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Aula 2.4

Equações diferenciais lineares


homogêneas de coeficientes constantes
de segunda ordem

Vamos agora estudar as equações homogêneas ( 2.3.1) com coeficientes constantes, isto é,
p(x) = a e q(x) = b, onde a e b são constantes:

y′′ + ay′ + by = 0. (2.4.1)

Observe que a função exponencial eλx tem a propriedade de que suas derivadas são todas
constantes multiplicadas por si própria. Isto nos faz considerar a função y = eλx como uma
possível solução de ( 2.4.1) se λ por convenientemente escolhida.

2.4.1 Determinando o valor de λ

Fazendo y = eλx solução da equação e substituindo y e suas derivadas y′ = λeλx e y′′ = λ2 eλx
na equação diferencial ( 2.4.1), temos:

y′′ + ay′ + by = 0

⇒ λ2 eλx + aλeλx + beλx = 0

⇒ eλx (λ2 + aλ + b) = 0

⇒ λ2 + aλ + b = 0. (2.4.2)

Joseph N. A. Yartey & Simone S. Ribeiro


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Observe que a função exponencial eλx nunca se anula. A equação ( 2.4.2) é chamada de
equação característica associada à equação diferencial ( 2.4.1). Para acharmos o valor de λ,
basta resolver a equação característica.

√ √
−a + a2 − 4b −a − a2 − 4b
λ1 = e λ2 = (2.4.3)
2 2

Podemos ter três casos para os valores de λ:

• Caso 1: as raízes são reais e distintas.

• Caso 2: as raízes são complexas.

• Caso 3: as raízes são reais e iguais

2.4.1.1 Caso 1: raízes reais e distintas

Se as raízes da equação característica λ1 e λ2 são reais e distintas, as soluções da equação


diferencial serão:
y1 = eλ1 x e y2 = eλ2 x (2.4.4)

Observação: É fácil ver que estas duas soluções y1 e y2 são linearmente independentes uma
vez que
y2 eλ2 x
= = e(λ2 −λ1 )x , constante.
y1 eλ1 x

Logo, a solução geral é


y(x) = c1 eλ1 x + c2 eλ2 x (2.4.5)

Exemplo 2.4.1. Resolva o seguinte problema de valor inicial:



 y′′ + y′ − 2y = 0,






 y(0) = 1




 y′ (0) = 1

Solução: A equação característica é λ2 + λ − 2 = 0 cuja solução é: λ1 = 1 e λ2 = −2. Desta


forma, a solução geral é:
y(x) = c1 ex + c2 e−2x .

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Substituindo as condições iniciais, temos:





 c1 + c2 = 1,




 c1 − 2c2 = 1

Resolvendo o sistema acima, obtemos: c1 = 1 e c2 = 0 e a solução do PVI é: y(x) = ex .

2.4.1.2 Caso 2: raízes complexas conjugadas

Neste caso, as raízes podem ser escritas na forma:

λ1 = r + iθ e λ2 = r − iθ,

onde i é o número imaginário. Assim,

e(r+iθ)x = erx eiθx = erx ( cos θx + i sen θx).

Note que a expressão eiθ = cos θ + i sen θ é conhecida como fórmula de Euler. De forma
análoga:
e(r−iθ)x = erx e−iθx = erx ( cos θx − i sen θx).

Como estamos interessados apenas em soluções reais e

e(r+iθ)x = erx ( cos θx + i sen θx)

e(r−iθ)x = erx ( cos θx − i sen θx),

então podemos obter y1 e y2 da seguinte forma:



 e(r+iθ)x + e(r−iθ)x


 y1 = = erx cos θx.

 2









 e(r+iθ)x − e(r−iθ)x
 y2 = = erx sen θx.
2

e a solução geral é:
y(x) = c1 erx cos θx + c2 erx sen θx. (2.4.6)

Joseph N. A. Yartey & Simone S. Ribeiro


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Exemplo 2.4.2. Resolva o seguinte problema de valor inicial:



 2y′′ − 4y′ + 8y = 0,






 y(0) = 1




 y′ (0) = 0

√ √
Solução: A equação característica é λ2 − 2λ + 4 = 0 cuja solução é: λ1 = 1 + 3i e λ2 = 1 − 3i.
Neste caso, a solução geral é:

√ √
y(x) = c1 ex cos 3x + c2 ex sen 3x.

Substituindo as condições iniciais, temos:





 c1 = 1,


 √

 c1 + c2 3 = 1


Resolvendo o sistema acima, obtemos: c1 = 1 e c2 = −1/ 3. Daí, a solução do PVI é:

√ 1 √
y(x) = ex cos 3x − √ ex sen 3x.
3

2.4.1.3 Caso 3: raízes reais e iguais

Neste caso, a única raiz repetida da equação característica é λ = −a/2 e assim, teremos
apenas uma solução:
y = e−ax/2 .

Precisamos determinar uma segunda solução y2 que seja linearmente independente com a
primeira. Como já vimos antes, fazemos y2 = v(x)y1 e encontramos a segunda solução.

Exercício 2.4.1. Prove que a segunda solução é y2 = xe−ax/2 .

Exemplo 2.4.3. Resolva o seguinte problema de valor inicial:



 y′′ + 4y′ + 4y = 0,






 y(0) = −2




 y′ (0) = 7

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