Você está na página 1de 18

16 outubre 2019 ISSN 1094-5296

GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. 22. ed.


Petrópolis: Vozes, 2013.
182 páginas ISBN: 8532613152

Resenhado por Maria de Lourdes Tura (UERJ)


com comentário de Elizabeth Macedo (UERJ)
Brasil

Comentário
Olha, eu acredito muito na escola. Senão, estaria
aposentado e jogando bocha (risos).
(Entrevista concedida por Danilo
Gandin ao jornal A gazeta em 2010).
Iniciar este texto com um comentário, ou com
uma espécie de prólogo, é apenas uma das
muitas liberdades que vamos aqui tomar,
sendo a primeira delas a própria escolha do
livro a resenhar. A prática do planejamento
participativo data de 1995 e conta com 22
edições, o que parece indicar certa inutilidade
mesmo de resenhá-lo. Em geral, resenha-se
textos recentes para dar conhecimento aos
leitores de um livro que eles ainda não tiveram
a oportunidade de ler. A prática do planejamento
participativo, além de circular há mais de 20
anos, é uma obra muito conhecida que, ainda
hoje editada, serve de referência tanto para
estudantes quanto para pesquisadores do
campo da educação.
Possivelmente, por isso, precisamos de um
comentário inicial, no qual aquilo que não cabe
em uma resenha – porque ela é, em geral, a
apresentação de uma obra a um potencial

TURA, Maria de Lourdes. (2019, outubre 19). Resenha de A prática do planejamento participativo por Danilo
Gandin/Editora Vozes. Resenhas Educativas, 26. http://dx.doi.org/10.14507/er.v26.2771
Resenhas Educativas 2

leitor – tenha lugar. É nesse momento que hoje seja importante adjetivar como sangrenta,
pretendemos deslizar no tempo, o que não só mesmo que a boa prática da escrita acadêmica
é possível, como necessário, quando se indique a parcimônia com tais termos.
resenha uma obra cujos impactos – Antes mesmo da nova Constituição, não
mensuráveis e imponderáveis – estão aí. Antes por acaso denominada Cidadã, as eleições
de mais nada, no entanto, é aqui que queremos diretas para os governos estaduais em 1982
explicitar que esta nossa resenha pretende ser levaram ao poder partidos de oposição,
um testemunho de reconhecimento e de implicando em mudanças significativas nas
homenagem ao professor Danilo Gandin por gestões locais. No campo da educação, muitos
tudo aquilo que ele vem representando para a estados elaboraram novos currículos com uma
educação e as escolas no Brasil. Há algum matriz crítica e níveis diferenciados de
tempo, vínhamos gestando tal projeto que, participação das comunidades escolares em
não por acaso, vem a termo agora quando sua elaboração. Seriam, no entanto, as eleições
educação e alteridade são fortemente atacadas municipais de 1988 que se constituiriam em
pela ascensão da nova direita. Reler o um marco para as ideias defendidas, não
professor Gandin, nesse contexto, e saber que apenas, mas vigorosamente, por Danilo
ele não está jogando bocha, enche-nos de Gandin. Em sua Porto Alegre, a vitória do
coragem e impele-nos a agir por um projeto Partido dos Trabalhadores (PT) elevaria a ideia
relevante de educação para o Brasil. de participação a um novo patamar com a
Os textos fundamentais para entender o instauração do orçamento participativo. No
pensamento de Danilo Gandin, no que tange campo da Educação, a Escola Cidadã traria os
ao planejamento – A prática do planejamento princípios do planejamento participativo para
participativo e Planejamento como prática educativa – o centro da experiência educacional, em um
datam de um momento de transição projeto bem-sucedido e com reconhecimento
importante na história do país. Correndo o nacional e internacional, infelizmente
risco de alguma imprecisão, ambas as obras descontinuado em 2004. Vivia-se, na cidade,
apareceram quando saíamos da Ditadura uma oportunidade de experimentar a ideia de
Militar iniciada em 1964. Foram 12 anos entre planejamento e de gestão participativa. Em
a publicação dos dois livros, mas o fim do São Paulo, a eleição de Luiza Erundina,
regime ditatorial foi também muito longo, que também pelo PT, trouxe Paulo Freire, em
se anunciou, em 1979, com a chegada ao pessoa, para a Secretaria de Educação.
poder do que seria o último presidente militar, Também ali se iniciava uma experiência de
cujo mandato ainda duraria até 1985. A eleição radicalização da participação com a
subsequente, do primeiro presidente civil, a descentralização das decisões para as escolas.
despeito das enormes demandas populares, Um pouco depois, em 1993, Belo Horizonte
ainda seria indireta, realizada pelo Congresso implantaria a Escola Plural, movimento que se
Nacional. A Constituição do Brasil repetiu em diferentes municípios brasileiros,
democrático somente seria promulgada em especialmente nas capitais, onde as redes
1988, e a primeira eleição direta para escolares eram e são, em geral, mais robustas.
Presidente da República ocorreria em 1990. Ao mesmo tempo, no âmbito legislativo,
Todas essas datas são sabidas e, se as trago, é iniciou-se, depois de exarada a Constituição,
apenas com o intuito de localizar o que um longo e tortuoso processo de elaboração
transparece como a preocupação maior do de uma lei geral para a educação. Apesar da
professor Gandin em uma atmosfera em que efervescência que provocou e do processo
se clamava por participação e pela reinvenção participativo que envolveu sua redação, uma
de um país. Planejar o futuro juntos era o série de manobras de última hora acabou
anseio de gerações após a Ditadura que talvez produzindo um documento em que parte dos
Resenha de A prática do planejamento participativo 3

anseios trazidos por educadores e educadoras números disserem da relevância de escrever


