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padê editorial

cole-sã escrevivências

apoio:
Fundo Elas de investimento social

inverno2018
distrito federal
padê editorial

beatriz
fernandes aqualtune

oju oiyn,
okan iná

cole-sã escrevivências n. 06
oju oiyn, okan iná
Poemas de Beatriz Fernandes Aqualtune

edição, diagramação, revisão: tatiana nascimento

ilustração da capa: Jean Matos


contact@jeanmatos.com
 
padê editorial é um coletivo editorial
que publica autoras negras y/ou lgbtqi+,
fundado por tatiana nascimento y bárbara esmenia,
em brasília / DF
www.pade.lgbt
pade.editorial@gmail.com
oju oiyn, okan iná foi feito no df, em agosto de
2018, como parte do projeto “Escreviventes: autopublicação
artesanal de narrativas LBTs”, proposto pela padê e seleciona-
do pelo Fundo Elas de Investimento Social em edital de 2018

tipografia: hero (capa), ogirema e chicago (miolo)

Aqualtune, Beatriz Fernandes


oju oiyn, okan iná / Beatriz Fernandes Aqualtune. -
1a. ed. - Brasília (DF): padê editorial, 2018.
ISBN: 978-85-85346-07-2
1. poesia I. título.
sobre a cole-sã escrevivências
inspirada no conceito de escrevivências de conceição evaristo, a cole-
sã escrevivências, da padê editorial, é dedicada a textos de autorxs
lgbtqi+ negrxs* estreantes, produzindo literatura contemporânea.
são 50 títulos de livros cartoneros (com capa de papelão reutiliza-
do!), escritos por autorxs sapatonas, travestis, mulheres y homens
trans, gente não-binária, povo preto sexual-dissidente de um mon-
te de lugares num brasil que insiste em nos matar, nos impedir de so-
nhar, de falar com nossa própria voz. mas mesmo assim: aqui esta-
mos, falamos, escrevemos. sonhamos! fazemos nossos próprios livros.

foi no blog de conceição que li “a nossa escrevivência não é para ador-


mecer os da casa grande, e sim para incomodá-los em seus sonos
injustos”. o racismo htcisnormativo, mola de funcionamento do
sistema colonial que fez nossa banda do continente ser como é (es-
cravocrata, lgbtqifóbica, espraiante de genocídio negro, indígena,
de transfeminicídio, classista, desesperançosa, fundamentalista) tem
entre suas principais ferramentas políticas de silenciamento: ten-
ta nos roubar de nossas palavras, contaminar colonizando nossa ex-
pressão/discurso/narrativas, quer despermitir que plantemos nosso
próprio imaginário. difundir seus estereótipos sobre nós enquanto
finge que não vê não ouve o que nós mesmxs temos a dizer sobre nós.
selecionar esses textos y autorxs tem a ver com uma fé no contar nossas
próprias histórias. y histórias que curem nosso passado, alimentem nos-
so presente, construam nosso futuro: além de incomodar sonos injus-
tos, embalar os nossos sonhos de mundos, imaginários, afetos, existên-
cias possíveis, plenas, autodeterminadas, autoafirmadas literariamente.

todos os livros publicados na cole-sã têm licença creative commons


tipo “atribuição-não comercial-sem derivações”, o que significa que
você pode compartilhar o material em qualquer suporte ou forma-
to, desde que a autoria seja atribuída (“atribuição”) y desde que não
seja feito uso lucrativo do material (“não comercial”). se você modi-
ficar esse conteúdo, tampouco pode distribuí-lo (“sem derivações”).

tatiana nascimento, organizadora

*75% dxs autorxs publicadxs se autodeclaram negrxs


contagem dos escritos

zero ou òdo. beatriz fernandes reflexo aqualtune


prefácio (pedro ivo)
ení ou um. mel (anina)
éjì. atotô!
étà. depois de você
érin. oyá lá
àrun. calunga
éfà. pote de barro
éje. tarefa cumprida
éjo. eu água, você óleo
ésàn. RITUAL
éwà. depois do caos
òkanlá. oração à ida
éjilà. perolei-me
étàlà. poema para uma extra-terrestre
érinlá. balanço
éedógun. (sacizeiro)
érìndilógún. contando borboletas
étàdílógún. menina Bahia
éjìdílógún. excitando
òkàndílógun. voz ancestral
ogún. sabe o que é?
vinte-e-um. o guri
vinte-e-dois. amor de ori
vinte-e-três. lamúri a morosa
vinte-e-quatro. o homem da baixa dos sapateiros
vinte-e-cinco. sua
vinte-e-seis. esquizô
vinte-e-sete. FEMI
vinte-e-oito. baobá
vinte-e-nove. oju oiyn okan iná
trinta ou ógbòn. eu
beatriz fernandes reflexo aqualtune

