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Separação SUJEITO-OBJETO

A REALIDADE DA CONSCIÊNCIA CÓSMICA

Quem é o sujeito e quem é o objeto da percepção sensitiva?

Vocês já pararam para se perguntar o porquê que em cada medida que


fazemos no ato da observação, a maneira como a “forma” de um objeto
aparece na tela mental durante a percepção, surgem sempre dois
“entes” , simultaneamente, de maneira inexorável: o sujeito que percebe
e o objeto que é percebido!? É simplesmente fascinante esse fenômeno!
Além de “surgir” dentro de um sistema de codependência, isto é, o sujeito
torna real o objeto e o objeto torna existente o sujeito, surge também
outra característica que é o fato de o objeto sempre aparecer externo –
“fora” – da minha percepção. Ele se torna um objeto externo e “separado”
da “representação mental que faço desse objeto. Subjacente ao ato da
percepção algumas atividades internas correlacionadas estão ocorrendo.
Um  “disparo” de vários neurônios que lançam seus quadrilhões de
neurotransmissores nas milhares e milhares de sinapses (conexões entre
neurônios). A quantidade de conexões que cada neurônio pode fazer
chega a uma contagem aproximada de 10 elevado a milionésima potência
(um número enorme). Para que o cérebro entenda o que está
acontecendo no seu “exterior” é necessária uma verdadeira “linguagem”
cerebral. Essa linguagem específica do cérebro chama-se potencial de
ação. O potencial de ação é produzido pela “entrada” de sinais
eletromagnéticos pela retina (luz refletida pelo objeto que excita células
especializadas no olho humano). A mágica da realidade externa ocorre a
cada abrir e fechar de olhos. Pois bem. Esses sinais levam a informação
para regiões cerebrais cujos neurônios disparam seus neurotransmissores.
Depois desse “disparo”, os neurotransmissores são prontamente
reabsorvidos pelo sistema biológico. Pergunta importante nesse
momento: O que fica então depois que os neurotransmissores saem da
cena biológica no momento da percepção do objeto? Fica a memória
desse objeto. Fica a “sequência” e os “padrões” de disparos simultâneos
formando uma verdadeira rede de conexão que sempre que
“lembrarmos” do objeto em questão ele estará lá, em nossa “tela” mental
como uma representação do objeto. O cérebro não diferencia realidade
de imaginação! Pensem no objeto da percepção e a mesma rede de
conexão se fará presente.

Voltaremos a esse tema mais adiante tentando entender o sujeito da


percepção. Por agora vamos retomar o raciocínio do objeto externo da
percepção. Os objetos externos, no momento da percepção, são ditos
objetos corpóreos, objetos grosseiros feito de alguma “substância”. Qual
substância? Qual “bloco” concreto estará ali presente no objeto corpóreo
que existe “para nós” e que são especificados através da percepção
sensitiva. Essa é a grande questão!!! Quando aprofundamos o estudo dos
componentes internos dos objetos corpóreos (externos) começamos a
“criar” um outro tipo de universo, um outro tipo de mundo, um outro tipo
de objeto que é percebido ou especificado apenas pela medição científica.
Entre em cena o modus operandi da ciência e todo o seu arsenal de
instrumentação que literalmente cria um novo universo, isto é, o universo
dos objetos físicos associados ao objeto externo (corpóreo). O objeto
físico possui uma série de “entes” que se tornam observáveis e
especificados através de uma instrumentação própria. Veja que
interessante. Em todo o experimento há uma “intenção”! O
Experimentador deve possuir uma “teoria” para criar um determinado
aparelho para que ele (O Observador-Experimentador) “pergunte” a
natureza do objeto e a natureza do objeto “responda”. Há uma
participação ativa no momento da observação. Portanto, aqui emerge
uma nova concepção de como os objetos físicos associados aos objetos
corpóreos que existem “para nós” são criados. Há uma necessidade de
uma “representação mental” do objeto corpóreo ao mesmo tempo que há
a necessidade de uma “representação “teórica-matemática” do objeto
físico que se “mostra a vista” através dos aparelhos de medição. O
universo da matemática, do números, das teorias advém da
representação abstrata de uma teoria e sua representação que ocorre no
cérebro do experimentador. Daí surgem os entes “observáveis” dos
objetos físicos – peso, densidade, campo eletromagnético, momento
elétrico do elétron, galáxias, campos morfogenéticos, corpos e energias
sutis e etc, etc – há uma gama de observáveis em diversas gradações de
possibilidades. Todos são objetos físicos que nada mais são senão as
“respostas” da natureza do objeto corpóreo aos questionamentos –
“perguntas” – feitas pelo Observador-experimentador.