ficaram de fora da versão finalmente aprovada para pessoas e com elas estabelecer um diálogo
em 1996. ao vivo ou a distância. A estranha sensação de
familiaridade que muitos de nós sentiremos ao
Os desejos de participação política eram
ler as ideias que a resenha de Maria de Lourdes
exercitados em diferentes esferas, depois de
vai destacar é possivelmente um outro
duramente conquistados. As ideias trazidas
indicador de que essa obra é parte de cada um
pelos novos tempos não eram, obviamente,
de nós. Podemos, ainda, arriscar a
apenas de professor Danilo, elas circulavam
interpretação, aceita por muitos, de que os
por uma comunidade de educadores críticos.
pensadores brasileiros no campo da teoria
No campo da educação, no entanto,
crítica, dentre os quais situo Danilo Gandin,
Planejamento como prática educativa marcou uma
tiveram uma importância crucial na
época, como viria a acontecer posteriormente
configuração desse campo de pensamento no
com A prática do planejamento participativo.
âmbito internacional. Em nenhuma outra
Publicado em 1983, destoava da versão de
teorização crítica, a valorização da escola e da
planejamento que imperara durante toda a
ação cotidiana nela produzida, para qual a obra
Ditadura. Até então, a importação do modelo
do professor Gandin foi fundamental, é tão
hegemonizado nos Estados Unidos, contando
com financiamento oficial, legara-nos uma forte e prenhe de possibilidades.
tradição sistêmica de planejamento, marcada Tomo, no entanto, um outro caminho que
pelo binômio objetivos-avaliação que tratava a me parece mais adequado a um comentário
decisão política como atividade técnica. Nas dessa natureza, o caminho de algumas
políticas públicas, planos centralizados e lembranças captadas sem nenhum método.
assépticos chegavam às escolas. Nas Difícil pinçá-las, porque todos e todas com
Universidades, textos traduzidos ou adaptados quem falei sobre este testemunho gostariam de
formavam novos docentes segundo a lógica homenagear o professor Gandin por motivos
imperante. Em tal cenário, o livro de Danilo diversos. Eu mesma lembro de como a ideia
Gandin revolucionava o campo da gestão de planejamento participativo me ensinou a
educacional ao propor um planejamento que ver vida em uma atividade sempre
apostava no imbricamento crítico e subvertia o experenciada como muito burocrática. As
etapismo das versões tecnicistas. Sem deixar lembranças de Maria de Lourdes, que
de acreditar na importância de planejar, o texto prontamente se disponibilizou para fazer esta
destacava as finalidades políticas dessa resenha, e que conviveu com “Danilo”, entre
atividade e a apresentava como construída a outros, nos espaços da Associação de
partir de experiências locais e das escolas. No Educadores Católicos. Lá editaram uma revista
livro de 1995, assim como em outras obras do que formou muitos educadores, e a fala de
autor, tal subversão foi ganhando mais cor, Lourdes dá conta da importância dos debates
com propostas concretas de como planejar, aí travados e do impacto desse espaço nos
sempre tendo o compromisso político com a momentos de redemocratização. Há também
justiça social como guia. testemunhos de alunas recentes dos cursos de
pedagogia que, mais de 20 anos dos idos de
Como recuperar aqui, neste testemunho de
1995, leem a 22a edição de A prática do
reconhecimento, a importância dessas obras
planejamento participativo com enorme interesse e
desde aquele momento? Na linguagem da
desejo de que as escolas pudessem continuar
atualidade, podemos lembrar as centenas de
sendo um espaço de planejamento e
citações desses livros e, em uma espécie de
autonomia. Em mesas de bar e almoço, quase
árvore genealógica, as citações daqueles que os
todos os presentes têm uma história a contar,
citam. No entanto, corremos o risco de o
seja no Rio de Janeiro (onde moro), seja em
professor Danilo resolver jogar bocha se tais
Resenhas Educativas 4

lugares onde comentei que a Associação São muitos outros testemunhos que,
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em diferentes entre si, dão conta da importância
Educação (ANPEd) estava planejando essa das lições do professor Gandin no sentido da
resenha-homenagem. Quantos colegas valorização da participação radical das
encontraram com o professor Gandin em suas comunidades escolares no planejamento.
peregrinações por escolas e redes de ensino Nesse sentido, suas obras ajudaram a forjar a
falando para professores! Todos testemunhos tal tradição dos estudos críticos no Brasil, em
de sua competência, mas, principalmente, de que a comunidade escolar é posta no centro
seu compromisso com a educação. das alternativas aos modelos impostos.
Tradição esta que, nos dias atuais, nos tem
Destaco aqui um momento de que muitos
feito resistir a políticas educacionais
de nós deve se recordar. No espírito da época,
centralizadas que buscam tirar, não apenas do
a Lei de Diretrizes e Bases (LBD) destacava
professor, mas das escolas, a responsabilidade
que a gestão democrática do ensino público
de planejar o seu trabalho. Depois de um
precisava ser assegurada pelos sistemas de
longo período em que aprendemos, com os
ensino e estabelecia a importância, para tanto,
Grandes, a valorizar a educação, e os
de que as escolas elaborassem um projeto
processos participativos necessários à
pedagógico. Os profissionais da educação
construção de projetos educacionais dignos
eram, assim, instados a participar na escrita de
desse nome, é difícil acreditar que teremos
projetos políticos pedagógicos, ou os famosos
uma educação de qualidade definindo, com
PPP. As escolas e as próprias redes públicas,
clareza, competências relevantes para todos a
assim como instituições privadas, viram-se
serem avaliadas por testagens nacionais e
diante da necessidade de inventar formatos de
internacionais. Contudo, o fantasma dos
PPP e formas de fazê-lo. Muitos colegas
planejamentos técnicos volta a assombrar as
conheceram o professor Danilo Gandin na
políticas públicas, novamente escondendo, sob
busca para dar conta dessa tarefa e o tomaram
o manto do método e da eficiência, suas
como um bom amigo, cujos conselhos
incontáveis exclusões.
seguiram, adaptando-os aqui e ali como requer
a boa participação. A atual secretária de Em diferentes países, recrudesceram, nas
educação da rede de Niterói e professora da últimas décadas, políticas de centralização
Universidade Federal Fluminense, Flávia nacionais de currículo e de avaliação, binômio
Monteiro de Barros, é uma das que lembra dos que norteou as técnicas de planejamento
livros de Gandin com carinho e gratidão. Na clássicas. Não que elas não existissem ou
verdade, ela os tem na estante de sua sala na fossem hegemônicas ao longo de toda a
secretaria, onde a encontrei por outro motivo história recente da educação, com livros
e, pelos caminhos das conversas que nos didáticos, vestibular e a própria tradição
levam sempre a um lugar inusitado, chegamos disciplinar – todos acidamente criticados pelo
a este tema. Flávia me contou que, professor Danilo – fazendo o papel que se
trabalhando na Rede Estadual do Rio de almeja com tais políticas de centralização. A
Janeiro, se viu instada a produzir projetos existência de currículos nacionais como
políticos pedagógicos com as escolas e que normas legais, e sua imposição sobre estados,
foram os textos do professor Gandin que lhe municípios e escolas, têm, no entanto, uma
serviram de referências. Na sua estante, além força simbólica que não pode ser
das cópias muito manuseadas das duas obras desconsiderada. Naturaliza-se, com tais
aqui citadas, via-se Escola e transformação social e normas, a ideia de que a escola está lá para
Temas para um projeto político pedagógico, este uma ensinar um conjunto de conteúdos, ou
parceria de Danilo Gandin com seu filho Luís desenvolver certas competências, reduzindo
Armando. drasticamente os sentidos de educação. Como
Resenha de A prática do planejamento participativo 5

