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Apostila Do Psicologo
Apostila Do Psicologo
PSICÓLOGO
ÍNDICE
Nível Superior
LÍNGUA PORTUGUESA:
Ortografia oficial. .......................................................................................................................... 43
Acentuação gráfica. ..................................................................................................................... 41
Flexão nominal e verbal. .............................................................................................................. 59
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. Advérbios. ........................................... 63
Conjunções coordenativas e subordinativas. ................................................................................ 75
Emprego de tempos e modos verbais. ......................................................................................... 67
Vozes do verbo. ........................................................................................................................... 67
Concordância nominal e verbal. Regência nominal e verbal. ....................................................... 81
Sintaxe. ........................................................................................................................................ 77
Ocorrência de crase. .................................................................................................................... 49
Pontuação.................................................................................................................................... 48
Intelecção de texto. ........................................................................................................................ 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Legislação do SUS ............................................................................................................................................. 1
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 .......................................................................................................... 4
Resolução CFP Nº 010/05 - O Código de Ética Profissional do Psicólogo - Em vigor desde o dia 27 de
agosto de 2005. ................................................................................................................................................13
Resolução CFP N.º 007/2003 Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de Avaliações Psi-
cológicas ..........................................................................................................................................................15
Resolução CFP Nº 010/2010 - Institui a regulamentação da Escuta Psicológica de Crianças e Adoles-
centes envolvidos em situação de violência, na Rede de Proteção. ..............................................................18
Resolução CFP Nº 008/2010 - Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico
no Poder Judiciário. .........................................................................................................................................19
BRASIL, LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sistema Nacional de Atendimento Socioedu-
cativo - SINASE) ..............................................................................................................................................20
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências...........................................................................................................................................30
A constituição do objeto libidinal patologia das relações objetais. ..................................................................94
Prevenção e efeitos da privação materna. ......................................................................................................95
O papel do pai. ..............................................................................................................................................107
As inter-relações familiares: casamento, conflito conjugal, separação, guarda dos filhos. ..........................117
A criança e a separação dos pais. ................................................................................................................128
A criança e o adolescente vitimizados. .........................................................................................................129
Natureza e origens da tendência anti-social. ................................................................................................139
Os direitos fundamentais da criança e do adolescente. ................................................................................148
As medidas específicas de proteção à criança e ao adolescente. ...............................................................149
Noções de Direito da Família. .......................................................................................................................152
A colocação em família substituta - Guarda, Tutela, Adoção. ......................................................................200
Adolescência, Drogadição e Família. ............................................................................................................202
1 Psicólogo
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A apuração de ato infracional atribuído ao adolescente. ..............................................................................206
As medidas sócio-educativas. .......................................................................................................................212
O trabalho do psicólogo e as atribuições da equipe interprofissional na Vara da Infância e da Juventu-
de, nas Varas da Família e das Sucessões e nas Varas Especiais da Infância e da Juventude. ................214
Psicodiagnóstico - técnicas utilizadas. ..........................................................................................................221
A entrevista psicológica. ................................................................................................................................240
Relatórios e laudos periciais psicológicos. ....................................................................................................245
Ética profissional. ...........................................................................................................................................249
2 Psicólogo
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LÍNGUA PORTUGUESA
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APOSTILAS OPÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA
autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado certamente
incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto funcional e ler com
atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, assim como
uma técnica, que fará de nós leitores proficientes e sagazes. Agora que
você já conhece nossas dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons
estudos! Luana Castro Alves Perez
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá
até o fim, ininterruptamente;
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos
Ortografia oficial. 43 umas três vezes ou mais;
Acentuação gráfica. 41 04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
Flexão nominal e verbal. 59 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colo- 07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compre-
cação. Advérbios. 63 ensão;
Conjunções coordenativas e subordinativas.75 08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto cor-
Emprego de tempos e modos verbais. 67 respondente;
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
Vozes do verbo. 67 10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta,
Concordância nominal e verbal. Regência nominal incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que
e verbal. 81 aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
Sintaxe. 77 perguntou e o que se pediu;
Ocorrência de crase. 49 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
exata ou a mais completa;
Pontuação. 48 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
Intelecção de texto. 1 lógica objetiva;
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
DICAS PARA UMA BOA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a
Uma boa interpretação de texto é importante para o desenvolvimento
resposta;
pessoal e profissional, por isso elaboramos algumas dicas preciosas para
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor,
auxiliar você nos seus estudos.
definindo o tema e a mensagem;
Você tem dificuldades para interpretar um texto? Se a sua resposta for 17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
sim, não se desespere, você não é o único a sofrer com esse problema que 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantís-
afeta muitos leitores. simos na interpretação do texto.
Ex.: Ele morreu de fome.
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar inúmeros pro- de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização
blemas, afetando não só o desenvolvimento profissional, mas também o do fato (= morte de "ele").
desenvolvimento pessoal. O mundo moderno cobra de nós inúmeras com- Ex.: Ele morreu faminto.
petências, uma delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava
a uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de entender quando morreu.;
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está relacionado com 19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as idei-
a dificuldade de decifrar as entrelinhas do código, pois a leitura mecânica é as estão coordenadas entre si;
bem diferente da leitura interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza
analogias e criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo
de textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas dúvidas. Cunegundes
Uma interpretação de texto competente depende de inúmeros fatores,
mas nem por isso deixaremos de contemplar alguns que se fazem essenci- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
ais para esse exercício. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos das TEXTO NARRATIVO
minúcias presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz • As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, for-
suficiente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, ças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar
sempre releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos surpre- dos fatos.
endentes que não foram observados anteriormente. Para auxiliar na busca
de sentidos do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do heroína, personagem principal da história.
conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados,
pelo menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do prota-
estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação gonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias supracitadas ou contracena em primeiro plano.
apresentando novos conceitos.
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar-
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra-
pelo autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
ção.
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos
nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso
O narrador que está a contar a história também é uma personagem,
na superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história. Formas de apresentação da fala das personagens
Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso- três maneiras de comunicar as falas das personagens.
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e • Discurso Direto: É a representação da fala das personagens atra-
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma dimen- vés do diálogo.
são psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reações Exemplo:
perante os acontecimentos. “Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, a val a cidade é do povo e de ninguém mais”.
trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo po-
demos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou descendi:
progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o clÍmax, o dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de
desenlace ou desfecho. travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas ou rápidas
os verbos de locução podem ser omitidos.
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre, • Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), ou Exemplo:
seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de inte- “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
resses entre as personagens. dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten- nos sombrios por vir”.
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,
ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos. • Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici- mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração.
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o gê- Exemplo:
nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidiano “Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
constitui uma crônica, o relato de um drama social é um romance alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato central, lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem
que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundários, rela- que estivesse doido. Como poderia andar um homem àquela
cionados ao principal. hora , sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco de pés
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu- no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conter (José Lins do Rego)
informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas ve-
zes, principalmente nos textos literários, essas informações são TEXTO DESCRITIVO
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais carac-
narrativo. terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
• Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
determinado tempo, que consiste na identificação do momento, As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importantes,
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa- tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude que
lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas relações vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para que
podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos, o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma imagem
ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de um fa- unificada.
to que aconteceu depois.
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vari-
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela pouco.
natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra téc-
sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no seu nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
espírito. • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
• Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis- através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a subje-
semos, é a personagem que está a contar a história. A posição em tiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas preferên-
que se coloca o narrador para contar a história constitui o foco, o cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri- que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-
zado por : vo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
- visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o que diz respeito às • Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos acon- personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,
tecimentos e a narração é feita em 3a pessoa. pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e temperamen-
- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da narra- to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so-
tiva que é feito em 1a pessoa. cial e econômico .
- visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê, • Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o
aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per- observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,
sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra- para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa. partes mais típicas desse todo.
• Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de • Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos
apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma
qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos e
feita em 1a pessoa ou 3a pessoa. típicos.
Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, A linguagem normalmente é impessoal e objetiva.
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de
O roteiro da persuasão para o texto argumentativo:
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio.
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- Na introdução, no desenvolvimento e na conclusão do texto argumen-
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um vocabu- tativo espera-se que o redator o leitor de seu ponto de vista. Alguns recur-
lário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. É sos podem contribuir para que a defesa da tese seja concluída com suces-
predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer so. Abaixo veremos algumas formas de introduzir um parágrafo argumenta-
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis- tivo:
mos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
• Declaração inicial: É uma forma de apresentar com assertivi-
TEXTO DISSERTATIVO dade e segurança a tese.
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação cons- ‘ A aprovação das Cotas para negros vem reparar uma divida moral e
ta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou ques- um dano social. Oferecer oportunidade igual de ingresso no Ensino Superi-
tão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever or ao negro por meio de políticas afirmativas é uma forma de admitir a
com clareza, coerência e objetividade. diferença social marcante na sociedade e de igualar o acesso ao mercado
de trabalho.’
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir
o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como • Interrogação: Cria-se com a interrogação uma relação próxima
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. com o leitor que, curioso, busca no texto resposta as perguntas feitas na
introdução.
A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-
do o contexto. ‘ Por que nos orgulhamos da nossa falta de consciência coletiva? Por
que ainda insistimos em agir como ‘espertos’ individualistas?’
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em : • Citação ou alusão: Esse recurso garante à defesa da tese cará-
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- ter de autoridade e confere credibilidade ao discurso argumentativo, pois
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e ob- se apoia nas palavras e pensamentos de outrem que goza de prestigio.
jetiva da definição do ponto de vista do autor.
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo- ‘ As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não
cadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan- chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem
tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias as costas e irem embora’. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado
articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte num sobre o que presenciou na Ruanda é um chamado à consciência públi-
conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de- ca.’’
sencadeia a conclusão.
• Exemplificação: O processo narrativo ou descritivo da exempli-
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideia
ficação pode conferir à argumentação leveza a cumplicidade. Porém,
central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in-
deve-se tomar cuidado para que esse recurso seja breve e não interfira
trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para
no processo persuasivo.
haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer
em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipótese ‘ Noite de quarta-feira nos Jardins, bairro paulistano de classe média.
e opinião. Restaurante da moda, frequentado por jovens bem-nascidos, sofre o se-
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; é gundo ‘arrastão’ do mês. Clientes e funcionários são assaltados e amea-
a obra ou ação que realmente se praticou. çados de morte. O cotidiano violento de São Paulo se faz presente.’’
- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- • Roteiro: A antecipação do que se pretende dizer pode funcionar
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. como encaminhamento de leitura da tese.
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou ‘ Busca-se com essa exposição analisar o descaso da sociedade em
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- relação às coletas seletivas de lixo e a incompetência das prefeituras.’’
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a
respeito de algo. • Enumeração: Contribui para que o redator analise os dados e
exponha seus pontos de vista com mais exatidão.
O TEXTO ARGUMENTATIVO ‘ Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Pau-
Um texto argumentativo tem como objetivo convencer alguém das lo aponta que as maiores vítimas do abuso sexual são as crianças meno-
nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer res de 12 anos. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violência se-
tema ou assunto. xual atendidos pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Bying-
ton.’’
É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia no ar,
depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que o escreve, • Causa e consequência: Garantem a coesão e a concatenação
com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve das ideias ao longo do parágrafo, além de conferir caráter lógico ao pro-
também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meio da cesso argumentativo.
leitura que o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um parágrafo ‘ No final de março, o Estado divulgou índices vergonhosos do Idesp
que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a ideia chave da – indicador desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação para ava-
opinião. liar a qualidade do ensino (…). O péssimo resultado é apenas conse-
Geralmente apresenta uma estrutura organizada em três partes: quência de como está baixa a qualidade do ensino público. As causas
a introdução, na qual é apresentada a ideia principal ou tese; são várias, mas certamente entre elas está a falta de respeito do Estado
o desenvolvimento, que fundamenta ou desenvolve a ideia principal; e que, próximo do fim do 1º bimestre, ainda não enviou apostilas para al-
a conclusão. Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser gumas escolas estaduais de Rio Preto.
de diferentes tipos: exemplos, comparação, dados históricos, dados estatís-
tico, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentos - enfim
• Síntese: Reforça a tese defendida, uma vez que fecha o texto
com a retomada de tudo o que foi exposto ao longo da argumentação.
tudo o que possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo autor tem
Recurso seguro e convincente para arrematar o processo discursivo.
consistência. A conclusão pode apresentar uma possível solução/proposta
ou uma síntese. Deve utilizar título que chame a atenção do leitor e utilizar
variedade padrão de língua.
Língua Portuguesa 3
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APOSTILAS OPÇÃO
‘ Quanto a Lei Geral da Copa, aprovou-se um texto que não é o ideal, 3º parágrafo: A conclusão é desenvolvida com uma proposta de
mas sustenta os requisitos da Fifa para o evento. intervenção relacionada à tese.
O aspecto mais polêmico era a venda de bebidas alcoólicas nos es- “O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os
tádios. A lei eliminou o veto federal, mas não exclui que os organizadores transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnoló-
precisem negociar a permissão em alguns Estados, como São Paulo.’’ gica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais
do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não
• Proposta: Revela autonomia critica do produtor do texto e ga- existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se
rante mais credibilidade ao processo argumentativo. transformar na salvação do mundo.
‘ Recolher de forma digna e justa os usuários de crack que buscam Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral preci-
ajuda, oferecer tratamento humano é dever do Estado. Não faz sentido sam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a
isolar para fora dos olhos da sociedade uma chaga que pertence a to- combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada
dos.’’ Mundograduado.org melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a
Modelo de Dissertação-Argumentativa “ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.” Profª Francinete
Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambi- A dissertação pode ser feita de maneira expositiva ou argumentativa.
ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre- Expositiva
vivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan-
A dissertação é expositiva quando há a abordagem de uma verdade indis-
do analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.
cutível. O texto oferece um conhecimento ou informação sobre o assunto
O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a através da exposição de ideias, não tomando uma posição sobre elas.
se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao
Argumentativa
progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsá-
veis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, pro- A dissertação argumentativa é aquela que aborda o assunto com uma visão
blemas ambientais que afetam a população. crítica, onde o autor defende o seu ponto de vista, buscando sempre con-
vencer o leitor através de evidências, juízos, provas e opiniões relevantes.
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar
os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de
continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente Como interpretar textos
nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma,
podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemáti- É muito comum, entre os candidatos a um cargo público a preocupação
ca. com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informa-
ções específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas
O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os a concursos públicos.
transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnoló-
gica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de
do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não responder as questões relacionadas a textos.
existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se
transformar na salvação do mundo. TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si,
formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNI-
Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral preci-
CATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).
sam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a
combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma
melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a
delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com
“ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.
a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser
Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que
dissertativa assim organizada: o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retira-
da de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um
1º parágrafo: Introdução com apresentação da tese a ser defendi- significado diferente daquele inicial.
da;
“Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambi- INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou
ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre- indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso deno-
vivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan- mina-se INTERTEXTO.
do analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.”
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação
2º parágrafo: Há o desenvolvimento da tese com fundamentos ar- de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-
gumentativos; se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou
“O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
a se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas prova.
ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respon-
sáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
problemas ambientais que afetam a população.
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argu-
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos mentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de 2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças
continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente entre as situações do texto.
nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, 3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade,
podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemáti- opinando a respeito.
ca.” 4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só
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parágrafo.
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras palavras. COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam pala-
vras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coe-
EXEMPLO são dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NE-
XOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que
TÍTULO DO TEXTO se vai dizer e o que já foi dito.
"O HOMEM UNIDO ” OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles,
está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este
PARÁFRASES depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode
A INTEGRAÇÃO DO MUNDO esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor se-
A INTEGRAÇÃO DA HUMANIDADE mântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente.
A UNIÃO DO HOMEM Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto,
HOMEM + HOMEM = MUNDO pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar em
A MACACADA SE UNIU (SÁTIRA) consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
cia, a saber:
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE.
Fazem-se necessários: MAS DEPENDE DAS CONDIÇÕES DA FRASE.
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR.
a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura QUEM (PESSOA)
do texto), leitura e prática; CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O
OBJETO POSSUÍDO.
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; COMO (MODO)
OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das palavras) incluem-se: ONDE (LUGAR)
homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonimia, QUANDO (TEMPO)
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. QUANTO (MONTANTE)
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpre- D - Deduzir: deduz- se somente através do que o texto informa.
tação. Os mais frequentes são:
E - Erros de Interpretação:
a) Extrapolação (viagem) • Extrapolação ( viagem ): é proibido viajar. Não se pode permitir que o
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no pensamento voe.
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. • Redução: síntese serve apenas para facilitar o entendimento do contexto
e para fixar a ideia principal. Na hora de responder lê-se o texto novamente.
b) Redução • Contradição: é proibido contradizer o autor. Só se contradiz se solicitado.
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esque-
cendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente F – Figuras de linguagem: conhecê-las bem ajudam a compreender o
para o total do entendimento do tema desenvolvido. texto e, até, as questões.
c) Contradição G – Gramática: é a “alma” do texto. Sem ela, não haverá texto interpretá-
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o vel. Portanto, estude-a bastante.
tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão.
H - História da Literatura: reconhecer as escolas e os gêneros literários é
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do fundamental. Revise seus apontamentos de literatura.
leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que
deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais. I – Interpretação: o ato de interpretar tem primeiro e principal objetivo a
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identificação da ideia principal. • Intertexto: são as citações que comple- A ideia principal e as secundárias
mentam, ou reforçam, o enfoque do autor .
Para treinarmos a redação de pequenos parágrafos narrativos, vamos
J – Jamais responda “de cabeça”. Volte sempre ao texto. nos colocar no papel de narradores, isto é, vamos contar fatos com base na
organização das ideias.
L – Localizar-se no contexto permite que o candidato DESCUBRA a Leia o trecho abaixo:
resposta.
Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de ferro
M – Mensagem: às vezes, a mensagem não é explícita, mas o contexto quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Com
informa qual a intenção do autor. isso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mas, demons-
trando grande presença de espírito, agachou-se, segurou, com as mãos,
N – Nexos: são importantíssimos na coesão. Estude os pronomes relativos um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.
e as conjunções.
Como você deve ter observado, nesse parágrafo, o narrador conta-nos
um fato acontecido com seu primo. É, pois, um parágrafo narrativo. Anali-
O – Observação: se você não é bom observador, comece a praticar HOJE,
semos, agora, o parágrafo quanto à estrutura.
pois essa capacidade está intimamente ligada à atenção. OBSERVAÇÃO
= ATENÇÃO = BOA INTERPRETAÇÃO. As ideias foram organizadas da seguinte maneira:
P – Parafrasear: é dizer o mesmo que está no texto com outras palavras. É Ideia principal:
o mais conhecido “pega – ratão“ das provas. Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de ferro
quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte.
Q – Questões de alternativas ( de “a” a “e” ): devem ser todas lidas.
Nunca se convença de que a resposta é a letra “a” . Duvide e leia até a letra Ideias secundárias:
“e”, pois a resposta correta pode estar aqui. Com isso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mas,
demonstrando grande presença de espírito, agachou-se, segurou, com as
R – Roteiro de Interpretação mãos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.
Na hora de interpretar um texto, alguns cuidados são necessários: A ideia principal, como você pode observar, refere-se a uma ação peri-
gosa, agravada pelo aparecimento de um trem. As ideias secundárias
a) ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua ideia central; complementam a ideia principal, mostrando como o primo do narrador
b) interpretar as palavras desconhecidas através do contexto; conseguiu sair-se da perigosa situação em que se encontrava.
c) reconhecer os argumentos que dão sustentação a ideia central;
Os parágrafos devem conter apenas uma ideia principal acompanhado
d) identificar as objeções à ideia central;
de ideias secundárias. Entretanto, é muito comum encontrarmos, em pará-
e) sublinhar os exemplos que foram empregados como ilustração da ideia
grafos pequenos, apenas a ideia principal. Veja o exemplo:
central;
f) antes de responder as questões, ler mais de uma vez todo o texto, fazen- O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio.
do o mesmo com as questões e as alternativas;
g) a cada questão, voltar ao texto, não responder “de cabeça”; Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram
h) se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto; aproveitar o bom tempo. Pegaram um animal, montaram e seguiram con-
i) se o enunciado pedir a ideia principal, ou tema, estará situada na introdu- tentes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela mãe.
ção, na conclusão, ou no título; Nesse trecho, há dois parágrafos.
j) se o enunciado pedir a argumentação, esta estará localizada, normalmen-
te, no corpo do texto. No primeiro, só há uma ideia desenvolvida, que corresponde à ideia
principal do parágrafo: O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio.
S – Semântica: é a parte da gramática que estuda o significado das pala- No segundo, já podemos perceber a relação ideia principal + ideias
vras. É bom estudar: homônimos e parônimos, denotação e conotação, secundárias. Observe:
polissemia, sinônimos e antônimos. Não esqueça que a mudança de um “i “
para “e” pode mudar o significado da palavra e do contexto. Ideia principal:
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Essas observações são muito úteis para quem está iniciando os traba- o sexo, a idade, a classe social dos falantes e o grau de formalidade do
lhos de redação. Com o tempo, a prática dirá quando e como usar parágra- contexto. Essas diferenças constituem as variações linguísticas.
fos – pequenos, grandes ou muito grandes.
Observe abaixo as especificidades de algumas variações:
Até aqui, vimos que o parágrafo apresenta em sua estrutura, uma ideia
principal e outras secundárias. Isso não significa, no entanto, que sempre a 1. Profissional: no exercício de algumas atividades profissionais, o
ideia principal apareça no início do parágrafo. Há casos em que a ideia domínio de certas formas de línguas técnicas é essencial. As variações
secundária inicia o parágrafo, sendo seguida pela ideia principal. Veja o profissionais são abundantes em termos específicos e têm seu uso restrito
exemplo: ao intercâmbio técnico.
As estacas da cabana tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo 2. Situacional: as diferentes situações comunicativas exigem de um
estremeceu violentamente sob meus pés. Logo percebi que se tratava de mesmo indivíduo diferentes modalidades da língua. Empregam-se, em
um terremoto. situações formais, modalidades diferentes das usadas em situações infor-
mais, com o objetivo de adequar o nível vocabular e sintático ao ambiente
Observe que a ideia mais importante está contida na frase: “Logo per- linguístico em que se está.
cebi que se tratava de um terremoto”, que aparece no final do parágrafo.
As outras frases (ou ideias) apenas explicam ou comprovam a afirmação: 3. Geográfica: há variações entre as formas que a língua portuguesa
“as estacas tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo estremeceu assume nas diferentes regiões em que é falada. Basta prestar atenção na
violentamente sob meus pés” e estas estão localizadas no início do pará- expressão de um gaúcho em contraste com a de um amazonense. Essas
grafo. variações regionais constituem os falares e os dialetos. Não há motivo
linguístico algum para que se considere qualquer uma dessas formas
Então, a respeito da estrutura do parágrafo, concluímos que as ideias superior ou inferior às outras.
podem organizar-se da seguinte maneira:
4. Social: o português empregado pelas pessoas que têm acesso à
Ideia principal + ideias secundárias escola e aos meios de instrução difere do português empregado pelas
pessoas privadas de escolaridade.
ou
Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que
Ideias secundárias + ideia principal goza prestígio, enquanto outras são vítimas de preconceito por emprega-
É importante frisar, também, que a ideia principal e as ideias se- rem estilos menos prestigiados. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade
cundárias não são ideias diferentes e, por isso, não podem ser separadas de língua – a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e
em parágrafos diferentes. Ao selecionarmos as ideias secundárias deve- cujo domínio é solicitado como modo de ascensão profissional e social.
mos verificar as que realmente interessam ao desenvolvimento da ideia Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que
principal e mantê-las juntas no mesmo parágrafo. Com isso, estaremos alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por aqueles que
evitando e repetição de palavras e assegurando a sua clareza. É importan- não fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona
te, ao termos várias ideias secundárias, que sejam identificadas aquelas o reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita. Assim
que realmente se relacionam à ideia principal. Esse cuidado é de grande se formam, por exemplo, as gírias, as línguas técnicas. Pode-se citar ainda
valia ao se redigir parágrafos sobre qualquer assunto. a variante de acordo com a faixa etária e o sexo.
FALA E ESCRITA A língua padrão está ligada à variedade escrita, culta da língua portu-
guesa. Ela é considerada formal, "correta", e deve ser usada em ocasiões
Registros, variantes ou níveis de língua(gem) mais formais, tanto na escrita , quanto na fala.
A língua não-padrão está ligada à variedade falada, coloquial da nossa
A comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode
transformar-se, através do tempo, e, se compararmos textos antigos com língua. Ela é considerada informal, mais flexível e permite alguns usos que
atuais, perceberemos grandes mudanças no estilo e nas expressões. Por devem ser evitados quando escrevemos : gírias, abreviações, falta dos
que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que conside- plurais nas palavras, etc.Porém, às vezes, encontramos essa variedade
rar múltiplos fatores: época, região geográfica, ambiente e status cultural não-padrão também na variedade escrita : em textos como poesias,
dos falantes. propagandas , jornal,etc. christina luisa
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APOSTILAS OPÇÃO
· Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos, entorno físico e AS PALAVRAS-CHAVE
psíquico
Língua escrita: Ninguém chega à escrita sem antes ter passado pela leitura. Mas leitu-
· Palavra gráfica ra aqui não significa somente a capacidade de juntar letras, palavras,
· É possível esquecer o interlocutor frases. Ler é muito mais que isso. É compreender a forma como está tecido
· É mais sintética e objetiva o texto. Ultrapassar sua superfície e aferir da leitura seu sentido maior, que
· A redundância é apenas um recurso estilístico muitas vezes passa despercebido a uma grande maioria de leitores. Só
· Ganha em permanência uma relação mais estreita do leitor com o texto lhe dará esse sentido. Ler
· Mais correção na elaboração das frases bem exige tanta habilidade quanto escrever bem. Leitura e escrita comple-
· Evita a improvisação mentam-se. Lendo textos bem estruturados, podemos apreender os proce-
· Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais de pontua- dimentos linguísticos necessários a uma boa redação.
ção Numa primeira leitura, temos sempre uma noção muito vaga do que o
· É mais precisa e elaborada autor quis dizer. Uma leitura bem feita é aquela capaz de depreender de um
· Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos texto ou de um livro a informação essencial. Tudo deve ajustar-se a elas de
forma precisa. A tarefa do leitor é detectá-las, a fim de realizar uma leitura
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL capaz de dar conta da totalidade do texto.
Linguagem Verbal - Existem várias formas de comunicação. Quando o Por adquirir tal importância na arquitetura textual, as palavras-chave
homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos normalmente aparecem ao longo de todo o texto das mais variadas formas:
que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a repetidas, modificadas, retomadas por sinônimos. Elas pavimentam o
palavra. Tal código está presente, quando falamos com alguém, quando caminho da leitura, levando-nos a compreender melhor o texto. Além disso,
lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação fornecer a pista para uma leitura reconstrutiva porque nos levam à essência
mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, da informação. Após encontrar as palavras-chave de um texto, devemos
expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos tentar reescrevê-lo, tomando-as como base. Elas constituem seu esqueleto.
por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas. Ela está
presente em textos em propagandas; AS IDEIAS-CHAVE
em reportagens (jornais, revistas, etc.); Muitas vezes temos dificuldades para chegar à síntese de um texto só
pelas palavras-chave. Quando isso acontece, a melhor solução é buscar
em obras literárias e científicas; suas ideias-chave. Para tanto é necessário sintetizar a ideia de cada pará-
na comunicação entre as pessoas; grafo.
Observe a figura abaixo, este sinal demonstra que é proibido fumar em Neste parágrafo, o tópico frasal é o primeiro período (Em .... vivos). Se-
um determinado local. A linguagem utilizada é a não-verbal pois não utiliza gue-se o desenvolvimento especificando o que é dito na introdução. Se o
do código "língua portuguesa" para transmitir que é proibido fumar. Na tópico frasal é uma generalização, e o desenvolvimento constitui-se de
figura abaixo, percebemos que o semáforo, nos transmite a ideia de aten- especificações, o parágrafo é, então, a expressão de um raciocínio deduti-
ção, de acordo com a cor apresentada no semáforo, podemos saber se é vo. Vai do geral para o particular: Todos devem colaborar no combate às
permitido seguir em frente (verde), se é para ter atenção (amarelo) ou se é drogas. Você não pode se omitir.
proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante. Se não há tópico frasal no início do parágrafo e a síntese está na con-
clusão, então o método é indutivo, ou seja, vai do particular para o geral,
dos exemplos para a regra: João pesquisou, o grupo discutiu, Lea redigiu.
Todos colaborando, o trabalho é bem feito.
PARAGRAFAÇÃO
A PARAGRAFAÇÃO
NO/DO TEXTO DISSERTATIVO
(Partes deste capítulo foram adaptados/tirados de PACHECO, Agnelo
C. A dissertação. São Paulo: Atual, 1993 e de SOBRAL, João Jonas Veiga.
Como você percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodi- Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997)
ficadas. Você notou que em nenhuma delas existe a presença da palavra?
O que está presente é outro tipo de código. Apesar de haver ausência da O texto dissertativo é o tipo de texto que expõe uma tese (ideias gerais
palavra, nós temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a sobre um assunto/tema) seguida de um ponto de vista, apoiada em argu-
partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, mentos, dados e fatos que a comprovem.
denomina-se linguagem não-verbal, isto é, usam-se outros códigos (o “A leitura auxilia o desenvolvimento da escrita, pois, lendo, o indivíduo
desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as cores) tem contato com modelos de textos bem redigidos que, ao longo do tempo,
Fonte: www.graudez.com.br farão parte de sua bagagem linguística; e também porque entrará em
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APOSTILAS OPÇÃO
contato com vários pontos de vista de intelectuais diversos, ampliando, como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo hoje, a
dessa forma, sua própria visão em relação aos assuntos. Como a produção cada dia que passa, no mundo em vivemos, na atualidade.
escrita se baseia praticamente na exposição de ideias por meio de pala-
vras, certamente aquele que lê desenvolverá sua habilidade devido ao Listamos aqui algumas formas de começar um texto. Elas vão das mais
enriquecimento linguístico adquirido através da leitura de bons autores.” simples às mais complexas.
TESE/TÓPICO FRASAL: “A leitura auxilia o desenvolvimento da escri- É um grande erro a liberação da maconha. Provocará de imediato vio-
ta.” lenta elevação do consumo. O Estado perderá o controle que ainda exerce
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de
Em seguida o autor defende seu ponto de vista com os seguintes ar- viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Alberto
gumentos: Corazza, Isto é, 20 dez. 1995.
ARGUMENTOS: A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fa-
zer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.
(1)“...lendo o indivíduo tem contato com modelos de textos bem redigi-
dos que ao longo do tempo farão parte de sua bagagem linguística e, Definição
também, (2) porque entrará em contato com vários pontos de vista de
intelectuais diversos, (3) ampliando, dessa forma, a sua própria visão em O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo,
relação aos assuntos.” E por fim, comprovada a sua tese, veja que a ideia isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um
desta é recuperada: modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabe-
lecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais
CONCLUSÃO: “Como a produção escrita se baseia praticamente na ou mesmo a construção cultural, mas que dão também, as formas de ação
exposição de ideias por meio de palavras, certamente aquele que lê desen- humana.
volverá sua habilidade devido ao enriquecimento linguístico adquirido
através da leitura de bons autores.” ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Te-
mas de Filosofia.São Paulo, Moderna, 1992. p.62.
Observe como o texto dissertativo tem por objetivo expressar um de-
terminado ponto de vista em relação a um assunto qualquer e convencer o A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafo-chave,
leitor de que este ponto de vista está correto. Poderíamos afirmar que o sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo
texto dissertativo é um exercício de cidadania, pois nele o indivíduo exerce o primeiro parágrafo.
seu papel de cidadão, questionando valores, reivindicando algo, expondo Divisão
pontos de vista, etc.
Predominam ainda no Brasil convicções errôneas sobre o problema da
Pode-se dizer que: exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder públi-
A paragrafação com tópico frasal seguido pelo desenvolvimento é uma co e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordi-
forma de organizar o raciocínio e a exposição das ideias de maneira clara e nários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que combate à margi-
facilmente compreensível. Quando se tem um plano em que os tópicos nalidade social em Nova York vem contando co intensivos esforços do
principais foram selecionados e poder público e ampla participação da iniciativa privada. Folha de S. Paulo,
17 dez.1996.
dispostos de modo a haver transição harmoniosa de um para outro, é
fácil redigir. Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção
que o parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-las na frase seguinte.
O TÓPICO FRASAL DO PARÁGRAFO: geralmente vem no começo
do parágrafo, seguida de outros períodos que explicam ou detalham a ideia Oposição
central e podem ou não concluir a ideia deste parágrafo. De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo
O DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO: é a explanação da ideia governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabó-
exposta no tópico frasal. Devemos desenvolver nossas ideias de maneira licas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive a educação
clara e convincente, utilizando argumentos e/ou ideias sempre tendo em no Brasil.
vista a forma como iniciamos o parágrafo. As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado/ de outro)
A CONCLUSÃO DO PARÁGRAFO encerra o desenvolvimento, com- que estabelecerá o rumo da argumentação.
pleta a discussão do assunto (opcional) Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste
FORMAS DISCURSIVAS DO PARÁGRAFO exemplo:
A) DESCRITIVO: a matéria da descrição é o objeto. Não há persona- “Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacaram pelo grau
gens em movimento (atemporal). O autor/produtor deve apresentar o de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto à
objeto, pessoa, paisagem etc, de tal forma que o leitor consiga distinguir o cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra, esperança por
ser descrito. observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e
quase sempre como forma de resistência e/ou transformação (...)” FEIJÓ,
B) NARRATIVO: a matéria da narração é o fato. Uma maneira eficiente Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985.p.7.
de organizá-lo é respondendo à seis perguntas: O quê? Quem? Quando?
Onde? Como? Por quê? O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a
compõem.
C) DISSERTATIVO: a matéria da dissertação é a análise (discussão).
Alusão histórica
ELABORAÇÃO/ PLANEJAMENTO DE PARÁGRAFOS
Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-
Ter um assunto oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As
fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de
Delimitá-lo, traçando um objetivo: o que pretende transmitir? competição.
Elaborar o tópico frasal; desenvolvê-lo e concluí-lo O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto.
PARÁGRAFO-CHAVE: FORMAS PARA COMEÇAR UM TEXTO O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criati- Pergunta
va. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns
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APOSTILAS OPÇÃO
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os Exemplos:
contribuintes já estão cansados de tirar do bolso para tapar um buraco que
parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para a) O presidente George W.Bush ficou indignado com o ataque no
alimentar um sistema que só parece piorar. A pergunta não é respondida de World Trade Center. Ele afirmou que “castigará” os culpados. (retomada de
imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será uma palavra gramatical – referente “Ele” + “ Presidente George W.Bush”)
respondida ao longo da argumentação. b) De você só quero isto: a sua amizade (antecipação de uma palavra
Citação gramatical – “isto” = “a sua amizade”
“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não c) O homem acordou feliz naquele dia. O felizardo ganhou um bom di-
chorarem mais, trazem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as nheiro na loteria. ( retomada por palavra lexical – “o felizardo” = “o homem”)
costas e irem embora.” O comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, 2. Coesão sequencial – é feita por conectores ou operadores discursi-
falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia vos, isto é, palavras ou expressões responsáveis pela criação de relações
ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo. DI FRANCO, Carlos semânticas ( causa, condição, finalidade, etc.). São exemplos de conecto-
Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. p. 73. res: mas, dessa forma, portanto, então, etc..
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pe- Exemplo:
la palavra comentário da segunda frase.
a. Ele é rico, mas não paga suas dívidas.
Comparação
Observe que o vocábulo “mas” não faz referência a outro vocábulo;
O tema de reforma agrária está a bastante tempo nas discussões sobre apenas conecta (liga) uma ideia a outra, transmitindo a ideia de compensa-
os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o ção.
movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passa-
do e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber 3. Coesão recorrencial – é realizada pela repetição de vocábulos ou
algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam de estruturas frasais.
elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor semelhantes.
e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil. OLIVEIRA,
Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. p.101. Exemplos;
Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a socieda- a. Os carros corriam, corriam, corriam.
de de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de
b. O aluno finge que lê, finge que ouve, finge que estuda.
comportamento entre elas.
Coerência textual é a relação que se estabelece entre as diversas
Afirmação
partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está ligada ao en-
A profissionalização de uma equipe começa com a procura e aquisição tendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou
das pessoas que tenham experiência e as aptidões adequadas para o lê.
desempenho da tarefa, especialmente quando esta é imediata. (Desenvol-
OBS: pode haver texto com a presença de elementos coesivos, e não
vimento ) As pessoas já virão integrar a equipe sem precisar de treinamen-
apresentar coerência.
to profissionalizante, podendo entrar em ação logo após seu ingresso.
Exemplo:
Alternativamente, ou quando se dispõe de tempo, pode-se recrutar
pessoas inexperientes, mas que demonstrem o potencial para desenvolver O presidente George W.Bush está descontente com o grupo Talibã.
as aptidões e o interesse em fazer parte da equipe ou dedicar-se a sua Estes eram estudantes da escola fundamentalista. Eles, hoje, governam o
missão. Sempre que possível, uma equipe deve procurar combinar pessoas afeganistão. Os afegãos apóiam o líder Osama Bin Laden. Este foi aliado
experientes e aprendizes em sua composição, de modo que os segundos dos Estados Unidos quando da invasão da União Soviética ao Afeganistão.
aprendam com os primeiros. (conclusão) A falta de um banco de reservas,
muitas vezes, pode ser um obstáculo à própria evolução da equipe.” (Ma- Comentário:
ximiniano, 1986:50 ) Ninguém pode dizer que falta coesão a este parágrafo. Mas de que se
ARTICULAÇÃO ENTRE PARÁGRAFOS trata mesmo? Do descontentamento do presidente dos Estados Unidos? Do
grupo Talibã? Do povo Afegão?
COESÃO E COERÊNCIA
Do Osama Bin Laden? Embora o parágrafo tenha coesão, não apre-
Articulação entre os parágrafos senta coerência, entendimento.
A articulação dos/entre parágrafos depende da coesão e coerência. Pode ainda um texto apresentar coerência, e não apresentar elementos
Sem um deles, ainda assim, é possível haver entendimento textual, entre- coesivos. Veja o texto seguinte:
tanto, há necessidade de ter domínio da língua e do contexto para escrever
um texto de tal forma. Dependendo da tipologia textual, a articulação textual Como se conjuga um empresário
se dá de forma diferente. Na narração, por exemplo, não há necessidade Mino
de ter um parágrafo com mais de um período. Um parágrafo narrativo pode
ser apenas “Oi”. Já a dissertação necessita ter ao menos um parágrafo com “Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-
introdução e desenvolvimento (conclusão; opcional). Assim também varia a se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Saiu. Entrou. Cumprimen-
necessidade de números de parágrafos para cada texto. Para se obter um tou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cum-
bom texto, são necessários também: concisão, clareza, correção, adequa- primentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu.
ção de linguagem, expressividade. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu.
Coerência e Coesão Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Deposi-
Para não ser ludibriado pela articulação do contexto, é necessário que tou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou.
se esteja atento à coesão e à coerência textuais. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou.
Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou.
Coesão textual é o que permite a ligação entre as diversas partes de Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou.
um texto. Pode-se dividir em três segmentos: Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou.
Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Pre-
1. Coesão referencial – é a que se refere a outro(s) elemento(s) do
senteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou.
mundo textual.
Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocu-
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APOSTILAS OPÇÃO
pou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Te-
meu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dor- Esta relação semântica presente nos textos ocorre devido às interpre-
miu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se... Comentário: tações feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada “semânti-
ca referencial” (p.31) para causar esta busca mental no receptor através de
O texto nos mostra o dia-a-dia de um empresário qualquer. A estrutura palavras semanticamente semelhantes à que fora enunciada, porém, existe
textual – somente verbos – não apresenta elementos coesivos; o que se ainda o que a autora denominou de “inexistência de sinônimo perfeito”
encontra são relações de sentido, isto é, o texto retrata a visão do seu (p.30) que são sinônimos porém quando posto em substituição um ao outro
autor, no caso, a de que todo empresário é calculista e desonesto. não geram uma coerência adequada ao entendimento.
Há palavras e expressões que garantem transições bem feitas e que
estabelecem relações lógicas entre as diferentes ideias apresentadas no Nesta relação de substituição por sinônimos, devemos ter cautela
texto. Fonte: UNINOVE quando formos usar os “hiperônimos” (p.32), ou até mesmo a “hiponímia”
(p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de subs-
tituições pode-se causar desajustes e o resultado final não fazer com que a
ESTRUTURAÇÃO E ARTICULAÇÃO DO TEXTO imagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra assimi-
lação, errônea, pode ser utilizada.
Resenha Critica de Articulação do Texto
Amanda Alves Martins Seguindo ainda neste linear das substituições, existem ainda as “nomi-
Resenha Crítica do livro A Articulação do Texto, da autora Elisa Guima- nações” e a “elipse”, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso por
rães um verbo é substituído por um nome, ou seja, um substantivo; e, enquanto
na segunda, ou seja, na elipse, o substituto é nulo e marcado pela flexão
No livro de Elisa Guimarães, A Articulação do Texto, a autora procura verbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado do livro de
esclarecer as dúvidas referentes à formação e à compreensão de um texto Elisa Guimarães:
e do seu contexto. “Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presença suave. Mil
deles não causam o incômodo de dez cearenses.
Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre si, o
texto constitui, portanto, uma unidade comunicativa para os membros de __Não grita, ___ não empurram< ___ não seguram o braço da gente,
uma comunidade; nele, existe um conjunto de fatores indispensáveis para a ___ não impõem suas opiniões. Para os importunos inventaram eles uma
sua construção, como “as intenções do falante (emissor), o jogo de ima- palavra maravilhosamente definidora e que traduz bem a sua antipatia para
gens conceituais, mentais que o emissor e destinatário executam.”(Manuel essa casta de gente (...)” (Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crônicas
P. Ribeiro, 2004, p.397). Somado à isso, um texto não pode existir de forma escolhidas. Rio de Janeiros, José Olympio, 1958, p.82).
única e sozinha, pois depende dos outros tanto sintaticamente quanto
semanticamente para que haja um entendimento e uma compreensão Porém é preciso especificar que para que haja a elipse o termo elíptico
deste. Dentro de um texto, as partes que o formam se integram e se expli- deve estar perfeitamente claro no contexto. Este conceito e os demais já
cam de forma recíproca. ditos anteriormente são primordiais para a compreensão e produção textu-
al, uma vez que contribuem para a economia de linguagem, fator de grande
Completando o processo de formação de um texto, a autora nos escla- valor para tais feitos.
rece que a economia de linguagem facilita a compreensão dele, sendo
indispensável uma ligação entre as partes, mesmo havendo um corte de Ao abordar os conceitos de coesão e coerência, a autora procura pri-
trechos considerados não essenciais. meiramente retomar a noção de que a construção do texto é feita através
de “referentes linguísticos” (p.38) que geram um conjunto de frases que irão
Quando o tema é a “situação comunicativa” (p.7), a autora nos esclare- constituir uma “microestrutura do texto” (p.38) que se articula com a estrutu-
ce a relação texto X contexto, onde um é essencial para esclarecermos o ra semântica geral. Porém, a dificuldade de se separar a coesão da coe-
outro, utilizando-se de palavras que recebem diferentes significados con- rência está no fato daquela está inserida nesta, formando uma linha de
forme são inseridas em um determinado contexto; nos levando ao entendi- raciocínio de fácil compreensão, no entanto, quando ocorre uma incoerên-
mento de que não podemos considerar isoladamente os seus conceitos e cia textual, decorrente da incompatibilidade e não exatidão do que foi
sim analisá-los de acordo com o contexto semântico ao qual está inserida. escrito, o leitor também é capaz de entender devido a sua fácil compreen-
são apesar da má articulação do texto.
Segundo Elisa Guimarães, o sentido da palavra texto estende-se a
uma enorme vastidão, podendo designar “um enunciado qualquer, oral ou A coerência de um texto não é dada apenas pela boa interligação entre
escrito, longo ou breve, antigo ou moderno” (p.14) e ao contrário do que as suas frases, mas também porque entre estas existe a influência da
muitos podem pensar, um texto pode ser caracterizado como um fragmen- coerência textual, o que nos ajuda a concluir que a coesão, na verdade, é
to, uma frase, um verbo ect e não apenas na reunião destes com mais efeito da coerência. Como observamos em Nova Gramática Aplicada da
algumas outras formas de enunciação; procurando sempre uma objetivida- Língua Portuguesa de Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed):
de para que a sua compreensão seja feita de forma fácil e clara.
A coesão e a coerência trazem a característica de promover a inter-
Esta economia textual facilita no caminho de transmissão entre o enun- relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que
ciador e o receptor do texto que procura condensar as informações recebi- chamamos de conectividade textual. “A coerência diz respeito ao nexo
das a fim de se deter ao “núcleo informativo” (p.17), este sim, primordial a entre os conceitos; e a coesão, à expressão desse nexo no plano linguísti-
qualquer informação. co” (VAL, Maria das Graças Costa. Redação e textualidade, 1991, p.7)
A autora também apresenta diversas formas de classificação do discur- No capítulo que diz respeito às noções de estrutura, Elisa Guimarães,
so e do texto, porém, detenhamo-nos na divisão de texto informativo e de busca ressaltar o nível sintático representado pelas coordenações e subor-
um texto literário ou ficcional. dinações que fixam relações de “equivalência” ou “hierarquia” respectiva-
mente.
Analisando um texto, é possível percebermos que a repetição de um Um fato importante dentro do livro A Articulação do Texto, é o valor atribuí-
nome/lexema, nos induz à lembrar de fatos já abordados, estimula a nossa do às estruturas integrantes do texto, como o título, o parágrafo, as inter e
biblioteca mental e a informa da importância de tal nome, que dentro de um intrapartes, o início e o fim e também, as superestruturas.
contexto qualquer, ou seja que não fosse de um texto informacional, seria
apenas caracterizado como uma redundância desnecessária. Essa repeti- O título funciona como estratégica de articulação do texto podendo de-
ção é normalmente dada através de sinônimos ou “sinônimos perfeitos” sempenhar papéis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-
(p.30) que permitem a permutação destes nomes durante o texto sem que o bém, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.
sentido original e desejado seja modificado.
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APOSTILAS OPÇÃO
Os parágrafos esquematizam o raciocínio do escritos, como enuncia cas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaçar, revoar,
Othon Moacir Garcia: voar;
“O parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con- • hipônimos (relações de um termo específico com um termo de
venientemente as ideias principais da sua composição, permitindo ao leitor sentido geral, ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um
acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios”. termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais específi-
co, ex.: felino, gato);
É bom relembrar, que dentro do parágrafo encontraremos o chamado • nominalizações (quando um fato, uma ocorrência, aparece em
tópico frasal, que resumirá a principal ideia do parágrafo no qual esta forma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.:
inserido; e também encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tipos consertar, o conserto; viajar, a viagem). É preciso distinguir-se en-
de parágrafo, cada qual com um ponto de vista específico. tre nominalização estrita e. generalizações (ex.: o cão < o animal)
e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira);
No que diz respeito ao tópico Inicio e fim, Elisa Guimarães preferiu
• substitutos universais (ex.: João trabalha muito. Também o faço.
abordá-los de forma mútua já que um é consequência ou decorrência do
O verbo fazer em substituição ao verbo trabalhar);
outro; ficando a organização da narrativa com uma forma de estrutura
clássica e seguindo uma linha sequencial já esperada pelo leitor, onde o • enunciados que estabelecem a recapitulação da ideia global.
início alimenta a esperança de como virá a ser o texto, enquanto que o fim Ex.: O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também
exercer uma função de dar um destaque maior ao fechamento do texto, o deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono
que também, alimenta a imaginação tanto do leito, quanto do próprio autor. (Vidas Secas, p.11). Esse enunciado é chamado de anáfora con-
ceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global que ele refere
No geral, o que diz respeito ao livro A Articulação do Texto de Elisa são retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta.
Guimarães, ele nos trás um grande número de informações e novos concei- Com esse recurso, evitam-se as repetições e faz-se o discurso
tos em relação à produção e compreensão textual, no entanto, essa grande avançar, mantendo-se sua unidade.
leva de informações muitas vezes se tornam confusas e acabam por des- 2. A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de:
prenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o texto e • certos pronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-
dificultando o entendimento teórico. se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados
como substitutos de elementos anteriormente presentes no texto,
A REFERENCIAÇÃO / OS REFERENTES / COERÊNCIA E COESÃO diferentemente dos pronomes de 1ª e 2ª pessoa que se referem à
pessoa que fala e com quem esta fala.
A fala e também o texto escrito constituem-se não apenas numa se- • certos advérbios e expressões adverbiais;
quência de palavras ou de frases. A sucessão de coisas ditas ou escritas • artigos;
forma uma cadeia que vai muito além da simples sequencialidade: há um • conjunções;
entrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto • numerais;
falado ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectivi-
dade e a retomada e garantem a coesão são os referentes textuais. Cada • elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado
uma das coisas ditas estabelece relações de sentido e significado tanto anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem
com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, constru- recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas for-
indo uma cadeia textual significativa. Essa coesão, que dá unidade ao ças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
texto, vai sendo construída e se evidencia pelo emprego de diferentes relação entre as duas orações.). É a própria ausência do termo que
procedimentos, tanto no campo do léxico, como no da gramática. (Não marca a inter-relação. A identificação pode dar-se com o próprio
esqueçamos que, num texto, não existem ou não deveriam existir elemen- enunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraver-
tos dispensáveis. Os elementos constitutivos vão construindo o texto, e são bais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares pú-
as articulações entre vocábulos, entre as partes de uma oração, entre as blicos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma
orações e entre os parágrafos que determinam a referenciação, os contatos situação não-verbal. Nesse caso, a articulação se dá entre texto e
e conexões e estabelecem sentido ao todo.) contexto (extratextual);
• as concordâncias;
Atenção especial concentram os procedimentos que garantem ao texto • a correlação entre os tempos verbais.
coesão e coerência. São esses procedimentos que desenvolvem a dinâ-
mica articuladora e garantem a progressão textual. Os dêiticos exercem, por excelência, essa função de progressão textu-
al, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas
A coesão é a manifestação linguística da coerência e se realiza nas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os com-
relações entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos ponentes concentram em si a significação. Referem os participantes do ato
em relação aos substantivos; formas verbais em relação aos sujeitos; de comunicação, o momento e o lugar da enunciação.
tempos verbais nas relações espaço-temporais constitutivas do texto etc.),
na organização de períodos, de parágrafos, das partes do todo, como Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos:
formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participan-
um tema ou as unidades de um texto. Construída com os mecanismos tes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções
gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto. prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o
1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada no léxico. Ela pode momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou
dar-se pela reiteração, pela substituição e pela associação. posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti-
É garantida com o emprego de: mamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de
• enlaces semânticos de frases por meio da repetição. A mensa- agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).
gem-tema do texto apoiada na conexão de elementos léxicos su-
cessivos pode dar-se por simples iteração (repetição). Cabe, nesse Maria da Graça Costa Val lembra que “esses recursos expressam rela-
caso, fazer-se a diferenciação entre a simples redundância resul- ções não só entre os elementos no interior de uma frase, mas também
tado da pobreza de vocabulário e o emprego de repetições como entre frases e sequências de frases dentro de um texto”.
recurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.: “As contas do
patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Não só a coesão explícita possibilita a compreensão de um texto. Mui-
Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá- tas vezes a comunicação se faz por meio de uma coesão implícita, apoia-
lo.Enganava.” Vidas secas, p. 143); da no conhecimento mútuo anterior que os participantes do processo
• substituição léxica, que se dá tanto pelo emprego de sinônimos comunicativo têm da língua.
como de palavras quase sinônimas. Considerem-se aqui além
das palavras sinônimas, aquelas resultantes de famílias ideológi- A ligação lógica das ideias
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APOSTILAS OPÇÃO
Uma das características do texto é a organização sequencial dos ele- _________________ ____________________
mentos linguísticos que o compõem, isto é, as relações de sentido que se causa consequência
estabelecem entre as frases e os parágrafos que compõem um texto,
fazendo com que a interpretação de um elemento linguístico qualquer seja
dependente da de outro(s). Os principais fatores que determinam esse Como estudei passei no vestibular
encadeamento lógico são: a articulação, a referência, a substituição voca- Por ter estudado muito passei no vestibular
bular e a elipse. ___________________ ___________________
causa consequência
ARTICULAÇÃO
Os articuladores (também chamados nexos ou conectores) são conjun- finalidade: uma das proposições do período explicita o(s) meio(s) para
ções, advérbios e preposições responsáveis pela ligação entre si dos fatos se atingir determinado fim expresso na outra. Os articuladores principais
denotados num texto, Eles exprimem os diferentes tipos de interdependên- são: para, afim de, para que.
cia de sentido das frases no processo de sequencialização textual. As
ideias ou proposições podem se relacionar indicando causa, consequência, Utilizo o automóvel a fim de facilitar minha vida.
finalidade, etc.
conformidade: essa relação expressa-se por meio de duas proposi-
Ingressei na Faculdade a fim de ascender socialmente. ções, em que se mostra a conformidade de conteúdo de uma delas em
Ingressei na Faculdade porque pretendo ser biólogo. relação a algo afirmado na outra.
Ingressei na Faculdade depois de ter-me casado.
O aluno realizou a prova conforme o professor solicitara.
É possível observar que os articuladores relacionam os argumentos di- segundo
ferentemente. Podemos, inclusive, agrupá-los, conforme a relação que consoante
estabelecem. como
de acordo com a solicitação...
Relações de:
adição: os conectores articula sequencialmente frases cujos conteúdos temporalidade: é a relação por meio da qual se localizam no tempo
se adicionam a favor de uma mesma conclusão: e, também, não ações, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio de
só...como também, tanto...como, além de, além disso, ainda, nem. duas proposições.
Quando
Na maioria dos casos, as frases somadas não são permutáveis, isto é, Mal
a ordem em que ocorrem os fatos descritos deve ser respeitada. Logo que terminei o colégio, matriculei-me aqui.
Assim que
Ele entrou, dirigiu-se à escrivaninha e sentou-se. Depois que
alternância: os conteúdos alternativos das frases são articulados por No momento em que
conectores como ou, ora...ora, seja...seja. O articulador ou pode expres- Nem bem
sar inclusão ou exclusão.
a) concomitância de fatos: Enquanto todos se divertiam, ele estu-
Ele não sabe se conclui o curso ou abandona a Faculdade. dava com afinco.
Existe aqui uma simultaneidade entre os fatos descritos em cada
oposição: os conectores articulam sequencialmente frases cujos con- uma das proposições.
teúdos se opõem. São articuladores de oposição: mas, porém, todavia, b) um tempo progressivo:
entretanto, no entanto, não obstante, embora, apesar de (que), ainda À proporção que os alunos terminavam a prova, iam se retirando.
que, se bem que, mesmo que, etc. • bar enchia de frequentadores à medida que a noite caía.
O candidato foi aprovado, mas não fez a matrícula. Conclusão: um enunciado introduzido por articuladores como portan-
condicionalidade: essa relação é expressa pela combinação de duas to, logo, pois, então, por conseguinte, estabelece uma conclusão em
proposições: uma introduzida pelo articulador se ou caso e outra por então relação a algo dito no enunciado anterior:
(consequente), que pode vir implícito. Estabelece-se uma relação entre o
antecedente e o consequente, isto é, sendo o antecedente verdadeiro ou Assistiu a todas as aulas e realizou com êxito todos os exercícios. Por-
possível, o consequente também o será. tanto tem condições de se sair bem na prova.
Na relação de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, uma É importante salientar que os articuladores conclusivos não se limitam
condição hipotética, isto é,, cria-se na proposição introduzida pelo articula- a articular frases. Eles podem articular parágrafos, capítulos.
dor se/caso uma hipótese que condicionará o que será dito na proposição
seguinte. Em geral, a proposição situa-se num tempo futuro. Comparação: é estabelecida por articuladores : tanto (tão)...como,
tanto (tal)...como, tão ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que,
Caso tenha férias, (então) viajarei para Buenos Aires. assim como.
Ele é tão competente quanto Alberto.
causalidade: é expressa pela combinação de duas proposições, uma
das quais encerra a causa que acarreta a consequência expressa na outra. Explicação ou justificativa: os articuladores do tipo pois, que, por-
Tal relação pode ser veiculada de diferentes formas: que introduzem uma justificativa ou explicação a algo já anteriormente
referido.
Passei no vestibular porque estudei muito
visto que Não se preocupe que eu voltarei
já que pois
uma vez que porque
_________________ _____________________
consequência causa As pausas
Os articuladores são, muitas vezes, substituídos por “pausas” (marca-
das por dois pontos, vírgula, ponto final na escrita). Que podem assinalar
Estudei tanto que passei no vestibular. tipos de relações diferentes.
Estudei muito por isso passei no vestibular
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APOSTILAS OPÇÃO
Compramos tudo pela manhã: à tarde pretendemos viajar. (causalida- Convém afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreen-
de) são e a produção escrita em Língua Materna deve ter como meta primordial
Não fique triste. As coisas se resolverão. (justificativa) o desenvolvimento no aluno de habilidades que façam com que ele tenha
Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos à flor da pele. ( oposi- capacidade de usar um número sempre maior de recursos da língua para
ção) produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situação específica
Não estive presente à cerimônia. Não posso descrevê-la. (conclusão) de interação humana.
http://www.seaac.com.br/
Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na esco-
A análise de expressões referenciais é fundamental na interpretação do la a partir da abordagem do Gênero Textual Marcuschi não demonstra
discurso. A identificação de expressões correferentes é importante em favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele,
diversas aplicações de Processamento da Linguagem Natural. Expressões o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez
referenciais podem ser usadas para introduzir entidades em um discurso ou que não é possível, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque, embo-
podem fazer referência a entidades já mencionadas,podendo fazer uso de ra possamos classificar vários textos como sendo narrativos, eles se con-
redução lexical. cretizam em formas diferentes – gêneros – que possuem diferenças especí-
ficas.
Interpretar e produzir textos de qualidade são tarefas muito importantes
na formação do aluno. Para realizá-las de modo satisfatório, é essencial Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG)
saber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativos do defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os
discurso. A linguagem é um ato intencional, o indivíduo faz escolhas quan- textos de diferentes tipos, eles se instauram devido à existência de diferen-
do se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a essas tes modos de interação ou interlocução. O trabalho com o texto e com os
escolhas, de modo a fazer com que suas opiniões sejam aceitas ou respei- diferentes tipos de texto é fundamental para o desenvolvimento da compe-
tadas, é fundamental lançar mão dos operadores que estabelecem ligações tência comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto é
(espécies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso. apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito a
apenas alguns tipos de texto é fazer com que ele só tenha recursos para
atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco
Autor e Narrador: Diferenças capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espécie de
Equipe Aprovação Vest levantamento de quais tipos seriam mais necessários para os alunos, para,
a partir daí, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessários.
Qual é, afinal, a diferença entre Autor e Narrador? Existe uma diferença
enorme entre ambos. Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivoca-
da, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, não se trata de tipo de
Autor
texto, mas de gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a
É um homem do mundo: tem carteira de identidade, vai ao supermer- carta pessoal, por exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele
cado, masca chiclete, eventualmente teve sarampo na infância e, mais atesta que a carta pessoal é um Gênero Textual.
eventualmente ainda, pode até tocar trombone, piano, flauta transversal.
Paga imposto. O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo,
muitas das vezes, o mesmo gênero sendo realizado em dois ou mais tipos.
Narrador Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode
É um ser intradiegético, ou seja, um ser que pertence à história que apresentar as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argu-
está sendo narrada. Está claro que é um preposto do autor, mas isso não mentação. Ele chama essa miscelânea de tipos presentes em um gênero
significa que defenda nem compartilhe suas ideias. Se assim fosse, Ma- de heterogeneidade tipológica.
chado de Assis seria um crápula como Bentinho ou um bígamo, porque,
casado com Carolina Xavier de Novais, casou-se também com Capitu, foi Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica. Para ele, dificilmente
amante de Virgília e de um sem-número de mulheres que permeiam seus são encontrados tipos puros. Realmente é raro um tipo puro. Num texto
contos e romances. como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & Koch (1987) é
um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descri-
O narrador passa a existir a partir do instante que se abre o livro e ele, ção, a injunção e a predição. Travaglia afirma que um texto se define como
em primeira ou terceira pessoa, nos conta a história que o livro guarda. de um tipo por uma questão de dominância, em função do tipo de interlocu-
Confundir narrador e autor é fazer a loucura de imaginar que, morto o autor, ção que se pretende estabelecer e que se estabelece, e não em função do
todos os seus narradores morreriam junto com ele e que, portanto, não espaço ocupado por um tipo na constituição desse texto.
disporíamos mais de nenhuma narrativa dele.
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero
GÊNEROS TEXTUAIS mas ter sido construído em outro, Marcuschi dá o nome de intertextuali-
dade intergêneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu
Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza, no texto a configuração de uma estrutura intergêneros de natureza altamen-
literários ou não. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as te híbrida, sendo que um gênero assume a função de outro.
funções sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e
exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa Travaglia não fala de intertextualidade intergêneros, mas fala de um
forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, intercâmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado
convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias, no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossíveis,
contos de fadas, convênios, crônicas, editoriais, ementas, ensaios, entrevis- na opinião do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de
tas, circulares, contratos, decretos, discursos políticos descrições e comentários dissertativos feitos por meio da narração.
A diferença entre Gênero Textual e Tipologia Textual é, no meu en- Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configuração teórica:
tender, importante para direcionar o trabalho do professor de língua na • intertextualidade intergêneros = um gênero com a função de outro
leitura, compreensão e produção de textos1. O que pretendemos neste
pequeno ensaio é apresentar algumas considerações sobre Gênero Tex-
• heterogeneidade tipológica = um gênero com a presença de vários
tipos
tual e Tipologia Textual, usando, para isso, as considerações feitas por
Travaglia mostra o seguinte:
Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos questionáveis
para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas considerações • conjugação tipológica = um texto apresenta vários tipos
a respeito de minha escolha pelo gênero ou pela tipologia. • intercâmbio de tipos = um tipo usado no lugar de outro
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Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gê- de dar conhecimento de algo a alguém). Certamente a carta e o e-mail
neros não são entidades naturais, mas artefatos culturais construídos entrariam nessa lista, levando em consideração que o aviso pode ser dado
historicamente pelo ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma sob a forma de uma carta, e-mail ou ofício. Ele continua exemplificando
determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Para apresentando a petição, o memorial, o requerimento, o abaixo assinado
exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o (com a função social de pedir, solicitar). Continuo colocando a carta, o e-
autor da carta não tenha assinado o nome no final, ela continuará sendo mail e o ofício aqui. Nota promissória, termo de compromisso e voto são
carta, graças as suas propriedades necessárias e suficientes .Ele diz, ainda, exemplos com a função de prometer. Para mim o voto não teria essa fun-
que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma lista de ção de prometer. Mas a função de confirmar a promessa de dar o voto a
produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação de alguém. Quando alguém vota, não promete nada, confirma a promessa de
produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usuários daquele votar que pode ter sido feita a um candidato.
produto.
Ele apresenta outros exemplos, mas por questão de espaço não colo-
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado pa- carei todos. É bom notar que os exemplos dados por ele, mesmo os que
ra designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza não foram mostrados aqui, apresentam função social formal, rígida. Ele não
linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as apresenta exemplos de gêneros que tenham uma função social menos
categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção (Swa- rígida, como o bilhete.
les, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Segundo ele, o termo Tipologia
Textual é usado para designar uma espécie de sequência teoricamente Uma discussão vista em Travaglia e não encontrada em Marcusch é a
definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, de Espécie. Para ele, Espécie se define e se caracteriza por aspectos
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22). formais de estrutura e de superfície linguística e/ou aspectos de conteúdo.
Ele exemplifica Espécie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo
Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os narrativo: a história e a não-história. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta
textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam caracte- as Espécies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo ele
rísticas sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades mostra as Espécies distintas objetiva x subjetiva, estática x dinâmica e
funcionais, estilo e composição característica. comentadora x narradora. Mudando para gênero, ele apresenta a corres-
pondência com as Espécies carta, telegrama, bilhete, ofício, etc. No gênero
Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um romance, ele mostra as Espécies romance histórico, regionalista, fantásti-
modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo perspectivas co, de ficção científica, policial, erótico, etc. Não sei até que ponto a Espé-
que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar cie daria conta de todos os Gêneros Textuais existentes. Será que é
ligadas ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao fa- possível especificar todas elas? Talvez seja difícil até mesmo porque não é
zer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à inserção destes no tempo fácil dizer quantos e quais são os gêneros textuais existentes.
e/ou no espaço. Pode ser possível a perspectiva do produtor do texto dada
pela imagem que o mesmo faz do receptor como alguém que concorda ou Se em Travaglia nota-se uma discussão teórica não percebida em Mar-
não com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformação, quando cuschi, o oposto também acontece. Este autor discute o conceito de Domí-
o produtor vê o receptor como alguém que não concorda com ele. Se o nio Discursivo. Ele diz que os domínios discursivos são as grandes esfe-
produtor vir o receptor como alguém que concorda com ele, surge o discur- ras da atividade humana em que os textos circulam (p. 24). Segundo infor-
so da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinião de Travaglia, uma perspecti- ma, esses domínios não seriam nem textos nem discursos, mas dariam
va em que o produtor do texto faz uma antecipação no dizer. Da mesma origem a discursos muito específicos. Constituiriam práticas discursivas
forma, é possível encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa de dentro das quais seria possível a identificação de um conjunto de gêneros
comprometimento ou não. Resumindo, cada uma das perspectivas apre- que às vezes lhes são próprios como práticas ou rotinas comunicativas
sentadas pelo autor gerará um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva institucionalizadas. Como exemplo, ele fala do discurso jornalístico, discur-
faz surgir os tipos descrição, dissertação, injunção e narração. A segun- so jurídico e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalística,
da perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6 e jurídica e religiosa, não abrange gêneros em particular, mas origina vários
não argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipação faz surgir deles.
o tipo preditivo. A do comprometimento dá origem a textos do mundo
comentado (comprometimento) e do mundo narrado (não comprometi- Travaglia até fala do discurso jurídico e religioso, mas não como Mar-
mento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, cuschi. Ele cita esses discursos quando discute o que é para ele tipologia
de maneira geral, no tipo narração. Já os do mundo comentado ficariam no de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipolo-
tipo dissertação. gias de discurso usarão critérios ligados às condições de produção dos
discursos e às diversas formações discursivas em que podem estar inseri-
Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza por exercer uma dos (Koch & Fávero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fávero, o autor fala que
função social específica. Para ele, estas funções sociais são pressentidas e uma tipologia de discurso usaria critérios ligados à referência (institucional
vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabe- (discurso político, religioso, jurídico), ideológica (discurso petista, de direita,
mos que gênero usar em momentos específicos de interação, de acordo de esquerda, cristão, etc), a domínios de saber (discurso médico, linguísti-
com a função social dele. Quando vamos escrever um e-mail, sabemos que co, filosófico, etc), à inter-relação entre elementos da exterioridade (discur-
ele pode apresentar características que farão com que ele “funcione” de so autoritário, polêmico, lúdico)). Marcuschi não faz alusão a uma tipologia
maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo não é o do discurso.
mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo informa-
ções sobre um concurso público, por exemplo. Semelhante opinião entre os dois autores citados é notada quando fa-
lam que texto e discurso não devem ser encarados como iguais. Marcus-
Observamos que Travaglia dá ao gênero uma função social. Parece chi considera o texto como uma entidade concreta realizada materialmente
que ele diferencia Tipologia Textual de Gênero Textual a partir dessa e corporificada em algum Gênero Textual [grifo meu] (p. 24). Discurso
“qualidade” que o gênero possui. Mas todo texto, independente de seu para ele é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instân-
gênero ou tipo, não exerce uma função social qualquer? cia discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera
o discurso como a própria atividade comunicativa, a própria atividade
Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros, mas não ressalta produtora de sentidos para a interação comunicativa, regulada por uma
sua função social. Os exemplos que ele traz são telefonema, sermão, exterioridade sócio-histórica-ideológica (p. 03). Texto é o resultado dessa
romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, etc. atividade comunicativa. O texto, para ele, é visto como
uma unidade linguística concreta que é tomada pelos usuários da lín-
Já Travaglia, não só traz alguns exemplos de gêneros como mostra o
gua em uma situação de interação comunicativa específica, como uma
que, na sua opinião, seria a função social básica comum a cada um: aviso,
unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reco-
comunicado, edital, informação, informe, citação (todos com a função social
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nhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão (p. 03). dissertar, ou mais adequadas à faixa etária, razão pela qual esta última
tenha sido reservada às séries terminais - tanto no ensino fundamental
quanto no ensino médio.
Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que
sua preocupação é com a tipologia de textos, e não de discursos. Marcus-
O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão e produção de texto
chi afirma que a definição que traz de texto e discurso é muito mais opera-
pela perspectiva dos gêneros reposiciona o verdadeiro papel do professor
cional do que formal.
de Língua Materna hoje, não mais visto aqui como um especialista em
Travaglia faz uma “tipologização” dos termos Gênero Textual, Tipolo-
textos literários ou científicos, distantes da realidade e da prática textual do
gia Textual e Espécie. Ele chama esses elementos de Tipelementos.
aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais, orais
Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipológicos
e escritas, de uso social. Assim, o espaço da sala de aula é transformado
(Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie) são básicos na construção
numa verdadeira oficina de textos de ação social, o que é viabilizado e
das tipologias e talvez dos textos, numa espécie de analogia com os ele-
concretizado pela adoção de algumas estratégias, como enviar uma carta
mentos químicos que compõem as substâncias encontradas na natureza.
para um aluno de outra classe, fazer um cartão e ofertar a alguém, enviar
uma carta de solicitação a um secretário da prefeitura, realizar uma entre-
Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discussões
vista, etc. Essas atividades, além de diversificar e concretizar os leitores
feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gêneros
das produções (que agora deixam de ser apenas “leitores visuais”), permi-
Textuais, estão diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho
tem também a participação direta de todos os alunos e eventualmente de
com o gênero é uma grande oportunidade de se lidar com a língua em seus
pessoas que fazem parte de suas relações familiares e sociais. A avaliação
mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que ele
dessas produções abandona os critérios quase que exclusivamente literá-
apresenta a ideia básica de que um maior conhecimento do funcionamento
rios ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto não é
dos Gêneros Textuais é importante para a produção e para a compreen-
aquele que apresenta, ou só apresenta, características literárias, mas
são de textos. Travaglia não faz abordagens específicas ligadas à questão
aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzi-
do ensino no seu tratamento à Tipologia Textual.
do, ou seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o
nível de língua estão adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalida-
O que Travaglia mostra é uma extrema preferência pelo uso da Tipo-
de do texto.
logia Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem
parece ser mais taxionômica. Ele chega a afirmar que são os tipos que
Acredito que abordando os gêneros a escola estaria dando ao aluno a
entram na composição da grande maioria dos textos. Para ele, a questão
oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gêneros Textuais
dos elementos tipológicos e suas implicações com o ensino/aprendizagem
socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interação
merece maiores discussões.
humana, percebendo que o exercício da linguagem será o lugar da sua
constituição como sujeito. A atividade com a língua, assim, favoreceria o
Marcuschi diz que não acredita na existência de Gêneros Textuais
exercício da interação humana, da participação social dentro de uma socie-
ideais para o ensino de língua. Ele afirma que é possível a identificação de
dade letrada.
gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais
1 - Penso que quando o professor não opta pelo trabalho com o gêne-
formal, do mais privado ao mais público e assim por diante. Os gêneros
ro ou com o tipo ele acaba não tendo uma maneira muito clara pa-
devem passar por um processo de progressão, conforme sugerem
ra selecionar os textos com os quais trabalhará.
Schneuwly & Dolz (2004).
