividade
Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros, mas não ressalta produtora de sentidos para a interação comunicativa, regulada por uma
sua função social. Os exemplos que ele traz são telefonema, sermão, exterioridade sócio-histórica-ideológica (p. 03). Texto é o resultado dessa
romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, etc. atividade comunicativa. O texto, para ele, é visto como
uma unidade linguística concreta que é tomada pelos usuários da lín-
Já Travaglia, não só traz alguns exemplos de gêneros como mostra o
gua em uma situação de interação comunicativa específica, como uma
que, na sua opinião, seria a função social básica comum a cada um: aviso,
unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reco-
comunicado, edital, informação, informe, citação (todos com a função social

Língua Portuguesa 15
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
nhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão (p. 03). dissertar, ou mais adequadas à faixa etária, razão pela qual esta última
tenha sido reservada às séries terminais - tanto no ensino fundamental
quanto no ensino médio.
Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que
sua preocupação é com a tipologia de textos, e não de discursos. Marcus-
O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão e produção de texto
chi afirma que a definição que traz de texto e discurso é muito mais opera-
pela perspectiva dos gêneros reposiciona o verdadeiro papel do professor
cional do que formal.
de Língua Materna hoje, não mais visto aqui como um especialista em
Travaglia faz uma “tipologização” dos termos Gênero Textual, Tipolo-
textos literários ou científicos, distantes da realidade e da prática textual do
gia Textual e Espécie. Ele chama esses elementos de Tipelementos.
aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais, orais
Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipológicos
e escritas, de uso social. Assim, o espaço da sala de aula é transformado
(Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie) são básicos na construção
numa verdadeira oficina de textos de ação social, o que é viabilizado e
das tipologias e talvez dos textos, numa espécie de analogia com os ele-
concretizado pela adoção de algumas estratégias, como enviar uma carta
mentos químicos que compõem as substâncias encontradas na natureza.
para um aluno de outra classe, fazer um cartão e ofertar a alguém, enviar
uma carta de solicitação a um secretário da prefeitura, realizar uma entre-
Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discussões
vista, etc. Essas atividades, além de diversificar e concretizar os leitores
feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gêneros
das produções (que agora deixam de ser apenas “leitores visuais”), permi-
Textuais, estão diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho
tem também a participação direta de todos os alunos e eventualmente de
com o gênero é uma grande oportunidade de se lidar com a língua em seus
pessoas que fazem parte de suas relações familiares e sociais. A avaliação
mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que ele
dessas produções abandona os critérios quase que exclusivamente literá-
apresenta a ideia básica de que um maior conhecimento do funcionamento
rios ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto não é
dos Gêneros Textuais é importante para a produção e para a compreen-
aquele que apresenta, ou só apresenta, características literárias, mas
são de textos. Travaglia não faz abordagens específicas ligadas à questão
aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzi-
do ensino no seu tratamento à Tipologia Textual.
do, ou seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o
nível de língua estão adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalida-
O que Travaglia mostra é uma extrema preferência pelo uso da Tipo-
de do texto.
logia Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem
parece ser mais taxionômica. Ele chega a afirmar que são os tipos que
Acredito que abordando os gêneros a escola estaria dando ao aluno a
entram na composição da grande maioria dos textos. Para ele, a questão
oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gêneros Textuais
dos elementos tipológicos e suas implicações com o ensino/aprendizagem
socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interação
merece maiores discussões.
humana, percebendo que o exercício da linguagem será o lugar da sua
constituição como sujeito. A atividade com a língua, assim, favoreceria o
Marcuschi diz que não acredita na existência de Gêneros Textuais
exercício da interação humana, da participação social dentro de uma socie-
ideais para o ensino de língua. Ele afirma que é possível a identificação de
dade letrada.
gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais
1 - Penso que quando o professor não opta pelo trabalho com o gêne-
formal, do mais privado ao mais público e assim por diante. Os gêneros
ro ou com o tipo ele acaba não tendo uma maneira muito clara pa-
devem passar por um processo de progressão, conforme sugerem
ra selecionar os textos com os quais trabalhará.
Schneuwly & Dolz (2004).
2 - Outra discussão poderia ser feita se se optasse por tratar um pou-
co a diferença entre Gênero Textual e Gênero Discursivo.
Travaglia, como afirmei, não faz considerações sobre o trabalho com a
3 - Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente des-
Tipologia Textual e o ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia
critiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa.
teria que, no mínimo, levar em conta a questão de com quais tipos de texto
Acho meio difícil alguém conseguir escrever um texto, caracteriza-
deve-se trabalhar na escola, a quais será dada maior atenção e com quais
do como carta, apenas com descrições, ou apenas com injunções.
será feito um trabalho mais detido. Acho que a escolha pelo tipo, caso seja
Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar,
considerada a ideia de Travaglia, deve levar em conta uma série de fatores,
ele diz desconhecer um gênero necessariamente descritivo.
porém dois são mais pertinentes:
4 - Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem pre-
a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composi-
visão, como o boletim meteorológico e o horóscopo.
ção de quaisquer outros textos (não sei ao certo se isso é possível.
5 - Necessárias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma
Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo não dê ao alu-
carta.
no o preparo ideal para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa.
6 - Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo stricto sensu é o
Um aluno que pára de estudar na 5ª série e não volta mais à escola
que faz argumentação explícita.
teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais
7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso.
trabalhado nessa série. Será que ele estaria preparado para produ-
Sílvio Ribeiro da Silva.
zir, quando necessário, outros tipos textuais? Ao lidar somente com
o tipo narrativo, por exemplo, o aluno, de certa forma, não deixa de Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é
trabalhar com os outros tipos?); transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um ro-
b) A utilização prática que o aluno fará de cada tipo em sua vida. mance, um conto, uma poesia...

Acho que vale a pena dizer que sou favorável ao trabalho com o Gêne- Texto não-literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da
ro Textual na escola, embora saiba que todo gênero realiza necessaria- forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula
mente uma ou mais sequências tipológicas e que todos os tipos inserem-se de medicamento.
em algum gênero textual. Diferenças entre Língua Padrão, Linguagem Formal e
Linguagem informal.
Até recentemente, o ensino de produção de textos (ou de redação) era
feito como um procedimento único e global, como se todos os tipos de texto Língua Padrão: A gramática é um conjunto de regras que estabelecem
fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades e, por isso, um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão.
não exigissem aprendizagens específicas. A fórmula de ensino de redação, Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem
ainda hoje muito praticada nas escolas brasileiras – que consiste funda- sempre são obedecidas pelo falante.
mentalmente na trilogia narração, descrição e dissertação – tem por base
Os conceitos linguagem formal e linguagem informal estão, sobretu-
uma concepção voltada essencialmente para duas finalidades: a formação
do associados ao contexto social em que a fala é produzida.
de escritores literários (caso o aluno se aprimore nas duas primeiras moda-
lidades textuais) ou a formação de cientistas (caso da terceira modalidade) Informal: Num contexto em que o falante está rodeado pela família ou
(Antunes, 2004). Além disso, essa concepção guarda em si uma visão pelos amigos, normalmente emprega uma linguagem informal, podendo
equivocada de que narrar e descrever seriam ações mais “fáceis” do que usar expressões normalmente não usadas em discursos públicos (pala-

Língua Portuguesa 16
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
vrões ou palavras com um sentido figurado que apenas os elementos do também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exem-
grupo conhecem). Um exemplo de uma palavra que tipicamente só é usada plo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
na linguagem informal, em português europeu, é o adjetivo “chato”.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como
Formal: A linguagem formal, pelo contrário, é aquela que os falantes os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.
usam quando não existe essa familiaridade, quando se dirigem aos superio-
res hierárquicos ou quando têm de falar para um público mais alargado ou Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um
desconhecido. É a linguagem que normalmente podemos observar nos linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos,
discursos públicos, nas reuniões de trabalho, nas salas de aula, etc. advogados, profissionais da área de informática, dentre outros.
Portanto, podemos usar a língua padrão, ou seja, conversar, ou escre-
ver de acordo com as regras gramaticais, mas o vocabulário (linguagem) Vejamos um poema e o trecho de uma música para entendermos melhor
que escolhemos pode ser mais formal ou mais informal de acordo com a sobre o assunto:
nossa necessidade. Ptofª Eliane
Vício na fala
Variações Linguísticas Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permi- Para pior pió
tindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimen- Para telha dizem teia
tos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso Para telhado dizem teiado
cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da
fala, que são basicamente dois: O nível de formalidade e o de infor-
malidade. CHOPIS CENTIS
Eu “di” um beijo nela
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, res- E chamei pra passear.
tringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela A gente fomos no shopping
qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator Pra “mode” a gente lanchar.
foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total sobera- Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
nia sobre as demais. Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro
aipim.
Quanto ao nível informal, este por sua vez representa o estilo consi- Quanta gente,
derado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias entre Quanta alegria,
os estudos da língua, uma vez que para a sociedade, aquela pessoa A minha felicidade é um crediário nas
que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “inculta”, Casas Bahia.
tornando-se desta forma um estigma. Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho.
Pra levar a namorada e dar uns
Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chama- “rolezinho”,
das variedades linguísticas, as quais representam as variações de Quando eu estou no trabalho,
acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas Não vejo a hora de descer dos andaime.
em que é utilizada. Dentre elas destacam-se: Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger
E também o Van Damme.
Variações históricas: (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 1995.)
Por Vânia Duarte
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transforma- TIPOLOGIA TEXTUAL
ções ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a ques-
tão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma Tipologia Textual
vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem Tino Lopez
dos internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do vocábulos.
1. Narração
Analisemos, pois, o fragmento exposto: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a
Antigamente objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam prima- desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. É o
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, fazi- tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela,
am-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses depoimento, piada, relato, etc.
debaixo do balaio." Carlos Drummond de Andrade
2. Descrição
Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado. Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa,
um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produ-
Variações regionais: ção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais
abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação
São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem
a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da perso-
em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:macaxeira e nagem a que o texto se Pega. É um tipo textual que se agrega facilmente
aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em
às características orais da linguagem. gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.

Variações sociais ou culturais: 3. Dissertação


Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer
Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e

Língua Portuguesa 17
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
sobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou
argumentativo. Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalida-
de explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer
3.1 Dissertação-Exposição algo.
Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apre-
senta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de Editorial: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o
modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determi- posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação
nado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos da presença da objetividade.
científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.
Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato
3.1 Dissertação-Argumentação ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado
Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de lugar, envolvendo determinadas personagens. Características do lugar,
vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamen-
objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de te descritos.
ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em:
sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-
editorial de jornais e revistas. expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao
4. Injunção/Instrucional leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.
Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os
verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota- Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado
se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indica- pela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevis-
tivo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para mon- tado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum
tagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de compor- outro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo-
tamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas, expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou
cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.). entrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectos narrativos,
como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevis-
OBS: Os tipos listados acima são um consenso entre os gramáticos. Muitos ta médica.
consideram também que o tipo Predição possui características suficientes
para ser definido como tipo textual, e alguns outros possuem o mesmo História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredos
entendimento para o tipo Dialogal. contados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus
personagens, gerando uma espécie de conversação.
5. Predição
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustra-
coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: ção cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira,
previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológi- crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande
cas/apocalípticas. maioria.

6. Dialogal / Conversacional Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos,
Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também podem fazer
nos gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, etc. parte de sua composição. Pode ou não ser poético. Dependendo de sua
estrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto,
Gêneros textuais epopeia, poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspec-
tos narrativos e descritivos são mais frequentes neste gênero.
Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos,
sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconheci- Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma lin-
das, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, guagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como
procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em poético (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados).
situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de Um subgênero é a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal.
linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou infor-
mais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser Gêneros literários:
identificado e diferenciado dos demais através de suas características.
Exemplos:  Gênero Narrativo:
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o
Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico pas-
tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se sou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narrativo,
escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferen-
presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é tes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente
mais comum. todas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em
comum e devem responder a questionamentos, como: quem? o que?
Propaganda: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:
de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar
o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narram
emoções e a sensibilidade do mesmo. histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras,
viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Bula de remédio: é um gênero textual descritivo, dissertativo- ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos
expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações ne- são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
cessárias para o correto uso do medicamento.
Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem
Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo definidos e de caráter mais verossímil. Também conta as façanhas de um
informar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e uma mu-
o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de lher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o sepa-
ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções. ram, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por

Língua Portuguesa 18
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
isso, costuma ser punido no final. É o tipo de narrativa mais comum na É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que
Idade Média. Ex: Tristão e Isolda. nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emoções, ideias e
impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da lingua-
do romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podem gem.
ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose,
de Kafka. Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é
elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa tristeza,
Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um
conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte bom exemplo é a peça Roan e yufa, de william shakespeare.
da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita
com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites
surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve perso- românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a
nagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem persona- peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
gens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto
popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de misté- pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguém
rio, que envolvem o suspense e a solução de um mistério. ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento
musical;
Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As
personagens principais são não humanos e a finalidade é transmitir alguma Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma home-
lição de moral. nagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o
poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais bele-
Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com zas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a
linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de crítica paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos
indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, (muito rara);
revistas e programas da TV.
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a
Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentos algo, em tom sério ou irônico.
narrativos e manifestos descritivos.
Acalanto: ou canção de ninar;
Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual
tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase;
defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanísti-
co, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de
se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedu- amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se destinam à
tivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, de José dança;
Saramago e Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;
 Gênero Dramático:
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente
não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é médio;
representada por atores, que assumem os papéis das personagens nas
cenas. Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). E o
poema japonês formado de três versos que somam 17 sílabas assim distri-
Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar buídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3° verso 5 sílabas;
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma represen-
tação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e
figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.
Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
Farsa: é uma pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que nio e de maldizer); satíricas, portanto.
critica a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino ridendo
castigat mores (rindo, castigam-se os costumes). A farsa consiste no exa-
gero do cômico, graças ao emprego de processos grosseiros, como o
COESÃO E COERÊNCIA
absurdo, as incongruências, os equívocos, os enganos, a caricatura, o
humor primário, as situações ridículas.
Diogo Maria De Matos Polônio
Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento
comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares. Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pedagógico sobre
Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e Pragmática Linguística e Os Novos Programas de Língua Portuguesa, sob
cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. orientação da Professora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que decor-
reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte
apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma forma geral, sobre a
realidade vivida por este povo. incidência das teorias da Pragmática Linguística nos programas oficiais de
Língua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento teórico sobre deter-
minados conceitos necessários a um ensino qualitativamente mais válido e,
 Gênero Lírico: simultaneamente, uma vertente prática pedagógica que tem necessaria-
mente presente a aplicação destes conhecimentos na situação real da sala

Língua Portuguesa 19
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
de aula. de coerência textual, há que esclarecer a problemática criada pela dicoto-
mia coerência/coesão que se encontra diretamente relacionada com a
Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestões de aplica- dicotomia coerência macro-estrutural/coerência micro-estrutural.
ção na prática docente quotidiana das teorias da pragmática linguística no
campo da coerência textual, tendo em conta as conclusões avançadas no Mira Mateus considera pertinente a existência de uma diferenciação
referido seminário. entre coerência textual e coesão textual.

Será, no entanto, necessário reter que esta pequena reflexão aqui Assim, segundo esta autora, coesão textual diz respeito aos processos
apresentada encerra em si uma minúscula partícula de conhecimento no linguísticos que permitem revelar a inter-dependência semântica existente
vastíssimo universo que é, hoje em dia, a teoria da pragmática linguística e entre sequências textuais:
que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexões Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.
no sentido de auxiliar o docente no ensino da língua materna, já terá cum-
prido honestamente o seu papel. Para a mesma autora, coerência textual diz respeito aos processos
mentais de apropriação do real que permitem inter-relacionar sequências
Coesão e Coerência Textual textuais:
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz geralmen- Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.
te através de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto
em que são produzidas. Ou seja, uma qualquer sequência de palavras não Pensamos, no entanto, que esta distinção se faz apenas por razões de
constitui forçosamente uma frase. sistematização e de estruturação de trabalho, já que Mira Mateus não
hesita em agrupar coesão e coerência como características de uma só
Para que uma sequência de morfemas seja admitida como frase, torna- propriedade indispensável para que qualquer manifestação linguística se
se necessário que respeite uma certa ordem combinatória, ou seja, é transforme num texto: a conetividade.
preciso que essa sequência seja construÍda tendo em conta o sistema da
língua. Para Charolles não é pertinente, do ponto de vista técnico, estabelecer
uma distinção entre coesão e coerência textuais, uma vez que se torna
Tal como um qualquer conjunto de palavras não forma uma frase, tam- difícil separar as regras que orientam a formação textual das regras que
bém um qualquer conjunto de frases não forma, forçosamente, um texto. orientam a formação do discurso.

Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, é um objeto materia- Além disso, para este autor, as regras que orientam a micro-coerência
lizado numa dada língua natural, produzido numa situação concreta e são as mesmas que orientam a macro-coerência textual. Efetivamente,
pressupondo os participantes locutor e alocutário, fabricado pelo locutor quando se elabora um resumo de um texto obedece-se às mesmas regras
através de uma seleção feita sobre tudo o que é dizível por esse locutor, de coerência que foram usadas para a construção do texto original.
numa determinada situação, a um determinado alocutário.
Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito às relações
Assim, materialidade linguística, isto é, a língua natural em uso, os có- de coerência que se estabelecem entre as frases de uma sequência textual,
digos simbólicos, os processos cognitivos e as pressuposições do locutor enquanto que macro-estrutura textual diz respeito às relações de coerência
sobre o saber que ele e o alocutário partilham acerca do mundo são ingre- existentes entre as várias sequências textuais. Por exemplo:
dientes indispensáveis ao objeto texto. • Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele deixou o escritório
mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.
Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas • Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se com ami-
por todos os membros de uma comunidade linguística. Este sistema de gos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia
regras de base constitui a competência textual dos sujeitos, competência de teatro.
essa que uma gramática do texto se propõe modelizar.
Como micro-estruturas temos a sequência 1 ou a sequência 2, enquan-
Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro formal, determinadas to que o conjunto das duas sequências forma uma macro-estrutura.
regras para a boa formação textual. Destas regras podemos fazer derivar
certos julgamentos de coerência textual. Vamos agora abordar os princípios de coerência textual3:
1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja coerente, torna-se
Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerência necessário que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de
nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigação concluem que as recorrência restrita.
intervenções do professor a nível de incorreções detectadas na estrutura da
frase são precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencio- Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vários recursos:
nais; são designadas com recurso a expressões técnicas (construção, - pronominalizações,
conjugação) e fornecem pretexto para pôr em prática exercícios de corre- - expressões definidas,
ção, tendo em conta uma eliminação duradoura das incorreções observa- - substituições lexicais,
das. - retomas de inferências.

Pelo contrário, as intervenções dos professores no quadro das incorre- Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequência a
ções a nível da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre- uma outra que se encontre próxima em termos de estrutura de texto, reto-
ções não são designadas através de vocabulário técnico, traduzindo, na mando num elemento de uma sequência um elemento presente numa
maior parte das vezes, uma impressão global da leitura (incompreensível; sequência anterior:
não quer dizer nada).
a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna possível a re-
Para além disso, verificam-se práticas de correção algo brutais (refazer; petição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira.
reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exercícios de recupe-
ração. O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipa o
pronome.
Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu-
desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a lada no seu quarto.
fazer respeitar uma ordem sobre a qual não tem nenhum controle.
No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente.
Antes de passarmos à apresentação e ao estudo dos quatro princípios Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ain-

Língua Portuguesa 20
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
da: Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me. que Picasso e o autor da referida peça sejam a mesma pessoa, uma vez
que sabemos que não foi Picasso mas Stravinski que compôs a referida
Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilização da catáfora, pa- peça.
ra nos precavermos de enunciados como este:
Ele sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com o António. Neste caso, mais do que o conhecimento normativo teórico, ou lexico-
enciclopédico, são importantes o conhecimento e as convicções dos parti-
Num enunciado como este, não há qualquer possibilidade de identificar cipantes no ato de comunicação, sendo assim impossível traçar uma fron-
ele com António. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretação: teira entre a semântica e a pragmática.
ele dirá respeito a um sujeito que não será nem o João nem o António, mas
que fará parte do conhecimento simultâneo do emissor e do receptor. Há também que ter em conta que a substituição lexical se pode efetuar
por
Para que tal aconteça, torna-se necessário reformular esse enunciado: - Sinonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
O António sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com ele. parte dos traços semânticos idêntica: A criança caiu. O miúdo nun-
ca mais aprende a cair!
As situações de ambiguidade referencial são frequentes nos textos dos - Antonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
alunos. parte dos traços semânticos oposta: Disseste a verdade? Isso
Ex.: O Pedro e o meu irmão banhavam-se num rio. cheira-me a mentira!
Um homem estava também a banhar-se. - Hiperonímia-a primeira expressão mantém com a segunda uma re-
Como ele sabia nadar, ensinou-o. lação classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Então lagosta,
adoro!
Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se- - Hiponímia- a primeira expressão mantém com a segunda uma re-
quencial, existem disfunções que introduzem zonas de incerteza no texto: lação elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de
ele sabia nadar(quem?), um felino?
ele ensinou-o (quem?; a quem?)
d)-Retomas de Inferências: neste caso, a relação é feita com base em
b)-Expressões Definidas: tal como as pronominalizações, as expres- conteúdos semânticos não manifestados, ao contrário do que se passava
sões definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um com os processos de recorrência anteriormente tratados.
elemento de uma frase numa outra frase ou até numa outra sequência
textual. Vejamos:
Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. P - A Maria comeu a bolacha?
Os gatos vão sempre conosco. R1 - Não, ela deixou-a cair no chão.
R2 - Não, ela comeu um morango.
Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas R3 - Não, ela despenteou-se.
aparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daquele
que o precede. As sequências P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do
Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muito ele- que a sequência P+R3.
gante.
No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição do
Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de deíticos contex- pronome na 3ª pessoa.
tuais.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elegante. Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é sufi-
ciente para garantir coerência a uma sequência textual.
Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipse.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegante. Ou Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hi-
ainda: póteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e
A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante. R2 retomarem inferências presentes em P:
- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria,
c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas e de deíticos - a Maria comeu qualquer coisa.
contextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Este
processo evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do ele- Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente dedutível de P.
mento linguístico.
Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam uma Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposições
senhora. Este assassinato é odioso. garante uma fortificação da coerência textual.

Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessário Quando analisamos certos exercícios de prolongamento de texto (con-
respeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seu tinuar a estruturação de um texto a partir de um início dado) os alunos são
representante mais específico. levados a veicular certas informações pressupostas pelos professores.
Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha.
Schumacher festejou euforicamente junto da sua equipe. Por exemplo, quando se apresenta um início de um texto do tipo: Três
crianças passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vão eles
Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos linguís- fazer?
ticos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim, Schuma-
cher, como termo mais específico, deveria preceder o piloto alemão. A interrogação final permite-nos pressupor que as crianças vão real-
mente fazer qualquer coisa.
No entanto, a substituição de um lexema acompanhado por um deter-
minante, pode não ser suficiente para estabelecer uma coerência restrita. Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros cantavam en-
Atentemos no seguinte exemplo: quanto as folhas eram levadas pelo vento, será punido por ter apresentado
uma narração incoerente, tendo em conta a questão apresentada.
Picasso morreu há alguns anos. O autor da "Sagração da Primavera"
doou toda a sua coleção particular ao Museu de Barcelona. No entanto, um professor terá que ter em conta que essas inferências
ou essas pressuposições se relacionam mais com o conhecimento do
A presença do determinante definido não é suficiente para considerar mundo do que com os elementos linguísticos propriamente ditos.

Língua Portuguesa 21
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o
Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exercí- pretérito para suprimir as contradições.
cios, estão muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo
ao qual eles não tiveram acesso. Por exemplo, será difícil a um aluno As contradições pressuposicionais são em tudo comparáveis às infe-
recriar o quotidiano de um multi-milionário,senhor de um grande império renciais, com a exceção de que no caso das pressuposicionais é um conte-
industrial, que vive numa luxuosa vila. údo pressuposto que se encontra contradito.
Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa é-lhe per-
2.Princípio da Progressão: para que um texto seja coerente, torna-se feitamente fiel.
necessário que o seu desenvolvimento se faça acompanhar de uma infor-
mação semântica constantemente renovada. Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da mulher de Júlio,
enquanto a primeira pressupõe o inverso.
Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez que estipula que
um texto, para ser coerente, não se deve contentar com uma repetição É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradição pre-
constante da própria matéria. sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no
entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradi-
Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferreiro ção, assume-a, anula-a e toma partido dela.
estava vestido com umas calças pretas, um chapéu claro e uma vestimenta Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasmado com a parti-
preta. Tinha ao pé de si uma bigorna e batia com força na bigorna. Todos da para Itália, uma vez que sempre sonhou visitar Florença.
os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A
bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em 4.Princípio da Relação: para que um texto seja coerente, torna-se ne-
baixo e batia com o martelo na bigorna. cessário que denote, no seu mundo de representação, fatos que se apre-
sentem diretamente relacionados.
Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência, este texto não
será incoerente, será até coerente demais. Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência ser admitida
como coerente, terá de apresentar ações, estados ou eventos que sejam
No entanto, segundo o princípio da progressão, a produção de um tex- congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.
to coerente pressupõe que se realize um equilíbrio cuidado entre continui-
dade temática e progressão semântica. Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes
1 - A Silvia foi estudar.
Torna-se assim necessário dominar, simultaneamente, estes dois prin- 2 - A Silvia vai fazer um exame.
cípios (recorrência e progressão) uma vez que a abordagem da informação 3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1.
não se pode processar de qualquer maneira.
A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais
Assim, um texto será coerente se a ordem linear das sequências congruente do que as sequências 1+3 ou 2+3.
acompanhar a ordenação temporal dos fatos descritos.
Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei). Nos discursos naturais, as relações de relevância factual são, na maior
parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti-
O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das su- camente.
as sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados de Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou também: A Sil-
coisas descritos. via vai fazer um exame portanto foi estudar.
Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque cho- A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui
veu). um bom teste para descobrir uma incongruência.
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos
Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepção dos esta- de Fórmula 1.
dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequências
textuais. O conhecimento destes princípios de coerência, por parte dos profes-
Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à volta, árvores e sores, permite uma nova apreciação dos textos produzidos pelos alunos,
canteiros com flores. garantindo uma melhor correção dos seus trabalhos, evitando encontrar
incoerências em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a
Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral para o particu- dinamização de estratégias de correção.
lar.
3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja coerente, tor- Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen-
na-se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum ele- trais termo-nucleares nada lhe parecerá mais incoerente do que um tratado
mento semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressuposto técnico sobre centrais termo-nucleares.
por uma ocorrência anterior ou dedutível por inferência.
No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes.
Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é inadmissível que Pelo contrário, os receptores dão ao emissor o crédito da coerência, admi-
uma mesma proposição seja conjuntamente verdadeira e não verdadeira. tindo que o emissor terá razões para apresentar os textos daquela maneira.

Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das con- Assim, o leitor vai esforçar-se na procura de um fio condutor de pen-
tradições inferenciais e pressuposicionais. samento que conduza a uma estrutura coerente.

Existe contradição inferencial quando a partir de uma proposição po- Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa-
demos deduzir uma outra que contradiz um conteúdo semântico apresenta- mento e de linguagem uma espécie de princípio de coerência verbal (com-
do ou dedutível. parável com o princípio de cooperação de Grice8 estipulando que, seja qual
Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios de bolso. for o discurso, ele deve apresentar forçosamente uma coerência própria,
uma vez que é concebido por um espírito que não é incoerente por si
As inferências que autorizam viúva não só não são retomadas na se- mesmo.
gunda frase, como são perfeitamente contraditas por essa mesma frase.
É justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os
O efeito da incoerência resulta de incompatibilidades semânticas pro- textos dos nossos alunos.
fundas às quais temos de acrescentar algumas considerações temporais,

Língua Portuguesa 22
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
1. Coerência: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores
Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, con- compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era
vencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de significado um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1).
produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase não Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander
é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma simples 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7)
sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um
com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.
um texto em que há coerência.
O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeropor-
A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos segmen- to de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às
tos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara,
textual é pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez será pressu- uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará,
posto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda
eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há quebra nessa não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa
concatenação, ou quando um segmento atual está em contradição com um preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico
anterior, perde-se a coerência textual. demora no mínimo 60 dias para ser concluído.

A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao con- Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de
texto extra verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas
ser conhecido pelo receptor. casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram
ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi,
Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capi- de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no
tal do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto Pronto Socorro de Santa Cecília.
que chegou a nevar", percebemos que ela é incoerente em decorrência da
incompatibilidade entre um conhecimento prévio que temos da realizada Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no
com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à
em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!). clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada
a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro
Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo acima parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza
poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contexto da matéria fosse comprometida.
seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa.
E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns
No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a reali- mecanismos:
dade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve apre-
sentar elementos linguísticos instruindo o receptor acerca dessa anormali- a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o
dade. texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmente
por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamen-
Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do te dita. A repetição é um dos principais elementos de coesão do texto
décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida que a jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por
frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalida- parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a
de do fato narrado. mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibu-
lares, obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um núme-
2. Coesão: ro elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão.
A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-
rência e coesão. E a coesão, como o próprio nome diz (coeso significa b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repe-
ligado), é a propriedade que os elementos textuais têm de estar interliga- tição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico.
dos. De um fazer referência ao outro. Do sentido de um depender da rela- Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da
ção com o outro. Preste atenção a este texto, observando como as palavras vítima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na última
se comunicam, como dependem uma das outras. linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente
o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebrida-
SÃO PAULO: OITO PESSOAS MORREM EM QUEDA DE AVIÃO des (políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar
Das Agências a nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos:
Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o
Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes
e uma mulher que viu o avião cair morreram femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos
casos em que o sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevan-
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e tes e as identifiquem com mais propriedade.
dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda
de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido
cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião
sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a
São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de
mais três residências. 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba
que não foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as palavras
Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, piloto e co-piloto. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obvia-
que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reporta- mente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse
gem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro
(1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas
Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves.
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes
João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. de Apenas, é uma omissão de um elemento já citado: Três pessoas. Na
verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas

Língua Portuguesa 23
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
escoriações e queimaduras. ças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do
Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região
d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região
elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a do país), que só é citada na linha seguinte.
substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo
de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os Conexão:
principais elementos de substituição: Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na
coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que
Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A
acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido
ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados
nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação
(4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha em Prosa Moderna).
Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela
(6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes
retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, princi-
contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes palmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico).
Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal
elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterio-
Elas (10) não sofreram ferimentos graves. ridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princí-
pio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, poste-
Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo riormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje,
que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes,
pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simulta-
de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado. neamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quan-
do, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que,
Exemplos: todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O pre-
sidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certifi- Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma
cado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente,
poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo); analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual,
Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.
dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam,
por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
mundo, etc.
Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda
Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também,
muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem
demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para como, com, ou (quando não for excludente).
conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).
Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é
Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expres- provável, não é certo, se é que.
sa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados.
Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, in-
Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumentos dos impostos. A questionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de parali-
sar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito,
Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.
nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-
exemplo) Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para
exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber,
Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um ele- ou seja, aliás.
mento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de
uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de cente- Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propó-
nas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi sito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.
a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisa-
ção -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de,
ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa,
animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.
que se podem atribuir a eles).
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclu-
Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as são, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse
de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderi- modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo.
ram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios
que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguin-
elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc. te, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com
efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez
Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte
texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se que, de tal forma que, haja vista.
refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade
(7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabe- Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste

Língua Portuguesa 24
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, Nos parágrafos narrativos, há o predomínio dos verbos de ação que se
embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se referem as personagens, além de indicações de circunstâncias relativas ao
bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que. fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc.

Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. O que falamos acima se aplica ao parágrafo narrativo propriamente di-
to, ou seja, aquele que relata um fato.
Níveis De Significado Dos Textos: Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir
Significado Implícito E Explícito as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido
Informações explícitas e implícitas por dois-pontos e introduzido por travessão), cada fala de um personagem
deve corresponder a um parágrafo para que essa fala não se confunda com
Faz parte da coerência, trata-se da inferência, que ocorre porque tudo a do narrador ou com a de outro personagem.
que você produz como mensagem é maior do que está escrito, é a soma
do implícito mais o explícito e que existem em todos os textos. Parágrafo Descritivo:

Em um texto existem dois tipos de informações implícitas, o pressu- A ideia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um frag-
posto e o subentendido. mento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um
ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado
O pressuposto é a informação que pode ser compreendida por uma momento. Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo.
palavra ou frase dentro do próprio texto, faz o receptor aceitar várias ideias
do emissor. O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da
descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que
O subentendido gera confusão, pois se trata de uma insinuação, não caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas
sendo possível afirmar com convicção. ou coordenadas.
A diferença entre ambos é que o pressuposto é responsável pelo emissor e A estruturação do parágrafo:
a informação já está no enunciado, já no subentendido o receptor tira suas
próprias conclusões. Profª Gracielle O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um
ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central,
ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relaciona-
Parágrafo: das pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

Os textos são estruturados geralmente em unidades menores, os pa- O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da
rágrafos, identificados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar conveniente-
relação à margem esquerda da folha. Possuem extensão variada: há pará- mente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acom-
grafos longos e parágrafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a panhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.
unidade temática, já que cada ideia exposta no texto deve corresponder a O tamanho do parágrafo:
um parágrafo.
Os parágrafos são moldáveis conforme o tipo de redação, o leitor e o
É muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com veículo de comunicação onde o texto vai ser divulgado. Em princípio, o
ideias e exigem maior rigor e objetividade na composição, que o parágrafo- parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no
padrão apresente a seguinte estrutura: livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso.
a) introdução - também denominada tópico frasal, é constituída de Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para lei-
uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a ideia tores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em
principal do parágrafo, definindo seu objetivo; colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais
b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal, longos. Revistas populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes,
com apresentação de ideias secundárias que o fundamentam ou esclare- geralmente, apresentam parágrafos curtos.
cem; Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágra-
c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos fos menores, seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é
mais curtos e simples, a conclusão retoma a ideia central, levando em empregado para movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou
consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento. para enfatizar uma ideia.

Nas dissertações, os parágrafos são estruturados a partir de uma ideia Parágrafos médios: comuns em revistas e livros didáticos destinados
que normalmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e refor- a um leitor de nível médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com
çada por uma conclusão. três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro
cabem cerca de três parágrafos médios.
Os Parágrafos na Dissertação Escolar:
Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e acadêmicas pos-
As dissertações escolares, normalmente, costumam ser estruturadas suem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e conso-
em quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou mem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias
três para o desenvolvimento e um para a conclusão). e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade
É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema propos- e fôlego para acompanhá-los.
to e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é A ordenação no desenvolvimento do parágrafo pode acontecer:
fundamental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em pará-
grafos (cada um correspondendo a uma determinada ideia que nele se a) por indicações de espaço: "... não muito longe do lito-
desenvolve) tem a função de facilitar, para quem escreve, a estruturação ral...".Utilizam-se advérbios e locuções adverbiais de lugar e certas locu-
coerente do texto e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do ções prepositivas, e adjuntos adverbiais de lugar;
texto em sua totalidade. b) por tempo e espaço: advérbios e locuções adverbiais de tempo,
Parágrafo Narrativo: certas preposições e locuções prepositivas, conjunções e locuções conjun-
tivas e adjuntos adverbiais de tempo;
Nas narrações, a ideia central do parágrafo é um incidente, isto é, um
episódio curto. c) por enumeração: citação de características que vem normalmente
depois de dois pontos;

Língua Portuguesa 25
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
d) por contrastes: estabelece comparações, apresenta paralelos e qualquer professor que ouse interpelar o instituído, questionar os burocra-
evidencia diferenças; Conjunções adversativas, proporcionais e comparati- tas, ou — pior ainda! — manifestar ideias diferentes das de quem manda na
vas podem ser utilizadas nesta ordenação; escola, pondo em causa feudos e mandarinatos.
e) por causa-consequência: conjunções e locuções conjuntivas con- O vocábulo “Grassa” poderia ser substituído, sem perda de sentido, por
clusivas, explicativas, causais e consecutivas;
(A) Propaga-se.
f) por explicitação: esclarece o assunto com conceitos esclarecedo-
res, elucidativos e justificativos dentro da ideia que construída. Pciconcur- (B) Dilui-se.
sos (C) Encontra-se.
Equivalência e transformação de estruturas. (D) Esconde-se.
Refere-se ao estudo das relações das palavras nas orações e nos pe- (E) Extingue-se.
ríodos. A palavra equivalência corresponde a valor, natureza, ou função;
relação de paridade. Já o termo transformação pode ser entendido como http://www.professorvitorbarbosa.com/
uma função que, aplicada sobre um termo (abstrato ou concreto), resulta
um novo termo, modificado (em sentido amplo) relativamente ao estado Discurso Direto.
original. Nessa compreensão ampla, o novo estado pode eventualmente
Discurso Indireto.
coincidir com o estado original. Normalmente, em concursos públicos, as
relações de transformação e equivalência aparecem nas questões dotadas Discurso Indireto Livre
dos seguintes comandos: Celso Cunha

Exemplo: CONCURSO PÚBLICO 1/2008 – CARGO DE AGENTE DE ENUNCIAÇÃO E REPRODUÇÃO DE ENUNCIAÇÕES


POLÍCIA FUNDAÇÃO UNIVERSA Comparando as seguintes frases:
“A vida é luta constante”
Questão 8 - Assinale a alternativa em que a reescritura de parte do tex-
“Dizem os homens experientes que a vida é luta constante”
to I mantém a correção gramatical, levando em conta as alterações gráficas
necessárias para adaptá-la ao texto.
Notamos que, em ambas, é emitido um mesmo conceito sobre a vida..
Exemplo 2: FUNDAÇÃO UNIVERSA SESI – TÉCNICO EM EDUCA-
ÇÃO – ORIENTADOR PEDAGÓGICO 2010 Mas, enquanto o autor da primeira frase enuncia tal conceito como ten-
do sido por ele próprio formulado, o autor da segunda o reproduz como
(CÓDIGO 101) Questão 1 - A seguir, são apresentadas possibilidades tendo sido formulado por outrem.
de reescritura de trechos do texto I. Assinale a alternativa em que a reescri-
tura apresenta mudança de sentido com relação ao texto original. Estruturas de reprodução de enunciações
Nota-se que as relações de equivalência e transformação estão assen- Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de persona-
tadas nas possibilidades de reescrituras, ou seja, na modificação de vocá- gens reais ou fictícias, os locutores e os escritores dispõem de três moldes
bulos ou de estruturas sintáticas. linguísticos diversos, conhecidos pelos nomes de: discurso direto, discurso
indireto e discurso indireto livre.
Vejamos alguns exemplos de transformações e equivalências:
1 Os bombeiros desejam / o sucesso profissional (não há verbo na se- Discurso direto
gunda parte). Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mário de
Andrade:
Sujeito VDT OBJETO DIRETO “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá
na língua dele - “Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...”
Os bombeiros desejam / ganhar várias medalhas (há verbo na segunda
parte = oração).
Verificamos que o narrado, após introduzir o personagem, o guaxinim,
Oração principal oração subordinada substantiva objetiva direta deixou-o expressar-se “Lá na língua dele”, reproduzindo-lhe a fala tal como
ele a teria organizado e emitido.
No exemplo anterior, o objeto direto “o sucesso profissional” foi substi-
tuído por uma oração objetiva direta. Sintaticamente, o valor do termo A essa forma de expressão, em que o personagem é chamado a apre-
(complemento do verbo) é o mesmo. Ocorreu uma transformação de natu- sentar as suas próprias palavras, denominamos discurso direto.
reza nominal para uma de natureza oracional, mas a função sintática de
objeto direto permaneceu preservada. Observação
2 Os professores de cursinhos ficam muito felizes / quando os alunos No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o
são aprovados. guaxinim.

ORAÇÃO PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEM- Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das
PORAL narrativas memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de Rio-
baldo, o personagem-narrador do romance de Grande Sertão: Veredas, de
Os professores de cursinhos ficam muito felizes / nos dias das provas.
Guimarães Rosa.
SUJ VERBO PREDICATIVO ADJUNTO ADVERBIAL DE TEMPO “Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa;
mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso
Apesar de classificados de formas diferentes, os termos indicados con- do que em primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?”
tinuam exercendo o papel de elementos adverbiais temporais.
Exemplo da prova! Ou, também, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, lirica-
mente identificado com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o
FUNDAÇÃO UNIVERSA SESI – SECRETÁRIO ESCOLAR (CÓDIGO convite que, na verdade, quem lhe faz é a sua própria alma:
203) Página 3 “Ouço o meu grito gritar na voz do vento:
Grassa nessas escolas uma praga de pedagogos de gabinete, que - Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
usam o legalismo no lugar da lei e que reinterpretam a lei de modo obtuso,
no intuito de que tudo fique igual ao que era antes. E, para que continue a Características do discurso direto
parecer necessário o desempenho do cargo que ocupam, para que pare- 1. No plano formal, um enunciado em discurso direto é marcado, ge-
çam úteis as suas circulares e relatórios, perseguem e caluniam todo e ralmente, pela presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar,

Língua Portuguesa 26
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
sugerir, perguntar, indagar ou expressões sinônimas, que podem
introduzi-lo, arrematá-lo ou nele se inserir: Transposição do discurso direto para o indireto
“E Alexandre abriu a torneira: Do confronto destas duas frases:
- Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não “- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela.” (A.F. Schmidt)
ignoram.” (Graciliano Ramos) “Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia.”
“Felizmente, ninguém tinha morrido - diziam em redor.” (Cecília
Meirelles) Verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos
“Os que não têm filhos são órfãos às avessas”, escreveu Machado elementos do enunciado se modificam, por acomodação ao novo molde
de Assis, creio que no Memorial de Aires. (A.F. Schmidt) sintático.
Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a re- a) Discurso direto enunciado 1ª ou 2ª pessoa.
cursos gráficos - tais como os dois pontos, as aspas, o travessão e Exemplo: “-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir
a mudança de linha - a função de indicar a fala do personagem. É mais.”(M. de Assis)
o que observamos neste passo: Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa:
“Ao aviso da criada, a família tinha chegado à janela. Não avista- “Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia a pedir mais”
ram o menino: b) Discurso direto: verbo enunciado no presente:
- Joãozinho! “- O major é um filósofo, disse ele com malícia.” (Lima Barreto)
Nada. Será que ele voou mesmo?” Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito:
2. No plano expressivo, a força da narração em discurso direto pro- “Disse ele com malícia que o major era um filósofo.”
vém essencialmente de sua capacidade de atualizar o episódio, fa- c) Discurso direto: verbo enunciado no pretérito perfeito:
zendo emergir da situação o personagem, tornando-o vivo para o “- Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara.”(José de Alencar)
ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador desem- Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito:
penha a mera função de indicador das falas. “O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado.”
d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente:
Daí ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos diá- “- Virão buscar V muito cedo? - perguntei.”(A.F. Schmidt)
rios de comunicação e nos estilos literários narrativos em que os autores Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito:
pretendem representar diante dos que os lêem “a comédia humana, com a “Perguntei se viriam buscar V. muito cedo”
maior naturalidade possível”. (E. Zola) e) Discurso direto: verbo no modo imperativo:
“- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo)
Discurso indireto Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo:
1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis: “Gritaram em volta que seguisse a dança.”
“Elisiário confessou que estava com sono.” f) Discurso direto: enunciado justaposto:
Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso dire- “O dia vai ficar triste, disse Caubi.”
to, o narrador incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido
do personagem (Elisiário), contentando-se em transmitir ao leitor o pela integrante que:
seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma linguística que teria “Disse Caubi que o dia ia ficar triste.”
sido realmente empregada. g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta:
Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indire- “Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en-
to. cantadora?” (Guimarães Rosa)
2. Também, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta:
num só: “Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en-
“Engrosso a voz e afirmo que sou estudante.” (Graciliano Ramos) cantadora.”
h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta,
Características do discurso indireto isto) ou de 2ª pessoa (esse, essa, isso).
1. No plano formal verifica-se que, introduzidas também por um verbo “Isto vai depressa, disse Lopo Alves.”(Machado de Assis)
declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), as Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele,
falas dos personagens se contêm, no entanto, numa oração subor- aquela, aquilo).
dinada substantiva, de regra desenvolvida: “Lopo Alves disse que aquilo ia depressa.”
“O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tan- i) Discurso direto: advérbio de lugar aqui:
tos doudos no mundo e menos ainda o inexplicável de alguns ca- “E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
sos.” concluindo:
Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção - Aqui, não está o que procuro.”(Afonso Arinos)
integrante: Discurso indireto: advérbio de lugar ali:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálcu- “E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
lo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o ti- concluindo que ali não estava o que procurava.”
vesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava
podiam ser onze horas.”(Lima Barreto) Discurso indireto livre
A conjunçào integrante falta, naturalmente, quando, numa constru- Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um ter-
ção em discurso indireto, a subordinada substantiva assume a for- ceiro processo de reprodução de enunciados, resultante da conciliação dos
ma reduzida.: dois anteriormente descritos. É o chamado discurso indireto livre, forma de
“Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoei- expressão que, ao invés de apresentar o personagem em sua voz própria
ro.”(Graça Aranha) (discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria
2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o empre- dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos a
go do discurso indireto pressupõe um tipo de relato de caráter pre- impressão de que passam a falar em uníssono.
dominantemente informativo e intelectivo, sem a feição teatral e
atualizadora do discurso direto. O narrador passa a subordinar a si Comparem-se estes exemplos:
o personagem, com retirar-lhe a forma própria da expressão. Mas “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respira-
não se conclua daí que o discurso indireto seja uma construção es- ção presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um
tilística pobre. É, na verdade, do emprego sabiamente dosado de momento em que esteve quase... quase!
um e de outro tipo de discurso que os bons escritores extraem da Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qual-
narrativa os mais variados efeitos artísticos, em consonância com quer urubu... que raiva... “ (Ana Maria Machado)
intenções expressivas que só a análise em profundidade de uma “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que es-
dada obra pode revelar. tar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano

Língua Portuguesa 27
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ramos) cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o biógrafo,
“O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da todos pretendem comunicar por escrito, a um público real, um conteúdo que
espinha. quase sempre demanda pesquisa, leitura e observação minuciosa de fatos
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha domés- empíricos. A capacidade de observar os dados e apresentá-los de maneira
tica nem a dos campos possuíam salvação. própria e individual determina o grau de criatividade do escritor.
Perdido... completamente perdido...”
( H. de C. Ramos) Para que haja eficácia na transmissão da mensagem, é preciso ter em
mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etária, nível
Características do discurso indireto livre cultural e escolar e interesse específico pelo assunto. Assim, um mesmo
Do exame dos enunciados em itálico comprova-se que o discurso indi- tema deverá ser apresentado diferentemente ao público infantil, juvenil ou
reto livre conserva toda a afetividade e a expressividade próprios do discur- adulto; com formação universitária ou de nível técnico; leigo ou especializa-
so direto, ao mesmo tempo que mantém as transposições de pronomes, do. As diferenças hão de determinar o vocabulário empregado, a extensão
verbos e advérbios típicos do discurso indireto. É, por conseguinte, um do texto, o nível de complexidade das informações, o enfoque e a condução
processo de reprodução de enunciados que combina as características dos do tema principal a assuntos correlatos.
dois anteriormente descritos. Organização das ideias. O texto artístico é em geral construído a partir
1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto li- de regras e técnicas particulares, definidas de acordo com o gosto e a
vre “pressupõe duas condições: a absoluta liberdade sintática do habilidade do autor. Já o texto objetivo, que pretende antes de mais nada
escritor (fator gramatical) e a sua completa adesão à vida do per- transmitir informação, deve fazê-lo o mais claramente possível, evitando
sonagem (fator estético) “ (Nicola Vita In: Cultura Neolatina). palavras e construções de sentido ambíguo.
Observe-se que essa absoluta liberdade sintática do escritor pode
levar o leitor desatento a confundir as palavras ou manifestações Para escrever bem, é preciso ter ideias e saber concatená-las. Entre-
dos locutores com a simples narração. Daí que, para a apreensão vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema abordado
da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ga- são bons recursos para obter informações e formar juízos a respeito do
nhe em importância o papel do contexto, pois que a passagem do assunto sobre o qual se pretende escrever. A observação dos fatos, a
que seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor é, experiência e a reflexão sobre seu conteúdo podem produzir conhecimento
muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte suficiente para a formação de ideias e valores a respeito do mundo circun-
passo de Machado de Assis: dante.
“Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubião É importante evitar, no entanto, que a massa de informações se dis-
acudiu, levando-lhe água e pedindo que se deitasse para descan- perse, o que esvaziaria de conteúdo a redação. Para solucionar esse
sar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não era problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre-
nada. Perdera o costume de fazer discursos é o que era.” ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O
2. No plano expressivo, devem ser realçados alguns valores desta passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encadeá-las segundo
construção híbrida: a relação que se estabelece entre elas.
a) Evitando, por um lado, o acúmulo de quês, ocorrente no discurso
indireto, e, por outro lado, os cortes das oposições dialogadas pe- Vocabulário e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinôni-
culiares ao discurso direto, o discurso indireto livre permite uma mos, dois termos quase nunca têm exatamente o mesmo significado. Há
narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente elabora- sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo
dos; com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulário que o
b) O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e personagem indivíduo domina para redigir um texto, mais fácil será a tarefa de comuni-
neste molde frásico torna-o o preferido dos escritores memorialis- car a vasta gama de sentimentos e percepções que determinado tema ou
tas, em suas páginas de monólogo interior; objeto lhe sugere.
c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem
Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcaísmos e
sempre aparece isolado em meio da narração. Sua “riqueza ex-
neologismos e dar preferência ao vocabulário corrente, além de evitar
pressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo pará-
cacofonias (junção de vocábulos que produz sentido estranho à ideia
grafo, com os discursos direto e indireto puro”, pois o emprego
original, como em "boca dela") e rimas involuntárias (como na frase, "a
conjunto faz que para o enunciado confluam, “numa soma total, as
audição e a compreensão são fatores indissociáveis na educação infantil").
características de três estilos diferentes entre si”.
O uso repetitivo de palavras e expressões empobrece a escrita e, para
(Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-
evitá-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes.
FENAME.)
A obediência ao padrão culto da língua, regido por normas gramaticais,
linguísticas e de grafia, garante a eficácia da comunicação. Uma frase
Redação gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada com
A linguagem escrita tem identidade própria e não pretende ser mera erros é, antes de tudo, uma mensagem ininteligível, que não atinge o
reprodução da linguagem oral. Ao redigir, o indivíduo conta unicamente objetivo de transmitir as opiniões e ideias de seu autor.
com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir conteúdos Tipos de redação. Todas as formas de expressão escrita podem ser
complexos, estimular a imaginação do leitor, promover associação de ideias classificadas em formas literárias -- como as descrições e narrações, e
e ativar registros lógicos, sensoriais e emocionais da memória. nelas o poema, a fábula, o conto e o romance, entre outros -- e não-
Redação é o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga- literárias, como as dissertações e redações técnicas.
nizada. O ponto de partida para redigir bem é o conhecimento da gramática Descrição. Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa,
do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de redação lugar, coisa etc.) por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação das
deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se pretende características do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos humanos
dar à composição, organização das ideias sobre o tema, escolha do voca- -- visão, audição, tato, olfato e paladar --, já que é por intermédio deles que
bulário adequado e concatenação das ideias segundo as regras linguísticas o ser humano toma contato com o ambiente.
e gramaticais.
A descrição resulta, portanto, da capacidade que o indivíduo tem de
Para adquirir um estilo próprio e eficaz é conveniente ler e estudar os perceber o mundo que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais
grandes mestres do idioma, clássicos e contemporâneos; redigir frequen- rica será a descrição. Por meio da percepção sensorial, o autor registra
temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de ex- suas impressões sobre os objetos, quanto ao aroma, cor, sabor, textura ou
pressão; e ser escrupuloso na correção da composição, retificando o que sonoridade, e as transmite para o leitor.
não saiu bem na primeira tentativa. É importante também realizar um
exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se Narração. O relato de um fato, real ou imaginário, é denominado narra-
refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. O romancista, o ção. Pode seguir o tempo cronológico, de acordo com a ordem de sucessão

Língua Portuguesa 28
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
dos acontecimentos, ou o tempo psicológico, em que se privilegiam alguns página e de caracteres ou espaços por linha, à entrelinha e à numeração
eventos para atrair a atenção do leitor. A escolha do narrador, ou ponto de das páginas, entre outras características. ©Encyclopaedia Britannica do
vista, pode recair sobre o protagonista da história, um observador neutro, Brasil Publicações Ltda.
alguém que participou do acontecimento de forma secundária ou ainda um
espectador onisciente, que supostamente esteve presente em todos os A diferença entre fatos e opiniões
lugares, conhece todos os personagens, suas ideias e sentimentos. por José Antônio Rosa
A apresentação dos personagens pode ser feita pelo narrador, quando Qual é a diferença entre um fato e uma opinião? O fato é aquilo que
é chamada de direta, ou pelas próprias ações e comportamentos deste, aconteceu, enquanto que a opinião é o que alguém pensa que ocorreu,
quando é dita indireta. As falas também podem ser apresentadas de três uma interpretação dos fatos. Digamos: houve um roubo na portaria da
formas: (1) discurso direto, em que o narrador transcreve de forma exata a empresa e alguém vai investigá-lo. Se essa pessoa for absolutamente
fala do personagem; (2) discurso indireto, no qual o narrador conta o que o honesta, faz um relatório claro relatando os fatos com absoluta fidelidade e
personagem disse, lançando mão dos verbos chamados dicendi ou de após esse relato objetivo, apresenta sua opinião sobre os acontecimentos.
elocução, que indicam quem está com a palavra, como por exemplo "dis- É usualmente desejável que ela dê sua opinião porque, se foi escalada
se", "perguntou", "afirmou" etc.; e (3) discurso indireto livre, em que se para investigar o crime é porque tem qualificação para isso; além disso, o
misturam os dois tipos anteriores. próprio fato de ela ter investigado já lhe dá autoridade para opinar.
O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem
chama-se enredo. Pode ser linear, segundo a sucessão cronológica dos É importante considerar:
fatos, ou não-linear, quando há cortes na sequência dos acontecimentos. É
comumente dividido em exposição, complicação, clímax e desfecho. · Vivemos num mundo em que tomamos decisões a partir de informações;
· Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e expressões de opiniões;
Dissertação. A exposição de ideias a respeito de um tema, com base · Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por números, documen-
em raciocínios e argumentações, é chamada dissertação. Nela, o objetivo tos, registros;
do autor é discutir um tema e defender sua posição a respeito dele. Por · Opiniões, por outro lado, refletem juízos, valores, interpretações;
essa razão, a coerência entre as ideias e a clareza na forma de expressão · Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quando isso ocorre temos
são elementos fundamentais. de ter cuidado com as informações que vêm delas;
· Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias opiniões, pois elas
A organização lógica da dissertação determina sua divisão em introdu-
podem ser tomadas como fatos por outros;
ção, parte em que se apresenta o tema a ser discutido; desenvolvimento,
· Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em
em que se expõem os argumentos e ideias sobre o assunto, fundamentan-
conta as opiniões de gente qualificada sobre tais fatos.
do-se com fatos, exemplos, testemunhos e provas o que se quer demons-
trar; e conclusão, na qual se faz o desfecho da redação, com a finalidade
Ronald H. Coase, Prêmio Nobel de economia, observa que se torturarmos
de reforçar a ideia inicial.
os fatos adequadamente, eles acabam confessando. O jeito então é ouvir
Texto jornalístico e publicitário. O texto jornalístico apresenta a peculia- com ouvidos críticos e pesquisar o suficiente, antes de tomar uma decisão.
ridade de poder transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal,
empregada, por exemplo, nos periódicos especializados sobre ciência e Ironia
política, até aquela extremamente coloquial, utilizada em publicações A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em
voltadas para o público juvenil. Apesar dessa aparente liberdade de estilo, o dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância
redator deve obedecer ao propósito específico da publicação para a qual intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na
escreve e seguir regras que costumam ser bastante rígidas e definidas, Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com
tanto quanto à extensão do texto como em relação à escolha do assunto, vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.
ao tratamento que lhe é dado e ao vocabulário empregado.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunci-
O texto publicitário é produzido em condições análogas a essas e ainda ar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade
mais estritas, pois sua intenção, mais do que informar, é convencer o com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalo-
público a consumir determinado produto ou apoiar determinada ideia. Para rizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura,
isso, a resposta desse mesmo público é periodicamente analisada, com o para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição. O termo
intuito de avaliar a eficácia do texto. Ironia Socrática, levantado por Aristóteles, refere-se ao método socrático.
Redação técnica. Há diversos tipos de redação não-literária, como os Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da palavra.
textos de manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos Tipos de ironia
científicos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos
de redação técnica e científica. A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral,
dramática e de situação.
Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coe-
rência e clareza que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação • A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a in-
técnica apresenta estrutura e estilo próprios, com forte predominância da tenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende expres-
linguagem denotativa. Essa distinção é basicamente produzida pelo objeti- sar outra, ou então quando um significado literal é contrário para
vo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e não o de impressio- atingir o efeito desejado.
nar.
• A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a
As dissertações científicas, elaboradas segundo métodos rigorosos e expressão e a compreensão/cognição: quando uma palavra ou
fundamentadas geralmente em extensa bibliografia, obedecem a padrões uma ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o signi-
de estruturação do texto criados e divulgados pela Associação Brasileira de ficado da situação, mas a personagem não.
Normas Técnicas (ABNT). A apresentação dos trabalhos científicos deve
incluir, nessa ordem: capa; folha de rosto; agradecimentos, se houver; • A ironia de situação é a disparidade existente entre a
sumário; sinopse ou resumo; listas (de ilustrações, tabelas, gráficos etc.); o intenção e o resultado: quando o resultado de uma ação é con-
texto do trabalho propriamente dito, dividido em introdução, método, resul- trário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma maneira, a ironia
tados, discussão e conclusão; apêndices e anexos; bibliografia; e índice. infinita (cosmic irony) é a disparidade entre o desejo humano e
as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas afirmam
A preparação dos originais também obedece a algumas normas defini- que a ironia de situação e a ironia infinita, não são ironias de to-
das pela ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação do
(IBBD) para garantia de uniformidade. Essas normas dizem respeito às
dimensões do papel, ao tamanho das margens, ao número de linhas por Exemplos:

Língua Portuguesa 29
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crian-
ças”. (Monteiro Lobato) Eliminando a ambiguidade: O menino avistou um mendigo que estava
sentado na varanda.
"-Meu marido é um santo. Só me traiu três vezes!" O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo. Por Marina
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbo- Cabral
lo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de lin-
guagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la. Paráfrase
O humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau Uma paráfrase é uma reafirmação das ideias de um texto ou uma passa-
de disposição e de bem-estar psicológico e emocionante um indivíduo. gem usando outras palavras. O ato de paráfrase é também chamado de
parafrasear.
A palavra humor surgiu na medicina humoral dos antigos Gregos. Na-
queles tempos, o termo humor representava qualquer um dos quatro fluidos Uma paráfrase tipicamente explica ou clarifica o texto que está sendo
corporais (ou humores) que se considerava serem responsáveis por regular citado. Por exemplo, "O sinal estava vermelho" pode ser parafraseada
a saúde física e emocional humana. como "O carro não estava autorizado a prosseguir". Quando acompanha a
declaração original, uma paráfrase normalmente é introduzido com uma
O humor é uma das chaves para a compreensão dicendi verbum - uma expressão declaratória para sinalizar a transição para
de culturas, religiões e costumes das sociedades num sentido amplo, sendo a paráfrase. Por exemplo, em "O sinal estava vermelho, isto é, o trem não
elemento vital da condição humana. O homem é o único animal que ri, e estava autorizado a proceder". Que é sinal a paráfrase que se segue.
através dos tempos a maneira humana de sorrir modifica-se acompanhan-
do os costumes e correntes de pensamento. Uma paráfrase não precisa acompanhar uma citação direta, mas quando é
assim, a paráfrase normalmente serve para colocar a declaração da fonte
Em cada época da história humana a forma de pensar cria e derru- em perspectiva ou para esclarecer o contexto em que apareceu. Uma
ba paradigmas, e o humor acompanha essa tendência sociocultural. Ex- paráfrase é tipicamente mais detalhada do que um resumo. Deve-se adici-
pressões culturais do humor podem representar retratos fiéis de uma épo- onar a fonte no final da frase, por exemplo: A calçada da rua estava suja
ca, como é o caso, por exemplo, das comédias gregas de Plauto e das ontem (Wikipedia).
comédias de costumes do brasileiro Martins Pena.
A paráfrase pode tentar preservar o significado essencial do material a ser
Ambiguidade parafraseado. Assim, a reinterpretação (intencional ou não) de uma fonte
A duplicidade de sentido, seja de uma palavra ou de uma expressão, dá-se para inferir um significado que não é explicitamente evidente na própria
o nome de ambiguidade. Ocorre geralmente, nos seguintes casos: fonte é qualificada como "pesquisa inédita", e não como paráfrase.
O termo é aplicado ao gênero das paráfrases bíblicas, que eram as versões
Má colocação do Adjunto Adverbial de maior circulação da Bíblia disponíveis na Europa medieval. O objetivo
não era o de tornar uma interpretação exata do significado ou o texto com-
Exemplos: Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais pleto, mas para material presente na Bíblia em uma versão que era teologi-
sadias. camente ortodoxo e não está sujeita a interpretação herética, ou, na maioria
dos casos, para tomar a Bíblia e presente a um material de grande público
As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são que foi interessante, divertida e espiritualmente significativa, ou, simples-
frequentemente mais sadias porque recebem leite? mente para encurtar o texto.

Eliminando a ambiguidade: Crianças que recebem frequentemente leite A frase "em suas próprias palavras" é frequentemente utilizado neste con-
materno são mais sadias. texto para sugerir que o autor reescreveu o texto em seu próprio estilo de
Crianças que recebem leite materno são frequentemente mais sadias. escrita - como teria escrito se eles tivessem criado a ideia.
O que se denomina paralelismo sintático é um encadeamento de
Uso Incorreto do Pronome Relativo funções sintáticas idênticas ou encadeamento de orações de valores sintá-
ticos iguais. Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a externa, ao ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite
cama. estabelecer maior relevância de uma sobre a outra, criam um processo de
ligação por coordenação. Diz-se que estão formando um paralelismo sintá-
O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes? tico.
Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de Texto literário e não literário - marcas linguísticas
diamantes a qual estava sobre a cama.
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre
Antes de partirmos, de modo enfático, para as características que delineiam
a cama.
ambas as modalidades, faremos uma breve consideração no tocante aos
aspectos primordiais que perfazem o texto, vistos de maneira abrangente.
Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança
pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os
Toda e qualquer produção escrita é fruto de um conjunto de fatores, os
substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria
quais se encontram interligados e se tornam indissociáveis, de modo a
necessidade de uma reestruturação diferente.
permitir que o discurso se materialize de forma plausível. Portanto, infere-se
que tais fatores se ligam aos conhecimentos de quem o produz, sejam
Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases
esses de ordem linguística ou aqueles adquiridos ao longo da trajetória
cotidiana.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.
Aliada a essa prerrogativa existe aquela que inegavelmente norteia a
concepção de linguagem, ou seja, a de possuir um caráter dinâmico e
O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
estritamente social. Isso nos leva a crer que sempre estamos dialogando
como o “outro”, e que, sobretudo, compartilhamos nossas ideias e opiniões
Eliminando a ambiguidade: Aquela velha senhora encontrou o garotinho no
com os diferentes interlocutores envolvidos no discurso.
quarto dela.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.
Essa noção, uma vez proferida, tende a subsidiar os nossos propósitos no
que se refere ao assunto em questão. E, para tal, analisemos:
Ex.: Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.
Os poemas
Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?

Língua Portuguesa 30
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

A língua faz parte de nossa vida diária. Por isso, é importante conhecer,
através da reflexão linguística, seu funcionamento nas diversas situações
do cotidiano.
A ausência dessa reflexão na dinâmica da produção escrita compromete
sobretudo a superfície textual. Exemplos:

TEXTO 1 - Ambiguidade na propaganda de produto:

“Nunca use a almofadinha HAPPY BABY quando aquecida diretamente


sobre a pele do bebê, fraldas descartáveis e calças plásticas”.

REESCRITA:
(Quando aquecida, a almofadinha HAPPY BABY não deverá ser usada
diretamente sobre a pele do bebê, fraldas descartáveis e calças plásticas).
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam TEXTO 2 - Redundância no texto informal:
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo “Me desespera saber que algo pode ocorrer comigo quando eu entro num
como de um alçapão. prédio e se isso acontecer, tenho a convicção de que algo grave ocorrerá
Eles não têm pouso comigo”.
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos REESCRITA:
e partem. (Quando entro num prédio, desespera-me pensar que algo grave poderá
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, ocorrer comigo).
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti... TEXTO 3 – Problemas gramaticais e ineficiência da mensagem:

QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM, 1980. “Necessitei ausentar-se do serviço, por que encontrava-me com dificulda-
des de enxergar, porque minha profissão requer uma boa visão”.
O exemplo em voga trata-se de uma criação poética pertencente a um
renomado autor da era modernista. Atendo-nos às suas peculiaridades no OBS.: Não basta, neste caso, propor apenas a correção gramatical, numa
tange à linguagem, notamos a presença de uma linguagem metafórica que situação escolar envolvendo a escrita. É preciso, na reescritura do texto,
simboliza a capacidade imaginativa do artista comparando-a com a liberda- eliminar o supérfluo, buscando a clareza e a eficácia da mensagem.
de conferida aos pássaros, uma vez que são livres e voam rumo ao hori-
zonte. REESCRITA:
(Ausentei-me do serviço para consultar um oculista.)
Por meio dos seguintes excertos poéticos, assim representados, voltamos à
ideia anteriormente mencionada de que a competência linguística vai TEXTO 4 – Redação escolar: "lugar-comum"
paulatinamente sendo “adornada”, de acordo com a troca de experiências
entre o emissor e o mundo que o rodeia: “O que fiz ontem de mais importante, sem dúvida, foi assistir um jogo de
futebol pelo rádio. O confronto entre Corinthians e Palmeiras é um clássico
Eles não têm pouso imperdível.
nem porto Durante a partida, sofri, sofri muito como todo corinthiano que se preza.
alimentam-se um instante em cada par de mãos Mas, Graças a Deus, o empate teve gosto de vitória”.
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, OBS: Nessa produção, a não ser pela regência incorreta do verbo “assis-
no maravilhoso espanto de saberes [...] tir” (empregado equivocadamente em lugar do verbo “ouvir”), não há restri-
ções quanto ao uso da língua padrão, sequer pelo emprego do termo
Desta feita, a intencionalidade discursiva, característica textual marcante, “imperdível”, já consagrado nas modalidades oral e escrita, menos formais.
pauta-se por despertar no interlocutor sentimentos e emoções, com vistas a Note-se, ainda, a utilização adequada do relator adversativo (mas) e a
oferecer uma multiplicidade de interpretações, uma vez conferida pelo coesão por sequenciação temporal (durante a partida/ ontem).
caráter subjetivo. Eis assim a característica que nutre um texto literário. O que pode, então, poluir esse “oásis”? Nada menos que a predomi-
nância do “LUGAR-COMUM”, em prejuízo da originalidade de expressão:
Pensemos agora em um outro tipo de texto, no qual não identificamos
nenhum envolvimento por parte do emissor, pois suas marcas linguísticas ... é um (jogo) imperdível,0
primam-se pela objetividade. A conclusão a que podemos chegar é que, ... como todo (corinthiano) que se preza
nesse caso, a finalidade é apenas informar algo, tal qual se encontra no ... o empate teve gosto de vitória
discurso apresentado, isento de marcas pessoais, opiniões, juízos de valor
e, sobretudo, de traços ligados à subjetividade. Todo A INTENÇÃO COMUNICATIVA
Todo aquele que se comunica -falando, pintando, escrevendo, dan-
Uma notícia, reportagem, artigo científico? Seriam esses os casos çando etc. - tem uma intenção comunicativa. Ele, locutor, não está apenas
representativos? A reposta para tal indagação é reafirmá-la, uma vez que querendo transmitir uma mensagem, passar uma informação, mas interagir
tais modalidades tem uma finalidade em comum: a informação. Essa, por com outra pessoa que se vai tornar o locutário. Ou seja, o locutor tem um
sua vez, precisa retratar uma certa credibilidade conferida por meio do objetivo em mente ao construir o seu texto e, normalmente, esse objetivo se
discurso. Daí o caráter objetivo, razão pela qual o autor, em momento relaciona com alguma ação. Toda palavra faz parte de um movimento maior
algum, não deixa que suas opiniões se fruam em meio ao ato discursivo a em torno de uma ação social.
que se propõe. Tal particularidade revela a natureza linguística do chamado
texto não literário. Vânia Maria do Nascimento Duarte Por exemplo, uma bula de remédios. Ela pode ser lida a qualquer mo-
mento e pelos mais variados motivos. Ainda que a maioria considerasse
REESCRITURA DE TEXTOS absurdo, eu poderia ler uma bula de remédios antes de dormir, para relaxar
Dorival Coutinho da Silva um pouco. Mas, a intenção comunicativa de uma bula de remédios é outra.

Língua Portuguesa 31
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ela existe na sociedade para que o leitor conheça adequadamente o remé- (quando pertencem à mesma classe gramatical), sintática (quando há
dio e saiba como usá-lo. O conhecimento e a aplicação das informações da semelhança entre frases ou orações) e semântica (quando há correspon-
bula de remédios pode significar o restabelecimento da saúde. dência de sentido entre os termos).
Assim, uma pessoa pode até ler uma bula de remédio para se distrair Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que
porque não tem o que outra coisa que fazer, contudo passar o tempo não é houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptíveis aos olhos de
a intenção comunicativa da bula de remédios. É um uso para a bula, mas quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um
não atende à intenção comunicativa desse gênero discursivo. Quem escre- todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes casos:
ve esse texto não o faz para que os outros passem um momento agradável
de diversão. Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda.
É justamente o caso contrário do que ocorre com o filme de aventuras
que alguém se assiste no cinema, domingo à tarde, com os seus amigos. Constatamos a falta de paralelismo semântico, ao analisarmos que o time
Voltados para essa necessidade, existem muitos filmes de aventuras cuja brasileiro não enfrentará o país, e sim a seleção que o representa. Reestru-
intenção comunicativa é apenas fazer os locutários se distraírem e passar turando a oração, obteríamos:
um bom momento. Mas não existem apenas filmes de aventuras em circu-
lação na sociedade. Outros filmes ultrapassam esse objetivo e procuram, Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a seleção da
também, discutir valores ou criticar aspectos da identidade humana, por Holanda.
exemplo.
Se eles comparecessem à reunião, ficaremos muito agradecidos.
O primeiro e, sem dúvidas, um dos maiores desafios de quem produz
um texto é fazer o locutário cooperar com a intenção comunicativa do texto Eis que estamos diante de um corriqueiro procedimento linguístico, embora
produzido. Em outras palavras, fazer com que o locutário esteja disposto a considerado incorreto, sobretudo, pela incoerência conferida pelos tempos
interpretar o texto de acordo com a intenção comunicativa do locutor. verbais (comparecessem/ficaremos). O contrário acontece se dissésse-
Ou seja, de má vontade, sem querer participar, sem se envolver, o lo- mos:
cutário não vai fazer o seu papel no processo de interação comunicativa. O
locutário poderá então não compreender o texto ou fazer uma interpretação Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos muito agradecidos.
que foge aos objetivos desse texto. Ele vai ler, mas não vai interpretar Ambos relacionados à mesma ideia, denotando uma incerteza quanto à
adequadamente, nem agir de acordo. ação.

Mas por que o locutário não atenderia à intenção comunicativa do texto Ampliando a noção sobre a correta utilização destes recursos, analisemos
que lê? Isso pode acontecer porque aquele que assume o papel de locutá- alguns casos em que eles se aplicam:
rio não sabe (ou não deseja) realizar o trabalho de envolvimento com o
texto necessário para interpretá-lo. Assim, é muito importante ao interpre- não só... mas (como) também:
tarmos um texto, identificarmos a intenção comunicativa.
A violência não só aumentou nos grandes centros urbanos, mas
Algumas perguntas podem nos ajudar: também no interior.
Ø Para que serve esse texto na sociedade?
Ø O que esse texto revela sobre o locutor? Percebemos que tal construção confere-nos a ideia de adição em comparar
Ø O que se espera que eu faça depois de ler esse texto? ambas as situações em que a violência se manifesta.
Compreendendo a intenção comunicativa do texto, podemos também
Quanto mais... (tanto) mais:
escolher até que ponto desejamos participar no processo comunicativo. Isto
é, podemos envolvermo-nos mais ou menos, de acordo com nossas neces-
Atualmente, quanto mais se aperfeiçoa o profissionalismo, mais chan-
sidades, possibilidades, desejos etc.
ces tem de se progredir.
A escola, como instituição, no entanto, tem sido muito eficiente em 'ma-
tar' as intenções comunicativas dos textos. Em todas os componentes Ao nos atermos à noção de progressão, podemos identificar a construção
curriculares. Seja por reduzir os textos a intenções distorcidas daquelas paralelística.
para as que foram produzidos; seja por simplesmente ignorar o processo
social que deu origem a tais textos. José Luís Landeira Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora:

Paralelismo Sintático e Paralelismo Semântico - recursos A cordialidade é uma virtude aplicável em quaisquer circunstâncias,
que compõem o estilo textual seja no ambiente familiar, seja no trabalho.

Notadamente, a construção textual é concebida como um procedimento Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante a ideia de alternância.
dotado de grande complexidade, haja vista que o fato de as ideias emergi-
rem com uma certa facilidade não significa transpô-las para o papel sem a Tanto... Quanto:
devida ordenação. Tal complexidade nos remete à noção das competências
inerentes ao emissor diante da elaboração do discurso, dada a necessidade As exigências burocráticas são as mesmas, tanto para os veteranos,
de este se perfazer pela clareza e precisão. quanto para os calouros.

Infere-se, portanto, que as competências estão relacionadas aos conheci- Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de equivalência, constata-se
mentos que o usuário tem dos fatos linguísticos, aplicando-os de acordo a estrutura paralelística.
com o objetivo pretendido pela enunciação. De modo mais claro, ressalta-
mos a importância da estrutura discursiva se pautar pela pontuação, con- Não... E não/nem:
cordância, coerência, coesão e demais requisitos necessários à objetivida-
de retratada pela mensagem. Não poderemos contar com o auxílio de ninguém, nem dos alunos,
nem dos funcionários da secretaria.
Atendo-nos de forma específica aos inúmeros aspectos que norteiam os já
citados fatos linguísticos, ressaltamos determinados recursos cuja função Recurso este empregado quando se quer atribuir uma sequência negativa.
se atribui por conferirem estilo à construção textual – o paralelismo sintático
e semântico. Caracterizam-se pelas relações de semelhança existente Por um lado... Por outro:
entre palavras e expressões que se efetivam tanto de ordem morfológica

Língua Portuguesa 32
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Se por um lado, a desistência da viagem implicou economia, por - a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura).
outro, desagradou aos filhos que estavam no período de férias. - o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo (guloso,
glutão).
O paralelismo efetivou-se em virtude da referência a aspectos negativos e Sinédoque:
positivos relacionados a um determinado fato.
Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo
Tempos verbais: ampliação ou redução do sentido usual da palavra numa relação quantitati-
va. Encontramos sinédoque nos seguintes casos:
Se a maioria colaborasse, haveria mais organização. - o todo pela parte e vice-versa: “A cidade inteira (o povo) viu assombrada,
de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte das
Como dito anteriormente, houve a concordância de sentido proferida pelos patas) de seu cavalo.” (J. Cândido de Carvalho)
verbos e seus respectivos tempos. - o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os paulistas) é tímido;
: Vânia Maria do Nascimento Duarte o carioca (todos os cariocas), atrevido.
- o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os
Reescritura de frases e parágrafos do texto artistas ele foi um mecenas (protetor).
Reescritura de frases e parágrafos do texto. Catacrese:
Substituição de palavras ou de trechos de texto. A catacrese é um tipo de especial de metáfora, “é uma espécie de metáfora
Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade. desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de
Este item será abordado como um tema só, pois a separação deles está criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já
meio complicada, pois a substituição de palavras ou de trechos tem tudo a fora do âmbito estilístico.” (Othon M. Garcia).
ver com a retextualização São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de alho
Reescrituração de textos / montar em burro / céu da boca / cabeça de prego / mão de direção /
ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no banco.
Figuras de estilo, figuras ou Desvios de linguagem são nomes dados a
alguns processos que priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto mais Sinestesia:
rico e expressivo ou buscar um novo significado, possibilitando uma reescri- A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma
tura correta de textos. expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão,
Podem ser: olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Figuras de palavras Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de
uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo.
As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido
Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensa-
diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um
ções táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer)
efeito mais expressivo na comunicação.
Antonomásia:
São figuras de palavras:
Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade,
Comparação:
característica ou fato que a distingue.
Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elemen-
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou
tos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos –
cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome
feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns
próprio.
verbos – parecer, assemelhar-se e outros.
Exemplos: “E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, / Rasga e
Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher
enlameia a túnica inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson Arantes
como se fosse lógico.” (Chico Buarque);
do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Virgílio) / O poeta dos escravos (=
“As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= Napoleão)
xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas…” (Jorge Amado).
Alegoria:
Metáfora:
A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto;
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global por
de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria,
também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum
conectivo não está expresso, mas subentendido. e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um referencial e outro
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. metafórico.
Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis). Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono
Metonímia: lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não
Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, ha- são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo
vendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados,
sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis).
objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos: Figuras de sintaxe ou de construção:
- o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes de sair, tomamos um As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação
cálice (o conteúdo de um cálice) de licor. à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições
- a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o operário ia / Com suor e com ou omissões.
cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apartamen- Elas podem ser construídas por:
to.” (Vinicius de Moraes). a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
- o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa do b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado).
d) ruptura: anacoluto;
- o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu
e) concordância ideológica: silepse.
coração (sentimento, sensibilidade).
Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:
- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pelos
revolucionários. Assíndeto:
- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino) soa.
- o inventor pelo invento: Edson (a energia elétrica) ilumina o mundo.

Língua Portuguesa 33
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” (A grita da gente se
conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgu- alevanta ao Céu ) (Camões).
las. Hipálage:
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade
pausas rítmicas (vírgulas). que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” (as lojas dos barbeiros
pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se.” (Machado de loquazes.) (Eça de Queiros).
Assis). Anacoluto:
Elipse: Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente pode- inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A construção do período
mos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de deixa um ou mais termos – que não apresentam função sintática definida –
pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
concisão e dinamismo. Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcânta-
Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.” (elipse ra Machado).
do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias…). Silepse:
Zeugma: Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas
Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando com a ideia a elas associada.
subentendida sua repetição. a) Silepse de gênero:
Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes.” Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou
(Zeugma do verbo: “e foram assassinados…”) (Camilo Castelo Branco). masculino).
Anáfora: Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães
Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um Rosa).
período, frase ou verso. b) Silepse de número:
Exemplo: “Depois o areal extenso… / Depois o oceano de pó… / Depois no Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular
horizonte imenso / Desertos… desertos só…” (Castro Alves). ou plural).
Pleonasmo: Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário Barreto).
Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundân- c) Silepse de pessoa:
cia de significado.
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal:
a) Pleonasmo literário: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.
É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas.” (Ma-
vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso chado de Assis).
estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Figuras de pensamento:
Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os olhos eu quis
ver de perto / Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto de Olivei- As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao
ra). significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
“Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçalves Dias) São figuras de pensamento:
“Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas de Portugal” (Fernando Antítese:
Pessoa). Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de
b) Pleonasmo vicioso: sentidos opostos.
É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras anteri- Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns
ormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos
valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do trazem o mal.” (Rui Barbosa).
sentido real das palavras. Apóstrofe:
Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou
os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio exclusivo / breve alocução / imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo
principal protagonista. na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.
Polissíndeto: Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” (Castro Alves).
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coor- Paradoxo:
denativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a con- Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido
junção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertigino- oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindo-se ao
sos. mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxí-
Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas das bur- moro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
guesinhas ricas / e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.” Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se
(Manuel Bandeira). sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;”
Anástrofe: (Camões)
Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas Eufemismo:
(determinante/determinado). Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para
Exemplo: “Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra tenho.” (Mário atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.
Quintana). Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe
Hipérbato: pague”. (Chico Buarque).
Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase. Gradação:
Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ” (As belas passeiam na Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensificam
Avenida à tarde.) (Carlos Drummond de Andrade). uma mesma ideia.
Sínquise: Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o passo.” (Castro
Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da Alves).
frase. É um hipérbato exagerado. Hipérbole:

Língua Portuguesa 34
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar • Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria
uma imagem emocionante e de impacto. “Eles têm serviço de entrega”).
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac). • Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo, o
Ironia: mais adequado seria Primeiro-ministro)
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de • Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits.
termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem (anglicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja)
exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
• Convocamos para a Reunião do Conselho de DA’s (plural da sigla
Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como
de Diretório Acadêmico). (anglicismo, e mesmo nesta língua não se
uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
usa apóstrofo ‘s’ para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.)
Prosopopéia:
Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, grafia,
Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui morfologia, etc., tais como “adevogado” ou “eu sabo“, pois seriam atitudes
movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência no
animados a seres inanimados ou imaginários. dialeto padrão da língua.
Também a atribuição de características humanas a seres animados consti- Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque os
tui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em questão
exemplo de Mário de Quintana: “O peixinho (…) silencioso e levemente na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre conhe-
melancólico…” cem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à comunidade
Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul Bopp) com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barbarismo também
Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice Lispector) pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns receptores que
Perífrase: se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de influên-
cia sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o conceito de barba-
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar
rismo é relativo ao receptor da mensagem.
algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da própria língua do receptor
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilho-
poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um cultismo
sa / Coração do meu Brasil.” (André Filho).
(ex: “abdômen”) quando presente em uma mensagem a um receptor que
Até este ponto retirei informações do site PCI cursos não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado, que poderia
Vícios de Linguagem compreender melhor os sinônimos “barriga”, “pança” ou “bucho”).
Ambiguidade Cacofonia
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união das
geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando falamos
ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma sobre algo para não ofendermos a pessoa que ouve. São exemplos desse
palavra apresentar vários sentidos em um contexto. fato:
Ex: • “Ele beijou a boca dela.”
• “Onde está a vaca da sua avó?” (Que vaca? A avó ou a vaca criada • “Bata com um mamão para mim, por favor.”
pela avó?)
• “Deixe ir-me já, pois estou atrasado.”
• “Onde está a cachorra da sua mãe?” (Que cachorra? A mãe ou a
cadela criada pela mãe?) • “Não tem nada de errado a cerca dela“

• “Este líder dirigiu bem sua nação”(“Sua”? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o • “Vou-me já que está pingando. Vai chover!”
líder)?). • “Instrumento para socar alho.”
Obs 1: O pronome possessivo “seu(ua)(s)” gera muita confusão por ser • “Daqui vai, se for dai.”
geralmente associado ao receptor da mensagem. Não são cacofonia:
Obs 2: A preposição “como” também gera confusão com o verbo “comer”
• “Eu amo ela demais !!!”
na 1ª pessoa do singular.
A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecional, • “Eu vi ela.”
em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o emissor da • “você veja”
mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa original e Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes
assim obter a interpretação correta da mensagem. usadas de propósito em certas piadas, trocadilhos e “pegadinhas”.
Barbarismo Plebeísmo
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangeirismo (para os latinos O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e termos
qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou cons- considerados informais.
trução estrangeira no lugar de equivalente vernácula. Exemplos:
De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem diferentes
• “Ele era um tremendo mané!”
nomes:
• “Tô ferrado!”
• galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de
Gália, antigo nome da França); • “Tá ligado nas quebradas, meu chapa?”
• anglicismo, quando do inglês; • “Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado mano?”
• castelhanismo, quando vindos do espanhol; • ‘Vô piálá’mais tarde ‘ !!! Se ligou maluko ?
Ex: Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de plebeísmos em contextos
sociais que requeiram maior formalismo no tratamento comunicativo.
• Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria
“quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente”); Prolixidade
É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argumentos e à sua supera-
• Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria “comeu
bundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao texto
um rosbife“);
prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza e
• Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria cansa o leitor.
“Havia ligações(ou vínculos) para sua página”. A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e preci-
são da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com

Língua Portuguesa 35
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa • “O papa Paulo VI pediu a paz.”
para dizer exatamente o que se quer. Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da frase
Pleonasmo vicioso que a contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões por
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando consiste numa redun- outras similares ou sinônimas.
dância inútil e desnecessária de significado em uma sentença, é considera- Central de favoritos
do um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chama- Esta matéria eu retirei da Wikipédia
mos pleonasmo vicioso.
Ex: NORMA CULTA E POPULAR
• “Ele vai ser o protagonista principal da peça”. (Um protagonista é, A linguagem humana pode ser compreendida em dois termos específicos
necessariamente, a personagem principal) mais conhecidos como NORMA CULTA E NORMA POPULAR. Como o
• “Meninos, entrem já para dentro!” (O verbo “entrar” já exprime ideia próprio nome já define, no primeiro caso, bem entendida como NORMA
de ir para dentro) CULTA, entende-se o modo correto, bonito, certo de uma pessoa se ex-
pressar, usando os termos mais sofisticados e quase chegando à perfeição,
• “Estou subindo para cima.” (O verbo “subir” já exprime ideia de ir omitindo, consequentemente o uso de gírias e termos chulos da língua
para cima) mãe, pátria, ou no caso do Brasil, língua portuguesa. Por outro lado, tam-
• “Não deixe de comparecer pessoalmente.” (É impossível compare- bém como o próprio termo já expressa, a NORMA POPULAR (a linguagem
cer a algum lugar de outra forma que não pessoalmente) do povo) não se esmera e muito menos se preocupa em falar, exibir como a
• “Meio-ambiente” – o meio em que vivemos = o ambiente em que anterior, isto é, a considerada CULTA, e sim fala conforme o sentimento do
vivemos. povo, o uso comum, de maneira simples, inclusive apresentando diversos
tipos de erros de concordância gramatical, o que, sem dúvida, passa total-
Não é pleonasmo: mente despercebido pela pessoa que a ouve, sendo consequentemente da
• “As palavras são de baixo calão“. Palavras podem ser de baixo ou de mesma estirpe e condição social, diga-se de passagem. Tudo isto sem falar
alto calão. nas apelações, gírias e termos chulos proferidos pela a grande maioria das
O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem, mesmo para os exem- pessoas.
plos supra citados, a depender do contexto. Em certos contextos, ele é um Em ambos os casos, como são ambientes distintos, tanto a NORMA CUL-
recurso que pode ser útil para se fornecer ênfase a determinado aspecto da TA quanto a NORMA POPULAR são entendidas, respectivamente, cada
mensagem. uma dentro dos seus parâmetros, do seu contexto. As palavras CERTO e
Especialmente em contextos literários, musicais e retóricos, um pleonasmo ERRADO, sendo assim, ficam em segundo plano. Pois se for colocar na
bem colocado pode causar uma reação notável nos receptores (como a berlinda ou na balança, numa análise mais abrangente, estes dois tipos de
geração de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A maestria linguagem, constatar-se-á um grande paradoxo: como um povo pode se
no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no receptor expressar de duas maneiras distintas, falando o mesmo idiomas? Pergunta-
depende fortemente do desenvolvimento da capacidade de interpretação rá o turista incauto que tanto se esforçou para aprender os termos básicos
textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para não se da língua portuguesa e chegando aqui, dependendo do lugar que for,
incorrer acidentalmente em um uso vicioso. ficarará, desculpe a comparação popular, mais perdido do que cachorro em
dia de mudança!... E a celeuma pode perdurar ao longo da convivência
Solecismo
diária, indagando com perguntas do tipo: quem está certo ou errado? Ora,
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação turista das Arábias, você não sabia: Ambas categorias estão certas ou
à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: erradas, conforme o lugar ou a hora em que estiverem se confabulando.
De concordância: Talvez você desconheça totalmente que papo de botequim, de bar é uma
• “Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz três anos que não coisa e diálogo, conversa numa Academia Brasileira de Letras é outro bem
vou ao médico.) diferente. Só que,não se esqueça: é a mesma e única Língua Portuguesa
que estão falando. O imprescidível mesmo é que cada um entenda bem o
• “Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se salas nesse edifício.) que o ouro está querendo dizer. Se fingir que entende será problema exclu-
De regência: sivo de quem agir assim. Neste momento sempre é bom ser sincero. Qual-
• “Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem eu assisti a um filme de quer dúvida, não tenha vergonha de dizer: "desculpe-me, não entendi o que
época.) você está querendo dizer!". Ou se preferir pode até dizer mesmo : "Excuse-
De colocação: me ou I'm sorry. I don't understand" ou algo parecido. Pois sempre se
encontra aqui no Brasil alguma pessoa que aprecia o inglês, agora se fala
• “Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-me um lápis, por favor.) fluentemente, aí são outros quinhentos...Olha a NORMA POPULAR finali-
• “Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me que ela ficou conten- zando...
te.) João Bosco de Andrade Araújo
• “Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.” (Eu não lhe respondi
nada do que perguntou.)
Eco QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES:
O Eco vem a ser a própria rima que ocorre quando há na frase termina- exercícios de Interpretação de texto
ções iguais ou semelhantes, provocando dissonância.
• “Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e educa- Leia o texto para responder às próximas 3 questões.
ção.”
Sobre os perigos da leitura
• “O aluno repetente mente alegremente.” Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente
• O presidente tinha dor de dente constantemente. da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o
Colisão que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabili-
O uso de uma mesma vogal ou consoante em várias palavras é denomina- dade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20
do aliteração. Aliterações são preciosos recursos estilísticos quando usados minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada?
com a intenção de se atingir efeito literário ou para atrair a atenção do Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-
receptor. Entretanto, quando seus usos não são intencionais ou quando se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja
causam um efeito estilístico ruim ao receptor da mensagem, a aliteração leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os
torna-se um vício de linguagem e recebe nesse contexto o nome meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a
de colisão. Exemplos: mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esfor-
• “Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos.”

Língua Portuguesa 36
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
çando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de (D) ensaísta.
todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...] (E) psicólogo.
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o
oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam (TJ/SP – 2010 – VUNESP) 6 - A expressão chá de cadeira, no texto, tem o
de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear significado de
os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treina- (A) bebida feita com derivado de pinho.
dos durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre (B) ausência de convite para dançar.
os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado! (C) longa espera para conseguir assento.
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse (D) ficar sentado esperando o chá.
se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado (E) longa espera em diferentes situações.
pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado) Leia o texto para responder às próximas 4 questões.

(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 1 - De acordo com o texto, os candidatos


(A) não tinham assimilado suas leituras.
(B) só conheciam o pensamento alheio.
(C) tinham projetos de pesquisa deficientes.
(D) tinham perfeito autocontrole.
(E) ficavam em fila, esperando a vez.

(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 2 - O autor entende que os candidatos deveriam


(A) ter opiniões próprias.
(B) ler os textos requeridos.
(C) não ter treinamento escolar.
(D) refletir sobre o vazio.
(E) ter mais equilíbrio.

(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 3 - A expressão “um vazio imenso” (3.º parágra-


fo) refere-se a
(A) candidatos.
(B) pânico.
(C) eles.
(D) reação.
(E) esse campo.

Leia o texto para responder às próximas 3 questões.


No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira que enfrentou Zelosa com sua imagem, a empresa multinacional Gillette retirou a bola da
no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes cidades de mão, em uma das suas publicidades, do atacante francês Thierry Henry,
31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a questão do garoto-propaganda da marca com quem tem um contrato de 8,4 milhões de
tempo. A conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais atrasa- dólares anuais. A jogada previne os efeitos desastrosos para vendas de
dos – do ponto de vista temporal, bem entendido – do mundo. Foram seus produtos, depois que o jogador trapaceou, tocando e controlando a
analisadas a velocidade com que as pessoas percorrem determinada bola com a mão, para ajudar no gol que classificou a França para a Copa
distância a pé no centro da cidade, o número de relógios corretamente do Mundo de 2010. (...)
ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros pontuaram muito mal Na França, onde 8 em cada dez franceses reprovam o gesto irregular,
nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro Thierry aparece com a mão no bolso. Os publicitários franceses acham que
lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o povo mais pontual. Já as o gato subiu no telhado. A Gillette prepara o rompimento do contrato. O
oito últimas posições no ranking são ocupadas por países pobres. serviço de comunicação da gigante Procter & Gamble, proprietária da
O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos traços Gillette, diz que não.
culturais de um país. “Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que Em todo caso, a empresa gostaria que o jogo fosse refeito, que a trapaça
tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em comparação, não tivesse acontecido. Na impossibilidade, refez o que está ao seu alcan-
dão mais importância às relações sociais e são mais dispostos a perdoar ce, sua publicidade.
atrasos”, diz o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por Segundo lista da revista Forbes, Thierry Henry é o terceiro jogador de
exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um convidado futebol que mais lucra com a publicidade – seus contratos somam 28
chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de aniversá- milhões de dólares anuais. (...)
rio. Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser mais flexí- (Veja, 02.11.2009. Adaptado)
veis com os horários porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual
se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte público? (TJ/SP – 2010 – VUNESP) 7 - A palavra jogada, em – A jogada previne os
(Veja, 02.12.2009) efeitos desastrosos para venda de seus produtos... – refere-se ao fato de

(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 4 - De acordo com o texto, os brasileiros são (A) Thierry Henry ter dado um passe com a mão para o gol da França.
piores do que outros povos em (B) a Gillette ter modificado a publicidade do futebolista francês.
(A) eficiência de correios e andar a pé. (C) a Gillete não concordar com que a França dispute a Copa do Mundo.
(B) ajuste de relógios e andar a pé. (D) Thierry Henry ganhar 8,4 milhões de dólares anuais com a propaganda.
(C) marcar compromissos fora de hora. (E) a FIFA não ter cancelado o jogo em que a França se classificou.
(D) criar desculpas para atrasos.
(E) dar satisfações por atrasos. (TJ/SP – 2010 – VUNESP) 8 - A expressão o gato subiu no telhado é parte
de uma conhecida anedota em que uma mulher, depois de contar abrupta-
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 5 - Pondo foco no processo de coesão textual mente ao marido que seu gato tinha morrido, é advertida de que deveria ter
do 2.º parágrafo, pode-se concluir que Levine é um dito isso aos poucos: primeiramente, que o gato tinha subido no telhado,
(A) jornalista. depois, que tinha caído e, depois, que tinha morrido. No texto em questão,
(B) economista. a expressão pode ser interpretada da seguinte maneira:
(C) cronometrista.

Língua Portuguesa 37
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
(A) foi com a “mão do gato” que Thierry assegurou a classificação da Fran- (D) Usar a internet estimula funções cerebrais, pelas facilidades de percep-
ça. ção e de domínio de assuntos diversificados e de formatos diferenciados de
(B) Thierry era um bom jogador antes de ter agido com má fé. textos, que permitem uma leitura dinâmica e de acordo com o interesse do
(C) a Gillette já cortou, de fato, o contrato com o jogador francês. usuário.
(D) a Fifa reprovou amplamente a atitude antiesportiva de Thierry Henry. (E) O novo livro de Nicholas Carr, a ser publicado, desperta a curiosidade
(E) a situação de Thierry, como garoto-propaganda da Gillette, ficou instá- do leitor pelo tratamento ficcional que seu autor aplica a situações concre-
vel. tas do funcionamento do cérebro, trazidas pelo uso disseminado da inter-
net.
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 9 - A expressão diz que não, no final do 2.º
parágrafo, significa que (MP/RS – 2010 – FCC) 12 - Curiosamente, no caso da internet, os verda-
deiros fundamentos científicos deveriam, sim, provocar reações muito
(A) a Procter & Gamble nega o rompimento do contrato. estridentes. O autor, para embasar a opinião exposta no 2o parágrafo,
(B) o jogo em que a França se classificou deve ser refeito. (A) se vale da enorme projeção conferida ao pesquisador antes citado,
(C) a repercussão na França foi bastante negativa. ironicamente oferecida pela própria internet, em seu website.
(D) a Procter & Gamble é proprietária da Gillette. (B) apoia-se nas conclusões de Nicholas Carr, baseadas em dezenas de
(E) os publicitários franceses se opõem a Thierry. estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro humano.
(C) condena, desde o início, as novas tecnologias, cujo uso indiscriminado
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 10 - Segundo a revista Forbes, vemprovocando danos em partes do cérebro.
(A) Thierry deverá perder muito dinheiro daqui para frente. (D) considera, como base inicial de constatação a respeito do uso da inter-
(B) há três jogadores que faturam mais que Thierry em publicidade. net, que ela nos torna menos sensíveis a sentimentos como compaixão e
(C) o jogador francês possui contratos publicitários milionários. piedade.
(D) o ganho de Thierry, somado à publicidade, ultrapassa 28 milhões. (E) questiona a ausência de fundamentos científicos que, no caso da inter-
(E) é um absurdo o que o jogador ganha com o futebol e a publicidade. net, [...]deveriam, sim, provocar reações muito estridentes.

As 2 questões a seguir baseiam-se no texto abaixo. As 2 questões a seguir baseiam-se no texto abaixo.
Em 2008, Nicholas Carr assinou, na revista The Atlantic, o polêmico artigo
"Estará o Google nos tornando estúpidos?" O texto ganhou a capa da Também nas cidades de porte médio, localizadas nas vizinhanças das
revista e, desde sua publicação, encontra-se entre os mais lidos de seu regiões metropolitanas do Sudeste e do Sul do país, as pessoas tendem
website. O autor nos brinda agora com The Shallows: What the internet is cada vez mais a optar pelo carro para seus deslocamentos diários, como
doing with our brains, um livro instrutivo e provocativo, que dosa lingua- mostram dados do Departamento Nacional de Trânsito. Em consequência,
gem fluida com a melhor tradição dos livros de disseminação científica. congestionamentos, acidentes, poluição e altos custos de manutenção da
Novas tecnologias costumam provocar incerteza e medo. As reações mais malha viária passaram a fazer parte da lista dos principais problemas
estridentes nem sempre têm fundamentos científicos. Curiosamente, no desses municípios.
caso da internet, os verdadeiros fundamentos científicos deveriam, sim, Cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das capitais,
provocar reações muito estridentes. Carr mergulha em dezenas de estudos baixo índice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas
científicos sobre o funcionamento do cérebro humano. Conclui que a inter- frotas aumentadas em progressão geométrica nos últimos anos. A facilida-
net está provocando danos em partes do cérebro que constituem a base do de de crédito e a isenção de impostos são alguns dos elementos que têm
que entendemos como inteligência, além de nos tornar menos sensíveis a colaborado para a realização do sonho de ter um carro. E os brasileiros
sentimentos como compaixão e piedade. desses municípios passaram a utilizar seus carros até para percorrer curtas
O frenesi hipertextual da internet, com seus múltiplos e incessantes estímu- distâncias, mesmo perdendo tempo em congestionamentos e apesar dos
los, adestra nossa habilidade de tomar pequenas decisões. Saltamos textos alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo
e imagens, traçando um caminho errático pelas páginas eletrônicas. No aumento da frota.
entanto, esse ganho se dá à custa da perda da capacidade de alimentar Além disso, carro continua a ser sinônimo de status para milhões de brasi-
nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios mais sofistica- leiros de todas as regiões. A sua necessidade vem muitas vezes em se-
dos. Carr menciona a dificuldade que muitos de nós, depois de anos de gundo lugar. Há 35,3 milhões de veículos em todo o país, um crescimento
exposição à internet, agora experimentam diante de textos mais longos e de 66% nos últimos nove anos. Não por acaso oito Estados já registram
elaborados: as sensações de impaciência e de sonolência, com base em mais mortes por acidentes no trânsito do que por homicídios.
estudos científicos sobre o impacto da internet no cérebro humano. Segun- (O Estado de S. Paulo, Notas e Informações, A3, 11 de setembro de 2010,
do o autor, quando navegamos na rede, "entramos em um ambiente que com adaptações)
promove uma leitura apressada, rasa e distraída, e um aprendizado super-
ficial." (MP/RS – 2010 – FCC) 13 - Não por acaso oito Estados já registram mais
A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa para a transformação mortes por acidentes no trânsito do que por homicídios. A afirmativa final do
do nosso cérebro e, quanto mais a utilizamos, estimulados pela carga texto surge como
gigantesca de informações, imersos no mundo virtual, mais nossas mentes (A) constatação baseada no fato de que os brasileiros desejam possuir um
são afetadas. E não se trata apenas de pequenas alterações, mas de carro, mas perdem muito tempo em congestionamentos.
mudanças substanciais físicas e funcionais. Essa dispersão da atenção (B) observação irônica quanto aos problemas decorrentes do aumento na
vem à custa da capacidade de concentração e de reflexão.(Thomaz Wood utilização de carros, com danos provocados ao meio ambiente.
Jr. Carta capital, 27 de outubro de 2010, p. 72, com adaptações) (C) comprovação de que a compra de um carro é sinônimo de status e, por
isso, constitui o maior sonho de consumo do brasileiro.
(MP/RS – 2010 – FCC) 11 - O assunto do texto está corretamente resumi- (D) hipótese de que a vida nas cidades menores tem perdido qualidade,
do em: pois os brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus carros até
(A) O uso da internet deveria motivar reações contrárias de inúmeros para percorrer curtas distâncias.
especialistas, a exemplo de Nicholas Carr, que procura descobrir as cone- (E) conclusão coerente com todo o desenvolvimento, a partir de um título
xões entre raciocínio lógico e estudos científicos sobre o funcionamento do que poderia ser: Carro, problema que se agrava.
cérebro.
(B) O mundo virtual oferecido pela internet propicia o desenvolvimento de (MP/RS – 2010 – FCC) 14 - As ideias mais importantes contidas no 2o
diversas capacidades cerebrais em todos aqueles que se dedicam a essa parágrafo constam, com lógica e correção, de:
navegação, ainda pouco estudadas e explicitadas em termos científicos. (A) A facilidade de crédito e a isenção de impostos são alguns elementos
(C) Segundo Nicholas Carr, o uso frequente da internet produz alterações que tem colaborado para a realização do sonho de ter um carro nas cida-
no funcionamento do cérebro, pois estimula leituras superficiais e distraí- des menores, e os brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus
das, comprometendo a formulação de raciocínios mais sofisticados. carros para percorrer curtas distâncias, além dos congestionamentos e dos

Língua Portuguesa 38
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo (B) a criação de um equipamento eletrônico com estrutura de vidro que
aumento da frota. evita a emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
(B) Cidades menores tiveram suas frotas aumentadas em progressão (C) o aumento na venda de celulares feitos com CarbonFree, depois que as
geométrica nos últimos anos em razão da facilidade de crédito e da isenção empresas nacionais se uniram à fabricante taiwanesa.
de impostos, elementos que têm colaborado para a aquisição de carros que (D) o compromisso firmado entre a empresa Apple e consultoria Gartner
passaram a ser utilizados até mesmo para percorrer curtas distâncias, Group para criar celulares sem o uso de carbono.
apesar dos congestionamentos e dos alertas das autoridades sobre os (E) a preocupação de algumas empresas em criarem aparelhos eletrônicos
danos provocados ao meio ambiente. que não agridam o meio ambiente.
(C) O menor custo de vida em cidades menores, com baixo índice de
desemprego e poder aquisitivo mais alto, aumentaram suas frotas em (CREMESP – 2011 - VUNESP) 16 - Em – Computadores “limpos” fazem
progressão geométrica nos últimos anos, com a facilidade de crédito e a uma importante diferença no efeito estufa... – a expressão entre aspas
isenção de impostos, que são alguns dos elementos que têm colaborado pode ser substituída, sem alterar o sentido no texto, por:
para a realização do sonho dos brasileiros de ter um carro. (A) com material reciclado.
(D) É nas cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das (B) feitos com garrafas plásticas.
capitais, baixo índice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, que (C) com arquivos de bambu.
tiveram suas frotas aumentadas em progressão geométrica nos últimos (D) feitos com materiais retirados da natureza.
anos pela facilidade de crédito e a isenção de impostos são alguns dos (E) com teclado feito de alumínio.
elementos que tem colaborado para a realização do sonho de ter um carro.
(E) Os brasileiros de cidades menores passaram até a percorrer curtas (CREMESP – 2011 - VUNESP) 17 - A partir da leitura do texto, pode-se
distâncias com seus carros, pela facilidade de crédito e a isenção de impos- concluir que
tos, que são elementos que têm colaborado para a realização do sonho de (A) as pesquisas na área de TI ainda estão em fase inicial.
tê-los, e com custo de vida menos elevado que o das capitais, baixo índice (B) os consumidores de eletrônicos não se preocupam com o material com
de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas frotas aumenta- que são feitos.
das em progressão geométrica nos últimos anos. (C) atualmente, a indústria de eletrônicos leva em conta o efeito estufa.
(D) os laptops feitos com fibra de bambu têm maior durabilidade.
(E) equipamentos ecologicamente corretos não têm um mercado de vendas
Leia o texto para responder às próximas 4 questões. assegurado.

Os eletrônicos “verdes” (CREMESP – 2011 - VUNESP) 18 - O presidente da Apple, Steve Jobs,


(A) preocupa-se com o carbono emitido na fabricação de produtos eletrôni-
Vai bem a convivência entre a indústria de eletrônica e aquilo que é politi- cos.
camente correto na área ambiental. É seguindo essa trilha “verde” que a (B) pesquisa acerca do uso de bambu em teclados de laptops.
Motorola anunciou o primeiro celular do mundo feito de garrafas plásticas (C) descobriu que impressoras cujos cartuchos são de borra de chá não
recicladas. Ele se chama W233 Eco e é também o primeiro telefone com duram muito.
certificado CarbonFree, que prevê a compensação do carbono emitido na (D) responsabiliza a fabricação de celulares pelas emissões de dióxido de
fabricação e distribuição de um produto. Se um celular pode ser feito de carbono no meio ambiente.
garrafas, por que não se produz um laptop a partir do bambu? Essa ideia (E) está de acordo com outras empresas a favor do uso de materiais reci-
ganhou corpo com a fabricante taiwanesa Asus: tratase do Eco Book que cláveis em eletrônicos.
exibe revestimento de tiras dessa planta. Computadores “limpos” fazem
uma importante diferença no efeito estufa e para se ter uma noção do (CREMESP – 2011 - VUNESP) 19 - No texto, o estudo realizado pela
impacto de sua produção e utilização basta olhar o resultado de uma pes- Comunidade do Vale do Silício
quisa da empresa americana de consultoria Gartner Group. Ela revela que (A) é o primeiro passo para a implantação de laptops feitos com tiras de
a área de TI (tecnologia da informação) já é responsável por 2% de todas bambu.
as emissões de dióxido de carbono na atmosfera. (B) contribuirá para que haja mais lucro nas empresas, com redução de
Além da pesquisa da Gartner, há um estudo realizado nos EUA pela Co- custos.
munidade do Vale do Silício. Ele aponta que a inovação “verde” permitirá (C) ainda está pesquisando acerca do uso de mercúrio em eletrônicos.
adotar mais máquinas com o mesmo consumo de energia elétrica e reduzir (D) será decisivo para evitar o efeito estufa na atmosfera.
os custos de orçamento. Russel Hancock, executivo-chefe da Fundação da (E) permite a criação de uma impressora que funciona com energia mecâ-
Comunidade do Vale do Silício, acredita que as tecnologias “verdes” tam- nica.
bém conquistarão espaço pelo fato de que, atualmente, conta pontos junto
ao consumidor ter-se uma imagem de empresa sustentável. Leia o texto para responder à questão a seguir.
O estudo da Comunidade chegou às mãos do presidente da Apple, Steve
Jobs, e o fez render-se às propostas do “ecologicamente correto” – ele era Quanto veneno tem nossa comida?
duramente criticado porque dava aval à utilização de mercúrio, altamente Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga
prejudicial ao meio ambiente, na produção de seus iPods e laptops. Preo- escala, na década de 1940, há dúvidas sobre o perigo para a saúde huma-
cupado em não perder espaço, Jobs lançou a nova linha do Macbook Pro na. No campo, em contato direto com agrotóxicos, alguns trabalhadores
com estrutura de vidro e alumínio, tudo reciclável. E a RITI Coffee Printer rurais apresentaram intoxicações sérias. Para avaliar o risco de gente que
chegou à sofisticação de criar uma impressora que, em vez de tinta, se vale apenas consome os alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos
de borra de café ou de chá no processo de impressão. Basta que se colo- e cães, alimentados com doses altas desses venenos. A partir do resultado
que a folha de papel no local indicado e se despeje a borra de café no desses testes e da análise de alimentos in natura (para determinar o grau
cartucho – o equipamento não é ligado em tomada e sua energia provém de resíduos do pesticida na comida), a Agência Nacional de Vigilância
de ação mecânica transformada em energia elétrica a partir de um gerador. Sanitária (Anvisa) estabelece os valores máximos de uso dos agrotóxicos
Se pensarmos em quantos cafezinhos são tomados diariamente em gran- para cada cultura. Esses valores têm sido desrespeitados, segundo as
des empresas, dá para satisfazer perfeitamente a demanda da impressora. amostras da Anvisa. Alguns alimentos têm excesso de resíduos, outros têm
(Luciana Sgarbi, Revista Época, 22.09.2009. Adaptado) resíduos de agrotóxicos que nem deveriam estar lá. Esses excessos,
isoladamente, não são tão prejudiciais, porque em geral não ultrapassam
(CREMESP – 2011 - VUNESP) 15 - Leia o trecho: Vai bem a convivência os limites que o corpo humano aguenta. O maior problema é que eles se
entre a indústria de eletrônica e aquilo que é politicamente correto na área somam – ninguém come apenas um tipo de alimento.(Francine Lima,
ambiental. É correto afirmar que a frase inicial do texto pode ser interpreta- Revista Época, 09.08.2010)
da como
(A) a união das empresas Motorola e RITI Coffee Printer para criar um (CREMESP – 2011 - VUNESP) 20 - Com a leitura do texto, pode-se afir-
novo celular com fibra de bambu. mar que

Língua Portuguesa 39
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
(A) segundo testes feitos em animais, os agrotóxicos causam intoxicações. ENCONTROS VOCÁLICOS
(B) a produção em larga escala de pesticidas sintéticos tem ocasionado A sequência de duas ou três vogais em uma palavra, damos o nome de
doenças incuráveis. encontro vocálico.
(C) as pessoas que ingerem resíduos de agrotóxicos são mais propensas a Ex.: cooperativa
terem doenças de estômago.
(D) os resíduos de agrotóxicos nos alimentos podem causar danos ao Três são os encontros vocálicos: ditongo, tritongo, hiato
organismo.
(E) os cientistas descobriram que os alimentos in natura têm menos resí- DITONGO
duos de agrotóxicos. É a combinação de uma vogal + uma semivogal ou vice-versa.
http://www.gramatiquice.com.br/2011/02/exercicios-interpretacao-de-texto- Dividem-se em:
ii_02.html - orais: pai, fui
- nasais: mãe, bem, pão
RESPOSTAS - decrescentes: (vogal + semivogal) – meu, riu, dói
01. B 11. C - crescentes: (semivogal + vogal) – pátria, vácuo
02. A 12. B
03. E 13. E TRITONGO (semivogal + vogal + semivogal)
04. B 14. B Ex.: Pa-ra-guai, U-ru-guai, Ja-ce-guai, sa-guão, quão, iguais, mínguam
05. E 15. E
06. E 16. A HIATO
07. B 17. C Ê o encontro de duas vogais que se pronunciam separadamente, em du-
08. E 18. E as diferentes emissões de voz.
09. A 19. B Ex.: fa-ís-ca, sa-ú-de, do-er, a-or-ta, po-di-a, ci-ú-me, po-ei-ra, cru-el, ju-í-
10. C 20. D zo

SÍLABA
FONÉTICA E FONOLOGIA Dá-se o nome de sílaba ao fonema ou grupo de fonemas pronunciados
numa só emissão de voz.
Em sentido mais elementar, a Fonética é o estudo dos sons ou dos fo-
nemas, entendendo-se por fonemas os sons emitidos pela voz humana, os Quanto ao número de sílabas, o vocábulo classifica-se em:
quais caracterizam a oposição entre os vocábulos. • Monossílabo - possui uma só sílaba: pá, mel, fé, sol.
Ex.: em pato e bato é o som inicial das consoantes p- e b- que opõe entre • Dissílabo - possui duas sílabas: ca-sa, me-sa, pom-bo.
si as duas palavras. Tal som recebe a denominação de FONEMA. • Trissílabo - possui três sílabas: Cam-pi-nas, ci-da-de, a-tle-ta.
Quando proferimos a palavra aflito, por exemplo, emitimos três sílabas e • Polissílabo - possui mais de três sílabas: es-co-la-ri-da-de, hos-pi-ta-
seis fonemas: a-fli-to. Percebemos que numa sílaba pode haver um ou mais li-da-de.
fonemas.
No sistema fonética do português do Brasil há, aproximadamente, 33 fo- TONICIDADE
nemas. Nas palavras com mais de uma sílaba, sempre existe uma sílaba que se
É importante não confundir letra com fonema. Fonema é som, letra é o pronuncia com mais força do que as outras: é a sílaba tônica.
sinal gráfico que representa o som. Exs.: em lá-gri-ma, a sílaba tônica é lá; em ca-der-no, der; em A-ma-pá,
pá.
Vejamos alguns exemplos:
Manhã – 5 letras e quatro fonemas: m / a / nh / ã Considerando-se a posição da sílaba tônica, classificam-se as palavras
Táxi – 4 letras e 5 fonemas: t / a / k / s / i em:
Corre – letras: 5: fonemas: 4 • Oxítonas - quando a tônica é a última sílaba: Pa-ra-ná, sa-bor, do-
Hora – letras: 4: fonemas: 3 mi-nó.
Aquela – letras: 6: fonemas: 5 • Paroxítonas - quando a tônica é a penúltima sílaba: már-tir, ca-rá-
Guerra – letras: 6: fonemas: 4 ter, a-má-vel, qua-dro.
Fixo – letras: 4: fonemas: 5 • Proparoxítonas - quando a tônica é a antepenúltima sílaba: ú-mi-do,
Hoje – 4 letras e 3 fonemas cá-li-ce, ' sô-fre-go, pês-se-go, lá-gri-ma.
Canto – 5 letras e 4 fonemas
Tempo – 5 letras e 4 fonemas ENCONTROS CONSONANTAIS
Campo – 5 letras e 4 fonemas É a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos num vocábulo.
Chuva – 5 letras e 4 fonemas Ex.: atleta, brado, creme, digno etc.

LETRA - é a representação gráfica, a representação escrita, de um DÍGRAFOS


determinado som. São duas letras que representam um só fonema, sendo uma grafia com-
posta para um som simples.
CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS
Há os seguintes dígrafos:
1) Os terminados em h, representados pelos grupos ch, lh, nh.
VOGAIS
Exs.: chave, malha, ninho.
a, e, i, o, u 2) Os constituídos de letras dobradas, representados pelos grupos rr e
A E I O U
ss.
Exs. : carro, pássaro.
SEMIVOGAIS
3) Os grupos gu, qu, sc, sç, xc, xs.
Só há duas semivogais: i e u, quando se incorporam à vogal numa
Exs.: guerra, quilo, nascer, cresça, exceto, exsurgir.
mesma sílaba da palavra, formando um ditongo ou tritongo. Exs.: cai-ça-ra, te-
4) As vogais nasais em que a nasalidade é indicada por m ou n, encer-
sou-ro, Pa-ra-guai.
rando a sílaba em uma palavra.
Exs.: pom-ba, cam-po, on-de, can-to, man-to.
CONSOANTES
NOTAÇÕES LÉXICAS
B Cb,
D c,
F Gd,Hf,Jg,K h,
L j,
M l,N m,
K Pn,Rp,Sq,T r,
V s,
X t,Z v,
Y x,
Wz
São certos sinais gráficos que se juntam às letras, geralmente para lhes

Língua Portuguesa 40
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
dar um valor fonético especial e permitir a correta pronúncia das palavras. 4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:

São os seguintes:
1) o acento agudo – indica vogal tônica aberta: pé, avó, lágrimas; • Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
2) o acento circunflexo – indica vogal tônica fechada: avô, mês, ânco-
ra; Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
3) o acento grave – sinal indicador de crase: ir à cidade; IMPORTANTE
4) o til – indica vogal nasal: lã, ímã;
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, se
5) a cedilha – dá ao c o som de ss: moça, laço, açude;
6) o apóstrofo – indica supressão de vogal: mãe-d’água, pau-d’alho; todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos?
o hífen – une palavras, prefixos, etc.: arcos-íris, peço-lhe, ex-aluno. Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos de
“ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente.
Acentuação Gráfica Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando naturalmente a
QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.
5. Trema
1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou não Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai
de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira,
de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)
em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S” 6. Acento Diferencial
O acento diferencial permanece nas palavras:
Ex. pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição)
Chá Mês nós Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do verbo
Gás Sapé cipó está no singular ou plural:
Dará Café avós SINGULAR PLURAL
Pará Vocês compôs Ele tem Eles têm
vatapá pontapés só
Ele vem Eles vêm
Aliás português robô
dá-lo vê-lo avó Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como:
recuperá-los Conhecê-los pô-los conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.
guardá-la Fé compô-los
réis (moeda) Véu dói Novo Acordo Ortográfico Descomplicado
méis céu mói
Trema
pastéis Chapéus anzóis
Não se usa mais o trema, salvo em nomes próprios e seus derivados.
ninguém parabéns Jerusalém
Acento diferencial
Resumindo: Não é preciso usar o acento diferencial para distinguir:

Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que seja 1. Para (verbo) de para (preposição)
um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo”
são acentuadas porque as vogais “i” e “u” estão tônicas nestas palavras.
“Esse carro velho para em toda esquina”.
“Estarei voltando para casa daqui a uma hora”.
2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
1. Pela, pelo (verbo pelar) de pela, pelo (preposição + artigo) e pelo
• L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível. (substantivo)
• N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen. 2. Polo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de por
• R – câncer, caráter, néctar, repórter. e lo).
• X – tórax, látex, ônix, fênix. 3. pera (fruta) de pera (preposição arcaica).
• PS – fórceps, Quéops, bíceps.
• Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
A pronúncia ou categoria gramatical dessas palavras dar-se-á mediante o
• ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
contexto.
• I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
Acento agudo
• ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
Ditongos abertos “ei”, “oi”
• UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
Não se usa mais acento nos ditongos ABERTOS “ei”, “oi” quando estiverem
• US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
na penúltima sílaba.
He-roi-co ji-boi-a
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes As-sem-blei-a i-dei-a
(semivogal+vogal): Pa-ra-noi-co joi-a
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio. OBS. Só vamos acentuar essas letras quando vierem na última sílaba e se
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas. o som delas estiverem aberto.
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisântemo, Céu véu
público, pároco, proparoxítona. Dói herói
Chapéu beleléu
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS Rei, dei, comeu, foi (som fechado – sem acento)

Língua Portuguesa 41
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Não se recebem mais acento agudo as vogais tônicas “I” e “U” quando • pré-história
forem paroxítonas (penúltima sílaba forte) e precedidas de ditongo. • anti-higiênico
feiura baiuca • sub-hepático
cheiinho saiinha • super-homem
boiuno
Não devemos mais acentuar o “U” tônico os verbos dos grupos “GUE/GUI” Então, letras IGUAIS, SEPARA. Letras DIFERENTES, JUNTA.
e “QUE/QUI”. Por isso, esses verbos serão grafados da seguinte maneira: Anti-inflamatório neoliberalismo
Averiguo (leia-se a-ve-ri-gu-o, pois o “U” tem som forte) Supra-auricular extraoficial
Arguo apazigue Arqui-inimigo semicírculo
Enxague arguem sub-bibliotecário superintendente
Delinguo Quanto ao “R” e o “S”, se o prefixo terminar em vogal, a consoante deverá
Acento Circunflexo ser dobrada:
Não se acentuam mais as vogais dobradas “EE” e “OO”. suprarrenal (supra+renal) ultrassonografia (ultra+sonografia)
Creem veem minissaia antisséptico
Deem releem contrarregra megassaia
Leem descreem Entretanto, se o prefixo terminar em consoante, não se unem de jeito
Voo perdoo nenhum.
enjoo
Outras dicas • Sub-reino
Há muito tempo a palavra “coco” – fruto do coqueiro – deixou de ser acen- • ab-rogar
tuada. Entretanto, muitos alunos insistem em colocar o acento: “Quero • sob-roda
beber água de côco”.
Quem recebe acento é “cocô” – palavra popularmente usada para se referir
ATENÇÃO!
a excremento.
Quando dois “R” ou “S” se encontrarem, permanece a regra geral: letras
Então, a menos se que queira beber água de fezes, é melhor parar de
iguais, SEPARA.
colocar acento em coco.
super-requintado super-realista
Para verificar praticamente a necessidade de acentuação gráfica, utilize o
inter-resistente
critério das oposições:
Imagem armazém CONTINUAMOS A USAR O HÍFEN
Paroxítonas terminadas em “M” não levam acento, mas as oxítonas SIM. Diante dos prefixos “ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-“:
Jovens provéns Ex-diretor, Ex-hospedeira, Sota-piloto, Soto-mestre, Vice-presidente ,
Paroxítonas terminadas em “ENS” não levam acento, mas as oxítonas Vizo-rei
levam. Diante de “pós-, pré- e pró-“, quando TEM SOM FORTE E ACENTO.
Útil sutil pós-tônico, pré-escolar, pré-natal, pró-labore
Paroxítonas terminadas em “L” têm acento, mas as oxítonas não levam pró-africano, pró-europeu, pós-graduação
porque o “L”, o “R” e o “Z” deixam a sílaba em que se encontram natural- Diante de “pan-, circum-, quando juntos de vogais.
mente forte, não é preciso um acento para reforçar isso. Pan-americano, circum-escola
É por isso que: as palavras “rapaz, coração, Nobel, capataz, pastel, bom- OBS. “Circunferência” – é junto, pois está diante da consoante “F”.
bom; verbos no infinitivo (terminam em –ar, -er, -ir) doar, prover, consu- NOTA: Veja como fica estranha a pronúncia se não usarmos o hífen:
mir são oxítonas e não precisam de acento. Quando terminarem do mesmo Exesposa, sotapiloto, panamericano, vicesuplente, circumescola.
jeito e forem paroxítonas, então vão precisar de acento. ATENÇÃO!
Não se usa o hífen diante de “CO-, RE-, PRE” (SEM ACENTO)
Uso do Hífen Coordenar reedição preestabelecer
Novo Acordo Ortográfico Descomplicado (Parte V) – Uso do Hífen Coordenação refazer preexistir
Coordenador reescrever prever
Tem se discutido muito a respeito do Novo Acordo Ortográfico e a grande
Coobrigar relembrar
queixa entre os que usam a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita
Cooperação reutilização
tem gerado em torno do seguinte questionamento: “por que mudar uma
Cooperativa reelaborar
coisa que a gente demorou um tempão para aprender?” Bom, para quem já
O ideal para memorizar essas regras, lembre-se, é conhecer e usar pelo
dominava a antiga ortografia, realmente essa mudança foi uma chateação.
menos uma palavra de cada prefixo. Quando bater a dúvida numa palavra,
Quem saiu se beneficiando foram os que estão começando agora a adquirir
compare-a à palavra que você já sabe e escreva-a duas vezes: numa você
o código escrito, como os alunos do Ensino Fundamental I.
usa o hífen, na outra não. Qual a certa? Confie na sua memória! Uma delas
Se você tem dificuldades em memorizar regras, é inútil estudar o Novo
vai te parecer mais familiar.
Acordo comparando “o antes e o depois”, feito revista de propaganda de
cosméticos. O ideal é que as mudanças sejam compreendidas e gravadas REGRA GERAL (Resumindo)
na memória: para isso, é preciso colocá-las em prática. Letras iguais, separa com hífen(-).
Não precisa mais quebrar a cabeça: “uso hífen ou não”? Letras diferentes, junta.
Regra Geral O “H” não tem personalidade. Separa (-).
O “R” e o “S”, quando estão perto das vogais, são dobrados. Mas não se
A letra “H” é uma letra sem personalidade, sem som. Em “Helena”, não
juntam com consoantes.
tem som; em “Hollywood”, tem som de “R”. Portanto, não deve aparecer http://www.infoescola.com/portugues/novo-acordo-ortografico-
encostado em prefixos: descomplicado-parte-i/
T

Língua Portuguesa 42
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
ORTOGRAFIA OFICIAL Escreve-se –esa (com s):
1) nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados em –ender:
defesa (defender), presa (prender)...
Quando utilizar: S, C, Ç, X, CH, SS, SC... 2) nos substantivos femininos designativos de nobreza:
baronesa, marquesa, princesa
Representação do fonema /s/. 3) nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês:
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por: burguesa (de burguês)...
1) C,Ç: 4) nas seguintes palavras femininas:
acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, contorção, framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, turquesa
exceção, endereço, Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, etc
muçulmano, paçoca, pança, pinça, Suíça etc.
2) S: à Escreve-se –eza nos substantivos femininos abstratos derivados de
ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descansar, descanso, adjetivos e denotando qualidade, estado, condição:
diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, pretensão, pretensioso, pro- beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de
pensão, remorso, sebo, tenso, utensílio etc. leve)
3) SS:
acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, Verbos em –isar e –izar
concessão, discussão, escassez, escasso, essencial, expressão, fracasso, Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes
impressão, massa, massagista, missão, necessário, obsessão, opressão, termina em –s. Se o radical não terminar em –s, grafa-se –izar (com z):
pêssego, procissão, profissão, ressurreição, sessenta, sossegar, sossego, avisar (aviso+ar) anarquizar (anarquia+izar)
submissão, sucessivo etc.
4) SC,SÇ Emprego do x
acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, consciente, crescer, cres- 1) Esta letra representa os seguintes fonemas:
ço, cresça, descer, desço, desça, disciplina, discípulo, discernir, fascinar, /ch/ xarope, enxofre, vexame etc;
fascinante, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina, ressuscitar, /cs/ sexo, látex, léxico, tóxico etc;
seiscentos, suscetível, suscetibilidade, suscitar, víscera /z/ exame, exílio, êxodo etc;
5) X: /ss/ auxílio, máximo, próximo etc;
aproximar, auxiliar, auxílio, máximo próximo, proximidade, trouxe, /s/ sexto, texto, expectativa, extensão etc;
trouxer, trouxeram etc 2) Não soa nos grupos internos –xce e –xci:
6) XC: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar etc
exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excelso, excêntrico, 3) Grafam-se com x e não s:
excepcional, excesso, excessivo, exceto,excitar etc. expectativa, experiente, expiar (remir, pagar), expirar (morrer), expoente,
êxtase, extrair, fênix, têxtil, texto etc
Emprego de s com valor de z 4) Escreve-se x e não ch:
1) adjetivos com os sufixos –oso, -osa: a) em geral, depois de ditongo:
teimoso, teimosa caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo etc
2) adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: Excetuam-se: recauchutar e recauchutagem
português, portuguesa b) geralmente, depois da sílaba inicial em:
3) substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: enxada, enxame...
burguês, burguesa Excetuam-se: encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente,
4) substantivos com os sufixos gregos –esse, -isa, -ose: enchimento, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda
diocese, poetisa, metamorfose vez que se trata do prefixo en+palavra iniciada por ch.
5) verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s: c) em vocábulos de origem indígena ou africana:
analisar (de análise) abacaxi, xavante, caxambu (dança negra), orixá, xará, maxixe etc
6) formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: d) nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, praxe xarope,
pus, pôs, pusemos, puseram, puser, compôs, compusesse, impuser etc xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.
quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos etc
7) os seguintes nomes próprios personativos: Emprego do dígrafo ch
Inês, Isabel, Isaura, Luís, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha. Escrevem-se com ch, entre outros, os seguintes vocábulos:
bucha, charque, chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha,
Emprego da letra z mochila, pechincha, tocha.
1) os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita etc Consoantes dobradas
2) os derivados de palavras cujo radical termina em –z: 1) Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes c, r, s.
cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar, vazar, vazão (de vazio) etc 2) Escreve-se cc ou cç quando as duas consoantes soam distintamente:
3) os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: convicção, cocção, fricção facção, sucção etc
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização etc 3) Duplicam-se o r e o s em dois casos:
4) substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando a) Quando, intervocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante,
qualidade física ou moral: respectivamente:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio) etc carro, ferro, pêssego, missão etc
5) as seguintes palavras: b) Quando a um elemento de composição terminado em vogal seguir, sem
azar, azeite, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, vizinho interposição do hífen, palavra começada por r ou s:
arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia etc.
S ou Z ? http://www.tudosobreconcursos.com/
Sufixos –ês e ez
1) O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes substantivos) deri- O fonema j:
vados de substantivos concretos:
montês (de monte) montanhês (de montanha) cortês (de corte) Escreve-se com G e não com J:
2) O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjeti-
vos: • as palavras de origem grega ou árabe
aridez (de árido) acidez (de ácido) rapidez (de rápido) Exemplos: tigela, girafa, gesso. estrangeirismo, cuja letra G é originária.
Sufixos –esa e –eza Exemplos: sargento, gim.

Língua Portuguesa 43
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas exceções) metro), kg (quilograma), W (watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus deri-
vados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin,
Exemplos: imagem, vertigem, penugem, bege, foge. yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Observação Trema
Exceção: pajem as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio.
Exemplos: sufrágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio. Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u
para indicar que ela deve ser pronunciada nos gru-
• os verbos terminados em ger e gir. pos gue, gui, que, qui.
Como era: agüentar, argüir, bilíngüe, cinqüenta, delinqüen-
te, eloqüente,ensangüentado, eqüestre, freqüente, lingüeta,
Exemplos: eleger, mugir.
lingüiça, qüinqüênio, sagüi,seqüência, seqüestro, tranqüilo,
• depois da letra "r" com poucas exceções. Como fica: aguentar, arguir, bilíngue, cinquenta, delinquente,
eloquente, ensanguentado, equestre, frequente, lingueta,
linguiça, quinquênio, sagui, sequência, sequestro, tranquilo.
Exemplos: emergir, surgir. depois da letra a, desde que não seja radical
terminado com j. Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangei-
Exemplos: ágil, agente. ras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.
Mudanças nas regras de acentuação
Escreve-se com J e não com G: 1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
• as palavras de origem latinas palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na
penúltima sílaba).
Exemplos: jeito, majestade, hoje. Como era: alcalóide, alcatéia, andróide, apóia, apóio(verbo
• as palavras de origem árabe, africana ou exótica. apoiar), asteróide, bóia,celulóide, clarabóia, colméia, Coréia,
debilóide, epopéia, estóico, estréia, estréio (verbo estrear),
geléia, heróico, ideia, jibóia, jóia, odisséia, paranóia, paranói-
Exemplos: alforje, jibóia, manjerona. co, platéia, tramóia.
Como fica: alcaloide, alcateia, androide apoia, apoio (verbo
• as palavras terminada com aje.
apoiar), asteroide, boia, celuloide, claraboia, colmeia, Coreia,
debiloide, epopeia, estoico, estreia, estreio(verbo estrear),
Exemplos: laje, ultraje geleia, heroico, ideia, jiboia joia, odisseia, paranoia, paranoi-
co, plateia tramoia.
O fonema ch:
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxí-
tonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxíto-
nas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
Escreve-se com X e não com CH: Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
• as palavras de origem tupi, africana ou exótica. 2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e
no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Como era: baiúca, bocaiúva, cauíla, feiúra.
Exemplo: abacaxi, muxoxo, xucro.
Como fica: baiuca, bocaiuva, cauila, feiura.
• as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J). Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Exemplos: xampu, lagartixa.
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas
• depois de ditongo. Exemplos: frouxo, feixe. depois de en. em êem e ôo(s).
Como era: abençôo, crêem (verbo crer), dêem (verbo dar),
Exemplos: enxurrada, enxoval dôo (verbo doar), enjôo, lêem (verbo ler),magôo (verbo mago-
Observação: ar), perdôo (verbo perdoar), povôo (verbo povoar), vêem
Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra iniciada com ch - (verbo ver), vôos, zôo.
Cheio - (enchente) Como fica: abençoo creem (verbo crer), deem (verbo dar),
doo (verbo doar), enjoo, leem (verbo ler), magoo (verbo ma-
Escreve-se com CH e não com X: goar), perdoo (verbo perdoar), povoo (verbo povoar), veem
(verbo ver), voos, zoo.
• as palavras de origem estrangeira
4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pa-
Exemplos: chave, chumbo, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, res pára/para, péla(s)/ pe-
salsicha. la(s),pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
http://www.comoescreve.com/2013/02 Como era: Ele pára o carro. Ele foi ao póloNorte. Ele gosta
de jogar pólo. Esse gato tem pêlos brancos. Comi uma pêra.
GUIA PRÁTICO DA NOVA ORTOGRAFIA Como fica: Ele para o carro. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta
de jogar polo. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pera.
Mudanças no alfabeto
Atenção: Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as
Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito
letras k, w e y.
do indicativo), na 3ª pessoa do singular.
O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do
N O P Q R S T U V WX Y Z
singular.
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele
da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em
pode.
várias situações.
Por exemplo: Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilô- é preposição.

Língua Portuguesa 44
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coo-
Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural cupante etc.
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, 3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o
deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoprote-
vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a ção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudopro-
palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. fessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno.
/ Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen.
detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles inter- Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.
vêm em todas as aulas.
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o
É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-
palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do acento se essas letras.
deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma
da fôrma do bolo? Exemplos: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas,
antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno,
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neorrea-
(tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicati- lismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, Ultrassom.
vo dos verbos arguir e redarguir.
5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados segundo elemento começar pela mesma vogal.
em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc. Esses verbos Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-
admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do inflamatório, auto-observação, contra-almirante, contra-atacar,
indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. contra-ataque micro-ondas micro-ônibus semi-internato, semi-
interno.
Veja: a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas
formas devem ser acentuadas. 6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se
o segundo elemento começar pela mesma consoante.
Exemplos:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-
enxágue, enxágues, enxáguem. bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super-
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; resistente, super-romântico.
delínqua, delínquas, delínquam. Atenção: Nos demais casos não se usa o hífen.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante,
de ser acentuadas. superproteção.
Exemplos: (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pro- Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
nunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxa- Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
gues, enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delin- vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-
que, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam. americano etc.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, 7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o
aquela com a e i tônicos. hífen se o segundo elemento começar por vogal.
Uso do hífen Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual,
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento,
Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em supereconômico, superexigente, superinteressante, superoti-
muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, mismo.
apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do 8. Com os prefi-
hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se
orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a sempre o hífen.
seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-
prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefi- diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-
xos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-
circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, in- casado, recém-nascido, sem-terra.
fra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, 9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-
pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, guarani: açu, guaçu e mirim.
tele, ultra, vice, etc.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra
iniciada por h. 10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que
ocasionalmente se combinam, formando não propriamente
Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro, macro- vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
homem, ultra-humano.
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde 11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perde-
o h). ram a noção de composição.
Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas,
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal
paraquedista, pontapé.
diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma
Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo,
palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele
antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada,
deve ser repetido na linha seguinte.
autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura,
plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesférico, semio- Exemplos: Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
paco. O diretor recebeu os ex-alunos.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo Resumo
elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, Emprego do hífen com prefixos.

Língua Portuguesa 45
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Regra básica - Sempre se usa o hífen diante de h: anti- Mas ou mais: dúvidas de ortografia
higiênico, super-homem.
Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte
Outros casos:
1. Prefixo terminado em vogal: Sem hífen diante de vogal
Mais ou mais? Onde ou aonde? Essas e outras expressões geralmente são
diferente: autoescola, antiaéreo.
alvo de questionamentos por parte dos usuários da língua.
Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
semicírculo.
Sem hífen diante de r e s. Falar e escrever bem, de modo que se atenda ao padrão formal da lingua-
Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. gem: eis um pressuposto do qual devemos nos valer mediante nossa
Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro- postura enquanto usuários do sistema linguístico. Contudo, tal situação não
ondas. parece assim tão simples, haja vista que alguns contratempos sempre
tendem a surgir. Um deles diz respeito a questões ortográficas no mo-
2. Prefixo terminado em consoante: mento de empregar esta ou aquela palavra.
Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- Nesse sentido nunca é demais mencionar que o emprego correto de um
bibliotecário. determinado vocábulo está intimamente ligado a pressupostos semânticos,
Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- visto que cada vocábulo carrega consigo uma marca significativa de senti-
persônico. do. Assim, mesmo que palavras se apresentem semelhantes em temos
Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. sonoros, bem como nos aspectos gráficos, traduzem significados distintos,
Observações: aos quais devemos nos manter sempre vigilantes, no intuito de fazermos
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de pala- bom uso da nossa língua sempre que a situação assim o exigir.
vra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Pois bem, partindo dessa premissa, ocupemo-nos em conhecer as caracte-
Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem rísticas que nutrem algumas expressões que rotineiramente utilizamos.
hífen: subumano, subumanidade. Entre elas, destacamos:
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan- Mas e mais
americano etc. A palavra “mas” atua como uma conjunção coordenada adversativa, de-
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, vendo ser utilizada em situações que indicam oposição, sentido contrário.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, Vejamos, pois:
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. Esforcei-me bastante, mas não obtive o resultado necessário.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice- Já o vocábulo “mais” se classifica como pronome indefinido ou advérbio de
almirante etc. intensidade, opondo-se, geralmente, a “menos”. Observemos:
Ele escolheu a camiseta mais cara da loja.
5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, manda- Onde e aonde
chuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc. “Aonde” resulta da combinação entre “a + onde”, indicando movimento para
6. Com os prefi- algum lugar. É usada com verbos que também expressem tal aspecto (o de
xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se movimento). Assim, vejamos:
sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, Aonde você vai com tanta pressa?
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. “Onde” indica permanência, lugar em que se passa algo ou que se está.
¨ Portanto, torna-se aplicável a verbos que também denotem essa caracterís-
Fonte: Guia Prático da Nova Ortografia - Douglas Tufano tica (estado ou permanência). Vejamos o exemplo:
Editora Melhoramentos - Agosto de 2008 Onde mesmo você mora?
Novo Acordo Ortográfico é adiado para 2016 Que e quê
O objetivo de adiar a vigência do novo Acordo Ortográfi- O “que” pode assumir distintas funções sintáticas e morfológicas, entre elas
co visa a alinhar o cronograma brasileiro com o de outros a de pronome, conjunção e partícula expletiva de realce:
países e dar um maior prazo de adaptação às pessoas. Convém que você chegue logo. Nesse caso, o vocábulo em questão atua
Prorrogação visa a alinhar cronograma brasileiro com o de outros países, como uma conjunção integrante.
como Portugal. Já o “quê”, monossílabo tônico, atua como interjeição e como substantivo,
A vigência obrigatória do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi em se tratando de funções morfossintáticas:
adiada pelo governo brasileiro por mais três anos. A implementação inte- Ela tem um quê de mistério.
gral da nova ortografia estava prevista para 1º de janeiro de 2013, contudo,
o Governo Federal adiou para 1º de janeiro de 2016, prazo estabelecido Mal e mau
também por Portugal. “Mal” pode atuar com substantivo, relativo a alguma doença; advérbio,
Assinado em 1990 por sete nações da Comunidade de Países de Língua denotando erradamente, irregularmente; e como conjunção, indicando
Portuguesa (CPLP) e adotado em 2008 pelos setores público e privado, o tempo. De acordo com o sentido, tal expressão sempre se opõe a bem:
Acordo tem como objetivo unificar as regras do português escrito em todos Como ela se comportou mal durante a palestra. (Ela poderia ter se compor-
os países que têm a língua portuguesa como idioma oficial. A reforma tado bem)
ortográfica também visa a melhorar o intercâmbio cultural, reduzir o custo “Mau” opõe-se a bom, ocupando a função de adjetivo:
econômico de produção e tradução de livros e facilitar a difusão bibliográfi- Pedro é um mau aluno. (Assim como ele poderia ser um bom aluno)
ca nesses países.
Nesse sentido, a grafia de aproximadamente 0,5 das palavras em portu- Ao encontro de / de encontro a
guês teve alterações propostas, a exemplo de ideia, crêem e bilíngue, que, “Ao encontro de” significa ser favorável, aproximar-se de algo:
com a obrigatoriedade do uso do novo Acordo Ortográfico, passaram a ser Suas ideias vão ao encontro das minhas. (São favoráveis)
escritas sem o acento agudo, circunflexo e trema, respectivamente. Com o “De encontro a” denota oposição a algo, choque, colisão:
adiamento, tanto a ortografia atual quanto a prevista são aceitas, ou seja, a O carro foi de encontro ao poste.
utilização das novas regras continua sendo opcional até que a reforma
ortográfica entre em vigor. Afim e a fim
“Afim” indica semelhança, relacionando-se com a ideia relativa à afinidade:
Na faculdade estudamos disciplinas afins.
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES “A fim” indica ideia de finalidade:
Estudo a fim de que possa obter boas notas.

Língua Portuguesa 46
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

A par e ao par Por que


“A par” indica o sentido voltado para “ciente, estar informado acerca de O por que tem dois empregos diferenciados:
algo”: Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefini-
Ele não estava a par de todos os acontecimentos. do que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:
“Ao par” representa uma expressão que indica igualdade, equivalência ente Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)
valores financeiros: Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)
Algumas moedas estrangeiras estão ao par. Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o
significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais,
Demais e de mais pelas quais.
“Demais” pode atuar como advérbio de intensidade, denotando o sentido de Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)
“muito”:
A vítima gritava demais após o acidente. Por quê
Tal palavra pode também representar um pronome indefinido, equivalendo- Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por
se “aos outros, aos restantes”: quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual
Não se importe com o que falam os demais. motivo”, “por qual razão”.
“De mais” se opõe a de menos, fazendo referência a um substantivo ou a Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?
um pronome: Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.
Ele não falou nada de mais.
Porque
Senão e se não É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma
“Senão” tem sentido equivalente a “caso contrário” ou a “não ser”: vez que”, “para que”.
É bom que se apresse, senão poderá chegar atrasado. Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
“Se não” se emprega a orações subordinadas condicionais, equivalendo-se Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)
a “caso não”: Porquê
Se não chover iremos ao passeio. É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanha-
do de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Na medida em que e à medida que Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar con-
“Na medida em que” expressa uma relação de causa, equivalendo-se a centrada. (motivo)
“porque”, “uma vez que” e “já que”: Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)
Na medida em que passava o tempo, a saudade ia ficando cada vez mais Por Sabrina Vilarinho
apertada.
“À medida que” indica a ideia relativa à proporção, desenvolvimento grada- FORMAS VARIANTES
tivo: Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer
À medida que iam aumentando os gritos, as pessoas se aglomeravam uma delas é considerada correta. Eis alguns exemplos.
ainda mais. aluguel ou aluguer hem? ou hein?
alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
Nenhum e nem um amídala ou amígdala infarto ou enfarte
“Nenhum” representa o oposto de algum: assobiar ou assoviar laje ou lajem
Nenhum aluno fez a pesquisa. assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
“Nem um” equivale a nem sequer um: azaléa ou azaleia nenê ou nenen
Nem uma garota ganhará o prêmio, quem dirá todas as competidoras. bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
bílis ou bile quatorze ou catorze
Dia a dia e dia-a-dia (antes da nova reforma ortográfica grafado com cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar
hífen): carroçaria ou carroceria taramela ou tramela
Antes do novo acordo ortográfico, a expressão “dia-a-dia”, cujo sentido chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear
fazia referência ao cotidiano, era grafada com hífen. Porém, depois de debulhar ou desbulhar ou relampar
instaurado, passou a ser utilizada sem dele, ou seja: fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
O dia a dia dos estudantes tem sido bastante conturbado.
Já “dia a dia”, sem hífen mesmo antes da nova reforma, atua como uma
locução adverbial referente a “todos os dias” e permaneceu sem nenhuma EMPREGO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS
alteração, ou seja:
Ela vem se mostrando mais competente dia a dia. Escrevem-se com letra inicial maiúscula:
1) a primeira palavra de período ou citação.
Fim-de-semana e fim de semana Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
A expressão “fim-de-semana”, grafada com hífen antes do novo acordo, faz No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
referência a “descanso”, diversão, lazer. Com o advento da nova reforma letra maiúscula.
ortográfica, alguns compostos que apresentam elementos de ligação, como 2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes
é o caso de “fim de semana”, não são mais escritos com hífen. Portanto, o sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil,
correto é: Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via-
Como foi seu fim de semana? Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
“Fim de semana” também possui outra acepção semântica (significado), O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno.
relativa ao final da semana propriamente dito, aquele que começou no 3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas
domingo e agora termina no sábado. Assim, mesmo com a nova reforma religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência
ortográfica, nada mudou no tocante à ortografia: do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
Viajo todo fim de semana. 4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República,
Vânia Maria do Nascimento Duarte etc.
5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação,
O uso dos porquês
Estado, Pátria, União, República, etc.
O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. 6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações,
Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês órgãos públicos, etc.:
para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto. Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco

Língua Portuguesa 47
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. que a segue
7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e 8- pneumático: pneu-má-ti-co
científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os gnomo: gno-mo
Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da psicologia: psi-co-lo-gia
Manhã, Manchete, etc.
8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Exce- No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada separadamente,
lentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. mantendo sua autonomia fonética. Nesse caso, tais consoantes ficam em
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do sílabas separadas.
Oriente, o falar do Norte. 9- sublingual: sub-lin-gual
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste. sublinhar: sub-li-nhar
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o sublocar: sub-lo-car
Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Preste atenção nas seguintes palavras:
Escrevem-se com letra inicial minúscula: trei-no so-cie-da-de
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, gai-o-la ba-lei-a
nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, des-mai-a-do im-bui-a
ingleses, ave-maria, um havana, etc. ra-diou-vin-te ca-o-lho
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando te-a-tro co-e-lho
empregados em sentido geral: du-e-lo ví-a-mos
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria. a-mné-sia gno-mo
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio co-lhei-ta quei-jo
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: dig-no e-nig-ma
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis) e-clip-se Is-ra-el
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mag-nó-lia
mirra." (Manuel Bandeira)
SINAIS DE PONTUAÇÃO
DIVISÃO SILÁBICA
Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita as
Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU, pausas da linguagem oral.
GU.
1- chave: cha-ve
aquele: a-que-le PONTO
palha: pa-lha O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase decla-
manhã: ma-nhã rativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos casos
guizo: gui-zo comuns ele é chamado de simples.

Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresentam Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo).
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar PONTO DE INTERROGAÇÃO
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma É usado para indicar pergunta direta.
globo: glo-bo fraco: fra-co Onde está seu irmão?
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação.
prato: pra-to A mim ?! Que ideia!

Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC. PONTO DE EXCLAMAÇÃO
3- correr: cor-rer desçam: des-çam É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas.
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória!
fascinar: fas-ci-nar Ó jovens! Lutemos!
Não se separam as letras que representam um ditongo.
4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro VÍRGULA
cárie: cá-rie A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena pau-
sa na fala. Emprega-se a vírgula:
Separam-se as letras que representam um hiato. • Nas datas e nos endereços:
5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el São Paulo, 17 de setembro de 1989.
rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o Largo do Paissandu, 128.
• No vocativo e no aposto:
Não se separam as letras que representam um tritongo. Meninos, prestem atenção!
6- Paraguai: Pa-ra-guai Termópilas, o meu amigo, é escritor.
saguão: sa-guão • Nos termos independentes entre si:
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões.
Consoante não seguida de vogal, no interior da palavra, fica na sílaba • Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste
que a antecede. caso é usado o duplo emprego da vírgula:
7- torna: tor-na núpcias: núp-cias Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa-
técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter droeira.
absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz • Após alguns adjuntos adverbiais:
No dia seguinte, viajamos para o litoral.
Consoante não seguida de vogal, no início da palavra, junta-se à sílaba • Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo emprego
da vírgula:

Língua Portuguesa 48
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor. A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
• Após a primeira parte de um provérbio. Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.
O que os olhos não veem, o coração não sente.
• Em alguns casos de termos oclusos: PARÊNTESES
Eu gostava de maçã, de pera e de abacate.
Empregamos os parênteses:
• Nas indicações bibliográficas.
RETICÊNCIAS "Sede assim qualquer coisa.
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. serena, isenta, fiel".
Não me disseste que era teu pai que ... (Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
• Para realçar uma palavra ou expressão. • Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... "Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. fora das órbitas. Amália se volta)".
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também... (G. Figueiredo)
• Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória:
PONTO E VÍRGULA "E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-Io, morrendo de
fome."
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém
(C. Lispector)
alguma simetria entre si.
• Para isolar orações intercaladas:
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhe-
"Estou certo que eu (se lhe ponho
cido, guardando consigo a ponta farpada. "
Minha mão na testa alçada)
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu
Sou eu para ela."
interior.
(M. Bandeira)
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém, mais
calmo, resolveu o problema sozinho.
COLCHETES [ ]
DOIS PONTOS Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
• Enunciar a fala dos personagens:
Ele retrucou: Não vês por onde pisas? ASTERISCO
• Para indicar uma citação alheia: O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de alguma nota (observação).
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar-
que". BARRA
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão anteri-
A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas
or:
abreviaturas.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
• Enumeração após os apostos:
Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido. OBSERVE O EFEITO CAUSADO PELA PONTUAÇÃO

A) Minha vizinha costuma sair só à noite.


TRAVESSÃO B) Minha vizinha costuma sair, só, à noite.
Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar C) Minha vizinha costuma sair, só à noite.
palavras ou frases D) Minha vizinha... costuma sair só à noite.
– "Quais são os símbolos da pátria? E) Minha vizinha costuma sair só... à noite.
– Que pátria? F) Minha vizinha costuma sair só à noite....
– Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos). G) Minha vizinha costuma sair... só à noite.
– "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra H) Minha vizinha? Costuma sair só à noite.
vez. I) Minha vizinha costuma sair, só à noite!
– a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma J) Minha vizinha! Costuma sair só à noite.
coisa". (M. Palmério).
• Usa-se para separar orações do tipo:
– Avante!- Gritou o general. CRASE
– A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta.

Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam Crase é a fusão da preposição A com outro A.
uma cadeia de frase: Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem.
• A estrada de ferro Santos – Jundiaí.
• A ponte Rio – Niterói.
EMPREGO DA CRASE
• A linha aérea São Paulo – Porto Alegre. • em locuções adverbiais:
à vezes, às pressas, à toa...
• em locuções prepositivas:
ASPAS em frente à, à procura de...
São usadas para: • em locuções conjuntivas:
• Indicar citações textuais de outra autoria. à medida que, à proporção que...
"A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles) • pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, a,
• Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se as
expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaismo, formas populares: Fui ontem àquele restaurante.
Há quem goste de “jazz-band”. Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão:
Não achei nada "legal" aquela aula de inglês. Refiro-me àquilo e não a isto.
• Para enfatizar palavras ou expressões:
Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
• Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
A CRASE É FACULTATIVA
"Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro. • diante de pronomes possessivos femininos:
• Em casos de ironia: Entreguei o livro a(à) sua secretária .
• diante de substantivos próprios femininos:
Língua Portuguesa 49
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Dei o livro à(a) Sônia. ORTOÉPIA E PROSÓDIA
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE Ortoepia trata da correta pronúncia das palavras.
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o artigo Exemplo: "advogado", e não "adevogado" (o d é mudo).
A: Prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras.
Viajaremos à Colômbia. Exemplo: "rubrica" (palavra paroxítona), e não "rúbrica" (palavra proparoxí-
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia) tona).
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasília,
Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, Ve- Dessa forma, segue abaixo uma lista das principais palavras que normal
neza, etc. ACRÓBATA / ACROBATA: esta palavra, COMO MUITAS OUTRAS DE
Viajaremos a Curitiba. NOSSA lÍNGUA, admite as duas pronúncias: acróbata, com ênfase na
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba). sílaba "cró", ou acrobata, com força na sílaba "ba". Também é indiferente
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o dizer Oceânia ou Oceania, transístor ou transistor (com força na sílaba
modifique. "tor", com o "ô" fechado).
Ela se referiu à saudosa Lisboa.
Vou à Curitiba dos meus sonhos. ALGOZ: (carrasco): palavra oxítona, cuja pronúncia do "o" deve ser fechada
• Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida: (algôz, = arroz).
Às 8 e 15 o despertador soou.
AUTÓPSIA / NECROPSIA: apesar de autópsia ter como vogal tônica o "ó",
• Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras “mo-
a forma necropsia, que possui o mesmo significado, deve ser pronunciada
da” ou "maneira":
com ênfase no "i".
Aos domingos, trajava-se à inglesa.
Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo. AZÁLEA / AZALÉIA: segundo os melhores dicionários, estas duas formas
• Antes da palavra casa, se estiver determinada: são aceitáveis;
Referia-se à Casa Gebara.
• Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar. AVARO: (indivíduo muito apegado ao dinheiro): deve ser pronunciada como
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa). paroxítona (acento tônico na sílaba va), e por terminar em "o", não deve ser
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo. acentuada.
Voltou à terra onde nascera. BOÊMIA: de origem francesa, relativa à cidade de Boéme, esta palavra tem
Chegamos à terra dos nossos ancestrais. sua sílaba forte no "ê", e não no "mi".
Mas:
Os marinheiros vieram a terra. CARÁTER: paroxítona que apresenta o plural caracteres, tendo o acrésci-
O comandante desceu a terra. mo da letra "c", e o deslocamento do acento tônico da sílaba "ra" para a
• Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o sílaba "te", sem o emprego de acento gráfico.
artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente: CATETER, MISTER e URETER: Todas possuindo sua acentuação tônica
Vou até a (á ) chácara. na última sílaba (tér), sendo assim oxítonas.
Cheguei até a(à) muralha
• A QUE - À QUE CHICLETE / CHOPE / CLIPE / DROPE: quando se referindo a uma só
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino unidade de cada um destes produtos, deve-se falar "um chiclete, um chope,
ocorrerá crase: um clipe, um drope", e não "um chicletes, um chopes, um clipes, um dro-
Houve um palpite anterior ao que você deu. pes". Existe, ainda, a variante "chiclé" (um chiclé, dois chiclés).
Houve uma sugestão anterior à que você deu.
CUPIDO e CÚPIDO: a primeira forma (paroxítona e sem acento) significa o
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não
deus alado do amor; a segunda (proparoxítona) tem o sentido de ávido de
ocorrerá crase.
dinheiro, ambicioso, também pode ser usada como possuído de desejos
Não gostei do filme a que você se referia.
amorosos.
Não gostei da peça a que você se referia.
O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrativo EXTINGUIR: a sílaba "guir" desta palavra deve ser pronunciada como nas
A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes do palavras "perseguir", "seguir", "conseguir". Isso também vale para "distin-
de: guir".
Meu palpite é igual ao de todos
Minha opinião é igual à de todos. FLUIDO: pronuncia-se como a forma verbal "cuido", verbo cuidar (com
força no u). Assim também GRATUITO, CIRCUITO, INTUITO, fortuito. No
entanto, o particípio do verbo fluir é "fluído", acontecendo aqui um hiato,
NÃO OCORRE CRASE onde a vogal tônica agora passa a ser o "í".
• antes de nomes masculinos:
Andei a pé. IBERO: Pronuncia-se como paroxítona (ênfase na sílaba BE, IBÉRO).
Andamos a cavalo. INEXORÁVEL: (= austero, rígido, inabalável...): esse "x" lê-se como os de
• antes de verbos: exemplo, exame, exato, exercício, isto é, com o som de "z".
Ela começa a chorar.
Cheguei a escrever um poema. LÁTEX: tendo seu acento tônico na penúltima sílaba e terminando com a
• em expressões formadas por palavras repetidas: letra x, é uma palavra paroxítona, e como tal deve ser pronunciada e acen-
Estamos cara a cara. tuada.
• antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. MAQUINARIA: o acento tônico deve recair na sílaba "ri", e não sobre a
Escrevi a Vossa Excelência. sílaba "na".
Dirigiu-se gentilmente à senhora. NÉON: muitos dicionários apresentam esta palavra como paroxítona, sendo
• quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural: acentuada por terminar em "n"; no entanto, o dicionário Michaelis Melhora-
Não falo a pessoas estranhas. mentos, recentemente editado, traz as duas grafias: néon (paroxítona) e
Jamais vamos a festas. neon (oxítona).
NOVEL e NOBEL: palavras oxítonas que não devem ser acentuadas.
OBESO: palavra paroxítona que deve ser pronunciada com o "e" aberto
(obéso). Também são abertos o "e" de outras paroxítonas como "coeso"

Língua Portuguesa 50
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
(coéso), "obsoleto" (obsoléto), o "o" de "dolo" (dólo), o "e" de "extra" (éxtra)
e o "e" de "blefe" (bléfe). Apresentam-se, porém, fechados o "e" de "nesga"
(nêsga), o de "destro" (dêstro), e o "o" "torpe" (tôrpe).
OPTAR: ao se conjugar este verbo na 1 pessoa do singular do presente do
indicativo, deve-se pronunciar "ópto", e não "opito". Assim também em
relação às formas verbais "capto, adapto, rapto" - todas com força na sílaba
que vem antes do "p".
PROJÉTIL / PROJETIL: ambas as formas têm o mesmo significado, apesar
de a primeira ser paroxítona e a segunda oxítona. Plurais: PROJÉTEIS /
PROJETIS.
PUDICO: (aquele que tem pudor, envergonhado): palavra paroxítona (ênfa-
se na sílaba "di").
RECORDE: deve ser pronunciada como paroxítona (recórde).
RÉPTIL / REPTIL: mesmo caso da palavra PROJÉTIL. Plurais. RÉPTEIS /
REPTIS.
RUBRICA: palavra paroxítona, e não proparoxítona como se costuma
pensar (ênfase na sílaba "bri").
RUIM: palavra oxítona (ruím).
RUPIA / RÚPIA: a primeira forma se refere à moeda utilizada na Indonésia
(força no "i") e a segunda é relativa a uma planta aquática (com ênfase no
"ú").
SUBSÍDIOS: a pronúncia correta é com som de "ss", e não "z" (subssídios).
SUTIL e SÚTIL: a primeira forma, sendo oxítona, significa "tênue, delicado,
hábil"; a segunda, paroxítona, significa "tudo aquilo que é composto de
pedaços costurados".
TÓXICO: pronuncia-se com o som de "cs" = tócsico.
Nota
Existe alguma discordância quanto ao som do "x" de "hexa-". O Dicionário
Aurélio - Século XXI, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - da http://www.portugues.com.br/gramatica/ortoepia-prosodia.html
Academia Brasileira de Letras, e o dicionário de Caldas Aulete dizem que
esse "x" deve ter o som de "cs", e deve ser pronunciado como o "x" de 100 erros de português de A a Z.
"fixo", "táxi", "tóxico", etc. Já o "Houaiss" diz que esse "x" corresponde a "z",
portanto deve ser lido como o "x" de "exame", "exercício", "êxodo", etc.. Na A lista não é pequena e é bem provável que você já tenha cometido alguns
língua falada do Brasil, nota-se interessante ambiguidade: o "x" de "hexá- deles. Por isso, todo cuidado é pouco, os especialistas advertem que
gono" normalmente é lido como "z", mas o de "hexacampeão" costuma ser tropeçar no português pode prejudicar sua carreira. É uma lista grande,
lido como "cs". Por: Eduardo Fernandes Paes mas vale a pena ficar atento e conferir as dicas para nunca mais errar:
Casos mais frequentes de pronúncias diferentes da 1 A / há
língua padrão: Erro: Atuo no setor de controladoria a 15 anos.
Forma correta: Atuo no setor de controladoria há 15 anos.
Explicação: Para indicar tempo passado usa-se o verbo haver.

2 A champanhe / o champanhe
Erro: Pegue a champanhe e vamos comemorar.
Forma correta: Pegue o champanhe e vamos comemorar.
Explicação: De acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra “champanhe”
provém do francês “champagne” e é um substantivo masculino.

3 A cores / em cores
Erro: O material da apresentação será a cores
Forma correta: O material da apresentação será em cores
Explicação: Se o correto é material em preto em branco, o certo é dizer
material em cores.

4 A domicílio/ em domicílio
Erro: O serviço engloba a entrega a domicílio
Forma correta: O serviço engloba a entrega em domicílio.
Explicação: No caso de entrega usa-se a forma em domicílio. A forma a
domicílio é usada para verbos de movimento. Exemplo: Foram levá-lo a
domicílio.

5 A prazo/ em longo prazo


Erro: A longo prazo, serão necessárias mudanças.
Forma correta: Em longo prazo, serão necessárias mudanças.

Língua Portuguesa 51
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Explicação: Usa-se a preposição em nos seguintes casos: em longo prazo, 16 Ao invés de/ em vez de
em curto prazo e em médio prazo. Erro: Ao invés de comprar carros, compraremos caminhões para aumentar
nossa frota.
6 A nível de/ em nível de Forma correta: Em vez de comprar carros, compraremos caminhões para
Erro: A nível de reconhecimento de nossos clientes atingimos nosso objeti- aumentar nossa frota.
vo. Explicação: “Ao invés de” representa contrariedade, oposição, o inverso.
Forma correta: Em relação ao reconhecimento de nossos clientes atingi- “Em vez de” quer dizer no lugar de. É uma locução prepositiva, sendo
mos nosso objetivo. terminada em de normalmente.
Explicação: O uso de “a nível de” está correto quando a preposição “a”
está aliada ao artigo “o” e significa “à mesma altura”. Exemplo: Hoje, o Rio 17 Aonde/onde
de Janeiro acordou ao nível do mar. A expressão "em nível de" está utiliza- Erro: Não sei aonde fica a sala do diretor
da corretamente quando equivale a "de âmbito" ou "com status de". Exem- Forma correta: Não sei onde fica a sala do diretor
plo: O plebiscito será realizado em nível nacional. Explicação: O advérbio onde indica lugar em que algo ou alguém está.
Deve ser utilizado somente para substituir vocábulo que expressa a ideia de
7 À partir de/ a partir de lugar. Exemplo: Não sei onde fica a cidade de Araguari. O advérbio aonde
Erro: À partir de novembro, estarei de férias indica também lugar em que algo ou alguém está, porém quando o verbo
Forma correta: A partir de novembro, estarei de férias. que se relacionar com "onde" exigir a preposição “a”, deve-se agregar esta
Explicação: Não se usa crase antes de verbos preposição, formando assim, o vocábulo "aonde". Expressa a ideia de
destino, movimento, conforme exemplo a seguir: aonde você irá depois das
8 A pouco/ há pouco visitas?
Erro: O diretor chegará daqui há pouco.
Forma correta: O diretor chegará daqui a pouco. 18 Ao meu ver/ a meu ver
Explicação: Nesse caso, há pouco indica ação que já passou, pode ser Erro: Ao meu ver, a reunião foi um sucesso
substituído por faz pouco tempo. A pouco indica ação que ainda vai ocorrer, Forma correta: A meu ver, a reunião foi um sucesso.
a ideia é de futuro. Explicação: Não existe a expressão ao meu ver. As formas corretas são: a
meu ver, a nosso ver, a vosso ver.
9 Vender à prazo/ vender a prazo
Erro: Vamos vender à prazo 19 Às micro/ às micros
Forma correta: Vamos vender a prazo. Erro: O pacote de tributos refere-se às micro e pequenas empresas
Explicação: Não se usa crase antes de palavra masculina. Forma correta: O pacote de tributos refere-se às micros e pequenas
empresas
10 À rua/ Na rua Explicação: Por se tratar de adjetivo, micro é variável e por isso deve ser
Erro: José, residente à rua Estados Unidos, era um cliente fiel. grafada no plural quando for o caso.
Forma correta: José, residente na rua Estados Unidos, era um cliente fiel.
Explicação: Os vocábulos residir, morador, residente, situado e sito pedem 20 Através/ por
o uso da preposição em. Erro: Fui avisada através de um e-mail de que a reunião está cancelada.
Forma correta: Fui avisada por e-mail de que a reunião está cancelada.
11 A vista/ à vista Explicação: Para muitos gramáticos, através se refere ao que atravessa.
Erro: O pagamento foi feito a vista. Prefira “pelo e-mail”, “por e-mail”.
Forma correta: O pagamento foi feito à vista.
Explicação: Ocorre crase nas expressões formadas por palavras femini- 21 Auferir/ aferir
nas. Exemplos: à noite, à tarde, à venda, às escondidas e à vista. Erro: No fim do expediente, o gestor deve auferir se os valores pagos
conferem com os números do sistema.
12 Adequa/ adequada Forma correta: No fim do expediente, o gestor deve aferir se os valores
Erro: O móvel não se adequa à sala pagos conferem com os números do sistema.
Forma correta: O móvel não é adequado à sala. Explicação: Os verbos aferir e auferir têm sentidos distintos. Aferir: conferir
Explicação: Adequar é um verbo defectivo, ou seja, não se conjuga em de acordo com o estabelecido, avaliar, calcular. Auferir: colher, obter, ter.
todas as pessoas e tempos. No presente do indicativo são conjugadas Exemplo: O projeto auferiu bons resultados.
apenas primeira e a segunda pessoa do plural (nós adequamos, vós ade-
quais). 22 Aumentar ainda mais/ aumentar muito
Erro: Precisamos aumentar ainda mais os lucros.
13 Agradecer pela/ agradecer a Forma correta: Precisamos aumentar muito os lucros.
Erro: Agradecemos pela preferência Explicação: Aumentar é sempre mais, não existe aumentar menos, con-
Forma correta: Agradecemos a preferência forme explica Laurinda Grion, no livro “Erros que um executivo comete ao
Explicação: O certo é agradecer a alguém alguma coisa. Exemplo: Agra- redigir (mas não deveria cometer)”, da editora Saraiva. Portanto são formas
deço a Deus a graça recebida. redundantes: aumentar mais, aumentar muito mais e aumentar ainda mais.

14 Aluga-se/ alugam-se 23 Bastante/ bastantes


Erro: Aluga-se apartamentos Erro: Eles leram o relatório bastante vezes.
Forma correta: Alugam-se apartamentos Forma correta: Eles leram o relatório bastantes vezes.
Explicação: O sujeito da oração (apartamentos) concorda com o verbo. Explicação: Para saber se bastante deve variar conforme o número é
preciso saber qual a classificação dele na frase. Quando é adjetivo (como
15 Anexo/ anexa/ em anexo no caso acima) deve variar. Exemplo: Já há provas bastantes para incrimi-
Erro: Segue anexo a carta de apresentação. ná-lo (= provas suficientes). Se for advérbio é invariável. Exemplo: Compra-
Formas corretas: Segue anexa a carta de apresentação. Segue em anexo ram coisas bastante bonitas (= muito bonitas). Se for pronome indefinido é
a carta de apresentação. variável. Exemplo: Vimos bastantes coisas (= muitas coisas). Se for subs-
Explicação: Anexo é adjetivo e deve concordar com o substantivo a que se tantivo, não varia, mas pede artigo definido masculino: Os animais já come-
refere, em gênero e número. A expressão em anexo é invariável. É bom ram o bastante (= o suficiente).
lembra que alguns estudiosos condenam o uso da expressão em anexo.
Portanto, dê preferência à forma sem a preposição. 24 Bi-campeão /bicampeão
Erro: Em 1993, o São Paulo Futebol Clube foi bi-campeão mundial, sob o
comando de Telê Santana.

Língua Portuguesa 52
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Forma correta: Em 1993, o São Paulo Futebol Clube foi bicampeão mun- Explicação: De encontro a é estar em sentido contrário, em oposição a. Ao
dial, sob o comando de Telê Santana. encontro de é estar de acordo, ideia de conformidade.
Explicação: A forma correta de usar os prefixos numéricos “bi”, “tri”, “tetra”,
“penta”, “hexa”, “hepta” (etc) é sem hífen. “O Novo Acordo Ortográfico 35 Debitou na/ debitou à
nunca exigiu nem exige alteração gráfica”. Erro: O banco debitou na minha conta a taxa.
Forma correta: O banco debitou à minha conta a taxa.
25 Caiu em/ caiu Explicação: quem debita, debita a.
Erro: O lucro caiu em 10%.
Forma correta: O lucro caiu 10%. 36 Desapercebidas/ despercebidas
Explicação: O verbo cair, assim como aumentar e diminuir, não admite a Erro: As mudanças passaram desapercebidas pelos nossos executivos
preposição “em”. E no sentido de descer, ir ao chão, ser demitido, o verbo Forma correta: As mudanças passaram despercebidas.
cair é intransitivo. Explicação: Desapercebido significa desprovido de, desprevenido. Exem-
plo: Não parei para cumprimenta-lo porque estava desapercebido. Desper-
26 Chegar em/ chegar a cebido significa não notado, não percebido. Exemplo: O erro passou des-
Erro: Chegamos em São Paulo, ontem. percebido pela equipe da redação do jornal.
Forma correta: Chegamos a São Paulo, ontem.
Explicação: o verbo exige a preposição a. Quem chega, chega a algum 37 Descrição/ discrição
lugar, ou a alguma coisa. Erro: Ela age com descrição.
Forma correta: Ela age com discrição.
27 Chove/ chovem Explicação: Descrição refere-se ao ato de descrever. Exemplo: Ela fez a
Erro: Chove emails com reclamações de clientes. descrição do objeto. (ela descreveu). Discrição significa ser discreto.
Forma correta: Chovem emails com reclamações de clientes.
Explicação: Quando indica um fenômeno natural, o verbo chover é impes- 38 Descriminar/ discriminar
soal e fica sempre o singular. Mas no sentido figurado, como acontece Erro: Descrimine os produtos na nota fiscal e coloque todos os códigos
acima, flexiona-se normalmente. necessários.
Forma correta: Discrimine os produtos na nota fiscal e coloque todos os
28 Comprimento/cumprimento códigos necessários.
Erro: Entrou e não me comprimentou. Explicação: Descriminar significa absolver, inocentar. É o que o prefixo
Forma correta: Entrou e não me cumprimentou. “des” faz – indica uma ação no sentido contrário – e, nesse caso, quer dizer
Explicação: Comprimento está relacionado ao tamanho, à extensão de tirar o crime. Exemplo: Ele falou em descriminar o uso de algumas drogas
algo ou alguém. Exemplo: Não sei o comprimento da sala. Cumprimento Discriminar significa distinguir, separar, diferenciar, especificar. Isso pode
relaciona-se a dois verbos diferentes: cumprimentar uma pessoa (saudar) e ser feito com ou sem preconceito. Quando há preconceito, o sentido é de
cumprir uma tarefa (realizar). Exemplos: Cada pessoa tem um jeito de segregação. Exemplo: A discriminação racial deve ser combatida sempre.
cumprimentar. O cumprimento dos prazos contará pontos na competição.
39 Devidas providências
29 Consiste de/ consiste em Erro: Peço as devidas providências.
Erro: A seleção consiste de cinco etapas. Forma correta: Peço providências
Forma correta: A seleção consiste em cinco etapas. Explicação: Trata-se de um vício de linguagem. O adjetivo (devidas) é
Explicação: Consistir é verbo transitivo indireto e requer complemento desnecessário e redundante. “Quem pediria providências indevidas”.
regido da preposição em.
40 Dispor/dispuser
30 Continuidade/ continuação Erro: Se ele dispor de tempo, poderá atende-lo em breve.
Erro: O sindicato optou pela continuidade da greve. Forma correta: Se ele dispuser de tempo, poderá atende-lo em breve.
Forma correta: O sindicato optou pela continuação da greve. Explicação: A conjugação correta do verbo dispor na terceira pessoa do
Explicação: Continuidade refere-se à extensão de um acontecimento. singular no futuro do pretérito é se ele dispuser. A conjugação acompanha
Exemplo: dar continuidade ao governo. Continuação refere-se à duração de a do verbo pôr.
algo. Exemplo continuação da sessão.
41 Dois por cento/ dois pontos percentuais
31 Correr atrás do prejuízo/ correr atrás do lucro Erro: No ano passado, o crescimento foi de 10%. Neste ano, de 8%, tendo
Erro: É hora de correr atrás do prejuízo. havido queda de 2%.
Forma correta: É hora de correr atrás do lucro. Forma correta: No ano passado, o crescimento foi de 10%. Neste ano, de
Explicação: Pode-se correr do prejuízo, mas nunca deve-se correr atrás 8%, tendo havido queda de 2 pontos percentuais.
dele. A forma correr atrás do prejuízo não faz o menor sentido. Explicação: A queda de 10% para 8% não é de 2% e, sim, de 2 pontos
percentuais.
32 Da onde/ de onde
Erro: Fortaleza é a cidade da onde vieram nossos colaboradores. 42 E nem/ nem
Forma correta: Fortaleza é a cidade de onde vieram nossos colaborado- Erro: O funcionário não sabe escrever e nem ler.
res. Forma correta: O funcionário não sabe escrever nem ler.
Explicação: A forma de onde indica origem. Não existe a forma “da onde”. Explicação: A conjunção nem significa “e não”.

33 Daqui/ daqui a 43 Em confirmação à/ em confirmação da


Erro: Farei o pagamento daqui 5 dias. Erro: Em confirmação à minha proposta, envio os valores para execução
Forma correta: Farei o pagamento daqui a 5 dias. do serviço.
Explicação: o advérbio daqui é usado para indicar lugar ou tempo e pede a Forma correta: Em confirmação da minha proposta, envio os valores para
preposição a. execução do serviço.
Explicação: Confirmação é um substantivo feminino que pede a preposi-
34 De encontro aos/ ao encontro dos ção “de”.
Erro: A sua ideia vem de encontro ao que a empresa precisa neste mo-
mento. 44 Em mãos/ em mão
Forma correta: A sua ideia vem ao encontro do que a empresa precisa Erro: O envelope deve ser entregue em mãos.
neste momento. Forma correta: O envelope deve ser entregue em mão.

Língua Portuguesa 53
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Explicação: Ninguém escreve a mãos, nem fica em pés. O correto é em 55 A grosso modo/ grosso modo
mão, cuja abreviatura é E. M. Erro: O que quero dizer, a grosso modo, é que há mais chances de dar
errado do que de dar certo.
45 Em vias/ em via Forma correta: O que quero dizer, grosso modo, é que há mais chances
Erro: Estou em vias de finalizar o projeto. de dar errado do que de dar certo.
Forma correta: Estou em via de finalizar o projeto. Explicação: A expressão é “grosso modo”, sem a preposição a.
Explicação: A locução é “em via de” e significa “a caminho de”, “prestes a”.
56 Guincho/guinchamento
46 Eminente/ iminente Erro: Sujeito a guincho.
Erro: A falência é eminente. Forma correta: Sujeito a guinchamento
Forma correta: A falência é iminente. Explicação: Guincho é o veículo que faz a ação, isto é, o guinchamento.
Explicação: Eminente é um adjetivo que significa alto, grande, elevado,
saliente, pessoa importante, notável. 57 Há 10 anos atrás/ há 10 anos
Erro: Há 10 anos atrás, eu decidi comprar um imóvel.
Exemplos: Era um eminente orador. A montanha eminente surge na paisa- Formas corretas: Há 10 anos, eu decidi comprar um imóvel. Dez anos
gem. Iminente também é um adjetivo e indica que algo está prestes a atrás, eu decidi comprar um imóvel.
acontecer. Exemplo: A sua morte é iminente. Explicação: É redundante usar “há” e “atrás” na mesma frase. O verbo
haver impede a palavra atrás em seguida sempre que estiver relacionado a
47 Ensinar a executarem/ ensinar a executar tempo, à ação que já se passou. Há, portanto, duas formas corretas para a
Erro: O bom líder deve ensinar seus colaboradores a executarem as tare- frase: “há dez anos” ou “dez anos atrás”.
fas.
Forma correta: O bom líder deve ensinar seus colaboradores a executar 58 Hora/ora
as tarefas. Erro: Você pediu minha decisão, por hora ainda não a tenho.
Explicação: Não se flexiona infinitivo com preposição que funcione como Forma correta: Você pediu minha decisão, por ora ainda não a tenho.
complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal. Exem- Explicação: A expressão “por hora”, quando escrita com a letra “h”, refere-
plo: As mulheres conquistaram o direito de trabalhar fora de casa. se ao tempo, a marcação em minutos. Exemplo: O carro estava a cento e
vinte quilômetros por hora. A expressão “por ora”, quando escrita sem o “h”,
48 Entre eu e ele/ entre mim e ele dá a ideia de no momento ou agora. É um advérbio de tempo, expressa
Erro: Entre eu e ele não há conversa nem acordo. sentido de por enquanto, no momento, atualmente. Exemplo: “Por ora estou
Forma correta: Entre mim e ele não já conversa nem acordo. muito ocupado”.
Explicação: Os pronomes pessoais do caso reto exercem função de sujeito
(ou predicativo do sujeito) e não de complemento. 59 Horas extra/ horas extras
Erro: Você deverá fazer horas extra para terminar o relatório.
49 Falta/faltam Forma correta: Você deverá fazer horas extras para terminar o relatório.
Erro: Falta 30 dias para minhas férias começarem Explicação: Neste caso, extra é um adjetivo e, portanto, é variável.
Forma correta: Faltam 30 dias para minhas férias começarem.
Explicação: O verbo deve concordar com o sujeito da frase. 60 Houveram/houve
Erro: Houveram rumores sobre um anúncio de demissão em massa.
50 Fazem /faz Forma correta: Houve rumores sobre um anúncio de demissão em massa.
Erro: Fazem oito semanas que fui promovida. Explicação: Haver no sentido de existir não é usado no plural.
Forma correta: Faz oito semanas que fui promovida.
Explicação: Verbo fazer quando sinaliza tempo que passou fica na 3ª 61 Implicará em/implicará
pessoa do singular. Erro: A sua atitude implicará em demissão por justa causa.
Forma correta: A sua atitude implicará demissão por justa causa.
51 Fazer uma colocação/ emitir uma opinião Explicação: o verbo implicar, quando é transitivo direto, significa “dar a
Erro: Deixe-me fazer uma colocação a respeito do tema da reunião. entender”, “pressupor” ou “trazer como consequência”, “acarretar”, “provo-
Forma correta: Deixe-me emitir uma opinião a respeito do tema da reuni- car”. E se a transitividade é direta, isso quer dizer que não pede preposição.
ão.
Explicação: o padrão formal é emitir uma opinião e não fazer uma coloca- 62 Independente/ independentemente
ção, embora esta Erro: Independente da proposta, minha resposta é não.
seja uma forma bastante usada. Forma correta: Independentemente da proposta, minha resposta é não.
Explicação: Independente é adjetivo e independentemente é advérbio. O
52 Ficou claro/ ficou clara enunciado acima pede o advérbio.
Erro: Ficou claro, após a reunião, a necessidade de corte de gastos.
Forma correta: Ficou clara, após a reunião, a necessidade de corte de 63 Insisto que/ insisto em que
gastos. Erro: Insisto que é preciso cortar custos na cadeia produtiva.
Explicação: A necessidade de corte de gastos é o que ficou clara, durante Forma correta: Insisto em que é preciso cortar custos na cadeia produtiva.
a reunião. Explicação: O verbo insistir é transito indireto, quando objeto for uma coisa
usa-se a preposição em e a preposição com aparece quando há referência
53 Foi assistida/ assistiu à a uma pessoa. Exemplo: Insisto nisso com o diretor.
Erro: A palestra foi assistida por muita gente
Forma correta: Muita gente assistiu à palestra. 64 Junto a/ no/ ao
Explicação: Verbo assistir no sentido de ver, presenciar, é transitivo indire- Erro: Solicite junto ao departamento de recursos humanos o informe de
to e a voz passiva só admite verbos transitivos diretos. rendimentos para a Receita Federal.
Forma correta: Solicite ao departamento de recursos humanos o informe
54 Fosse... comprava/ fosse...compraria de rendimentos para a Receita Federal.
Erro: Se eu fosse você eu comprava aquela gravata. Explicação: As locuções “junto a, junto de” são sinônimas e significam
Forma correta: Se eu fosse você eu compraria aquela gravata. "perto de", "ao lado de". Não cabem na frase acima. Para você lembrar, não
Explicação: Atente à correlação verbal. Imperfeito do subjuntivo (se eu desconte cheques junto ao banco e sim com o banco. Não renegocie uma
fosse) é usado com o futuro do pretérito (compraria). dívida junto aos credores e sim com os credores Evite empregar a expres-
são “junto a” em lugar de com, de, em e para. Assim, em lugar de “conse-
guimos apoio junto à equipe” escreva “conseguimos apoio da equipe”.

Língua Portuguesa 54
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Forma correta: Vamos à reunião em que decidiremos os rumos da compa-
65 Maiores informações/ mais informações nhia.
Erro: Caso precise de maiores informações, entre em contato conosco. Explicação: Reunião não é lugar e as palavras onde e aonde se
Forma correta: Caso precise de mais informações, entre em contato referem apenas a lugares. Prefira “a reunião em que” ou “na qual
conosco. decidiremos sobre”.
Explicação: O termo “maior” é comparativo, não deve ser utilizado nesse
caso.
74 O quanto antes/ quanto antes
66 Mal/ mau
Erro: Era um mal funcionário e foi demitido. Erro: Voltarei ao escritório o quanto antes.
Forma correta: Era um mau funcionário e foi demitido Forma correta: Voltarei ao escritório quanto antes.
Explicação: Mau e bom são adjetivos, ou seja, conferem qualidade aos Explicação: Antes da locução adverbial “quanto antes” não se usa artigo
substantivos, palavras que nomeiam seres e coisas. Exemplos: “Ele é bom definido “o”.
médico” e “Ele é mau aluno”. Por outro lado, mal e bem podem exercer três
funções distintas. Exercem a função de advérbios, modificam o estado do 75 Parcela única/ de uma só vez
verbo, por exemplo: “Seu filho se comportou mal na escola” e “ele foi bem Erro: O pagamento será feito em parcela única.v
aceito no novo trabalho”. Como conjunção, servindo para conectar orações, Forma correta: O pagamento será feito de uma só vez.
como em “Mal chegou e já se foi”. Essas palavras também têm a função de Explicação: Parcela significa parte de um todo. Logo se não há parcela-
substantivos, por exemplo: “Você é o meu bem” e “o mal dele é não saber mento, o certo é dizer “de uma só vez”.
ouvir”.
76 Por que / porque
67 Mal humorado/ mal-humorado Forma correta: Não a vi ontem porque eu estava fora da cidade.
Erro: Estava mal humorado e isso afetou a todos da equipe. Explicação: Porque é uma conjunção e serve para ligar duas ideias, duas
Forma correta: Estava mal-humorado e isso afetou a todos da equipe. orações. É usado ando a segunda parte apresenta uma explicação ou
Explicação: As formações vocabulares com MAL- exigem hífen caso a causa em relação à primeira. A forma “por que” é um advérbio interrogativo
palavra principal inicie-se por vogal, h ou l: mal-estar, mal-empregado, mal- de causa e é usada quando pedimos por uma causa ou motivo. Caso mais
humorado, mal-limpo. incomum para o uso da forma “por que” é quando ela pode ser substituída
por “para que”, “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, pelas quais. Exem-
Leia mais --> Quando usar e não usar o hífen plos: Lutamos por que (para que) a obra terminasse antes da inauguração.
68 Mão-de-obra/ mão de obra Este é o caminho por que (pelo qual) passamos.
Erro: A falta de mão-de-obra qualificada é um dos gargalos da economia
brasileira. 77 Porquê/ por quê
Forma correta: A falta de mão de obra qualificada é um dos gargalos da Erro: A diretriz mudou, não sei porquê
economia. Formas corretas: A diretriz mudou, não sei por quê. A diretriz mudou, não
Explicação: Com palavras justapostas (uma após a outra) em que haja um sei o porquê.
termo de ligação (geralmente uma preposição ou conjunção) não se usa Explicação: “Porquê” substitui as palavras razão, causa ou motivo. É um
hífen. substantivo e, como tal, tem plural e pode vir acompanhado por artigos,
pronomes e adjetivos. A palavra geralmente é antecedida de artigo “o” ou
69 Meio-dia e meio/ meio-dia e meia “um”. Use a expressão “por quê” quando ela estiver no fim da frase. Alguns
Erro: Entregarei o relatório ao meio-dia e meio. autores dizem que isso vale também quando houver uma pausa, uma
Forma correta: Entregarei o relatório ao meio-dia e meia. vírgula, não importa que seja pergunta ou não.
Explicação: O termo meio pode ter duas funções: adjetivo e advérbio.
Quando advérbio, meio quer dizer “um pouco” e é invariável. Quando Exemplos: Não aprovaram a proposta e não sabemos por quê. Não temos
adjetivo, meio quer dizer “metade de” e é variável, ou seja, concorda com o o resultado da concorrência. Por quê? Não sabemos por quê, onde e
termo a que se refere. quando tudo aconteceu.
70 No aguardo/ ao aguardo 78 Penalizado/ punido
Erro: Fico no aguardo da sua resposta. Erro: Quem desrespeitar o código de conduta será penalizado.
Forma correta: Fico ao aguardo da sua resposta. Forma correta: Quem desrespeitar o código de conduta será punido.
Explicação: O certo é “ao aguardo de”, “à espera de”. Explicação: Penalizar significa “causar pena”, “magoar”. No sentido de
castigar, o certo é usar o verbo punir.
71 No ponto de/ a ponto de Calendario pis 2014
Erro: A demanda da chefia é tão alta, que estou no ponto de mandar tudo 79 Por causa que/ porque/ por causa de
às favas. Erro: Não fui à aula por causa que está chovendo muito.
Forma correta: A demanda da chefia é tão alta, que estou a ponto de Formas corretas: Não fui à aula porque está chovendo muito. Não fui à
mandar tudo às favas. aula por causa da chuva.
Explicação: Para dar a ideia de estar “prestes a”, “na iminência de”, use a Explicação: O certo é usar “porque” ou “por causa de”.
expressão “a ponto de”.
80 Por cento veio/ por cento vieram
72 O mesmo/ ele
Erro: Entre os funcionários, 15% é contra a mudança de sede.
Erro: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se para-
Forma correta: Entre os funcionários 15% são contra a mudança de sede.
do neste andar.
Explicação: Números percentuais exigem concordância.
Forma correta: Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra
parado neste andar.
Explicação: O termo “o mesmo” não serve para substituir uma palavra 81 Precaver/ prevenir
anteriormente dita. Quem está nas empresas, portanto, deve preferir os Erro: É importante que a empresa se precavenha contra invasões.
pronomes ele(s) ou ela(s), cuidando para adequar a partícula “se” à nova Forma correta: É importante que a empresa se previna contra invasões.
sentença. Explicação: O verbo precaver é defectivo, não tem todas as conjugações.
No presente do indicativo só existem a 1ª e 2ª pessoa do plural (precave-
73 Onde/ em que mos e precaveis) e não existe presente do subjuntivo.
Erro: Vamos à reunião onde decidiremos os rumos da companhia.

Língua Portuguesa 55
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
82 Precisam-se/ precisa-se 92 Rúbrica/ rubrica
Erro: Precisam-se de bons vendedores. Erro: Ponha a sua rúbrica em todas as páginas do relatório, por favor.
Forma correta: Precisa-se de bons vendedores. Forma correta: Ponha a sua rubrica em todas as páginas do relatório, por
Explicação: Sempre que houver uma preposição depois do pronome “se” favor.
(de, por, para, com, em, etc.) não haverá plural, apenas singular. Exemplo: Explicação: Rubrica é paroxítona, sem acento.
Trata-se de ideias inovadoras.
93 Senão/ se não
83 Prefiro ... do que/ prefiro... a Erro: Senão fizer o relatório, não cumprirá a meta.
Erro: Prefiro sair mais tarde do trabalho do que ficar parado no trânsito. Forma correta: Se não fizer o relatório, não cumprirá a meta.
Forma correta: Prefiro sair mais tarde do trabalho a ficar parado no trânsi- Explicação: Para dar a ideia de “caso não faça o relatório”, como no
to. exemplo acima, o certo é utilizar a forma separada. Senão (em uma só
Explicação: Não há necessidade do comparativo “do que”. palavra) tem vários significados, do contrário, de outra forma, aliás, a não
ser, mais do que, menos, com exceção de, mas, mas sim, mas também,
84 Preveram/ previram defeito, erro, de repente, subitamente.
Erro: Os analistas preveram tempos de crise.
Forma correta: Os analistas previram tempos de crise.
Explicação: A conjugação do verbo prever segue a do verbo ver. Logo, se 94 Seríssimo/ seriíssimo
o certo é dizer eles viram, é certo dizer eles previram. Erro: O problema é seríssimo.
Forma correta: O problema é seriíssimo.
85 Quadriplicar/ quadruplicar Explicação: Os adjetivos terminados em io antecedido de consoante
Erro: O número de funcionários quadriplicou no ano passado. possuem o superlativo com ii.
Forma correta: O número de funcionários quadruplicou no ano passado.
Explicação: Quádruplo é o numeral e significa multiplicativo de quatro, 95 Somos em/ somos
quantidade quatro vezes maior que outra. Quadruplicação, quadruplicar e Erro: No escritório, somos em cinco analistas.
quádruplo são as formas corretas. Forma correta: No escritório, somos cinco analistas.
Explicação: Não há necessidade de empregar a preposição “em”.
86 Qualquer/ nenhum
Erro: Informo-lhes que não mantenho qualquer tipo de vínculo com a 96 Tão pouco/ tampouco
Construtora XYZ Ltda. Erro: Não fala inglês, tão pouco espanhol.
Forma correta: Informo-lhes que não mantenho nenhum tipo de vínculo Forma correta: Não fala inglês, tampouco espanhol
com a Construtora XYZ Ltda. Explicação: Tão pouco equivale a muito pouco. Já tampouco pode signifi-
Explicação: Qualquer é pronome de sentido afirmativo. Logo, em constru- car: também não, nem sequer e nem ao menos.
ções negativas, deve-se empregar nenhum.

87 Quantia/ quantidade 97 Vem/ veem


Erro: Informe a quantia exata de itens no estoque. Erro: Eles vem problemas em todas as inovações propostas.
Forma correta: Informe a quantidade de itens no estoque. Forma correta: Eles veem problemas em todas as inovações propostas.
Explicação: Usa-se quantia para dinheiro e quantidade para coisas. Explicação: As conjugações no presente do verbo ver: ele vê (com acen-
to), eles veem (sem acento, segundo o Acordo Ortográfico da Língua
88 Que preciso/ de que preciso Portuguesa). Exemplos: Ele vê os filhos aos sábados. Eles veem o pai uma
Erro: Os documentos que preciso estão na gaveta. vez por semana. O verbo vir, no presente, é conjugado assim: ele vem, eles
Forma correta: Os documentos de que preciso estão na gaveta. vêm (com acento). Ele não vem sempre aqui. Eles vêm a São Paulo uma
Explicação: O verbo precisar pede a preposição “de”. vez por ano.

89 Reaveu/reouve 98 Vir/ vier


Erro: A homenagem reaveu nossa motivação. Erro: Se ele não vir amanhã, vai perder mais uma reunião importante.
Forma correta: A homenagem reouve nossa motivação. Forma correta: Se ele não vier amanhã, vai perder mais uma reunião
Explicação: O pretérito perfeito de reaver é reouve. Gramaticalmente, o importante.
verbo REAVER é defectivo, só se conjuga nas formas em que o verbo Explicação: No caso do verbo vir, temos as seguintes formas no futuro do
HAVER possui a letra V. Presente do indicativo: reavemos, reaveis. Pretéri- subjuntivo: quando eu vier, ele vier, nós viermos, eles vierem.
to perfeito do indicativo: reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes,
reouveram. 99 Visar/ visar a
Erro: Augusto visa o cargo de diretor comercial da empresa.
90 Responder o/ responder ao Forma correta: Augusto visa ao de diretor comercial da empresa.
Erro: Vou responder o e-mail daqui a pouco. Explicação: Visar com o sentido de pretender é transitivo indireto, isto é,
Forma correta: Vou responder ao e-mail daqui a pouco. exige a preposição “a”.
Explicação: A regência do verbo responder, no sentido de dar a resposta,
é sempre indireta, ou seja, pede a preposição “a”. 100 Zero horas/ zero hora
Erro: O novo modelo entra em vigor a partir das zero horas de amanhã.
91 Retificar/ ratificar Forma correta: O novo modelo entra em vigor a partir da zero hora de
Erro: O homem retificou as informações perante o juiz. amanhã.
Forma correta: O homem ratificou as informações perante o juiz. Explicação: O adjetivo composto zero-quilômetro é invariável.
Explicação: “Ratificar, do latim medieval, possui os seguintes significados: Bem explicativo, espero que tenha gostado desta lista com os erros mais
confirmar, reafirmar, validar, comprovar, autenticar. Retificar, também do comuns.
latim com base na palavra rectus, se refere ao ato de corrigir, emendar, Provavelmente você já cometeu vários destes erros, não?
alinhar ou endireitar qualquer coisa”. Mas saiba que não é só você que tem dificuldades com o português, pois
aprendemos de forma errada, modo arcaico, assim tornado o aprendizado
bem lento e complicado, mas conheço uma forma de aprender português
de forma prática e eficiente.
http://www.comoescreve.com/2013/12/100-erros-de-portugues-de-a-z-
mais.html

Língua Portuguesa 56
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS E PARÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO Vem do grego “homós” que quer dizer: “igual”, “ónymon” que significa
E FIGURADO DAS PALAVRAS. “nome”. Apresentam identidade de sons ou de forma, mas de significados
diferentes.
As palavras Homônimas podem ser:
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
a) Homônimos homófonos
Artigo sobre significação das palavras: sinônimos, antônimos, parônimos e b) Homônimos homógrafos
homônimos com exemplos e questões extraídos dos principais vestibulares
e concursos do país. Homônimos Homófonos

Significação das palavras São os que têm som igual e significação diferente.

Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguintes categorias: Exemplos:

Sinônimos
cerrar (fechar) serrar (cortar)
São palavras diferentes na forma, mas iguais ou semelhantes na significa-
ção. Os sinônimos podem ser: chá (bebida) xá (soberano do Irã)

a) perfeitos cheque (ordem de pagamento) xeque (lance do jogo de xadrez)


b) imperfeitos
concertar (ajustar, combinar) consertar (corrigir, reparar)
Sinônimos Perfeitos
coser (costurar) cozer (preparar alimentos)
Se a significação é igual, o que é raro. esperto (inteligente, perspicaz) experto (experiente, perito)

Exemplos: espiar (observar, espionar) expiar (reparar falta mediante cumpri-


mento de pena)
cara – rosto
léxico – vocabulário estrato (camada) extrato (o que se extrai de)
falecer – morrer
flagrante (evidente) fragrante (perfumado)
escarradeira – cuspideira
língua – idioma incerto (não certo, impreciso) inserto (introduzido, inserido)

Sinônimos Imperfeitos incipiente (principiante) insipiente (ignorante)

Se semelhantes é o mais comum. ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)

tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)


Exemplos:
acender (pôr fogo) ascender (subir)
esperar – aguardar
córrego – riacho acento (símbolo gráfico) assento (lugar em que se senta)
belo – formoso
apreçar (ajustar o preço) apressar (formar rápido)
Antônimos
bucho (estômago) buxo (arbusto)
É quando duas ou mais palavras têm significados contrários. caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)

Exemplos: cela (pequeno quarto) sela (arreio)

aberto – fechado censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)


sim – não
abaixar – levantar Homônimos Homógrafos
nascer – morrer
correr – parar São palavras que têm grafia igual e significação diferente; devemos notar
sair – chegar que as vogais podem ter som diferente, bem como pode ser diferente o
belo – feio acento da palavra. Sendo que se escrevam com as mesmas letras e te-
nham significação diferente.
Polissemia
Exemplos:
Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar
mais de um significado nos múltiplos contextos em que aparece. Veja colher (substantivo) – colher (verbo)
alguns exemplos de palavras polissêmicas: selo (substantivo) – selo (verbo)
sede(residência) – sede (vontade de beber água)
cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da vassoura, da faca) cará (planta) – cara (rosto)
banco (instituição comercial financeira, assento) sabia (verbo saber) – sabiá (pássaro) – sábia (feminino de sábio)
manga (parte da roupa, fruta) Observação: As palavras podem ser ao mesmo tempo homônimos
homófonos e homônimos homógrafos
Homônimos
Exemplos:
mato (bosque) – mato (verbo)
livre (solto) – livre (verbo livrar)

Língua Portuguesa 57
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
rio (verbo rir) – rio (curso de água natural) www.mundovestibular.com.br
amo (verbo amar) – amo (servo) Postado por cleiton silva
canto (ângulo) – canto (verbo cantar)
fui (verbo ser) – fui (verbo ir) DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Parônimos A língua portuguesa é rica, interessante, criativa e versátil, se encontrando
em constante evolução. As palavras não apresentam apenas um significado
São quando duas ou mais palavras apresentam grafia e pronúncia pareci- objetivo e literal, mas sim uma variedade de significados, mediante o con-
das, mas significados diferentes. texto em que ocorrem e as vivências e conhecimentos das pessoas que as
utilizam.
Exemplos:
Exemplos de variação no significado das palavras:
recrear (divertir, alegrar) recriar (criar novamente) • Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido literal)
• Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido figurado)
sortir (abastecer) surtir (produzir efeito)
• Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) As variações nos significados das palavras ocasionam o sentido denotati-
vo (denotação) e o sentido conotativo (conotação) das palavras.
vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente)
Denotação
vultoso (volumoso) vultuoso (atacado de congestão na face) Uma palavra é usada no sentido denotativo quando apresenta seu signifi-
imergir (afundar) emergir (vir à tona)
cado original, independentemente do contexto frásico em que aparece.
Quando se refere ao seu significado mais objetivo e comum, aquele imedia-
inflação (alta dos preços) infração (violação) tamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado que
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da palavra.
infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) A denotação tem como finalidade informar o receptor da mensagem de
forma clara e objetiva, assumindo assim um caráter prático e utilitário. É
mandado (ordem judicial) mandato (procuração) utilizada em textos informativos, como jornais, regulamentos, manuais de
ratificar (confirmar) retificar (corrigir)
instrução, bulas de medicamentos, textos científicos, entre outros.
Exemplos:
emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) • O elefante é um mamífero.
• Já li esta página do livro.
eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)
• A empregada limpou a casa.
esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)
Conotação
estada (permanência de pessoas) estadia (permanência de veículos) Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apresenta diferentes
significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto
fusível (o que funde) fuzil (arma) frásico em que aparece. Quando se refere a sentidos, associações e ideias
que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua significação
absolver (perdoar, inocentar) absorver (sorver, aspirar)
mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um
arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) sentido figurado e simbólico.
A conotação tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da
cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem cortês) mensagem, através da expressividade e afetividade que transmite. É utili-
zada principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também
comprimento (extensão) cumprimento (saudação) ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publici-
tários, entre outros.
descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência)
Exemplos:
descriminar (tirar a culpa, inocen- discriminar (distinguir) • Você é o meu sol!
tar) • Minha vida é um mar de tristezas.
• Você tem um coração de pedra!
despensa (onde se guardam dispensa (ato de dispensar)
mantimentos)
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/

SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO


Formas Variantes
As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
Há palavras que podem ser grafadas de duas maneiras, sendo ambas
figurado:
aceitas em Português pela norma de língua culta.
Construí um muro de pedra - sentido próprio
Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
Exemplos:
A água pingava lentamente – sentido próprio.
contacto contato
caracter caráter ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS.
óptica ótica
secção seção As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em vários
cota quota elementos chamados elementos mórficos ou elementos de estrutura das
catorze quatorze palavras.
cociente quociente
cotidiano quociente Exs.:
cinzeiro = cinza + eiro
Fonte:: www.algosobre.com.br/ endoidecer = en + doido + ecer
www.exerciciosdeportugues.com.br predizer = pre + dizer

Língua Portuguesa 58
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Os principais elementos móficos são : • Onomatopeia: reprodução imitativa de sons (pingue-pingue, zun-
zum, miau);
RADICAL
É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra. • Abreviação vocabular: redução da palavra até o limite de sua
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer compreensão (metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.)
enterrar = en + terra + ar
pronome = pro + nome
• Siglas: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma se-
quência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de
siglas, formam-se outras palavras também (aidético, petista)
PREFIXO
É o elemento mórfico que vem antes do radical. • Neologismo: nome dado ao processo de criação de novas pala-
Exs.: anti - herói in - feliz vras, ou para palavras que adquirem um novo significado. pciconcursos

SUFIXO
É o elemento mórfico que vem depois do radical. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
Exs.: med - onho cear – ense ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PRE-
POSIÇÃO, CONJUNÇÃO (CLASSIFICAÇÃO E SENTIDO QUE
IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES ENTRE AS ORAÇÕES).
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
SUBSTANTIVOS
As palavras estão em constante processo de evolução, o que torna a
língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Por isso alguns vocá-
bulos caem em desuso (arcaísmos), enquanto outros nascem (neologis- Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá no-
mos) e outros mudam de significado com o passar do tempo. me aos seres em geral.

Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das pala- São, portanto, substantivos.
vras encontramos a seguinte divisão: a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra,
Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
• palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor) b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres: traba-
• palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha) lho, corrida, tristeza beleza altura.

• palavras simples - só possuem um radical (couve, flor) CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS


a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espécie:
• palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-flor, rio, cidade, pais, menino, aluno
aguardente) b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado elemento.
Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial maiúscula: To-
Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conheci-
cantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair.
mento dos seguintes processos de formação:
c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não, pro-
Composição - processo em que ocorre a junção de dois ou mais radi- priamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc. Verifi-
cais. São dois tipos de composição. que que é sempre possível visualizar em nossa mente o substantivo con-
creto, mesmo que ele não possua existência real: casa, cadeira, caneta,
• justaposição: quando não ocorre a alteração fonética (girassol, fada, bruxa, saci.
sexta-feira); d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto é, só
existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração, sendo,
• aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de
pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos vão,
elementos (pernalta, de perna + alta).
portanto, designar ações, estados ou qualidades, tomados como seres:
Derivação - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza.
acréscimo de afixos. São cinco tipos de derivação. Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou adje-
tivos
• prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-útil); trabalhar - trabalho
correr - corrida
• sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva (clara-mente); alto - altura
• parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo belo - beleza
e sufixo, à palavra primitiva (em + lata + ado). Esse processo é responsável
pela formação de verbos, de base substantiva ou adjetiva; FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua
• regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo forma-se portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal.
substantivos abstratos por derivação regressiva de formas verbais (ajuda / b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa:
de ajudar); florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve, ódio,
• imprópria: é a alteração da classe gramatical da palavra primitiva tempo, sol.
("o jantar" - de verbo para substantivo, "é um judas" - de substantivo próprio
d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de-
a comum).
colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.
Além desses processos, a língua portuguesa também possui outros
processos para formação de palavras, como: COLETIVOS
• Hibridismo: são palavras compostas, ou derivadas, constituídas Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um grupo
por elementos originários de línguas diferentes (automóvel e monóculo, de seres da mesma espécie.
grego e latim / sociologia, bígamo, bicicleta, latim e grego / alcalóide, al-
coômetro, árabe e grego / caiporismo: tupi e grego / bananal - africano e Veja alguns coletivos que merecem destaque:
latino / sambódromo - africano e grego / burocracia - francês e grego); alavão - de ovelhas leiteiras
alcateia - de lobos
álbum - de fotografias, de selos

Língua Portuguesa 59
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
antologia - de trechos literários escolhidos no: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta.
armada - de navios de guerra
armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc) Podemos classificar os substantivos em:
arquipélago - de ilhas a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas, uma
assembleia - de parlamentares, de membros de associações para o masculino, outra para o feminino:
atilho - de espigas de milho aluno/aluna homem/mulher
atlas - de cartas geográficas, de mapas menino /menina carneiro/ovelha
banca - de examinadores Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo:
bando - de aves, de pessoal em geral padrinho/madrinha bode/cabra
cabido - de cônegos cavaleiro/amazona pai/mãe
cacho - de uvas, de bananas
cáfila - de camelos b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única
cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
cancioneiro - de poemas, de canções em:
caravana - de viajantes 1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam
cardume - de peixes animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca.
clero - de sacerdotes Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, deve-
colmeia - de abelhas mos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré fê-
concílio - de bispos mea
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes que
congregação - de professores, de religiosos designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo arti-
congresso - de parlamentares, de cientistas go, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante, a
conselho - de ministros estudante, este dentista.
consistório - de cardeais sob a presidência do papa 3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
constelação - de estrelas pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por ar-
corja - de vadios tigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o côn-
elenco - de artistas juge, a pessoa, a criatura.
enxame - de abelhas Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
enxoval - de roupas uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
esquadra - de navios de guerra
esquadrilha - de aviões AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
falange - de soldados, de anjos
farândola - de maltrapilhos
fato - de cabras São masculinos São femininos
o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme
fauna - de animais de uma região o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata
feixe - de lenha, de raios luminosos o teorema o ágape a análise a usucapião
flora - de vegetais de uma região o trema o caudal a cal a bacanal
frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus o edema o champanha a cataplasma a líbido
o eclipse o alvará a dinamite a sentinela
girândola - de fogos de artifício o lança-perfume o formicida a comichão a hélice
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros o fibroma o guaraná a aguardente
junta - de bois, médicos, de examinadores o estratagema o plasma
o proclama o clã
júri - de jurados
legião - de anjos, de soldados, de demônios
malta - de desordeiros Mudança de Gênero com mudança de sentido
manada - de bois, de elefantes Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
matilha - de cães de caça
ninhada - de pintos Veja alguns exemplos:
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo)
o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
panapaná - de borboletas
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora)
pelotão - de soldados o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão)
penca - de bananas, de chaves o lotação (veículo) a lotação (capacidade)
pinacoteca - de pinturas o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
plantel - de animais de raça, de atletas
quadrilha - de ladrões, de bandidos Plural dos Nomes Simples
ramalhete - de flores 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S: casa,
réstia - de alhos, de cebolas casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães.
récua - de animais de carga 2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em:
romanceiro - de poesias populares a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões; coração,
resma - de papel corações; grandalhão, grandalhões.
revoada - de pássaros b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
súcia - de pessoas desonestas guardiães.
vara - de porcos c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos): cristão,
vocabulário - de palavras cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.

FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma forma
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charlatães;
grau. ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc.

Gênero 3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém,


Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femini- armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns.
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,

Língua Portuguesa 60
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen, hí- perde-ganha, os perde-ganha.
fens (ou hífenes). Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso
Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones. por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, ani- marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa-
mais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis. dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules. salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil,
fósseis; réptil, répteis. Adjetivos Compostos
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, bar- Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
ris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos: o americanos; cívico-militar, cívico-militares.
pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tôni- 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quando o
cos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugueses; segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos
burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases. amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, os 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur-
substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o ônix, dos-mudos > surdas-mudas.
os ônix. 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho.
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o subs-
tantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substantivo pri-
mitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho, cãezi-
Graus do substantivo
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os quais
tos.
podem ser: sintéticos ou analíticos.
Substantivos só usados no plural
afazeres anais Analítico
arredores belas-artes Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama-
cãs condolências nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
confins exéquias
férias fezes Sintético
núpcias óculos Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
olheiras pêsames
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
Principais sufixos aumentativos
AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO,
Plural dos Nomes Compostos ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão,
povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu-
1. Somente o último elemento varia: ça.
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; clara-
boia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; Principais Sufixos Diminutivos
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO,
mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho,
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substantivo montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim,
ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guarda- pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo,
comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, sem- homúncula, apícula, velhusco.
pre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela, mela-
melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
Observações:
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, adqui-
2. Somente o primeiro elemento é flexionado:
rem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, etc.
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de-leite;
Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, fogaréu, etc.
pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro-sem-
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor afe-
rabo, burros-sem-rabo;
tivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalidade
• Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente for-
ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos-
mal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: cartaz,
correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
banana-maçã, bananas-maçã.
• Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di-
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos-
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, bon-
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc.
zinho, pequenito.
3. Ambos os elementos são flexionados:
Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em lu-
a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves-
gar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radicais
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas-
diferentes para designar o sexo:
compromissos.
bode - cabra genro - nora
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor-
burro - besta padre - madre
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara-pálida,
carneiro - ovelha padrasto - madrasta
caras-pálidas.
cão - cadela padrinho - madrinha
cavalheiro - dama pai - mãe
São invariáveis:
compadre - comadre veado - cerva
a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o pi-
frade - freira zangão - abelha
sa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;
frei – soror etc.
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não-
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem-
desocupa-o-copo; ADJETIVOS
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o

Língua Portuguesa 61
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
FLEXÃO DOS ADJETIVOS dade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo:
- Superlativo absoluto
Gênero Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser:
Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser: Esta cidade é poluidíssima.
a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne- Esta cidade é muito poluída.
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu- - Superlativo relativo
lher simples; aluno feliz - aluna feliz. Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a a
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, ou- outros seres:
tra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / homem Este rio é o mais poluído de todos.
alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa Este rio é o menos poluído de todos.

Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se- Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico:
melhante a dos substantivos. - Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade -
muito trabalhador, excessivamente frágil, etc.
Número - Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti-
a) Adjetivo simples quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc.
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os
substantivos simples: Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compara-
pessoa honesta pessoas honestas tivo e o superlativo, as seguintes formas especiais:
regra fácil regras fáceis NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO
homem feliz homens felizes ABSOLUTO
Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam in- RELATIVO
variáveis: bom melhor ótimo
blusa vinho blusas vinho melhor
camisa rosa camisas rosa mau pior péssimo
b) Adjetivos compostos pior
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último ele- grande maior máximo
mento varia, tanto em gênero quanto em número: maior
acordos sócio-político-econômico pequeno menor mínimo
acordos sócio-político-econômicos menor
causa sócio-político-econômica
causas sócio-político-econômicas
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos:
acordo luso-franco-brasileiro
acordo luso-franco-brasileiros acre - acérrimo ágil - agílimo
lente côncavo-convexa agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo
lentes côncavo-convexas amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo
camisa verde-clara amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo
camisas verde-claras áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
sapato marrom-escuro audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo
sapatos marrom-escuros benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo
Observações:
célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo
1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica invariável:
camisa verde-abacate camisas verde-abacate cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo
sapato marrom-café sapatos marrom-café eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invariáveis: frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
blusa azul-marinho blusas azul-marinho incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo
3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os elementos livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo
variam:
magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo
menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
menina surda-muda meninas surdas-mudas manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo
negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo
pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo)
Graus do Adjetivo
possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex-
próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo
pressas em dois graus:
público - publicíssimo pudico - pudicíssimo
- o comparativo
sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo
- o superlativo
salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
Comparativo terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma velho - vetérrimo visível - visibilíssimo
outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é igual, voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo
superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo:
- Comparativo de igualdade: Adjetivos Gentílicos e Pátrios
O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral. Argélia – argelino Bagdá - bagdali
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente. Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
- Comparativo de superioridade: Bóston - bostoniano Braga - bracarense
O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro. Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico. Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense
- Comparativo de inferioridade: bucarestense Campos - campista
A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro. Cairo - cairota Caracas - caraquenho
Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável. Canaã - cananeu Ceilão - cingalês
Catalunha - catalão Chipre - cipriota
Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de intensi- Chicago - chicaguense Córdova - cordovês

Língua Portuguesa 62
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Coimbra - coimbrão, conim- Creta - cretense curso:
bricense Cuiabá - cuiabano 1ª pessoa: quem fala, o emissor.
Córsega - corso EI Salvador - salvadorenho Eu sai (eu)
Croácia - croata Espírito Santo - espírito-santense, Nós saímos (nós)
Egito - egípcio capixaba Convidaram-me (me)
Equador - equatoriano Évora - eborense Convidaram-nos (nós)
Filipinas - filipino Finlândia - finlandês 2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
Florianópolis - florianopolitano Formosa - formosano Tu saíste (tu)
Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense Vós saístes (vós)
Gabão - gabonês Galiza - galego Convidaram-te (te)
Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino Convidaram-vos (vós)
Goiânia - goianense Granada - granadino 3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
Groenlândia - groenlandês Guatemala - guatemalteco Ele saiu (ele)
Guiné - guinéu, guineense Haiti - haitiano Eles sairam (eles)
Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho Convidei-o (o)
Hungria - húngaro, magiar Ilhéus - ilheense Convidei-os (os)
Iraque - iraquiano Jerusalém - hierosolimita
João Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense Os pronomes pessoais são os seguintes:
La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho
Macapá - macapaense Macau - macaense NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe singular 1ª eu me, mim, comigo
Madri - madrileno Manaus - manauense 2ª tu te, ti, contigo
Marajó - marajoara Minho - minhoto 3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco plural 1ª nós nós, conosco
Montevidéu - montevideano Natal - natalense 2ª vós vós, convosco
3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano
Pequim - pequinês Pisa - pisano
Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro PRONOMES DE TRATAMENTO
Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano
Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano PRONOME ABREV. EMPREGO
Veneza - veneziano Vitória - vitoriense Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V .Ema cardeais
Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral Vossa
Locuções Adjetivas
Magnificência V. Mag a reitores de universidades
As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs- Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem Vossa Santidade V.S. papas
ser substituídas por um adjetivo correspondente. Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
PRONOMES
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
cês.
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que repre-
senta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso.
Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se de pronome
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
substantivo. 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
• Ele chegou. (ele) ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
• Convidei-o. (o) Considera-se errado seu emprego como complemento:
Convidaram ELE para a festa (errado)
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a ex- Receberam NÓS com atenção (errado)
tensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. EU cheguei atrasado (certo)
• Esta casa é antiga. (esta) ELE compareceu à festa (certo)
• Meu livro é antigo. (meu) 2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
pronomes retos:
Classificação dos Pronomes Convidei ELE (errado)
Há, em Português, seis espécies de pronomes: Chamaram NÓS (errado)
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas Convidei-o. (certo)
de tratamento: Chamaram-NOS. (certo)
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões; 3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de preposi-
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo; ção, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se cor-
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde; reto seu emprego como complemento:
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá- Informaram a ELE os reais motivos.
rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou- Emprestaram a NÓS os livros.
trem, nada, cada, algo. Eles gostam muito de NÓS.
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases in- 4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se
terrogativas. errado seu emprego como complemento:
Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
PRONOMES PESSOAIS Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis-
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas de

Língua Portuguesa 63
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas oblíquas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
MIM e TI: sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse in-
Ninguém irá sem EU. (errado) finitivo:
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) Deixei-o sair.
Ninguém irá sem MIM. (certo) Vi-o chegar.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo) Sofia deixou-se estar à janela.

Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desenvol-
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam vendo as orações reduzidas de infinitivo:
como sujeito de um verbo no infinitivo. Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) 10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos:
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito) A mim, ninguém me engana.
A ti tocou-te a máquina mercante.
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é obri-
gatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática de Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleonas-
sujeito. mo vicioso e sim ênfase.
5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção em 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessivo,
que os referidos pronomes não sejam reflexivos: exercendo função sintática de adjunto adnominal:
Querida, gosto muito de SI. (errado) Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Querida, gosto muito de você. (certo)
Preciso muito falar com você. (certo) 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para representar
uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de mo-
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os déstia:
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchentes.
Ele feriu-se Vós sois minha salvação, meu Deus!
Cada um faça por si mesmo a redação
O professor trouxe as provas consigo 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quando
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados falamos dessa pessoa:
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios.
14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As com- VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
binações possíveis são as seguintes: pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
me+o=mo me + os = mos pronomes de terceira pessoa:
te+o=to te + os = tos Você trouxe seus documentos?
lhe+o=lho lhe + os = lhos Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
nos + o = no-lo nos + os = no-los
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los COLOCAÇÃO DE PRONOMES
lhes + o = lho lhes + os = lhos Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femininos 1. Antes do verbo - próclise
a, as. Eu te observo há dias.
me+a=ma me + as = mas 2. Depois do verbo - ênclise
te+a=ta te + as = tas Observo-te há dias.
- Você pagou o livro ao livreiro? 3. No interior do verbo - mesóclise
- Sim, paguei-LHO. Observar-te-ei sempre.

Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que Ênclise
representa o livreiro) com O (que representa o livro).
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como
direto ou indireto.
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
O pai esperava-o na estação agitada.
LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos
Expliquei-lhe o motivo das férias.
indiretos:
O menino convidou-a. (V.T.D )
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
O filho obedece-lhe. (V.T. l )
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a oração:
Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões)
Voltei-me em seguida para o céu límpido.
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como as
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento de
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
verbos transitivos diretos:
3. Com o imperativo afirmativo:
Eu lhe vi ontem. (errado)
Companheiros, escutai-me.
Nunca o obedeci. (errado)
4. Com o infinitivo impessoal:
Eu o vi ontem. (certo)
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Nunca lhe obedeci. (certo)
destino na mesa.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM:
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo.

Língua Portuguesa 64
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética. 3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de meio 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
franco. 2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
Próclise
Na linguagem culta, a próclise é recomendada: Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos, (seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
interrogativos e conjunções. você).
As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
Tudo me parecia que ia ser comida de avião. Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambigui-
Quem lhe ensinou esses modos? dade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
Quem os ouvia, não os amou. Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
Que lhes importa a eles a recompensa? A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez. Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo):
Papai do céu o abençoe. Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos pro-
A terra lhes seja leve. nomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM: Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
Em se animando, começa a contagiar-nos. suas mãos).
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse. Não me respeitava a adolescência.
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
pausa entre eles. O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra. Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
1. Cálculo aproximado, estimativa:
Mesóclise Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presente 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma história
e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não estejam O nosso homem não se deu por vencido.
precedidos de palavras que reclamem a próclise. Chama-se Falcão o meu homem
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
Dir-se-ia vir do oco da terra. Eu cá tenho minhas dúvidas
Cornélio teve suas horas amargas
Mas: 4. Afetividade, cortesia
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Como vai, meu menino?
Jamais se diria vir do oco da terra. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível:
Lembrarei-me (!?) No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de paren-
Diria-se (!?) tes de família.
É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida-
O Pronome Átono nas Locuções Verbais
de.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou
Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal.
não sabia o que dizer.
Podemos contar-lhe o ocorrido.
Podemos-lhe contar o ocorrido.
Não lhes podemos contar o ocorrido. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O menino foi-se descontraindo. São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
O menino foi descontraindo-se. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
O menino não se foi descontraindo.
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclítico Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra perto
ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio. de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro está
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a Des- longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica que o
cartes ." livro está longe de ambas as pessoas.
Tenho-me levantado cedo.
Não me tenho levantado cedo. Os pronomes demonstrativos são estes:
ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o da MESMO (e variações), próprio (e variações)
colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na lingua- SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)
gem escrita.
Emprego dos Demonstrativos
PRONOMES POSSESSIVOS 1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se:
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu- a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que
indo-lhes a posse de alguma coisa. fala).
Este documento que tenho nas mãos não é meu.
Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o Isto que carregamos pesa 5 kg.
livro pertence a 1ª pessoa (eu) b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente:
Este coração não pode me trair.
Eis as formas dos pronomes possessivos: Esta alma não traz pecados.
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS. Tudo se fez por este país..
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS. c) Para indicar o momento em que falamos:

Língua Portuguesa 65
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Neste instante estou tranquilo. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
Deste minuto em diante vou modificar-me. homens superiores.
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
momento em que falamos: A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Um dia destes estive em Porto Alegre. Tal era a situação do país.
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no Não disse tal.
qual se inclui o momento em que falamos: Tal não pôde comparecer.
Nesta semana não choveu.
Neste mês a inflação foi maior. Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Este ano será bom para nós. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompanha
Este século terminará breve. QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases como
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo DE QUAL
Este assunto já foi discutido ontem. ou OUTRO TAL:
Tudo isto que estou dizendo já é velho. Suas manias eram tais quais as minhas.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: A mãe era tal quais as filhas.
Só posso lhe dizer isto: nada somos. Os filhos são tais qual o pai.
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. Tal pai, tal filho.
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: É pronome substantivo em frases como:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com Não encontrarei tal (= tal coisa).
quem se fala): Não creio em tal (= tal coisa)
Esse documento que tens na mão é teu?
Isso que carregas pesa 5 kg. PRONOMES RELATIVOS
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Veja este exemplo:
Esse teu coração me traiu. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Essa alma traz inúmeros pecados.
Quantos vivem nesse pais? A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que dese- casa é um pronome relativo.
jamos distância:
O povo já não confia nesses políticos. PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já re-
Não quero mais pensar nisso. feridos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. No exemplo dado, o antecedente é casa.
O que você quer dizer com isso? Outros exemplos de pronomes relativos:
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
falamos: O lugar onde paramos era deserto.
Um dia desses estive em Porto Alegre. Traga tudo quanto lhe pertence.
Comi naquele restaurante dia desses. Leve tantos ingressos quantos quiser.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distan- Eis o quadro dos pronomes relativos:
te.
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se á
Masculino Feminino
3ª.
o qual a qual quem
Aquele documento que lá está é teu?
os quais as quais
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
cujo cujos cuja cujas que
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
quanto quanta quantas onde
Naquele instante estava preocupado.
quantos
Daquele instante em diante modifiquei-me.
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele
Observações:
século, para exprimir que o tempo já decorreu.
1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas,
vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou
O médico de quem falo é meu conterrâneo.
variações) para a primeira:
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso
sempre um substantivo sem artigo.
e aquela tranquila.
Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar?
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE,
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos
pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose?
Tenho tudo quanto quero.
Com um frio destes não se pode sair de casa.
Leve tantos quantos precisar.
Nunca vi uma coisa daquelas.
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
reforçativo:
EM QUE.
Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas. A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
ISSO ou AQUELE (e variações). PRONOMES INDEFINIDOS
Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro. Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de
O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres. modo vago, impreciso, indeterminado.
Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames. 1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO,

Língua Portuguesa 66
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO cemos.
Exemplos: 2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Algo o incomoda? a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adormeceis.
Não faças a outrem o que não queres que te façam. 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Quem avisa amigo é. a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
Encontrei quem me pode ajudar. adormece.
Ele gosta de quem o elogia. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: Eles
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, CERTA adormecem.
CERTAS. 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante
Cada povo tem seus costumes. em relação ao fato que comunica. Há três modos em português.
Certas pessoas exercem várias profissões. a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. A cachorra Baleia corria na frente.
b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
PRONOMES INTERROGATIVOS Talvez a cachorra Baleia corra na frente .
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se de c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
modo impreciso à 3ª pessoa do discurso. pedido
Exemplos: Corra na frente, Baleia.
Que há? 4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo,
Que dia é hoje? em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos são:
Reagir contra quê? a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
Por que motivo não veio? Fecho os olhos, agito a cabeça.
Quem foi? b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
Qual será? em que se fala:
Quantos vêm? Fechei os olhos, agitei a cabeça.
Quantas irmãs tens? c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
VERBO presente.

CONCEITO Veja o esquema dos tempos simples em português:


“As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando- Presente (falo)
as no tempo. INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a re- Imperfeito (falava)
ceita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha e Mais- que-perfeito (falara)
gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro elas. Futuro do presente (falarei)
Assim fiz. Morreram.” do pretérito (falaria)
(Clarice Lispector) Presente (fale)
SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir: Futuro (falar)
a) Estado:
Não sou alegre nem sou triste. Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
Sou poeta. se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esquema
b) Mudança de estado: dos tempos simples.
Meu avô foi buscar ouro. Infinitivo impessoal (falar)
Mas o ouro virou terra. Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
c) Fenômeno: FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
Chove. O céu dorme. Particípio (falado)
5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de a) agente do fato expresso.
estado e fenômeno, situando-se no tempo. O carroceiro disse um palavrão.
(sujeito agente)
FLEXÕES O verbo está na voz ativa.
O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle- b) paciente do fato expresso:
xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer em Um palavrão foi dito pelo carroceiro.
si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica: (sujeito paciente)
• a ação de cantar. O verbo está na voz passiva.
• a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós). c) agente e paciente do fato expresso:
• o número gramatical (plural). O carroceiro machucou-se.
• o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito). (sujeito agente e paciente)
• o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido no O verbo está na voz reflexiva.
passado (indicativo). 6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de
• que o sujeito pratica a ação (voz ativa). rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical.
Falo - Estudam.
Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz. Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está
1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural: fora do radical.
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular). Falamos - Estudarei.
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural). 7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em:
2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais: a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua
1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto -
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço. cantei - cantarei – cantava - cantasse.
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme- b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou

Língua Portuguesa 67
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse. O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa, ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- pessoa do singular:
nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. Vai haver eleições em outubro.
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o Começou a haver reclamações.
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: ma- Não pode haver umas sem as outras.
tado - morto - enxugado - enxuto. Parecia haver mais curiosos do que interessados.
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua conju- Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
gação.
verbo ser: sou - fui A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
verbo ir: vou - ia construída de três modos:
Hajam vista os livros desse autor.
QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO Haja vista os livros desse autor.
Haja vista aos livros desse autor.
1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou
explícito. Quase todos os verbos são pessoais.
O Nino apareceu na porta. CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implíci- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
to ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais: sentido da frase.
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar, Exemplo:
etc. Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
Garoava na madrugada roxa. A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer:
Houve um espetáculo ontem. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ativa
Há alunos na sala. passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva, conser-
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos vando o mesmo tempo.
claros.
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico. Outros exemplos:
Fazia dois anos que eu estava casado. Os calores intensos provocam as chuvas.
Faz muito frio nesta região? As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
Eu o acompanharei.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Ele será acompanhado por mim.
Todos te louvariam.
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente na
Serias louvado por todos.
3ª pessoa do singular - quando significa:
Prejudicaram-me.
1) EXISTIR
Fui prejudicado.
Há pessoas que nos querem bem.
Condenar-te-iam.
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá.
Serias condenado.
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios.
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS
2) ACONTECER, SUCEDER
a) Presente
Houve casos difíceis na minha profissão de médico.
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar:
Não haja desavenças entre vós.
- um fato que ocorre no momento em que se fala.
Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos.
Eles estudam silenciosamente.
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado:
Eles estão estudando silenciosamente.
Há meses que não o vejo.
- uma ação habitual.
Haverá nove dias que ele nos visitou.
Corra todas as manhãs.
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava.
- uma verdade universal (ou tida como tal):
O fato aconteceu há cerca de oito meses.
O homem é mortal.
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no
A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa.
pretérito imperfeito, e não no presente:
- fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada.
maior realce à narrativa.
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis".
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo.
É o chamado presente histórico ou narrativo.
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava.
- fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos:
4) REALIZAR-SE
Amanhã vou à escola.
Houve festas e jogos.
Qualquer dia eu te telefono.
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos.
b) Pretérito Imperfeito
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba.
Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar:
5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
- um fato passado contínuo, habitual, permanente:
seguido de infinitivo):
Ele andava à toa.
Em pontos de ciência não há transigir.
Nós vendíamos sempre fiado.
Não há contê-lo, então, no ímpeto.
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre
Não havia descrer na sinceridade de ambos.
por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas.
Era uma vez...
E não houve convencê-lo do contrário.
- um fato presente em relação a outro fato passado.
Não havia por que ficar ali a recriminar-se.
Eu lia quando ele chegou.
c) Pretérito Perfeito
Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já
há muito (= desde muito tempo, há muito tempo):
ocorrido, concluído.
De há muito que esta árvore não dá frutos.
Estudei a noite inteira.
De há muito não o vejo.
Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até o
momento presente.

