Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO:
A química forense é uma área muito importante, pois faz parte do processo de
investigação criminal no Brasil e com as metodologias empregadas como o teste
colorimétrico, de turbidez e as técnicas cromatográficas é possível solucionar inúmeros crimes
que muitas vezes são considerados sem resposta. Assim, com o avanço da tecnologia e o
desenvolvimento nos estudos correlatos ocorreu a expansão do termo forense que é
conhecido atualmente, divulgando as técnicas aplicadas para a identificação das substâncias
ilícitas. Foram utilizadas as técnicas colorimétricas e a cromatográfica para analisar as
substâncias apreendidas, visando obter resultados seguros e de qualidade durante o período
de estágio no laboratório de Química Legal da Policia Civil de Minas Gerais.
3
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5
1.1 Química Forense: Histórico ........................................................................................................... 6
1.2 Drogas de Abuso mais Comuns no Brasil ................................................................................ 7
1.2.1 Maconha............................................................................................................................... 7
1.2.2 Cocaína ................................................................................................................................ 8
2. OBJETIVO ..................................................................................................................................... 9
3. TÉCNICAS E METODOLOGIA .................................................................................................. 9
3.1 Teste Duquenois-Levine .............................................................................................................. 10
3.2 Teste de Scott e Mayer................................................................................................................ 11
3.3 Técnicas Cromatográficas............................................................................................................ 12
3.3.1 Cromatografia em Camada Delgada ........................................................................................ 13
3.3.2 Cromatografia Líquida .............................................................................................................. 15
3.3.3 Cromatografia em fase Gasosa Acoplada à Espectroscopia de Massas................................... 15
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................. 16
4.1 Maconha ...................................................................................................................................... 16
4.1.1 Análises por via úmida: Teste de Duquenois - Levine................................................ 16
4.1.2 Cromatografia em Camada Delgada ............................................................................. 18
4.2 Cocaína ........................................................................................................................................ 19
4.2.1 Análise por via úmida: Teste de Scott e Mayer ........................................................... 19
4.2.2 Cromatografia em camada delgada............................................................................... 20
4.2.3 Cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrômetro de massas ................... 21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 24
4
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
1. INTRODUÇÃO
As drogas de abuso, um dos males que arrasam muitas sociedades no mundo todo,
causam dependência e destroem famílias. Atualmente a dependência é considerada uma
doença redicivante e crônica, em que o órgão mais afetado é o sistema nervoso central (SNC).
As drogas ilícitas são substâncias químicas naturais, semissintéticas ou sintéticas,
desencadeadoras de sensações agradáveis e/ou supressoras de sensações desagradáveis;
as mais comuns no Brasil são a cocaína e a maconha. [1] [2]
5
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
Siegfried Ruhemann em 1910 descobriu a ninidrina e verificou que quando reagia com
polipeptídios, proteínas e alfa-aminoácidos formavam compostos coloridos. Porém, apenas
6
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
nos anos 50 que se difundiu seu uso em química forense, depois do trabalho de Oden e Von
Hoffsten (1954), que utilizaram a ninidrina como reagente para revelação de impressões
digitais, pois reage com os aminoácidos secretados pelas glândulas sudoríparas. [4]
Na mesma época, resultante dos esforços de Edmond Locard (1877-1966) foi criado
em Lyon na França o Laboratório de Policia Técnica de Lyon, que era um laboratório científico
da polícia, sendo o primeiro do mundo. O laboratório contava com uma estrutura
organizacional vista atualmente nos institutos técnicos e científicos da polícia, dispondo de
uma equipe de cientistas e técnicos empenhada ao uso de conhecimentos no esclarecimento
dos crimes. [4]
1.2.1 Maconha
7
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
Quando a maconha é fumada, o THC entra nos pulmões e vai para a corrente
sanguínea, que transporta a substância aos órgãos, incluindo o cérebro. No cérebro, o THC
se associa a sítios denominados receptores canabinoides nas células nervosas impedindo o
que a célula pare de responder a estímulos, aumenta a liberação de outros
neurotransmissores como a dopamina e diminui a de glutamato. [2] Podendo ser observado
alguns efeitos causados no organismo sendo eles: uma euforia inicial, agitação, hilaridade,
tranquilidade e relaxamento, taquicardia, secura na boca e garganta, aumento do apetite,
hiperemia das conjuntivas (olhos avermelhados) e comprometimento do equilíbrio. [6]
1.2.2 Cocaína
8
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
2. OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo apresentar e discutir as técnicas de análises para
substâncias apreendidas utilizadas nos laboratórios de química legal da Policia Civil de Minas
Gerais, conjuntamente com os resultados obtidos em estágio no laboratório de química legal
na Perícia Criminal de São João del Rei.