nos lembra o mestre Gandin, em entrevista a que vale, como mais uma das muitas
Claudia Feliz, em 2010, para A Gazeta, “[...] liberdades que tomamos aqui, me fazer
assim que a ciência se firma [entender que a portadora de um muito obrigado coletivo ao
escola deve passar para o aluno o professor Gandin por nos ter feito acreditar
conhecimento que a humanidade construiu que é possível fazer diferente e criar
através da história], passa a ser uma coisa re(e)xistências.
maluca, que não se aplica mais à atualidade”. A Resenha
Ele segue instando “[...] a escola (a) olhar a
sociedade, e fazer um projeto pedagógico que Danilo Gandin licenciou-se em Filosofia e
ajude a construir o que ela – a escola – vai Letras pela Universidade Federal do Rio
escolher”. Grande do Sul (UFRGS). Nessa mesma
instituição, ele fez Especialização e Mestrado
Quero destacar, no entanto, como em Planejamento da educação e, também,
possivelmente um dos efeitos mais relevantes atuou como professor da disciplina Estrutura e
do legado crítico de autores como o professor Funcionamento do Ensino de Primeiro e
Gandin, as ações empreendidas por muitas Segundo Graus na Faculdade de Educação.
Secretarias de Educação no sentido de não Foi professor de Literatura Brasileira, de
abandonar as práticas curriculares que vinham Língua Portuguesa e de Filosofia no Ensino
gestando em função da chegada da norma Médio da Escola Técnica da UFRGS. Exerceu,
nacional. Com um pouco mais de ousadia, nessa escola, a função de Coordenador
talvez se pudesse afirmar que mesmo nossas Pedagógico e foi Diretor Adjunto do
políticas centralizadas têm sido obrigadas a
Departamento de Ensino Médio da Secretaria
criar formas de incorporar planejamentos de Educação do Rio Grande do Sul (SEDUC).
locais e anseios das comunidades escolares. No período de 1968 a 2000, participou da
No cenário atual, não é sem importância, por Associação de Educação Católica do Rio
exemplo, que as bases curriculares nacionais Grande do Sul como Assessor Técnico e, por
tenham sido levadas a admitir outros níveis de seis anos, foi membro da Diretoria da
planejamento nas esferas estaduais e Associação de Educação Católica do Brasil.
municipais. Por certo, não se tem em mente
um espaço de participação radical que Ministrou palestras e cursos sobre
gostaríamos de ver – e que já vimos – nas planejamento e temas educacionais em várias
políticas públicas, mas abrem-se possibilidades regiões do Brasil e na Colômbia, Guatemala,
para que práticas de re(e)xistências sejam Panamá, Paraguai, Nicarágua e em outros
gestadas. Em diferentes municípios que tenho países da América Central. Inclui-se aí cursos
visitado, de estados e de regiões diversas do de Planejamento na Pós-Graduação de
país, os professores levam em si, como uma faculdades de educação no Estado do Rio
daquelas lições que não se esquece porque Grande do Sul e em universidades católicas de
representam muito para nós, a certeza de que a Minas Gerais e do Paraná. Tem publicado
educação envolve escolhas políticas que vários livros com muitas reedições, capítulos
competem às escolas e o compromisso com o de livros e artigos em revistas acadêmicas.
efeito de tais decisões na vida das gentes a Em sua trajetória, pode-se observar que
quem educam. houve um deslocamento realizado a partir dos
Este comentário inicial é, como disse, a cursos de Especialização e de Mestrado, para o
forma que encontramos de começar uma campo do planejamento e da administração
resenha de lições que aprendemos [e seguimos escolar. Vale destacar que, atualmente,
aprendendo] com o professor Gandin. Antes pesquisadores da área das ciências sociais e
de passarmos a uma retomada de suas ideias, econômicas têm se interessado por estudos do
na resenha de Maria de Lourdes Tura, penso planejamento e da administração pública, o
Resenhas Educativas 6

que é condizente com as muitas mudanças que Tal atividade é entendida pelo autor como
têm ocorrido nesse campo. uma forma de crescimento humano e tem sido
objeto do interesse e da ação de diversos
A preocupação atual com a questão da
Educação Básica, incluída nos direitos sociais, pesquisadores. De acordo com Gandin:
e as novas políticas educacionais remetem-nos A inspiração básica de ser o
aos textos de Danilo Gandin e a sua planejamento um processo de
preocupação com o planejamento no sentido crescimento humano e não apenas
amplo e com o planejamento da educação. O técnica de melhorar as ações, firmei-a
foco mais frequente de suas publicações são em contato com Miguel Cabello,
as novas configurações do sistema educacional pertencente a um grupo denominado
brasileiro e, nesse contexto, fica evidente a Equipe Latino-Americana de
necessidade de pensar-se no planejamento da Planejamento (ELAP), com sede no
educação, tendo em vista um conjunto de Chile. (GANDIN, 1983, p. 9).
relações sociais, econômicas e políticas em No entanto, de acordo com o que tem
circulação em um ambiente em que diferentes afirmado o autor, o que temos em foco é, de
linguagens ou sistema de significações estão forma geral, um planejamento normativo, que
em curso. estabelece “[...] um relacionamento quase
Dizendo isso, vale indicar também que, na cômico entre a atividade de planejar e a de
discussão deste tema, Danilo Gandin lembra a arquivar” (GANDIN, 1983, p. 13).
necessidade ou exigência do planejamento em Em seu livro Planejamento como prática
qualquer atividade humana. Ele afirmou que: educativa, o autor entende que o planejamento
Penso, por outro lado, que é impossível tem se organizado por meio de “planejadores”
enumerar todos os tipos e níveis de ou de um planejador, de “executores” e
planejamento necessários à atividade “avaliadores” que têm a função de normatizar
humana. Sobretudo porque, sendo a a burocracia que vai dirigir todo o processo.
pessoa humana condenada, por sua Nesse aspecto, aponta o autor, observa-se a
racionalidade, a realizar algum tipo de ineficácia dos planos, marcados pela falta de
planejamento, está sempre ensaiando soluções.
processos de transformar suas idéias O autor indica que essa forma de realizar o
em realidade. (GANDIN, 2001, p. 83). planejamento faz com que ele não seja levado
O autor chama atenção para o fato de que muito a sério por aqueles que julgam
o Estado tem elaborado uma série de significativas as suas ações. Estamos, pois,
planejamentos de cunho normativo e estes diante de algo que precisa ser levado em
têm se mostrado pouco eficazes diante dos consideração quando se pensa em educação
inúmeros impasses apresentados, escolar. Antes de tudo, ele tem de ser pensado
especialmente quando estamos diante das para a mudança, para a transformação; e isso,
diferenças culturais e sociais de nosso país. Por certamente, não é o que desejam aqueles que
conta disso, Danilo Gandin observou que é se consideram os “donos” de algum setor da
necessário rever as atividades do planejamento atividade humana. Assim sendo, no cenário
e da gestão da educação para se alcançar aquilo educacional, deve-se propor uma profunda
que se busca: uma educação para todos e reflexão sobre o planejamento como parte
oportunidades escolares abertas às diferentes fundamental de todo o processo, para que
faixas da população brasileira. São aspectos elaboradores e executores possam se
que exigem discutir o planejamento comprometer com sua eficiência e eficácia.
educacional e formatá-lo no diálogo com
aqueles que são os sujeitos dessa tarefa.
Resenha de A prática do planejamento participativo 7