Língua Portuguesa 68
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Tenho estudado todas as noites. tens sido tens estado tens tido tens havido
d) Pretérito mais-que-perfeito tem sido tem estado tem tido tem havido
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em temos sido temos estado temos tido temos havido
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado): tendes sido tendes esta- tendes tido tendes havi-
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou. do do
têm sido têm estado têm tido têm havido
e) Futuro do Presente
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato
fora estivera tivera houvera
futuro em relação ao momento em que se fala. foras estiveras tiveras houveras
Irei à escola. fora estivera tivera houvera
f) Futuro do Pretérito fôramos estivéramos tivéramos houvéramos
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar: fôreis estivéreis tivéreis houvéreis
- um fato futuro, em relação a outro fato passado. foram estiveram tiveram houveram
- Eu jogaria se não tivesse chovido. PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+sido, estado, tido
- Seria realmente agradável ter de sair? , havido)
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às FUTURO DO PRESENTE SIMPLES
vezes, ironia. serei estarei terei haverei
- Daria para fazer silêncio?! serás estarás terás haverá
será estará terá haverá
Modo Subjuntivo seremos estaremos teremos haveremos
sereis estareis tereis havereis
a) Presente
serão estarão terão haverão
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar: FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. terei, terás, terá, teremos, tereis, terão, (+sido, estado, tido,
Talvez eles estudem... não sei. havido)
- um desejo, uma vontade: FUTURO DO
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores. PRETÉRITO
b) Pretérito Imperfeito SIMPLES
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma seria estaria teria haveria
hipótese, uma condição. serias estarias terias haverias
Se eu estudasse, a história seria outra. seria estaria teria haveria
Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo. seríamos estaríamos teríamos haveríamos
e) Pretérito Perfeito serieis estaríeis teríeis haveríeis
Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar seriam estariam teriam haveriam
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ sido, estado, tido,
características do modo subjuntivo). havido)
Que tenha estudado bastante é o que espero. PRESENTE SUBJUNTIVO
d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que-perfeito seja esteja tenha haja
do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro fato sejas estejas tenhas hajas
passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo subjuntivo: seja esteja tenha haja
Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui- sejamos estejamos tenhamos hajamos
lamente. sejais estejais tenhais hajais
e) Futuro sejam estejam tenham hajam
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já conclu- PRETÉRITO IMPERFEITO SIMPLES
ído em relação a outro fato futuro. fosse estivesse tivesse houvesse
Quando eu voltar, saberei o que fazer. fosses estivesses tivesses houvesses
fosse estivesse tivesse houvesse
fôssemos estivéssemos tivéssemos houvéssemos
VERBOS AUXILIARES
fôsseis estivésseis tivésseis houvésseis
INDICATIVO fossem estivessem tivessem houvessem
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
SER ESTAR TER HAVER tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ sido, esta-
PRESENTE do, tido, havido)
sou estou tenho hei PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
és estás tens hás tivesse, tivesses, tivesses, tivéssemos, tivésseis, tivessem ( +
é está tem há sido, estado, tido, havido)
somos estamos temos havemos FUTURO SIM-
sois estais tendes haveis PLES
são estão têm hão se eu for se eu estiver se eu tiver se eu houver
PRETÉRITO PERFEITO se tu fores se tu estive- se tu tiveres se tu houve-
era estava tinha havia res res
eras estavas tinhas havias se ele for se ele estiver se ele tiver se ele houver
era estava tinha havia se nós formos se nós esti- se nós tiver- se nós hou-
éramos estávamos tínhamos havíamos vermos mos vermos
éreis estáveis tínheis havíes se vós fordes se vós esti- se vós tiver- se vós hou-
eram estavam tinham haviam verdes des verdes
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES se eles forem se eles esti- se eles tive- se eles hou-
verem rem verem
fui estive tive houve
FUTURO COMPOSTO
foste estiveste tiveste houveste
tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+sido, estado,
foi esteve teve houve
tido, havido)
fomos estivemos tivemos houvemos
AFIRMATIVO IMPERATIVO
fostes estivestes tivestes houvestes
sê tu está tu tem tu há tu
foram estiveram tiveram houveram
seja você esteja você tenha você haja você
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
sejamos nós estejamos tenhamos hajamos nós
tenho sido tenho estado tenho tido tenho havido
nós nós

Língua Portuguesa 69
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
sede vós estai vós tende vós havei vós cantarão venderão partirão
sejam vocês estejam tenham hajam vocês FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
vocês vocês terei, terás, terá, teremos, tereis, terão (+ cantado, vendido,
NEGATIVO partido)
não sejas tu não estejas não tenhas tu não hajas tu Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver.
tu FUTURO DO PRETÉRITO SIMPLES
não seja você não esteja não tenha não haja cantaria venderia partiria
você você você cantarias venderias partirias
não sejamos não esteja- não tenha- não hajamos cantaria venderia partiria
nós mos nós mos nós nós cantaríamos venderíamos partiríamos
não sejais vós não estejais não tenhais não hajais cantaríeis venderíeis partiríeis
vós vós vós cantariam venderiam partiriam
não sejam vocês não estejam não tenham não hajam FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
vocês vocês vocês teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ cantado, vendido,
IMPESSOAL INFINITIVO partido)
ser estar ter haver FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
IMPESSOAL COMPOSTO teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam, (+ cantado, vendi-
Ter sido ter estado ter tido ter havido do, partido)
PESSOAL Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver.
ser estar ter haver PRESENTE SUBJUNTIVO
seres estares teres haveres cante venda parta
ser estar ter haver cantes vendas partas
sermos estarmos termos havermos cante venda parta
serdes estardes terdes haverdes cantemos vendamos partamos
serem estarem terem haverem canteis vendais partais
SIMPLES GERÚNDIO cantem vendam partam
sendo estando tendo havendo PRETÉRITO IMPER-
COMPOSTO FEITO
tendo sido tendo estado tendo tido tendo havido cantasse vendesse partisse
PARTICÍPIO cantasses vendesses partisses
sido estado tido havido cantasse vendesse partisse
cantássemos vendêssemos partíssemos
CONJUGAÇÕES VERBAIS cantásseis vendêsseis partísseis
cantassem vendessem partissem
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
INDICATIVO tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ cantado,
PRESENTE vendido, partido)
canto vendo parto Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver.
cantas vendes partes FUTURO SIMPLES
canta vende parte cantar vender partir
cantamos vendemos partimos cantares venderes partires
cantais vendeis partis cantar vender partir
cantam vendem partem cantarmos vendermos partimos
PRETÉRITO IMPERFEITO cantardes venderdes partirdes
cantava vendia partia cantarem venderem partirem
cantavas vendias partias FUTURO COMPOSTO
cantava vendia partia tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+ cantado, ven-
cantávamos vendíamos partíamos dido, partido)
cantáveis vendíeis partíeis AFIRMATIVO IMPERATIVO
cantavam vendiam partiam canta vende parte
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES cante venda parta
cantei vendi parti cantemos vendamos partamos
cantaste vendeste partiste cantai vendei parti
cantou vendeu partiu cantem vendam partam
cantamos vendemos partimos NEGATIVO
cantastes vendestes partistes não cantes não vendas não partas
cantaram venderam partiram não cante não venda não parta
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO não cantemos não vendamos não partamos
tenho, tens, tem, temos, tendes, têm (+ cantado, vendido, par- não canteis não vendais não partais
tido) não cantem não vendam não partam
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
cantara vendera partira
cantaras venderas partiras INFINITIVO IMPESSOAL SIMPLES
cantara vendera partira
cantáramos vendêramos partíramos PRESENTE
cantáreis vendêreis partíreis cantar vender partir
cantaram venderam partiram INFINITIVO PESSOAL SIMPLES - PRESENTE FLEXIONA-
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO DO
tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+ cantando, cantar vender partir
vendido, partido) cantares venderes partires
Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver. cantar vender partir
FUTURO DO PRESENTE SIMPLES cantarmos vendermos partirmos
cantarei venderei partirei cantardes venderdes partirdes
cantarás venderás partirás cantarem venderem partirem
cantará venderá partirá INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO IM-
cantaremos venderemos partiremos PESSOAL
cantareis vendereis partireis ter (ou haver), cantado, vendido, partido

Língua Portuguesa 70
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO PESSO- tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
AL tivesses cantado tivesses vendido tivesses partido
ter, teres, ter, termos, terdes, terem (+ cantado, vendido, parti- tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
do) tivéssemos cantado tivéssemos vendido tivéssemos partido
GERÚNDIO SIMPLES - PRESENTE tivésseis cantado tivésseis vendido tivésseis partido
cantando vendendo partindo tivessem cantado tivessem vendido tivessem partido
GERÚNDIO COMPOSTO - PRETÉRITO
tendo (ou havendo), cantado, vendido, partido 3) FUTURO COMPOSTO. Formado do FUTURO SIMPLES DO SUBJUN-
PARTICÍPIO TIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:
cantado vendido partido
tiver cantado tiver vendido tiver partido
tiveres cantado tiveres vendido tiveres partido
Formação dos tempos compostos tiver cantado tiver vendido tiver partido
tivermos cantado tivermos vendido tivermos partido
tiverdes cantado tiverdes vendido tiverdes partido
Com os verbos ter ou haver
tiverem cantado tiverem vendido tiverem partido
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Entre os tempos compostos da voz ativa merecem realce particular aque- FORMAS NOMINAIS
les que são constituídos de formas do verbo ter (ou, mais raramente, haver)
com o particípio do verbo que se quer conjugar, porque é costume incluí-los 1) INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO (PRETÉRITO IMPESSOAL).
Formado do INFINITIVO IMPESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
nos próprios paradigmas de conjugação:
PARTICÍPIO do verbo principal:

MODO INDICATIVO ter cantado ter vendido ter partido

1) PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO. Formado do PRESENTE DO 2) INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO (OU PRETÉRITO PESSOAL).
INDICATIVO do verbo ter com o PARTICÍPIO do verbo principal: Formado do INFINITIVO PESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
PARTICÍPIO do verbo principal:
tenho cantado tenho vendido tenho partido
tens cantado tens vendido tens partido ter cantado ter vendido ter partido
tem cantado tem vendido tem partido teres cantado teres vendido teres partido
temos cantado temos vendido temos partido ter cantado ter vendido ter partido
tendes cantado tendes vendido tendes partido termos cantado termos vendido termos partido
têm cantado têm vendido têm partido terdes cantado terdes vendido terdes partido
terem cantado terem vendido terem partido
2) PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO. Formado do IMPER-
FEITO DO INDICATIVO do verbo ter. (ou haver) com o PARTICÍPIO do 3) GERÚNDIO COMPOSTO (PRETÉRITO). Formado do GERÚNDIO do
verbo principal: verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:

tinha cantado tinha vendido tinha partido tendo cantado tendo vendido tendo partido
tinhas cantado tinhas vendido tinhas .partido
Fonte: Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e
tinha cantado tinha vendido tinha partido
Lindley Cintra, Editora Nova Fronteira, 2ª edição, 29ª impressão.
tínhamos cantado tínhamos vendido tínhamos partido
tínheis cantado tínheis vendido tínheis partido
tinham cantado tinham vendido tinham partido
VERBOS IRREGULARES
3) FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO. Formado do FUTURO DO
PRESENTE SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do DAR
verbo principal: Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
terei cantado terei vendido terei partido Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram
terás cantado terás vendido terás, partido Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem
terá cantado terá vendido terá partido Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem
teremos cantado teremos vendido teremos partido Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
tereis cantado tereis vendido tereis , partido
terão cantado terão vendido terão partido MOBILIAR
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobiliam
4) FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO. Formado do FUTURO DO Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem
PRETÉRITO SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem
verbo principal:
AGUAR
teria cantado teria vendido teria partido Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam
terias cantado terias vendido terias partido Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram
teria cantado teria vendido teria partido Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem
teríamos cantado teríamos vendido teríamos partido
teríeis cantado teríeis vendido teríeis partido MAGOAR
teriam cantado teriam vendido teriam partido Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes, magoa-
MODO SUBJUNTIVO
ram
1) PRETÉRITO PERFEITO. Formado do PRESENTE DO SUBJUNTIVO Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem
do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal: Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar

tenha cantado tenha vendido tenha APIEDAR-SE


tenhas cantado tenhas vendido tenhas partido Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apiedamo-nos, apiedais-
tenha cantado tenha vendido tenha partido vos, apiadam-se
tenhamos cantado tenhamos vendido tenhamos partido Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiedemo-nos, apiedei-
tenhais cantado tenhais vendido tenhais partido vos, apiedem-se
tenham cantado vendido tenham partido Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A

2) PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO. Formado do IMPERFEITO DO MOSCAR


SUBJUNTIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, moscais, muscam
principal: Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, mosqueis, mus-

Língua Portuguesa 71
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
quem
Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U PERDER
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
RESFOLEGAR Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais. percam
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, resfolegais, Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
resfolgam
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis, PODER
resfolguem Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem
Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam
NOMEAR Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam puderam
Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, nomeáveis, Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais, possam
nomeavam Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes, nomea- pudessem
ram Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem
Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem
Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem Gerúndio podendo
Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear Particípio podido
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no
COPIAR imperativo negativo
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram PROVER
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiá- Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem
reis, copiaram Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos, provê-
reis, proveram
ODIAR Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, prove-
Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, odiavam riam
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiáreis, Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais. provejam
odiaram Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis,
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem provessem
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
Gerúndio provendo
CABER Particípio provido
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam QUERER
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos, Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem
coubéreis, couberam Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram
Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quisé-
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, reis, quiseram
coubessem Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisésseis,
O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no quisessem
imperativo negativo Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem

CRER REQUERER
Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis. requerem
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste,
Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam requereram
Conjugam-se como crer, ler e descrer Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requereramos,
requerereis, requereram
DIZER Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, requerereis,
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem requererão
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, requere-
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis, ríeis, requereriam
disseram Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais,
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam requeiram
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos,
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, requerêsseis, requeressem,
dissesse Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes,
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem requerem
Particípio dito Gerúndio requerendo
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer Particípio requerido
O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
FAZER
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem REAVER
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram Presente do indicativo reavemos, reaveis
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouve-
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão ram
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis,
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam reouveram
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos, reou-
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, vésseis, reouvessem
fizessem Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes,
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem reouverem
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que esse apresen-

Língua Portuguesa 72
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
ta a letra v Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram
Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
SABER Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam Presente do subjuntivo não há
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos, Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem
soubéreis, souberam Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam Imperativo afirmativo fali (vós)
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis, Imperativo negativo não há
soubessem Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem Gerúndio falindo
Particípio falido
VALER
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem FERIR
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
TRAZER
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem MENTIR
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem
Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam
trouxéreis, trouxeram Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.
Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão
Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam FUGIR
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
trouxessem
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxe- IR
rem Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
Gerúndio trazendo Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Particípio trazido Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão
VER Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem Gerúndio indo
Particípio visto Particípio ido

ABOLIR OUVIR
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam
Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam
Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis, Particípio ouvido
aboliram
Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, abolirão PEDIR
Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis, aboliriam Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
Presente do subjuntivo não há Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram
Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolísseis, Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam
abolissem Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam
Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
Imperativo afirmativo abole, aboli
Imperativo negativo não há POLIR
Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem
Infinitivo impessoal abolir Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam
Gerúndio abolindo Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
Particípio abolido
O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do radical há E ou I. REMIR
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, redimem
AGREDIR Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, redimam
Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam RIR
Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substituído por I. Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
COBRIR Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram
Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão
Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam
Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
Particípio coberto Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
FALIR Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Presente do indicativo falimos, falis Gerúndio rindo
Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam Particípio rido

Língua Portuguesa 73
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Conjuga-se como rir: sorrir te, através, defronte, aonde, etc.
2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
VIR nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.
Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham
Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram 3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc.
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão 4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, dema-
Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam siado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tanto, bem,
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham mal, quase, apenas, etc.
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham 5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc.
Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem 6) NEGAÇÃO: não.
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto,
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Gerúndio vindo provavelmente, etc.
Particípio vindo
Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir Há Muitas Locuções Adverbiais
1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à entra-
SUMIR da, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem 2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à noite,
Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por fim, de
Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, cuspir
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de bom
grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência, em ge-
Verbo ''haver'' e suas diferentes construções ral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a olhos vis-
Por Thaís Nicoleti
tos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui-
“Haverão mudanças, mas creio que serão pequenas.”
na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc.
O verbo “haver”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso quer
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito.
6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
A confusão é frequente não só na hora de escrever mas também na hora
etc.
de falar. Muita gente faz a flexão do verbo, como se seu objeto direto fosse
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
seu sujeito. É possível que a origem do erro esteja na analogia com os
verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito – e, portanto, as flexões de
Advérbios Interrogativos
número e pessoa – e costumam antepor-se a ele. Assim:
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Ocorrerão mudanças.
Existirão mudanças.
Palavras Denotativas
Com o verbo “haver”, a história é outra:
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios, te-
Haverá mudanças.
rão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão,
É importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento
situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc.
dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:
1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc.
Deverão ocorrer mudanças.
2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc.
Deverão existir mudanças.
3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc.
Deverá haver mudanças.
4) DE DESIGNAÇÃO - eis.
Não se pode, no entanto, dizer que o verbo “haver” nunca vai para o plural,
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.
pois isso não é verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo auxiliar
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc.
(sinônimo de “ter” nos tempos compostos), situação em que pode ir para o
Você lá sabe o que está dizendo, homem...
plural. Assim:
Mas que olhos lindos!
Eles haviam chegado cedo.
Veja só que maravilha!
Eles tinham chegado cedo.
Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”:
Houveram do juiz a comutação da pena. NUMERAL
Como sinônimo de “considerar”, também tem sujeito:
Nós o havemos por honesto. Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
O mesmo comportamento se observa quando empregado na acepção de
“comportar-se”: O numeral classifica-se em:
Eles se houveram com elegância diante das críticas. - cardinal - quando indica quantidade.
O plural também pode aparecer quando usado com o sentido de “lidar”. - ordinal - quando indica ordem.
Assim: - multiplicativo - quando indica multiplicação.
Os alunos houveram-se muito bem nos exames. - fracionário - quando indica fracionamento.
Fique claro, portanto, que é no sentido de “existir” e de “ocorrer”, bem como
na indicação de tempo decorrido (Há dois anos...), que o verbo “haver” Exemplos:
permanece invariável. Assim: Silvia comprou dois livros.
Haverá mudanças, mas creio que serão pequenas. Antônio marcou o primeiro gol.
Educaçãouol
Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
O galinheiro ocupava um quarto da quintal.
ADVÉRBIO

Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad-


vérbio, exprimindo uma circunstância. QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS
Os advérbios dividem-se em:
1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures, Algarismos Numerais
nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde, avan- Roma- Arábi- Cardinais Ordinais Multiplica- Fracionários

Língua Portuguesa 74
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
nos cos tivos Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
I 1 um primeiro simples -
II 2 dois segundo duplo meio Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
dobro XX Salão do Automóvel (vigésimo)
III 3 três terceiro tríplice terço VI Festival da Canção (sexto)
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto lV Bienal do Livro (quarta)
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo emprego do ordinal.
Hoje é primeiro de setembro
IX 9 nove nono nônuplo nono
Não é aconselhável iniciar período com algarismos
X 10 dez décimo décuplo décimo
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
XI 11 onze décimo onze avos
primeiro A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos ordi-
XII 12 doze décimo doze avos nais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e dois
segundo (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam nesse
XIII 13 treze décimo treze avos caso porque está subentendida a palavra número. Casa número vinte e um,
terceiro página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever também: a
XIV 14 quatorze décimo quatorze folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, vemos o
quarto avos numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
XV 15 quinze décimo quinze avos
quinto
XVI 16 dezesseis décimo dezesseis ARTIGO
sexto avos
XVII 17 dezessete décimo dezessete Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná-
sétimo avos los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
XVIII 18 dezoito décimo dezoito avos
oitavo Dividem-se em
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove • definidos: O, A, OS, AS
avos • indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
XX 20 vinte vigésimo vinte avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado).
XL 40 quarenta quadragé- quarenta
simo avos Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
L 50 cinquenta quinquagé- cinquenta geral.
simo avos Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde-
LX 60 sessenta sexagésimo sessenta terminado).
avos
LXX 70 setenta septuagési- setenta avos lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido.
mo
LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos CONJUNÇÃO
XC 90 noventa nonagésimo noventa
avos
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
C 100 cem centésimo centésimo
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo Coniunções Coordenativas
CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo 1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen- 2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
tos tésimo tésimo senão, no entanto, etc.
D 500 quinhen- quingenté- quingenté- 3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer,
tos simo simo etc.
DC 600 seiscentos sexcentési- sexcentési- 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por
mo mo consequência.
DCC 700 setecen- septingenté- septingenté- 5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque,
tos simo simo pois, etc.
DCCC 800 oitocentos octingenté- octingenté-
simo simo Conjunções Subordinativas
CM 900 novecen- nongentési- nongentési- 1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc.
tos mo mo 2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
M 1000 mil milésimo milésimo 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, etc.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
Emprego do Numeral 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que,
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc. etc.
empregam-se de 1 a 10 os ordinais. 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro) 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Luis X (décimo) ano I (primeiro) 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que, de
Pio lX (nono) século lV (quarto) forma que, de modo que, etc.
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto mais,
De 11 em diante, empregam-se os cardinais: etc.
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze) 10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)

Língua Portuguesa 75
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES (Jorge Amado)

Conjunções subordinativas
Examinemos estes exemplos: As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma à
1º) Tristeza e alegria não moram juntas. outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações que
2º) Os livros ensinam e divertem. traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição ou
3º) Saímos de casa quando amanhecia. hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo).
Abrangem as seguintes classes:
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: é 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já
uma conjunção. que, uma vez que, desde que.
O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa:
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligando efeito).
orações: são também conjunções. Como estivesse de luto, não nos recebeu.
Desde que é impossível, não insistirei.
Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como, (tão
mesma oração. ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, (tanto)
quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o mesmo que
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma dependa (= como).
da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
conjunção E é coordenativa. O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa.
"Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias."
No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à (Paulo Mendes Campos)
outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção "Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
QUANDO é subordinativa. (Antônio Olavo Pereira)
"E pia tal a qual a caça procurada."
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas. (Amadeu de Queirós)
"Por que ficou me olhando assim feito boba?"
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS (Carlos Drummond de Andrade)
As conjunções coordenativas podem ser: Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
também, mas ainda, senão também, como também, bem como. Os governantes realizam menos do que prometem.
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
Não aprovo nem permitirei essas coisas. quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
Os livros não só instruem mas também divertem. menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polinizam (= embora não).
as flores. Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com- A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.
pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao Beba, nem que seja um pouco.
passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, ape- Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
sar disso, em todo caso. Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. afirmações.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite.
A culpa não a atribuo a vós, senão a ele. 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula. (= se não), a não ser que, a menos que, dado que.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado. Ficaremos sentidos, se você não vier.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais. Comprarei o quadro, desde que não seja caro.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico. Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo.
Hoje não atendo, em todo caso, entre. "Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou, que os mosquitos se opusessem."
ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc. (Ferreira de Castro)
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos. 5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas não
Ou você estuda ou arruma um emprego. são como (ou conforme) dizem.
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. "Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando. (Machado de Assis)
"Já chora, já se ri, já se enfurece." 6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto,
(Luís de Camões) tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por con- forma que, de maneira que, sem que, que (não).
seguinte, pois (posposto ao verbo), por isso. Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
As árvores balançam, logo está ventando. Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.
Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável. Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí.
O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te. Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam.
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que, por- Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar.
que, porquanto, pois (anteposto ao verbo). 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem Afastou-se depressa para que não o víssemos.
causar incêndios. Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas. Fiz-lhe sinal que se calasse.
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adversa- mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (tan-
tivo: to mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam. À medida que se vive, mais se aprende.
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde." À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve.

Língua Portuguesa 76
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo. Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois ter-
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados. mos de uma oração. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o
segundo, um subordinado ou consequente.
Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida Exemplos:
que e na medida em que. A forma correta é à medida que: Chegaram a Porto Alegre.
"À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem." Discorda de você.
(Maria José de Queirós) Fui até a esquina.
Casa de Paulo.
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que, Preposições Essenciais e Acidentais
etc. As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CONTRA,
Venha quando você quiser. DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, SOBRE e
Não fale enquanto come. ATRÁS.
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras. Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a ou-
Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia. tras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais: afora,
"Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval- conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante, salvo,
cânti) segundo, senão, tirante, visto, etc.
10) Integrantes: que, se.
Sabemos que a vida é breve. INTERJEIÇÃO
Veja se falta alguma coisa.

Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem


Observação:
ser:
Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o
- alegria: ahl oh! oba! eh!
chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB,
- animação: coragem! avante! eia!
porém, não consigna esta espécie de conjunção.
- admiração: puxa! ih! oh! nossa!
- aplauso: bravo! viva! bis!
Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem que,
- desejo: tomara! oxalá!
por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que, etc.
- dor: aí! ui!
- silêncio: psiu! silêncio!
Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo, por-
- suspensão: alto! basta!
tanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no contex-
to. Assim, a conjunção que pode ser:
LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo
1) Aditiva (= e):
valor de uma interjeição.
Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai.
Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam!
A nós que não a eles, compete fazê-lo.
Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim!
2) Explicativa (= pois, porque):
Apressemo-nos, que chove.
3) Integrante: SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Diga-lhe que não irei.
4) Consecutiva: FRASE
Tanto se esforçou que conseguiu vencer. Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo.
Não vão a uma festa que não voltem cansados. O tempo está nublado.
Onde estavas, que não te vi? Socorro!
5) Comparativa (= do que, como): Que calor!
A luz é mais veloz que o som.
Ficou vermelho que nem brasa. ORAÇÃO
6) Concessiva (= embora, ainda que): Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal.
Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo. A fanfarra desfilou na avenida.
Beba, um pouco que seja. As festas juninas estão chegando.
7) Temporal (= depois que, logo que):
Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel. PERÍODO
8) Final (= pare que):
Período é a frase estruturada em oração ou orações.
Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
O período pode ser:
9) Causal (= porque, visto que):
• simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta).
"Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vivaldo
Fui à livraria ontem.
Coaraci)
• composto - quando constituído por mais de uma oração.
A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
Fui à livraria ontem e comprei um livro.
1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe-
disse. (sem que = embora não)
2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito. TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
(sem que = se não,caso não) São dois os termos essenciais da oração:
3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados.
(sem que = que não) SUJEITO
4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não) Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz alguma coisa.

Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações. Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = bandeirantes)

PREPOSIÇÃO O sujeito pode ser :


- simples: quando tem um só núcleo
As rosas têm espinhos. (sujeito: as rosas;

Língua Portuguesa 77
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
núcleo: rosas) O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
- composto: quando tem mais de um núcleo Nós agíamos favoravelmente às discussões. - FAVORAVELMENTE
O burro e o cavalo saíram em disparada. (advérbio).
(suj: o burro e o cavalo; núcleo burro, cavalo)
- oculto: ou elíptico ou implícito na desinência verbal 4. AGENTE DA PASSIVA
Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu) Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo na
- indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal voz passiva.
Come-se bem naquele restaurante. A mãe é amada PELO FILHO.
- Inexistente: quando a oração não tem sujeito O cantor foi aplaudido PELA MULTIDÃO.
Choveu ontem. Os melhores alunos foram premiados PELA DIREÇÃO.
Há plantas venenosas.
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
PREDICADO
TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na oração uma
Predicado é o termo da oração que declara alguma coisa do sujeito.
função secundária, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo
O predicado classifica-se em:
alguma circunstância.
1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação mais predicativo
do sujeito.
São termos acessórios da oração:
Nosso colega está doente.
Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER,
1. ADJUNTO ADNOMINAL
Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou determina os
PERMANECER, etc.
substantivos. Pode ser expresso:
Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de ligação a
• pelos adjetivos: água fresca,
comunicar estado ou qualidade do sujeito.
• pelos artigos: o mundo, as ruas
Nosso colega está doente.
• pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas
A moça permaneceu sentada.
• pelos numerais : três garotos; sexto ano
2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo intransitivo ou
• pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem escrúpulos
transitivo.
O avião sobrevoou a praia.
Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento. 2. ADJUNTO ADVERBIAL
O sabiá voou alto. Adjunto adverbial é o termo que exprime uma circunstância (de tempo,
Verbo transitivo é aquele que necessita de complemento. lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
• Transitivo direto: é o verbo que necessita de complemento sem auxílio Cheguei cedo.
de proposição. José reside em São Paulo.
Minha equipe venceu a partida.
• Transitivo indireto: é o verbo que necessita de complemento com 3. APOSTO
auxílio de preposição. Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece,
Ele precisa de um esparadrapo. desenvolve ou resume outro termo da oração.
• Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que necessita ao Dr. João, cirurgião-dentista,
mesmo tempo de complemento sem auxílio de preposição e de com- Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
plemento com auxilio de preposição. O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Damos uma simples colaboração a vocês. 4. VOCATIVO
3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de verbo Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou
intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais interpelar alguém ou alguma coisa.
predicativo do sujeito. Tem compaixão de nós, ó Cristo.
Os rapazes voltaram vitoriosos. Professor, o sinal tocou.
• Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado verbo-nominal, Rapazes, a prova é na próxima semana.
ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Ele morreu rico. PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES
• Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado verbo-nominal,
ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta.
direto ou indireto. Fui ao cinema.
Elegemos o nosso candidato vereador. O pássaro voou.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Chama-se termos integrantes da oração os que completam a PERÍODO COMPOSTO
significação transitiva dos verbos e dos nomes. São indispensáveis à No período composto há mais de uma oração.
compreensão do enunciado. (Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens
folgam.)
1. OBJETO DIRETO
Objeto direto é o termo da oração que completa o sentido do verbo Período composto por coordenação
transitivo direto. Ex.: Mamãe comprou PEIXE. Apresenta orações independentes.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.)
2. OBJETO INDIRETO
Objeto indireto é o termo da oração que completa o sentido do verbo Período composto por subordinação
transitivo indireto. Apresenta orações dependentes.
As crianças precisam de CARINHO. (É bom) (que você estude.)

3. COMPLEMENTO NOMINAL Período composto por coordenação e subordinação


Complemento nominal é o termo da oração que completa o sentido de Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este
um nome com auxílio de preposição. Esse nome pode ser representado por período é também conhecido como misto.
um substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio. (Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.)
Toda criança tem amor aos pais. - AMOR (substantivo)
ORAÇÃO COORDENADA
Língua Portuguesa 78
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Oração coordenada é aquela que é independente. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA
Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função
As orações coordenadas podem ser: de um substantivo.
- Sindética: Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas
Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção substantivas classificam-se em:
coordenativa.
Viajo amanhã, mas volto logo. 1) SUBJETIVA (sujeito)
- Assindética: Convém que você estude mais.
Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou Importa que saibas isso bem. .
ponto e vírgula. É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é necessária.
Chegou, olhou, partiu.
A oração coordenada sindética pode ser: 2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto)
Desejo QUE VENHAM TODOS.
1. ADITIVA: Pergunto QUEM ESTÁ AI.
Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem = e não), mas,
também: 3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto)
Ele falava E EU FICAVA OUVINDO. Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS.
Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM. Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE.
A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ. Daremos o prêmio A QUEM O MERECER.

2. ADVERSATIVA: 4) COMPLETIVA NOMINAL


Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de contraste Complemento nominal.
(mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto, etc). Ser grato A QUEM TE ENSINA.
A espada vence MAS NÃO CONVENCE. Sou favorável A QUE O PRENDAM.
O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO. 5) PREDICATIVA (predicativo)
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA)
3. ALTERNATIVAS: Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a outra Não sou QUEM VOCÊ PENSA.
(ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
Mudou o natal OU MUDEI EU? 6) APOSITIVAS (servem de aposto)
“OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE)
OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME.
(C. Meireles)

4. CONCLUSIVAS: 7) AGENTE DA PASSIVA


Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS, O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR)
PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE, A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM.
etc).
Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ. Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de
um adjetivo.
5. EXPLICATIVAS: Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas:
Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro que
a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.) 1) EXPLICATIVAS:
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR. Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente,
Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS. atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe uma
informação.
ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará.
É aquela que vem entre os termos de uma outra oração. Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria.
O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
2) RESTRITIVAS:
A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos: Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo
CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc. indispensáveis ao sentido da frase:
Pedra QUE ROLA não cria limo.
ORAÇÃO PRINCIPAL As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui.
Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida
por um conectivo.
ELES DISSERAM que voltarão logo. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
ELE AFIRMOU que não virá. Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de
PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma) um advérbio.

As orações subordinadas adverbiais classificam-se em:


ORAÇÃO SUBORDINADA
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão:
Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE.
introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal
O tambor soa PORQUE É OCO.
nem sempre é a primeira do período.
Quando ele voltar, eu saio de férias.
2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma
Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
comparação.
Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR
O som é menos veloz QUE A LUZ.
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA.

Língua Portuguesa 79
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
que associada aos clássicos processos de subordinação e coordena-
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se admite: ção, funcionando apenas como uma característica secundária. Entre
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram. esses autores estão Camara Jr. (1981), Bechara (1999), Luft (2000) e
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado. Kury (2003). Nossa proposta visa, portanto, a investigar essas postu-
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava. ras divergentes e traçar uma proposta de tratamento mais uniforme
para o assunto.
4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:
SE O CONHECESSES, não o condenarias.
Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
(Quanto ao estudo da correlação), faço-o agora o mais completo que
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato posso. Outros, futuramente, com mais lazer, alargarão as pesquisas,
com outro: pois, neste assunto, deparam-nos os autores, floresta inexplorada.
Fiz tudo COMO ME DISSERAM. (Oiticica, 1952:02)
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado:
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA! É marcante, em nossos compêndios, a polêmica quanto à existên-
Tenho medo disso QUE ME PÉLO! cia e à caracterização da correlação, entendida como processo sintático
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto: distinto da coordenação e da subordinação. A maioria dos gramáticos
Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE. tradicionais, por influência da Nomenclatura Gramatical Brasileira, não
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR. incluiu em suas obras a correlação, apesar de esta apresentar especificida-
des bem particulares em relação aos processos mais canônicos de estrutu-
8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade: ração sintática.
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo. A despeito de a NGB preconizar apenas a existência dos proces-
sos sintáticos de subordinação e coordenação, no âmbito do chamado
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso na período composto, houve vozes e opiniões dissonantes ao longo do percur-
oração principal: so de sua normatização. Chediak (1960: 74), consultado acerca do assun-
ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam. to, na época da elaboração da NGB, afirmou: “É lamentável que o Antepro-
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam. jeto tenha excluído a correlação e a justaposição como processos de com-
posição de período”.
10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE. Ainda durante o período de consultas para a elaboração da NGB,
Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE. Chediak (1960: 213) nos informa que o Departamento de Letras da Univer-
sidade do Rio Grande do Sul, em 1958, também requereu a inclusão deste
ORAÇÕES REDUZIDAS processo de estruturação sintática como distinto da subordinação e da
Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas nominais: coordenação.
gerúndio, infinitivo e particípio.

Exemplos: Camara Jr. (1981: 87) assevera que a correlação “é uma constru-
• Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO. ção sintática de duas partes relacionadas entre si, de tal sorte que a enun-
• Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ. ciação de uma, dita prótase, prepara a enunciação de outra, dita apódose”.
• FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM, A explicitação teórica do autor admite que a correlação apresenta um
conseguirás. arranjamento sintático particular, mas assume posição dissonante da de
• É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS Chediak (1960) ao defender que a correlação não deve ser considerada
ATENTOS. como um processo de estruturação sintático distinto, pois ela se estabelece
• AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO, tanto por meio da coordenação como por meio da subordinação. Concor-
entristeceu-se. dam com Camara Jr. (1981) vários teóricos como Bechara (1999), Luft
• É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante QUE ESTUDES (2000) e Kury (2003).
MAIS.
• SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure- Carone (2003: 62), à maneira de Camara Jr. (1981), também prefe-
me. re considerar as correlativas, bem como as justapostas, como variantes dos
processos de subordinação e coordenação, entretanto, não presta maiores
esclarecimentos que sustentem a opção teórica tomada. Vejamos:
TEORIA DA CORRELAÇÃO REVISITADA As relações estabelecidas entre orações podem apresen-
tar, por vezes, características de realização que as distinguem
Ivo da Costa do Rosário (UERJ, UFF e UFRJ) do usual, o que tem levado alguns gramáticos a ver nisso ou-
tros tantos procedimentos sintáticos. Trata-se da correlação e
da justaposição, variantes formais dos (...) processos (de su-
bordinação e de coordenação).

RESUMO
Azeredo (1979), em concordância com Luft (2000), tam-
bém opta por defender a correlação como um subtipo ora da
Pelo menos desde o século passado, verificamos que alguns subordinação ora da coordenação, funcionando como um verda-
autores propõem a existência de não apenas dois processos de estru- deiro recurso expressivo de ênfase.
turação sintática, mas três. Entre eles, podemos destacar Oiticica Poucos gramáticos brasileiros, entre os quais José Oiticica, têm
(1952), que desenvolveu a clássica teoria da correlação. Outros auto- identificado na correlação e na justaposição processos de estrutu-
res filiaram-se à proposta do autor, tais como Melo (1978) e mais ração sintática distintos da subordinação e da coordenação. A
recentemente Rodrigues (2007). Por outro lado, buscando um viés maioria entende que aqueles processos servem apenas para
diverso, alguns teóricos admitem a existência da correlação, desde materializar certas relações fundamentalmente coordenativas ou
subordinativas. (grifos do autor)

Língua Portuguesa 80
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Oiticica (1952), citado por Azeredo (1979), defende a fundado nas dicotomias saussurianas. Filiado ao estruturalismo
ideia de que as orações consecutivas e comparativas devem ser linguístico, Camara Jr. (1981) teria optado por defender opinião
consideradas correlatas, diferentemente do que preceitua a tradi- diversa da de Oiticica (1952) por ser fiel à disposição binária dos
ção gramatical brasileira que as considera como subordinadas conceitos de Saussure, para quem a existência de um terceiro
adverbiais. conceito na esfera da descrição linguística aniquilaria a opção
teórica pelas dicotomias.
O estudo do autor, contido na célebre Teoria da Correla-
ção (1952), advoga a existência da correlação como um meca- Rodrigues (2007: 232-233) também advoga a existência
nismo de estruturação sintática ou procedimento sintático em da correlação como um processo que se distingue dos demais,
que uma sentença estabelece uma relação de interdependência por conta das seguintes características:
com a outra no nível estrutural. Assim, a distinção entre a corre-
lação e os outros processos de estruturação poderia ser atestada 1º - a correlação apresenta conjunções que vêm aos pa-
por meio do critério da dependência sintática. Teríamos, então, res, cada elemento do par em uma oração;
três processos: 2º - no período composto por correlação, as orações não
podem ter sua ordem invertida, isto é, não apresentam a
a) Subordinação mobilidade posicional típica das subordinadas adverbiais;

3º - as correlatas não podem ser consideradas parte


– processo de hierarquização de estruturas em que as orações constituinte de outra, como ocorre com as substantivas,
são sintaticamente dependentes. (cf. Rodrigues, 2007: 227); as adverbiais e as adjetivas.

b) Coordenação Vejamos um pequeno exemplário oferecido por Rodri-


gues, seguido de uma proposta de classificação, oferecida pela
autora (2007):
– processo em que as orações são sintaticamen-
te independentes uma das outras, caracterizando-se pelo fato (01) Hoje eu trabalho mais do que trabalhava. (Rodri-
de implicarem paralelismo de funções ou valores sintáticos idên- gues, 2001:57) → Correlação comparativa.
ticos. (cf. Rodrigues, 2007: 227);
(02) Quanto mais o conheço, tanto mais o admiro. (Cu-
nha & Cintra, 2001:593) → Correlação proporcional.
c) Correlação
(03) Trabalhou tanto que adoeceu. (Luft, 2000:61)
→ Correlação consecutiva.
– processo em que “duas orações são formalmen-
te interdependentes, relação materializada por meio de ex- (04) Não só trabalha de dia, senão que estuda à noite.
pressões correlatas”. (cf. Rodrigues, 2007: 231) (Rocha Lima, 1999:261) → Correlação aditiva.

(05) Você ou estuda ou trabalha, as duas coisas serão


Melo (1978: 152) também considera a correlação como muito difíceis. (Castilho, 2004:143) → Correlação alter-
um terceiro processo de estruturação sintática, distinto da subor- nativa.
dinação e da coordenação. Vejamos:
(A correlação) é um processo sintático irredutível a qualquer dos
outros dois (subordinação ou coordenação), um processo mais
complexo, em que há, de certo modo, interdependência. Nele,
ESTUDOS ATUAIS ACERCA DO ASSUNTO
dá-se a intensificação de um dos membros da frase, ou de toda a
frase, intensificação que pede um termo.
A defesa da existência da correlação como um processo
distinto dos demais parece estar novamente recuperando espaço
O autor (1978: 152) amplia o escopo da correlação que,
nos debates acadêmicos, haja vista as contribuições de pesquisa-
segundo ele, abarca além das consecutivas e comparativas,
dores como Módolo (1999), Castilho (2004) e Rodrigues (2007).
também as equiparativas[1] e alternativas. O autor acrescenta
que, na linguagem oral, a intensificação normalmente expressa
por um advérbio de intensidade (primeira parte da correlação) Entretanto, a questão ainda está por ser pesquisada com
seria foneticamente realizada por um esforço e alongamento maior profundidade, haja vista os estudos já realizados à nossa
acentuadamente maiores no produzir a tônica, como em: Chovia, disposição terem sido publicados na forma de artigos, o que
que era um desespero! irremediavelmente conduz o pesquisador à necessidade de uma
abordagem bastante sintética para o assunto.
Castilho (2004: 143) também filia-se às ideias de Oiticica
(1952). Na correlação, segundo o autor, a cada elemento gra- Segundo Módolo (1999: 06), Oiticica (1952) propôs uma
matical na primeira oração corresponde outro elemento gramati- perspectiva funcional da teoria da correlação. Por ter sido publi-
cal na segunda, sem o quê o arranjo sintático seria inaceitável. cado na década de 50 do século passado, Módolo (1999) advoga
Segundo o autor, há quatro tipos de correlação: aditiva, alterna- o título de funcionalista avant la lettre para Oiticica, por ter sido
tiva, consecutiva e comparativa. As duas primeiras, nas obras ele o precursor dos estudos funcionalistas nessa área da sintaxe,
tradicionais, geralmente são diluídas na coordenação e as duas antes mesmo de tais estudos terem florescido no campo da in-
últimas, na subordinação, o que não seria adequado devido às vestigação linguística.
suas particularidades.
De fato, um dos pilares do funcionalismo linguístico é a
Com o autor concorda Módolo (1999), para quem a corre- preponderância da função sobre a forma, ou seja, esta estaria a
lação é um serviço daquela. Assim, diante da necessidade de maior expressi-
vidade ou de um tipo de argumentação mais formal ou enfática,
...tipo de conexão sintática de uso relativamente nos termos de Luft (2000), houve a necessidade de criação de
frequente, particularmente útil para emprestar vigor a um arranjo sintático formal diferente dos já tradicionais esque-
um raciocínio, aparecendo principalmente nos textos mas subordinativos ou coordenativos. Vejamos:
apologéticos e enfáticos, que se destacam mais por
expressarem opiniões, defenderem posições, angaria- (06) João é rico e feliz.
rem apoio, do que por informarem com objetividade
os acontecimentos. (07) João não só é rico como também é feliz.

Segundo análise de Módolo (1999), a tendência a negar a Os exemplos (06) e (07), semanticamente similares,
existência da correlação em um nível paralelo à subordinação e à apresentam arranjos sintáticos diferentes e atendem a necessi-
coordenação advém da herança do paradigma estruturalista, dades comunicacionais e pragmáticas distintas. No exemplo (06),

Língua Portuguesa 81
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
a conjunção coordenativa aditiva e simplesmente reúne dois Vocês falaram alto demais.
termos coordenados entre si, que funcionam como predicativos O combustível custava barato.
do sujeito. Por outro lado, no exemplo (07), não podemos afir- Você leu confuso.
mar que há uma simples união de predicativos referentes ao
sujeito. De certa forma, há uma ideia de gradação enfática cres-
Ela jura falso.
cente do primeiro termo predicativo ao segundo, enunciados na
superfície da sentença. 16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjetivos,
sofrem variação normalmente.
Esses pneus custam caro.
Percebemos que os argumentos em defesa da correlação
como um terceiro processo de estruturação sintática são bastante Conversei bastante com eles.
contundentes. Entretanto, a maioria dos gramáticos prefere não Conversei com bastantes pessoas.
considerá-la como um processo distinto dos demais, provavel- Estas crianças moram longe.
mente por influência da tradição normativista. Assim, a investi- Conheci longes terras.
gação da questão apresenta-se como altamente relevante para
nossos estudos vernáculos.
CONCORDÂNCIA VERBAL
CASOS GERAIS
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
O menino chegou. Os meninos chegaram.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL 2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular.
Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinante O pessoal ainda não chegou.
se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões. A turma não gostou disso.
Um bando de pássaros pousou na árvore.
Principais Casos de Concordância Nominal 3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá ao
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural.
gênero e número com o substantivo. Os Estados Unidos são um grande país.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico. Os Lusíadas imortalizaram Camões.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão Os Alpes vivem cobertos de neve.
normalmente para o plural. Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular.
Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio. Flores já não leva acento.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai O Amazonas deságua no Atlântico.
para o masculino plural. Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios. 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indiferen-
próximo: temente.
Trouxe livros e revista especializada. A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios.
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próxi- A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
mo. 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. sujeito paciente.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o Vende-se um apartamento.
sujeito. Vendem-se alguns apartamentos.
Meus amigos estão atrapalhados. 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predica- verbo para a 3ª pessoa do singular.
tivo no gênero da pessoa a quem se refere. Precisa-se de funcionários.
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. 7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha no
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo singular e o verbo no singular ou no plural.
vão para o singular ou para o plural. Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros). 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
precedido de artigo e o segundo não vão para o plural. 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
Já estudei o primeiro e segundo livros. Mais de um jurado fez justiça à minha música.
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a no singular.
que se referem. As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
Ela mesma veio até aqui. 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
Eles chegaram sós. sujeito.
Eles próprios escreveram. Deu uma hora.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. Deram três horas.
Muito obrigado. (masculino singular) Bateram cinco horas.
Muito obrigada. (feminino singular). Naquele relógio já soaram duas horas.
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e fica 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
invariável quando é advérbio. frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
Quero meio quilo de café. Ela é que faz as bolas.
Minha mãe está meio exausta. Eu é que escrevo os programas.
É meio-dia e meia. (hora) 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o substan- um pronome relativo.
tivo a que se referem. Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. Fui eu que fiz a lição
A expressão em anexo é invariável. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possí-
Trouxe em anexo estas fotos. veis.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substitu- • que: Fui eu que fiz a lição.
em advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. • quem: Fui eu quem fez a lição.

Língua Portuguesa 82
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• o que: Fui eu o que fez a lição. • pretender (transitivo indireto)
No sítio, aspiro o ar puro da montanha.
14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na Nossa equipe aspira ao troféu de campeã.
terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem a 2. OBEDECER - transitivo indireto
este sua impessoalidade. Devemos obedecer aos sinais de trânsito.
Chove a cântaros. Ventou muito ontem. 3. PAGAR - transitivo direto e indireto
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões. Já paguei um jantar a você.
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.
CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER Já perdoei aos meus inimigos as ofensas.
5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Prefiro Comunicação à Matemática.
1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e PA-
6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
RECER concordam com o predicativo.
Informei-lhe o problema.
Tudo são esperanças.
Aquilo parecem ilusões.
7. ASSISTIR - morar, residir:
Aquilo é ilusão.
Assisto em Porto Alegre.
• amparar, socorrer, objeto direto
2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER con-
O médico assistiu o doente.
corda sempre com o nome ou pronome que vier depois.
• PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
Que são florestas equatoriais?
Assistimos a um belo espetáculo.
Quem eram aqueles homens?
• SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
Assiste-lhe o direito.
3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará com
a expressão numérica.
8. ATENDER - dar atenção
São oito horas.
Atendi ao pedido do aluno.
Hoje são 19 de setembro.
• CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
Atenderam o freguês com simpatia.
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
fica no singular.
A moça queria um vestido novo.
Três batalhões é muito pouco.
• GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro.
O professor queria muito a seus alunos.
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular.
10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
Maria era as flores da casa.
Todos visamos a um futuro melhor.
O homem é cinzas.
• APONTAR, MIRAR - objeto direto
O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER
• pör o sinal de visto - objeto direto
concorda com o predicativo.
O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
Dançar e cantar é a sua atividade.
Estudar e trabalhar são as minhas atividades.
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
Devemos obedecer aos superiores.
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER
Desobedeceram às leis do trânsito.
concorda com o pronome.
A ciência, mestres, sois vós.
12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
Em minha turma, o líder sou eu.
• exigem na sua regência a preposição EM
O armazém está situado na Farrapos.
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo,
Ele estabeleceu-se na Avenida São João.
apenas um deles deve ser flexionado.
Os meninos parecem gostar dos brinquedos.
13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos.
Essas tuas justificativas não procedem.
• no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL com a preposição DE.
Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- • no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
calmente do outro. O secretário procedeu à leitura da carta.

A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos e 14. ESQUECER E LEMBRAR
adjetivos). • quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
Esqueci o nome desta aluna.
Exemplos: Lembrei o recado, assim que o vi.
• quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM Esqueceram-se da reunião de hoje.
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR Lembrei-me da sua fisionomia.
PARA = passagem
15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
• perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
A regência verbal trata dos complementos do verbo. • pagar - Pago o 13° aos professores.
• dar - Daremos esmolas ao pobre.
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA • emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto) • ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.

Língua Portuguesa 83
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• agradecer - Agradeço as graças a Deus.
• pedir - Pedi um favor ao colega. Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o
emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto: ou para dilatar a conversa.
O amor implica renúncia. Quando estamos em um diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso recep-
• no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposição tor “Está entendendo?”, estamos utilizando este tipo de função ou quando
COM: atendemos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
O professor implicava com os alunos
• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a preposi- Função poética: O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos
ção EM: através de textos que podem ser enfatizados por meio das formas das
Implicou-se na briga e saiu ferido palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de
combinações dos signos linguísticos. É presente em textos literários, publi-
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição A: citários e em letras de música.
Ele foi a São Paulo para resolver negócios.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA: Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso.
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo Paes faz uma
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro,
como sujeito: de acordo com o poeta.
O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª Por Sabrina Vilarinho
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente di-
ficuldade, será objeto indireto.
Custou-me confiar nele novamente. EMPREGO DO QUE E DO SE
Custar-te-á aceitá-la como nora.

Funções da Linguagem A palavra que em português pode ser:


Função referencial ou denotativa: transmite uma informação objetiva,
expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, nem Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa.
avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular
ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de exclamação. Usa-se
não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta. também a variação o quê! A palavra que não exerce função sintática
Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, quando funciona como interjeição.
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais.
Quê! Você ainda não está pronto?
Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. O O quê! Quem sumiu?
Popular, 16 out. 2008.
Substantivo: equivale a alguma coisa.
Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é transmitir suas
emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de vista do
emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro determinante, e
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, receberá acento por ser monossílabo tônico terminado em e. Como subs-
interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois tantivo, designa também a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra
transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação emotiva. que for substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa classe
Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, etc.)
romântico.
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função de núcleo do objeto
Por exemplo: “Porém meus olhos não perguntam nada./ O homem atrás do direto)
bigode é sério, simples e forte./Quase não conversa./Tem poucos, raros
amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.” (Poema de sete faces, Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal em que o auxiliar é o
Carlos Drummond de Andrade) verbo ter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não exerce função
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar, convencer o sintática.
receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos),
sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam Tenho que sair agora.
estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa Ele tem que dar o dinheiro hoje.
(Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de
função é muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase, sem prejuízo
autoridade. algum para o sentido.

Por exemplo: Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos! Nesse caso, a palavra que não exerce função sintática; como o próprio
nome indica, é usada apenas para dar realce. Como partícula expletiva,
Função metalinguística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é aparece também na expressão é que.
quando o emissor explica um código usando o próprio código. Quando um
poema fala da própria ação de se fazer um poema, por exemplo. Veja: Quase que não consigo chegar a tempo.
Elas é que conseguiram chegar.
“Pegue um jornal
Pegue a tesoura. Advérbio: modifica um adjetivo ou um advérbio. Equivale a quão. Quando
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. funciona como advérbio, a palavra que exerce a função sintática de adjunto
Recorte o artigo.” adverbial; no caso, de intensidade.

Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” utiliza o Que lindas flores!
código (poema) para explicar o próprio ato de fazer um poema. Que barato!

Língua Portuguesa 84
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a um verbo que não é
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. Não exerce propriamente
uma função sintática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se de
• pronome relativo: retoma um termo da oração antecedente, projetando-o que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa do singular.
na oração consequente. Equivale a o qual e flexões.
Não encontramos as pessoas que saíram. Trabalha-se de dia.
Precisa-se de vendedores.
• pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar como pronome substanti- Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome pessoal, ela deverá
vo ou pronome adjetivo. estar sempre na mesma pessoa do sujeito da oração de que faz parte. Por
isso o pronome oblíquo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mes-
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando for pronome substan- mo), podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
tivo, a palavra que exercerá as funções próprias do substantivo (sujeito,
objeto direto, objeto indireto, etc.) * objeto direto
Que aconteceu com você? Ele cortou-se com o facão.

• pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso, exerce a função * objeto indireto
sintática de adjunto adnominal. Ele se atribui muito valor.
Que vida é essa?
* sujeito de um infinitivo
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce “Sofia deixou-se estar à janela.”
função sintática. Como conjunção, a palavra que pode relacionar tanto
orações coordenadas quanto subordinadas, daí classificar-se como conjun- Por Marina Cabral
ção coordenativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que recebe o nome da
oração que introduz. Por exemplo:
CONFRONTO E RECONHECIMENTO DE FRASES
CORRETAS E INCORRETAS
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa explicativa)
Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa consecutiva)
O reconhecimento de frases corretas e incorretas abrange praticamente
Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a palavra que recebe o toda a gramática.
nome de conjunção subordinativa integrante. Os principais tópicos que podem aparecer numa frase correta ou incorreta
são:
Desejo que você venha logo. - ortografia
- acentuação gráfica
- concordância
- regência
A palavra se
- plural e singular de substantivos e adjetivos
- verbos
A palavra se, em português, pode ser:
- etc.
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce
Daremos a seguir alguns exemplos:
função sintática. Como conjunção, a palavra se pode ser:
Encontre o termo em destaque que está erradamente empregado:
* conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada subs- A) Senão chover, irei às compras.
tantiva. B) Olharam-se de alto a baixo.
Perguntei se ele estava feliz. C) Saiu a fim de divertir-se
D) Não suportava o dia-a-dia no convento.
* conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração adverbial condici- E) Quando está cansado, briga à toa.
onal (equivale a caso). Alternativa A
Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Ache a palavra com erro de grafia:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuízo A) cabeleireiro ; manteigueira
algum para o sentido. Nesse caso, a palavra se não exerce função sintáti- B) caranguejo ; beneficência
ca. Como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce. C) prazeirosamente ; adivinhar
Passavam-se os dias e nada acontecia. D) perturbar ; concupiscência
E) berinjela ; meritíssimo
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos verbos pronominais. Alternativa C
Nesse caso, o se não exerce função sintática.
Ele arrependeu-se do que fez. Identifique o termo que está inadequadamente empregado:
A) O juiz infligiu-lhe dura punição.
Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede objeto direto, caracteriza B) Assustou-se ao receber o mandato de prisão.
as orações que estão na voz passiva sintética. É também chamada de C) Rui Barbosa foi escritor preeminente de nossas letras.
pronome apassivador. Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel D) Com ela, pude fruir os melhores momentos de minha vida.
é apenas apassivar o verbo. E) A polícia pegou o ladrão em flagrante.
Alternativa B
Vendem-se casas.
Aluga-se carro. O acento grave, indicador de crase, está empregado CORRETAMENTE
Compram-se joias. em:
A) Encaminhamos os pareceres à Vossa Senhoria e não tivemos respos-
ta.

Língua Portuguesa 85
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
B) A nossa reação foi deixá-los admirar à belíssima paisagem. lógico (livro bom, problema fácil), mas não é rara a inversão dessa ordem:
C) Rapidamente, encaminhamos o produto à firma especializada. (Uma simples advertência [anteposição do adjetivo simples, no sentido de
D) Todos estávamos dispostos à aceitar o seu convite. mero]. O menor descuido porá tudo a perder [anteposição dos superlativos
Alternativa C relativos: o melhor, o pior, o maior, o menor]). A anteposição do adjetivo,
em alguns casos, empresta-lhe sentido figurado: meu rico filho, um grande
Assinale a alternativa cuja concordância nominal não está de acordo com o homem, um pobre rapaz).
padrão culto:
A) Anexa à carta vão os documentos. Colocação dos pronomes átonos. O pronome átono pode vir antes do
B) Anexos à carta vão os documentos. verbo (próclise, pronome proclítico: Não o vejo), depois do verbo (ênclise,
C) Anexo à carta vai o documento. pronome enclítico: Vejo-o) ou no meio do verbo, o que só ocorre com
D) Em anexo, vão os documentos. formas do futuro do presente (Vê-lo-ei) ou do futuro do pretérito (Vê-lo-ia).
Alternativa A Verifica-se próclise, normalmente nos seguintes casos: (1) depois de
palavras negativas (Ninguém me preveniu), de pronomes interrogativos
Identifique a única frase onde o verbo está conjugado corretamente: (Quem me chamou?), de pronomes relativos (O livro que me deram...), de
A) Os professores revêm as provas. advérbios interrogativos (Quando me procurarás); (2) em orações optativas
B) Quando puder, vem à minha casa. (Deus lhe pague!); (3) com verbos no subjuntivo (Espero que te comportes);
C) Não digas nada e voltes para sua sala. (4) com gerúndio regido de em (Em se aproximando...); (5) com infinitivo
D) Se pretendeis destruir a cidade, atacais à noite. regido da preposição a, sendo o pronome uma das formas lo, la, los, las
E) Ela se precaveu do perigo. (Fiquei a observá-la); (6) com verbo antecedido de advérbio, sem pausa
Alternativa E (Logo nos entendemos), do numeral ambos (Ambos o acompanharam) ou
de pronomes indefinidos (Todos a estimam).
Encontre a alternativa onde não há erro no emprego do pronome:
A) A criança é tal quais os pais. Ocorre a ênclise, normalmente, nos seguintes casos: (1) quando o ver-
B) Esta tarefa é para mim fazer até domingo. bo inicia a oração (Contaram-me que...), (2) depois de pausa (Sim, conta-
C) O diretor conversou com nós. ram-me que...), (3) com locuções verbais cujo verbo principal esteja no
D) Vou consigo ao teatro hoje à noite. infinitivo (Não quis incomodar-se).
E) Nada de sério houve entre você e eu. Estando o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, a me-
Alternativa A sóclise é de regra, no início da frase (Chama-lo-ei. Chama-lo-ia). Se o
verbo estiver antecedido de palavra com força atrativa sobre o pronome,
Que frase apresenta uso inadequado do pronome demonstrativo? haverá próclise (Não o chamarei. Não o chamaria). Nesses casos, a língua
A) Esta aliança não sai do meu dedo. moderna rejeita a ênclise e evita a mesóclise, por ser muito formal.
B) Foi preso em 1964 e só saiu neste ano.
C) Casaram-se Tânia e José; essa contente, este apreensivo. Pronomes com o verbo no particípio. Com o particípio desacompanha-
D) Romário foi o maior artilheiro daquele jogo. do de auxiliar não se verificará nem próclise nem ênclise: usa-se a forma
E) Vencer depende destes fatores: rapidez e segurança. oblíqua do pronome, com preposição. (O emprego oferecido a mim...).
Alternativa C Havendo verbo auxiliar, o pronome virá proclítico ou enclítico a este. (Por
que o têm perseguido? A criança tinha-se aproximado.)

COLOCAÇÃO PRONOMINAL Pronomes átonos com o verbo no gerúndio. O pronome átono costuma
vir enclítico ao gerúndio (João, afastando-se um pouco, observou...). Nas
Palavras fora do lugar podem prejudicar e até impedir a compreensão locuções verbais, virá enclítico ao auxiliar (João foi-se afastando), salvo
de uma ideia. Cada palavra deve ser posta na posição funcionalmente quando este estiver antecedido de expressão que, de regra, exerça força
correta em relação às outras, assim como convém dispor com clareza as atrativa sobre o pronome (palavras negativas, pronomes relativos, conjun-
orações no período e os períodos no discurso. ções etc.) Exemplo: À medida que se foram afastando.
Sintaxe de colocação é o capítulo da gramática em que se cuida da or- Colocação dos possessivos. Os pronomes adjetivos possessivos pre-
dem ou disposição das palavras na construção das frases. Os termos da cedem os substantivos por eles determinados (Chegou a minha vez), salvo
oração, em português, geralmente são colocados na ordem direta (sujeito + quando vêm sem artigo definido (Guardei boas lembranças suas); quando
verbo + objeto direto + objeto indireto, ou sujeito + verbo + predicativo). As há ênfase (Não, amigos meus!); quando determinam substantivo já deter-
inversões dessa ordem ou são de natureza estilística (realce do termo cuja minado por artigo indefinido (Receba um abraço meu), por um numeral
posição natural se altera: Corajoso é ele! Medonho foi o espetáculo), ou de (Recebeu três cartas minhas), por um demonstrativo (Receba esta lem-
pura natureza gramatical, sem intenção especial de realce, obedecendo-se, brança minha) ou por um indefinido (Aceite alguns conselhos meus).
apenas a hábitos da língua que se fizeram tradicionais.
Colocação dos demonstrativos. Os demonstrativos, quando pronomes
Sujeito posposto ao verbo. Ocorre, entre outros, nos seguintes casos: adjetivos, precedem normalmente o substantivo (Compreendo esses pro-
(1) nas orações intercaladas (Sim, disse ele, voltarei); (2) nas interrogativas, blemas). A posposição do demonstrativo é obrigatória em algumas formas
não sendo o sujeito pronome interrogativo (Que espera você?); (3) nas em que se procura especificar melhor o que se disse anteriormente: "Ouvi
reduzidas de infinitivo, de gerúndio ou de particípio (Por ser ele quem é... tuas razões, razões essas que não chegaram a convencer-me."
Sendo ele quem é... Resolvido o caso...); (4) nas imperativas (Faze tu o
Colocação dos advérbios. Os advérbios que modificam um adjetivo, um
que for possível); (5) nas optativas (Suceda a paz à guerra! Guie-o a mão
particípio isolado ou outro advérbio vêm, em regra, antepostos a essas
da Providência!); (6) nas que têm o verbo na passiva pronominal (Elimina-
palavras (mais azedo, mal conservado; muito perto). Quando modificam o
ram-se de vez as esperanças); (7) nas que começam por adjunto adverbial
verbo, os advérbios de modo costumam vir pospostos a este (Cantou
(No profundo do céu luzia uma estrela), predicativo (Esta é a vontade de
admiravelmente. Discursou bem. Falou claro.). Anteposto ao verbo, o
Deus) ou objeto (Aos conselhos sucederam as ameaças); (8) nas construí-
adjunto adverbial fica naturalmente em realce: "Lá longe a gaivota voava
das com verbos intransitivos (Desponta o dia). Colocam-se normalmente
rente ao mar."
depois do verbo da oração principal as orações subordinadas substantivas:
é claro que ele se arrependeu. Figuras de sintaxe. No tocante à colocação dos termos na frase, salien-
tem-se as seguintes figuras de sintaxe: (1) hipérbato -- intercalação de um
Predicativo anteposto ao verbo. Ocorre, entre outros, nos seguintes ca-
termo entre dois outros que se relacionam: "O das águas gigante caudalo-
sos: (1) nas orações interrogativas (Que espécie de homem é ele?); (2) nas
so" (= O gigante caudaloso das águas); (2) anástrofe -- inversão da ordem
exclamativas (Que bonito é esse lugar!).
normal de termos sintaticamente relacionados: "Do mar lançou-se na gela-
Colocação do adjetivo como adjunto adnominal. A posposição do ad- da areia" (= Lançou-se na gelada areia do mar); (3) prolepse -- transposi-
junto adnominal ao substantivo é a sequência que predomina no enunciado ção, para a oração principal, de termo da oração subordinada: "A nossa

Língua Portuguesa 86
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Corte, não digo que possa competir com Paris ou Londres..." (= Não digo - Tornarei-me……. (errada)
que a nossa Corte possa competir com Paris ou Londres...); (4) sínquise -- - Tinha entregado-nos……….(errada)
alteração excessiva da ordem natural das palavras, que dificulta a compre-
ensão do sentido: "No tempo que do reino a rédea leve, João, filho de Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
Pedro, moderava" (= No tempo [em] que João, filho de Pedro, moderava a - Entregar-lhe (correta)
rédea leve do reino). ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. - Não posso recebê-lo. (correta)
Colocação Pronominal (próclise, mesóclise, ênclise) Outros casos:
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
Por Cristiana Gomes - Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a,
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.
lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa,
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise),
ocorrerá a próclise:
no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.
PRÓCLISE
COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS
Usamos a próclise nos seguintes casos:
Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ou particípio.
ninguém, nem, de modo algum.
AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se
- Nada me perturba. houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Ninguém se mexeu.
- Havia-lhe contado a verdade.
- De modo algum me afastarei daqui.
- Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
- Ela nem se importou com meus problemas.
AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o
(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme,
pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
embora, logo, que.
Infinitivo
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- É necessário que a deixe na escola.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.
Gerúndio
(3) Advérbios
- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Aqui se tem paz. - Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
- Sempre me dediquei aos estudos.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar
- Talvez o veja na escola.
ou depois do verbo principal.
OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de
Infinitivo
atrair o pronome.
- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Aqui, trabalha-se. - Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
Gerúndio
- Alguém me ligou? (indefinido)
- Não lhe ia dizendo a verdade.
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Não ia dizendo-lhe a verdade.
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
(5) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). Figuras de Linguagem
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam! As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as
- Deus te abençoe, meu filho! mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção,
(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM. figuras de pensamento e figuras de palavras.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão. Figuras de som
(8) Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos. a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons conso-
nantais.
MESÓCLISE
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – ama-
rei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênti-
amaria, amarias, …) cos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
- Convidar-me-ão para a festa. mulato democrático do litoral.”
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória. c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons pareci-
dos, mas de significados distintos.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa. “Eu que passo, penso e peço.”
ÊNCLISE
Figuras de construção
Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.
a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo

Língua Portuguesa 87
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia) g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma
coisa personificada).
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes. “Senhor Deus dos desgraçados!
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro) Dizei-me vós, Senhor Deus!”

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da Figuras de palavras


oração ou elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente
e sob as nuvens e os ventos do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido
e sob as pontes e sob o sarcasmo próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação
e sob a gosma e sob o vômito (...)” em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.
“De tudo ficou um pouco. b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de signifi-
Do meu medo. Do teu asco.” cado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a
ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados
e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora.
com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser: A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos.
Observe:
• De gênero Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)
Vossa Excelência está preocupado.
c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para
• De número designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido
Os Lusíadas glorificou nossa literatura. ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado
em sentido figurado.
• De pessoa O pé da mesa estava quebrado.
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em
comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.” d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma
expressão que o identifique com facilidade:
f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, ...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)
isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e
depois se opta por outra. e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebi-
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa. das por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a
mensagem. Vícios de linguagem
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”
A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado
h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que
versos ou frases. as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são
“ Amor é um fogo que arde sem se ver; obedecidas, em se tratando da linguagem escrita. O ato de desviar-se
É ferida que dói e não se sente; da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade,
É um contentamento descontente; refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não
É dor que desatina sem doer” conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

Figuras de pensamento a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desa-


cordo com a norma culta.
a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras pesquiza (em vez de pesquisa)
que se opõem pelo sentido. prototipo (em vez de protótipo)
“Os jardins têm vida e morte.”
b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção
b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, sintática.
obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.” sintaxe de concordância)

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo
brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradá- tal que ela apresente mais de um sentido.
vel. O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou) ou do suspeito?)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática. d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede) Paguei cinco mil reais por cada.

e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanima- e) pleonasmo vicioso: consiste na repetição desnecessária de uma
dos predicativos que são próprios de seres animados. ideia.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada. O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este
f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão as- não é considerado vicioso.
cendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
Latejando, batendo, restrugindo.” O menino repetente mente alegremente.

Língua Portuguesa 88
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Por Marina Cabral BENE-, Benevolência, benfeitor,
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Bem; muito bom
BEN-, BEM- bem-vindo, bem-estar
bisavô, biconvexo, bienal,
PREFIXOS E SUFIXOS MAIS COMUNS BIS-, BI duas vezes
bípede, biscoito
(faculdades, funções, estados, doenças, etc)
algos = dor nevralgia, mialgia CIRCUM-, ao redor; movimento Circunferência, circum-
bios = vida biologia, biopsia CIRCUN- em torno adjacente
crásis = temperamento compleição, idiossincrasia Oposição; ação con-
CONTRA- contra-ataque, contradizer
átron = articulação disartria, artralgia trária
afé = tato disafia, anafilaxia COM-, Companhia; combi- Compartilhar, consoante,
bulé-vontade abúlico, abulia CON-, CO- nação contemporâneo, co-autor
cáris = graça eucaristia, carisma
movimento para
crátos = poder, força democracia, plutocracia decair, desacordo, desfa-
DE-, DES-, baixo; afastamento;
dipsa = sede dipsomania, dipsético zer, discordar, dissociar,
DIS- ação contrária; nega-
doxa = opinião, glória paradoxo, doxomania decrescer
ção
edema = inchação edematoso, edemaciar
éstesis = sensação sensibilidade, estética, anestesia movimento para fora; exonerar, exportar, exumar,
éros, érotos = amor erótico, erotofobia EX-, ES-, E- mudança de estado; espreguiçar, emigrar, emitir,
étos, éteos = costume tradição, ética, cacoete separação escorrer, estender
foné = voz áfono, fonógrafo posição exterior; extra-oficial, extraordinário,
EXTRA-
fobos = medo, horror, superioridade extraviar
aversão fobia, acrofobia posição interna;
frén, frenós = mente esquizofrenia, frenologia incisão, inalar, injetar, im-
IN-, IM-, I-, passagem para um
genos = nascimento eugenia, genética por, imigrar, enlatar, enter-
EN-, EM-, estado; movimento
horama = visão panorama, cosmorama rar, embalsamar, intraveno-
INTRA-, para dentro; tendên-
hedoné = prazer hedonismo, hedonista so, intrometer, intramuscu-
INTRO- cia; direção para um
hipnos = sono hipnotismo, hipnose lar
ponto
icon = imagem iconoteca, iconoclasta
intocável, impermeável,
gnósis = conhecimento diagnóstico, agnóstico IN-, IM-, I- negação; falta
lalia = fala eulalia, dislalia ilegal
logos = palavra, discurso logomaquia, logorréia INTER-, posição intermediá- Intercâmbio, internacional,
lépsis = convulsão epilepsia, catalepsia ENTRE- ria; reciprocidade entrelaçar, entreabrir
léxis, léxeos = dicção dislexia léxico JUSTA- Proximidade Justapor, justalinear
lete = esquecimento letargia, letargiar
mania = loucura megalomania, manicômio posição posterior; pós-escrito, pospor, postô-
POS-
manteia (mancia) = ulterioridade nico
adivinhação quiromancia, oniromancia anterioridade; supe- prefixo, previsão, pré-
PRE-
mísos - aversão, ódio misógino, misantropia rioridade; intensidade história, prefácio
mneme = menória amnésia, mnemônico posição em frente;
nárce = entorpecimento narcótico, narcotizar Proclamar, progresso, pro-
PRO- movimento para
nósos = doença nosocômio, nosofobia nome, prosseguir
frente; em favor de
óneiros (oniros) = sonho onírico, oniromancia
repetição; intensida- realçar, rebolar, refrescar,
oréxis = fome anorexia, cinorexia RE-
paideia (pedia) = instrução, correção ortopedia, enciclopédia de; reciprocidade reverter, refluir
pépsis = digestão dispepsia, péptico Retroativo, retroceder,
RETRO- para trás
peretós = febre antipirético, piretoterapia retrospectivo
plegé = paralisação paraplégico, hemiplegia semicírculo, semiconsoan-
pneuma, pneumatos = respiração pneumática, pneumoplegia SEMI- Metade
te, semi-analfabeto
pseudos = mentira
posição abaixo de;
falsidade pseudônimo, pseudófobo SUB-, SOB- subconjunto, subcutâneo,
inferioridade; insufi-
psiqué = alma psicologia, psiquiatria , SO- subsolo, sobpor, soterrar
ciência
ragé = corrimento hemorragia, blenorragia
spasmós = convulsão espasmo, espasmofilia SUPER-, Superpopulação, sobreloja,
posição superior;
sfignós = pulsação esfigmômetro, esfigmógrafo SOBRE-, supra-sumo, sobrecarga,
excesso
terapéia(terapia) = SUPRA superfície
tratamento, cura terapeuta, hidroterapia TRANS-,
Transbordar, transcrever,
timós = mente ciclotimia, lipotimia TRAS-, através de; posição
tradição, traduzir, traspas-
TRA-, além de; mudança
sar, tresloucado, tresmalhar
PREFIXOS GREGOS E LATINOS – Microsoft word TRES-
Tópico retirado da internet ULTRA- além de; excesso Ultrapassar, ultra-sensível
Prefixos Latinos posição abaixo de; vice-reitor, visconde, vice-
Prefixos VICE-, VIS-
Sentido Exemplos substituição cônsul
Latinos
Afastamento; sepa- Prefixos Gregos
AB-, ABS- abuso, abster-se, abdicar
ração
Aproximação; ten- adjacente, adjunto, admirar,
AD-, A- Ateu, analfabeto, anes-
dência; direção agregar A-, NA Privação; negação
tesia
AMBI- Duplicidade Ambivalência, ambidestro
Repetição; sepa- Análise, anatomia, aná-
Antebraço, anteontem, ANA-
ANTE- posição anterior ração; inversão; fora, anagrama
antepor

Língua Portuguesa 89
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
para cima
Duplicidade; ao
Anfíbio, anfiteatro, anfi- Radicais Latinos
ANFI- redor; de ambos
bologia 1º elemento da composição
os lados
Antibiótico, anti-
Oposição, ação higiênico, antitérmico, Forma Sentido Exemplo
ANTI-
contrária antítese, antípoda, anti- Agri Campo Agricultura
cristo
Ambi Ambos Ambidestro
Separação; afas- Apogeu, apóstolo, após-
APO- Arbori- Árvore Arborícola
tamento; longe de tata
ARQUI-, Posição superior; Arquitetura, arquipélago, Duas
Bis-, bi- Bípede, bisavô
ARCE- excesso; primazia arcebispo, arcanjo vezes
Calori- Calor Calorífero
Movimento para
Catálise, catálogo, cata- Cruci- cruz Crucifixo
CATA- baixo; a partir de;
plasma, catadupa
ordem Curvi- curvo Curvilíneo
Através de; ao Diafragma, diagrama, Equi- igual Equilátero, eqüidistante
DIA-
longo de diálogo, diagnóstico Ferri-,
ferro Ferrífero, ferrovia
DI- Duas vezes Dipolo, dígrafo ferro-
Mau funcionamen- Dispnéia, discromia, di- Loco- lugar Locomotiva
DIS-
to; dificuldade senteria Morti- morte Mortífero
EN-, EM-, Posição interna; Multi- muito Multiforme
Encéfalo, emblema,
E-, EN- direção para den- Olei-, Azeite,
elipse, endotérmico Oleígeno, oleoduto
DO- tro oleo- óleo
EX-, EC-, Movimento para Oni- todo Onipotente
EXO-, fora; posição exte- Êxodo, eclipse
ECTO- rior Pedi- pé Pedilúvio
Posição superior; Pisci- peixe Piscicultor
EPI- acima de; posterio- Epiderme, epílogo Muitos,
Pluri- Pluriforme
ridade vários
Excelência; perfei- Quadri-
EU-, EV- Euforia, evangelho , qua- quatro Quadrúpede
ção; verdade
dru-
HEMI- metade Hemisfério
Reti- reto Retilíneo
Posição superior;
Semi- metade Semimorto
HIPER- intensidade; ex- Hipérbole, hipertensão
cesso Tri- Três Tricolor
Posição inferior; Hipotrofia, hipotensão,
HIPO-
insuficiência hipodérmico Radicais Latinos
Metamorfose, metabo- 2º Elemento da Composição
Posteridade; atra-
META- lismo, metáfora, meta-
vés de; mudança
carpo
Forma Sentido Exemplos
Proximidade; ao Paradoxo, paralelo, pa-
PARA- -cida Que mata Suicida, homicida
lado; oposto a ródia, parasita
Que culti-
Pericárdio, período, pe-
PERI- Em torno de; -cola va, ou Arborícola, vinícola, silvícola
rímetro, perífrase
habita
PRO- Posição anterior Prólogo, prognóstico - Ato de
Piscicultura, apicultura
Multiplicidade; plu- cultura cultivar
POLI- Polinômio, poliedro
ralidade Que con-
SIN-, Simultaneidade; Sinfonia, simbiose, sim- -fero tém, ou Aurífero, carbonífero
SIM- reunião; resumo patia, sílaba produz
SUB-, posição abaixo de; subconjunto, subcutâ- Que faz,
-fico Benefício, frigorífico
SOB-, inferioridade; insu- neo, subsolo, sobpor, ou produz
SO- ficiência soterrar Que tem
-forme Uniforme, cuneiforme
forma de
SUPER-, Superpopulação, sobre-
posição superior; Que foge,
SOBRE-, loja, supra-sumo, sobre-
excesso -fugo ou faz Centrífugo, febrífugo
SUPRA carga, superfície
fugir
TRANS-, Transbordar, transcre-
através de; posi- Que con-
TRAS-, ver, tradição, traduzir,
ção além de; mu- -gero tém, ou Belígero, armígero
TRA-, traspassar, tresloucado,
dança produz
TRES- tresmalhar
Que pro-
Ultrapassar, ultra- -paro Ovíparo, multíparo
ULTRA- além de; excesso duz
sensível
-pede Pé Velocípede, palmípede
VICE-, posição abaixo de; vice-reitor, visconde, vi-
VIS- substituição ce-cônsul -sono Que soa Uníssono, horríssono

Língua Portuguesa 90
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Que expe- agudo, pene-
-vomo Ignívomo, fumívomo Oxi- Oxítono
le trante
-voro Que come Carnívoro, herbívoro Paleo- antigo Paleontologia
Pan- todos, tudo Pan-americano
Radicais Gregos Pato- doença Patologia
1º Elemento da Composição Penta- cinco Pentágono
Piro- fogo Pirotecnia
Forma Sentido Exemplos Poli- muito Poliglota
Aero- ar Aeronave Potamo- rio Potamografia
Antropo- homem Antropologia Proto- primeiro Protozoário
Arqueo- antigo Arqueologia Pseudo- falso Pseudônimo
Auto de si mesmo Autobiografia Psico- alma, espírito Psicologia
Biblio- livro Biblioteca Quilo- mil Quilograma
Bio- vida Biologia Quiro- mão Quiromancia
Cali- belo Caligrafia Rino- nariz Rinoceronte
Cosmo- mundo Cosmologia Rizo- raiz Rizotônico
Cromo- cor Cromossomo Tecno- arte Tecnografia
Crono- tempo Cronologia Termo- quente Termômetro
Dactilo- dedo Dactilografia Tetra- quatro Tetraedro
Deca- dez Decaedro Tipo- figura, marca Tipografia
Demo- povo Democracia Topo- lugar Topografia
di- dois Dissílabo Tri- três Trissílabo
Ele( c (âmbar) Zoo- animal Zoologia
Eletroímã
)tro- eletricidade
Enea- nove Eneágono Radicais Gregos
Etno- raça Etnologia 2º Elemento da Composição
Farmaco- medicamento Farmacologia
Filo- amigo Filologia Forma Sentido Exemplos
Fisio- natureza Fisionomia -agogo Que conduz Pedagogo
Fono- voz, som Fonologia -algia Dor Nevralgia
Foto- fogo, luz Fotosfera Que coman-
-arca Monarca
da
Geo- terra Geografia
Comando,
Hemo- sangue Hemorragia -arquia Monarquia
governo
Hepta- sete Heptágono -céfalo Cabeça Microcéfalo
Hetero- outro Heterogêneo -cracia Poder Democracia
Hexa- seis Hexágono -doxo Que opina Ortodoxo
Hidro- água Hidrogênio Lugar para
-dromo Hipódromo
Hipo- cavalo Hipopótamo correr
Ictio- peixe Ictiologia -edro Base, fase Poliedro
Ato de co-
Iso igual Isósceles -fagia Antropofagia
mer
Lito- pedra Litografia
-fago Que come Antropófago
grande,
Macro- Macróbio -filia Amizade Bibliofilia
longo
Inimizade,
Mega- grande Megalomaníaco -fobia Fotofobia
ódio, temor
Melo- canto Melodia Que odeia,
-fobo Xenófobo
Meso- meio Mesóclise inimigo
Micro- pequeno Micróbio Que leva ou
-foro Fósforo
Mito- fábula Mitologia conduz
-gamia Casamento Poligamia
Mono- um só Monarca
-gamo Casa Bígamo
Necro- morto Necrotério
-gêneo Que gera Heterogêneo
Neo- novo Neolatino
-glota; -
Octo- oito Octaedro Língua Poliglota, isoglossa
glossa
Odonto- dente Odontologia -gono Ângulo Pentágono
Oftalmo- olho Oftalmologia Escrita,
-grafia Ortografia
Onomato- nome Onomatopéia descrição
Orto- reto, justo Ortodoxo -grafo Que escreve Calígrafo

Língua Portuguesa 91
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Escrito,
-grama Telegrama, quilograma Adverbi-
peso somente o sufixo -mente amavelmente, distraidamente
ais
-logia Discurso Arqueologia
Que fala ou
-logo Diálogo
trata
-mancia Adivinhação Quiromancia VÍCIOS DE LLINGUAGEM
-metria Medida Biometria
-metro Que mede Pentâmetro VÍCIOS DE LLINGUAGEM
Vícios de linguagem são, segundo Napoleão Mendes de Almeida, pa-
Que tem a
-morfo Polimorfo lavras ou construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifesta-
forma ção do pensamento.
-nomia Lei, regra Astronomia Lista de vícios de linguagem
-nomo Que regula Autônomo Ambiguidade
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem admitir mais de um
-péia Ato de fazer Onomatopéia
sentido. Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na
-pólis; - frase.
Cidade Petrópolis, metrópole
pole Ex:
-ptero Asa Helicóptero  "A mãe encontrou o filho em seu quarto." (No quarto da mãe ou
-scopia Ato de ver Macroscopia do filho?)
Instrumento  "Como vai a cachorra da sua mãe?" (Que cachorra? a mãe ou a
-scópio Microscópio cadela criada pela mãe?)
para ver
Barbarismo
-sofia Sabedoria Logosofia
Barbarismo, peregrinismo ou estrangeirismo (para os latinos qual-
Lugar onde quer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou construção
-teca Biblioteca
se guarda estrangeira no lugar de equivalente vernácula.
-terapia Cura Fisioterapia De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem dife-
Corte, divi- rentes nomes:
-tomia Dicotomia  galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de
são
-tono Tensão, tom Monótono Gália, antigo nome da França);
 anglicismo, quando do inglês;
 castelhanismo, quando vindos do espanhol;
 etc.
Principais Sufixos Ex:
 Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado
seria "quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente");
Tipos de  Todos os dois estavam errados (galicismo; o mais adequado
Principais sufixos Exemplos
sufixos
seria "ambos estavam errados");
 Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria "co-
aumentativo: -alhão, -ão, - copázio, bocarra, corpanzil,
meu um rosbife");
anzil, -arra, -orra, -ázio... casarão
 Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria
"Havia ligações (ou vínculos) para sua página".
diminutivo: -acho, -eto, -  Vou estar disponibilizando o material (anglicismo; o mais ade-
riacho, filhote, livrinho
inho, -inha, -ote...
quado seria "Deixarei o material à disposição").
superlativo: -íssimo, érri-  Eu love Jesus! (anglicismo; o mais adequado seria "Eu amo Je-
belíssimo, paupérrimo, facílimo sus").
mo, -limo...
Nomi- OBS: Há quem considere barbarismo também erros de pronúncia, gra-
nais lugar: -aria, -ato, -douro, -
papelaria, internato, bebedouro fia, morfologia etc, tais como "adevogado" ou "eu fazi", pois seriam atitu-
ia... des típicas de estrangeiros, por não conhecerem a língua.
formam Cacofonia
substan- profissão: -ão, -dor, -ista... diarista, dentista, vendedor A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união
tivos e
das sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando
adjetivos
falamos sobre algo para não estarmos ofendendo a pessoa que ouve. São
origem: -ano, -eiro, ês... francês, alagoano, mineiro
exemplos desse fato:
 "A boca dela é linda!"
coleção, aglomeração,  "Dê-me uma mão, por favor."
conjunto: -al, -eira, -ada, - folhagem, cabeleira, capinzal
agem...
 "Ela se disputa para ele."
 "Vou-me já, pois estou atrasado."
excesso, abundância: Plebeísmo
gostoso, ciumento, barbudo O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e ou-
-oso, -ento, -udo...
tras deste mesmo tipo. É tido[?] pela norma culta como sendo o mais odiado
e repulsivo de todos os vícios de linguagem existentes.
Ex:
folhear, velejar, envelhecer,
-ear, ejar, -ecer, -escer,  "Ele era um tremendo mané!"
florescer, afugentar, liquefazer,
-entar, -fazer, -ficar, -icar, -  "Tô ferrado!"
Verbais petrificar, adocicar, chuviscar,
iscar, -ilhar, -inhar, -itar,-
dedilhar, escrevinhar, saltitar,  "Tá ligado nas quebradas, meu chapa?"
izar...
organizar Pleonasmo
O pleonasmo geralmente é considerado uma figura de linguagem.
Existe, porém, um tipo de pleonasmo que consiste numa repetição inútil e
desnecessária de termos em uma frase, e por isso considerado um vício
de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chamamos "Pleonasmo Vicioso ".

Língua Portuguesa 92
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Diferentemente do pleonasmo tradicional, esse deve ser sempre evita- ainda que, mesmo que, bem que, se bem que, nem que, apesar de que, por
do. mais que, por menos que...
Ex: Ela não foi aprovada, embora tenha estudado com dedicação.
 "Ele vai ser o protagonista principal da peça". CONDICIONAIS (indicam condição): se, caso. Também as locuções: con-
 "Meninos, entrem já para dentro!" tanto que, desde que, dado que, a menos que, a não ser que, exceto se...
Prolixidade Ela pode ser aprovada, se estudar com dedicação.
Prolixidade é a comunicação com excesso de palavras, antônimo da Finais (indicam finalidade): As locuções para que, a fim de que, por que...
concisão. É necessário estudar com dedicação,para que se obtenha aprovação.
Solecismo TEMPORAIS (indicam circunstância de tempo): quando, apenas, enquan-
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com re- to...Também as locuções: antes que, depois que, logo que, assim que,
lação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: desde que, sempre que...
De concordância: Ela deixou de estudar com dedicação,quando foi aprovada.
 "Fazem três anos que não vou ao médico." (Faz três anos que CONSECUTIVAS (indicam consequência): que (precedido de tão, tanto, tal)
não vou ao médico.) e também as locuções: de modo que, de forma que, de sorte que, de ma-
 "Aluga-se salas nesse edifício." (Alugam-se salas nesse edifício.) neira que...
De regência: Ela estudava tanto, que pouco tempo tinha para dedicar-se à família.
 "Ontem eu assisti um filme de época." (Ontem eu assisti a um
filme de época.) BIBLIOGRAFIA/PORTUGUÊS
 "Eu namoro com Fernanda." (Eu namoro Fernanda.) ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
De colocação: ALMANAQUE ABRIL CULTURAL – Editora Abril/São Paulo
CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, Editora
 "Me parece que ela ficou contente." (Parece-me que ela ficou ..Scipione, 1994 - 6ª edição.
contente.) J. João Campagnaro -
 "Eu não respondi-lhe nada do que perguntou." (Eu não lhe res- http://www.gramaticaportuguesa.com/GLPshop/pt-br/pg_18.html
pondi nada do que perguntou.) Vários artigos foram extraídos da Internet: Provedores: uol, ig, bol,
N.B: as regras de colocação do português falado em Portugal diferem terra, google
em alguns casos daquelas do português falado no Brasil. NOVÍSSIMA GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA – Domingos
Paschoal Cegalla
PORTUGUÊS, teoria e prática – Walter Rossignoli – Editora Ática/SP
CONECTIVOS BIBLIOTECA INTEGRADA – Claudinei Flores – Editora Lisa S.A.
Por Sandra Macedo Celso Cunha - Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-
FENAME.
http://www.portugues.com.br/sintaxe/regenomi.asp
Conectivos são conjunções que ligam as orações, estabelecem Pciconcursos.com.br
a conexão entre as orações nos períodos compostos e também as preposi- Luiz Antonio Sacconi - Nossa Gramática – Teoria e Prática. Editora
ções, que ligam um vocábulo a outro. Atual, 1994.
O período composto é formado de duas ou mais orações. Quando essas http://www.portugues.com.br/morfologia/classes/verbos/verbos.asp
Português - GUIA INTENSIVO DE ENSINO GLOBALIZADO - 1º E 2º
orações são independentes umas das outras, chamamos de período com-
GRAU E VESTIBULARES – INDÚSTRIA GRÁFICA E EDITORA
posto por coordenação. Essas orações podem estar justapostas (sem LTDA - ERECHIM – RS
conectivos) ou ligadas por conjunções (= conectivos). http://www.portugues.com.br/morfologia/classes/verbos/conjugacoes.
CONECTIVOS coordenativos são as seguintes conjunções coordenadas: asp
ADITIVAS (adicionam, acrescentam): e, nem (e não),também, que; e as
locuções: mas também, senão também, como também...
Ela estuda e trabalha. REDAÇÃO OFICIAL
ADVERSATIVAS (oposição, contraste): mas, porém, todavia, contudo,
entretanto, senão, que. Também as locuções: no entanto, não obstante,
ainda assim, apesar disso. MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Ela estuda, no entanto não trabalha. 2a edição, revista e atualizada
ALTERNATIVAS (alternância): ou. Também as locuções ou...ou, ora...ora, Brasília, 2002
já...já, quer...quer...
Ou ela estuda ou trabalha. Apresentação
CONCLUSIVAS (sentido de conclusão em relação à oração anterior): logo, Com a edição do Decreto no 100.000, em 11 de janeiro de 1991, o Pre-
portanto, pois (posposto ao verbo).Também as locuções: por isso, por sidente da República autorizou a criação de comissão para rever, atualizar,
conseguinte, pelo que... uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comunicações
Ela estudou com dedicação, logo deverá ser aprovada. oficiais. Após nove meses de intensa atividade da Comissão presidida pelo
EXPLICATIVAS (justificam a proposição da oração anterior): que, porque, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes, apre-
porquanto... sentou-se a primeira edição do MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Vamos estudar, que as provas começam amanhã. DA REPÚBLICA.
Quando as orações dependem sintaticamente umas das outras, chamamos
período composto por subordinação. Esses períodos compõem-se de uma A obra dividia-se em duas partes: a primeira, elaborada pelo diplomata
ou mais orações principais e uma ou mais orações subordinadas. Nestor Forster Jr., tratava das comunicações oficiais, sistematizava seus
CONECTIVOS subordinativos são as seguintes conjunções e locuções aspectos essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes, exibia
subordinadas: modelos, simplificava os fechos que vinham sendo utilizados desde 1937,
CAUSAIS (iniciam a oração subordinada denotando causa.): que, como, suprimia arcaísmos e apresentava uma súmula gramatical aplicada à
pois, porque, porquanto. Também as locuções: por isso que, pois que, já redação oficial. A segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
que, visto que... ocupava-se da elaboração e redação dos atos normativos no âmbito do
Ela deverá ser aprovada, pois estudou com dedicação. Executivo, da conceituação e exemplificação desses atos e do procedimen-
COMPARATIVAS (estabelecem comparação): que, do que (depois de mais, to legislativo.
maior, melhor ou menos, menor, pior), como...Também as locuções:
tão...como, tanto...como, mais...do que, menos...do que, assim como, bem A edição do Manual propiciou, ainda, a criação de um sistema de con-
como, que nem... trole sobre a edição de atos normativos do Poder Executivo que teve por
Ela é mais estudiosa do que a maioria dos alunos. finalidade permitir a adequada reflexão sobre o ato proposto: a identificação
CONCESSIVAS (iniciam oração que contraria a oração principal, sem clara e precisa do problema ou da situação que o motiva; os custos que
impedir a ação declarada): que, embora, conquanto. Também as locuções: poderia acarretar; seus efeitos práticos; a probabilidade de impugnação

Língua Portuguesa 93
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
judicial; sua legalidade e constitucionalidade; e sua repercussão no orde- A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do pa-
namento jurídico. drão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
Buscou-se, assim, evitar a edição de normas repetitivas, redundantes no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de
ou desnecessárias; possibilitar total transparência ao processo de elabora- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ção de atos normativos; ensejar a verificação prévia da eficácia das normas Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
e considerar, no processo de elaboração de atos normativos, a experiência dade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade
dos encarregados em executar o disposto na norma. princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que
devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
Decorridos mais de dez anos da primeira edição do Manual, fez-se ne-
cessário proceder à revisão e atualização do texto para a elaboração desta Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redi-
2a Edição, a qual preserva integralmente as linhas mestras do trabalho gido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A
originalmente desenvolvido. Na primeira parte, as alterações principais transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilida-
deram-se em torno da adequação das formas de comunicação usadas na de, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto
administração aos avanços da informática. Na segunda parte, as alterações legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, ne-
decorreram da necessidade de adaptação do texto à evolução legislativa na cessariamente, clareza e concisão.
matéria, em especial à Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de
1998, ao Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002, e às alterações consti- Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normati-
tucionais ocorridas no período. vos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remon-
tam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatori-
Espera-se que esta nova edição do Manual contribua, tal como a pri- edade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de
meira, para a consolidação de uma cultura administrativa de profissionali- que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde
zação dos servidores públicos e de respeito aos princípios constitucionais a Independência. Essa prática foi mantida no período republicano.
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, com a
consequente melhoria dos serviços prestados à sociedade. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, con-
cisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas
PEDRO PARENTE devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impes-
Chefe da Casa Civil da Presidência da República soais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.

Sinais e Abreviaturas Empregados Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são ne-
* = indica forma (em geral sintática) inaceitável ou agramatical. cessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço
§ = parágrafo Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público
adj. adv. = adjunto adverbial (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto
arc. = arcaico dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).
art. = artigo
cf. = confronte Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais
CN = Congresso Nacional foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e de
Cp. = compare cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Men-
f.v. = forma verbal cione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações oficiais,
fem.= feminino regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho
ind. = indicativo de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado pelo
i. é. = isto é Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
masc. = masculino
obj. dir. = objeto direto Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das ca-
obj. ind. = objeto indireto racterísticas específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o
p. = páginap. us. = pouco usado entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência –
pess. = pessoa de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmente
pl. = plural e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que
pref. = prefixo deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e
pres. = presente clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases.
Res. = Resolução do Congresso Nacional
RI da CD = Regimento Interno da Câmara dos Deputados A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
RI do SF = Regimento Interno do Senado Federal evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impesso-
s. = substantivo alidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
s.f. = substantivo feminino língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da
s.m. = substantivo masculino correspondência particular, etc.
sing. = singular
tb. = também Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial,
v. = ver ou verbo passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
v. g; = verbi gratia
var. pop. = variante popular 1.1. A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
PARTE I Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b)
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No
caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
CAPÍTULO I ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão
1. O que é Redação Oficial que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes
o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa-nos da União.
tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado

Língua Portuguesa 94
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem
se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de de- próprios da língua literária.
terminada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é fei-
ta a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão ofici-
que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores al de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunica-
da Administração guardem entre si certa uniformidade; ções oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre conce- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a
bido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, te- utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
mos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal; como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo te- limitada.
mático das comunicações oficiais se restringe a questões que di-
zem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a
tom particular ou pessoal. exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de
Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a
artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos vale- estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
mos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
alcançada a necessária impessoalidade. 1.3. Formalidade e Padronização
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impesso-
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos alidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público des- formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto
ses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma
entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes
conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à
que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunica-
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade ção.
precípua é a de informar com clareza e objetividade.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária unifor-
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser midade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabeleci-
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados mento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circulação para todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da
restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem apresentação dos textos.
sua compreensão dificultada.
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definiti-
Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fala- vo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
da e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imediata ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de nor-
qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com outros mas específicas para cada tipo de expediente.
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação,
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa 1.4. Concisão e Clareza
distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si mesma oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa-
para comunicar. ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade,
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acor- qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
do com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias
podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore ou repetições desnecessárias de ideias.
expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico,
não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de
Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de
da língua, a finalidade com que a empregamos. palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la
como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusiva-
sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles reque- mente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada
rem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é acrescentem ao que já foi dito.
aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexi- últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
cais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação
idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo,
pretendida compreensão por todos os cidadãos. por isso, ser dispensadas.

Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex- A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme já
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro aquele

Língua Portuguesa 95
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais
características da redação oficial. Para ela concorrem: 2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen-
poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e prono-
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento minal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com
geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância
como a gíria e o jargão; para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o
uniformidade dos textos; substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos
que nada lhe acrescentam. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de
tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará
É pela correta observação dessas características que se redige com seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido.
A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramati-
provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção. cal deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o
substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem,
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fá- o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar
cil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senho-
desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assun- ria deve estar satisfeita”.
tos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verda- 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
de. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significa- Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular
do das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam ser tradição. São de uso consagrado:
dispensados. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que a) do Poder Executivo;
são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua Presidente da República;
clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida Vice-Presidente da República;
por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a Ministros de Estado;
máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
redigir. Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to- Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco quadro, de natureza especial;
constante de obra de Adriano da Gama Kury, a partir do qual podem ser Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias colunas Prefeitos Municipais.
em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma delas tem
sentido! b) do Poder Legislativo:
CAPÍTULO II Deputados Federais e Senadores;
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS Ministros do Tribunal de Contas da União;
2. Introdução Deputados Estaduais e Distritais;
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial. Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análi- c) do Poder Judiciário:
se, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades de Ministros dos Tribunais Superiores;
comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos Membros de Tribunais;
fechos e a identificação do signatário. Juízes;
Auditores da Justiça Militar.
2.1. Pronomes de Tratamento
2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor- Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
porados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a segun-
da pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido
Prossegue o autor: do cargo respectivo:
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a Senhor Senador,
palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria supe- Senhor Juiz,
rior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com Senhor Ministro,
o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o trata- Senhor Governador,
mento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia eclesiástica
vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autori-
dades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já es- A Sua Excelência o Senhor
tava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa Fulano de Tal
mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome Ministro de Estado da Justiça
vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual 70064-900 – Brasília. DF
emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos

Língua Portuguesa 96
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
(DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto (espaço para assinatura)
para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repe- NOME
tida evocação. Ministro de Estado da Justiça
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para parti-
culares. O vocativo adequado é: Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pági-
Senhor Fulano de Tal, na isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última
(...) frase anterior ao fecho.
No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor 3. O Padrão Ofício
Fulano de Tal Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
Rua ABC, no 123 do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de uniformi-
12345-000 – Curitiba. PR zá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chamamos
de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do ora busquemos as suas semelhanças.
superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de
Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de 3.1. Partes do documento no Padrão Ofício
tratamento Senhor. O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título aca- expede:
dêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o Exemplos:
apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por Mem. 123/2002-MF
terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por Aviso 123/2002-SG
doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medici- Of. 123/2002-MME
na. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade
às comunicações. b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à
direita:
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por for- Exemplo:
ça da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Brasília, 15 de março de 1991.
Corresponde-lhe o vocativo:
Magnífico Reitor, c) assunto: resumo do teor do documento
(...) Exemplos:
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar- Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
quia eclesiástica, são: Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo cor-
respondente é: d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co-
Santíssimo Padre, municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
(...)
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunica- e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
ções aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas:
(...) “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, em-
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas pregue a forma direta;
a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve- – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver
rendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos
Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos. distintos, o que confere maior clareza à exposição;
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a
2.2. Fechos para Comunicações posição recomendada sobre o assunto.
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-
los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial: tura é a seguinte:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: – introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o
Respeitosamente, encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada,
deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami-
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado
Atenciosamente, (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela
qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida- “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho,
des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.”
ou
2.3. Identificação do Signatário “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do tele-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, grama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação
todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da agrícolas na região Nordeste.”
identificação deve ser a seguinte: – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
(espaço para assinatura) comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
NOME parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de

Língua Portuguesa 97
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi-
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em
g) assinatura do autor da comunicação; e mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário). comunicação eminentemente interna.

3.2. Forma de diagramação Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma de exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter-
apresentação: minado setor do serviço público.
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder- em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da pági- de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
na; próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado,
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da 3.4.2. Forma e Estrutura
margem esquerda; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício,
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo
cm de largura; que ocupa.
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pon- Exemplos:
tos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
comportar tal recurso, de uma linha em branco; Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra 4. Exposição de Motivos
forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do do- 4.1. Definição e Finalidade
cumento; Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú-
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel bran- blica ou ao Vice-Presidente para:
co. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e a) informá-lo de determinado assunto;
ilustrações; b) propor alguma medida; ou
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impres- c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repúbli-
Text nos documentos de texto; ca por um Ministro de Estado.
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveita- exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi-
mento de trechos para casos análogos; dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser for-
mados da seguinte maneira: 4.2. Forma e Estrutura
tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão
conteúdo ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato normati-
vo, segue o modelo descrito adiante.
3.3. Aviso e Ofício
3.3.1. Definição e Finalidade A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusiva-
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusiva- mente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou submeta
mente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao projeto de ato normativo.
passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Adminis- No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva
tração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares. algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutura
segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
3.3.2. Forma e Estrutura
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presidente
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
Tratamento), seguido de vírgula. apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura do
Exemplos: padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por seu
Excelentíssimo Senhor Presidente da República autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Senhora Ministra a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medi-
Senhor Chefe de Gabinete da ou do ato normativo proposto;
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in- normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alter-
formações do remetente: nativas existentes para equacioná-lo;
– nome do órgão ou setor; c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
– endereço postal; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
– telefone e endereço de correio eletrônico.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de moti-
3.4. Memorando vos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4.1. Definição e Finalidade no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.

Língua Portuguesa 98
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
mensagem.
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão
equivalente) no , de de de 200 . d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da
República se ausentarem do País por mais de 15 dias.
5. Mensagem Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a
5.1. Definição e Finalidade autorização é da competência privativa do Congresso Nacional.
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes
Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa
Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de
deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da de emissoras de rádio e TV.
Nação. A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional
consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presi- efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do
dência da República, a cujas assessorias caberá a redação final. Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na men-
sagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional art. 223 já define o prazo da tramitação.
têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou finan- Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o cor-
ceira. respondente processo administrativo.
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime
normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
4o). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime nor- O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a aber-
mal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgên- tura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
cia. referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e
parecer da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Congres- pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constitui-
so Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da ção, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento
Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputa- Interno.
dos, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria- Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do Pa-
nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais), as ís e solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição, art.
mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso 84, XI).
Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário
do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da
deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é
precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do distribuída a todos os Congressistas em forma de livro.
Congresso Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição,
art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, en-
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbi- caminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram os
to do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem dois
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por elas enca- exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da
minhadas. República terá aposto o despacho de sanção.

Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos órgãos inte- i) comunicação de veto.
ressados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o), a
União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na ínte-
Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de enca- gra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das
minhamento ao Congresso. demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao
Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
b) encaminhamento de medida provisória.
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presi- j) outras mensagens.
dente da República encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensa-
membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntan- gens com:
do cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de Documen- – encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos
tação da Presidência da República. ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e
c) indicação de autoridades. prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art. 155,
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pes- § 2o, IV);
soas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribunais – proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida
Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, consolidada (Constituição, art. 52, VI);
Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm – pedido de autorização para operações financeiras externas (Cons-
em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela tituição, art. 52, V); e outros.
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indica-
ção. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
– convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição,
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a art. 57, § 6o);

Língua Portuguesa 99
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
– pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da Repú- de rosto, i. é., de pequeno formulário com os dados de identificação da
blica (art. 52, XI, e 128, § 2o); mensagem a ser enviada.
– pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização
nacional (Constituição, art. 84, XIX); 8. Correio Eletrônico
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constitui- 8.1 Definição e finalidade
ção, art. 84, XX); O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, trans-
– justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorro- formou-se na principal forma de comunicação para transmissão de docu-
gação (Constituição, art. 136, § 4o); mentos.
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constitui-
ção, art. 137); 8.2. Forma e Estrutura
– relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibili-
defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); dade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretan-
– proposta de modificação de projetos de leis financeiras (Constitui- to, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação
ção, art. 166, § 5o); oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais).
– pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem des-
pesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou rejei- O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve
ção do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do
8o); destinatário quanto do remetente.
– pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas
com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferenci-
almente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo
5.2. Forma e Estrutura deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo..
As mensagens contêm:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontalmen- Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de lei-
te, no início da margem esquerda: tura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de
Mensagem no confirmação de recebimento.
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda; 8.3 Valor documental
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceita como
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizon- documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a
talmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da Re- Relação das espécies de documentos (classificação- um modelo)
pública, não traz identificação de seu signatário. 1 - ATA
- Utilizada por órgãos/entidades públicas para registrar, resumir e di-
6. Telegrama
vulgar fatos e ocorrências verificadas em reunião.
6.1. Definição e Finalidade
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimentos 2 - AVISO
burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda comunicação oficial - Utilizado para a correspondência oficial entre ministros de Estado e/ou
expedida por meio de telegrafia, telex, etc. dirigentes de órgãos integrantes da estrutura da Presidência da República.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos 3 - BOLETIM
e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegrama apenas - Utilizado para divulgar assuntos de interesse de órgão/entidade e/ou
àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax dos servidores.
e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão de seu custo
elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. 4 - CARTA
Concisão e Clareza). - Forma pela qual os órgãos/entidades, etc. se dirigem aos particulares
em geral.
6.2. Forma e Estrutura
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos 5 - CARTA-CIRCULAR
formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na Inter- - Forma pela qual os órgãos/entidades, etc. se dirigem aos particulares
net. em geral. Utilizada quando o mesmo conteúdo deve ser divulgado para
vários destinatários.
7. Fax
7.1. Definição e Finalidade 6 - CERTIDÃO
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma forma de - Utilizada para retratar atos ou fatos constantes de assentamentos pú-
comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento da blicos permanentes que se encontrem em poder de órgãos/entidades
Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o públicas.
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência,
quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. 7 – CONTRATO
Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma Utilizado pelos órgãos/entidades públicas para firmarem compromissos
de praxe. com a iniciativa privada, tendo em vista a aquisição de materiais e equipa-
mentos ou a execução de obras e serviços diversos.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax
e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapi- 8 - CONVÊNIO
damente. - Utilizado pelos órgãos/entidades públicas para firmarem, entre si,
acordo de interesse comum.
7.2. Forma e Estrutura
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que 9 - DECLARAÇÃO
lhes são inerentes.
É conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de folha

Língua Portuguesa 100


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- Utilizada para afirmar positiva ou negativamente a existência de fato - Correspondência trocada entre o Ministério das Relações Exteriores e
ou estado de conhecimento do órgão/entidade pública, devendo ser expe- as representações diplomáticas.
dida pelo titular da mesma mediante delegação.
21- OFÍCIO
10 - DECRETO
- Utilizado por chefes e dirigentes de órgãos/entidades públicas para a
- Ato administrativo expedido pelo presidente da República e refe- correspondência externa de assuntos oficiais.
rendado por ministro de Estado, com finalidades gerais, específicas ou
individuais. 22- OFÍCIO-CIRCULAR
11 - EDITAL - Utilizado por chefes e dirigentes de órgãos/entidades públicas para a
correspondência externa de assuntos oficiais. Utilizado quando o mesmo
- Documento utilizado para o estabelecimento de condições sobre as- conteúdo deve ser divulgado entre vários destinatários.
suntos de interesses variados, tornando-se público por meio de anúncios na
imprensa,, no Diário Oficial da União ou com afixação em lugares públicos. 23- PARECER
12 - EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS - Utilizado por órgãos consultivos ou técnicos para opinarem e/ou se
- Expediente dirigido ao presidente da República para informá-lo sobre manifestarem a respeito de assuntos submetidos à sua consideração.
determinado assunto, para propor alguma medida ou para submeter à sua 24- PARECER NORMATIVO
consideração projeto de ato normativo. Em regra, a exposição de motivos é
dirigida ao presidente da República por um ministro de Estado ou secretário - Utilizado por órgãos consultivos superiores ou centrais de sistemas
da Presidência da República. Nos casos em que o assunto tratado envolver para fixar entendimento sobre normas legais ou regulamentares.
mais de um ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por 25- PORTARIA
todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, denominada de
“interministerial”. - Expedida por ministros de Estado e/ou dirigentes dos órgãos da Ad-
ministração Pública Federal para a prática de atos necessários ao eficaz
13- FAC-SÍMILE (FAX) andamento dos serviços dentro da área específica de atuação do órgão.
- Utilizado para a transmissão de documentos via linha telefônica (có-
26- RELATÓRIO
pia), em caráter oficial. Em regra, o original desses documentos segue
posteriormente pela via e na forma de praxe. - Utilizado para reunir informações, de forma sistemática e objetiva, de
14- INSTRUÇÃO DE SERVIÇO atividades desenvolvidas pelo órgão/entidade ou servidor.

- Utilizada pelo órgão/entidade objetivando regulamentar e estabelecer 27- REPRESENTAÇÃO


procedimentos de caráter administrativo. - Utilizada para levar ao conhecimento de autoridades competentes
15- INSTRUÇÃO NORMATIVA ocorrências de fatos ou irregularidades detectadas na execução de serviços
prestados por órgãos públicos.
- Utilizada por órgãos centrais de sistemas objetivando a normatização
e a coordenação central das atividades que lhes são inerentes. 28- REQUERIMENTO
16- LEI - Documento em que se faz pedido à autoridade competente.
- Norma jurídica escrita, emanada do poder competente, com caráter 29- RESOLUÇÃO
de obrigatoriedade, que cria, extingue ou modifica direito. - Utilizado por órgãos colegiados para o estabelecimento de normas
16- MEDIDA PROVISÓRIA sobre assuntos de sua competência.
- Editada pelo presidente da República para legislar, em caso de rele- 30- TELEGRAMA
vância e urgência, devendo ser submetida de imediato ao Congresso - Utilizado para a transmissão, pela ECT, de mensagem urgente e su-
Nacional, nos termos do art. 62 da Constituição Federal. cinta, em caráter oficial.
17- MEMORANDO 31- TELEX
- Documento utilizado internamente por chefes e dirigentes para o trato - Utilizado para a transmissão de mensagem direta, de equipamento a
de assuntos administrativos de interesse do próprio órgão/entidade. Sua equipamento, de assunto urgente e sucinto, em caráter oficial.
característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em
qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de proce- 32- TERMO ADITIVO
dimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de - Utilizado para alterar ou complementar, com base em disposição le-
comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio gal, as cláusulas de contratos ou convênios firmados pelos ór-
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse gãos/entidades públicas.
procedimento permite que se historie o andamento da matéria tratada no
memorando.
PROVA SIMULADA I
18- MEMORANDO-CIRCULAR
- Documento utilizado internamente por chefes e dirigentes para o trato 01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e à grafia das palavras.
de assuntos administrativos de interesse do próprio órgão/entidade. Utiliza- (A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer.
do quando o mesmo conteúdo deve ser divulgado entre várias unidades (B) O chefe deferia da opinião dos subordinados.
administrativas. (C) O processo foi julgado em segunda estância.
(D) O problema passou despercebido na votação.
19- MENSAGEM (E) Os criminosos espiariam suas culpas no exílio.
- Instrumento de comunicação oficial entre os chefes dos poderes pú-
blicos. Enviada pelo chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para 02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos é:
informar sobre fatos da Administração Pública, expor o plano de governo, (A) Quando ele vir suas notas, ficará muito feliz.
submeter ao Poder Legislativo matérias que dependam de sua liberação, (B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido.
apresentar veto, comunicar sanção, enfim, fazer e agradecer comunicações (C) A colega não se contera diante da situação.
de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos. (D) Se ele ver você na rua, não ficará contente.
(E) Quando você vir estudar, traga seus livros.
20- NOTA
03. O particípio verbal está corretamente empregado em:

Língua Portuguesa 101


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
(A) Não estaríamos salvados sem a ajuda dos barcos. (B) Fazem vários anos que essa empresa constrói parques, colaborando
(B) Os garis tinham chego às ruas às dezessete horas. com o meio ambiente.
(C) O criminoso foi pego na noite seguinte à do crime. (C) Laboratórios de análise clínica tem investido em institutos, desenvol-
(D) O rapaz já tinha abrido as portas quando chegamos. vendo projetos na área médica.
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda. (D) Havia algumas estatísticas auspiciosas e outras preocupantes apre-
sentadas pelos economistas.
04. Assinale a alternativa que dá continuidade ao texto abaixo, em (E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no
conformidade com a norma culta. litoral ou aproveitam férias ali.
Nem só de beleza vive a madrepérola ou nácar. Essa substância do
interior da concha de moluscos reúne outras características interes- 11. A frase correta de acordo com o padrão culto é:
santes, como resistência e flexibilidade. (A) Não vejo mal no Presidente emitir medidas de emergência devido às
(A) Se puder ser moldada, daria ótimo material para a confecção de chuvas.
componentes para a indústria. (B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, não receberemos recla-
(B) Se pudesse ser moldada, dá ótimo material para a confecção de mações.
componentes para a indústria. (C) Para mim construir um país mais justo, preciso de maior apoio à
(C) Se pode ser moldada, dá ótimo material para a confecção de com- cultura.
ponentes para a indústria. (D) Apesar do advogado ter defendido o réu, este não foi poupado da
(D) Se puder ser moldada, dava ótimo material para a confecção de culpa.
componentes para a indústria. (E) Faltam conferir três pacotes da mercadoria.
(E) Se pudesse ser moldada, daria ótimo material para a confecção de
componentes para a indústria. 12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os negó-
cios das empresas de franquia pelo contato direto com os possíveis
05. O uso indiscriminado do gerúndio tem-se constituído num problema investidores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins de sele-
para a expressão culta da língua. Indique a única alternativa em que ção não só permite às empresas avaliar os investidores com relação
ele está empregado conforme o padrão culto. aos negócios, mas também identificar o perfil desejado dos investido-
(A) Após aquele treinamento, a corretora está falando muito bem. res.
(B) Nós vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje. (Texto adaptado)
(C) Não haverá demora, o senhor pode estar aguardando na linha. Para eliminar as repetições, os pronomes apropriados para substituir
(D) No próximo sábado, procuraremos estar liberando o seu carro. as expressões: das empresas de franquia, às empresas, os investi-
(E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa. dores e dos investidores, no texto, são, respectivamente:
(A) seus ... lhes ... los ... lhes
06. De acordo com a norma culta, a concordância nominal e verbal está (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
correta em: (C) seus ... nas ... los ... deles
(A) As características do solo são as mais variadas possível. (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
(B) A olhos vistos Lúcia envelhecia mais do que rapidamente. (E) seus ... lhes ... eles ... neles
(C) Envio-lhe, em anexos, a declaração de bens solicitada.
(D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicações. 13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo
(E) Qualquer que sejam as dúvidas, procure saná-las logo. com o padrão culto.
(A) Quando possível, transmitirei-lhes mais informações.
07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de (B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente.
flexão de grau. (C) O diálogo a que me propus ontem, continua válido.
(A) Nas situações críticas, protegia o colega de quem era amiquíssimo. (D) Sua decisão não causou-lhe a felicidade esperada.
(B) Mesmo sendo o Canadá friosíssimo, optou por permanecer lá duran- (E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
te as férias.
(C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos. 14. O pronome oblíquo representa a combinação das funções de objeto
(D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que ruim. direto e indireto em:
(E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malíssima qualidade. (A) Apresentou-se agora uma boa ocasião.
(B) A lição, vou fazê-la ainda hoje mesmo.
Nas questões de números 08 e 09, assinale a alternativa cujas pala- (C) Atribuímos-lhes agora uma pesada tarefa.
vras completam, correta e respectivamente, as frases dadas. (D) A conta, deixamo-la para ser revisada.
(E) Essa história, contar-lha-ei assim que puder.
08. Os pesquisadores trataram de avaliar visão público financiamento
estatal ciência e tecnologia. 15. Desejava o diploma, por isso lutou para obtê-lo.
(A) à ... sobre o ... do ... para Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos
(B) a ... ao ... do ... para respectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta é:
(C) à ... do ... sobre o ... a (A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obtenção.
(D) à ... ao ... sobre o ... à (B) O desejo do diploma levou-o à luta em obtê-lo.
(E) a ... do ... sobre o ... à (C) O desejo do diploma levou-o à luta pela sua obtenção.
(D) Desejoso do diploma foi à luta pela sua obtenção.
09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a (E) Desejoso do diploma foi lutar por obtê-lo.
franqueadora procura ser muito mais criteriosa ao contratá-los, pois
eles devem estar aptos comercializar seus produtos. 16. Ao Senhor Diretor de Relações Públicas da Secretaria de Educação
(A) ao ... a ... à do Estado de São Paulo. Face à proximidade da data de inauguração
(B) àquele ... à ... à de nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Digníssimo
(C) àquele...à ... a Secretário da Educação do Estado de YYY, solicitamos a máxima
(D) ao ... à ... à urgência na antecipação do envio dos primeiros convites para o Ex-
(E) àquele ... a ... a celentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, o Reve-
rendíssimo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo e os Reitores das
10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a Universidades Paulistas, para que essas autoridades possam se
norma culta. programar e participar do referido evento.
(A) Bancos de dados científicos terão seu alcance ampliado. E isso Atenciosamente,
trarão grandes benefícios às pesquisas. ZZZ

Língua Portuguesa 102


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Assistente de Gabinete. 22. O rapaz era campeão de tênis. O nome do rapaz saiu nos jornais.
De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas Ao transformar os dois períodos simples num único período compos-
são correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por to, a alternativa correta é:
(A) Ilustríssimo ... Sua Excelência ... Magníficos (A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
(B) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Magníficos (B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
(C) Ilustríssimo ... Vossa Excelência ... Excelentíssimos (C) O rapaz era campeão de tênis, já que seu nome saiu nos jornais.
(D) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Excelentíssimos (D) O nome do rapaz onde era campeão de tênis saiu nos jornais.
(E) Ilustríssimo ... Vossa Senhoria ... Digníssimos (E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeão de tênis.

17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se 23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraqueci-
respeitam as regras de pontuação. dos galhos da velha árvore.
(A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, revelou, Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente, sobre
que temos uma arrecadação bem maior que a prevista. o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar.
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma (A) Quem podou? e Quando podou?
sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada. (B) Qual jardineiro? e Galhos de quê?
(C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade (C) Que jardineiro? e Podou o quê?
Policial, confessou sua participação no referido furto. (D) Que vizinho? e Que galhos?
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste (E) Quando podou? e Podou o quê?
funcionário, seja aquela sugerida, pela própria chefia.
(E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da plateia.
negativas, de débitos e os extratos, bancários solicitados. Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibili-
dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimento
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e correto das relações entre seus termos e pela sua adequada pontua-
predicado que formam um período simples, se aplica, adequadamen- ção em:
te, apenas a: (A) O público da plateia, observava a agitação dos lanterninhas.
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral. (B) O público observava a agitação da plateia, dos lanterninhas.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. (C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da plateia.
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas. (D) Da plateia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo. (E) Da plateia, o público observava a agitação dos lanterninhas.
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames.
25. Felizmente, ninguém se machucou.
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
Considere:
O livro de registro do processo que você procurava era o que estava I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
sobre o balcão. II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais de
modo;
19. No período, os pronomes o e que, na respectiva sequência, remetem III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
a fato;
(A) processo e livro. IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
(B) livro do processo. V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos.
(C) processos e processo. Está correto o contido apenas em
(D) livro de registro. (A) I, II e III.
(E) registro e processo. (B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período (D) II, III e IV.
acima: (E) III, IV e V.
I. há, no período, duas orações;
II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal; 26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o carro...,
III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais; indicando concessão, é:
IV. de registro é um adjunto adnominal de livro. (A) para poder trabalhar fora.
Está correto o contido apenas em (B) como havia programado.
(A) II e IV. (C) assim que recebeu o prêmio.
(B) III e IV. (D) porque conseguiu um desconto.
(C) I, II e III. (E) apesar do preço muito elevado.
(D) I, II e IV.
(E) I, III e IV. 27. É importante que todos participem da reunião.
O segmento que todos participem da reunião, em relação a
21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do É importante, é uma oração subordinada
acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho: (A) adjetiva com valor restritivo.
I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas; (B) substantiva com a função de sujeito.
II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura (C) substantiva com a função de objeto direto.
pelo Juiz; (D) adverbial com valor condicional.
III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equivalen- (E) substantiva com a função de predicativo.
te ao da palavra mas;
IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do acór- 28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação estabe-
dão, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar. lecida pelo termo como é de
Está correto o contido apenas em (A) comparatividade.
(A) II e IV. (B) adição.
(B) III e IV. (C) conformidade.
(C) I, II e III. (D) explicação.
(D) I, III e IV. (E) consequência.
(E) II, III e IV.

Língua Portuguesa 103


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
29. A região alvo da expansão das empresas, _____, das redes de para a classe dominante;
franquias, é a Sudeste, ______ as demais regiões também serão D) é de difícil compreensão, já que sua presença não se coaduna com a
contempladas em diferentes proporções; haverá, ______, planos di- de outros indicadores sociais;
versificados de acordo com as possibilidades de investimento dos E) tem razões históricas e se mantém em níveis estáveis nas últimas
possíveis franqueados. décadas.
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e
relaciona corretamente as ideias do texto, é: 34. O melhor resumo das sete primeiras linhas do texto é:
(A) digo ... portanto ... mas A) Entender a miséria no Brasil é impossível, já que todos os outros
(B) como ... pois ... mas indicadores sociais melhoraram;
(C) ou seja ... embora ... pois B) Desde os primórdios da colonização a miséria existe no Brasil e se
(D) ou seja ... mas ... portanto mantém onipresente;
(E) isto é ... mas ... como C) A miséria no Brasil tem fundo histórico e foi alimentada por governos
incompetentes;
30. Assim que as empresas concluírem o processo de seleção dos D) Embora os indicadores sociais mostrem progresso em muitas áreas,
investidores, os locais das futuras lojas de franquia serão divulgados. a miséria ainda atinge uma pequena parte de nosso povo;
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas concluí- E) Todos os indicadores sociais melhoraram exceto o indicador da
rem o processo de seleção dos investidores por uma oração reduzi- miséria que leva à criminalidade.
da, sem alterar o sentido da frase, é:
(A) Porque concluindo o processo de seleção dos investidores ... 35. As marcas de progresso em nosso país são dadas com apoio na
(B) Concluído o processo de seleção dos investidores ... quantidade, exceto:
(C) Depois que concluíssem o processo de seleção dos investidores ... A) frequência escolar;
(D) Se concluído do processo de seleção dos investidores... B) liderança diplomática;
(E) Quando tiverem concluído o processo de seleção dos investidores ... C) mortalidade infantil;
D) analfabetismo;
A MISÉRIA É DE TODOS NÓS E) desempenho econômico.
Como entender a resistência da miséria no Brasil, uma chaga social
que remonta aos primórdios da colonização? No decorrer das últimas 36. ''No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos.''; com
décadas, enquanto a miséria se mantinha mais ou menos do mesmo tama- essa frase, o jornalista quer dizer que o Brasil:
nho, todos os indicadores sociais brasileiros melhoraram. Há mais crianças A) já está suficientemente forte para começar a exercer sua liderança
em idade escolar frequentando aulas atualmente do que em qualquer outro na América Latina;
período da nossa história. As taxas de analfabetismo e mortalidade infantil B) já mostra que é mais forte que seus países vizinhos;
também são as menores desde que se passou a registrá-las nacionalmen- C) está iniciando seu trabalho diplomático a fim de marcar presença no
te. O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do mundo. cenário exterior;
No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando D) pretende mostrar ao mundo e aos países vizinhos que já é suficien-
uma inconteste liderança política regional na América Latina, ao mesmo temente forte para tornar-se líder;
tempo que atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte E) ainda é inexperiente no trato com a política exterior.
oponente das injustas políticas de comércio dos países ricos.
37. Segundo o texto, ''A miséria é onipresente'' embora:
Apesar de todos esses avanços, a miséria resiste. A) apareça algumas vezes nas grandes cidades;
Embora em algumas de suas ocorrências, especialmente na zona rural, B) se manifeste de formas distintas;
esteja confinada a bolsões invisíveis aos olhos dos brasileiros mais bem C) esteja escondida dos olhos de alguns;
posicionados na escala social, a miséria é onipresente. Nas grandes cida- D) seja combatida pelas autoridades;
des, com aterrorizante frequência, ela atravessa o fosso social profundo e E) se torne mais disseminada e cruel.
se manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestações
é a criminalidade, que, se não tem na pobreza sua única causa, certamente 38. ''...não é uma empreitada simples'' equivale a dizer que é uma em-
em razão dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistência da preitada complexa; o item em que essa equivalência é feita de forma
pobreza extrema entre milhões de habitantes não é uma empreitada sim- INCORRETA é:
ples. A) não é uma preocupação geral = é uma preocupação superficial;
Veja, ed. 1735 B) não é uma pessoa apática = é uma pessoa dinâmica;
31. O título dado ao texto se justifica porque: C) não é uma questão vital = é uma questão desimportante;
A) a miséria abrange grande parte de nossa população; D) não é um problema universal = é um problema particular;
B) a miséria é culpa da classe dominante; E) não é uma cópia ampliada = é uma cópia reduzida.
C) todos os governantes colaboraram para a miséria comum;
D) a miséria deveria ser preocupação de todos nós; 39. ''...enquanto a miséria se mantinha...''; colocando-se o verbo desse
E) um mal tão intenso atinge indistintamente a todos. segmento do texto no futuro do subjuntivo, a forma correta seria:
A) mantiver; B) manter; C)manterá; D)manteria;
32. A primeira pergunta - ''Como entender a resistência da miséria no E) mantenha.
Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios da coloniza-
ção?'': 40. A forma de infinitivo que aparece substantivada nos segmentos
A) tem sua resposta dada no último parágrafo; abaixo é:
B) representa o tema central de todo o texto; A) ''Como entender a resistência da miséria...'';
C) é só uma motivação para a leitura do texto; B) ''No decorrer das últimas décadas...'';
D) é uma pergunta retórica, à qual não cabe resposta; C) ''...desde que se passou a registrá-las...'';
E) é uma das perguntas do texto que ficam sem resposta. D) ''...começa a exercitar seus músculos.'';
E) ''...por ter se tornado um forte oponente...''.
33. Após a leitura do texto, só NÃO se pode dizer da miséria no Brasil
que ela: PROTESTO TÍMIDO
A) é culpa dos governos recentes, apesar de seu trabalho produtivo em Ainda há pouco eu vinha para casa a pé, feliz da minha vida e faltavam
outras áreas; dez minutos para a meia-noite. Perto da Praça General Osório, olhei para o
B) tem manifestações violentas, como a criminalidade nas grandes lado e vi, junto à parede, antes da esquina, algo que me pareceu uma
cidades; trouxa de roupa, um saco de lixo. Alguns passos mais e pude ver que era
C) atinge milhões de habitantes, embora alguns deles não apareçam um menino.

Língua Portuguesa 104


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais. Deitado de lado, bra- 44 ''Ainda há pouco eu vinha para casa a pé,...''; veja as quatro frases a
ços dobrados como dois gravetos, as mãos protegendo a cabeça. Tinha os seguir:
gambitos também encolhidos e enfiados dentro da camisa de meia esbura- I- Daqui há pouco vou sair.
cada, para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia I- Está no Rio há duas semanas.
estar morto. Outros, como eu, iam passando, sem tomar conhecimento de III - Não almoço há cerca de três dias.
sua existência. Não era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo IV - Estamos há cerca de três dias de nosso destino.
mesmo, um traste inútil, abandonado sobre a calçada. Um menor abando- As frases que apresentam corretamente o emprego do verbo haver
nado. são:
A) I - II
Quem nunca viu um menor abandonado? A cinco passos, na casa de B) I - III
sucos de frutas, vários casais de jovens tomavam sucos de frutas, alguns C) II - IV
mastigavam sanduíches. Além, na esquina da praça, o carro da radiopatru- D) I - IV
lha estacionado, dois boinas-pretas conversando do lado de fora. Ninguém E) II - III
tomava conhecimento da existência do menino.
45 O comentário correto sobre os elementos do primeiro parágrafo do
Segundo as estatísticas, como ele existem nada menos que 25 milhões texto é:
no Brasil, que se pode fazer? Qual seria a reação do menino se eu o acor- A) o cronista situa no tempo e no espaço os acontecimentos abordados
dasse para lhe dar todo o dinheiro que trazia no bolso? Resolveria o seu na crônica;
problema? O problema do menor abandonado? A injustiça social? B) o cronista sofre uma limitação psicológica ao ver o menino
(....) C) a semelhança entre o menino abandonado e uma trouxa de roupa é
a sujeira;
Vinte e cinco milhões de menores - um dado abstrato, que a imagina- D) a localização do fato perto da meia-noite não tem importância para o
ção não alcança. Um menino sem pai nem mãe, sem o que comer nem texto;
onde dormir - isto é um menor abandonado. Para entender, só mesmo E) os fatos abordados nesse parágrafo já justificam o título da crônica.
imaginando meu filho largado no mundo aos seis, oito ou dez anos de
idade, sem ter para onde ir nem para quem apelar. Imagino que ele venha a
ser um desses que se esgueiram como ratos em torno aos botequins e 46 Boinas-pretas é um substantivo composto que faz o plural da mesma
lanchonetes e nos importunam cutucando-nos de leve - gesto que nos forma que:
desperta mal contida irritação - para nos pedir um trocado. Não temos A) salvo-conduto;
disposição sequer para olhá-lo e simplesmente o atendemos (ou não) para B) abaixo-assinado;
nos livrarmos depressa de sua incômoda presença. Com o sentimento que C) salário-família;
sufocamos no coração, escreveríamos toda a obra de Dickens. Mas esta- D) banana-prata;
mos em pleno século XX, vivendo a era do progresso para o Brasil, con- E) alto-falante.
quistando um futuro melhor para os nossos filhos. Até lá, que o menor
abandonado não chateie, isto é problema para o juizado de menores. 47 A descrição do menino abandonado é feita no segundo parágrafo do
Mesmo porque são todos delinquentes, pivetes na escola do crime, cedo texto; o que NÃO se pode dizer do processo empregado para isso é
terminarão na cadeia ou crivados de balas pelo Esquadrão da Morte. que o autor:
A) se utiliza de comparações depreciativas;
Pode ser. Mas a verdade é que hoje eu vi meu filho dormindo na rua, B) lança mão de vocábulo animalizador;
exposto ao frio da noite, e além de nada ter feito por ele, ainda o confundi C) centraliza sua atenção nos aspectos físicos do menino;
com um monte de lixo. D) mostra precisão em todos os dados fornecidos;
Fernando Sabino E) usa grande número de termos adjetivadores.

41 Uma crônica, como a que você acaba de ler, tem como melhor 48 ''Estava dormindo, como podia estar morto''; esse segmento do texto
definição: significa que:
A) registro de fatos históricos em ordem cronológica; A) a aparência do menino não permitia saber se dormia ou estava
B) pequeno texto descritivo geralmente baseado em fatos do cotidiano; morto;
C) seção ou coluna de jornal sobre tema especializado; B) a posição do menino era idêntica à de um morto;
D) texto narrativo de pequena extensão, de conteúdo e estrutura bas- C) para os transeuntes, não fazia diferença estar o menino dormindo ou
tante variados; morto;
E) pequeno conto com comentários, sobre temas atuais. D) não havia diferença, para a descrição feita, se o menino estava
dormindo ou morto;
42 O texto começa com os tempos verbais no pretérito imperfeito - E) o cronista não sabia sobre a real situação do menino.
vinha, faltavam - e, depois, ocorre a mudança para o pretérito perfei-
to - olhei, vi etc.; essa mudança marca a passagem: 49 Alguns textos, como este, trazem referências de outros momentos
A) do passado para o presente; históricos de nosso país; o segmento do texto em que isso ocorre é:
B) da descrição para a narração; A) ''Perto da Praça General Osório, olhei para o lado e vi...'';
C) do impessoal para o pessoal; B) ''...ou crivados de balas pelo Esquadrão da Morte'';
D) do geral para o específico; C) ''...escreveríamos toda a obra de Dickens'';
E) do positivo para o negativo. D) ''...isto é problema para o juizado de menores'';
E) ''Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais''.
43 ''...olhei para o lado e vi, junto à parede, antes da esquina, ALGO que
me pareceu uma trouxa de roupa...''; o uso do termo destacado se 50 ''... era um bicho...''; a figura de linguagem presente neste segmento
deve a que: do texto é uma:
A) o autor pretende comparar o menino a uma coisa; A) metonímia;
B) o cronista antecipa a visão do menor abandonado como um traste B) comparação ou símile;
inútil; C) metáfora;
C) a situação do fato não permite a perfeita identificação do menino; D) prosopopeia;
D) esse pronome indefinido tem valor pejorativo; E) personificação.
E) o emprego desse pronome ocorre em relação a coisas ou a pesso-
as.

Língua Portuguesa 105


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
RESPOSTAS – PROVA I 10) Indique as frases com grafia correta, baseada na reforma ortográ-
01. D 11. B 21. B 31. D 41. D fica em vigor desde 1º de janeiro de 2009, a qual tem prazo de implan-
02. A 12. A 22. A 32. B 42. B tação no Brasil até 31 de dezembro de 2012.
03. C 13. C 23. C 33. A 43. C A - Gosto de geléia de amora.
04. E 14. E 24. E 34. A 44. E B - O pântano está cheio de jibóias enormes.
05. A 15. C 25. D 35. B 45. A C - Creio num modelo de gestão autossustentável.
06. B 16. A 26. E 36. C 46. A D - Vocês não veem diferença? Não leem jornais?
07. D 17. B 27. B 37. C 47. D E - Averigue: não há feiura nos polos.
08. E 18. E 28. C 38. A 48. C
09. C 19. D 29. D 39. A 49. B GABARITO
10. D 20. A 30. B 40. B 50. C 1-B
2-A
10 PEGADINHAS PEDAGÓGICAS 3-C
4-A
1) Para uma boa comunicação escrita, qual destas frases você consi- 5-BeC
dera a mais apropriada? 6-AeC
7 - A, B e C
A - Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado
8 - Não há erro
neste andar.
9 - A, B, C e D
B - Antes de entrar, verifique se o elevador está parado neste andar.
10 - Todas estão corretas
C - Antes de entrar no elevador, verifique se ele não está mesmo parado
Folhauol
neste andar.

2) Como você descreveria sua atitude para exprimir adequadamente a


Ortografia
felicidade que sente? 1. Estão corretamente empregadas as palavras na frase:
A - Fui ao encontro do amor. a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversário.
B - Fui de encontro ao amor. b) Ele agiu com muita descrição.
C - Fui para encontro do amor. c) O pião conseguiu o primeiro lugar na competição.
d) Ele cantou uma área belíssima.
3) Somente um entre estes três exemplos tem o verbo empregado e) Utilizamos as salas com exatidão.
apropriadamente. Qual é?
A - Estou assistindo o doente. 2. Todas as alternativas são verdadeiras quanto ao emprego da inicial
B - Estou assistindo o filme de aventura. maiúscula, exceto:
C - Estou assistindo a um espetáculo circense. a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas.
b) No começo de período, verso ou alguma citação direta.
4) Apenas uma destas frases está em linguagem opinativa. Qual? c) Nos substantivos próprios de qualquer espécie
A - Esta Bienal apresenta muitas novidades; umas interessantes, outras d) Nos nomes de fatos históricos dos povos em geral.
não. e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.
B - Esta Bienal é uma feira cultural, literária e comercial.
C - Esta Bienal concentra no MASP muitos escritores e editores 3. Indique a única sequência em que todas as palavras estão grafadas
corretamente:
5) Em duas destas sentenças se percebem vícios de linguagem. Quais a) fanatizar - analizar - frizar.
são elas? b) fanatisar - paralizar - frisar.
A - Assisto essa estagiária desde que ela chegou aqui. c) banalizar - analisar - paralisar.
B - No debate, vou encarar de frente o meu oponente. d) realisar - analisar - paralizar.
C - É preciso manter o mesmo goleiro contra os EUA. e) utilizar - canalisar - vasamento.
6) Quais destas alternativas constituem exemplo de ambiguidade? 4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente é:
A - O professor falou com o estudante parado na sala. a) hidrólise - hidrolisar.
B - Aquele, no fim da escada, era o último degrau. b) comércio - comercializar.
C - Os policiais prenderam o ladrão do banco na rua XV. c) ironia - ironizar.
d) catequese - catequisar.
7) Indique a oração com emprego correto do pronome demonstrativo. e) análise - analisar.
A - Apanhe este caderno da minha mão.
B - Levarei o livro até essa cidade em que você está. 5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, assinale a alternativa em que
C - O prefácio anuncia e a abertura mostra; esta convence, aquele seduz. não há erro de grafia:
a) A Baía de Guanabara é uma grande obra de arte da Natureza.
8) Nestes quatro exemplos, onde há erro quanto ao emprego de por b) Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços de ami-
que, por quê, porque, porquê? zade com a Europa.
A - Por que profissão ela optou? c) Diz um provérbio árabe: "a agulha veste os outros e vive nua."
B - Você está infeliz por quê? d) "Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incensos e
C - Quero entender o porquê desse gesto. mirra " (Manuel Bandeira).
D - Ele parou porque ficou muito cansado. e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na época
de natal.
9) Mais vícios de linguagem podem ser notados nos exemplos a se-
guir. Identifique-os. 6. Marque a opção cm que todas as palavras estão grafadas corretamente:
A - Dividi a maçã em duas metades iguais. a) enxotar - trouxa - chícara.
B - Nesse caso, você tem outra alternativa? b) berinjela - jiló - gipe.
C - Esse é o elo de ligação entre os crimes. c) passos - discussão - arremesso.
D - A prefeitura municipal pode cuidar disso. d) certeza - empresa - defeza.
e) nervoso - desafio - atravez.

Língua Portuguesa 106


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é: d) erdeiro.
a) O experto disse que fora óleo em excesso. e) iena.
b) O assessor chegou à exaustão.
c) A fartura e a escassez são problemáticas. 17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras parônimas:
d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala. a) céu - seu
e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu. b) paço - passo
c) eminente - evidente
8. Assinale a opção cm que a palavra está incorretamente grafada: d) descrição - discrição
a) duquesa.
b) magestade. 18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser
c) gorjeta. escritas com "j".
d) francês. a) __irau, __ibóia, __egue
e) estupidez. b) gor__eio, privilé__io, pa__em
c) ma__estoso, __esto, __enipapo
9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda não se escreve d) here__e, tre__eito, berin__ela
com a mesma letra sublinhada na primeira é:
a) vez / reve___ar. 19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas
b) propôs / pu__ eram. do seguinte período: "Em _____ plenária, estudou-se a _____ de terras a
c) atrás / retra __ ado. _____ japoneses."
d) cafezinho/ blu __ inha. a) seção - cessão - emigrantes
e) esvaziar / e___ tender. b) cessão - sessão - imigrantes
c) sessão - secção - emigrantes
10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x: d) sessão - cessão - imigrantes
a) pran__a / en__er / __adrez.
b) fei__e / pi__ar / bre__a. 20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que apresenta um erro de ortografia:
c) __utar / frou__o / mo__ila. a) enxofre, exceção, ascensão
d) fle__a / en__arcar / li__ar. b) abóbada, asterisco, assunção
e) me__erico / en__ame / bru__a. c) despender, previlégio, economizar
d) adivinhar, prazerosamente, beneficente
11. Todas as palavras estão com a grafia correta, exceto:
a) dejeto. 21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contém um erro de ortografia:
b) ogeriza. a) beleza, duquesa, francesa
c) vadear. b) estrupar, pretensioso, deslizar
d) iminente. c) esplêndido, meteorologia, hesitar
e) vadiar. d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente é: 22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto à grafia das palavras:
a) fixação - rendição - paralisação. a) atraz - ele trás
b) exceção - discussão - concessão. b) atrás - ele traz
c) seção - admissão - distensão. c) atrás - ele trás
d) presunção - compreensão - submissão. d) atraz - ele traz
e) cessão - cassação - excurção.
23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:
13. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corre- a) bandeija
tamente: b) mendingo
a) analizar - economizar - civilizar. c) irrequieto
b) receoso - prazeirosamente - silvícola. d) carangueijo
c) tábua - previlégio - marquês.
d) pretencioso - hérnia - majestade. 24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase
e) flecha - jeito - ojeriza. abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil de hoje é diferente, _____ os
ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".
14. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corre- a) mas - mas
tamente: b) mais - mas
a) atrasado - princesa - paralisia. c) mas - mais
b) poleiro - pagem - descrição. d) mais - mais
c) criação - disenteria - impecilho.
d) enxergar - passeiar - pesquisar. 25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portan-
e) batizar - sintetizar - sintonisar. to, palavras homônimas. Associe as duas colunas e assinale a alternativa
com a sequência correta.
15. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corre- 1 - conserto ( ) valor pago
tamente: 2 - concerto ( ) juízo claro
a) tijela - oscilação - ascenção. 3 - censo ( ) reparo
b) richa - bruxa - bucha. 4 - senso ( ) estatística
c) berinjela - lage - majestade. 5 - taxa ( ) pequeno prego
d) enxada - mixto - bexiga. 6 - tacha ( ) apresentação musical
e) gasolina - vaso - esplêndido. a) 5-4-1-3-6-2
b) 5-3-2-1-6-4
16. Marque a única palavra que se escreve sem o h: c) 4-2-6-1-3-5
a) omeopatia. d) 1-4-6-5-2-3
b) umidade.
c) umor.

Língua Portuguesa 107


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras antônimas: _______________________________________________________
a) pavor - pânico
b) pânico - susto _______________________________________________________
c) dignidade - indecoro _______________________________________________________
d) dignidade - integridade
_______________________________________________________
27. (CFS/97) O antônimo para a expressão "época de estiagem" é: _______________________________________________________
a) tempo quente
b) tempo de ventania _______________________________________________________
c) estação chuvosa
d) estação florida
_______________________________________________________
_______________________________________________________
28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a coluna da esquerda com a da
direita e indicar a sequência correta. _______________________________________________________
1 - insigne ( ) ignorante ______________________________________________________
2 - extático ( ) saliente
3 - insipiente ( ) absorto _______________________________________________________
4 - proeminente ( ) notável
_______________________________________________________
a) 2-4-3-1
b) 3-4-2-1 _______________________________________________________
c) 4-3-1-2
d) 3-2-4-1 _______________________________________________________
_______________________________________________________
29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos são grafados com "x" ?
a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga _______________________________________________________
b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa _______________________________________________________
c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e
d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear _______________________________________________________

1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E /
_______________________________________________________
14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 _______________________________________________________
A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B pciconcursos
_______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________

Língua Portuguesa 108


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
saúde como um “direito de todos” e “dever do Estado” e está
PSICÓLOGO regulado pela Lei nº. 8.080/1990, a qual operacionaliza o
atendimento público da saúde.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Com o advento do SUS, toda a população brasileira
passou a ter direito à saúde universal e gratuita, que deve ser
fornecida pelos três entes federativos - União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. Fazem parte do Sistema Único
de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais públicos
- incluindo os universitários, os laboratórios e hemocentros
(bancos de sangue), os serviços de Vigilância Sanitária,
Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de
fundações e institutos de pesquisa acadêmica e científica,
como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz - e o Instituto
Vital Brazil.
A saúde pública no período militar
Antes da instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), a
atuação do Ministério da Saúde se resumia às atividades de
promoção de saúde e prevenção de doenças, (como, por
exemplo, a vacinação), realizadas em caráter universal, e à
assistência médico-hospitalar para poucas doenças; servia
Legislação do SUS
aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao
Resolução CFP Nº 010/05 - O Código de Ética Profissional do
atendimento pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da
Psicólogo - Em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005.
Previdência Social - INAMPS.
Resolução CFP N.º 007/2003 Manual de Elaboração de Do-
cumentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas O INAMPS, por sua vez, era uma autarquia federal
Resolução CFP Nº 010/2010 - Institui a regulamentação da vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social
Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos (hoje Ministério da Previdência Social), e foi criado pelo
em situação de violência, na Rede de Proteção. regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto
Resolução CFP Nº 008/2010 - Dispõe sobre a atuação do Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto
psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciá- Nacional de Seguridade Social (INSS). O Instituto tinha a
rio. finalidade de prestar atendimento médico aos que contribuíam
BRASIL, LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sis- com a previdência social, ou seja, aos empregados de
tema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE) carteira assinada.
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Dispõe sobre o Analisando o período, Felipe Asensi expõe que
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên- a utilização dos serviços de saúde se encontrou vinculada
cias. à situação empregatícia, ocasionando a exclusão de uma
A constituição do objeto libidinal patologia das relações obje- parcela relevante da população desempregada, seja por defi-
tais. ciências físicas, seja por insuficiências na educação ou,
Prevenção e efeitos da privação materna. mesmo, por inacessibilidade estrutural ao mercado de traba-
O papel do pai. lho formal.
As inter-relações familiares: casamento, conflito conjugal, — Felipe Asensi
separação, guarda dos filhos.
O INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, ou
A criança e a separação dos pais.
seja, de hospitais públicos, mas a maior parte do atendimento
A criança e o adolescente vitimizados.
era realizado pela iniciativa privada; os convênios
Natureza e origens da tendência anti-social.
estabeleciam a remuneração pelo governo por quantidade de
Os direitos fundamentais da criança e do adolescente.
procedimentos realizados. Já os que não tinham a carteira
As medidas específicas de proteção à criança e ao adoles-
assinada utilizavam, sobretudo, as Santas Casas, instituições
cente.
filantrópico-religiosas que amparavam cidadãos necessitados
Noções de Direito da Família.
e carentes.
A colocação em família substituta - Guarda, Tutela, Adoção.
Adolescência, Drogadição e Família. A crise do INAMPS na década de 1980
A apuração de ato infracional atribuído ao adolescente. A crise do petróleo que abateu a economia brasileira na
As medidas sócio-educativas. segunda metade da década de 1970 e no início da década de
O trabalho do psicólogo e as atribuições da equipe interprofis- 1980 trouxe também prejuízos financeiros - e políticos - para
sional na Vara da Infância e da Juventude, nas Varas da o INAMPS. Da abertura democrática à Nova República, o
Família e das Sucessões e nas Varas Especiais da Infância e déficit previdenciário aumentava ano após ano. A doutrina
da Juventude. especializada ousa em qualificar o período 1980-1983 no
Psicodiagnóstico - técnicas utilizadas. âmbito das políticas sociais como a "crise da previdência
A entrevista psicológica. social". A conjuntura da turbulência fiscal do Estado e,
Relatórios e laudos periciais psicológicos. sobretudo, da previdência social passou a colaborar com as
Ética profissional. teses e propostas de desinchaço da máquina pública e,
consequentemente, da redução da função do Estado como
garantidor de políticas sociais. O INAMPS estava incluído
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE nessa perspectiva.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Nesse sentido, revela Waldir Pires, Ministro da
Previdência Social no governo Sarney (1985-1990):
O Sistema Único de Saúde (SUS) é a denominação do
sistema público de saúde brasileiro, considerado um dos A Previdência Social em 1985 era apontada como falida.
maiores sistemas públicos de saúde do mundo, segundo Diziam, até, os céticos, os inadvertidos, ou os que se movem
informações do Conselho Nacional de Saúde. Foi instituído por interesses pessoais e subalternos, que era inviável. Uma
pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como conspiração difursa, por alguns não confessada, mas insisten-
forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à te, anunciava seu fim, indispensável, como responsabilidade
do Estado, para salvá-lo e para preservar-lhe o Tesouro Pú-

Conhecimentos Específicos 1 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
blico. Porque o déficit da Previdência, insistente, catastrófico, entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais
seria irrecuperável. importante foi ter formado as bases para a seção seção "Da
— Waldir Pires Saúde" da Constituição brasileira de 5 de outubro de 1988. A
A retórica da inviabilidade da previdência social e de um Constituição de 1988 foi um marco na história da saúde
sistema de saúde deficitário - advinda dos defensores do pública brasileira, ao definir, como já mencionado, a saúde
neoliberalismo - e exemplificadas nos modelos político- como "direito de todos e dever do Estado".
econômicos implantados na Inglaterra, por Thatcher, no Chile, A implantação do SUS foi realizada de forma gradual:
por Pinochet e nos Estados Unidos, por Reagan ganhava primeiro veio o SUDS, com a universalização do atendimento;
força na sociedade. Por isso, o sistema de saúde vigente à depois, a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde
época deveria ser privatizado. (Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990); e por fim a Lei
Hésio Cordeiro expõe: Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990)
fundou e operacionalizou o SUS. Em poucos meses foi
(...) o ministro Francisco Dornelles, preparando-se para lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que
assumir o Ministério da Fazenda do governo Tancredo Neves imprimiu ao SUS uma de suas principais características: o
ditava a máxima: 'não se deve entregar o Ministério da Previ- controle social, ou seja, a participação dos usuários
dência a nenhum amigo'. A 'massa falida', exemplo da inviabi- (população) na gestão do serviço. O INAMPS só foi extinto
lidade da administração pública, na visão neoliberal, só pode- em 27 de julho de 1993 pela Lei nº 8.689.
ria ter um destino: a privatização. A começar pela assistência
médico-hospitalar, cujo espólio deveria ser apropriado pelo Os Princípios constitucionais do SUS
seguro-saúde privado, no sentido de promover um corte na Uma leitura mais atenda da seção "Da Saúde", presente
capitalização precária da saúde no sentido de uma organiza- na Constituição de 1988, permite auferir que esta (a
ção mais tipicamente capitalista do complexo médico- Constituição) estabeleceu cinco princípios básicos que
empresarial. orientam o sistema jurídico em relação ao SUS. São eles: a
— Hésio Cordeiro universalidade, a integralidade, a equidade, a
Ressalta-se que a discussão não era apenas para descentralização e a participação popular.
privatizar o modelo existente até então no regime militar. Os Universalidade
neoliberais também se oporiam à previsão do SUS na esfera Este princípio pode ser auferido a partir da definição do
constitucional[3], durante a Assembleia Constituinte que art. 196 da Constituição de 1988, que considerou a saúde
resultou na Constituição de 1988. como um “direito de todos e dever do Estado”. Dessa forma, o
A contraposição à privatização e a Reforma Sanitária direito à saúde se coloca como um direito fundamental de
O movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio todo e qualquer cidadão, sendo considerado até mesmo
acadêmico no início da década de 1970 como forma de cláusula pétrea (ou seja, não pode ser retirada da
oposição técnica e política ao regime militar. Nesse contexto Constituição em nenhuma hipótese, por constituir uma direito
destacaram-se nessa luta também figuras do âmbito político e garantia individual, conforme o art. 60, § 4º, IV, da
como Sérgio Arouca e David Capistrano. Constituição). Por outro lado, o Estado tem o dever de
garantir os devidos meios necessários para que os cidadãos
Em 1979, o General João Baptista Figueiredo assumiu a possam exercer plenamente esse direito, sob pena de estar
presidência com a promessa de abertura política e, de fato, a restringindo-o e não cumprindo a sua função.
Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados promoveu, no
período de 9 a 11 de outubro de 1979, o I Simpósio sobre Integralidade
Política Nacional de Saúde, que contou com participação de A integralidade decorre do art. 198, II da Constituição, que
muitos dos integrantes do movimento e chegou a conclusões confere ao Estado o dever do “atendimento integral, com
altamente favoráveis ao mesmo. prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
Entretanto o grande acontecimento para a consolidação serviços assistenciais” em relação ao acesso que todo e
do direito à saúde tal como é visto hoje ainda estava por vir. qualquer cidadão tem direito. Por isso, o Estado deve
Hésio Cordeiro elucida: estabelecer um conjunto de ações que vão desde a
prevenção à assistência curativa, nos mais diversos níveis de
Decidiu-se convocar a VIII Conferência Nacional de Saú- complexidade, como forma de efetivar e garantir o postulado
de, através de decreto presidencial, marcando-se sua realiza- da saúde. Percebe-se, porém, que o texto constitucional dá
ção para 17 a 21 de março de 1986, em Brasília. A conferên- ênfase às atividades preventivas, que, naturalmente, ao
cia seria precedida de pré-conferências e reuniões estaduais serem realizadas com eficiência, reduzem os gastos com as
preparatórias a serem realizadas em todo o país e seriam atividades assistenciais posteriores.
elaborados documentos técnicos que serviriam de base para
estas reuniões prévias e de teses a serem debatidas na VIII Equidade
CNS. Para a presidência da VIII CNS foi designado o prof. O princípio da equidade está relacionado com o
Antônio Sérgio da Silva Arouca, presidente da Fiocruz, fican- mandamento constitucional da “saúde é direito de todos”,
do a vice-presidência com o dr. Francisco Xavier Beduschi, previsto no já mencionado art. 196. Busca-se aqui preservar o
superintendente da SUCAM e Guilherme Rodrigues da Silva, postulado da isonomia, visto que o próprio art. 5º da
da FMUSP foi designado relator geral. Os temas propostos Constituição institui que “todos são iguais perante a lei, sem
foram: 'Saúde como Direito', 'Reformulação do Sistema Naci- distinção de qualquer natureza”. Logo, todos os cidadãos, de
onal de Saúde' e 'Financiamento do Setor'.— Hésio Cordeiro maneira igual, devem ter seus direitos à saúde garantidos
Foram ao todo 1.000 delegados com direito a voto e cerca pelo Estado. Entretanto, as desigualdades regionais e sociais
de 3.000 participantes. A 8ª Conferência Nacional de Saúde podem levar a inocorrência dessa isonomia, afinal uma área
foi um marco na história do SUS por vários motivos. Ela foi mais carente pode demandar mais gastos em relações às
aberta por José Sarney, o primeiro presidente civil após o outras. Por isso, o Estado deve tratar desigualmente os
regime militar, e foi a primeira CNS a ser aberta à sociedade; desiguais, concentrando seus esforços e investimentos em
além disso, foi importante na propagação do movimento da zonas territoriais com piores índices e déficits na prestação do
Reforma Sanitária, muito em função do relatório final da serviço público. O próprio art. 3º, da Constituição, configura
Conferência ter servido como base para os debates na como um dos objetivos da República “reduzir as
Assembleia Constituinte, visto que representavam demandas desigualdades sociais e regionais”. Tratar o cidadão como um
do movimento popular. "todo".
Além disso, a 8ª CNS resultou na implantação do Sistema Descentralização
Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio

Conhecimentos Específicos 2 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Está estabelecido no art. 198, I, da Constituição, que (SUS), gerenciado pelo Ministério da Saúde e complementa-
revela que “as ações e serviços públicos de saúde integram do por serviços privados contratados pelo governo.
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um Com uma população de cerca de 190 milhões de habitan-
sistema único, organizado de acordo com as seguintes tes e uma média de 1,68 médico para cada mil pessoas, nú-
diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada mero superior ao recomendado pela Organização Mundial da
esfera de governo”. Por isso, o Sistema Único de Saúde está Saúde (um para cada mil), o Brasil possui serviços de Postos,
presente nos três entes federativos - União, Estados, Distrito Centros de Saúde, Consultórios Particulares, Ambulatórios de
Federal e Municípios -, de forma que o que é da alçada de Hospitais, Pronto Socorro, Emergência, Ambulatório, Consul-
abrangência nacional será de responsabilidade do governo tório de Clínicas e Farmácia. Inovador em alguns programas,
federal, o que está relacionado à competência de um Estado o país já tornou-se referência, até mesmo internacional, em
deve estar sob responsabilidade do Governo Estadual, e a determinados temas. Um grande exemplo disso foi a quebra
mesma definição ocorre com um Município. Dessa forma, da patente do coquetel da AIDS e a importação de genéricos
busca-se um maior diálogo com a sociedade civil local, que para o tratamento a doentes atendidos pelo SUS.
está mais perto do gestor para cobrá-lo sobre as políticas Além de programas voltados ao combate de doenças, o
públicas devidas. Brasil investe em iniciativas que viabilizem e facilitem o aces-
Participação social so de todos à saúde. Uma amostra é o programa Farmácia
Também está prevista no art. 198, da Constituição, mais Popular do Brasil, que facilita a compra de medicamentos
precisamente no inciso III, que prevê a “participação da para a população de baixa renda. O Ministério Público compra
comunidade” nas ações e serviços públicos de saúde, esses medicamentos dos laboratórios e revende por preços
atuando na formulação e no controle da execução destes. O menores nas Farmácias Populares espalhadas por todo o
controle social, como também é chamado esse princípio, foi país, e também por farmácias privadas cadastradas no pro-
melhor regulado pela já citada Lei nº 8.142/90. Os usuários grama.
participam da gestão do SUS através das Conferências da Sobre o perfil das condições de saúde do povo brasileiro,
Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os níveis uma constatação demonstra, apesar de muitos problemas,
federativos - União, Estados, Distrito Federal e Municípios. um progresso: o aumento na sua expectativa de vida. Segun-
Nos Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade: do o IBGE, no ano de 1920 o brasileiro vivia em média 42
enquanto os usuários têm metade das vagas, o governo tem anos. Já em 2003, a esperança de vida da população era de
um quarto e os trabalhadores outro quarto. Busca-se, 69 anos de idade. Ainda de acordo com o IBGE, a melhoria
portanto, estimular a participação popular na discussão das nas condições de vida, o saneamento básico, o atendimento
políticas públicas da saúde, conferindo maior legitimidade ao médico e a redução da mortalidade infantil foram alguns dos
sistema e às ações implantadas. fatores determinantes para esse aumento.
Não obstante, observa-se que o Constituinte Originário de No que diz respeito à redução da mortalidade infantil, fato-
1988 não buscou apenas implantar o sistema público de res como o saneamento básico, a preocupação com a educa-
saúde universal e gratuito no país, em contraposição ao que ção das mães, a expansão das vacinas, o desenvolvimento e
existia no período militar, que favorecia apenas os implantação de programas de nutrição, programas de assis-
trabalhadores com carteira assinada. O Constituinte de 1988 tência às gestantes e mães, de aleitamento, entre outros, são
foi além e estabeleceu também princípios que nortearão a determinantes para a sobrevivência das crianças de até um
interpretação que o mundo jurídico e as esferas de governo ano de idade. Apesar desse resultado positivo, as diferenças
farão sobre o citado sistema. E a partir da leitura desses entre as regiões são enormes. No Nordeste, com a pior situa-
princípios, nota-se a preocupação do Constituinte em reforçar ção, a cada mil crianças nascidas vivas, cerca de 44,7 mor-
a defesa do cidadão frente ao Estado, garantindo meios não rem antes de completar um ano. No Norte esse número é de
só para a existência do sistema, mas também para que o 29,5, e na sequência estão as regiões Centro-Oeste (21,6),
indivíduo tenha voz para lutar por sua melhoria e maior Sudeste (21,3) e, com menores números, a região Sul (18,9).
efetividade. Ainda sobre a realidade da saúde no Brasil e sobre as di-
O SUS em números ferenças entre as grandes regiões, dados do Ministério da
Os dados listados abaixo revelam o tamanho da Saúde apontam que no Sudeste ocorre o maior número de
importância e da atuação do sistema público de saúde internações, cerca de 38% do total no país em 2004. Em
brasileiro e foram retirados do site oficial do Governo seguida, com relação ao mesmo ano, estão as regiões Nor-
Federal[5]. deste (29%), Sul (16%), Centre-Oeste (8,4%) e Norte (8,1%).
Número de beneficiados: 190 milhões de pessoas No que diz respeito ao número de consultas médicas realiza-
Pessoas que dependem exclusivamente do SUS para das pelo SUS, o Sudeste apresenta a melhor situação com
ter acesso aos serviços de saúde: 152 milhões de pessoas 2,89 consultas por habitante. Na sequência estão o Centro-
(80% do total) Oeste (2,61), o Nordeste e o Sul (2,34) e, por fim, o Norte
Hospitais credenciados: 6,1 mil (1,81).
Unidades de atenção primária: 45 mil Essas diferenças entre as regiões do Brasil evidenciam as
Equipes de Saúde da Família (ESFs): 30,3 mil desigualdades e contrastes entre os diversos grupos popula-
Procedimentos ambulatoriais anuais: 2,8 bilhões cionais e o seu acesso ao sistema de saúde. Tais desigual-
Transplantes anuais: 19 mil dades, no entanto, não são o único problema enfrentado pelo
Cirurgias cardíacas anuais: 236 mil país. Apesar da redução da mortalidade infantil, os números
Procedimentos de quimioterapia e radioterapia anuais: de morte de crianças com até um ano ainda é alto, sendo
9,7 milhões esse um dos principais problemas da saúde no Brasil. Além
Internações anuais: 11 milhões disso, no país, ainda merecem destaque as altas taxas de
Número de usuários com acesso ao SAMU - Serviço mortalidade materna, a crescente elevação da taxa de morta-
de Atendimento Móvel de Urgência: 130 milhões de lidade por doenças não transmissíveis (como o câncer, infar-
pessoas to, acidente vascular cerebral e diabetes) e a elevada taxa de
Saúde no Brasil mortalidade por acidentes e violência.
Com variações entre as regiões, o atendimento à saúde Como funciona o SUS
no Brasil é realizado por entidades públicas e privadas. No O Sistema Único de Saúde – SUS, é composto por dife-
entanto, de um modo geral, a maior parte da população brasi- rentes segmentos que têm a finalidade de promover a saúde
leira é atendida pelos serviços do Sistema Único de Saúde e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros em diversos

Conhecimentos Específicos 3 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
âmbitos. A partir de lutas e mobilizações o SUS foi criado, em alguma forma lesado, pode recorrer ao Direito do consumidor,
1990, devido ao descontentamento e reclamações da socie- dirigindo-se às unidades do PROCON no Brasil.
dade em relação à saúde no país. O SUS é um sistema públi-
co, organizado e orientado, disponível para qualquer tipo de
pessoa, sendo proibido cobrança pelo atendimento, sob qual- LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
quer circunstância. O governo do Brasil é responsável pelo Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
investimento financeiro nas regiões que apresentam maior recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
carência e o SUS é responsável por todos os cuidados na serviços correspondentes e dá outras providências.
área de saúde desde consultas, até garantia de vacinas,
atenção a mulheres, crianças e idosos, realizando assim, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
todas as ações necessárias para proteção e saúde de todos. Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Os serviços disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
são financiados pela população brasileira, quando efetuam o
pagamento de impostos e contribuições sociais. A população Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as
pode participar da gestão do SUS, através dos Conselhos de ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjunta-
Saúde, onde opinam e discutem melhorias para o melhor mente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas
funcionamento dos serviços de saúde prestados pelo SUS. naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.
O serviço do SUS é administrado pelos governos federais, TÍTULO I
estaduais e municipais, com o objetivo de assegurar atendi-
mento a todos os cidadãos brasileiros. Muitos hospitais e DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
laboratórios filiam-se ao SUS, em regiões onde não há pre-
sença de serviço público de saúde. Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser huma-
no, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao
O Sistema de Saúde compõe-se de várias unidades inter- seu pleno exercício.
ligadas: os postos de saúde onde todos procuram atendimen-
to diretamente, e também estabelecimentos que ofertam ser- § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na
viços mais complexos como policlínicas e hospitais e, ainda, formulação e execução de políticas econômicas e sociais que
para os casos de urgência e emergência, existem os pronto- visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e
socorros. no estabelecimento de condições que assegurem acesso
Em 2007 a população estimada do Brasil era de 183,9 mi- universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua
lhões de habitantes, por essa razão, problemas sociais como promoção, proteção e recuperação.
os de saúde estão aumentado no país, principalmente para § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da
usuários do sistema público de saúde, que encontram pro- família, das empresas e da sociedade.
blemas como: superlotação em hospitais e postos de atendi-
mento, falta de medicamentos e greve de funcionários. Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização
O Ministério da Saúde realiza ações e programas para le- social e econômica do País, tendo a saúde como determinan-
var atendimento a todos os cidadãos e qualificar os funcioná- tes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia,
rios da área de Saúde. Dentre as ações realizadas pelo Minis- o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
tério da Saúde, estes são alguns exemplos: Farmácia Popular educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso
(onde são encontrados os principais medicamentos para aos bens e serviços essenciais. (Redação dada pela Lei
Hipertensão e Diabetes com desconto de até 90%); Banco de nº 12.864, de 2013)
Leite Humano; Cartão Nacional de Saúde (facilita o atendi- Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as
mento e identificação do paciente, que pode utilizá-lo para ações que, por força do disposto no artigo anterior, se desti-
marcação de consultas e exames); Humanizasus (relação nam a garantir às pessoas e à coletividade condições de
entre usuários e profissionais que atendem a comunidade); bem-estar físico, mental e social.
Qualisus (maior atenção dada pelos profissionais de saúde de
acordo com o grau de risco do paciente); Atenção aos povos TÍTULO II
indígenas; e ações que estimulam a adoção de uma vida
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
saudável relacionas por exemplo ao tabagismo e os riscos de
câncer. DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Sistema privado de saúde
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, pres-
Saúde é um tema que encontra-se em constante debate tados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
pela sociedade. De um lado estão as pessoas que não têm municipais, da Administração direta e indireta e das funda-
condições financeiras de pagar pelo atendimento médico, por ções mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único
isso buscam o Sistema Único de Saúde oferecido gratuita- de Saúde (SUS).
mente pelo governo. Do outro lado, estão as pessoas que
pagam pelo atendimento através do sistema privado e planos § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as institui-
de saúde. ções públicas federais, estaduais e municipais de controle de
O plano de saúde é um serviço oferecido por empresas qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos,
particulares, com o intuito de prestar serviços médicos ao inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos
usuário. O consumidor paga um determinado valor mensal e para saúde.
tem direito a fazer consultas médicas, exames e atendimentos § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema
em clínicas e hospitais. Pesquisa publicada pela Agência Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
Nacional de Saúde Suplementar – ANS, revela que no mês
de Junho de 2009 foram registrados quase 54 mil beneficiá- CAPÍTULO I
rios em planos privados de saúde, e pouco mais de 1,500 Dos Objetivos e Atribuições
operadoras em atividade no Brasil.
Mesmo com um número consideravelmente elevado de Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
usuários, muitas pessoas ainda reclamam do atendimento e I - a identificação e divulgação dos fatores condicionan-
da forma com que os planos de saúde executam suas políti- tes e determinantes da saúde;
cas de atendimento, por isso o consumidor que se sentir de

Conhecimentos Específicos 4 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - a formulação de política de saúde destinada a pro- I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de
mover, nos campos econômico e social, a observância do trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;
disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e
de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a reali- controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes
zação integrada das ações assistenciais e das atividades no processo de trabalho;
preventivas.
III - participação, no âmbito de competência do Sistema
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e con-
Sistema Único de Saúde (SUS): trole das condições de produção, extração, armazenamento,
transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produ-
I - a execução de ações: tos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à
a) de vigilância sanitária; saúde do trabalhador;
b) de vigilância epidemiológica; IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam
à saúde;
c) de saúde do trabalhador; e
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva enti-
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farma- dade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de
cêutica; trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os
II - a participação na formulação da política e na execu- resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames
ção de ações de saneamento básico; de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeita-
dos os preceitos da ética profissional;
III - a ordenação da formação de recursos humanos na
área de saúde; VI - participação na normatização, fiscalização e con-
trole dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; empresas públicas e privadas;
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças
compreendido o do trabalho; originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração
a colaboração das entidades sindicais; e
VI - a formulação da política de medicamentos, equi-
pamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de re-
para a saúde e a participação na sua produção; querer ao órgão competente a interdição de máquina, de
setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos
substâncias de interesse para a saúde;
trabalhadores.
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e
CAPÍTULO II
bebidas para consumo humano;
Dos Princípios e Diretrizes
IX - a participação no controle e na fiscalização da pro-
dução, transporte, guarda e utilização de substâncias e produ- Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os ser-
tos psicoativos, tóxicos e radioativos; viços privados contratados ou conveniados que integram o
Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo
X - o incremento, em sua área de atuação, do desen-
com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Fede-
volvimento científico e tecnológico;
ral, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
XI - a formulação e execução da política de sangue e
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em
seus derivados.
todos os níveis de assistência;
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de
II - integralidade de assistência, entendida como con-
ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e
junto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação
todos os níveis de complexidade do sistema;
de serviços de interesse da saúde, abrangendo:
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indire-
de sua integridade física e moral;
tamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas
as etapas e processos, da produção ao consumo; e IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconcei-
tos ou privilégios de qualquer espécie;
II - o controle da prestação de serviços que se relacio-
nam direta ou indiretamente com a saúde. V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre
sua saúde;
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um con-
junto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos
ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinan- serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
tes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a
finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento
e controle das doenças ou agravos. de prioridades, a alocação de recursos e a orientação pro-
gramática;
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins
desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através VIII - participação da comunidade;
das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à IX - descentralização político-administrativa, com dire-
promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim ção única em cada esfera de governo:
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos traba-
lhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das con- a) ênfase na descentralização dos serviços para os
dições de trabalho, abrangendo: municípios;

Conhecimentos Específicos 5 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes
de saúde; de integração entre os serviços de saúde e as instituições de
ensino profissional e superior.
X - integração em nível executivo das ações de saúde,
meio ambiente e saneamento básico; Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por
finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, formação e educação continuada dos recursos humanos do
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Fede- Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente,
ral e dos Municípios na prestação de serviços de assistência assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica
à saúde da população; entre essas instituições.
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tri-
níveis de assistência; e partite são reconhecidas como foros de negociação e pactua-
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evi- ção entre gestores, quanto aos aspectos operacionais do
tar duplicidade de meios para fins idênticos. Sistema Único de Saúde (SUS). (Incluído pela Lei nº
12.466, de 2011).
CAPÍTULO III
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergesto-
Da Organização, da Direção e da Gestão res Bipartite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Lei nº 12.466, de 2011).
Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou median- I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e
te participação complementar da iniciativa privada, serão administrativos da gestão compartilhada do SUS, em confor-
organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis midade com a definição da política consubstanciada em pla-
de complexidade crescente. nos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde;
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e in-
Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos termunicipal, a respeito da organização das redes de ações e
seguintes órgãos: serviços de saúde, principalmente no tocante à sua gover-
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; nança institucional e à integração das ações e serviços dos
entes federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela
respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito
sanitário, integração de territórios, referência e contrarrefe-
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secreta- rência e demais aspectos vinculados à integração das ações
ria de Saúde ou órgão equivalente. e serviços de saúde entre os entes federados. (Incluído
pela Lei nº 12.466, de 2011).
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios
para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Sa-
saúde que lhes correspondam. úde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Munici-
pais de Saúde (Conasems) são reconhecidos como entidades
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermu-
representativas dos entes estaduais e municipais para tratar
nicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos
de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade
constitutivos disporão sobre sua observância.
pública e de relevante função social, na forma do regulamen-
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde to. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
(SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do
articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertu-
orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional de
ra total das ações de saúde.
Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas institucio-
Art. 11. (Vetado). nais, podendo ainda celebrar convênios com a União.
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbi-
to nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saú-
integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por de (Cosems) são reconhecidos como entidades que represen-
entidades representativas da sociedade civil. tam os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar de
matérias referentes à saúde, desde que vinculados institucio-
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a fi- nalmente ao Conasems, na forma que dispuserem seus esta-
nalidade de articular políticas e programas de interesse para a tutos. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). CAPÍTULO IV
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a car- Da Competência e das Atribuições
go das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as
Seção I
seguintes atividades:
Das Atribuições Comuns
I - alimentação e nutrição;
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
II - saneamento e meio ambiente;
Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as se-
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; guintes atribuições:
IV - recursos humanos; I - definição das instâncias e mecanismos de controle,
avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
V - ciência e tecnologia; e
II - administração dos recursos orçamentários e finan-
VI - saúde do trabalhador. ceiros destinados, em cada ano, à saúde;

Conhecimentos Específicos 6 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível II - participar na formulação e na implementação das
de saúde da população e das condições ambientais; políticas:
IV - organização e coordenação do sistema de informa- a) de controle das agressões ao meio ambiente;
ção de saúde;
b) de saneamento básico; e
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento
de padrões de qualidade e parâmetros de custos que caracte- c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
rizam a assistência à saúde; III - definir e coordenar os sistemas:
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento a) de redes integradas de assistência de alta complexi-
de padrões de qualidade para promoção da saúde do traba- dade;
lhador;
b) de rede de laboratórios de saúde pública;
VII - participação de formulação da política e da execu-
ção das ações de saneamento básico e colaboração na pro- c) de vigilância epidemiológica; e
teção e recuperação do meio ambiente; d) vigilância sanitária;
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de IV - participar da definição de normas e mecanismos de
saúde; controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente
IX - participação na formulação e na execução da polí- ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde hu-
tica de formação e desenvolvimento de recursos humanos mana;
para a saúde; V - participar da definição de normas, critérios e pa-
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema drões para o controle das condições e dos ambientes de
Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;
saúde; VI - coordenar e participar na execução das ações de
XI - elaboração de normas para regular as atividades vigilância epidemiológica;
de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevân- VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitá-
cia pública; ria de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser
XII - realização de operações externas de natureza fi- complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
nanceira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para
Federal; o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, ur- serviços de consumo e uso humano;
gentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo IX - promover articulação com os órgãos educacionais
iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, e de fiscalização do exercício profissional, bem como com
a autoridade competente da esfera administrativa correspon- entidades representativas de formação de recursos humanos
dente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas na área de saúde;
naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa in-
denização; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na
execução da política nacional e produção de insumos e equi-
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, pamentos para a saúde, em articulação com os demais ór-
Componentes e Derivados; gãos governamentais;
XV - propor a celebração de convênios, acordos e pro- XI - identificar os serviços estaduais e municipais de re-
tocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ferência nacional para o estabelecimento de padrões técnicos
ambiente; de assistência à saúde;
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
proteção e recuperação da saúde; substâncias de interesse para a saúde;
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscaliza- XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Esta-
ção do exercício profissional e outras entidades representati- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoa-
vas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões mento da sua atuação institucional;
éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde;
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o
XVIII - promover a articulação da política e dos planos Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contra-
de saúde; tados de assistência à saúde;
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de
fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária; saúde, respectivamente, de abrangência estadual e munici-
pal;
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e pro-
jetos estratégicos e de atendimento emergencial. XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;
Seção II
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os
Da Competência serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde municipais;
(SUS) compete: XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados,
nutrição; Municípios e Distrito Federal;

Conhecimentos Específicos 7 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e III - participar da execução, controle e avaliação das
coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
Território Nacional em cooperação técnica com os Estados,
Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de IV - executar serviços:
1995) a) de vigilância epidemiológica;
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vi- b) vigilância sanitária;
gilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especi-
ais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que c) de alimentação e nutrição;
possam escapar do controle da direção estadual do Sistema d) de saneamento básico; e
Único de Saúde (SUS) ou que representem risco de dissemi-
nação nacional. e) de saúde do trabalhador;
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde V - dar execução, no âmbito municipal, à política de in-
(SUS) compete: sumos e equipamentos para a saúde;
I - promover a descentralização para os Municípios dos VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio
serviços e das ações de saúde; ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e
atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais com-
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarqui- petentes, para controlá-las;
zadas do Sistema Único de Saúde (SUS);
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e
executar supletivamente ações e serviços de saúde; VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocen-
tros;
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar
ações e serviços: IX - colaborar com a União e os Estados na execução
da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
a) de vigilância epidemiológica;
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar
b) de vigilância sanitária; contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços
c) de alimentação e nutrição; e privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execu-
ção;
d) de saúde do trabalhador;
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle privados de saúde;
dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão na
saúde humana; XII - normatizar complementarmente as ações e servi-
ços públicos de saúde no seu âmbito de atuação.
VI - participar da formulação da política e da execução
de ações de saneamento básico; Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições
reservadas aos Estados e aos Municípios.
VII - participar das ações de controle e avaliação das
condições e dos ambientes de trabalho; CAPÍTULO V

VIII - em caráter suplementar, formular, executar, Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena


acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
para a saúde; Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de refe- o atendimento das populações indígenas, em todo o território
rência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto
referência estadual e regional; nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)

X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à
pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saúde –
em sua organização administrativa; SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28
de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para integração. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
o controle e avaliação das ações e serviços de saúde;
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios,
XII - formular normas e estabelecer padrões, em cará- financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
ter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
para produtos e substâncias de consumo humano;
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsis-
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância tema instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela
sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; Política Indígena do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos 1999)
indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unida- Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições
de federada. governamentais e não-governamentais poderão atuar com-
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde plementarmente no custeio e execução das ações. (Inclu-
(SUS) compete: ído pela Lei nº 9.836, de 1999)

I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consi-
serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de deração a realidade local e as especificidades da cultura dos
saúde; povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à
saúde indígena, que se deve pautar por uma abordagem
II - participar do planejamento, programação e organi- diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistên-
zação da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Úni- cia à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio
co de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual;

Conhecimentos Específicos 8 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e inte- da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Exe-
gração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) cutivo. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena § 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a
deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e manter, em local visível de suas dependências, aviso infor-
regionalizado. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) mando sobre o direito estabelecido no caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 12.895, de 2013)
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo te-
rá como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108,
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) de 2005)
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Sub- CAPÍTULO VIII
sistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso,
ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS nas (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
regiões onde residem as populações indígenas, para propiciar DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO
essa integração e o atendimento necessário em todos os DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
níveis, sem discriminações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
1999) Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se
refere a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluí-
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garan- do pela Lei nº 12.401, de 2011)
tido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros especiali-
zados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a I - dispensação de medicamentos e produtos de inte-
atenção primária, secundária e terciária à saúde. (Incluí- resse para a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade
do pela Lei nº 9.836, de 1999) com as diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínico
para a doença ou o agravo à saúde a ser tratado ou, na falta
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a par- do protocolo, em conformidade com o disposto no art. 19-
ticipar dos organismos colegiados de formulação, acompa- P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
nhamento e avaliação das políticas de saúde, tais como o
Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime
Municipais de Saúde, quando for o caso. (Incluído pela Lei domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas
nº 9.836, de 1999) elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde -
SUS, realizados no território nacional por serviço próprio,
CAPÍTULO VI conveniado ou contratado.
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M,
DOMICILIAR são adotadas as seguintes definições:
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próte-
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Úni- ses, bolsas coletoras e equipamentos médicos;
co de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domici-
liar. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento
que estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e in- agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medica-
ternação domiciliares incluem-se, principalmente, os procedi- mentos e demais produtos apropriados, quando couber; as
mentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológi- posologias recomendadas; os mecanismos de controle clíni-
cos e de assistência social, entre outros necessários ao cui- co; e o acompanhamento e a verificação dos resultados tera-
dado integral dos pacientes em seu domicílio. (Incluído pêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.
pela Lei nº 10.424, de 2002) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes tera-
realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos pêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou produtos
níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. necessários nas diferentes fases evolutivas da doença ou do
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) agravo à saúde de que tratam, bem como aqueles indicados
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só po- em casos de perda de eficácia e de surgimento de intolerân-
derão ser realizados por indicação médica, com expressa cia ou reação adversa relevante, provocadas pelo medica-
concordância do paciente e de sua família. (Incluído pela mento, produto ou procedimento de primeira escolha.
Lei nº 10.424, de 2002) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

CAPÍTULO VII Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos


ou produtos de que trata o caput deste artigo serão aqueles
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DU- avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e
RANTE O TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da doen-
IMEDIATO ça ou do agravo à saúde de que trata o protocolo. (Inclu-
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) ído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz
Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados terapêutica, a dispensação será realizada: (Incluído pela
a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompa- Lei nº 12.401, de 2011)
nhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e
pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 11.108, de I - com base nas relações de medicamentos instituídas
2005) pelo gestor federal do SUS, observadas as competências
estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo forneci-
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo mento será pactuada na Comissão Intergestores Triparti-
será indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº te; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
11.108, de 2005)
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício forma suplementar, com base nas relações de medicamentos
dos direitos de que trata este artigo constarão do regulamento instituídas pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabili-

Conhecimentos Específicos 9 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dade pelo fornecimento será pactuada na Comissão Interges- Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de ges-
tores Bipartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) tão do SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplemen- I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de
tar, com base nas relações de medicamentos instituídas pelos medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico
gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo forne- experimental, ou de uso não autorizado pela Agência Nacio-
cimento será pactuada no Conselho Municipal de Saúde. nal de Vigilância Sanitária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) 12.401, de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o
pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedimen- reembolso de medicamento e produto, nacional ou importado,
tos, bem como a constituição ou a alteração de protocolo sem registro na Anvisa.”
clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Ministério
da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorpo- Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo forneci-
ração de Tecnologias no SUS. (Incluído pela Lei nº mento de medicamentos, produtos de interesse para a saúde
12.401, de 2011) ou procedimentos de que trata este Capítulo será pactuada
na Comissão Intergestores Tripartite. (Incluído pela Lei
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- nº 12.401, de 2011)
logias no SUS, cuja composição e regimento são definidos
em regulamento, contará com a participação de 1 (um) repre- TÍTULO III
sentante indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e de 1 DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
(um) representante, especialista na área, indicado pelo Con-
selho Federal de Medicina. (Incluído pela Lei nº 12.401, CAPÍTULO I
de 2011) Do Funcionamento
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorpora- Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde
ção de Tecnologias no SUS levará em consideração, neces- caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profis-
sariamente: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) sionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurá- de direito privado na promoção, proteção e recuperação da
cia, a efetividade e a segurança do medicamento, produto ou saúde.
procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão com- Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa priva-
petente para o registro ou a autorização de uso; (Incluído pela da.
Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistên-
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios cia à saúde, serão observados os princípios éticos e as nor-
e dos custos em relação às tecnologias já incorporadas, in- mas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de
clusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, ambula- Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento.
torial ou hospitalar, quando cabível. (Incluído pela Lei nº
12.401, de 2011) Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta,
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a assistência à saúde nos seguintes casos: (Redação dada
que se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instau- pela Lei nº 13.097, de 2015)
ração de processo administrativo, a ser concluído em prazo
não superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado da data em I - doações de organismos internacionais vinculados à
que foi protocolado o pedido, admitida a sua prorrogação por Organização das Nações Unidas, de entidades de coopera-
90 (noventa) dias corridos, quando as circunstâncias exigi- ção técnica e de financiamento e empréstimos; (Incluído
rem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) pela Lei nº 13.097, de 2015)
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo ob- II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operaciona-
servará, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de lizar ou explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
janeiro de 1999, e as seguintes determinações especi-
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especia-
ais: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
lizado, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
se cabível, das amostras de produtos, na forma do regula-
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (In-
mento, com informações necessárias para o atendimento do
cluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
disposto no § 2o do art. 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
2011) III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrati-
va, por empresas, para atendimento de seus empregados e
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de
dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social;
2011)
e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
III - realização de consulta pública que inclua a divul-
IV - demais casos previstos em legislação específi-
gação do parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorpo-
ca. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
ração de Tecnologias no SUS; (Incluído pela Lei nº
12.401, de 2011) CAPÍTULO II
IV - realização de audiência pública, antes da tomada Da Participação Complementar
de decisão, se a relevância da matéria justificar o evento.
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insufi-
cientes para garantir a cobertura assistencial à população de
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS)
2011) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. A participação complementar dos ser-
12.401, de 2011) viços privados será formalizada mediante contrato ou convê-
nio, observadas, a respeito, as normas de direito público.

Conhecimentos Específicos 10 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades fi- Dos Recursos
lantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para
participar do Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao
Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita esti-
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de mada, os recursos necessários à realização de suas finalida-
serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão des, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacio-
estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de nal, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da
Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde. Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajus-
te e de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá provenientes de:
fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro
que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços I - (Vetado)
contratados. II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às nor- assistência à saúde;
mas técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econô-
mico e financeiro do contrato. IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;

§ 3° (Vetado). V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arre-


cadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de
entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade
(SUS). da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada men-
TÍTULO IV salmente, a qual será destinada à recuperação de viciados.

DOS RECURSOS HUMANOS § 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único


de Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em contas
Art. 27. A política de recursos humanos na área da sa- especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de po-
úde será formalizada e executada, articuladamente, pelas der onde forem arrecadadas.
diferentes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes
objetivos: § 3º As ações de saneamento que venham a ser exe-
cutadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
I - organização de um sistema de formação de recursos serão financiadas por recursos tarifários específicos e outros
humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós- da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em particu-
graduação, além da elaboração de programas de permanente lar, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
aperfeiçoamento de pessoal;
§ 4º (Vetado).
II - (Vetado)
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento cien-
III - (Vetado) tífico e tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sis-
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do tema Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo or-
Sistema Único de Saúde (SUS). çamento fiscal, além de recursos de instituições de fomento e
financiamento ou de origem externa e receita própria das
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o instituições executoras.
Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática
para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elabo- § 6º (Vetado).
radas conjuntamente com o sistema educacional. CAPÍTULO II
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e as- Da Gestão Financeira
sessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),
só poderão ser exercidas em regime de tempo integral. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de
Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em cada
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois car- esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos
gos ou empregos poderão exercer suas atividades em mais respectivos Conselhos de Saúde.
de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originá-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também rios do Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamen-
aos servidores em regime de tempo integral, com exceção tos da União, além de outras fontes, serão administrados pelo
dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde.
assessoramento.
§ 2º (Vetado).
Art. 29. (Vetado).
§ 3º (Vetado).
Art. 30. As especializações na forma de treinamento
em serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comis- § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de
são Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, seu sistema de auditoria, a conformidade à programação
garantida a participação das entidades profissionais corres- aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e
pondentes. Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não aplica-
ção dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as
TÍTULO V medidas previstas em lei.
DO FINANCIAMENTO Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição
CAPÍTULO I da receita efetivamente arrecadada transferirão automatica-
mente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o crité-

Conhecimentos Específicos 11 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rio do parágrafo único deste artigo, os recursos financeiros DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
correspondentes às dotações consignadas no Orçamento da
Seguridade Social, a projetos e atividades a serem executa- Art. 39. (Vetado).
dos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). § 1º (Vetado).
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financei- § 2º (Vetado).
ros da Seguridade Social será observada a mesma proporção
da despesa prevista de cada área, no Orçamento da Seguri- § 3º (Vetado).
dade Social. § 4º (Vetado).
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem § 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do
transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde
utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo análi- (SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimônio da
se técnica de programas e projetos: Seguridade Social.
I - perfil demográfico da região; § 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e
outros bens móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo
III - características quantitativas e qualitativas da rede órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde - SUS
de saúde na área; ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrição ad-
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no ministrativa se encontrem, mediante simples termo de rece-
período anterior; bimento.

V - níveis de participação do setor saúde nos orçamen- § 7º (Vetado).


tos estaduais e municipais; § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do
rede; Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às Secre-
tarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos congêne-
VII - ressarcimento do atendimento a serviços presta- res, como suporte ao processo de gestão, de forma a permitir
dos para outras esferas de governo. a gerencia informatizada das contas e a disseminação de
estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hospitalares.
2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notó-
rio processo de migração, os critérios demográficos mencio- Art. 40. (Vetado)
nados nesta lei serão ponderados por outros indicadores de
crescimento populacional, em especial o número de eleitores Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pi-
registrados. oneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisi-
onadas pela direção nacional do Sistema Único de Saúde
§ 3º (Vetado). (SUS), permanecerão como referencial de prestação de ser-
viços, formação de recursos humanos e para transferência de
§ 4º (Vetado). tecnologia.
§ 5º (Vetado). Art. 42. (Vetado).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fi-
atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a ca preservada nos serviços públicos contratados, ressalvan-
aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de irregu- do-se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos
laridades verificadas na gestão dos recursos transferidos. com as entidades privadas.
CAPÍTULO III Art. 44. (Vetado).
Do Planejamento e do Orçamento Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitá-
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do rios e de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde
Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível (SUS), mediante convênio, preservada a sua autonomia ad-
local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compa- ministrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos
tibilizando-se as necessidades da política de saúde com a e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos limites confe-
disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municí- ridos pelas instituições a que estejam vinculados.
pios, dos Estados, do Distrito Federal e da União. § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e municipais de previdência social deverão integrar-se à direção
programações de cada nível de direção do Sistema Único de correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme
Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na respectiva seu âmbito de atuação, bem como quaisquer outros órgãos e
proposta orçamentária. serviços de saúde.
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o finan- § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco,
ciamento de ações não previstas nos planos de saúde, exceto os serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-
em situações emergenciais ou de calamidade pública, na área se ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser
de saúde. em convênio que, para esse fim, for firmado.
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá
as diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos mecanismos de incentivos à participação do setor privado no
de saúde, em função das características epidemiológicas e da investimento em ciência e tecnologia e estimulará a transfe-
organização dos serviços em cada jurisdição administrativa. rência de tecnologia das universidades e institutos de pesqui-
sa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito Federal e
Art. 38. Não será permitida a destinação de subven- Municípios, e às empresas nacionais.
ções e auxílios a instituições prestadoras de serviços de saú-
de com finalidade lucrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os
níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde

Conhecimentos Específicos 12 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(SUS), organizará, no prazo de dois anos, um sistema nacio- II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a
nal de informações em saúde, integrado em todo o território qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribu-
nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de presta- irá para a eliminação de quaisquer formas de negligência,
ção de serviços. discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, anali-
Art. 48. (Vetado). sando crítica e historicamente a realidade política, econômica,
Art. 49. (Vetado). social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o
Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas Unifi- desenvolvimento da Psicologia como campo científico de
cados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos à conhecimento e de prática.
proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema V. O psicólogo contribuirá para promover a universaliza-
Único de Saúde (SUS). ção do acesso da população às informações, ao conhecimen-
Art. 51. (Vetado). to da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos
da profissão.
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, cons- VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional se-
titui crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas ja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a
(Código Penal, art. 315) a utilização de recursos financeiros Psicologia esteja sendo aviltada.
do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades diversas VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos
das previstas nesta lei. contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre
as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma
Art. 53. (Vetado).
crítica e em consonância com os demais princípios deste
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, Código.
as atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO
desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana, produ- Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos:
ção e fornecimento de medicamentos e produtos para saúde, a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Códi-
laboratórios de analises clínicas, anatomia patológica e de go;
diagnóstico por imagem e são livres à participação direta ou b) Assumir responsabilidades profissionais somente por
indireta de empresas ou de capitais estrangeiros. (Inclu- atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e
ído pela Lei nº 13.097, de 2015) tecnicamente;
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condi-
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publica- ções de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses
ção. serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas re-
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setem- conhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na
bro de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais ética e na legislação profissional;
disposições em contrário. d) Prestar serviços profissionais em situações de calami-
dade pública ou de emergência, sem visar benefício pessoal;
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independên- e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que res-
cia e 102º da República. peitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços de
Psicologia;
f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços
Resolução CFP Nº 010/05 - O Código de Ética Profissional
psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser
do Psicólogo - Em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005.
realizado e ao seu objetivo profissional;
g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes
RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05 da prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente
Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de usuário ou beneficiário;
suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos
pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971; apropriados, a partir da prestação de serviços psicológicos, e
CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “e”, da Lei fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes
no 5.766 de 20/12/1971, e o Art. 6º, inciso VII, do Decreto no ao bom termo do trabalho;
79.822 de 17/6/1977; i) Zelar para que a comercialização, aquisição, doação,
CONSIDERANDO o disposto na Constituição Federal de empréstimo, guarda e forma de divulgação do material privati-
1988, conhecida como Constituição cidadã, que consolida o vo do psicólogo sejam feitas conforme os princípios deste
Estado Democrático de Direito e legislações dela decorrentes; Código;
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião rea- j) Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros pro-
lizada no dia 21 de julho de 2005; fissionais, respeito, consideração e solidariedade, e, quando
RESOLVE: solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por motivo
Art. 1o - Aprovar o Código de Ética Profissional do Psicó- relevante;
logo. k) Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por
Art. 2º - A presente Resolução entrará em vigor no dia 27 motivos justificáveis, não puderem ser continuados pelo pro-
de agosto de 2005. fissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário, em es- substituto as informações necessárias à continuidade do
pecial a Resolução CFP n º 002/87. trabalho;
Brasília, 21 de julho de 2005. l) Levar ao conhecimento das instâncias competentes o
ANA MERCÊS BAHIA BOCK exercício ilegal ou irregular da profissão, transgressões a
Conselheira-Presidente princípios e diretrizes deste Código ou da legislação profissio-
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS nal.
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:
promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte- a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que ca-
gridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a racterizem negligência, discriminação, exploração, violência,
Declaração Universal dos Direitos Humanos. crueldade ou

Conhecimentos Específicos 13 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
opressão; Art. 6º – O psicólogo, no relacionamento com profissionais
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideo- não psicólogos:
lógicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de a) Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e
preconceito, quando do exercício de suas funções profissio- qualificados demandas que extrapolem seu campo de atua-
nais; ção;
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utiliza- b) Compartilhará somente informações relevantes para
ção de práticas psicológicas como instrumentos de castigo, qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confi-
tortura ou qualquer forma de violência; dencial das comunicações, assinalando a responsabilidade,
d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que de quem as receber, de preservar o sigilo.
exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da profissão de psi- Art. 7º – O psicólogo poderá intervir na prestação de ser-
cólogo ou de qualquer outra atividade profissional; viços psicológicos que estejam sendo efetuados por outro
e) Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direi- profissional, nas seguintes situações:
tos, crimes ou contravenções penais praticados por psicólo- a) A pedido do profissional responsável pelo serviço;
gos na prestação de serviços profissionais; b) Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou
f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a servi- usuário do serviço, quando dará imediata ciência ao profissio-
ços de atendimento psicológico cujos procedimentos, técnicas nal;
e meios não estejam regulamentados ou reconhecidos pela c) Quando informado expressamente, por qualquer uma
profissão; das partes, da interrupção voluntária e definitiva do serviço;
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade d) Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a inter-
técnicocientífica; venção fizer parte da metodologia adotada.
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e Art. 8º – Para realizar atendimento não eventual de crian-
técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer de- ça, adolescente ou interdito, o psicólogo deverá obter autori-
clarações falsas; zação de ao menos um de seus responsáveis, observadas as
i) Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a determinações da legislação vigente:
seus serviços; §1° – No caso de não se apresentar um responsável legal,
j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, o atendimento deverá ser efetuado e comunicado às autori-
que tenha vínculo com o atendido, relação que possa interferir dades competentes;
negativamente nos objetivos do serviço prestado; §2° – O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminha-
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas mentos que se fizerem necessários para garantir a proteção
quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou ante- integral do atendido.
riores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissio-
ou a fidelidade aos resultados da avaliação; nal a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimi-
l) Desviar para serviço particular ou de outra instituição, dade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha
visando benefício próprio, pessoas ou organizações atendidas acesso no exercício profissional.
por instituição com a qual mantenha qualquer tipo de vínculo Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre
profissional; as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirma-
m) Prestar serviços profissionais a organizações concor- ções dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-
rentes de modo que possam resultar em prejuízo para as se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela
partes envolvidas, decorrentes de informações privilegiadas; quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor
n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de servi- prejuízo.
ços profissionais; Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto
o) Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações no caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a pres-
ou vantagens outras de qualquer espécie, além dos honorá- tar as informações estritamente necessárias.
rios contratados, assim como intermediar transações financei- Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólo-
ras; go poderá prestar informações, considerando o previsto neste
p) Receber, pagar remuneração ou porcentagem por en- Código.
caminhamento de serviços; Art. 12 – Nos documentos que embasam as atividades em
q) Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apre- equipe multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as
sentar resultados de serviços psicológicos em meios de co- informações necessárias para o cumprimento dos objetivos
municação, de forma a expor pessoas, grupos ou organiza- do trabalho.
ções. Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao
Art. 3º – O psicólogo, para ingressar, associar-se ou per- interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estrita-
manecer em uma organização, considerará a missão, a filoso- mente essencial para se promoverem medidas em seu bene-
fia, as políticas, as normas e as práticas nela vigentes e sua fício.
compatibilidade com os princípios e regras deste Código. Art. 14 – A utilização de quaisquer meios de registro e ob-
Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao servação da prática psicológica obedecerá às normas deste
psicólogo recusar-se a prestar serviços e, se pertinente, apre- Código e a legislação profissional vigente, devendo o usuário
sentar denúncia ao órgão competente. ou beneficiário, desde o início, ser informado.
Art. 4º – Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psi- Art. 15 – Em caso de interrupção do trabalho do psicólo-
cólogo: go, por quaisquer motivos, ele deverá zelar pelo destino dos
a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços pres- seus arquivos confidenciais.
tados e as condições do usuário ou beneficiário; § 1° – Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo
b) Estipulará o valor de acordo com as características da deverá repassar todo o material ao psicólogo que vier a subs-
atividade e o comunicará ao usuário ou beneficiário antes do tituí-lo, ou
início do trabalho a ser realizado; lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo substituto.
c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos inde- § 2° – Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o
pendentemente do valor acordado. psicólogo responsável informará ao Conselho Regional de
Art. 5º – O psicólogo, quando participar de greves ou pa- Psicologia, que
ralisações, garantirá que: providenciará a destinação dos arquivos confidenciais.
a) As atividades de emergência não sejam interrompidas; Art. 16 – O psicólogo, na realização de estudos, pesqui-
b) Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários sas e atividades voltadas para a produção de conhecimento e
ou beneficiários dos serviços atingidos pela mesma. desenvolvimento de tecnologias:

Conhecimentos Específicos 14 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
a) Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimen- Resolução CFP N.º 007/2003 Manual de Elaboração de
tos, como pela divulgação dos resultados, com o objetivo de Documentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas
proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades
envolvidas; Resolução CFP N.º 007/2003
b) Garantirá o caráter voluntário da participação dos en- | Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes
volvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo de Avaliações Psicológicas | Resolução CFP Nº017/2002
nas situações previstas em legislação específica e respeitan- |
do os princípios deste Código; Institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos
c) Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organi- produzidos pelo psicólogo,
zações, salvo interesse manifesto destes; decorrentes de avaliação psicológica e revoga a Resolução
d) Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organiza- CFP N.º 017/2002.
ções aos resultados das pesquisas ou estudos, após seu O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de
encerramento, sempre que assim o desejarem. suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas
Art. 17 – Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971;
esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a obser- CONSIDERANDO que o psicólogo, no seu exercício pro-
vância dos princípios e normas contidas neste Código. fissional, tem sido solicitado a apresentar informações docu-
Art. 18 – O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, mentais com objetivos diversos;
emprestará ou venderá a leigos instrumentos e técnicas psi- CONSIDERANDO a necessidade de referências para
cológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da pro- subsidiar o psicólogo na produção qualificada de documen-
fissão. tos escritos decorrentes de avaliação psicológica;
Art. 19 – O psicólogo, ao participar de atividade em veícu- CONSIDERANDO a freqüência com que representações
los de comunicação, zelará para que as informações presta- éticas são desencadeadas a partir de queixas que colocam
das disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, em questão a qualidade dos documentos escritos, decorren-
da base científica e do papel social da profissão. tes de avaliação psicológica, produzidos pelos psicólogos;
Art. 20 – O psicólogo, ao promover publicamente seus CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que
serviços, por quaisquer meios, individual ou coletivamente: norteiam a atividade profissional do psicólogo e os dispositi-
a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número vos sobre avaliação psicológica contidos no Código de Ética
de registro; Profissional do Psicólogo;
b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profis- CONSIDERANDO as implicações sociais decorrentes da
sionais que possua; finalidade do uso dos documentos escritos pelos psicólogos
c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos a partir de avaliações psicológicas;
relativos a técnicas e práticas que estejam reconhecidas ou CONSIDERANDO as propostas encaminhadas no I FO-
regulamentadas pela profissão; RUM NACIONAL DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, ocorrido
d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propa- em dezembro de 2000;
ganda; CONSIDERANDO a deliberação da Assembléia das Polí-
e) Não fará previsão taxativa de resultados; ticas Administrativas e Financeiras, em reunião realizada em
f) Não fará auto-promoção em detrimento de outros profis- 14 de dezembro de 2002, para tratar da revisão do Manual
sionais; de Elaboração de Documentos produzidos pelos psicólogos,
g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas decorrentes de avaliações psicológicas;
de outras categorias profissionais; CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em sessão
h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades pro- realizada no dia 14 de junho de 2003,
fissionais. Resolve:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º - Instituir o Manual de Elaboração de Documentos
Art. 21 – As transgressões dos preceitos deste Código Escritos, produzidos por psicólogos, decorrentes de avalia-
constituem infração disciplinar com a aplicação das seguintes ções psicológicas.
penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais: Art. 2º - O Manual de Elaboração de Documentos Escri-
a) Advertência; tos, referido no artigo anterior, dispõe sobre os seguintes
b) Multa; itens:
c) Censura pública; 1. Princípios norteadores;
d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) 2. Modalidades de documentos;
dias, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia; 3. Conceito / finalidade / estrutura;
e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do 4. Validade dos documentos;
Conselho Federal de Psicologia. 5. Guarda dos documentos.
Art. 22 – As dúvidas na observância deste Código e os Art. 3º - Toda e qualquer comunicação por escrito decor-
casos omissos serão resolvidos pelos Conselhos Regionais rente de avaliação psicológica deverá seguir as diretrizes
de Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de Psico- descritas neste manual.
logia. Parágrafo único - A não observância da presente norma
Art. 23 – Competirá ao Conselho Federal de Psicologia constitui falta ético-disciplinar, passível de capitulação nos
firmar jurisprudência quanto aos casos omissos e fazê-la dispositivos referentes ao exercício profissional do Código de
incorporar a este Código. Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de outros que
Art. 24 – O presente Código poderá ser alterado pelo possam ser argüidos.
Conselho Federal de Psicologia, por iniciativa própria ou da Art. 4º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua
categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia. publicação.
Art. 25 – Este Código entra em vigor em 27 de agosto de Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário.
2005. Brasília, 14 de junho de 2003.
Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de
Avaliações Psicológicas
| Resolução CFP N.º 007/2003 |
Considerações Iniciais
A avaliação psicológica é entendida como o processo téc-
nico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de
informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são

Conhecimentos Específicos 15 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizan- manutenção das estruturas de poder que sustentam condi-
do-se, para tanto, de estratégias psicológicas - métodos, ções de dominação e segregação.
técnicas e instrumentos. Os resultados das avaliações devem Deve-se realizar uma prestação de serviço responsável
considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e pela execução de um trabalho de qualidade cujos princípios
seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como éticos sustentam o compromisso social da Psicologia. Dessa
instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas forma, a demanda, tal como é formulada, deve ser compreen-
na modificação desses condicionantes que operam desde a dida como efeito de uma situação de grande complexidade.
formulação da demanda até a conclusão do processo de 2.2. Princípios Técnicos
avaliação psicológica. O processo de avaliação psicológica deve considerar que
O presente Manual tem como objetivos orientar o profissi- os objetos deste procedimento (as questões de ordem psico-
onal psicólogo na confecção de documentos decorrentes das lógica) têm determinações históricas, sociais, econômicas e
avaliações psicológicas e fornecer os subsídios éticos e técni- políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no pro-
cos necessários para a elaboração qualificada da comunica- cesso de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve con-
ção escrita. siderar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada
As modalidades de documentos aqui apresentadas foram do seu objeto de estudo.
sugeridas durante o I FÓRUM NACIONAL DE AVALIAÇÃO Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, de-
PSICOLÓGICA, ocorrido em dezembro de 2000. vem se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos
Este Manual compreende os seguintes itens: (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta,
1. Princípios norteadores da elaboração documental; intervenções verbais) que se configuram como métodos e
2. Modalidades de documentos; técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e inter-
3. Conceito / finalidade / estrutura; pretações de informações a respeito da pessoa ou grupo
4. Validade dos documentos; atendidos, bem como sobre outros materiais e grupo atendi-
5. Guarda dos documentos. dos e sobre outros materiais e documentos produzidos anteri-
I - Princípios Norteadores na Elaboração de Documen- ormente e pertinentes à matéria em questão. Esses instru-
tos mentais técnicos devem obedecer às condições mínimas
O psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá requeridas de qualidade e de uso, devendo ser adequados ao
adotar como princípios norteadores as técnicas da linguagem que se propõem a investigar.
escrita e os princípios éticos, técnicos e científicos da profis- A linguagem nos documentos deve ser precisa, clara, inte-
são. ligível e concisa, ou seja, deve-se restringir pontualmente às
1- Princípios Técnicos da Linguagem Escrita informações que se fizerem necessárias, recusando qualquer
O documento deve, na linguagem escrita, apresentar uma tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade
redação bem estruturada e definida, expressando o que se do documento específico.
quer comunicar. Deve ter uma ordenação que possibilite a Deve-se rubricar as laudas, desde a primeira até a penúl-
compreensão por quem o lê, o que é fornecido pela estrutura, tima, considerando que a última estará assinada, em toda e
composição de parágrafos ou frases, além da correção gra- qualquer modalidade de documento.
matical. II - Modalidades de Documentos
O emprego de frases e termos deve ser compatível com 1. Declaração *
as expressões próprias da linguagem profissional, garantindo 2. Atestado psicológico
a precisão da comunicação, evitando a diversidade de signifi- 3. Relatório / laudo psicológico
cações da linguagem popular, considerando a quem o docu- 4. Parecer psicológico *
mento será destinado. * A Declaração e o Parecer psicológico não são docu-
A comunicação deve ainda apresentar como qualidades: a mentos decorrentes da avaliação Psicológica, embora muitas
clareza, a concisão e a harmonia. A clareza se traduz, na vezes apareçam desta forma. Por isso consideramos impor-
estrutura frasal, pela seqüência ou ordenamento adequado tante constarem deste manual afim de que sejam diferencia-
dos conteúdos, pela explicitação da natureza e função de dos.
cada parte na construção do todo. A concisão se verifica no III - Conceito / Finalidade / Estrutura
emprego da linguagem adequada, da palavra exata e neces- 1 - Declaração
sária. Essa "economia verbal" requer do psicólogo a atenção 1.1. Conceito e finalidade da declaração
para o equilíbrio que evite uma redação lacônica ou o exagero É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos
de uma redação prolixa. Finalmente, a harmonia se traduz na ou situações objetivas relacionados ao atendimento psicológi-
correlação adequada das frases, no aspecto sonoro e na co, com a finalidade de declarar:
ausência de cacofonias. 1. Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompa-
2 - Princípios Éticos e Técnicos nhante, quando necessário;
2.1. Princípios Éticos 2. Acompanhamento psicológico do atendido;
Na elaboração de DOCUMENTO, o psicólogo baseará su- 3. Informações sobre as condições do atendimento
as informações na observância dos princípios e dispositivos (tempo de acompanhamento, dias ou horários).
do Código de Ética Profissional do Psicólogo. Enfatizamos Neste documento não deve ser feito o registro de sinto-
aqui os cuidados em relação aos deveres do psicólogo nas mas, situações ou estados psicológicos.
suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, 1.2. Estrutura da declaração
às relações com a justiça e ao alcance das informações - a) Ser emitida em papel timbrado ou apresentar na subs-
identificando riscos e compromissos em relação à utilização crição do documento o carimbo, em que conste nome e so-
das informações presentes nos documentos em sua dimen- brenome do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional
são de relações de poder. ("Nome do psicólogo / N.º da inscrição").
Torna-se imperativo a recusa, sob toda e qualquer condi- b) A declaração deve expor:
ção, do uso dos instrumentos, técnicas psicológicas e da - Registro do nome e sobrenome do solicitante;
experiência profissional da Psicologia na sustentação de - Finalidade do documento (por exemplo, para fins de
modelos institucionais e ideológicos de perpetuação da se- comprovação);
gregação aos diferentes modos de subjetivação. Sempre que - Registro de informações solicitadas em relação ao aten-
o trabalho exigir, sugere-se uma intervenção sobre a própria dimento (por exemplo: se faz acompanhamento psicológico,
demanda e a construção de um projeto de trabalho que apon- em quais dias, qual horário);
te para a reformulação dos condicionantes que provoquem o - Registro do local e data da expedição da declaração;
sofrimento psíquico, a violação dos direitos humanos e a

Conhecimentos Específicos 16 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição preensível ao destinatário. Os termos técnicos devem, portan-
no CRP e/ou carimbo com as mesmas informações. to, estar acompanhados das explicações e/ou conceituação
Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os susten-
carimbo. tam.
2 - Atestado Psicológico O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco)
2.1. Conceito e finalidade do atestado itens: identificação, descrição da demanda, procedimento,
É um documento expedido pelo psicólogo que certifica análise e conclusão.
uma determinada situação ou estado psicológico, tendo como 1. Identificação
finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de quem, 2. Descrição da demanda(essa expressão estava em
por requerimento, o solicita, com fins de: laudo)
1. Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante; 3. Procedimento
2. Justificar estar apto ou não para atividades específi- 4. Análise
cas, após realização de um processo de avaliação psicológi- 5. Conclusão
ca, dentro do rigor técnico e ético que subscreve esta Resolu- 3.2.1. Identificação
ção; É a parte superior do primeiro tópico do documento com a
3. Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, finalidade de identificar:
subsidiado na afirmação atestada do fato, em acordo com o O autor/relator - quem elabora;
disposto na Resolução CFP Nº 015/96. O interessado - quem solicita;
2.2. Estrutura do atestado O assunto/finalidade - qual a razão/finalidade.
A formulação do atestado deve restringir-se à informação No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado
solicitada pelo requerente, contendo expressamente o fato o(s) nome(s) do(s) psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação,
constatado. Embora seja um documento simples, deve cum- com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no Conselho Regional.
prir algumas formalidades: No identificador INTERESSADO, o psicólogo indicará o
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresentar na subs- nome do autor do pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi
crição do documento o carimbo, em que conste o nome e de empresas, entidades ou do cliente).
sobrenome do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissi- No identificador ASSUNTO, o psicólogo indicará a razão,
onal ("Nome do psicólogo / N.º da inscrição"). o motivo do pedido (se para acompanhamento psicológico,
b) O atestado deve expor: prorrogação de prazo para acompanhamento ou outras ra-
- Registro do nome e sobrenome do cliente; zões pertinentes a uma avaliação psicológica).
- Finalidade do documento; 3.2.2. Descrição da demanda
- Registro da informação do sintoma, situação ou condições Esta parte é destinada à narração das informações refe-
psicológicas que justifiquem o atendimento, afastamento ou rentes à problemática apresentada e dos motivos, razões e
falta - podendo ser registrado sob o indicativo do código da expectativas que produziram o pedido do documento. Nesta
Classificação Internacional de Doenças em vigor; parte, deve-se apresentar a análise que se faz da demanda
- Registro do local e data da expedição do atestado; de forma a justificar o procedimento adotado.
- Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no 3.2.3. Procedimento
CRP e/ou carimbo com as mesmas informações; A descrição do procedimento apresentará os recursos e
- Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do instrumentos técnicos utilizados para coletar as informações
carimbo. (número de encontros, pessoas ouvidas etc) à luz do referen-
Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou cial teórico-filosófico que os embasa. O procedimento adotado
seja, separados apenas pela pontuação, sem parágrafos, deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que está
evitando, com isso, riscos de adulterações. No caso em que sendo demandado.
seja necessária a utilização de parágrafos, o psicólogo deverá 3.2.4. Análise
preencher esses espaços com traços. É a parte do documento na qual o psicólogo faz uma ex-
O atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1, posição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos da-
alínea b, deverá guardar relatório correspondente ao proces- dos colhidos e das situações vividas relacionados à demanda
so de avaliação psicológica realizado, nos arquivos profissio- em sua complexidade. Como apresentado nos princípios
nais do psicólogo, pelo prazo estipulado nesta resolução, item técnicos, "O processo de avaliação psicológica deve conside-
V. rar que os objetos deste procedimento (as questões de ordem
3 - Relatório Psicológico psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômi-
3.1. Conceito e finalidade do relatório ou laudo psicológico cas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no
O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação des- processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve
critiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristali-
suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, zada do seu objeto de estudo".
pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teó-
todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em dados colhidos e rica que sustenta o instrumental técnico utilizado, bem como
analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das informa-
dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, ções. Somente deve ser relatado o que for necessário para o
intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico- esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Códi-
filosófico e científico adotado pelo psicólogo. go de Ética Profissional do Psicólogo.
A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar O psicólogo, ainda nesta parte, não deve fazer afirmações
os procedimentos e conclusões gerados pelo processo da sem sustentação em fatos e/ou teorias, devendo ter lingua-
avaliação psicológica, relatando sobre o encaminhamento, as gem precisa, especialmente quando se referir a dados de
intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e exata.
caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem co- 3.2.4. Conclusão
mo, caso necessário, solicitação de acompanhamento psico- Na conclusão do documento, o psicólogo vai expor o re-
lógico, limitando-se a fornecer somente as informações ne- sultado e/ou considerações a respeito de sua investigação a
cessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição. partir das referências que subsidiaram o trabalho. As conside-
3.2. Estrutura rações geradas pelo processo de avaliação psicológica de-
O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor ci- vem transmitir ao solicitante a análise da demanda em sua
entíficos, devendo conter narrativa detalhada e didática, com complexidade e do processo de avaliação psicológica como
clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e com- um todo.

Conhecimentos Específicos 17 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Vale ressaltar a importância de sugestões e projetos de Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em
trabalho que contemplem a complexidade das variáveis en- lei, por determinação judicial, ou ainda em casos específicos
volvidas durante todo o processo. em que seja necessária a manutenção da guarda por maior
Após a narração conclusiva, o documento é encerrado, tempo.
com indicação do local, data de emissão, assinatura do psicó- Em caso de extinção de serviço psicológico, o destino dos
logo e o seu número de inscrição no CRP. documentos deverá seguir as orientações definidas no Código
4 - Parecer de Ética do Psicólogo
4.1. Conceito e finalidade do parecer
Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre Resolução CFP Nº 010/2010 - Institui a regulamentação da
uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos
ser indicativo ou conclusivo. em situação de violência, na Rede de Proteção.
O parecer tem como finalidade apresentar resposta escla-
recedora, no campo do conhecimento psicológico, através de RESOLUÇÃO CFP Nº 010/2010
uma avaliação especializada, de uma "questão-problema", Institui a regulamentação da Escuta Psicológica de Crian-
visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, ças e Adolescentes envolvidos em situação de violência, na
sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de Rede de Proteção
quem responde competência no assunto. O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de
4.2. Estrutura suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema pela Lei no 5.766, de 20/12/1971;
apresentado, destacando os aspectos relevantes e opinar a CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “c”, da Lei no
respeito, considerando os quesitos apontados e com funda- 5.766, de 20/12/1971, e no Art. 6º, inciso V, do Decreto no
mento em referencial teórico-científico. 79.822 de 17/6/1977;
Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de for- CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 8.069/90, que dis-
ma sintética e convincente, não deixando nenhum quesito põe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como
sem resposta. Quando não houver dados para a resposta ou o Código de Ética da Profissão de Psicólogo;
quando o psicólogo não puder ser categórico, deve-se utilizar CONSIDERANDO a necessidade de referências para
a expressão "sem elementos de convicção". Se o quesito subsidiar o psicólogo na Escuta Psicológica de Crianças e
estiver mal formulado, pode-se afirmar "prejudicado", "sem Adolescentes na Rede de Proteção;
elementos" ou "aguarda evolução". CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que
O parecer é composto de 4 (quatro) itens: norteiam a atividade profissional do psicólogo e os dispositi-
1. Identificação vos sobre o atendimento à criança ou ao adolescente conti-
2. Exposição de motivos dos no Código de Ética Profissional do Psicólogo;
3. Análise CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião rea-
4. Conclusão lizada no dia 18 de junho de 2010,
4.2.1. Identificação RESOLVE:
Consiste em identificar o nome do parecerista e sua titula- Art. 1o - Instituir a regulamentação da Escuta Psicológica
ção, o nome do autor da solicitação e sua titulação. de Crianças e Adolescentes na Rede de Proteção.
4.2.2. Exposição de Motivos Art. 2º - A regulamentação de Escuta Psicológica de Cri-
Destina-se à transcrição do objetivo da consulta e dos anças e Adolescentes, referida no artigo anterior, dispõe so-
quesitos ou à apresentação das dúvidas levantadas pelo bre os seguintes itens, conforme texto anexo:
solicitante. Deve-se apresentar a questão em tese, não sendo I. Princípios norteadores da Escuta Psicológica de Crian-
necessária, portanto, a descrição detalhada dos procedimen- ças e Adolescentes envolvidos em situação de violência, na
tos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos. Rede de Proteção;
4.2.3. Análise II. Marcos referenciais para a Escuta de Crianças e Ado-
A discussão do PARECER PSICOLÓGICO se constitui na lescentes envolvidos em situação de violência, na Rede de
análise minuciosa da questão explanada e argumentada com Proteção;
base nos fundamentos necessários existentes, seja na ética, III. Referenciais técnicos para o exercício profissional da
na técnica ou no corpo conceitual da ciência psicológica. Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos
Nesta parte, deve respeitar as normas de referências de tra- em situação de violência, na Rede de Proteção;
balhos científicos para suas citações e informações. Art. 3º - Toda e qualquer atividade profissional decorrente
4.2.4. Conclusão de Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes deverá
Na parte final, o psicólogo apresentará seu posicionamen- seguir os itens determinados nesta Resolução.
to, respondendo à questão levantada. Em seguida, informa o Parágrafo único – A não observância da presente norma
local e data em que foi elaborado e assina o documento. constitui falta éticodisciplinar, passível de capitulação nos
V - Validade dos Conteúdos dos Documentos dispositivos referentes ao exercício profissional do Código de
O prazo de validade do conteúdo dos documentos escri- Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de outros que
tos, decorrentes das avaliações psicológicas, deverá conside- possam ser arguidos.
rar a legislação vigente nos casos já definidos. Não havendo Art. 4º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua
definição legal, o psicólogo, onde for possível, indicará o pra- publicação.
zo de validade do conteúdo emitido no documento em função Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário.
das características avaliadas, das informações obtidas e dos Brasília, 29 de junho de 2010.
objetivos da avaliação. Considerações iniciais
Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamen- A escuta de crianças e de adolescentes deve ser – em
tos para a indicação, devendo apresentá-los sempre que qualquer contexto – fundamentada no princípio da proteção
solicitado. integral, na legislação específica da profissão e nos marcos
VI - Guarda dos Documentos e Condições de Guarda teóricos, técnicos e metodológicos da Psicologia como ciência
Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicoló- e profissão. A escuta deve ter como princípio a intersetoriali-
gica, bem como todo o material que os fundamentou, deverão dade e a interdisciplinaridade, respeitando a autonomia da
ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos, observando-se a atuação do psicólogo, sem confundir o diálogo entre as disci-
responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da insti- plinas com a submissão de demandas produzidas nos dife-
tuição em que ocorreu a avaliação psicológica. rentes campos de trabalho e do conhecimento. Diferencia-se,

Conhecimentos Específicos 18 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
portanto, da inquirição judicial, do diálogo informal, dainvesti- 4. O psicólogo, na Escuta de Crianças e Adolescentes,
gação policial, entre outros. respeitará o desejo de livre manifestação do atendido como
I - Princípios norteadores da Escuta Psicológica de um momento emancipatório.
Crianças e Adolescentes envolvidos em situação de vio- 5. O psicólogo, na Escuta de Crianças e Adolescentes,
lência, na Rede de Proteção deverá fundamentar sua intervenção em referencial teórico,
1. O psicólogo atuará considerando a infância e a adoles- técnico e metodológico reconhecidamente fundamentados na
cência como construções sociais, históricas e culturais. ciência Psicológica, na ética e na legislação profissional, de
2. O psicólogo considerará as relações de poder nos con- acordo com a especificidade de cada caso.
textos em que atua e os impactos dessas relações sobre suas 6. O psicólogo, na produção de documentos decorrentes
atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica, em do atendimento de Crianças e Adolescentes em situação de
consonância com os demais princípios do Código de Ética violência, considerará a importância do vínculo estabelecido
Profissional. com o atendido.
3. O psicólogo, no atendimento à criança e ao adolescen- 7. O psicólogo, no atendimento à Criança e ao Adolescen-
te, deve atuar na perspectiva da integralidade, considerando a te, ao produzir documentos, compartilhará somente informa-
violência como fenômeno complexo, multifatorial, social, cultu- ções relevantes para qualificar o serviço prestado com outros
ral e historicamente construído, implicando em abordagem profissionais envolvidos no atendimento, contribuindo para
intersetorial e interprofissional. não revitimizar o atendido.
4. O psicólogo buscará, permanentemente, formação éti- 8. O psicólogo, na Escuta de Crianças e Adolescentes,
co-política e social, a fim de se posicionar criticamente frente atuará em equipe multiprofissional preservando sua especifi-
ao contexto social e cultural das demandas que lhe são ende- cidade e limite de intervenção, sem subordinação técnica a
reçadas. profissionais de outras áreas.
5. O psicólogo tem autonomia teórica, técnica e metodoló- 9. É vedado ao psicólogo o papel de inquiridor no atendi-
gica, de acordo com os princípios ético-políticos que norteiam mento de Crianças e Adolescentes em situação de violência.
a profissão.
6. O psicólogo contribuirá para o desenvolvimento da pro- Resolução CFP Nº 008/2010 - Dispõe sobre a atuação do
fissão, produzindo conhecimento, avaliando sua prática e psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciá-
publicizando seus resultados. rio.
II - Marcos referenciais da Escuta Psicológica de Cri-
anças e Adolescentes envolvidos em situação de violên- FedeRESOLUÇÃO CFP Nº 008/2010
cia, na Rede de Proteção Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assis-
A Escuta Psicológica consiste em oferecer lugar e tempo tente técnico no Poder Judiciário.
para a expressão das demandas e desejos da criança e do O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de
adolescente: a fala, a produção lúdica, o silêncio e expres- suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas
sões não-verbais, entre outros. Os procedimentos técnicos e pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971; pelo Código
metodológicos devem levar em consideração as peculiarida- de Ética Profissional e pela Resolução CFP nº 07/2003:
des do desenvolvimento da criança e adolescente e respeitar CONSIDERANDO a necessidade de estabelecimento de
a diversidade social, cultural e étnica dos sujeitos, superando parâmetros e diretrizes que delimitem o trabalho cooperativo
o atendimento serializado e burocrático que determinadas para exercício profissional de qualidade, especificamente no
instituições exigem do psicólogo. que diz respeito à interação profissional entre os psicólogos
1. O psicólogo realizará o acolhimento, a partir da análise que atuam como peritos e assistentes técnicos em processos
contextual da demanda, respeitando o direito da criança e do que tratam de conflitos e que geram uma lide;
adolescente, pautado no compromisso ético-político da profis- CONSIDERANDO o número crescente de representações
são. referentes ao trabalho realizado pelo psicólogo no contexto do
2. O psicólogo, ao realizar o estudo psicológico decorrente Poder Judiciário, especialmente na atuação enquanto perito e
da Escuta de Crianças e Adolescentes, deverá necessaria- assistente técnico frente a demandas advindas das questões
mente incluir todas as pessoas envolvidas na situação de atinentes à família;
violência, identificando as condições psicológicas, suas con- CONSIDERANDO que, quando a prova do fato depender
sequências, possíveis intervenções e encaminhamentos. de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por
2.1. Na impossibilidade de escuta de uma das partes en- perito, por ele nomeado;
volvidas, o psicólogo incluirá em seu parecer os motivos do CONSIDERANDO que o psicólogo perito é profissional
impedimento e suas possíveis implicações. designado para assessorar a Justiça no limite de suas atribui-
3. O psicólogo, no acompanhamento, promoverá o suporte ções e, portanto, deve exercer tal função com isenção em
à criança, ao adolescente e às famílias, potencializando-os relação às partes envolvidas e comprometimento ético para
como protagonistas de suas histórias. emitir posicionamento de sua competência teórico-técnica, a
III - Referenciais técnicos para o exercício profissional qual subsidiará a decisão judicial;
da Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envol- CONSIDERANDO que os assistentes técnicos são de
vidos em situação de violência, na Rede de Proteção confiança da parte para assessorá-la e garantir o direito ao
1. O psicólogo, na Escuta de Crianças e Adolescentes, contraditório, não sujeitos a impedimento ou suspeição legais;
considerará a complexidade das relações afetivas, familiares CONSIDERANDO que o psicólogo atuará com responsa-
e sociais que permeiam o processo de desenvolvimento. O bilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade
sigilo deverá estar a serviço da garantia dos direitos humanos política, econômica, social e cultural, conforme disposto no
e da proteção, a partir da problematização da demanda ende- princípio fundamental III, do Código de Ética Profissional;
reçada ao psicólogo. CONSIDERANDO que o psicólogo considerará as rela-
2. A Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes re- ções de poder nos contextos em que atua e os impactos des-
quer espaço físico apropriado, que resguarde a privacidade sas relações sobre suas atividades profissionais, posicionan-
do atendido, com recursos técnicos necessários para a quali- do-se de forma crítica e em consonância com os demais prin-
dade do atendimento. cípios do Código de Ética Profissional, conforme disposto no
3. O psicólogo, na Escuta de Crianças e Adolescentes, princípio fundamental VII, do Código de Ética Profissional;
procurará sempre que possível trabalhar em rede, realizando CONSIDERANDO que é dever fundamental do psicólogo
os encaminhamentos necessários à atenção integral, de ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissio-
acordo com a legislação. nais, respeito, consideração e solidariedade, colaborando,

Conhecimentos Específicos 19 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
quando solicitado por aqueles, salvo impedimento por motivo tamente subsidiar o Juiz na solicitação realizada, reconhe-
relevante; cendo os limites legais de sua atuação profissional, sem
CONSIDERANDO que o psicólogo, no relacionamento adentrar nas decisões, que são exclusivas às atribuições dos
com profissionais não psicólogos compartilhará somente magistrados.
informações relevantes para qualificar o serviço prestado, Art. 8º - O assistente técnico, profissional capacitado para
resguardando o caráter confidencial das comunicações, assi- questionar tecnicamente a análise e as conclusões realizadas
nalando a responsabilidade, de quem as receber, de preser- pelo psicólogo perito, restringirá sua análise ao estudo psico-
var o sigilo; lógico resultante da perícia, elaborando quesitos que venham
CONSIDERANDO que a utilização de quaisquer meios de a esclarecer pontos não contemplados ou contraditórios,
registro e observação da prática psicológica obedecerá às identificados a partir de criteriosa análise.
normas do Código de Ética do psicólogo e à legislação profis- Parágrafo Único - Para desenvolver sua função, o assis-
sional vigente, devendo o periciando ou beneficiário, desde o tente técnico poderá ouvir pessoas envolvidas, solicitar do-
início, ser informado; cumentos em poder das partes, entre outros meios (Art. 429,
CONSIDERANDO que os psicólogos peritos e assistentes Código de Processo Civil).
técnicos deverão fundamentar sua intervenção em referencial CAPÍTULO III
teórico, técnico e metodológico respaldados na ciência Psico- TERMO DE COMPROMISSO DO ASSISTENTE TÉCNI-
lógica, na ética e na legislação profissional, garantindo como CO
princípio fundamental o bem-estar de todos os sujeitos envol- Art. 9º – Recomenda-se que antes do início dos trabalhos
vidos; o psicólogo assistente técnico formalize sua prestação de
CONSIDERANDO que é vedado ao psicólogo estabelecer serviço mediante Termo de Compromisso firmado em cartório
com a pessoa atendida, familiar ou terceiro que tenha vínculo onde está tramitando o processo, em que conste sua ciência
com o atendido, relação que possa interferir negativamente e atividade a ser exercidas, com anuência da parte contratan-
nos objetivos do serviço prestado; te.
CONSIDERANDO que é vedado ao psicólogo ser perito, Parágrafo Único – O Termo conterá nome das partes do
avaliador ou parecerista em situações nas quais seus víncu- processo, número do processo, data de início dos trabalhos e
los pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam o objetivo do trabalho a ser realizado.
afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade CAPÍTULO IV
aos resultados da avaliação; O PSICÓLOGO QUE ATUA COMO PSICOTERAPEUTA
CONSIDERANDO que o psicólogo poderá intervir na pres- DAS PARTES
tação de serviços psicológicos que estejam sendo efetuados Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e
por outro profissional, a pedido deste último; equidade de condições, é vedado ao psicólogo que esteja
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião rea- atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um
lizada no dia 18 de junho de 2010, litígio:
RESOLVE: I - Atuar como perito ou assistente técnico de pessoas
CAPÍTULO I atendidas por ele e/ou de terceiros envolvidos na mesma
REALIZAÇÃO DA PERÍCIA situação litigiosa;
Art. 1º - O Psicólogo Perito e o psicólogo assistente técni- II – Produzir documentos advindos do processo psicoterá-
co devem evitar qualquer tipo de interferência durante a avali- pico com a finalidade de fornecer informações à instância
ação que possa prejudicar o princípio da autonomia teórico- judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento
técnica e ético-profissional, e que possa constranger o perici- formal destas últimas, à exceção de Declarações, conforme a
ando durante o atendimento. Resolução CFP nº 07/2003.
Art. 2º - O psicólogo assistente técnico não deve estar Parágrafo único – Quando a pessoa atendida for criança,
presente durante a realização dos procedimentos metodológi- adolescente ou interdito, o consentimento formal referido no
cos que norteiam o atendimento do psicólogo perito e vice- caput deve ser dado por pelo menos um dos responsáveis
versa, para que não haja interferência na dinâmica e qualida- legais.
de do serviço realizado. DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo Único - A relação entre os profissionais deve se Art. 11 - A não observância da presente norma constitui
pautar no respeito e colaboração, cada qual exercendo suas falta ético-disciplinar, passível de capitulação nos dispositivos
competências, podendo o assistente técnico formular quesitos referentes ao exercício profissional do Código de Ética Profis-
ao psicólogo perito. sional do Psicólogo, sem prejuízo de outros que possam ser
Art. 3º - Conforme a especificidade de cada situação, o arguidos.
trabalho pericial poderá contemplar observações, entrevistas, Art. 12 - Esta resolução entrará em vigor na data de sua
visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psico- publicação.
lógicos, utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, Art. 13 - Revogam-se as disposições em contrário.
métodos e técnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Brasília, 30 de junho de 2010.
Psicologia.
Art. 4º - A realização da perícia exige espaço físico apro-
priado que zele pela privacidade do atendido, bem como pela BRASIL, LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sis-
qualidade dos recursos técnicos utilizados. tema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE)
Art. 5º - O psicólogo perito poderá atuar em equipe multi-
profissional desde que preserve sua especificidade e limite de LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012.
intervenção, não se subordinando técnica e profissionalmente Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
a outras áreas. (Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeducati-
CAPÍTULO II vas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e
PRODUÇÃO E ANÁLISE DE DOCUMENTOS altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Art. 6º - Os documentos produzidos por psicólogos que Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de
atuam na Justiça devem manter o rigor técnico e ético exigido 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de no-
na Resolução CFP nº 07/2003, que institui o Manual de Ela- vembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706,
boração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22
decorrentes da avaliação psicológica. de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Con-
Art. 7º - Em seu relatório, o psicólogo perito apresentará solidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-
indicativos pertinentes à sua investigação que possam dire- Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

Conhecimentos Específicos 20 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
VII - instituir e manter processo de avaliação dos Sistemas
de Atendimento Socioeducativo, seus planos, entidades e
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
programas;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
VIII - financiar, com os demais entes federados, a execu-
TÍTULO I
ção de programas e serviços do Sinase; e
DO SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOE-
IX - garantir a publicidade de informações sobre repasses
DUCATIVO (Sinase)
de recursos aos gestores estaduais, distrital e municipais,
CAPÍTULO I
para financiamento de programas de atendimento socioedu-
DISPOSIÇÕES GERAIS
cativo.
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimen-
§ 1o São vedados à União o desenvolvimento e a oferta
to Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução das
de programas próprios de atendimento.
medidas destinadas a adolescente que pratique ato infracio-
§ 2o Ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
nal.
Adolescente (Conanda) competem as funções normativa,
§ 1o Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de prin-
deliberativa, de avaliação e de fiscalização do Sinase, nos
cípios, regras e critérios que envolvem a execução de medi-
termos previstos na Lei no 8.242, de 12 de outubro de 1991,
das socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os siste-
que cria o referido Conselho.
mas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os
§ 3o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
planos, políticas e programas específicos de atendimento a
será submetido à deliberação do Conanda.
adolescente em conflito com a lei.
§ 4o À Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
§ 2o Entendem-se por medidas socioeducativas as previs-
República (SDH/PR) competem as funções executiva e de
tas no art. 112 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta-
gestão do Sinase.
tuto da Criança e do Adolescente), as quais têm por objeti-
Art. 4o Compete aos Estados:
vos:
I - formular, instituir, coordenar e manter Sistema Estadual
I - a responsabilização do adolescente quanto às conse-
de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes
quências lesivas do ato infracional, sempre que possível in-
fixadas pela União;
centivando a sua reparação;
II - elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeduca-
II - a integração social do adolescente e a garantia de
tivo em conformidade com o Plano Nacional;
seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento
III - criar, desenvolver e manter programas para a execu-
de seu plano individual de atendimento; e
ção das medidas socioeducativas de semiliberdade e interna-
III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as
ção;
disposições da sentença como parâmetro máximo de priva-
IV - editar normas complementares para a organização e
ção de liberdade ou restrição de direitos, observados os limi-
funcionamento do seu sistema de atendimento e dos sistemas
tes previstos em lei.
municipais;
§ 3o Entendem-se por programa de atendimento a organi-
V - estabelecer com os Municípios formas de colaboração
zação e o funcionamento, por unidade, das condições neces-
para o atendimento socioeducativo em meio aberto;
sárias para o cumprimento das medidas socioeducativas.
VI - prestar assessoria técnica e suplementação financeira
§ 4o Entende-se por unidade a base física necessária pa-
aos Municípios para a oferta regular de programas de meio
ra a organização e o funcionamento de programa de atendi-
aberto;
mento.
VII - garantir o pleno funcionamento do plantão interinsti-
§ 5o Entendem-se por entidade de atendimento a pessoa
tucional, nos termos previstos no inciso V do art. 88 da Lei no
jurídica de direito público ou privado que instala e mantém a
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
unidade e os recursos humanos e materiais necessários ao
lescente);
desenvolvimento de programas de atendimento.
VIII - garantir defesa técnica do adolescente a quem se
Art. 2o O Sinase será coordenado pela União e integrado
atribua prática de ato infracional;
pelos sistemas estaduais, distrital e municipais responsáveis
IX - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações so-
pela implementação dos seus respectivos programas de
bre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os
atendimento a adolescente ao qual seja aplicada medida
dados necessários ao povoamento e à atualização do Siste-
socioeducativa, com liberdade de organização e funciona-
ma; e
mento, respeitados os termos desta Lei.
X - cofinanciar, com os demais entes federados, a execu-
CAPÍTULO II
ção de programas e ações destinados ao atendimento inicial
DAS COMPETÊNCIAS
de adolescente apreendido para apuração de ato infracional,
Art. 3o Compete à União:
bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi apli-
I - formular e coordenar a execução da política nacional de
cada medida socioeducativa privativa de liberdade.
atendimento socioeducativo;
§ 1o Ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
II - elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeduca-
Adolescente competem as funções deliberativas e de controle
tivo, em parceria com os Estados, o Distrito Federal e os
do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo, nos
Municípios;
termos previstos no inciso II do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13
III - prestar assistência técnica e suplementação financeira
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
como outras definidas na legislação estadual ou distrital.
desenvolvimento de seus sistemas;
§ 2o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
IV - instituir e manter o Sistema Nacional de Informações
será submetido à deliberação do Conselho Estadual dos Di-
sobre o Atendimento Socioeducativo, seu funcionamento,
reitos da Criança e do Adolescente.
entidades, programas, incluindo dados relativos a financia-
§ 3o Competem ao órgão a ser designado no Plano de
mento e população atendida;
que trata o inciso II do caput deste artigo as funções executi-
V - contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sis-
va e de gestão do Sistema Estadual de Atendimento Socioe-
temas de Atendimento Socioeducativo;
ducativo.
VI - estabelecer diretrizes sobre a organização e funcio-
Art. 5o Compete aos Municípios:
namento das unidades e programas de atendimento e as
I - formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Muni-
normas de referência destinadas ao cumprimento das medi-
cipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretri-
das socioeducativas de internação e semiliberdade;
zes fixadas pela União e pelo respectivo Estado;

Conhecimentos Específicos 21 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioedu- Art. 9o Os Estados e o Distrito Federal inscreverão seus
cativo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo programas de atendimento e alterações no Conselho Estadu-
Plano Estadual; al ou Distrital dos Direitos da Criança e do Adolescente, con-
III - criar e manter programas de atendimento para a exe- forme o caso.
cução das medidas socioeducativas em meio aberto; Art. 10. Os Municípios inscreverão seus programas e alte-
IV - editar normas complementares para a organização e rações, bem como as entidades de atendimento executoras,
funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimen- no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
to Socioeducativo; cente.
V - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações so- Art. 11. Além da especificação do regime, são requisitos
bre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os obrigatórios para a inscrição de programa de atendimento:
dados necessários ao povoamento e à atualização do Siste- I - a exposição das linhas gerais dos métodos e técnicas
ma; e pedagógicas, com a especificação das atividades de natureza
VI - cofinanciar, conjuntamente com os demais entes fede- coletiva;
rados, a execução de programas e ações destinados ao aten- II - a indicação da estrutura material, dos recursos huma-
dimento inicial de adolescente apreendido para apuração de nos e das estratégias de segurança compatíveis com as ne-
ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a cessidades da respectiva unidade;
quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto. III - regimento interno que regule o funcionamento da enti-
§ 1o Para garantir a oferta de programa de atendimento dade, no qual deverá constar, no mínimo:
socioeducativo de meio aberto, os Municípios podem instituir a) o detalhamento das atribuições e responsabilidades do
os consórcios dos quais trata a Lei no 11.107, de 6 de abril de dirigente, de seus prepostos, dos membros da equipe técnica
2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de e dos demais educadores;
consórcios públicos e dá outras providências, ou qualquer b) a previsão das condições do exercício da disciplina e
outro instrumento jurídico adequado, como forma de comparti- concessão de benefícios e o respectivo procedimento de
lhar responsabilidades. aplicação; e
§ 2o Ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do c) a previsão da concessão de benefícios extraordinários e
Adolescente competem as funções deliberativas e de controle enaltecimento, tendo em vista tornar público o reconhecimen-
do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, nos to ao adolescente pelo esforço realizado na consecução dos
termos previstos no inciso II do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 objetivos do plano individual;
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem IV - a política de formação dos recursos humanos;
como outras definidas na legislação municipal. V - a previsão das ações de acompanhamento do adoles-
§ 3o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo cente após o cumprimento de medida socioeducativa;
será submetido à deliberação do Conselho Municipal dos VI - a indicação da equipe técnica, cuja quantidade e for-
Direitos da Criança e do Adolescente. mação devem estar em conformidade com as normas de
§ 4o Competem ao órgão a ser designado no Plano de referência do sistema e dos conselhos profissionais e com o
que trata o inciso II do caput deste artigo as funções executi- atendimento socioeducativo a ser realizado; e
va e de gestão do Sistema Municipal de Atendimento Socioe- VII - a adesão ao Sistema de Informações sobre o Aten-
ducativo. dimento Socioeducativo, bem como sua operação efetiva.
Art. 6o Ao Distrito Federal cabem, cumulativamente, as Parágrafo único. O não cumprimento do previsto neste ar-
competências dos Estados e dos Municípios. tigo sujeita as entidades de atendimento, os órgãos gestores,
CAPÍTULO III seus dirigentes ou prepostos à aplicação das medidas previs-
DOS PLANOS DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO tas no art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu-
Art. 7o O Plano de que trata o inciso II do art. 3o desta Lei to da Criança e do Adolescente).
deverá incluir um diagnóstico da situação do Sinase, as dire- Art. 12. A composição da equipe técnica do programa de
trizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de atendimento deverá ser interdisciplinar, compreendendo, no
financiamento e gestão das ações de atendimento para os 10 mínimo, profissionais das áreas de saúde, educação e assis-
(dez) anos seguintes, em sintonia com os princípios elenca- tência social, de acordo com as normas de referência.
dos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Cri- § 1o Outros profissionais podem ser acrescentados às
ança e do Adolescente). equipes para atender necessidades específicas do programa.
§ 1o As normas nacionais de referência para o atendimen- § 2o Regimento interno deve discriminar as atribuições de
to socioeducativo devem constituir anexo ao Plano de que cada profissional, sendo proibida a sobreposição dessas
trata o inciso II do art. 3o desta Lei. atribuições na entidade de atendimento.
§ 2o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deve- § 3o O não cumprimento do previsto neste artigo sujeita
rão, com base no Plano Nacional de Atendimento Socioedu- as entidades de atendimento, seus dirigentes ou prepostos à
cativo, elaborar seus planos decenais correspondentes, em aplicação das medidas previstas no art. 97 da Lei nº 8.069, de
até 360 (trezentos e sessenta) dias a partir da aprovação do 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Plano Nacional. Seção II
Art. 8o Os Planos de Atendimento Socioeducativo deve- Dos Programas de Meio Aberto
rão, obrigatoriamente, prever ações articuladas nas áreas de Art. 13. Compete à direção do programa de prestação de
educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para serviços à comunidade ou de liberdade assistida:
o trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, em I - selecionar e credenciar orientadores, designando-os,
conformidade com os princípios elencados na Lei nº 8.069, de caso a caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento da
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). medida;
Parágrafo único. Os Poderes Legislativos federal, estadu- II - receber o adolescente e seus pais ou responsável e
ais, distrital e municipais, por meio de suas comissões temáti- orientá-los sobre a finalidade da medida e a organização e
cas pertinentes, acompanharão a execução dos Planos de funcionamento do programa;
Atendimento Socioeducativo dos respectivos entes federa- III - encaminhar o adolescente para o orientador credenci-
dos. ado;
CAPÍTULO IV IV - supervisionar o desenvolvimento da medida; e
DOS PROGRAMAS DE ATENDIMENTO V - avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento
Seção I da medida e, se necessário, propor à autoridade judiciária sua
Disposições Gerais substituição, suspensão ou extinção.

