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Vejo muita gente hoje em dia apelando, e o termo é este mesmo, para fitas, gel e

mais um monte de opções que o mercado oferece para abafar os tambores e chegar
a um som desejado.

Não sou contra o uso desses acessórios, mas muita gente não sabe os princípios de
afinação e simplesmente chega colocando fita e gel em tudo, cobertor até o talo no
bumbo pra tentar chegar a algum lugar.

Por isso estou postando pela terceira vez um tópico que fiz já há vários anos, uns
quatro pelo menos, sobre afinação. Nas duas primeiras vezes o tópico foi caindo e
sumiu, bem, posto ele novamente agora, e se vocês gostarem quem sabe os
moderadores fixem-no.

Espero ajudá-los.

Forte abraço!

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Fala galera!!!

Bom, estou aqui repostando meus artigos sobre afinação, para quem não sabe,
esses artigos foram postados no fórum
Batera há mais ou menos um ano atrás sem nenhuma pretensão de minha parte,
acabaram virando tópicos fixos e depois sumiram com uma atualização do fórum,
eu não os tinha salvado em meu computador, mas graças ao amigo lhorG_evaD,
também aqui do fórum, consegui recuperá-los. Estou aqui repostando-os, mas não
como estavam antes, divididos em
quatro artigos, agora reuni tudo, reescrevi algumas partes, adicionei outras, fiz
novas fotos, todas baseadas na minha bateria pessoal e não mais retiradas da
internet, como já disse, posto então tudo reunido, em um só texto.

Nesse novo material procuro não só dizer, mas acima de tudo


explicar o porque de algo ser assim, ou assado, creio que dessa maneira, apesar de
extender-me mais, acabo facilitando a compreensão do pessoal.
Acho importante ressaltar uma opinião pessoal, penso que não existe bom
baterista sem boa afinação, nem boa afinação sem bom baterista, portanto, não
basta apenas cuidar da técnica, tampouco possuir uma bateria top de linha,
customizada, de 20 mil dólares e não saber afiná-la.

Obs.: A ordem em que estão às explicações dentro do texto é


intencional, pois a julgo mais didática, acho importante que se leia tudo que
coloquei aqui e na ordem em que está, pois há
fundamentos que coloco nos primeiros artigos e não repito nos
outros, pois penso que a pessoa que está aqui lendo já assimilou-os, portanto, não
os repito. Esses fundamentos que estão espalhados pelo texto são fundamentais
para compreensão das características dos tambores e como conseguir afiná-los.
Entenda o Som Natural do Seu Tambor
Acho que antes de tentar afinar sua bateria é importante ter em
mente qual é o som do seu tambor, o som natural dele, devido ao seu tamanho, pois
uma das coisas mais importantes para você realmente saber se achou ou não o tom
fundamental, o ponto doce, a afinação natural, ou seja, qual for o nome que você
usa para definir qual o é som característico
da peça que está afinando, é conhecendo suas características sonoras. 

A madeira influencia no som, mas como são muitas as qualidades de madeiras,


prefiro focar-me apenas no tamanho dos tambores, pois isso já dá ao baterista uma
bela noção de qual a característica sonora de seus tambores, mas sugiro que leiam
o artigo postado pelo amigo Ricardo Goedert explicando um pouco sobre a
característica sonora de algumas
qualidades de madeiras. (http://www.batera.com.br/testes/diferencas_251005.asp) 

Além dos motivos já citados no começo deste item, também é


importante ter o conhecimento da característica sonora de cada tambor, pois na
afinação (e mesmo com uma pele mais grossa ou mais fina, mais aberta ou mais
abafada) não dá para sair muito fora da característica sonora do tambor, a pele
funciona para o tambor como a maquiagem funciona para as mulheres, ela muda
um pouco, mas se a mulher é muito feia, não há o que fazer, portanto se o tambor é
agudo, muito grave não há
como deixá-lo.