Lembro-me até hoje da primeira vez que tive contato com os escritos de
Conceição Evaristo; no prefácio, eu acho, estava escrito “Cada mulher ne-
gra tem uma forma de estar no mundo.”. Contudo, eu não sabia como eu
estava no mundo. Muito tempo se passou, a vida me colocou numa sex-
ta-feira, com amigas do slam, para coordenar e ajudá-las. Recitei, morta de
vergonha. Depois fui conversar com as adolescentes que estavam ali, que,
assim como eu, não pertenciam ao território entrequadras plano piloto,
eram de regiões administrativas, RAs. Elas de Sobradinho e eu da Boca da
Mata, quase Taguatinga, quase Samambaia. Eu, na divisa de não saber que
forma eu estava no mundo. Conversando com meninas-mulheres negras,
elas me perguntavam sobre escrita. Estava nervosa. Até que pensei em
pagode e músicas românticas. Pensei em Amor. Minha forma de estar no
mundo é com amor. Então aconselhei elas a escreverem do jeito que elas
quiserem. Neste dia eu me percebi nas escritas. Me vi poeta.
Do meu jeito com meia hora para ser pisciana, sou o aquário com as-
cendência em escorpião. Latente, incubado, descompensado jeito de ser-
água-quente-fervendo, cantiga de amor à luz da lua cheia. Preta, gorda,
sapatão e macumbeira. Educadora que procura referências da pretagogia,
estudante de psicologia, astrologia, medicina alternativa. Não nascida
que vai renascer e sonha com isso em silêncio.
Das três Marias irmãs, a minha avó, com a lida de mulher preta, me criou
olhando sempre para o seu, procurando no divino forças para seguir com
a vida diante a tantas merdas que o ser diaspórica enfrenta, o genocídio.
Eu também sempre olho, guiada pela lua, faço pelos meus que se foram,
que virão. Aqualtune porque eu escolhi não esquecer que carrego abebê
e adaga. Caminho pelas águas e também sou Beatriz, filha de Ana Paula.
Com sorriso separado, abro minha confusão, minha escrevivência. Há al-
guns anos minha escritora preferida me abraçou, me abençoou e pediu
benção para Oxum e me desejou a força de todas as mulheres negras para
continuar. Esse livro é um pouco do fruto de um povo. Uma vida que ainda
existe. Eu sobre nós. Tento fazer dos meus escritos;
Quilombos de afeto.
Renascimentos.
Nascimentos.
Eguns.
[formato de vagina que dá luz e vida]
“NYAME BIRIBI WO SORO
na unidade está a força”
pedro ivo
(escritor/poeta/educador brasiliense
afrodiaspórico sexual-dissidente)

quando recebi o convite da editora tatiana nascimento para prefaciar oju


oiyn, okan iná, de beatriz aqualtune, um misto de alegria e medo invadiu
meu peito. alegria por ter ficado com olho de mel – como diz a poeta – ao
entrar em contato com tamanha competência estética e de conteúdo es-
crevividos pela experiência, o que fez arder em mim a certeza de que a
palavra preta carrega em si a força motora e transformadora do amor no
mundo contra incontáveis práticas desumanas.
ao mesmo tempo, o medo também tomou meu coração: e se eu não tiver
as palavras adequadas para dimensionar a grandeza desta obra? e se o
importante significado que ela traz para o resgate ancestral negro e para a
sua continuidade diaspórica pelo mundo acabar perdido em meio ao caos
brancocapitalista em que vivemos? respirei fundo e, outra vez, me vali da
poética sabedoria da autora: devo manter um coração de fogo [que brilha]
para eternizar, palavra por palavra, sua máxima de que na unidade está a
força.
assim o fiz.
posso dizer que fui atingido por esta obra logo de ínicio, quando me de-
parei com o jogo estético-semântico bilíngue apresentado já na primeira
página. demorei um pouco, confesso, até me dar conta de que não se trat-
ava de um poema, mas sim do sumário do livro(!). quem é que faz poesia com
o sumário do livro, gente? me encantei!
página após página, me vi completamente dentro do mundo de beatriz
– repleto de elementos identitários, culturais, ancestrais negros sexu-
al-dissidentes. esse mundo retratado não era somente o da poeta, mas
surpreendentemente o meu também!
ubuntu.
e se eu pude ser contemplado em suas palavras, provavelmente outr@s
também possam ser, então por que não tornar esta a oportunidade per-
feita para uma proposta de negr-ação sobre aquilo que nos foi neg-ado?
beatriz fernandes aqualtune

reescrever linhas de um itan, reconhecer a sacralidade que há em mim e você.