Conhecimentos Específicos 22 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. O rol de orientadores credenciados de- I - contribuir para a organização da rede de atendimento
verá ser comunicado, semestralmente, à autoridade judiciária socioeducativo;
e ao Ministério Público. II - assegurar conhecimento rigoroso sobre as ações do
Art. 14. Incumbe ainda à direção do programa de medida atendimento socioeducativo e seus resultados;
de prestação de serviços à comunidade selecionar e creden- III - promover a melhora da qualidade da gestão e do
ciar entidades assistenciais, hospitais, escolas ou outros es- atendimento socioeducativo; e
tabelecimentos congêneres, bem como os programas comuni- IV - disponibilizar informações sobre o atendimento socio-
tários ou governamentais, de acordo com o perfil do socioe- educativo.
ducando e o ambiente no qual a medida será cumprida. § 1o A avaliação abrangerá, no mínimo, a gestão, as enti-
Parágrafo único. Se o Ministério Público impugnar o cre- dades de atendimento, os programas e os resultados da exe-
denciamento, ou a autoridade judiciária considerá-lo inade- cução das medidas socioeducativas.
quado, instaurará incidente de impugnação, com a aplicação § 2o Ao final da avaliação, será elaborado relatório con-
subsidiária do procedimento de apuração de irregularidade tendo histórico e diagnóstico da situação, as recomendações
em entidade de atendimento regulamentado na Lei no 8.069, e os prazos para que essas sejam cumpridas, além de outros
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen- elementos a serem definidos em regulamento.
te), devendo citar o dirigente do programa e a direção da § 3o O relatório da avaliação deverá ser encaminhado aos
entidade ou órgão credenciado. respectivos Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e ao
Seção III Ministério Público.
Dos Programas de Privação da Liberdade § 4o Os gestores e entidades têm o dever de colaborar
Art. 15. São requisitos específicos para a inscrição de com o processo de avaliação, facilitando o acesso às suas
programas de regime de semiliberdade ou internação: instalações, à documentação e a todos os elementos neces-
I - a comprovação da existência de estabelecimento edu- sários ao seu efetivo cumprimento.
cacional com instalações adequadas e em conformidade com § 5o O acompanhamento tem por objetivo verificar o cum-
as normas de referência; primento das metas dos Planos de Atendimento Socioeduca-
II - a previsão do processo e dos requisitos para a escolha tivo.
do dirigente; Art. 20. O Sistema Nacional de Avaliação e Acompanha-
III - a apresentação das atividades de natureza coletiva; mento da Gestão do Atendimento Socioeducativo assegurará,
IV - a definição das estratégias para a gestão de conflitos, na metodologia a ser empregada:
vedada a previsão de isolamento cautelar, exceto nos casos I - a realização da autoavaliação dos gestores e das insti-
previstos no § 2o do art. 49 desta Lei; e tuições de atendimento;
V - a previsão de regime disciplinar nos termos do art. 72 II - a avaliação institucional externa, contemplando a aná-
desta Lei. lise global e integrada das instalações físicas, relações insti-
Art. 16. A estrutura física da unidade deverá ser compatí- tucionais, compromisso social, atividades e finalidades das
vel com as normas de referência do Sinase. instituições de atendimento e seus programas;
§ 1o É vedada a edificação de unidades socioeducacio- III - o respeito à identidade e à diversidade de entidades e
nais em espaços contíguos, anexos, ou de qualquer outra programas;
forma integrados a estabelecimentos penais. IV - a participação do corpo de funcionários das entidades
§ 2o A direção da unidade adotará, em caráter excepcio- de atendimento e dos Conselhos Tutelares da área de atua-
nal, medidas para proteção do interno em casos de risco à ção da entidade avaliada; e
sua integridade física, à sua vida, ou à de outrem, comuni- V - o caráter público de todos os procedimentos, dados e
cando, de imediato, seu defensor e o Ministério Público. resultados dos processos avaliativos.
Art. 17. Para o exercício da função de dirigente de pro- Art. 21. A avaliação será coordenada por uma comissão
grama de atendimento em regime de semiliberdade ou de permanente e realizada por comissões temporárias, essas
internação, além dos requisitos específicos previstos no res- compostas, no mínimo, por 3 (três) especialistas com reco-
pectivo programa de atendimento, é necessário: nhecida atuação na área temática e definidas na forma do
I - formação de nível superior compatível com a natureza regulamento.
da função; Parágrafo único. É vedado à comissão permanente de-
II - comprovada experiência no trabalho com adolescentes signar avaliadores:
de, no mínimo, 2 (dois) anos; e I - que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores
III - reputação ilibada. avaliados ou funcionários das entidades avaliadas;
CAPÍTULO V II - que tenham relação de parentesco até o 3o grau com
DA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados e/ou
DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO funcionários das entidades avaliadas; e
Art. 18. A União, em articulação com os Estados, o Distri- III - que estejam respondendo a processos criminais.
to Federal e os Municípios, realizará avaliações periódicas da Art. 22. A avaliação da gestão terá por objetivo:
implementação dos Planos de Atendimento Socioeducativo I - verificar se o planejamento orçamentário e sua execu-
em intervalos não superiores a 3 (três) anos. ção se processam de forma compatível com as necessidades
§ 1o O objetivo da avaliação é verificar o cumprimento das do respectivo Sistema de Atendimento Socioeducativo;
metas estabelecidas e elaborar recomendações aos gestores II - verificar a manutenção do fluxo financeiro, consideran-
e operadores dos Sistemas. do as necessidades operacionais do atendimento socioeduca-
§ 2o O processo de avaliação deverá contar com a parti- tivo, as normas de referência e as condições previstas nos
cipação de representantes do Poder Judiciário, do Ministério instrumentos jurídicos celebrados entre os órgãos gestores e
Público, da Defensoria Pública e dos Conselhos Tutelares, na as entidades de atendimento;
forma a ser definida em regulamento. III - verificar a implementação de todos os demais com-
§ 3o A primeira avaliação do Plano Nacional de Atendi- promissos assumidos por ocasião da celebração dos instru-
mento Socioeducativo realizar-se-á no terceiro ano de vigên- mentos jurídicos relativos ao atendimento socioeducativo; e
cia desta Lei, cabendo ao Poder Legislativo federal acompa- IV - a articulação interinstitucional e intersetorial das políti-
nhar o trabalho por meio de suas comissões temáticas perti- cas.
nentes. Art. 23. A avaliação das entidades terá por objetivo identi-
Art. 19. É instituído o Sistema Nacional de Avaliação e ficar o perfil e o impacto de sua atuação, por meio de suas
Acompanhamento do Atendimento Socioeducativo, com os atividades, programas e projetos, considerando as diferentes
seguintes objetivos:

Conhecimentos Específicos 23 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dimensões institucionais e, entre elas, obrigatoriamente, as Parágrafo único. A aplicação das medidas previstas neste
seguintes: artigo dar-se-á a partir da análise de relatório circunstanciado
I - o plano de desenvolvimento institucional; elaborado após as avaliações, sem prejuízo do que determi-
II - a responsabilidade social, considerada especialmente nam os arts. 191 a 197, 225 a 227, 230 a 236, 243 e 245 a
sua contribuição para a inclusão social e o desenvolvimento 247 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Cri-
socioeconômico do adolescente e de sua família; ança e do Adolescente).
III - a comunicação e o intercâmbio com a sociedade; Art. 29. Àqueles que, mesmo não sendo agentes públi-
IV - as políticas de pessoal quanto à qualificação, aperfei- cos, induzam ou concorram, sob qualquer forma, direta ou
çoamento, desenvolvimento profissional e condições de traba- indireta, para o não cumprimento desta Lei, aplicam-se, no
lho; que couber, as penalidades dispostas na Lei no 8.429, de 2 de
V - a adequação da infraestrutura física às normas de re- junho de 1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
ferência; agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exer-
VI - o planejamento e a autoavaliação quanto aos proces- cício de mandato, cargo, emprego ou função na administra-
sos, resultados, eficiência e eficácia do projeto pedagógico e ção pública direta, indireta ou fundacional e dá outras provi-
da proposta socioeducativa; dências (Lei de Improbidade Administrativa).
VII - as políticas de atendimento para os adolescentes e CAPÍTULO VII
suas famílias; DO FINANCIAMENTO E DAS PRIORIDADES
VIII - a atenção integral à saúde dos adolescentes em con- Art. 30. O Sinase será cofinanciado com recursos dos or-
formidade com as diretrizes do art. 60 desta Lei; e çamentos fiscal e da seguridade social, além de outras fon-
IX - a sustentabilidade financeira. tes.
Art. 24. A avaliação dos programas terá por objetivo veri- § 1o (VETADO).
ficar, no mínimo, o atendimento ao que determinam os arts. § 2o Os entes federados que tenham instituído seus sis-
94, 100, 117, 119, 120, 123 e 124 da Lei no 8.069, de 13 de temas de atendimento socioeducativo terão acesso aos re-
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). cursos na forma de transferência adotada pelos órgãos inte-
Art. 25. A avaliação dos resultados da execução de medi- grantes do Sinase.
da socioeducativa terá por objetivo, no mínimo: § 3o Os entes federados beneficiados com recursos dos
I - verificar a situação do adolescente após cumprimento orçamentos dos órgãos responsáveis pelas políticas integran-
da medida socioeducativa, tomando por base suas perspecti- tes do Sinase, ou de outras fontes, estão sujeitos às normas e
vas educacionais, sociais, profissionais e familiares; e procedimentos de monitoramento estabelecidos pelas instân-
II - verificar reincidência de prática de ato infracional. cias dos órgãos das políticas setoriais envolvidas, sem prejuí-
Art. 26. Os resultados da avaliação serão utilizados para: zo do disposto nos incisos IX e X do art. 4o, nos incisos V e VI
I - planejamento de metas e eleição de prioridades do Sis- do art. 5o e no art. 6o desta Lei.
tema de Atendimento Socioeducativo e seu financiamento; Art. 31. Os Conselhos de Direitos, nas 3 (três) esferas de
II - reestruturação e/ou ampliação da rede de atendimento governo, definirão, anualmente, o percentual de recursos dos
socioeducativo, de acordo com as necessidades diagnostica- Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente a serem
das; aplicados no financiamento das ações previstas nesta Lei, em
III - adequação dos objetivos e da natureza do atendimen- especial para capacitação, sistemas de informação e de ava-
to socioeducativo prestado pelas entidades avaliadas; liação.
IV - celebração de instrumentos de cooperação com vistas Parágrafo único. Os entes federados beneficiados com
à correção de problemas diagnosticados na avaliação; recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
V - reforço de financiamento para fortalecer a rede de para ações de atendimento socioeducativo prestarão informa-
atendimento socioeducativo; ções sobre o desempenho dessas ações por meio do Sistema
VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores do de Informações sobre Atendimento Socioeducativo.
Sistema de Atendimento Socioeducativo; e Art. 32. A Lei no 7.560, de 19 de dezembro de 1986, pas-
VII - os efeitos do art. 95 da Lei no 8.069, de 13 de julho de sa a vigorar com as seguintes alterações:
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). “Art. 5o Os recursos do Funad serão destinados:
Parágrafo único. As recomendações originadas da avalia- .............................................................................................
ção deverão indicar prazo para seu cumprimento por parte X - às entidades governamentais e não governamentais in-
das entidades de atendimento e dos gestores avaliados, ao tegrantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
fim do qual estarão sujeitos às medidas previstas no art. 28 (Sinase).
desta Lei. ...................................................................................” (NR)
Art. 27. As informações produzidas a partir do Sistema “Art. 5o-A. A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
Nacional de Informações sobre Atendimento Socioeducativo (Senad), órgão gestor do Fundo Nacional Antidrogas (Funad),
serão utilizadas para subsidiar a avaliação, o acompanha- poderá financiar projetos das entidades do Sinase desde que:
mento, a gestão e o financiamento dos Sistemas Nacional, I - o ente federado de vinculação da entidade que solicita o
Distrital, Estaduais e Municipais de Atendimento Socioeduca- recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioedu-
tivo. cativo aprovado;
CAPÍTULO VI II - as entidades governamentais e não governamentais in-
DA RESPONSABILIZAÇÃO DOS GESTORES, OPERA- tegrantes do Sinase que solicitem recursos tenham participado
DORES E ENTIDADES DE ATENDIMENTO da avaliação nacional do atendimento socioeducativo;
Art. 28. No caso do desrespeito, mesmo que parcial, ou III - o projeto apresentado esteja de acordo com os pressu-
do não cumprimento integral às diretrizes e determinações postos da Política Nacional sobre Drogas e legislação especí-
desta Lei, em todas as esferas, são sujeitos: fica.”
I - gestores, operadores e seus prepostos e entidades go- Art. 33. A Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, passa a
vernamentais às medidas previstas no inciso I e no § 1o do vigorar acrescida do seguinte art. 19-A:
art. 97 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da “Art. 19-A. O Codefat poderá priorizar projetos das entida-
Criança e do Adolescente); e des integrantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioe-
II - entidades não governamentais, seus gestores, opera- ducativo (Sinase) desde que:
dores e prepostos às medidas previstas no inciso II e no § 1o I - o ente federado de vinculação da entidade que solicita o
do art. 97 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioedu-
Criança e do Adolescente). cativo aprovado;

Conhecimentos Específicos 24 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - as entidades governamentais e não governamentais in- I - documentos de caráter pessoal do adolescente existen-
tegrantes do Sinase que solicitem recursos tenham se subme- tes no processo de conhecimento, especialmente os que com-
tido à avaliação nacional do atendimento socioeducativo.” provem sua idade; e
Art. 34. O art. 2o da Lei no 5.537, de 21 de novembro de II - as indicadas pela autoridade judiciária, sempre que
1968, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3o: houver necessidade e, obrigatoriamente:
“Art. 2o ....................................................................... a) cópia da representação;
............................................................................................. b) cópia da certidão de antecedentes;
§ 3o O fundo de que trata o art. 1o poderá financiar, na c) cópia da sentença ou acórdão; e
forma das resoluções de seu conselho deliberativo, programas d) cópia de estudos técnicos realizados durante a fase de
e projetos de educação básica relativos ao Sistema Nacional conhecimento.
de Atendimento Socioeducativo (Sinase) desde que: Parágrafo único. Procedimento idêntico será observado na
I - o ente federado que solicitar o recurso possua o respec- hipótese de medida aplicada em sede de remissão, como
tivo Plano de Atendimento Socioeducativo aprovado; forma de suspensão do processo.
II - as entidades de atendimento vinculadas ao ente fede- Art. 40. Autuadas as peças, a autoridade judiciária enca-
rado que solicitar o recurso tenham se submetido à avaliação minhará, imediatamente, cópia integral do expediente ao órgão
nacional do atendimento socioeducativo; e gestor do atendimento socioeducativo, solicitando designação
III - o ente federado tenha assinado o Plano de Metas do programa ou da unidade de cumprimento da medida.
Compromisso Todos pela Educação e elaborado o respectivo Art. 41. A autoridade judiciária dará vistas da proposta de
Plano de Ações Articuladas (PAR).” (NR) plano individual de que trata o art. 53 desta Lei ao defensor e
TÍTULO II ao Ministério Público pelo prazo sucessivo de 3 (três) dias,
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS contados do recebimento da proposta encaminhada pela dire-
CAPÍTULO I ção do programa de atendimento.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1o O defensor e o Ministério Público poderão requerer, e
Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger- o Juiz da Execução poderá determinar, de ofício, a realização
se-á pelos seguintes princípios: de qualquer avaliação ou perícia que entenderem necessárias
I - legalidade, não podendo o adolescente receber trata- para complementação do plano individual.
mento mais gravoso do que o conferido ao adulto; § 2o A impugnação ou complementação do plano individu-
II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição al, requerida pelo defensor ou pelo Ministério Público, deverá
de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de ser fundamentada, podendo a autoridade judiciária indeferi-la,
conflitos; se entender insuficiente a motivação.
III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurati- § 3o Admitida a impugnação, ou se entender que o plano é
vas e, sempre que possível, atendam às necessidades das inadequado, a autoridade judiciária designará, se necessário,
vítimas; audiência da qual cientificará o defensor, o Ministério Público,
IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida; a direção do programa de atendimento, o adolescente e seus
V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em pais ou responsável.
especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de § 4o A impugnação não suspenderá a execução do plano
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); individual, salvo determinação judicial em contrário.
VI - individualização, considerando-se a idade, capacida- § 5o Findo o prazo sem impugnação, considerar-se-á o
des e circunstâncias pessoais do adolescente; plano individual homologado.
VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a rea- Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade assisti-
lização dos objetivos da medida; da, de semiliberdade e de internação deverão ser reavaliadas
VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em no máximo a cada 6 (seis) meses, podendo a autoridade judi-
razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orienta- ciária, se necessário, designar audiência, no prazo máximo de
ção religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertenci- 10 (dez) dias, cientificando o defensor, o Ministério Público, a
mento a qualquer minoria ou status; e direção do programa de atendimento, o adolescente e seus
IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários pais ou responsável.
no processo socioeducativo. § 1o A audiência será instruída com o relatório da equipe
CAPÍTULO II técnica do programa de atendimento sobre a evolução do
DOS PROCEDIMENTOS plano de que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer outro
Art. 36. A competência para jurisdicionar a execução das parecer técnico requerido pelas partes e deferido pela autori-
medidas socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 dade judiciária.
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e § 2o A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o
do Adolescente). tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justi-
Art. 37. A defesa e o Ministério Público intervirão, sob pe- fiquem a não substituição da medida por outra menos grave.
na de nulidade, no procedimento judicial de execução de me- § 3o Considera-se mais grave a internação, em relação a
dida socioeducativa, asseguradas aos seus membros as prer- todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em
rogativas previstas na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 relação às medidas de meio aberto.
(Estatuto da Criança e do Adolescente), podendo requerer as Art. 43. A reavaliação da manutenção, da substituição ou
providências necessárias para adequar a execução aos dita- da suspensão das medidas de meio aberto ou de privação da
mes legais e regulamentares. liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a
Art. 38. As medidas de proteção, de advertência e de re- qualquer tempo, a pedido da direção do programa de atendi-
paração do dano, quando aplicadas de forma isolada, serão mento, do defensor, do Ministério Público, do adolescente, de
executadas nos próprios autos do processo de conhecimento, seus pais ou responsável.
respeitado o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei no 8.069, de § 1o Justifica o pedido de reavaliação, entre outros moti-
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). vos:
Art. 39. Para aplicação das medidas socioeducativas de I - o desempenho adequado do adolescente com base no
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, se- seu plano de atendimento individual, antes do prazo da reava-
miliberdade ou internação, será constituído processo de exe- liação obrigatória;
cução para cada adolescente, respeitado o disposto nos arts. II - a inadaptação do adolescente ao programa e o reitera-
143 e 144 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da do descumprimento das atividades do plano individual; e
Criança e do Adolescente), e com autuação das seguintes
peças:

Conhecimentos Específicos 25 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - a necessidade de modificação das atividades do plano audiência, procederá o magistrado na forma do § 1o do art. 42
individual que importem em maior restrição da liberdade do desta Lei.
adolescente. § 2o É vedada a aplicação de sanção disciplinar de isola-
§ 2o A autoridade judiciária poderá indeferir o pedido, de mento a adolescente interno, exceto seja essa imprescindível
pronto, se entender insuficiente a motivação. para garantia da segurança de outros internos ou do próprio
§ 3o Admitido o processamento do pedido, a autoridade adolescente a quem seja imposta a sanção, sendo necessária
judiciária, se necessário, designará audiência, observando o ainda comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à
princípio do § 1o do art. 42 desta Lei. autoridade judiciária em até 24 (vinte e quatro) horas.
§ 4o A substituição por medida mais gravosa somente CAPÍTULO III
ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
legal, inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei no Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cum-
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado- primento de medida socioeducativa, sem prejuízo de outros
lescente), e deve ser: previstos em lei:
I - fundamentada em parecer técnico; I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por
II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1o do seu defensor, em qualquer fase do procedimento administrati-
art. 42 desta Lei. vo ou judicial;
Art. 44. Na hipótese de substituição da medida ou modifi- II - ser incluído em programa de meio aberto quando ine-
cação das atividades do plano individual, a autoridade judiciá- xistir vaga para o cumprimento de medida de privação da
ria remeterá o inteiro teor da decisão à direção do programa de liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido medi-
atendimento, assim como as peças que entender relevantes à ante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adoles-
nova situação jurídica do adolescente. cente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu
Parágrafo único. No caso de a substituição da medida im- local de residência;
portar em vinculação do adolescente a outro programa de III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liber-
atendimento, o plano individual e o histórico do cumprimento dade de pensamento e religião e em todos os direitos não
da medida deverão acompanhar a transferência. expressamente limitados na sentença;
Art. 45. Se, no transcurso da execução, sobrevier senten- IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a
ça de aplicação de nova medida, a autoridade judiciária proce- qualquer autoridade ou órgão público, devendo, obrigatoria-
derá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e mente, ser respondido em até 15 (quinze) dias;
o defensor, no prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de or-
em igual prazo. ganização e funcionamento do programa de atendimento e
§ 1o É vedado à autoridade judiciária determinar reinício também das previsões de natureza disciplinar;
de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de con- VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a
siderar os prazos máximos, e de liberação compulsória previs- evolução de seu plano individual, participando, obrigatoriamen-
tos na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Crian- te, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação;
ça e do Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplica- VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o
da por ato infracional praticado durante a execução. disposto no art. 60 desta Lei; e
§ 2o É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos
de internação, por atos infracionais praticados anteriormente, a filhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida § 1o As garantias processuais destinadas a adolescente
socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido autor de ato infracional previstas na Lei no 8.069, de 13 de
para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), apli-
absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioe- cam-se integralmente na execução das medidas socioeducati-
ducativa extrema. vas, inclusive no âmbito administrativo.
Art. 46. A medida socioeducativa será declarada extinta: § 2o A oferta irregular de programas de atendimento soci-
I - pela morte do adolescente; oeducativo em meio aberto não poderá ser invocada como
II - pela realização de sua finalidade; motivo para aplicação ou manutenção de medida de privação
III - pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser da liberdade.
cumprida em regime fechado ou semiaberto, em execução Art. 50. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 121 da
provisória ou definitiva; Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
IV - pela condição de doença grave, que torne o adoles- Adolescente), a direção do programa de execução de medida
cente incapaz de submeter-se ao cumprimento da medida; e de privação da liberdade poderá autorizar a saída, monitorada,
V - nas demais hipóteses previstas em lei. do adolescente nos casos de tratamento médico, doença gra-
§ 1o No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumpri- ve ou falecimento, devidamente comprovados, de pai, mãe,
mento de medida socioeducativa, responder a processo-crime, filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com imediata comunica-
caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção ção ao juízo competente.
da execução, cientificando da decisão o juízo criminal compe- Art. 51. A decisão judicial relativa à execução de medida
tente. socioeducativa será proferida após manifestação do defensor
§ 2o Em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar não e do Ministério Público.
convertida em pena privativa de liberdade deve ser desconta- CAPÍTULO IV
do do prazo de cumprimento da medida socioeducativa. DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO (PIA)
Art. 47. O mandado de busca e apreensão do adolescente Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas, em
terá vigência máxima de 6 (seis) meses, a contar da data da regime de prestação de serviços à comunidade, liberdade
expedição, podendo, se necessário, ser renovado, fundamen- assistida, semiliberdade ou internação, dependerá de Plano
tadamente. Individual de Atendimento (PIA), instrumento de previsão,
Art. 48. O defensor, o Ministério Público, o adolescente e registro e gestão das atividades a serem desenvolvidas com o
seus pais ou responsável poderão postular revisão judicial de adolescente.
qualquer sanção disciplinar aplicada, podendo a autoridade Parágrafo único. O PIA deverá contemplar a participação
judiciária suspender a execução da sanção até decisão final dos pais ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir
do incidente. com o processo ressocializador do adolescente, sendo esses
§ 1o Postulada a revisão após ouvida a autoridade colegi- passíveis de responsabilização administrativa, nos termos do
ada que aplicou a sanção e havendo provas a produzir em art. 249 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), civil e criminal.

Conhecimentos Específicos 26 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabilidade da II - inclusão de ações e serviços para a promoção, prote-
equipe técnica do respectivo programa de atendimento, com a ção, prevenção de agravos e doenças e recuperação da saú-
participação efetiva do adolescente e de sua família, represen- de;
tada por seus pais ou responsável. III - cuidados especiais em saúde mental, incluindo os rela-
Art. 54. Constarão do plano individual, no mínimo: cionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, e
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; atenção aos adolescentes com deficiências;
II - os objetivos declarados pelo adolescente; IV - disponibilização de ações de atenção à saúde sexual e
III - a previsão de suas atividades de integração social e/ou reprodutiva e à prevenção de doenças sexualmente transmis-
capacitação profissional; síveis;
IV - atividades de integração e apoio à família; V - garantia de acesso a todos os níveis de atenção à saú-
V - formas de participação da família para efetivo cumpri- de, por meio de referência e contrarreferência, de acordo com
mento do plano individual; e as normas do Sistema Único de Saúde (SUS);
VI - as medidas específicas de atenção à sua saúde. VI - capacitação das equipes de saúde e dos profissionais
Art. 55. Para o cumprimento das medidas de semiliberda- das entidades de atendimento, bem como daqueles que atuam
de ou de internação, o plano individual conterá, ainda: nas unidades de saúde de referência voltadas às especificida-
I - a designação do programa de atendimento mais ade- des de saúde dessa população e de suas famílias;
quado para o cumprimento da medida; VII - inclusão, nos Sistemas de Informação de Saúde do
II - a definição das atividades internas e externas, individu- SUS, bem como no Sistema de Informações sobre Atendimen-
ais ou coletivas, das quais o adolescente poderá participar; e to Socioeducativo, de dados e indicadores de saúde da popu-
III - a fixação das metas para o alcance de desenvolvimen- lação de adolescentes em atendimento socioeducativo; e
to de atividades externas. VIII - estruturação das unidades de internação conforme as
Parágrafo único. O PIA será elaborado no prazo de até 45 normas de referência do SUS e do Sinase, visando ao atendi-
(quarenta e cinco) dias da data do ingresso do adolescente no mento das necessidades de Atenção Básica.
programa de atendimento. Art. 61. As entidades que ofereçam programas de atendi-
Art. 56. Para o cumprimento das medidas de prestação de mento socioeducativo em meio aberto e de semiliberdade
serviços à comunidade e de liberdade assistida, o PIA será deverão prestar orientações aos socioeducandos sobre o
elaborado no prazo de até 15 (quinze) dias do ingresso do acesso aos serviços e às unidades do SUS.
adolescente no programa de atendimento. Art. 62. As entidades que ofereçam programas de privação
Art. 57. Para a elaboração do PIA, a direção do respectivo de liberdade deverão contar com uma equipe mínima de pro-
programa de atendimento, pessoalmente ou por meio de fissionais de saúde cuja composição esteja em conformidade
membro da equipe técnica, terá acesso aos autos do procedi- com as normas de referência do SUS.
mento de apuração do ato infracional e aos dos procedimentos Art. 63. (VETADO).
de apuração de outros atos infracionais atribuídos ao mesmo § 1o O filho de adolescente nascido nos estabelecimentos
adolescente. referidos no caput deste artigo não terá tal informação lançada
§ 1o O acesso aos documentos de que trata o caput deve- em seu registro de nascimento.
rá ser realizado por funcionário da entidade de atendimento, § 2o Serão asseguradas as condições necessárias para
devidamente credenciado para tal atividade, ou por membro que a adolescente submetida à execução de medida socioe-
da direção, em conformidade com as normas a serem defini- ducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho
das pelo Poder Judiciário, de forma a preservar o que determi- durante o período de amamentação.
nam os arts. 143 e 144 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 Seção II
(Estatuto da Criança e do Adolescente). Do Atendimento a Adolescente com Transtorno Mental e
§ 2o A direção poderá requisitar, ainda: com Dependência de Álcool e de Substância Psicoativa
I - ao estabelecimento de ensino, o histórico escolar do Art 64. O adolescente em cumprimento de medida socioe-
adolescente e as anotações sobre o seu aproveitamento; ducativa que apresente indícios de transtorno mental, de defi-
II - os dados sobre o resultado de medida anteriormente ciência mental, ou associadas, deverá ser avaliado por equipe
aplicada e cumprida em outro programa de atendimento; e técnica multidisciplinar e multissetorial.
III - os resultados de acompanhamento especializado ante- § 1o As competências, a composição e a atuação da equi-
rior. pe técnica de que trata o caput deverão seguir, conjuntamen-
Art. 58. Por ocasião da reavaliação da medida, é obrigató- te, as normas de referência do SUS e do Sinase, na forma do
ria a apresentação pela direção do programa de atendimento regulamento.
de relatório da equipe técnica sobre a evolução do adolescen- § 2o A avaliação de que trata o caput subsidiará a elabo-
te no cumprimento do plano individual. ração e execução da terapêutica a ser adotada, a qual será
Art. 59. O acesso ao plano individual será restrito aos ser- incluída no PIA do adolescente, prevendo, se necessário,
vidores do respectivo programa de atendimento, ao adolescen- ações voltadas para a família.
te e a seus pais ou responsável, ao Ministério Público e ao § 3o As informações produzidas na avaliação de que trata
defensor, exceto expressa autorização judicial. o caput são consideradas sigilosas.
CAPÍTULO V § 4o Excepcionalmente, o juiz poderá suspender a execu-
DA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE ADOLESCENTE ção da medida socioeducativa, ouvidos o defensor e o Ministé-
EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA rio Público, com vistas a incluir o adolescente em programa de
Seção I atenção integral à saúde mental que melhor atenda aos objeti-
Disposições Gerais vos terapêuticos estabelecidos para o seu caso específico.
Art. 60. A atenção integral à saúde do adolescente no Sis- § 5o Suspensa a execução da medida socioeducativa, o
tema de Atendimento Socioeducativo seguirá as seguintes juiz designará o responsável por acompanhar e informar sobre
diretrizes: a evolução do atendimento ao adolescente.
I - previsão, nos planos de atendimento socioeducativo, em § 6o A suspensão da execução da medida socioeducativa
todas as esferas, da implantação de ações de promoção da será avaliada, no mínimo, a cada 6 (seis) meses.
saúde, com o objetivo de integrar as ações socioeducativas, § 7o O tratamento a que se submeterá o adolescente de-
estimulando a autonomia, a melhoria das relações interpesso- verá observar o previsto na Lei no 10.216, de 6 de abril de
ais e o fortalecimento de redes de apoio aos adolescentes e 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
suas famílias; portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental.
§ 8o (VETADO).

Conhecimentos Específicos 27 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 65. Enquanto não cessada a jurisdição da Infância e cooperação celebrados entre os operadores do Senai e os
Juventude, a autoridade judiciária, nas hipóteses tratadas no gestores dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo locais.
art. 64, poderá remeter cópia dos autos ao Ministério Público § 2o ...................................................................... ” (NR)
para eventual propositura de interdição e outras providências Art. 77. O art. 3o do Decreto-Lei no 8.621, de 10 de janeiro
pertinentes. de 1946, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1o, renume-
Art. 66. (VETADO). rando-se o atual parágrafo único para § 2o:
CAPÍTULO VI “Art. 3o .........................................................................
DAS VISITAS A ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO DE § 1o As escolas do Senac poderão ofertar vagas aos usuá-
MEDIDA DE rios do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Si-
INTERNAÇÃO nase) nas condições a serem dispostas em instrumentos de
Art. 67. A visita do cônjuge, companheiro, pais ou respon- cooperação celebrados entre os operadores do Senac e os
sáveis, parentes e amigos a adolescente a quem foi aplicada gestores dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo locais.
medida socioeducativa de internação observará dias e horá- § 2o. ..................................................................... ” (NR)
rios próprios definidos pela direção do programa de atendi- Art. 78. O art. 1o da Lei no 8.315, de 23 de dezembro de
mento. 1991, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou que viva, “Art. 1o .........................................................................
comprovadamente, em união estável o direito à visita íntima. Parágrafo único. Os programas de formação profissional
Parágrafo único. O visitante será identificado e registrado rural do Senar poderão ofertar vagas aos usuários do Sistema
pela direção do programa de atendimento, que emitirá docu- Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condi-
mento de identificação, pessoal e intransferível, específico ções a serem dispostas em instrumentos de cooperação cele-
para a realização da visita íntima. brados entre os operadores do Senar e os gestores dos Sis-
Art. 69. É garantido aos adolescentes em cumprimento de temas de Atendimento Socioeducativo locais.” (NR)
medida socioeducativa de internação o direito de receber visita Art. 79. O art. 3o da Lei no 8.706, de 14 de setembro de
dos filhos, independentemente da idade desses. 1993, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
Art. 70. O regulamento interno estabelecerá as hipóteses “Art. 3o .........................................................................
de proibição da entrada de objetos na unidade de internação, Parágrafo único. Os programas de formação profissional
vedando o acesso aos seus portadores. do Senat poderão ofertar vagas aos usuários do Sistema Na-
CAPÍTULO VII cional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condições
DOS REGIMES DISCIPLINARES a serem dispostas em instrumentos de cooperação celebrados
Art. 71. Todas as entidades de atendimento socioeducati- entre os operadores do Senat e os gestores dos Sistemas de
vo deverão, em seus respectivos regimentos, realizar a previ- Atendimento Socioeducativo locais.” (NR)
são de regime disciplinar que obedeça aos seguintes princí- Art. 80. O art. 429 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio
pios: de 1943, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2o:
I - tipificação explícita das infrações como leves, médias e “Art. 429. .....................................................................
graves e determinação das correspondentes sanções; .............................................................................................
II - exigência da instauração formal de processo disciplinar § 2o Os estabelecimentos de que trata o caput ofertarão
para a aplicação de qualquer sanção, garantidos a ampla vagas de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema
defesa e o contraditório; Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condi-
III - obrigatoriedade de audiência do socioeducando nos ções a serem dispostas em instrumentos de cooperação cele-
casos em que seja necessária a instauração de processo brados entre os estabelecimentos e os gestores dos Sistemas
disciplinar; de Atendimento Socioeducativo locais.” (NR)
IV - sanção de duração determinada; TÍTULO III
V - enumeração das causas ou circunstâncias que eximam, DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
atenuem ou agravem a sanção a ser imposta ao socioeducan- Art. 81. As entidades que mantenham programas de aten-
do, bem como os requisitos para a extinção dessa; dimento têm o prazo de até 6 (seis) meses após a publicação
VI - enumeração explícita das garantias de defesa; desta Lei para encaminhar ao respectivo Conselho Estadual
VII - garantia de solicitação e rito de apreciação dos recur- ou Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente propos-
sos cabíveis; e ta de adequação da sua inscrição, sob pena de interdição.
VIII - apuração da falta disciplinar por comissão composta Art. 82. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Ado-
por, no mínimo, 3 (três) integrantes, sendo 1 (um), obrigatori- lescente, em todos os níveis federados, com os órgãos res-
amente, oriundo da equipe técnica. ponsáveis pelo sistema de educação pública e as entidades de
Art. 72. O regime disciplinar é independente da responsa- atendimento, deverão, no prazo de 1 (um) ano a partir da pu-
bilidade civil ou penal que advenha do ato cometido. blicação desta Lei, garantir a inserção de adolescentes em
Art. 73. Nenhum socioeducando poderá desempenhar cumprimento de medida socioeducativa na rede pública de
função ou tarefa de apuração disciplinar ou aplicação de san- educação, em qualquer fase do período letivo, contemplando
ção nas entidades de atendimento socioeducativo. as diversas faixas etárias e níveis de instrução.
Art. 74. Não será aplicada sanção disciplinar sem expres- Art. 83. Os programas de atendimento socioeducativo sob
sa e anterior previsão legal ou regulamentar e o devido pro- a responsabilidade do Poder Judiciário serão, obrigatoriamen-
cesso administrativo. te, transferidos ao Poder Executivo no prazo máximo de 1 (um)
Art. 75. Não será aplicada sanção disciplinar ao socioedu- ano a partir da publicação desta Lei e de acordo com a política
cando que tenha praticado a falta: de oferta dos programas aqui definidos.
I - por coação irresistível ou por motivo de força maior; Art. 84. Os programas de internação e semiliberdade sob
II - em legítima defesa, própria ou de outrem. a responsabilidade dos Municípios serão, obrigatoriamente,
CAPÍTULO VIII transferidos para o Poder Executivo do respectivo Estado no
DA CAPACITAÇÃO PARA O TRABALHO prazo máximo de 1 (um) ano a partir da publicação desta Lei e
Art. 76. O art. 2o do Decreto-Lei no 4.048, de 22 de janeiro de acordo com a política de oferta dos programas aqui defini-
de 1942, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1o, renume- dos.
rando-se o atual parágrafo único para § 2o: Art. 85. A não transferência de programas de atendimento
“Art. 2o ......................................................................... para os devidos entes responsáveis, no prazo determinado
§ 1o As escolas do Senai poderão ofertar vagas aos usuá- nesta Lei, importará na interdição do programa e caracterizará
rios do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Si- ato de improbidade administrativa do agente responsável,
nase) nas condições a serem dispostas em instrumentos de vedada, ademais, ao Poder Judiciário e ao Poder Executivo

Conhecimentos Específicos 28 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
municipal, ao final do referido prazo, a realização de despesas I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto
para a sua manutenção. sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II
Art. 86. Os arts. 90, 97, 121, 122, 198 e 208 da Lei no do caput do art. 260;
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado- II - não se aplica à pessoa física que:
lescente), passam a vigorar com a seguinte redação: a) utilizar o desconto simplificado;
“Art. 90. ...................................................................... b) apresentar declaração em formulário; ou
............................................................................................. c) entregar a declaração fora do prazo;
V - prestação de serviços à comunidade; III - só se aplica às doações em espécie; e
VI - liberdade assistida; IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
VII - semiliberdade; e vigor.
VIII - internação. § 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
....................................................................................” (NR) de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
“Art. 97. (VETADO)” observadas instruções específicas da Secretaria da Receita
“Art. 121. .................................…………………............ Federal do Brasil.
............................................................................................. § 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.” (NR) ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença
“Art. 122. ..................................................................... de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual
............................................................................................. com os acréscimos legais previstos na legislação.
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respecti-
decretada judicialmente após o devido processo legal. vo ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos
...................................................................................” (NR) dos Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital,
“Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que
e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 260.”
5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), “Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
com as seguintes adaptações: poderá ser deduzida:
............................................................................................. I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídi-
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declara- cas que apuram o imposto trimestralmente; e
ção, o prazo para o Ministério Público e para a defesa será II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
sempre de 10 (dez) dias; as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
...................................................................................” (NR) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
“Art. 208. ..................................................................... período a que se refere a apuração do imposto.”
............................................................................................. “Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
X - de programas de atendimento para a execução das podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem
...................................................................................” (NR) ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
Art. 87. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
Criança e do Adolescente), passa a vigorar com as seguintes 260.”
alterações: “Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração
“Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente e
sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, pelo presidente do Conselho correspondente, especificando:
obedecidos os seguintes limites: I - número de ordem;
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro endereço do emitente;
real; e III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado doador;
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, obser- IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
vado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro V - ano-calendário a que se refere a doação.
de 1997. § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo po-
............................................................................................. de ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no doados mês a mês.
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o § 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve
inciso I do caput: conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endere-
II - não poderá ser computada como despesa operacional ço dos avaliadores.”
na apuração do lucro real.” (NR) “Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador de-
“Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário verá:
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documen-
trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua De- tação hábil;
claração de Ajuste Anual. II - baixar os bens doados na declaração de bens e direi-
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida tos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no
até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apura- caso de pessoa jurídica; e
do na declaração: III - considerar como valor dos bens doados:
I - (VETADO); a) para as pessoas físicas, o valor constante da última de-
II - (VETADO); claração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. de mercado;
§ 2o A dedução de que trata o caput: b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.

Conhecimentos Específicos 29 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não se- LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
rá considerado na determinação do valor dos bens doados,
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescen-
exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.”
“Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260- te e dá outras providências.
D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução pe- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
rante a Receita Federal do Brasil.” Título I
“Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração Das Disposições Preliminares
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: e ao adolescente.
I - manter conta bancária específica destinada exclusiva- Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
mente a gerir os recursos do Fundo; pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
II - manter controle das doações recebidas; e aquela entre doze e dezoito anos de idade.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
seguintes dados por doador: vinte e um anos de idade.
a) nome, CNPJ ou CPF; Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direi-
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie tos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
ou em bens.” da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-
“Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.” mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
“Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do de dignidade.
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulga- Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade
rão amplamente à comunidade: em geral e do poder público assegurar, com absoluta priori-
I - o calendário de suas reuniões; dade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionali-
atendimento à criança e ao adolescente; zação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem convivência familiar e comunitária.
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- circunstâncias;
calendário e o valor dos recursos previstos para implementa- b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou
ção das ações, por projeto; de relevância pública;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destina- c) preferência na formulação e na execução das políticas
ção, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na sociais públicas;
base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
a Adolescência; e relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais.” violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qual-
“Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada quer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos funda-
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos mentais.
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum,
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de peculiar da criança e do adolescente como pessoas em de-
ofício, a requerimento ou representação de qualquer cidadão.” senvolvimento.
“Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- Título II
dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Dos Direitos Fundamentais
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, Capítulo I
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos Do Direito à Vida e à Saúde
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos nú- vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
meros de inscrição no CNPJ e das contas bancárias específi- públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
cas mantidas em instituições financeiras públicas, destinadas sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.” Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único
“Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ex- de Saúde, o atendimento pré e perinatal.
pedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis
arts. 260 a 260-K.” de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obe-
Art. 88. O parágrafo único do art. 3o da Lei no 12.213, de decendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização
20 de janeiro de 2010, passa a vigorar com a seguinte reda- do Sistema.
ção: § 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo
“Art. 3o ................................................. mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.
Parágrafo único. A dedução a que se § 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à
refere o caput deste artigo não poderá gestante e à nutriz que dele necessitem.
ultrapassar 1% (um por cento) do imposto § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência
devido.” (NR) psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
Art. 89. (VETADO). inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequên-
Art. 90. Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (no- cias do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
venta) dias de sua publicação oficial. 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 30 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser VI - participar da vida política, na forma da lei;
também prestada a gestantes ou mães que manifestem inte- VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
resse em entregar seus filhos para adoção. (Incluído pela Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência integridade física, psíquica e moral da criança e do adoles-
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores cente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade,
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e
inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de objetos pessoais.
liberdade. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de aten- do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
ção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obri- desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange-
gados a: dor.
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de trata-
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua mento cruel ou degradante, como formas de correção, disci-
impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, plina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos
administrativa competente; agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêu- por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los,
tica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
bem como prestar orientação aos pais; 2014)
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem ne- Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
cessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvi- (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
mento do neonato; I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o ado-
a permanência junto à mãe. lescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da cri- 2014)
ança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e 2014)
serviços para promoção, proteção e recuperação da saú- b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005) II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cru-
§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência el de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
receberão atendimento especializado. que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e ou- b) ameace gravemente; ou(Incluído pela Lei nº 13.010, de
tros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilita- 2014)
ção. c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde de- Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
verão proporcionar condições para a permanência em tempo responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
integral de um dos pais ou responsável, nos casos de interna- socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
ção de criança ou adolescente. de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou prote-
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo gê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos degradante como formas de correção, disciplina, educação ou
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comu- qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de
nicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
prejuízo de outras providências legais. (Redação dada aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigato- proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
riamente encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventu- II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiá-
de.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência trico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas III - encaminhamento a cursos ou programas de orienta-
de assistência médica e odontológica para a prevenção das ção; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento es-
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e pecializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
alunos. V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras pro-
Capítulo II vidências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade Capítulo III
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em pro- Seção I
cesso de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, Disposições Gerais
humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser cri-
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes as- ado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente,
pectos: em família substituta, assegurada a convivência familiar e
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços co- comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas de-
munitários, ressalvadas as restrições legais; pendentes de substâncias entorpecentes.
II - opinião e expressão; § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em
III - crença e culto religioso; programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, de-
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimi- vendo a autoridade judiciária competente, com base em rela-
nação; tório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar,

Conhecimentos Específicos 31 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reinte- Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nas-
gração familiar ou colocação em família substituta, em quais- cimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
quer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Inclu- descendentes.
ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em pro- personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
grama de acolhimento institucional não se prolongará por exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que restrição, observado o segredo de Justiça.
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada Seção III
pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Da Família Substituta
2009) Vigência Subseção I
§ 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adoles- Disposições Gerais
cente à sua família terá preferência em relação a qualquer Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á median-
outra providência, caso em que será esta incluída em pro- te guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação
gramas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente se-
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela rá previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão
§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devida-
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas pe- mente considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
riódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de aco- 2009)Vigência
lhimento institucional, pela entidade responsável, independente- § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
mente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, será necessário seu consentimento, colhido em audiên-
de 2014) cia.(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamen- § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau
to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da
filiação. medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
judiciária competente para a solução da divergência. (Ex- diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimen-
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência to definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei nº
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e 12.010, de 2009)Vigência
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no inte- § 5o A colocação da criança ou adolescente em família
resse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as de- substituta será precedida de sua preparação gradativa e
terminações judiciais. acompanhamento posterior, realizados pela equipe interpro-
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não fissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis
pátrio poder poder familiar. (Expressão substituída pela Lei pela execução da política municipal de garantia do direito à
nº 12.010, de 2009) Vigência convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a Vigência
decretação da medida, a criança ou o adolescente será man- § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena
tido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é
ser incluída em programas oficiais de auxílio.(Incluído pela Lei ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
nº 12.962, de 2014) Vigência
§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implica- I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
rá a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de con- social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
denação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os
o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962, de direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Consti-
2014) tuição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder fami- 2009)Vigência
liar serão decretadas judicialmente, em procedimento contra- II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio
ditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obri- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
gações a que alude o art. 22. (Expressão substituída pela III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão fe-
Lei nº 12.010, de 2009)Vigência deral responsável pela política indigenista, no caso de crian-
Seção II ças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a
Da Família Natural equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade for- o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
mada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou am- pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com
pliada aquela que se estende para além da unidade pais e a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar ade-
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos quado.
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a enti-
12.010, de 2009) Vigência dades governamentais ou não-governamentais, sem autoriza-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser ção judicial.
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escri- constitui medida excepcional, somente admissível na modali-
tura ou outro documento público, qualquer que seja a origem dade de adoção.
da filiação.

Conhecimentos Específicos 32 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art.
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o 24.
encargo, mediante termo nos autos. Subseção IV
Subseção II Da Adoção
Da Guarda Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência mate- segundo o disposto nesta Lei.
rial, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual
a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos proce- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
dimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por es- § 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela
trangeiros. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos ca- Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito
sos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo tutela dos adotantes.
ser deferido o direito de representação para a prática de atos Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
determinados. com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condi- desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo
ção de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, os impedimentos matrimoniais.
inclusive previdenciários. § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferi- § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
mento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes
impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regu- hereditária.
lamentação específica, a pedido do interessado ou do Minis- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
tério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) independentemente do estado civil. (Redação dada pela
Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistên- § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
cia jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob adotando.
a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os ado-
convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de tantes sejam casados civilmente ou mantenham união está-
2009) Vigência vel, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter tempo- mais velho do que o adotando.
rário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. (In- § 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá rece- estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
ber a criança ou adolescente mediante guarda, observado o período de convivência e que seja comprovada a existência
disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não deten-
12.010, de 2009) Vigência tor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da conces-
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, são.(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Públi- § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demons-
co. trado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guar-
Subseção III da compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no
Da Tutela 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a pré- do procedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído
via decretação da perda ou suspensão do pátrio poder poder pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
familiar e implica necessariamente o dever de guarda. (Ex- Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer do- Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e
cumento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o
art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código pupilo ou o curatelado.
Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou
sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do representante legal do adotando.
do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a § 1º. O consentimento será dispensado em relação à cri-
170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de ança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou
2009) Vigência tenham sido destituídos do pátrio poder poder familiar. (Ex-
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão obser- pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
vados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de
somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na dispo- idade, será também necessário o seu consentimento.
sição de última vontade, se restar comprovado que a medida Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivên-
é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em cia com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autorida-
melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela Lei de judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.
nº 12.010, de 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 33 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia con-
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante sulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Pú-
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a blico.
conveniência da constituição do vínculo. (Redação dada pela § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a hipóteses previstas no art. 29.
dispensa da realização do estágio de convivência. (Redação § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de um período de preparação psicossocial e jurídica, orienta-
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente do pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumpri- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
do no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) di- execução da política municipal de garantia do direito à convi-
as (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela Vigência
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da § 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e
ponsáveis pela execução da política de garantia do direito à adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em
convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso condições de serem adotados, a ser realizado sob a orienta-
acerca da conveniência do deferimento da medida. (Inclu- ção, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da
ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsá-
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença ju- veis pelo programa de acolhimento e pela execução da políti-
dicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do ca municipal de garantia do direito à convivência familiar.
qual não se fornecerá certidão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como § 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais
pais, bem como o nome de seus ascendentes. e nacional de crianças e adolescentes em condições de se-
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o rem adotados e de pessoas ou casais habilitados à ado-
registro original do adotado. ção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser la- § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
vrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua resi- residentes fora do País, que somente serão consultados na
dência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadas-
Vigência tros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei nº
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá 12.010, de 2009) Vigência
constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de
nº 12.010, de 2009) Vigência adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modifica- do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ção do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
2009)Vigência (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescen-
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo tes em condições de serem adotados que não tiveram colo-
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o cação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou ca-
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação sais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadas-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista 2009) Vigência
no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) manutenção e correta alimentação dos cadastros, com poste-
Vigência rior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se § 10. A adoção internacional somente será deferida se,
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, ga- após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à
rantida a sua conservação para consulta a qualquer tem- adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na
po. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referi-
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de ado- dos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado com
ção em que o adotando for criança ou adolescente com defi- residência permanente no Brasil. (Incluído pela Lei nº
ciência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, 12.010, de 2009) Vigência
de 2014) § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessa-
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bi- do em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que
ológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no possível e recomendável, será colocado sob guarda de famí-
qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após lia cadastrada em programa de acolhimento familiar. (In-
completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criterio-
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção pode- sa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
rá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente
2009) Vigência nos termos desta Lei quando:(Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio 2009) Vigência
poder poder familiar dos pais naturais. (Expressão substi- I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído
tuída pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca II - for formulada por parente com o qual a criança ou ado-
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em lescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
condições de serem adotados e outro de pessoas interessa- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
das na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 34 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda tratados e convenções internacionais, e acompanhados da
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde respectiva tradução, por tradutor público juramentado;
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do
arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de aco-
2009) Vigência lhida; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o can- VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
didato deverá comprovar, no curso do procedimento, que Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme pre- com a nacional, além do preenchimento por parte dos postu-
visto nesta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- lantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessá-
gência rios ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo
a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora de habilitação à adoção internacional, que terá validade por,
do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crian- 2009) Vigência
ças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de Infância e da Juventude do local em que se encontra a crian-
1999.(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autori-
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente dade Central Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando 2009) Vigência
restar comprovado:(Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autori-
2009)Vigência zar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção inter-
I - que a colocação em família substituta é a solução ade- nacional sejam intermediados por organismos credencia-
quada ao caso concreto; (Incluída pela Lei nº 12.010, de dos.(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009)Vigência § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colo- credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros en-
cação da criança ou adolescente em família substituta brasi- carregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
leira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 internacional, com posterior comunicação às Autoridades
desta Lei; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de im-
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este prensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei nº
foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de de- 12.010, de 2009) Vigência
senvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, § 3o Somente será admissível o credenciamento de orga-
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, ob- nismos que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
servado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. Vigência
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferên- de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
cia aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhi-
criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei da do adotando para atuar em adoção internacional no Bra-
nº 12.010, de 2009) Vigência sil; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das II - satisfizerem as condições de integridade moral, com-
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de petência profissional, experiência e responsabilidade exigidas
adoção internacional.(Redação dada pela Lei nº 12.010, de pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal
2009)Vigência Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ções: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua for-
2009)Vigência mação e experiência para atuar na área de adoção internaci-
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar onal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento ju-
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria rídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de
aquele onde está situada sua residência habitual; (Incluí- 2009) Vigência
da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (In-
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições
emitirá um relatório que contenha informações sobre a identi- e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
dade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela
adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº
social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir 12.010, de 2009)Vigência
uma adoção internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas
2009) Vigência e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada forma-
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o re- ção ou experiência para atuar na área de adoção internacio-
latório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Auto- nal, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e
ridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, medi-
12.010, de 2009)Vigência ante publicação de portaria do órgão federal competente;
IV - o relatório será instruído com toda a documentação (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equi- III - estar submetidos à supervisão das autoridades com-
pe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legisla- petentes do país onde estiverem sediados e no país de aco-
ção pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigên- lhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e
cia; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência situação financeira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
V - os documentos em língua estrangeira serão devida- Vigência
mente autenticados pela autoridade consular, observados os

Conhecimentos Específicos 35 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e des-
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem credenciamento, o repasse de recursos provenientes de or-
como relatório de acompanhamento das adoções internacio- ganismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos
nais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas
Departamento de Polícia Federal; (Incluída pela Lei nº físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autorida- ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adoles-
de Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central cente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conse-
Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O lho de Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluído pela Lei
envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenti- nº 12.010, de 2009)Vigência
cada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em
acolhida para o adotado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de ado-
2009) Vigência ção tenha sido processado em conformidade com a legislação
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasilei- “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
ra cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e recepcionada com o reingresso no Brasil.(Incluído pela Lei nº
do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedi- 12.010, de 2009)Vigência
dos. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença
deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído
suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em pa-
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estran- ís não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressa-
geiro encarregado de intermediar pedidos de adoção interna- do no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença
cional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela
12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedi- Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
da mediante requerimento protocolado na Autoridade Central o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao térmi- país de origem da criança ou do adolescente será conhecida
no do respectivo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pe-
12.010, de 2009) Vigência dido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que conce- Autoridade Central Federal e determinará as providências
deu a adoção internacional, não será permitida a saída do necessárias à expedição do Certificado de Naturalização
adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, Provisório.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
de 2009) Vigência § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judici- Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
ária determinará a expedição de alvará com autorização de decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta-
viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, mente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse
obrigatoriamente, as características da criança ou adolescen- superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei
te adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços nº 12.010, de 2009) Vigência
peculiares, assim como foto recente e a aposição da impres- § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, pre-
são digital do seu polegar direito, instruindo o documento com vista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imedia-
cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julga- tamente requerer o que for de direito para resguardar os inte-
do. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência resses da criança ou do adolescente, comunicando-se as
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comu-
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das nicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autorida-
crianças e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº de Central do país de origem.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autori- o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país
dade Central Federal Brasileira e que não estejam devida- de origem porque a sua legislação a delega ao país de aco-
mente comprovados, é causa de seu descredenciamento. lhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a crian-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência ça ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderi-
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser do à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as
representados por mais de uma entidade credenciada para regras da adoção nacional.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluído 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Capítulo IV
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domicili- Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
ado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, po- Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
dendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
2009)Vigência para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de or- assegurando-se-lhes:
ganismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigen- I - igualdade de condições para o acesso e permanência
tes de programas de acolhimento institucional ou familiar, na escola;
assim como com crianças e adolescentes em condições de II - direito de ser respeitado por seus educadores;
serem adotados, sem a devida autorização judicial. (Inclu- III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo re-
ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência correr às instâncias escolares superiores;
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limi- IV - direito de organização e participação em entidades es-
tar ou suspender a concessão de novos credenciamentos tudantis;
sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua re-
fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) sidência.
Vigência

Conhecimentos Específicos 36 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ci- Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegu-
ência do processo pedagógico, bem como participar da defi- rado trabalho protegido.
nição das propostas educacionais. Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao ado- familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
lescente: entidade governamental ou não-governamental, é vedado
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive pa- trabalho:
ra os que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade dia e as cinco horas do dia seguinte;
ao ensino médio; II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - atendimento educacional especializado aos portadores III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de IV - realizado em horários e locais que não permitam a
zero a seis anos de idade; freqüência à escola.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
um; ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condi- ao adolescente que dele participe condições de capacitação
ções do adolescente trabalhador; para o exercício de atividade regular remunerada.
VII - atendimento no ensino fundamental, através de pro- § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
gramas suplementares de material didático-escolar, transpor- em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvi-
te, alimentação e assistência à saúde. mento pessoal e social do educando prevalecem sobre o
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito pú- aspecto produtivo.
blico subjetivo. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo traba-
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder lho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da trabalho não desfigura o caráter educativo.
autoridade competente. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos,
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto entre outros:
aos pais ou responsável, pela freqüência à escola. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvi-
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matri- mento;
cular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. II - capacitação profissional adequada ao mercado de tra-
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fun- balho.
damental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: Título III
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Da Prevenção
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, Capítulo I
esgotados os recursos escolares; Disposições Gerais
III - elevados níveis de repetência. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiên- ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
cias e novas propostas relativas a calendário, seriação, currí- Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
culo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção nicípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de
de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
obrigatório. o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valo- e difundir formas não violentas de educação de crianças e de
res culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social adolescentes, tendo como principais ações:(Incluído pela Lei
da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberda- nº 13.010, de 2014)
de da criação e o acesso às fontes de cultura. I - a promoção de campanhas educativas permanentes
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de prote-
para a infância e a juventude. ção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de
Capítulo V 2014)
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quator- Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
ze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Ado-
Constituição Federal) lescente e com as entidades não governamentais que atuam
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regula- na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
da por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Lei. III - a formação continuada e a capacitação dos profissio-
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- nais de saúde, educação e assistência social e dos demais
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legis- agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos
lação de educação em vigor. direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos das competências necessárias à prevenção, à identificação
seguintes princípios: de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino formas de violência contra a criança e o adolescente;(Incluído
regular; pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - atividade compatível com o desenvolvimento do ado- IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica
lescente; de conflitos que envolvam violência contra a criança e o ado-
III - horário especial para o exercício das atividades. lescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é as- V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem
segurada bolsa de aprendizagem. a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsá-
são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. veis com o objetivo de promover a informação, a reflexão, o

Conhecimentos Específicos 37 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo edu- exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
cativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) faixa etária a que se destinam.
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a ar- Art. 78. As revistas e publicações contendo material im-
ticulação de ações e a elaboração de planos de atuação con- próprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser
junta focados nas famílias em situação de violência, com comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
participação de profissionais de saúde, de assistência social e de seu conteúdo.
de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído pela Lei que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
nº 13.010, de 2014) protegidas com embalagem opaca.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público in-
com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e fanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, le-
políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela gendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,
Lei nº 13.010, de 2014) armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem sociais da pessoa e da família.
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explo-
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco- rem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas
nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda
de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes. que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local,
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela co- afixando aviso para orientação do público.
municação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, Seção II
por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou Dos Produtos e Serviços
ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado de:
retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. (Incluído I - armas, munições e explosivos;
pela Lei nº 13.046, de 2014) II - bebidas alcoólicas;
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informa- III - produtos cujos componentes possam causar depen-
ção, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produ- dência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
tos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que
em desenvolvimento. pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
adotados. VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção impor- Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adoles-
tará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos cente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere,
termos desta Lei. salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsá-
Capítulo II vel.
Da Prevenção Especial Seção III
Seção I Da Autorização para Viajar
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da co-
Espetáculos marca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsá-
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, re- vel, sem expressa autorização judicial.
gulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre § 1º A autorização não será exigida quando:
a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, a) tratar-se de comarca contígua à da residência da crian-
locais e horários em que sua apresentação se mostre inade- ça, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mes-
quada. ma região metropolitana;
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espe- b) a criança estiver acompanhada:
táculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada comprovado documentalmente o parentesco;
sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
no certificado de classificação. mãe ou responsável.
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diver- § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
sões e espetáculos públicos classificados como adequados à responsável, conceder autorização válida por dois anos.
sua faixa etária. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autori-
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so- zação é dispensável, se a criança ou adolescente:
mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre- I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsá-
sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou vel;
responsável. II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex-
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibi- pressamente pelo outro através de documento com firma
rão, no horário recomendado para o público infanto juvenil, reconhecida.
programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne-
informativas. nhuma criança ou adolescente nascido em território nacional
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua ou domiciliado no exterior.
transmissão, apresentação ou exibição. Parte Especial
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários Título I
de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de Da Política de Atendimento
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou Capítulo I
locação em desacordo com a classificação atribuída pelo Disposições Gerais
órgão competente. Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de

Conhecimentos Específicos 38 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos V - prestação de serviços à comunidade;(Redação dada
estados, do Distrito Federal e dos municípios. pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594,
I - políticas sociais básicas; de 2012) (Vide)
II - políticas e programas de assistência social, em caráter VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594,
supletivo, para aqueles que deles necessitem; de 2012) (Vide)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médi- VIII - internação.(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
co e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, (Vide)
exploração, abuso, crueldade e opressão; § 1o As entidades governamentais e não governamentais
IV - serviço de identificação e localização de pais, respon- deverão proceder à inscrição de seus programas, especifi-
sável, crianças e adolescentes desaparecidos; cando os regimes de atendimento, na forma definida neste
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos di- artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
reitos da criança e do adolescente. Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abre- alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à
viar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças 2009)Vigência
e adolescentes;(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência § 2o Os recursos destinados à implementação e manu-
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de tenção dos programas relacionados neste artigo serão previs-
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio tos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarre-
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças gados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social,
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas dentre outros, observando-se o princípio da prioridade absolu-
de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. ta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do art.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
I - municipalização do atendimento; cia
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional § 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios
participação popular paritária por meio de organizações re- para renovação da autorização de funcionamento: (Incluído
presentativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
III - criação e manutenção de programas específicos, ob- I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem
servada a descentralização político-administrativa; como às resoluções relativas à modalidade de atendimento
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e munici- prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e
pais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº
criança e do adolescente; 12.010, de 2009)Vigência
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Minis- II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, ates-
tério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência tadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela
Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº
agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se 12.010, de 2009)Vigência
atribua autoria de ato infracional; III - em se tratando de programas de acolhimento instituci-
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Minis- onal ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na
tério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da reintegração familiar ou de adaptação à família substituta,
execução das políticas sociais básicas e de assistência social, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
para efeito de agilização do atendimento de crianças e de 2009)Vigência
adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar Art. 91. As entidades não-governamentais somente pode-
ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família rão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal
de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará
inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da
das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação respectiva localidade.
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
participação dos diversos segmentos da sociedade. (Inclu- a) não ofereça instalações físicas em condições adequa-
ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos b) não apresente plano de trabalho compatível com os
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do princípios desta Lei;
adolescente é considerada de interesse público relevante e c) esteja irregularmente constituída;
não será remunerada. d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
Capítulo II e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
Das Entidades de Atendimento deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado
Seção I expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Ado-
Disposições Gerais lescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010,
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis de 2009) Vigência
pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
planejamento e execução de programas de proteção e sócio- cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
de: (Vide) renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo.
I - orientação e apoio sócio-familiar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
III - colocação familiar; acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguin-
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº tes princípios:(Redação dada pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) Vigência 2009)Vigência

Conhecimentos Específicos 39 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, adolescentes;
de 2009)Vigência II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto
II - integração em família substituta, quando esgotados os de restrição na decisão de internação;
recursos de manutenção na família natural ou extensa; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência unidades e grupos reduzidos;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respei-
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co- to e dignidade ao adolescente;
educação; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preser-
V - não desmembramento de grupos de irmãos; vação dos vínculos familiares;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para ou- VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
tras entidades de crianças e adolescentes abrigados; casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento
VII - participação na vida da comunidade local; dos vínculos familiares;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas
IX - participação de pessoas da comunidade no processo de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os obje-
educativo. tos necessários à higiene pessoal;
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e ade-
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para quados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológi-
2009)Vigência cos e farmacêuticos;
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro- X - propiciar escolarização e profissionalização;
gramas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, rela- XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem,
tório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou de acordo com suas crenças;
adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela Lei nº XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
12.010, de 2009) Vigência máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à auto-
§ 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes ridade competente;
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a perma- XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
nente qualificação dos profissionais que atuam direta ou indi- sobre sua situação processual;
retamente em programas de acolhimento institucional e desti- XVI - comunicar às autoridades competentes todos os ca-
nados à colocação familiar de crianças e adolescentes, inclu- sos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
indo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Con- contagiosas;
selho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences
cia dos adolescentes;
§ 4o Salvo determinação em contrário da autoridade judi- XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompa-
ciária competente, as entidades que desenvolvem programas nhamento de egressos;
de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o XIX - providenciar os documentos necessários ao exercí-
auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência soci- cio da cidadania àqueles que não os tiverem;
al, estimularão o contato da criança ou adolescente com seus XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
VIII do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
2009)Vigência acompanhamento da sua formação, relação de seus perten-
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de aco- ces e demais dados que possibilitem sua identificação e a
lhimento familiar ou institucional somente poderão receber individualização do atendimento.
recursos públicos se comprovado o atendimento dos princí- § 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
pios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhi-
nº 12.010, de 2009) Vigência mento institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo di- 12.010, de 2009) Vigência
rigente de entidade que desenvolva programas de acolhimen- § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este ar-
to familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem tigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos da
prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, comunidade.
civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abri-
cia guem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em
Art. 93. As entidades que mantenham programa de aco- caráter temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais
lhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia deter- suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído pela
minação da autoridade competente, fazendo comunicação do Lei nº 13.046, de 2014)
fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Seção II
Juventude, sob pena de responsabilidade. (Redação dada Da Fiscalização das Entidades
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 95. As entidades governamentais e não-
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutela-
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessá- res.
rias para promover a imediata reintegração familiar da criança Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas
ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a
possível ou recomendável, para seu encaminhamento a pro- origem das dotações orçamentárias.
grama de acolhimento familiar, institucional ou a família subs- Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendi-
tituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. mento que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de in- ou prepostos:
ternação têm as seguintes obrigações, entre outras: I - às entidades governamentais:

Conhecimentos Específicos 40 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
a) advertência; intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
II - às entidades não-governamentais: seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
a) advertência; Vigência
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públi- VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida
cas; exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à prote-
d) cassação do registro. ção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº
§ 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por enti- 12.010, de 2009) Vigência
dades de atendimento, que coloquem em risco os direitos VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a
Ministério Público ou representado perante autoridade judiciá- criança ou o adolescente se encontram no momento em que
ria competente para as providências cabíveis, inclusive sus- a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pensão das atividades ou dissolução da entidade. (Reda- 2009) Vigência
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efe-
§ 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organiza- tuada de modo que os pais assumam os seus deveres para
ções não governamentais responderão pelos danos que seus com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº
agentes causarem às crianças e aos adolescentes, caracteri- 12.010, de 2009)Vigência
zado o descumprimento dos princípios norteadores das ativi- X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
dades de proteção específica. (Redação dada pela Lei nº proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva-
12.010, de 2009) Vigência lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua
Título II família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que
Das Medidas de Proteção promovam a sua integração em família substituta; (Incluído
Capítulo I pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
Disposições Gerais XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adoles-
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescen- cente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capaci-
te são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta dade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser
Lei forem ameaçados ou violados: informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; a intervenção e da forma como esta se processa; (Incluído
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
III - em razão de sua conduta. XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adoles-
Capítulo II cente, em separado ou na companhia dos pais, de responsá-
Das Medidas Específicas de Proteção vel ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituí- e na definição da medida de promoção dos direitos e de pro-
das a qualquer tempo. teção, sendo sua opinião devidamente considerada pela auto-
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta ridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ 1o
as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitá- 2009)Vigência
rios. Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no
Parágrafo único. São também princípios que regem a art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre
aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de outras, as seguintes medidas:
2009) Vigência I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de termo de responsabilidade;
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimen-
Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- to oficial de ensino fundamental;
cia IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplica- à família, à criança e ao adolescente;
ção de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psi-
voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que quiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei nº VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxí-
12.010, de 2009)Vigência lio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: VII - acolhimento institucional;(Redação dada pela Lei nº
a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a 12.010, de 2009)Vigência
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
nos casos por esta expressamente ressalvados, é de respon- (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
sabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei
sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibi- nº 12.010, de 2009)Vigência
lidade da execução de programas por entidades não gover- § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
namentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como
gência forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a in- esta possível, para colocação em família substituta, não impli-
tervenção deve atender prioritariamente aos interesses e cando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010,
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consi- de 2009)Vigência
deração que for devida a outros interesses legítimos no âmbi- § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
to da pluralidade dos interesses presentes no caso concre- para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
to; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da da criança ou adolescente do convívio familiar é de compe-
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela tência exclusiva da autoridade judiciária e importará na defla-

Conhecimentos Específicos 41 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
gração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha direito à convivência familiar, para a destituição do poder
legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei
qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício nº 12.010, de 2009) Vigência
do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela Lei nº § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o pra-
12.010, de 2009)Vigência zo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destitui-
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser en- ção do poder familiar, salvo se entender necessária a realiza-
caminhados às instituições que executam programas de aco- ção de estudos complementares ou outras providências que
lhimento institucional, governamentais ou não, por meio de entender indispensáveis ao ajuizamento da deman-
uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciá- da. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ria, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência ou foro regional, um cadastro contendo informações atualiza-
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais das sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhi-
ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei mento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com
nº 12.010, de 2009) Vigência informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, cada um, bem como as providências tomadas para sua rein-
com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de tegração familiar ou colocação em família substituta, em qual-
2009)Vigência quer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
2009) Vigência Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao con- Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adoles-
vívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) cente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar
Vigência sobre a implementação de políticas públicas que permitam
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do
adolescente, a entidade responsável pelo programa de aco- convívio familiar e abreviar o período de permanência em
lhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual programa de acolhimento.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a 2009) Vigência
existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capí-
autoridade judiciária competente, caso em que também deve- tulo serão acompanhadas da regularização do registro civil.
rá contemplar sua colocação em família substituta, observa- (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
das as regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assen-
12.010, de 2009)Vigência to de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabili- dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade
dade da equipe técnica do respectivo programa de atendi- judiciária.
mento e levará em consideração a opinião da criança ou do § 2º Os registros e certidões necessários à regularização
adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. (Incluí- de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emo-
do pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência lumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (In- § 3o Caso ainda não definida a paternidade, será defla-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência grado procedimento específico destinado à sua averiguação,
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de
pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsá- § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dis-
vel; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência pensável o ajuizamento de ação de investigação de paterni-
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com dade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento
a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou res- ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele
ponsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja atribuída, a criança for encaminhada para adoção. (Incluído
esta vedada por expressa e fundamentada determinação pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação Título III
em família substituta, sob direta supervisão da autoridade Da Prática de Ato Infracional
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Capítulo I
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no lo- Disposições Gerais
cal mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
como parte do processo de reintegração familiar, sempre que como crime ou contravenção penal.
identificada a necessidade, a família de origem será incluída Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de de-
em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção zoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con-
ou com o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, siderada a idade do adolescente à data do fato.
de 2009) Vigência Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corres-
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o ponderão as medidas previstas no art. 101.
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institu- Capítulo II
cional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que Dos Direitos Individuais
dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liber-
decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de dade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
2009) Vigência escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegra- Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação
ção da criança ou do adolescente à família de origem, após dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de acerca de seus direitos.
orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descri- onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à
ção pormenorizada das providências tomadas e a expressa autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou
recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou res- à pessoa por ele indicada.
ponsáveis pela execução da política municipal de garantia do

Conhecimentos Específicos 42 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena Seção IV
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de- Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres,
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. bem como em programas comunitários ou governamentais.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, do-
havendo dúvida fundada. mingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar
Capítulo III a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Das Garantias Processuais Seção V
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liber- Da Liberdade Assistida
dade sem o devido processo legal. Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa-
as seguintes garantias: nhar, auxiliar e orientar o adolescente.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infra- § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
cional, mediante citação ou meio equivalente; acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar- entidade ou programa de atendimento.
se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo
necessárias à sua defesa; de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada,
III - defesa técnica por advogado; revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orienta-
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessita- dor, o Ministério Público e o defensor.
dos, na forma da lei; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervi-
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade são da autoridade competente, a realização dos seguintes
competente; encargos, entre outros:
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou respon- I - promover socialmente o adolescente e sua família, for-
sável em qualquer fase do procedimento. necendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
Capítulo IV programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
Das Medidas Sócio-Educativas II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar
Seção I do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
Disposições Gerais III - diligenciar no sentido da profissionalização do adoles-
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autorida- cente e de sua inserção no mercado de trabalho;
de competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes IV - apresentar relatório do caso.
medidas: Seção VI
I - advertência; Do Regime de Semi-liberdade
II - obrigação de reparar o dano; Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determina-
III - prestação de serviços à comunidade; do desde o início, ou como forma de transição para o meio
IV - liberdade assistida; aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
V - inserção em regime de semi-liberdade; independentemente de autorização judicial.
VI - internação em estabelecimento educacional; § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionaliza-
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. ção, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a existentes na comunidade.
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade § 2º A medida não comporta prazo determinado aplican-
da infração. do-se, no que couber, as disposições relativas à internação.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admi- Seção VII
tida a prestação de trabalho forçado. Da Internação
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência Art. 121. A internação constitui medida privativa da liber-
mental receberão tratamento individual e especializado, em dade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e
local adequado às suas condições. respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
e 100. critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa deter-
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II minação judicial em contrário.
a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo
da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipó- sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamen-
tese de remissão, nos termos do art. 127. tada, no máximo a cada seis meses.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sem- § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de interna-
pre que houver prova da materialidade e indícios suficientes ção excederá a três anos.
da autoria. § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
Seção II adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
Da Advertência semi-liberdade ou de liberdade assistida.
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
que será reduzida a termo e assinada. idade.
Seção III § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
Da Obrigação de Reparar o Dano de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos § 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a quando:
medida poderá ser substituída por outra adequada.

Conhecimentos Específicos 43 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá
ameaça ou violência a pessoa; ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
II - por reiteração no cometimento de outras infrações gra- expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
ves; Ministério Público.
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medi- Título IV
da anteriormente imposta. Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
decretada judicialmente após o devido processo legal. proteção à família;
(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
havendo outra medida adequada. III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiá-
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade trico;
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti- IV - encaminhamento a cursos ou programas de orienta-
nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de ção;
idade, compleição física e gravidade da infração. V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusi- sua freqüência e aproveitamento escolar;
ve provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, tratamento especializado;
entre outros, os seguintes: VII - advertência;
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do VIII - perda da guarda;
Ministério Público; IX - destituição da tutela;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder famili-
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; ar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
IV - ser informado de sua situação processual, sempre gência
que solicitada; Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos
V - ser tratado com respeito e dignidade; incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts.
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naque- 23 e 24.
la mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a auto-
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; ridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio afastamento do agressor da moradia comum.
pessoal; Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fi-
X - habitar alojamento em condições adequadas de higie- xação provisória dos alimentos de que necessitem a criança
ne e salubridade; ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei
XI - receber escolarização e profissionalização; nº 12.415, de 2011)
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Título V
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; Do Conselho Tutelar
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, Capítulo I
e desde que assim o deseje; Disposições Gerais
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autô-
local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daque- nomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar
les porventura depositados em poder da entidade; pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documen- definidos nesta Lei.
tos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Art. 132. Em cada Município e em cada Região Adminis-
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. trativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporari- Tutelar como órgão integrante da administração pública local,
amente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população
motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos inte- local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma)
resses do adolescente. recondução, mediante novo processo de escolha.(Redação
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequa- Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tute-
das de contenção e segurança. lar, serão exigidos os seguintes requisitos:
Capítulo V I - reconhecida idoneidade moral;
Da Remissão II - idade superior a vinte e um anos;
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para III - residir no município.
apuração de ato infracional, o representante do Ministério Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é
do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do assegurado o direito a:(Redação dada pela Lei nº 12.696, de
adolescente e sua maior ou menor participação no ato infraci- 2012)
onal. I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da 12.696, de 2012)
remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
ou extinção do processo. (um terço) do valor da remuneração mensal;(Incluído pela Lei
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reco- nº 12.696, de 2012)
nhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem preva- III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
lece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventual- de 2012)
mente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a interna- de 2012)
ção. V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696,
de 2012)

Conhecimentos Específicos 44 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e § 1o O processo de escolha dos membros do Conselho
da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacio-
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e for- nal a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de
mação continuada dos conselheiros tutelares. (Redação outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
dada pela Lei nº 12.696, de 2012) (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro § 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de esco-
de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, lha.(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
de 2012) § 3o No processo de escolha dos membros do Conselho
Capítulo II Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
Das Atribuições do Conselho entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses pre- Lei nº 12.696, de 2012)
vistas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no Capítulo V
art. 101, I a VII; Dos Impedimentos
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplican- Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho
do as medidas previstas no art. 129, I a VII; marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro
III - promover a execução de suas decisões, podendo para ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobri-
tanto: nho, padrasto ou madrasta e enteado.
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educa- Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselhei-
ção, serviço social, previdência, trabalho e segurança; ro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de ao representante do Ministério Público com atuação na Justi-
descumprimento injustificado de suas deliberações. ça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que regional ou distrital.
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da Título VI
criança ou adolescente; Do Acesso à Justiça
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua Capítulo I
competência; Disposições Gerais
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adoles-
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o cente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
adolescente autor de ato infracional; Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
VII - expedir notificações; § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de cri- que dela necessitarem, através de defensor público ou advo-
ança ou adolescente quando necessário; gado nomeado.
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da In-
proposta orçamentária para planos e programas de atendi- fância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos,
mento dos direitos da criança e do adolescente; ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão represen-
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da tados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um
Constituição Federal; anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma
XI - representar ao Ministério Público para efeito das da legislação civil ou processual.
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgota- Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador es-
das as possibilidades de manutenção da criança ou do ado- pecial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
lescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
12.010, de 2009) Vigência quando carecer de representação ou assistência legal ainda
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos que eventual.
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reco- Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais
nhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e ado- e administrativos que digam respeito a crianças e adolescen-
lescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) tes a que se atribua autoria de ato infracional.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do con- poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se foto-
vívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério grafia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, resi-
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal dência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação
entendimento e as providências tomadas para a orientação, o dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
apoio e a promoção social da família.(Incluído pela Lei nº Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que
12.010, de 2009) Vigência se refere o artigo anterior somente será deferida pela autori-
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente pode- dade judiciária competente, se demonstrado o interesse e
rão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem justificada a finalidade.
tenha legítimo interesse. Capítulo II
Capítulo III Da Justiça da Infância e da Juventude
Da Competência Seção I
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de compe- Disposições Gerais
tência constante do art. 147. Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar va-
Capítulo IV ras especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
Da Escolha dos Conselheiros cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalida-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do de por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e reali- dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
zado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direi- Seção II
tos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministé- Do Juiz
rio Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
12.10.1991) Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na
forma da lei de organização judiciária local.

Conhecimentos Específicos 45 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 147. A competência será determinada: c) a existência de instalações adequadas;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; d) o tipo de freqüência habitual ao local;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
à falta dos pais ou responsável. freqüência de crianças e adolescentes;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a au- f) a natureza do espetáculo.
toridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
de conexão, continência e prevenção. deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as deter-
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à auto- minações de caráter geral.
ridade competente da residência dos pais ou responsável, ou Seção III
do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou Dos Serviços Auxiliares
adolescente. Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da
comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a Infância e da Juventude.
autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
ou retransmissoras do respectivo estado. fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbal-
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é compe- mente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
tente para: aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciá-
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adoles- ria, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.
cente, aplicando as medidas cabíveis; Capítulo III
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou ex- Dos Procedimentos
tinção do processo; Seção I
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; Disposições Gerais
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses indi- Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
viduais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescen- se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
te, observado o disposto no art. 209; processual pertinente.
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabi-
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; lidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de in- procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução
frações contra norma de proteção à criança ou adolescente; dos atos e diligências judiciais a eles referentes. (Incluído
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tu- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
telar, aplicando as medidas cabíveis. Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corres-
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adoles- ponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a auto-
cente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justi- ridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício
ça da Infância e da Juventude para o fim de: as providências necessárias, ouvido o Ministério Público.
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica pa-
b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder ra o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua
familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; (Ex- família de origem e em outros procedimentos necessariamen-
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência te contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casa- Vigência
mento; Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
d) conhecer de pedidos baseados em discordância pater- Seção II
na ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder poder Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder Poder Familiar
familiar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
2009) Vigência gência
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quan- Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do
do faltarem os pais; pátrio poder poder familiar terá início por provocação do Mi-
f) designar curador especial em casos de apresentação de nistério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judici- (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
ais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou Art. 156. A petição inicial indicará:
adolescente; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
g) conhecer de ações de alimentos; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se
dos registros de nascimento e óbito. tratando de pedido formulado por representante do Ministério
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, atra- Público;
vés de portaria, ou autorizar, mediante alvará: III - a exposição sumária do fato e o pedido;
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
desacompanhado dos pais ou responsável, em: logo, o rol de testemunhas e documentos.
a) estádio, ginásio e campo desportivo; Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judi-
b) bailes ou promoções dançantes; ciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do
c) boate ou congêneres; pátrio poder poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adoles-
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. cente confiado a pessoa idônea, mediante termo de respon-
II - a participação de criança e adolescente em: sabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
a) espetáculos públicos e seus ensaios; 2009) Vigência
b) certames de beleza. Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez di-
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade ju- as, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
diciária levará em conta, dentre outros fatores: produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
a) os princípios desta Lei; documentos.
b) as peculiaridades locais;

Conhecimentos Específicos 46 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os Seção III
meios para sua realização.(Incluído pela Lei nº 12.962, de Da Destituição da Tutela
2014) Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o proce-
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado dimento para a remoção de tutor previsto na lei processual
pessoalmente.(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de consti- Seção IV
tuir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua Da Colocação em Família Substituta
família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de
dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, con- colocação em família substituta:
tando-se o prazo a partir da intimação do despacho de nome- I - qualificação completa do requerente e de seu eventual
ação. cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de li- II - indicação de eventual parentesco do requerente e de
berdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defen- especificando se tem ou não parente vivo;
sor.(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) III - qualificação completa da criança ou adolescente e de
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisi- seus pais, se conhecidos;
tará de qualquer repartição ou órgão público a apresentação IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
de documento que interesse à causa, de ofício ou a requeri- anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
mento das partes ou do Ministério Público. V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou ren-
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade ju- dimentos relativos à criança ou ao adolescente.
diciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-
dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual ão também os requisitos específicos.
prazo. Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
§ 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
das partes ou do Ministério Público, determinará a realização aderido expressamente ao pedido de colocação em família
de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório,
multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que com- em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada
provem a presença de uma das causas de suspensão ou a assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº
destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 12.010, de 2009) Vigência
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou § 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses serão
no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do
2009)Vigência Ministério Público, tomando-se por termo as declarações.
§ 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indíge- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissi- § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será
onal ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de repre- precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
sentantes do órgão federal responsável pela política indige- equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude,
nista, observado o disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, se- § 3o O consentimento dos titulares do poder familiar será
rá obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da cri- colhido pela autoridade judiciária competente em audiência,
ança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvi- presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação
mento e grau de compreensão sobre as implicações da medi- de vontade e esgotados os esforços para manutenção da
da. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência criança ou do adolescente na família natural ou extensa.
§ 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses fo- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rem identificados e estiverem em local conhecido.(Incluído § 4o O consentimento prestado por escrito não terá vali-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dade se não for ratificado na audiência a que se refere o § 3o
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oiti- Vigência
va. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) § 5o O consentimento é retratável até a data da publica-
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária ção da sentença constitutiva da adoção. (Incluído pela Lei
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, nº 12.010, de 2009) Vigência
salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, § 6o O consentimento somente terá valor se for dado
audiência de instrução e julgamento. após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010,
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério de 2009) Vigência
Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determi- § 7o A família substituta receberá a devida orientação por
nar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço do
por equipe interprofissional. Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Pú- responsáveis pela execução da política municipal de garantia
blico, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, 12.010, de 2009) Vigência
manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri-
o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, mento das partes ou do Ministério Público, determinará a
prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiên- realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe
cia, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, de- interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda
signar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimen- convivência.
to será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provi-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sória ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescen-
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a te será entregue ao interessado, mediante termo de respon-
suspensão do poder familiar será averbada à margem do sabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
registro de nascimento da criança ou do adolescente. Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente,

Conhecimentos Específicos 47 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de nal, a autoridade policial encaminhará ao representante do
cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Ministério Público relatório das investigações e demais docu-
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a mentos.
perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar constituir Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
pressuposto lógico da medida principal de colocação em infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
família substituta, será observado o procedimento contraditó- compartimento fechado de veículo policial, em condições
rio previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda po- Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
derá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, ob- Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreen-
servado o disposto no art. 35. são, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. antecedentes do adolescente, procederá imediata e informal-
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente mente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou
sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento responsável, vítima e testemunhas.
familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. sentante do Ministério Público notificará os pais ou responsá-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vel para apresentação do adolescente, podendo requisitar o
Seção V concurso das polícias civil e militar.
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem ju- anterior, o representante do Ministério Público poderá:
dicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. I - promover o arquivamento dos autos;
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato in- II - conceder a remissão;
fracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
competente. medida sócio-educativa.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou conce-
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato dida a remissão pelo representante do Ministério Público,
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos
atribuição da repartição especializada, que, após as providên- fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
cias necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à homologação.
repartição policial própria. § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autori-
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido dade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade da medida.
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
único, e 107, deverá: autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o fundamentado, e este oferecerá representação, designará
adolescente; outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará
III - requisitar os exames ou perícias necessários à com- a autoridade judiciária obrigada a homologar.
provação da materialidade e autoria da infração. Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Minis-
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a la- tério Público não promover o arquivamento ou conceder a
vratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrên- remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
cia circunstanciada. propondo a instauração de procedimento para aplicação da
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsá- medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
vel, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade § 1º A representação será oferecida por petição, que con-
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua terá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infraci-
apresentação ao representante do Ministério Público, no onal e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela auto-
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua reper- ridade judiciária.
cussão social, deva o adolescente permanecer sob internação § 2º A representação independe de prova pré-constituída
para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da da autoria e materialidade.
ordem pública. Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclu-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial são do procedimento, estando o adolescente internado provi-
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do soriamente, será de quarenta e cinco dias.
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreen- Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciá-
são ou boletim de ocorrência. ria designará audiência de apresentação do adolescente,
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autori- decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da
dade policial encaminhará o adolescente à entidade de aten- internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
dimento, que fará a apresentação ao representante do Minis- § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cien-
tério Público no prazo de vinte e quatro horas. tificados do teor da representação, e notificados a comparecer
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de aten- à audiência, acompanhados de advogado.
dimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
falta de repartição policial especializada, o adolescente autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
aguardará a apresentação em dependência separada da § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade ju-
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, diciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi-
exceder o prazo referido no parágrafo anterior. nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade poli- § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
cial encaminhará imediatamente ao representante do Ministé- sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
rio Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocor- responsável.
rência. Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autori-
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indí- dade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento
cios de participação de adolescente na prática de ato infracio- prisional.

Conhecimentos Específicos 48 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as característi- Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo neces-
cas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediata- sário, a autoridade judiciária designará audiência de instrução
mente transferido para a localidade mais próxima. e julgamento, intimando as partes.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles- § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Mi-
cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde nistério Público terão cinco dias para oferecer alegações
que em seção isolada dos adultos e com instalações apropri- finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
adas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definiti-
sob pena de responsabilidade. vo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judi-
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res- ciária oficiará à autoridade administrativa imediatamente su-
ponsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mes- perior ao afastado, marcando prazo para a substituição.
mos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a re- judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularida-
missão, ouvirá o representante do Ministério Público, profe- des verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será
rindo decisão. extinto, sem julgamento de mérito.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente
de internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a da entidade ou programa de atendimento.
autoridade judiciária, verificando que o adolescente não pos- Seção VII
sui advogado constituído, nomeará defensor, designando, Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de
desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a Proteção à Criança e ao Adolescente
realização de diligências e estudo do caso. Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no administrativa por infração às normas de proteção à criança e
prazo de três dias contado da audiência de apresentação, ao adolescente terá início por representação do Ministério
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elabora-
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemu- do por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado
nhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpri- por duas testemunhas, se possível.
das as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissi- § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, po-
onal, será dada a palavra ao representante do Ministério Pú- derão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
blico e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte natureza e as circunstâncias da infração.
minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da § 2º Sempre que possível, à verificação da infração se-
autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão. guir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrá-
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não rio, dos motivos do retardamento.
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresen-
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua tação de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
condução coercitiva. I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspen- na presença do requerido;
são do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilita-
procedimento, antes da sentença. do, que entregará cópia do auto ou da representação ao re-
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer me- querido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
dida, desde que reconheça na sentença: III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
I - estar provada a inexistência do fato; encontrado o requerido ou seu representante legal;
II - não haver prova da existência do fato; IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
III - não constituir o fato ato infracional; sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para legal.
o ato infracional. Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal,
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o ado- a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Pú-
lescente internado, será imediatamente colocado em liberda- blico, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
de. Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo ne-
internação ou regime de semi-liberdade será feita: cessário, designará audiência de instrução e julgamento.
I - ao adolescente e ao seu defensor; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
ou responsável, sem prejuízo do defensor. sucessivamente o Ministério Público e o procurador do reque-
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á rido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável
unicamente na pessoa do defensor. por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em se-
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, de- guida proferirá sentença.
verá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. Seção VIII
Seção VI (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendi- Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
mento Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluí-
em entidade governamental e não-governamental terá início do pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
mediante portaria da autoridade judiciária ou representação I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010,
do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, de 2009) Vigência
necessariamente, resumo dos fatos. II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autori- 2009) Vigência
dade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminar- III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou ca-
mente o afastamento provisório do dirigente da entidade, samento, ou declaração relativa ao período de união está-
mediante decisão fundamentada. vel; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no pra- IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadas-
zo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar tro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
documentos e indicar as provas a produzir. 2009)Vigência

Conhecimentos Específicos 49 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela § 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou ado-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência lescentes indicados importará na reavaliação da habilitação
VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído pela concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gência
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Capítulo IV
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Dos Recursos
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medi-
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (qua- das socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no
renta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº com as seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência 12.594, de 2012) (Vide)
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe I - os recursos serão interpostos independentemente de
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a preparo;
que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declara-
12.010, de 2009) Vigência ção, o prazo para o Ministério Público e para a defesa será
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.010, de 2009) Vigência III - os recursos terão preferência de julgamento e dispen-
III - requerer a juntada de documentos complementares e sarão revisor;
a realização de outras diligências que entender necessá- VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
rias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe in- de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho funda-
terprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventu- mentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de
de, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá cinco dias;
subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
postulantes para o exercício de uma paternidade ou materni- remeterá os autos ou o instrumento à superior instância den-
dade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta tro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedi-
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos depen-
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em pro- derá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministé-
grama oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude pre- rio Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.
ferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
execução da política municipal de garantia do direito à convi- 149 caberá recurso de apelação.
vência familiar, que inclua preparação psicológica, orientação Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito
e estímulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de
com deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável
nº 12.010, de 2009) Vigência ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído pela Lei nº
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa obri- 12.010, de 2009) Vigência
gatória da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
contato com crianças e adolescentes em regime de acolhi- dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que
mento familiar ou institucional em condições de serem adota- deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído
dos, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e
o apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhi- de destituição de poder familiar, em face da relevância das
mento familiar ou institucional e pela execução da política questões, serão processados com prioridade absoluta, de-
municipal de garantia do direito à convivência familiar. vendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da partici- serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e
pação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autori- com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído pela
dade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidi- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determina- data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces-
rá a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos sário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em 12.010, de 2009) Vigência
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instau-
gência ração de procedimento para apuração de responsabilidades
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será ins- se constatar o descumprimento das providências e do prazo
crito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei nº
convocação para a adoção feita de acordo com ordem crono- 12.010, de 2009)Vigência
lógica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças Capítulo V
ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Do Ministério Público
2009) Vigência Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente pode- Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
rá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas Art. 201. Compete ao Ministério Público:
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando com- I - conceder a remissão como forma de exclusão do pro-
provado ser essa a melhor solução no interesse do adotan- cesso;
do. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 50 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
infrações atribuídas a adolescentes; reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os acertados;
procedimentos de suspensão e destituição do pátrio poder c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adoles-
guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimen- cente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
tos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa
cia dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessa- que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
dos, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a pres- documentos e requerer diligências, usando os recursos cabí-
tação de contas dos tutores, curadores e quaisquer adminis- veis.
tradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
do art. 98; caso, será feita pessoalmente.
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acar-
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos rela- reta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz
tivos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. ou a requerimento de qualquer interessado.
220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; Art. 205. As manifestações processuais do representante
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para ins- do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
truí-los: Capítulo VI
a) expedir notificações para colher depoimentos ou escla- Do Advogado
recimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou respon-
requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou sável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na
militar; solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para
de autoridades municipais, estaduais e federais, da adminis- todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respei-
tração direta ou indireta, bem como promover inspeções e tado o segredo de justiça.
diligências investigatórias; Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária inte-
c) requisitar informações e documentos a particulares e gral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
instituições privadas; Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investiga- de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
tórias e determinar a instauração de inquérito policial, para processado sem defensor.
apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nome-
infância e à juventude; ado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias le- outro de sua preferência.
gais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substitu-
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habe- to, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
as corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
criança e ao adolescente; indicado por ocasião de ato formal com a presença da autori-
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade dade judiciária.
por infrações cometidas contra as normas de proteção à in- Capítulo VII
fância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsa- Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e
bilidade civil e penal do infrator, quando cabível; Coletivos
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
à remoção de irregularidades porventura verificadas; oferta irregular:
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos I - do ensino obrigatório;
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência II - de atendimento educacional especializado aos porta-
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas dores de deficiência;
atribuições. III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cí- zero a seis anos de idade;
veis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e educando;
esta Lei. V - de programas suplementares de oferta de material di-
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem dático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério do ensino fundamental;
Público. VI - de serviço de assistência social visando à proteção à
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem co-
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre mo ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessi-
criança ou adolescente. tem;
§ 4º O representante do Ministério Público será responsá- VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
vel pelo uso indevido das informações e documentos que VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescen-
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. tes privados de liberdade.
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio
VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério Públi- e promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício
co: do direito à convivência familiar por crianças e adolescen-
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instau- tes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rando o competente procedimento, sob sua presidência;

Conhecimentos Específicos 51 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
X - de programas de atendimento para a execução das promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facul-
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote- tada igual iniciativa aos demais legitimados.
ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou conta com correção monetária.
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos re-
pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo cursos, para evitar dano irreparável à parte.
único pela Lei nº 11.259, de 2005) Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa
adolescentes será realizada imediatamente após notificação de peças à autoridade competente, para apuração da respon-
aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos sabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de trans- ação ou omissão.
porte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado
os dados necessários à identificação do desaparecido. da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
(Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005) promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propos- facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
tas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do
a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973
competência originária dos tribunais superiores. (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a preten-
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses co- são é manifestamente infundada.
letivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrente- Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associ-
mente: ação autora e os diretores responsáveis pela propositura da
I - o Ministério Público; ação serão solidariamente condenados ao décuplo das cus-
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e tas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e danos.
os territórios; Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
III - as associações legalmente constituídas há pelo me- adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a quaisquer outras despesas.
defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dis- Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público de-
pensada a autorização da assembléia, se houver prévia auto- verá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
rização estatutária. informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministé- indicando-lhe os elementos de convicção.
rios Públicos da União e dos estados na defesa dos interes- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tri-
ses e direitos de que cuida esta Lei. bunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por as- propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Pú-
sociação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado blico para as providências cabíveis.
poderá assumir a titularidade ativa. Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado pode-
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar rá requerer às autoridades competentes as certidões e infor-
dos interessados compromisso de ajustamento de sua condu- mações que julgar necessárias, que serão fornecidas no pra-
ta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo zo de quinze dias.
extrajudicial. Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações organismo público ou particular, certidões, informações, exa-
pertinentes. mes ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as ser inferior a dez dias úteis.
normas do Código de Processo Civil. § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas fundamentadamente.
da lei do mandado de segurança. § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Minis-
específica da obrigação ou determinará providências que tério Público.
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemen- § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
to. arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e haven- público, poderão as associações legitimadas apresentar ra-
do justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito zões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos
ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação do inquérito ou anexados às peças de informação.
prévia, citando o réu. § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exa-
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na me e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de conforme dispuser o seu regimento.
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obriga- § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a pro-
ção, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. moção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em jul- do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
gado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
o dia em que se houver configurado o descumprimento. disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido Título VII
pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
respectivo município. Capítulo I
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsi- Dos Crimes
to em julgado da decisão serão exigidas através de execução Seção I

Conhecimentos Específicos 52 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Disposições Gerais Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados correspondente à violência.
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
prejuízo do disposto na legislação penal. ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro- (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação públi- ta. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ca incondicionada § 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facili-
Seção II ta, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
Dos Crimes em Espécie participação de criança ou adolescente nas cenas referi-
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente das no caput deste artigo, ou ainda quem com esses con-
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de man- tracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à partu- comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
riente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, de- 2008)
claração de nascimento, onde constem as intercorrências do I – no exercício de cargo ou função pública ou a pre-
parto e do desenvolvimento do neonato: texto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. de 2008)
Parágrafo único. Se o crime é culposo: II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi-
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. tação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de es- nº 11.829, de 2008)
tabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar III – prevalecendo-se de relações de parentesco con-
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, sangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de
desta Lei: quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 11.829, de 2008)
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberda- outro registro que contenha cena de sexo explícito ou por-
de, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de nográfica envolvendo criança ou adolescente: (Reda-
ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
judiciária competente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ta. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro- Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, dis-
cede à apreensão sem observância das formalidades legais. tribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, ví-
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co- deo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
municação à autoridade judiciária competente e à família do pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído
apreendido ou à pessoa por ele indicada: pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autori- (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
dade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa cau- I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
sa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescen- das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
te, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nes- computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata
ta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o des-
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judi- te artigo são puníveis quando o responsável legal pela pres-
ciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do tação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste arti-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judici- meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que conte-
al, com o fim de colocação em lar substituto: nha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo crian-
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. ça ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
a terceiro, mediante paga ou recompensa: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece de pequena quantidade o material a que se refere o caput
ou efetiva a paga ou recompensa. deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destina- § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem
do ao envio de criança ou adolescente para o exterior com a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocor-
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter rência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e
lucro: 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: (Incluído
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ame- I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído
aça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de pela Lei nº 11.829, de 2008)
12.11.2003)

Conhecimentos Específicos 53 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II – membro de entidade, legalmente constituída, que in- Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.
clua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o § 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão
referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de de criança ou adolescente às práticas referidas no caput des-
2008) te artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
III – representante legal e funcionários responsáveis de § 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de da licença de localização e de funcionamento do estabeleci-
computadores, até o recebimento do material relativo à notícia mento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela 2009)
Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adoles- pela Lei nº 12.015, de 2009)
cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de § 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
ou qualquer outra forma de representação visual: (Incluído quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
pela Lei nº 11.829, de 2008) internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. § 2o As penas previstas no caput deste artigo são au-
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por de julho de 1990.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material pro- Capítulo II
duzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº Das Infrações Administrativas
11.829, de 2008) Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen-
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade compe-
ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de tente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo sus-
2008) peita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou ado-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. lescente:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: cando-se o dobro em caso de reincidência.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade
I – facilita ou induz o acesso à criança de material con- de atendimento o exercício dos direitos constantes nos inci-
tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de sos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
de 2008) cando-se o dobro em caso de reincidência.
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
2008) relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infraci-
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a onal:
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compre- Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
ende qualquer situação que envolva criança ou adolescente cando-se o dobro em caso de reincidência.
em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibi- § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial-
ção dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para mente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato
fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se
de 2008) refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou en- identificação, direta ou indiretamente.
tregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
munição ou explosivo: emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) da publicação ou a suspensão da programação da emissora
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, até por dois dias, bem como da publicação do periódico até
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a por dois números. (Expressão declara inconstitucional pela
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros ADIN 869-2).
produtos cujos componentes possam causar dependência Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de
física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar
2015) a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a pres-
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se tação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais
o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela ou responsável:
Lei nº 13.106, de 2015) Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou en- cando-se o dobro em caso de reincidência, independente-
tregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de mente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu redu- Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
zido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de
físico em caso de utilização indevida: tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de cando-se o dobro em caso de reincidência.
23.6.2000)

Conhecimentos Específicos 54 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompa- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade
nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de ado-
desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel lescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou
ou congênere:(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em
Pena – multa.(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). regime de acolhimento institucional ou familiar.(Incluído pela
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
nº 12.038, de 2009). imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fecha- entregar seu filho para adoção:(Incluído pela Lei nº 12.010, de
do e terá sua licença cassada.(Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009) Vigência
2009). Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 Vigência
desta Lei: Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito
cando-se o dobro em caso de reincidência. à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada de 2009) Vigência
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso
da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
certificado de classificação: Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- 10.000,00 (dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº
cando-se o dobro em caso de reincidência. 13.106, de 2015)
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer re- Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
presentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação
a que não se recomendem: dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, dupli- Disposições Finais e Transitórias
cada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicida- publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
de. sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetá- política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece
culo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua o Título V do Livro II.
classificação: Parágrafo único. Compete aos estados e municípios pro-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; dupli- moverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretri-
cada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá zes e princípios estabelecidos nesta Lei.
determinar a suspensão da programação da emissora por até Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
dois dias. Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
classificado pelo órgão competente como inadequado às sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda,
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: obedecidos os seguintes limites:(Redação dada pela Lei nº
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na 12.594, de 2012) (Vide)
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quin- apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
ze dias. real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
programação em vídeo, em desacordo com a classificação pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, obser-
atribuída pelo órgão competente: vado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em ca- de 1997.(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vi-
so de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o de)
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. § 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e com os recursos captados pelos Fundos Nacional, Estaduais
79 desta Lei: e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, serão
Pena - multa de três a vinte salários de referência, dupli- consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção,
cando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes à
apreensão da revista ou publicação. Convivência Familiar, bem como as regras e princípios relati-
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o vos à garantia do direito à convivência familiar previstos nesta
empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre § 2º Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos
sua participação no espetáculo: Direitos da Criança e do Adolescente fixarão critérios de utili-
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em ca- zação, através de planos de aplicação das doações subsidia-
so de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o das e demais receitas, aplicando necessariamente percentual
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providen- criança ou adolescente, órfãos ou abandonado, na forma do
ciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos disposto no art. 227, § 3º, VI, da Constituição Federal.
no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
Lei nº 12.010, de 2009)Vigência Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a com-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 provação das doações feitas aos fundos, nos termos deste
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) artigo . (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Vigência § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos

Conhecimentos Específicos 55 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, pa-
referidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de ra as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
12.10.1991) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o período a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela
inciso I do caput: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide) Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a podem ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e (Inclu- Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie de-
II - não poderá ser computada como despesa operacional vem ser depositadas em conta específica, em instituição fi-
na apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de nanceira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que
2012) (Vide) trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário (Vide)
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração
trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua De- das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
claração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir
2012) (Vide) recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida e pelo presidente do Conselho correspondente, especifican-
até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apu- do: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
rado na declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
(Vide) 2012) (Vide)
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
(Vide) endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) 2012) (Vide)
(Vide) III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (In- do doador; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (In-
§ 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pe-
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto la Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo po-
do caput do art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de de ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
2012) (Vide) doados mês a mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) § 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº conter a identificação dos bens, mediante descrição em cam-
12.594, de 2012) (Vide) po próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e ende-
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) reço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador de-
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela verá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documen-
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em tação hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) II - baixar os bens doados na declaração de bens e direi-
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a da- tos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no
ta de vencimento da primeira quota ou quota única do impos- caso de pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de
to, observadas instruções específicas da Secretaria da Recei- 2012) (Vide)
ta Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pe-
(Vide) la Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido a) para as pessoas físicas, o valor constante da última de-
no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, claração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de mercado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
com os acréscimos legais previstos na legislação. (Incluído (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não se-
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado rá considerado na determinação do valor dos bens doados,
na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respec- exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.
tivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
dos Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital, Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-
estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo
trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução pe-
260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) rante a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594,
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 de 2012) (Vide)
poderá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração
2012) (Vide) das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídi- cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (In-
cas que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - manter conta bancária específica destinada exclusiva-
mente a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)

Conhecimentos Específicos 56 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares,
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autori-
seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de dade judiciária.
2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alte-
2012) (Vide) rações:
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie 1) Art. 121 ............................................................
ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar ime-
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público. (Inclu- diato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências
ído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulga- crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
rão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, 2) Art. 129 ...............................................................
de 2012) (Vide) § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº das hipóteses do art. 121, § 4º.
12.594, de 2012) (Vide) § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de 121.
atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 3) Art. 136.................................................................
12.594, de 2012) (Vide) § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati-
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem cado contra pessoa menor de catorze anos.
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Crian- 4) Art. 213 ..................................................................
ça e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou munici- Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
pais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Pena - reclusão de quatro a dez anos.
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- 5) Art. 214...................................................................
calendário e o valor dos recursos previstos para implementa- Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
ção das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de Pena - reclusão de três a nove anos.»
2012) (Vide) Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destina- de 1973, fica acrescido do seguinte item:
ção, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na "Art. 102 ....................................................................
base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União,
(Vide) da administração direta ou indireta, inclusive fundações insti-
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados tuídas e mantidas pelo poder público federal promoverão
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- edição popular do texto integral deste Estatuto, que será pos-
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído to à disposição das escolas e das entidades de atendimento e
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos publicação.
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
12.594, de 2012) (Vide) ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697,
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
ofício, a requerimento ou representação de qualquer cidadão. disposições em contrário.
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- 102º da República.
dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano,
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos PSICOLOGIA
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital,
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de
números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias espe- ψυχή, psykhé, "psique", "alma", "mente" e λόγος, lógos,
cíficas mantidas em instituições financeiras públicas, destina- "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência que estuda o
das exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) mentais (experiências subjetivas inferidas através do
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ex- comportamento)". O principal foco da psicologia se encontra
pedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do
arts. 260 a 260-K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na
(Vide) área da psicologia comparada, também desempenha um
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da papel importante (veja também etologia).
criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações A psicologia científica, tratada neste artigo, não deve
a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei confundir-se com a psicologia do senso comum ou psicologia
serão efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a popular que é o conjunto de ideias, crenças e convicções
que pertencer a entidade. transmitido culturalmente e que cada indivíduo possui a
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos respeito de como as pessoas funcionam, se comportam,
estados e municípios, e os estados aos municípios, os recur- sentem e pensam. A psicologia usa em parte o mesmo
sos referentes aos programas e atividades previstos nesta vocabulário, que adquire assim significados diversos de
acordo com o contexto em que é usado. Assim, termos como

Conhecimentos Específicos 57 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
"personalidade" ou "depressão" têm significados diferentes na Controlar o comportamento significa aqui a capacidade de
linguagem científica e na linguagem vulgar. A própria palavra influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é
"psicologia" é muitas vezes usada na linguagem comum como parte mais prática da psicologia, que se expressa, entre
sinônimo de psicoterapia e, como esta, é muitas vezes outras áreas, na psicoterapia.
confundida com a psicanálise ou mesmo a análise do
comportamento. Para o psicólogo soviético A. R. Luria, um dos fundadores
da neuropsicologia a psicologia do homem deve ocupar-se da
O termo parapsicologia, ligado ao vocábulo paranormal, análise das formas complexas de representação da realidade,
não se refere a um conceito ou a uma disciplina da que se constituíram ao longo da história da sociedade e são
Psicologia; trata-se de um campo de estudo não reconhecido realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas
pela comunidade científica. subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos
estudo dos processos fisiológicos que lhes servem de base
Introdução nem limitar-se a sua descrição exterior. Segundo esse autor,
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os além de estabelecer as leis da sensação e percepção
processos mentais dos indivíduos (psiquismo), cabe agora humana, regulação dos processos de atenção, memorização
definir tais termos: (tarefa iniciada por Wundt), na análise do pensamento lógico,
formação das necessidades complexas e da personalidade,
Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é considera esses fenômenos como produto da história social
regida pelas mesmas leis do método científico as quais regem (compartilhando, de certo modo com a proposição da
as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo, Völkerpsychologie de Wundt (ver mais abaixo "História da
baseado em fatos empíricos. Pelo seu objeto de estudo a Psicologia") e com as proposições de estudo simultâneo dos
psicologia desempenha o papel de elo entre as ciências processos neurofisiológicos e das determinações histórico-
sociais, como a sociologia e a antropologia, as ciências culturais, realizadas de modo independente por seu
naturais, como a biologia, e áreas científicas mais recentes contemporâneo Vigotsky).
como as ciências cognitivas e as ciências da saúde.
Breve história da psicologia
Comportamento é a atividade observável (de forma interna
ou externa) dos organismos na sua busca de adaptação ao Perspectivas históricas
meio em que vivem. "A psicologia possui um longo passado, mas uma história
Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da curta". Com essa frase descreveu Herrmann Ebbinghaus, um
psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da
indivíduo permanece o centro de atenção - ao contrário, por psicologia - tanto em 1908, quando ele a escreveu, como
exemplo, da sociologia, que estuda a sociedade como um hoje: desde a Antiguidade pensadores, filósofos e teólogos de
conjunto. várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à
natureza humana - a percepção, a consciência, a loucura.
Os processos mentais são a maneira como a mente Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de muitas
humana funciona - pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas
e sonhar. O comportamento humano não pode ser primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da
compreendido sem que se compreendam esses processos filosofia no final do século XIX. O primeiro laboratório
mentais, já que eles são a sua base. psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt
Como toda a ciência, o fim da psicologia é a descrição, a em 1879 em Leipzig, na Alemanha. Seu interesse se havia
explicação, a previsão e o controle do desenvolvimento do transferido do funcionamento do corpo humano para os
seu objeto de estudo. Como os processos mentais não processos mais elementares de percepção e a velocidade dos
podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a
comportamento o alvo principal dessa descrição, explicação e primeira geração de psicólogos. Alunos de Wundt
previsão (mesmo as novas técnicas visuais da neurociência propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios
que permitem visualizar o funcionamento do cérebro não similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener
permitem a visualização dos processos mentais, mas foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos
somente de seus correlatos fisiológicos, ou seja, daquilo que Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o
acontece no organismo enquanto os processos mentais se médico e filósofo americano William James propôs em seu
desenrolam). Descrever o comportamento de um indivíduo livro The Principles of Psychology (1890) - para muitos a obra
significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos mais significativa da literatura psicológica - uma nova
de observação e análise que sejam o mais possível objetivos abordagem mais centrada na função da mente humana do
e em seguida a utilização desses métodos para o que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma
levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise ciência estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40
do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - laboratórios na América do Norte
desde complexos padrões de comportamento, como a Estruturalismo
personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um
sinal sonoro ou visual. A introspecção é uma forma especial Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base
de observação (ver mais abaixo o estruturalismo). A partir verdadeiramente científica para a nova ciência. Assim
daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar, realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e
esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio objetivos que poderiam ser replicados por outros
de que o comportamento se origina de uma série de fatores pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal
distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de
metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, reações simples a estímulos realizados sob condições
inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do controladas. Seu método de trabalho seria chamado de
meio ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos
parte, etc.). As previsões em psicologia procuram expressar, Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura
com base nas explicações disponíveis, a probabilidade com consciente da mente e do comportamento, sobretudo as
que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. sensações. Um dos métodos usados por Titchener era a
Com base na capacidade dessas explicações de prever o introspecção: nela o indivíduo explora sistematicamente seus
comportamento futuro se determina a também a sua validade. próprios pensamentos e sensações a fim de ganhar

Conhecimentos Específicos 58 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
informações sobre determinadas experiências sensoriais. A
tônica do trabalho era assim antes compreender o que é a
mente, do os como e porquês de seu funcionamento. As
principais críticas levantadas contra o Estruturalismo foram:
Por ser reducionista, ou seja, querer reduzir a
complexidade da experiência humana a simples sensações;
Por ser elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de
partes ou elementos ao invés de estudar estruturas mais
complexas, como as que são típicas para o comportamento
humano e;
Por ser mentalista, ou seja, basear-se somente em
relatórios verbais, excluindo indivíduos incapazes de
introspecção, como crianças e animais, do seu estudo. Além
disso a introspecção foi alvo de muitos ataques por não ser
um verdadeiro método científico objetivo.
Funcionalismo
William James concordava com Titchener quanto ao
objeto da psicologia - os processos conscientes. Para ele, no
entanto, o estudo desses processos não se limitava a uma
descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente O caduceu de Asclépio é apenas uma cobra enrolada em
consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica um bastão. O erro cometido acima é bastante comum todavia,
da mente em constante interação com o meio ambiente. Por já que por ignorância, algumas entidades ligadas a medicina
isso sua atenção estava mais voltada para a função dos acabam utilizando o símbolo do Caduceu, o bastão do deus
processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu Hermes, símbolo visto em áreas voltadas ao comércio e a
entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, comunicação. Enquanto símbolo da psicologia médica é
os valores, as experiências religiosas e místicas - enfim, tudo usado juntamente com o emblema da psicologia, a letra grega
o que faz cada ser humano único. As ideias de James foram "psi" = Ψ
desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao
A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca
trabalho prático na educação
das causas do comportamento no funcionamento dos genes,
Gestalt, ou psicologia da forma do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino. O
comportamento e os processos mentais são assim
Uma importante reação ao funcionalismo e ao compreendidos com base nas estruturas corporais e nos
comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da processos bioquímicos no corpo humano, de forma que esta
gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt corrente de pensamento se encontra muito próxima das áreas
Koffka e Wolfgang Köhler. Principalmente dedicada ao estudo da genética, da neurociência e da neurologia e por isso está
dos processos de percepção, essa corrente da psicologia intimamente ligada ao importante debate sobre o papel da
defende que os fenômenos psíquicos só podem ser predisposição genética e do meio ambiente na formação da
compreendidos, se forem vistos como um todo e não através pessoa. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à
da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra base corporal de todo processo psíquico e contribui com
gestalt significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda conhecimento básico a respeito do funcionamento das
"todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo funções psíquicas como pensamento, memória e percepção.
é mais que a soma das suas partes". Distinta da psicologia da O processo saúde-doença merece uma atenção especial e
gestalt, escola de pesquisa de significado basicamente pode ser compreendido de diferentes formas além do
histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, direcionado ao tratamento dos distúrbios mentais
fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls). propriamente ditos. Inicialmente abordados pela
O legado dos primórdios psicopatologia, advinda da distinção progressiva do objeto da
neurologia e psiquiatria e consolidação destas como
Apesar de serem perspectivas já ultrapassadas, tanto o especialidades médicas, a percepção da importância dos
estruturalismo como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a fatores emocionais no adoecimento e recuperação da saúde
determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. já estavam presentes na medicina hipocrática e homeopatia
Hoje em dia os psicólogos procuram compreender tanto as contudo foi somente nos meados do século XX que surgiram
estruturas como a função do comportamento e dos processos aplicações da psicologia nas intervenções atualmente
mentais. denominadas por medicina psicossomática, psicologia
Perspectivas atuais médica, psicologia hospitalar e psicologia da saúde.

Segue uma descrição sucinta das principais correntes de A perspectiva psicodinâmica


pensamento que influenciam a moderna psicologia. Para Segundo a perspectiva psicodinâmica o comportamento é
maiores informações ver os artigos principais indicados e movido e motivado por uma série de forças internas, que
ainda psicoterapia. buscam dissolver a tensão existente entre os instintos, as
A perspectiva biológica pulsões e as necessidades internas de um lado e as
exigências sociais de outro. O objetivo do comportamento é
assim a diminuição dessa tensão interna. A perspectiva
psicodinâmica teve sua origem nos trabalhos do médico
vienense Sigmund Freud (1856-1939) com pacientes
psiquiátricos, mas ele acreditava serem esses princípios
válidos também para o comportamento normal. O modelo
freudiano é notoriamente reconhecido por enfatizar que a
natureza humana não é sempre racional e que as ações

Conhecimentos Específicos 59 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
podem ser motivadas por fatores não acessíveis à mas destituí a mesma de um funcionamento automatista. As
consciência. Além disso Freud dava muita importância à práticas terapêuticas derivadas desse tipo de estudo estão
infância, como uma fase importantíssima na formação da entre as mais eficientes e cientificamente reconhecidas e são,
personalidade. A teoria original de Freud, que foi portanto, preferencialmente empregadas no tratamento de
posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e transtornos psiquiátricos. O modelo de estudo analítico-
influenciou fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua comportamental é também vastamente empregado na
origem não em experimentos científicos, mas na capacidade Farmacologia moderna e nas Neurociências.
de observação de um homem criativo, inflamado pela ideia de
descobrir os mistérios mais profundos do ser humano. A perspectiva humanista

A perspectiva analítica Em reação às correntes Comportamentalista e


Psicodinâmica, surgiu nos anos 50 do século XX a
Em reação à perspectiva psicodinâmica, Carl Gustav Jung perspectiva existêncial-humanista, que vê o homem não como
começou a desenvolver um sistema teórico que chamou, um ser controlado por pulsões interiores nem por condições
originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde impostas pelo ambiente, mas como um ser ativo e autônomo,
chamando-o de "Psicologia Analítica", como resultado direto que busca conscientemente seu próprio crescimento e
de seu contato prático com seus pacientes. Utilizando-se do desenvolvimento. A principal fonte de conhecimento do
conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de humanismo psicológico é o estudo biográfico, com a
desenhos, esta corrente se dedica a entender profundamente finalidade de descobrir como essa pessoa vivencia sua
aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Nessa existência por meio de um introspeccionismo, ao contrário do
teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste Comportamentalismo, que valoriza à observação externa. A
fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o perspectiva humanista procura um acesso holístico para o ser
inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma humano, está intimamente relacionada à epistemologia
tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou fenomenológica e exerceu grande influência sobre a
melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de psicoterapia.
apelo universal, os arquétipos: da mesma forma que animais
e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de A perspectiva cognitiva
instintos, considera-se também provável que em nosso A "virada cognitiva" foi uma reação teórica às limitações
psiquismo exista um material psíquico contendo alguma instrumentais do Comportamentalismo que excluia a análise
analogia com os instintos. inferencial da investigação psicológica. O foco central desta
A perspectiva comportamentalista perspectiva é o pensar humano e todos os processos
baseados no conhecimento - atenção, memória,
A perspectiva comportamentalista procura explicar o compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc.
comportamento pelo estudo de relações funcionais Moldar o comportamento do paciente através da reflexão para
interdependentes entre eventos ambientais (estímulos) e adequá-lo à realidade pelo questionamento retórico e a
fisiológicos (respostas). A atenção do pesquisador é assim reorganização de crenças. A perspectiva cognitivista se
dirigida para as condições ambientais em que determinado dedica assim à compreensão dos processos cognitivos que
indivíduo enquanto organismo se encontra, para a reação influenciam o comportamento - a capacidade do indivíduo de
desse indivíduo a essas condições, para as consequências imaginar alternativas antes de se tomar uma decisão, de
que essa reação lhe traz e para os efeitos que essas descobrir novos caminhos a partir de experiências passadas,
consequências produzem. Os adeptos dessa corrente de criar imagens mentais do mundo que o cerca - e à
entendem o comportamento como uma relação interativa de influência do comportamento sobre os processos cognitivos -
transformação mútua entre o organismo e o ambiente que o como o modo de pensar se modifica de acordo com o
cerca na qual os padrões de conduta são naturalmente comportamento e suas consequências. Logo, nota-se que
selecionados em função de seu valor adaptativo. Trata-se de apesar de fortemente infuênciada pelo Comportamentalismo,
uma aplicação do modelo evolucionista de Charles Darwin ao posto que técnicas terapêticas envolvem, na maioria das
estudo do comportamento que reconhece três níveis de vezes, a planificação de metas de condicionamento operante,
seleção - o filogenético (que abrange comportamentos a Psicologia Cogninivista retoma o modelo convencional das
adquiridos hereditariamente pela história de seleção da demais correntes psicologicas por afirmar a existência de uma
espécie), o ontogenético (que abrange comportamentos dicotomia entre processos mentais e comportamentais, ainda
adquiridos pela história vivencial do indivíduo) e o cultural que reconhecendo uma interdependência entre eles.
(restrito à espécie humana, abrange os comportamentos
controlados por regras, estímulos verbais, transmitidos e A perspectiva evolucionista
acumulados ao longo de geraçãos por meio da linguagem). A A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria
Análise do Comportamento, ciência que verifica tais da evolução, explicar o desenvolvimento do comportamento e
postulados teóricos, baseia-se sobretudo em experimentos das capacidades mentais como parte da adaptação humana
empíricos, controlados e de alto rigor metodológico com ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos
animais que levaram ao descobrimento de processos de há milhões de anos, os psicólogos evolucionistas não podem
condicionamento e formulação de muitas técnicas aplicáveis realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas
ao ser humano. Foi uma das mais fortes influências para contam somente com sua capacidade de observação e com o
práticas psicológicas posteriores, a maior no hemisfério norte conhecimento adquirido por outras disciplinas como a
atualmente. Destaca-se das demais correntes da Psicologia antropologia e a arqueologia.
por não se fundamentar em abordagens restritamente
teóricas e pela exclusiva rejeição do modelo de pensamento A perspectiva sociocultural
dualista que divide a constituição humana em duas realidades Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski criticava
ontologicamentes independentes, o corpo físico e a mente a psicologia - na época a psicanálise de Freud - por ser
metafísica - ou seja, nessa perspectiva processos subjetivos centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir
tais como emoções, sentimentos e pensamentos/cognições sua compreensão do homem além dos horizontes de uma
são entendidos como substancialmente materiais e sujeitos determinada cultura é o cerne da perspectiva sociocultural. A
às mesmas leis naturais do comportamento, sendo logo, pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de
classificados como eventos ou comportamentos diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos
encobertos/privados. Tal entendimento não rejeita a mentais, em que se diferenciam? São válidos os
existência da subjetividade, como popularmente se imagina,

Conhecimentos Específicos 60 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa personalidade, pensamento e emoção, não podem ser
perspectiva também leva a psicologia a observar diferenças medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de
entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um
importância da cultura na formação da personalidade. ponto de vista metodológico.
A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade Erros e abusos de testes estatísticos foram sobretudo
apontados em trabalhos de psicólogos sem um conhecimento
A enorme quantidade de perspectivas e de campos de aprofundado em psicologia experimental e em estatística.
pesquisa psicológicos corresponde à enorme complexidade Muitos psicólogos confundem significância estatística (ou
do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado
completarem mutuamente demonstra que o homem pode e obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade
deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes empírica) com importância prática. No entanto a obtenção de
aspectos. Essa realidade toma forma no modelo significados estatisticamente significante mas na prática
biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho irrelevantes é um fenômeno comum em estudos envolvendo
psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática um grande número de pessoas. Em resposta muitos
psicoterapêutica. Esse modelo afirma que o comportamento e pesquisadores começaram a fazer uso do "tamanho do efeito"
os processos mentais humanos são gerados e influenciados estatístico (effect size) como massa de medida da relevância
por três grupos de fatores: prática.
Fatores biológicos - como a predisposição genética e os
Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da
processos de mutação que determinam o desenvolvimento própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos
corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.; experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos
Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de
medos, reações emocionais, processos cognitivos e determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de
interpretação das percepções, etc.; tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.
Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se
Fatores socioculturais - como a presença de outras basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro
pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, lado muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação
influência do círculo familiar, de amigos, etc., modelos de das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de
papéis sociais, etc. também elas terem alguns problemas metodológicos,
Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas
aspectos a psicologia se vê na necessidade de complementar tradicionais (mainstream), isto é, das escolas mencionadas
seu conhecimento com o saber de outras ciências e áreas do mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos
conhecimento. Assim, na parte da pesquisa teórica, a transtornos psíquicos.
psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em constante Terapias "alternativas" não psicológicas
contato com a fisiologia, a biologia, a etologia, a neurologia e
às neurociências (ligadas aos fatores biológicos) e à Um dos maiores problemas relacionados à distância que
antropologia, à sociologia, à etnologia, à história, à separa a teoria científica da psicologia e sua prática
arqueologia, à filosofia, à metafísica, à linguística à terapêutica é a multiplicação indiscriminada do números de
informática, à teologia e muitas outras ligadas aos fatores "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais
socioculturais. baseadas em princípios de origem duvidosa e não
pesquisados. Muitos autores já haviam apontado o grande
No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade crescimento no número de tratamentos e terapias realizados
não é menor. O psicólogo, de acordo com a área de trabalho, sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica
trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma
profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; grande variedade de métodos psicoterapêuticos de
funcionários do sistema jurídico; médicos, enfermeiros e funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos -
outros agentes de saúde; pedagogos; fisioterapeutas, incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil,
fonoaudiólogos e muitos outros - e muitas vezes as diferentes técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex.
áreas trazem à tona novos aspectos a serem considerados. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação),
Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os terapias energéticas e terapias new-age de todos os tipos
comitês de Bioética, formados por diferentes profissionais - possíveis (ex. rebirthing, reparenting, regressão de vidas
psicólogos, médicos, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, passadas, terapia do grito original, programação
físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou
terapeutas ocupacionais e pessoas da comunidade onde o mantiveram sua popularidade nas últimas décadas." Allen
comitê está inserido, e que têm por função decidir aspectos Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise
importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico, experimental do comportamento.
entre outros.
Psicologia social
Crítica
A psicologia social surgiu no século XX como uma área
O status científico de aplicação da psicologia para estabelecer uma ponte entre
A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter a psicologia e as ciências sociais (sociologia, antropologia,
"confuso" ou "impalpável". O filósofo Thomas Kuhn afirmou ciência política). Sua formação acompanhou os movimentos
em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio ideológicos e conflitos do século, a ascensão do nazi-
"pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base fascismo, as grandes guerras, a luta do capitalismo contra o
unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais socialismo, etc. O seu objeto de estudo é o comportamento
maduras como a física e a química. dos indivíduos quando estão em interação, o que ainda hoje,
é controverso e aparentemente redundante pois como se diz
Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em desde muito: o homem é um animal social.
entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um
caráter correlativo que não permite explicações causais, Mesmo antes de estabelecer-se como psicologia social as
alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso questões sobre o que é inato e o que é adquirido no homem
muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como permeavam a filosofia mais especificamente como questões

Conhecimentos Específicos 61 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade, (pré- - estatuto (status) social;
científicas segundo alguns autores) avaliando como as
disposições psicológicas individuais produzem as instituições - liderança;
sociais ou como as condições sociais influem o - estereótipos (estigma);
comportamento dos indivíduos. Segundo Jean Piaget (1970)
é tarefa dessa disciplina conhecer o patrimônio psicológico - alienação;
hereditário da espécie e investigar a natureza e extensão das - Identidade, valores éticos;
influencia sociais.
Teoria das representações sociais, a Produção de
Enquanto área de aplicação distingue-se por tomar como Sentido, Hegemonia Dialética Exclusão /Inclusão Social
objetos as massas ou multidões associada à prática jurídica
de legislar sobre os processos fenômenos coletivos como Analisa os fatores sociais da Psicologia Humana
linchamento, racismo, homofobia, fanatismo, terrorismo ou
- motivação;
utilização por profissionais do marketing e propaganda
(inclusive política) e associada aos especialistas em dinâmica - o processo de socialização
de grupo e instituições atuando nas empresas, coletividades
ou mesmo na clínica (terapia de grupos). Nessa perspectiva - as atitudes, as mudanças de atitudes;
poderemos estabelecer uma sinonímia ou equivalência entre - opiniões / Ideologia, moral;
as diversas psicologias que nos apresentam como sociais:
comunitária, institucional, dos povos (etnopsicologia) das - preconceitos;
multidões, dos grupos, comparada (incluindo a sociobiologia), - papéis sociais
etc.
- estilo de vida (way of life - modo ou gênero de vida)
Segundo Aroldo Rodrigues, um dos primeiros psicólogos
brasileiros a escrever sobre o tema, a psicologia social é uma Naturalmente a subdivisão dos temas acima enumerados
ciência básica que tem como objeto o estudo das é apenas didática os mesmos estão intrinsecamente
"manifestações comportamentais suscitadas pela interação de relacionados. Observe-se também que muitos desses temas
uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa e conceitos foram desenvolvidos ou são também abordados
de tal interação". A influência dos fatores situacionais no por outras disciplinas (e inter-disciplinas) científicas seja das
comportamento do indivíduo frente aos estímulos sociais. ciências sociais ou biológicas, cabe ao pesquisador na sua
(Rodrigues , 1981) aproximação do problema ou delineamento da pesquisa
estabelecer os limites e marco teórico de sua interpretação de
O que precisa ser esclarecido para entender a relação do resultados. Pode-se ainda dar um destaque aos temas:
“social” com a psicologia, quer concebida como ciência da
mente (psique) quer como ciência do comportamento é como Agressão humana (violência)
esse “social” pode ser pensado e compreendido desde o
Trabalho e Ação Social
caráter assistencialista ou gestão racional da indigência na
idade média até emergência das concepções democráticas Relações de Gênero, Raça e Idade
ciências humanas no século XX passando pela formulação
das questões sociais em especial os ideais de liberdade e Psicologia das Classes Sociais – Relações de Poder
igualdade no século das luzes e os direitos humanos. Psicanálise e questões sócio-políticas
Categorias fundamentais da Psicologia Social Dinâmica dos Movimentos Sociais
A Psicologia Social - é a ciência que procura compreender Saúde mental e justiça: interfaces contemporâneas,
os “como” e “porquês” do comportamento social. A interação
social, a interdependência entre os indivíduos e o encontro Efeitos dos diferentes tipos de liderança: Os diferentes
social. Seu campo de ação é portanto o comportamento tipos de liderança provocam diferentes efeitos, quer ao nível
analisado em todos os contextos do processo de influência da produtividade do grupo, quer ao nível da satisfação dos
social. Uma pesquisa nos manuais de ensino e ementas das membros do grupo.
diversas universidades nos remetem à:
Histórico
Em 1895, o cientista social francês Gustave Le Bon (1841-
- interação pessoa/pessoa; 1931) apresentou, em seu pioneiro trabalho sobre a
- interação pessoa/grupo (os grupos sociais) Psicologia das Multidões, a proposição básica para o
entendimento de uma psicologia social: sejam quais forem os
- interação grupo/grupo. (enfoques nacionais, regionais indivíduos que compõem um grupo, por semelhantes ou
e locais) dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas
Estuda as relações interpessoais: ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem
sido transformados num grupo, coloca-os na posse de uma
espécie de mente coletiva que os fazem sentir, pensar e agir
- influências; de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro
dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso
- conflitos; comportamento divergente
se encontrasse em estado de isolamento [9: p. 18]. Essa
- autoridade, hierarquias, poder; proposição e os argumentos de Le Bon para justificá-la, serviu
de parâmetro para o estudo sobre Psicologia de Grupo
- o pai, a mãe e a família em distintos períodos históricos e publicado por Sigmund Freud em 1921.
culturas
A questão teórica de Le Bon, com quem Freud dialogou
- a violência doméstica, contra o idoso, a mulher e a era "massa", não "grupo". Um problema de tradução entre o
criança alemão e o inglês fez com que surgisse o termo "grupo" em
Investiga os fatores psicológicos da vida social: Freud, embora não haja evidências de que o mesmo tenha se
preocupado com esta questão. Contudo essa categoria de
- sistemas motivacionais (instinto); explicação é retomada em diversos dissidentes da psicanálise

Conhecimentos Específicos 62 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
como Carl Gustav Jung (1875-1961) que introduziu o conceito melhor a produtividade e desempenho nos ambientes de
inconsciente coletivo - o substrato ancestral e universal da trabalho.
psique humana, e surpreendeu o mundo com sua célebre
interpretação do fenômeno dos discos voadores como um Na escola americana de psicologia social cabe ainda um
mito moderno e Wilhelm Reich com sua análise da anomia destaque para William McDougall (1871-1938). Esse autor,
(Escutas a Zé Ninguém) e governos totalitários (Psicologia britânico que viveu 24 anos na América, foi um dos primeiros
das Massas e do Fascismo). A psicanálise dos governantes a utilizar o nome de psicologia social (1908) e comportamento
ou relação entre a psique individual e a cultura ou civilização (behavior) e representa a tendência evolucionista americana,
por sua vez é um tema frequente na obra de Freud e outros pós efeito da teoria da evolução de Darwin que veio a reforçar
psicanalistas (E. Eriksom, E. Fromm etc.) que estudam a a tendência aos estudos de psicologia comparada e da
relação dessa ciência com a antropologia. abordagem comportamental apesar da diferença essencial
entre as proposições quanto utilização do conceito de
A relação entre a etnologia e psicologia é especialmente “instinto” como categoria explicativa aproximando-se portanto
fecunda, inúmeros etnólogos investigaram e tomaram como de um corrente representada por S. Freud e G. H. Mead.
ponto de partida das suas pesquisas as teorias picanalíticas e
psicológicas a exemplo de Ruth Benedict Margaret Mead George Hebert Mead (1863-1931) inserido no
Malinowski Lévi-Strauss. pragmatismo James (1842-1910) Peirce (1839-1931) e
Dewey (1859-1952) americano o criador da teoria do
Por outro lado observa-se também que psicologia interacionismo simbólico em seu curso de psicologia social da
desenvolveu sua notoriedade como disciplina científica ao Universidade de Chicago do qual nos deixou o livro
afirma-se como uma ciência natural em oposição às ciências construído a partir de anotações de sues alunos Mind Self
sociais ou humanas nos finais do século XIX. Crente na and Society é bem melhor compreendido por sociólogos do
impossibilidade teórica da mente voltar-se sobre- se mesmo que por psicólogos. Essa relação com a sociologia não vem
como sujeito objeto de pesquisa Wilhelm Wundt (1832-1920) só do fato de seu curso e teoria ter sido continuado por um
propôs a psicologia como um novo domínio da ciência em sociólogo Herbert Blumer e sua rejeição no contexto do
1874 no seu livro Princípios de Psicologia Fisiológica e a paradigma behaviorista mas por que os conceitos de ato,
criação de um laboratório de psicologia experimental (1879) ação e ator social são essencialmente úteis ao entendimento
em Leipzig. Esse mesmo autor contudo suponha ser das políticas públicas e intervenções sociais. Sua importância
necessários estudos complementares voltados ao estudo da vem sendo reconhecida em nossos dias pela influência da
mente em suas manifestações externas, a sua sua teoria nos estudos e proposições Erving Goffman autor
Völkerpsychologie - Psicologia dos povos / social ou cultural de Prisões manicômios e conventos, um livro fundamental no
(10 volumes) escritos entre 1900 e 1920 com análises processo de transformação do tratamento psiquiátrico
detalhadas da língua e cultura. Três dos volumes são (reforma psiquiátrica) e luta anti-manicomial em nossos dias.
dedicados aos mitos e religião; dois à linguagem (hoje seria
considerados como psicologia linguística); dois à sociedade e a psicologia social rompe com a oposição entre o
um à cultura e história (a psicologia social de hoje); um a lei indivíduo e a sociedade, enquanto objetos dicotômicos que se
(hoje a psicologia forense ou jurídica) e um à arte (um tópico auto-excluem, procurando analisar as relações entre
que abrange as modernas concepções de inteligência e indivíduos (interações), as relações entre categorias ou
criatividade). grupos sociais (relações intergrupais) e as relações entre o
simbólico e a cognição (representações sociais).Assim,
Tal aspecto de sua obra vem sendo recuperada por sua apresenta como objeto de estudo os indivíduos em contexto,
aplicação e semelhança com os modernos estudos de sendo que as explicações são efetuadas tendo em conta
psicologia cognitiva. Segundo Farr é possível perceber o quatro níveis de análise: nível intra-individual (o individuo), o
desenvolvimento posterior das ideias de Wundt na psicologia nível inter-individual e situacional (interações entre os
social de G. H Mead e Herbert Blumer, os criadores do indivíduos ou contexto), o nível posicional (posição que o
interacionismo simbólico na Universidade de Chicago e indivíduo ocupa na rede das relações sociais), e o nível
Vygotsky na Rússia. ideológico (crenças, valores e normas coletivas). Pepitone, A.
(1981). Lessons from the history of social psychology.
O grupo como objeto de estudos ganhou densidade na American Psychologist, 36, 9, 972-985. Silva, A. & Pinto, J.
psicologia social durante a segunda guerra mundial, com Kurt (1986). Uma visão global sobre as ciências sociais. In Silva,
Lewin (1890-1947), considerado por muitos autores como A. & Pinto, J. (Coords.), Metodologia das Ciências Sociais
fundador da psicologia social. Contemporâneo dos (pp. 9-27). Porto: Edições Afrontamento.
fundadores da psicologia da gestalt e integrante dessa teoria
esse autor radicou-se nos Estados Unidos a partir de 1933 Psicologia Social no Brasil
onde chefiou no MIT Massachusetts Instituto de Tecnologia o
Centro de Pesquisa de Dinâmica de Grupo junto com uma A psicologia social no Brasil tem início nos estudos
série de autores que desenvolveram a escola americana de etnopsicológicos de Nina Rodrigues em 1900, O animismo
psicologia social a exemplo de D. Cartwright que assumiu a fetichista dos negros africanos e As coletividades anormais,
direção do instituto após a sua morte e Leon Festinger (1919- ou melhor, como coloca Laplantine (1998) nos estudos que
1979) que desenvolveu a teoria da dissonância cognitiva revelam o confronto entre a etnografia e a psicologia.
explorando o desconforto da contradição dos conflitos e Materiais etnográficos recolhidos a partir de observações
estado de consistência interna ainda hoje referência para os muito precisas são interpretados no âmbito da psicologia
estudos de valores éticos em psicologia social. clínica da época. Nina Rodrigues considera os problemas da
integração das populações européias às advindas da
A Dinâmica de Grupo ou ciência dos pequenos grupos, é diáspora africana que segundo ele constituem o principal
para alguns autores o objeto e método da psicologia social, obstáculo para o progresso da sociedade global.
limita-se porém ao estudo empírico da interação dentro dos
grupos. Sendo porém relevantes as suas contribuições sobre Muitos autores brasileiros seguiram essa linha de
a estrutura grupal, os estilos de liderança, os conflitos e raciocínio que oscilava entre os pressupostos biológicos
motivações, espaço vital ou o campo de forças que racistas da degenerescência racial, uma interpretação
determinam a conduta humana possuem diversas aplicações psicológica (instabilidade do caráter resultante do choque de
e entre elas a psicologia infantil e a modificação de duas culturas) até as modernas interpretações sociológicas
comportamentos seja para benefícios dietéticos (estudos de iniciadas a partir de 1923 com os estudos de Gilberto Freyre
pesquisa – ação realizados com Margareth Mead) seja para

Conhecimentos Específicos 63 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
autor do reconhecido internacionalmente Casa grande e como saudáveis as táticas e estratégias de enfrentamento da
senzala. classe proletária.
Com o título de Psicologia Social vamos encontrar o Críticas à Psicologia Social
trabalho de Arthur Ramos (1903-1949) que foi o professor
convidado para ministrar o curso de psicologia social na Hoje em dia, a teoria da psicologia social tem recebido
recém criada Universidade do Distrito Federal no Rio de inúmeras críticas. Apontamos agora as principais:
Janeiro (1935) e logo desfeita pelo contexto político da época. a) Baseia-se num método descritivo, ou seja, um método
Este não fugiu à clássica abordagem do estudo simultâneo que se propõe a descrever aquilo que é observável, fatual. É
das inter-relações psicológicas dos indivíduos na vida social e uma psicologia que organiza e dá nome aos processos
a influência dos grupos na personalidade mas face a sua observáveis dos encontros sociais.
experiências anteriores nos serviços de medicina legal e
médico de hospital psiquiátrico na Bahia tinha em mente os b) Tem seu desenvolvimento comprometido com os
problemas da inter-relação de culturas e saúde mental (com objetivos da sociedade norte-americana do pós-guerra, que
atenção especial aos aspectos místicos - primitivos da precisava de conhecimentos e de instrumentos que
psicose) retomando-os a partir das proposições da possibilitassem a intervenção na realidade, de forma a obter
psicanálise e psicologia social americana situando-se resultados imediatos, com a intenção de recuperar a nação,
criticamente entre as tendências de uma sociologia garantindo o aumento da produtividade econômica. Não é
psicológica e uma psicologia cultural. para menos que os temas mais desenvolvidos foram a
comunicação persuasiva, a mudança de atitudes, a dinâmica
Nas últimas décadas a psicologia social brasileira, grupal etc., voltados sempre para a procura de "fórmulas de
segundo Hiran Pinel (2005), foi marcada por dois psicólogos ajustamento e adequação de comportamentos individuais ao
bastante antagônicos: Aroldo Rodrigues (empirismo e que contexto social".
adotou uma abordagem mais de experimental-cognitiva, por
exemplo, de propagandas etc.) e, mais recentemente Silvia c) Parte de uma noção estreita do social. Este é
Lane (marxista e sócio-histórica). considerado apenas como a relação entre pessoas – a
interação pessoal -, e não como um conjunto de produções
Silvia Tatiana Maurer Lane e Aniela Ginsberg foram humanas capazes de, ao mesmo tempo em que vão
professoras fundadoras do Programa de Estudos Pós- construindo a realidade social, construir também o indivíduo.
Graduados em Psicologia Social da PUC-SP o primeiro curso Esta concepção será a referência para a construção de uma
de mestrado e doutorado da área a funcionar no Brasil, entre nova psicologia social.
1972 e 1983. Onde psicologia social é uma disciplina
(teórica/prática) referendada em pesquisas empíricas sobre Uma nova Psicologia Social e Institucional
os problemas sociais brasileiros. Os textos desenvolvidos por Com uma posição mais crítica em relação à realidade
professores e autores escolhidos são adotados como social e à contribuição da ciência para a transformação da
bibliografia básica na maioria dos cursos de Psicologia do sociedade, vem sendo desenvolvida uma nova psicologia
Brasil e, também, em concursos públicos na área da saúde e social, buscando a superação das limitações apontadas
educação. Receberam o prêmio outorgado pela Sociedade anteriormente,
Interamericana de Psicologia (SIP), em julho de 2001.
A psicologia social mantém-se aqui como uma área de
Lane fez seguidores famosos e muito estudados na conhecimento da psicologia, que procura aprofundar o
atualidade: Antonio da Costa Ciampa (precursor nos estudos conhecimento da natureza social do fenômeno psíquico.
sobre identidade em perspectiva materialista histórica, cuja
referência de estudos inscrevem eminentes trabalhos de O que quer dizer isso?
pesquisas inovadoras em diferentes áreas do conhecimento,
A subjetividade humana, isto é, esse mundo interno que
favorecendo a amplitude da categoria de estudo identidade
possuímos e suas expressões, são construídas nas relações
enquanto elementar para discussões nas ciências humanas e
sociais, ou seja, surge do contato entre os homens e dos
da saúde de modo geral) Ana Bock e outros (mais ligados a
homens com a Natureza.
Vigotski), como Bader Sawaia (que descreve minuciosamente
as artimanhas da Exclusão social e o quanto é falso e Assim, a psicologia social, como área de conhecimento,
hipócrita a inclusão, encarada como "maquiagem" que cala a passa a estudar o psiquismo humano, objeto da psicologia,
voz do oprimido); Wanderley Codo (que estuda grupos buscando compreender como se dá a construção deste
minoritários, sofrimentos e as questões de saúde dos mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo
professores e professoras); Maria Elizabeth Barros de Barros homem. O mundo objetivo passa a ser visto, não como fator
e Alex Sandro C. Sant'Ana (que se associam as ideias de de influência para o desenvolvimento da subjetividade, mas
Foucault, Deleuze, Guattari entre outros); Carlos Eduardo como fator constitutivo.
Ferraço (que se associa com Boaventura de Sousa Santos e
Michel de Certeau); Hiran Pinel (que resgata tanto o Numa concepção como essa, o comportamento deixa de
existencialismo quanto o marxismo de Paulo Freire) etc. ser "o objeto de estudo", para ser uma das expressões do
mundo psíquico e fonte importante de dados para
O psicólogo bielorrusso Vygotsky - um fervoroso marxista compreensão da subjetividade, pois ele se encontra no nível
sem perder a qualidade de psicólogo e educador - foi do empírico e pode ser observado; no entanto, essa nova
resgatado por Alexander Luria em parceria com Jerome psicologia social pretende ir além do que é observável, ou
Bruner nos Estados Unidos da América, país que marcou - e seja, além do comportamento, buscando compreender o
marca - a psicologia brasileira. Em 1962 é publicado nos mundo invisível do homem.
EUA, e após a saída dos militares do governo brasileiro,
tornou-se inevitável sua publicação no Brasil. Além disso, essa psicologia social abandona por completo
a diferença entre comportamento em situação de interação ou
Os psicólogos sociais sócio-históricos, produzem artigos não interação. Aqui o homem é um ser social por natureza.
criticando o Estado e o modo neo-liberal de produção que tem Entende-se aqui cada indivíduo aprende a ser um homem nas
um forte impacto na produção de subjetividades. As práticas relações com os outros homens, quando se apropria da
são mais ativas e menos desenvolvidas em consultórios, e a realidade criada pelas gerações anteriores, apropriação essa
noção de psicopatologia mudou bastante, reconhecendo que se dá pelo manuseio dos instrumentos e aprendizado da
cultura humana.

Conhecimentos Específicos 64 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O homem como ser social, como um ser de relações significa "do fórum" referindo-se à corte imperial na Roma
sociais, está em permanente movimento. Estamos sempre antiga. A este ramo relativamente novo e especializado da
nos transformando, apesar de aparentemente nos mantermos psicologia foi dado o reconhecimento oficial pela Associação
iguais. Isso porque nosso mundo interno se alimenta dos Americana de Psicologia apenas em 2001.
conteúdos que vêm do mundo externo e, como nossa relação
com esse mundo externo não cessa, estamos sempre como O retrato da psicologia forense em seriados, livros e filmes
que fazendo a "digestão" desses alimentos e, portanto, provocou uma onda de interesse no campo, especialmente
sempre em movimento, em processo de transformação. nestes últimos anos. No entanto, estas são representações
glamourizadas da profissão e não são totalmente precisas. As
Ora, se estamos em permanente movimento, não pessoas que praticam psicologia forense não são estritamen-
podemos ter um conjunto teórico onde os conceitos paralisam te "os psicólogos forenses" , eles também poderiam ser psicó-
nosso objeto de estudo. Se nos limitarmos a falar das logos clínicos ou psicólogos infantis, mas a sua experiência
atitudes, da percepção, dos papéis sociais e acreditarmos que ou conhecimento pode ser obrigado a prestar testemunho,
com isso compreendemos o homem, não estaremos avaliação e recomendações em casos legais. Alguns de seus
percebendo que, ao desempenhar esse papel, ao perceber o papéis incluem a determinação da competência de um indiví-
outro e ao desenvolver ou falar sobre sua atitude, o homem duo para ser julgado, avaliação da saúde mental em casos,
estará em movimento, Por isso, nossa metodologia e nosso por exemplo, de insanidade e avaliação forense especializada
corpo teórico devem ser capazes de captar esse homem em na personalidade de um indivíduo. Por exemplo, um psicólogo
movimento e intervir nas políticas públicas que organizam e clínico pode ser solicitado a avaliar a saúde mental de um
re-organizam a vida social aumentando ou diminuindo os suspeito ou um psicólogo infantil será solicitado a avaliar
efeitos da desigualdade social e miséria do mundo. crianças submetidas a abusos ou prepará-los para depoimen-
to no tribunal em casos de custódia penal ou criança.
E, superando esse conceitual da antiga psicologia social,
a nova irá propor, como conceitos básicos de análise, a Psicólogos forenses trabalham em prisões, delegacias de
atividade, a consciência e a identidade, modo de vida que são polícia, escritórios de advocacia, centros de reabilitação ou
as propriedades ou características essenciais dos homens e agências do governo e lida diretamente com os advogados,
expressam o movimento humano. Esses conceitos e arguidos, vítimas, familiares ou pacientes dentro dessas
concepções foram e vêm sendo desenvolvidos por vários instituições. Suas responsabilidades no âmbito das
autores soviéticos que produziram até a década de 1960. instituições correcionais é envolver regulares avaliações
Wikipédia psicológicas, sessões de terapia individual e de grupo, gestão
de raiva ou de crise e outras avaliações judiciais. O trabalho
PSICOLOGIA JURÍDICA da psicologia forense também inclui o trabalho com os
A Psicologia, inegavelmente, desempenha importante fun- departamentos de polícia, para avaliar agentes da lei e dar
ção junto ao Direito. Pode-se afirmar que ambos tem a condu- formação sobre o perfil do criminoso e outros cursos
ta humana como ponto de interesse; mas enquanto o Direito relevantes. Há também aqueles que preferem atividades
busca estabelecer padrões objetivos de conduta em socieda- acadêmicas em universidades para fazer mais pesquisas
de, inclusive sancionando os desvios nesse sentido, propõe- sobre o direito em criminologia, e do comportamento humano.
se a Psicologia a investigar e entender o efetivo comporta- Analisar a evolução da criminalidade, perfis criminais e
mento humano, subjetivamente considerado. eficazes tratamentos de saúde mental são alguns dos temas
abordados pela psicologia forense.
Assim, como resultado do reconhecimento da contribuição
que a Psicologia pode trazer ao Direito, surgiu a Psicologia O que separa este ramo de outras áreas como a
Jurídica. Entre outros benefícios para a sociedade, essa inte- psicologia clínica é que a psicologia forense é limitada a
gração entre as referidas ciências permite a elucidação de funções específicas em cada caso individual, tais como o
muitas questões frequentemente submetidas ao Poder Judici- fornecimento de conselhos sobre a capacidade mental do
ário. suspeito para enfrentar as acusações. Aprender as respostas
para "o que é a psicologia forense?" Significa lidar com
O psicólogo jurídico é um profissional cuja atuação se re- pessoas que estão recebendo avaliação e tratamento não por
vela por vezes imprescindível em processos envolvendo se- escolha, ao contrário do cenário usual da clínica onde os
paração, divórcio, disputa de guarda, regulamentação de clientes se oferecem para procurar ajuda.
visitas, adoção, destituição do poder familiar, interdição, apli-
cação de medidas sócio-educativas a menores infratores, Eles também são chamados para prestar depoimento de
necessidade de apuração das motivações de crimes sob a um especialista, mas deve ser bastante conhecedor do
ótica dos criminosos, apoio a vítimas de delitos ou a testemu- sistema jurídico a ser chamado como testemunha credível
nhas, entre outras tantas situações, nas quais é preciso com- para o caso. A maior parte de seu papel é estar se
preender as causas de uma conduta, orientar uma atitude, ou preparando e entregando o seu testemunho e traduzi-lo para
até mesmo prevenir danos emocionais. termos legais, o que tem sido mais desafiador já que os
advogados sabem como minar ou desacreditar opiniões
Embora se possa considerar a Psicologia Jurídica uma psicológicas. Houve casos de simulação ou doenças fingidas
área ainda emergente, os operadores do Direito dela cada onde os psicólogos devem saber reconhecer os sintomas
vez mais se socorrem, na certeza de que o laudo, o parecer, reais, bem como avaliar a consistência das informações em
a manifestação, a orientação ou qualquer outra forma de diferentes fontes. Uma grande parte da compreensão da
auxílio proporcionado pelo trabalho do psicólogo jurídico, é o resposta à pergunta "o que é a psicologia forense" significa
que viabiliza, em muitos casos, o sempre almejado encontro ser capaz de explicar ou reformular termos psicológicos ou
do Direito com a justiça. Karina Alecrim Bessa. princípios dentro de um quadro jurídico. Rodrigo Soares
O que é a psicologia forense? AS COMPETÊNCIAS DA PSICOLOGIA JURÍDICA NA
Quando as pessoas perguntam "o que é a psicologia AVALIAÇÃO PSICOSSOCIAL DE FAMÍLIAS EM CONFLITO
forense?" Elas geralmente pensam nos profilers criminais Liana Fortunato Costa; Maria Aparecida Penso; Viviane
visto em filmes e programas de televisão, quando esta é Neves Legnani; Maria Fátima Olivier Sudbrack
apenas uma fração do que acontece na realidade. Em sua
definição mais básica, a psicologia forense é a aplicação da Construção do campo da Psicologia
prática da psicologia dentro da lei e do sistema jurídico. A
palavra "forense" se originou da palavra latina "forensis", que

Conhecimentos Específicos 65 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Historicamente, o sistema de Justiça como conhecemos não se pode reduzir a prática do psicólogo jurídico à perícia.
hoje é muito recente. Surge a partir da ascensão da burguesia Concordamos com Miranda Junior (1998) de que é necessária
ao poder no Ocidente, associado à consolidação do Estado uma abertura para a escuta do outro, possibilitando a emer-
moderno, baseado nos princípios da revolução Francesa e gência do sujeito em sua singularidade na sua relação com a
seus ideais de justiça: Igualdade, liberdade e Fraternidade. A lei simbólica e com a lei definida nos códigos jurídicos.
transformação de governos monárquicos absolutistas em re-
Atuação do psicólogo na Justiça
públicas livres e supostamente governadas pelo povo e para o
povo tira o poder das mãos dos soberanos e o coloca sob a O que os psicólogos fazem na Justiça? Esta é uma pergun-
tutela do Estado, fazendo surgir o Direito moderno, ao qual se ta que nós, enquanto professores e supervisores de estágio na
atribuiu a tarefa de assegurar a ordem, garantir a ordem públi- área, ainda temos que responder aos nossos alunos e até
ca e regular a convivência social. (Selosse, 1990). mesmo para nossos colegas. Como vimos no breve histórico
De acordo com Miranda Junior (1998), esse processo acar- apresentado anteriormente, mesmo que a relação Psicologia e
retou que os órgãos judiciais e legislativos incorporassem Direito seja discutida desde o início do século XVIII, a Psicolo-
noções e conceitos de outras áreas, entre elas a Psiquiatria e gia Jurídica no Brasil, enquanto área de atuação específica,
a Psicologia. Ainda para esse autor, a aproximação entre a somente começa a se consolidar no Século XX, mais especifi-
Psicologia e o direito começou no campo da psicopatologia, camente na década de 50. Mesmo assim, apresenta-se, inici-
com a realização de diagnósticos de sanidade mental solicita- almente, de forma muito tímida executando tarefas tradicionais
dos por juízes, baseados no uso de testes (classificação e da Psicologia, como a elaboração de laudos nas Varas Cíveis,
controle dos indivíduos). Portanto, nesse primeiro momento, a Criminais, Justiça do trabalho, da Família, da Criança e do
função do psicólogo era fornecer um parecer técnico (pericial) adolescente.
que fundamentasse as decisões do sistema judiciário (mapa A atuação do Psicólogo na Justiça é, em grande parte, de-
subjetivo do sujeito diagnosticado, quase sempre descontex- terminada por legislações específicas na área e por previsões
tualizado). Nesse sentido, a Psicologia passa a ser utilizada nos regimentos internos dos Tribunais de Justiça. A lei nº
como um dos saberes que substitui cientificamente o inquérito 7.210, de 17 de julho de 1984, pre vê para o Sistema Penal
na produção jurídica (Foucault, 1986). Brasileiro, artigos 06 e 07, a atuação do psicólogo:
A ideia de que a Psicologia poderia auxiliar o direito já es- Art. 6 - A classificação será feita por Comissão Técnica de
tava presente desde o século XVIII. Jesus (2001), numa revi- Classificação que elaborará o programa individualizador e
são de obras a respeito dessa relação, cita o livro de Eckardts acompanhará a execução das penas privativas de liberdade e
Hausem, "a necessidade de conhecimento psicológico para restritivas de direitos, devendo propor, à autoridade competen-
julgar delitos", de 1792, como uma das primeiras obras sobre o te, as progressões e regressões dos regimes, bem como as
tema. O autor cita também as obras de Hoffbauer, "a Psicolo- conversões.
gia em suas em suas principais aplicações à administração da
Justiça", de 1808, e o "Manual sistemático de Psicologia Judi- Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em
cial", de 1835, de Zitelman. Selosse (1989), por sua vez, cita cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta,
Hans Gross, jurista alemão interessado nos métodos e proce- no mínimo, por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psi-
dimentos de investigação e exame de provas, que em 1898 cólogo e um assistente social, quando se tratar de condenado
publicou a primeira obra de Psicologia Criminal, como um à pena privativa da liberdade (Brasil, 1984).
marco para o surgimento da Psicologia Jurídica. A lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança
Não é o objetivo deste artigo fazer uma revisão histórica da e do Adolescente, afirma de forma incisiva a necessidade da
Psicologia Jurídica. No entanto, nos parece importante escla- presença do psicólogo para lidar com as questões específicas
recer que há mais de três séculos, Psicologia e direito buscam da área, seja no que diz respeito à proteção, ou na questão do
formas conjuntas de descrição do comportamento criminoso. adolescente em conflito com a lei.
No Século XX, definidas as primeiras aplicações da Psicologia Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: III -
ao Direito, começam a surgir diferentes denominações para serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psi-
uma nova área de trabalho. Segundo Selosse (1989), essas cossocial às vítimas de negligência, maustratos, exploração,
denominações dependerão do objeto de estudo. Na França, abuso, crueldade e opressão.
aqueles que estudam os autores das infrações cunharam o
termo "Psicologia Criminal"; aqueles que se dispuseram a Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
examinar as interações entre Juristas e os usuários do sistema proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
de justiça passaram a utilizar o termo "Psicologia Judiciária". equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da
Finalmente, um outro grupo, interessado nas implicações da Infância e da Juventude (Brasil, 1990).
Psicologia na punição e nas sanções, vem utilizando o termo
O Código de Processo Civil - lei 5.869/73 trata no livro I,
Psicologia Penal.
capítulo V do título IV - dos auxiliares da Justiça, no art. 139,
No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia do perito como auxiliar a serviço da Justiça, sendo que os
(www.crpsp.org.br) usa o termo Psicologia Jurídica para definir artigos 145 e 147 estabelecem os critérios para sua nomeação
uma das especialidades do psicólogo e apresenta uma ampla e habilitação.
descrição da sua área de atuação. Segundo Bonfim (1994), o
No entanto, como afirma Silva (2003), o próprio Código não
livro de Mira e Lopez, "Manual de Psicologia Jurídica", publi-
conceitua o que chama de perícia, limitando-se apenas a afir-
cado na Espanha em 1937 com tradução brasileira de 1955,
mar que a prova pericial são procedimentos de: exame, de
se constituiu em um importante marco para a formação desse
vistoria ou avaliação. Mas essa autora também afirma que o
campo de atuação profissional. No entanto, essa autora alerta
psicólogo terá que se encaixar nesses artigos para executar o
para o fato de que a sua prática continua ainda muito atrelada
seu trabalho junto às Varas de Família. A partir do que está
aos processos jurídicos, mesmo que alguns profissionais te-
posto no Código Processual Civil, os tribunais de Justiça dos
nham trabalhado no sentido de mudar essa realidade, buscan-
Estados e do Distrito Federal e territórios, por meio das suas
do atuar também a serviço da cidadania plena: "Tais profissio-
Corregedorias, aprovarão Provimentos criando Serviços Psi-
nais acreditam na possibilidade de um exercício profissional
cossociais e delimitando as suas atribuições. Uma das ques-
onde a informação deva ser repassada não só aos juristas,
tões levantadas por Silva (2003) diz respeito ao fato de que os
mas também às pessoas que carecem de intervenção, de
procedimentos de atuação dos profissionais psicólogos nestes
forma que o trabalho não seja estigmatizante e de controle
serviços são definidos sem nenhuma participação do Conselho
social" (Bonfim, 1994, p. 235). Para nós é ponto pacífico que

Conhecimentos Específicos 66 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Federal de Psicologia (CFP) ou dos Conselhos Regio nais de ando como um estudo que tem uma conotação mais compre-
Psicologia (CRP), fazendo com que prevaleça uma perspectiva ensiva e discussiva do que a contida em expressões como
clássica do seu trabalho e dificulte a delimitação do seu espa- perícia ou parecer. Por outro lado, o estudo é de ordem psi-
ço na interface com o direito. cossocial, não somente da ordem do psicológico ou do psico-
patológico, o que traz implícita uma diferença que é o reco-
Estão apontadas aí algumas questões precípuas: qual é o nhecimento de que as questões a serem mediadas no judiciá-
trabalho do psicólogo nos sistema judicial, considerando-se rio possuem uma dimensão que é da ordem do social, ampli-
seu objeto de estudo e atuação como a subjetividade presente ando muito o escopo de compreensão da configuração dos
nos processos judiciais? Como deve ser a relação estabeleci- crimes e dos conflitos, cerne da decisão dos juízes.
da entre o psicólogo e o profissional do Direito, considerando-
se que o processo judicial diz respeito a um sujeito que se A adoção desta modalidade de atuação, o estudo psicos-
mostra apenas parcialmente nesse contexto (França, 2004)? social, traz uma possibilidade de que o psicólogo possa cons-
Como pode o psicólogo apreender os sentidos presentes nos truir uma dimensão interventiva em seu trabalho. Cesca
atos de lituosos, entrando em contato com esse sujeito que já (2004a) questiona como a Justiça poderá ir além da interdição
tem sua conduta pré-formulada pelo contexto da Justiça? oferecendo apoio à família ou ao sujeito, bem como a neces-
sária condição de reparação para o agressor, nos casos de
Essas questões estão presentes nas supervisões e se violência sexual contra crianças ou de divórcios destrutivos.
constituem em conflitos sobre qual a melhor atuação, e envol- Queremos acrescentar que vemos também no estudo psicos-
vem todos os profissionais da Psicologia (e também do Serviço social a possibilidade de se restabelecer o contexto apropriado
Social). A descrição sumária das atividades publicadas no para ressigni ficação dos direitos de ambos os querelantes
Edital Nº 1 do tribunal de Justiça do distrito Federal e territórios (Costa & Santos, 2004). Ainda Cesca (2004b), em outro artigo,
(TJDFT) de 18 de dezembro de 2007 para o concurso de 2007 enfoca a questão da cidadania e como a Justiça pode (ou não)
exemplifica como esses conflitos se apresentam na prática: os oferecer um padrão de relação ética que considere o sujeito,
profissionais da Psicologia terão que exercer "atividades rela- que aguarda uma decisão, em sua cidadania e assim trabalhar
cionadas à coordenação e à supervisão de ações que visem à para sua emancipação.
promoção da saúde mental e ocupacional, bem como à forma-
ção de políticas de recursos humanos, de benefícios sociais e Mas não podemos deixar de apontar a discussão que
de desenvolvimento organizacional" (Brasil, 2007). Arantes (2007) provoca ao questionar se o psicólogo tem uma
relação com o magistrado de complementaridade de saberes
Para atingirmos os objetivos propostos descritos no início ou de submissão aos seus poderes. Em nossa experiência
do texto, vamos nos focar no trabalho realizado nos serviços temos visto que esta questão é bem complexa, porque, parece
psicossociais que assessoram os juízes nas decisões sobre em alguns momentos, que ambos se encontram em submis-
famílias. Em nossa realidade de supervisão, atuamos junto a são, dado que um não domina o saber do outro. Um aspecto
um serviço que é definido como o conjunto de atividades téc- curioso é o fato de que temos visto muitos psicólogos do judi-
nicas desenvolvidas nas áreas da Psicologia, da Pedagogia e ciário buscando formação no direito, bem como advogados do
do Serviço Social, com a finalidade de assessorar os serviços Ministério Público buscando formação em Psicologia. Isto nos
judiciários e administrativos desse tribunal, tendo como missão faz pensar na motivação para tal. É possível que o psicólogo,
avaliar e intervir na dimensão psicossocial das questões apre- tanto como o jurista, queiram se colocar numa situação mais
sentadas (Brasil, 1992). Entre as atribuições dos serviços confortável e competente para o trabalho final que é o da deci-
psicossociais, constantes nesse ato, destacamos aquelas que são. É possível que queiram fazer uma aproximação epistemo-
dizem respeito a questões que discutiremos neste artigo. As lógica sobre o objeto de estudo do outro, modificando uma
atribuições desse ato são (conforme nos interessa discutir): possível competição como também transformando uma seara
Art. 212 - são atribuições do Serviço Psicossocial Forense: de relação que arantes (2007) reconhece como plena de "mal
estar".
II - atuar nos processos judiciais e administrativos encami-
nhados ao serviço pelas autoridades judiciárias e administrati- Ainda nos atrevemos a apontar uma dificuldade que é o
vas, no prazo que lhe for assinado, fornecendo relatórios e quanto e o como o psicólogo participa das decisões judiciais,
pareceres técnicos dos casos estudados; através das conclusões contidas no estudo psicossocial, e de
suas observações, que muitas vezes se constituem em opini-
VI - Proceder à realização de estudo psicossocial, elabo- ões, na medida em que os senhores magistrados requerem
rando relatório final dos casos de adoção oriundos das varas que esse profissional seja direto e pessoal em sua caracteriza-
de precatórias (Brasil, 1992). ção do problema, ou que participe de audiências, na possibili-
Cabe ressaltar que um documento interno do TJDFT que dade de que possa emitir seu pensamento, num movimento
institui a Secretaria Geral dos Serviços Psicossociais especifi- contínuo ao processo de julgar. A audiência conjunta (Cárde-
ca melhor a atuação dos profissionais, indicando mais clara- nas, 1992) nos parece o momento que esses dois profissionais
mente a quem responde o psicólogo: (a) assessorar os Magis- resgatam a cidadania plena no exercício da atuação de julgar
trados das Varas de Família, Cíveis, Precatórias e de Compe- e restabelecer direitos ao sujeito.
tência Geral de todo o Distrito Federal, realizando estudos Complexas decisões no divórcio destrutivo
psicossociais referentes aos processos encaminhados e forne-
cendo informações, análises e pareceres que possam subsidi- Glasserman (1997) estabelece uma diferença em relação à
ar a decisão judicial; (b)assessorar os Magistrados das Varas definição do que é divórcio no ciclo de vida e divórcio destruti-
Criminais nos processos, cuja problemática gira em torno da vo. Divórcio no ciclo de vida representa uma postura atual em
dinâmica familiar, também mediante a elaboração de estudos considerar a separação conjugal como uma etapa do processo
e pareceres psicossociais, que possam subsidiar as decisões de vida que inclui novos arranjos conjugais e familiares (Féres-
judiciais. É sobre essas tarefas, e os profissionais que a exe- Carneiro, 2003; Giovanazzi & Linares, 2007; Glasserman,
cutam, que nos propomos refletir. 1997; Ramires, 2004; Romo, 2003). Já divórcio destrutivo
consiste em uma separação conjugal que envolve grandes
Como vimos nesse breve relato, a atuação do psicólogo na disputas e expressões de violência, e que encontram possibili-
Justiça foi se delineando na direção de um assessoramento dades de algum acordo no contexto judicial.
direto ao magistrado, quer na confecção de perícia ou de pa-
recer ou de relatório, até ser definido como a construção de Atualmente há um grande incremento das situações de di-
um estudo psicossocial. Essa nova indicação, a nosso ver, vórcio destrutivo e os tribunais estão cada vez mais abarrota-
possui dois aspectos interessantes. Por um lado vai se deline- dos de processos que se estendem por anos, com audiências

Conhecimentos Específicos 67 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
que não se esgotam, com pedidos e mais pedidos de revisão A formação dessas triangulações, e a dificuldade do casal
de procedimentos e a contratação de psicólogos exteriores ao e da família de dissolvê-las, sustentam anos de brigas em
tribunal (chamados assistentes técnicos) na tentativa de apre- tribunais, fazendo com que o processo retorne para nova ins-
sentar embargos técnicos que levem a novas decisões judici- trumentação de 5 a 6 vezes. É preciso reconhecer que a dis-
ais. Como exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- puta se concentra em ganhos que são emocionais, mas não
tística (IBGE, 2005) nos mostra que a taxa de divórcio ou se- podemos descartar que as motivações são bem diferentes em
paração conjugal no país, em 2005, foi 7,4% maior que em função das classes sociais, quando o filho é visto como um
2004. No centro-oeste, região onde atuamos, o aumento foi de bem por causa dos benefícios financeiros que acompanham
2,9%. Do total de separações, 76,9% foram consensuais e aquele genitor que fica com a guarda da criança. De todo
22,9% não consensuais. As circunstâncias que levam a uma modo é unânime o conhecimento de que todos sofrem, em
ou outra modalidade de divórcio são bastante complexas e especial os filhos, triangulados ou não. Compreendemos que,
podem envolver disputas atuais e motivações que transcen- quando o casal se vê impossibilitado de negociar sua separa-
dem a várias gerações. ção e leva o conflito para o tribunal, cria-se um outro triângulo
formado por três pontas: a mulher, o homem e a Justiça, esta
Féres-Carneiro (2003), em um artigo sobre a dissolução de representada pela decisão que o Juiz irá proferir. Pensamos
casamentos, aponta que o rompimento do vínculo conjugal é que nos casos de separações trianguladas, é uma questão
uma das experiências de vida que mais trazem sofrimento, e ética que o estudo psicossocial possa "assumir" o lugar da
que as consequências dessa dissolução são bem diferentes criança, e os profissionais possam "falar" pela criança na ten-
para homens e mulheres. Como os homens veem na possibili- tativa de que assim possa ficar distanciada do conflito e ter
dade de obter estabilidade e na criação de uma família as preservado seu direito a viver sua condição devida de prote-
principais motivações para o casamento, ele percebe seu ção. Outros aspectos ainda participam e sustentam as dispu-
maior sofrimento voltado para os filhos que não ficam sob sua tas no divórcio destrutivo, sendo que uns são características
guarda. Já a mulher imagina o casamento como a realização da relação conjugal, e outros são próprios das relações de
de uma necessidade de relação amorosa satisfatória, ápice de poder do sistema judiciário.
seu apaixonamento, e desse modo suas maiores mágoas se
dirigem ao homem ao qual ela credita a razão de sua frustra- Sobre a relação conjugal
ção. Temos aí uma primeira diferença que vai configurar e
alimentar as posteriores disputas. No divórcio destrutivo, encontramos casais com uma co-
municação simétrica, isto é, apresentam um comportamento
Diante da separação, o luto a ser feito faz-se, sobretudo, no qual cada um reflete a ação do outro. Os casais podem
para ambos os gêneros em relação à construção nômica que o apresentar dois tipos de comunicação: simétrica e complemen-
casamento representa em nossa sociedade, o qual tem a tar (o comportamento de um complementa a conduta do ou-
função social de criar para os sujeitos um suposto sentido para tro). Nossa observação recai sobre a simetria como a conduta
a instável realidade do mundo (Féres Carneiro, 1998). Desse mais comumente presente, sendo que pode chegar até a es-
modo, sair dessa construção é lidar com um vazio, o qual, para calada simétrica, quando se aproxima de um padrão mais
ser redimensionado, dependerá da extensão da ferida narcísi- patológico de comunicação. A escalada simétrica, no divórcio
ca que se rasga nesse processo. Quanto maior o embotamen- destrutivo, leva a eventos muito violentos e confunde os trâmi-
to, o voltar para si mesmo, maior a destrutividade, pois aí se tes do processo, pois os profissionais do setor psicossocial são
impli ca um apaixonamento pela própria dor que autorizará a chamados a atuarem como verdadeiros "bombeiros", apagan-
cada um a oscilação incessante entre as posições de sofrer e do as chamas da violência entre os ex-cônjuges que, não
fazer sofrer. dificilmente, chamuscam os filhos. Esses conceitos da comuni-
cação estão amplamente explicados na obra clássica de
Nesse processo de competição destrutiva o casal acaba Watzlawick, Beavin e Jackson (1985).
por se "utilizar" de outras pessoas e isso ocorre, em primeiro
lugar, na direção dos filhos, que se tornam o objeto da disputa. Sobre as relações de poder no sistema judicial
Esse processo pode ser identificado como triangulação, no
qual as crianças ou adolescentes são colocados num triângulo A grande queixa dos casais, no divórcio destrutivo, é de
relacional de interdependência emocional e também violento que a Justiça é muito morosa para dar a conhecer seu veredi-
(Giovanazzi & Linares, 2007; Glasserman, 1997). Ou seja, os to. De fato, concordamos com Bourdieu (2001) que a relação
autores não estão se referindo a uma triangulação constitutiva da Justiça com o cidadão é de dominação, na medida em que
da criança, a qual possibilita a assunção da sua subjetividade, este fica à espera, sem controle nem possibilidade de interfe-
mas sim a uma triangulação doentia em que a criança desocu- rência, do tempo que a Justiça e o juiz necessitam para elabo-
pa o lugar de sujeito e passa a ser objeto de um dos pais ou rarem sua convicção. É um tempo que pode ser consumido
do casal parental. sem interpretação ou significação do que representa aquela
experiência, e, desse modo, pode ser visto apenas como uma
Boszormenyi-Nagy e Spark (1983), terapeutas de família e expressão do poder que a Justiça possui. Esse tempo sem
teóricos da trangeracionalidade, estudaram o papel dos com- ressignificação pode representar, para os tribunais, um recru-
promissos de lealdade que os membros de uma família cons- descimento de petições acrescentadas ao processo, e, para o
troem entre si e que não estão necessariamente explícitos em setor psicossocial, um retorno do processo com pedidos de
comportamento observáveis, por se tratarem de "compromis- mais avaliações em função desses acréscimos. Uma outra
sos internalizados". Esses compromissos foram principalmente faceta das consequências do longo tempo pode se traduzir
estudados a partir do conceito de parentalização, que se cons- numa percepção de dominação, em especial por parte da
titui na eleição de aproximação a um dos genitores, de acordo mulher, já que a maioria dos juízes são homens. No caso do
com acontecimentos atuais ou anteriores, mas que se mos- divórcio destrutivo, cremos que há uma interferência da pers-
tram como um compromisso preferencial ao pai ou à mãe. Nas pectiva de gênero, no sentido de construção cultural e social
situações de divórcio destrutivo no qual a criança está triangu- de Saffioti (1997), visto que as mulheres se veem disputando
lada, de forma não muito saudável, ela assume esse compro- uma decisão num universo eminentemente masculino, hierar-
misso com ambos os genitores, numa espécie de pêndulo quizado, autoritário e com demonstrações explícitas de poder,
emocional acrescido da vivência de que enquanto agrada a desde a abertura do processo e até as audiências. Rosenfeld
um desagrada ao outro, e vice-versa, numa perspectiva muito (2001) mostra como mulheres chefes de família desenvolve-
perversa de sua vinculação com ambos os pais, de quem a ram uma interdependência em relação aos filhos adolescentes
criança gosta. que estão em conflito com a lei, e buscam o judiciário na tenta-
tiva de delegarem autoridade para a resolução de questões
familiares. No divórcio destrutivo, pensamos que as mulheres,

Conhecimentos Específicos 68 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de certa forma, buscam o judiciário como um reforço para sua Isto é, como tal intervenção poderá ir além da mera interdição
expressão de um poder que, assim, ganha reconhecimento e judicial e oferecer suporte às famílias a fim de criar as condi-
visibilidade social, ou seja, se ganham a disputa no judicial ções de reparação para que os pais retomem, da melhor ma-
terão seu poder reconhecido socialmente. neira possível, suas funções parentais. Os atendimentos psico-
lógicos para subsidiarem os estudos psicossociais incluem
Contexto jurídico = Contexto de decisão + Contexto te-
entrevistas, jogos lúdicos com as crianças e observações in
rapêutico? loco realizadas nas residências das famílias, dependendo da
Iniciamos este último item a partir das preocupações de complexidade de cada caso. Os jogos relacionais familiares
Brito (2005) sobre como a Psicologia Jurídica tem que consi- têm um tempo para se desenvolverem e esse tempo não é
derar as ocorrências no tribunal dentro das especificidades cronológico, mas lógico e particular para cada família, o que se
desse contexto específico, que é visto como um contexto de torna dificultador para se pensar em intervenções padroniza-
busca de verdades, de avaliações e perícias, sendo que nes- das, feitas em um tempo fixo. Porém, em função do excesso
sas dimensões reduzem-se as condições humanas e restrin- de demanda, os estudos são concluídos em um número pa-
gem-se as competências do profissional psicossocial. drão de encontros da equipe com as famílias, o que gera,
muitas vezes, angústia nos profissionais quando pressentem
Uma discussão que sempre vem à tona nas supervisões que as intervenções podem não ter se constituído como mini-
diz respeito às dificuldades de integração entres os contextos mamente terapêuticas.
terapêutico e jurídico. Em outros artigos já discutimos sobre os
desafios da elaboração de ações, vinculando essas duas Do ponto de vista operacional, os profissionais reúnem in-
áreas de intervenção com paradigmas tão diferentes (Costa, dícios que lhes permitem compreender o modo de funciona-
Penso, & Almeida, 2004, 2006). De forma resumida, nosso mento familiar e as distorções no cumprimento das funções
entendimento é de que a Psicologia busca a compreensão das parentais que se fazem presentes. Desse modo, é um trabalho
ações humanas, desde uma perspectiva individual até aquela de interpretação, de construção de hipóteses junto a esse
que investiga os seus contextos sócio-culturais, enquanto o material simbólico, narrativo e dialógico que se estrutura no
direito busca normas e parâmetros já legitimados na sociedade interior das famílias. O trabalho terapêutico a ser construído
como fundamento e meta de suas decisões. O grande desafio pauta-se na mudança do paradigma de culpabilização dessas
é descobrir alternativas para que estas duas ciências possam famílias para um de responsabilização perante a criança. Sob
trabalhar juntas em prol do bemestar da população. essa ótica, as intervenções são feitas para que o casal se
recoloque diante da decisão judicial e perceba que não exis-
O contexto terapêutico, característica da Psicologia, pres- tem partes que perdem seus direitos, mas que ambas as par-
supõe uma relação sem tempo determinado, pois tem como tes vão continuar operando para o bem-estar dos filhos.
objetivo ajudar o sujeito a compreender a razão dos seus
comportamentos e sofrimentos. Além disso, pressupõe a exis- Cabe, ainda, que esse profissional consiga efetuar uma
tência de uma demanda por ajuda, ou seja, o contato inicial do escuta clínica que lhe permita ir além das formações imaginá-
psicoterapeuta com o seu cliente parte de uma demanda deste rias que se apresentam como armadilhas nessas tramas rela-
último (Cirillo, 1994). O contexto jurídico, por sua vez, tem o cionais. Ou seja, deve estar permanentemente atento às for-
seu tempo determinado pela urgência de decisões processu- mações dos tipos psicológicos ideais ou ordinários, como
ais. Isto é mais forte ainda, quando envolve crianças e adoles- denominou Costa (1986), os quais são cunhados como ade-
centes, cujos direitos devem ser preservados sempre, confor- quados e adaptados, conforme aos ideais sociais de cada
me preconizado no Estatuto da Criança e do adolescente época. Assim, deve ultrapassar o caráter imaginário e ideali-
(ECA). Juntar essas duas concepções constitui-se num grande zado do que seria um "bom pai" ou uma "boa mãe" para con-
desafio para a Psicologia Jurídica que, mesmo estando em um seguir ir além e detectar como as funções maternas e paternas
contexto regulador e decisório, precisa ser terapêutico no se imbricam e implicam a subjetividade dos filhos.
sentido de proporcionar transformações pessoais, familiares e Em termos constitutivos, a função paterna en quanto "lei"
sociais. opera para que a criança consiga ascender a uma autonomia
Nas nossas consultorias, a necessidade de trabalhar com a e, assim, possa articular seu mundo interno e externo a partir
regulação das atitudes do casal em face do divórcio, para de um ponto de vista próprio. Caso não se cumpra essa fun-
preservar o melhor interesse das crianças e adolescentes, e ção, a criança permanece na "desmesura" de uma relação
ao mesmo tempo oferecer espaço de continência afetiva aos intersubjetiva com um outro não barrado, que faz dela objeto
cônjuges, tem sido relatada como a maior dificuldade dos de seu desejo e não a concebe como um sujeito. Para efeito
técnicos. O limite entre compreender os sentimentos e neces- de clareza, não é fundamental que essa função seja exercida
sidades de cada um e a solicitação de que esses aspectos pelo pai real. Costa (2000) esclarece que o termo "função"
sejam colocados de forma clara nos pareceres sobre a guarda demarca uma operação simbólica que irá diferenciar a organi-
ou a regulamentação de visitas, entre outras questões, tem zação do lugar de cada um. Quando se diz, portanto, que a
sido relatado pelos técnicos como gerador de muito sofrimen- "lei" não faz função é porque esta não traz um diferencial de
to. lugares, a qual se refere à separação do eu/outro (Costa,
2000, p. 83). trata-se, na verdade, de uma operação simbólica
Retomamos Brito (2005), que chama a atenção para a que se faz dentro do campo da linguagem, descolando, assim,
principal competência do psicólogo no judiciário, que deve ser a função de seus personagens. Nesse sentido, um olhar aten-
a de resgatar a subjetividade presente nos processos, ou seja, to ao funcionamento da família extensa e das redes sociais
apontar e focar o ponto de vista psicológico das questões sob que circundam a criança é também fundamental para se verifi-
decisão judicial. car quem poderia auxiliar nessa operação.
Enfim, para que o contexto jurídico possa ser ao mesmo Rosenberg (2000) propõe que a essas avaliações não se
tempo de decisão e de transformação, mudanças deverão aplicaria o termo diagnóstico, mas sim o de "processo de estu-
ocorrer, tanto na formação do psicólogo, quanto na formação do das dinâmicas psíquicas", nas quais o sentido de proces-
do operador do direito. Além disso, serão necessárias outras sualidade tem uma fundamental relevância e a constituição da
concepções da Justiça, voltadas para o cuidado e cidadania subjetividade da criança é vista em movimento. Para conquis-
das pessoas e não prioritariamente para a regulação das rela- tar essa competência faz-se necessário que o profissional da
ções entre os cidadãos. Psicologia faça uso dos aportes teóricos como balizadores
Podemos indagar, então, sobre a especificidade do enfo- para perce ber os impasses e encruzilhadas que se encadeiam
que terapêutico que os estudos psicossociais podem adotar. nas narrativas sobre as escolhas amorosas do casal conjugal
e sobre o lugar subjetivo que o filho ocupa para o casal paren-

Conhecimentos Específicos 69 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tal. Essa articulação teórico-prática, portanto, não pode ser provenientes de conciliações ou de mediação, a questão da
esquemática, presa a princípios universalizantes, mas sim construção de um espaço favorável ao diálogo é fundamental,
voltada para o particular de cada caso, sendo que as interven- já que compreendemos a conversação como o locus privilegi-
ções, por sua vez, devem evitar uma mera perspectiva "arque- ado para a compreensão mútua entre os querelantes, e para o
ológica" dos processos psíquicos, voltando-se, então, para um surgimento de iniciativas e criação de oportunidades de solu-
presente que se projeta para o futuro (Rosenberg, 2000). ção "costuradas" em comum.
Escutar as narrativas das histórias de vida longitudinais e A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
transversais das famílias desloca a postura investigativa dos PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
psicólogos dos fatos reais. O que se investiga e se instiga
simultaneamente, na verdade, é a potencialidade que os sujei- Para fazer frente às situações de risco, as políticas públi-
tos envolvidos nos conflitos judiciais teriam para criarem novos cas de assistência social precisam do trabalho de profissionais
sentidos acerca do próprio material narrativo que foi apresen- de vários setores, tais como saúde, educação, assistência
tado. Essas avaliações se constituem, portanto, já como inter- social e sistema de Justiça. Dentre as áreas de atuação, de-
venções e embora pontuais muitas vezes redimensionam o mandam-se, dentre outros profissionais, os de assistência
caráter destrutivo das separações conjugais. O que está em social e da Psicologia. O ECA traz, para o profissional de Psi-
jogo aqui não é a dissolução dos conflitos familiares, mas a cologia, papéis a serem desempenhados nas políticas públicas
possibilidade de uma nova reorganização desse sistema, em de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
que não mais persista a devastação, que estava em curso, da Sob o paradigma da proteção integral, o juiz não atua mais
subjetividade da criança. com exclusividade. Há um reordenamento do atendimento à
Considerações Finais criança e ao adolescente, uma interdisciplinaridade de profis-
sionais. E a família constitui o foco principal. O papel do psicó-
Para finalizar, indicamos a profunda relação de poder exis- logo não é mais o de técnico que só atua do ponto de vista do
tente entre a Justiça e o cidadão comum, no nosso caso a conhecimento específico, principalmente dos testes. O papel
família. Uma sentença judicial pode definir, reestruturar, modi- do psicólogo agora é a atenção na proteção integral, e ele
ficar, transformar, alterar, empobrecer/enriquecer as relações deve considerar a criança e o adolescente sujeitos de sua
familiares, promovendo um marco de ruptura/uniões no tempo história, sujeitos de direitos, protagonistas; tem que atuar em
da convivência familiar. Atualmente, que possibilidades temos rede, interdisciplinarmente (Conselho Federal de Psicologia,
de que a Justiça e a comunidade se comportem como parcei- 2003).
ras, nas decisões que afetam as famílias? O que está em jogo,
mais que nunca, é a questão dos direitos humanos, e da ne- Dentro da concepção da proteção integral, o papel do psi-
cessidade urgente do poder judiciário retomar a referência de cólogo no sistema de garantias, junto ao de outros profissio-
uma Justiça balizada para a humanidade (Delmas-Marty, nais, passa, então, a ser o de um viabilizador de direitos, de-
2001). vendo para tal ter conhecimento profundo da legislação, uma
vez que a descentralização lhe exige novas e capacitadas
As situações de divórcio destrutivo trazem as contradições competências, a autonomia política administrativa impõe a
presentes no acesso aos direitos individuais. Se os ex- participação, e o controle requer um arcabouço teórico-
cônjuges têm o direito a impetrar recursos que os aproximem técnico-operativo que visa ao fortalecimento de práticas e
de suas pretensões, sabemos que essas estratégias dificultam espaços de debate, na propositura e no controle de política na
aos filhos esse mesmo acesso, na medida em que prorrogam direção da autonomia e do protagonismo dos usuários, assim
o tempo de decisão e prolongam a condição de assujeitados como nas relações entre gestores, técnicos das esferas go-
de crianças e adolescentes, distanciando-os de serem também vernamentais, dirigentes e técnicos, prestadoras de serviços,
sujeitos nos processos. Sabemos que a Justiça está bastante conselheiros e usuários. Mas a atuação desses profissionais
sensibilizada para a questão do tempo e do cumprimento de deve se dar em rede, ou seja, em complementaridade técnica
prazos, que possam atenuar as muitas queixas feitas por seus (Ministério do Desenvolvimento Social, 2004).
usuários. Porém o tempo é uma variável bem complexa no
jogo de interesses que caracteriza o contexto de decisões, e Para o conselho Nacional dos Direitos da criança e do Ado-
muito especialmente no divórcio destrutivo, situação na qual lescente (CONANDA), “Ao nos integrarmos nessa rede, vamos
há necessidade de que a família tenha um tempo possível nos tornando importantes socialmente e vamos nos tornando
para a construção de elaborações de cunho psicológico e necessários para que essa rede funcione plenamente” (Conse-
emocional. Santos, Marques, Pedroso e Ferreira (1996) falam lho Federal de Psicologia, 2003, p. 194).
em uma morosidade necessária, a concessão de um tempo
Para Teixeira e Novaes (2004, p. 293), “ampliase o objeto
que não traz maiores danos psíquicos aos sujeitos interessa- de intervenção do psicólogo, que passa a abarcar aspectos da
dos e também no qual os direitos sejam preservados. vida concreta, cotidiana e seus efeitos na configuração de
Possibilitar a existência desse tempo de elaboração é um subjetividades”, que são produzidas e realimentadas no entre-
dos desafios do psicólogo jurídico, que precisa buscar formas laçamento dos indivíduos entre si e com as entidades.
de aprofundar as questões trazidas pelo casal e pelos filhos, Na operacionalização do sistema de garantias, a atuação
ao mesmo tempo em que elabora o estudo psicossocial. Isto do psicólogo dar-se-á nos seguintes eixos: análise da situa-
significa criar metodologias inovadoras para se trabalhar na ção, no sentido de diagnosticar a realidade através de pesqui-
Justiça, desprendendo-se do modelo clínico tradicional, sem sas que possibilitem a análise e o planejamento de ações e
perder a capacidade de análise psicológica da situação. Ou recursos para o enfrentamento das situações de risco, mobili-
seja, é preciso desenvolver habilidades para avaliar, fazer zação e articulação dos vários segmentos (governamentais,
relatórios e, ao mesmo tempo, realizar intervenções capazes nãogovernamentais, sociedade civil nos níveis nacionais, regi-
de transformar os divórcios destrutivos em separações conju- onais e locais), promoção, defesa e responsabilização através
gais; brigas em acordos; disputas de guarda em compartilha- de mecanismos de exigibilidade dos direitos e humanização
mento do cuidado e proteção das crianças; cônjuges em pais dos serviços, promoção, atendimento e prevenção através de
capazes de conversar sobre o bem estar dos filhos. ações especializadas de atendimento, com a inclusão social
É necessário ainda que as cortes incluam em sua lide um das crianças, adolescentes e suas famílias e promoção de
pressuposto básico para o aprimoramento de decisões com ações que possibilitem aos jovens o empoderamento dos
diminuição de prejuízos, que é o desenvolvimento da capaci- mesmos com vistas ao protagonismo social.
dade de escuta (Cézar-Ferreira, 2004). Tanto para as decisões

Conhecimentos Específicos 70 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As novas demandas para a atuação do psicólogo nas polí- UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA JURÍDICA NO
ticas sociais para crianças e adolescentes requerem um pro- BRASIL E SEUS CAMPOS DE ATUAÇÃO
fissional multifunções, que trabalhe de forma interdisciplinar e
em rede. Mas esse novo modelo, que emerge a partir da cons- Vivian de Medeiros Lago; Paloma Amato, Patrícia Alves
tituição Federal de 1988 e do Estatuto da criança e do Adoles- Teixeira; Sonia Liane Reichert Rovinski; Denise Ruschel
cente, documentos que garantiram àqueles a condição de Bandeira
sujeitos de direitos, não foi suficiente para dar conta da dis- Delimitar o início da Psicologia Jurídica no Brasil é uma ta-
cussão, antiga na Psicologia, realizada por diversas correntes refa complexa, em razão de não existir um único marco históri-
que discutem o modelo de Psicologia adequado às classes co que defina esse momento. Assim, o objetivo deste artigo é
trabalhadoras, às populações marginalizadas, às populações apresentar e discutir alguns referenciais históricos documenta-
sem a experiência da escolarização e às comunidades pobres. dos que permitam relatar como a Psicologia e o Direito se
Dentre as várias visões sobre esse modelo de atuação, aproximaram na história brasileira. A seguir, serão apresenta-
destacam-se, neste artigo, os estudos de Bock (2003); Gon- dos os principais campos de atuação do psicólogo jurídico,
záles-Rey (2001); Guattari e Rolnik (1986); Ropa e Duarte com uma sucinta descrição das tarefas desempenhadas em
(1985). cada setor. Objetiva-se, ainda, que o artigo possa ser utilizado
como referência bibliográfica para disciplinas de Psicologia
Ropa e Duarte (1985) discutem a questão do atendimento Jurídica, pois seu caráter introdutório foi delineado com esse
psicológico às classes trabalhadoras. Eles situam a discussão propósito.
no contexto dos limites sociais e culturais do modelo clínico
(psiquiátrico-psicológico) e da sua eficiência para as classes A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da
trabalhadoras. Segundo os citados autores, “a constituição das Psicologia Jurídica tem seu início no reconhecimento da pro-
ciências psicológicas representaria, nesse sentido, o apogeu fissão, na década de 1960. Tal inserção deu-se de forma gra-
da progressiva segmentação individualizante: um saber autô- dual e lenta, muitas vezes de maneira informal, por meio de
nomo sobre sujeitos autônomos” (p. 193). Nessa perspectiva, trabalhos voluntários. Os primeiros trabalhos ocorreram na
confrontam-se grupos portadores de visões de mundo mais área criminal, enfocando estudos acerca de adultos criminosos
“individualizantes” e visões mais “holistas”, visões “mais mo- e adolescentes infratores da lei (Rovinski, 2002). O trabalho do
dernas” e visões “mais tradicionais”, grupos de “camadas ur- psicólogo junto ao sistema penitenciário existe, ainda que não
banas” e de “camadas mais periféricas”. Segundo os autores, oficialmente, em alguns estados brasileiros há pelo menos 40
“inscreve-se um modelo patologizante, individualizante, que, anos. Contudo, foi a partir da promulgação da Lei de Execução
dentro de uma visão etnocêntrica, se pretende universal, mis- Penal (Lei Federal nº 7.210/84) Brasil (1984), que o psicólogo
sionária e civilizadora, que nega qualquer singularidade. E passou a ser reconhecido legalmente pela instituição peniten-
que, na prática, parece enfrentar a resistência de sujeitos ciária (Fernandes, 1998).
“não-individualizados” ou sujeitos que resistem “à ideologia Entretanto, a história revela que essa preocupação com a
individualista dominante” (p. 201). avaliação do criminoso, principalmente quando se trata de um
Guattari e Rolnik (1986), embora não façam uma discussão doente mental delinquente, é bem anterior à década de 1960
na perspectiva do modelo adequado para as diferentes clas- do século XX. Durante a Antiguidade e a Idade Média a loucu-
ses sociais, ao tratarem dos dispositivos de singularização, ra era um fenômeno bastante privado. Ao "louco" era permitido
concebem a psicanálise como um desses dispositivos de sub- circular com certa liberdade, e os atendimentos médicos res-
jetivação, que preconiza modelos de identidade ou de identifi- tringiam-se a uns poucos abastados. A partir de meados do
cação. Concebem ainda que os profissionais trabalham siste- século XVII, a loucura passou a ser caracterizada por uma
maticamente na consolidação de certa produção de subjetivi- necessidade de exclusão dos doentes mentais. Criaram-se
dades. Em vez desse modelo, os referidos autores propõem a estabelecimentos para internação em toda a Europa, nos
liberdade de construção de novos tipos de modelo referentes à quais eram encerrados indivíduos que ameaçassem a ordem
análise, e, para isso, fazem uso do conceito de transversalida- da razão e da moral da sociedade (Rovinski, 1998). A partir do
de, ou seja, propõem uma relação de horizontalidade a partir século XVIII, na França, Pinel realizou a revolução institucio-
da qual se criariam conexões inimagináveis, múltiplas, que nal, liberando os doentes de suas cadeias e dando assistência
constroem sentidos singulares, sem homogeneizá-los através médica a esses seres segregados da vida em sociedade (Pa-
de ditames universais. von, 1997).

González-Rey (2001) faz uma crítica ao que denomina re- Após esse período, os psicólogos clínicos começaram a
ferencial hermético da clínica, “que parte de princípios funda- colaborar com os psiquiatras nos exames psicológicos legais e
dores únicos e universais” (p. 194). concebe a clínica como em sistemas de justiça juvenil (Jesus, 2001). Com o advento
“um diálogo no qual os conhecimentos marcam as formas de da Psicanálise, a abordagem frente à doença mental passou a
participação do terapeuta” (p. 195), o que, para ele, cria um valorizar o sujeito de forma mais compreensiva e com um
paradoxo, porque, para o exercício terapêutico, ele precisa enfoque dinâmico. Como consequência, o psicodiagnóstico
afastar-se desse referencial para poder visualizar o sujeito ganhou força, deixando de lado um enfoque eminentemente
singular. O referido autor afirma que o papel do psicólogo, médico para incluir aspectos psicológicos (Cunha, 1993). Os
nesse diálogo, que é uma via de mão dupla, é compreender pacientes passaram a ser classificados em duas grandes ca-
que o sujeito gera novos sentidos e espaços de subjetivação, tegorias: de maior ou de menor severidade, ficando o psicodi-
e isso pode implicar a integração de diversos protagonistas ou agnóstico a serviço do último grupo, inicialmente. Desta forma,
o deslocamento do psicólogo nesses espaços, familiares ou os pacientes menos severos eram encaminhados aos psicólo-
institucionais. gos, para que esses profissionais buscassem uma compreen-
são mais descritiva de sua personalidade. Os pacientes de
Bock (2003) apresenta, na obra por ela organizada, uma maior severidade, com possibilidade de internação, eram en-
visão atualmente enfatizada em relação à atuação do psicólo- caminhados aos psiquiatras (Rovinski, 1998). Balu (1984)
go nas políticas sociais. Trata-se da concepção do compro- demonstrou, a partir de estudos comparativos e representati-
misso social, definida pelo papel de construir teorias e práticas vos, que os diagnósticos de Psicologia Forense podiam ser
na direção da transformação social, do compromisso com (o melhores que os dos psiquiatras (Souza, 1998).
que autoconceituam como) as camadas populares e com uma
psicologia dialética que olha e atua, a partir do contexto, na De acordo com Brito (2005), os psicodiagnósticos eram vis-
participação política, nos espaços de confronto em defesa dos tos como instrumentos que forneciam dados matematicamente
direitos dos cidadãos. comprováveis para a orientação dos operadores do Direito.

Conhecimentos Específicos 71 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Inicialmente, a Psicologia era identificada como uma prática de adaptação aos preceitos regidos pelo ECA, iniciado nos
voltada para a realização de exames e avaliações, buscando anos 1990.
identificações por meio de diagnósticos. Essa época, marcada
pela inauguração do uso dos testes psicológicos, fez com que Diante do exposto, percebe-se um histórico inicial da apro-
o psicólogo fosse visto como um testólogo, como na verdade o ximação da Psicologia e do Direito atrelado a questões envol-
foi na primeira metade do século XX (Gromth-Marnat, 1999). vendo crime e também os direitos da criança e do adolescente.
Psicólogos da Alemanha e França desenvolveram trabalhos Contudo, nos últimos dez anos a demanda pelo trabalho do
empírico-experimentais sobre o testemunho e sua participação psicólogo em áreas como Direito da Família e Direito do Tra-
nos processos judiciais. Estudos acerca dos sistemas de inter- balho vem tomando força. Além desses campos, outras possi-
rogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, bilidades de participação do psicólogo em questões judiciais
as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças impulsi- vêm surgindo, as quais serão apresentadas e discutidas na
onaram a ascensão da então denominada Psicologia do Tes- segunda parte deste artigo.
temunho (Garrido, 1994). Atualmente, o psicólogo utiliza estra- Em relação à área acadêmica, cabe citar que a Universi-
tégias de avaliação psicológica, com objetivos bem definidos, dade do Estado do Rio de Janeiro foi pioneira em relação à
para encontrar respostas para solução de problemas. A testa- Psicologia Jurídica. Foi criada, em 1980, uma área de concen-
gem pode ser um passo importante do processo, mas constitui tração dentro do curso de especialização em Psicologia Clíni-
apenas um dos recursos de avaliação (Cunha, 2000). ca, denominada "Psicodiagnóstico para Fins Jurídicos". Seis
Esse histórico inicial reforça a aproximação da Psicologia e anos mais tarde, passou por uma reformulação e tornou-se um
do Direito através da área criminal e a importância dada à curso independente do Departamento de Clínica, fazendo
avaliação psicológica. Porém, não era apenas no campo do parte do Departamento de Psicologia Social (Altoé, 2001).
Direito Penal que existia a demanda pelo trabalho dos psicólo- Atualmente, não são todos os cursos de Psicologia que ofere-
gos. Outro campo em ascensão até os dias atuais é a partici- cem a disciplina de Psicologia Jurídica. E, quando o fazem,
pação do psicólogo nos processos de Direito Civil. No estado normalmente é uma matéria opcional e com uma carga horária
de São Paulo, o psicólogo fez sua entrada informal no Tribunal pequena. Já nos cursos de Direito, ainda que a carga horária
de Justiça por meio de trabalhos voluntários com famílias também seja reduzida, a disciplina já se tornou de caráter
carentes em 1979. A entrada oficial se deu em 1985, quando compulsório.
ocorreu o primeiro concurso público para admissão de psicólo- Esses dados acarretam uma deficiência na formação aca-
gos dentro de seus quadros (Shine, 1998). dêmica dos profissionais, o que exige o oferecimento, por
Ainda dentro do Direito Civil, destaca-se o Direito da Infân- parte das instituições judiciárias, de cursos de capacitação,
cia e Juventude, área em que o psicólogo iniciou sua atuação treinamento e reciclagem. Os psicólogos sentem estar sempre
no então denominado Juizado de Menores. Apesar das parti- "correndo atrás do prejuízo", uma vez que as discussões sem-
cularidades de cada estado brasileiro, a tarefa dos setores de pre giram ao redor de noções básicas com as quais o psicólo-
psicologia era, basicamente, a perícia psicológica nos proces- go deveria ter tomado contato antes de chegar à instituição
sos cíveis, de crime e, eventualmente, nos processos de ado- (Anaf, 2000). Porém, essa realidade tem se modificado. Atu-
ção. Com a implantação do Estatuto da Criança e do Adoles- almente, são oferecidos cursos de pós-graduação em Psicolo-
cente (ECA) Brasil (1990), em 1990, o Juizado de Menores gia Jurídica em universidades de estados brasileiros como
passou a ser denominado Juizado da Infância e Juventude. O Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Per-
trabalho do psicólogo foi ampliado, envolvendo atividades na nambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, o que
área pericial, acompanhamentos e aplicação das medidas de revela a expansão da área no País.
proteção ou medidas socioeducativas (Tabajaski, Gaiger & Como pode ser evidenciado, o Direito e a Psicologia se
Rodrigues, 1998). Essa expansão do campo de atuação do aproximaram em razão da preocupação com a conduta huma-
psicólogo gerou um aumento do número de profissionais em na. O momento histórico pelo qual a Psicologia passou fez
instituições judiciárias mediante a legalização dos cargos pelos com que, inicialmente, essa aproximação se desse por meio
concursos públicos. São exemplos a criação do cargo de psi- da realização de psicodiagnósticos, dos quais as instituições
cólogo nos Tribunais de Justiça dos estados de Minas Gerais judiciárias passaram a se ocupar. Contudo, outras formas de
(1992), Rio Grande do Sul (1993) e Rio de Janeiro (1998) atuação além da avaliação psicológica ganharam força, entre
(Rovinski, 2002). elas a implantação de medidas de proteção e socioeducativas
Outro dado histórico importante foi a criação do Núcleo de e o encaminhamento e acompanhamento de crianças e/ou
Atendimento à Família (NAF), em outubro de 1997, implantado adolescentes. Observa-se que a avaliação psicológica ainda é
no Foro Central de Porto Alegre e pioneiro na justiça brasileira. a principal demanda dos operadores do Direito. Porém, outras
O trabalho objetiva oferecer a casais e famílias com dificulda- atividades de intervenção, como acompanhamento e orienta-
des de resolver seus conflitos um espaço terapêutico que os ção, são igualmente importantes, como se verá na seção se-
auxilie a assumir o controle sobre suas vidas, colaborando, guinte deste artigo. São áreas de atuação que devem coexistir,
assim, para a celeridade do Sistema Judiciário (Silva & Polan- uma vez que seus objetivos são distintos, buscando atender a
czyk, 1998). propósitos diferenciados, mas também complementares.
Principais campos de atuação
Vale observar ainda que, com o propósito de acompanhar
as mudanças legais e adequar as instituições de atendimento Na Psicologia Jurídica há uma predominância das ativida-
a crianças e adolescentes às diretrizes presentes no ECA, fez- des de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressu-
se necessário o reordenamento institucional dessas entidades pondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho
em todo o país. A extinta Fundação Estadual do Bem-Estar do avaliativo e de subsídio aos magistrados. Cabe ressaltar que o
Menor (FEBEM) mesclava, em uma mesma instituição, crian- psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode reco-
ças e adolescentes vítimas de violência, maus tratos, negli- mendar soluções para os conflitos apresentados, mas jamais
gência, abuso sexual e abandono com jovens autores de atos determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser toma-
infracionais (http://www.sjds.rs.gov.br). Pela Lei 11.800/02 dos. Ao juiz cabe a decisão judicial; não compete ao psicólogo
foram criadas duas fundações: a Fundação de Atendimento incumbir-se desta tarefa. É preciso deixar clara esta distinção,
Socioeducativo (FASE), responsável pela execução das medi- reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas
das socioeducativas, e a Fundação de Proteção Especial conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliação e
(FPE), responsável pela execução das medidas de proteção. pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da
O surgimento dessas fundações se deu inicialmente no estado questão apresentada pelo litígio judicial.
do Rio Grande do Sul. Elas são a consolidação do processo

Conhecimentos Específicos 72 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Contudo, nem sempre o trabalho do psicólogo jurídico está revelam-se com problemas para exercer a parentalidade de
ligado à questão da avaliação e consequente elaboração de forma madura e responsável (Castro, 2005). Portanto, nesses
documentos, conforme se apresenta a seguir. Os ramos do casos, a mediação não é uma prática comum, dado o alto nível
Direito que frequentemente demandam a participação do psi- de conflitos existentes entre os ex-cônjuges e que os fazem
cólogo são: Direito da Família, Direito da Criança e do Adoles- disputar seus filhos judicialmente.
cente, Direito Civil, Direito Penal e Direito do Trabalho.
- Psicólogo jurídico e o direito da criança e do adolescente:
Cabe observar que o Direito de Família e o Direito da Cri- destaca-se o trabalho dos psicólogos junto aos processos de
ança e do Adolescente fazem parte do Direito Civil. Porém, adoção e destituição de poder familiar e também o desenvol-
como na prática as ações são ajuizadas em varas diferencia- vimento e aplicação de medidas socioeducativas dos adoles-
das, optou-se por fazer essa divisão, por ser também didati- centes autores de ato infracional.
camente coerente.
• Adoção: os psicólogos participam do processo de adoção
• Psicólogo jurídico e o direito de família: destaca-se a par- por meio de uma assessoria constante para as famílias adoti-
ticipação dos psicólogos nos processos de separação e divór- vas, tanto antes quanto depois da colocação da criança. A
cio, disputa de guarda e regulamentação de visitas. equipe técnica dos Juizados da Infância e da Juventude deve
saber recrutar candidatos para as crianças que precisam de
• Separação e divórcio: os processos de separação e di- uma família e ajudar os postulantes a se tornarem pais capa-
vórcio que envolvem a participação do psicólogo são na sua zes de satisfazer às necessidades de um filho adotivo (Weber,
maioria litigiosos, ou seja, são processos em que as partes 2004). A primeira tarefa de uma equipe de adoção é garantir
não conseguiram acordar em relação às questões que um que os candidatos estejam dentro dos limites das disposições
processo desse cunho envolve. Não são muito comuns os legais e a segunda é iniciar um programa de trabalho com os
casos em que os cônjuges conseguem, de maneira racional, postulantes aceitos, elaborado especialmente para assessorar,
atingir o consenso para a separação. Isso implica resolver o informar e avaliar os interessados, e não apenas "selecionar"
conflito que está ou que ficou nas entrelinhas, nos meandros os mais aptos (Weber, 1997). Como a adoção é um vínculo
dos relacionamentos humanos, ou seja, romper com o vínculo irrevogável, o estudo psicossocial torna-se primordial para
afetivoemocional (Silveira, 2006). garantir o cumprimento da lei, prevenindo assim a negligência,
Portanto, o psicólogo pode atuar como mediador, nos ca- o abuso, a rejeição ou a devolução.
sos em que os litigantes se disponham a tentar um acordo ou, Além do trabalho desenvolvido junto aos Juizados da In-
quando o juiz não considerar viável a mediação, ao psicólogo fância e Juventude, existe também o dos psicólogos que traba-
pode ser solicitada uma avaliação de uma das partes ou do lham nas Fundações de Proteção Especial. Essas instituições
casal. Processos de separação e divórcio englobam partilha de têm como objetivo oferecer um cuidado especial capaz de
bens, guarda de filhos, estabelecimento de pensão alimentícia minorar os efeitos da institucionalização, proporcionando às
e direito à visitação. Desta forma, seja como avaliador ou me- crianças e aos adolescentes abrigados uma vivência que se
diador, o psicólogo buscará os motivos que levaram o casal ao aproxima à realidade familiar. Os vínculos estabelecidos com
litígio e os conflitos subjacentes que impedem um acordo em os monitores que cuidam delas são facilitadores do vínculo
relação aos aspectos citados. Nos casos em que julgar neces- posterior na adoção, uma vez que se estabelece e se mantém
sário, o psicólogo poderá, inclusive, sugerir encaminhamento nos mesmos a capacidade de vincular-se afetivamente. As
para tratamento psicológico ou psiquiátrico da(s) parte(s). relações substitutas provisórias, representadas pelo acolhi-
• Regulamentação de visitas: conforme exposto acima, o mento institucional que abriga os que aguardam uma possibili-
direito à visitação é uma das questões a ser definida a partir do dade de inclusão em família substituta, são decisivas para o
processo de separação ou divórcio. Contudo, após a decisão desenlace do processo de adoção (Albornoz, 2001).
judicial podem surgir questões de ordem prática ou até mesmo • Destituição do poder familiar: o poder familiar é um direito
novos conflitos que tornem necessário recorrer mais uma vez concedido a ambos os pais, sem nenhuma distinção ou prefe-
ao Judiciário, solicitando uma revisão nos dias e horários ou rência, para que eles determinem a assistência, criação e
forma de visitas. Nesses casos, o psicólogo jurídico contribui educação dos filhos. Esse direito é assistido aos genitores,
por meio de avaliações com a família, objetivando esclarecer ainda que separados e a guarda conferida a apenas um dos
os conflitos e informar ao juiz a dinâmica presente nesta famí- dois. Porém, a legislação brasileira prevê casos em que esse
lia, com sugestões das medidas que poderiam ser tomadas. O direito pode ser suspenso, ou até mesmo destituído, de forma
psicólogo pode, ainda, atuar como mediador, procurando irrevogável. A partir desta determinação judicial, os pais per-
apontar a interferência de conflitos intrapessoais na dinâmica dem todos os direitos sobre o filho, que poderá ficar sob a
interpessoal dos cônjuges, com o objetivo de produzir um tutela de uma família até a maioridade civil.
acordo pautado na colaboração, de forma que a autonomia da
vontade das partes seja preservada (Schabbel, 2005). O papel do psicólogo nesses casos é fundamental. É pre-
ciso considerar que a decisão de separar uma criança de sua
• Disputa de guarda: nos processos de separação ou divór- família é muito séria, pois desencadeia uma série de aconte-
cio é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos cimentos que afetarão, em maior ou menor grau, toda a sua
filhos. Em casos mais graves, podem ocorrer disputas judiciais vida futura. Independentemente da causa da remoção - doen-
pela guarda (Silva, 2006). Nesses casos, o juiz pode solicitar ça, negligência, abandono, maus-tratos, abuso sexual, inefici-
uma perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores ência ou morte dos pais - a transferência da responsabilidade
tem melhores condições de exercer esse direito. Além dos para estranhos jamais deve ser feita sem muita reflexão (Ces-
conhecimentos sobre avaliação, psicopatologia, psicologia do ca, 2004).
desenvolvimento e psicodinâmica do casal, assuntos atuais
como a guarda compartilhada, falsas acusações de abuso - Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da
sexual e síndrome de alienação parental podem estar envolvi- Criança e do Adolescente prevê medidas socioeducativas que
dos nesses processos. Portanto, é necessário que os psicólo- comportam aspectos de natureza coercitiva. São medidas
gos que atuam nessa área estudem esses temas, saibam seu punitivas no sentido de que responsabilizam socialmente os
funcionamento e busquem a melhor forma de investigá-los, de infratores, e possuem aspectos eminentemente educativos, no
modo a realizar uma avaliação psicológica de qualidade. sentido da proteção integral, com oportunidade de acesso à
formação e à informação. Os psicólogos que desenvolvem seu
Pais que colocam os interesses e vaidade pessoal acima trabalho junto aos adolescentes infratores devem lhes propiciar
do sofrimento que uma disputa judicial pode acarretar aos a superação de sua condição de exclusão, bem como a forma-
filhos, na tentativa de atingir ou magoar o ex-companheiro,

Conhecimentos Específicos 73 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ção de valores positivos de participação na vida social. Sua continuidade das avaliações técnicas. No estado de São Pau-
operacionalização deve, prioritariamente, envolver a família e a lo, após as rebeliões ocorridas no sistema penitenciário, as
comunidade com atividades que respeitem o princípio da não avaliações técnicas estão voltando a ser uma exigência para a
discriminação e não estigmatização, evitando rótulos que mar- concessão dos benefícios legais (Sá, 2007).
quem os adolescentes e os exponham a situações vexatórias,
além de impedilos de superar as dificuldades na inclusão soci- As avaliações psicológicas individualizadas, previstas em
al. lei, são inviáveis nos presídios brasileiros em razão das super-
populações existentes. Pelo mesmo motivo, proporcionar um
Na Fundação de Apoio Socioeducativo de Porto Alegre "tratamento penal" aos apenados ou estabelecer outro tipo de
(RS), colocou-se em prática um projeto pioneiro que utiliza relações institucionais com os demais funcionários, internos
soluções mais eficazes para responsabilizar e corrigir compor- e/ou seus familiares são tarefas difíceis para os psicólogos que
tamentos considerados transgressores: a Justiça Restaurativa. trabalham junto ao sistema carcerário (Kolker, 2004).
Essa medida tem por objetivo tratar e julgar melhor as ques-
tões que levaram os jovens a cometerem um ato infracional, e Existe ainda o trabalho dos psicólogos junto aos doentes
tem como foco a reparação dos danos causados às pessoas e mentais que cometeram algum delito. Esses sujeitos recebem
relacionamentos, ao invés de punir os transgressores. Através medida de segurança, decretada pelo juiz, e são encaminha-
de um mediador, as vítimas e os jovens procuram dialogar dos para Institutos Psiquiátricos Forenses (IPF). Além de abri-
para que eles se conscientizem dos erros que cometeram. gar esses doentes mentais, os IPF são responsáveis pela
Esse tipo de projeto tem o intuito de evitar que o adolescente realização de perícias oficiais na área criminal e pelo atendi-
volte a cometer crimes e que os danos causados às vítimas mento psiquiátrico à rede penitenciária. Atualmente existem no
sejam minimizados (Jesus, 2005). Brasil 28 instituições psiquiátricas forenses e cerca de 4 mil
internos (Piccinini, 2006).
Psicólogo jurídico e o direito civil: o psicólogo atua nos pro-
cessos em que são requeridas indenizações em virtude de No Rio Grande do Sul, o Instituto Psiquiátrico Forense
danos psíquicos e também nos casos de interdição judicial. Maurício Cardoso (IPFMC) foi o segundo fundado no País, em
1924. O trabalho do psicólogo nesse instituto teve início em
• Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a 1966, através do estágio curricular de psicopatologia. Inicial-
sequela, na esfera emocional ou psicológica, de um fato parti- mente as atividades da Psicologia eram subordinadas à Medi-
cular traumatizante (Evangelista & Menezes, 2000). Pode-se cina, pois havia a necessidade de prescrição médica para os
dizer que o dano está presente quando são gerados efeitos pacientes psicóticos. Além disso, os laudos psiquiátricos ela-
traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório com- borados não eram assinados pelos psicólogos, devido a um
portamental da vítima. Cabe ao psicólogo, de posse de seu dispositivo legal que atribuía a competência e a responsabili-
referencial teórico e instrumental técnico, avaliar a real presen- dade desses laudos ao psiquiatra forense (Modena, 2007).
ça desse dano. Entretanto, o psicólogo deve estar atento a Com o passar dos anos houve ampliação do atendimento
possíveis manipulações dos sintomas, já que está em suas multidisciplinar, que passou a reunir as diferentes habilidades
mãos a recomendação, ou não, de um ressarcimento financei- técnicas em prol de uma prestação de serviço com maior qua-
ro (Rovinski, 2005). lidade aos pacientes. Assim, o Setor de Psicologia foi alcan-
çando sua independência e autonomia dentro dos IPF.
• Interdição: a interdição refere-se à incapacidade de exer-
cício por si mesmo dos atos da vida civil. Uma das possibilida- Psicólogo jurídico e o direito do trabalho: o psicólogo pode
des de interdição previstas pelo código civil são os casos em atuar como perito em processos trabalhistas. A perícia a ser
que, por enfermidade ou deficiência mental, os sujeitos de realizada nesses casos serve como uma vistoria para avaliar o
direito não tenham o necessário discernimento para a prática nexo entre as condições de trabalho e a repercussão na saúde
dos atos da vida civil. Nesses casos, compete ao psicólogo mental do indivíduo. Na maioria das vezes, são solicitadas
nomeado perito pelo juiz realizar avaliação que comprove ou verificações de possíveis danos psicológicos supostamente
não tal enfermidade mental. À justiça interessa saber se a causados por acidentes e doenças relacionadas ao trabalho,
doença mental de que o paciente é portador o torna incapaz casos de afastamento e aposentadoria por sofrimento psicoló-
de reger sua pessoa e seus bens (Monteiro, 1999). gico. Cabe ao psicólogo a elaboração de um laudo, no qual irá
traduzir, com suas habilidades e conhecimento, a natureza dos
As questões levantadas em um processo de interdição in- processos psicológicos sob investigação (Cruz & Maciel,
cluem a validade, nulidade ou anulabilidade de negócios jurídi- 2005).
cos, testamentos e casamentos. Além dessas, ficam prejudi-
cadas a contração de deveres e aquisição de direitos, a apti-
dão para o trabalho, a capacidade de testemunhar e a possibi-
Outros campos de atuação
lidade de ele próprio assumir tutela ou curatela de incapaz e
exercer o poder familiar (Taborda, Chalub & Abdalla-Filho, Vitimologia: objetiva a avaliação do comportamento e da
2004). personalidade da vítima. Cabe ao psicólogo atuante nessa
- Psicólogo jurídico e o direito penal: o psicólogo pode ser área traçar o perfil e compreender as reações das vítimas
solicitado a atuar como perito para averiguação de periculosi- perante a infração penal. A intenção é averiguar se a prática
dade, das condições de discernimento ou sanidade mental das do crime foi estimulada pela atitude da vítima, o que pode
partes em litígio ou em julgamento (Arantes, 2004). Portanto, denotar uma cumplicidade passiva ou ativa para com o crimi-
destaca-se o papel dos psicólogos junto ao Sistema Penitenci- noso. Para tanto, a análise é feita desde a ocorrência até as
ário e aos Institutos Psiquiátricos Forenses. consequências do crime (Brega Filho, 2004). Além disso, a
vitimologia dedica-se também à aplicação de medidas preven-
A criação da Lei de Execução Penal (LEP), em 1984, foi tivas e à prestação de assistência às vítimas, visando, assim, à
um marco no trabalho dos psicólogos no sistema prisional, reparação de danos causados pelo delito.
pois a partir dela o cargo de psicólogo passou a existir oficial-
mente (Carvalho, 2004). A Lei 10.792/2003 trouxe mudanças à Psicologia do testemunho: os psicólogos podem ser solici-
LEP, uma vez que extinguiu o exame criminológico feito para tados a avaliar a veracidade dos depoimentos de testemunhas
instruir pedidos de benefícios e o parecer da Comissão Técni- e suspeitos, de forma a colaborar com os operadores da justi-
ca de Classificação Brasil (2003). Para a concessão de benefí- ça. O chamado fenômeno das falsas memórias tem assumido
cios legais, as únicas exigências previstas são o lapso de um papel muito importante na área da Psicologia do Testemu-
tempo já cumprido e a boa conduta. No entanto, há uma pres- nho. Hoje, sabe-se que o ser humano é capaz de armazenar e
são por parte do Ministério Público e Poder Judiciário pela recordar informações que não ocorreram. As falsas memórias

Conhecimentos Específicos 74 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
podem resultar da repetição de informações consistentes e rização do trabalho deste profissional ficam facilitadas e forta-
inconsistentes no depoimento de testemunhas sobre o mesmo lecidas.
evento. É preciso desenvolver pesquisas na área que possam
contribuir para a elucidação dos mecanismos responsáveis
pelas falsas memórias e, assim, auxiliar o aprimoramento de Por fim, destaca-se a necessidade de conhecer determina-
técnicas para avaliação de testemunhos (Stein, 2000). das terminologias da área jurídica e a importância de um traba-
Uma área recente e relacionada à Psicologia do Testemu- lho interdisciplinar, junto a advogados, juízes, promotores,
nho que vem ganhando espaço é o Depoimento sem Dano, assistentes sociais e sociólogos. Eis o grande desafio da psi-
que objetiva proteger psicologicamente crianças e adolescen- cologia jurídica: não ficar limitada aos conhecimentos advindos
tes vítimas de abusos sexuais e outras infrações penais que da ciência psicológica e trocar conhecimentos com ciências
deixam graves sequelas no âmbito da estrutura da personali- afins, buscando redimensionar a compreensão do agir huma-
dade. Esse projeto foi criado no Segundo Juizado da Infância no, considerando os aspectos legais, afetivos e comportamen-
e Juventude de Porto Alegre, em razão das dificuldades en- tais.
frentadas pela justiça na tomada de depoimentos de crianças DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO: INFÂNCIA, ADO-
e adolescentes (Cezar, 2007). LESCÊNCIA.
A fim de atingir tais objetivos, é importante que o técnico
Criança
entrevistador - assistente social ou psicólogo - possua habili-
dade em ouvir, demonstre paciência, empatia, disposição para Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
o acolhimento e capacidade de deixar o depoente à vontade
durante a audiência. O técnico deve, ainda, conhecer acerca
da dinâmica do abuso e, preferencialmente, possuir experiên-
cia em situações de perícia, o que facilita a compreensão e
interação de todos os envolvidos no ato judicial (Cezar, 2007).
Desta forma, a inserção de uma equipe psicossocial no âmbito
da justiça respeita e preserva o estado emocional da vítima,
permitindo, assim, um processo menos oneroso e mais justo
para o caso.

Considerações Finais
Este artigo buscou apontar o histórico da Psicologia Jurídi-
ca, algumas questões referentes à formação acadêmica nessa
área e os principais campos de atuação. Diante do exposto, é
possível concluir que esse ramo da Psicologia é muito recente,
especialmente na área científica. As referências utilizadas para
construir esse material reforçam a dificuldade de encontrar
textos relacionados ao assunto, especialmente artigos científi-
cos. As deficiências na formação decorrem, em parte, do rápi-
do desenvolvimento das relações entre Psicologia e Direito e o
despreparo para lidar com os avanços e as novas áreas de
atuação que surgem a cada dia. Uma vocação, de William-Adolphe Bouguereau.
Ao analisar os campos de atuação do psicólogo jurídico, Uma criança é um ser humano no início de seu
percebe-se um predomínio da atuação desses profissionais desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas do
enquanto avaliadores. A elaboração de psicodiagnósticos, nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o
presente desde o surgimento da Psicologia Jurídica, permane- décimo-oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito
ce como um forte campo de exercício profissional. Contudo, a meses até doze anos de idade. O ramo da medicina que
demanda por acompanhamentos, orientações familiares, parti- cuida do desenvolvimento físico e das doenças e/ou traumas
cipações em políticas de cidadania, combate à violência, parti- físicos nas crianças é a pediatria. Os aspectos psicológicos
cipação em audiências, entre outros, tem crescido enorme- do desenvolvimento da personalidade, com presença ou não
mente. Esse fato amplia a inserção do psicólogo no âmbito de transtornos do comportamento, de transtornos emocionais,
jurídico, ao mesmo tempo em que exige uma constante atuali- e/ou presença de neurose infantil - incluídos toda ordem de
zação dos profissionais envolvidos na área. O psicólogo não carências, negligências, violências e abusos, que não os
pode deixar de realizar psicodiagnósticos, âmbito de sua práti- deixa "funcionar" saudavelmente, com a alegria e interesses
ca privativa. Entretanto, deve estar disposto a enfrentar as que lhes são natural - recebem a atenção da Psicologia
novas possibilidades de trabalho que vêm surgindo, ampliando Clínica Infantil (Psicólogos), através da Psicoterapia Lúdica.
seus horizontes para novos desafios que se apresentam. Os aspectos cognitivos (intelectual e social) é realizada pela
Pedagogia (Professores), nas formalidades da vida escolar,
desde a pré-escola, aos cinco anos de idade, ou até antes,
Destaca-se ainda a necessidade de ampliar o espaço para aos 3 anos de idade.
discussão acerca da Psicologia Jurídica no ambiente acadêmi-
A infância é o período que vai desde o nascimento até
co, mediante a criação de disciplinas e promoção de encontros
aproximadamente o décimo-segundo ano de vida de uma
nos quais se busque suprir a carência existente nos currículos
pessoa. É um período de grande desenvolvimento físico,
dos cursos de Psicologia. Ademais, é preciso ampliar a área
marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da
de pesquisa, de forma a produzir obras científicas que con-
criança - especialmente nos primeiros três anos de vida e
templem os diferentes campos em que a Psicologia Jurídica
durante a puberdade. Mais do que isto, é um período onde o
tem passado a atuar e contribuir. A partir do momento em que
ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo
as pesquisas realizadas comprovem a importância do trabalho
graduais mudanças no comportamento da pessoa e na
do psicólogo junto às instituições judiciárias, a inserção e valo-
aquisição das bases de sua personalidade.

Conhecimentos Específicos 75 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

Uma garota deitada na areia.


Criança soprando um dente-de-leão.
A infância é um período onde há um grande
desenvolvimento da criança, deve-se esclarecer que tais A pequena criança neste estágio cresce menos do que
crianças ainda não têm maturidade psicológica suficiente para durante os primeiros 18 meses de vida. A criança, então,
serem consideradas adolescentes, mesmo tendo o porte pode correr uma curta distância por si mesma, comer sem a
físico de um. ajuda de terceiros, e falar algumas palavras que têm
significado (por exemplo, mamãe, papai, bola, etc), e a
Do nascimento até o início da adolescência, os pais são expectativa é que a criança continue a melhorar estas
os principais modelos da criança, com quem elas aprendem, habilidades.
principalmente por imitação. Filhos de pais que os abusam ou
negligenciam tendem a sofrer de vários problemas O principal aspecto desta faixa etária é o desenvolvimento
psicológicos, inclusive, depressão. A principal atividade das gradual da fala e da linguagem. Aos três anos de idade, a
crianças são as brincadeiras, as quais são responsáveis por criança já pode formar algumas frases completas (e corretas
estimular o desenvolvimento do intelecto infantil, a gramaticalmente) usando palavras já aprendidas, e possui um
coordenação motora e diversos outros aspectos importantes vocabulário de aproximadamente 800 a mil palavras.
ao desenvolvimento pleno da criança. A criança lentamente passa a compreender melhor o
0 - 18 meses mundo à sua volta, e a aprender que neste mundo há regras
que precisam ser obedecidas, embora ainda seja bastante
Neste estágio, o bebê é totalmente dependente de egocêntrica - comumente vendo outras pessoas mais como
terceiros (geralmente, dos pais) para quaisquer coisas como objetos do que pessoas, não sabendo que estas possuem
locomoção, alimentação ou higiene. Neste período, o bebê sentimentos próprios. Assim sendo, a criança muitas vezes
aprende atos básicos de locomoção como sentar, engatinhar, prefere brincar sozinha a brincar com outras crianças da
andar. Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo até mesma faixa etária. No final desta faixa etária, uma criança
que o sexto mês de vida; isso porque o leite materno tem uma geralmente já sabe diferenciar pessoas do sexo masculino e
composição mais adequada e exige cuidados mais simples pessoas do sexo feminino, e também já começa a ter suas
em relação a outros tipos de leite, bem como possui próprias preferências, como roupas e entretenimentos, por
anticorpos e outros fatores para proteger o lactente de exemplo. Pode também ser capaz de se vestir sem a ajuda de
infecções, e ainda fortalece a relação entre a mãe e seu filho. terceiros, e de antecipar acontecimentos.
Caso haja empecilho ou, raramente, contra-indicação, ao
aleitamento materno, leites substitutos como de vaca, cabra 3 - 4 anos
ou soja podem ser usados, além de leites de vaca
modificados para ter composição mais semelhante ao
humano. Esses leites, porém, têm maior risco de induzir
alergias na criança (especialmente os leites animais in
natura), e exigem suplementação de nutrientes como ferro ou
ácido fólico, exceto aqueles que têm adição de vitaminas.
Após o sexto mês de vida, a dieta alimentar de um bebê
começa a variar, com a introdução lenta e gradual de novos
alimentos.
Neste estágio da vida, a criança cresce muito
rapidamente. Os primeiros cabelos, bem como os primeiros
dentes, aparecem neste estágio. Aos 18 meses de vida, a
maioria dos bebês já soltaram suas primeiras palavras. Este
período é caracterizado pelo egocentrismo, pois o bebê não
compreende que faz parte de uma sociedade, e o mundo para Crianças em um jardim de infância afegão.
ele gira em torno de si mesmo.
Crianças desta faixa etária começam a desenvolver os
18 meses - 3 anos aspectos básicos de responsabilidade e de independência,
preparando a criança para o próximo estágio da infância e os
anos iniciais de escola. As crianças desta faixa etária são
altamente ativas em geral, constantemente explorando o
mundo à sua volta. As crianças passam também a aprender
que na sociedade existem coisas que eles podem ou não
fazer.
Nesta faixa etária, a criança já compreende melhor o
mundo à sua volta , tornando-se gradualmente menos

Conhecimentos Específicos 76 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
egocêntrica e melhor compreendendo que suas ações podem também é uma habilidade que é aprendida e constantemente
afetar as pessoas à sua volta. Também passam a melhorada. Até o quinto ou sexto ano de vida, as crianças
compreender que outras pessoas também possuem seus muitas vezes procuram resolver problemas através da
próprios sentimentos. Assim sendo, as crianças gradualmente primeira solução - certa ou não, racional ou não - que vem à
aprendem sobre a existência de padrões de comportamentos sua mente. Após o quinto ou o sexto ano de vida, a criança
, ações que podem ou devem ser feitas, e ações que não passa procurar por diversas soluções, e a reconhecer a
devem ser feitas. Os pais da criança são os principais solução correta ou aquela que mais se aplica ao
modelos da criança nesta faixa etária . geralmente solucionamento do problema.
determinam se uma dada ação da criança foi boa ou má,
muitas vezes recompensando a criança pelas suas boas Por volta dos sete ou oito anos de idade, as crianças
ações e castigando a criança pelas suas más ações. passam a racionalizar seus pensamentos e suas crenças,
procurando as razões, os porquês por trás de um problema
Crianças, a partir dos três anos de idade, também passam ou de um fato. Assim, as próprias crianças passam a analisar
a aprender padrões de comportamento de um processo os padrões de comportamento ensinados pela família e
chamado identificação. As crianças passam a se identificar sociedade. Além disso, a partir dos seis anos de idade, as
com outra pessoa por causa de vários motivos, incluindo crianças passam a se comparar com outras crianças da
laços de amizade (um amigo ou uma pessoa próxima como mesma faixa etária. Estes dois fatos, aliados ao crescimento
outro parente ou uma babá, por exemplo) e semelhanças da vida social da criança, diminuem a importância dos pais e
físicas e psicológicas. Também a partir dos três anos de idade da família como modelos de comportamento da criança, e
que as crianças passam a ver diferenças entre pessoas do aumentam a importância dos amigos e dos professores.
sexo masculino e feminino, tanto nos aspectos físicos quanto
nos aspectos psicológicos, como os estereótipos dados a
ambos os sexos pela sociedade (exemplos: menino brinca
com bola, menina brinca com boneca).
A grande maioria das crianças abandona as fraldas nesta
faixa etária. A partir dos três anos de idade, a criança cresce
lentamente, em contraste com o crescimento acelerado
ocorrido desde o nascimento até os dezoito meses de vida.
Meninos e meninas têm peso e altura semelhantes.
5 - 9 anos

Crianças em sala de aula de uma escola japonesa.


A comparação que uma dada criança faz de si mesma à
outra também afeta a auto-imagem e a auto-estima da criança
- a opinião que uma pessoa tem de si mesma. O tipo de auto-
imagem formada durante a infância pode influenciar o
comportamento desta pessoa na adolescência e na vida
adulta. As crianças passam a desenvolver a auto-imagem
após os três anos de idade, à medida que as crianças se
identificam com seus pais, parentes, e posteriormente,
pessoas próximas. Esta auto-imagem pode ser positiva ou
negativa, dependendo das atitudes e das emoções das
A partir do quinto ano de vida, crianças passam a dar um pessoas com as quais a criança se identifica. Crianças com
crescente valor à amizade. auto-imagens positivas geralmente possuem boas impressões
O período entre cinco a nove anos de idade é marcado de seus pais e uma ativa vida social; por outro lado, auto-
pelo desenvolvimento psicológico da criança. Esta continua a imagens negativas costumam ser fruto de famílias
se desenvolver fisicamente, lenta e gradualmente, mas acima disfuncionais, onde o relacionamento entre seus membros
de tudo elas se desenvolvem e amadurecem socialmente, seja problemático. A comparação que uma criança faz em
emocionalmente e mentalmente. relação a outras crianças pode alterar esta auto-imagem.
Além disso, vários outros fatores podem influenciar o
Na maioria das sociedades, as crianças já aprenderam comportamento de uma criança, como abuso infantil,
regras e padrões de comportamento básicos da sociedade problemas sócio-psicológicos (vítima de agressão na escola,
por volta do quinto ano de vida. Elas aprendem então a por exemplo) e eventos marcantes (perda de um parente ou
discernir se uma dada ação é certa ou errada. A vida social amigo, por exemplo).
da criança passa a ser cada vez mais importante, e é comum
nesta faixa etária o que se chama de o(a) melhor amigo(a). Os dentes de leite começam a cair no sexto ano de vida,
um por um, até a adolescência. O crescimento de peso e
Na maioria dos países, crianças precisam ir à escola, altura é pequeno e semelhante entre meninos e meninas, que
geralmente a partir do sexto ou do sétimo ano de vida. continuam a ter peso e altura semelhantes. Quanto à força
Atualmente, no Brasil o governo aderiu obrigação dos pais física, em teoria, meninos e meninas desta faixa etária têm
levarem as crianças na escola a partir dos cinco anos de força física semelhante, mas meninos, por geralmente serem
idade. Nesta faixa etária, regras básicas da sociedade são mais incentivados pela sociedade a participar de atividades
mais bem compreendidas. Aqui, é dada ênfase à capacidade físico-esportistas, tendem a ter um pouco mais de força física
de resolução de problemas, uma habilidade que é do que as meninas.
aperfeiçoada com o passar do tempo. A racionalização

Conhecimentos Específicos 77 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
10 - Pré-adolescência

A partir dos 10 anos de idade, crianças passam a dar mais Dois meninos e uma menina socializando-se por meio da
importância a um grupo de amigos que possuem gostos brincadeira com bolinhas de gude.
semelhantes. Crianças do sexo feminino são chamadas de meninas, e
Faixa etária que vai desde o décimo ano de vida é época crianças do sexo masculinos são chamados de meninos. Uma
de intensas mudanças físicas e psicológicas: é a chamada pequena percentagem dos humanos são hermafroditas -
pré-adolescência. Nesse período da vida as crianças passam embora o hermafroditismo seja apenas uma distinção
a ter mais responsabilidades (deveres), ao mesmo tempo em biológica, e não necessariamente social ou psicológica. Fora
que passam a querer e exigir mais respeito de outras pessoas as diferenças existentes no sistema reprodutor, meninos e
- particularmente dos adultos. A criança nesta faixa etária meninas não diferem muito fisicamente entre si até o início da
passa a compreender mais a sociedade, ordens sociais e puberdade, com crianças de ambos os sexos, com a mesma
grupos, o que torna esta faixa etária uma área instável de idade, possuindo aproximadamente a mesma altura e o
desenvolvimento psicológico. mesmo peso.

A participação num grupo de amigos que possuem gostos As crianças de ambos os sexos crescem em altura por
em comum passa a ser de maior importância para a criança, igual até os nove - onze anos anos de idade, quando o início
onde o modelo dado pelos amigos começa a obscurecer o da puberdade nas meninas faz com que elas se tornem, na
modelo dado pelos pais. Começam as preocupações como a média, mais altas do que os meninos, até os doze anos de
expectativa de ser aceito por um grupo, ou certas diferenças idade, quando a puberdade tem início nos meninos, com a
em relação a outras crianças da mesma faixa etária se altura e o peso médio dos meninos superando os das
agravam aqui, e são um aspecto de maior importância na meninas. Uma criança de nove anos possui em média entre
adolescência. Muitas vezes, pré-adolescentes sentem-se 130 a 140 centímetros de altura, nos Estados Unidos. Quanto
rejeitados pela sociedade, podendo desencadear problemas à massa corporal, o peso médio dos meninos é entre 25 a 37
psicológicos tais como depressão ou anorexia. quilogramas, enquanto o peso médio das meninas é
geralmente um pouco menor - possivelmente por causa de
A pré-adolescência é marcada pelo início das intensas estereótipos impostos pela sociedade, embora alguns
transformações físicas que transformam a criança em um especialistas creem que diferenças genéticas estejam por trás
adulto; é o início da puberdade, marcada principalmente pelo desta diferença. Uma criança não é necessariamente anormal
aumento do ritmo de crescimento corporal e pelo se seu peso e/ou altura são maiores ou menores do que a
amadurecimento dos órgãos sexuais. média.
A puberdade para as meninas chega entre o 10º e o 12º Um assunto muito discutido são as diferenças psicológicas
ano de vida, onde os primeiros pelos pubianos e nas axilas entre meninos e meninas no que se refere à identidade sexual
aparecem, vem a primeira (os quadris começam a se formar e das crianças. Enquanto a maioria dos psicólogos acreditam
depois vem os seios e depois o ciclo da menstruação). Neste que as diferenças psicológicas entre ambos os sexos seja
período, as meninas passam, em média, a ser mais altas e determinada primariamente pelo ambiente onde a criança vive
mais pesadas que os meninos, onde a puberdade ainda não e pelos estereótipos impostos à criança pela sociedade,
começou. O amadurecimento dos órgãos sexuais inicia-se alguns especialistas, primariamente geneticistas, consideram
geralmente depois, no 11º ao 14º ano de vida. Somente mais que a genética possui maior peso nestas diferenças.
tarde, no 11º ao 14º anos de vida, a puberdade começa para
os meninos, começo de um alto crescimento físico (em altura, Diferenças de inteligência
peso e força muscular), crescimento de pelos pubianos e nas
axilas e engrossamento do timbre de voz. Com o pico do
crescimento físico da maioria das meninas já havendo
terminado, os meninos passam à frente das meninas,
definitivamente, em peso, altura e força muscular. O
amadurecimento dos órgãos sexuais dá-se geralmente
depois, no 14º ao 15º ano de vida.
Alguns grupos de pessoas não aceitam essa classificação,
colocando os pré-adolescentes já como adolescentes.
Gênero

Conhecimentos Específicos 78 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Duas crianças olhando um rio. desenvolvimento a crescer normalmente. A palavra normal
possui dois sentidos, quando relacionada com o
As diferenças de inteligência entre diferentes crianças são desenvolvimento infantil. A primeira delas é a ausência de
feitas através de testes de quociente de inteligência. Tais anormalidades físicas e/ou psicológicas, que são
testes servem para indicar a habilidade mental no geral de consideradas anormais em toda sociedade e cultura. Estas
uma criança em relação à média de outras crianças da anormalidades incluem epilepsia, esquizofrenia e doenças
mesma idade. A média é igual a 100. A performance da genéticas. A maioria destas doenças surgem por motivos que
criança no teste é pontuada. Cerca de dois terços das não relacionados com a forma com o qual os pais criaram a
crianças são consideradas normais (pontuação entre 84 a criança.
116). Um sexto pontuam mais do que 116, e são
consideradas super-dotadas. Um sexto das crianças pontuam A segunda definição - onde os pais possuem grande
menos de que 84, neste caso, a presença de uma deficiência influência - é se a criança possui certas habilidades ou traços,
mental (e muitas vezes permanente - com vários graus de algumas delas valorizadas pelos pais, outras valorizadas pela
severidade) é considerada - embora várias crianças pontuem sociedade onde a criança vive. Uma criança é considerada
menos do que a média por causa de problemas psicológicos. normal se ela possui estas características. Algumas destas
características valorizadas internacionalmente incluem viver
Os testes de quociente de inteligência são usados amigavelmente com outras pessoas, agir inteligentemente e
especialmente para o auxílio do diagnóstico de problemas de maneira responsável, e a comunicação. Estas últimas
neurológicos ou psicológicos, e também em testes que visam habilidades são essenciais para a vida de uma pessoa dentro
ao estudo da genética, seu papel no desenvolvimento de uma de uma sociedade, e os pais possuem grande influência no
pessoa e no seu papel do desenvolvimento das diferenças desenvolvimento destas características. Crianças vítimas de
entre diferenças psicológicas entre diversas pessoas. A negligência ou de abuso infantil (por parte dos pais), por
pontuação de pessoas relacionadas geneticamente (ou seja, exemplo, muitas vezes se comportam de maneira agressiva
possuem laços de família) que fizeram pelo quociente de ou muito retraída com outras pessoas, por exemplo.
inteligência geralmente diferem menos do que as diferenças
entre a pontuação de pessoas não relacionadas Já outras habilidades e traços são valorizados apenas por
geneticamente, o que sugere que a genética tem um peso certas culturas. Por exemplo, nos países desenvolvidos e em
considerável - se não majoritário - na habilidade mental de vários países em desenvolvimento, espera-se da criança que
uma pessoa. Porém, outros especialistas acreditam que é o ela aprenda eventualmente a ler e a escrever. Uma criança
ambiente no qual a criança vive que é o fator primário na incapaz de adquirir esta habilidade pode ser vista como
formação psicológica e da habilidade mental. Estes anormal. Porém, em vários países em desenvolvimento,
especialistas fazem uso de estudos entre crianças espera-se muitas vezes que uma criança ajude seus pais a
culturalmente deprivadas - crianças que são criadas sem os sustentar sua família. Tais crianças são consideradas muitas
estímulos necessários que as ajudam na educação escolar vezes normais - na sociedade onde elas vivem - se elas
e/ou que sofrem de abuso infantil, e que possuem no geral adquirem as habilidades necessárias para trabalhar e
um quociente de inteligência menor do que a média. O sustentar a sua família, bem como não são vistas como
quociente de inteligência destas crianças, nos estudos anormais se não sabem ler e escrever. Certas culturas como
realizados, aumentou muito após receberem cuidados a "cultura ocidental" vêm o sexo masculino e o sexo feminino
especiais. como iguais - ambos possuem os mesmos direitos - e
meninos e meninas são criados igualmente. Já em outras
Já outros especialistas questionam o uso destes testes, e culturas, traços considerados masculinos - como
que tais testes não são eficientes para medir a habilidade independência e competitividade - são considerados anormais
mental e a inteligência como um todo de uma criança. Estes entre mulheres, e, portanto, meninos muitas vezes são
especialistas alegam que a inteligência envolve vários fatores incentivados pelos pais a ter tais traços, enquanto tais traços
- memória, lógica e originalidade, por exemplo, e que uma entre meninas são reprimidos.
criança pode destacar-se em uma ou mais áreas enquanto
sofre dificuldades em outras. Os pais são especialmente responsáveis em cuidar da
criança e de suas necessidades físico-psicológicas, do uso de
O papel dos pais recompensas e punições, e como modelos de
comportamento. Em muitos casos onde há omissão dos pais
em termos de afeto e relacionamento as crianças podem
desenvolver sérios problemas emocionais. A chamada
"terceirização da infância", termo usado pelo pesquisador
José Martins Filho em seu livro "A criança terceirizada: os
descaminhos das relações familiares no mundo
contemporâneo", é uma realidade em várias partes do mundo
e, principalmente, no Brasil.
Necessidades físico-psicológicas

Alice Liddell fotografada por Lewis Carroll.


Os pais de uma criança possuem um papel fundamental
no desenvolvimento psicológico da criança, além de serem os
responsáveis pela sustentação dela. Uma das principais
preocupações dos pais é ajudar a criança em

Conhecimentos Específicos 79 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Duas crianças em uma favela em Jacarta, Indonésia. Com o objectivo de solucionar estes problemas a UNICEF
promove diversas campanhas de recolhimento de fundos
Todas as crianças possuem algumas necessidades físico- monetários para poder apoiá-las nesses países.
psicológicas que precisam ser cumpridas e atendidas para
que a criança cresça normalmente. Significado do choro
A principal necessidade física da criança é a alimentação, O choro é o meio mais eficaz para manifestar uma
da qual as crianças são totalmente dependentes dos adultos necessidade ou um mal-estar. Os psicólogos têm procurado
nos primeiros anos de vida. Outras necessidades físicas identificar os vários tipos de choro com as situações que o
importantes são limpeza e higiene, vestuário adequado e um motivam. Assim, distinguem-se geralmente quatro padrões de
abrigo. Espaço também é importante - para o exercício de choro: choro básico de fome, choro de raiva, choro de
jogos e brincadeiras. Além disso, a criança também depende frustração e choro de dor, e/ou ainda de cansaço e
dos adultos quanto ao aprendizado de bons hábitos de desconforto.
comportamento, tanto à sociedade que o cerca quanto a si
mesma - mantendo uma higiene adequada, por exemplo, O sorriso de um bebê
lavando as mãos antes de comer, não comer nada que tenha O sorriso é uma das formas de comunicação que
caído no chão, escovar os dentes diariamente, etc. desencadeia confiança e afeto reforçando os esforços dos
O desenvolvimento das vacinas diminuiu bastante as adultos em satisfazer o bebê. O primeiro sorriso pode ocorrer
taxas de mortalidade infantil em muitos países - após o nascimento, de modo espontâneo, efeito da atividade
especialmente em doenças como sarampo, paralisia infantil e do sistema nervoso central.
varíola (esta última já extinta). Em muitos países, os pais são Depois da alimentação e ao adormecer, é frequente
obrigados a vacinar a criança, pelo menos contra certas esboçar um sorriso que pode ser também desencadeado
doenças como sarampo, paralisia infantil, tuberculose, tétano pelos sons emitidos pelos progenitores. Estes sorrisos são
e difteria, por exemplo. Caso os pais não levem as crianças a automáticos, reflexos e involuntários.
postos de vacinação, as crianças poderão ser suspensas da
escola, e em casos mais graves, os pais podem perder a O sorriso é um sinal que reforça as relações positivas do
guarda da criança. Algumas destas vacinas requerem adulto favorecendo a sua repetição. É um comportamento
reimunização - a aplicação de uma nova dose da vacina - intencional que visa manter a comunicação com aqueles que
regularmente. tratam do bebê.

