ISBN 978-85-5805-011-1
Direito Ambiental
2ª edição
Brasília
CP Iuris
2021
SOBRE A AUTORA
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Daniela Adamek
ambiente abarca não apenas o aspecto natural, mas outros aspectos que serão
abordados na sequência.
3. EXERCÍCIOS
1. CESPE/TJ-BA/Juiz Substituto/2019
De acordo com a jurisprudência do STF, o conceito de meio ambiente inclui as noções
de meio ambiente:
a) artificial, histórico, natural e do trabalho.
b) cultural, artificial, natural e do trabalho.
c) natural, histórico e biológico.
d) natural, histórico, artificial e do trabalho.
e) cultural, natural e biológico.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não há que se falar em meio ambiente histórico. Os
bens materiais e imateriais ligados ao patrimônio histórico fazem parte do meio
ambiente cultural.
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Daniela Adamek
Comentários
A assertiva está errada, pois, de acordo com o art. 3º, inciso I, da Lei 6.938/81 (Política
Nacional do Meio Ambiente), o meio ambiente compreende “o conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.
Importante lembrar que, até o advento da Lei nº 6.938/81, não existia, uma definição
legal do que seria meio ambiente.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Os direitos coletivos em sentido lato podem ser
classificados em i) direitos difusos, ii) direitos coletivos em sentido estrito, e iii) direitos
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Daniela Adamek
4. CESPE/TJ-CE/Juiz Substituto/2012
Considerando os diversos aspectos que envolvem o conceito de meio ambiente,
particularmente o cultural e o do trabalho, assinale a opção correta.
a) Considera-se meio ambiente cultural o ambiente integrado pelos equipamentos
urbanos e edifícios comunitários, como as bibliotecas, pinacotecas, museus e
instalações científicas ou similares.
b) O meio ambiente é um bem público classificado pela CF como de uso comum do
povo, razão pela qual não se admite que o seu uso seja oneroso ou imponha a
necessidade de qualquer contraprestação de ordem pecuniária.
c) Ao estabelecer a tutela do meio ambiente, a CF dispõe que a proteção do meio
ambiente, nele compreendido o meio ambiente do trabalho, constitui um dos
objetivos do Sistema Único de Saúde.
d) A todos os entes federativos compete a proteção de documentos, obras e outros
bens de valor histórico, artístico, cultural e paisagístico, mas a competência para
legislar sobre esses temas pertence, privativamente, à União.
e) A definição legal de recursos ambientais compreende a fauna e a flora, as águas
superficiais e subterrâneas, o solo e o subsolo, mas não o mar territorial e os demais
elementos da biosfera.
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Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta. Lembre-se: os equipamentos urbanos e edifícios
comunitários são componentes do meio ambiente artificial.
A alternativa B está incorreta. A alternativa está correta ao dizer que o meio ambiente
é classificado como bem de uso comum do povo, nos termos do que dispõe o caput do
art. 225 da Constituição Federal. Mas atenção: tome cuidado com essa classificação,
pois o meio ambiente não é exatamente aquele bem de uso comum que aprendemos
no Direito Administrativo. O erro da questão está no fato de consignar que não se
admite o uso oneroso ou que se exija contraprestação pecuniária em detrimento de
sua utilização. Isso porque é permitido que se cobre pela utilização dos recursos
naturais, até como forma de conscientização da população quanto ao real valor desses
bens, indispensáveis à sobrevivência humana. A título de exemplo, cito o art. 5º, inciso
IV, da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97) que prevê como
instrumento a “cobrança pelo uso dos recursos hídricos”. Já imaginou se não se
cobrasse pelo uso da água? Muito provavelmente, as pessoas não teriam a mesma
consciência de racionalizar sua utilização.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Nos termos do artigo 200, inciso
VIII, da Constituição Federal: “Ao sistema único de saúde compete, além de outras
atribuições, nos termos da lei: [...] VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.”.
A alternativa D está incorreta. Nos termos do artigo 23, inciso III, da CF, “É
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...]
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.”
Vamos estudar sobre competências constitucionais nas próximas aulas, mas já adianto
que a competência comum está relacionada às competências materiais dos entes
federados. Mas então a assertiva está certa, não? Veja o que dispõe o art. 24, da CF:
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre: [...] VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico.”. Ora, considerando que o patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico abrange “os documentos, obras e outros bens de valor
histórico, artístico, cultural e paisagístico” a que alude o enunciado, então outros entes
(Estados e Distrito Federal) podem legislar sobre essa matéria. Sobre competências
legislativas privativas da União, veja o art. 22 da CF.
A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 3º, inciso V, da Política Nacional
do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) – que será objeto específico de capítulo futuro –
os recursos naturais compreendem “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora”.
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Comentários
O item está errado, porquanto a Declaração de Estocolmo, de 1972, possui caráter
marcadamente antropocêntrico.
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1. COMPETÊNCIA MATERIAIS
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
[...]
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
[...]
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
VII - preservaras florestas, a fauna e a flora;
fixa normas [...] para a cooperação entre [os entes federativos] nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao
combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas,
da fauna e da flora.
O art. 4º, por sua vez, elenca, para a proteção do meio ambiente, os
instrumentos de cooperação dos quais poderão se valer as entidades políticas, quais
sejam:
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3. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
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Nos termos do art. 170, VI, da CF, que inaugura o capítulo constitucional que
trata da Ordem Econômica e Financeira, a defesa do meio ambiente é um dos
princípios da ordem econômica.
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ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis,
às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações
das gerações futuras, garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral.
Inciso II — Patrimônio genético é a “informação de origem genética de
espécies vegetais, animais, microbianas ou espécies de outra natureza, incluindo
substâncias oriundas do metabolismo destes seres vivos” (Lei nº 13.123/2015). Em
outras palavras, é a informação genética do conjunto de seres vivos que habitam o
planeta. Essas informações são essenciais para a manutenção de um ecossistema
equilibrado.
O termo “biopirataria” surgiu no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica
(CDB), criada durante a Eco-92. Cuida-se da exploração ou apropriação ilegal de
recursos da fauna, da flora e do conhecimento das comunidades tradicionais. Um caso
emblemático de biopirataria envolvendo o nosso país foi o patenteamento do açaí por
uma empresa japonesa. No entanto, devido à pressão de ONGs e da mídia, ele foi
caçado pelo governo japonês. Outro caso ocorreu com o veneno da jararaca, cujo
princípio ativo foi descoberto por um brasileiro, mas registrado por uma empresa
americana que, posteriormente, patenteou a produção de um medicamento contra
hipertensão.
Inciso III – Espaços territoriais especialmente protegidos podem ser criados
por decreto ou lei. Sua alteração ou supressão, no entanto, exigem a edição de lei
específica. Trata-se de uma exceção ao princípio da simetria (pelo qual a extinção de
um instituto se dá pelo mesmo instrumento que o criou). Essa determinação busca
facilitar a criação de espaços que visem à proteção do meio ambiente e, ao mesmo
tempo, dificultar sua extinção ou retração.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que uma
Medida Provisória, ainda que seja convertida em lei, não pode alterar (no sentido de
diminuir ou suprimir) espaços territoriais especialmente protegidos que, no caso, eram
unidades de conservação. Veja o importante julgado:
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É aquele constituído por obras do homem, fruto da ação humana. Tem caráter
residual, pois será meio ambiente artificial, desde que não componha o patrimônio
cultural.
O principal instrumento relacionado ao meio ambiente artificial é o Estatuto da
Cidade (Lei nº 10.257/01). Por sua vez, o instrumento básico para que se tenha um
adequado meio ambiente artificial é o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes.
