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DISCIPLINA: ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

Prof. Me. Rui Dezani - www.ruidezani.pro.br - ruidezani@gmail.com


Fonte: Adaptado do Material online – líder da disciplina Estruturas Organizacionais.

I.1. ORGANIZANDO AS ORGANIZAÇÕES


Amitai Etzioni, considerado um dos criadores da Teoria Estruturalista, já
escrevia na década de 1960 que “nascemos, somos educados, trabalhamos,
nos divertimos e morremos em organizações”, dando a devida dimensão da
importância das organizações para a existência do ser humano.
Nesse sentido é que se insere a disciplina Estruturas Organizacionais,
que tem por objetivo básico responder à seguinte pergunta: Como fazer a
ORGANIZAÇÃO da ORGANIZAÇÃO?
De um lado, podemos considerar a ORGANIZAÇÃO como uma
entidade social, na qual pessoas e recursos diversos se agrupam a fim de
atingir objetivos específicos. A empresa na qual trabalhamos, por exemplo, dá
a idéia de um local físico, concreto, estabelecido.
Por outro lado, também é válido considerar a ORGANIZAÇÃO como
uma das funções administrativas, encarregada de dar forma ao trabalho, ou
seja, o seu projeto organizacional, de maneira que essas pessoas e recursos
consigam os melhores resultados possíveis.
Embora distintas, as duas definições encontram-se estreitamente
ligadas. Existe uma diversidade de setores, áreas de atuação, características,
que diferenciam as empresas umas das outras.
Por exemplo, uma indústria de transformação, que produz bens, precisa
transformar insumos como matérias primas, energia, tecnologias diversas em
produtos, utilizando instalações, maquinário e trabalho especializado.
Já em um comércio de varejo, muitas vezes encontra-se uma estrutura
bastante enxuta, bastando um espaço para a apresentação dos produtos, um
local de estocagem e alguns poucos vendedores.

A situação pode ser ainda mais distinta se essencialmente não existir um


bem material envolvido.

Uma empresa de consultoria presta serviços e pode executar vários


projetos ao mesmo tempo, compartilhando os seus especialistas.
Na mesma linha, uma universidade oferece diversos campos e áreas de
atuação, mas oferecendo basicamente conhecimento e formação.

Ao considerarmos os exemplos de organizações acima, encontramos


diferenças de tal porte que é inconcebível que possam ter as mesmas soluções
administrativas. Para cada situação específica, deve-se orientar o projeto de
estrutura organizacional, que leve à obtenção de resultados mais satisfatórios,
tentando obter o máximo em ganhos de eficiência e eficácia, ou seja, a
excelência no desempenho.

Exercício:
Das atividades listadas abaixo, qual não se encaixa na definição de
“organização como entidade social”?
a) Indústria metalúrgica
b) Comércio de alimentos orgânicos
c) Escola de inglês
d) Artesanato individual
e) Escritório de contabilidade

Alternativa correta: “d”

I.2. A ORGANIZAÇÃO COMO ENTIDADE SOCIAL


Como comentado no item anterior, as organizações podem assumir
atividades e configurações bastante distintas. Assim, como podemos defini-las?
Existem diversas definições, mas para este texto utilizamos a definição de
Richard Daft:
“Organizações são entidades sociais, orientadas por metas, projetadas
como sistemas de atividades deliberadamente estruturados e coordenados e
ligados ao ambiente externo”.
São entidades sociais porque é resultado de um agrupamento social,
pela necessidade de se atingir metas que não seriam alcançadas a partir de
esforços individuais.
São sistemas de atividades porque os recursos precisam ser
convenientemente alocados e as atividades dos diversos atores coordenadas,
visando a obtenção de sinergia e flexibilidade.
E a ligação com o ambiente externo é essencial, já que são inevitáveis
as interações e influência mútua entre as organizações e o ambiente em
constante mudança. As organizações estão cada vez mais redefinindo o
conceito de fronteira que, em vez de claramente definida, se torna mais tênue e
difusa.
Fig.1 – Zona de influência entre empresa e ambiente externo
Um exemplo dessa fronteira tênue é dado pela relação entre as
montadoras de automóveis e suas fornecedoras. O desenvolvimento de
componentes é assumido em grande parte pelas empresas parceiras,
reduzindo os ciclos de desenvolvimento e lançamento de produtos, mas
perdendo-se em controle. talvez essa seja a explicação para o número recorde
de recalls de automóveis no ano de 2010. Veja a notícia completa no Portal de
Notícias G1:http://g1.globo.com/carros/noticia/2010/10/numero-de-recalls-no-
brasil-supera-recorde-registrado-no-ano-passado.html.