As necessidades psicológicas da criança são Representações da infância


determinadas pelas habilidades e pelos traços de Dada a especificidade da infância, diversas
personalidade que os pais esperam que seu filho desenvolva. representações sobre este período da vida do indivíduo
Algumas destas são incentivadas em toda sociedade, outras marcam a produção literária, artística e cultural dos diversos
apenas em certas culturas. Todas as crianças possuem grupos e sociedades. As representações sobre a infância
certas necessidades psicológicas - como sentir-se amadas e portam tanto uma interpretação deste momento da vida
queridas pelos pais. quanto um projeto para o adulto que a criança se tornará.
Espera-se mais responsabilidade e maturidade da criança Buscando exemplificar esta variedade de representações,
quando esta passa a ir à escola regularmente - a partir dos uma vez que sempre que a criança e a infância são retratada
seis ou sete anos de idade. As crianças passam a frequentar elas são representadas, teremos:
regularmente um lugar onde regras existem, que devem ser o discurso legal do Estatuto da Criança e do Adolescente
cumpridas - e onde os padrões de comportamento não que apresenta uma infância a ser protegida, portanto frágil;
mudam de um dia para o outro.
em O Pequeno Príncipe, teremos uma infância fantástica,
Problemas sócio-econômicos como momento de descoberta e de encantamento do mundo;
em Lobo Solitário, o personagem Ogami Daigoro
representa a "infância não infantilizada" ao demonstrar um
comportamento de adulto perante as adversidades;
nesta página, a concepção biológica e sociológica da
infância enquanto momento de maturação do organismo, do
aprendizado das relações sociais e da submissão às
condições ambientais.
O surgimento de um discurso sobre a infância está
vinculado à emergência da percepção da especificidade do
infantil na modernidade, como demonstra Philippe Ariès em A
história Social da Criança e da Família.
Adolescência
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Adolescência é a fase do desenvolvimento humano que
marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso
essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis -
físico, mental e social - e representa para o indivíduo um
Crianças em meio a pobreza africana. Em destaque, um processo de distanciamento de formas de comportamento e
menino. privilégios típicos da infância e de aquisição de características
Muitas crianças (principalmente em países e competências que o capacitem a assumir os deveres e
subdesenvolvidos) experimentam diversos problemas como papéis sociais do adulto.[1]
alimentação reduzida ou desequilibrada (desnutrição), Os termos "adolescência" e "juventude" são por vezes
trabalho infantil, ausência de habitação, AIDS, entre outros. usados como sinônimos (como em alemão Jugend e

Conhecimentos Específicos 80 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Adoleszenz,[1] inglês Youth e Adolescence), por vezes como A adolescência não é, no entanto, uma fase homogênea.
duas fases distintas mas que se sobrepõem: para Steinberg a Pelo contrário, é uma fase dinâmica que, para o seu estudo,
adolescência se estende aproximadamente dos 11 aos 21 exige uma maior diferenciação. Steinberg propõe uma divisão
anos de vida,[2] enquanto a ONU define juventude (ing. em três fases: (1) Adolescência inicial, dos 11 aos 14 anos;
youth) como a fase entre 15 e 24 anos de idade - sendo que (2) adolescência média, dos 15 aos 17 anos e (3)
ela deixa aberta a possibilidade de diferentes nações adolescência final, dos 18 aos 21. Essa última fase sobrepõe-
definirem o termo de outra maneira;[3] a Organização Mundial se à "juventude" em sentido estrito, que marca o início da
da Saúde define adolescente como o indivíduo que se idade adulta, definida por Oerter e Montada como a fase entre
encontra entre os dez e vinte anos de idade e[4], no Brasil, o os 18 e os 29 anos de idade.[1]
Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece ainda outra
faixa etária - dos 12 aos 18 anos.[5] Além disso Oerter e Desenvolvimento cognitivo
Montada descrevem uma "idade adulta inicial" (al. fruhes
Erwachsenenalter) que vai dos 18 aos 29 anos e que se
sobrepõem às definições de "juventude" apresentadas. Como
quer que seja, é importante salientar que "adolescência" é um
termo geralmente utilizado em um contexto científico com
relação ao processo de desenvolvimento bio-psico-social.[1]
Como mais adiante se verá, o fim da adolescência não é
marcado por mudanças de ordem fisiológica, mas sobretudo
de ordem sócio-cultural; o presente artigo se dedica assim à
adolescência em sentido restrito, tomando a idade da
maioridade civil - 18 anos - como fim.
Definição
O termo adolescência é usado com vários significados em
contextos diversos:[1]
Adolescentes em Oslo
Construção histórico-social
O desenvolvimento cognitivo é, ao lado das mudanças
Adolescência e juventude são fenômenos de forte corporais tratadas mais abaixo, uma das características mais
caracterização cultural e sua definição está intimamente marcantes da adolescência. Tal desenvolvimento se mostra
ligada à transformação da compreensão do desenvolvimento sobretudo através:[1]
humano e também à transformação da forma como cada
geração adulta se define a si própria.[1] do aumento das operações mentais;
A ideia de que a adolescência é uma fase qualitativamente da melhora da qualidade no processamento de
diferente da infância e da idade adulta tem sua origem já na informações e
antiguidade. A base sócio-política dessa diferenciação só
da modificação dos processos que geram a consciência.
surgiu, no entanto, com a transformação das estruturas
sociais ocorrida em fins do século XIX que permitiram que os Dessa maneira o adolescente adquire a base cognitiva
jovens (adolescentes) fossem retirados do mercado de para redefinir as formas com que lida com os desafios do
trabalho para frequentarem a escola e outras instituições meio-ambiente, que se torna cada vez mais complexo, e das
educacionais. Ligados a essa ideia de adolescência como mudanças psicofisiológicas. As principais características
fase de formação para o trabalho foram propostos os termos desse desenvolvimento são:[1][10][11]
"adolescência encurtada"[6] e "adolescência estendida",[7]
que descrevem as diferentes oportunidades de formação e Pensar em possibilidades - ou seja, o pensamento não se
educação que têm pessoas que entram no mercado de limita mais à realidade, mas atinge também hipóteses irreais e
trabalho mais cedo ou mais tarde - normalmente de acordo permite ao indivíduo gerar novas possibilidades de ação;
com a situação cultural e a possibilidade financeira da Pensamento abstrato - a capacidade de abstrair se
família.[8] O aumento da complexidade das funções e papéis desenvolve, permitindo ao indivíduo compreender não
a serem exercidos na idade adulta levam a um aumento somente conceitos abstratos, mas também estruturas
progressivo dessa fase de formação.[1] complexas, sobretudo sociais, políticas, científicas,
Adolescência e juventude na ciência econômicas e morais;

A fase da adolescência e da juventude são objeto de Metacognição - o próprio pensamento é alvo de reflexão,
estudo das mais diferentes disciplinas - sociologia, política, permitindo o direcionamento consciente da atenção, a
psicologia, pedagogia, biologia, medicina, direito, etc. - e reflexão e a avaliação de pensamentos passados, abrindo
apresentam assim um grande número de diferentes assim caminho para as capacidades de autoreflexão e
significados. Tais significados abrangem por exemplo introspecção;
"juventude como fase do desenvolvimento individual", Pensamento multidimensional - o indivíduo torna-se capaz
"juventude como ideal e mito" (com uma correspondente de levar em conta cada vez mais aspectos dos fenômenos.
idealização dessa fase da vida) e "juventude como grupo Essa capacidade permite ao indivíduo compreender a
social" que possui uma cultura própria.[9] interdependência de fenômenos de diferentes áreas e
Psicologia do desenvolvimento argumentar a partir de diferentes pontos de vista;

Se, do ponto de vista da psicologia do desenvolvimento, o Relativização do pensamento - o indivíduo se torna cada
início da adolescência é claramente marcado pelo início do vez mais capaz de compreender outros pontos de vista e
amadurecimento sexual (puberdade), o seu fim não se define sistemas de valores.
apenas pelo desenvolvimento corporal, mas sobretudo pela Desenvolvimento corporal e psicossexual
maturidade social - que inclui, entre outras coisas, a entrada
no mercado de trabalho e o assumir do papel social de Crescimento físico
adulto.[1]

Conhecimentos Específicos 81 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Durante a adolescência o corpo do indivíduo cresce 16-18 anos: aparecimento da barba, início das "entradas"
continuamente até a idade de 16 a 19 anos, quando a no contorno dos cabelos, marcante mudança de voz.[12]
estatura adulta é alcançada - os rapazes atingem a estatura
adulta em média dois anos mais tarde do que as moças. Tal O significado dessas mudanças para os adolescentes
crescimento, no entanto, não se dá de maneira contínua:
aproximadamente aos 14-15 anos os rapazes - as moças dois
anos antes - têm um "salto no crescimento", ou seja eles
crescem em um ano mais do que nos anos anteriores e nos
seguintes. Depois desse salto, a velocidade do crescimento
diminui marcadamente até o indivíduo atingir sua altura final.
Paralelamente ao crescimento físico há um aumento no peso,
que, no entanto, é dependente da alimentação e da forma de
vida.[1]
As diferentes partes do corpo também crescem com
velocidades diferentes. De maneira geral os membros
superiores (braços) e inferiores (pernas) e a cabeça crescem
mais rapidamente que o resto do corpo, atingindo seu
tamanho final mais cedo. Isso leva a uma desproporção
visível com relação ao tronco, que cresce mais devagar. Essa
desproporção é observável também nos movimentos por
vezes desajeitados, típicos da adolescência.[1]
Até a idade de 11 anos, meninos e meninas têm
aproximadamente a mesma força muscular. O crescimento
muscular dos rapazes é, no entanto, maior, o que explica a
maior força física média dos homens na idade adulta.[1]
Puberdade
Mudanças corporais Um adolescente de Singapura

Apesar das muitas diferenças individuais no crescimento e Em uma pesquisa realizada na Alemanha[13] Schmid-
no desenvolvimento sexual, o processo de amadurecimento Tannwald e Kluge registraram uma tendência entre as
sexual apresenta uma certa sequência, comum tanto aos meninas de terem a menarca aproximadamente 13 anos mais
rapazes como às moças. Para as moças, no entanto, esse cedo do que em uma pesquisa anterior de 1981. As meninas
processo tem início, em média, dois anos mais cedo do que que foram preparadas pelos pais para esse fenômeno
nos rapazes.[1] corporal relataram terem-no visto como natural, enquanto as
moças que não haviam sido preparadas relataram terem tido
Desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e um sentimento desagradável. Também entre os meninos o
secundários nas mulheres mesmo estudo registrou uma tendência de uma primeira
10-11 anos: Início da formação dos quadris com a ejaculação aproximadamente 1,7 anos mais cedo do que dez
acumulação de gordura, primeiro crescimento dos seios e dos anos antes. Dos adolescentes entrevistados apenas 43%
mamilos; tiveram uma primeira ejaculação espontânea; 31% a tiveram
através de masturbação e 5% através do ato sexual.
11-14 anos:
Mudanças hormonais
Surgem os pelos pubianos (lisos), a voz torna-se mais
grave, rápido crescimento dos ovários, da vagina, do útero e A ação dos hormônios, muito importantes na regulação do
dos lábios da genitália; metabolismo, é muito complexa e ainda não completamente
compreendida. Com relação ao crescimento corporal dois
Os pelos pubianos tornam-se crespos hormônios desempenham um papel preponderante: a
somatotrofina, hormônio do crescimento produzido pela
Idade do "salto de crescimento" (ver acima), os seios hipófise, e a tiroxina, produzida pela tiróide. A somatotrofina
começam a tomar forma (estágio primário), amadurecimento regula o crescimento do corpo como um todo; já a tiroxina,
dos óvulos: menarca (primeira menstruação): que só é produzida "sob instrução" da hipófise através da
14-16 anos: Crescimento dos pelos axilares, os seios tirotrofina, regula principalmente o crescimento do cérebro,
adquirem a forma adulta (estágio secundário)[12] dos dentes e dos ossos.[1]
Desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e A puberdade traz consigo uma mudança na ação dos
secundários nos homens hormônios. Ativada pelo hipotálamo a hipófise começa a
secretar novos hormônios que agem sobre os órgãos sexuais
12-13 anos: Surgem os pelos pubianos (lisos); início do (gonadotrofinas: hormônio folículo-estimulante e hormônio
crescimento dos testículos, do escroto e do pênis, mudanças luteinizante) e sobre as glândulas supra-renais (hormônio
temporárias no peito; formação de esperma adrenocorticotrófico). Nos meninos, aproximadamente aos 11
13-16 anos: anos, o hormônio folículo-estimulante provoca o
desenvolvimento das células que produzem os
Início da mudança de voz, crescimento acelerado do espermatozóides e o hormônio luteinizante leva à produção
pênis, dos testículos, do escroto, da próstata e da vesícula do hormônio masculino, a testosterona. Esta, por sua vez,
seminal, primeira ejaculação conduz aos desenvolvimento das características típicas
masculinas. Já nas meninas, aproximadamente aos 9 anos, o
Os pelos pubianos tornam-se crespos
hormônio folículo-estimulante leva ao amadurecimento dos
Grande "salto de crescimento" folículos de Graaf no ovário, que produzem os óvulos, e o
hormônio luteinizante à menstruação. Os ovários produzem,
Crescimento dos pelos axilares por sua vez, dois hormônios: o estrogênio, que regula o
crescimento dos seios, dos pelos pubianos e a acumulação
Conhecimentos Específicos 82 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de gordura, e a progesterona, que regula o ciclo menstrual e a atingem, assim, a maturidade corporal cada vez mais cedo.
gravidez.[1] Por outro lado o início da idade adulta - entrada no mercado
de trabalho e formação de uma família - tende a ocorrer cada
Aceleração e retardo no desenvolvimento vez mais tarde devido à longa formação necessária (escola,
Como se viu, as mudanças típicas da adolescência universidade). Essas duas tendências contrárias geram novas
iniciam, em média, em uma idade específica. No entanto oportunidades mas também novos desafios - e estresse -
alguns adolescentes iniciam o seu amadurecimento mais para os adolescentes.[1]
cedo do que a média enquanto outros o fazem mais tarde. A sexualidade do adolescente
Dos primeiros se diz que seu amadurecimento é acelerado,
enquanto o dos segundo é retardado. Importante é notar que Paralelamente ao início da maturidade sexual também o
tal comparação só pode ser feita em algumas situações, pois comportamento sexual começa a se desenvolver. Esse
tais diferenças existem entre pessoas de diferentes raças e desenvolvimento é um processo muito complexo e é fruto da
de diferentes gerações. interação de vários fatores - desenvolvimento físico (ver
acima), psicosocial, a exposição a estímulos sexuais (que é
Em nenhuma outra fase da vida há uma variação tão definida pela cultura), os grupos de contatos sociais (amigos,
grande entre pessoas da mesma idade como na grupos de esporte, etc.), e as situações específicas que
adolescência. Essa situação é ainda mais confusa porque o permitem o acesso à experiência erótica.
desenvolvimento físico, o social e o cognitivo (ver abaixo) não
andam necessariamente juntos. O meio-ambiente, no entanto, O início do desenvolvimento sexual se encontra já na
reage de forma diferente, de acordo com o desenvolvimento infância. Não apenas os casos de abuso sexual, mas também
visível da pessoa - meninos que parecem mais velhos tendem as experiências quotidianas de troca de carinho e afeto, de
a ser tratados como mais velhos e vice-versa. Essa reação do relacionamentos interpessoais e de comunicação sobre a
meio ambiente influencia o desenvolvimento social e sexualidade desempenham um papel importantíssimo para o
psicológico dos adolescentes de maneira marcante. desenvolvimento do comportamento sexual e afetivo do
Adolescentes com desenvolvimento retardado tendem a ser adolescente e, posteriormente, do adulto. Importantes aqui
emocionalmente menos estáveis e menos satisfeitos; tendem são sobretudo processos de aprendizado através do modelo
a ter uma autoimagem mais negativa, a ser menos dos pais: em famílias em que carinho e afeto são trocados
responsáveis e mais inseguros. Já os adolescentes com abertamente e em que a sexualidade não é um tabu os
desenvolvimento acelerado têm um maior risco de terem adolescentes desenvolvem outras formas de comportamento
problemas com drogas e com o comportamento social, do que em famílias em que esses temas são evitados e
provavelmente por terem acesso mais cedo a grupos mais considerados inconvenientes.[1]
velhos.[14][15][16] Outros estudos registraram que rapazes
com desenvolvimento acelerado apresentam algumas Comportamento sexual
vantagens com relação a seus coetâneos: mesmo na idade Baseados em seus estudos com adolescentes alemães
de 38 anos eles se mostraram mais responsáveis, Schmid-Tannwald e Kluge (1998) defendem três teses que
cooperativos, seguros, controlados e mais adaptados resumem o resultado desse trabalho:[13]
socialmente; ao mesmo tempo se mostraram mais
convencionais, conformistas e com menos senso de humor; já O desenvolvimento do comportamento social está cada
os rapazes com desenvolvimento retardado mostraram-se, vez mais acelerado, acompanhando a aceleração secular da
mesmo com 38 anos, mais impulsivos, instáveis maturidade sexual (ver acima "aceleração e retardo no
emocionalmente, mas em compensação mais capazes de desenvolvimento"). O início da vida sexual está ligado ao
reconhecer seus erros, mais inovativos e divertidos.[17] início da maturidade sexual (menarca nas moças e primeira
Também com relação ao desenvolvimento da identidade há ejaculação nos rapazes) mais do que a qualquer outro fator: a
diferenças entre rapazes com desenvolvimento acelerado e maior parte dos adolescentes tendem a ter sua primeira
retardado. Como têm mais tempo para desenvolver seu relação sexual nos primeiros anos após atingirem a
conhecimento e suas estratégias de coping os rapazes com maturidade sexual. Dessa forma, em um estudo de 1983[20]
desenvolvimento retardado tendem a ter melhores 44% das moças e 33% dos rapazes com 17 anos afirmavam
possibilidades no desenvolvimento da própria identidade, já ter tido uma relação sexual, enquanto em 1994[13] 92%
enquanto os rapazes com desenvolvimento acelerado das moças e 79% dos rapazes com 17 anos diziam já ter tido
acabam sendo introduzidos mais cedo no muno adulto e uma experiência sexual. Apesar da pouca idade, a maioria
acabam assumindo uma identidade mais próxima aos dos adolescentes tende a trocar carícias e a fazer
padrões socialmente estabelecidos.[1][11] Já no caso das experiências de toques íntimos sem penetração ("petting")
moças a situação é um pouco distinta. Moças com como preparação para o ato sexual. Já nos primeiros anos de
desenvolvimento acelerado tendem a ter uma autoestima atividade sexual ambos os sexos tendem a ver o sexo como
mais baixa por crescerem mais rapidamente e assim não algo belo, se bem que essa tendência seja maior entre os
corresponderem ao ideal de beleza culturalmente rapazes.[1]
estabelecido. Por outro lado moças com uma menarca muito O comportamento sexual de ambos os sexos está se
tardia parecem também mostrarem uma tendência a terem aproximando cada vez mais: em 1983[20] a diferença entre a
uma autoestima mais baixa.[18] Resumindo: aceleração e idade média da menarca e da primeira ejaculação era de 0,7
retardo no desenvolvimento são dois fenômenos que podem anos (ou seja, em média as moças tinham a primeira
trazer consigo certos riscos para o desenvolvimento da menstruação 9 meses antes dos rapazes); já em 1994[13] a
pessoa. No entanto um trabalho de esclarecimento dos pais e diferença era de apenas 0,3 anos (3-4 meses). Em 1983 as
dos adolescentes pode reduzir esses risco de maneira moças tendiam a ter a primeira relação sexual 0,7 anos mais
drástica, oferecendo aos adolescentes melhores condições de cedo do que os rapazes,[20] já em 1994 a idade era a
desenvolvimento.[1] mesma: 14,9 anos.[13]
Outro fenômeno muito discutido é o da chamada O comportamento sexual é influenciado pela cultura
aceleração secular, ou seja, a tendência, nos países familiar. Mas mesmo em famílias que tendem a conversar
ocidentais, de a puberdade iniciar cada vez mais cedo. Em menos abertamente sobre sexualidade e relacionamentos e a
um estudo comparativo, Tanner mostra como desde 1840 a não preparar os adolescentes para a menarca e a maturidade
idade média da menarca caiu de 17 anos para 13,5 anos na sexual os adolescentes têm uma vida sexual ativa - mesmo a
Noruega, fenômeno observável também em outros países revelia dos pais.[1]
europeus e nos Estados Unidos.[19] Os adolescentes

Conhecimentos Específicos 83 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Um outro ponto importante é a preferência dos grande significado. No processo de desenvolvimento da
adolescentes por relacionamentos estáveis ao invés de identidade agem duas forças motrizes: (1) o desejo do
liberalidade sexual. Sobretudo para as moças uma vida indivíduo de conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e (2)
sexual satisfatória está fortemente relacionada a um a busca de dar forma a si, de construir sua personalidade, se
relacionamento estável e íntimo.[1] aprimorar e se desenvolver (autodesenvolvimento, al.
Selbstgestaltung).[1]
Sexualidade e contracepção
Durante muito tempo a adolescência foi vista como uma
No estudo de 1983 30% das moças e 50% dos rapazes fase de "tempestades e tormentas" (Sturm umd Drang, por
diziam ter tido a primeira relação sem proteção, por crerem exemplo por Granvillle S. Hall[21]). Com o auxílio da pesquisa
que não se engravida tão facilmente;[20] já em 1994 80% das mais atual, no entanto, essa visão tem se tornado mais
moças e 76% dos rapazes alemães diziam ter utilizado algum diferenciada. Por exemplo, quando medidas através de
tipo de método contraceptivo já no primeiro ano de vida questionários, a autoimagem[22] e a autoestima mantém-se
sexual ativa.[13] As principais razão para a pouca proteção é relativamente estáveis durante toda a adolescência - se bem
sobretudo pouco ou mesmo falso conhecimento: os que em uma importante minoria, sobretudo entre as moças,
adolescentes frequentemente não conhecem suficientemente há uma tendência de diminuição da autoestima.[23]
o ciclo menstrual mas julgam saber quando podem ter sexo
sem proteção e sem risco de gravidez. Em comparação às Enquanto a autoimagem e a autoestima parecem
moças os rapazes têm um maior defict de conhecimento. O permanecer constantes, a complexidade da estrutura da
esclarecimento sobre a sexualidade ainda tende a ser feito identidade aumenta constantemente durante a adolescência.
por amigos ou livros e não em casa.[1] Esse aumento de complexidade se mostra nos seguintes
pontos:[24]
Prevenção de sexualidade precoce
A descrição de si se torna cada vez mais contexto-
A partir dos dados disponíveis, Oerter e Dreher (2002) específica: por exemplo, a pessoa se vê como tímida diante
enfatizam três ponto principais:[1] de pessoas do outro sexo, mas autoconfiante diante de
O controle e o apoio sociais ao adolescente são amigos e colegas;
importantes para o seu desenvolvimento - também para o A autoimagem real (como eu sou) e a autoimagem ideal
sexual. A tendência atual, de a vida sexual ativa dos (como eu gostaria de ser) são vistas cada vez mais como
adolescentes se tornar cada vez mais aceita, de forma que os diferentes;
jovens podem, por exemplo, dormir com a namorada em casa
torna a família um importante ponto de referência também O "eu verdadeiro" é visto cada vez mais como diferente de
com relação à sexualidade; um "eu falso" ou "fingido": enquanto adolescentes com 12 ou
13 anos não fazem essa diferença, rapazes e moças mais
A sexualidade faz parte do processo de desenvolvimento velhos a consideram importante;
da própria identidade do adolescente e é assim uma parte
importante do seu desenvolvimento humano; Os adolescentes aprendem cada vez mais a verem-se
pelos olhos dos outros;
A sexualidade, como outras atividades na vida do
adolescente, tem uma função no desenvolvimento da A dimensão do tempo desempenha um papel cada vez
identidade. O desenvolvimento de outros interesses que mais importante na descrição de si: enquanto crianças se
tenham uma função análoga podem ajudar a evitar um início descrevem sempre no presente, os adolescentes começam a
precoce da vida sexual. levar em conta o passado (como eu era) e o futuro (como eu
gostaria de ser) em consideração.
Desenvolvimento da Identidade
Higgins (1987) descreveu três tipos de "si mesmo" - o si
mesmo real, o si mesmo ideal (como a pessoa gostaria de
ser) e o si mesmo como deveria ser (que representa a
identificação da pessoa com determinadas obrigações e
tarefas apresentadas pelo ambiente social). O ambiente social
tem, ele mesmo (ou melhor, a pessoas que dele fazem parte),
uma imagem de como o indivíduo é e de como ele deveria ser
(expectativas). O aumento da complexidade na compreensão
de si mesmo expõem o adolescente assim a diferentes tipos
de discrepância:[25]
Entre o si mesmo real e o ideal - ou seja, a imagem que o
indivíduo faz de si não corresponde com a pessoa que ele
gostaria de ser; a pessoa tende se sentir decepcionada e
insatisfeita;
Entre o si mesmo real e a imagem que os outros têm do
indivíduo - a imagem que a pessoa faz de si não corresponde
àquela que outras pessoas - família, amigos - fazem; a
pessoa tende a se sentir envergonhada e humilhada;
Entre o si mesmo real e o como deveria ser - a imagem
que a pessoa faz de si não corresponde à ideia que ela faz a
respeito das obrigações e tarefas que ele deveria cumprir; a
Adolescente da Mauritânia pessoa tende a ter sentimentos de culpa e a fazer acusações,
O termo "identidade" corresponde à resposta à pergunta condenando-se a si mesma;
"quem sou eu?". A resposta a essa pergunta se desenvolve Entre o si mesmo real e as expectativas dos outros - a
num longo e complexo processo que começa nas primeiras imagem que a pessoa faz de si não corresponde às
horas de vida e se estende até a mais alta idade. Nesse longo expectativas e desejos da família, amigos ou outras pessoas
processo a adolescência representa um momento chave, de

Conhecimentos Específicos 84 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ou grupos importantes para o indivíduo; a pessoa tende a se levado ao cinema pela primeira vez por Stanley Kubrick em
sentir ameaçada, com medo, exposta a perigos e dor. 1962.
A tomada de consciência desses conflitos de interesses No Japão, o termo joshi-kousei indica as estudantes
expõe o adolescente ao estresse e, dependendo da carga femininas de ensino médio e é usado por garotas de 16 a 18
genética e do ambiente em que se desenvolve, ao risco de anos. Elas são frequentemente notadas por suas obsessões
diversos tipos de problemas sociais e psicológicos - desde por roupas, cultura pop e telefones celulares. A prostituição
transtornos alimentares (anorexia, bulimia) até o suicídio, por parte delas, chamada enjo kosai tornou-se uma
passando por problemas de desempenho escolar, abuso e preocupação social japonesa a partir da década de 1990. O
dependência de substâncias químicas, fobias e depressão. problema da prostituição juvenil e mesmo infantil é aliás
Segundo estudos epidemiológicos europeus entre 15% e 22% preocupação em muitas sociedades.
da população infanto-juvenil apresenta alguma forma de
distúrbio mental nessa faixa etária.[26] Pornografia envolvendo pessoas abaixo de certa idade
(geralmente 18) é também considerado inaceitável e é
Significado social proibida na maioria dos países.
Os adolescentes são um alvo cobiçado pelo comércio. Emancipação de menores
Telemóveis, música contemporânea, jogos eletrônicos e
roupas "da moda" são populares entre adolescentes, desde A emancipação de menores é um mecanismo legal
os últimos anos do século XX. Da mesma forma, a através do qual uma pessoa abaixo da idade da maioridade
propaganda utiliza a imagem do próprio adolescente para adquire certos direitos civis, geralmente idênticos àqueles dos
vender seus produtos, buscando mostrar a ideia de adultos. A extensão dos direitos adquiridos, assim como as
jovialidade, mudança e independência. Em muitas culturas há proibições remanescentes, variam de acordo com a legislação
cerimônias que celebram a passagem da adolescência ao local.
mundo adulto, geralmente ocorrendo na adolescência. Por No Brasil, porém, ainda que esteja emancipado, o menor
exemplo, a tradição judaica considera como adultos de idade de 18 anos não comete crime e sim ato infracionário.
(membros da sociedade) os homens aos 13 e as mulheres Os efeitos da emancipação alcançam apenas a esfera civil,
aos 12 anos de idade, sendo a cerimônia de transição ou seja, o emancipado abaixo de 18 anos continua
chamada Bat Mitzvah para as garotas e Bar Mitzvah para os penalmente inimputável.
rapazes. Os jovens católicos de ambos os sexos recebem o
sacramento da Crisma por volta da mesma idade (16 anos). Desenvolvimento Psicológico
No Japão a passagem para a idade adulta é celebrada pelo “ O Homem deseja ser confirmado em seu Ser pelo
Seijin Shiki (ou “cerimônia adulta” em tradução literal), Homem, e anseia por ter uma presença no Ser do outro...
marcando o Genpuku ("de menor de idade" ou "de maior de – secreta e timidamente, ele espera por um sim que lhe
idade", do japonês). Em África, muitos grupos étnicos permita ser, e que só pode vir de uma pessoa humana a
indígenas praticam ritos de iniciação, por vezes associada à outra”. Martim Buber
circuncisão masculina ou feminina, esta com aspetos que têm
“ O desenvolvimento não se faz em linha reta e sim
sido postos em causa, por alegadamente atentarem contra a
por crises. Não há desenvolvimento fora dos sofrimentos
saúde física ou mental das jovens, como a excisão do clitoris
e alegrias, sucessos e fracassos, satisfações e frustra-
e a infibulação.
ções, progressões e regressões do processo existencial”.
Questões de instância legal Carlos Byington
Em muitos países, pessoas maiores de uma certa idade
(18 anos, em vários casos, apesar de variar de país a país) Desenvolvimento
são legalmente considerados adultos. Pessoas que têm
menos que essa delimitada idade podem ser considerados Desenvolvimento, segundo Aurélio, significa ato ou efeito
jovens demais para serem considerados culpados por crime. de desenvolver, crescimento, progresso, adiantamento. E
Isto chama-se defesa da infância. O direito a votar em Desenvolver é progredir, aumentar, melhorar, se adiantar.
eleições é dado a pessoas com idade mínima entre 16 e 21 Segundo Houaiss, é tirar o que envolve ou cobre, fazer
anos, em muitos países. crescer, tornar-se maior, mais forte. Conduzir ou caminhar
A venda de certos produtos como cigarros, álcool, filmes e para um estágio mais avançado ou eficaz.
jogos eletrônicos com conteúdo pornográfico ou violento é Iniciaremos este tema falando, rapidamente, sobre a teoria
proibido a menores de idade. Tais restrições de idade variam psicanalítica. Segundo Freud o aparelho psíquico está dividi-
de país a país. Na prática, é possível encontrar pessoas que do em três planos ou sistemas – consciente , pré-
tiveram contato com estes produtos antes da maioridade. consciente e inconsciente , com a analogia de que o funci-
onamento mental ocorre “comparado” ao iceberg. Pontua que
Sexo entre adultos e adolescentes a porção acima da superfície corresponde ao consciente, a
porção que se torna visível, conforme o movimento das
Ver artigo principal: Idade de consentimento: águas, corresponde ao pré-consciente e a parte sempre sub-
comparação entre os países mersa, proporcionalmente muito maior, corresponde ao in-
A relação sexual entre adultos e adolescentes é regulada consciente.
pelas leis de cada país referentes à idade de consentimento. O conceito de desenvolvimento da personalidade, para
Alguns países permitem o relacionamento a partir de uma Freud, ocorre em sete fases: oral, anal, fálica, latência,
idade mínima (12 anos na Arábia Saudita, 13 anos na adolescência, maturidade e velhice. Afirmando que em
Espanha, 14 no Brasil, Portugal, Itália, Alemanha e Áustria, 15 cada fase, a pessoa deve aprender a resolver certos proble-
na França e Dinamarca, 16 na Noruega). Para além das mas específicos, originados do próprio crescimento físico e da
restrições legais, a questão é muitas vezes tratada como um interação com o meio. A solução dos diferentes problemas,
problema social, chegando alguns setores da sociedade a que em grande parte depende do tipo de sociedade ou cultu-
pregar a abstinência sexual nesta faixa etária. ra, resulta na passagem de uma fase para a outra e na for-
mação do tipo peculiar de personalidade. No decorrer das
Um exemplo de relacionamento com grande diferença de fases, o indivíduo expressa seus impulsos e suas necessida-
idade foi dramatizado no romance Lolita, de Vladimir Nabokov

Conhecimentos Específicos 85 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
des básicas dentro de moldes que visam a continuação da inevitavelmente, uma redistribuição na energia emocional da
cultura, seu próprio crescimento e busca do prazer pessoal. família, bem como alteração no status e nas exigências que
Abordaremos o desenvolvimento psicológico em cada serão feitas às pessoas para que cumpram o correspondente
uma dessas fases, salientando os pontos onde a sociabiliza- ao “papel”, e que nem sempre será aceito, ou vivido, com
ção, a linguagem, a segurança no mundo, e em si, a vincula- tranquilidade.
ção, a independência, a auto-estima, etc, poderão ser fortale-
cidos, e o que poderia causar problemas, uma vez que o ser Fase Oral
humano, tem por natureza, grande capacidade para a alegria.
Observando crianças concluímos que não apenas vêem gra-
ça nas coisas, como criam brincadeiras para si, querendo Período de aproximadamente um ano que segue desde o
compartilhar esse divertimento com quem está ao seu lado, nascimento. Os impulsos da criança são satisfeitos principal-
funcionando como forma de sociabilização, aproximação e de mente na área da boca, esôfago e estômago, ou seja, a libido
troca de afeto. está intimamente associada ao processo da alimentação e
contato humano, que vem associado ao ato de mamar.
Goethe em sua idade avançada descreveu as fases da
vida nestes termos: A percepção da criança, nos primeiros meses após o nas-
cimento, é de totalidade, não distinguindo ainda o “eu” do
“A Criança é realista, o Jovem um idealista, o Adulto “não eu”. Se o seio (ou substituto) for gratificante, a imagem
um cético, e o Idoso um místico!” de aceitação será introjetada, e as expectativas futuras do
mundo, em termos projetivos, serão otimistas, o que é conhe-
Fases do Desenvolvimento cido como o “objeto bom”, e o seu oposto irá gerar inseguran-
ça e desconfiança.
“A bondade, a beleza e a verdade são os fundamen- Por volta dos seis meses, já há uma percepção da mãe
tos da humanidade”. Platão “como uma pessoa total”, integrada em seus aspectos bons e
maus, e a relação da criança com a mãe é mais realistas,
aprendendo a controlar sua ansiedade e seus impulsos frente
Os estudos demonstram ser o bebê extremamente com- às demandas do meio, preparando-se para enfrentar os no-
petente sob muitos aspectos – é sensível, curioso, um apren- vos desafios da fase seguinte de seu desenvolvimento.
diz eficaz, manifestando grande percepção ao tom de voz,
gestos, atitudes, expressões e movimentos dos adultos que Para Erikson a primeira coisa que se aprende na vida é
estão ao seu redor, principalmente àqueles que tem algum receber; e a criança recebe não só com a boca mas com os
significado emocional para ele. sentidos, com os olhos, ouvidos e com o tato. A atitude psi-
cossocial básica que se aprende, neste estágio, é “saber” se
A criança ao explorar seu meio em busca das descober- pode confiar no mundo a sua volta, se será alimentada nos
tas, logo descobrirá que algumas restrições serão impostas, e horários adequados e na quantidade correta, deixando-a
irá manifestar seu desagrado através de birras e choro, confortável. Irá desenvolver, a Confiança X Desconfiança.
aprendendo, no entanto, a lidar com as limitações que, saberá
mais tarde, terá que conviver por toda a vida, mudando a É importante salientar que, de acordo com Erikson, des-
cada estágio de seu desenvolvimento. confiança na dose certa é importante, pois desenvolve a pron-
tidão frente ao perigo, assim como a antecipação do descon-
O ser humano aprende cedo e prontamente a lidar com as forto desenvolverá o instinto de proteção, que ajudará a crian-
circunstâncias que influenciam, direta ou indiretamente, a ça a tornar-se mais autônoma.
obtenção de seus desejos, o que lhe traz desconforto, o que
interfere em suas esperanças, bem como o que lhe traz me-
dos e angustias, buscando formas compensatórias de evita- Fase Anal
ção.
O nascimento é a primeira grande experiência vivida pelo No final do primeiro ano de vida estão presentes habilida-
ser humano e o primeiro obstáculo a ser superado no proces- des como virar-se, sentar, engatinhar, ás vezes andar, assim
so de desenvolvimento. Sair da segurança e proteção do como o início da comunicação verbal, ora para pedir coisas,
útero materno e enfrentar os estímulos do mundo externo ora como forma de sociabilização. Nessa fase inicia-se a
requer grandes adaptações psicológicos. capacidade de julgar a realidade e antecipar situações, possi-
De acordo com vários autores, não resta ao recém- bilitando maior tolerância ás tensões do cotidiano, e normais
nascido outra alternativa senão viver a “angustia do desliga- no desenvolvimento.
mento”, a qual pode ser considerada como o protótipo de Durante o segundo e terceiro anos de vida a criança será
fenômenos psicológicos, que aparecerão em outras fases do estimulada a desenvolver a autonomia, tornando-se mais
desenvolvimento, e que denominamos de angustia, ansieda- independente, inclusive no que se refere ao controle dos
de, ou depressão. esfíncteres, e cuidados com a higiene pessoal, que estará de
O ser humano ao nascer, e durante bastante tempo, é to- acordo com as exigências do meio em que vive e de sua
talmente dependente de outros seres humanos para alimentá- cultura familiar.
lo, cuidar de sua higiene, protegê-lo e dar o apoio emocional, Passa a viver outro conflito, pois embora tenha prazer em
que como veremos a seguir, é essencial para o seu desenvol- agradar os adultos que a elogia quando acerta, não poderá
vimento psicológico. esvaziar a bexiga e o intestino imediatamente para, então,
Desde os primeiros instantes de vida, o comportamento obter o alívio da tensão, pois tem local próprio e “hora certa”
materno (ou seu substituto) exercerá influência na formação para fazê-lo. Deve aprender a reter quando desejaria eliminá-
da personalidade da criança, mesmo que inexista a comuni- los, mas descobre que também pode ter prazer durante esse
cação verbal. A maneira como os problemas são soluciona- processo.
dos, os gestos feitos na hora de segurar a criança e os senti- Os impulsos, nesta fase, levam a criança a vivenciar a
mentos em relação a ela, irão provocar respostas de prazer busca do domínio do ambiente, e das pessoas que estão a
ou desprazer no bebê, que poderá trazer efeitos duradouros sua volta, para obter o máximo de prazer possível. É a fase
na concepção de realidade. das “birras”, crises de nervos, parecendo necessitar de limites
Devemos dar atenção especial às mudanças que ocorrem claros, para então se acalmar.
na família com o nascimento de uma criança, pois novos Erikson denominou esse conflito de Autonomia X Vergo-
papéis são exigidos e, além de manter os anteriores, apare- nha e Dúvida. Quando a criança consegue ter a autonomia
cem os de pai, mãe, avô, avó, tios, primos, etc., acarretando, para realizar o que é solicitado pelo meio, sente-se gratifica-

Conhecimentos Específicos 86 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
da, e quando não consegue passa a sentir vergonha, poden- da auto-estima que aparecerão sempre que os ideais forem
do desenvolver o comportamentos obsessivos, tornando-se frustrados.
mal humorada, fechada e com uma hostilidade encoberta. É a Estabelecendo relações interpessoais fora da família, co-
fase onde pode tornar-se muito ordeira e meticulosa, sendo meça a empreender a difícil tarefa de ajustar-se às outras
colaboradora e participativa. pessoas e manejar seus impulso para conseguir viver social-
mente. Tem necessidade de pertencer a um grupo de iguais e
Fase Fálica de ser aceito pelos companheiros, bem como de sentir-se
responsável e capaz de realizar feitos que recebam aprova-
ção e lhe dêem um status no grupo, desenvolvendo um con-
O período que vai dos 3 aos 5/6 anos, a criança já tem ceito de “si mesmo”.
maior consciência de si mesma, percebendo com maior clare-
za o mundo que a rodeia, interessando-se pelo ambiente e Meninos e meninas formam grupos separados, excluindo-
indagando sobre o significado e as causas dos fatos. se mutuamente, buscando jogos diferentes, sendo que os
meninos têm pavor de parecer-se com meninas, e se vigiam
Aumenta o interesse pelo próprio corpo, principalmente para denunciar quando isso acontece.
pelos genitais, tornando-se mais exibicionista, masturbando-
se e buscando contato físico com outras crianças. Identificam-se com profissões e com determinados profis-
sionais, surgindo vocações e talentos e a famosa frase:
Aparece, nesta fase, o fenômeno conhecido como com- “quando eu crescer serei...”, tentando obter reconhecimento
plexo de Édipo, e o conflito da ambivalência entre o amor e o pessoal, mas já percebendo que terão que ajustar-se às nor-
ódio, pois o seu “objeto de amor” também é a figura discipli- mas do mundo e que nem sempre são as mesmas de sua
nadora que coloca limites e restrições, e o “objeto odiado” é família de origem, deparando-se com os códigos de lealdade,
provedor, lhe dá segurança e proteção. que poderão trazer muitos conflitos internos e embates famili-
Erikson denominou esta fase de genital-locomotora, con- ares.
siderando que o desenvolvimento da personalidade envolve o Erikson descreve esta fase como Construtividade X Inferi-
equilíbrio entre duas atitudes psicossociais, que denominou oridade, sendo que na construtividade busca o aprendizado e
de Iniciativa X Culpa. a realização, utilizando-se de suas potencialidades e capaci-
Na chamada iniciativa existe a busca dos objetos que lhe dades. Na inferioridade, por não receber estímulo do meio
dê a satisfação, e é o que move a criança a ligar-se ao “objeto considera-se incapaz em relação aos outros, sentindo-se a
de amor”, tentando identificar-se como o modelo entendido margem de seu grupo, desistindo de competir, como se esti-
como “adequado”. A culpa surge como consequência dos vesse destinado à mediocridade.
sentimentos de onipotência, rivalidade, competição e ciúmes É a fase onde a transição está ocorrendo e não é mais
que acompanham o desejo de obter os fins procurados. criança, mas ainda não é jovem (fase infanto-juvenil), dese-
A conduta social básica que pode manifestar-se nessa fa- jando em alguns momentos permanecer num estado de des-
se é a de tentar sempre “tirar vantagem”, bem como o ataque preocupação, liberdade e aventura, e em outros total inércia.
frontal as pessoas que tentam colocar limites, tendo prazer na
competição e na conquista, insistência em alcançar uma meta
e, embora, demonstre segurança e tenha atitude resoluta, Adolescência
pode carregar traços de inferioridade. Por outro lado, nessa
fase a criança torna-se amigável, colaboradora, amorosa, A adolescência é uma fase cheia de questionamentos e
sendo capaz de proporcionar bem estar as outras pessoas instabilidade, que se caracteriza por uma intensa busca de “si
uma vez que é capaz de ter empatia, podendo se colocar no mesmo” e da própria identidade. Nessa fase todos os padrões
lugar do outro. estabelecidos são questionados, bem como criticadas todas
as escolhas de vida feita pelos pais, buscando assim a liber-
Período de Latência dade e auto afirmação.
Os adolescentes são desajeitados em seus movimentos,
sendo que a fala fica alterada, a voz vibrante, desafinada e
Dos 5 aos 10 anos a criança utiliza sua energia psíquica alta. O humor fica extremamente lábil, com crises de raiva,
para o fortalecimento do ego, o qual se tornará melhor equi- choro e risos, alternados e exagerados, além da insatisfação
pado para lidar com os impulsos que virão nos próximos constante, e oposição a tudo o que o adulto sugere.
anos, e para adaptar-se aos novo ambientes. Volta-se para o
mundo externo, como escola, jogos, amizades e outras ativi- Erikson aponta com sendo a fase da Identidade X Confu-
dades, fora do ambiente familiar, passando a buscar novos são de Papéis, uma vez que há um grande desejo de ser
ídolos e heróis, fora de casa. valorizado por possuir ou realizar algo que seja só seu, algo
inédito, que lhe traga um destaque no grupo; porém o medo
Se ocorreram turbulências nas fases anteriores, poderá de não ser capaz está sempre presente. É uma fase de muita
ser uma criança irritada, agressiva, exibicionista, com exces- criatividade, com críticas ao que acontece ao seu redor, ou no
siva curiosidade sexual, apresentando mau aproveitamento planeta como um todo, tendo necessidade de falar sobre o
escolar, podendo ter pavores noturno, enurese, ou dificulda- que pensa, mas só quando desejar, como se precisasse
des alimentares. constantemente provar sua liberdade de falar ou calar.
Nesse período da vida sua auto-estima já não depende
exclusivamente da aprovação externa, tendo a própria crítica
ao proceder de forma “certa ou errada”. A sensação de acerto Maturidade
provoca sentimento de segurança, prazer e auto valorização,
e ao contrário, a sensação de erro traz culpa e remorso. Poderíamos dividir esta fase em dois momentos: o Jovem
Segundo Freud aparece neste momento o superego, her- adulto, período que vem logo após a adolescência, e a Meia
dado do complexo de Édipo, podendo, a partir da auto crítica, Idade.
surgir o medo excessivo de doenças, de acidentes, de perder Para Erikson o jovem adulto passa pela fase da Intimidade
o amor das pessoas, da morte e da solidão. X Isolamento, onde deseja um relacionamento afetivo íntimo,
Passa a ter importância vestir-se como os de sua idade, o duradouro e continuo, através de relações profundas, bus-
conhecimento intelectual, os valores sociais, os bens materi- cando, também nessa fase, a construção de uma carreira
ais, bem como a imagem de perfeição que construiu para si profissional que lhe dê estabilidade e boa condição financeira.
mesma. O ego procura manter esta imagem evitando o sofri- Erikson descreve a Meia Idade como sendo a fase da
mento vindo dos sentimentos de inferioridade e da diminuição Produtividade X Estagnação, onde se a carreira profissional e

Conhecimentos Específicos 87 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
as questões emocionais estiverem “resolvidas”, tanto pode • 5º mês: olha própria imagem no espelho e se alegra
ocorrer uma estagnação, como uma busca de novos desafios. com isso, lambe, morde e chupa tudo o que estiver em seu
Caso não tenha realizado seus ideais até este período da vida alcance.
também poderá acontecer uma das duas saídas, dependendo
das mensagens que estão gravadas em seu inconsciente, em • 6º mês: estica os braços para ganhar colo, segura ob-
função das fases anteriores do seu desenvolvimento, e as jetos com as duas mãos, come a primeira papinha.
opções feitas no passado.
• 7º mês: senta de modo firme, começa a entender o
É o momento que anteriormente chamávamos de “ninho "não", interessa-se por figuras em livros, aparecem os primei-
vazio”, em que os pais, principalmente as mães, considera- ros dentes.
vam-se sem função por não saber ser outra coisa na vida
além de cuidadoras. Com o grande investimento que se fez • 8º mês: está pronto para engatinhar, olha para quem o
nos últimos anos, mostrando que as mulheres tem outros chama pelo nome.
afazeres além de ser cuidadora, e com a entrada da mulher
no mercado de trabalho, essa crise não é tão acentuada. • 9º mês: os dedos funcionam como pinça para pegar
Paralelamente está ocorrendo uma mudança nos jovens, que objetos pequenos, bate palmas e dá tchau.
hoje não tem a mesma premência de sair de casa, pois a
liberdade aumentou, os pais são mais liberais, e as questões • 10º mês: aponta com o dedo indicador.
de estudo e trabalho ficaram mais exigentes, aumentando o • 11º mês: tenta ficar de pé encostando-se às paredes e
período em que os filhos permanecem “no ninho”, cuidados, e apoiado em móveis.
até mantidos financeiramente – são chamados “adultolescen-
tes”. • 12º mês (1 ano): começa a andar com ajuda.
A chamada crise dos 40 ocorre quando se avalia que não
se tem mais todo o futuro pela frente, e que o recomeço não é • 15 meses: anda bem sozinho, sobe escadas engati-
tão simples, pois sair do conhecido, e lançar-se no escuro nhando, usa o copo para beber líquidos e pode usar a colher.
amedronta, torna-se mais preocupante do era que antes. Desenvolvimento da linguagem
Jung, no entanto, vê esta fase como extremamente criati-
va dizendo ser o “inicio do libertar-se do aprisionamento Ao nascer o bebê possui vocalizações diferentes do choro
do ego” e em vez de representar a última chance, como para "fome", "dor". É chorando que o bebê se comunica, es-
pensam alguns, é sim um período especial, com significativas pecialmente com a mãe. E é incrível como ela consegue en-
possibilidades para a maturação saudável, e que o importante tender cada tipo de choro...
é responder as seguintes perguntas : Aos 3 meses faz ruídos com a garganta e estala o céu da
boca.
“Para o que quero usar meu potencial?
Balbucia (repete uma série de sons: "ma-ma", "da-da") aos 6
O que tenho realmente que fazer na vida? meses e reserva cada som para um objeto específico. Brinca
Qual é a minha verdadeira tarefa?”. com as suas próprias vocalizações. E os adultos, imitando-os,
também brincam!
www.portalgeobrasil.org/psico/mat/desenvolvimentopsicolo Reconhece o "não" e seu próprio nome aos 7 e 8 meses.
gico.htm A média de idade para a 1ª palavra é 11 meses.
Desenvolvimento cognitivo
O Desenvolvimento Humano ao longo da Vida
Piaget denomina esta fase como Período sensório-motor.
Do nascimento a 18 meses - Infância Por que? Porque o bebê conhece o mudo e desenvolve a
inteligência através dos sentidos e das ações.
Desenvolvimento físico
Ele caminha das atividades reflexas inatas (respostas que
Esta é uma fase de rápido crescimento e desenvolvimen- traz prontas ao nascer para reagir ao ambiente: sugar, agar-
to: o bebê muda mês a mês!! rar, acompanhar visualmente) para atividades desenvolvidas
para um fim e relacionadas ao ambiente. Por exemplo: olha,
A criança, através da maturação do Sistema Nervoso Cen- agarra e depois põe na boca o que quer.
tral e do Sistema motor, vai progredindo e começa a coorde- O domínio do ambiente pelo bebê ocorre através do chamado
nar os reflexos que traz ao nascer (sugar, pegar e olhar para) processo de Assimilação (incorporando novos estímulos am-
em ações mais complexas: coordena a sucção com a visão bientais: p.ex., agarrar novos objetos) e pelo processo da
(olha para o que suga), depois o olhar e o pegar (olha e pe- Acomodação (modificação do comportamento para a adapta-
ga), desenvolve em seguida o movimento de pegar, começa a ção a novos estímulos: p. ex., esticar o braço para agarrar um
descobrir objetos, senta sem suporte, fica de pé e finalmente objeto distante).
anda sem ajuda.
Desenvolvimento afetivo e social
O bebê mês a mês:
Vinculo mãe-bebê
• 1º mês: o bebê dorme a maior parte do tempo, apre-
senta uma série de reflexos como o agarrar e o sugar. O vínculo mãe-bebê (relação de apego) é extremamente
importante neste início da vida!
• 2º mês: diferencia sons e orienta-se para os humanos, A criança aprende através dele se o mundo é um lugar bom e
acompanha visualmente o deslocamento de um objeto, sorri agradável para viver ou uma fonte de dor, frustração e incer-
em resposta a outro sorriso, demonstra conhecer o rosto da teza.
mãe. A criança "sinaliza" ao ambiente como ela está, através de
alguns comportamentos como o choro, o sorriso, a vocaliza-
• 3º mês: segura com firmeza um objeto, enxerga em ção, o olhar, cada um deles indicando coisas diferentes: há
cores, reage a barulhos parando de mamar. alguns "sinais" que buscam a aproximação da mãe e outros
que pretendem mantê-la presente, interagindo. É possível
• 4º mês: levanta a cabeça e a mantém equilibrada, cho-
distinguir, como já dissemos, choros de "manha", "mágoa" e
ra quando deixado sozinho, ouve a voz da mãe e vira a cabe-
"dor", assim como há sorrisos "fechados", "sociais" e "largos".
ça procurando por ela.
Quando a mãe responde aos "sinais" que a criança emite
(chamamos a isso de interação "sintônica") uma relação afeti-

Conhecimentos Específicos 88 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
va se desenvolve e tanto a criança, como a própria mãe, criança aprende aos poucos a esperar e a adiar a satisfação
desenvolvem um sentimento de segurança: o bebê frente ao imediata de suas necessidades.
ambiente e a mãe frente ao seu papel materno.
De 18 meses a 3 anos
Auto-imagem e autoconceito
Desenvolvimento físico
Em relação à auto-imagem e autoconceito, o bebê, inici-
almente, não experimenta a si mesmo como separado dos Este é o momento da aquisição dos "dentes de leite".
outros, especialmente da mãe: ele e a mãe são vivenciados Ocorre também o refinamento das manobras de pegar e sol-
como sendo uma coisa só! tar (apreensão fina dos dedos). Nesse sentido, e acompa-
Com o tempo a criança começa o processo de separação, nhando essas conquistas, a maioria das crianças começa a
ainda que a mãe seja vista como uma extensão de si, seja alimentar-se sozinhas, colocar e tirar algumas peças de rou-
provendo cuidados ou o frustrando. pas. Que bagunça para a mamãe!!
Do ponto de vista físico é também o importante momento da
Ansiedades normais do bebê aquisição do controle da bexiga e o intestino: das fraldas para
o penico!
Por volta dos 6 meses o bebê sorri mais para a mãe, dá
os braços para ela, vocaliza mais em sua presença, deixando Desenvolvimento da linguagem
nítida a aquisição de uma ligação de apego e apresentando
então ansiedade de separação ao seu afastamento. A criança se personaliza e começa a usar o "eu", mos-
Em torno dos 8 meses surge a ansiedade frente a estranhos, trando assim a fundamental aquisição da diferenciação "eu" e
indicando claramente que o bebê já discrimina o familiar do "não eu".
não familiar. Utiliza já frases de duas palavras: "roupa mamãe" (2 anos)
para pedir o que deseja.
Qual é a tarefa do ambiente junto à criança de zero a 1 Mas, como a fala não é ainda capaz de dar à criança condi-
ano e meio? ções de expressar tudo, a frustração dá lugar à raiva e a raiva
gera a birra. É importante que as pessoas ao redor compre-
A tarefa do ambiente nesse período é a de prover condi- endam o porquê desta irritação.
ções para que o bebê desenvolva um sentido de segurança e Surge o plural e começa a fase dos "porquês".
confiança em relação ao mundo através do afeto da mãe ou
substituto e da adequada satisfação de suas necessidades. Desenvolvimento cognitivo
Mas, mais importante que a quantidade é a qualidade e a
Piaget:
contingência da estimulação que o ambiente provê ao bebê: a
criança se apega a quem em com ela uma interação melhor Este momento é denominado agora de Período pré-
(em qualidade e no momento da necessidade) e não quem operatório e o grande avanço é o surgimento da função sim-
fica com ela a maior parte do tempo! bólica com o uso da linguagem (2 anos).
O brincar A criança aprende a diferenciar entre ela e o mundo externo:
começa a ver os objetos como separados de si mesma (con-
A criança geralmente se diverte jogando objetos e pegan- ceito de objeto).
do-os, e gosta muito de brincar com a mãe de "achou!" (nas Desenvolve a capacidade de representar objetos e pessoas
mais diferentes culturas, diga-se de passagem). mentalmente em sua ausência (permanência do objeto) em
Brinca de sacudir chocalhos (4 meses), empilhar cubos (13 torno dos 2 anos.
meses) e com 1 ano e meio folheia livros.
Outras características importantes desta fase:
Raio de relações significantes: a mãe ou substituto Egocentrismo: a criança entende tudo a partir da própria
perspectiva.
Modelos teóricos de desenvolvimento Animismo: a criança acredita que os objetos inanimados
Erikson - Confiança versus Desconfiança no ambiente estão vivos, isto é, possuem sentimentos e intenções.
(0-1 ano) Pensamento mágico: a criança acredita ter o poder de fazer
coisas acontecerem a partir de seus desejos.
Segundo Erikson, a qualidade e o nível da consistência do
cuidado recebido pela criança permitem que ela sinta confian- Desenvolvimento afetivo e social
ça (ou desconfiança) no ambiente e uma primeira apreciação Com o crescente processo separação-individuação, a cri-
de que as pessoas responderão às suas necessidades e ança ganha um senso de existência inteiramente separada,
expectativas. aumenta a independência da mãe, embora, às vezes, vacile
Os sinais comportamentais de que a criança está adquirindo entre um funcionamento independente e retorno ao apego
essa confiança aparece na facilidade com que ela se alimen- inicial.
ta, na profundidade do seu sono, na tranquilidade da alimen- A criança já "caminhou" muito até esse momento (já aprendeu
tação, na facilidade do seu sorriso e no deixar a mãe se afas- a andar, a discriminar familiares de estranhos, adquiriu os
tar sem mostrar uma ansiedade intensa ou uma raiva muito rudimentos da linguagem) e se recebeu cuidados adequados,
acentuada. sente-se seguro frente ao ambiente e precisa então "testar"
Ela deixa a mãe ir embora /sair de perto porque o seu retorno tudo isso.
é confiável e seguro. Nesse sentido, a colocação de uma Muito de sua interação com o ambiente tem o caráter de uma
rotina frente às primeiras experiências da criança é funda- "oposição" àquilo que lhe é pedido, em várias situações da
mental no processo de desenvolvimento da segurança. vida diária. É teimosa, negativista: "não vou", "não quero",
Freud - Fase oral "não gosto".
Neste período do desenvolvimento o bebê é puro "Id" (im- Aparecem de forma intensa alguns impulsos como os de:
pulsos) e pede ao ambiente uma gratificação imediata de aquisição (a criança passa a pegar tudo, a querer tudo, di-
suas necessidades - princípio do prazer ("quero agora!"). zendo que é dela); agressão (reage muitas vezes batendo,
Essa gratificação é primariamente oral, através de modos chutando, fazendo birra às frustrações que o ambiente impõe
incorporadores (sugar, alimentar-se). à ela); sexual (na situação de banho é frequente encontrar
Com o tempo, os limites colocados pelo ambiente entram em crianças explorando as sensações produzidas pelo toque a
confronto com essas necessidades e surge então um "Ego" seus órgãos sexuais). As mães começam a ser mais exigen-
rudimentar - princípio da realidade ("eu aguento esperar"): a tes com a criança, a exigir maior cooperação, obediência e

Conhecimentos Específicos 89 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
controle, como é o caso do treino de toalete (processo de colher e garfo.
eliminação) que acontece em geral nesse momento. É o início Ocorre uma alteração nas proporções do corpo, a criança
da internalização das normas, do que pode e não pode. passa a reconhecer as diferentes partes do corpo e se inte-
ressa por roupas de adulto.
O brincar
Demonstra curiosidade pelos órgãos sexuais, pelo nascimen-
A criança nesta fase tem objetos favoritos (brinquedos, to dos bebês e pelas diferenças sexuais.
cobertor e outros). Desenvolvimento cognitivo
Brinca de forma solitária, não dividindo os brinquedos (tudo é
"meu") e sua brincadeira é livre e sem regras. Piaget - Período pré-operatório (continuação)
Importante lembrar que seu tempo de atenção muito curto
(por isso devem ocorrer mudanças frequentes de brincadeira). Usando palavras, a criança pode imaginar e falar sobre
Gosta bastante de brincar de esconde-esconde. objetos não presentes, acontecimentos e sentimentos.
O pensamento é, entretanto, egocêntrico: a criança é incapaz
Qual a tarefa do ambiente junto à criança de até 3 de adotar o ponto de vista do outro e esforça-se pouco para
anos? adaptar a comunicação às necessidades de quem ouve.
O pensamento é também limitado pela inabilidade em levar
A tarefa do ambiente nesse período é o de dar limites aos em conta dois aspectos da observação ou dos objetos simul-
comportamentos da criança, isto é, começar a estabelecer taneamente (não conservação. Por exemplo, na situação: a
para a criança o que pode e o que não pode, o certo e o erra- criança olha para duas bolinhas de massa de modelar do
do. mesmo tamanho, uma delas é então manipulada e se torna
Normas para a criança mais fina, a criança responde então que uma é maior que a
outra porque mais comprida).
Importante nesse sentido que: Tenta desenhar uma pessoa (3 anos) e depois, coisas que já
viu (5 anos).
• as normas sejam claras, bem determinadas e exigi-
das na maioria das vezes: isto faz com que a criança aprenda Desenvolvimento afetivo e social
mais rápido e se sinta segura frente às consequências de seu
comportamento. Ocorre uma grande "ampliação da socialização": a criança
é exposta a influências sociais mais amplas, visitando a casa
• a aprendizagem das normas e do controle não signi- de amigos e muitas vezes frequentando a escola.
fique a aquisição do medo e da vergonha.
Além dos contatos sociais da criança crescerem rapida-
Importante esclarecer que, nesse momento inicial do mente nessa fase, há diferenças em relação ao sexo da cri-
aprendizado das normas, que as normas sociais são obede- ança:
cidas geralmente apenas quando o agente socializador está
presente. Há necessidade de um controle externo, ou seja, a • as meninas gastam grande parte do tempo em inte-
mãe precisa estar presente na situação dizendo à criança rações sociais, a afiliação é uma tendência maior delas.
para "não fazer sujeira", "não subir na mesa"! E é, por sua • os meninos estão mais frequentemente engajados
vez, pelo receio de perder o "amor" da mãe que a criança em alguma atividade física.
obedece à ela.
Continua a dependência dos pais, mas inicia-se o esforço
Raio de relações significantes: os pais.
pela autonomia: criança quer tomar banho sozinha, ajuda um
Modelos teóricos de desenvolvimento pouco nas tarefas da casa, envolvimento maior com a escola
maternal/creche.
Erikson - Autonomia versus Vergonha e Dúvida (1-3
anos) A criança inicia tarefas, propõe atividades, se antecipa ao
ambiente.
Nesta fase, a criança luta para dominar e controlar o am-
biente. O brincar
Começa a se ver como separada dos pais, ainda que depen- A criança nesta fase brinca ativamente com a fantasia e
dente dele e o esforço é obter autonomia sem perder a auto- faz uso intenso da imaginação.
estima. Entretanto, o brincar tem características diferentes: já não
E precisa de protetores firmes que saibam discriminar quando precisa tanto da manipulação do concreto e recorre muito ao
ela pode ir ou deve ser segurada. "faz-de-conta".
A falha em dominar essas tarefas ou a punição decorrente Também começa a brincar com jogos competitivos.
leva à vergonha ou à dúvida sobre si mesma e suas capaci-
dades (sentimento de ser "má" ou "suja"). Os adultos como modelos
Freud - Fase anal Nesta fase, a criança se identifica com os adultos frente
aos quais se ligou emocionalmente e com os quais convive.
A atenção e o prazer da criança são dirigidos à excreção, Que responsabilidade a nossa!
a qual é também fonte de prazer. Ela imita esses modelos, ensaia "papéis" em termos do com-
Corresponde ao momento em que as demandas do ambiente portamento, dos valores, das atitudes e da forma de reagir.
começam a ser colocadas para a criança (treino de toalete).
Também as atitudes frente a figuras de autoridade começam Quais as tarefas do ambiente junto à criança de 3 a 5
a ser formadas e predominam as de ambivalência e de rebel- anos?
dia.
As tarefas do ambiente nesse período são no sentido de
De 3 a 5 anos permitir, dentro dos limites por ele considerados como ade-
quados, que a criança teste a sua iniciativa, sejam dadas
Desenvolvimento físico
condições para que ela verifique o efeito de suas ações e
Nesta fase corre, salta, pula, anda de triciclo (3 anos). possa aprender que se lançar em frente pode ser algo agra-
Também anda de bicicleta, anda na ponta dos pés, joga bola, dável e ter bons resultados, dentro do equilíbrio liberdade x
aprende a nadar (4 anos). limites.
Usa tesouras, botões, massa de modelar e utensílios como É fundamental a adequação dos pais como modelos a serem

Conhecimentos Específicos 90 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
imitados e seguidos: se estes são indiferentes ou hostis, cri- pergunta: há mais bolas vermelhas ou brinquedos nesta cai-
am modelos pobres para que a criança se identifique, o afeto xa, a criança é capaz de dizer a resposta correta do conjunto,
é a base tanto para a aquisição de normas quanto da identifi- ou seja, há mais brinquedos).
cação. O raciocínio é do tipo empírico-dedutivo: "o que é".
Nesse sentido é importante que os pais como modelos te-
Desenvolvimento afetivo e social
nham um bom conhecimento de si mesmos, se aceitem e se
respeitem como pessoas, estejam satisfeitos consigo mesmo Surge um novo socializador: a escola.
e possam transmitir um ao outro com tranquilidade a visão Consequentemente tem-se também a separação da mãe e de
que cada um tem da criança. casa por um período de tempo maior.
A influência dos pais sobre os filhos é profunda justamente Os professores, os colegas e os amigos se tornam influências
porque ela se dá através dessa aprendizagem por imitação sociais importantes.
mais do que por um ensino direto. Entretanto, as amizades são transitórias e os interesses mu-
A tarefa do ambiente nesse período é também, portanto a dam rapidamente.
reflexão individual e a auto-análise dos adultos como pessoas A criança vai deixando de lado a fantasia e o brinquedo, pas-
frente às quais a criança se identifica e toma como modelos. sando a empreender tarefas reais na direção de competên-
Raio de relações significantes: a família básica. cias acadêmicas e sociais.

Modelos teóricos de desenvolvimento Teste do processo de desenvolvimento anterior

Erikson - Iniciativa versus Culpa Esta é uma fase de teste do processo de desenvolvimento
anterior e nesse sentido:
A criança neste estágio está envolvida em entender, pla-
nejar e realizar tarefas. • é preciso que a afeição tenha gerado segurança pa-
Um senso de moralidade primitivo é manifestado com a sen- ra que ela se sinta tranquila para conviver com outros adultos
sação de culpa (superego) frente os atos impulsivos. Este é o e ambientes.
tempo das rivalidades com os irmãos e o complexo de castra-
• é preciso que os limites impostos ao seu comporta-
ção.
mento tenham levado a uma capacidade grande de se adap-
Uma disciplina por demais restrita e a consequente internali-
tar e seguir normas (as da escola são muitas)é preciso que a
zação de normas muito rígidas podem interferir na esponta-
liberdade tenha permitido a iniciativa e a expectativa de que
neidade da criança, com o teste da realidade e levar à culpa
testar e enfrentar novas situações é muito bom- é preciso
excessiva.
acima de tudo que a criança tenha desenvolvido e adquirido
Freud - Fase fálica uma auto-imagem positiva.
Os genitais são o foco de interesse, estimulação e excita- • crescimento das relações com os colegas do mesmo
ção. sexo e do oposto.
O pênis é o órgão de interesse para ambos os sexos e a
criança mostra-se incrivelmente interessada nas diferenças O brincar
sexuais. As crianças nessa fase participam de jogos em equipe na
Complexo de Édipo: a criança deseja o pai do sexo oposto e, escola e em casa, com regulamentos. A competição nos jo-
simultaneamente livrar-se do pai do mesmo sexo. Esse apego gos pode ter resultados associados à auto-estima.
ao sexo oposto é vivenciado com intensa preocupação (ansi-
edade de castração nos meninos e inveja do pênis nas meni- Quais as tarefas do ambiente?
nas). As tarefas do ambiente nesse período são:
De 5 a 12 anos
• em relação à família: continua a ser o primeiro socia-
Desenvolvimento físico lizador, dela depende a escolha da escola. Cabe a família
apoiar a criança, valorizar o seu trabalho na escola, o seu
Ocorre a erupção dos dentes permanentes. Também se ganho de competências e habilidades. Tem que enfrentar
tem a elaboração da coordenação motora fina. também o início do afastamento da criança da dominância
As crianças têm maior consciência das mãos como instru- familiar, a cada instante o filho traz um "pode?" novo e dife-
mentos de trabalho. rente, cabendo aos pais discutir, rever, ceder ou impor nor-
Começam a identificar-se com o pai do mesmo sexo (5 anos). mas.
Há um incremento das proezas atléticas.
Ocorre o início da puberdade ao final do período (para as • em relação à escola: responder às necessidades da
meninas). criança de se sentir capaz, empreendedora, competente;
informar e formar, assumir o desenvolvimento da criança
Desenvolvimento da linguagem
como um todo, não ser apenas um mero transmissor e cobra-
Nesta fase tem-se um vocabulário enriquecido e sofistica- dor de informações ou, pior ainda, um lugar onde a criança
do gramaticalmente. gasta parte do seu tempo, aliviando as responsabilidades da
Ocorre o início da leitura (5 anos) e a criança tem muito pra- família. Cabe à escola o manter ou transformar a visão que a
zer em jogos de palavras e habilidades verbais. criança tem de si mesma, de suas capacidades, de seu valor:
Fala tão bem quanto escreve (12 anos). os professores são adultos significantes e modelos a serem
imitados, bem como os companheiros serão os transmissores
Desenvolvimento cognitivo de novos padrões de comportamento e atitudes.
Piaget - Período operacional concreto Raio de relações significantes: a vizinhança e a escola.
Este é um estágio caracterizado pela aquisição de lógica Modelos teóricos de desenvolvimento
elementar (relações de causa-efeito) sobre eventos concre-
tos, presentes e experenciados. Erikson - Indústria versus Inferioridade
Os princípios de reversibilidade e conservação de volume,
O domínio das tarefas escolares e a contenção dos impul-
peso, número e extensão são adquiridos.
sos do período anterior para adaptar-se às leis do ambiente
Há compreensão sobre a relação entre a parte e o todo, ca-
são os objetivos desse período.
pacidade de seriação e classificação (por exemplo: frente à

Conhecimentos Específicos 91 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Há reconhecimento por se produzir coisas. A conformidade (agir de acordo) com o grupo torna-se muito
O domínio desse estágio pode ser inferido se a criança sente- importante e é fundamental ser aceito dentro dele.
se adequada em relação às suas habilidades pessoais, com- Ocorre a consolidação da auto-imagem e o estabelecimento
petência ou status entre os colegas. de uma identidade pessoal: noção de quem é, para onde está
O que mais atrapalha nessa fase esse sentido de dever e indo e quais são as possibilidades de chegar lá.
realização seria o desajustamento na escola, a competição
excessiva, limitações pessoais e outras condições que leva à Também é o momento da reavaliação das normais sociais
experiência de fracassos, resultando em sentimentos de infe- e valores, período de intenso idealismo e descoberta de valo-
rioridade. res abstratos como liberdade, beleza, privacidade, democra-
cia, etc.
Freud - Latência Não podemos nos esquecer da ambivalência do adolescente:
deseja a liberdade, mas não gosta de assumir a responsabili-
Resolução do Complexo de Édipo com a identificação po- dade a ela inerente!
sitiva com o pai do mesmo sexo e internalização dos valores O adolescente formula conceitos de amor e procura por inti-
parentais formando a consciência moral - Superego. midade.Tem suas primeiras experiências sexuais e ocorre o
Impulsos sexuais recebem menor ênfase e são canalizados estabelecimento da orientação sexual.
para objetivos socialmente aceitáveis.
Aumenta a preocupação com o domínio sobre o ambiente Quais as tarefas do ambiente junto ao adolescente?
externo: escola, hobbies, esportes, amigos.
Prover condições para que as necessidades do adoles-
De 12 a 18 anos - Adolescência cente (ser aceito, ser reconhecido como pessoa, ter sucesso
em suas atividades, ser querido e ser compreendido) sejam
Desenvolvimento físico
satisfeitas.
Este é um novo período de rápidas mudanças físicas, se- De modo objetivo os pais devem prover:
xuais, sociais e intelectuais.
Entrada na puberdade (desenvolvimento das características • relacionamento afetuoso.
sexuais secundárias): menarca, desenvolvimento dos seios,
pelos axilares e púbicos, expansão do tórax, mudança de voz, • modelo adequado dentro do papel sexual.
desenvolvimento muscular. Geralmente mais cedo (em geral
2 anos) nas meninas. • diminuição da autoridade sem cair numa permissivi-
Tem-se um crescimento acelerado da estatura que atinge o dade prematura- comunicação franca: conversar, despender
máximo do tamanho adulto ao final deste período. tempo, discutir as realizações do adolescente, suas metas,
A masturbação é quase uma prática universal entre os meni- restrições, valores.
nos e menos comum entre as meninas. • lembrar da própria adolescência: lembrar que os re-
Ocorrem apegos intensos a pessoas do mesmo sexo (ho- beldes de ontem se tornam os preocupados de hoje.
mossexualismo transitório tanto em meninos quanto meninas)
e evolução para interesses e atividades heterossexuais nos • ter senso de humor, muitos dos comportamentos dos
dois sexos. adolescentes são caricaturas ou uma oposição frente à forma
É o auge do desenvolvimento atlético e acadêmico. como o adulto age.
Entretanto, têm-se sérios problemas de saúde na adolescên-
cia como obesidade ou anorexia, tabagismo, drogas, alcoo- Raio de relações significantes: grupo de amigos
lismo, gravidez indesejável, acidentes de carro são os princi- Modelos teóricos de desenvolvimento
pais problemas deste período.
Erikson - Identidade pessoal versus Confusão de pa-
Desenvolvimento da linguagem péis
Ocorre a aquisição de construções gramaticais comple- Formação e consolidação da identidade egóica, ou seja,
xas. como:
E, especialmente, observa-se o uso de gírias próprias do
grupo de amigos. • alguém separado dos outros.
O adolescente tem grande prazer com livros, revistas, jornais,
escrita e diários. Atualmente, via internet! • tendo um sentido de coerência própria.

Desenvolvimento cognitivo • e uma autopercepção estável ao longo do tempo, is-


to é, perceber-se hoje como semelhante a ontem e com aque-
Piaget - Período operatório formal le que será amanhã.
Neste momento tem-se o domínio da habilidade em apli- Crescimento da identidade sexual, procura por um objeto
car regras lógicas e raciocinar frente problemas abstratos e amoroso e também por uma identidade profissional e ocupa-
hipóteses. cional.
Há a habilidade para compreender o conceito de probabilida- Há muita preocupação com o como aparece aos olhos dos
de. outros e o como se vê.
O adolescente é capaz de julgar muitas variáveis ao mesmo O sentimento de ser diferente pode levar a uma confusão de
tempo e "pensar sobre o pensar". papéis sexuais, sociais e culturais.
A preocupação com os próprios pensamentos nesta fase leva
o adolescente a assumir que qualquer um vê as coisas da Freud - Fase genital
mesma maneira (egocentrismo adolescente).
Estágio final do desenvolvimento psicossexual.
Raciocínio do tipo hipotético-dedutivo: "o que poderia ser".
A sexualidade retorna e é direcionada à união heterossexual
Desenvolvimento afetivo e social e à reprodução, as funções procriativas são enfatizadas nesta
e nas fases posteriores.
O papel das amizades é fundamental sendo fonte de se-
gurança e de status social. São mais íntimas e deixam de ser De 18 a 30 anos - Adulto Jovem
os amigos escolhidos pelos pais para serem pessoas desco-
Desenvolvimento físico
nhecidas do ambiente familiar (muitas vezes gerando preocu-
pações à família).

Conhecimentos Específicos 92 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
É o auge do desempenho do trabalho cardiovascular. O Desenvolvimento afetivo e social
corpo adulto está maduro fisicamente e sexualmente.
Também o auge da atividade reprodutiva e sexual (o interes- Ocorre o reajustamento de vínculos com crianças em
se sexual encontra-se aumentado no homem no início dessa crescimento e os pais idosos.
faixa etária e na mulher mais no final da mesma). Há a definição maior de papéis no trabalho, na manutenção
Ocorrem mudanças nas mulheres pela gravidez. da casa, luta quanto ao reconhecimento do trabalho e promo-
ções.
Desenvolvimento da linguagem Estabilização da identidade pessoal.
Uma das tarefas do adulto é superar o egocentrismo do Raio de relações significantes: trabalho e lar.
pensamento experimentado na adolescência.
Modelos teóricos de desenvolvimento
A habilidade em lidar com mais e mais objetos no nível opera-
tório formal (raciocínio lógico) é estendida. Erikson - Geratividade versus Estagnação
Desenvolvimento cognitivo Preocupação em estabelecer e guiar a próxima geração,
Perfeição das habilidades de fala e escrita para situações tanto em termos da própria família quanto de jovens da cultu-
formais. ra em geral.
Fase de maior produtividade e criatividade, possibilidade de
Desenvolvimento afetivo e social mudar escolhas feitas anteriormente, vida mais racional e
menos provisória.
Ocorre a formalização dos valores pessoais e objetivos,
de um modelo de vida em relação a trabalho, casamento, De 45 a 65 anos - Adulto Maduro II
família, profissão.
Desenvolvimento físico
Os objetivos educacionais são completados (graus mais
avançados), luta pela carreira e objetivos de trabalho. Momento de cuidados especiais com a saúde, pois:
Compromisso com outra pessoa pelo casamento e movimen-
to em direção aos papéis parentais. • Redistribuição dos depósitos de gordura, mudanças
de pele, início da perda da integridade musculoesquelética,
Raio de relações significantes: companheiros na amiza- diminuição na massa e densidade corporal.
de e no sexo.
• Mudança nos padrões hormonais, menopausa ou
Modelos teóricos de desenvolvimento
climatério.
Erikson - Intimidade versus Isolamento
• Tendência ao aumento de peso independentemente
Estabelecimento de relacionamento com parceiro sexual da diminuição da massa corporal, gradual compressão verte-
com potencial para paternidade/maternidade. bral.
O medo excessivo da perda da identidade pessoal ou rejeição
pode levar a evitar os relacionamentos resultando em isola- • Perda da acuidade auditiva.
mento.
• O tempo de acionamento dos reflexos é mais lento.
Realização de relacionamentos sexuais maduros.
Conciliação da identidade sexual com os objetivos do trabalho • Diminuição do tônus e força muscular.
e da carreira.
Reações às mudanças na imagem psicossexual resultante da • Maior prevalência de doenças crônicas.
paternidade/maternidade (assumir papéis familiares).
Desenvolvimento da linguagem
De 30 a 45 anos - Adulto Maduro
Sem alterações significativas em relação ao período ante-
Desenvolvimento físico rior.
Uma série de mudanças que podem preocupar o adulto Desenvolvimento cognitivo
nessa fase:
Lento declínio na perspicácia intelectual, mais perceptível
• Diminuição da densidade óssea. nas tarefas que envolvem habilidades sensorio-motoras e
percepções visuais - mais suscetíveis de interferência pelo
• Regeneração limitada da cartilagem em articulações processo de envelhecimento normal (diminuição da visão,
levando ao aumento de queixas relativas à artrite. tempo menor de reflexo).
• Ganho de peso natural independente do aumento do Desenvolvimento afetivo e social
consumo calórico.
Ajustamento ao crescimento dos filhos como adultos: rea-
• Decréscimo linear no funcionamento dos órgãos. ção frente à síndrome do "ninho vazio" (saída dos filhos de
casa).
• Presbiopia (dificuldade de distinguir com nitidez os A morte do cônjuge ou de parentes leva a enfrentar a morte
objetos próximos). de modo mais direto.
Mas é também o ponto ótimo da vida sexual!! Raio de relações significantes: o mesmo do período an-
É evidente também a influência do estilo de vida sobre as terior.
condições de saúde, como por exemplo, nas doenças cardio-
vasculares, hipertensão, depressão, etc. A partir dos 65 anos - Envelhecimento

Desenvolvimento da linguagem Desenvolvimento físico

Sem alterações frente ao período anterior. Ocorre a diminuição na capacidade funcional dos sistemas
orgânicos: taxa de metabolismo basal, índice cardíaco, capa-
Desenvolvimento cognitivo cidade respiratória, taxa de filtração renal.
Menor reserva de energia, diminuição da atividade, declínio
Também outro aspecto positivo: é o auge da habilidade in-
na capacidade para trabalho físico.
telectual.

Conhecimentos Específicos 93 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Aumento na prevalência de doenças crônicas e disfunções • estimular uma revisão positiva da vida passada e
metabólicas. Senescência. das realizações.
Desenvolvimento da linguagem • compreender e apoiar perdas pessoais e físicas.
Ocasionalmente inabilidade em relembrar palavras co- http://www.plenamente.com.br/desenvolvimento-
muns ou referências. humano.php
Desenvolvimento cognitivo
A CONSTITUIÇÃO DO OBJETO LIBIDINAL PATOLOGIA
Perda progressiva de memória. DAS RELAÇÕES OBJETAIS.
Desenvolvimento afetivo e social
O Primeiro Ano de Vida
No momento da aposentadoria, a autoridade e status fi-
cam diminuídas, ocorre uma revisão da vida em termos de Pretendemos neste artigo expor sucintamente um recorte
sucessos e falhas, foco nos rituais de herança. da Teoria do Desenvolvimento proposta por René Spitz em
A adaptação ao processo de envelhecimento nem sempre é seu livro “ O primeiro ano de vida”. Daremos ênfase a consti-
tranquila, há preocupação com medos de dependência e tuição da relação objetal na inter-relação mãe-bebê,a seguir
deterioração física e mental. elencaremos as patologias das relações objetais devido as
Ocorre limitação nas habilidades e mobilidade, restrição dos relações inadequadas e insuficientes entre mãe e fi-
contatos habituais, perdas do cônjuge, dos irmãos, familiares, lho. Interessante notar que foi Sptiz um dos primeiros psica-
amigos. nalistas a utilizar a observação direta das crianças para de-
Há uma mudança do senso de controle para a submissão às terminar e posteriormente descrever as etapas da evolução
demandas do ambiente, senso de sabedoria, o amor afetivo psicogenêtica da criança.
domina o físico.
O pensamento de Spitz baseia-se no conceito freudiano
Raio de relações significantes: a humanidade como um de um organismo no recém-nascido psicologicamente indife-
todo e seu próprio grupo social. renciado, tendo apenas um equipamento congênito e certas
Modelos teóricos de desenvolvimento tendências. Faltaria ainda a este organismo a consciên-
cia, percepção, sensação e todas as outras funções psicólo-
Erikson - Integridade do Ego versus Desespero gicas, conscientes ou inconscientes. Nesse sentido, a evolu-
ção normal é composta pelo que Spitz nomeia de organiza-
Este estágio é caracterizado por "ter tomado conta de coi-
dores de psiquismo, que demarcariam certos níveis da inte-
sas e pessoas" e avaliar os sucessos e desapontamentos.
gração da personalidade, então os processos de maturação
Sentimento de que o tempo é curto para mudanças a fazer.
e desenvolvimento combinariam-se pra formar uma aliança.
Algumas pessoas reagem bem frente ao estilo do estilo de
vida adotado e apresentam um sentimento positivo quanto ao
Com dissemos anteriormente nos centraremos na pato-
significado da vida, desenvolvendo até mesmo novos interes-
logias decorrentes da inter-relação afetiva entre a mãe e o
ses. Outros diminuem sua auto-estima e podem sentir deses-
filho expostas por Spitz, entretanto endosso a leitura deste
pero quanto às realizações e significado da vida, levando a
livro uma vez que é muito raro ter nas publicações psicanalí-
um medo intenso da morte.
ticas descrição minuciosa de método e conclusões nu-
Como ajudar o idoso? ma escrita direta e simples acessível a todos aqueles que se
interessem ou trabalhem com crianças.
O foco da ajuda recai no suporte social.
É importante manter, restabelecer ou desenvolver rede de Num primeiro momento introdutório cabe esclarecer que
suporte social (religioso, social, familiar). a noção de objeto encarada pela psicanálise está necessari-
Importante: amente atrelada ao conceito de pulsão e libido.

• prover um nível de cuidados que não exceda a ne- “Libido significa, em psicanálíse, no primeiro exemplo, a
cessidade. força (considerada como variável e mensurável quantitativa-
mente) dos instintos sexuais dirigidos para um objeto “sexu-
• explorar alternativas de cuidado em casa ou outras al” no sentido amplo exigido pela teoria analítica”. (Sptiz,
opções. 2004, pág. 09).
• encorajar o idoso a manter uma agenda sistemática
de uso regular de medicação, ida ao dentista e outros cuida- Também em Laplance e Pontalis (2004) no verbete Obje-
dos. to do seu Vocabulário da Psicanálise delimitam a tese princi-
pal e constante de Freud sobre a contingência do objeto, isto
• orientar a procurar grupos de auto-ajuda quando ne- quer dizer que não é qualquer objeto que irá satsfazer a pul-
cessário. são uma vez que ele está marcado pela história infantil de
cada um. Nesse sentido, o objeto é o que há de menos de-
• não tratar o idoso como criança ou deficiente mental. terminado constituicionalmente na pulsão.
• avaliar sempre a compreensão do idoso sobre as Então temos que relações objetais são relações entre um
orientações recebidas. sujeito e um objeto , assim sendo, para o universo do recém-
• planejar a sua rotina diária com ajuda se necessário nascido ainda não há objetos. Os objetos relacionais desen-
(banho, por ex.). volvem-se progressivamente no decorrer do primeiro ano de
vida, e no seu final, o objeto libidinal será establecido.
• conseguir ajuda para perdas sensoriais (ajuda auditi-
va, óculos, livros em cassetes, jornais em letras maiores). Spitz distingue três estágios no desenvolvimento do obje-
to: 1) estágio pré-objetal ou sem-objeto, 2) estágio precursor
• prover orientações tempo-espaço (grandes relógios, do objeto e 3) estágio do próprio objeto.
calendários, luzes à noite).
Para Spitz o primeiro estágio corresponderia ao narcisis-
• prover cuidadores consistentes.
mo primário de Freud, no qual o bebê ignora o mundo ao seu

Conhecimentos Específicos 94 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
redor. Para entender como isto acontece ajuda ter em mente crever, contextualizadas, as patologias das relações objetais
que o aparelho perceptivo do recém-nascido é protegido do enumeradas no quadro abaixo.
meio exterior por uma barreira de estímulos muito alta, por-
tanto esta barreira o protege da percepção de fora, a não ser CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DE DOENÇAS PSICOGÊ-
que os estímulos vindos de fora excedam o nível de intensi- NICAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA, CORRESPONDENTES
dade da barreira protetora, destruindo a quietude do recém- A ATITUDES MATERNAS
nascido fazendo-o reagir violentamente com desprazer. Nes-
se sentido, Spitz prefere traduzir estágio não-diferenciado Fator Etiológico determinado
por percepção insuficientemente organizada. pelas atitudes maternas

O segundo estágio tem como primeiro organizador o apa- Psicotóxicos


recimento do sorriso do ser humano que ocorre a partir do rejeição primária manifesta
segundo e terceiro mês de vida. O sorriso então aparece superpermissividade ansiosa primária
como um indicador que instala os primeiros rudimentos do hostilidade disfarçada em ansiedade
Eu e o estabelecimento da primeira relação pré-objetal ainda oscilação entre mimo e hostilidade
indiferenciada. Assim no segundo mês, o rosto torna-se um
percepto privilegiado, a realidade começa a funcionar mesmo oscilação cíclica de humor
que ainda não ocorra a discriminação. hostilidade consciente/te compensada

No terceiro estágio surge o segundo organizador, especifica- Deficiência


do pelo aparecimento da reação de angústia no rosto de um privação emocional parcial
estranho, em torno do oitavo mês chamado de angústia do privação emocional completa
oitavo mês. Doenças da criança
coma do recém-nascido
O Eu do bebê vai se formando a partir de um acúmulo de cólica dos três meses
traços de memória. Pode-se comparar a experiência percep- eczema infantil
tiva de um cego de nascença com a do bebê. Os estímulos hipermotilidade (balanço)
que incidem sobre o sensório do bebê são estranhos à mo- manipulação fecal
dalidade visual assim todo estímulo deverá ser primeiro hipertimia agressiva
transformado em uma experiência significativa, somente en- depressão anaclítica
tão ele pode torna-se um sinal, ao qual outros sinais são marasmo ou hospitalismo
acrescentados para então construir uma imagem coerente do
http://kareincastro.blogspot.com.br/
mundo da criança.

Por isto é que a partir deste segundo organizador, desta


integração progressiva do Eu do bebê ,ele será capaz PREVENÇÃO E EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA.
de distinguir entre a mãe e o não-mãe, na verdade, o que o
rosto estranho significa para ele é a ausência da mãe o A privação dos cuidados maternos e o desempenho
que faz suscitar a angústia. Deste modo, a criança chega escolar prejudicado.
assim a fase objetal e ao estabelecimento de relações obje- Texto: Profa. Alessandra Peixoto Lanini.
tais. Neste ponto podemos introduzir o último organizador, Pós-Graduanda em Psicopedagogia Institucional pelo
especificado pelo surgimento do “não” tanto na sua forma de INEC/UNICSUL.
gesto e/ou palavra no decorrer do segundo ano. Postado por Fábio Pestana Ramos

Devido a complexidade deste item sugiro mais uma vez a Introdução.


leitura do livro para um melhor entendimento. Deve-se ter em
mente que o que o bebê incorpora são os gestos, ele não Sendo a escola um espaço social fechado, a mesma, aca-
incorpora o pensamento da mãe uma vez que nesta fase a ba oferecendo condições propicias para a avaliação emocio-
criança ainda é incapaz de pensamento racional, então o que nal das crianças e dos adolescentes.
ela processa em termos de afetiividade, o faz de maneira
global. Então, a lógica continua sendo binária, o que a crian- É na escola que os alunos podem ser comparados estati-
ça entende portanto é “ você está a meu favor” ou “você está camente com seus pares e com seu grupo etário e social.
contra mim”.
É na escola também que o professor dispõe de maior
A partir da identificação com o agressor por meio do ges- oportunidade para observar e detectar problemas no desen-
to negativo, o bebê se apropria do gesto junto com o afeto volvimento da criança.
“contra”. É um progresso imenso! Ocorre que a partir dessa
aquisição, a ação é substituída pela mensagem então inau- Dentro da sala de aula ocorrem situações significativas
gura-se, segundo Spitz, a comunição à distância. É a primei- que envolvem a psique emocional da criança, nas quais os
ra aquisição conceptual da criança: isso cararcteriza o seu professores podem atuar beneficamente, ajudando a sanar o
acesso ao mundo simbólico e a sua nova capacidade de problema do aluno, ou podem piorá-los ainda mais.
manejar símbolos.
Os alunos podem trazer consigo um conjunto de proble-
A partir desses estudos sobre o desenvolvimento normal, mas emocionais que podem ser próprios de suas personali-
Spitz determina distorções patológicas correspondentes a dades ou que podem ser consequências de experiências
atitudes maternas. Nos distúrbios psicotóxicos a personali- vividas socialmente e com suas famílias.
dade da mãe desempenha um papel importante na sua etio-
logia e nas doenças de carência afetiva, o fator personaldi- Entre os problemas psíquicos que fazem parte da própria
ade da mãe é menos decisivo, o que conta como fa- personalidade da pessoa, incluem-se alguns como o Trans-
tor nosogênico é o aspecto quantitativo, ou seja, o dano so- torno Obsessivo Compulsivo, o Autismo, a Deficiência Mental,
frido pela criança privada de sua mãe será proporcional à a Psicose, o Transtorno de Conduta, etc.
duração da privação. Em outro momento pretendemos des-

Conhecimentos Específicos 95 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Alguns professores podem cometer o erro de considerar privação podem ser claramente perceptíveis já nas primeiras
que todas as crianças devem agir e reagir da mesma maneira semanas de vida.
diante de determinadas situações, e que as expondo às situa-
ções ridículas ou constrangedoras, possam se corrigir e parar Em alguns casos a privação materna pode causar danos
com “maus comportamentos”. irreversíveis e os sintomas podem levar a problemas escola-
res variados, principalmente a incapacidade de abstração,
No entanto, condutas deste tipo agravam o sentimento de atraso e problemas da fala e da noção de tempo, que podem
inferioridade da criança que passa a não gostar mais da esco- ser de difícil diagnóstico para o professor que não conhece
la e a não querer mais frequentá-la. este assunto.

Requer-se do professor que faça uma auto-avaliação e, O que se entende por Privação de Cuidados Maternos.
caso seja descartada a hipótese do problema estar em seu
trabalho, observar mais atenciosamente o “aluno problema” Uma relação normal entre mãe e filho é aquela onde am-
que pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas bos encontram prazer e satisfação nas trocas de carinho, de
vezes advindo de relações extrínsecas à estrutura de sua contato físico, de brincadeiras e de amor.
personalidade.
Podemos ter como exemplo sobre como seria uma rela-
Dentre os exemplos de questões externas à personalidade ção “normal”, o conceito deste autor:
da criança, que são capazes de traduzirem em problemas
emocionais, o trabalho enfatiza a privação materna, uma vez “... uma criança é um indivíduo ativo, de aparência sadia,
que este assunto acha-se cada vez mais crescente e compro- que dá a impressão de ser feliz e dá pouca preocupação aos
vado no campo da psicologia e reflete-se no campo da edu- pais. Como bem, dorme bem; seu peso, assim como seu
cação, porem com poucas pesquisas na área educacional tamanho, aumenta normalmente, e a cada mês torna-se mais
sobre distúrbios e problemas de aprendizagem causados pela inteligente e mais ativa – e, cada vez mais, um ser humano.
privação. Emocionalmente, ela dá satisfação aos pais e parentes e, por
sua vez, recebe deles cada vez mais satisfação.” (SPITZ,
A qualidade dos cuidados parentais que uma criança re- 1998, p.205)
cebe nos seus primeiros anos de vida é de importância vital
para o bom desenvolvimento de sua personalidade e para a Uma criança que apresenta estas características passa
sua saúde mental futura. por boas relações afetivas e emocionais com sua mãe.

Conhecer um pouco mais sobre o que significa a privação A mãe é a pessoa mais importante nos primeiros anos de
materna e que tipos de complicações ela traz para dentro do vida da criança.
meio escolar, pode mudar a visão do professor sobre o “alu-
no-problema”, podendo sensibilizá-lo a mudanças significati- Não que os pais não tenham importância, mas a criança
vas de postura e de trabalho com este aluno. está ligada emocionalmente à mãe desde a gestação, e no
caso das mães substitutas, são sempre elas que estão pre-
Este tema tem grande importância para a área educacio- sentes nos momentos de limpar e trocar, alimentar, de fazer
nal, já que não são raros os casos de alunos que não vivem dormir, de amamentar e outros cuidados que um bebê e uma
com suas mães naturais ou com a família original. criança pequena precisam.

Acredita-se que o essencial à saúde mental é que o bebê Enfim, é sempre à mãe que a criança recorre em seus
e a criança pequena tenham a vivência de uma relação calo- momentos de angústia.
rosa, intima e continua com a mãe (ou mãe substituta perma-
nente), na qual ambos encontrem satisfação e prazer. A relação sadia entre mãe e filho ‘e uma relação íntima,
onde a criança recebe o conforto do colo materno,da ama-
É nesta relação amorosa entre mãe e filho nos primeiros mentação, do respeito e carinho à sua fragilidade, onde
anos, enriquecida pelas outras relações com o pai e irmãos, aprende a cada dia que tem valor próprio e que é especial
que é a base para o bom desenvolvimento da personalidade. para sua família.

A situação na qual a criança não encontra esse tipo de re- Uma mãe carinhosa e maternal se alegra com qualquer
lação chama-se “privação materna”, que abrange um grande atitude de seu bebê e divide com ele essa alegria; esta intera-
número de situações diferentes e tem efeitos variados de ção de afeto relacionada a atitudes é uma das primeiras for-
acordo com o grau da mesma. mas de aprendizagem que influenciará no bom desenvolvi-
mento do bebê.
Além da privação, existem outras formas de separação ou
rejeição, pelas quais a relação mãe-filho torna-se pouco sau- É denominada “Privação Materna” a situação onde a cri-
dável. ança não encontra uma relação afetiva estável e duradoura
com sua mãe natural ou substituta, e à falta de cuidados que
Estudos realizados e comprovados deixam claro que, só a mãe proporciona nos primeiros anos de vida.
quando uma criança é privada dos cuidados maternos, seu
desenvolvimento é quase sempre retardado-físico, intelectual, Uma criança pode ser privada dos cuidados maternos por
social e emocionalmente – e que podem aparecer sintomas alguns fatores como:
de doenças físicas e mentais.
Quando não há um grupo familiar natural estabelecido, ou
Existem três aspectos que influenciam nos danos que uma seja, ilegitimidade, criança concebida fora do casamento, filho
criança pode sofrer: a idade em que ela perde os cuidados de “pai desconhecido”, fruto de abuso sexual;
maternos, o tempo em que ela ficou privada destes cuidados,
e o grau em que eles lhe faltaram. Geralmente as crianças ilegítimas são rejeitadas social-
mente e sofrem algum tipo de privação materna por suas
Mas com certeza, todas as crianças com menos de sete mães solteiras encontrarem dificuldades para o sustento de
anos de idade estão sujeitas a este risco, e os efeitos da ambos;

Conhecimentos Específicos 96 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
atual, cuidados de uma mãe substituta (estranha), são casos
Quando a criança vive no grupo familiar natural intacto, de privação parcial, pois são situações em que a não dispõe
porém não atuando de maneira eficaz: situação de miséria, de uma única pessoa que cuide dela de forma pessoal, são
doença grave ou incapacidade de um dos pais, desequilíbrio exemplos de instituições e creches de período integral.
mental e instabilidade emocional de um dos pais;
No caso da privação total, a criança ficou totalmente pri-
Quando a criança vive em grupo familiar não intacto e não vada de afeto e cuidados, sendo abandonada emocionalmen-
funcional, portanto, de maneira eficaz: morte de um dos pais, te.
hospitalização prolongada de um dos pais, prisão, separação,
abandono de lar, mudança para outro país ou um lugar muito A privação parcial causa angústia, exagerada necessidade
distante, trabalho fora de casa em período integral com pouco de amor, fortes sentimentos de vingança e, como consequên-
contato com a criança. cia, culpa e depressão.

Essas três categorias que contribuem para que a criança, A privação total traz efeitos mais negativos ao desenvol-
de certa forma, sofra alguma privação de cuidados, são influ- vimento emocional, que já se tornou prejudicado desde as
enciadas principalmente, por fatores sócio-econômicos onde primeiras semanas de vida.
os pais nãos têm possibilidade de sustento adequado e nem
amparo de políticas públicas. Reações em diferentes idades.

É importante destacar outras formas de privação de afeto Como já fora mencionado, alguns fatores importantes con-
como a negligência emocional por parte da mãe que também tribuem para os efeitos prejudiciais da privação: o tempo a
sofreu falta de cuidados e afeto em sua infância, a crueldade idade em que a criança o em que a criança ficou privada dos
física sofrida e a falta de controle dos pais. cuidados e o grau em que eles lhe faltaram.

De qualquer forma, a criança que sofre privação materna Outro fator para tais efeitos é a idade em que a criança so-
nos primeiros anos de vida tem comprometimento de sua fre a privação.
saúde mental.
“Um estudo muito cuidadoso do choro e do balbucio dos
Tipos e graus da privação. bebês mostrou que os que se achavam num orfanato, desde
o nascimento até os seis meses de idade, vocalizavam sem-
Segundo Bowlby (1981), o termo “privação da mãe” pode pre menos do que os que viviam com famílias, podendo-se
ser aplicado a vários grupos de condições diferentes, que notar claramente a diferença já antes dos dois meses de
podem ter consequências semelhantes. idade. Este atraso na “fala” é especialmente característico da
criança em instituição, em qualquer idade.” (BOLWBY, 1981,
Se a criança vive com sua mãe natural ou uma mãe subs- p.22-23)
tituta permanente, mas os cuidados que ela recebe e a intera-
ção que mantém com ela,são insuficientes, neste caso, a Todas as crianças com menos de sete anos estão sujeitas
privação consiste na insuficiência de interação entre mãe e ao risco de efeitos prejudiciais da privação, e alguns destes
filho. efeitos podem ser discerníveis já nas primeiras semanas de
vida do bebê.
Quando ocorre uma separação da criança de sua mãe,
não implica necessariamente em privação de cuidados ma- Eles afetam o desenvolvimento infantil física, intelectual,
ternos e insuficiência de interação, desde que seja proporcio- emocional e socialmente.
nada à criança separada outra mãe permanente.
Um grande número de pesquisadores estudou detalhada-
Contudo, uma separação entre mãe-filho é sempre uma mente os efeitos da privação materna em crianças, desde que
experiência perturbadora para a criança, principalmente se eram bebês, principalmente naqueles que viviam em institui-
esta mantinha uma ligação afetiva suficiente e não a encontra ções.
da mesma maneira, posteriormente com a substituta ou se
fica sendo cuidada por várias outras pessoas de tempo em Tais pesquisas chegaram ao consenso de que o desen-
tempo. volvimento de crianças que vivem em instituições está abaixo
da média, já nos primeiros meses de vida:
Desta forma, a descontinuidade na relação mãe-filho, traz
efeitos prejudiciais no desenvolvimento infantil. Entre os sintomas observados, constatou-se que o bebê
que sofre de privação pode deixar de sorrir para um rosto
Outro conjunto de condições que emprega o termo “priva- humano ou de reagir quando alguém brinca com ele ou ape-
ção da mãe” refere-se ao tipo de relação entre o par que sar de bem nutrido, pode não engordar, pode dormir mal e
acontece de maneira prejudicial, ou seja, de maneira distorci- não demonstrar iniciativa.
da, como: rejeição, hostilidade, crueldade, falta de afeto, re-
pressão e controle excessivo. Os bebês entre seis e doze meses separados de suas
mães, sem receberem uma mãe substituta adequada, apre-
A insuficiência, a descontinuidade e distorção da relação sentam diversas características típicas de um adulto depres-
mãe e filho, são três definições utilizadas para ajudar a distin- sivo:
guir e compreender as condições de privação materna que
levam a efeitos prejudiciais variados. “A criança se afasta de tudo ao seu redor, não há qualquer
tentativa de contato com um estranho, e nenhuma reação
Tais efeitos prejudiciais não variam quanto à natureza, positiva se este estranho a toca. Há um atraso nas atividades
mas quanto ao grau em que foram sentidos, incluindo a idade e a criança frequentemente fica sentada ou deitada inerte, em
da criança na época da privação. profundo estupor. A falta de sono é bastante comum e todas
têm falta de apetite. A criança perde peso e apanha infecções
A criança que sofre privação por uma relação insuficiente facilmente. Há uma queda acentuada em seu desenvolvimen-
ou que passou pela descontinuidade e já recebe, no momento to geral.” (BOWLBY, 1981, p.26)

Conhecimentos Específicos 97 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sarem ou estabelecerem laços de amizade profunda, não
Se for proporcionada à criança uma mãe substituta única apresenta reações emocionais, não demonstram afeto e nem
e presente, durante seu primeiro ano de vida, as consequên- preocupação.
cias negativas podem ser evitadas.
Geralmente são falsas, furtam, mentem constantemente,
No entanto, especialistas acreditam que, embora a recu- são agressivas e apresenta sexualidade precoce, promiscui-
peração da criança seja rápida com o retorno da mãe, ela dade, baixo nível de inteligência, baixa capacidade de abstra-
pode ser dificultada e incompleta depois de três meses de ção e de raciocínio lógico, além de déficit no desenvolvimento
privação. da fala.

Sptiz (1998) estudou e detalhou mais especificamente, pa- Em longo prazo, as crianças que sofreram privação total,
tologias do desenvolvimento infantil no primeiro ano de vida, podem desenvolver personalidade delinquente, psicopata e
causado por distúrbios da personalidade materna, que se incapaz de afeição (BOWLBY, 1981).
refletem nas perturbações da criança.
Aos cinco ou seis anos, os danos que a privação causa
Aos dois ou três anos, as mães substitutas são completa- tornam-se mais leves e diminuem.
mente rejeitadas, o que agrava a recuperação da criança
separada de sua mãe: Nesta fase, a criança já é capaz de entender melhor as si-
tuações que levaram à falta da mãe.
“... ficando a criança inconsolável por vários dias, uma
semana ou mesmo mais, sem interrupção. Na maior parte Porém, é mais comum nesta idade a ideia de punição, ou
deste tempo, ela fica num estado de desespero agitado, gri- seja, a criança acredita que ficou sem a mãe como castigo
tando ou gemendo. Recusa tanto o alimento quanto a ajuda. por ter sido má ou que foi separada de sua família por sua
Apenas a exaustão a leva ao sono. Depois de alguns dias, a culpa.
criança fica mais quieta e pode cair em apatia, da qual vai
emergindo lentamente para começar a se interessar pelo É uma interpretação errônea que nem sempre é expressa
ambiente estranho. Contudo, durante semanas, ou mesmo pela criança.
meses, ela poderá apresentar uma regressão a comporta-
mentos de bebê. Poderá molhar a cama, masturba-se, parar Por carregar a culpa pela separação de sua mãe ou famí-
de falar e insistir em ser carregada ao colo, de tal forma que lia, torna-se maior sua lealdade, que é esta ligação profunda
uma atendente menos experiente pode julgá-lo mentalmente da criança com seus pais, por mais terríveis e maus que te-
deficiente.” (BOWLBY,1981, p.270). nham sido.

Crianças de três, quatro anos separadas e privadas de Mesmo a privação sendo causada pela relação distorcida,
suas mães, tornam-se claramente hostis. ainda assim, a criança é fiel aos pais.

A mãe, por sua ausência, passa a ser uma pessoa odiada. Inúmeros são os estudos de psiquiatras e psicanalistas
que buscam explicar a distúrbio mental relacionada a uma
A hostilidade pode ser manifestada de várias formas: bir- perda, seja esta pelo luto ou pela separação, sentida pelo
ras, violências, fantasias contra seus pais. adulto, jovem ou criança.

Todo este ódio é fruto do sentimento de abandono pela O fato é que perder uma pessoa amada é uma das expe-
mãe ou ambos os pais, levando a criança a um conflito de riências mais intensamente dolorosas que o ser humano pode
ambivalência, de amor e ódio. sofrer e, quando pensamos que esta experiência pode tam-
bém atingir uma criança, voltamos nossa atenção a esta fase
Este sentimento conflitante produz angústia e depressão e que significa a base para o bom desenvolvimento do indivi-
provoca um comportamento agressivo e delinquente. duo: a infância.

Em casos extremos, também pode levar ao suicídio como Estudiosos ou não, todas as pessoas se preocupam com
alternativa de assassinato dos pais. os infortúnios que uma criança possa passar, principalmente
porque ela é um ser humano totalmente, frágil, sensível e tão
O fato de a criança estabelecer relações e posteriormente cedo já se depara com espinhos da vida.
perde-las, causa o medo de ser ferido de novo, levando-a a
se afastar do contato humano, a se fechar em si mesma e Mas nem sempre os adultos preferem enxergar esse tão
evitar maiores frustrações. doloroso sofrimento da perda ou privação, vivenciada pela
criança.
Como consequência, acaba perdendo a capacidade de
estabelecer relações afetivas, sem perder o seu desejo de Preferem acreditar que a criança se esquecera da mãe, ou
amar, que fica reprimido. que não sabe o que está acontecendo, como se ela fosse
uma lousa onde tudo que vivenciou pudesse ser apagado e
A repressão deste desejo de amor é que leva a compor- escrito uma nova vida.
tamentos como relações sexuais promíscuas, frutos e senti-
mentos de vingança. Embora esta fosse a vontade de muitos, observações
mostram que o desejo de retorna da mãe persiste na criança
Crianças que sofreram privação total, não apresentarão as e que esta persistência vem carregada de uma hostilidade;
mesmas características, pois já têm o seu desenvolvimento também revelam que até as crianças pequenas tem capaci-
emocional prejudicado, ou seja, não formaram vínculos afeti- dade de reter na memória seu modelo de mãe ausente e se
vos. lembram dela durante a permanência com pessoas estra-
nhas.
Seus sintomas são considerados mais graves, se relacio-
nam com outras pessoas de forma superficial, não demons-
trando sentimentos verdadeiros, são incapazes de se interes-

Conhecimentos Específicos 98 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os efeitos da privação podem ser variados, de acordo
com a idade que a criança se encontra ao ter inicio esta pri- Se os níveis adequados foram atingidos, os acontecimen-
vação. tos poderão ser benéficos para a criança, caso contrário, os
esforços por parte dos pais, enfermeiras e professores não
Estas variáveis determinam quais os processos no desen- impedirão sentimentos de aflição, fracasso, e infelicidade por
volvimento infantil que serão afetados negativamente. deixar temporariamente seu ambiente familiar e a presença
constante da mãe.
Dentre os processos intelectuais, a linguagem e abstração
ficam mais vulneráveis e dentre os processos da personalida- Até a maturidade emocional sadia do individuo adulto há
de, a capacidade de estabelecer e manter relações interpes- um longo caminho a percorrer, cheio de níveis pertinentes
soais profundas e significativas, juntamente com a capacida- passados na infância, aos quais a Psicologia e Psicanálise se
de de controlar os impulsos, parece que são os mais atingi- encarregam de estudar.
dos.
No entanto, há diretrizes básicas no desenvolvimento in-
Ao entendermos que para a aquisição da aprendizagem fantil que merecem receber atenção por se tratarem especifi-
faz-se necessário um ambiente adequado e estimulador, camente de diretrizes que sofrem influencias negativas dire-
podemos supor então, o quanto ela se tornará difícil para tas, e consequentemente, tornam-se prejudicadas pela falta
estas crianças que foram privadas de suas mães ou não tive- da mãe, como foram mencionadas anteriormente; a interação
ram a intenção e estimulação satisfatória com seu ambiente social, a capacidade de abstração e o desenvolvimento da
inicial. linguagem.

Segundo teorias psicanalíticas, a privação precoce da O desenvolvimento social.


mãe faz com que a criança crie defesas contra novas frustra-
ções, decorrentes da interação com novos ambientes que Quando nasce, a criança é muito indefesa; sua sobrevi-
venha a conhecer, ou seja, a criança pode se tornar isolada e vência dependerá da ajuda prestada pelo grupo social onde
resistente a mudanças, afetando assim a aprendizagem de ela vive.
algo novo.
Ao mesmo tempo, ela possui uma grande capacidade pa-
Uma reversão só seria possível com o máximo de esfor- ra a aprendizagem, já que o sistema perceptivo herdado ge-
ços de um novo ambiente para romper estas defesas e, com neticamente encontra-se organizado, colocando-a em contato
certeza, a educação também tem que cumprir a sua parte com o meio através dos sentidos, e servindo para estabelecer
nesta tarefa. relações entre organismo e meio, sobretudo às características
do meio que possam ter consequências positivas ou negati-
Sobre o desenvolvimento prejudicado. vas.

Interesses e preferências da mãe são influencias para o De acordo com Spitz:


desenvolvimento infantil.
“O primeiro ano de vida é o período mais plácido no de-
Não só influenciam como também incentivam determina- senvolvimento humano. O homem nasce com um mínimo de
dos tipos e níveis do desenvolvimento, ou seja, a criança padrões de comportamento pré-formados e deve adquiris
parece concentrar-se e desenvolver-se melhor naqueles ní- incontáveis habilidades no decorrer do seu primeiro ano de
veis que recebem mais diretamente o amor e aprovação ma- vida. Nunca mais na vida tanto será aprendido em tão pouco
terna e o prazer da mãe nos feitos dos filhos. tempo.” (SPITZ, 198, p. 109)

Contrariamente, parece negligenciar os níveis do desen- Além da capacidade de percepção, a criança esta cons-
volvimento que não recebem esta aprovação (FREUD. A. tantemente sendo estimulada a perceber o meio que a cerca.
1971).
Ela sente-se mais atraída pelos estímulos de origem soci-
Isto que dizer que as atividades aclamadas pela mãe são al, como o rosto humano.
repetidas com mais frequência, tornando-se libidinizadas e,
por tanto, são estimuladas em sua evolução. Sem dúvida, o estimulo mais relevante para o bebê é
aquela pessoa que cuida dele: a mãe.
Tudo isto significa que quando há um desequilíbrio em al-
gumas etapas do desenvolvimento infantil como um todo, eles O rosto humano é dotado de características que atraem o
podem ter sido criados por situações externas; especifica- bebê, como o brilho dos olhos, o contraste entre o cabelo e a
mente para este estudo, pela privação afetiva da mãe. fronte, o contraste entre os olhos e a boca, cor, movimento,
expressões faciais e um outro estimulo sonoro que a criança
As etapas pelas quais passa a criança pequena desde a gosta: a voz humana que sai da boca.
sua completa dependência corporal e emocional até a sua
autoconfiança e amadurecimento sexual seguem uma linha Tanto sua capacidade de aprendizagem quanto, sua atra-
gradual de desenvolvimento, que vai fornecer a base para o ção por estímulos sociais, fazem com que a criança esteja em
que é normal ou anormal, em relação ao emocional do indivi- condições ideais para iniciar o processo de assimilação de
duo. valores, normas e formas de agir que seu grupo social irá
transmitir-lhe.
As etapas do desenvolvimento recebem a contribuição do
id e do ego em formação. A transição cultural que envolve regras, valores, costume,
atribuição de papeis, ensino da linguagem, habilidades e
A disposição da criança para enfrentar acontecimentos conteúdos escolares, é realizada através de determinados
que geram angustia e ansiedades, como por exemplo, o nas- grupos sociais encarregados de incorporar a criança á socie-
cimento de um irmão, hospitalização, entrada na escola, etc., dade.
é vista como resultado direto do progresso em todas as linhas
de seu desenvolvimento.

Conhecimentos Específicos 99 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Entre estes agentes sociais estão a mãe,pai, os irmãos,
outros familiares, amigos, professores e outros como os mei- A existência da mãe, sua simples presença, age como um
os de comunicação. estímulo para as respostas do bebê; sua menor ação por
mais insignificante que seja, mesmo quando não está relacio-
De acordo com Coll (1995), os processos de socialização nada com o bebê, age como estímulo.
pelo qual passa a criança são basicamente três mais impor-
tantes: Seus afetos, seu prazer, suas próprias ações, conscientes
ou inconscientes, facilitam inúmeras e varias ações do filho.
- Os processos mentais de socialização: aquisição de co-
nhecimentos; Pode-se dizer que “o maior grau de facilitação para ações
do bebê é propiciado, não pelas ações conscientes da mãe,
- Os processos afetivos de socialização: formação de vín- mas por suas atitudes inconscientes” (SPITZ, 1998).
culos;
Os fatores relevantes para a socialização são: de um lado,
- Os processos condutais de socialização: conformação a mãe com sua individualidade, e de outro lado, a criança cujo
social da conduta. desenvolvimento se estabelece progressivamente, através de
continua inter-relação, com a ajuda de outros membros do
Os vínculos afetivos que a criança estabelece com a famí- meio familiar.
lia e amigos são à base de seu desenvolvimento social, pois
uma vez estabelecidos, unem a criança aos demais e a sua O desenvolvimento da capacidade de abstração.
manutenção transforma-se em um dos motivos fundamentais
da sua própria conduta social, como ter empatia pelo outro, Como se desenvolve a personalidade e os processos de
colocando-se em seu lugar; o apego emocional; a formação abstração do individuo em processo de interação e adaptação
de amizades profundas, etc. ao meio, enquanto que para tal depende dos cuidados mater-
nos?
Os processos mentais de socialização como: conhecimen-
to de valores, normas, aprendizagem da linguagem, conheci- À medida que a personalidade se desenvolve, o individuo
mentos adquiridos na escola e outras fontes, fazem com que torna-se cada vez mais apto a escolher e criar seu ambiente,
a criança conheça como é sua sociedade, comunique-se com e passa a planejar para conseguir o que quer.
os demais membros e comporte-se de acordo com o que é
esperado dela. Isto significa que ele aprende a pensar de forma abstrata,
aprende a usar a imaginação e fazer considerações sobre
A socialização envolve também a aquisição de condutas seus desejos imediatos e objetivos almejados.
que são consideradas desejáveis, bem como a se evitar
aquelas que são consideradas anti-sociais. Conforme a criança cresce, espera-se dela que pense an-
tes de agir, que tenha capacidade de fazer abstrações do
Para isto não basta que a criança saiba o que é certo ou tempo e do espaço, a fim de poder considerar as coisas que
errado, mas que saiba ter controle sobre sua conduta e sinta- quer no futuro e a perceber que para serem conseguidos,
se na moral, no raciocínio sobre a utilidade social de determi- alguns desejos e vontades precisam ser sacrificados.
nados comportamentos, bem como suas consequências, o
medo do castigo e o medo de perder o amor e favores que É através da percepção de coisas que agradam e desa-
recebe dos demais. gradam às pessoas, que a criança passa a aprender e a ter
consciência de seus atos, sendo que é a mãe quem agirá
Se a criança vincula-se afetivamente a determinados adul- como esta consciência nos estágios iniciais do desenvolvi-
tos, se adquire o conhecimento de que a sociedade é o que mento infantil, até que ela atinja um grau de maturidade e se
espera dela, e se tem um comportamento adequado a estas estabeleça como um indivíduo consciente e de personalidade
expectativas, estará bem socializada. própria.

Há uma sociedade estabelecida dentro do par mãe-filho, As perturbações que a personalidade e consciência po-
onde as trocas estão em fluxo contínuo, cada um deles é o dem passar geralmente se devem a distúrbios sofridos em
complemento do outro, enquanto a mãe fornece o que o bebê etapas importantes do desenvolvimento infantil como: a fase
precisa e o bebê por sua vez, fornece o que a mãe precisa na qual o bebê está a caminho de estabelecer uma relação
para sentir-se bem. com uma pessoa que identifica claramente a mãe, por volta
dos cinco ou seis meses; a fase na qual ele necessita da
A partir do inicio da vida, a mãe é o parceiro do filho que presença constante da mãe, geralmente até o seu terceiro
serve de mediador a toda percepção, toda ação, todo conhe- aniversário; a fase na qual a criança começa a relação com a
cimento. mãe mesmo quando ela está ausente.

Quando os olhos do bebê seguem cada movimento da São estes os processos que são prejudicados pela priva-
mãe, quando ele consegue fixar-se no rosto da mãe de forma ção, impedindo que a personalidade e consciência se desen-
preferencial às outras coisas externas, devido às trocas afeti- volvam bem.
vas continuas, este rosto materno assumira cada vez mais um
significado maior. Se o comportamento da criança é impulsivo e descontro-
lado e ela não é capaz de ter objetivos em longo prazo porque
Esta seleção faz parte de um processo de aprendizagem, cede aos prazeres momentâneos, se seus desejos são ou
onde são de extrema importância os sentimentos das mães devem ser todos realizados, se não há um poder de se auto-
em relação ao seu filho. contentar, é porque sua personalidade foi incapaz de apren-
der com a experiência, resultado este da falta da mãe que
A mãe oferece um clima emocional favorável e uma varie- deveria agir como uma consciência da criança pequena.
dade de experiências vitais: o que tona estas experiências tão
importantes para a criança é o fato de que elas são enriqueci-
das e caracterizadas pelo afeto materno.

Conhecimentos Específicos 100 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Indivíduos que apresentam estas características têm re- Nesta situação, é possível que as capacidades já adquiri-
duzidas as capacidades para lidar com ideias ao invés de das sejam perdidas e a criança regrida às formas mais infan-
ficarem presos aos objetivos do momento. tis de comportamento.

Todas as crianças institucionalizadas, estudadas por


Bowlby (1981), apresentam uma incapacidade grave e espe- O desenvolvimento da linguagem.
cifica para o raciocínio abstrato – o pensamento necessário à
ação do eu, da consciência. O ser humano é um aprendiz da língua praticamente des-
de os primeiros dias de vida até a idade adulta.
A criança pequena deve pensar antes de agir e deve
abandonar a resposta automática a qualquer acontecimento, O domínio progressivo das habilidades do uso da lingua-
só então se tornará uma pessoa completa, por exemplo: es- gem é um fator decisivo no desenvolvimento psicológico ge-
pera-se que a criança não saia correndo em direção à rua, ral.
atrás de sua bola, sem tomar os cuidados necessários para
atravessar, e isto acontece quando ela para pra pensar o que A evolução da linguagem está relacionada ao meio social
vai fazer. e à capacidade intelectual, ou seja, a experiência proporcio-
nada pelo uso que os demais fazem da linguagem em suas
É possível que quando o raciocínio abstrato não se de- interações e, especialmente, ao comunicar-se com a própria
senvolve adequadamente, através da interação satisfatória criança, oferecendo a ela sua principal fonte de informação
com a mãe, a personalidade não possa amadurecer totalmen- sobre a linguagem.
te, ou seja, a pessoa torna-se um adulto cujo ego é enfraque-
cido. A aquisição da fala é um processo complexo.

Segundo a teoria psicanalítica, a probabilidade de uma A vocalização do bebê, que no inicio servia para descar-
criança permanecer mentalmente saudável está relacionada regar as tensões, agora passa por modificações e torna-se
com a capacidade de seu ego para arcar com as ansiedades, um jogo onde a criança repete e imita sons que ela mesma
isto é, o ego é mediador entre o eu e o meio ambiente, capaz produziu.
de tolerar as frustrações.
A criança percebe sua vocalização por volta dos três me-
Este ego só pode se desenvolver de forma saudável se a ses, repete-os e, mais tarde, utiliza estas experiências ao
criança tem assegurada em sua infância a permanência da imitar os sons que ouve de sua mãe.
pessoa capaz de lhe proporcionar esta experiência: a mãe ou
a mãe substituta. Normalmente o meio social oferece um modelo de uso da
linguagem, adaptado aos modos de vida e ao tipo de intera-
Mas por que a criança que sofre privação tem prejudicada ções habituais nesse meio social.
a sua capacidade de raciocínio abstrato?
Uma família que possui um bebê pode, por exemplo, utili-
Ora, a mãe é considerada nos primeiros anos de vida da zar um notável e comum modelo de fala, onde tende a simpli-
criança, como sua personalidade e consciência. ficar a fala dirigida à criança pequena, adaptando-se à capa-
cidade do bebê ou, mais exatamente, a uma melhor interpre-
A criança institucionalizada, geralmente, nunca teve esta tação e de consequência otimizadora da capacidade do bebê:
experiência e consequentemente não pôde completar a pri- é a fala maternal, que dura até por volta dos dois anos.
meira fase do desenvolvimento estabelecendo uma relação
com a figura materna claramente definida. Depois desta idade, a criança consegue regular, com o
adulto, o diálogo sem se acomodar ao interlocutor infantil, e
A sucessão de substitutos ou de outros agentes disponí- vai aproximando sua fala ao padrão.
veis para seus cuidados, não lhe deu a continuidade no tem-
po, que faz parte da essência da personalidade. A fala maternal usa procedimentos que facilitam a com-
preensão: ela é simples e repetitiva como, por exemplo, au-au
Como as crianças de instituição nunca foram cuidadas por para referir-se a cachorro, piu-piu para passarinho e mamá
uma única e permanente pessoa, não tiveram oportunidade para mamadeira, além de ser enfática, com pronunciação
de aprender os processos de abstração e de organização do lenta e rítmica, de acentuação e entonação muito marcadas e
comportamento no tempo e no espaço. frequentemente acompanhadas de gesticulação vocal.

Ao contrario daquelas que vivem com suas famílias, den- A pronunciação das vogais é prolongada, busca a facilita-
tro deste grupo, a criança é encorajada a expressar-se tanto ção do significado com o apoio dos gestos e refere-se tão
socialmente quanto nas brincadeiras; já se tornou um ser com somente ao contexto linguístico acessível, ou seja, situa-se
características próprias para sua família, sabe das coisas que unicamente no presente.
ela gosta e que não gosta e ela própria esta aprendendo a
modificar seu ambiente, levando as pessoas a fazer o que ela É uma fala carregada de entonação suave e carinhosa.
quer.
A fala da criança de dois ou três anos compartilha muitas
Estas práticas são importantes para o desenvolvimento da vezes destas características e somente começa a se asseme-
personalidade e isto não ocorre dentro de uma instituição lhar à fala convencional quando os adultos próximos abando-
para crianças abandonadas e longe de suas famílias. nam o estilo maternal e proporcionam outras formas comuni-
cativas usuais.
Se a criança sofre a privação na segunda fase, a qual ela
precisa constantemente da figura da mãe para sentir-se segu- Portanto, uma das primeiras experiências de aprendiza-
ra, defronta-se com uma situação na qual se sente apavorada gem da aquisição da fala, se dá na inter-relação mãe-filho,
e frente a tarefas que sente como impossíveis. que facilita e precede a aquisição da linguagem propriamente
dita.

Conhecimentos Específicos 101 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Sendo o recém nascido um individuo ativo, preparado pa- Assim, da mesma forma que a criança vai estabelecendo
ra receber o intercambio social na interação com o meio, o significado de suas primeiras palavras, vai compreendendo
busca estímulos e organiza a informação adquirida, mostran- cada vês melhor o caráter instrumental da linguagem.
do condutas especificas relacionadas á linguagem humana.
A criança passa a aumentar seu vocabulário a partir da
O adulto é quem controla estes intercâmbios sociais; e es- necessidade de nomear a realidade que circunda, no contexto
tas interações iniciais que a mãe oferece ao bebê, dão origem em que participa ou de expressar sua intenção neste contex-
a significados rudimentares, compartilhados pela criança e to.
por quem cuida dela.
Através da interação com o meio, a aquisição da lingua-
Um sabe o que esperar do outro enquanto resposta de- gem se processa de varias maneiras, onde todos os agentes
terminado comportamento. envolvidos contribuem para o ensino desta á criança.

No entanto, não basta apenas a afetividade, mas a comu- Porém, dando mais ênfase nesse processo relacionado á
nicação que se estabelece nesta interação. Psicanálise e a importância da interação que a criança tem
com sua mãe.
Através da comunicação, as interações podem tornar-se
mais complexas, pois surge no contexto o mundo dos objetos Uma das explicações encontradas, diz respeito á incorpo-
externos aos jogos de mãe e filho. ração de uma determinada palavra: o não.

Coll (1995), falou da relação entre estes jogos e a aquisi- Spitz (1998) refere-se á compreensão que a criança ad-
ção da linguagem. quire sobre proibições, como um dos mais importantes requi-
sitos para a comunicação humana.
Este autor emprega o nome de formato para descrever es-
tas interações triangulares (mãe-filho-objeto). A partir do momento que a criança aprende a andar e foge
ao controle da mãe, ocorre uma mudança significativa na
Em suma, distingue: comunicação entre mãe e filho.

- Formatos de ação conjunta: situações nas quais o adulto Há uma maior predominância da palavra não, de modo
e a criança agem conjuntamente sobre um objeto, como: que a intervenção materna tem que basear cada vez mais em
“jogo de dar e tomar”, “o jogo de tirar e colocar”; gestos e palavras.

- Formatos de atençãoconjunta: situações nas quais o Desde que a locomoção é adquirida, o cantarolar, os bal-
adulto e a criança observam conjuntamente um objeto, como: bucios de antes e os contatos corporais frequentes, que são
jogos de indicação e jogo de leitura de livros e gravuras, etc.; diminuídos, se transformam em ordens, proibições e reprova-
ções.
- Formatos mistos têm as características da ação e aten-
ção conjunta, como o jogo do “cuco”, onde se esconde e faz- O que a mãe mais fala agora é ”Não! Não!” e dizendo isto
se reaparecer algo. também balança a cabeça e faz sinal com o dedo indicador,
impedindo a criança de fazer o que estava pretendendo.

A criança entende as proibições da mãe através de um


Nos três tipos de formatos, o adulto e a criança envolvem- processo de identificação. Para a criança, este meneio de
se conjuntamente na elaboração de procedimentos, ou seja, cabeça torna-se símbolo duradouro da ação frustradora da
ambos têm que negociar e estabelecer a conduta a ser segui- mãe.
da.
A criança adotara este gesto, mesmo quando adulta, pois
As relações sociais envolvidas estão no fato de que al- foi adquirido e reforçado durante o período mais arcaico da
guns jogos fazem com que adulto e crianças façam coisas consciência, no inicio do estagio verbal.
para e com o outro, sendo a comunicação o instrumento fun-
damental. Segundo o autor, o meneio negativo da cabeça e a pala-
vra “Não”, são diferentes das outras palavras globais, como
As implicações educacionais das características inerentes “mamá”, “papá”, etc., pois representam um conceito: o concei-
ao processo da linguagem e comunicação são importantes. to de negação, de recusa.

Em primeiro lugar, o domínio das habilidades comunicati- Não é apenas um sinal, mas um signo da atitude da crian-
vas é conseguido no contexto das relações individuais em ça, consciente ou inconsciente.
situações variadas.
Trata-se do primeiro conceito abstrato formado na mente
Em segundo lugar, as tarefas envolvidas precisam ser mo- da criança.
tivantes para a criança.
O meneio negativo de cabeça não é apenas imitação do
As palavras que a criança incorpora relacionam-se direta- gesto da mãe.
mente ao contexto que vivencia e são utilizadas neles.
A criança é quem escolhe a situação em que vai usar o
As primeiras palavras são empregadas, em primeiro mo- gesto e, depois a palavra.
mento, de forma contextualizada, para posteriormente serem
utilizadas referencialmente em outras situações, como é o Quando a criança recusa algo que a mãe deseja ou ofere-
caso da criança que aprendeu a palavra “acabou” e a utiliza ce, é como se ela fosse imitar, como se o gesto negativo da
tanto para referir-se a algo que realmente acabou, quanto mãe tivesse sido registrado na memória da criança.
para alguma ação que queira realizar.

Conhecimentos Específicos 102 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Entretanto, após registrar na memória a associação do alterações comportamentais bem esclarecidas, sendo estas
meneio de cabeça com recusa, a criança, por sua vez, repro- ultimas mais frequentes em escolares.
duz o gesto quando ela expressa recusa.
Em relação ás alterações biológicas têm-se as lesões ce-
O principal fato intelectual necessário para tais abstrações rebrais, Paralisia Cerebral, Epilepsia e Deficiência Mental.
e generalizações não é explicado apenas através da acumu-
lação de traços de memória. Ainda dentro das causas biológicas, há as situações de di-
ficuldades de aprendizagem consequentes a outros proble-
A psicologia da Gestalt diz que tarefas inacabadas são mas perceptivos que afetam a discriminação, síntese, memó-
lembradas, enquanto que as tarefas acabadas são esqueci- ria e relação espacial e visualização.
das, então, quando a mãe proíbe ou recusa alguma coisa, o
seu “Não” impede a criança de completar a tarefa que preten- Em relação aos problemas de comportamento, um dos fa-
dia realizar. tores mais marcantes para o desenvolvimento de Dificuldade
de Aprendizagem são os quadros classificados como Com-
O fato de a criança não poder realizar a tarefa reforçará, portamento Disruptivo e, dentro deles, o Transtorno do Déficit
assim, a sua recordação e lembrança do que significa a pala- de Atenção e Hiperatividade e o Transtorno Desafiador o
vra “não”. Opositivo.

Segundo a teoria da psicanalítica, todo “Não” da mãe re- Quanto aos problemas emocionais que favorecem as Difi-
presenta uma frustração emocional para a criança. culdades de Aprendizagem, principal item abordado neste
Artigo, aparecem a Depressão Infantil e do Adolescente, a
Há uma carga afetiva de desprazer que acompanha a Ansiedade de Separação na Infância e a Privação Materna.
frustração e que provoca um impulso afetivo do id.
Algumas inibições, sintomas e ansiedades surgem quando
Um traço de memória é registrado no ego da proibição e uma determinada fase do crescimento impõe exigências ex-
será investido com esta catexia agressiva. cessivas à personalidade da criança, ou seja, quando a crian-
ça ainda não está apta ou preparada para passar por deter-
A criança passa a viver no conflito entre a ligação libidinal, minadas situações; se tais sintomas não forem mal conduzi-
que a atrai para a mãe, e a agressão provocada pela frustra- dos pelos pais ou professores podem desaparecer logo que a
ção que esta mesma mãe lhe impõe. adaptação ao nível do desenvolvimento tiver sido feita.

Entre o desprazer de se opor á mãe, arriscando-se a per- Geralmente, os sintomas patológicos não causam o sofri-
der o objeto, a criança recorre a um mecanismo de defesa, a mento da criança, mas sim as ações restritivas dos pais.
“identificação com o agressor”, conforme foi descrita por Anna
Freud (1971). Até a enurese e encoprese (ato de urinar e defecar na
roupa) podem ser ignorados e não vistos como humilhantes
Esta identificação com o agressor será seguida, por um pela criança aflita, mostrando que elas sofrem menos do que
ataque contra o mundo exterior. os adultos de suas psicopatologias, porém sofrem mais que
eles de outras tensões a que são expostas: as crianças pe-
Na criança de quinze meses, este ataque assume a forma quenas sofrem de todo e qualquer racionamento, demora e
do ”Não” primeiro o gesto o depois a palavra que a criança frustrações que imponha às suas necessidades corporais e
obtém do objeto libidinal. derivadas de impulso; sofrem em virtude de separações de
seus primeiros objetos de amor, seja qual for o motivo que
Devido a numerosas experiências de desprazer, o “Não” é eles ocorreram; em virtude de decepções reais ou imaginadas
investido co catexia agressiva. causadas por tais objetos; sofrem de ansiedades causadas
pelo complexo de Édipo e complexo de castração, por culpas,
Isto torna esta palavra apropriada para expressar agres- fantasias, etc.
são, e é por isso que o “Não” é usado no mecanismo de defe-
sa de identificação com o agressor e é voltado contra o objeto Até uma criança normal pode sentir-se infeliz por vários
libidinal. destes motivos, inclusive os fantasiosos, levando-a a reagir
emocionalmente com variados comportamentos.
Uma vez que este passo tenha sido completado, pode
começar a famosa fase de teimosia, com a qual marca o Em contrate, é a criança obediente, quieta e resignada
período do segundo ano de vida. que deve ser desconfiada pelos adultos de que processos
anormais estão atuando nela.
Outras patologias que prejudicam a aprendizagem.
As crianças tidas como boas e quietinhas, isto é, que acei-
É muito importante a avaliação global da criança ou do tam sem protestar qualquer condição desfavorável, pode
adolescente, considerando as diversas possibilidades de estar agindo assim porque sofrem de algum dano no desen-
alterações que resultam nas Dificuldades de Aprendizagem, volvimento do ego e uma passividade do lado de seus impul-
para que o tratamento seja o mais especifico e objetivo possí- sos (FRUD, A., 1971).
vel.
As crianças que separam com muita facilidade de seus
Algumas Dificuldades de Aprendizagem englobam, princi- pais podem assim proceder porque não formaram relações
palmente, as chamadas disfunções cerebrais, como Transtor- normais; não sentir aflição e ansiedade quando há ameaça de
no da Leitura, Transtorno da Matemática e Transtorno da perda de amor não é sinal de saúde e forca numa criança, ao
Expressão Escrita, bem como os transtornos da linguagem contrario, está longe de ser saudável, pois não protestar se
falada. aproxima “da primeira indicação de renuncia autístita ao mun-
do dos objetos” (FREUD, A., 1971, p.109).
Outras Dificuldades de Aprendizagem seriam consequen-
tes a alterações biológicas especificas e bem estabelecidas e A depressão infantil como consequência da privação.

Conhecimentos Específicos 103 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A sintomatologia das crianças separadas de suas mães é Na fase pré-escolar as crianças podem somatizar o trans-
similar aos sintomas conhecidos da depressão em adultos. torno afetivo, o qual se manifesta através de dor abdominal,
falta de peso, retardo no desenvolvimento físico esperado
Este fato mostra que, desde muito novas, as crianças po- para a idade, além da fisionomia triste, irritabilidade, alteração
dem sofrer de depressão como consequência de uma priva- do apetite, hiperatividade e medo inespecífico.
ção e, se não diagnosticada e tratada desde o inicio, ela ar-
rasta-se com o doente interferindo no seu di a dia. Na fase escolar, o cansaço, a dificuldade concentração, as
alterações da memória, são as complicações da Depressão
Contudo, apesar de terem sintomas similares, a depres- Infantil, que comprometem muito o rendimento escolar e a
são no adulto e a depressão na criança passam por proces- aprendizagem.
sos psíquicos diferentes.
Concluindo.
O trabalho refere-se á Depressão Infantil, neste item, co-
mo uma consequência da carência afetiva, onde a criança foi O propósito deste trabalho foi chamar a atenção para um
privada dos cuidados maternos – o que não exclui a possibili- grave problema emocional que, da mesma forma que atinge
dade de, mesmo quando presente, a mãe privar seu filho de os vários aspectos do desenvolvimento infantil, também se
afetos. reflete negativamente na aprendizagem escolar.

Embora na maioria das crianças, os sintomas de depres- Separar, seja qual for a razão, uma criança pequena de
são sejam atípicos, algumas podem apresentar sintomas sua mãe, durante o período de unidade biológica entre am-
clássicos como tristeza, ansiedade, expectativa pessimis- bas, representa uma interferência injustificada com as mais
ta,mudanças no habito alimentar e no sono, ou por outro lado, importantes necessidades que acompanham o bebê.
problemas físicos como dores inespecíficas, fraqueza, tontu-
ras, mal estar geral que não respondem ao tratamento médico Como tal, a criança reage com aflição legítima, a qual só
habitual. pode ser avaliada pelo regresso da mãe ou, a mais longo
prazo, pelo estabelecimento de vínculos com uma mãe substi-
Em crianças e adolescentes a Depressão, em sua forma tuta.
atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob
uma máscara de irritabilidade, hiperatividade e rebeldia. Não devemos esperar que todas as crianças manifestem
um padrão muito regular de crescimento e se mostrem mais
As crianças mais novas, devido à falta de habilidade para avançadas ou atrasadas em determinadas fases de suas
a comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emoci- vidas do que em outras.
onal, também manifestam a Depressão atípica com hiperativi-
dade. Estas desarmonias em etapas do desenvolvimento infantil
só se convertem em patologias se houver um desequilíbrio
A Depressão na criança e no adolescente pode ter inicio grande na personalidade, necessitando para isto, uma avalia-
com perda de interesse pelas atividades que habitualmente ção psicológica.
eram interessantes, manifestando-se como uma espécie de
aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, es- Determinar os distúrbios de uma criança no presente, bem
portes, sair com amigos, etc., além de apatia e redução signi- como opinar a respeito da probabilidade de saúde ou doença
ficativa da atividade. mental futura, depende não só dos detalhes da desordem
infantil existente, mas também de certas características fazem
Às vezes pode haver tristeza. parte da constituição do individuo, isto é, são inatas ou adqui-
ridas sob as influencias das primeiras experiências do bebê,
Ainda aparece diminuição da atenção e da concentração, como o trabalho procurou mostrar no segundo capitulo sobre
perda de confiança em si mesmo, sentimento de inferioridade o desenvolvimento social.
e baixa auto-estima, ideia de culpa e inutilidade, tendências e
ideias ao suicídio. Num primeiro momento, é a mãe que age como a perso-
nalidade da criança, e desta interação poderá ou não ocorrer
Na criança e adolescente é comum a Depressão acompa- a formação de distúrbios.
nhada também de sintomas físicos, tais como fadiga, perda
de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas tais Na medida em que os distúrbios dessa ordem são devidos
como cefaléias, lombalgia, dores nas pernas, náuseas, vômi- á influencia do meio ambiente, podem ser eliminados se mé-
tos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. todos diferentes de assistência á criança forem empregados,
desde o principio.
Quanto ao comportamento, a Depressão na Infância e
Adolescência pode causar deterioração nas relações com os Porém, uma vez gerados, as consequências não podem
demais familiares e colegas, perda de interesse e isolamento. ser removidas, nem mesmo que se façam mudanças benéfi-
cas na forma de tratamento.
As alterações cognitivas da Depressão Infantil, principal-
mente a relacionadas à atenção, raciocínio e memória, inter- O tratamento inconsiderado das primeiras necessidades
ferem fundamentalmente no rendimento escolar. infantis tem ainda outras repercussões no desenvolvimento
patológico.
Tendo em vista o fato de ser possível que muitos sintomas
relacionados apareçam naturalmente como parte das etapas Em seu avanço para a independência e autoconfiança, a
normais de desenvolvimento da infância e adolescência, para criança aceita a inicial atitude, gratificadora ou frustradora, da
estabelecer um diagnóstico provável de Depressão, é neces- mãe como um modelo que imitará e recriará em seu próprio
sário avaliar sua situação familiar, existencial, seu nível de ego.
maturidade emocional e, principalmente, sua auto-estima e
conduta. Quando a mãe compreende, respeita e satisfaz os desejos
da criança, até onde for possível, há boas probabilidades de
que o ego infantil mostre igual tolerância.

Conhecimentos Específicos 104 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As relações que eles são capazes de formar mal alcan-
Quando a mãe protela, nega e negligencia desnecessari- çam o nível de identificação e dificilmente vão além disso.
amente a satisfação de desejos da criança, o ego desta de-
senvolve a chamada “hostilidade contra o id”, istouma pro- Estas crianças se traduzirão na aridez das relações soci-
pensão para o conflito interno, que é um dos requisitos pré- ais do adolescente.
vios do desenvolvimento neurótico.
Privados do alimento afetivo que lhes era devido, o único
O trabalho também procura mostrar que a relação que dá recurso será a violência.
força e condições para tornar o homem um ser social, é a
relação mãe-filho, e que todas as relações humanas posterio- O único caminho que permanece aberto para eles é a des-
res com qualidade, relações de amor, de amizade e todas as truição de uma ordem social na qual são vítimas. Que espaço
relações interpessoais, têm origem nesta relação primeira, sobra em seus corações para a escola, para o desejo de
que capacita o ser humano. aprender?

É através deste relacionamento tão especial, que se con- E mesmo que o tenha, fica difícil aprender tendo uma per-
segue a canalização das pulsões direcionadas no objeto libi- sonalidade prejudicada.
dinal e se estabelece o modelo para todas as relações huma-
nas posteriores, incluindo a identificação positiva com um A criança com carência em todos os sentidos da palavra
professor. tem necessidade de um ambiente cujo objetivo seja o cuidado
e o afeto e, por último, o ensino.
A privação de relações afetivas impede o individuo de ini-
ciar ou manter, com outros adultos da sociedade, relações Em outras palavras, para a criança que sofre privação, a
interpessoais capazes de ir além dos limites do benefício escola pode se apresentar para ela como um lugar de pouca
econômico imediato. importância, ou como um “abrigo”. “lar substituto”, “prisão”, e
as varias conotações que cada um destes termos tem para
Em nossa sociedade ocidental, por exemplo, mudanças suas fantasias inconscientes.
de condições sociais, em consequência de transformações
econômicas, ideológicas, tecnológicas e outras que foram Por isso, os cuidados e o ensino de crianças carentes que
impostas, modificam o quadro das relações mãe-filho. sofrem de privação, não devem se restringir apenas aos pro-
fessores, mas paralelamente, orientar-se com o trabalho de
Nos últimos séculos, fomos sujeitos a algumas transfor- um profissional especializado.
mações fundamentais como a rápida deterioração da relação
mãe-filho, iniciada com o advento da industrialização da pro- O não aprender, para tais crianças, diz respeito aos afetos
dução, onde as mães foram recrutadas para o trabalho nas e vínculos formados com a mãe, ou a ausência desta.
fábricas, de tal forma que elas foram afastadas de sua família
e de suas atividades domesticas. Por tanto, o estudo deste trabalho torna-se pertinente à
medida que crianças institucionalizadas, privadas de afeto
Este tipo de separação preparou o cenário para uma rápi- materno e que não desfrutam de um convívio familiar original,
da desintegração do modelo tradicional de família em nossa ainda têm, pelo menos, garantido o direito a educação e o
sociedade ocidental. direito de aprender.

As consequências aparecem nos problemas cada vez


PRIVAÇÃO MATERNA
mais graves de delinquência juvenil e no crescente número de
neuroses e psicoses na sociedade adulta. Introdução

Este fator torna-se mais grave ainda quando tais proble- A presença da mãe é de grande importância para o bebê,
mas se perpetuam num circulo vicioso, onde filhos que sofre- a mais decisiva influência no desenvolvimento dos vários
ram falta de afeto crescem incapazes de cuidar e amar de setores de personalidade do ser humano em formação. A
maneira adequada seus próprios filhos. comunicação entre a mãe e o bebê fornece a estrutura para a
psique infantil. Existe uma troca onde a mãe percebe o afeto
O progresso do desenvolvimento suscitou novas soluções do filho e vice-versa numa comunicação não-verbal. As prin-
para os problemas enfrentados: surgiram mais instituições de cipais coisas que uma mãe faz com o bebê não podem ser
abrigo, serviços de adoção, creches de período integral, clíni- feitas através de palavras. É de grande importância que a
cas de aconselhamento para crianças e adolescente, “baby primeira relação da criança seja satisfatória com a mãe, pois
sitters”, bem como um maior número de formação de psiquia- todas as futuras relações sociais serão baseadas nesta rela-
tras, psicólogos e o surgimento da própria Psicopedagogia. ção. Aqui começa o processo que vai transformar o bebê num
ser humano. Uma relação primitiva satisfatória com a mãe
Sob o aspecto social, as relações objetais perturbadas no implica em contato íntimo do inconsciente da mãe com o da
inicio da infância, sejam elas desviadas, impróprias ou insufi- criança;
cientes, têm consequências que colocam em risco a própria Conforma nos mostra o Dr. Winnicott, o bebê tem uma ne-
base da sociedade. cessidade vital de ter alguém que lhe facilite "os estágios
iniciais dos processos de desenvolvimento psicossomático da
Sem um modelo, as vitimas de relações objetais perturba- personalidade mais imatura e absolutamente dependente que
das apresentarão consequentemente, deficiência na capaci- é a personalidade humana"(1988). Por mais que a mãe impo-
dade de se relacionar. nha frustrações aos impulsos do bebê, jamais a boa mãe
deixa de apoiá-lo. O apoio dado pelo ego da mãe ao ego em
Não poderão adaptar-se a sociedade. formação do bebê precisa ser digno de confiança.
Tais indivíduos serão incapazes de compreender e, sobre- O bebê forma sua psique e seu soma (corpo) a
tudo, de descobrir e de partilhar os vínculos nas relações que partir da total dependência da mãe. A existência psicossomá-
nunca tiveram. tica do bebê realiza-se através deste relacionamento, onde a
mãe é o primeiro objeto para o bebê. O bebê começa aos

Conhecimentos Específicos 105 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
poucos a usar simbolicamente outros objetos representativos Pra responder a estas questões é importante saber em
de sua relação com a mãe, tais como paninhos, bichinhos de que idade ocorreu a privação e o grau da privação a que a
pelúcia, etc. Um colapso nesta fase tem que ser avaliado em criança ficou exposta.
termos de uma insuficiência da capacidade de relações obje-
Privação Temporária
tais. A mãe permite e auxilia o bebê a descobrir o mundo de
forma criativa. Quando a privação acontece a bebês de zero a doze me-
ses de idade, entre os sintomas observados, constatou-se
Uma relação feliz com a mãe, e uma internalização dela
como primeiro objeto significa poder dar e receber amor. que o bebê que sofre a privação pode deixar de sorrir para
um rosto humano ou reagir quando alguém brinca com ele,
Acreditamos ser essencial ao desenvolvimento do bebê a pode ficar inapetente ou, apesar de bem nutrido, pode não
vivência de uma relação calorosa, íntima e contínua com a engordar, pode dormir mal e não demonstrar iniciativa. Estu-
mãe (ou mãe substituta, ou pessoa que desempenha continu- dos mostram que bebês que vivem em orfanatos balbuciam
amente este papel), numa relação onde ambos encontrem menos que os bebês que vivem com as suas famílias. Este
satisfação e prazer. Privação materna acontece quando a atraso na fala é comum às crianças que vivem institucionali-
criança não encontra este convívio, seja por não existir a zadas, em crianças de qualquer idade. Crianças que viveram
figura da mãe, seja por sua presença incoerente. em lar substituto e tiveram atenção da mãe substituta acha-
vam-se em média mais desenvolvidas, enquanto as que parti-
Didaticamente, vamos distinguir três situações em que lhavam essa atenção com outros bebês apresentaram atraso.
pode acontecer a Privação Materna: O desenvolvimento de crianças que vivem em instituições
a) Privação Parcial - Pode acontecer que a mãe (ou pes- está abaixo da média.
soa que a substitui) não seja capaz de proporcionar os cari- Observou-se em bebês privados do convívio materno, por
nhos e cuidados que são essenciais ao desenvolvimento período superior a três meses, uma síndrome depressiva, que
psicológico da criança. A privação parcial decorre da hostili- Spitz (1979) denomina como "depressão anaclítica". Uma
dade inconsciente da mãe (cuja origem muitas vezes são as condição necessária para o desenvolvimento da depressão
próprias experiências da mãe na infância). anaclítica é que, antes da separação, a criança tenha estado
b) Privação total temporária - A criança pode ser retirada em boas relações com a mãe. É interessante ressaltar que
da mãe e entregue a estranhos, em situações que envolvam a quando as relações eram más entre mãe e filho, antes da
Justiça, Assistência Social, hospitalização (da mãe ou da separação, as crianças separadas das mães apresentavam
criança) por tempo prolongado, viagens, trabalho, etc. outros distúrbios. A depressão anaclítica desenvolve-se em
três fases:
c) Privação total definitiva - A criança perdeu a mãe (ou
substituta permanente) por morte ou abandono e não existem No primeiro mês - crianças chorosas, exigentes e com
parentes dispostos a criar a criança. tendência a apegar-se a quem se aproxima delas.
Privação Parcial No segundo mês - choro baixo, quase um gemido. Há
perda de peso e parada no desenvolvimento.
Os efeitos perniciosos da privação materna variam de
acordo com o grau da mesma. A privação traz consigo angús- No terceiro mês - tendência a recusar contato, insônia,
tia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos continua a perder peso. Facilidade em contrair moléstias e
de vingança e, em consequência, culpa e depressão. A crian- atraso no desenvolvimento motor.
ça pequena ainda é incapaz de lidar com estes impulsos, e a Passado este tempo, há um estado letárgico. O choro
maneira pela qual a criança reagirá a estas condições pode cessa e dá lugar a lamúria.
via a causar distúrbios nervosos ou personalidade instável.
Crianças de doze a trinta e seis meses quando sofriam a
Estudos feitos em uma escola inglesa verificaram que as privação materna por um certo período, às vezes na hora de
angústias provocadas por relações insatisfatórias na primeira reencontrar a mãe apresentavam-se incapazes de expressar
infância predispõem as crianças a reagirem, mais tarde, de seus sentimentos, algumas vezes incapaz inclusive de falar.
forma anti-social diante das tensões. A maior parte das situa- Se o comportamento imaturo e ansioso da criança voltar para
ções de angústia precoce entre estas crianças eram aspectos casa for tratado com impaciência, desenvolve-se um círculo
específicos da privação materna. vicioso na relação da criança com a mãe, o mau comporta-
A privação parcial decorre da rejeição total, pela qual as mento sendo castigado com repreensões e punições que, por
relações mãe-filho podem tornar-se pouco saudáveis, prejudi- sua vez, provocam novos comportamento imaturos, novas
cando o desenvolvimento sadio da criança. exigências e novas birras. Assim, desenvolve-se uma perso-
nalidade neurótica e instável, incapaz de chegar a um acordo
Tudo que acontece à criança nos primeiro meses e anos consigo ou com o mundo, incapaz especialmente de estabe-
de vida pode ter efeitos profundos e duradouros na vida men- lecer relações afetivas e leais com outras pessoas. Esta rela-
tal e desenvolvimento da personalidade futuros. ção ainda é melhor psicologicamente falando do que aquelas
Estudos e pesquisas na área deixam claro que quando reações em que a criança reage com distanciamento e indife-
uma criança é privada de cuidados maternos, o seu desen- rença, ou com comportamento amigável e superficial. Este
volvimento é quase sempre retardado - física, intelectual e tipo de reação a separações frequentes ou separação prolon-
socialmente - e podem aparecer sintomas de doenças físicas gada antes e dos dois anos e meio, é sinal de sérias pertur-
e mental. bações de personalidade. Por um período de separação pro-
longado, as crianças apresentavam regressão, buscando
Surgem questões como por exemplo: expressões como sucção e isolamento e manifestando sinto-
mas claros de depressão (apatia, falta de iniciativa, choro
- O dano psicológico será permanente ou pode ser supe-
frequente, etc.).
rado?
Entre os três e cinco anos, o risco de danos psicológicos
- Por quê algumas crianças ficam prejudicadas e outras
em virtude da privação materna é diminuído, pois a criança
não?
pode conceber a ideia de que a mãe voltará dentro de algum
- Fatores hereditários ou sócio-ambientais influenciam no tempo, o que é praticamente impossível para crianças até três
resultado? anos. Nesta idade a criança fala e comunica-se melhor, o que

Conhecimentos Específicos 106 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pode ajudar a compreender e aceitar melhor a presença da anos, quando foram transportadas para outra instituição para
mãe-substituta. adoção. Estas crianças foram examinadas quando estavam
com cinco anos ou mais, e todas apresentavam graves per-
Após os cinco anos o risco diminui ainda mais, embora
turbações da personalidade, centradas numa incapacidade
algumas crianças entre cinco e oito anos ainda sejam incapa- para dar ou receber afeto. Os sintomas que apareceram na
zes de adaptar-se satisfatoriamente a situações de privação. maioria delas incluíam agressividade, negativismo (oposição
Pesquisas feitas durante a segunda guerra com crianças ou obstinação), egoísmo, choro excessivo, dificuldades de
privadas do convívio materno entre cinco e seis anos relatam alimentação, defeitos na fala e anurese noturna. Em poucas
que as saudades eram predominantes, prejudicando-lhes a crianças notaram-se ainda hiperatividade e temores. É difícil a
capacidade de concentração. As crianças desta idade ainda recuperação destas crianças com ajuda do psicólogo ou do
não são emocionalmente auto-suficientes. Houve aumento de psiquiatra, pois nelas inexiste a capacidade de formar víncu-
enurese noturna (xixi na cama), sintomas nervosos e delin- los, dificultando assim o trabalho do terapeuta.
quência. No entanto, apenas a minoria das crianças com
idades entre três e cinco anos são afetadas pela privação Observação de órfãos de guerra levaram à conclu-
materna temporária. são de que não resta dúvida de que um longo período sem
receber atenção individual e sem um relacionamento pessoal
Estes estudos foram feitos em sua maioria com crianças conduz à atrofia mental; isto lenteia ou detém o desenvolvi-
que estiveram hospitalizadas e por isso ficaram afastadas de mento da vida emocional e, assim, inibe o desenvolvimento
suas mães. Estes valiosos estudos mostram que os sintomas intelectual normal. Observamos que traumas (experiências
neuróticos das crianças pioraram por causa da separação da perturbadoras) psíquicos agudos, por mais graves que sejam,
mãe. As crianças acabavam com a impressão de que tinham não resultam num dano tão profundo quanto a solidão espiri-
sido mandadas para os hospitais em virtude de terem sido tual crônica ou prolongada. Mesmo depois de finda a guerra,
más, ou seja, acreditavam que a hospitalização tratava-se de estas crianças ainda apresentavam sintomas neuróticos e
um castigo. Bowlby (1981) exemplificava contando a história necessitavam de tratamento. Observou-se ainda a diminuição
de uma menina que após a hospitalização simbolizava en- da capacidade de raciocínio abstrato - demonstrando um forte
quanto brincava com suas bonecas, dizendo que as mandaria vínculo entre desenvolvimento da capacidade mental e abs-
ao hospital se fossem más. tração e a vida familiar e social da criança. As crianças tinham
Se a separação dá-se por período de até três meses, com uma noção muito superficial das realidade objetivas, imagina-
o retorno da mãe os sintomas tendem a desaparecer. Se a ção transbordante e absoluta falta de capacidade crítica.
separação for por um período superior a cinco meses, a recu- Incapacidade para abstração rigorosa e para o raciocínio
peração é mais difícil, pois haverá então uma progressiva lógico. Notável atraso no desenvolvimento da linguagem.
deterioração que parece ser irreversível em alguns casos. A semelhança entre essas observações de órfãos
Parece que a criança feliz, segura do amor da mãe, não de guerra e de refugiados e as efetuadas com outra crianças
fica extremamente angustiada, podendo ter uma visão melhor que sofrem privação impressionam.
do que está se passando. A criança insegura poderá interpre- Sabe-se atualmente, que algumas crianças embo-
tar erroneamente os fatos, manifestando sintomas neuróticos. ra expostas a estas situações adversa, não desenvolvem tais
Muita coisa irá depender do modo como a criança é orientada sintomas, mas o percentual de crianças nesta situação é tão
para a situação que irá enfrentar, como ela é tratada durante pequeno quanto o percentual de crianças expostas a contágio
a situação, e como sua mãe lida com a criança após o re- por um vírus e que deixam de desenvolver a doença.
gresso.
O êxito alcançado por bebês que foram adotados
Privação total
entre seis e nove meses após terem passado este tempo sob
No caso da privação materna definitiva, crianças privação, podem ter os efeitos deletérios da privação diminuí-
que foram criadas passando de mão em mão, seja em lares dos se voltarem a receber, em tempo, cuidados maternos de
substitutos, seja em instituições, manifestavam as seguintes amor e dedicação.
condições aos sete ou oito anos de idade: Estudos realizados com pacientes adultos conclu-
- relacionamento superficial; em que a privação materna na infância trará consequências
de problemas psicológicos, vez que a pessoa carregará con-
- nenhum sentimento verdadeiro - nenhuma capa- sigo grande ânsia por sentir-se amada, além dos quadros já
cidade de se interessar pelas pessoas ou de fazer amizades descritos. Existem diversos quadros de desajuste de persona-
profundas; lidade, incluindo a histeria, angústia e depressão originados
- inacessibilidade, exasperante para os que tentam ou exacerbados por experiências de privação materna.
ajudá-la; Por mais gratificante que seja expressar na vida
- nenhuma reação emocional em situações em que adulta, pensamentos e sentimentos a uma pessoa afim, pare-
isto seria normal - uma estranha falta de preocupação; ce perdurar uma necessidade insatisfeita por uma compreen-
são sem palavras - fundamentalmente pela relação mais
- falsidade e evasivas, frequentemente sem motivo; primitiva com a mãe. Semelhante anseio contribui para o
sentimento de solidão, e se origina da sensação depressiva
- furtos;
de uma perda irreparável. Regina Curvello Chaves
- falta de concentração na escola
Rupturas (nas relações mãe-filho) durante os pri- O PAPEL DO PAI.
meiros três anos de vida deixam uma marca característica na
personalidade infantil. Estas crianças parecem emocional- O assunto que eu aqui venho tratar nem sempre preocu-
mente retraídas ou isoladas. Não conseguem estabelecer pou os estudiosos da Psicologia. No entanto, num mundo
laçoes afetivos com outras crianças ou com adultos e conse- onde a dinâmica social sofre constantes transformações,
quentemente não têm amizades dignas deste nome. Não torna-se necessária a revisão do papel do pai na estrutura
existem sentimentos, raízes nestas relações, por causa de familiar. Estudar as repercussões da exclusão do pai no de-
sua impassibilidade. Foi feita uma pesquisa num grupo de senvolvimento da personalidade de uma criança ou a influên-
crianças que tinham sido admitidas numa instituição com cia dos contextos culturais na prática da paternidade são
menos de um ano e ali permanecido até três anos ou quatro alguns dos objetivos desta minha reflexão que toma como

Conhecimentos Específicos 107 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
objeto de estudo “os novos pais”. É também dever paterno custear alimentação especial,
Estudos científicos mostram que o papel do pai começa des- assistência médica e psicológica, exames complementares,
de cedo. A sua participação e o seu envolvimento devem ter internações, parto, medicamentos e demais prescrições pre-
início no momento mais precoce possível. Sabe-se, inclusive, ventivas e terapêuticas, a critério do médico, além de outras
que ao participarem no parto, os pais se sentem extremamen- que o juiz considere pertinentes. Caso isso não ocorra, é
te úteis. Mas nem sempre tal se verificou. concedido à mulher o direito de ir à Justiça e exigir que se
cumpram tais obrigações. Nesse caso, o pai terá de se apre-
O modelo de pai que antes se refletia no controle e na au- sentar em juízo em até cinco dias.
toridade no seio da família, reservava para a mãe as tarefas
domésticas, incumbindo-a de tratar única e exclusivamente da Com a Lei 11.804, sancionada em 2008, a responsabilida-
educação dos filhos. Este modelo de família tradicional estava de do pai passou a valer desde a concepção. Dessa forma,
assim organizado segundo uma hierarquia em que a figura ficou estabelecida a obrigação de dar todo o suporte à mãe
paternal se baseava essencialmente no poder econômico, durante os nove meses.
isentando-se por completo de possíveis manifestações afeti- Importante dizer que pais adolescentes e jovens adultos
vas para com os seus filhos. são reconhecidos como sujeitos de direitos sexuais e reprodu-
No entanto, e devido às mudanças sociais que se fizeram tivos e que, portanto, devem igualmente ser assistidos diante
sentir a partir da década de 60 (como a emancipação da mu- de suas necessidades e projetos de vida. Apesar da pouca
lher), estabeleceram-se novas relações entre homens e mu- idade, eles têm as mesmas obrigações e os mesmos direitos
lheres, levando ao aparecimento de novos padrões familiares. dos outros pais.
O homem tem assim assistido à ruptura progressiva da hie- A mãe costuma atrair para si as atenções desde a gesta-
rarquia doméstica, assim como ao questionamento constante ção até os primeiros meses de vida da criança, quando os
da sua autoridade. cuidados tendem a ser mais intensivos. O papel paterno,
Apesar do papel materno prevalecer sobre o papel do pai, porém, tem deixado de ser coadjuvante, com a participação
sabe-se que a importância da figura paternal é altamente crescente dos pais nos cuidados desde a gestação, passando
notória no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de pelo nascimento do bebê e pelas várias fases de desenvolvi-
uma criança. Por outro lado, a relação estabelecida com os mento da criança.
filhos ajuda ao desenvolvimento pessoal do homem enquanto
pai. O pai pode ajudar a mãe, sobretudo, criando um ambiente
calmo, receptivo e amoroso que ofereça apoio e segurança
Vários são os especialistas que defendem que a quebra irrestritos à gestante. Desse modo, ela poderá se sentir fisi-
do vínculo afetivo com o pai pode gerar sentimentos de aban- camente e emocionalmente amparada e acolhida, e, com
dono e de rejeição por parte da criança que se poderão re- isso, desenvolver uma gestação saudável em todas as suas
percutir nas relações por ela desenvolvidas no futuro, com- fases, reduzindo a possibilidade de depressão materna no
prometendo a formação de novos vínculos. Descobri Guy pós-parto.
Coreant, psicólogo, que afirma que “o pai é o primeiro outro
que a criança encontra fora do ventre da mãe”, sendo esta Durante o pré-natal, é importante considerar a gravidez
presença que lhe vai servir como suporte e apoio, possibili- não apenas como da mulher, mas do casal. O cuidado mas-
tando o seu desprendimento da mãe e a passagem do mundo culino com o bebê é indissociável do cuidado à gestante,
da família para o mundo da sociedade. Também Raissa Ca- envolvendo, entre outras coisas: estabelecer uma comunica-
valcante defende que a figura paterna é a que permite à cri- ção doce e direta com a mãe e com o feto que está sendo
ança entrar num horizonte de novas possibilidades. gerado; mostrar-se atencioso e atraído tanto física quanto
psicologicamente pela mulher; e participar e permanecer
Disto tudo, e não questionando de forma alguma o papel atento às modificações estruturais – físicas, mentais, psicoló-
da figura materna no desenvolvimento psico-social de uma gicas e sociais – as quais ela poderá tornar-se suscetível
criança, podemos concluir que não é por isso que a figura durante esse período.
paterna se torna dispensável. Assim, e porque “ser pai não é Partilhar responsabilidades faz com que nem a mãe nem o
duplicar a função de mãe mas sim dar uma nova dimensão à pai sintam-se sobrecarregados e, dessa forma, apresentem
vida da criança”, a construção de relações afetivas duradou- maior disposição e disponibilidade emocional para o bebê.
Nesta lógica, o pai pode e deve auxiliar diretamente nos cui-
ras (e saudáveis), seja com o pai seja com a mãe, só traz
dados básicos com o recém-nascido, como trocar fraldas,
vantagens para o desenvolvimento de uma criança: ao terem
alimentar, dar banho, levar para passear, participar das con-
um papel mais ativo no acompanhamento dos seus filhos, vão
sultas médicas e da administração de medicamentos, quando
contribuir para a formação de expectativas relativamente a
for o caso. Importante ressaltar que, além do contato com o
relações futuras que as crianças possam vir a desenvolver. C
bebê, o homem “ajuda” também ao transmitir afeto e segu-
Ana Costa
rança à companheira, contribuindo para que ela se sinta mais
Papel do pai preparada para acolher seu próprio filho (a).
No âmbito da saúde integral, cabe ao pai desenvolver a A presença do pai, dependendo da qualidade de tal pre-
chamada saúde paterno-infantil, relacionada ao vínculo físico, sença é geralmente positiva para os filhos. Há um consenso
psicológico e afetivo desenvolvido entre as crianças e os que de investigações que quando os homens (como pais sociais
exercem essa função em suas vidas. ou pais biológicos) estão engajados na vida de seus filhos, os
O homem tem o direito de participar do planejamento re- vínculos entre eles são reforçados. Isso beneficia o desenvol-
produtivo e familiar. Ele e a companheira devem decidir juntos vimento físico, psicológico, afetivo e social de modo geral das
se querem ou não ter filhos, como e quando tê-los. Além crianças, que muitas vezes apresentam melhor desempenho
disso, também lhe é garantido o direito de acompanhar a na escola e têm relações mais saudáveis como adultos.
gravidez, o parto, o pós-parto e decidir sobre a educação da Outro direito dos pais que trabalham é a licença-
criança. paternidade, que no Brasil é de cinco dias consecutivos, a
Acompanhamento do pai ajuda a mãe partilhar responsa- partir do nascimento do bebê. O pai adotivo também tem o
bilidades fazendo com que nenhum dos dois sintam-se sobre- mesmo direito.
carregados A licença-paternidade é um dispositivo importante ao pos-
sibilitar que o trabalhador se ausente do serviço para auxiliar
a mãe de seu filho, que não precisa necessariamente ser sua

Conhecimentos Específicos 108 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
esposa, compartilhar dos cuidados primários e também regis- a figura de apego. Lebovici (1987), desenvolvendo estas
trar a criança num cartório. ideias, reforça que, se tudo está bem, há satisfação e um
senso de segurança, mas, se esta relação está ameaçada,
O tempo é relativamente curto, se comparado à licença
existem ciúme, ansiedade e raiva. Se ocorre uma ruptura, há
concedida em países como a Alemanha, que permite que o
dor e depressão. Nesse caso de privação materna em que a
pai se afaste por até um ano e dois meses (com direito a 67%
criança é afastada de sua mãe, seja este afastamento de
da remuneração) ou o Japão, onde os homens podem tirar
ordem física ou emocional, muitas são as consequências,
licença de um ano (com 25% do salário).
tanto de ordem física, quanto intelectual e social, podendo,
A licença-paternidade no Brasil, porém, é maior que em inclusive protagonizar o aparecimento de enfermidades físicas
outros países da América do Sul, como a Argentina e o Para- e mentais.
guai, que dão apenas dois dias de folga ao trabalhador após a
chegada do bebê. Os efeitos perniciosos da privação variam de acordo com
o grau da mesma. A privação traz consigo a angústia, uma
PSICOTERAPIA INFANTIL: ILUSTRANDO A IMPOR- exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vin-
TÂNCIA DO VÍNCULO MATERNO PARA O DESENVOLVI- gança e, em consequência, culpa e depressão (p.14).
MENTO DA CRIANÇA
Se uma pessoa teve a sorte de crescer em um bom lar
Anelise Hauschild Mondardo comum, ao lado de pais afetivos dos quais pôde contar com
Dóris Della Valentina apoio incondicional, conforto e proteção, consegue desenvol-
ver estruturas psíquicas suficientemente fortes e seguras para
A arte de educar um filho não se constitui em tarefa fácil, enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. Nestas condições,
pois os cuidados com a criança se mostram constantes e crianças seguramente apegadas aos seis anos são aquelas
permanentes, tornando-se a chave principal para a saúde de que tratam seus pais de uma forma relaxada e amigável,
toda e qualquer criança, mesmo tendo ela alcançado certo estabelecendo com eles uma intimidade de forma fácil e sutil,
grau de desenvolvimento e independência. Para isto, é ne- além de manter com eles um fluxo livre de comunicação
cessário conhecer as inúmeras condições sociais e psicológi- (Bowlby, 1984).
cas que influenciam, positiva ou negativamente, o seu desen-
volvimento. O mesmo autor aponta as consequências da situação in-
versa, ou seja, se esta mesma pessoa vem a crescer em
Isso acontece porque a criança não é um organismo ca- circunstâncias diferentes, seu núcleo de confiança estará
paz de vida independente, necessitando, portanto, de uma esvaziado, ficando prejudicadas as relações com outros se-
instituição social especial que a ajude durante o período de melhantes, havendo, pois, prejuízos nas demais funções de
imaturidade. A família, assim, tem dupla função no seu papel seu desenvolvimento.
estruturador. Primeiramente, na satisfação de necessidades
básicas como alimentação, calor, abrigo e proteção; em se- As contribuições de Margareth Mahler ao desenvolvimento
gundo lugar, proporcionando-lhe um ambiente no qual possa infantil reforçam as ideias desenvolvidas por Bowlby quanto
desenvolver ao máximo suas capacidades físicas, mentais e ao estabelecimento, através dos cuidados parentais, de uma
sociais. Bowlby (1988) complementa dizendo que para poder base segura aos filhos. Suas contribuições referem-se à im-
lidar eficazmente quando adulto, com o seu meio físico e portância fornecida às relações de objeto precoces, ou seja,
social, é necessária uma atmosfera de afeição e segurança. ao vínculo com a mãe, às angústias de separação e aos pro-
cessos de luto nas etapas evolutivas.
A esta atmosfera de segurança, Bowlby (1989) denominou
de comportamento de apego, definindo-o como: "...qualquer As fases que propõe como sendo organizadoras do psi-
forma de comportamento que resulte em uma pessoa (crian- quismo, incluem uma etapa do desenvolvimento no qual o
ça) alcançar e manter a proximidade com algum outro indiví- eixo psicológico é a separação-individuação da criança em
duo claramente identificado (mãe), considerado mais apto relação à mãe. A evolução normal ou patológica da criança
para lidar com o mundo" (p.39). seria consequência da forma como se configurariam as eta-
pas anteriores e, principalmente, esta última fase do desen-
O sentimento e o comportamento da mãe em relação a volvimento mental. Mahler (1993) destaca que os três primei-
seu bebê são também profundamente influenciados por suas ros anos de vida da criança possuem importantes tarefas
experiências pessoais prévias, especialmente as que teve e estruturantes, cujo alcance e passagem são determinados por
talvez ainda esteja tendo, com seus próprios pais. É este dois fatores: primeiro, a dotação genética do bebê, que o
padrão de relacionamento parental que dará origem à forma impulsiona para o vínculo com o meio ambiente, permitindo
como ambos os pais irão vincular-se ao filho, provendo ou perceber e aceitar os cuidados proporcionados pela mãe; e,
não suas necessidades físicas e emocionais. segundo, a maternagem, ou seja, a presença de uma mãe
que verdadeiramente proporcione esses cuidados.
É neste sentido que Bowlby (1989) reforça a importância
dos pais fornecerem uma base segura a partir da qual uma A origem da enfermidade mental estaria, pois, nas dificul-
criança ou um adolescente pode explorar o mundo exterior e dades encontradas pela criança para realizar a tarefa deter-
a ele retornar, certos de que serão bem-vindos, nutridos física minada por cada uma dessas fases, isto é, no autismo nor-
e emocionalmente, confortados se houver um sofrimento e mal, na simbiose normal ou na separação-individuação. Es-
encorajados se estiverem ameaçados. A consequência dessa sas falhas podem ter sido provocadas por: defeitos inatos,
relação de apego é a construção, por volta da metade do incapacidade do ego para neutralizar as pulsões agressivas
terceiro ano de idade, de um sentimento de confiança e segu- no estabelecimento do vínculo com a mãe; defeitos na rela-
rança da criança em relação a si mesma e, principalmente, ção mãe-filho: seja por patologia materna ou pela ausência
em relação àqueles que a rodeiam, sejam estes suas figuras real do par simbiótico e/ou traumas: doenças, acidentes, hos-
parentais ou outros integrantes de seu círculo de relações pitalizações ou outros eventos que alterem a estabilidade
sociais. emocional com a mãe ou a auto-imagem do indivíduo.

Um importante traço do comportamento de apego é a in- A intensidade e a precocidade dessas situações podem
tensidade da emoção que o acompanha, o tipo de emoção provocar importantes falhas no desenvolvimento infantil e,
que surge de acordo com a relação entre a pessoa apegada e embora muitos autores definam diagnósticos de personalida-

Conhecimentos Específicos 109 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de somente após o período evolutivo da adolescência, Palá- como: agitação, dificuldade para concentrar-se nas atividades
cio-Espasa (1997) fundamenta a importância e os critérios escolares e na realização das tarefas de casa, impaciência,
com os quais é possível identificar, do ponto de vista estrutu- intolerância, dificuldades para conciliar o sono e hiperativida-
ral, organizações psíquicas já mesmo na infância. de.

Os distúrbios graves de personalidade de tipo Borderline Ana é a primogênita de Pedro, 28 anos e Paula, 24. Juli é
ou pré-psicótico são exemplos de diagnósticos possíveis em o nome da segunda filha, atualmente com 1 ano e 8 meses.
crianças, segundo as ideias desenvolvidas pelo autor acima Pedro e Paula se casaram quando tinham, respectivamente,
referido. O elemento dinâmico central deste tipo de funciona- 20 e 16 anos, tendo Paula engravidado de Ana quando esta-
mento mental em crianças são as manifestações depressivas va com 18 anos. A 1ª gravidez, planejada, foi marcada pela
contra as quais se acionam mecanismos defensivos psicóti- ameaça de aborto, aos cinco meses de gestação, obrigando
cos para lidar com angústias depressivas muito violentas, Paula a se submeter a um tratamento vitamínico e a perma-
geralmente originárias das intensas privações objetais nos necer em repouso nos meses seguintes. Neste período, Pe-
primeiros anos de vida. dro responsabilizou-se pelos serviços domésticos e pela ma-
nutenção da casa.
Nesta luta contra a depressão que, na verdade, denuncia
sérias dificuldades na integração dos objetos bons e maus Em relação ao sexo de Ana, Paula desejava uma menina,
internalizados que ora gratificam, ora frustam, a criança utiliza enquanto Pedro, um menino. Apesar de Pedro, nos primeiros
mecanismos defensivos cujas manifestações clínicas apon- momentos ao nascimento, não se aproximar da filha, passou
tam para um polimorfismo sintomático característico da orga- a dispender muitos cuidados a ela, chegando inclusive a im-
nização limítrofe. pedir que outros dela se aproximassem.

A variedade dessas apresentações é tanta que, na maioria No período pós-parto, Paula passou a primeira semana na
das vezes, diversos sintomas aparecem concomitantemente casa de sua mãe, retornando para seu lar devido às constan-
na criança: distúrbios do sono, da alimentação, da linguagem, tes solicitações do marido, que passou então a cuidar de
da aprendizagem escolar e do comportamento. A instabilida- ambas. Ana, desde os primeiros meses de vida, passou por
de psicomotora, nesses casos, pode ser compreendida como várias hospitalizações. Quando estava com 1 mês e 4 dias,
um estado reacional a uma situação traumatizante ou ansio- ficou internada em um hospital por 4 semanas com pneumo-
gênica para a criança; uma resposta a uma angústia perma- nia. Paula relata que "entrouxava tanto a menina que até tirar
nente, em particular quando dominam mecanismos mentais a última pecinha de roupa, a menina já tava resfriada" (sic).
persecutórios projetivos; ou uma defesa maníaca face às Com mais alguns meses, Ana foi internada novamente, desta
angústias depressivas. vez, por desidratação, devido ao desconhecimento de Paula
quanto a alguns cuidados necessários, como oferecer água
... quanto mais jovem for a criança, mais facilmente passa para o nenê, se este não estivesse mamando no peito. Paula
pelo corpo sua maneira de expressar uma indisposição ou não amamentou Ana, pois segundo ela, o tratamento vitamí-
uma tensão psíquica. A atuação é, no início, a modalidade nico realizado durante a gestação, teria deixado um "gosto e
mais espontânea e mais natural de resposta (Ajuriaguerra, cheiro ruins no leite, gosto de remédio" (sic). Aos 2 anos de
1986, p.96). idade, Ana quebrou o braço em função de uma queda, quase
sendo atropelada meses mais tarde nas redondezas onde
Quanto às manifestações clínicas, além das acima referi- morava.
das, Palácio-Espasa (1997) complementa ressaltando que
quando é pequena (entre 4 e 7 anos), a criança borderline O despejo do condomínio onde residiam e o desemprego
apresenta muitas vezes distúrbios do humor de origem hipo- de Pedro levaram-nos a morar no mesmo terreno da família
maníaca: excitação, euforia, familiaridade excessiva, hiperati- de Paula. Nessa época, além da mãe, do pai e do irmão, da
vidade, temas de grandeza etc. Na idade de latência, sobre- mesma idade de Ana, 3 anos, moravam no mesmo terreno
tudo tardia, observam-se mais frequentemente manifestações outro irmão e a cunhada. O relacionamento de Ana com o tio,
de linha depressiva: tristeza, desaceleração psicomotora com segundo a mãe, "nunca foi bom, pois sempre brigaram muito,
inibições importantes, ideias e sentimentos de autodesvalori- tendo até que trocar o horário do colégio de Ana porque,
zação, temas de perda. estudando na mesma turma, só brigavam" (sic).

Um dos sintomas frequentes em crianças borderline é a Em relação ao desenvolvimento da linguagem, Paula refe-
perturbação do curso do pensamento, estreitamente vincula- re que as primeiras palavras de Ana, aos 6 meses, foram
do à enorme intensidade da problemática depressiva. Esses "papá" e "óó", referindo-se à avó. Apesar de suas tentativas,
distúrbios do pensamento não se caracterizam por uma incoe- Ana respondia negativamente com a cabeça quando Paula
rência persistente como nas psicoses desorganizadoras, mas tentava explicar-lhe que era sua mãe. Por muitas vezes, Ana
por uma irrupção do processo primário em um processo de dirigiu-se à avó (por quem Ana, segundo Paula, sempre culti-
pensamento sob a égide do processo secundário. Esta per- vou muito afeto), chamando-a de mãe.
turbação específica do pensamento simbólico dessas crian-
ças baseia-se no surgimento intermitente de fantasias arcai- Apesar da tranquila entrada de Ana na escola, a repetên-
cas agressivas, compreendidas como uma tentativa de diluir a cia e seus sintomas clínicos intensificaram-se com o nasci-
angústia depressiva face às possibilidades libidinais restritas mento da irmã, Juli. Segundo a mãe, há muito tempo a pro-
dessas crianças (Palácio-Espasa, 1997). fessora já vinha reclamando de sua dificuldade de concentra-
ção, inquietude na classe e resistência em desenvolver as
Caso clínico atividades solicitadas.

Para ilustrar o artigo, será apresentado um caso conduzi- Ao todo, foram realizados vinte atendimentos: três entre-
do através de psicoterapia breve. O caso é o de Ana, uma vistas com a mãe (coleta de dados) e dezessete com Ana
menina de oito anos de idade encaminhada pela escola ao (avaliação e início do atendimento psicoterápico). Além des-
Ambulatório de Psicologia Infantil do H.S.L., em função de tes, foram realizados exames complementares e aplicação de
estar repetindo a 1ª série do 1º grau e apresentar insuficiente testes psicológicos.
rendimento escolar (notas baixas, dificuldades na escrita e na
leitura, por exemplo). Além destes, a mãe refere sintomas

Conhecimentos Específicos 110 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As sessões, realizadas duas vezes por semana, duravam para estabelecer relacionamentos seguros, repercutindo no
cinquenta minutos. Durante as mesmas, foi possível verificar seu processo de separação-individuação. Esta falha evolutiva,
comportamentos impulsivos e hiperativos, representados pela interferindo na estrutura egóica, no contato com a realidade e
rapidez com que se movimentava na sala, pela incapacidade no desenvolvimento de recursos para lidar com as ansieda-
em concluir brincadeiras, bem como pela impaciência na des, provoca prejuízos na representação psíquica de si e,
realização de tarefas previamente determinadas, como a consequentemente, da individualidade e da própria identida-
aplicação de testes psicológicos. Inicialmente, Ana manifesta- de, dificuldades estas que podem ser observadas na pobreza
va desconfiança e desconforto em permanecer na sala duran- de seus desenhos, nas dificuldades em elaboração e simboli-
te o período dos atendimentos, caracterizados pelos constan- zação, na incapacidade para contar histórias e nos prejuízos
tes rituais obsessivos e pelas brincadeiras de "esconde- do processo de alfabetização. O contato com a realidade e as
esconde", numa tentativa de, controlando externamente a percepções externas são realizadas em seu nível mais primi-
situação, controlar suas próprias ansiedades e medos inter- tivo e restrito: através do aparelho sensório-motor. Da mesma
nos. forma, a via de manifestação possível das ansiedades e fan-
tasias é através do aparato psicomotor, fato este que pode
A avaliação psicopedagógica realizada demonstrou difi- ser identificado pelas trocas constantes de atividades e pela
culdades na alfabetização, associadas a características de agilidade com que toma suas atitudes, geralmente precipitan-
ansiedade e agitação, as quais têm influenciado no seu pro- do-se em relação aos outros.
cesso de aprendizagem, bem como provocado conflitos entre
os colegas. Segundo a avaliação neurológica, seu desenvol- As relações de objeto internalizadas por Ana, prejudicadas
vimento neuromotor é normal e, apesar de apresentar um devido à frustração extrema advinda da ausência de cuidados
grau elevado de hiperatividade, não é possível estabelecer tal maternos, bem como ao afeto parcialmente recebido, provo-
diagnóstico. caram importantes falhas na capacidade integrativa do ego,
que se vê induzido a utilizar mecanismos de defesa primitivos,
A área percepto-motora foi avaliada pelo Teste Bender, evitando, assim, a emergência do caos total de seu mundo
assim como a área socioafetiva, pelos Testes Projetivos interno. Transferencialmente, este "turbilhão" de emoções
H.T.P., Teste da Família e Desenho Livre. O primeiro denun- internas é expresso pela rapidez com que realiza as tarefas
ciou nível maturacional abaixo da média e compatível com a propostas, as atividades escolhidas e as próprias verbaliza-
idade cronológica de cinco anos de idade, enquanto os de- ções, geralmente incompletas. Sintomas que corroboram as
mais apontaram importantes dificuldades no estabelecimento ideias desenvolvidas por Ajuriaguerra (1986), isto é, de que a
de relacionamentos interpessoais, caracterizadas por um criança faz do corpo um importante veículo para expressar
excessivo atrito nas relações, bem como por um afastamento seus sentimentos.
afetivo da figura materna. Como consequência, pode-se iden-
tificar um desajustamento social, uma imaturidade em função As reações fisiopatológicas de Ana, desde os seus primei-
de características de egocentrismo, primitivismo e pobreza de ros meses de vida, revelam angústias demasiadamente inten-
impulsos. sas frente ao sentimento aniquilador de morte. Este sentimen-
to é provocado pelas deficiências não só autoconservativas,
Discussão mas principalmente pulsionais.

Através da história de vida e dos sintomas apresentados A relação de objeto que se estabelece, portanto, é uma
por Ana, é possível identificar importantes falhas no seu pro- dependência anaclítica permeada constantemente pelo temor
cesso primário de estruturação psíquica. A atuação psicomo- e o perigo imediato de perda. A estrutura egóica de Ana nes-
tora, a hiperatividade e a impulsividade, associados às dificul- tas condições caóticas e estressantes desenvolve menos
dades em relação aos processos de simbolização, elaboração recursos para lidar com a realidade, utilizando mecanismos
e identificação, revelam comprometimentos significativos na diretos na expressão de seus estados internos extremamente
evolução pelas fases do desenvolvimento infantil normal. desorganizados.

Os inúmeros acidentes sofridos por Ana desde o seu nas- Nos atendimentos realizados com Ana, este tipo de rela-
cimento corroboraram a significativa falha de Paula no exercí- ção objetal tem suas manifestações caracterizadas por com-
cio do papel materno: oferecer, através dos cuidados físicos e portamentos de desconfiança e exitação, através dos quais se
afetivos, base segura e continência ao desenvolvimento nor- evidencia uma intensa necessidade de testar o ambiente e a
mal da filha, funções estas destacadas por Bowlby (1988). Os reação do outro (terapeuta) em atitudes que expressam suas
perigos a que ficou exposta, principalmente nos três primeiros ansiedades e focos conflitivos.
anos de sua vida, considerados fundamentais para a estrutu-
ração psíquica, denotam a negligência materna no estabele- Nesse contexto, tomando o aporte teórico de Palácio-
cimento, através do vínculo afetivo, de vivências de relação Espasa (1997) acerca da possibilidade de inferir diagnóstico
calorosa, íntima, reconfortante e prazerosa com a mãe. Esses precoce na infância, pode-se compreender a hiperatividade
perigos provavelmente foram registrados psiquicamente como como um estado reacional a situações traumatizantes e an-
descuido e desapego maternos. A superproteção de Paula, siogênicas, assim como uma forma de defesa maníaca face
nesse contexto, pode ser compreendida como uma atitude às angústias depressivas que, se identificadas, tornar-se-iam
reparadora de sua inabilidade materna, apesar de ter, na letais. Diante dessa situação, Ana expressa, através do poli-
verdade, provocado muitas das situações traumáticas. morfismo sintomático, suas relações objetais iniciais frustran-
tes e sua incapacidade para lidar com situações ansiogêni-
De acordo com Mahler (1993), estabeleceu-se, pois, uma cas.
relação simbiótica e fusional entre mãe e filha, cujos fins evo-
lutivos não foram atingidos, pois não ofereceu os subsídios O grau destas dificuldades pôde ser observado, por
necessários para sua superação e suas aquisições caracterís- exemplo, na realização do Teste da Família, no qual a pacien-
ticas. te, solicitada a desenhar as pessoas que compõem seu grupo
familiar, desenhou, num primeiro momento, a fachada de sua
O desenvolvimento do núcleo de confiança básico (Bowl- casa, numa expressão concreta de sua realidade. A realiza-
by, 1989), através do qual a criança, encorajada a explorar o ção correta desta tarefa só foi alcançada, embora o tenha
mundo externo, adquire confiança em si mesma e nos demais sido de forma parcial, pois representou parte de sua família,
indivíduos, ficou comprometido. Ana demonstra dificuldades com a repetição das instruções e com a realização de vários

Conhecimentos Específicos 111 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
questionamentos. Ana só não teve um comprometimento meses de vida, mas ao longo de todo desenvolvimento infan-
maior em função da presença materna da avó, bem como do til, contribuindo para a estruturação sadia do aparelho psíqui-
próprio pai. Entretanto, seu nível de dificuldades tem aumen- co da criança. Papel este que, falhando ou apresentando
tado consideravelmente, principalmente devido ao nascimento comprometimentos, pode ser reparado e reforçado mediante
da irmã, há mais ou menos um ano e meio atrás, coincidindo a intervenção psicológica, bem como pela participação de
com a repetência na primeira série, como também pela confu- outros profissionais, numa abordagem interdisciplinar rumo à
são de papéis em sua dinâmica familiar. promoção de saúde mental.

De acordo com as ideias desenvolvidas até aqui, observa- Embora esse atendimento em particular tenha sido auxili-
se precursores de um delineamento borderline, principalmen- ado pela área médica no esclarecimento dos sintomas da
te se forem levadas em consideração as falhas e as dificulda- paciente (Neuropediatria), destaca-se a importância da inter-
des apresentadas por Ana nas relações objetais, no processo face profissional se articular de forma mais precoce. O aten-
de simbolização, na incapacidade para controlar seus impul- dimento psicológico, integrado a outros atendimentos, num
sos, bem como no sintoma de hiperatividade. Entretanto, trabalho efetivamente interdisciplinar, convergiria para a pre-
mesmo apesar dos poucos recursos egóicos e da prevalência venção primária de saúde mental, potencializando a qualida-
de mecanismos de defesa primitivos, a fase evolutiva da pa- de de vida das pessoas envolvidas (paciente e familiares).
ciente, 8 anos de idade, apenas permite fazer suposições a
Mãe é a que cria: o significado de uma maternidade
respeito de seu desenvolvimento e prognóstico. Ela ainda
substituta
está em fase de estruturação e, como tal, apresenta terreno
fértil para potencializar seus recursos e aumentar suas capa- Cinthia Mendonça Cavalcante; Maria Salete Bessa Jor-
cidades socioafetivas. ge

Em termos de prognóstico, verifica-se seu caráter reser- No Brasil, de acordo com o Estatuto da Criança e do Ado-
vado, levando-se em consideração o comprometimento atual lescente (ECA), "toda criança ou adolescente tem direito a ser
de Ana, suas limitações cognitivo-sociais e seus sintomas criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente,
atuais, ao passo que, considerando o ambiente no qual está em família substituta, assegurada a convivência familiar e
inserida, este caráter modifica-se para grave, face às dificul- comunitária…" (art. 19). No entanto, esse é um direito ainda
dades estruturais do ambiente familiar, assim como às nítidas não plenamente assegurado a um grande número de crianças
confusões de papéis existentes. Esse prognóstico é cauteloso brasileiras desde os séculos passados.
no sentido de expressar a necessidade de intervir nesta di- Segundo Orlandi (1985), na antiguidade era muito comum
nâmica, em face de seus antecedentes e a sua atual situação. usar crianças como objetos de rituais de magia e sacrifício. O
Em hipótese alguma, caracteriza-se como um entendimento infanticídio, o abandono, castigos e espancamentos eram
fechado e acabado, pois, se assim o fosse, o objetivo princi- práticas usuais cometidas contra crianças nessa época (Àries,
pal de toda e qualquer intervenção terapêutica estaria des- 1981; Perrot, 1992; Trindade, 1999; Silva, Silva, Nóbrega &
respeitando o eixo básico que rege os princípios psicológicos, Ferreira Filha, 2004). Com efeito, até o século XVII a criança
isto é, de que todo ser humano pode, recebendo algum tipo era conceituada como algo sem valia e quase sem importân-
de apoio interno e externo, promover mudanças de vários cia. Representava para a família um grande sacrifício, e facil-
níveis. mente se tornava vítima do abandono (Martins & Szymansky,
2004). A partir desse século, porém, começou a haver uma
Nesta busca humana e terapêutica pela mudança e pela mudança no sentimento em relação à infância mas, apesar de
saúde psíquica, há de se destacar, no caso de Ana, a presen- esse sentimento ter tomado outra conotação, o abandono no
ça importantíssima do pai e da avó materna, pessoas que século XVIII ainda chegava a números absurdos. Todavia,
puderam "substituir", pelo menos temporariamente, a ausên- conforme Trindade (1999), o século XIX apresentou algumas
cia materna, uma vez que esta estava enfrentando dificulda- transformações desse conceito, pois, pelo menos, a segurança
des por sua própria história de vida e estruturação dinâmica. das crianças era assegurada, ainda que por meio do dever
É claro que se essas presenças fossem analisadas friamente, moral e da caridade de determinadas instituições. Estas, como
talvez fossem consideradas negativas ou até mesmo "sufo- consta nos arquivos dos asilos que datam desse século, en-
cantes", mas diante das falhas apresentadas pela figura ma- frentavam inúmeras dificuldades para o atendimento ao sem-
terna, essas pessoas foram investidas do papel de acalentar, pre crescente número de crianças abandonadas. O abandono,
na medida do possível, ansiedades tão precocemente desper- por sua vez, não era percebido como crime. Desse modo,
tadas. tornava-se um acontecimento rotineiro, um mal sem muitas
consequências. Diante de tal prática, veio a resposta da Igreja,
As dificuldades nos relacionamentos objetais existem e que foi a utilização dos mosteiros como locais de abrigo para
não podem ser relegadas a um segundo plano. Entretanto, é os chamados enjeitados ou expostos. As crianças deixadas
imprescindível destacar que Ana é capaz de apegar-se a nesses locais recebiam alimentação, educação, roupas e "sal-
pessoas que oferecerem segurança e estiverem dispostas a vação", no entanto, não tinham opção de vocação, e deveriam
tornarem-se dignas de sua confiança. Muitas vezes, a intensi- fazer os votos de pobreza, obediência e castidade (Silva et al.,
dade com a qual estabelece esses relacionamentos denunci- 2004).
am a necessidade de, através da organização e do limite do
outro, organizar sua confusão interna. E isto, por si só, pre- Atualmente, o entendimento de infância em nada se asse-
nuncia desejos de mudanças e capacidade para empreendê- melha ao do passado, mas esse novo olhar não tem sido sufi-
las. ciente para assegurar às crianças o direito básico de serem
educadas no seio da sua família de origem. Ante esta realida-
Atualmente, Ana segue em processo psicoterápico, da de, torna-se importante a criação de medidas alternativas
mesma forma que seus pais passaram a contar com sessões destinadas a lhes garantir a convivência familiar, mesmo em
sistemáticas, nas quais recebem orientações quanto ao ma- família substituta. Silva (2005, p.290) corrobora estas afirma-
nejo com a filha. ções. Como assevera, "meninos e meninas afro-descendentes
foram e ainda são condenados a viver em abrigos até a maio-
Conclusão ridade, assumindo o abrigo a função de um substitutivo para a
família".
Estas constatações diagnósticas e prognósticas corrobo-
ram a importância do papel materno, não só nos primeiros

Conhecimentos Específicos 112 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os abrigos ou orfanatos, como são popularmente conheci- Cheng (2001) mostraram que as crianças residentes em lar
dos, devem ser de caráter excepcional e provisório (ECA, art. acolhedor (programa relativamente recente naquele país)
101, parágrafo único). Esta lei, contudo, não condiz ainda com apresentaram diferença significativa em termos de desenvol-
a realidade da assistência brasileira. Segundo pesquisa reali- vimento emocional e social, em relação àquelas que estavam
zada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nas instituições. E as crianças residentes em famílias acolhe-
Diretoria de Estudos Sociais (DISOC) (IPEA/DISOC, 2003), doras disseram estar mais satisfeitas com a vida do que as
grande parte das instituições de abrigo são administradas por crianças residentes em orfanatos.
entidades religiosas e/ou assistenciais regidas por suas pró-
prias crenças, e não necessariamente se aproximam dos prin- Outro estudo, desenvolvido por Barth (2002), da Universi-
cípios do ECA. Ainda segundo a pesquisa, apenas pouco mais dade da Carolina do Norte, Estados Unidos, observou os efei-
de 20 mil crianças têm sido atendidas em abrigos da Rede de tos gerados pelo cuidar em crianças residentes em instituições
Serviços e Ações Continuadas (SAC) da assistência social, os do tipo abrigo e crianças em lares acolhedores. Conforme
quais, obrigatoriamente, devem prezar pelo cumprimento dos concluiu, as instituições, além de serem menos seguras, me-
objetivos do ECA. Mesmo assim, conforme se constatou, me- nos estáveis e menos capazes de produzir efeitos positivos
nos de 1% das instituições da Rede SAC desenvolvem pro- para as crianças, também se mostraram mais dispendiosas do
gramas voltados à manutenção da convivência familiar. Um que o sistema de famílias acolhedoras.
exemplo desse tipo de programa é o de famílias acolhedoras, No Ceará, a Secretaria da Ação Social, em colóquio técni-
o qual trabalha com famílias substitutas, e cujo objetivo é o co da Rede Nacional de Abrigos, apresentou alguns resultados
estabelecimento de convivência familiar na impossibilidade ou sobre as diferenças entre crianças residentes em abrigos e
espera pela adoção, respeitando, assim, os princípios e objeti- aquelas residentes em famílias acolhedoras, em vários aspec-
vos do ECA no tocante ao direito à família e garantindo o cará- tos (Carreirão, 2005). Entre esses, relatou-se o emocional, por
ter provisório da instituição de abrigo, a qual deverá ser utiliza- mostrar que crianças em famílias acolhedoras recebem afeto e
da "... como forma de transição para a colocação em família têm semblante alegre e auto-estima mais elevada do que as
substituta, não implicando privação de liberdade" (ECA, art. residentes em abrigos.
101, inciso VII).
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em con-
O intuito do Programa de Famílias Acolhedoras não é usá- junto com a Lei Orgânica de Ação Social (LOAS), assegura
las como substitutas da família de origem, mas utilizá-las como essa forma de cuidar em alguns municípios, e atribui ao poder
forma primeira de acolher a criança ou o adolescente em situ- público a responsabilidade não só de prover uma receita para
ação de abandono e/ou risco. Dessa forma, viabiliza o proces- as famílias substitutas, mas também ajuda médica, educacio-
so de transição mediante um atendimento individual humani- nal e psicológica. Desse modo, facilitaria a adaptação das
zado, ao contrário das frias relações geralmente ocorridas nas crianças à nova situação e as auxiliaria na superação de trau-
instituições. mas (IPEA/DISOC, 2003). Ademais, com essa ação, o Estado
Como se percebeu, o cuidar gerado em instituições de apóia os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que
abrigo ou orfanatos não substitui o cuidar de uma relação tão tem como base a saúde como direito de todos e dever do
importante e que gera características tão essenciais para o Estado, agindo em prol da saúde mental.
bem-estar emocional e o desenvolvimento de relações inter- O conceito de saúde mental é abrangente; portanto, não se
pessoais. Um exemplo convincente sobre o assunto é o de restringe apenas à ausência de um diagnóstico psiquiátrico.
Spitz (1945), no seu clássico trabalho, ao estudar em um orfa- Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define
nato as relações vinculares por meio da observação de bebês saúde mental como "a capacidade de estabelecer relações
supridos em suas necessidades básicas (alimentação, vestuá- harmoniosas com os demais e a contribuição construtiva nas
rio, entre outras), mas privados de afeto. Eles não eram sequer modificações do ambiente físico e social" (Espinosa, 1998,
embalados ou segurados no colo. Esses bebês acabavam p.16). Dessa forma, ao falar de saúde mental, subtende-se o
desenvolvendo o que o autor denominou de "síndrome do estabelecimento de vínculos saudáveis, nos quais se pode ser
hospitalismo", caracterizada por dificuldades no desenvolvi- protagonista da construção do meio em que se vive. No entan-
mento físico, falta de apetite e perda de interesse em se rela- to, para esses vínculos se estabelecerem, as relações primá-
cionar, levando ao óbito a maioria dos bebês. Conforme con- rias que se constituem nos primeiros cuidados recebidos pelo
cluiu Spitz (1945), esse resultado era consequência da falta de bebê devem ser harmoniosas. Isto é confirmado por Bowlby
afeto. (2002), ao afirmar que "A qualidade dos cuidados parentais
Essa falta de afeto não produz somente efeitos fisiológicos, que uma criança recebe nos seus primeiros anos de vida é de
pois seus reflexos na saúde mental daqueles que experienci- importância vital para a sua saúde mental futura". Não só isso,
am a vida em instituições desde muito jovens são também mas o vínculo afetivo desenvolvido entre mãe e filho, por meio
muito graves. Segundo Abreu (2001), em um estudo realizado desses cuidados primários, será essencial e responsável pelas
com crianças e adolescentes residentes em orfanatos, estes relações que a criança venha a desenvolver com outros (Silva
têm seis vezes mais chances de desenvolver transtornos psi- et al., 2004).
quiátricos do que aqueles que vivem com suas famílias. No A palavra vínculo origina-se do latim e significa algo que
referido estudo, os transtornos mais comuns foram depressão junta, une, ou liga as pessoas. Por conseguinte, quando há
e deficiência mental (encontrados tanto em crianças que vivi- vínculo há ligação, relação. Ocorre, segundo Campos (2003),
am em instituições como em suas famílias), hiperatividade, uma interdependência, e por isso a construção de um vínculo
ansiedade e transtorno de conduta (encontrados somente na depende de uma interação complementar. No sentido do cui-
população residente em instituição). dado, o vínculo se inicia quando existe um que necessita e
Como assegura Vicente (2000, p.52), "a família natural ou outro que se dispõe a ajudar. Pela relação de dependência, a
substituta é sempre melhor do que qualquer instituição de mãe (ou pessoa que faria seu papel), por ser aquela que satis-
internação, pois a institucionalização tem historicamente pro- faz as primeiras necessidades fisiológicas, principalmente de
duzido crianças analfabetas e sem perspectivas de vida autô- alimento e conforto, torna-se a primeira relação afetiva de
noma". intimidade do indivíduo (Freud, 1949). Como afirma McAdams
(1989), o ato de sugar o leite se constitui na forma primeira e
Algumas pesquisas têm sido realizadas na tentativa de ve- mais primitiva de conhecer o outro na sua intimidade. Portanto,
rificar e comparar os efeitos gerados tanto pelas instituições de a necessidade fisiológica gera contato, que produz conheci-
abrigo quanta pelas famílias acolhedoras. Por exemplo, em mento, intimidade e, consequentemente, afeto. Assim, "o sujei-
estudo elaborado pela Beijing Normal University, Shang, Liu e to tem de aceitar como condição indispensável da vida esta

Conhecimentos Específicos 113 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
extrema dependência inicial que marcará para sempre seu sões de grupo focal. No referente às crianças/adolescentes,
desenvolvimento psicológico" (Kusnetzoff, 1982, p.35). participaram do estudo todas as que estavam sendo cuidadas
pelas quatro mães, no total de oito crianças/adolescentes.
Ao se falar, entretanto, da relação da criança com sua
mãe, refere-se a uma situação adequada e ideal para um Conforme recomendado pelas normas éticas, os partici-
desenvolvimento infantil sadio. Porém, nem sempre é possível pantes não foram identificados por seus nomes. As mães
ser a relação primária estabelecida com a mãe biológica. Des- escolheram para si nomes de sua preferência, tais como: Re-
se modo, se a criança tiver uma pessoa que cuide dela de nata, Regina, Isabella e Júlia. Em relação às crian-
forma permanente, o desenvolvimento também poderá acon- ças/adolescentes, foram-lhes atribuídos nomes de persona-
tecer de maneira satisfatória, como mostra Kusnetzoff (1982, gens de histórias infantis, como: Homem Aranha (10 anos),
p.34): Cinderela (13 anos), Super-Homem (15 anos), Ursinho
Gummy (4 anos), Batman (17 anos), Robin (18 anos), Shrek
Embora seja indiscutível que o primeiro objeto com o qual (21 anos) e X-Man (10 anos). Renata cuida de Super-Homem
o ser humano se relaciona é sua mãe, nem sempre esta mãe há nove anos; Regina é mãe de Robin há dez anos; Isabella
precisa ser sua, nem esta sua precisa ser mãe. Este pequeno cuida de Shrek há oito anos, e de X-Man e Batman há sete
trocadilho quer frisar que a mãe ... é mais que um conceito, é anos; e Júlia tem sido mãe acolhedora de Cinderela há dez
uma função, que ocupará um lugar com determinadas signifi- anos, de Homem Aranha há oito anos e de Ursinho Gummy há
cações para cada criança em particular. três meses.
Assim, é muito comum que, em alguns momentos, em vez Três das mães acolhedoras eram casadas e uma era sol-
do termo mãe, ou mãe substituta, seja utilizado o termo "cui- teira. A religião predominante no grupo era católica, mas havia
dador" ou "cuidadora" para se referir à função materna, pois uma evangélica. Quanto ao nível de escolaridade, a maioria
esta não necessariamente está diretamente vinculada à figura tinha o fundamental, enquanto o perfil sócio-econômico de
da mãe biológica. todas elas era de renda baixa, proveniente da aposentadoria
De acordo com o demonstrado por estudos de Ainsworth, ou do trabalho do cônjuge, e complementada pela ajuda dos
Blehar e Wall (1978), Rothbard e Shaver (1994), Bowlby filhos e da quantia recebida do governo pelo trabalho de mãe
(2002), e tantos outros, o vínculo inicial originado dos cuidados acolhedora. Sobre o tempo de participação no programa, a
maternos primários tem influência direta sobre o desenvolvi- maior parte delas está desde o início. Assim, a mais nova tem
mento da personalidade nas áreas social, emocional e inter- nove anos de experiência como mãe acolhedora, e a mais
pessoal. Ou seja, as marcas geradas em um indivíduo por velha está desde o início, isto é, há mais de vinte anos.
meio dos vínculos firmados nos primeiros anos de vida, ou da Quanto ao perfil das crianças e adolescentes, é importante
não firmação desses vínculos, podem trazer consequências ressaltar que a maioria está no programa há mais de sete
sérias no desenvolvimento de sua personalidade e, por conse- anos, e foram inseridos nele por demonstrar necessidades
guinte, no estabelecimento de sua saúde mental. Assim, no especiais e/ou problemas de comportamento. Em virtude das
intuito de prevenir esses efeitos, dever-se-ia poder evitar a dificuldades apresentadas, o nível de escolaridade é o Fun-
privação materna. Isto, de forma geral, parece ser algo difícil. damental. Apenas três deles estiveram em outras famílias
No entanto, como acredita Bowlby (2002), pode ser feito se for acolhedoras: Shrek, Batman e Super-Homem. Os demais
possível evitar o que ele chama de fracasso familiar ou divisão estão na mesma família desde o ingresso no programa. Quan-
da família, e garantir ser a criança cuidada por familiares. Mas, to às necessidades especiais, na sua maioria, derivam das
para isso, devem ser criadas condições com vistas à assistên- situações de exposição e risco vividas por eles na gestação ou
cia médica, social e econômica dos cuidadores responsáveis. na primeira infância, e variam entre físicas e mentais. Dois
A literatura é uníssona em relação aos efeitos negativos deles são portadores de Síndrome de Down.
desta privação sobre indivíduos oriundos de orfanatos. Tais No referente às técnicas de coleta dos discursos utilizadas
efeitos chegam a ser nocivos à saúde mental do indivíduo e nesse estudo, mencionam-se grupo focal e análise de dese-
produzem consequências sobre a sociedade. No entanto, na nhos das crianças. Além disso, para auxiliar na complementa-
literatura acadêmica brasileira, sob o enfoque da psicologia, há ção dos dados dos sujeitos, procedeu-se ao levantamento
escassez de trabalhos sobre o sistema de lar substituto (Pra- documental de arquivos e relatórios institucionais. Após este
da, 2002) e, de forma específica, sobre o Programa de Famí- levantamento, fez-se uso dos seguintes documentos: registro
lias Acolhedoras. de atendimento do serviço social, registro de atendimento da
Diante dessa limitação, este estudo objetivou compreender psicologia, registro de atendimento da pedagogia, prontuário
o significado da figura materna na promoção de saúde mental de saúde física e relatório S.O.S. Criança, que contém os
em uma relação mãe-filho, provisória e substituta, como o registros das experiências vividas pela criança ou adolescente
estabelecido no Programa de Famílias Acolhedoras. antes de chegar ao abrigo.
Método Nesse estudo, o grupo focal aconteceu na instituição coor-
denadora do programa, em cinco sessões de grupo, com du-
A matriz institucional do abrigo onde foi realizada a pesqui- ração de uma hora e meia. Nele, as mães participantes discuti-
sa é constituída da Secretaria da Ação Social do Estado do ram sobre temas que trataram de suas experiências e percep-
Ceará/Ministério Público, Justiça da Infância e Adolescência, ções como cuidadoras de crianças/adolescentes em famílias
Defensoria Pública, Delegacia Especializada e Conselho Tute- acolhedoras.
lar. Funcionam no local dois sistemas operacionais: abrigo e
lar substituto. Todavia, a pesquisa foi desenvolvida apenas no Por ser o desenho um meio pelo qual a criança expressa
âmbito do lar substituto, o qual se fundamenta no Programa sua vivência emocional (Souza, Camargo & Bilgacov, 2003),
Família Acolhedora. Este tem sido efetivado pelo governo do esse estudo utilizou a produção de três desenhos, elaborados
Ceará desde junho de 1985 até o momento. na casa da família acolhedora e surgidos a partir da interação
da criança ou adolescente com a pesquisadora. Como orienta-
Foram sujeitos dessa pesquisa as crianças residentes em ção, a pesquisadora pedia que as crianças desenhassem,
lar acolhedor e suas mães substitutas, no total de quatro mães primeiro, elas mesmas, e depois, suas famílias (sem direcionar
acolhedoras e oito crianças/adolescentes entre quatro e 21 se a de origem ou a biológica) e, por fim, suas mães (nas
anos. No total, o programa era composto por seis mães e dez mesmas condições). Esta técnica foi usada de forma comple-
crianças/adolescentes, porém apenas quatro mães aceitaram mentar, para melhor compreensão da relação mãe-filho.
fazer parte da pesquisa, pois as outras duas estavam impossi-
bilitadas fisicamente de comparecer à reunião inicial e às ses-

Conhecimentos Específicos 114 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os registros foram feitos por gravação em fitas cassetes, mãe: "É a minha mãe, esse é o óculos... . É a Júlia" (Ursinho
mediante consentimento do grupo. Com base nos dados cole- Gummy).
tados, foi elaborado um relatório do grupo focal, que compre-
endeu a descrição dos resultados e sua análise. Em relação
às crianças e aos adolescentes, os discursos foram gravados
com o consentimento do responsável, no caso, a diretora do
abrigo.
Para iniciar a obtenção dos primeiros discursos, trabalhou-
se com amostragem conceitual e, para a coleta e análise dos
mesmos, utilizou-se o processo de saturação teórica.
A fenomenologia hermenêutica de Paul Ricoeur foi o méto-
do utilizado para construir e reconstruir a realidade estudada
mediante a interpretação e confronto de diversos pontos de
vista dos sujeitos do estudo, estabelecendo uma articulação
entre o referencial teórico e os dados empíricos obtidos.
Segundo o autor, a interpretação se dá entre a vivência do
sujeito e a linguagem, e acontece por meio de determinados
conceitos, como distanciamento, apropriação, explicação e
compreensão (Ricoeur, 1991; 1995). Pelo distanciamento, há
uma objetivação do texto, livrando-o, assim, das intenções do
autor e dando-lhe vida própria, já que o mesmo texto pode ter
vários significados e ser interpretado de formas diferentes por
pessoas diferentes (Geanellos, 1998). Quanto à apropriação,
acontece quando a pessoa que lê o texto apropria-se do seu Como afirma Campos (2005), o vínculo impõe uma relação
significado e o transforma em algo seu (Caprara & Veras de reciprocidade. A necessidade materna da criança sensibili-
2005). A articulação entre explicação e compreensão se dá no za a mãe acolhedora, que aceita essa função e, assim, corres-
plano do "sentido da obra" (Ricoeur, 2000). Portanto, segundo ponde ao papel que lhe é atribuído. Para Pichon-Riviére (1995,
Geanellos (2000), o processo interpretativo ocorre em etapas p.81), "... quando o ambiente ou os outros nos adjudicam um
nas quais a experiência de vida é expressa por meio da verba- determinado papel, podemos assumi-lo de forma inconsciente.
lização coletada mediante entrevistas e transcrita em textos e, Nas relações sociais ocorre um intercâmbio permanente entre
a seguir, interpretada. a assunção e a adjudicação de um determinado papel".

Nesse percurso metodológico, os discursos gerados pelo Segundo se observou, as crianças e os adolescentes parti-
grupo focal e desenhos foram gravados em fitas de áudio e cipantes desse programa poderiam ser classificados em esta-
transcritos. Após esse primeiro momento, depois de exaustivas do parcial de privação materna, pois, apesar de alguns terem
leituras, fez-se uma primeira interpretação superficial, no intui- passado por privação total anteriormente, no momento da
to de compreender o conteúdo em termos gerais e identificar pesquisa já estavam recebendo cuidados de uma mãe substi-
os temas principais (Caprara & Veras, 2005). Analisaram-se tuta. Desse modo, a necessidade materna, um comportamento
esses temas a partir de pré-compreensões que influenciam a esperado na teoria de Bowlby nesses casos, é muito encon-
interpretação, e fez-se o diálogo entre os temas e os autores trada nas crianças em família acolhedora.
que os abordam (Ricoeur, 1995). Portanto, foi construído um Renata, uma das mães acolhedoras mais novas no servi-
diálogo entre a experiência das pesquisadoras sobre alguns ço, também percebe que a necessidade que as crianças têm
episódios percebidos nos fragmentos dos discursos e a abor- de uma mãe influencia a relação, levando-as a ficarem mais
dagem teórica em discussão. Nesse momento final do proces- próximas e a se preocuparem com a mãe acolhedora por me-
so, houve a intenção de compreender a relação entre o todo e do de perdê-la, ou de serem abandonadas como foram pela
as partes do texto, tal como pontuado por Caprara e Veras mãe natural. Dessa forma, segundo Renata, o abandono é um
(2005). tema sempre presente na vida dessas crianças, e as rodeia
Resultados e Discussão como um fantasma que pode voltar a qualquer momento: "A
necessidade de uma mãe é tão grande que, às vezes, eles
Apesar da existência de vários motivos que levam uma cri- não vivem a vidinha deles, com medo de perder a gente, e da
ança a necessitar de abrigamento, um só fundamenta a pre- gente jogar eles novamente na creche... o abandono mexeu
sença dela em um programa como a Família Acolhedora: a demais e mexe até hoje com ele. Ele morre de medo de me
ausência de um cuidador, seja ele permanente ou provisório. perder".
Inegavelmente, muitas são as consequências que uma cri- Regina, uma das mães acolhedoras há mais tempo no ser-
ança sofre diante de uma experiência como essa, sobretudo viço, percebe que a expectativa de ter uma mãe é, de certa
em idade tão tenra. Como principais, mencionam-se a carência forma, preenchida pela família acolhedora, pois, como acredi-
afetiva e o sentimento de insegurança, entre outros. ta, a mãe acolhedora cumpre a função materna em termos de
Nesse sentido, como acredita Júlia, uma das mães acolhe- afeto, carinho e cuidado. Ao contrário do ocorrido na situação
doras, a necessidade e a carência materna trazidas pela crian- de abrigo, a mãe promove o ambiente necessário ao bom
ça que tem experienciado a situação de abandono são alguns desenvolvimento da criança. Isto não é possível no abrigo,
dos fatores importantes a determinar esse novo vínculo: "E o mesmo com toda estrutura profissional: "... a criança fica
que eu acho mais importante... é que eles chegam na casa da abandonada pela mãe... . Sem mãe e sem lar. Aí quando vem
gente e chamam logo a gente de mãe... mãe... . Ai, isso daí é pra cá, aí vai pro lar substituto, aí vai pra aquele apoio do lar,
que toca mais a gente". da mãe... . Quando ela chega no abrigo, ela ainda está assim,
meio assustada... . Ainda se acha abandonada de qualquer
Essa necessidade é confirmada no desenho de uma crian- maneira. Mas, quando ela vai pro lar substituto ela já tem um
ça de quatro anos (Figura 1), cuidada por Júlia há três meses. lar, já tem uma mãe... . Uma mãe já ajuda muito, dá carinho... .
Ao desenhar sua família, embora de forma confusa, esta cri- Assim, você sabe que aqui tem toda assistência, mas não é
ança desenha primeiramente a mãe acolhedora e a chama de que nem tá num lar".

Conhecimentos Específicos 115 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Nesse entendimento, Renata compreende que a família
acolhedora tem uma função provedora de saúde diferente da
instituição de abrigo, que pode gerar mais dificuldade para a
criança já com marcas sérias de sua situação de origem: "É
claro que um abrigo é diferente de um lar. A creche, pra mim, é
tipo um hospital. Entra uma num plantão... A criança se sente
segura porque está num plantão, a pessoa que tá é legal, bem
boazinha, entra outra já num... . Quer dizer a tia tal eu não
gosto, a da noite é boazinha. Aí vai mudando e isso vai con-
fundindo a cabeça da criança".
Um desenho de Batman (Figura 2) apóia a fala de Renata,
pois compara sua vida no abrigo, descrita como triste e inte-
grante de um passado ao qual ele não deseja retornar, com a
vida presente na família acolhedora, na qual ele se sente feliz.

Nesse sentido, Renata declara ter a mesma vivência com a


criança por ela cuidada há nove anos, que não somente per-
cebe a mãe acolhedora na função materna, mas pretere a mãe
biológica por associá-la à situação de sofrimento causada pelo
A partir do que se pôde compreender da análise dos resul- abandono. Como afirma esta criança, a vida deve ser dada a
tados, o papel de cuidador é entendido como substitutivo da quem cuida, e quem abandonou merece morrer. Ele diz: "Eu
relação de origem, não somente pelas mães, mas também prefiro que a minha mãe morra... A senhora toma conta de
pelas crianças e adolescentes. Nesse sentido, Júlia relata a mim, a outra me abandonou. Se é da mãe morrer eu prefiro
importância do seu trabalho no exercício da função materna, que a outra morra que não cuidou".
ressaltando a percepção das crianças a respeito dessa função: Isabella, a mais antiga no programa, considera sua família
"... ele chegou pra mim e disse: mãe, a minha mãe não é como a única que as crianças de quem cuida conhecem e,
aquela que abandonou eu e minha irmã não. A minha mãe é a segundo percebe, nesse sentido, a família acolhedora funcio-
senhora. É a senhora que me dá carinho, é a senhora que na como modelo substitutivo da família de origem: "A família
gosta de mim, é a senhora que me dá apoio". Fica clara a que eles conhecem é a mim, a minha casa, é papai, é mamãe,
concepção de mãe como aquela que exerce a função do cui- é a família que eles conhecem, né? ... a família que ele diz que
dado. tem sou eu... é a minha mãe, meu pai, a família que eu tenho
Essa criança da qual Júlia fala foi adotada posteriormente. é vocês. A senhora que me acolheu, a senhora que me deu
No entanto, o adolescente cuidado por Regina confirma essa amor, deu carinho, a mãe que eu conheço é a senhora, mais
compreensão quando expressa seu agradecimento e reconhe- ninguém, eu não quero outra mãe".
cimento à dedicação da sua mãe acolhedora para com ele, A fala de Isabella é confirmada por Batman, adolescente
apesar de denotar sentimento de mágoa em relação à família cuidado por ela: "A única família que eu tenho aqui é essa
de origem, e desejo de compreender melhor os motivos do daqui".
abandono: "Não foram eles que me deram carinho que nem
ela [mãe acolhedora] aí me deu. Não foram eles que cuidaram Como observado, todas as crianças e adolescentes repre-
de mim quando eu tava doente... pode ter tido algum motivo sentaram as famílias acolhedoras ao serem solicitados a de-
pra ter me abandonado, né? Mas hoje eu agradeço de ter uma senharem suas famílias. Nenhum deles trouxe algum aspecto
vida dessas". de suas famílias de origem.
Batman, ao desenhar sua mãe acolhedora (Figura 3), tam- A relação é vista por Regina como geradora de uma confi-
bém expressa que a considera como sua mãe em virtude do ança que parece não ter outro referencial, pois essas são
cuidado a ele dispensado: "A única mãe é essa aqui que eu crianças que já passaram por muitas perdas, e seus níveis de
tenho, mãe é aquela que cria... Foi o único presente que Deus segurança e confiança estão abalados. Portanto, essa nova
me deu. Não tem uma única mãe boa como essa. Me dá tudo, relação surge como suporte e base para depósito de novas
me dá alegria, me dá felicidade. Às vezes o filho não obedece, esperanças. Regina percebe essa característica quando afir-
mas ela me dá um carão, me dá um castigo, mas ela não é ma: "Eles são umas crianças que esperam tudo da gente. Eles
grosseira". só se apóiam na gente".
Renata, mais uma vez, afirma que a relação estabelecida é
identificada pelas crianças como substitutiva da relação frus-
trada com a mãe de origem: "Ele disse que se a mãe dele
aparecesse, ele não queria. Ele ia continuar comigo... . Ele

Conhecimentos Específicos 116 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
disse que se a mãe dele vir... . Eu digo até assim, e se ela total pode influenciar completamente a tendência de desenvol-
estiver estribada e de repente eu estiver numa situação difícil. ver relações futuras.
[Ele disse] não, não eu não quero não, ela pode estar podre de
rica... . Eu fujo, mas eu não fico com ela não. Nem com ela, Na compreensão de Campos (2005), os atos físicos e con-
nem na creche". cretos do cuidar são interpretados pelo receptor como atos de
amor. Desse modo, o cuidar gerado pela mãe acolhedora é
No entanto, como evidenciado por Renata, embora, a prin- percebido pela criança acolhida como amor, e isso fortalece a
cípio, quando as crianças chegam ao lar acolhedor elas tra- relação.
gam os traumas, os medos e as incertezas causadas pelo
abandono, com o passar do tempo e com a segurança vivida Apesar de tudo que experienciou, a criança tende a buscar
no seio da família acolhedora, por meio de um novo modelo um ambiente acolhedor, principalmente em momentos de
familiar, se tornam mais seguras: "Eles também no começo vulnerabilidade, pois:
não têm aquela segurança. Têm medo os meninos... . Eles ... aguça-se a necessidade de ... encontrarmos um ambien-
dizem assim: mãe eu tinha medo de tu me abandonar também, te facilitador, capaz de nos oferecer a necessária proteção e
de tu me devolver pra creche... . Aí eu vejo assim a gente é um apoio que nos propicie retomar a linha da continuidade de ser,
apoio pra eles... . Um apoio bom... . Na compreensão, naquela ameaçada pelo acontecimento e, assim, preservando nossa
união... . Tudo isso influi muito, pesa muito e a criança vai individualidade, nossa identidade, nosso eu (Campos, 2005,
mudando. No começo não, mas com o tempo eles vão vendo a p.71).
diferença. Acho que forma assim uma outra pessoa".
Dessa forma, se a criança percebe no lar acolhedor esse
Para discussão e compreensão das produções da pesqui- ambiente facilitador e provedor de situação de conforto neces-
sa, é necessário fazer a ponte com certa fundamentação teóri- sário, é natural preferir continuar nele.
ca. Primeiro, no que se refere aos sentimentos de insegurança
apresentados pela criança, Bowlby (2002) os relaciona ao tipo Considerações Finais
de relação original que ela desenvolveu e tem desenvolvido O amor é, então, o sentimento que fundamenta a materni-
com seus cuidadores (sejam eles permanentes ou provisórios). dade substituta. Conforme observado, tanto nas falas das
Nery (2003, p.47) corrobora estas palavras ao afirmar: mães, como nas das crianças, o sentido de mãe é percebido
As marcas afetivas advindas dos primeiros vínculos carre- como uma função e não como uma pessoa específica respon-
gados de um clima emocional desfavorável ao desenvolvimen- sável pela gestação biológica. Assim, as crianças olham para a
to psicológico contêm alertas internos que bloqueiam a livre mãe acolhedora e buscam nela o que não encontraram na
expressão do ser e tornam a conduta repetitiva, massificada e relação objetal primária. Ao mesmo tempo, transferem-lhe
irracional em determinados momentos e vínculos. suas rejeições e seus sentimentos de abandono, resultantes
da privação inicial. Trazem para a relação com a mãe acolhe-
Assim, a criança que viveu a rejeição e o abandono no vín- dora a insegurança gerada na privação inicial com a mãe bio-
culo original arrasta o sentimento de insegurança por ele gera- lógica.
do como consequência, como marca afetiva, e age, portanto,
de maneira insegura nos próximos vínculos, em especial na- A privação materna ocasiona também a necessidade ma-
queles que relembram a relação primária. terna. Diante disto, as crianças e adolescentes procuram na
mãe acolhedora o que não encontraram em suas mães bioló-
A história da criança que perdeu a mãe influencia sua rela- gicas. Isto é, ao mesmo tempo em que a relação com a mãe
ção com a mãe acolhedora, pois a experiência de abandono acolhedora traz, na sua essência, a memória e a possível
que marcou a relação primária serve de referencial para a repetição do ocorrido no vínculo inicial, também provoca uma
relação materna atual. Portanto, como enfatiza Pichon-Riviére esperança de transformação.
(1995, p.49): "o vínculo é sempre um vínculo social, mesmo
sendo com uma só pessoa; através da relação com esta pes- A busca de um ambiente facilitador parece ser parcialmen-
soa repete-se uma história de vínculos determinados em um te saciada na família acolhedora, pois, ao perceberem o ambi-
tempo e em espaços determinados". ente como acolhedor, as crianças e adolescentes passam a se
sentir mais seguras e confiantes.
Nesse sentido, Boeding e McManis (1998) complementam
que o indivíduo tende a perceber e a interagir em novos relaci- Independente da forma, o papel de mãe se fundamenta no
onamentos de maneiras antigas, independente da qualidade e ato de cuidar. Isso é confirmado no testemunho das mães.
da segurança do novo relacionamento. Segundo estas afirmam, o grande cuidado exigido pelas crian-
ças e adolescentes do programa as induz a se dedicarem mais
No entanto, a despeito de trazer sentimentos de insegu- a elas. Nesse prisma, a função de mãe faz sentido para essa
rança para os vínculos posteriores, a necessidade materna é relação e, então, sentem-se mais gratificadas com o amor da
uma das características encontradas em crianças vítimas de criança acolhida, e respondem a esse sentimento com seu
privação materna. Em termos gerais, os futuros comportamen- amor e dedicação. Ao mesmo tempo, as crianças percebem
tos surgidos como consequência da privação materna irão nessa dedicação e nesse cuidar o vínculo, e o traduzem como
depender da forma como a criança experienciou esta privação amor, comparando-o com o não cuidar da relação objetal pri-
(Bolby, 2002). mária, percebida como rejeição e desamor.
Existe, contudo, outra forma de privação materna, que é Assim, como se apreendeu do estudo, a figura materna,
parcial, e que acontece à criança mesmo na convivência com mesmo sendo substituta e provisória, traz para crianças que
sua mãe, quando esta não lhe proporciona os cuidados e o experienciaram abandono e rejeição sentimentos de seguran-
carinho necessário. Já a privação quase total, como denomina ça e afeto, minimizando os efeitos nocivos advindos da priva-
o autor, é aquela que acontece muito comumente em "institui- ção materna na relação primária. Esta relação trouxe, também,
ções, nas creches residenciais e nos hospitais, onde frequen- por meio do vínculo afetuoso, benefícios para a saúde mental
temente uma criança não dispõe de uma determinada pessoa das crianças e adolescentes participantes desse estudo.
que cuide dela de forma pessoal e com quem ela possa sentir-
se segura" (Bowlby, 2002, p.4). Apesar das limitações, sobretudo em virtude do tamanho
da população utilizada, da cultura e do programa analisado, as
Assim, segundo Bowlby (2002), enquanto a privação parci- conclusões são animadoras e corroboram a importância da
al traz sintomas de angústia, necessidade de amor exagerada, maternidade substituta como uma relação geradora de víncu-
sentimentos de vingança, culpa e depressão, a privação quase los e fundamentada em sentimentos afetuosos. Serve, pois,
como matriz para futuras relações harmoniosas do indivíduo e,
Conhecimentos Específicos 117 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
por conseguinte, contribui para a promoção de sua saúde (normalmente juiz de casamentos) ou por um indivíduo que
mental. goza da confiança das duas pessoas que pretendem unir-se.
Em direito, é chamado "cônjuge" às pessoas que fazem
parte de um casamento. O termo é neutro e pode se referir a
AS INTER-RELAÇÕES FAMILIARES: CASAMENTO, CON- homens e mulheres, sem distinção entre os sexos.
FLITO CONJUGAL, SEPARAÇÃO, GUARDA DOS FILHOS.
Etimologia
Casamento
A palavra casamento é derivada de "casa", enquanto que
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. matrimonio tem origem no radical mater ("mãe") seguindo o
mesmo modelo lexical de "patrimônio" Também pode ser do
latim medieval casamentu: Ato solene de união entre duas
pessoas de sexo diferente, capazes e habilitadas, com
legitimação religiosa e/ou civil.
Seleção de um parceiro

Símbolos da cerimônia de casamento


Casamento é o vínculo estabelecido entre duas pessoas, Um casamento arranjado entre Luís XIV de França e
mediante o reconhecimento governamental, religioso ou Maria Teresa de Áustria.
social e que pressupõe uma relação interpessoal de Há uma grande variedade, dependendo de fatores
intimidade, cuja representação arquetípica é a coabitação,
culturais, nas regras sociais que regem a seleção de um
embora possa ser visto por muitos como um contrato. Na
parceiro para o casamento. Há uma variação no quanto a
legislação portuguesa, o casamento é, efetivamente, definido seleção de parceiros é uma decisão individual pelos próprios
como um contrato. parceiros ou de uma decisão coletiva por parte de seus
A palavra matrimônio, ainda que seja compreendida parentes, existindo uma variedade das regras que regulam
como sinônimo de casamento, é referente exclusivamente à quais parceiros são opções válidas.
união entre um homem e uma mulher, uma vez que deriva de Em muitas sociedades, a escolha do parceiro é limitada às
mater, matris (mãe) no latim clássico. pessoas de grupos sociais específicos. Em algumas
Na maior parte das sociedades, só é reconhecido o sociedades, a regra é que um parceiro é selecionado do
casamento entre um homem e uma mulher, embora Portugal próprio grupo de um indivíduo social (endogamia). Este é o
reconheça o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, caso de muitas sociedades baseadas em classes e castas.
tal como outros países no mundo (em maio de 2009, os No entanto, em outras sociedades um parceiro deve ser
Países Baixos, a África do Sul, o Canadá, a Noruega, a escolhido de um grupo diferente do que o dele (exogamia).
Bélgica, a Espanha, a Suécia, o Brasil e alguns dos estados Este é o caso de muitas sociedades que praticam religiões
dos Estados Unidos: Massachusetts, Connecticut, Iowa, totêmicas, na qual a sociedade é dividida em várias clãs
Vermont, Maine e, em junho de 2011, foi aprovado no estado totêmicos exogâmicos, como a maioria das sociedades
de Nova Iorque). No Brasil, a união civil homossexual foi aborígenes australianas. Em outras sociedades, uma pessoa
reconhecida por força da justiça, tendo sido autorizada deve se casar com seu primo, uma mulher deve se casar com
diversas vezes, tanto pelo Superior Tribunal de Justiça quanto o filho da irmã de seu pai e um homem deve se casar com a
pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de 2011. filha do irmão de sua mãe - este é normalmente o caso de
uma sociedade que tem uma regra de “rastreamento” de
Embora o casamento seja tipicamente entre duas parentesco exclusivamente através de grupos de
pessoas, muitas sociedades admitem que o mesmo homem descendência patrilinear ou matrilinear, como entre o povo
(ou, mais raramente, a mesma mulher) esteja casado com Akan, da África. Outro tipo de seleção de casamento é o
várias mulheres (ou homens, respectivamente). Embora muito levirato, em que as viúvas são obrigadas a casar com o irmão
raros, há algumas situações de sociedades em que mais que do seu marido. Este tipo de casamento é encontrado
duas pessoas se casam umas com as outras num grupo principalmente em sociedades onde o parentesco é baseado
coeso. em grupos de clãs endogâmicos.
As pessoas casam-se por várias razões, mas Em outras culturas com regras menos rígidas que regem
normalmente fazem-no para dar visibilidade à sua relação os grupos dos quais um parceiro pode ser escolhido, a
afetiva, para buscar estabilidade econômica e social, para seleção de um parceiro de casamento pode exigir um
formar família, procriar e educar seus filhos, legitimar o processo em que o casal deve passar por uma corte ou o
relacionamento sexual ou para obter direitos como casamento pode ser arranjado pelos pais do casal ou por uma
nacionalidade. pessoa de fora, uma casamenteira.
Um casamento é frequentemente iniciado pela celebração Um casamento pragmático (ou 'arranjado') é facilitado por
de uma boda, que pode ser oficiada por um ministro religioso procedimentos formais da família ou de grupos políticos. Uma
(padre, rabino, pastor), por um oficial do registro civil autoridade responsável organiza ou incentiva o casamento;
eles podem, ainda, contratar uma casamenteira profissional

Conhecimentos Específicos 118 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
para encontrar um parceiro adequado para uma pessoa casamento religioso - celebrado perante uma autoridade
solteira. O papel de autoridade pode ser exercido por pais, religiosa
família, um oficial religioso ou um consenso do grupo. Em
alguns casos, a autoridade pode escolher um par para outros casamento poligâmico - realizado entre um homem e
fins que não a harmonia conjugal. várias mulheres (o termo também é usado coloquialmente
para qualquer situação de união entre múltiplas pessoas)
Em aldeias rurais da Índia, o casamento infantil ainda é
praticado, com os pais, às vezes, arranjando o casamento, casamento poliândrico - realizado entre uma mulher e
por vezes antes mesmo de a criança nascer. Esta prática vários homens, ocorre em certas partes do himalaia.
passou a ser considera ilegal, depois da promulgação da Lei casamento homossexual ou casamento gay - realizado
de Restrição do Casamento Infantil, de 1929. entre duas pessoas do mesmo sexo.
Em algumas sociedades, desde a Ásia Central até o casamento de conveniência - que é realizado
Cáucaso e a África, ainda existe o costume de sequestro da primariamente por motivos econômicos ou sociais.
noiva, em que uma mulher é capturado por um homem e seus
amigos. Às vezes, isso inclui uma fuga, mas outras vezes Regime de bens no casamento
depende violência sexual. Em épocas anteriores, o rapto era A lei portuguesa e a lei brasileira prevêem três tipos de
uma versão em grande escala do sequestro da noiva, com regimes de bens no ato do matrimónio:
grupos de mulheres sendo capturadas por grupos de homens,
às vezes na guerra. O exemplo mais famoso é o Rapto das Regime geral de bens / Comunhão universal de bens -
Sabinas, que forneceu às primeiras esposas aos cidadãos de Neste regime de matrimónio, todos os bens de ambos os
Roma. nubentes passam a pertencer ao casal. O casal é encarado
como uma única entidade detentora de todos os bens, mesmo
Outros parceiros de casamento são mais ou menos aqueles que cada um dos nubentes detinha antes do
impostos a um indivíduo. Por exemplo, a herança da viúva casamento. Em caso de separação, tudo será dividido pelos
obriga a viúva a casar com um dos irmãos do falecido marido, dois.
tal arranjo é chamado levirato.
Em Portugal, este regime não pode ser escolhido na
Tipos eventualidade de algum dos nubentes ter filhos, maiores ou
menores (que não sejam comuns ao outro nubente). Além
disso, existem alguns bens que são excepcionados da
comunhão, nomeadamente alguns bens de carácter pessoal.
Comunhão de bens adquiridos / Comunhão parcial de
bens - Neste regime de bens, existe separação de bens
apenas nos bens que os nubentes já possuíam antes do
casamento, sendo que os bens que cada um adquire após o
casamento pertencem ao casal.
Em Portugal, este é o regime supletivamente aplicável, ou
seja aquele que vigorará na eventualidade de os cônjuges
não escolherem nenhum outro. Em princípio, todos os bens
adquiridos após o casamento serão comuns, embora existam
algumas exceções.
Separação de bens - Neste regime apesar de se efetuar
Casamento civil
um matrimônio, em sede de propriedade de bens existe uma
A sociedade cria diversas expressões para classificar os total separação. Neste regime, cada nubente mantém como
diversos tipos de relações matrimoniais existentes. As mais apenas seu quer os bens que levou para o casamento, como
comuns são: também aqueles que adquiriu após o casamento. Em Portugal
este regime é obrigatório quando um dos nubentes tem idade
casamento aberto (ou liberal) - em que é permitido aos idêntica ou superior a 60 anos. No Brasil, é obrigatório a partir
cônjuges ter outros parceiros sexuais por consentimento dos 70 anos de idade.
mútuo
Anulação de casamento
casamento branco ou celibatário - sem relações sexuais
No Brasil, os motivos que levam um dos cônjuges a entrar
casamento arranjado - celebrado antes do envolvimento com o pedido de anulação de casamento civil são:
afetivo dos contraentes e normalmente combinado por
terceiros (pais, irmãos, chefe do clã etc.) Cônjuge não cumpre deveres da coabitação - é um dos
deveres dos cônjuges que inclui a obrigação de manter
casamento civil - celebrado sob os princípios da legislação relações sexuais. Deixar de manter relações sexuais seria
vigente em determinado Estado (nacional ou subnacional) descumprir um dos deveres do casamento ou praticar um ato
casamento misto - entre pessoas de distinta origem de injúria grave independente se por motivos ligados ao
(racial, religiosa, étnica etc.) relacionamento do casal, defeito físico ou psíquico
irremediável;
casamento morganático - entre duas pessoas de estratos
sociais diferentes no qual o cônjuge de posição considerada Incompetência da autoridade que celebrou o casamento e
inferior não recebe os direitos normalmente atribuídos por lei Erro de identidade do outro cônjuge - omissão quanto à
(exemplo: entre um membro de uma casa real e uma mulher homossexualidade ou prostituição, omissão de prática de
da baixa nobreza) crime anterior, defeito físico irremediável, doença mental ou
casamento nuncupativo - realizado oralmente e sem as transmissível por herança ou contágio.
formalidades de praxe Existe um prazo máximo de 180 dias a quatro anos para o
casamento putativo - contraído de boa-fé mas passível de pedido de anulação do casamento de acordo com o motivo
anulação por motivos legais que desencadeou a decisão.