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Destaca-se que o art. 40, § 3º do Estatuto dispõe que a lei que instituir o plano
diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
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• IPTU;
• Contribuição de melhoria;
• Desapropriação;
• Servidão administrativa;
• Limitações administrativas;
• Tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
• Instituição de unidades de conservação;
• Referendo popular e plebiscito;
• Estudo prévio de impacto ambiental (EIA);
• Estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
O Estatuto da Cidade, por sua vez, criou a chamada usucapião especial coletiva
de imóvel urbano, mediante a qual se instala um condomínio especial e indivisível
entre os interessados:
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Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei:
[...]
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.
9. JURISPRUDÊNCIA
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10. EXERCÍCIOS
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Comentários
A letra A está incorreta, pois, nos termos do art. 225 da CF/88, “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Ou seja, o dever não
é apenas da coletividade, mas também do Poder Público.
A letra B está incorreta, uma vez que a CF/88 infelizmente não reconhece os animais
como sujeitos de direito, embora sejam juridicamente protegidos, na medida em que é
vedada, na forma da lei específica (Lei de Crimes Ambientais), “as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade” (art. 225, § 1º, VII, CF/88).
A letra C está correta, nos exatos termos do que dispõe o caput do art. 225 da CF/88.
A letra D está incorreta, porque o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado é um direito fundamental da terceira geração ou dimensão.
A letra E está incorreta, porquanto o desenvolvimento sustentável compreende três
faces, entre as quais não se insere a cultural. São elas: econômica, social e ambiental.
Comentários
O item está errado, uma vez que não há prevalência de uma obrigação em detrimento
das demais. Todos têm o dever de proteger o meio ambiente, por meio de condutas
comissivas (obrigações de fazer) e omissivas (obrigações de não fazer).
3. CESPE/TJ-ES/Juiz Substituto/2011
Com relação ao conceito de meio ambiente e dano ambiental, assinale a opção
correta.
a) Conforme o Protocolo de Cartagena, dano ambiental é o prejuízo causado ao
ambiente, que é definido, segundo o referido acordo, como conjunto dinâmico e
interativo que compreende a cultura, a natureza e as construções humanas.
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Comentários
A letra A está incorreta, pois, o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, da
Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgado pelo Decreto nº 5.705/06, não
traz as definições de dano ambiental, tampouco de meio ambiente.
A letra B está incorreta, uma vez que a questão traz o conceito de ecossistema.
A letra C está incorreta, pois não há definição para dano ambiental na PNMA.
Ademais, o conceito de meio ambiente trazido pelo item também está incorreto, nos
termos do art. 3º, inciso I, da PNMA.
A letra D está incorreta, porque a definição de meio ambiente não encontra previsão
constitucional, mas apenas infraconstitucional, na Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei nº 6.938/81).
A letra E está correta, pois descreve o que foi previsto no art. 3º da PNMA. A
propósito:
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4. FCC/TJ-MS/Juiz Substituto/2010
Os tratados internacionais sobre matéria ambiental
a) são fontes de direito ambiental interno e, se aprovados pelo Congresso Nacional,
sobrepõem-se às leis.
b) são fontes de direito ambiental interno, desde que aprovados pelo Congresso
Nacional em dois turnos, por 3/5 dos membros de cada uma de suas casas.
c) desde o momento em que assinados, são fontes de direito ambiental interno e
internacional.
d) apenas serão fonte de direito internacional ambiental se aprovados e ratificados por
todos os Estados que os assinaram.
e) são fontes escritas de direito internacional ambiental, ao lado de outras normas
oriundas de organizações internacionais.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, de acordo com a jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais que versam sobre direitos
humanos (e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é uma de suas
espécies), se aprovados pelo Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos, são equivalentes às emendas constitucionais. No entanto, os tratados
internacionais sobre direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico
anteriores à Emenda Constitucional nº 45/2004 (que incluiu o §3º do art. 5º da CF/88),
e que não foram submetidos à votação para aprovação por três quintos dos membros
do Poder Legislativo, possuem status de norma supralegal, ou seja, estão acima das
leis, mas abaixo da Constituição. Dessa forma, independentemente de aprovação pelo
Congresso Nacional, os tratados internacionais sobre matéria ambiental possuem
caráter supralegal.
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5. VUNESP/PGE-SP/Procurador do Estado/2018
Sobre a evolução da legislação ambiental no Brasil e os seus marcos históricos, assinale
a alternativa correta.
a) A Constituição Federal de 1988 consolidou a proteção ao meio ambiente, porém o
regime jurídico de proteção ambiental foi primeiramente abordado e disciplinado de
forma sistemática na Constituição de 1967, mantido pela Emenda Constitucional n°
1/1969, o que deu espaço para edição da Lei n° 6.938/1981.
b) Embora a Lei n° 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública) seja um importante
instrumento na proteção de direitos difusos e coletivos, não foi originalmente editada
para tutelar o meio ambiente, tendo sido alterada somente na década de 1990 para
passar a prever, em diversas disposições, a responsabilização por danos causados ao
meio ambiente.
c) Embora a Lei n° 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente,
tenha inaugurado a proteção ambiental de forma sistemática e organizada no Brasil,
somente com a Constituição Federal de 1988 os Estados e Municípios foram inseridos
no sistema de proteção ambiental.
d) Dois marcos da Lei n° 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio
Ambiente, são a descentralização administrativa, a partir da noção de um sistema de
proteção ambiental, e a mudança no paradigma de proteção ambiental no Brasil.
e) Até a edição da Constituição Federal de 1988 as normas de proteção ao meio
ambiente eram fragmentadas e esparsas, sendo preocupação central a proteção de
recursos naturais sob o viés econômico.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a primeira Constituição brasileira a abordar a
proteção o meio ambiente de forma sistematizada foi de Carta Cidadã de 1988. Antes
disso, a temática ostentava apenas caráter infraconstitucional.
A alternativa B está incorreta, porque a Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) já
previu o meio ambiente como uma das hipóteses de cabimento da referida ação em
seu texto original (art. 1º, inciso I).
A alternativa C está incorreta. Os Estados e Municípios foram inseridos no sistema de
proteção ambiental muito antes da promulgação da Constituição Federal de 1988. Sua
inserção se deu com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81).
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A Política Nacional do Meio
Ambiente é a norma que inaugura a fase holística da proteção ao meio ambiente no
Brasil. No que tange à descentralização administrativa, por sua vez, a PNMA criou o
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SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, que será objeto da aula relacionada à
Lei nº 6.938/81.
A alternativa E está incorreta. Antes da promulgação da CF/1988 já existiam normas
voltadas à preocupação ambiental sob o viés inaugurado pela Conferência de
Estocolmo (1972), no sentido de reconhecer o meio ambiente ecologicamente
equilibrado como um direito fundamental, bem como de promover o desenvolvimento
aliado à proteção do meio ambiente (conceito de desenvolvimento sustentável).
6. CPCON/UEPB/Advogado/2017
Observe os ensinamentos abaixo e em seguida responda o que se pede.
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Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Nos termos do art. 200, inciso
VIII, da CF/1988, o meio ambiente do trabalho está incluído entre as competências do
Sistema Único de Saúde – SUS.
A alternativa B está incorreta, pois o direito ao meio ambiente possui caráter bifronte.
Assim pode-se afirmar que se reveste de características prestacionais (facere, non
facere e dare) e de defesa. Nesse sentido, não há que se falar em predominância de
nenhum deles.
A alternativa C está incorreta, pois não há qualquer impedimento de que se exija
contraprestação pecuniária pela utilização do meio ambiente. A cobrança pelo uso de
recursos naturais é utilizada até mesmo como forma de conscientização da população
quanto ao real valor desses bens, indispensáveis à sobrevivência humana. A título de
exemplo, cito o art. 5º, inciso IV, da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº
9.433/97) que prevê como instrumento a “cobrança pelo uso dos recursos hídricos”.