Dito isso, o que está em pauta é a busca da continue presente o ‘dever ser’ [...] aparece
boa execução dessa tarefa. Para tanto, o autor com força maior a categoria do possível”
propõe uma análise que se baseia em três (GANDIN, 1983, p. 37).
perguntas que podem ser resumidas no que se São conjunturas que demandam o
pretende alcançar, que distância se está desse conviver no espaço da ação pedagógica. Nessa
objetivo e o que se pode fazer para diminuir perspectiva, o autor apresenta situações que
essa distância. São ações que estão ligadas ao vivenciou na oportunidade de estar em escolas
elaborar, ao executar e ao avaliar, consonante em que foi solicitada a sua ajuda no processo
com o que é definido por Danilo Gandin de “[...] decidirem com maior clareza,
como “programação”. O autor afirma que consciência e coerência a direção de seu agir”
“[...] a programação é a proposta de ação para (GANDIN, 1983, p. 63). Nesse contexto, o
aproximar a realidade existente da realidade autor ofereceu “[...] técnicas que incentivaram
desejada” (GANDIN, 1983, p. 36). a participação” (GANDIN, 1983, p. 63).
Desse modo, o que está em foco é a busca Assim sendo, a ideia de um planejamento
de caminhos para o agir. Um agir que procura participativo aparece nesse momento em que o
as melhores maneiras para se alcançar o autor apresenta o trabalho de assessoria
esperado e que vai estar ligado a uma série de realizado em escolas que buscavam sua
estratégias elaboradas em função do objetivo orientação no intuito de realizar um
do planejamento, que coloca em cena aquilo planejamento.
que Danilo Gandin definiu como o marco Danilo Gandin relata também cursos que
referencial do plano de ação, que irá distinguir
realizou e que reuniam, por exemplo, dois ou
o que é necessário e o que é possível, tendo três professores de 15 ou 20 escolas para
em vista a exequibilidade das várias ações. compor uma turma de no máximo 40 pessoas.
O marco referencial é constituído de três Nesse caso, os diretores e os coordenadores
aspectos que estão integrados: o marco pedagógicos ou supervisores eram
situacional, que distingue como é a realidade considerados participantes preferenciais. Esses
global; o marco doutrinal, que estabelece o que participantes do curso seguiam as aulas e
se pretende alcançar; e o marco operativo, que também coordenavam a elaboração de um
analisa como deve ser a nossa ação para plano global de médio prazo (de 3 ou 4 anos)
alcançar o que se pretende. Esse marco para sua própria escola.
referencial terá de ser acompanhado de um Em tal atividade, o autor distingue que
diagnóstico que vai comparar o que se espera trabalhou com secretarias municipais de
alcançar (o ideal) e o que temos na realidade. educação de vários municípios que
A par disso, há as propostas de ação ou os organizavam um curso para todas ou uma
modos de agir que estão relacionados ao que parte de suas escolas. Ele assinala que pôde
se pretende com essas políticas. Nesse sentido, realizar também esses cursos para grupos de
pode-se pensar em um grupo de pessoas escolas dos estados, de uma mesma
realizando atividades que estão de acordo com mantenedora ou outros agrupamentos. Esse
atitudes (estratégias) que tornam reais as tipo de atividade estendia-se por um período
políticas propostas. O autor está pensando em de aproximadamente seis meses.
um trabalho em equipe, e essa relação garante Em outras escolas, o autor teve também a
a eficiência do que se planejou. Esse momento
oportunidade de organizar o planejamento
deixa transparecer que há uma diferença em juntamente aos professores. Nesse cenário,
relação àquilo que está proposto no marco esteve em pauta sua preocupação com a
referencial e àquilo que se realiza na participação ativa da comunidade escolar na
programação, posto que, nesta “[...] embora
realização dessa tarefa.
Resenhas Educativas 8

Ao apresentar suas experiências em educativa. O pesquisador aponta que os dois se


escolas, Danilo Gandin chama atenção para as completam e isso está acompanhado das
diferenças entre elas e distingue, por exemplo, experiências do autor e dos movimentos
aquelas com poucos alunos e outras com sociais e políticos que o tempo foi produzindo.
muitos alunos, professores, funcionários etc. Assim, o que faz a conexão entre esses dois
No caso das escolas com uma população textos é a certeza da importância do
maior, ele lembra a situação de ter tido de planejamento nos vários espaços da vida social
escolher representantes dos professores, do e, especialmente, na escola.
pessoal administrativo, dos pais e dos alunos. Gandin lembra também as características
Nesse contexto, o trabalho realizou-se em socioculturais dos diversos ambientes sociais e
várias etapas, entre elas a de encaminhar a as diferentes formas de interpretar a
todos os professores, funcionários, importância da relação entre escola e
representantes dos pais de alunos e para o sociedade. Nesse ponto, ele traz para análise a
grêmio estudantil o que se havia produzido, questão da “reprodução” dos textos de
indicando que aquilo que traziam estava aberto Bourdieu e Passeron. Na continuidade,
a discussões. distingue várias formas de ver a relação escola
Nesse ponto, há de ter-se em vista que e sociedade. Nesse sentido, no planejamento
Danilo Gandin chamou atenção para o fato de educacional, pode-se distinguir, entre outras,
o planejamento escolar oportunizar às duas perspectivas que estão em confronto:
diferentes equipes que trabalham em uma uma que se apresenta com as formas do
escola a possibilidade de analisar a realidade da planejamento tradicional e seus modos de agir;
vida no espaço pedagógico, descobrir o que se e outra que busca a inovação e a renovação do
têm em comum e fazer comparações e conceito e da prática. Essas distintas
questionamentos sobre as diferentes práticas e concepções de planejamento educacional têm
ações vividas na escola. São situações que conexão com o que foi se institucionalizando a
possibilitam a avaliação das atividades partir dos anos de 1980 em relação aos
realizadas no colégio e a busca de novos sistemas educacionais.
mecanismos, visando a melhoria dos O autor relata que, no planejamento, no
processos educativos. sentido amplo, aparecem três grandes linhas
Nos cursos realizados, as diferentes de ação: o gerenciamento da qualidade total, o
equipes analisavam a realidade de sua planejamento estratégico e o planejamento
instituição ou daquelas em que trabalhavam, participativo, “[...] que se somam ao
destacavam os pontos comuns, faziam planejamento operacional consagrado,
comparações com outras experiências do burocrático, sem perspectivas e muito
grupo, questionavam as práticas anteriores, utilizado ainda” (GANDIN, 1995, p. 24).
avaliavam o que já tinham realizado e O planejamento operacional é a forma
propunham atividades, tendo por meta a normativa que foi se instituindo naquilo que se
melhoria dos processos educacionais de uma apresenta como o preenchimento de papéis. O
determinada escola ou grupo de escolas. gerenciamento da qualidade total lida com um
Estamos, aqui, diante daquilo que foi de significante de muito valor – qualidade - que,
grande interesse para Danilo Gandin: o no entanto, tem um sentido conservador,
planejamento participativo, que foi também muito ligado às formas de produção industrial
estudado em seu livro A prática do planejamento que sempre estiveram associadas a um forte
participativo. controle do desempenho e dos resultados do
O autor indica que esse livro não é uma trabalho dos indivíduos que atuam no
continuação do livro Planejamento como prática processo de produção. Trata-se, portanto, de
Resenha de A prática do planejamento participativo 9

um jogo de poder, que fiscaliza a “[...] burocracia e preenchimento de papéis. Por