2 - Outra discussão poderia ser feita se se optasse por tratar um pou-
co a diferença entre Gênero Textual e Gênero Discursivo.
Travaglia, como afirmei, não faz considerações sobre o trabalho com a
3 - Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente des-
Tipologia Textual e o ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia
critiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa.
teria que, no mínimo, levar em conta a questão de com quais tipos de texto
Acho meio difícil alguém conseguir escrever um texto, caracteriza-
deve-se trabalhar na escola, a quais será dada maior atenção e com quais
do como carta, apenas com descrições, ou apenas com injunções.
será feito um trabalho mais detido. Acho que a escolha pelo tipo, caso seja
Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar,
considerada a ideia de Travaglia, deve levar em conta uma série de fatores,
ele diz desconhecer um gênero necessariamente descritivo.
porém dois são mais pertinentes:
4 - Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem pre-
a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composi-
visão, como o boletim meteorológico e o horóscopo.
ção de quaisquer outros textos (não sei ao certo se isso é possível.
5 - Necessárias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma
Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo não dê ao alu-
carta.
no o preparo ideal para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa.
6 - Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo stricto sensu é o
Um aluno que pára de estudar na 5ª série e não volta mais à escola
que faz argumentação explícita.
teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais
7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso.
trabalhado nessa série. Será que ele estaria preparado para produ-
Sílvio Ribeiro da Silva.
zir, quando necessário, outros tipos textuais? Ao lidar somente com
o tipo narrativo, por exemplo, o aluno, de certa forma, não deixa de Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é
trabalhar com os outros tipos?); transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um ro-
b) A utilização prática que o aluno fará de cada tipo em sua vida. mance, um conto, uma poesia...
Acho que vale a pena dizer que sou favorável ao trabalho com o Gêne- Texto não-literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da
ro Textual na escola, embora saiba que todo gênero realiza necessaria- forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula
mente uma ou mais sequências tipológicas e que todos os tipos inserem-se de medicamento.
em algum gênero textual. Diferenças entre Língua Padrão, Linguagem Formal e
Linguagem informal.
Até recentemente, o ensino de produção de textos (ou de redação) era
feito como um procedimento único e global, como se todos os tipos de texto Língua Padrão: A gramática é um conjunto de regras que estabelecem
fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades e, por isso, um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão.
não exigissem aprendizagens específicas. A fórmula de ensino de redação, Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem
ainda hoje muito praticada nas escolas brasileiras – que consiste funda- sempre são obedecidas pelo falante.
mentalmente na trilogia narração, descrição e dissertação – tem por base
Os conceitos linguagem formal e linguagem informal estão, sobretu-
uma concepção voltada essencialmente para duas finalidades: a formação
do associados ao contexto social em que a fala é produzida.
de escritores literários (caso o aluno se aprimore nas duas primeiras moda-
lidades textuais) ou a formação de cientistas (caso da terceira modalidade) Informal: Num contexto em que o falante está rodeado pela família ou
(Antunes, 2004). Além disso, essa concepção guarda em si uma visão pelos amigos, normalmente emprega uma linguagem informal, podendo
equivocada de que narrar e descrever seriam ações mais “fáceis” do que usar expressões normalmente não usadas em discursos públicos (pala-
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vrões ou palavras com um sentido figurado que apenas os elementos do também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exem-
grupo conhecem). Um exemplo de uma palavra que tipicamente só é usada plo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
na linguagem informal, em português europeu, é o adjetivo “chato”.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como
Formal: A linguagem formal, pelo contrário, é aquela que os falantes os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.
usam quando não existe essa familiaridade, quando se dirigem aos superio-
res hierárquicos ou quando têm de falar para um público mais alargado ou Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um
desconhecido. É a linguagem que normalmente podemos observar nos linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos,
discursos públicos, nas reuniões de trabalho, nas salas de aula, etc. advogados, profissionais da área de informática, dentre outros.
Portanto, podemos usar a língua padrão, ou seja, conversar, ou escre-
ver de acordo com as regras gramaticais, mas o vocabulário (linguagem) Vejamos um poema e o trecho de uma música para entendermos melhor
que escolhemos pode ser mais formal ou mais informal de acordo com a sobre o assunto:
nossa necessidade. Ptofª Eliane
Vício na fala
Variações Linguísticas Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permi- Para pior pió
tindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimen- Para telha dizem teia
tos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso Para telhado dizem teiado
cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da
fala, que são basicamente dois: O nível de formalidade e o de infor-
malidade. CHOPIS CENTIS
Eu “di” um beijo nela
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, res- E chamei pra passear.
tringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela A gente fomos no shopping
qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator Pra “mode” a gente lanchar.
foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total sobera- Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
nia sobre as demais. Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro
aipim.
Quanto ao nível informal, este por sua vez representa o estilo consi- Quanta gente,
derado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias entre Quanta alegria,
os estudos da língua, uma vez que para a sociedade, aquela pessoa A minha felicidade é um crediário nas
que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “inculta”, Casas Bahia.
tornando-se desta forma um estigma. Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho.
Pra levar a namorada e dar uns
Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chama- “rolezinho”,
das variedades linguísticas, as quais representam as variações de Quando eu estou no trabalho,
acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas Não vejo a hora de descer dos andaime.
em que é utilizada. Dentre elas destacam-se: Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger
E também o Van Damme.
Variações históricas: (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 1995.)
Por Vânia Duarte
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transforma- TIPOLOGIA TEXTUAL
ções ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a ques-
tão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma Tipologia Textual
vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem Tino Lopez
dos internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do vocábulos.
1. Narração
Analisemos, pois, o fragmento exposto: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a
Antigamente objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam prima- desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. É o
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, fazi- tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela,
am-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses depoimento, piada, relato, etc.
debaixo do balaio." Carlos Drummond de Andrade
2. Descrição
Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado. Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa,
um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produ-
Variações regionais: ção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais
abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação
São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem
a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da perso-
em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:macaxeira e nagem a que o texto se Pega. É um tipo textual que se agrega facilmente
aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em
às características orais da linguagem. gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.
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sobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou
argumentativo. Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalida-
de explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer
3.1 Dissertação-Exposição algo.
Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apre-
senta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de Editorial: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o
modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determi- posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação
nado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos da presença da objetividade.
científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.
Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato
3.1 Dissertação-Argumentação ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado
Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de lugar, envolvendo determinadas personagens. Características do lugar,
vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamen-
objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de te descritos.
ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em:
sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-
editorial de jornais e revistas. expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao
4. Injunção/Instrucional leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.
Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os
verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota- Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado
se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indica- pela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevis-
tivo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para mon- tado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum
tagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de compor- outro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo-
tamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas, expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou
cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.). entrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectos narrativos,
como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevis-
OBS: Os tipos listados acima são um consenso entre os gramáticos. Muitos ta médica.
consideram também que o tipo Predição possui características suficientes
para ser definido como tipo textual, e alguns outros possuem o mesmo História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredos
entendimento para o tipo Dialogal. contados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus
personagens, gerando uma espécie de conversação.
5. Predição
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustra-
coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: ção cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira,
previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológi- crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande
cas/apocalípticas. maioria.
6. Dialogal / Conversacional Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos,
Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também podem fazer
nos gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, etc. parte de sua composição. Pode ou não ser poético. Dependendo de sua
estrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto,
Gêneros textuais epopeia, poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspec-
tos narrativos e descritivos são mais frequentes neste gênero.
Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos,
sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconheci- Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma lin-
das, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, guagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como
procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em poético (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados).
situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de Um subgênero é a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal.
linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou infor-
mais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser Gêneros literários:
identificado e diferenciado dos demais através de suas características.
Exemplos: Gênero Narrativo:
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o
Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico pas-
tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se sou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narrativo,
escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferen-
presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é tes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente
mais comum. todas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em
comum e devem responder a questionamentos, como: quem? o que?
Propaganda: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:
de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar
o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narram
emoções e a sensibilidade do mesmo. histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras,
viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Bula de remédio: é um gênero textual descritivo, dissertativo- ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos
expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações ne- são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
cessárias para o correto uso do medicamento.
Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem
Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo definidos e de caráter mais verossímil. Também conta as façanhas de um
informar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e uma mu-
o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de lher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o sepa-
ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções. ram, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por
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isso, costuma ser punido no final. É o tipo de narrativa mais comum na É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que
Idade Média. Ex: Tristão e Isolda. nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emoções, ideias e
impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da lingua-
do romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podem gem.
ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose,
de Kafka. Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é
elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa tristeza,
Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um
conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte bom exemplo é a peça Roan e yufa, de william shakespeare.
da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita
com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites
surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve perso- românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a
nagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem persona- peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
gens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto
popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de misté- pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguém
rio, que envolvem o suspense e a solução de um mistério. ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento
musical;
Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As
personagens principais são não humanos e a finalidade é transmitir alguma Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma home-
lição de moral. nagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o
poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais bele-
Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com zas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a
linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de crítica paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos
indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, (muito rara);
revistas e programas da TV.
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a
Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentos algo, em tom sério ou irônico.
narrativos e manifestos descritivos.
Acalanto: ou canção de ninar;
Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual
tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase;
defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanísti-
co, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de
se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedu- amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se destinam à
tivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, de José dança;
Saramago e Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;
Gênero Dramático:
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente
não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é médio;
representada por atores, que assumem os papéis das personagens nas
cenas. Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). E o
poema japonês formado de três versos que somam 17 sílabas assim distri-
Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar buídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3° verso 5 sílabas;
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma represen-
tação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e
figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.
Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
Farsa: é uma pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que nio e de maldizer); satíricas, portanto.
critica a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino ridendo
castigat mores (rindo, castigam-se os costumes). A farsa consiste no exa-
gero do cômico, graças ao emprego de processos grosseiros, como o
COESÃO E COERÊNCIA
absurdo, as incongruências, os equívocos, os enganos, a caricatura, o
humor primário, as situações ridículas.
Diogo Maria De Matos Polônio
Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento
comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares. Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pedagógico sobre
Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e Pragmática Linguística e Os Novos Programas de Língua Portuguesa, sob
cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. orientação da Professora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que decor-
reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte
apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma forma geral, sobre a
realidade vivida por este povo. incidência das teorias da Pragmática Linguística nos programas oficiais de
Língua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento teórico sobre deter-
minados conceitos necessários a um ensino qualitativamente mais válido e,
Gênero Lírico: simultaneamente, uma vertente prática pedagógica que tem necessaria-
mente presente a aplicação destes conhecimentos na situação real da sala
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de aula. de coerência textual, há que esclarecer a problemática criada pela dicoto-
mia coerência/coesão que se encontra diretamente relacionada com a
Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestões de aplica- dicotomia coerência macro-estrutural/coerência micro-estrutural.
ção na prática docente quotidiana das teorias da pragmática linguística no
campo da coerência textual, tendo em conta as conclusões avançadas no Mira Mateus considera pertinente a existência de uma diferenciação
referido seminário. entre coerência textual e coesão textual.
Será, no entanto, necessário reter que esta pequena reflexão aqui Assim, segundo esta autora, coesão textual diz respeito aos processos
apresentada encerra em si uma minúscula partícula de conhecimento no linguísticos que permitem revelar a inter-dependência semântica existente
vastíssimo universo que é, hoje em dia, a teoria da pragmática linguística e entre sequências textuais:
que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexões Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.
no sentido de auxiliar o docente no ensino da língua materna, já terá cum-
prido honestamente o seu papel. Para a mesma autora, coerência textual diz respeito aos processos
mentais de apropriação do real que permitem inter-relacionar sequências
Coesão e Coerência Textual textuais:
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz geralmen- Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.
te através de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto
em que são produzidas. Ou seja, uma qualquer sequência de palavras não Pensamos, no entanto, que esta distinção se faz apenas por razões de
constitui forçosamente uma frase. sistematização e de estruturação de trabalho, já que Mira Mateus não
hesita em agrupar coesão e coerência como características de uma só
Para que uma sequência de morfemas seja admitida como frase, torna- propriedade indispensável para que qualquer manifestação linguística se
se necessário que respeite uma certa ordem combinatória, ou seja, é transforme num texto: a conetividade.
preciso que essa sequência seja construÍda tendo em conta o sistema da
língua. Para Charolles não é pertinente, do ponto de vista técnico, estabelecer
uma distinção entre coesão e coerência textuais, uma vez que se torna
Tal como um qualquer conjunto de palavras não forma uma frase, tam- difícil separar as regras que orientam a formação textual das regras que
bém um qualquer conjunto de frases não forma, forçosamente, um texto. orientam a formação do discurso.
Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, é um objeto materia- Além disso, para este autor, as regras que orientam a micro-coerência
lizado numa dada língua natural, produzido numa situação concreta e são as mesmas que orientam a macro-coerência textual. Efetivamente,
pressupondo os participantes locutor e alocutário, fabricado pelo locutor quando se elabora um resumo de um texto obedece-se às mesmas regras
através de uma seleção feita sobre tudo o que é dizível por esse locutor, de coerência que foram usadas para a construção do texto original.
numa determinada situação, a um determinado alocutário.
Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito às relações
Assim, materialidade linguística, isto é, a língua natural em uso, os có- de coerência que se estabelecem entre as frases de uma sequência textual,
digos simbólicos, os processos cognitivos e as pressuposições do locutor enquanto que macro-estrutura textual diz respeito às relações de coerência
sobre o saber que ele e o alocutário partilham acerca do mundo são ingre- existentes entre as várias sequências textuais. Por exemplo:
dientes indispensáveis ao objeto texto. • Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele deixou o escritório
mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.
Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas • Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se com ami-
por todos os membros de uma comunidade linguística. Este sistema de gos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia
regras de base constitui a competência textual dos sujeitos, competência de teatro.
essa que uma gramática do texto se propõe modelizar.
Como micro-estruturas temos a sequência 1 ou a sequência 2, enquan-
Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro formal, determinadas to que o conjunto das duas sequências forma uma macro-estrutura.
regras para a boa formação textual. Destas regras podemos fazer derivar
certos julgamentos de coerência textual. Vamos agora abordar os princípios de coerência textual3:
1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja coerente, torna-se
Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerência necessário que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de
nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigação concluem que as recorrência restrita.
intervenções do professor a nível de incorreções detectadas na estrutura da
frase são precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencio- Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vários recursos:
nais; são designadas com recurso a expressões técnicas (construção, - pronominalizações,
conjugação) e fornecem pretexto para pôr em prática exercícios de corre- - expressões definidas,
ção, tendo em conta uma eliminação duradoura das incorreções observa- - substituições lexicais,
das. - retomas de inferências.
Pelo contrário, as intervenções dos professores no quadro das incorre- Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequência a
ções a nível da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre- uma outra que se encontre próxima em termos de estrutura de texto, reto-
ções não são designadas através de vocabulário técnico, traduzindo, na mando num elemento de uma sequência um elemento presente numa
maior parte das vezes, uma impressão global da leitura (incompreensível; sequência anterior:
não quer dizer nada).
a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna possível a re-
Para além disso, verificam-se práticas de correção algo brutais (refazer; petição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira.
reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exercícios de recupe-
ração. O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipa o
pronome.
Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu-
desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a lada no seu quarto.
fazer respeitar uma ordem sobre a qual não tem nenhum controle.
No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente.
Antes de passarmos à apresentação e ao estudo dos quatro princípios Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ain-
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da: Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me. que Picasso e o autor da referida peça sejam a mesma pessoa, uma vez
que sabemos que não foi Picasso mas Stravinski que compôs a referida
Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilização da catáfora, pa- peça.
ra nos precavermos de enunciados como este:
Ele sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com o António. Neste caso, mais do que o conhecimento normativo teórico, ou lexico-
enciclopédico, são importantes o conhecimento e as convicções dos parti-
Num enunciado como este, não há qualquer possibilidade de identificar cipantes no ato de comunicação, sendo assim impossível traçar uma fron-
ele com António. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretação: teira entre a semântica e a pragmática.
ele dirá respeito a um sujeito que não será nem o João nem o António, mas
que fará parte do conhecimento simultâneo do emissor e do receptor. Há também que ter em conta que a substituição lexical se pode efetuar
por
Para que tal aconteça, torna-se necessário reformular esse enunciado: - Sinonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
O António sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com ele. parte dos traços semânticos idêntica: A criança caiu. O miúdo nun-
ca mais aprende a cair!
As situações de ambiguidade referencial são frequentes nos textos dos - Antonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
alunos. parte dos traços semânticos oposta: Disseste a verdade? Isso
Ex.: O Pedro e o meu irmão banhavam-se num rio. cheira-me a mentira!
Um homem estava também a banhar-se. - Hiperonímia-a primeira expressão mantém com a segunda uma re-
Como ele sabia nadar, ensinou-o. lação classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Então lagosta,
adoro!
Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se- - Hiponímia- a primeira expressão mantém com a segunda uma re-
quencial, existem disfunções que introduzem zonas de incerteza no texto: lação elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de
ele sabia nadar(quem?), um felino?
ele ensinou-o (quem?; a quem?)
d)-Retomas de Inferências: neste caso, a relação é feita com base em
b)-Expressões Definidas: tal como as pronominalizações, as expres- conteúdos semânticos não manifestados, ao contrário do que se passava
sões definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um com os processos de recorrência anteriormente tratados.
elemento de uma frase numa outra frase ou até numa outra sequência
textual. Vejamos:
Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. P - A Maria comeu a bolacha?
Os gatos vão sempre conosco. R1 - Não, ela deixou-a cair no chão.
R2 - Não, ela comeu um morango.
Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas R3 - Não, ela despenteou-se.
aparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daquele
que o precede. As sequências P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do
Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muito ele- que a sequência P+R3.
gante.
No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição do
Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de deíticos contex- pronome na 3ª pessoa.
tuais.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elegante. Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é sufi-
ciente para garantir coerência a uma sequência textual.
Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipse.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegante. Ou Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hi-
ainda: póteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e
A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante. R2 retomarem inferências presentes em P:
- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria,
c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas e de deíticos - a Maria comeu qualquer coisa.
contextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Este
processo evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do ele- Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente dedutível de P.
mento linguístico.
Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam uma Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposições
senhora. Este assassinato é odioso. garante uma fortificação da coerência textual.
Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessário Quando analisamos certos exercícios de prolongamento de texto (con-
respeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seu tinuar a estruturação de um texto a partir de um início dado) os alunos são
representante mais específico. levados a veicular certas informações pressupostas pelos professores.
Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha.
Schumacher festejou euforicamente junto da sua equipe. Por exemplo, quando se apresenta um início de um texto do tipo: Três
crianças passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vão eles
Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos linguís- fazer?
ticos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim, Schuma-
cher, como termo mais específico, deveria preceder o piloto alemão. A interrogação final permite-nos pressupor que as crianças vão real-
mente fazer qualquer coisa.
No entanto, a substituição de um lexema acompanhado por um deter-
minante, pode não ser suficiente para estabelecer uma coerência restrita. Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros cantavam en-
Atentemos no seguinte exemplo: quanto as folhas eram levadas pelo vento, será punido por ter apresentado
uma narração incoerente, tendo em conta a questão apresentada.
Picasso morreu há alguns anos. O autor da "Sagração da Primavera"
doou toda a sua coleção particular ao Museu de Barcelona. No entanto, um professor terá que ter em conta que essas inferências
ou essas pressuposições se relacionam mais com o conhecimento do
A presença do determinante definido não é suficiente para considerar mundo do que com os elementos linguísticos propriamente ditos.
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APOSTILAS OPÇÃO
uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o
Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exercí- pretérito para suprimir as contradições.
cios, estão muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo
ao qual eles não tiveram acesso. Por exemplo, será difícil a um aluno As contradições pressuposicionais são em tudo comparáveis às infe-
recriar o quotidiano de um multi-milionário,senhor de um grande império renciais, com a exceção de que no caso das pressuposicionais é um conte-
industrial, que vive numa luxuosa vila. údo pressuposto que se encontra contradito.
Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa é-lhe per-
2.Princípio da Progressão: para que um texto seja coerente, torna-se feitamente fiel.
necessário que o seu desenvolvimento se faça acompanhar de uma infor-
mação semântica constantemente renovada. Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da mulher de Júlio,
enquanto a primeira pressupõe o inverso.
Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez que estipula que
um texto, para ser coerente, não se deve contentar com uma repetição É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradição pre-
constante da própria matéria. sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no
entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradi-
Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferreiro ção, assume-a, anula-a e toma partido dela.
estava vestido com umas calças pretas, um chapéu claro e uma vestimenta Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasmado com a parti-
preta. Tinha ao pé de si uma bigorna e batia com força na bigorna. Todos da para Itália, uma vez que sempre sonhou visitar Florença.
os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A
bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em 4.Princípio da Relação: para que um texto seja coerente, torna-se ne-
baixo e batia com o martelo na bigorna. cessário que denote, no seu mundo de representação, fatos que se apre-
sentem diretamente relacionados.
Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência, este texto não
será incoerente, será até coerente demais. Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência ser admitida
como coerente, terá de apresentar ações, estados ou eventos que sejam
No entanto, segundo o princípio da progressão, a produção de um tex- congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.
to coerente pressupõe que se realize um equilíbrio cuidado entre continui-
dade temática e progressão semântica. Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes
1 - A Silvia foi estudar.
Torna-se assim necessário dominar, simultaneamente, estes dois prin- 2 - A Silvia vai fazer um exame.
cípios (recorrência e progressão) uma vez que a abordagem da informação 3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1.
não se pode processar de qualquer maneira.
A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais
Assim, um texto será coerente se a ordem linear das sequências congruente do que as sequências 1+3 ou 2+3.
acompanhar a ordenação temporal dos fatos descritos.
Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei). Nos discursos naturais, as relações de relevância factual são, na maior
parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti-
O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das su- camente.
as sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados de Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou também: A Sil-
coisas descritos. via vai fazer um exame portanto foi estudar.
Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque cho- A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui
veu). um bom teste para descobrir uma incongruência.
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos
Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepção dos esta- de Fórmula 1.
dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequências
textuais. O conhecimento destes princípios de coerência, por parte dos profes-
Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à volta, árvores e sores, permite uma nova apreciação dos textos produzidos pelos alunos,
canteiros com flores. garantindo uma melhor correção dos seus trabalhos, evitando encontrar
incoerências em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a
Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral para o particu- dinamização de estratégias de correção.
lar.
3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja coerente, tor- Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen-
na-se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum ele- trais termo-nucleares nada lhe parecerá mais incoerente do que um tratado
mento semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressuposto técnico sobre centrais termo-nucleares.
por uma ocorrência anterior ou dedutível por inferência.
No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes.
Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é inadmissível que Pelo contrário, os receptores dão ao emissor o crédito da coerência, admi-
uma mesma proposição seja conjuntamente verdadeira e não verdadeira. tindo que o emissor terá razões para apresentar os textos daquela maneira.
Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das con- Assim, o leitor vai esforçar-se na procura de um fio condutor de pen-
tradições inferenciais e pressuposicionais. samento que conduza a uma estrutura coerente.
Existe contradição inferencial quando a partir de uma proposição po- Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa-
demos deduzir uma outra que contradiz um conteúdo semântico apresenta- mento e de linguagem uma espécie de princípio de coerência verbal (com-
do ou dedutível. parável com o princípio de cooperação de Grice8 estipulando que, seja qual
Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios de bolso. for o discurso, ele deve apresentar forçosamente uma coerência própria,
uma vez que é concebido por um espírito que não é incoerente por si
As inferências que autorizam viúva não só não são retomadas na se- mesmo.
gunda frase, como são perfeitamente contraditas por essa mesma frase.
É justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os
O efeito da incoerência resulta de incompatibilidades semânticas pro- textos dos nossos alunos.
fundas às quais temos de acrescentar algumas considerações temporais,
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APOSTILAS OPÇÃO
1. Coerência: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores
Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, con- compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era
vencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de significado um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1).
produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase não Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander
é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma simples 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7)
sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um
com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.
um texto em que há coerência.
O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeropor-
A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos segmen- to de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às
tos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara,
textual é pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez será pressu- uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará,
posto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda
eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há quebra nessa não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa
concatenação, ou quando um segmento atual está em contradição com um preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico
anterior, perde-se a coerência textual. demora no mínimo 60 dias para ser concluído.
A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao con- Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de
texto extra verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas
ser conhecido pelo receptor. casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram
ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi,
Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capi- de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no
tal do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto Pronto Socorro de Santa Cecília.
que chegou a nevar", percebemos que ela é incoerente em decorrência da
incompatibilidade entre um conhecimento prévio que temos da realizada Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no
com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à
em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!). clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada
a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro
Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo acima parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza
poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contexto da matéria fosse comprometida.
seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa.
E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns
No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a reali- mecanismos:
dade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve apre-
sentar elementos linguísticos instruindo o receptor acerca dessa anormali- a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o
dade. texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmente
por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamen-
Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do te dita. A repetição é um dos principais elementos de coesão do texto
décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida que a jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por
frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalida- parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a
de do fato narrado. mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibu-
lares, obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um núme-
2. Coesão: ro elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão.
A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-
rência e coesão. E a coesão, como o próprio nome diz (coeso significa b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repe-
ligado), é a propriedade que os elementos textuais têm de estar interliga- tição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico.
dos. De um fazer referência ao outro. Do sentido de um depender da rela- Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da
ção com o outro. Preste atenção a este texto, observando como as palavras vítima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na última
se comunicam, como dependem uma das outras. linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente
o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebrida-
SÃO PAULO: OITO PESSOAS MORREM EM QUEDA DE AVIÃO des (políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar
Das Agências a nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos:
Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o
Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes
e uma mulher que viu o avião cair morreram femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos
casos em que o sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevan-
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e tes e as identifiquem com mais propriedade.
dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda
de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido
cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião
sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a
São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de
mais três residências. 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba
que não foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as palavras
Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, piloto e co-piloto. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obvia-
que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reporta- mente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse
gem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro
(1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas
Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves.
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes
João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. de Apenas, é uma omissão de um elemento já citado: Três pessoas. Na
verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas
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escoriações e queimaduras. ças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do
Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região
d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região
elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a do país), que só é citada na linha seguinte.
substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo
de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os Conexão:
principais elementos de substituição: Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na
coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que
Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A
acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido
ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados
nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação
(4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha em Prosa Moderna).
Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela
(6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes
retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, princi-
contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes palmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico).
Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal
elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterio-
Elas (10) não sofreram ferimentos graves. ridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princí-
pio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, poste-
Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo riormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje,
que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes,
pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simulta-
de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado. neamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quan-
do, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que,
Exemplos: todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O pre-
sidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certifi- Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma
cado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente,
poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo); analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual,
Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.
dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam,
por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
mundo, etc.
Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda
Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também,
muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem
demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para como, com, ou (quando não for excludente).
conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).
Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é
Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expres- provável, não é certo, se é que.
sa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados.
Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, in-
Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumentos dos impostos. A questionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de parali-
sar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito,
Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.
nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-
exemplo) Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para
exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber,
Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um ele- ou seja, aliás.
mento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de
uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de cente- Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propó-
nas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi sito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.
a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisa-
ção -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de,
ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa,
animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.
que se podem atribuir a eles).
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclu-
Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as são, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse
de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderi- modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo.
ram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios
que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguin-
elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc. te, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com
efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez
Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte
texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se que, de tal forma que, haja vista.
refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade
(7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabe- Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste
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com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, Nos parágrafos narrativos, há o predomínio dos verbos de ação que se
embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se referem as personagens, além de indicações de circunstâncias relativas ao
bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que. fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc.
Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. O que falamos acima se aplica ao parágrafo narrativo propriamente di-
to, ou seja, aquele que relata um fato.
Níveis De Significado Dos Textos: Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir
Significado Implícito E Explícito as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido
Informações explícitas e implícitas por dois-pontos e introduzido por travessão), cada fala de um personagem
deve corresponder a um parágrafo para que essa fala não se confunda com
Faz parte da coerência, trata-se da inferência, que ocorre porque tudo a do narrador ou com a de outro personagem.
que você produz como mensagem é maior do que está escrito, é a soma
do implícito mais o explícito e que existem em todos os textos. Parágrafo Descritivo:
Em um texto existem dois tipos de informações implícitas, o pressu- A ideia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um frag-
posto e o subentendido. mento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um
ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado
O pressuposto é a informação que pode ser compreendida por uma momento. Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo.
palavra ou frase dentro do próprio texto, faz o receptor aceitar várias ideias
do emissor. O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da
descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que
O subentendido gera confusão, pois se trata de uma insinuação, não caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas
sendo possível afirmar com convicção. ou coordenadas.
A diferença entre ambos é que o pressuposto é responsável pelo emissor e A estruturação do parágrafo:
a informação já está no enunciado, já no subentendido o receptor tira suas
próprias conclusões. Profª Gracielle O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um
ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central,
ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relaciona-
Parágrafo: das pelo sentido e logicamente decorrentes dela.
Os textos são estruturados geralmente em unidades menores, os pa- O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da
rágrafos, identificados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar conveniente-
relação à margem esquerda da folha. Possuem extensão variada: há pará- mente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acom-
grafos longos e parágrafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a panhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.
unidade temática, já que cada ideia exposta no texto deve corresponder a O tamanho do parágrafo:
um parágrafo.
Os parágrafos são moldáveis conforme o tipo de redação, o leitor e o
É muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com veículo de comunicação onde o texto vai ser divulgado. Em princípio, o
ideias e exigem maior rigor e objetividade na composição, que o parágrafo- parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no
padrão apresente a seguinte estrutura: livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso.
a) introdução - também denominada tópico frasal, é constituída de Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para lei-
uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a ideia tores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em
principal do parágrafo, definindo seu objetivo; colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais
b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal, longos. Revistas populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes,
com apresentação de ideias secundárias que o fundamentam ou esclare- geralmente, apresentam parágrafos curtos.
cem; Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágra-
c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos fos menores, seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é
mais curtos e simples, a conclusão retoma a ideia central, levando em empregado para movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou
consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento. para enfatizar uma ideia.
Nas dissertações, os parágrafos são estruturados a partir de uma ideia Parágrafos médios: comuns em revistas e livros didáticos destinados
que normalmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e refor- a um leitor de nível médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com
çada por uma conclusão. três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro
cabem cerca de três parágrafos médios.
Os Parágrafos na Dissertação Escolar:
Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e acadêmicas pos-
As dissertações escolares, normalmente, costumam ser estruturadas suem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e conso-
em quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou mem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias
três para o desenvolvimento e um para a conclusão). e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade
É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema propos- e fôlego para acompanhá-los.
to e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é A ordenação no desenvolvimento do parágrafo pode acontecer:
fundamental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em pará-
grafos (cada um correspondendo a uma determinada ideia que nele se a) por indicações de espaço: "... não muito longe do lito-
desenvolve) tem a função de facilitar, para quem escreve, a estruturação ral...".Utilizam-se advérbios e locuções adverbiais de lugar e certas locu-
coerente do texto e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do ções prepositivas, e adjuntos adverbiais de lugar;
texto em sua totalidade. b) por tempo e espaço: advérbios e locuções adverbiais de tempo,
Parágrafo Narrativo: certas preposições e locuções prepositivas, conjunções e locuções conjun-
tivas e adjuntos adverbiais de tempo;
Nas narrações, a ideia central do parágrafo é um incidente, isto é, um
episódio curto. c) por enumeração: citação de características que vem normalmente
depois de dois pontos;
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d) por contrastes: estabelece comparações, apresenta paralelos e qualquer professor que ouse interpelar o instituído, questionar os burocra-
evidencia diferenças; Conjunções adversativas, proporcionais e comparati- tas, ou — pior ainda! — manifestar ideias diferentes das de quem manda na
vas podem ser utilizadas nesta ordenação; escola, pondo em causa feudos e mandarinatos.
e) por causa-consequência: conjunções e locuções conjuntivas con- O vocábulo “Grassa” poderia ser substituído, sem perda de sentido, por
clusivas, explicativas, causais e consecutivas;
(A) Propaga-se.
f) por explicitação: esclarece o assunto com conceitos esclarecedo-
res, elucidativos e justificativos dentro da ideia que construída. Pciconcur- (B) Dilui-se.
sos (C) Encontra-se.
Equivalência e transformação de estruturas. (D) Esconde-se.
Refere-se ao estudo das relações das palavras nas orações e nos pe- (E) Extingue-se.
ríodos. A palavra equivalência corresponde a valor, natureza, ou função;
relação de paridade. Já o termo transformação pode ser entendido como http://www.professorvitorbarbosa.com/
uma função que, aplicada sobre um termo (abstrato ou concreto), resulta
um novo termo, modificado (em sentido amplo) relativamente ao estado Discurso Direto.
original. Nessa compreensão ampla, o novo estado pode eventualmente
Discurso Indireto.
coincidir com o estado original. Normalmente, em concursos públicos, as
relações de transformação e equivalência aparecem nas questões dotadas Discurso Indireto Livre
dos seguintes comandos: Celso Cunha
ORAÇÃO PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEM- Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das
PORAL narrativas memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de Rio-
baldo, o personagem-narrador do romance de Grande Sertão: Veredas, de
Os professores de cursinhos ficam muito felizes / nos dias das provas.
Guimarães Rosa.
SUJ VERBO PREDICATIVO ADJUNTO ADVERBIAL DE TEMPO “Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa;
mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso
Apesar de classificados de formas diferentes, os termos indicados con- do que em primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?”
tinuam exercendo o papel de elementos adverbiais temporais.
Exemplo da prova! Ou, também, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, lirica-
mente identificado com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o
FUNDAÇÃO UNIVERSA SESI – SECRETÁRIO ESCOLAR (CÓDIGO convite que, na verdade, quem lhe faz é a sua própria alma:
203) Página 3 “Ouço o meu grito gritar na voz do vento:
Grassa nessas escolas uma praga de pedagogos de gabinete, que - Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
usam o legalismo no lugar da lei e que reinterpretam a lei de modo obtuso,
no intuito de que tudo fique igual ao que era antes. E, para que continue a Características do discurso direto
parecer necessário o desempenho do cargo que ocupam, para que pare- 1. No plano formal, um enunciado em discurso direto é marcado, ge-
çam úteis as suas circulares e relatórios, perseguem e caluniam todo e ralmente, pela presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar,
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sugerir, perguntar, indagar ou expressões sinônimas, que podem
introduzi-lo, arrematá-lo ou nele se inserir: Transposição do discurso direto para o indireto
“E Alexandre abriu a torneira: Do confronto destas duas frases:
- Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não “- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela.” (A.F. Schmidt)
ignoram.” (Graciliano Ramos) “Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia.”
“Felizmente, ninguém tinha morrido - diziam em redor.” (Cecília
Meirelles) Verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos
“Os que não têm filhos são órfãos às avessas”, escreveu Machado elementos do enunciado se modificam, por acomodação ao novo molde
de Assis, creio que no Memorial de Aires. (A.F. Schmidt) sintático.
Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a re- a) Discurso direto enunciado 1ª ou 2ª pessoa.
cursos gráficos - tais como os dois pontos, as aspas, o travessão e Exemplo: “-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir
a mudança de linha - a função de indicar a fala do personagem. É mais.”(M. de Assis)
o que observamos neste passo: Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa:
“Ao aviso da criada, a família tinha chegado à janela. Não avista- “Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia a pedir mais”
ram o menino: b) Discurso direto: verbo enunciado no presente:
- Joãozinho! “- O major é um filósofo, disse ele com malícia.” (Lima Barreto)
Nada. Será que ele voou mesmo?” Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito:
2. No plano expressivo, a força da narração em discurso direto pro- “Disse ele com malícia que o major era um filósofo.”
vém essencialmente de sua capacidade de atualizar o episódio, fa- c) Discurso direto: verbo enunciado no pretérito perfeito:
zendo emergir da situação o personagem, tornando-o vivo para o “- Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara.”(José de Alencar)
ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador desem- Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito:
penha a mera função de indicador das falas. “O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado.”
d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente:
Daí ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos diá- “- Virão buscar V muito cedo? - perguntei.”(A.F. Schmidt)
rios de comunicação e nos estilos literários narrativos em que os autores Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito:
pretendem representar diante dos que os lêem “a comédia humana, com a “Perguntei se viriam buscar V. muito cedo”
maior naturalidade possível”. (E. Zola) e) Discurso direto: verbo no modo imperativo:
“- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo)
Discurso indireto Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo:
1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis: “Gritaram em volta que seguisse a dança.”
“Elisiário confessou que estava com sono.” f) Discurso direto: enunciado justaposto:
Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso dire- “O dia vai ficar triste, disse Caubi.”
to, o narrador incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido
do personagem (Elisiário), contentando-se em transmitir ao leitor o pela integrante que:
seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma linguística que teria “Disse Caubi que o dia ia ficar triste.”
sido realmente empregada. g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta:
Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indire- “Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en-
to. cantadora?” (Guimarães Rosa)
2. Também, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta:
num só: “Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en-
“Engrosso a voz e afirmo que sou estudante.” (Graciliano Ramos) cantadora.”
h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta,
Características do discurso indireto isto) ou de 2ª pessoa (esse, essa, isso).
1. No plano formal verifica-se que, introduzidas também por um verbo “Isto vai depressa, disse Lopo Alves.”(Machado de Assis)
declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), as Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele,
falas dos personagens se contêm, no entanto, numa oração subor- aquela, aquilo).
dinada substantiva, de regra desenvolvida: “Lopo Alves disse que aquilo ia depressa.”
“O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tan- i) Discurso direto: advérbio de lugar aqui:
tos doudos no mundo e menos ainda o inexplicável de alguns ca- “E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
sos.” concluindo:
Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção - Aqui, não está o que procuro.”(Afonso Arinos)
integrante: Discurso indireto: advérbio de lugar ali:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálcu- “E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
lo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o ti- concluindo que ali não estava o que procurava.”
vesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava
podiam ser onze horas.”(Lima Barreto) Discurso indireto livre
A conjunçào integrante falta, naturalmente, quando, numa constru- Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um ter-
ção em discurso indireto, a subordinada substantiva assume a for- ceiro processo de reprodução de enunciados, resultante da conciliação dos
ma reduzida.: dois anteriormente descritos. É o chamado discurso indireto livre, forma de
“Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoei- expressão que, ao invés de apresentar o personagem em sua voz própria
ro.”(Graça Aranha) (discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria
2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o empre- dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos a
go do discurso indireto pressupõe um tipo de relato de caráter pre- impressão de que passam a falar em uníssono.
dominantemente informativo e intelectivo, sem a feição teatral e
atualizadora do discurso direto. O narrador passa a subordinar a si Comparem-se estes exemplos:
o personagem, com retirar-lhe a forma própria da expressão. Mas “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respira-
não se conclua daí que o discurso indireto seja uma construção es- ção presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um
tilística pobre. É, na verdade, do emprego sabiamente dosado de momento em que esteve quase... quase!
um e de outro tipo de discurso que os bons escritores extraem da Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qual-
narrativa os mais variados efeitos artísticos, em consonância com quer urubu... que raiva... “ (Ana Maria Machado)
intenções expressivas que só a análise em profundidade de uma “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que es-
dada obra pode revelar. tar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano
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Ramos) cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o biógrafo,
“O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da todos pretendem comunicar por escrito, a um público real, um conteúdo que
espinha. quase sempre demanda pesquisa, leitura e observação minuciosa de fatos
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha domés- empíricos. A capacidade de observar os dados e apresentá-los de maneira
tica nem a dos campos possuíam salvação. própria e individual determina o grau de criatividade do escritor.
Perdido... completamente perdido...”
( H. de C. Ramos) Para que haja eficácia na transmissão da mensagem, é preciso ter em
mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etária, nível
Características do discurso indireto livre cultural e escolar e interesse específico pelo assunto. Assim, um mesmo
Do exame dos enunciados em itálico comprova-se que o discurso indi- tema deverá ser apresentado diferentemente ao público infantil, juvenil ou
reto livre conserva toda a afetividade e a expressividade próprios do discur- adulto; com formação universitária ou de nível técnico; leigo ou especializa-
so direto, ao mesmo tempo que mantém as transposições de pronomes, do. As diferenças hão de determinar o vocabulário empregado, a extensão
verbos e advérbios típicos do discurso indireto. É, por conseguinte, um do texto, o nível de complexidade das informações, o enfoque e a condução
processo de reprodução de enunciados que combina as características dos do tema principal a assuntos correlatos.
dois anteriormente descritos. Organização das ideias. O texto artístico é em geral construído a partir
1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto li- de regras e técnicas particulares, definidas de acordo com o gosto e a
vre “pressupõe duas condições: a absoluta liberdade sintática do habilidade do autor. Já o texto objetivo, que pretende antes de mais nada
escritor (fator gramatical) e a sua completa adesão à vida do per- transmitir informação, deve fazê-lo o mais claramente possível, evitando
sonagem (fator estético) “ (Nicola Vita In: Cultura Neolatina). palavras e construções de sentido ambíguo.
Observe-se que essa absoluta liberdade sintática do escritor pode
levar o leitor desatento a confundir as palavras ou manifestações Para escrever bem, é preciso ter ideias e saber concatená-las. Entre-
dos locutores com a simples narração. Daí que, para a apreensão vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema abordado
da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ga- são bons recursos para obter informações e formar juízos a respeito do
nhe em importância o papel do contexto, pois que a passagem do assunto sobre o qual se pretende escrever. A observação dos fatos, a
que seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor é, experiência e a reflexão sobre seu conteúdo podem produzir conhecimento
muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte suficiente para a formação de ideias e valores a respeito do mundo circun-
passo de Machado de Assis: dante.
“Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubião É importante evitar, no entanto, que a massa de informações se dis-
acudiu, levando-lhe água e pedindo que se deitasse para descan- perse, o que esvaziaria de conteúdo a redação. Para solucionar esse
sar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não era problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre-
nada. Perdera o costume de fazer discursos é o que era.” ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O
2. No plano expressivo, devem ser realçados alguns valores desta passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encadeá-las segundo
construção híbrida: a relação que se estabelece entre elas.
a) Evitando, por um lado, o acúmulo de quês, ocorrente no discurso
indireto, e, por outro lado, os cortes das oposições dialogadas pe- Vocabulário e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinôni-
culiares ao discurso direto, o discurso indireto livre permite uma mos, dois termos quase nunca têm exatamente o mesmo significado. Há
narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente elabora- sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo
dos; com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulário que o
b) O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e personagem indivíduo domina para redigir um texto, mais fácil será a tarefa de comuni-
neste molde frásico torna-o o preferido dos escritores memorialis- car a vasta gama de sentimentos e percepções que determinado tema ou
tas, em suas páginas de monólogo interior; objeto lhe sugere.
c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem
Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcaísmos e
sempre aparece isolado em meio da narração. Sua “riqueza ex-
neologismos e dar preferência ao vocabulário corrente, além de evitar
pressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo pará-
cacofonias (junção de vocábulos que produz sentido estranho à ideia
grafo, com os discursos direto e indireto puro”, pois o emprego
original, como em "boca dela") e rimas involuntárias (como na frase, "a
conjunto faz que para o enunciado confluam, “numa soma total, as
audição e a compreensão são fatores indissociáveis na educação infantil").
características de três estilos diferentes entre si”.
O uso repetitivo de palavras e expressões empobrece a escrita e, para
(Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-
evitá-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes.
FENAME.)
A obediência ao padrão culto da língua, regido por normas gramaticais,
linguísticas e de grafia, garante a eficácia da comunicação. Uma frase
Redação gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada com
A linguagem escrita tem identidade própria e não pretende ser mera erros é, antes de tudo, uma mensagem ininteligível, que não atinge o
reprodução da linguagem oral. Ao redigir, o indivíduo conta unicamente objetivo de transmitir as opiniões e ideias de seu autor.
com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir conteúdos Tipos de redação. Todas as formas de expressão escrita podem ser
complexos, estimular a imaginação do leitor, promover associação de ideias classificadas em formas literárias -- como as descrições e narrações, e
e ativar registros lógicos, sensoriais e emocionais da memória. nelas o poema, a fábula, o conto e o romance, entre outros -- e não-
Redação é o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga- literárias, como as dissertações e redações técnicas.
nizada. O ponto de partida para redigir bem é o conhecimento da gramática Descrição. Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa,
do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de redação lugar, coisa etc.) por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação das
deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se pretende características do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos humanos
dar à composição, organização das ideias sobre o tema, escolha do voca- -- visão, audição, tato, olfato e paladar --, já que é por intermédio deles que
bulário adequado e concatenação das ideias segundo as regras linguísticas o ser humano toma contato com o ambiente.
e gramaticais.
A descrição resulta, portanto, da capacidade que o indivíduo tem de
Para adquirir um estilo próprio e eficaz é conveniente ler e estudar os perceber o mundo que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais
grandes mestres do idioma, clássicos e contemporâneos; redigir frequen- rica será a descrição. Por meio da percepção sensorial, o autor registra
temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de ex- suas impressões sobre os objetos, quanto ao aroma, cor, sabor, textura ou
pressão; e ser escrupuloso na correção da composição, retificando o que sonoridade, e as transmite para o leitor.
não saiu bem na primeira tentativa. É importante também realizar um
exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se Narração. O relato de um fato, real ou imaginário, é denominado narra-
refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. O romancista, o ção. Pode seguir o tempo cronológico, de acordo com a ordem de sucessão
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dos acontecimentos, ou o tempo psicológico, em que se privilegiam alguns página e de caracteres ou espaços por linha, à entrelinha e à numeração
eventos para atrair a atenção do leitor. A escolha do narrador, ou ponto de das páginas, entre outras características. ©Encyclopaedia Britannica do
vista, pode recair sobre o protagonista da história, um observador neutro, Brasil Publicações Ltda.
alguém que participou do acontecimento de forma secundária ou ainda um
espectador onisciente, que supostamente esteve presente em todos os A diferença entre fatos e opiniões
lugares, conhece todos os personagens, suas ideias e sentimentos. por José Antônio Rosa
A apresentação dos personagens pode ser feita pelo narrador, quando Qual é a diferença entre um fato e uma opinião? O fato é aquilo que
é chamada de direta, ou pelas próprias ações e comportamentos deste, aconteceu, enquanto que a opinião é o que alguém pensa que ocorreu,
quando é dita indireta. As falas também podem ser apresentadas de três uma interpretação dos fatos. Digamos: houve um roubo na portaria da
formas: (1) discurso direto, em que o narrador transcreve de forma exata a empresa e alguém vai investigá-lo. Se essa pessoa for absolutamente
fala do personagem; (2) discurso indireto, no qual o narrador conta o que o honesta, faz um relatório claro relatando os fatos com absoluta fidelidade e
personagem disse, lançando mão dos verbos chamados dicendi ou de após esse relato objetivo, apresenta sua opinião sobre os acontecimentos.
elocução, que indicam quem está com a palavra, como por exemplo "dis- É usualmente desejável que ela dê sua opinião porque, se foi escalada
se", "perguntou", "afirmou" etc.; e (3) discurso indireto livre, em que se para investigar o crime é porque tem qualificação para isso; além disso, o
misturam os dois tipos anteriores. próprio fato de ela ter investigado já lhe dá autoridade para opinar.
O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem
chama-se enredo. Pode ser linear, segundo a sucessão cronológica dos É importante considerar:
fatos, ou não-linear, quando há cortes na sequência dos acontecimentos. É
comumente dividido em exposição, complicação, clímax e desfecho. · Vivemos num mundo em que tomamos decisões a partir de informações;
· Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e expressões de opiniões;
Dissertação. A exposição de ideias a respeito de um tema, com base · Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por números, documen-
em raciocínios e argumentações, é chamada dissertação. Nela, o objetivo tos, registros;
do autor é discutir um tema e defender sua posição a respeito dele. Por · Opiniões, por outro lado, refletem juízos, valores, interpretações;
essa razão, a coerência entre as ideias e a clareza na forma de expressão · Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quando isso ocorre temos
são elementos fundamentais. de ter cuidado com as informações que vêm delas;
· Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias opiniões, pois elas
A organização lógica da dissertação determina sua divisão em introdu-
podem ser tomadas como fatos por outros;
ção, parte em que se apresenta o tema a ser discutido; desenvolvimento,
· Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em
em que se expõem os argumentos e ideias sobre o assunto, fundamentan-
conta as opiniões de gente qualificada sobre tais fatos.
do-se com fatos, exemplos, testemunhos e provas o que se quer demons-
trar; e conclusão, na qual se faz o desfecho da redação, com a finalidade
Ronald H. Coase, Prêmio Nobel de economia, observa que se torturarmos
de reforçar a ideia inicial.
os fatos adequadamente, eles acabam confessando. O jeito então é ouvir
Texto jornalístico e publicitário. O texto jornalístico apresenta a peculia- com ouvidos críticos e pesquisar o suficiente, antes de tomar uma decisão.
ridade de poder transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal,
empregada, por exemplo, nos periódicos especializados sobre ciência e Ironia
política, até aquela extremamente coloquial, utilizada em publicações A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em
voltadas para o público juvenil. Apesar dessa aparente liberdade de estilo, o dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância
redator deve obedecer ao propósito específico da publicação para a qual intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na
escreve e seguir regras que costumam ser bastante rígidas e definidas, Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com
tanto quanto à extensão do texto como em relação à escolha do assunto, vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.
ao tratamento que lhe é dado e ao vocabulário empregado.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunci-
O texto publicitário é produzido em condições análogas a essas e ainda ar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade
mais estritas, pois sua intenção, mais do que informar, é convencer o com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalo-
público a consumir determinado produto ou apoiar determinada ideia. Para rizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura,
isso, a resposta desse mesmo público é periodicamente analisada, com o para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição. O termo
intuito de avaliar a eficácia do texto. Ironia Socrática, levantado por Aristóteles, refere-se ao método socrático.
Redação técnica. Há diversos tipos de redação não-literária, como os Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da palavra.
textos de manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos Tipos de ironia
científicos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos
de redação técnica e científica. A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral,
dramática e de situação.
Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coe-
rência e clareza que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação • A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a in-
técnica apresenta estrutura e estilo próprios, com forte predominância da tenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende expres-
linguagem denotativa. Essa distinção é basicamente produzida pelo objeti- sar outra, ou então quando um significado literal é contrário para
vo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e não o de impressio- atingir o efeito desejado.
nar.
• A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a
As dissertações científicas, elaboradas segundo métodos rigorosos e expressão e a compreensão/cognição: quando uma palavra ou
fundamentadas geralmente em extensa bibliografia, obedecem a padrões uma ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o signi-
de estruturação do texto criados e divulgados pela Associação Brasileira de ficado da situação, mas a personagem não.
Normas Técnicas (ABNT). A apresentação dos trabalhos científicos deve
incluir, nessa ordem: capa; folha de rosto; agradecimentos, se houver; • A ironia de situação é a disparidade existente entre a
sumário; sinopse ou resumo; listas (de ilustrações, tabelas, gráficos etc.); o intenção e o resultado: quando o resultado de uma ação é con-
texto do trabalho propriamente dito, dividido em introdução, método, resul- trário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma maneira, a ironia
tados, discussão e conclusão; apêndices e anexos; bibliografia; e índice. infinita (cosmic irony) é a disparidade entre o desejo humano e
as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas afirmam
A preparação dos originais também obedece a algumas normas defini- que a ironia de situação e a ironia infinita, não são ironias de to-
das pela ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação do
(IBBD) para garantia de uniformidade. Essas normas dizem respeito às
dimensões do papel, ao tamanho das margens, ao número de linhas por Exemplos:
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“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crian-
ças”. (Monteiro Lobato) Eliminando a ambiguidade: O menino avistou um mendigo que estava
sentado na varanda.
"-Meu marido é um santo. Só me traiu três vezes!" O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo. Por Marina
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbo- Cabral
lo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de lin-
guagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la. Paráfrase
O humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau Uma paráfrase é uma reafirmação das ideias de um texto ou uma passa-
de disposição e de bem-estar psicológico e emocionante um indivíduo. gem usando outras palavras. O ato de paráfrase é também chamado de
parafrasear.
A palavra humor surgiu na medicina humoral dos antigos Gregos. Na-
queles tempos, o termo humor representava qualquer um dos quatro fluidos Uma paráfrase tipicamente explica ou clarifica o texto que está sendo
corporais (ou humores) que se considerava serem responsáveis por regular citado. Por exemplo, "O sinal estava vermelho" pode ser parafraseada
a saúde física e emocional humana. como "O carro não estava autorizado a prosseguir". Quando acompanha a
declaração original, uma paráfrase normalmente é introduzido com uma
O humor é uma das chaves para a compreensão dicendi verbum - uma expressão declaratória para sinalizar a transição para
de culturas, religiões e costumes das sociedades num sentido amplo, sendo a paráfrase. Por exemplo, em "O sinal estava vermelho, isto é, o trem não
elemento vital da condição humana. O homem é o único animal que ri, e estava autorizado a proceder". Que é sinal a paráfrase que se segue.
através dos tempos a maneira humana de sorrir modifica-se acompanhan-
do os costumes e correntes de pensamento. Uma paráfrase não precisa acompanhar uma citação direta, mas quando é
assim, a paráfrase normalmente serve para colocar a declaração da fonte
Em cada época da história humana a forma de pensar cria e derru- em perspectiva ou para esclarecer o contexto em que apareceu. Uma
ba paradigmas, e o humor acompanha essa tendência sociocultural. Ex- paráfrase é tipicamente mais detalhada do que um resumo. Deve-se adici-
pressões culturais do humor podem representar retratos fiéis de uma épo- onar a fonte no final da frase, por exemplo: A calçada da rua estava suja
ca, como é o caso, por exemplo, das comédias gregas de Plauto e das ontem (Wikipedia).
comédias de costumes do brasileiro Martins Pena.
A paráfrase pode tentar preservar o significado essencial do material a ser
Ambiguidade parafraseado. Assim, a reinterpretação (intencional ou não) de uma fonte
A duplicidade de sentido, seja de uma palavra ou de uma expressão, dá-se para inferir um significado que não é explicitamente evidente na própria
o nome de ambiguidade. Ocorre geralmente, nos seguintes casos: fonte é qualificada como "pesquisa inédita", e não como paráfrase.
O termo é aplicado ao gênero das paráfrases bíblicas, que eram as versões
Má colocação do Adjunto Adverbial de maior circulação da Bíblia disponíveis na Europa medieval. O objetivo
não era o de tornar uma interpretação exata do significado ou o texto com-
Exemplos: Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais pleto, mas para material presente na Bíblia em uma versão que era teologi-
sadias. camente ortodoxo e não está sujeita a interpretação herética, ou, na maioria
dos casos, para tomar a Bíblia e presente a um material de grande público
As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são que foi interessante, divertida e espiritualmente significativa, ou, simples-
frequentemente mais sadias porque recebem leite? mente para encurtar o texto.
Eliminando a ambiguidade: Crianças que recebem frequentemente leite A frase "em suas próprias palavras" é frequentemente utilizado neste con-
materno são mais sadias. texto para sugerir que o autor reescreveu o texto em seu próprio estilo de
Crianças que recebem leite materno são frequentemente mais sadias. escrita - como teria escrito se eles tivessem criado a ideia.
O que se denomina paralelismo sintático é um encadeamento de
Uso Incorreto do Pronome Relativo funções sintáticas idênticas ou encadeamento de orações de valores sintá-
ticos iguais. Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a externa, ao ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite
cama. estabelecer maior relevância de uma sobre a outra, criam um processo de
ligação por coordenação. Diz-se que estão formando um paralelismo sintá-
O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes? tico.
Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de Texto literário e não literário - marcas linguísticas
diamantes a qual estava sobre a cama.
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre
Antes de partirmos, de modo enfático, para as características que delineiam
a cama.
ambas as modalidades, faremos uma breve consideração no tocante aos
aspectos primordiais que perfazem o texto, vistos de maneira abrangente.
Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança
pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os
Toda e qualquer produção escrita é fruto de um conjunto de fatores, os
substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria
quais se encontram interligados e se tornam indissociáveis, de modo a
necessidade de uma reestruturação diferente.
permitir que o discurso se materialize de forma plausível. Portanto, infere-se
que tais fatores se ligam aos conhecimentos de quem o produz, sejam
Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases
esses de ordem linguística ou aqueles adquiridos ao longo da trajetória
cotidiana.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.
Aliada a essa prerrogativa existe aquela que inegavelmente norteia a
concepção de linguagem, ou seja, a de possuir um caráter dinâmico e
O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
estritamente social. Isso nos leva a crer que sempre estamos dialogando
como o “outro”, e que, sobretudo, compartilhamos nossas ideias e opiniões
Eliminando a ambiguidade: Aquela velha senhora encontrou o garotinho no
com os diferentes interlocutores envolvidos no discurso.
quarto dela.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.
Essa noção, uma vez proferida, tende a subsidiar os nossos propósitos no
que se refere ao assunto em questão. E, para tal, analisemos:
Ex.: Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.
Os poemas
Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?
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A língua faz parte de nossa vida diária. Por isso, é importante conhecer,
através da reflexão linguística, seu funcionamento nas diversas situações
do cotidiano.
A ausência dessa reflexão na dinâmica da produção escrita compromete
sobretudo a superfície textual. Exemplos:
REESCRITA:
(Quando aquecida, a almofadinha HAPPY BABY não deverá ser usada
diretamente sobre a pele do bebê, fraldas descartáveis e calças plásticas).
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam TEXTO 2 - Redundância no texto informal:
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo “Me desespera saber que algo pode ocorrer comigo quando eu entro num
como de um alçapão. prédio e se isso acontecer, tenho a convicção de que algo grave ocorrerá
Eles não têm pouso comigo”.
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos REESCRITA:
e partem. (Quando entro num prédio, desespera-me pensar que algo grave poderá
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, ocorrer comigo).
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti... TEXTO 3 – Problemas gramaticais e ineficiência da mensagem:
QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM, 1980. “Necessitei ausentar-se do serviço, por que encontrava-me com dificulda-
des de enxergar, porque minha profissão requer uma boa visão”.
O exemplo em voga trata-se de uma criação poética pertencente a um
renomado autor da era modernista. Atendo-nos às suas peculiaridades no OBS.: Não basta, neste caso, propor apenas a correção gramatical, numa
tange à linguagem, notamos a presença de uma linguagem metafórica que situação escolar envolvendo a escrita. É preciso, na reescritura do texto,
simboliza a capacidade imaginativa do artista comparando-a com a liberda- eliminar o supérfluo, buscando a clareza e a eficácia da mensagem.
de conferida aos pássaros, uma vez que são livres e voam rumo ao hori-
zonte. REESCRITA:
(Ausentei-me do serviço para consultar um oculista.)
Por meio dos seguintes excertos poéticos, assim representados, voltamos à
ideia anteriormente mencionada de que a competência linguística vai TEXTO 4 – Redação escolar: "lugar-comum"
paulatinamente sendo “adornada”, de acordo com a troca de experiências
entre o emissor e o mundo que o rodeia: “O que fiz ontem de mais importante, sem dúvida, foi assistir um jogo de
futebol pelo rádio. O confronto entre Corinthians e Palmeiras é um clássico
Eles não têm pouso imperdível.
nem porto Durante a partida, sofri, sofri muito como todo corinthiano que se preza.
alimentam-se um instante em cada par de mãos Mas, Graças a Deus, o empate teve gosto de vitória”.
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, OBS: Nessa produção, a não ser pela regência incorreta do verbo “assis-
no maravilhoso espanto de saberes [...] tir” (empregado equivocadamente em lugar do verbo “ouvir”), não há restri-
ções quanto ao uso da língua padrão, sequer pelo emprego do termo
Desta feita, a intencionalidade discursiva, característica textual marcante, “imperdível”, já consagrado nas modalidades oral e escrita, menos formais.
pauta-se por despertar no interlocutor sentimentos e emoções, com vistas a Note-se, ainda, a utilização adequada do relator adversativo (mas) e a
oferecer uma multiplicidade de interpretações, uma vez conferida pelo coesão por sequenciação temporal (durante a partida/ ontem).
caráter subjetivo. Eis assim a característica que nutre um texto literário. O que pode, então, poluir esse “oásis”? Nada menos que a predomi-
nância do “LUGAR-COMUM”, em prejuízo da originalidade de expressão:
Pensemos agora em um outro tipo de texto, no qual não identificamos
nenhum envolvimento por parte do emissor, pois suas marcas linguísticas ... é um (jogo) imperdível,0
primam-se pela objetividade. A conclusão a que podemos chegar é que, ... como todo (corinthiano) que se preza
nesse caso, a finalidade é apenas informar algo, tal qual se encontra no ... o empate teve gosto de vitória
discurso apresentado, isento de marcas pessoais, opiniões, juízos de valor
e, sobretudo, de traços ligados à subjetividade. Todo A INTENÇÃO COMUNICATIVA
Todo aquele que se comunica -falando, pintando, escrevendo, dan-
Uma notícia, reportagem, artigo científico? Seriam esses os casos çando etc. - tem uma intenção comunicativa. Ele, locutor, não está apenas
representativos? A reposta para tal indagação é reafirmá-la, uma vez que querendo transmitir uma mensagem, passar uma informação, mas interagir
tais modalidades tem uma finalidade em comum: a informação. Essa, por com outra pessoa que se vai tornar o locutário. Ou seja, o locutor tem um
sua vez, precisa retratar uma certa credibilidade conferida por meio do objetivo em mente ao construir o seu texto e, normalmente, esse objetivo se
discurso. Daí o caráter objetivo, razão pela qual o autor, em momento relaciona com alguma ação. Toda palavra faz parte de um movimento maior
algum, não deixa que suas opiniões se fruam em meio ao ato discursivo a em torno de uma ação social.
que se propõe. Tal particularidade revela a natureza linguística do chamado
texto não literário. Vânia Maria do Nascimento Duarte Por exemplo, uma bula de remédios. Ela pode ser lida a qualquer mo-
mento e pelos mais variados motivos. Ainda que a maioria considerasse
REESCRITURA DE TEXTOS absurdo, eu poderia ler uma bula de remédios antes de dormir, para relaxar
Dorival Coutinho da Silva um pouco. Mas, a intenção comunicativa de uma bula de remédios é outra.
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Ela existe na sociedade para que o leitor conheça adequadamente o remé- (quando pertencem à mesma classe gramatical), sintática (quando há
dio e saiba como usá-lo. O conhecimento e a aplicação das informações da semelhança entre frases ou orações) e semântica (quando há correspon-
bula de remédios pode significar o restabelecimento da saúde. dência de sentido entre os termos).
Assim, uma pessoa pode até ler uma bula de remédio para se distrair Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que
porque não tem o que outra coisa que fazer, contudo passar o tempo não é houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptíveis aos olhos de
a intenção comunicativa da bula de remédios. É um uso para a bula, mas quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um
não atende à intenção comunicativa desse gênero discursivo. Quem escre- todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes casos:
ve esse texto não o faz para que os outros passem um momento agradável
de diversão. Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda.
É justamente o caso contrário do que ocorre com o filme de aventuras
que alguém se assiste no cinema, domingo à tarde, com os seus amigos. Constatamos a falta de paralelismo semântico, ao analisarmos que o time
Voltados para essa necessidade, existem muitos filmes de aventuras cuja brasileiro não enfrentará o país, e sim a seleção que o representa. Reestru-
intenção comunicativa é apenas fazer os locutários se distraírem e passar turando a oração, obteríamos:
um bom momento. Mas não existem apenas filmes de aventuras em circu-
lação na sociedade. Outros filmes ultrapassam esse objetivo e procuram, Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a seleção da
também, discutir valores ou criticar aspectos da identidade humana, por Holanda.
exemplo.
Se eles comparecessem à reunião, ficaremos muito agradecidos.
O primeiro e, sem dúvidas, um dos maiores desafios de quem produz
um texto é fazer o locutário cooperar com a intenção comunicativa do texto Eis que estamos diante de um corriqueiro procedimento linguístico, embora
produzido. Em outras palavras, fazer com que o locutário esteja disposto a considerado incorreto, sobretudo, pela incoerência conferida pelos tempos
interpretar o texto de acordo com a intenção comunicativa do locutor. verbais (comparecessem/ficaremos). O contrário acontece se dissésse-
Ou seja, de má vontade, sem querer participar, sem se envolver, o lo- mos:
cutário não vai fazer o seu papel no processo de interação comunicativa. O
locutário poderá então não compreender o texto ou fazer uma interpretação Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos muito agradecidos.
que foge aos objetivos desse texto. Ele vai ler, mas não vai interpretar Ambos relacionados à mesma ideia, denotando uma incerteza quanto à
adequadamente, nem agir de acordo. ação.
Mas por que o locutário não atenderia à intenção comunicativa do texto Ampliando a noção sobre a correta utilização destes recursos, analisemos
que lê? Isso pode acontecer porque aquele que assume o papel de locutá- alguns casos em que eles se aplicam:
rio não sabe (ou não deseja) realizar o trabalho de envolvimento com o
texto necessário para interpretá-lo. Assim, é muito importante ao interpre- não só... mas (como) também:
tarmos um texto, identificarmos a intenção comunicativa.
A violência não só aumentou nos grandes centros urbanos, mas
Algumas perguntas podem nos ajudar: também no interior.
Ø Para que serve esse texto na sociedade?
Ø O que esse texto revela sobre o locutor? Percebemos que tal construção confere-nos a ideia de adição em comparar
Ø O que se espera que eu faça depois de ler esse texto? ambas as situações em que a violência se manifesta.
Compreendendo a intenção comunicativa do texto, podemos também
Quanto mais... (tanto) mais:
escolher até que ponto desejamos participar no processo comunicativo. Isto
é, podemos envolvermo-nos mais ou menos, de acordo com nossas neces-
Atualmente, quanto mais se aperfeiçoa o profissionalismo, mais chan-
sidades, possibilidades, desejos etc.
ces tem de se progredir.
A escola, como instituição, no entanto, tem sido muito eficiente em 'ma-
tar' as intenções comunicativas dos textos. Em todas os componentes Ao nos atermos à noção de progressão, podemos identificar a construção
curriculares. Seja por reduzir os textos a intenções distorcidas daquelas paralelística.
para as que foram produzidos; seja por simplesmente ignorar o processo
social que deu origem a tais textos. José Luís Landeira Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora:
Paralelismo Sintático e Paralelismo Semântico - recursos A cordialidade é uma virtude aplicável em quaisquer circunstâncias,
que compõem o estilo textual seja no ambiente familiar, seja no trabalho.
Notadamente, a construção textual é concebida como um procedimento Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante a ideia de alternância.
dotado de grande complexidade, haja vista que o fato de as ideias emergi-
rem com uma certa facilidade não significa transpô-las para o papel sem a Tanto... Quanto:
devida ordenação. Tal complexidade nos remete à noção das competências
inerentes ao emissor diante da elaboração do discurso, dada a necessidade As exigências burocráticas são as mesmas, tanto para os veteranos,
de este se perfazer pela clareza e precisão. quanto para os calouros.
Infere-se, portanto, que as competências estão relacionadas aos conheci- Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de equivalência, constata-se
mentos que o usuário tem dos fatos linguísticos, aplicando-os de acordo a estrutura paralelística.
com o objetivo pretendido pela enunciação. De modo mais claro, ressalta-
mos a importância da estrutura discursiva se pautar pela pontuação, con- Não... E não/nem:
cordância, coerência, coesão e demais requisitos necessários à objetivida-
de retratada pela mensagem. Não poderemos contar com o auxílio de ninguém, nem dos alunos,
nem dos funcionários da secretaria.
Atendo-nos de forma específica aos inúmeros aspectos que norteiam os já
citados fatos linguísticos, ressaltamos determinados recursos cuja função Recurso este empregado quando se quer atribuir uma sequência negativa.
se atribui por conferirem estilo à construção textual – o paralelismo sintático
e semântico. Caracterizam-se pelas relações de semelhança existente Por um lado... Por outro:
entre palavras e expressões que se efetivam tanto de ordem morfológica
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Se por um lado, a desistência da viagem implicou economia, por - a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura).
outro, desagradou aos filhos que estavam no período de férias. - o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo (guloso,
glutão).
O paralelismo efetivou-se em virtude da referência a aspectos negativos e Sinédoque:
positivos relacionados a um determinado fato.
Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo
Tempos verbais: ampliação ou redução do sentido usual da palavra numa relação quantitati-
va. Encontramos sinédoque nos seguintes casos:
Se a maioria colaborasse, haveria mais organização. - o todo pela parte e vice-versa: “A cidade inteira (o povo) viu assombrada,
de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte das
Como dito anteriormente, houve a concordância de sentido proferida pelos patas) de seu cavalo.” (J. Cândido de Carvalho)
verbos e seus respectivos tempos. - o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os paulistas) é tímido;
: Vânia Maria do Nascimento Duarte o carioca (todos os cariocas), atrevido.
- o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os
Reescritura de frases e parágrafos do texto artistas ele foi um mecenas (protetor).
Reescritura de frases e parágrafos do texto. Catacrese:
Substituição de palavras ou de trechos de texto. A catacrese é um tipo de especial de metáfora, “é uma espécie de metáfora
Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade. desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de
Este item será abordado como um tema só, pois a separação deles está criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já
meio complicada, pois a substituição de palavras ou de trechos tem tudo a fora do âmbito estilístico.” (Othon M. Garcia).
ver com a retextualização São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de alho
Reescrituração de textos / montar em burro / céu da boca / cabeça de prego / mão de direção /
ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no banco.
Figuras de estilo, figuras ou Desvios de linguagem são nomes dados a
alguns processos que priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto mais Sinestesia:
rico e expressivo ou buscar um novo significado, possibilitando uma reescri- A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma
tura correta de textos. expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão,
Podem ser: olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Figuras de palavras Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de
uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo.
As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido
Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensa-
diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um
ções táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer)
efeito mais expressivo na comunicação.
Antonomásia:
São figuras de palavras:
Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade,
Comparação:
característica ou fato que a distingue.
Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elemen-
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou
tos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos –
cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome
feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns
próprio.
verbos – parecer, assemelhar-se e outros.
Exemplos: “E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, / Rasga e
Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher
enlameia a túnica inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson Arantes
como se fosse lógico.” (Chico Buarque);
do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Virgílio) / O poeta dos escravos (=
“As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= Napoleão)
xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas…” (Jorge Amado).
Alegoria:
Metáfora:
A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto;
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global por
de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria,
também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum
conectivo não está expresso, mas subentendido. e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um referencial e outro
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. metafórico.
Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis). Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono
Metonímia: lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não
Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, ha- são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo
vendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados,
sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis).
objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos: Figuras de sintaxe ou de construção:
- o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes de sair, tomamos um As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação
cálice (o conteúdo de um cálice) de licor. à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições
- a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o operário ia / Com suor e com ou omissões.
cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apartamen- Elas podem ser construídas por:
to.” (Vinicius de Moraes). a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
- o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa do b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado).
d) ruptura: anacoluto;
- o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu
e) concordância ideológica: silepse.
coração (sentimento, sensibilidade).
Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:
- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pelos
revolucionários. Assíndeto:
- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino) soa.
- o inventor pelo invento: Edson (a energia elétrica) ilumina o mundo.
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Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” (A grita da gente se
conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgu- alevanta ao Céu ) (Camões).
las. Hipálage:
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade
pausas rítmicas (vírgulas). que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” (as lojas dos barbeiros
pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se.” (Machado de loquazes.) (Eça de Queiros).
Assis). Anacoluto:
Elipse: Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente pode- inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A construção do período
mos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de deixa um ou mais termos – que não apresentam função sintática definida –
pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
concisão e dinamismo. Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcânta-
Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.” (elipse ra Machado).
do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias…). Silepse:
Zeugma: Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas
Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando com a ideia a elas associada.
subentendida sua repetição. a) Silepse de gênero:
Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes.” Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou
(Zeugma do verbo: “e foram assassinados…”) (Camilo Castelo Branco). masculino).
Anáfora: Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães
Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um Rosa).
período, frase ou verso. b) Silepse de número:
Exemplo: “Depois o areal extenso… / Depois o oceano de pó… / Depois no Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular
horizonte imenso / Desertos… desertos só…” (Castro Alves). ou plural).
Pleonasmo: Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário Barreto).
Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundân- c) Silepse de pessoa:
cia de significado.
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal:
a) Pleonasmo literário: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.