Vou tomar como padrão para tentar explicar as variantes do tamanho dos
tambores um bumbo de 22 x 16, acho que o mais comum entre os kit´s de bateria
atualmente. Por motivos didáticos, não influencia o tipo de pele
usada nem a qualidade da madeira, tampouco tipos de aros, etc. Levemos em conta
que estamos pensando num mesmo material para todos os exemplos dados, ou seja,
foquemo-nos apenas na dimensão e profundidade do tambor.

Primeiramente, que fique claro que quanto maior o diâmetro do


tambor (tamanho da pele), mais grave é seu som, e quanto mais profundo, menos
volumoso e mais ressoante, afinal, quanto maior a profundidade, maior o espaço
que o som terá de percorrer para ir até a pele de resposta e voltar, com isso, perde-
se em volume.

A espessura do casco também influencia o som, quanto mais fino o casco mais
ressoa o som do tambores (o casco vibra mais fácil, por isso), quanto mais grosso,
mais seco, mas não vou levar em conta nos exemplos a seguir a espessura do casco,
retomando, cascos finos soam mais graves e ressoantes e cascos grossos, mais
agudos e secos, cascos rugosos absorvem mais os harmônicos e cascos lisos o
contrário, tal qual a ação de um abafador interno.

Vamos aos exemplos quanto à diferença sonora em relação à


profundidade:
 
Tamanho:      22 x 14
Tom:              Tom padrão
Ressonância: Ressonância menor que o bumbo de 22 x 16.
Volume:  Volume maior que o bumbo de 22 x 16       

Tamanho:      22 x 16
Tom:              Tom padrão
Ressonância: Ressonância padrão
Volume:         Volume padrão

Tamanho:      22 x 18
Tom:              Tom padrão
Ressonância: Ressonância maior que o bumbo de 22 x 16.
Volume:         Volume menor que o bumbo de 22 x 16

Exemplos quanto à diferença sonora em relação ao diâmetro:

Tamanho:      20 x 16
Tom:              Tom mais agudo que o tom padrão
Ressonância: Ressonância menor que o bumbo de 22 x 16.
Volume:         Volume padrão      

Tamanho:      22 x 16
Tom:              Tom padrão
Ressonância: Ressonância padrão
Volume:         Volume padrão

Tamanho:      24 x 16
Tom:              Tom mais grave que o bumbo de 22 x 16
Ressonância: Ressonância maior que o bumbo de 22 x 16.
Volume:         Volume padrão
    

Portanto se pensarmos em um kit padrão de:

 Tom 12 x 09 
 Surdo 16 x 16 
 Bumbo 22 x 16 
 Caixa 13 x 05

E admitirmos para ele um tom, ressonância e volume padrão, o kit:


 Tom 14 x 09 (diâmetro de duas polegadas maior que o kit padrão) 
 Surdo 18 x 16 (diâmetro de duas polegadas maior que o kit padrão) 
 Bumbo 24 x 16 (diâmetro de duas polegadas maior que o kit padrão) 
 Caixa 14 x 05 (diâmetro de uma polegada maior que o kit padrão)

Terá um tom mais grave, com a mesma ressonância e volume do kit padrão;

Já o kit:

 Tom 10 x 09 (diâmetro de duas polegadas menor que o kit padrão) 


 Surdo 14 x 16 (diâmetro de duas polegadas menor que o kit padrão) 
 Bumbo 20 x 16 (diâmetro de duas polegadas menor que o kit padrão) 
 Caixa 12 x 05 (diâmetro de uma polegada menor que o kit padrão)

Terá um tom mais agudo, com a mesma ressonância e volume do kit padrão;
  
Falando da profundidade, o kit:

 Tom 12 x 11 (profundidade de duas polegadas maior que o kit padrão) 


 Surdo 16 x 18 (profundidade de duas polegadas maior que o kit padrão) 
 Bumbo 22 x 18 (profundidade de duas polegadas maior que o kit padrão) 
 Caixa 13 x 07 (profundidade de duas polegadas maior que o kit padrão)

Terá o mesmo tom do kit padrão, porém com mais ressonância e menos volume do
que o kit padrão;
  
Enquanto o kit:

 Tom 12 x 07 (profundidade de duas polegadas menor que o kit padrão) 