a poesia de negr-ação de oju oiyn, okan iná é literatura que transcende
qualquer conceitê europê colonizê que nunca vai saber o que é sentar na
porta da calunga e contemplar vida e morte com a indescritível paz de
Nanã Burukê. é palavra preta de um povo que tem olhos de mel e coração
de fogo; que tem respeito pela água quando vem e que tem medo quando
ela falta também, mas não perde a esperança [e por isso é feliz].
é com este misto de medo-crença-esperança-alegria-fervor-amor que esta
obra me atravessa; e não só me atravessa, me afeta. se me afeta, gera a-f-e-
t-i-v-i-d-a-d-e: em mim/comigo/com outr@s – ainda que o racismo se arti-
cule constante e insistentemente para que esta afetividade não possa ser/
existir como direito no meu/no seu/no nosso negro corpo.
beatriz aqualtune parece nos dizer que palavrear em poesia é recuperar o
direito a amar-afetar, tornando-se una com o mundo sem precisar deixar/
renegar seu (entre)lugar: de lésbica, de negra, de poeta macumbeira da
periferia.
eu desaguo para fazer da vida mais que sobrevivência.
cá estou eu nessa unidade com a autora, nessa irmandade sensível sobre
o ser-amor contra o desamor, aprendendo que a gente ser o que a gente
é, sem medo e em unidade, é do que o mundo [individual e coletivo], de
fato, precisa. talvez este seja o maior dom que hoje recebo após a leitura
da obra de beatriz.
às/aos leitor@s deste livro, desejo que despertem os oju oiyn marejados
que me acometeram pela sensibilidade da poeta; desejo também um okan
iná incandescente para perceber que toda sensibilidade é combustível de
luta e base para o amor que transcende...
à bia, desejo que tenha confiança e esperança – pela irmandade – e peço
as bênçãos de OlorunMawuZambiNyame sobre esta jornada que inicia.
NYAME BIRIBI WO SORO NA MA MENSA KA

axé!
ago/18
ení ou um.

mel(anina), dendê y poesia.


habituada com o ad-verso.
ser estrada. abre-caminho.
pular a porteira à en-cruz-ilhada do meu eu.
o espiritual de mim mesclado com o material dos dizeres.
quilombo de possibilidades...
oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune
ejí.

Silêncio!
O atotô produzido
pelo serrar dos meus lábios
é o desaguar dos meus olhos
em comando de rum, rumpi e le.
Felicidade transbordando
em toque de ijexá.
Quando o adjá toca,
entra por dentro,
em sincronia com
o meu coração.
Aprendo, assim,
cada dia mais,
que corpo é só corpo.
O axé é um sussurro diário;
“você não está sozinha”.
II

Ela se mostra a me observar


em cada andar que, antes,
era interpretado por mim
como andanças solitárias da vida.
No meu hábito de corujar,
me calo, observo e sinto,
me sinto abraçada,
yê yê ô!
No des-compreender
dos dias me re-conectando
nesta pequena-grande-África.
De passo em passo,
ao bater os olhos,
me vi ojú orô
e não mais lótus,
que floresce da lama.
Fico em cima da água,
que carrega e leva,
para longe,
todo mal que há.
A força que me carrega
é o que vem de muito antes
penetrante como ilá
me faz caminhar.

Transformando o banzo em xirê,


por um caminho que eu
não sei o que é,
mas peço agô para entrar.
Agô!
oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune
étà.

depois de você,
o samba continuou
com pesar
mas foi aos poucos
se reajustando
a cuíca voltou
os passos aceleram
a vida sempre segue
porque meu descaminho
é não continuar
o sorriso que vem do peito
é verdadeiro
sou inteira e só
em minha vida
não falta tempero
sou alho, cebola,
cominho e coentro
sou pimenta do meu reino,
só que depois de você
me faltou o dendê.
érin.

oyá muié preta , oyá lá ela


rodopiou e chegou num
outro canto do mundo
junto com os mortos.
oyá ela tecendo lençóis
de cobrircorpopreto
com seus chifres de búfalo.
y tendo que além de animalizada
aguentar patri(amada)cía
pedir para ela exibir sorriso
e rebolar a bunda na festa da carne.
cuida de 7 filhos e tem 7 vidas em um dia.
oyá ela, que mal tem casa pois
todo dia (ela faz tudo sempre igual)
passa 3vezes7 horas fora de casa,
pois tem três empregos.
oyá lá o céu de oyó
trovejando,
a justiça não se fez diaspórica,
o tecido de ontem era pra hoje,
foi bem na quarta
e sua cria foi póstuma(r)
ser levada por odoyá.
oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune
àrun.

me sento na
porta de entrada
da calunga
observo as mortes
e os passarás
que ela traz
em Nanã busco força
aprendo que o molde
do barro pode ser
re.moldado
quando quebro
não renasço
apenas nasço
sou outra
me concentro
deixo o vento guiar.
sei que sou fruto
da criação.
éfà.