É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas.” (Ma-
vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso chado de Assis).
estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Figuras de pensamento:
Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os olhos eu quis
ver de perto / Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto de Olivei- As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao
ra). significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
“Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçalves Dias) São figuras de pensamento:
“Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas de Portugal” (Fernando Antítese:
Pessoa). Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de
b) Pleonasmo vicioso: sentidos opostos.
É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras anteri- Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns
ormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos
valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do trazem o mal.” (Rui Barbosa).
sentido real das palavras. Apóstrofe:
Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou
os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio exclusivo / breve alocução / imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo
principal protagonista. na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.
Polissíndeto: Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” (Castro Alves).
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coor- Paradoxo:
denativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a con- Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido
junção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertigino- oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindo-se ao
sos. mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxí-
Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas das bur- moro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
guesinhas ricas / e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.” Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se
(Manuel Bandeira). sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;”
Anástrofe: (Camões)
Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas Eufemismo:
(determinante/determinado). Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para
Exemplo: “Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra tenho.” (Mário atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.
Quintana). Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe
Hipérbato: pague”. (Chico Buarque).
Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase. Gradação:
Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ” (As belas passeiam na Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensificam
Avenida à tarde.) (Carlos Drummond de Andrade). uma mesma ideia.
Sínquise: Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o passo.” (Castro
Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da Alves).
frase. É um hipérbato exagerado. Hipérbole:
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APOSTILAS OPÇÃO
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar • Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria
uma imagem emocionante e de impacto. “Eles têm serviço de entrega”).
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac). • Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo, o
Ironia: mais adequado seria Primeiro-ministro)
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de • Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits.
termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem (anglicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja)
exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
• Convocamos para a Reunião do Conselho de DA’s (plural da sigla
Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como
de Diretório Acadêmico). (anglicismo, e mesmo nesta língua não se
uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
usa apóstrofo ‘s’ para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.)
Prosopopéia:
Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, grafia,
Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui morfologia, etc., tais como “adevogado” ou “eu sabo“, pois seriam atitudes
movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência no
animados a seres inanimados ou imaginários. dialeto padrão da língua.
Também a atribuição de características humanas a seres animados consti- Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque os
tui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em questão
exemplo de Mário de Quintana: “O peixinho (…) silencioso e levemente na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre conhe-
melancólico…” cem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à comunidade
Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul Bopp) com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barbarismo também
Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice Lispector) pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns receptores que
Perífrase: se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de influên-
cia sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o conceito de barba-
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar
rismo é relativo ao receptor da mensagem.
algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da própria língua do receptor
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilho-
poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um cultismo
sa / Coração do meu Brasil.” (André Filho).
(ex: “abdômen”) quando presente em uma mensagem a um receptor que
Até este ponto retirei informações do site PCI cursos não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado, que poderia
Vícios de Linguagem compreender melhor os sinônimos “barriga”, “pança” ou “bucho”).
Ambiguidade Cacofonia
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união das
geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando falamos
ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma sobre algo para não ofendermos a pessoa que ouve. São exemplos desse
palavra apresentar vários sentidos em um contexto. fato:
Ex: • “Ele beijou a boca dela.”
• “Onde está a vaca da sua avó?” (Que vaca? A avó ou a vaca criada • “Bata com um mamão para mim, por favor.”
pela avó?)
• “Deixe ir-me já, pois estou atrasado.”
• “Onde está a cachorra da sua mãe?” (Que cachorra? A mãe ou a
cadela criada pela mãe?) • “Não tem nada de errado a cerca dela“
• “Este líder dirigiu bem sua nação”(“Sua”? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o • “Vou-me já que está pingando. Vai chover!”
líder)?). • “Instrumento para socar alho.”
Obs 1: O pronome possessivo “seu(ua)(s)” gera muita confusão por ser • “Daqui vai, se for dai.”
geralmente associado ao receptor da mensagem. Não são cacofonia:
Obs 2: A preposição “como” também gera confusão com o verbo “comer”
• “Eu amo ela demais !!!”
na 1ª pessoa do singular.
A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecional, • “Eu vi ela.”
em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o emissor da • “você veja”
mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa original e Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes
assim obter a interpretação correta da mensagem. usadas de propósito em certas piadas, trocadilhos e “pegadinhas”.
Barbarismo Plebeísmo
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangeirismo (para os latinos O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e termos
qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou cons- considerados informais.
trução estrangeira no lugar de equivalente vernácula. Exemplos:
De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem diferentes
• “Ele era um tremendo mané!”
nomes:
• “Tô ferrado!”
• galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de
Gália, antigo nome da França); • “Tá ligado nas quebradas, meu chapa?”
• anglicismo, quando do inglês; • “Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado mano?”
• castelhanismo, quando vindos do espanhol; • ‘Vô piálá’mais tarde ‘ !!! Se ligou maluko ?
Ex: Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de plebeísmos em contextos
sociais que requeiram maior formalismo no tratamento comunicativo.
• Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria
“quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente”); Prolixidade
É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argumentos e à sua supera-
• Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria “comeu
bundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao texto
um rosbife“);
prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza e
• Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria cansa o leitor.
“Havia ligações(ou vínculos) para sua página”. A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e preci-
são da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com
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APOSTILAS OPÇÃO
o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa • “O papa Paulo VI pediu a paz.”
para dizer exatamente o que se quer. Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da frase
Pleonasmo vicioso que a contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões por
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando consiste numa redun- outras similares ou sinônimas.
dância inútil e desnecessária de significado em uma sentença, é considera- Central de favoritos
do um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chama- Esta matéria eu retirei da Wikipédia
mos pleonasmo vicioso.
Ex: NORMA CULTA E POPULAR
• “Ele vai ser o protagonista principal da peça”. (Um protagonista é, A linguagem humana pode ser compreendida em dois termos específicos
necessariamente, a personagem principal) mais conhecidos como NORMA CULTA E NORMA POPULAR. Como o
• “Meninos, entrem já para dentro!” (O verbo “entrar” já exprime ideia próprio nome já define, no primeiro caso, bem entendida como NORMA
de ir para dentro) CULTA, entende-se o modo correto, bonito, certo de uma pessoa se ex-
pressar, usando os termos mais sofisticados e quase chegando à perfeição,
• “Estou subindo para cima.” (O verbo “subir” já exprime ideia de ir omitindo, consequentemente o uso de gírias e termos chulos da língua
para cima) mãe, pátria, ou no caso do Brasil, língua portuguesa. Por outro lado, tam-
• “Não deixe de comparecer pessoalmente.” (É impossível compare- bém como o próprio termo já expressa, a NORMA POPULAR (a linguagem
cer a algum lugar de outra forma que não pessoalmente) do povo) não se esmera e muito menos se preocupa em falar, exibir como a
• “Meio-ambiente” – o meio em que vivemos = o ambiente em que anterior, isto é, a considerada CULTA, e sim fala conforme o sentimento do
vivemos. povo, o uso comum, de maneira simples, inclusive apresentando diversos
tipos de erros de concordância gramatical, o que, sem dúvida, passa total-
Não é pleonasmo: mente despercebido pela pessoa que a ouve, sendo consequentemente da
• “As palavras são de baixo calão“. Palavras podem ser de baixo ou de mesma estirpe e condição social, diga-se de passagem. Tudo isto sem falar
alto calão. nas apelações, gírias e termos chulos proferidos pela a grande maioria das
O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem, mesmo para os exem- pessoas.
plos supra citados, a depender do contexto. Em certos contextos, ele é um Em ambos os casos, como são ambientes distintos, tanto a NORMA CUL-
recurso que pode ser útil para se fornecer ênfase a determinado aspecto da TA quanto a NORMA POPULAR são entendidas, respectivamente, cada
mensagem. uma dentro dos seus parâmetros, do seu contexto. As palavras CERTO e
Especialmente em contextos literários, musicais e retóricos, um pleonasmo ERRADO, sendo assim, ficam em segundo plano. Pois se for colocar na
bem colocado pode causar uma reação notável nos receptores (como a berlinda ou na balança, numa análise mais abrangente, estes dois tipos de
geração de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A maestria linguagem, constatar-se-á um grande paradoxo: como um povo pode se
no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no receptor expressar de duas maneiras distintas, falando o mesmo idiomas? Pergunta-
depende fortemente do desenvolvimento da capacidade de interpretação rá o turista incauto que tanto se esforçou para aprender os termos básicos
textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para não se da língua portuguesa e chegando aqui, dependendo do lugar que for,
incorrer acidentalmente em um uso vicioso. ficarará, desculpe a comparação popular, mais perdido do que cachorro em
dia de mudança!... E a celeuma pode perdurar ao longo da convivência
Solecismo
diária, indagando com perguntas do tipo: quem está certo ou errado? Ora,
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação turista das Arábias, você não sabia: Ambas categorias estão certas ou
à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: erradas, conforme o lugar ou a hora em que estiverem se confabulando.
De concordância: Talvez você desconheça totalmente que papo de botequim, de bar é uma
• “Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz três anos que não coisa e diálogo, conversa numa Academia Brasileira de Letras é outro bem
vou ao médico.) diferente. Só que,não se esqueça: é a mesma e única Língua Portuguesa
que estão falando. O imprescidível mesmo é que cada um entenda bem o
• “Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se salas nesse edifício.) que o ouro está querendo dizer. Se fingir que entende será problema exclu-
De regência: sivo de quem agir assim. Neste momento sempre é bom ser sincero. Qual-
• “Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem eu assisti a um filme de quer dúvida, não tenha vergonha de dizer: "desculpe-me, não entendi o que
época.) você está querendo dizer!". Ou se preferir pode até dizer mesmo : "Excuse-
De colocação: me ou I'm sorry. I don't understand" ou algo parecido. Pois sempre se
encontra aqui no Brasil alguma pessoa que aprecia o inglês, agora se fala
• “Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-me um lápis, por favor.) fluentemente, aí são outros quinhentos...Olha a NORMA POPULAR finali-
• “Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me que ela ficou conten- zando...
te.) João Bosco de Andrade Araújo
• “Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.” (Eu não lhe respondi
nada do que perguntou.)
Eco QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES:
O Eco vem a ser a própria rima que ocorre quando há na frase termina- exercícios de Interpretação de texto
ções iguais ou semelhantes, provocando dissonância.
• “Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e educa- Leia o texto para responder às próximas 3 questões.
ção.”
Sobre os perigos da leitura
• “O aluno repetente mente alegremente.” Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente
• O presidente tinha dor de dente constantemente. da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o
Colisão que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabili-
O uso de uma mesma vogal ou consoante em várias palavras é denomina- dade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20
do aliteração. Aliterações são preciosos recursos estilísticos quando usados minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada?
com a intenção de se atingir efeito literário ou para atrair a atenção do Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-
receptor. Entretanto, quando seus usos não são intencionais ou quando se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja
causam um efeito estilístico ruim ao receptor da mensagem, a aliteração leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os
torna-se um vício de linguagem e recebe nesse contexto o nome meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a
de colisão. Exemplos: mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esfor-
• “Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos.”
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APOSTILAS OPÇÃO
çando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de (D) ensaísta.
todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...] (E) psicólogo.
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o
oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam (TJ/SP – 2010 – VUNESP) 6 - A expressão chá de cadeira, no texto, tem o
de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear significado de
os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treina- (A) bebida feita com derivado de pinho.
dos durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre (B) ausência de convite para dançar.
os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado! (C) longa espera para conseguir assento.
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse (D) ficar sentado esperando o chá.
se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado (E) longa espera em diferentes situações.
pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado) Leia o texto para responder às próximas 4 questões.
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 4 - De acordo com o texto, os brasileiros são (A) Thierry Henry ter dado um passe com a mão para o gol da França.
piores do que outros povos em (B) a Gillette ter modificado a publicidade do futebolista francês.
(A) eficiência de correios e andar a pé. (C) a Gillete não concordar com que a França dispute a Copa do Mundo.
(B) ajuste de relógios e andar a pé. (D) Thierry Henry ganhar 8,4 milhões de dólares anuais com a propaganda.
(C) marcar compromissos fora de hora. (E) a FIFA não ter cancelado o jogo em que a França se classificou.
(D) criar desculpas para atrasos.
(E) dar satisfações por atrasos. (TJ/SP – 2010 – VUNESP) 8 - A expressão o gato subiu no telhado é parte
de uma conhecida anedota em que uma mulher, depois de contar abrupta-
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 5 - Pondo foco no processo de coesão textual mente ao marido que seu gato tinha morrido, é advertida de que deveria ter
do 2.º parágrafo, pode-se concluir que Levine é um dito isso aos poucos: primeiramente, que o gato tinha subido no telhado,
(A) jornalista. depois, que tinha caído e, depois, que tinha morrido. No texto em questão,
(B) economista. a expressão pode ser interpretada da seguinte maneira:
(C) cronometrista.
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APOSTILAS OPÇÃO
(A) foi com a “mão do gato” que Thierry assegurou a classificação da Fran- (D) Usar a internet estimula funções cerebrais, pelas facilidades de percep-
ça. ção e de domínio de assuntos diversificados e de formatos diferenciados de
(B) Thierry era um bom jogador antes de ter agido com má fé. textos, que permitem uma leitura dinâmica e de acordo com o interesse do
(C) a Gillette já cortou, de fato, o contrato com o jogador francês. usuário.
(D) a Fifa reprovou amplamente a atitude antiesportiva de Thierry Henry. (E) O novo livro de Nicholas Carr, a ser publicado, desperta a curiosidade
(E) a situação de Thierry, como garoto-propaganda da Gillette, ficou instá- do leitor pelo tratamento ficcional que seu autor aplica a situações concre-
vel. tas do funcionamento do cérebro, trazidas pelo uso disseminado da inter-
net.
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 9 - A expressão diz que não, no final do 2.º
parágrafo, significa que (MP/RS – 2010 – FCC) 12 - Curiosamente, no caso da internet, os verda-
deiros fundamentos científicos deveriam, sim, provocar reações muito
(A) a Procter & Gamble nega o rompimento do contrato. estridentes. O autor, para embasar a opinião exposta no 2o parágrafo,
(B) o jogo em que a França se classificou deve ser refeito. (A) se vale da enorme projeção conferida ao pesquisador antes citado,
(C) a repercussão na França foi bastante negativa. ironicamente oferecida pela própria internet, em seu website.
(D) a Procter & Gamble é proprietária da Gillette. (B) apoia-se nas conclusões de Nicholas Carr, baseadas em dezenas de
(E) os publicitários franceses se opõem a Thierry. estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro humano.
(C) condena, desde o início, as novas tecnologias, cujo uso indiscriminado
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 10 - Segundo a revista Forbes, vemprovocando danos em partes do cérebro.
(A) Thierry deverá perder muito dinheiro daqui para frente. (D) considera, como base inicial de constatação a respeito do uso da inter-
(B) há três jogadores que faturam mais que Thierry em publicidade. net, que ela nos torna menos sensíveis a sentimentos como compaixão e
(C) o jogador francês possui contratos publicitários milionários. piedade.
(D) o ganho de Thierry, somado à publicidade, ultrapassa 28 milhões. (E) questiona a ausência de fundamentos científicos que, no caso da inter-
(E) é um absurdo o que o jogador ganha com o futebol e a publicidade. net, [...]deveriam, sim, provocar reações muito estridentes.
As 2 questões a seguir baseiam-se no texto abaixo. As 2 questões a seguir baseiam-se no texto abaixo.
Em 2008, Nicholas Carr assinou, na revista The Atlantic, o polêmico artigo
"Estará o Google nos tornando estúpidos?" O texto ganhou a capa da Também nas cidades de porte médio, localizadas nas vizinhanças das
revista e, desde sua publicação, encontra-se entre os mais lidos de seu regiões metropolitanas do Sudeste e do Sul do país, as pessoas tendem
website. O autor nos brinda agora com The Shallows: What the internet is cada vez mais a optar pelo carro para seus deslocamentos diários, como
doing with our brains, um livro instrutivo e provocativo, que dosa lingua- mostram dados do Departamento Nacional de Trânsito. Em consequência,
gem fluida com a melhor tradição dos livros de disseminação científica. congestionamentos, acidentes, poluição e altos custos de manutenção da
Novas tecnologias costumam provocar incerteza e medo. As reações mais malha viária passaram a fazer parte da lista dos principais problemas
estridentes nem sempre têm fundamentos científicos. Curiosamente, no desses municípios.
caso da internet, os verdadeiros fundamentos científicos deveriam, sim, Cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das capitais,
provocar reações muito estridentes. Carr mergulha em dezenas de estudos baixo índice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas
científicos sobre o funcionamento do cérebro humano. Conclui que a inter- frotas aumentadas em progressão geométrica nos últimos anos. A facilida-
net está provocando danos em partes do cérebro que constituem a base do de de crédito e a isenção de impostos são alguns dos elementos que têm
que entendemos como inteligência, além de nos tornar menos sensíveis a colaborado para a realização do sonho de ter um carro. E os brasileiros
sentimentos como compaixão e piedade. desses municípios passaram a utilizar seus carros até para percorrer curtas
O frenesi hipertextual da internet, com seus múltiplos e incessantes estímu- distâncias, mesmo perdendo tempo em congestionamentos e apesar dos
los, adestra nossa habilidade de tomar pequenas decisões. Saltamos textos alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo
e imagens, traçando um caminho errático pelas páginas eletrônicas. No aumento da frota.
entanto, esse ganho se dá à custa da perda da capacidade de alimentar Além disso, carro continua a ser sinônimo de status para milhões de brasi-
nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios mais sofistica- leiros de todas as regiões. A sua necessidade vem muitas vezes em se-
dos. Carr menciona a dificuldade que muitos de nós, depois de anos de gundo lugar. Há 35,3 milhões de veículos em todo o país, um crescimento
exposição à internet, agora experimentam diante de textos mais longos e de 66% nos últimos nove anos. Não por acaso oito Estados já registram
elaborados: as sensações de impaciência e de sonolência, com base em mais mortes por acidentes no trânsito do que por homicídios.
estudos científicos sobre o impacto da internet no cérebro humano. Segun- (O Estado de S. Paulo, Notas e Informações, A3, 11 de setembro de 2010,
do o autor, quando navegamos na rede, "entramos em um ambiente que com adaptações)
promove uma leitura apressada, rasa e distraída, e um aprendizado super-
ficial." (MP/RS – 2010 – FCC) 13 - Não por acaso oito Estados já registram mais
A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa para a transformação mortes por acidentes no trânsito do que por homicídios. A afirmativa final do
do nosso cérebro e, quanto mais a utilizamos, estimulados pela carga texto surge como
gigantesca de informações, imersos no mundo virtual, mais nossas mentes (A) constatação baseada no fato de que os brasileiros desejam possuir um
são afetadas. E não se trata apenas de pequenas alterações, mas de carro, mas perdem muito tempo em congestionamentos.
mudanças substanciais físicas e funcionais. Essa dispersão da atenção (B) observação irônica quanto aos problemas decorrentes do aumento na
vem à custa da capacidade de concentração e de reflexão.(Thomaz Wood utilização de carros, com danos provocados ao meio ambiente.
Jr. Carta capital, 27 de outubro de 2010, p. 72, com adaptações) (C) comprovação de que a compra de um carro é sinônimo de status e, por
isso, constitui o maior sonho de consumo do brasileiro.
(MP/RS – 2010 – FCC) 11 - O assunto do texto está corretamente resumi- (D) hipótese de que a vida nas cidades menores tem perdido qualidade,
do em: pois os brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus carros até
(A) O uso da internet deveria motivar reações contrárias de inúmeros para percorrer curtas distâncias.
especialistas, a exemplo de Nicholas Carr, que procura descobrir as cone- (E) conclusão coerente com todo o desenvolvimento, a partir de um título
xões entre raciocínio lógico e estudos científicos sobre o funcionamento do que poderia ser: Carro, problema que se agrava.
cérebro.
(B) O mundo virtual oferecido pela internet propicia o desenvolvimento de (MP/RS – 2010 – FCC) 14 - As ideias mais importantes contidas no 2o
diversas capacidades cerebrais em todos aqueles que se dedicam a essa parágrafo constam, com lógica e correção, de:
navegação, ainda pouco estudadas e explicitadas em termos científicos. (A) A facilidade de crédito e a isenção de impostos são alguns elementos
(C) Segundo Nicholas Carr, o uso frequente da internet produz alterações que tem colaborado para a realização do sonho de ter um carro nas cida-
no funcionamento do cérebro, pois estimula leituras superficiais e distraí- des menores, e os brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus
das, comprometendo a formulação de raciocínios mais sofisticados. carros para percorrer curtas distâncias, além dos congestionamentos e dos
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APOSTILAS OPÇÃO
alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo (B) a criação de um equipamento eletrônico com estrutura de vidro que
aumento da frota. evita a emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
(B) Cidades menores tiveram suas frotas aumentadas em progressão (C) o aumento na venda de celulares feitos com CarbonFree, depois que as
geométrica nos últimos anos em razão da facilidade de crédito e da isenção empresas nacionais se uniram à fabricante taiwanesa.
de impostos, elementos que têm colaborado para a aquisição de carros que (D) o compromisso firmado entre a empresa Apple e consultoria Gartner
passaram a ser utilizados até mesmo para percorrer curtas distâncias, Group para criar celulares sem o uso de carbono.
apesar dos congestionamentos e dos alertas das autoridades sobre os (E) a preocupação de algumas empresas em criarem aparelhos eletrônicos
danos provocados ao meio ambiente. que não agridam o meio ambiente.
(C) O menor custo de vida em cidades menores, com baixo índice de
desemprego e poder aquisitivo mais alto, aumentaram suas frotas em (CREMESP – 2011 - VUNESP) 16 - Em – Computadores “limpos” fazem
progressão geométrica nos últimos anos, com a facilidade de crédito e a uma importante diferença no efeito estufa... – a expressão entre aspas
isenção de impostos, que são alguns dos elementos que têm colaborado pode ser substituída, sem alterar o sentido no texto, por:
para a realização do sonho dos brasileiros de ter um carro. (A) com material reciclado.
(D) É nas cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das (B) feitos com garrafas plásticas.
capitais, baixo índice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, que (C) com arquivos de bambu.
tiveram suas frotas aumentadas em progressão geométrica nos últimos (D) feitos com materiais retirados da natureza.
anos pela facilidade de crédito e a isenção de impostos são alguns dos (E) com teclado feito de alumínio.
elementos que tem colaborado para a realização do sonho de ter um carro.
(E) Os brasileiros de cidades menores passaram até a percorrer curtas (CREMESP – 2011 - VUNESP) 17 - A partir da leitura do texto, pode-se
distâncias com seus carros, pela facilidade de crédito e a isenção de impos- concluir que
tos, que são elementos que têm colaborado para a realização do sonho de (A) as pesquisas na área de TI ainda estão em fase inicial.
tê-los, e com custo de vida menos elevado que o das capitais, baixo índice (B) os consumidores de eletrônicos não se preocupam com o material com
de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas frotas aumenta- que são feitos.
das em progressão geométrica nos últimos anos. (C) atualmente, a indústria de eletrônicos leva em conta o efeito estufa.
(D) os laptops feitos com fibra de bambu têm maior durabilidade.
(E) equipamentos ecologicamente corretos não têm um mercado de vendas
Leia o texto para responder às próximas 4 questões. assegurado.
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APOSTILAS OPÇÃO
(A) segundo testes feitos em animais, os agrotóxicos causam intoxicações. ENCONTROS VOCÁLICOS
(B) a produção em larga escala de pesticidas sintéticos tem ocasionado A sequência de duas ou três vogais em uma palavra, damos o nome de
doenças incuráveis. encontro vocálico.
(C) as pessoas que ingerem resíduos de agrotóxicos são mais propensas a Ex.: cooperativa
terem doenças de estômago.
(D) os resíduos de agrotóxicos nos alimentos podem causar danos ao Três são os encontros vocálicos: ditongo, tritongo, hiato
organismo.
(E) os cientistas descobriram que os alimentos in natura têm menos resí- DITONGO
duos de agrotóxicos. É a combinação de uma vogal + uma semivogal ou vice-versa.
http://www.gramatiquice.com.br/2011/02/exercicios-interpretacao-de-texto- Dividem-se em:
ii_02.html - orais: pai, fui
- nasais: mãe, bem, pão
RESPOSTAS - decrescentes: (vogal + semivogal) – meu, riu, dói
01. B 11. C - crescentes: (semivogal + vogal) – pátria, vácuo
02. A 12. B
03. E 13. E TRITONGO (semivogal + vogal + semivogal)
04. B 14. B Ex.: Pa-ra-guai, U-ru-guai, Ja-ce-guai, sa-guão, quão, iguais, mínguam
05. E 15. E
06. E 16. A HIATO
07. B 17. C Ê o encontro de duas vogais que se pronunciam separadamente, em du-
08. E 18. E as diferentes emissões de voz.
09. A 19. B Ex.: fa-ís-ca, sa-ú-de, do-er, a-or-ta, po-di-a, ci-ú-me, po-ei-ra, cru-el, ju-í-
10. C 20. D zo
SÍLABA
FONÉTICA E FONOLOGIA Dá-se o nome de sílaba ao fonema ou grupo de fonemas pronunciados
numa só emissão de voz.
Em sentido mais elementar, a Fonética é o estudo dos sons ou dos fo-
nemas, entendendo-se por fonemas os sons emitidos pela voz humana, os Quanto ao número de sílabas, o vocábulo classifica-se em:
quais caracterizam a oposição entre os vocábulos. • Monossílabo - possui uma só sílaba: pá, mel, fé, sol.
Ex.: em pato e bato é o som inicial das consoantes p- e b- que opõe entre • Dissílabo - possui duas sílabas: ca-sa, me-sa, pom-bo.
si as duas palavras. Tal som recebe a denominação de FONEMA. • Trissílabo - possui três sílabas: Cam-pi-nas, ci-da-de, a-tle-ta.
Quando proferimos a palavra aflito, por exemplo, emitimos três sílabas e • Polissílabo - possui mais de três sílabas: es-co-la-ri-da-de, hos-pi-ta-
seis fonemas: a-fli-to. Percebemos que numa sílaba pode haver um ou mais li-da-de.
fonemas.
No sistema fonética do português do Brasil há, aproximadamente, 33 fo- TONICIDADE
nemas. Nas palavras com mais de uma sílaba, sempre existe uma sílaba que se
É importante não confundir letra com fonema. Fonema é som, letra é o pronuncia com mais força do que as outras: é a sílaba tônica.
sinal gráfico que representa o som. Exs.: em lá-gri-ma, a sílaba tônica é lá; em ca-der-no, der; em A-ma-pá,
pá.
Vejamos alguns exemplos:
Manhã – 5 letras e quatro fonemas: m / a / nh / ã Considerando-se a posição da sílaba tônica, classificam-se as palavras
Táxi – 4 letras e 5 fonemas: t / a / k / s / i em:
Corre – letras: 5: fonemas: 4 • Oxítonas - quando a tônica é a última sílaba: Pa-ra-ná, sa-bor, do-
Hora – letras: 4: fonemas: 3 mi-nó.
Aquela – letras: 6: fonemas: 5 • Paroxítonas - quando a tônica é a penúltima sílaba: már-tir, ca-rá-
Guerra – letras: 6: fonemas: 4 ter, a-má-vel, qua-dro.
Fixo – letras: 4: fonemas: 5 • Proparoxítonas - quando a tônica é a antepenúltima sílaba: ú-mi-do,
Hoje – 4 letras e 3 fonemas cá-li-ce, ' sô-fre-go, pês-se-go, lá-gri-ma.
Canto – 5 letras e 4 fonemas
Tempo – 5 letras e 4 fonemas ENCONTROS CONSONANTAIS
Campo – 5 letras e 4 fonemas É a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos num vocábulo.
Chuva – 5 letras e 4 fonemas Ex.: atleta, brado, creme, digno etc.
Língua Portuguesa 40
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APOSTILAS OPÇÃO
dar um valor fonético especial e permitir a correta pronúncia das palavras. 4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
São os seguintes:
1) o acento agudo – indica vogal tônica aberta: pé, avó, lágrimas; • Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
2) o acento circunflexo – indica vogal tônica fechada: avô, mês, ânco-
ra; Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
3) o acento grave – sinal indicador de crase: ir à cidade; IMPORTANTE
4) o til – indica vogal nasal: lã, ímã;
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, se
5) a cedilha – dá ao c o som de ss: moça, laço, açude;
6) o apóstrofo – indica supressão de vogal: mãe-d’água, pau-d’alho; todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos?
o hífen – une palavras, prefixos, etc.: arcos-íris, peço-lhe, ex-aluno. Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos de
“ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente.
Acentuação Gráfica Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando naturalmente a
QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.
5. Trema
1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou não Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai
de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira,
de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)
em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S” 6. Acento Diferencial
O acento diferencial permanece nas palavras:
Ex. pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição)
Chá Mês nós Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do verbo
Gás Sapé cipó está no singular ou plural:
Dará Café avós SINGULAR PLURAL
Pará Vocês compôs Ele tem Eles têm
vatapá pontapés só
Ele vem Eles vêm
Aliás português robô
dá-lo vê-lo avó Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como:
recuperá-los Conhecê-los pô-los conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.
guardá-la Fé compô-los
réis (moeda) Véu dói Novo Acordo Ortográfico Descomplicado
méis céu mói
Trema
pastéis Chapéus anzóis
Não se usa mais o trema, salvo em nomes próprios e seus derivados.
ninguém parabéns Jerusalém
Acento diferencial
Resumindo: Não é preciso usar o acento diferencial para distinguir:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que seja 1. Para (verbo) de para (preposição)
um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo”
são acentuadas porque as vogais “i” e “u” estão tônicas nestas palavras.
“Esse carro velho para em toda esquina”.
“Estarei voltando para casa daqui a uma hora”.
2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
1. Pela, pelo (verbo pelar) de pela, pelo (preposição + artigo) e pelo
• L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível. (substantivo)
• N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen. 2. Polo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de por
• R – câncer, caráter, néctar, repórter. e lo).
• X – tórax, látex, ônix, fênix. 3. pera (fruta) de pera (preposição arcaica).
• PS – fórceps, Quéops, bíceps.
• Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
A pronúncia ou categoria gramatical dessas palavras dar-se-á mediante o
• ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
contexto.
• I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
Acento agudo
• ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
Ditongos abertos “ei”, “oi”
• UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
Não se usa mais acento nos ditongos ABERTOS “ei”, “oi” quando estiverem
• US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
na penúltima sílaba.
He-roi-co ji-boi-a
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes As-sem-blei-a i-dei-a
(semivogal+vogal): Pa-ra-noi-co joi-a
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio. OBS. Só vamos acentuar essas letras quando vierem na última sílaba e se
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas. o som delas estiverem aberto.
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisântemo, Céu véu
público, pároco, proparoxítona. Dói herói
Chapéu beleléu
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS Rei, dei, comeu, foi (som fechado – sem acento)
Língua Portuguesa 41
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APOSTILAS OPÇÃO
Não se recebem mais acento agudo as vogais tônicas “I” e “U” quando • pré-história
forem paroxítonas (penúltima sílaba forte) e precedidas de ditongo. • anti-higiênico
feiura baiuca • sub-hepático
cheiinho saiinha • super-homem
boiuno
Não devemos mais acentuar o “U” tônico os verbos dos grupos “GUE/GUI” Então, letras IGUAIS, SEPARA. Letras DIFERENTES, JUNTA.
e “QUE/QUI”. Por isso, esses verbos serão grafados da seguinte maneira: Anti-inflamatório neoliberalismo
Averiguo (leia-se a-ve-ri-gu-o, pois o “U” tem som forte) Supra-auricular extraoficial
Arguo apazigue Arqui-inimigo semicírculo
Enxague arguem sub-bibliotecário superintendente
Delinguo Quanto ao “R” e o “S”, se o prefixo terminar em vogal, a consoante deverá
Acento Circunflexo ser dobrada:
Não se acentuam mais as vogais dobradas “EE” e “OO”. suprarrenal (supra+renal) ultrassonografia (ultra+sonografia)
Creem veem minissaia antisséptico
Deem releem contrarregra megassaia
Leem descreem Entretanto, se o prefixo terminar em consoante, não se unem de jeito
Voo perdoo nenhum.
enjoo
Outras dicas • Sub-reino
Há muito tempo a palavra “coco” – fruto do coqueiro – deixou de ser acen- • ab-rogar
tuada. Entretanto, muitos alunos insistem em colocar o acento: “Quero • sob-roda
beber água de côco”.
Quem recebe acento é “cocô” – palavra popularmente usada para se referir
ATENÇÃO!
a excremento.
Quando dois “R” ou “S” se encontrarem, permanece a regra geral: letras
Então, a menos se que queira beber água de fezes, é melhor parar de
iguais, SEPARA.
colocar acento em coco.
super-requintado super-realista
Para verificar praticamente a necessidade de acentuação gráfica, utilize o
inter-resistente
critério das oposições:
Imagem armazém CONTINUAMOS A USAR O HÍFEN
Paroxítonas terminadas em “M” não levam acento, mas as oxítonas SIM. Diante dos prefixos “ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-“:
Jovens provéns Ex-diretor, Ex-hospedeira, Sota-piloto, Soto-mestre, Vice-presidente ,
Paroxítonas terminadas em “ENS” não levam acento, mas as oxítonas Vizo-rei
levam. Diante de “pós-, pré- e pró-“, quando TEM SOM FORTE E ACENTO.
Útil sutil pós-tônico, pré-escolar, pré-natal, pró-labore
Paroxítonas terminadas em “L” têm acento, mas as oxítonas não levam pró-africano, pró-europeu, pós-graduação
porque o “L”, o “R” e o “Z” deixam a sílaba em que se encontram natural- Diante de “pan-, circum-, quando juntos de vogais.
mente forte, não é preciso um acento para reforçar isso. Pan-americano, circum-escola
É por isso que: as palavras “rapaz, coração, Nobel, capataz, pastel, bom- OBS. “Circunferência” – é junto, pois está diante da consoante “F”.
bom; verbos no infinitivo (terminam em –ar, -er, -ir) doar, prover, consu- NOTA: Veja como fica estranha a pronúncia se não usarmos o hífen:
mir são oxítonas e não precisam de acento. Quando terminarem do mesmo Exesposa, sotapiloto, panamericano, vicesuplente, circumescola.
jeito e forem paroxítonas, então vão precisar de acento. ATENÇÃO!
Não se usa o hífen diante de “CO-, RE-, PRE” (SEM ACENTO)
Uso do Hífen Coordenar reedição preestabelecer
Novo Acordo Ortográfico Descomplicado (Parte V) – Uso do Hífen Coordenação refazer preexistir
Coordenador reescrever prever
Tem se discutido muito a respeito do Novo Acordo Ortográfico e a grande
Coobrigar relembrar
queixa entre os que usam a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita
Cooperação reutilização
tem gerado em torno do seguinte questionamento: “por que mudar uma
Cooperativa reelaborar
coisa que a gente demorou um tempão para aprender?” Bom, para quem já
O ideal para memorizar essas regras, lembre-se, é conhecer e usar pelo
dominava a antiga ortografia, realmente essa mudança foi uma chateação.
menos uma palavra de cada prefixo. Quando bater a dúvida numa palavra,
Quem saiu se beneficiando foram os que estão começando agora a adquirir
compare-a à palavra que você já sabe e escreva-a duas vezes: numa você
o código escrito, como os alunos do Ensino Fundamental I.
usa o hífen, na outra não. Qual a certa? Confie na sua memória! Uma delas
Se você tem dificuldades em memorizar regras, é inútil estudar o Novo
vai te parecer mais familiar.
Acordo comparando “o antes e o depois”, feito revista de propaganda de
cosméticos. O ideal é que as mudanças sejam compreendidas e gravadas REGRA GERAL (Resumindo)
na memória: para isso, é preciso colocá-las em prática. Letras iguais, separa com hífen(-).
Não precisa mais quebrar a cabeça: “uso hífen ou não”? Letras diferentes, junta.
Regra Geral O “H” não tem personalidade. Separa (-).
O “R” e o “S”, quando estão perto das vogais, são dobrados. Mas não se
A letra “H” é uma letra sem personalidade, sem som. Em “Helena”, não
juntam com consoantes.
tem som; em “Hollywood”, tem som de “R”. Portanto, não deve aparecer http://www.infoescola.com/portugues/novo-acordo-ortografico-
encostado em prefixos: descomplicado-parte-i/
T
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APOSTILAS OPÇÃO
ORTOGRAFIA OFICIAL Escreve-se –esa (com s):
1) nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados em –ender:
defesa (defender), presa (prender)...
Quando utilizar: S, C, Ç, X, CH, SS, SC... 2) nos substantivos femininos designativos de nobreza:
baronesa, marquesa, princesa
Representação do fonema /s/. 3) nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês:
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por: burguesa (de burguês)...
1) C,Ç: 4) nas seguintes palavras femininas:
acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, contorção, framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, turquesa
exceção, endereço, Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, etc
muçulmano, paçoca, pança, pinça, Suíça etc.
2) S: à Escreve-se –eza nos substantivos femininos abstratos derivados de
ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descansar, descanso, adjetivos e denotando qualidade, estado, condição:
diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, pretensão, pretensioso, pro- beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de
pensão, remorso, sebo, tenso, utensílio etc. leve)
3) SS:
acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, Verbos em –isar e –izar
concessão, discussão, escassez, escasso, essencial, expressão, fracasso, Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes
impressão, massa, massagista, missão, necessário, obsessão, opressão, termina em –s. Se o radical não terminar em –s, grafa-se –izar (com z):
pêssego, procissão, profissão, ressurreição, sessenta, sossegar, sossego, avisar (aviso+ar) anarquizar (anarquia+izar)
submissão, sucessivo etc.
4) SC,SÇ Emprego do x
acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, consciente, crescer, cres- 1) Esta letra representa os seguintes fonemas:
ço, cresça, descer, desço, desça, disciplina, discípulo, discernir, fascinar, /ch/ xarope, enxofre, vexame etc;
fascinante, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina, ressuscitar, /cs/ sexo, látex, léxico, tóxico etc;
seiscentos, suscetível, suscetibilidade, suscitar, víscera /z/ exame, exílio, êxodo etc;
5) X: /ss/ auxílio, máximo, próximo etc;
aproximar, auxiliar, auxílio, máximo próximo, proximidade, trouxe, /s/ sexto, texto, expectativa, extensão etc;
trouxer, trouxeram etc 2) Não soa nos grupos internos –xce e –xci:
6) XC: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar etc
exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excelso, excêntrico, 3) Grafam-se com x e não s:
excepcional, excesso, excessivo, exceto,excitar etc. expectativa, experiente, expiar (remir, pagar), expirar (morrer), expoente,
êxtase, extrair, fênix, têxtil, texto etc
Emprego de s com valor de z 4) Escreve-se x e não ch:
1) adjetivos com os sufixos –oso, -osa: a) em geral, depois de ditongo:
teimoso, teimosa caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo etc
2) adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: Excetuam-se: recauchutar e recauchutagem
português, portuguesa b) geralmente, depois da sílaba inicial em:
3) substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: enxada, enxame...
burguês, burguesa Excetuam-se: encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente,
4) substantivos com os sufixos gregos –esse, -isa, -ose: enchimento, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda
diocese, poetisa, metamorfose vez que se trata do prefixo en+palavra iniciada por ch.
5) verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s: c) em vocábulos de origem indígena ou africana:
analisar (de análise) abacaxi, xavante, caxambu (dança negra), orixá, xará, maxixe etc
6) formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: d) nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, praxe xarope,
pus, pôs, pusemos, puseram, puser, compôs, compusesse, impuser etc xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.
quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos etc
7) os seguintes nomes próprios personativos: Emprego do dígrafo ch
Inês, Isabel, Isaura, Luís, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha. Escrevem-se com ch, entre outros, os seguintes vocábulos:
bucha, charque, chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha,
Emprego da letra z mochila, pechincha, tocha.
1) os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita etc Consoantes dobradas
2) os derivados de palavras cujo radical termina em –z: 1) Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes c, r, s.
cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar, vazar, vazão (de vazio) etc 2) Escreve-se cc ou cç quando as duas consoantes soam distintamente:
3) os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: convicção, cocção, fricção facção, sucção etc
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização etc 3) Duplicam-se o r e o s em dois casos:
4) substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando a) Quando, intervocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante,
qualidade física ou moral: respectivamente:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio) etc carro, ferro, pêssego, missão etc
5) as seguintes palavras: b) Quando a um elemento de composição terminado em vogal seguir, sem
azar, azeite, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, vizinho interposição do hífen, palavra começada por r ou s:
arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia etc.
S ou Z ? http://www.tudosobreconcursos.com/
Sufixos –ês e ez
1) O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes substantivos) deri- O fonema j:
vados de substantivos concretos:
montês (de monte) montanhês (de montanha) cortês (de corte) Escreve-se com G e não com J:
2) O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjeti-
vos: • as palavras de origem grega ou árabe
aridez (de árido) acidez (de ácido) rapidez (de rápido) Exemplos: tigela, girafa, gesso. estrangeirismo, cuja letra G é originária.
Sufixos –esa e –eza Exemplos: sargento, gim.
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APOSTILAS OPÇÃO
• as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas exceções) metro), kg (quilograma), W (watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus deri-
vados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin,
Exemplos: imagem, vertigem, penugem, bege, foge. yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Observação Trema
Exceção: pajem as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio.
Exemplos: sufrágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio. Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u
para indicar que ela deve ser pronunciada nos gru-
• os verbos terminados em ger e gir. pos gue, gui, que, qui.
Como era: agüentar, argüir, bilíngüe, cinqüenta, delinqüen-
te, eloqüente,ensangüentado, eqüestre, freqüente, lingüeta,
Exemplos: eleger, mugir.
lingüiça, qüinqüênio, sagüi,seqüência, seqüestro, tranqüilo,
• depois da letra "r" com poucas exceções. Como fica: aguentar, arguir, bilíngue, cinquenta, delinquente,
eloquente, ensanguentado, equestre, frequente, lingueta,
linguiça, quinquênio, sagui, sequência, sequestro, tranquilo.
Exemplos: emergir, surgir. depois da letra a, desde que não seja radical
terminado com j. Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangei-
Exemplos: ágil, agente. ras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.
Mudanças nas regras de acentuação
Escreve-se com J e não com G: 1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
• as palavras de origem latinas palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na
penúltima sílaba).
Exemplos: jeito, majestade, hoje. Como era: alcalóide, alcatéia, andróide, apóia, apóio(verbo
• as palavras de origem árabe, africana ou exótica. apoiar), asteróide, bóia,celulóide, clarabóia, colméia, Coréia,
debilóide, epopéia, estóico, estréia, estréio (verbo estrear),
geléia, heróico, ideia, jibóia, jóia, odisséia, paranóia, paranói-
Exemplos: alforje, jibóia, manjerona. co, platéia, tramóia.
Como fica: alcaloide, alcateia, androide apoia, apoio (verbo
• as palavras terminada com aje.
apoiar), asteroide, boia, celuloide, claraboia, colmeia, Coreia,
debiloide, epopeia, estoico, estreia, estreio(verbo estrear),
Exemplos: laje, ultraje geleia, heroico, ideia, jiboia joia, odisseia, paranoia, paranoi-
co, plateia tramoia.
O fonema ch:
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxí-
tonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxíto-
nas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
Escreve-se com X e não com CH: Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
• as palavras de origem tupi, africana ou exótica. 2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e
no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Como era: baiúca, bocaiúva, cauíla, feiúra.
Exemplo: abacaxi, muxoxo, xucro.
Como fica: baiuca, bocaiuva, cauila, feiura.
• as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J). Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Exemplos: xampu, lagartixa.
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas
• depois de ditongo. Exemplos: frouxo, feixe. depois de en. em êem e ôo(s).
Como era: abençôo, crêem (verbo crer), dêem (verbo dar),
Exemplos: enxurrada, enxoval dôo (verbo doar), enjôo, lêem (verbo ler),magôo (verbo mago-
Observação: ar), perdôo (verbo perdoar), povôo (verbo povoar), vêem
Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra iniciada com ch - (verbo ver), vôos, zôo.
Cheio - (enchente) Como fica: abençoo creem (verbo crer), deem (verbo dar),
doo (verbo doar), enjoo, leem (verbo ler), magoo (verbo ma-
Escreve-se com CH e não com X: goar), perdoo (verbo perdoar), povoo (verbo povoar), veem
(verbo ver), voos, zoo.
• as palavras de origem estrangeira
4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pa-
Exemplos: chave, chumbo, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, res pára/para, péla(s)/ pe-
salsicha. la(s),pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
http://www.comoescreve.com/2013/02 Como era: Ele pára o carro. Ele foi ao póloNorte. Ele gosta
de jogar pólo. Esse gato tem pêlos brancos. Comi uma pêra.
GUIA PRÁTICO DA NOVA ORTOGRAFIA Como fica: Ele para o carro. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta
de jogar polo. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pera.
Mudanças no alfabeto
Atenção: Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as
Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito
letras k, w e y.
do indicativo), na 3ª pessoa do singular.
O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do
N O P Q R S T U V WX Y Z
singular.
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele
da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em
pode.
várias situações.
Por exemplo: Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilô- é preposição.
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APOSTILAS OPÇÃO
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coo-
Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural cupante etc.
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, 3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o
deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoprote-
vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a ção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudopro-
palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. fessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno.
/ Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen.
detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles inter- Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.
vêm em todas as aulas.
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o
É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-
palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do acento se essas letras.
deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma
da fôrma do bolo? Exemplos: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas,
antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno,
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neorrea-
(tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicati- lismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, Ultrassom.
vo dos verbos arguir e redarguir.
5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados segundo elemento começar pela mesma vogal.
em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc. Esses verbos Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-
admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do inflamatório, auto-observação, contra-almirante, contra-atacar,
indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. contra-ataque micro-ondas micro-ônibus semi-internato, semi-
interno.
Veja: a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas
formas devem ser acentuadas. 6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se
o segundo elemento começar pela mesma consoante.
Exemplos:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-
enxágue, enxágues, enxáguem. bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super-
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; resistente, super-romântico.
delínqua, delínquas, delínquam. Atenção: Nos demais casos não se usa o hífen.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante,
de ser acentuadas. superproteção.
Exemplos: (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pro- Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
nunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxa- Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
gues, enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delin- vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-
que, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam. americano etc.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, 7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o
aquela com a e i tônicos. hífen se o segundo elemento começar por vogal.
Uso do hífen Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual,
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento,
Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em supereconômico, superexigente, superinteressante, superoti-
muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, mismo.
apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do 8. Com os prefi-
hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se
orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a sempre o hífen.
seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-
prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefi- diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-
xos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-
circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, in- casado, recém-nascido, sem-terra.
fra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, 9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-
pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, guarani: açu, guaçu e mirim.
tele, ultra, vice, etc.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra
iniciada por h. 10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que
ocasionalmente se combinam, formando não propriamente
Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro, macro- vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
homem, ultra-humano.
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde 11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perde-
o h). ram a noção de composição.
Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas,
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal
paraquedista, pontapé.
diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma
Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo,
palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele
antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada,
deve ser repetido na linha seguinte.
autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura,
plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesférico, semio- Exemplos: Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
paco. O diretor recebeu os ex-alunos.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo Resumo
elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, Emprego do hífen com prefixos.
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APOSTILAS OPÇÃO
Regra básica - Sempre se usa o hífen diante de h: anti- Mas ou mais: dúvidas de ortografia
higiênico, super-homem.
Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte
Outros casos:
1. Prefixo terminado em vogal: Sem hífen diante de vogal
Mais ou mais? Onde ou aonde? Essas e outras expressões geralmente são
diferente: autoescola, antiaéreo.
alvo de questionamentos por parte dos usuários da língua.
Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
semicírculo.
Sem hífen diante de r e s. Falar e escrever bem, de modo que se atenda ao padrão formal da lingua-
Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. gem: eis um pressuposto do qual devemos nos valer mediante nossa
Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro- postura enquanto usuários do sistema linguístico. Contudo, tal situação não
ondas. parece assim tão simples, haja vista que alguns contratempos sempre
tendem a surgir. Um deles diz respeito a questões ortográficas no mo-
2. Prefixo terminado em consoante: mento de empregar esta ou aquela palavra.
Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- Nesse sentido nunca é demais mencionar que o emprego correto de um
bibliotecário. determinado vocábulo está intimamente ligado a pressupostos semânticos,
Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- visto que cada vocábulo carrega consigo uma marca significativa de senti-
persônico. do. Assim, mesmo que palavras se apresentem semelhantes em temos
Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. sonoros, bem como nos aspectos gráficos, traduzem significados distintos,
Observações: aos quais devemos nos manter sempre vigilantes, no intuito de fazermos
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de pala- bom uso da nossa língua sempre que a situação assim o exigir.
vra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Pois bem, partindo dessa premissa, ocupemo-nos em conhecer as caracte-
Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem rísticas que nutrem algumas expressões que rotineiramente utilizamos.
hífen: subumano, subumanidade. Entre elas, destacamos:
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan- Mas e mais
americano etc. A palavra “mas” atua como uma conjunção coordenada adversativa, de-
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, vendo ser utilizada em situações que indicam oposição, sentido contrário.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, Vejamos, pois:
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. Esforcei-me bastante, mas não obtive o resultado necessário.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice- Já o vocábulo “mais” se classifica como pronome indefinido ou advérbio de
almirante etc. intensidade, opondo-se, geralmente, a “menos”. Observemos:
Ele escolheu a camiseta mais cara da loja.
5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, manda- Onde e aonde
chuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc. “Aonde” resulta da combinação entre “a + onde”, indicando movimento para
6. Com os prefi- algum lugar. É usada com verbos que também expressem tal aspecto (o de
xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se movimento). Assim, vejamos:
sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, Aonde você vai com tanta pressa?
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. “Onde” indica permanência, lugar em que se passa algo ou que se está.
¨ Portanto, torna-se aplicável a verbos que também denotem essa caracterís-
Fonte: Guia Prático da Nova Ortografia - Douglas Tufano tica (estado ou permanência). Vejamos o exemplo:
Editora Melhoramentos - Agosto de 2008 Onde mesmo você mora?
Novo Acordo Ortográfico é adiado para 2016 Que e quê
O objetivo de adiar a vigência do novo Acordo Ortográfi- O “que” pode assumir distintas funções sintáticas e morfológicas, entre elas
co visa a alinhar o cronograma brasileiro com o de outros a de pronome, conjunção e partícula expletiva de realce:
países e dar um maior prazo de adaptação às pessoas. Convém que você chegue logo. Nesse caso, o vocábulo em questão atua
Prorrogação visa a alinhar cronograma brasileiro com o de outros países, como uma conjunção integrante.
como Portugal. Já o “quê”, monossílabo tônico, atua como interjeição e como substantivo,
A vigência obrigatória do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi em se tratando de funções morfossintáticas:
adiada pelo governo brasileiro por mais três anos. A implementação inte- Ela tem um quê de mistério.
gral da nova ortografia estava prevista para 1º de janeiro de 2013, contudo,
o Governo Federal adiou para 1º de janeiro de 2016, prazo estabelecido Mal e mau
também por Portugal. “Mal” pode atuar com substantivo, relativo a alguma doença; advérbio,
Assinado em 1990 por sete nações da Comunidade de Países de Língua denotando erradamente, irregularmente; e como conjunção, indicando
Portuguesa (CPLP) e adotado em 2008 pelos setores público e privado, o tempo. De acordo com o sentido, tal expressão sempre se opõe a bem:
Acordo tem como objetivo unificar as regras do português escrito em todos Como ela se comportou mal durante a palestra. (Ela poderia ter se compor-
os países que têm a língua portuguesa como idioma oficial. A reforma tado bem)
ortográfica também visa a melhorar o intercâmbio cultural, reduzir o custo “Mau” opõe-se a bom, ocupando a função de adjetivo:
econômico de produção e tradução de livros e facilitar a difusão bibliográfi- Pedro é um mau aluno. (Assim como ele poderia ser um bom aluno)
ca nesses países.
Nesse sentido, a grafia de aproximadamente 0,5 das palavras em portu- Ao encontro de / de encontro a
guês teve alterações propostas, a exemplo de ideia, crêem e bilíngue, que, “Ao encontro de” significa ser favorável, aproximar-se de algo:
com a obrigatoriedade do uso do novo Acordo Ortográfico, passaram a ser Suas ideias vão ao encontro das minhas. (São favoráveis)
escritas sem o acento agudo, circunflexo e trema, respectivamente. Com o “De encontro a” denota oposição a algo, choque, colisão:
adiamento, tanto a ortografia atual quanto a prevista são aceitas, ou seja, a O carro foi de encontro ao poste.
utilização das novas regras continua sendo opcional até que a reforma
ortográfica entre em vigor. Afim e a fim
“Afim” indica semelhança, relacionando-se com a ideia relativa à afinidade:
Na faculdade estudamos disciplinas afins.
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES “A fim” indica ideia de finalidade:
Estudo a fim de que possa obter boas notas.
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. que a segue
7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e 8- pneumático: pneu-má-ti-co
científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os gnomo: gno-mo
Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da psicologia: psi-co-lo-gia
Manhã, Manchete, etc.
8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Exce- No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada separadamente,
lentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. mantendo sua autonomia fonética. Nesse caso, tais consoantes ficam em
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do sílabas separadas.
Oriente, o falar do Norte. 9- sublingual: sub-lin-gual
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste. sublinhar: sub-li-nhar
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o sublocar: sub-lo-car
Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Preste atenção nas seguintes palavras:
Escrevem-se com letra inicial minúscula: trei-no so-cie-da-de
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, gai-o-la ba-lei-a
nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, des-mai-a-do im-bui-a
ingleses, ave-maria, um havana, etc. ra-diou-vin-te ca-o-lho
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando te-a-tro co-e-lho
empregados em sentido geral: du-e-lo ví-a-mos
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria. a-mné-sia gno-mo
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio co-lhei-ta quei-jo
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: dig-no e-nig-ma
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis) e-clip-se Is-ra-el
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mag-nó-lia
mirra." (Manuel Bandeira)
SINAIS DE PONTUAÇÃO
DIVISÃO SILÁBICA
Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita as
Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU, pausas da linguagem oral.
GU.
1- chave: cha-ve
aquele: a-que-le PONTO
palha: pa-lha O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase decla-
manhã: ma-nhã rativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos casos
guizo: gui-zo comuns ele é chamado de simples.
Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresentam Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo).
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar PONTO DE INTERROGAÇÃO
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma É usado para indicar pergunta direta.
globo: glo-bo fraco: fra-co Onde está seu irmão?
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação.
prato: pra-to A mim ?! Que ideia!
Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC. PONTO DE EXCLAMAÇÃO
3- correr: cor-rer desçam: des-çam É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas.
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória!
fascinar: fas-ci-nar Ó jovens! Lutemos!
Não se separam as letras que representam um ditongo.
4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro VÍRGULA
cárie: cá-rie A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena pau-
sa na fala. Emprega-se a vírgula:
Separam-se as letras que representam um hiato. • Nas datas e nos endereços:
5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el São Paulo, 17 de setembro de 1989.
rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o Largo do Paissandu, 128.
• No vocativo e no aposto:
Não se separam as letras que representam um tritongo. Meninos, prestem atenção!
6- Paraguai: Pa-ra-guai Termópilas, o meu amigo, é escritor.
saguão: sa-guão • Nos termos independentes entre si:
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões.
Consoante não seguida de vogal, no interior da palavra, fica na sílaba • Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste
que a antecede. caso é usado o duplo emprego da vírgula:
7- torna: tor-na núpcias: núp-cias Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa-
técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter droeira.
absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz • Após alguns adjuntos adverbiais:
No dia seguinte, viajamos para o litoral.
Consoante não seguida de vogal, no início da palavra, junta-se à sílaba • Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo emprego
da vírgula:
Língua Portuguesa 48
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APOSTILAS OPÇÃO
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor. A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
• Após a primeira parte de um provérbio. Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.
O que os olhos não veem, o coração não sente.
• Em alguns casos de termos oclusos: PARÊNTESES
Eu gostava de maçã, de pera e de abacate.
Empregamos os parênteses:
• Nas indicações bibliográficas.
RETICÊNCIAS "Sede assim qualquer coisa.
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. serena, isenta, fiel".
Não me disseste que era teu pai que ... (Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
• Para realçar uma palavra ou expressão. • Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... "Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. fora das órbitas. Amália se volta)".
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também... (G. Figueiredo)
• Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória:
PONTO E VÍRGULA "E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-Io, morrendo de
fome."
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém
(C. Lispector)
alguma simetria entre si.
• Para isolar orações intercaladas:
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhe-
"Estou certo que eu (se lhe ponho
cido, guardando consigo a ponta farpada. "
Minha mão na testa alçada)
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu
Sou eu para ela."
interior.
(M. Bandeira)
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém, mais
calmo, resolveu o problema sozinho.
COLCHETES [ ]
DOIS PONTOS Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
• Enunciar a fala dos personagens:
Ele retrucou: Não vês por onde pisas? ASTERISCO
• Para indicar uma citação alheia: O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de alguma nota (observação).
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar-
que". BARRA
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão anteri-
A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas
or:
abreviaturas.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
• Enumeração após os apostos:
Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido. OBSERVE O EFEITO CAUSADO PELA PONTUAÇÃO
Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam Crase é a fusão da preposição A com outro A.
uma cadeia de frase: Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem.
• A estrada de ferro Santos – Jundiaí.
• A ponte Rio – Niterói.
EMPREGO DA CRASE
• A linha aérea São Paulo – Porto Alegre. • em locuções adverbiais:
à vezes, às pressas, à toa...
• em locuções prepositivas:
ASPAS em frente à, à procura de...
São usadas para: • em locuções conjuntivas:
• Indicar citações textuais de outra autoria. à medida que, à proporção que...
"A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles) • pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, a,
• Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se as
expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaismo, formas populares: Fui ontem àquele restaurante.
Há quem goste de “jazz-band”. Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão:
Não achei nada "legal" aquela aula de inglês. Refiro-me àquilo e não a isto.
• Para enfatizar palavras ou expressões:
Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
• Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
A CRASE É FACULTATIVA
"Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro. • diante de pronomes possessivos femininos:
• Em casos de ironia: Entreguei o livro a(à) sua secretária .
• diante de substantivos próprios femininos:
Língua Portuguesa 49
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APOSTILAS OPÇÃO
Dei o livro à(a) Sônia. ORTOÉPIA E PROSÓDIA
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE Ortoepia trata da correta pronúncia das palavras.
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o artigo Exemplo: "advogado", e não "adevogado" (o d é mudo).
A: Prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras.
Viajaremos à Colômbia. Exemplo: "rubrica" (palavra paroxítona), e não "rúbrica" (palavra proparoxí-
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia) tona).
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasília,
Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, Ve- Dessa forma, segue abaixo uma lista das principais palavras que normal
neza, etc. ACRÓBATA / ACROBATA: esta palavra, COMO MUITAS OUTRAS DE
Viajaremos a Curitiba. NOSSA lÍNGUA, admite as duas pronúncias: acróbata, com ênfase na
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba). sílaba "cró", ou acrobata, com força na sílaba "ba". Também é indiferente
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o dizer Oceânia ou Oceania, transístor ou transistor (com força na sílaba
modifique. "tor", com o "ô" fechado).
Ela se referiu à saudosa Lisboa.
Vou à Curitiba dos meus sonhos. ALGOZ: (carrasco): palavra oxítona, cuja pronúncia do "o" deve ser fechada
• Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida: (algôz, = arroz).
Às 8 e 15 o despertador soou.
AUTÓPSIA / NECROPSIA: apesar de autópsia ter como vogal tônica o "ó",
• Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras “mo-
a forma necropsia, que possui o mesmo significado, deve ser pronunciada
da” ou "maneira":
com ênfase no "i".
Aos domingos, trajava-se à inglesa.
Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo. AZÁLEA / AZALÉIA: segundo os melhores dicionários, estas duas formas
• Antes da palavra casa, se estiver determinada: são aceitáveis;
Referia-se à Casa Gebara.
• Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar. AVARO: (indivíduo muito apegado ao dinheiro): deve ser pronunciada como
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa). paroxítona (acento tônico na sílaba va), e por terminar em "o", não deve ser
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo. acentuada.
Voltou à terra onde nascera. BOÊMIA: de origem francesa, relativa à cidade de Boéme, esta palavra tem
Chegamos à terra dos nossos ancestrais. sua sílaba forte no "ê", e não no "mi".
Mas:
Os marinheiros vieram a terra. CARÁTER: paroxítona que apresenta o plural caracteres, tendo o acrésci-
O comandante desceu a terra. mo da letra "c", e o deslocamento do acento tônico da sílaba "ra" para a
• Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o sílaba "te", sem o emprego de acento gráfico.
artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente: CATETER, MISTER e URETER: Todas possuindo sua acentuação tônica
Vou até a (á ) chácara. na última sílaba (tér), sendo assim oxítonas.
Cheguei até a(à) muralha
• A QUE - À QUE CHICLETE / CHOPE / CLIPE / DROPE: quando se referindo a uma só
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino unidade de cada um destes produtos, deve-se falar "um chiclete, um chope,
ocorrerá crase: um clipe, um drope", e não "um chicletes, um chopes, um clipes, um dro-
Houve um palpite anterior ao que você deu. pes". Existe, ainda, a variante "chiclé" (um chiclé, dois chiclés).
Houve uma sugestão anterior à que você deu.
CUPIDO e CÚPIDO: a primeira forma (paroxítona e sem acento) significa o
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não
deus alado do amor; a segunda (proparoxítona) tem o sentido de ávido de
ocorrerá crase.
dinheiro, ambicioso, também pode ser usada como possuído de desejos
Não gostei do filme a que você se referia.
amorosos.
Não gostei da peça a que você se referia.
O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrativo EXTINGUIR: a sílaba "guir" desta palavra deve ser pronunciada como nas
A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes do palavras "perseguir", "seguir", "conseguir". Isso também vale para "distin-
de: guir".
Meu palpite é igual ao de todos
Minha opinião é igual à de todos. FLUIDO: pronuncia-se como a forma verbal "cuido", verbo cuidar (com
força no u). Assim também GRATUITO, CIRCUITO, INTUITO, fortuito. No
entanto, o particípio do verbo fluir é "fluído", acontecendo aqui um hiato,
NÃO OCORRE CRASE onde a vogal tônica agora passa a ser o "í".
• antes de nomes masculinos:
Andei a pé. IBERO: Pronuncia-se como paroxítona (ênfase na sílaba BE, IBÉRO).
Andamos a cavalo. INEXORÁVEL: (= austero, rígido, inabalável...): esse "x" lê-se como os de
• antes de verbos: exemplo, exame, exato, exercício, isto é, com o som de "z".
Ela começa a chorar.
Cheguei a escrever um poema. LÁTEX: tendo seu acento tônico na penúltima sílaba e terminando com a
• em expressões formadas por palavras repetidas: letra x, é uma palavra paroxítona, e como tal deve ser pronunciada e acen-
Estamos cara a cara. tuada.
• antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. MAQUINARIA: o acento tônico deve recair na sílaba "ri", e não sobre a
Escrevi a Vossa Excelência. sílaba "na".
Dirigiu-se gentilmente à senhora. NÉON: muitos dicionários apresentam esta palavra como paroxítona, sendo
• quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural: acentuada por terminar em "n"; no entanto, o dicionário Michaelis Melhora-
Não falo a pessoas estranhas. mentos, recentemente editado, traz as duas grafias: néon (paroxítona) e
Jamais vamos a festas. neon (oxítona).
NOVEL e NOBEL: palavras oxítonas que não devem ser acentuadas.
OBESO: palavra paroxítona que deve ser pronunciada com o "e" aberto
(obéso). Também são abertos o "e" de outras paroxítonas como "coeso"
Língua Portuguesa 50
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APOSTILAS OPÇÃO
(coéso), "obsoleto" (obsoléto), o "o" de "dolo" (dólo), o "e" de "extra" (éxtra)
e o "e" de "blefe" (bléfe). Apresentam-se, porém, fechados o "e" de "nesga"
(nêsga), o de "destro" (dêstro), e o "o" "torpe" (tôrpe).
OPTAR: ao se conjugar este verbo na 1 pessoa do singular do presente do
indicativo, deve-se pronunciar "ópto", e não "opito". Assim também em
relação às formas verbais "capto, adapto, rapto" - todas com força na sílaba
que vem antes do "p".
PROJÉTIL / PROJETIL: ambas as formas têm o mesmo significado, apesar
de a primeira ser paroxítona e a segunda oxítona. Plurais: PROJÉTEIS /
PROJETIS.
PUDICO: (aquele que tem pudor, envergonhado): palavra paroxítona (ênfa-
se na sílaba "di").
RECORDE: deve ser pronunciada como paroxítona (recórde).
RÉPTIL / REPTIL: mesmo caso da palavra PROJÉTIL. Plurais. RÉPTEIS /
REPTIS.
RUBRICA: palavra paroxítona, e não proparoxítona como se costuma
pensar (ênfase na sílaba "bri").
RUIM: palavra oxítona (ruím).
RUPIA / RÚPIA: a primeira forma se refere à moeda utilizada na Indonésia
(força no "i") e a segunda é relativa a uma planta aquática (com ênfase no
"ú").
SUBSÍDIOS: a pronúncia correta é com som de "ss", e não "z" (subssídios).
SUTIL e SÚTIL: a primeira forma, sendo oxítona, significa "tênue, delicado,
hábil"; a segunda, paroxítona, significa "tudo aquilo que é composto de
pedaços costurados".
TÓXICO: pronuncia-se com o som de "cs" = tócsico.
Nota
Existe alguma discordância quanto ao som do "x" de "hexa-". O Dicionário
Aurélio - Século XXI, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - da http://www.portugues.com.br/gramatica/ortoepia-prosodia.html
Academia Brasileira de Letras, e o dicionário de Caldas Aulete dizem que
esse "x" deve ter o som de "cs", e deve ser pronunciado como o "x" de 100 erros de português de A a Z.
"fixo", "táxi", "tóxico", etc. Já o "Houaiss" diz que esse "x" corresponde a "z",
portanto deve ser lido como o "x" de "exame", "exercício", "êxodo", etc.. Na A lista não é pequena e é bem provável que você já tenha cometido alguns
língua falada do Brasil, nota-se interessante ambiguidade: o "x" de "hexá- deles. Por isso, todo cuidado é pouco, os especialistas advertem que
gono" normalmente é lido como "z", mas o de "hexacampeão" costuma ser tropeçar no português pode prejudicar sua carreira. É uma lista grande,
lido como "cs". Por: Eduardo Fernandes Paes mas vale a pena ficar atento e conferir as dicas para nunca mais errar:
Casos mais frequentes de pronúncias diferentes da 1 A / há
língua padrão: Erro: Atuo no setor de controladoria a 15 anos.
Forma correta: Atuo no setor de controladoria há 15 anos.
Explicação: Para indicar tempo passado usa-se o verbo haver.
2 A champanhe / o champanhe
Erro: Pegue a champanhe e vamos comemorar.
Forma correta: Pegue o champanhe e vamos comemorar.
Explicação: De acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra “champanhe”
provém do francês “champagne” e é um substantivo masculino.
3 A cores / em cores
Erro: O material da apresentação será a cores
Forma correta: O material da apresentação será em cores
Explicação: Se o correto é material em preto em branco, o certo é dizer
material em cores.
4 A domicílio/ em domicílio
Erro: O serviço engloba a entrega a domicílio
Forma correta: O serviço engloba a entrega em domicílio.
Explicação: No caso de entrega usa-se a forma em domicílio. A forma a
domicílio é usada para verbos de movimento. Exemplo: Foram levá-lo a
domicílio.
Língua Portuguesa 51
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APOSTILAS OPÇÃO
Explicação: Usa-se a preposição em nos seguintes casos: em longo prazo, 16 Ao invés de/ em vez de
em curto prazo e em médio prazo. Erro: Ao invés de comprar carros, compraremos caminhões para aumentar
nossa frota.
6 A nível de/ em nível de Forma correta: Em vez de comprar carros, compraremos caminhões para
Erro: A nível de reconhecimento de nossos clientes atingimos nosso objeti- aumentar nossa frota.
vo. Explicação: “Ao invés de” representa contrariedade, oposição, o inverso.
Forma correta: Em relação ao reconhecimento de nossos clientes atingi- “Em vez de” quer dizer no lugar de. É uma locução prepositiva, sendo
mos nosso objetivo. terminada em de normalmente.
Explicação: O uso de “a nível de” está correto quando a preposição “a”
está aliada ao artigo “o” e significa “à mesma altura”. Exemplo: Hoje, o Rio 17 Aonde/onde
de Janeiro acordou ao nível do mar. A expressão "em nível de" está utiliza- Erro: Não sei aonde fica a sala do diretor
da corretamente quando equivale a "de âmbito" ou "com status de". Exem- Forma correta: Não sei onde fica a sala do diretor
plo: O plebiscito será realizado em nível nacional. Explicação: O advérbio onde indica lugar em que algo ou alguém está.
Deve ser utilizado somente para substituir vocábulo que expressa a ideia de
7 À partir de/ a partir de lugar. Exemplo: Não sei onde fica a cidade de Araguari. O advérbio aonde
Erro: À partir de novembro, estarei de férias indica também lugar em que algo ou alguém está, porém quando o verbo
Forma correta: A partir de novembro, estarei de férias. que se relacionar com "onde" exigir a preposição “a”, deve-se agregar esta
Explicação: Não se usa crase antes de verbos preposição, formando assim, o vocábulo "aonde". Expressa a ideia de
destino, movimento, conforme exemplo a seguir: aonde você irá depois das
8 A pouco/ há pouco visitas?
Erro: O diretor chegará daqui há pouco.
Forma correta: O diretor chegará daqui a pouco. 18 Ao meu ver/ a meu ver
Explicação: Nesse caso, há pouco indica ação que já passou, pode ser Erro: Ao meu ver, a reunião foi um sucesso
substituído por faz pouco tempo. A pouco indica ação que ainda vai ocorrer, Forma correta: A meu ver, a reunião foi um sucesso.
a ideia é de futuro. Explicação: Não existe a expressão ao meu ver. As formas corretas são: a
meu ver, a nosso ver, a vosso ver.
9 Vender à prazo/ vender a prazo
Erro: Vamos vender à prazo 19 Às micro/ às micros
Forma correta: Vamos vender a prazo. Erro: O pacote de tributos refere-se às micro e pequenas empresas
Explicação: Não se usa crase antes de palavra masculina. Forma correta: O pacote de tributos refere-se às micros e pequenas
empresas
10 À rua/ Na rua Explicação: Por se tratar de adjetivo, micro é variável e por isso deve ser
Erro: José, residente à rua Estados Unidos, era um cliente fiel. grafada no plural quando for o caso.
Forma correta: José, residente na rua Estados Unidos, era um cliente fiel.
Explicação: Os vocábulos residir, morador, residente, situado e sito pedem 20 Através/ por
o uso da preposição em. Erro: Fui avisada através de um e-mail de que a reunião está cancelada.
Forma correta: Fui avisada por e-mail de que a reunião está cancelada.
11 A vista/ à vista Explicação: Para muitos gramáticos, através se refere ao que atravessa.
Erro: O pagamento foi feito a vista. Prefira “pelo e-mail”, “por e-mail”.
Forma correta: O pagamento foi feito à vista.
Explicação: Ocorre crase nas expressões formadas por palavras femini- 21 Auferir/ aferir
nas. Exemplos: à noite, à tarde, à venda, às escondidas e à vista. Erro: No fim do expediente, o gestor deve auferir se os valores pagos
conferem com os números do sistema.
12 Adequa/ adequada Forma correta: No fim do expediente, o gestor deve aferir se os valores
Erro: O móvel não se adequa à sala pagos conferem com os números do sistema.
Forma correta: O móvel não é adequado à sala. Explicação: Os verbos aferir e auferir têm sentidos distintos. Aferir: conferir
Explicação: Adequar é um verbo defectivo, ou seja, não se conjuga em de acordo com o estabelecido, avaliar, calcular. Auferir: colher, obter, ter.
todas as pessoas e tempos. No presente do indicativo são conjugadas Exemplo: O projeto auferiu bons resultados.
apenas primeira e a segunda pessoa do plural (nós adequamos, vós ade-
quais). 22 Aumentar ainda mais/ aumentar muito
Erro: Precisamos aumentar ainda mais os lucros.