 Surdo 16 x 14 (profundidade de duas polegadas menor que o kit padrão) 
 Bumbo 22 x 14 (profundidade de duas polegadas menor que o kit padrão) 
 Caixa 13 x 03 (profundidade de duas polegadas menor que o kit padrão)

Terá o mesmo tom do kit padrão, porém com menos ressonância e mais volume do
que o kit padrão;

Portanto antes de procurar a afinação dos seus tambores, pense em qual é o timbre
natural deles, pois uma caixa de 13 x 05 não tem a mesma ressonância de uma de
13 x 03 ou 13 x 07, e não dá, para na afinação, chegar-se muito próximo do timbre
natural de um tambor de outro tamanho, mesmo usando-se peles diferentes e
afinações diferentes, cada tambor varia em uma gama fechada, para você
conseguir que uma caixa de
13 x 07 seja tão seca quanto uma de 13 x 03 você precisa aumentar a afinação, ou
seja, apertar mais a pele de batedeira, mas assim você estará trabalhando
praticamente fora da gama sonora da caixa e mesmo assim o volume não será igual
ao de uma 13 x 03, assim como o inverso é verdadeiro, uma caixa de 13 x 03 nunca
terá corpo igual ao de uma 13 x 07, para isso você tem de descer a afinação, ou
seja, afrouxar a pele de
batedeira, mesmo assim o som não fica semelhante ao da caixa citada.
Antes de comprar uma bateria procure levar em conta sua pegada, o local em que
você toca, o tipo de som que realmente busca em uma bateria, para não levar gato
por lebre e não ter que trabalhar com a bateria em uma afinação que foge da gama
sonora dos tambores, ou seja, em uma
afinação que não soa natural, nem agradável.
 

Como saber se está na hora de trocar as peles?


Como diz o caipira, "aí vareia"!
A duração de uma pele depende de vários fatores, pegada, tipo da pele, qualidade
da porosidade, do filme utilizado entre outros.
A maneira mais óbvia de saber se está na hora de trocar sua pele é quando ela
fura, porém há peles que na mão de bateristas que não tocam muito forte podem
durar muitos anos sem estourar, mas isso não significa que não é necessário trocá-
las.

Geralmente os bateristas trocam de pele apenas quando estas se rasgam, ou


perdem a porosidade, mas a verdade é que esse é um risco grande, pois só quem já
ficou com uma pele rasgada no meio de uma apresentação sabe como é! Além deste
risco, peles usadas não conseguem mais produzir o som para que foram
projetadas, e a melhor maneira de identificar isso é verificando a elasticidade do
filme da pele, e isso é valido
para qualquer tipo de pele.

Quando nova, a pele tem pouca elasticidade, se você pegar a pele  e olhá-la de lado,
verá que ela tem sua superfície perfeita, se sustentá-la com sua mão apoiada ao
centro, verá que a deformidade provocada é mínima.

Já uma pele usada, mesmo sem estar com sua porosidade totalmente gasta pode
estar comprometida. Se olhando-a de lado for possível identificar uma bolsa, um
"afundado", é hora de trocar de pele, sustentando-a com a mão será possível
identificar o quando essa pele, que a uma primeira olhada parecia nova, está
danificada.

Pele boa:
Pele ruim:
Quando a pele perde sua elasticidade ela perde também sua
característica sonora, e portanto, tem de se subir a afinação para aproximá-la de
seu estado original, e esta atitude vai se tornando cada vez mais freqüente, até que
a pele chega ao seu ponto máximo, estando no "talo" e não trazendo mais som de
qualidade ao tambor.

É recomendável sempre ao início de uma gravação usar peles


relativamente novas, pois com peles muito usadas, ter-se-á um som no início dos
trabalhos e outro no final deles. Recomendo usar peles novas, mas já amaciadas,
pois as peles demoram um certo tempo até se assentarem definitivamente nos
tambores.
 

