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Introdução

A Teoria do Conhecimento, também chamada de Gnosiologia, é o campo da Filosofia


que se dedica ao estudo do conhecimento.

De modo geral, a Teoria do Conhecimento tende a priorizar temas ligados à origem,


limites e natureza de temas considerados cognitivos, ou seja, ocupa-se em entender,
estudar e validar o conhecimento, a possibilidade de existência do conhecimento e
quais os fundamentos, origens e valores.

O olhar filosófico define que, para que seja possível a existência do conhecimento, são
necessários três fatores fundamentais:

 a consciência ou existência de um sujeito conhecedor;


 um objeto a ser conhecido;
 a relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto.

O conhecimento só é considerado possível quando o sujeito é capaz de representar


mentalmente o objeto.

O conhecimento como fonte de estudo filosófico desenvolve-se em três disciplinas


distintas:

 A própria Teoria do Conhecimento: dedica-se ao estudo do conhecimento


geral e da natureza;
 A Epistemologia: responsável pelo estudo do conhecimento científico e da
natureza;
 A Metodologia Científica: trata dos processos lógicos para a aquisição do
conhecimento científico
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Teoria do Conhecimento
De modo geral podemos dizer que o problema do conhecimento desenvolve-se em três
disciplinas: 1) teoria do conhecimento: que estuda a natureza do conhecimento em
geral; 2) epistemologia: que estuda a natureza e fundamentação do conhecimento
científico; 3) metodologia científica: trata dos processos lógicos de aquisição do
conhecimento científico.
            A teoria do conhecimento é a área da filosofia que tem como objetivo investigar
o que é o conhecimento, a possibilidade (se é possível conhecer), qual o fundamento do
conhecimento, suas origens e seu valor.
            Qualquer pessoa, apoiando-se na própria experiência, poderá dizer até mesmo
irrefletidamente que não há motivos para duvidar da ideia de que podemos ter um
conhecimento exato do mundo que nos cerca. Mas os filósofos não são desta opinião e
sempre advertiram que nem sempre o conhecimento comum representa verdadeiramente
as coisas como são. A maior prova disso é que sentimos a Terra imóvel e o Sol girando
ao seu redor quando na realidade nem a Terra está imóvel e nem o Sol gira ao seu redor.
Por isso a teoria do conhecimento principia com a pergunta se podemos conhecer a
verdade ou o mundo exatamente como ele é. Aparentemente a trajetória da luz é uma
linha reta, mas você sabia que ela também pode sofrer uma curvatura em sua trajetória?
É o que prediz a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Olhando para o céu,
você consegue dizer, apoiando-se apenas nos seus sentidos, o tamanho exato de uma
estrela? E da lua? Você consegue perceber a olho nu que a luz do Sol é uma complexa
combinação de cores que vai do violeta ao vermelho alaranjado? Além disso, como
percebemos os objetos através dos sentidos, uma mesma coisa pode ser percebida de
diferentes maneiras por diferentes pessoas.
            Do ponto de vista filosófico podemos dizer que para que exista o conhecimento
três fatores são fundamentais: a existência de um sujeito conhecedor (o eu, a
consciência); um objeto a ser conhecido (a realidade, o mundo); e a relação entre estes
dois elementos do processo de conhecimento. Só é possível conhecer quando há uma
apreensão do objeto pelo sujeito, quer dizer, quando o sujeito é capaz de representar
mentalmente o objeto de conhecimento.
Pelo sujeito, o fenômeno do conhecimento toca na esfera psicológica (o conhecimento é
uma correlação sujeito-objeto mediado pelo pensamento); pelo objeto, toca no âmbito
das ciências e da ontologia; e a relação entre o sujeito e o objeto diz respeito à teoria do
conhecimento.
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            Há ainda um elemento do conhecimento que merece consideração e que é
a verdade do conhecimento. Por verdade do conhecimento deve-se entender a
possibilidade de que, na relação do conhecimento, o pensamento formado pelo sujeito
concorde com o objeto. Quando a representação dada de uma coisa não concorda com o
objeto então diz-se que é um conhecimento falso. O conhecimento verdadeiro deve,
necessariamente, concordar com o objeto. Dessa forma, um dos problemas que a teoria
do conhecimento deve propor e tentar solucionar é o de saber quais são os critérios, as
maneiras, os métodos de que podemos nos valer para ver se um conhecimento é ou não
verdadeiro.
            A teoria do conhecimento relaciona-se, portanto, com a psicologia, com as
ciências, a ontologia, a lógica e a verdade. A teoria do conhecimento não pode
prescindir das contribuições que lhe oferecem estas diferentes áreas, embora não
confundindo-se com tais. A psicologia investiga os processos do pensamento, a origem
e desenvolvimento dos processos psicológicos, o sujeito do conhecimento. O objeto é
investigado pelas ciências e pela ontologia. O objeto aparece perante a consciência
cognoscente.