13 Agradecer pela/ agradecer a Forma correta: Precisamos aumentar muito os lucros.
Erro: Agradecemos pela preferência Explicação: Aumentar é sempre mais, não existe aumentar menos, con-
Forma correta: Agradecemos a preferência forme explica Laurinda Grion, no livro “Erros que um executivo comete ao
Explicação: O certo é agradecer a alguém alguma coisa. Exemplo: Agra- redigir (mas não deveria cometer)”, da editora Saraiva. Portanto são formas
deço a Deus a graça recebida. redundantes: aumentar mais, aumentar muito mais e aumentar ainda mais.
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APOSTILAS OPÇÃO
Forma correta: Em 1993, o São Paulo Futebol Clube foi bicampeão mun- Explicação: De encontro a é estar em sentido contrário, em oposição a. Ao
dial, sob o comando de Telê Santana. encontro de é estar de acordo, ideia de conformidade.
Explicação: A forma correta de usar os prefixos numéricos “bi”, “tri”, “tetra”,
“penta”, “hexa”, “hepta” (etc) é sem hífen. “O Novo Acordo Ortográfico 35 Debitou na/ debitou à
nunca exigiu nem exige alteração gráfica”. Erro: O banco debitou na minha conta a taxa.
Forma correta: O banco debitou à minha conta a taxa.
25 Caiu em/ caiu Explicação: quem debita, debita a.
Erro: O lucro caiu em 10%.
Forma correta: O lucro caiu 10%. 36 Desapercebidas/ despercebidas
Explicação: O verbo cair, assim como aumentar e diminuir, não admite a Erro: As mudanças passaram desapercebidas pelos nossos executivos
preposição “em”. E no sentido de descer, ir ao chão, ser demitido, o verbo Forma correta: As mudanças passaram despercebidas.
cair é intransitivo. Explicação: Desapercebido significa desprovido de, desprevenido. Exem-
plo: Não parei para cumprimenta-lo porque estava desapercebido. Desper-
26 Chegar em/ chegar a cebido significa não notado, não percebido. Exemplo: O erro passou des-
Erro: Chegamos em São Paulo, ontem. percebido pela equipe da redação do jornal.
Forma correta: Chegamos a São Paulo, ontem.
Explicação: o verbo exige a preposição a. Quem chega, chega a algum 37 Descrição/ discrição
lugar, ou a alguma coisa. Erro: Ela age com descrição.
Forma correta: Ela age com discrição.
27 Chove/ chovem Explicação: Descrição refere-se ao ato de descrever. Exemplo: Ela fez a
Erro: Chove emails com reclamações de clientes. descrição do objeto. (ela descreveu). Discrição significa ser discreto.
Forma correta: Chovem emails com reclamações de clientes.
Explicação: Quando indica um fenômeno natural, o verbo chover é impes- 38 Descriminar/ discriminar
soal e fica sempre o singular. Mas no sentido figurado, como acontece Erro: Descrimine os produtos na nota fiscal e coloque todos os códigos
acima, flexiona-se normalmente. necessários.
Forma correta: Discrimine os produtos na nota fiscal e coloque todos os
28 Comprimento/cumprimento códigos necessários.
Erro: Entrou e não me comprimentou. Explicação: Descriminar significa absolver, inocentar. É o que o prefixo
Forma correta: Entrou e não me cumprimentou. “des” faz – indica uma ação no sentido contrário – e, nesse caso, quer dizer
Explicação: Comprimento está relacionado ao tamanho, à extensão de tirar o crime. Exemplo: Ele falou em descriminar o uso de algumas drogas
algo ou alguém. Exemplo: Não sei o comprimento da sala. Cumprimento Discriminar significa distinguir, separar, diferenciar, especificar. Isso pode
relaciona-se a dois verbos diferentes: cumprimentar uma pessoa (saudar) e ser feito com ou sem preconceito. Quando há preconceito, o sentido é de
cumprir uma tarefa (realizar). Exemplos: Cada pessoa tem um jeito de segregação. Exemplo: A discriminação racial deve ser combatida sempre.
cumprimentar. O cumprimento dos prazos contará pontos na competição.
39 Devidas providências
29 Consiste de/ consiste em Erro: Peço as devidas providências.
Erro: A seleção consiste de cinco etapas. Forma correta: Peço providências
Forma correta: A seleção consiste em cinco etapas. Explicação: Trata-se de um vício de linguagem. O adjetivo (devidas) é
Explicação: Consistir é verbo transitivo indireto e requer complemento desnecessário e redundante. “Quem pediria providências indevidas”.
regido da preposição em.
40 Dispor/dispuser
30 Continuidade/ continuação Erro: Se ele dispor de tempo, poderá atende-lo em breve.
Erro: O sindicato optou pela continuidade da greve. Forma correta: Se ele dispuser de tempo, poderá atende-lo em breve.
Forma correta: O sindicato optou pela continuação da greve. Explicação: A conjugação correta do verbo dispor na terceira pessoa do
Explicação: Continuidade refere-se à extensão de um acontecimento. singular no futuro do pretérito é se ele dispuser. A conjugação acompanha
Exemplo: dar continuidade ao governo. Continuação refere-se à duração de a do verbo pôr.
algo. Exemplo continuação da sessão.
41 Dois por cento/ dois pontos percentuais
31 Correr atrás do prejuízo/ correr atrás do lucro Erro: No ano passado, o crescimento foi de 10%. Neste ano, de 8%, tendo
Erro: É hora de correr atrás do prejuízo. havido queda de 2%.
Forma correta: É hora de correr atrás do lucro. Forma correta: No ano passado, o crescimento foi de 10%. Neste ano, de
Explicação: Pode-se correr do prejuízo, mas nunca deve-se correr atrás 8%, tendo havido queda de 2 pontos percentuais.
dele. A forma correr atrás do prejuízo não faz o menor sentido. Explicação: A queda de 10% para 8% não é de 2% e, sim, de 2 pontos
percentuais.
32 Da onde/ de onde
Erro: Fortaleza é a cidade da onde vieram nossos colaboradores. 42 E nem/ nem
Forma correta: Fortaleza é a cidade de onde vieram nossos colaborado- Erro: O funcionário não sabe escrever e nem ler.
res. Forma correta: O funcionário não sabe escrever nem ler.
Explicação: A forma de onde indica origem. Não existe a forma “da onde”. Explicação: A conjunção nem significa “e não”.
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APOSTILAS OPÇÃO
Explicação: Ninguém escreve a mãos, nem fica em pés. O correto é em 55 A grosso modo/ grosso modo
mão, cuja abreviatura é E. M. Erro: O que quero dizer, a grosso modo, é que há mais chances de dar
errado do que de dar certo.
45 Em vias/ em via Forma correta: O que quero dizer, grosso modo, é que há mais chances
Erro: Estou em vias de finalizar o projeto. de dar errado do que de dar certo.
Forma correta: Estou em via de finalizar o projeto. Explicação: A expressão é “grosso modo”, sem a preposição a.
Explicação: A locução é “em via de” e significa “a caminho de”, “prestes a”.
56 Guincho/guinchamento
46 Eminente/ iminente Erro: Sujeito a guincho.
Erro: A falência é eminente. Forma correta: Sujeito a guinchamento
Forma correta: A falência é iminente. Explicação: Guincho é o veículo que faz a ação, isto é, o guinchamento.
Explicação: Eminente é um adjetivo que significa alto, grande, elevado,
saliente, pessoa importante, notável. 57 Há 10 anos atrás/ há 10 anos
Erro: Há 10 anos atrás, eu decidi comprar um imóvel.
Exemplos: Era um eminente orador. A montanha eminente surge na paisa- Formas corretas: Há 10 anos, eu decidi comprar um imóvel. Dez anos
gem. Iminente também é um adjetivo e indica que algo está prestes a atrás, eu decidi comprar um imóvel.
acontecer. Exemplo: A sua morte é iminente. Explicação: É redundante usar “há” e “atrás” na mesma frase. O verbo
haver impede a palavra atrás em seguida sempre que estiver relacionado a
47 Ensinar a executarem/ ensinar a executar tempo, à ação que já se passou. Há, portanto, duas formas corretas para a
Erro: O bom líder deve ensinar seus colaboradores a executarem as tare- frase: “há dez anos” ou “dez anos atrás”.
fas.
Forma correta: O bom líder deve ensinar seus colaboradores a executar 58 Hora/ora
as tarefas. Erro: Você pediu minha decisão, por hora ainda não a tenho.
Explicação: Não se flexiona infinitivo com preposição que funcione como Forma correta: Você pediu minha decisão, por ora ainda não a tenho.
complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal. Exem- Explicação: A expressão “por hora”, quando escrita com a letra “h”, refere-
plo: As mulheres conquistaram o direito de trabalhar fora de casa. se ao tempo, a marcação em minutos. Exemplo: O carro estava a cento e
vinte quilômetros por hora. A expressão “por ora”, quando escrita sem o “h”,
48 Entre eu e ele/ entre mim e ele dá a ideia de no momento ou agora. É um advérbio de tempo, expressa
Erro: Entre eu e ele não há conversa nem acordo. sentido de por enquanto, no momento, atualmente. Exemplo: “Por ora estou
Forma correta: Entre mim e ele não já conversa nem acordo. muito ocupado”.
Explicação: Os pronomes pessoais do caso reto exercem função de sujeito
(ou predicativo do sujeito) e não de complemento. 59 Horas extra/ horas extras
Erro: Você deverá fazer horas extra para terminar o relatório.
49 Falta/faltam Forma correta: Você deverá fazer horas extras para terminar o relatório.
Erro: Falta 30 dias para minhas férias começarem Explicação: Neste caso, extra é um adjetivo e, portanto, é variável.
Forma correta: Faltam 30 dias para minhas férias começarem.
Explicação: O verbo deve concordar com o sujeito da frase. 60 Houveram/houve
Erro: Houveram rumores sobre um anúncio de demissão em massa.
50 Fazem /faz Forma correta: Houve rumores sobre um anúncio de demissão em massa.
Erro: Fazem oito semanas que fui promovida. Explicação: Haver no sentido de existir não é usado no plural.
Forma correta: Faz oito semanas que fui promovida.
Explicação: Verbo fazer quando sinaliza tempo que passou fica na 3ª 61 Implicará em/implicará
pessoa do singular. Erro: A sua atitude implicará em demissão por justa causa.
Forma correta: A sua atitude implicará demissão por justa causa.
51 Fazer uma colocação/ emitir uma opinião Explicação: o verbo implicar, quando é transitivo direto, significa “dar a
Erro: Deixe-me fazer uma colocação a respeito do tema da reunião. entender”, “pressupor” ou “trazer como consequência”, “acarretar”, “provo-
Forma correta: Deixe-me emitir uma opinião a respeito do tema da reuni- car”. E se a transitividade é direta, isso quer dizer que não pede preposição.
ão.
Explicação: o padrão formal é emitir uma opinião e não fazer uma coloca- 62 Independente/ independentemente
ção, embora esta Erro: Independente da proposta, minha resposta é não.
seja uma forma bastante usada. Forma correta: Independentemente da proposta, minha resposta é não.
Explicação: Independente é adjetivo e independentemente é advérbio. O
52 Ficou claro/ ficou clara enunciado acima pede o advérbio.
Erro: Ficou claro, após a reunião, a necessidade de corte de gastos.
Forma correta: Ficou clara, após a reunião, a necessidade de corte de 63 Insisto que/ insisto em que
gastos. Erro: Insisto que é preciso cortar custos na cadeia produtiva.
Explicação: A necessidade de corte de gastos é o que ficou clara, durante Forma correta: Insisto em que é preciso cortar custos na cadeia produtiva.
a reunião. Explicação: O verbo insistir é transito indireto, quando objeto for uma coisa
usa-se a preposição em e a preposição com aparece quando há referência
53 Foi assistida/ assistiu à a uma pessoa. Exemplo: Insisto nisso com o diretor.
Erro: A palestra foi assistida por muita gente
Forma correta: Muita gente assistiu à palestra. 64 Junto a/ no/ ao
Explicação: Verbo assistir no sentido de ver, presenciar, é transitivo indire- Erro: Solicite junto ao departamento de recursos humanos o informe de
to e a voz passiva só admite verbos transitivos diretos. rendimentos para a Receita Federal.
Forma correta: Solicite ao departamento de recursos humanos o informe
54 Fosse... comprava/ fosse...compraria de rendimentos para a Receita Federal.
Erro: Se eu fosse você eu comprava aquela gravata. Explicação: As locuções “junto a, junto de” são sinônimas e significam
Forma correta: Se eu fosse você eu compraria aquela gravata. "perto de", "ao lado de". Não cabem na frase acima. Para você lembrar, não
Explicação: Atente à correlação verbal. Imperfeito do subjuntivo (se eu desconte cheques junto ao banco e sim com o banco. Não renegocie uma
fosse) é usado com o futuro do pretérito (compraria). dívida junto aos credores e sim com os credores Evite empregar a expres-
são “junto a” em lugar de com, de, em e para. Assim, em lugar de “conse-
guimos apoio junto à equipe” escreva “conseguimos apoio da equipe”.
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APOSTILAS OPÇÃO
Forma correta: Vamos à reunião em que decidiremos os rumos da compa-
65 Maiores informações/ mais informações nhia.
Erro: Caso precise de maiores informações, entre em contato conosco. Explicação: Reunião não é lugar e as palavras onde e aonde se
Forma correta: Caso precise de mais informações, entre em contato referem apenas a lugares. Prefira “a reunião em que” ou “na qual
conosco. decidiremos sobre”.
Explicação: O termo “maior” é comparativo, não deve ser utilizado nesse
caso.
74 O quanto antes/ quanto antes
66 Mal/ mau
Erro: Era um mal funcionário e foi demitido. Erro: Voltarei ao escritório o quanto antes.
Forma correta: Era um mau funcionário e foi demitido Forma correta: Voltarei ao escritório quanto antes.
Explicação: Mau e bom são adjetivos, ou seja, conferem qualidade aos Explicação: Antes da locução adverbial “quanto antes” não se usa artigo
substantivos, palavras que nomeiam seres e coisas. Exemplos: “Ele é bom definido “o”.
médico” e “Ele é mau aluno”. Por outro lado, mal e bem podem exercer três
funções distintas. Exercem a função de advérbios, modificam o estado do 75 Parcela única/ de uma só vez
verbo, por exemplo: “Seu filho se comportou mal na escola” e “ele foi bem Erro: O pagamento será feito em parcela única.v
aceito no novo trabalho”. Como conjunção, servindo para conectar orações, Forma correta: O pagamento será feito de uma só vez.
como em “Mal chegou e já se foi”. Essas palavras também têm a função de Explicação: Parcela significa parte de um todo. Logo se não há parcela-
substantivos, por exemplo: “Você é o meu bem” e “o mal dele é não saber mento, o certo é dizer “de uma só vez”.
ouvir”.
76 Por que / porque
67 Mal humorado/ mal-humorado Forma correta: Não a vi ontem porque eu estava fora da cidade.
Erro: Estava mal humorado e isso afetou a todos da equipe. Explicação: Porque é uma conjunção e serve para ligar duas ideias, duas
Forma correta: Estava mal-humorado e isso afetou a todos da equipe. orações. É usado ando a segunda parte apresenta uma explicação ou
Explicação: As formações vocabulares com MAL- exigem hífen caso a causa em relação à primeira. A forma “por que” é um advérbio interrogativo
palavra principal inicie-se por vogal, h ou l: mal-estar, mal-empregado, mal- de causa e é usada quando pedimos por uma causa ou motivo. Caso mais
humorado, mal-limpo. incomum para o uso da forma “por que” é quando ela pode ser substituída
por “para que”, “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, pelas quais. Exem-
Leia mais --> Quando usar e não usar o hífen plos: Lutamos por que (para que) a obra terminasse antes da inauguração.
68 Mão-de-obra/ mão de obra Este é o caminho por que (pelo qual) passamos.
Erro: A falta de mão-de-obra qualificada é um dos gargalos da economia
brasileira. 77 Porquê/ por quê
Forma correta: A falta de mão de obra qualificada é um dos gargalos da Erro: A diretriz mudou, não sei porquê
economia. Formas corretas: A diretriz mudou, não sei por quê. A diretriz mudou, não
Explicação: Com palavras justapostas (uma após a outra) em que haja um sei o porquê.
termo de ligação (geralmente uma preposição ou conjunção) não se usa Explicação: “Porquê” substitui as palavras razão, causa ou motivo. É um
hífen. substantivo e, como tal, tem plural e pode vir acompanhado por artigos,
pronomes e adjetivos. A palavra geralmente é antecedida de artigo “o” ou
69 Meio-dia e meio/ meio-dia e meia “um”. Use a expressão “por quê” quando ela estiver no fim da frase. Alguns
Erro: Entregarei o relatório ao meio-dia e meio. autores dizem que isso vale também quando houver uma pausa, uma
Forma correta: Entregarei o relatório ao meio-dia e meia. vírgula, não importa que seja pergunta ou não.
Explicação: O termo meio pode ter duas funções: adjetivo e advérbio.
Quando advérbio, meio quer dizer “um pouco” e é invariável. Quando Exemplos: Não aprovaram a proposta e não sabemos por quê. Não temos
adjetivo, meio quer dizer “metade de” e é variável, ou seja, concorda com o o resultado da concorrência. Por quê? Não sabemos por quê, onde e
termo a que se refere. quando tudo aconteceu.
70 No aguardo/ ao aguardo 78 Penalizado/ punido
Erro: Fico no aguardo da sua resposta. Erro: Quem desrespeitar o código de conduta será penalizado.
Forma correta: Fico ao aguardo da sua resposta. Forma correta: Quem desrespeitar o código de conduta será punido.
Explicação: O certo é “ao aguardo de”, “à espera de”. Explicação: Penalizar significa “causar pena”, “magoar”. No sentido de
castigar, o certo é usar o verbo punir.
71 No ponto de/ a ponto de Calendario pis 2014
Erro: A demanda da chefia é tão alta, que estou no ponto de mandar tudo 79 Por causa que/ porque/ por causa de
às favas. Erro: Não fui à aula por causa que está chovendo muito.
Forma correta: A demanda da chefia é tão alta, que estou a ponto de Formas corretas: Não fui à aula porque está chovendo muito. Não fui à
mandar tudo às favas. aula por causa da chuva.
Explicação: Para dar a ideia de estar “prestes a”, “na iminência de”, use a Explicação: O certo é usar “porque” ou “por causa de”.
expressão “a ponto de”.
80 Por cento veio/ por cento vieram
72 O mesmo/ ele
Erro: Entre os funcionários, 15% é contra a mudança de sede.
Erro: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se para-
Forma correta: Entre os funcionários 15% são contra a mudança de sede.
do neste andar.
Explicação: Números percentuais exigem concordância.
Forma correta: Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra
parado neste andar.
Explicação: O termo “o mesmo” não serve para substituir uma palavra 81 Precaver/ prevenir
anteriormente dita. Quem está nas empresas, portanto, deve preferir os Erro: É importante que a empresa se precavenha contra invasões.
pronomes ele(s) ou ela(s), cuidando para adequar a partícula “se” à nova Forma correta: É importante que a empresa se previna contra invasões.
sentença. Explicação: O verbo precaver é defectivo, não tem todas as conjugações.
No presente do indicativo só existem a 1ª e 2ª pessoa do plural (precave-
73 Onde/ em que mos e precaveis) e não existe presente do subjuntivo.
Erro: Vamos à reunião onde decidiremos os rumos da companhia.
Língua Portuguesa 55
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APOSTILAS OPÇÃO
82 Precisam-se/ precisa-se 92 Rúbrica/ rubrica
Erro: Precisam-se de bons vendedores. Erro: Ponha a sua rúbrica em todas as páginas do relatório, por favor.
Forma correta: Precisa-se de bons vendedores. Forma correta: Ponha a sua rubrica em todas as páginas do relatório, por
Explicação: Sempre que houver uma preposição depois do pronome “se” favor.
(de, por, para, com, em, etc.) não haverá plural, apenas singular. Exemplo: Explicação: Rubrica é paroxítona, sem acento.
Trata-se de ideias inovadoras.
93 Senão/ se não
83 Prefiro ... do que/ prefiro... a Erro: Senão fizer o relatório, não cumprirá a meta.
Erro: Prefiro sair mais tarde do trabalho do que ficar parado no trânsito. Forma correta: Se não fizer o relatório, não cumprirá a meta.
Forma correta: Prefiro sair mais tarde do trabalho a ficar parado no trânsi- Explicação: Para dar a ideia de “caso não faça o relatório”, como no
to. exemplo acima, o certo é utilizar a forma separada. Senão (em uma só
Explicação: Não há necessidade do comparativo “do que”. palavra) tem vários significados, do contrário, de outra forma, aliás, a não
ser, mais do que, menos, com exceção de, mas, mas sim, mas também,
84 Preveram/ previram defeito, erro, de repente, subitamente.
Erro: Os analistas preveram tempos de crise.
Forma correta: Os analistas previram tempos de crise.
Explicação: A conjugação do verbo prever segue a do verbo ver. Logo, se 94 Seríssimo/ seriíssimo
o certo é dizer eles viram, é certo dizer eles previram. Erro: O problema é seríssimo.
Forma correta: O problema é seriíssimo.
85 Quadriplicar/ quadruplicar Explicação: Os adjetivos terminados em io antecedido de consoante
Erro: O número de funcionários quadriplicou no ano passado. possuem o superlativo com ii.
Forma correta: O número de funcionários quadruplicou no ano passado.
Explicação: Quádruplo é o numeral e significa multiplicativo de quatro, 95 Somos em/ somos
quantidade quatro vezes maior que outra. Quadruplicação, quadruplicar e Erro: No escritório, somos em cinco analistas.
quádruplo são as formas corretas. Forma correta: No escritório, somos cinco analistas.
Explicação: Não há necessidade de empregar a preposição “em”.
86 Qualquer/ nenhum
Erro: Informo-lhes que não mantenho qualquer tipo de vínculo com a 96 Tão pouco/ tampouco
Construtora XYZ Ltda. Erro: Não fala inglês, tão pouco espanhol.
Forma correta: Informo-lhes que não mantenho nenhum tipo de vínculo Forma correta: Não fala inglês, tampouco espanhol
com a Construtora XYZ Ltda. Explicação: Tão pouco equivale a muito pouco. Já tampouco pode signifi-
Explicação: Qualquer é pronome de sentido afirmativo. Logo, em constru- car: também não, nem sequer e nem ao menos.
ções negativas, deve-se empregar nenhum.
Língua Portuguesa 56
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APOSTILAS OPÇÃO
SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS E PARÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO Vem do grego “homós” que quer dizer: “igual”, “ónymon” que significa
E FIGURADO DAS PALAVRAS. “nome”. Apresentam identidade de sons ou de forma, mas de significados
diferentes.
As palavras Homônimas podem ser:
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
a) Homônimos homófonos
Artigo sobre significação das palavras: sinônimos, antônimos, parônimos e b) Homônimos homógrafos
homônimos com exemplos e questões extraídos dos principais vestibulares
e concursos do país. Homônimos Homófonos
Significação das palavras São os que têm som igual e significação diferente.
Sinônimos
cerrar (fechar) serrar (cortar)
São palavras diferentes na forma, mas iguais ou semelhantes na significa-
ção. Os sinônimos podem ser: chá (bebida) xá (soberano do Irã)
Língua Portuguesa 57
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APOSTILAS OPÇÃO
rio (verbo rir) – rio (curso de água natural) www.mundovestibular.com.br
amo (verbo amar) – amo (servo) Postado por cleiton silva
canto (ângulo) – canto (verbo cantar)
fui (verbo ser) – fui (verbo ir) DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Parônimos A língua portuguesa é rica, interessante, criativa e versátil, se encontrando
em constante evolução. As palavras não apresentam apenas um significado
São quando duas ou mais palavras apresentam grafia e pronúncia pareci- objetivo e literal, mas sim uma variedade de significados, mediante o con-
das, mas significados diferentes. texto em que ocorrem e as vivências e conhecimentos das pessoas que as
utilizam.
Exemplos:
Exemplos de variação no significado das palavras:
recrear (divertir, alegrar) recriar (criar novamente) • Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido literal)
• Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido figurado)
sortir (abastecer) surtir (produzir efeito)
• Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) As variações nos significados das palavras ocasionam o sentido denotati-
vo (denotação) e o sentido conotativo (conotação) das palavras.
vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente)
Denotação
vultoso (volumoso) vultuoso (atacado de congestão na face) Uma palavra é usada no sentido denotativo quando apresenta seu signifi-
imergir (afundar) emergir (vir à tona)
cado original, independentemente do contexto frásico em que aparece.
Quando se refere ao seu significado mais objetivo e comum, aquele imedia-
inflação (alta dos preços) infração (violação) tamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado que
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da palavra.
infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) A denotação tem como finalidade informar o receptor da mensagem de
forma clara e objetiva, assumindo assim um caráter prático e utilitário. É
mandado (ordem judicial) mandato (procuração) utilizada em textos informativos, como jornais, regulamentos, manuais de
ratificar (confirmar) retificar (corrigir)
instrução, bulas de medicamentos, textos científicos, entre outros.
Exemplos:
emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) • O elefante é um mamífero.
• Já li esta página do livro.
eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)
• A empregada limpou a casa.
esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)
Conotação
estada (permanência de pessoas) estadia (permanência de veículos) Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apresenta diferentes
significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto
fusível (o que funde) fuzil (arma) frásico em que aparece. Quando se refere a sentidos, associações e ideias
que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua significação
absolver (perdoar, inocentar) absorver (sorver, aspirar)
mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um
arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) sentido figurado e simbólico.
A conotação tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da
cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem cortês) mensagem, através da expressividade e afetividade que transmite. É utili-
zada principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também
comprimento (extensão) cumprimento (saudação) ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publici-
tários, entre outros.
descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência)
Exemplos:
descriminar (tirar a culpa, inocen- discriminar (distinguir) • Você é o meu sol!
tar) • Minha vida é um mar de tristezas.
• Você tem um coração de pedra!
despensa (onde se guardam dispensa (ato de dispensar)
mantimentos)
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Língua Portuguesa 58
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APOSTILAS OPÇÃO
Os principais elementos móficos são : • Onomatopeia: reprodução imitativa de sons (pingue-pingue, zun-
zum, miau);
RADICAL
É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra. • Abreviação vocabular: redução da palavra até o limite de sua
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer compreensão (metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.)
enterrar = en + terra + ar
pronome = pro + nome
• Siglas: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma se-
quência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de
siglas, formam-se outras palavras também (aidético, petista)
PREFIXO
É o elemento mórfico que vem antes do radical. • Neologismo: nome dado ao processo de criação de novas pala-
Exs.: anti - herói in - feliz vras, ou para palavras que adquirem um novo significado. pciconcursos
SUFIXO
É o elemento mórfico que vem depois do radical. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
Exs.: med - onho cear – ense ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PRE-
POSIÇÃO, CONJUNÇÃO (CLASSIFICAÇÃO E SENTIDO QUE
IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES ENTRE AS ORAÇÕES).
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
SUBSTANTIVOS
As palavras estão em constante processo de evolução, o que torna a
língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Por isso alguns vocá-
bulos caem em desuso (arcaísmos), enquanto outros nascem (neologis- Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá no-
mos) e outros mudam de significado com o passar do tempo. me aos seres em geral.
Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das pala- São, portanto, substantivos.
vras encontramos a seguinte divisão: a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra,
Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
• palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor) b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres: traba-
• palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha) lho, corrida, tristeza beleza altura.
Língua Portuguesa 59
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APOSTILAS OPÇÃO
antologia - de trechos literários escolhidos no: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta.
armada - de navios de guerra
armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc) Podemos classificar os substantivos em:
arquipélago - de ilhas a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas, uma
assembleia - de parlamentares, de membros de associações para o masculino, outra para o feminino:
atilho - de espigas de milho aluno/aluna homem/mulher
atlas - de cartas geográficas, de mapas menino /menina carneiro/ovelha
banca - de examinadores Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo:
bando - de aves, de pessoal em geral padrinho/madrinha bode/cabra
cabido - de cônegos cavaleiro/amazona pai/mãe
cacho - de uvas, de bananas
cáfila - de camelos b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única
cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
cancioneiro - de poemas, de canções em:
caravana - de viajantes 1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam
cardume - de peixes animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca.
clero - de sacerdotes Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, deve-
colmeia - de abelhas mos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré fê-
concílio - de bispos mea
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes que
congregação - de professores, de religiosos designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo arti-
congresso - de parlamentares, de cientistas go, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante, a
conselho - de ministros estudante, este dentista.
consistório - de cardeais sob a presidência do papa 3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
constelação - de estrelas pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por ar-
corja - de vadios tigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o côn-
elenco - de artistas juge, a pessoa, a criatura.
enxame - de abelhas Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
enxoval - de roupas uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
esquadra - de navios de guerra
esquadrilha - de aviões AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
falange - de soldados, de anjos
farândola - de maltrapilhos
fato - de cabras São masculinos São femininos
o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme
fauna - de animais de uma região o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata
feixe - de lenha, de raios luminosos o teorema o ágape a análise a usucapião
flora - de vegetais de uma região o trema o caudal a cal a bacanal
frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus o edema o champanha a cataplasma a líbido
o eclipse o alvará a dinamite a sentinela
girândola - de fogos de artifício o lança-perfume o formicida a comichão a hélice
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros o fibroma o guaraná a aguardente
junta - de bois, médicos, de examinadores o estratagema o plasma
o proclama o clã
júri - de jurados
legião - de anjos, de soldados, de demônios
malta - de desordeiros Mudança de Gênero com mudança de sentido
manada - de bois, de elefantes Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
matilha - de cães de caça
ninhada - de pintos Veja alguns exemplos:
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo)
o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
panapaná - de borboletas
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora)
pelotão - de soldados o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão)
penca - de bananas, de chaves o lotação (veículo) a lotação (capacidade)
pinacoteca - de pinturas o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
plantel - de animais de raça, de atletas
quadrilha - de ladrões, de bandidos Plural dos Nomes Simples
ramalhete - de flores 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S: casa,
réstia - de alhos, de cebolas casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães.
récua - de animais de carga 2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em:
romanceiro - de poesias populares a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões; coração,
resma - de papel corações; grandalhão, grandalhões.
revoada - de pássaros b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
súcia - de pessoas desonestas guardiães.
vara - de porcos c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos): cristão,
vocabulário - de palavras cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma forma
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charlatães;
grau. ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc.
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APOSTILAS OPÇÃO
lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen, hí- perde-ganha, os perde-ganha.
fens (ou hífenes). Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso
Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones. por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, ani- marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa-
mais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis. dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules. salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil,
fósseis; réptil, répteis. Adjetivos Compostos
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, bar- Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
ris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos: o americanos; cívico-militar, cívico-militares.
pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tôni- 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quando o
cos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugueses; segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos
burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases. amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, os 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur-
substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o ônix, dos-mudos > surdas-mudas.
os ônix. 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho.
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o subs-
tantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substantivo pri-
mitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho, cãezi-
Graus do substantivo
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os quais
tos.
podem ser: sintéticos ou analíticos.
Substantivos só usados no plural
afazeres anais Analítico
arredores belas-artes Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama-
cãs condolências nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
confins exéquias
férias fezes Sintético
núpcias óculos Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
olheiras pêsames
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
Principais sufixos aumentativos
AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO,
Plural dos Nomes Compostos ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão,
povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu-
1. Somente o último elemento varia: ça.
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; clara-
boia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; Principais Sufixos Diminutivos
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO,
mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho,
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substantivo montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim,
ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guarda- pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo,
comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, sem- homúncula, apícula, velhusco.
pre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela, mela-
melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
Observações:
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, adqui-
2. Somente o primeiro elemento é flexionado:
rem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, etc.
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de-leite;
Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, fogaréu, etc.
pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro-sem-
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor afe-
rabo, burros-sem-rabo;
tivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalidade
• Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente for-
ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos-
mal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: cartaz,
correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
banana-maçã, bananas-maçã.
• Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di-
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos-
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, bon-
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc.
zinho, pequenito.
3. Ambos os elementos são flexionados:
Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em lu-
a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves-
gar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radicais
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas-
diferentes para designar o sexo:
compromissos.
bode - cabra genro - nora
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor-
burro - besta padre - madre
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara-pálida,
carneiro - ovelha padrasto - madrasta
caras-pálidas.
cão - cadela padrinho - madrinha
cavalheiro - dama pai - mãe
São invariáveis:
compadre - comadre veado - cerva
a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o pi-
frade - freira zangão - abelha
sa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;
frei – soror etc.
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não-
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem-
desocupa-o-copo; ADJETIVOS
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o
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APOSTILAS OPÇÃO
FLEXÃO DOS ADJETIVOS dade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo:
- Superlativo absoluto
Gênero Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser:
Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser: Esta cidade é poluidíssima.
a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne- Esta cidade é muito poluída.
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu- - Superlativo relativo
lher simples; aluno feliz - aluna feliz. Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a a
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, ou- outros seres:
tra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / homem Este rio é o mais poluído de todos.
alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa Este rio é o menos poluído de todos.
Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se- Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico:
melhante a dos substantivos. - Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade -
muito trabalhador, excessivamente frágil, etc.
Número - Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti-
a) Adjetivo simples quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc.
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os
substantivos simples: Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compara-
pessoa honesta pessoas honestas tivo e o superlativo, as seguintes formas especiais:
regra fácil regras fáceis NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO
homem feliz homens felizes ABSOLUTO
Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam in- RELATIVO
variáveis: bom melhor ótimo
blusa vinho blusas vinho melhor
camisa rosa camisas rosa mau pior péssimo
b) Adjetivos compostos pior
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último ele- grande maior máximo
mento varia, tanto em gênero quanto em número: maior
acordos sócio-político-econômico pequeno menor mínimo
acordos sócio-político-econômicos menor
causa sócio-político-econômica
causas sócio-político-econômicas
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos:
acordo luso-franco-brasileiro
acordo luso-franco-brasileiros acre - acérrimo ágil - agílimo
lente côncavo-convexa agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo
lentes côncavo-convexas amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo
camisa verde-clara amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo
camisas verde-claras áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
sapato marrom-escuro audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo
sapatos marrom-escuros benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo
Observações:
célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo
1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica invariável:
camisa verde-abacate camisas verde-abacate cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo
sapato marrom-café sapatos marrom-café eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invariáveis: frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
blusa azul-marinho blusas azul-marinho incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo
3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os elementos livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo
variam:
magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo
menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
menina surda-muda meninas surdas-mudas manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo
negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo
pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo)
Graus do Adjetivo
possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex-
próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo
pressas em dois graus:
público - publicíssimo pudico - pudicíssimo
- o comparativo
sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo
- o superlativo
salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
Comparativo terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma velho - vetérrimo visível - visibilíssimo
outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é igual, voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo
superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo:
- Comparativo de igualdade: Adjetivos Gentílicos e Pátrios
O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral. Argélia – argelino Bagdá - bagdali
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente. Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
- Comparativo de superioridade: Bóston - bostoniano Braga - bracarense
O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro. Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico. Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense
- Comparativo de inferioridade: bucarestense Campos - campista
A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro. Cairo - cairota Caracas - caraquenho
Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável. Canaã - cananeu Ceilão - cingalês
Catalunha - catalão Chipre - cipriota
Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de intensi- Chicago - chicaguense Córdova - cordovês
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APOSTILAS OPÇÃO
Coimbra - coimbrão, conim- Creta - cretense curso:
bricense Cuiabá - cuiabano 1ª pessoa: quem fala, o emissor.
Córsega - corso EI Salvador - salvadorenho Eu sai (eu)
Croácia - croata Espírito Santo - espírito-santense, Nós saímos (nós)
Egito - egípcio capixaba Convidaram-me (me)
Equador - equatoriano Évora - eborense Convidaram-nos (nós)
Filipinas - filipino Finlândia - finlandês 2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
Florianópolis - florianopolitano Formosa - formosano Tu saíste (tu)
Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense Vós saístes (vós)
Gabão - gabonês Galiza - galego Convidaram-te (te)
Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino Convidaram-vos (vós)
Goiânia - goianense Granada - granadino 3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
Groenlândia - groenlandês Guatemala - guatemalteco Ele saiu (ele)
Guiné - guinéu, guineense Haiti - haitiano Eles sairam (eles)
Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho Convidei-o (o)
Hungria - húngaro, magiar Ilhéus - ilheense Convidei-os (os)
Iraque - iraquiano Jerusalém - hierosolimita
João Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense Os pronomes pessoais são os seguintes:
La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho
Macapá - macapaense Macau - macaense NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe singular 1ª eu me, mim, comigo
Madri - madrileno Manaus - manauense 2ª tu te, ti, contigo
Marajó - marajoara Minho - minhoto 3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco plural 1ª nós nós, conosco
Montevidéu - montevideano Natal - natalense 2ª vós vós, convosco
3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano
Pequim - pequinês Pisa - pisano
Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro PRONOMES DE TRATAMENTO
Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano
Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano PRONOME ABREV. EMPREGO
Veneza - veneziano Vitória - vitoriense Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V .Ema cardeais
Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral Vossa
Locuções Adjetivas
Magnificência V. Mag a reitores de universidades
As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs- Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem Vossa Santidade V.S. papas
ser substituídas por um adjetivo correspondente. Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
PRONOMES
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
cês.
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que repre-
senta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso.
Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se de pronome
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
substantivo. 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
• Ele chegou. (ele) ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
• Convidei-o. (o) Considera-se errado seu emprego como complemento:
Convidaram ELE para a festa (errado)
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a ex- Receberam NÓS com atenção (errado)
tensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. EU cheguei atrasado (certo)
• Esta casa é antiga. (esta) ELE compareceu à festa (certo)
• Meu livro é antigo. (meu) 2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
pronomes retos:
Classificação dos Pronomes Convidei ELE (errado)
Há, em Português, seis espécies de pronomes: Chamaram NÓS (errado)
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas Convidei-o. (certo)
de tratamento: Chamaram-NOS. (certo)
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões; 3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de preposi-
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo; ção, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se cor-
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde; reto seu emprego como complemento:
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá- Informaram a ELE os reais motivos.
rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou- Emprestaram a NÓS os livros.
trem, nada, cada, algo. Eles gostam muito de NÓS.
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases in- 4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se
terrogativas. errado seu emprego como complemento:
Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
PRONOMES PESSOAIS Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis-
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas de
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APOSTILAS OPÇÃO
preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas oblíquas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
MIM e TI: sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse in-
Ninguém irá sem EU. (errado) finitivo:
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) Deixei-o sair.
Ninguém irá sem MIM. (certo) Vi-o chegar.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo) Sofia deixou-se estar à janela.
Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desenvol-
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam vendo as orações reduzidas de infinitivo:
como sujeito de um verbo no infinitivo. Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) 10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos:
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito) A mim, ninguém me engana.
A ti tocou-te a máquina mercante.
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é obri-
gatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática de Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleonas-
sujeito. mo vicioso e sim ênfase.
5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção em 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessivo,
que os referidos pronomes não sejam reflexivos: exercendo função sintática de adjunto adnominal:
Querida, gosto muito de SI. (errado) Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Querida, gosto muito de você. (certo)
Preciso muito falar com você. (certo) 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para representar
uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de mo-
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os déstia:
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchentes.
Ele feriu-se Vós sois minha salvação, meu Deus!
Cada um faça por si mesmo a redação
O professor trouxe as provas consigo 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quando
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados falamos dessa pessoa:
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios.
14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As com- VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
binações possíveis são as seguintes: pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
me+o=mo me + os = mos pronomes de terceira pessoa:
te+o=to te + os = tos Você trouxe seus documentos?
lhe+o=lho lhe + os = lhos Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
nos + o = no-lo nos + os = no-los
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los COLOCAÇÃO DE PRONOMES
lhes + o = lho lhes + os = lhos Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femininos 1. Antes do verbo - próclise
a, as. Eu te observo há dias.
me+a=ma me + as = mas 2. Depois do verbo - ênclise
te+a=ta te + as = tas Observo-te há dias.
- Você pagou o livro ao livreiro? 3. No interior do verbo - mesóclise
- Sim, paguei-LHO. Observar-te-ei sempre.
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que Ênclise
representa o livreiro) com O (que representa o livro).
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como
direto ou indireto.
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
O pai esperava-o na estação agitada.
LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos
Expliquei-lhe o motivo das férias.
indiretos:
O menino convidou-a. (V.T.D )
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
O filho obedece-lhe. (V.T. l )
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a oração:
Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões)
Voltei-me em seguida para o céu límpido.
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como as
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento de
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
verbos transitivos diretos:
3. Com o imperativo afirmativo:
Eu lhe vi ontem. (errado)
Companheiros, escutai-me.
Nunca o obedeci. (errado)
4. Com o infinitivo impessoal:
Eu o vi ontem. (certo)
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Nunca lhe obedeci. (certo)
destino na mesa.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM:
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo.
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APOSTILAS OPÇÃO
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética. 3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de meio 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
franco. 2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
Próclise
Na linguagem culta, a próclise é recomendada: Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos, (seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
interrogativos e conjunções. você).
As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
Tudo me parecia que ia ser comida de avião. Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambigui-
Quem lhe ensinou esses modos? dade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
Quem os ouvia, não os amou. Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
Que lhes importa a eles a recompensa? A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez. Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo):
Papai do céu o abençoe. Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos pro-
A terra lhes seja leve. nomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM: Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
Em se animando, começa a contagiar-nos. suas mãos).
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse. Não me respeitava a adolescência.
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
pausa entre eles. O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra. Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
1. Cálculo aproximado, estimativa:
Mesóclise Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presente 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma história
e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não estejam O nosso homem não se deu por vencido.
precedidos de palavras que reclamem a próclise. Chama-se Falcão o meu homem
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
Dir-se-ia vir do oco da terra. Eu cá tenho minhas dúvidas
Cornélio teve suas horas amargas
Mas: 4. Afetividade, cortesia
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Como vai, meu menino?
Jamais se diria vir do oco da terra. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível:
Lembrarei-me (!?) No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de paren-
Diria-se (!?) tes de família.
É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida-
O Pronome Átono nas Locuções Verbais
de.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou
Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal.
não sabia o que dizer.
Podemos contar-lhe o ocorrido.
Podemos-lhe contar o ocorrido.
Não lhes podemos contar o ocorrido. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O menino foi-se descontraindo. São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
O menino foi descontraindo-se. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
O menino não se foi descontraindo.
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclítico Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra perto
ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio. de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro está
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a Des- longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica que o
cartes ." livro está longe de ambas as pessoas.
Tenho-me levantado cedo.
Não me tenho levantado cedo. Os pronomes demonstrativos são estes:
ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o da MESMO (e variações), próprio (e variações)
colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na lingua- SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)
gem escrita.
Emprego dos Demonstrativos
PRONOMES POSSESSIVOS 1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se:
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu- a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que
indo-lhes a posse de alguma coisa. fala).
Este documento que tenho nas mãos não é meu.
Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o Isto que carregamos pesa 5 kg.
livro pertence a 1ª pessoa (eu) b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente:
Este coração não pode me trair.
Eis as formas dos pronomes possessivos: Esta alma não traz pecados.
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS. Tudo se fez por este país..
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS. c) Para indicar o momento em que falamos:
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APOSTILAS OPÇÃO
Neste instante estou tranquilo. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
Deste minuto em diante vou modificar-me. homens superiores.
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
momento em que falamos: A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Um dia destes estive em Porto Alegre. Tal era a situação do país.
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no Não disse tal.
qual se inclui o momento em que falamos: Tal não pôde comparecer.
Nesta semana não choveu.
Neste mês a inflação foi maior. Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Este ano será bom para nós. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompanha
Este século terminará breve. QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases como
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo DE QUAL
Este assunto já foi discutido ontem. ou OUTRO TAL:
Tudo isto que estou dizendo já é velho. Suas manias eram tais quais as minhas.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: A mãe era tal quais as filhas.
Só posso lhe dizer isto: nada somos. Os filhos são tais qual o pai.
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. Tal pai, tal filho.
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: É pronome substantivo em frases como:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com Não encontrarei tal (= tal coisa).
quem se fala): Não creio em tal (= tal coisa)
Esse documento que tens na mão é teu?
Isso que carregas pesa 5 kg. PRONOMES RELATIVOS
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Veja este exemplo:
Esse teu coração me traiu. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Essa alma traz inúmeros pecados.
Quantos vivem nesse pais? A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que dese- casa é um pronome relativo.
jamos distância:
O povo já não confia nesses políticos. PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já re-
Não quero mais pensar nisso. feridos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. No exemplo dado, o antecedente é casa.
O que você quer dizer com isso? Outros exemplos de pronomes relativos:
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
falamos: O lugar onde paramos era deserto.
Um dia desses estive em Porto Alegre. Traga tudo quanto lhe pertence.
Comi naquele restaurante dia desses. Leve tantos ingressos quantos quiser.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distan- Eis o quadro dos pronomes relativos:
te.
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se á
Masculino Feminino
3ª.
o qual a qual quem
Aquele documento que lá está é teu?
os quais as quais
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
cujo cujos cuja cujas que
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
quanto quanta quantas onde
Naquele instante estava preocupado.
quantos
Daquele instante em diante modifiquei-me.
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele
Observações:
século, para exprimir que o tempo já decorreu.
1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas,
vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou
O médico de quem falo é meu conterrâneo.
variações) para a primeira:
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso
sempre um substantivo sem artigo.
e aquela tranquila.
Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar?
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE,
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos
pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose?
Tenho tudo quanto quero.
Com um frio destes não se pode sair de casa.
Leve tantos quantos precisar.
Nunca vi uma coisa daquelas.
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
reforçativo:
EM QUE.
Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas. A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
ISSO ou AQUELE (e variações). PRONOMES INDEFINIDOS
Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro. Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de
O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres. modo vago, impreciso, indeterminado.
Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames. 1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO,
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APOSTILAS OPÇÃO
SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO cemos.
Exemplos: 2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Algo o incomoda? a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adormeceis.
Não faças a outrem o que não queres que te façam. 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Quem avisa amigo é. a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
Encontrei quem me pode ajudar. adormece.
Ele gosta de quem o elogia. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: Eles
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, CERTA adormecem.
CERTAS. 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante
Cada povo tem seus costumes. em relação ao fato que comunica. Há três modos em português.
Certas pessoas exercem várias profissões. a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. A cachorra Baleia corria na frente.
b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
PRONOMES INTERROGATIVOS Talvez a cachorra Baleia corra na frente .
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se de c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
modo impreciso à 3ª pessoa do discurso. pedido
Exemplos: Corra na frente, Baleia.
Que há? 4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo,
Que dia é hoje? em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos são:
Reagir contra quê? a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
Por que motivo não veio? Fecho os olhos, agito a cabeça.
Quem foi? b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
Qual será? em que se fala:
Quantos vêm? Fechei os olhos, agitei a cabeça.
Quantas irmãs tens? c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
VERBO presente.
Língua Portuguesa 67
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APOSTILAS OPÇÃO
nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse. O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa, ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- pessoa do singular:
nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. Vai haver eleições em outubro.
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o Começou a haver reclamações.
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: ma- Não pode haver umas sem as outras.
tado - morto - enxugado - enxuto. Parecia haver mais curiosos do que interessados.
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua conju- Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
gação.
verbo ser: sou - fui A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
verbo ir: vou - ia construída de três modos:
Hajam vista os livros desse autor.
QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO Haja vista os livros desse autor.
Haja vista aos livros desse autor.
1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou
explícito. Quase todos os verbos são pessoais.
O Nino apareceu na porta. CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implíci- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
to ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais: sentido da frase.
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar, Exemplo:
etc. Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
Garoava na madrugada roxa. A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer:
Houve um espetáculo ontem. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ativa
Há alunos na sala. passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva, conser-
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos vando o mesmo tempo.
claros.
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico. Outros exemplos:
Fazia dois anos que eu estava casado. Os calores intensos provocam as chuvas.
Faz muito frio nesta região? As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
Eu o acompanharei.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Ele será acompanhado por mim.
Todos te louvariam.
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente na
Serias louvado por todos.
3ª pessoa do singular - quando significa:
Prejudicaram-me.
1) EXISTIR
Fui prejudicado.
Há pessoas que nos querem bem.
Condenar-te-iam.
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá.
Serias condenado.
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios.
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS
2) ACONTECER, SUCEDER
a) Presente
Houve casos difíceis na minha profissão de médico.
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar:
Não haja desavenças entre vós.
- um fato que ocorre no momento em que se fala.
Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos.
Eles estudam silenciosamente.
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado:
Eles estão estudando silenciosamente.
Há meses que não o vejo.
- uma ação habitual.
Haverá nove dias que ele nos visitou.
Corra todas as manhãs.
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava.
- uma verdade universal (ou tida como tal):
O fato aconteceu há cerca de oito meses.
O homem é mortal.
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no
A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa.
pretérito imperfeito, e não no presente:
- fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada.
maior realce à narrativa.
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis".
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo.
É o chamado presente histórico ou narrativo.
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava.
- fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos:
4) REALIZAR-SE
Amanhã vou à escola.
Houve festas e jogos.
Qualquer dia eu te telefono.
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos.
b) Pretérito Imperfeito
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba.
Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar:
5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
- um fato passado contínuo, habitual, permanente:
seguido de infinitivo):
Ele andava à toa.
Em pontos de ciência não há transigir.
Nós vendíamos sempre fiado.
Não há contê-lo, então, no ímpeto.
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre
Não havia descrer na sinceridade de ambos.
por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas.
Era uma vez...
E não houve convencê-lo do contrário.
- um fato presente em relação a outro fato passado.
Não havia por que ficar ali a recriminar-se.
Eu lia quando ele chegou.
c) Pretérito Perfeito
Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já
há muito (= desde muito tempo, há muito tempo):
ocorrido, concluído.
De há muito que esta árvore não dá frutos.
Estudei a noite inteira.
De há muito não o vejo.
Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até o
momento presente.
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APOSTILAS OPÇÃO
Tenho estudado todas as noites. tens sido tens estado tens tido tens havido
d) Pretérito mais-que-perfeito tem sido tem estado tem tido tem havido
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em temos sido temos estado temos tido temos havido
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado): tendes sido tendes esta- tendes tido tendes havi-
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou. do do
têm sido têm estado têm tido têm havido
e) Futuro do Presente
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato
fora estivera tivera houvera
futuro em relação ao momento em que se fala. foras estiveras tiveras houveras
Irei à escola. fora estivera tivera houvera
f) Futuro do Pretérito fôramos estivéramos tivéramos houvéramos
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar: fôreis estivéreis tivéreis houvéreis
- um fato futuro, em relação a outro fato passado. foram estiveram tiveram houveram
- Eu jogaria se não tivesse chovido. PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+sido, estado, tido
- Seria realmente agradável ter de sair? , havido)
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às FUTURO DO PRESENTE SIMPLES
vezes, ironia. serei estarei terei haverei
- Daria para fazer silêncio?! serás estarás terás haverá
será estará terá haverá
Modo Subjuntivo seremos estaremos teremos haveremos
sereis estareis tereis havereis
a) Presente
serão estarão terão haverão
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar: FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. terei, terás, terá, teremos, tereis, terão, (+sido, estado, tido,
Talvez eles estudem... não sei. havido)
- um desejo, uma vontade: FUTURO DO
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores. PRETÉRITO
b) Pretérito Imperfeito SIMPLES
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma seria estaria teria haveria
hipótese, uma condição. serias estarias terias haverias
Se eu estudasse, a história seria outra. seria estaria teria haveria
Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo. seríamos estaríamos teríamos haveríamos
e) Pretérito Perfeito serieis estaríeis teríeis haveríeis
Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar seriam estariam teriam haveriam
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ sido, estado, tido,
características do modo subjuntivo). havido)
Que tenha estudado bastante é o que espero. PRESENTE SUBJUNTIVO
d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que-perfeito seja esteja tenha haja
do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro fato sejas estejas tenhas hajas
passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo subjuntivo: seja esteja tenha haja
Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui- sejamos estejamos tenhamos hajamos
lamente. sejais estejais tenhais hajais
e) Futuro sejam estejam tenham hajam
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já conclu- PRETÉRITO IMPERFEITO SIMPLES
ído em relação a outro fato futuro. fosse estivesse tivesse houvesse
Quando eu voltar, saberei o que fazer. fosses estivesses tivesses houvesses
fosse estivesse tivesse houvesse
fôssemos estivéssemos tivéssemos houvéssemos
VERBOS AUXILIARES
fôsseis estivésseis tivésseis houvésseis
INDICATIVO fossem estivessem tivessem houvessem
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
SER ESTAR TER HAVER tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ sido, esta-
PRESENTE do, tido, havido)
sou estou tenho hei PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
és estás tens hás tivesse, tivesses, tivesses, tivéssemos, tivésseis, tivessem ( +
é está tem há sido, estado, tido, havido)
somos estamos temos havemos FUTURO SIM-
sois estais tendes haveis PLES
são estão têm hão se eu for se eu estiver se eu tiver se eu houver
PRETÉRITO PERFEITO se tu fores se tu estive- se tu tiveres se tu houve-
era estava tinha havia res res
eras estavas tinhas havias se ele for se ele estiver se ele tiver se ele houver
era estava tinha havia se nós formos se nós esti- se nós tiver- se nós hou-
éramos estávamos tínhamos havíamos vermos mos vermos
éreis estáveis tínheis havíes se vós fordes se vós esti- se vós tiver- se vós hou-
eram estavam tinham haviam verdes des verdes
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES se eles forem se eles esti- se eles tive- se eles hou-
verem rem verem
fui estive tive houve
FUTURO COMPOSTO
foste estiveste tiveste houveste
tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+sido, estado,
foi esteve teve houve
tido, havido)
fomos estivemos tivemos houvemos
AFIRMATIVO IMPERATIVO
fostes estivestes tivestes houvestes
sê tu está tu tem tu há tu
foram estiveram tiveram houveram
seja você esteja você tenha você haja você
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
sejamos nós estejamos tenhamos hajamos nós
tenho sido tenho estado tenho tido tenho havido
nós nós
Língua Portuguesa 69
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APOSTILAS OPÇÃO
sede vós estai vós tende vós havei vós cantarão venderão partirão
sejam vocês estejam tenham hajam vocês FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
vocês vocês terei, terás, terá, teremos, tereis, terão (+ cantado, vendido,
NEGATIVO partido)
não sejas tu não estejas não tenhas tu não hajas tu Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver.
tu FUTURO DO PRETÉRITO SIMPLES
não seja você não esteja não tenha não haja cantaria venderia partiria
você você você cantarias venderias partirias
não sejamos não esteja- não tenha- não hajamos cantaria venderia partiria
nós mos nós mos nós nós cantaríamos venderíamos partiríamos
não sejais vós não estejais não tenhais não hajais cantaríeis venderíeis partiríeis
vós vós vós cantariam venderiam partiriam
não sejam vocês não estejam não tenham não hajam FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
vocês vocês vocês teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ cantado, vendido,
IMPESSOAL INFINITIVO partido)
ser estar ter haver FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
IMPESSOAL COMPOSTO teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam, (+ cantado, vendi-
Ter sido ter estado ter tido ter havido do, partido)
PESSOAL Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver.
ser estar ter haver PRESENTE SUBJUNTIVO
seres estares teres haveres cante venda parta
ser estar ter haver cantes vendas partas
sermos estarmos termos havermos cante venda parta
serdes estardes terdes haverdes cantemos vendamos partamos
serem estarem terem haverem canteis vendais partais
SIMPLES GERÚNDIO cantem vendam partam
sendo estando tendo havendo PRETÉRITO IMPER-
COMPOSTO FEITO
tendo sido tendo estado tendo tido tendo havido cantasse vendesse partisse
PARTICÍPIO cantasses vendesses partisses
sido estado tido havido cantasse vendesse partisse
cantássemos vendêssemos partíssemos
CONJUGAÇÕES VERBAIS cantásseis vendêsseis partísseis
cantassem vendessem partissem
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
INDICATIVO tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ cantado,
PRESENTE vendido, partido)
canto vendo parto Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver.
cantas vendes partes FUTURO SIMPLES
canta vende parte cantar vender partir
cantamos vendemos partimos cantares venderes partires
cantais vendeis partis cantar vender partir
cantam vendem partem cantarmos vendermos partimos
PRETÉRITO IMPERFEITO cantardes venderdes partirdes
cantava vendia partia cantarem venderem partirem
cantavas vendias partias FUTURO COMPOSTO
cantava vendia partia tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+ cantado, ven-
cantávamos vendíamos partíamos dido, partido)
cantáveis vendíeis partíeis AFIRMATIVO IMPERATIVO
cantavam vendiam partiam canta vende parte
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES cante venda parta
cantei vendi parti cantemos vendamos partamos
cantaste vendeste partiste cantai vendei parti
cantou vendeu partiu cantem vendam partam
cantamos vendemos partimos NEGATIVO
cantastes vendestes partistes não cantes não vendas não partas
cantaram venderam partiram não cante não venda não parta
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO não cantemos não vendamos não partamos
tenho, tens, tem, temos, tendes, têm (+ cantado, vendido, par- não canteis não vendais não partais
tido) não cantem não vendam não partam
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
cantara vendera partira
cantaras venderas partiras INFINITIVO IMPESSOAL SIMPLES
cantara vendera partira
cantáramos vendêramos partíramos PRESENTE
cantáreis vendêreis partíreis cantar vender partir
cantaram venderam partiram INFINITIVO PESSOAL SIMPLES - PRESENTE FLEXIONA-
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO DO
tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+ cantando, cantar vender partir
vendido, partido) cantares venderes partires
Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver. cantar vender partir
FUTURO DO PRESENTE SIMPLES cantarmos vendermos partirmos
cantarei venderei partirei cantardes venderdes partirdes
cantarás venderás partirás cantarem venderem partirem
cantará venderá partirá INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO IM-
cantaremos venderemos partiremos PESSOAL
cantareis vendereis partireis ter (ou haver), cantado, vendido, partido
Língua Portuguesa 70
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APOSTILAS OPÇÃO
INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO PESSO- tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
AL tivesses cantado tivesses vendido tivesses partido
ter, teres, ter, termos, terdes, terem (+ cantado, vendido, parti- tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
do) tivéssemos cantado tivéssemos vendido tivéssemos partido
GERÚNDIO SIMPLES - PRESENTE tivésseis cantado tivésseis vendido tivésseis partido
cantando vendendo partindo tivessem cantado tivessem vendido tivessem partido
GERÚNDIO COMPOSTO - PRETÉRITO
tendo (ou havendo), cantado, vendido, partido 3) FUTURO COMPOSTO. Formado do FUTURO SIMPLES DO SUBJUN-
PARTICÍPIO TIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:
cantado vendido partido
tiver cantado tiver vendido tiver partido
tiveres cantado tiveres vendido tiveres partido
Formação dos tempos compostos tiver cantado tiver vendido tiver partido
tivermos cantado tivermos vendido tivermos partido
tiverdes cantado tiverdes vendido tiverdes partido
Com os verbos ter ou haver
tiverem cantado tiverem vendido tiverem partido
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Entre os tempos compostos da voz ativa merecem realce particular aque- FORMAS NOMINAIS
les que são constituídos de formas do verbo ter (ou, mais raramente, haver)
com o particípio do verbo que se quer conjugar, porque é costume incluí-los 1) INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO (PRETÉRITO IMPESSOAL).
Formado do INFINITIVO IMPESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
nos próprios paradigmas de conjugação:
PARTICÍPIO do verbo principal:
1) PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO. Formado do PRESENTE DO 2) INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO (OU PRETÉRITO PESSOAL).
INDICATIVO do verbo ter com o PARTICÍPIO do verbo principal: Formado do INFINITIVO PESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
PARTICÍPIO do verbo principal:
tenho cantado tenho vendido tenho partido
tens cantado tens vendido tens partido ter cantado ter vendido ter partido
tem cantado tem vendido tem partido teres cantado teres vendido teres partido
temos cantado temos vendido temos partido ter cantado ter vendido ter partido
tendes cantado tendes vendido tendes partido termos cantado termos vendido termos partido
têm cantado têm vendido têm partido terdes cantado terdes vendido terdes partido
terem cantado terem vendido terem partido
2) PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO. Formado do IMPER-
FEITO DO INDICATIVO do verbo ter. (ou haver) com o PARTICÍPIO do 3) GERÚNDIO COMPOSTO (PRETÉRITO). Formado do GERÚNDIO do
verbo principal: verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:
tinha cantado tinha vendido tinha partido tendo cantado tendo vendido tendo partido
tinhas cantado tinhas vendido tinhas .partido
Fonte: Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e
tinha cantado tinha vendido tinha partido
Lindley Cintra, Editora Nova Fronteira, 2ª edição, 29ª impressão.
tínhamos cantado tínhamos vendido tínhamos partido
tínheis cantado tínheis vendido tínheis partido
tinham cantado tinham vendido tinham partido
VERBOS IRREGULARES
3) FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO. Formado do FUTURO DO
PRESENTE SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do DAR
verbo principal: Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
terei cantado terei vendido terei partido Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram
terás cantado terás vendido terás, partido Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem
terá cantado terá vendido terá partido Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem
teremos cantado teremos vendido teremos partido Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
tereis cantado tereis vendido tereis , partido
terão cantado terão vendido terão partido MOBILIAR
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobiliam
4) FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO. Formado do FUTURO DO Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem
PRETÉRITO SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem
verbo principal:
AGUAR
teria cantado teria vendido teria partido Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam
terias cantado terias vendido terias partido Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram
teria cantado teria vendido teria partido Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem
teríamos cantado teríamos vendido teríamos partido
teríeis cantado teríeis vendido teríeis partido MAGOAR
teriam cantado teriam vendido teriam partido Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes, magoa-
MODO SUBJUNTIVO
ram
1) PRETÉRITO PERFEITO. Formado do PRESENTE DO SUBJUNTIVO Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem
do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal: Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar
Língua Portuguesa 71
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APOSTILAS OPÇÃO
quem
Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U PERDER
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
RESFOLEGAR Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais. percam
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, resfolegais, Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
resfolgam
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis, PODER
resfolguem Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem
Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam
NOMEAR Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam puderam
Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, nomeáveis, Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais, possam
nomeavam Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes, nomea- pudessem
ram Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem
Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem
Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem Gerúndio podendo
Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear Particípio podido
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no
COPIAR imperativo negativo
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram PROVER
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiá- Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem
reis, copiaram Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos, provê-
reis, proveram
ODIAR Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, prove-
Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, odiavam riam
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiáreis, Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais. provejam
odiaram Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis,
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem provessem
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
Gerúndio provendo
CABER Particípio provido
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam QUERER
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos, Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem
coubéreis, couberam Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram
Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quisé-
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, reis, quiseram
coubessem Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisésseis,
O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no quisessem
imperativo negativo Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem
CRER REQUERER
Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis. requerem
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste,
Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam requereram
Conjugam-se como crer, ler e descrer Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requereramos,
requerereis, requereram
DIZER Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, requerereis,
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem requererão
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, requere-
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis, ríeis, requereriam
disseram Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais,
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam requeiram
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos,
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, requerêsseis, requeressem,
dissesse Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes,
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem requerem
Particípio dito Gerúndio requerendo
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer Particípio requerido
O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
FAZER
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem REAVER
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram Presente do indicativo reavemos, reaveis
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouve-
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão ram
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis,
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam reouveram
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos, reou-
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, vésseis, reouvessem
fizessem Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes,
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem reouverem
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que esse apresen-
Língua Portuguesa 72
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APOSTILAS OPÇÃO
ta a letra v Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram
Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
SABER Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam Presente do subjuntivo não há
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos, Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem
soubéreis, souberam Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam Imperativo afirmativo fali (vós)
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis, Imperativo negativo não há
soubessem Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem Gerúndio falindo
Particípio falido
VALER
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem FERIR
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
TRAZER
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem MENTIR
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem
Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam
trouxéreis, trouxeram Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.
Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão
Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam FUGIR
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
trouxessem
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxe- IR
rem Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
Gerúndio trazendo Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Particípio trazido Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão
VER Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem Gerúndio indo
Particípio visto Particípio ido
ABOLIR OUVIR
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam
Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam
Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis, Particípio ouvido
aboliram
Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, abolirão PEDIR
Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis, aboliriam Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
Presente do subjuntivo não há Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram
Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolísseis, Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam
abolissem Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam
Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
Imperativo afirmativo abole, aboli
Imperativo negativo não há POLIR
Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem
Infinitivo impessoal abolir Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam
Gerúndio abolindo Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
Particípio abolido
O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do radical há E ou I. REMIR
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, redimem
AGREDIR Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, redimam
Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam RIR
Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substituído por I. Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
COBRIR Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram
Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão
Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam
Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
Particípio coberto Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
FALIR Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Presente do indicativo falimos, falis Gerúndio rindo
Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam Particípio rido
Língua Portuguesa 73
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APOSTILAS OPÇÃO
Conjuga-se como rir: sorrir te, através, defronte, aonde, etc.
2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
VIR nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.
Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham
Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram 3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc.
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão 4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, dema-
Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam siado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tanto, bem,
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham mal, quase, apenas, etc.
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham 5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc.
Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem 6) NEGAÇÃO: não.
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto,
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Gerúndio vindo provavelmente, etc.
Particípio vindo
Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir Há Muitas Locuções Adverbiais
1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à entra-
SUMIR da, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem 2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à noite,
Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por fim, de
Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, cuspir
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de bom
grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência, em ge-
Verbo ''haver'' e suas diferentes construções ral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a olhos vis-
Por Thaís Nicoleti
tos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui-
“Haverão mudanças, mas creio que serão pequenas.”
na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc.
O verbo “haver”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso quer
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito.
6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
A confusão é frequente não só na hora de escrever mas também na hora
etc.
de falar. Muita gente faz a flexão do verbo, como se seu objeto direto fosse
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
seu sujeito. É possível que a origem do erro esteja na analogia com os
verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito – e, portanto, as flexões de
Advérbios Interrogativos
número e pessoa – e costumam antepor-se a ele. Assim:
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Ocorrerão mudanças.
Existirão mudanças.
Palavras Denotativas
Com o verbo “haver”, a história é outra:
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios, te-
Haverá mudanças.
rão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão,
É importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento
situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc.
dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:
1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc.
Deverão ocorrer mudanças.
2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc.
Deverão existir mudanças.
3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc.
Deverá haver mudanças.
4) DE DESIGNAÇÃO - eis.
Não se pode, no entanto, dizer que o verbo “haver” nunca vai para o plural,
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.
pois isso não é verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo auxiliar
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc.
(sinônimo de “ter” nos tempos compostos), situação em que pode ir para o
Você lá sabe o que está dizendo, homem...
plural. Assim:
Mas que olhos lindos!
Eles haviam chegado cedo.
Veja só que maravilha!
Eles tinham chegado cedo.
Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”:
Houveram do juiz a comutação da pena. NUMERAL
Como sinônimo de “considerar”, também tem sujeito:
Nós o havemos por honesto. Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
O mesmo comportamento se observa quando empregado na acepção de
“comportar-se”: O numeral classifica-se em:
Eles se houveram com elegância diante das críticas. - cardinal - quando indica quantidade.
O plural também pode aparecer quando usado com o sentido de “lidar”. - ordinal - quando indica ordem.
Assim: - multiplicativo - quando indica multiplicação.
Os alunos houveram-se muito bem nos exames. - fracionário - quando indica fracionamento.
Fique claro, portanto, que é no sentido de “existir” e de “ocorrer”, bem como
na indicação de tempo decorrido (Há dois anos...), que o verbo “haver” Exemplos:
permanece invariável. Assim: Silvia comprou dois livros.
Haverá mudanças, mas creio que serão pequenas. Antônio marcou o primeiro gol.
Educaçãouol
Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
O galinheiro ocupava um quarto da quintal.
ADVÉRBIO
Língua Portuguesa 74
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APOSTILAS OPÇÃO
nos cos tivos Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
I 1 um primeiro simples -
II 2 dois segundo duplo meio Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
dobro XX Salão do Automóvel (vigésimo)
III 3 três terceiro tríplice terço VI Festival da Canção (sexto)
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto lV Bienal do Livro (quarta)
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo emprego do ordinal.
Hoje é primeiro de setembro
IX 9 nove nono nônuplo nono
Não é aconselhável iniciar período com algarismos
X 10 dez décimo décuplo décimo
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
XI 11 onze décimo onze avos
primeiro A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos ordi-
XII 12 doze décimo doze avos nais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e dois
segundo (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam nesse
XIII 13 treze décimo treze avos caso porque está subentendida a palavra número. Casa número vinte e um,
terceiro página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever também: a
XIV 14 quatorze décimo quatorze folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, vemos o
quarto avos numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
XV 15 quinze décimo quinze avos
quinto
XVI 16 dezesseis décimo dezesseis ARTIGO
sexto avos
XVII 17 dezessete décimo dezessete Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná-
sétimo avos los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
XVIII 18 dezoito décimo dezoito avos
oitavo Dividem-se em
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove • definidos: O, A, OS, AS
avos • indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
XX 20 vinte vigésimo vinte avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado).
XL 40 quarenta quadragé- quarenta
simo avos Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
L 50 cinquenta quinquagé- cinquenta geral.
simo avos Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde-
LX 60 sessenta sexagésimo sessenta terminado).
avos
LXX 70 setenta septuagési- setenta avos lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido.
mo
LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos CONJUNÇÃO
XC 90 noventa nonagésimo noventa
avos
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
C 100 cem centésimo centésimo
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo Coniunções Coordenativas
CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo 1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen- 2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
tos tésimo tésimo senão, no entanto, etc.
D 500 quinhen- quingenté- quingenté- 3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer,
tos simo simo etc.
DC 600 seiscentos sexcentési- sexcentési- 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por
mo mo consequência.
DCC 700 setecen- septingenté- septingenté- 5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque,
tos simo simo pois, etc.
DCCC 800 oitocentos octingenté- octingenté-
simo simo Conjunções Subordinativas
CM 900 novecen- nongentési- nongentési- 1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc.
tos mo mo 2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
M 1000 mil milésimo milésimo 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, etc.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
Emprego do Numeral 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que,
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc. etc.
empregam-se de 1 a 10 os ordinais. 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro) 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Luis X (décimo) ano I (primeiro) 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que, de
Pio lX (nono) século lV (quarto) forma que, de modo que, etc.
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto mais,
De 11 em diante, empregam-se os cardinais: etc.
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze) 10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)
Língua Portuguesa 75
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APOSTILAS OPÇÃO
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES (Jorge Amado)
Conjunções subordinativas
Examinemos estes exemplos: As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma à
1º) Tristeza e alegria não moram juntas. outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações que
2º) Os livros ensinam e divertem. traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição ou
3º) Saímos de casa quando amanhecia. hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo).
Abrangem as seguintes classes:
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: é 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já
uma conjunção. que, uma vez que, desde que.
O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa:
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligando efeito).
orações: são também conjunções. Como estivesse de luto, não nos recebeu.
Desde que é impossível, não insistirei.
Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como, (tão
mesma oração. ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, (tanto)
quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o mesmo que
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma dependa (= como).
da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
conjunção E é coordenativa. O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa.
"Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias."
No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à (Paulo Mendes Campos)
outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção "Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
QUANDO é subordinativa. (Antônio Olavo Pereira)
"E pia tal a qual a caça procurada."
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas. (Amadeu de Queirós)
"Por que ficou me olhando assim feito boba?"
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS (Carlos Drummond de Andrade)
As conjunções coordenativas podem ser: Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
também, mas ainda, senão também, como também, bem como. Os governantes realizam menos do que prometem.
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
Não aprovo nem permitirei essas coisas. quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
Os livros não só instruem mas também divertem. menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polinizam (= embora não).
as flores. Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com- A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.
pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao Beba, nem que seja um pouco.
passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, ape- Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
sar disso, em todo caso. Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. afirmações.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite.
A culpa não a atribuo a vós, senão a ele. 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula. (= se não), a não ser que, a menos que, dado que.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado. Ficaremos sentidos, se você não vier.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais. Comprarei o quadro, desde que não seja caro.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico. Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo.
