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PRÉ-UNIVERSITÁRIO OFICINA DO SABER Aluno(a):

DISCIPLINA: Literatura PROFESSORA: Suéllen da Mata


Data: 01 / 06 / 2021

Gêneros Literários Lista 7

QUESTÃO 1

Soneto de fidelidade
(Vinicius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento E assim, quando mais tarde me procure
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Que mesmo em face do maior encanto Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento Eu possa me dizer do amor (que tive):
E em seu louvor hei de espalhar meu canto Que não seja imortal, posto que é chama
E rir meu riso e derramar meu pranto Mas que seja infinito enquanto dure.
Ao seu pesar ou seu contentamento.

Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta

a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.

b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor.

c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.

d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.

e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se entregarem ao amor

QUESTÃO 2

Texto 1

No meio do caminho Tinha uma pedra


No meio do caminho tinha No meio do caminho tinha
uma pedra uma pedra
Tinha uma pedra no meio […]
do caminho

(ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2000. (fragmento).
Texto 2

A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que:

a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho.

b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.

c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo
gênero.

d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades
distintas.

e) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes ao
mesmo gênero.

QUESTÃO 3

Os excertos a seguir são de Cecília Meireles e Carpinejar, respectivamente.

“Minhas mãos ainda estão molhadas “A matilha dos filhos


do azul das ondas entreabertas, fareja o sonho inacabado,
e a cor que escorre dos meus dedos perseguindo tua lapela castanha,
colore as areias desertas”. o açúcar do linho,
(MEIRELES, 2000, p. 27). olor de café aquecido”.
(CARPINEJAR, 2008, p. 58-59).
Em ambas as composições, os versos acima revelam que o sujeito lírico tem do mundo uma percepção

a) emotiva.

b) sensorial.

c) onírica.

d) racional.

e) sentimental.

“(...) Escobar vinha assim surgindo da sepultura, do seminário e do Flamengo para se sentar comigo à
mesa, receber-me na escada, beijar-me no gabinete de manhã, ou pedir-me à noite a bênção do costume.
Todas essas ações eram repulsivas; eu tolerava-as e praticava-as, para me não descobrir a mim mesmo e
ao mundo. Mas o que pudesse dissimular ao mundo, não podia fazê-lo a mim, que vivia mais perto de mim
que ninguém. Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu jurava matá-
los a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida
embaçada e agoniada. Quando, porém, tornava a casa e via no alto da escada a criaturinha que me queria
e esperava, ficava desarmado e diferia o castigo de um dia para outro.

O que se passava entre mim e Capitu naqueles dias sombrios, não se notará aqui, por ser tão miúdo e
repetido, e já tão tarde que não se poderá dizê-lo sem falha nem canseira. Mas o principal irá. E o principal
é que os nossos temporais eram agora contínuos e terríveis. Antes de descoberta aquela má terra da
verdade, tivemos outros de pouca dura; não tardava que o céu se fizesse azul, o sol claro e o mar chão, por
onde abríamos novamente as velas que nos levavam às ilhas e costas mais belas do universo, até que outro
pé de vento desbaratava tudo, e nós, postos à capa, esperávamos outra bonança, que não era tardia nem
dúbia, antes total, próxima e firme (...)”.

(Fragmento do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis)

A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de
Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto
dizer que ela apresenta-se:

a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;


b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador;
c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador;
d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade;
e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.

QUESTÃO 4

As cores

Maria Alice abandonou o livro onde seus dedos longos liam uma história de amor. Em seu pequeno mundo
de volumes, de cheiros, de sons, todas aquelas palavras eram a perpétua renovação dos mistérios em cujo
seio sua imaginação se perdia. […] Como seria cor e o que seria? […]. Era, com certeza, a nota marcante de
todas as coisas para aqueles cujos olhos viam, aqueles olhos que tantas vezes palpara com inveja calada e
que se fechavam, quando os tocava, sensíveis como pássaros assustados, palpitantes de vida, sob seus dedos
trêmulos, que diziam ser claros. Que seria o claro, afinal? Algo que aprendera, de há muito, ser igual ao
branco. […]
E agora Maria Alice voltava outra vez ao Instituto. E ao grande amigo que lá conhecera. […]. Lembrava-se
da ternura daquela voz, da beleza daquela voz. De como se adivinhavam entre dezenas de outros e suas
mãos se encontravam. De como as palavras de amor tinham irrompido e suas bocas se encontrado… De
como um dia seus pais haviam surgido inesperadamente no Instituto e a haviam levado à sala do diretor e se
haviam queixado da falta de vigilância e moralidade no estabelecimento. E de como, no momento em que a
retiravam e quando ela disse que pretendia se despedir de um amigo pelo qual tinha grande afeição e com
quem se queria casar, o pai exclamara, horrorizado:

— Você não tem juízo, criatura? Casar-se com um mulato? Nunca!

Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava longe o Instituto, ao qual não saberia voltar, do qual nunca
mais tivera notícia, e do qual somente restara o privilégio de caminhar sozinha pelo reino dos livros, tão
parecido com a vida dos outros, tão cheio de cores…

LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

No texto, a condição da personagem e os desdobramentos da narrativa conduzem o leitor a compreender


o(a):

a) percepção das cores como metáfora da discriminação racial.

b) privação da visão como elemento definidor das relações humanas.

c) contraste entre as representações do amor de diferentes gerações.

d) prevalência das diferenças sociais sobre a liberdade das relações afetivas.

e) embate entre a ingenuidade juvenil e a manutenção de tradições familiares.

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