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Documento: 665213 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 14/12/2006 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a
Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmente do
recurso especial e, nessa parte, negar-lhe provimento, na forma do relatório e notas taquigráficas
constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Os Srs. Ministros
LUIZ FUX, TEORI ALBINO ZAVASCKI, DENISE ARRUDA e JOSÉ DELGADO votaram
com o Sr. Ministro Relator. Custas, como de lei.
Brasília(DF), 28 de novembro de 2006 (data do julgamento).
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RECURSO ESPECIAL Nº 861.296 - CE (2006/0137125-9)
RELATÓRIO
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que competia aos autores a prova de que a conversão das licenças-prêmios e das férias em
pecúnia se deu por necessidade do serviço.
Aduz que o acórdão vergastado desrespeitou o art. 286 do CPC, argumentando
que o pedido da inicial deve ser certo e determinado, não sendo permitida a declaração de
inexistência de relação jurídica decorrente de fato subordinado a evento futuro e incerto, como na
hipótese dos autos, em que restou reconhecida a não-incidência do imposto de renda sobre as
parcelas a serem percebidas pelos recorridos.
Aponta, ainda, divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e julgados de
outros tribunais, alegando que sobre o abono pecuniário de férias não gozadas e sobre os valores
convertidos a título de APIP deve incidir o imposto de renda, porquanto essas verbas possuem
natureza salarial.
Também em sede de dissídio jurisprudencial, afirma que o Tribunal a quo decidiu
de maneira contrária ao entendimento sumulado do STJ (Súmula nº 45/STJ), segundo o qual não
é possível agrava a condenação da Fazenda Pública em reexame necessário, situação verificada
pelo fato de ter sido determinada a incidência da taxa SELIC sobre o indébito, sendo que tal
providência não havia sido determinada pela sentença.
Por fim, aduz que há entendimentos jurisprudenciais no sentido de que os
honorários advocatícios fixados em face da Fazenda Pública devem ser no percentual de 5%, em
respeito ao art. 20, § 4º, do CPC.
É o relatório.
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RECURSO ESPECIAL Nº 861.296 - CE (2006/0137125-9)
VOTO
No que tange à alegação de que o Tribunal a quo negou vigência ao art. 286 do
CPC, também não assiste razão à recorrente.
Segundo afirma, o julgado não pode declarar a inexistência de relação jurídica
decorrente de fato subordinado a evento futuro e incerto, como na hipótese dos autos, em que
restou reconhecida a não-incidência do imposto de renda sobre as verbas a serem percebidas
pelos recorridos, devendo ser respeitado o preceito de que o pedido da inicial deve ser certo e
determinado.
De início, esclareça-se que o ordenamento jurídico pátrio não veda que relações
jurídicas condicionais sejam decididas pelo órgão julgador, como dispõe o art. 460, parágrafo
único, do CPC, verbis:
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determinada. No caso sub examine, foram respeitados tais requisitos. Primeiro porque a
prestação jurisdicional foi claramente definida no julgado, imputando-se a condenação à
recorrente, sendo, portanto, certa a sentença. Ademais, a aludida sentença também é
determinada, visto que restou explicitado sobre quais verbas não deve incidir o imposto de renda,
ainda que se refira a valores que serão recebidos pelos recorridos, pois, como já se falou, é
permitida a regulação, pelo Estado-Juiz, de relação jurídica condicional.
Na verdade, o que não é permitido pelo nosso sistema jurídico é a "sentença
condicional", que, no dizer do ilustre Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, "mostra-se
incompatível com a própria função estatal de dirimir conflitos, consubstanciada no exercício da
jurisdição". Não pode o resultado do processo, se procedente ou improcedente o pedido, ficar
pendente da ocorrência de evento futuro e incerto.
Nesse sentido, o julgado do citado Ministro desta Corte, in verbis:
No mais, quanto aos honorários advocatícios, não deve ser acolhida a postulação.
Ocorre que os requisitos utilizados para a fixação dos honorários consistem em:
grau de zelo do profissional, lugar da prestação do serviço, natureza e importância da causa, bem
como o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
Dessa forma, não vejo como apreciar esta questão sem esbarrar, novamente, no
óbice insculpido na Súmula nº 07 STJ, uma vez que em se tratando de percentual fixado para a
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verba honorária sua análise torna-se inadmissível na via estreita do recurso especial, pois tal
fixação depende do exame de circunstâncias fáticas, ficando, outrossim, a apreciação reservada
às instâncias ordinárias.
Tais as razões expendidas, CONHEÇO PARCIALMENTE do presente recurso
especial e, nesta parte, NEGO-LHE PROVIMENTO.
É o meu voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. DEBORAH MACEDO DUPRAT DE BRITTO PEREIRA
Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : MARIA CLÁUDIA GONDIM CAMPELLO E OUTROS
RECORRIDO : SÉRGIO BARBOSA DE SOUZA E OUTROS
ADVOGADO : PATRÍCIA PINHEIRO CAVALCANTE E OUTROS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso especial e, nessa parte,
negou-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Luiz Fux, Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e José Delgado
votaram com o Sr. Ministro Relator.
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