Hoje não atendo, em todo caso, entre. "Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou, que os mosquitos se opusessem."
ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc. (Ferreira de Castro)
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos. 5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas não
Ou você estuda ou arruma um emprego. são como (ou conforme) dizem.
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. "Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando. (Machado de Assis)
"Já chora, já se ri, já se enfurece." 6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto,
(Luís de Camões) tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por con- forma que, de maneira que, sem que, que (não).
seguinte, pois (posposto ao verbo), por isso. Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
As árvores balançam, logo está ventando. Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.
Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável. Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí.
O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te. Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam.
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que, por- Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar.
que, porquanto, pois (anteposto ao verbo). 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem Afastou-se depressa para que não o víssemos.
causar incêndios. Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas. Fiz-lhe sinal que se calasse.
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adversa- mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (tan-
tivo: to mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam. À medida que se vive, mais se aprende.
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde." À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve.
Língua Portuguesa 76
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APOSTILAS OPÇÃO
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo. Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois ter-
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados. mos de uma oração. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o
segundo, um subordinado ou consequente.
Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida Exemplos:
que e na medida em que. A forma correta é à medida que: Chegaram a Porto Alegre.
"À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem." Discorda de você.
(Maria José de Queirós) Fui até a esquina.
Casa de Paulo.
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que, Preposições Essenciais e Acidentais
etc. As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CONTRA,
Venha quando você quiser. DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, SOBRE e
Não fale enquanto come. ATRÁS.
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras. Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a ou-
Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia. tras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais: afora,
"Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval- conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante, salvo,
cânti) segundo, senão, tirante, visto, etc.
10) Integrantes: que, se.
Sabemos que a vida é breve. INTERJEIÇÃO
Veja se falta alguma coisa.
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações. Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = bandeirantes)
Língua Portuguesa 77
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APOSTILAS OPÇÃO
núcleo: rosas) O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
- composto: quando tem mais de um núcleo Nós agíamos favoravelmente às discussões. - FAVORAVELMENTE
O burro e o cavalo saíram em disparada. (advérbio).
(suj: o burro e o cavalo; núcleo burro, cavalo)
- oculto: ou elíptico ou implícito na desinência verbal 4. AGENTE DA PASSIVA
Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu) Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo na
- indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal voz passiva.
Come-se bem naquele restaurante. A mãe é amada PELO FILHO.
- Inexistente: quando a oração não tem sujeito O cantor foi aplaudido PELA MULTIDÃO.
Choveu ontem. Os melhores alunos foram premiados PELA DIREÇÃO.
Há plantas venenosas.
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
PREDICADO
TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na oração uma
Predicado é o termo da oração que declara alguma coisa do sujeito.
função secundária, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo
O predicado classifica-se em:
alguma circunstância.
1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação mais predicativo
do sujeito.
São termos acessórios da oração:
Nosso colega está doente.
Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER,
1. ADJUNTO ADNOMINAL
Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou determina os
PERMANECER, etc.
substantivos. Pode ser expresso:
Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de ligação a
• pelos adjetivos: água fresca,
comunicar estado ou qualidade do sujeito.
• pelos artigos: o mundo, as ruas
Nosso colega está doente.
• pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas
A moça permaneceu sentada.
• pelos numerais : três garotos; sexto ano
2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo intransitivo ou
• pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem escrúpulos
transitivo.
O avião sobrevoou a praia.
Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento. 2. ADJUNTO ADVERBIAL
O sabiá voou alto. Adjunto adverbial é o termo que exprime uma circunstância (de tempo,
Verbo transitivo é aquele que necessita de complemento. lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
• Transitivo direto: é o verbo que necessita de complemento sem auxílio Cheguei cedo.
de proposição. José reside em São Paulo.
Minha equipe venceu a partida.
• Transitivo indireto: é o verbo que necessita de complemento com 3. APOSTO
auxílio de preposição. Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece,
Ele precisa de um esparadrapo. desenvolve ou resume outro termo da oração.
• Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que necessita ao Dr. João, cirurgião-dentista,
mesmo tempo de complemento sem auxílio de preposição e de com- Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
plemento com auxilio de preposição. O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Damos uma simples colaboração a vocês. 4. VOCATIVO
3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de verbo Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou
intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais interpelar alguém ou alguma coisa.
predicativo do sujeito. Tem compaixão de nós, ó Cristo.
Os rapazes voltaram vitoriosos. Professor, o sinal tocou.
• Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado verbo-nominal, Rapazes, a prova é na próxima semana.
ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Ele morreu rico. PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES
• Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado verbo-nominal,
ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta.
direto ou indireto. Fui ao cinema.
Elegemos o nosso candidato vereador. O pássaro voou.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Chama-se termos integrantes da oração os que completam a PERÍODO COMPOSTO
significação transitiva dos verbos e dos nomes. São indispensáveis à No período composto há mais de uma oração.
compreensão do enunciado. (Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens
folgam.)
1. OBJETO DIRETO
Objeto direto é o termo da oração que completa o sentido do verbo Período composto por coordenação
transitivo direto. Ex.: Mamãe comprou PEIXE. Apresenta orações independentes.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.)
2. OBJETO INDIRETO
Objeto indireto é o termo da oração que completa o sentido do verbo Período composto por subordinação
transitivo indireto. Apresenta orações dependentes.
As crianças precisam de CARINHO. (É bom) (que você estude.)
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APOSTILAS OPÇÃO
que associada aos clássicos processos de subordinação e coordena-
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se admite: ção, funcionando apenas como uma característica secundária. Entre
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram. esses autores estão Camara Jr. (1981), Bechara (1999), Luft (2000) e
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado. Kury (2003). Nossa proposta visa, portanto, a investigar essas postu-
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava. ras divergentes e traçar uma proposta de tratamento mais uniforme
para o assunto.
4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:
SE O CONHECESSES, não o condenarias.
Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
(Quanto ao estudo da correlação), faço-o agora o mais completo que
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato posso. Outros, futuramente, com mais lazer, alargarão as pesquisas,
com outro: pois, neste assunto, deparam-nos os autores, floresta inexplorada.
Fiz tudo COMO ME DISSERAM. (Oiticica, 1952:02)
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado:
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA! É marcante, em nossos compêndios, a polêmica quanto à existên-
Tenho medo disso QUE ME PÉLO! cia e à caracterização da correlação, entendida como processo sintático
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto: distinto da coordenação e da subordinação. A maioria dos gramáticos
Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE. tradicionais, por influência da Nomenclatura Gramatical Brasileira, não
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR. incluiu em suas obras a correlação, apesar de esta apresentar especificida-
des bem particulares em relação aos processos mais canônicos de estrutu-
8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade: ração sintática.
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo. A despeito de a NGB preconizar apenas a existência dos proces-
sos sintáticos de subordinação e coordenação, no âmbito do chamado
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso na período composto, houve vozes e opiniões dissonantes ao longo do percur-
oração principal: so de sua normatização. Chediak (1960: 74), consultado acerca do assun-
ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam. to, na época da elaboração da NGB, afirmou: “É lamentável que o Antepro-
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam. jeto tenha excluído a correlação e a justaposição como processos de com-
posição de período”.
10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE. Ainda durante o período de consultas para a elaboração da NGB,
Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE. Chediak (1960: 213) nos informa que o Departamento de Letras da Univer-
sidade do Rio Grande do Sul, em 1958, também requereu a inclusão deste
ORAÇÕES REDUZIDAS processo de estruturação sintática como distinto da subordinação e da
Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas nominais: coordenação.
gerúndio, infinitivo e particípio.
Exemplos: Camara Jr. (1981: 87) assevera que a correlação “é uma constru-
• Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO. ção sintática de duas partes relacionadas entre si, de tal sorte que a enun-
• Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ. ciação de uma, dita prótase, prepara a enunciação de outra, dita apódose”.
• FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM, A explicitação teórica do autor admite que a correlação apresenta um
conseguirás. arranjamento sintático particular, mas assume posição dissonante da de
• É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS Chediak (1960) ao defender que a correlação não deve ser considerada
ATENTOS. como um processo de estruturação sintático distinto, pois ela se estabelece
• AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO, tanto por meio da coordenação como por meio da subordinação. Concor-
entristeceu-se. dam com Camara Jr. (1981) vários teóricos como Bechara (1999), Luft
• É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante QUE ESTUDES (2000) e Kury (2003).
MAIS.
• SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure- Carone (2003: 62), à maneira de Camara Jr. (1981), também prefe-
me. re considerar as correlativas, bem como as justapostas, como variantes dos
processos de subordinação e coordenação, entretanto, não presta maiores
esclarecimentos que sustentem a opção teórica tomada. Vejamos:
TEORIA DA CORRELAÇÃO REVISITADA As relações estabelecidas entre orações podem apresen-
tar, por vezes, características de realização que as distinguem
Ivo da Costa do Rosário (UERJ, UFF e UFRJ) do usual, o que tem levado alguns gramáticos a ver nisso ou-
tros tantos procedimentos sintáticos. Trata-se da correlação e
da justaposição, variantes formais dos (...) processos (de su-
bordinação e de coordenação).
RESUMO
Azeredo (1979), em concordância com Luft (2000), tam-
bém opta por defender a correlação como um subtipo ora da
Pelo menos desde o século passado, verificamos que alguns subordinação ora da coordenação, funcionando como um verda-
autores propõem a existência de não apenas dois processos de estru- deiro recurso expressivo de ênfase.
turação sintática, mas três. Entre eles, podemos destacar Oiticica Poucos gramáticos brasileiros, entre os quais José Oiticica, têm
(1952), que desenvolveu a clássica teoria da correlação. Outros auto- identificado na correlação e na justaposição processos de estrutu-
res filiaram-se à proposta do autor, tais como Melo (1978) e mais ração sintática distintos da subordinação e da coordenação. A
recentemente Rodrigues (2007). Por outro lado, buscando um viés maioria entende que aqueles processos servem apenas para
diverso, alguns teóricos admitem a existência da correlação, desde materializar certas relações fundamentalmente coordenativas ou
subordinativas. (grifos do autor)
Língua Portuguesa 80
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APOSTILAS OPÇÃO
Oiticica (1952), citado por Azeredo (1979), defende a fundado nas dicotomias saussurianas. Filiado ao estruturalismo
ideia de que as orações consecutivas e comparativas devem ser linguístico, Camara Jr. (1981) teria optado por defender opinião
consideradas correlatas, diferentemente do que preceitua a tradi- diversa da de Oiticica (1952) por ser fiel à disposição binária dos
ção gramatical brasileira que as considera como subordinadas conceitos de Saussure, para quem a existência de um terceiro
adverbiais. conceito na esfera da descrição linguística aniquilaria a opção
teórica pelas dicotomias.
O estudo do autor, contido na célebre Teoria da Correla-
ção (1952), advoga a existência da correlação como um meca- Rodrigues (2007: 232-233) também advoga a existência
nismo de estruturação sintática ou procedimento sintático em da correlação como um processo que se distingue dos demais,
que uma sentença estabelece uma relação de interdependência por conta das seguintes características:
com a outra no nível estrutural. Assim, a distinção entre a corre-
lação e os outros processos de estruturação poderia ser atestada 1º - a correlação apresenta conjunções que vêm aos pa-
por meio do critério da dependência sintática. Teríamos, então, res, cada elemento do par em uma oração;
três processos: 2º - no período composto por correlação, as orações não
podem ter sua ordem invertida, isto é, não apresentam a
a) Subordinação mobilidade posicional típica das subordinadas adverbiais;
Segundo análise de Módolo (1999), a tendência a negar a Os exemplos (06) e (07), semanticamente similares,
existência da correlação em um nível paralelo à subordinação e à apresentam arranjos sintáticos diferentes e atendem a necessi-
coordenação advém da herança do paradigma estruturalista, dades comunicacionais e pragmáticas distintas. No exemplo (06),
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APOSTILAS OPÇÃO
a conjunção coordenativa aditiva e simplesmente reúne dois Vocês falaram alto demais.
termos coordenados entre si, que funcionam como predicativos O combustível custava barato.
do sujeito. Por outro lado, no exemplo (07), não podemos afir- Você leu confuso.
mar que há uma simples união de predicativos referentes ao
sujeito. De certa forma, há uma ideia de gradação enfática cres-
Ela jura falso.
cente do primeiro termo predicativo ao segundo, enunciados na
superfície da sentença. 16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjetivos,
sofrem variação normalmente.
Esses pneus custam caro.
Percebemos que os argumentos em defesa da correlação
como um terceiro processo de estruturação sintática são bastante Conversei bastante com eles.
contundentes. Entretanto, a maioria dos gramáticos prefere não Conversei com bastantes pessoas.
considerá-la como um processo distinto dos demais, provavel- Estas crianças moram longe.
mente por influência da tradição normativista. Assim, a investi- Conheci longes terras.
gação da questão apresenta-se como altamente relevante para
nossos estudos vernáculos.
CONCORDÂNCIA VERBAL
CASOS GERAIS
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
O menino chegou. Os meninos chegaram.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL 2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular.
Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinante O pessoal ainda não chegou.
se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões. A turma não gostou disso.
Um bando de pássaros pousou na árvore.
Principais Casos de Concordância Nominal 3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá ao
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural.
gênero e número com o substantivo. Os Estados Unidos são um grande país.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico. Os Lusíadas imortalizaram Camões.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão Os Alpes vivem cobertos de neve.
normalmente para o plural. Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular.
Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio. Flores já não leva acento.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai O Amazonas deságua no Atlântico.
para o masculino plural. Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios. 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indiferen-
próximo: temente.
Trouxe livros e revista especializada. A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios.
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próxi- A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
mo. 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. sujeito paciente.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o Vende-se um apartamento.
sujeito. Vendem-se alguns apartamentos.
Meus amigos estão atrapalhados. 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predica- verbo para a 3ª pessoa do singular.
tivo no gênero da pessoa a quem se refere. Precisa-se de funcionários.
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. 7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha no
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo singular e o verbo no singular ou no plural.
vão para o singular ou para o plural. Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros). 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
precedido de artigo e o segundo não vão para o plural. 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
Já estudei o primeiro e segundo livros. Mais de um jurado fez justiça à minha música.
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a no singular.
que se referem. As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
Ela mesma veio até aqui. 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
Eles chegaram sós. sujeito.
Eles próprios escreveram. Deu uma hora.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. Deram três horas.
Muito obrigado. (masculino singular) Bateram cinco horas.
Muito obrigada. (feminino singular). Naquele relógio já soaram duas horas.
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e fica 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
invariável quando é advérbio. frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
Quero meio quilo de café. Ela é que faz as bolas.
Minha mãe está meio exausta. Eu é que escrevo os programas.
É meio-dia e meia. (hora) 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o substan- um pronome relativo.
tivo a que se referem. Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. Fui eu que fiz a lição
A expressão em anexo é invariável. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possí-
Trouxe em anexo estas fotos. veis.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substitu- • que: Fui eu que fiz a lição.
em advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. • quem: Fui eu quem fez a lição.
Língua Portuguesa 82
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APOSTILAS OPÇÃO
• o que: Fui eu o que fez a lição. • pretender (transitivo indireto)
No sítio, aspiro o ar puro da montanha.
14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na Nossa equipe aspira ao troféu de campeã.
terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem a 2. OBEDECER - transitivo indireto
este sua impessoalidade. Devemos obedecer aos sinais de trânsito.
Chove a cântaros. Ventou muito ontem. 3. PAGAR - transitivo direto e indireto
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões. Já paguei um jantar a você.
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.
CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER Já perdoei aos meus inimigos as ofensas.
5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Prefiro Comunicação à Matemática.
1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e PA-
6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
RECER concordam com o predicativo.
Informei-lhe o problema.
Tudo são esperanças.
Aquilo parecem ilusões.
7. ASSISTIR - morar, residir:
Aquilo é ilusão.
Assisto em Porto Alegre.
• amparar, socorrer, objeto direto
2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER con-
O médico assistiu o doente.
corda sempre com o nome ou pronome que vier depois.
• PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
Que são florestas equatoriais?
Assistimos a um belo espetáculo.
Quem eram aqueles homens?
• SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
Assiste-lhe o direito.
3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará com
a expressão numérica.
8. ATENDER - dar atenção
São oito horas.
Atendi ao pedido do aluno.
Hoje são 19 de setembro.
• CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
Atenderam o freguês com simpatia.
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
fica no singular.
A moça queria um vestido novo.
Três batalhões é muito pouco.
• GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro.
O professor queria muito a seus alunos.
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular.
10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
Maria era as flores da casa.
Todos visamos a um futuro melhor.
O homem é cinzas.
• APONTAR, MIRAR - objeto direto
O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER
• pör o sinal de visto - objeto direto
concorda com o predicativo.
O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
Dançar e cantar é a sua atividade.
Estudar e trabalhar são as minhas atividades.
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
Devemos obedecer aos superiores.
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER
Desobedeceram às leis do trânsito.
concorda com o pronome.
A ciência, mestres, sois vós.
12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
Em minha turma, o líder sou eu.
• exigem na sua regência a preposição EM
O armazém está situado na Farrapos.
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo,
Ele estabeleceu-se na Avenida São João.
apenas um deles deve ser flexionado.
Os meninos parecem gostar dos brinquedos.
13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos.
Essas tuas justificativas não procedem.
• no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL com a preposição DE.
Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- • no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
calmente do outro. O secretário procedeu à leitura da carta.
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos e 14. ESQUECER E LEMBRAR
adjetivos). • quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
Esqueci o nome desta aluna.
Exemplos: Lembrei o recado, assim que o vi.
• quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM Esqueceram-se da reunião de hoje.
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR Lembrei-me da sua fisionomia.
PARA = passagem
15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
• perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
A regência verbal trata dos complementos do verbo. • pagar - Pago o 13° aos professores.
• dar - Daremos esmolas ao pobre.
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA • emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto) • ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.
Língua Portuguesa 83
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APOSTILAS OPÇÃO
• agradecer - Agradeço as graças a Deus.
• pedir - Pedi um favor ao colega. Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o
emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto: ou para dilatar a conversa.
O amor implica renúncia. Quando estamos em um diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso recep-
• no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposição tor “Está entendendo?”, estamos utilizando este tipo de função ou quando
COM: atendemos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
O professor implicava com os alunos
• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a preposi- Função poética: O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos
ção EM: através de textos que podem ser enfatizados por meio das formas das
Implicou-se na briga e saiu ferido palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de
combinações dos signos linguísticos. É presente em textos literários, publi-
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição A: citários e em letras de música.
Ele foi a São Paulo para resolver negócios.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA: Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso.
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo Paes faz uma
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro,
como sujeito: de acordo com o poeta.
O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª Por Sabrina Vilarinho
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente di-
ficuldade, será objeto indireto.
Custou-me confiar nele novamente. EMPREGO DO QUE E DO SE
Custar-te-á aceitá-la como nora.
Por exemplo: Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos! Nesse caso, a palavra que não exerce função sintática; como o próprio
nome indica, é usada apenas para dar realce. Como partícula expletiva,
Função metalinguística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é aparece também na expressão é que.
quando o emissor explica um código usando o próprio código. Quando um
poema fala da própria ação de se fazer um poema, por exemplo. Veja: Quase que não consigo chegar a tempo.
Elas é que conseguiram chegar.
“Pegue um jornal
Pegue a tesoura. Advérbio: modifica um adjetivo ou um advérbio. Equivale a quão. Quando
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. funciona como advérbio, a palavra que exerce a função sintática de adjunto
Recorte o artigo.” adverbial; no caso, de intensidade.
Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” utiliza o Que lindas flores!
código (poema) para explicar o próprio ato de fazer um poema. Que barato!
Língua Portuguesa 84
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APOSTILAS OPÇÃO
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a um verbo que não é
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. Não exerce propriamente
uma função sintática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se de
• pronome relativo: retoma um termo da oração antecedente, projetando-o que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa do singular.
na oração consequente. Equivale a o qual e flexões.
Não encontramos as pessoas que saíram. Trabalha-se de dia.
Precisa-se de vendedores.
• pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar como pronome substanti- Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome pessoal, ela deverá
vo ou pronome adjetivo. estar sempre na mesma pessoa do sujeito da oração de que faz parte. Por
isso o pronome oblíquo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mes-
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando for pronome substan- mo), podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
tivo, a palavra que exercerá as funções próprias do substantivo (sujeito,
objeto direto, objeto indireto, etc.) * objeto direto
Que aconteceu com você? Ele cortou-se com o facão.
• pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso, exerce a função * objeto indireto
sintática de adjunto adnominal. Ele se atribui muito valor.
Que vida é essa?
* sujeito de um infinitivo
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce “Sofia deixou-se estar à janela.”
função sintática. Como conjunção, a palavra que pode relacionar tanto
orações coordenadas quanto subordinadas, daí classificar-se como conjun- Por Marina Cabral
ção coordenativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que recebe o nome da
oração que introduz. Por exemplo:
CONFRONTO E RECONHECIMENTO DE FRASES
CORRETAS E INCORRETAS
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa explicativa)
Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa consecutiva)
O reconhecimento de frases corretas e incorretas abrange praticamente
Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a palavra que recebe o toda a gramática.
nome de conjunção subordinativa integrante. Os principais tópicos que podem aparecer numa frase correta ou incorreta
são:
Desejo que você venha logo. - ortografia
- acentuação gráfica
- concordância
- regência
A palavra se
- plural e singular de substantivos e adjetivos
- verbos
A palavra se, em português, pode ser:
- etc.
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce
Daremos a seguir alguns exemplos:
função sintática. Como conjunção, a palavra se pode ser:
Encontre o termo em destaque que está erradamente empregado:
* conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada subs- A) Senão chover, irei às compras.
tantiva. B) Olharam-se de alto a baixo.
Perguntei se ele estava feliz. C) Saiu a fim de divertir-se
D) Não suportava o dia-a-dia no convento.
* conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração adverbial condici- E) Quando está cansado, briga à toa.
onal (equivale a caso). Alternativa A
Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Ache a palavra com erro de grafia:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuízo A) cabeleireiro ; manteigueira
algum para o sentido. Nesse caso, a palavra se não exerce função sintáti- B) caranguejo ; beneficência
ca. Como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce. C) prazeirosamente ; adivinhar
Passavam-se os dias e nada acontecia. D) perturbar ; concupiscência
E) berinjela ; meritíssimo
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos verbos pronominais. Alternativa C
Nesse caso, o se não exerce função sintática.
Ele arrependeu-se do que fez. Identifique o termo que está inadequadamente empregado:
A) O juiz infligiu-lhe dura punição.
Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede objeto direto, caracteriza B) Assustou-se ao receber o mandato de prisão.
as orações que estão na voz passiva sintética. É também chamada de C) Rui Barbosa foi escritor preeminente de nossas letras.
pronome apassivador. Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel D) Com ela, pude fruir os melhores momentos de minha vida.
é apenas apassivar o verbo. E) A polícia pegou o ladrão em flagrante.
Alternativa B
Vendem-se casas.
Aluga-se carro. O acento grave, indicador de crase, está empregado CORRETAMENTE
Compram-se joias. em:
A) Encaminhamos os pareceres à Vossa Senhoria e não tivemos respos-
ta.
Língua Portuguesa 85
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APOSTILAS OPÇÃO
B) A nossa reação foi deixá-los admirar à belíssima paisagem. lógico (livro bom, problema fácil), mas não é rara a inversão dessa ordem:
C) Rapidamente, encaminhamos o produto à firma especializada. (Uma simples advertência [anteposição do adjetivo simples, no sentido de
D) Todos estávamos dispostos à aceitar o seu convite. mero]. O menor descuido porá tudo a perder [anteposição dos superlativos
Alternativa C relativos: o melhor, o pior, o maior, o menor]). A anteposição do adjetivo,
em alguns casos, empresta-lhe sentido figurado: meu rico filho, um grande
Assinale a alternativa cuja concordância nominal não está de acordo com o homem, um pobre rapaz).
padrão culto:
A) Anexa à carta vão os documentos. Colocação dos pronomes átonos. O pronome átono pode vir antes do
B) Anexos à carta vão os documentos. verbo (próclise, pronome proclítico: Não o vejo), depois do verbo (ênclise,
C) Anexo à carta vai o documento. pronome enclítico: Vejo-o) ou no meio do verbo, o que só ocorre com
D) Em anexo, vão os documentos. formas do futuro do presente (Vê-lo-ei) ou do futuro do pretérito (Vê-lo-ia).
Alternativa A Verifica-se próclise, normalmente nos seguintes casos: (1) depois de
palavras negativas (Ninguém me preveniu), de pronomes interrogativos
Identifique a única frase onde o verbo está conjugado corretamente: (Quem me chamou?), de pronomes relativos (O livro que me deram...), de
A) Os professores revêm as provas. advérbios interrogativos (Quando me procurarás); (2) em orações optativas
B) Quando puder, vem à minha casa. (Deus lhe pague!); (3) com verbos no subjuntivo (Espero que te comportes);
C) Não digas nada e voltes para sua sala. (4) com gerúndio regido de em (Em se aproximando...); (5) com infinitivo
D) Se pretendeis destruir a cidade, atacais à noite. regido da preposição a, sendo o pronome uma das formas lo, la, los, las
E) Ela se precaveu do perigo. (Fiquei a observá-la); (6) com verbo antecedido de advérbio, sem pausa
Alternativa E (Logo nos entendemos), do numeral ambos (Ambos o acompanharam) ou
de pronomes indefinidos (Todos a estimam).
Encontre a alternativa onde não há erro no emprego do pronome:
A) A criança é tal quais os pais. Ocorre a ênclise, normalmente, nos seguintes casos: (1) quando o ver-
B) Esta tarefa é para mim fazer até domingo. bo inicia a oração (Contaram-me que...), (2) depois de pausa (Sim, conta-
C) O diretor conversou com nós. ram-me que...), (3) com locuções verbais cujo verbo principal esteja no
D) Vou consigo ao teatro hoje à noite. infinitivo (Não quis incomodar-se).
E) Nada de sério houve entre você e eu. Estando o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, a me-
Alternativa A sóclise é de regra, no início da frase (Chama-lo-ei. Chama-lo-ia). Se o
verbo estiver antecedido de palavra com força atrativa sobre o pronome,
Que frase apresenta uso inadequado do pronome demonstrativo? haverá próclise (Não o chamarei. Não o chamaria). Nesses casos, a língua
A) Esta aliança não sai do meu dedo. moderna rejeita a ênclise e evita a mesóclise, por ser muito formal.
B) Foi preso em 1964 e só saiu neste ano.
C) Casaram-se Tânia e José; essa contente, este apreensivo. Pronomes com o verbo no particípio. Com o particípio desacompanha-
D) Romário foi o maior artilheiro daquele jogo. do de auxiliar não se verificará nem próclise nem ênclise: usa-se a forma
E) Vencer depende destes fatores: rapidez e segurança. oblíqua do pronome, com preposição. (O emprego oferecido a mim...).
Alternativa C Havendo verbo auxiliar, o pronome virá proclítico ou enclítico a este. (Por
que o têm perseguido? A criança tinha-se aproximado.)
COLOCAÇÃO PRONOMINAL Pronomes átonos com o verbo no gerúndio. O pronome átono costuma
vir enclítico ao gerúndio (João, afastando-se um pouco, observou...). Nas
Palavras fora do lugar podem prejudicar e até impedir a compreensão locuções verbais, virá enclítico ao auxiliar (João foi-se afastando), salvo
de uma ideia. Cada palavra deve ser posta na posição funcionalmente quando este estiver antecedido de expressão que, de regra, exerça força
correta em relação às outras, assim como convém dispor com clareza as atrativa sobre o pronome (palavras negativas, pronomes relativos, conjun-
orações no período e os períodos no discurso. ções etc.) Exemplo: À medida que se foram afastando.
Sintaxe de colocação é o capítulo da gramática em que se cuida da or- Colocação dos possessivos. Os pronomes adjetivos possessivos pre-
dem ou disposição das palavras na construção das frases. Os termos da cedem os substantivos por eles determinados (Chegou a minha vez), salvo
oração, em português, geralmente são colocados na ordem direta (sujeito + quando vêm sem artigo definido (Guardei boas lembranças suas); quando
verbo + objeto direto + objeto indireto, ou sujeito + verbo + predicativo). As há ênfase (Não, amigos meus!); quando determinam substantivo já deter-
inversões dessa ordem ou são de natureza estilística (realce do termo cuja minado por artigo indefinido (Receba um abraço meu), por um numeral
posição natural se altera: Corajoso é ele! Medonho foi o espetáculo), ou de (Recebeu três cartas minhas), por um demonstrativo (Receba esta lem-
pura natureza gramatical, sem intenção especial de realce, obedecendo-se, brança minha) ou por um indefinido (Aceite alguns conselhos meus).
apenas a hábitos da língua que se fizeram tradicionais.
Colocação dos demonstrativos. Os demonstrativos, quando pronomes
Sujeito posposto ao verbo. Ocorre, entre outros, nos seguintes casos: adjetivos, precedem normalmente o substantivo (Compreendo esses pro-
(1) nas orações intercaladas (Sim, disse ele, voltarei); (2) nas interrogativas, blemas). A posposição do demonstrativo é obrigatória em algumas formas
não sendo o sujeito pronome interrogativo (Que espera você?); (3) nas em que se procura especificar melhor o que se disse anteriormente: "Ouvi
reduzidas de infinitivo, de gerúndio ou de particípio (Por ser ele quem é... tuas razões, razões essas que não chegaram a convencer-me."
Sendo ele quem é... Resolvido o caso...); (4) nas imperativas (Faze tu o
Colocação dos advérbios. Os advérbios que modificam um adjetivo, um
que for possível); (5) nas optativas (Suceda a paz à guerra! Guie-o a mão
particípio isolado ou outro advérbio vêm, em regra, antepostos a essas
da Providência!); (6) nas que têm o verbo na passiva pronominal (Elimina-
palavras (mais azedo, mal conservado; muito perto). Quando modificam o
ram-se de vez as esperanças); (7) nas que começam por adjunto adverbial
verbo, os advérbios de modo costumam vir pospostos a este (Cantou
(No profundo do céu luzia uma estrela), predicativo (Esta é a vontade de
admiravelmente. Discursou bem. Falou claro.). Anteposto ao verbo, o
Deus) ou objeto (Aos conselhos sucederam as ameaças); (8) nas construí-
adjunto adverbial fica naturalmente em realce: "Lá longe a gaivota voava
das com verbos intransitivos (Desponta o dia). Colocam-se normalmente
rente ao mar."
depois do verbo da oração principal as orações subordinadas substantivas:
é claro que ele se arrependeu. Figuras de sintaxe. No tocante à colocação dos termos na frase, salien-
tem-se as seguintes figuras de sintaxe: (1) hipérbato -- intercalação de um
Predicativo anteposto ao verbo. Ocorre, entre outros, nos seguintes ca-
termo entre dois outros que se relacionam: "O das águas gigante caudalo-
sos: (1) nas orações interrogativas (Que espécie de homem é ele?); (2) nas
so" (= O gigante caudaloso das águas); (2) anástrofe -- inversão da ordem
exclamativas (Que bonito é esse lugar!).
normal de termos sintaticamente relacionados: "Do mar lançou-se na gela-
Colocação do adjetivo como adjunto adnominal. A posposição do ad- da areia" (= Lançou-se na gelada areia do mar); (3) prolepse -- transposi-
junto adnominal ao substantivo é a sequência que predomina no enunciado ção, para a oração principal, de termo da oração subordinada: "A nossa
Língua Portuguesa 86
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APOSTILAS OPÇÃO
Corte, não digo que possa competir com Paris ou Londres..." (= Não digo - Tornarei-me……. (errada)
que a nossa Corte possa competir com Paris ou Londres...); (4) sínquise -- - Tinha entregado-nos……….(errada)
alteração excessiva da ordem natural das palavras, que dificulta a compre-
ensão do sentido: "No tempo que do reino a rédea leve, João, filho de Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
Pedro, moderava" (= No tempo [em] que João, filho de Pedro, moderava a - Entregar-lhe (correta)
rédea leve do reino). ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. - Não posso recebê-lo. (correta)
Colocação Pronominal (próclise, mesóclise, ênclise) Outros casos:
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
Por Cristiana Gomes - Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a,
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.
lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa,
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise),
ocorrerá a próclise:
no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.
PRÓCLISE
COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS
Usamos a próclise nos seguintes casos:
Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ou particípio.
ninguém, nem, de modo algum.
AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se
- Nada me perturba. houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Ninguém se mexeu.
- Havia-lhe contado a verdade.
- De modo algum me afastarei daqui.
- Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
- Ela nem se importou com meus problemas.
AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o
(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme,
pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
embora, logo, que.
Infinitivo
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- É necessário que a deixe na escola.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.
Gerúndio
(3) Advérbios
- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Aqui se tem paz. - Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
- Sempre me dediquei aos estudos.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar
- Talvez o veja na escola.
ou depois do verbo principal.
OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de
Infinitivo
atrair o pronome.
- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Aqui, trabalha-se. - Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
Gerúndio
- Alguém me ligou? (indefinido)
- Não lhe ia dizendo a verdade.
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Não ia dizendo-lhe a verdade.
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
(5) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). Figuras de Linguagem
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam! As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as
- Deus te abençoe, meu filho! mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção,
(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM. figuras de pensamento e figuras de palavras.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão. Figuras de som
(8) Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos. a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons conso-
nantais.
MESÓCLISE
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – ama-
rei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênti-
amaria, amarias, …) cos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
- Convidar-me-ão para a festa. mulato democrático do litoral.”
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória. c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons pareci-
dos, mas de significados distintos.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa. “Eu que passo, penso e peço.”
ÊNCLISE
Figuras de construção
Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.
a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo
Língua Portuguesa 87
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APOSTILAS OPÇÃO
contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia) g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma
coisa personificada).
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes. “Senhor Deus dos desgraçados!
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro) Dizei-me vós, Senhor Deus!”
c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo
brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradá- tal que ela apresente mais de um sentido.
vel. O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou) ou do suspeito?)
d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática. d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede) Paguei cinco mil reais por cada.
e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanima- e) pleonasmo vicioso: consiste na repetição desnecessária de uma
dos predicativos que são próprios de seres animados. ideia.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada. O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este
f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão as- não é considerado vicioso.
cendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
Latejando, batendo, restrugindo.” O menino repetente mente alegremente.
Língua Portuguesa 88
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APOSTILAS OPÇÃO
Por Marina Cabral BENE-, Benevolência, benfeitor,
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Bem; muito bom
BEN-, BEM- bem-vindo, bem-estar
bisavô, biconvexo, bienal,
PREFIXOS E SUFIXOS MAIS COMUNS BIS-, BI duas vezes
bípede, biscoito
(faculdades, funções, estados, doenças, etc)
algos = dor nevralgia, mialgia CIRCUM-, ao redor; movimento Circunferência, circum-
bios = vida biologia, biopsia CIRCUN- em torno adjacente
crásis = temperamento compleição, idiossincrasia Oposição; ação con-
CONTRA- contra-ataque, contradizer
átron = articulação disartria, artralgia trária
afé = tato disafia, anafilaxia COM-, Companhia; combi- Compartilhar, consoante,
bulé-vontade abúlico, abulia CON-, CO- nação contemporâneo, co-autor
cáris = graça eucaristia, carisma
movimento para
crátos = poder, força democracia, plutocracia decair, desacordo, desfa-
DE-, DES-, baixo; afastamento;
dipsa = sede dipsomania, dipsético zer, discordar, dissociar,
DIS- ação contrária; nega-
doxa = opinião, glória paradoxo, doxomania decrescer
ção
edema = inchação edematoso, edemaciar
éstesis = sensação sensibilidade, estética, anestesia movimento para fora; exonerar, exportar, exumar,
éros, érotos = amor erótico, erotofobia EX-, ES-, E- mudança de estado; espreguiçar, emigrar, emitir,
étos, éteos = costume tradição, ética, cacoete separação escorrer, estender
foné = voz áfono, fonógrafo posição exterior; extra-oficial, extraordinário,
EXTRA-
fobos = medo, horror, superioridade extraviar
aversão fobia, acrofobia posição interna;
frén, frenós = mente esquizofrenia, frenologia incisão, inalar, injetar, im-
IN-, IM-, I-, passagem para um
genos = nascimento eugenia, genética por, imigrar, enlatar, enter-
EN-, EM-, estado; movimento
horama = visão panorama, cosmorama rar, embalsamar, intraveno-
INTRA-, para dentro; tendên-
hedoné = prazer hedonismo, hedonista so, intrometer, intramuscu-
INTRO- cia; direção para um
hipnos = sono hipnotismo, hipnose lar
ponto
icon = imagem iconoteca, iconoclasta
intocável, impermeável,
gnósis = conhecimento diagnóstico, agnóstico IN-, IM-, I- negação; falta
lalia = fala eulalia, dislalia ilegal
logos = palavra, discurso logomaquia, logorréia INTER-, posição intermediá- Intercâmbio, internacional,
lépsis = convulsão epilepsia, catalepsia ENTRE- ria; reciprocidade entrelaçar, entreabrir
léxis, léxeos = dicção dislexia léxico JUSTA- Proximidade Justapor, justalinear
lete = esquecimento letargia, letargiar
mania = loucura megalomania, manicômio posição posterior; pós-escrito, pospor, postô-
POS-
manteia (mancia) = ulterioridade nico
adivinhação quiromancia, oniromancia anterioridade; supe- prefixo, previsão, pré-
PRE-
mísos - aversão, ódio misógino, misantropia rioridade; intensidade história, prefácio
mneme = menória amnésia, mnemônico posição em frente;
nárce = entorpecimento narcótico, narcotizar Proclamar, progresso, pro-
PRO- movimento para
nósos = doença nosocômio, nosofobia nome, prosseguir
frente; em favor de
óneiros (oniros) = sonho onírico, oniromancia
repetição; intensida- realçar, rebolar, refrescar,
oréxis = fome anorexia, cinorexia RE-
paideia (pedia) = instrução, correção ortopedia, enciclopédia de; reciprocidade reverter, refluir
pépsis = digestão dispepsia, péptico Retroativo, retroceder,
RETRO- para trás
peretós = febre antipirético, piretoterapia retrospectivo
plegé = paralisação paraplégico, hemiplegia semicírculo, semiconsoan-
pneuma, pneumatos = respiração pneumática, pneumoplegia SEMI- Metade
te, semi-analfabeto
pseudos = mentira
posição abaixo de;
falsidade pseudônimo, pseudófobo SUB-, SOB- subconjunto, subcutâneo,
inferioridade; insufi-
psiqué = alma psicologia, psiquiatria , SO- subsolo, sobpor, soterrar
ciência
ragé = corrimento hemorragia, blenorragia
spasmós = convulsão espasmo, espasmofilia SUPER-, Superpopulação, sobreloja,
posição superior;
sfignós = pulsação esfigmômetro, esfigmógrafo SOBRE-, supra-sumo, sobrecarga,
excesso
terapéia(terapia) = SUPRA superfície
tratamento, cura terapeuta, hidroterapia TRANS-,
Transbordar, transcrever,
timós = mente ciclotimia, lipotimia TRAS-, através de; posição
tradição, traduzir, traspas-
TRA-, além de; mudança
sar, tresloucado, tresmalhar
PREFIXOS GREGOS E LATINOS – Microsoft word TRES-
Tópico retirado da internet ULTRA- além de; excesso Ultrapassar, ultra-sensível
Prefixos Latinos posição abaixo de; vice-reitor, visconde, vice-
Prefixos VICE-, VIS-
Sentido Exemplos substituição cônsul
Latinos
Afastamento; sepa- Prefixos Gregos
AB-, ABS- abuso, abster-se, abdicar
ração
Aproximação; ten- adjacente, adjunto, admirar,
AD-, A- Ateu, analfabeto, anes-
dência; direção agregar A-, NA Privação; negação
tesia
AMBI- Duplicidade Ambivalência, ambidestro
Repetição; sepa- Análise, anatomia, aná-
Antebraço, anteontem, ANA-
ANTE- posição anterior ração; inversão; fora, anagrama
antepor
Língua Portuguesa 89
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APOSTILAS OPÇÃO
para cima
Duplicidade; ao
Anfíbio, anfiteatro, anfi- Radicais Latinos
ANFI- redor; de ambos
bologia 1º elemento da composição
os lados
Antibiótico, anti-
Oposição, ação higiênico, antitérmico, Forma Sentido Exemplo
ANTI-
contrária antítese, antípoda, anti- Agri Campo Agricultura
cristo
Ambi Ambos Ambidestro
Separação; afas- Apogeu, apóstolo, após-
APO- Arbori- Árvore Arborícola
tamento; longe de tata
ARQUI-, Posição superior; Arquitetura, arquipélago, Duas
Bis-, bi- Bípede, bisavô
ARCE- excesso; primazia arcebispo, arcanjo vezes
Calori- Calor Calorífero
Movimento para
Catálise, catálogo, cata- Cruci- cruz Crucifixo
CATA- baixo; a partir de;
plasma, catadupa
ordem Curvi- curvo Curvilíneo
Através de; ao Diafragma, diagrama, Equi- igual Equilátero, eqüidistante
DIA-
longo de diálogo, diagnóstico Ferri-,
ferro Ferrífero, ferrovia
DI- Duas vezes Dipolo, dígrafo ferro-
Mau funcionamen- Dispnéia, discromia, di- Loco- lugar Locomotiva
DIS-
to; dificuldade senteria Morti- morte Mortífero
EN-, EM-, Posição interna; Multi- muito Multiforme
Encéfalo, emblema,
E-, EN- direção para den- Olei-, Azeite,
elipse, endotérmico Oleígeno, oleoduto
DO- tro oleo- óleo
EX-, EC-, Movimento para Oni- todo Onipotente
EXO-, fora; posição exte- Êxodo, eclipse
ECTO- rior Pedi- pé Pedilúvio
Posição superior; Pisci- peixe Piscicultor
EPI- acima de; posterio- Epiderme, epílogo Muitos,
Pluri- Pluriforme
ridade vários
Excelência; perfei- Quadri-
EU-, EV- Euforia, evangelho , qua- quatro Quadrúpede
ção; verdade
dru-
HEMI- metade Hemisfério
Reti- reto Retilíneo
Posição superior;
Semi- metade Semimorto
HIPER- intensidade; ex- Hipérbole, hipertensão
cesso Tri- Três Tricolor
Posição inferior; Hipotrofia, hipotensão,
HIPO-
insuficiência hipodérmico Radicais Latinos
Metamorfose, metabo- 2º Elemento da Composição
Posteridade; atra-
META- lismo, metáfora, meta-
vés de; mudança
carpo
Forma Sentido Exemplos
Proximidade; ao Paradoxo, paralelo, pa-
PARA- -cida Que mata Suicida, homicida
lado; oposto a ródia, parasita
Que culti-
Pericárdio, período, pe-
PERI- Em torno de; -cola va, ou Arborícola, vinícola, silvícola
rímetro, perífrase
habita
PRO- Posição anterior Prólogo, prognóstico - Ato de
Piscicultura, apicultura
Multiplicidade; plu- cultura cultivar
POLI- Polinômio, poliedro
ralidade Que con-
SIN-, Simultaneidade; Sinfonia, simbiose, sim- -fero tém, ou Aurífero, carbonífero
SIM- reunião; resumo patia, sílaba produz
SUB-, posição abaixo de; subconjunto, subcutâ- Que faz,
-fico Benefício, frigorífico
SOB-, inferioridade; insu- neo, subsolo, sobpor, ou produz
SO- ficiência soterrar Que tem
-forme Uniforme, cuneiforme
forma de
SUPER-, Superpopulação, sobre-
posição superior; Que foge,
SOBRE-, loja, supra-sumo, sobre-
excesso -fugo ou faz Centrífugo, febrífugo
SUPRA carga, superfície
fugir
TRANS-, Transbordar, transcre-
através de; posi- Que con-
TRAS-, ver, tradição, traduzir,
ção além de; mu- -gero tém, ou Belígero, armígero
TRA-, traspassar, tresloucado,
dança produz
TRES- tresmalhar
Que pro-
Ultrapassar, ultra- -paro Ovíparo, multíparo
ULTRA- além de; excesso duz
sensível
-pede Pé Velocípede, palmípede
VICE-, posição abaixo de; vice-reitor, visconde, vi-
VIS- substituição ce-cônsul -sono Que soa Uníssono, horríssono
Língua Portuguesa 90
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APOSTILAS OPÇÃO
Que expe- agudo, pene-
-vomo Ignívomo, fumívomo Oxi- Oxítono
le trante
-voro Que come Carnívoro, herbívoro Paleo- antigo Paleontologia
Pan- todos, tudo Pan-americano
Radicais Gregos Pato- doença Patologia
1º Elemento da Composição Penta- cinco Pentágono
Piro- fogo Pirotecnia
Forma Sentido Exemplos Poli- muito Poliglota
Aero- ar Aeronave Potamo- rio Potamografia
Antropo- homem Antropologia Proto- primeiro Protozoário
Arqueo- antigo Arqueologia Pseudo- falso Pseudônimo
Auto de si mesmo Autobiografia Psico- alma, espírito Psicologia
Biblio- livro Biblioteca Quilo- mil Quilograma
Bio- vida Biologia Quiro- mão Quiromancia
Cali- belo Caligrafia Rino- nariz Rinoceronte
Cosmo- mundo Cosmologia Rizo- raiz Rizotônico
Cromo- cor Cromossomo Tecno- arte Tecnografia
Crono- tempo Cronologia Termo- quente Termômetro
Dactilo- dedo Dactilografia Tetra- quatro Tetraedro
Deca- dez Decaedro Tipo- figura, marca Tipografia
Demo- povo Democracia Topo- lugar Topografia
di- dois Dissílabo Tri- três Trissílabo
Ele( c (âmbar) Zoo- animal Zoologia
Eletroímã
)tro- eletricidade
Enea- nove Eneágono Radicais Gregos
Etno- raça Etnologia 2º Elemento da Composição
Farmaco- medicamento Farmacologia
Filo- amigo Filologia Forma Sentido Exemplos
Fisio- natureza Fisionomia -agogo Que conduz Pedagogo
Fono- voz, som Fonologia -algia Dor Nevralgia
Foto- fogo, luz Fotosfera Que coman-
-arca Monarca
da
Geo- terra Geografia
Comando,
Hemo- sangue Hemorragia -arquia Monarquia
governo
Hepta- sete Heptágono -céfalo Cabeça Microcéfalo
Hetero- outro Heterogêneo -cracia Poder Democracia
Hexa- seis Hexágono -doxo Que opina Ortodoxo
Hidro- água Hidrogênio Lugar para
-dromo Hipódromo
Hipo- cavalo Hipopótamo correr
Ictio- peixe Ictiologia -edro Base, fase Poliedro
Ato de co-
Iso igual Isósceles -fagia Antropofagia
mer
Lito- pedra Litografia
-fago Que come Antropófago
grande,
Macro- Macróbio -filia Amizade Bibliofilia
longo
Inimizade,
Mega- grande Megalomaníaco -fobia Fotofobia
ódio, temor
Melo- canto Melodia Que odeia,
-fobo Xenófobo
Meso- meio Mesóclise inimigo
Micro- pequeno Micróbio Que leva ou
-foro Fósforo
Mito- fábula Mitologia conduz
-gamia Casamento Poligamia
Mono- um só Monarca
-gamo Casa Bígamo
Necro- morto Necrotério
-gêneo Que gera Heterogêneo
Neo- novo Neolatino
-glota; -
Octo- oito Octaedro Língua Poliglota, isoglossa
glossa
Odonto- dente Odontologia -gono Ângulo Pentágono
Oftalmo- olho Oftalmologia Escrita,
-grafia Ortografia
Onomato- nome Onomatopéia descrição
Orto- reto, justo Ortodoxo -grafo Que escreve Calígrafo
Língua Portuguesa 91
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APOSTILAS OPÇÃO
Escrito,
-grama Telegrama, quilograma Adverbi-
peso somente o sufixo -mente amavelmente, distraidamente
ais
-logia Discurso Arqueologia
Que fala ou
-logo Diálogo
trata
-mancia Adivinhação Quiromancia VÍCIOS DE LLINGUAGEM
-metria Medida Biometria
-metro Que mede Pentâmetro VÍCIOS DE LLINGUAGEM
Vícios de linguagem são, segundo Napoleão Mendes de Almeida, pa-
Que tem a
-morfo Polimorfo lavras ou construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifesta-
forma ção do pensamento.
-nomia Lei, regra Astronomia Lista de vícios de linguagem
-nomo Que regula Autônomo Ambiguidade
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem admitir mais de um
-péia Ato de fazer Onomatopéia
sentido. Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na
-pólis; - frase.
Cidade Petrópolis, metrópole
pole Ex:
-ptero Asa Helicóptero "A mãe encontrou o filho em seu quarto." (No quarto da mãe ou
-scopia Ato de ver Macroscopia do filho?)
Instrumento "Como vai a cachorra da sua mãe?" (Que cachorra? a mãe ou a
-scópio Microscópio cadela criada pela mãe?)
para ver
Barbarismo
-sofia Sabedoria Logosofia
Barbarismo, peregrinismo ou estrangeirismo (para os latinos qual-
Lugar onde quer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou construção
-teca Biblioteca
se guarda estrangeira no lugar de equivalente vernácula.
-terapia Cura Fisioterapia De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem dife-
Corte, divi- rentes nomes:
-tomia Dicotomia galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de
são
-tono Tensão, tom Monótono Gália, antigo nome da França);
anglicismo, quando do inglês;
castelhanismo, quando vindos do espanhol;
etc.
Principais Sufixos Ex:
Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado
seria "quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente");
Tipos de Todos os dois estavam errados (galicismo; o mais adequado
Principais sufixos Exemplos
sufixos
seria "ambos estavam errados");
Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria "co-
aumentativo: -alhão, -ão, - copázio, bocarra, corpanzil,
meu um rosbife");
anzil, -arra, -orra, -ázio... casarão
Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria
"Havia ligações (ou vínculos) para sua página".
diminutivo: -acho, -eto, - Vou estar disponibilizando o material (anglicismo; o mais ade-
riacho, filhote, livrinho
inho, -inha, -ote...
quado seria "Deixarei o material à disposição").
superlativo: -íssimo, érri- Eu love Jesus! (anglicismo; o mais adequado seria "Eu amo Je-
belíssimo, paupérrimo, facílimo sus").
mo, -limo...
Nomi- OBS: Há quem considere barbarismo também erros de pronúncia, gra-
nais lugar: -aria, -ato, -douro, -
papelaria, internato, bebedouro fia, morfologia etc, tais como "adevogado" ou "eu fazi", pois seriam atitu-
ia... des típicas de estrangeiros, por não conhecerem a língua.
formam Cacofonia
substan- profissão: -ão, -dor, -ista... diarista, dentista, vendedor A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união
tivos e
das sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando
adjetivos
falamos sobre algo para não estarmos ofendendo a pessoa que ouve. São
origem: -ano, -eiro, ês... francês, alagoano, mineiro
exemplos desse fato:
"A boca dela é linda!"
coleção, aglomeração, "Dê-me uma mão, por favor."
conjunto: -al, -eira, -ada, - folhagem, cabeleira, capinzal
agem...
"Ela se disputa para ele."
"Vou-me já, pois estou atrasado."
excesso, abundância: Plebeísmo
gostoso, ciumento, barbudo O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e ou-
-oso, -ento, -udo...
tras deste mesmo tipo. É tido[?] pela norma culta como sendo o mais odiado
e repulsivo de todos os vícios de linguagem existentes.
Ex:
folhear, velejar, envelhecer,
-ear, ejar, -ecer, -escer, "Ele era um tremendo mané!"
florescer, afugentar, liquefazer,
-entar, -fazer, -ficar, -icar, - "Tô ferrado!"
Verbais petrificar, adocicar, chuviscar,
iscar, -ilhar, -inhar, -itar,-
dedilhar, escrevinhar, saltitar, "Tá ligado nas quebradas, meu chapa?"
izar...
organizar Pleonasmo
O pleonasmo geralmente é considerado uma figura de linguagem.
Existe, porém, um tipo de pleonasmo que consiste numa repetição inútil e
desnecessária de termos em uma frase, e por isso considerado um vício
de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chamamos "Pleonasmo Vicioso ".
Língua Portuguesa 92
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APOSTILAS OPÇÃO
Diferentemente do pleonasmo tradicional, esse deve ser sempre evita- ainda que, mesmo que, bem que, se bem que, nem que, apesar de que, por
do. mais que, por menos que...
Ex: Ela não foi aprovada, embora tenha estudado com dedicação.
"Ele vai ser o protagonista principal da peça". CONDICIONAIS (indicam condição): se, caso. Também as locuções: con-
"Meninos, entrem já para dentro!" tanto que, desde que, dado que, a menos que, a não ser que, exceto se...
Prolixidade Ela pode ser aprovada, se estudar com dedicação.
Prolixidade é a comunicação com excesso de palavras, antônimo da Finais (indicam finalidade): As locuções para que, a fim de que, por que...
concisão. É necessário estudar com dedicação,para que se obtenha aprovação.
Solecismo TEMPORAIS (indicam circunstância de tempo): quando, apenas, enquan-
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com re- to...Também as locuções: antes que, depois que, logo que, assim que,
lação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: desde que, sempre que...
De concordância: Ela deixou de estudar com dedicação,quando foi aprovada.
"Fazem três anos que não vou ao médico." (Faz três anos que CONSECUTIVAS (indicam consequência): que (precedido de tão, tanto, tal)
não vou ao médico.) e também as locuções: de modo que, de forma que, de sorte que, de ma-
"Aluga-se salas nesse edifício." (Alugam-se salas nesse edifício.) neira que...
De regência: Ela estudava tanto, que pouco tempo tinha para dedicar-se à família.
"Ontem eu assisti um filme de época." (Ontem eu assisti a um
filme de época.) BIBLIOGRAFIA/PORTUGUÊS
"Eu namoro com Fernanda." (Eu namoro Fernanda.) ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
De colocação: ALMANAQUE ABRIL CULTURAL – Editora Abril/São Paulo
CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, Editora
"Me parece que ela ficou contente." (Parece-me que ela ficou ..Scipione, 1994 - 6ª edição.
contente.) J. João Campagnaro -
"Eu não respondi-lhe nada do que perguntou." (Eu não lhe res- http://www.gramaticaportuguesa.com/GLPshop/pt-br/pg_18.html
pondi nada do que perguntou.) Vários artigos foram extraídos da Internet: Provedores: uol, ig, bol,
N.B: as regras de colocação do português falado em Portugal diferem terra, google
em alguns casos daquelas do português falado no Brasil. NOVÍSSIMA GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA – Domingos
Paschoal Cegalla
PORTUGUÊS, teoria e prática – Walter Rossignoli – Editora Ática/SP
CONECTIVOS BIBLIOTECA INTEGRADA – Claudinei Flores – Editora Lisa S.A.
Por Sandra Macedo Celso Cunha - Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-
FENAME.
http://www.portugues.com.br/sintaxe/regenomi.asp
Conectivos são conjunções que ligam as orações, estabelecem Pciconcursos.com.br
a conexão entre as orações nos períodos compostos e também as preposi- Luiz Antonio Sacconi - Nossa Gramática – Teoria e Prática. Editora
ções, que ligam um vocábulo a outro. Atual, 1994.
O período composto é formado de duas ou mais orações. Quando essas http://www.portugues.com.br/morfologia/classes/verbos/verbos.asp
Português - GUIA INTENSIVO DE ENSINO GLOBALIZADO - 1º E 2º
orações são independentes umas das outras, chamamos de período com-
GRAU E VESTIBULARES – INDÚSTRIA GRÁFICA E EDITORA
posto por coordenação. Essas orações podem estar justapostas (sem LTDA - ERECHIM – RS
conectivos) ou ligadas por conjunções (= conectivos). http://www.portugues.com.br/morfologia/classes/verbos/conjugacoes.
CONECTIVOS coordenativos são as seguintes conjunções coordenadas: asp
ADITIVAS (adicionam, acrescentam): e, nem (e não),também, que; e as
locuções: mas também, senão também, como também...
Ela estuda e trabalha. REDAÇÃO OFICIAL
ADVERSATIVAS (oposição, contraste): mas, porém, todavia, contudo,
entretanto, senão, que. Também as locuções: no entanto, não obstante,
ainda assim, apesar disso. MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Ela estuda, no entanto não trabalha. 2a edição, revista e atualizada
ALTERNATIVAS (alternância): ou. Também as locuções ou...ou, ora...ora, Brasília, 2002
já...já, quer...quer...
Ou ela estuda ou trabalha. Apresentação
CONCLUSIVAS (sentido de conclusão em relação à oração anterior): logo, Com a edição do Decreto no 100.000, em 11 de janeiro de 1991, o Pre-
portanto, pois (posposto ao verbo).Também as locuções: por isso, por sidente da República autorizou a criação de comissão para rever, atualizar,
conseguinte, pelo que... uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comunicações
Ela estudou com dedicação, logo deverá ser aprovada. oficiais. Após nove meses de intensa atividade da Comissão presidida pelo
EXPLICATIVAS (justificam a proposição da oração anterior): que, porque, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes, apre-
porquanto... sentou-se a primeira edição do MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Vamos estudar, que as provas começam amanhã. DA REPÚBLICA.
Quando as orações dependem sintaticamente umas das outras, chamamos
período composto por subordinação. Esses períodos compõem-se de uma A obra dividia-se em duas partes: a primeira, elaborada pelo diplomata
ou mais orações principais e uma ou mais orações subordinadas. Nestor Forster Jr., tratava das comunicações oficiais, sistematizava seus
CONECTIVOS subordinativos são as seguintes conjunções e locuções aspectos essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes, exibia
subordinadas: modelos, simplificava os fechos que vinham sendo utilizados desde 1937,
CAUSAIS (iniciam a oração subordinada denotando causa.): que, como, suprimia arcaísmos e apresentava uma súmula gramatical aplicada à
pois, porque, porquanto. Também as locuções: por isso que, pois que, já redação oficial. A segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
que, visto que... ocupava-se da elaboração e redação dos atos normativos no âmbito do
Ela deverá ser aprovada, pois estudou com dedicação. Executivo, da conceituação e exemplificação desses atos e do procedimen-
COMPARATIVAS (estabelecem comparação): que, do que (depois de mais, to legislativo.
maior, melhor ou menos, menor, pior), como...Também as locuções:
tão...como, tanto...como, mais...do que, menos...do que, assim como, bem A edição do Manual propiciou, ainda, a criação de um sistema de con-
como, que nem... trole sobre a edição de atos normativos do Poder Executivo que teve por
Ela é mais estudiosa do que a maioria dos alunos. finalidade permitir a adequada reflexão sobre o ato proposto: a identificação
CONCESSIVAS (iniciam oração que contraria a oração principal, sem clara e precisa do problema ou da situação que o motiva; os custos que
impedir a ação declarada): que, embora, conquanto. Também as locuções: poderia acarretar; seus efeitos práticos; a probabilidade de impugnação
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APOSTILAS OPÇÃO
judicial; sua legalidade e constitucionalidade; e sua repercussão no orde- A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do pa-
namento jurídico. drão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
Buscou-se, assim, evitar a edição de normas repetitivas, redundantes no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de
ou desnecessárias; possibilitar total transparência ao processo de elabora- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ção de atos normativos; ensejar a verificação prévia da eficácia das normas Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
e considerar, no processo de elaboração de atos normativos, a experiência dade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade
dos encarregados em executar o disposto na norma. princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que
devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
Decorridos mais de dez anos da primeira edição do Manual, fez-se ne-
cessário proceder à revisão e atualização do texto para a elaboração desta Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redi-
2a Edição, a qual preserva integralmente as linhas mestras do trabalho gido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A
originalmente desenvolvido. Na primeira parte, as alterações principais transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilida-
deram-se em torno da adequação das formas de comunicação usadas na de, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto
administração aos avanços da informática. Na segunda parte, as alterações legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, ne-
decorreram da necessidade de adaptação do texto à evolução legislativa na cessariamente, clareza e concisão.
matéria, em especial à Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de
1998, ao Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002, e às alterações consti- Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normati-
tucionais ocorridas no período. vos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remon-
tam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatori-
Espera-se que esta nova edição do Manual contribua, tal como a pri- edade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de
meira, para a consolidação de uma cultura administrativa de profissionali- que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde
zação dos servidores públicos e de respeito aos princípios constitucionais a Independência. Essa prática foi mantida no período republicano.
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, com a
consequente melhoria dos serviços prestados à sociedade. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, con-
cisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas
PEDRO PARENTE devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impes-
Chefe da Casa Civil da Presidência da República soais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
Sinais e Abreviaturas Empregados Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são ne-
* = indica forma (em geral sintática) inaceitável ou agramatical. cessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço
§ = parágrafo Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público
adj. adv. = adjunto adverbial (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto
arc. = arcaico dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).
art. = artigo
cf. = confronte Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais
CN = Congresso Nacional foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e de
Cp. = compare cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Men-
f.v. = forma verbal cione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações oficiais,
fem.= feminino regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho
ind. = indicativo de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado pelo
i. é. = isto é Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
masc. = masculino
obj. dir. = objeto direto Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das ca-
obj. ind. = objeto indireto racterísticas específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o
p. = páginap. us. = pouco usado entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência –
pess. = pessoa de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmente
pl. = plural e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que
pref. = prefixo deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e
pres. = presente clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases.
Res. = Resolução do Congresso Nacional
RI da CD = Regimento Interno da Câmara dos Deputados A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
RI do SF = Regimento Interno do Senado Federal evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impesso-
s. = substantivo alidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
s.f. = substantivo feminino língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da
s.m. = substantivo masculino correspondência particular, etc.
sing. = singular
tb. = também Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial,
v. = ver ou verbo passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
v. g; = verbi gratia
var. pop. = variante popular 1.1. A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
PARTE I Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b)
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No
caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
CAPÍTULO I ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão
1. O que é Redação Oficial que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes
o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa-nos da União.
tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado
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APOSTILAS OPÇÃO
aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem
se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de de- próprios da língua literária.
terminada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é fei-
ta a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão ofici-
que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores al de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunica-
da Administração guardem entre si certa uniformidade; ções oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre conce- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a
bido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, te- utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
mos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal; como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo te- limitada.
mático das comunicações oficiais se restringe a questões que di-
zem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a
tom particular ou pessoal. exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de
Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a
artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos vale- estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
mos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
alcançada a necessária impessoalidade. 1.3. Formalidade e Padronização
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impesso-
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos alidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público des- formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto
ses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma
entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes
conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à
que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunica-
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade ção.
precípua é a de informar com clareza e objetividade.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária unifor-
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser midade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabeleci-
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados mento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circulação para todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da
restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem apresentação dos textos.
sua compreensão dificultada.
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definiti-
Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fala- vo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
da e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imediata ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de nor-
qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com outros mas específicas para cada tipo de expediente.
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação,
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa 1.4. Concisão e Clareza
distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si mesma oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa-
para comunicar. ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade,
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acor- qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
do com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias
podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore ou repetições desnecessárias de ideias.
expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico,
não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de
Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de
da língua, a finalidade com que a empregamos. palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la
como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusiva-
sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles reque- mente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada
rem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é acrescentem ao que já foi dito.
aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexi- últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
cais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação
idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo,
pretendida compreensão por todos os cidadãos. por isso, ser dispensadas.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex- A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme já
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro aquele
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texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais
características da redação oficial. Para ela concorrem: 2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen-
poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e prono-
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento minal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com
geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância
como a gíria e o jargão; para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o
uniformidade dos textos; substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos
que nada lhe acrescentam. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de
tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará
É pela correta observação dessas características que se redige com seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido.
A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramati-
provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção. cal deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o
substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem,
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fá- o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar
cil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senho-
desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assun- ria deve estar satisfeita”.
tos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verda- 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
de. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significa- Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular
do das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam ser tradição. São de uso consagrado:
dispensados. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que a) do Poder Executivo;
são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua Presidente da República;
clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida Vice-Presidente da República;
por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a Ministros de Estado;
máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
redigir. Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to- Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco quadro, de natureza especial;
constante de obra de Adriano da Gama Kury, a partir do qual podem ser Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias colunas Prefeitos Municipais.
em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma delas tem
sentido! b) do Poder Legislativo:
CAPÍTULO II Deputados Federais e Senadores;
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS Ministros do Tribunal de Contas da União;
2. Introdução Deputados Estaduais e Distritais;
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial. Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análi- c) do Poder Judiciário:
se, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades de Ministros dos Tribunais Superiores;
comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos Membros de Tribunais;
fechos e a identificação do signatário. Juízes;
Auditores da Justiça Militar.
2.1. Pronomes de Tratamento
2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor- Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
porados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a segun-
da pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido
Prossegue o autor: do cargo respectivo:
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a Senhor Senador,
palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria supe- Senhor Juiz,
rior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com Senhor Ministro,
o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o trata- Senhor Governador,
mento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia eclesiástica
vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autori-
dades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já es- A Sua Excelência o Senhor
tava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa Fulano de Tal
mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome Ministro de Estado da Justiça
vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual 70064-900 – Brasília. DF
emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos
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APOSTILAS OPÇÃO
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
(DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto (espaço para assinatura)
para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repe- NOME
tida evocação. Ministro de Estado da Justiça
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para parti-
culares. O vocativo adequado é: Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pági-
Senhor Fulano de Tal, na isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última
(...) frase anterior ao fecho.
No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor 3. O Padrão Ofício
Fulano de Tal Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
Rua ABC, no 123 do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de uniformi-
12345-000 – Curitiba. PR zá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chamamos
de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do ora busquemos as suas semelhanças.
superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de
Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de 3.1. Partes do documento no Padrão Ofício
tratamento Senhor. O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título aca- expede:
dêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o Exemplos:
apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por Mem. 123/2002-MF
terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por Aviso 123/2002-SG
doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medici- Of. 123/2002-MME
na. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade
às comunicações. b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à
direita:
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por for- Exemplo:
ça da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Brasília, 15 de março de 1991.
Corresponde-lhe o vocativo:
Magnífico Reitor, c) assunto: resumo do teor do documento
(...) Exemplos:
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar- Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
quia eclesiástica, são: Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo cor-
respondente é: d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co-
Santíssimo Padre, municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
(...)
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunica- e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
ções aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas:
(...) “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, em-
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas pregue a forma direta;
a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve- – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver
rendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos
Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos. distintos, o que confere maior clareza à exposição;
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a
2.2. Fechos para Comunicações posição recomendada sobre o assunto.
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-
los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial: tura é a seguinte:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: – introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o
Respeitosamente, encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada,
deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami-
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado
Atenciosamente, (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela
qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida- “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho,
des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.”
ou
2.3. Identificação do Signatário “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do tele-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, grama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação
todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da agrícolas na região Nordeste.”
identificação deve ser a seguinte: – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
(espaço para assinatura) comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
NOME parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
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APOSTILAS OPÇÃO
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi-
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em
g) assinatura do autor da comunicação; e mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário). comunicação eminentemente interna.
3.2. Forma de diagramação Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma de exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter-
apresentação: minado setor do serviço público.
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder- em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da pági- de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
na; próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado,
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da 3.4.2. Forma e Estrutura
margem esquerda; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício,
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo
cm de largura; que ocupa.
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pon- Exemplos:
tos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
comportar tal recurso, de uma linha em branco; Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra 4. Exposição de Motivos
forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do do- 4.1. Definição e Finalidade
cumento; Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú-
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel bran- blica ou ao Vice-Presidente para:
co. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e a) informá-lo de determinado assunto;
ilustrações; b) propor alguma medida; ou
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impres- c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repúbli-
Text nos documentos de texto; ca por um Ministro de Estado.
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveita- exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi-
mento de trechos para casos análogos; dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser for-
mados da seguinte maneira: 4.2. Forma e Estrutura
tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão
conteúdo ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato normati-
vo, segue o modelo descrito adiante.
3.3. Aviso e Ofício
3.3.1. Definição e Finalidade A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusiva-
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusiva- mente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou submeta
mente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao projeto de ato normativo.
passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Adminis- No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva
tração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares. algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutura
segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
3.3.2. Forma e Estrutura
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presidente
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
Tratamento), seguido de vírgula. apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura do
Exemplos: padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por seu
Excelentíssimo Senhor Presidente da República autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Senhora Ministra a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medi-
Senhor Chefe de Gabinete da ou do ato normativo proposto;
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in- normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alter-
formações do remetente: nativas existentes para equacioná-lo;
– nome do órgão ou setor; c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
– endereço postal; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
– telefone e endereço de correio eletrônico.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de moti-
3.4. Memorando vos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4.1. Definição e Finalidade no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
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APOSTILAS OPÇÃO
mensagem.
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão
equivalente) no , de de de 200 . d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da
República se ausentarem do País por mais de 15 dias.
5. Mensagem Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a
5.1. Definição e Finalidade autorização é da competência privativa do Congresso Nacional.
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes
Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa
Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de
deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da de emissoras de rádio e TV.
Nação. A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional
consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presi- efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do
dência da República, a cujas assessorias caberá a redação final. Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na men-
sagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional art. 223 já define o prazo da tramitação.
têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou finan- Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o cor-
ceira. respondente processo administrativo.
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime
normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
4o). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime nor- O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a aber-
mal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgên- tura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
cia. referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e
parecer da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Congres- pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constitui-
so Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da ção, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento
Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputa- Interno.
dos, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria- Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do Pa-
nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais), as ís e solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição, art.
mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso 84, XI).
Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário
do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da
deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é
precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do distribuída a todos os Congressistas em forma de livro.
Congresso Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição,
art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, en-
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbi- caminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram os
to do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem dois
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por elas enca- exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da
minhadas. República terá aposto o despacho de sanção.
Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos órgãos inte- i) comunicação de veto.
ressados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o), a
União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na ínte-
Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de enca- gra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das
minhamento ao Congresso. demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao
Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
b) encaminhamento de medida provisória.
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presi- j) outras mensagens.
dente da República encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensa-
membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntan- gens com:
do cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de Documen- – encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos
tação da Presidência da República. ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e
c) indicação de autoridades. prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art. 155,
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pes- § 2o, IV);
soas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribunais – proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida
Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, consolidada (Constituição, art. 52, VI);
Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm – pedido de autorização para operações financeiras externas (Cons-
em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela tituição, art. 52, V); e outros.
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indica-
ção. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
– convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição,
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a art. 57, § 6o);
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APOSTILAS OPÇÃO
– pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da Repú- de rosto, i. é., de pequeno formulário com os dados de identificação da
blica (art. 52, XI, e 128, § 2o); mensagem a ser enviada.
– pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização
nacional (Constituição, art. 84, XIX); 8. Correio Eletrônico
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constitui- 8.1 Definição e finalidade
ção, art. 84, XX); O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, trans-
– justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorro- formou-se na principal forma de comunicação para transmissão de docu-
gação (Constituição, art. 136, § 4o); mentos.
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constitui-
ção, art. 137); 8.2. Forma e Estrutura
– relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibili-
defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); dade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretan-
– proposta de modificação de projetos de leis financeiras (Constitui- to, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação
ção, art. 166, § 5o); oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais).
– pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem des-
pesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou rejei- O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve
ção do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do
8o); destinatário quanto do remetente.
– pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas
com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferenci-
almente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo
5.2. Forma e Estrutura deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo..
As mensagens contêm:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontalmen- Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de lei-
te, no início da margem esquerda: tura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de
Mensagem no confirmação de recebimento.
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda; 8.3 Valor documental
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceita como
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizon- documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a
talmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da Re- Relação das espécies de documentos (classificação- um modelo)
pública, não traz identificação de seu signatário. 1 - ATA
- Utilizada por órgãos/entidades públicas para registrar, resumir e di-
6. Telegrama
vulgar fatos e ocorrências verificadas em reunião.