A água doce de Oxum


quando seca
fica como o deserto
inóspita
infértil
indesejável.
Não queira desafetos
com filhas das águas,
elas comandam este planeta
que, além de terra, é água.
não queria mais ainda,
desamor.
Ciclos de vida,
passam por
várias mortes,
a secura faz parte.
Jaz aqui o seu pote de barro
seco e vazio.
Não sobrou mel,
nem vida.
Você secou minhas lágrimas.
oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune
éje.
o mergulho na inexistência
é uma vontade latente
que se camufla em gritos,
altos-contidos.
os dedos que querem
cravar as unhas
e rasgar tudo que fere
são os mesmo que afagam,
não carinhosamente,
a garganta,
que arranha e quer gritar
mas está presa,
em
paredes do contrato social.
o mergulho se dá
em partes dissonantes, [suspiro de tarefa cumprida]
o pensar é complexo demais
para não ser concreto. atrito de moléculas
cantando em sincronia
latente- vai lá, tente
latente- vai lá, tente
voz que diz pra continuar,
mas eu só queria poder
gritar.
as horas são poucas
para tantos afazeres,
os afazeres são maiores
que o meu eu,
tão grande e tão pouco,
tão tudo, tão nada,
intenso pulsante,
carne-negra-fervente,
que pede calma.
éjo.

eu, água, você, óleo,

nós, faísca.

quente. aperto. afago. gozo. desejo. despejo.

triste caso;

peças com uma metragem perfeita para se encaixarem, se esfregarem.

minha cabeça em seu colo, sua

mão na minha bunda, meu descontentamento com a tua

militância nossa descrença que não pode ser mais do que já é,

você é óleo, eu sou água,

mais que escrito, está na forma de ser

essência.

por enquanto eu deságuo, você queima (um).

tu me incendeia ou eu te apago.

oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune
ésàn.

RITUAL
uma pessoa preta trançando a outra
a mão cuidadosa no ori,
realizando o ato ancestral.
uma mecha de cabelo dividida em três,
uma sobe e vai para um lado,
enquanto as outras se reposicionam,
todas elas juntas, ora separadas,
esperando a vez da outra.
sabem o que é estar nos lados, no meio,
na frente de frente, no fronte por um povo.
dependendo do entrelaçar
muda a forma do trançar,
mas a origem é a mesma,
remetente a profusão
de um povo continental,
que ornamentado tem o seu poder.
como um pássaro africano
que sabe o que é resgate,
o ritual da trança é voltar para trás,
buscar o que foi perdido.
num trançado recuperamos
a força que está no topo da cabeça,
a mais primordial conexão com o (seu) divino.
éwà.
às vezes só temos força
para abraçar aquele cansaço
acolhedor que nos tira
o chão, o teto e o verso.
a vontade é pegar
o primeiro barco e fugir,
atravessar o oceano
chegar no mar de só ser.
não mais lidar com esses olhos
que me olham,
mas não me podem alcançar.
na distância do ser,
percebo a disparidade,
da pele que eu carrego,
do ori que me guia,
da gargalhada que está comigo
na hora da agonia.
então finalmente não sou só brado,
há silêncio em mim.
coração que fala tanto,
quer tanto, se arrisca tanto,
se cansa do mesmo jeito,
com um tanto.
no entanto, todo verbo
que envolva o sentir
é abraçado e tido como certo.
eu, que estou na linha do nada,
almejando e correndo
na ponta dos pés para o tudo,
aprendi que o equilíbrio não é estático.
quem o tem dessa forma
é cheio de privilégio,
comodismo para quem
oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune

não precisa se mover para ter.

vivo montanhas russas,


não tento organizar a bagunça,
apenas a vivo.
feliz é quem acompanha,
toda essa loucura.
minha queda d’água é alta,
e a alma profunda.

mesmo cansada sei,


que assim como a demora
do almoço de Domingo,
a comida vem.
primeiro chega o cheiro,
depois a barriga cheia.
no fim tudo se tranquiliza
depois do caos.
òkanlá.

quando eu chegar e a lua de prata alumiá meus pensamentos, vou


respirar teu ar cheio de água, denso. subirei as suas ladeiras e re-
quebrarei pelo pelô. repousarei depois da longa viagem e minhas
pálpebras não vão à batalha do dormir como aqui. sem lutar,
sonharei. pois estarei em terra firme, morada. no outro dia, cedi-
nho, vou sair quase junto ao raiar do dia, irei para qualquer praia.
mam, barra ou da sereia. ao colocar meus pés na areia, pedirei pri-
meiro a bênção e a permissão, depois mergulharei na imensidão.
com o sal dessa água, serei lavada, levada. abençoada e, enfim,
deixarei e entregarei para a dona das cabeças tudo o que me tira
o sono, acelera meu coração e faz meus pensamentos perturbados
irradiarem energia. vou nadar. vou cantar e meu canto não vai ser
para nenhuma moça encantar. quero silêncio em mim. não aceito
mais ser tema de coco do depois, não aceito mais ser pouco, não
aceito ser escondida.

