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Aula 4: Fruticultura: propagação de plantas na fruticultura

Sáb, 09 de Maio de 2009 17:51 Como Fazer

Progagação é multiplicar uma planta por vários métodos, como divisão, estacas ou sementeira.
Um dos principais fatores que garantem o sucesso da fruticultura moderna é a qualidade do
método de propagação utilizada pelo produtor de frutas. Essa etapa depende de cuidados
especiais e novas tecnologias.

Propagação sexuada ou por sementes

A propagação por sementes é o principal modo de reprodução de


plantas cultivadas. A propagação sexuada envolve a produção de gametas
haplóides, decorrentes da meiose, e a posterior dos gametas a partir da
polinização e fertilização. Nesse processo existe recombinação genética, que é
importante para a diversidade genética e a conseqüente adaptação das
espécies.

Na fruticultura, é mais comum a propagação vegetativa, que proporciona


maior uniformidade entre as plantas, sendo a propagação por sementes restrita
a algumas espécies em que a propagação vegetativa não é interessante, bem
como à produção de muitos porta-enxertos. São propagados por sementes
principalmente o coqueiro, o mamoeiro e o maracujazeiro. Pomares formados
com mudas propagadas através de sementes apresentam grande variabilidade
na forma e dimensão das copas das plantas e os frutos colhidos também
podem diferir em relação à forma, tamanho, qualidade da polpa e época de
maturação. Trabalhos de melhoramento genético podem reduzir a variabilidade
entre as plantas.

A propagação por sementes envolve a escolha da planta para obtenção


das sementes, a coleta dos frutos, a extração e a secagem das sementes e,
eventualmente, o seu armazenamento. A planta onde será coletada a semente
é escolhida com base em suas características varietais, produtividade e
sanidade. Os frutos devem ser colhidos na maturidade fisiológica, estádio em
que as sementes apresentam bom vigor e bom potencial de germinação. Os
frutos são cortados para retirada das sementes, que são separadas da
mucilagem e secas à sombra. O armazenamento das sementes ortodoxas é
feito em condições de baixas umidade e temperatura. As recalcitrantes,
entretanto, que são comuns em fruteiras, não toleram a desidratação
excessiva, embora possam ser secas à sombra, em temperatura ambiente e
armazenada em geladeira por períodos curtos. As condições variam entre as
espécies.

A semeadura pode ser feita no campo, em alguns casos, ou em


recipientes, tais como sacos plásticos, tubetes ou caixas de madeira ou isopor,
ou em canteiros de semeadura.  Após a germinação, as plantinhas podem ser
repicadas para viveiro a campo ou recipiente, dependendo da espécie, onde
receberão a enxertia, se for o caso, e serão conduzidas até a ponto de
transplante.

 
Propagação Vegetativa

A propagação vegetativa ou assexual de plantas frutíferas é vantajosa


por permitir a manutenção das boas características da planta, tais como:
produção e qualidade do fruto. A multiplicação de plantas frutíferas por via
vegetativa pode ser feita de várias maneiras. As mais usuais são a
multiplicação por meio das brotações que surgem naturalmente na planta
(rebentos, por exemplo), estaquia, enxertia, mergulhia e alporquia, A escolha
do método vai depender da espécies em questão.

Estaquia

A estaquia, em fruteiras, é feita por meio do enraizamento de um


segmento do ramo (estaca) da planta. Podem ser usadas para propagação ou
para obtenção de porta-enxertos. Após escolhido o ramo da planta matriz, este
é segmentado e suas folhas e espinhos são retirados com a tesoura de poda. A
parte basal é cortada em bisel (inclinado) e seu ápice é cortado
perpendicularmente logo acima de uma gema. A seguir, são enterradas em
substrato ou solo bem preparado (canteiro, viveiro ou recipiente), deixando até
1/3 de seu tamanho para fora do solo.

Após a brotação, um broto é conduzido para formar o tronco da muda,


sendo os demais eliminados. Esse broto é conduzido em haste única, tutorado
para crescer ereto, até a altura em que receberá a poda de formação.