A alternativa D está incorreta. A exegese do inciso V, do art. 3º, da Política Nacional do
Meio Ambiente é clara: “V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora”. Portanto, estão incluídos tanto o mar
territorial quanto os elementos da biosfera.
A alternativa E está incorreta. Nos termos do artigo 23, inciso III, da CF, “É
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...]
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.” A
competência comum está relacionada às competências materiais dos entes federados.
No entanto, veja o que dispõe o art. 24, da CF: “Art. 24. Compete à União, aos Estados
e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] VII - proteção ao patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico.”. Ora, considerando que o
patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico abrange “os
documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico, cultural e paisagístico” a
que alude o enunciado, então outros entes (Estados e Distrito Federal) podem legislar
sobre essa matéria. Sobre competências legislativas privativas da União, veja o art. 22
da CF.
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1. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO
2. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
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Daniela Adamek
Esse princípio determina que o poluidor deve responder pelos custos sociais da
poluição ou da degradação que causa por meio de suas atividades.
O que se busca aqui é a internalização dos prejuízos ambientais. Quem
internaliza o lucro, deve internalizar os prejuízos que causa. Evita-se a privatização dos
lucros e socialização dos prejuízos.
O princípio do poluidor-pagador também tem natureza sancionatória. Assim, a
poluição, mesmo que amparada em licença, não desonera o poluidor de arcar com os
danos ambientais que causar.
Por oportuno, destaca-se o seguinte enunciado, retirado da publicação
“Jurisprudência em Teses” do STJ, que trata de matéria ambiental:
Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente, não existindo
permissão ao proprietário ou posseiro para a continuidade de práticas vedadas
pelo legislador.
5. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR
6. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR
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13. JURISPRUDÊNCIA
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14. EXERCÍCIOS
Comentários
A assertiva I é falsa, pois o meio ambiente é um bem indivisível e indisponível. Podem-
se citar, também, outras características do meio ambiente apontadas pela doutrina
majoritária:
• Bem de uso comum do povo;
• Transindividual;
• Difuso;
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• Indivisível;
• Indisponível;
• Irrenunciável;
• Inalienável;
• Impenhorável;
• Essencial à qualidade de vida humana;
• Sem valor pecuniário.
Comentários
Considerando que o risco de exposição pode ser mensurado, como consigna o
enunciado da questão, estamos diante do princípio da prevenção. O princípio da
precaução aplica-se ao risco desconhecido, o que, nos termos do exercício, não é o
caso. Portanto, a alternativa correta é a letra B.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois o princípio da prevenção, como visto neste
capítulo, trata-se de princípio aplicável ao Direito Ambiental.
A alternativa B está incorreta, pois a função social da propriedade, nos termos do art.
5º, XXIII, da CF, é aplicável tanto à propriedade rural, como a urbana. A propósito,
anote-se o conteúdo do art. 182, § 2º, da CF: § 2º A propriedade urbana cumpre sua
função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, nos termos do que dispõe o §
3º do art. 225 da CF.
A alternativa D está incorreta, pois o princípio do poluidor-pagador não pode ser
interpretado como uma autorização à degradação do meio ambiente, mas sim que,
aquele que causar danos ao ambiente, deverá repará-lo, internalizando os custos de
sua conduta.
Comentários
De acordo com princípio do poluidor-pagador, o poluidor deve responder pelos custos
sociais da poluição ou da degradação que causa através de suas atividades. O que se
busca é a internalização dos prejuízos ambientais. Portanto, a resposta correta está no
item A.
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Comentários
O princípio do poluidor-pagador não pode ser interpretado como uma autorização à
degradação do meio ambiente, mas sim que, aquele que causar danos ao ambiente,
deverá repará-lo, internalizando os custos de sua conduta. Portanto, a alternativa
correta é a letra A.
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A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída por meio da Lei nº
6.938/81 e é uma norma geral de direito ambiental recepcionada pela Constituição
Federal de 1988. Essa política estabelece princípios, objetivos e instrumentos para a
implementação da preservação ambiental do país, bem como institui o Sistema
Nacional do Meio Ambiente.
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4. EXERCÍCIOS
Comentários
Veja o que dispõe o artigo 3º da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente):
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características
do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora.
Comentários
O item está errado, pois a Declaração da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo,
de 1972, precede a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº
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6.938/81). A Lei da ACP, por sua vez, data de 1985. A CF, de 1988. A Declaração do Rio,
de 1992 e, por fim, a Lei de Crimes Ambientais, de 1998.
Comentários
O zoneamento ambiental, ou zoneamento ecológico-econômico, trata-se de um dos
instrumentos para a efetivação da PNMA, conforme prevê seu art. 9º, II, e é
regulamentado pelo Decreto nº 6.938/81. O referido Decreto, nos artigos 4º e 6º,
prevê a participação da sociedade civil na elaboração do referido instrumento.
Portanto, conforme colocado pelo enunciado, o ZEE revela-se inválido, porquanto
ausente a participação democrática. Gabarito é o item A.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A PNMA, em seu art. 6º,
estabelece que o CONAMA é um órgão consultivo e deliberativo, “com a finalidade de
assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de
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Comentários
O item D está correto nos termos do art. 3º da PNMA:
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Comentários
O item está certo, conforme incisos II, IV, X e XIII do art. 9º da PNMA.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A servidão não é um instrumento técnico e pode ser
vitalícia.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Nos termos do art. 9º, XIII, da
PNMA, a servidão ambiental é um instrumento econômico. Pode ser temporária (ao
menos 15 anos) ou vitalícia e não se aplica às áreas de preservação permanente e de
reserva legal.
A alternativa C está incorreta. Não é um instrumento técnico e pode ser instituída
sobre a posse.
A alternativa D está incorreta, pois a servidão pode ser instituída por instrumento
particular com registro em cartório de imóveis.
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2. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
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Daniela Adamek
extensão territorial não puder licenciar, não tiver estrutura ou condições para
licenciar, o órgão de maior abrangência territorial promoverá o licenciamento:
Fique atento: a licença de operação pode ser renovada. A renovação deve ser
requerida com antecedência mínima de 120 dias do seu vencimento. Caso o órgão
licenciante não tenha se manifestado dentro do prazo de 120 dias, ficará
automaticamente renovada a licença de operação até que o órgão se manifeste.
Não confunda renovação da licença com concessão da licença. O decurso dos
prazos de licenciamento sem a emissão da licença ambiental não implica emissão
tácita.
O desenvolvimento de atividades poluidoras se sujeita ao licenciamento
ambiental (licença de operação).
O exercício de atividade sem que haja licença de operação implica crime
ambiental (art. 60 da Lei 9.605/98).
Destaque-se que se a atividade não traz impacto ambiental considerável, em
vez de se exigirem as 3 licenças, pode-se adotar o licenciamento unifásico.
Ainda, nos termos do art. 14 da Resolução 237 do CONAMA, o prazo máximo
para que o ente ambiental analise licença prévia, licença de instalação e licença de
operação é de até 6 meses. Esse prazo será majorado para 12 meses se forem exigidos
audiência pública ou estudo de impacto ambiental.
Se o Poder Executivo, por meio do órgão competente, entender que o projeto
não tem viabilidade ambiental, vedando determinado empreendimento pelo
poluidor, o Judiciário não poderá autorizar o licenciamento, por força do princípio da
separação dos poderes.
Somente poderá o Poder Judiciário analisar se houve observância da legalidade,
não podendo substituir a administração pública para autorizar procedimento não
autorizado por ela, haja vista se tratar de um ato discricionário.