oju oiyn, okan iná


Aviso aos desavisados, pois as notícias correm rápido.
às vezes o sol nem apontou seus raios ao horizonte e as notícias já estão em bocas e ouvidos.
atrasados são os desavisados, que, num mundo de redes entrelaçadas, publicações-diárias-
com-histórias-e-estórias-pessoais,
um dos únicos avisos, não comunicado, é o do não estar.
a normatização do estar está.
mas de tão acostumada com a manchete e a onipresença touch,
anuncio aos demais, por mania de avisar,
que a concha se fechou, a perolar estou. o momento de perolar-se é necessário a alguns.
beatriz fernandes aqualtune

estou a perolar e não a perambular.


cansei da rotina de procura, aconchegos distantes não fazem meu tipo.
o conceito de distância também precisa de revisão.
isso não é solidão, nem solitude, é apenas uma atitude que aprendi com os meus.
estar primeiro para si; afinal, se cuidar é cuidar dos outros.
no momento, abraços e conselhos a qualquer hora não posso ofertar,
por muitas vezes não posso os receber, mas, se lhe agradar o ato de só estar...
lidar com aquela resposta visualizada mas não respondida.
a presença é tecnológica, tem reformulações também,
não se frustre e nem se desespere, se eu desaparecer.
perolar é deixar tudo ao seu tempo;
peroleir-me.
pero,
éjìlá.

no te creas
que no volvere.
étàlà.

Ela é di,
outro mundo.
tem o céu
[azul]
na cabeça,
se abre como
for e flor
ao sorrir.
meu prazer
é entrar na nave dela
para viajar nas ideias
que só ela tem.

oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune
érinlá.

balanço, balança com o vento


faz a curva do tempo
e sopra em meu cabelo
que se perde em sensações
do momento, a calma existe.

balanço, balança com o vento


faz a curva do mundo,
tira todos os meus medos
logo, logo eu me lembro
dos olhos da menina
dá vontade de seguir

balanço balança com o vento


faz a curva do mundo,
chega em meu coração,
me aquece por inteiro,
é como um colo um aconchego,
quando estou junto a ti

é que eu fico mais certa


desse nosso balanço,
de tudo que eu vivi.
éedógun.

(sacizeiro)

menino sacizeiro corre-corre o dia inteiro


mas ao contrário de saci tem duas pernas, bem ligeiras.
eles falaram “relaxa, você não tem cara de estrangeira.”
contudo, eu olho para o menino e me sinto uma estranha no ninho.
ele não me reconhece e eu tento o reconhecer, engolindo a seco
o medo de mais uma vez o sistema nos interromper.
somos um povo estrangeiro um para o outro.
o menino sacizeiro não sabe que ele e eu somos
da mesma substância melanina-preta.
vindos de um povo feito pelo sol, af(ri)ka.
eu sei que, além do que me falaram sobre o menino
em luas cheias, sua pele reflete azul.
mais que correr, o menino voa, caçando como Erinlé.

oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune
érìndilógún.

no caos do concreto
eu que passarinha sou
voei com você.
no alto dos prédios fiz ninhos
e senti um aconchego inexplicável,
o mundo para com o seu abraço.
o ir e vir, rápido, das pessoas-passantes
não me tocava.
pois ligada a ti
só o nosso tato que era fato,
todo o resto metáfora.
o meu cantar virou risada
e as borboletas que eu contava
eram pensando em como
é bom estar com você.
respiro em noite de desatino,
todos os perigos do suspiro,
quase grito de prazer.
a perna, a pele, o toque, você.
meio brisa, deixa a adrenalina ativa,
peito bate forte na chegada,
no bom dia, e quem dirá na despedida.
me dá mais onda que sativa,
não é das verdinhas mas
é a pretinha.
a estrada, os trilhos do trem,
o voar, o andar e o te esperar,
nenhuma dessas viagens
são maiores que a de estar com você
étàdílógún.

sou muito
mereço cativar
o que me cativa;
risos frouxos
e a forma que o nariz
fica ao gargalhar.

sou traço de poema


em linha viva.
e é em tu,
menina Bahia,
que eu sinto a paz de ser.

oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune
éjìdílogún.

me apaixo
neipor você
sempre
estar
recitando
reecitando
excitando
ando
endo
ando
endo
ando
endo
indo
em
movimento
por dentro
bem dentro
do que está para explodir

[a minha vontade de entrar em você]


