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INTRODUÇÃO
Depois de haver exposto em “O Livro dos Espíritos” a parte filosófica da ciência
espírita, Allan Kardec cuidou em “O Livro dos Médiuns” da parte prática da referida
ciência, com vistas aos que querem ocupar-se das manifestações, seja por si mesmos,
seja para se darem conta dos fenômenos que foram chamados a observar.
Na obra em apreço, ver-se-ão os escolhos que médiuns e experimentadores podem
encontrar e o meio de evitá-los.
As duas obras, conquanto seja continuação uma da outra, são até certo ponto
independentes; mas, aos que quiserem ocupar-se seriamente do assunto, o Codificador
recomenda ler primeiro O Livro dos Espíritos, porque contém os principais
fundamentos, sem os quais algumas partes d´O Livro dos Médiuns serão talvez
dificilmente compreendidas. (L.M., Introdução.)
QUESTÕES OBJETIVAS
2. Para falar a alguém sobre Espiritismo é preciso primeiro uma base. Que
base é essa?
Antes de entabularmos qualquer discussão espírita, importa-nos que averigüemos
se o interlocutor admite a existência da alma e a de Deus. Essa é a base de todo o
edifício. Se ele responde negativamente ou com evasivas ("Não sei; eu queria que fosse
assim, mas não estou certo") às perguntas: Crês em Deus? Crês ter uma alma? Crês na
sobrevivência da alma depois da morte?, seria totalmente inútil ir além, porque tal
intento seria o mesmo que demonstrar as propriedades da luz a um cego. Ora, as
manifestações espíritas não são outra coisa senão os efeitos da propriedades da alma.
Se o indivíduo não admite a existência desta, estaremos perdendo tempo, a não ser
que usemos uma outra ordem de idéias. (L.M., item 4.)
Qualquer que seja a ordem sob a qual ele aparecem depois, nada terão que possa
surpreender, poupando-se a quem quer trabalhar uma série de desenganos. (L.M.,
itens 31 e 32.)
14. Qual a causa da dúvida dos homens acerca das manifestações dos
Espíritos?
Uma causa que contribuiu para fortificar a dúvida, numa época tão positiva como a
nossa, em que se exige conta de tudo, em que se quer saber o porquê e o como de
cada coisa, é a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais podem
manifestar-se. Adquirido esse conhecimento, o fato das manifestações nada tem de
surpreendente e entra, assim, na ordem dos fatos naturais.
De fato, a idéia que fazemos dos Espíritos torna, à primeira vista, incompreensível o
fenômeno das manifestações. Estas não podem produzir-se senão pela ação do Espírito
sobre a matéria. Mas, se julgam que o Espírito é a ausência de toda matéria,
perguntam, com relativa razão, como pode ele agir materialmente.
Ora, aí está o erro, porque o Espírito não é uma abstração, é um ser definido,
limitado e circunscrito.
O Espírito encarnado no corpo humano constitui a alma; quando o deixa pela
morte, não sai sem nenhum invólucro. Todos nos dizem que conservam a forma
humana e é assim que eles nos aparecem. (Itens 52 e 53)
25. Por que o fenômeno das mesas girantes não mais ocorre?
Duas causas contribuíram para o abandono das mesas girantes: a moda, para as
pessoas frívolas, que dedicam raramente duas temporadas ao mesmo divertimento;
todavia, nesse caso conseguiram dedicar-lhe três ou quatro!
Para as pessoas sérias e observadoras saiu alguma coisa de respeitável, que
prevaleceu; desprezaram-se as mesas girantes porque se passou a ocupar das
conseqüências que resultaram das manifestações: deixaram o alfabeto pela ciência. Eis
todo o segredo desse abandono aparente, do qual fizeram tanto barulho os
zombadores. (Item 60)
31. Que é o chamado fluido universal e qual é seu estado mais simples?
Criado por Deus, o fluido universal é o princípio elementar de todas as coisas,
excetuados os seres inteligentes da Criação. Para encontrá-lo em sua simplicidade
absoluta, é preciso remontarmos até aos Espíritos puros.
ASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br 8
ESTUDO DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”
Na Terra ele está sempre mais ou menos modificado para formar a matéria
compacta que nos cerca, e aqui o estado que mais se aproxima dessa simplicidade é o
do fluido que, em Espiritismo, chamamos de fluido magnético animal. (Item 74)
Eis aí a explicação do fenômeno produzido por Daniel Home e por Mirabelli, uma
centena de vezes, consigo e com outras pessoas. Home o reproduziu certa vez numa
viagem a Londres e, para provar que seus espectadores não eram vítimas de uma
ilusão, fez no teto uma marca com um lápis, enquanto as pessoas passaram sob ele
levitado. (Itens 77 a 80)
O Espírito de uma pessoa viva, isolado do corpo, pode aparecer noutro lugar,
como o de uma pessoa morta, e ter todas as aparências da realidade; além disso, ele
pode adquirir uma tangibilidade momentânea.
Eis o fenômeno chamado bicorporeidade, que deu lugar às histórias de homens
duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea foi verificada em dois lugares
diferentes. É o que se deu com Santo Afonso de Liguori e Santo Antônio de Pádua,
como nos relata a história eclesiástica.
O fenômeno da bicorporeidade é uma variedade das manifestações visuais e
repousa nas propriedades do perispírito, que, em dadas circunstâncias, pode tornar-se
visível e mesmo tangível. (Itens 114 e 119)
Pode ocorrer o fenômeno sem que o corpo adormeça, conquanto isto seja muito
raro; nesse caso o corpo não está jamais num estado perfeitamente normal, mas num
estado mais ou menos extático. A alma, então, abandona o corpo, seguida de uma
parte de seu perispírito que, graças à outra parte, que permanece ligada ao corpo,
constitui o laço de ligação entre a matéria e o Espírito. (Item 119, parágrafos 1 e 3)
Como o Espírito tem, por sua única vontade, uma ação tão possante sobre a
matéria elementar, que dá origem a todos os corpos, concebe-se que ela possa não
somente formar substâncias, mas ainda alterar suas propriedades, fazendo aí o efeito
de um reativo.
Na magnetização da água, o Espírito que age é o do magnetizador, as mais das
vezes assistido por um Espírito estranho. Ele opera na água uma transmutação com o
auxílio do fluido magnético que, como já sabemos, é a substância que mais se
aproxima da matéria cósmica ou elemento universal. Como pode operar uma
modificação nas propriedades da água, pode igualmente produzir um fenômeno
análogo sobre os fluidos do organismo, e daí o efeito curativo da ação magnética
convenientemente dirigida. (Itens 129 a 131)
Bastava para isso que o médium pousasse as mãos nos bordos da mesa. Uma
pancada significava sim e duas, não. O inconveniente estava na brevidade das
respostas e na dificuldade de se formular perguntas de modo a conseguir-se um sim ou
um não. Depois surgiu a tiptologia alfabética, em que cada letra do alfabeto era
designada por um certo número de pancadas, isto é, uma pancada para o a, duas para
o b, e assim por diante.
Esse método é também muito moroso e, por isso, surgiu um modo de uso mais
corrente, em que a pessoa tinha diante de si um alfabeto inteiramente escrito, bem
como a série de números marcando as unidades. Enquanto o médium está na mesa,
uma outra pessoa percorre sucessivamente as letras do alfabeto, se se trata de uma
palavra, ou a dos números; ao chegar na letra necessária, a mesa bate por si mesma
uma pancada e se escreve a letra, e por aí prosseguia a experimentação.
Os seres invisíveis que revelam sua presença por efeitos sensíveis são, em geral,
de categoria inferior e que podemos dominar pelo ascendente moral; é este ascendente
moral que é preciso adquirir-se. Para obtê-lo, faz-se necessário passar o indivíduo do
estado de médium natural ao de médium facultativo, que tem plena consciência de seu
poder e produz os fenômenos espíritas pelo ato de sua vontade.