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Daniela Adamek
62
Daniela Adamek
c) Diretrizes do EIA
São diretrizes que devem ser observadas para o EIA, nos termos da Resolução
1/86:
d) Elaboração do EIA
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Daniela Adamek
3. JURISPRUDÊNCIA
Inconstitucionalidade de lei estadual que prevê licença ambiental única, sem estudo
prévio de impacto ambiental.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INC. IV E § 7º DO ART. 12 DA LEI
COMPLEMENTAR N. 5/1994 DO AMAPÁ, ALTERADA PELA LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL N. 70/2012. LICENÇA AMBIENTAL ÚNICA. DISPENSA DE OBTENÇÃO DAS
LICENÇAS PRÉVIAS, DE INSTALAÇÃO E DE OPERAÇÃO, ESTABELECIDAS PELO CONAMA
(INC. I DO ART. 8º DA LEI N. 6.938/1981). OFENSA À COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA
EDITAR NORMAS GERAIS SOBRE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. DESOBEDIÊNCIA AO
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E DO DEVER DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO (ART. 225 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA). AÇÃO
JULGADA PROCEDENTE PARA DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE DO INC. IV E DO
§ 7º DO ART. 12 DA LEI COMPLEMENTAR N. 5/1994 DO AMAPÁ, ALTERADA PELA LEI
COMPLEMENTAR ESTADUAL N. 70/2012. (ADI 5.475/AP, Tribunal Pleno, DJe de
3/6/2020)
4. EXERCÍCIOS
Comentários
Nos termos do art. 10, V, da Resolução CONAMA 237/1997:
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Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a realização de audiência pública não é obrigatória.
Depende de decisão do órgão licenciador ou, nos termos da Resolução CONAMA
9/1987, art. 2º, de solicitação de entidade civil, Ministério Público ou 50 (cinquenta) ou
mais cidadãos.
A alternativa B está incorreta, pois a audiência pública é realizada após o recebimento
do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), conforme art. 2º, § 1º da Resolução
CONAMA 9/1987.
A alternativa C está incorreta, na medida em que, nos termos do § 4º do art. 2º da
Resolução CONAMA 9/1987, ela deverá ocorrer “em local acessível aos interessados”.
A alternativa D, por sua vez, está correta e é o gabarito da questão.
Por fim, a alternativa E está incorreta, conforme art. 2º, § 1º da Resolução CONAMA
9/1987.
Comentários
O item está errado. A Constituição Federal bem como a Resolução CONAMA 237/97
determinam que a realização de prévio estudo de impacto ambiental e seu respectivo
relatório será obrigatória para licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa
degradação ambiental, apenas nesses casos. Nos demais casos, a decisão será do
órgão licenciador.
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Daniela Adamek
Comentários
Somente quando o empreendimento ou a atividade forem potencialmente causadores
de significativa degradação ambiental será imprescindível a realização de estudo
prévio de impacto ambiental, sob pena de nulidade da licença ambiental, nos termos
do art. 225, inciso IV, da Constituição Federal.
Para tanto, a necessidade de elaboração do EIA-RIMA no licenciamento ambiental será
aferida por intermédio da prova pericial.
A resposta, portanto, está no item C.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois as atividades que causam impacto local devem ser
licenciadas pelo órgão ambiental do Município. (art. 9º, XIV, a, da LC 140/2011).
A alternativa B está incorreta, pois, em que pese a LC 140/2011 prever a regra do ente
instituidor da unidade de conservação para licenciamento de atividades dentro desses
locais, a norma estabelece justamente como exceção as APAs (art. 9º, XIV, b, da LC
140/2011).
A alternativa C está incorreta, porquanto não há emissão tácita de licenciamento
ambiental, conforme art. 14, § 3º, da LC 140/2011:
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Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Embora haja a obrigatoriedade
de realização de audiências públicas em determinadas hipóteses de licenciamento
ambiental (art. 2º da Res. CONAMA nº 9/1987 - Art. 2º - Sempre que julgar necessário,
ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50
(cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de
audiência pública.), ela não tem caráter vinculante, mas apenas persuasivo, sobre a
decisão do órgão ambiental.
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Daniela Adamek
1. INTRODUÇÃO
Com efeito, a instituição de ETEP pode se dar por meio de lei ou ato infralegal
(ex.: decreto). No entanto, a alteração ou supressão de ETEP só pode ocorrer por meio
de lei, conforme determina a Constituição Federal.
Trata-se de um procedimento formulado a fim de facilitar a criação desses
espaços, importantes na proteção e preservação do meio ambiente, e capaz, ao
mesmo tempo, de dificultar a sua alteração ou supressão.
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Daniela Adamek
Mata ciliar são as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em
largura mínima de:
a) 30m, para os cursos d’água de menos de 10 m de largura;
b) 50m, para os cursos d’água que tenham de 10 a 50m de largura;
c) 100 m, para os cursos d’água que tenham de 50 a 200 m de largura;
d) 200 m, para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 m de largura;
e) 500 m, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 m;
Art. 4º [...]
§ 4º Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1
(um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos
incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa,
salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do
Meio Ambiente - Sisnama.
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Daniela Adamek
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Daniela Adamek
É possível que o poder público institua outras APPs (as áreas elencadas no art.
4º têm caráter meramente exemplificativo). É o que dispõe o art. 6º do Código:
Art. 3º [...]
VIII - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos
de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos
de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos,
energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização
de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como
mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e
cascalho;
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Daniela Adamek
São hipóteses de interesse social, para fins de supressão de APP, nos termos do
Código Florestal:
Art. 3º [...]
IX - interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação
nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão,
erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade
ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que
não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função
ambiental da área;
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e
atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais
consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas
consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de
julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de
efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes
e essenciais da atividade;
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Daniela Adamek
Art. 3º [...]
X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:
a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões,
quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e
animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das
atividades de manejo agroflorestal sustentável;
b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e
efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da
água, quando couber;
c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;
d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;
e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de
comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em
áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos
moradores;
f) construção e manutenção de cercas na propriedade;
g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros
requisitos previstos na legislação aplicável;
h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção
de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação
específica de acesso a recursos genéticos;
i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e
outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação
existente nem prejudique a função ambiental da área;
j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e
familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde
que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem
prejudiquem a função ambiental da área;
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Daniela Adamek
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Daniela Adamek
3. RESERVA LEGAL
Anote-se, que a reserva legal é parte de imóvel rural que está sendo protegida.
Com efeito, mesmo que posteriormente a propriedade venha a ocupar perímetro
urbano, o proprietário continuará obrigado a manter a área de reserva legal:
Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de
Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação
específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art.
182 da Constituição Federal.
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais
mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68
desta Lei:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
82
Daniela Adamek
Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em
consideração os seguintes estudos e critérios:
I - o plano de bacia hidrográfica;
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico;
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área
de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área
legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
§ 1º O órgão estadual integrante do Sisnama ou instituição por ele habilitada
deverá aprovar a localização da Reserva Legal após a inclusão do imóvel no
CAR, conforme o art. 29 desta Lei.
§ 2º Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área
de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada
sanção administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão
ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não formalização
da área de Reserva Legal.
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Daniela Adamek
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação
nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer
título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1º Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo
sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do Sisnama, de
acordo com as modalidades previstas no art. 20.
§ 2º Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse
rural familiar, os órgãos integrantes do Sisnama deverão estabelecer
procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais planos
de manejo.
§ 3º É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva
Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de 2008.
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As áreas de uso restrito são uma das inovações do Código Florestal. Elas têm
como objetivo proteger o desenvolvimento do Pantanal e das planícies pantaneiras
do Brasil.
Lembre-se que o Pantanal, que se estende pelos territórios do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, é considerado patrimônio nacional pela CF/88.
Assim, o Código Florestal permitiu, nos pantanais e nas planícies pantaneiras, a
exploração desde que ecologicamente sustentável:
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Daniela Adamek
Art. 3º [...]
XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com predomínio de
vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no
Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município,
indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de
recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos
recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e
manifestações culturais;
A gestão das áreas verdes urbanas fica a cargo dos Municípios, que, de acordo
com o Código Florestal, contarão com instrumentos para o seu estabelecimento:
4. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
4.1. Introdução
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Daniela Adamek
O SNUC é constituído pelo conjunto das UC, que poderão ser federais,
estaduais, distritais e municipais (lembre-se que a proteção do meio ambiente é
competência comum).
Assim, são órgãos responsáveis pela gestão do SNUC:
• Órgão consultivo e deliberativo: CONAMA.
• Órgão central: Ministério do Meio Ambiente;
• Órgãos executores: ICMBio, IBAMA, em caráter supletivo, e os órgãos
estaduais, distritais e municipais.
Nessas unidades, admite-se apenas o uso indireto dos atributos naturais. Ou seja, os
usos que não envolvam consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais,
como turismo ecológico e visitação, por exemplo.
Integram as unidades de conservação de proteção integral:
• Estação Ecológica: destina-se a realização de pesquisas científicas, sendo de
posse de domínio públicos.
• Reserva Biológica: tem por objetivo a preservação e proteção integral da
biota. É de posse e domínio públicos.
• Parque Nacional: objetiva a preservação de ecossistemas naturais e de
grande relevância ecológica ou beleza cênica. Admite a realização de pesquisas
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4.7. Mosaico
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4.10. Compensação
• Cerrado;
• Cinturão Verde da Cidade de São Paulo;
• Pantanal Mato-Grossense;
• Caatinga;
• Amazônia Central;
• Serra do Espinhaço.
5. MATA ATLÂNTICA
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6. JURISPRUDÊNCIA
A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção marginal dos
cursos d'água, em toda sua extensão, fixado pelo Código Florestal.
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Daniela Adamek
7. EXERCÍCIOS
Comentários
A alternativa A está errada. A competência para licenciamento ambiental de unidade
de conservação, em regra, cabe ao órgão ambiental do ente federativo que a instituiu.
A exceção, nos termos da LC nº 140/2011, está apenas nas APAs.
A alternativa B está incorreta, pois a Resolução CONAMA 237/97 elenca, em seu
Anexo I, que a recuperação de áreas contaminadas ou degradadas tem o
licenciamento ambiental como obrigatório, como serviço de utilidade.
A alternativa C está errada, porquanto a estação ecológica não tem como objetivo a
visitação pública, mas a realização de pesquisas científicas, conforme art. 9º do SNUC.
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Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta. As unidades de conservação podem ser de proteção
integral ou de uso sustentável.
A alternativa B está incorreta, pois as áreas de preservação permanente, conforme
art. 3º, II, do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), são áreas que possuem função
ambiental e a intervenção nesses locais está sujeita à observância das limitações
impostas pela legislação.
A alternativa C está incorreta, uma vez que a reserva legal se aplica somente aos
imóveis rurais, conforme art. 3º, III, do Código Florestal.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme art. 4º da Lei nº
10.257/2001 (Estatuto das Cidades).
Comentários
O item está errado. Veja o teor do art. 42 do SNUC:
99
Daniela Adamek
A lei determina que as populações tradicionais só serão realocadas caso sua presença
não seja possível no local. Ou seja, não se trata de realocação obrigatória, como faz
crer o enunciado.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme art. 11 da Lei 11.445/2007:
Art. 11. São condições de validade dos contratos que tenham por objeto a
prestação de serviços públicos de saneamento básico:
I - a existência de plano de saneamento básico;
Art. 42-B. Os Municípios que pretendam ampliar o seu perímetro urbano após
a data de publicação desta Lei deverão elaborar projeto específico que
contenha, no mínimo:
[...]
100
Daniela Adamek
Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de
Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação
específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art.
182 da Constituição Federal.
5. FCC/SANASA/Procurador Jurídico/2019
Segundo a legislação federal vigente, as unidades de conservação integrantes do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza dividem-se em dois grupos
com características específicas. Um desses grupos é composto por Unidades de
a) Regeneração de Ecossistema, na qual se incluem o Refúgio de Vida Silvestre, a
Reserva Particular do Patrimônio Natural e o Parque Nacional.
b) Proteção da Biodiversidade, no qual se incluem o Monumento Natural, o Refúgio de
Vida Silvestre e a Reserva de Fauna.
c) Proteção Integral, no qual se incluem a Estação Ecológica, a Reserva Particular do
Patrimônio Natural e o Santuário Ecológico.
d) Uso Sustentável, no qual se incluem a Floresta Nacional, a Reserva de Fauna e a
Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
e) Manejo Restrito, no qual se incluem a Área de Proteção Ambiental, a Área de
Relevante Interesse Ecológico e a Reserva Extrativista.
Comentários
O SNUC determina que as unidades de conservação são divididas em unidades de
proteção integral (monumento natural, refúgio da vida silvestre, estação ecológica,
parque nacional e reserva biológica) e unidades de uso sustentável (área de proteção
ambiental, floresta nacional, área de relevante interesse ecológico, reserva
extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável e reserva
particular do patrimônio natural). Assim, a alternativa correta é a letra D.
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Daniela Adamek
a) reserva biológica.
b) preservação permanente.
c) manejo sustentável.
d) reserva legal.
e) conservação ambiental.
Comentários
Definição trazida pelo art. 4º do Código Florestal, o qual conceitua as áreas de
preservação permanente. Portanto, o gabarito da questão está na letra B.
Comentários
Inicialmente, tem-se que o Estado do Pará está localizado na Amazônia Legal,
conforme art. 3º, I, do Código Florestal. Portanto, a área de reserva legal obrigatória
deverá observar o teor do art. 12, I, da norma, que determina que, nos imóveis
localizados na Amazônia Legal, a reserva legal deverá compreender:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
Logo, considerando que o enunciado estabelece que a propriedade está em situada
em área de floresta, a resposta está na alternativa D.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme art. 4º, VII, do Código
Florestal:
A alternativa B está incorreta, já que o Código Florestal, em seu art. 8º, permite a
intervenção em APP nas hipóteses de interesse social, baixo impacto ambiental e
utilidade pública.
A alternativa C está errada, pois o § 3º do art. 7º, do Código Florestal, determina que a
dispensa ocorre apenas em casos de urgência e não para a execução regular:
Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de
Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação
específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art.
182 da Constituição Federal.
103
Daniela Adamek
1. INTRODUÇÃO
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
[...]
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico
e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
[...]
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
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106
Daniela Adamek
§ 1º [...]
I - diversidade das expressões culturais;
II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens
culturais;
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados
atuantes na área cultural;
V - integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e
ações desenvolvidas;
VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
VII - transversalidade das políticas culturais;
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;
IX - transparência e compartilhamento das informações;
X - democratização dos processos decisórios com participação e controle
social;
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das
ações;
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos
para a cultura.
107
Daniela Adamek
Art. 4º [...]:
I - pontos de cultura: entidades jurídicas de direito privado sem fins lucrativos,
grupos ou coletivos sem constituição jurídica, de natureza ou finalidade
cultural, que desenvolvam e articulem atividades culturais em suas
comunidades;
II - pontões de cultura: entidades com constituição jurídica, de
natureza/finalidade cultural e/ou educativa, que desenvolvam, acompanhem e
articulem atividades culturais, em parceria com as redes regionais, identitárias
e temáticas de pontos de cultura e outras redes temáticas, que se destinam à
mobilização, à troca de experiências, ao desenvolvimento de ações conjuntas
com governos locais e à articulação entre os diferentes pontos de cultura que
poderão se agrupar em nível estadual e/ou regional ou por áreas temáticas de
interesse comum, visando à capacitação, ao mapeamento e a ações conjuntas;
III - Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura: integrado pelos
grupos, coletivos e pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que
desenvolvam ações culturais e que possuam certificação simplificada
concedida pelo Ministério da Cultura.