A Possibilidade de Conhecer
            Uma vez estabelecido o que é o conhecimento surge então a questão sobre se é
possível e como é possível o conhecimento. Em relação a questão sobre se é possível o
conhecimento temos basicamente três respostas, que sintetizam todas as possíveis
respostas. Uma que nega a possibilidade de conhecer a verdade (ceticismo), outra que
afirma tal possibilidade (dogmatismo) e outra que não nega nem afirma, mas avalia as
condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro (criticismo). O dogmatismo e o
ceticismo têm ainda suas variações que vamos destacar agora.
            Ceticismo absoluto: nega de forma total a possibilidade de conhecer a verdade.
Dois representantes desta corrente são os filósofos gregos Górgias (485-380 a.C.),
segundo o qual “o ser não existe; se existisse não poderíamos conhecê-lo; e se
pudéssemos conhecê-lo não poderíamos comunicá-lo aos outros”; e Pirro (365-275
a.C.), que dizia ser impossível ao homem conhecer a verdade devido a duas fontes
principais de erro: os sentidos que nos induzem a muitas ilusões e a razão que
apresenta, por sua vez, opiniões bastante contraditórias sobre os mesmos assuntos,
revelando assim os limites de nossa inteligência.
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            Ceticismo relativo: consiste numa posição moderada que nega apenas
parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade. Uma dessas correntes aponta
para um subjetivismo, ou seja, como o conhecimento é uma relação subjetiva e pessoal,
então o conhecimento limita-se às ideias e representações elaboradas pelo próprio
sujeito. Um dos representantes do subjetivismo é o filósofo grego Protágoras (séc. V
a.C.) que dizia “o homem é a medida de todas as coisas”. Uma outra corrente é
o probabilismo, que afirma que o máximo que podemos alcançar é o conhecimento de
uma verdade provável, nunca uma certeza completa. Na Idade moderna, o filósofo
inglês David Hume afirmou que a observação dos fenômenos só pode nos dar um
conhecimento probabilístico da realidade.
            O dogmatismo ingênuo: acredita plenamente na capacidade de conhecermos a
verdade e de perceber o mundo tal como ele é. Embora esta seja uma possibilidade de se
colocar diante da possibilidade do conhecimento dificilmente um filósofo crítico
poderia defender, sem critérios, essa corrente.
          O dogmatismo crítico: acredita que é possível conhecer a verdade, mediante um
esforço conjugado dos nossos sentidos e da nossa inteligência. Representantes desta
corrente são os filósofos Platão (séc. IV a.C.) e Santo Agostinho (séc. V).
          O criticismo foi uma corrente desenvolvida pelo filósofo alemão Immanuel Kant
(séc. XVIII), que não nega a possibilidade de conhecer, mas afirma que este
conhecimento é limitado e ocorre sob condições específicas (descritas em sua obra
Crítica da razão pura). Antes de afirmar que é possível conhecer, o criticismo se
pergunta pelas reais condições nas quais é possível o conhecimento.

Teorias de progresso da ciencia


Karl Popper nasceu em 1902, praticamente junto com o século 20. Nessa época, a
ciência parecia ter atingido o auge do prestígio. A revolução industrial iniciada na
Inglaterra do século 18 se fundamentou na divisão e organização do trabalho e nas
novas tecnologias que aproveitaram as possibilidades abertas pela ciência determinista
de sir Isaac Newton.
A utilização maciça das aplicações técnicas do conhecimento científico produziu um
período de progresso material acelerado, no qual a humanidade avançou mais em dois
séculos neste campo do que nos quatro mil anos anteriores.
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Esse progresso acelerado colocou o conhecimento científico numa posição de destaque,