padronização de tarefas, de procedimentos e outro lado, o autor distingue que essa atividade
de resultados”(GANDIN, 1995, p. 27). No deve ser entendida como estar no campo
planejamento estratégico, há um esforço de científico, posto que ela exige a análise da
compreensão da necessidade de rever os fins, realidade, o estudo das várias inter-relações no
os objetivos propostos; e há, segundo o autor, campo social, econômico e cultural e dos
uma atenção para a qualidade, em um sentido problemas que aí se encontram, especialmente
mais aberto e no entendimento da necessidade em um momento que se está a construir, a
de estabelecerem-se esquemas para o cada instante, uma nova visão de mundo.
atendimento do que foi proposto. Há também Nesse sentido, o autor indica que
uma abertura para a participação, se bem que [...] qualquer pessoa e qualquer grupo
isso se apresenta de forma não muito clara. procura entender como é o mundo,
Por fim, o planejamento participativo é o tanto o natural, como o humano e o
objeto de estudo de Danilo Gandin. Nesse transcendente. E procura explicá-lo, ter
ponto, ele destaca que esse modelo de uma visão de como as coisas
planejamento acontecem e por que acontecem.
[...] parte de uma leitura do nosso (GANDIN, 1995, p. 57).
mundo na qual é fundamental a idéia Não temos uma sociedade formatada, uma
de que nossa realidade é injusta e de visão de mundo pronta, acabada. Estamos a
que essa injustiça se deve à falta de abrir caminhos; assim, todos juntos produzem
participação em todos os níveis e
passagens. Isso não é a função de um grupo de
aspectos da atividade humana. administradores, posto que, no espaço social,
(GANDIN, 1995, p. 28). todos têm sabedoria, produzem
Nesse cenário, Danilo Gandin afirma a conhecimentos e soluções para os problemas;
importância da participação de todos em todas por isso, só é possível pensar em administrar
as esferas de poder. Ele indica, assim, que os diferentes espaços em conjunto. Melhor
vamos encontrar o planejamento participativo dizendo, planejar é buscar uma realidade
em vários espaços da organização social: em desejada no que foi se afirmando em um
empresas, na administração pública, nas processo de discussão de valores e de
escolas etc. No entanto, nesse aspecto, o autor hierarquia. Nesse caso, está em pauta uma
alerta para o cuidado no uso desse termo ação coletiva, com suas diferenças,
porque pode falar-se de participação em movimentos e a busca de soluções.
atividades em que esse significante é uma Danilo Gandin aponta, pois, que
possibilidade muito tênue. Ele afirma, por supervisores e diretores das escolas ou de
exemplo, que, em muitas situações, o outras instituições têm de ter um roteiro com
administrador assume um papel que é do povo instrumentos, técnicas e metodologia para a
e “[...] chama a uma participação que é apenas realização do planejamento. Todavia, isso
colaborar para que suas decisões ‘dêem certo’” levou o autor a enunciar que não se pode
(GANDIN, 1995, p. 37). entender esse roteiro como uma receita e que
Vale destacar, por um lado, que se deve ele deve ser pensado como uma forma de
entender o planejamento participativo como possibilitar a participação de toda a
uma prática que se realiza em um processo comunidade que está envolvida nessa ação.
constante, de total participação. Nisso, Após essas considerações, ele apresenta um
incluem-se as formas mais evidentes da ação roteiro – bastante detalhado – com a indicação
democrática. O planejamento não pode, das formas de participação dos vários sujeitos
portanto, ser entendido como uma mera que atuam no espaço em questão.
Resenhas Educativas 10

O roteiro vai realizar-se, segundo o autor, marco referencial de um planejamento, como


em etapas, a saber: a preparação; a elaboração já foi destacado anteriormente. No livro A
do plano global de médio prazo; a elaboração prática do planejamento participativo, ele distingue
de planos globais de curto prazo; a revisão uma série de questões “abertas” que se deva
geral. Os modos de realizar cada uma dessas propor aos participantes de um planejamento
etapas abrangem a leitura e a discussão de para poder-se construir o marco referencial, o
textos, reuniões do grupo de trabalho para diagnóstico e a programação. Essa é a forma
análises, revisões e produção de propostas. O de possibilitar a interação entre a teoria e a
que está em curso é sempre um processo de prática. Ademais, o autor indica a importância
intensa comunicação entre aqueles que estão do diagnóstico, afirmando que
envolvidos na atividade que está sendo [...] não há instituição que tenha sentido,
programada, o que exige uma posterior em termos de eficiência e eficácia, sem que
discussão e apresentação de resultados ou da faça um diagnóstico continuado, dentro de
avaliação em plenários, que tenham a um processo de planejamento. (GANDIN,
possibilidade de reunir todos que estão 1995, p. 90).
envolvidos na atividade em questão. Enfim, o
autor indica que “[...] seguir um roteiro é útil, O autor fala, aqui, de um diagnóstico
se o pensamento não ficar com isso continuado e não de uma atividade que se
aprisionado” (GANDIN, 1995, p. 75). Dessa realiza em um determinado momento e ali se
maneira, seguir um roteiro no processo de encerra. Isso porque o autor está sempre
planejamento não significa agir lembrando que vivemos em um mundo de
mecanicamente, sem observar o que vai se intensas transformações, o que tem
transformando, as novas perspectivas e os repercussão em todas as atividades humanas –
problemas que surgem. Uma ação mecânica entre elas, nos espaços da educação escolar.
levaria à formalização, à burocratização do O diagnóstico é um juízo. Um juízo sobre
trabalho e, assim, estar-se-ia produzindo o uma determinada prática. Essa ideia é
esvaziamento da proposta. fundamental para que se entenda os caminhos
O roteiro foi pensado a partir do que se para a realização do diagnóstico que vai servir
tem teorizado sobre o assunto em termos de base para o planejamento. Se uma
globais; contudo, na prática, temos uma Secretaria de Educação faz uma série de
diversidade de situações, mudanças e levantamentos sobre a situação dos alunos,
novidades. É preciso, pois, contar com essas dos professores e dos prédios escolares
ocorrências e ter em vista alguns aspectos que daquele município não pode dizer que fez o
podem dificultar a sua produção e execução. diagnóstico porque esse é um simples
Eles são vários. Em primeiro lugar, o cuidado levantamento de dados. O diagnóstico é mais
para que, em nenhum momento, o trabalho do que isso.
pareça “uma tarefa chata e estéril” (GANDIN, O levantamento de dados vai ser muito
1995, p. 76). Afora isso, não se pode omitir útil para se fazer o diagnóstico. No entanto,
alguns aspectos e instrumentos mesmo que se este exige um estudo aprofundado, o uso de
tenha de repeti-los em vários pontos do técnicas de pesquisa. Desse modo, tendo
roteiro. E, finalmente, deve-se ter em conta a colhido o material, dirige-se, então, ao espaço
necessidade de fazer substituições que se da prática escolar para fazer perguntas aos
apresentem como necessárias. participantes do planejamento. Nesse
Danilo Gandin preocupou-se, também, contexto, Danilo Gandin propõe um rol de
com os marcos teóricos do planejamento. Em questionamentos que possibilitam aos sujeitos
seu livro Planejamento como prática educativa, ele da pesquisa relatarem o que entendem que vai
apresentou uma análise sobre a construção do bem, o que vai mal no processo educativo e o
Resenha de A prática do planejamento participativo 11

que percebem como formas de superação das necessidades à programação.


