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Produção sustentável de

Peixes Amazônicos I

Criação sustentável de peixes redondos


Produção sustentável de Peixes Amazônicos I –
Criação sustentável de peixes redondos

Introdução
O tambaqui, de nome científico Colossoma macropomum, e os demais peixes
classificados como redondos têm estrutura óssea, corpo robusto e formato
arredondado característico. Essas particularidades rendem um corte peculiar: as
costelas. Juntos, eles formam o principal grupo de peixes nativos produzido pela
aquicultura nacional atualmente.

Foto: Jefferson Christofoletti.

Figura 1 – Tambaqui

A produção dos peixes redondos acontece principalmente nas regiões Norte,


Nordeste e Centro-Oeste. O potencial deriva das características de bom crescimento,
hábito gregário (de viver em cardumes) e relativa resistência às condições adversas
de qualidade da água. Comercialmente, o tamanho dos peixes muda de acordo
com a região, indo desde o “curumim” – com cerca de 600 g – até peixes maiores
– com aproximadamente 3 kg –, apreciados principalmente na Região Norte.
A criação de peixes redondos em cativeiro compreende três segmentos principais:

• criação de alevinos;
• comercialização de pescado (peixe após engorda);
• processamento de pescado em indústrias.

Para cada segmento, há etapas com especificidades que diferenciam a produção


de peixes redondos da de outras espécies. Portanto, é imprescindível conhecê-las
para alcançar uma melhor eficiência produtiva, com a correta exploração dessas
particularidades, e, consequentemente, agregar valor.

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Criação sustentável de peixes redondos

Neste curso, serão detalhados os cuidados que envolvem as fases de reprodução,


alevinagem, recria, engorda e comercialização de peixes redondos. Para melhor
entendimento, é relevante estudar a definição inicial de cada um desses processos.
Por isso, veja os termos que são amplamente utilizados na produção de peixes:

A alevinagem tem início com a reprodução e


a incubação das formas larvais. É geralmente
conduzida por estabelecimentos especializados
na comercialização de pós-larvas ou alevinos.

A recria é um processo que parte de alevinos


com cerca de 2 g e antecede a fase de
engorda. Ela tem por objetivo criar os peixes
em estruturas de cultivo menores, em que
ficam mais protegidos dos predadores, até que
atinjam tamanho suficiente para seguirem em
espaços maiores. Garante, dessa forma, melhor
sobrevida, o bom emprego das estruturas
produtivas da propriedade e a eficiência do
manejo e da mão de obra.

A engorda acontece logo após a recria, quando


os peixes atingem 80 g. Ela se estende até
os animais atingirem o peso comercial, que
geralmente varia entre 600 g e 3,5 kg, de
acordo com o mercado atendido e as condições
locais.

É importante destacar que essas são as fases de produção geralmente adotadas


pelos produtores; elas não necessariamente refletem com exatidão os estágios de
desenvolvimento da espécie como descrito na literatura científica.

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Criação sustentável de peixes redondos

Associados ao ciclo de vida exposto, há os termos larva, alevino e juvenil para


denominar as etapas de crescimento dos peixes na piscicultura. Assim como os
termos anteriores, essas nomenclaturas obedecem à lógica das fases de produção,
não correspondendo, no entanto, aos nomes que a comunidade científica dá aos
estágios de evolução da espécie. Em alguns casos, o nome está relacionado à
fase de produção correspondente – a de alevinagem, por exemplo, faz referência
à produção do alevino.
Observe, no quadro a seguir, a diferença na denominação das fases de
desenvolvimento dos peixes.

Fases de desenvolvimento dos peixes


Denominações utilizadas Denominações utilizadas
pelos produtores pela comunidade científica

Larva: após a eclosão da


Larva: até a absorção do saco
Larvicultura larva até o peixe adquirir
vitelínico
características de um juvenil

Alevino: após a absorção do saco Juvenil: é o peixe que


Alevinagem vitelínico até atingir o tamanho apresenta todos os raios das
para venda (2-7 g) nadadeiras já formados; perde
as características de larva e já
Juvenil: peixe adquirido com peso apresenta escamas e realiza a
Recria e engorda
entre 2-7 g até o fim da engorda maturação das gônadas

Adulto: quando acontece a Adulto: quando tem a primeira


Reprodução
primeira reprodução maturação das gônadas

Quadro 1 – Desenvolvimento dos peixes


Fonte: Adaptado de Lima et al. (2017, p. 20).