que, no século 19 culminou no cientificismo, a crença de que tudo poderia ser explicado
pela ciência, que deveria ser colocada acima de todos os outros modos do saber
Supervalorização da ciência
Essa combinação de fatores sócio-históricos gerou grandes distorções, como o fato de a
ciência, tornada laica pelo iluminismo europeu, ganhar status religioso em doutrinas
como o positivismo e outras, durante o século 19 e início do 20. É neste ambiente de
supervalorização do progresso científico e de deturpação da natureza original da ciência
que surge Karl Popper, que se tornaria o mais influente e respeitado filósofo da ciência
entre os homens que a fazem nos dias de hoje. Austríaco de nascimento e britânico por
opção, Popper é o autor da definição atualmente mais aceita de teoria científica: "Uma
teoria científica é um modelo matemático que descreque descreve e codifica as
observações que fazemos. Assim, uma boa teoria deverá descrever uma vasta série de
fenômenos com base em alguns postulados simples como também deverá ser capaz de
fazer previsões claras as quais poderão ser testadas."
Com esta definição, a simplicidade e a clareza voltavam a ser virtudes identificadoras da
boa ciência, que assim se separa das mistificações que nos dois séculos anteriores
tentaram pegar carona em seu prestígio.
Observação e teorização
Popper defendeu que, se a ciência se baseia na observação e teorização, só se podem
tirar conclusões sobre o que foi observado, nunca sobre o que não foi. Assim, se um
cientista observa milhares de cisnes, em muitos lugares diferentes e verifica que todos
os cisnes observados são brancos, isto não lhe permite afirmar cientificamente que todos
os cisnes são brancos, pois, não importa quantos cisnes brancos tenham sido
observados, basta o surgimento de um único cisne negro para derrubar a afirmação de
que eles não existiriam
Assim, qualquer afirmação científica baseada em observação jamais poderá ser
considerada uma verdade absoluta ou definitiva. Uma teoria científica, no máximo,
pode ser considerada válida até quando provada falsa por outras observações, testes e
teorias, mais abrangentes ou exatos que a original
Falseabilidade
A possibilidade de uma teoria ser refutada constituía para o filósofo a própria essência
da natureza científica. Assim, uma teoria só pode ser considerada científica quando é
falseável, ou seja, quando é possível prová-la falsa. Esse conceito ficou conhecido como
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falseabilidade ou refutabilidade. Segundo Popper, o que não é falseável ou refutável não


pode ser considerado científico. As teorias da gravitação universal de sir Isaac Newton
são científicas, por que além de se enquadrarem na definição ao propor equações
simples que descrevem os modelos cósmicos gravitacionais, também é possível se fazer
previsões acertadas com base nelas.

E as teorias de Newton também são falseáveis. Tanto que o foram, quando Albert
Einstein com sua Teoria da Relatividade demonstrou que a mecânica newtoniana não
era válida em velocidades próximas à da luz.
Teoria da relatividade
O clássico experimento do eclipse, no qual Einstein provou que a luz era afetada pelos
campos gravitacionais e o experimento posterior, que provou que cronômetros de
altíssima precisão postos em alta velocidade em relação à Terra apresentavam pequenos
atrasos quando comparados a cronômetro idêntico mantido imóvel na superfície, trouxe
a ciência aos novos tempos em que o tempo não mais era absoluto. Mesmo assim, as
teorias de Newton continuam válidas para a maioria das aplicações cotidianas, quando a
influência da velocidade pode ser considerada desprezível para as aplicações práticas. A
ciência mais uma vez mostrava seu poder de se renovar e melhorar a partir de suas
próprias definições
Por outro lado, seguindo as definições e o conceito da falseabilidade de Popper, a
astrologia de horóscopo moderna não pode ser considerada científica
Todo o gigantesco arcabouço da mecânica newtoniana, o mais prestigiado modelo
científico de todos os tempos, foi falseado por dois experimentos simples e uma
equação magistral (E = mC2)
Mas não existem experimentos possíveis que possam falsear a teoria de que a posição
de determinados corpos celestes afetam a vida de pessoas nascidas em determinado
período de determinada forma.
A abrangência das previsões e a falta de um modelo simples e claro que as expliquem
tornam a astrologia de horóscopo não falseável e, portanto, não científica.
Limites da ciência
Com Popper, os limites da ciência se definem claramente. A ciência produz teorias
falseáveis, que serão válidas enquanto não refutadas. Por este modelo, não há como a
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ciência tratar de assuntos do domínio da religião, que tem suas doutrinas como verdades
eternas ou da filosofia, que busca verdades absolutas
O melhor no velho filósofo, que se opôs ao nazismo e dedicou sua vida à defesa de boas
causas, é que suas teorias se aplicam a elas próprias. Assim, se amanhã alguém redigir
uma melhor definição de teoria científica, as ideias de Popper humildemente sairão de
cena para tomar seu lugar na história da ciência.