Conhecimentos Específicos 119 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Conflito conjugal: impacto no desenvolvimento psico- Estudos Iniciais sobre Discórdia Familiar e o Conflito
lógico da criança e do adolescente Conjugal
Silvia Pereira da Cruz Benetti Segundo Cummings e Davies (2002), a primeira geração
de pesquisas sobre os efeitos do conflito conjugal no desen-
Estudos sobre os processos familiares indicam que a qua- volvimento psicológico da criança teve o importante papel de
lidade da relação parental e a presença de discórdia no ambi- apontar a associação entre a discórdia parental e a presença
ente familiar são fatores associados à etiologia de distúrbios de adversidade no contexto familiar. Esta situação se caracte-
emocionais na criança e no adolescente (Cummings & Davies, rizaria por uma maior vulnerabilidade emocional no sistema
2002; Wamboldt & Wamboldt, 2000). Primeiramente, identifi- intrafamiliar (Emery & O'Leary, 1982) estando a ocorrência de
cou-se uma associação geral entre discórdia conjugal e dificul- conflito conjugal na família relacionada à psicopatologia infan-
dades no ajustamento infantil, considerando-se que as situa- til, principalmente desordens de interiorização (Johnston, Gon-
ções de conflito conjugal na família resultavam numa alteração zalez & Campbell, 1987) e de exteriorização (Jouriles, Murphy
das práticas educativas parentais que, por sua vez, interferiam & O'Leary, 1989), e a aspectos mais amplos da dinâmica das
no desenvolvimento da criança. Posteriormente, verificou-se relações familiares, como a associação entre conflito conjugal
que determinadas características das situações de conflito e depressão materna (Cummings & Davies, 1994), alcoolismo,
estavam diretamente relacionadas ao desenvolvimento da abuso físico e sexual.
criança (Fincham, 1994, 2003). Além disto, os efeitos do confli-
to conjugal eram principalmente determinados pela exposição Katz e Gottman (1993) descreveram os trabalhos iniciais
da criança/adolescente a episódios de discórdia familiares e sobre as características das relações conjugais e o desenvol-
não somente a uma alteração das práticas educativas por vimento infantil como limitados à investigação da qualidade da
parte dos pais (Zeanah & Scheeringa, 1997). relação parental utilizando-se da noção de satisfação pessoal
no relacionamento do casal como referência para o estudo das
A questão do impacto do conflito conjugal nos processos situações familiares de discórdia. Esses trabalhos tinham co-
psicológicos, cognitivos e relacionais da criança e do adoles- mo foco de investigação o nível de satisfação/insatisfação do
cente surgiu com maior ênfase recentemente, a partir da cons- casal no relacionamento conjugal e sua relação com o compor-
tatação de que a presença de conflitos estava associada a tamento infantil, sendo a insatisfação conjugal apontada como
uma maior exposição da criança a situações de estresse fami- relacionada à qualidade do desenvolvimento infantil. Apesar
liar. Determinados padrões de interação conjugal, principal- da importante contribuição desses estudos sobre a relação
mente aqueles associados com maior adversidade e violência, entre insatisfação na relação conjugal e a presença de indica-
foram relacionados a distúrbios no desenvolvimento emocio- dores negativos no desenvolvimento da criança, não foram
nal, cognitivo, social e até a alterações psicofisiológicas na identificados quais aspectos específicos do processo familiar
criança (El-Sheikh & Harger, 2001). Como consequência, a estavam relacionados aos distúrbios infantis. Isto é, nem todo
dimensão conflito conjugal assumiu um papel de grande rele- o relacionamento conjugal insatisfatório implicava em dificul-
vância nas investigações sobre as relações familiares, ao dades no desenvolvimento da criança e nem apresentava
ponto de inclusive questionar o entendimento do divórcio pa- disputas ou estratégias idênticas na resolução dos conflitos.
rental como gerador de distúrbios no desenvolvimento da Havia uma grande variabilidade nos padrões de interação
criança e do adolescente. Ao contrário, considerou-se que a conjugal na presença de conflitos, incluindo situações nas
presença de distúrbios emocionais na criança não estava quais os conflitos eram encobertos, até àquelas envolvendo
relacionada unicamente à situação do divórcio parental, mas, violência física entre o casal.
sim, à exposição da criança a conflitos intensos anteriores ao
rompimento familiar (Fonagy, Target, Steele & Steele, 1997). Desta forma, Fincham (1994) argumentou que os estudos
Apesar dos estudos sobre o tema situarem-se no período das iniciais permitiram uma gradual diferenciação da dinâmica
duas últimas décadas, a contribuição dos achados dos princi- familiar, primeiro identificando a associação entre a satisfação
pais trabalhos de pesquisa já se constitui num expressivo e o nível de concordância entre o casal e características do
corpo teórico sobre as relações familiares e as consequências desenvolvimento infantil. Passou-se, a seguir, a determinar a
do conflito parental no desenvolvimento infantil. Atualmente, a influência específica da dimensão conflito conjugal e, posteri-
dimensão conflito conjugal é considerada como um processo ormente, a apontar algumas características do conflito conjugal
familiar importante para ocorrência de distúrbios afetivos e como mais relevantes e determinantes para aspectos negati-
manifestações clínicas no desenvolvimento infantil (Wamboldt vos do desenvolvimento psicológico em geral. Outro aspecto
& Wamboldt, 2000; Zeanah & Scheeringa, 1997) e com poste- importante foi a verificação de que a variabilidade encontrada
riores dificuldades na adolescência, como agressividade, con- nas correlações entre o conflito conjugal e distúrbios na crian-
duta anti-social, abuso de substância e envolvimento com a lei ça justificava um questionamento mais crítico do fenômeno
(Fergusson & Horwood, 1998). com relação à metodologia das investigações, especialmente
na necessidade de definições mais específicas do constructo
O presente artigo tem como objetivo apresentar os acha- teórico conflito conjugal.
dos de algumas pesquisas sobre as associações entre as
relações familiares e o desenvolvimento psicológico da crian- A segunda geração de pesquisas, surgida na última déca-
ça, abordando, especificamente, a questão dos efeitos do da, tinha como objetivo a identificação dos processos subja-
conflito conjugal na psicopatologia infantil. Para tal, serão centes aos efeitos do conflito conjugal na família procurando,
revisadas as principais contribuições sobre o tema e os mode- de forma mais específica, compreender como as crianças são
los explicativos sobre as relações associativas e processos afetadas pelas situações de conflito intrafamiliar. Esse esforço
psicológicos subjacentes à ocorrência de conflitos conjugais de entendimento fundamentou-se num modelo compreensivo
durante o processo de desenvolvimento da criança. Na primei- mais complexo das interações entre os diversos fatores e
ra parte do trabalho serão destacados os componentes mais influências no contexto familiar, procurando discriminar quais
importantes dos processos relacionais envolvidos na conflitiva características das interações conjugais e, principalmente, das
familiar. A seguir, serão discutidas as propostas explicativas interações pais e filhos nos sistemas familiares afetavam o
baseadas no modelo cognitivo-contextual (Grych & Fincham, desenvolvimento da criança e do adolescente (Cummings &
1990) e no modelo segurança-emocional (Davies & Davies, 2002). Entretanto, a diversidade entre as correlações
Cummings, 1994). Ao final, serão feitas algumas considera- encontradas (.25-.40), bem como a constatação de que amos-
ções em relação à implicação dos achados para a pesquisa tras clínicas evidenciavam associações mais significativas do
em psicopatologia do desenvolvimento. que estudos não clínicos, levou os pesquisadores a postula-
rem modelos explicativos mais complexos sobre a relação
entre conflito e impacto no desenvolvimento infantil (Fincham,

Conhecimentos Específicos 120 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
1994). Assim, verificou-se que os diferentes padrões de confli- do intensa ansiedade infantil (Cummings, 1998). Segundo
to conjugal refletiam não somente as características da intera- Hetherington e Stanley-Hagan (1999), a habilidade dos pais
ção entre o casal, mas também eram influenciados por ques- em proteger a criança da exposição a conflitos e do estabele-
tões mais amplas da vida relacional familiar, afetando de forma cimento de alianças baseadas em hostilidade contra um dos
diferenciada o desenvolvimento infantil. Passou-se, então, de pais evita que esta fique numa posição intermediária da dispu-
uma análise unidimensional do conflito familiar para uma com- ta.
preensão multidimensional dos processos familiares envolvi-
dos nos conflitos conjugais e das consequências para o de- Resolução
senvolvimento da criança (Katz & Gottman, 1993), bem como As situações nas quais os conflitos são resolvidos de forma
a consideração das circunstâncias promotoras de crescimento satisfatória entre o casal não possuem necessariamente carac-
psicológico e as características de resiliência da criança. terísticas tão negativas e, ao contrário, muitas vezes geram
Aspectos Multidimensionais do Conflito Conjugal importantes processos de amadurecimento emocional e cogni-
tivo na criança, em função de que promovem discussões me-
Situações de discórdia entre o casal, manifestadas na for- nos coercivas, agressivas e com menor ataque verbal ao com-
ma de conflito conjugal, podem caracterizar-se por diferentes panheiro (Cummings, 1998; Grych & Fincham, 1990). No sen-
níveis de intensidade, frequência, conteúdo e resolução, além tido oposto, certos padrões negativos de resolução de conflitos
de serem expressas no cotidiano familiar de forma aberta ou podem provocar efeitos adversos. Katz e Gottman (1993)
encoberta. Considera-se que todo o sistema familiar envolve mencionam os padrões de (a) exigência x evitação e de (b)
certo nível de conflito, sendo inclusive um aspecto positivo no mútua hostilidade contínua, como formas predominantes de
processo de desenvolvimento psicológico infantil a observação dificuldades na resolução de conflitos. No primeiro caso, um
de que adultos podem discordar e encontrar, de alguma forma, elemento do casal procura alcançar a mudança no companhei-
uma maneira de resolver suas dificuldades. Dessa forma, o ro por meio de críticas, exigências e demandas intensas, pro-
primeiro ponto a ser destacado no construto multidimensional vocando a retração e desinteresse do outro parceiro, que pas-
do conflito conjugal é identificar quais aspectos exercem um sa a evitar a situação, calar-se ou deixar de exibir qualquer
efeito disruptivo no processo de desenvolvimento infantil. forma de interação – padrão de demanda e de abandono. No
Igualmente, são importantes as questões de quais aspectos do segundo caso, críticas, manifestações de afeto negativo, utili-
desenvolvimento infantil são afetados pela presença de confli- zação de ironia e de comentários depreciativos dirigidos ao
to conjugal, considerando-se a adaptação geral da criança, o parceiro assumem um padrão constante, caracterizado por
desenvolvimento emocional, cognitivo e a esfera comporta- mútua hostilidade contínua entre o casal.
mental (Cummings, 1998).
A resolução de conflitos familiares de forma agressiva é vi-
As dimensões mais importantes do conflito conjugal, en- vida pela criança como experiência cotidiana de violência,
tendido como um construto inter-relacionado e composto de indicando que a solução de problemas pode ser alcançada
diferentes situações particulares a cada caso, são a frequência através do uso de estratégias agressivas. Na investigação de
da ocorrência de interações conflitivas entre o casal, a intensi- Lisboa et al. (2002), crianças vítimas de violência familiar utili-
dade das interações, o conteúdo sobre o que está ocasionan- zavam-se de comportamentos agressivos nas estratégias de
do o conflito e, finalmente, a forma como as interações confliti- enfrentamento de conflitos com os colegas, indicando que o
vas são resolvidas (Grych & Fincham, 1990). padrão familiar agressivo na resolução dos conflitos era trans-
posto para o convívio social.
Frequência
Outros aspectos
A exposição da criança a episódios frequentes de disputa
entre o casal, ou seja, a ocorrência de episódios constantes de Características como gênero, idade da criança e procedên-
conflito conjugal como forma de relacionamento familiar é um cia das amostras estudadas (clínicas e não clínicas) têm apon-
fator determinante de estresse. Conflitos frequentes geram tado tendências variadas nas análises sobre a inter-relação
respostas emocionais intensas por parte da criança, que po- entre essas características e os padrões de conflito conjugal.
dem manifestar-se por meio de condutas agressivas ou de- No caso do gênero, meninos apresentam, em algumas investi-
pressivas (Dadds, Sanders, Morrison & Rebgetz, 1992). Crian- gações, uma maior tendência a manifestar distúrbios de con-
ças expostas a situações de conflito conjugal apresentam duta e agressividade do que meninas, que teriam uma maior
maior incidência de sintomas de ansiedade, agressividade, tendência a condutas e afetos depressivos (Fincham, 1994).
distúrbio de conduta (Jenkins & Smith, 1991) e depressão Entretanto, há variabilidade nesses achados em função das
(Katz & Gottman, 1993). distintas avaliações do constructo conflito conjugal (Grych &
Fincham, 1990). Já as amostragens clínicas tendem a apre-
Intensidade sentar correlações mais robustas entre conflito conjugal e
A intensidade da expressão dos conflitos é variada. Pode distúrbios na criança. Porém, a ocorrência de outros fatores
se caracterizar por situações de calma disputa entre o casal, afetando famílias em atendimento clínico justifica uma análise
até episódios envolvendo agressão e violência verbal, emocio- mais cautelosa (Jouriles, Murphy & O'Leary, 1989).
nal ou física. Apesar da evidência de que a exposição à vio- Como pôde ser visto, a abordagem do constructo conflito
lência física causa maior dano psicológico à criança (Zavaschi, conjugal está baseada numa compreensão multidimensional
Benetti, Polanczyk, Solés & Sanchotene, 2002), episódios de que envolve as características de frequência dos conflitos, da
agressões verbais e emocionais têm efeitos tão negativos intensidade, do conteúdo e da forma como são resolvidas as
quanto os físicos e foram relacionados à ocorrência tanto de situações de discórdia. Considera-se que a presença de confli-
problemas de interiorização como exteriorização (Grych & tos no funcionamento familiar, por si só, não está necessaria-
Fincham, 1990). Também a intensidade dos episódios de mente associada a dificuldades no ajustamento da criança e
conflito entre o casal está associada a uma maior frequência adolescente, dependendo de aspectos específicos de cada
das situações de conflito. dimensão. Além disto, algumas condutas parentais face ao
Tópico conflito têm função construtiva no amadurecimento emocional
da criança. Tais situações compreendem ações que evidenci-
O tópico ou razão do conflito tem sido igualmente associa- am esforços de resolução de conflitos, procura de alternativas
do como outra fonte de estresse para a criança, já que muitas e explicações sobre os acontecimentos à criança, indicando a
vezes os conflitos tratam de situações relacionadas à própria perspectiva de que dificuldades são situações que devem ser
criança, tais como questões de manejo e supervisão nas quais trabalhadas e discutidas.
os pais divergem sobre suas opiniões ou condutas, provocan-

Conhecimentos Específicos 121 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Ao contrário, condutas destrutivas envolvem agressão in- Harger, 2001). Há um esforço, por parte da criança, de contro-
terpessoal e violência, conflitos não verbais com distanciamen- lar ou regular as relações parentais disfuncionais, numa tenta-
to afetivo parental durante o episódio, agressão física, agres- tiva de diminuir a tensão familiar. Entretanto, essas situações
são a objetos, ameaças à integridade da família e conflitos são dificilmente resolvidas a partir destas estratégias, tendo
envolvendo a criança (Cummings & Davies, 2002). Esses como resultado a organização de representações do self e dos
casos, principalmente aqueles envolvendo violência conjugal, relacionamentos com adultos de forma agressiva e negativa.
originam situações adversas que interferem nas relações pa- Neste sentido, Santos e Costa (2004) salientam que os efeitos
rentais e nas práticas de socialização da criança. A seguir, da dinâmica conjugal violenta sobre o desenvolvimento dos
serão abordadas as contribuições sobre as associações entre filhos associam-se à posição ambivalente da criança ao se
conflito conjugal e as relações parentais, com ênfase nas situ- deparar com a conflitiva dos pais. Isto porque a aliança e a
ações de violência conjugal. lealdade para com os pais colocam a criança numa situação
de opção entre defender o agressor ou a vítima, ocasionando
Conflito Conjugal e as Relações Parentais
divisões internas no funcionamento familiar. Além disto, a
As relações entre pais e filhos são fundamentais no pro- própria criança se depara com a tarefa de conciliar o amor pelo
cesso de desenvolvimento, porém, o sistema familiar como um genitor violento e a raiva pela situação vivida na família.
todo constitui um contexto relacional importante para o desen- Dentre todas as situações que afetam o sistema familiar, a
volvimento da criança e do adolescente (Cummings & O'Reilly, ocorrência de conflito conjugal associada a episódios de vio-
1997). Segundo Holden, Geffner e Jourieles (1998), faz-se lência entre o casal, constitui-se em uma das formas mais
necessário a inclusão do sistema familiar, principalmente das negativas de interação e expressão afetiva, com graves con-
características das relações conjugais, nos modelos conceitu- sequências para o desenvolvimento infantil.
ais do desenvolvimento psicológico da criança. Partindo do
modelo de Belsky (1984), no qual as relações entre pais e Conflito Conjugal e Violência Familiar
filhos são afetadas (a) pela personalidade dos pais e experiên-
cia emocional de bem-estar, (b) pelas características da pró- A comorbidade entre conflito conjugal e violência familiar é
pria criança, e (c) pelas fontes ambientais e contextuais de outro aspecto adverso identificado nos estudos sobre violência
estresse, Holden, Geffner e Jourieles consideram necessária a que aumenta as chances de ocorrência de episódios de maus-
inclusão no modelo do fator relação conjugal. Isto porque as tratos dirigidos à criança (Ross, 1996). Conflito conjugal está
características da relação conjugal influenciam diretamente a presente em casos de abuso, negligência infantil, e violência
disponibilidade afetiva e física dos pais no cuidado e no envol- familiar (Jouriles et al., 1989). A deterioração da relação conju-
vimento com os filhos e, em geral, os conflitos entre o casal gal pode levar à reprodução de práticas abusivas na relação
ocasionam uma deterioração dessas relações entre pais e entre pais e filhos e a práticas disciplinares inconsistentes.
filhos (Grych & Fincham, 1990). Muitas vezes as crianças, além de testemunharem o conflito
entre os pais, também são vítimas do mesmo (Wolfe, 1999;
Cummings e O'Reilly (1997) argumentam que a qualidade McCloskey, Figueredo & Koss, 1995). Ainda que episódios de
da relação do casal está relacionada com maior disponibilida- maus-tratos infantis sejam indubitavelmente traumáticos, a
de, tanto materna quanto paterna, no envolvimento com os mera exposição da criança à violência, especialmente a episó-
filhos. Casais que consideram as relações conjugais como dios de agressão física entre o casal, provoca danos psicológi-
satisfatórias apresentam envolvimento similar e equivalente cos importantes no processo de desenvolvimento infantil, com
com os filhos. Ao contrário, dificuldades na relação do casal sequelas duradouras no amadurecimento da personalidade
diminuem o envolvimento e a disponibilidade parental, princi- em geral (Cummings, 1998; Katz & Gottman, 1993). Nesse
palmente a disponibilidade paterna. Em geral, a relação mãe- sentido, dois aspectos são considerados como associados ao
filhos tende a manter-se mais estável do que a relação pais- dano psicológico à criança: um deles é quando a criança é
filhos face à presença de conflitos conjugais. Dessa forma, o exposta às situações de conflitos intensos entre os pais envol-
impacto do conflito conjugal tem um caráter mais negativo na vendo violência física (Jouriles et al., 1989), o outro é quando
disponibilidade afetiva e no envolvimento masculino, tendo a própria criança passa a ser também vítima das agressões
sido observado menor interesse paterno pelos filhos e partici- parentais, caso que se caracterizaria como de abuso verbal ou
pação em geral na família em situações de conflito conjugal. físico.
Entretanto, alguns estudos também identificam alterações Alguns autores, entretanto, consideram que, apesar da
na disponibilidade materna, visto que o conflito conjugal estava evidência de que a presença de violência física causa maior
associado à maior ocorrência de depressão nas mães (Coyne, dano psicológico à criança, agressões verbais e emocionais
Thompson & Palmer, 2002; Downey & Cowney, 1990). No ocasionam consequências tão negativas quanto as físicas
estudo de Coyne, Thompson e Palmer casais com mulheres (Grych & Fincham, 1990). Na investigação de Fantuzzo et al.
deprimidas apresentavam maiores dificuldades conjugais, (1991) com 107 crianças pré-escolares, o grupo de crianças
menor expressão afetiva e presença de táticas mais destruti- exposto somente a episódios de conflito verbal apresentou
vas na resolução dos conflitos. Segundo Cummings (1995) e níveis moderados de distúrbio de conduta. Já o grupo de cri-
Downey e Cowney (1990), as dificuldades de comportamento anças exposto ao conflito verbal e físico tinha níveis clínicos de
e desenvolvimento psicológico da criança com pais depressi- distúrbio de conduta e um nível moderado de distúrbio emoci-
vos resulta do clima de discórdia e de conflito da relação pa- onal. O grupo exposto a conflito verbal, físico e residindo em
rental, mais do que a ocorrência da patologia nos pais. abrigos apresentou níveis clínicos de distúrbio de conduta,
altos níveis de distúrbio emocional e baixo nível de adaptação
Por sua vez, Oliveira et al. (2002) em uma investigação so- social.
bre os estilos parentais intergeracionais, conflito conjugal e
comportamentos de internalização e de externalização infantil Estudos longitudinais apontam que os efeitos da exposição
identificaram que a conflitiva conjugal mediava as situações de à violência conjugal na infância persistem na juventude. Fer-
estilo materno autoritário. A atitude conjugal conflituosa mater- gusson e Horwood (1998), em uma investigação com 1265
na associava-se ao estilo autoritário da mãe e constituía um adolescentes da Nova Zelândia sobre exposição à violência
fator de risco para comportamentos de externalização. conjugal e qualidade de ajustamento pessoal na adolescência,
encontraram que as crianças que haviam sido expostas a altos
Além de afetar a disponibilidade parental para com os fi- níveis de violência parental apresentavam maior risco de sin-
lhos, a exposição aos episódios de conflito conjugal gera esta- tomas de ansiedade, desordens de conduta, envolvimento
dos afetivos internos na criança de intenso sofrimento psíquico com crimes e problemas com álcool.
e estresse e alterações emocionais e fisiológicas (El-Sheik &

Conhecimentos Específicos 122 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Entretanto, De Antoni e Koller (2000) consideram que, baixa auto-estima ou raiva que, ao longo do desenvolvimento,
mesmo sob circunstancias adversas, adolescentes podem ter acabam interferindo no processo de amadurecimento psicos-
uma percepção crítica sobre o impacto da violência intra- social da criança.
familiar. Numa investigação com adolescentes femininas insti-
tucionalizadas sobre suas próprias visões acerca da noção de Modelo segurança-emocional
família, as pesquisadoras identificaram o desejo de estabele- Davies e Cummings (1994) também desenvolveram um
cimento de projetos familiares diversos aos vividos na sua modelo processual sobre o impacto do conflito conjugal no
própria família num esforço de constituir relações familiares desenvolvimento infantil. Utilizando-se de uma análise multidi-
distintas. Embora as situações de violência familiar vividas mensional dos diferentes componentes inter-relacionados na
pelas adolescentes fossem indicadores de risco grave, muitas determinação do impacto do conflito conjugal na criança e no
vezes mascaradas por uma visão familiar idealizada, esse adolescente, os autores também consideram o contexto onde
aspecto coloca uma questão importante referente à percepção ocorre o conflito, as características da criança, a experiência
do adolescente sobre sua experiência passada e sua motiva- passada, o nível de estresse e as estratégias de enfrentamen-
ção para um engajamento em relações afetivas diversas. to como elementos principais atuantes na forma como a crian-
Modelos Processuais ça processará a experiência. Esses elementos se inter-
relacionam de uma forma dinâmica, ao longo do tempo, para
Ainda que a importância dos estudos iniciais sobre as rela- influenciar o processo de desenvolvimento psicossocial da
ções familiares tenha sido evidenciada nas associações en- criança e do adolescente. Entretanto, mesmo a partir desta
contradas entre conflito conjugal e características do ajusta- visão multidimensional, os autores enfatizam que a ação des-
mento infantil, a diversidade de situações (contexto) e os dife- ses diferentes elementos de influência se fundamenta num
rentes fatores mediadores do impacto sobre o desenvolvimen- aspecto básico do desenvolvimento psicológico que é a expe-
to infantil apontaram a necessidade de se organizarem mode- riência afetiva de segurança emocional.
los processuais mais complexos sobre os fenômenos em
questão. As emoções, partindo de uma perspectiva funcionalista,
servem como um monitor do estado psicológico interno e da
Modelo cognitivo-contextual experiência de segurança emocional individual, orientando o
comportamento no sentido de manter um estado de regulação
Grych e Fincham (1990) consideram que o impacto da ex- emocional, quando se está em face de uma situação estres-
posição ao conflito conjugal depende do contexto maior onde sante. A experiência de segurança emocional se desenvolve a
ocorrem os episódios de conflito, da capacidade cognitiva de partir das representações de apego estabelecidas ao longo do
interpretação dos acontecimentos e das estratégias de enfren- relacionamento da criança com as figuras cuidadoras, em
tamento utilizadas pela criança. Desta forma, propõem o mo- situações onde predominaram elementos de afeto, apoio,
delo cognitivo-contextual como uma tentativa explanatória e compreensão e suporte emocional. Entretanto, também no
compreensiva dos diversos componentes atuantes na relação desenvolvimento posterior, a experiência de segurança emoci-
criança e família, considerando que as consequências do onal é determinada pela qualidade da relação parental, ainda
conflito conjugal no desenvolvimento da criança e do adoles- que influenciada pelas vivências de apego iniciais. Isto é, a
cente são mediadas pelas capacidades de compreensão e noção de segurança emocional, ainda que ligada às experiên-
avaliação das situações parentais de discórdia. Portanto, ca- cias de apego iniciais, seria influenciada pelas trocas posterio-
racterísticas específicas, como idade, sexo e processos cogni- res ao longo do desenvolvimento com as figuras parentais.
tivos envolvidos na avaliação da situação (experiência passa-
da, capacidade de compreensão, por exemplo) irão determinar O impacto do conflito conjugal sobre a experiência de se-
os efeitos da exposição à conflitiva conjugal. Nesse modelo, o gurança emocional ocorre na medida em que as situações de
aspecto afetivo resultaria da avaliação processual cognitiva da discórdia geram estados de ansiedade na criança, medo e
situação de discórdia parental por parte da criança. Primeira- insegurança (Davies & Cummings, 1994). A exposição ao
mente, a exposição ao conflito gera um estado afetivo de ansi- conflito conjugal teria o papel de interferir na qualidade dessas
edade/medo na criança, a qual utiliza estratégias de enfrenta- representações familiares, no momento em que se associam
mento para lidar com a situação, baseadas nas suas caracte- experiências de estresse ligadas às figuras parentais, fonte
rísticas cognitivas e atribuições causais. Dependendo das das vivências afetivas de estabilidade da criança. Em termos
características do conflito (intensidade, conteúdo, duração e gerais, o construto segurança emocional corresponde a um
resolução) e da faixa etária da criança, diferentes consequên- processo dinâmico envolvendo subsistemas regulatórios com-
cias ocorrerão no processo de desenvolvimento. A criança postos pelos componentes (a) de regulação emocional, ou a
pode oscilar entre atribuir a si mesma a responsabilidade pelo capacidade da criança em reduzir, aumentar e manter seu
conflito ou atribuir aos pais. Essas situações geram estados estado emocional quando frente a conflitos, (b) de representa-
afetivos de culpa e de vergonha ou de raiva dirigida a um dos ções das relações familiares, ou o significado dos aconteci-
pais ou a ambos. Além dos processos cognitivos primários de mentos na família em relação à experiência de segurança
avaliação do conflito como dos processos secundários de emocional e (c) de regulação da exposição ao afeto, ou dos
atribuições e estabelecimento de estratégias de enfrentamen- comportamentos regulatórios que controlam a exposição da
to, outros aspectos também interferem no impacto na criança. criança aos afetos resultantes das discórdias familiares. Desta
Processos distais ou situações ao longo do desenvolvimento maneira, quando face às situações estressantes envolvendo
(experiência prévia com conflitos, percepção da criança do discórdias e conflitos familiares, a criança reage ao afeto nega-
clima familiar, temperamento e gênero) e processos proximais tivo e à ansiedade, esforçando-se por criar mecanismos medi-
(situações mais transitórias e imediatas de avaliação da situa- adores de controle, tanto em nível de seus próprios estados de
ção, correspondendo às expectativas frente ao evento e ao ansiedade interna, como também do controle do comporta-
estado afetivo ou humor da criança no momento) irão influen- mento dos próprios adultos envolvidos na disputa. Assim, o
ciar as consequências do conflito. estado emocional negativo, ativado pela exposição ao conflito
conjugal, perturba o sentido de segurança emocional interna,
Em síntese, atribuições e estratégias de enfrentamento fazendo com que a criança procure acionar mecanismos que
inadequadas frente ao conflito conjugal podem colocar a crian- restabeleçam a segurança emocional. Podem ocorrer tentati-
ça em situação de vulnerabilidade emocional, já que os esta- vas de controle da disputa parental, por meio de interferência
dos afetivos de ansiedade, de frustração e de raiva desperta- direta da criança ou de condutas de mau comportamento, de
dos pela exposição ao conflito não são adequadamente pro- agressividade ou de choro (Smith, Berthelsen & O'Connor,
cessados. Algumas situações podem levar ao desenvolvimen- 1997).
to de uma atitude de auto – recriminação, afeto deprimido,

Conhecimentos Específicos 123 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A capacidade de regulação emocional é determinante da das na noção de que comportamentos específicos são influen-
experiência da criança face ao conflito. Portanto, os efeitos ciados por diversos sistemas, incluindo aqueles próximos à
negativos da exposição não resultam diretamente das caracte- esfera de vida imediata da criança até aqueles mais distais. Da
rísticas menos ou mais intensas do conflito parental, mas, sim, mesma forma, essas influências afetam o desenvolvimento
da percepção de ameaça à capacidade de manutenção da conforme o período evolutivo e a capacidade de resposta da
segurança emocional interna da criança, alterada pelo conflito. criança. Portanto, ao se falar em distúrbios do desenvolvimen-
to, deve-se partir de uma concepção de psicopatologia que
Considerações Finais - Contribuições à Pesquisa em
compreenda o distúrbio como uma resposta complexa da
Psicopatologia do Desenvolvimento
criança a determinada situação. A essa noção dinâmica de
A revisão da literatura discutida neste trabalho indicou que análise e compreensão dos comportamentos infantis,
o campo das relações familiares é uma área de investigação Cummings e Davies denominam modelo de pesquisa orienta-
fundamental para a compreensão do desenvolvimento psico- da ao processo, isto é, a direção explicativa se orienta pela
lógico. Nesse aspecto, a contribuição específica das relações noção da complexidade e diversidade dos fatores em questão
familiares envolvendo situações de conflito conjugal evidenci- e por suas ações dinâmicas. A aproximação ao estudo dos
ou-se como um tópico de investigação importante nos estudos desajustes e dificuldades de adaptação, no campo da psicopa-
sobre os distúrbios no desenvolvimento da criança e do ado- tologia do desenvolvimento, orientar-se-ia por uma abrangên-
lescente. Até o momento, as pesquisas apontam para o impac- cia complexa dos fenômenos, principalmente em relação aos
to negativo do conflito conjugal no desenvolvimento psicológi- efeitos da dinâmica conjugal no desenvolvimento infantil. Fi-
co, principalmente daquelas situações familiares envolvendo nalmente, Cummings e Davies (2002) salientam que grande
violência física e verbal entre o casal. Os resultados dos traba- parte das pesquisas estuda grupos familiares de procedência
lhos indicam que os conflitos conjugais estão relacionados a anglo-saxônica e apontam a necessidade de ampliação das
distúrbios em diferentes aspectos do desenvolvimento da investigações para grupos de diferentes culturas. Consideran-
criança e do adolescente, tais como nas áreas emocional, do-se a complexidade da sociedade brasileira e a relevância
cognitiva e social. do tema, é importante e necessário o desenvolvimento de
trabalhos e pesquisas que reflitam as características nacionais,
Inicialmente, embora as situações de conflito e adversida- a fim de que se investiguem os aspectos peculiares do contex-
de familiar estivessem claramente implicadas na ocorrência de to familiar e das formas de conflito conjugal em relação às
distúrbios no desenvolvimento, foi fundamental a especificação influências culturais específicas. Ainda que os fatores identifi-
dos diferentes aspectos do construto conflito familiar para o cados como associados ao conflito conjugal e às consequên-
avanço da compreensão da dinâmica familiar. A partir da aná- cias da exposição às interações parentais adversas reflitam
lise mais precisa das diferentes situações de conflito conjugal, características do funcionamento familiar relativamente simila-
verificou-se que os efeitos negativos das interações conjugais res em diversos grupos sociais, eles estão inseridos num con-
estavam associados a determinadas características dos pro- texto cultural mais amplo. A identificação destes aspectos é
cessos envolvendo o conflito. Isto é, constatou-se que a asso- fundamental para uma visão mais abrangente das interações
ciação entre exposição aos conflitos conjugais e o desenvolvi- familiares em contextos diversos e para a análise do impacto
mento infantil dependiam da frequência, da intensidade, do destas interações no desenvolvimento da criança e do adoles-
conteúdo e da forma de resolução dos conflitos. Além disto, as cente.
definições mais precisas sobre as características do conflito
conjugal permitiram uma abordagem metodológica mais com- Como conclusão, espera-se que esta discussão dos traba-
plexa dos estudos sobre as diferentes interações conjugais lhos sobre a questão dos efeitos do conflito conjugal na psico-
nas resoluções de conflito. Verificou-se que os diferentes pa- patologia infantil, além de apresentar os resultados das pes-
drões de conflito conjugal refletiam não somente as caracterís- quisas sobre o tema, forneça elementos de aproximação com-
ticas da interação entre o casal, mas também eram influencia- preensiva dos fenômenos psicológicos à luz de uma aborda-
dos por questões mais amplas da vida relacional familiar e gem baseada no modelo processual da complexidade dinâmi-
afetavam de forma diferenciada o desenvolvimento infantil. ca dos fatores. E, igualmente, estimulando o desenvolvimento
Passou-se, então, de uma análise unidimensional do conflito de trabalhos contextualizados nesta área.
familiar para uma compreensão multidimensional dos proces-
Divórcio
sos familiares envolvidos nos conflitos conjugais e nas conse-
quências para o desenvolvimento infantil. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como consequência, a análise multidimensional dos diver- O divórcio (do latim divortium, derivado de divertĕre,
sos fatores contextuais, familiares e individuais associados aos "separar-se") é o rompimento legal e definitivo do vínculo de
efeitos da exposição ao conflito conjugal, levou a construção casamento civil. É uma das três maneiras de dissolver um
de modelos processuais das associações entre as variáveis casamento, além da morte de um dos cônjuges.
atuantes ao longo do desenvolvimento psicológico. O modelo
cognitivo-contextual enfatiza o contexto maior onde ocorrem os O processo legal de divórcio pode envolver questões
episódios de conflito, a capacidade cognitiva da criança de como atribuição de pensão de alimentos, regulação de poder
interpretação dos fatos e suas estratégias de enfrentamento, paternal, relação ou partilha de bens, regulação de casa de
enquanto que o modelo de segurança emocional destaca a morada de família, embora estes acordos sejam
capacidade da criança de manutenção da regulação emocio- complementares ao processo principal.
nal. Mesmo que enfatizando a ação de alguns aspectos de Em algumas jurisdições não é exigida a invocação da
maneira mais específica, tal como no modelo cognitivo- culpa do outro cônjuge. Ainda assim, mesmo nos
contextual ou no modelo de segurança emocional, as intera- ordenamentos jurídicos que adaptaram o sistema do divórcio
ções processuais entre os fatores são similares nos modelos "sem culpa", é tido em conta o comportamento das partes na
propostos, visto que ambos identificam a sobreposição dinâmi- partilha dos bens, regulação do poder paternal, e atribuição
ca das ações dos diversos componentes do sistema familiar. de alimentos.
Tanto considerando os efeitos da exposição direta ao conflito
conjugal, como do efeito de fatores mediadores, os modelos se Na maioria das jurisdições o divórcio carece de ser emitido
equiparam na abrangência das propostas. ou certificado por um tribunal para surtir efeito, onde pode ser
bastante estressante e caro a litigância. Outras abordagens
Cummings e Davies (2002) propõem que as pesquisas na alternativas, como a mediação e divórcio colaborativo podem
área devam se orientar por uma aproximação abrangente dos ser um caminho mais assertivo. Em alguns países, como
fenômenos atuantes no desenvolvimento infantil, fundamenta- Portugal e Brasil, o divórcio amigável pode até ser realizado

Conhecimentos Específicos 124 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
numa conservatória de registro civil, ou cartório registral, Cada religião tem a sua própria maneira de encarar o
simplificando bastante o processo. divórcio. Para o catolicismo este não é possível, uma vez que
na Bíblia encontra-se a frase Quod ergo Deus coniunxit, homo
A anulação não é uma forma de divórcio, mas apenas o ne separet (Mc 10,2-16).
reconhecimento, seja a nível religioso, seja civil da falha das
disposições no momento do consentimento, o que tornou o No judaísmo, por sua vez, é apenas possível o divórcio
casamento inválido; reconhecer o casamento nulo, é a por parte do homem, apoiando-se na Torah: "Se um homem
mesma coisa que reconhecer que nunca tenha existido. tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for
agradável a seus olhos, por ter ele achado coisa indecente
Num divórcio, o destino dos bens do casal fica sujeito ao nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na
regime de bens adotado na altura do casamento, e que mão, e a despedir de casa; e se ela, saindo da sua casa, for e
geralmente em todos os países são: separação de bens, bens se casar com outro homem..." (Dt. 24.1-2).
adquiridos, ou comunhão de adquiridos.
O Islamismo reconhece, tecnicamente, o direito de ambos
Os países onde mais ocorrem pedidos de rompimento do os parceiros de pedirem o divórcio, embora para a mulher o
matrimônio são: Estados Unidos, Dinamarca e Bélgica, com processo seja consideravelmente mais complicado: enquanto
índices entre 55% e 65%. Em contraponto, os países com para o homem basta repetir três vezes "eu te repudio", para
menos incidência de separação são países extremamente as mulheres é exigido alguma falta grave do marido (em
católicos como Irlanda e Itália com números abaixo de 10%. teoria, ela poderia pedir o divórcio pelo simples fato de não
Nas Filipinas, o divórcio ainda não foi legalizado. querer se manter mais casa, através da Khula, todavia isto é
Quanto ao poder paternal (pátrio poder), ele assume cada na pratica impossível nas sociedades conservadoras).
vez maior importância no divórcio, sendo atribuído em 95% Consequências
das vezes às mulheres, e segundo dados oficiais de 2003
quer no Brasil, quer Portugal, Espanha, e América. Assim como os casamentos, os divórcios experimentaram
uma alta. Segundo o IBGE,o número de separações judiciais
Divórcio no Brasil e divórcios vem aumentando gradativamente. De 1993 a
O divórcio foi instituído oficialmente com a emenda 2003, o volume de separações subiu de 87 885 para 103 529
constitucional número 9, de 28 de junho de 1977, e o de divórcios de 94 896 para 138 676 (ou 17,8% e 44%,
regulamentada pela lei 6515 de 26 de dezembro do mesmo respectivamente). Houve uma alta para 15,5% em 2005 na
ano. comparação com 2004.As consequências de uma vida
conjugal arruinada vai desde o físico até o emocional,não
Com a lei 11441 de 4 de janeiro de 2007, o divórcio e a somente do casal,mas também,dos que o cercam.
separação consensuais podem ser requeridos por via
administrativa, isto é, não é necessário ingressar com um O casamento já indicava o ganho de peso, mas, estudos
ação judicial par ao efeito, bastando comparecer, um dizem que o divórcio também pode aumentar
advogado, a um tabelionato de notas e apresentar o pedido. significativamente o peso corporal. Mas,essa não é a única
Tal facilidade só é possível quando o casal não possui filhos consequência,um estudo realizado em Chicago e contando
menores de idade ou incapazes. com a participação de 8.652 pessoas com idades entre 51 e
61 anos, o estudo detectou que os divorciados têm 20% a
Em média, nos tempos de hoje, um casamento dura dez mais de chances de desenvolver doenças crônicas, como o
anos, sendo que em 70% dos casos quem pede o divórcio é a câncer, do que aqueles que nunca se casaram
mulher. Em dados de 2008, o divórcio no Brasil cresceu 200%
em 23 anos, ou um divórcio a cada quatro casamentos. Em Se o casal sofre psicologicamente e fisicamente, os filhos
2009 surgiu a PEC 0028/2010, que apos promulgada ficou a não ficam ilesos. Portanto, consequência para as crianças
EC 66/2010 que simplifica o divorcio no Brasil, eliminando existem, e mais ou menos, de acordo com vários fatores,
aqueles prazos morosos incluindo a própria resolução favorável da separação para os
pais, a idade das crianças e o seu grau de
Sendo assim, além de ficar mais fácil para divorciar, ficou desenvolvimento.Poucas crianças demonstram sentirem-se
mais fácil para uma pessoa divorciada se casar de novo. O aliviadas com a decisão do divórcio.Na idade de 8 a 12 anos
estado de São Paulo [carece de fontes?] foi o estado o que em geral a criança reage com raiva franca de um ou de
mais simplificou a lei do casamento para um divorciado, basta ambos os pais, por terem causado a separação. Por vezes
ir em algum cartório com averbação do divorcio, e casar da demonstram ansiedade, solidão e sentimentos de humilhação
maneira que desejar o casal, na maneira que fazer as por sua própria impotência diante do ocorrido. O desempenho
comunhões de bens do casal. Para os demais juristas os escolar e o relacionamento com colegas podem ter prejuízo
demais estados da federação brasileira deve seguir as novas nesta fase. Já os adolescentes sofrem com o divórcio muitas
regras colocadas em São Paulo, pois, facilita a vida do vezes com depressão, raiva intensa ou com comportamentos
divorciado rebeldes e desorganizados.
Divórcios históricos Guarda e Visitação dos Filhos
Abaixo, os valores de alguns divórcios de casais famosos.
Os valores estão expressos em dólares. Visão Geral

Príncipe Charles e Lady Diana: US$ 28 milhões Passar por uma separação, divórcio, ou abandonar um re-
lacionamento abusivo, não é nada fácil. Atrapalha a sua vida,
Donald Trump e Ivana Trump: US$ 50 milhões e se você tem filhos, atrapalha a vida deles também. Com
filhos, as questões jurídicas, financeiras e emocionais se
Kenny Rogers e Marianne: US$ 60 milhões
tornam ainda mais complicadas. É um período estressante
Kevin Costner e Cindy: US$ 80 milhões para eles.
Julio Bozano e Iva: US$100 milhões A finalidade deste livreto é oferecer informações sobre
como a lei lida com a guarda e a visitação dos filhos. O livreto
Steven Spielberg e Amy Irving: US$89,97 milhões te ajudará a pensar nas questões jurídicas que você terá que
Visão religiosa considerar para resolver questões como:
• Onde os filhos vão morar?

Conhecimentos Específicos 125 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Com quem vão morar? cipais decisões a respeito do bem-estar da criança como,
assuntos de educação, cuidado médico e desenvolvimento
• Quem tomará as decisões importantes sobre a vida de- emocional, moral e religioso.
les?
Guarda Física Única
• Como os filhos poderão ter contato com o pai ou a mãe
A guarda física única significa que a criança mora com um
que não mora com eles?
dos pais, está sob a supervisão deste pai ou mãe, e está
Se os pais não puderem entrar em acordo sobre como re- sujeita à visitação razoável do pai ou da mãe com quem não
solver estas questões, podem ir ao tribunal, e o juiz decidirá mora, a menos que o juiz decida que tal visitação não esteja
sobre a guarda e a visitação dos filhos. Este livreto te dará no melhor interesse da criança.
informações sobre como os juízes tomam estas decisões.
Guarda Física Compartilhada
Ao usar este livreto é muito importante lembrar que cada
A guarda física compartilhada significa que a criança al-
processo é diferente. O livreto fornece apenas informações
terna entre períodos de morar e estar sob a supervisão de
gerais. Não substitui o aconselhamento jurídico individual.
cada um dos dois pais, e que a guarda física é compartilhada
Se precisar de recomendações sobre como lidar com sua pelos pais de tal maneira que assegure o contato frequente e
situação particular, especiamente se ambos os pais não con- contínuo da criança com ambos os pais.
cordarem sobre como terminar o relacionamento ou se estiver
Se eu não comparecer ao tribunal, quem fica com a
tentando abandonar um relacionamento abusivo, você deve
guarda dos filhos?
falar com um advogado.
Quando os pais são casados, ambos compartilham a
Que tribunais tomam decisões sobre guarda e visita-
guarda legal e física dos filhos, a menos que o juiz decida de
ção?
maneira diferente. Quando os pais não são casados, a mãe
A maioria das decisões de guarda e visitação são feitas tem guarda legal e física única, a menos ou até que o tribunal
pelos juízes da Vara de Família e Sucessões. As decisões determine de outra maneira. Isto acontece mesmo se o pai
sobre guarda e visitação dos filhos podem ser parte de um reconhecer formalmente a paternidade da criança.
processo maior, tal como um processo de divórcio, ou o pro-
Que padrões ou regras os juízes seguem para tomar
cesso pode tratar somente da guarda ou visitação. Os tipos
decisões sobre a guarda?
de processos decididos na Vara de Família e Sucessões que
podem incluir questões de guarda ou de visitação são proces- Em uma disputa de guarda entre os pais da criança, o juiz
sos do "Direito de Família", tais como, divórcios, processos concede a guarda baseado no que decide estar "nos melho-
que envolvem a determinação da paternidade de crianças res interesses da criança". Embora o padrão de melhores
cujos pais não são casados, processos de pensão alimentícia interesses da criança pareça vago e geral, é, apesar de tudo,
para os filhos e separações jurídicas. A Vara de Família e um padrão centrado na criança, pois exige que o juiz se foca-
Sucessões também lida com processos de ordem de proteção lize nas necessidades da criança e não nas dos pais. A lei
para a prevenção de abuso (209A) e pode tomar decisões de requer que o juiz tome suas decisões e conceda a guarda ao
guarda em um processo de ordem de proteção 209A. que melhor possa suprir as necessidades da criança, seja o
pai ou a mãe.
Os Tribunais Distritais e o Tribunal Municipal de Boston
também lidam com os processos 209A e, como parte A lei diz que ao fazer uma determinação com respeito a
da ordem de proteção, estes tribunais podem emitir uma sen- guarda da criança, "os direitos dos pais devem, na ausência
tença de guarda. de má conduta, ser iguais, e a felicidade e o bem-estar da
criança determinam sua guarda. Ao considerar a felicidade e
É importante lembrar que se a Vara de Família e Suces-
o bem-estar da criança, o juiz deve considerar se as condi-
sões já tiver determinado a guarda, quando um Tribunal Dis-
ções de vida atuais ou passadas da criança afetam, ou não,
trital ou o Tribunal Municipal de Boston expedir a ordem de
adversamente sua saúde física, mental, moral ou emocional".
proteção 209A, esta ordem não poderá incluir uma sentença
de guarda. Se os pais casados pedem o divórcio ou a guarda de
seus filhos, eles têm que automaticamente receber guarda
Além disso, se as partes de um processo 209A forem en-
legal compartilhada temporária, mas o juiz pode dar guar-
volvidas, mais tarde, em qualquer processo na Vara de Famí-
da legal única a um dos pais se determinar por escrito que a
lia e Sucessões que envolva crianças, qualquer sentença de
guarda legal compartilhada temporária não está nos melho-
guarda no processo seguinte da Vara de Família e Sucessões
res interesses da criança.
"suplantará" (isto é, substituirá) a sentença de guarda 209A
prévia. Se o juiz tiver que decidir sobre a guarda legal comparti-
lhada temporária, deverá considerar "todos os fatos relevan-
Quais são os diferentes tipos de acordos de guarda
tes, inclusive, mas não unicamente, se qualquer membro da
em Massachusetts?
família abusa de álcool, outras drogas ou desertou a criança;
Existem distintos tipos de acordos de guarda adequados ou se os pais têm o hábito de cooperar em assuntos relacio-
para situações diferentes. Estes acordos de guarda são defi- nados à criança".
nidos pela lei:
Além disso, se o juiz pretende conceder a guarda legal
Guarda Legal Única compartilhada temporária ou permanente ou a guarda
física compartilhada temporária ou permanente, e existe
A guarda legal única significa que um dos pais tem o direi- ou já existiu alguma ordem de proteção para a prevenção de
to e a responsabilidade de tomar as principais decisões a abuso, o juiz tem que emitir uma determinação escrita para
respeito do bem-estar da criança, como em questões de edu- justificar a sentença de guarda compartilhada.
cação, cuidado médico e desenvolvimento emocional, moral e
religioso. A lei diz que, ao emitir qualquer sentença de guarda, os
juízes devem considerar provas de abuso, passado ou atual,
Guarda Legal Compartilhada sofridos por um dos pais ou pela criança, como um fator con-
A guarda legal compartilhada significa responsabilidade e tra os melhores interesses da criança.
participação mútuas e contínuas de ambos os pais, nas prin-

Conhecimentos Específicos 126 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Se o juiz decidir que houve um padrão de abuso ou um Visitação quando um dos pais abusou do outro
incidente sério de abuso, então existe a presunção refutá-
vel de que não é do melhor interesse da criança ser colocada Se episódios de violência tiverem ocorrido entre os pais,
na guarda legal ou física única, na guarda legal compartilha- geralmente não é seguro para o casal manter contato um com
da, ou na guarda física compartilhada com o pai/mãe abusi- o outro, durante a visitação. Às vezes o pai/mãe abusivo usa
vo. as visitas como uma forma de manter contato e exercer con-
trole sobre o outro.
Esta presunção significa que se o juiz decidir que um pa-
drão ou incidente sério de abuso ocorreu, então deve supor Em algumas situações, seu filho pode estar correndo risco
que não está nos melhores interesses da criança ser coloca- durante as visitas com o pai que abusou de você. Neste caso,
da na guarda do pai/mãe abusivo. Refutável significa que o considere a opção de visitas supervisionadas.
pai/mãe abusivo tem o direito de refutar (isto é, contestar) a Se você for vítima de violência do pai de sua criança e ti-
presunção. ver concordado com a visitação, ou se o juiz tiver estabeleci-
Para as crianças nascidas de pais solteiros, a mãe da do estas visitas, você pode fazer com que as visitas sejam
criança recebe automaticamente a guarda, a menos que a mais seguras para você e para o seu filho, considerando as
Vara de Família e Sucessões determine de outra maneira. A opções abaixo:
Vara de Família e Sucessões pode conceder a guarda legal Tenha uma agenda de visitação bem definida
compartilhada ou a guarda física compartilhada apenas se os
pais concordarem, ou se o juiz determinar que os pais mostra- Quando houve abuso doméstico, é importante seguir um
ram que podem ter responsabilidade conjunta pela criança programa de visitação definido. Uma agenda de visitação
antes do começo do processo, e têm a habilidade de planejar definida permitirá que as visitas ocorram sem que os pais
e se comunicar no que diz respeito aos melhores interesses tenham que estar em constante contato um com o outro.
da criança. Escolha uma terceira pessoa para levar e buscar seu
Visitação filho

Geralmente, quando um dos pais tem a guarda física, o Uma boa maneira de evitar o contato com o pai abusivo
outro pai tem o direito de visitar os filhos. durante as visitas é tendo uma terceira pessoa - na qual am-
bas as partes confiem - que possa levar e buscar seu filho
Horários de Visitação antes e depois das visitas. Se as visitas forem supervisio-
Geralmente, existe uma agenda de visitação. Um exemplo nadas, o pai ou a mãe pode deixar a criança no lugar da visita
de horário de visitação é: e ir embora antes que o outro chegue.
Escolha uma terceira pessoa para intermediar as co-
Visita em fins de semanas alternados, das 18h de sexta-
municações sobre as visitas
feira às 15h de domingo, e em fins de semana alternados, das
9h às 17h de sábado; e uma visita no meio da semana, de- Mesmo com o programa de visitação, haverá ocasiões em
pois da escola, das 15h às 18h de quarta-feira. que é preciso comunicar-se para falar sobre as visitas. Em
Isto é apenas um exemplo de horário de visitação. A sua situações de violência doméstica, geralmente é melhor que os
agenda de visitação deve ser baseada nas necessidades do pais não tenham que se comunicar diretamente. Uma boa
seu filho e no horário diário dos pais. maneira de evitar isto é escolhendo uma terceira pessoa com
a qual cada um dos pais possa entrar em contato se um deles
Visitação Razoável precisar mudar os planos de visitação. Isto permite que os
pais façam mudanças sem ter que estar em contato direto.
Se os pais conseguem se comunicar facilmente, às vezes
não necessitam de uma agenda de visitação. Em vez disso, Peça visitas supervisionadas
os pais deixam a visitação flexível. Nos acordos de visitação e
ordens judiciais isto é o que se chama de "visitação razoável." Geralmente é importante para a segurança da criança que
as visitas entre ela e um dos pais que abusou do outro sejam
Se a comunicação entre os pais não for boa é quase sem- supervisionadas. Isto acontece porque, em muitos processos
pre melhor ter uma agenda de visitação detalhada, de modo nos quais um dos pais abusou do outro, também abusou ou
que os pais não tenham que estar em contato constante para abusará da criança. Além disso, em muitas situações é possí-
tentar entrar em acordo sobre as visitas semanais. vel que a criança tenha ficado amedrontada ou traumatizada
ao presenciar o abuso sofrido por seu pai ou sua mãe, e se
Visitação Supervisionada
sinta insegura na presença do pai/mãe abusivo, a menos que
Em algumas situações, pode não ser seguro para a crian- alguma outra pessoa esteja presente.
ça ficar sozinha com um dos pais durante a visitação. Nestas Se o pai ou a mãe do seu filho não concordar com uma ou
situações, a visitação supervisionada pode ser organizada. A mais destas condições e você acreditar que elas são realmen-
visitação supervisionada significa que uma terceira pessoa - te necessárias para a sua segurança e a de seu filho, você
preferivelmente alguém que seja da escolha de ambos os pode pedir ao juiz que esses requisitos sejam cumpridos.
pais e, dentro do possível, alguém com quem a criança se
sinta confortável - fica com o pai ou com a mãe visitante du- Se o juiz decidir que um dos pais é abusivo, o tribunal de-
rante as visitas e certifica-se de que a criança está segura e ve garantir a segurança e o bem-estar da criança, bem como
de que o pai ou a mãe se comporta adequadamente. Geral- a segurança do pai ou da mãe abusada, na sentença de visi-
mente, o supervisor pode parar de participar das visitas se ele tação.
ou ela tem motivos para crer que a criança estará segura
durante as visitas. A lei diz que ao emitir uma sentença de visitação, no caso
de um pai/mãe abusivo, o tribunal pode considerar o seguin-
Há centros de visitação supervisionados e outras agências te:
que fornecem visitação supervisionada em Massachusetts.
1. ordenar que a visitação ocorra em um ambiente prote-
As visitas supervisionadas podem ser adequadas quando gido ou na presença de terceiros idôneos;
o pai ou a mãe visitantes tem problemas de abuso de álcool
ou de drogas, ou algum outro problema que indique que a 2. ordenar que a visitação seja supervisionada por tercei-
criança pode estar em perigo se ficar sozinha com um deles. ros idôneos, por um centro de visitação ou por uma agência;

Conhecimentos Específicos 127 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
3. ordenar o pai/mãe abusivo a participar e completar, pa- Visitação e pensão alimentícia dos filhos - existe uma
ra a satisfação do tribunal, um programa de tratamento para conexão?
agressores, autorizado como condição de visitação;
Como regra geral, os pagamentos de pensão alimentícia
4. ordenar o pai/mãe abusivo a abster-se da posse ou do aos filhos e os direitos de visitação não estão ligados. Uma
consumo de álcool ou de substâncias controladas, durante a pessoa que paga a pensão alimentícia não tem automatica-
visitação e por 24 horas antes da visita; mente o direito de visitar uma criança. Ao mesmo tempo, o
não pagamento da pensão alimentícia não anula automatica-
5. ordenar o pai/mãe abusivo a pagar os custos da visita- mente os direitos de visitação.
ção supervisionada;
6. proibir a visita de pernoite;
produzido por Massachusetts Law Reform Institute
7. requerer uma garantia do pai/mãe abusivo para o re-
torno e segurança da criança; A CRIANÇA E A SEPARAÇÃO DOS PAIS.
8. ordenar que haja uma investigação, ou a nomeação de Separação dos Pais
um guardião ou de um advogado para a criança;
O modo como cada uma se ajustará à separação, de-
9. impor qualquer outra circunstância julgada necessária pende diretamente de como os pais lidam com o fato.
para garantir a segurança e o bem-estar da criança, e a segu-
rança do pai/mãe abusado. Muito antes de ocorrer a separação física dos pais, ocorre
a separação emocional que, em muitos casos, leva a desen-
Como poderá haver visitação se pretendo pedir uma tendimentos, desencontros, quando não, às agressões físicas
ordem de proteção ou se já tiver uma? e à violência psicológica.
Se você pretende pedir uma ordem de proteção, ela pode A criança que presencia estas cenas sofre muito, pois tra-
ser designada para encaixar as suas necessidades de segu- ta-se das pessoas que mais ama e necessita. Até mesmo
rança e ainda permitir a visitação. Por exemplo, se você qui- bebês muito novos, embora não tendo compreensão da situa-
ser que seus filhos visitem ou entrem em contato com o pai ção, conseguem captar a tensão do ambiente familiar e "sa-
ou com a mãe, você pode pedir ao juiz encarregado do pro- ber" que algo está muito errado, expressando seus sentimen-
cesso de ordem de proteção para mandar que a parte "ne- tos através do choro e agitação, inclusive com alteração dos
nhum contato" da ordem se aplique à você, mas não aos seus batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial.
filhos.
Em todos os casos, mesmo percebendo a infelicidade dos
Se você tiver uma ordem de proteção contra o pai ou a pais, a separação é sempre um impacto muito doloroso e
mãe da sua criança e se você concordou, ou o juiz mandou, profundo, que deixa marcas.
que a criança visite o pai ou a mãe, VOCÊ PODE MANTER A
ORDEM DE PROTEÇÃO E AS VISITAS AINDA ASSIM PO- As crianças em idade pré-escolar parecem ser as mais
DEM OCORRER. Você pode manter todas as proteções que atingidas aos efeitos negativos da separação, porque seu
necessita na ordem judicial de proteção e fazer somente desenvolvimento cognitivo ainda não lhes permite compreen-
aquelas mudanças necessárias para permitir a visitação. der o que está acontecendo.
Você deve consultar um advogado ou uma assessora de
Assim, bebês até dois anos podem desenvolver atitudes
processos de violência doméstica para obter informações de
mais medrosas e certa regressão, enquanto crianças de qua-
como fazer isto. Se você precisa mudar a ordem de proteção
tro e cinco anos podem fantasiar a separação como temporá-
de modo que as visitas possam ocorrer, o juiz que ordenou a
ria, tal e qual quando brigam com seus amiguinhos e depois
visitação, ou o que concedeu a ordem de proteção, pode
fazem as pazes. Mas, a criança de cinco e seis anos, tende a
fazer essas mudanças. Pode ser que você precise dar entra-
se sentir culpada, como se tivesse feito ou pensado algo
da em um "pedido de modificação" da ordem judicial de
muito errado e por isso os pais brigaram e vão se separar.
proteção.
Desenvolve, então, um sentimento de responsabilidade pela
Quando um juiz encarregado de um processo de ordem reconciliação dos pais, muitas vezes apresentando atitudes
de proteção estrutura a ordem de modo que o pai/mãe abusi- de autopunição, como se merecesse sofrer por ter falhado.
vo possa ter contato com os filhos, isto NÃO é a mesma coisa
A criança em idade escolar tem compreensão melhor dos
do que conceder direitos de visitação ao pai/mãe abusivo. De
problemas paternos e das razões para a separação, embora
acordo com a lei, os juízes não devem conceder direitos de
muitas vezes sinta-se abandonada e com raiva deles. Em
visitação (isto é, direitos de visitação legalmente executáveis)
muitos casos, o rendimento escolar é prejudicado e surgem
a um réu que enfrenta um processo de ordem de proteção.
problemas de comportamento em casa e na escola, torna-se
Os direitos de visitação somente podem ser estabelecidos em
impulsiva, desrespeitando as regras familiares, ao mesmo
um processo de Direito de Família, tal como um processo de
tempo que demonstra maior dependência e ansiedade.
divórcio ou de guarda de filhos, ou um processo que envolva
a determinação da paternidade de filhos cujos pais não são Os conflitos conjugais e a separação colocam os pais num
casados. Os direitos de visitação somente podem ser estabe- tal estado de preocupação e perturbação, que fica difícil dar
lecidos na Vara de Família e Sucessões. assistência emocional aos filhos, agravando ainda mais o
desespero, a angústia e a insegurança deles.
Nenhuma visitação
O primeiro ano após a separação é o mais devastador e
Em algumas situações raras, pode ser do melhor interesse
crucial para todos. Seja qual for a figura parental que obteve a
da criança não ter nenhum contato com um dos pais. Um
custódia dos filhos, os problemas se acirram com muita inten-
exemplo é quando o pai ou a mãe abusou da criança e, mes-
sidade até aproximadamente o segundo ano quando, então,
mo em um acordo de visita supervisionada, resultaria traumá-
podem começar a declinar.
tico para a criança ter contato com este pai ou esta mãe.
Ordens que negam a um dos pais qualquer tipo de visitação É que com a separação, os pais encontram novos proble-
são raras, mas são emitidas quando necessárias para prote- mas e dificuldades ante a administração e adaptação da nova
ger a criança. vida. Geralmente decai o orçamento doméstico o que acarreta
mais mudanças significativas em todo o contexto familiar,
intensificando a frustração, mágoa e raiva. O filho sente falta

Conhecimentos Específicos 128 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
da presença da figura parental ausente, enquanto aquele que como ela fantasiou. Assegurá-la que, a despeito das brigas e
ficou com a custódia tende a ser mais frio e insensível com a desavenças, sempre a amarão.
criança, por vezes não impondo limites em seu comportamen-
to ou, ao contrário, castigando-a por qualquer motivo pela Um dado importantíssimo é que o pai ou a mãe que esti-
dificuldade de se comunicar com ela e lhe dar apoio. ver com a criança, seja por custódia ou durante as visitas,
evite desvalorizar o que está ausente, mantendo sempre
De um modo geral, as crianças podem ficar deprimidas, atitude de respeito e cordialidade, para que a criança possa
tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais manter um desenvolvimento mais adequado e maduro.
agressivos e rebeldes, insônia, pesadelos, alterações do
apetite, dificuldade de concentração e perda do interesse pela Quanto mais os pais tomarem consciência de que são
vida social. responsáveis pelo bem-estar físico e emocional de seus fi-
lhos, a despeito da separação, maiores as possibilidades de
Mas, se a separação é tão nociva para a criança, a manu- um futuro satisfatório para eles, pois as crianças dependem
tenção de uma relação infeliz, quando as figuras parentais dos pais e se formam através deles. Ana Maria Morateli da
apresentam hostilidade e agressão entre si, chegando a gerar Silva Rico
tensões quase insuportáveis, é muito mais prejudicial à saúde
física e mental da criança. Presenciando estas atitudes e A CRIANÇA E O ADOLESCENTE VITIMIZADOS.
comportamentos dos pais, aprende que os conflitos e proble- Infância e adolescência vitimizadas
mas devem ser resolvidos com agressividade e intolerância.
Assim, viver apenas com um dos pais, é a solução mais ade- Entre as mais de 100 mil denúncias encaminhadas pelo
quada e saudável. “Ligue 100”, o Disque Denúncia Nacional de Abuso e Explo-
ração Sexual contra Crianças e Adolescentes, no período de
A longo prazo, alguns filhos de pais separados podem tor-
maio de 2003 a julho de 2009, 31% delas eram de violência
nar-se mais ansiosos, com grande dificuldade em manter
sexual infantojuvenil. Esse tipo de violência cometida contra
relacionamentos amigáveis ou amorosos, por medo de serem
crianças e adolescentes engloba tanto as situações de abuso
traídos, magoados e abandonados.
como as de exploração sexual. Pode acontecer dentro ou fora
Muitas crianças, ao contrário, conseguem superar a perda das famílias, com ou sem uso da força. “Geralmente começa
do pai com quem não estão vivendo, a perda das rotinas com jogos de sedução que vão envolvendo a criança até o
familiares e suas tradições, e a segurança de se sentir ama- ponto em que ela se sente acuada e não sabe como sair, pois
das e cuidadas por ambos os pais. Apresentam, também, confunde carinho com sexo”, diz a psicóloga Dalka Ferreira,
maior capacidade adaptativa ante as mudanças que se fize- do Centro de Referência às Vítimas de Violência, do Instituto
ram necessárias. Sedes Sapientiae, em São Paulo.
O modo como cada uma se ajustará à separação, depen- Ao contrário do que se imagina, a ocorrência de abuso in-
de diretamente de como os pais lidam com o fato, como inte- cestuoso é bastante frequente, atinge todas as classes soci-
ragem entre si e com ela, antes e depois da separação. ais e, cercada por tabus, preconceitos e temores, se mantém
ainda muito encoberta. De acordo com dados do Centro de
Muitos pais deixam de informar seus filhos, pois acreditam Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes
que não vão entender por serem muito novos. Entretanto, a (Cecria), 62% das 202 mil vítimas atendidas entre maio de
criança de qualquer idade capta que uma mudança está ocor- 2003 e janeiro de 2010 eram do sexo feminino e, em 94% dos
rendo e percebe o clima cheio de tensão. Assim, usando uma casos, o abusador era alguém que desfrutava de convivência
linguagem adequada à idade de cada uma, ambos os pais com a criança, como familiares, amigos ou vizinhos.
devem informá-la da decisão tomada, sem entrar em detalhes
que poderiam confundi-la muito mais que ajudá-la, além do Na exploração sexual, por sua vez, crianças e adolescen-
quê, seria uma carga muito pesada para ela carregar num tes são vistos como mercadorias. Segundo a declaração
momento em que está tão necessitada de apoio emocional. aprovada no Congresso Mundial contra a Exploração Sexual
Comercial de Crianças e Adolescentes, realizado em 1996 na
As crianças também precisam saber que não causaram a Suécia, trata-se de “uma violação fundamental dos direitos
separação, para que se evite uma culpabilidade sem sentido infantojuvenis. Compreende o abuso sexual por adultos e a
e prejudicial. remuneração em espécie à criança, ao adolescente, a uma
Os pais devem explicar os arranjos da custódia para que terceira pessoa ou a várias.”
não se sintam abandonadas e poderem se reassegurar de Tal fenômeno pode ocorrer sob a forma de pornografia, tu-
que continuarão a receber seus cuidados e amor, mesmo rismo orientado para a exploração sexual infantojuvenil, tro-
daquele que se ausentará do lar. Devem encorajar seus filhos cas sexuais ou tráfico de meninas e meninos. E resulta de
a expressar seus sentimentos, sem julgamento e com com- uma complexa gama de fatores: a pobreza e a exclusão soci-
preensão, para que possam aprender a lidar com eles. Se a al, transformações no sistema de valores com repercussões
criança apresentar dificuldade em se expressar, os pais po- graves para as relações interpessoais, cultura do consumo,
dem ajudá-la, admitindo seus próprios sentimentos de triste- desigualdade de gênero, dependência psíquica em relação ao
za, raiva e confusão. aliciador etc. Estudos indicam uma estreita ligação entre vio-
Pais separados não precisam ser amigos, porém, devem lência doméstica e crianças e jovens que vivem em situação
manter atitudes de respeito e auto-controle quando em pre- de rua ou que caem nas redes de exploração sexual; muitos
sença dos filhos, principalmente as de apoio em questões que teriam abandonado seus lares em decorrência das agressões
se relacionam com a educação e disciplina. sofridas dentro de casa. Embora existam poucas estatísticas
a respeito, uma pesquisa do governo federal divulgada em
Finalizando, a criança tem necessidade de saber e de ser 2005 constatou que a exploração sexual infantojuvenil acon-
tranquilizada para que possa sentir, de modo especial, que tece em 937 municípios brasileiros.
pertence aos pais e que deve começar a pensar neles como
pessoas separadas. Os pais devem se expressar calmamente Para enfrentar a violência contra crianças e adolescentes,
para ajudá-la a acalmar sua angústia e medo. Explicar que os os especialistas afirmam que são fundamentais a conscienti-
adultos podem cometer erros como eles também cometeram, zação e o envolvimento de toda a sociedade em medidas
e que faz parte de seu crescimento um dia aceitar o fato de preventivas e de proteção aos direitos infantojuvenis, com
que são apenas seres humanos e, portanto, não são perfeitos apoio de políticas públicas eficientes.

Conhecimentos Específicos 129 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
http://www.childhood.org.br/infancia-e-adolescencia-  reforçar atitudes positivas da criança/adolescente;
vitimizadas
 incentivar a autoconfiança;
Prevenção à violência contra crianças e adolescentes
 dizer e permitir que seja diferente;
O que é?
 respeitar seu jeito de ser.
É tudo o que fazemos ou deixamos de fazer que pro-
voque dano físico, sexual e/ou psicológico à criança ou ao Há um bom tempo as crianças e os adolescentes eram
adolescente. tratados com pouca ou nenhuma consideração. Posterior-
mente, muitos confundiram a relação mais aberta e afetuo-
sa com falta de limites. Hoje em dia, há uma busca de
Exemplos:
equilíbrio, já que essas duas formas de tratar a crian-
 violência física: beliscões, cintadas, chineladas, pu- ça/adolescente não trouxeram resultados satisfatórios.
xões de orelhas, uso da força física ao tocar na criança ou
no adolescente; O que fazer:
 violência sexual: manipulação da genitália, explora-
ção sexual, ato sexual com ou sem penetração; Tratar a criança/adolescente como pessoa em condição
diferenciada de desenvolvimento. Ter claro, querendo ou
 violência psicológica: rejeição, desrespeito, depreci- não, que nós somos um modelo para a crian-
ação, rotulação, xingamento, cobrança e punições exage- ça/adolescente e que é preciso avaliar sempre nossa atua-
radas; ção. Saber que rigidez, autoritarismo, gritaria não têm nada
a ver com dar limites.
 negligência ou abandono: falha ou omissão em pro-
ver os cuidados, a atenção, o afeto e as necessidades bá- Abuso sexual de menor
sicas da criança ou do adolescente, como saúde e alimen-
tação. O abuso sexual de menores corresponde a qualquer ato
sexual abusivo praticado contra uma criança ou adolescente.
É uma forma de abuso infantil. Embora geralmente o
Indicações de que uma criança e/ou adolescente abusador seja uma pessoa adulta, pode acontecer também
possa estar sendo vítima de violência: de um adolescente abusar sexualmente de uma criança.
 lesões físicas; Num sentido estrito, o termo "abuso sexual" corresponde
ao ato sexual obtido por meio de violência, coação irresistível,
 doenças sexualmente transmissíveis (DST); chantagem, ou como resultado de alguma condição
 problemas de aprendizagem; debilitante ou que prejudique razoavelmente a consciência e o
discernimento, tal como o estado de sono, de excessiva
 comportamento muito agressivo ou apático; sonolência ou torpeza, ou o uso bebidas alcoólicas e/ou de
outras drogas, anestesia, hipnose, etc. No caso de sexo com
 comportamento extremamente tenso; crianças pré-púberes ou com adolescentes abaixo da idade
de consentimento (a qual varia conforme a legislação de cada
 afastamento, isolamento;
país), o abuso sexual é legalmente presumido,
 conhecimento sexual inapropriado para a idade; independentemente se houve ou não violência real.

 negar-se a voltar para casa; Num sentido mais amplo, embora de menor exatidão, o
termo "abuso sexual de menores" pode designar, também,
 ideias e/ou tentativas de suicídio; qualquer forma de exploração sexual de crianças e
adolescentes, incluindo o incentivo à prostituição, a
 autoflagelação; escravidão sexual, a migração forçada para fins sexuais, o
turismo sexual, o rufianismo e a pornografia infantil.
 fugas de casa;
Formas de abuso sexual
 choro sem causa aparente;
Existem duas formas de abuso sexual que os adultos
 hiperatividade; podem praticar contra as crianças e os adolescentes: com
contato físico ou sem contato físico. Nos dois casos, o adulto
 comportamento rebelde;
abusa do jovem para conseguir algum tipo de prazer ou
 desnutrição; satisfação interior.

 aparência descuidada e suja. Com contato físico


Violência sexual: forçar relações sexuais, usando violência
Atitudes que podem ajudar a criança ou o adoles-
física ou fazendo ameaças verbais.
cente vitimizado:
Exploração sexual de menores: pedir ou obrigar a criança
 não culpá-la; ou o jovem a participar de atos sexuais em troca de dinheiro
 mostrar que ela não está só; ou outra forma de pagamento.
Há também a carícia que envolve a criança como uma
 acreditar nela; brincadeira, se prolongando de um simples beijo a intenções
 deixar que ela fale sobre seus sentimentos; maiores.
Sem contato físico
 incentivar a procura de ajuda profissional;
Assédio: falar sobre sexo de forma exageradamente
 não criar expectativas que não sabe se poderão ser vulgar.
cumpridas;

Conhecimentos Específicos 130 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exibicionismo (ato obsceno): despir a roupa estatuto de confiança social (educadores, padres, pastores,
etc.)
Constrangimento: ficar de longe observando jovens ou
crianças sem roupa ou ficar olhando de maneira intimidatória. Ainda em relação ao perfil do abusador, é interessante
citar dados coletados na ong brasileira CECOVI
Pornografia infantil: tirar fotos ou filmar poses (www.cecovi.org.br):
pornográficas ou de sexo explícito.
Segundo análise feita em 1 169 casos de violência
Consequências doméstica atendidos no SOS Criança da ABRAPIA, entre
As consequências de uma violência sexual praticada janeiro de 1998 e junho de 1999, foram diagnosticados: 65%
contra crianças e adolescentes podem ser físicas, de violência física, 51% de violência psicológica, 49% de
psicológicas ou de comportamento. casos de negligência e 13% de abuso sexual. Em 93,5% dos
casos os agressores eram parentes da vítima (52% - mãe,
Físicas 27% - pai, 8% -padrasto/madrasta, 13% - outros parentes) e
Dor constante na vagina ou no ânus. em 6,5% os abusadores não são parentes (3% - vizinhos, 2%
- babás e outros responsáveis, 1,5% - instituições.
Corrimento vaginal.
Dos 13% de casos envolvendo abuso sexual a pesquisa
Inflamações e hemorragias. demonstrou que: a) A idade da vítima: 2 a 5 anos - 49%, 6 a
10 anos - 33% b) 80% das vítimas tinham sexo feminino c)
Gravidez precoce, colocando em risco a vida da criança
90% dos agressores eram do sexo masculino
ou adolescente.
O adulto que comete violência sexual sempre pede para a
Doenças sexualmente transmissíveis, como AIDS,
criança guardar segredo sobre o que aconteceu usando
hepatite B, etc.
diversas formas de pressão. É muito comum a criança se
Psicológicas sentir culpada e até merecedora da violência em si, haja vista
ela não ter estrutura mental suficiente para explicar tal ato
Sentimento de culpa cometido contra si. Aliado ao sentimento de culpa, a pressão
Sentimento de isolamento de ser diferente. psicológica exercida pelo perpetrador, o próprio laço de
afeição entre estes (não se esqueçam que normalmente o
Sentimento de estar "marcado" para o resto da vida. abuso ocorre entre familiares).
Depressão. Exploração sexual
Falta de amor próprio (baixa autoestima). A exploração sexual é o meio pelo qual o indivíduo
Medo indefinido permanente. obtém lucro financeiro por conta da prostituição de outra
pessoa, seja em troca de favores sexuais, incentivo à
Tentativa de suicídio. prostituição, turismo sexual, ou rufianismo.
Medo de sair na rua. Exploração Sexual Comercial de Crianças
Comportamento Exploração sexual comercial de crianças constitui uma
forma de coerção e violência contra crianças e adolescentes
Dificuldade de expressar o sentimento de raiva.
correspondendo a trabalho forçado e formas contemporâneas
Queda no rendimento escolar de escravidão.
Atitudes autodestrutivas: uso excessivo de álcool, de A declaração do Congresso Mundial contra a Exploração
drogas, disturbios alimentares (bulimia, anorexia, obesidade), Sexual Comercial de Crianças, realizada em Estocolmo em
etc. 1996, definiu Exploração Sexual como:
Distorção e aversão a relacionamento afetivo e sexual Abuso sexual por adultos e a remuneração em dinheiro ou
com o sexo oposto. em espécie à criança ou uma terceira pessoa ou pessoas. A
criança é tratada como um objeto sexual e como um objeto
Aumento do grau de provocação erótica. comercial.
Tendência ao abuso das relações sexuais. Inclui a prostituição de crianças: pornografia infantil, o
Regressão da linguagem e do comportamento. turismo sexual infantil e outras formas de sexo comercial onde
uma criança se engaja em atividades sexuais que têm
Agressividade contra a família. necessidades essenciais satisfeitas, tais como comida, abrigo
ou acesso à educação. Ele inclui as formas de sexo
Pessoas que cometem violência sexual
comercial, onde o abuso sexual de crianças não é
Na maioria das vezes que acontece um abuso sexual, o interrompido ou relatado por membros da família, devido aos
abusador é uma pessoa na qual possivelmente a criança benefícios obtidos pelo agregado familiar do agressor.
confia. Existe uma tendência das pessoas acharem que o Também inclui, potencialmente, casamentos arranjados com
molestador se enquadra na descrição de alguém que sofre de crianças com idade inferior a 18 anos, onde a criança não tem
distúrbios psicológicos (será pedófilo somente se possuir uma livremente consentido o casamento e onde a criança é
preferência sexual por crianças pré-púberes), um psicótico abusada sexualmente.
portanto, ou então num homossexual em geral; nada mais
enganoso. Pesquisas demonstram que o perfil da grande Formas de exploração sexual
maioria dos abusadores são homens heterossexuais e as A prostituição de crianças e adolescentes de idade inferior
vítimas são meninas. Segundo AZEVEDO e GUERRA (2000) a 18 anos, a pornografia infantil e (muitas vezes relacionados)
os agressores sexuais de crianças e adolescentes que sofrem venda e tráfico de crianças são muitas vezes consideradas
distúrbios psiquiátricos são uma minoria. São pessoas como crimes de violência contra crianças. Eles são
aparentemente "normais", com laços estreitos com a vítima. considerados como formas de economia de exploração
Pode ser uma pessoa da família, como pai, padrasto, avô, semelhante ao trabalho forçado ou escravidão. Tais crianças
primos, tios, alguém conhecido e supostamente de confiança, frequentemente sofrem danos irreparáveis à sua saúde física
como vizinhos, amigos dos pais, ou mesmo alguém com
Conhecimentos Específicos 131 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
e mental. Elas enfrentam a gravidez precoce e o risco de Embora seja impossível conhecer a verdadeira extensão
doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS. do problema, dada a sua natureza clandestina, a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), desenvolveu uma pesquisa
O tráfico de crianças às vezes se sobrepõem. Por um para a estimativa do ano 2003, foram 1,8 milhões de crianças
lado, as crianças que são traficadas são frequentemente exploradas na prostituição ou pornografia em todo o mundo.
vítimas de tráfico para fins lucrativos. No entanto, nem todas
as crianças traficadas são vítimas de tráfico para esses fins. A Pesquisa de Avaliação Rápida, desenvolvido pela OIT
Além disso, mesmo se algumas das crianças traficadas para Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil
outras formas de trabalho são posteriormente abusados (IPEC) e UNICEF , conta com entrevistas e, principalmente,
sexualmente no trabalho, isso não constitui necessariamente qualitativa e outras técnicas para fornecer uma imagem de
exploração sexual. Por outro lado, de acordo com a Proteção uma atividade específica em uma área geográfica limitada. É
de Vitimas de Trafico, a definição de formas graves de tráfico uma ferramenta muito útil para coletar informações sobre as
de pessoas inclui qualquer ato sexual comercial realizada por piores formas de trabalho infantil, como Exploração sexual
uma pessoa sob a idade de 18 anos. Isso significa que comercial Infantil.
qualquer menor que é comercialmente explorado
sexualmente é definida como uma vítima do tráfico. Também Conhecimentos gerais oferecidos a uma criança pode
faz parte, mas de forma distinta, abuso infantil, ou mesmo de diminuir a probabilidade da criança ser explorada na
abuso sexual infantil. Estupro de crianças, por exemplo, não prostituição ou pornografia. Atividades de sensibilização para
costumam constituir Exploração Sexual nem a violência mudar as atitudes sobre a prostituição infantil, e um sistema
doméstica. de vigilância para evitar que crianças sejam coagidas à
prostituição. "
Embora Exploração Sexual de Crianças seja considerado
trabalho infantil, e certamente uma das piores formas de Estatísticas
trabalho infantil, em termos de convenções internacionais, pesquisas anteriores indicam que entre 30 a 35 por cento
legislação, política e em termos programáticos, é muitas de todas as prostitutas do Mekong sub-região da Ásia estão
vezes tratada como uma forma de abuso ou crime. entre 12 e 17 anos de idade.
Causas Tailândia 's Health System Research Institute relata que
As causas são complexas e existem padrões diferentes as crianças na prostituição constituem 40% das prostitutas na
entre os países e regiões. Por exemplo, em algumas áreas, a Tailândia.
exploração sexual comercial de crianças está claramente United Nations Children's Fund A ( UNICEF ) e o Fundo
relacionada com estrangeiros de turismo sexual infantil , em de População das Nações Unidas ( UNFPA ) estima que 2
outros ele é associado com a demanda local. Na maioria dos milhões de crianças são exploradas na prostituição ou
países, as meninas representam 80 a 90% das vítimas, pornografia a cada ano. Estima-se que 12 mil nepaleses
embora em alguns lugares predominam os meninos. Como é crianças, principalmente meninas, são vítimas de tráfico para
o caso das outras piores formas de trabalho infantil, pobreza exploração sexual e comercial de cada ano, no Nepal ou para
extrema, a possibilidade de rendimentos relativamente bordéis na Índia e outros países. Cerca de 84% das meninas
elevados, de baixo valor atribuído à educação, a disfunção entrevistadas em prostituição na Tanzânia relatou ter sido
familiar, uma obrigação cultural para ajudar no sustento da espancada, estuprada ou torturados por policiais e sungu
família ou da necessidade de ganhar dinheiro para sungu (guardas da comunidade local). Pelo menos 60% não
simplesmente sobreviver são todos fatores que tornam as tinham lugar permanente para viver. Algumas dessas
crianças vulneráveis a Exploração Sexual. A fim de fazer com meninas começou como criança os trabalhadores domésticos
que uma criança sobreviva, são vendidas no comércio do . A UNICEF estima que existem 60 mil crianças prostitutas,
sexo para fornecer alimentos e abrigo e, em alguns casos o nas Filipinas, e muitos dos 200 prostíbulos no famoso
dinheiro para satisfazer o vício de um membro da família. Angeles City para crianças oferecem sexo.
Existem outros fatores não-econômicos que também levam as
crianças para exploração sexual comercial. As crianças que Em El Salvador , um terço das crianças exploradas
estão em maior risco de serem vítimas são aqueles que já sexualmente entre 14 e 17 anos são meninos. A idade média
sofreram abuso físico ou sexual. Um ambiente familiar de para entrar para a prostituição entre todas as crianças
pouca proteção, onde os cuidadores não se importam, estão entrevistadas foi de 13 anos. Eles trabalhavam em média,
ausentes ou quando existe um elevado nível de violência ou cinco dias por semana, embora quase 10% relataram que
consumo de álcool ou drogas, induz meninos e meninas a trabalhou sete dias por semana.
fugir de casa, tornando-se altamente suscetível a abusos. No Vietnã , a pobreza da família, a educação familiar
Discriminação por gênero e baixos níveis educacionais de baixa e disfunção familiar foram consideradas as principais
cuidadores também são fatores de risco. As crianças com causas para a EC. Dezasseis por cento das crianças
situação de extrema pobreza e famílias marginalizadas entrevistadas eram analfabetas, 38% tinham apenas o ensino
também são vítimas. de nível primário. Sessenta e seis por cento disseram que a
Do lado da procura, alguns fatores podem agravar o escola e as propinas foram além dos meios de suas famílias.
problema. Por exemplo, os turistas sexuais são uma fonte de No Sri Lanka , as crianças muitas vezes se tornam a presa
demanda para a prostituição. A presença de tropas militares de exploradores sexuais através de amigos e parentes. A
ou de grandes obras públicas também podem criar demanda. prevalência de meninos na prostituição aqui está fortemente
Preferências do cliente para as crianças, particularmente no relacionada ao turismo estrangeiro.
contexto do HIV / SIDA epidemia. Além disso, a expansão da
Internet tem facilitado o crescimento da pornografia infantil. No Brasil, a exploração sexual de crianças e adolescentes
é crime previsto no artigo 244-A do Estatuto da Criança e do
A experiência tem mostrado que certas características Adolescente. Quem cometer o crime está sujeito a pena de 4
sócio-econômicas, tais como densidade populacional, a 10 anos de reclusão, além da multa.
concentração de animação noturna (bares e casas noturnas)
e elevados níveis de desemprego, circulação de pessoas, e Pornografia infantil
acesso a estradas, portos ou fronteiras também estão
Aviso em página encerrada por pornografia infantil durante
associados à Exploração Infantil.
a operação "Protect Our Children"
Prevalência

Conhecimentos Específicos 132 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A pornografia infantil é uma forma ilegal de pornografia 19% incluía bebês e crianças até 2 anos, 39% incluía crianças
que utiliza crianças pré-púberes, ou, num sentido mais amplo, de 3 a 5 anos, e 83% incluía crianças na faixa etária dos 6
de crianças e adolescentes menores de idade. O termo aos 12 anos.
"infantil" é definido neste caso de acordo com as leis de cada
país. Coalização de empresas contra a pornografia infantil

Em relação à sua abrangência, as Nações Unidas definem Nos Estados Unidos, desde 2006 uma coalização de
pornografia infantil como "qualquer representação, por empresas se formou para combater a pornografia infantil. A
quaisquer meios, de uma criança em atividades sexuais iniciativa, chamada The Financial Coalition Against Child
explícitas reais ou simuladas, ou qualquer representação das Pornography, inclui administradoras de cartões de crédito,
partes sexuais de uma criança para propósitos principalmente bancos e empresas virtuais, que trabalham em conjunto com
sexuais" (Protocolo Opcional à Convenção dos Direitos da as autoridades e o Centro Nacional para Crianças Exploradas
Criança sobre o Tráfico de Crianças, a Prostituição Infantil e a e Desaparecidas. Numa operação em 2004, com ajuda da
Pornografia Infantil – Artigo 2º, "c")(2002) Visa, Mastercard e banco Morgan Stanley, uma rede de
pornografia infantil da Bielorrússia que faturava um milhão de
A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da dólares por mês foi desbaratada e 1400 pessoas foram
Criança (1990) determina que os países membros devem presas. A coalização foi formada depois que o Senador
tomar medidas para impedir "a exploração do uso de crianças americano Richard Shelby, do Comitê de Bancos do Senado,
em espetáculos ou materiais pornográficos" (artigo 34, "c"). apurou que parte do dinheiro obtido com a pornografia infantil
terminava nas mãos de grupos ligados ao crime organizado,
Relação entre pornografia infantil e abuso sexual infantil como a máfia russa.
O Grupo de Trabalho da Interpol para Crimes contra Definições e terminologia
Menores relaciona diretamente a pornografia infantil com o
abuso sexual infantil, caracterizando a pornografia infantil O que é infantil
como "consequência da exploração ou abuso sexual cometido
contra uma criança". Neste caso, a pornografia infantil é Na língua portuguesa, a palavra "infantil" – assim como a
definida como "qualquer meio de retratar ou promover o palavra "criança" – possui dupla significação, podendo se
abuso sexual de uma criança, incluindo meios impressos ou referir apenas a crianças até a puberdade (crianças
de áudio, centrados nos atos sexuais ou nos órgãos genitais propriamente ditas) ou, alternativamente, a crianças num
das crianças". sentido mais amplo, englobando assim crianças e
adolescentes abaixo da idade da maioridade.
Entretanto, a legislação da maioria dos países classifica a
pornografia infantil de forma mais abrangente, incluindo Desta forma, a expressão "pornografia infantil" pode ser
também as imagens de relações sexuais legalmente não usada tanto no sentido estrito do termo, como no seu sentido
mais amplo. A variação semântica "pornografia infanto-
abusivas, como as relações sexuais consentidas com
adolescentes acima da idade de consentimento ou com juvenil", de uso menos frequente, refere-se coletivamente a
menores emancipados. crianças e adolescentes.

Aspectos sociais O que é pornografia

A indústria da pornografia infantil A definição exata de pornografia – e por extensão de


pornografia infantil – é controversa, englobando geralmente
Com as novas tecnologias, a pornografia infantil se filmes ou fotografias com cenas de sexo explícito e, ainda,
transformou numa indústria multibilionária e está entre os dependendo do caso, algumas formas de nudez com
negócios que mais crescem na Internet. Através do uso de conotação intencionalmente erótica. Alguns autores, como a
câmeras digitais e webcams, a produção de pornografia brasileira Eliane Robert Moraes, crítica literária e professora
infantil se tornou mais fácil e barata, enquanto sua distribuição de Estética e Literatura na PUC-SP, estudam a distinção
a um grande número de usuários foi facilitada pela Internet, entre erotismo e pornografia. Para Eliane, o senso comum
inclusive pela possibilidade do uso de cartão de crédito para a nos diz que "o erotismo só sugere, enquanto a pornografia
compra do material. mostra tudo".
Dados e estatísticas Obras de arte como estátuas, esculturas clássicas,
renascentistas ou hindus, mostrando a nudez, quase sempre
Por ser uma atividade ilegal e dinâmica, as estatísticas são excluídas da definição legal de pornografia, assim como
sobre pornografia infantil podem divergir conforme a fonte e o pinturas, gravuras e peças publicitárias apresentando uma
ano de divulgação. Segundo estatística da Internet Filter nudez não apelativa.
Review publicada em 2003, há no mundo cerca de 100 mil
websites mostrando pornografia infantil ilegal e gerando um Desenhos de todo gênero, incluindo os quadrinhos
negócio de 3000 milhões de dólares. Por outro lado, japoneses conhecidos como mangás e os hentais (um tipo de
reportagem de 2006 da revista Information Week revela que a mangá de conotação erótica), mesmo quando apresentam
pornografia infantil, espalhada por cerca de 250 mil websites, personagens que podem lembrar crianças e/ou adolescentes,
gera um movimento anual de 20000 milhões de dólares que geralmente não são considerados pornografia infantil e, tanto
poderá subir para 30000 milhões em 5 anos. no Japão como na maioria dos países ocidentais – inclusive
no Brasil – são vendidos em bancas de jornais. Muitas vezes,
Exposição à pornografia – Ainda de acordo com a
no entanto (como no caso do Brasil), os hentai têm sua venda
Internet Filter Review, a idade média em que uma criança é proibida para menores de 18 anos.
exposta à pornografia em geral (inclusive adulta) é aos 11
anos de idade. Os números também revelam que cerca de Status legal
90% das crianças e adolescentes com acesso à Internet
tiveram acesso à pornografia enquanto faziam seus deveres Brasil
de casa. No Brasil, é crime "apresentar, produzir, vender, fornecer,
Divisão por faixa etária – Segundo pesquisa do Centro divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação,
Nacional dos EUA para Crianças Exploradas e Desaparecidas inclusive rede mundial de computadores ou internet,
(NCMEC), de todas as apreensões de material pornográfico fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo
infantil efetuadas durante um ano, de 2000 a 2001, nos EUA, explícito envolvendo criança ou adolescente" (Artigo 241 do

Conhecimentos Específicos 133 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Estatuto da Criança e do Adolescente, descrito na Lei nº violência psicológica — quando envolve agressão verbal,
8.069/90). Em novembro de 2003, a abrangência da lei ameaças, gestos e posturas agressivas, juridicamente
aumentou, para incluir também a divulgação de links para produzindo danos morais; e violência sócio-econômica,
endereços contendo pornografia infantil como crime de igual quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus
gravidade. O Ministério Público do país mantém parceria com recursos econômicos. Também alguns consideram violência
a ONG SaferNet que recebe denúncias de crimes contra os doméstica o abandono e a negligência quanto a crianças,
Direitos Humanos na Internet e mantém o sítio SaferNet, que parceiros ou idosos. Enquadradas na tipologia proposta por
visa a denúncia anônima de casos suspeitos de pornografia Dahlberg; Krug, na categoria interpessoais, subdividindo-se
infantil na rede. quanto a natureza Física, Sexual, Psicológica ou de Privação
e abandono. Afetando ainda a vida doméstica pode-se incluir
No país, a simples posse de pornografia infantil é crime da categoria autodirigida o comportamento suicida
devido à alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente especialmente o suicídio ampliado (associado ao homicídio
que ocorreu no ano de 2008. Entretanto, a posse involuntária de familiares) e de comportamentos de auto-abuso
pode ocorrer a partir do momento em que, sem o especialmente se consideramos o contexto de causalidade. É
conhecimento do usuário, por meio de vírus do tipo "cavalo de mais frequente o uso do termo "violência doméstica" para
Troia" (que pode instalar arquivos indesejados em indicar a violência contra parceiros, contra a esposa, contra o
computadores alheios), material com pornografia acabe marido e filhos. A expressão substitui outras como "violência
sendo baixado no computador. A simples navegação em contra a mulher". Também existem as expressões "violência
páginas da Internet contendo pornografia infantil já constitui no relacionamento", "violência conjugal" e "violência intra-
crime pela atual legislação brasileira. familiar".
Divulgação e fornecimento de links ou endereços de Note que o poder num relacionamento envolve geralmente
páginas (URLs) a terceiros a percepção mútua e expectativas de reação de ambas as
A divulgação de qualquer meio de acesso a material partes calcada nos preconceitos e/ou experiências vividas.
pornográfico infantil, incluindo links (ligações) para imagens Uma pessoa pode se considerar como subjugada no
ou endereços de páginas com pornografia infantil, assim relacionamento, enquanto que um observador menos
como o simples fornecimento desse meio de acesso a envolvido pode discordar disso.
terceiros (pessoalmente ou por e-mail, por exemplo) constitui
crime equivalente, com pena de reclusão de 2 a 6 anos (ECA,
artigo 241, § 1º, III, segundo a nova redação dada pela Lei
10.764, de 12/11/2003).
Algumas comunidades do sítio de relacionamentos Orkut,
alegadamente voltadas para o combate ao abuso sexual e à
pornografia infantis na Internet, permitiam a postagem
(afixação pública na Internet) de links ou endereços de
páginas a título de denúncia, constituindo também esta
divulgação um crime. Alertadas, algumas delas passaram a
coibir esta prática.
Meios e serviços de armazenamento
O oferecimento de meios e serviços para armazenamento
de imagens de pornografia infantil também constitui crime (art.
241, § 1º, II), com pena de reclusão de 2 a 6 anos, e multa.
Nesta categoria se enquadram provedores de Internet,
serviços profissionais de armazenamento de arquivos,
pessoas responsáveis por páginas virtuais, e os donos Mulher no hospital depois que o marido dela a espancou
(gerentes) de comunidades virtuais, entre outros. Muitos casos de violência doméstica encontram-se
Produção artística associados ao consumo de álcool e drogas, pois seu
consumo pode tornar a pessoa mais irritável e agressiva
No Brasil, a produção artística de cenas de pornografia ou especialmente nas crises de abstinência. Nesses casos o
sexo explícito, envolvendo a participação de crianças ou agressor pode apresentar inclusive um comportamento
adolescentes, contracenando entre si ou com adultos, seja absolutamente normal e até mesmo "amável" enquanto
para cinema, teatro, televisão ou atividade fotográfica, é sóbrio, o que pode dificultar a decisão da parceiro em
considerada crime (art. 240 do ECA), implicando em reclusão denunciá-lo.
de 2 a 6 anos, e multa. O crime é aplicado para quem produz,
dirige ou contracena com a criança ou adolescente (art. 240, Violência e as doenças transmissíveis são as principais
§ 1º). causas de morte prematura na humanidade desde tempos
imemoriais, com os avanços da medicina, disponibilidade de
Violência doméstica água potável e melhorias da urbanização a redução das
Violência doméstica é a violência, explícita ou velada, doenças infecciosas e parasitárias, tem voltado o foco da
literalmente praticada dentro de casa ou no âmbito familiar, saúde pública para a ocorrência da violência. Contudo como
entre indivíduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, observa Minayo e Souza este é um fenômeno que requer a
sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos, colaboração interdisciplinar e ação multiprofissional, sem
irmãos etc. Inclui diversas práticas, como a violência e o invalidar o papel da epidemiologia para o dimensionamento e
abuso sexual contra as crianças, maus-tratos contra idosos, e compreensão do problema alerta para os riscos de
violência contra a mulher e contra o homem geralmente nos reducionismo e necessidade de uma ação pública.
processos de separação litigiosa além da violência sexual Estatisticamente a violência contra a mulher é muito maior
contra o parceiro. do que a contra o homem. Um estudo realizado em São Paulo
Pode ser dividida em violência física — quando envolve encontrou-se quanto à relação autor-vítima, que 1.496
agressão direta, contra pessoas queridas do agredido ou (81,1%) agressões ocorreram entre casais, 213 (11,6%) entre
destruição de objetos e pertences do mesmo (patrimonial); pais/responsáveis e filhos, e 135 (7,3%) entre outros

Conhecimentos Específicos 134 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
familiares. Esse mesmo estudo referindo-se acerca dos notificação compulsória, no território nacional, do caso de
motivos da agressão, os chamados “desentendimentos violência contra a mulher que for atendida em serviços de
domésticos” que se referem às discussões ligadas à saúde públicos ou privados.
convivência entre vítima e agressor (educação dos filhos;
limpeza e organização da casa; divergência quanto à Além das dificuldades de produzir informações fidedignas
distribuição das tarefas domésticas) prevaleceram em todos da amplitude desses agravos face a natureza burocrática dos
os grupos, fato compreensível se for considerado que o lar foi sistemas de informação e cultura de omitir tais agravos
o local de maior ocorrência das agressões. Para muitos vergonha ou descrédito nas instituições públicas por parte das
autores, são os fatos corriqueiros e banais os responsáveis vítimas a complexidade do aparelho de Estado ou setores da
pela conversão de agressividade em agressão. Complementa administração publica onde se insere essa assistência resulta
ainda que o sentimento de posse do homem em relação à tanto na assistência inadequada a estas como no controle
mulher e filhos, bem como a impunidade, são fatores que social do fenômeno violência ou seja a prevenção destas
generalizam a violência. ocorrências e punição dos agressores.

Há quem afirme que em geral os homens que batem nas Para se ter uma ideia da complexidade do fenômeno
mulheres o fazem entre quatro paredes, para que não sejam basta examinarmos a dimensão da rede de instituições
vistos por parentes, amigos, familiares e colegas do trabalho. envolvidas as Unidades de Saúde do SUS (Pronto
A cultura popular tanto propõe a proteção das mulheres (em Atendimento, Setores de Emergência e da Assistência
mulher não se bate nem com uma flor) como estimula a Hospitalar; Serviços de Saúde Mental) o CRAS Centro de
agressão contra as mulheres (mulher gosta de apanhar) Referência de Assistência Social do SUAS – (Sistema Único
chegando a aceitar o homicídio destas em casos de adultério, de Assistência Social); o Ministério Público, o Conselho
em defesa da honra. Outra suposição é que a maioria dos Tutelar, o órgão responsável em fiscalizar se os direitos
casos de violência doméstica são classes financeiras mais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o
baixas, a classe média e a alta também tem casos, mas as Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
mulheres denunciam menos por vergonha e medo de se que administra o Fundo para Infância e Adolescência, a
exporem e a sua família. Segundo Dias o fenômeno ocorre Secretarias de governo (Secretarias de Ação Social, da
em todas as classes porém mais visíveis entre os indivíduos Mulher, etc), Delegacia da Mulher, Vara de Família e Juizado
de Menores etc. A noção rede de serviços propõem a
com fracos recursos econômicos.
integração dessas instituições contudo as modificações
A violência praticada contra o homem também existe, mas institucionais envolvem determinações de natureza política e
o homem tende a esconder mais por vergonha. Pode ter cultural ainda inteiramente compreendidas ou controláveis.
como agente tanto a própria mulher quanto parentes ou
O Fim do Silêncio na Violência Familiar
amigos, convencidos a espancar ou humilhar o companheiro.
Também existem casos em que o homem é pego de Falando mais especificamente de famílias que em sua di-
surpresa, por exemplo, enquanto dorme. Analisando os nâmica incluem a violência-física, sexual ou psicológica, ob-
denominados crimes passionais a partir de notícias serva-se que frequentemente há uma cristalização em relação
publicadas em jornais Noronha e Daltro identificaram que aos lugares de quem foi vitimizado é o agente da agressão.
estes representam 8,7% dos crimes noticiados e que destes Esses lugares podem permanecer ocupados pelas mesmas
68% (51/75) o agressor era do sexo masculino (companheiro, pessoas por anos seguidos, mas também é como se pudes-
ex-companheiro, noivo ou namorado) nos crimes onde a sem ser compartilhados em alguns momentos ou em determi-
mulher é a agressora ressalta-se a circunstância de ser o nadas situações, confundindo o observador em relação a
resultado de uma série de agressões onde a mesma foi quem está sendo o agente da agressão ou o vitimizado. Isso
vítima. pode ser visto quando uma mãe, em vez de usar a sua auto-
Gênero ridade para resolverem situação de conflito ou colocar um
limite para seu filho, deixa para o pai resolver a situação
É impossível discutir a violência doméstica sem discutir os quando ele chega do trabalho, contando-lhe as coisas terrí-
papéis de gênero, e se eles têm ou não têm impacto nessa veis que criança ou o adolescente fez.
violência. Algumas vezes a discussão de gênero pode
encobrir qualquer outro tópico, em razão do grau de emoção Nesse momento, ela delega ao companheiro a tarefa de
que lhe é inerente. impor regras ou resolver o problema. Como isso acontece
com a violência, fica caracterizado que ele é membro violento
Quando os mulheres passaram a reclamar por seus da família, e ela e os filhos, as pessoas vitimizadas.
direitos, maior atenção passou a ser dada com relação à
violência doméstica, e hoje o movimento feminista tem como Neste ponto, pode-se questionar por que essa mãe agiu
uma de suas principais metas a luta para eliminar esse tipo de assim, já sabendo que o companheiro resolve as situações
violência. O primeiro abrigo para mulheres violentadas foi com violência.
fundado por Erin Pizzey (1939), nas proximidades de Inicialmente, pode-se pensar que essa família conseguiu
Londres, Inglaterra. Isso aconteceu na década de 1960. um “equilíbrio”, dessa forma ainda que precário e sofrido para
Pizzey fez certas críticas a linhas do movimento feminista, todos em que o membro é violento, embora muitas vezes
afirmando que a violência doméstica nada tinha a ver com o possa estar carregando e expressando a violência familiar.
patriarcado, sendo praticada contra vítimas vulneráveis
independentemente do sexo... Na terapia familiar é frequente, durante o processo, ocor-
rer uma transferência de violência.
Estratégias de controle
Pode-se iniciar com uma crise tendo certa configuração e
Como resposta imediata, além do atendimento adequado ao longo do processo nota-se que na crise seguinte outro
à vítimas de violência tanto nos aspectos físicos como membro dessa família passa a ser o protagonista da violên-
psicossociais, urge reconhecer a demanda nos termos cia.
epidemiológicos que se apresenta. Com essa intenção vem
se estabelecendo no Brasil. O sistema de notificação de Assim a tarefa do profissional não é apenas identificar
notificação/investigação individual da violência doméstica, quem executa a violência acreditando que tratá-lo individual-
sexual e/ou outras violências através das secretarias mente é a única intervenção necessária, mas entender que
estaduais e municipais de saúde após promulgação da lei nº está diante de uma família com uma dinâmica que inclui a
10778, de 24 de novembro de 2003 que estabeleceu a violência em suas relações; estando ainda ciente de que,

Conhecimentos Específicos 135 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
quando a pessoa que foi vitimizada ou o agente da agressão são apenas o resultado de uma oposição de forças, isto é, de
é retirado da família, é provável que o outro membro passe a uma violência". O pensamento agostiniano reinou por muito
ocupar seu lugar, casso essa dinâmica não seja percebida e tempo na prática pedagógica e, constantemente retomado até
tratada. o fim do século XVII, manteve, não importa o que se diga,
uma atmosfera de rigidez nas famílias e nas novas escolas.
Tentando ainda refletir sobre o motivo de uma pessoa ou Portanto, por que pais maltratam filhos? Eu diria: antes de
uma família possuírem uma dinâmica que incluí a violência tudo por hábito - culturalmente aceito há séculos. É comum
em seu relacionamento, além de considerar que este é um pais afirmarem que apanharam de seus pais e são felizes. A
fenômeno multicausal (experiência de socialização; caracte- eles dizemos que as coisas mudaram e que, hoje, devemos
rísticas patológicas; fatores culturais, sociais e políticos; ca- buscar outras formas de educar os filhos. Educá-los e estabe-
racterísticas particulares dos pais e/ou filhos), é necessário lecer limites, com segurança, com autoridade, mas sem auto-
relacionar alguns aspectos que contribuem para a compreen- ritarismo, com firmeza, mas com carinho e afeto. Nunca com
são deste fenômeno. Conceição Veras Padilha castigo físico. A violência física contra crianças é sempre uma
Perguntas e respostas sobre violência contra crianças covardia. O maltrato, em qualquer forma, é sempre um abuso
do poder do mais forte contra o mais fraco. Afinal, a criança é
Nos últimos 25 anos fiz inúmeras palestras e entrevistas frágil, em desenvolvimento, e totalmente dependente física e
para a mídia. As perguntas mais frequentes, feitas nestas afetivamente dos seus pais. Nesse sentido, acredito que a
ocasiões, são resumidas e reproduzidas, abaixo, junto com as palmada se insira como uma forma de reconhecimento da
respostas dadas. Minha expectativa é que esta seção possa insegurança, da fraqueza, da incompetência, dos pais para
fornecer subsídios para todos aqueles que atuam na defesa educar seus filhos, necessitando usar a força física. Não po-
dos direitos de crianças e adolescentes. demos esquecer também do modelo de violência que transmi-
Lauro Monteiro timos e perpetuamos nas relações em família, quando estabe-
lecemos limites com violência. Os filhos aprendem a solução
Editor de conflitos pela força - e tenderão a reproduzir esse modelo
não só junto às suas famílias, mas em todas as relações
Geral
interpessoais, na rua ou no trabalho. Inúmeros fatores ajudam
Por que pais maltratam filhos? a precipitar a violência de pais contra filhos: o alcoolismo e o
uso de outras drogas, a miséria, o desemprego, a baixa auto-
Ao longo dos séculos, e até há bem poucos anos, as cri- estima, problemas psicológicos e psiquiátricos. Nesse enten-
anças eram consideradas seres de menor importância. Era de dimento, achamos que pais que maltratam seus filhos devem
aceitação comum na sociedade o abandono, a negligência, o ser orientados sempre e tratados e punidos, se necessário.
sacrifício e a violência contra crianças, chegando ao filicídio,
declarado ou velado, que levava as taxas de mortalidade Como e por que ocorre o abuso sexual?
infantil, na França do século XVIII, a níveis absurdos, inacre-
O abuso sexual é frequente e ocorre em todas as classes
ditáveis, de sempre mais de 25% das crianças nascidas vivas.
sociais e estratos econômicos, em todos os países do mundo,
Hoje, em muitos países, para cada mil crianças nascidas
bem como as outras formas de maus-tratos, o físico, o psico-
vivas, morrem menos de dez, antes de um ano de vida. Se-
lógico e a negligência. O abusador sexual, ou seja, aquele
gundo Elisabeth Badinter, em Um amor conquistado - O mito
que se utiliza de uma criança ou adolescente para sua satis-
do amor materno, na França daquela época raramente uma
fação sexual, é, antes de tudo, um doente. À sociedade, po-
criança era amamentada ao seio da mãe. Morriam como
rém, aparenta frequentemente ser um indivíduo normal. O
moscas. Cerca de 2/3 delas morriam junto às amas de leite -
abuso sexual intrafamiliar inicia-se geralmente muito cedo,
miseráveis e mercenárias - contratadas pela família e nas
quando a criança tem cerca de cinco anos, e é um ato pro-
casas das quais ficavam, em média, quatro anos, quando
gressivo, um misto de carinho e afagos, com ameaças - não
sobreviviam. Nos asilos de Paris, mais de 84% das crianças
conte nada à mamãe, você é a filha de que mais gosto, você
abandonadas morriam antes de completarem um ano de vida.
é minha preferida, ou, não conte para ninguém, é um segredo
Ainda no século XIX era comum a roda dos expostos nos
nosso, ou, ainda, se falar para sua mãe, ela vai te castigar e
asilos - no excelente Abrigo Romão Duarte, no Rio, ainda
botar você na rua. Com medo e remorso, mas também com
existe uma peça dessas em exposição -, o abandono dos
prazer, a criança vai aceitando a relação com o pai agressor.
filhos era uma rotina aceita. Mas foi a partir do final desse
Sim, porque na maioria das vezes, o abuso sexual é praticado
século que a criança, até então estorvo inútil - porque nada
pelo pai biológico, contra a filha - e às vezes contra o filho. É
produzia -, passou a ser valorizada, sob a óptica de que deve-
uma situação patológica de toda a família. Progressiva, pode
ria sobreviver para ser tornar adulto produtivo. A criança pas-
chegar, na adolescência, à penetração vaginal e à gravidez.
sou a ser protegida por interesses, antes de tudo econômicos
Raramente é acompanhada de violência física, ou deixa mar-
e políticos, a partir da Revolução Industrial especialmente em
cas evidentes. Contudo, as consequências para a vida social
fins do século XVIII. As sociedades protetoras da infância
e sexual da criança serão sérias. O abuso sexual intrafamiliar
surgiram na Europa entre 1865 e 1870, e eram mais recentes,
é diferente da exploração sexual de crianças e adolescentes,
e menos representativas, do que a Sociedade Protetora dos
situação em que o comércio está envolvido. E é sempre um
Animais. A palavra pediatria só surgiu em 1872. De acordo
ato de criminosos contra crianças ou adolescentes, que não
com Elisabeth Badinter, os médicos, então, não tratavam as
têm outra opção. Frequentemente o abusador sexual de cri-
crianças. Achavam que isso era tarefa das mulheres - ou seja,
anças e adolescentes é um pedófilo. A pedofilia é um distúr-
das mães e amas, porque não existiam médicas. Em resumo,
bio do desenvolvimento psicológico e sexual, que leva indiví-
apesar de ainda não respeitada na sua individualidade, a
duos, aparentemente normais, a buscarem de forma compul-
criança começou a ser de alguma forma protegida há pouco
siva e obsessiva o prazer sexual com crianças e adolescen-
mais de cem anos. Mas foi só no início do século XX, com
tes. As consequências do abuso sexual para crianças e ado-
Freud, que a criança passou a ser entendida no seu desen-
lescentes são graves, às vezes com repercussões para toda a
volvimento psicológico. O castigo físico como método peda-
vida. O pedófilo deve portanto ser excluído do convívio social,
gógico, porém, secularmente pregado até por filósofos da
enquanto é submetido a tratamento. As vítimas devem ser
grandeza de um Santo Agostinho, continuou até nossos dias.
apoiadas pela família e por profissionais especializados. O
Ainda de acordo com Elisabeth Badinter, Santo Agostinho
primeiro passo para combater o abuso sexual é a sociedade
justifica todas as ameaças, as varas, as palmatórias. "Como
ser informada sobre a sua frequência, crianças serem preco-
retificamos a árvore nova com uma estaca que opõe sua força
cemente informadas sobre seu próprio corpo e se o abuso
à força contrária da planta, a correção e a bondade humanas
sexual ocorrer, nosso conselho para os pais é: "acredite no

Conhecimentos Específicos 136 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
que lhe diz seu filho, por mais absurdo que lhe pareça". A tão frequente quanto nos Estados Unidos ou em qualquer
auto-estima preservada e confiança nos pais, podem impedir país do mundo.
a maioria das situações de abuso sexual.
Didaticamente, quais e como são as formas mais co-
E os maus-tratos psicológicos? muns de maus-tratos?
É frequente entre todos nós. Creio que todos, de alguma São formas de maus-tratos: Físicos - uso de força física
forma, em algum dia, maltratamos psicologicamente nossos de forma intencional, não acidental, ou os atos de omissão
filhos. A frase que usamos para divulgação no rádio resume intencionais, não-acidentais, praticados por parte dos pais ou
bem: "não deixa marca aparente, mas marca por toda a vida." responsáveis pela criança ou pelo adolescente, com o objeti-
O que melhor define os maus-tratos psicológicos são as humi- vo de ferir, danificar ou destruir esta criança ou o adolescente,
lhações, discriminações, ofensas feitas pelos próprios pais. deixando ou não marcas evidentes. Psicológicos - rejeição,
Um exemplo que vi, algumas vezes, inclusive no meu consul- depreciação, discriminação, desrespeito, utilização da criança
tório, é de casais que têm três filhos. A mãe se identifica com como objeto para atender a necessidades psicológicas de
um, o pai com outro, e um sobra. É a síndrome do patinho adultos. Pela sutileza do ato e pela falta de evidências imedia-
feio. Coitada dessa criança, a discriminada, a menos protegi- tas, este tipo de violência é um dos mais difíceis de caracteri-
da e cuidada dentro de uma família. zar e conceituar, apesar de extremamente frequente. Cobran-
ças e punições exageradas são formas de maus-tratos psico-
O que é considerado negligência?
lógicos que podem trazer graves danos ao desenvolvimento
Negligência é o ato de omissão do responsável pela crian- psicológico, físico, sexual e social da criança. Abuso sexual -
ça ou pelo adolescente em prover as necessidades básicas situação em que criança ou adolescente é usado para gratifi-
para seu desenvolvimento. Por isso, a Abrapia procura infor- cação sexual de adulto ou adolescente mais velho, baseado
mar a população, de todas as maneiras, para que ela se em uma relação de poder. Inclui manipulação da genitália,
conscientize, por exemplo, que uma criança deixada só, em mama ou ânus, exploração sexual, voyeurismo, pornografia e
casa, fica em situação de risco, podendo ingerir medicamen- exibicionismo - incluindo telefonemas eróticos - e o ato sexual
tos, água sanitária, tomar choques elétricos, queimar-se no com ou sem penetração, com ou sem violência. Síndrome de
fogão, cortar-se ou até cair de uma janela. Também são Munchausen - situações em que pais, com objetivos de aufe-
omissos os pais que não alimentam adequadamente seus rir lucro ou ter alguma outra vantagem, simulam em seus
filhos, que não cuidam da higiene ou do calendário das vaci- filhos, de forma habilidosa, ardilosa e verossímil, sinais e
nações, ou não os matriculam na escola. Lembramos que o sintomas de doenças. Nesses casos, levam essas crianças a
Governo também é negligente quando não proporciona aos hospitais e, frequentemente, elas são submetidas aos mais
pais condições mínimas de sobrevivência. Acidentes, por complexos exames para buscar o diagnóstico. Exemplifico
definição, são situações casuais, eventuais, imprevisíveis. com um caso que vivi no Hospital Souza Aguiar. A mãe afir-
Traumas com graves consequências ocorrem frequentemente mava que a filha chorava lágrimas com sangue - e nada se
e são considerados acidentais. Na realidade, na maioria das encontrava nos exames. Foi levada para outros hospitais
vezes, se a situação fosse investigada, caracterizaria negli- especializados, com a mãe sempre repetindo que a criança
gência dos próprios pais. estava com sangue nos olhos. E denunciava que não conse-
guíamos resolver o problema. Certa vez, porém, vimos que,
Quem mais maltrata seus filhos, o homem ou a mu- durante a noite, a mãe furava o próprio dedo e colocava o
lher? sangue no olho da criança - e imediatamente chamava a
É a mãe biológica quem mais maltrata fisicamente seus fi- enfermagem. Frequentes são os casos de pais que chegam
lhos. O abusador sexual na família quase sempre é o pai aos hospitais com filhos em coma, muitas vezes consecuti-
biológico, que age contra a filha. vas. Acaba-se descobrindo que dão barbitúricos ou outros
sedativos em grandes doses para as crianças. Esses adultos
Normalmente, em que idade a criança é mais maltrata- são pessoas neuróticas ou com graves problemas mentais,
da? que precisam ser identificadas e tratadas. O nome da síndro-
me vem da literatura, em que o personagem, o barão de
Antes dos cinco anos, caracterizando bem o ato como
Munchausen, criava histórias fantasiosas, extremamente
uma demonstração de covardia.
detalhadas, e todos acreditavam nelas. Esse quadro foi inici-
Quais os mais frequentes casos de maus-tratos contra almente descrito em adultos, que criavam doenças em si
crianças? próprios. Posteriormente, em 1977, Meadow descreveu a
situação em que pais com desordens psiquiátricas produziam
Nos hospitais, as situações mais encontradas são marcas nos filhos o mesmo quadro. Daí a denominação Síndrome de
na pele, de lesões provocadas por murros, tapas, surras de Munchausen by proxi, ou por procuração. Examinei, certa
chicotes, fios, vara, queimaduras - muito frequentes - por vez, uma adolescente de quatorze ou quinze anos com uma
cigarro, ferro elétrico, água fervendo, objetos aquecidos. cicatriz de cirurgia de apendicectomia que não cicatrizava.
Também comuns são as fraturas de ossos longos dos mem- Conversamos e ela contou-me que estava retirando os pontos
bros superiores e inferiores, de crânio, de costelas e clavícu- com seus dedos porque não queria ir para casa. Prolongava
las. Ocorrem ainda lesões de vísceras, como ruptura de fíga- sua estadia no hospital.
do, baço ou intestinos. A morte por maus-tratos praticados
pelos próprios pais, nos Estados Unidos, acontece, segundo Síndrome do bebê sacudido (Shaken baby syndrome) - é
estatísticas locais, em mais de duas mil crianças por ano. outra situação de maltrato em que uma criança, geralmente
Aliás, as estatísticas americanas mostram que, anualmente, um bebê, é sacudida, na maioria das vezes pelos próprios
são registrados cerca de 1,5 milhão de casos de maus-tratos pais, causando hemorragias intracranianas e intra-oculares
contra crianças e adolescentes, na família. Os números vão que podem levar à morte ou deixar graves sequelas, que
além: mostram que 300 mil crianças e adolescentes sofrem muitas vezes só serão detectadas ao longo da vida, em razão
abusos sexuais, entre os quais, quatro mil são de incestos de de distúrbios no aprendizado ou no comportamento.
pais com filhas. Acredita-se que, para cada 20 casos de vio-
De diagnóstico difícil, obriga o profissional de saúde a es-
lência, só um é notificado. No Brasil, o trabalho realizado em
tar informado sobre sua grande frequência e sobre a necessi-
vários estados, por órgãos do Governo e organizações não-
dade de anamnese bem completa, com exame obrigatório de
governamentais - Crami, em São Paulo, e Abrapia, no Rio de
fundo de olho e ressonância magnética para o diagnóstico de
Janeiro - vem demonstrando que a violência doméstica aqui é
micro-hemorragias cerebrais. Todos se lembram de um caso
recente que abalou todo o mundo, do bebê que morreu com

Conhecimentos Específicos 137 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
hemorragia cerebral em consequência do shaken que teria nos padrões atuais, a relação endogâmica era aceita. Hoje,
sido infringido por sua baby sitter, uma jovem inglesa que proibido, o incesto é um tabu não respeitado por muitos. Abu-
estava estudando nos Estados Unidos. Os pais da criança, so psicológico - é provocado por pais, professores, pediatras,
ambos médicos, trabalhavam o dia inteiro e deixavam seu pessoas de convívio íntimo com crianças. Pode ser observa-
filho com a babá. Ela foi presa, acusada de homicídio, conde- do, claramente, em todas as classes sociais. No Brasil, alia-se
nada num primeiro julgamento e, paradoxalmente, libertada ao alto índice de desinformação, à falta de pesquisas e esta-
em outro seguinte, após 279 dias de detenção. tísticas sobre a vida intrafamiliar. Por desconhecimento e
preconceito, as classes mais elevadas da população tendem
Em que classes sociais esses casos de maus-tratos
a acreditar que a violência contra crianças e adolescentes
mais ocorrem, no Brasil?
dentro de casa só acontece com miseráveis ou em outros
A literatura mundial e as pesquisas divulgadas em con- países. Atualmente, a grave situação da falta de trabalho e de
gressos internacionais mostram que todas as formas de emprego no Brasil atinge a todas as classes sociais. O de-
maus-tratos ocorrem em todo o mundo, em todas as classes semprego, ou o medo de perder o trabalho, são fatores preci-
sociais. No Brasil, quase não temos estatísticas. É necessário pitantes de maus-tratos, em função de um estado de ansie-
analisar essa pergunta em relação a cada tipo de maus- dade, depressão e baixa auto-estima. As pessoas bebem,
tratos. perdem o autocontrole e agridem. Costumo dizer que a dife-
rença é apenas entre o uísque da classe média e a cachaça
Os casos de maus-tratos físicos e de negligência são mais da maior parte da população.
denunciados nas classes mais pobres. Isso não significa, em
absoluto, que pobre seja mais violento, mas sim que miséria, Os pais são punidos?
promiscuidade, pobreza absoluta são fatores desencadeantes Deve-se considerar que o objetivo é, antes de tudo, prote-
da violência. Como vivem em comunidades, o fato torna-se ger a criança e reinseri-la na família tratada. Após o diagnós-
conhecido por todos e é mais fácil que alguém denuncie. A tico, a Abrapia encaminha as crianças e os pais para trata-
classe média, morando em apartamentos, consegue masca- mento. Mas, com toda certeza, alguns pais deveriam ser
rar e esconder esse tipo de maus-tratos. A própria Abrapia, julgados e receber a aplicação das penalidades previstas na
quando recebe alguma denúncia, tem dificuldade de chegar a Lei. No entanto, infelizmente, isso é raro. Uma pesquisa da
esses pais de classe média, com seus técnicos sendo barra- Universidade Popular da Baixada, patrocinada pelo Ministério
dos pelos porteiros dos condomínios. E, quando algum des- da Justiça, analisou os 2.217 processos relativos à violência e
ses pais chega à Abrapia, já vem acompanhado por seu ad- maus-tratos nos dez maiores municípios do estado do Rio de
vogado. Janeiro, no ano de 1997. O maior número de processos,
O abuso sexual é frequente em todas as classes sociais, 1.221, foi encontrado no Rio; seguido de Campos, com 219;
em todo o mundo. O muro do silêncio, nessas situações, é Nova Iguaçu, com 186; São Gonçalo, com 130 e Duque de
mais difícil de ser rompido, principalmente nas classes mais Caxias, com 97. A lamentar, o fato de que, dos 2.217 proces-
elevadas. O pior é que muitos acreditam que entre nós brasi- sos, só 19,8% estavam finalizados com sentença. Quanto à
leiros não ocorrem abusos sexuais em família. A propósito, decisão judicial em relação ao agressor, em 49% dos casos
lembro-me de um pediatra meu amigo, com uma grande clíni- não houve sentença e, em 23,6%, não houve registro (sic).
ca no Rio, que me disse um dia: - Lauro, não tenho isso em Apenas em 15,1% houve punição para o agressor, que foi
meu consultório. Também um psiquiatra, conhecido meu, desde uma simples advertência até a suspensão ou destitui-
acredita que haja exagero nas denúncias, nos Estados Uni- ção do pátrio poder. Especificamente em relação ao abuso
dos. Realmente, o americano chegou ao nível de tamanha sexual, houve 257 processos, sendo 143 do município do Rio
preocupação com o abuso sexual que podemos questionar se de Janeiro. Também no município do Rio, no item Decisão
isso não leva a um distanciamento do tão necessário contato judicial em relação ao agressor, em 46,7% dos casos não
físico entre pais e filhos. São tão frequentes as notificações houve sentença (sic) e em 26,8% não houve registro (sic). Só
que já existem até instituições de proteção a vítimas das de- houve algum tipo de punição, também de advertência até a
núncias de abusos sexuais e outros - VOCAL-Victims of Child perda do pátrio poder, em apenas 8,9% dos casos. Essa
Abuse Laws. Não há por que sermos tão diferentes dos ou- pesquisa alerta para dois pontos em especial: são poucos os
tros países. Bons exemplos da universalidade do problema casos de violência dos pais contra os filhos que chegam à
são três filmes estrangeiros, exibidos no Rio em 1999, que Justiça, e raríssimos são os pais que recebem alguma puni-
tinham suas tramas girando em torno do abuso sexual - o ção, além do inexplicável número de casos sem registro ou
dinamarquês Festa de Família (Festen, direção de Thomas sem sentença, segundo os resultados da pesquisa. As maio-
Vinterberg), o americano A Felicidade (Happiness, de Todd res dificuldades em se punir legalmente e tratar o agressor,
Solondz) e o inglês Zona de Conflito (The war zone, de Tim ocorrem nos caos de abuso sexual. Frequentemente pais não
Roth). No primeiro, o clímax se concentra no filho mais velho, acreditam nos filhos, policiais desinformados não crêem nos
que, durante a festa em que o pai comemorava 60 anos de pais e a justiça, por falta de provas físicas (só 30% dos casos
idade, denuncia o patriarca como tendo sido um abusador de abuso sexual deixam marcas evidentes), não pune o pedó-
dele e da irmã, morta por suicídio, com o conhecimento da filo, que na maioria das vezes segue seu caminho de preda-
mãe, omissa. O filme americano retrata as atividades pedófi- dor de crianças por toda a vida.
las de um médico psicanalista, famoso e aparentemente nor- Quem deve denunciar os maus-tratos, e a quem?
mal, em New Jersey, que compulsivamente abusava dos
colegas de colégio do filho de dez anos. Sua família, muito Pelo Artigo 13 do Estatuto da Criança e do Adolescente-
bem inserida no american way of life, de nada desconfiava. ECA, "os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos
Zona de Conflito trata com densidade da relação incestuosa contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comu-
entre o pai e a filha adolescente, em uma família de classe nicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
média inglesa, aparentemente normal e feliz. Habitualmente, prejuízo de outras providências legais". As autoridades que
quando falamos em abuso sexual contra crianças, associa- podem receber as denúncias, além dos Conselhos Tutelares,
mos o caso a um psicopata ou a um pedófilo. Na maioria das são: o Juiz da Infância e da Juventude (antigo Juiz de Meno-
vezes, porém, isso ocorre com homens comuns, que agem res), a polícia, o Promotor de Justiça da Infância e da Juven-
normalmente em sociedade, mas em casa mostram-se doen- tude, os Centros de Defesa da Criança e do Adolescente e os
tes, deprimidos, têm dificuldades nas atividades sexuais, Programas SOS-Criança. Essas denúncias podem ser feitas
neuróticos que acabam encontrando nas filhas a relação que por qualquer cidadão, mas são obrigatórias para alguns pro-
lhes preenche o vazio afetivo. Essa situação é muito comum. fissionais. A esse respeito, o Artigo 245 do ECA prevê puni-
Até porque, quando a sociedade ainda não estava organizada ções: "Deixar o médico, professor ou responsável por estabe-

Conhecimentos Específicos 138 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
lecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré- me que, certa vez, fiz uma conferência sobre violência do-
escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os méstica em um congresso internacional de cirurgia pediátrica,
casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou no Rio. Após minha exposição, o presidente do congresso,
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente". A um médico suíço, parabenizou-me, mas disse que já conhecia
penalidade para a omissão é de "multa de 3 a 20 salários todas as situações que eu havia apresentado. Na sua terra
mínimos, aplicando-se o dobro em caso de reincidência". O também ocorria o mesmo. E citou casos que não conhecemos
Código Penal prevê outras punições. pessoalmente, como colocar uma criança, para castigá-la, em
um armário fechado, ou para fora de casa, na neve. Efetiva-
Com sua experiência de 35 anos à frente do Serviço
mente, o que mais me impressiona não são os casos extre-
de Pediatria do Hospital Municipal Souza Aguiar, 18 anos
mos, exemplares, que citamos. O pior é saber que a violência
na Abrapia e outros quarenta em consultório pediátrico,
de pais e parentes contra crianças que deles dependem to-
deve ter muitos casos para contar. Quais os que mais o
talmente continua a existir, em todas as suas formas, com
impressionou?
enorme frequência, em todos os países do mundo. Por analo-
A violência, em todas as suas formas, é para mim sempre gia com as estatísticas americanas, pode-se calcular que
impressionante. Não me conformo em ver nos hospitais de cerca de 40 mil crianças e adolescentes são severamente
emergência, em grande quantidade, crianças e adolescentes maltratados pelos seus responsáveis, todos os anos, no Rio
atropelados em portas de escolas, vítimas de acidentes de de Janeiro e no Brasil, no mínimo 600 mil ao ano. Dessas,
trânsito e de quedas, muitas vezes evitáveis, ou de intoxica- 1800 (0,3%) morrem. Lamentavelmente, poucos são os casos
ções diversas. O problema é saber quais dessas situações notificados.
poderiam ter sido prevenidas e quais delas foram intencio- Qual seu conselho para os pais? Não passar da pal-
nais. Voltando à violência de pais contra filhos, e responden- mada?
do à pergunta, vou citar alguns casos que mais me marcaram.
Evidentemente, os piores foram aqueles que chegaram à Sou contra qualquer tipo de violência. Muitos pais batem
morte. Lembro-me do Willian, um menino de cerca de dois em seus filhos acreditando que seja a única forma de educá-
anos de idade, que chegou morto à sala de emergência, nu- los. Discordo. Bater em uma criança é sempre ato de covar-
ma manhã de sábado. Apresentava inúmeros sinais externos dia, é um abuso do mais forte contra o mais fraco. Devemos
de violência e fratura do crânio. A pessoa que o levou era buscar outras formas de educar filhos, sem castigos físicos,
uma mulher de cerca de 30 anos, mãe substituta. Ela deitava- sem maus-tratos psicológicos. Os tempos mudaram. As cri-
se sobre o corpo do menino e chorava, gritando: "O que fize- anças devem ter limites bem estabelecidos, com firmeza,
ram com você, Willian? Quem fez isso? Vou me vingar." Pou- pelos pais. A insegurança dos pais, a falta de atenção e o
co depois, confessou que havia torturado o garoto durante descontrole pessoal são as principais causas da opção do
dias, como represália pelo fato de a mãe biológica não estar castigo físico como forma pedagógica. Estou certo de que até
mandando regularmente a importância combinada para a a palmada, culturalmente aceita por muitos, é dispensável. De
manutenção do menino. Ela foi presa e condenada: pena toda forma, eu não buscaria transmitir sentimentos de culpa
máxima, por homicídio doloso. Outra criança que morreu, com para os pais. Ser pai é uma tarefa extremamente difícil, que
cerca de um ano de idade, encontrei na emergência em um exige um treino contínuo e perseverante. Aliás, como dizia
respirador, com inúmeras fraturas de crânio. A mãe, tranquila Winnicott, a vida é essencialmente difícil de ser vivida por
e às vezes até dormindo ao lado da criança, informou que a todos, e os pais devem procurar ser suficientemente bons
encontrou caída, junto à cama, quando chegou em casa. O para seus filhos - nem permissivos, nem agressivos (Mother
pai estava lá. A criança havia sido agredida violentamente na good enough, de Winnicott).
cabeça, com algum instrumento. Os casos que chegam a um
Uma pergunta de cunho pessoal: o senhor, que há
hospital público são sempre de grande violência. Uma mãe
anos faz palestras sobre esse tema, bateu em seus fi-
colocou a mão da criança em panela com água fervendo,
lhos?
causando queimaduras de segundo grau profundo, queimadu-
ra em luva, típica de maus-tratos físicos. Outra queimou a Bati, e me arrependo profundamente. Não surrei, mas dei
boca do filho com uma colher aquecida, porque ele dizia pala- palmadas. Errei, e hoje não o faria de jeito nenhum. Afinal,
vrões. Outros pais colocaram a filha em uma bacia com água não apenas os filhos crescem e mudam, mas os pais tam-
quente para castigá-la porque não controlava oesfíncteruriná- bém. Certa vez, preocupado com o modelo de educação que
rio à noite. Outros, queimaram o períneo da filha com objeto proporcionei a meus filhos, perguntei a minha neta, Ana Caro-
aquecido porque ela se masturbava. Ou queimaram a mão de lina, agora já adolescente, se seus pais haviam batido nela.
uma menina na prancha do fogão, ou colocaram um bebê Ela me respondeu assustada: - Não, vovô. Que pergunta
sentado na frigideira com óleo fervendo. São todos exemplos esquisita! Raphael, outro neto meu, garantiu-me que nunca
de casos graves que chegam aos hospitais. Mas quantas levou sequer uma palmada dos pais. Isso, por um lado, de-
crianças são maltratadas e nem sequer recebem atendimen- monstra que afirmar que filhos vão reproduzir sempre o que
to? Os casos levados ao SOS Criança da Abrapia são menos vivenciaram é falso. Por outro lado, a constatação também foi
graves, permitindo uma ação preventiva mais eficaz. Em para mim um grande alívio. E meus três filhos e dois netos
relação à negligência, o que mais me impressiona são as são, até onde se pode visualizar, felizes e saudáveis - apesar
situações de crianças deixadas sozinhas em casa - que se das palmadas.
intoxicam, sofrem quedas e, às vezes, morrem ou ficam muti-
ladas em consequência de incêndio em casa, com graves Algumas estatísticas nacionais têm destacado que o
queimaduras, ou quedas de apartamentos altos. O abuso principal tipo de mal-trato praticado pelos pais contra os
sexual, quando chega ao hospital, é sempre muito grave, com filhos é a negligência. Qual a importância desses dados?
lesões graves de genitália e ânus. Os casos levados frequen- É fundamental termos dados sobre todas as formas de
temente à Abrapia apresentam menores consequências físi- violência contra a criança para que políticas públicas possam
cas, sem marcas evidentes e exigindo para o diagnóstico a ser estabelecidas. É lamentável que no Brasil essas informa-
aplicação de técnicas sofisticadas de revelação do abuso ções sejam superficiais, pouco expressivas e que não repre-
sexual na família. Maus-tratos e negligência de pais contra sentem a realidade do país. Mas de toda forma essas infor-
filhos continuam a ocorrer em todos os países do mundo. A mações são válidas e importantes como uma amostra, como
literatura científica está cheia de casos quase inacreditáveis: um indicativo e a sua divulgação é relevante para levar à
bebês colocados em forno de microondas, ou mortos por discussão do tema pela sociedade, através dos meios de
aspiração de pimenta em pó colocada pelos pais nas suas comunicação.
bocas, ou assassinados por asfixia por travesseiro. Recordo-

Conhecimentos Específicos 139 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O que é negligência de pais contra filhos?
São negligentes os pais que não proporcionam aos filhos
as condições básicas para um bom desenvolvimento biológi-
co, social e psicológico.
A negligência está vinculada à situação econômica e
social do país? Pais pobres são mais negligentes?
Não. A informação é o fator principal para prevenir a ne-
gligência. Contudo, famílias pobres ou miseráveis terão maio-
res dificuldades de prover o básico para seus filhos. Sobretu-
do se o Estado for omisso.
Isso significa que há também uma negligência por par-
te do Estado?
Sim. Famílias com ganhos irrisórios não poderão dar a
seus filhos o que eles precisam para o seu desenvolvimento.
E quem é responsável por essa situação de negligencia, famí-
lia ou Estado? Apenas como exemplo, cito o acesso gratuito à
educação infantil, ao ensino básico, às vacinas e à orientação
para a prevenção de acidentes.
E o planejamento familiar seria uma forma de reduzir a INTRODUÇÃO:
negligência contra os filhos?
Não há dúvida. Não só a negligência, mas todas as for-
mas de maus-tratos que ocorrem na família e inclusive o
abandono, por exemplo, de recém nascidos indesejados. Pais
não deveriam ter filhos se não tivessem condições de ofere-
cer a eles o indispensável para o seu desenvolvimento sau-
dável. E volta-se aqui à negligência do Estado ao qual compe-
te proporcionar a todos o acesso ao planejamento familiar e
aos métodos contraceptivos. E antes de tudo à informação de
como proceder.
Além da falta de vacinação, da prevenção dos aciden-
tes e do acesso à educação o que mais pode ser conside-
rado como negligência dos pais?
Diria que antes de tudo são negligentes os pais que não
dão aos filhos carinho, afeto, amor. Que não estimulam, não
reconhecem e não valorizam seus filhos, permitindo que eles
cresçam com baixa auto-estima, sentimento responsável pela
Em abril de 1997 cinco rapazes, adolescentes, em
infelicidade de crianças e adultos. Mas também os pais que
Brasília, atearam fogo em um “suposto mendigo”, mais tarde
são permissivos, que não estabelecem limites ou que os im-
identificado como índio Galdino. O episódio ficou conhecido
põem com violência.
como a morte do índio pataxó. Os rapazes colocaram uma
Sendo assim, pais que praticam maus-tratos psicoló- mistura de material inflamável sobre o índio que dormia e nele
gicos ou emocionais ou abandonam seus filhos, são ne- atearam fogo. O índio acordou com o corpo em chamas e
gligentes? gritou por socorro, sendo levado ao hospital com graves quei-
maduras. No dia seguinte, veio a falecer. Os rapazes, reco-
Não podemos nos prender apenas a definições técnicas nhecidos e presos, apresentaram como justificativa, os seguin-
dos diversos tipos de violência contra crianças. É evidente tes argumentos: "não sabíamos que era um índio" e "pensa-
que crianças que crescem aterrorizadas e com medo dos mos que fosse um mendigo".
pais, que são chamadas pelos pais de estúpidas, burras, Em outubro de 2002, em Porto Seguro, quatro rapa-
incompetentes, preguiçosas, que ouvem "você não deveria ter zes,coincidentemente também moradores de Brasília, espan-
nascido", estão sofrendo maus tratos psicológicos que pode- caram até a morte o garçom de um restaurante, porque este
rão marcá-las por toda vida. Seus pais são maltratantes e havia solicitado aos mesmos que desocupassem a mesa, uma
negligentes. O mesmo pode-se dizer do abandono, não só o vez que nada estavam consumindo no restaurante.
abandono de crianças propositadamente em locais públicos,
mas falamos também dos pais ausentes que egoisticamente
abandonam seus filhos em suas próprias casas.
NATUREZA E ORIGENS DA TENDÊNCIA ANTI-SOCIAL.

“NOS DERAM ESPELHOS E VIMOS UM MUNDO DOEN-


TE”: REFLEXÕES SOBRE AGRESSIVIDADE, COMPOR-
TAMENTO ANTI-SOCIAL E VIOLÊNCIA NA CONTEMPO-
RANEIDADE

Junia de VILHENA.
Doutora em Psicologia Clínica

Conhecimentos Específicos 140 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
que pagamos em nome da civilização, até porque não há co-
mo eximar a agressividade do ser humano. Quando ela não
parece de uma forma explicita, ela aparece de forma implícita,
e se volta para o próprio homem que a negou. Dessa forma, “é
sempre possível unir um considerável número de pessoas no
amor, enquanto sobrarem outras pessoas para receberem as
manifestações de sua agressividade”. (Freud, 1930:119)
Para Freud, o homem seria intrinsecamente mau e
destrutivo, tendo de ser contido em seus desejos por forças
civilizatórias, sem o que estaria condenado ao modo de viver
impulsivo próprio dos povos primitivos. É a sociedade que
gera, mas que também restringe, a expressão da agressivida-
de individual, mesmo que jamais a extinga. O superego seria a
instância que conformaria o homem a se submeter à lei social
por esta ter-se tornado uma lei internalizada através dos me-
canismos de identificação e introjeção.
Fatos como estes não são isolados, pelo contrário, Freud (1930) reflete sobre esta ambiguidade de
tornam-se cada vez mais frequentes. Estamos habituados a instintos no ser humano ao distinguir em nós a existência de
encarar a violência como um ato enlouquecido, pelo prisma de dois impulsos, o de vida ou Eros, e o de morte, Tanatos. Um
uma exceção, ou seja - como transgressão de regras, normas não aparece no ser humano sem que o outro também apare-
e leis já aceitas por uma comunidade. Violência, em nosso ça, porém a destrutividade, consequência direta da pulsão de
imaginário, está permanentemente associada à marginalidade, morte, vista com força disjuntiva, atuaria de forma silenciosa.
aos atos físicos de abuso, ou à ruptura de normas e leis que Podemos especificar, a partir do olhar de Jurandir
são respeitadas por uma determinada comunidade. Nosso Freire Costa, o caráter marcante da violência como sendo o
mito, como aponta Chauí (1980), é o de uma sociedade não desejo de causar mal, humilhar, fazer sofrer o outro. O ato
violenta, cordial e sem preconceitos, com episódios violentos, violento porta a marca de um desejo, o emprego deliberado da
sempre referidos a mecanismos de exclusão social, onde nós, agressividade. Falar de violência é falar de uma intenção de
como agentes, não nos incluímos. destruir. Poderíamos dizer que a agressividade opera quando
Mas o que dizer da exceção que está se transfor- há reconhecimento pelo sujeito do objeto a quem endereça
mando em norma? Como entender o ato agressivo, violento, sua reivindicação agressiva. A agressividade, ao contrário da
delinquente e anti-social, em uma perspectiva sócio- violência, inscreve-se dentro do próprio processo de constru-
psicanalítica? Como não psicologizar o social, retirando de nós ção da subjetividade, uma vez que seu movimento ajuda a
a responsabilidade pela sociedade que estamos construindo? organizar o labirinto identificatório de cada sujeito.
Paralelamente, como não reduzir o psíquico a uma patologia A partir da ideia de o ato agressivo ser um “reco-
social? Reduzir nossa compreensão apenas a uma perspecti- nhecimento e endereçamento de uma mensagem”, é possível
va significa empobrecê-la, uma vez que a compreensão do fazermos uma aproximação deste com a tendência anti-social,
outro remete-nos sempre a diferentes registros. postulada por Winnicott. Winnicott vê, neste tipo de ato,distinto
Por isto, os exemplos escolhidos foram propositais. da delinquência, a busca de um limite e de um acolhimento,
Não estamos, mais uma vez, buscando entender a violência demonstrado neste endereçamento.
pela via da exclusão social – fato que, em nenhum momento Mas esse endereçamento de SOS por parte da
negamos. Os jovens apresentados pertencem às classes mé- criança ou adolescente à sociedade é de difícil entendimento,
dia e alta, estudam em escolas privadas e têm acesso a todos já que é subjetiva sua percepção e sua interpretação por parte
os bens de consumo. Como entender tamanha barbaridade tanto dos pais quanto da sociedade. E, se não entendido esse
vinda de “meninos de família”? Afinal de contas, estamos SOS a tempo, ele irá se perdendo em ganhos secundários
acostumados a associar a “barbárie” às classes populares! cada vez maiores, fornecidos pela mesma sociedade que
(Vilhena & Zamora, 2002) deveria lê-los como um apelo de limites e ajuda.
Mas como se chega à delinquência? Onde está a
origem da agressividade? O que leva aos desvios da agressi-
I - DA AGRESSIVIDADE À VIOLÊNCIA vidade?

II- A AGRESSIVIDADE, SUAS ORIGENS E SEUS DESVIOS

A questão da agressividade no ser humano susci-


ta, desde Freud (1930), uma situação paradoxal: todos admi-
tem que a agressividade existe no ser humano, mas custam a
admiti-lo e a estudá-la como algo inerente ao mesmo.
Assim, poucas pessoas admitem serem cruéis em
atos e em pensamentos. Aqui temos todo um trabalho de civili-
zação que nos “educa” a tolhermos e ocultarmos essa vertente
de nossa fisiologia e, para Freud (1930), é este o preço alto

Conhecimentos Específicos 141 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Enfatizamos que a agressividade que cria o mun-
do, e também cria a destrutividade, não pode ser categorizada
como saúde e doença e, sim, como um deslizar entre saúde e
doença. A agressividade que destrói, destrói dependendo dos
olhos de quem a vê.
O que seria, então, a tendência anti-social? A
tendência anti-social é um sinal de SOS (esperança) ao meio
que se encontra em débito para com a criança. Ela não é um
diagnóstico. Na tendência anti-social há uma necessidade que
se exprime em uma externalidade, a culpa é do ambien-
te.Caracteriza-se por um elemento que compele o ambiente a
tornar-se importante.
Para Winnicott (2000) há sempre duas vertentes
da tendência anti-social: aquela representada tipicamente pelo
roubo, e a outra representada pela destrutividade, mesmo que
a ênfase recaia por vezes mais sobre uma do que sobre a
A agressividade, para Winnicott, traz em si mesma outra.
um movimento natural, e que, em seus primórdios ou início, é No roubo há a procura de algo, em algum lugar,
somente um movimento. Assim, o agitar de braços de um feto por parte da criança – o que importa não é o objeto que é
na barriga é somente um movimento que, por acaso, encontra roubado e sim o que esta criança procura quando rouba. Já a
a barriga ou seu limite e não um soco; o mexer de pernas é destrutividade estaria relacionada à interação com o pai. A
somente um movimento instintual e não um chute, não possu- função paterna, em Winnicott, é ser o ambiente indestrutível,
em intencionalidade de ato agressivo. Será a mãe, sendo aquele que sustenta a mãe, que sustenta o bebê. O que a
suficientemente boa que significará este gesto espontâneo do criança busca são limites.
bebê, lendo-o como algo criativo ou não, limitando-o. Quando Para Winnicott há uma “gradação” entre a tendên-
a leitura que o bebê recebe de seus gestos não é adequada cia anti-social vista como normal, aquela que se encontra até
ou a esperada, a reação deste a ela é suprir, com seu intelec- nos “bons lares”, e a delinquência, assim como há uma grada-
to, as funções que falham: ele passa a cuidar da mãe quando ção entre a agressividade normal, a destrutividade e a violên-
não se encontra no reflexo especular da mesma. (Maia, 2002). cia.
Dessa forma, este bebê tem de agora lidar, ele O delinquente difere da criança com tendência
mesmo, com o meio, substituindo esta mãe que falhou, dando anti-social porque na delinquência já haveria defesas constitu-
conta dessa tarefa a partir dos mecanismos que puder dispor ídas, com ganhos secundários, que dificultariam a criança
em sua insuficiência ou imaturidade. É a partir desta falha entrar em contato com seu desilusionamento inicial. Na delin-
ambiental que se instaura o que Winnicott denomina de ten- quência há ainda um reclame por direitos perdidos, mas em
dência anti-social. nível muito maior de desespero e solidão, posto que esta cri-
Mas qual é a relação entre agressividade não acolhida pelo ança terá procurado o limite para o seu gesto agressivo e não
meio e o ato violento? o terá encontrado, passando a aumentar a sua área de atua-
Jurandir Freire Costa (1986) coloca que a violência “é o em- ção, tornando-se destrutivo.
prego desejado da agressividade, com fins destrutivos” (p.30) A destrutividade seria a forma mais desesperada
e principalmente percebida por quem observa o ato de agres- de tentar chamar atenção para si mesmo que uma criança
sividade, assim como por quem recebe essa agressividade, poderia lançar mão: ela estaria denunciando a quebra na es-
como havendo uma intencionalidade em praticar essa agres- trutura, teria se tornado, segundo o próprio Winnicott, um de-
são, transformando-a numa “ação violenta”. Portanto, somente linquente, ou seja, aquele que desaloja as coisas, que desaloja
haveria violência “quando o sujeito que sofre a ação agressiva de seu lugar, do lugar que lhe é atribuído pela sociedade – no
sente no agente da ação um desejo de destruição”. caso a falta total de lugar, já que ele estaria apelando um grito
Segundo Winnicott, na fase da dependência abso- de SOS para as estruturas mais vastas da sociedade, que
luta, nenhuma mãe perceberia o gesto espontâneo do bebê seriam as leis do país, e procurando o limite nas barras de
como um gesto intencional e, portanto, violento a ela. E, se a uma prisão.
mãe não percebe esse ato como tal, o bebê não se perceberá
como agente violentador. Nesse primeiro momento não há III- QUANDO AS FUNÇÕES PARENTAIS FALHAM: A IN-
como associar agressividade primária com violência, por não FÂNCIA EM ECLIPSE
haver intencionalidade no gesto do bebê, este é pura motilida-
de, pura manifestação do instinto. “É a mãe quem devolverá
ao bebê o sentido de “maldade” ou “inocuidade” de sua
agressividade puramente instintiva. É a mãe, e o ambiente
humano, quem qualifica humanamente o instinto, tornando-o
uma manifestação pulsional, ou seja, um desejo dirigido a um
objeto (bom ou mau) e portador de um afeto (bom ou mau).”
(Costa, 1986: 31)
No reino da pura força, o que talvez possa ser
apreendido como um laço social é o medo da morte, a pura
luta para sobreviver – não viver, pois existe uma diferença
fundamental. Viver diz respeito ao desejo, enquanto que so-
breviver restringe-se à necessidade. Para Winnicott, o oposto
à morte não é o estar vivo, e sim ter uma vida criativa. Daquele
que apenas sobrevive, pode-se dizer, como Hanna Arendt
(2001), que ele é muito triste, pois os homens , embora devam
morrer, não nascem para morrer, mas para começar. Para
Arendt, a violência destrói o poder e destitui e anula o outro, Acreditamos que a agressividade da infância circu-
enquanto a agressividade é constitutiva e se inscreve em um la por esta questão da negligência e falha nas funções mater-
processo de subjetivação, uma vez que seu movimento ajuda na primária e paterna dessas crianças. A criança está tendo
a organizar o labirinto identificatório de cada sujeito. que assumir, muito cedo, a responsabilidade pelos seus atos,

Conhecimentos Específicos 142 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
entendendo-se responsabilidade um se responsabilizar infantil
e onipotente, pela falta de alguém que deveria estar lá, sufici- CONCLUSÃO
entemente forte, para conter a intrusão do meio e não está, ou
está fragilizado, com medo de ser ou fazer o que tem de ser
feito.
Desta forma, a agressividade, o impulso agressivo,
acaba não se fundindo com o impulso erótico, fazendo-se
expressar pela tirania da criança pequena que fala com sua
mãe ou com seu pai como um igual, ou como se fosse seu
dono. Sua agressividade resolve, onipotentemente, o proble-
ma da falta e da falha, resolve pelo grito, no “eu quero” sem
limites, pelo papagaiar de falas e pelo desejar coisas de adul-
tos que atordoam os próprios adultos ao estarem estes diante
de seus próprios espelhos, seus filhos. Os filhos da contempo-
raneidade são retrato de pais com medo de serem pais, retrato
do lugar que resta vazio, a ser preenchido por algo ou alguém
que está fora da família. Dessa forma, perpetua-se a onipotên-
cia e o narcisismo infantil e não se instaura o princípio da rea-
lidade de forma efetiva nesta infância, que responde ao adulto Ao contrário dos animais, o homem só é, muito
como tendo outro ideal de ego, posto que esses pais não po- parcialmente, um ser biológico. Sua existência propriamente
deriam ocupar esse lugar e papel. humana e social só se realiza através de sua imersão no sim-
Uma das respostas que a criança desapossada bólico, isto é num conjunto de códigos que permite que se
fornece ao meio que a desapossou é, ao nosso ver, o compor- comunique e se relacione com outros homens e com o univer-
tamento anti-social. E este comportamento, não sendo inter- so que o circunda - a cultura é assim, a própria condição de
pretado pela sociedade como um apelo de SOS dirigido ao possibilidade do humano.
outro, que não se percebe falhando, vai aumentando a sua Para que seja possível um lugar para o Sujeito é
intensidade, tornando-se destrutivo e violento. fundamental que a lei tenha valor e para tal é preciso que ela
Não estaria o comportamento anti-social denunci- seja justa, a todos se aplique e a todos represente. A lei existe
ando esse palco de acirramento de rivalidades, posto que a não para humilhar e degradar o desejo, mas para estruturá-lo,
diferença entre a criança e o adulto estaria não sendo mais integrando-o no circuito do intercâmbio social. Do contrário, o
marcada, não estaria mais sendo efetivamente efetuada devi- que observaremos é que, ao invés do respeito e obediência,
do aos pais estarem adolentificados, obrigando a seus filhos a teremos cada um fundando a própria lei. Cada um querendo
virarem adolescentes antes de poderem viver sua infância? ser sua própria origem – nesses casos a violência explode os
O lugar da infância na contemporaneidade é o limites do humano. (Vilhena & Santos 2000)
espaço no qual a criança não pode ser “criança” e vive uma É de se perguntar: qual lei os pais instauram para
eterna adolescência. É como se à criança estivéssemos impu- a criança se a elas estão tão fusionados? Será que a não
tando obrigações e valores muito cedo e, com isso, estaríamos explicitação da lei ou a ambiguidade da lei não seria uma das
vivenciando uma diluição da infância como um espaço social causas de a criança necessitar usar, como forma de expres-
que foi adquirido ao longo de alguns séculos. são, a atuação e não a palavra, acabando por usar da violên-
Em décadas anteriores a criança (como nas socie- cia como, talvez, a única via possível de comunicação com o
dades primitivas), após breves rituais de iniciação se tornava outro na sua busca por seus direitos sentidos como perdidos?
um adulto. Hoje, a adolescência se alonga cada vez mais, e a Segundo Calligaris (1996) os sujeitos não só pree-
infância se encurta, como se o período de latência sombreasse xistem ao tecido de relações, mas são efeitos delas. A falta de
a infância. O que ocorre, hoje em dia, é um fenômeno denomi- referentes simbólicos culturais produzidos nas sociedades
nado de adultescência, termo que designa o ideal de ser ado- complexas promove o sentimento de não-pertencimento, de
lescente para sempre, com adultos tendo condutas adolescen- não-filiação. Os filhos desse social encontram-se perturbados,
tes e faltando padrões adultos para os “verdadeiros” adoles- muitas vezes em uma procura desesperada de uma referência
centes se identificarem, assim como está faltando às crianças. que os proporcione um sentimento de pertencimento, de inclu-
Sem essas funções parentais sendo exercidas de são. O que “sem a dimensão da filiação, exercer a própria
forma suficientemente boa, a criança acaba por perder seus subjetividade é muito difícil, reserva um destino de sofrimento
referenciais identificatórios. Vemos, então, surgir uma família e loucura” (p.13).
adolescente, sem um papel que caiba à criança e outro aos
adultos: os papéis ou aparecem invertidos, ou aparecem diluí-
dos. Desinventamos a infância em prol de algo que, se parar- Adolescentes em conflito com a lei: construções teóri-
mos para analisar, não sabemos bem o que seja, nem o que cas e metodológicas sobre a medida socioeducativa a
trará como consequências futuras. partir das significações das famílias e dos técnicos
Com esse cenário social podemos aqui pensar
qual o papel da criança atualmente. Esperamos que nossos Maria Lizabete de Souza Póvoa; Maria Fátima Olivier
filhos sejam a nossa imagem de felicidade. O que esperamos Sudbrack
de nossos filhos é que sejam nossos parceiros, nossos ami- 1.1.Introdução
gos... Porque para os pais atuais “a tida autoridade passa a
ser vivida como autoritarismo, como uma ameaça a esta felici- Selosse (1997), psicossociólogo francês, permitiu uma no-
dade desejada a este amor tão propalado. Aos pais, como va abordagem para adolescente em conflito com a Lei no
aponta Lasch (1997) caberia cada vez mais apenas a tarefa contexto jurídico. Nesta abordagem o jovem é tido como judi-
amorosa, sendo delegada a outras instâncias públicas a tarefa ciável, não apenas sujeito à Lei, mas visto como sujeito psico-
educativa” (Vilhena, 1998: 72). lógico – com sua história, sua palavra e sua verdade. O ato
“A criança é a caricatura da felicidade impossível” delinquente é tido como resultante de múltiplas determinações
dos adultos. de caráter social e psicológico, onde o jovem é ao mesmo
A violência que assistimos hoje em dia, que nos tempo sujeito e objeto, agente e paciente de seu processo de
põe tão perplexos e assustados, representa o último grau de socialização.
tentativa de estabelecimento de um diálogo, que já foi rompi-
do.

Conhecimentos Específicos 143 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Focalizando a dimensão familiar da delinquência juvenil 1.2.Metodologia
Sudbrack (1992) destaca a função paterna, e ressalta que a
1.2.1 Da intervenção
passagem ao ato delinquente, além de seus aspectos indivi-
duais e sociais, culturais e institucionais, é uma manifestação, A metodologia das Reuniões Multifamiliares seguiu o mo-
no exterior, daquilo que o jovem não pode dizer no interior da delo de Costa & Melo (Costa, 1998) que utiliza: 1) a orientação
família. O ato delinquente projeta o jovem para fora de sua da sessão psicodramática em três etapas: aquecimento, dra-
família, rumo a um terceiro – o juiz – e rumo a um sistema matização e o compartilhar, bem definidas com início meio e
educativo de assistência. fim; 2) O princípio das redes sociais, que rege a formação de
Para Selosse (1997) o juiz representa o interdito e o espa- redes de interação através da mobilização do relacionamento
ço jurídico constitui-se num excelente espaço de mobilização natural das famílias como sistemas de suporte para elas mes-
do jovem e da família em crise, devido à ocorrência do ato mas. Este sistema é considerado mais potente do que o da
delinquencial. O apelo à Lei permite resignificá-la como prote- responsabilidade profissional porque parte do pressuposto de
tora, operante e estruturante, oferecendo ao jovem os limites que a rede, como as famílias, contém em si o germe da mu-
que ele não conheceu ou conheceu de forma punitiva. A inter- dança, a qual é mais eficaz quando realizada entre iguais; 3) O
venção judicial – com suas medidas psico-socio-educativas – conceito de terapia familiar múltipla de Laqueur, cujo princípio
incita o adolescente a uma mudança no estilo de vida através básico é a função terapêutica assumida pelas famílias, as
de uma reorganização psíquica, permitindo que ele saia da quais, por semelhança e identificação, apontam soluções e
interdição para o interdito, introjetando a Lei. Para este autor, a possibilidades de mudança; 4) A Sociometria de Moreno.
instituição jurídica tem um papel educador e reparador, consti- As atividades realizadas foram: 1) as reuniões multifamilia-
tuindo-se num terceiro que restitui ao jovem a sua palavra, res com a participação dos adolescentes, familiares e corpo
permitindo-lhe resgatar o sentido de seu ato. Assim, o acom- técnico envolvido no acompanhamento da medida sócio-
panhamento a ser dispensado pelas instituições sócio-juridicas educativa; 2) intervisões com corpo técnico das instituições e
deve possibilitar o alcance das três dimensões da medida alunos da graduação e pós-graduação da UnB, com objetivo
socioeducativa, quais sejam: 1) a repressiva da sansão – para de planejamento e avaliação das reuniões multifamiliares.
que o jovem possa ter a oportunidade de contatar com o as-
pecto protetor da Lei – o "não" do interdito – para a introjeção 1.2.2. Da pesquisa
da interdição; 2) a da orientação psicopedagógica, para recon- Foi utilizada a abordagem de Levy (2001), para a pesquisa
duzi-lo dentro do processo de reinserção social; e 3) a da interventiva na qual o pesquisador interfere no campo estuda-
reparação para que internamente promova a reconciliação do ao aplicar um projeto de desenvolvimento das interações
consigo mesmo e com a sociedade. intra e inter familiares e institucionais, promovendo, assim,
Segundo Selosse (1997) e Sudbrack (1992), o acompa- mudanças psicossociais. Essa intervenção: 1) coloca a mu-
nhamento institucional deve possibilitar ao jovem um espaço dança como foco do processo grupal; 2) busca a realidade
transacional onde ele possa expressar seus sentimentos, suas intersubjetiva propondo novas relações através da linguagem
dificuldades e seus sonhos, elaborando sua experiência atra- e da participação ativa dos diferentes atores sociais na mu-
vés de uma relação autêntica com o educador. Esse deve ser dança que lhes dizem respeito; 3) propõe-se articular os recur-
uma referência firme e segura, que comunica de maneira sim- sos existentes e ampliar as ações coordenadas com outros
bólica os aspectos éticos-sociais. O trabalho educativo que setores (das políticas sociais, comunitárias, etc.) contando com
inclui a mediação deve permitir a emergência de conteúdos a participação de profissionais de diferentes formações.
manifestos e latentes possibilitando a regulação de novas A compreensão do comportamento do adolescente na so-
relações do sujeito consigo mesmo e com o outro. Para Sud- ciedade atual foi embasada na perspectiva da psicossociologia
brack, a mediação deve ser realizada dentro de uma aborda- francesa proposta Gaulejac (1994), Selosse (1997), Enriquez
gem sistêmica, permitindo ao jovem entrar na teia social e se (2000), Levy (2000). Tal corrente da psicologia social se pro-
libertar da dupla estigmatização a que é submetido: a familiar e põe a estudar os grupos, as organizações e as comunidades,
a social. Essa tarefa deve ser realizada logo após o delito, considerados como conjuntos concretos que mediam a vida
para que o adolescente possa realizar mais prontamente a sua pessoal dos indivíduos e são por esses criados, geridos e
reparação, restituindo, assim, a sua imagem prejudicada pelo transformados. Portanto, essas condutas, tanto dos indivíduos,
ato infracional. como dos grupos, como das organizações e comunidades, no
Tendo em vista a importância das dimensões jurídica, so- quadro da vida cotidiana, se tornam objetos de pesquisa, de
cial, institucional, familiar e pessoal do adolescente em conflito reflexão e análise desta disciplina. Desse modo, na interven-
com a Lei, no trabalho realizado, buscou-se o aspecto protetor ção, a compreensão dos fatores grupais, institucionais e soci-
da Lei, procurando, dessa forma, adequar às demandas do ais que se relacionam aos adolescentes em conflito com a lei é
adolescente, da família e do técnico para que o acompanha- fundamental. A psicossociologia recusa-se a separar o indiví-
mento reparador da medida sócio-educativa pudesse ter senti- duo e o coletivo, o afetivo e o institucional, os processos in-
do e se tornar efetivo. conscientes e os processos sociais, ancorando-se na questão
da complexidade e da pluridisciplinaridade As demandas soci-
Pretendeu-se neste estudo, ao nível da intervenção, opor- ais, hoje, são demandas psicossociais, organizando-se em
tunizar aos adolescentes, pais e equipe técnica (monitores e função de um objeto comum. O psicológico está relacionado à
técnicos) das áreas – executora, fiscalizadora, jurídica e social subjetividade, enquanto o sociológico à questão da identidade.
que acompanham jovens em medidas sócio-educativas, uma A psicossociologia remete-se ao questionamento fenomenoló-
reflexão sobre os problemas que lhes afetam. Buscou-se, gico do que conduz o indivíduo e a sociedade a construírem a
assim, contribuir para uma ampliação das significações das sua história, desejar mudar o mundo e a provocar mudanças
medidas socioeducativas para a família e o técnico. Promover em si mesmos. Esse profissional trabalha o social no âmbito
um constante diálogo entre esses atores para que pudessem da emoção, da subjetividade, da afetividade e do inconsciente;
rever sua prática e resgatar suas competências. Desenvolver e o psíquico no âmbito da cultura, da língua, do simbólico e da
metodologias que considerem o adolescente, a família e o sociedade.
técnico como atores do trabalho educativo.
Dos sujeitos da pesquisa
Ao nível da pesquisa, buscou-se investigar as significações
da família e dos técnicos quanto à medida socioeducativa, no Constituíram-se sujeitos da pesquisa 15 adolescentes (que
contexto das reuniões multifamiliares. cumpriam diferentes medidas sócio-educativas, desde a pres-
tação de serviços a comunidade à internação), 50 familiares,

Conhecimentos Específicos 144 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
19 participantes da equipe técnica (psicólogos, assistentes relação à medida socioeducativa e às reuniões; construída
sociais, pedagogos, monitores) do CAJE (Centro de Atendi- a partir das falas: "A medida é uma possibilidade de entrada
mento a Juventude Especializado), SEMSE/VIJ (Setor de em cursos e ingresso no mercado de trabalho" Pise no freio.
Medidas Sócioeducativas da Vara Infância e Juventude), CDS Faça a coisa certa. Fale, Aja e Ouça". 4) Percepção crítica da
(Centro de Desenvolvimento Social da Secretaria de Estado e medida socioeducativa elaborada a partir das frases: "Chega
de Ação Social) e Semi-liberdade envolvidos na fiscalização e de Violência";"Violência não combate violência" "De nada
execução das medidas sócio-educativas e alunos da equipe adianta a liberdade se não temos a liberdade de errar""Me dá
de pesquisa da UnB ligados ao PRODEQUI. Os adolescentes dignidade".
e familiares foram encaminhados pelas diferentes instituições
envolvidas: CAJE, SEMSE/VIJ e CDS e Semi-Liberdade do As denúncias assustaram a equipe técnica que se sentiu
Gama. confrontada. Nas intervisões, o corpo técnico pode entender a
razão das denúncias e refletir sobre como estavam vivencian-
As informações foram colhidas a partir de oito reuniões mu- do a medida socioeducativa. Através do processo de identifi-
tifamiliares mensais das 15 reuniões de intervisão, de tiveram cação começaram a perceber os pais não mais inimigos em
um total de quatro horas de duração. Os dados foram extraí- campos opostos, mas como pessoas que como eles, também
dos da filmagem, em vídeo das reuniões, dos trabalhos reali- se sentiam aprisionados, desqualificados e marginalizados no
zados pelos participantes durante as reuniões (colagem, carta- contexto sócio-jurídico. Nessa intervisão foram criadas três
zes, imagens, expressão corporal, dramatizações) e dos rela- zonas de sentido: 1) Impotência e desvalorização social do
tórios dos estagiários, alunos e pesquisadores do PRODEQUI/ técnico; através das metáforas: da armadilha, do touro espe-
UnB. tado, da ponte e da expressão, estamos "escorregando na
banana"; 2) Reflexão crítica à prática institucional, referen-
A análise interpretativa do conteúdo temático teve como ciada à falta de políticas públicas; expressas nas falas:
fundamento a epistemologia qualitativa de González Rey "Ainda não tinha parado para pensar na medida"; "O trabalho
(2002). Essa proposta metodológica se relaciona com o ponto do monitor é mecânico";"A política fala de corrupção e a gente
de vista pós-moderno proposto por Grandesso (2000). Para o fala de dignidade";"Temos que estar mais próximos dos agen-
autor, as construções do terapeuta investigador devem privile- tes" e da metáfora do alvo ("que a gente - equipe técnica -
giar o cenário subjetivo dos clientes, próprios de suas constru- tenta acertar"), do gráfico (que "dá oportunidade para o menino
ções e sentidos. pensar o que nunca tinha pensado antes"); do relógio que
1.3. Descrição e Análise dos três primeiros encontros e encerra que "Tem um momento na vida das pessoas que se
intervisões você não agir de forma definitiva o tempo passa..."; do anel e
da pulseira ("Precisamos ver o que eles tem de bom")
O primeiro encontro teve como tema – "Como estou viven-
do a medida sócio-educativa?" – e objetivou uma análise das Com base no primeiro encontro e nas discussões feitas na
implicações da medida sócio-educativa na vida de cada um supervisão elegeu-se como tema para o segundo encontro:
dos participantes, através da reflexão sobre questões: Como Quais as funções da medida? Esta reunião teve o objetivo de
vê a medida hoje? O que é a medida sócio-educativa para focalizar e refletir sobre os três aspectos da medida sócio-
você? Como está vivendo a medida sócio-educativa? Essa educativa. Tal reflexão ocorreu após uma encenação, de cará-
discussão foi realizada em pequenos grupos após o aqueci- ter didático realizada pelos técnicos. As zonas de sentido per-
mento inicial, no qual as pessoas – dispostas em círculo e ao cebidas neste encontro foram: 1)Consciência crítica dos pais
som de uma música – se olhavam e se reconheciam, decla- quanto ao papel da família na medida socioeducativa; dada
rando solenemente o seu nome, após se conhecerem. As pelas falas: "Quando estão lá prometem mundos e fundos,
reflexões sobre a medida feitas em subgrupos foram expres- quando saem, aprontam de novo". "É um trabalho de consci-
sas num painel apresentado em sessão plenária. entização da própria família"; 2) O papel do juiz, quando a
família falha; observado através das frases: "A lei aplicada
Este encontro teve um grande número de participantes, 73 quando a família e a sociedade não estão conseguindo (aten-
pessoas. Foi esclarecido que o objetivo da reunião era criar der às necessidades do jovem)"; 3) A necessidade de arre-
um lugar onde as pessoas teriam "corpo, voz e vez" (metáfora pendimento e de valorização da vida pelo adolescente em
introduzida pela equipe técnica), podendo falar da suas rela- conflito com a lei; tal necessidade foi expressa nas falas: "(é
ções, inclusive com a justiça. Muitos familiares aproveitaram- preciso uma) Reflexão sobre o que ele fez" "(é preci-
se do espaço para denunciar os maus-tratos que seus filhos so)Assumir o erro, arrependimento do que fez"; 4) A violência
vinham sofrendo nas unidades de internação. O grupo criou vivida pelo adolescente e família na instituição presente nas
uma identidade expressa nas metáforas utilizadas – "estamos falas sobre "a violência da polícia e dos monitores". Os partici-
no mesmo barco", "navegando para um porto seguro" - e foi pantes nesse encontro formularam propostas que constituíram
capaz de detectar e controlar os ritmos do metabolismo grupal, a quinta zona de sentido; 5) Propostas e sugestões para a
oferecendo sugestões para a fadiga e a temporalidade. A instituição: "capacitação e atendimento psicológico para os
aceitação do método psicodramático com seus princípios de monitores; "Atendimento psicológico extensivo à famí-
criatividade e espontaneidade permitiu a descoberta e utiliza- lia";"Atendimento especializado no caso de drogadição"; "Cur-
ção de habilidades pessoais, bem como a adequação dos sos adequados às necessidades dos jovens". Embora a medi-
recursos às pessoas. da socioeducativa tenha sido significada como "importante"
Nesse contexto, as falas dos participantes encerram quatro para os diferentes atores, nem pais, e a equipe técnica como
zonas de sentido construídas a partir de frases ilustrativas, um todo, tinham uma percepção clara dos três níveis da medi-
projetadas em figuras, são estas: 1 ) a zona de sentido da da. Apenas o nível da sansão era bem compreendido por
impotência da família face à situação infracional do filho; todos e significado como: " um freio, uma sinalização de limi-
foi elaborada a partir das falas:"me senti sem chão", "sou tes". Depois das reflexões feitas no grupo, os demais níveis da
prisioneiro de mim mesmo"; "sinto-me como uma criança medida, tais como, o da orientação sócio-educativa, inicial-
que não sabe agir" etc.; 2) Desejo de ter uma família unida mente entendida de forma vaga como "um futuro melhor",
e capaz de cuidar. Essa zona de sentido foi construída das assim como a reparação, começaram a ser compreendidos
falas que acompanhavam os cartazes "um ninho" "Quando um pelo grupo. A orientação sócio-pedagógica foi entendida como
filho cai nós temos que estar bem para ajudá-lo" "A família se aquela que dá ao jovem oportunidade de emprego e a repara-
uniu" "A base da família é o pai e a mãe. Tem muito pai ausen- ção como o momento do adolescente refletir sobre o dano
te""Nós não precisamos mentir, nós sabemos como enfrentar a causado a outrem, a família e a ele mesmo. Evidenciou-se,
situação temos "coragem de enfrentar". 3) Expectativas em assim, o papel da família em ajudar na promoção desta refle-
xão.

Conhecimentos Específicos 145 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
No início deste encontro, a medida socioeducativa era vista ria, após a qual representaram num sociodrama1 como esses
como sendo da esfera da polícia. Havia um movimento das atores se articulavam e como deveriam se articular. Nesse
famílias de transferir para o juiz a responsabilidade pelos filhos encontro foram produzidas 4 zonas de sentido: 1) A violência
e para a polícia a competência de vigiá-los. Houve uma ampli- familiar e institucional "causando a revolta e a exclusão do
ação desse nível de consciência e do papel dos diferentes jovem infrator" através da cena do processo de exclusão do
atores. Pais e técnicos estavam mais próximos e puderam jovem e das frases "A violência começa dentro da própria
expressar como a medida socioeducativa estava sendo cum- casa""A instituição às vezes trata com dignidade, às vezes
prida pelos diferentes atores, identificando as disfunções das não" ; 2) A família descobre o papel da justiça; elaborado
instituições sociais e a forma excludente com que tratavam a mediante as falas: "O juiz determina os limites, deve julgar de
questão do adolescente com problemas de conduta. Puderam, forma imparcial"." A justiça é lenta"; 3) A família percebe as
também, idealizar nova forma de realizar o acompanhamento dimensões da medida socioeducativa; e questiona a "Inter-
da medida, através das participações harmoniosas, firmes e nação por tempo indeterminado"; 4)Aspectos pedagógicos
constantes de todas as instituições envolvidas. A metáfora: da medida quando dizem que ela possibilita ao "jovem a pen-
"estamos no mesmo barco", significou o "crescer juntos" como sar sobre sua própria vida"; "dá chance para o jovem estudar e
parceiros em meio a dúvidas e conflitos, aprendendo uns com aprender uma profissão"
os outros. A partir daí, as denúncias que tanto assustavam os
técnicos diminuíram sensivelmente, o que permitiu o aprofun- A família descobriu a forma de atuação dos outros atores
damento de outras questões. da medida socioeducativa na rede institucional; "O adolescen-
te cumprindo as normas"; "A família orientando, acompanhan-
Nesse momento dialógico, foram construídos espaços não do, compreendendo, dando carinho. Não discriminando"; "O
mais de denúncia, mas de cumplicidade, permitindo que os governo oferecendo acompanhamento da LA, cursos e traba-
pais e filhos, junto com a equipe técnica, passassem a se ver lho"; "A sociedade, valorizando a participação dos jovens.
como cidadãos sujeitos aos direitos e deveres reivindicando Ajuda dos empresários"; "A comunidade, participando com
com mais consciência "escola, assistência e trabalho" e "reu- suas críticas"; "A escola, educando sem discriminar".
niões (como estas) nas unidades de acompanhamento da
medida socioeducativa (Centro de Desenvolvimento Social) e Ao observar as reflexões realizadas pela família e pelo téc-
nas unidades de internação", "(nessas reuniões é preciso) a nico, destaca-se uma certa similaridade na vivência e nas
participação do Juiz, do médico.". O suporte afetivo oferecido concepções dos mesmos quanto às medidas socioeducativas,
neste contexto permitiu que os pais expressassem seu afeto, quanto ao contexto e à aplicação delas ao adolescente em
saindo do contexto de sofrimento e solidão ao dizerem "apren- conflito com a lei e, sobretudo, quanto ao seu papel e à sua
di a viver", "hoje sou outra pessoa", "encontrei outra família". responsabilidade no acompanhamento das mesmas.
Os técnicos puderam neste contexto onde percebiam os pais Após análise de cada encontro e de cada intervisão, nos
como inimigos e o adolescente como incorrigível se colocar quais foram destacadas dezenove zonas de sentido, perce-
"como as mães, no lugar delas" e ver "em alguns (jovens) a bemos que estas encerravam conteúdos que se sobrepunham
possibilidade de mudança". Para alguns, os diálogos promovi- e evidenciavam uma articulação entre as construções das
dos nos encontros "aguçou... a sensibilidade como educador". famílias e as dos técnicos. Desse modo, foi possível conjugar
Segunda intervisão realizada com os técnicos para apreci- as zonas das famílias e as dos técnicos em 4 zonas comuns,
mais abrangentes. São elas: 1) Primeira zona de sentido:
ação de um encontro e planejamento do outro foram com 3
zonas de sentido: 1) Como lidar com o afeto no trabalho sentimentos de impotência; 2)Segunda zona de sentido:
institucional; construída a partir das frases: "Tem que ter desejo de uma rede familiar, institucional e social;
autoridade e afeto ao mesmo tempo" 2) Contradições da 3)Terceira zona de sentido: críticas e crenças sobre a
família a respeito das medidas socioeducativas de restri- medida socioeducativa; 4) uarta zona de sentido: partici-
ção de liberdade, trazidas pelo técnico; elaborada a partir pação ativa dos atores da medida.
das falas:"O pai transfere sua responsabilidade para a institui- A primeira zona de sentido: sentimentos de impotência
ção"; "O pai pede"policia na Instituição 2"; "O pai perde o con- foi evidenciado pelas metáforas de aprisionamento, ataque,
tato com o filho institucionalizado"; 3) Confusão das famílias medo da queda. Ambos, tanto o técnico quanto a família, se
quanto aos papéis das instituições na execução das me- colocam, de algum modo, sem recursos e desqualificados.
didas socioeducativas, expressas nas frases:"Confundem
polícia com justiça e o juiz com o promotor". Conforme tem sido apontado na literatura, os pais, nos dias
de hoje, apresentam dificuldade de estar presentes na vida
Esta revisão permitiu-lhes vislumbrar o seu papel dentro da dos filhos, devido às condições impositivas e competitivas da
Instituição anteriormente tida como "uma incógnita", "uma vida pós-moderna, que os leva a dedicar a maior parte do seu
armadura" e como agentes de mudança capazes de reconhe- tempo ao trabalho e às atividades laborais. Estes, no atendi-
cer que "é possível uma ação conjunta da instituição com as mento às demandas de trabalho e sobrevivência - especial-
famílias (é possível) uma rede de ajuda". Na condição de me- mente o pai, representante da lei -, são levados a abandonar o
diadores, proposta por Selosse (1995), disseram: "... hoje seu papel parental de figuras de autoridade. A família se vê,
procuro estabelecer laços (com os adolescentes) e conquistá- também, "atacada" e "bombardeada" por uma série de infor-
los"... "... valorizando a medida sócio-educativa". mações contraditórias, vindas da mídia e das diferentes ins-
Dando continuidade ao processo de compreensão da me- tâncias educacionais (escola, igreja, etc.). Isso dificulta e atra-
dida sócio-educativa, que pareceu estar sendo estimulante, palha na realização do seu papel educativo (Schenker, 2003;
elegeu-se o tema do terceiro encontro: Quais são os atores da Schust et cols.,1999; Selosse, 1997; Gualejc, 1987,1991,1994;
medida? Esta reunião teve como objetivo identificar e compre- Giddens, 1991).
ender o papel dos diferentes atores que participam da medida As pressões da sociedade atual sobre a família, nos forma-
sócio-educativa limitados aos adolescentes, aos pais e agora tos hedonistas, consumistas, individualistas, nos seus sentidos
aos técnicos. No aquecimento e entrosamento do grupo as de permissividade, de narcisismo, de competitividade, apre-
pessoas buscaram se conhecer expressando o que acharam sentam uma degradação dos valores sociais, éticos e morais.
de "bonito" na pessoa com quem buscou contato durante a Os pais não conseguem educar os filhos, por se encontrarem
caminhada inicial. No trabalho em pequenos grupos, os parti- desqualificados e despreparados pelas agências da socieda-
cipantes, com a ajuda da equipe técnica, destacaram o papel de.
dos atores da medida sócio-educativa (adolescente, família,
corpo técnico, juiz, comunidade, etc). Os subgrupos produzi- O técnico também sofre esta pressão, desprestigiado e
ram um painel sobre o assunto apresentado em sessão plená- mantido alheio ao que vai se passando, enquanto exercita as

Conhecimentos Específicos 146 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
suas atividades, porquanto convive com a corrupção na políti- apresenta propostas, uma das quais se refere à capacitação e
ca e na sociedade, tentando zelar pela ética, na sua prática. ao apoio psicológico dos funcionários, e a outra sugere a cria-
Sente-se impotente num contexto institucional degradado, que ção de um espaço de escuta para o adolescente e para os
prega uma coisa e faz outra. Todo este contexto denota incoe- familiares. Este processo reflexivo e crítico remete à questão
rências e inconstâncias, além das distâncias entre o discurso e ética, das relações e das instituições.
a prática institucionais.
O ato infracional depende de um contexto, e tem uma fun-
Ambos, técnico e família, desenvolveram uma certa ce- ção, que é a de interrogar o pai, representante da lei, familiar e
gueira que os impede de ver o sujeito adolescente, com o qual social. Este ato possui um aspecto positivo e de algum modo
se relacionam. Sentem-se inseguros para abordá-lo, já que ele pode instituir o jovem na sociedade. Em relação a este aspec-
se tornou um desconhecido. Tanto a família quanto o técnico to, a família traz a sua crença de que, através da medida soci-
parecem um tanto perdidos enquanto autoridades. Encontram- oeducativa, o adolescente poderá promover a sua reinserção
se desorientados e desconfirmados pela própria sociedade, familiar e social, assumindo as regras, limites e responsabili-
que não lhes garante o instrumental necessário aos desempe- dades familiares, institucionais e sociais. Poderá também ter
nhos dos seus papéis, ao mesmo tempo em que os desqualifi- um melhor direcionamento na sua inserção social e comunitá-
ca, por não cumprirem suas tarefas. ria, através de estudo formal, de cursos profissionalizantes e
de trabalho. Percebe, no entanto, que as instituições, bem
Os pais são desqualificados em virtude da falta de condi- como as políticas do governo, ainda não assumiram de fato
ções básicas mínimas de manutenção da família, e o técnico, esta necessidade.
pela falta de condições estruturais adequadas para a realiza-
ção de suas práticas (políticas, programas, instalações e pro- Na terceira zona de sentido: críticas e crenças sobre a
cedimentos apropriados e claros). medida socioeducativa, a família acredita que a medida
possa promover no jovem o arrependimento. Este ponto nos
Neste contexto confuso e precário, em que vivenciam o remete à dimensão da reparação (Selosse, 1997). Esta crença
"medo da queda", e as consequências do fracasso, estes
da família de algum modo é compartilhada pelo técnico, que
atores desejam mudanças. Este desejo se conjuga na segun- busca rever sua visão do adolescente inacessível e a sua
da zona de sentido: desejo de uma rede familiar, institucio-
dificuldade de aproximação dele.
nal e social capaz de cuidar do jovem em conflito com a
lei. Família e técnico sentem-se sós na tarefa de orientação ao Quanto às possibilidades da medida, o técnico assume que
adolescente. A família se encontra sem o apoio da tradição e há um desconhecimento da mesma por parte da família e
dos costumes, e também sem o suporte comunitário, pois a também da sua parte, que "não tinha parado para pensar so-
solidariedade teve o lugar tomado pelo "individualismo". Sente bre (ela)". Percebe, assim, que ainda não tinha observado
também a falta do apoio social, de creches, de escolas, de mais claramente o seu instrumento de trabalho, bem como os
programas educativos e culturais, que atendam às suas ne- aspectos que impedem a sua prática institucional. Reconhece,
cessidades de educação e de cuidados dos filhos. Já o técnico também, o seu papel e o dos educadores, mudando a sua
se encontra sem o apoio da rede institucional, pois cada uma percepção inicial sobre eles, dizendo: "os educadores (são)
das instituições está voltada mais para as suas práticas espe- maravilhosos, mas não percebem a importância da participa-
cíficas, sem a atenção devida aos demais participantes do ção no processo, não percebem o quanto são valiosos".
processo de recuperação do jovem em conflito com a lei.
O técnico, à distância, num segundo momento da experi-
A família e o técnico convivem com a falácia da sociedade, ência reflexiva, no contexto das reuniões multifamiliares, bus-
que através de suas diferentes agências sociojurídicas os ca, dentro dos seus universos possíveis de compreensão e
desconfirmam. Sofrem também com a denúncia que o adoles- ação, mesmo que limitados, as mudanças institucionais ne-
cente faz, com as suas transgressões: a família ele denuncia cessárias para a realização da tarefa. Nesta reflexão crítica
como incompetente, "por não tê-lo educado", e o técnico tam- tem uma outra visão sobre o jovem, não mais como "plástico"
bém ele denuncia, "por não conseguir contê-lo na sua trajetó- e impermeável, mas como um ser precioso a ser descoberto:
ria infracional, por não conseguir recuperá-lo". "a gente acredita que dentro de cada um deles (jovens) existe
uma preciosidade, assim como na família... existem potenciais
Nesse movimento reflexivo família e técnico denunciam a maravilhosos, que às vezes a gente não consegue trazer para
violência da instituição e da sociedade que ainda não garan- fora, mas ele existe, a gente acredita, até porque são seres
tem o tratamento coerente, respeitoso e digno para o adoles- humanos, e todos nós, como seres humanos"...
cente infrator conforme está previsto no ECA.
Estas reflexões alentam estes atores para novas possibili-
Apesar destes aspectos negativos, a família e o técnico se dades de atuações, que podem dar resultados melhores, mais
mostram resilientes, não se entregando à situação. Buscam, objetivos, portanto, na visão deles, que poderiam sanear o
através de uma profunda reflexão, voltar-se para si mesmos e contexto de violência institucional, da qual vêm a ser agentes e
para o sujeito de sua ação (o adolescente em formação), para vítimas.
a instituição sociojurídica e para o instrumento por ela utiliza-
do, a medida socioeducativa, com os seus recursos pedagógi- Percebem também que o contexto psicossocial (das insti-
cos e psicossosciais. Esta foi reconhecida como capaz de tuições em geral, da escola, da família), que contribui para a
promover a reinserção social do jovem em conflito com a lei, criação e manutenção do sintoma, deve ser focalizado no
sendo devidamente aplicada. processo interventivo (Sudbrack, 1998). Desse modo, solicitam
ajuda para si e para os outros atores (funcionários das institui-
Nesse processo se deparam com as possibilidades da me- ções), reconhecendo o papel de cada um, e a sua dificuldade.
dida socioeducativa, que inclui o acompanhamento educativo -
que deve ser feito dentro de um contexto empático. O técnico Estas percepções comuns do técnico e da família se refe-
busca resgatar a dimensão afetiva como forma de aproxima- rem, desta vez, à quarta zona de sentido: participação ativa
ção da sua clientela, os adolescentes e as suas famílias. Os dos diferentes atores na medida socioeducativa. Nessa
pais buscam resgatar o seu papel e a presença parental na consideração percebem que o adolescente deve colaborar no
família, e a condição cidadã, para si e para os adolescentes, seu processo de formação e reconhecem que "a presença
na sociedade. deles é riquíssima"... Quanto ao papel da família, destacam
que os pais devem estar mais presentes na vida dos filhos.
Família e técnico refletem sobre a sua experiência institu- Quanto ao papel das agências sociais e comunitárias, estas
cional e percebem o seu poder como agentes transformado- devem criar programas que atendam às necessidades desen-
res, dentro do contexto das medidas socioeducativas. A família volvimentais do adolescente (práticas esportivas, recreativas,

Conhecimentos Específicos 147 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
artísticas, etc.) que protejam o jovem em situação de risco. 1.5.Conclusão
Quanto ao papel da escola, como agência de socialização,
deve educar "sem discriminar". Quanto ao papel da instituição, As reuniões possibilitaram aos adolescentes e familiares:
tratar com "dignidade" e, quanto ao papel do governo, propiciar 1) a reflexão e compreensão dos três aspectos da medida
ocupação e "trabalho para o jovem". sócio-educativa e de como deveriam atuar os diferentes atores
a ela relacionados; 2) a expressão de seus sentimentos de
Apesar das conjugações apresentadas entre as reflexões vergonha, impotência, injustiça e insatisfação com a sociedade
da família e as do técnico, observa-se, por parte da família, um e com o sistema judicial; 3) a expressão de suas queixas de
enfoque maior quanto às possibilidades de mudança do jovem, uma forma mais direta e menos hostil aos agentes institucio-
a partir da vivência da medida socioeducativa, sobretudo no nais; 4) o reconhecimento de si mesmos nos seus iguais; 5) o
que se refere à construção de um projeto de vida. reconhecimento de seus filhos e as reais necessidades que
eles, têm como a do diálogo aberto e franco, sobre problemas
O pensamento do técnico, ao se mostrar identificado com o como sexualidade; 6) a revisão de suas faltas e resgate da sua
da família, permite que juntos possam construir um caminho competência como pais, fornecendo ajuda a seus iguais. Aos
dentro de uma outra ordem. As construções apresentadas, técnicos: 1) a compreensão dos três aspectos da medida só-
tanto pela família quanto pelo técnico, revelam a ética do com- cio-educativa e de como deveriam atuar os diferentes atores a
promisso e a da responsabilidade frente ao adolescente em ela relacionados; 2) a análise dos aspectos internos e externos
conflito com a lei. que interferem na sua atuação como educador no acompa-
Assim, a instituição, que destas maneiras tem violentado nhamento das medidas sócio-educativas; 3) a criação de uma
pais, técnicos e adolescentes, deve adotar um outro modelo rede relacional mais constante, próxima e efetiva entre as
de atuação. Como novo modelo sugere-se o sistêmico, que diferentes instâncias (executora e fiscalizadora, técnica e não
aborda o problema do jovem em conflito com a lei, em todos técnica) relacionadas ao acompanhamento da medida sócio-
os seus aspectos. Neste modelo, o ato delinquente resulta de educativas; 4) o resgate de sua competência técnica dentro de
múltiplas determinações de caráter social e psicológico, e um contexto relacional mais próximo da família e do problema
coloca o adolescente como sujeito e objeto, agente e paciente que ela porta; 5) o acolhimento das queixas e necessidades
de seu processo de socialização (Selosse, 1997 e Sudbrack, das famílias.
1992). O trabalho institucional, dentro deste modelo deve bus- O espaço conversacional possibilitou a desconstrução e
car a participação ativa dos diferentes atores, atendendo às externalização do problema, que envolvia o apego a narrativas
suas demandas (Lévy, 1994). Assim, o acompanhamento da viciadas sobre os atores envolvidos na medida sócio-educativa
medida socioeducativa deve contemplar adolescente, família e (Ferramini 1999). Nessa troca dialógica a posição do não-
técnico, num movimento reflexivo, no processo de reparação saber da equipe terapêutica proporcionou um esforço colabo-
de si mesmos e no resgate do seu papel na sociedade. rativo na geração de novos significados. Nesta produção foi
Mudar a prática requer uma intensa revisão de valores so- necessária a construção de um clima emocional de aceitação
cioculturais, para que profundas mudanças sejam operadas e de diferentes visões e de revitalização dos discursos estabele-
estendidas à rede interinstitucional. Como propõe Xaud, citan- cidos. (Diamond e Lidle 1999).
do Antônio Carlos Gomes da Costa (em: Brito, 1999). Faz-se O ato infracional passou a expressar "uma esperança"; me-
necessário um intercâmbio constante com as instituições, que táfora proposta pelos pais, que reconheceram a intervenção
não podem perder de vista a dimensão ética. A delinquência judicial com suas medidas psicosócio-educativas uma possibi-
deve ser tratada juridicamente, sem descambar para o 'retribu- lidade de mudança no estilo de vida do jovem e de suas famí-
cionismo hipócrita', que para assegurar a ordem pública de- lias, tal como propõe Selosse (1997). Muitos assinalaram que
fende o rebaixamento da idade penal e o aumento das penas, a família se "uniu" a partir do momento em que o jovem "caiu
ou para o 'paternalismo ingênuo', que patologiza o delito, tiran- na justiça". Tal aspecto ressalta a natureza do acting-out do
do do jovem a possibilidade de defesa (acrescentamos: e de adolescente dizendo fora o que não pode dizer na família, ato
reparação), através do processo legal. este que tem a finalidade de unir a família e reinstituir a lei
O adolescente, dentro desta perspectiva, deve ser visto paterna (Sudbrack, 1992).
como um sujeito transformador. Para isso Xaud (em: Brito, Através da participação dialógica dos Encontros, a equipe
1999) propõe que o técnico, no atendimento ao adolescente técnica pode vislumbrar o nível de ajuda para mudança, pro-
infrator, precisa contextualizá-lo e contextualizar o delito, aten- posto por Levy (2001), reconhecendo suas limitações, re-
dendo às necessidades de justiça e de reparação (acréscimo significando a importância de seu papel e formulando novas
nosso), fornecendo os necessários indicadores para o proces- possibilidades de atuação e ajuda intra e inter-institucional.
so educativo.
O grupo depois de ter criado um espaço e uma identidade
Ao contextualizar o jovem, o técnico poderá conhecer a própria pode sair da obrigação (imposta pela medida sócio-
pessoa que está à sua frente, entendendo suas motivações e educativa) para a demanda (solicitando a continuidade do
conhecendo suas potencialidades. Poderá, também, conhecer trabalho agora com enfoque na drogadição). A presença en-
seu relacionamento com as figuras parentais e sua capacidade carnada da figura do juiz que outorgou de forma simbólica o
de estabelecer vínculos afetivos, necessários à promoção resgate da autoridade parental permitiu a compreensão duas
humana. dimensões da Lei como protetora e repressora.
A intervenção dentro do judiciário deve contribuir para a
esde o início que a questão da delinquência não pode-
desconstrução do contexto que produz a violência. Isso remete
ria ser circunscrita a
a um trabalho com as famílias e instituições, para a construção
de novos significados sobre essa realidade, significados estes OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADO-
geradores de novas possibilidades de relacionamento intrafa- LESCENTE.
miliar, interfamiliar e interinstitucional, da maneira como está A Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, a
previsto no ECA. Essa nova composição deve atender, portan- Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescen-
to, à atual demanda necessária de pragmatismo, de eficácia, te listam diversos direitos que devem ser alvo de proteção
de rapidez, de economia de tempo, de dinheiro e de ideias, prioritariamente pelo Estado, pela família e pela a fim de ga-
aspectos estes que produzem novas formas de lida com o rantir uma existência digna e o desenvolvimento pleno da
sofrimento, que afeta tanto a clientela assistida quanto as criança e adolescente.
equipes de atendimento, em prejuízo para toda a sociedade.

Conhecimentos Específicos 148 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Dessa forma, é que a criança e adolescente, além dos di- ECA, esclarece que o direito à liberdade abrange o direito de
reitos fundamentais inerentes a qualquer ser humano, têm locomoção, de expressão, de crença, de diversão, de partici-
alguns direitos que lhe são especiais pela sua própria condi- pação da vida familiar, comunitária e política (nos termos da
ção de pessoa em desenvolvimento. O Estatuto da Criança e lei) e de refúgio.
Adolescente, portanto, rompe com a doutrina da situação
irregular do Código de Menores que tratava a criança e o O direito ao respeito, conforme art. 17 do ECA, consiste
adolescente como objetos, passando a tratá-los como sujeitos na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
de direitos. criança e do adolescente. Para tanto deve-se preservar a
imagem, a identidade, a autonomia, os valores, as ideias e as
Assim, o art. 4.º determina que é dever da família, da co- crenças, os espaços e os objetos pessoais.
munidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegu-
rar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, A criança e adolescente, conforme determina o art. 18 do
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à ECA deve estar protegida de todo e qualquer tratamento
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liber- desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor,
dade, à convivência familiar e comunitária. Esse artigo é qua- garantindo assim sua dignidade.
se uma reprodução literal do que está disposto na Constitui- Por isso, com base no direito ao respeito e à dignidade
ção Federal do Brasil. que há uma preocupação clara do Estatuto com o sigilo dos
O Estatuto, visando garantir a efetivação desses direitos, processos, principalmente processos de apuração de atos
dispõe que qualquer atentado, por omissão ou ação, aos infracionais, além disso, há no Estatuto crimes específicos em
direitos fundamentais das crianças e adolescentes são puni- caso de violação desses direitos, visando dessa forma impe-
dos conforme determina a lei. dir ou, ao menos, coibir que esses direitos sejam violados. A
previsão está no art. 240 e 241 do ECA.
Direito à vida e direito à saúde.
Direito à convivência familiar e comunitária
São disciplinados pelos arts. 7.º a 14 do ECA. Assim, o di-
reito à vida e à saúde, segundo o art. 7.º do ECA, serão efeti- Para haver a efetivação de todos os direitos fundamentais
vados através de políticas públicas que permitam o nascimen- que são assegurados a criança e adolescente é necessário se
to e desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições garantir a convivência familiar. Instituições não são como
dignas de existência. família, pois o vínculo familiar é calcado no afeto. E é por isso,
com base na importância dessa convivência familiar, que
Para garantir a efetivação dos direitos é que o ECA de- permitirá um desenvolvimento com dignidade e efetivação dos
termina que seja assegurado a gestante o acompanhamento direitos humanos que, o art. 19 do ECA dispõe que “toda
pré-natal no sistema único de saúde, determina ainda que se criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no
possível, preferencialmente, o médico que fez o acompanha- seio da sua família e, excepcionalmente, em família substitu-
mento no pré-natal seja o que realizará o parto e mais que o ta”.
Poder Público garanta a alimentação do recém-nascido.
Buscando-se impedir arbitrariedades e garantir que a cri-
Verifica-se portanto que o que se busca é acabar com a ança e adolescente se desenvolvam no seio de sua família
mortalidade infantil ou, ao menos, reduzi-la, havendo uma natural que o art. 23 do ECA dispõe que a falta ou carência de
preocupação clara com a saúde e vida da gestante e da cri- recursos materiais não constitui motivo suficiente para a per-
ança recém nascida. da ou suspensão do poder familiar. De fato, seria absurdo que
um pai ou uma mãe pudessem perder ou ter suspenso o
Além disso, há uma determinação do Estatuto para que os poder familiar por serem pobres. Embora tão claro e evidente
empregadores e as instituições propiciem o aleitamento ma- não é incomum decisões judiciais nesse sentido, decisões
terno, inclusive no caso de mães privadas de liberdade. As- que refletem uma visão preconceituosa que um pai ou mãe
sim, tanto as mulheres que trabalham e também aquelas que pobre não tem condições de educar “bem” uma criança ou um
estão presas, incluídas aqui as adultas e adolescentes, que adolescente.
são mães devem poder amamentar seus filhos. Como é cedi-
ço o aleitamento contribui para o desenvolvimento saudável Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer
da criança recém nascida e, portanto, não basta apenas in-
centivá-lo, mas é necessário que se dê meios para que a mãe O direito à educação, garantido no art. 53 do ECA, tem por
possa realizá-lo. finalidade o pleno desenvolvimento da criança e adolescente,
o preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
Direito à alimentação. trabalho. Assim, o acesso à educação surge com um fator de
transformação social, visando o combate a exclusão social,
Embora não haja um capítulo especifico no Estatuto sobre permitindo que a criança e adolescente se desenvolvam e
tão importante direito ligado claramente a vida, pois não há estejam preparados para exigências da vida em sociedade,
vida sem alimentação, tanto a Constituição Federal como o tanto quanto aos seus direitos e deveres no convívio com as
Estatuto o elencam entre os direitos a serem protegidos, ca- pessoas como no seu trabalho.
bendo ao Estado fornecer essa alimentação se os pais ou
responsáveis não tiverem condições de fazê-lo. E a preocu- Dessa forma, o Estatuto dispõe que o acesso ao ensino
pação com a efetivação desse direito é clara quando o Estatu- obrigatório e gratuito é direito público subjetivo da criança e
to em seu § 3.º do art. 7.º dispõe que incumbe ao Poder Pú- adolescente. Cabe aos pais e responsáveis a obrigação de
blico propiciar alimentação à gestante e à nutriz que dele matricular os filhos ou pupilos na escola e controlar a fre-
necessitem, pois é evidente que para um desenvolvimento quência, cabe ao Estado oferecer o ensino obrigatório e ao
sadio é necessária uma alimentação adequada desde a ges- estabelecimento de ensino fundamental comunicar ao Conse-
tação. lho Tutelar os casos de maus tratos, a reiteração de faltas
injustificadas e evasão escolar e altos níveis de repetências.
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Assim, é evidente que há obrigação por parte da família, do
O direito à liberdade da criança e adolescente tem carac- Estado e também da escola para que a criança e adolescente
terísticas especificas, já que são pessoas em desenvolvimen- não deixe de estudar ou abandone os estudos, para que se
to e por serem imaturas muitas vezes se encontram em situa- dê efetividade ao direito à educação que lhe é garantido.
ção de vulnerabilidade. Mas não é por essa condição peculiar É importante que a criança e adolescente conheça suas
que não tem direito à liberdade, aliás esse direito se altera raízes, mais, que ela valorize essas raízes e as mantenha,
conforme o desenvolvimento vai se completando. O art. 16 do
Conhecimentos Específicos 149 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pois é assim que ela manterá e desenvolverá a sua identida- Temos de pensar maior, na atuação coletiva, fazendo,
de com o grupo. Por isso, a preocupação do Estatuto que no construindo, provocando ações e projetos de atendimento
art. 58 que dispõe que no processo educacional serão respei- mais amplos, pois a meu ver é muito pouco o que se faz no
tados os valores culturais, artísticos e históricos próprios do âmbito do Poder Público, das Varas da Infância e da Juventu-
contexto social da criança e do adolescente, garantindo a eles de atualmente, não obstante o denodado esforço dos juízes e
liberdade de criação e acesso as fontes da cultura. juízas, dos profissionais que nelas atuam, Promotores de
Justiça, psicólogos, assistentes sociais, etc.
Por fim, há a preocupação que além da educação, a cri-
ança e adolescente possa brincar e praticar esportes. O es- Muito se fala e é teorizado em relação ao tema da criança
porte e o lazer contribui para que a criança e adolescente como especial objeto da atenção do legislador, do educador,
desenvolvam outras potencialidades e desenvolvem o relaci- da medicina e de outras disciplinas. Todavia, em termos práti-
onamento social. cos, de efetiva implementação de políticas de atendimento
Direito à profissionalização e à proteção ao trabalho aos jovens, muito pouco se faz em nossa sociedade.

È do trabalho que o homem obtém seu sustento. Porém, a Esta é a situação, de quase completo descaso para com a
busca por esse sustento compete a adultos, não a adolescen- complexa problemática da denominada proteção integral, em
tes ou a crianças. Por essa razão que a Constituição Federal que vivemos e que vem gerando insuportáveis taxas de vio-
e o Estatuto da Criança e Adolescente proíbem que menores lência infanto-juvenil, tendo como causas, dentre outras, a
de dezesseis anos trabalhem, exceto se for para exercer suas falta de estrutura familiar, a desinformação e o despreparo
potencialidades e os preparem para a vida adulta, o que é dos pais, a má qualidade do ensino público obrigatório, a
permitido a partir de quatorze anos quando o exercer na con- inadequação dos educadores no trato com o jovem, a ausên-
dição de aprendiz. cia de vontade e de empenho das autoridades públicas para
A proibição tem um fundamento muito claro permitir que a um completo e duradouro projeto de atendimentos dos direi-
criança e o adolescente tenha tempo para estudar. O exercí- tos da criança e do adolescente, dentre outras causas não
cio de um trabalho por uma criança ou por um adolescente menos importantes.
lhe retira o tempo que lhe é necessário não só de frequentar
as aulas, mas também de estudar o que foi passado em sala Não custa lembrar, ao menos em linhas gerais, o conteú-
de aula e fazer as lições. Além disso, o trabalho em muitas do dos artigos 3º, 4º e 5º do Estatuto da Criança e do Adoles-
situações acarreta danos para a saúde da criança ou adoles- cente, escritos como corolários do art. 227 da Constituição
cente, pessoas em desenvolvimento que são, e que muitas Federal, que estabelece como absolutamente prioritários os
vezes não detém a força física necessária para realização de direitos da criança e como absoluta prioridade da família, da
determinados trabalhos. sociedade e do Estado o dever de assegurar tais direitos. E
dentre os órgãos do Estado está a obrigação da Justiça da
São vedados ao menores de 18 anos, conforme a Consti- Infância e da Juventude de, por seus integrantes, pelo juiz,
tuição Federal, o trabalho noturno, perigoso ou insalubre. E o pelo promotor de justiça, pelos profissionais que a integram,
Estatuto, em seu art. 67, complementa que também são ve- dar atenção prioritária à proteção integral da criança e do
dados ao adolescente empregado ou aprendiz, o trabalho adolescente.
realizado em locais prejudiciais à sua formação e desenvolvi-
mento físico, psíquico, moral e social, além dos realizados em Sempre cabe destacar a atuação que nós, juízas e juízes,
horários e locais que não permitam a frequência à escola. temos de enfrentar nesta área, da qual depende a formação
de uma nação desenvolvida. Como nós podemos atuar, en-
Há uma preocupação da Constituição e também do Esta-
quanto autoridades públicas, como membros do Poder Judici-
tuto com a profissionalização da criança e adolescente que
ário, no desenvolvimento tanto de ações isoladas quanto de
necessitam desenvolver todas as suas potencialidades e
políticas articuladas de proteção à criança e ao adolescente?
estarem preparados para a vida adulta. Renata Flores Tibyri-
ça
A defesa de todos os direitos das crianças e dos adoles-
AS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO centes, tais como direito à vida, à saúde, à alimentação, à
À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE. educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida-
de, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comuni-
A CRIANÇA COMO PRIORIDADE tária, é também de nossa responsabilidade, é dever prioritário
da população e do magistrado, a quem cabe colocá-los a
Serviços e rede de serviços de proteção especial às
salvo de toda forma de negligência, discriminação, explora-
crianças e aos adolescentes
ção, violência, crueldade e opressão (art. 227, Constituição
Rodrigo Lobato Junqueira Enout Federal).
Juiz de Direito, SP. Para quem ainda não está vivenciando em sua plenitude a
Este singelo e despretensioso escrito, alinhavado por um conscientização de seus deveres para com a defesa dos
aprendiz que há anos vem se preocupando com a lamentável direitos da criança e do adolescente, basta ser lembrada a
situação em que nos encontramos neste país, neste Brasil redação do artigo 4º do ECA, que explicita, em seu caput e no
campeão de desrespeito aos mais elementares direitos hu- § único, as garantias para que essa prioridade seja assegura-
manos, onde se cultiva com rara competência a malandra- da.
gem, a violação do direito alheio como um triunfo do opressor,
visa apenas mais uma reflexão sobre aquilo que podemos É do senso comum o mandamento que resulta da combi-
fazer em benefício da melhoria de nossa sociedade, da quali- nação de vários destes dispositivos, de que cabe a todos nós,
dade de vida, tomando como assunto principal as providên- sociedade, família, comunidade e Poder Público priorizar a
cias que A TODOS NÓS INCUMBE POR FORÇA DE LEI E defesa e a proteção dos direitos da criança e do adolescente,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL e pelo estudo histórico do assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, toda as
movimento revolucionário que se convencionou chamar de oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvol-
ILUMINISMO, das doutrinas religiosas e pacifistas e do culto vimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições
à defesa e proteção dos direitos humanos. de liberdade e dignidade (ECA, arts. 3 e 4).

Conhecimentos Específicos 150 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Estamos, nós todos, lutado com todas as forças para que ciário ou não, que efetivamente têm praticado, exercitado a
a criança e o adolescente tenham seus direitos atendidos? defesa desse direito da criança e do adolescente, buscando a
Quais as ações e políticas que temos desenvolvido em bene- solução além dos pais biológicos e depois de esgotadas as
fício da criança e de sua família? O que temos feito em rela- tentativas de estruturação familiar para o acolhimento do
ção a temas, como por exemplo, o da paternidade responsá- jovem no seio da própria família natural.
vel?
Não cabe aqui desenvolver discurso e estabelecer concei-
São indagações que nos levam a uma reflexão autocrítica tos sobre a importância da família para o desenvolvimento do
e crítica de nossa sociedade, que muito alardeia mas pouco ser humano, para a formação física, psicológica, espiritual e
faz em benefício do desenvolvimento sadio da criança e do moral da criança e do adolescente, e também do adulto, ma-
adolescente e sofre na carne as consequência desse descaso téria tão debatida e do conhecimento de quem tenha um mí-
de décadas, especialmente com o recrudescimento da misé- nimo de formação nas áreas de psicologia, de serviço social,
ria e da violência. de pedagogia, no campo jurídico e em outras disciplinas afins.

Se um dos principais direitos da criança, senão o mais im- O certo é que a legislação veio tornar jurídico o que antes
portante deles, é o direito à convivência familiar a que se era somente científico, impondo assim essa responsabilidade
refere o art. 19 do ECA, quais as políticas públicas e os servi- não somente aos cientistas, psicólogos, assistentes sociais,
ços, públicos ou particulares, de atendimento à família exis- pedagogos, mas também a juízes, a promotores de justiça e a
tentes em nossa comunidade? todos os agentes públicos, à sociedade, à família, a todos
enfim.
Não cabe aqui, dada a complexidade e amplitude do tema,
abordar questões relativas a política e a projetos de atendi- Da Política de Atendimento dos Direitos da Criança e
mento, mas apenas referentes ao assunto específico desta do Adolescente
palestra, pertinentes aos serviços especiais de proteção a que
alude o art. 87, III, do Estatuto. Arts. 86 a 89 do ECA

Esta é a limitação que existe, por óbvias razões de tempo, Entrando agora na matéria específica de nossa discussão,
ao assunto de que trataremos nesta oportunidade, pelo sim- passemos então à área dos serviços especiais de proteção.
ples fato de que é inesgotável o tema que tem como objetivo
principal os direitos da criança elencados na Constituição, na A política de atendimento dos direitos da criança e do ado-
legislação infraconstitucional e em nossos espíritos de cida- lescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
dãos mais ou menos impregnados de doutrina humanista. governamentais e não governamentais, da União, dos Esta-
dos, do distrito Federal e dos Municípios (art. 86).
Direito à convivência familiar e comunitária
Prevê o art. 87 que são linhas da ação política de atendi-
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e mento:
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
família substituta, assegurada a convivência familiar e comu- I - políticas sociais básicas;
nitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependen-
tes de substâncias entorpecentes. (ECA, art. 19) II - políticas e programas de assistência social, em caráter
supletivo, para aqueles que dela necessitem;
Na interpretação e na execução dos mandamentos deste
sensato dispositivo legal é que reside um dos maiores tor- III- serviços especiais de prevenção e atendimento médico
mentos que aflige a atuação daqueles que militam na área do e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, explo-
atendimento à criança e ao adolescentes, principalmente ração, abuso, crueldade e opressão;
aqueles que trabalham com o instituto do abrigamento e no
atendimento a famílias. IV - serviço de identificação e localização de pais, respon-
sável, crianças e adolescentes desaparecidos;
Certos exageros, ou melhor dizendo, alguns enfoques não
muito sensatos, muitas vezes recheados de preconceitos V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos di-
morais e religiosos, acabam por fazer letra morta dessa regra reitos da criança e do adolescente.
que constitui um dos alicerces do Estatuto da Criança e do
Adolescente, nosso lindo diploma legislativo que veio, em É tema de estudo, nesta oportunidade que me é dada, as
verdade, consubstanciar a melhor e atualíssima doutrina da disposições do inciso III deste art. 87, que têm como destina-
proteção integral. tários as pessoas menores de 18 anos de idade vítimas de
negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e
Alguns entendidos dizem que o direito da criança e do opressão e seus agressores, dentro e fora da família.
adolescente à convivência familiar é exigível apenas de seus
pais, naturais ou adotivos. Isto é verdadeiro, mas apenas em Ao lado e em complemento às políticas sociais básicas e
parte. Evidentemente que o direito da criança à convivência das políticas e programas supletivos a que se referem os
familiar depende da vontade, da disposição, do desejo dos incisos. I e II do art. 87, a lei prevê os serviços especiais de
pais em terem consigo seus filhos. Nesse sentido temos a prevenção e atendimento médico e psicossocial aos menores
conclusão que basta a recusa dos pais, ou pela má vontade vitimizados por negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
de um ou de ambos, que estará prejudicada a convivência crueldade e opressão (inciso. III).
familiar no seio da família biológica, devendo ser buscada a
convivência em família substituta. Não. No meu entender Verificada a situação do art. 98 (ECA), de violação de di-
esse entendimento é equivocado. reitos por a) ação ou omissão da sociedade ou do Estado, b)
É sabido que o direito à convivência familiar não se res- por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, c) em
tringe ao direito de estar e de ser criado e educado pelos pais. razão da própria conduta da criança ou do adolescente, está
Quantos de nós fomos criados e educados por um avô, por caracterizada a necessidade de tomada de medidas específi-
uma avó, por tias ou tios ou por outros parentes mais distan- cas de proteção em relação ao jovem vitimizado, que pode
tes? Faço aqui o elogio àqueles, profissionais do Poder Judi-

Conhecimentos Específicos 151 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
referir-se tanto ao atendimento ao menor como a seus familia- que outros trabalhos foram feitos com a mesma finalidade, de
res e ao agressor. divulgar os dados das entidades de atendimento ao menor na
Capital.
Considerando a condição do menor de 18 anos de idade,
temos como exemplos de destinatários da norma legal a cri- Todavia, não obstante a iniciativa profícua de organiza-
ança e o adolescente, como exposto na edição do ECA patro- ções governamentais e não-governamentais, não se concreti-
cinada pelo antigo CBIA: zou ainda um conjunto sistematizado de informações relativas
ao trabalho e ao procedimento dessas entidades de atendi-
- vítima de abandono e tráfico; mento, especialmente em relação aos chamados serviços
especiais, de atendimento à criança e ao adolescente vitimi-
- vítima de abuso, opressão, negligência e maus tratos na zado, destinado, esse trabalho de informação, a subsidiar a
família; formação de uma rede coesa que possa ser assim considera-
da.
- que fazem da rua o seu espaço de luta pela sobrevivên-
cia ou de moradia; Rede e formação da rede

- vítimas do trabalho abusivo, explorador e ilegal; Tenho participado de alguns encontros de especialistas
cujo propósito é a discussão de como formar uma eficiente
- envolvidos no uso e tráfico de substância ilícita; rede envolvendo as entidades de atendimento à criança e ao
adolescente. Sou quase leigo no assunto, mas ouso trazer a
- envolvidos em prostituição; este seleto auditório uma reflexão minha para a análise crítica
de vocês.
- em conflito com a lei em razão de cometimento de ato in-
fracional (criança); O que é rede? Um conjunto de pessoas, jurídicas e físi-
cas, que, unidas num mesmo desiderato, em comunhão de
- em outras circunstâncias que impliquem riscos à sua in- propósitos, esteja em articulação para a otimização de seus
tegridade física, psicológica ou moral. serviços e de finalidade a que se propõem?

Embora a legislação dê a denominação de medida de pro- Na definição do mestre Aurélio, rede é, no sentido figura-
teção somente àquelas que têm como objeto os cuidados do, o conjunto de estabelecimentos, agências, ou mesmo de
destinados à criança e ao adolescente (art. 101), têm igual- indivíduos, pertencentes a organização que se destina a pres-
mente caráter protetivo, também com nítido conteúdo preven- tar determinado serviço.
tivo e/ou terapêutico, aquelas preconizadas no art. 129, desti-
nadas aos adultos que, por, por ação ou omissão, criaram ou Vejo, em acréscimo a este conceito, que rede de serviço
permitiram que se criasse a situação de violação dos direitos pressupõe a criação de um sistema articulado de informações
reconhecidos e assegurados na lei e na doutrina da proteção a respeito da dinâmica e do funcionamento de seus diversos
integral. componentes, destinado, esse sistema, a propiciar o trabalho
Quais, em linhas gerais, as medidas específicas de prote- integrado de atendimento a suas finalidades.
ção destinadas ao menor vítima de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão? São aquelas do A formação de uma rede de atendimento à pessoa, seja
art. 101. na área da saúde, da educação, de defesa de direitos, etc.,
implica na sistematização dessas informações e no gerenci-
E quais são as medidas aplicáveis aos pais ou ao respon- amento dos dados coletados, cuidando primordialmente de
sável pelo menor? Aquelas do art. 129 e mais as normas de sua divulgação eficiente. Um dos meios para que se atinja
repressão previstas no próprio ECA e na legislação penal. essa eficiência é a publicação das informações e a promoção
de formas de integração dos serviços e das entidades através
Tomada a medida protetiva considerada melhor, é de rigor de visitas e encontros de seus dirigentes.
o prosseguimento do estudo do caso, do acompanhamento e
aprofundamento do diagnóstico social da família, daquela E a “rede” é a manutenção, no tempo, dessa integração.
mãe ou das pessoas que podem ser consideradas membros Aqui, então, cabe um apelo a todos nós, interessados na
da entidade familiar, e do diagnóstico psicológico dessas defesa e no aprimoramento do atendimento ao menor, para a
pessoas, também com o acompanhamento do desenvolvi- criação da rede na Capital e em todo o Estado de São Paulo,
mento da criança e do adolescente, através de entrevistas e o que, no meu entendimento, somente poderá ser conseguido
de relatórios da entidade de atendimento, tudo para em de- com a efetiva implementação de um projeto governamental,
terminado momento, num futuro imediato ou próximo, seja que na realidade já existe e é denominado SIPIA - Sistema de
cumprido estritamente o que está determinado no art. 19 do Informação para a Infância e a Adolescência.
ECA, a fim de que seja assegurada a sadia convivência fami-
liar e comunitária, com a reestruturação da família. O SIPIA propõe a criação de uma sistema de registro e in-
formações sobre a garantia dos direitos fundamentais preco-
Dos serviços de proteção especial (art. 87, III) existen- nizados no ECA, como um poderoso instrumento para a
tes da Capital ações eficiente dos Conselhos Tutelares, dos Conselhos de
Direitos, das Varas da Infância e da Juventude e das próprias
Existem alguns trabalhos, dentre os quais um levantamen- entidades de atendimento, dentre os diversos usuários.
to realizado pela entidade Pró Mulher, Família e Cidadania,
mediante convênio com a Secretaria de Estado da Assistên- É um sistema informatizado desenvolvido pela Secretaria
cia e Desenvolvimento Social, a respeito da demanda e dos Nacional dos Direitos Humanos e de seu Departamento da
recursos da Zona Oeste do Município da Capital, no qual Criança e do Adolescente com a cooperação técnica do
consta a relação das entidades de atendimento às vítimas da CONDECA - Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
violência. Adolescente, da Secretaria Estadual de Assistência e Desen-
volvimento Social - SADS e da PRODESP, destinado a:
Existe também uma relação elaborada pela Pastoral do
Menor, da Arquidiocese, das entidades vinculadas a ela. Sei - padronizar as informações em nível nacional;

Conhecimentos Específicos 152 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
analogia com o sistema assistencial dos menores, apesar de
- facilitar o registro dessas informações; ter em vista, particularmente, a assistência aos psicopatas e à
ausência, que é modalidade especial de assistência aos inte-
- agilizar e automatizar o processo decisório; resses de quem abandona o próprio domicílio, sem que lhe
conheça o paradeiro e sem deixar representante.
- registrar o histórico de cada caso;
Pelo princípio da ratio do matrimônio, o fundamento básico
- possibilitar o intercâmbio das informações do casamento e da vida conjugal é a afeição entre os cônju-
ges e a necessidade de que perdure completa comunhão de
Tem, o SIPIA, três objetivos primordiais: vida.
Com o princípio da igualdade jurídica dos cônjuges desa-
- possibilitar a mais objetiva e completa leitura da queixa parece o poder marital e a autocracia do chefe de família é
ou da situação da criança ou adolescente; substituída por um sistema em que as decisões devem ser
tomadas de comum acordo entre marido e mulher, pois os
- encaminhar a aplicação da medida mais adequada para tempos atuais requerem que a mulher seja a colaboradora do
sanar a situação de violação de direitos; homem e não a subordinada.

- subsidiar as diversas instâncias - Conselho de Direitos e Com base no princípio da igualdade jurídica de todos os fi-
autoridades - na formulação e gestão de políticas de atendi- lhos, não se faz distinção entre filho legítimo e natural quanto
mento ao pátrio poder, nome e sucessão; permite-se o reconheci-
mento de filhos ilegítimos e proíbe-se que se revele no assen-
Conclusão to de nascimento a ilegitimidade simples ou espuriedade.
Quanto à natureza, o direito de família é ramo do direito
O que concluo dessa curta mas rica experiência de dois privado, apesar de sofrer intervenção estatal, devido à impor-
anos à frente de uma Vara da Infância e da Juventude da tância social da família; é direito extrapatromonial ou persona-
Capital de São Paulo, mas de longa data ocupado com o líssimo (irrenunciável, intransmissível, não admitindo condição
tema relativo à educação e à formação da juventude, é que ou termo ou exercício por meio de procurador); suas normas
não obstante a notória falta de recursos humanos e materiais, são cogentes ou de ordem pública; suas instituições jurídicas
o Poder Judiciário vem fazendo um trabalho, de forma isola- são direitos-deveres. http://www.centraljuridica.com/
da, sem adequada articulação com os outros raros recursos
do Estado e da comunidade, sem método, e principalmente Noções Gerais do Direito de Família
sem o reconhecimento, dentro e fora da instituição judiciária,
FAMÍLIA
da importância da atividade de atendimento jurisdicional à
criança e ao adolescente e da riqueza do cabedal adquirido De acordo com Gonçalves(2009), a conceituação de
nestes 9 anos de vigência do Estatuto da Criança e do Ado- direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais
lescente, e porque não dizer, resultado também da experiên- ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as
cia anterior, adquirido às custas da dedicação de seus profis- pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conser-
sionais no trato diário com a crua realidade social em que vam-se vinculadas durante a sua existência, mesmo que
vivemos. venham a constituir nova família pelo casamento ou pela
união estável.
Temos muito a dar, a construir, mas para tanto precisa-
mos de recursos humanos e materiais, treinamentos, diálogo Desde modo, pode-se afirmar que a família é uma rea-
com estudiosos e profissionais das mais diversas áreas e lidade sociológica e constitui a base do Estado, o núcleo
principalmente de liberdade e de incentivo moral, para partici- fundamental em que repousa toda a organização social. A
parmos de um movimento de sensibilização da sociedade e família aparece como uma instituição necessária e sagra-
dos governantes mostrando-lhes como pode ser nossa contri- da, que merece ampla atenção proteção do Estado.
buição para o desenvolvimento das mais diversas ações de Ademais, o direito de família constitui o ramo do direito
atendimento à família, ao jovem e ao adolescente. civil que disciplina as relações entre pessoas unidas pelo
matrimônio, pela união estável ou pelo parentesco bem
NOÇÕES DE DIREITO DA FAMÍLIA. como os institutos complementares da tutela e curatela
embora não advenham de relações familiares, têm, em
razão de sua finalidade, conexão com o direito de família.
Noções Gerais de Direito de Família
Como regra, as leis em geral referem-se à família co-
Constitui o direito de família, o complexo de normas que mo um núcleo mais restrito, constituído pelos pais e sua
regulam a celebração do casamento, sua validade e os efei- prole, embora não seja essencial essa configuração.
tos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da
sociedade conjugal, a dissolução desta, as relações entre O Código Civil de 2002 destina o Livro IV da Parte Es-
pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos comple- pecial ao direito de família. Trata, à princípio do direito
mentares da tutela, curatela e da ausência. pessoal, das regras sobre o casamento, sua celebração,
validade e causas de dissolução, bem como da proteção
É portanto, o ramo do direito civil concernente às relações da pessoa dos filhos. Em seguida, sobre relações de
entre pessoas unidas pelo patrimônio ou pelo parentesco a parentesco, enfatizando a igualdade plena entre os filhos
aos institutos complementares de direito protetivo ou assis- consolidada pela Constituição Federal de 1988.
tencial, pois, embora a tutela e a curatela não advenham de
relações familiares, têm, devido a sua finalidade, conexão No tocante aos alimentos, o Código Civil de 2002 traça
com o direito de família. regras que abrangem os devidos em razão do parentesco,
do casamento e também da união estável, trazendo, como
O objeto do direito de família é a própria família, embora inovação, a transmissibilidade da obrigação aos herdei-
contenha normas concernentes à tutela dos menores que se ros(art.1.700), dispondo de forma diversa do art. 402 do
sujeitam a pessoas que não são seus genitores, à curatela, diploma de 1916.
que não tem qualquer relação com o parentesco, mas encon-
tra, guarida nessa seara jurídica devido à semelhança ou

Conhecimentos Específicos 153 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Assim, no que se refere a obrigação alimentar, alcança assegurando o direito de propriedade exclusiva dos bens
todos os parentes na linha reta, porém na linha colateral, adquiridos com seu trabalho.
limita-se aos irmãos (artigos 1.696 e 1.697, CC)
Na década de 1970, outra grande conquista, a disso-
Assim, está disposto: lução do casamento, ou seja, o divórcio. Antes da aprova-
ção da Lei do divórcio, as pessoas casadas automatica-
Art. 1.696 : O direito à prestação de alimentos é recí- mente criavam um vínculo jurídico permanente para toda
proco entre os pais e filhos, extensivo a todos ascenden- vida. Havia a possibilidade do "desquite", onde interrom-
tes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns pia a sociedade conjugal, assegurando os direitos e deve-
em falta de outros. res, com a partilha de bens, e fim do compromisso de
Art . 1.697: Na falta dos ascendentes cabe a obrigação convivência sobre o mesmo teto, só que não permitia em
aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, hipótese alguma a constituição de outra família com a
faltando estes, aos irmãos, e assim germanos como uni- proteção do Estado.
laterais. Restando a estas pessoas a informalidade das rela-
Família brasileira ções, onde eram obrigadas a constituir união estável, sem
nenhum amparo diante das Leis que protegiam e resguar-
Esta instituição surgiu para regular as relações de or- davam tais direitos dos que viviam juntos e de seus des-
dem afetiva. O Estado e a Igreja regulam estas relações. cendentes.
Porém, cada um a seu tempo, interferindo assim na vida
privada das pessoas. O divórcio apareceu em nosso ordenamento brasileiro
em 1977, sob a Emenda constitucional nº 09. Em seguida
Com a formação da família brasileira, a sociedade está surgiu a Lei 6515/77, assim chamada de Lei do divórcio,
intimamente ligada a evolução e origem da sociedade. que regulamentou o novo instituto jurídico. Sendo assim, o
Essa construção social e jurídica tem sua origem no séc. casamento não é mais uma instituição indissolúvel, fican-
XVI, com um modelo de sociedade patriarcal. do autorizado aos cônjuges a possibilidade da separação,
Sendo assim, a figura de família era chamada "pater e de um novo relacionamento amparado pela Lei.
familias", onde o poder era concentrado na figura paterna, No início as pessoas poderiam se divorciar apenas
as decisões no tocante a família e seus membros era uma única vez, porém no mesmo ano, a Lei 7.841 revo-
exclusivamente do homem. gou tal art. 38 da Lei do divórcio.
Em nosso ordenamento jurídico o "pater familias", era O desquite se tornou em termos jurídicos Separação
resguardado, através de normas restringia os direitos da Judicial, sendo então um estágio intermediário até o di-
mulher, com fortes inspirações romanas, ela tinha um vórcio. Com a edição da Lei 11.441/07, é possível fazer a
papel restrito em relação ao patrimônio, não era conside- separação e o divórcio consensual de forma extrajudicial,
rada como sujeito de direito, sua existência se pautava sem precisar recorrer ao judiciário, todo processo é feito
para a instituição casamento e procriação. no cartório, dando mais agilidade e evitando processos
Esta instituição denominada casamento, surgiu para traumáticos para todos os envolvidos, ou seja, marido,
regular as relações de ordem afetiva. O Estado e a Igreja mulher e principalmente os filhos.
regulam estas relações. Porém, cada um a seu tempo, http://www.domtotal.com/
interferindo assim na vida privada das pessoas. Código Civil
Diante do princípio da ratio do matrimônio, a afeição Do Direito de Família
entre os cônjuges é o fundamento básico da vida conju- TÍTULO I
gal. Do Direito Pessoal
O Estado regulamentou o casamento como um dos SUBTÍTULO I
atos mais solenes do direito, desde modo reconhecendo e Do Casamento
protegendo juridicamente apenas às famílias formadas CAPÍTULO I
pelo casamento. Disposições Gerais
Ademais, o casamento civil, era uma versão jurídica Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de
do casamento religioso. Surgiu no Brasil com a origem da vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônju-
República, ocasionando assim a separação da Igreja e do ges.
Estado. Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebra-
ção.
Entretanto, a partir dessa dissolução, o Estado laico
passou a ser a única forma de constituição da família, Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o regis-
dentro da sociedade agrária e também patriarcal, sendo tro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos
introduzida pela Constituição Federal de 1891. e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as
penas da lei.
Onde no artigo 72, parágrafo 4º, da Constituição Fede- Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público
ral de 1891, diz: que só seria reconhecido o casamento ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela
civil , conceituado como união entre um homem e uma família.
mulher com a finalidade de constituir família, assim indis-
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o
solúvel.
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade
Este modelo de matrimônio ideal, deu inspiração ao de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Estado adotando-o como célula primária da sociedade, Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigên-
considerado por muito tempo a única forma de constitui- cias da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a
ção de uma família legítima. este, desde que registrado no registro próprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua celebração.
Em 1964 com a edição da Lei 4124/64, denominada
"Estatuto da mulher casada", o modelo patriarcal deixou Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se
de prevalecer, posicionado a mulher dentro da sociedade aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
e da família, trazendo grandes avanços, capacitando e

Conhecimentos Específicos 154 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz
promovido dentro de noventa dias de sua realização, median- que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previs-
te comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por tas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexis-
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homo- tência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o
logada previamente a habilitação regulada neste Código. ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilita- do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou
ção. inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalida- Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do ca-
des exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimen- samento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de
to do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos
e observado o prazo do art. 1.532. ou afins.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, CAPÍTULO V
antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO
outrem casamento civil. Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamen-
CAPÍTULO II to será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou,
Da Capacidade PARA O CASAMENTO a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos po- seguintes documentos:
dem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
seus representantes legais, enquanto não atingida a maiori- II - autorização por escrito das pessoas sob cuja depen-
dade civil. dência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou
aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedi-
Art. 1.518. Até à celebração do casamento podem os pais, mento que os iniba de casar;
tutores ou curadores revogar a autorização. IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residên-
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injus- cia atual dos contraentes e de seus pais, se forem conheci-
ta, pode ser suprida pelo juiz. dos;
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença de-
de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para claratória de nulidade ou de anulação de casamento, transita-
evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em da em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
caso de gravidez. Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o
CAPÍTULO III oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Públi-
Dos Impedimentos co. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Art. 1.521. Não podem casar: Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Mi-
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentes- nistério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida
co natural ou civil; ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
II - os afins em linha reta; Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o ado- extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas cir-
tado com quem o foi do adotante; cunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obri-
gatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colate-
rais, até o terceiro grau inclusive; Parágrafo único. A autoridade competente, havendo ur-
gência, poderá dispensar a publicação.
V - o adotado com o filho do adotante;
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nu-
VI - as pessoas casadas; bentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicí- do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
dio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas sus-
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o pensivas serão opostos em declaração escrita e assinada,
momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação
capaz. do lugar onde possam ser obtidas.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver co- Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a
nhecimento da existência de algum impedimento, será obri- seus representantes nota da oposição, indicando os funda-
gado a declará-lo. mentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razo-
Das causas suspensivas ável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promo-
Art. 1.523. Não devem casar: ver as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do
aos herdeiros; registro extrairá o certificado de habilitação.
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias,
nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da a contar da data em que foi extraído o certificado.
viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; CAPÍTULO VI
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada Da Celebração do Casamento
ou decidida a partilha dos bens do casal; Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lu-
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascen- gar previamente designados pela autoridade que houver de
dentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutela- presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mos-
da ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e trem habilitados com a certidão do art. 1.531.
não estiverem saldadas as respectivas contas. Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório,
com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos

Conhecimentos Específicos 155 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, III - que, em sua presença, declararam os contraentes, li-
noutro edifício público ou particular. vre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará § 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz
este de portas abertas durante o ato. procederá às diligências necessárias para verificar se os
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágra- contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária,
fo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze
puder escrever. dias.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por § 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casa-
procurador especial, juntamente com as testemunhas e o mento, assim o decidirá a autoridade competente, com recur-
oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a so voluntário às partes.
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea § 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar
vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará
acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da § 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do ca-
lei, vos declaro casados." samento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebra-
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, la- ção.
vrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado § 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo
pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o
oficial do registro, serão exarados: casamento na presença da autoridade competente e do oficial
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, pro- do registro.
fissão, domicílio e residência atual dos cônjuges; Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procu-
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de ração, por instrumento público, com poderes especiais.
morte, domicílio e residência atual dos pais; § 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento
data da dissolução do casamento anterior; sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.
do casamento; § 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
registro; § 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e resi- § 4o Só por instrumento público se poderá revogar o man-
dência atual das testemunhas; dato.
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e CAPÍTULO VII
do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, Das Provas do Casamento
quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obriga- Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela
toriamente estabelecido. certidão do registro.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar trans- Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro ci-
crever-se-á integralmente na escritura antenupcial. vil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamen- Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no es-
te suspensa se algum dos contraentes: trangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a
II - declarar que esta não é livre e espontânea; contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no
III - manifestar-se arrependido. cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos da Capital do Estado em que passarem a residir.
mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do es-
será admitido a retratar-se no mesmo dia. tado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nuben- falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum,
tes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era
impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas casada alguma delas, quando contraiu o casamento impug-
testemunhas que saibam ler e escrever. nado.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente pa- Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casa-
ra presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus mento resultar de processo judicial, o registro da sentença no
substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônju-
hoc, nomeado pelo presidente do ato. ges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis
desde a data do casamento.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será re-
gistrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrá-
duas testemunhas, ficando arquivado. rias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casa-
mento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em imi- estado de casados.
nente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à
qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o CAPÍTULO VIII
casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, Da Invalidade do Casamento
que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
ou, na colateral, até segundo grau. I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemu- para os atos da vida civil;
nhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, II - por infringência de impedimento.
dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a decla- Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos
ração de: motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
Conhecimentos Específicos 156 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Mi- a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalva-
nistério Público. das as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Art. 1.550. É anulável o casamento: Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação
I - de quem não completou a idade mínima para casar; do casamento, a contar da data da celebração, é de:
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
seu representante legal; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
1.558; IV - quatro anos, se houver coação.
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo ine- § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anu-
quívoco, o consentimento; lar o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro con- prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da
traente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevin- data do casamento, para seus representantes legais ou as-
do coabitação entre os cônjuges; cendentes.
VI - por incompetência da autoridade celebrante. § 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da
mandato judicialmente decretada. data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casa- Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído
mento de que resultou gravidez. de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de de- estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da
zesseis anos será requerida: sentença anulatória.
I - pelo próprio cônjuge menor; § 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aprovei-
II - por seus representantes legais; tarão.
III - por seus ascendentes.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a auto- Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casa-
rização de seus representantes legais, se necessária, ou com mento, a de anulação, a de separação judicial, a de divórcio
suprimento judicial. direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos,
que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publi- que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.
camente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualida- Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casa-
de, tiver registrado o ato no Registro Civil. mento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé,
não autorizado por seu representante legal, só poderá ser nem a resultante de sentença transitada em julgado.
anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de
iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representan- um dos cônjuges, este incorrerá:
tes legais ou de seus herdeiros necessários.
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge
§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia inocente;
em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do
casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no
contrato antenupcial.
§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebra-
ção houverem assistido os representantes legais do incapaz, CAPÍTULO IX
ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. Da Eficácia do Casamento
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consen- mutuamente a condição de consortes, companheiros e res-
tir, erro essencial quanto à pessoa do outro. ponsáveis pelos encargos da família.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer
outro cônjuge: ao seu o sobrenome do outro.
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa § 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal,
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer
tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por
sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico I - fidelidade recíproca;
irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo con- II - vida em comum, no domicílio conjugal;
tágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro III - mútua assistência;
cônjuge ou de sua descendência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença men- V - respeito e consideração mútuos.
tal grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida,
comum ao cônjuge enganado. em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no inte-
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, resse do casal e dos filhos.
quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos côn-
houver sido captado mediante fundado temor de mal conside- juges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em conside-
rável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de ração aqueles interesses.
seus familiares.
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou so- proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para
freu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que
seja o regime patrimonial.
Conhecimentos Específicos 157 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de
os cônjuges, mas um e outro podem ausentar-se do domicílio coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens.
conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de Parágrafo único. O procedimento judicial da separação
sua profissão, ou a interesses particulares relevantes. caberá somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade,
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar re- serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo
moto ou não sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta irmão.
dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o modo como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a
outro exercerá com exclusividade a direção da família, ca- todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
bendo-lhe a administração dos bens. Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o di-
CAPÍTULO X reito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de sepa-
Da Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal rado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de sepa-
I - pela morte de um dos cônjuges; ração judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro,
II - pela nulidade ou anulação do casamento; desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e
III - pela separação judicial; se a alteração não acarretar:
IV - pelo divórcio. I - evidente prejuízo para a sua identificação;
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o
dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção dos filhos havidos da união dissolvida;
estabelecida neste Código quanto ao ausente. III - dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por § 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial po-
conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; sal- derá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
vo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de sobrenome do outro.
separação judicial. § 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação do nome de casado.
de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres
importe grave violação dos deveres do casamento e torne dos pais em relação aos filhos.
insuportável a vida em comum. Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais,
§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e
dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de deveres previstos neste artigo.
um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da
§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial sentença que houver decretado a separação judicial, ou da
quando o outro estiver acometido de doença mental grave, decisão concessiva da medida cautelar de separação de
manifestada após o casamento, que torne impossível a conti- corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão
nuação da vida em comum, desde que, após uma duração de em divórcio.
dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura § 1o A conversão em divórcio da separação judicial dos
improvável. cônjuges será decretada por sentença, da qual não constará
§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge en- referência à causa que a determinou.
fermo, que não houver pedido a separação judicial, os rema- § 2o O divórcio poderá ser requerido, por um ou por am-
nescentes dos bens que levou para o casamento, e se o re- bos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato
gime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos por mais de dois anos.
na constância da sociedade conjugal. Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da co- prévia partilha de bens.
munhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes moti- Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos
vos: cônjuges.
I - adultério; Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a
II - tentativa de morte; ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente
III - sevícia ou injúria grave; ou o irmão.
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano CAPÍTULO XI
contínuo; Da Proteção da Pessoa dos Filhos
V - condenação por crime infamante; Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
VI - conduta desonrosa. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a
tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584,
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo con- § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjun-
sentimento dos cônjuges se forem casados por mais de um ta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não
ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devida- vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
mente homologada a convenção. filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e § 2o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que reve-
não decretar a separação judicial se apurar que a convenção le melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais
não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores: (Incluí-
um dos cônjuges. do pela Lei nº 11.698, de 2008).
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a se- I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo famili-
paração de corpos e a partilha de bens. ar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita medi- II – saúde e segurança; (Incluído pela Lei nº 11.698, de
ante proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz ou por 2008).
este decidida. III – educação. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

Conhecimentos Específicos 158 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que es-
detenha a supervisionar os interesses dos filhos. (Incluído tão umas para com as outras na relação de ascendentes e
pela Lei nº 11.698, de 2008). descendentes.
§ 4o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal,
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco,
ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008). sem descenderem uma da outra.
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resul-
qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, te de consanguinidade ou outra origem.
de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Inclu- Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de paren-
ído pela Lei nº 11.698, de 2008). tesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades espe- número delas, subindo de um dos parentes até ao ascenden-
cíficas do filho, ou em razão da distribuição de tempo neces- te comum, e descendo até encontrar o outro parente.
sário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos pa-
Lei nº 11.698, de 2008). rentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascenden-
à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importân- tes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou compa-
cia, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores nheiro.
e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Inclu- § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dis-
ído pela Lei nº 11.698, de 2008). solução do casamento ou da união estável.
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quan- CAPÍTULO II
to à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a Da Filiação
guarda compartilhada. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casa-
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifica-
períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ções, proibidas quaisquer designações discriminatórias relati-
ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear- vas à filiação.
se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisci- Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do ca-
plinar. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). samento os filhos:
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imo- I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
tivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, estabelecida a convivência conjugal;
poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu
detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução
com o filho. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade
e anulação do casamento;
§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer
sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo
que falecido o marido;
que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi-
derados, de preferência, o grau de parentesco e as relações IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de em-
de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 11.698, de briões excedentários, decorrentes de concepção artificial
2008). homóloga;
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde
corpos, aplica-se quanto à guarda dos filhos as disposições que tenha prévia autorização do marido.
do artigo antecedente. Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorri-
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em do o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair
qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do
da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar
para com os pais. da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se
filhos comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 1.584 e refere o inciso I do art. 1597.
1.586. Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à
época da concepção, ilide a presunção da paternidade.
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não
perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que
retirados por mandado judicial, provado que não são tratados confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade.
convenientemente. Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a pater-
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam nidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação
os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segun- imprescritível.
do o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do
bem como fiscalizar sua manutenção e educação. impugnante têm direito de prosseguir na ação.
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a
dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da cri- paternidade.
ança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de
2011) nascimento registrada no Registro Civil.
Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e prestação Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que
de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou
incapazes. falsidade do registro.
SUBTÍTULO II Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento,
Das Relações de Parentesco poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em
CAPÍTULO I direito:
Disposições Gerais I - quando houver começo de prova por escrito, provenien-
te dos pais, conjunta ou separadamente;

Conhecimentos Específicos 159 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - quando existirem veementes presunções resultantes Art. 1.621. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
de fatos já certos. cia
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, Art. 1.622. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor cia
ou incapaz. Art. 1.623. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros cia
poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. Art. 1.624. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
CAPÍTULO III cia
Do Reconhecimento dos Filhos Art. 1.625. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser re- cia
conhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. Art. 1.626. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do cia
nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a Art. 1.627. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
falsidade do termo, ou das declarações nele contidas. cia
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do Art. 1.628. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
casamento é irrevogável e será feito: cia
I - no registro do nascimento; Art. 1.629. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arqui- cia
vado em cartório; CAPÍTULO V
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifesta- Do Poder FAMILIAR
do; Seção I
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, Disposições Gerais
ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, en-
principal do ato que o contém. quanto menores.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nas- Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, com-
cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele pete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um
deixar descendentes. deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício
mesmo quando feito em testamento. do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido juiz para solução do desacordo.
por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução
consentimento do outro. da união estável não alteram as relações entre pais e filhos
Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em
sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o sua companhia os segundos.
reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob po-
atender aos interesses do menor. der familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou
Art. 1.613. São ineficazes a condição e o termo apostos capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.
ao ato de reconhecimento do filho. Seção II
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o Do Exercício do Poder Familiar
seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconheci- Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos
mento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à menores:
emancipação. I - dirigir-lhes a criação e educação;
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, II - tê-los em sua companhia e guarda;
pode contestar a ação de investigação de paternidade, ou
maternidade. III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para ca-
sarem;
Art. 1.616. A sentença que julgar procedente a ação de in-
vestigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento au-
mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da com- têntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo
panhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. não puder exercer o poder familiar;
Art. 1.617. A filiação materna ou paterna pode resultar de V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da
casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as condições vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
do putativo. forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
CAPÍTULO IV VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
Da Adoção VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os ser-
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será de- viços próprios de sua idade e condição.
ferida na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de Seção III
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos de- I - pela morte dos pais ou do filho;
penderá da assistência efetiva do poder público e de senten- II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo
ça constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais único;
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança III - pela maioridade;
e do Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
IV - pela adoção;
2009) Vigência
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.620. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
cia Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exer-

Conhecimentos Específicos 160 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
cendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço
companheiro. comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste arti- de cinco anos;
go aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou esta- VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados
belecerem união estável. expressamente.
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens autorização um do outro:
dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Mi- I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à eco-
nistério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada nomia doméstica;
pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição
poder familiar, quando convenha. dessas coisas possa exigir.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo an-
poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença tecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges.
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos
de prisão. Art. 1.645. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art.
1.642 competem ao cônjuge prejudicado e a seus herdeiros.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai
ou a mãe que: Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o ter-
ceiro, prejudicado com a sentença favorável ao autor, terá
I - castigar imoderadamente o filho; direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio
II - deixar o filho em abandono; jurídico, ou seus herdeiros.
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
antecedente. regime da separação absoluta:
TÍTULO II I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Do Direito Patrimonial II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou di-
SUBTÍTULO I reitos;
Do Regime de Bens entre os Cônjuges III - prestar fiança ou aval;
CAPÍTULO I IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens co-
Disposições Gerais muns, ou dos que possam integrar futura meação.
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o ca- Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas
samento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprou- aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia sepa-
ver. rada.
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente,
desde a data do casamento. suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônju- Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz,
ges, apurada a procedência das razões invocadas e ressal- quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato pratica-
vados os direitos de terceiros. do, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou anos depois de terminada a sociedade conjugal.
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regi- Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde
me da comunhão parcial. que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz,
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia conce-
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritu- dê-la, ou por seus herdeiros.
ra pública, nas demais escolhas. Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime
no casamento: de bens, caberá ao outro:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das I - gerir os bens comuns e os do consorte;
causas suspensivas da celebração do casamento; II - alienar os bens móveis comuns;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do
pela Lei nº 12.344, de 2010) consorte, mediante autorização judicial.
III - de todos os que dependerem, para casar, de supri- Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens par-
mento judicial. ticulares do outro, será para com este e seus herdeiros res-
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o ponsável:
marido quanto a mulher podem livremente: I - como usufrutuário, se o rendimento for comum;
I - praticar todos os atos de disposição e de administração II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito
necessários ao desempenho de sua profissão, com as limita- para os administrar;
ções estabelecida no inciso I do art. 1.647;
III - como depositário, se não for usufrutuário, nem admi-
II - administrar os bens próprios; nistrador.
III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido CAPÍTULO II
gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem Do Pacto Antenupcial
suprimento judicial;
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por
IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doa- escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
ção, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge
com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por
menor, fica condicionada à aprovação de seu representante
V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doa- legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação
dos ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde de bens.
Conhecimentos Específicos 161 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que con- CAPÍTULO IV
travenha disposição absoluta de lei. Do Regime de Comunhão Universal
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a
participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos côn-
livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. juges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito seguinte.
perante terceiros senão depois de registradas, em livro espe- Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
cial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos côn- I - os bens doados ou herdados com a cláusula de inco-
juges. municabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
CAPÍTULO III II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdei-
Do Regime de Comunhão Parcial ro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provie-
os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casa- rem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em pro-
mento, com as exceções dos artigos seguintes. veito comum;
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente per- artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se
tencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens parti- percebam ou vençam durante o casamento.
culares; Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o
III - as obrigações anteriores ao casamento; disposto no Capítulo antecedente, quanto à administração
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo re- dos bens.
versão em proveito do casal; Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um
profissão; dos cônjuges para com os credores do outro.
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; CAPÍTULO V
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas Do Regime de Participação Final nos Aquestos
semelhantes. Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos,
Art. 1.660. Entram na comunhão: cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto
I - os bens adquiridos na constância do casamento por tí- no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da soci-
tulo oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; edade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo
casal, a título oneroso, na constância do casamento.
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior; Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que ca-
da cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qual-
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, quer título, na constância do casamento.
em favor de ambos os cônjuges;
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de ca- móveis.
da cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pen- Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conju-
dentes ao tempo de cessar a comunhão. gal, apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo-se da
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição ti- soma dos patrimônios próprios:
ver por título uma causa anterior ao casamento. I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar
Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se se sub-rogaram;
adquiridos na constância do casamento os bens móveis, II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou
quando não se provar que o foram em data anterior. liberalidade;
Art. 1.663. A administração do patrimônio comum compete III - as dívidas relativas a esses bens.
a qualquer dos cônjuges.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se
§ 1o As dívidas contraídas no exercício da administração adquiridos durante o casamento os bens móveis.
obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os
administra, e os do outro na razão do proveito que houver Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aquestos,
auferido. computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônju-
ges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o
§ 2o A anuência de ambos os cônjuges é necessária para bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por
os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor
gozo dos bens comuns. equivalente ao da época da dissolução.
§ 3o Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atri- Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens aliena-
buir a administração a apenas um dos cônjuges. dos em detrimento da meação, se não houver preferência do
Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas obri- cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.
gações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, con-
aos encargos da família, às despesas de administração e às traídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo
decorrentes de imposição legal.
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício
Art. 1.665. A administração e a disposição dos bens cons- do outro.
titutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge propri- Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do ou-
etário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial. tro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve
Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônju- ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação
ges na administração de seus bens particulares e em benefí- do outro cônjuge.
cio destes, não obrigam os bens comuns.

