Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
em Engenharia
Material Teórico
O engenheiro e a pesquisa científica
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
O engenheiro e a pesquisa científica
• Contextualização
• Introdução
• O computador
• Mais um caso de sucesso
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Abordar a pesquisa na engenharia e como ela pode influenciar
a conduta do engenheiro. A engenharia é uma ciência e como
toda ciência necessita ser alimentada constantemente de novas
informações e novas descobertas. A evolução é constante, pois
uma descoberta pode desencadear a descoberta de novas outras. A
pesquisa científica, portanto, está presente no desenvolvimento de
novas ideias, processos e produtos. Sem ela, a engenharia ficaria
estagnada no tempo.
· De uma forma geral, o engenheiro participa de uma maneira ou de
outra desse processo de avanço tecnológico e científico, ao aplicar
novos conceitos que vão surgindo. Não há a necessidade de o
engenheiro se tornar um cientista e ir trabalhar em um centro de
pesquisa. Não é esse o objetivo desta matéria. A lição que deve ser
absorvida refere-se apenas e tão somente ao desenvolvimento da
capacidade de olhar para o futuro com olhos de engenharia. Ou
seja, ao se informar de uma nova ideia, um novo material ou um
novo processo, o engenheiro deve fazer exercícios mentais de como
aquilo poderia ser implementado. Esse é o objetivo deste tópico.
ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema:
“O Engenheiro e a Pesquisa Científica”.
Então, procure ler com atenção o conteúdo disponibilizado e o material
complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para
registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao
professor-tutor.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais
interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as
atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a Videoaula. Cada material
disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por favor, estude
todos com atenção.
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
Contextualização
Como você se imagina sendo um(a) engenheiro(a) formado(a) e trabalhando no
mercado de trabalho nacional? Será que você terá a ideia de que terá uma mesa em
um escritório e que ficará diante de um computador respondendo e-mails durante
todo o tempo? É possível que isso lhe possa acontecer, mas depende de você. Se
quiser se tornar um(a) profissional dedicado(a) e assim agradar a chefia, terá toda a
oportunidade do mundo. Porém, é melhor pensar direito... A economia nacional
costuma oscilar fortemente e isso poderá lhe custar o emprego. Tornar-se apenas
mais uma peça nesse jogo nem sempre é a melhor opção. Mas se você procurar
olhar para o futuro, poderá ser mais bem sucedido(a).
E nos dias atuais essa pesquisa poderá começar a partir de nosso computador,
buscando na internet.
6
Introdução
Nas unidades anteriores, falamos sobre o que é a engenharia e o que ela pretende.
Você teve uma boa noção do que é ser engenheiro e mergulhou no passado para
notar como a engenharia evoluiu até nossos dias. Também vimos como o engenheiro
aborda os problemas à sua volta por meio da observação. E finalmente analisamos as
dificuldades encontradas na execução de um grande projeto.
O computador
Um caso de imenso sucesso da pesquisa científica e que culminou em um dos
mais importantes elementos da nossa vida cotidiana foi o advento do computador.
Hoje não conseguimos conceber a ideia de um mundo sem essa terrível máquina
automática. Vale a pena voltarmos no tempo e verificar como essa máquina surgiu.
A computação é um dos campos científicos mais promissores para a pesquisa,
pois permite que pesquisadores possam desenvolver ideias de forma bastante
econômica, até mesmo de dentro de suas próprias casas. Vale e pena acompanhar
a evolução da computação descrita aqui.
7
7
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
Hoje sabemos que o computador deixou de ser apenas uma máquina de calcular. Mas,
quando houve essa ruptura? Podemos dizer que a mudança de um simples elemento
calculador para a multimídia ocorreu recentemente, no início da década de 1980. Até
então, computadores eram máquinas eletrônicas que apenas faziam cálculos.
8
Figura 2 – A primeira máquina de calcular de Babbage
Fonte: Wikimedia Commons
9
9
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
10
Figura 3 – A máquina de codificar mensagens Enigma
Fonte: Wikimedia Commons
11
11
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
12
36 kg e ocupando um volume de menos de 30 litros. O primeiro voo do AGC foi
realizado na nave Apollo 7. Um ano mais tarde, esse minúsculo computador guiou
a Apollo 11 para o pouso na superfície lunar. A comunicação entre os astronautas
e o computador era feita por meio de cartões perfurados e por meio de um teclado
numérico, gerando códigos de dois dígitos no visor numérico. O AGC foi um dos
primeiros a utilizar circuitos integrados, e sua memória de 2 kBytes era constituída de
pequenos núcleos magnéticos só de leitura. Os astronautas conseguiram introduzir
mais de 10.000 comandos no AGC em cada viagem entre a Terra e a Lua
Os cálculos de engenharia até essa época eram realizados pela grande maioria
dos engenheiros por intermédio de réguas de cálculo, como, por exemplo, aquela
mostrada na figura 6 a seguir. As primeiras réguas eram feitas de madeira, bambu
ou alumínio e as últimas eram feitas de material plástico. Dotadas de escalas
independentes, podiam realizar vários cálculos incluindo o uso de logaritmos,
funções trigonométricas, potenciação, função inversa, etc. Até meados da
década de 1970, elas reinaram absolutas nos cálculos de engenharia por serem
precisas e de baixo custo, fáceis de transportar e não dependiam de energia para
funcionarem. Elas foram substituídas pelas calculadoras eletrônicas, em meados da
década de 1970. O uso dessas réguas era relativamente simples, mas exigia um
melhor conhecimento das funções matemáticas. Por exemplo, para se calcular a
cotangente de um ângulo, nas calculadoras eletrônicas basta apertar uma tecla;
na régua, era preciso calcular a tangente desse mesmo ângulo e convertê-la
matematicamente para a cotangente, utilizando lápis e papel. Além disso, por
serem analógicas, as réguas de cálculo permitiam que o operador tivesse noção da
grandeza do cálculo que estava realizando, pois o posicionamento da vírgula era
determinado pela contagem das casas decimais dos números envolvidos. O uso da
régua exigia, portanto, mais raciocínio que o uso das calculadoras.