Entre as muitas virtudes que nossa ciência adquiriu dos grandes sábios que lhe deram
grandeza, Popper nos mostrou uma ciência que se faz grande na virtude da humildade 
A Origem do Conhecimento

            Para aqueles que admitem a possibilidade do conhecimento resta a pergunta:
como é possível o conhecimento, ou seja, de onde se originam nossas ideias, conceitos e
representações? Para esta nova pergunta temos, novamente, três respostas principais: o
empirismo, o racionalismo e o apriorismo.
            A palavra empirismo tem sua origem no grego, “empeiria”, e significa
“experiência”. O empirismo defende que todas as nossas ideias são provenientes de
nossas percepções sensoriais. Para o filósofo inglês John Locke (1632-1704) todo o
nosso conhecimento está fundado na experiência. Nossa mente, ao nascermos, é como
uma espécie de papel em branco, desprovido de ideias e conteúdo, a ser preenchido pela
experiência, ou nas palavras do próprio filósofo: “não há nada no intelecto que não
tenha antes passado pelos sentidos”. O empirismo valoriza os sentidos como fonte
primordial de conhecimento e como critério de validade para se atingir o conhecimento
verdadeiro.
            A principal obra do filósofo inglês sobre a origem do nosso conhecimento é
o Ensaio acerca do entendimento humano. Locke viveu no contexto das grandes
revoluções científicas do sec. XVII: era adolescente quando das descobertas de Galileu
Galilei, além de ser contemporâneo de Thomas Hobbes, Descartes, Isaac Newton,
Leibniz, Edmond Halley –o primeiro a observar e descrever a trajetória do cometa
Halley, além de fazer observações importantes sobre o magnetismo, a propagação do
calor, a luz etc. Vale salientar ainda, que Locke atuou em áreas como a medicina,
anatomia e política.
            A obra Ensaio acerca do entendimento humano é dividida em quatro livros e, de
modo sucinto, podemos dizer que no Livro I, Locke apresenta argumentos contra a
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doutrina das ideias inatas e defende a tese de que todas as nossas ideias provêm da
experiência, em suas modalidades de sensação e reflexão. No Livro II desenvolve o
princípio de que a sensação e a reflexão são a base do conhecimento, tratando de temas
como: os sentidos, a percepção, as operações mentais, os modos de pensamentos, as
ideias complexas entre outras, estabelecendo uma distinção entre as ideias sensoriais e
as ideias da reflexão. O Livro III aborda a questão da linguagem e das palavras: seu
significado, termos gerais, abusos, imperfeições, termos concretos e abstratos etc.
Finalmente, o Livro IV aborda o conhecimento em um sentido geral: os níveis de
conhecimento e sua extensão, a verdade, as proposições universais, os juízos, a fé, a
razão, o erro etc.
            Com a afirmação de que “ao nascermos, a mente humana é como um papel em
branco, completamente desprovida de ideias”, surge então uma indagação: de onde
provém o vasto conjunto de ideias que existe na mente do homem? O autor nos
responde em uma só palavra: da experiência, a qual resulta da observação dos dados
sensoriais, fundamentando todo o conhecimento existente nos homens.
            Ainda sobre a experiência, vale ressaltar, que era dúplice, ou seja, externa e
interna. A primeira realiza-se através da sensação, e proporciona a representação dos
objetos externos: cores, sons, odores, sabores, extensão, forma, movimento. A segunda
realiza-se através da reflexão, que nos proporciona a representação das próprias
operações exercidas pelo espírito sobre os objetos da sensação, como: conhecer, crer,
lembrar, duvidar, querer.
            Locke divide ainda as ideias ou representações presentes na nossa mente em
simples e complexas, sendo estas uma combinação das primeiras. Perante as ideias
simples - que constituem o material primitivo e fundamental do conhecimento - o
espírito é puramente passivo e num segundo momento quando na formação das ideias
complexas, ele é ativo.
Segundo Locke (1991) só a experiência inscreve conteúdos: 
Admitamos pois que, na origem, a alma é como que uma tábua
rasa, sem quaisquer caracteres, vazia de idéia alguma: como
adquire idéias? Por que meio recebe essa imensa quantidade
que a imaginação do homem, sempre ativa e ilimitada, lhe
apresenta com uma variedade quase infinita? Onde vai ela
buscar todos esses materiais que fundamentam os seus
raciocínios e os seus conhecimentos? Respondo com uma
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palavra: à experiência. É essa a base de todos os nossos


