Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O ESPIRITISMO CIENTÍFICO
Essa verdade, que hoje honestamente não se pode contestar, é reafirmada por Deolindo
Amorim, quando declara que o Espiritismo "não se limita a um misticismo improdutivo, volve-
se para onde possa chegar nossa atividade, dirige-se a todas as disciplinas, alcança todas as
esferas do conhecimento".
A Ciência Espírita se classifica, assim, entre as ciências positivas ou experimentais e se
utiliza do método analítico ou indutivo, porque observa e examina os fenômenos mediúnicos,
faz experiências, comprova-os. Seu objeto (45) é o Espírito, o princípio inteligente do Universo,
e, por isso, disse muito bem o inolvidável Pinheiro Guedes;
"O psiquismo é sem dúvida uma ciência, ciência vasta, profunda, eclética; constrói a
síntese da vida humana e a evolução do Espírito."
"A nova ciência espiritualista não é, pois, uma obra de imaginação; é o resultado de
longas e pacientes pesquisas, o fruto de inúmeras investigações. Os homens que as
empreenderam são conhecidos em todas as esferas científicas: são portadores de nomes
célebres e acatados." — Léon Denis, "No Invisível".
Não foi sem motivo, portanto, que o Codificador preferiu definir o Espiritismo dizendo que
"é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas
relações com o mundo corporal".
Também Gabriel Delanne, em seu "O Espiritismo Perante a Ciência", afirma, categórico:
"O Espiritismo deixa de parte as teorias nebulosas, desprende-se dos dogmas e das
superstições e vai apoiar-se na base inabalável da observação científica", opinião que
igualmente expressa em "O Fenômeno Espírita", outra de suas monumentais obras:
"Como ciência nova, última da escala das ciências, o Espiritismo abre nova era na história
do conhecimento", afirma o Prof. J. Herculano Pires, em seu magnífico "O Espírito e o Tempo",
e embora considerados como "provas anedóticas" os fatos do Espírito sempre atraíram a
atenção de numerosos grandes homens da Ciência, das Artes e das Letras. Os físicos,
principalmente, embora negando a sobrevivência do Espírito e até mesmo sua existência,
deslumbram-se hoje com as maravilhas do mundo do infinitamente pequeno, inclinando-se para
conceitos antinaturais como tempo regressivo e massa negativa, às voltas com teorias que se
contradizem, com o fantástico neutrino, capaz de atravessar, com a velocidade da luz, o corpo
sólido da Terra, como se fosse ura espaço vazio.
A teoria dos fluidos, lançada pelos Espíritos, através da obra da Codificação, negada pela
Ciência, revive no "oceano extraordinário de elétrons negativos" de Dirac, a lembrar o velho
conceito do éter.
As experiências, apesar das marchas e contramarchas da Ciência, confirmam as teses
espíritas e, em verdade, existe hoje um verdadeiro namoro dos Físicos com os fenômenos do
Espiritismo, naturalmente com outros nomes, como afirma Arthur Koestler, em "As Razões da
Coincidência".
Felizmente, a Parapsicologia já merece a atenção dos nossos cientistas (46), mas é
pouco, por incluir apenas o estudo de fenômenos anímicos, embora, através dela, os fenômenos
theta já se façam sentir, veementemente. Nem é sem motivo que pesquisadores assim se
expressam, hoje:
"A pesquisa psíquica é um dos ramos de investigação mais importantes que se oferece
ao espírito humano." — H, H. Price.
"(...) afirmar que existe só a matéria e nenhum espírito é a mais ilógica das propostas. É
bem diferente da descoberta da Física moderna. Esta mostra que, no significado tradicional do
termo, não existe matéria." — V. A. Firsoff, "Mind and Galaxies".
"Ocorre um fenômeno psíquico quando uma informação é transmitida por um sistema
físico sem o uso de qualquer forma conhecida de energia física." — John Randall.
O ESPIRITISMO FILOSÓFICO
"A lei natural e a lei de Deus; a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe
indica o que ele deve fazer ou não fazer, e ele só se torna infeliz porque dela se afasta." — Allan
Kardec, Questão 614 de "O Livro dos Espíritos".
Como ser moral, consciente, o Homem tem liberdade com responsabilidade, e é isso
que a filosofia espírita lhe mostra com clareza, a luz da doutrina das vidas sucessivas, da
reencarnação, do carma e do livre-arbítrio, demonstrando-lhe também que a vida e eterna e
que ele deve fazer dessa vida uma permanente fonte de ventura e felicidade, pela obediência
as leis que regem toda a Criação. Filosofia (42) de amor e bondade, de tolerância e solidariedade,
de consequências religiosas,
"A Filosofia Espírita desemboca, assim, na Moral Espírita, que não e outra senão a
própria moral evangélica, racionalmente explicada, inteiramente desembaraçada das
interpretações teológicas e místicas" — J. Herculano Pires, "O Espírito e o Tempo".
O ESPIRITISMO RELIGIOSO
Sempre se considerou religião (de relegere, que significa "tratar com as coisas de Deus",
ou de religare, isto é, ligar o homem a Deus, ou melhor, levá-lo de volta a Deus) o culto instituído
e formal, com seu templo ou igreja, suas imagens, seu ritual, sua hierarquia sacerdotal, seus
dogmas, mitos e crendices.
Nesse sentido, o Espiritismo não é religião. (47) Por isso, Kardec, orientado pelos
Espíritos, estabeleceu, primeiramente, os fundamentos filosóficos e científicos da Doutrina (48),
pois conhecia bem os homens, com seu espírito de imitação, suas fraquezas e seu gosto pelo
exótico e pomposo. E porque não se tratava de fundar mais uma religião, capaz de satisfazer
apenas os sentidos físicos e os sentimentos superficiais da criatura, mas sim as necessidades
íntimas da Alma, só mais tarde foi publicado "O Evangelho segundo o Espiritismo".