òkàndílogún.

para fugir de mandinga não precisa de muito, as veiz não pre-


cisa nem de patuá. a cantiga é o cuidado, que deve ser entoado
alto como canção. a distração tem ritmo de samba. nos leva
para um encruzilhada e entramos na rua da dezandança. é pre-
ciso escutar as mestras e os mestres. e com maestria no saber,
permitir quem no seu ori pode encostar, quem no seu corpo
pode tocar, quem as suas lágrimas pode secar e quem o seu
sorriso pode encantar. com a gente, que tem essa pele reluz-
ente e preta, os ancestrais sempre falam, do arrepiar ao calar.

oju oiyn, okan iná


sabe o que é ?
é que eu não quero mais ficar no meio, sem saber o que é estar, entrega sem entregar-se.
peito com peito, sorriso de lado. derretido encanto. não tem jeito. preta com preta;
mais que rima é desafio, quem imaginaria que um dia eu estaria comigo?
outra face que sabe o que é segurar as lágrimas.
ir para o batente com a coragem que não sei de onde mas vem .
marrom, colore a batida do meu peito. mamilo. clitóris.
beatriz fernandes aqualtune

corpo limítrofe. que só vai até onde a cara pálida botou como limite.
a não ser que o teu olhar me alcance, com esse corpo que entende
o não ter toque, ficar em estoque à mão do fetiche que mete a mão.
quando estamos a sós é batuque, não tem repressão que segure ritmo, suor e risos.
apelos só para pêlos, reprimidos que conhecem de perto o não desejo.
mistura de samba, fluidos, parou o pagode. o breu da noite nos acolhe.
a lua tem sorte, pois vê da janela o mais perfeito encaixe.
é muito drama, melodia e beleza musical de gemidos para quem diariamente
só tem ouvidos para o não e para o estrondo do fechar das portas.
o raio de sol bate, contrastando, fazendo desenhos nas peles pretas.
ontem foi dia de não sei o que, hoje é de você, amanhã a gente não sabe,
afinal, amar outra preta não aniquilou todas a nuances das marcas
ogún.

da nossa pele em um mundo branco, ainda podemos ser as próximas.


ogu(m)ri
oguri
ri.
enquanto joga biloca,
assunta tudo com seus olhos.
é o melhor
na rua e no projeto da escola.
era para ele ser da ciência,
a sua mãe sempre diz,
ele tem destino de doutor.
mas a professora branca também ri
quando na aula de biologia falam
que macaca é a mãe do guri.
ainda disposto a guerrear e
a ocupar seu posto,
na fantasia do mérito.
muito prático sabe bem
o que é fração,
pois é cada vez menor
a existência dos de menor
ali da região,
que não voltam
para jogar bola
depois das visitas
dos senhor.
o guri é carismático,
conquistou a galera
lá de cima e lá de baixo.
seu corpo ginga enquanto corre
sua pele preta tinta fica ainda
mais linda quando o suor desce.

vinte-e-um. oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune

tão bom em tudo que faz,


ao brincar de mímica,
foi pra linha de frente,
perto de onde aviãozinho
é gente.
ouviu-se só os barulhos
o guri guerreou de frente
como os seus,
que tinham também a pele preta tinta
mas a mente maquinaria fria,
na mira dos tio todo o seu futuro currículo
foi esquecido em meia volta.
agora a sua mãe,
que nem música podia ouvir,
degustava a loucura
ao escutar uma oração
em versão rap,
para do guri lembrar.

o guri,
só não era da capadócia,
seus traços não eram os mesmos
do santo que lutou com o dragão.
ele tinha nome, era da forja
e da própria espada de Ogum,

foi-se um guerreiro,
salve Jorge.
Tudo conspira pra fechar o tempo
É tempestade esse afeto
É a junção de todos os erros

Escritos em parceria com Prethaís


(e acertos)
Dois corpos pretos
(se amando)
Deságua
É pouso
E refrigério
Esse som qual eu espero
Cantar enquanto houver paixão
é profundo
é arrepio na pele
água doce no peito
é vento de manhã
Epahey!
Iê iô Dois olhares que se cruzam,
Me bagunçou a tempestade duas almas que se juntam,
Banhei em fonte de amor. fazendo estrondo
e um alvoroço dentro de si.
Todo afeto é sincero,
quando há mergulho,
de peito aberto,
me encontro em transe
a mais pura conexão,
contigo sou sol, vento, água
e paixão.
ye ye ô
faceiro encanto
epahey
me diz um tanto
que essa história
foi vivida com orgulho e sem temor
vinte-e-dois. oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune

arengueira no melhor sentido sou


quando fuxico toda a sua vida
no mais profundo dela
(minha mão dentro de você)
quero tricotar nossas linhas
uma na outra com um ponto
y
com nó que pode ser desfeito
em um puxão só
(nossas pernas num desemaranhar)
pois nas repetições
lamúri a morosas
gosto do perigo,
do doce que vira malagueta
(gosto de buceta)
me arrisco no gesto de tecer
minha xota na sua.