Exercício:
A importância das organizações inclui todos os seguintes conceitos, exceto:
a) Criar valor para acionistas, clientes e empregados
b) Estabelecer importantes relacionamentos com o governo
c) Facilitar a inovação
d) Reunir recursos para atingir metas e retornos desejados
e) Permite definir metas mais desafiadoras
Alternativa correta: “b”

I.3. A ORGANIZAÇÃO EM TRANSFORMAÇÃO

Aquela velha organização estática, previsível, fechada e tentando solucionar


seus próprios problemas, deixou de existir há muito tempo. Os administradores
encontram novos desafios na função, ligados ao extremo dinamismo da vida
moderna e às possibilidades de integração que a tecnologia oferece.

Griffin apresenta uma interessante perspectiva dos novos desafios e suas


conseqüências: (GRIFFIN, R.W. Introdução à administração. São Paulo: Ática,
2007):

 Economia instável
Como planejar em um ambiente econômico tão instável quanto nos deparamos
hoje em dia? A euforia foi rapidamente substituída por desespero na crise de
2007-2008.

 Globalização

Efetivamente oferece-nos uma possibilidade de expansão do mercado para


uma escala mundial, mas ao mesmo tempo podemos encarar uma competição
mais acirrada.

Outro ponto importante diz respeito à necessidade de se lidar com diferenças


culturais e comportamentais, o que pode dificultar tentativas de se padronizar a
administração. É emblemático observar os choques culturais que aconteceram
na fusão entre a Chrysler e a Daimler-Benz e que resultou em um grande
fracasso.

 Diversidade

Se no início da administração procurava-se a padronização como


condição essencial à produtividade, hoje pensamos em diversificação
para atender aos diversos públicos ou mesmo em personalização do
bem ou serviço. É só observar as gritantes diferenças entre o Ford T
(“pode comprar de qualquer cor, desde que seja preto”) e os pedidos
individualizados dos computadores Dell.

 Tecnologias
É crescente a importância das diversas tecnologias como instrumento
para o incremento da competitividade. Em contrapartida, é também
crescente a necessidade de investimentos, limitando a concorrência. A
tecnologia da informação, a microeletrônica, a nanotecnologia são
exemplos de áreas que direcionam as pesquisas e os novos rumos das
empresas.

 Trabalho
O trabalho regular, com horário fixo, passa por transformações. Termos como
flexibilização, trabalho remoto, terceirizações, quarteirizações e muitas outras
ditam novas condições, possibilidades e desafios para os trabalhadores.

 Qualidade
Ela ressurge não mais como finalidade maior das organizações, como
colocado nas décadas de 1980/1990, mas sim como mais um fator de
competitividade, ligada diretamente com as decisões de consumo, pela
valorização dos produtos. Mas internamente também possui influência
importante como elemento essencial para o aumento de produtividade e
redução de custos.

 Setor de serviços
Atualmente representa a maior parcela das economias mais desenvolvidas ao
redor do mundo. Com o aumento da automação e a conseqüente substituição
crescente da mão de obra industrial, esta tem como principal destino a
prestação de serviços. Considerando que as abordagens administrativas
tiveram historicamente um cunho industrial, é necessário o desenvolvimento de
novas soluções gerenciais, mais específicas à administração de serviços.