6.1. Definição e Finalidade
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimentos 2 - AVISO
burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda comunicação oficial - Utilizado para a correspondência oficial entre ministros de Estado e/ou
expedida por meio de telegrafia, telex, etc. dirigentes de órgãos integrantes da estrutura da Presidência da República.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos 3 - BOLETIM
e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegrama apenas - Utilizado para divulgar assuntos de interesse de órgão/entidade e/ou
àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax dos servidores.
e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão de seu custo
elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. 4 - CARTA
Concisão e Clareza). - Forma pela qual os órgãos/entidades, etc. se dirigem aos particulares
em geral.
6.2. Forma e Estrutura
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos 5 - CARTA-CIRCULAR
formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na Inter- - Forma pela qual os órgãos/entidades, etc. se dirigem aos particulares
net. em geral. Utilizada quando o mesmo conteúdo deve ser divulgado para
vários destinatários.
7. Fax
7.1. Definição e Finalidade 6 - CERTIDÃO
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma forma de - Utilizada para retratar atos ou fatos constantes de assentamentos pú-
comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento da blicos permanentes que se encontrem em poder de órgãos/entidades
Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o públicas.
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência,
quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. 7 – CONTRATO
Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma Utilizado pelos órgãos/entidades públicas para firmarem compromissos
de praxe. com a iniciativa privada, tendo em vista a aquisição de materiais e equipa-
mentos ou a execução de obras e serviços diversos.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax
e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapi- 8 - CONVÊNIO
damente. - Utilizado pelos órgãos/entidades públicas para firmarem, entre si,
acordo de interesse comum.
7.2. Forma e Estrutura
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que 9 - DECLARAÇÃO
lhes são inerentes.
É conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de folha
17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se 23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraqueci-
respeitam as regras de pontuação. dos galhos da velha árvore.
(A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, revelou, Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente, sobre
que temos uma arrecadação bem maior que a prevista. o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar.
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma (A) Quem podou? e Quando podou?
sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada. (B) Qual jardineiro? e Galhos de quê?
(C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade (C) Que jardineiro? e Podou o quê?
Policial, confessou sua participação no referido furto. (D) Que vizinho? e Que galhos?
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste (E) Quando podou? e Podou o quê?
funcionário, seja aquela sugerida, pela própria chefia.
(E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da plateia.
negativas, de débitos e os extratos, bancários solicitados. Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibili-
dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimento
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e correto das relações entre seus termos e pela sua adequada pontua-
predicado que formam um período simples, se aplica, adequadamen- ção em:
te, apenas a: (A) O público da plateia, observava a agitação dos lanterninhas.
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral. (B) O público observava a agitação da plateia, dos lanterninhas.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. (C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da plateia.
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas. (D) Da plateia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo. (E) Da plateia, o público observava a agitação dos lanterninhas.
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames.
25. Felizmente, ninguém se machucou.
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
Considere:
O livro de registro do processo que você procurava era o que estava I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
sobre o balcão. II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais de
modo;
19. No período, os pronomes o e que, na respectiva sequência, remetem III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
a fato;
(A) processo e livro. IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
(B) livro do processo. V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos.
(C) processos e processo. Está correto o contido apenas em
(D) livro de registro. (A) I, II e III.
(E) registro e processo. (B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período (D) II, III e IV.
acima: (E) III, IV e V.
I. há, no período, duas orações;
II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal; 26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o carro...,
III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais; indicando concessão, é:
IV. de registro é um adjunto adnominal de livro. (A) para poder trabalhar fora.
Está correto o contido apenas em (B) como havia programado.
(A) II e IV. (C) assim que recebeu o prêmio.
(B) III e IV. (D) porque conseguiu um desconto.
(C) I, II e III. (E) apesar do preço muito elevado.
(D) I, II e IV.
(E) I, III e IV. 27. É importante que todos participem da reunião.
O segmento que todos participem da reunião, em relação a
21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do É importante, é uma oração subordinada
acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho: (A) adjetiva com valor restritivo.
I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas; (B) substantiva com a função de sujeito.
II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura (C) substantiva com a função de objeto direto.
pelo Juiz; (D) adverbial com valor condicional.
III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equivalen- (E) substantiva com a função de predicativo.
te ao da palavra mas;
IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do acór- 28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação estabe-
dão, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar. lecida pelo termo como é de
Está correto o contido apenas em (A) comparatividade.
(A) II e IV. (B) adição.
(B) III e IV. (C) conformidade.
(C) I, II e III. (D) explicação.
(D) I, III e IV. (E) consequência.
(E) II, III e IV.
41 Uma crônica, como a que você acaba de ler, tem como melhor 48 ''Estava dormindo, como podia estar morto''; esse segmento do texto
definição: significa que:
A) registro de fatos históricos em ordem cronológica; A) a aparência do menino não permitia saber se dormia ou estava
B) pequeno texto descritivo geralmente baseado em fatos do cotidiano; morto;
C) seção ou coluna de jornal sobre tema especializado; B) a posição do menino era idêntica à de um morto;
D) texto narrativo de pequena extensão, de conteúdo e estrutura bas- C) para os transeuntes, não fazia diferença estar o menino dormindo ou
tante variados; morto;
E) pequeno conto com comentários, sobre temas atuais. D) não havia diferença, para a descrição feita, se o menino estava
dormindo ou morto;
42 O texto começa com os tempos verbais no pretérito imperfeito - E) o cronista não sabia sobre a real situação do menino.
vinha, faltavam - e, depois, ocorre a mudança para o pretérito perfei-
to - olhei, vi etc.; essa mudança marca a passagem: 49 Alguns textos, como este, trazem referências de outros momentos
A) do passado para o presente; históricos de nosso país; o segmento do texto em que isso ocorre é:
B) da descrição para a narração; A) ''Perto da Praça General Osório, olhei para o lado e vi...'';
C) do impessoal para o pessoal; B) ''...ou crivados de balas pelo Esquadrão da Morte'';
D) do geral para o específico; C) ''...escreveríamos toda a obra de Dickens'';
E) do positivo para o negativo. D) ''...isto é problema para o juizado de menores'';
E) ''Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais''.
43 ''...olhei para o lado e vi, junto à parede, antes da esquina, ALGO que
me pareceu uma trouxa de roupa...''; o uso do termo destacado se 50 ''... era um bicho...''; a figura de linguagem presente neste segmento
deve a que: do texto é uma:
A) o autor pretende comparar o menino a uma coisa; A) metonímia;
B) o cronista antecipa a visão do menor abandonado como um traste B) comparação ou símile;
inútil; C) metáfora;
C) a situação do fato não permite a perfeita identificação do menino; D) prosopopeia;
D) esse pronome indefinido tem valor pejorativo; E) personificação.
E) o emprego desse pronome ocorre em relação a coisas ou a pesso-
as.
12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente é: 22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto à grafia das palavras:
a) fixação - rendição - paralisação. a) atraz - ele trás
b) exceção - discussão - concessão. b) atrás - ele traz
c) seção - admissão - distensão. c) atrás - ele trás
d) presunção - compreensão - submissão. d) atraz - ele traz
e) cessão - cassação - excurção.
23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:
13. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corre- a) bandeija
tamente: b) mendingo
a) analizar - economizar - civilizar. c) irrequieto
b) receoso - prazeirosamente - silvícola. d) carangueijo
c) tábua - previlégio - marquês.
d) pretencioso - hérnia - majestade. 24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase
e) flecha - jeito - ojeriza. abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil de hoje é diferente, _____ os
ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".
14. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corre- a) mas - mas
tamente: b) mais - mas
a) atrasado - princesa - paralisia. c) mas - mais
b) poleiro - pagem - descrição. d) mais - mais
c) criação - disenteria - impecilho.
d) enxergar - passeiar - pesquisar. 25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portan-
e) batizar - sintetizar - sintonisar. to, palavras homônimas. Associe as duas colunas e assinale a alternativa
com a sequência correta.
15. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corre- 1 - conserto ( ) valor pago
tamente: 2 - concerto ( ) juízo claro
a) tijela - oscilação - ascenção. 3 - censo ( ) reparo
b) richa - bruxa - bucha. 4 - senso ( ) estatística
c) berinjela - lage - majestade. 5 - taxa ( ) pequeno prego
d) enxada - mixto - bexiga. 6 - tacha ( ) apresentação musical
e) gasolina - vaso - esplêndido. a) 5-4-1-3-6-2
b) 5-3-2-1-6-4
16. Marque a única palavra que se escreve sem o h: c) 4-2-6-1-3-5
a) omeopatia. d) 1-4-6-5-2-3
b) umidade.
c) umor.
1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E /
_______________________________________________________
14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 _______________________________________________________
A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B pciconcursos
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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
saúde como um “direito de todos” e “dever do Estado” e está
PSICÓLOGO regulado pela Lei nº. 8.080/1990, a qual operacionaliza o
atendimento público da saúde.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Com o advento do SUS, toda a população brasileira
passou a ter direito à saúde universal e gratuita, que deve ser
fornecida pelos três entes federativos - União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. Fazem parte do Sistema Único
de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais públicos
- incluindo os universitários, os laboratórios e hemocentros
(bancos de sangue), os serviços de Vigilância Sanitária,
Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de
fundações e institutos de pesquisa acadêmica e científica,
como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz - e o Instituto
Vital Brazil.
A saúde pública no período militar
Antes da instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), a
atuação do Ministério da Saúde se resumia às atividades de
promoção de saúde e prevenção de doenças, (como, por
exemplo, a vacinação), realizadas em caráter universal, e à
assistência médico-hospitalar para poucas doenças; servia
Legislação do SUS
aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao
Resolução CFP Nº 010/05 - O Código de Ética Profissional do
atendimento pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da
Psicólogo - Em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005.
Previdência Social - INAMPS.
Resolução CFP N.º 007/2003 Manual de Elaboração de Do-
cumentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas O INAMPS, por sua vez, era uma autarquia federal
Resolução CFP Nº 010/2010 - Institui a regulamentação da vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social
Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos (hoje Ministério da Previdência Social), e foi criado pelo
em situação de violência, na Rede de Proteção. regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto
Resolução CFP Nº 008/2010 - Dispõe sobre a atuação do Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto
psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciá- Nacional de Seguridade Social (INSS). O Instituto tinha a
rio. finalidade de prestar atendimento médico aos que contribuíam
BRASIL, LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sis- com a previdência social, ou seja, aos empregados de
tema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE) carteira assinada.
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Dispõe sobre o Analisando o período, Felipe Asensi expõe que
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên- a utilização dos serviços de saúde se encontrou vinculada
cias. à situação empregatícia, ocasionando a exclusão de uma
A constituição do objeto libidinal patologia das relações obje- parcela relevante da população desempregada, seja por defi-
tais. ciências físicas, seja por insuficiências na educação ou,
Prevenção e efeitos da privação materna. mesmo, por inacessibilidade estrutural ao mercado de traba-
O papel do pai. lho formal.
As inter-relações familiares: casamento, conflito conjugal, — Felipe Asensi
separação, guarda dos filhos.
O INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, ou
A criança e a separação dos pais.
seja, de hospitais públicos, mas a maior parte do atendimento
A criança e o adolescente vitimizados.
era realizado pela iniciativa privada; os convênios
Natureza e origens da tendência anti-social.
estabeleciam a remuneração pelo governo por quantidade de
Os direitos fundamentais da criança e do adolescente.
procedimentos realizados. Já os que não tinham a carteira
As medidas específicas de proteção à criança e ao adoles-
assinada utilizavam, sobretudo, as Santas Casas, instituições
cente.
filantrópico-religiosas que amparavam cidadãos necessitados
Noções de Direito da Família.
e carentes.
A colocação em família substituta - Guarda, Tutela, Adoção.
Adolescência, Drogadição e Família. A crise do INAMPS na década de 1980
A apuração de ato infracional atribuído ao adolescente. A crise do petróleo que abateu a economia brasileira na
As medidas sócio-educativas. segunda metade da década de 1970 e no início da década de
O trabalho do psicólogo e as atribuições da equipe interprofis- 1980 trouxe também prejuízos financeiros - e políticos - para
sional na Vara da Infância e da Juventude, nas Varas da o INAMPS. Da abertura democrática à Nova República, o
Família e das Sucessões e nas Varas Especiais da Infância e déficit previdenciário aumentava ano após ano. A doutrina
da Juventude. especializada ousa em qualificar o período 1980-1983 no
Psicodiagnóstico - técnicas utilizadas. âmbito das políticas sociais como a "crise da previdência
A entrevista psicológica. social". A conjuntura da turbulência fiscal do Estado e,
Relatórios e laudos periciais psicológicos. sobretudo, da previdência social passou a colaborar com as
Ética profissional. teses e propostas de desinchaço da máquina pública e,
consequentemente, da redução da função do Estado como
garantidor de políticas sociais. O INAMPS estava incluído
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE nessa perspectiva.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Nesse sentido, revela Waldir Pires, Ministro da
Previdência Social no governo Sarney (1985-1990):
O Sistema Único de Saúde (SUS) é a denominação do
sistema público de saúde brasileiro, considerado um dos A Previdência Social em 1985 era apontada como falida.
maiores sistemas públicos de saúde do mundo, segundo Diziam, até, os céticos, os inadvertidos, ou os que se movem
informações do Conselho Nacional de Saúde. Foi instituído por interesses pessoais e subalternos, que era inviável. Uma
pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como conspiração difursa, por alguns não confessada, mas insisten-
forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à te, anunciava seu fim, indispensável, como responsabilidade
do Estado, para salvá-lo e para preservar-lhe o Tesouro Pú-
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à
pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saúde –
em sua organização administrativa; SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28
de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para integração. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
o controle e avaliação das ações e serviços de saúde;
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios,
XII - formular normas e estabelecer padrões, em cará- financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
ter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
para produtos e substâncias de consumo humano;
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsis-
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância tema instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela
sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; Política Indígena do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos 1999)
indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unida- Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições
de federada. governamentais e não-governamentais poderão atuar com-
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde plementarmente no custeio e execução das ações. (Inclu-
(SUS) compete: ído pela Lei nº 9.836, de 1999)
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consi-
serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de deração a realidade local e as especificidades da cultura dos
saúde; povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à
saúde indígena, que se deve pautar por uma abordagem
II - participar do planejamento, programação e organi- diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistên-
zação da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Úni- cia à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio
co de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual;
González-Rey (2001) faz uma crítica ao que denomina re- Após esse período, os psicólogos clínicos começaram a
ferencial hermético da clínica, “que parte de princípios funda- colaborar com os psiquiatras nos exames psicológicos legais e
dores únicos e universais” (p. 194). concebe a clínica como em sistemas de justiça juvenil (Jesus, 2001). Com o advento
“um diálogo no qual os conhecimentos marcam as formas de da Psicanálise, a abordagem frente à doença mental passou a
participação do terapeuta” (p. 195), o que, para ele, cria um valorizar o sujeito de forma mais compreensiva e com um
paradoxo, porque, para o exercício terapêutico, ele precisa enfoque dinâmico. Como consequência, o psicodiagnóstico
afastar-se desse referencial para poder visualizar o sujeito ganhou força, deixando de lado um enfoque eminentemente
singular. O referido autor afirma que o papel do psicólogo, médico para incluir aspectos psicológicos (Cunha, 1993). Os
nesse diálogo, que é uma via de mão dupla, é compreender pacientes passaram a ser classificados em duas grandes ca-
que o sujeito gera novos sentidos e espaços de subjetivação, tegorias: de maior ou de menor severidade, ficando o psicodi-
e isso pode implicar a integração de diversos protagonistas ou agnóstico a serviço do último grupo, inicialmente. Desta forma,
o deslocamento do psicólogo nesses espaços, familiares ou os pacientes menos severos eram encaminhados aos psicólo-
institucionais. gos, para que esses profissionais buscassem uma compreen-
são mais descritiva de sua personalidade. Os pacientes de
Bock (2003) apresenta, na obra por ela organizada, uma maior severidade, com possibilidade de internação, eram en-
visão atualmente enfatizada em relação à atuação do psicólo- caminhados aos psiquiatras (Rovinski, 1998). Balu (1984)
go nas políticas sociais. Trata-se da concepção do compro- demonstrou, a partir de estudos comparativos e representati-
misso social, definida pelo papel de construir teorias e práticas vos, que os diagnósticos de Psicologia Forense podiam ser
na direção da transformação social, do compromisso com (o melhores que os dos psiquiatras (Souza, 1998).
que autoconceituam como) as camadas populares e com uma
psicologia dialética que olha e atua, a partir do contexto, na De acordo com Brito (2005), os psicodiagnósticos eram vis-
participação política, nos espaços de confronto em defesa dos tos como instrumentos que forneciam dados matematicamente
direitos dos cidadãos. comprováveis para a orientação dos operadores do Direito.
Considerações Finais
Este artigo buscou apontar o histórico da Psicologia Jurídi-
ca, algumas questões referentes à formação acadêmica nessa
área e os principais campos de atuação. Diante do exposto, é
possível concluir que esse ramo da Psicologia é muito recente,
especialmente na área científica. As referências utilizadas para
construir esse material reforçam a dificuldade de encontrar
textos relacionados ao assunto, especialmente artigos científi-
cos. As deficiências na formação decorrem, em parte, do rápi-
do desenvolvimento das relações entre Psicologia e Direito e o
despreparo para lidar com os avanços e as novas áreas de
atuação que surgem a cada dia. Uma vocação, de William-Adolphe Bouguereau.
Ao analisar os campos de atuação do psicólogo jurídico, Uma criança é um ser humano no início de seu
percebe-se um predomínio da atuação desses profissionais desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas do
enquanto avaliadores. A elaboração de psicodiagnósticos, nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o
presente desde o surgimento da Psicologia Jurídica, permane- décimo-oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito
ce como um forte campo de exercício profissional. Contudo, a meses até doze anos de idade. O ramo da medicina que
demanda por acompanhamentos, orientações familiares, parti- cuida do desenvolvimento físico e das doenças e/ou traumas
cipações em políticas de cidadania, combate à violência, parti- físicos nas crianças é a pediatria. Os aspectos psicológicos
cipação em audiências, entre outros, tem crescido enorme- do desenvolvimento da personalidade, com presença ou não
mente. Esse fato amplia a inserção do psicólogo no âmbito de transtornos do comportamento, de transtornos emocionais,
jurídico, ao mesmo tempo em que exige uma constante atuali- e/ou presença de neurose infantil - incluídos toda ordem de
zação dos profissionais envolvidos na área. O psicólogo não carências, negligências, violências e abusos, que não os
pode deixar de realizar psicodiagnósticos, âmbito de sua práti- deixa "funcionar" saudavelmente, com a alegria e interesses
ca privativa. Entretanto, deve estar disposto a enfrentar as que lhes são natural - recebem a atenção da Psicologia
novas possibilidades de trabalho que vêm surgindo, ampliando Clínica Infantil (Psicólogos), através da Psicoterapia Lúdica.
seus horizontes para novos desafios que se apresentam. Os aspectos cognitivos (intelectual e social) é realizada pela
Pedagogia (Professores), nas formalidades da vida escolar,
desde a pré-escola, aos cinco anos de idade, ou até antes,
Destaca-se ainda a necessidade de ampliar o espaço para aos 3 anos de idade.
discussão acerca da Psicologia Jurídica no ambiente acadêmi-
A infância é o período que vai desde o nascimento até
co, mediante a criação de disciplinas e promoção de encontros
aproximadamente o décimo-segundo ano de vida de uma
nos quais se busque suprir a carência existente nos currículos
pessoa. É um período de grande desenvolvimento físico,
dos cursos de Psicologia. Ademais, é preciso ampliar a área
marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da
de pesquisa, de forma a produzir obras científicas que con-
criança - especialmente nos primeiros três anos de vida e
templem os diferentes campos em que a Psicologia Jurídica
durante a puberdade. Mais do que isto, é um período onde o
tem passado a atuar e contribuir. A partir do momento em que
ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo
as pesquisas realizadas comprovem a importância do trabalho
graduais mudanças no comportamento da pessoa e na
do psicólogo junto às instituições judiciárias, a inserção e valo-
aquisição das bases de sua personalidade.
A partir dos 10 anos de idade, crianças passam a dar mais Dois meninos e uma menina socializando-se por meio da
importância a um grupo de amigos que possuem gostos brincadeira com bolinhas de gude.
semelhantes. Crianças do sexo feminino são chamadas de meninas, e
Faixa etária que vai desde o décimo ano de vida é época crianças do sexo masculinos são chamados de meninos. Uma
de intensas mudanças físicas e psicológicas: é a chamada pequena percentagem dos humanos são hermafroditas -
pré-adolescência. Nesse período da vida as crianças passam embora o hermafroditismo seja apenas uma distinção
a ter mais responsabilidades (deveres), ao mesmo tempo em biológica, e não necessariamente social ou psicológica. Fora
que passam a querer e exigir mais respeito de outras pessoas as diferenças existentes no sistema reprodutor, meninos e
- particularmente dos adultos. A criança nesta faixa etária meninas não diferem muito fisicamente entre si até o início da
passa a compreender mais a sociedade, ordens sociais e puberdade, com crianças de ambos os sexos, com a mesma
grupos, o que torna esta faixa etária uma área instável de idade, possuindo aproximadamente a mesma altura e o
desenvolvimento psicológico. mesmo peso.
A participação num grupo de amigos que possuem gostos As crianças de ambos os sexos crescem em altura por
em comum passa a ser de maior importância para a criança, igual até os nove - onze anos anos de idade, quando o início
onde o modelo dado pelos amigos começa a obscurecer o da puberdade nas meninas faz com que elas se tornem, na
modelo dado pelos pais. Começam as preocupações como a média, mais altas do que os meninos, até os doze anos de
expectativa de ser aceito por um grupo, ou certas diferenças idade, quando a puberdade tem início nos meninos, com a
em relação a outras crianças da mesma faixa etária se altura e o peso médio dos meninos superando os das
agravam aqui, e são um aspecto de maior importância na meninas. Uma criança de nove anos possui em média entre
adolescência. Muitas vezes, pré-adolescentes sentem-se 130 a 140 centímetros de altura, nos Estados Unidos. Quanto
rejeitados pela sociedade, podendo desencadear problemas à massa corporal, o peso médio dos meninos é entre 25 a 37
psicológicos tais como depressão ou anorexia. quilogramas, enquanto o peso médio das meninas é
geralmente um pouco menor - possivelmente por causa de
A pré-adolescência é marcada pelo início das intensas estereótipos impostos pela sociedade, embora alguns
transformações físicas que transformam a criança em um especialistas creem que diferenças genéticas estejam por trás
adulto; é o início da puberdade, marcada principalmente pelo desta diferença. Uma criança não é necessariamente anormal
aumento do ritmo de crescimento corporal e pelo se seu peso e/ou altura são maiores ou menores do que a
amadurecimento dos órgãos sexuais. média.
A puberdade para as meninas chega entre o 10º e o 12º Um assunto muito discutido são as diferenças psicológicas
ano de vida, onde os primeiros pelos pubianos e nas axilas entre meninos e meninas no que se refere à identidade sexual
aparecem, vem a primeira (os quadris começam a se formar e das crianças. Enquanto a maioria dos psicólogos acreditam
depois vem os seios e depois o ciclo da menstruação). Neste que as diferenças psicológicas entre ambos os sexos seja
período, as meninas passam, em média, a ser mais altas e determinada primariamente pelo ambiente onde a criança vive
mais pesadas que os meninos, onde a puberdade ainda não e pelos estereótipos impostos à criança pela sociedade,
começou. O amadurecimento dos órgãos sexuais inicia-se alguns especialistas, primariamente geneticistas, consideram
geralmente depois, no 11º ao 14º ano de vida. Somente mais que a genética possui maior peso nestas diferenças.
tarde, no 11º ao 14º anos de vida, a puberdade começa para
os meninos, começo de um alto crescimento físico (em altura, Diferenças de inteligência
peso e força muscular), crescimento de pelos pubianos e nas
axilas e engrossamento do timbre de voz. Com o pico do
crescimento físico da maioria das meninas já havendo
terminado, os meninos passam à frente das meninas,
definitivamente, em peso, altura e força muscular. O
amadurecimento dos órgãos sexuais dá-se geralmente
depois, no 14º ao 15º ano de vida.
Alguns grupos de pessoas não aceitam essa classificação,
colocando os pré-adolescentes já como adolescentes.
Gênero
A fase da adolescência e da juventude são objeto de Metacognição - o próprio pensamento é alvo de reflexão,
estudo das mais diferentes disciplinas - sociologia, política, permitindo o direcionamento consciente da atenção, a
psicologia, pedagogia, biologia, medicina, direito, etc. - e reflexão e a avaliação de pensamentos passados, abrindo
apresentam assim um grande número de diferentes assim caminho para as capacidades de autoreflexão e
significados. Tais significados abrangem por exemplo introspecção;
"juventude como fase do desenvolvimento individual", Pensamento multidimensional - o indivíduo torna-se capaz
"juventude como ideal e mito" (com uma correspondente de levar em conta cada vez mais aspectos dos fenômenos.
idealização dessa fase da vida) e "juventude como grupo Essa capacidade permite ao indivíduo compreender a
social" que possui uma cultura própria.[9] interdependência de fenômenos de diferentes áreas e
Psicologia do desenvolvimento argumentar a partir de diferentes pontos de vista;
Se, do ponto de vista da psicologia do desenvolvimento, o Relativização do pensamento - o indivíduo se torna cada
início da adolescência é claramente marcado pelo início do vez mais capaz de compreender outros pontos de vista e
amadurecimento sexual (puberdade), o seu fim não se define sistemas de valores.
apenas pelo desenvolvimento corporal, mas sobretudo pela Desenvolvimento corporal e psicossexual
maturidade social - que inclui, entre outras coisas, a entrada
no mercado de trabalho e o assumir do papel social de Crescimento físico
adulto.[1]
Apesar das muitas diferenças individuais no crescimento e Em uma pesquisa realizada na Alemanha[13] Schmid-
no desenvolvimento sexual, o processo de amadurecimento Tannwald e Kluge registraram uma tendência entre as
sexual apresenta uma certa sequência, comum tanto aos meninas de terem a menarca aproximadamente 13 anos mais
rapazes como às moças. Para as moças, no entanto, esse cedo do que em uma pesquisa anterior de 1981. As meninas
processo tem início, em média, dois anos mais cedo do que que foram preparadas pelos pais para esse fenômeno
nos rapazes.[1] corporal relataram terem-no visto como natural, enquanto as
moças que não haviam sido preparadas relataram terem tido
Desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e um sentimento desagradável. Também entre os meninos o
secundários nas mulheres mesmo estudo registrou uma tendência de uma primeira
10-11 anos: Início da formação dos quadris com a ejaculação aproximadamente 1,7 anos mais cedo do que dez
acumulação de gordura, primeiro crescimento dos seios e dos anos antes. Dos adolescentes entrevistados apenas 43%
mamilos; tiveram uma primeira ejaculação espontânea; 31% a tiveram
através de masturbação e 5% através do ato sexual.
11-14 anos:
Mudanças hormonais
Surgem os pelos pubianos (lisos), a voz torna-se mais
grave, rápido crescimento dos ovários, da vagina, do útero e A ação dos hormônios, muito importantes na regulação do
dos lábios da genitália; metabolismo, é muito complexa e ainda não completamente
compreendida. Com relação ao crescimento corporal dois
Os pelos pubianos tornam-se crespos hormônios desempenham um papel preponderante: a
somatotrofina, hormônio do crescimento produzido pela
Idade do "salto de crescimento" (ver acima), os seios hipófise, e a tiroxina, produzida pela tiróide. A somatotrofina
começam a tomar forma (estágio primário), amadurecimento regula o crescimento do corpo como um todo; já a tiroxina,
dos óvulos: menarca (primeira menstruação): que só é produzida "sob instrução" da hipófise através da
14-16 anos: Crescimento dos pelos axilares, os seios tirotrofina, regula principalmente o crescimento do cérebro,
adquirem a forma adulta (estágio secundário)[12] dos dentes e dos ossos.[1]
Desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e A puberdade traz consigo uma mudança na ação dos
secundários nos homens hormônios. Ativada pelo hipotálamo a hipófise começa a
secretar novos hormônios que agem sobre os órgãos sexuais
12-13 anos: Surgem os pelos pubianos (lisos); início do (gonadotrofinas: hormônio folículo-estimulante e hormônio
crescimento dos testículos, do escroto e do pênis, mudanças luteinizante) e sobre as glândulas supra-renais (hormônio
temporárias no peito; formação de esperma adrenocorticotrófico). Nos meninos, aproximadamente aos 11
13-16 anos: anos, o hormônio folículo-estimulante provoca o
desenvolvimento das células que produzem os
Início da mudança de voz, crescimento acelerado do espermatozóides e o hormônio luteinizante leva à produção
pênis, dos testículos, do escroto, da próstata e da vesícula do hormônio masculino, a testosterona. Esta, por sua vez,
seminal, primeira ejaculação conduz aos desenvolvimento das características típicas
masculinas. Já nas meninas, aproximadamente aos 9 anos, o
Os pelos pubianos tornam-se crespos
hormônio folículo-estimulante leva ao amadurecimento dos
Grande "salto de crescimento" folículos de Graaf no ovário, que produzem os óvulos, e o
hormônio luteinizante à menstruação. Os ovários produzem,
Crescimento dos pelos axilares por sua vez, dois hormônios: o estrogênio, que regula o
crescimento dos seios, dos pelos pubianos e a acumulação
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de gordura, e a progesterona, que regula o ciclo menstrual e a atingem, assim, a maturidade corporal cada vez mais cedo.
gravidez.[1] Por outro lado o início da idade adulta - entrada no mercado
de trabalho e formação de uma família - tende a ocorrer cada
Aceleração e retardo no desenvolvimento vez mais tarde devido à longa formação necessária (escola,
Como se viu, as mudanças típicas da adolescência universidade). Essas duas tendências contrárias geram novas
iniciam, em média, em uma idade específica. No entanto oportunidades mas também novos desafios - e estresse -
alguns adolescentes iniciam o seu amadurecimento mais para os adolescentes.[1]
cedo do que a média enquanto outros o fazem mais tarde. A sexualidade do adolescente
Dos primeiros se diz que seu amadurecimento é acelerado,
enquanto o dos segundo é retardado. Importante é notar que Paralelamente ao início da maturidade sexual também o
tal comparação só pode ser feita em algumas situações, pois comportamento sexual começa a se desenvolver. Esse
tais diferenças existem entre pessoas de diferentes raças e desenvolvimento é um processo muito complexo e é fruto da
de diferentes gerações. interação de vários fatores - desenvolvimento físico (ver
acima), psicosocial, a exposição a estímulos sexuais (que é
Em nenhuma outra fase da vida há uma variação tão definida pela cultura), os grupos de contatos sociais (amigos,
grande entre pessoas da mesma idade como na grupos de esporte, etc.), e as situações específicas que
adolescência. Essa situação é ainda mais confusa porque o permitem o acesso à experiência erótica.
desenvolvimento físico, o social e o cognitivo (ver abaixo) não
andam necessariamente juntos. O meio-ambiente, no entanto, O início do desenvolvimento sexual se encontra já na
reage de forma diferente, de acordo com o desenvolvimento infância. Não apenas os casos de abuso sexual, mas também
visível da pessoa - meninos que parecem mais velhos tendem as experiências quotidianas de troca de carinho e afeto, de
a ser tratados como mais velhos e vice-versa. Essa reação do relacionamentos interpessoais e de comunicação sobre a
meio ambiente influencia o desenvolvimento social e sexualidade desempenham um papel importantíssimo para o
psicológico dos adolescentes de maneira marcante. desenvolvimento do comportamento sexual e afetivo do
Adolescentes com desenvolvimento retardado tendem a ser adolescente e, posteriormente, do adulto. Importantes aqui
emocionalmente menos estáveis e menos satisfeitos; tendem são sobretudo processos de aprendizado através do modelo
a ter uma autoimagem mais negativa, a ser menos dos pais: em famílias em que carinho e afeto são trocados
responsáveis e mais inseguros. Já os adolescentes com abertamente e em que a sexualidade não é um tabu os
desenvolvimento acelerado têm um maior risco de terem adolescentes desenvolvem outras formas de comportamento
problemas com drogas e com o comportamento social, do que em famílias em que esses temas são evitados e
provavelmente por terem acesso mais cedo a grupos mais considerados inconvenientes.[1]
velhos.[14][15][16] Outros estudos registraram que rapazes
com desenvolvimento acelerado apresentam algumas Comportamento sexual
vantagens com relação a seus coetâneos: mesmo na idade Baseados em seus estudos com adolescentes alemães
de 38 anos eles se mostraram mais responsáveis, Schmid-Tannwald e Kluge (1998) defendem três teses que
cooperativos, seguros, controlados e mais adaptados resumem o resultado desse trabalho:[13]
socialmente; ao mesmo tempo se mostraram mais
convencionais, conformistas e com menos senso de humor; já O desenvolvimento do comportamento social está cada
os rapazes com desenvolvimento retardado mostraram-se, vez mais acelerado, acompanhando a aceleração secular da
mesmo com 38 anos, mais impulsivos, instáveis maturidade sexual (ver acima "aceleração e retardo no
emocionalmente, mas em compensação mais capazes de desenvolvimento"). O início da vida sexual está ligado ao
reconhecer seus erros, mais inovativos e divertidos.[17] início da maturidade sexual (menarca nas moças e primeira
Também com relação ao desenvolvimento da identidade há ejaculação nos rapazes) mais do que a qualquer outro fator: a
diferenças entre rapazes com desenvolvimento acelerado e maior parte dos adolescentes tendem a ter sua primeira
retardado. Como têm mais tempo para desenvolver seu relação sexual nos primeiros anos após atingirem a
conhecimento e suas estratégias de coping os rapazes com maturidade sexual. Dessa forma, em um estudo de 1983[20]
desenvolvimento retardado tendem a ter melhores 44% das moças e 33% dos rapazes com 17 anos afirmavam
possibilidades no desenvolvimento da própria identidade, já ter tido uma relação sexual, enquanto em 1994[13] 92%
enquanto os rapazes com desenvolvimento acelerado das moças e 79% dos rapazes com 17 anos diziam já ter tido
acabam sendo introduzidos mais cedo no muno adulto e uma experiência sexual. Apesar da pouca idade, a maioria
acabam assumindo uma identidade mais próxima aos dos adolescentes tende a trocar carícias e a fazer
padrões socialmente estabelecidos.[1][11] Já no caso das experiências de toques íntimos sem penetração ("petting")
moças a situação é um pouco distinta. Moças com como preparação para o ato sexual. Já nos primeiros anos de
desenvolvimento acelerado tendem a ter uma autoestima atividade sexual ambos os sexos tendem a ver o sexo como
mais baixa por crescerem mais rapidamente e assim não algo belo, se bem que essa tendência seja maior entre os
corresponderem ao ideal de beleza culturalmente rapazes.[1]
estabelecido. Por outro lado moças com uma menarca muito O comportamento sexual de ambos os sexos está se
tardia parecem também mostrarem uma tendência a terem aproximando cada vez mais: em 1983[20] a diferença entre a
uma autoestima mais baixa.[18] Resumindo: aceleração e idade média da menarca e da primeira ejaculação era de 0,7
retardo no desenvolvimento são dois fenômenos que podem anos (ou seja, em média as moças tinham a primeira
trazer consigo certos riscos para o desenvolvimento da menstruação 9 meses antes dos rapazes); já em 1994[13] a
pessoa. No entanto um trabalho de esclarecimento dos pais e diferença era de apenas 0,3 anos (3-4 meses). Em 1983 as
dos adolescentes pode reduzir esses risco de maneira moças tendiam a ter a primeira relação sexual 0,7 anos mais
drástica, oferecendo aos adolescentes melhores condições de cedo do que os rapazes,[20] já em 1994 a idade era a
desenvolvimento.[1] mesma: 14,9 anos.[13]
Outro fenômeno muito discutido é o da chamada O comportamento sexual é influenciado pela cultura
aceleração secular, ou seja, a tendência, nos países familiar. Mas mesmo em famílias que tendem a conversar
ocidentais, de a puberdade iniciar cada vez mais cedo. Em menos abertamente sobre sexualidade e relacionamentos e a
um estudo comparativo, Tanner mostra como desde 1840 a não preparar os adolescentes para a menarca e a maturidade
idade média da menarca caiu de 17 anos para 13,5 anos na sexual os adolescentes têm uma vida sexual ativa - mesmo a
Noruega, fenômeno observável também em outros países revelia dos pais.[1]
europeus e nos Estados Unidos.[19] Os adolescentes
Erikson - Iniciativa versus Culpa Esta é uma fase de teste do processo de desenvolvimento
anterior e nesse sentido:
A criança neste estágio está envolvida em entender, pla-
nejar e realizar tarefas. • é preciso que a afeição tenha gerado segurança pa-
Um senso de moralidade primitivo é manifestado com a sen- ra que ela se sinta tranquila para conviver com outros adultos
sação de culpa (superego) frente os atos impulsivos. Este é o e ambientes.
tempo das rivalidades com os irmãos e o complexo de castra-
• é preciso que os limites impostos ao seu comporta-
ção.
mento tenham levado a uma capacidade grande de se adap-
Uma disciplina por demais restrita e a consequente internali-
tar e seguir normas (as da escola são muitas)é preciso que a
zação de normas muito rígidas podem interferir na esponta-
liberdade tenha permitido a iniciativa e a expectativa de que
neidade da criança, com o teste da realidade e levar à culpa
testar e enfrentar novas situações é muito bom- é preciso
excessiva.
acima de tudo que a criança tenha desenvolvido e adquirido
Freud - Fase fálica uma auto-imagem positiva.
Os genitais são o foco de interesse, estimulação e excita- • crescimento das relações com os colegas do mesmo
ção. sexo e do oposto.
O pênis é o órgão de interesse para ambos os sexos e a
criança mostra-se incrivelmente interessada nas diferenças O brincar
sexuais. As crianças nessa fase participam de jogos em equipe na
Complexo de Édipo: a criança deseja o pai do sexo oposto e, escola e em casa, com regulamentos. A competição nos jo-
simultaneamente livrar-se do pai do mesmo sexo. Esse apego gos pode ter resultados associados à auto-estima.
ao sexo oposto é vivenciado com intensa preocupação (ansi-
edade de castração nos meninos e inveja do pênis nas meni- Quais as tarefas do ambiente?
nas). As tarefas do ambiente nesse período são:
De 5 a 12 anos
• em relação à família: continua a ser o primeiro socia-
Desenvolvimento físico lizador, dela depende a escolha da escola. Cabe a família
apoiar a criança, valorizar o seu trabalho na escola, o seu
Ocorre a erupção dos dentes permanentes. Também se ganho de competências e habilidades. Tem que enfrentar
tem a elaboração da coordenação motora fina. também o início do afastamento da criança da dominância
As crianças têm maior consciência das mãos como instru- familiar, a cada instante o filho traz um "pode?" novo e dife-
mentos de trabalho. rente, cabendo aos pais discutir, rever, ceder ou impor nor-
Começam a identificar-se com o pai do mesmo sexo (5 anos). mas.
Há um incremento das proezas atléticas.
Ocorre o início da puberdade ao final do período (para as • em relação à escola: responder às necessidades da
meninas). criança de se sentir capaz, empreendedora, competente;
informar e formar, assumir o desenvolvimento da criança
Desenvolvimento da linguagem
como um todo, não ser apenas um mero transmissor e cobra-
Nesta fase tem-se um vocabulário enriquecido e sofistica- dor de informações ou, pior ainda, um lugar onde a criança
do gramaticalmente. gasta parte do seu tempo, aliviando as responsabilidades da
Ocorre o início da leitura (5 anos) e a criança tem muito pra- família. Cabe à escola o manter ou transformar a visão que a
zer em jogos de palavras e habilidades verbais. criança tem de si mesma, de suas capacidades, de seu valor:
Fala tão bem quanto escreve (12 anos). os professores são adultos significantes e modelos a serem
imitados, bem como os companheiros serão os transmissores
Desenvolvimento cognitivo de novos padrões de comportamento e atitudes.
Piaget - Período operacional concreto Raio de relações significantes: a vizinhança e a escola.
Este é um estágio caracterizado pela aquisição de lógica Modelos teóricos de desenvolvimento
elementar (relações de causa-efeito) sobre eventos concre-
tos, presentes e experenciados. Erikson - Indústria versus Inferioridade
Os princípios de reversibilidade e conservação de volume,
O domínio das tarefas escolares e a contenção dos impul-
peso, número e extensão são adquiridos.
sos do período anterior para adaptar-se às leis do ambiente
Há compreensão sobre a relação entre a parte e o todo, ca-
são os objetivos desse período.
pacidade de seriação e classificação (por exemplo: frente à
Sem alterações frente ao período anterior. Ocorre a diminuição na capacidade funcional dos sistemas
orgânicos: taxa de metabolismo basal, índice cardíaco, capa-
Desenvolvimento cognitivo cidade respiratória, taxa de filtração renal.
Menor reserva de energia, diminuição da atividade, declínio
Também outro aspecto positivo: é o auge da habilidade in-
na capacidade para trabalho físico.
telectual.
• prover um nível de cuidados que não exceda a ne- “Libido significa, em psicanálíse, no primeiro exemplo, a
cessidade. força (considerada como variável e mensurável quantitativa-
mente) dos instintos sexuais dirigidos para um objeto “sexu-
• explorar alternativas de cuidado em casa ou outras al” no sentido amplo exigido pela teoria analítica”. (Sptiz,
opções. 2004, pág. 09).
• encorajar o idoso a manter uma agenda sistemática
de uso regular de medicação, ida ao dentista e outros cuida- Também em Laplance e Pontalis (2004) no verbete Obje-
dos. to do seu Vocabulário da Psicanálise delimitam a tese princi-
pal e constante de Freud sobre a contingência do objeto, isto
• orientar a procurar grupos de auto-ajuda quando ne- quer dizer que não é qualquer objeto que irá satsfazer a pul-
cessário. são uma vez que ele está marcado pela história infantil de
cada um. Nesse sentido, o objeto é o que há de menos de-
• não tratar o idoso como criança ou deficiente mental. terminado constituicionalmente na pulsão.
• avaliar sempre a compreensão do idoso sobre as Então temos que relações objetais são relações entre um
orientações recebidas. sujeito e um objeto , assim sendo, para o universo do recém-
• planejar a sua rotina diária com ajuda se necessário nascido ainda não há objetos. Os objetos relacionais desen-
(banho, por ex.). volvem-se progressivamente no decorrer do primeiro ano de
vida, e no seu final, o objeto libidinal será establecido.
• conseguir ajuda para perdas sensoriais (ajuda auditi-
va, óculos, livros em cassetes, jornais em letras maiores). Spitz distingue três estágios no desenvolvimento do obje-
to: 1) estágio pré-objetal ou sem-objeto, 2) estágio precursor
• prover orientações tempo-espaço (grandes relógios, do objeto e 3) estágio do próprio objeto.
calendários, luzes à noite).
Para Spitz o primeiro estágio corresponderia ao narcisis-
• prover cuidadores consistentes.
mo primário de Freud, no qual o bebê ignora o mundo ao seu
Requer-se do professor que faça uma auto-avaliação e, O que se entende por Privação de Cuidados Maternos.
caso seja descartada a hipótese do problema estar em seu
trabalho, observar mais atenciosamente o “aluno problema” Uma relação normal entre mãe e filho é aquela onde am-
que pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas bos encontram prazer e satisfação nas trocas de carinho, de
vezes advindo de relações extrínsecas à estrutura de sua contato físico, de brincadeiras e de amor.
personalidade.
Podemos ter como exemplo sobre como seria uma rela-
Dentre os exemplos de questões externas à personalidade ção “normal”, o conceito deste autor:
da criança, que são capazes de traduzirem em problemas
emocionais, o trabalho enfatiza a privação materna, uma vez “... uma criança é um indivíduo ativo, de aparência sadia,
que este assunto acha-se cada vez mais crescente e compro- que dá a impressão de ser feliz e dá pouca preocupação aos
vado no campo da psicologia e reflete-se no campo da edu- pais. Como bem, dorme bem; seu peso, assim como seu
cação, porem com poucas pesquisas na área educacional tamanho, aumenta normalmente, e a cada mês torna-se mais
sobre distúrbios e problemas de aprendizagem causados pela inteligente e mais ativa – e, cada vez mais, um ser humano.
privação. Emocionalmente, ela dá satisfação aos pais e parentes e, por
sua vez, recebe deles cada vez mais satisfação.” (SPITZ,
A qualidade dos cuidados parentais que uma criança re- 1998, p.205)
cebe nos seus primeiros anos de vida é de importância vital
para o bom desenvolvimento de sua personalidade e para a Uma criança que apresenta estas características passa
sua saúde mental futura. por boas relações afetivas e emocionais com sua mãe.
Conhecer um pouco mais sobre o que significa a privação A mãe é a pessoa mais importante nos primeiros anos de
materna e que tipos de complicações ela traz para dentro do vida da criança.
meio escolar, pode mudar a visão do professor sobre o “alu-
no-problema”, podendo sensibilizá-lo a mudanças significati- Não que os pais não tenham importância, mas a criança
vas de postura e de trabalho com este aluno. está ligada emocionalmente à mãe desde a gestação, e no
caso das mães substitutas, são sempre elas que estão pre-
Este tema tem grande importância para a área educacio- sentes nos momentos de limpar e trocar, alimentar, de fazer
nal, já que não são raros os casos de alunos que não vivem dormir, de amamentar e outros cuidados que um bebê e uma
com suas mães naturais ou com a família original. criança pequena precisam.
Acredita-se que o essencial à saúde mental é que o bebê Enfim, é sempre à mãe que a criança recorre em seus
e a criança pequena tenham a vivência de uma relação calo- momentos de angústia.
rosa, intima e continua com a mãe (ou mãe substituta perma-
nente), na qual ambos encontrem satisfação e prazer. A relação sadia entre mãe e filho ‘e uma relação íntima,
onde a criança recebe o conforto do colo materno,da ama-
É nesta relação amorosa entre mãe e filho nos primeiros mentação, do respeito e carinho à sua fragilidade, onde
anos, enriquecida pelas outras relações com o pai e irmãos, aprende a cada dia que tem valor próprio e que é especial
que é a base para o bom desenvolvimento da personalidade. para sua família.
A situação na qual a criança não encontra esse tipo de re- Uma mãe carinhosa e maternal se alegra com qualquer
lação chama-se “privação materna”, que abrange um grande atitude de seu bebê e divide com ele essa alegria; esta intera-
número de situações diferentes e tem efeitos variados de ção de afeto relacionada a atitudes é uma das primeiras for-
acordo com o grau da mesma. mas de aprendizagem que influenciará no bom desenvolvi-
mento do bebê.
Além da privação, existem outras formas de separação ou
rejeição, pelas quais a relação mãe-filho torna-se pouco sau- É denominada “Privação Materna” a situação onde a cri-
dável. ança não encontra uma relação afetiva estável e duradoura
com sua mãe natural ou substituta, e à falta de cuidados que
Estudos realizados e comprovados deixam claro que, só a mãe proporciona nos primeiros anos de vida.
quando uma criança é privada dos cuidados maternos, seu
desenvolvimento é quase sempre retardado-físico, intelectual, Uma criança pode ser privada dos cuidados maternos por
social e emocionalmente – e que podem aparecer sintomas alguns fatores como:
de doenças físicas e mentais.
Quando não há um grupo familiar natural estabelecido, ou
Existem três aspectos que influenciam nos danos que uma seja, ilegitimidade, criança concebida fora do casamento, filho
criança pode sofrer: a idade em que ela perde os cuidados de “pai desconhecido”, fruto de abuso sexual;
maternos, o tempo em que ela ficou privada destes cuidados,
e o grau em que eles lhe faltaram. Geralmente as crianças ilegítimas são rejeitadas social-
mente e sofrem algum tipo de privação materna por suas
Mas com certeza, todas as crianças com menos de sete mães solteiras encontrarem dificuldades para o sustento de
anos de idade estão sujeitas a este risco, e os efeitos da ambos;
Essas três categorias que contribuem para que a criança, A privação total traz efeitos mais negativos ao desenvol-
de certa forma, sofra alguma privação de cuidados, são influ- vimento emocional, que já se tornou prejudicado desde as
enciadas principalmente, por fatores sócio-econômicos onde primeiras semanas de vida.
os pais nãos têm possibilidade de sustento adequado e nem
amparo de políticas públicas. Reações em diferentes idades.
É importante destacar outras formas de privação de afeto Como já fora mencionado, alguns fatores importantes con-
como a negligência emocional por parte da mãe que também tribuem para os efeitos prejudiciais da privação: o tempo a
sofreu falta de cuidados e afeto em sua infância, a crueldade idade em que a criança o em que a criança ficou privada dos
física sofrida e a falta de controle dos pais. cuidados e o grau em que eles lhe faltaram.
De qualquer forma, a criança que sofre privação materna Outro fator para tais efeitos é a idade em que a criança so-
nos primeiros anos de vida tem comprometimento de sua fre a privação.
saúde mental.
“Um estudo muito cuidadoso do choro e do balbucio dos
Tipos e graus da privação. bebês mostrou que os que se achavam num orfanato, desde
o nascimento até os seis meses de idade, vocalizavam sem-
Segundo Bowlby (1981), o termo “privação da mãe” pode pre menos do que os que viviam com famílias, podendo-se
ser aplicado a vários grupos de condições diferentes, que notar claramente a diferença já antes dos dois meses de
podem ter consequências semelhantes. idade. Este atraso na “fala” é especialmente característico da
criança em instituição, em qualquer idade.” (BOLWBY, 1981,
Se a criança vive com sua mãe natural ou uma mãe subs- p.22-23)
tituta permanente, mas os cuidados que ela recebe e a intera-
ção que mantém com ela,são insuficientes, neste caso, a Todas as crianças com menos de sete anos estão sujeitas
privação consiste na insuficiência de interação entre mãe e ao risco de efeitos prejudiciais da privação, e alguns destes
filho. efeitos podem ser discerníveis já nas primeiras semanas de
vida do bebê.
Quando ocorre uma separação da criança de sua mãe,
não implica necessariamente em privação de cuidados ma- Eles afetam o desenvolvimento infantil física, intelectual,
ternos e insuficiência de interação, desde que seja proporcio- emocional e socialmente.
nada à criança separada outra mãe permanente.
Um grande número de pesquisadores estudou detalhada-
Contudo, uma separação entre mãe-filho é sempre uma mente os efeitos da privação materna em crianças, desde que
experiência perturbadora para a criança, principalmente se eram bebês, principalmente naqueles que viviam em institui-
esta mantinha uma ligação afetiva suficiente e não a encontra ções.
da mesma maneira, posteriormente com a substituta ou se
fica sendo cuidada por várias outras pessoas de tempo em Tais pesquisas chegaram ao consenso de que o desen-
tempo. volvimento de crianças que vivem em instituições está abaixo
da média, já nos primeiros meses de vida:
Desta forma, a descontinuidade na relação mãe-filho, traz
efeitos prejudiciais no desenvolvimento infantil. Entre os sintomas observados, constatou-se que o bebê
que sofre de privação pode deixar de sorrir para um rosto
Outro conjunto de condições que emprega o termo “priva- humano ou de reagir quando alguém brinca com ele ou ape-
ção da mãe” refere-se ao tipo de relação entre o par que sar de bem nutrido, pode não engordar, pode dormir mal e
acontece de maneira prejudicial, ou seja, de maneira distorci- não demonstrar iniciativa.
da, como: rejeição, hostilidade, crueldade, falta de afeto, re-
pressão e controle excessivo. Os bebês entre seis e doze meses separados de suas
mães, sem receberem uma mãe substituta adequada, apre-
A insuficiência, a descontinuidade e distorção da relação sentam diversas características típicas de um adulto depres-
mãe e filho, são três definições utilizadas para ajudar a distin- sivo:
guir e compreender as condições de privação materna que
levam a efeitos prejudiciais variados. “A criança se afasta de tudo ao seu redor, não há qualquer
tentativa de contato com um estranho, e nenhuma reação
Tais efeitos prejudiciais não variam quanto à natureza, positiva se este estranho a toca. Há um atraso nas atividades
mas quanto ao grau em que foram sentidos, incluindo a idade e a criança frequentemente fica sentada ou deitada inerte, em
da criança na época da privação. profundo estupor. A falta de sono é bastante comum e todas
têm falta de apetite. A criança perde peso e apanha infecções
A criança que sofre privação por uma relação insuficiente facilmente. Há uma queda acentuada em seu desenvolvimen-
ou que passou pela descontinuidade e já recebe, no momento to geral.” (BOWLBY, 1981, p.26)
Sptiz (1998) estudou e detalhou mais especificamente, pa- Em longo prazo, as crianças que sofreram privação total,
tologias do desenvolvimento infantil no primeiro ano de vida, podem desenvolver personalidade delinquente, psicopata e
causado por distúrbios da personalidade materna, que se incapaz de afeição (BOWLBY, 1981).
refletem nas perturbações da criança.
Aos cinco ou seis anos, os danos que a privação causa
Aos dois ou três anos, as mães substitutas são completa- tornam-se mais leves e diminuem.
mente rejeitadas, o que agrava a recuperação da criança
separada de sua mãe: Nesta fase, a criança já é capaz de entender melhor as si-
tuações que levaram à falta da mãe.
“... ficando a criança inconsolável por vários dias, uma
semana ou mesmo mais, sem interrupção. Na maior parte Porém, é mais comum nesta idade a ideia de punição, ou
deste tempo, ela fica num estado de desespero agitado, gri- seja, a criança acredita que ficou sem a mãe como castigo
tando ou gemendo. Recusa tanto o alimento quanto a ajuda. por ter sido má ou que foi separada de sua família por sua
Apenas a exaustão a leva ao sono. Depois de alguns dias, a culpa.
criança fica mais quieta e pode cair em apatia, da qual vai
emergindo lentamente para começar a se interessar pelo É uma interpretação errônea que nem sempre é expressa
ambiente estranho. Contudo, durante semanas, ou mesmo pela criança.
meses, ela poderá apresentar uma regressão a comporta-
mentos de bebê. Poderá molhar a cama, masturba-se, parar Por carregar a culpa pela separação de sua mãe ou famí-
de falar e insistir em ser carregada ao colo, de tal forma que lia, torna-se maior sua lealdade, que é esta ligação profunda
uma atendente menos experiente pode julgá-lo mentalmente da criança com seus pais, por mais terríveis e maus que te-
deficiente.” (BOWLBY,1981, p.270). nham sido.
Crianças de três, quatro anos separadas e privadas de Mesmo a privação sendo causada pela relação distorcida,
suas mães, tornam-se claramente hostis. ainda assim, a criança é fiel aos pais.
A mãe, por sua ausência, passa a ser uma pessoa odiada. Inúmeros são os estudos de psiquiatras e psicanalistas
que buscam explicar a distúrbio mental relacionada a uma
A hostilidade pode ser manifestada de várias formas: bir- perda, seja esta pelo luto ou pela separação, sentida pelo
ras, violências, fantasias contra seus pais. adulto, jovem ou criança.
Todo este ódio é fruto do sentimento de abandono pela O fato é que perder uma pessoa amada é uma das expe-
mãe ou ambos os pais, levando a criança a um conflito de riências mais intensamente dolorosas que o ser humano pode
ambivalência, de amor e ódio. sofrer e, quando pensamos que esta experiência pode tam-
bém atingir uma criança, voltamos nossa atenção a esta fase
Este sentimento conflitante produz angústia e depressão e que significa a base para o bom desenvolvimento do indivi-
provoca um comportamento agressivo e delinquente. duo: a infância.
Em casos extremos, também pode levar ao suicídio como Estudiosos ou não, todas as pessoas se preocupam com
alternativa de assassinato dos pais. os infortúnios que uma criança possa passar, principalmente
porque ela é um ser humano totalmente, frágil, sensível e tão
O fato de a criança estabelecer relações e posteriormente cedo já se depara com espinhos da vida.
perde-las, causa o medo de ser ferido de novo, levando-a a
se afastar do contato humano, a se fechar em si mesma e Mas nem sempre os adultos preferem enxergar esse tão
evitar maiores frustrações. doloroso sofrimento da perda ou privação, vivenciada pela
criança.
Como consequência, acaba perdendo a capacidade de
estabelecer relações afetivas, sem perder o seu desejo de Preferem acreditar que a criança se esquecera da mãe, ou
amar, que fica reprimido. que não sabe o que está acontecendo, como se ela fosse
uma lousa onde tudo que vivenciou pudesse ser apagado e
A repressão deste desejo de amor é que leva a compor- escrito uma nova vida.
tamentos como relações sexuais promíscuas, frutos e senti-
mentos de vingança. Embora esta fosse a vontade de muitos, observações
mostram que o desejo de retorna da mãe persiste na criança
Crianças que sofreram privação total, não apresentarão as e que esta persistência vem carregada de uma hostilidade;
mesmas características, pois já têm o seu desenvolvimento também revelam que até as crianças pequenas tem capaci-
emocional prejudicado, ou seja, não formaram vínculos afeti- dade de reter na memória seu modelo de mãe ausente e se
vos. lembram dela durante a permanência com pessoas estra-
nhas.
Seus sintomas são considerados mais graves, se relacio-
nam com outras pessoas de forma superficial, não demons-
trando sentimentos verdadeiros, são incapazes de se interes-
Contrariamente, parece negligenciar os níveis do desen- Além da capacidade de percepção, a criança esta cons-
volvimento que não recebem esta aprovação (FREUD. A. tantemente sendo estimulada a perceber o meio que a cerca.
1971).
Ela sente-se mais atraída pelos estímulos de origem soci-
Isto que dizer que as atividades aclamadas pela mãe são al, como o rosto humano.
repetidas com mais frequência, tornando-se libidinizadas e,
por tanto, são estimuladas em sua evolução. Sem dúvida, o estimulo mais relevante para o bebê é
aquela pessoa que cuida dele: a mãe.
Tudo isto significa que quando há um desequilíbrio em al-
gumas etapas do desenvolvimento infantil como um todo, eles O rosto humano é dotado de características que atraem o
podem ter sido criados por situações externas; especifica- bebê, como o brilho dos olhos, o contraste entre o cabelo e a
mente para este estudo, pela privação afetiva da mãe. fronte, o contraste entre os olhos e a boca, cor, movimento,
expressões faciais e um outro estimulo sonoro que a criança
As etapas pelas quais passa a criança pequena desde a gosta: a voz humana que sai da boca.
sua completa dependência corporal e emocional até a sua
autoconfiança e amadurecimento sexual seguem uma linha Tanto sua capacidade de aprendizagem quanto, sua atra-
gradual de desenvolvimento, que vai fornecer a base para o ção por estímulos sociais, fazem com que a criança esteja em
que é normal ou anormal, em relação ao emocional do indivi- condições ideais para iniciar o processo de assimilação de
duo. valores, normas e formas de agir que seu grupo social irá
transmitir-lhe.
As etapas do desenvolvimento recebem a contribuição do
id e do ego em formação. A transição cultural que envolve regras, valores, costume,
atribuição de papeis, ensino da linguagem, habilidades e
A disposição da criança para enfrentar acontecimentos conteúdos escolares, é realizada através de determinados
que geram angustia e ansiedades, como por exemplo, o nas- grupos sociais encarregados de incorporar a criança á socie-
cimento de um irmão, hospitalização, entrada na escola, etc., dade.
é vista como resultado direto do progresso em todas as linhas
de seu desenvolvimento.
Há uma sociedade estabelecida dentro do par mãe-filho, As perturbações que a personalidade e consciência po-
onde as trocas estão em fluxo contínuo, cada um deles é o dem passar geralmente se devem a distúrbios sofridos em
complemento do outro, enquanto a mãe fornece o que o bebê etapas importantes do desenvolvimento infantil como: a fase
precisa e o bebê por sua vez, fornece o que a mãe precisa na qual o bebê está a caminho de estabelecer uma relação
para sentir-se bem. com uma pessoa que identifica claramente a mãe, por volta
dos cinco ou seis meses; a fase na qual ele necessita da
A partir do inicio da vida, a mãe é o parceiro do filho que presença constante da mãe, geralmente até o seu terceiro
serve de mediador a toda percepção, toda ação, todo conhe- aniversário; a fase na qual a criança começa a relação com a
cimento. mãe mesmo quando ela está ausente.
Quando os olhos do bebê seguem cada movimento da São estes os processos que são prejudicados pela priva-
mãe, quando ele consegue fixar-se no rosto da mãe de forma ção, impedindo que a personalidade e consciência se desen-
preferencial às outras coisas externas, devido às trocas afeti- volvam bem.
vas continuas, este rosto materno assumira cada vez mais um
significado maior. Se o comportamento da criança é impulsivo e descontro-
lado e ela não é capaz de ter objetivos em longo prazo porque
Esta seleção faz parte de um processo de aprendizagem, cede aos prazeres momentâneos, se seus desejos são ou
onde são de extrema importância os sentimentos das mães devem ser todos realizados, se não há um poder de se auto-
em relação ao seu filho. contentar, é porque sua personalidade foi incapaz de apren-
der com a experiência, resultado este da falta da mãe que
A mãe oferece um clima emocional favorável e uma varie- deveria agir como uma consciência da criança pequena.
dade de experiências vitais: o que tona estas experiências tão
importantes para a criança é o fato de que elas são enriqueci-
das e caracterizadas pelo afeto materno.
Segundo a teoria psicanalítica, a probabilidade de uma A vocalização do bebê, que no inicio servia para descar-
criança permanecer mentalmente saudável está relacionada regar as tensões, agora passa por modificações e torna-se
com a capacidade de seu ego para arcar com as ansiedades, um jogo onde a criança repete e imita sons que ela mesma
isto é, o ego é mediador entre o eu e o meio ambiente, capaz produziu.
de tolerar as frustrações.
A criança percebe sua vocalização por volta dos três me-
Este ego só pode se desenvolver de forma saudável se a ses, repete-os e, mais tarde, utiliza estas experiências ao
criança tem assegurada em sua infância a permanência da imitar os sons que ouve de sua mãe.
pessoa capaz de lhe proporcionar esta experiência: a mãe ou
a mãe substituta. Normalmente o meio social oferece um modelo de uso da
linguagem, adaptado aos modos de vida e ao tipo de intera-
Mas por que a criança que sofre privação tem prejudicada ções habituais nesse meio social.
a sua capacidade de raciocínio abstrato?
Uma família que possui um bebê pode, por exemplo, utili-
Ora, a mãe é considerada nos primeiros anos de vida da zar um notável e comum modelo de fala, onde tende a simpli-
criança, como sua personalidade e consciência. ficar a fala dirigida à criança pequena, adaptando-se à capa-
cidade do bebê ou, mais exatamente, a uma melhor interpre-
A criança institucionalizada, geralmente, nunca teve esta tação e de consequência otimizadora da capacidade do bebê:
experiência e consequentemente não pôde completar a pri- é a fala maternal, que dura até por volta dos dois anos.
meira fase do desenvolvimento estabelecendo uma relação
com a figura materna claramente definida. Depois desta idade, a criança consegue regular, com o
adulto, o diálogo sem se acomodar ao interlocutor infantil, e
A sucessão de substitutos ou de outros agentes disponí- vai aproximando sua fala ao padrão.
veis para seus cuidados, não lhe deu a continuidade no tem-
po, que faz parte da essência da personalidade. A fala maternal usa procedimentos que facilitam a com-
preensão: ela é simples e repetitiva como, por exemplo, au-au
Como as crianças de instituição nunca foram cuidadas por para referir-se a cachorro, piu-piu para passarinho e mamá
uma única e permanente pessoa, não tiveram oportunidade para mamadeira, além de ser enfática, com pronunciação
de aprender os processos de abstração e de organização do lenta e rítmica, de acentuação e entonação muito marcadas e
comportamento no tempo e no espaço. frequentemente acompanhadas de gesticulação vocal.
Ao contrario daquelas que vivem com suas famílias, den- A pronunciação das vogais é prolongada, busca a facilita-
tro deste grupo, a criança é encorajada a expressar-se tanto ção do significado com o apoio dos gestos e refere-se tão
socialmente quanto nas brincadeiras; já se tornou um ser com somente ao contexto linguístico acessível, ou seja, situa-se
características próprias para sua família, sabe das coisas que unicamente no presente.
ela gosta e que não gosta e ela própria esta aprendendo a
modificar seu ambiente, levando as pessoas a fazer o que ela É uma fala carregada de entonação suave e carinhosa.
quer.
A fala da criança de dois ou três anos compartilha muitas
Estas práticas são importantes para o desenvolvimento da vezes destas características e somente começa a se asseme-
personalidade e isto não ocorre dentro de uma instituição lhar à fala convencional quando os adultos próximos abando-
para crianças abandonadas e longe de suas famílias. nam o estilo maternal e proporcionam outras formas comuni-
cativas usuais.
Se a criança sofre a privação na segunda fase, a qual ela
precisa constantemente da figura da mãe para sentir-se segu- Portanto, uma das primeiras experiências de aprendiza-
ra, defronta-se com uma situação na qual se sente apavorada gem da aquisição da fala, se dá na inter-relação mãe-filho,
e frente a tarefas que sente como impossíveis. que facilita e precede a aquisição da linguagem propriamente
dita.
No entanto, não basta apenas a afetividade, mas a comu- Porém, dando mais ênfase nesse processo relacionado á
nicação que se estabelece nesta interação. Psicanálise e a importância da interação que a criança tem
com sua mãe.
Através da comunicação, as interações podem tornar-se
mais complexas, pois surge no contexto o mundo dos objetos Uma das explicações encontradas, diz respeito á incorpo-
externos aos jogos de mãe e filho. ração de uma determinada palavra: o não.
Coll (1995), falou da relação entre estes jogos e a aquisi- Spitz (1998) refere-se á compreensão que a criança ad-
ção da linguagem. quire sobre proibições, como um dos mais importantes requi-
sitos para a comunicação humana.
Este autor emprega o nome de formato para descrever es-
tas interações triangulares (mãe-filho-objeto). A partir do momento que a criança aprende a andar e foge
ao controle da mãe, ocorre uma mudança significativa na
Em suma, distingue: comunicação entre mãe e filho.
- Formatos de ação conjunta: situações nas quais o adulto Há uma maior predominância da palavra não, de modo
e a criança agem conjuntamente sobre um objeto, como: que a intervenção materna tem que basear cada vez mais em
“jogo de dar e tomar”, “o jogo de tirar e colocar”; gestos e palavras.
- Formatos de atençãoconjunta: situações nas quais o Desde que a locomoção é adquirida, o cantarolar, os bal-
adulto e a criança observam conjuntamente um objeto, como: bucios de antes e os contatos corporais frequentes, que são
jogos de indicação e jogo de leitura de livros e gravuras, etc.; diminuídos, se transformam em ordens, proibições e reprova-
ções.
- Formatos mistos têm as características da ação e aten-
ção conjunta, como o jogo do “cuco”, onde se esconde e faz- O que a mãe mais fala agora é ”Não! Não!” e dizendo isto
se reaparecer algo. também balança a cabeça e faz sinal com o dedo indicador,
impedindo a criança de fazer o que estava pretendendo.
Em primeiro lugar, o domínio das habilidades comunicati- Não é apenas um sinal, mas um signo da atitude da crian-
vas é conseguido no contexto das relações individuais em ça, consciente ou inconsciente.
situações variadas.
Trata-se do primeiro conceito abstrato formado na mente
Em segundo lugar, as tarefas envolvidas precisam ser mo- da criança.
tivantes para a criança.
O meneio negativo de cabeça não é apenas imitação do
As palavras que a criança incorpora relacionam-se direta- gesto da mãe.
mente ao contexto que vivencia e são utilizadas neles.
A criança é quem escolhe a situação em que vai usar o
As primeiras palavras são empregadas, em primeiro mo- gesto e, depois a palavra.
mento, de forma contextualizada, para posteriormente serem
utilizadas referencialmente em outras situações, como é o Quando a criança recusa algo que a mãe deseja ou ofere-
caso da criança que aprendeu a palavra “acabou” e a utiliza ce, é como se ela fosse imitar, como se o gesto negativo da
tanto para referir-se a algo que realmente acabou, quanto mãe tivesse sido registrado na memória da criança.
para alguma ação que queira realizar.
Segundo a teoria da psicanalítica, todo “Não” da mãe re- Quanto aos problemas emocionais que favorecem as Difi-
presenta uma frustração emocional para a criança. culdades de Aprendizagem, principal item abordado neste
Artigo, aparecem a Depressão Infantil e do Adolescente, a
Há uma carga afetiva de desprazer que acompanha a Ansiedade de Separação na Infância e a Privação Materna.
frustração e que provoca um impulso afetivo do id.
Algumas inibições, sintomas e ansiedades surgem quando
Um traço de memória é registrado no ego da proibição e uma determinada fase do crescimento impõe exigências ex-
será investido com esta catexia agressiva. cessivas à personalidade da criança, ou seja, quando a crian-
ça ainda não está apta ou preparada para passar por deter-
A criança passa a viver no conflito entre a ligação libidinal, minadas situações; se tais sintomas não forem mal conduzi-
que a atrai para a mãe, e a agressão provocada pela frustra- dos pelos pais ou professores podem desaparecer logo que a
ção que esta mesma mãe lhe impõe. adaptação ao nível do desenvolvimento tiver sido feita.
Entre o desprazer de se opor á mãe, arriscando-se a per- Geralmente, os sintomas patológicos não causam o sofri-
der o objeto, a criança recorre a um mecanismo de defesa, a mento da criança, mas sim as ações restritivas dos pais.
“identificação com o agressor”, conforme foi descrita por Anna
Freud (1971). Até a enurese e encoprese (ato de urinar e defecar na
roupa) podem ser ignorados e não vistos como humilhantes
Esta identificação com o agressor será seguida, por um pela criança aflita, mostrando que elas sofrem menos do que
ataque contra o mundo exterior. os adultos de suas psicopatologias, porém sofrem mais que
eles de outras tensões a que são expostas: as crianças pe-
Na criança de quinze meses, este ataque assume a forma quenas sofrem de todo e qualquer racionamento, demora e
do ”Não” primeiro o gesto o depois a palavra que a criança frustrações que imponha às suas necessidades corporais e
obtém do objeto libidinal. derivadas de impulso; sofrem em virtude de separações de
seus primeiros objetos de amor, seja qual for o motivo que
Devido a numerosas experiências de desprazer, o “Não” é eles ocorreram; em virtude de decepções reais ou imaginadas
investido co catexia agressiva. causadas por tais objetos; sofrem de ansiedades causadas
pelo complexo de Édipo e complexo de castração, por culpas,
Isto torna esta palavra apropriada para expressar agres- fantasias, etc.
são, e é por isso que o “Não” é usado no mecanismo de defe-
sa de identificação com o agressor e é voltado contra o objeto Até uma criança normal pode sentir-se infeliz por vários
libidinal. destes motivos, inclusive os fantasiosos, levando-a a reagir
emocionalmente com variados comportamentos.
Uma vez que este passo tenha sido completado, pode
começar a famosa fase de teimosia, com a qual marca o Em contrate, é a criança obediente, quieta e resignada
período do segundo ano de vida. que deve ser desconfiada pelos adultos de que processos
anormais estão atuando nela.
Outras patologias que prejudicam a aprendizagem.
As crianças tidas como boas e quietinhas, isto é, que acei-
É muito importante a avaliação global da criança ou do tam sem protestar qualquer condição desfavorável, pode
adolescente, considerando as diversas possibilidades de estar agindo assim porque sofrem de algum dano no desen-
alterações que resultam nas Dificuldades de Aprendizagem, volvimento do ego e uma passividade do lado de seus impul-
para que o tratamento seja o mais especifico e objetivo possí- sos (FRUD, A., 1971).
vel.
As crianças que separam com muita facilidade de seus
Algumas Dificuldades de Aprendizagem englobam, princi- pais podem assim proceder porque não formaram relações
palmente, as chamadas disfunções cerebrais, como Transtor- normais; não sentir aflição e ansiedade quando há ameaça de
no da Leitura, Transtorno da Matemática e Transtorno da perda de amor não é sinal de saúde e forca numa criança, ao
Expressão Escrita, bem como os transtornos da linguagem contrario, está longe de ser saudável, pois não protestar se
falada. aproxima “da primeira indicação de renuncia autístita ao mun-
do dos objetos” (FREUD, A., 1971, p.109).