Conhecimentos Específicos 162 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho con- Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar coli-
junto, terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condo- dir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste
mínio ou no crédito por aquele modo estabelecido. ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.
Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presu- Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos
mem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for pais:
de uso pessoal do outro. I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento,
Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônju- antes do reconhecimento;
ge cujo nome constar no registro. II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis
Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao côn- anos, no exercício de atividade profissional e os bens com
juge proprietário provar a aquisição regular dos bens. tais recursos adquiridos;
Art. 1.682. O direito à meação não é renunciável, cessível III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição
ou penhorável na vigência do regime matrimonial. de não serem usufruídos, ou administrados, pelos pais;
Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separa- IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando
ção judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos os pais forem excluídos da sucessão.
aquestos à data em que cessou a convivência. SUBTÍTULO III
Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão Dos Alimentos
de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou compa-
ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não- nheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
proprietário. para viver de modo compatível com a sua condição social,
Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em inclusive para atender às necessidades de sua educação.
dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, § 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das
alienados tantos bens quantos bastarem. necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obri-
Art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por mor- gada.
te, verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de con- § 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à sub-
formidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a he- sistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa
rança aos herdeiros na forma estabelecida neste Código. de quem os pleiteia.
Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando supe- Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pre-
riores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdei- tende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
ros. trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se recla-
CAPÍTULO VI mam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
Do Regime de Separação de Bens sustento.
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes perma- Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco
necerão sob a administração exclusiva de cada um dos côn- entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, re-
juges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus caindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
real. de outros.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos
para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
no pacto antenupcial. Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
SUBTÍTULO II lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
Do Usufruto e da Administração dos Bens de Filhos Me- encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato;
nores sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
familiar: intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
I - são usufrutuários dos bens dos filhos; chamadas a integrar a lide.
II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança
sua autoridade. na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encar-
outro, com exclusividade, representar os filhos menores de go.
dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a
maioridade ou serem emancipados. Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as
questões relativas aos filhos e a seus bens; havendo diver- Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá
gência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento,
necessária. sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educa-
ção, quando menor.
Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus
real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obri- Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o
gações que ultrapassem os limites da simples administração, exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.
salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, medi- Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos
ante prévia autorização do juiz. cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o
Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os
dos atos previstos neste artigo: critérios estabelecidos no art. 1.694.
I - os filhos; Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges se-
parados judicialmente contribuirão na proporção de seus
II - os herdeiros; recursos.
III - o representante legal. Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente
vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-

Conhecimentos Específicos 163 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente du-
sido declarado culpado na ação de separação judicial. rará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a que os filhos completem a maioridade.
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos
de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge como bem da família, não podem ter destino diverso do pre-
será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispen- visto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento
sável à sobrevivência. dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Mi-
Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do ca- nistério Público.
samento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz de- Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade ad-
terminar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se ministradora, a que se refere o § 3o do art. 1.713, não atingirá
processe em segredo de justiça. os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transferên-
Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo ju- cia para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no
iz, nos termos da lei processual. caso de falência, ao disposto sobre pedido de restituição.
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito do bem de família nas condições em que foi instituído, poderá
insuscetível de cessão, compensação ou penhora. o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autori-
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concu- zar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros,
binato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. ouvidos o instituidor e o Ministério Público.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de insti-
direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação tuição, a administração do bem de família compete a ambos
ao devedor. os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não ex- Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônju-
tingue a obrigação constante da sentença de divórcio. ges, a administração passará ao filho mais velho, se for mai-
or, e, do contrário, a seu tutor.
Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natu-
reza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extin-
estabelecido. gue o bem de família.
SUBTÍTULO IV Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela
Do Bem de Família morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a
extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar,
mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com
seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos,
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo desde que não sujeitos a curatela.
da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade TÍTULO III
do imóvel residencial estabelecida em lei especial. DA UNIÃO ESTÁVEL
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união
bem de família por testamento ou doação, dependendo a estável entre o homem e a mulher, configurada na convivên-
eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges cia pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objeti-
beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. vo de constituição de família.
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residen- § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os
cial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, desti- impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do
nando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na fato ou judicialmente.
conservação do imóvel e no sustento da família. § 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a
Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins pre- caracterização da união estável.
vistos no artigo antecedente, não poderão exceder o valor do Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros
prédio instituído em bem de família, à época de sua institui- obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência,
ção. e de guarda, sustento e educação dos filhos.
§ 1o Deverão os valores mobiliários ser devidamente indi- Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre
vidualizados no instrumento de instituição do bem de família. os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
§ 2o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição couber, o regime da comunhão parcial de bens.
como bem de família deverá constar dos respectivos livros de Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casa-
registro. mento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
§ 3o O instituidor poderá determinar que a administração no Registro Civil.
dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a
bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos TÍTULO IV
administradores obedecerá às regras do contrato de depósito. Da Tutela e da Curatela
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônju- CAPÍTULO I
ges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Da Tutela
Registro de Imóveis. Seção I
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dí- Dos Tutores
vidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas refe- ausentes;
ridas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro
prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselha- Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em
rem outra solução, a critério do juiz. conjunto.

Conhecimentos Específicos 164 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento VII - militares em serviço.
ou de qualquer outro documento autêntico. Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente
mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar. idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subse-
a tutela aos parentes consanguíneos do menor, por esta or- quentes à designação, sob pena de entender-se renunciado o
dem: direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobre-
mais remoto; vier.
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais Art. 1.739. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o no-
próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais ve- meado a tutela, enquanto o recurso interposto não tiver pro-
lhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolhe- vimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que
rá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do o menor venha a sofrer.
menor. Seção IV
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no do- Do Exercício da Tutela
micílio do menor: Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo; I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimen-
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela; tos, conforme os seus haveres e condição;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o II - reclamar do juiz que providencie, como houver por
testamentário. bem, quando o menor haja mister correção;
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor. III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem
§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por dispo- aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze
sição testamentária sem indicação de precedência, entende- anos de idade.
se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, admi-
sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, inca- nistrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo
pacidade, escusa ou qualquer outro impedimento. seus deveres com zelo e boa-fé.
§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz
poderá nomear-lhe curador especial para os bens deixados, nomear um protutor.
ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigi-
tutela. rem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados
Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este, medi-
desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou ante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou
destituídos do poder familiar terão tutores nomeados pelo Juiz jurídicas o exercício parcial da tutela.
ou serão incluídos em programa de colocação familiar, na Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:
forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou
Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela não o houver feito oportunamente;
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do
Seção II tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
Dos Incapazes de Exercer a Tutela Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que
tutela, caso a exerçam: os pais o tenham dispensado.
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor
bens; considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor
se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou for de reconhecida idoneidade.
tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos Art. 1.746. Se o menor possuir bens, será sustentado e
pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor; educado a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem quantias que lhe pareçam necessárias, considerado o rendi-
sido por estes expressamente excluídos da tutela; mento da fortuna do pupilo quando o pai ou a mãe não as
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, houver fixado.
falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
cumprido pena; I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probi- da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for
dade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; parte;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias
com a boa administração da tutela. a ele devidas;
Seção III III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação,
Da Escusa dos Tutores bem como as de administração, conservação e melhoramen-
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: tos de seus bens;
I - mulheres casadas; IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
II - maiores de sessenta anos; V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arren-
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três damento de bens de raiz.
filhos; Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do
IV - os impossibilitados por enfermidade; juiz:
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de I - pagar as dívidas do menor;
exercer a tutela; II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; que com encargos;

Conhecimentos Específicos 165 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - transigir; Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem dis-
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não posto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas
convier, e os imóveis nos casos em que for permitido; da sua administração.
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tuto-
promover todas as diligências a bem deste, assim como de- res submeterão ao juiz o balanço respectivo, que, depois de
fendê-lo nos pleitos contra ele movidos. aprovado, se anexará aos autos do inventário.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficá- Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois
cia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do juiz. anos, e também quando, por qualquer motivo, deixarem o
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
tutor, sob pena de nulidade: Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante con- julgadas depois da audiência dos interessados, recolhendo o
trato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao me- tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os
nor; saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou
letras, na forma do § 1o do art. 1.753.
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou maiorida-
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, con- de, a quitação do menor não produzirá efeito antes de apro-
tra o menor. vadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a
Art. 1.750. Os imóveis pertencentes aos menores sob tute- responsabilidade do tutor.
la somente podem ser vendidos quando houver manifesta Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do
vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do tutor, as contas serão prestadas por seus herdeiros ou repre-
juiz. sentantes.
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tu- Art. 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as des-
do o que o menor lhe deva, sob pena de não lhe poder co- pesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor.
brar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não co-
nhecia o débito quando a assumiu. Art. 1.761. As despesas com a prestação das contas se-
rão pagas pelo tutelado.
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por cul-
pa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o
pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo no tutelado, são dívidas de valor e vencem juros desde o julga-
caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à mento definitivo das contas.
importância dos bens administrados. Seção VII
§ 1o Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica Da Cessação da Tutela
pela fiscalização efetuada. Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:
§ 2o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reco-
que concorreram para o dano. nhecimento ou adoção.
Seção V Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:
Dos Bens do Tutelado I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder II - ao sobrevir escusa legítima;
dinheiro dos tutelados, além do necessário para as despesas III - ao ser removido.
ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a adminis-
tração de seus bens. Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de dois
anos.
§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata,
pedras preciosas e móveis serão avaliados por pessoa idônea Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da tu-
e, após autorização judicial, alienados, e o seu produto con- tela, além do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz
vertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade julgar conveniente ao menor.
direta ou indireta da União ou dos Estados, atendendo-se Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, pre-
preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao estabeleci- varicador ou incurso em incapacidade.
mento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, CAPÍTULO II
conforme for determinado pelo juiz. Da Curatela
§ 2o O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente Seção I
terá o dinheiro proveniente de qualquer outra procedência. Dos Interditos
§ 3o Os tutores respondem pela demora na aplicação dos Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
valores acima referidos, pagando os juros legais desde o dia I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental,
em que deveriam dar esse destino, o que não os exime da não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida
obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação. civil;
Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem
bancário oficial, na forma do artigo antecedente, não se pode- exprimir a sua vontade;
rão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente: III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os vicia-
I - para as despesas com o sustento e educação do tute- dos em tóxicos;
lado, ou a administração de seus bens; IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento men-
II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações tal;
ou letras, nas condições previstas no § 1o do artigo antece- V - os pródigos.
dente;
Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:
III - para se empregarem em conformidade com o disposto
I - pelos pais ou tutores;
por quem os houver doado, ou deixado;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados,
ou maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros. III - pelo Ministério Público.
Seção VI Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:
Da Prestação de Contas I - em caso de doença mental grave;

Conhecimentos Específicos 166 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - se não existir ou não promover a interdição alguma das § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da
pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente; lei.
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas menciona- § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a
das no inciso antecedente. união estável entre o homem e a mulher como entidade fami-
Art. 1.770. Nos casos em que a interdição for promovida liar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
pelo Ministério Público, o juiz nomeará defensor ao suposto § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comu-
incapaz; nos demais casos o Ministério Público será o defen- nidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
sor. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal
Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
juiz, assistido por especialistas, examinará pessoalmente o § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio,
arguido de incapacidade. após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos
Art. 1.772. Pronunciada a interdição das pessoas a que se expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais
referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinará, se- de dois anos.
gundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa hu-
limites da curatela, que poderão circunscrever-se às restri- mana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é
ções constantes do art. 1.782. livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recur-
Art. 1.773. A sentença que declara a interdição produz sos educacionais e científicos para o exercício desse direito,
efeitos desde logo, embora sujeita a recurso. vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituição
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concer- oficiais ou privadas.
nentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pes-
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judi- soa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
cialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando para coibir a violência no âmbito de suas relações.
interdito. Histórico. A ideia de família é um tanto complexa, uma vez
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legíti- que é variável no tempo e no espaço.t Tem raízes Greco-
mo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se romanas. O pai de família era o senhor absoluto de sua famí-
demonstrar mais apto. lia.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem Não obstante com o passar dos séculos o poder patriarcal
aos mais remotos. deixar de ser absoluto, ainda assim continuou sendo patriar-
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, com- cal, sob forte influencia da igreja cristã (herança do judaísmo
pete ao juiz a escolha do curador. pauliano e a ditadura religiosa).
Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o cura- Com as revoluções modernas e a inserção da mulher no
dor promover-lhe-á o tratamento em estabelecimento apropri- trabalho, agregados a revolução sexual da mulher que pleiteia
ado. direitos de igualdade em idos de 1960, houve por influencia
os doutrinadores modernos que lentamente adotam linha de
Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do entendimentos diversos daqueles conceitos ultrapassados.
art. 1.767 serão recolhidos em estabelecimentos adequados,
quando não se adaptarem ao convívio doméstico. A nossa CF de 1988 rompendo em parte com a tradição
cristã, passou a admitir não apenas o casamento como forma
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e de família, mas também a nossa contribuição como forma de
aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o. família a união estável e o núcleo monoparental.
Seção II
Neste ponto a CF e 1998 fez uma verdadeira revolução,
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de
pois até então a igreja era quem legitimava a família – carac-
Deficiência Física
terística dos países judaico-cristão-, segundo Guilherme de
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer Oliveira (português), um dos maiores especialistas do direito
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. de família.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador O Estado antigamente sufocava a família, como por
será o do nascituro. exemplo, não havia divórcio, reconhecimento de filho adulteri-
Art. 1.780. A requerimento do enfermo ou portador de de- no, etc. Somente em 1949 o filho adulterino passou a ter
ficiência física, ou, na impossibilidade de fazê-lo, de qualquer algum direito.
das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe-á curador Há de se considerar que houve grande avanço na legisla-
para cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens. tura brasileira, com a introdução de leis protetivas ao concu-
Seção III binato puro e a união estável, acompenhado a linha da CF de
Do Exercício da Curatela 1988, bem como o disciplinamento da matéria no NCC, certo
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela apli- de que outras leis virão, em seu devido tempo, quanto ao
cam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as caso em comento.
desta Seção.
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem P: A nossa CF esgotou os arranjos de forma constitucional?
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, R: Segundo o grande professor Avaro Villaça, Silvio Venosa,
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que tendem a ter uma linha mais literal do texto constitucional,
que não sejam de mera administração. ou seja, para esta parte da doutrina, apenas integra a família
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de o casamento, a união estável e o núcleo monoparental, ou
bens do casamento for de comunhão universal, não será seja, fazem uma interpretação restritiva (linha moderada) –
obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial. Este é o entendimento que ainda prevalece no Brasil, segun-
do a jurisprudência no STJ e STF.
Uma outra corrente doutrinária, mais moderna, como Luiz
Direito Civil: DIREITO DE FAMÍLIA (noções gerais) Edson Fachim, Maria Berenice Dias, Giselda Hironaka, têm
Dicção constitucional: uma posição mais ampliativa, tendem a afirmar que a CF não
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial prote- esgotou o direito de família com relação a arranjos familiares.
ção do Estado. O professor Paulo Lôbo afirma em uma de suas obras que o
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. artigo 226 é uma norma geral inclusiva.

Conhecimentos Específicos 167 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Significa que o art. 226 é uma clausula aberta. O art. 226 a) PUBLICISTA – sustenta que o casamento é instituto ju-
reconhece como família o casamento, a união estável, o nú- rídico de direito público (seria, nessa linha, um ato administra-
cleo parental, como também, por ser uma clausula aberta não tivo); sustentava que o casamento seria um ato administrati-
nega outros arranjos familiares, a exemplo da controvertida vo. Embora seja regido por normas de ordem pública, não é
união homoafetiva, o mesmo para a família fraterna (irmão um ato administrativo. Trata-se de uma corrente superada.
mais velho que cria irmão mais novo), etc (este ultimo é aceito b) PRIVATISTA – sustenta que o casamento é instituto ju-
pela primeira doutrina, rídico de direito privado, subdividindo-se nas seguintes cor-
reforçando ainda mais que a nossa constituição adotou um rentes:
sistema aberto inclusivo e não discriminatório). não-contratualista; Os não-contratualistas lançam mão de
Em um concurso público, deve se saber posicionar em re- inúmeros e diferenciados argumentos para atacar a natureza
lação a adoção da banca. contratual do casamento: seria um acordo, um negócio com-
CONCEITO DE DIREITO DE FAMÍLIA plexo (dada a participação do juiz), um ato-condição (Duguit),
Se trata de um conceito vago. Família é um ente desper- uma instituição (instituição significa um complexo de normas),
sonificado, base da sociedade cuja tessitura ou natureza é etc. (Orlando Gomes, Direito de Família, Forense).
ditada pelo vinculo da afetividade, não cabendo ao Estado contratualista. Entendemos que o casamento, seguindo
defini-la, mas sim promovê-la. vertente do pensamento de BEVILAQUA, seria um "contrato
Até o início do século XIX, prevalência do casamento- especial de direito de família". Sustenta que o núcleo do ca-
aliança, entre grupos. O século XX continua priorizando a samento é o consentimento – núcleo de todo o contrato. Não
família legítima casamentária, mas já sob o influxo do indivi- se pode compará-lo com outras pessoas, mas o seu núcleo
dualismo (casamento por amor). No fim da primeira metade, a tem natureza contratual.
Igreja e o Estado começam a perder força como "instâncias O professor recomenda, inclusive, para a horas de des-
legitimadoras", ganhando importância outras formas de união canso, visando a relaxar a mente antes do concurso, a leitura
livre. Na década de 80 surgem as famílias de segundas e da bela obra "O Contrato de Casamento", de Honoré de Bal-
terceiras núpcias (famílias recombinadas) , convivendo com a zac...olhe que título sugestivo!...
união estável (GUILHERME DE OLIVEIRA – Prof. Catedrático PLANO DE EXISTÊNCIA DO CASAMENTO
da Faculdade de Direito de Coimbra)Houve quem sustentasse O casamento para existir deve observar três pressupostos
que a família era dotada de personalidade jurídica, mas esta existenciais, segundo o autor Frances Zacharie:
corrente, em nosso sentir, não foi a que prevaleceu.
- CONSENTIMENTO (VONTADE). Não existe casamen-
OBS²: Nós precisamos, ao conceituar família, de que não to sem que haja consentimento. É um ato seriíssimo. Não se
cabe o Estado conceituar a família e sim, promovê-la. Deve- pode brincar, a resposta é sim ou não.
mos lembrar que o novo direito de família, lembra-nos Rodri-
go da Cunha Pereira consagra, além da afetividade os princí- - DIVERSIDADE DE SEXO. O grande saudoso Caio Ma-
pios "da intervenção mínima do Estado" e da função social da rio (na ultima obra evolução do direito civil), lembra que a
diversidade de sexo é um princípio.
família. O planejamento familiar não é obrigatório a exemplo
da intervenção mínima. Além deste princípio, salta os olhos o - CELEBRAÇÃO POR AUTORIDADE MATERIALMEN-
princípio da função social. TE COMPETENTE. Pontes de Miranda diz que o casamento
Princípio da função Social. A função social da família, tra- para existir precisa ser celebrado por autoridade materialmen-
duz a regra de base constitucional, caucada na dignidade te competente. Não sendo celebrado por juiz materialmente
humana, no sentido de reconhecer a família como uma ambi- competente o casamento é inexistente (Ex: casamento cele-
ência de realização dos projetos pessoais de felicidade dos brado por um juiz federal).
seus membros. OBS: No caso de incompetência meramente territorial ou
CARACTERÍSTICAS MODERNAS DO CONCEITO DE relativa, o casamento é anulável (art. 1550, VI. Art. 1550. É
FAMÍLIA anulável o casamento: VI - por incompetência da autoridade
celebrante.).
Segundo Maria Berenice Dias, existem três característi-
cas: Sobre a celebração por autoridade, note-se que o novo
CC acolheu a teoria do funcionário de fato (teoria da aparên-
SÓCIOAFETIVA: a família é moldada pela afetividade. O cia).
que determina a família não é o direito é o afeto.
Teoria da aparência. Vale lembrar, com base na teoria da
EUDEMONISTA: Busca a promoção da felicidade dos aparência, que o artigo 1554 CC admite a mantença do ca-
seus membros – exerce função social. samento à luz do princípio da boa fé.
ANAPARENTAL: família pode ser formada inclusive, por Art. 1554. Subsiste o casamento celebrado por aquele
pessoas que não guardam vinculo técnico de parentesco que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publi-
entre si. Ex: empregada que cria o filho do patrão desde cri- camente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualida-
ança, faz parte da família. de, tiver registrado o ato no Registro Civil.
"Tal ocorre na chamada teoria do funcionário de fato, pro-
CASAMENTO vinda do Direito Administrativo, quando determinada pessoa,
Conceito. Na definição de Van Wetter, o casamento traduz sem possuir vínculo com a Administração Pública, assume
a união do homem e da mulher com objetivo de formar uma posto de servidor como se realmente o fosse, e realiza atos
comunidade de existência. É a primeira(mais conhecida) em face de administrados de boa fé, que não teriam como
forma de entidade familiar. CC desconfiar do impostor. Imagine-se, em um distante municí-
Art. 1511. O casamento estabelece comunhão plena de pio, o sujeito que assume as funções de um oficial de Regis-
vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônju- tro Civil, realizando atos registrários e fornecendo certidões.
ges. Por óbvio, a despeito da flagrante ilegalidade, que, inclusive,
Na definição segundo o CC é percebido a eficácia horizon- acarretará responsabilização criminal, os efeitos jurídicos dos
tal do direito de família (igualdade). Fundamentalmente temos atos praticados, aparentemente lícitos, deverão ser preserva-
duas formas de casamento. dos, para que se não prejudique aqueles que, de boa fé, ha-
NATUREZA JURÍDICA jam recorrido aos préstimos do suposto oficial.
Este, sem dúvida, é um dos pontos mais tormentosos da Da mesma forma, se nos dirigimos ao protocolo de uma
matéria, digladiando-se a doutrina ao sabor das seguintes repartição pública para apresentarmos, dentro de determina-
correntes: do prazo, um documento, e lá encontramos uma pessoa que

Conhecimentos Específicos 168 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
se apresenta como o funcionário encarregado, não existe ou moral, decorrente de seu abrupto rompimento e violador
necessidade de se perquirir a respeito da sua legitimidade. Se das regras da boa-fé, dá ensejo à pretensão indenizatória.
o sujeito era um impostor, caberá à própria Administração Confirmação, em apelação, da sentença que assim decidiu.
Pública apurar o fato, com o escopo de punir os verdadeiros (TJRJ - 5ª Câm. Cível; AC nº 2001.001.17643-RJ; Rel. Des.
funcionários que permitiram o acesso de um estranho ao Humberto de Mendonça Manes; j. 17/10/2001; v.u.). BAASP,
interior de suas instalações. O que não se pode supor é que o 2274/584-e, de 29.7.2002.
administrado será prejudicado com a perda do prazo para a "O nosso ordenamento ainda admite a concessão de in-
apresentação do documento solicitado. Mas não apenas no denização à mulher que sofre prejuízo com o descumprimento
Direito Administrativo a teoria da aparência tem aplicabilidade. da promessa de casamento. Art. 1.548, III, do C. Civil. Falta
Também no Direito Civil". dos pressupostos de fato para o reconhecimento do direito ao
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO dote e à partilha de bens. Recurso não conhecido." (STJ -
Art. 1517. O homem e a mulher com dezesseis anos po- RESP 251689 - RJ - 4ª T. - Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar -
dem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de DJU 30.10.2000 p. 162)";
seus representantes legais, enquanto não atingida a maiori- OBS: Não cabe lucros cessantes.
dade civil. NAMORO. A ruptura do namoro não tem a mesma roupa-
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, gem do noivado, razão pela qual, não se leva a simetria da
aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631 (supri- disposição supra.
mento judicial).
Art. 1518. Até à celebração do casamento podem os pais, DEVERES JURÍDICOS DECORRENTES DO CASAMEN-
tutores ou curadores revogar a autorização. TO.
Art. 1519. A denegação do consentimento, quando injusta, Art. 1566. São deveres de ambos os cônjuges:
pode ser suprida pelo juiz. I - FIDELIDADE RECÍPROCA;
Autorização para casamento. É exigido para os nubentes O dever de fidelidade traduz uma manifestação de lealda-
com idade entre 16 a 18 anos. de dentro do casamento. A ruptura, quebra do dever de fideli-
Idade mínima para casar: 16 anos. Exceção: dade não se dá apenas com o adultério, mas também por
Art. 1520. Excepcionalmente, será permitido o casamento meio de condutas desonrosas.
de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1.517), para O adultério tecnicamente falando é a conjunção carnal es-
evitar imposição ou cumprimento de pena criminal (crimes púria. Beijos, sentar no colo de outrem não é adultério tecni-
sexuais) ou em caso de gravidez. camente falando e sim, conduta desonrosa.
OBS: A despeito de o casamento não figurar mais explici- Relações espúrias pela internet não é adultério virtual co-
tamente como causa de extinção de punibilidade no art. 107 mo dizem por ai. Se trata de infidelidade virtual.
do CP, é possível a antecipação da capacidade núbil para P: A colheita da prova é admissível em relação a infideli-
evitar imposição ou cumprimento de pena criminal, uma vez dade virtual. Ex Notebook do marido? R: Sim, de acordo com
que o matrimonio pode ser interpretado como perdão ou re- o principio da proporcionalidade e da ponderação de interes-
núncia no âmbito processual penal. ses. Da mesma forma que é constitucional do direito do mari-
Solenidade. Os nubentes deve declarar expressamente do preservar as comunicações, a mulher tem o direito da
que recebem um ao outro. Se titubear ou vacilar, o celebrante dignidade virtual (Robert Alexy). Ver material de apoio.
deve suspender o ato. Também ocorre em outros países. Washington de Barros Monteiro. Tem um posicionamento
NOIVADO ou PROMESSA DE CASAMENTO ou ESPON- arriscado – diz que o homem pode trair porque é da sua natu-
SAIS reza. No campo de concurso público é pouco recomendado
Segundo ANTONIO CHAVES, "consistem em um com- defender essa tese.
promisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, II - VIDA EM COMUM, NO DOMICÍLIO CONJUGAL;
de sexo diferente, com o escopo de possibilitar que se conhe- A coabitação não traduz ao pé da letra de morar junta,
çam melhor, que aquilatem suas afinidades e gostos". A rup- traduz sim, o dever conjugal. A cautelar de separação de
tura injustiçada do noivado pode, em havendo demonstração corpos suspende temporariamente este dever.
do dano, gerar responsabilidade civil.
III - MÚTUA ASSISTÊNCIA;
Com isso não se conclua que nós estamos sempre obri-
gados a dizer o "sim", quando assumimos o noivado. Não é IV - SUSTENTO, GUARDA E EDUCAÇÃO DOS FILHOS;
isso. V - RESPEITO E CONSIDERAÇÃO MÚTUOS.
O problema é que, a depender das circunstâncias da rup- DA EFICÁCIA DO CASAMENTO
tura, o exercício deste direito pode se afigurar abusivo, gera- Art. 1565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
dor de dano material ou moral (podendo desfazer o casamen- mutuamente a condição de consortes, companheiros e res-
to semanas antes, prefere, por exemplo, o noivo, deixar a sua ponsáveis pelos encargos da família.
pretendente, humilhada, no altar, após proferir sonoro 'não'... § 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer
tudo, pois, a depender da análise do caso concreto). ao seu o sobrenome do outro.
Pode haver, pois, quebra do princípio da boa-fé objetiva, § 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal,
aplicável ao Direito de Família. competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
Confira-se, a propósito do noivado, a seguinte jurispru- financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer
dência selecionada: tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
RESPONSABILIDADE CIVIL - CASAMENTO - CERIMÔ- PLANO DE VALIDADE DO CASAMENTO
NIA NÃO REALIZADA POR INICIATIVA EXCLUSIVA DO IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
NOIVO, ÀS VÉSPERAS DO ENLACE - Conduta que infringiu São requisitos que tocam a validade e eficácia do casa-
o princípio da boa-fé, ocasionando despesas, nos autos com- mento.
provadas, pela noiva, as quais devem ser ressarcidas. Dano
No CC de 1916, os impedimentos eram divididos:
moral configurado pela atitude vexatória por que passou a
nubente, com o casamento marcado. Indenização que se Absolutamente dirimentes (art. 183, I a VIII) – de ordem
justifica, segundo alguns, pela teoria da culpa in contrahendo, pública;
pela teoria do abuso do direito, segundo outros. Embora as Relativamente dirimentes (art. 183, IX a XII) – de ordem
tratativas não possuam força vinculante, o prejuízo material particular;

Conhecimentos Específicos 169 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Impedientes ou proibitivos (art. 183, XIII a XVI). Art. 1557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do
Essa matéria foi profundamente modificada com o advento outro cônjuge:
do NCC. Hoje, quando se abre o CC não se tem amis em um I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa
único artigo os impedimentos acima narrados. Houve portanto fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior
uma reformulação. torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
Assim, à luz do NCC, os antigos impedimentos absolutos Ex: Homosexualidade ignorada pela nubente.
são tratados simplesmente por "IMPEDIMENTOS" no art. Se o conhecimento for posterior ao casamento é causa de
1521. separação.
Os antigos impedimentos relativos, no novo CC são trata- II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por
dos como CAUSAS DE ANULAÇÃO do casamento, nos ter- sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
mos do art. 1550, CC. III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico
Já os impedientes são tratados como CAUSAS SUSPEN- irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo con-
SIVAS DO CASAMENTO, nos termos do art. 1523 do CC. tágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro
DOS IMPEDIMENTOS cônjuge ou de sua descendência;
Dos impedimentos. Art. 1521. Não podem casar: Impotência coeandi. Impotência gravitacional. Desde que
I - OS ASCENDENTES COM OS DESCENDENTES, SE- o conhecimento seja desconhecido anteriormente ao casa-
JA O PARENTESCO NATURAL OU CIVIL; mento.
II - OS AFINS EM LINHA RETA; Ex: Sogra-genro, padas- A impotência de não ter filhos não é causa de anulabilida-
tro-enteada. de.
III - O ADOTANTE COM QUEM FOI CÔNJUGE DO ADO- IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença men-
TADO E O ADOTADO COM QUEM O FOI DO ADOTANTE; tal grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em
São parentes. comum ao cônjuge enganado.
IV - OS IRMÃOS, UNILATERAIS OU BILATERAIS, E Obs.: Note-se que a ausência de virgindade da noiva não
DEMAIS COLATERAIS, ATÉ O TERCEIRO GRAU INCLUSI- é mais causa de anulação do casamento. Aliás, com a entra-
VE; da em vigor da Constituição Federal, não mais poderia ser, à
luz dos princípios da dignidade humana e da igualdade.
OBS: apesar do impedimento constante na parte final des-
te inciso, com base no Decreto Lei nº 3.200 de 1941, a doutri- Art. 1558. É anulável o casamento em virtude de coação,
na (enunciado 98), entende ser possível o casamento entre quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges
colateriais de terceiro grau caso exista parecer médico favo- houver sido captado mediante fundado temor de mal conside-
rável. Entende-se que esse decreto-lei cairá na linha do desu- rável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de
so. seus familiares.
Art. 1.521, inc. IV: o inc. IV do art. 1.521 do novo Código Os vícios de consentimento podem anular um casamento.
Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-Lei nº 3.200/41 no Ter cuidado com o erro, este também pode anular o casa-
que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais mento, conforme art. 1557 e 1558 acima.
de 3º grau. IV - DO INCAPAZ DE CONSENTIR OU MANIFESTAR,
V - O ADOTADO COM O FILHO DO ADOTANTE; São ir- DE MODO INEQUÍVOCO, O CONSENTIMENTO;
mãos. V - REALIZADO PELO MANDATÁRIO, SEM QUE ELE
VI - AS PESSOAS CASADAS; OU O OUTRO CONTRAENTE SOUBESSE DA REVOGA-
ÇÃO DO MANDATO, E NÃO SOBREVINDO COABITAÇÃO
VII - O CÔNJUGE SOBREVIVENTE COM O CONDENA- ENTRE OS CÔNJUGES;
DO POR HOMICÍDIO OU TENTATIVA DE HOMICÍDIO CON-
TRA O SEU CONSORTE. VI - POR INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE CELE-
BRANTE.
Consequência. Contraindo o casamento impedido, é cau-
sa de nulidade. CC PARÁGRAFO ÚNICO. EQUIPARA-SE À REVOGAÇÃO A
INVALIDADE DO MANDATO JUDICIALMENTE DECRETA-
Art. 1548. É nulo o casamento contraído: DA.
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento EFEITOS DA SENTENÇA QUE ANULA CASAMENTO.
para os atos da vida civil; Um parte da doutrina (Orlando Gomes, Maria helena Diniz)
II - por infringência de impedimento. afirma que a sentença tem efeitos ex nunc; Existe outra cor-
Outrossim, a decretação de nulidade de casamento, pelos rente doutrinária (Pontes de Miranda) afirma que os efeitos
motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida são ex tunc. Para o professor é a que defende a retroativida-
mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Mi- de dos efeitos (ex tunc) até porque o registro é cancelado.
nistério Público, conforme determinação do art. 1549 do CC. CAUSAS SUSPENSIVAS (IMPEDIENTES)
Perceba que no rol do art. 1548 não existe o impedimento Interferem na eficácia do casamento. O casamento é vali-
dos condenados por crime de adultério que outrora existia no do, mas em determinadas situações, ficam suspensas.
CC de 1916. Sanção. Quem viola as causas suspensivas, obrigatoria-
CAUSAS DE ANULAÇÃO mente se submete ao regime de separação obrigatória de
Art. 1550. É Anulável o casamento: bens.
I - DE QUEM NÃO COMPLETOU A IDADE MÍNIMA PARA Art. 1523. Não devem casar:
CASAR; Idade mínima = 16 anos. I - O VIÚVO OU A VIÚVA QUE TIVER FILHO DO CÔN-
II - DO MENOR EM IDADE NÚBIL, QUANDO NÃO AU- JUGE FALECIDO, ENQUANTO NÃO FIZER INVENTÁRIO
TORIZADO POR SEU REPRESENTANTE LEGAL; DOS BENS DO CASAL E DER PARTILHA AOS HERDEI-
III - POR VÍCIO DA VONTADE, NOS TERMOS DOS ROS; Pretende o dispositivo evitar confusão patrimonial.
ARTS. 1.556 A 1.558; II - A VIÚVA, OU A MULHER CUJO CASAMENTO SE
Vicio do negócio e causa de anulação de contrato – mais DESFEZ POR SER NULO OU TER SIDO ANULADO, ATÉ
um argumento favorável para a natureza jurídica. DEZ MESES DEPOIS DO COMEÇO DA VIUVEZ, OU DA
Art. 1556. O casamento pode ser anulado por vício da DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL; Pretende res-
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consen- guardar o patrimônio e a prole.
tir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Conhecimentos Específicos 170 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - O DIVORCIADO, ENQUANTO NÃO HOUVER SIDO § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalida-
HOMOLOGADA OU DECIDIDA A PARTILHA DOS BENS DO des exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimen-
CASAL; é possível o divorcio sem a partilha. Neste caso, to do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
casando sem a partilha, o regime será de separação obrigató- mediante prévia habilitação perante a autoridade competente
ria. e observado o prazo do art. 1.532.
IV - O TUTOR OU O CURADOR E OS SEUS DESCEN- § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se,
DENTES, ASCENDENTES, IRMÃOS, CUNHADOS OU SO- antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com
BRINHOS, COM A PESSOA TUTELADA OU CURATELADA, outrem casamento civil.
ENQUANTO NÃO CESSAR A TUTELA OU CURATELA, E
NÃO ESTIVEREM SALDADAS AS RESPECTIVAS CONTAS. FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO
Para evitar abuso.
Formas básicas são o casamento civil e o religioso com
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz efeitos civis.
que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previs-
tas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexis- As formas especiais são:
tência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o CASAMENTO EM IMINENTE RISCO DE VIDA ou IN ARTI-
ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso CULO MORTIS ou INEXTREMIS ou CASAMENTO NUNCU-
do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou PATIVO;
inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art. 1540. Quando algum dos contraentes estiver em imi-
P: O que é Casamento Putativo? R: É aquele casamento nente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à
nulo ou anulável contraído de boa fé por um ou ambos os qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o
cônjuges. A diferença está em razão da boa fé objetiva, onde casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas,
o juiz, até mesmo de oficio pode reconhecer a putatividade e que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta,
preservar os efeitos do casamento como se fosse válido, para ou, na colateral, até segundo grau.
quem estava de boa fé. CC Art. 1541. Realizado o casamento, devem as testemunhas
Art. 1561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, den-
de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a tro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declara-
estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da ção de:
sentença anulatória. I - que foram convocadas por parte do enfermo;
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aprovei- III - que, em sua presença, declararam os contraentes, li-
tarão. vre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar § 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz
o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. procederá às diligências necessárias para verificar se os
Confira-se ainda jurisprudência do STJ sobre a matéria: contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária,
Casamento putativo. Boa-fé. Direito a alimentos. Recla- ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze
mação da mulher. 1. Ao cônjuge de boa-fé aproveitam os dias.
efeitos civis do casamento, embora anulável ou mesmo nulo § 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casa-
(Cód. Civil, art. 221, parágrafo único). 2. A mulher que recla- mento, assim o decidirá a autoridade competente, com recur-
ma alimentos a eles tem direito mas até à data da sentença so voluntário às partes.
(Cód. Civil, art. 221, parte final). Anulado ou declarado nulo o § 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar
casamento, desaparece a condição de cônjuges. 3. Direito a em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará
alimentos "até ao dia da sentença anulatória". 4. Recurso registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
especial conhecido pelas alíneas a e c e provido. RESP § 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do ca-
69108 / PR; RECURSO ESPECIAL 995/0032729-5. samento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebra-
Há entendimento do STF, todavia, no sentido de não ha- ção.
ver limitação de tempo no que tange ao direito alimentar (RTJ, § 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo
89:495).7 antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o
FORMAS DE CASAMENTO casamento na presença da autoridade competente e do oficial
Temos o casamento civil e o religioso com efeitos civis. do registro.
Um caso ou outro, o reconhecimento do Estado é obrigatório CASAMENTO EM CASO DE MOLESTIA GRAVE
desde 1890. Art. 1539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes,
CASAMENTO CIVIL o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedi-
Art. 1514. O casamento se realiza no momento em que o do, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemu-
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade nhas que saibam ler e escrever.
de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. § 1º A falta ou impedimento da autoridade competente pa-
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS ra presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus
Art. 1515. O casamento religioso, que atender às exigên- substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad
cias da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a hoc, nomeado pelo presidente do ato.
este, desde que registrado no registro próprio, produzindo § 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será re-
efeitos a partir da data de sua celebração. gistrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante
Art. 1516. O registro do casamento religioso submete-se duas testemunhas, ficando arquivado.
aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. É uma forma menos grave que o nucumpativo.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser CASAMENTO POR PROCURAÇÃO
promovido dentro de noventa dias de sua realização, median- Art. 1542. O casamento pode celebrar-se mediante procu-
te comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por ração, por instrumento público, com poderes especiais.
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homo- § 1º A revogação do mandato não necessita
logada previamente a habilitação regulada neste Código. chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilita- casamento sem que o mandatário ou o outro contraente ti-
ção.

Conhecimentos Específicos 171 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
vessem ciência da revogação, responderá o mandante por qual a concubina detinha o direito a morar no imóvel depois
perdas e danos. da morte da esposa. "Neste caso haveria uma apropriação de
§ 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida bem de espólio".
poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. Segundo o ministro Aldir Passarinho Junior, relator do
§ 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. processo no STJ, o entendimento do Tribunal aponta para o
§ 4º Só por instrumento público se poderá revogar o man- pagamento de indenização à concubina durante o período de
dato. vida em comum. "A concubina faz jus a uma indenização por
serviços domésticos prestados ao companheiro, o que não
OBS: Se houver revogação de procuração, os atos subse- importa em dizer que se está a remunerar como se serviçal
quentes teriam que ser inexistentes, mas o artigo supra trata ou empregada fosse, mas , sim, na sua contribuição para o
de causa de invalidade. funcionamento do lar, permitindo ao outro o exercício de ativi-
DIREITOS DA (O) AMANTE dade lucrativa, em benefício de ambos". Liberado dos afaze-
P: É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? R: res domésticos, o homem não despende tempo, energia ou
Em sendo possível, existe a possibilidade de concorrerem preocupação para a manutenção da casa e de si mesmo,
núcleos afetivos simultâneos? Reconhecendo o fato da vida "encargos confiados à concubina, e isso tem certo valor, re-
de que uma pessoa possa manter vida paralela (a e B), o conhecido jurisprudencialmente".
direito poderia tutelar as duas relações? Para o relator, a pensão fixada na Justiça paulista – meio
Trata-se de uma questão, acima de tudo jurídica. O mun- salário mínimo mensal, do começo ao fim da relação extra-
do tem mudado, tem havido uma frouxidão de valores. A conjugal – parece "coerente, pela longa duração, superior a
evolução está ai. três décadas, da convivência, ainda que na constância do
Relações concubinárias paralelas sempre existiram, não casamento".
se trata de um fato novo. O aspecto é que essa temática esta Por outro lado, o relator discordou de parte da decisão que
sendo colocada em enfrentamento. atribui à concubina o direito de residir no imóvel de proprieda-
O CC não existe tutela especifica sobre amantes ou con- de do homem, após a morte da mulher dele, em outubro de
cubinas. Existe sim, no CC um artigo que cuidam relação de 2000. "Se o direito é indenizatório, não parece razoável es-
amantes, embora não cuide de direitos: tendê-lo para além do período da relação, para torná-lo vitalí-
Art. 1727. As relações não eventuais entre o homem e a cio em favor da concubina, em detrimento dos herdeiros le-
mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. gais, ainda que não sejam herdeiros necessários". A seu ver,
significaria mais do que uma indenização, "uma espécie de
No concurso não escrever união estável referindo a con-
usufruto sobre imóvel alheio, que jamais chegou a ser ocupa-
cubinas. Concubinas se trata de amantes. Para união estável
do pela concubina, mas pela esposa. Aí, mais do que uma
o termo é companheira e companheiro.
indenização, estaria havendo uma apropriação de bem do
Existe duas correntes doutrinárias que tratam sobre direi- espólio, mesmo que temporária".
tos do amante:
POLIAMORISMO
- 1ª corrente: Sustenta que a relação concubinária deve
A situação em que um homem ou mulher mantém duas ou
ser tutelada apenas pelo direito obrigacional, visando a evitar
mais relações paralelas que se conhece, se aceitam e consa-
o enriquecimento sem causa. Esta é a corrente predominante.
gram essas relações. Hipótese de concubinato consentido.
Ex: Amantes num prazo de 15 anos tem direito de ser indeni-
zado (muitas vezes o amante colabora para o aumento patri- Trata-se da situação, estudada por alguns psicólogos, em
monial como uma compra de um apartamento). Encontra-se que uma pessoa mantém, simultaneamente, relações de afeto
decisão neste sentido, inclusive no STJ (Resp. 303.604). paralelas com dois ou mais indivíduos, todos cientes da cir-
cunstância coexistencial, vivenciando-se, pois, uma relação
- 2ª corrente: Esta corrente, mais arrojada, defendida por
sobremaneira aberta.
autores como Anderson Gomes, Marília Andrade, despontan-
do essa corrente como uma tendência no sentido de se reco- Mas como o Direito disciplinaria a questão?
nhecer a amante direitos de família a exemplo dos alimentos Não havendo regra legal específica, o TJRS, em caso se-
(roupagem familiarista). Quanto ao regime de bens, dever-se- melhante, observando a afetividade existente, decidiu por
ia apurar o montante produzido ao longo da convivência. equidade, consoante vemos na referência abaixo.
Em cada caso concreto seria necessário utilizar-se do Justiça determina divisão de bens entre esposa, concubi-
bom senso, da equidade e da sabedoria, não se podendo na e filhos Site: Expresso da notícia
adotar uma regra geral. http://www.lawweb.com.br/conteudo.asp?Codigo=1562
Interessante salientar que o STF recentemente se depa- Decisão é inédita
rou com o problema dos direitos da amante no campo previ- A 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça reconheceu que
denciário, no RE 397.762-8 BA, em que por maioria, os minis- um cidadão viveu duas uniões afetivas: com a sua esposa e
tros negaram a divisão da pensão previdenciária entre a viúva com uma companheira. Assim, decidiram repartir 50% do
do falecido e sua amante, mantendo a linha tradicional. Não patrimônio imóvel, adquirido no período do concubinato, entre
quer dizer que esta matéria esteja resolvida, posto que fora as duas. A outra metade ficará, dentro da normalidade, com
julgado por uma turma e não pelo plenário. os filhos. A decisão é inédita na Justiça gaúcha e resultou da
A respeito do tema, veja esta interessante notícia: análise das especificidades do caso. A companheira entrou
Concubina tem direito a pensão, mas não a imóvel Site: na Justiça com Ação Ordinária de Partilha de Bens contra a
Expresso da notícia esposa e filho do falecido. Alegou que manteve relacionamen-
http://www.lawweb.com.br/conteudo.asp?Codigo=1617 to público e notório com ele entre 1970 e 1998.
Os ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de O relator, Desembargador Rui Portanova, concedeu ape-
Justiça (STJ) reconheceram o direito de uma dona de casa a nas em parte o pedido da autora pois "não há como retirar
receber indenização pelo período de convivência com um dos filhos o direito de herança ou totalmente da esposa o seu
homem casado. Ela vai receber uma pensão mensal de meio direito de meação". Assim, declarou que a companheira tem
salário mínimo, correspondente aos 36 anos de duração do direito a 25% do patrimônio imóvel adquirido pelo falecido
relacionamento, só interrompido com a morte dele. O homem durante a existência do concubinato.
mantinha uma vida dupla: morava com a mulher e, alguns A companheira vivia em Santana do Livramento e também
dias e noites da semana, passava com a concubina. No en- teve um filho com o cidadão. Já a família legalizada vivia em
tanto, o STJ reformou decisão da Justiça paulista, segundo a São Gabriel. Para o magistrado, apesar de não se aplicar o

Conhecimentos Específicos 172 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
novo Código Civil diretamente, a situação é prevista no artigo S. 380 – Comprovada a existência da sociedade de fato
1.727. Para ele, o novo Código Civil não proibiu o concubina- entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com
to. "Agora é possível dizer que o novo sistema do direito de a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
família se assenta em três institutos: um, preferencial e lon- A contribuição da companheira, que tanto poderia ser dire-
gamente tratado, o casamento; outro, reconhecido e sinteti- ta (econômica) como, em uma visão mais avançada, indireta
camente previsto, a união estável; e um terceiro, residual, (psicológica), justificaria, pois, a demanda voltada à divisão
aberto às apreciações caso a caso, o concubinato", afirmou. proporcional do patrimônio, cujo trâmite seria feito em sede do
Para o Desembargador Portanova, "a experiência tem Juízo Cível, como já mencionado, visto que, até então, a
demonstrado que os casos de concubinato apresentam uma relação entre os companheiros não era admitida como uma
série infindável de peculiaridades possíveis". Avaliou que se forma de família.
pode estar diante da situação em que o trio de concubino A nossa Constituição Federal, todavia, modificaria profun-
esteja perfeitamente de acordo com a vida a três. No caso, damente esse cenário, retirando o concubinato puro (entre
houve uma relação "não eventual" contínua e pública, que pessoas desimpedidas ou separadas de fato) da zona do
durou 28 anos, inclusive com prole, observou. Direito das Obrigações, para reconhecer-lhe dignidade consti-
"Tal era o elo entre a companheira e o falecido que a es- tucional, alçando-o ao patamar de instituto do Direito de Famí-
posa e o filho do casamento sequer negam os fatos – pelo lia, consoante se depreende da leitura de seu art. 226, § 3º:
contrário, confirmam; é quase um concubinato consentido." Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
O Desembargador José Ataides Siqueira Trindade acom- estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
panhou as conclusões do relator, ressaltando a singularidade devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento.
do caso concreto: "Não resta a menor dúvida que é um caso Note-se, aqui, não ter havido uma identificação com o ca-
que foge completamente daqueles parâmetros de normalida- samento – tanto é que se dispôs facilitar a conversão em
de e apresenta particularidades específicas, que deve mere- matrimônio –, mas sim uma equiparação em nível constitucio-
cer do julgador tratamento especial". Já o Desembargador nal, para efeito protetivo, no âmbito do Direito Constitucional
Alfredo Guilherme Englert, que presidiu a sessão ocorrida em de Família.
27/2, acompanhou também, nas conclusões, o relator. Seguindo, pois, esse referido mandamento constitucional,
UNIÃO ESTÁVEL duas importantes leis foram editadas: a Lei n. 8.971, de 1994
Momento histórico (que regulou os direitos dos companheiros aos alimentos e à
Regulamentação anterior (Leis n. 8971/94 e 9278/96) e o sucessão), e a Lei n. 9.278, de 1996 (que revogou parcial-
novo CC – art. 1723: O século XX marcou a história da hu- mente o diploma anterior, ampliando o âmbito de tutela dos
manidade, não apenas como a era da tecnologia, mas tam- companheiros).
bém da profunda mudança de valores, refletindo-se, por con- O novo Código Civil, por sua vez, culminaria por derrogar
sequência, no âmbito da família: o casamento deixaria de ser a lei de 1996, uma vez que a disciplina da união estável pas-
a única instância legitimadora e passaria a conviver com ou- saria e integrar o corpo do nosso próprio Estatuto Civil:
tras formas de união livre. "TÍTULO III
Nessa linha, com especial influência do Direito francês, o DA UNIÃO ESTÁVEL
nosso sistema jurídico, paulatinamente, passaria a ceder Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união
espaço ao concubinato – entidade familiar não matrimoniali- estável entre o homem e a mulher, configurada na convivên-
zada – preferindo, inclusive, substituir esta expressão – indi- cia pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objeti-
cativa de uma relação proibida – pela noção de companhei- vo de constituição de família.
rismo.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os
Ora, podemos observar que a evolução desse instituto impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do
deu-se a passos lentos, no âmbito do Direito Civil, que, de inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
maneira tímida, apenas em 1912, por ocasião da entrada em fato ou judicialmente.
vigor do Decreto n. 2.681, reconheceria à concubina direito à
indenização pela morte do companheiro em estradas de ferro. OBS: Pessoas casadas, mas separadas de fato ou judici-
almente podem constituir união estável.
A partir daí, em geral, apenas o Direito Obrigacional deita-
ria seus olhos à tutela da companheira, para admitir, em um § 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a
caracterização da união estável.
primeiro momento, a possibilidade de se pleitear indenização
pelos serviços prestados durante o período de convivência. DEVERES JURÍDICOS DA UNIÃO ESTÁVEL
Observava-se, pois, aqui, a preocupação da jurisprudência Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros
em evitar o enriquecimento sem causa de uma das partes da obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência,
relação, mas sempre a situando no árido terreno obrigacional, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
razão por que, no âmbito judicial, as demandas porventura Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre
instauradas tramitariam em Varas Cíveis. os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
E note-se que, nessa primeira fase, a companheira era couber, o regime da comunhão parcial de bens.
tratada como mera prestadora de serviços domésticos. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casa-
Mas a jurisprudência evoluiria, em um segundo momento, mento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
para admitir o reconhecimento de uma sociedade de fato no Registro Civil.
entre os companheiros, de maneira que a companheira deixa- Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a
ria de ser mera prestadora de serviços com direito a simples mulher, impedidos de casar, constituem concubinato".
indenização, para assumir a posição de sócia na relação CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL
concubinária, com direito à parcela do patrimônio comum, na A união estável é uma entidade familiar constitucionalmen-
proporção do que houvesse contribuído. te reconhecida, constituída por duas pessoas que mantenham
Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal, que já havia edi- convivência pública, contínua e duradoura, objetivando a
tado súmula admitindo o direito da companheira à indeniza- constituição de uma família.
ção por acidente de trabalho ou transporte do seu companhei- Para a configuração da união estável, deve ser observado
ro, se não houvesse impedimento para o matrimônio (S. 35), como ponto mais importante o elemento teleológico. Objetivo
avançaria mais ainda, para reconhecer, na súmula 380, direito de constituir família – aparentam casamento, porque a finali-
à partilha do patrimônio comum:

Conhecimentos Específicos 173 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dade da união é formar família. O verbo conjugado está no lião, por meio da qual os declarantes afirmam a instabilidade
presente e não no futuro, pois (namoro) com propósito de evitar a aplicação das regras da
- não existe tempo mínimo para a configuração da união união estável.
estável Este ato tem validade jurídica? R: Pode até servir como
- não se exige prole comum. elemento para o juiz investigar a intenção das partes, mas
- não é exigido a convivência more uxório - coabitação não é uma prova peremptória. Pois este contrato não pode,
(sumula 382 do STF): aprioristicamente afastar as regras da união estável – para
isso não tem validade.
A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é
indispensável à caracterização do concubinato. Silvio Venosa: a união é um fato da vida, estando ela con-
figurada, não é um contrato de namoro que irá afastá-la. Nes-
Para efeito de reconhecimento da união estável, não se sa perspectiva o contrato é nulo.
exige lapso temporal predeterminado, bem como não são
indispensáveis a convivência sob o mesmo teto ou more uxó- No STJ também observamos a preocupação em se dife-
rio (S. 382 do STF) nem a existência de prole comum. Claro renciar o namoro da união estável:
que todos esses fatores, isoladamente ou, com mais razão DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. UNIÃO ESTÁ-
ainda, reunidos, facilitarão a admissibilidade do vínculo con- VEL. REQUISITOS. CONVIVÊNCIA SOB O MESMO TETO.
cubinário, mas não podem ser encarados como requisitos DISPENSA. CASO CONCRETO. LEI N. 9.728/96. ENUNCI-
imprescindíveis. ADO N. 382 DA SÚMULA/STF. ACERVO FÁTICO-
Ademais, vale relembrar que apenas a relação concubiná- PROBATÓRIO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIA-
ria pura – vale dizer, entre pessoas desimpedidas ou separa- DO N. 7 DA SÚMULA/STJ.
das de fato – merece, regra geral, a tutela do Direito de Famí- DOUTRINA. PRECEDENTES. RECONVENÇÃO. CAPÍ-
lia, sendo esta a orientação da jurisprudência: TULO DA SENTENÇA. TANTUM DEVOLUTUM QUANTUM
Família – Reconhecimento de união estável – Requisitos – APELLATUM. HONORÁRIOS. INCIDÊNCIA SOBRE A CON-
Pessoas casadas – § 1º do art. 1.723 do CC – Bens adquiri- DENAÇÃO. ART. 20, § 3º, CPC. RECURSO PROVIDO PAR-
dos durante a convivência – Partilha. São requisitos da união CIALMENTE.
estável a convivência duradoura, pública, contínua e com o I - Não exige a lei específica (Lei n. 9.728/96) a coabitação
objetivo de constituir família. Nos termos do § 1º do art. 1.723 como requisito essencial para caracterizar a união estável. Na
do novo CC, somente se reconhecerá a união estável de realidade, a convivência sob o mesmo teto pode ser um dos
pessoas casadas no caso de se encontrarem separadas de fundamentos a demonstrar a relação comum, mas a sua au-
fato ou judicialmente. Se um dos companheiros ainda se sência não afasta, de imediato, a existência da união estável.
achava vinculado a casamento anterior, à época da convivên- II - Diante da alteração dos costumes, além das profundas
cia, não há falar em união estável e, por consequência, em mudanças pelas quais tem passado a sociedade, não é raro
direito ao partilhamento dos bens adquiridos no período, hipó- encontrar cônjuges ou companheiros residindo em locais
tese em que se torna necessária a prova da participação do diferentes. III - O que se mostra indispensável é que a união
convivente postulante em sua aquisição (TJMG, 8ª Câm. Cív., se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparência de
Ap. 1.0024.02732976-2/001-1, j. 23-6-2005). casamento, como no caso entendeu o acórdão impugnado. IV
OBS: Existe um projeto de lei que se intitula o estatuto das - Seria indispensável nova análise do acervo fático-probatório
famílias, onde tem por objetivo regulamentar a união estável, para concluir que o envolvimento entre os interessados se
inclusive para pessoas do mesmo sexo (PL 2285-07) tratava de mero passatempo, ou namoro, não havendo a
intenção de constituir família. V - Na linha da doutrina, "pro-
REGIME DE BENS: CONTRATO DE CONVIVÊNCIA cessadas em conjunto, julgam-se as duas ações [ação e
Na união estável, a disciplina patrimonial é feita por meio reconvenção], em regra, 'na mesma sentença' (art. 318), que
de contrato de convivência (ver obra de Francisco Cahali – necessariamente se desdobra em dois capítulos, valendo
Ed. Saraiva), de maneira que ausente este pacto serão apli- cada um por decisão autônoma, em princípio, para fins de
cadas as regras da comunhão parcial de bens, nos termos do recorribilidade e de formação da coisa julgada". VI - Nestes
art. 1725 CC. termos, constituindo-se em capítulos diferentes, a apelação
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre interposta apenas contra a parte da sentença que tratou da
os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que ação, não devolve ao tribunal o exame da reconvenção, sob
couber, o regime da comunhão parcial de bens. pena de violação das regras tantum devolutum quantum apel-
Ainda no campo da união estável, perfeitamente admissí- latum e da proibição da reformatio in peius. VII - Consoante o
vel e bastante comum, é o "contrato de convivência", pacto § 3º do art. 20, CPC, "os honorários serão fixados (...) sobre o
firmado entre os companheiros, por meio do qual são discipli- valor da condenação". E a condenação, no caso, foi o usufru-
nados os efeitos patrimoniais da união, como a pensão ali- to sobre a quarta parte dos bens do de cujus. Assim, é sobre
mentícia e o regime de bens. essa verba que deve incidir o percentual dos honorários, e
Nesse caso, o vínculo concubinário não é negado. Muito não sobre o valor total dos bens. (REsp 474.962/SP, Rel.
pelo contrário. É voluntariamente reconhecido e amigavel- MIN. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TUR-
mente disciplinado. MA, julgado em 23.09.2003, DJ 01.03.2004 p. 186)
Mas vale lembrar, com FRANCISCO CAHALI, em exce- UNIÃO ESTÁVEL PUTATIVA
lente obra do Direito brasileiro, que: "O contrato de convivên- Também aplicação da teoria da aparência, assim como se
cia não tem força para criar a união estável, e, assim, tem sua dá no casamento, na união estável putativa uma pessoa man-
eficácia condicionada à caracterização, pelas circunstâncias tem relações de companheirismo simultâneas com outras
fáticas, da entidade familiar em razão do comportamento das pessoas de boa-fé.
partes. Vale dizer, a união estável apresenta-se como conditio Uma pessoa casada (e que ainda mantém sociedade con-
juris ao pacto, de tal sorte que, se aquela inexistir, a conven- jugal) mantiver relação concubinária com outra, que, de boa-
ção não produz os efeitos nela projetados". fé, ignora o status matrimonial do seu companheiro, poderia
UNIÃO ESTÁVEL X NAMORO invocar a proteção da legislação de família, invocando a teoria
Um ponto ainda deve ser salientado: não se deve confun- da aparência (putatividade)? Em nosso sentir, teoricamente
dir a união estável – entidade familiar constitucionalmente sim, muito embora não tenha sido este o entendimento espo-
reconhecida – com o simples namoro. sado pelo STJ, que negou essa teoria neste acórdão:
O contrato de namoro é um assunto sério. É uma declara- União estável. Reconhecimento de duas uniões concomi-
ção formal de natureza negocial, em livro de notas de tabe- tantes. Equiparação ao casamento putativo. Lei nº 9.728/96.

Conhecimentos Específicos 174 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
1. Mantendo o autor da herança união estável com uma mu- SEPARAÇÃO JUDICIAL CONSENSUAL (ART. 1574)
lher, o posterior relacionamento com outra, sem que se haja Trata-se da denominada separação amigável, que se dá
desvinculado da primeira, com quem continuou a viver como por acordo de vontades dos cônjuges, e se forem casados há
se fossem marido e mulher, não há como configurar união mais de um ano – PRAZO DE REFLEXÃO - (no CPC, arts.
estável concomitante, incabível a equiparação ao casamento 1120 e ss.). Vale lembrar que, recentemente, a Lei n° 11.112,
putativo. 2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp de 13.05.05, determinou que, na petição conjunta, deverá
789.293/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES constar o acordo relativo à guarda dos filhos menores e ao
DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 16.02.2006, DJ regime de visitas;
20.03.2006 p. 271) Art. 1574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo con-
UNIÃO ESTÁVEL E TERCEIROS ESTÁVEL sentimento dos cônjuges se forem casados por mais de um
Problemática seríssima. ano (PRAZO DE REFLEXÃO) e o manifestarem perante o
Na apostila de processo civil, bem salientado pelo profes- juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção.
sor Diddier, em relação a outorga de concubinária a contratos OBS: Orlando Gomes critica o mutuo consentimento, pois,
com clausula de fiança. para ele o consentimento em si já é suficiente.
Como não há registro da existência da união estável, e Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e
embora a publicidade da relação seja um requisito para a não decretar a separação judicial se apurar que a convenção
configuração desta entidade familiar, realmente torna-se difícil não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de
ao terceiro proteger-se de eventuais prejuízos, não podendo um dos cônjuges.
ser aplicado esse regime processual especial aos companhei- SEPARAÇÃO LITIGIOSA (ART. 1572)
ros, por haver insegurança jurídica de enorme monta, outros- A separação litigiosa pode ser por causa objetiva e subje-
sim, se nos autos houver notícia da união estável, a postura tiva:
mais prudente do juiz é ouvir o companheiro.
POR CAUSA OBJETIVA: Chamada de separação falên-
Por conta disso, em caso de colidência entre o direito de cia. Os parágrafos primeiro e segundo do art. 1572 descreve
terceiro de boa fé e um dos companheiros (ex: do empréstimo a ruptura da vida em comum "separação falência" ou acome-
com garantia hipotecária) sugere a doutrina (Arnold Wald) que timento de doença mental grave "separação remédio". Não se
se preserve o direito de terceiro de boa fé, cabendo ao com- discute culpa. Não é a separação mais usual no Brasil.
panheiro prejudicado ação regressiva contra o outro. Pode
não ser a melhor solução, mas sem duvida é a mais razoável, § 1º A separação judicial pode também ser pedida se um
à vista da grande possibilidade de fraude. dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de
um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. SEPARA-
Por conta disso, os contratos de financiamento pelos ban- ÇÃO FALÊNCIA
cos já existem perguntas sobre a união estável, acautelando a
possibilidade de fraude. § 2º O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial
quando o outro estiver acometido de doença mental grave,
CASAMENTO CELEBRADO EM CENTRO ESPÍRITA manifestada após o casamento, que torne impossível a conti-
Possibilidade Legal de Atribuição de Efeitos Civis. Recusa nuação da vida em comum, desde que, após uma duração de
da Autoridade Cartorária. dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura
Argumentos contrários improvável. SEPARAÇÃO REMÉDIO.
O espiritismo não seria religião. Ex: Embriaguês patológica.
Não haveria autoridade celebrante. § 3º No caso do § 2º, reverterão ao cônjuge enfermo, que
Não haveria liturgia (ritual religioso). não houver pedido a separação judicial, os remanescentes
Argumentos favoráveis dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos
bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na cons-
Existe liturgia própria. tância da sociedade conjugal.
A lei não define o que é autoridade celebrante.
P: O que é clausula de dureza? R: A sua origem é do di-
O IBGE, em pesquisa realizada em 2002 observou que a reito francês. A doutrina entende (Carlos Roberto Gonçalves)
religião espírita é uma das religiões do povo brasileiro. que o CC não repetiu a clausula de dureza prevista no art. 6º
Dalmo Dallari defende o casamento espírita kardecista ar- da antiga lei do divorcio, segundo a qual o juiz poderia negar
gumentando principalmente que a lei não definiu o que é a separação falência ou remédio, caso constatasse o agra-
religião, nem autoridade celebrante. vamento das condições pessoais dos filhos menores ou do
Na jurisprudência, a primeira decisão sobre o tema no cônjuge enfermo.
Mandado de Segurança nº 34739.8/05, de Salvador, que, na
linha de raciocínio de Dalmo Dallari admitiu o casamento no POR CAUSA SUBJETIVA: Trata-se da pior forma de
centro espírita. separação.
SEPARAÇÃO Art. 1572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de
Outrora denominada de desquite, quando decretada, de- separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que im-
terminava o desfazimento da sociedade conjugal, e não do porte grave violação dos deveres do casamento e torne insu-
vinculo conjugal. portável a vida em comum.
Nos termos do art. 1576 determinados deveres são dissol- Por causa subjetiva: caput do art. 1572, caso em que um
vidos: cônjuge imputa ao outro ato que importa em grave violação
Art. 1576. A separação judicial põe termo aos deveres de de qualquer dos deveres do casamento, tornando insuportá-
coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens. vel a vida em comum;
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação O artigo 1573 exemplifica: Art. 1573. Podem caracterizar a
caberá somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum
serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo dos seguintes motivos:
irmão. I - adultério;
CLASSIFICAÇÃO II - tentativa de morte;
Pedro Sampaio diz que poder-se-ia limitar o pleito na rup- III - sevícia (maus tratos) ou injúria grave;
tura da convivência afetiva. Segundo a doutrina, a separação IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano
judicial pode ser classificada da seguinte maneira: contínuo;

Conhecimentos Específicos 175 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
V - condenação por crime infamante; Existe Projeto de Emenda Constitucional (do Deputado
VI - conduta desonrosa. Federal Sérgio Carneiro) para acabar com a separação no
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que Brasil, mantendo, apenas, o divórcio.
tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. Decorrido 1 ano da sentença de separação, pode-se re-
Critica. O sistema brasileiro deveria ser repensado, numa querer a conversão em divorcio indireto. A sentença de sepa-
perspectiva constitucional, não seria o caso de abandonarmos ração só pode ser convertida que já houver passado em jul-
o critério da culpa para admitirmos, em respeito à função gado. É comum no Brasil, antes ou durante da sentença de
social da família, a separação por simples desamor? A res- separação, um dos cônjuges ingressam com separação de
posta é afirmativa. Autores do quilate de Leonardo Alves, corpos – então, esse prazo de um ano pode ser contado a
Marcelo Truzi defendem esse posicionamento em respeito a partir desta decretação, lembrando ainda que a sentença tem
dignidade humana, bastando apenas a falta do amor (separa- que transitar em julgado.
ção por desamor). Art. 1580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da
O próprio STJ admite essa tese revolucionária sentença que houver decretado a separação judicial, ou da
decisão concessiva da medida cautelar de separação de
RESP 467184/SP; RECURSO ESPECIAL 2002/0106811- corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão
7 em divórcio.
Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar (1102) Órgão Jul- § 1º A conversão em divórcio da separação judicial dos
gador: T4 – QUARTA TURMA Data do Julgamento: cônjuges será decretada por sentença, da qual não constará
05/12/2002 referência à causa que a determinou.
Ementa SEPARAÇÃO. Ação e reconvenção. Improcedên- DIVÓRCIO DIRETO
cia de ambos os pedidos. Possibilidade da decretação da
separação. Evidenciada a insuportabilidade da vida em co- § 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por am-
mum, e manifestado por ambos os cônjuges, pela ação e bos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato
reconvenção, o propósito de se separarem, o mais convenien- por mais de dois anos.
te é reconhecer esse fato e decretar a separação, sem impu- O único fundamento da ação de divorcio direto é a sepa-
tação da causa ração de fato a mais de 02 anos.
É até possível se discutir culpa em divorcio, para fixar efei-
to colateral da sentença, como alimentos.
Perda do direito ao sobrenome do outro O CC revolucionando no art. 1581 diz que o divorcio pode
Outra critica refere-se ao art. 1578: Art. 1578. O cônjuge ser concedido sem que haja previa partilha do casal, onde a
declarado culpado na ação de separação judicial perde o lei antiga do divorcio (art. 43) só se podia decretar o divorcio
direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressa- se houvesse a partilha.
mente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não Art. 1581. O divórcio pode ser concedido sem que haja
acarretar: prévia partilha de bens.
I - evidente prejuízo para a sua identificação; Súmula nº 197. O divórcio direto pode ser concedido sem
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o que haja prévia partilha dos bens. (DJU 22.10.1997)
dos filhos havidos da união dissolvida; Por conta disso, inúmeros processos são impetrados com
III - dano grave reconhecido na decisão judicial. base neste dispositivo, onde a partilha de bens geralmente
não é feita, sendo em alguns casos feita no inventário de um
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial po- dos ex cônjuges.
derá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
sobrenome do outro. LEGITIMIDADE
§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação Art. 1582. O pedido de divórcio somente competirá aos
do nome de casado. cônjuges.
DIVÓRCIO Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a
ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente
O divórcio só foi possível no Brasil por conta da emenda ou o irmão.
nº 09, à Constituição de 1967 que baniu o princípio da indis-
solubilidade do matrimônio. CONSIDERAÇÕES À LEI 11.441 DE 2007
No divórcio, não apenas a sociedade conjugal é extinta Por óbvio, por estarmos cuidando do Direito de Família,
(vínculo matrimonial), admitindo, por consequência, novo cuidaremos de estudar especificamente a separação e o
casamento. divórcio administrativos.
Para que fosse possível o divórcio (dissolução do vínculo Trata-se de um grande avanço em nosso sistema legislati-
matrimonial) no Brasil, fez-se necessária a edição da Emenda vo.
Constitucional n. 09 à CF de 1967, pondo por terra o princípio Este diploma alterou o CPC nos seguintes termos: Art. 3º
constitucional da indissolubilidade do casamento (sobre o da Lei nº 5.869, de 1973 – Código de Processo Civil, passa a
tema, cf. "Divórcio e Separação", Yussef Said Cahali, RT). vigorar acrescida do seguinte art. 1.124-A:
Posteriormente, a matéria veio a ser regulamentada pela "Art. 1124-A. A separação consensual e o divórcio con-
famosa Lei n. 6515 de 1977 (Lei do Divórcio). sensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e
Atualmente o novo CC regula o divórcio nos artigos 1580 observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão
a 1582. ser realizados por escritura pública, da qual constarão as
disposições relativas à descrição e à partilha dos bens co-
ESPÉCIES DE DIVÓRCIO muns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à
Além do divórcio indireto ou por conversão, temos ainda o retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manu-
divórcio direto, ambos com base constitucional (art. 226, § 6°, tenção do nome adotado quando se deu o casamento.
CF), sendo que, nesta última modalidade, basta a comprova- § 1º A escritura não depende de homologação judicial e
ção da separação de fato há mais de dois anos, para o defe- constitui título hábil para o registro civil e o registro de imó-
rimento do pleito. veis.
DIVÓRCIO INDIRETO OU POR CONVERSÃO § 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contra-
Pressupõe a separação judicial decretada. tantes estiverem assistidos por advogado comum ou advoga-

Conhecimentos Específicos 176 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dos de cada um deles, cuja qualificação e assinatura consta- Considerando que o ato é lavrado sem a presença do ór-
rão do ato notarial. gão do MP e do Juiz, quer-se, com tal medida, evitar possível
§ 3º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos lesão ao interesse dos menores.
àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei." No entanto, com certa frequência ocorrem situações em
A primeira grande vantagem desta lei, que remeteu a se- que, na separação e no divórcio, os direitos dos filhos perma-
paração e o divórcio consensuais à via administrativa, é per- necem inalterados, por já haverem sido reconhecidos e certi-
mitir que qualquer desses atos possa ser feito em qualquer ficados em procedimento anterior (a exemplo da ação de
cartório de notas do Brasil, averbando-se, por conseguinte, a alimentos ou de guarda, já definitivamente decidida ou julga-
posteriori, a respectiva escritura, nos cartórios de Registro da).
Civil, de Imóveis, e, embora nada diga a lei, na Junta Comer- Ora, apresentando, o casal, ao tabelião, uma certidão
cial, caso um dos separandos/divorciandos seja empresário comprobatória de tal circunstância, não haveria sentido em se
individual. impedir a lavratura do ato, na via administrativa. Até porque a
O ato notarial, como visto, também dispensa a homologa- guarda e os alimentos já podem ter sido decididos ou acorda-
ção judicial. dos!
Procuração. Não há tentativa de reconciliação, de maneira Na mesma linha, como bem destacou Antônio Carlos Par-
que, agora, é perfeitamente possível sustentar-se que o di- reira (em texto publicado no
vórcio e a separação consensual possam ser feitos por procu- http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9391), prejuízo
ração (procuração pública com poderes especiais). inexistirá na simples conversão da separação judicial em
Testemunha. Entendemos, categoricamente, que a exi- divórcio:
gência de testemunha é dispensável, sendo bastante a decla- "Mas e se os direitos indisponíveis dos filhos incapazes já
ração conjunta dos interessados, sob as penas da lei civil e estiverem judicialmente tutelados e as escrituras de separa-
criminal. O art. 53 da Resolução 35 de 24 de abril de 2007, do ção e divórcio ratificarem as decisões judiciais, sem quaisquer
CNJ, registra que o tabelião "pode" colher a declaração de alterações pelo casal? Qual o prejuízo para os filhos incapa-
testemunha. Entende que a declaração dos cônjuges não zes? Nenhum.
basta para a comprovação da separação de fato: Assim, se for caso de mera conversão consensual de se-
Art. 53. A declaração dos cônjuges não basta para a com- paração judicial em divórcio, no qual ficarão mantidas as
provação do implemento do lapso de dois anos de separação cláusulas da separação relativas à guarda, direito de visita e
no divórcio direto. Deve o tabelião observar se o casamento pensão alimentícia dos filhos menores e maiores incapazes,
foi realizado há mais de dois anos e a prova documental da obviamente que nenhum prejuízo poderá ocorrer para os
separação, se houver, podendo colher declaração de teste- filhos.
munha, que consignará na própria escritura pública. Caso o Nessa hipótese se foram prejudicados, tal se deu no pro-
notário se recuse a lavrar a escritura, deverá formalizar a cesso judicial da separação e sob as barbas do Juiz de Direito
respectiva nota, desde que haja pedido das partes neste e do Promotor de Justiça".
sentido. União Estável. Uma pergunta, em conclusão, merece ser
Não concordamos, data vênia, no entanto, quando o feita: e como fica a união estável? Ora, posto a lei nada tenha
mesmo dispositivo não considera bastante a declaração dos dito a respeito, pensamos que nada impede a lavratura de
divorciandos. Por que não? A afetividade faliu! Aliás, nos dissolução de união estável, analogicamente, nos termos da
termos da própria Resolução, a testemunha é facultati- nova lei. Mas reiteramos: a lei foi omissa.
va...ademais, muito mais relevante do que a simples análise Aliás, em defesa da nossa linha de pensamento, diríamos
de documentos é a palavra dos integrantes da relação afetiva até que o Tabelião está mais acostumado a atender compa-
que se exauriu. Vamos aguardar e ver como se posicionará a nheiros do que pessoas casadas, eis que já se habituou a
jurisprudência do Brasil... lavrar contratos de convivência e os (polêmicos) contratos de
Partilha de bens. A referida lei tornou a partilha de bens namoro.
novamente obrigatória (como era na antiga Lei do Divórcio – Processos novos e em curso. E, finalmente, como fica a
art. 43)? Entendemos que não. aplicação desta lei em face de processos novos e de proces-
A partilha dos bens, referida pela nova lei, em nosso sen- sos que já estejam em curso? Está se firmando o entendi-
tir, não deveria ser considerada obrigatória, pois, falida a mento no sentido de que, para os novos processos, é faculta-
afetividade, não haveria sentido em se impedir a dissolução tivo, para os interessados, ingressarem na via administrativa.
da sociedade conjugal ou do próprio matrimônio, por força do Aliás, no caso do divórcio ou da separação, pode até ser mais
patrimônio. conveniente a instauração do processo, por conta do "segre-
Ademais, deixa claro o art. 1581 do CC, ainda em vigor, do de justiça", inexistente nos atos notariais (por ser ato públi-
que o divórcio poderá ser decretado sem que haja prévia co).
partilha dos bens (na linha da antiga Súmula 197 do STJ). Por outro lado, os processos em curso, considerando os
Nada impede, portanto, que as partes ingressem, depois, atos procedimentais já realizados e o impulso oficial que os
com pedido judicial de partilha amigável, ou até mesmo, em animou, devem ser julgados, facultando-se, todavia, às par-
caso de resistência de uma das partes, com ação de divisão. tes, recorrerem à via administrativa. Não pode, todavia, esta
Imposto. Antes de efetuar a partilha, outrossim, deve o no- solução ser impositiva, em respeito ao próprio jurisdicionado,
tário redobrar a cautela quanto ao recolhimento do imposto que aguardou – muitas vezes – anos a prolação da sentença
devido (especialmente o ITCMD), além da respectiva taxa e já recolheu as custas judiciais. Não nos afigura justo, em
judiciária. Neste ponto, declarando o casal ser pobre, não nosso pensar.
poderá o tabelião deixar de efetuar a separação ou divorcio, UNIÃO HOMOAFETIVA
entretanto, levará a conhecimento do Estado (certidão) para Ver DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias.
que o mesmo cobre. Porto Alegre: 2005, Livraria do Advogado.
Filhos menores. Um outro importante aspecto gira em tor- OBS: No concurso colocar o termo homossexualidade
no dos filhos menores. Destacou o legislador, no caput do art. (trata-se de um aspecto psíquico comportamental). O termo
1124-A, que a separação ou o divórcio, pela via administrati- homossexualismo é uma antiga referencia patológica, caben-
va, apenas será possível não havendo filhos menores ou do mencionar que a OMS retirou-o do SIDE (catalogo interna-
incapazes do casal. Em princípio, entendemos a regra. cional de doenças) desde 1979.

Conhecimentos Específicos 177 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- O transexualismo sim, é doença neurológica, cataloga- Recentemente, todavia, avançou no entendimento, embo-
da, com o código SIDE F 64.0. ra não haja pacificado a tese de linha familiarista:
Correntes existentes no Brasil: Temos duas correntes no PENSÃO. RELACIONAMENTO HOMOAFETIVO.Trata-se
Brasil. de recurso interposto pelo INSS em que se discute se um
a) Trata-se de entidade familiar – O art. 226 da CF é uma companheiro homossexual temou não direito a receber pen-
norma geral de inclusão, não sendo admissível excluir-se uma são por morte como dependente de segurado falecido. A
relação estável calcada na afetividade (PAULO LOBO, Maria sentença julgou improcedente o pedido, extinguindo o pro-
Berenice Dias, Rodrigo da Cunha Pereira). Deve-se reconhe- cesso. O MPF apelou da sentença, alegando que o § 3ºdo art.
cer direitos de família (alimentos) e sucessórios (herança). 226 da CF/1988 não exclui a união estável entre pessoas do
Segundo o professor esta corrente é a que se harmoniza com mesmo sexo, devendo ser observado o princípio da igualda-
o sistema aberto da CF; de. Apelou, ainda, o autor, e o Tribunal a quo deu provimento
O próprio TSE consagrou este entendimento avançado: às apelações. Note-se que a matéria, na espécie, está afeta
Registro de candidato. Candidatura ao cargo de prefeito. ao direito previdenciário e não ao de família. Isso posto, a
Relação estável homossexual com a prefeita reeleita do mu- Turma negou provimento ao recurso do INSS, confirmando a
nicípio. Inelegibilidade. (CF 14 § 7º). Os sujeitos de uma rela- concessão do benefício,uma vez que preenchidas as exigên-
ção estável homossexual, à semelhança do que ocorre com cias da Lei n. 8.213/1991, comprovadas a qualidade de segu-
os de relação estável, de concubinato e de casamento, sub- rado do de cujus e a convivência afetiva e duradoura (18
metem-se à regra de inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, anos) entre o falecido e o autor. Outrossim,confirmou a legiti-
da Constituição Federal. Recurso a que se dá provimento. midade do MP para intervir no processo em prol de tratamen-
(TSE – Resp Eleitoral 24564 – Viseu/PA – Rel. Min. Gilmar to igualitário quanto a direitos fundamentais, a teor do art. 127
Mendes – j. 01/10/2004). da CF/1988. Destacou o Min. Relator que, no § 3º do art. 16
da Lei 8.213/1991, pretendeu o legislador gizar o conceito de
b) Alvaro Vilaça: Trata-se de mera sociedade de fato, re- entidade familiar, a partir do modelo da união estável, com
gida pela Direito Obrigacional (S. 380, STF). A despeito de o vista ao direito previdenciário, sem exclusão da relação ho-
primeiro entendimento, que nós perfilhamos, estar desenvol- moafetiva.
vendo-se no Brasil, com decisões favoráveis de vários Tribu-
nais, especialmente Rio Grande do Sul, o STJ, aparentemen- Ressaltou, ainda, que o próprio INSS regulou a matéria
te, e por ora, tem seguido a linha tradicional: por meio da Instrução Normativa n.25/2000, com vista à con-
cessão de benefício ao companheiro ou companheira homos-
RECURSO ESPECIAL. RELACIONAMENTO MANTIDO sexual, para atender determinação judicial em medida liminar
ENTRE HOMOSSEXUAIS. SOCIEDADE DE FATO. DISSO- em ação civil pública com eficácia erga omnes, ao fundamen-
LUÇÃO DA SOCIEDADE. PARTILHA DE BENS. PROVA. to de garantir o direito de igualdade previsto na Constituição.
ESFORÇO COMUM. Entende a jurisprudência desta Corte Posteriormente, o INSS também dispôs sobre a matéria, edi-
que a união entre pessoas do mesmo sexo configura socie- tando nova instrução normativa (INSS/DC n. 50 de 8/5/2001),
dade de fato, cuja partilha de bens exige a prova do esforço por força da mesma ação civil pública. REsp 395.904-RS, Rel.
comum na aquisição do patrimônio amealhado. Recurso es- Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 13/12/2005.
pecial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (REsp
648.763/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA Já no STF, chama-nos a atenção a ADI 3300, em que se
TURMA, julgado em 07.12.2006, DJ 16.04.2007 p. 204) pode verificar o possível entendimento do culto Min, CELSO
DE MELLO a respeito do tema, e que pode, talvez, traduzir o
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DISSOLUÇÃO entendimento futuro da Corte:
DE SOCIEDADE DE FATO. HOMOSSEXUAIS. HOMOLO-
GAÇÃO DE ACORDO. COMPETÊNCIA. VARA CÍVEL. ADI 3300 MC/DF*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EXISTÊNCIA DE FILHO DE UMA DAS PARTES. GUARDA E EMENTA: UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO
RESPONSABILIDADE. IRRELEVÂNCIA. 1. A primeira condi- SEXO. ALTA RELEVÂNCIA SOCIAL E JURÍDICO-
ção que se impõe à existência da união estável é a dualidade CONSTITUCIONAL DA QUESTÃO PERTINENTE ÀS UNI-
de sexos. A união entre homossexuais juridicamente não ÕES HOMOAFETIVAS. PRETENDIDA QUALIFICAÇÃO DE
existe nem pelo casamento, nem pela união estável, mas TAIS UNIÕES COMO ENTIDADES FAMILIARES. DOUTRI-
pode configurar sociedade de fato, cuja dissolução assume NA. ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DA
contornos econômicos, resultantes da divisão do patrimônio LEI Nº 9.278/96. NORMA LEGAL DERROGADA PELA SU-
comum, com incidência do Direito das Obrigações. 2. A exis- PERVENIÊNCIA DO ART. 1.723 DO NOVO CÓDIGO CIVIL
tência de filho de uma das integrantes da sociedade amiga- (2002), QUE NÃO FOI OBJETO DE IMPUGNAÇÃO NESTA
velmente dissolvida, não desloca o eixo do problema para o SEDE DE CONTROLE ABSTRATO. INVIABILIDADE, POR
âmbito do Direito de Família, uma vez que a guarda e respon- TAL RAZÃO, DA AÇÃO DIRETA. IMPOSSIBILIDADE JURÍ-
sabilidade pelo menor permanece com a mãe, constante do DICA, DE OUTRO LADO, DE SE PROCEDER À FISCALI-
registro, anotando o termo de acordo apenas que, na sua ZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA DE NORMAS CONSTITU-
falta, à outra caberá aquele munus, sem questionamento por CIONAIS ORIGINÁRIAS (CF, ART. 226, § 3º, NO CASO).
parte dos familiares. 3. Neste caso, porque não violados os DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA (STF). NECESSIDADE,
dispositivos invocados - arts. 1º e 9º da Lei 9.278 de 1996, a CONTUDO, DE SE DISCUTIR O TEMA DAS UNIÕES ES-
homologação está afeta à vara cível e não à vara de família. TÁVEIS HOMOAFETIVAS, INCLUSIVE PARA EFEITO DE
4. Recurso especial não conhecido. (RESP 502.995/RN, Rel. SUA SUBSUNÇÃO AO CONCEITO DE ENTIDADE FAMILI-
Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julga- AR: MATÉRIA A SER VEICULADA EM SEDE DE ADPF DE-
do em 26.04.2005, DJ 16.05.2005 p. 353) CISÃO: A Associação da Parada do Orgulho dos Gays, Lés-
bicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo e a Associa-
COMPETÊNCIA. RELAÇÃO HOMOSSEXUAL. AÇÃO DE ção de Incentivo à Educação e Saúde de São Paulo - que
DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE DE FATO, CUMULADA sustentam, de um lado, o caráter fundamental do direito per-
COM DIVISÃO DE PATRIMÔNIO. INEXISTÊNCIA DE DIS- sonalíssimo à orientação sexual e que defendem, de outro, a
CUSSÃO ACERCA DE DIREITOS ORIUNDOS DO DIREITO qualificação jurídica, como entidade familiar, das uniões ho-
DE FAMÍLIA. COMPETÊNCIA DA VARA CÍVEL. Tratando-se moafetivas - buscam a declaração de inconstitucionalidade do
de pedido de cunho exclusivamente patrimonial e, portanto, art. 1º da Lei n 9.278/96, que, ao regular o § 3º do art. 226 da
relativo ao direito obrigacional tão-somente, a competência Constituição, reconheceu, unicamente, como entidade famili-
para processá-lo e julgá-lo é de uma das Varas Cíveis. Re- ar, "a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
curso especial conhecido e provido. (RESP 323.370/RS, Rel. convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com
Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em o objetivo de constituição de família" (grifei). As entidades
14.12.2004, DJ 14.03.2005 p. 340)

Conhecimentos Específicos 178 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
autoras da presente ação direta apóiam a sua pretensão de processo de controle (...)." (RTJ 145/136, Rel. Min. MOREIRA
inconstitucionalidade na alegação de que a norma ora questi- ALVES - grifei)
onada (Lei nº 9.278/96, art. 1º), em cláusula impregnada de Cabe indagar, neste ponto, embora esse pleito não tenha
conteúdo discriminatório, excluiu, injustamente, do âmbito de sido deduzido pelas entidades autoras, se se mostraria possí-
especial proteção que a Lei Fundamental dispensa às comu- vel, na espécie, o ajuizamento de ação direta de inconstituci-
nidades familiares, as uniões entre pessoas do mesmo sexo onalidade proposta com o objetivo de questionar a validade
pautadas por relações homoafetivas. jurídica do próprio § 3º do art. 226 da Constituição da Repú-
Impõe-se examinar, preliminarmente, se se revela cabível, blica.
ou não, no caso, a instauração do processo objetivo de fisca- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se
lização normativa abstrata. É que ocorre, na espécie, circuns- no sentido de não admitir, em sede de fiscalização normativa
tância juridicamente relevante que não pode deixar de ser abstrata, o exame de constitucionalidade de uma norma cons-
considerada, desde logo, pelo Relator da causa. titucional originária, como o é aquela inscrita no § 3º do art.
Refiro-me ao fato de que a norma legal em questão, tal 226 da Constituição:
como positivada, resultou derrogada em face da superveniên- "- A tese de que há hierarquia entre normas constitucio-
cia do novo Código Civil, cujo art. 1.723, ao disciplinar o tema nais originárias dando azo à declaração de inconstitucionali-
da união estável, reproduziu, em seus aspectos essenciais, o dade de umas em face de outras é incompossível com o sis-
mesmo conteúdo normativo inscrito no ora impugnado art. 1º tema de Constituição rígida.
da Lei nº 9.278/96. - Na atual Carta Magna, 'compete ao Supremo Tribunal
Uma simples análise comparativa dos dispositivos ora Federal, precipuamente, a guarda da Constituição' (artigo
mencionados, considerada a identidade de seu conteúdo 102, 'caput'), o que implica dizer que essa jurisdição lhe é
material, evidencia que o art. 1.723 do Código Civil (Lei nº atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição co-
10.406/2002) efetivamente derrogou o art. 1º da Lei nº mo um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel
9.278/96: de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de verificar se
Código Civil (2002) "Art. 1.723. É reconhecida como enti- este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositi-
dade familiar a união estável entre o homem e a mulher, con- vo que ele próprio havia incluído no texto da mesma Consti-
figurada na convivência pública, contínua e duradoura e esta- tuição.
belecida com o objetivo de constituição de família." - Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invo-
Lei nº 9.278/96 "Art. 1º. É reconhecida como entidade fa- cadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de
miliar a convivência duradoura, pública e contínua de um normas constitucionais inferiores em face de normas constitu-
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constitui- cionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas
ção de família." como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao
Extremamente significativa, a tal respeito, a observação emendar a Constituição elaborada pelo Poder Constituinte
de CARLOS ROBERTO GONÇALVES ("Direito Civil Brasileiro originário, e não como abarcando normas cuja observância se
– Direito de Família", vol. VI/536, item n. 3, 2005, Saraiva): impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação às
"Restaram revogadas as mencionadas Leis n. 8.971/94 e outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas,
n. 9.278/96 em face da inclusão da matéria no âmbito do e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida, por
Código Civil de 2002, que fez significativa mudança, inserindo impossibilidade jurídica do pedido." (RTJ 163/872-873, Rel.
o título referente à união estável no Livro de Família e incor- Min. MOREIRA ALVES, Pleno - grifei)
porando, em cinco artigos (1.723 a 1.727), os princípios bási- Vale assinalar, ainda, a propósito do tema, que esse en-
cos das aludidas leis, bem como introduzindo disposições tendimento – impossibilidade jurídica de controle abstrato de
esparsas em outros capítulos quanto a certos efeitos, como constitucionalidade de normas constitucionais originárias –
nos casos de obrigação alimentar (art. 1.694)." (grifei) reflete-se, por igual, no magistério da doutrina (GILMAR
A ocorrência da derrogação do art. 1º da Lei nº 9.278/96 – FERREIRA MENDES, "Jurisdição Constitucional", p. 178,
também reconhecida por diversos autores (HELDER MARTI- item n. 2, 4ª ed., 2004, Saraiva; ALEXANDRE DE MORAES,
NEZ DAL COL, "A União Estável perante o Novo Código "Constituição do Brasil Interpretada", p. 2.333/2.334, item n.
Civil", "in" RT 818/11-35, 33, item n. 8; RODRIGO DA CUNHA 1.8, 2ª ed., 2003, Atlas; OLAVO ALVES FERREIRA, "Controle
PEREIRA, "Comentários ao Novo Código Civil", vol. XX/3-5, de Constitucionalidade e seus Efeitos", p. 42, item n. 1.3.2.1,
2004, Forense) – torna inviável, na espécie, porque destituído 2003, Editora Método; GUILHERME PEÑA DE MORAES,
de objeto, o próprio controle abstrato concernente ao preceito "Direito Constitucional – Teoria da Constituição", p. 192, item
normativo em questão. É que a regra legal ora impugnada na n. 3.1, 2003, Lumen Juris; PAULO BONAVIDES, "Inconstitu-
presente ação direta já não mais vigorava quando da instau- cionalidade de Preceito Constitucional", "in" "Revista Trimes-
ração deste processo de fiscalização concentrada de consti- tral de Direito Público", vol. 7/58-81, Malheiros; JORGE MI-
tucionalidade. RANDA, "Manual de Direito Constitucional", tomo I- I/287-288
e 290-291, item n. 72, 2ª ed., 1988, Coimbra Editora).
O reconhecimento da inadmissibilidade do processo de
fiscalização normativa abstrata, nos casos em que o ajuiza- Não obstante as razões de ordem estritamente formal, que
mento da ação direta tenha sido precedido – como sucede na tornam insuscetível de conhecimento a presente ação direta,
espécie – da própria revogação do ato estatal que se preten- mas considerando a extrema importância jurídico-social da
de impugnar, tem o beneplácito da jurisprudência desta Corte matéria – cuja apreciação talvez pudesse viabilizar-se em
Suprema (RTJ 105/477, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – RTJ sede de arguição de descumprimento de preceito fundamen-
111/546, Rel. Min. SOARES MUÑOZ – ADI 784/SC, Rel. Min. tal -, cumpre registrar, quanto à tese sustentada pelas entida-
MOREIRA ALVES): des autoras, que o magistério da doutrina, apoiando-se em
valiosa hermenêutica construtiva, utilizando-se da analogia e
"Constitucional. Representação de inconstitucionalidade. invocando princípios fundamentais (como os da dignidade da
Não tem objeto, se, antes do ajuizamento da arguição, revo- pessoa humana, da liberdade, da autodeterminação, da
gada a norma inquinada de inconstitucional." (RTJ 107/928, igualdade, do pluralismo, da intimidade, da não-discriminação
Rel. Min. DECIO MIRANDA - grifei) e da busca da felicidade), tem revelado admirável percepção
"(...) também não pode ser a presente ação conhecida do alto significado de que se revestem tanto o reconhecimen-
(...), tendo em vista que a jurisprudência desta Corte já firmou to do direito personalíssimo à orientação sexual, de um lado,
o princípio (...) de que não é admissível a apreciação, em quanto a proclamação da legitimidade ético-jurídica da união
juízo abstrato, da constitucionalidade ou da inconstitucionali- homoafetiva como entidade familiar, de outro, em ordem a
dade de norma jurídica revogada antes da instauração do permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexu-

Conhecimentos Específicos 179 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ais, relevantes consequências no plano do Direito e na esfera relações afetivas. Essa é a missão fundamental da jurispru-
das relações sociais. dência, que necessita desempenhar seu papel de agente
Essa visão do tema, que tem a virtude de superar, neste transformador dos estagnados conceitos da sociedade. (...)."
início de terceiro milênio, incompreensíveis resistências soci- (grifei)
ais e institucionais fundadas em fórmulas preconceituosas Vale rememorar, finalmente, ante o caráter seminal de que
inadmissíveis, vem sendo externada, como anteriormente se acham impregnados, notáveis julgamentos, que, emana-
enfatizado, por eminentes autores, cuja análise de tão signifi- dos do E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
cativas questões tem colocado em evidência, com absoluta e do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, acham-se
correção, a necessidade de se atribuir verdadeiro estatuto de consubstanciados em acórdãos assim ementados:
cidadania às uniões estáveis homoafetivas (LUIZ EDSON "Relação homoerótica – União estável – Aplicação dos
FACHIN, "Direito de Família –Elementos críticos à luz do novo princípios constitucionais da dignidade humana e da igualda-
Código Civil brasileiro", p. 119/127, item n. 4, 2003, Renovar; de – Analogia – Princípios gerais do direito – Visão abrangen-
LUIZ SALEM VARELLA/IRENE INNWINKL SALEM VAREL- te das entidades familiares – Regras de inclusão (...) – Inteli-
LA, "Homoerotismo no Direito Brasileiro e Universal – Parce- gência dos arts. 1.723, 1.725 e 1.658 do Código Civil de 2002
ria Civil entre Pessoas do mesmo Sexo", 2000, Agá Juris – Precedentes jurisprudenciais. Constitui união estável a
Editora, ROGER RAUPP RIOS, "A Homossexualidade no relação fática entre duas mulheres, configurada na convivên-
Direito", p. 97/128, item n. 4, 2001, Livraria do Advogado cia pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo
Editora – ESMAFE/RS; ANA CARLA HARMATIUK MATOS, de constituir verdadeira família, observados os deveres de
"União entre Pessoas do mesmo Sexo: aspectos jurídicos e lealdade, respeito e mútua assistência. Superados os precon-
sociais", p. 161/162, Del Rey, 2004; VIVIANE GIRARDI, "Fa- ceitos que afetam ditas realidades, aplicam-se, os princípios
mílias Contemporâneas, Filiação e Afeto: a possibilidade constitucionais da dignidade da pessoa, da igualdade, além
jurídica da Adoção por Homossexuais", Livraria do Advogado da analogia e dos princípios gerais do direito, além da con-
Editora, 2005; TAÍSA RIBEIRO FERNANDES, "Uniões Ho- temporânea modelagem das entidades familiares em sistema
mossexuais: efeitos jurídicos", Editora Método, São Paulo; aberto argamassado em regras de inclusão. Assim, definida a
JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, "A Natureza Jurídica da natureza do convívio, opera-se a partilha dos bens segundo o
Relação Homoerótica", "in" "Revista da AJURIS" nº 88, tomo regime da comunhão parcial. Apelações desprovidas." (Ape-
I, p. 224/252, dez/2002, v.g.). lação Cível 70005488812, Rel. Des. JOSÉ CARLOS TEIXEI-
Cumpre referir, neste ponto, a notável lição ministrada pe- RA GIORGIS, 7ª Câmara Civil - grifei)
la eminente Desembargadora MARIA BERENICE DIAS ("Uni- "(...) 6. A exclusão dos benefícios previdenciários, em ra-
ão Homossexual: O Preconceito & a Justiça", p. 71/83 e p. zão da orientação sexual, além de discriminatória, retira da
85/99, 97, 3ª ed., 2006, Livraria do Advogado Editora), cujas proteção estatal pessoas que, por imperativo constitucional,
reflexões sobre o tema merecem especial destaque: deveriam encontrar-se por ela abrangidas. 7. Ventilar-se a
"A Constituição outorgou especial proteção à família, in- possibilidade de desrespeito ou prejuízo a alguém, em função
dependentemente da celebração do casamento, bem como de sua orientação sexual, seria dispensar tratamento indigno
às famílias monoparentais. Mas a família não se define exclu- ao ser humano. Não se pode, simplesmente, ignorar a condi-
sivamente em razão do vínculo entre um homem e uma mu- ção pessoal do indivíduo, legitimamente constitutiva de sua
lher ou da convivência dos ascendentes com seus descen- identidade pessoal (na qual, sem sombra de dúvida, se inclui
dentes. Também o convívio de pessoas do mesmo sexo ou a orientação sexual), como se tal aspecto não tivesse relação
de sexos diferentes, ligadas por laços afetivos, sem conota- com a dignidade humana. 8. As noções de casamento e amor
ção sexual, cabe ser reconhecido como entidade familiar. A vêm mudando ao longo da história ocidental, assumindo con-
prole ou a capacidade procriativa não são essenciais para tornos e formas de manifestação e institucionalização plurívo-
que a convivência de duas pessoas mereça a proteção legal, cos e multifacetados, que num movimento de transformação
descabendo deixar fora do conceito de família as relações permanente colocam homens e mulheres em face de distintas
homoafetivas. Presentes os requisitos de vida em comum, possibilidades de materialização das trocas afetivas e sexu-
coabitação, mútua assistência, é de se concederem os mes- ais. 9. A aceitação das uniões homossexuais é um fenômeno
mos direitos e se imporem iguais obrigações a todos os víncu- mundial – em alguns países de forma mais implícita – com o
los de afeto que tenham idênticas características. alargamento da compreensão do conceito de família dentro
Enquanto a lei não acompanha a evolução da sociedade, das regras já existentes; em outros de maneira explícita, com
a mudança de mentalidade, a evolução do conceito de mora- a modificação do ordenamento jurídico feita de modo a abar-
lidade, ninguém, muito menos os juízes, pode fechar os olhos car legalmente a união afetiva entre pessoas do mesmo sexo.
a essas novas realidades. Posturas preconceituosas ou dis- 10. O Poder Judiciário não pode se fechar às transformações
criminatórias geram grandes injustiças. Descabe confundir sociais, que, pela sua própria dinâmica, muitas vezes se an-
questões jurídicas com questões de caráter moral ou de con- tecipam às modificações legislativas. 11. Uma vez reconheci-
teúdo meramente religioso. Essa responsabilidade de ver o da, numa interpretação dos princípios norteadores da consti-
novo assumiu a Justiça ao emprestar juridicidade às uniões tuição pátria, a união entre homossexuais como possível de
extra-conjugais. Deve, agora, mostrar igual independência e ser abarcada dentro do conceito de entidade familiar e afas-
coragem quanto às uniões de pessoas do mesmo sexo. Am- tados quaisquer impedimentos de natureza atuarial, deve a
bas são relações afetivas, vínculos em que há comprometi- relação da Previdência para com os casais de mesmo sexo
mento amoroso. Assim, impositivo reconhecer a existência de dar-se nos mesmos moldes das uniões estáveis entre hete-
um gênero de união estável que comporta mais de uma espé- rossexuais, devendo ser exigido dos primeiros o mesmo que
cie: união estável heteroafetiva e união estável homoafetiva. se exige dos segundos para fins de comprovação do vínculo
Ambas merecem ser reconhecidas como entidade familiar. afetivo e dependência econômica presumida entre os casais
Havendo convivência duradoura, pública e contínua entre (...), quando do processamento dos pedidos de pensão por
duas pessoas, estabelecida com o objetivo de constituição de morte e auxílio-reclusão." (Revista do TRF/4ª Região, vol.
família, mister reconhecer a existência de uma união estável. 57/309-348, 310, Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira
Independente do sexo dos parceiros, fazem jus à mesma - grifei)
proteção. Concluo a minha decisão. E, ao fazê-lo, não posso deixar
Ao menos até que o legislador regulamente as uniões ho- de considerar que a ocorrência de insuperável razão de or-
moafetivas - como já fez a maioria dos países do mundo civi- dem formal (esta ADIN impugna norma legal já revogada)
lizado -, incumbe ao Judiciário emprestar-lhes visibilidade e torna inviável a presente ação direta, o que me leva a declarar
assegurar-lhes os mesmos direitos que merecem as demais extinto este processo (RTJ 139/53 – RTJ 168/174-175), ainda

Conhecimentos Específicos 180 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
que se trate, como na espécie, de processo de fiscalização Conceito. Trata-se do estatuto patrimonial do casamento,
normativa abstrata (RTJ 139/67), sem prejuízo, no entanto, da regido pelos princípios da liberdade de escolha, da variabili-
utilização de meio processual adequado à discussão, "in dade e da mutabilidade.
abstracto" – considerado o que dispõe o art. 1.723 do Código Referencia legislativa. A partir do art. 1639 do CC.
Civil –, da relevantíssima tese pertinente ao reconhecimento, Art. 1639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o ca-
como entidade familiar, das uniões estáveis homoafetivas. samento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprou-
Arquivem-se os presentes autos. Publique-se. Brasília, 03 de ver.
fevereiro de 2006. Ministro CELSO DE MELLO Relator
§ 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar
Por fim, lembrando MARIA BRAUNER (in Direitos Funda- desde a data do casamento.
mentais do Direito de Família, coordenado por Belmrio Welter
e Rolf Madaleno, Livraria do Advogado, 2004, págs. 267-268): § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante
"A aceitação recente da união afetiva entre iguais no âmbito autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônju-
do Direito de Família representa uma nova face do conceito ges, apurada a procedência das razões invocadas e ressal-
de cidadania, transpondo a barreira do interdito, buscando a vados os direitos de terceiros.
afirmação da diferença a partir da manifestação da liberdade PRINCÍPIOS
de expressão e do direito ao livre desenvolvimento da perso- - Principio da variabilidade. No Brasil temos um sistema
nalidade". variado de regime de bens. Não temos um regime único.
COMENTÁRIOS AO ART. 1647 Temos a comunhão parcial, a comunhão universal, o regime
Para esposa é a autorização uxória. Para o marido é a au- de separação de bens (legal e convencional), participação
torização marital. final nos aquestos. Este ultimo é criticado pela doutrina, por
ser complicado.
Nelson Nery Junior e Rosa Maria Nery afirmam que sepa-
ração absoluta é a convencional. Note-se que, mesmo casa- OBS: Não se tem mais o regime dotal.
dos no regime de participação final nos aquestos, a anuência - Principio da liberdade de escolha. Em regra tem-se li-
do outro cônjuge faz-se necessária (ressalvado, claro, supri- berdade de escolha do regime de bens (1639).
mento judicial ou se os cônjuges houverem dispensado a - Principio da mutabilidade. Apesar de ser novo no CC,
necessidade de outorga, no pacto antenupcial – art. 1.656, Orlando Gomes já o defendia em sua obra. O regime de bens
CC). pode ser modificado no curso do casamento.
Todavia, a indeterminação do termo "absoluta" poderá, No entanto, o pedido de mudança deve ser conjunto (ju-
sem dúvida, dar margem a mais de um entendimento, em risdição voluntária), não existindo a jurisdição contenciosa
doutrina. para tal.
Art. 1647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum O juízo competente é a vara de família, por causa do sta-
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no tus do casamento.
regime da separação absoluta: Esta mudança não pode prejudicar terceiros, razão pela
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; qual, tem que ser registrado a sentença que declara a mu-
OBS: Francisco Cahali afirma, juntamente com respeitável dança do casamento junto ao cartório de registro civil, de
parcela da doutrina que a sessão de direitos hereditários imóveis e se qualquer um dos dois for empresário, na junta
também exige autorização do cônjuge. comercial.
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou di- P: A Sentença que autoriza a mudança tem efeitos ex
reitos; nunc ou ex tunc? R: Respeitados os direitos de terceiros, a
Trata-se do litisconsórcio. sentença opera ex tunc, posto que aproveita o patrimônio
anterior e re-partilha (o patrimônio já existia) – Segue esta
III - prestar fiança ou aval; linha: Luiz Felipe Brasil Santos, Sergio Pereira: "A sentença
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens que altera o regime de bens opera efeito ex tunc – retroativos
comuns, ou dos que possam integrar futura meação. portanto. Hoje esta posição encontra-se pacificado no STJ
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas (este já firmou entendimento no sentido da possibilidade de
aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia sepa- pessoas casadas antes do CC poderem alterar o regime de
rada. bens Resp 730.546MG).
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, PACTO ANTENUPCIAL
suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem É um contrato, formal e solene levado ao registro público e
motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. condicionado ao casamento.
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, O enunciado 331 da 4ª Jornada, nos lembra a possibilida-
quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato pratica- de de se mesclar em regras de regime de bens diversos no
do, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois pacto antenupcial.
anos depois de terminada a sociedade conjugal. Nº 331.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde Art. 1.639: O estatuto patrimonial do casal pode ser defini-
que feita por instrumento público, ou particular, autenticado. do por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados no Código Civil (art. 1.639 e parágrafo único do art. 1.640), e,
sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, para efeito de fiel observância do disposto no art. 1.528 do
só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia conce- Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do
dê-la, ou por seus herdeiros. processo de habilitação matrimonial.
Observação quanto a Sumula 332 do STJ, referente à fi- REGIME LEGAL SUPLETIVO
ança prestada pelo cônjuge: "A fiança prestada sem autoriza- É o regime da comunhão parcial de bens.
ção de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garan-
tia"(13.03.2008). Quando a esposa ou marido não dá a Art. 1640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou
anuência ou outorgar uxória torna-se ineficaz a garantia. É ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regi-
totalmente ineficaz. Ponto para os devedores. Desse modo, me da comunhão parcial.
não tem aplicabilidade os artigos supra quanto ao suprimento. Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de
REGIMES DE BENS habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela

Conhecimentos Específicos 181 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritu- II - os bens adquiridos com valores exclusivamente per-
ra pública, nas demais escolhas. tencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens parti-
REGIME LEGAL OBRIGATÓRIO culares;
Art. 1641. É obrigatório o regime da separação de bens no III - as obrigações anteriores ao casamento;
casamento: IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo re-
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das versão em proveito do casal;
causas suspensivas da celebração do casamento; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
II - da pessoa maior de sessenta anos; profissão;
Trata-se de um inciso inconstitucional. Rodrigo da Cunha VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
Pereira afirma que se trata de uma interdição. Quem pode OBS: O STJ tem precedente no sentido de que credito
afirmar que a idade é causa de falta de capacidade? trabalhista deve ser incluído na partilha.
Veja o enunciado da Jornada de Direito Civil: Nº 125.
Proposição sobre o art. 1.641, inc. II: CRÉDITOS TRABALHISTAS
- Redação atual: "da pessoa maior de sessenta anos". Por fim, vale mencionar que o STJ tem sustentado que,
- Proposta: revogar o dispositivo. em caso de separação do casal, créditos trabalhistas devem
ser incluídos na partilha dos bens (ver RESP. 421.801 – RS).
- Justificativa: "A norma que torna obrigatório o regime da A questão é polêmica, no Código novo, que exclui da comu-
separação absoluta de bens em razão da idade dos nubentes nhão parcial e da universal "proventos do trabalho pessoal de
não leva em consideração a alteração da expectativa de vida cada cônjuge" – arts. 1659, VI e 1668, V c/c o 1659, VI). Sus-
com qualidade, que se tem alterado drasticamente nos últi- tentou o relator, Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, no julgado
mos anos. Também mantém um preconceito quanto às pes- mencionado, que "para a maioria dos casais brasileiros, os
soas idosas que, somente pelo fato de ultrapassarem deter- bens se resumem à renda mensal familiar. Se tais rendas
minado patamar etário, passam a gozar da presunção absolu- forem tiradas da comunhão, esse regime praticamente desa-
ta de incapacidade para alguns atos, como contrair matrimô- parece". Ao nosso ver, trata-se de uma decisão contra legem
nio pelo regime de bens que melhor consultar seus interes- (feita uma interpretação social).
ses"
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
III - de todos os que dependerem, para casar, de supri- semelhantes.
mento judicial.
Art. 1660. Entram na comunhão:
Também padece de macula da inconstitucionalidade. Pe-
los argumentos supra, acrescentado com a possibilidade de, I - os bens adquiridos na constância do casamento por tí-
atingindo a maioridade, teriam que ingressar com ação para tulo oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
mudar o regime de bens querido. II - os bens adquiridos por fato eventual(ex: loteria), com
MUDANÇA DE REGIME DE BENS E DIREITO INTER- ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
TEMPORAL III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado,
CIVIL - REGIME MATRIMONIAL DE BENS - ALTERA- em favor de ambos os cônjuges;
ÇÃO JUDICIAL - CASAMENTO OCORRIDO SOB A ÉGIDE IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
DO CC/1916 (LEI Nº 3.071) - POSSIBILIDADE - ART. 2.039 V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de ca-
DO CC/2002 (LEI Nº 10.406) - CORRENTES DOUTRINÁ- da cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pen-
RIAS - ART. 1.639, § 2º, C/C ART. 2.035 DO CC/2002 - dentes ao tempo de cessar a comunhão.
NORMA GERAL DE APLICAÇÃO IMEDIATA. 1 - Apresenta- Art. 1661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição
se razoável, in casu, não considerar o art. 2.039 do CC/2002 tiver por título uma causa anterior ao casamento.
como óbice à aplicação de norma geral, constante do art. P: Cumprindo promessa de compra e venda anteriormente
1.639, § 2º, do CC/2002, concernente à alteração incidental ao casamento (pagamento integral). Onde o bem (no campo
de regime de bens nos casamentos ocorridos sob a égide do dominial) foi adquirido no curso do casamento. Integra? Não.
CC/1916, desde que ressalvados os direitos de terceiros e Bens adquiridos por causa anterior ao casamento não entram
apuradas as razões invocadas pelos cônjuges para tal pedido, na comunhão parcial. Quitando a promessa de compra e
não havendo que se falar em retroatividade legal, vedada nos venda antes do casamento não integra ao regime. Outrossim,
termos do art. 5º, XXXVI, da CF/88, mas, ao revés, nos ter- as parcelas pagas no curso do pagamento, o outor cônjuge
mos do art. 2.035 do CC/2002, em aplicação de norma geral terá direito a metade do que foi pago.
com efeitos imediatos. 2 - Recurso conhecido e provido pela
alínea "a" para, admitindo-se a possibilidade de alteração do Art. 1662. No regime da comunhão parcial, presumem-se
regime de bens adotado por ocasião de matrimônio realizado adquiridos na constância do casamento os bens móveis,
sob o pálio do CC/1916, determinar o retorno dos autos às quando não se provar que o foram em data anterior.
instâncias ordinárias a fim de que procedam à análise do Art. 1663. A administração do patrimônio comum compete
pedido, nos termos do art. 1.639, § 2º, do CC/2002. (REsp a qualquer dos cônjuges.
730.546/MG, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA § 1º As dívidas contraídas no exercício da administração
TURMA, julgado em 23.08.2005, DJ 03.10.2005 p. 279) obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os
REGIME DE BENS EM ESPÉCIE administra, e os do outro na razão do proveito que houver
REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS (art. 1658 auferido.
e ss) § 2º A anuência de ambos os cônjuges é necessária para
Conceito. O regime da comunhão parcial adota como cri- os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou
tério geral a comunicabilidade dos bens adquiridos onerosa- gozo dos bens comuns.
mente no curso do casamento por um ou ambos os cônjuges. § 3º Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atri-
Art. 1659. Excluem-se da comunhão: buir a administração a apenas um dos cônjuges.
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que Art. 1664. Os bens da comunhão respondem pelas obri-
lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou gações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; aos encargos da família, às despesas de administração e às
decorrentes de imposição legal.

Conhecimentos Específicos 182 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1665. A administração e a disposição dos bens consti- MARIA DE ANDRADE NERY, Novo Código Civil e Legislação
tutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge proprie- Extravagante Anotados, SP, RT, 2002).
tário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial. Isso porque, na obrigatória, é mais razoável exigir-se a ou-
Art. 1666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônju- torga, considerando-se a necessidade de se beneficiar ou
ges na administração de seus bens particulares e em benefí- proteger o outro cônjuge, tal como se dá por aplicação da S.
cio destes, não obrigam os bens comuns. 377, STF: Súmula nº 377. No regime de separação legal de
REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS (art. bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casa-
1667 e ss) mento. Aplica-se o principio da comunhão parcial (não é a
Conceito. Invocando a doutrina de Arnaldo Rizzardo, na própria comunhão parcial). A sumula 377 do STF aplica-se ao
comunhão universal de bens ocorre uma fusão quase comple- regime de separação legal e não convencional.
ta do patrimônio pessoal e dos bens adquiridos no curso do REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL DOS AQUESTOS
casamento, conforme as regras dos artigos 1667 e seguintes: O grande jurista Clovis do Couto e Silva queria que este
Art. 1667. O regime de comunhão universal importa a co- regime fosse o regime legal supletivo em lugar da comunhão
municação de todos os bens presentes e futuros dos cônju- parcial.
ges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo se- Este regime foi criado na Costa Rica e adotado em países
guinte. como Alemanha, Espanha, França e Argentina. E hoje é dis-
Veja esta jurisprudência: EMBARGOS DE TERCEIRO. ciplinado no Brasil a partir do art. 1672.
DIREITO À MEAÇÃO DA ESPOSA. Não tendo a Embargante Dentre os regimes de bens, a novidade foi o da participa-
se desincumbido do encargo probatório de que desempe- ção final nos aquestos, inexistente na legislação anterior.
nhasse atividade profissional ou tivesse economia própria, e É um regime híbrido ou misto, pois na vigência da socie-
ante a ausência de prova no sentido de que o produto da dade conjugal temos as regras da separação total de bens,
atividade empresarial, da qual o marido era sócio, foi usufruí- com livre administração pelos cônjuges. Porém, com a disso-
do pela sociedade conjugal e em benefício da família, os bens lução da sociedade conjugal ou pela morte, ou pelo divórcio,
comuns respondem pelo crédito trabalhista, a teor do disposto ou pela separação judicial, ou mesmo em caso de nulidade,
no artigo 1.667 do Código Civil. (TRT 03ª R.; AP 00384-2007- voltamos a ter o regime de comunhão parcial de bens, pois as
091-03-00-0; Segunda Turma; Rel. Juiz Márcio Flávio Salem partes passam a ter direito sobre a metade de todos os bens.
Vidigal; Julg. 23/10/2007; DJMG 31/10/2007) Neste novo regime, cada cônjuge possui patrimônio pró-
Art. 1668. São excluídos da comunhão: prio (como no regime da separação), cabendo, todavia, à
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de inco- época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade
municabilidade e os sub-rogados em seu lugar; dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constân-
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdei- cia do casamento (art. 1672). Embora se assemelhe com o
ro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; regime da comunhão parcial, não há identidade, uma vez que,
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provie- neste último, entram também na comunhão os bens adquiri-
rem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em pro- dos por apenas um dos cônjuges, e, da mesma forma, deter-
veito comum; minados valores, havidos por fato eventual (a exemplo do
dinheiro proveniente de loteria).
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges
ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; No regime de participação final, por sua vez, apenas os
bens adquiridos a título oneroso, por ambos os cônjuges,
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. serão partilhados, quando da dissolução da sociedade, per-
Art. 1669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no manecendo, no patrimônio pessoal de cada um, todos os
artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se outros bens que cada cônjuge, separadamente, possuía ao
percebam ou vençam durante o casamento. casar, ou aqueles por ele adquiridos, a qualquer título, no
Art. 1670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o curso do casamento.
disposto no Capítulo antecedente, quanto à administração Trata-se de um regime de regramento bastante complexo
dos bens. que, provavelmente, não irá "pegar" no Brasil.
Art. 1671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do Pode haver fraude, onde um dos cônjuges pode "escon-
ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um der" bens do casal adquiridos a titulo oneroso. Difere da co-
dos cônjuges para com os credores do outro. munhão parcial porque nesta, a aquisição de bens adquiridos
REGIME DA SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS por um cônjuge será dividido, ao passo que os aquestos tem
É escolhida no pacto antenupcial. que ser por ambos. A ideia é parecida com a sumula do 377,
Conceito. Na separação convencional haverá patrimônio só que com regras específicas, complexas, que só um conta-
exclusivo administração pessoal de cada cônjuge sem forma- dor poderá apurar o montante.
ção de patrimônio comum ou necessidade de outorga uxória. P: No regime de participação final há a necessidade de
Art. 1687. Estipulada a separação de bens, estes perma- outorga uxória?R:De acordo com o art. 1647, o único regime
necerão sob a administração exclusiva de cada um dos côn- que não se aplica é o de separação de bens. Em regra, toda-
juges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus via, quem é casado no regime de participação final tem de
real. colher a outorga nas hipóteses do art. 1647, a exemplo da
venda de apartamento, ressalvado a previsão do art. 1656:
Art. 1688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir
"No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação
para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de
final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário
dos bens imóveis, desde que particulares".
no pacto antenupcial.
P: cabe ação monitória no direito de família? R: Existe po-
OBS: Em caso de regime de separação obrigatória de
sição na doutrina admitindo possibilidade (revista IBDFAM 22
bens. A jurisprudência brasileira, por meio da sumula 377
– Fabiana e Teobaldo Spengler) de ação monitória no direito
mitigou a dureza do regime de separação obrigatória admitin-
de família. Ex: crédito prescrito de alimentos.
do-se a comunicabilidade dos bens aquestos (adquiridos na
Constancia do casamento). Art. 1672. No regime de participação final nos aquestos,
cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto
Em nosso sentir, "separação absoluta" deve ser entendido
no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da soci-
como separação convencional, ou seja, escolhida no pacto
antenupcial (nesse sentido, NELSON NERY JR. e ROSA

Conhecimentos Específicos 183 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
edade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo Historicamente, no direito brasileiro, a guarda sempre fora
casal, a título oneroso, na constância do casamento. deferida unilateralmente, prevalecendo o direito da mãe, em
Art. 1673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada caso de culpa de ambos os cônjuges.
cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer O critério da culpa, no entanto, não é o melhor em uma
título, na constância do casamento. perspectiva constitucional. Recentemente, entrou em vigor a
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva lei que regula a guarda compartilhada ou conjunta (Lei n.
de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem 11698 de 2008), modalidade especial em que pais e mães
móveis. dividem a responsabilidade de condução da vida do filho,
Art. 1674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, conjuntamente, sem prevalência de qualquer dos genitores.
apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma Claro está que se trata de uma salutar modalidade de
dos patrimônios próprios: guarda a ser adotada quando os pais mantêm bom relacio-
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar namento, e segundo sempre o interesse existencial da crian-
se sub-rogaram; ça ou do adolescente.
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou Não havendo acordo, o juiz deverá ter redobrada cautela,
liberalidade; pois a eventual imposição desta medida poderá resultar em
grave prejuízo à prole, por conta do mau relacionamento dos
III - as dívidas relativas a esses bens. pais.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se Penso, aliás, que a medida será muito mais recomendável
adquiridos durante o casamento os bens móveis. nas separações e divórcios consensuais. A base constitucio-
Art. 1675. Ao determinar-se o montante dos aquestos, nal deste arranjo familiar é o art. 226 § 5° da CF, que estabe-
computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônju- lece a igualdade entre os cônjuges.
ges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o Fundamentalmente temos quatro tipos de guarda:
bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por
seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor Unilateral: É uma guarda exclusiva, seja do pai ou mão,
equivalente ao da época da dissolução. cabendo ao outro o direito de visitas. Não existe primazia do
sexo feminino, por conta do principio da isonomia.
Art. 1676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens aliena-
dos em detrimento da meação, se não houver preferência do Bilateral ou guarda conjunta ou guarda compartilhada:
cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar. Não existe exclusividade, a guarda é exercida simultanea-
mente entre o pai e a mãe. Trata-se de uma co-
Art. 1677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contra- responsabilidade. Waldir Grisard Filho. Não se trata de uma
ídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo guarda exclusiva. Este tipo de guarda é muito utilizado nos
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício EUA. Tem-se aplicação do princípio da isonomia.
do outro.
Guarda alternada: É uma variação da guarda unilateral.
Art. 1678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro Nesta, o pai ou a mãe alternam períodos de guarda exclusiva.
com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser Muita gente confunde com a guarda compartilhada (nesta não
atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do há exclusividade). Ex: De janeiro a julho o filho fica com a
outro cônjuge. mãe e o pai com o direito de visitas, de agosto a dezembro
Art. 1679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho con- alterna-se.
junto, terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condo- Nidação: Neste ultima modalidade a criança fica no mes-
mínio ou no crédito por aquele modo estabelecido.
mo domicilio de maneira que os pais alternam período de
Art. 1680. As coisas móveis, em face de terceiros, presu- convivência.
mem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for Novidade: Confira o novo diploma, que alterou as regras
de uso pessoal do outro. de guarda no Código Civil, consagrando a nova modalidade
Art. 1681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge acima referida:
cujo nome constar no registro. LEI Nº 11.698, DE 13 JUNHO DE 2008.
Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao côn- Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
juge proprietário provar a aquisição regular dos bens. janeiro de 2002 – Código Civil, para instituir e disciplinar a
Art. 1682. O direito à meação não é renunciável, cessível guarda compartilhada.
ou penhorável na vigência do regime matrimonial. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Art. 1683. Na dissolução do regime de bens por separação gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aques- Art. 1o Os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
tos à data em que cessou a convivência. janeiro de 2002 – Código Civil, passam a vigorar com a se-
Art. 1684. Se não for possível nem conveniente a divisão guinte redação:
de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns "Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não pro-
prietário. § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a
um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584,
Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização con-
dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, junta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que
alienados tantos bens quantos bastarem. não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
Art. 1685. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, dos filhos comuns.
verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformi- § 2o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que re-
dade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança vele melhores condições para exercê-la e, objetivamente,
aos herdeiros na forma estabelecida neste Código. mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:
Art. 1686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superi- I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo famili-
ores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdei- ar;
ros.
II – saúde e segurança;
GUARDA DE FILHOS
III – educação.
Conceito. A guarda, decorrência do poder parental, traduz
um conjunto de direitos e obrigações em face da criança ou § 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a
adolescente especialmente de natureza material e moral. detenha a supervisionar os interesses dos filhos.

Conhecimentos Específicos 184 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
OBS: Com esse artigo, fica mais claro ainda que a res- CLASSIFICAÇÃO
ponsabilidade é de ambos os pais, mesmo aquele que não a) civis ou côngruos – trata-se da verba alimentar que visa
detenha a guarda, mitigando por via de consequência a juris- a manter o alimentando em toda a sua dimensão existencial,
prudência do STJ quando a responsabilidade de apenas um abrangendo não apenas os alimentos em si, mas educação,
dos cônjuges. lazer, saúde etc.;
§ 4o (VETADO)." (NR) b) naturais ou necessários – trata-se dos alimentos bási-
"Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá cos, circunscritos à subsistência do alimentando;
ser: c) provisórios – são fixados liminarmente, no bojo do pro-
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por cedimento especial da Lei de Alimentos;
qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, d) provisionais (arts. 852 a 854, CPC) – trata-se de medi-
de dissolução de união estável ou em medida cautelar; da cautelar, com o escopo de fixar a pensão alimentícia;
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades espe- e) definitivos – são fixados na sentença da ação de ali-
cíficas do filho, ou em razão da distribuição de tempo neces- mentos (e, dada a natureza da prestação, podem ser revistos,
sário ao convívio deste com o pai e com a mãe. caso haja mudança no binômio capacidade-necessidade.
§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e ALIMENTOS ENTRE PARENTES
à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importân- Não houve, nesse particular, grandes mudanças no trata-
cia, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores mento da disciplina:
e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. CON-
CURSO DE MAGISTRATURA – OBRIGAÇÃO DO JUIZ. Art. 1696. O direito à prestação de alimentos é recíproco
entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, re-
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quan- caindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
to à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a de outros.
guarda compartilhada.
Art. 1697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos
O Juiz não pode obrigar a guarda compartilhada quando descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando
não for possível. Ex: Pais que se odeiam, onde há risco pere- estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
ne; à luz da proporcionalidade e razoabilidade, o juiz não
pode obrigar a guarda compartilhada. Art. 1698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
O juiz pode obrigar, quando por exemplo, casais educados encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato;
de fino trato, onde não brigam, mas também não abrem mão sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
da guarda. Com ajuda de equipe psico-social supervisionando devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
o casal por certo período de tempo. intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os chamadas a integrar a lide.
períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de Esta previsão de litisconsórcio passivo servirá especial-
ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear- mente para atingir os avós. No interior tem sido muito comum
se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisci- a demanda intentada contra eles, por serem titulares de uma
plinar. obrigação complementar.
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento Além do mais, têm proventos certos (INSS etc.) Mas lem-
imotivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, bre-se de que a obrigação dos avós é, apenas, complementar
poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu à obrigação dos pais.
detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência
com o filho. OBS: Os alimentos pagos pelos avos traduzem uma obri-
gação complementar à dos pais.
§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer
ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES
sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa
que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi- Segundo CAHALI (em excelente texto publicado na obra
derados, de preferência, o grau de parentesco e as relações O Direito de Família e o Novo Código Civil, Ed. Del Rey), o
de afinidade e afetividade." (NR) STF firmou a tese da irrenunciabilidade (S. 379), embora o
Art. 2o Esta Lei entra em vigor após decorridos 60 (ses- STJ, nos últimos anos, haja abrandado este entendimento.
senta) dias de sua publicação. O NCC, todavia, mantém o posicionamento do STF, em
Brasília, 13 de junho de 2008; 187o da Independência e seu art. 1707:
120o da República. Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
Até quando persiste a obrigação de pagar alimentos no
José Antonio Dias Toffoli casamento (ou união estável)? R: Na mesma linha, firmando
Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.6.2008 forte jurisprudência, é bom que se lembre que novo casamen-
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE ALIMENTOS to ou união estável do credor, exonera o alimentante (TJRS –
Conceito. Com base no princípio da solidariedade familiar, AC 598497600 e 70000881508), na forma do próprio CC,
os alimentos consistem nas prestações que um parente, côn- inclusive no caso do concubinato (impuro):
juge ou convivente fornece ao outro, visando à sua mantença Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concu-
de uma vida digna. binato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.
Não trataremos aqui, por não ser objeto do módulo de fa- Para o STJ, no entanto, o namoro não extingue o direito
mília, da pensão indenizatória paga à vítima (ou sucessores) aos alimentos:
do ato ilícito. DIREITO DE FAMÍLIA. CIVIL. ALIMENTOS. EX-
Alimentos tem base, ou no casamento, ou na união está- CÔNJUGE. EXONERAÇÃO. NAMORO APÓS A SEPARA-
vel ou no parentesco. ÇÃO CONSENSUAL. DEVER DE FIDELIDADE. PRECE-
CARACTERÍSTICAS DENTE. RECURSO PROVIDO. I - Não autoriza exoneração
Irrenunciabilidade, intransmissibilidade, impenhorabilida- da obrigação de prestar alimentos à ex-mulher o só fato desta
de, incompensabilidade (lembrar que a cobrança da presta- namorar terceiro após a separação. II - A separação judicial
ção em atraso submete-se a prazo prescricional de dois anos, põe termo ao dever de fidelidade recíproca. As relações se-
a teor do art. 206, parágrafo segundo do CC – 02). xuais eventualmente mantidas com terceiros após a dissolu-

Conhecimentos Específicos 185 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ção da sociedade conjugal, desde que não se comprove des- gação de prestar alimentos. 3. Agravo regimental desprovido.
regramento de conduta, não têm o condão de ensejar a exo- (AgRg no Ag 598.588/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO
neração da obrigação alimentar, dado que não estão os ex- MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em
cônjuges impedidos de estabelecer novas relações e buscar, 21.06.2005, DJ 03.10.2005 p. 242)
em novos parceiros, afinidades e sentimentos capazes de O PROBLEMA DA PRISÃO CIVIL NOS ALIMENTOS
possibilitar-lhes um futuro convívio afetivo e feliz. III - Em linha Já tratamos da prisão civil no módulo de obrigações, mas
de princípio, a exoneração de prestação alimentar, estipulada vale a pena rever esta importante súmula:
quando da separação consensual, somente se mostra possí-
vel em uma das seguintes situações: a) convolação de novas S. 309 - O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
núpcias ou estabelecimento de relação concubinária pelo ex- alimentante é o que compreende as três prestações anterio-
cônjuge pensionado, não se caracterizando como tal o sim- res ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso
ples envolvimento afetivo, mesmo abrangendo relações sexu- do processo.
ais; b) adoção de comportamento indigno; c) alteração das E veja esta outra importante decisão, também do STJ, im-
condições econômicas dos ex-cônjuges em relação às exis- peditiva de aplicação da Lei de Execução Penal no âmbito da
tentes ao tempo da dissolução da sociedade conjugal. (RESP prisão civil, uma vez que possuem fundamentos diversos:
111.476/MG, Rel. MIN. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. OBRIGAÇÃO ALI-
QUARTA TURMA, julgado em 25.03.1999, DJ 10.05.1999 p. MENTÍCIA. CUMPRIMENTO DA PENA. ESTABELECIMEN-
177) TO PRISIONAL. REGIME SEMI-ABERTO. LEI DE EXECU-
Questão das mais tormentosas, por sua vez, é a discus- ÇÕES PENAIS. INAPLICABILIDADE. PRISÃO DOMICILIAR.
são da culpa, no juízo de família, eis que, o NCC manteve a IDADE AVANÇADA E SAÚDE PRECÁRIA. - Em regra, não
regra de que o reconhecimento deste elemento anímico acar- se aplicam as normas da Lei de Execuções Penais à prisão
reta, como regra geral, a perda do direito aos alimentos: civil, vez que possuem fundamentos e natureza jurídica diver-
Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos sos. - Em homenagem às circunstâncias do caso concreto, é
cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o possível a concessão de prisão domiciliar ao devedor de
outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os pensão alimentícia. (HC 35.171/RS, Rel. Ministro HUMBER-
critérios estabelecidos no art. 1.694. TO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em
03.08.2004, DJ 23.08.2004 p. 227)
Outrossim, nos termos no art. 1707, não se admite a re-
nuncia aos alimentos. PARENTESCO
ALIMENTOS NECESSÁRIOS Segundo Caio Mario, a relação de parentesco é a mais
importante e constante relação humana.
P: O que se entende por alimentos necessários?R: São
aqueles alimentos básicos. Não são a regra. A regra é que os Com base no pensamento de MARIA HELENA DINIZ, po-
aliemntos civis são amplos (envolve comida, saúde, lazer, deríamos dizer que o parentesco é a relação vinculatória não
etc). Os alimentos necessários são aparecidos no CC: 1704. só entre pessoas que descendem umas das outras ou de um
mesmo tronco comum, mas também entre o cônjuge ou com-
A grande dificuldade está, pois, em se fixar o conceito de panheiro e os parentes do outro e entre adotante a adotado
culpa. Afastando-se, pois, da moderna tendência de objetiva- (Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito de Família, Ed.
ção das relações jurídicas, o que justificaria a substituição do Saraiva). Na mesma linha, poderá haver parentesco nas rela-
elemento culpa pelo elemento necessidade, o NCC culminou ções nascidas da socioafetividade no campo da filiação.
por consagrar um dispositivo de certa forma complexo, e de
grande impacto social: O parentesco poderá ser:
Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente a) natural ou consanguíneo; é a relação que vincula pes-
soas que descendem do mesmo tronco comum.
vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-
los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha b) por afinidade e; é aquele regulado no art. 1595 e que
sido declarado culpado na ação de separação judicial. vincula um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro.
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a OBS: cônjuge e companheiros não são parentes entre si. Na
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições linha reta vai até o infinito, na linha colateral vai até o cunha-
do.
de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge
será obrigado a assegurálos, fixando o juiz o valor indispen- OBS: "Concunhado" é invenção brasileira, porque não
sável à sobrevivência. existe tecnicamente relação de parentesco entre parentes por
Trata-se de uma norma nitidamente assistencial, que me- afinidade.
lhor seria compreendida, se a exigência da análise da culpa c) civil. Ex: adoção; reprodução humana assistida como
fosse evitada. por exemplo inseminação artificial.
ALIMENTOS NA UNIÃO ESTÁVEL Entendemos, ademais, estar mantido o entendimento do
Não houve, no Código Civil, preocupação em disciplinar o STJ que não reconhece dever de alimentar entra parentes por
afinidade:
direito dos conviventes em dispositivo explicito, de maneira
que lhes são aplicáveis os dispositivos retro mencionados, ALIMENTOS A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DECORRE DA
referentes ao casamento, mutatis mutandis. LEI, NÃO SE PODENDO AMPLIAR A PESSOAS POR ELA
Vale, no entanto, a jurisprudência do STJ: NÃO CONTEMPLADOS. INEXISTE ESSE DEVER EM RE-
LAÇÃO A NORA 23.08.1993 p. 16575)
Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Ali-
mentos. União estável. 1. Esclareceu o Tribunal que a relação PODER FAMILIAR
estável entre as partes, durante mais de 20 (vinte) anos e da Trata-se de um verdadeiro munus, consistente em um
qual resultaram três filhos, restou fartamente comprovada, conjunto de poderes (direitos e deveres), exercitáveis em prol
tendo o vínculo afetivo terminado em 1995. Para casos como do interesse existencial dos filhos. Este poder familiar não se
o presente, o entendimento da Corte consolidou-se quanto ao mantém em face de filhos maiores e capazes.
cabimento da pensão alimentícia, mesmo que fosse rompida A esse respeito, leia-se interessante julgado do STJ:
a convivência antes da Lei nº 8.971/94. 2. A circunstância de Habeas Corpus. Internação involuntária em clínica psi-
ser o recorrente casado não altera esse entendimento, pois, quiátrica. Ato de particular. Ausência de pro- vas e/ ou indí-
além de estar separado de fato, as provas dos autos eviden- cios de perturbação mental. Constrangimento ilegal delinea-
ciam, de forma irrefutável, a existência de união estável, a do. Binômio poder-dever familiar. Dever de cuidado e prote-
dependência econômica da agravada e a consequente obri- ção. Limites. Extinção do poder familiar. Filha maior e civil-

Conhecimentos Específicos 186 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mente capaz. Direitos de personalidade afetados. - É incabí- rando, ela jamais exerceu o pátrio poder. (REsp 275.568/RJ,
vel a internação forçada de pessoa maior e capaz sem que Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA
haja justificativa proporcional e razoável para a constrição da TURMA, julgado em 18.05.2004, DJ 09.08.2004 p. 267)
paciente. - Ainda que se reconheça o legítimo dever de cui- Mas, nesse contexto, em se mantendo a posição do STJ,
dado e proteção dos pais em relação aos filhos, a internação fica a pergunta: a perda do poder familiar imposta ao pai que
compulsória de filha maior e capaz, em clínica para tratamen- ignora moral e espiritualmente a sua prole seria, para ele,
to psiquiátrico, sem que haja efetivamente diagnóstico nesse uma sanção ou um favor?...
sentido, configura constrangimento ilegal. Ordem concedida. Vamos refletir sobre isso...
(HC 35.301/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 03.08.2004, DJ 13.09.2004 p. 231) Em conclusão, vale registrar que o professor GUILHERME
DE OLIVEIRA, autoridade internacional em Direito de Família,
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES AFETI- analisando o tema, conclui: "Embora não haja jurisprudência
VAS clara sobre o assunto, suponho, julgo que é aceitável defen-
Trata-se de tema bastante polêmico, e que ganhou fôlego der que o abandono afetivo – quer se traduza em descumpri-
com a disciplina dos direitos da personalidade, inaugurada mento dos deveres jurídicos, quer integrados no poder paren-
pelo CC de 2002. tal e que provoque danos não-patrimoniais na pessoa do filho
Sem pretender esgotar o raio da abrangência da matéria, – pode dar lugar à obrigação de indenizar. Como em qualquer
poderíamos centrar o nosso esforço analítico na: outra ação de responsabilidade civil, é preciso provar o des-
a) resp. civil no casamento e na união estável; cumprimento, a culpa, o dano e a causalidade" (Boletim iB-
b) resp. civil por abandono afetivo na filiação. DFAM 4 – Setembro/Outubro de 2006).
Sobre a primeira situação, o STJ já se pronunciou a res- FILIAÇÃO
peito: Em primeira ordem deve ser partir do principio da igualda-
Separação judicial. Proteção da pessoa dos filhos (guarda de dos filhos. O princípio que deve nortear o nosso estudo é o
e interesse). Danos morais (reparação). Cabimento. 1. O da igualdade dos filhos, contemplado no art. 227,§6° da CF.
cônjuge responsável pela separação pode ficar com a guarda Não há, pois, mais espaço para a distinção entre família legí-
do filho menor, em se tratando de solução que melhor atenda tima e ilegítima.
ao interesse da criança. Há permissão legal para que se regu- Tremos dois tipos de reconhecimento: Voluntário e Judici-
le por maneira diferente a situação do menor com os pais. Em al
casos tais, justifica-se e se recomenda que prevaleça o inte- RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO
resse do menor. 2. O sistema jurídico brasileiro admite, na As formas de reconhecimento voluntário aplicam-se aos fi-
separação e no divórcio, a indenização por dano moral. Juri- lhos havidos fora do casamento, eis que os matrimoniais são
dicamente, portanto, tal pedido é possível: responde pela presumidamente "filhos do marido" (ver art. 1.597, CC).
indenização o cônjuge responsável exclusivo pela separação. O reconhecimento voluntário, na forma do art. 1609, CC,
3. Caso em que, diante do comportamento injurioso do cônju- pode se dar:
ge varão, a Turma conheceu do especial e deu provimento ao
recurso, por ofensa ao art. 159 do Cód. Civil, para admitir a I - no registro do nascimento;
obrigação de se ressarcirem danos morais. (RESP II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arqui-
37.051/SP, Rel. Ministro NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado vado em cartório;
em 17.04.2001, DJ 25.06.2001 p. 167) III - por testamento, ainda que incidentalmente manifesta-
Já o abandono afetivo na filiação, poderá, em nosso sen- do;
tir, autorizar a aplicação dos princípios da responsabilidade IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz,
civil, sem que isso signifique a "monetarização" da relação de ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e
afeto. principal do ato que o contém.
Assim pensamos desde que se entenda que a indeniza- Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nas-
ção imposta ao pai ou mãe que abandona o seu filho, em cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele
franco desrespeito ao dever legal de educação (que pressu- deixar descendentes.
põe amor) consiste em uma resposta que o novo Direito Civil O reconhecimento voluntário é ato solene, espontâneo, ir-
dá, manifestando repulsa a este tipo de comportamento, vio- revogável, incondicional e personalíssimo (no sentido de que
lado do princípio constitucional da dignidade da pessoa hu- não pode alguém - por exemplo, meu pai - reconhecer filho
mana. Trata-se, em nosso sentir, de especial aplicação da meu por mim, embora admita-se que o faça procurador com
teoria do desestímulo. A função da indenização teria condão poderes especiais – art. 59 da LRP).
eminentemente pedagógico. Se o menor é relativamente capaz, entendemos não ser
Infelizmente, no entanto, o STJ negou a aplicação da teo- necessária assistência do seu representante para o ato de
ria (a matéria deverá ser submetida ao STF): reconhecimento, por se tratar de mero reconhecimento de
RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. RE- fato (nascimento). Ademais, por se tratar de ato jurídico em
PARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A inde- sentido estrito (o reconhecimento), não interfere, para a sua
nização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não ocorrência, o aspecto da capacidade, por não se tratar de um
rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do negócio jurídico (Marcos Mello)
Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de repara- Se é absolutamente incapaz, concordamos com MARIA
ção pecuniária. 2. Recurso especial conhecido e provido. BERENICE DIAS no sentido de se instaurar procedimento
(REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, perante o juiz da Vara de Registros Públicos, com a participa-
QUARTA TURMA, julgado em 29.11.2005, DJ 27.03.2006 p. ção do MP (art. 109, LRP) (ver a sua excelente obra Manual
299) de Direito das Famílias, Livraria do Advogado, 2005, pág.
DIREITO CIVIL. PÁTRIO PODER. DESTITUIÇÃO POR 351).
ABANDONO AFETIVO. POSSIBILIDADE. ART. 395, INCISO Nascituro. Admite-se, outrossim, o reconhecimento do
II, DO CÓDIGO CIVIL C/C ART. 22 DO ECA. INTERESSES nascituro (antes, portanto, do nascimento com vida).
DO MENOR. PREVALÊNCIA. - Caracterizado o abandono OBS: É possível, ainda, como visto na leitura do artigo
efetivo, cancela-se o pátrio poder dos pais biológicos. Inteli- acima, o reconhecimento de filhos falecidos, se eles deixaram
gência do Art. 395, II do Código Bevilacqua, em conjunto com descendentes (para evitar reconhecimento interesseiro).
o Art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Se a mãe
abandonou o filho, na própria maternidade, não mais o procu-

Conhecimentos Específicos 187 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
OBS²: Importante mencionar, ainda, que, se, no ato do re- Por vezes, a jurisprudência, não acolhendo a teoria da fili-
gistro, a genitora indicar o nome do pai do seu filho, instaura- ação sócio-afetiva, analisada abaixo, admite a ação de anula-
se, na forma da Lei n. 8.560/92, uma espécie de sindicância ção do registro, como podemos ver neste recente julgado:
ou procedimento oficioso, para a apuração do fato, podendo AÇÃO ANULATÓRIA. PATERNIDADE. VÍCIO. CONSEN-
resultar na propositura de ação investigatória, caso não tenha TIMENTO. O Tribunal a quo, com base no resultado de exa-
havido reconhecimento espontâneo. me de DNA, concluiu que o ora recorrente não é o pai biológi-
FILHO MENOR RECONHECIDO co da recorrida. Assim, deve ser julgado procedente o pedido
Ponto importante a se destacar diz respeito ao consenti- formulado na ação negatória de paternidade, anulando-se o
mento do filho menor reconhecido. Seria este imperioso, co- registro de nascimento por vício de consentimento, pois o ora
mo o é na adoção de adolescentes maiores de 12 anos? recorrente foi induzido a erro ao proceder ao registro da cri-
Nada impede que o juiz ouça o adolescente, embora o CC ança, acreditando tratar-se de sua filha biológica. Não se
não estabeleça esta exigência. A vontade, no entanto, não é pode impor ao recorrente o dever de assistir uma criança
vinculativa. reconhecidamente destituída da condição de filha. REsp
FILHO MAIOR 878.954-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/5/2007.
Filhos maiores, por sua vez, devem consentir no reconhe- AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
cimento, a teor do art. 1.614 do CC: É uma ação declaratória, imprescritível, á luz do princípio
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido da verdade material. (art. 27 do ECA).
sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o Têm legitimidade ativa para a propositura desta ação: o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à mai- alegado filho (investigante) ou o MP. Inclusive o filho adotado,
oridade, ou à emancipação. entendeu o STJ, poderá manejar a investigatória, para pes-
O filho menor, por sua vez, poderá ingressar, após atingir quisar a denominada "verdade biológica":
a maioridade ou a sua emancipação, com ação de impugna- AGRAVO REGIMENTAL. ADOTADO. INVESTIGAÇÃO
ção de reconhecimento. Trata-se, em nosso sentir, do exercí- DE PATERNIDADE. POSSIBILIDADE. - A pessoa adotada
cio de um direito potestativo que, pela lei, submete-se a prazo não é impedida de exercer ação de investigação de paterni-
decadencial de quatro anos. dade para conhecer sua verdade biológica. - Inadmissível
Entretanto, à luz do princípio da veracidade da filiação, há recurso especial que não ataca os fundamentos do acórdão
entendimento no sentido do descabimento deste prazo, como recorrido. - Não há ofensa ao Art. 535 do CPC se, embora
já se decidiu no STJ: rejeitando os embargos de declaração, o acórdão recorrido
examinou todas as questões pertinentes. (AgRg no Ag
DIREITO CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. 942.352/SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BAR-
PRESCRIÇÃO. ARTS. 178, § 9º, VI, E 362, DO CÓDIGO ROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 19.12.2007, DJ
CIVIL. ORIENTAÇÃO DA SEGUNDA SEÇÃO. É imprescrití- 08.02.2008 p. 1)
vel o direito de o filho, mesmo já tendo atingido a maioridade,
investigar a paternidade e pleitear a alteração do registro, não A legitimidade passiva, por sua vez, é do pai ou dos seus
se aplicando, no caso, o prazo de quatro anos, sendo, pois, herdeiros (se a investigatória é post mortem), não sendo legi-
desinfluentes as regras dos artigos 178, § 9º, VI e 362 do timado o espólio.
Código Civil então vigente. Precedentes. Recurso especial Por outro lado, é bom lembrar que, se é discutida a pater-
provido. (RESP 601997/RS, Rel. Ministro CASTRO FILHO, nidade declarada no registro (ex.: CAIO ingressa com ação
TERCEIRA TURMA, julgado em 14.06.2004, DJ 01.07.2004 investigatória em face de TICIO, supostamente seu pai, em-
p. 194) bora o seu registro de nascimento houvesse sido feito por
Esse mesmo entendimento poder-se-ia aplicar ao Código MEVIO), o "pai registrário" deve integrar a lide como litiscon-
Civil de 2002, ressalvada a hipótese de já se haver consolida- sorte do investigado. Interessante notar ainda - uma vez que
do a filiação sócio-afetiva, tema abordado abaixo, caso em a finalidade última da presente actio é a busca da verdade
que a relação filial já não pode mais ser desconstituída, em real - que a lei permite a qualquer pessoa, provado legítimo
nosso sentir. interesse, contestá-la:
RECONHECIMENTO JUDICIAL Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha,
pode contestar a ação de investigação de paternidade, ou
Noções Gerais. O reconhecimento judicial do vínculo de maternidade.
paternidade ou maternidade, dá-se especialmente por meio
de ação investigatória. É personalíssimo o direito do filho, podendo os seus su-
cessores continuarem a demanda:
Outras ações, todavia, não menos importantes, e também
regidas pelo superior princípio da veracidade, são admitidas Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho,
em nosso sistema, a exemplo das ações: enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor
ou incapaz.
- anulatória de registro (caso em que o sujeito alega ter
incorrido em erro ao registrar filho imaginando seu); Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros
poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.
- declaratória de falsidade (em geral também reivindica-
tória de paternidade); P: Cabe a investigatória de relação avoenga? R: Nos ter-
mos do art. 1606, o direito de investigar paternidade é perso-
- negatória de paternidade (caso em que o marido nega nalíssimo, mas o STJ tem mitigado esta regra, para admitir
a paternidade do filho nascido da sua esposa), etc. que netos possam investigar a relação com o Avô (STJ AR
OBS: Todas elas, aliás, em geral, consideradas imprescri- 336 RS; Resp 604.154 RS).
tíveis, à luz do princípio da veracidade da filiação. Trata-se de No que tange à instrução probatória, esta admite todos os
posições doutrinárias.
meios lícitos de prova, salientando-se, por óbvio, a realização
Na maioria das vezes, por meio dessas ações, discute-se do exame de DNA (este é o mais importante). A seu respeito,
a filiação genética, embora nada impeça também a discussão veja este interessante julgado do STJ:
da filiação sócio-afetiva, em nosso pensar. Mais comum entre Direito civil. Recurso especial. Ação de investigação de
todas essas ações é a investigatória de paternidade (diz-se, paternidade. Exame pericial (teste de DNA) em confronto com
quanto à maternidade, que esta é sempre certa, o que não é as demais provas produzidas. Conversão do julgamento em
totalmente correto, pois poderá haver, sim, interesse na pro- diligência. - Diante do grau de precisão alcançado pelos mé-
positura desta ação, a exemplo da hipótese de troca de bebês todos científicos de investigação de paternidade com fulcro na
em hospital). análise do DNA, o valoração da prova pericial com os demais

Conhecimentos Específicos 188 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
meios de prova admitidos em direito deve observar os seguin- Processo civil. Recurso especial. Ação de investigação de
tes critérios: (a) se o exame de DNA contradiz as demais paternidade. Registro em nome de terceiro. Cumulação de
provas produzidas, não se deve afastar a conclusão do laudo, pedidos contra réus diversos. Possibilidade. Aditamento da
mas converter o julgamento em diligência, a fim de que novo inicial. - A ação de investigação de paternidade independe do
teste de DNA seja produzido, em laboratório diverso, com o prévio ajuizamento da ação de anulação de registro, cujo
fito de assim minimizar a possibilidade de erro resultante seja pedido é apenas consequência lógica da procedência da
da técnica em si, seja da falibilidade humana na coleta e ma- demanda investigatória. Precedentes. - A pretensão concomi-
nuseio do material necessário ao exame; (b) se o segundo tante de ver declarada a paternidade e ver anulado o registro
teste de DNA corroborar a conclusão do primeiro, devem ser de nascimento não configura cumulação de pedidos, mas
afastadas as demais provas produzidas, a fim de se acolher a cumulação de ações. - É possível o aditamento da inicial para
direção indicada nos laudos periciais; e (c) se o segundo teste inclusão do litisconsorte unitário. Precedentes. - Em demanda
de DNA contradiz o primeiro laudo, deve o pedido ser apreci- objetivando a declaração de paternidade e anulação de regis-
ado em atenção às demais provas produzidas. Recurso espe- tro, o suposto pai biológico e aquele que figura como pai na
cial provido. (RESP 397.013/MG, Rel. Ministra NANCY AN- certidão de nascimento devem ocupar, em litisconsórcio unitá-
DRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11.11.2003, DJ rio, o pólo passivo. Recurso especial não conhecido. (RESP
09.12.2003 p. 279). 507.626/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
Quanto a este exame, embora exista entendimento no TURMA, julgado em 05.10.2004, DJ 06.12.2004 p. 287)
sentido de se admitir condução coercitiva, mais forte é a tese MUTABILIDADE DOS EFEITOS DA COISA JULGADA
de que a negativa do réu, calcada na proteção dos direitos da A título de conclusão, um importante ponto que deve ser
personalidade, culminará na presunção juris tantum da pater- destacado é no sentido de que a doutrina e jurisprudência
nidade que se quer provar. Nesse sentido, a S. 301 do STJ: pátrias têm admitido a MUTABILIDADE DOS EFEITOS DA
"Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a subme- COISA JULGADA, na investigatória, especialmente quando a
ter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de demanda é julgada improcedente por falta de provas (ou
paternidade". mesmo quando houver procedência, sem exame de DNA).
Em abono deste entendimento, vide, também os arts. 231 Tal entendimento, pois, viabiliza a rediscussão do deci-
e 232 do CC: sum, que não transitará materialmente em julgado em deter-
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame mé- minadas situações (quando ausente a produção do exame de
dico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. DNA).
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz po- LEMBRE-SE: havendo recusa de DNA e provado ser pai,
derá suprir a prova que se pretendia obter com o exame. não cabe ao pai pedir exame para tentar mitigar a prova –
A causa de pedir na investigatória é apenas a relação se- verine contra factum próprio.
xual, havendo o novo código dispensado, corretamente, o rol Nesse sentido, já se posicionou o próprio STJ, admitindo
de fundamentos constantes no art. 363 do Estatuto Civil ante- ação rescisória para desconstituir julgado anterior:
rior. AÇÃO RESCISÓRIA - INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDA-
FICADA É INDÍCIO DA PATERNIDADE: Nesse ponto, in- DE - EXAME DE DNA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO -
teressante registrar que o STJ, em acórdão da lavra da Min. POSSIBILIDADE - FLEXIBILIZAÇÃO DO CONCEITO DE
NANCY ANDRIGHI firmou entendimento no sentido de que DOCUMENTO NOVO NESSES CASOS. SOLUÇÃO PRÓ
"existência de relacionamento casual, hábito hodierno que VERDADEIRO "STATUS PATER". - O laudo do exame de
parte do simples 'ficar', relação fugaz, de apenas um encon- DNA, mesmo posterior ao exercício da ação de investigação
tro, mas que pode garantir a concepção" é apto a firmar a de paternidade, considera-se "documento novo" para apare-
presunção de paternidade (REsp 557.365/RO, Rel. Ministra lhar ação rescisória (CPC, art. 485, VII). É que tal exame
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em revela prova já existente, mas desconhecida até então. A
07.04.2005, DJ 03.10.2005 p. 242). prova do parentesco existe no interior da célula. Sua obten-
O foro competente para a investigatória é o do domicílio ção é que apenas se tornou possível quando a evolução cien-
do réu. tífica concebeu o exame intracitológico. (RESP 300.084/GO,
Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA
Entretanto, caso haja cumulação com pedido de alimen- SEÇÃO, julgado em 28.04.2004, DJ 06.09.2004 p. 161)
tos, desloca-se para o domicílio do autor (S. 1 do STJ). Se
houver cumulação com petição de herança, o foro competen- Na mesma linha, tendo havido trânsito em julgado da pri-
te, em nosso sentir é o juízo do inventário. meira sentença que concluiu pela improcedência da investiga-
tória, sem a realização do exame de DNA, o STJ também
Na sentença, ao julgar procedente o pedido, o juiz deverá admitiu o ajuizamento de uma nova ação:
fixar os alimentos devidos ao autor, podendo fazê-lo até de
ofício, a teor do art. 7°, Lei n. 8.560/92, segundo o entendi- PROCESSO CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.
mento que perfilhamos. REPETIÇÃO DE AÇÃO ANTERIORMENTE AJUIZADA, QUE
TEVE SEU PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE POR FAL-
A admissibilidade dos alimentos provisórios é polêmica, TA DE PROVAS. COISA JULGADA. MITIGAÇÃO. DOUTRI-
embora haja entendimento a respeito (TJRS, AI NA. PRECEDENTES. DIREITO DE FAMÍLIA. EVOLUÇÃO.
70009149071). RECURSO ACOLHIDO. I – Não excluída expressamente a
Finalmente, cumpre-nos lembrar que o termo inicial para paternidade do investigado na primitiva ação de investigação
cobrança dos alimentos é a citação, a teor da S. 277 do STJ, de paternidade, diante da precariedade da prova e da ausên-
apesar de entendimentos contrários como Maria Berenice que cia de indícios suficientes a caracterizar tanto a paternidade
diz que o correto é da concepção (esta seria a melhor posi- como a sua negativa, e considerando que, quando do ajuiza-
ção, pois a mãe tem gastos desde a concepção): mento da primeira ação, o exame pelo DNA ainda não era
"S. 277, STJ. Julgada procedente a investigação de pater- disponível e nem havia notoriedade a seu respeito, admite-se
nidade, os alimentos são devidos a partir da citação". o ajuizamento de ação investigatória, ainda que tenha sido
(DJU 16.6.2003) aforada uma anterior com sentença julgando improcedente o
Ainda quanto aos efeitos da sentença, vale salientar que o pedido. II – Nos termos da orientação da Turma, "sempre
STJ tem dispensado pedido autônomo de cancelamento do recomendável a realização de perícia para investigação gené-
registro (falso), por considerar este como consequência direta tica (HLA e DNA), porque permite ao julgador um juízo de
da procedência da demanda investigatória: fortíssima probabilidade, senão de certeza" na composição do
conflito. Ademais, o progresso da ciência jurídica, em matéria

Conhecimentos Específicos 189 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de prova, está na substituição da verdade ficta pela verdade ciência). Seguindo essa premissa o juiz não seria apenas um
real. III – A coisa julgada, em se tratando de ações de estado, homologador de DNA?.
como no caso de investigação de paternidade, deve ser inter- Mas será que, ser pai ou mãe é, simplesmente, gerar ou
pretada modus in rebus. Nas palavras de respeitável e avan- conceber? Admite-se, pois, nessa linha de evolução, nos dias
çada doutrina, quando estudiosos hoje se aprofundam no de hoje, a paternidade do coração, denominada sócio-afetiva,
reestudo do instituto, na busca sobretudo da realização do construída ao longo dos anos, e calcada em valores e senti-
processo justo, "a coisa julgada existe como criação necessá- mentos (paternidade ou maternidade de criação).
ria à segurança prática das relações jurídicas e as dificulda- Fala se fala em "desbiologização do direito de família" (Pi-
des que se opõem à sua ruptura se explicam pela mesmíssi- oneiro no assunto: JOÃO BATISTA VILELA- início da década
ma razão. Não se pode olvidar, todavia, que numa sociedade de 1980). Trata-se, pois, de uma das mais belas teses desen-
de homens livres, a Justiça tem de estar acima da segurança, volvidas pelo Direito de Família nos últimos anos, e que já
porque sem Justiça não há liberdade". IV – Este Tribunal tem começa a ganhar força até mesmo no STJ:
buscado, em sua jurisprudência, firmar posições que atendam
aos fins sociais do processo e às exigências do bem comum. FILIAÇÃO. ANULAÇÃO OU REFORMA DE REGISTRO.
(RESP 226436/PR, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO FILHOS HAVIDOS ANTES DO CASAMENTO, REGISTRA-
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 28.06.2001, DJ DOS PELO PAI COMO SE FOSSE DE SUA MULHER. SITU-
04.02.2002 p. 370) AÇÃO DE FATO CONSOLIDADA HÁ MAIS DE QUARENTA
ANOS, COM O ASSENTIMENTO TÁCITO DO CÔNJUGE
E mais recentemente, leia-se o seguinte julgado: FALECIDO, QUE SEMPRE OS TRATOU COMO FILHOS, E
Direito processual civil. Recurso especial. Ação de investi- DOS IRMÃOS. FUNDAMENTO DE FATO CONSTANTE DO
gação de paternidade com pedido de alimentos. Coisa julga- ACÓRDÃO, SUFICIENTE, POR SI SÓ, A JUSTIFICAR A
da. Inépcia da inicial. Ausência de mandato e inexistência de MANUTENÇÃO DO JULGADO. - Acórdão que, a par de repu-
atos. Cerceamento de defesa. Litigância de má-fé. Inversão tar existente no caso uma "adoção simulada", reporta-se à
do ônus da prova e julgamento contra a prova dos autos. situação de fato ocorrente na família e na sociedade, consoli-
Negativa de prestação jurisdicional. Multa prevista no art. 538, dada há mais de quarenta anos. Status de filhos. Fundamento
parágrafo único, do CPC. - A propositura de nova ação de de fato, por si só suficiente, a justificar a manutenção do jul-
investigação de paternidade cumulada com pedido de alimen- gado. Recurso especial não conhecido. (RESP 119346/GO,
tos, não viola a coisa julgada se, por ocasião do ajuizamento Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julga-
da primeira investigatória – cujo pedido foi julgado improce- do em 01.04.2003, DJ 23.06.2003 p. 371)
dente por insuficiência de provas –, o exame pelo método A paternidade sócio-afetiva é construída ao longo do tem-
DNA não era disponível tampouco havia notoriedade a seu po com base em valores e com base no afeto.
respeito. - A não exclusão expressa da paternidade do inves-
tigado na primitiva ação investigatória, ante a precariedade da E mais recentemente, em Santa Catarina:
prova e a insuficiência de indícios para a caracterização tanto Sentença reconhece paternidade/maternidade sócio-
da paternidade como da sua negativa, além da indisponibili- afetiva fundada na posse de estado de filho Reconhecimento
dade, à época, de exame pericial com índices de probabilida- de paternidade/maternidade sócio afetiva, fundada na posse
de altamente confiáveis, impõem a viabilidade de nova incur- de estado de filho. Esta a síntese de interessante sentença
são das partes perante o Poder Judiciário para que seja tan- proferida na 2ª Vara Cível da comarca de Xanxerê (SC).
gível efetivamente o acesso à Justiça. - A falta de indicação O julgado - sujeito a recurso de apelação no TJ-SC - reco-
do valor da causa não ofende aos arts. 258 e 282, inc. V, do nheceu a C.M.N. a condição de filha de R.B. e C.B., que a
CPC, ante a ausência de prejuízo às partes, sobressaindo o haviam "adotado", sem processo judicial de adoção, nem a
caráter da instrumentalidade do processo. - Sanado o defeito lavratura de qualquer escritura pública. O julgado, acompa-
com a devida regularização processual, não há que se alegar nhando a tendência da doutrina moderna, reconheceu que
ausência de mandato e inexistência dos atos praticados. - "hoje a filiação está fundamentada muito mais na condição
Não há cerceamento de defesa quando, além de preclusa a sócio-afetiva do que em elementos de caráter biológico ou
questão alegada pela parte, impera o óbice da impossibilida- jurídico".
de de se reexaminar fatos e provas em sede de recurso es- A sentença determina, ainda, a anulação da partilha havi-
pecial. - A ausência de dolo exclui a possibilidade de declara- da quando do falecimento da mãe "adotante", em que deixou
ção de litigância de má-fé. - Em ação investigatória, a recusa de se incluir a autora da ação como herdeira. O juiz reconhe-
do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz pre- ce, ainda, à requerente, todos os direitos hereditários, em
sunção juris tantum de paternidade (Súmula 301/STJ). - Não igual condições com os filhos naturais do casal.
existe violação ao art. 535 do CPC quando o Tribunal de Na parte dispositiva, o juiz da causa reconhece "a existên-
origem apreciou todas as questões relevantes para o deslinde cia da maternidade/paternidade sócio-afetiva alegada e, via
da controvérsia, apenas dando interpretação diversa da bus- de consequência, declaro ser a autora filha afetiva de R.B. e
cada pela parte. - Inviável em sede de recurso especial a C.B., reconhecendo em seu favor, por igual, todos os direitos
análise de alegada violação a dispositivos constitucionais. inerentes à tal condição, vedada qualquer espécie de discri-
Recurso especial não conhecido. (REsp 826.698/MS, Rel. minação".
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
A sentença também declara "nula a partilha procedida nos
06.05.2008, DJ 23.05.2008 p. 1) Com isso, concluímos pela
autos da ação de inventário (nº 783/1996), dos bens deixados
possibilidade de, à luz do princípio da dignidade da pessoa
pelo falecimento de C.B., que tramitou perante o juízo da 1ª
humana e da identidade, se poder rediscutir o julgado.
Vara desta comarca, devendo nova divisão de bens ser pro-
PATERNIDADE SÓCIO-AFETIVA cedida, contemplando-se a autora como herdeira, na qualida-
Em um primeiro momento, vivia-se, no Brasil, a fase da de de descendente, em igualdade de condições com os de-
paternidade legal ou jurídica, calcada simplesmente em uma mais contemplados, atribuindo-se-lhe quinhão exatamente
presunção (é "filho" do marido aquele "concebido por sua igual".
esposa"). Essa parte dispositiva alcança o viúvo (pai "adotante") e
Tal presunção ainda é presente (art. 1597, CC), posto não cinco outros herdeiros, que também foram réus da ação.
goze mais do mesmo prestigio, não sendo absoluta, especi- O advogado Erlon Fernando Ceni de Oliveira (OAB-PR nº
almente por conta do surgimento do exame de DNA. 21.549) atua em nome da autora da ação. Já há recurso de
Num segundo momento, com o exame de DNA, passamos apelação dos réus interposto ao TJ de Santa Catarina. (Proc.
a viver a fase da paternidade científica ou biológica (pai seria nº 080.04.002217- 0). Data: 13.07.2006: Fonte:
aquele reconhecido como doador do material genético pela www.espacovital.com.br

Conhecimentos Específicos 190 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
OBS: Já há quem defenda a investigação de paternidade Sobre a primeira situação, o STJ já se pronunciou a res-
sócio-afetiva. A sentença irá declarar como se fosse pai, co- peito:
mo qualquer outro. Separação judicial. Proteção da pessoa dos filhos (guarda
Quando há o cometimento de crime, não se pode logica- e interesse). Danos morais (reparação). Cabimento. 1. O
mente reconhecer o vinculo daquele que usurpou a criança cônjuge responsável pela separação pode ficar com a guarda
(ex: do caso Pedrinho). do filho menor, em se tratando de solução que melhor atenda
PATERNIDADE ALIMENTAR ao interesse da criança. Há permissão legal para que se regu-
Conceito. Trata-se de uma construção doutrinária relati- le por maneira diferente a situação do menor com os pais. Em
vamente nova que, sem menoscabar a sócio-afetividade, visa casos tais, justifica-se e se recomenda que prevaleça o inte-
a permitir a mantença da obrigação alimentar em face do pai resse do menor. 2. O sistema jurídico brasileiro admite, na
biológico (genitor) caso o pai afetivo não disponha de condi- separação e no divórcio, a indenização por dano moral. Juri-
ções financeiras adequadas. dicamente, portanto, tal pedido é possível: responde pela
indenização o cônjuge responsável exclusivo pela separação.
Sobre o tema, escreve ROLF MADALENO: 3. Caso em que, diante do comportamento injurioso do cônju-
"Em tempos de verdade afetiva e de supremacia dos inte- ge varão, a Turma conheceu do especial e deu provimento ao
resses da prole, que não pode ser discriminada e que tam- recurso, por ofensa ao art. 159 do Cód. Civil, para admitir a
pouco admite romper o registro civil da sua filiação social já obrigação de se ressarcirem danos morais. (RESP
consolidada, não transparece nada contraditório estabelecer 37.051/SP, Rel. Ministro NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado
nos dias de hoje a PATERNIDADE MERAMENTE ALIMEN- em 17.04.2001, DJ 25.06.2001 p. 167)
TAR. Nela, o pai biológico pode ser convocado a prestar sus- Já o abandono afetivo na filiação, poderá, em nosso sen-
tento integral ao seu filho de sangue, sem que a obrigação tir, autorizar a aplicação dos princípios da responsabilidade
material importe em qualquer possibilidade de retorno à sua civil, sem que isso signifique a "monetarização" da relação de
família natural, mas que apenas garanta o provincial efeito afeto.
material de assegurar ao filho rejeitado vida digna, como nas
gerações passadas, em que ele só podia pedir alimentos do Assim pensamos desde que se entenda que a indeniza-
seu pai que era casado e o rejeitara. A grande diferença e o ção imposta ao pai ou mãe que abandona o seu filho, em
maior avanço é que hoje ele tem um pai de afeto, de quem é franco desrespeito ao dever legal de educação (que pressu-
filho do coração, mas nem por isso libera o seu procriador da põe amor) consiste em uma resposta que o novo Direito Civil
responsabilidade de lhe dar o adequado sustento no lugar do dá, manifestando repulsa a este tipo de comportamento, vio-
amor. É a dignidade em suas duas versões" (Revista Brasilei- lador do princípio constitucional da dignidade da pessoa hu-
ra de Direito de Família – n. 37, 2006, pág. 148) mana. Trata-se, em nosso sentir, de especial aplicação da
teoria do desestímulo. A função da indenização teria condão
OBS: Ver: PL 3220/2008 visa implementar no Brasil o eminentemente pedagógico.
chamado parto anônimo – direito a mãe, ao entregar o seu
filho para a adoção, permanecer desconhecida. Visitar o site: Abaixo, no tópico "textos complementares", não deixe de
www.ibdefam.com.br , este tema será enfrentado e outro ler o excelente texto de GISELDA HIRONAKA a respeito do
curso. tema.
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES AFETIVAS Mas, nesse contexto, em se mantendo a posição do STJ,
ou de FAMILIA fica a pergunta: a perda do poder familiar imposta ao pai que
ignora moral e espiritualmente a sua prole seria, para ele,
Dano moral é simplesmente lesão a direito da personali- uma sanção ou um favor?...
dade. No bojo familiar, é perfeitamente aplicável, por isso que
não se pode negar. Vamos refletir sobre isso...
Guilherme de Oliveira. Um dos mais respeitados no as- Adultério, recusa a pratica de sexo, sexo anormal e infide-
sunto, inclusive na Europa. lidade são causas de dano moral.
Trata-se de uma questão das mais relevantes. O professor Abandono afetico na filiação. Em conclusão, vale registrar
Rui Rosado, verificou que países como Espanha, França, que o professor GUILHERME DE OLIVEIRA, autoridade in-
Portugal e Argentina reconhecem essa forma de responsabili- ternacional em Direito de Família, analisando o tema, conclui:
zação. Na Alemanha verifica-se certa resistência. O fato é "Embora não haja jurisprudência clara sobre o assunto,
que na tendência do direito comparado á admitir. suponho, julgo que é aceitável defender que o abandono
No Brasil, se trata de uma matéria nova, mesmo que inse- afetivo – quer se traduza em descumprimento dos deveres
rida com o advento da CF que protege os direitos da persona- jurídicos, quer integrados no poder parental e que provoque
lidade (dignidade da pessoa humana), sendo que somente danos não-patrimoniais na pessoa do filho – pode dar lugar à
em 05 anos anteriores é que começou a sua discussão dou- obrigação de indenizar. Como em qualquer outra ação de
trinária. responsabilidade civil, é preciso provar o descumprimento, a
culpa, o dano e a causalidade" (Boletim iBDFAM 4 – Setem-
O próprio projeto de reforma do CC pretende consolidar os bro/Outubro de 2006)
princípios da responsabilidade civil.
Tereza Antonia Lopes diz que temos que ter o cuidado de
Considerando o alguns acórdãos antigos reconheciam a não monetarializar o direito de família.
responsabilidade civil dentro das relações conjugais. Resp.
37051 SP, onde admitiu-se dano moral no casamento. A responsabilidade civil tem a função social, pedagógica,
para que se coadune ao pai ou mãe a ser responsabilizado
Hoje é possível pedir separação cumulada com pedido de pelo abandono afetivo. Qual é pior, o dano material, onde
indenização por dano moral. A base é a principiologia consti- pode ser recuperado co trabalho ou o abandono afetivo? É
tucional protetiva dos direitos da personalidade, bem como os preciso que se diga que o caso mais emblemático que chegou
deveres legais impostos ao cônjuge ou companheiro. ao STJ por meio do Resp. 757.411 MG e STF RE 22.995 (em
Trata-se de tema bastante polêmico, e que ganhou fôlego sede de admissibilidade por agravo) de prenome Alexandre
com a disciplina dos direitos da personalidade, inaugurada (precedente no Tribunal Superiores) – estamos aguardando o
pelo CC de 2002. posicionamento do STF quanto a responsabilidade social do
Sem pretender esgotar o raio da abrangência da matéria, pai à luz dos princípios civis-constitucionais em nosso orde-
poderíamos centrar o nosso esforço analítico na: namento jurídico.
a) resp. civil no casamento e na união estável; Infelizmente, no entanto, o STJ negou a aplicação da teo-
b) resp. civil por abandono afetivo na filiação. ria (a matéria deverá ser submetida ao STF), amparado pela
fundamental consequência da perda do poder familiar:

Conhecimentos Específicos 191 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. RE- patrimonial da vítima, do interesse jurídico desta, sempre
PARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A inde- prevalente, mesmo à face de circunstâncias danosas oriundas
nização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não de atos dos juridicamente inimputáveis...
rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do E não me satisfiz com esta idealização estrutural, já bem
Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de repara- formatada na minha mente.
ção pecuniária. 2. Recurso especial conhecido e provido. Pensei ainda mais e concluí que a insatisfação vinha de
(REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, um fato muito simples: se íamos nos reunir em Congresso de
QUARTA TURMA, julgado em 29.11.2005, DJ 27.03.2006 p. Direito de Família, certamente a pujança do tema deveria –
299) como o sadio ramo de trigo que se enverga ao ritmo do vento,
DIREITO CIVIL. PÁTRIO PODER. DESTITUIÇÃO POR mas não se quebra – inclinar-se para um outro lado e suscitar
ABANDONO AFETIVO. POSSIBILIDADE. ART. 395, INCISO outra ordem de inquietações, além daquelas (importantíssi-
II, DO CÓDIGO CIVIL C/C ART. 22 DO ECA. INTERESSES mas igualmente, não resta dúvida)
DO MENOR. PREVALÊNCIA. - Caracterizado o abandono que se condensa na preocupação com a vítima – quer a
efetivo, cancela-se o pátrio poder dos pais biológicos. Inteli- vítima de danos produzidos por filhos menores e indenizáveis
gência do Art. 395, II do Código Bevilacqua, em conjunto com pelos seus pais, quer a vítima consolidada na pessoa do
o Art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Se a mãe próprio filho, pela violação de seus direitos de personalidade,
abandonou o filho, na própria maternidade, não mais o procu- principalmente – na recuperação de sua normalidade patri-
rando, ela jamais exerceu o pátrio poder. (REsp 275.568/RJ, monial ou moral, como instrumento de superior categoria e
Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA valoração, endereçado à mantença da dignidade da pessoa
TURMA, julgado em 18.05.2004, DJ 09.08.2004 p. 267) humana.
Pagar alimento, como muitos os fazem não tem nada a Pensei então que seria adorável e certamente oportuno
ver com relação ao abandono afetivo. revirar os alicerces mais profundos do assunto para trazer à
Responsabilidade Civil na Relação Paterno-Filial tona as inquietações, as dúvidas, as questões que nem sem-
Giselda Hironaka (www.ibdfam.com.br) pre são do interesse imediato do direito, mas que são, indubi-
1. Primeiras palavras O enfrentamento do presente tema – tavelmente, a sua raiz mediata. Melhor de tudo, pensei, esta
que me foi especialmente deferido, neste conclave, pela co- busca, ainda que significativamente difícil para mim, revelaria
nhecidíssima e eterna gentileza de nosso Presidente, o Dr. aquela nova maneira de se procurar desvendar e descrever o
Rodrigo da Cunha Pereira – descortinou para mim, ao tempo fenômeno jurídico a partir de sua interface com os fenômenos
em que me dediquei a imaginar como construir esta exposi- não-jurídicos que o antecedem.
ção, um panorama tão variado e rico, que não tenho hoje Este é, senhores, o rico caminho da interdisciplinaridade,
nenhuma dúvida de que se trata de mais um daqueles assun- que admite – a um agrupamento de pessoas como este nosso
tos que não se esgotam, que não auto-desenham os seus de hoje, sob as dobras da diversidade de pensamento, de
próprios limites, mas, ao contrário, oferecem de modo contí- linhas e de construções científicas, dobras essas que caracte-
nuo e incessante, ao pesquisador, ao estudioso e ao operador rizam e personificam o IBDFAM – que nos sentemos uns ao
do direito, um fabuloso manancial de aspectos que podem ser lado dos demais, sociólogos, antropólogos, psicólogos, filóso-
sempre e sempre percorridos, sem o risco do esgotamento da fos e homens do direito. Sem castelos ou prisões. Sem mol-
seiva profícua que o vivifica. des pré-estruturados e estratificados. Mas absolutamente
Pessoalmente, na minha atividade acadêmica, tenho dedi- abertos à contemplação da vida como ela é, e atentos aos
cado muita atenção e grande esforço de pesquisa à volta da contornos do caminho que leva à realização pessoal e plena
temática da responsabilidade civil, mormente esta conhecida de cada um dos homens, enquanto membro do grupo familiar
como indireta, da qual se diz ora ser uma responsabilidade que o abriga e guarda.
subjetiva – por culpa presumida – ora se tende a dizer ser E a inquietação intrigante que se encontrava presa dentro
uma responsabilidade objetiva, por se lhe conferir cada vez de mim, emergiu e expandiu-se, desdobrando-se na mais
menos o ônus probatório da culpa. Estou a me referir à res- singela das perguntas: Por que impõe-se – e repercute no
ponsabilidade dos pais pelos danos causados pelos seus Direito de Família – a responsabilidade advinda da relação
filhos menores, conforme é a regra da Lei Civil que ainda paterno-filial?
vige, o Código de 1916, em seu art. 1521, especialmente. Em que bases extra-jurídicas estariam assentadas as ra-
Tem me sensibilizado, igualmente, nesta vertente da rela- zões, as justificativas e os fundamentos da imposição de tal
ção paterno-filial em conjugação com a responsabilidade, este dever?
viés naturalmente jurídico, mas essencialmente justo, de se Poderia, acaso, a filosofia fornecer alguma base para a
buscar compensação indenizatória em face de danos que discussão da responsabilidade civil na relação paterno-filial?
pais possam causar a seus filhos, por força de uma conduta Poderia, acaso, a psicologia adequadamente explicar qual o
imprópria, especialmente quando a eles é negada a convi- liame existente entre pais e filhos, que seja capaz de gerar e
vência, o amparo afetivo, moral e psíquico, bem como a refe- de justificar a concretude desta responsabilização, à face de
rência paterna ou materna concretas, acarretando a violação terceiros, mas – e principalmente – à face deles próprios, um
de direitos próprios da personalidade humana, magoando em ralação ao outro?
seus mais sublimes valores e garantias, como a honra, o Sim, certamente sim, do mesmo modo como outros seg-
nome, a dignidade, a moral, a reputação social, o que, por si mentos de apreciação e formulação do conhecimento huma-
só, é profundamente grave. no, como a antropologia, como a sociologia, e como todas as
Mas, dizia-lhes antes, o descortinamento do tema, con- demais persecuções científicas que tenham por objeto de
forme minha concepção, permitiu-me logo verificar que havia interesse imediato o homem e sua circunstância relacional
um estreitamento na temática que me fora presenteada, de humana.
sorte que a preocupação com a responsabilidade deveria E assim, sob este desenho pré-jurídico, sob esse matiz
cingir-se à civil e, sob este viés, deveria decorrer dos laços fundante, sob esta inquietação acerca da raiz, decidi mudar o
familiares que matizam a relação paterno-filial. curso de minha apreciação, a qual lhes trago hoje, deixando-a
Ora, assim visualizado o tema, impôs-se, prontamente, sob suas mais que competentes considerações e críticas.
para mim, esta ideia de que deveria tratá-lo sob as tintas da 2. O arco filosófico da circunstância relacional humana,
responsabilidade civil propriamente dita, costurando os con- entre pais e filhos. Levando o conceito de responsabilidade
ceitos – tão conhecidos, para mim e para tantos dos senhores civil para suas bases mais longínquas, que o confundem com
– da urgência da reparação do dano, da re-harmonização o termo genérico da responsabilidade, e o dever clássico da

Conhecimentos Específicos 192 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
prestação do devido, a filosofia, por exemplo, tem sim, muito mente em poder do pai. Em outras palavras: em Aristóteles,
que dizer. assim como em toda a tradição grega, é um consenso entre
Basicamente, ela tem muito que dizer sobre essa respon- os autores a ideia de que são os pais que têm autoridade
sabilidade na relação entre pais – ou só o pai, ou só a mãe – sobre seus filhos, e que é o marido que tem autoridade sobre
e filhos, sempre que a ideia de família estiver presente ou for sua esposa (ou suas esposas).
o centro das suas questões. Por que essa autoridade masculina, paterna e marital?
Há, a propósito, uma longa história do conceito de família Porque ela é, como toda autoridade, uma autoridade natural,
na própria história da filosofia, além da história das institui- segundo a visão filosófica de Aristóteles.
ções civis. E essa é uma história que vem desde os gregos – Ora, segundo a concepção clássica, então, será por uma
portanto, desde o início da filosofia ocidental – e que se con- necessidade natural humana que os filhos devam obedecer
funde muitas vezes com a própria filosofia política, com o aos pais e a mulher deva obediência ao marido. Se a família
próprio pensamento em torno do direito e das sociedades. antiga, assim, é patriarcal, é porque a natureza inteira o é.
Já de uma forma muito sofisticada, o tema da família apa- Essa concepção clássica, que obviamente se encontra em
rece nessa ligação com a política justamente no pensamento completo descompasso com a contemporaneidade, é a con-
político de Aristóteles, quando, em sua Política, apresenta cepção que, como se sabe, mais dominou as teorias ou dou-
uma explicação da pólis (cidade) como sendo uma associa- trinas em torno da família, por toda a história da humanidade.
ção de várias associações menores, das quais a originária é a De fato, Aristóteles está mais presente do que distante em
família. certos aspectos: ainda que nunca mais se tivesse desenvolvi-
A cidade, antes de ser uma reunião de poderes, de insti- do a ideia de que a cidade é uma reunião de famílias, por
tuições, de leis, é uma associação de famílias. Essa concep- praticamente toda a história da humanidade se manteve a
ção aristotélica da cidade como uma reunião de famílias, ideia de que a família é a mais originária das associações
célebre na história da filosofia política, não prosseguiu, toda- naturais, e que sua composição envolve uma autoridade natu-
via, com grande repercussão desde a Idade Média. ral dos pais sobre os filhos e do marido sobre a mulher.
A partir do longo período medieval, a concepção da vida Por isso mesmo, pressinto que a análise do tema, a partir
política se verá derivada, em especial, das próprias institui- de Aristóteles seja relevante, na medida em que deixa claro o
ções e da presença efetiva de certos poderes ou autoridades, que sempre estará em questão, na composição da família: a
perdendo-se de certa forma a ideia grega de que a cidade é família é uma associação na qual alguém tem poder sobre
uma grande família. Mais do que isso, quer no período medi- outrem, restando saber, primeiro, a quem e por que se deve
eval, quer nos períodos subsequentes (em especial naquele esse poder e, segundo, se a família não pode ser uma asso-
em que se desenvolve o jus-naturalismo moderno), será pos- ciação baseada em outra coisa que não a dominação ou a
sível encontrar longas considerações jurídicas a respeito do dependência.
que a família é ou deva ser. Sempre que se tratar das relações de família e da respon-
Mas há algo na concepção aristotélica que é fundamental, sabilidade envolvida nas relações de família, fundamental
que talvez não convenha esquecer, mesmo quando se desvi- será que se trate, também, da base dessa relação.
ar a atenção para as concepções mais modernas. Trata-se do A inquietação tipicamente pós-moderna assenta-se em
seguinte, resumindo este aspecto: Por que a cidade é uma buscar a resposta à pergunta: no seio da família da contem-
associação máxima que resulta da reunião de outras associa- poraneidade desenvolve-se ainda, e tipicamente, uma relação
ções que resultam, por sua vez, da reunião de associações de poder ou é possível afirmar, por exemplo, que a ênfase
menores que são, enfim, as famílias? Porque, justamente, a relacional se encontra deslocada para a afetividade?
família é uma associação natural humana (como a cidade, de O tema da responsabilidade nas relações de família en-
certa forma, será de maneira mais complexa), onde as rela- volve necessariamente essa visão clássica da autoridade,
ções dentro dessa associação são naturalmente determina- para bem ou para mal.
das. O que permitiria, assim, conceber não só a família, não O olhar histórico de contemplação pretérita sobre o assun-
só a cidade, mas qualquer associação, é a sua condição de to admite afirmar que é marcante essa significação da família
elo de ligações naturais. do passado mais como uma relação de poder do que como
Há, bem sabe e lembra Aristóteles, vários tipos diferentes uma relação de afeto. Por consequência, a família aparece
de associações, e consequentemente vários tipos diferentes tradicionalmente como uma associação cujos benefícios se
de cidades, de famílias e de comunidades de toda ordem. A dirigem mais para os pais (e mais ainda para o pai ou o mari-
consequência é que, se for o caso de tentar uma classificação do) do que para os filhos (ou para a mulher).
dos tipos de cidade ou dos tipos de família, isso só será pos- A tradição patriarcal, de índole francamente autoritária, na
sível se for definido um critério para a tipologia. concepção das relações de família, pretendeu muitas vezes, e
Esse critério é buscado por Aristóteles para a classificação na intenção de justificar-se como instituição civil, fazê-lo por
das cidades; e é encontrado não como critério único, mas vieses imaginados racionais ou científicos.
como critério duplo: primeiro, uma cidade pode ser governada E mesmo que uma tal justificação fosse ideológica e im-
por um só, por poucos ou por muitos; segundo, o governo possível, o principal argumento utilizado para a defesa da
pode ser puro ou corrompido. Consequência: há seis tipos de autoridade do patriarca foi, desde os gregos, a existência de
cidades – três tipos puros (monarquia, o governo de um só; uma hierarquia ou de uma dependência natural. Essa ideia –
aristocracia, o governo de poucos; politéia, o governo de que está na base das concepções antigas e clássicas de
muitos) e três tipos impuros, corrompidos, que são corres- família e que se faz notar principalmente na imposição da
pondentes às três formas puras (respectivamente: tirania, autoridade nas relações familiares – curiosamente aparecerá
oligarquia e democracia). também como índice, no pólo oposto dessa relação, vale
E para a família? Diferentemente do que ocorre com a ci- dizer, aparecerá como o fator de consagração da responsabi-
dade, para o caso da família não há critério que permita sua lidade dos pais diante dos filhos, assim como do marido dian-
classificação em vários modelos puros; existem, certamente, te da mulher.
vários tipos de família, no sentido de que há famílias com O que a tradição mostra, enfim, é que a concepção da au-
diferenciados números de componentes, que se beneficiam toridade é baseada numa ideia de natureza, mas ao mesmo
ou não de servos, propriedades, etc. Mas, diferente do que tempo essa ideia de natureza traz uma concepção de respon-
ocorre com a cidade (onde o poder pode estar na mão de um sabilidade muito equivalente.
só, ou não), no caso da família o comando familiar está sem-
pre nas mãos dos pais, e para certas funções está exclusiva- A primeira explicação para a ideia de que a associação
mais primitiva é a família, pode ser vista, ainda em Aristóteles,

Conhecimentos Específicos 193 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
por meio de sua afirmação de que a família é o resultado da com muito mais razão será apontada uma dependência e
associação daqueles seres que "não podem, por natureza, subordinação dos filhos em relação aos pais.
ficar separados um do outro". Refere-se, o filósofo grego, ao Se a própria subordinação da mulher era vista como ne-
homem e à mulher. cessária, mesmo sendo a mulher um indivíduo adulto e expe-
Ou seja: Aristóteles até concebe que as famílias tenham riente, o que dizer então, e sempre, de pessoas que tinham
ou não posses, que tenham ou não filhos, mas não concebe pouca experiência ou não tinham experiência nenhuma?
uma família sem a ideia de casamento, e muito menos con- Pessoas que não tinham condições de se manterem sozi-
cebe as famílias homoafetivas. A concepção corrente da nhos?
família brasileira até muito pouco tempo era vulgarmente Dir-se-á não apenas que dependiam muito mais dos adul-
aristotélica, ainda que a prática da família brasileira fosse tos na relação familiar, mas, consequentemente, que deviam,
muitas vezes o inverso da sua imagem... na mesma proporção, muito mais obediência.
E porque o novo Código Civil não incluiu as uniões homo- Se a família, nessa concepção clássica e reiteradamente
afetivas entre as entidades familiares, talvez seja o caso de patriarcal, foi tida como uma relação de poder praticamente
dizer que, em termos oficiais, ainda estamos na visão aristoté- despótico, cujo pater era o detentor exclusivo ou principal de
lica de família, onde essa associação originária só é legítima todo o poder de decisão quanto à liberdade e o destino dos
se obedecer ao que a sociedade patriarcal considera normali- integrantes da família, então os filhos estiveram, certamente,
dade sexual e moral. numa posição muito próxima à escravidão: sua dependência
Mas enfim, a ideia original é a de que a família é uma as- física, material e moral foi eternamente a causa do seu dever
sociação que decorre da natureza humana, na medida em incessante de obediência.
que decorre de uma necessidade de vida em comum, que Se assim é, o que dizer, então, de uma concepção de fa-
Aristóteles, e novamente a tradição posterior a ele, atribuirá à mília que a vê como uma associação daqueles que não po-
relação entre homem e mulher. dem deixar de estar unidos (Aristóteles), ao mesmo tempo em
E que relação é essa? Uma relação física, apenas, ou que o homem é, naturalmente, o cabeça de sua família (cultu-
uma relação de dependência? Aristóteles coloca que é uma ra grega, teologia judaico-cristã, direito romano...)?
relação de dependência, especialmente da mulher em relação Nessa associação, o elo de ligação e o índice dos deveres
ao homem: esta, sozinha, não apenas não é capaz de procri- não se indicam pelo amor, não se matizam pela recíproca
ar, como não seria capaz de subsistir, e muito menos coman- generosidade, não se caracterizam pela mútua proteção, mas
dar uma cidade ou um exército. E não seria capaz por quê? sim se realizam por meio da dominação. E se trata de domi-
Porque, por sua constituição natural, ela seria mais fraca que nação porque, na concepção patriarcal clássica, jamais have-
o homem, incapaz, enquanto só ele seria capaz, para a práti- rá um espaço para que a mulher e os filhos assumam, contra
ca de certas ações que demandam força e prudência. a vontade do pai, o posto que deveria lhes corresponder.
Aristóteles quer apontar, portanto, uma deficiência, uma O correr histórico desnudará a certeza de que, para se vis-
debilidade natural na mulher, visível seja por sua comparação lumbrar a igualdade de direitos entre homem e mulher – e
ao homem, seja por sua própria compleição. também entre pais e filhos – na condução da família, serão
Ora, sob o preconceito dessa ideia de que a mulher é fisi- necessários milênios.
camente, mas também racionalmente, inferior ao homem, Mas esse longo tempo, necessário certamente para a
Aristóteles sequer foi um dos primeiros: a ideia já estivera concepção dessa igualdade de direitos, de certa forma seria
colocada com todas as letras por Demócrito de Abdera, necessário, também, para a concretude da própria responsa-
quando recomendou que a mulher não se exercite na palavra, bilidade paterna como um dever dos pais, em lugar de um
porque isso é coisa perigosa, ou que ser governado por uma poder dos pais.
mulher é, para o homem, a suprema violência. A ideia de responsabilidade paterna que existe hoje não
Esse argumento pretensamente naturalista de que a mu- encontra grandes referências nas concepções antigas de
lher é inferior ao homem hoje nos assusta com sua brutalida- natureza humana e de família. É verdade que o mundo antigo
de? Pois foi o principal argumento utilizado em quase toda a concebeu deveres dos pais, dos chefes de família; mas a
história da humanidade para tentar justificar o poder patriarcal concepção de responsabilidades civis é muito mais recente.
ou masculista sobre as mulheres. É esse o principal argumen- Por quê? Porque, se a simples responsabilidade envolvida no
to utilizado hoje em dia para justificar a violência doméstica dever de assistência é classicamente determinada pelo poder
contra as mulheres e meninas no Brasil, assim como a violên- do pai sobre sua família, a responsabilidade envolvida nos
cia generalizada contra as mulheres e meninas em regimes danos decorrentes da má gestão dessa chefia de família não
fundamentalistas como o do Taleban, que por uma certa e decorre mais do arbítrio desse mesmo pai de família.
infeliz contingência tem sido constantemente focado e critica- Vale dizer: na concepção antiga e tradicional de família, o
do em nossos dias. pater tinha obrigações, mas tinha também poder suficiente
Numa palavra, o argumento da debilidade ou incapacida- para arbitrar quais seriam essas obrigações, já que era se-
de natural da mulher é o argumento mais utilizado para tentar nhor de suas mulheres e de seus filhos.
justificar a autoridade do homem em relação à mulher dentro Ao contrário, em concepções mais recentes de família – e
da estrutura familiar, ao mesmo tempo que a dependência da que remontam, no máximo, ao início do período moderno – os
mulher em relação ao homem, nessa mesma estrutura. pais de família têm certos deveres que independem do seu
O nosso tema aqui não é, diretamente, essa relação patri- arbítrio, porque agora quem os determina é o Estado.
arcalista entre homens e mulheres, entre maridos e esposas, 3. A concepção jus-naturalista de família e a distinta visua-
entre pais e filhas, e por isso não é o caso de levar adiante a lização do pátrio poder.
análise e a crítica dessa concepção irracional que sempre
insiste em se manifestar até hoje na concepção dos papéis do A partir do Renascimento e da modernidade, ser chefe de
homem e da mulher na família. família continuou significando deter um poder privilegiado e
amplo, mas que já não é mais um poder superior à capacida-
Mas é fundamental que tenhamos começado por apontá- de – cada vez mais visível – dos outros integrantes da família.
la, pois ela é a base para aquela outra relação que constitui, A modernidade abre espaço para uma transformação lenta,
aqui, o nosso tema principal: a relação entre pais e filhos. mas radical, na concepção de família, já que investe pela
O que a história mostra, e as histórias do pensamento e primeira vez (especialmente no âmbito do jus-naturalismo) na
das instituições mostram junto, é que, se a relação entre ho- ideia de igualdade entre homem e mulher quanto à capacida-
mens e mulheres, em família, foi sempre baseada numa con- de para chefiar a família.
cepção naturalista de dependência e subordinação da mulher,

Conhecimentos Específicos 194 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Quem mostra isso com muita ênfase desde a década de Qual efetivamente seria a razão e o fundamento da exis-
1970 é um dos maiores historiadores do jus-naturalismo, tência perenizada de um pátrio poder, a significar uma autori-
Alfred Dufour. Num ótimo estudo publicado originalmente em dade dos pais sobre os filhos, garantida pelo Estado, e que
1975, mas retomado e desenvolvido anos mais tarde, deno- permite àqueles determinar a vida destes. O que é que, enfim,
minado Autoridade marital e autoridade paterna na escola do impulsiona o Estado a conceder e garantir um tal poder?
direito natural moderno, Dufour mostra que uma das maiores A argumentação original é, novamente, a que se aperfei-
contribuições do jus-naturalismo foi inovar na concepção dos çoa na noção da natureza.
direitos entre os integrantes da família. Os filhos vêm ao mundo na dependência completa dos
Neste estudo, Dufour mostra que tanto a relação entre pais, e assim permanecem enquanto não se tornam, eles
homem e mulher recebeu inovações importantes no ambiente mesmos, adultos ou emancipados. A dependência natural é
jus-naturalista, como também as recebeu a relação entre pais tão certa e inegável, que sequer pode ser recusada pelos
e filhos, ainda que em menor medida. No que diz respeito à pais. Perfeitamente compreensível e aceitável.
relação entre homens e mulheres, autores como John Locke Mas a questão que insiste em não calar, e que decorre
no século XVII, mas também como Christian Wolff, e seu desta singela verdade versa sobre a dúvida de qual seria a
discípulo Daniel Nettelbladt, no século XVIII, investiram na origem da autoridade dos pais?
ideia de que a mulher, como o homem, detém uma autoridade
natural sobre os filhos, e efetivamente equivalente à do ho- Ou, em outros termos, por que a dependência dos filhos
mem. equivale a uma dominação por parte dos pais, a uma autori-
dade destes sobre aqueles, enfim?
No que respeitasse, pois, à autoridade sobre os filhos, a
mulher teria os mesmos direitos que o homem, e por razões O pátrio poder, justamente, não é um poder acidental, in-
naturais diferentes daquelas que eram alegadas por Aristóte- voluntário. Ele é exercido pelos pais como dominação sobre
les ou por toda a tradição medieval cristã: a mulher, como o os filhos. Já que é uma dominação, talvez o pátrio poder não
homem, é causa da existência dos filhos, e isso torna a sua envolva nenhum componente afetivo. Ao menos, nenhum
autoridade natural. Esta lógica é menos restritiva do que a componente positivamente afetivo, como a generosidade com
concepção anterior, mas é ainda, sem dúvida, um reconheci- respeito aos filhos.
mento tímido do potencial racional da mulher, já que ela não é Ao contrário, talvez o seu sentido seja sempre, ou priorita-
desenhada, ainda, como uma possível autoridade equivalente riamente, negativo, no sentido de um aproveitamento ou 'usu-
à de seu próprio marido. fruto' dos filhos, um exercício desenvolvido – talvez – mais em
No que respeita à relação paterno-filial, por outra parte, benefício dos próprios pais, do que para a alegria ou proveito
nota-se que as mudanças serão também visíveis, embora se dos filhos. Por que isso? Porque, de ponta a ponta, na relação
mostrem menores do que a relativa equalização de direitos ou entre pais e filhos simbolizada pelo pátrio poder, os filhos não
de autoridade entre homem e mulher. Todavia, apesar do seu têm poder nenhum.
menor peso, dar-se-á igualmente, nesta circunstância relacio- A ideia de pátrio poder, assim, pressupõe algo semelhante
nal, uma mudança suficiente para caracterizar, enfim, a con- à antiga concepção da subordinação da mulher ao homem:
cepção da relação entre pais e filhos como uma relação na ela é devida segundo a natureza. Ela é devida porque a parte
qual sempre haverá uma responsabilidade dos pais em rela- dominada na relação é mais fraca, é mais débil... Numa pala-
ção às necessidades dos filhos, a ponto de se poder dizer que vra, é dependente da outra.
é aí que nasce, propriamente, uma concepção articulada de Talvez.
responsabilidade civil na relação paterno-filial. Mas o que causa esta dependência, de fato? A natureza,
Esta interferência do jus-naturalismo moderno na reformu- como se fosse uma condição sem conserto ou mudança? Ou
lação da concepção em tela, ocorrida nos séculos XVII e as circunstâncias, como se fosse uma condição determinada
XVIII, fez com que se realizasse, aos poucos, a noção propri- unicamente pela maior força do dominador?
amente jurídica de responsabilidade – que se desenvolve até Se a reflexão nos fizer passear os olhos para a história da
se tornar responsabilidade civil, no início do século XIX – e condição feminina, facilmente observar-se-á que a causa da
também porque é aí, na modernidade, que a condição jurídica dependência reside exatamente na segunda opção: o que
dos filhos dentro da família passa a ser apresentada segundo historicamente determinou, às mulheres, a ausência de direi-
critérios que se pretendem racionais ou científicos, para além tos e a submissão ao patriarcado foi uma circunstância de
dos antigos critérios do costume. imposição pela força, reiterada pelos costumes e pelas insti-
É certo que esta concepção jus-naturalista, assim como tuições, ao mesmo tempo que endossada pelo próprio direito.
traçada, guarda uma grande distância com respeito à concep- Desde a Antiguidade, o homem é caput de sua mulher e
ção contemporânea ou pós-moderna. Contudo, penso que das mulheres de sua família. Não porque tenha sido um dese-
dedicar uma certa atenção à maneira como os autores mo- jo das mulheres. Mas elas sempre viveram em um mundo
dernos trabalharam o assunto, pode dizer muito à contempo- dominado por instituições patriarcais, cuja estrutura não per-
raneidade, quando somos convidados a considerar a família mitia a própria modificação.
como uma entidade real, concreta, cuja significação e cujas O mesmo pode ser descrito para a situação dos filhos.
necessidades talvez não estejam mais definidas unicamente
Desde sempre, e com mais forte razão, os pais – mas
pela lei ou pelo arbítrio do juiz.
principalmente o pai – são caput dos infantes.
4. O desafio da modernidade para demonstrar, racional-
Em parte, por causa de uma concreta dependência dos fi-
mente, os fundamentos da autoridade e da dependência entre
lhos, que não têm nem forças, nem meios, nem principalmen-
os seus componentes.
te experiência para emancipar-se na vida. Mas, em parte
Ao tratar da família, os autores modernos tinham, então, o porque a família foi sempre constituída como um domínio
desafio de demonstrar racionalmente quais os fundamentos particular de quem o instaurou. O círculo familiar, no qual o
da autoridade e da dependência entre os seus componentes. chefe de família é senhor dos membros da família, funciona
É claro que o tema desta autoridade em família era (como como uma monarquia particular, como bem lembraria Cesare
sempre é) um princípio corrente; mas, por mais consensual Beccaria, no capítulo 26 de seu tratado Dos delitos e das
que fosse a ideia de autoridade marital e paterna, no plano da penas.
teoria jurídica havia sempre a necessidade de evidenciar os
A definição tradicional e jurídica de família, então, e por
seus fundamentos. Um dos paradoxos originados dessa tare-
todos os motivos, está muito longe da definição de uma rela-
fa, todavia, foi a revelação, por vezes, de que uma certa práti-
ção afetiva. Ela define diretamente uma espécie muito particu-
ca por quase todos aceita não tinha fundamentos tão racio-
lar de domínio e dominação.
nais, como se poderia imaginar.

Conhecimentos Específicos 195 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na família marcada pelo pátrio poder, como compreender, nação do seu destino. Sempre. Ainda que esteja sob o pátrio
assim, algum fundamento natural ou racional para a respon- poder, ou sob o poder familiar, como prefere a nova Lei Civil
sabilidade dos pais diante dos filhos? Brasileira , ou ainda que esteja sob a dependência dos pais
Se esta responsabilidade, desde o início, diz respeito a ou do Estado.
uma dependência dos filhos em relação aos pais, então ela é Pais e Estado – assim como toda a sociedade, afinal –
determinada mais pelos filhos do que pelos pais? não podem, em momento nenhum, tratar a criança como
Ou determinada mais pelo Estado do que pelos filhos? coisa só pelo fato de ser ela sem experiência ou sem ativida-
Num ou noutro caso, não é, certamente, uma responsabi- de produtiva, sem maturidade espiritual ou sem autonomia
lidade determinada pelos próprios pais, porque não cabe a material. A criança, apesar de seu estado de extrema e con-
eles decidir a sua validade ou não. Se lhes coubesse, não creta dependência, é um ser humano como qualquer outro, é
seria, então, responsabilidade. Seria assunção volitiva de um ser desejante e emotivo como qualquer outro, que sente
obrigação. dor diante da crueldade alheia e revolta por não lhe ser con-
cedida a liberdade que é capaz de administrar sozinha. E é
Há, concretamente, uma condição de dependência dos fi- por ser dotada desse desejo e dessa necessidade que a cri-
lhos em relação aos pais que é, sim, uma dependência natu- ança, enfim, é dotada de dignidade e assim deve ser respei-
ral, em dois sentidos: primeiro, porque os pais são causa dos tada. Não respeitar essas necessidades e negar a relevância
filhos; segundo, porque os filhos, para se manterem, precisam do desejo é tratar a criança como coisa, é efetivamente ser
do auxílio dos adultos; e como só existem porque seus pais violento com ela, o que afasta, em definitivo, qualquer relação
os deram à existência, são estes que devem ser encarrega- ética com a criança.
dos da sua subsistência.
Senhores.
A obrigação primeira dos pais em relação aos filhos é, cer-
tamente, a transmissão da cultura. Lévi Strauss esclarece Se é o caso de pensar a responsabilidade na relação en-
que, para que se passe da natureza (os meros impulsos, o tre pais e filhos, vale a pena pensá-la apenas pelo viés do
simples biológico, nossa parte mais animal) para a cultura (o direito ou é o caso de pensá-la a partir especialmente da
humano, o criado), para que se passe do individual para o ética? É o caso de pensá-la em ambos os planos, necessari-
social, são necessárias três interditos básicos: canibalismo, amente, inclusive porque nenhum deles é válido sem o outro,
parricídio e incesto. Dada a condição humana de indefensão, na consideração da responsabilidade.
para que os filhos sobrevivam, as suas necessidades vitais Qualquer que seja o tema proposto, a respeito da respon-
primeiras serão satisfeitas pela mãe, por um período relativa- sabilidade, ele será um tema tanto jurídico quanto ético. Nu-
mente prolongado em relação às outras espécies animais. ma perspectiva ética, como fica essa responsabilidade? Ela
Os filhos, assim, são um encargo natural trazido pela uni- não pode, de forma alguma, negar validade ao desejo da
ão dos pais: o nascimento dos filhos obriga os pais a mante- criança. O contrário demonstrará a vida em família como uma
rem os próprios filhos, como se os filhos fossem, de certa relação de violência, justamente porque é uma relação de
forma, uma culpa deles próprios, que não incumbe ao Estado neutralização e de dominação apenas, o que é muito bem
assumir. Ou seja, mesmo nos termos em que os filhos de- mostrado, entre outros autores, por Michel Foucault, em seus
pendem dos pais para sobreviver e se desenvolver, não cabe, vários estudos sobre as relações de poder, mas especialmen-
à luz do viés da Antiguidade que está em foco, tentar enxer- te a Microfísica do poder e, mais ainda, na sua última obra, a
gar, aí, nenhuma relação afetiva. História da sexualidade.
Se ela ocorrer também, tanto melhor, é um excedente. Importante também é verificar que as considerações acer-
Aos olhos do Estado, a relação entre pais e filhos é a de uma ca da responsabilidade na relação entre pais e filhos não
sociedade causada por vontades completamente particulares, devem se reduzir ao fato de se averiguar quais são as obriga-
que não têm poder nem legitimidade para transferir sua cau- ções que já existem, ou que decorrem desta relação por sua
salidade ao Estado, se este não o desejar. Porque causam os própria condição e estrutura natural, nem de se averiguar
filhos, os pais causam, conjuntamente, todos os gastos envol- quais são os meios de compensação de danos na má gestão
vidos na sua manutenção e desenvolvimento. dessa autoridade paterna, por vez patriarcal.
Se assim é, raciocine-se: por qual motivo o Estado ou ou- É claro que envolve estes aspectos também, mas de for-
tra entidade que não os próprios pais, poderia ou deveria ser ma alguma deve se restringir a eles, pois, se ficarem, as con-
considerado co-responsável nessa criação? Se – e somente siderações, restritas a essa perspectiva técnica, talvez não se
se – considerarmos que por nenhum motivo, então, de fato, a ampliem satisfatoriamente os horizontes. Talvez seja neces-
relação paterno-filial pode ser avaliada como uma relação de sário – e até imprescindível – ir a um ponto outro, de estranha
um senhor com seus próprios bens. Apenas isso. inversão, e verificar que é preciso conhecer o que há, nos
filhos, que determina a autoridade dos pais.
Assim entendida, contudo, a relação paterno-filial não en-
volve, é claro, o poder paterno de decidir pela vida ou morte Questão muito curiosa, essa, porque parece inverter a
dos filhos (isto era coisa dos déspotas antigos), mas envolve, própria ideia de autoridade. Afinal, se alguém tem autoridade
sim, uma precedência na determinação externa da vida dos sobre um outro, que coisa mais extravagante haveria do que
filhos. a ideia de que a autoridade é medida por quem está a ela
subordinado?
Quem deve decidir o destino e as preferências dos filhos,
seria o caso de se perguntar – o Estado ou os pais? Ou, ao De fato, a questão é extravagante.
menos, quem tem precedência nessa decisão – o Estado ou Mas será que pode ser garantido algum resultado positivo
os pais? Não importa qual seja a resposta que se dê, se a à questão oposta, que é mesmo a questão clássica, de saber
opção for por um dos dois – o Estado ou os pais – se estará, qual é o poder que a autoridade tem por sua própria vontade
com isso, aceitando a ideia de que os filhos são coisa... ou potência? Ao que parece, ela sempre foi útil para conceber
Na verdade, saindo enfim desse plano que concebe a au- a relação dos pais com os filhos como um pátrio poder,como
toridade paterna como pátrio poder, encontra-se o verdadeiro uma relação de dominação dos filhos pelos pais. E sendo
desafio de definir quem deve ter precedência para decidir apenas isso, os benefícios ou as garantias desta relação,
sobre os destinos da criança ou do jovem atrelado, ainda, à para os filhos, são mais produto da sorte do que das necessi-
vida em família. dades dos filhos.
Sem dúvida, a essência da pós-modernidade responde e Ou não?
estampa a concepção contemporânea mundializada, ao me- Deixo essa questão em aberto, porque o mais importante,
nos em sociedades assemelhadas à nossa: é a própria crian- segundo me parece, é o enfrentamento da outra questão: o
ça ou jovem, sempre, que deve ter precedência na determi- que há, nos filhos, que determina a autoridade dos pais?

Conhecimentos Específicos 196 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
5. Os critérios para a definição da autoridade e, conse- ocorre é que esse poder só existe porque os súditos, isto é,
quentemente, da responsabilidade paterno filial, sob o enfo- os filhos, o aceitam.
que do jus-naturalismo moderno: o fundamento, a titularidade A ideia – ainda que bastante curiosa – é reveladora de um
e a extensão. certo poder por parte dos filhos, coisa que talvez não se visse
Esta questão é, de certa forma, esboçada pelo jus- em Grotius, e que certamente não se via antes do jus-
naturalismo, como mostra Alfred Dufour, no estudo antes naturalismo. É uma ousadia gigantesca, em termos teóricos,
mencionado, sendo certo que a partir de então ocorreram conceber que há algo na vontade dos filhos que determina o
algumas inovações de peso na concepção jurídica da relação poder dos próprios pais, ainda mais porque se trata de algo
entre pais e filhos. que não está sob o poder dos pais: a razão dos filhos, a von-
Pela primeira vez, provavelmente, apareceu no pensa- tade dos filhos.
mento jurídico moderno a ideia de que os filhos não são pro- Os pais, de fato, podem obrigar as ações dos filhos, mas
priedade dos pais, ainda que estejam necessariamente sob não podem obrigar sua vontade, seu desejo. Da mesma for-
sua custódia e autoridade. Não há, entre esses autores do ma como é inútil legislar a consciência na vida civil, na vida
pensamento jurídico moderno, um perfeito consenso em to- familiar essa tentativa também é completamente inútil. Isso
dos os aspectos, mas há pontos em comum que permitem, significa, do ponto de vista de Hobbes que, se a sociedade
imagino, uma visão sistemática do conjunto. familiar está estabelecida (e ela certamente vem de fatores
O que Dufour mostra em seu estudo é que há três critérios naturais), é igualmente verdade que a sua continuidade e
distintos para a definição da autoridade paterna, todos inova- perpetuidade depende diretamente do arbítrio de quem está
dores no sentido de superarem a antiga concepção de que a abaixo do poder.
autoridade paterna é algo inquestionável, ou decididamente Ora, este é um modo de análise absolutamente novo na
arbitrário. Esses três critérios, por terem uma significação história do pensamento jurídico.
moderna, podem soar estranhos à compreensão contempo- Na mesma linha, um outro autor do século XVII, Samuel
rânea; mas contêm elementos únicos para que a mesma Pufendorf, em seu tratado Do direito de natureza e das gentes
autoridade paterna, e a responsabilidade nessa relação, seja (1672), dirá que a autoridade paterna é a autoridade mais
repensada hoje em dia. Os critérios para a definição dessa antiga e a mais sagrada que se acha entre os homens. Ou
autoridade, e consequentemente das condições da sua res- seja, o que marca a validade dessa autoridade é um valor
ponsabilidade, são: o fundamento; a titularidade; a extensão. moral que Pufendorf atribui à autoridade paterna, porque,
A respeito do critério relativo ao fundamento da autoridade para ele, o sagrado não é aquilo que decorre do divino, mas é
paterna, há três formas de expressá-la, segundo o jus- aquilo que é tido como moralmente válido.
naturalismo moderno: uma fundamentação hierárquica, uma É um passo que vai além da simples geração dos filhos
fundamentação convencionalista e uma fundamentação fun- como sendo base para a autoridade paterna (como era em
cional. Grotius), porque, segundo Pufendorf, o que determina a auto-
A fundamentação hierárquica lembra, em parte, as con- ridade dos pais sobre os filhos não é a simples geração, mas
cepções antigas e consiste na concepção de que a autoridade a semelhança: há validade na autoridade desde que os filhos
dos pais sobre os filhos no quadro da sociedade familiar tem sejam semelhantes a nós e estejam, como nós, igualmente
como fundamento a natureza. Essa é a posição, por exemplo, dotados daqueles direitos naturais comuns a todos os ho-
de Hugo Grotius (autor do tratado Do direito de guerra e de mens.
paz, de 1625), que considera que os pais, por gerarem os Vale dizer, a autoridade paterna tem um fundamento natu-
filhos, têm direito sobre suas pessoas como quem tem direitos ral que envolve, agora, a moral. Num certo sentido, a autori-
sobre qualquer coisa de que seja o criador. É, na verdade, a dade depende, também, dos filhos, porque ela só é válida na
primeira das concepções da autoridade paterna desenvolvida medida em que os pais cumprem obrigações perante os fi-
dentro do jus-naturalismo e será, em consequência, muito lhos. Essas obrigações, se não são impostas pela vontade
combatida mesmo dentro de seus domínios, especialmente dos filhos (como talvez fosse o caso em Hobbes), ao menos
porque carrega ainda algo das concepções pré-jus- são moralmente necessárias, e nenhuma autoridade pode ser
naturalistas. concebida se não houver, reciprocamente, o cumprimento das
Mas ela é inovadora na medida em que coloca como base obrigações por parte dos próprios pais.
para a concepção da autoridade a necessidade de um critério Assim, segundo Pufendorf, a condição paterna envolve
que seja racional. Para Grotius, esse critério racional é a moralmente um encargo, do qual os pais não têm como esca-
natureza, mas a natureza que ele vê é semelhante à que a par moralmente (ainda que possam dele escapar material-
teologia via quando analisava a relação entre o homem e mente).
Deus: já que Deus é o criador dos homens, os homens são O que se extrai de Hobbes e de Pufendorf, se tomados em
como objetos que pertencem a Deus; identicamente, já que conjunto, é a revelação de que a paternidade, mesmo que
os filhos são criação original dos pais, são como que objetos envolva um poder sobre os filhos, envolve necessariamente
que lhes pertencem, ou cuja liberdade depende diretamente um dever quanto aos filhos. Não importa se em função da
dos pais. vontade dos filhos (concepção de Hobbes) ou se em função
A linha jus-naturalista de pensamento manterá, nos dois da moralidade da própria relação (como em Pufendorf).
séculos seguintes, a ideia de natureza como base para se Em qualquer caso, não está mais nas mãos dos pais,
pensar a liberdade e os direitos; mas trabalhará uma outra apenas, todo o arbítrio sobre o valor dessa autoridade e a sua
ideia de natureza, ou verá, a partir da mesma natureza, outras correspondente responsabilidade. Essa ideia é extremamente
necessidades e outros direitos, seja para os pais, seja para os reveladora, porque mostra a fragilidade a que se pode expor a
filhos. ideia de domínio dos filhos pelos pais. Esse domínio, sempre
A fundamentação convencionalista consiste numa ideia que os filhos não o desejarem porque é violento, ou sempre
que se assemelha muito à concepção jus-naturalista do con- que for contrário à necessidade moral da relação, não pode
trato social, e está presente, por exemplo, no Leviatã (1651) ser legítimo.
de Hobbes: da mesma forma como a vida em sociedade só Por seu turno, a fundamentação funcional consiste numa
existe porque os cidadãos consentem com sua existência, a concepção do final do jus-naturalismo que tenderá a ser con-
vida em família também só existe porque os filhos assim o tinuada após o jus-naturalismo moderno: ela considera que a
consentem. Mesmo que a família seja uma associação onde sociedade familiar tem uma finalidade – o sustento e educa-
há uma certa relação de poder, não à toa muito assemelhada ção ou formação dos filhos – e que a autoridade é válida em
com a relação que um monarca tem com seus súditos, o que função de cumprir essa finalidade.

Conhecimentos Específicos 197 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Se a finalidade é natural ou voluntária, pouco importa; o sociedade conjugal. De forma que a titularidade de nada vale
que importa é que ela é irrecusável, e que nenhuma família se não for exercida como cumprimento de certas finalidades
poderia ser concebida sem que tivesse como finalidade con- as quais, segundo tais autores, são naturais tanto do ponto de
junta a formação dos seus integrantes. Na divisão de poderes vista dos filhos quanto do ponto de vista dos pais. A educa-
e funções dentro da própria família, aos pais cabe, como ção, portanto, é o índice principal tanto da autoridade quanto
adultos e ainda como geradores, proverem a formação dos da responsabilidade dos pais, que somente nessa hipótese se
filhos, e a estes cabe obediência na medida em que recebem confundem evidentemente.
a formação ou dependem dela. A respeito da extensão, como elemento identificador e
Caso não mais dependam, todavia, seja da formação, seja qualificador da autoridade paterna, caberia indagar até onde e
dos pais para receber a formação, nada mais de potestativo até quando ela se impõe sobre os filhos?
resta como elo para essa estrutura familiar. Quem formula É uma questão delicada, na medida em que envolve a
bases teóricas para uma tal concepção, por exemplo, são jus- concepção dos filhos como sendo ou não propriedade dos
naturalistas do final do século XIX, como o inglês John Locke, pais. No pensamento jus-naturalista, essa ideia tende a se
e outros do correr do século XVIII, como Christian Wolff, enfraquecer pela primeira vez, mas é ainda um referencial
Thomasius, Burlamaqui e Barbeyrac. para sustentar a ideia de dependência dos filhos em relação
Uma passagem de Locke, nesse sentido, é esclarecedora: aos pais. Não importa qual seja a fundamentação da autori-
Os filhos, confesso, não nascem [em] estado pleno de igual- dade paterna, ela sempre tem uma necessidade de justifica-
dade, embora nasçam para ele. Quando vêm ao mundo, e por ção racional.
algum tempo depois, seus pais têm sobre eles uma espécie Mesmo no caso da ideia de uma fundamentação natural
de domínio e jurisdição, mas apenas temporários. Os laços (que era a concepção de Grotius), em que os pais têm autori-
dessa sujeição assemelham-se aos cueiros em que são en- dade simplesmente por gerarem os filhos, já existe uma certa
voltos e que os sustentam durante a fraqueza da infância. restrição do poder paterno, na medida em que esse poder
Quando crescem, a idade e a razão os vão afrouxando até necessita, mesmo aí, abandonar o arbitrarismo.
caírem finalmente de todo, deixando o homem à sua própria e Existe, no pensamento moderno, sempre a ideia de uma
livre disposição. finalidade, ou de uma necessidade, a governar a ação huma-
Talvez esta seja, dentre as concepções elementares do na, e em especial a ação potestativa. Isso vale diretamente
jus-naturalismo em torno da relação paterno-filial, a mais para a autoridade paterna, na medida em que o pai não pode
próxima da contemporaneidade, mas é importante notar o que ir contra as necessidades dos filhos, ou as finalidades coleti-
ela ainda mantém de essencialmente moderno: a relação de vas dessa relação (como a educação).
obediência e de autoridade se mantém na medida em que se Ora, mesmo no caso em que se considera, como em Gro-
mantém, antes de tudo, a relação de segurança e formação. tius no início do século XVII, que só o pai é titular do poder
O que há de novo e importante nessa concepção, bus- paterno e que este lhe é devido tão somente por ser genitor,
cando compará-la, inclusive, com as demais que já eram isso ainda não é suficiente para dar, a ele, direito de vida ou
esboçadas pela século XVII é o fato de que ela diz algo radi- morte sobre os filhos. Essa restrição ao arbítrio paterno é
cal: a relação entre pais e filhos deve ser pensada em benefí- constante na figura do pai.
cio, principalmente, dos filhos. E é a primeira vez em que isso Assim, na definição do direito equivalente, ou seja, do que
é dito. E é porque a relação entre pais e filhos deve ser pen- está em poder do pai ou dos pais para arbitrar a respeito dos
sada sempre tendo em vista prioritariamente o benefício dos filhos, há uma tendência nesse pensamento moderno a de-
filhos, que aos pais cabe a educação deles, e a estes está senvolver a ideia de que podem fazer o que não prejudicar a
legitimada a desobediência em caso de irresponsabilidade ou finalidade original da relação de família. Ou seja, os pais po-
incapacidade dos pais. dem fazer o que quiserem com os filhos e com seus os bens,
Além da concepção da autoridade paterna a respeito da desde que não signifique isso uma diminuição de segurança
sua fundamentação, há ainda as concepções a respeito da dos próprios filhos. Ao contrário, o que cabe aos pais em
titularidade e a respeito da extensão: termos de segurança dos filhos é justamente a sua formação
A respeito da titularidade, a vertente precípua de indaga- em conjunto com a preservação de seus bens. Isso quando
ção quer verificar quem é titular do pátrio poder – o pai ou a não significar, como em Locke, que a própria formação envol-
mãe? Com esta questão, dá-se o retorno ao papel da mulher ve ensinar aos filhos a preservar os próprios bens.
na família. Como aqui a referência, ainda que temporariamen- A extensão dessa autoridade dos pais equivale, portanto,
te, está sendo o pensamento moderno, ou seja, os séculos a considerar que a autoridade continua enquanto continua o
XVII e XVIII, é claro que não se encontrará uma defesa entu- processo de formação dos filhos. A partir do momento em que
siasmada de uma igualdade de direitos para o homem e a os filhos já são dotados de experiência suficiente para se
mulher no que respeita a esse título. Pelo contrário, para a manterem sozinhos em suas próprias vidas, cessa concreta-
maioria dos pensadores modernos, o pai tem uma autoridade mente a missão original e natural dos pais com respeito à sua
maior que a mãe, inclusive porque a mulher está sob sua formação e, também, com respeito à tutela dos seus bens.
autoridade, na mesma família. Mas o resultado desse encerramento, em vez de significar
Ainda assim, haveria uma defesa de igual titularidade en- uma libertação de um poder opressivo, pode significar, como
tre homem e mulher na direção da família, entre os moder- coroação de toda a história familiar, a fundação de uma iden-
nos? Sim, houve e ela está, por exemplo, em autores como tidade entre pais formadores e filhos já formados, equalizados
John Locke e Thomasius, quer dizer, aqueles mesmos auto- agora não só em seus direitos naturais, mas no que lhes cabe
res que, diante da indagação sobre o fundamento da autori- como direitos civis: ao final do processo de autoridade pater-
dade, fixaram-no na obrigação que têm os pais para com a na, de formação familiar, de dependência dos filhos em rela-
educação dos filhos. De modo semelhante, eles reconhecerão ção aos pais, o que temos é uma outra associação, cujos
um igual direito entre o pai e a mãe, quanto à detenção da laços mais fortes que os laços determinados pela vida civil a
autoridade sobre os filhos, em função justamente desse igual todos os cidadãos são justamente os laços do afeto, quando
poder, ou igual obrigação, para educar. tais laços tenham tido a devida oportunidade de se formarem,
É possível assim concluir, de uma forma curiosa, acerca ao longo de todo esse percurso.
da finalidade da autoridade dos pais: esta autoridade serve, A história das concepções de autoridade paterna não co-
segundo este pensamento, para indicar a obrigação, dos pais meçara no pensamento moderno e não terminará com ele. E
ou de um dos pais, de prover a educação dos filhos. É para a história propriamente dita da responsabilidade envolvida
isso que se forma a sociedade familiar e, talvez mesmo, a

Conhecimentos Específicos 198 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nessa autoridade, se aparece com clareza nos modernos, a uma necessidade da natureza inteira, que é a de preserva-
tenderá a continuar. ção de todos os seus elementos constituintes.
De modo que seria possível estender essa história da O direito quase divino dado aos pais, segundo Grotius,
concepção do poder paterno, cada vez mais distinto da con- sobre seus filhos (porque estes vieram daqueles) não signifi-
cepção clássica e mais ainda da concepção antiga de pátrio ca, jamais, o direito de retirar-lhes a vida. Pense-se nisto a
poder, para os tempos atuais. Mas não é o objetivo desta partir do ponto de vista do filho, por outro lado. É claro que
palestra. não há nada na sua estrutura natural que peça a sua morte, a
A intenção desta referência aos modernos é encontrar, na sua própria destruição, o seu aprisionamento ou seu suplício.
história do pensamento jurídico, uma fonte racional para se Mas tudo na sua natureza pede proteção e orientação.
pensar a responsabilidade paterna fora daqueles moldes que Exatamente como na vida civil. Não há nada no súdito ou
vinham, desde os gregos, fixando a ideia de que os pais têm no cidadão que peça a extinção da sua liberdade. Ao contrá-
um poder equivalente à sua vontade ou seu arbítrio, sem rio, a sua natureza em sociedade pede liberdades, direitos,
medidas estabelecidas seja pela natureza, seja pela moral, segurança da parte do poder soberano.
seja pela razão, seja pelo desejo. Parece-me correto, então, dizer que a relação de obediên-
E a modernidade nos apresenta esta medida, certamente cia e orientação só é válida na medida em que ofereça segu-
pela primeira vez. rança aos atores aí envolvidos, e prioritariamente aos que
A autoridade paterna existe somente enquanto correspon- mais dependem dessa segurança, na família, isto é, os filhos.
de a uma obrigação, obrigação fundamentalmente de prover o Talvez toda a autoridade dos pais possa, por isso mesmo,
sustento e a formação; mas essa obrigação é definida cada ser reduzida a esse único princípio – sua potência, ou sua
vez mais pelas necessidades dos filhos e cada vez menos responsabilidade, para garantir segurança aos filhos.
pelos arbítrios dos pais ou do pai. Essa redução, completamente legítima e reveladora do
A grande prova de que os filhos deixam de ser coisas nas essencial, dá à ideia de poder paterno um significado que
mãos despóticas dos próprios pais é a existência crescente retira qualquer pontificação negativa. Com ela, o poder pater-
de sua liberdade para interferir na determinação dos rumos de no não desaparece, mas se torna uma atividade voltada para
toda a família. o benefício do receptor, portanto para um benefício que é
Quando o mundo moderno se conclui na passagem do público e não privado. É essa publicidade do poder paterno,
século XVIII para o XIX, os filhos já tinham, dentro do pensa- dentro da sociedade familiar, que permite chamar a esse
mento político e pedagógico, uma importância nunca antes poder, na verdade a essa generosidade, uma autoridade em
vista. certa medida.
Ainda que a prática pedagógica e a prática social, assim Quando a autoridade se apresenta não como entidade
como a própria dogmática civilista, se demorem a absorver castradora ou opressora, mas formadora e protetora, a crian-
essas concepções, elas são uma conquista estabelecida no ça se vê continuada nos próprios pais. Ao contrário, quando
interior da modernidade. Como diz Alfred Dufour: "Ao substitu- ela se vê explorada ou de alguma forma neutralizada, o que
ir um universo de hierarquias naturais por um universo de ela vê não são os seus protetores, mas os seus inimigos mais
autoridades consentidas em favor de aplicação, no domínio diretos.
das ciências sócio-morais, do método das ciências físicas e O índice a determinar se a relação entre pais e filhos é
matemáticas, os teóricos do Direito natural moderno não se uma relação entre formadores mútuos ou entre inimigos mú-
contentaram em lançar as bases de uma nova ordem moral e tuos é, especialmente, a necessidade dos filhos.
política emancipada da tutela da teológica." Essa ideia não estaria, em contrapartida, dando aos filhos
O que os filósofos jus-naturalistas causaram, com sua re- um poder que eles não têm ou não deveriam ter? A saber: o
volução metodológica no tratamento do assunto, foi a neces- poder de, pelo próprio desejo, quando não pela própria birra,
sidade de dar ao pensamento em torno da autoridade e da recusar a orientação e proteção dos pais?
responsabilidade paterna bases exclusivamente racionais, A ideia de natureza, de certa maneira, se preserva aí,
bases necessariamente científicas. É com esse pensamento sem, todavia, deixar uma reserva para a violência agora pelo
moderno, enfim, que o cálculo e a definição dos papéis em lado da parte mais fraca, ou inferior na antiga hierarquia.
família exige ser pensado fora de modelos, mas unicamente Como diria Espinosa, a essência do homem é o desejo, e
dentro da observação das relações humanas como elas con- não há como pretender eliminar o desejo em quem quer que
cretamente se dão. seja, muito menos na criança, que comumente vive em esta-
Tendo isso em vista, podemos passar para um outro regis- do de hilaridade.
tro, que é o de considerar a validade dessa fundamentação O perigo para qualquer ser humano em qualquer relação,
racional da autoridade e da responsabilidade paterna. A ques- e isso vale para pais e filhos na relação de família, não é o
tão é válida desde que se mantenha válido o princípio de que desejo que se manifesta por qualquer das partes, mas a vio-
aos pais não cabe qualquer arbítrio contrário à necessidade lência que pode decorrer das próprias ações. A violência é,
dos filhos. Essa é uma lição dos modernos, que cabe direta- por definição, a própria ação contrária à natureza de algo ou
mente a nós, hoje. Retomemos algo que foi perguntado mais de alguém. Se o desejo é natural, um ato violento não decorre
atrás: o que há, nos filhos, que determina a autoridade dos necessariamente do desejo humano, mas de uma compreen-
pais? são equivocada do que se deseja ou do que se necessita
Essa questão é mais ousada do que parece à primeira vis- verdadeiramente.
ta, porque pressupõe o questionamento de algo que o costu- Isso vale para qualquer relação humana, isso vale tam-
me usa considerar inquestionável, a autoridade paterna. bém para as relações de família: assim como não cabe aos
Ora, se os pais detêm alguma autoridade sobre os filhos, pais serem violentos com os filhos, não cabe aos filhos serem
o que determina a legitimidade das suas decisões? violentos com os pais. O que não representar violência, toda-
À luz dos modernos, poderíamos dizer que é o benefício via, não representa perigo à natureza de cada uma das par-
dos filhos, sempre. A julgar pelo que nos esclarece a filosofia tes, e portanto merece toda concessão, ou, para usarmos a
jurídica moderna, jamais, não importa qual seja a fundamen- palavra que deve sempre estar presente, merece toda liber-
tação da autoridade, os pais estão livres de atender às ne- dade.
cessidades dos filhos. A responsabilidade dos pais consiste principalmente em
Os pais que têm aquele poder quase absoluto sobre os fi- dar oportunidade ao desenvolvimento dos filhos, consiste
lhos porque são genitores e estão, na verdade, subordinados principalmente em ajudá-los na construção da própria liberda-

Conhecimentos Específicos 199 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de. Trata-se de uma inversão total, portanto, da ideia antiga e A COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA - GUARDA,
maximamente patriarcal de pátrio poder. Aqui, a compreensão TUTELA, ADOÇÃO.
baseada no conhecimento racional da natureza dos integran-
tes de uma família quer dizer que não há mais fundamento na • Guarda
prática da coisificação familiar.
O encaminhamento do menor para guarda de terceiro,
As relações de família, já que se dão no interior de uma encontra seu amparo no Estatuto da Criança e do Adoles-
sociedade, tendem a atravessar constantemente essa tensão cente, e tem como base primordial a proteção e o bem estar
que ora distancia, ora aproxima, as relações de poder e as do mesmo em sua formação psíquica, moral e social.
relações de afeto.
Consideremos que a relação em família não precise ser A guarda de terceiros, prevista no Estatuto, é conse-
uma relação de poder, ainda que haja quem considere isso quência de situação irregular do menor gerada por abando-
impossível. Mas se ela não é uma relação de poder, ou de no ou orfandade. A confiança da guarda do menor à tercei-
dominação, o que ela é ou pode ser? Somente uma relação ros, por razões graves e insuperáveis, já se manifestava no
afetiva. Isso, para o que entendemos por família, faz sentido, Código de Napoleão, editado em 1804, o qual, em seu artigo
mas a concorrência entre afeto e interesses familiares não é 302: “Os filhos serão confiados ao cônjuge que obteve o di-
tão evidente quanto deveria, o que exige, do civilista que se vórcio, a não ser que o tribunal, a pedido da família e do mi-
dedica hoje ao tema das relações de família, uma atenção nistério público, e em vista das informações, ordene, para
especial à condição dessas pequenas sociedades como liga- maior vantagem dos filhos, que todos, ou alguns deles, se-
ções mantidas nuclearmente pelo afeto. jam confiados aos cuidados quer do outro cônjuge, quer de
Conceber as famílias como associações determinadas pe- uma terceira pessoa”, demonstrou que se inspirava no inte-
lo afeto significa necessariamente recusar que sejam deter- resse do menor, mesmo que com isso gerasse detrimento
minadas por uma relação de dominação ou poder. aos pais.
Paralelamente, significa dar a devida atenção às necessi- No Brasil, o Decreto nº17.493/27, primeiro Código de
dades manifestas pelos filhos em termos, justamente, de Menores da América Latina, continha em seu art.27: “encar-
afeto e proteção. Poder-se-ia dizer, assim, que uma vida regado da guarda de menor pessoa que, não sendo pai,
familiar na qual os laços afetivos são atados por sentimentos mãe, tutor, tem por qualquer título a responsabilidade de
positivos, de alegria e amor recíprocos em vez de tristeza ou vigilância, direção ou educação dele ou voluntariamente o
ódio recíprocos, é uma vida coletiva em que se estabelece traz em seu poder ou companhia”. A Lei nº6.697/79, no pa-
não só a autoridade parental e a orientação filial, como espe- rágrafo único do 2º artigo, contém a expressão “responsável”
cialmente a liberdade paterno-filial. pela guarda em substituição a “encarregado” pela guarda. A
Uma vida familiar que, ao contrário, é marcada pelas rela- citada Lei já admitia forma de colocação em família substitu-
ções de ódio é claramente uma vida na qual se perdeu qual- ta e estabelecia normas de regência em seus artigos. [16]
quer equilíbrio afetivo, porque já não se percebem, aí, identi- A Carta Magna brasileira de 1988, em seu artigo 227,
dades, semelhanças, generosidades. Pior: concebe-se que assegura à criança como dever da família, da sociedade e
alguma paz só pode ser conquistada se se impuser, de qual- do Estado. O direito ao convívio com a família e comunida-
quer das partes, uma tirania da opressão sobre a parte inimi- de, veio disciplinado pela Lei nº 8069/90, Estatuto da Crian-
ga. Aí já não se trata mais de responsabilidade numa relação ça e do Adolescente, que através de seu artigo 33, que mais
paterno-filial, mas de uma responsabilidade mais apropriada adiante será descrito, regulariza a posse de fato do menor.
àquilo que Grotius chamava de direito de guerra.
Que contribuição pode dar, assim, a filosofia, e especial- A situação irregular que pode gerar a guarda de terceiro,
mente a filosofia moderna, para a consideração racional ou precisa ser passível de enquadramento nas hipóteses do
ética da responsabilidade nas relações de família? Diria que artigo 98, do Estatuto, as quais geram a colocação em famí-
uma contribuição precisa e espantosamente necessária hoje lia substituta, se a mesma se demonstrar necessária à pro-
em dia: a reflexão sobre o sentido, nas relações de família, teção do menor.
dos laços afetivos como laços inquebrantáveis apesar do “Art. 98 - As medidas de proteção à criança e ao adoles-
próprio desaparecimento dos modelos tradicionais de família. cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
O que torna esses laços inquebrantáveis é mais que o fra- nesta Lei forem ameaçados ou violados:
casso ou a natureza nefasta dos laços de poder e dominação,
quando estes infestam a concepção que uma família pode ter I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
de si própria. Os laços afetivos são inquebrantáveis porque, II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsá-
como mostrava já Pufendorf, sempre estiveram na origem das veis;
relações de família, porque ela é o lugar natural dessa prática
da identidade entre os seus integrantes. III – em razão de sua conduta.”
Seria, posteriormente, a excessiva carga institucional dada O artigo 101 “caput”e inciso VII, do Estatuto, confirmam a
às relações familiares que voltaria a dificultar a compreensão necessidade da comprovação das hipóteses contidas no
da família como campo de liberdade coletiva; mas, como o artigo 98. Antonio Chaves [17], em sua obra, expressa que:
desejo de identidade e união é mais forte do que o desejo de “a guarda de que trata o Estatuto só se aplica ao menor em
dominação e disputa, nenhuma autoridade ou responsabilida- situação irregular, isto é, separado da família por morte ou
de fora desse interesse exclusivo na proteção e na formação abandono dos pais”. Outros autores porém entendem que:
dos filhos pode ser verdadeiramente válido. “guarda pode ser deferida com relação a qualquer menor de
É isso, principalmente, o que os modernos nos mostram a 18 anos de idade, independente de sua condição”.
respeito da responsabilidade nas relações de família: elas só
são legítimas enquanto se concentram no interesse pela for- A Lei 8.069/90 que incorpora a doutrina sócio-jurídica da
mação e pela liberdade dos filhos. proteção integral proposta pela ONU, contrariamente aos
anteriores Códigos de Menores, acabou com a ideia de situ-
Dayvid C. Pereira
ação irregular. Conforme se depreende do artigo 28 da cita-
da Lei “A colocação em família substituta far-se-á mediante
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação
jurídica da criança ou do adolescente, nos termos desta Lei”,
a guarda é a forma mais simples de colocação do menor em

Conhecimentos Específicos 200 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
família substituta, nada importando sua situação jurídica. família substituta, em qualquer de suas formas, prevendo
[18] uma hipótese mais simples - a guarda -, na qual ocorre mero
desfalque das prerrogativas inerentes ao pátrio poder, como
Os artigos 165 à 170 do Estatuto são os que estipulam forma de evitar a Institucionalização da criança/adolescente”.
os procedimentos que devem ser seguidos em caso de ne-
cessidade de colocação de menor em família substituta. O • Adoção
artigo 33 e seu 1º e 2º parágrafo, classificam a guarda em:
O termo adoção é originado do latim "adoptio", e quer di-
“Art. 33 - A guarda obriga à prestação de assistência ma- zer, literalmente, "ato ou efeito de adotar". Adotar quer dizer
terial, moral e educacional à criança ou adolescente, confe- tomar, assumir, receber como filho.
rindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive
aos pais. Várias são as definições encontradas na literatura jurídi-
ca, acerca do instituto da adoção. CÍCERO afirmou que
Parágrafo 1º - A guarda destina-se a regularizar a posse "adotar é pedir à religião e à lei aquilo que da natureza não
de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, se pode obter".
nos procedimentos de tutela e adoção por estrangeiros”.
CARVALHO SANTOS definiu-a como "ato jurídico que
“Parágrafo 2º - Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, estabelece entre duas pessoas relações civis de paternidade
fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações e filiação."2 PONTES DE MIRANDA disse ser ela um "ato
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado rela-
podendo ser deferido o direito de representação para a prá- ção fictícia de paternidade e filiação."3
tica de atos determinados.”
Constitui ela ato bilateral, solene, de ordem pública, me-
A guarda enquadrada no parágrafo primeiro é classifica- diante o qual alguém, nos termos da lei, estabelece com ou-
da como GUARDA PERMANENTE a qual é uma guarda pe- trem, estranho ou parente, exceto filho ou irmão, relação
rene e fortemente estimulada pelo artigo 34 do Estatuto: “O fictícia de paternidade e filiação.
Poder Público estimulará, através de assistência jurídica,
incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de A adoção é um ato civil pelo qual alguém adquire um es-
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado”. O tranho na qualidade de filho. Caio Mário da Silva Pereira [22]
parágrafo segundo não deixa de citar uma novidade trazida apresenta a adoção como: “ato jurídico pelo qual uma pes-
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, a soa recebe outra como filho, independentemente de existir
GUARDA PECULIAR a qual visa suprir uma eventual falta entre elas qualquer relação de parentesco consanguíneo ou
dos pais. afinidade.”

