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O texto está sendo apresentado abaixo na forma como foi decupado. Fiz pequenos
ajustes, apenas, como a introdução de subtítulos e a correção de alguns senões gramaticais,
naturais em situações como a que o professor se encontra. A introdução de subtítulos visa
tornar o texto um pouco mais explícito e facilitar a identificação dos assuntos abordados.
Vale ressaltar que Herculano estuda os livros com os olhos voltados à particularidade
de cada um e ao conjunto do qual faz parte, ocasião em que realiza o enquadramento deles
como obra relacionada à filosofia, à ciência ou à religião. É assim que deixa clara a sua
natureza mas, também, as razões pelas quais entende o Espiritismo como doutrina
fundamentalmente preocupada com o Espírito e voltada ao seu conhecimento.
O tom familiar da palestra não impede que Herculano apresente uma riqueza de
informações impressionante, decorrente de sua constante atualização em relação ao
conhecimento que se produzia à sua época mas, também – e disso devemos estar certos –
resultante daquela bagagem que é inerente a todos os seres humanos multiexistenciais e que,
nele, Herculano, surgia como que à flor da pele sempre que seu espírito se punha a comparar
o novo com o velho, as tendências com a realidade, a parte e o todo.
Então só havia como autoridade para falar sobre o espírito, haviam os grandes sacerdotes,
os representantes das grandes religiões que eram os incumbidos disto, só eles podiam falar
disto, tratar disto, porque os outros não entendiam nada e nem queriam entender. Os
cientistas achavam que este problema de alma, de espírito, de sobrevivência após a morte era
um problema que devia competir apenas às religiões, eles não queriam saber disto. Então
Kardec diz, não mas o problema não é este não. A existência do espírito e a sua sobrevivência
estão integrados na própria natureza. Se as ciências tem por finalidade estudar a natureza e
revelar-nos a verdade sobre os processos naturais, se ela busca conhecer a realidade ela tem
que cuidar do espírito também. Mas como não havia ciência pra cuidar disso, ele disse o
Espiritismo funda a ciência do espírito. E fundou mesmo. A ciência do espírito. Então, esta
ciência do espírito parte da manifestação do espírito, só tem que partir disto, nós não
podemos estudar o espírito no plano puramente abstrato. Não podemos nos afastar da
realidade em que nós vivemos para mergulhar no infinito e estudar o espírito lá. Então, a
ciência do espírito tem de se apoiar nas manifestações do espírito. Estas manifestações do
espírito são dadas, como sabemos, através de toda a fenomenologia mediúnica, através das
manifestações mediúnicas. Então nós temos esse campo como o campo de pesquisa da ciência
espírita. Mas diz Kardec, o objeto da ciência espírita é o espírito, não é portanto os fenômenos
em si, é o espírito.
Para termos uma ideia do que seja a ciência espírita podemos ver, não só n’O Livro dos
Médiuns como também no livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec, na última parte do livro, as
pesquisas feitas por ele com relação ao estado, a situação dos espíritos depois da morte. Quer
dizer, ele então investigava os espíritos através da mediunidade, mas tendo como objetivo
principal saber o que era o espírito, como o espírito sobrevivia ao corpo, como ele permanecia
e vivia no mundo espiritual, o que ele faz no mundo espiritual, qual é o seu destino, tudo enfim
que se relaciona com o espírito. Quer dizer, os fenômenos são apenas a porta de entrada da
ciência espírita, apenas o elemento que facilita a pesquisa.
Eu estou dizendo isto porque é bom a gente conhecer bem este assunto para não fazer
confusões. Por exemplo, muita gente diz assim. A parapsicologia está suplantando o
Espiritismo. Não é verdade, a parapsicologia até agora só confirmou o espiritismo. O Padre
Quevedo por exemplo diz. A parapsicologia matou o espiritismo, não existe mais nada.
Mentira do padre, ele não devia mentir mas mente. Mentira porque ele sabe que não é assim.
Ele sabe, ele tem estudado o assunto e ele sabe que não é. Quer dizer, a parapsicologia só tem
confirmado o espiritismo. Até hoje, nenhuma pesquisa da parapsicologia, da parapsicologia
moderna, nenhuma pesquisa dela derrubou um único princípio espírita, nenhum. Não é
extraordinário isto? Desde 1930 quando começou a pesquisa parapsicológica nos Estados
Unidos, até hoje não houve nada na parapsicologia que derrubasse um só princípio do
espiritismo. Pelo contrário, todos os princípios foram confirmados.