Bumbo
 
  
Em minha opinião, a assinatura do baterista é a caixa, seguida
do bumbo e depois do chimbal. No entanto, sempre começo a afinar a bateria pelo
bumbo, pois apesar dele estar em segundo na minha lista de prioridades, é ele que
tem a menor gama em termos de volume e ressonância, visto que o batedor do
pedal atinge sempre um local pré- determinado o que já impede grandes variações
sonoras quando se trata de escolher o locar a se tocar no tambor, por isso,
independente do estilo, o baterista acaba sem muitas opções para o bumbo, que
não pode ressoar
demais, não pode ficar com pouco volume, pois senão é encoberto pelo grave do
baixo e aí, adeus cozinha.

Por ser tão restrito, prefiro começar com ele.

O bumbo é um dos tambores da bateria, apesar de muitas vezes não se visto assim,
e sim apenas como um suporte para os tons ou onde se gera um grave que marca a
música junto com baixo.

Bom, esse pensamento não é de todo errado, e o baixo, por mais grave que seja,
ressoa, em qualquer nota. Fale para o seu baixista abafar o som do baixo dele,
provavelmente ele vai falar que se ele abafar ele vai matar o som, eu penso assim
para o bumbo e a bateria em geral também.

Os tambores são feitos para ressoar, é natural isso, é o som do


tambor, são os harmônicos que dão o tempero ao som da bateria, são eles que dão
potência, que fazem o som chegar mais longe. Um som abafado em um grande
ambiente sem microfonação não vai muito longe, um som com muita ressonância
tem um alcance maior.

Pense no bumbo não mais como um suporte para tons, mas como um tambor, que
deve ressoar.
Divida-o em três partes, são elas:

 Casco e parafusos 
 Pele batedeira 
 Pele resposta

Vamos afinar esse bumbo?

Bom, retirem do bumbo as peles tanto de resposta, quanto de


batedeira, agora, só com o casco em mãos você vai procurar por barulhos.

Bata no casco com socos, se você ouvir rangidos, provavelmente há parafusos


soltos, aperte-os, o tambor deve soar apenas como tambor, deve-se ouvir apenas o
som da madeira, ou do material que ele é feito, se encontrar barulhos, solucione-os,
pode ser um parafuso solto que você arruma apertando ou uma canoa quebrada
que necessite de troca.

Lembre que este procedimento é padrão para todos os tambores, mas não vou
repeti-lo aqui, entretanto, quando você for afinar a caixa, tons, surdos, etc. Siga
com esse procedimento antes de tudo. Verificado os barulhos, coloque ambas as
peles, tanto a de batedeira quanto a de resposta, aperte os parafusos com as mãos,
até o máximo que
conseguir, é a partir daí que vamos afinar o tambor. Lembrando que se deve
afinar em cruz, independente da quantidade de parafusos de afinação que seu
tambor possui, confira abaixo na ilustração como proceder.
 

 
Um bumbo com pele de resposta sem furo soará muito mais
ressonante, e a pele de resposta terá papel muito mais importante na afinação do
que quando furada, particularmente adoro bumbo sem furo na pele de resposta, os
técnicos de som é que não gostam, pois é mais trabalhoso para microfonar,
veremos isso mais a frente. Com a pele de resposta sem furo e se o tambor for
fechado, ou seja, não tiver furação para tons, a pressão dentro do tambor será
maior, fazendo com que você
reaprenda a usar o bumbo, pois a pressão do pirulito será diferente!
A pele de batedeira vai controlar o ataque do bumbo e a resposta, a ressonância! 

Vamos começar afinando a pele batedeira, vamos tirar do bumbo um som


comprimido e seco, ok?

Tente na pele batedeira buscar o som mais grave e com maior kick possível, para
isso, parta do zero, e com a pele frouxa vá apertando até que os parafusos fiquem
firmes e a pele o mais
solta possível, para o bumbo, não importa se a pele fique muito frouxa, o que
importa é que os parafusos fiquem firmes, para que eles não se percam com a
vibração do tambor.