O parágrafo 3º, do artigo 33 – “A guarda confere à crian- Podemos dizer que “a adoção visa dar filhos a quem os
ça ou adolescente a condição de dependente, para todos os quer e melhorar, material e imaterialmente, a vida de quem
fins e efeitos do direito, inclusive previdenciários” A inclusão for adotado”.
do menor, como dependente previdenciário do guardião, O regime de adoção sofreu evoluções, vigorando hoje o
questionamentos e discordâncias gerou as quais acabaram que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos
por fazer vigorar o Decreto 2.171, de 05.03.1997, o qual reti- 39 ao 52, quando abrange crianças, até 12 (doze) anos de
rou o menor sob guarda judicial da proteção previdenciária idade incompletos, e adolescentes dos 12 (doze) aos 18
estatal. (dezoito) anos, ou seja, enquadra nos artigos citados adoção
Alguns doutrinadores, como Luiz Edson Fachim conside- que envolve os menores de 18 (dezoito) anos, com exceção
ram inconstitucional a exclusão, face os artigos 226 da Carta ao contido no artigo 40: “O adotando deve contar com, no
Magna de 1988, segundo o qual a família tem especial pro- máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver
teção do Estado, e o 227 no qual está insculpido o dever da sob a guarda ou tutela dos adotantes.”
Família, da Sociedade e do Estado em assegurar à criança e A adoção dos nascituros e dos maiores de 18 (dezoito)
ao adolescente o direito à saúde. Em contrapartida, J. M. anos de idade não são passíveis de enquadramento na Lei
Leoni Lopes de Oliveira [19], manifesta-se contrário à guarda 8.069/90, devendo ser enquadradas nas normas do Código
previdenciária, pois entende ter a guarda finalidade maior, Civil.
quando demonstrado que a única finalidade é permitir ao
menor usufruir os benefícios previdenciários do guardião. O instituto da adoção se viu ampliado com o Estatuto da
Criança e do Adolescente, o qual permite:
A guarda não afeta o pátrio poder pelo que não afasta o
dever material dos pais de assistência alimentar, se o menor “Art. 42 - Podem adotar os maiores de vinte e um anos,
dela necessitar, embora o guardião assuma a obrigação de independentemente de seu estado civil.
prestar assistência material, moral, educacional. Parágrafo 2º - A adoção por ambos os cônjuges ou concubi-
nos poderá ser formalizada, desde que um deles tenha
José Luiz Mônaco da Silva [20], adverte: completado vinte e um anos de idade, comprovada a estabi-
“(...) leitura do artigo 33 ‘caput’ poderia sugerir a seguin- lidade da família.”
te lição – uma vez que o guardião se encontra obrigado, O Projeto de Código Civil, em seu artigo 1.636, quanto a
mercê do enunciado legal supracitado, a prestar alimentos idade de quem desejar adotar, assim se expressa: “Só a
ao menor cuja guarda detém, mostrar-se-ia vigoroso o ar- pessoa maior de 25 anos pode adotar”. Quando vigorar, sa-
gumento segundo o qual os genitores estariam livres de beremos como será aceita a elevação da idade.
cumprir idêntica obrigação. Afinal de contas, poder-se-ia ar-
gumentar, estando o menor sob a guarda de outrem, que os A diferença de idade exigida entre o adotante e o adota-
pais se eximiram, por completo, do dever de prestar alimen- do é de 16 (dezesseis) anos (art. 42, § 3º): “O adotante há
tos”. de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho que o adota-
do”. Entende-se que o limite de 16 (dezesseis) anos de dife-
Já Luiz Carlos de Barros Figueiredo [21] assim se pro- rença é suficiente para que o adotante tenha plena consci-
nuncia: ência do seu ato, já que a maioridade atingiu aos 21 (vinte e
“A Constituição e a Lei 8.069/90 priorizam a permanência um) anos. Sem modificações no Projeto de Código Civil.
do menor no seio da família natural, mas não olvidam a ne- A adoção depende da concordância dos pais biológicos,
cessidade de, em casos específicos, haver colocação em caso conhecidos, acessíveis e não destituídos do pátrio po-

Conhecimentos Específicos 201 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
der, como também o consentimento do adotando, se maior Em caso de suspensão do pátrio poder, a tutela é consi-
de 12 anos. Uma vez instituída, é irrevogável e não restabe- derada provisória e em caso de perda do mesmo, a tutela
lece o pátrio poder aos pais naturais, nem com a morte dos torna-se definitiva, perdurando até o atingimento da maiori-
adotantes. dade do pupilo, denominação dada ao menor que sob a tute-
la se encontra.
Outra ampliação que a Lei nº 8.069/90 apresenta é a
permissão de um dos cônjuges ou concubinos adotar os fi- As tutelas previstas em Lei, podem ser de 3 (três) espé-
lhos do outro, mantendo-se no registro civil do adotado os cies [26] ou de 4 (quatro) espécies como coloca Maria Hele-
dados do genitor biológico. É uma forma de extenção do pá- na Diniz [27]. As espécies citadas por ambos os doutrinado-
trio poder. É o que nos transmite o parágrafo 1º, do artigo res, divergem apenas na inclusão da “Tutela Irregular”, in-
41: “Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do ou- clusão efetuada por Maria Helena Diniz. As espécies de tute-
tro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o la são:
cônjuge ou concubina do adotante e os respectivos paren-
tes”. - Tutela Testamentária - deferida por testamento ou ato
de última vontade, artigo 407 do Código Civil, desde que a
Em relação à adoção por estrangeiro, residente ou domi- nomeação ocorra por quem, no momento de sua morte,
ciliado fora do país, inúmeras discordâncias surgiram sobre possuía o pátrio poder. De acordo com o parágrafo único do
a aplicação das normas existentes, o que gerou a criação, citado artigo, a nomeação pode ocorrer, além do testamento,
pela Deputada Rita Camara, do Projeto de Lei nº 1.391/99, por qualquer outro documento autêntico.
projeto aprovado pela Comissão de Seguridade Social e
Família, o qual, quando vigorar, deverá dispor sobre “adoção “Art. 407 - O direito de nomear tutor compete ao pai, à
internacional de crianças e adolescentes”. O projeto veda o mãe, ao avô paterno e ao avô materno. Cada uma destas
deferimento de uma adoção internacional antes de se esgo- pessoas o exercerá no caso de falta ou incapacidade das
tarem as possibilidades de manter a criança ou adolescente que lhes antecederem na ordem aqui estabelecida.
em sua própria família ou em família do nosso país. A inten- Parágrafo único - A nomeação deve constar de testa-
ção é dificultar o “tráfico internacional de crianças e adoles- mento ou de qualquer outro documento autêntico.”
centes”. Torna indispensável a intermediação de Órgão Pú-
blico ou entidade particular do país estrangeiro credenciado A Constituição Federal de 1988, através de seus artigos:
no Brasil. [23] 5º,inciso I e 226, parágrafo 5º, eliminou essa desigualdade,
entre homem e mulher, constante no artigo acima transcrito.
Ocorrendo a adoção, a mesma atribui ao adotado os
mesmos direitos e deveres de filho natural e, por isso, qual- - Tutela Legítima - é a tutela que provém da Lei, não da
quer adoção pretendida deverá fundar-se em motivos legais, vontade dos envolvidos. Ocorre na inexistência de tutor no-
em benefícios ao adotável. Os interesses do adotável deve- meado, por ato de última vontade, pelos pais ou avós. O ar-
rão ser colocados, pelo julgador, acima de qualquer outro tigo 409, do Código Civil, institui uma ordem de preferência à
interesse. indicação, ordem que não necessita ser obedecida a rigor,
pois prevalecem os interesses do menor, da pessoa que me-
• Tutela lhores condições apresentar e se oferecer ao “munus”.
Ao analisarmos a Tutela, concluímos que a mesma é um - Tutela Dativa - tutela conferida pelo juiz à pessoa es-
poder conferido à uma pessoa capaz. É de caráter assisten- tranha, pela falta de tutor testamentário ou enquadrável na
cial, que substitui o pátrio poder. É enquadrada na Lei tutela legítima. O artigo 410, do Código Civil, contém os fa-
8.069/90, em seus artigos 36 à 38, mas é disciplinada pelo tos que podem provocar a nomeação:
Código Civil, no qual o Título VI inicia o Capítulo I com a
mesma, em seus artigos 406 ao 445. “Art. 410 - O juiz nomeará tutor idôneo e residente no
domicílio do menor:
A tutela tem por finalidade uma proteção e assistência à
um menor e administração aos seus bens. Na época em que I – na falta de tutor testamentário, ou legítimo;
o Direito Romano predominava, no mesmo a tutela tinha um II – quando estes forem excluídos ou escusados da tute-
caráter protetivo mais direcionado aos bens do menor do la;
que à sua pessoa. Atualmente predomina a preocupação à
pessoa. III – quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e
o testamentário”
É uma instituição que pode atingir os menores de 21
(vinte e um) anos de idade, não subordinados à autoridade - Tutela Irregular - é a quarta tutela mencionada na dou-
dos pais, pelo fato dos mesmos terem falecido, serem julga- trina, na qual não se nomeia propriamente um tutor. O que
dos ausentes ou perderem o pátrio poder e um terceiro é exercer o papel de tutor, deverá zelar pelo menor e por seus
investido dos poderes de interesse do menor. bens como se investido do encargo estivesse legitimamente,
mas não gera efeitos jurídicos. É a que ocorre quando o me-
Maria Helena Diniz [24] conceitua a tutela como: “um nor em situação irregular se encontra, situação esta prevista
complexo de Direitos e Obrigações, conferidos pela lei, a um nos artigos 36 à 38 da Lei 8.069/90.
terceiro, para que proteja a pessoa de um menor, que não
se ache sob o pátrio poder, e administre seus bens”. Con- A tutela é um encargo pessoal, que não poderá ser exer-
clui-se, pelo conceito, que o escopo da tutela é substituir o cido pelas pessoas constantes no artigo 413 do Código Civil,
pátrio poder. já que não legitimados para exercer o cargo se encontram. É
uma função imposta pela Lei, irrecusável, a não ser que si-
Pontes de Miranda [25] estipula a tutela de “poder confe- tuações sejam determinadas e entendidas como motivo justi-
rido pela lei, ou segundo princípios seus, à pessoa capaz, ficado para a recusa. O artigo 414 do Código Civil enquadra
para proteger a pessoa e reger os bens dos menores que as situações que amparam a escusa. O artigo 415, do citado
estão fora do Pátrio-Poder”. código, também enquadra uma escusa que, em análise do
O artigo 406 do Código Civil aborda os casos em que fato, pode ser aceita: “Quem não for parente do menor não
pode ocorrer a tutela: “Os filhos menores são postos em tu- poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver parente
tela: I – falecendo os pais, ou sendo julgados ausentes; II – idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la.”
decaindo os pais do pátrio poder.” O exercício da tutela é limitado e controlado por Lei. Uma
ideia generalizada podemos captar pelo artigo 422, do Códi-

Conhecimentos Específicos 202 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
go Civil: “Incumbe ao tutor sob a inspeção do juiz reger a de que não traz problemas para a saúde, usa o tempo que ele
pessoa do menor, velar por ele, e administrar-lhe os bens.” A já faz uso, geralmente de dois a três anos, para justificar.
atuação do tutor, no exercício de seu encargo junto a pessoa
do menor e dos seus bens, é inspecionada por juiz, prevale- Os pais, embora percebam e sintam claramente a gravi-
cendo o referente à pessoa. dade dos problemas que o uso de drogas traz para o filho e
para família, sentem-se impotentes, incompetentes, culpados,
O artigo 1.521, inciso II do Código Civil, estipula que o tu- e, sobretudo, ficam confusos e divididos entre o certo e erra-
tor é responsável por atos ilícitos praticados pelo menor que do, não sabem mais que atitudes devam tomar.
como pupilo se encontra. A responsabilidade também envolve
a prestação de contas, pelo tutor, ao juiz, através de balanço Essa confusão é sustentada, complicada, alimentada e
a cada ano e com todas as formalidades contábeis a cada 2 ampliada por alguns fatores sociais e culturais tais como:
(dois) anos, de sua atuação como administrador dos bens do
menor sob sua tutela, conforme estipulado pelos artigos 434, 1. Uma banalização do uso de drogas por vários segui-
435 e 436 do Código Civil. mentos sociais, como bandas de música e movimentos artís-
A tutela cessa, dentre outras causas: com a maioridade ou ticos, algumas defesas calorosas e públicas e o argumento de
emancipação do menor; caindo o menor sob o pátrio poder; que “todo mundo um dia vai experimentar”, ou que esse uso
em caso de legitimação, reconhecimento e adoção. A função faz parte da fase da adolescência e que, portanto, vai passar.
do tutor pode se encerrar antes do término da tutela, pois o No entanto, trabalhos epidemiológicos, como o de Carline
encargo do tutor é de 2 (dois) anos. Caso ocorra, é efetuada (1997), mostram que a média brasileira de “experimentação”
substituição do tutor por outro ou recondução do mesmo. (uso na vida) foi de: 0,7% para cocaína, 3,4% para maconha,
17,3% para inalantes. Esses dados negam essa generaliza-
O artigo 445 do Código Civil, nos transmite possibilidades ção, exceto quanto ao álcool que foi de 77,5% dos adolescen-
de destituição da tutela: “Será destituído o tutor, quando ne- tes estudantes pesquisados;
gligente, prevaricador ou incurso em incapacidade”. Roberto
João Elias [28], em sua colocação sobre a destituição da 2. A ambiguidade social criminaliza algumas drogas e le-
tutela, mais uma vez nos deixa clara a predominância da galiza outras com argumentos falsos e moralistas. Essa sepa-
proteção da pessoa do menor: ração de drogas lícitas e ilícitas não tem qualquer relação
“Há uma preocupação do legislador, aliás bem compre- com o mal que possam causar, pois ambas são prejudiciais à
ensível, no sentido de que aquele que exerce o cargo deve saúde. A separação está mais ligada a antigas razões políti-
faze-lo de molde a não prejudicar o pupilo. Assim sendo, cas e econômicas. As lícitas são as drogas que eram usadas
ainda que agindo de boa-fé, se o tutor não for capaz de exer- pelos colonizadores como o álcool e o tabaco, e as ilícitas
cer a tutoria em proveito do menor, dela será destituído. Com aquelas usadas pelos colonizados como o ópio, a maconha e
maior razão nos casos de negligência e prevaricação. No a coca. Portanto, o uso das últimas é proibido por questões
primeiro, há uma presunção de desinteresse pelo cargo e políticas e econômicas do colonizador sobre o colonizado,
ausência de condições que são próprias ao bom pai de famí- desconsiderando totalmente a questão do ponto de vista da
lia, necessárias ao correto desempenho do cargo. No segun- saúde (Bezerra, 1998). Muitos pais entram em pânico, porque
do caso, a incapacidade seria superveniente à nomeação, descobriram que a filha usa maconha, no entanto, não de-
entendendo-se por prevaricador aquele que falta, por interes- monstram a mesma preocupação com um adulto da família
se ou má-fé, aos deveres de seu cargo”. ou mesmo com o filho que faz uso sistemático de álcool. Am-
bas situações são preocupantes;
As causas que geram a suspensão ou destituição do pá-
trio poder podem ser geradoras da destituição da tutela. A Lei 3. Argumentos racionais e simplistas que deslocam essa
8.069/90 faz referência ao citado em seu artigo 38, quando ao questão complexa das drogas somente para área da saúde
artigo 22 se remete, através do artigo 24. Em todos os aspec- física e área jurídica, sem levar em conta que o uso de drogas
tos, o interesse e o bem estar do menor deverá sempre pre- pelo filho envolve, sobretudo os aspectos afetivos e emocio-
valecer sobre qualquer outro interesse. Por: Marcia Pelissari nais entre os membros da família. Os primeiros e principais
problemas que surgem, e que devem preocupar os pais, não
ADOLESCÊNCIA, DROGADIÇÃO E FAMÍLIA. estão na esfera da saúde, mas no distanciamento afetivo
A FAMÍLIA, O ADOLESCENTE E O USO DE DROGAS entre pais e filhos, nas dificuldades de comunicação que con-
taminam outros aspectos da dinâmica familiar, e na esfera
Valdi Craveiro Bezerra[1] social, pelo fato do adolescente ser lançado num contexto
Hebeatra (Clínico de Adolescentes). marginal que permeia o uso de drogas ilícitas, sendo este
Ana Carolina Bessa Linhares[2] meio mais nocivo que o próprio uso da droga em si. (Bezerra,
Psicóloga, Psicoterapêuta de Adolescentes. 1998);
Doutor me ajude. Atenda meu filho que está usando dro-
4. Informações e posições contraditórias entre profissio-
gas!
nais sobre o uso de drogas, que vão depender da experiên-
Quando os pais[3] nos procuram pedindo ajuda para um cia, do tempo dessa experiência, e principalmente do modelo
filho[4] adolescente que está vivendo uma situação especial teórico-ontológico dos profissionais envolvidos. Encontramos
de uso de drogas, eles fazem um pedido para atendermos posições variadas tais como: “O adolescente só pára se ele
seu filho e não se sentem incluídos nessa consulta ou nesse de fato quiser ser ajudado”; “Não adianta proibi-lo de usar
pedido de ajuda. Em geral o filho não está pedindo ajuda, drogas, pois ele tem de descobrir outros prazeres para substi-
nem acha o uso de drogas um problema. Na conversa com os tuir a droga”; “Todos os adolescentes experimentarão drogas
pais, o adolescente argumenta que estes não sabem de nada, de qualquer maneira”.
que maconha, por exemplo, não faz mal, não atrapalha, faz
até bem à saúde sendo usada como remédio no tratamento Coragem, nós vamos entrar nesse barco com vocês!
do glaucoma, no tratamento da Aids, e outros argumentos
veiculados na imprensa falada e escrita. Contra argumenta A família sempre foi vista como fator de risco ou como
que o cigarro e a cerveja que o pai usa , faz mais mal à saúde causa dos problemas dos filhos. Inúmeros artigos procuram
que seu “baseado”. Tem convicção de que deixa de usar associações do tipo causa-efeito que expliquem o uso de
drogas quando quiser, pois não é dependente, e como prova drogas do filho com: o alcoolismo de um dos pais (Chassin et
all 1993; Ullman & Orenstein, 1994); a transmissão genética

Conhecimentos Específicos 203 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
familiar (Bierut et all 1998; Merikangas et, all 1998); a separa- e perigosa para nós. Não podemos esquecer que mesmo que
ção dos pais (Nurco et all, 1996); a estrutura e relação afetiva o pai desse adolescente seja um alcoólatra, é o único pai que
familiar (Metzier et all, 1994; Sokol-Katz & Ulbrich, 1992; ele tem, e se devolvermos a dignidade a esse homem, con-
Walsh, 1995). Poucos estudos na literatura têm olhado para firmando-o como pai, o pouco que ele fizer pelo filho, terá um
as contribuições da família (Rutter,1985; Walsh, 1996; Wer- efeito maior que, qualquer efeito provocado por uma “inter-
ner, 1993). venção maravilhosa” realizada por um “terapeuta fantástico”.
Sem essa crença na competência da família, na qual esta se
A experiência clínica nos conduziu a considerar a família fia e se agarra, o profissional jamais conseguirá fazer uma
não como um entrave, um problema ou um fator complicador parceria com esta família, parceria esta fundamental e vital
que deveria ficar fora do processo, mas como uma forte alia- para o sucesso dessa grande aventura, que é ajudar esse
da, como o principal instrumento no processo de resgate do adolescente a parar com o uso de drogas.
adolescente vivendo a situação especial de uso de drogas.
Embora pareça tão desprovida de recursos, é na família que O que propomos é uma inversão total para a família, que
encontramos a solução para seu problema. no seu desespero se acha incompetente, e principalmente
para o profissional que se formou e está acostumado a ser
Para uma família pedir ajuda a um profissional é necessá- visto como aquele que vai resolver os problemas, as doenças.
rio muita coragem. Em primeiro lugar, porque o uso de drogas Acreditamos que nós profissionais possamos ser mais eficien-
é mal visto, estigmatizado, considerado falta de vergonha e tes quando conseguimos essa parceria com a família e agi-
de caráter, e denigre tanto o indivíduo quanto à família. Em mos como facilitadores, potencializadores de suas capacida-
segundo lugar, a criminalização do uso de algumas drogas des e instrumentos.
faz do pedido de ajuda uma denúncia.
É tão difícil para a família acreditar que é ela que tem os
Quando corajosamente os pais ou outros adultos pedem instrumentos para fazer o filho parar com o uso de drogas,
ajuda para um filho adolescente, em geral já faz algum tempo como para o profissional descer do pedestal onde foi coloca-
desde quando algum membro da família percebeu e preocu- do pela família, que acaba funcionando como uma armadilha
pou-se com o uso, até o momento em que ela chega a nós para ambos.
pedindo ajuda. E isso é positivo, porque indica que a família já
usou vários recursos e fez várias tentativas de resolução com O primeiro passo desse processo é convencer a família de
os instrumentos que dispunham e que funcionaram para re- que vamos atendê-los e não a seu filho, por dois motivos.
solver outras dificuldades encontradas na história de vida Primeiro, porque quem pede ajuda são os pais, apesar de ser
familiar. Somente quando elas esgotam seus recursos, pe- o filho quem tem o problema e quem sofre, não é o adoles-
dem ajuda aos ditos especialistas. É assim que entendemos cente, mas a família. A demanda vem distribuída, e se a famí-
essa demanda da família, e comunicamos a ela que estamos lia ainda acredita que é o profissional que vai “resolver” o
muito orgulhosos da confiança que elas nos depositam. Mas problema, ela insistirá em pedir ajuda para o filho que por si
não aceitamos atender seu filho, principalmente no início, só não pede. Nossa conduta é reforçar e confirmar esses pais
porque não acreditamos na sua incompetência enquanto pais. ainda mais como competentes. Basta a crueldade de nossa
Aceitar e responsabilizar-nos pelo tratamento de seu filho, sociedade que põe na família toda a culpa. O segundo moti-
confirma a ideia de que eles são incompetentes e de que vo, é que vemos na prática, que um usuário de drogas por
somos nós, os especialistas, que iremos resolver o problema. mais consciência e informação que tenha sobre os malefícios
Se recebêssemos seu filho, a família sairia aliviada, “meu filho que esta causa, e eles sempre têm, mesmo que perceba seu
está sendo tratado”, porém eles não aprenderiam a resolver e sofrimento e o sofrimento da família, é muito, muito difícil
enfrentar os problemas que estão vivendo, nem assumiriam vencer sozinho a relação estabelecida com a droga. Esperar
sua participação tão indispensável nesse processo. Certa- que “ele queira ser ajudado” para fazermos algo por ele, é o
mente creditariam a nós os resultados e continuariam a sentir- mesmo que insistirmos em “dar na chave” para dar a partida
se incompetentes e culpados em relação às dificuldades do num caminhão que só pega “no tranco” isto é, sendo empur-
filho e, portanto, despreparados para lidar com eles. Devol- rado. Esta postura de cobrar do usuário que assuma a res-
vemos essa confiança acreditando que eles fizeram o melhor ponsabilidade de parar com o uso de drogas, é o que mais
que podiam até o momento e que esgotando seus recursos retarda o processo de fazer o filho parar de usar drogas.
vieram nos pedir ajuda para que, junto a nós e a outras famí-
lias, possamos formar uma rede e procurar alternativas para Construindo parceria com a família
uma questão tão complexa e difícil para eles pais, para nós
profissionais e para toda a sociedade. Quando as famílias nos procuram elas vêm com muita
mágoa do filho. A pergunta que sempre se faz é: “Como um
A família é competente garoto tão bom, tão atencioso, inteligente, amigo, tão querido
pôde cair nessa? Como pode fazer isso com sua família? Que
Acreditamos de fato, que a família tem competência para vergonha, meu Deus!”. Essa mágoa provocada pelo medo de
resolver o problema do uso de drogas do filho. Ela só não perda, pelo sentimento de culpa, de incompetência, de fra-
sabe que tem. Nenhum profissional conseguirá estabelecer casso, leva a uma frustração muito grande. Quando a dinâmi-
um vínculo tão poderoso com este adolescente, como o vín- ca familiar chega a esse ponto, o canal de comunicação com
culo entre o filho e os pais. Os vínculos dos pais com os filhos o filho está totalmente desgastado ou já quase inexistente. A
são mais poderosos em operar mudanças que qualquer vín- construção da parceria consiste primeiro em preparar os pais,
culo terapêutico ou de autoridade constituída. São vínculos trabalhando esses sentimentos que funcionam como “um freio
com história de vida, com um tempo de no mínimo a idade do de mão” no processo de mudança:
filho. É essa crença do profissional que vai confirmar a família
como capaz e competente e vai torná-la poderosa em promo- 1) A mágoa provocada pelo comportamento do filho pelo
ver mudanças verdadeiras em todo o sistema familiar. Se uso de drogas, leva os pais a tratar o filho e a droga como a
essa família não for confirmada como capaz, o que de fato é, mesma coisa. Aquele filho antes maravilhoso, cheio de futuro,
ficará mergulhada numa crença de fracasso e de incompetên- de prováveis sucessos, é reduzido a um “maconheiro”, a um
cia tão grande, que dificilmente terá condições de ajudar o “drogado”. Quando os pais referem-se ao filho, o confundem
filho, e tentará de todos os modos transferir a competência com a droga e é inevitável o atrito. Eles esquecem todo o bom
para o profissional, que se não for “esperto”, será seduzido comportamento anterior ao uso de drogas do filho, e este é
pelo brilho do poder de curar e cairá na armadilha mais antiga reduzido ao comportamento “marginal” do uso de drogas. Por

Conhecimentos Específicos 204 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
essa razão, não é fácil convencer os pais de que não podem bilidade é nossa, enquanto pais e adultos, pois somos madu-
confundir o filho, com o comportamento apresentado por este, ros, experientes e capazes o suficiente para enfrentarmos
em uso de drogas, mesmo que seja o filho que esteja agindo com determinação essa tarefa. Devemos assumir que a deci-
assim. Para o sucesso de nosso trabalho, é de suma impor- são do filho parar de usar drogas é nossa, não importando se
tância os pais realizarem essa separação. Separar o filho, ele vai ajudar ou não.
aquela criança maravilhosa que os pais têm em seus cora-
ções, do comportamento atual provocado pelo uso de drogas,
é o que vai permitir a criação de um canal de comunicação 4) O sentimento de culpa vem muitas vezes disfarçado de
com amorosidade, condição sine qua non, para a promoção cansaço e de um não querer mais lutar pelo filho. A pergunta
da parada do uso de drogas pelo filho. Para facilitar essa que os pais mais nos fazem é: “onde foi que eu errei?”. Esse
“ginástica mental”, usamos a ideia da droga como um “encos- sentimento de culpa, herança de nossa sociedade judaica-
to”, um espírito mau. Explicamos aos pais que, o que não cristã especializada em apontar o errado, o pecado, o mal
presta é a droga, não o filho, que continua aquela criança feito, esquece totalmente e completamente o positivo, o certo,
amorosa de antes. A droga se apossa do filho feito um “en- o bom. Nós vamos para o céu não por termos feito muitas
costo”, e este passa a ter o comportamento daquele “espírito coisas boas, mas por não termos pecado. Da mesma manei-
mau” que é a droga. Por mais que queira, que tenha boas ra, a família vivencia o uso de drogas do filho. Até o momento
intenções, o filho não consegue resistir ao “encosto-droga”. A estavam acertando, tinham um filho maravilhoso, e faziam
droga estabelece uma relação de dependência com o filho tão coisas boas e certas. De repente, a culpa aniquila tudo de
grande que, como um “encosto”, acabam sendo confundidos positivo que eles fizeram e já conseguiram na educação dos
um com o outro. Para afastarmos o filho das drogas, temos de filhos. Além disso, o filho que até então era maravilhoso e
traze-lo cada vez mais para perto de nós, e não tentar afastar querido é reduzido a um drogado. A comunicação é feita em
a droga, o “encosto”, batendo no filho, pois assim o “encosto” torno das cobranças, das drogas, da culpa, gerando raiva,
gruda mais ainda. Para nós, a maneira mais prática de fazer impedindo soluções. Proporcionar à família fazer um resgate
isso é abraçando o filho tão apertado que não sobre espaço de tudo de bom que já viveram, do filho maravilhoso que eles
para a droga ficar entre eles, pais e o filho. Nesse processo, o têm e com isso perceber que acertaram mais do que erraram,
objetivo é que os pais percebam que o filho continua sendo vai favorecer o restabelecimento de uma comunicação entre
seu filho, aquela pessoa maravilhosa que sempre tiveram, e pais e filhos.
que estão momentaneamente (comparando com a eternida-
de) separados pelos sentimentos de fracasso, de impotência, Criando um canal de comunicação de amorosidade
da quebra de respeito, levando a uma comunicação com
agressividade, associados com o uso de drogas do filho. Só Após convencer a família a assumir a responsabilidade de
não podem esquecer que é seu filho e que eles são seus fazer o filho parar com o uso das drogas, o próximo passo é
pais. criar um canal de comunicação pelo qual os pais possam
conversar com o filho, sem os vícios anteriores de culpa,
2) O medo de perda provoca uma resistência inicial a cobrança, raiva, depreciações e mágoas, que só servem para
qualquer mudança que possa levar à saída do filho de casa. provocar distâncias, dificultando qualquer comunicação. A
Quando pequenos, os limites são claros e precisos e os filhos característica básica deste canal é a amorosidade. Tudo que
não estão em condições de questionar em função de sua total é comunicado ao filho como a preocupação, os limites, as
dependência. Quando crescem ou adolescem, por essa de- regras, é permeado por essa amorosidade. Embora os pais
pendência não existir mais em sua totalidade, temos um sen- tenham muito amor pelos filhos, no cotidiano não expressam
timento que, se pusermos limites que eles não aceitem, eles sua amorosidade. Usando a racionalidade, sem aproximar o
podem ir embora. Diante disso, os pais passam cada vez discurso da afetividade, o pai pode dizer ao filho: “Você não
menos a por limites, chegando ao ponto de aceitar todas as vai nessa festa, porque com certeza vai fumar maconha e se
imposições do filho e perdem a função de protetor. Num pro- juntar com seus amigos drogados”. Utilizando um canal de
cesso gradual, os filhos deixam a escola, distanciam-se da amorosidade, evitando justificativas racionais e falando de
família, trocam velhos amigos por amigos do meio das dro- seus sentimentos na primeira pessoa, a mesma intervenção
gas, cometem delitos. E, impotentes diante disso, poder per- poderia ser: “Eu não quero que você vá a essa festa, porque
dê-lo de vez para as drogas, para um traficante, para uma amo muito você e vou ficar extremamente preocupado com a
bala perdida. O caminho mais fácil para perdermos um filho é possibilidade de você fumar maconha, pois certamente en-
termos medo de perdê-lo. O que os pais não podem esquecer contrará seus amigos e será muito difícil para você dizer não”.
é que o amor que os liga aos filhos aponta para os dois lados, É sair de uma comunicação racional, na qual o embate de
isto é, dos filhos para os pais também. O que pode estar exis- opiniões encontra um terreno fértil e interminável que acaba
tindo, é a não manifestação desse amor, o que é verdade em agressões, para uma comunicação emocional, na qual os
para ambos os lados. pais falam dos seus sentimentos, do sofrimento diante do
risco de perder o filho para as drogas, não fornecendo espaço
3) O sentimento de impotência, como decorrência dessa para discussões. É abandonar o foco das drogas e centrar no
perda dos limites, dificulta os pais de assumirem a responsa- filho. Sair da visão: “meu filho tem um problema (as drogas)”,
bilidade total sobre a parada do uso de drogas do filho. Na para: “meu filho tem uma grande dificuldade em relação às
grande maioria, os pais acreditam que a parada do uso de drogas”. A partir deste salto, os pais investirão no filho e não
drogas depende da boa vontade e da determinação do filho. nas drogas. Na nossa experiência com o grupo de pais de
Eles dizem, desculpabilizando-se, que não foram eles que filhos vivendo uma situação especial de uso de drogas, o
levaram o filho a usar droga, que eles proporcionaram tudo Grupo Multifamília, a maneira mais prática de promovermos a
para que ele fosse normal, desde as condições materiais até criação desse canal de amorosidade, é provocando uma
emocionais e afetivas, e que se seu filho não quiser parar de aproximação pelo abraço e pela declaração de amor ao filho.
usar, ninguém poderá fazer nada por ele. A questão é que O abraço por si só não é terapêutico, mas é veículo para o
não basta ele querer parar de usar drogas. Não depende de estabelecimento de um vínculo de amorosidade. Por isso,
sua boa vontade. Não esqueçamos que “o caminho do inferno temos de fazer algumas considerações a respeito desse
está cheio de boas intenções”. Os filhos frequentemente afir- abraço:
mam que param quando quiserem, mas se deixarmos por
conta de sua própria boa vontade deixaremos uma responsa- 1) Se crescer, perde o colo - Com muita frequência, na en-
bilidade enorme em suas mãos. Mãos jovens demais para trada da puberdade, os filhos perdem o colo, os abraços, o
uma responsabilidade tão grande. Felizmente essa responsa- contato físico com os pais. É um processo de afastamento

Conhecimentos Específicos 205 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dos dois lados. Por um lado, as mudanças físicas como as sentimentos positivos, mas com muita frequência, todas as
curvas, seios, cheiros, músculos, deixam os pais um pouco mágoas e outros sentimentos que podem comprometer a
sem jeito no contato físico com os filhos, até então quase que estratégia. O abraço não pode ser espontâneo, tem que ser
assexuados, ou considerados como tais, e de uma hora para estratégico.
outra “sem percebermos”, temos uma mulher ou um homem,
“sexuados” em casa. A evitação do contato é quase certa.
Para superar essa barreira “sexuada”, o que não é fácil, os Declarando e formalizando posições
pais continuam abraçando os filhos como se ainda fossem
suas criancinhas, e os infantilizam durante o abraço com Esta etapa, que apresentaremos de forma sintética, faz
expressões do tipo: “meu bebê”, “meu filhinho”, e outras ex- parte do processo de instrumentalização dos pais, e portando
pressões, no intuito às vezes de serem mais afetivos, e me- não é o objetivo principal deste trabalho.
nos “físico-sexuados”. Por outro lado, o filho que está adoles-
cendo, quer ser confirmado como adulto e muitas vezes tam- Junto à criação do canal de comunicação de amorosidade
bém confunde o crescimento e autonomia, que deve ser con- com o filho, é de suma importância que os pais tomem algu-
quistada, com o afastamento físico e emocional dos pais. mas posições diante do uso de drogas do filho. Essas posi-
Nossa cultura popular ajudada pelas teorias psicológicas do ções tomam forma de declaração para toda a família. Todos
início do século, principalmente de influência psicanalítica, os membros da família devem participar do processo, porque
tem criado no imaginário da população que o adolescente todos estão implicados, fazem parte da mesma família, e o
para crescer tem de afastar-se dos pais. Dessa forma, a au- processo de mudança vai favorecer a todos os filhos e princi-
tonomia está associada a rompimento. Para nós, contudo, palmente ao casal, que com muita frequência apresenta um
crescimento também está profundamente associado à capa- problema subjacente ao do filho.
cidade e maturidade para estabelecer e manter os vínculos
afetivos. Essa aprendizagem se faz fundamentalmente dentro Solicitamos aos pais que através de uma reunião familiar
do espaço familiar. Em todas as culturas, a família dá a seus formal, apresentem para todos os membros da família, estas
membros o cunho da individualidade. A experiência humana declarações, e as assumam como suas decisões e não dos
de identidade tem dois elementos: um sentido de pertencer e profissionais envolvidos no processo.
um sentido de ser separado. A família é a matriz da identida-
de onde esses elementos se misturam (Paccola, 1994). O 1) Declaração de amor incondicional ao filho – “Nós te
processo de individuação, que o adolescente passa, tem amamos muito e não vamos abrir mão de você para droga
como significado encontrar sua individualidade, de sentir-se nenhuma, para traficante nenhum, e para onde você for, ire-
um sujeito único portador de uma personalidade dentro do mos te buscar”. Essa deve ser a primeira declaração, pois vai
seu espaço familiar, e ocorre ao mesmo tempo em que o nortear e dar sentido a todas as outras. Não importa se o filho
processo de pertencimento, que é o sentimento de fazer parte acredite, aceite ou faça chacotas. Na nossa experiência,
de uma família sem perder sua identidade. Esses processos quando eles fazem isto, é porque tanto os filhos quanto os
ocorrem simultaneamente, pois quanto mais eu sou autônomo pais não sabem o que fazer com os sentimentos gerados por
e me sinto confirmado na minha subjetividade, mais eu posso essa declaração, às vezes, há muito tempo esquecidos. Essa
pertencer a uma família sem ter receio de perder minha iden- declaração arrasta todo e qualquer diálogo para o canal de
tidade. Portanto, precisamos entender que pais e filhos preci- comunicação de amorosidade, saindo do racionalismo das
sam dar continuidade à expressão da amorosidade no perío- ideias.
do da adolescência, confirmando para ambos a continência
que o contato corporal assegura e fortalecendo o vínculo 2) Declaração de intolerância ao uso de drogas – “Não to-
amoroso que deve vigorar durante toda nossa existência. leramos em nossa família o uso de drogas, e faremos o pos-
sível e o impossível para você parar seu uso, porque te ama-
2) E se me rejeitar? - Outro fator que dificulta esse abraço, mos muito”. Essa segunda declaração deixa claro que só há
é o medo dos pais de não serem correspondidos e de se uma opção que é a parada do uso de drogas. Costumamos
sentirem rejeitados. É importante os pais perceberem que dizer que o adolescente tem duas opções: Ou ele pára de
abraçarão os filhos, não por eles filhos, mas por eles pais, usar drogas ou ele pára de usar drogas, e só pode escolher
pois estão construindo um canal de comunicação de amorosi- uma das duas. Ela também abre espaço para todas as atitu-
dade com o filho, para por meio deste canal trabalharem a des que os pais devam tomar que impeçam que o filho faça
parada do uso de drogas do filho. Um bom treino é começar uso de drogas. Os pais devem vasculhar o quarto do filho na
abraçando uma arvore muito bonita, sentindo toda a emoção procura de incensos, papelotes, drogas, que devem ser joga-
dessa interação com a natureza. A árvore nada faz e o ho- dos no vaso e dada descarga, e depois comunicar ao filho.
mem não se sente rejeitado por isso. Se o filho recusa o
abraço, não importa, a missão do pai é consegui-lo, mesmo 3) Declaração de responsabilidade – “Estamos assumindo
quando este estiver dormindo. O processo é mais importante diante de você o compromisso de faze-lo parar de usar droga,
que os resultados imediatos. e para isso faremos o possível e o impossível”. Deixar a res-
ponsabilidade de parar com o uso sobre o adolescente é uma
3) E se eu não tiver vontade? - Na coleção das dificulda- sobrecarga muito grande para ele. Nós acreditamos que ele
des em abraçar o filho, uma outra questão levantada pelos tem a maior boa intenção, mas como já afirmamos, de boa
pais é que somente devem abraçar o filho quando sentirem intenção o inferno está cheio. Nosso filho é um adolescente
vontade. Eles alegam que o abraço deve ser espontâneo. A em dificuldade, e precisa que os pais, e nós adultos tomemos
questão é que não podemos esquecer que o abraço aqui é essa atitude de responsabilidade, e de compromisso diante
usado como um veículo para criar um canal de comunicação. de um problema tal como o uso de drogas que requer maturi-
Ele não está sendo apenas uma expressão afetiva, mas tem dade, segurança, experiência , firmeza, compromisso. Por
uma intenção, uma estratégia, um objetivo certo. Quando mais que os pais tenham dificuldades, e todos os adultos têm,
orientamos os pais a abraçar os filhos no mínimo três vezes estão muito mais preparados do que esse adolescente para
ao dia, (como uso de antibiótico) orientamos que não esque- assumir essa responsabilidade.
çam da intenção, e no momento do abraço mentalizem: “Es-
tou criando um canal de comunicação de amorosidade com 4) Declaração de não compactuar com segredos – “Não
você”. Esta mentalização é importante, porque lembra cons- guardaremos segredos de seu uso de drogas, e compartilha-
tantemente aos pais seu objetivo e impede que esse abraço remos com todas as pessoas que possam nos ajudar nesse
se reduza a uma manifestação afetiva que pode trazer tanto processo”. O segredo alimenta o tráfico, protege o traficante,

Conhecimentos Específicos 206 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
e mantém o uso de drogas pelo adolescente. O único benefi- Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
ciário do segredo é o traficante. A quebra do segredo visibiliza mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
uma situação de dificuldade e promove uma tomada de posi- policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
ção, um enfrentamento da situação em relação à família. É único, e 107, deverá:
nesse momento ou algum momento após, que os pais procu-
ram ajuda para enfrentar esse problema. A quebra do segre- I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
do também vai além de dar início ao processo de parada de adolescente;
uso de drogas pelo adolescente, vai bloquear o contato com o II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
traficante e paralisar a rede do tráfico. Se mantivermos segre-
do diante do uso do filho, seremos jogados na lógica perversa III - requisitar os exames ou perícias necessários à com-
do tráfico. Encobriremos nosso filho e ele vai continuar a fazer provação da materialidade e autoria da infração.
uso da droga. Ele pode usar nosso medo e nossa vergonha Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a la-
para ficarmos calados, para fugir de nossas decisões. É im- vratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrên-
portante fazermos um cerco, criarmos uma rede de apoio e cia circunstanciada.
não poderemos criá-la se fizermos segredo da situação e não
pedirmos colaboração e ajuda. A revelação, o jogo aberto Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsá-
protege os pais, pois permite a estes tomar decisões que com vel, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
certeza protegerão seu filho de situações de risco. policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
apresentação ao representante do Ministério Público, no
Finalizando a título de começo de processo mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato,
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua reper-
Nós apresentamos o início de um processo, que é o de cussão social, deva o adolescente permanecer sob internação
seduzir a família para participar, assumir com a responsabili- para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da
dade de juntos, família e profissionais, promoverem a parada ordem pública.
do uso de drogas do filho. É importante deixar claro que o que
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
apresentamos aqui é somente parte desse trabalho, visto que
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do
o acompanhamento e instrumentalização são processos mui-
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreen-
to mais extensos e complexos e envolvem outras etapas que
são ou boletim de ocorrência.
não serão apresentadas nesta publicação. A continuidade
desse trabalho é o que ocorre no que intitulamos Grupo Mul- § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autori-
tiFamília e consiste em acompanhar os pais nessa aventura dade policial encaminhará o adolescente à entidade de aten-
até a parada do uso de drogas, dando apoio em suas recaí- dimento, que fará a apresentação ao representante do Minis-
das, trabalhando o uso da autoridade em vez do poder, co- tério Público no prazo de vinte e quatro horas.
memorando as pequenas vitórias como grandes sucessos, e
o tempo todo encontrando nas dificuldades dos pais as solu- § 2º Nas localidades onde não houver entidade de aten-
ções para seus problemas. dimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À
falta de repartição policial especializada, o adolescente
Notas: aguardará a apresentação em dependência separada da
[1] Valdi Craveiro Bezerra - Hebeatra (Clínico de Adoles- destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
centes), Gestalt Terapeuta, Terapeuta de Família e Coorde- exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
nador do Adolescentro – FHDF. Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade poli-
[2] Ana Carolina Bessa Linhares - Psicóloga, Psicotera- cial encaminhará imediatamente ao representante do Ministé-
pêuta de Adolescentes, Terapeuta de Família, Facilitadora de rio Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocor-
Biodança, Mestranda em Psicologia Clínica da UnB, Coorde- rência.
nadora de Pesquisa e Treinamento do Adolescentro – FHDF.
[3] Nos referimos sempre a "pais" considerando ambos Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indí-
quando vivem juntos e/ou a um dos dois quando a família for cios de participação de adolescente na prática de ato infracio-
uniparental. nal, a autoridade policial encaminhará ao representante do
[4] Filho será o termo genérico usado tanto para o sexo Ministério Público relatório das investigações e demais docu-
masculino como para o sexo feminino. mentos.
[5] Texto extraído em: Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap18/ca infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
p18.htm compartimento fechado de veículo policial, em condições
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO AO integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
ADOLESCENTE.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreen-
são, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem ju-
autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os
dicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
antecedentes do adolescente, procederá imediata e informal-
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato in- mente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou
fracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial responsável, vítima e testemunhas.
competente.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada sentante do Ministério Público notificará os pais ou responsá-
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato vel para apresentação do adolescente, podendo requisitar o
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a concurso das polícias civil e militar.
atribuição da repartição especializada, que, após as providên-
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
cias necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à
anterior, o representante do Ministério Público poderá:
repartição policial própria.
I - promover o arquivamento dos autos;

Conhecimentos Específicos 207 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - conceder a remissão; § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a re-
missão, ouvirá o representante do Ministério Público, profe-
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de rindo decisão.
medida sócio-educativa.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou conce- de internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a
dida a remissão pelo representante do Ministério Público, autoridade judiciária, verificando que o adolescente não pos-
mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos sui advogado constituído, nomeará defensor, designando,
fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a
homologação. realização de diligências e estudo do caso.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autori- § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no
dade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento prazo de três dias contado da audiência de apresentação,
da medida. oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemu-
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho nhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpri-
fundamentado, e este oferecerá representação, designará das as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissi-
outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou onal, será dada a palavra ao representante do Ministério Pú-
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará blico e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
a autoridade judiciária obrigada a homologar. minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Minis- autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.
tério Público não promover o arquivamento ou conceder a Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação,
propondo a instauração de procedimento para aplicação da a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada. condução coercitiva.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que con- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspen-
terá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infraci- são do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
onal e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo procedimento, antes da sentença.
ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela auto-
ridade judiciária. Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer me-
dida, desde que reconheça na sentença:
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída
da autoria e materialidade. I - estar provada a inexistência do fato;
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclu- II - não haver prova da existência do fato;
são do procedimento, estando o adolescente internado provi-
soriamente, será de quarenta e cinco dias. III - não constituir o fato ato infracional;

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciá- IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para
ria designará audiência de apresentação do adolescente, o ato infracional.
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o ado-
internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. lescente internado, será imediatamente colocado em liberda-
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cien- de.
tificados do teor da representação, e notificados a comparecer Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
à audiência, acompanhados de advogado. internação ou regime de semi-liberdade será feita:
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a I - ao adolescente e ao seu defensor;
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade ju- ou responsável, sem prejuízo do defensor.
diciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi-
nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
unicamente na pessoa do defensor.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, de-
responsável. verá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autori- Seção VI


dade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendi-
prisional. mento
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as característi- Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades
cas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediata- em entidade governamental e não-governamental terá início
mente transferido para a localidade mais próxima. mediante portaria da autoridade judiciária ou representação
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles- do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde necessariamente, resumo dos fatos.
que em seção isolada dos adultos e com instalações apropri- Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autori-
adas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, dade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminar-
sob pena de responsabilidade. mente o afastamento provisório do dirigente da entidade,
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res- mediante decisão fundamentada.
ponsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mes- Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no pra-
mos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. zo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
documentos e indicar as provas a produzir.

Conhecimentos Específicos 208 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo neces- centes), devem ter uma capa ou tarja que os distinga dos
sário, a autoridade judiciária designará audiência de instrução demais, para que recebam um trâmite prioritário, sendo que
e julgamento, intimando as partes. os procedimentos envolvendo adolescentes privados de liber-
dade deverão tramitar de forma preferencial mesmo em rela-
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Mi- ção a processos-crime de réus presos (cf. item 2.3.2.2, do
nistério Público terão cinco dias para oferecer alegações referido Código de Normas).
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
O especial destaque e a maior celeridade do feito tam-
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definiti- bém vale para as investigações policiais (cf. Resolução nº
vo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judi- 249/2005 - SESP) e para atuação do Ministério Público (cf.
ciária oficiará à autoridade administrativa imediatamente su- Recomendação nº 03/2000, da Corregedoria Geral do Minis-
perior ao afastado, marcando prazo para a substituição. tério Público - CGMP), sendo todas as referidas regras decor-
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade rentes do princípio legal e constitucional da prioridade absolu-
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularida- ta à criança e ao adolescente, previsto no art.227, caput, da
des verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será CF que, por força do disposto no art.4º, par. único, do ECA,
extinto, sem julgamento de mérito. importa na “precedência de atendimento nos serviços públi-
cos ou de relevância pública”, o que se aplica, logicamente, à
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente prestação jurisdicional, assim como à atividade ministerial e
da entidade ou programa de atendimento. policial.
- PROCEDIMENTO PARA APURAÇÃO DE ATO INFRACI- A competência para seu processo e julgamento será in-
ONAL ATRIBUÍDO DA ADOLESCENTE (arts.171 a 190 do variavelmente do Juiz da Infância e Juventude do local da
ECA): ação ou omissão (local da conduta infracional), observadas as
regras de conexão, continência e prevenção previstas no CPP
A aplicação de medidas sócio-educativas a adolescentes ex vi do disposto no art.147, §1º c/c art.148, incisos I e II e
acusados da prática de ato infracional está sujeita a um pro- 152, do ECA.
cedimento próprio, regulado pelos arts.171 a 190 do ECA,
que pressupõe a observância de uma série de regras e prin- Vale lembrar que, a teor do disposto no art.114 c/c
cípios de Direito Processual (como o contraditório, ampla art.189, incisos II e IV, do ECA, para imposição de medidas
defesa, devido processo legal), insculpidos nos arts.110 e 111 sócio-educativas, é imprescindível a devida comprovação da
do ECA, assim como no art.5º, incisos LIV e LV da CF, sem autoria e da materialidade da infração, para o que não basta a
perder de vista as normas e princípios próprios do Direito da mera “confissão” do adolescente, sendo necessária a instru-
Criança e do Adolescente, com ênfase para os princípios da ção do feito e a produção de provas idôneas e suficientes, a
prioridade absoluta e da proteção integral à criança e ao ado- exemplo do que ocorreria em se tratando de um processo
lescente. crime instaurado em relação a um imputável.
Importante destacar, aliás, que a finalidade do procedi- A respeito da matéria, foi recentemente editada Súmula
mento para apuração de ato infracional praticado por adoles- nº 342, do STJ, segundo a qual:
cente, ao contrário do que ocorre com o processo-crime ins- “No procedimento para aplicação de medida sócio-
taurado em relação a imputáveis, não é a aplicação de uma educativa, é nula a desistência de outras provas em face da
sanção estatal (no caso, as medidas sócio-educativas), mas confissão do adolescente”.
sim a proteção integral do adolescente, que se constitui no
objetivo de toda e qualquer disposição estatutária, por força Acerca do procedimento para apuração de ato infracional
do disposto nos arts.1º e 6º, da Lei nº 8.069/90. A rigor, mes- é importante destacar:
mo se comprovada a autoria da infração, sequer há a obriga-
1 - O adolescente apreendido em flagrante deverá ser ci-
toriedade da aplicação de medidas sócio-educativas, o que
somente deverá ocorrer se o adolescente delas necessitar (cf. entificado de seus direitos (art.106, par. único do ECA) e
arts.113 c/c 100, primeira parte, do ECA), como forma de encaminhado à autoridade policial competente (art.172 do
neutralizar os fatores determinantes da conduta infracional ECA), com comunicação INCONTINENTI ao Juiz da Infância
(que devem ser apurados, inclusive através de uma avaliação e da Juventude e sua família ou pessoa por ele indicada
técnica interdisciplinar) (art.107 do ECA). Caso haja DP especializada para adoles-
centes, deverá o adolescente ser a esta encaminhado, mes-
Ao adolescente acusado da prática de ato infracional mo quando o ato for praticado em companhia de imputável.
também são assegurados inúmeros direitos individuais, rela-
Obs: A falta da imediata comunicação da apreensão de
cionados nos arts.106 a 109 do ECA, em reprodução a dispo-
sições similares contidas no art.5º, da CF. criança ou adolescente à autoridade judiciária competente, à
família ou pessoa indicada pelo adolescente importa, em tese,
A tônica do procedimento para apuração de ato infracio- na prática do crime do art.231 do ECA, assim como se consti-
nal é a celeridade, sendo que embora possua regras próprias tui crime proceder à apreensão de criança ou adolescente
e não tenha por escopo a aplicação de sanção de natureza sem que haja flagrante ou ordem escrita e fundamentada de
penal, por força do disposto no art.152 do ECA, são a ele autoridade judiciária competente ou sem a observância das
aplicadas, em caráter subsidiário (ou seja, na ausência de formalidades legais (art.230, caput e par. único do ECA).
disposição expressa do ECA e desde que compatíveis com a
2 - Caso o ato infracional seja praticado mediante violên-
sistemática por ele estabelecida e com os princípios que nor-
teiam o Direito da Criança e do Adolescente), as normas cia ou grave ameaça à pessoa, deverá ser lavrado auto de
gerais previstas no Código de Processo Penal, com exceção apreensão, com a oitiva de testemunhas, do adolescente,
do sistema recursal, ex vi do disposto no art.198 do ECA (que apreensão do produto e instrumentos da infração e requisição
prevê a adoção, com algumas “adaptações”, do sistema re- de exames ou perícias necessárias à comprovação da mate-
cursal do Código de Processo Civil, o que é válido, inclusive, rialidade do ato (art.173 do ECA). Se o ato infracional for de
para o procedimento para apuração de ato infracional). natureza leve, basta a lavratura de boletim de ocorrência
circunstanciado (art.173, par. único do ECA). Necessário
Segundo os itens 2.3.2 e 5.2.7, do Código de Normas da jamais perder de vista que na forma do disposto no art.114 do
Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Paraná, os pro- ECA, a imposição de medidas sócio-educativas tem como
cedimentos para apuração de ato infracional (assim como pressuposto a comprovação da autoria e materialidade da
outras causas que envolvem interesses de crianças e adoles- infração.

Conhecimentos Específicos 209 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
3 - Com o comparecimento dos pais ou responsável (po- Obs: A princípio, não é necessária a presença de advo-
de ser o dirigente da entidade de abrigo se o adolescente está gado quando da realização da oitiva informal (a obrigatorie-
em atendimento - vide art.92, par. único do ECA) e o caso dade se dá apenas após a audiência de apresentação -
não comporte internação provisória, deverá ocorrer a libera- art.186, §§2º e 3º c/c art.207 e §1º do ECA), mas se o ado-
ção do adolescente (independentemente de ordem judicial) lescente tiver defensor constituído, a assistência deste deve
com assinatura de termo de compromisso de apresentação ser garantida.
ao MP (art.174, primeira parte do ECA).
7 - Após a oitiva informal, o MP poderá tomar uma das
Obs: A regra será a liberação imediata do adolescente, seguintes providências (art.180 do ECA):
seja qual for o ato infracional praticado, independentemente
I - ARQUIVAMENTO: fato inexistente, atipicidade do fato,
do recolhimento de fiança (ou seja, a apreensão em flagrante,
por si só, não autoriza a manutenção da privação de liberdade autoria não é do adolescente, pessoa tem mais de 21 anos
do adolescente), ressalvada a “imperiosa necessidade” do no momento da oitiva informal etc.;
decreto de sua internação provisória (conforme arts.107 par. II - REPRESENTAÇÃO: dedução da pretensão sócio-
único e 108, par. único, do ECA). educativa em Juízo pelo MP (art.182 do ECA);
4 - Se o caso reclama o decreto da internação provisória Obs: Toda ação sócio-educativa é pública incondiciona-
do adolescente (cujos requisitos são: a) gravidade do ato, b) da, e o MP é o seu titular exclusivo, não havendo que se falar
repercussão social, c) necessidade de garantia da segurança em “ação sócio-educativa privada” ainda que em caráter
pessoal do adolescente ou d) manutenção da ordem pública - “subsidiário” (ou seja, não se aplicam as disposições do
art.174, in fine, do ECA) ou não comparecem os pais ou res- art.29 do CPP e art.5º, inciso LIX, da CF).
ponsável, deve ser aquele imediatamente encaminhado ao
MP, com cópia de auto de apreensão. A propósito, não foi fixado qualquer prazo para o ofere-
cimento da representação (embora, se for o caso, este deva
4.1 - Se não é possível a apresentação imediata, enca- ocorrer da forma mais célere possível, havendo inclusive a
minha-se o adolescente à entidade apropriada (de internação previsão de sua dedução oral, em sessão diária instalada
provisória) e, em 24 (vinte e quatro) horas, apresenta-se o pela autoridade judiciária - art.182, §1º, 2º parte do ECA),
adolescente ao MP (art.175 e §1º do ECA). sendo que, neste aspecto, a atuação do MP não está sujeita
Obs: Onde não houver entidade apropriada, o adoles- ao princípio da obrigatoriedade, mas sim ao princípio da opor-
tunidade, sendo sempre preferível a concessão da remissão
cente deverá aguardar a apresentação ao MP em dependên-
cia da DP separada da destinada a imputáveis (art.175, §2º como forma de exclusão do processo (inteligência do art.182,
do ECA), onde em qualquer hipótese não poderá permanecer caput do ECA).
por mais de 05 (CINCO) DIAS, sob pena de responsabilidade Formalmente, a representação sócio-educativa se asse-
(arts.5º e 185, §2º c/c art.235, do ECA). melha a uma denúncia-crime, contendo como elementos: o
O adolescente não poderá ser transportado em compar- endereçamento (sempre ao Juiz da Infância e Juventude); a
timento fechado de viatura policial (camburão), em condições qualificação das partes; a narrativa do fato e sua capitulação
atentatórias à sua dignidade ou que impliquem em risco à sua jurídica; o pedido de procedência e aplicação da medida
integridade física ou mental (art.178 do ECA), o que importa, sócio-educativa que se entender mais adequada (não há
em tese, na prática do crime previsto no art.232 do ECA pedido de “condenação” nem deve haver a prévia indicação
de qualquer medida) e, por fim, o rol de testemunhas, se
Obs: não há proibição expressa ao uso de algemas, po- houver.
rém, em especial com o advento da Súmula Vinculante nº 11,
do STF, estas somente devem ser empregadas quando hou- Tendo em vista a celeridade do procedimento, não se
ver real justificativa para tanto, de modo a evitar que o ado- exige, quando do oferecimento da representação, prova pré-
lescente seja submetido a um constrangimento maior que o constituída de autoria e materialidade da infração (art.182,
estritamente necessário (vide art.232, do ECA). §2º do ECA), que somente será necessária ao término da-
quele, para que possa ser imposta alguma medida sócio-
5 - Se não há flagrante, autoridade policial deverá reali- educativa ao adolescente (conforme art.114 do ECA). Isto
zar as diligências necessárias à apuração do fato, encami- não significa deva o MP oferecer a representação (em espe-
nhando ao MP, com a maior celeridade possível, o relatório cial quando acompanhada de um pedido de decreto de inter-
das investigações e outras peças informativas (art.177 do nação provisória) sem que existam ao menos fortes indícios
ECA). de autoria e materialidade da infração, sob pena de dano
grave e irreparável ao adolescente acusado. Em caso de
6 - O MP procede à oitiva informal do adolescente e, se
dúvida, é preferível a devolução dos autos à D.P. de origem
possível, dos pais, testemunhas e vítimas (art.179 do ECA). para realização de diligências complementares.
6.1 - Caso, após liberado, o adolescente não compareça Obs: Vale destacar que, embora seja desejável, e deva
na data designada para o ato, o MP notificará os pais ou ocorrer, sempre que possível, a oitiva informal do adolescente
responsável para apresentação daquele e, caso persista a não é conditio sine qua non ao oferecimento da representa-
ausência, expedirá ordem de condução coercitiva, podendo ção sócio-educativa, sendo possível que este ocorra sem
para tanto requisitar o concurso das polícias civil e militar aquela, como na hipótese em que o adolescente encontra-se
(art.179, par. único, do ECA); foragido.
6.2 - A audiência perante o MP será realizada com as III - REMISSÃO: Quando concedida pelo MP, constitui-se
peças autuadas no cartório e com certidão de antecedentes. numa forma de exclusão do processo. Pode ser concedida
Quando da oitiva informal deve-se colher, tanto junto ao ado- em sua modalidade de perdão puro e simples (caso em que
lescente, quanto a seus pais ou responsável, informes acerca independe do consentimento do adolescente) ou vir acompa-
da conduta pessoal, familiar e social daquele (se estuda, nhada de MSE não privativa de liberdade (devendo ser esta
trabalha, é obediente, respeitador etc.), elementos que irão ajustada pelo representante do MP e adolescente - arts.126,
influenciar tanto na tomada de decisão acerca de que provi- caput e 127, ambos do ECA - maiores detalhes adiante).
dência deverá o MP adotar no caso (ato que deverá ser fun-
damentado - art.205, do ECA), quanto, ao final do procedi- 7.1 - Promovido o arquivamento ou concedida a remis-
mento (se oferecida a representação), na indicação da(s) são, mediante termo fundamentado (vide art.205 do ECA), os
medida(s) a ser(em) aplicada(s).

Conhecimentos Específicos 210 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
autos deverão ser encaminhados à autoridade judiciária, para cia - cf. art.151, do ECA, ou os técnicos da unidade onde o
homologação (art.181, caput, do ECA). adolescente estiver internado).
Obs: Mesmo tendo sido o adolescente apreendido em 9.3 - Neste momento, o Juiz, ouvido o MP, pode conce-
flagrante, após concedida a remissão ou promovido o arqui- der a remissão judicial, como forma de extinção ou suspen-
vamento, ou mesmo quando, oferecida a representação, não são do processo (arts.186, §1° e 126, par. único, ambos do
estiverem presentes os elementos que autorizam o decreto ECA).
da internação provisória, ou apontam no sentido na “necessi-
dade imperiosa” da medida (cf. art.108, do ECA), o Ministério 10 - Se não conceder remissão judicial, o Juiz designa
Público poderá entregar o adolescente diretamente aos pais, audiência em continuação e pode determinar a realização de
mediante termo, independentemente de ordem judicial (va- diligências e de estudo psicossocial (art.186, §2º do ECA),
lendo lembrar que a regra será sempre a liberação imediata providência que se mostra imprescindível caso se vislumbre a
do adolescente - cf. art.108, par. único, do ECA). possibilidade da aplicação de medida privativa de liberdade,
dado princípio constitucional da excepcionalidade da interna-
8 - Homologado o arquivamento ou a remissão, a autori- ção.
dade judiciária deverá determinar, conforme o caso, o cum-
10.1 - A partir da audiência de apresentação, se o ado-
primento da medida eventualmente ajustada (vide arts.126,
caput c/c 127 e art.181, §1º, todos do ECA). lescente ainda não tiver advogado constituído, a autoridade
judiciária deverá lhe nomear um defensor (art.111, inciso III e
8.1 - Caso discorde do arquivamento/remissão e/ou da art.186, §2º c/c art.207, caput e §1º do ECA).
medida ajustada, a autoridade judiciária não terá alternativa
11 - O advogado constituído ou nomeado deverá apre-
outra além de encaminhar os autos, mediante despacho fun-
damentado, ao Procurador Geral de Justiça, que oferecerá sentar defesa prévia no prazo de 03 (três) dias (art.186, §3º
representação, designará outro membro do MP para fazê-lo do ECA), arrolando as testemunhas que tiver e pedindo a
ou ratificará o arquivamento/remissão, que então ficará a realização das diligências que entender necessárias. Como
autoridade judiciária obrigada a homologar (art.181, §2º do no procedimento para apuração de ato infracional é funda-
ECA - procedimento similar ao contido no art.28 do CPP). A mental a aferição das condições pessoais, familiares e sociais
autoridade judiciária, portanto, neste momento não pode ho- do adolescente, a oitiva de pessoas que o conhecem, ainda
mologar a remissão sem a inclusão da medida eventualmente que não tenham testemunhado o ato, assume maior relevân-
ajustada entre o MP e o adolescente/responsável, sendo-lhe cia que no processo penal.
vedado modificá-la de ofício (vide art.128 do ECA). 12 - Na audiência em continuação (verdadeira audiência
9 - Uma vez oferecida (e formalmente recebida) a repre- de instrução e julgamento), são ouvidas as testemunhas da
sentação, a autoridade judiciária designará audiência de representação, da defesa prévia, juntado relatório (estudo
apresentação, com a notificação (citação) do adolescente E psicossocial) de equipe interprofissional, dando-se a seguir a
seus pais ou responsável, para que compareçam ao ato palavra ao MP e ao advogado para razões finais orais, por 20
acompanhados de advogado, dando-lhe ciência da imputa- minutos, prorrogáveis por mais 10, decidindo em seguida o
ção de ato infracional efetuada (art.184, caput e §1º, e Magistrado (art.186, §4º do ECA).
art.111, inciso I, do ECA). Se os pais ou responsável não 13 - Estando o adolescente em internação provisória, o
forem localizados, o Juiz designa curador especial ao adoles- prazo máximo e improrrogável para conclusão de todo o
cente (art.184, §2º, do ECA). Se não é localizado o adoles- procedimento é de 45 (quarenta e cinco) dias, computados da
cente, expede-se mandado de busca e apreensão e susta-se data da apreensão (inclusive) - arts.108, caput e 183, do
o processo até sua localização - ou seja, o adolescente não ECA.
pode ser processado à revelia (art.184, §3º do ECA). Estando
o adolescente internado, será requisitada sua apresentação, Obs: Tecnicamente não há que se falar em “condena-
sem prejuízo da notificação de seus pais ou responsável, que ção” ou “absolvição” do adolescente acusado da prática de
deverão estar presentes ao ato (art.111, VI c/c art.184, §4º, ato infracional, devendo a sentença acolher ou não a preten-
do ECA). Se o adolescente, apesar de citado, não comparece são sócio-educativa.
ao ato, é este redesignado, determinando a autoridade judici- No primeiro caso, julga-se procedente a representação e
ária sua condução coercitiva, expedindo-se o mandado res- aplica-se a(s) medida(s) sócio-educativa(s) mais adequadas,
pectivo (art.187, do ECA). de acordo com as necessidades pedagógicas específicas do
9.1 - Estando apreendido o adolescente, deve a autori- adolescente e demais normas e princípios próprios do Direito
dade judiciária decidir acerca da necessidade ou não da da Criança e do Adolescente (observando-se o disposto nos
manutenção de sua internação provisória, observado o dis- arts.112, §1º e 113 c/c 99 e 100, todos do ECA), com funda-
posto no art.108, caput e parágrafo único e art.174, do ECA mentação quanto prova de autoria e materialidade e adequa-
(a internação provisória somente pode ser decretada em se ção da(s) medida(s) aplicada(s) - com especial enfoque acer-
tratando de ato infracional de natureza grave, após cabal ca da eventual pertinência das medidas privativas de liberda-
demonstração de sua necessidade imperiosa, nas hipóteses de (dadas as restrições e princípios que norteiam - e visam
previstas em lei - art.174, do ECA, devendo ser o adolescente restringir - sua aplicação mesmo diante de infrações conside-
encaminhado para estabelecimento adequado, onde será radas de natureza grave). Como dito anteriormente, apenas
obrigatória a realização de atividades pedagógicas). O prazo para aplicação da MSE de advertência, bastam “indícios sufi-
máximo de permanência em estabelecimento prisional (en- cientes” de autoria e prova de materialidade (art.114 do ECA).
quanto aguarda a remoção para estabelecimento adequado) No segundo caso, julga-se improcedente a representa-
é de 05 (cinco) dias, sob pena de responsabilidade, inclusive ção, não sendo possível a aplicação de qualquer medida
criminal (arts.5º e 185, §2º c/c 235, do ECA). (art.189 do ECA - não configuração do ato infracional - condu-
9.2 - Comparecendo adolescente e seus pais ou respon- ta atípica ou acobertada pelas excludentes de antijuridicidade;
sável, serão colhidas as declarações de todos (conforme inexistência do fato ou de provas quanto ao fato; ausência de
art.186, caput do ECA - a audiência de apresentação não provas quanto à materialidade; inexistência de provas quanto
pode ser confundida com o singelo “interrogatório” do acusa- à autoria).
do previsto no CPP, indo muito além), podendo ser solicitada Obs: Mesmo improcedente a representação, em haven-
a ouvida de profissionais habilitados (se disponível, a própria do necessidade, a autoridade judiciária pode aplicar ao ado-
equipe técnica interprofissional a serviço do Juizado da Infân- lescente medidas unicamente protetivas (sem carga coerciti-

Conhecimentos Específicos 211 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
va, portanto), nos moldes do art.101 estatutário, ou encami- B - O julgamento, em grau de recurso, das “ações relati-
nhar o caso para atendimento pelo Conselho Tutelar. vas ao Estatuto da Criança e do Adolescente, ressalvada a
matéria infracional”, é de competência das Décima Primeira e
Obs: Intimação da sentença que reconhece a prática in- Décima Segunda Câmaras Cíveis (art.88, inciso V, alínea “b”,
fracional e aplica MSE: do mesmo Regimento Interno).
Se a autoridade judiciária impõe ao adolescente medida
sócio-educativa privativa de liberdade (semiliberdade ou in-
AS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS.
ternação), a intimação da sentença deve ser feita pessoal-
mente ao adolescente e ao defensor, sendo que na hipótese
do primeiro não ser encontrado, aos pais ou responsável, Das Medidas Sócio-Educativas
bem como e ao defensor (art.190, incisos I e II, do ECA).
Seção I
Recaindo intimação na pessoa do adolescente, deverá
este manifestar se deseja ou não recorrer da decisão (art.190, Disposições Gerais
§2º, do ECA).
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autorida-
Mesmo que o adolescente diga que não deseja recorrer, de competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes
o defensor não está impedido de fazê-lo, porém se a manifes- medidas:
tação do adolescente for afirmativa, desde logo se considera
I - advertência;
interposto o recurso, devendo o defensor ser intimado a ofe-
recer as razões respectivas. II - obrigação de reparar o dano;
Aqui vale abrir um parênteses para destacar o fato de tal III - prestação de serviços à comunidade;
permissivo se constituir numa peculiaridade em relação à
sistemática estabelecida para o processamento dos recursos IV - liberdade assistida;
interpostos contra decisões proferidas pela Justiça da Infância V - inserção em regime de semi-liberdade;
e Juventude.
VI - internação em estabelecimento educacional;
Com efeito, por força do disposto no art.198, do ECA, em
todos os procedimentos afetos à Justiça da Infância e Juven- VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
tude (inclusive é claro os procedimentos para apuração de ato § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a
infracional praticado por adolescente), adota-se o sistema sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
recursal do Código de Processo Civil, com algumas “adapta- da infração.
ções”.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admi-
Como sabemos, por força do disposto nos arts.506, par. tida a prestação de trabalho forçado.
único c/c 514, ambos do CPC, a petição na qual a apelação é
interposta já deve vir acompanhada das respectivas razões, § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
não sendo o caso de abrir novo prazo (ou um prazo específi- mental receberão tratamento individual e especializado, em
co, como ocorre na Lei Processual Penal), para apresentação local adequado às suas condições.
destas.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99
Uma vez que o sistema recursal adotado pela Lei nº e 100.
8.069/90 é o previsto no Código de Processo Civil, a princípio
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
não seria admissível interpor o recurso para, somente após,
a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes
promover a juntada de suas razões.
da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipó-
Ocorre que o disposto no citado art.190, §2º, do ECA se tese de remissão, nos termos do art. 127.
constitui em mais uma “adaptação” ao sistema recursal do
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sem-
Código de Processo Civil introduzida pelo legislador estatutá-
pre que houver prova da materialidade e indícios suficientes
rio, que em última análise visa submeter à análise de uma
da autoria.
instância superior toda e qualquer decisão impositiva de me-
dida privativa de liberdade a um adolescente acusado da Seção II
prática de ato infracional, pois via de regra, ao ser indagado
se deseja recorrer de tal decisão, a resposta em tais casos Da Advertência
será afirmativa. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal,
Por fim, resta mencionar que caso a medida sócio- que será reduzida a termo e assinada.
educativa aplicada for de natureza diversa das privativas de Seção III
liberdade (advertência, obrigação de reparar o dano, presta-
ção de serviços à comunidade, liberdade assistida ou medi- Da Obrigação de Reparar o Dano
das de proteção), a intimação pode ser feita apenas na pes- Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
soa do defensor (art.190 do ECA). patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
Obs: A competência para processar e julgar, em grau de que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
recurso, matéria concernente ao Estatuto da Criança e do do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Adolescente, em razão do disposto no Regimento Interno do Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
Tribunal de Justiça local, é assim definida: medida poderá ser substituída por outra adequada.
A - O julgamento, em grau de recurso, da chamada “ma- Seção IV
téria infracional”, ou seja, relativa aos procedimentos para
apuração de ato infracional praticado por adolescente, é de Da Prestação de Serviços à Comunidade
competência exclusiva da Segunda Câmara Criminal (art.90-
A, inciso II, alínea “i”, do Regimento Interno do TJPR); Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,

Conhecimentos Específicos 212 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
bem como em programas comunitários ou governamentais. idade.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, do-
mingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar § 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho. ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciá-
ria. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Seção V
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
Da Liberdade Assistida quando:
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa- ameaça ou violência a pessoa;
nhar, auxiliar e orientar o adolescente.
II - por reiteração no cometimento de outras infrações gra-
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para ves;
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
entidade ou programa de atendimento. III - por descumprimento reiterado e injustificável da medi-
da anteriormente imposta.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo
de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, § 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orienta- artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser
dor, o Ministério Público e o defensor. decretada judicialmente após o devido processo le-
gal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervi-
são da autoridade competente, a realização dos seguintes § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
encargos, entre outros: havendo outra medida adequada.

I - promover socialmente o adolescente e sua família, for- Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
necendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti-
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de
idade, compleição física e gravidade da infração.
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusi-
ve provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adoles-
cente e de sua inserção no mercado de trabalho; Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,
entre outros, os seguintes:
IV - apresentar relatório do caso.
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Seção VI Ministério Público;
Do Regime de Semi-liberdade II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determina- III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
do desde o início, ou como forma de transição para o meio
aberto, possibilitada a realização de atividades externas, IV - ser informado de sua situação processual, sempre
independentemente de autorização judicial. que solicitada;

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionaliza- V - ser tratado com respeito e dignidade;


ção, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos VI - permanecer internado na mesma localidade ou naque-
existentes na comunidade. la mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplican- VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
do-se, no que couber, as disposições relativas à internação.
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
Seção VII
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
Da Internação pessoal;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liber- X - habitar alojamento em condições adequadas de higie-
dade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e ne e salubridade;
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa deter- XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
minação judicial em contrário. XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamen- e desde que assim o deseje;
tada, no máximo a cada seis meses.
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de interna- local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daque-
ção excederá a três anos. les porventura depositados em poder da entidade;
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o XVI - receber, quando de sua desinternação, os documen-
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de tos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
semi-liberdade ou de liberdade assistida.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.

Conhecimentos Específicos 213 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporari- contraditório e a ampla defesa, dentre outros princípios consti-
amente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem tucionais do processo. http://pt.shvoong.com/
motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos inte-
resses do adolescente.
O TRABALHO DO PSICÓLOGO E AS ATRIBUIÇÕES DA
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e EQUIPE INTERPROFISSIONAL NA VARA DA INFÂNCIA E
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequa- DA JUVENTUDE, NAS VARAS DA FAMÍLIA E DAS SU-
das de contenção e segurança. CESSÕES E NAS VARAS ESPECIAIS DA INFÂNCIA E DA
JUVENTUDE.
Capítulo V
Da Remissão
Psicologia e justiça. A psicologia e as práticas judiciá-
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para rias na construção do ideal de justiça
apuração de ato infracional, o representante do Ministério
Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão Hélio Cardoso de Miranda Júnior
do processo, atendendo às circunstâncias e consequências O presente texto aborda a relação entre os saberes consti-
do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do tuídos pela Psicologia e o Direito na construção do ideal de
adolescente e sua maior ou menor participação no ato infraci- Justiça. Esta relação é hoje visível nos trabalhos desenvolvi-
onal. dos pelos psicólogos que atuam nas instituições judiciárias.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da Faz-se uma pequena abordagem das questões relativas ao
remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão trabalho com as crianças, os adolescentes, as famílias e os
ou extinção do processo. loucos nestas instituições, destacando em cada um seus pon-
tos específicos. Por fim, aborda-se a possível contribuição da
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reco- psicologia para a reflexão sobre o exercício da magistratura.
nhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem preva-
lece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventual- A relação entre os saberes construídos pela Psicologia, o
mente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, Direito e as práticas judiciárias é muito antiga, mas ainda pou-
exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a interna- co conhecida no Brasil.
ção. A Justiça moderna erigiu-se em cima dos ideais revolucio-
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá nários da liberdade, da igualdade e da fraternidade. A demo-
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido cracia é a sociedade dos cidadãos e estes são assim conside-
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do rados quando lhes são reconhecidos alguns direitos funda-
Ministério Público. mentais. O discurso sobre a cidadania caminhou até o ponto
de se pensar o "cidadão do mundo", cujo primeiro anúncio foi a
As medidas socioeducativas é a medida aplicada pelo Declaração dos Direitos do Homem. Entretanto, de acordo
Estado ao adolescente que comete ato infracional (menor com Bobbio (1992:9), "a única coisa que até agora se pode
entre 12 e 18 anos), tem natureza jurídica impositiva, sancio- dizer é que são expressão de aspirações ideais, às quais o
natória e retributiva, visa inibir a reincidência, sua finalidade é nome "direitos" serve unicamente para atribuir um título de
pedagógica e educativa. Na aplicação dessa medida são nobreza. Apesar disto, não se pode negar que as regras de
utilizados os métodos pedagógicos, sociais, psicológicos e convivência humana, bases da lei e do Direito, foram se com-
psiquiátricos. Para o Estatuto da Criança e do Adolescente – plexificando e absorvendo, cada vez mais, contribuições dos
ECA (Lei 8069/90), são medidas socioeducativas: a) adver- mais diversos campos do saber. Os órgãos legislativos e judi-
tência; b) obrigação de repara o dano; c) prestação de servi- ciários, tendo como meta o ideal da Justiça, incorporaram nos
ços à comunidade; d) liberdade assistida; e) semiliberdade; f) seus procedimentos noções e conceitos de outras áreas do
internação. 1. Advertência – admoestação verbal aplicada conhecimento, o que transformou as práticas destes órgãos.
pela autoridade judicial e reduzida a termo. Neste ato devem
estar presentes o juiz e o membro do Ministério Público. 2. Constituiu-se então uma nova área de prática dos psicólo-
obrigação de reparar o dano – ocorre nas seguintes hipóte- gos: a psicologia jurídica. Denominação ampla e pouco defini-
ses: a) devolução da coisa; b) ressarcimento do prejuízo; c) da, a aplicação da psicologia ao espaço jurídico ainda suscita
compensação do prejuízo por qualquer outro meio. 3. Presta- desconfianças e incômodos. Afinal, por que a Justiça precisa
ção de Serviço à comunidade – o adolescente realiza tare- do trabalho do psicólogo ?
fas gratuitas de interesses gerais em hospitais, escolas ou A primeira resposta a esta questão remete às primeiras
entidades assistenciais. O prazo não pode ser superior a 6 formas de aplicação do saber psicológico à instituição judiciá-
meses, deve ser cumpridas em uma jornada máxima de 8 ria. Historicamente, a primeira demanda que se fez à psicolo-
horas semanais. 4. liberdade assistida – é uma medida que gia em nome da Justiça ocorreu no campo da psicopatologia.
impõe obrigações coercitivas ao adolescente. O diagnóstico psicológico servia para melhor classificar e con-
O adolescente será acompanhado em suas atividades diá- trolar os indivíduos. Os psicólogos eram chamados a fornece-
rias (escola, família e trabalho) de forma personalizada. 5. rem um parecer técnico (pericial), em que, através do uso não
semiliberdade – é a privação parcial da liberdade do adoles- crítico dos instrumentos e técnicas de avaliação psicológica,
cente que praticou o ato infracional. É cumprida da seguinte emitiam um laudo informando à instituição judiciária, via seus
forma: a) durante o dia – atividades externas (traba- representantes, um mapa subjetivo do sujeito diagnosticado.
lho/escola); b) no período noturno – ele é recolhido ao estabe- O objetivo era melhor instruir a instituição para tomada de
lecimento apropriado com o acompanhamento de orientador. decisões mais fundamentadas e, portanto, mais justas. Nem é
No Estatuto, não foi fixada a duração máxima da semiliberda- preciso dizer que os profissionais que executavam este tipo de
de. 6. Internação – é a mais grave e complexa medida im- trabalho geralmente se centravam na análise da subjetividade
posta das medidas impostas ao infrator. Trata-se de restrição individual descontextualizada e objetificada; em outros termos,
ao direito de liberdade do adolescente. Ela é aplicada somen- reificada.
te nos seguintes casos: a) ato infracional mediante grave
ameaça ou violência à pessoa; b) reiteração no cometimento Menores e loucos: estes os principais clientes que o Direito
de outras infrações graves; c) descumprimento reiterado e encaminhou à Psicologia. Um livro reeditado em 1923 do emi-
injustificável da medida anterior imposta. Na aplicação dessas nente jurista Tobias Barreto tinha justamente este título: "Me-
medidas devem ser observados o devido processo legal, o nores e Loucos". A leitura foucaultiana de que a Psicologia é a

Conhecimentos Específicos 214 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
superfície do mundo moral em que o homem se aliena ao custa de lidarmos com a impossibilidade da satisfação. É co-
buscar a sua verdade é aqui muito pertinente. A Psicologia mum ouvirmos das pessoas que sofreram as perdas mais
serviu somente como mais uma das técnicas de exame, pro- desoladoras, que vivenciaram a dor mais profunda, como em
cedimento que substituiu cientificamente o inquérito na produ- assassinatos e sequestros, dizerem à imprensa: "esperamos
ção da verdade jurídica (Foucault, 1996). Um exemplo desta Justiça". É o que resta. Visto pelo ângulo psíquico, o trabalho
visão centrada na psicopatologia objetivando a manutenção da constante da Justiça é resgatar, simbolicamente, a crença na
inquestionável ordem pública pode ser encontrada no livro possibilidade da convivência humana.
Manual de Psicologia Jurídica, de Mira Y Lópes (1945).
O psicólogo é chamado pelo judiciário a escutar estas de-
Mais recentemente, a lei , absorvendo o discurso científico- mandas que lhe chegam em alguns casos específicos. Em
psicológico, estabeleceu como necessário em muitos casos o termos judiciais, nossos maiores clientes hoje são as crianças,
trabalho do psicólogo. Nas prisões se instituíram as comissões os adolescentes (a família por extensão) e os loucos.
técnicas para realizar a avaliação para progressão, em que
todos concordam que é necessária a presença de psicólogos. Os adolescentes se tornaram problema social e alcança-
Na área da família, incluindo aí as crianças abandonadas e/ou ram projeção principalmente pela questão dos delitos juvenis,
infratoras, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) veio da delinquência. Por um lado é dever social a intervenção, por
afirmar de forma mais incisiva a necessidade da presença do outro é direito deles serem ouvidos. Não uma escuta que se
psicólogo na lida com as questões próprias da área. Marca-se reduza ao individual, subjetivo, mas que, considerando-o,
aí um reconhecimento social importante, mas poderíamos possa estar aberta à multicausalidade do ato humano. Escutar
perguntar: mudou a demanda da instituição judiciária em rela- o crime é tarefa que se impõe atualmente para que novas
ção ao trabalho do psicólogo ? Pede-se agora ao psicólogo formas de intervenção possam ser propostas.
algo além de um diagnóstico, de uma perícia ? Entretanto, se esta escuta não se mantiver crítica, corre-se
A resposta a estas questões não é simples. Por um lado, a o risco de cair na psicologização de todo ato considerado
socialmente "desviante", retornando de forma bruta aos proce-
instituição, através da própria lei, continua a demandar oficial-
mente um trabalho pericial. Entretanto, a prática dos psicólo- dimentos baseados na curva normal, o que se conjuga à bus-
gos foi inserindo variáveis que demonstraram a insuficiência ca de formas cada vez mais sofisticadas de adaptar as pesso-
da perícia. as. Ora, muitas vezes o desviante é portador da mensagem de
que algo não vai bem no social, de que algo precisa mudar. O
Afinal, quem é o cliente do psicólogo ? A instituição que lhe sistema social não tem ouvidos para isto, é narcísico demais.
demanda o trabalho ou o sujeito que por algum motivo foi Alguns profissionais, entre eles o psicólogo, tem hoje a árdua
inserido no discurso institucional ? Sem desconsiderar a impor- missão de fazer ouvir o que querem calar. E para calar, inclu-
tância que ocupa a instituição em nosso trabalho, nosso clien- sive já crucificaram...
te é o sujeito que atendemos.
Estas novas formas de intervenção podem ter efeitos dis-
Nos antigos Juizados de Menores e nas Febems já traba- tintos da mera adaptação, muitas vezes tão sintomática quanto
lhavam psicólogos que foram introduzindo questionamentos seu contrário. Exemplos interessantes são o da prestação de
acerca da função destas instituições. Alguns Estados brasilei- serviços à comunidade e o da liberdade assistida. São tentati-
ros, como São Paulo por exemplo, já realizavam concursos vas de transformar o que seria uma simples punição em uma
para psicólogos na instituição judiciária antes mesmo da apro- experiência significativa a partir da inserção da prática infraci-
vação da Constituição Federal (1988) e também do ECA onal na história de vida do sujeito (Teixeira, 1994:9), não para
(1990). Estes trabalhos pioneiros foram muito importantes para justificar ou para explicar, mas para implicar (Roberto, 1996).
a transformação da prática do psicólogo nestas instituições. São apostas na possibilidade do sujeito reorientar-se na sua
relação com a lei e, por conseguinte, uma aposta na possibili-
Hoje é consenso que não podemos reduzir nossa função à dade de um laço social menos sofrido.
prática pericial nos moldes em que é definida legalmente. Ao
abrir o espaço de escuta do outro, o psicólogo abre também a A lei procurou substituir a punição pela educação, mas isto
possibilidade de emergência do sujeito enquanto singularidade não é suficiente. Se considerarmos como educação o proces-
na sua relação com a Lei e com a lei . Mesmo procurando so pelo qual o indivíduo socializa-se, um processo muito além
ajustar-se aos papéis e lugares que o discurso institucional da escolarização, incluindo todas as formas transmitidas pela
exige, o sujeito, ao falar para um outro que se coloca disponí- cultura que nossa sociedade complexa põe a nossa disposi-
vel a escutá-lo, articula suas demandas endereçando-as a ção, perceberemos que a educação formal, escolar, é apenas
uma instância decisória, portadora de um suposto saber sobre uma parte do processo educacional. Como trabalhei em outro
a resposta ao sofrimento do qual se queixa. texto (Miranda JR., 1997), fazendo parte deste processo temos
as condições concretas de existência das pessoas (alimenta-
A instituição judiciária é sempre um lugar de trabalho com ção adequada por exemplo, é fundamental no processo edu-
o sofrimento. Sofrimento que advém do mal-estar inerente à cativo), temos a família que passa por fortes transformações
cultura e que encontra ali uma forma particular de se expressar na atualidade e temos a mídia, com seus valores consumistas.
e de demandar alívio. Lugar no qual se propõe a existência do Este último aspecto merece um comentário à parte.
ideal da Justiça. A Justiça é uma das mais legítimas e mais
impossíveis demandas do ser falante. Deve-se frisar: dizer que Freud (1974 (1929)) postulou haver um mal-estar intrínse-
ela é impossível não significa que é totalmente irrealizável. co à civilização em função da impossibilidade da satisfação
Significa que a Justiça deve permanecer no horizonte ético pulsional. Podemos dizer que o consumo serve hoje como
mas que sua expressão nas decisões judiciais sempre parece sintoma social para escamotear este mal-estar. Aprendemos
subjetivamente incompleta. O dano pelo qual sofremos e do desde crianças que consumir é necessário, somos coagidos a
qual nos queixamos nos parece sempre estar além de qual- fazê-lo. A busca frenética por pequenos objetos ou supostos
quer reparação. Afinal, o que pode recuperar nossa perda ? É prazeres visam evitar a angústia do encontro com os limites
a Lei: o que foi perdido é irrecuperável, resta construir novas humanos. A droga legal ou ilegal é, neste sentido, o objeto
possibilidades e para isto muitas vezes contamos com a lei. privilegiado do consumo pois realiza o maior afastamento
Por isto a relação com a lei é sempre conflitiva. Ela nos parece possível entre o sujeito e seu desejo. O que estarão querendo
ao mesmo tempo o que nos cerceia a realização do desejo e o dizer os meninos que matam por um tênis ? Que roubam para
que a possibilita ao regular a relação com o outro. Só o Simbó- comer e para se drogar ? Que assistem na TV da vitrine a
lico pode responder por nossas desilusões. O Simbólico é este Xuxa lançando no mercado um novo produto a eles inacessí-
duplo: abre-nos a possibilidade da realização do desejo a vel e pouco depois cantando "de hoje em diante, só quero

Conhecimentos Específicos 215 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
boas notícias"? Este é o paradoxo do capitalismo: propagar ção clínica no litígio, muitas vezes o sofrimento permanece
que é preciso viver bem (o que é traduzido por possuir bens de travestido das mais diversas demandas num processo judicial
consumo) mas não oferecer condições para isto. Portanto, há interminável.
muito mais a fazer quanto ao processo educacional que pro-
duzir escolas. Os valores culturais de convivência e respeito à E o desejo das crianças ? Envolvidos nestes jogos paren-
ordem que a escola quer transmitir estão em choque com os tais, as crianças começam a ter problemas na escola, nos
valores que fundamentam nossa sociedade de consumo. relacionamentos com seus amigos e parentes. Entram em um
conflito de lealdade com os pais, não sabem como responder
Retornando à questão legal. Podemos dizer que os ado- as suas demandas. Este sujeito ainda emaranhado na teia
lescentes estão se tornando sujeitos de direito. Diminuiu a fantasmática familiar sofre por não saber dizer sobre este
idade mínima para votar, questiona-se a idade da responsabi- imaginário que não permite que ele se coloque como sujeito,
lização civil. Estes movimentos indicam a necessidade de dar restando-lhe apenas a vertente do assujeitado. Em alguns
palavra ao jovem para que ele possa se posicionar, mas uma casos, quando os pais não se dispõem a nenhum trabalho de
palavra que venha acompanhada de deveres. Rompe-se o elaboração subjetiva porque o sintoma não permite nenhuma
antigo falso protecionismo do Estado e das famílias. Não basta abertura, um trabalho com as crianças consegue fazer efeito.
protegê-los, eles precisam reivindicar e serem reivindicados. Elas começam a contestar as demandas parentais e tentam
Os adolescentes ainda não possuem, juridicamente, a palavra não participar do jogo litigioso no qual são as maiores prejudi-
plena mas é preciso dar a eles a chance de irem alcançando- cadas. Infelizmente, estes casos são raros.
a.
Quando o trabalho com as famílias é possível, quando se
Com relação às crianças, o problema da família evidencia- pode questionar aquela verdade que os sujeitos construíram
se muito mais. A família passa hoje por uma transformação no drama familiar (ratificado pelo discurso judiciário que ofere-
muito intensa. A configuração familiar é muito diversa, desde o ce a cada um o lugar de autor e réu, requerente e requerido,
número crescente de adolescentes grávidas, de mulheres que culpado e inocente), abre-se a possibilidade de uma ressignifi-
optam por criarem os filhos sozinhas, de filhos de pais separa- cação do conflito. Ressignificação que nem sempre quer dizer
dos e recasados, situação cada vez mais comum, até a oficia- o fim do litígio -para isto seria necessário um trabalho analítico
lização da união homossexual e quiçá sua demanda por ado- que não tem lugar na instituição -, mas que permite a aposta
ção de crianças. numa mudança na situação de sofrimento que antes se viven-
ciava. Nestes casos podemos falar de crianças como sujeito
O trabalho do psicólogo com a família se coloca desde a de direito. Direito de, pelo menos, ser preservado da violência
questão da adoção. A adoção, como não poderia deixar de simbólica do sintoma parental.
ser, tem caráter definitivo e principalmente por isto não é mais
aceitável que ela se dê simplesmente pelo pedido de um casal E quando se fala em violência, lembramos sempre do pro-
interessado e a escolha de uma criança (como ainda ocorre blema do abuso sexual de crianças e adolescentes. Terreno
em alguns Estados do Nordeste). A adoção não é um proces- movediço em que se mesclam fantasia e realidade, cena que
so tão simples quanto quer o suposto humanismo caritativo de causa horror e curiosidade. Nestes casos estamos diante de
algumas instituições de abrigo de crianças abandonadas. A um número imenso de variáveis culturais e psíquicas que
demanda por adoção pode não ser mais que um sintoma do tornam muito complexa a tarefa de bem lidar com estes pro-
casal em função de sua história pessoal e conjugal. Nem sem- blemas.
pre o desejo é o exercício da paternidade apesar do pedido
centralizar-se aí. Escutar os cônjuges, a família, localizar o Por um lado, vivemos em uma sociedade que torna cada
lugar do filho adotado naquela constelação simbólica, isto vez mais precoce a sexualização das crianças. É claro que há
ajuda inclusive a preparar os futuros pais para receberem um um limite biológico para o exercício da sexualidade, mas o
novo ser em seu meio. simbólico atropela isto como um trator num castelo de areia.
Podemos assistir hoje em programas televisivos de grande
Não é incomum que quando as crianças que foram adota- audiência a meninos de tenra idade executando danças que
das ilegalmente - o famoso "pegou para criar" - chegam à se estabeleceram na cultura por seu apelo sexual. As progra-
adolescência e começam a criar problemas, seus pais adotivos mações consideradas antes pornográficas ou apelativas são,
buscarem os órgãos judiciários para "resolver" estes proble- cada vez mais, acessíveis pela TV a cabo ou nas bancas de
mas, de preferência afastando-os da sua convivência. Por isto revistas. Este é o campo de uma intensa discussão sobre a
este trabalho que se coloca antes da constituição fatual da censura e a permissividade. Discussão apaixonada que envol-
relação paterno-filial pode ser muito importante, depois disto ve sempre juízos de valor e que não cabe nos limites deste
aparecem outras questões. texto. Mas temos de considerar esta mudança de costumes
para refletirmos sobre o abuso sexual. Afinal, nossa lei penal
Questões, por exemplo, das famílias que entram em litígio. ainda diz que em relações sexuais com menores de 14 anos
Elas compõem, quase sempre, a cena do trabalho do psicólo- presume-se a violência, já que está implícito nestes casos uma
go também. As disputas pela guarda dos filhos, as acusações incapacidade para autodeterminação. Desta forma, a palavra
mútuas, as intimidades expostas num processo judicial, assim do adolescente não tem nenhum valor pois ele ainda não está
correm muitos processos nas Varas de Família. Como ficam de "posse" da sua razão ou, pelo menos, ela não encontra-se
as crianças nestas situações ? Em geral, não muito bem. E o amadurecida. E preciso relativizar normas tão rígidas. Relativi-
que se percebe na prática é que estes litígios relacionam-se zar significa considerar o contexto sócio-cultural, em constante
muitas vezes a problemas particulares que os ex-cônjuges não transformação, e a própria implicação dos envolvidos em cada
conseguiram elaborar após a separação. Então chegam ao caso. Já existem juizes que tentam levar isto em consideração.
judiciário com uma construção litigiosa imaginária muito bem
estabelecida na qual, em geral, os filhos estão como objetos Só assim poderemos falar de abuso sexual sem cair cons-
de disputa, sendo que a preocupação com seu bem estar fica tantemente nas teias do moralismo puritano, que denega a
em segundo plano. Se os filhos estão mal, a culpa é sempre sexualidade infantil, e sem desconsiderar também a constitui-
do outro. As crianças e adolescentes envolvidos transformam- ção cultural brasileira, na qual tem se tornado comum a rela-
se em objetos de ataques e defesas que não são senão uma ção sexual entre dois menores de 14 anos.
forma sintomática de lidar com a perda narcísica implícita na
desilusão amorosa. Por outro lado, o abuso existe e quando ele ocorre encon-
tramo-nos diante de uma criança ou adolescente que traz na
O trabalho do psicólogo é desconstruir o litígio, escutar de sua história uma marca angustiante. Considerando que a se-
cada um qual a sua parte naquela história. Sem uma interven- xualidade, no sentido amplo como defendeu Freud desde os

Conhecimentos Específicos 216 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
"Três Ensaios..."(1905) constitui a subjetividade e por isto uma possibilidade de elaboração e de estabelecimento de um
permeia todos os relacionamentos humanos, estaremos diante novo laço social. Isto não ocorrerá sem uma intervenção espe-
de alguém que tem a possibilidade de ver sua vida e sua rela- cífica, sem um lugar que seja referência para este sujeito reor-
ção com o outro marcada pela violência. É claro que a relação denar sua vida psíquica. Precisamos romper com a equação
não é causal e direta. Muitas pessoas que sofreram abusos loucura = periculosidade.
sexuais na infância, elaboraram a experiência de forma que a
marca do sofrimento pode ficar no passado. Outros não, o A mesma crítica pode ser feita com relação à equação lou-
trazem todo o tempo como repetição. Estes precisam de cura = incapacidade civil. Nos processos de interdição judicial,
acompanhamento terapêutico, inclusive para elaborar o seu abolem-se os direitos do indivíduo em nome do seu direito de
afastamento do abusador que, geralmente, é alguém muito ser tutelado (leia-se protegido). Interditado, o indivíduo não
próximo. pode mais administrar seus bens, nem a sua pessoa e não
pode votar também. Considerado desarrazoado mas "manso",
Quanto ao abusador, muitas vezes estamos também diante o indivíduo é visto como dependente e por isto necessitado de
de casos em que é fundamental um bom diagnóstico. Não um alguém que lhe ampare e oriente, alguém que terá o poder de
diagnóstico cerceador mas que abra possibilidades de trata- administrar seus bens (sua pensão previdenciária, na maioria
mento e acompanhamento, dando chance do sujeito de elabo- dos casos). Faz parte desta rotina a exigência de um diagnós-
rar seu ato. tico médico. Seu alicerce filosófico é a "posse" da razão como
fundamento do direito e a consciência como a capacidade de
Entretanto, o trabalho do judiciário encerra-se nesta cons- entendimento e determinação para os deveres e direitos do
tatação e na busca da preservação da criança de outros abu- homem. Este alicerce encontra-se abalado há muito na história
sos. O acompanhamento tanto do abusado como do abusador do pensamento moderno. São pelo menos três os grandes
ainda deve ser feito em outro lugar. nomes que obrigaram a remodelar este discurso iluminista:
Abordando então o diagnóstico e a questão da elaboração Marx, Freud e Nietszche. Mas a lei brasileira ainda pensa
subjetiva, tocamos no problema dos loucos. Com relação à como os iluministas, pelo menos com relação à loucura. Como
loucura, ainda estamos muito no início, apesar de todos os o indivíduo é (ou está) desarrazoado não se questiona os
avanços que a Luta Antimanicomial conquistou ao longo dos efeitos que a interdição possa ter para o próprio interditado. Há
anos. Assistimos hoje ao questionamento do estatuto social de também o problema teórico-clínico de que nas crises o sujeito
"doente mental", derivado de uma história em que as ciências precisa de auxílio mas fora delas não necessariamente. Pode-
_ medicina e psicologia em particular - procuraram explicar a ríamos ainda esboçar outras questões. E claro, devemos en-
loucura e explicando-a, silenciaram-na. Se em relação aos tender que muitos diagnósticos implicam realmente uma pro-
tratamentos assistimos a avanços consideráveis na crítica ao vável incapacidade de lidar com uma série de problemas práti-
modelo manicomial e na proposta de ofertas de serviços em cos da vida cotidiana como o valor dos objetos, a inserção em
saúde mental menos estigmatizantes e cronificadores, no um trabalho produtivo, etc. São os casos de demência, os
campo jurídico ainda há muito por se fazer, tanto com relação casos conhecidos como de retardamento mental, os portado-
à abordagem criminal do louco quanto com relação a sua res de síndrome de Down, entre outros. Entretanto, mesmo
interdição civil. estes devem ser bem avaliados e também não estão livres dos
interessados apenas nos seus (muitas vezes parcos) bens. A
Com relação ao problema criminal, cabe uma revisão do relação entre o interditando e o futuro curador tem de ser ava-
conceito de periculosidade. Será tão exata a relação entre liada tanto quanto a verdadeira necessidade de uma interdi-
psiquismo (enquanto diagnóstico ou tipologia) e ato ? ção. Não é incomum famílias pobres requisitarem a interdição
Mesmo que algumas teorias e pesquisas estatísticas pos- de um dos descendentes com vistas ao recebimento da pe-
sam estabelecer uma correlação entre certos fenômenos men- quena pensão previdenciária que em várias situações de misé-
tais e uma tendência a agressão, esta relação nunca é exata. ria representa muito, como constatou Delgado (1992) em sua
Juridicamente, o indivíduo que cometeu um ato criminoso sem pesquisa. Algumas pessoas recebem a pensão e mantém
estar de posse de suas faculdades mentais, sem ter capacida- internados seus familiares interditados sem nem sequer saber
de de discernimento ético jurídico sobre o que fazia ou ainda se ainda estão vivos.
sem ter capacidade para autodeterminar-se, autogovernar-se E como fica este sujeito nomeado louco (ou doente) pela
(são termos jurídicos), é considerado inimputável e, por isto, família em função de uma determinada história? Geralmente
não será punido pois o crime não existiu legalmente. Recebe- perde suas próprias referências e torna-se totalmente depen-
rá, ao contrário, uma medida de segurança que significa o dente e submisso ao curador. Paradoxalmente, o judiciário
encaminhamento para tratamento. Ora, trata-se de uma medi- aceita pedidos de desinterdição feitos pelos próprios interdita-
da que visa proteger os loucos ao reconhecer a especificidade dos. Talvez mea culpa. Entretanto, são muito raros estes pedi-
de seus atos mas que enfatiza, tanto quanto na questão das dos e mais rara ainda a desinterdição.
crianças , a vertente do assujeitamento em detrimento da
consideração do sujeito de direito que ali se apresenta. Novamente a ideia a ser defendida é a de que o procedi-
mento pericial pode não ser suficiente para a instrução de um
Simplesmente a internação em instituição asilar, como os processo e a deferição da interdição. Faz-se necessário o
manicômios judiciários - quando a medida de segurança é trabalho de avaliação da situação familiar do interditando, de
detentiva, que é mais comum, e não restritiva - não constitui avaliação da relação entre interditando e curador (avaliação
tratamento, constitui medida saneadora da nossa consciência. que deveria ser constante) e, principalmente, a escuta do
Acredita-se estar prevenindo a ocorrência de novos crimes, o próprio interditando. Faz-se necessário também uma diferenci-
que parece ser uma boa justificativa, mas os manicômios judi- ação entre incapacidade civil e incapacidade para o trabalho,
ciários ainda são, em geral, depósitos de pessoas que ao aspectos distintos que se mesclam no imaginário cultural em
entrarem ali perdem suas referências familiares e sociais. Ali que o indivíduo só é cidadão quando é trabalhador.
despejamos um pouco do horror de nossas fantasias. Dali não
sairão tão cedo, somente quando um profissional específico Como está posto hoje, a justificativa para a inimputabilida-
determinar a "cessação de periculosidade". Perguntamos se de e para a interdição "é a deficiência ou doença tomada como
não caberia tentar uma escuta deste sujeito a partir do mo- causa biológica, cujo reconhecimento é tarefa do perito psiqui-
mento da crise, quando o ato ocorreu e precisa ser significado. átrico" (Delgado, 1992:86). Não é mais aceitável a aplicação
No caso da determinação de um tratamento, que esta palavra não crítica da positividade implícita na causalidade biológica.
possa referir-se realmente a um acompanhamento terapêutico Aplicação que no passado justificou inclusive o discurso da
em que se possa contar com esta escuta, com a abertura para "purificação racial". Alguém que tem todas as possibilidades de
estabelecer um laço social aceitável e que luta por isto, não

Conhecimentos Específicos 217 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
deve ser vítima de um processo em que lhe retiram parte da Hoje, a atuação do Psicólogo Jurídico permeia uma ação
cidadania. A base para esta mudança está, novamente, na interdisciplinar na solução de conflitos da família, infância e
questão da definição do processo saúde-doença. A psicanálise juventude. Ao lado de Assistentes Sociais, Advogados, Juí-
demonstrou, por exemplo, que um delírio não é simplesmente zes, o trabalho se apresenta de forma mais completa. Cabe
a ausência de crítica, um juízo imperfeito, mas a forma do ao Psicólogo Jurídico dispor de seus conhecimentos a cerca
sujeito tentar elaborar aquilo que o toma de assalto. do “Fenômeno do Comportamento Humano”, atuando junto
ao conflito mediando e conciliando as partes e seus interes-
Não se pode mais querer excluir da convivência social o di- ses no Processo Judicial.
ferente. Cabe reconhecer esta diferença e pensar meios de
lidar com ela. É direito de todos buscar a felicidade. Cada um Segundo a Psicologia Jurídica, podemos destacar três
com seus recursos e limites. conceitos importantes: a) Psicólogo Forense: atua nos pro-
cessos criminais, nas Varas Especiais da Infância e da Juven-
Um último ponto a ser abordado. Um ponto importante e tude, utilizando métodos e procedimentos para avaliar os
delicado: o que os psicólogos têm a dizer sobre a formação aspectos da personalidade e o grau de periculosidade de
daqueles que exercerão o lugar da representação da lei, os indivíduos adultos ou adolescentes, agentes de condutas
juizes? tipificadas pela lei como criminosas; b) Psicólogo Jurídico:
Mesmo que não seja um problema muito debatido na cena atua nos processos civis, dentro (como peritos) ou fora (como
jurídica, sabemos que a Justiça, na prática, sofre abalos com assistentes técnicos) da instituição judiciária, analisando a
atos e decisões que a ferem eticamente enquanto ideal. Não é dinâmica familiar das pessoas envolvidas nos litígios, nas
a questão de se propor uma tipologia de personalidade para o Varas da Família e nas Varas da Infância e c) Psicólogo
exercício da magistratura, mas de tentar recuperar sua função Judiciário: especificação do psicólogo jurídico que atua emi-
ética. Função que se liga a própria relação do sujeito com a nentemente dentro do sistema judiciário.
Lei. O Psicólogo Jurídico é um profissional auxiliar da justiça,
O juiz, como representante da lei, ocupa um lugar angusti- cuja tarefa é analisar e interpretar as mensagens emocionais,
ante, de decisão. Um lugar que deve ser ocupado por quem a estrutura de personalidade e a configuração das relações
queira pagar o preço desta angústia. Este preço é ser relança- familiares, com o objetivo de oferecer sugestões e dar subsí-
do todo o tempo às suas questões pessoais com a Lei. O dios à decisão judicial.
trabalho solitário com estas questões é fundamental. Senão Busca-se elucidar as causas pessoais que conduziram
podem ocorrer casos como a juíza de Brasília que inocentou aqueles indivíduos à prática de atos criminosos e os senti-
os jovens assassinos do índio pataxó e que a imprensa regis- mentos dos mesmos em relação ao ocorrido. Procuramos
trou dizendo ter se colocado no lugar da mãe daqueles jovens. auxiliar os demais integrantes da equipe jurídica na avaliação
Ora, é possível ser mãe e juíza ao mesmo tempo e no e assistência psicológica de indivíduos, casais, menores e
mesmo lugar ? Em que ponto esta juíza foi atingida para que seus familiares, envolvidos nos processos criminais; bem
provocasse este abalo no ideal cultural que supostamente como assessorá-los, sempre que necessário, no encaminha-
representa ? mento para o tratamento especializado, seja para terapias
psicológicas e psiquiátricas, seja para tratamento da depen-
Enfim, ainda há muito por fazer e os psicólogos têm o que dência do álcool e outras drogas.
contribuir. Trabalhar pelos direitos do homem é tarefa que a
humanidade mal começou a empreender. E neste começo No cumprimento destas tarefas é absolutamente necessá-
deveríamos evitar o erro de reduzir estes direitos ao reconhe- rio o “estudo de caso”, por meio da consulta prévia aos autos
cimento do estado de vítima. Este reconhecimento está implíci- dos processos sob exame, e a permuta de informações com
to no que Bobbio (1992) chamou de "título de nobreza", citado outros profissionais, em muitos casos com o recurso de reu-
no início deste texto. Os direitos do homem tem de transcen- niões interdisciplinares. Esses passos se constituíram como
der este lugar, tem que se referir à capacidade de resistência. pré-requisitos para a elaboração posterior de pareceres, que
Como afirmou Garcia: "Se existem os direitos do homem, são juntados aos processos em estudo.
estes não seriam os direitos da vida contra a morte, não seri- O Psicólogo Jurídico participa de algumas audiências,
am os direitos da simples sobrevivência contra a miséria, teri- prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em
am que ser os direitos da resistência humana. Direitos do Psicologia. Dentre o material técnico utilizado podemos des-
imortal, direi, afirmam-se por si mesmos: direitos da resistência tacar: entrevistas individuais; observação clínica; visitas domi-
contra a contingência do sofrimento e da morte, são estes os
ciliares; testes psicológicos e contato com profissionais de
autênticos direitos da resistência humana". áreas afins. A utilização de tais métodos faz com que o profis-
É esta resistência, esta fidelidade àquilo que nos obriga a sional tenha subsídios para auxiliar o juiz na efetivação da
uma nova maneira de ser que devemos ter como meta neste sentença e elaboração de seu próprio parecer.
trabalho que se coloca no terreno problemático entre o não- Em síntese, podemos dizer que o Psicólogo especialista
agir do Estado (direitos de liberdade) e a ação positiva do em Psicologia Jurídica, ao atuar no âmbito da justiça pode
Estado (direitos sociais), terreno em que alça vôo a Justiça desempenhar múltiplas tarefas, colaborando, por exemplo, no
contemporânea. planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos
A Atuação do Psicólogo Jurídico humanos e prevenção da violência. Centrando, assim, sua
atuação na orientação do dado psicológico repassado não só
Maria Camila Carvalho do Nascimento para os juristas como também aos indivíduos que carecem de
A Psicologia Forense, a princípio, era tida como um ramo tal intervenção, para possibilitar a avaliação das característi-
da Psicologia dedicado ao estudo das personalidades que cas de personalidade e fornecer subsídios ao processo judici-
chamavam a atenção por apresentarem um comportamento al, além de contribuir para a formulação, revisão e interpreta-
considerado criminoso. No entanto, com a evolução do Direito ção das leis.
em parceria com a Psicologia, houve o nascimento do termo -o0o-
Psicologia Jurídica e, em decorrência, o psicólogo passou a
ser considerado um perito, oferecendo ao juiz subsídios no Hoje, o trabalho dos psicólogos no campo jurídico com-
âmbito de seus conhecimentos técnicos específicos, por meio preende a investigação, em diferentes níveis de complexida-
de laudos e pareceres. Assim, a Psicologia Jurídica viabiliza a de, dos fenômenos psicológicos no âmbito da Justiça e dos
decisão do juiz quanto à aplicação da justiça. exercícios do Direito, prestando serviços de assessoramento

Conhecimentos Específicos 218 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
direto e indireto às organizações de Justiça e as instituições adequadamente as necessidades daquela família, que muitas
que cuidam dos direitos dos cidadãos. Compõe, ainda, esse vezes passam despercebidas nos litígios judiciais.
campo, as atividades de pesquisa, ensino e de extensão, em
crescimento nas universidades brasileiras. (CRUZ, 2005). As duas atuações de destaque da psicologia jurídica no di-
reito de família são a perícia psicológica e a de assistente
Na contemporaneidade a Psicologia Jurídica não se res- técnico.
tringe na elaboração de psicodiagnóstico, está presente em
quase todos os Tribunais de Justiça do país incluindo organi- A perícia psicológica é importante para a compreensão da
zações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o dinâmica familiar e da comunicação verbal e não-verbal de
Ministério Público, em várias áreas de atuação: Varas de cada um dos indivíduos. O psicólogo perito deve ser imparcial
Família, Infância e Juventude, Práticas de adoção, Conselhos e neutro para escutar as mensagens conscientes e inconsci-
Tutelares, prisões, abrigos, unidades de internação, entre entes do grupo familiar e através de procedimentos específi-
outras. cos fornecer subsídios à decisão judicial, apresentando su-
gestões, com enfoques psicológicos que possam amenizar o
Com a contribuição de psicólogos, dentre outras ativida- desgaste emocional das envolvidos, e principalmente preser-
des, são resolvidos conflitos familiares, realizadas adoções, var a integridade física e psicológica dos filhos menores.
solucionadas disputas de guarda, regulamentadas visitas de
pais e avós, interditadas pessoas que não tem capacidade de O assistente técnico é um psicólogo autônomo contratado
gerir seus bens, atendidos adolescentes em conflitos com a pela parte para reforçar sua argumentação no processo e
Lei, acompanhadas execuções de penas, propostas no regi- complementar o estudo psicológico feito pelo perito. É como
me penal dos sentenciados. (COSTA, 2001). um consultor da parte, mas seu trabalho deve sempre atender
aos princípios da ética profissional à qual está sujeito, e não
Aplicação da psicologia nas questões judiciais deve limitar a uma visão parcial. Precisa, para resguardar a
qualidade de seu trabalho, obter informações acerca da di-
INTRODUÇÃO
nâmica familiar completa, e assim fornecer subsídios à deci-
Com a promulgação da legislação atual a assistência à in- são judicial que, a principio são favoráveis ao seu cliente, mas
fância, à adolescência e ao idoso passou a ser enfocada servem também para compreender o contexto familiar integral
como uma “questão social” e o Estado brasileiro vêm atuando e identificar as reais necessidades dos membros da família.
como grande interventor e o principal responsável pela assis- Essa interação do trabalho dos psicólogos, perito e assis-
tência e pela proteção desses sujeitos sociais e de seus direi- tente com o dos juristas objetiva evitar que o confronto famili-
tos. ar se agrave ou se perpetue, minimizando os danos que por
Procurando atender às necessidades biopsicosociais dos ventura venham sofrer seus envolvidos, especialmente crian-
envolvidos nos processos de guarda, adoção e interdição, o ças e adolescentes.
Poder Judiciário procura obter e manter todas as informações Antes de encerrarmos esse capítulo é importante esclare-
pertinentes à origem e história de vida dos sujeitos do pólo cer, sucintamente, a distinção entre perícia e avaliação psico-
ativos (requerentes) e pólo passivo (requerido). Torna-se lógica. Esta última é utilizada como primeiro e principal ins-
então de fundamental importância o trabalho de profissionais trumento para analisar os vários e distintos casos que che-
especializados para procederem aos estudos e investigações gam à Justiça. É um procedimento utilizado para diagnosticar
necessários, que irão possibilitar ao Estado defender e aten- a situação de conflito, pressupõe uma intervenção no caso
der aos interesses dos sujeitos do pólo passivo. por meio de um estudo, às vezes prolongado, da vítima, do
O psicólogo dentre outros profissionais desenvolve um contexto em que tudo aconteceu, dos familiares e de outros
trabalho relevante para o juizado cível, especialmente nos indivíduos envolvidos no processo judicial.
processos de guarda, adoção e interdição. Através de um Nos casos de processos de família, como a separação
estudo psicológico criterioso fornecem uma avaliação impor- conjugal, disputa de guarda dos filhos, regulamentação de
tante que deve ser considerada no momento da decisão judi- visitas e outros, os psicólogos são nomeados peritos pelos
cial. O estudo psicológico, além, de detectar “algo encoberto” Juízes, são encarregados de fazer avaliações psicológicas de
ou mesmo disfarçado pelas famílias ou pessoas envolvidas todas as pessoas que compõem o caso a ser julgado, utili-
no processo, ajuda a evitar erros que trazem grande sofrimen- zam-se, também de entrevistas, técnicas de exame e investi-
to e grandes transtornos para serem revertidos, o acompa- gação, de acordo com a natureza e gravidade do caso. Elabo-
nhamento psicológico torna mais tranquilo e seguro os pro- ram um laudo pericial com um parecer indicativo ou conclusi-
cessos em questão. vo. Esse laudo oferece ao Juiz elementos do ponto de vista
A APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA NAS QUESTÕES JU- psicológico, para que ele possa decidir o processo com novas
DICIAIS bases de conhecimento além do Direito.

A Psicologia, mais especificamente, a Psicologia Jurídica PROCESSOS DE GUARDA


como uma ciência autônoma, produz conhecimento que se O papel do Psicólogo Judiciário nas disputas de guarda
relaciona com o conhecimento produzido pelo Direito, o que dos filhos e programação das visitas quando o casal se sepa-
possibilita que haja uma interação, um dialogo entre essas ra é, atualmente, reconhecida e até mesmo obrigatória, tanto
ciências. que sua atuação tem sido institucionalizada na estrutura judi-
O psicólogo jurídico atua fazendo avaliações psicológicas, ciária mediante a instalação de serviços psicossociais foren-
perícias, orientações, acompanhamento, contribui para políti- ses, como serventias de quadros próprios, aparelhadas para
cas preventivas, estuda os efeitos do jurídico sobre a subjeti- as suas atribuições específicas.
vidade do indivíduo, entre outras formas de atuação. Com a separação surgem os papeis do guardião e do ge-
No direito de família torna-se imprescindível à atuação do nitor descontínuo, o primeiro deve coincidir com o cuidador ou
psicólogo. As questões familiares são mais amplas e comple- cuidadora, independente do gênero, pois é ele quem provê as
xas. Não se limitam à letra fria e objetiva da lei, esta nem necessidades básicas da criança. Pela letra fria da lei não
sempre é suficiente para dirimir as questões familiares leva- haveria suporte legal para se atribuir automaticamente a
das ao judiciário. A psicologia, como ciência do comportamen- guarda à mãe. Genitor é aquele que não fica diariamente com
to humano, vem, através de seu aparato, buscar compreender a criança, mas tem direto a visita, ou melhor dever de visitar,
elementos e aspectos emocionais de cada indivíduo e da dever de se fazer presente e influenciar na criação dos filhos.
dinâmica familiar, e assim, encontrar uma saída que atenda
Conhecimentos Específicos 219 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A atuação do psicólogo na vara de família, que trata de Dentre os métodos do psicólogo estão a entrevistas, a in-
questões como separação, guarda e visita, se deve, em gran- vestigações, a visitas e a análise dos dados coletados, assim
de parte, pela presença de crianças, visto a dificuldade de como valores, atitudes explícitas e implícitas, crenças dos
questioná-las diretamente e de saber o que se passa com sujeitos e demais aspectos relevantes que possam interferir
elas, por isso a necessidade de um profissional com formação no processo de adoção. O momento do processo de produ-
especifica em relação ao desenvolvimento infantil, processo ção de informações, pode conduzir a novos indicadores,
psicológico e psicodinamismo da família. O Juiz apesar de emergindo novos elementos e novas ideias e posicionamento.
não ter sido preparado para entender de criança tem que A combinação das informações indiretas e omitidas constitu-
tomar uma decisão que condicionará a vida do pai, da mãe e em uma grande área para a análise da possibilidade de haver
da criança, os psicólogos suprem essa deficiência, buscando algo encoberto, mascarado ou disfarçado. O estudo criterioso,
amenizar os conflitos pré-existentes na separação litigiosa. imparcial, de surpresa é pertinente e necessário para que seja
capaz de detectar as situações de risco e agir em defesa dos
Em relação à guarda, ela pode ser alternada ou comparti- interesses das crianças e adolescentes.
lhada. Na guarda alternada o guardião tem certos direitos que
são direitos superiores ao do genitor descontínuo. A guarda Estudos realizados pela Universidade Católica de Brasília
compartilhada quer dizer que ambos têm a mesma prerrogati- e Universidade de Brasília juntamente com o Serviço Psicos-
va de escolher, opinar e influir na direção do filho. Nesse social Forense do Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
sentido, é mais justo quanto ao equilíbrio daquilo que se con- apontam que:
fere ao pai ou à mãe. A decisão quanto à guarda e as visitas
não vêm do psicólogo, ele apenas fornecerá dados que em- • Os estudos psicossociais proporcionam não somente
basarão a decisão do Juiz. Permitindo, desta forma, um diálo- um novo conhecimento, mas um processo de reflexão e uma
go com a letra fria da lei e as implicações simplesmente mo- mudança de postura e atuação;
rais, conferindo às decisões judiciais um maior senso de justi- • Muitas vezes a entrega de uma criança à adoção po-
ça e preocupação social. A psicologia contribui ao dizer que deria ser considerado como um ato responsável e consciente
existem duas pessoas que personificam duas funções dentro em defesa da vida de um filho;
da psicologia, a mãe e o pai, um não substitui o outro, por
isso a criança deve ter acesso aos dois e às suas linguagens • Torna-se de fundamental importância que o judiciário
que são parte simbólica e parte da carga genética dela mes- mantenha um banco de dados pertinentes à origem e história
ma. de vida do adotando/adotado a fim de que este possa recons-
truir sua história, facilitando a construção de uma auto ima-
ADOÇÃO gem clara e definida;
No processo de adoção é preciso que haja o consentimen- • No Brasil, a demanda pela adoção caracteriza-se por
to dos pais ou do representante legal da criança ou adoles- buscar a solução dos conflitos do adotando e não exatamente
cente. E deverão ser encaminhados no Juizado da Infância e do adotado;
Juventude para que sejam tomadas as providencias legais.
Os parentes poderão adotar, mas os avós e irmãos interessa- • O medo do desconhecido e o preconceito quanto à
dos deverão solicitar a guarda da criança junto ao serviço hereditariedade das crianças são fatores que desestimulam a
social judiciário. adoção;
No andamento do trâmite legal serão realizados os traba- • O estágio de convivência e morosidade da sentença
lhos técnicos responsáveis pelos estudos psicossociais das judicial provocam grande insegurança e sofrimento aos sujei-
famílias e das crianças, serão realizadas investigações com tos do processo, não só pela indefinição mas principalmente
respaldo no Estatuto da Criança e do Adolescente (art.50, pelo medo da perda;
§1º) que visa proteger e garantir os direitos fundamentais da
criança e do adolescente. Os profissionais avaliam e emitem • A experiência da preparação psicológica para a ado-
pareceres e relatórios técnicos que indicam positivamente ou ção, as aproximações sucessivas, a orientação, o apoio e o
não a adoção, buscando sempre a satisfação das necessida- aconselhamento, se revelaram importantes para as famílias
des do adotado. adotantes e para os adotados trazendo-lhes confiança, tran-
quilidade e segurança;
A intervenção da psicologia jurídica no direito de família,
especialmente na adoção, vai além das preocupações de • O estudo psicossocial é um vasculhamento necessá-
moradia digna, alimentação, escola e saúde. Na verdade, visa rio para minimizar os riscos de uma adoção mal sucedida,
atender às necessidades biopsicossociais das crianças e podendo-se chegar a uma adequação da família sonhada
adolescentes, analisando os aspectos de adaptação, aceita- com a família possível para todos e, em especial para a crian-
ção, integração da criança dentro da família em relação aos ça;
filhos biológicos e demais familiares, na reconstrução de sua • · Famílias adotantes entrevistadas valorizam as in-
nova história familiar. formações e orientações recebidas durante o estudo psicos-
É preciso,ainda, lembrar que “antes de uma história de social, ressaltando inclusive a necessidade de maior divulga-
adoção existe uma história de abandono”. A situação de ção do tema na mídia para desmascarar preconceitos e auxi-
abandono das famílias originárias, o desamparo e o grande liar outros adotantes a buscar a realização de uma adoção
sofrimento físico e psíquico das crianças e adolescentes, o legal.
motivo das adoções, as características da família adotiva, INTERDIÇÃO
seus anseios, medos, dificuldades e vulnerabilidade são as-
pectos que precisam ser trabalhados antes e durante o pro- A interdição judicial de um cidadão, no Estado de Direito,
cesso. A psicologia permiti uma análise sobre a importância está prevista como medida de exceção da cidadania, sendo
métodos do psicólogo, em especial a escuta, para o atendi- regulada por lei, e atribui a responsabilidade aos agentes
mento das famílias e das crianças, podendo gerar mudanças públicos, para efeito da sua execução. Como ato do Estado
significativas em suas vidas. Objetivando defender os interes- que estabelece restrição ao gozo dos direitos do cidadão, o
ses e os direitos do adotado numa tentativa de restituir dos instituto da interdição judicial deveria encontrar-se revestida
danos até então sofridos, com o estabelecimento de uma de todos os cuidados e reservas, na medida em que sua
relação familiar estável e benéfica. ocorrência produz sérias limitações ao atingido no tocante à
sua capacidade de se posicionar como agente de reivindica-

Conhecimentos Específicos 220 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ção diante das instituições, inclusive do próprio Estado e dos A Atuação do Psicólogo encontra-se estabelecida no
seus agentes. art. 151 do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (an-
tigo Código de menores).
Estabeleci-se uma posição semelhante a de menor idade
civil, por meio da tutela ou da curatela, instaura-se graves O Técnico atua no processo relativo a infância e juven-
prejuízos ao desempenho social dos atingidos, fragilizando-os tude na condição de Perito.
sobremaneira e colocando-os à mercê de injunções em suas
vidas privadas, sobre as quais estes não têm o menor contro- O trabalho psicológico na Vara da Infância e da Juven-
le. tude abrange o contato com a clientela (partes – pessoas
pertencentes ao processo ou não), a atuação nos autos pro-
A interdição judicial é uma excepcionalidade contra a ci- cessuais, participação na sala de audiência formal ou infor-
dadania: ao mesmo tempo em que priva de responsabilidades malmente, contatos com instituições e entidades afins, ativi-
o cidadão, transfere a gestão de seus direitos a um terceiro, dades ligadas à equipe e a administração, eventos relaciona-
seja este um agente do Estado, seja um particular que passa dos à área como cursos, palestras, congressos, supervisão e
a responder por aquele cidadão. outros.
O termo ação cível se enquadra no processo da "Capaci- Os laudos técnicos (relatórios) elaborados pelo Psicólo-
dade Cível" em que se permite a uma pessoa adquirir direitos go fazem parte dos autos (processos) como mais uma prova
e contrair obrigações por conta própria, por si mesma, sem a que somadas as demais farão com que o Juiz julgue a causa
necessidade de um representante legal. Para a ocorrência de (conflito de interesses).
uma ação cível de interdição, faz-se necessário que o indiví-
duo perca a capacidade de gerir seus bens e sua própria O Psicólogo é livre no seu aspecto científico. A função
pessoa. Esta situação judicial apresenta-se como a mais do Psicólogo é desempenhada além da Vara da Infância e
frequente nas perícias psiquiátricas, que incidem frequente- Juventude, especificamente também perante a Vara de Famí-
mente na incapacidade total e definitiva, a qual se configura lia e Sucessões (lida com litígios onde se disputa a posse dos
pela perda da autodeterminação da pessoa. filhos) bem como na Vara Especial que lida com menores
infratores (acima de 12 anos).
A necessidade da perícia psiquiátrica nos casos de ações
para uma possível interdição apresenta-se hoje frequente na Áreas de Atuação do Psicólogo na Vara da Infância e Ju-
realidade brasileira. Este fato solicita deste profissional, cada ventude:
vez mais, uma especificidade para diagnóstico diferencial, Medidas de colaboração em Família Substituta – Guar-
cuja conduta seja adequada a cada caso. da – Tutela – Adoção (destituição de Pátrio Poder)
CONCLUSÃO Disputa
A psicologia jurídica tem desempenha papel imprescindí- Vitimização (Maus tratos, físicos e psicológicos e Abuso
vel nos processos de guarda, adoção e interdição. Suas aná- Sexual)
lises acerca dos indivíduos que compõem a relação jurídica e
dos terceiros envolvidos enriquecem e muito o trabalho dos Abrigo – Desinternação
juristas, que com base nas informações que os psicólogos
abstraem, através de seus métodos específicos norteiam as Queixas – conduta (Problemas de distúrbios de com-
decisões judiciais tornando o processo menos danoso e sofri- portamento socializado da criança / adolescente)
do principalmente para as crianças e adolescentes envolvi- Suprimento de idade / Suprimento de Consentimento
dos, além de possibilitarem um tomada de decisão, por parte para casamento
do juiz, mais justa e humana fundada na individualidade da-
quele determinado grupo familiar. Emancipação
Atualmente, tem-se implementado conhecimentos de psi- Maria Cecília Brandão Haga
cóloga jurídica na própria formação dos juristas, o que não
PSICODIAGNÓSTICO - TÉCNICAS UTILIZADAS.
ameaça o trabalho dos psicólogos, visto que é uma atividade
complexa que cabe apenas aos psicólogos devido sua forma-
Tania Montandon
ção específica. Para os juristas essas noções de psicologia
jurídica servem para que estes não sejam totalmente leigos
NA CLÍNICA
diante de um laudo pericial psicológico. Além dos inúmeros
O diagnóstico é possível através das entrevistas diagnósticas.
benefícios na compreensão global dos casos eles confiados,
A palavra entrevista deriva do francês entrevue, que provém
tanto na atividade de advogados quando de juizes, permitin-
do latim videre, que significa ver. O dicionário da Real Aca-
do-lhes uma visão mais subjetiva e não limitando-se apenas à
demia Espanhola define como vista, concorrência e conferên-
objetividade da lei. Parece simples, mas é uma questão de
cia de duas ou mais pessoas em um lugar determinado, para
fundamental importância no direito de família, por se tratar de
tratar de resolver um negócio. A palavra diagnóstico origina-
um momento delicado em um dos principais pilares da socie-
se do grego diagnõstikós e significa discernimento, faculdade
dade, a estrutura familiar. http://www.coladaweb.com/
de conhecer, de ver através de.
PSICÓLOGO JUDICIÁRIO/TJSP
Existem quatro tipos de entrevista:
Funcionário Público do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo do Poder Judiciário (admitido por Concurso Públi- - Fechada: O entrevistador não pode alterar as perguntas e a
co).O Psicólogo compõe a equipe interprofissional da Vara da ordem como é apresentada ao entrevistado;
Infância e Juventude (antigo Juizado de Menores), constituin-
do os "Serviços Auxiliares" sendo órgão da assessoria técni- - Aberta: O entrevistador improvisa, dirige e intervém segundo
ca. as necessidades;
É recente a introdução do Psicólogo no quadro de fun-
cionários auxiliares do Juiz de Direito, atuando juntamente - Semi-dirigida: É a mistura das duas primeiras, onde o entre-
com o Assistente Social (seção técnica), Promotor de Justiça, vistador dispõe de uma certa liberdade no interrogatório, mas
Comissariado (voluntários) e Cartório (Escrivão – Diretor). tem que cumprir outras normas;

Conhecimentos Específicos 221 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- Livre: Interroga-se deixando que o entrevistado nos informe referir o caso individual aos quadros nosográficos ou às estru-
livremente, sem nossa intervenção, a não ser para dar-lhe a turas de personalidade subjacentes.
norma técnica inicial.
Formulam-se indicadores que permitem determinar a incidên-
Toda análise e previsão da conduta humana envolve uma cia da história de vida no estado atual da personalidade, inte-
atribuição do significado aos fatos comportamentais. É preci- grando os comportamentos do sujeito, suas queixas, sintomas
so categorizá-los em termos de determinados conceitos, que com o material oriundo das técnicas projetivas.
traduzem nexos subjacentes. Há uma cisão entre o que se
descreve em linguagem científica e o que se observa experi- O diagnóstico, segundo o modelo médico, é estabelecido em
mentalmente. quadros classificatórios das doenças mentais, precisos e
exclusivos, organizando síndromes sintomáticas com caracte-
A atribuição da significação ao sujeito constitui um retorno a rísticas específicas. Testes são elaborados para determinar
problemas que haviam permanecido circunscritos. O signifi- os processos psíquicos subjacentes e tendências patológicas.
cado por nós atribuído a cada ato e momento de nossa exis-
tência é mais importante para entender nossas decisões, Segundo o modelo psicométrico, características genéricas do
cognições, emoções, nossas atividades psíquicas do que a comportamento humano de ordem genética e constitucional
mera força de hábitos estereotipadamente adquiridos. são consideradas imutáveis e identificadas em testes para
classificá-las e medi-las.
O comportamento, não sendo amorfo, mas dotado de sentido
próprio, não pode mais ser tratado como qualquer outra “ma- Já o modelo behaviorista considera o comportamento obser-
téria” do conhecimento, sujeita à nossa intuição. É preciso vável como o único objeto possível se ser estudado pela psi-
fundamentar-se na inteligência da significação do comporta- cologia.
mento.
O maior desenvolvimento dos modelos de psicodiagnóstico
A afirmação de Piaget “Não se sabe a priori se as estruturas deu-se em consultórios privados com clientela socialmente
pertencem ao homem, à natureza ou aos dois” aplica-se ao privilegiada.
fenômeno físico em relação ao qual não sabemos até que
ponto a natureza da causalidade vincula-se aos processos Os princípios teóricos básicos do diagnóstico psicológico são:
dedutivos decorrentes das estruturas lógico-matemáticas que
introduzimos em sua descrição. Essa dúvida dissipa-se na -Processos intrapsíquicos: O paciente faz uso de identifica-
Biologia, onde o dado observável não depende da percepção ções projetivas patológicas, sentindo que aloja objetos frag-
dos fatos, mas da ação dirigida por outro ser vivo. Essa ação mentados dentro de um outro indivíduo, assim como partes
passa a ser o núcleo da observação em Psicologia. de outro indivíduo são sentidas como alojadas dentro da per-
sonalidade do paciente.
Diagnóstico e prognóstico colhem o papel estruturador do
comportamento próprio de cada nível e de cada linguagem, -Processos de desenvolvimento e maturação: As observações
captando a riqueza informacional que suscita em torno do a respeito das diversas etapas da vida são preciosas para
sujeito e permite compreender as bases de sua conduta. diferenciação entre normal e patológico e para construção de
teorias, instrumentos de medida e julgamento clínico.
A enfermidade do indivíduo desenvolveu-se em um ambiente
familiar determinado. Assim, deve-se conhecer as reações do -Processos de dinâmica familiar: O estudo enfatiza a relação
paciente ante sua enfermidade e suas implicações na dinâmi- precoce entre mãe e bebê, internalização, pela criança, dos
ca da família como fonte de informação valiosa, tanto para o pais e as forças externas que operam para criação e desen-
diagnóstico psicológico como para o tratamento. Entre as cadeamento de distúrbios.
reações está o sentimento de culpa, principalmente quando
se trata de perturbações emocionais. O informe psicológico deve conter:

A aceitação, a negação ou o rechaço da enfermidade da -Dados de identificação, para ter uma visão imediata da inser-
pessoa por parte de seu ambiente, em grande parte, estão ção do indivíduo em seu mundo microssocial;
mobilizados pelos sentimentos de culpa das pessoas de seu
núcleo familiar. -Motivos da consulta, contendo as queixas do paciente e
familiares;
Quando o paciente é uma criança, geralmente os sentimentos
de culpa dos pais estão na superfície da consciência. Nos -Os recursos utilizados, contendo observações, técnicas e
adultos, costuma-se ocorrer o mesmo de forma mascarada. testes;

Na Psicanálise, a relação psicólogo-paciente enfatiza que o -Histórico de vida, resumindo os aspectos relevantes para
paciente transfere ao psicólogo conteúdos inconscientes de conhecer seu processo evolutivo e estado em que se encon-
sua vida mental infantil e o psicólogo é mobilizado em suas tra no presente;
fantasias e angústias primitivas. As transferências e contra-
transferências são utilizadas em prol da compreensão diag- -Dados sobre o grupo familiar;
nóstica.
-Síntese diagnóstica, o que o psicólogo pôde perceber e inte-
As atividades clínicas do profissional devem ser empreendi- grar no contexto como sendo sua compreensão globalizadora
das com o mínimo de interferência de suas teorias sobre sua do paciente;
capacidade de observar e captar os fatos relevantes.
-Prognóstico, apontando os recursos emocionais do paciente
O diagnóstico deve delimitar graus de integração da persona- e do grupo familiar para lidar com as perturbações e suportar
lidade, diferenciando neuróticos, psicóticos e pervertidos. os atendimentos requeridos;

A descrição de características de como o indivíduo se vincula -Encaminhamento, contendo informações expressas de modo
e suas defesas e ansiedades predominantes deve permitir breve, relacionando-as às entrevistas devolutivas.

Conhecimentos Específicos 222 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Quarto, psicodiagnóstico de Rorschach. Quinto, C.A.T. Sexto,
O psicodiagnóstico possibilita uma avaliação global da perso- entrevista de devolução diagnóstica com os pais, normalmen-
nalidade do paciente, determinação da natureza, intensidade te em duas sessões. Sétimo, entrevista com a criança para
e relevância dos distúrbios, fornecimento de subsídios a de- situá-la a respeito do seu tratamento.
mais profissionais, definição do tipo de intervenção terapêuti-
ca, prognóstico da evolução terapêutica e pesquisa psicológi- 3- Quais os resultados obtidos?
ca.
Verificar as condições de analisabilidade do paciente, isto é,
Assim, as funções do diagnóstico psicológico são de orienta- sua capacidade de simbolização e sua capacidade de transfe-
ção e seleção de problemas de ajustamento, direção de ser- rência.
viços de psicologia, ensino e supervisão profissional, asses-
soria e perícias sobre assuntos de psicologia. 4- Qual sua visão crítica ao seu trabalho e ao Dagnóstico
Psicológico em geral?
Entrevista com Neila Fernandes Bruzaferro:
Um saber a priori sobre o paciente ao mesmo tempo que
1- Qual o objetivo do Diagnóstico Psicológico? auxilia na determinação da conduta clínica a seguir comporta
questões éticas complexas, pois a escuta analítica deve ser
Conhecimento do indivíduo através da percepção dos disposi- preferencialmente isenta de pré-conceitos. Corre-se o risco de
tivos pelos quais ele interage com seu mundo interno e com o se privilegiar, a partir do diagnóstico, os sintomas, quando se
mundo externo. O uso do seu potencial, mecanismos de de- sabe que as verdades são sempre semi-ditas. O cuidado com
fesa, estrutura e dinâmica de sua personalidade. o rótulo é outro ponto. Mas ao mesmo tempo é necessário
clarear o terreno onde se está pisando.
2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
Entrevista com Suzana Alamy Reis:
- Entrevista inicial com a família ou o sujeito;
- Testes de acordo com a demanda; 1- Qual o objetivo do Diagnóstico Psicológico?
- Devolução e orientação cabíveis.
Detectar problemas psíquicos que possam estar interferindo
3- Quais os resultados obtidos? na sua conduta dentro do hospital, interferindo no “bom funci-
onamento” da dinâmica da enfermaria e no seu próprio trata-
Traçar um prognóstico de vida, aguardar situações de crise, mento médico. Possibilitar um diagnóstico diferencial e um
programar um processo de adaptação com o meio, traçar estudo da personalidade do paciente para a escolha do tra-
uma perspectiva de um processo terapêutico, reeducação de tamento psicológico adequado.
capacidades inibidas ou prejudicadas.
2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
4- Qual sua visão crítica ao seu trabalho e ao Diagnóstico
Psicológico em geral? Acredito que a anamnese diagnóstica é o recurso mais impor-
tante, sendo que os testes projetivos são complementares a
Demorado e dispendioso, é necessário muito estudo, com a esta. No caso da Neuropsicologia, são utilizados também os
prática pode-se abrir mão de determinados instrumentos, testes cognitivos para verificação das funções superiores que
porque a visão clínica já embasa suficientemente para o pro- possam estar comprometidas em função de lesões neurológi-
grama de orientação. cas.

Entrevista com Vanessa Campos Santoro: 3- Quais os resultados obtidos?

1- Qual o objetivo do Diagnóstico Psicológico? Uma impressão diagnóstica, importante para nos ajudar a
programar a assistência psicológica a ser dada ao paciente,
Determinar a estrutura clínica subjacente do sujeito que está ajudando-nos a nos conduzir para melhores resultados.
sendo testado. Estrutura clínica é o modo particular de funci-
onamento psíquico de cada pessoa e que vai depender da 4- Qual sua visão crítica ao seu trabalho e ao Diagnóstico
maneira como cada pessoa vivenciou seu Complexo de Édi- Psicológico em geral?
po, e consequentemente a Lei. A estrutura clínica nos forne-
cerá as táticas e estratégias na direção do tratamento. O diagnóstico psicológico é a meu ver um instrumento de
grande valia nos atendimentos, apontando para resultados
2- Quais as etapas e os recursos utilizados? mais eficazes. Sem o mesmo, torna-se muito complicado
saber qual o procedimento adequado.
Fazer uma distinção entre o Psicodiagnóstico infantil e o de
adulto. No adulto, a ênfase é dada nas entrevistas prelimina- Entrevista com Sônia Eustáquio:
res, onde, via linguagem, e na transferência, tenta-se deter- 1- Qual o objetivo do Diagnóstico Psicológico?
minar qual a estrutura psíquica do sujeito: neurose, psicose
ou perversão. Em caso de dúvidas, pode-se recorrer ao psi- Levantar todos os dados que correspondem à estrutura psico-
codiagnóstico do Rorschach ou ao T.A.T., preferencialmente lógica do sujeito, localizando aí a sua demanda dentro do
aplicados por outra pessoa. No caso da criança, os testes processo de desenvolvimento dele e, com isso, ter dados
psicológicos fazem parte do processo de diagnóstico, pois é suficientes para se estabelecer um diagnóstico diferencial.
mais difícil de se determinar a estrutura psíquica que está se
formando. Inicialmente, entrevista com os pais para elucidar o 2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
lugar que a criança ocupa nas fantasias do casal, como eles
lidam com o sintoma da criança e se esse sintoma tampona Diagnóstico Infantil:
alguma verdade não dita nessa família. Segundo, hora de
jogo diagnóstico, onde se observa a maneira como a criança - Entrevista com pais ou família (anamnese);
se expressa através dos brinquedos. Terceiro, os testes psi- - Aplicação de testes quando a criança tem idade para desen-
cográficos: H.P.T., família, desenho livre, Machover e Bender. volvê-los ou observação do comportamento lúdico;

Conhecimentos Específicos 223 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- Devolução com uma hipótese diagnóstica pronta, previsão para poder trabalhar suas possibilidades e não correr o risco
de prognóstico e estratégias terapêuticas. Na ocasião é colo- de enfatizar seus sintomas, limitando-o. Para tal, deverá utili-
cado o contrato terapêutico e pode se iniciar a orientação zar o diagnóstico apenas para direcionar o tratamento e saber
familiar. quais as estratégias mais adequadas a serem usadas.

Diagnóstico de Adultos: Importante também é que o processo diagnóstico é contínuo,


e deve estar sempre aberto a modificações no decorrer do
- Entrevista livre; tratamento, pois o indivíduo está sempre se transformando e
- Entrevista dirigida (questionários); gerando transformações no meio que convive.
- Testes, se necessário – bateria selecionada de acordo com
HISTÓRIA DO PSICODIAGNÓSTICO
cada demanda;
- Devolução – Hipótese diagnóstica – Prognóstico – Estraté- 1 – Introdução:
gia terapêutica ou programa terapêutico – Contrato.
A palavra diagnóstico origina-se do grego diagõstikós e
3- Quais os resultados obtidos? significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver através
de. Este seria o sentido mais amplo, e desta forma o diag-
O principal resultado é o fornecimento de dados classificató- nóstico é inevitável. Em sentido mais restrito, utiliza-se o ter-
rios ou de diagnóstico que possibilitam o terapeuta propor mo diagnóstico para referir-se à possibilidade de conhecimen-
uma estratégia ou conduta na devolução, que podem ser: to que vai além daquela que o senso comum pode dar, ou
apenas um laudo ou relatório, um aconselhamento emergen- seja, a possibilidade de significar a realidade fazendo uso de
cial (1 ou 2 sessões), propostas terapêuticas variadas. conceitos, noções e teorias científicas.
O diagnóstico psicológico busca uma forma de compreen-
4- Qual sua visão crítica ao seu trabalho e ao Diagnóstico são situada no âmbito da Psicologia. Em nosso país, é uma
Psicológico em geral? das funções exclusivas do psicólogo garantidas pela Lei nº
4119 de 27/08/62, que dispõe sobre a formação em Psicolo-
Eu trabalho com diagnóstico em todos os casos que atendo. gia e regulamenta a profissão de psicólogo.
Hoje tenho um esquema próprio de avaliação de todo o de-
senvolvimento sexual infantil e adolescente indo até a fase Quando nos dispomos a realizar um psicodiagnóstico,
atual do paciente. Com este desenvolvimento passo a pes- presumimos possuir conhecimentos teóricos, dominar proce-
quisar as possíveis causas dos sintomas apresentados em dimentos e técnicas psicológicas. Devemos nos lembrar que
alguma etapa pesquisada. Oriento-me pelas teorias de de- devido ao grande número de teorias existentes, a atuação do
senvolvimento sexual infantil da Psicanálise. Considero o psicólogo varia consideravelmente. Com isso o próprio uso do
diagnóstico de suma importância. Ele é que vai nos orientar termo varia e muitas vezes, ao invés de “diagnóstico psicoló-
no trabalho a ser desenvolvido. Impossível trabalhar sem ele. gico” encontra-se “psicodiagnóstico”, “diagnóstico da persona-
Considero importante a sistematização de teorias psicológicas lidade”, “estudo de caso” ou “avaliação psicológica”.
de várias linhas de pensamento, o que nos falta de outras
Segundo Trinca (1984) na avaliação psicológica houve
linhas psicológicas, é justamente o que encontramos com
uma procura de integração das diversas abordagens e quan-
fartura na psicanálise. Utilizo Psicanálise para diagnóstico
do olhamos concretamente para a Psicologia Clínica, verifi-
(Freud, Melanie klein), Milton Erickson para tratar (hipnose), e
camos grandes variações de conhecimentos e atuações, e,
conhecimentos sobre o emprego de medicamentos, diagnós-
portanto, na prática do psicodiagnóstico, temos também vá-
ticos e procedimentos de tratamento.
rias formas de atuação, muitas das quais não podem ser
consideradas decorrentes de exclusivamente uma ou outra
CONCLUSÃO
abordagem.
Após pesquisa em livros sobre Diagnóstico Psicológico em Atualmente, todas as correntes em Psicologia concordam,
clínicas e entrevistas a quatro profissionais, obtemos uma embora partindo de pressupostos e métodos diferentes, que,
noção das diversas opiniões a respeito do assunto. Apesar de para se compreender o homem é necessário organizar co-
todos considerarem seu uso importante no tratamento tera- nhecimentos que digam respeito à sua vida biológica, intrap-
pêutico, alguns encontram pontos negativos na realização do síquica e social não sendo possível excluir nenhum desses
mesmo, pois consideram o diagnóstico uma rotulação que horizontes.
pode se restringir aos limites do paciente, sendo que o psicó-
logo deve levantar hipóteses e acreditar nas possibilidades de Segundo Ocampo (1981) o processo Psicodiagnóstico era
mudanças. O Diagnóstico Psicológico é feito em uma situação considerado, anteriormente, como uma situação em que o
particular, e o significado de cada situação é diferente para psicólogo aplicava um teste em alguém. Ele então cumpria
cada indivíduo. uma solicitação seguindo os passos e utilizando os instrumen-
tos indicados por outros profissionais, quase sempre da área
A validade e importância do Diagnóstico Psicológico vai de- médica (psiquiatra, pediatra, neurologista). Assim o psicólogo
pender da postura do profissional em relação ao mesmo e, atuava como alguém que aprendeu a aplicar testes e espera-
sendo séria e responsável, possibilitará melhores resultados va que o paciente colaborasse docilmente.
em sua prática. O psicólogo trabalhou durante muito tempo com um mode-
lo similar ao do médico clínico que, para proceder com efici-
Todos os psicólogos consideram o Diagnóstico Psicológico ência e objetividade, toma a maior distância possível em rela-
importante e de valor relevante na busca de uma orientação ção a seu paciente a fim de estabelecer um vínculo afetivo
para um tratamento eficaz e que objetive o bem-estar do que não lhe impeça de trabalhar com a tranquilidade e objeti-
paciente. No entanto, seu uso deve ser feito com cautela para vidade necessárias. Ocampo (1981) atribui este fato à falta de
não se correr o risco de tratar o indivíduo pelo nome(rótulo) uma identidade sólida por parte do psicólogo, que lhe permi-
de seu problema psíquico, ao invés de tratá-lo pela pessoa tisse saber quem era e qual era seu verdadeiro trabalho den-
que é, com características individuais próprias e uma história tro das ocupações ligadas à saúde mental. Neste momento os
de vida única. testes eram utilizados no psicodiagnóstico como se eles cons-
tituíssem em si mesmos o objetivo do psicodiagnóstico e
Assim, o psicólogo deve escutar o paciente sem pré- como escudo entre o profissional e o paciente, para evitar
conceitos, sem o rótulo do diagnóstico fixo em sua mente, pensamentos e sentimentos que mobilizassem afetos.

Conhecimentos Específicos 224 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Observamos aqueles profissionais que buscaram uma entes psiquiátricos, não mais considerados lunáticos, se tor-
aproximação autêntica com o paciente, mas para isso tiveram naram ” nervosos “ou” neuróticos “.
que abandonar o modelo médico sem estarem preparados
para isso. Com a difusão da Psicanálise os psicólogos opta- Desta época, data a divisão dicotômica dos transtornos
ram por aceitá-la como modelo de trabalho, o que trouxe psiquiátricos em “orgânicos” e “funcionais”. Foi nessa escala
progressos e ao mesmo tempo uma nova crise de identidade pré-dinâmica da psiquiatria que surgiu Emil Krapelin, que se
no psicólogo, uma vez que este se esqueceu que a dinâmica notabilizou por seu sistema de classificação dos transtornos
do processo psicanalítico era muito diferente da dinâmica do mentais e, especialmente, por seus estudos diferenciais entre
processo psicodiagnóstico. esquizofrenia e psicose maníaco-depressiva. Em consequên-
cia, as classificações nosológicas e o diagnóstico diferencial
Assim podemos perceber, como nos mostra Ocampo ganharam ênfase.
(1981), que o psicólogo teve que percorrer as mesmas etapas
que um indivíduo percorre em seu crescimento. Buscou figu- É importante lembrar que ao mesmo tempo Freud publica
ras boas para se identificar, aderiu ingênua e dogmaticamente “A interpretação dos sonhos”, que provinha da melhor tradi-
a certa ideologia e identificou-se com outros profissionais, até ção neurofisiológica, mas que representou o primeiro elo de
que pôde questionar-se sobre a possibilidade de não ser uma corrente de conteúdo dinâmico, logo em seguida com o
como eles. Por fim entrou em um período de maturidade ao aparecimento do teste de associação de palavras, de Jung,
perceber que utilizava uma “pseudo” - identidade que distorcia fornecendo a base para o lançamento, mais tarde, das técni-
sua identidade real, conseguindo assim uma maior autonomia cas projetivas.
de pensamento e prática. A expressão psicodiagnóstico é utilizada pela primeira vez
2 - FUNDAMENTOS DO PSICODIAGNÓSTICO E SEU por Hermann Rorschach quando publica em 1921 seu teste
HISTÓRICO de manchas de tinta. O teste passou a ser utilizado como um
passo essencial (e, às vezes, único) do processo psicodiag-
“Os psicólogos, hoje em dia, não apenas administram tes- nóstico. A grande popularidade alcançada nas décadas de
tes; eles realizam avaliações”. Segundo Jurema Cunha e quarenta e cinquenta é atribuída ao fato de que os dados
colaboradores “os psicólogos realizam avaliações; psicólogos gerados pelo método eram compatíveis com os princípios
clínicos, entre outras tarefas, realizam psicodiagnósticos”. A básicos da teoria psicanalítica.
avaliação psicológica é um conceito muito amplo. O psicodi-
agnóstico é um capítulo dentro da avaliação psicológica, rea- Esse foi o tempo áureo das técnicas de personalidade.
lizado com propósitos clínicos e, portanto não abrange todos Embora o teste de Rorschach e o Teste de Apercepção Te-
os modelos de avaliação psicológica das diferenças individu- mática (Apercepção ¾ a partir da apresentação de um estí-
ais. Testagem é um método de avaliação psicológica. Psico- mulo em forma de tema por exemplo, leva o sujeito a aperce-
diagnóstico pressupõe a utilização de outros instrumentos, ber nele necessidades e motivos que existiam no seu incons-
além dos testes, para abordar os dados psicológicos de forma ciente e que projeta no tema, assim facilitando o diagnóstico
sistemática, científica, orientada para a resolução de proble- de seus ajustamentos e desajustamentos) fossem os instru-
mas. mentos mais conhecidos, começaram a se multiplicar rapida-
mente as técnicas projetivas, como o teste da figura humana,
O psicodiagnóstico nasceu (derivou) da Psicologia Clínica o Szondi (protótipo do BBT: teste de fotos de profissões) e
que foi criada sob a tradição da psicologia acadêmica e da tantos outros. Entretanto, a partir de então, as técnicas proje-
tradição médica e é um ramo da Psicologia que tem por finali- tivas começaram a apresentar certo declínio em seu uso, por
dade básica o desenvolvimento e a aplicação das técnicas de problemas metodológicos, pelo incremento de pesquisas com
diagnóstico e psicoterapêuticas para a identificação e trata- instrumentos alternativos, como o MMPI e outros inventários
mento de distúrbios do comportamento. Entre essas técnicas de personalidade, por sua associação com alguma perspecti-
¾ usualmente designadas pelo nome de método clínico ¾ va teórica, novamente a psicanalítica e pela ênfase na inter-
salientam-se as entrevistas, os testes, as técnicas projetivas e pretação intuitiva apesar de esforços para o desenvolvimento
a observação diagnóstica. de sistemas de escores. Apesar disso, essas técnicas ainda
são bastante utilizadas, embora com objeções por parte dos
Pode-se dizer que as primeiras sementes do psicodiag- psicólogos que lutam por avaliações de orientação condutista
nóstico foram lançadas no final do século XIX e no início do (behaviorista) e biológica.
século XX, através dos trabalhos de Galton que introduziu o
estudo das diferenças individuais, de Cattell, a quem se de- Atualmente, há indiscutível ênfase no uso de instrumentos
vem as primeiras provas, designadas como testes mentais, e mais objetivos e entrevistas diagnósticas mais estruturadas,
de Binet, que propôs a utilização do exame psicológico (atra- notadamente com o incremento no desenvolvimento de avali-
vés da mensuração intelectual) como coadjuvante da avalia- ações computadorizadas de personalidade que vêm ofere-
ção pedagógica. Por tais razões, foi atribuída a paternidade cendo novas estratégias neste campo.
do psicodiagnóstico a esses três autores: Galton, Cattell e
Binet. Também, as necessidades de manter um embasamento
científico para o psicodiagnóstico, compatível com os pro-
A tradição psicométrica (medida quantitativa dos fenôme- gressos em outros ramos da ciência, têm levado ao desenvol-
nos psíquicos) foi desta maneira fundada e ficou sedimentada vimento de novos instrumentos mais precisos, especialmente
pela difusão das escalas de Binet que em 1905 apresenta um após o advento do DSM-IV e de baterias padronizadas, que
teste de inteligência para separar crianças com retardo men- permitem nova abordagem na área diagnóstica da neuropsi-
tal, seguidas pela criação dos testes do exército americano cologia, constituída pela confluência da psicologia clínica e da
em 1906 que foi o primeiros teste coletivos para selecionar neurologia comportamental
recrutas.
Por outro lado, pode-se afirmar, que “o campo da avalia-
Por outro lado, na medicina, após a reabilitação moral dos ção psicológica da personalidade tem feito contribuições vitais
casos psiquiátricos (abolição dos métodos terapêuticos bru- para a teoria, prática e pesquisa clínica”.
tais ¾ eletrochoque), iniciada por Philippe Pinel, a necessida-
Mas alguns autores propõem uma questão: terá o psicodi-
de de compreender o doente mental, obrigou o meio médico a
estudar a doença mental. Como seria de esperar, as causas agnóstico o impacto que merece?
da doença mental foram buscadas no organismo e, em espe- Neste sentido, algumas pesquisas foram desenvolvidas,
cial, no sistema nervoso, e, como decorrência disso, “os paci- uma delas com 70 pacientes, encontrando concordância entre
as recomendações diagnósticas do psicólogo e do psiquiatra,

Conhecimentos Específicos 225 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
em 94% dos casos, mesmo quando havia ocorrido uma dis- Fazer um diagnóstico psicológico não significa necessari-
cordância inicial. Considera que o reconhecimento da quali- amente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico. Este termo
dade do psicodiagnóstico tem que ver, em primeiro lugar, com implica automaticamente a administração de testes e estes
um refinamento dos instrumentos e, em segundo lugar, com nem sempre são necessários ou convenientes.
estratégias de marketing de que o psicólogo deve lançar mão
para aumentar a utilização dos serviços de avaliação pelos Um diagnóstico psicológico tão preciso quanto possível é
receptores de laudos. imprescindível por diversas razões:

Também se levantou outra questão: observando que mui- • Para saber o que ocorre e suas causas, de forma a
tas vezes psicólogos competentes acabam por “fornecer uma responder ao pedido com o qual foi iniciada a consulta.
grande quantidade de informações inúteis para as fontes de
• Porque iniciar um tratamento sem o questionamento
encaminhamento”, por falta de uma compreensão adequada
prévio do que realmente ocorre representa um risco muito
das verdadeiras razões que motivaram o encaminhamento
alto. Significa, para o paciente, a certeza de que se pode
ou, em outras palavras, por desconhecimento das decisões
“curá-lo” (usando termos clássicos). E o que ocorre se logo
que devem ser tomadas com base nos resultados do psicodi-
aparecem patologias ou situações complicadas com as quais
agnóstico.
o psicólogo não sabemos lidar, que vão além daquilo que
As sugestões apontadas, de conhecer as necessidades do podemos absorver, através de supervisões e análises? Bus-
mercado e de desenvolver estratégias de conquistas desse caremos a forma de interromper (consciente ou inconscien-
mercado, parecem se fundamentar na pressuposição de que temente) o tratamento com a conseguinte hostilidade ou de-
o psicólogo, sobrecarregado com suas tarefas, não está ava- cepção do paciente, o qual terá muitas duvidas antes de tor-
liando a adequabilidade de seus dados ao público consumi- nar a solicitar ajuda.
dor.
• Para proteger o psicólogo, que ao iniciar o tratamento
Mas que público é este? Que profissionais ou serviços po- contrai automaticamente um compromisso em dois sentidos:
dem ter necessidade de solicitar psicodiagnósticos? Primei- clínico e ético. Do ponto de vista clínico, deve estar certo de
ramente, vejamos onde costuma trabalhar um psicólogo que poder ser idôneo perante o caso sem cair em posturas ingê-
lida com psicodiagnósticos. Mais comumente exerce suas nuas nem onipotentes. Do ponto de vista ético, deve proteger-
funções numa instituição que presta serviços psiquiátricos ou se de situações nas quais está implicitamente comprometen-
de medicina geral, num contexto educacional ou legal ou do-se a fazer algo que não sabe exatamente o que é. No
numa clínica ou consultório psicológico, em que o psicólogo entanto, a consequência do não cumprimento de um contrato
recebe encaminhamento principalmente de psiquiatras, de terapêutico é, em alguns países, a cassação da carteira pro-
outros médicos (pediatras, neurologistas, etc.), da comunida- fissional.
de escolar (de orientadores, professores, etc.), de juízes ou
de advogados, ou atende casos que procuram espontanea- Por estas razões explica-se a importância da etapa diag-
mente um exame, ou são recomendados por algum familiar nóstica, sejam quais forem os instrumentos científicos utiliza-
ou amigo. dos na mesma. Freud já falava da importância desta etapa, à
qual ele dedicava os primeiros meses do tratamento. Coloca
A questão básica com que se defronta o psicólogo é que, que ela é vantajosa tanto para o paciente quanto para o pro-
embora um encaminhamento seja feito, porque a pessoa fissional, que avalia assim se poderá ou não chegar a uma
necessita de subsídios para basear uma decisão para resol- conclusão positiva.
ver um problema, muitas vezes ela não sabe claramente que
perguntas levantar ou, por razões de sigilo profissional, faz Quando se dedica muito tempo ao diagnóstico acaba-se
um encaminhamento vago para uma “avaliação psicológica”. estabelecendo uma relação transferencial muito difícil de
Em consequência, uma das falhas comuns do psicólogo é a dissolver caso a decisão de interromper o processo for toma-
aceitação silenciosa de tal encaminhamento, com a realiza- da. Além do mais, dispomos na atualidade de muitos recursos
ção de um psicodiagnóstico, cujos resultados não são perti- que permitem solucionar as dúvidas em um tempo menor.
nentes às necessidades da fonte de solicitação. Vejamos agora, segundo Arzeno (1995) com quais finali-
É, pois, responsabilidade do clínico manter canais de co- dades pode ser utilizado o psicodiagnóstico.
municação com os diferentes tipos de contextos profissionais 1) Diagnóstico. Conforme o exposto acima é óbvio que a
para os quais trabalha, familiarizando-se com a variabilidade principal finalidade de um estudo psicodiagnóstico é a de
de problemas com que se defrontam e conhecendo as diver- estabelecer um diagnóstico. E cabe esclarecer que isto não
sas decisões que os mesmos pressupõem. Mais do que isto: equivale a “colocar um rótulo”, mas a explicar o que ocorre
deve determinar e esclarecer o que dele se espera, no caso além do que o paciente pode descrever conscientemente.
individual. Esta é uma estratégia de aproximação, que lhe
permitirá adequar seus dados às necessidades das fontes de Durante a primeira entrevista elaboramos certas hipóteses
encaminhamento, de forma que seus resultados tenham o presuntivas. Mas a entrevista projetiva, mesmo sendo impres-
impacto que merecem e o psicodiagnóstico receba o crédito a cindível, não é suficiente para um diagnóstico cientificamente
que faz jus. fundamentado.

3 - O PSICODIAGNÓSTICO CLÍNICO NA ATUALIDADE Lembremos o que diz Karl Meninger, no prefácio do livro
de David Rapaport:
Segundo Arzeno (1995), o psicodiagnóstico está recupe-
rando-se de uma época durante a qual poderíamos dizer que Durante séculos o diagnóstico psiquiátrico dependeu fun-
havia caído no descrédito da maioria dos profissionais da damentalmente da observação clínica. Todas as grandes
saúde mental. obras mestras da nosologia psiquiátrica foram realizadas sem
a ajuda das técnicas de laboratório e de nenhum dos instru-
É imprescindível revalorizar a etapa diagnóstica no traba- mentos de precisão que atualmente relacionamos com o
lho clínico, e um bom diagnóstico clínico está na base da desenvolvimento da ciência moderna. Tanto a psiquiatria do
orientação vocacional e profissional, do trabalho com peritos século XIX como a da primeira parte do século XX, era uma
forenses ou trabalhistas, etc. psiquiatria de impressões clínicas, de impressões colhidas
Se o psicólogo é consultado é porque existe um problema, graças a uma situação privilegiada: a do médico capacitado
alguém sofre ou está incomodado e deve indagar a verdadei- para submeter o paciente a exame. Mas esse exame à sua
ra causa disso. disposição não era de modo algum uniforme ou estável; e

Conhecimentos Específicos 226 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tampouco poderia ter sido padronizado de forma que fosse 2) Avaliação do tratamento. Outra forma de utilizar o psi-
possível comparar os diferentes dados obtidos. Com o adven- codiagnóstico é como meio para avaliar o andamento do
to dos modernos métodos de exame psicológico através de tratamento. É o que se denomina “re-testes” e consiste em
testes, a psiquiatria atingiu a idade adulta dentro do mundo aplicar novamente a mesma bateria de testes aplicados na
científico. Sem medo de exagerar pode-se afirmar que é o primeira ocasião. Havendo suspeita de que o paciente lembre
campo da ciência mental que tem tido o maior progresso perfeitamente o que fez na primeira vez e se deseje variar,
relativo nos últimos anos. pode-se criar uma bateria paralela selecionando testes equi-
valentes.
Meninger foi durante muitos anos chefe da clínica que leva
seu nome. Ele apoiou e animou a criação e o desenvolvimen- Algumas vezes isto é feito para apreciar os avanços tera-
to dos testes tanto projetivos como objetivos. Cada paciente pêuticos de forma mais objetiva e também para planejar uma
que ingressava na clínica era submetido a uma bateria com- alta. Em outras palavras é para descobrir o motivo de um
pleta de testes. “impasse” no tratamento e para que, tanto o paciente como o
terapeuta possa falar sobre isso, estabelecendo, talvez, um
Ainda hoje esse modelo de trabalho é eficiente, porque a novo contrato sobre bases atualizadas. Em outros casos
entrevista clínica não é uma ferramenta infalível, a não ser ainda, é porque existe disparidade de opiniões entre eles. Um
quando em mãos de grandes mestres, e às vezes, nem mes- deles acredita que pode dar fim ao tratamento, enquanto que
mo nesses casos. Os testes tão pouco o são. Mas se utilizar- o outro se opõe.
mos ambos os instrumentos de forma complementar há uma
margem de segurança maior para chegar a um diagnóstico Estes casos representam um trabalho difícil para o psicó-
correto, especialmente se incluirmos testes padronizados. logo, pois passa a ocupar o papel de um árbitro que dará a
razão a um dos dois. É então conveniente esclarecer ao paci-
Além do mais, a utilização de diferentes instrumentos di- ente que o psicodiagnóstico não será realizado para demons-
agnósticos permite estudar o paciente através de todas as trar-lhe que estava enganado, mas, como um fotógrafo, ele
vias de comunicação: pode falar livremente, dizer o que vê registrará as situações para depois comentá-las. O mesmo
em uma lâmina, desenhar, imaginar o que gostaria de ser, esclarecimento deve ser dado ao terapeuta. Obviamente, é
montar quebra cabeças, copiar algo, etc. Se por algum motivo conveniente que a entrevista de devolução seja feita por
o domínio da linguagem verbal não foi alcançado (idade, aquele que realizou o estudo, tendo um cuidado muito espe-
doença, casos de surdos-mudos, etc.) os testes gráficos e cial em mostrar uma atitude imparcial e fundamentando as
lúdicos facilitam a comunicação. afirmações no material dado pelo paciente.
A bateria de testes utilizada deve incluir instrumentos que Nos tratamentos particulares, o terapeuta é que decide o
permitam obter ao máximo a projeção de si mesmo. Por isso, momento adequado para um novo psicodiagnóstico (ou, tal-
se pedirmos ao paciente que desenhe uma figura humana, vez, para o primeiro). No entanto, nos tratamentos realizados
sabemos que haverá uma projeção, mas muito mais se lhe em instituições públicas ou privadas, são elas que fixam os
pedirmos que desenhe uma casa ou uma árvore, já que ele critérios que devem ser levados em consideração. Algumas
não pode controlar totalmente o que projeta. deixam isto a critério dos terapeutas, outras, decidem pautá-lo
Como dito antes, é importante incluir testes padronizados considerando tanto a necessidade de avaliar a eficiência de
porque nos dão uma margem de segurança diagnóstica mai- seus profissionais quanto a de contar com um banco de da-
or. dos úteis, por exemplo, para fins de pesquisa. Assim, é possí-
vel que o primeiro psicodiagnóstico seja indicado quando o
Outro elemento importante que nos é dado pelo psicodi- paciente entra na instituição, e o outro de seis a oito meses
agnóstico refere-se à relação de transferência- após, dependendo isto do período destinado a cada paciente.
contratransferência.
3) Como meio de comunicação. Existem pacientes com di-
Ao longo de um processo que se estende entre três e cin- ficuldades para conversar espontaneamente sobre sua vida e
co entrevistas, aproximadamente, e observando como o paci- seus problemas. Outros, como é o caso de crianças muito
ente se relaciona diante de cada proposta e o que nós senti- pequenas, não podem fazê-lo. Outros emudecem e só dão
mos em cada momento, podemos extrair conclusões de gran- respostas lacônicas e esporádicas. Favorecer a comunicação
de utilidade para prever como será o vínculo terapêutico (se é favorecer a tomada de insight, ou seja, contribuir para que
houver terapia futura), quais serão os momentos mais difíceis aquele que consulta adquira a consciência de sofrimento
do tratamento, os riscos de deserção, etc. suficiente para aceitar cooperar na consulta. Também provo-
Porém, nem todos os psicólogos, psicanalistas e psicólo- ca a perda de certas inibições, possibilitando assim um com-
gos clínicos concordam com esse ponto de vista. Alguns portamento mais natural.
reservam a utilização do psicodiagnóstico para casos nos Não se trata de cair em atitudes condescendentes, mas de
quais surgem dúvidas diagnósticas ou quando querem obter realizar a tarefa dentro de um clima ideal de comunicação, na
uma informação mais precisa, diante, por exemplo, de uma medida do possível. Procura-se também respeitar o timing do
suspeita de risco de suicídio, dependência de drogas, deses- paciente, ou seja, o seu tempo. Alguns estabelecem rapport
truturação psicótica, etc. Em outras ocasiões o solicitam por- imediatamente, enquanto que para outros, isso pode exigir
que têm dúvidas sobre o tratamento mais aconselhável, se a bastante tempo.
psicanálise ou uma terapia individual ou vincular. Finalmente,
existe outro grupo de profissionais que não concordam em Por isso seria grotesco ficar em silêncio por um longo pe-
absoluto com este ponto de vista e prescindem totalmente do ríodo, apoiando-se no princípio de que a entrevista é livre e é
psicodiagnóstico. Ainda mais, não concedem valor científico o cliente que deve falar. Como seria também grotesco inter-
algum aos testes projetivos. Alguns vão mais longe, dizendo rompê-lo enquanto está relatando algo importante para impor-
que de forma alguma é importante fazer um diagnóstico inici- lhe a tarefa de desenhar.
al, que isso chega com o tempo, ao longo do tratamento. O psicodiagnóstico possui um fim em si mesmo, mas é
Todas as posições são respeitáveis, porém devem ser também um meio para outro fim: conhecer esta pessoa que
fundamentadas cientificamente e, até o momento, não foram chega porque precisa de nós. A finalidade é conhecê-la de
encontradas demonstrações, baseadas na teoria da projeção forma mais profunda possível. Para isso o bom rapport é
e da psicologia da personalidade, que os testes projetivos imprescindível.
carecem de validade.

Conhecimentos Específicos 227 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
4) Na investigação. No que se refere à investigação de- sões válidas. Por exemplo, é significativo que os homossexu-
vemos distinguir dois objetivos: um é a criação de novos ins- ais desenhem primeiro a figura do sexo oposto, já que na
trumentos de exploração da personalidade que podem ser amostra de controle a pessoa desenha primeiro a do seu
incluídos na tarefa psicodiagnóstica. Outro objetivo é o de próprio sexo, no Teste das Duas Pessoas.
planejar a investigação para o estudo de uma determinada
patologia, algum problema trabalhista, educacional ou foren- Foram usados exemplos simples com a finalidade de
se, etc. Neste caso, usa-se o psicodiagnóstico como uma das transmitir claramente em que consiste essa tarefa. A utilidade
ferramentas úteis para chegar a conclusões confiáveis e, destas pesquisas varia muito e as mais importantes são aque-
portanto, válidas. las que permitem identificar indicadores que servirão para
detectar precocemente problemas clínicos, trabalhistas, edu-
Um exemplo do primeiro caso é o que fez o próprio Her- cacionais, etc., com a consequente economia de sofrimento,
mann Rorschach quando criou as manchas e selecionou problemas e até complicações institucionais.
entre milhares aquelas que demonstravam ser mais estimu-
lantes. Para dar validade a este teste mostrou as lâminas a O psicodiagnóstico inclui, além das entrevistas iniciais, os
um grupo de pacientes selecionados aleatoriamente e, após, testes, a hora de jogo com crianças, entrevistas familiares,
a outro grupo já diagnosticado com o método da entrevista vinculares, etc. As conclusões de todo o material obtido são
clínica (esquizofrênicos, fóbicos, etc.). Assim pôde estabele- discutidas com o interessado, com seus pais, ou com a famí-
cer as respostas populares (próprias da maioria estatística lia completa, conforme o caso e o sistema do profissional.
selecionada aleatoriamente) e as diferentes “síndromes” ou Os testes realizados individualmente são reservados, ge-
perfil de respostas típico de cada quadro patológico. ralmente, para a entrevista individual com essa pessoa, para
Da mesma forma procedeu Murray, criador do T.A.T. a entrega dos resultados. Porém o que tem sido feito e con-
(Thematic Apperception Test). As respostas estatisticamente versado entre todos pode ser mostrado ou assinado para
mais frequentes foram denominadas “populares”. Os desvios exemplificar algum conflito que os clientes minimizam ou
dessas respostas populares eram considerados significativos negam.
tanto no aspecto enriquecedor e criativo como no sentido 4 - CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO PSICODIAG-
oposto, ou seja, no aspecto patológico, podendo proceder do NÓSTICO
mesmo modo que Rorschach.
Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no
A criação de um teste não é uma tarefa fácil. Não podem tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos, a nível indi-
ser colhidos alguns registros e deles extraídas conclusões vidual ou não, seja para entender problemas à luz de pressu-
com a pretensão de que sejam válidas para todos. É necessá- postos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou
rio respeitar aquilo que a psicoestatística indica como modelo para classificar o caso e prever seu curso possível, comuni-
de investigação para que as suas conclusões sejam aceitá- cando os resultados. (CUNHA, 2000)
veis.
O Psicodiagnóstico é caracterizado como um processo ci-
Também é necessário um conhecimento abrangente e o entífico porque deve partir de um levantamento prévio de
trabalho em equipe para a correta interpretação dos resulta- hipóteses que serão confirmadas ou anuladas através de
dos. Assim, por exemplo, se se pretende criar um teste que passos predeterminados e com objetivos precisos.
avalie a inteligência em crianças surdas-mudas, será impres-
cindível a presença de um especialista dessa área. Se a in- A avaliação psicológica é mais ampla que o psicodiagnós-
tenção é criar um teste para pesquisar determinados conflitos tico, e seu objeto de estudo pode ser um sujeito, um grupo,
emocionais em crianças pequenas, é indispensável que al- uma instituição, uma comunidade, daí a importância dos tra-
guém conheça perfeitamente como é o desenvolvimento balhos interdisciplinares já que o objeto a avaliar é sempre um
normal da criança a cada idade e da criança do grupo étnico sistema complexo, integrado por subsistemas diversos: bioló-
ao qual pertence o pesquisador, já que, não sendo assim, se gico, psicológico, social, cultural, em interação permanente.
a pesquisa tratasse de estudar o mesmo aspecto, mas em O psicodiagnóstico está mais vinculado com a clínica, está
crianças suecas ou japonesas, sem a presença de um antro- vinculado com temas de interesse clínicos, tais como nosolo-
pólogo e um psicólogo, conhecedores da matéria, como inte- gias psicopatólogicas, critérios de saúde psíquica, enfoques
grantes da equipe pesquisadora, poderiam ser tiradas conclu- patogênicos e saudáveis. Logo, diagnosticar supõe situarmo-
sões incorretas. nos no plano do processo saúde-enfermidade e poder deter-
Em relação ao segundo objetivo, trata-se em primeiro lu- minar em que medida se está ou não em presença de uma
gar de definir claramente o que se deseja pesquisar. Supo- patologia ou transtorno que necessita de um determinado tipo
nhamos que a finalidade é descobrir se existe um perfil psico- de intervenção.
lógico típico dos homossexuais, dependentes de drogas ou O processo psicodiagnóstico é limitado no tempo porque
claustrofóbicos. O primeiro passo deve ser selecionar ade- ele é baseado num contrato de trabalho entre paciente ou
quadamente os instrumentos a serem utilizados, a ordem que responsável e o psicólogo, tão logo os dados iniciais permi-
será seguida, as ordens que serão dadas, o material (tama- tam, deve estabelecer um plano de avaliação e, portanto, uma
nho do papel, número do lápis, etc.) e os limites dentro dos estimativa do tempo necessário para sua realização (número
quais podemos admitir variações individuais. Isto é chamado aproximado de sessões de exame).
de padronizar a forma de administração do psicodiagnóstico.
Se cada examinador trabalhasse à sua maneira, seria impos- O plano de avaliação é estabelecido com base nas per-
sível comparar os registros colhidos e, portanto, não poderí- guntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os
amos pretender tirar deles conclusões cientificamente válidas. instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los.
Logo após, administraremos este psicodiagnóstico assim Pressupõe-se, evidentemente, que o psicólogo saiba que
planejado: por um lado, a uma amostra de homossexuais, instrumentos são eficazes, isto é, quais instrumentos podem
dependentes de drogas, etc., e, por outro lado, o mesmo ser eficientes, se aplicados com propósitos específicos, para
psicodiagnóstico, a outra amostra chamada de controle, que fornecer respostas a determinadas perguntas ou testar certas
não registra a mesma patologia do grupo em estudo. Em uma hipóteses. Por este grande motivo, é que o psicólogo deve
terceira conhecer os diferentes instrumentos de avaliação psicológica.
etapa, serão buscadas as recorrências e convergências Depois da administração de uma bateria de testes, nós
em ambos os grupos, para poder-se assim chegar a conclu- obtemos dados que devem ser articulados com as informa-

Conhecimentos Específicos 228 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ções da história clínica, da história pessoal ou com outras, a Frequentemente dados resultantes desse exame, da histó-
partir do elenco das hipóteses iniciais, para permitir uma sele- ria clínica e da história pessoal permitem atender ao objetivo
ção e uma integração, rodeada pelos objetivos do psicodiag- de classificação nosológica. A avaliação com tal objetivo é
nóstico, que determinam o nível de inferências que deve ser realizada pelo psiquiatra e, também, pelo psicólogo quando o
alcançado. paciente não é testável. Quando está sob a responsabilidade
do psicólogo, sempre que possível, além desses recursos o
Para Ocampo (1981) o processo psicodiagnóstico pode mesmo deverá lançar mão de outros instrumentos psicológi-
ser visto como uma situação com papéis bem definidos e com cos, como testes e técnicas, para poder testar cientificamente
um contrato no qual o cliente pede uma ajuda, e o psicólogo as suas hipótese. A classificação nosológica, além de facilitar
aceita o pedido e se compromete a satisfazê-lo na medida de a comunicação entre profissionais, contribui para o levanta-
suas possibilidades. Ela ainda caracteriza o processo como mento de dados epidemiológicos de uma população.
uma situação bi-pessoal, de duração limitada, cujo objeti- Outro objetivo do psicodiagnóstico é o do diagnóstico dife-
vo é conseguir uma descrição e compreensão, o mais profun- rencial, praticamente associado ao objetivo de classificação
da e completa possível, da personalidade total do paciente ou nosológica. O psicólogo investiga irregularidades e inconsis-
do grupo familiar. Enfatiza também a investigação de algum tências do quadro sintomático e/ou dos resultados dos testes
aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as caracte- para diferenciar categorias nosológicas, níveis de funciona-
rísticas da indicação. Abrange os aspectos passados, presen- mento mental. Naturalmente, para trabalhar neste objetivo
tes (diagnóstico) e futuros (prognóstico) desta personalidade, (diagnóstico diferencial), o psicólogo, além de experiência e
utilizando para alcançar tais objetivos certas técnicas. (pg.17) de sensibilidade clínica, deve ter conhecimentos avançados
5 - OBJETIVOS DO PSICODIAGNÓSTICO de psicopatologia e de técnicas sofisticadas de diagnóstico.

Segundo Cunha (2000) o processo psicodiagnóstico pode O objetivo de avaliação compreensiva considera o caso
ter um ou vários objetivos, dependendo das perguntas ou numa perspectiva mais global, determinando o nível de funci-
hipóteses inicialmente formuladas. Mais comumente envolve onamento da personalidade, examinando funções do ego
vários objetivos, que norteiam e delimitam o elenco das hipó- (controle da percepção e da mobilidade; prova da realidade;
teses. Dependendo da simplicidade ou da complexidade das antecipação, ordenação temporal; pensamento lógico, coe-
questões propostas, variam os objetivos. rente, racional; elaboração das representações pela lingua-
gem, etc), em especial quando há insight, para indicação
• Classificação simples (descritivo); terapêutica ou, ainda, para estimativa de progressos ou resul-
tados de tratamento. Não chega necessariamente à classifi-
• Classificação nosológica; cação nosológica, embora esta possa ocorrer subsidiariamen-
• Diagnóstico diferencial; te (auxiliar), uma vez que o exame pode revelar alterações
psicopatólogicas. Mas, de qualquer forma, envolve algum tipo
• Avaliação compreensiva; de classificação, já que a determinação do nível de funciona-
mento (compreensão o funcionamento psíquico do paciente)
• Entendimento dinâmico; é especialmente importante para a indicação terapêutica,
definindo limites da responsabilidade profissional.
• Prevenção;
Basicamente, podem não ser utilizados testes. A não utili-
• Prognóstico; zação de testes é um objetivo explícito ou implícito nos conta-
tos iniciais do paciente com psiquiatras, psicanalistas e psicó-
• Perícia forense.
logos de diferentes linhas de orientação terapêutica. Ao pas-
As perguntas mais elementares que podem ser formula- so que, se o objetivo é atingido através de um psicodiagnósti-
das em relação a uma capacidade, um traço, um estado emo- co, obtêm-se evidências mais objetivas e precisas, que po-
cional, seriam: “Quanto?” ou “Qual?” Aqui, o objetivo seria de dem, inclusive, servir de parâmetro para avaliar resultados
classificação simples. Um caso comum de exame com este terapêuticos, mais tarde, através de um reteste.
objetivo seria o de avaliação do nível intelectual. O examinan-
O objetivo do psicodiagnóstico como entendimento dinâ-
do é submetido a testes, adequados à sua idade e nível de
mico, em sentido lato (amplo/restrito), pode ser considerado
escolaridade. São levantados escores (valor quantitativo obti-
como uma forma de avaliação compreensiva, já que enfoca a
do pela soma ou total de pontos creditados a um indivíduo em
personalidade de maneira global, mas pressupõe um nível
situação de prova ou teste), consulta de tabelas e os resulta-
mais elevado de inferência clínica (dedução, conclusão, jul-
dos são fornecidos em dados quantitativos, classificados
gamento clínico). Através do exame, se procura entender a
sinteticamente (resumidamente).
problemática de um sujeito, com uma dimensão mais profun-
Mas, é raro que um exame psicológico se restrinja a este da, na perspectiva histórica do desenvolvimento, investigando
objetivo, uma vez que os resultados dos testes, os escores fatores psicodinâmicos, identificando conflitos e chegando a
dos subtestes e as respostas intratestes praticamente nunca uma compreensão do caso com base num referencial teórico.
são regulares e as diferenças encontradas são susceptíveis
Um exame deste tipo requer entrevistas muito bem con-
de interpretação. Pode-se, então, identificar forças e fraque-
duzidas, cujos dados nem sempre são consubstanciados
zas, dizer como é o desempenho do paciente do ponto de
pelos passos específicos de um psicodiagnóstico, portanto,
vista intelectual. Neste caso, o objetivo do psicodiagnóstico é
não sendo um recurso privativo do psicólogo clínico. Frequen-
descritivo.
temente, se combina com os objetivos de classificação noso-
É também descritivo, o exame do estado mental do paci- lógica e de diagnóstico diferencial. Porém, quando é um
ente que é um tipo de recurso diagnóstico que envolve a objetivo do psicodiagnóstico, leva não só a uma abordagem
exploração da presença de sinais e sintomas, eventualmente diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como
utilizando provas muito simples, não padronizadas, para uma a uma integração dos dados com base em pressupostos
estimativa sumária de algumas funções, como a atenção e psicodinâmicos.
memória. Este constituiria um exame subjetivo de rotina em
Um psicodiagnóstico também pode ter um objetivo de pre-
clínicas psiquiátricas (o exame subjetivo se baseia em infor-
venção. Tal exame visa a identificar problemas precocemen-
mações dadas pelo paciente e em observações de seu com-
te, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas
portamento), muitas vezes completado por um exame objeti-
do ego, bem como da capacidade para enfrentar situações
vo.

Conhecimentos Específicos 229 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
novas, difíceis, conflitivas ou ansiogênicas. Em sentido lato, • Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente.
pode ser realizado por outros profissionais de uma equipe de
saúde pública. • Aplicação de testes e técnicas ordenadas e seleciona-
das de acordo com o caso.
Não obstante, num exame individual, que pode requerer
uma dimensão mais profunda, especialmente envolvendo • Encerramento do processo: devolução oral ao paciente
uma estimativa de condições do ego frente a certos riscos ou e aos pais.
no enfrentamento de situações difíceis, seria indicado um
psicodiagnóstico. • Informe escrito para o requerente.
Outro objetivo é o prognóstico, que depende fundamen- Como foi dito anteriormente, o psicodiagnóstico é um es-
talmente da classificação nosológica e, neste sentido, não é tudo profundo da personalidade, do ponto de vista fundamen-
privativo do psicólogo. talmente clínico. Quando o objetivo do estudo é outro (traba-
lhista, educacional, forense, etc.) o psicodiagnóstico clínico é
Por fim, o psicodiagnóstico com o objetivo de perícia fo- anterior e serve de base para as conclusões necessárias
rense. Com esta finalidade, o exame procura resolver ques- nessas outras áreas.
tões relacionadas com “insanidade”, competência para o
exercício de funções de cidadão, avaliação de incapacidade A concepção usada da personalidade parte da base de
ou de comprometimentos psicopatológicos que etiologicamen- que a esta possui um aspecto consciente e outro inconscien-
te (na sua origem) possam se associar com infrações da lei, te; que tem uma dinâmica interna que foi descrita muito bem
etc. pela psicanálise; que existem ansiedades básicas que mobili-
zam defesas mais primitivas e outras mais evoluídas (como
Geralmente, é colocada uma série de quesitos (interroga- colocaram Melanie Klein e Anna Freud, respectivamente); que
ções) que o psicólogo deve responder para instruir um deter- cada individuo possui uma configuração de personalidade
minado processo. Suas respostas devem ser claras, precisas única e inconfundível, algo assim como uma gestalt pessoal;
e objetivas. Portanto, deve haver um grau satisfatório de cer- que tem um nível e um tipo de inteligência que pode manifes-
teza quanto aos dados dos testes, o que é bastante comple- tar-se segundo existam ou não interferências emocionais, que
xo, porque, há emoções e impulsos mais intensos ou mais moderados
... os dados descrevem o que uma pessoa pode ou não que o indivíduo pode controlar adequada ou inadequadamen-
fazer no contexto da testagem, mas o psicólogo deve ainda te; que existem desejos, inveja e ciúmes entrelaçados cons-
inferir (concluir, julgar, deduzir) o que ele acredita que ela tantemente com todo o resto da personalidade; que impulsos
(pessoa) poderia ou não fazer na vida cotidiana. (Groth- libidinosos e tanáticos lutam para ganhar a primazia ao longo
Marnat, 1984, p.25). da vida; que o sadismo e o masoquismo estão sempre pre-
sentes em maior ou menor escala; que o nível de narcisismo
As respostas fornecem subsídios para instruir decisões de pode ser baixo demais, adequado ou excessivamente alto, e
caráter vital para o indivíduo. Consequentemente, a necessi- isto incide no grau de submissão, maturidade ou onipotência
dade de chegar a inferências que tenham tais implicações que demonstre;
pode se tornar até certo ponto ansiogênica para o psicólogo.
E ainda, que as qualidades depressivas ou esquizóides
Na realidade, comumente o psiquiatra é nomeado como que predominarem como base da personalidade, podem ser
perito e solicita o exame psicológico para fundamentar o seu razoáveis ou sofrer um aumento até transformarem-se em um
parecer. Não obstante, muitas vezes o psicólogo é chamado conflito que atrapalha ou altera o desenvolvimento do indiví-
para colocar com a justiça, de forma independente. duo; que as defesas que o mesmo tem usado ao longo da
vida podem ou não ser benéficas dependendo do contexto,
Ocampo (1981) afirma que a investigação psicológica de-
sem que o sejam em si mesmas; que sobre a estrutura de
ve conseguir uma descrição e compreensão da personalidade
base de predomínio esquizóide ou depressivo instalam-se
do paciente, onde é importante explicar a dinâmica do caso
outras estruturas defensivas de tipo obsessivo, fóbico ou
tal como aparece no material recolhido, integrando-o num
histérico; que os fatores hereditários e constitutivos desempe-
quadro global. Uma vez alcançado um panorama preciso e
nham um papel muito importante, razão pela qual não é re-
completo do caso, incluindo os aspectos patológicos e os
comendável trabalhar exclusivamente com a história do indi-
adaptativos, trataremos de formular recomendações terapêu-
víduo e o fato desencadeante da consulta, mas estar aberto à
ticas adequadas.
possibilidade de incluir outros estudos complementares (mé-
6 - PASSOS DO PSICODIAGNÓSTICO dico-clínicos, neurológicos, endocrinológicos, etc.). Isto signi-
fica levar em consideração a hipótese das séries complemen-
Segundo Cunha (2000), de forma bastante resumida, os tares de Freud.
passos de um diagnóstico, utilizando um modelo psicológico
de natureza clínica, são os seguintes: Além do mais, conforme as últimas pesquisas, o contexto
sócio-cultural e familiar deve ocupar um lugar importante no
• Levantamento de perguntas relacionadas com os moti- estudo da personalidade de um indivíduo, já que é de onde
vos da consulta e definição das hipóteses iniciais; ele provém. Portanto, o estudo da personalidade é, na reali-
dade, um estudo de pelo menos três gerações, que se desen-
• Seleção e utilização de instrumentos de exame psico- volveram em um determinado contexto étnico-sócio-cultural.
lógico;
Por isso, é muito importante saber claramente qual é o ob-
• Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados; jetivo do psicodiagnóstico que vamos realizar.
• Formulação de inferências pela integração dos dados, Quando o cliente chega dizendo: “Me mandaram...” sabe-
tendo como pontos de referências as hipóteses iniciais e os mos em primeiro lugar que o que está sendo dito não é ver-
objetivos do exame; e dade, pois ninguém consulta exclusivamente por esse motivo.
Em algum recanto de si mesmo existe o desejo de fazer a
• Comunicação de resultados e enceramento do proces- consulta. Em segundo lugar, a motivação é muito inconscien-
so. te e não a percebe, por isso a colocação soa muito superficial.
Já no enfoque da Ocampo (1981) reconhecemos os se- De forma que, antes de iniciar a tarefa, o psicólogo deve
guintes passos: esclarecer com o cliente qual é o motivo manifesto e mais
consciente do estudo e intuir qual seria o motivo latente e
Conhecimentos Específicos 230 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
inconsciente do mesmo. É importante dedicar a isto todo o O elenco de hipóteses deve ser norteado e delimitado pelo
tempo que for necessário e não iniciar a tarefa se o cliente objetivo do psicodiagnóstico. Isto significa que nem todas as
insistir na ideia de que o faz por mera curiosidade, já que se hipóteses levantadas devem necessariamente testadas, sob
refletira negativamente no momento da devolução de infor- pena de o processo se tornar inusitadamente longo ou inter-
mação. minável.
Vejamos mais algumas informações sobre as etapas do Conseguindo selecionar as técnicas e os testes adequa-
processo psicodiagnóstico apontadas por Arzeno (1995) e dos, deve-se distribui-los conforme as recomendações ineren-
Cunha (2000). tes à natureza e ao tipo de cada um, considerando, ainda, o
tempo de administração e as características específicas do
O primeiro passo ocorre desde o momento em que o clien-
paciente. Como se pode pressupor, o plano de avaliação
te ou seus responsáveis fazem a solicitação da consulta até o envolve a organização de uma bateria de testes.
encontro pessoal com o profissional.
Bateria de testes é a expressão utilizada para designar um
O segundo passo ocorre na ou nas primeiras entrevistas conjunto de testes ou de técnicas, que podem variar entre
nas quais tenta-se esclarecer o motivo latente e o motivo dois e cinco ou mais instrumentos, que são incluídos no pro-
manifesto da consulta, as ansiedades e defesas que a pessoa cesso psicodiagnóstico para fornecer subsídios que permitam
que consulta mostra (e seus pais ou o resto da família), a confirmar ou infirmar as hipóteses iniciais, atendendo o objeti-
fantasia de doença, cura e análise que cada um traz e a cons- vo da avaliação.
trução da história do indivíduo e da família em questão.
A bateria de testes é utilizada por duas razões principais.
Foi deixado totalmente de lado o tipo de inquérito exausti- Primeiramente, considera-se que nenhum teste, isoladamen-
vo e entediante, tanto para o profissional como para os clien- te, pode proporcionar uma avaliação abrangente da pessoa
tes, e vamos nos guiamos na entrevista mais pelo que vai como um todo. Em segundo lugar, o emprego de uma série
surgindo conforme o motivo central da consulta. de testes envolve a tentativa de uma validação intertestes dos
Para Cunha (2000), é nesse momento que devemos fazer dados obtidos, a partir de cada instrumento em particular,
o contrato de trabalho, que envolve um comprometimento de diminuindo, dessa maneira, a margem de erro e fornecendo
ambas as partes em cumprir certas obrigações formais. melhor fundamento para se chegar a inferências clínicas.
O psicólogo compromete-se a realizar um exame, durante Há dois tipos principais de baterias de testes: as baterias
certo número de sessões, cada uma com duração prevista, padronizadas para avaliações específicas e as não padroni-
em horários predeterminados, definindo com o paciente ou zadas, que são organizadas a partir de um plano de avalia-
responsável os tipos de informes necessários e quem terá ção.
acesso aos dados do exame. Esse contrato deve envolver No primeiro caso, a bateria de testes não resulta de uma
certo grau de flexibilidade, devendo ser revisto sempre que o seleção de instrumentos de acordo com as questões levanta-
desenvolvimento do processo tiver de sofrer modificações, das num caso individual, pelo psicólogo responsável pelo
seja porque novas hipóteses precisam ser investigadas, seja psicodiagnóstico, a não ser quando se trata de bateria padro-
por ficar obstaculizado por defesas do próprio paciente. nizada especializada.
O paciente ou seus responsáveis, por sua vez, se com- Na prática clínica, é tradicional o uso da bateria não-
prometem a comparecer nas horas marcadas, nos dias pre- padronizada. No plano de avaliação, são determinadas as
vistos e implicitamente a colaborar para que o plano de avali- especificidades e o número de testes que são programados
ação seja realizado sem problemas. sequencialmente, conforme sua natureza, tipo, propriedades
O terceiro momento é o que dedicamos a refletir sobre o psicométricas, tempo de administração, grau de dificuldade,
material colhido anteriormente e sobre nossas hipóteses inici- qualidade ansiogênica e características do paciente individual.
ais para planejar os passos a serem seguidos e os instrumen- Embora a bateria não-padronizada deva atender, então, a
tos diagnósticos a serem utilizados. Segundo Cunha (2000), o vários requisitos, ela é organizada de acordo com critérios
processo psicodiagnóstico é um processo científico e, como mais flexíveis do que a bateria padronizada. Os números de
tal, parte de perguntas específicas, cujas respostas prováveis testes eventualmente podem ser modificados para mais ou
se estruturam na forma de hipóteses que serão confirmadas para menos.
ou não através dos passos seguintes do processo. Em razão da variedade de questões propostas inicialmen-
Geralmente, temos um ponto de partida que é o encami- te e adequadas aos objetivos do psicodiagnóstico, frequente-
nhamento. Qualquer pessoa que encaminha um paciente o mente a bateria de testes inclui testes psicométricos e técni-
faz sob a pressuposição de que ele apresenta problemas que cas projetivas. Neste caso, sua sequência e distribuição
têm uma explicação psicológica e todas as alternativas de relativa, na bateria de testes, devem ser cuidadosamente
explicação são hipóteses, que serão testadas através do consideradas, levando em conta o tempo necessário para a
psicodiagnóstico. O esclarecimento e a organização das administração, o grau de dificuldades das mesmas, sua quali-
questões pressupostas num encaminhamento são tarefas da dade ansiogênica e as características específicas do pacien-
responsabilidade do psicólogo. Ainda segundo a mesma auto- te.
ra, os objetivos do psicodiagnóstico dependem das perguntas Ocampo e colegas (1981) dão primordial importância à
iniciais. questão da mobilização ou não da ansiedade na distribuição
Com o plano de avaliação pronto, procuramos identificar sequencial das técnicas. Dessa maneira recomenda priorida-
recursos que permitam estabelecer uma relação entre as de para instrumentos não-ansiogênicos.
perguntas iniciais e suas possíveis respostas. O plano de O quarto momento consiste na realização da estratégia
avaliação consiste em traduzir as perguntas em termos de diagnóstica planejada. Muitas vezes age-se de acordo com
técnicas e teste, isto é, consiste em programar a administra- este plano, em outras, no entanto, são necessárias modifica-
ção de uma série de instrumentos adequados ao sujeito es- ções durante o percurso. Por isso, insistimos em que não
pecífico e especialmente selecionados para fornecer subsí- pode haver um modelo rígido de psicodiagnóstico que possa
dios para que se possa chegar às respostas para as pergun- ser usado em todos os casos, sendo que a melhor orientação
tas iniciais. Os dados resultantes, portanto, devem possibilitar para cada caso virá da experiência clínica e nível de análise
confirmar ou infirmar as hipóteses, com um grau satisfatório pessoal do profissional.
de certeza.

Conhecimentos Específicos 231 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Cunha (2000) propõe algumas questões básicas relacio- O psicólogo não deve assumir a posição daquele que “sa-
nadas a administração de testes e técnicas assim como as be” diante dos que não “sabem”. Primeiro, porque isso não é
particularidades da situação da interação com o examinando verdade. Segundo, porque essa posição contém muita onipo-
e do manejo clínico que devem ser consideradas: tência e dá lugar a reações que atrapalham o trabalho. É
insustentável afirmar que em umas quantas entrevistas te-
1. Revisar particularidades referentes aos instrumentos nhamos esgotado o conhecimento de um indivíduo e, ainda
e as características do paciente. mais, de um casal ou família. Mas é possível dizer que con-
2. Estar suficientemente familiarizado com o instrumen- seguimos desvendar, com a maior certeza possível, o motivo
to que provoca o sintoma que dá origem à consulta.
3. Organizar todo o material que pretende utilizar antes Às vezes o próprio indivíduo ou seus pais podem assumir
da chegado do cliente. o papel daquele que pergunta e esperar que todas as suas
dúvidas sejam respondidas, como se o profissional tivesse
4. Ter em mente os objetivos para a inclusão de cada uma “bola de cristal”. Nesse caso é necessário reformular os
técnica da bateria. respectivos papéis, especialmente o do profissional, que não
O quinto momento é aquele dedicado ao estudo do mate- é propriamente um vidente.
rial para obter um quadro o mais claro possível sobre o caso O profissional irá gradualmente aventando suas conclu-
em questão. É um trabalho árduo que frequentemente des- sões e observando as reações que estas produzem nele ou
perta resistências, mesmo em profissionais de boa formação nos entrevistados. A dinâmica usada deve favorecer o surgi-
e que trabalham com seriedade. É necessário buscar recor- mento de novos materiais. Assim como evitamos o tédio no
rências e convergências dentro do material, encontrar o signi- inquérito da primeira entrevista, evitaremos também agora
ficado de pontos obscuros ou produções estranhas, correlaci- transformar a transmissão de nossas conclusões em um dis-
onar os diferentes instrumentos utilizados, entre si e com a curso que não dê espaço para que o interlocutor inclua suas
história do indivíduo e de sua família. Se forem aplicados reações. Ao contrário, as mesmas serão de grande utilidade
testes, eles devem ser tabulados corretamente e deve-se para validar ou não nossas conclusões diagnósticas.
interpretar estes resultados para integrá-los ao restante do
material. Os sujeitos ou seus pais podem não ter mencionado algo
que surge no material registrado, e aproveitaremos essa en-
Não se trata de um tratado mecânico de montar um que- trevista para perguntar. Muitas vezes esta informação pode
bra-cabeça, mesmo tendo alguma semelhança com essa mudar radicalmente as hipóteses levantadas pelo profissional,
tarefa. É mais uma busca semelhante à do antropólogo e do e sua presença é um bom sinal porque aumenta o grau de
arqueólogo ou à de um interprete de uma língua desconheci- sinceridade e confiança do cliente.
da pelo paciente e sua família cuja tradução ajuda a desven-
dar um mistério e reconstruir uma parte da história que des- Além do mais, em alguns casos específicos, especialmen-
conhecem a nível consciente, mas que se refere a quando foi te em uma família com crianças, dependendo do que tenha-
gerada a patologia. mos percebido na ou nas entrevistas familiares diagnósticas,
pode ser adequado realizar a entrevista de devolução com
Independente das informações dos testes, nesse momen- uma técnica lúdica que se alterne com a verbal, especialmen-
to, o psicólogo já possui um acervo de observações que cons- te naqueles casos nos quais o indivíduo ou a família são mo-
titui uma amostra do vidos mais por códigos de ação que de verbalização.
comportamento do paciente durante as várias sessões Finalmente, o sétimo passo do processo consiste na ela-
que transcorreu o processo diagnóstico, desde o contato boração do informe psicológico, se solicitado.
inicial até a última técnica utilizada. Em resumo, é capaz de
descrever o paciente. 7 - TESTES E TÉCNICAS PSICOLÓGICAS

O mais difícil nesse momento do estudo é compreender o Segundo Scheeffer (1968), o teste psicológico pode ser
sentido da presença de algumas incongruências ou contradi- definido como uma situação padronizada que serve de estí-
ções e aceitá-las como tais, ou seja, renunciar a onipotência mulo a um comportamento por parte do examinando; esse
de poder entender tudo. É justamente a presença de elemen- comportamento é avaliado, por comparação estatística com o
tos ininteligíveis que vai nos alertar acerca de algo que será de outros indivíduos submetidos à mesma situação, permitin-
entendido muito mais adiante, no decorrer do tratamento, do assim sua classificação quantitativa e qualitativa.
quando a comunicação entre o sistema consciente e incons- Ocampo (1981) nos chama atenção: no planejamento da
ciente tenha-se tornado mais porosa e o indivíduo estiver, bateria temos que pensar que o processo psicodiagnóstico
então, em melhores condições para suportar os conteúdos deve ser suficientemente amplo para compreender bem o
que vierem à tona. Esses elementos não deverão ser despre- paciente, mas ao mesmo tempo, não se deve exceder porque
zados, pelo contrário, deverão ser colocados no laudo que isto implica uma alteração no vínculo psicólogo - paciente.
enviarmos a quem solicitou o estudo para deixá-lo de sobrea-
viso. No entanto, pode ser imprudente incluí-los na devolução Para planejar uma bateria é necessário pensar em testes
ao paciente, pois isso poderá angustiá-lo muito e provocar que captem o maior número possível de condutas (verbais,
uma crise, um ataque ao psicólogo ou uma deserção. gráficas e lúdicas), de maneira a possibilitar a comparação de
um mesmo tipo de conduta, provocada por diferentes estímu-
Chegamos assim ao sexto momento do processo psicodi-
los ou instrumentos e diferentes tipos de conduta entre si. É
agnóstico: a entrevista de devolução de informação. Pode ser muito importante discriminar a sequência em que serão apli-
somente uma ou várias. Geralmente é feita de forma separa- cados os testes escolhidos. Ela deve ser estabelecida em
da: uma com o indivíduo que foi trazido como protagonista da função de dois fatores: a natureza do teste e a do caso em
consulta e outra com os pais e o restante da família. Se a questão. O teste que mobiliza uma conduta que corresponde
consulta foi iniciada como familiar, a devolução e nossas ao sintoma nunca deve ser aplicado primeiro. Utilizar estes
conclusões também serão feitas a toda a família. testes em primeiro lugar supõe colocar o paciente na situação
Esta última entrevista está impregnada pela ansiedade do mais ansiógena ou deficitária sem o prévio estabelecimento
paciente, da sua família e, por que não dizê-lo, muitas vezes de uma relação adequada. Recomendamos como regra geral
também pela do psicólogo, especialmente nos casos mais reservar os testes mais ansiógenos para as últimas entrevis-
complexos. tas.

Conhecimentos Específicos 232 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os testes gráficos são os mais adequados para começar terapia que se inicia, devido ao aspecto terapêutico intrínseco
um exame psicológico, por diversas razões, entre elas por a um processo de avaliação e ao aspecto avaliativo intrínseco
abarcarem os aspectos mais dissociados, menos sentidos à psicoterapia. Outras vezes, o processo de avaliação é com-
como próprios, e permitirem que o paciente trabalhe mais plexo e exige um conjunto diferenciado de técnicas de entre-
aliviado, além de serem econômicos quanto ao tempo gasto vistas e de instrumentos e procedimentos de avaliação, como,
em sua aplicação, ou seja é uma tarefa fácil. por exemplo, além da entrevista, os instrumentos projetivos
ou cognitivos, as técnicas de observação, etc. A importância
Consideramos necessário incluir, entre os testes gráficos, de enfatizar a entrevista como parte de um processo é poder
diferentes conteúdos em relação ao tema solicitado, come- vislumbrar o seu papel e o seu contexto ao lado de uma gran-
çando pelos de temas mais ambíguos até chegar aos mais de quantidade possível de procedimentos em psicologia.
específicos.
A entrevista clínica é um procedimento poderoso e, pelas
Numa bateria - padrão, segundo Ocampo (1981), devem suas características, é o único capaz de adaptar-se à diversi-
ser incluídos, entre os testes projetivos, aqueles que promo- dade de situações clínicas relevantes e de fazer explicitar
vam condutas diferentes. Portanto, a bateria projetiva deve particularidades que escapam a outros procedimentos, princi-
incluir testes gráficos, verbais e lúdicos. Quanto aos testes de palmente aos padronizados. A entrevista é a única técnica
inteligência, sua inclusão na sequência da bateria não pode capaz de testar os limites de aparentes contradições e de
ser arbitrária, o momento exato de sua inclusão deve ser tornar explícitas características indicadas pelos instrumentos
decidido de acordo com o caso. padronizados, dando a eles validade clínica, por isso, a ne-
7.1 – ALGUMAS SUGESTÕES DE MÉTODOS E TÉCNI- cessidade de dar destaque à entrevista clínica no âmbito da
CAS UTILIZADAS avaliação psicológica.
1. Quanto ao método quantitativo: são utilizados testes Definimos ainda a entrevista clínica como tendo caracte-
psicométricos (tabelas padronizadas para uma dada popula- rísticas de ser dirigida. Afirmar que a entrevista é um proce-
ção), como: testes de inteligência, técnicas expressivo- dimento pode suscitar alguns questionamentos. Mesmo nas
gráficas psicométricas, Inventários de personalidade, inventá- chamadas entrevistas “livres”, é necessário o reconhecimen-
rio de traços ou estados afetivos, inventários de sintomas to, pelo entrevistador, de seus objetivos. Como afirmamos
específicos, Escala de maturidade Viso-Motora. antes, os objetivos de cada tipo de entrevista definem as
estratégias utilizadas e seus limites. É no intuito de alcançar
2. Quanto ao método clínico propriamente dito: entrevis- os objetivos da entrevista que o entrevistador estrutura suas
tas de vários tipos, técnicas de associação, técnicas de cons- intervenção. O entrevistador precisa estar preparado para
trução, técnicas de complemento, técnica expressivo-gráficas, lidar com o direcionamento que o sujeito parece querer dar à
técnicas expressivo-lúdicas, técnicas de ordenação, etc. entrevista, de forma a otimizar o encontro entre a demanda do
3. Quanto ao método organizacional: observação livre ou sujeito e os objetivos da tarefa. Em síntese, concluímos que
sistemática de várias situações, diretamente ou com a utiliza- todos os tipos de entrevista têm alguma forma de estrutura-
ção de recursos técnicos. ção na medida em que a atividade do entrevistador direciona
a entrevista no sentido de alcançar seus objetivos.
8 - AS ENTREVISTAS
Entrevistador e entrevistado têm, nesse processo, atribui-
8.1 - DEFINIÇÃO E TIPOS DE ENTREVISTAS ções diferenciadas de papéis. A função específica do entre-
vistador coloca a entrevista clínica no domínio de uma relação
Em psicologia, a entrevista clínica pode ser entendida co-
profissional. É dele a responsabilidade pela condução do
mo um conjunto de técnicas de investigação, que tem o seu
processo e pela aplicação de conhecimentos psicológicos em
tempo delimitado e é direcionada por uma profissional treina-
benefício das pessoas envolvidas. É responsabilidade dele
do, que vai utilizar conhecimentos psicológicos, com o objeti-
dominar as especificidades da técnica e a complexidade do
vo de descrever e avaliar os aspectos pessoais, relacionais
conhecimento utilizado. Essa responsabilidade delimita (estru-
ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social) do entre-
tura) o processo em seus aspectos clínicos. Assumir essas
vistado, em um processo que visa a fazer recomendações,
responsabilidades profissionais pelo outro tem aspectos éti-
encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção em
cos fundamentais, significa reconhecer a desigualdade intrín-
benefício das pessoas entrevistadas.
seca na relação que dá uma posição privilegiada ao entrevis-
Examinando os elementos dessa definição podemos dizer tador. Essa posição lhe confere poder e, portanto, a respon-
que técnica é entendida como uma série de procedimentos sabilidade de zelar pelo interesse e bem-estar do outro. Tam-
que possibilitam investigar os temas em questão. A investi- bém é do entrevistador a responsabilidade de reconhecer a
gação possibilita alcançar os objetivos primordiais da entre- necessidade de treinamento especializado e atualizações
vista, que são descrever e avaliar, o que pressupõem o constantes ou periódicas.
levantamento de informações, a partir das quais se torna
A complexidade dos procedimentos específicos de cada
possível relacionar eventos e experiências, fazer inferências,
tipo de entrevista clínica, dos conhecimentos psicológicos
estabelecer conclusões e tomar decisões. Essa investigação
envolvidos e dos aspectos relativos à competência do entre-
se dá dentro de domínios específicos da psicologia clínica e
vistador, necessário para sustentar uma relação interpessoal
leva em consideração conceitos e conhecimentos amplos e
de investigação clínica, requerem treinamento especializado.
profundos nessas áreas. Esses domínios incluem, por exem-
O resultado de uma entrevista depende largamente da expe-
plo, a psicologia do desenvolvimento, a psicopatologia, a
riência e da habilidade do entrevistador, além do domínio da
psicodinâmica, as teorias sistêmicas. Aspectos específicos
técnica.
em cada uma dessas áreas podem ser priorizados como, por
exemplo, o desenvolvimento psicossexual, sinais e sintomas Supõe-se que a entrevista clínica deve ter como beneficiá-
psicopatológicos, conflitos de identidade, relação conjugal, rio direto as pessoas entrevistadas. Por outro lado, isso nem
etc. sempre é claro nos dias de hoje, quando os psicólogos têm
que se haver, cada vez mais, com terceiros envolvidos, como
Afirmamos ainda que a entrevista é parte de um proces-
juízes, empregados, empresas de seguros, etc. Nesse sentido
so. Este deve ser concebido, basicamente como um processo
é necessário o psicólogo definir em que sentido quem é o
de avaliação, que pode ocorrer em apenas uma sessão e ser
cliente (empresa ou empregado, por ex.) e que demandas são
dirigido a fazer um encaminhamento, ou a definir os objetivos
apropriadas ou não.
de um processo psicoterapêutico. Muitas vezes, o aspecto
avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se com a psico-
Conhecimentos Específicos 233 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As necessidades de delimitação temporal são claras e es- 3. Entrevistas diagnósticas: Pode priorizar os aspectos
sa delimitação não requer, necessariamente, um único encon- sindrômicos ou psicodinâmicos. O primeiro visa a descrição
tro. Mesmo quando o processo requer mais de uma ocasião, de sinais e sintomas para a classificação de um quadro ou
no processo de entrevista, não há um contrato de continuida- síndrome. O diagnóstico psicodinâmico visa à descrição e a
de como em um processo terapêutico, embora, frequente- compreensão da experiência ou do modo particular de funcio-
mente, a entrevista clínica resulte em um contrato terapêutico. namento do sujeito, tendo em vista uma abordagem teórica. É
A delimitação temporal tem a função de explicitar as diferen- um tipo de entrevista que visa a modificação de um quadro
ças de objetivos dos dois procedimentos e dos papéis dife- apresentado em benefício do sujeito.
renciados do profissional nas duas situações. Essa delimita-
ção define o setting e fortalece o contrato terapêutico, que 4. Entrevistas sistêmicas: focalizam a avaliação da estru-
pode ser consolidado como conclusões das entrevistas inici- tura ou da história relacional ou familiar. Podem também ava-
ais. Essas recomendações, o encaminhamento ou a definição liar aspectos importantes da rede social de pessoas e famí-
de um setting e contrato terapêutico podem ocorrer integrados lias.
como parte de uma única sessão de entrevista ou podem se 5. Entrevista de devolução: tem por finalidade comunicar
reservados para uma entrevista designada exclusivamente ao sujeIto o resultado da avaliação. Em muitos casos, essa
para este fim (entrevista de devolução), demarcando, de ma- atividade é integrada em uma mesma sessão, ao final da
neira mais precisa, o término do processo de avaliação. entrevista. Em outras situações, principalmente quando as
Adrados (1982) afirma que a entrevista é tida como uma atividades de avaliação se estendem por mais de uma ses-
técnica, dentre outras de extrema relevância, principalmente são, é útil destacar a entrevista de devolução do restante do
porque subexiste ao dia-a-dia tornando-se cada vez mais processo.
eficiente e imprescindível, constituindo-se como ponto funda- As entrevistas semi-estruturadas são assim denominadas
mental para o alcance de uma visão global e consequente- porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que
mente de uma conclusão diagnóstica, a respeito do cliente. tipo de informação é necessária para atingi-los, de como essa
Existem diversos tipos de entrevistas, que irão se diferen- informação deve ser obtida, quando ou em que sequência,
ciar de acordo com seu objetivo principal e com o trabalho em que condições deve ser investigada e como deve ser
que está sendo realizado. Para cada processo há um tipo de considerada.
entrevista, que podem ser classificadas de várias maneiras: Quanto a classificação das entrevistas a partir dos seus
segundo o seu aspecto formal, segundo os objetivos e se- objetivos podemos dizer que há uma grande variedade. Den-
gundo a estruturação. tre as mais estudadas vamos citar: triagem, anamnese, diag-
Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divi- nóstica, sistêmicas e devolução.
didas em estruturadas, semi-estruturadas e de livre estrutura- 8.2 - Competências do avaliador para as entrevistas e
ção. As entrevistas estruturadas são de pouca utilidade clíni- a qualidade da relação:
ca. A aplicação desse tipo de entrevista é mais frequente em
pesquisas. Sua utilização raramente considera as necessida- O bom uso da técnica deve ampliar o alcance das habili-
des ou demandas do sujeito avaliado – usualmente ela se dades interpessoais do entrevistado e vice-versa. Para levar
destina ao levantamento de informações definidas pelas ne- uma entrevista a termo de modo adequado, o entrevistador
cessidades de um projeto. Privilegiam a objetividade – as deve ser capaz de:
perguntas são quase sempre fechadas ou delimitadas por 1. Estar presente, no sentido de estar inteiramente dispo-
opções previamente determinadas e buscam respostas espe- nível para o outro naquele momento, e poder ouvi-lo sem a
cíficas a questões específicas. interferência de questões pessoais;
É tradição se referir à entrevista de livre estruturação com 2. Ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver
entrevista livre ou não estruturada ou ainda, aberta. Nesse uma aliança de trabalho;
tipo de entrevista, o paciente é convidado a falar livremente
sobre aquilo que quiser. Cunha (2000) argumenta que mesmo 3. Facilitar a expressão dos motivos que levaram a pes-
assim, a entrevista tem alguma estruturação. soa a ser encaminhada ou a buscar ajuda;
As entrevistas semi-estruturadas são assim denominadas 4. Buscar esclarecimentos para colocações vagas ou in-
porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que completas;
tipo de informação é necessária para atingi-los, de como
5. Confrontar esquivas e contradições, mas de forma gen-
essa informação deve ser obtida, quando ou em que sequên-
til;
cia, em que condições deve ser investigada e como deve ser
considerada. Além de modo padronizado, ela aumenta a 6. Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados
confiabilidade ou fidedignidade da informação obtida. na entrevista.
Quanto a classificação das entrevistas a partir dos seus 7. Reconhecer defesas e modos de estruturação do paci-
objetivos podemos dizer que há uma grande variedade. Den- ente, especialmente quando elas atuam diretamente na rela-
tre as mais estudadas vamos citar: ção com o entrevistador (transferência);
1. Entrevista de triagem: tem por objetivo principal avaliar 8. Compreender seus processos contratransferênciais;
a demanda do sujeito e fazer um encaminhamento. Geral-
mente, é utilizada em serviços de saúde pública ou em clíni- 9. Assumir a iniciativa em momentos de impasse;
cas sociais, onde existe a procura contínua por uma diversi- 10. Dominar as técnicas que utiliza.
dade de serviços psicológicos, e torna-se necessário a ade-
quação da demanda em relação ao encaminhamento preten- 8.3 - Objetivos e requisitos da primeira entrevista em
dido. avaliação

2. Entrevista de anamnese: tem por objetivo o levanta- No caso de ser a primeira consulta que os pais (ou pacien-
mento detalhado da história de desenvolvimento da pessoa, te adulto) fazem, a primeira entrevista é o primeiro passo do
principalmente na infância. A anamnese é uma técnica de processo psicodiagnóstico e deve reunir certos requisitos para
entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologica- cobrir seus objetivos, tais como: no começo ser muito livre,
mente. não direcionada, de forma que possibilite a investigação do
papel que cada um dos pais desempenha, entre eles e co-
Conhecimentos Específicos 234 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nosco; o papel que cada um parece desempenhar com o filho, Quando isso ocorre, essa criança tem um respaldo, uma
a fantasia que cada um traz sobre o filho, a fantasia de doen- contenção muito mais forte que aquela que os pais negadores
ça e cura que cada um tem, a distância entre o motivo mani- oferecem, ou aqueles que estão atravessando sua própria
festo e o latente da consulta, o grau de colaboração ou de crise de angústia. Nestes casos, também eles deverão rece-
resistência com o profissional, etc. ber uma ajuda pertinente, porque não há alguém capaz de
resgatar o grupo familiar da situação angustiante. Existe um
Para isso, serão levados em consideração tanto elemen- nível de angústia ou ansiedade cujo aparecimento é saudável,
tos verbais como não verbais da entrevista, a gesticulação mas exacerbação é negativa, pois o paciente entra numa
dos pais, seus lapsos, suas ações, como por exemplo, ir ao crise de angústia da qual não consegue se afastar, e não
banheiro, esquecer algo ao partir, segurar uma bolsa ou pasta podemos de maneira alguma pensar em aplicar algum teste;
o tempo todo, fazer comentários profissionais, fazer alguma podendo isto ser, inclusive, uma conduta pouco humana,
queixa (mesmo parecendo justificada pode estar encobrindo absurda e iatrogênica. Ocorre frequentemente sob algum
uma queixa de outra natureza), desencontro do casal ao che- comando, ou diante de determinada lâmina de algum teste
gar para a primeira entrevista, trocar o horário por engano, que o paciente as associa automaticamente com alguma
trazer uma lista escrita com dados excessivamente detalha- morte ou com algum acontecimento que desencadeou o seu
dos, olhar o teto o tempo todo, pedir um conselho rapidamen- conflito. Nestes casos pode ocorrer um bloqueio total, uma
te, etc. crise de choro ou uma rejeição violenta, talvez se negando a
Contratransferencialmente, deveremos escutar de maneira realizar a tarefa. Todas estas reações têm importância diag-
constante aquilo que sentimos e as associações que fazemos nóstica, porque indicam quais são as reações do paciente
à medida que eles vão relatando a sua versão do que ocorre. quando tocamos seus pontos mais vulneráveis e dolorosos. É
Assim, ficaremos com uma imagem desse filho, a imagem provável que nesses casos tenhamos que suspender a tarefa,
que eles nos transmitiram, cada um a sua, e a que fica co- escutar o que ele precisa nos contar, o que lembrou ou asso-
nosco, que nem sempre é o reflexo fiel do que os pais têm ciou, sendo que nesse momento teremos então uma nova
tentado nos passar. etapa de entrevista aberta, mesmo já estando na fase de
aplicação de algum teste.
Quando conhecermos o filho, o passo seguinte do proces-
so, já poderemos comparar essa imagem que temos dele com Cabe aqui uma recomendação. Não devemos esquecer
a que realmente estamos recebendo. que estamos desde o início incluindo aspectos transferenciais
da relação do paciente ou dois pais conosco, e também
Foi dito antes que o primeiro requisito da entrevista proje- (mesmo se não as verbalizamos) contratransferenciais. Não
tiva é de que seja livre. Um segundo requisito é que em um devemos esquecer também que aquilo que se reestrutura,
outro momento, quando for mais oportuno, segundo o julga- seguindo a teoria da Gestalt, é um campo no qual cada um
mento do profissional que está fazendo o trabalho, seja bas- dos integrantes (no qual nós incluídos) terá uma constante
tante dirigida de forma a poder elaborar uma história clínica mobilidade dinâmica, de tal modo que o que vier a ocorrer é
completa do paciente. Deve-se solicitar dados, colher infor- algo além do mero somatório de condutas individuais.
mação exaustiva sobre a história do sintoma e também deixar
estabelecido um contrato para esta etapa do trabalho diag- Se os pais forem um casal bem estruturado, os sentiremos
nóstico. Por exemplo, quantas entrevistas serão feitas, quem unidos e haverá uma distância ideal entre eles e nós. Se o
deve participar, em que horário, que ordem será dada ao filho, casal não estiver bem unido poderemos notar que um deles
quais serão os honorários, qual o objetivo de todo o estudo, quer excluir o outro e fazer uma aliança conosco. Ou então,
em que vamos centrá-lo, qual é o motivo mais profundo, que que um deles se exclui desce o início, não vindo à entrevista,
destino terá a informação que obtivermos (se será transmitida ou tentando ser uma presença ausente (por exemplo, olhando
a eles ou ao filho, ou além deles ao pediatra, à professora, a para o teto o tempo todo), fazendo que o outro não tenha
um juiz, etc.). outra solução que falar conosco constantemente. Pode ocor-
rer também que não queiram vir juntos. No caso de já existir a
É importante detectar na primeira entrevista, seja com os separação, devemos aceitar esta situação, mas deveremos
pais, com o filho, com o adolescente ou com o adulto que tentar de todas as formas possíveis que assistam juntos à
chegam pela primeira vez, o nível de angústia, o nível de entrevista final para que tomem uma decisão conjunta, pois
preocupação que provoca isso que está ocorrendo com eles. trata-se de compreender o que está acontecendo com o filho
É necessário e saudável que se produza num momento de- e decidir o seu futuro. Parecem consultar com a finalidade de
terminado da entrevista, quando o paciente ou seus pais desqualificá-lo repetidamente e não buscando a sua ajuda.
tenham insight de que o que ocorre é triste, preocupa ou
assusta, notar que surja neles algum indício de tais sentimen- A diferença entre uma entrevista clínica habitual e aquela
tos, pois se não for assim pode predominar um clima de ne- que é o ponto de partida para um estudo psicodiagnóstico
gação parcial da verdadeira importância do conflito, ou um com os testes projetivos é que nesta deveremos manter um
clima maníaco de negação total e projeção, como quando duplo papel: no início, um papel de não intervenção ativa,
tudo parece ser preocupação da professora ou do pediatra, limitando-nos a sermos um observador da situação que está
mas não dos pais. se desenvolvendo no campo do qual estamos participando.
Tentaremos manter o nosso papel de observador que escuta
É importante ainda ressaltar que em um processo diag- e registra (através do material do paciente e dos efeitos con-
nóstico é fundamental trabalhar com um nível de ansiedade tratransferenciais).
instrumental, ou seja, saudável. Isto é importante porque o
nível de ansiedade e o modo como regem o paciente, os pais A posteriori e gradualmente, iremos intercalando pergun-
e a família para contê-la ou manejá-la é um dado diagnóstico tas ou tentando dirigir o diálogo. Devemos considerar o mo-
e prognóstico muito significativo. mento mais oportuno, adotar em papel mais ativo, tal como
intervir, investigar, e inclusive enfrentar os pais com suas
Não tem o mesmo significado que os pais de uma criança próprias contradições, falta de recordações ou falta de sensi-
entrem numa crise da qual nós dificilmente poderemos tirá- bilidade para registrar a seriedade da sintomatologia e os
los, que se vemos que eles mesmos são capazes de conter a riscos que o filho está correndo.
própria angústia ou um deles é capaz de conter a angústia do
outro, também o é se eles reagem positivamente à ação mo- Na entrevista com um adulto ocorreria o mesmo. Tecni-
deradora do psicólogo. camente, isto pode ser feito simplesmente assinalado alguns
pontos, sem fazer interpretações, o que não é recomendável
na primeira entrevista. Mas o grau de permeabilidade é muito

Conhecimentos Específicos 235 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
variável. Alguns pais (ou adolescentes ou adultos) vêm com • Uma imagem do conflito central e seus derivados;
muito insight e possibilitam-nos trabalhar desde o primeiro
contato, de uma maneira muito mais ágil e terapêutica. Isso, • Uma história da vida do paciente e da situação desen-
no entanto, não é o usual, e às vezes ocorre totalmente o cadeadora;
contrário.
• Alguma hipótese inicial sobre o motivo profundo do
Nessa entrevista inicial, usa-se o enquadre de uma entre- conflito, a qual será ratificada ou modificada, segundo o mate-
vista aberta projetiva, fundamentalmente no início. Mas logo, rial projetivo dos testes e da entrevista de devolução;
essa deve ser dirigida para colher todos os dados necessários
ou enfrentar os pais, mostrando-lhes situações que observa- • Uma estratégia para usar determinados instrumentos
mos muito negadas, deslocadas ou dissociadas. diagnósticos seguindo uma determinada ordem, de modo que
sirvam para ratificar e ampliar as nossas hipóteses prévias ou
Com crianças, o equivalente á entrevista projetiva inicial é para retificá-las.
a hora do jogo diagnóstico. Tanto com eles quanto com ado-
lescentes e adultos, continuaremos logo com os testes, e na 8.3 - O PRIMEIRO CONTATO NA CONSULTA
maioria dos casos teremos que fazer os respectivos inquéri- Apesar de ter afirmado que o processo psicodiagnóstico
tos. Espera-se que o mesmo modelo se repita: no início co- consta de vários passos (e estes de fato ocorrem), nunca se
lheremos a produção espontânea do paciente e logo faremos pode afirmar que um vem antes e o outro vem depois de uma
um inquérito para especificar detalhar das respostas (solucio- forma mecânica, fixa e estática. Tudo depende de diversas
nar ambiguidades ou contradições, completar, esclarecer, razões.
etc.) e isso exige de nós ma atitude abertamente dirigida.
Esses diferentes passos já foram anteriormente aborda-
É por isso que dizemos que a atitude do profissional que dos. Vamos relembrar:
realiza o estudo da personalidade com testes projetivos, é
composta: não é totalmente de laissez faire, nem tampouco O primeiro consiste na primeira tomada de contato. Isto
uma atitude absolutamente fechada ou de dirigismo rígido. E significa que nessa primeira etapa teremos recebido o telefo-
é bastante difícil esgotar todas as possibilidades, porque cada nema do paciente ou o pedido de um profissional para realizar
caso é um psicodiagnóstico único e que não se repete, devido o estudo de um paciente determinado. Se quem nos solicita o
a que, como já se disse, não pode existir um modelo único e estudo é o terapeuta que vai se encarregar do tratamento,
rígido. A atitude do psicólogo deve ser ao mesmo tempo plás- nosso papel ficara restrito basicamente à aplicação de testes
tica, aberta, permeável e concretamente precisa e centraliza- pertinentes.
da em um objetivo que não podemos ignorar ou perder de
Nestes casos é necessário tomar cuidado para não inter-
vista em momento algum. Ficarmos com uma resposta ambí-
ferir demais na relação transferencial que o paciente já tenha
gua significa não podermos chegar às conclusões necessá-
estabelecido com seu terapeuta. Numa consulta dessa natu-
rias para realizar o diagnóstico ou prognóstico, nem tomar
reza tentaremos reduzir a entrevista inicial ao mínimo possí-
uma decisão ou dar sugestões quanto à estratégia terapêutica
vel. Em alguns casos é bom trabalhar praticamente às cegas,
confeccionando um bom informe.
com dados mínimos de identidade do grupo familiar, motivo
Por essa razão, se um paciente resiste a realizar uma ta- da consulta, e muito especificamente o motivo que levou o
refa determinada, podemos trocá-la por outra equivalente, terapeuta a solicitar o estudo. Seria preferível que a devolu-
mas não omiti-la. Podemos encontrar outro teste paralelo ou ção (que é um dos passos finais do processo) fosse feita pelo
propor-lhe uma outra atividade. Podemos, inclusive, não apli- próprio terapeuta na medida e no momento que considerasse
car nenhum teste no momento, simplesmente dedicar horas adequado, e somente seria feita pelo profissional que realizou
de jogo com uma criança, ou realizar entrevistas com um o psicodiagnóstico se aquele o considera mais conveniente,
adolescente ou adulto, mas isso não significa que deixaremos explicitando a razão.
de fazê-lo mais adiante, no momento mais oportuno.
O informe que enviaremos a esse profissional tem uma re-
No caso em que estivermos fazendo um psicodiagnóstico levância especial, pois ali deve estar contida toda a informa-
grupal, não há uma primeira entrevista inicial individual ou, se ção que ele necessita. Devemos então realiza-lo com dedica-
ela existe, é muito breve. Nesses casos, deve-se iniciar con- ção especial para poder cumprir com a finalidade a que se
vocando o grupo para a aplicação de uma série de provas destina o estudo.
coletivas (ou seja, cada um fará o seu trabalho simultanea-
Se não for possível atingir os objetivos, será importante
mente ao trabalho dos outros) ou grupais (nas quais, entre
continuar com mais uma entrevista. Isto acontece frequente-
todos, vão elaborar uma resposta a uma solicitação nossa).
mente com os pais de uma criança, pois cinquenta minutos
Nestes casos, a informação que viermos a obter será algo
podem ser insuficientes para todo esse trabalho. Podemos
como uma mera discriminação entre os que possuem e os
então prolongá-la ou fazer mais de uma entrevista inicial.
que não possuem um requisito determinado.
Se o nível de ansiedade (persecutória, depressiva ou con-
Nestes casos pode acontecer que não se inclua o contato
fusional) dos pais tornar difícil manter um clima adequado,
individual nem a relação transferência-contratransferência, ou
torna-se aconselhável chamá-los novamente, pois geralmente
seja, o campo dinâmico que é criado em uma entrevista indi-
na segunda entrevista estão mais tranquilos, menos tensos,
vidual. Tudo isso é excluído para poder-se obter informações
menos defensivos, mais recuperados e melhor situados.
sobre um grupo muito maior no menor tempo possível. Se
estivermos trabalhando em escolas, por exemplo, é muito No caso contrário, a situação é pouco promissora e seria
importante detectar patologias sérias e posteriormente, seri- aconselhável pensar que a terapia individual do filho exclusi-
am convocados os indivíduos cujo material apresenta o que é vamente não é o mais adequado. Deve ser complementado
chamamdo de indicadores de conflito ou de patologia. Será com orientação dos pais, ou indicação de terapia de casal,
então necessário entrevistar os pais e fazer um estudo mais familiar, vincular, etc.
minucioso e individual de cada um. Não podemos esquecer
que objetivo de uma pesquisa assim realizada é ajudar um Concluímos então que a “primeira entrevista” é um concei-
número grande de pessoas, detectando precocemente a to referente à primeira etapa diagnóstica, que tem um objetivo
patologia, e esta é uma técnica extremamente útil. específico, mas não significa que deve ser só uma nem que
deve ser realizada obrigatoriamente no início do processo
Se a primeira entrevista cumpriu sua finalidade, termina- diagnóstico. Em circunstâncias especiais podemos obter
remos a mesma com:

Conhecimentos Específicos 236 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dados após a aplicação dos testes, e não no início da consul- dispõe de conhecimentos e instrumentos de trabalho para
ta. ajudar o paciente a decifrar os seus problemas, a encontrar
uma explicação para os seus conflitos e para aconselhá-lo
9 - O ENQUADRE NO PROCESSO PSICODIAGNÓSTI-
sobre a maneira mais eficiente de resolvê-los.
CO
Quando alguém chega pela primeira vez, perguntamos:
Em todas as atividades clínicas, e entre elas se inclui o “Em que posso ajudá-lo?” e com a resposta obtemos a primei-
psicodiagnóstico, é necessário partir de um enquadre. ra chave sobre a forma de encarar o caso. Se a resposta for:
O enquadre pode ser mais estrito, mais amplo, mais per- “Venho porque estou preocupado, estou muito nervoso, não
meável ou mais plástico, conforme as diferentes modalidades consigo dormir, não me concentro no trabalho e não sei por-
do trabalho individual ou conforme as normas da instituição que isso acontece”, não nos provoca a mesma reação do que
na qual se trabalhe. Varia de acordo com o enfoque teórico se o indivíduo respondesse: “Não sei, foi o médico que me
que serve como marco referencial predominante para o pro- mandou porque estou com úlcera e ele diz que é psicológico”.
fissional, conforme a sua formação, suas características pes- Perguntaríamos: “mas você, o que pensa. Acha que o médico
soais e também conforme as características do cliente. esta certo?” sua resposta pode ser afirmativa, o que abre uma
perspectiva mais favorável, ou pode responder: “Não, eu não
Alguns profissionais afirmam que trabalham sem enqua- acredito nessas coisas”. Essa resposta deixa pouquíssima
dre. Esta afirmação, no entanto, encerra uma falácia, pois margem para encarar qualquer tipo de trabalho. Se o médico
essa posição de não-enquadre já é por si mesma uma forma nos enviou seu paciente e espera receber um informe psico-
de enquadre, em todo caso do tipo laissez-faire. lógico, devemos explicar-lhe que mesmo que ele não acredite
Cada profissional assume um sistema de trabalho que o faremos alguns testes para poder enviar ao médico uma res-
caracteriza, além das variáveis que possa introduzir no caso. posta conforme o que ele espera de nós.