3. TÉCNICAS E METODOLOGIA
9
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
A e outra técnica de qualquer categoria. Não tendo como empregar a categoria A devem ser
empregadas três técnicas de outras categorias, sendo que ao menos duas devem ser da
categoria B. [1]
Fonte: [1]
10
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
11
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
Figura 5. Reação negativa e reação positiva para alcaloides, por meio do uso do
reagente de Mayer. [7]
Realizando a análise para identificar a presença de cocaína nas amostras aplicou-se
o teste de Scott modificado e Mayer. Inicialmente a amostra foi inserida aos tubos de ensaio,
em seguida acrescentou-se cerca de 0,5 mL da solução de Scott Modificado diretamente
sobre a amostra. Depois, adicionou-se 2 gotas de solução de HCl 1:5, seguida de uma
agitação leve no tubo de ensaio. Por fim, acrescentou-se diclorometano à solução, incidindo
à formação de duas fases, e novamente agitou-se o tubo de ensaio: a fase aquosa (menos
densa) e orgânica (mais densa) com coloração azul turquesa para resultados positivos.
Posteriormente, realizou-se o teste de turbidez com o reagente Mayer. Ao mesmo tubo
de ensaio adicionou-se uma a duas gotas do reagente de Mayer. Para resultados positivos
houve a formação imediata de um precipitado branco leitoso (turvação da amostra).
12
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
13
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
Para a cocaína, a fase móvel da CCD foi clorofórmio/acetona 75/25 mL, acrescidos de
0,4 mL de hidróxido de amônio. O padrão de cocaína e os padrões mistos compostos de
cafeína, lidocaína e levamisol foram aplicados na placa, bem como as amostras. Depois da
eluição da placa, ela foi colocada na capela para secar por alguns minutos. Posteriormente
borrifou-se na placa, ainda na capela, a solução de Dragendorff (solução de iodeto de bismuto
de potássio), permitindo a visualização da cocaína na primeira coluna, lidocaína na segunda
coluna com fator de retenção (Rf) maior que a cocaína (a lidocaína é o adulterante mais difícil
de identificar).
Por fim, observou-se a cor e o fator de retenção (Rf) das manchas, confrontando com
as amostras padrões de referência (figura 7). [14]
14
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
As fases móveis utilizadas em cromatografia devem ter alto grau de pureza e serem
livres de oxigênio ou outros gases dissolvidos, filtrando e desgaseificando antes de usar e a
bomba deve possibilitar ao sistema uma vazão constante sem pulsos e com alta
reprodutibilidade, proporcionando a eluição da fase móvel a um fluxo correto. As colunas
usadas nesta técnica são normalmente de aço inoxidável, com diâmetro interno de
aproximadamente 0,45 cm e 2,2 cm para separações analíticas e preparativas,
respectivamente. O comprimento das colunas varia entre 10 a 30 cm e as mesmas podem ser
reaproveitáveis. O detector normalmente utilizado nas análises é a espectrometria de massas.
O registro de dados pode ser realizado por meio de um registrador, um integrador ou até
mesmo por um microcomputador. [9]
15
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Maconha
16
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
17
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
A sílica, fase estacionária recomendada para a análise de CCD, possui caráter polar,
logo o THC (muito menos polar que a sílica) não tende a permanecer retido nesta e sim a
percorrer a placa junto ao eluente por maior afinidade com este.
O agente revelador Fast Blue RE Salt. reage com os grupos fenólicos dos compostos
presentes na Cannabis sativa, produzindo coloração vermelho-purpura para o THC. A
coloração formada é resultado da combinação de cores produzidas pela reação com
diferentes canabinoides (THC = vermelho, canabinol = púrpura, canabidiol = laranja). O
produto da reação é representado a seguir (figura 10). [12]
C5H11
C5H11
Figura 10. Produto da reação da Cannabis com Fast BLue RE Salt. [12]
18
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
Figura 11. Placa de sílica ao fim do exame CCD com amostras de maconha.