dessas falhas. São questões que estão de (GANDIN, 1995, p. 101).
acordo com as áreas temáticas do marco A programação é, pois, o que se propõe
operativo. realizar, a qual se constitui dentro de um
No caso de realizar-se o planejamento em plano. Dito de outra forma, é a “[...] proposta
áreas muito extensas, como em uma Secretaria de ação para sanar (satisfazer) as necessidades
de Educação, as pessoas envolvidas conhecem apresentadas pelo diagnóstico (GANDIN,
pouco os aspectos mais específicos da prática 1995, p. 103). Isso inclui uma série de ações
pedagógica. As questões levantadas, nesse concretas que se pode identificar como
caso, terão de ser bem mais amplas. Há, assim, objetivos. Nesse contexto, vale destacar a
de iniciar-se um processo de articulação entre construção da política que também se expressa
todos os aspectos que fazem parte do como um meio para alcançar um fim. Desse
levantamento de dados e a prática escolar. modo, o planejamento requer uma sustentação
Nesse ponto, Danilo Gandin destaca que se teórica. O pensar apenas na burocratização, no
tem feito uma apropriação de termos do preencher quadros sem uma justificação
campo da economia, por exemplo, para o teórica e procedimentos técnicos esvazia tudo
campo da educação no processo de enunciar a que foi proposto. Por isso, é importante uma
prática do planejamento. Com isso, observa-se equipe que construa esses procedimentos
a falta de uma linguagem mais apropriada, técnicos que serão realizados tendo em vista o
mais clara, mais exata para o campo da que foi apresentado como objetivo pelos
educação e, também, da existência de palavras participantes. Tais procedimentos devem ser
do dia a dia que estão cheias de ambiguidades de uso de toda a comunidade, que, certamente,
e imprecisões. Essa análise levou o autor a resultará em críticas e pedidos de mudanças.
distinguir o termo “necessidade”, tirado do Portanto, a “[...] programação é, juntamente
senso comum, mas tão importante, posto que com o marco referencial e o diagnóstico, o
é um conceito central do discurso técnico imprescindível e o suficiente para um plano”
sobre planejamento. (GANDIN, 1995, p. 111).
Assim, pode-se estabelecer as necessidades Danilo Gandin lembra a proposta de
do planejamento, ligadas à perspectiva da construção de fichas que são encaminhadas a
distância entre aquilo que existe e aquilo que todos os participantes da programação. Após,
se espera. Aquilo que é um ideal que se cabe a tarefa de sintetizá-las, ordená-las,
pretende alcançar e que está relacionado à categorizá-las para ter-se a programação de
observação de um problema ou de problemas forma participativa. Nesse trabalho realizado,
– como o número de reprovações dos alunos há de ter-se em vista que os critérios de
– que se pretende resolver. São situações que exequibilidade e oportunidade devem estar
exigem um domínio teórico da questão em presentes como um pano de fundo do realizar
pauta, as quais envolvem diferentes setores e a de uma programação. Isso leva à necessidade
busca das causas de cada um dos problemas. de lembrar-se, mais uma vez, as diferenças
Nessa perspectiva, o autor afirma que entre os espaços de ação.
[...] é necessário todo um conjunto teórico Esse conjunto de propostas marca a
e de opções para poder chegar-se às participação acontecendo em três momentos
necessidades pela comparação deste que estão interligados: o individual, o do
conjunto com a realidade concreta da subgrupo e o do plenário. O que se está
instituição, assim são importantes pensando é na oportunidade da exposição do
criatividade e precisão teórica para passar pensamento de cada um dos componentes do
grupo, o momento da seleção e da organização
Resenhas Educativas 12

das ideias e o momento da globalização, que prorrogação do tempo, mas isso deve ser
vai se realizar no plenário. Este último evitado.
acontece no espaço da apresentação da Com todas essas circunstâncias, diferenças
contribuição de cada grupo, cuja discussão e dificuldades na construção da programação,
pode trazer de volta o trabalho nos pequenos o autor destaca ainda que temos de saber que
grupos para novas sistematizações. É o processo de planejamento inclui a avaliação,
fundamental pontuar, aqui, o aspecto da que é importante para que se possa, por
participação que não pode ser entendido como exemplo, mudar o que não está de acordo com
uma simples presença em grandes plenários o que se idealizou. Nesses termos, ele
em que se tomam decisões a partir de identifica três tipos de avaliação: a diagnóstica,
votações. Esse é um momento importante, a de controle e a classificação.
mas a participação ficar só nele é muito pouco.
Dessa forma, não pode haver planejamento A avaliação diagnóstica busca dimensionar
participativo sem que cada um dos uma ação ou uma prática global no sentido de
participantes da tarefa tenha o momento de se concretizar uma ideia, um valor. A avaliação
pronunciar, de apresentar suas ideias e as pensada como controle intenta verificar se um
formas de entender o que está em juízo. produto ou uma ação está de acordo com o
padrão estabelecido. A avaliação como
A isso se associa uma preocupação com o classificação é bem comum no espaço escolar
tempo: Quanto tempo é necessário para a e “[...] caracteriza-se por separar em categorias
elaboração participativa de um plano global de os elementos de um conjunto” (GANDIN,
curto prazo? A resposta a essa questão está
1995, p. 116).
ligada a como se fará o plano – de uma forma
concentrada, por exemplo, ou em reuniões O autor destaca que todo planejamento
intercaladas - e ao tamanho da instituição. precisa de uma prática avaliativa para
Deve-se ter em foco, no entanto, que a dimensionar sua produção. Nesse sentido, ele
duração de cada tarefa não deve ocupar um distingue a avaliação diagnóstica e a de
tempo muito grande visto que pode controle por sua ação positiva no processo de
desinteressar o grupo. realização do planejamento, da observação do
que foi executado, de como foram usadas as
Há de ter-se em mente que alterações estratégias e do entendimento de até que
podem ser feitas no proposto, da possível ponto o esforço despendido teve efeitos
necessidade de um novo diagnóstico e do positivos. O autor lembra, ainda, dos muitos
cuidado no aceitar as sugestões de cada conflitos que envolvem as avaliações e sugere
participante. Desse modo, um cuidado especial, para não se perder muito
[...] como o trabalho tem que ser do que foi construído ao ficar pensando no
participativo, é importante que todos que faltou. O autor indica, portanto, que a
os grupos ou todas as pessoas avaliação exige que se identifiquem critérios
terminem a tarefa aproximadamente para possibilitar que se chegue nas conclusões.
juntas a fim de que se possa seguir com No processo de produção do
a tarefa seguinte com todos os planejamento, há uma coleta de textos, fruto
participantes. (GANDIN, 1995, p. de reuniões e da participação de todos. Danilo
125). Gandin propõe, então, que se reúna os textos -
Isso demanda uma combinação relativa ao a palavra é “reunir” as ideias e não “resumir”.
tempo. Como o ritmo das pessoas é diferente, Dessa maneira, nada deve ser retirado, nem
haverá bons resultados melhores e outros nem acrescentado, apenas algumas pequenas
tanto. Assim, pode acontecer de o modificações podem ser feitas quando as
coordenador de um grupo pedir uma ideias são muito semelhantes, quando se
Resenha de A prática do planejamento participativo 13