Mergulhia e alporquia

A mergulhia e a alporquia são utilizadas em espécies de baixo


enraizamento na estaquia. Consistem no enraizamento de uma parte da planta
a ser propagada, na própria planta e depois o destacamento da mesma para
obtenção da muda. Na mergulhia é feito o enterrio de uma porção de um ramo,
curvado da planta que se quer propagar, para que enraíze. Depois do
enraizamento, destaca-se a muda, plantando-a em um recipiente. O ramo que
vai ser enterrado deve ser desfolhado ou anelado e, depois, preso ao solo. A
jabuticabeira, o abieiro, camu-camu e outras fruteiras podem ser propagados
por mergulhia. Na alporquia, escolhe-se, em uma planta adulta, alguns ramos
de 1 a 3 cm de diâmetro, faz-se neles um anelamento (retirada da casca) de 3
a 5 cm e, depois, cobre-se a parte anelada com esfagno ou uma mistura de
esterco e serragem úmida, cobrindo com saco plástico, bem amarrado,
estimulando assim o enraizamento. Destaca-se o ramo enraizado, e transfere-
se então a muda para um estufim ou câmara de nebulização com alta umidade
para a adaptação e pegamento. Este método é caro e de pouco rendimento.
 

Enxertia

A enxertia consiste em inserir um ramo ou fragmento de ramo com uma


ou mais gemas sobre outro segmento de planta, de modo que ambos se unam
e passem a constituir um único indivíduo com duas partes: o enxerto (copa) e
o porta-enxerto (cavalo). A copa ou enxerto é a parte de cima, que produzirá
os frutos da variedade desejada e no cavalo ou porta-enxerto será
desenvolvido o sistema radicular, o qual normalmente apresenta
características como adaptação às condições de solo, clima e resistência
doenças e pragas do solo. Além de obter uma muda resistente através da
enxertia é possível encurtar o período juvenil da planta tendo em vista que os
ramos a serem enxertados são retirados de plantas fisiologicamente maduras.

 A enxertia pode ser feita por vários métodos, sendo os mais comuns a
borbulhia e a garfagem com suas variações, conforme a planta.

A borbulhia consiste em fixar uma gema (borbulha), retirada de um ramo


da planta que se quer propagar, no porta-enxerto. Existem várias modalidades
de borbulhia, entre elas a borbulhia em “T”, normal ou invertido, na qual se
realizam dois cortes da casca do porta-enxerto, em forma de T, com auxílio de
um canivete. Normalmente usa-se um porta-enxerto de 1 a 1,5 cm de diâmetro,
no qual se faz o corte a 10 – 15 cm no sentido longitudinal do ramo, e depois
no horizontal, na parte de cima (T normal) ou de baixo (T invertido) do primeiro
corte. Em seguida, insere-se a gema abaixo da casca. Após a inserção da
gema, amarra-se com fita plástica e espera-se a brotação do enxerto, o que
ocorre até os 30 dias após a enxertia. A retirada do plástico pode ser feita de
15 a 45 dias, dependendo da fruteira. A época de enxertia é usualmente a
primavera nas plantas tropicais e o inverno nas de clima temperado. Após a
pega do enxerto, inicia-se a brotação da gema, cujo broto deve ser conduzido
em haste única até a altura da poda de formação, tutorado a uma estaca. As
demais brotações tanto do porta-enxerto como do enxerto serão eliminadas
com auxílio de canivete, tesoura de poda ou à mão, quando bem novas. O
enxerto é estimulado a crescer, pela poda, anelamento ou curvamento do
porta-enxerto.

Na garfagem uma porção mediana ou apical de um ramo, com 5 a 10 cm


de comprimento (garfo), com várias gemas, é obtido da planta que se quer
propagar (matriz) e que irá originar a copa. A garfagem mais comum é feita no
topo, cortando-se transversalmente a parte apical do porta-enxerto, e na
superfície cortada faz-se outro corte, perpendicular ao primeiro, com cerca de 3
a 4 cm, formando uma fenda (garfagem de topo em fenda cheia ou meia
fenda). Nesta fenda, coloca-se o garfo, o qual foi previamente preparado com
dois cortes, formando na sua parte basal uma cunha. É necessário que esta
cunha seja bem adaptada ao corte feito no porta-enxerto. Para que ocorra a
pega, é necessária a união entre os tecidos meristemáticos do câmbio das
duas partes, o que é conseguido com a justaposição da casca das duas partes
nos dois lados da fenda (fenda cheia) ou pelo menos em dos lados (meia
fenda). Para que se processe a união, é ainda necessário o amarrio com a fita
plástica. Algumas espécies requerem que seja feita uma câmara úmida sobre o
garfo enxertado para melhor pega, o que se consegue com o amarrio de um
saquinho plástico, cobrindo o garfo. O diâmetro do garfo deve ser de
preferência igual ao do cavalo, para boa justaposição das partes cortadas.
Quando o diâmetro for diferente faz-se a justaposição em apenas um dos lados
do porta-enxerto (garfagem de topo em meia fenda). A garfagem pode ser feita
a diferentes alturas no cavalo, desde abaixo do nível do solo, até 1 m de altura.

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