Feito isso vamos à pele de resposta, após afinar a batedeira iguale a tensão da pele
de resposta e depois de uma apertada a mais, como uma volta em casa parafuso de
afinação, sempre batendo no bumbo e ouvindo cada mudança que você faz, é
muito importante que se bata no bumbo com o pedal, como se fosse tocar, por isso
recomendo que peça para que alguém lhe ajude, pisando no bumbo enquanto você
o afina, assim é mais
fácil conseguir o som que procura, afinando-o da posição de quem vai ouví-lo, de
frente!

Para um som comprimido e seco, a pele de resposta geralmente fica uma ou duas
notas acima da pele de batedeira, ou seja, um
pouco mais apertada, um pouco mais aguda!
Para um som mais aberto e ressoante, comece também pela pele de batedeira, tente
nela buscar o som mais agudo e ressoante que lhe agradar, depois parta para a
resposta, ela geralmente deverá ficar na mesma tensão que a batedeira.

Lembrando sempre que a pele de batedeira define o kick, o


ataque do tambor e a de resposta a ressonância, o sustain, o decay e o timbre não
só do bumbo, como de todos os tambores!

Abafar ou não? A reposta é: precisa ou não? Atualmente temos


diversas peles no mercado, tanto para batedeira quanto para resposta, e somente
com a combinação delas já é possível praticamente retirar qualquer som, mas às
vezes isso não é possível, não apenas devido às peles, mas muitas vezes devido ao
tamanho e material do tambor, sendo às vezes necessário abafar o tambor. Esse
abafamento pode ser feito tanto
com um abafador interno que alguns tambores trazem, como com um abafador
industrializado, comercializado por algumas marcas de peles nas mais diversas
formas, ou por um simples pedaço de pano, ou cobertor. Só é importante lembrar
que não se deve exagerar para não matar o som do tambor, pois por mais grave
que seja o seu bumbo, ele deve sempre ressoar, ou não produzirá som.
Particularmente, quando necessário, eu abafo utilizando um pedaço de feltro preso
entre a pele e o tambor para abafar, começando primeiro pela resposta, e quando
necessário, utilizando na batedeira também.
 

Caixa
 

 
Vamos partir para aquele que é considerado como o tambor mais complicado de se
afinar, a caixa!

O mesmo princípio dos outros tambores serve para a caixa, afinal, a caixa é um
tambor, e os tambores são feitos para ressoar, por isso concentre-se na afinação
sem pensar em abafar, pelo menos de início.

A caixa é o tambor mais marcante da bateria, e como, junto com o bumbo, é mais
tocado, deve estar em sintonia com ele, ou seja, um bumbo grave e comprimido,
bem seco e com bastante kick não combina de forma alguma com uma caixa aguda
e ressoante, assim como o contrário é verdade, pelo menos, essa é a minha opinião,
mas como no mundo da música a fronteira é a imaginação, crie e invente o seu som
a vontade, não
se prenda muito a regras pré-estabelecidas, esse ideal de casamento do som de
bumbo e caixa eu adquiri ao longo do tempo, de tanto ouvir e testar combinações
diferentes.
Antes de começarmos a afinar, pensemos primeiro porque a caixa é considerada
por muitos como, "o mais difícil tambor da bateria a ser afinado"? Bom, o que ele
tem de diferente de um surdo, um tom ou um bumbo? Uma esteira, e um
dispositivo que a aciona e regula sua tensão!
 

 
Já que esse é o complicador, vamos acabar com ele?

Começaremos retirando a esteira, depois às peles e delas os


abafadores que possam ter sido colocados na tentativa de conseguir um bom som.
Ante de mais nada, confira as condições do tambor como já explicado
anteriormente, lembrando que as melhores caixas, possuem na borda inferior, uma
pequena cavidade próxima à esteira, para que ela possa atuar melhor no som.
 
 
Coloque ambas as peles, tanto a de batedeira quanto a de resposta, aperte os
parafusos com as mãos, até o máximo que conseguir, é a partir daí que vamos
afinar o tambor!

Já que ela está sem a esteira, podemos confundir a caixa com um tom, um tom
raso, mas não deixa de ser um tom, e vamos afiná-la pensando não como caixa,
mas sim como tom!