vinte-e-três.
ele era um homem cheio de feridas
e eu passei por ele todos os dias

ele era louco e cheio de chagas


ele era louco e cheio de sagas

passei por ele vários dias


mal olhei a sua perna ferida

todo dia bem na mesma esquina


eu só passava e dava bom dia

eu nunca quis saber da sua vida


até que um dia lá ele não estava

toda vez que lá eu passava


um silêncio imenso fazia

ele estava ferido, não tinha moradia


não vi sua cara, não sei da sua vida.

estava sempre coberta de palha,


por isso que eu nunca o via.

vinte-e-quatro. oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune

sua corpura tem poesia tatuada


mal sabe que as curvas possuem versos
quais minha mão pousa com maestria
meu olho repousa sob a sua escrita
não consegue desviar o olhar
da arte viva que tem o meu encaixe
fotográfo cada movimento
do olho que fecha ao sorrir
a diastema que se abre
e o remexer do pescoço
com a malemolência de r&b
num mecanismo de encanto
eu, que também sou de ar,
viro água sólida em liquidez
em promoção sou grátis
derretida e na sua.

vinte-e-cinco.
sentimento esquizofrênico
com doses de falta de ar
homeopáticas e sem alopáticos
para resolver esses emaranhados
de situações destoantes.
distopia para meu sonho
onde tudo é tão frágil,
a realidade fatídica não é nada tátil.
somos um tanto esú
sobrevivendo como humanos
enquanto deuses das chagas
com uma latente sensação
de não ter odoyá para curar.
um povo forte por ser frágil.
afrofuturismo com prazo diário
pois o dia seguinte é quase um abismo
do não saber, não ser.
a que horas eu vou morrer?
eu morro a cada quinze minutos.
a impotência contém meu ódio
e por dentro eu sou violenta.
causando feridas em mim.

vinte-e-seis. oju oiyn, okan iná


beatriz fernandes aqualtune

“ser não-violento somente com quem é


não-violento com você”
era meu mantra, Malcolm X disse pelas
lei áureas de Maca
contudo os meus murros
não são nada além de autocalejar.
meu grito é contido. meu corpo rasga.
por uma liberdade jamais alcançada.
eu bato e eles riem,
num cinismo com tom de ironia,
como se fosse autochibatada,
bati neles-me bati.
procuro entender, procuro a base
mas tudo tem rastro de sangue.
eles sequestram o meu reflexo,
esmurrando meu próprio espelho,
eu me quebro.
blackout
um preto morre, uma família acaba
a nossa liberdade é utópica.
a cada suspiro e roda de xirê
eu sei que eles não conseguiram
mesmo em ruínas não estamos destruídos.
no solo tem axé mas
mas só posso encostar no chão,
para fugir de bala,
a vida torna-se, a cada 15 minutos,
um axexê.
eu quero matar o mundo
eu quero acabar com tudo,
romper e cessar o luto,
ser amor e falar de amor,
só que me sinto semente que não germina
sou quase rebento,
travada pela dor.
de forma incessante
minha mente grita
um trecho como um soul
“o barco da volta,
o barco da volta,
foi afogado.”
meus escritos na pele são
distópicos ou diaspóricos?
os adinkras me lembram de reinos;
NYAME BIRIBI WO SORO,
na unidade está a força.
oju oiyn, okan iná
FEMI

[do amor em egípcio] que eu ressignifico para o amor recíproco.


antigo ato de amar que tento inovar, adaptar às novas constelações relacionais.
beatriz fernandes aqualtune

também já li que é dengo, coisa de preto, já que não nos é permitido viver de romancê
com cara de europê, falando bantuguês no meio de um auê que é entender

que para além do tesão eu quero mesmo é;

eu quero amar, também aceito dengar, tenho muito estima ao hábito de cuidar
e olhar tão de perto os olhos, que os cílios fazem cosquinha provocando um gargalhar.

ultrapassa o romântico, é compartilhamento de banzo e reconhecimento de ancestralidade.


reescrever linhas de um itan, reconhecer a sacralidade que há em mim e em você.

vinte-e-sete.
o baobá cresce por muito tempo como uma árvore qualquer.
quando o crescimento das outras árvores estagna,
ele continua crescendo até se tornar o que dele conhecemos.
o mágico e o bonito não é ser o maior,
é enxergar as possibilidades de crescimento,
apesar do tempo e das adversidades,
pois o universo é um caldeirão de possibilidades.
do baobá tudo é possibilidade, tudo é reaproveitado.
o baobá armazena muita água para sobreviver,
eu deságuo para fazer da vida mais que sobrevivência
vinte-e-oito. oju oiyn, okan iná
beatriz fernandes aqualtune