percebe que o texto está sem clareza, quando marco operativo para esses diferentes espaços
este não pertence à parte do plano que está de atividade pedagógica de acordo com o que
sendo discutida ou que há repetição do que já foi apresentado anteriormente.
foi dito. É bom lembrar que o diagnóstico se
É importante ter em foco que um texto apresenta como um momento complicado
escrito por vários grupos terá várias versões. pela dificuldade de observarem-se as falhas e
Assim, deve haver a oportunidade de discutir- as incompletudes da atividade docente. Nesse
se o que foi reunido para acréscimos, contexto, seria importante que pedagogos,
modificações e, também, para retirar o tom supervisores e orientadores pedagógicos
pessoal de algumas formulações como: “eu ajudassem os professores a realizar o
penso”, “no meu modo de ver” etc. diagnóstico com base no marco operativo. Há
de ter-se em vista que esse marco precisa ser
Está-se, assim, diante de um trabalho que
continuamente atualizado, a partir de um
será feito pela equipe coordenadora, que vai se
processo de avaliação, que pode ter a
centrar no que realmente importa, como ideias
participação dos alunos e ser dirigido pelo
e opções, e, com isso, pautar os resultados do
professor. Todo esse trabalho deve ser
plano. Depois disso, far-se-á a elaboração do
registrado para possibilitar a indicação das
projeto de produção de cada plano, o qual
necessidades que devem ser satisfeitas pela
entra em execução a partir de muitos
programação do plano de sala de aula.
momentos que vão exigir definições da equipe
coordenadora. O que se tem em questão é a O autor lembra também que, quando as
busca de instrumentos que sejam pessoas falam em planejamento, vem logo à
suficientemente amplos para se construir mente a ideia da flexibilidade e da prioridade.
planos de médio prazo, com a possibilidade de São ideias que contêm aspectos muito
não trazerem grandes dificuldades e não se positivos, mas que podem ser usadas de forma
tornarem apenas uma burocratização a confundir, desordenar, iludir o que está no
tecnicista. planejamento.
O autor propõe, em seguida, que se pense A flexibilidade pode representar algo
em um contexto bem menor: o plano na sala ligado à mudança da realidade no que se refere
de aula. Por conseguinte, um plano de setor ao planejamento. Contudo, há governos que
em relação ao plano global, se pensamos a são mestres em usar esse argumento para não
escola. Está-se, pois, trabalhando com realizar o que foi planejado, de acordo com
princípios, técnicas, instrumentos etc. em uma seus interesses.
sala da aula, que, por sua vez, participam do No mundo pluralista em que vivemos, não
plano global da escola, ligados ao marco podemos ser inflexíveis, intolerantes. Assim, a
operativo, ao diagnóstico e à programação. flexibilidade é usada para ajeitar pequenos
A sala de aula é o espaço onde estão em aspectos dentro do que foi planejado para
articulação as relações e as vivências de vários possibilitar a sua realização. O planejamento
grupo de alunos e de professores, Com isso, deve, consequentemente, utilizar-se dos
os professores sentem a necessidade de recursos disponíveis e buscar alcançar os
elaboração de um marco operativo para resultados mais próximos do que foi pensado.
amparar seu trabalho, o qual vai exigir a Outra questão que aparece muito
presença de todos os professores de uma constantemente no planejamento é a
disciplina, de uma área de estudo, de uma série prioridade. Assim como a flexibilidade, a
escolar, do grupo de pedagogos, de outros prioridade tem um valor inconteste, mas pode
profissionais e de estudantes que estão ser usada para que o planejado não se realize.
envolvidos na ação educativa. Logo, far-se-á o
Resenhas Educativas 14

Entendemos que a educação, o ensino em uma o que está acontecendo na prática, de modo a
escola, a construção de pontes, outras obras possibilitar a transformação. Articulado a isso,
importantes em um município são prioridades, temos o entendimento da incompletude e do
mas temos de ter em mente que o conceito de aspecto provisório do que vivemos neste
prioridade precisa ser estudado, entendido e mundo. Cabe lembrar, portanto, que
aplicado de forma bem explícita e coerente [...] para definir a prática e para que esta
com a busca da justiça social e do bem-estar da prática seja eficaz – tenha resultados
população. O que se vê, no entanto, são sociais desejáveis – são imprescindíveis
discursos que tornam essas prioridades duas outras condições: a coerência
enganosas ou que servem de justificativa para interna, a clareza, a precisão do
a não realização do que foi planejado e discurso e o conhecimento da
proposto. realidade. (GANDIN, 1995, p. 174).
Ademais, Danilo Gandin relata a situação O autor relata uma série de erros que são
da necessidade de realizar-se um planejamento comuns nos planejamentos. Ele distingue, por
de emergência. Nesse caso, será preciso que se exemplo, a mera preocupação de escrever
atente para uma série de aspectos. A começar ideias bonitas sem ter em mente o que é
pela busca de uma equipe administrativa que essencial na apresentação do plano, que deve
dê conta de tornar o plano possível e a não buscar, antes de tudo, a clareza e a precisão.
exigência de um tempo de realização Além disso, há a situação de focar-se apenas
delimitado. O que se tem é a necessidade do uma atividade concreta, que não se insere na
agir rápido em uma programação simples que
realidade global. Em outros espaços, inicia-se
tenha um grupo de ações, comportamentos, um plano pelo diagnóstico sem se preocupar
atitudes e normas a se realizar para alcançar em preparar o marco referencial. Fica-se,
melhores condições de trabalho. Com isso, o assim, apenas administrando o projeto,
plano será diferente, posto que não vai ocupado com um simples formalismo e com o
envolver a participação de todos da mesma domínio sobre os demais, sem atender às
forma. Esta se dará nos processos de consulta necessidades de mudança e de atenção às
e na busca de se saber quais são os temas diferentes pessoas que fazem parte da equipe,
entendidos como mais importantes e inclusive a participação destas nos vários
necessários à organização da instituição. processos em curso. Na execução do
Afora isso, vale destacar que o planejamento, muitas dessas ações levam à
planejamento apresenta dimensões que se deve incompletude do plano, ao desconhecimento
ter em conta para se alcançar os resultados. das necessidades e das propostas de
Antes de tudo, deve-se utilizar o planejamento alternativas que surgem e ao uso deficiente das
para organizar a prática, mas há também a estratégias.
perspectiva de pensá-lo como processo de No contexto das novas tecnologias e das
transformação da realidade e, com isso, a aceleradas transformações do tempo em que
construção de uma nova realidade. vivemos, as diferentes instituições sociais têm
As pessoas e os grupos tendem a realizar falado em algum tipo de participação. Danilo
suas atividades dentro do que é o costume. Gandin aponta, nesse sentido, que este
Nesse aspecto, são marcados pela ideologia e significante tem, frequentemente, as marcas de
pelo senso comum. É necessário, por uma concepção romântica. Para o autor, é
conseguinte, pensar-se uma forma de realizar o muito raro pensar-se na “[...] participação
planejamento tendo a teoria como base. Teoria como domínio de recursos, como igualdade no
entendida como um conjunto de poder, como construção em conjunto”
conhecimentos que explicam e fundamentam (GANDIN, 2000, p. 76). Tal pensamento em
Resenha de A prática do planejamento participativo 15