108
Daniela Adamek
2.5.1. Registro
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Daniela Adamek
2.5.2. Tombamento
3. EXERCÍCIOS
Comentários
O item está correto, nos moldes do que dispõe o art. 23, III e IV, da CF/88.
2. PGR/Procurador da República/2015
Lei estadual conferia a proteção, guarda e responsabilidade pelos sítios arqueológicos
e seus acervos aos municípios em que se localizassem.
a) Essa lei foi declarada inconstitucional porque a competência comum para proteger
os sítios arqueológicos não pode ser afastada do Estado e da União.
b) Essa lei foi declarada inconstitucional porque a competência legislativa sobre
responsabilidade por dano a bens de valor histórico e paisagístico é privativa da União.
c) Essa lei foi considerada constitucional porque o Estado possui competência
legislativa suplementar exclusiva para cuidar da proteção ao patrimônio histórico-
cultural.
d) Essa lei foi considerada constitucional porque se trata de competência dos
municípios para legislar sobre assuntos de interesse local.
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Daniela Adamek
Comentários
A alternativa correta está na letra A, na medida em que a CF/88, em seu art. 23, III e
IV, determina ser competência comum da União, dos Estados, do DF e dos Municípios.
Referido encargo, nos termos da jurisprudência do STF (vide ADI 2.544), não comporta
demissão unilateral.
Comentários
Conforme art. 216 da CF, o registro é previsto como forma de tutela de bens culturais
imateriais, já que o tombamento não é compatível com a proteção de bens intangíveis.
Dessa forma, uma dança folclórica, como bem intangível, deverá ser objeto de
registro. Portanto, o item correto está na letra C.
Comentários
O item está correto. Veja o que dispõe o art. 1º do Decreto nº 3.551/2000, que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem patrimônio
cultural brasileiro:
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Daniela Adamek
Comentários
O item está correto. Lembre-se que a referida competência está elencada no art. 23, III
e IV, da CF/88. Nesse sentido, a jurisprudência do STF admite o tombamento de um
mesmo bem por mais de uma entidade política, bem como tombamento de bem da
União por meio de lei estadual (vide ACO 1208).
115
Daniela Adamek
1. INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi instituída pela Lei Federal nº
9.433/1997, regulamentando, também, o inciso XIX do art. 21 da CF/88, que trata da
competência privativa da União para instituir o sistema nacional de gerenciamento de
recursos hídricos e definir critérios de outorgar de direitos de seu uso.
O art. 1º da PNRH estabelece seus fundamentos:
116
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3. INSTRUMENTO DA PNRH
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Daniela Adamek
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes
usos de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água
para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo
produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição
final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em
regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos
núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
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Daniela Adamek
120
Daniela Adamek
daquele empreendimento que exerça atividade com recursos hídricos acima dos
limites.
Desse modo, o órgão do SISNAMA responsável pelo licenciamento ambiental,
deverá exigir a outorga da água antes de conceder as licenças de instalação e de
operação.
CF/88:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos
termos do art. 12 desta Lei.
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos
hídricos devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu
regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o
volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas,
biológicas e de toxidade do afluente.
Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos
serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e
serão utilizados:
I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos
Planos de Recursos Hídricos;
II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos.
§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a
sete e meio por cento do total arrecadado.
121
Daniela Adamek
Esse instrumento ainda não foi regulamentado, uma vez que o artigo da PNRH
que tratava do assunto foi vetado pelo Presidente da República.
Por sua vez, são objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos
Hídricos:
Art. 27 [...]
I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação
qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil;
II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e
demanda de recursos hídricos em todo o território nacional;
III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
Art. 33 [...]
I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
I-A. – a Agência Nacional de Águas;
122
Daniela Adamek
123
Daniela Adamek
124
Daniela Adamek
126
Daniela Adamek
I - da União;
II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que
parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;
III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;
IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;
V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.
§ 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem
como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos
comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios à metade do total de membros.
§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e
transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá
incluir um representante do Ministério das Relações Exteriores.
§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam
terras indígenas devem ser incluídos representantes:
I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da
União;
II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.
127
Daniela Adamek
Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
128
Daniela Adamek
Esse instrumento tem por escopo permitir o uso racional dos recursos
ambientais, com destaque para os recursos hídricos, na medida em que no processo
de estabelecimento de padrões de qualidade ambiental busca-se enquadrar os
recursos hídricos de acordo com níveis ou graus de qualidade, expressos,
normalmente, em termos numéricos que atendam a determinadas funções.
6. EXERCÍCIOS
Comentários
Nos termos do art. 5º da Lei nº 9.433/1997, Política Nacional de Recursos Hídricos, são
seus instrumentos:
Por sua vez, quanto aos objetivos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, dispõe o
art. 19 da norma:
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos
termos do art. 12 desta Lei.
Assim, há previsão da cobrança pelo uso da água pela PNRS, cujos objetivos estão
elencados no art. 19. Ressalte-se que a cobrança pela utilização não se confunde com
impostos ou tarifas cobradas pelas distribuidoras de água pela cidade, mas sim uma
remuneração pelo uso de um bem público. Portanto, a resposta correta está na letra
A.
131
Daniela Adamek
Comentários
O art. 12, § 1º estabelece as atividades que independem de outorga para utilização da
água:
3. VUNESP/AresPCJ-SP/Procurador Jurídico/2018
Tendo em vista os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, conforme
disciplinado na Lei n° 9.433/1997, é correto afirmar que
a) a água é um bem de domínio público ou privado.
b) a água é um recurso natural limitado, sem valor econômico.
c) em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos se destina
exclusivamente ao consumo humano.
d) a gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades.
e) a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
Comentários
Veja o que dispõe o artigo inicial da PNRS:
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
132
Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a PNRS determina que o prazo máximo de outorga
de direitos de uso de recursos hídricos não será superior a 35 (trinta e cinco) anos (art.
16).
A alternativa B está incorreta, porquanto os planos de recursos hídricos são
elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o país. Não há previsão de
elaboração por Município (art. 8º).
A alternativa C está incorreta, pois as águas superficiais, subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, nos termos do art. 26, I, da CF/88, são bens estaduais.
A alternativa D está incorreta, na medida em que o art. 22 da PNRS prevê a aplicação
prioritária, e não exclusiva, desses recursos na bacia hidrográfica em que foram
gerados.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão, conforme art. 22, IV, da CF/88.
133
Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, a referida competência encontra-se no rol do art.
4º da Lei nº 9.984/2000, que elenca as atribuições da Agência Nacional de Águas.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, conforme art. 39, § 3º, I e II, da
PNRS:
A alternativa C está incorreta, pois não há corpos hídricos cujo domínio seja municipal,
conforme estabelece a Constituição Federal.
A alternativa D está incorreta, na medida em que não há inclusão do poder de política
entre as competências dos comitês de bacias hidrográficas.
A alternativa E está incorreta, porquanto a competência da ANA resume-se à outorga
em corpos de água de domínio da União.
134
Daniela Adamek
1. INTRODUÇÃO
2. COMPETÊNCIA
136
Daniela Adamek
3. POLUIDOR
137
Daniela Adamek
4. NEXO CAUSAL
138
Daniela Adamek
6. DANOS AMBIENTAIS
Além disso, o STJ vem admitindo a chamada condenação por dano moral
coletivo do poluidor. Presume-se que haverá dano moral coletivo sempre que
estivermos diante de uma presunção de danos às presentes gerações como às futuras
gerações.