OJU de longe é muito distorcido


eu preciso ver tudo, bem de perto,
poros, pólens em câmera macro
fornecida por um par
que me deixa OIYN.
derretida e doce com textura
de quem vê e acha que mel não gruda.
OKAN se tudo vibra, tudo é ritmo
sigo os passos do meu músculo
bombe a dor, por onde ir o andar.
INÁ, com o calor imaculado
queima tudo e não deixa rastro,
tudo dentro e fora, seguem.
desce a correnteza da vida com
a certeza de não ter certeza
olho de mel, coração de fogo [que brilha].

vinte-e-nove.
ógbòn.

eu era material escorregadio como líquido quente, mais pre-


cisamente água, bem quente. dedilhada pelos dedos, passa-
va sempre fluindo em direção a uma incógnita, encontro de
rios ou encontro com o mar? encontro? ou água engolida pelo
vento, seria encontro? ou lama, onde os nossos corpos seriam
esculturas do princípio? encontro? por muitas vezes achei que
era à seca que eu ia. sem encontros. então aprendi mais sobre
as águas, aprendi mais sobre eu. é que nesse papo de rio são
francisco, não houve mais um em minha água. percorri quase
o país inteiro para me descobrir inteira, desembocar em mim.
nos tantos encontros e desencontros, com sentimentos que
causavam redemoinhos no cachear da cabeça e gotejos na
face, habitava em mim a certeza de que eu havia sido guiada
como a lua mas quando cheia de mim, me vi lua, percebi que
eu me guio. continuo com uma rota que nunca para, com um
teor apurado à vivência de histórias inusitadas, hoje sei que eu
me amo. e todos os limites que o brilho da amarelo da vida me
deu com um abraço solitário, preenchido por resiliência em
quedas d’água no rosto, foram para o meu melhor.

todos os escritos desde livro são dos anos


dois mil e dezesseis ao dezoito,
desde quando me percebi amor.

trinta ou oju oiyn, okan iná


títulos da padê editorial:

cole-sã escrevivências:

escura.noite, kati souto


sal a gosto, esteban rodrigues
paragrafia 44, lélia de castro
44 sentímentos, cleudes pessoa
cartas para NegraLua, débora rita
oju oiyn, okan iná, beatriz fernandes aqualtune
água viva, piera schnaider
desculpa por ainda escrever poemas de amor, julianna motter
flores em coração cerrado, tati carolli
a saudade é mulher, fernanda fernandes muniz
delírios de (re)xistência, geise gênesis
trans|bordô, lara ferreira
in-quietudes, vandia leal
coração no asfalto, márcia cabral
ser y estar en otros matices, rocío bravo shuña
olindeza, maryellen cruz
concha, sabrina leonardi
piroclastos, lázaro
afro latina, formiga
alumbramento marginal, bianca chioma
deve haver haveres para que a gente siga existindo, laila oliveira
EP, preto téo
tinkuy, jade bittencourt
no âmago, enzo iroko
sapa profana, raíssa éris grimm
sou travestis: estudando a cisgeneridade como uma possibilidade
decolonial, viviane vergueiro
amar devagarinho..., bruno santana
a piada que vocês não vão contar, kuma frança
guarda-versos: palavras que não pude calar, adriele do carmo
bricolagem travesti, maria léo araruna
notas de um interior circuntante e outros afetos, calila das mercês
cartas para ninguém, diana salu
764 – da barragem pra cá, raquel prosa et. al.
meus versos e inversos, augusto liras
olho de imbondeiro, lohana kárita
cantos de proteção, resistência e dengo: cada pétala é um ser,
babosa maresia e karina das oliveiras
crônicas coyote, márcia marci et. al.
fragmentos_, juliana tolentino
vagamente, daniel brito
uma natureza secreta, luci universo
ecdise, lídia rodrigues
caos – recortes de um peito negro, victória sales
diversas maneiras de amar, victor alejandro
comer do próprio coração pra viver na própria pele, capitú

cole-sã Odoyá:

esboço, tatiana nascimento


{penetra-fresta}, bárbara esmenia
lundu,, tatiana nascimento
interiorana, nívea sabino
tautologias, daisy serena
sangue, nanda fer pimenta
periférica, kika sena
mil994, tatiana nascimento
afroqueer existência: dor luta amor, pedro ivo
tribadismo : mas não só – 13 poemas a la fancha + 17 gritos de
abya yala, bárbara esmenia
maravilha marginal, letícia fialho

cole-sã Odara

percursos estéticos: abordagens originais sobre o teatro do


oprimido, bárbara santos

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