Como já dito, a pele batedeira vai dar o punch, e a de resposta vai definir o tom do
tambor!

Comecemos pela pele de resposta, para um som mais grave, procure conseguir
com ela a mais baixa, mais grave afinação possível. Para um som mais agudo
procure uma afinação mais alta para a pele de resposta, lembrando que quanto
mais esticada a pele de resposta mais sensível será o som da esteira. Feito isso
vamos agora para a pele de batedeira, para um
som mais ressoante, mais cheio, busque uma afinação mais baixa (grave), para um
som mais comprimido e fechado uma afinação mais alta (aguda), o meio termo
muitas vezes é a opção mais usada, principalmente quando não vai microfonar a
caixa ou quando se usa uma equalização flat e sem compressor e quando se quer
conseguir o timbre natural da caixa!
 
Afinado o tambor é hora de colocar o "complicador", a esteira.
Verifique primeiro o estado dela, se houver fios soltos, o ideal é trocar a esteira,
mas como nem sempre essa é uma opção viável, se não for possível uma nova
esteira, simplesmente arranque o fio solto com um alicate, lembrando que quanto
mais fios tiver sua esteira, mais som de esteira sua caixa vai produzir, isso significa
um som mais cheio e agradável
aos ouvidos, que soa mais suave, quanto menos fios tiver a esteira, mais ataque e
violência terá o som.

Centralize a esteira na pele de resposta, e ajuste o tensionador de modo que,


quanto mais apertado, mais cálido e estalado vai ser o som da caixa, e quanto mais
solto, mais cheio e vivo será seu som, se realmente a esteira lhe confunde, comece
com o meio termo, assim será mais fácil chegar a algum lugar. É normal que a
esteira vibre com o toque em outros tambores ou o toque de outros instrumentos
como o baixo, se sua meta
durante a afinação for acabar com isso, predisponha-se a gastar muito tempo e não
obter resultado desejável, pois isso é normal, em todas as baterias, e esse chiado
some no meio do groove, no meio da música.

Abafar ou não? A reposta é: precisa ou não? Segue aqui a mesma regra já citada
anteriormente para os outros tambores, adicionando que, se optar por abafar o
som da caixa, pode ser usado também um simples pedaço fita adesiva dobrada em
forma de sanfona, ou ainda um pedaço de feltro colado à pele batedeira. Só é
importe lembrar que não se deve exagerar para não matar o som do tambor, pois
uma caixa muito seca, ou
completamente seca como alguns bateristas usam soa agradável acusticamente,
mas quando microfonada ela fica com um som morto, é necessário que sua caixa
ressoe, por menos que seja, pois isso é o que dá vida a ela, a caixa deve sempre
ressoar, ou não produzirá som! 
 

Tom/Surdo
 
 

Finalizando por hora os textos com a intenção de ajudar o pessoal do fórum a


afinar suas baterias, vamos afinar agora seus tons e surdos. Depois de afinar o
bumbo e a caixa de seu kit, afinar os tons e os surdos não será tarefa complicada.
Tons e surdos não merecem atenção especial um em relação ao outro, o que se
aplica a um, se aplica ao outro, e em sumo é o
que se aplica à caixa e bumbo.
 
Primeiramente confira as condições do tambor, feito isso coloque ambas as peles,
tanto a de batedeira quanto a de resposta, aperte os parafusos com as mãos, até o
máximo que conseguir, é a partir daí que vamos afinar o tambor, assim como
procedemos até agora!

A pele batedeira vai dar o punch, e a de resposta vai definir o tom do tambor!
 
Repetirei aqui o que já falei anteriormente, comecemos pela pele de resposta, para
um som mais grave, procure conseguir com ela a mais baixa, mais grave afinação
possível. Para um som mais agudo procure uma afinação mais alta para a pele de
resposta. Feito isso vamos agora para a pele de batedeira, para um som mais
ressoante, mais cheio, busque uma afinação mais alta (aguda), para um som mais
comprimido e fechado uma afinação mais baixa (grave), vale lembrar que tons
furados são mais secos que os tons sem furo, assim como surdos com pés são menos
ressoantes que surdos suspensos, essa diferença existe e é perfeitamente audível,
mas não vai fazer diferença significante na sua afinação, apesar de ser uma boa
informação para você.
 