Conforme o STJ, o dano moral coletivo ambiental atinge direitos da
personalidade do grupo massificado. Então, torna-se possível a condenação por
danos morais coletivos.
139
Daniela Adamek
7. JURISPRUDÊNCIA
Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a
atividade econômica ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo
sempre considerado responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo, não se
pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo de terceiro ou força
maior.
No caso concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos em área
ambiental protegida. Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se
mostrou equivocada – isso não é causa excludente da responsabilidade do proprietário
do estabelecimento.
Mesmo que se considere que a instalação do posto de combustível somente tenha
ocorrido em razão de erro na concessão da licença ambiental, é o exercício dessa
atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco concretizado no
dano ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação de
reparar a lesão verificada. (STJ, REsp 1612887/PR, j. 28/04/2020 - Informativo 671).
140
Daniela Adamek
141
Daniela Adamek
8. EXERCÍCIOS
142
Daniela Adamek
Comentários
Conforme entendimento sedimentado pelo STJ:
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a competência para propor denúncia criminal é do
Ministério Público, titular da ação penal, conforme art. 26 da Lei nº 9.605/98.
A alternativa B está incorreta, porquanto a responsabilidade administrativa ambiental
se dá mediante lavratura de auto de infração e respectivo procedimento
administrativo, prescindindo de procedimento judicial.
A alternativa C está incorreta, na medida em que, conforme ensina o art. 15 da LC
140/2011, a competência para lavratura de auto de infração é do órgão ambiental
responsável pelo licenciamento ou autorização do empreendimento ou atividade.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme art. 15 da LC
140/2011.
A alternativa E está incorreta, porque a competência para a proposição de denúncia
criminal na esfera federal é do Ministério Público Federal, bem como a
responsabilização não seria administrativa, mas criminal.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme entendimento mais
recente do STJ, sedimentado e consignado no Informativo nº 650/STJ.
A alternativa B está incorreta, conforme Informativo nº 650/STJ, em que se consignou
que a responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva.
A alternativa C está incorreta, na medida em que a condenação simultânea e
cumulativa é permitida no âmbito da responsabilidade civil ambiental, conforme
Súmula 629 do STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à
obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar
144
Daniela Adamek
A alternativa D está incorreta, pois não mais se adota a teoria da “dupla imputação”,
que exigia a responsabilização concomitante da pessoa física para a condenação da
pessoa jurídica por crimes ambientais.
A alternativa E está incorreta. Veja o teor do enunciado 7 da Jurisprudência em Teses
do STJ: “7) Os responsáveis pela degradação ambiental são coobrigados solidários,
formando-se, em regra, nas ações civis públicas ou coletivas litisconsórcio
facultativo.”.
Comentários
O item I está correto, conforme teor do art. 14, § 1º da Lei 6.938/81: Sem obstar a
aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados
ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da
União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal, por danos causados ao meio ambiente. Trata-se da responsabilidade civil
objetiva por danos ao meio ambiente.
O item II está incorreto, pois a preferência será sempre pela recuperação do meio
ambiente de forma direta. Somente quando não for possível, haverá a reparação de
forma indireta.
O item III está correto. O meio ambiente sadio pertence à categoria de direito
fundamental de terceira geração, possuindo natureza transindividual e difusa.
145
Daniela Adamek
5. VUNESP/Prefeitura de Valinhos-SP/Procurador/2019
Assinale a alternativa que traz o conteúdo correto de uma das Súmulas do STJ que
tratam sobre Direitos Metaindividuais.
a) É admitida a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.
b) A inversão do ônus da prova não se aplica às ações de degradação ambiental.
c) As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las
do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
d) Quanto ao dano ambiental, não é admitida a condenação do réu à obrigação de
fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar, devendo ser requerida em ações
separadas.
e) O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos
e coletivos, exceto aos individuais homogêneos dos consumidores, ainda que
decorrentes da prestação de serviço público.
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme dispõe a Súmula 613 do STJ: Não se admite a
aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.
A alternativa B está incorreta, conforme dispõe a Súmula 618 do STJ: A inversão do
ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Veja o teor da Súmula 623 do
STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-
las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
A alternativa D está incorreta, conforme dispõe a Súmula 629 do STJ: Quanto ao dano
ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer
cumulada com a de indenizar.
A alternativa E está incorreta, na medida em que o MP possui legitimidade para a
defesa de direito individual indisponível mesmo quando a ação vise à tutela de pessoa
individualmente considerada.
146
Daniela Adamek
1. INTRODUÇÃO
147
Daniela Adamek
150
Daniela Adamek
3. JURISPRUDÊNCIA
151
Daniela Adamek
4. EXERCÍCIOS
Comentários
A jurisprudência do STJ consigna que o tempo de convívio com o animal no ambiente
doméstico deve ser considerado como circunstância para o órgão ambiental não
apreender o animal. Veja:
Não é razoável a conduta do órgão ambiental que apreende uma ave (ex:
papagaio) que já estava sendo criada por longo período de tempo em
ambiente doméstico, sem qualquer indício de maus-tratos ou risco de
extinção. Em casos como esse, não se mostra plausível que a apreensão do
animal ocorra exclusivamente sobre a ótica da estrita legalidade. É preciso se
examinar as peculiaridades do caso sob a luz da finalidade da Lei Ambiental
que, sabidamente, é voltada à melhor proteção do animal. Desse modo, com
base nas peculiaridades do caso concreto, e em atenção ao princípio da
razoabilidade, é possível autorizar que a ave permaneça no ambiente
doméstico do qual jamais se afastou por longos anos.
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1457447/CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
16/12/2014. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1389418/PB, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 21/09/2017.
A banca considerou correto o item A, ou seja, entendeu que o período de 1 ano não é
um “longo período de tempo” a dispensar a apreensão da ave.
152
Daniela Adamek
2. VUNESP/FITO/Advogado/2020
A produtora de petróleo X contratou a empresa de transportes marítimos Y para
transportar barris de petróleo do Ceará até o Porto de Santos, no Estado de São Paulo.
Durante o transporte, o navio da transportadora Y teve o casco quebrado, que
resultou no derramamento de óleo por toda a costa litorânea do país. Diante da
situação hipotética, e considerando o previsto na legislação, bem como o atual
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta no que diz
respeito à responsabilização civil, administrativa e penal ambiental, da produtora X,
respectivamente.
a) Subjetiva, objetiva e objetiva.
b) Subjetiva, subjetiva e subjetiva.
c) Objetiva, objetiva e objetiva.
d) Objetiva, subjetiva e subjetiva.
e) Objetiva, objetiva e subjetiva.
Comentários
Conforme vimos nos capítulos anteriores, a responsabilidade civil é sempre objetiva. A
administrativa, por sua vez, conforme entendimento do STJ, é subjetiva. Por fim, a
responsabilidade penal é sempre subjetiva, dependendo da demonstração do nexo
causal. A alternativa certa, portanto, é o item D.
Comentários
153
Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme dispõe a Súmula 623 do STJ: As obrigações
ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário
ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, conforme a Súmula 629 do STJ:
Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à
de não fazer cumulada com a de indenizar.
A alternativa C está incorreta, conforme estabelece a Súmula nº 613 STJ: Não se
admite a Teoria do Fato consumado em tema de direito ambiental.
A alternativa D está incorreta, nos termos do que consigna a Súmula n º 618 do STJ: A
inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
A alternativa E está incorreta. A propósito, veja o teor da Súmula nº 467 do STJ:
Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.
154
Daniela Adamek
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a responsabilização civil na esfera ambiental é
objetiva. Portanto, se houver dano ao meio ambiente, mesmo que o empreendedor
esteja observando os padrões de qualidade ambiental, haverá responsabilidade civil.
