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Era uma vez um rei gordo e estúpido que tinha um ministro magrinho e esperto. O ministro
aproveitava todas as oportunidades para impressionar o rei com a sua esperteza, e não tardou que o
rei dependesse dele inteiramente. O rei dizia muitas vezes ao ministro:
- Promete-me que nunca me abandonarás.
E o ministro respondia sempre:
- Nunca, nunca, Majestade. Onde quer que estiverdes, na Terra, no Céu ou no Inferno, sempre
estarei a vosso lado.
O rei gostava muito de ouvir isto.
Uma tarde, voltava o rei para o palácio depois do seu passeio pela margem do rio. O ministro
vinha com ele, como habitualmente. De repente, ouviram raposas que regougavam na floresta ali
perto. O rei ficou cheio de curiosidade. Virou-se e perguntou ao ministro:
- Porque é que há tantas raposas a regougar justamente quando os meus reais ouvidos são
obrigados a ouvir os seus regougos?
O ministro replicou:
- Majestade, como sabeis, este inverno foi especialmente frio. As pobres raposas não têm roupa
que as aqueça. Estão a pedir-vos mantas.
- Ah, estou a ver - disse o rei. - Como tu és inteligente e esperto, que até compreendes a
linguagem das raposas! Mas porque é que elas não têm mantas?
- A culpa é do oficial encarregado dessas coisas - respondeu o ministro, que tinha má vontade
contra o oficial.
- Que vergonha! Então o oficial privou de mantas as nossas queridas raposas? Muito bem,
enrolem o oficial numa manta e atirem-no ao mar. Depois, compra cem mantas e distribui-as pelas
minhas amigas raposas - ordenou o rei. O ministro correu logo a cumprir as ordens do rei. Mas
obedeceu só à primeira parte do que lhe fora ordenado. Atirou o oficial ao mar e tirou dinheiro do real
tesouro para comprar mantas para as raposas. Mas nunca as comprou, e guardou o dinheiro para
ele.
Na tarde seguinte o rei ouviu as raposas que estavam outra vez a regougar. Ficou surpreendido
e perguntou:
- Que é que elas têm agora? Porque é que estão a regougar?
- Regougam a agradecer-vos, Majestade - respondeu o ministro com um sorriso. (…)
O rei ficou muito satisfeito, mas a sua satisfação não durou muito tempo. De repente, saiu da
floresta um pequeno javali, a correr. O rei nunca tinha visto um javali.
- Meu Deus! - exclamou ele. - Que criatura é esta?
Claro que o ministro sabia muito bem o que era. Mas replicou calmamente: (…)
- Esta criatura é um rato, que engordou tanto porque comeu toda a comida da vossa real
cozinha. Isto mostra a falta de cuidado do cozinheiro.
A face redonda e estúpida do rei ficou vermelha como um pimentão. Revirou os olhos e
lamentou-se:
- Que desgraça! Um rato a comer a minha boa comida, e tudo isto por causa da negligência e
falta de cuidado do cozinheiro!
Imediatamente ordenou que o cozinheiro, depois de preparar o real jantar, fosse enforcado.
Nessa mesma tarde, o cozinheiro veio ter com o ministro em segredo e deu-lhe muito dinheiro.
Prometeu-lhe também que, se o ministro quisesse salvar a sua vida, lhe mandaria uma parte de cada
prato especial que preparasse para o rei.
O ministro ficou todo contente e respondeu ao cozinheiro:
- Deixa tudo comigo e não te preocupes.
À meia-noite, justamente quando o cozinheiro ia ser enforcado na presença do rei, o ministro
desatou a gritar:
- Alto! Alto!
Então, virando-se para o rei, explicou:
- Majestade, consultei agora o almanaque e descobri que esta hora meia-noite - é uma hora
cheia de sorte. Quem for enforcado nesta hora encontrará um lugar reservado no Céu. Majestade, se
o cozinheiro fosse enforcado agora, não seria castigo nenhum. Seria uma recompensa. Porque é que
havemos de mandar um patife para o Céu?
Para grande surpresa do ministro, o rei saltou de alegria e exclamou:
- Bom, ótimo! Há muito que eu tenho vontade de ver o Céu. Enforquem-me em vez dele, e
assim poderei ver o Céu. Mas esperem!
Virou-se para o ministro.
- Meu caro amigo - disse ele -, prometeste GRUPO muitasI vezes acompanhar-me aonde quer que eu
fosse. Agora vou para o Céu. Tens de me mostrar o caminho. Carrasco, enforca-o primeiro.
E Após
antesuma
que leitura atenta do texto
o aterrorizado responda
ministro às seguintes
pudesse questões:
proferir uma palavra, os guardas enfiaram-lhe a
cabeça no laço e o carrasco puxou-o para cima. O rei ficou satisfeito por ver que fora obedecido
1. Identifica as duas personagens que têm a participação mais ativa neste conto e faz a respetiva
prontamente. Logo que despachou o ministro, o carrasco virou-se para o rei e enforcou-o também.
Afinal, era ocaracterização
que ele queria.psicológica. Justifica a tua resposta com expressões do texto.
Terão visto o Céu? Bem, isso é coisa que eu não sei.
Contos Populares da Ásia, tradução de Pedro Tamen, Edições António Ramos
2. Classifica as seguintes personagens, quanto ao relevo: o ministro e o cozinheiro. Justifica a tua
resposta.
GRUPO IV
A) Elabore um resumo (150 – 200 palavras) do conto tradicional “O Rei que Quis Subir ao
Céu”.