Entretanto; o Codificador esclarecia, em seu discurso de 1' de novembro de 1868, na
Sociedade Espírita de Paris, que
"sem dúvida, no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos
disso".
Seu pensamento é o mesmo, exposto muito mais tarde, de outro grande vulto da
Filosofia, o brasileiro Farias Brito, em "A Verdade como Regra das Ações", 1905:
"(...) a religião que impôs ao homem uma fé dogmática e contraditória, ameaçou-o com
penas e sofrimentos irremissíveis, embalou-o com mentiras e promessas, que não podiam ser
cumpridas, violando sua consciência, seu raciocínio e sua liberdade".
Se admitimos Deus, é preciso que criemos uma forma de adorá-lo. Daí, a Religião.
"Basta a análise do próprio texto de "O Livro dos Espíritos", que começa pela definição
de Deus, aponta Jesus como o modelo humano e termina tratando das leis morais, da lei
religiosa de adoração, e das penas e gozos futuros",
para, segundo o Prof. J. Herculano Pires, in "Os Três Caminhos de Hécate", compreendermos e
aceitarmos o sentido religioso do Espiritismo, porque
"negar que tudo isso seja religião é a mesma coisa que negar a existência da luz solar".
"Pelas leis morais do Cristo, que segue; pela parte do Cristianismo, que representa; pela
obrigação que se impõe de divulgar o Evangelho; pelo dever, que mantém, de colocar as leis
divinas acima de tudo, como a fonte do progresso humano, o Espiritismo reivindica a parte que
lhe cabe no seio das religiões."
O caráter religioso do Espiritismo tem sido contestado por muitos espíritas que, até
certo ponto, teriam razão, se não fossem as evidências, em que nós podemos basear, para
pensarmos de modo contrário, e, outrossim, as manifestações insofismáveis do próprio Allan
Kardec, a esse respeito, em todas as obras da Codificação Espírita:
Notas:
(41) "Todos têm o desejo natural de saber", dizia o grande Aristóteles. É exatamente
esse desejo de saber, raciocinando, que distingue os homens dos outros seres: pela dúvida
metódica se chega à certeza fundamental, porque, como dizia Descartes: Cogita, ergo sum.
(42) A Filosofia "é a ciência de todas as coisas, por suas causas mais elevadas, adquiridas
à luz natural da razão: ciência, soma de conhecimentos certos; de todas as coisas, de tudo
quanto existe ou é; por suas causas mais elevadas, explicando-as de modo definitivo; a luz
natural da razão, pela evidencia intrínseca, não pela autoridade". — Padre Francisco Leme
Lopes, "Introdução a Filosofia".
"A Filosofia se baseia no conhecimento da essência que Informa as coisas, a
individualidade e a personalidade do homem. E indiscutível que, para o estudo do Novo
Espiritualismo, faz-se necessário conhecer os princípios essenciais da Filosofia. Mas porque é
necessário esse conhecimento? Porque o kardecismo está estreitamente ligado a filosofia
espiritualista, sem a qual não poderíamos compreender exatamente os valores e o alcance da
teoria e prática do ESPIRITISMO" — Humberto Marriott, em "O Homem e a Sociedade numa
Nova Civilização", Edicel Ltda., 1967.
(43) Muitas verdades, deduzidas pela demonstração e concatenadas entre si, formando
um sistema, eis a Ciência. Constitui, em última análise, uma soma de conhecimentos, ordenados
e lógicos.
(44) O método científico, de Galileu e Newton, é aquele em que se acumulam dados
experimental, formulam-se hipóteses de trabalho, seguidas de rigorosa experimentação, para
que as teorias se ajustem aos fatos, dos quais induzimos as leis. Temos assim a observação, de
uma ou várias coisas, a hip6tes«, uma explicação provisória, a experimentação, repetição do
fenômeno para testar a hipótese, a indução, a extensão do nexo aos vários casos idênticos, a lei,
que contém os princípios, a teoria, que busca a explicação.
Kardec disse, com multo acerto, que, "como meio de elaboração, o Espiritismo procede,
exatamente, da mesma maneira que as ciências positivas, aplicando o método experimental".
— "A Gênese".
(45) O objeto da Ciência é tudo o que ela abrange, tudo o que examina, tudo quanto
constitui motivação para sua pesquisa. Assim, na Ciência Espírita, o objeto ê o Espírito, a
realidade única, cuja sobrevivência comprovam e proclamam como o fato capital da História da
Humanidade Terrena.
(46) Embora falando em "mente" e não em "espírito", muitos cientistas se voltam hoje
para as manifestações Inegáveis de uma energia diferente, que procuram estudar aplicando os
métodos estritamente considerados pela tecnologia moderna, A fotografia kirliana, por
exemplo, demonstra a existência da aura humana. Convém ler, pela soma de informações que
contém, a respeito da Parapsicologia (dos ocidentais), ou Psicobiofísica (dos russos) ou ainda
Psicotrôníca (dos tchecos), a obra de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, intitulada "Experiências
Psíquicas Além da Cortina de Ferro".
(47) "Allan Kardec deu à doutrina um tríplice aspecto: o cientifico, o filosófico, o
religioso. Mas afirmou sempre que o Espiritismo não era uma religião, para significar que não
era como as outras." — Júlio de Abreu Filho, em "Chama Divina", 1959, Editorial Critica.
(48) "Só depois de uma conscientização filosófica e científica, a Doutrina Espírita oferece
"O Evangelho segundo o Espiritismo" — explicação das máximas morais do Cristo em
concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida." — Prol.
Newton de Sarros, in "Anais" (Ano III) do Instituto de Cultura Espírita do Brasil.