conhecimentos e é nela que assenta a sua origem. As
observações que fazemos no que se refere a objetos exteriores e
sensíveis ou as que dizem respeito às operações interiores da
nossa alma, que nós apercebemos e sobre as quais refletimos,
dão ao espírito os materiais dos seus pensamentos. São essas as
duas fontes em que se baseiam todas as idéias que, de um ponto
de vista natural, possuímos ou podemos vir a possuir. 
            A palavra racionalismo deriva do latim, “ratio”, e significa “razão”. Para os
racionalistas os sentidos não são confiáveis pois podem nos induzir ao erro. Por isso
atribuem uma grande confiança no poder da razão humana como critério e instrumento
capaz de conhecer a verdade. Nas palavras do filósofo francês René Descartes (1596-
1650): “nunca devemos nos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão”. Os
racionalistas afirmam que a experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e
confusões sobre a complexa realidade do mundo. Somente a razão humana, a partir de
princípios lógicos, pode atingir o conhecimento verdadeiro. Para alguns destes
racionalistas, entre eles Descartes e o filósofo alemão Leibniz, os princípios lógicos
fundamentais são inatos, ou seja, nós já nascemos com eles em nossa mente. Daí porque
a razão deve ser considerada como a fonte básica do conhecimento.
            Para o racionalismo a experiência, ou o conhecimento sensível, não pode ser
considerado como fundamento para se alcançar o conhecimento verdadeiro, pois pode
ser a origem de muitos erros e equívocos; o conhecimento verdadeiro é o conhecimento
intelectual. A percepção não é muito confiável porque depende das condições
particulares de quem percebe e esta imagem pode não corresponder à realidade do
objeto. Vemos o Sol menor do que a Terra e, aparentemente, girando em torno dela. Um
bastão (reto e contínuo) mergulhado na água é percebido como distorcido. Tudo isto
implica em como o conhecimento que recebemos através dos sentidos podem nos
induzir ao erro.
Natureza de Conhecimento

O estudo da natureza faz parte da filosofia e construção do pensamento filosófico desde


seus primórdios.

Os primeiros filósofos buscavam explicações racionais para os acontecimentos naturais


e efeitos da natureza. Os elementos naturais foram, inclusive, nos primeiros anos do
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desenvolvimento filosófico, usados para explicar os acontecimentos do mundo. Tales


de Mileto, por exemplo, dizia que tudo teria se originado a partir da água.

No decorrer dos estudos filosóficos, pensadores sentiram a necessidade de entender o


conhecimento. Os sentidos e a inteligência relacionados ao ato de conhecer, muitas
vezes falham e não garantem as respostas mais corretas e adequadas às questões alvo de
estudo dos filósofos.

Diante dessa situação, os pensadores - e homens no geral - passaram a colocar em xeque


a maneira como o conhecimento era tratado. Assim, deu-se início a um estudo
sistemático e fundamentado que pudesse analisar o ato do conhecimento em si: saber e
definir o que é o conhecimento, qual sua essência, como se forma e por quais
mecanismos o conhecimento se desenvolve.

Embora a disciplina de conhecimento geral tenha sido muito usada nos princípios da
Filosofia, ainda é usada para entender os mecanismos do conhecimento geral nas
sociedades ao longo dos séculos.

Epistemologia

A epistemologia propõe o estudo da origem, da estrutura, dos métodos e, finalmente, da


validade do conhecimento, estabelecendo relações entre crença e conhecimento - a
metafísica e a lógica.

É também tarefa da epistemologia compreender se o ser humano é capaz de atingir o


conhecimento total e genuíno.

A epistemologia, também chamada de Filosofia da Ciência, nasceu com Platão. O


filósofo opunha a opinião ao conhecimento. Para o grego, a crença é apenas um ponto
de vista subjetivo e, por vezes, com poucas justificativas que a sustentem.

O conhecimento, por sua vez, é definido por Platão como o conjunto de todas as
informações que descrevem e explicam os mundos social e natural.

Metodologia Científica

A Metodologia Científica está ligada à maneira pela qual o conhecimento cientifico é


sistematizado e organizado.
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Foi usada pela primeira vez com o nascimento da dialética, e se estruturava como
método de busca pela verdade através de perguntas e respostas. Esse modelo foi o
precursor da lógica.