Os que querem combater o espiritismo alegam então: não, mas tal cientista diz que pode
explicar isto da seguinte e seguinte maneira. Bom, o cientista disse baseado numa teoria,
numa hipótese que ele formulou. Mas o que nos interessa não são as hipóteses, são os
resultados da pesquisa. E essas hipóteses que são citadas contra o espiritismo forma todas
derrubadas pela pesquisa, a pesquisa não as comprovou. Então são hipóteses que não tinham
valor, hipóteses apenas como instrumento de trabalho, apresentadas como uma orientação
para pesquisa para ver se conseguia confirmar naquele campo, naquele ponto. Por exemplo,
um indivíduo diz assim: não é espírito que se manifesta, é o próprio espírito do indivíduo, do
médium que está falando. Então esta é uma hipótese, é uma hipótese que foi colocada, vamos
estudar, vamos pesquisar. A pesquisa feita provou o contrário. Quer dizer, se provou o
contrário a hipótese caiu, não existe mais. Eles então alegam baseando-se nessas hipóteses
que não existem, foram derrubadas pela pesquisa. Mas a pesquisa até agora só fez confirmar.
Então existem dois mundo interpenetrados, é essa a teoria espírita, dois mundos
interpenetrados, é o mundo espiritual e o mundo material. Mas a antimatéria não é o espírito.
Então o que seria a antimatéria? Para nós a antimatéria é o fluído universal, é o fluído
universal de que se constitui o mundo espiritual mais próximo da terra, aquele que nós
sabemos habitados por espíritos ainda revestidos de perispírito pesado, de corpo espiritual
pesado, muitas vezes tão densos que quase se aproximam da materialidade. Então a pesquisa
da própria ciência material acabou confirmando também um princípio espírita que a
parapsicologia não podia confirmar porque não era do campo de pesquisas dela, foi
confirmado pela Física. Atualmente como sabemos o avanço das pesquisas nesse terreno
chegou a descoberta do perispírito, do corpo espiritual do homem né, que os cientistas
soviéticos chamaram de corpo bioplástico ou bioplasmático. Então esse corpo também está
confirmado pelas ciências, e pelas ciências físicas. Temos mais uma confirmação que seria
muito difícil se obter na parapsicologia, mas que se obteve na Física e na Biologia, porque
biólogos e físicos estão empenhados no estudo disso.
Mas a ciência espírita ela trata como já dissemos não desses aspectos que pertencem a
área de ciências né, a área de ciências que dividem os dois campos. Aqui nós temos por
exemplo as ciências da matéria, aqui nós temos as ciências do espírito e aqui no meio nós
temos a área das ciências intermediárias, que são metapsíquica, a área psicologia, ciência
psíquica inglesa, e assim por diante, as várias ciências que estudam os fenômenos mediúnicos.
Se temos aqui a matéria e aqui o espírito, temos aqui a mediunidade. Quer dizer, esta área das
ciências que é ocupada pela Parapsicologia hoje, e pela Metapsíquica que ainda também
subsiste, continua a se desenvolver. Então, esta área das ciências é a área que trata da
mediunidade e não do espírito, mas esta área que é do Espiritismo é a Ciência do Espírito.
Olha, então nós já vemos que a doutrina tem aspectos que a gente precisa compreender,
prestando bem atenção no estudo porque se não nós podemos fazer confusões, né. Por
exemplo, lá na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas um companheiro de Kardec propôs a
ele certa vez. Vamos trabalhos de materialização aqui. Kardec disse acho que não, mas vou
consultar o espírito guia. Consultou o espírito guia do trabalho e o espírito disse não.
Materializações, efeitos físicos, essa coisa toda é para os cientistas, eles vão verificar isto, você
trata do espírito, da pesquisa do espírito.
Então as pesquisas de Kardec a gente pode ver, principalmente no final do livro O Céu e o
Inferno, e ver de maneira completa na Revista Espírita, a Revista Espírita em seus doze
volumes da Revista Espírita, ali a gente vai encontrando as várias investigações feitas por
Kardec, tudo publicado integralmente ali, com as manifestações dos espíritos, as respostas
dadas a Kardec sobre as suas perguntas, mostrando como o espírito se sente no mundo
espiritual, como inclusive o espirito de pessoas vivas, que foi uma pesquisa muito importante
de Kardec, espírito de pessoas vivas durante o sono, quando estão dormindo se retiram e
passam a viver no espaço. Então como esse espírito se sente no espaço, o espírito da pessoa
viva, quais são as sensações que ele tem, tudo isto foi pesquisado intensivamente por Kardec,
durante doze anos de pesquisas. Então aí nós temos a Ciência Espírita realmente e O Livro dos
Médiuns é o livro fundamental dessa ciência.