13
13
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
14
O Personal Computer, ou simplesmente PC, surgiu no final dos anos 70. O
primeiro PC bem sucedido foi o APPLE II, criado em uma garagem por Steve
Wozniak e posteriormente industrializado por Steve Jobs. Era vendido completo,
contendo a placa mãe, a fonte de alimentação, teclado, manual, joystick e uma
fita cassete contendo o jogo Breakout. Não havia monitor; em vez disso era um
aparelho de televisão. Encontrou uma popularidade muito além da comunidade
estudantil, a qual se tornou a principal comunidade de usuários da Apple até então.
Quando conectado a um aparelho de televisão em cores, o Apple II produzida
brilhantes gráficos coloridos para a época. Milhões de Apple II foram vendidos
entre 1977 e 1993, tornando-se uma das linhas de computadores pessoais de vida
mais longa. A Apple forneceu gratuitamente milhares de Apple II para escolas,
oferecendo aos estudantes o seu primeiro acesso a computadores pessoais.
Este caso se passou com o autor deste texto. No ano de 1995, um grupo de
técnicos e engenheiros veio até o instituto onde o autor trabalhava, com o intuito
de resolverem um problema. Tratava-se de um caso de medição de vazão de água
em um conduto que alimentava as turbinas de uma pequena usina hidrelétrica,
localizada no interior do Estado do Mato Grosso. Eles precisam medir a vazão de
15
15
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
16
Como nunca havia visto nada parecido, o autor deste texto passou a imaginar
como poderia ser construída a nova invenção. O fluxo de água deveria cruzar
o duto de aço de 75 mm de diâmetro transversalmente e também passar pelo
interior de um conjunto de 11 janelas abertas nesse duto. O esquema do medidor
desenvolvido pode ser visto na Figura 8. No interior dessas janelas deslizaria o
tubo de Pitot S para efetuar as leituras de pressão diferencial. A maior dificuldade
encontrada foi imaginar como o fluxo passaria por essas janelas de forma a
perturbar o menos possível o escoamento para que as leituras com o Pitot fossem
confiáveis. A ideia foi para o papel e tornou-se um projeto dimensional, que foi
enviado aos engenheiros. Com o projeto em mãos, o cliente construiu quatro dutos
janelados e dois tubos de Pitot S em apenas duas semanas. Seriam feitas medições
em duas unidades de geração de energia da pequena hidrelétrica, em dois condutos
de diâmetro de 3,0 metros cada. As medições seriam realizadas em dois eixos, um
vertical e outro horizontal. Daí a necessidade de quatro dutos. Quanto aos tubos de
Pitot, eles seriam retirados de um conduto e inseridos no outro no intervalo entre
as medições. Para inserir os tubos de Pitot nos tubos janelados, era preciso parar
as turbinas e esvaziar os condutos, mas essa era uma manobra que o pessoal da
usina fazia corriqueiramente.
Os tubos de Pitot S possuem seu coeficiente de descarga (que pode ser entendido
como sendo uma espécie de “rendimento” do instrumento) em torno de 0,82
quando operam livremente. Porém, nesse caso, devido ao fato de estar no interior
de um duto, esse coeficiente foi significativamente alterado e teria que ser levantado
no laboratório.
17
17
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
Assim que os quatro conjuntos foram instalados nas tubulações, foi marcado o
dia das medições. O ensaio de medição de vazão de água teria que ser feito fora
do período de pico de fornecimento de energia; assim, os ensaios foram realizados
durante a madrugada. Quando a água começou a fluir pelos condutos, todos
prenderam a respiração, pois esperavam que pudesse ocorrer o rompimento do
sensor. Felizmente, isso não aconteceu. As medições então puderam ser iniciadas.
Nesse episódio, foi possível observar que a engenharia é capaz de oferecer soluções
para problemas desconhecidos e que não estão nos livros, mas que podem ser
solucionados pela aplicação sistemática do conhecimento adquirido. Foi e tem sido
assim desde o início da era científica. A pesquisa faz parte do papel do engenheiro,
queira ou não queira. Ela acrescenta mais confiança em seu trabalho cotidiano e abre
caminho para a divulgação pública de suas soluções. Isso é gratificante tanto para o
pesquisador como para a sociedade. Vale a pena estudar engenharia.
18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Impressora da máquina de Babbage
http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/710950.stm
Vídeos
Máquina de Babbage em operação
https://www.youtube.com/watch?v=jiRgdaknJCg
Operação da máquina Enigma
https://www.youtube.com/watch?v=VMJeDLv2suw
Demonstração máquina Enigma
https://www.youtube.com/watch?v=VMJeDLv2suw
Máquina Lorenz
https://www.youtube.com/watch?v=KRaDnKzTXdw
Régua de cálculo
https://www.youtube.com/watch?v=ydde25EN4Qk
19
19
UNIDADE O engenheiro e a pesquisa científica
Referências
CHARLES BABBAGE INSTITUTE. Who was Charles Babbage? Disponível em:
<http://www.cbi.umn.edu/about/babbage.html>. Acesso em: 31 jul. 2016.
20