82. Que precauções deve o médium tomar para uma boa educação
mediúnica?
É um ponto indiscutível: sem as devidas precauções pode perder-se o fruto das
mais belas faculdades.
A primeira medida consiste em se colocar o médium, com uma fé sincera, sob a
proteção de Deus, pedindo-lhe a assistência de um Espírito guardião. Este é sempre
bom, enquanto que os Espíritos familiares podem ser levianos ou mesmo maus. A
segunda precaução é aplicar-se em reconhecer, por todos os indícios que a experiência
fornece, a natureza dos primeiros Espíritos que se comunicam e dos quais é sempre
prudente desconfiar.
Num navio da marinha imperial francesa, em serviço nos mares da China, todos
se ocupavam em fazer as mesas falarem. Tiveram então a idéia de evocar o Espírito de
um primeiro tenente do mesmo navio, morto havia dois anos. A entidade espiritual
compareceu e, depois de diversas comunicações que provocaram o espanto em todos,
disse o que se segue por meio de pancadas: "Eu lhes rogo insistentemente que paguem
ao capitão a quantia de ... (indicava a quantia) que lhe devo e que sinto não ter podido
reembolsá-lo antes de minha morte". Ninguém sabia do caso; o próprio capitão tinha
esquecido essa dívida, aliás bem pequena, mas procurando em seus apontamentos
encontrou a menção do débito do primeiro tenente, cujo valor conferia com a
mensagem. As comunicações psicográficas recebidas pelo médium Chico Xavier, que
dão informações pormenorizadas sobre nomes e endereços, especialmente por parte de
jovens recém-desencarnados, são uma prova incontestável de que as comunicações
autênticas nada têm a ver com o pensamento do médium ou dos assistentes. (Itens 69
e 70)
91. Nas sessões mediúnicas é preciso alternar-se os sexos, dar-se as
mãos, ambiente sem claridade, locais e horas certas?
Não; a única prescrição que é rigorosamente obrigatória é o recolhimento, um
silêncio absoluto e sobretudo a paciência, se o efeito tarda a produzir-se. A escolha de
dias e horas certas favorece o comparecimento dos Espíritos, que têm também suas
ocupações e não podem ficar à disposição das preferências dos encarnados. Um lugar
consagrado à atividade mediúnica facilita a concentração, embora o momento mais
propício à atividade mediúnica seja aquele em que os participantes da tarefa estejam
mais calmos e menos distraídos por suas obrigações habituais. (Itens 62, 63 e 282)
92. Que é preciso para que uma comunicação mediúnica seja boa?
Para que uma comunicação seja boa é preciso que ela proceda de um Espírito
bom; para que esse Espírito bom possa transmiti-la, necessita de um bom instrumento;
para que ele queira transmiti-la, é preciso que o fim lhe convenha. (Item 186)
Depende do grau de adiantamento real dos Espíritos que dão essas descrições,
pois devemos compreender que Espíritos vulgares são tão capazes de nos informar a
esse respeito quanto o é, entre nós, um ignorante de descrever todos os países da
Terra. Os bons Espíritos se comprazem em descrever-nos os mundos que eles habitam,
como ensino tendente a nos melhorar, induzindo-nos a seguir o caminho que nos pode
conduzir a esses mundos. Para verificar a exatidão dessas descrições, o melhor meio
reside na concordância que haja entre elas.
Deve-se ter em vista, porém, que semelhantes descrições têm por fim o nosso
melhoramento moral e que é, por conseguinte, sobre o estado moral dos habitantes
dos outros mundos que poderemos ser mais bem informados, e não sobre o estado
físico ou geológico de tais esferas. (Item 296)
145. De que nos serve o ensino dos Espíritos, se ele não nos oferece
mais certeza do que o ensino humano?
148. Na moralização dos maus Espíritos, qual pode ser a influência dos
homens?