Lembre que até o bag de baquetas, quando preso ao surdo, influi no som final, pois
este fica mais abafado, vibra menos, particularmente, em shows eu uso o bag preso
ao surdo, mas para gravar não, não gosto que nada altere o som de meus
tambores.
 
Para afinar os tons e surdos é muito importante levar em conta o tamanho dos
tambores, tanto em largura, quanto em profundidade. Como já dito, quanto mais
largo for o tom/surdo (tamanho da pele), mais grave ele será, e quanto mais
profundo ele for, mais ressoante e menos volumoso ele soará. É 
importante levar isso em conta junto com o estilo musical e modo como você toca,
para que você não tenha que tocar forte ou fraco demais para obter o  tipo de som
que você quer.

Abafar ou não? A reposta é: precisa ou não? Vale aqui as regras já citadas


anteriormente para abafamento, só é importante lembrar que não se deve
exagerar para não matar o som do tambor, pois um tom ou surdo muito  seco, ou
completamente seco como alguns bateristas usam, pode soar agradável
acusticamente, mas quando microfonado ele fica com um som
morto, os tons e surdos são os tambores menos abafados em geral, os surdos  ainda
são um pouco mais abafados pela maioria dos bateristas, isso porque esses são os
tambores que menos devem ressoar na bateria na opinião e gosto pessoal de muitos
bateras.

Boas peles e um pouco de tempo e dedicação na afinação vão te proporcionar toda


a bateria bem afinada sem
nenhum tipo de abafador!
 

Microfonação
Muita gente se pergunta como microfonar, a resposta é simples:
Quanto mais perto o microfone estiver da pele batedeira, mais
definido será o som. Quanto mais próximo do centro da pele estiver o microfone,
mais seco será o som. Quanto mais longe estiver o mic da pele, menos definido e
mais grave soa o som, eu gosto mais dessa opção, pois penso que assim capta-se
com mais eficiência a alma do tambor, o som que se ouve quando se toca a bateria
sem mics, o som que o baterista ouve. Se
você não quer tomar um susto com o som que ouvirá quando gravar seu kit de
bateria, opte por colocar os mics mais distantes da pele de batedeira, entretanto se
for usar e abusar de efeitos na mixagem e pós-produção do disco utilize os mics
mais próximos, pois assim os efeitos serão potencializados.

Para bumbos sem furo, procure microfonar com dois microfones, um na batedeira
e outro na resposta, assim você consegue pegar tanto o kick da batida do pirulito
na pele quanto o grave que se segue a essa batida, se não houver essa possibilidade
dê preferência por microfonar na frente do
bumbo, microfonando a pele de resposta, pois se microfonar só a pele de batedeira
o bumbo não terá peso algum.

Você pode microfonar sua caixa com um ou dois microfones,


lembrando que se for microfonar com apenas um mic, este deve ser posicionado na
pele de batedeira, e nunca a menos de 5,
6 cm da pele, ou você captará os harmônicos da caixa em excesso. 

O uso de dois microfones é útil para dar mais vida à caixa. Por ser um instrumento
que depende diretamente da esteira para que seu som característico seja emitido, é
legal microfonar a esteira, principalmente se você usa muito de notas fantasmas na
caixa e gosta que cada toque, por mais leve que seja possa ser transmitido a quem
ouve.

Entretanto, uma caixa com uma afinação impecável fica muito bem registrada com
apenas um microfone, a grande vantagem de se usar dois, é ter mais opções para se
trabalhar o som da caixa na mixagem do disco.

Penso que os tons e surdos são os tambores em que surgem menos dúvidas na hora
de microfonar.
Em geral, vale a regra, quanto mais próximo o microfone estiver da pele batedeira,
mais ressoante será o som captado, quanto mais próximo do centro da pele estiver
o microfone, mais seco será o som. Quanto mais longe estiver o mic da pele, menos
definido e mais grave soa o som captado.