 Governança corporativa e responsabilidade corporativa

Novamente aqui nos deparamos com uma nova condição da sociedade. Com o
intenso processo de financeirização das economias mundiais, busca-se a
valorização das organizações através das condições de imagem e retorno aos
acionistas e proprietários. O valor das ações é mandatório. Nesse sentido,
boas práticas de governança e atitudes sociais responsáveis são ingredientes
fundamentais para o sucesso dos empreendimentos.

Resumindo, podemos aproveitar o trabalho de Stephen P. Robbins (2002), que


apresenta um quadro resumo comparando a “velha” e a “nova” organização:

Velha Organização Nova Organização


Fronteiras nacionais limitam a As fronteiras nacionais são quase
competição insignificantes na definição dos limites
de operação de uma organização
Empregos estáveis Cargos temporários
Mão-de-obra relativamente Mão-de-obra diversificada
homogênea
A qualidade é uma reflexão tardia O aprimoramento contínuo e a
satisfação do cliente são essenciais
As grandes corporações fornecem As grandes corporações estão
segurança no emprego reduzindo drasticamente o número de
funcionários
Se não quebrou, não conserte Redesenhe todos os processos
Disperse os riscos pela participação Concentre-se em competências
em múltiplos negócios centrais
A hierarquia proporciona eficiência e Desmantele a hierarquia para
controle aumentar a flexibilidade
Jornadas de trabalho definidas, como Os expedientes não possuem nenhum
de 9 às 18h limite de tempo
O trabalho é definido pelos cargos O trabalho é definido em termos das
tarefas a serem realizadas
O pagamento é estável e relacionado O pagamento é flexível e de ampla
ao tempo de serviço e nível do cargo faixa
Os gerentes tomam decisões sozinhos Os funcionários participam das
decisões
A tomada de decisão é motivada pelo Os critérios de decisão são ampliados
utilitarismo para incluir direitos e justiça
Quadro I.3.1 – A organização em transformação
(adaptado de ROBBINS, S.P. Administração: mudanças e perspectivas. São
Paulo: Saraiva, 2002)

Exercício:
Analise a empresa na qual trabalha (ou trabalhou) seguindo os critérios de
Robbins, completando a tabela abaixo. Você diria que ela está organizada de
forma mais tradicional ou moderna?

Critério Sua Organização


Fronteira
Estabilidade
Mão-de-obra
Qualidade
Downsizing
Processos
Diversificação
Hierarquia
Jornada de trabalho
Conteúdo do trabalho
Pagamento
Participação
Tomada de decisões
Padrão de resposta:
Efetivamente não existe um padrão que possa ser utilizado. O resultado do
exercício é qualitativo: sua empresa está mais para tradicional ou para
moderna?

I.4. O HOMEM FLEXÍVEL

A mudança nas organizações vem acompanhada por modificações ou


redefinições no perfil da mão de obra.
Robbins apresenta algumas dessas modificações (ROBBINS,
S.P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2002).

 Classes de força de trabalho


Os empregos industriais, devido à automação, estão sendo suprimidos e o
excedente redirecionado a outros setores. Sai de cena a estabilidade, entra
a flexibilidade.

É altamente indicada a leitura do artigo Mercado de trabalho: evolução recente


e perspectivas, de Passos, Ansiliero & Paiva, disponível
emhttp://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_26h.pdf.

 Rotatividade
Existem profundas mudanças nas relações empregado-empresa. As empresas
mantêm os trabalhadores enquanto estes adicionam valor às operações. Em
contrapartida, os trabalhadores permanecem enquanto enxergam desafios e
retornos condizentes à contribuição oferecida à empresa.

 Carreira
Não existe lógica em investir em um trabalhador que tem um futuro incerto na
empresa. Assim, a responsabilidade pela administração da carreira está a
cargo do próprio trabalhador.

 Equipes
Ao invés de seguir normas e procedimentos individuais, o trabalho em equipe
visa o aumento do rendimento através do aproveitamento de sinergias, mas
que exigem o desenvolvimento de novas habilidades e competências.

 Estresse
A intensa aceleração das mudanças na sociedade têm importante
conseqüência para as nossas vidas. Se por um lado evita-se uma possível
monotonia, por outro pode trazer consigo preocupação e estresse. Redução de
quadros, pressão por resultados, insegurança, são alguns desses
componentes.