A alternativa B está incorreta, na medida em que o art. 3º da Lei de Crimes Ambientais
determina que a responsabilidade das pessoas jurídicas ocorrerá quando a infração for
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da entidade, não em benefício próprio.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme entendimento
esposado no Informativo nº 650 do STJ.
A alternativa D está incorreta, porquanto não mais se exige a dupla imputação para a
responsabilização da pessoa jurídica.
A alternativa E está incorreta, porque, conforme estudamos, a responsabilidade civil é
objetiva.
155
Daniela Adamek
1.1. Requisitos
Perceba que a lei elenca basicamente dois requisitos para que se caracterize a
responsabilidade penal da pessoa jurídica:
• Crime praticado por decisão do representante legal, representante contratual
ou por decisão do órgão colegiado da pessoa jurídica;
• Decisão deve ter sido tomada em benefício ou no interesse da pessoa jurídica.
2. FIGURA DO GARANTIDOR
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos
nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade,
bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica,
que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la.
3. COMPETÊNCIA
158
Daniela Adamek
159
Daniela Adamek
Essa prestação pecuniária não poderá ser inferior a um salário mínimo nem
superior a 360 salários mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
condenado o infrator.
V. Recolhimento domiciliar:
É muito semelhante ao regime aberto domiciliar. Segundo o art. 13, o
recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em
residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória.
Assim, anote-se que o sujeito não estará sob vigilância, porém nos momentos
de folga do trabalho, curso ou atividade autorizada, deverá permanecer recolhido em
casa.
Perceba que não se está falando de penas com caráter substitutivo, mas da
pena principal.
160
Daniela Adamek
7.5. Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações
Em relação às agravantes:
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
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Daniela Adamek
164
Daniela Adamek
Verifica-se, portanto, que nos casos de crimes dolosos com pena privativa de
liberdade inferior a 4 anos também será cabível a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos.
Diferentemente do Código Penal, em que se converte a pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos quando a pena não é superior a 4 anos (art. 44, I, do
CP), aqui a pena deve ser inferior a quatro anos. Ou seja, o condenado à pena de
exatos 4 anos não fará jus à substituição, quando se tratar de crime ambiental.
Observe que as penas restritivas de direitos são aplicáveis apenas às pessoas
físicas, pois substituem penas privativas de liberdade, inaplicáveis às pessoas jurídicas.
Atente-se que, diferentemente do Código Penal, a Lei nº 9.605/98 não exige que o
crime tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa para autorizar a
substituição. Outro ponto é que a Lei nº 9.605/98 não coloca como pressuposto
negativo que o sujeito não seja reincidente.
15. JURISPRUDÊNCIA
16. EXERCÍCIOS
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme dispõe a Súmula nº 623 do STJ: As obrigações
ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário
ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
166
Daniela Adamek
A alternativa B está incorreta, pois não há óbice ao fato de que o dano ambiental pode
advir de atividades lícitas.
A alternativa C está incorreta, na medida em que também se pode aplicar penas
restritivas de direitos às pessoas jurídicas, conforme determina o art. 22 da Lei de
Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98).
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme a mais recente
jurisprudência do STF que deixou de adotar a teoria da dupla imputação.
A alternativa E está incorreta, pois a Lei de Crimes Ambientais, no art. 28, permite a
aplicação das disposições aplicáveis aos Juizados Especiais Criminais, nos crimes de
menor potencial ofensivo, com as modificações que estabelece.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A Lei de Crimes Ambientais, em seu art. 3º, permite a
responsabilização administrativa, civil e penal das pessoas jurídicas.
A alternativa B está incorreta, pois a responsabilização, nas três esferas (civil,
administrativa e penal), é independente e podem ser aplicadas de forma
concomitante.
A alternativa C está incorreta, conforme preconiza o parágrafo único do art. 3º da Lei
de Crimes Ambientais.
A alternativa D está incorreta, na medida em que não mais se adota a teoria da dupla
imputação.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão, conforme estabelece o art. 21
da Lei de Crimes Ambientais.
que havia sido criada por decreto federal. Em razão disso, foi proposta ação penal
contra a pessoa jurídica e a pessoa física. Durante o curso da ação, a segunda foi
excluída da lide.
Nessa situação hipotética, a ação penal
a) não poderá prosseguir sem a presença da pessoa física, sendo da justiça federal a
competência para o julgamento.
b) poderá prosseguir sem a presença da pessoa física, sendo da justiça federal a
competência para o julgamento.
c) prosseguirá, desde que a pessoa física seja novamente incluída no polo passivo,
independentemente do foro.
d) poderá prosseguir sem a presença da pessoa física, sendo da justiça comum a
competência para o julgamento.
e) não poderá prosseguir sem a presença da pessoa física, sendo da justiça comum a
competência para o julgamento.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois conforme amplamente
consignado, não mais se aplica a teoria da dupla imputação. Dessa forma, é possível a
responsabilização penal da pessoa jurídica por danos ambientais independentemente
da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Ademais,
conforme entendimento pacificado pelo STJ (CC nº 142.016/SP), a Justiça Federal é
competente para julgar crime cometido em unidade de conservação federal, pois há
interesse federal na manutenção e preservação da região.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme art. 4º da Lei de
Crimes Ambientais prevê.
A alternativa B está incorreta, pois a o prazo estabelecido pela Lei de Crimes
Ambientais, no art. 22, § 3º, é de dez anos.
168
Daniela Adamek
5. CESPE/Delegado de Polícia/PC-SE/2018
Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que
visava à exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em
área rural de manguezais de um estado federado. No referido ano, eles instalaram
viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade econômica muito lucrativa.
Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença
ambiental para o exercício da atividade.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue:
A empresa Camarões do Mangue Ltda. não será responsabilizada penalmente pela
atividade ilegal de carcinicultura em manguezais caso os sócios tenham desviado todos
os lucros da empresa, não gerando, com isso, nenhum benefício à entidade.
Comentários
O item está certo. Veja o que dispõe o art. 3º da Lei de Crimes Ambientais:
169
Daniela Adamek
6. CESPE/Juiz Substituto/TJSC/2019
Joana, moradora de uma comunidade quilombola, tem baixo grau de instrução e
trabalha na principal atividade de subsistência da sua comunidade, que é a pesca.
Durante uma pescaria, feita sempre aos domingos, no período noturno, ela capturou
dois filhotes de baleia-franca, espécie inserida na lista local de espécies ameaçadas de
extinção. Depois desse dia, Joana passou a fazer da pesca dessa espécie animal uma
atividade econômica, com a venda para o comércio da região. Somente após ter
praticado reiteradamente a atividade criminosa, ela descobriu que essa espécie de
baleia era ameaçada de extinção. Arrependida, Joana dirigiu-se a uma delegacia de
polícia e informou, com antecedência, à autoridade policial todos os locais em que
havia instalado armadilhas de pesca. Além disso, passou a trabalhar em um projeto
social para reparar o dano causado e a colaborar com os agentes encarregados da
vigilância e do controle ambiental.
Conforme as disposições da Lei n.º 9.605/1998, assinale a opção que indica
circunstâncias atenuantes de eventual pena criminal que possa ser imputada a Joana.
a) o baixo grau de instrução de Joana e o seu pertencimento a uma comunidade
quilombola
b) o arrependimento de Joana, sua pretensão de reparar o dano e a periodicidade das
pescas (sempre aos domingos)
c) a comunicação prévia de Joana do perigo iminente de degradação ambiental, em
razão das armadilhas de pesca instaladas, e a periodicidade das pescas (sempre aos
domingos)
d) o baixo grau de instrução de Joana e sua colaboração com os agentes encarregados
da vigilância e do controle ambiental
e) o pertencimento de Joana a uma comunidade quilombola e a sua desistência
voluntária.
Comentários
Nos termos do artigo 14 da Lei nº 9.605/98:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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