A qualidade e o grau da patologia do cliente nos obrigam a Não sendo assim, é muito difícil realizar o psicodiagnósti-
adaptar o enquadre a cada caso. Não é possível trabalhar da co e, quase é conveniente colocar que, o prorrogaremos até
mesma forma com um paciente neurótico, com um psicótico que ele sinta a necessidade de fazê-lo, até que esteja con-
ou com um psicopata grave. Cada caso implica diferentes vencido de que seu médico esta com razão. Do contrário,
graus de plasticidade. Uma pessoa absolutamente dependen- mesmo que ele faça de boa vontade o que lhe pedirmos, as
te exigirá esclarecimentos permanentes do que deve ou não conclusões que obtivermos não terão valor nenhum para ele,
fazer, enquanto que outros sentirão nossas intervenções e a entrevista de devolução poderia tornar-se uma espécie de
como interferências desagradáveis. Um psicopata precisa ser desafio no qual queremos convencê-lo de algo que ele se
limitado constantemente. O psicótico exige de nossa parte nega a aceitar.
uma total concentração. Precisa ser limitado, mas também Alguns autores afirmam que existem certos aspectos do
cuidado e protegido e também precisamos proteger-nos. enquadre que permanecem “mudos” até que alguma circuns-
A idade do paciente também influi no enquadre escolhido. tância nos obriga a rompê-los, e então aparecem com clare-
Com uma criança pequena, sentaremos para brincar no chão za.
se ela assim solicitar. Com adolescentes, sabemos que preci- Suponhamos que o terapeuta tenha sido sempre pontual,
samos ser mais tolerantes quanto à sua frequência, sua pon- até que um dia um problema no trânsito o obriga a chegar
tualidade e suas resistências para realizar certos testes dos vinte minutos mais tarde. O paciente está esperando furioso,
quais “não gostam”. Talvez queiram antes acabar de escutar quase o insulta e grita “porque o senhor deve estar aqui
uma música em seu mp3. Deixamos escutá-la até ele dizer quando eu chego”. Se não houvesse surgido esta “ruptura” do
que podemos começar. Talvez também fizéssemos o mesmo enquadre, essa reação teria permanecido sempre encoberta
com uma criança ou com um adulto psicótico. pela seriedade do comportamento do terapeuta.
Conclusão: é impossível trabalhar sem um enquadre, mas Sabemos em que tanto o profissional como o paciente,
não existe um único enquadre. trazem para o encontro um aspecto mais infantil e outro mais
Quando questionados sobre o enquadre que usamos, mui- maduro. Se o contrato do psicodiagnóstico é feito sobre a
tas vezes acontecerá que a reflexão vem a posteriori da práti- base dos aspectos infantis de ambos, os resultados serão
ca clínica. Em primeiro lugar, agimos, e depois refletiremos negativos e perigosos.
sobre como e por que trabalhamos daquela forma. Bion re- Bleger, citado por Arzeno (1995), coloca em seu artigo La
comenda trabalhar com absoluta atenção flutuante e liberda- entrevista psicológica (publicação interna da Faculdade de
de, e depois de terminada a sessão, então sim, é aconselhá- Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires):
vel tomar notas e pensar sobre o ocorrido. No psicodiagnósti-
co isto se aplica principalmente à entrevista inicial. Nas se- Para obter o campo particular da entrevista que descre-
guintes já é necessário agir de outra forma para atingir nosso vemos, devemos contar com um enquadre fixo que consiste
objetivo. na transformação de certo conjunto de variáveis em constan-
tes. Dentro deste enquadre inclui-se não somente a atitude
Seja com um adolescente, com um adulto ou com os pais técnica e o papel do entrevistador como o temos descrito,
de uma criança, a primeira entrevista nos dará subsídios que mas também os objetivos, o lugar e a duração da entrevista.
facilitarão o enquadre a ser escolhido. Seu comportamento, O enquadre funciona como um tipo de padronização da situa-
seu discurso, suas reações, são indicadores que nos ajudam ção estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável
a resolver que tipo de enquadre usaremos, se mais estrito ou para o entrevistador. Se o enquadre sofre alguma modificação
mais permissivo. (por exemplo, porque a entrevista é realizada em um lugar
O enquadre inclui não somente o modo formulação do tra- diferente) essa modificação deve ser considerada como uma
balho, mas também o objetivo do mesmo, a frequência dos variável sujeita à observação, tanto como o próprio entrevis-
encontros, o lugar, os horários, os honorários e, principalmen- tado. Cada entrevista possui um contexto definido (conjunto
te, o papel que cabe a cada um. de constantes e variáveis) devido ao qual ocorrem os emer-
gentes e estes só fazem sentido e são significativos em rela-
O papel do psicólogo não é o de quem sabe, enquanto ção e devido a esse contexto. O campo da entrevista também
que o do paciente é o de quem não sabe. Ambos sabem algo não é fixo, mas dinâmico, o que significa que está sujeito a
e ambos desconhecem muitas coisas que irão descobrindo uma mudança permanente, e a observação deve se estender
juntos. O que marca a assimetria de papéis é que o psicólogo do campo específico existente a cada momento à continuida-

Conhecimentos Específicos 237 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de e sentido dessas mudanças... Cada situação humana é tes poderemos trabalhar com elasticidade e plasticidade,
sempre única e original, sendo assim também o será a entre- enquanto com outros deveremos ser mais drásticos.
vista, mas isso não se aplica somente aos fenômenos huma-
nos, mas também aos fenômenos da natureza, o que já era Apesar da intervenção drástica, a ética profissional orien-
do conhecimento de Heráclito. Esta originalidade de cada ta-nos a dizer a verdade, porque para isso somos consulta-
acontecimento não impede o estabelecimento de constantes dos, e se em determinados casos precisarmos posicionar-nos
gerais, ou seja, das condições em que os fatos se repetem dessa maneira, é imprescindível fazê-lo, tanto pelos pais
com maior frequência. O individual não exclui o geral nem a quanto pelo filho, e também por nós mesmos.
possibilidade de introduzir abstração e categorias de análise... Muitas vezes o processo psicodiagnóstico não acaba com
a forma de observar bem é ir formulando hipóteses enquanto a aceitação fácil de nossas conclusões. Os clientes ou seus
se observa, e no transcurso da entrevista verificar e retificar responsáveis precisam de tempo para pensar, para assimilar
as hipóteses durante o seu próprio transcurso em função das o que lhes foi dito. Muitas vezes também, nós precisamos de
observações subsequentes que, por sua vez, vão ser enri- tempo para ratificar e retificar as nossas hipóteses. De modo
quecidas pelas hipóteses previas. Observar, pensar e imagi- que algumas vezes é necessário modificar o enquadre inicial
nar coincidem totalmente e fazem parte de um único processo no que se refere ao número de entrevistas e deixar mais es-
dialético. paço para concluir o processo com maior clareza.
Como vemos, Bleger enfatiza a importância do enquadre Agora vamos dedicar um breve espaço ao enquadre no
para manter o campo da entrevista de forma que uma série âmbito institucional.
de variáveis (aquelas que dependem do entrevistador) se
mantenham constantes. Isso contribui para uma melhor ob- Cada instituição pode (e deve) fixar os limites dentro dos
servação. quais vai se desenvolver o trabalho do psicólogo. Por exem-
plo, a duração de cada entrevista, o tipo de diagnóstico que
Segundo Bleger, o enquadre seria o fundo ou a base, e o se espera, o modo de deixar registrado e arquivado o materi-
processo psicodiagnóstico, a imagem do que, unindo ambos al, o tipo de informe final, etc. Mas o tipo de bateria a ser
os conceitos (enquadre e processo) configurariam a situação usada e a sua sequência é de responsabilidade exclusiva dos
terapêutica. O enquadre seria o fator constante, o que não é psicólogos. Eles decidirão de comum acordo o modus ope-
processo. O processo seria aquilo que é variável, o que se randi. Do contrário, podem ocorrer situações ridículas, iatro-
modifica. Isto é o que explica de que forma vai se desenvol- gênicas e até legalmente objetáveis.
vendo o processo terapêutico. No caso de um psicodiagnósti-
co podemos fazer uso destes conceitos. A situação não é a 10 - Algumas contribuições úteis para a realização da
terapêutica. Mas, da mesma forma, precisamos observar o primeira entrevista com o cliente
indivíduo para fazer um diagnóstico correto. Devemos ter A primeira entrevista é a primeira etapa do processo psi-
certeza de que aquilo que surgir será material do paciente codiagnóstico, que possui diversos objetivos. Isto não signifi-
(variáveis por ele introduzidas) e não nosso. ca que deva necessariamente ser uma só.
Como colocamos anteriormente, tanto o terapeuta como o Como já dissemos anteriormente, se o nível de ansiedade
paciente, trazem um lado infantil e ou outro mais maduro. O dos pais ou de um adulto for muito alto ao chegar para a pri-
enquadre, ponto de partida de importância decisiva para o meira entrevista (seja essa ansiedade persecutória, depressi-
processo psicodiagnóstico, tanto como para o terapêutico, se va ou confusional), torna-se difícil manter um clima ideal de
torna ainda mais complicado quando consideramos que cada trabalho. Talvez o objetivo desse primeiro encontro seja, para
um dos pais e filhos também trazem ambos os aspectos. Por eles, conhecer-nos e comprovar que não iremos acusá-los de
isso, advertimos sobre o risco de que se estabeleçam situa- seus fracassos e erros.
ções nas quais são colocadas em jogo as partes infantis (pri-
mitivas e onipotentes) de cada um, inclusive do próprio profis- Nesses casos, a primeira entrevista pode ser mais curta e
sional. centralizada na descrição daquilo que causa preocupação no
momento. Uma segunda consulta pode ser o mais indicado
Perto do final da primeira entrevista, costumamos explicar para encontrar os indivíduos menos tensos e mais colabora-
ao paciente (ou aos seus pais) que deverá fazer alguns dese- dores. Se isso não ocorrer, a situação será menos alentadora.
nhos, inventar algumas histórias, etc. e que logo após nos Talvez tenham passado por uma experiência anterior muito
reunimos para conversar sobre os resultados. Quando estiver negativa, ou realmente não acreditem que possam ser ajuda-
prevista uma entrevista familiar, devemos também adverti-lo dos por um psicólogo. Este é um ponto no qual devemos
com o tempo. Geralmente não há resistência quando é dito deter-nos todo o tempo necessário, evitando assim que o
que desejamos conhecer como é a família quando estão estudo precise ser interrompido mais adiante.
todos juntos.
Uma vez que sabemos da presença constante da transfe-
Durante a hora do jogo diagnóstico e das entrevistas fami- rência positiva e da transferência negativa no psicodiagnósti-
liares diagnósticas, nosso papel será o de um observador não co, devemos tomar cuidado para que esta última não seja tão
participante. O mesmo acontece no momento de aplicar os intensa ao ponto de impedir o nosso trabalho.
testes. Somente após colher a produção espontânea do indi-
víduo deveremos intervir mais ao fazer algum inquérito e No se trata de negar ou diluir a transferência negativa,
inclusive algum exame de limites. mas e mantê-la controlada para facilitar um clima de rapport
aceitável. Em geral, bastam alguns assinalamentos ou co-
Nosso papel é muito mais ativo durante a entrevista final, mentários para consegui-lo.
na qual o esperado é justamente que demos a nossa opinião
sobre o que ocorre. A recomendação da estratégia terapêuti- Quando se trata de um paciente de outro profissional, a
ca mais adequada deve ser formulada e devidamente funda- primeira entrevista pode-se ter uma breve conversa sobre
mentada pelo profissional, dada a autoridade que o seu papel dados de filiação, constelação familiar primária e atual, profis-
lhe confere. Quando, para o paciente, é muito difícil assimilar são, etc. Se o cliente tem conhecimento do motivo pelo qual
toda a informação que temos para dar-lhe, é aconselhável foi enviado e se já fez algo semelhante antes. Esse momento
marcar mais de uma ou duas entrevistas. deve levar entre dez e quinze minutos, e devemos evitar que
se transforme em um relato detalhado e prolongado da histó-
É muito difícil definir o papel do psicólogo no momento da ria da vida do paciente, já que é isso que tende a estabelecer
devolução de informação. Com alguns adultos ou adolescen- um vínculo transferencial que interfere naquele estabelecido
previamente com o seu terapeuta, confundindo o paciente.
Conhecimentos Específicos 238 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Nestas circunstâncias, o psicólogo deve controlar a sua curio- diferentes. Anna Freud estava certa, já que a maioria das
sidade e manter uma distância ideal que possibilite um clima crianças respondem que estão bem e não sabem o que ocor-
agradável para trabalhar, sem fomentar falsas expectativas no re com elas. É excepcional que possam relatar sintomas e
sentido de criar um vínculo que muito brevemente será inter- mostrar preocupação ou sofrimento pelos mesmos. Geral-
rompido. mente são os pais que fazem essa parte. Mas estamos falan-
do de “consciência de doença”. As crianças (e os outros tam-
Retomando agora o assunto da primeira entrevista, tal bém) só conseguem falar de seus conflitos quando já entra-
como ela é realizada em termos gerais, ou seja, depois de um ram na etapa final do tratamento, e isso é um dos elementos
primeiro contato telefônico com alguém que inicia a consulta que indicam justamente o êxito do mesmo e a proximidade de
diretamente conosco. seu fim.
Uma forma delicada e adequada de “abrir” essa entrevista, Isto significa que todo aquele que consulta percebe, mes-
após as respectivas apresentações, pode ser a seguinte per- mo a nível inconsciente, que há algo mal e causa dor, mal-
gunta: “Em que posso ajudá-lo?” e adequar-se à resposta estar, etc. dramatizando-o ou visualizando-o como um sonho,
recebida para decidir a estratégia seguinte. justamente para detectar este matéria.
A palavra estratégia não se refere a um plano rígido nem a Sobre o motivo latente da consulta e fantasia de doença e
uma dinâmica de entrevista previamente planejada. Ao con- cura observamos que já na primeira hora de jogo a criança
trário, refere-se a resposta a essa pergunta que vai dar uma dramatiza, associa, desenha, modela e brinca, mostrando,
pauta que dirigirá a nossa atenção para um ou outro caminho, sem saber, qual é a sua fantasia de doença e cura. Talvez
dando-nos a possibilidade de fazermos novas perguntas. isso não apareça exatamente na primeira hora de jogo e pode
Estabelece-se assim um diálogo e não um monólogo. ser necessária outra hora para isso. Isso fica, no entanto, a
No início da primeira entrevista, nossas perguntas devem critério do profissional. Com crianças, essa atividade pode ser
ser mínimas, para dar mais liberdade ao sujeito ou casal de complementada com o Desenho Livre.
pais, mas à medida que formos elaborando hipóteses presun- Poderíamos agora acrescentar que não somente o sujeito
tivas sobre o que estiver ocorrendo será imprescindível fazer que consulta tem a sua própria fantasia inconsciente de do-
comentários e perguntas pertinentes. ença, mas também cada um dos pais e o psicólogo possuem
O motivo da consulta vai guiar a nossa busca, e é conve- as suas.
niente explorar detalhadamente todas as áreas com ele rela- A fantasia inconsciente de doença é aquilo que o sujeito
cionadas, deixando para uma entrevista ulterior, outras per- sente, sem dar-se conta disso, o que passa por baixo do nível
guntas que vierem a surgir, para não transformar o primeiro consciente. Tem relação com o sentimento de responsabili-
encontro em um inquérito tão entediante quanto persecutório. dade e compromisso com o sintoma descrito consciente e se
Será considerado o motivo manifesto da consulta a res- refere ao que está mal e à sua causa.
posta da nossa primeira pergunta nessa entrevista inicial. Se o paciente diz que: “Estou me sentindo mal porque não
É aquilo que está mais próximo da consciência e o que o consigo me concentrar” e nós perguntarmos o que ele acha
indivíduo prefere mencionar em primeiro lugar. Talvez, ao ter sobre esse problema de não conseguir concentrar-se, esta-
mais confiança, venha a mencionar outros motivos de preo- remos a caminho de descobrir algo sobre a sua fantasia in-
cupação mais difíceis de comunicar. Estes são chamados de consciente de doença.
motivo latente ou inconsciente da consulta, que poderá surgir A fantasia inconsciente de doença está correlacionada
à medida que formos realizando o estudo, e será ou não com o conceito de fantasia de cura, que implica aquilo que o
transmitido ao paciente dependendo das circunstâncias. sujeito poderia imaginar como a solução para os seus pro-
Como já foi colocado anteriormente, chamaremos proviso- blemas.
riamente “sintoma” àquilo que o paciente traz como motivo A fantasia inconsciente de análise é um terceiro conceito
manifesto da solicitação de psicodiagnóstico. que juntamente com os dois anteriores, configuraria uma
Quanto ao motivo manifesto da consulta e consciência de espécie de tripé de grande importância quando se pretende
doença poderíamos estabelecer um paralelo entre ambos os iniciar um trabalho terapêutico com um sujeito.
conceitos. O desfecho dos testes projetivos verbais com histórias é
A preocupação do paciente, o que ele considera sintoma um elemento que dá uma informação valiosa a respeito, e por
preocupante, e assim o coloca deste o início, deveria ser isso é imprescindível incluir alguns deles na bateria de testes.
considerado como consciência da doença: ele sabe que algo Como dito anteriormente, a fantasia de doença é um nú-
esta mal e o descreve como pode. Se ele não registrar ne- cleo enquistado, com o qual a pessoa mantém um determina-
nhum desconforto, poderemos falar sobre a não consciência do tipo de relação.
da doença.
Poderíamos dizer, em geral, que as fantasias iniciais de
Para sermos bem precisos, devemos esclarecer que exis- cura possuem um marcante toque mágico onipotente que vão
te uma distância enorme entre o grau de consciência de do- adquirindo características mais realistas e menos onipotentes
ença com o qual o paciente chega para a primeira entrevista e à medida que o sujeito amadurece.
aquele que é obtido no início do tratamento, ou quando este
já está bem adiantado. É nesse momento que o paciente, a Geralmente, o objetivo primordial da primeira entrevista é
criança, o adolescente ou adulto, poderá falar de seus confli- conhecer a história do sujeito e de sua família. Porém, mais
tos, depois de tornar consciente o que era inconsciente, ou importante que o registro cronológico dos fatos de três gera-
seja, quando à consciência de doença original tenham sido ções é a reconstrução do “romance familiar” com seus mitos,
incorporados aspectos importantes que pertenciam ao plano seus segredos, suas tradições, etc.
mais inconsciente.
Mesmo tendo que fazer uso do inquérito, principalmente
No que se refere a consciência de doença e fantasia in- sobre fatos que os pais ou o próprio sujeito nos relataram,
consciente de doença, Arzeno aponta que são dois conceitos tentando fazer com que estes sejam amenos e, principalmen-
distintos. Uma grande parte das discussões entre Anna Freud te, que mantenha certa lógica em relação ao assunto que está
e Melanie Klein sobre a criança tem ou não consciência de sendo tratado.
doença foi devido ao fato de que elas falavam de duas ideias

Conhecimentos Específicos 239 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Uma vez conhecido o motivo manifesto da consulta, fare- com esses são frequentes ou não e como é a relação. Tam-
mos perguntas sobre tudo o que possa estar relacionado com bém serão feitas perguntas sobre os irmãos de cada um e as
ele. Por exemplo, se os pais dizem que a criança de sete suas idades, assim como a história e todos os detalhes do ou
anos ainda molha a cama à noite, perguntaremos se ele tem dos nomes escolhidos para o filho que foi trazido para consul-
um sono muito pesado, se bebe muito liquido antes de dormir, tar, ou para o adulto que está consultando.
qual é a atitude deles diante desse acontecimento, se o meni-
no está preocupado ou não com a sua enurese e aos poucos O sintoma esta expressando algo que não foi dito, ele
iremos entrando em níveis mais profundos. Perguntaremos ocupa o lugar dessa verdade não dita, surge com e para ou-
então se na família há algum membro enurético. Se tiverem tro. Seria inútil, então procurar a etiologia da doença exclusi-
mencionado que o levam para a cama do casal porque assim vamente dentro do sujeito. Devem também ser explorados o
ele não urina, perguntaremos se isto interfere ou não nas contexto atual e a história familiar dentro dos quais ela surgiu.
relações sexuais do casal e finalmente indagaremos se, pelo A Escola Francesa nos proporciona também outra hipóte-
contrário, o levam para a sua cama para preencher um vazio se de grande valor para compreender o gênese de muitos
que existe no casal e essa super-estimulação provoca o sin- problemas: o qual é o lugar do filho no desejo de seus pais: é
toma. Se assim for, isso explicaria por que não consultaram um prolongamento narcisístico ou falo da mãe? Ou é reco-
antes. Mas se agora, quando o menino se queixa de que nhecido como um-Outro com autonomia e vontade próprias?
assim não pode acampar nem dormir na casa de algum ami- Isso não pode ser objeto de um inquérito direto. É mais fácil
go, a vergonha do menino encobre os seus sentimentos de que seja observado nas entrevistas familiares. Se tivermos
culpa por ser um terceiro incluído no casal ao qual realmente dúvidas, é indicado realizar uma entrevista vincular mãe-filho
separa. Aqui, aparece então, o motivo manifesto e o motivo e outra para pai-filho, além da familiar, para registrar fatos que
latente da consulta. Ao mesmo tempo, os pais trazem como nos tragam informações a esse respeito.
motivo a enurese do filho, mas logo a seguir colocam as suas
próprias cartas sobre a mesa. É como se nos dissessem: 5. Todo sintoma implica o fracasso ou a ruptura do equilí-
“Viemos devido aos nossos conflitos sexuais”. brio intrapsíquico prévio. O momento no qual os pais de uma
criança, adolescente ou adulto consultam, é quando é quando
É essencial que o profissional esgote todas as perguntas o sintoma já não mantém o equilíbrio familiar ou não basta, e
que possam ter relação com este assunto. Por exemplo, co- a estrutura familiar balança.
mo foi a infância de cada um, que lembranças têm do vínculo
com os seus pais e irmãos, etc. Todo o resto é importante, Recordando o esquema freudiano, poderemos utilizá-lo
mas deve ser perguntado como complemento o assunto ante- como um guia ideal pra saber quais as informações devemos
rior. colher na entrevista inicial e nas posteriores.

Poderíamos, assim, dirigir nossas perguntas lembrando o 1. Herança e constituição (ou seja, a história dos seus
seguinte: antepassados);

1. O sintoma apresenta um aspecto fenomenológico: nes- 2. História prévia do sujeito (seja ela real ou fantasia-
se sentido devemos perguntar minuciosamente tudo àquilo da);
que se refere ao mesmo, sem dar nada por sabido. Os pais 3. Situação desencadeante (individual e familiar).
dizem, “é teimoso”, mas ao pedir descrições podemos desco-
brir, talvez, que seja uma conduta de reafirmação muito ma- Estes fatores contribuem para a criação de um conflito in-
dura de um menino que não se submete a seus pais, excessi- terno que provoca angústia e mobiliza defesas. O sujeito
vamente rígidos e obsessivos. entra então num quadro neurótico com formação e sintomas,
os quais, como afirmamos anteriormente, serão o motivo
2. O sintoma apresenta um aspecto dinâmico: mostra e tanto manifesto como latente da consulta.
esconde ao mesmo tempo um desejo inconsciente que entra
em oposição com uma proibição do superego. Por isso é Em relação aos recursos de que dispõe o psicólogo para
importante perguntar como a criança ou o adolescente rea- registrar tudo o que é necessário desde a entrevista inicial,
gem diante dos sintomas descritos pelos pais. A vergonha, a cabe resumir o seguinte:
repulsa e o pudor são elementos que indicam a existência de
1. Sem dúvida, a comunicação verbal é a via essencial
um conflito intrapsíquico, que o sujeito irá cooperar no traba-
para tal objetivo.
lho do psicodiagnóstico e no tratamento posterior, e que a
patologia é predominantemente neurótica. 2. O registro do não verbal também é essencial e por
isso o psicólogo deve ser um ouvinte atento a gestos, lapsos,
3. Todo sintoma causa um beneficio secundário, sendo
atuações, etc., que possuem um valor inestimável, pois não
importante então calcular o que esse sujeito obtém nesse
são produtos de um discurso planejado, mas de um discurso
sentido e o que ele perderia no caso de que abandonasse o
do inconsciente. Neste momento não é o inquérito, mas a
sintoma. Isso nos ajudará a medir as resistências que ele
observação atenta que serve ao psicólogo como fonte de
colocará para a superação do mesmo.
coleta de dados.
4. Sintoma expressa algo no nível familiar: a entrevista
3. Finalmente, existe outro nível de registro com o qual
familiar diagnóstica nos dará maior informação em relação a
o psicólogo pode contar: seu registro contratransferencial.
esse aspecto do que a entrevista inicial, mas mesmo assim,
Para que ele seja confiável, o psicólogo deve ter realizado
deveremos estar alertas para captar sinais referentes a isso,
uma boa psicanálise de forma a não confundir aquilo que ele
desde o início.
registra como algo do outro com efeitos das suas interven-
Também os psicanalistas decidiram usar esse novo enfo- ções em áreas não resolvidas e si mesmo.
que, familiar, de maneira que o psicólogo dispõe agora de
No encerramento da primeira entrevista, que é o momento
vários esquemas referenciais entre os quais poderá escolher
da despedida desse primeiro encontro entre os pais ou o
o mais convincente, sem omitir essa perspectiva tão importan-
adulto e o psicólogo, é indicado combinar os passos que
te na atualidade.
serão seguidos, os horários das consultas posteriores, assim
Seguindo esse enfoque, torna-se imprescindível interro- como esclarecer também quais serão os honorários e a forma
gar, durante a primeira entrevista, sobre o nome e sobrenome de pagamento dos mesmos.
de cada progenitor, idade atual, se o pai e a mãe vivem ou
Presente ou passado, por onde começar?Se o psicólogo
são falecidos (quando e por qual motivo), se os encontros
aplicar mecanicamente a técnica habitual do inquérito, cairá

Conhecimentos Específicos 240 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
no erro de começar pelo passado. Por exemplo: foi um filho CUNHA, 1993). Enquanto técnica, a entrevista tem seus pró-
desejado? Como foi a gravidez? E o parto? Foi com fórceps prios procedimentos empíricos através dos quais não somen-
ou não? Foi com anestesia? Entre outros. Se os pais (ou o te se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente,
adulto), chegarem muito angustiados por algum fato recente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis. Nesse
isso seria contraproducente e até poderíamos pensar que é sentido, Bleger (1960) define a entrevista psicológica como
uma defesa do profissional para impedir a sua angústia. sendo “um campo de trabalho no qual se investiga a conduta
e a personalidade de seres humanos” (p.21). Uma outra defi-
Por isso, assinalamos que o mais conveniente é começar nição caracteriza a entrevista psicológica como sendo “uma
pelo motivo manifesto da consulta passando por todas as forma especial de conversão, um método sistemático para
áreas que possam ter conexão com o mesmo, para logo in- entrar na vida do outro, na sua intimidade” (RIBEIRO, 1988,
vestigar as outras cautelosamente sem descartá-las sob ne- p.154). Enfim, Gil (1999) compreende a entrevista como uma
nhuma hipótese, já que podem surgir dados muito valiosos. forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca
Quando o sujeito ou os pais chegam angustiados demais coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informa-
pelo presente, é contraproducente remetê-los ao passado. ção (p.117).
Também pode ocorrer o posto: ficam presos à primeira infân- A entrevista psicológica pode ser também um processo
cia e parece impossível que consigam descrever o filho como grupal, isto é, com um ou mais entrevistadores e/ou entrevis-
o vêem nesse momento. Quando tratamos com um adulto, tados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da
notamos a facilidade com que ele responde às perguntas sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a
sobre o que está acontecendo no presente. participação de um entrevistado e de um entrevistador.
Quando notarmos que é impossível para o paciente des- III - OS OBJETIVOS DA ENTREVISTA
prender-se do passado ou do presente, devemos deixar essa
etapa da história, que ficou incompleta, para uma próxima Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em
entrevista, evitando assim a pressão para obter uma informa- saúde mental, pode-se classificar a entrevista quanto aos
ção que possivelmente acabara chegando mais adiante. seguintes objetivos:
dc355.4shared.com/doc/62tOsMeJ/preview.html
a) Diagnóstica – Visa estabelecer o diagnóstico e o prog-
nóstico do paciente, bem como as indicações terapêuticas
adequadas. Assim, faz-se necessário uma coleta de dados
A ENTREVISTA PSICOLÓGICA. sobre a história do paciente e sua motivação para o tratamen-
to. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um
A Entrevista Psicológica e suas Nuanças
processo mais amplo de avaliação clínica que inclui testagem
Valdeci Gonçalves da Silva psicológica;
“Cada indivíduo tem um mundo interno diferente, e o es- b) Psicoterápica – Procura colocar em prática estratégia
tímulo tem um significado para cada um” (Irvin D. Yalom). de intervenção psicológica nas diversas abordagens - rogeri-
ana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioe-
I - UM BREVE HISTÓRICO nergética (A. Lowen), logoterapia (V. Frankl) e outras -, para
A entrevista psicológica sofreu algumas modificações no acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentan-
início do século XIX, quando predominava o modelo médico. do ajudá-lo à solucionar seus problemas;
Naquela época, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo c) De Encaminhamento – Logo no início da entrevista,
de detalhar o comportamento do paciente, e, assim, poder deve ficar claro para o entrevistado, que a mesma tem como
identificar as síndromes e as doenças específicas que as objetivo indicar seu tratamento, e que este não será conduzi-
classificavam segundo a nosografia vigente. Enquanto isso, do pelo entrevistador. Devem-se obter informações suficien-
Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque tes para se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo evitar
psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e que o entrevistado desenvolva um vínculo forte, uma vez que
sociais) do entrevistado. A partir de Hartman e Anna Freud o pode dificultar o processo de encaminhar;
interesse da entrevista se deslocou para as defesas do paci-
ente. Isto é, a psicanálise teve sua influência na investigação d) De Seleção – O entrevistador deve ter um conhecimen-
dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnós- to prévio do currículo do entrevistado, do perfil do cargo, deve
tico, antes valorizado. fazer uma sondagem sobre as informações que o candidato
tem a respeito da empresa, e destacar os aspectos mais
Nos anos cinquenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua significativos do examinando em relação à vaga pleiteada,
técnica denominada Análise Associativa que considerava etc.;
importante registrar não somente o que o paciente dizia, mas,
também, em fornecer informações sobre o mesmo. Desse e) De Desligamento – Identifica os benefícios do trata-
modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatoló- mento por ocasião da alta do paciente, examina junto com ele
gico para o comportamento dinâmico. Ainda nesta década, os planos da pós-alta ou a necessidade de trabalhar algum
Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno sociológi- problema ainda pendente. Essa entrevista também é utilizada
co, uma díade de interferência mútua. com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como
o objetivo obter um feedback sobre o ambiente de trabalho,
Após este período, a entrevista e o Aconselhamento Psi- para providenciais intervenções do psicólogo em caso, por
cológicos se deixaram influenciar, entre outros, por Carl Ro- exemplo, de alta rotatividade de demissão num determinado
gers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou setor;
seja, em procurar compreender, de acordo com o seu refe-
rencial, significados e componentes emocionais, tendo como f) De Pesquisa – Investiga temas em áreas das mais di-
base a sua aceitação incondicional por parte do entrevistador. versas ciências, somente se realiza a partir da assinatura do
entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consenti-
II - DEFINIÇÃO DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA mento Livre e Esclarecido (Resolução CNS no 196/96), no
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de in- qual estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações
teração, entre duas ou mais pessoas com o propósito previa- e identificação, e liberdade de continuar ou não no processo.
mente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura IV - A SEQUÊNCIA TEMPORAL DAS ENTREVISTAS DI-
saber o que acontece com a outra, o entrevistado, procurando AGNÓSTICAS
agir conforme esse conhecimento (WIENS apud NUNES, In:
Conhecimentos Específicos 241 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Essa sequência pode ser subdividida em: entrevista inicial; - O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a ma-
entrevistas subsequentes e entrevista de devolução, caracte- neira como o processo de avaliação foi conduzido;
rizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos
conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER, 2000). - A devolução inicia com os aspectos menos comprometi-
dos do paciente, ou seja, menos mobilizadores de ansiedade;
a) Entrevista Inicial
- Deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões pró-
É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnósti- pria da ciência circulante entre os profissionais da área, em
co. Semidirigida, durante a qual o sujeito fica livre para expor outras palavras “gíria profissional”), e iniciar por sintoma liga-
seus problemas. Segundo Fiorini (1987), o empenho do tera- do diretamente à queixa principal;
peuta nessa primeira entrevista pode ter uma influência deci-
siva na continuidade ou no abandono do tratamento (p.63). - A entrevista de devolução deve encerrar com a indicação
Pinheiro (2004) salienta que a mesma ocorre num certo con- terapêutica.
texto de relação constantemente negociada. O termo negoci- V - DIFERENÇA ENTRE ENTREVISTA, CONSULTA E
ação se refere ao posicionamento definido como “um proces- ANAMNESE
so discursivo, através do qual [...] são situados numa conver-
sação como participantes observáveis, subjetivamente coe- A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e
rentes em linhas de histórias conjuntamente produzi- inclui procedimentos semelhantes que não devem ser con-
das”(DAVIES & HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186). fundidos e nem superpostos à entrevista psicológica. Consul-
ta não é sinônimo de entrevista. A consulta consiste numa
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada te- assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou
lefônica de um outro técnico, encaminhando o entrevistado satisfeita, entre as mais diversas modalidades, através da
para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a chamada do entrevista. A entrevista não é uma anamnese. Esta implica
próprio entrevistado. Tem como objetivos discutir expectati- numa compilação de dados preestabelecidos, que permitem
vas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da história
o entrevistado, que não poderiam ser obtidas de outras fon- de doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anam-
tes. As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua apa- nese com base na utilização correta dos princípios que regem
rência, comportamento durante a espera, são dados que a entrevista, porém, são bem diferenciadas nas suas funções.
serão analisados pelo entrevistador, e que podem facilitar o
processo de análise do caso. Para Gilliéron (1996), a primeira Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida,
entrevista deve permitir conhecer: sua enfermidade, e o médico. Quando por razões estatísticas
ou para cumprir obrigações regulamentares de uma institui-
- O modo de chagada do paciente à consulta (por si mes- ção, muitas vezes, ela é feita pelo pessoal de apoio ou auxili-
mo, enviado por alguém ou a conselho de alguém, etc.); ar. A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente
- O tipo de relação que o paciente procura estabelecer conhece sua vida e está, portanto, capacitado para fornecer
com o seu terapeuta; dados sobre a mesma. Enquanto que, a hipótese da entrevis-
ta é de que cada ser humano tem organizado a história de
- As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em parti- sua vida, e um esquema de seu presente, e destes temos que
cular a maneira pela qual ele formula seu pedido de ajuda (ou deduzir o que ele não sabe. Ou seja, “o que nos guia numa
sua ausência de pedido). entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, não é a
fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpre-
A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e sa”(GOLDER, 2000, p.45). Nessa perspectiva, Bleger (1980)
entrevistado constroem mutuamente suas transferências, compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese,
contratransferências, e resistências que foram ativadas bem a entrevista psicológica tenta o estudo e a utilização do com-
antes de ocorrer o encontro propriamente dito. Um clima de portamento total do indivíduo em todo o curso da relação
confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o en- estabelecida com o técnico, durante o tempo que essa rela-
trevistando revele seus pensamentos e sentimentos sem ção durar (p.12).
tanta defesa, portanto, com menos distorções. No final dessa
entrevista devem ficar esclarecidos os seguintes pontos: horá- A entrevista psicológica funciona como uma situação onde
rios, duração das sessões, honorários, formas de pagamento se observa parte da vida do paciente. Mas, nesse contexto
(quando particular), condições para administrar instrumentos não consegue emergir a totalidade do repertório de sua per-
de testagem e para as condições de consulta a terceiros. sonalidade, uma vez que não pode substituir, e nem excluir
outros procedimentos de investigação mais extensos e pro-
b) Entrevistas Subsequentes
fundos, a exemplo de um tratamento psicoterápico ou psica-
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira nalítico, o qual demanda tempo, e favorece para que possa
impressão sobre a pessoa do paciente, esclarecimentos so- emergir determinados núcleos da personalidade. Este tipo de
bre os motivos da procura, e realização do contrato de traba- assistência, também não pode prescindir da entrevista. Esta
lho de psicodiagnóstico, via de regra são necessários mais que apresenta lacunas, dissociações e contradições que
alguns encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é levam alguns pesquisadores a considerá-la um instrumento
a obtenção de mais dados com riqueza de detalhes sobre a pouco confiável. Mas, com diz Bleger (1980), essas dissocia-
história do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvi- ções e contradições, são inerentes à condição humana, e a
mento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais entrevista oferece condições para que as mesmas sejam
e outros. refletidas e trabalhadas.
c) Entrevista de Devolução ou Devolutiva VI - TIPOS DE ENTREVISTA

No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classifica-
ao entrevistado em relação ao que fundamenta a indicação. das em: informal, focalizada, por pautas e estruturada.
Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: a) Entrevista Informal (livre ou não-estruturada) – É o tipo
CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendações sobre a menos estruturado, e só se distingue da simples conversação
entrevista de devolução: porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se
- Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai co- pretende é a obtenção de uma visão geral do problema pes-
municar-lhe em que consiste o psicodiagnóstico, e indicar a quisado, bem como a identificação de alguns aspectos da
terapêutica que julga mais adequada; personalidade do entrevistado;

Conhecimentos Específicos 242 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) Entrevista Focalizada (semi-estruturada ou semidirigi- c) Antropológico – Abrange a relação ambiente-
da) – É tão livre quanto a informal, todavia, enfoca um tema organismo na compreensão da comunicação. Qualquer dado
bem específico. Permite ao entrevistado falar livremente so- será considerado, mas, nem sempre, é possível dizer em que
bre o assunto, mas quando este se desvia do tema original o momento ele está e onde será utilizado. Esse tipo de entrevis-
entrevistador deve se esforçar para sua retomada; ta parece mais complexo, assim sendo, exige mais prática do
entrevistador para analisar as informações.
c) Entrevista por Pautas (semi-estruturada ou semidirigida)
– Apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por VIII - TÉCNICAS DE ENTREVISTA
uma relação de pontos de interesses que o entrevistador vai
explorando ao longo do seu curso. As pautas devem ser or- Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investi-
denadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz gação que se realiza durante o seu transcurso. As observa-
poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livre- ções são registradas em função das hipóteses que o entrevis-
mente à medida que se refere às pautas assimiladas. Quando tado emite. O entrevistador ordena na seguinte disposição:
este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de ma- observação, hipótese e verificação. Uma boa observação
neira sutil, para preservar a espontaneidade da entrevista; consiste, de algum modo, em formular hipóteses que vão
sendo reformuladas durante a entrevista em função das ob-
d) Entrevista Estruturada (fechada) – Desenvolve-se a servações subsequentes. No entender de Bleger (1980), o
partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação trabalho do psicólogo somente adquire real envergadura e
permanecem invariável para todos os entrevistados, que transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa
geralmente são em grande número. Por possibilitar o trata- profissional, porque estas são as unidades de uma práxis que
mento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os
o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos outros. Assim, indagação e atuação, teoria e prática, devem
sociais. ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do
mesmo processo.
VII – A ENTREVISTA QUANTO AO SEU REFERENCIAL
TEÓRICO 8.1) Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de
acordo com o beneficiário do resultado:
O processo de entrevista é orientado por seu referencial
teórico. Aqui serão vistas, em síntese, algumas das perspecti- - A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado,
vas: a exemplo da consulta psicológica ou psiquiátrica;
a) Perspectiva Psicanalítica – Tem como base os pressu- - A entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, ape-
postos dos conteúdos inconscientes. O entrevistador busca nas, o resultado científico da mesma;
avaliar a motivação inconsciente, o funcionamento psíquico e
a organização da personalidade do entrevistado. A entrevista - A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a
é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou serviço de uma instituição.
das relações objetais1 e funcionamento interpessoal; Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais
b) Perspectiva Existencial-humanista – Não procura for- exigem do entrevistador que desperte interesse ou motive a
mular um diagnóstico, e sim, verificar se o interesse do indiví- participação do entrevistado.
duo está auto-realizado ou não. Aqui não existe uma técnica 8.2) Segundo Gil (1999), as entrevistas podem se dá em
específica de entrevista, estas são consideradas pelos exis- duas modalidades: Face a face e por Telefone. A entrevista
tencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas
ouve, pergunta com cuidado, e tenta reconhecer os sentimen- últimas décadas vem sendo desenvolvida a entrevista por
tos do entrevistado; telefone.
c) Perspectiva Fenomenológica – Estuda a influência dos - Principais vantagens da entrevista por telefone, em rela-
pressupostos e dos preconceitos sobre a mente, e que os ção à entrevista pessoal: custos mais baixos; facilidade na
acionam ao estruturar a experiência e atribuir-lhe um signifi- seleção da amostra; rapidez; maior aceitação dos moradores
cado. Além de uma atitude aberta e receptiva, é necessário das grandes cidades, que temem abrir suas portas para es-
que o entrevistador atue como observador participante, e que, tranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado
assim, seja capaz de avaliar criticamente, através de sua para a realização da entrevista;
experiência clínica e conhecimento teórico, o que está ocor-
rendo na entrevista. - Limitações da entrevista por telefone: interrupção da en-
trevista pelo entrevistado; menor quantidade de informações;
VII – A ENTREVISTA QUANTO AO SEU MÉTODO impossibilidade de descrever as características do entrevista-
Segundo Ribeiro (1988), a realização da entrevista psico- do ou as circunstâncias em que se realizou a entrevista; par-
lógica segue diferentes enfoques: cela significativa da população que não dispõe de telefone ou
não tem seu nome na lista.
a) Psicométrico – O entrevistador faz uso constante de
8.3) Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), al-
uma série de instrumentos: testes, pesquisas, controle esta-
tístico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a gumas recomendações devem ser aplicáveis ao processo de
aquisição de conhecimentos sobre o entrevistado. Nessa entrevista psicológica:
situação, dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a - O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar
relação, o encontro permanece mais em nível formal e infor- a entrevista numa conversa social. “Como posso ajudá-lo?”, é
mativo do que espontâneo, criativo e transformador. Isto não uma boa maneira de se iniciar uma entrevista;
quer dizer que seja menos válida ou mais superficial;
- O entrevistador não deve completar as frases do entre-
b) Psicodinâmico – A relação poderá ser mais aprofun- vistado. Devem-se evitar perguntas que induzam respostas
dada devido ao fato do entrevistador contar com maior dispo- do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do pensamento
nibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir do entrevistado, a não ser que ele se perca em ideias que
a situação de maneira “menos estruturada”. Sua atenção não fogem dos tópicos da entrevista;
está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de cau-
sa-efeito na qual submensagens poderão dificultar a comuni- - A atitude do entrevistador deve ser de aceitação comple-
cação; ta das vivências do entrevistado. Não deve haver discussão
de pontos de vista;

Conhecimentos Específicos 243 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos querer triunfar e nem se impor perante o mesmo. Compete
para o entrevistador. Nesses momentos, possivelmente, o ao entrevistador averiguar como essas atitudes funcionam e
entrevistado está revivendo experiências que não consegue como o afetam. O grau de repressão do entrevistado, de um
expressar verbalmente. Quando as pausas forem longas, o certo modo, tem uma relação direta com o nível de repressão
entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava do entrevistador.
sendo discutido;
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevista- tona aspectos relevantes das suas dificuldades. A linguagem
do será comunicado de quanto tempo dispõe. Se necessário, que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser
marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número de também uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira
assuntos em cada sessão para não confundir o entrevistado; comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga
emocional intensa significa uma evolução no processo. O
- É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de silêncio é uma expressão não-verbal que muitas vezes comu-
expressões2 mais vagas, tais como: “parece que ...”; “parece nica bem mais que as palavras. O silêncio é, geralmente, o
melhor ...”; etc.; fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser também
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o
cada final de entrevista. E que o entrevistador faça uma sínte- sujeito não consegue enfrentar. Castilho (1995) cita uma série
se para o entrevistado do que foi abordado na sessão; de tipos de silêncio que são comuns nas dinâmicas de grupo,
mas que também ocorrem, com bastante frequência, no pro-
- O término da entrevista não deve transformar-se numa cesso de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados al-
conversa social, sem nenhuma relação com os problemas guns tipos de silêncio:
discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista.
- Silêncio de Tensão – É a expressão da ansiedade. Fa-
8.4) Segundo Foddy (2002), é aconselhável o investiga- cilmente observado através da postura corporal tensa ou
dor ou entrevistador: inquieta do entrevistado, da sua respiração ofegante, do tam-
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você borilar dos dedos, etc.;
...”; - Silêncio de Medo – Deixa o entrevistado petrificado, na
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem sua tentativa de fugir de uma situação psicologicamente ame-
nos olhos, e colocar a pergunta sem rodeios de modo a que açadora. Esse silêncio suscita muita tensão e, como conse-
eles tenham dificuldade em mentir; quência, forte descarga psicossomática;

- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os in- - Silêncio de Reflexão – Surge normalmente após a in-
quiridos forneçam a informação desejada sem terem consci- tervenção do entrevistador, ou logo após um feedback, ou
ência disso, a exemplo das técnicas projetivas; mesmo depois do entrevistador ter passado por algum tipo de
vivência. Nele, observa-se a ausência de tensão, há um reco-
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do lhimento introspectivo de elaboração mental;
questionário ou da entrevista de modo a que as respostas não
sofram qualquer consequência desse efeito. - Silêncio de Desinteresse – O indivíduo perde o foco da
atenção, camufla resistência, se desinteressa pela situação
8.5) Segundo Gilliéron (1996), pode-se estudar os com- externa porque interiormente ela o atinge.
portamentos do paciente praticamente em relação a dois
eixos: 9.1) A Ansiedade na Entrevista

- A anamnese do sujeito que permite a observação dos A ansiedade é parte da existência humana, todas as pes-
comportamentos repetitivos que dão uma ideia exata da sua soas a sentem em grau variado, por vezes consiste em uma
personalidade: trata-se do ponto de vista histórico; resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion
(apud ALMEIDA & WETZEL, 2001), se duas pessoas estão
- A observação do comportamento do paciente quando da numa sala de análise sem angústia, não está havendo análise
primeira entrevista também fornece indicações muito precisas (p.272). Calligaris (apud GOLDER, 2000), percebe que em
sobre a organização da sua personalidade. todo encontro, o outro está imediatamente implicado enquan-
to “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma
IX – DINÂMICA DA ENTREVISTA
tela, uma espécie de cumplicidade que supõe um sentido
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor comum ao que estamos dizendo(p.151). Desse modo, a ansi-
suas reações e nem sua história de vida. Não deve permitir edade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista,
em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua própria, e a
entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro que aparece no entrevistado.
benefício que não seja o pagamento dos seus honorários.
Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quan-
Para Gilliéron (1996), a investigação repousará:
do os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumen-
- Na análise do comportamento do paciente com relação tar, não somente devido a esse novo contexto externo que ele
ao enquadre; enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo
que desconhece em sua personalidade. O contato direto com
- Num modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida,
relacional que se estabelece entre o paciente e o terapeuta; saúde ou doença, conflitos e frustrações. Considerando que o
modelo de apoio objetal. entrevistador é um agente ativo na investigação, sua ansie-
O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não dade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua
de forma efusiva. Diante de informações prévias fornecidas tarefa, o psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade
por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão manti- e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resol-
das em reserva. Em função de não abalar a confiança do ver na medida em que surja.
entrevistado, estas lhe serão comunicadas. A reação contra- Toda investigação implica a presença de ansiedade frente
transferencial deve ser encarada com um dado de análise da ao desconhecido, e o investigador deve ter a capacidade para
entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação. Há
qualquer outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e
não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se trata de limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a meca-

Conhecimentos Específicos 244 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todo paciente
possibilidade de uma investigação eficaz, uma vez que con- procura obter alguma coisa do terapeuta. Ele não busca ape-
duz a entrevista de maneira estereotipada. Um outro proble- nas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de
ma frequente diz respeito a uma certa compulsão do entrevis- relação (p.14). O entrevistado revela aspectos irracionais ou
tador focalizar seu interesse ou encontrar perturbações exa- imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua
tamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos. onipotência e seu pensamento mágico. As transferências
negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo,
A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser reali- embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou
zada com referência a personalidade do entrevistado, e o alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação
nível de timing (sincronização e ajustamento) que se tenha
analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se
estabelecido na relação. Toda interpretação fora desse con- apaixonar por ele, isto é, que o amor de transferência é es-
texto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe sencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir
ao psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vonta- nem satisfazer as pretensões amorosas da paciente. Deve
de compulsiva de interferir. Nessa ótica, Almeida & Wetzel sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confir-
(2001, p.271) dizem que a interpretação algumas vezes vem mado por Yalom (2006), quando diz que os sentimentos que
de um desejo de intervenção com a finalidade de eliminar surgem na situação terapêutica geralmente pertencem mais
angústias (perda de continência), instados pela situação e ao papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração
autorizados pelo setting (grifo dos autores). transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador pessoal irresistível (p.175).
deve reunir duas qualidades: saber observar (não desviar b) Contratransferência
nada, não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a
cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadei- Na contratransferência emerge do entrevistador reações
ra ou falsa, para controlar) (grifo do autor). Douglas (apud que se originam do campo psicológico em que se estrutura a
FODDY, 2002) corrobora com essa ideia quando afirma que entrevista. Porém, se constitui, quando bem conduzida, num
entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao indício de grande significação e valor para orientar o entrevis-
contexto, em vez de negar, ou não conseguir compreender. O tador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação,
que se passa numa situação de entrevista é determinado pelo experiência e um alto grau de equilíbrio mental, para que
processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa agar- possa ser utilizada com validade e eficiência. Na contratrans-
ra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que ferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções vividas pelo
modo esta afetação vai sendo comunicada e, ao compreender analista são consideradas reativas às do paciente, vinculan-
esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, aumen- do-se, portanto, ao passado deste último, e não dizendo res-
tando, assim, a descoberta das verdades3. peito diretamente à pessoa do analista.
Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), dis-
9.2) Transferência e Contratransferência
tingue cinco tendências de abordagens desta questão:
a) Transferência 1 - A contratransferência não é mais considerada como
Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) uma criação unicamente do paciente, por ignorar a transfe-
apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma rência do analista;
transferência do passado esquecido (...) para todos os aspec- 2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal
tos da situação atual (p.166). A transferência é designada da patológica (os dados á disposição do analista não permi-
pela psicanálise como um processo através do qual os dese- tem, quase sempre, uma diferenciação);
jos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos,
num certo tipo de relação estabelecida, eminentemente, no 3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente,
quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis dada, aqui, a dificuldade da diferenciação dos sentimentos
vividos com um sentimento de atualidade acentuada. Classi- envolvidos na dupla;
camente a transferência é reconhecida como o terreno em
que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois 4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a
são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpreta- rota inversa: procurar no paciente, e não só procurar no ana-
ção e a sua resolução que as caracteriza (LAPLANCHE & lista;
PONTALIS, 2004). 5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar
A transferência e a contratransferência são fenômenos até quando/quanto, os sentimentos contratransferenciais
que estão presentes em toda relação interpessoal, inclusive despertados.
na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis X – CONSIDERAÇÕES FINAIS
ao entrevistador, e se comporta em função dos mesmos,
transfere situações e modelos para a realidade presente e Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se
desconhecida, e tende à configurar esta última como situação efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bas-
já conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002), repetin- tante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que
do transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiên-
por meio da lembrança que temos acesso á história [...] Por cias que são adquiridas em rollyplays através de estágio,
meio da transferência é forjado num lugar intermediário entre supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade. É preciso
a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser
possa ter um desfecho (p.78). empático, saber lidar com a própria subjetividade e com a
subjetividade do outro (entrevistando), facilitando assim que
A articulação do conceito de “momento sensível”(grifo da seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O
autora) passa pelo posicionamento do terapeuta. Esse ins- entrevistador precisa adquirir à habilidade da “dissociação
tante preciso determina os mecanismos que instalam a trans- instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem
ferência. Com efeito, é o momento em que uma relação de juízo de valor, sem preconceito, para que assim possa estar
trabalho se torna possível. A abertura ao outro, a espera de com o Outro, conhecer, não temer, se perder e se achar e,
ajuda vinda do exterior é forte e expõe o paciente tanto ao finalmente, voltar à realidade do contexto. E agora, de posse
melhor quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000). de sua bagagem técnica tecer suas observações, pondera-
ções e considerações, de modo axiomático, considerado que
a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os

Conhecimentos Específicos 245 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum
instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a O psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá
pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve adotar como princípios norteadores as técnicas da linguagem
ser respeitado. O que não significa ser “meloso”, por demais escrita e os princípios éticos, técnicos e científicos da profis-
solicito, muito menos autoritário. O entrevistador deve habili- são.
tar-se em se inscrever na virtualidade da distância e proximi-
dades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na 1 – PRINCÍPIOS TÉCNICOS DA LINGUAGEM ESCRITA
figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar
uma atividade sem perder sua essência humana. Nesse in- O documento deve, na expressão escrita, apresentar uma
vestida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que redação bem estruturada e definida, ou seja, expressar o
faça de rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e pensamento, o que se quer comunicar. Deve ter uma ordena-
comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade ção que possibilite a compreensão por quem o lê, o que é
em reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do fornecido pela estrutura, composição de parágrafos ou frases,
trabalho do psicólogo certamente vem em consequência do além da correção gramatical.
auto “mergulho” que lhe dará a base na qual se apóiam à sua
atuação e intervenção com toda transparência. O emprego de expressões ou termos deve ser compatível
com as expressões próprias da linguagem profissional, garan-
NOTAS
tindo a precisão da comunicação e evitando a diversidade de
1 - Expressão usada na psicanálise para designar o modo significações da linguagem popular.
de relação do sujeito com seu mundo, relação que é resultado
complexo e total de uma determinada organização da perso- A comunicação deve ainda apresentar como qualidades a
nalidade, de uma apreensão mais ou menos fantasística dos clareza, a concisão e a harmonia. A clareza se traduz, na
objetos e de certos tipos de defesa (LAPLANCHE & PONTA- estrutura frasal, pela sequência ou ordenamento adequado
LIS, 2004). dos conteúdos, pela explicitação da natureza e função de
cada parte na construção do todo. A concisão se verifica no
2 - Yalom (2006), diz que os terapeutas têm jeitinhos ardi- emprego da linguagem adequada, da palavra exata e neces-
losos, e se pergunta o que os terapeutas fariam sem recorrer sária. Essa “economia verbal” requer do psicólogo a atenção
ao recurso do “eu me pergunto”? “Eu me pergunto o que o para o equilíbrio que evite uma redação lacônica ou o exagero
impede de agir em relação a uma decisão que parece que de uma redação prolixa. Finalmente, a harmonia se traduz na
você já tomou”. correlação adequada das frases, no aspecto sonoro e na
3 - Para Nietzsche, “Não existe verdade, só existe inter- ausência de cacofonias.
pretação” (apud YALOM, 2006).
2 – PRINCÍPIOS ÉTICOS E TÉCNICOS

RELATÓRIOS E LAUDOS PERICIAIS PSICOLÓGICOS. 2.1.Princípios Éticos

MANUAL DE ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS DECOR- Na elaboração de DOCUMENTO, o psicólogo baseará su-


RENTES DE AVALIAÇÕES PSICOLÓGICAS as informações na observância dos princípios e dispositivos
do Código de Ética Profissional do Psicólogo. Enfatizamos
Considerações Iniciais aqui os cuidados em relação: aos deveres do psicólogo nas
suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional,
“A avaliação psicológica é entendida como o processo ci- às relações com a justiça e ao alcance das informações -
entífico de coleta de dados, estudos e interpretação de infor- identificando riscos e compromissos em relação à utilização
mações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são das informações presentes nos documentos em sua dimen-
resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizan- são de relações de poder.
do-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos,
técnicas e instrumentos. Os resultados das avaliações devem 2.2. Princípios Técnicos
identificar os condicionantes sociais e seus efeitos no psi-
quismo, com a finalidade de serem instrumentos para atuar O processo de avaliação psicológica deve considerar
não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses que os objetos deste procedimento (as questões de ordem
condicionantes sociais.” psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômi-
cas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no
O presente Manual tem como objetivos orientar o profissi- processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve
onal psicólogo na confecção de documentos decorrentes das considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristali-
avaliações psicológicas e fornecer os subsídios éticos e técni- zada do seu objeto de estudo.
cos necessários para a elaboração qualificada da comunica-
ção escrita. Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, de-
vem se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos
As modalidades de documentos aqui apresentadas foram (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta,
sugeridas durante o I FÓRUM NACIONAL DE AVALIAÇÃO PSICOLÓ- intervenções verbais etc.) que se configuram como métodos e
GICA, ocorrido em dezembro de 2000. técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e inter-
pretações de informações a respeito da pessoa ou grupo
Este Manual compreende os seguintes itens: atendidos, bem como sobre outros materiais e documentos
produzidos anteriormente e pertinentes à matéria em questão.
I. Princípios Norteadores da elaboração documental;
II. Modalidades de documentos; A linguagem nos documentos deve ser rigorosa, precisa,
III Conceito e Finalidade / Estrutura; clara e inteligível.
IV Validade dos Documentos;
V Guarda dos Documentos. II - MODALIDADES DE DOCUMENTOS

I - PRINCÍPIOS NORTEADORES NA ELABORAÇÃO DE 1. Declaração


DOCUMENTOS 2. Atestado Psicológico

Conhecimentos Específicos 246 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
3. Relatório Psicológico fato constatado. Embora seja um documento simples, deve
4. Laudo Psicológico cumprir algumas formalidades:
5. Parecer Psicológico
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresen-
III - CONCEITO / FINALIDADE / ESTRUTURA tar na subscrição do documento o carimbo, em que conste
seu nome e sobrenome acrescido de sua inscrição profissio-
1 – DECLARAÇÃO nal (“Nome do Psicólogo / N.º da inscrição”).

1.1. Conceito e finalidade da Declaração b) O Atestado deve expor:


- Registro do nome e sobrenome do cliente;
É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou - Finalidade do documento;
situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico, - Registro da informação pelo sintoma, situa-
com a finalidade de: ção ou estado psicológico que jus-tifica o atendimento, afas-
tamento ou falta – podendo registrar sob o indicativo do códi-
a) Declarar comparecimentos do atendido; go da Classificação Internacional de Doenças (CID);
b) Declarar o acompanhamento psicológico do atendido; - Registro do local e data da expedição do
c) Informações diversas sobre o enquadre do atendimento Atestado;
(tempo de acompanha- - Registro do nome completo do psicólogo,
mento, dias ou horários); sua inscrição no CRP, e/ou carimbo com as mesmas informa-
ções;
Não deve ser feito o registro de sintomas, situa- - Assinatura do psicólogo acima da identifica-
ções ou estados psicológicos. ção do psicólogo ou do carimbo.

1.2. Estrutura da Declaração Se a finalidade do Atestado for solicitar afastamento ou


dispensa, o registro da informação/pedido deverá estar justifi-
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresentar cado pelo sintoma, situação ou estado psicológico.
na subscrição do documento o carim-bo, em que conste nome
e sobrenome do psicólogo acrescido de sua inscrição profis- Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou
sional (“Nome do Psicólogo / N.º da inscrição”). seja, separados apenas pela pontuação, sem parágrafos,
evitando, com isso, riscos de adulterações. No caso em que
b) A Declaração deve expor: seja necessária a utilização de parágrafos, o psicólogo deverá
- Registro do nome e sobrenome do solicitante; preencher esses espaços com traços.
- Finalidade do documento (por exemplo, para fins de com-
provação);
- Registro de informações solicitadas em relação ao atendi- 3 – RELATÓRIO PSICOLÓGICO
mento (por exemplo: se faz acompanhamento psicológico, em
quais dias, qual horário);
- Registro do local e data da expedição da Declaração; 3.1. Conceito e finalidade do Relatório Psicológico
- Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no
CRP, e/ou carimbo com as mesmas informações. O Relatório Psicológico é uma apresentação
descritiva e/ou interpretativa acerca de situações ou estados
Assinatura do psicólogo acima da identificação do psicológicos e suas determinações históricas, sociais, políti-
psicólogo ou do carimbo. cas e culturais, pesquisadas no processo de Avaliação Psico-
lógica. Como todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em
dados colhidos e analisados à luz de um instrumental técnico
2 – ATESTADO PSICOLÓGICO (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação,
escuta, intervenção verbal etc.), consubstanciado em referen-
2.1. Conceito e Finalidade do Atestado cial técnico-filosófico e científico, adotado pelo psicólogo.

É um documento expedido pelo psicólogo que A finalidade do Relatório Psicológico será sempre a
certifica uma determinada situação ou estado psicológico, de apresentar resultados e conclusões da avaliação psicoló-
tendo como finalidade: gica. Entretanto, em função da petição ou da solicitação do
interessado, o Relatório Psicológico poderá destinar-se a
a) Afirmar como testemunha, por escrito, a informação finalidades diversas, como: encaminhamento, intervenção,
ou estado psicológico diagnóstico, prognóstico, parecer, orientação, solicitação de
de quem, por requerimento, o solicita, aos fins expressos por acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para
este; acompanhamento psicológico etc. Enfim, a solicitação do
requerente é que irá apontar o objetivo último do Relatório
b) Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante, ates- Psicológico.
tando-os como decor-
rentes do estado psicológico informado; 3.2. Estrutura

c) Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, Independentemente das finalidades a que se destina, o
subsidiado na afirmação Relatório Psicológico é uma peça de natureza e valor científi-
atestada do fato, em acordo com o disposto na Resolução cos, devendo conter narrativa detalhada e didática, com cla-
CFP nº 015/96. reza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compre-
ensível ao destinatário.
2.2. Estrutura do Atestado
Os termos técnicos devem, portanto, estar acom-
A formulação do Atestado deve restringir-se à informa- panhados das explicações e/ou conceituação retiradas dos
ção solicitada pelo requerente, contendo expressamente o fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam.

Conhecimentos Específicos 247 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Independentemente também, da finalidade a
que se destina, o Relatório Psicológico deve conter, no míni- É a parte final, conclusiva, do Relatório Psicoló-
mo, 3 (três) etapas: introdução, descrição e conclusão, além gico. Nela, o psicólogo vai espelhar e dar ênfase às evidên-
do cabeçalho. cias encontradas na análise dos dados a partir das referên-
cias adotadas, que subsidiaram o resultado a que o psicólogo
1. – Cabeçalho chegou, sustentando assim a finalidade a que se propôs.
2. – Introdução ou Histórico Escrita logo após a descrição, o psicólogo deve expor o resul-
3. – Descrição ou Desenvolvimento tado e/ou considerações. Após a narração conclusiva, o Rela-
4. – Conclusão tório Psicológico é encerrado, com indicação do local, data de
emissão e assinatura do psicólogo.
3.2.1. Cabeçalho

É a parte superior da primeira parte do Relatório Psicoló- 4 – LAUDO PSICOLÓGICO OU PERICIAL


gico com a finalidade de identificar:
O autor/relator – quem elabora o Relatório Psico-
lógico; 4.1. Conceito e finalidade do Laudo Psicológico ou
O interessado – quem solicita o Relatório Psico- Pericial
lógico;
O assunto/finalidade – qual a razão/finalidade do
Relatório Psicológico. A palavra laudo é originária do idioma latino, do genitivo
laud-is e significa originalmente mérito, valor, glória. É um
No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser documento conciso, minucioso e abrangente, que busca rela-
colocado o(s) nome(s) do(s) psicólogo(s) que realizará(ão) a tar, analisar e integrar os dados colhidos no processo de
avaliação, com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no Conselho avaliação psicológica tendo como objetivo apresentar diag-
Regional. nóstico e/ou prognóstico, para subsidiar ações, decisões ou
No identificador INTERESSADO, o psicólogo encaminhamentos. Portanto, diferencia-se do Relatório Psico-
indicará o nome do autor do pedido (se a solicitação foi da lógico por ter como objetivo subsidiar uma tomada de deci-
Justiça, se foi de empresas, entidades ou do cliente). são, por realizar uma extensa pesquisa cujas observações e
No identificador ASSUNTO, o psicólogo indicará dados colhidos deverão ser relacionados às questões e situa-
a razão, o motivo do pedido (se para acompanhamento psico- ções levantadas pela decisão a ser tomada.
lógico, prorrogação de prazo para acompanhamento ou ou-
tras razões pertinentes a uma avaliação psicológica). 4.2. Estrutura

3.2.2. Introdução ou Histórico Na sua estrutura básica, o laudo psicológico


contém os seguintes itens:
Alguns psicólogos, em seus Relatórios, intitulam
essa primeira parte como HISTÓRICO. Ela é destinada à 1. Identificação
narração histórica e sucinta dos fatos que produziram o pedi- 2. Descrição da demanda
do do Relatório Psicológico. Inicia-se com as razões do pedi- 3. Métodos e técnicas utilizadas
do, seguida da descrição do processo ou procedimentos utili- 4. Conclusão
zados para coletar as informações, contextualizando fatos e
pessoas neles envolvidos e a metodologia empregada, possi- 4.2.1. Identificação
bilitando assim, para quem lê, a compreensão do ocorrido, o
que se está analisando, solicitando e/ou questionando. Refere-se à descrição dos dados básicos do
Portanto, a introdução tratará da narração: avaliado, como nome, data de nascimento, idade, escolarida-
a) dos fatos motivadores do pedido; de, filiação, profissão etc.
b) dos procedimentos e instrumentos utilizados na coleta
de dados (número de en- 4.2.2. Descrição da demanda
contros, pessoas ouvidas, instrumentos utilizados), à luz do
referencial teórico-filosófico que os embasa. Nesse item, o psicólogo apresenta as informa-
ções referentes a motivos, queixas ou problemáticas apresen-
3.2.3. Descrição ou Desenvolvimento tadas, esclarecendo quais ações, decisões ou encaminha-
mentos o Laudo deverá subsidiar.
É a parte do Relatório na qual o psicólogo faz uma exposição
descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos dados colhi- 4.2.3. Métodos e técnicas utilizadas
dos e das situações vividas. Nessa exposição, deve respeitar
a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico Refere-se à descrição dos recursos utilizados e
utilizado, bem como princípios éticos, como as questões rela- dos resultados obtidos.
tivas ao sigilo das informações. Somente deve ser relatado o
que for necessário para o esclarecimento do encaminhamen- 4.2.4. Conclusão
to, como disposto no parágrafo 2o. do Artigo 23 do Código de
Ética Profissional. Destina-se a apresentar uma síntese do diagnósti-
co e/ou prognóstico da avaliação realizada e/ou encaminha-
O psicólogo, ainda nessa parte, poderá se valer de citações mentos, necessariamente relacionados à demanda.
ou transcrições, visando a reforçar as conclusões de sua
análise. Não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos
e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente 5 – PARECER
quando se referir a dados de natureza subjetiva, expressan-
do-se de maneira clara e exata.
5.1. Conceito e finalidade do Parecer

3.2.4. Conclusão

Conhecimentos Específicos 248 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O Parecer é uma manifestação técnica fundamen- Não havendo definição legal, o psicólogo, onde for possí-
tada e resumida sobre uma questão focal do campo psicoló- vel, indicará o prazo de validade em função das característi-
gico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. cas avaliadas, das informações obtidas e dos objetivos da
avaliação.
O Parecer tem como finalidade apresentar resposta escla- Quando não for possível a indicação do prazo,
recedora, no campo do conhecimento psicológico, através de informará o caráter situacional e temporal dos dados de uma
uma avaliação técnica especializada, de uma “questão- avaliação psicológica.
problema”, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na
decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamen-
exige de quem responde competência no assunto. tos para a indicação, devendo apresentá-los sempre que
solicitado.
5.2. Estrutura

O psicólogo nomeado perito deve fazer a análise do pro- VI - GUARDA DOS DOCUMENTOS E CONDIÇÕES DE
blema apresentado, destacar os aspectos relevantes e opinar GUARDA
a respeito, considerando os quesitos apontados e com fun-
damento em referencial teórico científico. Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicoló-
gica, bem como todo o material que os fundamentou, deverão
Deve-se rubricar todas as folhas dos documentos. Haven- ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos, observando-se a
do quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da insti-
e convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. tuição em que ocorreu a avaliação psicológica.
Quando não houver dados para a resposta ou quando o psi-
cólogo não puder ser categórico, deve-se utilizar a expressão Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em
“sem elementos de convicção”. Se o quesito estiver mal for- lei, por solicitação judicial, ou ainda em casos específicos em
mulado, pode-se afirmar “prejudicado”, “sem elementos” ou que seja necessária a manutenção da guarda por maior tem-
“aguarda evolução”. po.

O Parecer é composto de 4 (quatro) partes: Em caso de extinção de serviço psicológico, o material


1. Cabeçalho privativo e os documentos escritos devem permanecer em
2. Exposição de motivos posse do psicólogo responsável, que os manterá sob sua
3. Discussão guarda pelo prazo previsto neste manual.
4. Conclusão
Atingido esse prazo, o psicólogo ou instituição responsá-
5.2.1. Cabeçalho vel pela guarda deverá destruir o material de forma a não
permitir a quebra do sigilo das informações nele contidas.
É a parte que consiste em identificar o nome do perito e
sua titulação, o nome do autor da solicitação e sua titulação. O psicólogo responsável pelo documento escrito decorren-
te da avaliação psicológica deverá estar atento ao artigo 24
5.2.2. Exposição de Motivos do Código de Ética Profissional do Psicólogo, garantido, as-
sim, o sigilo profissional. http://www.actran.com.br/
Essa parte destina-se à transcrição do objetivo da consul-
ta e os quesitos ou à apresentação das dúvidas levantadas -o0o-
pelo solicitante. Deve-se apresentar a “questão-problema”,
não sendo necessária, portanto, a descrição detalhada dos As questões quanto ao Direito e a Psicologia são funda-
procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos en- mentais no auxílio ao magistrado para deliberações e senten-
volvidos. ças a serem aplicadas.

5.2.3. Discussão Um laudo pericial psicológico deve estar pautado em as-


pectos éticos, legais e psicológicos que permitam informações
A discussão do PARECER constitui-se na análise que auxiliem o Juiz e contribua para uma justiça.
minuciosa da “questão-problema”, explanada e argumentada
com base nos fundamentos necessários existentes, seja na O laudo pericial consiste em um documento que será ela-
ética, na técnica ou no corpo conceitual da ciência psicológi- borado pelo perito ao final de um processo de avaliação.
ca.
Este documento é parecido com o formato de um laudo
5.2.4. Conclusão psicológico em uma avaliação clínica, porém diferenciando-se
em algumas peculiaridades.
É a parte final do Parecer, em que o psicólogo irá apresen-
tar seu posicionamento, respondendo à questão levantada. De forma resumida, este laudo pericial será composto pe-
Ao final do posicionamento ou do Parecer propriamente dito, los dados de identificação do avaliando, pelos métodos e
informa o local e data em que foi elaborado e assina o docu- procedimentos utilizados pelo perito, seus achados e discus-
mento. são sobre os mesmos e, por fim, por uma breve conclusão.

Apesar de ser considerado um meio de prova, o laudo pe-


V - VALIDADE DOS DOCUMENTOS ricial não se constitui em uma verdade absoluta e, conse-
quentemente, é passível de critica e questionamento.

O prazo de validade dos documentos escritos decorrentes Sob o ponto de vista legal, esta é uma das principais
das avaliações psicológicas deverá considerar a legislação questões que o perito deverá atentar-se. Conforme os itens
vigente nos casos já definidos. contidos no artigo 2º do CEPP, é vedado ao psicólogo: (Alí-
neas)

Conhecimentos Específicos 249 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortale-
técnico-científica; ça o reconhecimento social daquela categoria.
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e
técnicas psicológicas, adulterar resultados ou fazer declara- Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de
ções falsas. homem e de sociedade que determina a direção das relações
entre os indivíduos. Traduzem-se em princípios e normas que
Estas são algumas das observações dispostas no Código devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus
de Ética do Psicólogo, juntamente com o contido no artigo direitos fundamentais. Por constituir a expressão de valores
147 do Código de Processo Civil que influenciarão de forma universais, tais como os constantes na Declaração Universal
direta na elaboração e disposição de um laudo psicológico dos Direitos Humanos; sócio-culturais, que refletem a realida-
jurídico ou forense. de do país; e de valores que estruturam uma profissão, um
código de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de
No laudo psicológico jurídico ou forense deverá constar normas e imutável no tempo. As sociedades mudam, as pro-
dados extremamente objetivos e com alto grau de precisão e fissões transformam-se e isso exige, também, uma reflexão
clareza na discussão de seus achados, fundamentados teori- contínua sobre o próprio código de ética que nos orienta.
camente para que se possa justificar a conclusão e principal-
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profis-
mente evitar possíveis sansões administrativas ao profissio-
são de psicólogo no Brasil, responde ao contexto organizativo
nal, em caso de não observação destas considerações legais
dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio de desen-
e deontológicas.
volvimento da Psicologia enquanto campo científico e profis-
sional. Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da ne-
Outra importante consideração a ser feita ao redigir o lau-
cessidade, sentida pela categoria e suas entidades represen-
do diz respeito ao conteúdo apresentado neste documento.
tativas, de atender à evolução do contexto institucionallegal
do país, marcadamente a partir da promulgação da denomi-
O que é possível revelar em um laudo psicológico foren-
nada Constituição Cidadã, em 1988, e das legislações dela
se? Como fica a questão do sigilo profissional do Psicólogo?
decorrentes.
O sigilo das informações deve ser observado nas comuni- Consoante com a conjuntura democrática vigente, o pre-
cações orais ou escritas com outros profissionais, com a im- sente Código foi construído a partir de múltiplos espaços de
prensa ou autoridades. discussão sobre a ética da profissão, suas responsabilidades
e compromissos com a promoção da cidadania. O processo
São quatro tipos de situações, nas quais este sigilo poderá ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a partici-
ser quebrado: pação direta dos psicólogos e aberto à sociedade.
a) pelo próprio consentimento;
b) dever legal, a fim de evitar a propagação de moléstias; Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de
c) em risco de suicídio; aproximar-se mais de um instrumento de reflexão do que de
e) em justas causas, cujo significado pratico versa sobre um conjunto de normas a serem seguidas pelo psicólogo.
situações em que o sigilo deve ser sacrificado em beneficio Para tanto, na sua construção buscou-se:
de outro direito como por exemplo, a vida ou a saúde de outra
pessoa ou da sociedade. a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes ei-
xos que devem orientar a relação do psicólogo com a socie-
Silva (2003) aponta para uma solução recomendada pelos dade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência, pois
especialistas da área, em que o texto apresentado no laudo esses eixos atravessam todas as práticas e estas demandam
deve se limitar às questões pertinentes a pergunta formulada uma contínua reflexão sobre o contexto social e institucional.
pelo juiz ou pelos advogados. b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limi-
tes e interseções relativos aos direitos individuais e coletivos,
Assim, a presença de todo conteúdo que será apresenta- questão crucial para as relações que estabelece com a socie-
do no laudo será justificado pela necessidade de responder (e dade, os colegas de profissão e os usuários ou beneficiários
somente responder) a questão inicialmente requerida. dos seus serviços.
http://www.psicologiananet.com.br/
c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da
ÉTICA PROFISSIONAL. profissão e a crescente inserção do psicólogo em contextos
institucionais e em equipes multiprofissionais.

Código de Ética Profissional do Psicólogo d. Estimular reflexões que considerem a profissão como
um todo e não em suas práticas particulares, uma vez que os
Apresentação principais dilemas éticos não se restringem a práticas especí-
ficas e surgem em quaisquer contextos de atuação.
Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas
que busca atender demandas sociais, norteado por elevados Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do
padrões técnicos e pela existência de normas éticas que Psicólogo, a expectativa é de que ele seja um instrumento
garantam a adequada relação de cada profissional com seus capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e
pares e com a sociedade como um todo. deveres do psicólogo, oferecer diretrizes para a sua formação
e balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para o
Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões fortalecimento e ampliação do significado social da profissão.
esperados quanto às práticas referendadas pela respectiva
categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a
auto-reflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, Princípios Fundamentais
de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por
ações e suas consequências no exercício profissional. A mis- 1. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na
são primordial de um código de ética profissional não é de promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte-
normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de asse- gridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a
gurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Conhecimentos Específicos 250 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
2. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e 9. Zelar para que a comercialização, aquisição, doação,
a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contri- empréstimo, guarda e forma de divulgação do material privati-
buirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, vo do psicólogo sejam feitas conforme os princípios deste
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Código;

3. O psicólogo atuará com responsabilidade social, 10. Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros
analisando crítica e historicamente a realidade política, eco- profissionais, respeito, consideração e solidariedade, e, quan-
nômica, social e cultural. do solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por
motivo relevante;
4. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio
do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o 11. Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que,
desenvolvimento da Psicologia como campo científico de por motivos justificáveis, não puderem ser continuados pelo
conhecimento e de prática. profissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu
substituto as informações necessárias à continuidade do
5. O psicólogo contribuirá para promover a universali- trabalho;
zação do acesso da população às informações, ao conheci-
mento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões 12. Levar ao conhecimento das instâncias competentes
éticos da profissão. o exercício ilegal ou irregular da profissão, transgressões a
princípios e diretrizes deste Código ou da legislação profissio-
6. O psicólogo zelará para que o exercício profissional nal.
seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a
Psicologia esteja sendo aviltada. Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:

7. O psicólogo considerará as relações de poder nos 1. Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que ca-
contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre racterizem negligência, discriminação, exploração, violência,
as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crueldade ou opressão;
crítica e em consonância com os demais princípios deste
Código.
2. Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais,
ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer
Das Responsabilidades do Psicólogo tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções
profissionais;
Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:
3. Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utili-
1. Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Có- zação de práticas psicológicas como instrumentos de castigo,
digo; tortura ou qualquer forma de violência;

2. Assumir responsabilidades profissionais somente por 4. Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que
atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da profissão de psi-
tecnicamente; cólogo ou de qualquer outra atividade profissional;

3. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em con- 5. Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de di-
dições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses reitos, crimes ou contravenções penais praticados por psicó-
serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas re- logos na prestação de serviços profissionais;
conhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na
ética e na legislação profissional; 6. Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a
serviços de atendimento psicológico cujos procedimentos,
4. Prestar serviços profissionais em situações de cala- técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconheci-
midade pública ou de emergência, sem visar benefício pesso- dos pela profissão;
al;
7. Emitir documentos sem fundamentação e qualidade
5. Estabelecer acordos de prestação de serviços que técnico-científica;
respeitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços de
Psicologia; 8. Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos
e técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer
6. Fornecer, a quem de direito, na prestação de servi- declarações falsas;
ços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser
realizado e ao seu objetivo profissional; 9. Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a
seus serviços;
7. Informar, a quem de direito, os resultados decorren-
tes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo so- 10. Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou ter-
mente o que for necessário para a tomada de decisões que ceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa
afetem o usuário ou beneficiário; interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado;

8. Orientar a quem de direito sobre os encaminhamen- 11. Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas
tos apropriados, a partir da prestação de serviços psicológi- quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou ante-
cos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos perti- riores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado
nentes ao bom termo do trabalho; ou a fidelidade aos resultados da avaliação;

Conhecimentos Específicos 251 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
12. Desviar para serviço particular ou de outra institui- Art. 7º - O psicólogo poderá intervir na prestação de servi-
ção, visando benefício próprio, pessoas ou organizações ços psicológicos que estejam sendo efetuados por outro pro-
atendidas por instituição com a qual mantenha qualquer tipo fissional, nas seguintes situações:
de vínculo profissional;
1. A pedido do profissional responsável pelo serviço;
13. Prestar serviços profissionais a organizações concor-
rentes de modo que possam resultar em prejuízo para as 2. Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou
partes envolvidas, decorrentes de informações privilegiadas; usuário do serviço, quando dará imediata ciência ao profissio-
nal;
14. Prolongar, desnecessariamente, a prestação de ser-
viços profissionais; 3. Quando informado expressamente, por qualquer
uma das partes, da interrupção voluntária e definitiva do ser-
15. Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doa- viço;
ções ou vantagens outras de qualquer espécie, além dos
honorários contratados, assim como intermediar transações 4. Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a in-
financeiras; tervenção fizer parte da metodologia adotada.

16. Receber, pagar remuneração ou porcentagem por


Art. 8º - Para realizar atendimento não eventual de crian-
encaminhamento de serviços;
ça, adolescente ou interdito, o psicólogo deverá obter autori-
zação de ao menos um de seus responsáveis, observadas as
17. Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou determinações da legislação vigente;
apresentar resultados de serviços psicológicos em meios de
comunicação, de forma a expor pessoas, grupos ou organiza-
ções. 1. §1° - No caso de não se apresentar um responsável
legal, o atendimento deverá ser efetuado e comunicado às
autoridades competentes;
Art. 3º - O psicólogo, para ingressar, associar-se ou per-
manecer em uma organização, considerará a missão, a filoso-
2. §2° - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encami-
fia, as políticas, as normas e as práticas nela vigentes e sua
nhamentos que se fizerem necessários para garantir a prote-
compatibilidade com os princípios e regras deste Código.
ção integral do atendido.
Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psi-
cólogo recusar-se a prestar serviços e, se pertinente, apre- Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional
sentar denúncia ao órgão competente. a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade
das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no
Art. 4º - Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicó-
exercício profissional.
logo:
Art. 10 - Nas situações em que se configure conflito entre
1. Levará em conta a justa retribuição aos serviços as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirma-
prestados e as condições do usuário ou beneficiário; ções dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-
se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela
2. Estipulará o valor de acordo com as características quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor
da atividade e o comunicará ao usuário ou beneficiário antes prejuízo.
do início do trabalho a ser realizado; Parágrafo Único - Em caso de quebra do sigilo previsto no
caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar
3. Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos in- as informações estritamente necessárias.
dependentemente do valor acordado.
Art. 11 - Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo
Art. 5º - O psicólogo, quando participar de greves ou para- poderá prestar informações, considerando o previsto neste
lisações, garantirá que: Código.
Art. 12 - Nos documentos que embasam as atividades em
1. As atividades de emergência não sejam interrompi- equipe multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as
das; informações necessárias para o cumprimento dos objetivos
do trabalho.
2. Haja prévia comunicação da paralisação aos usuá-
Art. 13 - No atendimento à criança, ao adolescente ou ao
rios ou beneficiários dos serviços atingidos pela mesma.
interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estrita-
mente essencial para se promoverem medidas em seu bene-
Art. 6º - O psicólogo, no relacionamento com profissionais fício.
não psicólogos:
Art. 14 - A utilização de quaisquer meios de registro e ob-
servação da prática psicológica obedecerá às normas deste
1. Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados
Código e a legislação profissional vigente, devendo o usuário
e qualificados demandas que extrapolem seu campo de atua-
ou beneficiário, desde o início, ser informado.
ção;
Art. 15 - Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo,
2. Compartilhará somente informações relevantes para por quaisquer motivos, ele deverá zelar pelo destino dos seus
qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confi- arquivos confidenciais.
dencial das comunicações, assinalando a responsabilidade,
de quem as receber, de preservar o sigilo.
1. § 1° - Em caso de demissão ou exoneração, o psicó-
logo deverá repassar todo o material ao psicólogo que vier a

Conhecimentos Específicos 252 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo Das Disposições Gerais
substituto.
Art. 21 - As transgressões dos preceitos deste Código
constituem infração disciplinar com a aplicação das seguintes
2. § 2° - Em caso de extinção do serviço de Psicologia,
penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais:
o psicólogo responsável informará ao Conselho Regional de
Psicologia, que providenciará a destinação dos arquivos con-
fidenciais. 1. Advertência;

Art. 16 - O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas 2. Multa;


e atividades voltadas para a produção de conhecimento e
desenvolvimento de tecnologias: 3. Censura pública;

1. Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedi- 4. Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trin-
mentos, como pela divulgação dos resultados, com o objetivo ta) dias, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia;
de proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades
envolvidas; 5. cassação do exercício profissional, ad referendum do
Conselho Federal de Psicologia.
2. Garantirá o caráter voluntário da participação dos
envolvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo Art. 22 - As dúvidas na observância deste Código e os ca-
nas situações previstas em legislação específica e respeitan- sos omissos serão resolvidos pelos Conselhos Regionais de
do os princípios deste Código; Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia.

3. Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou orga- Art. 23 - Competirá ao Conselho Federal de Psicologia
nizações, salvo interesse manifesto destes; firmar jurisprudência quanto aos casos omissos e fazê-la
incorporar a este Código.
4. Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organi- Art. 24 - O presente Código poderá ser alterado pelo Con-
zações aos resultados das pesquisas ou estudos, após seu selho Federal de Psicologia, por iniciativa própria ou da cate-
encerramento, sempre que assim o desejarem. goria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia.

Art. 25 - Este Código entra em vigor em 27 de agosto de


Art. 17 - Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores
2005
esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a obser-
vância dos princípios e normas contidas neste Código. BRASIL, LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Có-
Art. 18 - O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, em- digo Civil. Artigos 1511 a 1638; 1694 a 1727 e 1728 a 1783.
prestará ou venderá a leigos instrumentos e técnicas psicoló-
gicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da profis- Do Direito de Família
são. TÍTULO I
Do Direito Pessoal
Art. 19 - O psicólogo, ao participar de atividade em veícu-
los de comunicação, zelará para que as informações presta- SUBTÍTULO I
das disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, Do Casamento
da base científica e do papel social da profissão. CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 20 - O psicólogo, ao promover publicamente seus ser- Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de
viços, por quaisquer meios, individual ou coletivamente: vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônju-
ges.
1. Informará o seu nome completo, o CRP e seu núme- Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebra-
ro de registro; ção.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o regis-
2. Fará referência apenas a títulos ou qualificações pro- tro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos
fissionais que possua; e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as
penas da lei.
3. Divulgará somente qualificações, atividades e recur- Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público
sos relativos a técnicas e práticas que estejam reconhecidas ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela
ou regulamentadas pela profissão; família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o
4. Não utilizará o preço do serviço como forma de pro- homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade
paganda; de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigên-
5. Não fará previsão taxativa de resultados; cias da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a
este, desde que registrado no registro próprio, produzindo
6. Não fará auto-promoção em detrimento de outros efeitos a partir da data de sua celebração.
profissionais; Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se
aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
7. Não proporá atividades que sejam atribuições priva- § 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser
tivas de outras categorias profissionais; promovido dentro de noventa dias de sua realização, median-
te comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por
8. Não fará divulgação sensacionalista das atividades iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homo-
profissionais. logada previamente a habilitação regulada neste Código.

Conhecimentos Específicos 253 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilita- do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou
ção. inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalida- Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do ca-
des exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimen- samento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de
to do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos
e observado o prazo do art. 1.532. ou afins.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, CAPÍTULO V
antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO
outrem casamento civil. Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamen-
CAPÍTULO II to será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou,
Da Capacidade PARA O CASAMENTO a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos po- seguintes documentos:
dem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
seus representantes legais, enquanto não atingida a maiori- II - autorização por escrito das pessoas sob cuja depen-
dade civil. dência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou
aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedi-
Art. 1.518. Até à celebração do casamento podem os pais, mento que os iniba de casar;
tutores ou curadores revogar a autorização. IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residên-
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injus- cia atual dos contraentes e de seus pais, se forem conheci-
ta, pode ser suprida pelo juiz. dos;
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença de-
de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para claratória de nulidade ou de anulação de casamento, transita-
evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em da em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
caso de gravidez. Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o
CAPÍTULO III oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Públi-
Dos Impedimentos co. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Art. 1.521. Não podem casar: Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Mi-
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentes- nistério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida
co natural ou civil; ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
II - os afins em linha reta; Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o ado- extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas cir-
tado com quem o foi do adotante; cunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obri-
gatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colate-
rais, até o terceiro grau inclusive; Parágrafo único. A autoridade competente, havendo ur-
gência, poderá dispensar a publicação.
V - o adotado com o filho do adotante;
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nu-
VI - as pessoas casadas; bentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicí- do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
dio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas sus-
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o pensivas serão opostos em declaração escrita e assinada,
momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação
capaz. do lugar onde possam ser obtidas.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver co- Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a
nhecimento da existência de algum impedimento, será obri- seus representantes nota da oposição, indicando os funda-
gado a declará-lo. mentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razo-
Das causas suspensivas ável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promo-
Art. 1.523. Não devem casar: ver as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do
aos herdeiros; registro extrairá o certificado de habilitação.
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias,
nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da a contar da data em que foi extraído o certificado.
viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; CAPÍTULO VI
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada Da Celebração do Casamento
ou decidida a partilha dos bens do casal; Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lu-
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascen- gar previamente designados pela autoridade que houver de
dentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutela- presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mos-
da ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e trem habilitados com a certidão do art. 1.531.
não estiverem saldadas as respectivas contas. Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório,
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos
que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previs- duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou,
tas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexis- querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante,
tência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o noutro edifício público ou particular.
ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso § 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará
este de portas abertas durante o ato.

Conhecimentos Específicos 254 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágra- § 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz
fo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não procederá às diligências necessárias para verificar se os
puder escrever. contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária,
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze
procurador especial, juntamente com as testemunhas e o dias.
oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a § 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casa-
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea mento, assim o decidirá a autoridade competente, com recur-
vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De so voluntário às partes.
acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante § 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar
mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará
lei, vos declaro casados." registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, la- § 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do ca-
vrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado samento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebra-
pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o ção.
oficial do registro, serão exarados: § 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, pro- antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o
fissão, domicílio e residência atual dos cônjuges; casamento na presença da autoridade competente e do oficial
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de do registro.
morte, domicílio e residência atual dos pais; Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procu-
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a ração, por instrumento público, com poderes especiais.
data da dissolução do casamento anterior; § 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento
do casamento; sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.
registro; § 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e resi- poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
dência atual das testemunhas; § 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e § 4o Só por instrumento público se poderá revogar o man-
do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, dato.
quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obriga- CAPÍTULO VII
toriamente estabelecido. Das Provas do Casamento
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar trans- Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela
crever-se-á integralmente na escritura antenupcial. certidão do registro.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamen- Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro ci-
te suspensa se algum dos contraentes: vil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no es-
II - declarar que esta não é livre e espontânea; trangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules
III - manifestar-se arrependido. brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no
mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício
será admitido a retratar-se no mesmo dia. da Capital do Estado em que passarem a residir.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nuben- Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do es-
tes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o tado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham
impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum,
testemunhas que saibam ler e escrever. salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era
casada alguma delas, quando contraiu o casamento impug-
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente pa- nado.
ra presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus
substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casa-
hoc, nomeado pelo presidente do ato. mento resultar de processo judicial, o registro da sentença no
livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônju-
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será re- ges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis
gistrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante desde a data do casamento.
duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrá-
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em imi- rias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casa-
nente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à mento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do
qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o estado de casados.
casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas,
que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, CAPÍTULO VIII
ou, na colateral, até segundo grau. Da Invalidade do Casamento
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemu- Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
nhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento
dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a decla- para os atos da vida civil;
ração de: II - por infringência de impedimento.
I - que foram convocadas por parte do enfermo; Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, li- mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Mi-
vre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. nistério Público.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
Conhecimentos Específicos 255 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
seu representante legal; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a IV - quatro anos, se houver coação.
1.558; § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anu-
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo ine- lar o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o
quívoco, o consentimento; prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro con- data do casamento, para seus representantes legais ou as-
traente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevin- cendentes.
do coabitação entre os cônjuges; § 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para
VI - por incompetência da autoridade celebrante. anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
mandato judicialmente decretada. Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casa- de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a
mento de que resultou gravidez. estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de de- sentença anulatória.
zesseis anos será requerida: § 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o
I - pelo próprio cônjuge menor; casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aprovei-
tarão.
II - por seus representantes legais;
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar
III - por seus ascendentes. o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casa-
depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a auto- mento, a de anulação, a de separação judicial, a de divórcio
rização de seus representantes legais, se necessária, ou com direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a
suprimento judicial. parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos,
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.
que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publi- Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casa-
camente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualida- mento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a
de, tiver registrado o ato no Registro Civil. aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé,
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando nem a resultante de sentença transitada em julgado.
não autorizado por seu representante legal, só poderá ser Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de
anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por um dos cônjuges, este incorrerá:
iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representan-
tes legais ou de seus herdeiros necessários. I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge
inocente;
§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia
em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no
casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. contrato antenupcial.
§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebra- CAPÍTULO IX
ção houverem assistido os representantes legais do incapaz, Da Eficácia do Casamento
ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da mutuamente a condição de consortes, companheiros e res-
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consen- ponsáveis pelos encargos da família.
tir, erro essencial quanto à pessoa do outro. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do ao seu o sobrenome do outro.
outro cônjuge: § 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal,
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; I - fidelidade recíproca;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico II - vida em comum, no domicílio conjugal;
irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo con- III - mútua assistência;
tágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
cônjuge ou de sua descendência; V - respeito e consideração mútuos.
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença men- Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida,
tal grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no inte-
comum ao cônjuge enganado. resse do casal e dos filhos.
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos côn-
quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges juges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em conside-
houver sido captado mediante fundado temor de mal conside- ração aqueles interesses.
rável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de
seus familiares. Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na
proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou so- o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que
freu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas seja o regime patrimonial.
a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalva-
das as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557. Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos
os cônjuges, mas um e outro podem ausentar-se do domicílio
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de
do casamento, a contar da data da celebração, é de: sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

Conhecimentos Específicos 256 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar re- serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo
moto ou não sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta irmão.
dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o modo como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a
outro exercerá com exclusividade a direção da família, ca- todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
bendo-lhe a administração dos bens. Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o di-
CAPÍTULO X reito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de sepa-
Da Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal rado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de sepa-
I - pela morte de um dos cônjuges; ração judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro,
II - pela nulidade ou anulação do casamento; desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e
III - pela separação judicial; se a alteração não acarretar:
IV - pelo divórcio. I - evidente prejuízo para a sua identificação;
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o
dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção dos filhos havidos da união dissolvida;
estabelecida neste Código quanto ao ausente. III - dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por § 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial po-
conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; sal- derá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
vo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de sobrenome do outro.
separação judicial. § 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação do nome de casado.
de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres
importe grave violação dos deveres do casamento e torne dos pais em relação aos filhos.
insuportável a vida em comum. Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais,
§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e
dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de deveres previstos neste artigo.
um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da
§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial sentença que houver decretado a separação judicial, ou da
quando o outro estiver acometido de doença mental grave, decisão concessiva da medida cautelar de separação de
manifestada após o casamento, que torne impossível a conti- corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão
nuação da vida em comum, desde que, após uma duração de em divórcio.
dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura § 1o A conversão em divórcio da separação judicial dos
improvável. cônjuges será decretada por sentença, da qual não constará
§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge en- referência à causa que a determinou.
fermo, que não houver pedido a separação judicial, os rema- § 2o O divórcio poderá ser requerido, por um ou por am-
nescentes dos bens que levou para o casamento, e se o re- bos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato
gime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos por mais de dois anos.
na constância da sociedade conjugal. Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da co- prévia partilha de bens.
munhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes moti- Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos
vos: cônjuges.
I - adultério; Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a
II - tentativa de morte; ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente
III - sevícia ou injúria grave; ou o irmão.
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano CAPÍTULO XI
contínuo; Da Proteção da Pessoa dos Filhos
V - condenação por crime infamante; Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
VI - conduta desonrosa. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a
tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584,
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo con- § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjun-
sentimento dos cônjuges se forem casados por mais de um ta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não
ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devida- vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
mente homologada a convenção. filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e § 2o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que reve-
não decretar a separação judicial se apurar que a convenção le melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais
não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores: (Incluí-
um dos cônjuges. do pela Lei nº 11.698, de 2008).
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a se- I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo famili-
paração de corpos e a partilha de bens. ar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita medi- II – saúde e segurança; (Incluído pela Lei nº 11.698, de
ante proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz ou por 2008).
este decidida. III – educação. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de § 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a
coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens. detenha a supervisionar os interesses dos filhos. (Incluído
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação pela Lei nº 11.698, de 2008).
caberá somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, § 4o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

Conhecimentos Específicos 257 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal,
ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008). até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco,
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por sem descenderem uma da outra.
qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resul-
de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Inclu- te de consangüinidade ou outra origem.
ído pela Lei nº 11.698, de 2008). Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de paren-
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades espe- tesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo
cíficas do filho, ou em razão da distribuição de tempo neces- número delas, subindo de um dos parentes até ao ascenden-
sário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela te comum, e descendo até encontrar o outro parente.
Lei nº 11.698, de 2008). Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos pa-
§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e rentes do outro pelo vínculo da afinidade.
à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importân- § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascenden-
cia, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores tes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou compa-
e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Inclu- nheiro.
ído pela Lei nº 11.698, de 2008). § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dis-
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quan- solução do casamento ou da união estável.
to à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a CAPÍTULO II
guarda compartilhada. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). Da Filiação
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casa-
períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifica-
ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear- ções, proibidas quaisquer designações discriminatórias relati-
se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisci- vas à filiação.
plinar. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do ca-
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imo- samento os filhos:
tivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada,
poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivência conjugal;
detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência
com o filho. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução
§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade
sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa e anulação do casamento;
que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi- III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo
derados, de preferência, o grau de parentesco e as relações que falecido o marido;
de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 11.698, de IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de em-
2008). briões excedentários, decorrentes de concepção artificial
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de homóloga;
corpos, aplica-se quanto à guarda dos filhos as disposições V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde
do artigo antecedente. que tenha prévia autorização do marido.
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorri-
qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente do o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair
da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do
para com os pais. primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento
filhos comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 1.584 e ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se
1.586. refere o inciso I do art. 1597.
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à
perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser época da concepção, ilide a presunção da paternidade.
retirados por mandado judicial, provado que não são tratados Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que
convenientemente. confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade.
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a pater-
os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segun- nidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação
do o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, imprescritível.
bem como fiscalizar sua manutenção e educação. Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer impugnante têm direito de prosseguir na ação.
dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da cri- Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a
ança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de paternidade.
2011) Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de
Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e prestação nascimento registrada no Registro Civil.
de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que
incapazes. resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou
SUBTÍTULO II falsidade do registro.
Das Relações de Parentesco Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento,
CAPÍTULO I poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em
Disposições Gerais direito:
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que es- I - quando houver começo de prova por escrito, provenien-
tão umas para com as outras na relação de ascendentes e te dos pais, conjunta ou separadamente;
descendentes. II - quando existirem veementes presunções resultantes
de fatos já certos.

Conhecimentos Específicos 258 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, Art. 1.622. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor cia
ou incapaz. Art. 1.623. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros cia
poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. Art. 1.624. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
CAPÍTULO III cia
Do Reconhecimento dos Filhos Art. 1.625. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser re- cia
conhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. Art. 1.626. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do cia
nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a Art. 1.627. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
falsidade do termo, ou das declarações nele contidas. cia
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do Art. 1.628. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
casamento é irrevogável e será feito: cia
I - no registro do nascimento; Art. 1.629. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arqui- cia
vado em cartório; CAPÍTULO V
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifesta- Do Poder FAMILIAR
do; Seção I
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, Disposições Gerais
ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, en-
principal do ato que o contém. quanto menores.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nas- Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, com-
cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele pete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um
deixar descendentes. deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício
mesmo quando feito em testamento. do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido juiz para solução do desacordo.
por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução
consentimento do outro. da união estável não alteram as relações entre pais e filhos
Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em
sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o sua companhia os segundos.
reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob po-
atender aos interesses do menor. der familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou
Art. 1.613. São ineficazes a condição e o termo apostos capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.
ao ato de reconhecimento do filho. Seção II
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o Do Exercício do Poder Familiar
seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconheci- Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos
mento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à menores:
emancipação. I - dirigir-lhes a criação e educação;
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, II - tê-los em sua companhia e guarda;
pode contestar a ação de investigação de paternidade, ou
maternidade. III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para ca-
sarem;
Art. 1.616. A sentença que julgar procedente a ação de in-
vestigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento au-
mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da com- têntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo
panhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. não puder exercer o poder familiar;
Art. 1.617. A filiação materna ou paterna pode resultar de V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da
casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as condições vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
do putativo. forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
CAPÍTULO IV VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
Da Adoção VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os ser-
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será de- viços próprios de sua idade e condição.
ferida na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de Seção III
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos de- I - pela morte dos pais ou do filho;
penderá da assistência efetiva do poder público e de senten- II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo
ça constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais único;
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança III - pela maioridade;
e do Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
IV - pela adoção;
2009) Vigência
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.620. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
cia Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do
Art. 1.621. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exer-
cia
cendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou
companheiro.

Conhecimentos Específicos 259 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste arti- comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais
go aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou esta- de cinco anos;
belecerem união estável. VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, expressamente.
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de
dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Mi- autorização um do outro:
nistério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à eco-
pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o nomia doméstica;
poder familiar, quando convenha.
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do dessas coisas possa exigir.
poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo an-
de prisão. tecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai Art. 1.645. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art.
ou a mãe que: 1.642 competem ao cônjuge prejudicado e a seus herdeiros.
I - castigar imoderadamente o filho; Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o ter-
ceiro, prejudicado com a sentença favorável ao autor, terá
II - deixar o filho em abandono; direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; jurídico, ou seus herdeiros.
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
antecedente. dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
TÍTULO II regime da separação absoluta:
Do Direito Patrimonial I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
SUBTÍTULO I II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou di-
Do Regime de Bens entre os Cônjuges reitos;
CAPÍTULO I III - prestar fiança ou aval;
Disposições Gerais IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens co-
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o ca- muns, ou dos que possam integrar futura meação.
samento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprou- Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas
ver. aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia sepa-
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar rada.
desde a data do casamento. Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente,
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem
autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônju- motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
ges, apurada a procedência das razões invocadas e ressal- Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz,
vados os direitos de terceiros. quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato pratica-
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou do, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regi- anos depois de terminada a sociedade conjugal.
me da comunhão parcial. Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz,
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritu- só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia conce-
ra pública, nas demais escolhas. dê-la, ou por seus herdeiros.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a
no casamento: administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das de bens, caberá ao outro:
causas suspensivas da celebração do casamento; I - gerir os bens comuns e os do consorte;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada II - alienar os bens móveis comuns;
pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do
III - de todos os que dependerem, para casar, de supri- consorte, mediante autorização judicial.
mento judicial.
Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens par-
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o ticulares do outro, será para com este e seus herdeiros res-
marido quanto a mulher podem livremente: ponsável:
I - praticar todos os atos de disposição e de administração I - como usufrutuário, se o rendimento for comum;
necessários ao desempenho de sua profissão, com as limita-
ções estabelecida no inciso I do art. 1.647; II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito
para os administrar;
II - administrar os bens próprios;
III - como depositário, se não for usufrutuário, nem admi-
III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido nistrador.
gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem
suprimento judicial; CAPÍTULO II
Do Pacto Antenupcial
IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doa-
ção, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por
com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doa- Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por
dos ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde menor, fica condicionada à aprovação de seu representante
que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação
de bens.

Conhecimentos Específicos 260 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que con- CAPÍTULO IV
travenha disposição absoluta de lei. Do Regime de Comunhão Universal
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a
participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos côn-
livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. juges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito seguinte.
perante terceiros senão depois de registradas, em livro espe- Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
cial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos côn- I - os bens doados ou herdados com a cláusula de inco-
juges. municabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
CAPÍTULO III II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdei-
Do Regime de Comunhão Parcial ro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provie-
os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casa- rem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em pro-
mento, com as exceções dos artigos seguintes. veito comum;
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente per- artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se
tencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens parti- percebam ou vençam durante o casamento.
culares; Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o
III - as obrigações anteriores ao casamento; disposto no Capítulo antecedente, quanto à administração
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo re- dos bens.
versão em proveito do casal; Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um
profissão; dos cônjuges para com os credores do outro.
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; CAPÍTULO V
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas Do Regime de Participação Final nos Aqüestos
semelhantes. Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos,
Art. 1.660. Entram na comunhão: cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto
I - os bens adquiridos na constância do casamento por tí- no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da soci-
tulo oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; edade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo
casal, a título oneroso, na constância do casamento.
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior; Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que ca-
da cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qual-
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, quer título, na constância do casamento.
em favor de ambos os cônjuges;
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de ca- móveis.
da cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pen- Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conju-
dentes ao tempo de cessar a comunhão. gal, apurar-se-á o montante dos aqüestos, excluindo-se da
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição ti- soma dos patrimônios próprios:
ver por título uma causa anterior ao casamento. I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar
Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se se sub-rogaram;
adquiridos na constância do casamento os bens móveis, II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou
quando não se provar que o foram em data anterior. liberalidade;
Art. 1.663. A administração do patrimônio comum compete III - as dívidas relativas a esses bens.
a qualquer dos cônjuges.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se
§ 1o As dívidas contraídas no exercício da administração adquiridos durante o casamento os bens móveis.
obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os
administra, e os do outro na razão do proveito que houver Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqüestos,
auferido. computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônju-
ges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o
§ 2o A anuência de ambos os cônjuges é necessária para bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por
os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor
gozo dos bens comuns. equivalente ao da época da dissolução.
§ 3o Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atri- Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens aliena-
buir a administração a apenas um dos cônjuges. dos em detrimento da meação, se não houver preferência do
Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas obri- cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.
gações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, con-
aos encargos da família, às despesas de administração e às traídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo
decorrentes de imposição legal.
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício
Art. 1.665. A administração e a disposição dos bens cons- do outro.
titutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge propri- Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do ou-
etário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial. tro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve
Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônju- ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação
ges na administração de seus bens particulares e em benefí- do outro cônjuge.
cio destes, não obrigam os bens comuns.

Conhecimentos Específicos 261 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho con- Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar coli-
junto, terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condo- dir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste
mínio ou no crédito por aquele modo estabelecido. ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.
Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presu- Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos
mem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for pais:
de uso pessoal do outro. I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento,
Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônju- antes do reconhecimento;
ge cujo nome constar no registro. II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis
Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao côn- anos, no exercício de atividade profissional e os bens com
juge proprietário provar a aquisição regular dos bens. tais recursos adquiridos;
Art. 1.682. O direito à meação não é renunciável, cessível III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição
ou penhorável na vigência do regime matrimonial. de não serem usufruídos, ou administrados, pelos pais;
Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separa- IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando
ção judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos os pais forem excluídos da sucessão.
aqüestos à data em que cessou a convivência. SUBTÍTULO III
Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão Dos Alimentos
de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou compa-
ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não- nheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
proprietário. para viver de modo compatível com a sua condição social,
Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em inclusive para atender às necessidades de sua educação.
dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, § 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das
alienados tantos bens quantos bastarem. necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obri-
Art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por mor- gada.
te, verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de con- § 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à sub-
formidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a he- sistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa
rança aos herdeiros na forma estabelecida neste Código. de quem os pleiteia.
Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando supe- Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pre-
riores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdei- tende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
ros. trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se recla-
CAPÍTULO VI mam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
Do Regime de Separação de Bens sustento.
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes perma- Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco
necerão sob a administração exclusiva de cada um dos côn- entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, re-
juges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus caindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
real. de outros.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos
para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
no pacto antenupcial. Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
SUBTÍTULO II lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
Do Usufruto e da Administração dos Bens de Filhos Me- encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato;
nores sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
familiar: intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
I - são usufrutuários dos bens dos filhos; chamadas a integrar a lide.
II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança
sua autoridade. na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encar-
outro, com exclusividade, representar os filhos menores de go.
dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a
maioridade ou serem emancipados. Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as
questões relativas aos filhos e a seus bens; havendo diver- Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá
gência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento,
necessária. sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educa-
ção, quando menor.
Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus
real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obri- Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o
gações que ultrapassem os limites da simples administração, exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.
salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, medi- Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos
ante prévia autorização do juiz. cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o
Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os
dos atos previstos neste artigo: critérios estabelecidos no art. 1.694.
I - os filhos; Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges se-
parados judicialmente contribuirão na proporção de seus
II - os herdeiros; recursos.
III - o representante legal. Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente
vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-

Conhecimentos Específicos 262 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente du-
sido declarado culpado na ação de separação judicial. rará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a que os filhos completem a maioridade.
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos
de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge como bem da família, não podem ter destino diverso do pre-
será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispen- visto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento
sável à sobrevivência. dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Mi-
Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do ca- nistério Público.
samento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz de- Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade ad-
terminar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se ministradora, a que se refere o § 3o do art. 1.713, não atingirá
processe em segredo de justiça. os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transferên-
Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo ju- cia para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no
iz, nos termos da lei processual. caso de falência, ao disposto sobre pedido de restituição.
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito do bem de família nas condições em que foi instituído, poderá
insuscetível de cessão, compensação ou penhora. o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autori-
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concu- zar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros,
binato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. ouvidos o instituidor e o Ministério Público.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de insti-
direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação tuição, a administração do bem de família compete a ambos
ao devedor. os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não ex- Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônju-
tingue a obrigação constante da sentença de divórcio. ges, a administração passará ao filho mais velho, se for mai-
or, e, do contrário, a seu tutor.
Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natu-
reza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extin-
estabelecido. gue o bem de família.
SUBTÍTULO IV Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela
Do Bem de Família morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a
extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar,
mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com
seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos,
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo desde que não sujeitos a curatela.
da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade TÍTULO III
do imóvel residencial estabelecida em lei especial. DA UNIÃO ESTÁVEL
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união
bem de família por testamento ou doação, dependendo a estável entre o homem e a mulher, configurada na convivên-
eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges cia pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objeti-
beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. vo de constituição de família.
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residen- § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os
cial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, desti- impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do
nando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na fato ou judicialmente.
conservação do imóvel e no sustento da família. § 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a
Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins pre- caracterização da união estável.
vistos no artigo antecedente, não poderão exceder o valor do Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros
prédio instituído em bem de família, à época de sua institui- obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência,
ção. e de guarda, sustento e educação dos filhos.
§ 1o Deverão os valores mobiliários ser devidamente indi- Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre
vidualizados no instrumento de instituição do bem de família. os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
§ 2o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição couber, o regime da comunhão parcial de bens.
como bem de família deverá constar dos respectivos livros de Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casa-
registro. mento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
§ 3o O instituidor poderá determinar que a administração no Registro Civil.
dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a
bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos TÍTULO IV
administradores obedecerá às regras do contrato de depósito. Da Tutela e da Curatela
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônju- CAPÍTULO I
ges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Da Tutela
Registro de Imóveis. Seção I
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dí- Dos Tutores
vidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas refe- ausentes;
ridas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro
prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselha- Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em
rem outra solução, a critério do juiz. conjunto.

Conhecimentos Específicos 263 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento VII - militares em serviço.
ou de qualquer outro documento autêntico. Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente
mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar. idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subse-
a tutela aos parentes consangüíneos do menor, por esta or- qüentes à designação, sob pena de entender-se renunciado o
dem: direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobre-
mais remoto; vier.
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais Art. 1.739. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o no-
próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais ve- meado a tutela, enquanto o recurso interposto não tiver pro-
lhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolhe- vimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que
rá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do o menor venha a sofrer.
menor. Seção IV
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no do- Do Exercício da Tutela
micílio do menor: Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo; I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimen-
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela; tos, conforme os seus haveres e condição;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o II - reclamar do juiz que providencie, como houver por
testamentário. bem, quando o menor haja mister correção;
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor. III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem
§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por dispo- aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze
sição testamentária sem indicação de precedência, entende- anos de idade.
se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, admi-
sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, inca- nistrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo
pacidade, escusa ou qualquer outro impedimento. seus deveres com zelo e boa-fé.
§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz
poderá nomear-lhe curador especial para os bens deixados, nomear um protutor.
ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigi-
tutela. rem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados
Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este, medi-
desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou ante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou
destituídos do poder familiar terão tutores nomeados pelo Juiz jurídicas o exercício parcial da tutela.
ou serão incluídos em programa de colocação familiar, na Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:
forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou
Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela não o houver feito oportunamente;
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do
Seção II tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
Dos Incapazes de Exercer a Tutela Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que
tutela, caso a exerçam: os pais o tenham dispensado.
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor
bens; considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor
se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou for de reconhecida idoneidade.
tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos Art. 1.746. Se o menor possuir bens, será sustentado e
pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor; educado a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem quantias que lhe pareçam necessárias, considerado o rendi-
sido por estes expressamente excluídos da tutela; mento da fortuna do pupilo quando o pai ou a mãe não as
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, houver fixado.
falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
cumprido pena; I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probi- da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for
dade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; parte;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias
com a boa administração da tutela. a ele devidas;
Seção III III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação,
Da Escusa dos Tutores bem como as de administração, conservação e melhoramen-
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: tos de seus bens;
I - mulheres casadas; IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
II - maiores de sessenta anos; V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arren-
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três damento de bens de raiz.
filhos; Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do
IV - os impossibilitados por enfermidade; juiz:
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de I - pagar as dívidas do menor;
exercer a tutela; II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; que com encargos;

Conhecimentos Específicos 264 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - transigir; Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem dis-
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não posto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas
convier, e os imóveis nos casos em que for permitido; da sua administração.
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tuto-
promover todas as diligências a bem deste, assim como de- res submeterão ao juiz o balanço respectivo, que, depois de
fendê-lo nos pleitos contra ele movidos. aprovado, se anexará aos autos do inventário.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficá- Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois
cia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do juiz. anos, e também quando, por qualquer motivo, deixarem o
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
tutor, sob pena de nulidade: Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante con- julgadas depois da audiência dos interessados, recolhendo o
trato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao me- tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os
nor; saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou
letras, na forma do § 1o do art. 1.753.
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou maiorida-
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, con- de, a quitação do menor não produzirá efeito antes de apro-
tra o menor. vadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a
Art. 1.750. Os imóveis pertencentes aos menores sob tute- responsabilidade do tutor.
la somente podem ser vendidos quando houver manifesta Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do
vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do tutor, as contas serão prestadas por seus herdeiros ou repre-
juiz. sentantes.
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tu- Art. 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as des-
do o que o menor lhe deva, sob pena de não lhe poder co- pesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor.
brar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não co-
nhecia o débito quando a assumiu. Art. 1.761. As despesas com a prestação das contas se-
rão pagas pelo tutelado.
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por cul-
pa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o
pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo no tutelado, são dívidas de valor e vencem juros desde o julga-
caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à mento definitivo das contas.
importância dos bens administrados. Seção VII
§ 1o Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica Da Cessação da Tutela
pela fiscalização efetuada. Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:
§ 2o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reco-
que concorreram para o dano. nhecimento ou adoção.
Seção V Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:
Dos Bens do Tutelado I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder II - ao sobrevir escusa legítima;
dinheiro dos tutelados, além do necessário para as despesas III - ao ser removido.
ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a adminis-
tração de seus bens. Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de dois
anos.
§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata,
pedras preciosas e móveis serão avaliados por pessoa idônea Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da tu-
e, após autorização judicial, alienados, e o seu produto con- tela, além do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz
vertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade julgar conveniente ao menor.
direta ou indireta da União ou dos Estados, atendendo-se Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, pre-
preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao estabeleci- varicador ou incurso em incapacidade.
mento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, CAPÍTULO II
conforme for determinado pelo juiz. Da Curatela
§ 2o O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente Seção I
terá o dinheiro proveniente de qualquer outra procedência. Dos Interditos
§ 3o Os tutores respondem pela demora na aplicação dos Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
valores acima referidos, pagando os juros legais desde o dia I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental,
em que deveriam dar esse destino, o que não os exime da não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida
obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação. civil;
Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem
bancário oficial, na forma do artigo antecedente, não se pode- exprimir a sua vontade;
rão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente: III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os vicia-
I - para as despesas com o sustento e educação do tute- dos em tóxicos;
lado, ou a administração de seus bens; IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento men-
II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações tal;
ou letras, nas condições previstas no § 1o do artigo antece- V - os pródigos.
dente;
Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:
III - para se empregarem em conformidade com o disposto
I - pelos pais ou tutores;
por quem os houver doado, ou deixado;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados,
ou maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros. III - pelo Ministério Público.
Seção VI Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:
Da Prestação de Contas I - em caso de doença mental grave;

Conhecimentos Específicos 265 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - se não existir ou não promover a interdição alguma das Seção I
pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente; Dos Poderes, dos Deveres e da responsabilidade do Juiz
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas menciona- Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposi-
das no inciso antecedente. ções deste Código, competindo-lhe:
Art. 1.770. Nos casos em que a interdição for promovida
pelo Ministério Público, o juiz nomeará defensor ao suposto I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
incapaz; nos demais casos o Ministério Público será o defen- II - velar pela rápida solução do litígio;
sor.
Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade
juiz, assistido por especialistas, examinará pessoalmente o da Justiça;
argüido de incapacidade. IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Incluído
Art. 1.772. Pronunciada a interdição das pessoas a que se pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinará, se-
gundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar
limites da curatela, que poderão circunscrever-se às restri- alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide
ções constantes do art. 1.782. caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recor-
rerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direi-
Art. 1.773. A sentença que declara a interdição produz
to. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
efeitos desde logo, embora sujeita a recurso.
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concer- Art. 127. O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previs-
nentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes. tos em lei.
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judi- Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi pro-
cialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando posta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscita-
interdito. das, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legíti-
mo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se Art. 129. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa,
demonstrar mais apto. de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato
simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirá
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem
sentença que obste aos objetivos das partes.
aos mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, com- Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da
pete ao juiz a escolha do curador. parte, determinar as provas necessárias à instrução do pro-
Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o cura- cesso, indeferindo as diligências inúteis ou meramente prote-
dor promover-lhe-á o tratamento em estabelecimento apropri- latórias.
ado. Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo
Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que
art. 1.767 serão recolhidos em estabelecimentos adequados, não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença,
quando não se adaptarem ao convívio doméstico. os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o.
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiên-
Seção II cia julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afas-
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de tado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos
Deficiência Física em que passará os autos ao seu sucessor. (Redação dada
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer pela Lei nº 8.637, de 31.3.1993)
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador
a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as
será o do nascituro.
provas já produzidas. (Incluído pela Lei nº 8.637, de
Art. 1.780. A requerimento do enfermo ou portador de de- 31.3.1993)
ficiência física, ou, na impossibilidade de fazê-lo, de qualquer
das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe-á curador Art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando:
para cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens. I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou
Seção III fraude;
Do Exercício da Curatela
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela apli- II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providên-
cam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as cia que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
desta Seção. Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem previstas no no II só depois que a parte, por intermédio do
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e este
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos não Ihe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.
que não sejam de mera administração.
Seção II
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de Dos Impedimentos e da Suspeição
bens do casamento for de comunhão universal, não será
obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial. Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no pro-
cesso contencioso ou voluntário:
BRASIL, LEI No 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973.Código I - de que for parte;
de Processo Civil, artigos 134 a 147; 420 a 439;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
DO JUIZ como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou
prestou depoimento como testemunha;

Conhecimentos Específicos 266 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo- Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas
lhe proferido sentença ou decisão; atribuições são determinadas pelas normas de organização
judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositá-
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da rio, o administrador e o intérprete.
parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo
ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo Seção I
grau; Do Serventuário e do Oficial de Justiça
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de Art. 140. Em cada juízo haverá um ou mais oficios de jus-
alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o tercei- tiça, cujas atribuições são determinadas pelas normas de
ro grau; organização judiciária.
VI - quando for órgão de direção ou de administração de Art. 141. Incumbe ao escrivão:
pessoa jurídica, parte na causa.
I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício;
verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio
da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no proces- II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e in-
so, a fim de criar o impedimento do juiz. timações, bem como praticando todos os demais atos, que
Ihe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade
do juiz, quando: III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo,
designar para substituí-lo escrevente juramentado, de prefe-
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; rência datilógrafo ou taquígrafo;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não
seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na cola- permitindo que saiam de cartório, exceto:
teral até o terceiro grau;
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de al-
guma das partes; b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à
Fazenda Pública;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o proces-
so; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao parti-
ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; dor;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma d) quando, modificando-se a competência, forem transfe-
das partes. ridos a outro juízo;

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito V - dar, independentemente de despacho, certidão de
por motivo íntimo. qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no
art. 155.
Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, con-
sangüíneos ou afins, em linha reta e no segundo grau na linha Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-
colateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal, im- á o substituto, e, não o havendo, nomeará pessoa idônea
pede que o outro participe do julgamento; caso em que o para o ato.
segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substitu- Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:
to legal.
I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, ar-
Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspei- restos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando
ção aos juízes de todos os tribunais. O juiz que violar o dever no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A
de abstenção, ou não se declarar suspeito, poderá ser recu- diligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de
sado por qualquer das partes (art. 304). duas testemunhas;
Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
e de suspeição:
III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de
I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, cumprido;
sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;
IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na
II - ao serventuário de justiça; manutenção da ordem.
III - ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de V - efetuar avaliações. (Incluído pela Lei nº 11.382, de
24.8.1992) 2006).
IV - ao intérprete. Art. 144. O escrivão e o oficial de justiça são civilmente
§1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a responsáveis:
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruí- I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir,
da, na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos dentro do prazo, os atos que Ihes impõe a lei, ou os que o
autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e juiz, a que estão subordinados, Ihes comete;
sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5
(cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
o pedido. Seção II
§ 2o Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o Do Perito
incidente. Art. 145. Quando a prova do fato depender de conheci-
CAPÍTULO V mento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito,
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA segundo o disposto no art. 421.

Conhecimentos Específicos 267 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de ní- II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no
vel universitário, devidamente inscritos no órgão de classe prazo que Ihe foi assinado. (Redação dada pela Lei nº 8.455,
competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, de 24.8.1992)
deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz co-
§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria municará a ocorrência à corporação profissional respectiva,
sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profis- podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o
sional em que estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº 7.270, valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no
de 10.12.1984) processo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)
§ 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualifi- Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligên-
cados que preencham os requisitos dos parágrafos anterio- cia, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos
res, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. (In- autos dará o escrivão ciência à parte contrária.
cluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
Art. 426. Compete ao juiz:
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo
que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, I - indeferir quesitos impertinentes;
todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. II - formular os que entender necessários ao esclarecimen-
Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 to da causa.
(cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento su- Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as
perveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as
alegá-la (art. 423). (Redação dada pela Lei nº 8.455, de questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidati-
24.8.1992) vos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informa- 8.455, de 24.8.1992)
ções inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta,
parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em poderá proceder-se à nomeação de perito e indicação de
outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabe- assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.
lecer.
Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o pe-
Da Prova Pericial rito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,
avaliação. solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em
repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas,
Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial Art. 430. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992))
de técnico;
Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local desig-
II - for desnecessária em vista de outras provas produzi- nados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a pro-
das; dução da prova. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
III - a verificação for impraticável. Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja
mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de
prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 10.358, de
8.455, de 24.8.1992) 27.12.2001)
§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, conta- Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder
dos da intimação do despacho de nomeação do perito: apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por
I - indicar o assistente técnico; uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.
II - apresentar quesitos. Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no pra-
zo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audi-
§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia pode- ência de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº
rá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos 8.455, de 24.8.1992)
assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julga-
mento a respeito das coisas que houverem informalmente Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus
examinado ou avaliado. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas
24.8.1992) as partes da apresentação do laudo.(Redação dada pela Lei
nº 10.358, de 27.12.2001)
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
que Ihe foi cometido, independentemente de termo de com- Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade
promisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, ou a falsidade de documento, ou for de natureza médico-
não sujeitos a impedimento ou suspeição. (Redação dada legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técni-
pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) cos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz auto-
rizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a
Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recu- exame, ao diretor do estabelecimento. (Redação dada pela
sado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará
novo perito. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a auten-
ticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito
Art. 424. O perito pode ser substituído quando: (Redação de comparação, documentos existentes em repartições públi-
dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) cas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a
I - carecer de conhecimento técnico ou científico; quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de
papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins
de comparação.

Conhecimentos Específicos 268 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se
do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a a diligência;
comparecer à audiência, formulando desde logo as pergun-
tas, sob forma de quesitos. II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o des-
tino a Ihe dar;
Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão
obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.
artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência. Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de
Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, poden- justiça, um dos quais o lerá ao morador, intimando-o a abrir
do formar a sua convicção com outros elementos ou fatos as portas.
provados nos autos. § 1o Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as
Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requeri- portas externas, bem como as internas e quaisquer móveis
mento da parte, a realização de nova perícia, quando a maté- onde presumam que esteja oculta a pessoa ou a coisa procu-
ria não Ihe parecer suficientemente esclarecida. rada.

Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fa- § 2o Os oficiais de justiça far-se-ão acompanhar de duas
tos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventu- testemunhas.
al omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 3o Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do ar-
Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições es- tista, intérprete ou executante, produtores de fonogramas e
tabelecidas para a primeira. organismos de radiodifusão, o juiz designará, para acompa-
nharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais incumbirá
Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primei- confirmar a ocorrência da violação antes de ser efetivada a
ra, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e ou- apreensão.
tra.
Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça
DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA auto circunstanciado, assinando-o com as testemunhas.
Art. 732. A execução de sentença, que condena ao paga- De Outras Medidas Provisionais
mento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto
no Capítulo IV deste Título. Art. 888. O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência
da ação principal ou antes de sua propositura:
Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o ofe-
recimento de embargos não obsta a que o exeqüente levante I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmen-
mensalmente a importância da prestação. te apreendida;

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fi- II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos fi-
xa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor lhos;
para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação
ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. judicial ou anulação de casamento;
§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz de- IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casa-
cretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. mento contra a vontade dos pais;
§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pa- V - o depósito de menores ou incapazes castigados imo-
gamento das prestações vencidas e vincendas. (Redação deradamente por seus pais, tutores ou curadores, ou por eles
dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral;
§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o Vl - o afastamento temporário de um dos cônjuges da mo-
cumprimento da ordem de prisão. rada do casal;
Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, VII - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito de visita que, no interesse da criança ou do adolescente,
à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha pode, a critério do juiz, ser extensivo a cada um dos avós;
de pagamento a importância da prestação alimentícia. (Redação dada pela Lei nº 12.398, de 2011)
Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à Vlll - a interdição ou a demolição de prédio para resguar-
empresa ou ao empregador por ofício, de que constarão os dar a saúde, a segurança ou outro interesse público.
nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o
tempo de sua duração. Art. 889. Na aplicação das medidas enumeradas no artigo
antecedente observar-se-á o procedimento estabelecido nos
Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisio- arts. 801 a 803.
nais a que foi condenado, pode o credor promover a execu-
ção da sentença, observando-se o procedimento estabelecido Parágrafo único. Em caso de urgência, o juiz poderá auto-
no Capítulo IV deste Título. rizar ou ordenar as medidas, sem audiência do requerido.

Da Busca e Apreensão BRASIL, LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011. (Sistema


Único de Assistência Social - SUAS)
Art. 839. O juiz pode decretar a busca e apreensão de
pessoas ou de coisas. LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011.
Art. 840. Na petição inicial exporá o requerente as razões Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe
justificativas da medida e da ciência de estar a pessoa ou a sobre a organização da Assistência Social.
coisa no lugar designado. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Art. 841. A justificação prévia far-se-á em segredo de jus- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
tiça, se for indispensável. Provado quanto baste o alegado,
expedir-se-á o mandado que conterá:

Conhecimentos Específicos 269 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 1o Os arts. 2o, 3o, 6o, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 20, 21, 22, I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a
23, 24, 28 e 36 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo
passam a vigorar com a seguinte redação: articulado, operam a proteção social não contributiva;
“Art. 2o A assistência social tem por objetivos: II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas,
projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução C;
de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmen-
te: III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos
na organização, regulação, manutenção e expansão das
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adoles- ações de assistência social;
cência e à velhice;
IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; regionais e municipais;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; V - implementar a gestão do trabalho e a educação perma-
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e nente na assistência social;
a promoção de sua integração à vida comunitária; e VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios;
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à e
pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possu- VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de
ir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida direitos.
por sua família;
§ 1o As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territori- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência
almente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrên- e à velhice e, como base de organização, o território.
cia de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;
§ 2o O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos res-
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso pectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e
aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. organizações de assistência social abrangidas por esta Lei.
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assis- § 3o A instância coordenadora da Política Nacional de As-
tência social realiza-se de forma integrada às políticas setori- sistência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e
ais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições Combate à Fome.” (NR)
para atender contingências sociais e promovendo a universali-
zação dos direitos sociais.” (NR) “Art. 12. .......................................................................
“Art. 3o Consideram-se entidades e organizações de assis- .............................................................................................
tência social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumu-
lativamente, prestam atendimento e assessoramento aos be- II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o
neficiários abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os
na defesa e garantia de direitos. projetos de assistência social em âmbito nacional;

§ 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma .............................................................................................


continuada, permanente e planejada, prestam serviços, execu- IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de
tam programas ou projetos e concedem benefícios de presta- assistência social e assessorar Estados, Distrito Federal e
ção social básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos Municípios para seu desenvolvimento.” (NR)
em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos
termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do Conselho “Art. 13. ..........................................................................
Nacional de Assistência Social (CNAS), de que tratam os inci- I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de
sos I e II do art. 18. participação no custeio do pagamento dos benefícios eventu-
§ 2o São de assessoramento aquelas que, de forma conti- ais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos
nuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social;
programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortale- II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o
cimento dos movimentos sociais e das organizações de usuá- aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os
rios, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao públi- projetos de assistência social em âmbito regional ou local;
co da política de assistência social, nos termos desta Lei, e
respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os inci- .............................................................................................
sos I e II do art. 18.
VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de
§ 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de assistência social e assessorar os Municípios para seu desen-
forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e volvimento.” (NR)
executam programas e projetos voltados prioritariamente para
“Art. 14. ..........................................................................
a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, constru-
ção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento
das desigualdades sociais, articulação com órgãos públicos de dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante crité-
defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistên- rios estabelecidos pelos Conselhos de Assistência Social do
cia social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações Distrito Federal;
do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18.” (NR)
.............................................................................................
“Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social
fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social programas e os projetos de assistência social em âmbito local;
(Suas), com os seguintes objetivos: VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de
assistência social em seu âmbito.” (NR)

Conhecimentos Específicos 270 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
“Art. 15. ......................................................................... § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da
deficiência e do grau de incapacidade, composta por avaliação
I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por
dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante crité- assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social
rios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência (INSS).
Social;
...................................................................................” (NR)
.............................................................................................
“Art. 21. ........................................................................
VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
programas e os projetos de assistência social em âmbito local; .............................................................................................
VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, moto-
assistência social em seu âmbito.” (NR) ras ou educacionais e a realização de atividades não remune-
radas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constitu-
“Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter em motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa
permanente e composição paritária entre governo e sociedade com deficiência.
civil, são:
§ 4o A cessação do benefício de prestação continuada con-
............................................................................................. cedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão do seu
Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência Social estão ingresso no mercado de trabalho, não impede nova concessão
vinculados ao órgão gestor de assistência social, que deve do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em
prover a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, ga- regulamento.” (NR)
rantindo recursos materiais, humanos e financeiros, inclusive “Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões
com despesas referentes a passagens e diárias de conselhei- suplementares e provisórias que integram organicamente as
ros representantes do governo ou da sociedade civil, quando garantias do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias
estiverem no exercício de suas atribuições.” (NR) em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade
“Art. 17. ....................................................................... temporária e de calamidade pública.

............................................................................................. § 1o A concessão e o valor dos benefícios de que trata este


artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municí-
§ 4o Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do pios e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais,
art. 16, com competência para acompanhar a execução da com base em critérios e prazos definidos pelos respectivos
política de assistência social, apreciar e aprovar a proposta Conselhos de Assistência Social.
orçamentária, em consonância com as diretrizes das conferên-
cias nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com § 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representações de
seu âmbito de atuação, deverão ser instituídos, respectiva- Estados e Municípios dele participantes, poderá propor, na
mente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, medida das disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas
mediante lei específica.” (NR) de governo, a instituição de benefícios subsidiários no valor de
até 25% (vinte e cinco por cento) do salário-mínimo para cada
“Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia criança de até 6 (seis) anos de idade.
de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem § 3o Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser
não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê- cumulados com aqueles instituídos pelas Leis no 10.954, de 29
la provida por sua família. de setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002.”
(NR)
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é com-
posta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, “Art. 23. Entendem-se por serviços socioassistenciais as
na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos atividades continuadas que visem à melhoria de vida da popu-
solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutela- lação e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas,
dos, desde que vivam sob o mesmo teto. observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos
nesta Lei.
§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-
se: § 1o O regulamento instituirá os serviços socioassistenciais.

I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de § 2o Na organização dos serviços da assistência social se-
longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os rão criados programas de amparo, entre outros:
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal
sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais e social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da Constitui-
pessoas; ção Federal e na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu-
II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a to da Criança e do Adolescente);
pessoa com deficiência para a vida independente e para o II - às pessoas que vivem em situação de rua.” (NR)
trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
“Art. 24. ........................................................................
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pes-
soa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per .............................................................................................
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
§ 2o Os programas voltados para o idoso e a integração da
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acu- pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o
mulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da benefício de prestação continuada estabelecido no art. 20
seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência desta Lei.” (NR)
médica e da pensão especial de natureza indenizatória.
“Art. 28. ..........................................................................
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa
permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa § 1o Cabe ao órgão da Administração Pública responsável
com deficiência ao benefício de prestação continuada. pela coordenação da Política de Assistência Social nas 3 (três)
esferas de governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob

Conhecimentos Específicos 271 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
orientação e controle dos respectivos Conselhos de Assistên- dades sem fins lucrativos de assistência social de que trata o
cia Social. art. 3o desta Lei.
............................................................................................. § 1o O Cras é a unidade pública municipal, de base territori-
al, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade
§ 3o O financiamento da assistência social no Suas deve e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassis-
ser efetuado mediante cofinanciamento dos 3 (três) entes tenciais no seu território de abrangência e à prestação de
federados, devendo os recursos alocados nos fundos de assis- serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção
tência social ser voltados à operacionalização, prestação, social básica às famílias.
aprimoramento e viabilização dos serviços, programas, proje-
tos e benefícios desta política.” (NR) § 2o O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão
municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de
“Art. 36. As entidades e organizações de assistência social serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação
que incorrerem em irregularidades na aplicação dos recursos de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contin-
que lhes foram repassados pelos poderes públicos terão a sua gência, que demandam intervenções especializadas da prote-
vinculação ao Suas cancelada, sem prejuízo de responsabili- ção social especial.
dade civil e penal.” (NR)
§ 3o Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais ins-
Art. 2o A Lei no 8.742, de 1993, passa a vigorar acrescida tituídas no âmbito do Suas, que possuem interface com as
dos seguintes artigos: demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os
“Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes serviços, programas, projetos e benefícios da assistência soci-
tipos de proteção: al.”
I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, “Art. 6º-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser
projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir compatíveis com os serviços neles ofertados, com espaços
situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desen- para trabalhos em grupo e ambientes específicos para recep-
volvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento ção e atendimento reservado das famílias e indivíduos, asse-
de vínculos familiares e comunitários; gurada a acessibilidade às pessoas idosas e com deficiência.”

II - proteção social especial: conjunto de serviços, progra- “Art. 6º-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, desti-
mas e projetos que tem por objetivo contribuir para a recons- nados à execução das ações continuadas de assistência soci-
trução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direi- al, poderão ser aplicados no pagamento dos profissionais que
to, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a pro- integrarem as equipes de referência, responsáveis pela orga-
teção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situa- nização e oferta daquelas ações, conforme percentual apre-
ções de violação de direitos. sentado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome e aprovado pelo CNAS.
Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos ins-
trumentos das proteções da assistência social que identifica e Parágrafo único. A formação das equipes de referência de-
previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus verá considerar o número de famílias e indivíduos referencia-
agravos no território.” dos, os tipos e modalidades de atendimento e as aquisições
que devem ser garantidas aos usuários, conforme delibera-
“Art. 6º-B. As proteções sociais básica e especial serão ções do CNAS.”
ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada,
diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e orga- “Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramen-
nizações de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas to à gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos
as especificidades de cada ação. e benefícios de assistência social, por meio do Índice de Ges-
tão Descentralizada (IGD) do Sistema Único de Assistência
§ 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministé- Social (Suas), para a utilização no âmbito dos Estados, dos
rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a Municípios e do Distrito Federal, destinado, sem prejuízo de
entidade de assistência social integra a rede socioassistencial. outras ações a serem definidas em regulamento, a:
§ 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade de- I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas,
verá cumprir os seguintes requisitos: com base na atuação do gestor estadual, municipal e do Distri-
I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o; to Federal na implementação, execução e monitoramento dos
serviços, programas, projetos e benefícios de assistência soci-
II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Fede- al, bem como na articulação intersetorial;
ral, na forma do art. 9o;
II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na ges-
III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata tão estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e
o inciso XI do art. 19.
III - calcular o montante de recursos a serem repassados
§ 3o As entidades e organizações de assistência social vin- aos entes federados a título de apoio financeiro à gestão do
culadas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou Suas.
ajustes com o poder público para a execução, garantido finan-
ciamento integral, pelo Estado, de serviços, programas, proje- § 1o Os resultados alcançados pelo ente federado na ges-
tos e ações de assistência social, nos limites da capacidade tão do Suas, aferidos na forma de regulamento, serão conside-
instalada, aos beneficiários abrangidos por esta Lei, observan- rados como prestação de contas dos recursos a serem transfe-
do-se as disponibilidades orçamentárias. ridos a título de apoio financeiro.

§ 4o O cumprimento do disposto no § 3o será informado ao § 2o As transferências para apoio à gestão descentralizada


Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pelo do Suas adotarão a sistemática do Índice de Gestão Descen-
órgão gestor local da assistência social.” tralizada do Programa Bolsa Família, previsto no art. 8o da Lei
no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e serão efetivadas por
“Art. 6º-C. As proteções sociais, básica e especial, serão meio de procedimento integrado àquele índice.
ofertadas precipuamente no Centro de Referência de Assis-
tência Social (Cras) e no Centro de Referência Especializado § 3o (VETADO).
de Assistência Social (Creas), respectivamente, e pelas enti-

Conhecimentos Específicos 272 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 4o Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistên- recebedores ao ente transferidor, anualmente, mediante rela-
cia Social dos Estados, Municípios e Distrito Federal, percen- tório de gestão submetido à apreciação do respectivo Conse-
tual dos recursos transferidos deverá ser gasto com atividades lho de Assistência Social, que comprove a execução das
de apoio técnico e operacional àqueles colegiados, na forma ações na forma de regulamento.
fixada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, sendo vedada a utilização dos recursos para pagamen- Parágrafo único. Os entes transferidores poderão requisitar
to de pessoal efetivo e de gratificações de qualquer natureza a informações referentes à aplicação dos recursos oriundos do
servidor público estadual, municipal ou do Distrito Federal.” seu fundo de assistência social, para fins de análise e acom-
panhamento de sua boa e regular utilização.”
“Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendi-
mento Integral à Família (Paif), que integra a proteção social Art. 3o Revoga-se o art. 38 da Lei nº 8.742, de 7 de de-
básica e consiste na oferta de ações e serviços socioassisten- zembro de 1993.
ciais de prestação continuada, nos Cras, por meio do trabalho Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
social com famílias em situação de vulnerabilidade social, com
o objetivo de prevenir o rompimento dos vínculos familiares e a Brasília, 6 de julho de 2011; 190o da Independência e 123o
violência no âmbito de suas relações, garantindo o direito à da República.
convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os
procedimentos do Paif.” PROVA SIMULADA I - PSICOLOGO - TJ/SP
Prova anterior
“Art. 24-B. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendi-
mento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), que inte-
Português
gra a proteção social especial e consiste no apoio, orientação
01. Das seguintes construções abaixo, marque a que não
e acompanhamento a famílias e indivíduos em situação de
está pontuada corretamente:
ameaça ou violação de direitos, articulando os serviços socio-
A) As crianças, nervosas, esperavam o resultado da reunião.
assistenciais com as diversas políticas públicas e com órgãos
B) Nervosas, as crianças esperavam o resultado da reunião.
do sistema de garantia de direitos.
C) As crianças, esperavam, nervosas, o resultado da reunião.
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os D) As crianças, esperavam nervosas, o resultado da reunião.
procedimentos do Paefi.” E) As crianças nervosas esperavam o resultado da reunião.
“Art. 24-C. Fica instituído o Programa de Erradicação do 02. Que tratamento é adequado no trato com um cardeal?
Trabalho Infantil (Peti), de caráter intersetorial, integrante da A) Vossa Magnificência
Política Nacional de Assistência Social, que, no âmbito do B) Vossa Reverendíssima
Suas, compreende transferências de renda, trabalho social C) Vossa Excelência Reverendíssima
com famílias e oferta de serviços socioeducativos para crian- D) Vossa Eminência
ças e adolescentes que se encontrem em situação de traba- E) Vossa Paternidade
lho.
§ 1o O Peti tem abrangência nacional e será desenvolvido 03. Identifique a única frase que não apresenta erro no em-
de forma articulada pelos entes federados, com a participação prego do pronome de tratamento:
da sociedade civil, e tem como objetivo contribuir para a retira- A) Sua santidade ainda quer falar com Vossa Alteza?
da de crianças e adolescentes com idade inferior a 16 (dezes- B) Sr. Prefeito, V.Ex.ª está cansada?
seis) anos em situação de trabalho, ressalvada a condição de C) Estas cartas são para V.S.
aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. D) Encaminhamos os documentos à V. Em.ª
E) Desejo que você não esqueça teus amigos.
§ 2o As crianças e os adolescentes em situação de trabalho
deverão ser identificados e ter os seus dados inseridos no 04. Indique a frase cujo grau do adjetivo não é superlativo
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal absoluto:
(CadÚnico), com a devida identificação das situações de traba- A) Ela é a mais bonita da rua.
lho infantil.” B) Ele revelou-se um ótimo médico.
C) Sua redação está o máximo!
“Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços, programas, pro-
D) Estou profundamente abatida.
jetos e benefícios eventuais, no que couber, e o aprimoramen-
E) A doença dele é muito contagiosa.
to da gestão da política de assistência social no Suas se efe-
tuam por meio de transferências automáticas entre os fundos
05. Ache a frase cuja expressão grifada pode ser classificada
de assistência social e mediante alocação de recursos próprios
de locução adjetiva:
nesses fundos nas 3 (três) esferas de governo.
A) Ele sentou à esquerda do palco.
Parágrafo único. As transferências automáticas de recursos B) Seu irmão me parece um sujeito à-toa.
entre os fundos de assistência social efetuadas à conta do C) Ela vestiu-se às pressas.
orçamento da seguridade social, conforme o art. 204 da Cons- D) Conte o remédio gota a gota.
tituição Federal, caracterizam-se como despesa pública com a E) Ele vem aqui de vez em quando.
seguridade social, na forma do art. 24 da Lei Complementar no
101, de 4 de maio de 2000.” 06. Destaque os quatro substantivos trissílabos:
A) beleza ; cardume ; censura ; ensino
“Art. 30-B. Caberá ao ente federado responsável pela utili- B) célebre ; alface ; começo ; concreto
zação dos recursos do respectivo Fundo de Assistência Social C) palmeira ; alegre ; cadeira ; fraqueza
o controle e o acompanhamento dos serviços, programas, D) esperto ; mendigo ; Marcela ; nítido
projetos e benefícios, por meio dos respectivos órgãos de E) atleta ; válido ; altura ; civismo
controle, independentemente de ações do órgão repassador
dos recursos.” 07. Ache a única frase cuja conjunção é integrante:
“Art. 30-C. A utilização dos recursos federais descentraliza- A) A dor era tanta que o ferido desmaiou.
dos para os fundos de assistência social dos Estados, dos B) Toque para que todos entrem.
Municípios e do Distrito Federal será declarada pelos entes C) Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

Conhecimentos Específicos 273 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
D) Não sei se ele virá hoje. C) Aonde você quer chegar?
E) Se precisar de ajuda, telefone-me. D) Mandaram você ir aonde?
E) Aonde iremos hoje à noite?
08. Qual a alternativa onde não há conjunção subordinativa
temporal? 17. Encontre o erro de ortografia:
A) Já era noite quando ele foi embora. A) lambujem ; consciencioso ; caranguejo
B) Mal entrei na sala , encontrei vários amigos. B) goianiense ; elucubração ; opróbrio
C) Sempre que venho aqui, vou visitá-lo. C) holerite ; freada ; receoso
D) Ela está assim desde que sua filha morreu. D) desprevenido ; expontâneo ; alcaguete
E) Como ele insistisse, resolvi aceitar o convite. E) estender ; lascivo ; manteigueira

09. Sobre o emprego de preposição não podemos dizer que: 18. Qual a alternativa onde há um plural incorreto?
A) o termo consequente é complemento ou adjunto do termo A) guardas-noturnos ; vices-diretores
antecedente à preposição; B) bóias-frias ; bate-papos
B) a locução prepositiva sempre termina por preposição; C) puros-sangues ; dedos-duros
C) as preposições ao se unirem a certas palavras sempre D) sextas-feiras ; joões-ninguém
perdem algum fonema; E) bem-me-queres ; arrozes-doces
D) ligando um termo consequente ao seu antecendente, a
preposição pode expressar as mais variadas relações; 19. Que dupla de substantivos abaixo apresenta erro no gê-
E) palavras provenientes de outras classe gramaticais podem nero do artigo precedente?
funcionar como preposições. A) a aguardente ; o amálgama
B) a apendicite ; a cal
10. Qual a frase que tem concordância verbal compatível com C) as saca-rolhas ; a víspora
a norma culta? D) a trama ; o drama
A) Não se deve matar tantos jacarés assim. E) o formicida ; a laringe
B) Isso não é atitudes que se tomem.
C) Fizeram dias muito frios na Europa. 20. Identifique onde ocorre silepse de pessoa:
D) Mais de um governador participou da reunião. A) Nada pode a máquina inventar das coisas.
E) Bate duas horas neste instante. B) Dizem que os paulistas somos pouco dados aos parques.
C) As meninas, espero que os irmãos cheguem antes.
11. Indique onde há erro de concordância nominal: D) Nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.
A) Estou quites com meus credores. E) O trocador olhou, viu, não aprovou.
B) Água é muito bom para matar a sede.
C) É proibida a entrada de pessoas estranhas. Conhecimentos
D) Saíram duas edições extras do jornal.
E) Já está inclusa na despesa a comissão do garçon. 21. Estando o adolescente interno, o prazo de reavaliação
pela equipe interprofissional deverá ser:
12. Em que período o termo em destaque está inadequada- A) Mensal;
mente empregado? B) Bimestral;
A) Quase morreu quando fez a ablação de um dos rins. C) Trimestral;
B) Não quero este livro, senão aquele. D) Semestral;
C) As beatas postaram-se à esquerda do altar. E) Anual.
D) É sangue, o que frui em minhas veias!
E) Não lia jornais de fim de semana. 22. No caso de ato infracional cometido mediante grave ame-
aça ou violência à pessoa, qual a medida sócio-educativa que
13. Que frase apresenta erro no emprego do pronome relati- deverá ser aplicada ao adolescente ?
vo? A) Liberdade assistida;
A) Nenhuma festa a que fui convidado esteve tão animada. B) Semiliberdade;
B) Esta é a imagem ante a qual me ajoelhei. C) Advertência;
C) A moça que veio reclamar é minha irmã. D) Internação em estabelecimento educacional;
D) Esta é a lagoa em cujas águas nadei. E) Obrigação de reparar danos.
E) O jogo a que presenciamos foi muito bom.
23. Assinale a opção que se refere à medida específica de
14. Indique a alternativa que apresenta erro no emprego do proteção:
verbo: A) Prestação de serviço à comunidade;
A) Enganar-se-ia quem o supusesse um fraco. B) Advertência;
B) A polícia havia preso o homem errado. C) Inclusão no programa de semiliberdade;
C) Espero que haja muitos amigos meus na festa. D) Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à
D) Ele medeia os encontros da filha com a mãe. família, a criança e/ou adolescente;
E) Mesmo que penteemos os cabelos, não nos vão reconhe- E) Internação.
cer.
24. No tocante à adoção, assinale a afirmativa correta:
15. Descubra a frase onde "a" foi usado no lugar de "há": A) Não atribui ao adotado direitos e deveres sucessórios;
A) Esta duplicata será descontada daqui a dois meses. B) Inexiste limite de idade para o adotando;
B) Daqui a alguns meses estaremos no segundo milênio. C) Trata-se de um procedimento revogável;
C) Estou guardando esta carta a três meses. D) A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos
D) O homem morreu a dois passos da filha. pais naturais;
E) As férias terminarão a 15 de fevereiro. E) Poderá ocorrer através de instrumento procuratório.

16. Indique o uso incorreto de "aonde": 25. Ao analisar a tendência anti-social, é correto afirmar que:
A) Aonde vocês pensam que vão? A) Não é comparável com a neurose e psicose;
B) Aonde ficaremos hoje à noite? B) Refere-se apenas à criança;

Conhecimentos Específicos 274 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
C) O comportamento anti-social será manifesto sempre no lar; C) Não pode ser utilizada por ocasião da consulta;
D) Inexiste relação direta entre a tendência anti-social e a D) Busca objetivos psicológicos específicos, como o diagnós-
privação; tico e a terapia;
E) Não é observada em indivíduos normais. E) É um instrumento fundamental do método clínico.

26. Os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos 32. Analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
contra crianças ou adolescentes serão obrigatoriamente co- A) Na anamnese deve-se obter todas as informações para
municados: realizar uma síntese da história do indivíduo;
A) Ao Ministério Público; B) A consulta consiste na solicitação de assistência técnica ou
B) Ao Conselho Tutelar; profissional que deverá ocorrer com o uso da entrevista;
C) Ao Juiz; C) Alguns tipos de entrevista podem excluir ou substituir ou-
D) Aos abrigos de crianças e/ou adolescentes; tros procedimentos de investigação da personalidade;
E) Ao Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e Adoles- D) Toda entrevista tem um contexto definido, ou seja, um
cente. conjunto de constantes e variáveis;
E) O fundamento da entrevista psicológica consiste basica-
27. A Tutela será deferida: mente no fato de perguntar ou no objetivo de recolher dados
A) Indistintamente, às pessoas de até vinte e um anos incom- da história do entrevistador.
pletos;
B) Às pessoas do sexo feminino de até vinte e um anos in- 33. No tocante à ENTREVISTA ABERTA, seria incorreto afir-
completos; mar que:
C) Às pessoas de até vinte e um anos incompletos, desde A) O entrevistador tem ampla liberdade para formular pergun-
que não emancipadas; tas e fazer as intervenções que se fizerem necessárias;
D) Às pessoas maiores de vinte e cinco anos; B) A liberdade do entrevistador levará sempre em considera-
E) Às pessoas do sexo masculino de até dezoito anos incom- ção ou terá como parâmetro a estrutura psicológica do entre-
pletos. vistado;
C) Seu campo não pode ser considerado fixo e sim dinâmico,
28. As medidas de proteção à criança e ao adolescente, são estando sujeito a permanentes mudanças;
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no art.98 do D) Trata-se de uma relação humana em que um dos integran-
E.C.A. forem ameaçados ou violados: tes deve estar cônscio do que está acontecendo e atuar se-
I. Por ação ou omissão da Sociedade ou do Estado; gundo esse conhecimento;
II. Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; E) Possibilita uma melhor comparação sistemática de dados,
III. Em razão de sua conduta. posto que utiliza perguntas previamente formuladas e segue
A) Todos os itens estão corretos; metodologia específica.
B) Nenhum dos itens está correto;
C) Apenas o item I está correto; 34. A Psicanálise influenciou a Teoria da Entrevista:
D) Estão corretos os itens I e II; A) Valorizando fundamentalmente a observação do compor-
E) Estão corretos os itens I e III. tamento do entrevistado;
B) Delineando e reconhecendo o campo psicológico, suas leis
29. O art.126 do E.C.A. preceitua que antes de iniciado o e o enfoque situacional;
procedimento judicial para apuração de ato infracional, o C) Enfatizando aspectos da dimensão inconsciente do com-
representante do Ministério Público poderá conceder a remis- portamento;
são: D) Reforçando a compreensão da entrevista como um todo,
A) Quando a infração for considerada grave; no qual o entrevistador é um dos seus integrantes e seu com-
B) Quando a infração for caracterizada de pequena gravida- portamento é um dos elementos da totalidade;
de; E) Estabelecendo regras básicas para colher dados comple-
C) Em qualquer fase do procedimento; tos de toda a vida do entrevistado.
D) Em nenhuma fase do procedimento;
E) Analisando as circunstâncias e consequências do ato in- 35. Assinale a assertiva incorreta:
fracional cometido, o contexto social e a personalidade do A) O enquadramento na entrevista abrange não apenas a
adolescente. atitude técnica e o papel do entrevistador, mas considera
fundamentais os objetivos, o lugar e o tempo da entrevista;
30. Segundo o artigo 129 do E.C.A. são medidas aplicáveis B) No decorrer da entrevista as observações não devem ser
aos pais ou responsáveis, dentre outras: registradas em função das hipóteses que o entrevistador vai
Inciso I - Encaminhamento a programa oficial ou comunitário emitindo;
de promoção à família; C) Determinados conflitos trazidos pelo entrevistado podem
Inciso III - Encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- não ser fundamentais, assim como as motivações que ele
quiátrico; alega são, geralmente, racionalizações;
Inciso IV - Encaminhamento a cursos ou programas de orien- D) A máxima objetividade só pode ser alcançada quando se
tação; incorpora o sujeito observador como uma das variáveis do
Inciso VI - Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente campo;
a tratamento especializado; E) A entrevista possibilita a reflexão sobre as contradições e
Inciso VIII - Perda da Guarda. dissociações da personalidade, de acordo com o nível de
A) Estão corretos os itens I e III; tolerância à angústia que o entrevistado apresente.
B) Estão corretos os itens I, III e VI;
C) Todos os itens estão corretos; 36. Analise as afirmativas abaixo e indique a alternativa corre-
D) Nenhum dos itens está correto; ta:
E) Apenas o item VI está correto. A) Na anamnese trabalha-se com a suposição de que embora
o paciente conheça a sua vida, não tem a capacidade de
31. No que se reporta à ENTREVISTA PSICOLÓGICA, assi- oferecer dados objetivos sobre ela;
nale a alternativa incorreta: B) Alguns pesquisadores consideram a entrevista um instru-
A) É uma técnica de investigação científica; mento totalmente confiável a despeito das lacunas, dissocia-
B) Possui procedimentos específicos ou regras empíricas; ções e contradições que o entrevistado apresente;

Conhecimentos Específicos 275 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
C) Vivenciando o processo transferencial, o entrevistado for- D) Supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
nece aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade adolescente promovendo, inclusive sua matrícula;
que dificulta sobremaneira o trabalho do entrevistador; E) Diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
D) Transferência e contratransferência são fenômenos que e de sua inserção no mercado de trabalho.
ocorrem em toda relação interpessoal, a exemplo da entrevis-
ta; 42. No regime de semiliberdade, é correto afirmar:
E) O Perfil do entrevistador está inversamente ligado à sua A) A medida comporta prazo determinado;
capacidade de integrar a técnica aprendida com seus conhe- B) A medida tem o prazo mínimo de seis meses;
cimentos teóricos. C) A medida não comporta prazo determinado;
D) A medida tem prazo mínimo de um ano e seis meses;
37. No que se refere ao OBJETO LIBIDINAL, assinale a as- E) A medida tem prazo de dois anos.
sertiva incorreta:
A) Pode servir simultaneamente à satisfação de vários instin- 43. Assinale a alternativa em que as medidas sócio-
tos; educativas se configuram mais restritivas da liberdade pesso-
B) Muda no decorrer da vida, inevitável e frequentemente; al do adolescente:
C) Permanece o mesmo durante a vida do indivíduo, visto que A) Semiliberdade e liberdade assistida;
é fruto de suas punções instintuais; B) Internação e semiliberdade;
D) Não pode ser descrito através de coordenadas espaciais e C) Semiliberdade, liberdade assistida e internação;
temporais; D) Liberdade assistida e internação;
E) Será constituído progressivamente no decorrer do primeiro E) Liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade.
ano de vida;
44. A prestação de serviços à comunidade, será cumprida no
38. No tocante à puberdade e à adolescência, é incorreto período máximo de:
afirmar que: A) 12 meses;
A) Nem sempre o início da adolescência coincide com o da B) 08 meses;
puberdade; C) 03 meses;
B) A puberdade possui evidências físicas definidas, o mesmo D) 06 meses;
não ocorrendo com a adolescência; E) 02 anos.
C) O fenômeno da puberdade é universal, observado em
todos os povos e latitudes com exceção dos pigmeus púbe- 45. No que se refere à medida de privação de liberdade, é
res; incorreto afirmar que:
D) A adolescência tem características bastante peculiares A) Não comporta prazo determinado, devendo sua manuten-
conforme o ambiente sócio-cultural do indivíduo; ção ser reavaliada no máximo a cada 06 meses;
E) A puberdade não se conclui com o fim do crescimento B) A liberdade será compulsória aos 21 anos de idade;
esquelético. C) A medida impede o adolescente de receber visitas sema-
nalmente, podendo ficar incomunicável;
39. Tomando por referência o entendimento de GRINBERG, D) Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
segundo o qual o conceito operativo de identidade está formu- excederá 03 anos;
lado a partir das noções dos vínculos de integração espacial, E) Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
temporal e social do sentimento de identidade, identifique a autorização judicial, ouvido o ministério público.
alternativa correta:
I. O vínculo de integração espacial está relacionado com a 46. Na medida sócio-educativa de internação, é correto afir-
imagem corporal; mar que:
II. O vínculo de integração temporal seria a capacidade de A) É permitida a realização de atividades externas, a critério
seguir sentindo-se o mesmo ao longo da vida ( "Sentimento da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
de mesmidade" ); judicial em contrário;
III. O vínculo de integração social diz respeito as inter- B) O período mínimo de internação deverá ser de até 03
relações pessoais com as figuras parentais e com as figuras anos;
afetivas relevantes de sua existência. C) Durante o período de internação não há obrigatoriedade do
A) Todos os itens estão corretos; desenvolvimento de atividades pedagógicas;
B) Nenhum dos itens está correto; D) Ao interno não será permitido o direito de peticionar dire-
C) Estão corretos os itens I e II; tamente a qualquer autoridade;
D) Apenas o item I está correto; E) A medida deverá sempre comportar prazo determinado.
E) Estão corretos os itens I e III.
47. No que se refere à Guarda, é correto afirmar que:
40. Considerando a gíria na adolescência como um abandono A) Não confere à criança e/ou adolescente a condição de
da comunicação infantil por uma forma adulta da expressão, dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
podemos afirmar que ela: previdenciário;
A) É uma "perversão" da linguagem do adolescente; B) É irrevogável;
B) Seria uma forma de expressar a sua identidade linguística; C) Confere ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
C) Seria um subproduto da cultura adolescente que traduz a inclusive aos pais;
luta pela preservação de uma identidade grupal; D) Não obriga a prestação de assistência material à criança
D) Todas as afirmativas estão corretas; e/ou adolescente;
E) Apenas as afirmativas a e b estão corretas. E) Na adoção por estrangeiros a guarda poderá se constituir
uma etapa preliminar.
41. No tocante à liberdade assistida, assinale a única afirmati-
va incorreta: 48. A obrigação de reparar o dano é normalmente aplicável
A) Promover socialmente o adolescente e sua família, forne- quando o ato infracional envolve:
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em pro- A) Violência grave à pessoa;
grama oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; B) Atos contra o patrimônio;
B) Apresentar relatório do caso; C) Homicídio;
C) Controlar a conduta do adolescente; D) Latrocínio;

Conhecimentos Específicos 276 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
E) Formação de quadrilha.
56. No que diz respeito aos direitos do adolescente privado de
49. Estando o adolescente internado provisoriamente, o prazo liberdade, marque a alternativa incorreta:
máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, A) Receber escolarização e profissionalização;
será de: B) Ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
A) 01 mês; pessoal;
B) 90 dias; C) Entrevistar-se pessoalmente com o representante do Mi-
C) 45 dias; nistério Público;
D) 24 horas; D) Não ser informado de sua situação processual;
E) 06 meses. E) Receber, quando de sua desinternação, os documentos
pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
50. Quanto ao ato infracional praticado por crianças, assinale
a medida que se configura inaplicável: 57. A medida de internação não poderá ser aplicada:
A) Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiá- A) Quando se tratar de ato infracional, cometido mediante
trico, em regime hospitalar ou ambulatorial; grave ameaça ou violência à pessoa;
B) Internação; B) No objetivo de acompanhar, auxiliar e orientar o adoles-
C) Abrigo em entidades; cente que sofreu ameaça física;
D) Colocação em família substituta; C) Por descumprimento reiterado e injustificável de medida
E) Encaminhamento aos pais ou responsável mediante termo anteriormente imposta;
de responsabilidade. D) Por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
E) Caso exista uma outra medida adequada.
51. Quanto à forma de comunicar à criança sua condição de
adotada, na visão de Maldonado, dentre todas assinale a 58. As entidades governamentais e não governamentais, ao
maneira mais adequada: planejar e executar seus programas de atendimento e assis-
A) A criança e/ou adolescente não deverá ter o conhecimento; tência à criança e adolescente deverão inscrevê-los:
B) Esta comunicação deverá ser feita só na adolescência; A) No Conselho Municipal dos direitos da criança e do ado-
C) Deverá ser dito que seus pais biológicos morreram; lescente;
D) Levar a criança a compreender que seus pais biológicos, B) No Conselho Tutelar;
por alguma razão, que seus pais adotivos desconhecem, não C) Na Justiça da infância e da juventude;
puderam cuidar dela; D) Na delegacia especializada da criança e do adolescente;
E) Que seus pais biológicos não tinham meios adequados E) Junto à Fundação Estadual do Bem-estar do Menor - FE-
para criar a criança. BEM.

52. Podemos definir a adolescência como: 59. Nos casos de crianças estrangeiras, a colocação em famí-
A) Uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta; lia substituta será admissível em que modalidade:
B) Um momento que marca não só a aquisição da imagem I. Tutela;
corporal definitiva, como também a estruturação final da per- II. Guarda;
sonalidade; III. Adoção.
C) Uma fase onde há predominância das mudanças biológi- A) Estão corretos os itens I e II;
cas; B) Estão corretos os itens II e III;
D) Fase que pode ser plenamente compreendida através da C) Todos os itens estão corretos;
análise isolada dos aspectos biológicos, psicológicos, sociais D) Nenhum dos itens está correto;
e culturais; E) Apenas o item III está correto.
E) Fase que coincide com a puberdade.
60. No que diz respeito à colocação em família substituta, é
53. Entre os diversos elementos que possibilitam assinalar o correto afirmar que:
término da adolescência, marque a alternativa incorreta: A) Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser
A) Relação de reciprocidade com a geração precedente; previamente ouvido e a sua opinião devidamente considera-
B) Capacidade de assumir compromissos profissionais e se da;
auto manter; B) Na apreciação do pedido, levar-se-á em conta o grau de
C) Busca de pautas de identificação no grupo de iguais; parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim
D) Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medi-
de estabelecer relações afetivas estáveis; da;
E) Aquisição de um sistema de valores pessoais. C) Admitirá a transferência da criança ou adolescente a ter-
ceiros ou entidades governamentais ou não governamentais,
54. Na obrigação de reparar o dano, o adolescente deve: sem autorização judicial;
A) Promover ressarcimento sem necessariamente compensar D) Estão corretos os itens A e B;
o prejuízo; E) Estão corretos os itens A, B e C.
B) Promover o ressarcimento do dano;
C) Reparar o prejuízo da vítima;
D) Restituir o objeto;
E) Reparar prejuízo ou restituir o objeto conforme o caso.

55. Na hipótese de maus tratos, opressão ou abuso sexual


impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária
determinará, como medida cautelar:
A) O encaminhamento do agressor a atendimento especiali-
zado;
B) O afastamento do agressor da morada comum;
C) A destruição do pátrio poder;
D) A advertência verbal;
E) A obrigação de prestar serviço à comunidade.

Conhecimentos Específicos 277 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
e ( ) "Não os vi quando desapareceram."

05. Assinale a frase em que não há erro no emprego do pro-


nome de tratamento:
a ( ) Espero que você não esqueça teus amigos.
b ( ) Estas flores são para a Vossa Alteza.
c ( ) Ela encaminhou os presentes à V.S.ª.
d ( ) Vossa Majestade ainda quer falar com S.Excia?
e ( ) Reiteramos a V.Rev.ma nossa estima e apreço.

06. Indique a frase que apresenta erro na concordância do


verbo com o sujeito:
a ( ) Esta verdade, só a conhece minha irmã e eu.
b ( ) Nem um nem outro candidato acertaram a questão.
c ( ) O chefe ou o pai receberão a primeira fatia do bolo.
d ( ) Para ele não existe azar e sorte.
e ( ) Tanto eu quanto você sabíamos o resultado.

07. Qual a alternativa que não apresenta concordância corre-


ta do verbo ser?
a ( ) Ontem foi vinte e dois de maio.
b ( ) Dez anos é muito tempo.
c ( ) Isso é águas passadas.
d ( ) Quando veio, era perto de cinco horas.
e ( ) As visitas éramos nós.

08. Ache a alternativa que apresenta erro:


a ( ) tabeliães magnificentíssimos
b ( ) cidadões magérrimos
c ( ) anciãos integérrimos
d ( ) corrimões antiquíssimos
PROVA PSICÓLOGO II - TJ SP e ( ) charlatães crudelíssimos
Prova anterior
09. Indique onde há erro na flexão dos adjetivos compostos:
Prova A
a ( ) roupas azul-celeste
Português
b ( ) raios ultravioleta
01. Marque a afirmativa falsa:
c ( ) meninas surdas-mudas
a ( ) a oração é principal, quando não exerce nenhuma função
d ( ) poemas épico-líricos
sintática em outra oração do período composto por subordi-
e ( ) camisas verde-claros
nação;
b ( ) o período é simples, se constituído de uma só oração,
10. Marque a única construção que não é aceita como correta
chamada absoluta;
na língua culta:
c ( ) a oração coordenada que se prende à anterior por meio
a ( ) Raquel é mais pequena que sua irmã.
de conectivo denomina-se sindética;
b ( ) Seu quadro foi o mais grande da exposição.
d ( ) a oração subordinada adjetiva não depende de nenhum
c ( ) Este vinho é mais excelente que aquele.
termo da oração cujo núcleo seja um substantivo;
d ( ) Josias é mais bom do que trabalhador.
e ( ) as orações subordinadas adjetivas classificam-se em
e ( ) Este automóvel é mais moderno que o de cor vermelha.
restritivas e explicativas.
11. Identifique a única frase que não passa ideia de superlati-
02. Identifique onde está a oração subordinada substantiva
vo:
cujo valor sintático é de aposto:
a ( ) Ele é valente como quê!
a ( ) "De uma coisa sei: que é preciso morrer para viver."
b ( ) Ela não é apenas uma boa diretora, ela é a diretora.
b ( ) "Ele disse que não se lembrava do nome."
c ( ) Maria é mais bonita que simpática.
c ( ) "Confesso que me bambeou a perna."
d ( ) Romário é um senhor jogador!
d ( ) "O triste é que não era uma planta qualquer."
e ( ) Aquele filho é o menos carinhoso de todos.
e ( ) "Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre."
12. Aponte a alternativa onde a pontuação está adequada ao
03. Encontre a alternativa que expõe uma oração coordenada
período:
sindética explicativa:
a ( ) "A morte, não extingue: transforma, não aniquila, renova,
a ( ) Não fui à escola porque fiquei doente.
não divorcia, aproxima."
b ( ) Não falte à reunião pois quero falar com você.
b ( ) "A morte, não extingue - transforma - não aniquila - reno-
c ( ) Como estava muito resfriado, não foi à recepção.
va - não divorcia - aproxima."
d ( ) Não posso inscrevê-lo uma vez que não há mais vagas.
c ( ) "A morte; não: extingue (transforma); não: aniquila (reno-
e ( ) Fomos bem recebidos porque trazíamos boas notícias.
va); não: divorcia (aproxima)."
d ( ) "A morte não extingue: transforma; não aniquila: renova;
04. Qual dos períodos abaixo apresenta oração subordinada
não divorcia: aproxima."
adverbial concessiva?
e ( ) "A morte, não extingue, transforma; não aniquila, renova;
a ( ) "O caminho é tão comprido que não tem fim."
não divorcia, aproxima."
b ( ) "Aqui vai o livro para que o leias."
c ( ) "Obedeciam aos pais sem grandes esforços, posto fos-
13. Descubra o vocábulo que não se completa com a letra ao
sem teimosos."
lado:
d ( ) "À medida que descia tranquilizava-se."
a ( ) mi__to ; despre__o ; ob__équio ; empre__a (s)

Conhecimentos Específicos 278 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b ( ) e__pelir ; e__pender ; e__tremoso ; te__to (x) b ( ) apenas a opção II está correta.
c ( ) __ibóia ; ultra__e ; can__ica ; ma__estoso (j) c ( ) as opções I eII estão corretas.
d ( ) Man__el ; b__eiro ; b__lir ; íng__a (u) d ( ) as opções II e III estão corretas.
e ( ) pát__o ; __mpigem ; discr__ção ; tereb__ntina (i) e ( ) as opções I e III estão corretas.

14. Qual o período cujo termo em destaque está inadequa- 22. Indique a única opção que melhor responde a questão.
damente empregado? Apesar de vivermos em plena "era das comunicações", o
a ( ) O Juiz empossou os seus pares. processo comunicante entre as gerações continua ............
b ( ) Cuidemos da horta que os celeiros estão vazios. I. Muito bem entre a sociedade.
c ( ) Acenderam os círios sob o altar. II. Emperrado e claudicante.
d ( ) Ao luchar a perna, o atleta gritou de dor. III. Claudicante.
e ( ) Só sai besteira desta sua cachola. a ( ) apenas a alternativa II está correta.
b ( ) apenas a alternativa I está correta.
15. Complete as frases corretamente: c ( ) apenas a alternativa III está correta.
O objeto que estava no fundo do lago _____. d ( ) as alternativas I e III estão corretas.
Como aluno, sou do corpo _____ da escola. e ( ) as alternativas II e III estão corretas.
Por favor, _____ aquela porta. Faz frio aqui.
Rendamos _____ aos que tombaram na guerra. 23. A tendência anti-social pode ser encontrada:
a ( ) imergiu ; docente ; serre ; pleito I. Num indivíduo normal.
b ( ) imergiu ; discente ; cerre ; preito II. Num indivíduo neurótico.
c ( ) emergiu ; discente ; cerre ; preito III. Num indivíduo psicótico.
d ( ) emergiu ; docente ; serre ; pleito a ( ) apenas a alternativa I está correta.
e ( ) imergiu ; discente ; serre ; preito b ( ) apenas a alternativa II está correta.
16. Ache a dupla onde há erro de ortografia: c ( ) apenas a alternativa III está correta.
a ( ) aterrissar ; asar d ( ) as alternativas I e III estão corretas.
b ( ) beneficência ; hilariedade e ( ) as alternativas I, II e III estão corretas.
c ( ) prazerosamente ; meteorologia
d ( ) imprescindível ; manteigueira 24. Quando existe uma tendência anti-social..............
e ( ) hidravião ; candeeiro a ( ) houve a perda de algo bom.
b ( ) houve a perda de algo mau.
17. Que verbo não se apresenta corretamente conjugado no c ( ) não houve perda.
presente do indicativo? d ( ) houve o ganho de algo bom e algo mau.
a ( ) precavemos ; precaveis (precaver) e ( ) houve a perda de algo bom e algo mau.
b ( ) dói ; doem (doer)
c ( ) adiro ; aderes ; adere ; aderimos ; aderis ; aderem (ade- 25. O furto está no centro da tendência anti-social. A criança
rir) que furta um objeto não está desejando o objeto roubado,
d ( ) frejo ; freges ; frege ; frigimos ; frigis ; fregem (frigir) mas está desejando .............
e ( ) arguo ; argúis ; argúi ; arguimos ; arguis ; argúem (arguir) a ( ) um irmão.
b ( ) amigos.
18. Indique onde não se fez a correta concordância nominal: c ( ) a mãe.
a ( ) Cerveja é bom para saúde. d ( ) mais brinquedos.
b ( ) Guardou bastantes moedas de prata. e ( ) ser mais livre.
c ( ) É necessária coragem.
d ( ) Foi ela mesma que escreveu a carta. 26. Segundo Winnicott, do ponto de vista da criança, a mãe
e ( ) Entregue estes convites em mão. foi criada:
a ( ) pelo pai.
19. Qual a função sintática do termo em destaque ? b ( ) por Deus.
"O velho autêntico tinha sido substituído pelo velho fingido". c ( ) pela própria criança.
a ( ) complemento nominal d ( ) pelos amigos.
b ( ) objeto indireto e ( ) pelos avós.
c ( ) objeto direto preposicionado
d ( ) agente da passiva 27. Ao cuidar da criança, a mãe está constantemente lidando
e ( ) adjunto adverbial com .....
I. O valor de incômodo do seu bebê.
20. Marque a alternativa cuja oração apresenta em destaque II. A liberdade do seu bebê.
um termo sem vínculo sintático com a mesma: III. O exagero do seu bebê.
a ( ) A moça caminhava apressadamente. a ( ) apenas a alternativa II está correta.
b ( ) Mataram os meus gatinhos. b ( ) apenas a alternativa I está correta.
c ( ) Estou no meio da praça. c ( ) as alternativas II e III estão corretas.
d ( ) Ele gostou da sugestão. d ( ) as alternativas I, II e III estão corretas.
e ( ) João, onde está Maria? e ( ) as alternativas I e II estão corretas.

Conhecimentos 28. Um sintoma anti-social muito comum é:


a ( ) agressividade.
21. O conflito de gerações provém ........... b ( ) depressão.
I. De uma "defasagem" no sistema de valores de duas gera- c ( ) choro inconsolado.
ções sucessivas. d ( ) isolamento.
II. Das mudanças sócio-culturais em processo numa determi- e ( ) avidez estreitamente relacionada a inibição do apetite.
nada época.
III. Das proporções que já vêm sendo verificadas na história 29. Na síndrome da rejeição primária ativa, a atividade da
da civilização ocidental. mãe consiste em .......
a ( ) apenas a opção I está correta. I. Uma rejeição global da maternidade.

Conhecimentos Específicos 279 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II. Uma rejeição parcial da maternidade. e ( ) as opções I e II estão corretas.
III. Uma rejeição externa da maternidade.
a ( ) apenas a alternativa II está correta. 37. Segundo Freud, um pai ausente e psicologicamente fraco
b ( ) apenas a alternativa I está correta. ou incapaz de assumir a paternidade, pode provocar no me-
c ( ) as alternativas I e II estão corretas. nino:
d ( ) as alternativas II e III estão corretas. a ( ) uma grande dificuldade em fazer amigos.
e ( ) as alternativas I, II e III estão corretas. b ( ) indiferença com relação aos familiares.
c ( ) um sério déficit em sua identidade genital.
30. Indique o item que melhor completa a questão. d ( ) grande tendência a depressão.
Na rejeição primária passiva, o recém-nascido normalmente e ( ) comportamento bastante agressivo.
apresenta ..........
a ( ) dor de ouvido. 38. Seguindo as investigações de M. Klein, a necessidade do
b ( ) sensibilidade multiplicada. homem ser pai aparece ......:
c ( ) dispnéia, sensibilidade reduzida. a ( ) na segunda metade do primeiro ano de vida.
d ( ) cólicas. b ( ) ao nascer.
e ( ) depressão. c ( ) na adolescência.
d ( ) aos 8 ou 9 anos.
31. No bebê não há conflito entre o ego e o superego, uma e ( ) na fase adulta.
vez que no recém-nascido...........
a ( ) nem um nem outro está presente. 39. A ética que o mundo moderno transmite aos jovens é uma
b ( ) os dois estão presentes e há boa relação entre eles. ética de .........:
c ( ) apenas o superego está presente, por essa razão não há a ( ) reflexão alicerçada na responsabilidade.
conflito. b ( ) ação inspirada no oportunismo.
d ( ) apenas o ego está presente, por essa razão não há con- c ( ) sentimento transmitido ao próximo.
flito. d ( ) opressão as ações dos jovens.
e ( ) só há id e superego, portanto há harmonia. e ( ) perversão nas atitudes comuns.

32. A criança que precisa descarregar quantidades muito 40. Do ponto de vista intrapsíquico, o comportamento dos
maiores de tensão, com mais frequência, do que uma criança pais frente a seus filhos adolescentes é determinado basica-
calma e tranquila, denominamos de criança........ mente pelo grau de .......:
a ( ) hipotêmica. d ( ) latente. I. Resolução dos conflitos atuais.
b ( ) hipertônica. e ( ) dinâmica. II. Resolução de seus conflitos edípicos.
c ( ) manifesta. III. Resolução de seus conflitos internalizados.
a ( ) as opções I e II estão corretas.
33. Bem no início da infância, o órgão principal de descarga é b ( ) as opções II e III estão corretas.
...... c ( ) apenas a opção III está correta.
a ( ) a mão. d ( ) a boca. d ( ) apenas a opção I está correta.
b ( ) o nariz. e ( ) o olho. e ( ) apenas a opção II está correta.
c ( ) o ouvido.
41. O momento da privação original ocorre durante o período
34. Há duas funções na amamentação. São elas: em que o ego do bebê ou da criança pequena está em .....
I. Uma deficiência de descarga por uma sucção muito mais a ( ) reconhecimento de sua importância.
frequente de partes acessíveis de seu próprio corpo. b ( ) processo de realização da fusão das raízes libidinais e
II. A ingestão de alimento propriamente dita, que satisfaz e agressivas do id.
aplaca a fome e a sede simultaneamente. c ( ) evidência de sua capacidade de suportar a indiferença.
III. A descarga de tensão, ou seja, a satisfação da mucosa d ( ) processo de transição.
oral por meio das atividades dos lábios, língua, palato e espa- e ( ) um momento favorável a sua atuação.
ço laringo-faríngeo..
a ( ) apenas a alternativa I está correta. 42. A base da psicologia de grupo é:
b ( ) apenas a alternativa II está correta. a ( ) a união do grupo.
c ( ) as alternativas I e III estão corretas. b ( ) a psicologia do indivíduo.
d ( ) alternativas II e III estão corretas. c ( ) a mesma faixa etária.
e ( ) as alternativas I, II e III estão corretas. d ( ) maturidade do indivíduo.
e ( ) criatividade do grupo.
35. A idade em que surgem as primeiras respostas sociais e
aparece o primeiro precursor do objeto, é no decorrer do ..... 43. O estudo das primeiras etapas do desenvolvimento permi-
a ( ) décimo segundo mês de vida. tiu descobrir ......
b ( ) nono aniversário. a ( ) a importância do papel de ser pai.
c ( ) oitavo aniversário. b ( ) a necessidade de desprender-se do lar.
d ( ) décimo mês de vida. c ( ) a bissexualidade no indivíduo.
e ( ) terceiro mês de vida. d ( ) que o filho único apresenta uma maior tendência homos-
sexual.
36. Segundo Spitz, os nativos que mantêm o costume antigo e ( ) no homem, há um momento no qual a fantasia de ter um
de carregar as crianças durante todo o dia nas costas ou nas filho no seu ventre é normal.
ancas, proporcionam às crianças .........:
I. Ampla descarga de tensão. 44. A atitude, na grande maioria das crianças que sofrem de
II. Reduzida descarga de tensão. eczema infantil, é de:
III. Estímulo receptivo. a ( ) depressão.
a ( ) apenas a opção II está correta. b ( ) hostilidade.
b ( ) apenas a opção I está correta. c ( ) agressividade.
c ( ) as opções I e III estão corretas. d ( ) ansiedade manifesta.
d ( ) as opções II e III estão corretas. e ( ) delicadeza.

Conhecimentos Específicos 280 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b ( ) emocional.
45. O essencial à saúde mental do bebê e da criança peque- c ( ) latente.
na é ...... d ( ) incorporativa.
a ( ) a vivência de uma relação calorosa, íntima e contínua e ( ) conclusiva.
com a mãe.
b ( ) a ausência do objeto bom. 54. O sistema cenestésico responde a signos .......
c ( ) neutralidade do id e do ego. I. Não-verbais
d ( ) presença permanente dos familiares. II. Não-dirigidos.
e ( ) presença da chupeta e da mamadeira até os 3 anos de III. Expressivos.
idade. a ( ) apenas a opção I está correta.
b ( ) apenas a opção II está correta.
46. Ser capaz de tolerar tudo o que podemos encontrar em c ( ) apenas a opção III está correta.
nossa realidade interior é .......... d ( ) as opções I, II e III estão corretas.
I. Uma grande dificuldade humana. e ( ) as opções II e III estão corretas.
II. Um dos importantes objetivos humanos.
III. Uma satisfação exterior. 55. Privar o bebê de afeto de desprazer durante o decorrer do
a ( ) apenas a opção I está correta. primeiro ano de vida, é tão prejudicial quanto........:
b ( ) apenas a opção II está correta. a ( ) privá-lo do desconforto.
c ( ) as opções I e II estão corretas. b ( ) privá-lo da agressividade.
d ( ) as opções I e III estão corretas. c ( ) privá-lo da depressão.
e ( ) as opções II e III estão corretas. d ( ) privá-lo da frustração.
e ( ) privá-lo do afeto de prazer.
47. Um método importante para lidar com a agressão na rea-
lidade interna é o 56. Uma das pragas sociais no adolescente de nossa época é
método .... .......:
a ( ) histórico. a ( ) a desobediência aos pais.
b ( ) peculiar. b ( ) a falta de respeito com os mais velhos.
c ( ) similiar. c ( ) a delinquência juvenil.
d ( ) individualista. d ( ) a gíria.
e ( ) masoquista. e ( ) a falta de objetivo na vida.

48. A agressividade primária se manifesta através de: 57. Os maiores delitos em nossa sociedade são cometidos
a ( ) relações internas. por:
b ( ) relações externas. I. Adultos
c ( ) relações de aproximação. II. Adolescentes.
d ( ) relações amigáveis. III. Crianças.
e ( ) relações instintivas. a ( ) as opções II e III estão corretas.
b ( ) as opções I e II estão corretas.
49. Indique a alternativa correta que preenche a lacuna. c ( ) apenas a opção III está correta.
A _____________, constitui um perigoso potencial para o d ( ) apenas a opção II está correta.
indivíduo e para a comunidade. e ( ) apenas a opção I está correta.
a ( ) perda do objeto mau.
b ( ) energia instintiva reprimida. 58. Manifestação filicida é :
c ( ) manifestação das relações externas. a ( ) a rivalidade existente entre as gerações.
d ( ) agressão primária. b ( ) a união dos jovens.
e ( ) realidade interior. c ( ) a liberdade de expressão do jovem.
d ( ) o sacrifício da juventude.
50. Um dos objetivos na construção da personalidade é tornar e ( ) a chegada na adolescência.
o indivíduo capaz de drenar o .........
a ( ) instintual. 59. Indique a opção falsa.
b ( ) perverso. O esquema referencial teórico a que aludimos é o que consi-
c ( ) sublimado. dera o caráter psicopatológico dos sintomas na adolescência
d ( ) sentimento. uma função de certos "módulos" ou "variáveis", que são:
e ( ) superego. a ( ) intensidade.
b ( ) duração.
51. A manifestação fecal da criança, pressupõe um certo tipo c ( ) significado regressivo.
de relação ....... d ( ) polimorfismo.
a ( ) pré-objetal. e ( ) discriminação.
b ( ) coprofágica.
c ( ) objetal, ainda que patológica. 60. Indique a alternativa que preenche corretamente as lacu-
d ( ) de periodicidade. nas.
e ( ) integral. O________ e ________ tem um papel igualmente importante
na formação do sistema psíquico e da personalidade.
52. O humor depressivo da mãe origina, na criança, uma a ( ) objeto mau / seus componentes.
inclinação para tendência ....... b ( ) objeto bom / seus componentes.
a ( ) objetal. d ( ) agressiva. c ( ) amor / dedicação.
b ( ) saudável. e ( ) depressiva. d ( ) afeto / integração.
c ( ) de indução. e ( ) prazer / desprazer.
GABARITO
53. A perda da mãe que entra em depressão não é uma per- 01-D 21-C 41-B
da física, como quando a mãe morre. É uma perda ........ 02-A 22-A 42-B
a ( ) passageira. 03-B 23-E 43-E

Conhecimentos Específicos 281 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
04-C 24-A 44-D B) 1 e 2 apenas.
05-E 25-C 45-A C) 2 e 3 apenas.
06-C 26-C 46-C D) 1, 2 e 3.
07-A 27-B 47-E
08-B 28-E 48-B 5. O artigo 67 trata das condições de trabalho do aprendiz em
09-E 29-B 49-B regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
10-B 30-C 50-A em entidade governamental ou não-governamental e veta o
11-C 31-A 51-C trabalho:
12-D 32-B 52-E 1 - noturno (entre 22h e 5h do dia seguinte).
13-A 33-D 53-B 2 - perigoso, insalubre ou penoso.
14-D 34-D 54-D 3 - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
15-C 35-E 55-E desenvolvimento físico, psíquico, moral e social.
16-B 36-C 56-C 4 - realizado em horários e locais que impeçam a freqüência à
17-D 37-C 57-E escola.
18-C 38-A 58-A Atendem ao enunciado, os itens:
19-D 39-B 59-E A) 1, 2, 3 e 4.
20-E 40-E 60-E B) 1, 2 e 3 apenas.
C) 2, 3 e 4 apenas.
PROVA SIMULADA III D) 2 e 3 apenas.

1. Dentre as atribuições do Conselho Tutelar não consta: 6. De acordo com a LDB, é (V) verdadeiro ou (F) falso afirmar.
A) expedir notificações. ( ) A educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
B) requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos
adolescente quando necessário. de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na
C) expedir mandado de prisão às pessoas que comprovada- competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
mente violaram os direitos constantes do Estatuto. organização, sempre que o interesse do processo de aprendi-
D) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, zagem assim o recomendar.
serviço social, previdência, trabalho e segurança. ( ) A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando
se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no
2. Sobre as disposições do ECA é (V) verdadeiro ou (F) falso País e no exterior, tendo como base as normas curriculares
afirmar. gerais.
( ) As crianças adotadas têm o mesmo direito e qualificações ( ) O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades
daquelas havidas na relação de casamento. locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respec-
( ) As famílias que apresentem carência de recursos materiais tivo sistema de ensino, facultando reduzir o número de horas
para a criação dos filhos poderão ser incluídas em programas letivas previstas na legislação.
oficiais de auxílio. A seqüência correta é:
( ) A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à A) F, V, V.
sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro- B) V, F. V.
vidência. C) V, V, F.
A seqüência correta é: D) F, V, F.
A) V, F. V.
B) F, V, V. 7. Consta da LDB que o controle de freqüência fica a cargo da
C) F, F, V. escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas
D) V, V, V. do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima
de _____ do total de horas letivas para aprovação
3. O acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou de A) 50%.
adolescente afastado do convívio familiar contará com alguns B) 75%.
estímulos oferecidos pelo Poder Público, como: C) 60%
1 - assistência jurídica. D) 90%
2 - cesta básica mensal.
3 - incentivos fiscais. 8. Analise as afirmações sobre a LDB.
4 - convênio de saúde particular. 1 - A LDB prevê a possibilidade de aceleração de estudos
São itens que constam do Art. 34 do ECA: para alunos com atraso escolar.
A) 1 e 2, apenas. 2 - Cabe a cada instituição de ensino expedir históricos esco-
B) 2 e 3, apenas. lares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certi-
C) 3 e 4, apenas. ficados de conclusão de cursos, com as especificações cabí-
D) 1 e 3, apenas. veis.
Podemos concluir que, segundo a LDB:
4. O ECA determina que as medidas de proteção às crianças A) 1 e 2 estão incorretas.
e adolescentes contemplem as necessidades pedagógicas, B) apenas 1 está correta.
preferencialmente aquelas que visem ao fortalecimento dos C) apenas 2 está correta.
vínculos familiares e comunitários e que garantam, dentre D) 1 e 2 estão corretas.
outros, os princípios de:
1 - Privacidade – zelando pela intimidade, direito à imagem e 9. A educação básica, nos níveis fundamental e médio terá
reserva de sua vida privada. uma carga horária anual de ____ horas, distribuídas por ___
2 - Intervenção precoce – efetuada pelas autoridades logo dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado
que a situação de perigo seja conhecida. aos exames finais, quando houver.
3 - Obrigatoriedade da informação – exclusivamente aos pais Completam corretamente os respectivos claros:
que devem ser informados sobre os motivos que determina- A) 750 // 200.
ram a intervenção e da forma como esta se processa. B) 900 // 210.
São afirmações corretas: C) 800 // 200.
A) 1 e 3 apenas. D) 850 // 220.

Conhecimentos Específicos 282 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(B) Seguindo o conceito da liberdade de imprensa, não há
10. É incorreto afirmar que conforme alterações na LDB – restrições quanto à veiculação de publicidade em revistas
(Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) – a educa- destinadas ao público infanto-juvenil.
ção física, integrada à proposta pedagógica da escola, é (C) Fitas de vídeo deverão exibir, no invólucro, informações
componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.
sua prática facultativa ao aluno: (D) As alternativas “A” e “C” estão corretas.
A) de nacionalidade estrangeira.
B) que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis 19. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
horas. Qual das alternativas abaixo não está correta de acordo com
C) que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em o art. 54 do ECA?
situação similar, estiver obrigado à prática da educação física. (A) Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito
D) que tenha prole. (B) oferta de ensino noturno regular
(C) progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade até
11. O ECA, no seu art. 112, afirma que verificada a prática de o final do Ensino Médio
ato infracional a autoridade competente poderá aplicar medi- (D) progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade até
das punitivas ao adolescente. Não é permitido ao adolescente o final do Ensino Fundamental
infrator a pena de:
(A) advertência 20. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, o
(B) obrigação de reparar o dano Capítulo V do Direito à Profissionalização e à Proteção ao
(C) prestação de serviços à comunidade trabalho, em seu artigo 63: “A formação técnico-profissional
(D) prestação de trabalho forçado obedecerá aos seguintes princípios...”
I. Garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regu-
12. De acordo com o ECA, é correto afirmar: lar.
(A) o adotando deve ter, no mínimo 18 anos à data do pedido II. Atendimento em Creche e Pré-escola, adequando às con-
(B) a adoção atribui condição de filho ao adotado, com os dições do adolescente.
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando- III. Atividade compatível com o desenvolvimento do adoles-
o de qualquer vínculo com pais ou parentes, salvo os impedi- cente.
mentos matrimoniais IV. Horário especial para os exercícios das atividades.
(C) os maiores de 18 anos, independentemente do estado De acordo com o art. 63, podemos dizer que estão corretas:
civil, podem adotar (A) I, II e III (C) I, III e IV
(D) a adoção não depende do consentimento dos pais ou do
(B) II, III e IV (D) todas as alternativas estão corretas
representante legal do adotado

13. Considera-se criança, para efeitos do Estatuto da Criança RESPOSTAS


e do Adolescente, a pessoa que tenha até: 01. C 11. D
(A) 12 anos completos (C) 14 anos completos 02. D 12. B
(B) 12 anos incompletos (D) 14 anos incompletos 03. D 13. B
04. B 14. D
14. Que direito O Estatuto da Criança e do Adolescente não 05. A 15. B
garante? 06. C 16. B
(A) Direito à Liberdade 07. B 17. D
(B) Direito à Educação 08. D 18. D
(C) Direito de ser respeitado por seus educadores 09. C 19. D
(D) Direito de trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos de 10. A 20. C
idade
PROVA SIMULADA IV
15. Na interpretação da Lei 8.069/90 (ECA), levar-se-ão em
conta, a condição peculiar da criança e do adolescente como 01. Assinale a alternativa correta.
pessoas: Na luta histórica entre a liberdade e o poder, entre o indivíduo
(A) desenvolvidas (C) incapazes e o Estado, às declarações de direitos:
(B) em desenvolvimento (D) capazes a) representam o triunfo dos aliados contra os regimes tota-
litários na II Guerra Mundial;
16. Na definição do Estatuto da Criança e do Adolescente, a b) constituem o grande marco divisório entre a Antiguidade
medida provisória e excepcional, utilizável como forma de e a Idade Moderna;
transição para a colocação em família substituta, não impli- c) estão vinculadas ao triunfo do absolutismo;
cando privação de liberdade, refere-se à(ao): d) são instrumentos jurídicos de limitação do poder estatal.
(A) Orfanato (C) Casa de custódia
(B) Abrigo (D) Fundação 02. Conceder-se-á mandado de injunção:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
17. Assinale a alternativa incorreta: à pessoa do impetrante, constante de registros de entidades
(A) a adoção é irrevogável governamentais ou de caráter público.
(B) antes de consumada a adoção não será permitida a saída b) sempre que a falta de norma regulamentadora torne
do adotando do território nacional inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
(C) a adoção depende do consentimento dos pais ou do re- das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
presentante legal do adotando cidadania.
(D) podem adotar os maiores de dezoito anos, independen- c) para proteger direito líquido e certo, quando o responsá-
temente de estado civil vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
no exercício de atribuições do Poder Público.
18. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente: d) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
(A) Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
espetáculos públicos classificados como adequados à sua
faixa etária.

Conhecimentos Específicos 283 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
03. Com referência aos remédios constitucionais, nomeie a imposta, invocando impedimento decorrente de crença religi-
alternativa CORRETA, considerados, inclusive, o magistério osa ou de convicção política.
da doutrina e a jurisprudência dos tribunais: Assinale:
a) Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popu- a) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
lar que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de b) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas.
entidade de que o Estado participe; c) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
b) O habeas corpus, posto que admita dilação probatória em d) se somente as afirmativas II, III, e IV estiverem corretas.
seu processamento, é instrumento idôneo de sorte a permitir,
em sede de processo penal, o exame aprofundado de matéria 07. O direito de propriedade:
fática e a análise valorativa e minuciosa de elementos de I. é assegurado pela Constituição, mas a propriedade deve
prova; atender à sua função social;
c) Conceder-se-á habeas data para assegurar a obtenção II. é garantido pela Constituição, podendo, no entanto ocorrer
de certidões em repartições públicas, visando a defesa de a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
direitos e esclarecimentos de situações de interesse do impe- interesse social, mediante prévia e justa indenização em di-
trante; nheiro em qualquer hipótese;
d) Admite-se a utilização, pelos organismos sindicais e pelas III. não permite, mesmo em caso de iminente perigo, que a
entidades de classe, do mandado de injunção coletivo, com a autoridade competente use de propriedade particular sem
finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados indenização prévia, independentemente de eventual dano;
dessas instituições, o exercício de direitos assegurados pela IV. implica no cumprimento da função social daquela, sendo
Constituição. que no caso da propriedade urbana tal ocorre quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expres-
04. Assinale a única opção que esteja em consonância com sas no plano diretor e na hipótese de propriedade rural quan-
os direitos e deveres individuais e coletivos assegurados pela do preencher os requisitos de aproveitamento racional e ade-
Constituição. quado; utilização adequada dos recursos naturais e preserva-
a) A recusa de oficial do registro civil de registrar também no ção do meio ambiente; observância das disposições que
nome do companheiro filho de pessoa que não seja casada, regulam as relações de trabalho; e exploração que favoreça o
quando a mulher comparecer sozinha para fazer o registro da bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
criança, não viola a igualdade de homens e mulheres em Em análise às assertivas acima, pode-se afirmar que:
direitos e obrigações nos termos da Constituição. a) todas estão corretas;
b) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, b) estão corretas apenas as de números I e II;
científica e de comunicação, observados os limites estabele- c) estão corretas apenas as de números I, II e IV;
cidos pela censura e obtenção de licença nos termos da lei. d) estão corretas apenas as de números I e IV.
c) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a pagamento pela 08. O sigilo das comunicações telefônicas é inviolável, salvo
utilização devidamente autorizada e o direito a indenização por ordem da autoridade
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. a) judicial a fim de investigação para instrução de processos
d) A prática do racismo constitui crime inafiançável e im- referentes a atos de improbidade administrativa.
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. b) judicial a fim de investigação criminal ou instrução pro-
cessual penal.
05. Assinale a alternativa CORRETA: c) policial a fim de investigação dos delitos de sequestro e
a) O mandado de segurança se presta a tutelar direito líqui- tráfico de entorpecentes.
do e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. d) judicial a fim de investigação nos processos de separação
A liquidez e certeza é requisito indispensável para a ação, judicial ou divórcio.
pelo que a controvérsia de direito impede a concessão do
mandado. 09. Sobre os direitos e garantias fundamentais, analise as
b) Os tratados e convenções, ratificados pelo Brasil, que afirmativas a seguir:
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em I. Na desapropriação, a indenização será justa, prévia e em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem- dinheiro. Na Constituição e na lei complementar poderão ser
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. criadas exceções a essa regra, indenizando-se, por exemplo,
c) Constitui garantia fundamental de preservação do direito com títulos públicos.
à liberdade a impossibilidade de prisão, senão por ordem II. A Constituição não permite a extradição do brasileiro nato.
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, III. Na sucessão de bens de estrangeiro, localizados no Brasil,
ressalvada unicamente a hipótese de prisão em flagrante poderá ser usada a lei pessoal do de cujus se for mais benéfi-
delito. ca para o filho ou cônjuge que tenha a nacionalidade brasilei-
d) A Constituição Federal garante, expressamente, a gratui- ra.
dade na ação de habeas corpus e habeas data, sem necessi- São verdadeiras somente as afirmativas:
dade da existência de norma regulamentar. Os atos necessá- a) I e II
rios ao exercício da cidadania serão gratuitos, na forma que a b) I e III
lei regulamentar prever. c) II e III
d) I, II e III
06. A respeito do catálogo de direitos fundamentais da Consti-
tuição Federal de 1988, analise as afirmativa a seguir: 10. No momento em que a Constituição da República do
I. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, Brasil assegura ser “livre a locomoção no território nacional
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
II. É plena a liberdade de associação para fins lícitos e veda- lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”,
da a de caráter militar. estabelece uma norma constitucional de eficácia:
III. É livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- a) plena e aplicabilidade direta, imediata e integral.
fica e de comunicação, podendo ser exigida autorização pré- b) contida e aplicabilidade direta, imediata, mas possivel-
via do poder público, caso as manifestações expressivas mente não integral.
atentem contra a ordem pública e os bons costumes. c) limitada, declaratória de princípios institutivos.
IV. É inviolável a liberdade de consciência e de crença. Con- d) limitada, declaratória de princípios programáticos.
tudo, ninguém poderá se eximir de obrigação legal a todos

Conhecimentos Específicos 284 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
11. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos e de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
garantias fundamentais previstos na Constituição Federal. durante o dia, por determinação judicial;
(A) A casa é asilo inviolável do indivíduo, e ninguém nela c) é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
pode penetrar, a não ser, unicamente, por ordem judicial. ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
(B) Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
publicação ou reprodução de suas obras, direito que se extin- forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
gue com a sua morte, não sendo transmissível aos seus her- ou instrução processual penal;
deiros. d) a prática do racismo constitui crime afiançável, sujeito à
(C) A lei não poderá restringir a publicidade dos atos proces- pena de detenção.
suais, exceto para a defesa da intimidade ou do interesse
social. 16. Sobre os direitos fundamentais em matéria processual, é
(D) A prática do racismo é crime imprescritível, mas que per- incorreto afirmar que
mite a fiança. a) aos litigantes são assegurados, em processo administrati-
(E) A Constituição Federal admite, entre outras, as penas de vo, o contraditório e a ampla defesa, se a respectiva legisla-
privação da liberdade, perda de bens e de trabalhos forçados. ção de regência assim o dispuser.
b) ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
12. Considerando as diversas formas de expressão da liber- devido processo legal.
dade individual garantida pelo texto constitucional, é correto c) ninguém será processado nem sentenciado senão pela
afirmar que autoridade competente.
(A) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em d) são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
locais abertos ao público, desde que não frustrem outra reu- meios ilícitos.
nião anteriormente convocada para o mesmo local, exigida e) a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processu-
apenas a prévia autorização da autoridade competente. ais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável, impres- exigirem.
critível e insuscetível de graça ou anistia.
(C) não haverá penas, entre outras, de morte, de caráter 17. Sobre o direito de acesso às informações mantidas pela
perpétuo, de interdição de direitos e de banimento. Administração Pública, reconhecido como direito fundamental
(D) nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas a inerente aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País,
decretação do perdimento de bens poderá ser estendida aos ou afirmado como parâmetro objetivo de atuação da Adminis-
sucessores, até o limite do valor do patrimônio transferido. tração Pública, é correto afirmar que
a) é dever da Administração Pública assegurar aos cidadãos
13. Assinale a alternativa que contempla corretamente um o acesso às informações por ela mantidas mas, ao mesmo
direito ou garantia constitucional. tempo, é seu dever resguardar o sigilo da fonte.
(A) Garantia, na forma da lei, do direito de fiscalização do b) a lei disciplinará as formas de participação do usuário na
aproveitamento econômico das obras que criarem ou administração pública direta e indireta, regulando especial-
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às res- mente o acesso dos estrangeiros não residentes no País a
pectivas representações sindicais e associativas. registros administrativos e a informações sobre atos de go-
(B) Direito de não ser preso senão em flagrante delito ou por verno.
ordem escrita da autoridade judiciária competente, mesmo no c) são a todos assegurados, independentemente do paga-
caso de transgressão militar ou crime propriamente militar, mento de taxas, a obtenção de certidões em repartições pú-
definidos em lei. blicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações
(C) Garantia, na forma da lei, da gratuidade ao registro civil de de interesse pessoal, coletivo ou geral.
nascimento, à certidão de óbito e às ações de habeas corpus d) se concederá habeas data para assegurar o conhecimento
e habeas data, exclusivamente àqueles que forem reconheci- de informações relativas à pessoa do impetrante ou de inte-
damente pobres. resse coletivo ou geral, constantes de registros ou bancos de
(D) Garantia ao brasileiro, nato ou naturalizado, de que não dados de entidades governamentais ou de caráter público.
será extraditado por crime comum. e) todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
14. Conceder-se-á mandado de injunção geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de res-
(A) para assegurar o conhecimento de informações relativas à ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
pessoa do impetrante, constante de registros de entidades cindível à segurança da sociedade e do Estado.
governamentais ou de caráter público.
(B) sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviá- 18. Leia as seguintes afirmações:
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das I. Segundo o caput do art. 5.o da Constituição Federal, é
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cida- assegurada a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
dania. igualdade, à segurança e à propriedade aos brasileiros e aos
(C) para proteger direito líquido e certo, quando o responsável estrangeiros residentes no país. Isso significa que não há
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública no qualquer diferenciação constitucional, em relação aos direitos
exercício de atribuições do Poder Público. individuais, coletivos, sociais e políticos, que os nacionais e
(D) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo estrangeiros gozam sob a égide da Carta da República.
por processo sigiloso, judicial ou administrativo. II. As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais
(E) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de têm aplicação imediata e não excluem outros decorrentes do
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, regime e dos princípios adotados pela Constituição, ou ainda,
por ilegalidade ou abuso de poder. dos tratados internacionais dos
quais nosso país fizer parte.
15. Assinale a alternativa incorreta: III. De acordo com o art. 5.º, §3.o da Constituição Federal, os
a) é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo tratados internacionais que versarem sobre direitos humanos
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, e forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgi- dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
as; bros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
b) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela poden- IV. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os
do penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso maiores de dezoito anos. Porém, não podem se alistar como

Conhecimentos Específicos 285 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
eleitores os estrangeiros, os clérigos e, durante o período de tes”). Note-se que a Constituição estende a garantia do con-
serviço militar obrigatório, os conscritos. traditório e da ampla defesa aos processos administrativos.
São corretas apenas as afirmativas
(A) I e II. 24. Garantias jurisdicionais - A primeira garantia jurisdicional
(B) I e III. vem tratada no art. 50, XXXV: “a lei não excluirá da aprecia-
ção do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”. E a
(C) II e III. inafastabilidade ao acesso ao Judiciário, traduzida no mono-
(D) II e IV. pólio da jurisdição, ou seja, havendo ameaça ou lesão de
(E) III e IV. direito, não pode a lei impedir o acesso ao Poder Judiciário.
Anote-se que o preceito constitucional não reproduz cláusula
19. O direito à associação, previsto constitucionalmente como constante da Emenda Constitucional n. 1, de 1969 (art. 153, §
um direito fundamental, pode ser caracterizado pela 4º), a qual possibilitava que o ingresso em juízo poderia ser
(A) liberdade de associação, pois ninguém poderá ser compe- condicionado à prévia exaustão das vias administrativas,
lido a se associar ou a se manter associado. desde que não fosse exigida garantia de instância, sem ultra-
(B) não intervenção estatal no funcionamento das associa- passar o prazo de cento e oitenta dias para a decisão do
ções, sendo necessária autorização para a constituição de pedido. Assim, não existe mais o contencioso administrativo:
cooperativas. o acesso ao Poder Judiciário é assegurado, mesmo pendente
(C) possibilidade de dissolução de uma associação, por pro- recurso na esfera administrativa.
cedimento judicial ou administrativo.
(D) licitude do objeto da associação, admitindo-se a constitui-
ção de associações que possuam caráter paramilitar. 25. Ao dispor que “a propriedade atenderá a sua função soci-
(E) transitoriedade, já que a associação deverá ter caráter al”, o art. 5º, XXIII, da Constituição a desvincula da concepção
transitório, pacífico e realizar-se em local público. individualista do século XVIII. A propriedade, sem deixar de
ser privada, se socializou, com isso significando que deve
20. Assinale a alternativa correta. oferecer à coletividade uma maior utilidade, dentro da con-
a) O princípio da presunção da inocência determina que nin- cepção de que o social orienta o individual.
guém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória. Quanto aos remédios constitucionais:
b) Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação 26. Ação popular é o meio processual a que tem direito
alimentícia e a do depositário infiel. qualquer cidadão que deseje questionar judicialmente a
c) Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público,
devido processo legal, exceto na hipótese de crimes contra a à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
administração pública. patrimônio histórico e cultural.
d) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, 27. O Mandado de Segurança é um instituto jurídico que
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- serve para resguardar Direito líquido e certo, não amparado
centes e drogas afins mesmo que, no último caso, o país que por Habeas Corpus ou Habeas Data, que seja negado, ou
solicita a extradição aplique a pena de morte. mesmo ameaçado, em face de ato de quaisquer dos órgãos
do Estado Brasileiro, seja da Administração direta, indireta,
Nas questões que se seguem, assinale: bem com dos entes despersonalizados e dos agentes
C – se a proposição estiver correta particulares no exercício de atribuições do poder público.
E- se a mesma estiver incorreta Trata-se de um remédio constitucional posto à disposição de
toda Pessoa Física ou jurídica, ou mesmo órgão da
administração pública com capacidade processual.
21. Direitos políticos são os que conferem participação no
poder estatal, através do direito de votar, de ser votado e de
28. O Mandado de Segurança coletivo é ação igualmente de
ocupar funções de Estado. Tais direitos são dados apenas ao
rito especial que determinadas entidades, enumeradas
cidadão, considerando-se como cidadão o nacional no gozo
expressamente na Constituição, podem ajuizar para defesa,
dos direitos políticos (cidadania nacionalidade + direitos
não de direitos próprios inerentes a essas entidades, mas de
políticos). Nacionalidade e cidadania são termos distintos. A
direito líquido e certo de seus membros, ou associados,
nacionalidade adquire-se por fatores relacionados ao
ocorrendo, no caso, o instituto da substituição processual.
nascimento ou pela naturalização. A qualidade de cidadão
Pode ser impetrado por: a) partido político com representação
adquire-se formalmente pelo alistamento eleitoral, dentro dos
no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de
requisitos da lei.
classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
22. Garantias civis - Consistem na obtenção, independente- interesses de seus membros ou associados.
mente do pagamento de taxas, de certidões em repartições
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situa- 29. O mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXXI
ções pessoais (art. 5º, XXXIV, b). O direito à obtenção de da Constituição do Brasil de 1988, é um dos remédios-
certidão é limitado à situação pessoal, e o seu exercício inde- garantias constitucionais, sendo, segundo o Supremo Tribunal
pende de regulamentação. Relacionam-se ainda as garantias Federal (STF), uma ação constitucional usada em um caso
civis com o mandado de segurança e o habeas data. concreto, individualmente ou coletivamente, com a finalidade
de o Poder Judiciário dar ciência ao Poder Legislativo sobre a
23. Garantias processuais - Como garantias processuais, omissão de norma regulamentadora que torne inviável o
destacam-se, na Constituição, a do devido processo legal, exercício dos direitos e garantias constitucionais e das
agora expressamente prevista no art. 5º, LIV (“ninguém será prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo cidadania.
legal”), a do contraditório e a da ampla defesa, asseguradas
no art. 5º, LV (“aos litigantes, em processo judicial ou adminis- 30. Habeas Corpus - Medida que visa proteger o direito de ir e
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o contradi- vir. É concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ame-
tório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela ineren- açado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de

Conhecimentos Específicos 286 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Quando há produção, por parte da defesa, de provas referentes a fatos
apenas ameaça a direito, o habeas corpus é preventivo. negativos.
d) A Constituição Federal assegura que são gratuitos para os
31. Constitui direito e dever individual e coletivo previsto na reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de
Constituição brasileira, além de outros, o seguinte: nascimento e casamento e a certidão de óbito.
(A) é crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos e) Aos tratados sobre direitos humanos, em vigor no plano
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o internacional e interno, a Constituição Federal assegura hie-
Estado Democrático. rarquia de norma constitucional
(B) é violável a intimidade, a honra e a imagem das pessoas,
salvo a sua vida privada. 36 . Considere as seguintes assertivas a respeito dos direitos
(C) o cidadão poderá ser privado de direitos por motivo de e deveres individuais:
crença religiosa, ainda que a invocar para eximir-se de obri- I – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
gação legal. fi ca e de comunicação, independente de censura, observada
(D) é limitada a liberdade de associação, permitida a de cará- a necessidade de licença.
ter paramilitar, nos termos da lei. II – todos podem reunir-se pacifi camente, sem armas, em
(E) todo trabalhador será compelido a associar-se e a perma- locais abertos ao público, desde que haja autorização da
necer associado a sindicato de sua categoria profissional. autoridade pública competente e que não frustrem outra reu-
nião anteriormente convocada para o mesmo local.
32. No que concerne aos direitos e deveres individuais e III– todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
coletivos, nos termos preconizados pela Constituição Federal ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
de 1988 é correto afirmar: geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de res-
(A) A organização sindical, legalmente constituída e em funci- ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
onamento há pelo menos 6 meses poderá impetrar mandado cindível à segurança da sociedade e do Estado.
de segurança coletivo, em defesa dos interesses de seus IV– a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
membros ou associados. acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apena-
(B) O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- do.
V– às presidiárias serão asseguradas condições para que
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
possam permanecer com seus fi lhos durante o período de
(C) O preso não tem direito à identificação dos responsáveis amamentação.
por sua prisão ou por seu interrogatório policial, se for salutar Assinale a opção verdadeira.
para a manutenção da segurança. a) I, IV e V estão corretas.
(D) Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popu- b) III, IV e V estão corretas.
lar que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público, ficando c) II, III e IV estão corretas.
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais, d) I, II e III estão incorretas.
mas deverá suportar em qualquer hipótese o ônus da sucum- e) I, II e V estão incorretas.
bência.
(E) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença 37. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos e
religiosa ou de convicção filosófica ou política, ainda que as garantias fundamentais previstos na Constituição Federal.
invoque para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e (A) A casa é asilo inviolável do indivíduo, e ninguém nela
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. pode penetrar, a não ser, unicamente, por ordem judicial.
(B) Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
33. Tendo em vista os remédios constitucionais: publicação ou reprodução de suas obras, direito que se extin-
a) A ação popular pode ser ajuizada por pessoa física ou gue com a sua morte, não sendo transmissível aos seus her-
jurídica, nacional ou estrangeira. deiros.
b) Conceder-se-á "habeas corpus" sempre que alguém so- (C) A lei não poderá restringir a publicidade dos atos proces-
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em suais, exceto para a defesa da intimidade ou do interesse
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de social.
poder. (D) A prática do racismo é crime imprescritível, mas que per-
c) O mandado de segurança pode ter o prazo de impetração mite a fiança.
de cento e vinte dias interrompido em razão de oferecimento (E) A Constituição Federal admite, entre outras, as penas de
de pedido de reconsideração. privação da liberdade, perda de bens e de trabalhos forçados.
d) Conceder-se-à "habeas data" sempre que a falta de nor-
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e 38. Quando a falta de norma regulamentadora impedir o exer-
das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à cício dos direitos e liberdades constitucionais do cidadão, este
nacionalidade, à soberania e à cidadania. poderá ajuizar
(A) o mandado de segurança.
34. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo (B) o mandado de injunção.
assegurado: (C) o habeas data.
a) o livre exercício dos cultos religiosos (D) a ação direta de inconstitucionalidade.
b) garantia e proteção aos locais de culto (E) a ação popular.
c) garantia a proteção as liturgias
d) todas as alternativas estão corretas 39. Assinale a alternativa incorreta:
a) é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
35. Dos direitos e garantias fundamentais, marque a única assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
opção correta. na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgi-
a) A redução da jornada de trabalho é vedada expressamente as;
pela Constituição Federal. b) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela poden-
b) Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime do penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
político, salvo se esse crime político tiver sido tipificado em de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
tratado internacional. durante o dia, por determinação judicial;
c) Decorre da presunção de inocência, consagrada no art. 5º, c) é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
da Constituição Federal, a impossibilidade de exigência de ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,

Conhecimentos Específicos 287 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasi-
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal leira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
ou instrução processual penal; Federativa do Brasil;
d) a prática do racismo constitui crime afiançável, sujeito à c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
pena de detenção. brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
ra competente ou venham a residir na República Federativa
40. Assinale a alternativa correta. do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
a) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem maioridade, pela nacionalidade brasileira.
prévia cominação legal, exceto nos casos de crimes contra a d) todas as alternativas estão corretas
administração pública.
b) A lei penal não retroagirá, ainda que para beneficiar o réu. 47. Com relação aos princípios constitucionais da Administra-
c) A pena de morte é absolutamente vedada pela Constituição ção Pública, considere:
Federal. I. A Constituição Federal proíbe expressamente que conste
d) Não será concedida extradição de estrangeiro por crime nome, símbolo ou imagens que caracterizem promoção pes-
político ou de opinião. soal de autoridade ou servidores públicos em publicidade de
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
41. Não é privativo de brasileiros natos o cargo públicos.
(A) de Presidente da República. II. Todo agente público deve realizar suas atribuições com
(B) de Presidente do Senado Federal. presteza, perfeição e rendimento funcional.
(C) de carreira diplomática. As afirmações citadas correspondem, respectivamente, aos
(D) de Governador do Estado. princípios da
(E) de Ministro do Supremo Tribunal Federal. (A) impessoalidade e eficiência.
(B) publicidade e moralidade.
42. São condições de elegibilidade, na forma da lei, a idade (C) legalidade e impessoalidade.
mínima de
(D) moralidade e legalidade.
(A) trinta anos para Vice-Presidente.
(B) dezoito anos para Deputado Estadual. (E) eficiência e publicidade.
(C) vinte e um anos para Prefeito.
(D) trinta anos para Senador. 48. A República Federativa do Brasil, formada pela união
(E) vinte e um anos para Governador. indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
43. É correto afirmar que fundamentos:
(A) o prazo de validade do concurso público será de até cinco I - a soberania;
anos, prorrogável uma vez, por igual período. II - a cidadania;
(B) os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público III - a dignidade da pessoa humana;
serão computados e acumulados para fim de concessão de IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
acréscimos ulteriores. V - o pluralismo político.
(C) são estáveis após 2 anos de efetivo exercício os servido- Estão corretas:
res nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de a) todas estão corretas
concurso público. b) somente quatro delas estão corretas
(D) a lei poderá estabelecer qualquer forma de contagem de c) somente três estão corretas
tempo de contribuição fictício. d) somente duas estão corretas
(E) é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
exceto quando houver compatibilidade de horários, a de um 49. Constituem objetivos fundamentais da República Federa-
cargo de professor com outro, técnico ou científico. tiva do Brasil:
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária;
44. Segundo a Constituição Federal vigente, a República b) garantir o desenvolvimento nacional;
Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
Direito e tem como um dos seus princípios fundamentais gualdades sociais e regionais;
(A) o pluralismo político. d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
(B) a democracia liberal. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimi-
(C) a bicameralidade. nação.
(D) a multiplicidade de legendas partidárias. e) todos estão corretos
(E) a obrigatoriedade do voto.
50. Assinale a alternativa incorreta:
45. Nos termos da Constituição Federal vigente, a) São estáveis após dois anos de efetivo exercício os servi-
(A) a proteção do trabalhador contra a despedida arbitrária há dores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de ser estabelecida em lei ordinária. de concurso público.
(B) é permitida a criação de mais de uma entidade sindical, b) Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
representativa de categoria profissional ou econômica, na servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
mesma base territorial. proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aprovei-
(C) admite-se a não equiparação dos direitos do trabalhador tamento em outro cargo.
avulso e do trabalhador com vínculo empregatício. c) Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
(D) é obrigatória a participação dos sindicatos nas negocia- tória a avaliação especial de desempenho por comissão insti-
ções coletivas de trabalho. tuída para essa finalidade.
(E) é legítima a distinção entre trabalho manual, técnico e d) A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
intelectual. de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servido-
res públicos, constituindo-se a participação nos cursos um
46. São brasileiros natos: dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço federados.
de seu país;

Conhecimentos Específicos 288 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
51. A República Federativa do Brasil não tem como um dos idade, se homem, ou aos setenta e cinco anos, se mulher,
seus fundamentos com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
a) a soberania. d) os servidores abrangidos por esse regime de previdência
b) a cidadania. serão aposentados por invalidez permanente, sendo os pro-
c) o monismo político. ventos proporcionais ao tempo de contribuição.
d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. e) é vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
e) a dignidade da pessoa humana. para a concessão de aposentadoria aos servidores abrangi-
dos por esse regime de previdência, ressalvados, nos termos
52. Sobre o direito de acesso às informações mantidas pela definidos pela legislação do regime geral da previdência soci-
Administração Pública, reconhecido como direito fundamental al, os casos, entre outros, de servidores que exerçam ativida-
inerente aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, des de risco iminente.
ou afirmado como parâmetro objetivo de atuação da Adminis-
tração Pública, é correto afirmar que 55. É órgão do Poder Judiciário o(a)
a) é dever da Administração Pública assegurar aos cidadãos a) Advocacia-Geral da União.
o acesso às informações por ela mantidas mas, ao mesmo b) Tribunal de Contas da União.
tempo, é seu dever resguardar o sigilo da fonte. c) Ministério Público do Estado do Espírito Santo.
b) a lei disciplinará as formas de participação do usuário na d) Superior Tribunal Militar.
administração pública direta e indireta, regulando especial- e) Polícia Militar, quando investida em atividades de investi-
mente o acesso dos estrangeiros não residentes no País a gação criminal.
registros administrativos e a informações sobre atos de go-
verno. 56. Com relação à acumulação de funções e vencimentos dos
c) são a todos assegurados, independentemente do paga- servidores públicos da administração direta, autárquica e
mento de taxas, a obtenção de certidões em repartições pú- fundacional, é correto afirmar que
blicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações (A) a acumulação de cargos constitucionalmente é permitida,
de interesse pessoal, coletivo ou geral. desde que se trate de acumulação de um cargo técnico ou
d) se concederá habeas data para assegurar o conhecimento científico com um cargo de professor, sem cumulação de
de informações relativas à pessoa do impetrante ou de inte- vencimentos de cada função.
resse coletivo ou geral, constantes de registros ou bancos de (B) a acumulação de cargos é excepcionalmente permitida,
dados de entidades governamentais ou de caráter público. no caso de dois cargos ou empregos privativos de profissio-
e) todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa- nais de saúde, com profissões regulamentadas, com a acu-
ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou mulação dos vencimentos de cada função.
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de res- (C) o servidor investido no mandato de Vereador, desde que
ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- haja compatibilidade de horários para o exercício de ambas
cindível à segurança da sociedade e do Estado. atribuições, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.
53. Sobre os cargos, empregos e funções públicas, é consti- (D) o servidor investido no mandato de Prefeito será afastado
tucionalmente incorreto afirmar do cargo, emprego ou função que antes desempenhava,
a) que, na União, compete ao Presidente da República dispor, sendo-lhe vedada a cumulação de remunerações, e percebe-
mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos rá, compulsoriamente, os subsídios atribuídos ao Prefeito
públicos. Municipal.
b) que a investidura em cargo ou emprego público depende (E) tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri-
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de tal, o servidor ficará afastado de seu cargo, emprego ou fun-
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade ção, sem prejuízo da remuneração percebida no serviço pú-
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas blico, cumulando-a com a do mandato eletivo.
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração. 57. Considere as assertivas abaixo, relacionadas à Adminis-
c) que eles são acessíveis aos estrangeiros, na forma da lei. tração Pública.
d) que, durante o prazo improrrogável, previsto no edital de I. É permitida, desde que estabelecida em lei, a contratação
convocação, aquele aprovado em concurso público de provas por tempo determinado para atender a necessidade temporá-
ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre ria de excepcional interesse público.
novos concursados para assumir cargo ou emprego, na car- II. O direito à livre associação sindical é irrestritamente garan-
reira. tido ao servidor público civil e ao militar.
e) que as funções de confiança, exercidas exclusivamente por III. A administração fazendária goza, dentro de sua área de
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis- competência e jurisdição, de precedência sobre os demais
são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca- setores administrativos, na forma da lei.
sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, desti- IV. Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
nam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assesso- civil ou militar serão computados para fins de concessão de
ramento. acréscimos ulteriores.
V. Os vencimentos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário
54. É correto afirmar, sobre o regime de previdência constitu- não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
cionalmente assegurado aos servidores titulares de cargos Estão corretas APENAS as que se encontram em
efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos (A) II e IV.
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que (B) I, II e IV.
a) ele terá caráter não contributivo, salvo quanto aos servido- (C) III, IV e V.
res ingressos no serviço público após 1º de janeiro de 2004. (D) I, III e V.
b) os servidores abrangidos por esse regime de previdência (E) III e IV.
poderão aposentar-se voluntariamente, desde que cumprido,
entre outras condições, o tempo mínimo de dez anos de efeti- 58. O servidor público abrangido pelo regime de previdência
vo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo previsto na Constituição Federal, será aposentado compulso-
em que se dará a aposentadoria. riamente aos
c) os servidores abrangidos por esse regime de previdência (A) sessenta e cinco anos de idade, com proventos integrais.
serão aposentados compulsoriamente aos setenta anos de

Conhecimentos Específicos 289 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(B) setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao (B) o número de juízes na unidade jurisdicional será proporci-
tempo de contribuição. onal à efetiva demanda e à respectiva população.
(C) sessenta e cinco anos de idade, com proventos proporci- (C) a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado
onais ao tempo de serviço. férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funci-
(D) setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao onando, nos dias em que não houver expediente forense
tempo de serviço. normal, juízes em plantão permanente.
(E) sessenta anos de idade, com proventos integrais. (D) as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo
59. Nos termos da Constituição Federal de 1988, os Poderes voto da maioria absoluta de seus membros.
Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão os valores dos (E) a distribuição de processos será por cotas na primeira
subsídios e da remuneração dos cargos e empregos públicos: instância e imediata na segunda.
(A) anualmente.
(B) semestralmente. 65. No que concerne ao Conselho Nacional de Justiça, pode-
se afirmar que
(C) trimestralmente.
(A) será presidido pelo Ministro do Superior Tribunal de Justi-
(D) bimensalmente.
ça, que votará em caso de empate, ficando excluído da distri-
(E) mensalmente.
buição de processos naquele tribunal.
(B) é composto por onze membros, com mais de trinta e cinco
60. Dentre as proposições abaixo, é INCORRETO afirmar que
e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de
a República Federativa do Brasil tem como fundamentos,
dois anos, admitida uma recondução.
dentre outros,
(C) o Ministro do Supremo Tribunal Federal exercerá a função
(A) a cidadania e o pluralismo político.
de Ministro-Corregedor.
(B) a soberania e a dignidade da pessoa humana.
(D) os seus membros serão nomeados pelo Presidente da
(C) o pluralismo político e a valorização social do trabalho.
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absolu-
(D) a dignidade da pessoa humana e o valor da livre iniciativa.
ta do Congresso Nacional.
(E) a autonomia e a dependência nacional.
(E) junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da Repú-
blica e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Ad-
61. Nos termos da Constituição Federal, a ação, quanto aos
vogados do Brasil.
créditos resultantes das relações de trabalho, prescrevem em
(A) dois anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
66. O pluralismo político é um dos
limite de cinco anos após a extinção do contrato de trabalho.
(A) princípios da administração pública direta e indireta.
(B) três anos para os trabalhadores urbanos e quatro anos
(B) objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
para os rurais, até o limite de três anos, respectivamente,
(C) fundamentos da República Federativa do Brasil.
após a extinção do contrato de trabalho.
(D) princípios norteadores da República Federativa do Brasil
(C) cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
nas suas relações internacionais.
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
(E) direitos sociais assegurados pela Constituição Federal do
(D) três anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
Brasil.
limite de dezoito meses após a extinção do contrato de traba-
lho.
67. Sobre a estabilidade do servidor público, é correto afirmar
(E) cinco anos para os trabalhadores urbanos e três anos
que o servidor
para os rurais, até o limite de cinco anos, respectivamente,
(A) público perderá sua estabilidade por sentença judicial
após a extinção do contrato de trabalho.
transitada em julgado ou mediante processo administrativo no
qual lhe tenham sido assegurados a ampla defesa e o contra-
62. A representação de cada um dos Estados e do Distrito
ditório.
Federal, no Senado Federal, será renovada de
(B) estável, demitido em razão de sentença judicial, que tenha
(A) quatro em quatro anos, sucessivamente, por dois e um
logrado a invalidação desse título judicial, terá direito à reinte-
terço.
gração ao cargo que ocupava. Caso o cargo tenha sido pre-
(B) quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois
enchido por outrem, esse servidor não será reintegrado de
terços.
imediato, permanecendo em disponibilidade.
(C) quatro e oito anos, alternadamente, por dois e um terço.
(C) estável, tendo seu cargo extinto ou declarada a sua des-
(D) oito em oito anos, sucessivamente, por um e dois terços.
necessidade, ficará em disponibilidade, percebendo sua re-
(E) quatro e oito anos, respectivamente, por dois e um terço.
muneração integralmente, até que seja possível seu aprovei-
tamento em outro cargo.
63. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-
(D) estável poderá perder seu cargo por insuficiência de de-
Presidente da República, ou vacância dos respectivos cargos,
sempenho, apenas nos três primeiros anos de efetivo exercí-
serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidên-
cio, mediante procedimento de avaliação periódica,que deve-
cia, o Presidente
rá ser disciplinado por lei complementar.
(A) do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados e o do
(E) que tenha sido aprovado por concurso público para cargo
Conselho de Defesa Nacional.
de provimento efetivo, exercido sua função por três anos
(B) do Congresso Nacional, o do Supremo Tribunal Federal e
efetivamente, e tenha sido favoravelmente avaliado em seu
o do Senado Federal.
desempenho por comissão instituída para essa finalidade,
(C) do Supremo Tribunal Federal, o do Senado Federal e o do
adquire o direito à estabilidade.
Congresso Nacional.
(D) da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do
Supremo Tribunal Federal.
(E) do Conselho da República, o do Congresso Nacional e o 68. A Constituição Federal estabelece sanções políticas,
do Senado Federal. administrativas e penais ao servidor público que não
cumprir com o dever de probidade. São elas:
64. Com relação ao Poder Judiciário, é INCORRETO afirmar
que (A) ressarcimento de danos ao erário público, manutenção
(A) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes dos direitos pessoais, alteração da função exercida; indispo-
consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento. nibilidade dos bens.

Conhecimentos Específicos 290 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(B) manutenção dos direitos políticos e pessoais, perda da (A) trinta anos para Vice-Presidente.
função pública; ressarcimento de danos ao erário público; (B) dezoito anos para Deputado Estadual.
disponibilidade dos bens. (C) vinte e um anos para Prefeito.
(C) reposição dos bens materiais ao erário público; suspen- (D) trinta anos para Senador.
são dos direitos de locomoção e comunicação; proibição de (E) vinte e um anos para Governador.
investidura em outro cargo público.
(D) suspensão dos direitos políticos; proibição do exercício do 73. A respeito dos Deputados e Senadores, é correto afirmar:
cargo; exposição de verba pública; alienação dos bens pes- (A) são invioláveis, penalmente, por suas opiniões, palavras e
soais. votos, mas podem responder civilmente se acusarem alguém
(E) suspensão dos direitos políticos; perda da função pública; sem provas.
indisponibilidade dos bens; ressarcimento de danos ao erário (B) desde a expedição do diploma, serão submetidos a julga-
público. mento perante o Superior Tribunal de Justiça.
(C) não poderão ser presos, nem mesmo em caso de flagran-
69. Sobre os Poderes do Estado e respectivas funções, sobre te delito, a não ser com autorização da Presidência da res-
eficácia e significado da Constituição e sobre a análise do pectiva Casa.
princípio hierárquico das normas, marque a única opção cor- (D) perderão o mandato quando sofrerem condenação crimi-
reta. nal em sentença transitada em julgado.
a) Segundo a doutrina mais atualizada, nem todas as normas (E) terão sua imunidade automaticamente suspensa durante o
constitucionais têm natureza de norma jurídica, pois algumas estado de sítio.
não possuem eficácia positiva direta e imediata.
b) O exercício da função jurisdicional, uma das funções que 74. Compete privativamente à União legislar sobre
integram o poder político do Estado, não é exclusivo do Poder (A) organização da Defensoria Pública do Distrito Federal.
Judiciário. (B) proteção à infância e à juventude.
c) As normas de aplicabilidade limitada dependem sempre de (C) direito penitenciário.
uma lei que lhes complete a normatividade, de maneira que (D) procedimentos em matéria processual.
possam produzir seus efeitos essenciais.
d) Na concepção materialista de Constituição, é dada rele-
75. Tendo em vista o disposto no texto constitucional vigente,
vância ao processo de formação das normas constitucionais,
que, além de ser intencional, deve produzir um conjunto sis- assinale a alternativa correta a respeito dos Estados Federa-
temático com unidade, coerência e força jurídica próprias,
dos.
dentro do sistema jurídico do Estado.
e) A norma geral da União, elaborada no exercício de sua (A) Os Estados podem, mediante lei ordinária, instituir regiões
competência legislativa concorrente, é hierarquicamente su- metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, cons-
perior à norma suplementar estadual. tituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
grar a organização, o planejamento e a execução de funções
70. Sobre a organização do Estado, marque a única opção públicas de interesse comum.
correta. (B) Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
a) Tanto no caso do desmembramento, como no caso de concessão, os serviços de gás canalizado, na forma da lei,
subdivisão de um Estado, para formar novos Estados ou vedada a edição de medida provisória para a sua regulamen-
Territórios, a população diretamente interessada, que irá tação.
participar do plebiscito convocado pelo Congresso Nacional, é (C) O número de Deputados à Assembléia Legislativa corres-
toda a população do Estado. ponderá ao dobro da representação do Estado na Câmara
b) Embora seja competência da União exercer monopólio dos Deputados, não podendo ultrapassar o total de 94 Depu-
estatal sobre a industrialização e o comércio de minérios tados.
nucleares e seus derivados, são autorizadas, sob regime de (D) Pertencem aos Estados vinte por cento do produto da
permissão, a produção, a comercialização e a utilização de arrecadação do imposto sobre produtos industrializados.
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas.
c) A decretação de intervenção da União em um Estado que 76. No que tange à organização constitucional do Poder Le-
suspendeu o pagamento da dívida fundada por mais de dois gislativo, é correto afirmar que
anos consecutivos, sem motivo de força maior, depende de (A) cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente
provimento, pelo Superior Tribunal de Justiça, de representa- da República, resolver definitivamente sobre tratados, acor-
ção proposta pelo Procurador-Geral da República. dos ou atos internacionais que acarretem encargos ou com-
d) Nos termos da Constituição Federal, os aumentos pecuniá- promissos gravosos ao patrimônio nacional.
rios percebidos por servidor público não serão computados ou (B) compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presi-
acumulados para fim de concessão de acréscimos ulteriores, dente da República, autorizar referendo e convocar plebiscito.
salvo expressa determinação legal. (C) compete privativamente ao Senado Federal aprovar pre-
e) Mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgâ- viamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha
nica, é facultado aos Estados e ao Distrito Federal estabele- de Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
cer como limite único, para o subsídio dos Deputados Esta- Presidente da República.
duais e Distritais, o subsídio mensal dos desembargadores do (D) a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-
respectivo Tribunal de Justiça. ão em sessão conjunta, exclusivamente, para inaugurar a
sessão legislativa, receber o compromisso do Presidente da
71. Assinale a opção correta. São privativos de brasileiro nato República e conhecer do veto e sobre ele deliberar.
os cargos, exceto:
a) de Presidente e Vice-Presidente da República. 77. O artigo primeiro da Constituição da República Federativa
b) de Ministro do Supremo Tribunal Federal. do Brasil afirma que “A República Federativa do Brasil, for-
c) de Deputados e Senadores. mada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
d) de Oficial das Forças Armadas. Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direi-
e) da carreira diplomática. to”. Diante desta proposição, assinale a alternativa correta.
a) A república é forma de estado; e a federação, sistema de
72. São condições de elegibilidade, na forma da lei, a idade governo.
mínima de

Conhecimentos Específicos 291 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) A república é forma de governo; e a federação, sistema de _______________________________________________________
governo.
c) A república é sistema de governo; a federação, sistema de _______________________________________________________
estado _______________________________________________________
d) A república é forma de governo; e a federação, forma de
estado. _______________________________________________________
_______________________________________________________
78. Conforme o texto da Constituição Federal, constituem
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, _______________________________________________________
EXCETO:
_______________________________________________________
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária.
b) a autodeterminação dos povos. _______________________________________________________
c) garantir o desenvolvimento nacional.
d) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- _______________________________________________________
gualdades sociais e regionais. _______________________________________________________
79. Assinale a alternativa correta. _______________________________________________________
a) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem _______________________________________________________
prévia cominação legal, exceto nos casos
de crimes contra a administração pública. _______________________________________________________
b) A lei penal não retroagirá, ainda que para beneficiar o réu.
c) A pena de morte é absolutamente vedada pela Constituição _______________________________________________________
Federal. _______________________________________________________
d) Não será concedida extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião. _______________________________________________________
_______________________________________________________
80. Assinale a alternativa INCORRETA.
a) São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho. _______________________________________________________
b) O seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntá-
_______________________________________________________
rio, é direito dos trabalhadores urbanos e rurais assegurado
pela Constituição Federal. _______________________________________________________
c) A Constituição Federal veda a remuneração do trabalho
noturno superior à do diurno. _______________________________________________________
d) A retenção dolosa de salário constitui crime, segundo a _______________________________________________________
Constituição.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS
01. D 11. C 21. C 31. A 41. D _______________________________________________________
02. B 12. D 22. C 32. B 42. C
_______________________________________________________
03. D 13. A 23. C 33. B 43. E
04. D 14. B 24. C 34. D 44. A _______________________________________________________
05. D 15. D 25. C 35. C 45. D
06. A 16. A 26. C 36. B 46. D ______________________________________________________
07. D 17. E 27. C 37. C 47. A _______________________________________________________
08. B 18. C 28. C 38. B 48. A
09. C 19. A 29. C 39. D 49. E _______________________________________________________
10. B 20. A 30. C 40. D 50. A _______________________________________________________
51. C 61. C 71. C _______________________________________________________
52. E 62. B 72. C
_______________________________________________________
53. A 63. D 73. D
54. B 64. E 74. A _______________________________________________________
55. D 65. E 75. B
56. C 66. C 76. C _______________________________________________________
57. D 67. E 77. D _______________________________________________________
58. B 68. E 78. B
59. A 69. B 79. D _______________________________________________________
60. E 70. B 80. C _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________

Conhecimentos Específicos 292 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Gisele Rodrigues - giselemorenarodrigues@msn.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br

Você também pode gostar