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A PROBLEMÁTICA
A Maçonaria é, antes de tudo, uma escola de altos estudos, com base num sistema de
moral velado por alegorias e ilustrado por símbolos. O seu objetivo se compõe de dois
caminhos de realização: primeiro, a aquisição de conhecimentos da Filosofia Perene - os
Símbolos Sagrados (1), a Tradição Primordial-, e segundo, passar esse aprendizado para
adiante, para os novos iniciados. Ir pra frente, em inglês, move on. Do Mestre para o
Aprendiz. Assim, a Ordem atua, e atuará, indefinidamente até que a Humanidade se
redima da sua caída e a Maçonaria se espalhe por toda ela em um ato definitivo de fusão
e transformação. A Humanidade estará emancipada da ignorância, dos preconceitos e do
fanatismo, e a Maçonaria não será mais necessária. Deixará de ser, porque todos serão.
Todavia, e pelo andar da carruagem da decadência do mundo moderno, tudo indica que
a Maçonaria será necessária, ainda, por muito e muito mais tempo.
Todo maçom, por tanto, tem como principal objetivo freqüentar a sua loja maçônica e
estudar maçonaria. Essa experiência, e os demais conhecimentos adquiridos, devem ser
passados para os neófitos. E assim por diante. Até o fim dos dias, como dissemos acima.
Chegamos, agora, ao assunto que mais preocupa atualmente a muitos maçons: por um
lado, a maçonaria é pouco estudada nas oficinas e, por outro, a freqüência declina.
Todavia, um paradoxo se torna presente em esta problemática: a cada dia, mais profanos
continuam a ingressar na Maçonaria. Porém, depois de iniciados, um importante
percentual de membros não acha o que nela vieram procurar e desistem de freqüentar as
reuniões. Se o termo equivalente em sânscrito para iniciação é abhisheka, que significa
“espargir”, “verter”, e se para se verter é preciso que haja um vaso onde possa cair o
líquido vertido – o recipiendário-, então a pergunta correta é: será que o líquido que os
mestres maçons –em nome da Maçonaria- oferecem para completar o vaso, é o certo e o
suficiente?
CASO PRÁTICO
PROPOSTA OPERATIVA
A problemática da falta de estudo nas oficinas foi sempre uma preocupação das diversas
instituições maçônicas no Brasil. As Grandes Lojas, na tentativa de paliar esta
deficiência, introduziram uma modificação inédita nos rituais das lojas jurisdicionadas:
o chamado Quarto de Hora Maçônico. Conforme ele deve destinar-se quinze minutos
para leitura de peças de arquitetura que versem sobre ritualística e outros assuntos
maçônicos; não há debate nem comentários. Esta inovação, a pesar de ser passível de
criticas por não oferecer a possibilidade de uma ampla discussão acadêmica e fraternal,
todavia é um avanço: melhor quinze minutos do que nada. Ainda assim, nem sempre se
cumpre esta medida, sob alegação de falta de tempo.
Já, na prática, muitas oficinas preferem colocar a Peça de Arquitetura na Ordem do Dia
para ser decifrada sem limitações formais de tempo nem conteúdo. A sadia deliberação
entre os irmãos sobre temas de maçonaria, com a palavra indo e voltando livremente, se
soluciona, simplesmente, com a Suspensão dos Trabalhos para Recreação, onde a
recreação é o Estudo Maçônico. Muitas vezes participamos em Lojas onde o debate
maçônico durou quarenta minutos ou mais, sem alterar o horário de finalização da
reunião.
No caso apresentado, poderíamos economizar tempo apenas com estas simples medidas:
ler uma síntese das comunicações de outras oficinas e não a prancha completa
(economia de 9 minutos); a bolsa de propostas não faz o giro, apenas se apresenta para
quem tem alguma comunicação a fazer (6 minutos); palavras do V.: M.: ficam reduzidas
à metade (15 minutos); a Retirada se faz o mais rapidamente possível (5 minutos). Desta
maneira, teríamos uma economia de 35 minutos, aos quais somados os 5 minutos do
Quarto de Hora totalizariam enormes 40 minutos, que poderíamos empregar em
debates estritamente sobre assuntos maçônicos. É só querer fazer.
O profano que ingressa na Ordem, talvez não saiba ainda o que é a Maçonaria. Mas sabe
o que ela não é. Não é, aquilo que ele já tem lá fora. Beneficência, bingos, jantares,
esportes, burocracia, ajuda mútua, etc. Tudo isso já existe no mundo profano. A única
coisa que não existe fora da Maçonaria, é precisamente, Maçonaria. É o que o neófito
procura. É o que todos nós, também procuramos. E quem procura, com certeza, acha.
EUGENIO TSCHELAKOW
Notas.
(2) Na Maçonaria, uma maneira neutral de chamar o Ser Supremo, além de qualquer credo religioso. O
conceito de Deus como Grande Arquiteto do Universo tem sido empregado muitas vezes no catolicismo,
mediante ilustrações que podem ser encontradas em diversas bíblias desde a Idade Média. Santo Tomé de
Aquino sustenta que existe um Grande Arquiteto do Universo, a Primeira Causa, e que este é Deus.
Também, desde a Reforma, Calvino em “Institutas da Religião Cristã”, (1536-9), chama repetidamente
Deus de "O Arquiteto do Universo", e em seu comentário sobre o Salmo 19 refere-se a Deus como o
"Supremo Arquiteto": “Davi demonstra como é que os céus nos proclamam a glória de Deus, isto é, pelo
público testemunho que não foram postos em harmonia pelo acaso, senão que foram maravilhosamente
criados pelo supremo Arquiteto”. Já na Bíblia, Novo Testamento, Hebreus 11.10, podemos ler: “porque
aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é arquiteto e edificador.”