Robbins (op.cit.) sumariza algumas dessas mudanças:


O funcionário O colaborador
Cargos industriais eram de baixa Cargos de baixa qualificação são mal
qualificação, mas bem remunerados pagos
Troca a sua lealdade à empresa por A segurança no emprego é mínima
segurança no emprego.
A organização é responsável pelo O funcionário é responsável pelo
desenvolvimento da carreira desenvolvimento da carreira
É um realizador individual É um participante de equipe
A previsibilidade e a estabilidade A imprevisibilidade e a instabilidade
minimizam o stress aumentam o stress
Quadro I.4.1. – Mudança no perfil do funcionário (adaptado de Robbins (2002))

Exercício:
Analise a sua função (atual ou anterior) seguindo os critérios de Robbins,
completando a tabela abaixo. Você está mais para funcionário ou para
colaborador?

Critério Você
Qualificação e
remuneração
Segurança
Carreira
Equipe
Estresse

Padrão de resposta:
Efetivamente não existe um padrão que possa ser utilizado. O resultado do
exercício é qualitativo: você é um funcionário ou um colaborador?

I.5. EXERCÍCIOS DE REVISÃO


a) Responda FALSO ou VERDADEIRO

1) Um elemento chave de uma organização é a definição de um conjunto


de políticas e procedimentos, não as pessoas ou seus
relacionamentos.
2) As organizações precisam estabelecer meios para se protegerem do
ambiente externo, evitando serem influenciadas pelo que
acontece fora de seus limites.
3) A melhor maneira de uma organização lidar com as mudanças
ambientais é seguir os ensinamentos de Ford, padronizando ao máximo
os produtos.
Respostas: 1) F; 2) F; 3) F

b) Considere o quadro abaixo, comparativo entre a velha e a nova


organização:

Velha Organização Nova Organização


Fronteiras nacionais limitam a As fronteiras nacionais são quase
competição insignificantes na definição dos limites
de operação de uma organização
Empregos estáveis Cargos temporários
Mão-de-obra relativamente Mão-de-obra diversificada
homogênea
A qualidade é uma reflexão tardia O aprimoramento contínuo e a
satisfação do cliente são essenciais
As grandes corporações fornecem As grandes corporações estão
segurança no emprego reduzindo drasticamente o número de
funcionários
Se não quebrou, não conserte Redesenhe todos os processos
Disperse os riscos pela participação Concentre-se em competências
em múltiplos negócios centrais
A hierarquia proporciona eficiência e Desmantele a hierarquia para
controle aumentar a flexibilidade
Jornadas de trabalho definidas, como Os expedientes não possuem nenhum
de 9 às 18h limite de tempo
O trabalho é definido pelos cargos O trabalho é definido em termos das
tarefas a serem realizadas
O pagamento é estável e relacionado O pagamento é flexível e de ampla
ao tempo de serviço e nível do cargo faixa
Os gerentes tomam decisões sozinhos Os funcionários participam das
decisões
A tomada de decisão é motivada pelo Os critérios de decisão são ampliados
utilitarismo para incluir direitos e justiça

Analise a empresa na qual trabalha ou trabalhou (se nunca trabalhou,


analise o colégio no qual estudou) seguindo os critérios de Robbins. Ela está
organizada de forma mais tradicional ou moderna?

c) Considere o quadro abaixo, comparativo entre o "velho" e o "novo"


trabalhador:
O funcionário O colaborador
Cargos industriais eram de baixa Cargos de baixa qualificação são mal
qualificação, mas bem remunerados pagos
Troca a sua lealdade à empresa por A segurança no emprego é mínima
segurança no emprego.
A organização é responsável pelo O funcionário é responsável pelo
desenvolvimento da carreira desenvolvimento da carreira
É um realizador individual É um participante de equipe
A previsibilidade e a estabilidade A imprevisibilidade e a instabilidade
minimizam o stress aumentam o stress

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Fonte: Adaptado do Material online – líder da disciplina Estruturas Organizacionais.

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