Se você toca muito forte, eu recomendo posicionar os microfones um pouco mais


distantes das peles, pois isso produzirá um som mais natural do que se os
microfones forem colocados muito colados à pele.

Overs para os pratos. Para microfonar os pratos, usa-se microfones overs, não me
aprofundarei em detalhes técnicos para não fugir do assunto principal em foco
nem me alongar, mas basicamente, o ideal é posicionar os overs na altura das
orelhas do baterista, um de cada lado, pois ali será
captado o som que se ouve ao tocar, e assim não há susto com o resultado final. Há
a opção de se microfonar toda a bateria com overs, opção essa muito usada em gigs
de jazz, pois é o som mais natural que se pode captar.

Eu também opto pela microfonação com dois overs na altura dos ouvidos do
baterista além de um mic para o bumbo, que pode ser tanto dinâmico quanto
condenser, pois sem ele o bumbo fica "sumido" com uma microfonação feita
apenas com dois overs na altura dos ouvidos.
 
Será que deu pra sanar parte das dúvidas de todos? Bom, qualquer problema
sintam-se livre para mandarem-me PM ou tirarem suas dúvidas no e-mail
esalutti@yahoo.com.br (esse também é meu MSN).

Há de se lembrar que quando o mic está muito colado na pele


batedeira não há tempo para o grave se espandir, por isso ele não é tão captado, o
ideal, para mim é de 4 a 6 dedos de distância da pele, dependendo do microfone.
 
Kit usado:
Bateria Odery Custom
         Tom 14 x 12 (suspenso)
         Surdo 16 x 16 (chão, com pés)
         Surdo 18 x 16 (chão, com pés)
         Bumbo 24 x 17 (sem furação)
         Caixa 14 x 8 (supersensitiva)
 
Abraços

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Edit
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Vídeos exemplificando afinações:

Bumbos: Kick com ressonância média. Batedeira quase solta e resposta numa
afinação média-baixa, sem abafadores, um pouco de compressor e reverb na mesa
Caixa: Pressão acústica, pouca sobra. Batedeira com afinação alta, resposta numa
afinação média-alta, abafada com fita silver-tape por baixo da pele batedeira,
largura de uma tira e meia de fita cruzando a lateral da pele, caixa sem
compressor na mesa, a fita está fazendo essa função, um pouco de reverb.

Tons: Mesma afinação da caixa, porém sem fita e com um pouco de compressor na
mesa, reverb também.
Surdos: Mesma afinação e configuração de mesa que os bumbos.

Obs.: Todos os tambores, incluindo tons e surdos, com microfonação dupla,


batedeira e resposta!

Bumbo: Kick com ressonância média, semelhante ao vídeo anterior. Batedeira


quase solta e resposta numa afinação média-baixa, sem abafadores, um pouco de
compressor e reverb na mesa

Caixa: Batedeira numa afinação média-alta e resposta numa média. Pouquíssimo


reverb na mesa, sem compressão.

Tom: Mesma afinação e mesa da caixa.

Surdos: Mesma afinação e mesa do bumbo.

Bumbo: Batedeira quase solta e resposta numa afinação média-baixa, me parece


estar levemente abafada, um travesseiro ou fita, mas talvez seja o compressor da
mesa, pouquíssimo reverb.

Caixa: A mesma afinação do Torpey. Batedeira numa afinação média-alta e


resposta numa média. Pouquíssimo reverb na mesa, sem compressão.

Tons: Batedeira e resposta em afinação média, pouquíssimo reverb na mesa, sem


compressão e com um pouco de equalizador pra levantar os graves.

Surdo: A mesma configuração dos tons.

Gente, esses exemplos aí são apenas para servirem como base, infelizmente não
tenho como responder pra galera que quiser saber como tal baterista afina, ou
equaliza. Na verdade até dá, mas não posso me comprometer com vocês, pois não
teria tempo hábil de responder à todos. Portanto não escrevam pedindo que eu
descubra determinada afinação que determinado baterista usou em tal show. No
mais estou aberto para dúvidas.

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