O homem não tem certamente mais poder do que os Espíritos superiores, mas
sua linguagem se identifica melhor com a natureza dos Espíritos imperfeitos, sendo
certo, porém, que os ascendentes que o homem pode exercer sobre eles estão na
razão de sua superioridade moral. Por meio de sábios conselhos o homem poderá levá-
los ao arrependimento e apressar o seu adiantamento. (Item 254, parágrafo 5)
O Espírito pode, sem dúvida, fornecer provas quando lhe pedimos, mas não o faz
sempre, a não ser que lhe convenha, e geralmente este pedido o magoa; eis por que
devemos evitá-lo.
Ao deixar seu corpo, o Espírito não perde a susceptibilidade e, assim, se ofende
com toda pergunta que tenha por fim pô-lo à prova. As provas de identidade surgem,
aliás, de uma porção de circunstâncias imprevistas que não se apresentam sempre à
primeira vista, mas no prosseguimento dos trabalhos.
É conveniente, portanto, esperá-las sem provocá-las, observando com cuidado
todas as que podem decorrer da natureza das comunicações. (Item 257)
A linguagem dos Espíritos inferiores ou vulgares tem sempre algum reflexo das
paixões humanas; qualquer expressão que demonstre baixeza, presunção, arrogância,
charlatanismo, acrimônia, é um indício característico de inferioridade ou de velhacaria
se o Espírito se apresenta sob um nome respeitável e venerado.
Os bons Espíritos dizem apenas o que sabem; exprimem-se simplesmente, sem
prolixidade, jamais dão ordens; não se impõem, mas aconselham e, se não são
ouvidos, retiram-se; não elogiam, aprovam-nos quando fazemos o bem, mas sempre
com reservas; são muito escrupulosos nos atos que aconselham; em todos os casos
visam apenas a um fim sério e eminentemente útil; procuram corrigir os erros e pregam
a indulgência, e jamais semeiam a cizânia por insinuações pérfidas; da parte dos
Espíritos superiores o gracejo é freqüentemente fino espirituoso, jamais vulgar;
prescrevem apenas o bem e seus conselhos são perfeitamente racionais. (Item 267)
Reuniões frívolas são as que se compõem de pessoas que vêem apenas o lado
divertido das manifestações, que se divertem com as facécias dos Espíritos levianos, e
em que se perguntam toda sorte de banalidades, se faz ler a "buena dicha" e mil outras
coisas desse gênero.
Reuniões experimentais são as que têm por objetivo a produção das
manifestações físicas. Este gênero de experiências tem uma utilidade inegável, porque
foram elas que fizeram descobrir as leis que regem o mundo invisível. Se forem
dirigidas com método e prudência, obter-se-ão bem melhores resultados.
Reuniões instrutivas são aquelas das quais podemos tirar o verdadeiro
ensinamento e, para isso, devem ser sérias, ou seja, ocupar-se com coisas úteis,
excluídas todas as outras. (Itens 324 a 327)
162. Qual a utilidade das reuniões de estudo?
As reuniões de estudo são de imensa utilidade para os médiuns e para as
pessoas que têm um desejo sério de se aperfeiçoar. A instrução espírita não
compreende somente o ensinamento moral dado pelos Espíritos, mas também o estudo
dos fatos: é a ela que incumbe a teoria de todos os fenômenos, a pesquisa das causas
e, como conseqüência, a verificação do que é possível e do que não o é; numa palavra,
a observação de tudo que pode fazer progredir a ciência. (Itens 328 e 329)
Sim. As reuniões devem começar pela prece, por uma espécie de oração que
facilita a concentração; mas não basta pronunciar algumas palavras para afastar os
maus Espíritos. A eficácia da oração está na sinceridade do sentimento que a dita; está
sobretudo na unanimidade da intenção, porque nenhum daqueles que a ela não se
associar de coração não se poderá beneficiar, nem beneficiar os outros. (Cap. XXXI,
item XVI)