Outras Dificuldades de Aprendizagem seriam consequen-
tes a alterações biológicas especificas e bem estabelecidas e A depressão infantil como consequência da privação.
Embora na maioria das crianças, os sintomas de depres- Separar, seja qual for a razão, uma criança pequena de
são sejam atípicos, algumas podem apresentar sintomas sua mãe, durante o período de unidade biológica entre am-
clássicos como tristeza, ansiedade, expectativa pessimis- bas, representa uma interferência injustificada com as mais
ta,mudanças no habito alimentar e no sono, ou por outro lado, importantes necessidades que acompanham o bebê.
problemas físicos como dores inespecíficas, fraqueza, tontu-
ras, mal estar geral que não respondem ao tratamento médico Como tal, a criança reage com aflição legítima, a qual só
habitual. pode ser avaliada pelo regresso da mãe ou, a mais longo
prazo, pelo estabelecimento de vínculos com uma mãe substi-
Em crianças e adolescentes a Depressão, em sua forma tuta.
atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob
uma máscara de irritabilidade, hiperatividade e rebeldia. Não devemos esperar que todas as crianças manifestem
um padrão muito regular de crescimento e se mostrem mais
As crianças mais novas, devido à falta de habilidade para avançadas ou atrasadas em determinadas fases de suas
a comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emoci- vidas do que em outras.
onal, também manifestam a Depressão atípica com hiperativi-
dade. Estas desarmonias em etapas do desenvolvimento infantil
só se convertem em patologias se houver um desequilíbrio
A Depressão na criança e no adolescente pode ter inicio grande na personalidade, necessitando para isto, uma avalia-
com perda de interesse pelas atividades que habitualmente ção psicológica.
eram interessantes, manifestando-se como uma espécie de
aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, es- Determinar os distúrbios de uma criança no presente, bem
portes, sair com amigos, etc., além de apatia e redução signi- como opinar a respeito da probabilidade de saúde ou doença
ficativa da atividade. mental futura, depende não só dos detalhes da desordem
infantil existente, mas também de certas características fazem
Às vezes pode haver tristeza. parte da constituição do individuo, isto é, são inatas ou adqui-
ridas sob as influencias das primeiras experiências do bebê,
Ainda aparece diminuição da atenção e da concentração, como o trabalho procurou mostrar no segundo capitulo sobre
perda de confiança em si mesmo, sentimento de inferioridade o desenvolvimento social.
e baixa auto-estima, ideia de culpa e inutilidade, tendências e
ideias ao suicídio. Num primeiro momento, é a mãe que age como a perso-
nalidade da criança, e desta interação poderá ou não ocorrer
Na criança e adolescente é comum a Depressão acompa- a formação de distúrbios.
nhada também de sintomas físicos, tais como fadiga, perda
de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas tais Na medida em que os distúrbios dessa ordem são devidos
como cefaléias, lombalgia, dores nas pernas, náuseas, vômi- á influencia do meio ambiente, podem ser eliminados se mé-
tos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. todos diferentes de assistência á criança forem empregados,
desde o principio.
Quanto ao comportamento, a Depressão na Infância e
Adolescência pode causar deterioração nas relações com os Porém, uma vez gerados, as consequências não podem
demais familiares e colegas, perda de interesse e isolamento. ser removidas, nem mesmo que se façam mudanças benéfi-
cas na forma de tratamento.
As alterações cognitivas da Depressão Infantil, principal-
mente a relacionadas à atenção, raciocínio e memória, inter- O tratamento inconsiderado das primeiras necessidades
ferem fundamentalmente no rendimento escolar. infantis tem ainda outras repercussões no desenvolvimento
patológico.
Tendo em vista o fato de ser possível que muitos sintomas
relacionados apareçam naturalmente como parte das etapas Em seu avanço para a independência e autoconfiança, a
normais de desenvolvimento da infância e adolescência, para criança aceita a inicial atitude, gratificadora ou frustradora, da
estabelecer um diagnóstico provável de Depressão, é neces- mãe como um modelo que imitará e recriará em seu próprio
sário avaliar sua situação familiar, existencial, seu nível de ego.
maturidade emocional e, principalmente, sua auto-estima e
conduta. Quando a mãe compreende, respeita e satisfaz os desejos
da criança, até onde for possível, há boas probabilidades de
que o ego infantil mostre igual tolerância.
É através deste relacionamento tão especial, que se con- E mesmo que o tenha, fica difícil aprender tendo uma per-
segue a canalização das pulsões direcionadas no objeto libi- sonalidade prejudicada.
dinal e se estabelece o modelo para todas as relações huma-
nas posteriores, incluindo a identificação positiva com um A criança com carência em todos os sentidos da palavra
professor. tem necessidade de um ambiente cujo objetivo seja o cuidado
e o afeto e, por último, o ensino.
A privação de relações afetivas impede o individuo de ini-
ciar ou manter, com outros adultos da sociedade, relações Em outras palavras, para a criança que sofre privação, a
interpessoais capazes de ir além dos limites do benefício escola pode se apresentar para ela como um lugar de pouca
econômico imediato. importância, ou como um “abrigo”. “lar substituto”, “prisão”, e
as varias conotações que cada um destes termos tem para
Em nossa sociedade ocidental, por exemplo, mudanças suas fantasias inconscientes.
de condições sociais, em consequência de transformações
econômicas, ideológicas, tecnológicas e outras que foram Por isso, os cuidados e o ensino de crianças carentes que
impostas, modificam o quadro das relações mãe-filho. sofrem de privação, não devem se restringir apenas aos pro-
fessores, mas paralelamente, orientar-se com o trabalho de
Nos últimos séculos, fomos sujeitos a algumas transfor- um profissional especializado.
mações fundamentais como a rápida deterioração da relação
mãe-filho, iniciada com o advento da industrialização da pro- O não aprender, para tais crianças, diz respeito aos afetos
dução, onde as mães foram recrutadas para o trabalho nas e vínculos formados com a mãe, ou a ausência desta.
fábricas, de tal forma que elas foram afastadas de sua família
e de suas atividades domesticas. Por tanto, o estudo deste trabalho torna-se pertinente à
medida que crianças institucionalizadas, privadas de afeto
Este tipo de separação preparou o cenário para uma rápi- materno e que não desfrutam de um convívio familiar original,
da desintegração do modelo tradicional de família em nossa ainda têm, pelo menos, garantido o direito a educação e o
sociedade ocidental. direito de aprender.
Este fator torna-se mais grave ainda quando tais proble- A presença da mãe é de grande importância para o bebê,
mas se perpetuam num circulo vicioso, onde filhos que sofre- a mais decisiva influência no desenvolvimento dos vários
ram falta de afeto crescem incapazes de cuidar e amar de setores de personalidade do ser humano em formação. A
maneira adequada seus próprios filhos. comunicação entre a mãe e o bebê fornece a estrutura para a
psique infantil. Existe uma troca onde a mãe percebe o afeto
O progresso do desenvolvimento suscitou novas soluções do filho e vice-versa numa comunicação não-verbal. As prin-
para os problemas enfrentados: surgiram mais instituições de cipais coisas que uma mãe faz com o bebê não podem ser
abrigo, serviços de adoção, creches de período integral, clíni- feitas através de palavras. É de grande importância que a
cas de aconselhamento para crianças e adolescente, “baby primeira relação da criança seja satisfatória com a mãe, pois
sitters”, bem como um maior número de formação de psiquia- todas as futuras relações sociais serão baseadas nesta rela-
tras, psicólogos e o surgimento da própria Psicopedagogia. ção. Aqui começa o processo que vai transformar o bebê num
ser humano. Uma relação primitiva satisfatória com a mãe
Sob o aspecto social, as relações objetais perturbadas no implica em contato íntimo do inconsciente da mãe com o da
inicio da infância, sejam elas desviadas, impróprias ou insufi- criança;
cientes, têm consequências que colocam em risco a própria Conforma nos mostra o Dr. Winnicott, o bebê tem uma ne-
base da sociedade. cessidade vital de ter alguém que lhe facilite "os estágios
iniciais dos processos de desenvolvimento psicossomático da
Sem um modelo, as vitimas de relações objetais perturba- personalidade mais imatura e absolutamente dependente que
das apresentarão consequentemente, deficiência na capaci- é a personalidade humana"(1988). Por mais que a mãe impo-
dade de se relacionar. nha frustrações aos impulsos do bebê, jamais a boa mãe
deixa de apoiá-lo. O apoio dado pelo ego da mãe ao ego em
Não poderão adaptar-se a sociedade. formação do bebê precisa ser digno de confiança.
Tais indivíduos serão incapazes de compreender e, sobre- O bebê forma sua psique e seu soma (corpo) a
tudo, de descobrir e de partilhar os vínculos nas relações que partir da total dependência da mãe. A existência psicossomá-
nunca tiveram. tica do bebê realiza-se através deste relacionamento, onde a
mãe é o primeiro objeto para o bebê. O bebê começa aos
Um importante traço do comportamento de apego é a in- A intensidade e a precocidade dessas situações podem
tensidade da emoção que o acompanha, o tipo de emoção provocar importantes falhas no desenvolvimento infantil e,
que surge de acordo com a relação entre a pessoa apegada e embora muitos autores definam diagnósticos de personalida-
Os distúrbios graves de personalidade de tipo Borderline Ana é a primogênita de Pedro, 28 anos e Paula, 24. Juli é
ou pré-psicótico são exemplos de diagnósticos possíveis em o nome da segunda filha, atualmente com 1 ano e 8 meses.
crianças, segundo as ideias desenvolvidas pelo autor acima Pedro e Paula se casaram quando tinham, respectivamente,
referido. O elemento dinâmico central deste tipo de funciona- 20 e 16 anos, tendo Paula engravidado de Ana quando esta-
mento mental em crianças são as manifestações depressivas va com 18 anos. A 1ª gravidez, planejada, foi marcada pela
contra as quais se acionam mecanismos defensivos psicóti- ameaça de aborto, aos cinco meses de gestação, obrigando
cos para lidar com angústias depressivas muito violentas, Paula a se submeter a um tratamento vitamínico e a perma-
geralmente originárias das intensas privações objetais nos necer em repouso nos meses seguintes. Neste período, Pe-
primeiros anos de vida. dro responsabilizou-se pelos serviços domésticos e pela ma-
nutenção da casa.
Nesta luta contra a depressão que, na verdade, denuncia
sérias dificuldades na integração dos objetos bons e maus Em relação ao sexo de Ana, Paula desejava uma menina,
internalizados que ora gratificam, ora frustam, a criança utiliza enquanto Pedro, um menino. Apesar de Pedro, nos primeiros
mecanismos defensivos cujas manifestações clínicas apon- momentos ao nascimento, não se aproximar da filha, passou
tam para um polimorfismo sintomático característico da orga- a dispender muitos cuidados a ela, chegando inclusive a im-
nização limítrofe. pedir que outros dela se aproximassem.
A variedade dessas apresentações é tanta que, na maioria No período pós-parto, Paula passou a primeira semana na
das vezes, diversos sintomas aparecem concomitantemente casa de sua mãe, retornando para seu lar devido às constan-
na criança: distúrbios do sono, da alimentação, da linguagem, tes solicitações do marido, que passou então a cuidar de
da aprendizagem escolar e do comportamento. A instabilida- ambas. Ana, desde os primeiros meses de vida, passou por
de psicomotora, nesses casos, pode ser compreendida como várias hospitalizações. Quando estava com 1 mês e 4 dias,
um estado reacional a uma situação traumatizante ou ansio- ficou internada em um hospital por 4 semanas com pneumo-
gênica para a criança; uma resposta a uma angústia perma- nia. Paula relata que "entrouxava tanto a menina que até tirar
nente, em particular quando dominam mecanismos mentais a última pecinha de roupa, a menina já tava resfriada" (sic).
persecutórios projetivos; ou uma defesa maníaca face às Com mais alguns meses, Ana foi internada novamente, desta
angústias depressivas. vez, por desidratação, devido ao desconhecimento de Paula
quanto a alguns cuidados necessários, como oferecer água
... quanto mais jovem for a criança, mais facilmente passa para o nenê, se este não estivesse mamando no peito. Paula
pelo corpo sua maneira de expressar uma indisposição ou não amamentou Ana, pois segundo ela, o tratamento vitamí-
uma tensão psíquica. A atuação é, no início, a modalidade nico realizado durante a gestação, teria deixado um "gosto e
mais espontânea e mais natural de resposta (Ajuriaguerra, cheiro ruins no leite, gosto de remédio" (sic). Aos 2 anos de
1986, p.96). idade, Ana quebrou o braço em função de uma queda, quase
sendo atropelada meses mais tarde nas redondezas onde
Quanto às manifestações clínicas, além das acima referi- morava.
das, Palácio-Espasa (1997) complementa ressaltando que
quando é pequena (entre 4 e 7 anos), a criança borderline O despejo do condomínio onde residiam e o desemprego
apresenta muitas vezes distúrbios do humor de origem hipo- de Pedro levaram-nos a morar no mesmo terreno da família
maníaca: excitação, euforia, familiaridade excessiva, hiperati- de Paula. Nessa época, além da mãe, do pai e do irmão, da
vidade, temas de grandeza etc. Na idade de latência, sobre- mesma idade de Ana, 3 anos, moravam no mesmo terreno
tudo tardia, observam-se mais frequentemente manifestações outro irmão e a cunhada. O relacionamento de Ana com o tio,
de linha depressiva: tristeza, desaceleração psicomotora com segundo a mãe, "nunca foi bom, pois sempre brigaram muito,
inibições importantes, ideias e sentimentos de autodesvalori- tendo até que trocar o horário do colégio de Ana porque,
zação, temas de perda. estudando na mesma turma, só brigavam" (sic).
Um dos sintomas frequentes em crianças borderline é a Em relação ao desenvolvimento da linguagem, Paula refe-
perturbação do curso do pensamento, estreitamente vincula- re que as primeiras palavras de Ana, aos 6 meses, foram
do à enorme intensidade da problemática depressiva. Esses "papá" e "óó", referindo-se à avó. Apesar de suas tentativas,
distúrbios do pensamento não se caracterizam por uma incoe- Ana respondia negativamente com a cabeça quando Paula
rência persistente como nas psicoses desorganizadoras, mas tentava explicar-lhe que era sua mãe. Por muitas vezes, Ana
por uma irrupção do processo primário em um processo de dirigiu-se à avó (por quem Ana, segundo Paula, sempre culti-
pensamento sob a égide do processo secundário. Esta per- vou muito afeto), chamando-a de mãe.
turbação específica do pensamento simbólico dessas crian-
ças baseia-se no surgimento intermitente de fantasias arcai- Apesar da tranquila entrada de Ana na escola, a repetên-
cas agressivas, compreendidas como uma tentativa de diluir a cia e seus sintomas clínicos intensificaram-se com o nasci-
angústia depressiva face às possibilidades libidinais restritas mento da irmã, Juli. Segundo a mãe, há muito tempo a pro-
dessas crianças (Palácio-Espasa, 1997). fessora já vinha reclamando de sua dificuldade de concentra-
ção, inquietude na classe e resistência em desenvolver as
Caso clínico atividades solicitadas.
Para ilustrar o artigo, será apresentado um caso conduzi- Ao todo, foram realizados vinte atendimentos: três entre-
do através de psicoterapia breve. O caso é o de Ana, uma vistas com a mãe (coleta de dados) e dezessete com Ana
menina de oito anos de idade encaminhada pela escola ao (avaliação e início do atendimento psicoterápico). Além des-
Ambulatório de Psicologia Infantil do H.S.L., em função de tes, foram realizados exames complementares e aplicação de
estar repetindo a 1ª série do 1º grau e apresentar insuficiente testes psicológicos.
rendimento escolar (notas baixas, dificuldades na escrita e na
leitura, por exemplo). Além destes, a mãe refere sintomas
Através da história de vida e dos sintomas apresentados A relação de objeto que se estabelece, portanto, é uma
por Ana, é possível identificar importantes falhas no seu pro- dependência anaclítica permeada constantemente pelo temor
cesso primário de estruturação psíquica. A atuação psicomo- e o perigo imediato de perda. A estrutura egóica de Ana nes-
tora, a hiperatividade e a impulsividade, associados às dificul- tas condições caóticas e estressantes desenvolve menos
dades em relação aos processos de simbolização, elaboração recursos para lidar com a realidade, utilizando mecanismos
e identificação, revelam comprometimentos significativos na diretos na expressão de seus estados internos extremamente
evolução pelas fases do desenvolvimento infantil normal. desorganizados.
Os inúmeros acidentes sofridos por Ana desde o seu nas- Nos atendimentos realizados com Ana, este tipo de rela-
cimento corroboraram a significativa falha de Paula no exercí- ção objetal tem suas manifestações caracterizadas por com-
cio do papel materno: oferecer, através dos cuidados físicos e portamentos de desconfiança e exitação, através dos quais se
afetivos, base segura e continência ao desenvolvimento nor- evidencia uma intensa necessidade de testar o ambiente e a
mal da filha, funções estas destacadas por Bowlby (1988). Os reação do outro (terapeuta) em atitudes que expressam suas
perigos a que ficou exposta, principalmente nos três primeiros ansiedades e focos conflitivos.
anos de sua vida, considerados fundamentais para a estrutu-
ração psíquica, denotam a negligência materna no estabele- Nesse contexto, tomando o aporte teórico de Palácio-
cimento, através do vínculo afetivo, de vivências de relação Espasa (1997) acerca da possibilidade de inferir diagnóstico
calorosa, íntima, reconfortante e prazerosa com a mãe. Esses precoce na infância, pode-se compreender a hiperatividade
perigos provavelmente foram registrados psiquicamente como como um estado reacional a situações traumatizantes e an-
descuido e desapego maternos. A superproteção de Paula, siogênicas, assim como uma forma de defesa maníaca face
nesse contexto, pode ser compreendida como uma atitude às angústias depressivas que, se identificadas, tornar-se-iam
reparadora de sua inabilidade materna, apesar de ter, na letais. Diante dessa situação, Ana expressa, através do poli-
verdade, provocado muitas das situações traumáticas. morfismo sintomático, suas relações objetais iniciais frustran-
tes e sua incapacidade para lidar com situações ansiogêni-
De acordo com Mahler (1993), estabeleceu-se, pois, uma cas.
relação simbiótica e fusional entre mãe e filha, cujos fins evo-
lutivos não foram atingidos, pois não ofereceu os subsídios O grau destas dificuldades pôde ser observado, por
necessários para sua superação e suas aquisições caracterís- exemplo, na realização do Teste da Família, no qual a pacien-
ticas. te, solicitada a desenhar as pessoas que compõem seu grupo
familiar, desenhou, num primeiro momento, a fachada de sua
O desenvolvimento do núcleo de confiança básico (Bowl- casa, numa expressão concreta de sua realidade. A realiza-
by, 1989), através do qual a criança, encorajada a explorar o ção correta desta tarefa só foi alcançada, embora o tenha
mundo externo, adquire confiança em si mesma e nos demais sido de forma parcial, pois representou parte de sua família,
indivíduos, ficou comprometido. Ana demonstra dificuldades com a repetição das instruções e com a realização de vários
De acordo com as ideias desenvolvidas até aqui, observa- Embora esse atendimento em particular tenha sido auxili-
se precursores de um delineamento borderline, principalmen- ado pela área médica no esclarecimento dos sintomas da
te se forem levadas em consideração as falhas e as dificulda- paciente (Neuropediatria), destaca-se a importância da inter-
des apresentadas por Ana nas relações objetais, no processo face profissional se articular de forma mais precoce. O aten-
de simbolização, na incapacidade para controlar seus impul- dimento psicológico, integrado a outros atendimentos, num
sos, bem como no sintoma de hiperatividade. Entretanto, trabalho efetivamente interdisciplinar, convergiria para a pre-
mesmo apesar dos poucos recursos egóicos e da prevalência venção primária de saúde mental, potencializando a qualida-
de mecanismos de defesa primitivos, a fase evolutiva da pa- de de vida das pessoas envolvidas (paciente e familiares).
ciente, 8 anos de idade, apenas permite fazer suposições a
Mãe é a que cria: o significado de uma maternidade
respeito de seu desenvolvimento e prognóstico. Ela ainda
substituta
está em fase de estruturação e, como tal, apresenta terreno
fértil para potencializar seus recursos e aumentar suas capa- Cinthia Mendonça Cavalcante; Maria Salete Bessa Jor-
cidades socioafetivas. ge
Em termos de prognóstico, verifica-se seu caráter reser- No Brasil, de acordo com o Estatuto da Criança e do Ado-
vado, levando-se em consideração o comprometimento atual lescente (ECA), "toda criança ou adolescente tem direito a ser
de Ana, suas limitações cognitivo-sociais e seus sintomas criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente,
atuais, ao passo que, considerando o ambiente no qual está em família substituta, assegurada a convivência familiar e
inserida, este caráter modifica-se para grave, face às dificul- comunitária…" (art. 19). No entanto, esse é um direito ainda
dades estruturais do ambiente familiar, assim como às nítidas não plenamente assegurado a um grande número de crianças
confusões de papéis existentes. Esse prognóstico é cauteloso brasileiras desde os séculos passados.
no sentido de expressar a necessidade de intervir nesta di- Segundo Orlandi (1985), na antiguidade era muito comum
nâmica, em face de seus antecedentes e a sua atual situação. usar crianças como objetos de rituais de magia e sacrifício. O
Em hipótese alguma, caracteriza-se como um entendimento infanticídio, o abandono, castigos e espancamentos eram
fechado e acabado, pois, se assim o fosse, o objetivo princi- práticas usuais cometidas contra crianças nessa época (Àries,
pal de toda e qualquer intervenção terapêutica estaria des- 1981; Perrot, 1992; Trindade, 1999; Silva, Silva, Nóbrega &
respeitando o eixo básico que rege os princípios psicológicos, Ferreira Filha, 2004). Com efeito, até o século XVII a criança
isto é, de que todo ser humano pode, recebendo algum tipo era conceituada como algo sem valia e quase sem importân-
de apoio interno e externo, promover mudanças de vários cia. Representava para a família um grande sacrifício, e facil-
níveis. mente se tornava vítima do abandono (Martins & Szymansky,
2004). A partir desse século, porém, começou a haver uma
Nesta busca humana e terapêutica pela mudança e pela mudança no sentimento em relação à infância mas, apesar de
saúde psíquica, há de se destacar, no caso de Ana, a presen- esse sentimento ter tomado outra conotação, o abandono no
ça importantíssima do pai e da avó materna, pessoas que século XVIII ainda chegava a números absurdos. Todavia,
puderam "substituir", pelo menos temporariamente, a ausên- conforme Trindade (1999), o século XIX apresentou algumas
cia materna, uma vez que esta estava enfrentando dificulda- transformações desse conceito, pois, pelo menos, a segurança
des por sua própria história de vida e estruturação dinâmica. das crianças era assegurada, ainda que por meio do dever
É claro que se essas presenças fossem analisadas friamente, moral e da caridade de determinadas instituições. Estas, como
talvez fossem consideradas negativas ou até mesmo "sufo- consta nos arquivos dos asilos que datam desse século, en-
cantes", mas diante das falhas apresentadas pela figura ma- frentavam inúmeras dificuldades para o atendimento ao sem-
terna, essas pessoas foram investidas do papel de acalentar, pre crescente número de crianças abandonadas. O abandono,
na medida do possível, ansiedades tão precocemente desper- por sua vez, não era percebido como crime. Desse modo,
tadas. tornava-se um acontecimento rotineiro, um mal sem muitas
consequências. Diante de tal prática, veio a resposta da Igreja,
As dificuldades nos relacionamentos objetais existem e que foi a utilização dos mosteiros como locais de abrigo para
não podem ser relegadas a um segundo plano. Entretanto, é os chamados enjeitados ou expostos. As crianças deixadas
imprescindível destacar que Ana é capaz de apegar-se a nesses locais recebiam alimentação, educação, roupas e "sal-
pessoas que oferecerem segurança e estiverem dispostas a vação", no entanto, não tinham opção de vocação, e deveriam
tornarem-se dignas de sua confiança. Muitas vezes, a intensi- fazer os votos de pobreza, obediência e castidade (Silva et al.,
dade com a qual estabelece esses relacionamentos denunci- 2004).
am a necessidade de, através da organização e do limite do
outro, organizar sua confusão interna. E isto, por si só, pre- Atualmente, o entendimento de infância em nada se asse-
nuncia desejos de mudanças e capacidade para empreendê- melha ao do passado, mas esse novo olhar não tem sido sufi-
las. ciente para assegurar às crianças o direito básico de serem
educadas no seio da sua família de origem. Ante esta realida-
Atualmente, Ana segue em processo psicoterápico, da de, torna-se importante a criação de medidas alternativas
mesma forma que seus pais passaram a contar com sessões destinadas a lhes garantir a convivência familiar, mesmo em
sistemáticas, nas quais recebem orientações quanto ao ma- família substituta. Silva (2005, p.290) corrobora estas afirma-
nejo com a filha. ções. Como assevera, "meninos e meninas afro-descendentes
foram e ainda são condenados a viver em abrigos até a maio-
Conclusão ridade, assumindo o abrigo a função de um substitutivo para a
família".
Estas constatações diagnósticas e prognósticas corrobo-
ram a importância do papel materno, não só nos primeiros
Nesse percurso metodológico, os discursos gerados pelo Segundo se observou, as crianças e os adolescentes parti-
grupo focal e desenhos foram gravados em fitas de áudio e cipantes desse programa poderiam ser classificados em esta-
transcritos. Após esse primeiro momento, depois de exaustivas do parcial de privação materna, pois, apesar de alguns terem
leituras, fez-se uma primeira interpretação superficial, no intui- passado por privação total anteriormente, no momento da
to de compreender o conteúdo em termos gerais e identificar pesquisa já estavam recebendo cuidados de uma mãe substi-
os temas principais (Caprara & Veras, 2005). Analisaram-se tuta. Desse modo, a necessidade materna, um comportamento
esses temas a partir de pré-compreensões que influenciam a esperado na teoria de Bowlby nesses casos, é muito encon-
interpretação, e fez-se o diálogo entre os temas e os autores trada nas crianças em família acolhedora.
que os abordam (Ricoeur, 1995). Portanto, foi construído um Renata, uma das mães acolhedoras mais novas no servi-
diálogo entre a experiência das pesquisadoras sobre alguns ço, também percebe que a necessidade que as crianças têm
episódios percebidos nos fragmentos dos discursos e a abor- de uma mãe influencia a relação, levando-as a ficarem mais
dagem teórica em discussão. Nesse momento final do proces- próximas e a se preocuparem com a mãe acolhedora por me-
so, houve a intenção de compreender a relação entre o todo e do de perdê-la, ou de serem abandonadas como foram pela
as partes do texto, tal como pontuado por Caprara e Veras mãe natural. Dessa forma, segundo Renata, o abandono é um
(2005). tema sempre presente na vida dessas crianças, e as rodeia
Resultados e Discussão como um fantasma que pode voltar a qualquer momento: "A
necessidade de uma mãe é tão grande que, às vezes, eles
Apesar da existência de vários motivos que levam uma cri- não vivem a vidinha deles, com medo de perder a gente, e da
ança a necessitar de abrigamento, um só fundamenta a pre- gente jogar eles novamente na creche... o abandono mexeu
sença dela em um programa como a Família Acolhedora: a demais e mexe até hoje com ele. Ele morre de medo de me
ausência de um cuidador, seja ele permanente ou provisório. perder".
Inegavelmente, muitas são as consequências que uma cri- Regina, uma das mães acolhedoras há mais tempo no ser-
ança sofre diante de uma experiência como essa, sobretudo viço, percebe que a expectativa de ter uma mãe é, de certa
em idade tão tenra. Como principais, mencionam-se a carência forma, preenchida pela família acolhedora, pois, como acredi-
afetiva e o sentimento de insegurança, entre outros. ta, a mãe acolhedora cumpre a função materna em termos de
Nesse sentido, como acredita Júlia, uma das mães acolhe- afeto, carinho e cuidado. Ao contrário do ocorrido na situação
doras, a necessidade e a carência materna trazidas pela crian- de abrigo, a mãe promove o ambiente necessário ao bom
ça que tem experienciado a situação de abandono são alguns desenvolvimento da criança. Isto não é possível no abrigo,
dos fatores importantes a determinar esse novo vínculo: "E o mesmo com toda estrutura profissional: "... a criança fica
que eu acho mais importante... é que eles chegam na casa da abandonada pela mãe... . Sem mãe e sem lar. Aí quando vem
gente e chamam logo a gente de mãe... mãe... . Ai, isso daí é pra cá, aí vai pro lar substituto, aí vai pra aquele apoio do lar,
que toca mais a gente". da mãe... . Quando ela chega no abrigo, ela ainda está assim,
meio assustada... . Ainda se acha abandonada de qualquer
Essa necessidade é confirmada no desenho de uma crian- maneira. Mas, quando ela vai pro lar substituto ela já tem um
ça de quatro anos (Figura 1), cuidada por Júlia há três meses. lar, já tem uma mãe... . Uma mãe já ajuda muito, dá carinho... .
Ao desenhar sua família, embora de forma confusa, esta cri- Assim, você sabe que aqui tem toda assistência, mas não é
ança desenha primeiramente a mãe acolhedora e a chama de que nem tá num lar".
Príncipe Charles e Lady Diana: US$ 28 milhões Passar por uma separação, divórcio, ou abandonar um re-
lacionamento abusivo, não é nada fácil. Atrapalha a sua vida,
Donald Trump e Ivana Trump: US$ 50 milhões e se você tem filhos, atrapalha a vida deles também. Com
filhos, as questões jurídicas, financeiras e emocionais se
Kenny Rogers e Marianne: US$ 60 milhões
tornam ainda mais complicadas. É um período estressante
Kevin Costner e Cindy: US$ 80 milhões para eles.
Julio Bozano e Iva: US$100 milhões A finalidade deste livreto é oferecer informações sobre
como a lei lida com a guarda e a visitação dos filhos. O livreto
Steven Spielberg e Amy Irving: US$89,97 milhões te ajudará a pensar nas questões jurídicas que você terá que
Visão religiosa considerar para resolver questões como:
• Onde os filhos vão morar?
Geralmente, quando um dos pais tem a guarda física, o Uma boa maneira de evitar o contato com o pai abusivo
outro pai tem o direito de visitar os filhos. durante as visitas é tendo uma terceira pessoa - na qual am-
bas as partes confiem - que possa levar e buscar seu filho
Horários de Visitação antes e depois das visitas. Se as visitas forem supervisio-
Geralmente, existe uma agenda de visitação. Um exemplo nadas, o pai ou a mãe pode deixar a criança no lugar da visita
de horário de visitação é: e ir embora antes que o outro chegue.
Escolha uma terceira pessoa para intermediar as co-
Visita em fins de semanas alternados, das 18h de sexta-
municações sobre as visitas
feira às 15h de domingo, e em fins de semana alternados, das
9h às 17h de sábado; e uma visita no meio da semana, de- Mesmo com o programa de visitação, haverá ocasiões em
pois da escola, das 15h às 18h de quarta-feira. que é preciso comunicar-se para falar sobre as visitas. Em
Isto é apenas um exemplo de horário de visitação. A sua situações de violência doméstica, geralmente é melhor que os
agenda de visitação deve ser baseada nas necessidades do pais não tenham que se comunicar diretamente. Uma boa
seu filho e no horário diário dos pais. maneira de evitar isto é escolhendo uma terceira pessoa com
a qual cada um dos pais possa entrar em contato se um deles
Visitação Razoável precisar mudar os planos de visitação. Isto permite que os
pais façam mudanças sem ter que estar em contato direto.
Se os pais conseguem se comunicar facilmente, às vezes
não necessitam de uma agenda de visitação. Em vez disso, Peça visitas supervisionadas
os pais deixam a visitação flexível. Nos acordos de visitação e
ordens judiciais isto é o que se chama de "visitação razoável." Geralmente é importante para a segurança da criança que
as visitas entre ela e um dos pais que abusou do outro sejam
Se a comunicação entre os pais não for boa é quase sem- supervisionadas. Isto acontece porque, em muitos processos
pre melhor ter uma agenda de visitação detalhada, de modo nos quais um dos pais abusou do outro, também abusou ou
que os pais não tenham que estar em contato constante para abusará da criança. Além disso, em muitas situações é possí-
tentar entrar em acordo sobre as visitas semanais. vel que a criança tenha ficado amedrontada ou traumatizada
ao presenciar o abuso sofrido por seu pai ou sua mãe, e se
Visitação Supervisionada
sinta insegura na presença do pai/mãe abusivo, a menos que
Em algumas situações, pode não ser seguro para a crian- alguma outra pessoa esteja presente.
ça ficar sozinha com um dos pais durante a visitação. Nestas Se o pai ou a mãe do seu filho não concordar com uma ou
situações, a visitação supervisionada pode ser organizada. A mais destas condições e você acreditar que elas são realmen-
visitação supervisionada significa que uma terceira pessoa - te necessárias para a sua segurança e a de seu filho, você
preferivelmente alguém que seja da escolha de ambos os pode pedir ao juiz que esses requisitos sejam cumpridos.
pais e, dentro do possível, alguém com quem a criança se
sinta confortável - fica com o pai ou com a mãe visitante du- Se o juiz decidir que um dos pais é abusivo, o tribunal de-
rante as visitas e certifica-se de que a criança está segura e ve garantir a segurança e o bem-estar da criança, bem como
de que o pai ou a mãe se comporta adequadamente. Geral- a segurança do pai ou da mãe abusada, na sentença de visi-
mente, o supervisor pode parar de participar das visitas se ele tação.
ou ela tem motivos para crer que a criança estará segura
durante as visitas. A lei diz que ao emitir uma sentença de visitação, no caso
de um pai/mãe abusivo, o tribunal pode considerar o seguin-
Há centros de visitação supervisionados e outras agências te:
que fornecem visitação supervisionada em Massachusetts.
1. ordenar que a visitação ocorra em um ambiente prote-
As visitas supervisionadas podem ser adequadas quando gido ou na presença de terceiros idôneos;
o pai ou a mãe visitantes tem problemas de abuso de álcool
ou de drogas, ou algum outro problema que indique que a 2. ordenar que a visitação seja supervisionada por tercei-
criança pode estar em perigo se ficar sozinha com um deles. ros idôneos, por um centro de visitação ou por uma agência;
negar-se a voltar para casa; Num sentido mais amplo, embora de menor exatidão, o
termo "abuso sexual de menores" pode designar, também,
ideias e/ou tentativas de suicídio; qualquer forma de exploração sexual de crianças e
adolescentes, incluindo o incentivo à prostituição, a
autoflagelação; escravidão sexual, a migração forçada para fins sexuais, o
turismo sexual, o rufianismo e a pornografia infantil.
fugas de casa;
Formas de abuso sexual
choro sem causa aparente;
Existem duas formas de abuso sexual que os adultos
hiperatividade; podem praticar contra as crianças e os adolescentes: com
contato físico ou sem contato físico. Nos dois casos, o adulto
comportamento rebelde;
abusa do jovem para conseguir algum tipo de prazer ou
desnutrição; satisfação interior.
Em relação à sua abrangência, as Nações Unidas definem Nos Estados Unidos, desde 2006 uma coalização de
pornografia infantil como "qualquer representação, por empresas se formou para combater a pornografia infantil. A
quaisquer meios, de uma criança em atividades sexuais iniciativa, chamada The Financial Coalition Against Child
explícitas reais ou simuladas, ou qualquer representação das Pornography, inclui administradoras de cartões de crédito,
partes sexuais de uma criança para propósitos principalmente bancos e empresas virtuais, que trabalham em conjunto com
sexuais" (Protocolo Opcional à Convenção dos Direitos da as autoridades e o Centro Nacional para Crianças Exploradas
Criança sobre o Tráfico de Crianças, a Prostituição Infantil e a e Desaparecidas. Numa operação em 2004, com ajuda da
Pornografia Infantil – Artigo 2º, "c")(2002) Visa, Mastercard e banco Morgan Stanley, uma rede de
pornografia infantil da Bielorrússia que faturava um milhão de
A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da dólares por mês foi desbaratada e 1400 pessoas foram
Criança (1990) determina que os países membros devem presas. A coalização foi formada depois que o Senador
tomar medidas para impedir "a exploração do uso de crianças americano Richard Shelby, do Comitê de Bancos do Senado,
em espetáculos ou materiais pornográficos" (artigo 34, "c"). apurou que parte do dinheiro obtido com a pornografia infantil
terminava nas mãos de grupos ligados ao crime organizado,
Relação entre pornografia infantil e abuso sexual infantil como a máfia russa.
O Grupo de Trabalho da Interpol para Crimes contra Definições e terminologia
Menores relaciona diretamente a pornografia infantil com o
abuso sexual infantil, caracterizando a pornografia infantil O que é infantil
como "consequência da exploração ou abuso sexual cometido
contra uma criança". Neste caso, a pornografia infantil é Na língua portuguesa, a palavra "infantil" – assim como a
definida como "qualquer meio de retratar ou promover o palavra "criança" – possui dupla significação, podendo se
abuso sexual de uma criança, incluindo meios impressos ou referir apenas a crianças até a puberdade (crianças
de áudio, centrados nos atos sexuais ou nos órgãos genitais propriamente ditas) ou, alternativamente, a crianças num
das crianças". sentido mais amplo, englobando assim crianças e
adolescentes abaixo da idade da maioridade.
Entretanto, a legislação da maioria dos países classifica a
pornografia infantil de forma mais abrangente, incluindo Desta forma, a expressão "pornografia infantil" pode ser
também as imagens de relações sexuais legalmente não usada tanto no sentido estrito do termo, como no seu sentido
mais amplo. A variação semântica "pornografia infanto-
abusivas, como as relações sexuais consentidas com
adolescentes acima da idade de consentimento ou com juvenil", de uso menos frequente, refere-se coletivamente a
menores emancipados. crianças e adolescentes.
Há quem afirme que em geral os homens que batem nas Para se ter uma ideia da complexidade do fenômeno
mulheres o fazem entre quatro paredes, para que não sejam basta examinarmos a dimensão da rede de instituições
vistos por parentes, amigos, familiares e colegas do trabalho. envolvidas as Unidades de Saúde do SUS (Pronto
A cultura popular tanto propõe a proteção das mulheres (em Atendimento, Setores de Emergência e da Assistência
mulher não se bate nem com uma flor) como estimula a Hospitalar; Serviços de Saúde Mental) o CRAS Centro de
agressão contra as mulheres (mulher gosta de apanhar) Referência de Assistência Social do SUAS – (Sistema Único
chegando a aceitar o homicídio destas em casos de adultério, de Assistência Social); o Ministério Público, o Conselho
em defesa da honra. Outra suposição é que a maioria dos Tutelar, o órgão responsável em fiscalizar se os direitos
casos de violência doméstica são classes financeiras mais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o
baixas, a classe média e a alta também tem casos, mas as Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
mulheres denunciam menos por vergonha e medo de se que administra o Fundo para Infância e Adolescência, a
exporem e a sua família. Segundo Dias o fenômeno ocorre Secretarias de governo (Secretarias de Ação Social, da
em todas as classes porém mais visíveis entre os indivíduos Mulher, etc), Delegacia da Mulher, Vara de Família e Juizado
de Menores etc. A noção rede de serviços propõem a
com fracos recursos econômicos.
integração dessas instituições contudo as modificações
A violência praticada contra o homem também existe, mas institucionais envolvem determinações de natureza política e
o homem tende a esconder mais por vergonha. Pode ter cultural ainda inteiramente compreendidas ou controláveis.
como agente tanto a própria mulher quanto parentes ou
O Fim do Silêncio na Violência Familiar
amigos, convencidos a espancar ou humilhar o companheiro.
Também existem casos em que o homem é pego de Falando mais especificamente de famílias que em sua di-
surpresa, por exemplo, enquanto dorme. Analisando os nâmica incluem a violência-física, sexual ou psicológica, ob-
denominados crimes passionais a partir de notícias serva-se que frequentemente há uma cristalização em relação
publicadas em jornais Noronha e Daltro identificaram que aos lugares de quem foi vitimizado é o agente da agressão.
estes representam 8,7% dos crimes noticiados e que destes Esses lugares podem permanecer ocupados pelas mesmas
68% (51/75) o agressor era do sexo masculino (companheiro, pessoas por anos seguidos, mas também é como se pudes-
ex-companheiro, noivo ou namorado) nos crimes onde a sem ser compartilhados em alguns momentos ou em determi-
mulher é a agressora ressalta-se a circunstância de ser o nadas situações, confundindo o observador em relação a
resultado de uma série de agressões onde a mesma foi quem está sendo o agente da agressão ou o vitimizado. Isso
vítima. pode ser visto quando uma mãe, em vez de usar a sua auto-
Gênero ridade para resolverem situação de conflito ou colocar um
limite para seu filho, deixa para o pai resolver a situação
É impossível discutir a violência doméstica sem discutir os quando ele chega do trabalho, contando-lhe as coisas terrí-
papéis de gênero, e se eles têm ou não têm impacto nessa veis que criança ou o adolescente fez.
violência. Algumas vezes a discussão de gênero pode
encobrir qualquer outro tópico, em razão do grau de emoção Nesse momento, ela delega ao companheiro a tarefa de
que lhe é inerente. impor regras ou resolver o problema. Como isso acontece
com a violência, fica caracterizado que ele é membro violento
Quando os mulheres passaram a reclamar por seus da família, e ela e os filhos, as pessoas vitimizadas.
direitos, maior atenção passou a ser dada com relação à
violência doméstica, e hoje o movimento feminista tem como Neste ponto, pode-se questionar por que essa mãe agiu
uma de suas principais metas a luta para eliminar esse tipo de assim, já sabendo que o companheiro resolve as situações
violência. O primeiro abrigo para mulheres violentadas foi com violência.
fundado por Erin Pizzey (1939), nas proximidades de Inicialmente, pode-se pensar que essa família conseguiu
Londres, Inglaterra. Isso aconteceu na década de 1960. um “equilíbrio”, dessa forma ainda que precário e sofrido para
Pizzey fez certas críticas a linhas do movimento feminista, todos em que o membro é violento, embora muitas vezes
afirmando que a violência doméstica nada tinha a ver com o possa estar carregando e expressando a violência familiar.
patriarcado, sendo praticada contra vítimas vulneráveis
independentemente do sexo... Na terapia familiar é frequente, durante o processo, ocor-
rer uma transferência de violência.
Estratégias de controle
Pode-se iniciar com uma crise tendo certa configuração e
Como resposta imediata, além do atendimento adequado ao longo do processo nota-se que na crise seguinte outro
à vítimas de violência tanto nos aspectos físicos como membro dessa família passa a ser o protagonista da violên-
psicossociais, urge reconhecer a demanda nos termos cia.
epidemiológicos que se apresenta. Com essa intenção vem
se estabelecendo no Brasil. O sistema de notificação de Assim a tarefa do profissional não é apenas identificar
notificação/investigação individual da violência doméstica, quem executa a violência acreditando que tratá-lo individual-
sexual e/ou outras violências através das secretarias mente é a única intervenção necessária, mas entender que
estaduais e municipais de saúde após promulgação da lei nº está diante de uma família com uma dinâmica que inclui a
10778, de 24 de novembro de 2003 que estabeleceu a violência em suas relações; estando ainda ciente de que,
Junia de VILHENA.
Doutora em Psicologia Clínica
È do trabalho que o homem obtém seu sustento. Porém, a Esta é a situação, de quase completo descaso para com a
busca por esse sustento compete a adultos, não a adolescen- complexa problemática da denominada proteção integral, em
tes ou a crianças. Por essa razão que a Constituição Federal que vivemos e que vem gerando insuportáveis taxas de vio-
e o Estatuto da Criança e Adolescente proíbem que menores lência infanto-juvenil, tendo como causas, dentre outras, a
de dezesseis anos trabalhem, exceto se for para exercer suas falta de estrutura familiar, a desinformação e o despreparo
potencialidades e os preparem para a vida adulta, o que é dos pais, a má qualidade do ensino público obrigatório, a
permitido a partir de quatorze anos quando o exercer na con- inadequação dos educadores no trato com o jovem, a ausên-
dição de aprendiz. cia de vontade e de empenho das autoridades públicas para
A proibição tem um fundamento muito claro permitir que a um completo e duradouro projeto de atendimentos dos direi-
criança e o adolescente tenha tempo para estudar. O exercí- tos da criança e do adolescente, dentre outras causas não
cio de um trabalho por uma criança ou por um adolescente menos importantes.
lhe retira o tempo que lhe é necessário não só de frequentar
as aulas, mas também de estudar o que foi passado em sala Não custa lembrar, ao menos em linhas gerais, o conteú-
de aula e fazer as lições. Além disso, o trabalho em muitas do dos artigos 3º, 4º e 5º do Estatuto da Criança e do Adoles-
situações acarreta danos para a saúde da criança ou adoles- cente, escritos como corolários do art. 227 da Constituição
cente, pessoas em desenvolvimento que são, e que muitas Federal, que estabelece como absolutamente prioritários os
vezes não detém a força física necessária para realização de direitos da criança e como absoluta prioridade da família, da
determinados trabalhos. sociedade e do Estado o dever de assegurar tais direitos. E
dentre os órgãos do Estado está a obrigação da Justiça da
São vedados ao menores de 18 anos, conforme a Consti- Infância e da Juventude de, por seus integrantes, pelo juiz,
tuição Federal, o trabalho noturno, perigoso ou insalubre. E o pelo promotor de justiça, pelos profissionais que a integram,
Estatuto, em seu art. 67, complementa que também são ve- dar atenção prioritária à proteção integral da criança e do
dados ao adolescente empregado ou aprendiz, o trabalho adolescente.
realizado em locais prejudiciais à sua formação e desenvolvi-
mento físico, psíquico, moral e social, além dos realizados em Sempre cabe destacar a atuação que nós, juízas e juízes,
horários e locais que não permitam a frequência à escola. temos de enfrentar nesta área, da qual depende a formação
de uma nação desenvolvida. Como nós podemos atuar, en-
Há uma preocupação da Constituição e também do Esta-
quanto autoridades públicas, como membros do Poder Judici-
tuto com a profissionalização da criança e adolescente que
ário, no desenvolvimento tanto de ações isoladas quanto de
necessitam desenvolver todas as suas potencialidades e
políticas articuladas de proteção à criança e ao adolescente?
estarem preparados para a vida adulta. Renata Flores Tibyri-
ça
A defesa de todos os direitos das crianças e dos adoles-
AS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO centes, tais como direito à vida, à saúde, à alimentação, à
À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE. educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida-
de, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comuni-
A CRIANÇA COMO PRIORIDADE tária, é também de nossa responsabilidade, é dever prioritário
da população e do magistrado, a quem cabe colocá-los a
Serviços e rede de serviços de proteção especial às
salvo de toda forma de negligência, discriminação, explora-
crianças e aos adolescentes
ção, violência, crueldade e opressão (art. 227, Constituição
Rodrigo Lobato Junqueira Enout Federal).
Juiz de Direito, SP. Para quem ainda não está vivenciando em sua plenitude a
Este singelo e despretensioso escrito, alinhavado por um conscientização de seus deveres para com a defesa dos
aprendiz que há anos vem se preocupando com a lamentável direitos da criança e do adolescente, basta ser lembrada a
situação em que nos encontramos neste país, neste Brasil redação do artigo 4º do ECA, que explicita, em seu caput e no
campeão de desrespeito aos mais elementares direitos hu- § único, as garantias para que essa prioridade seja assegura-
manos, onde se cultiva com rara competência a malandra- da.
gem, a violação do direito alheio como um triunfo do opressor,
visa apenas mais uma reflexão sobre aquilo que podemos É do senso comum o mandamento que resulta da combi-
fazer em benefício da melhoria de nossa sociedade, da quali- nação de vários destes dispositivos, de que cabe a todos nós,
dade de vida, tomando como assunto principal as providên- sociedade, família, comunidade e Poder Público priorizar a
cias que A TODOS NÓS INCUMBE POR FORÇA DE LEI E defesa e a proteção dos direitos da criança e do adolescente,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL e pelo estudo histórico do assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, toda as
movimento revolucionário que se convencionou chamar de oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvol-
ILUMINISMO, das doutrinas religiosas e pacifistas e do culto vimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições
à defesa e proteção dos direitos humanos. de liberdade e dignidade (ECA, arts. 3 e 4).
Se um dos principais direitos da criança, senão o mais im- O certo é que a legislação veio tornar jurídico o que antes
portante deles, é o direito à convivência familiar a que se era somente científico, impondo assim essa responsabilidade
refere o art. 19 do ECA, quais as políticas públicas e os servi- não somente aos cientistas, psicólogos, assistentes sociais,
ços, públicos ou particulares, de atendimento à família exis- pedagogos, mas também a juízes, a promotores de justiça e a
tentes em nossa comunidade? todos os agentes públicos, à sociedade, à família, a todos
enfim.
Não cabe aqui, dada a complexidade e amplitude do tema,
abordar questões relativas a política e a projetos de atendi- Da Política de Atendimento dos Direitos da Criança e
mento, mas apenas referentes ao assunto específico desta do Adolescente
palestra, pertinentes aos serviços especiais de proteção a que
alude o art. 87, III, do Estatuto. Arts. 86 a 89 do ECA
Esta é a limitação que existe, por óbvias razões de tempo, Entrando agora na matéria específica de nossa discussão,
ao assunto de que trataremos nesta oportunidade, pelo sim- passemos então à área dos serviços especiais de proteção.
ples fato de que é inesgotável o tema que tem como objetivo
principal os direitos da criança elencados na Constituição, na A política de atendimento dos direitos da criança e do ado-
legislação infraconstitucional e em nossos espíritos de cida- lescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
dãos mais ou menos impregnados de doutrina humanista. governamentais e não governamentais, da União, dos Esta-
dos, do distrito Federal e dos Municípios (art. 86).
Direito à convivência familiar e comunitária
Prevê o art. 87 que são linhas da ação política de atendi-
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e mento:
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
família substituta, assegurada a convivência familiar e comu- I - políticas sociais básicas;
nitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependen-
tes de substâncias entorpecentes. (ECA, art. 19) II - políticas e programas de assistência social, em caráter
supletivo, para aqueles que dela necessitem;
Na interpretação e na execução dos mandamentos deste
sensato dispositivo legal é que reside um dos maiores tor- III- serviços especiais de prevenção e atendimento médico
mentos que aflige a atuação daqueles que militam na área do e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, explo-
atendimento à criança e ao adolescentes, principalmente ração, abuso, crueldade e opressão;
aqueles que trabalham com o instituto do abrigamento e no
atendimento a famílias. IV - serviço de identificação e localização de pais, respon-
sável, crianças e adolescentes desaparecidos;
Certos exageros, ou melhor dizendo, alguns enfoques não
muito sensatos, muitas vezes recheados de preconceitos V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos di-
morais e religiosos, acabam por fazer letra morta dessa regra reitos da criança e do adolescente.
que constitui um dos alicerces do Estatuto da Criança e do
Adolescente, nosso lindo diploma legislativo que veio, em É tema de estudo, nesta oportunidade que me é dada, as
verdade, consubstanciar a melhor e atualíssima doutrina da disposições do inciso III deste art. 87, que têm como destina-
proteção integral. tários as pessoas menores de 18 anos de idade vítimas de
negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e
Alguns entendidos dizem que o direito da criança e do opressão e seus agressores, dentro e fora da família.
adolescente à convivência familiar é exigível apenas de seus
pais, naturais ou adotivos. Isto é verdadeiro, mas apenas em Ao lado e em complemento às políticas sociais básicas e
parte. Evidentemente que o direito da criança à convivência das políticas e programas supletivos a que se referem os
familiar depende da vontade, da disposição, do desejo dos incisos. I e II do art. 87, a lei prevê os serviços especiais de
pais em terem consigo seus filhos. Nesse sentido temos a prevenção e atendimento médico e psicossocial aos menores
conclusão que basta a recusa dos pais, ou pela má vontade vitimizados por negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
de um ou de ambos, que estará prejudicada a convivência crueldade e opressão (inciso. III).
familiar no seio da família biológica, devendo ser buscada a
convivência em família substituta. Não. No meu entender Verificada a situação do art. 98 (ECA), de violação de di-
esse entendimento é equivocado. reitos por a) ação ou omissão da sociedade ou do Estado, b)
É sabido que o direito à convivência familiar não se res- por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, c) em
tringe ao direito de estar e de ser criado e educado pelos pais. razão da própria conduta da criança ou do adolescente, está
Quantos de nós fomos criados e educados por um avô, por caracterizada a necessidade de tomada de medidas específi-
uma avó, por tias ou tios ou por outros parentes mais distan- cas de proteção em relação ao jovem vitimizado, que pode
tes? Faço aqui o elogio àqueles, profissionais do Poder Judi-
- vítimas do trabalho abusivo, explorador e ilegal; Tenho participado de alguns encontros de especialistas
cujo propósito é a discussão de como formar uma eficiente
- envolvidos no uso e tráfico de substância ilícita; rede envolvendo as entidades de atendimento à criança e ao
adolescente. Sou quase leigo no assunto, mas ouso trazer a
- envolvidos em prostituição; este seleto auditório uma reflexão minha para a análise crítica
de vocês.
- em conflito com a lei em razão de cometimento de ato in-
fracional (criança); O que é rede? Um conjunto de pessoas, jurídicas e físi-
cas, que, unidas num mesmo desiderato, em comunhão de
- em outras circunstâncias que impliquem riscos à sua in- propósitos, esteja em articulação para a otimização de seus
tegridade física, psicológica ou moral. serviços e de finalidade a que se propõem?
Embora a legislação dê a denominação de medida de pro- Na definição do mestre Aurélio, rede é, no sentido figura-
teção somente àquelas que têm como objeto os cuidados do, o conjunto de estabelecimentos, agências, ou mesmo de
destinados à criança e ao adolescente (art. 101), têm igual- indivíduos, pertencentes a organização que se destina a pres-
mente caráter protetivo, também com nítido conteúdo preven- tar determinado serviço.
tivo e/ou terapêutico, aquelas preconizadas no art. 129, desti-
nadas aos adultos que, por, por ação ou omissão, criaram ou Vejo, em acréscimo a este conceito, que rede de serviço
permitiram que se criasse a situação de violação dos direitos pressupõe a criação de um sistema articulado de informações
reconhecidos e assegurados na lei e na doutrina da proteção a respeito da dinâmica e do funcionamento de seus diversos
integral. componentes, destinado, esse sistema, a propiciar o trabalho
Quais, em linhas gerais, as medidas específicas de prote- integrado de atendimento a suas finalidades.
ção destinadas ao menor vítima de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão? São aquelas do A formação de uma rede de atendimento à pessoa, seja
art. 101. na área da saúde, da educação, de defesa de direitos, etc.,
implica na sistematização dessas informações e no gerenci-
E quais são as medidas aplicáveis aos pais ou ao respon- amento dos dados coletados, cuidando primordialmente de
sável pelo menor? Aquelas do art. 129 e mais as normas de sua divulgação eficiente. Um dos meios para que se atinja
repressão previstas no próprio ECA e na legislação penal. essa eficiência é a publicação das informações e a promoção
de formas de integração dos serviços e das entidades através
Tomada a medida protetiva considerada melhor, é de rigor de visitas e encontros de seus dirigentes.
o prosseguimento do estudo do caso, do acompanhamento e
aprofundamento do diagnóstico social da família, daquela E a “rede” é a manutenção, no tempo, dessa integração.
mãe ou das pessoas que podem ser consideradas membros Aqui, então, cabe um apelo a todos nós, interessados na
da entidade familiar, e do diagnóstico psicológico dessas defesa e no aprimoramento do atendimento ao menor, para a
pessoas, também com o acompanhamento do desenvolvi- criação da rede na Capital e em todo o Estado de São Paulo,
mento da criança e do adolescente, através de entrevistas e o que, no meu entendimento, somente poderá ser conseguido
de relatórios da entidade de atendimento, tudo para em de- com a efetiva implementação de um projeto governamental,
terminado momento, num futuro imediato ou próximo, seja que na realidade já existe e é denominado SIPIA - Sistema de
cumprido estritamente o que está determinado no art. 19 do Informação para a Infância e a Adolescência.
ECA, a fim de que seja assegurada a sadia convivência fami-
liar e comunitária, com a reestruturação da família. O SIPIA propõe a criação de uma sistema de registro e in-
formações sobre a garantia dos direitos fundamentais preco-
Dos serviços de proteção especial (art. 87, III) existen- nizados no ECA, como um poderoso instrumento para a
tes da Capital ações eficiente dos Conselhos Tutelares, dos Conselhos de
Direitos, das Varas da Infância e da Juventude e das próprias
Existem alguns trabalhos, dentre os quais um levantamen- entidades de atendimento, dentre os diversos usuários.
to realizado pela entidade Pró Mulher, Família e Cidadania,
mediante convênio com a Secretaria de Estado da Assistên- É um sistema informatizado desenvolvido pela Secretaria
cia e Desenvolvimento Social, a respeito da demanda e dos Nacional dos Direitos Humanos e de seu Departamento da
recursos da Zona Oeste do Município da Capital, no qual Criança e do Adolescente com a cooperação técnica do
consta a relação das entidades de atendimento às vítimas da CONDECA - Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
violência. Adolescente, da Secretaria Estadual de Assistência e Desen-
volvimento Social - SADS e da PRODESP, destinado a:
Existe também uma relação elaborada pela Pastoral do
Menor, da Arquidiocese, das entidades vinculadas a ela. Sei - padronizar as informações em nível nacional;
- subsidiar as diversas instâncias - Conselho de Direitos e Com base no princípio da igualdade jurídica de todos os fi-
autoridades - na formulação e gestão de políticas de atendi- lhos, não se faz distinção entre filho legítimo e natural quanto
mento ao pátrio poder, nome e sucessão; permite-se o reconheci-
mento de filhos ilegítimos e proíbe-se que se revele no assen-
Conclusão to de nascimento a ilegitimidade simples ou espuriedade.
Quanto à natureza, o direito de família é ramo do direito
O que concluo dessa curta mas rica experiência de dois privado, apesar de sofrer intervenção estatal, devido à impor-
anos à frente de uma Vara da Infância e da Juventude da tância social da família; é direito extrapatromonial ou persona-
Capital de São Paulo, mas de longa data ocupado com o líssimo (irrenunciável, intransmissível, não admitindo condição
tema relativo à educação e à formação da juventude, é que ou termo ou exercício por meio de procurador); suas normas
não obstante a notória falta de recursos humanos e materiais, são cogentes ou de ordem pública; suas instituições jurídicas
o Poder Judiciário vem fazendo um trabalho, de forma isola- são direitos-deveres. http://www.centraljuridica.com/
da, sem adequada articulação com os outros raros recursos
do Estado e da comunidade, sem método, e principalmente Noções Gerais do Direito de Família
sem o reconhecimento, dentro e fora da instituição judiciária,
FAMÍLIA
da importância da atividade de atendimento jurisdicional à
criança e ao adolescente e da riqueza do cabedal adquirido De acordo com Gonçalves(2009), a conceituação de
nestes 9 anos de vigência do Estatuto da Criança e do Ado- direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais
lescente, e porque não dizer, resultado também da experiên- ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as
cia anterior, adquirido às custas da dedicação de seus profis- pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conser-
sionais no trato diário com a crua realidade social em que vam-se vinculadas durante a sua existência, mesmo que
vivemos. venham a constituir nova família pelo casamento ou pela
união estável.
Temos muito a dar, a construir, mas para tanto precisa-
mos de recursos humanos e materiais, treinamentos, diálogo Desde modo, pode-se afirmar que a família é uma rea-
com estudiosos e profissionais das mais diversas áreas e lidade sociológica e constitui a base do Estado, o núcleo
principalmente de liberdade e de incentivo moral, para partici- fundamental em que repousa toda a organização social. A
parmos de um movimento de sensibilização da sociedade e família aparece como uma instituição necessária e sagra-
dos governantes mostrando-lhes como pode ser nossa contri- da, que merece ampla atenção proteção do Estado.
buição para o desenvolvimento das mais diversas ações de Ademais, o direito de família constitui o ramo do direito
atendimento à família, ao jovem e ao adolescente. civil que disciplina as relações entre pessoas unidas pelo
matrimônio, pela união estável ou pelo parentesco bem
NOÇÕES DE DIREITO DA FAMÍLIA. como os institutos complementares da tutela e curatela
embora não advenham de relações familiares, têm, em
razão de sua finalidade, conexão com o direito de família.
Noções Gerais de Direito de Família
Como regra, as leis em geral referem-se à família co-
Constitui o direito de família, o complexo de normas que mo um núcleo mais restrito, constituído pelos pais e sua
regulam a celebração do casamento, sua validade e os efei- prole, embora não seja essencial essa configuração.
tos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da
sociedade conjugal, a dissolução desta, as relações entre O Código Civil de 2002 destina o Livro IV da Parte Es-
pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos comple- pecial ao direito de família. Trata, à princípio do direito
mentares da tutela, curatela e da ausência. pessoal, das regras sobre o casamento, sua celebração,
validade e causas de dissolução, bem como da proteção
É portanto, o ramo do direito civil concernente às relações da pessoa dos filhos. Em seguida, sobre relações de
entre pessoas unidas pelo patrimônio ou pelo parentesco a parentesco, enfatizando a igualdade plena entre os filhos
aos institutos complementares de direito protetivo ou assis- consolidada pela Constituição Federal de 1988.
tencial, pois, embora a tutela e a curatela não advenham de
relações familiares, têm, devido a sua finalidade, conexão No tocante aos alimentos, o Código Civil de 2002 traça
com o direito de família. regras que abrangem os devidos em razão do parentesco,
do casamento e também da união estável, trazendo, como
O objeto do direito de família é a própria família, embora inovação, a transmissibilidade da obrigação aos herdei-
contenha normas concernentes à tutela dos menores que se ros(art.1.700), dispondo de forma diversa do art. 402 do
sujeitam a pessoas que não são seus genitores, à curatela, diploma de 1916.
que não tem qualquer relação com o parentesco, mas encon-
tra, guarida nessa seara jurídica devido à semelhança ou
O parágrafo 3º, do artigo 33 – “A guarda confere à crian- Podemos dizer que “a adoção visa dar filhos a quem os
ça ou adolescente a condição de dependente, para todos os quer e melhorar, material e imaterialmente, a vida de quem
fins e efeitos do direito, inclusive previdenciários” A inclusão for adotado”.
do menor, como dependente previdenciário do guardião, O regime de adoção sofreu evoluções, vigorando hoje o
questionamentos e discordâncias gerou as quais acabaram que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos
por fazer vigorar o Decreto 2.171, de 05.03.1997, o qual reti- 39 ao 52, quando abrange crianças, até 12 (doze) anos de
rou o menor sob guarda judicial da proteção previdenciária idade incompletos, e adolescentes dos 12 (doze) aos 18
estatal. (dezoito) anos, ou seja, enquadra nos artigos citados adoção
Alguns doutrinadores, como Luiz Edson Fachim conside- que envolve os menores de 18 (dezoito) anos, com exceção
ram inconstitucional a exclusão, face os artigos 226 da Carta ao contido no artigo 40: “O adotando deve contar com, no
Magna de 1988, segundo o qual a família tem especial pro- máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver
teção do Estado, e o 227 no qual está insculpido o dever da sob a guarda ou tutela dos adotantes.”
Família, da Sociedade e do Estado em assegurar à criança e A adoção dos nascituros e dos maiores de 18 (dezoito)
ao adolescente o direito à saúde. Em contrapartida, J. M. anos de idade não são passíveis de enquadramento na Lei
Leoni Lopes de Oliveira [19], manifesta-se contrário à guarda 8.069/90, devendo ser enquadradas nas normas do Código
previdenciária, pois entende ter a guarda finalidade maior, Civil.
quando demonstrado que a única finalidade é permitir ao
menor usufruir os benefícios previdenciários do guardião. O instituto da adoção se viu ampliado com o Estatuto da
Criança e do Adolescente, o qual permite:
A guarda não afeta o pátrio poder pelo que não afasta o
dever material dos pais de assistência alimentar, se o menor “Art. 42 - Podem adotar os maiores de vinte e um anos,
dela necessitar, embora o guardião assuma a obrigação de independentemente de seu estado civil.
prestar assistência material, moral, educacional. Parágrafo 2º - A adoção por ambos os cônjuges ou concubi-
nos poderá ser formalizada, desde que um deles tenha
José Luiz Mônaco da Silva [20], adverte: completado vinte e um anos de idade, comprovada a estabi-
“(...) leitura do artigo 33 ‘caput’ poderia sugerir a seguin- lidade da família.”
te lição – uma vez que o guardião se encontra obrigado, O Projeto de Código Civil, em seu artigo 1.636, quanto a
mercê do enunciado legal supracitado, a prestar alimentos idade de quem desejar adotar, assim se expressa: “Só a
ao menor cuja guarda detém, mostrar-se-ia vigoroso o ar- pessoa maior de 25 anos pode adotar”. Quando vigorar, sa-
gumento segundo o qual os genitores estariam livres de beremos como será aceita a elevação da idade.
cumprir idêntica obrigação. Afinal de contas, poder-se-ia ar-
gumentar, estando o menor sob a guarda de outrem, que os A diferença de idade exigida entre o adotante e o adota-
pais se eximiram, por completo, do dever de prestar alimen- do é de 16 (dezesseis) anos (art. 42, § 3º): “O adotante há
tos”. de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho que o adota-
do”. Entende-se que o limite de 16 (dezesseis) anos de dife-
Já Luiz Carlos de Barros Figueiredo [21] assim se pro- rença é suficiente para que o adotante tenha plena consci-
nuncia: ência do seu ato, já que a maioridade atingiu aos 21 (vinte e
“A Constituição e a Lei 8.069/90 priorizam a permanência um) anos. Sem modificações no Projeto de Código Civil.
do menor no seio da família natural, mas não olvidam a ne- A adoção depende da concordância dos pais biológicos,
cessidade de, em casos específicos, haver colocação em caso conhecidos, acessíveis e não destituídos do pátrio po-
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciá- IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para
ria designará audiência de apresentação do adolescente, o ato infracional.
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o ado-
internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. lescente internado, será imediatamente colocado em liberda-
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cien- de.
tificados do teor da representação, e notificados a comparecer Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
à audiência, acompanhados de advogado. internação ou regime de semi-liberdade será feita:
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a I - ao adolescente e ao seu defensor;
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade ju- ou responsável, sem prejuízo do defensor.
diciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi-
nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
unicamente na pessoa do defensor.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, de-
responsável. verá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
I - promover socialmente o adolescente e sua família, for- Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
necendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti-
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de
idade, compleição física e gravidade da infração.
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusi-
ve provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adoles-
cente e de sua inserção no mercado de trabalho; Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,
entre outros, os seguintes:
IV - apresentar relatório do caso.
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Seção VI Ministério Público;
Do Regime de Semi-liberdade II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determina- III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
do desde o início, ou como forma de transição para o meio
aberto, possibilitada a realização de atividades externas, IV - ser informado de sua situação processual, sempre
independentemente de autorização judicial. que solicitada;
A aceitação, a negação ou o rechaço da enfermidade da -Dados de identificação, para ter uma visão imediata da inser-
pessoa por parte de seu ambiente, em grande parte, estão ção do indivíduo em seu mundo microssocial;
mobilizados pelos sentimentos de culpa das pessoas de seu
núcleo familiar. -Motivos da consulta, contendo as queixas do paciente e
familiares;
Quando o paciente é uma criança, geralmente os sentimentos
de culpa dos pais estão na superfície da consciência. Nos -Os recursos utilizados, contendo observações, técnicas e
adultos, costuma-se ocorrer o mesmo de forma mascarada. testes;
Na Psicanálise, a relação psicólogo-paciente enfatiza que o -Histórico de vida, resumindo os aspectos relevantes para
paciente transfere ao psicólogo conteúdos inconscientes de conhecer seu processo evolutivo e estado em que se encon-
sua vida mental infantil e o psicólogo é mobilizado em suas tra no presente;
fantasias e angústias primitivas. As transferências e contra-
transferências são utilizadas em prol da compreensão diag- -Dados sobre o grupo familiar;
nóstica.
-Síntese diagnóstica, o que o psicólogo pôde perceber e inte-
As atividades clínicas do profissional devem ser empreendi- grar no contexto como sendo sua compreensão globalizadora
das com o mínimo de interferência de suas teorias sobre sua do paciente;
capacidade de observar e captar os fatos relevantes.
-Prognóstico, apontando os recursos emocionais do paciente
O diagnóstico deve delimitar graus de integração da persona- e do grupo familiar para lidar com as perturbações e suportar
lidade, diferenciando neuróticos, psicóticos e pervertidos. os atendimentos requeridos;
A descrição de características de como o indivíduo se vincula -Encaminhamento, contendo informações expressas de modo
e suas defesas e ansiedades predominantes deve permitir breve, relacionando-as às entrevistas devolutivas.
1- Qual o objetivo do Diagnóstico Psicológico? Uma impressão diagnóstica, importante para nos ajudar a
programar a assistência psicológica a ser dada ao paciente,
Determinar a estrutura clínica subjacente do sujeito que está ajudando-nos a nos conduzir para melhores resultados.
sendo testado. Estrutura clínica é o modo particular de funci-
onamento psíquico de cada pessoa e que vai depender da 4- Qual sua visão crítica ao seu trabalho e ao Diagnóstico
maneira como cada pessoa vivenciou seu Complexo de Édi- Psicológico em geral?
po, e consequentemente a Lei. A estrutura clínica nos forne-
cerá as táticas e estratégias na direção do tratamento. O diagnóstico psicológico é a meu ver um instrumento de
grande valia nos atendimentos, apontando para resultados
2- Quais as etapas e os recursos utilizados? mais eficazes. Sem o mesmo, torna-se muito complicado
saber qual o procedimento adequado.
Fazer uma distinção entre o Psicodiagnóstico infantil e o de
adulto. No adulto, a ênfase é dada nas entrevistas prelimina- Entrevista com Sônia Eustáquio:
res, onde, via linguagem, e na transferência, tenta-se deter- 1- Qual o objetivo do Diagnóstico Psicológico?
minar qual a estrutura psíquica do sujeito: neurose, psicose
ou perversão. Em caso de dúvidas, pode-se recorrer ao psi- Levantar todos os dados que correspondem à estrutura psico-
codiagnóstico do Rorschach ou ao T.A.T., preferencialmente lógica do sujeito, localizando aí a sua demanda dentro do
aplicados por outra pessoa. No caso da criança, os testes processo de desenvolvimento dele e, com isso, ter dados
psicológicos fazem parte do processo de diagnóstico, pois é suficientes para se estabelecer um diagnóstico diferencial.
mais difícil de se determinar a estrutura psíquica que está se
formando. Inicialmente, entrevista com os pais para elucidar o 2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
lugar que a criança ocupa nas fantasias do casal, como eles
lidam com o sintoma da criança e se esse sintoma tampona Diagnóstico Infantil:
alguma verdade não dita nessa família. Segundo, hora de
jogo diagnóstico, onde se observa a maneira como a criança - Entrevista com pais ou família (anamnese);
se expressa através dos brinquedos. Terceiro, os testes psi- - Aplicação de testes quando a criança tem idade para desen-
cográficos: H.P.T., família, desenho livre, Machover e Bender. volvê-los ou observação do comportamento lúdico;
Também se levantou outra questão: observando que mui- • Para saber o que ocorre e suas causas, de forma a
tas vezes psicólogos competentes acabam por “fornecer uma responder ao pedido com o qual foi iniciada a consulta.
grande quantidade de informações inúteis para as fontes de
• Porque iniciar um tratamento sem o questionamento
encaminhamento”, por falta de uma compreensão adequada
prévio do que realmente ocorre representa um risco muito
das verdadeiras razões que motivaram o encaminhamento
alto. Significa, para o paciente, a certeza de que se pode
ou, em outras palavras, por desconhecimento das decisões
“curá-lo” (usando termos clássicos). E o que ocorre se logo
que devem ser tomadas com base nos resultados do psicodi-
aparecem patologias ou situações complicadas com as quais
agnóstico.
o psicólogo não sabemos lidar, que vão além daquilo que
As sugestões apontadas, de conhecer as necessidades do podemos absorver, através de supervisões e análises? Bus-
mercado e de desenvolver estratégias de conquistas desse caremos a forma de interromper (consciente ou inconscien-
mercado, parecem se fundamentar na pressuposição de que temente) o tratamento com a conseguinte hostilidade ou de-
o psicólogo, sobrecarregado com suas tarefas, não está ava- cepção do paciente, o qual terá muitas duvidas antes de tor-
liando a adequabilidade de seus dados ao público consumi- nar a solicitar ajuda.
dor.