Podem ocorrer amostras em que a coloração apareceu muito fraca e que não
apresentou coloração para o THC. No primeiro caso isso ocorre devido à baixa concentração
de THC na amostra, que pode estar relacionado com a parte da planta analisada visto que as
inflorescências e folhas tem maior concentração, ou também pode estar relacionado com o
tempo de vida da planta (THC degradado). No da ausência da mancha, o exame deve ser
realizado novamente com maior número de aplicações na placa. Caso apresente o mesmo
resultado conclui-se como um resultado negativo.
4.2 Cocaína
*R3 = cocaína.
Por fim, o segundo teste realizado, ainda nesta mesma análise, foi o teste de Mayer,
em que este é uma solução de tetraiodo-mercurato II de potássio [K2(HgI4)]. Ao adicioná-lo,
observou-se para amostras positivas a turvação de aspecto leitoso, indicando a presença de
alcaloides. [6] A Figura 12 representa os resultados obtidos tanto positivos quanto negativos
para o Teste de Scott e de Mayer.
19
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
Figura 12. Teste positivo de Scott e Mayer (esquerda). Teste negativo de Scott e Mayer
(direita).
A cocaína dificilmente tem sido traficada na sua forma pura, pois além das drogas
anestésicas tais como, lidocaína, benzocaína e procaína, inúmeras outras substâncias
também já foram detectadas como adulterantes para o aumento do volume do produto final.
Estes adulterantes normalmente são cafeína, ácido bórico, amido, açúcares, carbonatos,
bicarbonatos, talco, entre outros [6]. E, por isso, o padrão misto de referência contém as
drogas anestésicas, sendo possível diferenciar e identificar as amostras que há cocaína, bem
como os outros compostos no meio.
20
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
PI
P
L
Q
B
LA
o
iv
qu
ar
e:
nt
Fo
21
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
22
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
23
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essas técnicas foram de grande valia durante o período de estágio para realização
das análises, proporcionando uma separação e classificação detalhada e segura nos
compostos químicos contidos nas drogas de abuso.
Dessa forma, pode-se observar por meio dos métodos utilizados e estudos dos
apresentados, a relevância da Química Forense na elucidação de provas e promove controle
do uso abusivo de drogas, tendo em vista à proteção do indivíduo e da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] VELHO, J. A.; GEISER G. C.; ESPINDULA A.; Ciências Forenses: uma introdução às
principais áreas da criminalística moderna. Campinas – SP; Editora Millenium, 2012.
[2] MOTA, L.; DI VITTA, P. B.; Química Forense: utilizando métodos analíticos em favor
do poder judiciário, Revista Oswaldo Cruz, 2016. Disponível em:
<http://www.revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/Qu%C3%ADmica_Forense_utilizando_m%C
3%A9todos_anal%C3%ADticos_em_favor_do_poder_judici%C3%A1rio_.pdf>. Acesso em:
16 de abril de 2018.
[3] BORDIN, D. C.; MESSIAS, M.; LANARO, R.; CAZENAVE, S. O. S.; COSTA, J. L. Análise
forense: pesquisa de drogas vegetais interferentes de testes colorimétricos para
identificação dos canabinoides da maconha (Cannabis sativa L.), Quim. Nova, Vol. 35,
No. 10, 2040-2043, 2012.
24
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2018
[4] FARIAS, R. F.; Introdução à química forense. 2° ed. São Paulo, Editora Átomo, 2008.
Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/25632183/introducao-a-quimica-
forense---robson-fernandes-de-farias>. Acesso em: 20 de abril de 2018.
[6] PASSAGLI, M.; Toxicologia Forense: teoria e prática. 4° ed. Campinas, Editora
Millennium, 2013.
[8] SKOOG, D. A; WEST, D.M; HOLLER, F.J.; STANLEY, R.C. Fundamentos da Química
Analítica, Tradução da 8° edição norte americana. São Paulo, Ed.Thomson, 2007.
[9] VOGEL, A. I. Análise Química Quantitativa. 6° ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2002.
[11] RODRIGUES, R. F.; PAULA, W. X.; Teste de Duquenois-Levine. POP: STFQL – 003,
2007.
[12] MACHADO, Y.; Solução de Fast Blue RF Salt. POP: STQFL – 109, 2016.
[14] RODRIGUES, R. F.; PAULA, W. X.; Teste de Cromatografia em Camada Delgada para
Identificação da Cocaína. POP: STQFL – 018, 2007.
[15] MÜHLEN, C.; LANÇAS, M. F.; Cromatografia unificada, Quím. Nova, Vol. 27, No.5, São
Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422004000500014>. Acesso em: 02 de agosto de 2018.
25