O curso Criação Sustentável de Peixes Redondos está dividido em nove módulos,


além desta introdução, e foi estruturado com base nas etapas de produção dos
peixes: reprodução e incubação das formas larvais, alevinagem, recria, engorda e
processamento de pescado. As diversas áreas de conhecimento interagem entre si,
como nutrição e alimentação de peixes, qualidade ambiental, manejo, sanidade e
melhoramento genético. Veja o que será apresentado em cada um dos nove módulos:

Módulo 1 – O que saber antes de começar?

Inicia o curso apresentando a estrutura corpórea dos peixes e todo o seu


organismo. Você verá detalhes dos sistemas fisiológicos e as principais
características dos peixes redondos; conhecerá suas classificações e os
híbridos desse grupo.

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Criação sustentável de peixes redondos

Módulo 2 – Iniciando a produção de peixes redondos

Você estudará as bases para o início da produção de peixes redondos,


com fatores importantes para o desenvolvimento da atividade aquícola –
reconhecimento do solo, por exemplo. O módulo também detalha como deve
ser feita a implantação das infraestruturas dos viveiros.

Módulo 3 – Qualidade da água para o cultivo de peixes


redondos

Expõe a importância da qualidade da água na criação de peixes redondos.


Este módulo lhe apresentará os subsídios necessários ao monitoramento
adequado da água nos viveiros de cultivo e os protocolos de correção das
variáveis.

Módulo 4 – Melhoramento genético e reprodução

Trabalha conceitos relacionados ao melhoramento genético e apresenta


as principais características da reprodução, os mecanismos e processos
envolvidos para o ganho de produtividade do plantel.

Módulo 5 – Larvicultura e alevinagem

Aborda a biologia reprodutiva dos peixes redondos e a larvicultura e a


alevinagem das espécies de maior importância comercial no Brasil. Você verá
quais são os critérios sanitários e de desempenho zootécnico para a produção
ou aquisição adequada de alevinos.

Módulo 6 – Alimentação e biometria

Apresenta os hábitos alimentares dos peixes. Você conhecerá os principais


tipos de rações, os cálculos que devem ser feitos para o arraçoamento e os
aspectos mais importantes do manejo alimentar. Esta etapa dos estudos
ainda reforça a importância do acompanhamento biométrico na piscicultura
de peixes redondos.

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Criação sustentável de peixes redondos

Módulo 7 – Recria e engorda

Trabalha os principais conceitos relacionados à recria e à engorda de peixes.


Neste módulo, você estudará o sistema de produção praticado na preparação
dos viveiros e a relação entre a qualidade da água, a biometria e a alimentação
nesses processos.

Módulo 8 – Sanidade na produção de peixes redondos

Você conhecerá orientações para desenvolver práticas de manejo sanitário


nas criações de peixes redondos. Aqui, você verá as principais doenças e as
práticas de prevenção de surtos e controle de situações de risco à sanidade
dos viveiros.

Módulo 9 – Processamento e comercialização

Finaliza o curso com as etapas que envolvem o processamento e a


comercialização dos peixes. Apresenta as principais técnicas de despesca, os
métodos de insensibilização e abate de peixes redondos.

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Referências
LIMA, A. F.; RODRIGUES, A. P. O.; LIMA, L. K. F.; MACIEL, P. O.; REZENDE,
F. P.; FREITAS, L. E. L.; DIAS, M. T.; BEZERRA, T. A. Alevinagem, recria e
engorda do pirarucu. Brasília: Embrapa, 2017.

RODRIGUES, A. P. O.; LIMA, A.; ALVES, A.; ROSA, D.; TORATI, L.; SANTOS,
V. Piscicultura de água doce: multiplicando conhecimentos. Brasília: Embrapa,
2013.

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