Universidade Federal Fluminense – PUCG

Etnografia:
Os frequentadores do Jardim São Benedito

Thaís do Carmo Periard

Trabalho apresentado ao curso de História,

disciplina de Antropologia II, da Universidade
Federal Fluminense – PUCG, Campos dos
Goytacazes / RJ.

Campos dos Goytacazes,

Maio de 2014
 Os frequentadores do Jardim São Benedito

Esta etnografia tem como principal objetivo a descrição das mais

variadas personalidades que frequentam o Jardim São Benedito, situado no

centro da cidade Campos dos Goytacazes. Esta pesquisa foi feita no sábado à

tarde no momento que as pessoas já saíram de seu trabalho e vão até a praça

para se divertir de forma barata.

A praça está situada em uma área de classe média da cidade, dessa

forma, os nativos da praça aparentam, também, serem desta mesma classe

social. Pode ser percebido então, que frequentar a praça foi uma opção que a

classe média encontrou de ter lazer sem ter que gastar muito, pois não é

necessário pagar entrada.

O público que costuma ir até o local, é de diferentes idades são crianças,

adolescentes, jovens e adultos. Eles têm a oportunidade de praticar diferentes

atividades, sendo possível agradar as mais distintas personalidades. O local

disponibiliza brinquedos para crianças, viveiro de pássaros e coelhos, quadras

de esportes, aparelhos de academia ao ar livre e um extenso gramado.

Por ter o extenso gramado, os nativos adquiriram o hábito de fazer

piquenique que consiste em forrar uma toalha na grama; levar comidas como:

bolos, doces, biscoitos, refrigerante, sucos e vinhos; e se sentarem sobre a

toalha comendo a comida e conversando com quem mais estiver junto.

Aparentemente, não é corriqueiro fazer esta atividade sozinho.

O piquenique no Jardim São Benedito é comum de ser feito por famílias

– em sua maioria, pai, mãe e filhos – ou por grupo de amigas – em média cinco

moças. Também foram vistos muitos casais de namorados com esta mesma
prática, porém neste caso é apenas um casal sozinho que deseja ter uma tarde

romântica.

As crianças são o tipo de nativo mais frequente da praça. Elas são, na

maioria das vezes, levadas pelos pais para que possam, assim, socializar com

outras crianças. A impressão que se tem é que a praça acaba se tornando o

quintal da casa delas. Muitas dessas crianças, com certeza, moram em

apartamento e acabam não tendo um espaço apropriado onde elas possam

brincar a vontade.

Essas crianças tem o costume de levar brinquedos de casa, bolas,

bonecas e bicicletas. Pode ser percebido que a bola é o método mais fácil de

sociabilização das crianças, pois este é um brinquedo que precisa de pelo

menos duas crianças para se tornar mais interessante. Elas brincam de futebol

e queimada na maioria das vezes.

A queimada é uma brincadeira muito interessante e todos podem brincar

sem problemas. Não há a necessidade de ter muita técnica e as regras são

fáceis. O jogo consiste em dois times que têm um mesmo campo, entretanto

eles ficam separados por uma linha que vai de uma lateral a outra e um time

não pode invadir o território do outro. A bola deve acertar qualquer parte do

corpo de uma pessoa do time adversário sem tocar no chão antes e ela pode

ser arremessada de qualquer local dentro do campo do lançador. Ganha o time

que conseguir “queimar” – fazer a bola encostar no corpo do inimigo – todos os

seus adversários.
 As crianças ainda têm a possibilidade de usar os brinquedos que ficam

fixos na praça como: os balanços, as gangorras e os escorregadores que

também possibilitam a sociabilização entre elas.

Os adolescentes e jovens nativos da praça costumam utilizar a praça

como ponto de encontro com os amigos. Na maioria das vezes se reúnem mais

de cinco jovens, sendo que os grupos são formados tanto por meninas quanto

meninos. Esses jovens fazem piquenique, mas, como já foi dito, essa prática é

mais comum em grupos que têm apenas moças.

Os jovens e até mesmo os adultos do sexo masculino, usam a praça

para praticar esportes como o vôlei e o basquete, no entanto, o futebol é o mais

praticado entre eles. Esse hábito tão comum deve-se ao fato do futebol ser o

esporte mais difundido na sociedade dos nativos. Há ainda alguns homens que

praticam artes marciais como a capoeira.

Outra prática comum entre os homens, desta vez os mais jovens, é

andar de skate, mas também existem algumas poucas moças que têm este

costume. O skate é uma prancha de madeira com rodinhas fixadas na parte

inferior. A pessoa deve tentar se equilibrar sobre a prancha em movimento e

tentar executar algumas manobras. Quanto mais difíceis forem as manobras,

mais habilidade a pessoa que pratica tem.

Os jovens também têm o hábito de ir á praça para cantar e tocar. Eles

costumam levar violão que é bem prático para carregar e não tem a

necessidade de ser ligado a energia elétrica. Os estilos de musicais são os

mais variados, porém os mais tocados e cantados são rock nacional, rock
internacional e MPB. Com menor frequência estão as pessoas que levam

pandeiros para cantar pagode e samba.

Também foi constado que no entorno da praça desenvolveram

pequenos comércios. Estes comerciantes viram que vender produtos como

pipoca, soverte e brinquedos, em um local com grande movimentação de

pessoas, é uma boa oportunidade de ganhar dinheiro.

Recebendo as mais variadas personalidades, o Jardim São Benedito

sempre está aberto para que as pessoas, com diferentes hábitos e práticas,

possam ter lazer e divertimento gratuitos.