alguns casos causa espanto, é visto como uma uma situação em que participar significa a
verdadeira subversão. submissão aos interesses daqueles que detêm o
poder. No entanto, há situações em que se
No tempo em que vivemos, o que se está
realiza efetivamente o planejamento
em busca é do crescimento da produção. Aí
participativo que “[...] é, de fato, uma
estão incluídas as novas formas de pensar a
tendência (uma escola) dentro do campo de
“qualidade total”, que se entende, por um
propostas de ferramentas para intervir na
lado, como ligada ao desempenho dos
realidade” (GANDIN, 2001, p. 82). Essa
trabalhadores e à contabilização dos lucros do
forma de realizar a participação está ligada a
negócio, como visto anteriormente. Por outro
instituições, grupos, movimentos que não têm
lado, estão os trabalhadores que desejam
como objetivo buscar aumentar o lucro e a
participar das atividades desenvolvidas.
competitividade, mas que intentam contribuir
Nessa perspectiva, acontece, também, um para a construção de uma realidade social
processo de cooptação, em que os governos, justa.
as empresas, as várias instituições da sociedade
Vale destacar que, na América Latina, as
civil informam que querem que as pessoas
escolas têm sido as instituições que mais fazem
“participem” das atividades que já estão
uso do planejamento participativo, assim
estabelecidas pelos chefes, de acordo com
como redes de ensino. Isso tem a ver com a
aquilo que está pensado como a produção da
própria organização de nossas sociedades, que
“qualidade total”. Isso faz com que a ideia de
se desenha em um formato que não inclui, de
participação seja proposta, atualmente, em
forma geral, a participação de todos nos
dois sentidos. Um deles é a participação nas
empresas que têm como centro a busca do processos decisórios.
lucro e da sobrevivência – a construção do Todavia, em se tratando de escolas, há
corpo social. O outro é a perspectiva da também situações que provocam uma
participação em instituições em que o objetivo preocupação com o gerenciamento do espaço
é a construção social e não o lucro e a escolar, que deve seguir os mesmos planos, as
sobrevivência. mesmas práticas à semelhança de uma fábrica
ou de uma prestadora de serviços. Contudo,
No primeiro caso, é certo que não se pode
essas instituições, assim como os órgãos
pensar em participação, pois o que se observa
governamentais, os sindicatos, os partidos
é que esta é a forma atual mais comum de
políticos e outros grupos da sociedade civil
organização social, em que o poder econômico
precisam e podem buscar novas ferramentas
domina, e a participação que se deseja é aquela
que possibilitem a participação na construção
que atue no sentido de reforçar o que já está
estabelecido. No outro sentido, a participação dos espaços sociais.
tem como fim a construção social. Segundo O planejamento participativo é, pois, uma
Gandin (2000, p. 79), “[...] só teremos uma ferramenta diferenciada para a administração
sociedade organizada para o bem de todos e, nesse caso, se entende que é necessário
quando a participação – com poder – atingir desenvolver conceitos, modelos, técnicas e
todos os setores do fazer humano”. instrumentos para a construção da sociedade
em uma ação em conjunto, com a colaboração
Inicia-se com isso uma série de discussões
de todos do grupo. É interessante, portanto,
sobre o que fazer e como fazer para incluir a
distinguir em que níveis a participação pode
participação na construção de uma sociedade.
ser exercida. Isso inclui a colaboração, a
Nesse caso, o que está em discussão é a
constatação do uso desse significante como decisão e a construção em conjunto.
uma forma de iludir os sujeitos quanto à É também essencial destacar que há
possibilidade de participação ou colocá-los em muitas dificuldades para alcançar-se a
Resenhas Educativas 16

participação, tendo em vista a resistência planejamento que envolve todos os atores da


daqueles que têm usufruído de muitos instituição na construção dos rumos, do
privilégios, a falta de metodologia adequada e diagnóstico e da programação. Por mais de 40
as dificuldades que as próprias estruturas das anos, ele tem assessorado escolas, secretarias
instituições oferecem. No entanto, o de educação, instituições sociais e outras
planejamento participativo desenvolveu organizações a construírem seus planos por
modelos, processos, instrumentos e técnicas meio da concepção e da metodologia do
para alcançar o crescimento coletivo e pessoal. planejamento participativo. Tem-se, então,
Nesse contexto, há profissionais que buscam visto um conjunto de esforços no sentido de
possibilitar a participação de todos na alcançar a participação de todos no
construção do plano global de médio prazo e planejamento, o que se põe como
na busca de que os objetivos propostos se absolutamente diferente do que foi se
realizem na prática. instituindo nos modos de governar e
administrar as diferentes nações, nos
Para finalizar, Danilo Gandin oferece uma
diferentes momentos históricos.
concepção e uma metodologia de vivência de

Referências

FELIZ, Claudia. Entrevista - Danilo Gandin, Mestre em Educação e autor de 9 livros sobre o tema.
A Gazeta, 18 set. 2010. Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/09/669631-
entrevista+gt+gt+danilo+gandin+mestre+em+educacao+e+autor+de+9+livros+sobre+o+tema.ht
ml. Acesso em: 30 set. 2019.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Editora Loyola, 1983.
GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. Petrópolis: Vozes, 1995.
GANDIN, Danilo. A falácia (ou eficácia) da participação. Revista de Educação AEC, a.29, v. 114, p. 76-
84, jan./mar. 2000.
GANDIN, Danilo. A posição do planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção na
realidade. Currículo sem Fronteiras, v. 1, n. 1, p. 81-95 jan./jun. 2001.
Acerca do Autor do Livro

Danilo Gandin é professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo
trabalhado na Faculdade de Educação e na Escola Técnica de Comércio, onde foi professor de
Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Filosofia, além de Coordenador Pedagógico. Tem
licenciatura em Letras e Filosofia e Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. É o autor da concepção do planejamento participativo, que oferece uma concepção e
metodologia de vivência de planejamento que envolve todos os atores da instituição na construção
dos rumos, do diagnóstico e da programação. Seus livros (entre eles Planejamento como Prática Educativa,
Escola e Transformação Social e A Prática do Planejamento Participativo, em 22ª edição) são amplamente
citados e usados em escolas, universidades e instituições sociais. Foi um dos editores da Revista de
Educação AEC (Associação de Educação Católica). Por mais de 40 anos, tem assessorado escolas,
Secretarias de Educação, instituições sociais e outras organizações a construírem seus planos por
meio da concepção e da metodologia do planejamento participativo.
Resenha de A prática do planejamento participativo 17

Acerca das Autoras da Resenha

Maria de Lourdes Tura é doutora em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professora Associada (aposentada) da Universidade de Estado do Rio de Janeiro, atua no Programa
de Pós-Graduação em Educação. Pesquisa e orienta alunos de Mestrado e Doutorado nas áreas de
currículo, sociologia da educação e formação de professores. Tem publicações recentes em periódicos
nacionais e internacionais, assim como em livros e capítulos. Atuou com o professor Gandin na
Associação de Educação Católica, tendo sido uma das editoras da Revista da AEC.

Elizabeth Macedo é doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas e Professora


Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro [fez concurso para a Instituição em 1996,
quando sorteou o ponto Planejamento de Ensino e se valeu da obra de Danilo Gandin para preparar
a aula]. É Bolsista de Produtividade do CNPq, Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ e
Procientista na UERJ. Pesquisa e orienta alunos de Mestrado e Doutorado na área de currículo, com
ênfase em estudos que priorizam a temática da diferença. Participa da gestão editorial de vários
periódicos, dentre os quais Curriculum Inquiry e Journal of Curriculum Studies (editora associada). Atua em
diferentes associações acadêmicas, sendo atualmente presidente da International Association for the
Advancement of Curriculum Studies. Tem atuado em comissões nas principais agências de fomento na
área.
Resenhas Educativas 18

Education Review/Reseñas Educativas/Resenhas Educativas is supported by the Scholarly


Communications Group at the Mary Lou Fulton Teachers College, Arizona State University.
Copyright is retained by the first or sole author, who grants right of first publication to the Education
Review. Readers are free to copy, display, and distribute this article, as long as the work is
attributed to the author(s) and Education Review , it is distributed for non-commercial purposes
only, and no alteration or transformation is made in the work. More details of this Creative
Commons license are available at http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/. All other
uses must be approved by the author(s) or Education Review . Education Review is published
by the Scholarly Communications Group of the Mary Lou Fulton Teachers College, Arizona
State University.

Disclaimer: The views or opinions presented in book reviews are solely those of the author(s) and
do not necessarily represent those of Education Review.

Connect with Education Review on Facebook (https://www.facebook.com/pages/Education-


Review/178358222192644) and on Twitter @EducReview

Você também pode gostar