• Para proteger o psicólogo, que ao iniciar o tratamento
Mas que público é este? Que profissionais ou serviços po- contrai automaticamente um compromisso em dois sentidos:
dem ter necessidade de solicitar psicodiagnósticos? Primei- clínico e ético. Do ponto de vista clínico, deve estar certo de
ramente, vejamos onde costuma trabalhar um psicólogo que poder ser idôneo perante o caso sem cair em posturas ingê-
lida com psicodiagnósticos. Mais comumente exerce suas nuas nem onipotentes. Do ponto de vista ético, deve proteger-
funções numa instituição que presta serviços psiquiátricos ou se de situações nas quais está implicitamente comprometen-
de medicina geral, num contexto educacional ou legal ou do-se a fazer algo que não sabe exatamente o que é. No
numa clínica ou consultório psicológico, em que o psicólogo entanto, a consequência do não cumprimento de um contrato
recebe encaminhamento principalmente de psiquiatras, de terapêutico é, em alguns países, a cassação da carteira pro-
outros médicos (pediatras, neurologistas, etc.), da comunida- fissional.
de escolar (de orientadores, professores, etc.), de juízes ou
de advogados, ou atende casos que procuram espontanea- Por estas razões explica-se a importância da etapa diag-
mente um exame, ou são recomendados por algum familiar nóstica, sejam quais forem os instrumentos científicos utiliza-
ou amigo. dos na mesma. Freud já falava da importância desta etapa, à
qual ele dedicava os primeiros meses do tratamento. Coloca
A questão básica com que se defronta o psicólogo é que, que ela é vantajosa tanto para o paciente quanto para o pro-
embora um encaminhamento seja feito, porque a pessoa fissional, que avalia assim se poderá ou não chegar a uma
necessita de subsídios para basear uma decisão para resol- conclusão positiva.
ver um problema, muitas vezes ela não sabe claramente que
perguntas levantar ou, por razões de sigilo profissional, faz Quando se dedica muito tempo ao diagnóstico acaba-se
um encaminhamento vago para uma “avaliação psicológica”. estabelecendo uma relação transferencial muito difícil de
Em consequência, uma das falhas comuns do psicólogo é a dissolver caso a decisão de interromper o processo for toma-
aceitação silenciosa de tal encaminhamento, com a realiza- da. Além do mais, dispomos na atualidade de muitos recursos
ção de um psicodiagnóstico, cujos resultados não são perti- que permitem solucionar as dúvidas em um tempo menor.
nentes às necessidades da fonte de solicitação. Vejamos agora, segundo Arzeno (1995) com quais finali-
É, pois, responsabilidade do clínico manter canais de co- dades pode ser utilizado o psicodiagnóstico.
municação com os diferentes tipos de contextos profissionais 1) Diagnóstico. Conforme o exposto acima é óbvio que a
para os quais trabalha, familiarizando-se com a variabilidade principal finalidade de um estudo psicodiagnóstico é a de
de problemas com que se defrontam e conhecendo as diver- estabelecer um diagnóstico. E cabe esclarecer que isto não
sas decisões que os mesmos pressupõem. Mais do que isto: equivale a “colocar um rótulo”, mas a explicar o que ocorre
deve determinar e esclarecer o que dele se espera, no caso além do que o paciente pode descrever conscientemente.
individual. Esta é uma estratégia de aproximação, que lhe
permitirá adequar seus dados às necessidades das fontes de Durante a primeira entrevista elaboramos certas hipóteses
encaminhamento, de forma que seus resultados tenham o presuntivas. Mas a entrevista projetiva, mesmo sendo impres-
impacto que merecem e o psicodiagnóstico receba o crédito a cindível, não é suficiente para um diagnóstico cientificamente
que faz jus. fundamentado.
3 - O PSICODIAGNÓSTICO CLÍNICO NA ATUALIDADE Lembremos o que diz Karl Meninger, no prefácio do livro
de David Rapaport:
Segundo Arzeno (1995), o psicodiagnóstico está recupe-
rando-se de uma época durante a qual poderíamos dizer que Durante séculos o diagnóstico psiquiátrico dependeu fun-
havia caído no descrédito da maioria dos profissionais da damentalmente da observação clínica. Todas as grandes
saúde mental. obras mestras da nosologia psiquiátrica foram realizadas sem
a ajuda das técnicas de laboratório e de nenhum dos instru-
É imprescindível revalorizar a etapa diagnóstica no traba- mentos de precisão que atualmente relacionamos com o
lho clínico, e um bom diagnóstico clínico está na base da desenvolvimento da ciência moderna. Tanto a psiquiatria do
orientação vocacional e profissional, do trabalho com peritos século XIX como a da primeira parte do século XX, era uma
forenses ou trabalhistas, etc. psiquiatria de impressões clínicas, de impressões colhidas
Se o psicólogo é consultado é porque existe um problema, graças a uma situação privilegiada: a do médico capacitado
alguém sofre ou está incomodado e deve indagar a verdadei- para submeter o paciente a exame. Mas esse exame à sua
ra causa disso. disposição não era de modo algum uniforme ou estável; e
Segundo Cunha (2000) o processo psicodiagnóstico pode O objetivo de avaliação compreensiva considera o caso
ter um ou vários objetivos, dependendo das perguntas ou numa perspectiva mais global, determinando o nível de funci-
hipóteses inicialmente formuladas. Mais comumente envolve onamento da personalidade, examinando funções do ego
vários objetivos, que norteiam e delimitam o elenco das hipó- (controle da percepção e da mobilidade; prova da realidade;
teses. Dependendo da simplicidade ou da complexidade das antecipação, ordenação temporal; pensamento lógico, coe-
questões propostas, variam os objetivos. rente, racional; elaboração das representações pela lingua-
gem, etc), em especial quando há insight, para indicação
• Classificação simples (descritivo); terapêutica ou, ainda, para estimativa de progressos ou resul-
tados de tratamento. Não chega necessariamente à classifi-
• Classificação nosológica; cação nosológica, embora esta possa ocorrer subsidiariamen-
• Diagnóstico diferencial; te (auxiliar), uma vez que o exame pode revelar alterações
psicopatólogicas. Mas, de qualquer forma, envolve algum tipo
• Avaliação compreensiva; de classificação, já que a determinação do nível de funciona-
mento (compreensão o funcionamento psíquico do paciente)
• Entendimento dinâmico; é especialmente importante para a indicação terapêutica,
definindo limites da responsabilidade profissional.
• Prevenção;
Basicamente, podem não ser utilizados testes. A não utili-
• Prognóstico; zação de testes é um objetivo explícito ou implícito nos conta-
tos iniciais do paciente com psiquiatras, psicanalistas e psicó-
• Perícia forense.
logos de diferentes linhas de orientação terapêutica. Ao pas-
As perguntas mais elementares que podem ser formula- so que, se o objetivo é atingido através de um psicodiagnósti-
das em relação a uma capacidade, um traço, um estado emo- co, obtêm-se evidências mais objetivas e precisas, que po-
cional, seriam: “Quanto?” ou “Qual?” Aqui, o objetivo seria de dem, inclusive, servir de parâmetro para avaliar resultados
classificação simples. Um caso comum de exame com este terapêuticos, mais tarde, através de um reteste.
objetivo seria o de avaliação do nível intelectual. O examinan-
O objetivo do psicodiagnóstico como entendimento dinâ-
do é submetido a testes, adequados à sua idade e nível de
mico, em sentido lato (amplo/restrito), pode ser considerado
escolaridade. São levantados escores (valor quantitativo obti-
como uma forma de avaliação compreensiva, já que enfoca a
do pela soma ou total de pontos creditados a um indivíduo em
personalidade de maneira global, mas pressupõe um nível
situação de prova ou teste), consulta de tabelas e os resulta-
mais elevado de inferência clínica (dedução, conclusão, jul-
dos são fornecidos em dados quantitativos, classificados
gamento clínico). Através do exame, se procura entender a
sinteticamente (resumidamente).
problemática de um sujeito, com uma dimensão mais profun-
Mas, é raro que um exame psicológico se restrinja a este da, na perspectiva histórica do desenvolvimento, investigando
objetivo, uma vez que os resultados dos testes, os escores fatores psicodinâmicos, identificando conflitos e chegando a
dos subtestes e as respostas intratestes praticamente nunca uma compreensão do caso com base num referencial teórico.
são regulares e as diferenças encontradas são susceptíveis
Um exame deste tipo requer entrevistas muito bem con-
de interpretação. Pode-se, então, identificar forças e fraque-
duzidas, cujos dados nem sempre são consubstanciados
zas, dizer como é o desempenho do paciente do ponto de
pelos passos específicos de um psicodiagnóstico, portanto,
vista intelectual. Neste caso, o objetivo do psicodiagnóstico é
não sendo um recurso privativo do psicólogo clínico. Frequen-
descritivo.
temente, se combina com os objetivos de classificação noso-
É também descritivo, o exame do estado mental do paci- lógica e de diagnóstico diferencial. Porém, quando é um
ente que é um tipo de recurso diagnóstico que envolve a objetivo do psicodiagnóstico, leva não só a uma abordagem
exploração da presença de sinais e sintomas, eventualmente diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como
utilizando provas muito simples, não padronizadas, para uma a uma integração dos dados com base em pressupostos
estimativa sumária de algumas funções, como a atenção e psicodinâmicos.
memória. Este constituiria um exame subjetivo de rotina em
Um psicodiagnóstico também pode ter um objetivo de pre-
clínicas psiquiátricas (o exame subjetivo se baseia em infor-
venção. Tal exame visa a identificar problemas precocemen-
mações dadas pelo paciente e em observações de seu com-
te, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas
portamento), muitas vezes completado por um exame objeti-
do ego, bem como da capacidade para enfrentar situações
vo.
O mais difícil nesse momento do estudo é compreender o Segundo Scheeffer (1968), o teste psicológico pode ser
sentido da presença de algumas incongruências ou contradi- definido como uma situação padronizada que serve de estí-
ções e aceitá-las como tais, ou seja, renunciar a onipotência mulo a um comportamento por parte do examinando; esse
de poder entender tudo. É justamente a presença de elemen- comportamento é avaliado, por comparação estatística com o
tos ininteligíveis que vai nos alertar acerca de algo que será de outros indivíduos submetidos à mesma situação, permitin-
entendido muito mais adiante, no decorrer do tratamento, do assim sua classificação quantitativa e qualitativa.
quando a comunicação entre o sistema consciente e incons- Ocampo (1981) nos chama atenção: no planejamento da
ciente tenha-se tornado mais porosa e o indivíduo estiver, bateria temos que pensar que o processo psicodiagnóstico
então, em melhores condições para suportar os conteúdos deve ser suficientemente amplo para compreender bem o
que vierem à tona. Esses elementos não deverão ser despre- paciente, mas ao mesmo tempo, não se deve exceder porque
zados, pelo contrário, deverão ser colocados no laudo que isto implica uma alteração no vínculo psicólogo - paciente.
enviarmos a quem solicitou o estudo para deixá-lo de sobrea-
viso. No entanto, pode ser imprudente incluí-los na devolução Para planejar uma bateria é necessário pensar em testes
ao paciente, pois isso poderá angustiá-lo muito e provocar que captem o maior número possível de condutas (verbais,
uma crise, um ataque ao psicólogo ou uma deserção. gráficas e lúdicas), de maneira a possibilitar a comparação de
um mesmo tipo de conduta, provocada por diferentes estímu-
Chegamos assim ao sexto momento do processo psicodi-
los ou instrumentos e diferentes tipos de conduta entre si. É
agnóstico: a entrevista de devolução de informação. Pode ser muito importante discriminar a sequência em que serão apli-
somente uma ou várias. Geralmente é feita de forma separa- cados os testes escolhidos. Ela deve ser estabelecida em
da: uma com o indivíduo que foi trazido como protagonista da função de dois fatores: a natureza do teste e a do caso em
consulta e outra com os pais e o restante da família. Se a questão. O teste que mobiliza uma conduta que corresponde
consulta foi iniciada como familiar, a devolução e nossas ao sintoma nunca deve ser aplicado primeiro. Utilizar estes
conclusões também serão feitas a toda a família. testes em primeiro lugar supõe colocar o paciente na situação
Esta última entrevista está impregnada pela ansiedade do mais ansiógena ou deficitária sem o prévio estabelecimento
paciente, da sua família e, por que não dizê-lo, muitas vezes de uma relação adequada. Recomendamos como regra geral
também pela do psicólogo, especialmente nos casos mais reservar os testes mais ansiógenos para as últimas entrevis-
complexos. tas.
2. Entrevista de anamnese: tem por objetivo o levanta- No caso de ser a primeira consulta que os pais (ou pacien-
mento detalhado da história de desenvolvimento da pessoa, te adulto) fazem, a primeira entrevista é o primeiro passo do
principalmente na infância. A anamnese é uma técnica de processo psicodiagnóstico e deve reunir certos requisitos para
entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologica- cobrir seus objetivos, tais como: no começo ser muito livre,
mente. não direcionada, de forma que possibilite a investigação do
papel que cada um dos pais desempenha, entre eles e co-
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nosco; o papel que cada um parece desempenhar com o filho, Quando isso ocorre, essa criança tem um respaldo, uma
a fantasia que cada um traz sobre o filho, a fantasia de doen- contenção muito mais forte que aquela que os pais negadores
ça e cura que cada um tem, a distância entre o motivo mani- oferecem, ou aqueles que estão atravessando sua própria
festo e o latente da consulta, o grau de colaboração ou de crise de angústia. Nestes casos, também eles deverão rece-
resistência com o profissional, etc. ber uma ajuda pertinente, porque não há alguém capaz de
resgatar o grupo familiar da situação angustiante. Existe um
Para isso, serão levados em consideração tanto elemen- nível de angústia ou ansiedade cujo aparecimento é saudável,
tos verbais como não verbais da entrevista, a gesticulação mas exacerbação é negativa, pois o paciente entra numa
dos pais, seus lapsos, suas ações, como por exemplo, ir ao crise de angústia da qual não consegue se afastar, e não
banheiro, esquecer algo ao partir, segurar uma bolsa ou pasta podemos de maneira alguma pensar em aplicar algum teste;
o tempo todo, fazer comentários profissionais, fazer alguma podendo isto ser, inclusive, uma conduta pouco humana,
queixa (mesmo parecendo justificada pode estar encobrindo absurda e iatrogênica. Ocorre frequentemente sob algum
uma queixa de outra natureza), desencontro do casal ao che- comando, ou diante de determinada lâmina de algum teste
gar para a primeira entrevista, trocar o horário por engano, que o paciente as associa automaticamente com alguma
trazer uma lista escrita com dados excessivamente detalha- morte ou com algum acontecimento que desencadeou o seu
dos, olhar o teto o tempo todo, pedir um conselho rapidamen- conflito. Nestes casos pode ocorrer um bloqueio total, uma
te, etc. crise de choro ou uma rejeição violenta, talvez se negando a
Contratransferencialmente, deveremos escutar de maneira realizar a tarefa. Todas estas reações têm importância diag-
constante aquilo que sentimos e as associações que fazemos nóstica, porque indicam quais são as reações do paciente
à medida que eles vão relatando a sua versão do que ocorre. quando tocamos seus pontos mais vulneráveis e dolorosos. É
Assim, ficaremos com uma imagem desse filho, a imagem provável que nesses casos tenhamos que suspender a tarefa,
que eles nos transmitiram, cada um a sua, e a que fica co- escutar o que ele precisa nos contar, o que lembrou ou asso-
nosco, que nem sempre é o reflexo fiel do que os pais têm ciou, sendo que nesse momento teremos então uma nova
tentado nos passar. etapa de entrevista aberta, mesmo já estando na fase de
aplicação de algum teste.
Quando conhecermos o filho, o passo seguinte do proces-
so, já poderemos comparar essa imagem que temos dele com Cabe aqui uma recomendação. Não devemos esquecer
a que realmente estamos recebendo. que estamos desde o início incluindo aspectos transferenciais
da relação do paciente ou dois pais conosco, e também
Foi dito antes que o primeiro requisito da entrevista proje- (mesmo se não as verbalizamos) contratransferenciais. Não
tiva é de que seja livre. Um segundo requisito é que em um devemos esquecer também que aquilo que se reestrutura,
outro momento, quando for mais oportuno, segundo o julga- seguindo a teoria da Gestalt, é um campo no qual cada um
mento do profissional que está fazendo o trabalho, seja bas- dos integrantes (no qual nós incluídos) terá uma constante
tante dirigida de forma a poder elaborar uma história clínica mobilidade dinâmica, de tal modo que o que vier a ocorrer é
completa do paciente. Deve-se solicitar dados, colher infor- algo além do mero somatório de condutas individuais.
mação exaustiva sobre a história do sintoma e também deixar
estabelecido um contrato para esta etapa do trabalho diag- Se os pais forem um casal bem estruturado, os sentiremos
nóstico. Por exemplo, quantas entrevistas serão feitas, quem unidos e haverá uma distância ideal entre eles e nós. Se o
deve participar, em que horário, que ordem será dada ao filho, casal não estiver bem unido poderemos notar que um deles
quais serão os honorários, qual o objetivo de todo o estudo, quer excluir o outro e fazer uma aliança conosco. Ou então,
em que vamos centrá-lo, qual é o motivo mais profundo, que que um deles se exclui desce o início, não vindo à entrevista,
destino terá a informação que obtivermos (se será transmitida ou tentando ser uma presença ausente (por exemplo, olhando
a eles ou ao filho, ou além deles ao pediatra, à professora, a para o teto o tempo todo), fazendo que o outro não tenha
um juiz, etc.). outra solução que falar conosco constantemente. Pode ocor-
rer também que não queiram vir juntos. No caso de já existir a
É importante detectar na primeira entrevista, seja com os separação, devemos aceitar esta situação, mas deveremos
pais, com o filho, com o adolescente ou com o adulto que tentar de todas as formas possíveis que assistam juntos à
chegam pela primeira vez, o nível de angústia, o nível de entrevista final para que tomem uma decisão conjunta, pois
preocupação que provoca isso que está ocorrendo com eles. trata-se de compreender o que está acontecendo com o filho
É necessário e saudável que se produza num momento de- e decidir o seu futuro. Parecem consultar com a finalidade de
terminado da entrevista, quando o paciente ou seus pais desqualificá-lo repetidamente e não buscando a sua ajuda.
tenham insight de que o que ocorre é triste, preocupa ou
assusta, notar que surja neles algum indício de tais sentimen- A diferença entre uma entrevista clínica habitual e aquela
tos, pois se não for assim pode predominar um clima de ne- que é o ponto de partida para um estudo psicodiagnóstico
gação parcial da verdadeira importância do conflito, ou um com os testes projetivos é que nesta deveremos manter um
clima maníaco de negação total e projeção, como quando duplo papel: no início, um papel de não intervenção ativa,
tudo parece ser preocupação da professora ou do pediatra, limitando-nos a sermos um observador da situação que está
mas não dos pais. se desenvolvendo no campo do qual estamos participando.
Tentaremos manter o nosso papel de observador que escuta
É importante ainda ressaltar que em um processo diag- e registra (através do material do paciente e dos efeitos con-
nóstico é fundamental trabalhar com um nível de ansiedade tratransferenciais).
instrumental, ou seja, saudável. Isto é importante porque o
nível de ansiedade e o modo como regem o paciente, os pais A posteriori e gradualmente, iremos intercalando pergun-
e a família para contê-la ou manejá-la é um dado diagnóstico tas ou tentando dirigir o diálogo. Devemos considerar o mo-
e prognóstico muito significativo. mento mais oportuno, adotar em papel mais ativo, tal como
intervir, investigar, e inclusive enfrentar os pais com suas
Não tem o mesmo significado que os pais de uma criança próprias contradições, falta de recordações ou falta de sensi-
entrem numa crise da qual nós dificilmente poderemos tirá- bilidade para registrar a seriedade da sintomatologia e os
los, que se vemos que eles mesmos são capazes de conter a riscos que o filho está correndo.
própria angústia ou um deles é capaz de conter a angústia do
outro, também o é se eles reagem positivamente à ação mo- Na entrevista com um adulto ocorreria o mesmo. Tecni-
deradora do psicólogo. camente, isto pode ser feito simplesmente assinalado alguns
pontos, sem fazer interpretações, o que não é recomendável
na primeira entrevista. Mas o grau de permeabilidade é muito
A qualidade e o grau da patologia do cliente nos obrigam a Não sendo assim, é muito difícil realizar o psicodiagnósti-
adaptar o enquadre a cada caso. Não é possível trabalhar da co e, quase é conveniente colocar que, o prorrogaremos até
mesma forma com um paciente neurótico, com um psicótico que ele sinta a necessidade de fazê-lo, até que esteja con-
ou com um psicopata grave. Cada caso implica diferentes vencido de que seu médico esta com razão. Do contrário,
graus de plasticidade. Uma pessoa absolutamente dependen- mesmo que ele faça de boa vontade o que lhe pedirmos, as
te exigirá esclarecimentos permanentes do que deve ou não conclusões que obtivermos não terão valor nenhum para ele,
fazer, enquanto que outros sentirão nossas intervenções e a entrevista de devolução poderia tornar-se uma espécie de
como interferências desagradáveis. Um psicopata precisa ser desafio no qual queremos convencê-lo de algo que ele se
limitado constantemente. O psicótico exige de nossa parte nega a aceitar.
uma total concentração. Precisa ser limitado, mas também Alguns autores afirmam que existem certos aspectos do
cuidado e protegido e também precisamos proteger-nos. enquadre que permanecem “mudos” até que alguma circuns-
A idade do paciente também influi no enquadre escolhido. tância nos obriga a rompê-los, e então aparecem com clare-
Com uma criança pequena, sentaremos para brincar no chão za.
se ela assim solicitar. Com adolescentes, sabemos que preci- Suponhamos que o terapeuta tenha sido sempre pontual,
samos ser mais tolerantes quanto à sua frequência, sua pon- até que um dia um problema no trânsito o obriga a chegar
tualidade e suas resistências para realizar certos testes dos vinte minutos mais tarde. O paciente está esperando furioso,
quais “não gostam”. Talvez queiram antes acabar de escutar quase o insulta e grita “porque o senhor deve estar aqui
uma música em seu mp3. Deixamos escutá-la até ele dizer quando eu chego”. Se não houvesse surgido esta “ruptura” do
que podemos começar. Talvez também fizéssemos o mesmo enquadre, essa reação teria permanecido sempre encoberta
com uma criança ou com um adulto psicótico. pela seriedade do comportamento do terapeuta.
Conclusão: é impossível trabalhar sem um enquadre, mas Sabemos em que tanto o profissional como o paciente,
não existe um único enquadre. trazem para o encontro um aspecto mais infantil e outro mais
Quando questionados sobre o enquadre que usamos, mui- maduro. Se o contrato do psicodiagnóstico é feito sobre a
tas vezes acontecerá que a reflexão vem a posteriori da práti- base dos aspectos infantis de ambos, os resultados serão
ca clínica. Em primeiro lugar, agimos, e depois refletiremos negativos e perigosos.
sobre como e por que trabalhamos daquela forma. Bion re- Bleger, citado por Arzeno (1995), coloca em seu artigo La
comenda trabalhar com absoluta atenção flutuante e liberda- entrevista psicológica (publicação interna da Faculdade de
de, e depois de terminada a sessão, então sim, é aconselhá- Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires):
vel tomar notas e pensar sobre o ocorrido. No psicodiagnósti-
co isto se aplica principalmente à entrevista inicial. Nas se- Para obter o campo particular da entrevista que descre-
guintes já é necessário agir de outra forma para atingir nosso vemos, devemos contar com um enquadre fixo que consiste
objetivo. na transformação de certo conjunto de variáveis em constan-
tes. Dentro deste enquadre inclui-se não somente a atitude
Seja com um adolescente, com um adulto ou com os pais técnica e o papel do entrevistador como o temos descrito,
de uma criança, a primeira entrevista nos dará subsídios que mas também os objetivos, o lugar e a duração da entrevista.
facilitarão o enquadre a ser escolhido. Seu comportamento, O enquadre funciona como um tipo de padronização da situa-
seu discurso, suas reações, são indicadores que nos ajudam ção estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável
a resolver que tipo de enquadre usaremos, se mais estrito ou para o entrevistador. Se o enquadre sofre alguma modificação
mais permissivo. (por exemplo, porque a entrevista é realizada em um lugar
O enquadre inclui não somente o modo formulação do tra- diferente) essa modificação deve ser considerada como uma
balho, mas também o objetivo do mesmo, a frequência dos variável sujeita à observação, tanto como o próprio entrevis-
encontros, o lugar, os horários, os honorários e, principalmen- tado. Cada entrevista possui um contexto definido (conjunto
te, o papel que cabe a cada um. de constantes e variáveis) devido ao qual ocorrem os emer-
gentes e estes só fazem sentido e são significativos em rela-
O papel do psicólogo não é o de quem sabe, enquanto ção e devido a esse contexto. O campo da entrevista também
que o do paciente é o de quem não sabe. Ambos sabem algo não é fixo, mas dinâmico, o que significa que está sujeito a
e ambos desconhecem muitas coisas que irão descobrindo uma mudança permanente, e a observação deve se estender
juntos. O que marca a assimetria de papéis é que o psicólogo do campo específico existente a cada momento à continuida-
Poderíamos, assim, dirigir nossas perguntas lembrando o 1. Herança e constituição (ou seja, a história dos seus
seguinte: antepassados);
1. O sintoma apresenta um aspecto fenomenológico: nes- 2. História prévia do sujeito (seja ela real ou fantasia-
se sentido devemos perguntar minuciosamente tudo àquilo da);
que se refere ao mesmo, sem dar nada por sabido. Os pais 3. Situação desencadeante (individual e familiar).
dizem, “é teimoso”, mas ao pedir descrições podemos desco-
brir, talvez, que seja uma conduta de reafirmação muito ma- Estes fatores contribuem para a criação de um conflito in-
dura de um menino que não se submete a seus pais, excessi- terno que provoca angústia e mobiliza defesas. O sujeito
vamente rígidos e obsessivos. entra então num quadro neurótico com formação e sintomas,
os quais, como afirmamos anteriormente, serão o motivo
2. O sintoma apresenta um aspecto dinâmico: mostra e tanto manifesto como latente da consulta.
esconde ao mesmo tempo um desejo inconsciente que entra
em oposição com uma proibição do superego. Por isso é Em relação aos recursos de que dispõe o psicólogo para
importante perguntar como a criança ou o adolescente rea- registrar tudo o que é necessário desde a entrevista inicial,
gem diante dos sintomas descritos pelos pais. A vergonha, a cabe resumir o seguinte:
repulsa e o pudor são elementos que indicam a existência de
1. Sem dúvida, a comunicação verbal é a via essencial
um conflito intrapsíquico, que o sujeito irá cooperar no traba-
para tal objetivo.
lho do psicodiagnóstico e no tratamento posterior, e que a
patologia é predominantemente neurótica. 2. O registro do não verbal também é essencial e por
isso o psicólogo deve ser um ouvinte atento a gestos, lapsos,
3. Todo sintoma causa um beneficio secundário, sendo
atuações, etc., que possuem um valor inestimável, pois não
importante então calcular o que esse sujeito obtém nesse
são produtos de um discurso planejado, mas de um discurso
sentido e o que ele perderia no caso de que abandonasse o
do inconsciente. Neste momento não é o inquérito, mas a
sintoma. Isso nos ajudará a medir as resistências que ele
observação atenta que serve ao psicólogo como fonte de
colocará para a superação do mesmo.
coleta de dados.
4. Sintoma expressa algo no nível familiar: a entrevista
3. Finalmente, existe outro nível de registro com o qual
familiar diagnóstica nos dará maior informação em relação a
o psicólogo pode contar: seu registro contratransferencial.
esse aspecto do que a entrevista inicial, mas mesmo assim,
Para que ele seja confiável, o psicólogo deve ter realizado
deveremos estar alertas para captar sinais referentes a isso,
uma boa psicanálise de forma a não confundir aquilo que ele
desde o início.
registra como algo do outro com efeitos das suas interven-
Também os psicanalistas decidiram usar esse novo enfo- ções em áreas não resolvidas e si mesmo.
que, familiar, de maneira que o psicólogo dispõe agora de
No encerramento da primeira entrevista, que é o momento
vários esquemas referenciais entre os quais poderá escolher
da despedida desse primeiro encontro entre os pais ou o
o mais convincente, sem omitir essa perspectiva tão importan-
adulto e o psicólogo, é indicado combinar os passos que
te na atualidade.
serão seguidos, os horários das consultas posteriores, assim
Seguindo esse enfoque, torna-se imprescindível interro- como esclarecer também quais serão os honorários e a forma
gar, durante a primeira entrevista, sobre o nome e sobrenome de pagamento dos mesmos.
de cada progenitor, idade atual, se o pai e a mãe vivem ou
Presente ou passado, por onde começar?Se o psicólogo
são falecidos (quando e por qual motivo), se os encontros
aplicar mecanicamente a técnica habitual do inquérito, cairá
No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classifica-
ao entrevistado em relação ao que fundamenta a indicação. das em: informal, focalizada, por pautas e estruturada.
Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: a) Entrevista Informal (livre ou não-estruturada) – É o tipo
CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendações sobre a menos estruturado, e só se distingue da simples conversação
entrevista de devolução: porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se
- Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai co- pretende é a obtenção de uma visão geral do problema pes-
municar-lhe em que consiste o psicodiagnóstico, e indicar a quisado, bem como a identificação de alguns aspectos da
terapêutica que julga mais adequada; personalidade do entrevistado;
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os in- - Silêncio de Reflexão – Surge normalmente após a in-
quiridos forneçam a informação desejada sem terem consci- tervenção do entrevistador, ou logo após um feedback, ou
ência disso, a exemplo das técnicas projetivas; mesmo depois do entrevistador ter passado por algum tipo de
vivência. Nele, observa-se a ausência de tensão, há um reco-
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do lhimento introspectivo de elaboração mental;
questionário ou da entrevista de modo a que as respostas não
sofram qualquer consequência desse efeito. - Silêncio de Desinteresse – O indivíduo perde o foco da
atenção, camufla resistência, se desinteressa pela situação
8.5) Segundo Gilliéron (1996), pode-se estudar os com- externa porque interiormente ela o atinge.
portamentos do paciente praticamente em relação a dois
eixos: 9.1) A Ansiedade na Entrevista
- A anamnese do sujeito que permite a observação dos A ansiedade é parte da existência humana, todas as pes-
comportamentos repetitivos que dão uma ideia exata da sua soas a sentem em grau variado, por vezes consiste em uma
personalidade: trata-se do ponto de vista histórico; resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion
(apud ALMEIDA & WETZEL, 2001), se duas pessoas estão
- A observação do comportamento do paciente quando da numa sala de análise sem angústia, não está havendo análise
primeira entrevista também fornece indicações muito precisas (p.272). Calligaris (apud GOLDER, 2000), percebe que em
sobre a organização da sua personalidade. todo encontro, o outro está imediatamente implicado enquan-
to “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma
IX – DINÂMICA DA ENTREVISTA
tela, uma espécie de cumplicidade que supõe um sentido
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor comum ao que estamos dizendo(p.151). Desse modo, a ansi-
suas reações e nem sua história de vida. Não deve permitir edade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista,
em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua própria, e a
entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro que aparece no entrevistado.
benefício que não seja o pagamento dos seus honorários.
Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quan-
Para Gilliéron (1996), a investigação repousará:
do os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumen-
- Na análise do comportamento do paciente com relação tar, não somente devido a esse novo contexto externo que ele
ao enquadre; enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo
que desconhece em sua personalidade. O contato direto com
- Num modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida,
relacional que se estabelece entre o paciente e o terapeuta; saúde ou doença, conflitos e frustrações. Considerando que o
modelo de apoio objetal. entrevistador é um agente ativo na investigação, sua ansie-
O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não dade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua
de forma efusiva. Diante de informações prévias fornecidas tarefa, o psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade
por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão manti- e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resol-
das em reserva. Em função de não abalar a confiança do ver na medida em que surja.
entrevistado, estas lhe serão comunicadas. A reação contra- Toda investigação implica a presença de ansiedade frente
transferencial deve ser encarada com um dado de análise da ao desconhecido, e o investigador deve ter a capacidade para
entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação. Há
qualquer outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e
não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se trata de limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a meca-
É um documento expedido pelo psicólogo que A finalidade do Relatório Psicológico será sempre a
certifica uma determinada situação ou estado psicológico, de apresentar resultados e conclusões da avaliação psicoló-
tendo como finalidade: gica. Entretanto, em função da petição ou da solicitação do
interessado, o Relatório Psicológico poderá destinar-se a
a) Afirmar como testemunha, por escrito, a informação finalidades diversas, como: encaminhamento, intervenção,
ou estado psicológico diagnóstico, prognóstico, parecer, orientação, solicitação de
de quem, por requerimento, o solicita, aos fins expressos por acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para
este; acompanhamento psicológico etc. Enfim, a solicitação do
requerente é que irá apontar o objetivo último do Relatório
b) Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante, ates- Psicológico.
tando-os como decor-
rentes do estado psicológico informado; 3.2. Estrutura
c) Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, Independentemente das finalidades a que se destina, o
subsidiado na afirmação Relatório Psicológico é uma peça de natureza e valor científi-
atestada do fato, em acordo com o disposto na Resolução cos, devendo conter narrativa detalhada e didática, com cla-
CFP nº 015/96. reza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compre-
ensível ao destinatário.
2.2. Estrutura do Atestado
Os termos técnicos devem, portanto, estar acom-
A formulação do Atestado deve restringir-se à informa- panhados das explicações e/ou conceituação retiradas dos
ção solicitada pelo requerente, contendo expressamente o fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam.
3.2.4. Conclusão
O psicólogo nomeado perito deve fazer a análise do pro- VI - GUARDA DOS DOCUMENTOS E CONDIÇÕES DE
blema apresentado, destacar os aspectos relevantes e opinar GUARDA
a respeito, considerando os quesitos apontados e com fun-
damento em referencial teórico científico. Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicoló-
gica, bem como todo o material que os fundamentou, deverão
Deve-se rubricar todas as folhas dos documentos. Haven- ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos, observando-se a
do quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da insti-
e convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. tuição em que ocorreu a avaliação psicológica.
Quando não houver dados para a resposta ou quando o psi-
cólogo não puder ser categórico, deve-se utilizar a expressão Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em
“sem elementos de convicção”. Se o quesito estiver mal for- lei, por solicitação judicial, ou ainda em casos específicos em
mulado, pode-se afirmar “prejudicado”, “sem elementos” ou que seja necessária a manutenção da guarda por maior tem-
“aguarda evolução”. po.
O prazo de validade dos documentos escritos decorrentes Sob o ponto de vista legal, esta é uma das principais
das avaliações psicológicas deverá considerar a legislação questões que o perito deverá atentar-se. Conforme os itens
vigente nos casos já definidos. contidos no artigo 2º do CEPP, é vedado ao psicólogo: (Alí-
neas)
Código de Ética Profissional do Psicólogo d. Estimular reflexões que considerem a profissão como
um todo e não em suas práticas particulares, uma vez que os
Apresentação principais dilemas éticos não se restringem a práticas especí-
ficas e surgem em quaisquer contextos de atuação.
Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas
que busca atender demandas sociais, norteado por elevados Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do
padrões técnicos e pela existência de normas éticas que Psicólogo, a expectativa é de que ele seja um instrumento
garantam a adequada relação de cada profissional com seus capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e
pares e com a sociedade como um todo. deveres do psicólogo, oferecer diretrizes para a sua formação
e balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para o
Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões fortalecimento e ampliação do significado social da profissão.
esperados quanto às práticas referendadas pela respectiva
categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a
auto-reflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, Princípios Fundamentais
de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por
ações e suas consequências no exercício profissional. A mis- 1. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na
são primordial de um código de ética profissional não é de promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte-
normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de asse- gridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a
gurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para Declaração Universal dos Direitos Humanos.
3. O psicólogo atuará com responsabilidade social, 10. Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros
analisando crítica e historicamente a realidade política, eco- profissionais, respeito, consideração e solidariedade, e, quan-
nômica, social e cultural. do solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por
motivo relevante;
4. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio
do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o 11. Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que,
desenvolvimento da Psicologia como campo científico de por motivos justificáveis, não puderem ser continuados pelo
conhecimento e de prática. profissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu
substituto as informações necessárias à continuidade do
5. O psicólogo contribuirá para promover a universali- trabalho;
zação do acesso da população às informações, ao conheci-
mento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões 12. Levar ao conhecimento das instâncias competentes
éticos da profissão. o exercício ilegal ou irregular da profissão, transgressões a
princípios e diretrizes deste Código ou da legislação profissio-
6. O psicólogo zelará para que o exercício profissional nal.
seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a
Psicologia esteja sendo aviltada. Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:
7. O psicólogo considerará as relações de poder nos 1. Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que ca-
contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre racterizem negligência, discriminação, exploração, violência,
as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crueldade ou opressão;
crítica e em consonância com os demais princípios deste
Código.
2. Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais,
ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer
Das Responsabilidades do Psicólogo tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções
profissionais;
Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos:
3. Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utili-
1. Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Có- zação de práticas psicológicas como instrumentos de castigo,
digo; tortura ou qualquer forma de violência;
2. Assumir responsabilidades profissionais somente por 4. Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que
atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da profissão de psi-
tecnicamente; cólogo ou de qualquer outra atividade profissional;
3. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em con- 5. Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de di-
dições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses reitos, crimes ou contravenções penais praticados por psicó-
serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas re- logos na prestação de serviços profissionais;
conhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na
ética e na legislação profissional; 6. Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a
serviços de atendimento psicológico cujos procedimentos,
4. Prestar serviços profissionais em situações de cala- técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconheci-
midade pública ou de emergência, sem visar benefício pesso- dos pela profissão;
al;
7. Emitir documentos sem fundamentação e qualidade
5. Estabelecer acordos de prestação de serviços que técnico-científica;
respeitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços de
Psicologia; 8. Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos
e técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer
6. Fornecer, a quem de direito, na prestação de servi- declarações falsas;
ços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser
realizado e ao seu objetivo profissional; 9. Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a
seus serviços;
7. Informar, a quem de direito, os resultados decorren-
tes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo so- 10. Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou ter-
mente o que for necessário para a tomada de decisões que ceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa
afetem o usuário ou beneficiário; interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado;
8. Orientar a quem de direito sobre os encaminhamen- 11. Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas
tos apropriados, a partir da prestação de serviços psicológi- quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou ante-
cos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos perti- riores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado
nentes ao bom termo do trabalho; ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
1. Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedi- 4. Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trin-
mentos, como pela divulgação dos resultados, com o objetivo ta) dias, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia;
de proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades
envolvidas; 5. cassação do exercício profissional, ad referendum do
Conselho Federal de Psicologia.
2. Garantirá o caráter voluntário da participação dos
envolvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo Art. 22 - As dúvidas na observância deste Código e os ca-
nas situações previstas em legislação específica e respeitan- sos omissos serão resolvidos pelos Conselhos Regionais de
do os princípios deste Código; Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia.
3. Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou orga- Art. 23 - Competirá ao Conselho Federal de Psicologia
nizações, salvo interesse manifesto destes; firmar jurisprudência quanto aos casos omissos e fazê-la
incorporar a este Código.
4. Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organi- Art. 24 - O presente Código poderá ser alterado pelo Con-
zações aos resultados das pesquisas ou estudos, após seu selho Federal de Psicologia, por iniciativa própria ou da cate-
encerramento, sempre que assim o desejarem. goria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia.
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma d) quando, modificando-se a competência, forem transfe-
das partes. ridos a outro juízo;
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito V - dar, independentemente de despacho, certidão de
por motivo íntimo. qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no
art. 155.
Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, con-
sangüíneos ou afins, em linha reta e no segundo grau na linha Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-
colateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal, im- á o substituto, e, não o havendo, nomeará pessoa idônea
pede que o outro participe do julgamento; caso em que o para o ato.
segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substitu- Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:
to legal.
I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, ar-
Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspei- restos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando
ção aos juízes de todos os tribunais. O juiz que violar o dever no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A
de abstenção, ou não se declarar suspeito, poderá ser recu- diligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de
sado por qualquer das partes (art. 304). duas testemunhas;
Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
e de suspeição:
III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de
I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, cumprido;
sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;
IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na
II - ao serventuário de justiça; manutenção da ordem.
III - ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de V - efetuar avaliações. (Incluído pela Lei nº 11.382, de
24.8.1992) 2006).
IV - ao intérprete. Art. 144. O escrivão e o oficial de justiça são civilmente
§1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a responsáveis:
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruí- I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir,
da, na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos dentro do prazo, os atos que Ihes impõe a lei, ou os que o
autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e juiz, a que estão subordinados, Ihes comete;
sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5
(cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
o pedido. Seção II
§ 2o Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o Do Perito
incidente. Art. 145. Quando a prova do fato depender de conheci-
CAPÍTULO V mento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito,
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA segundo o disposto no art. 421.
Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fa- § 2o Os oficiais de justiça far-se-ão acompanhar de duas
tos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventu- testemunhas.
al omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 3o Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do ar-
Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições es- tista, intérprete ou executante, produtores de fonogramas e
tabelecidas para a primeira. organismos de radiodifusão, o juiz designará, para acompa-
nharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais incumbirá
Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primei- confirmar a ocorrência da violação antes de ser efetivada a
ra, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e ou- apreensão.
tra.
Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça
DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA auto circunstanciado, assinando-o com as testemunhas.
Art. 732. A execução de sentença, que condena ao paga- De Outras Medidas Provisionais
mento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto
no Capítulo IV deste Título. Art. 888. O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência
da ação principal ou antes de sua propositura:
Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o ofe-
recimento de embargos não obsta a que o exeqüente levante I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmen-
mensalmente a importância da prestação. te apreendida;
Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fi- II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos fi-
xa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor lhos;
para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação
ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. judicial ou anulação de casamento;
§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz de- IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casa-
cretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. mento contra a vontade dos pais;
§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pa- V - o depósito de menores ou incapazes castigados imo-
gamento das prestações vencidas e vincendas. (Redação deradamente por seus pais, tutores ou curadores, ou por eles
dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral;
§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o Vl - o afastamento temporário de um dos cônjuges da mo-
cumprimento da ordem de prisão. rada do casal;
Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, VII - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito de visita que, no interesse da criança ou do adolescente,
à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha pode, a critério do juiz, ser extensivo a cada um dos avós;
de pagamento a importância da prestação alimentícia. (Redação dada pela Lei nº 12.398, de 2011)
Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à Vlll - a interdição ou a demolição de prédio para resguar-
empresa ou ao empregador por ofício, de que constarão os dar a saúde, a segurança ou outro interesse público.
nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o
tempo de sua duração. Art. 889. Na aplicação das medidas enumeradas no artigo
antecedente observar-se-á o procedimento estabelecido nos
Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisio- arts. 801 a 803.
nais a que foi condenado, pode o credor promover a execu-
ção da sentença, observando-se o procedimento estabelecido Parágrafo único. Em caso de urgência, o juiz poderá auto-
no Capítulo IV deste Título. rizar ou ordenar as medidas, sem audiência do requerido.
I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de § 2o Na organização dos serviços da assistência social se-
longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os rão criados programas de amparo, entre outros:
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal
sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais e social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da Constitui-
pessoas; ção Federal e na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu-
II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a to da Criança e do Adolescente);
pessoa com deficiência para a vida independente e para o II - às pessoas que vivem em situação de rua.” (NR)
trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
“Art. 24. ........................................................................
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pes-
soa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per .............................................................................................
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
§ 2o Os programas voltados para o idoso e a integração da
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acu- pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o
mulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da benefício de prestação continuada estabelecido no art. 20
seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência desta Lei.” (NR)
médica e da pensão especial de natureza indenizatória.
“Art. 28. ..........................................................................
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa
permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa § 1o Cabe ao órgão da Administração Pública responsável
com deficiência ao benefício de prestação continuada. pela coordenação da Política de Assistência Social nas 3 (três)
esferas de governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob
II - proteção social especial: conjunto de serviços, progra- “Art. 6º-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, desti-
mas e projetos que tem por objetivo contribuir para a recons- nados à execução das ações continuadas de assistência soci-
trução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direi- al, poderão ser aplicados no pagamento dos profissionais que
to, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a pro- integrarem as equipes de referência, responsáveis pela orga-
teção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situa- nização e oferta daquelas ações, conforme percentual apre-
ções de violação de direitos. sentado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome e aprovado pelo CNAS.
Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos ins-
trumentos das proteções da assistência social que identifica e Parágrafo único. A formação das equipes de referência de-
previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus verá considerar o número de famílias e indivíduos referencia-
agravos no território.” dos, os tipos e modalidades de atendimento e as aquisições
que devem ser garantidas aos usuários, conforme delibera-
“Art. 6º-B. As proteções sociais básica e especial serão ções do CNAS.”
ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada,
diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e orga- “Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramen-
nizações de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas to à gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos
as especificidades de cada ação. e benefícios de assistência social, por meio do Índice de Ges-
tão Descentralizada (IGD) do Sistema Único de Assistência
§ 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministé- Social (Suas), para a utilização no âmbito dos Estados, dos
rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a Municípios e do Distrito Federal, destinado, sem prejuízo de
entidade de assistência social integra a rede socioassistencial. outras ações a serem definidas em regulamento, a:
§ 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade de- I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas,
verá cumprir os seguintes requisitos: com base na atuação do gestor estadual, municipal e do Distri-
I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o; to Federal na implementação, execução e monitoramento dos
serviços, programas, projetos e benefícios de assistência soci-
II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Fede- al, bem como na articulação intersetorial;
ral, na forma do art. 9o;
II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na ges-
III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata tão estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e
o inciso XI do art. 19.
III - calcular o montante de recursos a serem repassados
§ 3o As entidades e organizações de assistência social vin- aos entes federados a título de apoio financeiro à gestão do
culadas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou Suas.
ajustes com o poder público para a execução, garantido finan-
ciamento integral, pelo Estado, de serviços, programas, proje- § 1o Os resultados alcançados pelo ente federado na ges-
tos e ações de assistência social, nos limites da capacidade tão do Suas, aferidos na forma de regulamento, serão conside-
instalada, aos beneficiários abrangidos por esta Lei, observan- rados como prestação de contas dos recursos a serem transfe-
do-se as disponibilidades orçamentárias. ridos a título de apoio financeiro.
09. Sobre o emprego de preposição não podemos dizer que: 18. Qual a alternativa onde há um plural incorreto?
A) o termo consequente é complemento ou adjunto do termo A) guardas-noturnos ; vices-diretores
antecedente à preposição; B) bóias-frias ; bate-papos
B) a locução prepositiva sempre termina por preposição; C) puros-sangues ; dedos-duros
C) as preposições ao se unirem a certas palavras sempre D) sextas-feiras ; joões-ninguém
perdem algum fonema; E) bem-me-queres ; arrozes-doces
D) ligando um termo consequente ao seu antecendente, a
preposição pode expressar as mais variadas relações; 19. Que dupla de substantivos abaixo apresenta erro no gê-
E) palavras provenientes de outras classe gramaticais podem nero do artigo precedente?
funcionar como preposições. A) a aguardente ; o amálgama
B) a apendicite ; a cal
10. Qual a frase que tem concordância verbal compatível com C) as saca-rolhas ; a víspora
a norma culta? D) a trama ; o drama
A) Não se deve matar tantos jacarés assim. E) o formicida ; a laringe
B) Isso não é atitudes que se tomem.
C) Fizeram dias muito frios na Europa. 20. Identifique onde ocorre silepse de pessoa:
D) Mais de um governador participou da reunião. A) Nada pode a máquina inventar das coisas.
E) Bate duas horas neste instante. B) Dizem que os paulistas somos pouco dados aos parques.
C) As meninas, espero que os irmãos cheguem antes.
11. Indique onde há erro de concordância nominal: D) Nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.
A) Estou quites com meus credores. E) O trocador olhou, viu, não aprovou.
B) Água é muito bom para matar a sede.
C) É proibida a entrada de pessoas estranhas. Conhecimentos
D) Saíram duas edições extras do jornal.
E) Já está inclusa na despesa a comissão do garçon. 21. Estando o adolescente interno, o prazo de reavaliação
pela equipe interprofissional deverá ser:
12. Em que período o termo em destaque está inadequada- A) Mensal;
mente empregado? B) Bimestral;
A) Quase morreu quando fez a ablação de um dos rins. C) Trimestral;
B) Não quero este livro, senão aquele. D) Semestral;
C) As beatas postaram-se à esquerda do altar. E) Anual.
D) É sangue, o que frui em minhas veias!
E) Não lia jornais de fim de semana. 22. No caso de ato infracional cometido mediante grave ame-
aça ou violência à pessoa, qual a medida sócio-educativa que
13. Que frase apresenta erro no emprego do pronome relati- deverá ser aplicada ao adolescente ?
vo? A) Liberdade assistida;
A) Nenhuma festa a que fui convidado esteve tão animada. B) Semiliberdade;
B) Esta é a imagem ante a qual me ajoelhei. C) Advertência;
C) A moça que veio reclamar é minha irmã. D) Internação em estabelecimento educacional;
D) Esta é a lagoa em cujas águas nadei. E) Obrigação de reparar danos.
E) O jogo a que presenciamos foi muito bom.
23. Assinale a opção que se refere à medida específica de
14. Indique a alternativa que apresenta erro no emprego do proteção:
verbo: A) Prestação de serviço à comunidade;
A) Enganar-se-ia quem o supusesse um fraco. B) Advertência;
B) A polícia havia preso o homem errado. C) Inclusão no programa de semiliberdade;
C) Espero que haja muitos amigos meus na festa. D) Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à
D) Ele medeia os encontros da filha com a mãe. família, a criança e/ou adolescente;
E) Mesmo que penteemos os cabelos, não nos vão reconhe- E) Internação.
cer.
24. No tocante à adoção, assinale a afirmativa correta:
15. Descubra a frase onde "a" foi usado no lugar de "há": A) Não atribui ao adotado direitos e deveres sucessórios;
A) Esta duplicata será descontada daqui a dois meses. B) Inexiste limite de idade para o adotando;
B) Daqui a alguns meses estaremos no segundo milênio. C) Trata-se de um procedimento revogável;
C) Estou guardando esta carta a três meses. D) A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos
D) O homem morreu a dois passos da filha. pais naturais;
E) As férias terminarão a 15 de fevereiro. E) Poderá ocorrer através de instrumento procuratório.
16. Indique o uso incorreto de "aonde": 25. Ao analisar a tendência anti-social, é correto afirmar que:
A) Aonde vocês pensam que vão? A) Não é comparável com a neurose e psicose;
B) Aonde ficaremos hoje à noite? B) Refere-se apenas à criança;
26. Os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos 32. Analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
contra crianças ou adolescentes serão obrigatoriamente co- A) Na anamnese deve-se obter todas as informações para
municados: realizar uma síntese da história do indivíduo;
A) Ao Ministério Público; B) A consulta consiste na solicitação de assistência técnica ou
B) Ao Conselho Tutelar; profissional que deverá ocorrer com o uso da entrevista;
C) Ao Juiz; C) Alguns tipos de entrevista podem excluir ou substituir ou-
D) Aos abrigos de crianças e/ou adolescentes; tros procedimentos de investigação da personalidade;
E) Ao Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e Adoles- D) Toda entrevista tem um contexto definido, ou seja, um
cente. conjunto de constantes e variáveis;
E) O fundamento da entrevista psicológica consiste basica-
27. A Tutela será deferida: mente no fato de perguntar ou no objetivo de recolher dados
A) Indistintamente, às pessoas de até vinte e um anos incom- da história do entrevistador.
pletos;
B) Às pessoas do sexo feminino de até vinte e um anos in- 33. No tocante à ENTREVISTA ABERTA, seria incorreto afir-
completos; mar que:
C) Às pessoas de até vinte e um anos incompletos, desde A) O entrevistador tem ampla liberdade para formular pergun-
que não emancipadas; tas e fazer as intervenções que se fizerem necessárias;
D) Às pessoas maiores de vinte e cinco anos; B) A liberdade do entrevistador levará sempre em considera-
E) Às pessoas do sexo masculino de até dezoito anos incom- ção ou terá como parâmetro a estrutura psicológica do entre-
pletos. vistado;
C) Seu campo não pode ser considerado fixo e sim dinâmico,
28. As medidas de proteção à criança e ao adolescente, são estando sujeito a permanentes mudanças;
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no art.98 do D) Trata-se de uma relação humana em que um dos integran-
E.C.A. forem ameaçados ou violados: tes deve estar cônscio do que está acontecendo e atuar se-
I. Por ação ou omissão da Sociedade ou do Estado; gundo esse conhecimento;
II. Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; E) Possibilita uma melhor comparação sistemática de dados,
III. Em razão de sua conduta. posto que utiliza perguntas previamente formuladas e segue
A) Todos os itens estão corretos; metodologia específica.
B) Nenhum dos itens está correto;
C) Apenas o item I está correto; 34. A Psicanálise influenciou a Teoria da Entrevista:
D) Estão corretos os itens I e II; A) Valorizando fundamentalmente a observação do compor-
E) Estão corretos os itens I e III. tamento do entrevistado;
B) Delineando e reconhecendo o campo psicológico, suas leis
29. O art.126 do E.C.A. preceitua que antes de iniciado o e o enfoque situacional;
procedimento judicial para apuração de ato infracional, o C) Enfatizando aspectos da dimensão inconsciente do com-
representante do Ministério Público poderá conceder a remis- portamento;
são: D) Reforçando a compreensão da entrevista como um todo,
A) Quando a infração for considerada grave; no qual o entrevistador é um dos seus integrantes e seu com-
B) Quando a infração for caracterizada de pequena gravida- portamento é um dos elementos da totalidade;
de; E) Estabelecendo regras básicas para colher dados comple-
C) Em qualquer fase do procedimento; tos de toda a vida do entrevistado.
D) Em nenhuma fase do procedimento;
E) Analisando as circunstâncias e consequências do ato in- 35. Assinale a assertiva incorreta:
fracional cometido, o contexto social e a personalidade do A) O enquadramento na entrevista abrange não apenas a
adolescente. atitude técnica e o papel do entrevistador, mas considera
fundamentais os objetivos, o lugar e o tempo da entrevista;
30. Segundo o artigo 129 do E.C.A. são medidas aplicáveis B) No decorrer da entrevista as observações não devem ser
aos pais ou responsáveis, dentre outras: registradas em função das hipóteses que o entrevistador vai
Inciso I - Encaminhamento a programa oficial ou comunitário emitindo;
de promoção à família; C) Determinados conflitos trazidos pelo entrevistado podem
Inciso III - Encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- não ser fundamentais, assim como as motivações que ele
quiátrico; alega são, geralmente, racionalizações;
Inciso IV - Encaminhamento a cursos ou programas de orien- D) A máxima objetividade só pode ser alcançada quando se
tação; incorpora o sujeito observador como uma das variáveis do
Inciso VI - Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente campo;
a tratamento especializado; E) A entrevista possibilita a reflexão sobre as contradições e
Inciso VIII - Perda da Guarda. dissociações da personalidade, de acordo com o nível de
A) Estão corretos os itens I e III; tolerância à angústia que o entrevistado apresente.
B) Estão corretos os itens I, III e VI;
C) Todos os itens estão corretos; 36. Analise as afirmativas abaixo e indique a alternativa corre-
D) Nenhum dos itens está correto; ta:
E) Apenas o item VI está correto. A) Na anamnese trabalha-se com a suposição de que embora
o paciente conheça a sua vida, não tem a capacidade de
31. No que se reporta à ENTREVISTA PSICOLÓGICA, assi- oferecer dados objetivos sobre ela;
nale a alternativa incorreta: B) Alguns pesquisadores consideram a entrevista um instru-
A) É uma técnica de investigação científica; mento totalmente confiável a despeito das lacunas, dissocia-
B) Possui procedimentos específicos ou regras empíricas; ções e contradições que o entrevistado apresente;
52. Podemos definir a adolescência como: 59. Nos casos de crianças estrangeiras, a colocação em famí-
A) Uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta; lia substituta será admissível em que modalidade:
B) Um momento que marca não só a aquisição da imagem I. Tutela;
corporal definitiva, como também a estruturação final da per- II. Guarda;
sonalidade; III. Adoção.
C) Uma fase onde há predominância das mudanças biológi- A) Estão corretos os itens I e II;
cas; B) Estão corretos os itens II e III;
D) Fase que pode ser plenamente compreendida através da C) Todos os itens estão corretos;
análise isolada dos aspectos biológicos, psicológicos, sociais D) Nenhum dos itens está correto;
e culturais; E) Apenas o item III está correto.
E) Fase que coincide com a puberdade.
60. No que diz respeito à colocação em família substituta, é
53. Entre os diversos elementos que possibilitam assinalar o correto afirmar que:
término da adolescência, marque a alternativa incorreta: A) Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser
A) Relação de reciprocidade com a geração precedente; previamente ouvido e a sua opinião devidamente considera-
B) Capacidade de assumir compromissos profissionais e se da;
auto manter; B) Na apreciação do pedido, levar-se-á em conta o grau de
C) Busca de pautas de identificação no grupo de iguais; parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim
D) Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medi-
de estabelecer relações afetivas estáveis; da;
E) Aquisição de um sistema de valores pessoais. C) Admitirá a transferência da criança ou adolescente a ter-
ceiros ou entidades governamentais ou não governamentais,
54. Na obrigação de reparar o dano, o adolescente deve: sem autorização judicial;
A) Promover ressarcimento sem necessariamente compensar D) Estão corretos os itens A e B;
o prejuízo; E) Estão corretos os itens A, B e C.
B) Promover o ressarcimento do dano;
C) Reparar o prejuízo da vítima;
D) Restituir o objeto;
E) Reparar prejuízo ou restituir o objeto conforme o caso.
14. Qual o período cujo termo em destaque está inadequa- 22. Indique a única opção que melhor responde a questão.
damente empregado? Apesar de vivermos em plena "era das comunicações", o
a ( ) O Juiz empossou os seus pares. processo comunicante entre as gerações continua ............
b ( ) Cuidemos da horta que os celeiros estão vazios. I. Muito bem entre a sociedade.
c ( ) Acenderam os círios sob o altar. II. Emperrado e claudicante.
d ( ) Ao luchar a perna, o atleta gritou de dor. III. Claudicante.
e ( ) Só sai besteira desta sua cachola. a ( ) apenas a alternativa II está correta.
b ( ) apenas a alternativa I está correta.
15. Complete as frases corretamente: c ( ) apenas a alternativa III está correta.
O objeto que estava no fundo do lago _____. d ( ) as alternativas I e III estão corretas.
Como aluno, sou do corpo _____ da escola. e ( ) as alternativas II e III estão corretas.
Por favor, _____ aquela porta. Faz frio aqui.
Rendamos _____ aos que tombaram na guerra. 23. A tendência anti-social pode ser encontrada:
a ( ) imergiu ; docente ; serre ; pleito I. Num indivíduo normal.
b ( ) imergiu ; discente ; cerre ; preito II. Num indivíduo neurótico.
c ( ) emergiu ; discente ; cerre ; preito III. Num indivíduo psicótico.
d ( ) emergiu ; docente ; serre ; pleito a ( ) apenas a alternativa I está correta.
e ( ) imergiu ; discente ; serre ; preito b ( ) apenas a alternativa II está correta.
16. Ache a dupla onde há erro de ortografia: c ( ) apenas a alternativa III está correta.
a ( ) aterrissar ; asar d ( ) as alternativas I e III estão corretas.
b ( ) beneficência ; hilariedade e ( ) as alternativas I, II e III estão corretas.
c ( ) prazerosamente ; meteorologia
d ( ) imprescindível ; manteigueira 24. Quando existe uma tendência anti-social..............
e ( ) hidravião ; candeeiro a ( ) houve a perda de algo bom.
b ( ) houve a perda de algo mau.
17. Que verbo não se apresenta corretamente conjugado no c ( ) não houve perda.
presente do indicativo? d ( ) houve o ganho de algo bom e algo mau.
a ( ) precavemos ; precaveis (precaver) e ( ) houve a perda de algo bom e algo mau.
b ( ) dói ; doem (doer)
c ( ) adiro ; aderes ; adere ; aderimos ; aderis ; aderem (ade- 25. O furto está no centro da tendência anti-social. A criança
rir) que furta um objeto não está desejando o objeto roubado,
d ( ) frejo ; freges ; frege ; frigimos ; frigis ; fregem (frigir) mas está desejando .............
e ( ) arguo ; argúis ; argúi ; arguimos ; arguis ; argúem (arguir) a ( ) um irmão.
b ( ) amigos.
18. Indique onde não se fez a correta concordância nominal: c ( ) a mãe.
a ( ) Cerveja é bom para saúde. d ( ) mais brinquedos.
b ( ) Guardou bastantes moedas de prata. e ( ) ser mais livre.
c ( ) É necessária coragem.
d ( ) Foi ela mesma que escreveu a carta. 26. Segundo Winnicott, do ponto de vista da criança, a mãe
e ( ) Entregue estes convites em mão. foi criada:
a ( ) pelo pai.
19. Qual a função sintática do termo em destaque ? b ( ) por Deus.
"O velho autêntico tinha sido substituído pelo velho fingido". c ( ) pela própria criança.
a ( ) complemento nominal d ( ) pelos amigos.
b ( ) objeto indireto e ( ) pelos avós.
c ( ) objeto direto preposicionado
d ( ) agente da passiva 27. Ao cuidar da criança, a mãe está constantemente lidando
e ( ) adjunto adverbial com .....
I. O valor de incômodo do seu bebê.
20. Marque a alternativa cuja oração apresenta em destaque II. A liberdade do seu bebê.
um termo sem vínculo sintático com a mesma: III. O exagero do seu bebê.
a ( ) A moça caminhava apressadamente. a ( ) apenas a alternativa II está correta.
b ( ) Mataram os meus gatinhos. b ( ) apenas a alternativa I está correta.
c ( ) Estou no meio da praça. c ( ) as alternativas II e III estão corretas.
d ( ) Ele gostou da sugestão. d ( ) as alternativas I, II e III estão corretas.
e ( ) João, onde está Maria? e ( ) as alternativas I e II estão corretas.
32. A criança que precisa descarregar quantidades muito 40. Do ponto de vista intrapsíquico, o comportamento dos
maiores de tensão, com mais frequência, do que uma criança pais frente a seus filhos adolescentes é determinado basica-
calma e tranquila, denominamos de criança........ mente pelo grau de .......:
a ( ) hipotêmica. d ( ) latente. I. Resolução dos conflitos atuais.
b ( ) hipertônica. e ( ) dinâmica. II. Resolução de seus conflitos edípicos.
c ( ) manifesta. III. Resolução de seus conflitos internalizados.
a ( ) as opções I e II estão corretas.
33. Bem no início da infância, o órgão principal de descarga é b ( ) as opções II e III estão corretas.
...... c ( ) apenas a opção III está correta.
a ( ) a mão. d ( ) a boca. d ( ) apenas a opção I está correta.
b ( ) o nariz. e ( ) o olho. e ( ) apenas a opção II está correta.
c ( ) o ouvido.
41. O momento da privação original ocorre durante o período
34. Há duas funções na amamentação. São elas: em que o ego do bebê ou da criança pequena está em .....
I. Uma deficiência de descarga por uma sucção muito mais a ( ) reconhecimento de sua importância.
frequente de partes acessíveis de seu próprio corpo. b ( ) processo de realização da fusão das raízes libidinais e
II. A ingestão de alimento propriamente dita, que satisfaz e agressivas do id.
aplaca a fome e a sede simultaneamente. c ( ) evidência de sua capacidade de suportar a indiferença.
III. A descarga de tensão, ou seja, a satisfação da mucosa d ( ) processo de transição.
oral por meio das atividades dos lábios, língua, palato e espa- e ( ) um momento favorável a sua atuação.
ço laringo-faríngeo..
a ( ) apenas a alternativa I está correta. 42. A base da psicologia de grupo é:
b ( ) apenas a alternativa II está correta. a ( ) a união do grupo.
c ( ) as alternativas I e III estão corretas. b ( ) a psicologia do indivíduo.
d ( ) alternativas II e III estão corretas. c ( ) a mesma faixa etária.
e ( ) as alternativas I, II e III estão corretas. d ( ) maturidade do indivíduo.
e ( ) criatividade do grupo.
35. A idade em que surgem as primeiras respostas sociais e
aparece o primeiro precursor do objeto, é no decorrer do ..... 43. O estudo das primeiras etapas do desenvolvimento permi-
a ( ) décimo segundo mês de vida. tiu descobrir ......
b ( ) nono aniversário. a ( ) a importância do papel de ser pai.
c ( ) oitavo aniversário. b ( ) a necessidade de desprender-se do lar.
d ( ) décimo mês de vida. c ( ) a bissexualidade no indivíduo.
e ( ) terceiro mês de vida. d ( ) que o filho único apresenta uma maior tendência homos-
sexual.
36. Segundo Spitz, os nativos que mantêm o costume antigo e ( ) no homem, há um momento no qual a fantasia de ter um
de carregar as crianças durante todo o dia nas costas ou nas filho no seu ventre é normal.
ancas, proporcionam às crianças .........:
I. Ampla descarga de tensão. 44. A atitude, na grande maioria das crianças que sofrem de
II. Reduzida descarga de tensão. eczema infantil, é de:
III. Estímulo receptivo. a ( ) depressão.
a ( ) apenas a opção II está correta. b ( ) hostilidade.
b ( ) apenas a opção I está correta. c ( ) agressividade.
c ( ) as opções I e III estão corretas. d ( ) ansiedade manifesta.
d ( ) as opções II e III estão corretas. e ( ) delicadeza.
48. A agressividade primária se manifesta através de: 57. Os maiores delitos em nossa sociedade são cometidos
a ( ) relações internas. por:
b ( ) relações externas. I. Adultos
c ( ) relações de aproximação. II. Adolescentes.
d ( ) relações amigáveis. III. Crianças.
e ( ) relações instintivas. a ( ) as opções II e III estão corretas.
b ( ) as opções I e II estão corretas.
49. Indique a alternativa correta que preenche a lacuna. c ( ) apenas a opção III está correta.
A _____________, constitui um perigoso potencial para o d ( ) apenas a opção II está correta.
indivíduo e para a comunidade. e ( ) apenas a opção I está correta.
a ( ) perda do objeto mau.
b ( ) energia instintiva reprimida. 58. Manifestação filicida é :
c ( ) manifestação das relações externas. a ( ) a rivalidade existente entre as gerações.
d ( ) agressão primária. b ( ) a união dos jovens.
e ( ) realidade interior. c ( ) a liberdade de expressão do jovem.
d ( ) o sacrifício da juventude.
50. Um dos objetivos na construção da personalidade é tornar e ( ) a chegada na adolescência.
o indivíduo capaz de drenar o .........
a ( ) instintual. 59. Indique a opção falsa.
b ( ) perverso. O esquema referencial teórico a que aludimos é o que consi-
c ( ) sublimado. dera o caráter psicopatológico dos sintomas na adolescência
d ( ) sentimento. uma função de certos "módulos" ou "variáveis", que são:
e ( ) superego. a ( ) intensidade.
b ( ) duração.
51. A manifestação fecal da criança, pressupõe um certo tipo c ( ) significado regressivo.
de relação ....... d ( ) polimorfismo.
a ( ) pré-objetal. e ( ) discriminação.
b ( ) coprofágica.
c ( ) objetal, ainda que patológica. 60. Indique a alternativa que preenche corretamente as lacu-
d ( ) de periodicidade. nas.
e ( ) integral. O________ e ________ tem um papel igualmente importante
na formação do sistema psíquico e da personalidade.
52. O humor depressivo da mãe origina, na criança, uma a ( ) objeto mau / seus componentes.
inclinação para tendência ....... b ( ) objeto bom / seus componentes.
a ( ) objetal. d ( ) agressiva. c ( ) amor / dedicação.
b ( ) saudável. e ( ) depressiva. d ( ) afeto / integração.
c ( ) de indução. e ( ) prazer / desprazer.
GABARITO
53. A perda da mãe que entra em depressão não é uma per- 01-D 21-C 41-B
da física, como quando a mãe morre. É uma perda ........ 02-A 22-A 42-B
a ( ) passageira. 03-B 23-E 43-E
1. Dentre as atribuições do Conselho Tutelar não consta: 6. De acordo com a LDB, é (V) verdadeiro ou (F) falso afirmar.
A) expedir notificações. ( ) A educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
B) requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos
adolescente quando necessário. de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na
C) expedir mandado de prisão às pessoas que comprovada- competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
mente violaram os direitos constantes do Estatuto. organização, sempre que o interesse do processo de aprendi-
D) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, zagem assim o recomendar.
serviço social, previdência, trabalho e segurança. ( ) A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando
se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no
2. Sobre as disposições do ECA é (V) verdadeiro ou (F) falso País e no exterior, tendo como base as normas curriculares
afirmar. gerais.
( ) As crianças adotadas têm o mesmo direito e qualificações ( ) O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades
daquelas havidas na relação de casamento. locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respec-
( ) As famílias que apresentem carência de recursos materiais tivo sistema de ensino, facultando reduzir o número de horas
para a criação dos filhos poderão ser incluídas em programas letivas previstas na legislação.
oficiais de auxílio. A seqüência correta é:
( ) A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à A) F, V, V.
sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro- B) V, F. V.
vidência. C) V, V, F.
A seqüência correta é: D) F, V, F.
A) V, F. V.
B) F, V, V. 7. Consta da LDB que o controle de freqüência fica a cargo da
C) F, F, V. escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas
D) V, V, V. do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima
de _____ do total de horas letivas para aprovação
3. O acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou de A) 50%.
adolescente afastado do convívio familiar contará com alguns B) 75%.
estímulos oferecidos pelo Poder Público, como: C) 60%
1 - assistência jurídica. D) 90%
2 - cesta básica mensal.
3 - incentivos fiscais. 8. Analise as afirmações sobre a LDB.
4 - convênio de saúde particular. 1 - A LDB prevê a possibilidade de aceleração de estudos
São itens que constam do Art. 34 do ECA: para alunos com atraso escolar.
A) 1 e 2, apenas. 2 - Cabe a cada instituição de ensino expedir históricos esco-
B) 2 e 3, apenas. lares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certi-
C) 3 e 4, apenas. ficados de conclusão de cursos, com as especificações cabí-
D) 1 e 3, apenas. veis.
Podemos concluir que, segundo a LDB:
4. O ECA determina que as medidas de proteção às crianças A) 1 e 2 estão incorretas.
e adolescentes contemplem as necessidades pedagógicas, B) apenas 1 está correta.
preferencialmente aquelas que visem ao fortalecimento dos C) apenas 2 está correta.
vínculos familiares e comunitários e que garantam, dentre D) 1 e 2 estão corretas.
outros, os princípios de:
1 - Privacidade – zelando pela intimidade, direito à imagem e 9. A educação básica, nos níveis fundamental e médio terá
reserva de sua vida privada. uma carga horária anual de ____ horas, distribuídas por ___
2 - Intervenção precoce – efetuada pelas autoridades logo dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado
que a situação de perigo seja conhecida. aos exames finais, quando houver.
3 - Obrigatoriedade da informação – exclusivamente aos pais Completam corretamente os respectivos claros:
que devem ser informados sobre os motivos que determina- A) 750 // 200.
ram a intervenção e da forma como esta se processa. B) 900 // 210.
São afirmações corretas: C) 800 // 200.
A) 1 e 3 apenas. D) 850 // 220.
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