O modelo grego foi usado até meados do século XVII e modificado por Galileu, que
iniciou o modelo hipotético dedutivo, combinando experimentos empíricos, modelos
matemáticos e hipóteses científicas.

No século XX, o modelo sugerido por Karl Popper ganhou força. Popper estabelece a


noção de falsificabilidade, na qual o pesquisador busca descobrir uma exceção ao
postulado, algo que torne o objeto de pesquisas e seus resultados falsos. Na ausência
desses elementos, o resultado da pesquisa torna-se, portanto verdadeiro.

Ainda hoje, as descobertas e pesquisas científicas baseiam-se em um esquema


metodológico rígido, que permite a fácil organização das descobertas, teses e
experiências, bem como, a disseminação do conhecimento obtido a partir das pesquisas.

Além disso, a metodologia científica é primordial para garantir a melhor assimilação


dos dados, evitar falhas e facilitar a interpretação e o entendimento.

Possibilidades de conhecimento

Dogmatismo
É a corrente que se julga em condições de afirmar a possibilidade de conhecer verdades
universais quanto ao ser, à existência e à conduta, transcendendo o campo das puras
relações fenomenais e sem limites impostos a priori à razão.
Existem duas espécies de dogmatismo: o dogmatismo total e dogmatismo parcial.
O dogmatismo total é aquele em que a afirmação da possibilidade de se alcançar a
verdade ultima é feita tanto no plano da especulação, quanto no da vida pratica ou da
Ética. Esse dogmatismo intransigente, quase não é adotado, devido à rigorosidade de
adequação do pensamento. Porém, encontramos em Hegel a expressão máxima desse
tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma identificação absoluta entre
pensamento e realidade. Como o próprio autor diz “o pensamento, na medida em que é,
é a coisa em si, e a coisa em si, na medida em que é, é o pensamento puro”.
O parcial, adotado em maior extensão, tem um sentido mais atenuado, na intenção de
afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas circunstâncias e modos
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quando não sob certo prisma. Ou seja, é a crença no poder da razão ou da intuição como
instrumentos de acesso ao real em si.
Alguns dogmáticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da
ação. Mais, outros somente admitem tais verdades no plano especulativo. Daí origina-se
a distinção entre dogmatismo teórico e dogmatismo ético.
O dogmatismo ético tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da possibilidade
de atingir as verdades últimas enquanto sujeito pensante e afirmavam as razões
primordiais de agir, estabelecendo as bases de sua Ética ou de sua Moral.
Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo teórico, Blaise Pascal, que não
duvidava de seus cálculos matemáticos e da exatidão das ciências enquanto ciências,
mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta humana.
Ceticismo
Consiste numa atitude duvidosa ou uma provisoriedade constante, mesmo a respeito de
opiniões emitidas no âmbito das relações empíricas. Essa atitude nunca é abandonada
pelo ceticismo, mesmo quando são enunciados juízos sobre algo de maneira provisória,
sujeitos a refutação à luz de sucessivos testes.
O ceticismo se distingue das outras correntes por causa de sua posição de reserva e de
desconfiança em relação às coisas.
O ceticismo absoluto é oriundo da Grécia e também denominado pirronismo. Prega a
necessidade da suspensão do juízo, dada a impossibilidade de qualquer conhecimento
certo. Ele envolve tanto as verdades metafísicas (da realidade em si mesma), quanto as
relativas ao fundo dos fenómenos. Segundo essa corrente, o homem não pode pretender
nenhum conhecimento por não haver adequação possível entre o sujeito cognoscente e o
objeto conhecido. Ou seja, para os céticos absolutos, não há outra solução para o
homem senão a atitude de não formular problemas, dada a equivalência fatal de todas as
respostas.
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Conclusao

A Teoria do Conhecimento é a área interessada nas fontes, nas sistematizações e na


validação do conhecimento como algo relevante para o desenvolvimento de ainda mais
conhecimento. Trata-se, ao mesmo tempo, de uma concepção filosófica e um
pensamento de resultados prática na forme de se desenvolver o conhecimento.
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Referências Bibliográficas

HESSEN, J. Teoria do Conhecimento. Tradução de Antônio Correia. 8. ed. Coimbra:


Armênio Amado, 1987.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Segundo tratado sobre o
governo. 5. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os pensadores, 9)
MORENTE, Manuel García. Fundamentos de Filosofia: lições preliminares. Tradução
de Guilhermo de La Cruz Coronado. 8. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1930.
 https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/teoria-do-conhecimento/

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