Temos, então,  um objeto corpóreo que se apresenta “para nós”, durante


a percepção sensitiva  e que foi também responsável pelo surgimento
simultâneo e codependente do sujeito que percebe. Essa é a cisão sujeito-
objeto em cada percepção sensitiva. Vejam que na percepção sensitiva
não conseguimos perceber a “totalidade” do objeto corpóreo.
Percebemos apenas de uma forma parcial, ou seja, percebemos apenas
uma parte da realidade. Há uma outra realidade que não percebemos
pelos sentidos. O Objeto corpóreo possui algo “transcendente” associado
a ele. São os “entes” observáveis que constituem o  objeto físico
especificado pela medição e teoria (teoria e experimento formam um ato
único cognoscível). O objeto físico torna-se presente no objeto corpóreo,
ou de outra forma, o objeto corpóreo é a “presentificação” do objeto
físico. Vamos adiante! Ao aprofundar a investigação dos objetos físicos
chegamos ao mundo da física fundamental, ou seja, da física quântica e
seu mundo de “estranhezas” aparentes. Como vocês já acompanham os
diversos posts desse blog, podemos concluir que a física quântica chegou
na intimidade do objeto físico associado ao objeto corpóreo. Diversos
experimentos tentam compreender e conceber o que são as partículas
elementares que formam os átomos. Esse mundo onde as partículas
elementares estão “inseridas” formando um “oceano” de possibilidades,
um mundo em Potentia de Aristóteles que Heisenberg pegou
“emprestado” para conceber elétrons como possiblidades de vir a ser.
Aqui, no mundo quântico existem “ondas de possibilidades”. Saímos do
mundo corpóreo que existe “para nós”, construímos o mundo físico que
se “mostra a vista” através dos aparelhos de medição e finalmente
chegamos ao objeto quântico que é um eterno “vir a ser” em
possibilidade. A percepção de um objeto corpóreo e sua representação
mental que cria a cisão entre sujeito e objeto em um sistema, como já dito
anteriormente, de codependência é muito mais fascinante que se possa
parecer! O que ocorre no sistema físico capaz de “atualizar” todas as
informações que saem das ondas de possibilidades quânticas, passam
pelo universo físico e acabam no objeto corpóreo da percepção sensitiva?

Objetos quânticos como possibilidades, objeto físico que se mostra a vista


pela medição científica e objeto corpóreo que possui uma “forma” e uma
“matéria”. Tudo isso durante o ato da observação! Como ocorre essa
dinâmica? Como ocorre a passagem das possibilidades para o mundo real
da forma e matéria do objeto corpóreo? Como nasce o sujeito nessa
dinâmica da percepção? Somos participantes do universo. Isso é fato! Não
há como conceber o universo sem a participação do sujeito (observador).
Ele participa ativamente dos experimentos e da própria criação teórica
para conceber o que quer ser visto e isso é o suficiente para ele
“perturbar” o sistema. O mundo quântico que forma os “entes”
observáveis dos objetos físicos torna-se presente no objeto físico – que
não são “coisas” em si mesmos, eles são o resultado da teoria e da
experimentação – assim como os objetos físicos tornam-se presentes no
objeto corpóreo que existe “para nós”. Tem “algo” nessa dinâmica capaz
de fazer acontecer esse “torna-se em”. É como se houvesse uma
“atualização” da onda de possibilidades que “transportaria” todas essas
informações, toda essa “energia” até o objeto corpóreo em cada ato
psíquico da observação. O que é esse algo? A própria ciência quântica,
através do experimento de Bell (Entrelaçamento e emaranhamento
quântico) chegou na concepção de que há uma realidade fundamental
una e indivisa. As partículas elementares são manifestações de uma única
realidade subjacente onde a comunicação ocorre sem a troca de sinais. É a
manifestação particular da realidade total. Essa é a compreensão atual de
um objeto físico seja ele uma galáxia, seja uma campo magnético, seja
uma radiação, seja uma onda eletromagnética, seja corpos e energias
sutis,  sejam  átomos,  sejam quarks, sejam quaisquer objetos quânticos
reconhecidos pelo modus operandi da ciência.  A física quântica chegou no
último estágio da compreensão do que é a matéria. Matéria são ondas de
possibilidades que são “atualizadas” no ato da observação. A informação,
a energia, contida dentro dessas possibilidades  sai do mundo quântico,
passa pelo mundo físico e chega ao mundo corpóreo. Nessa “atualização”
nasce o sujeito que percebe, pois ele não pode ser separado do objeto
percebido, por mais aparente que seja essa “separação”. Quem é, então, o
sujeito da cisão sujeito-objeto? Se temos uma realidade fundamental una
e indivisa que constitui a  própria matéria, quem dá “forma” para ela?
Chegamos na consciência, chegamos no sujeito.

Quem é o sujeito que nasce da percepção sensitiva? Aqui temos o


problema do modus operandi da ciência. O cérebro possui 100 bilhões de
neurônios. O sujeito “emerge” do funcionamento bioquímico dessas
células? Os 70 trilhões de células que nosso corpo possui, incluindo os
neurônios, são objetos da percepção. A cada instante, milhares e milhares
de informações chegam ao cérebro informando-o e atualizando-o sobre o
funcionamento do corpo. A mesma matéria – “substância” – que
discutimos acima faz parte da constituição do corpo físico, inclusive o
cérebro. Cada célula é composta por milhares e milhares de partículas
elementares, de átomos, de moléculas, de campo eletromagnético, de
corpos e energias sutis, ou seja, de uma enorme quantidade de objetos
físicos que já sabemos que se mostram a vista através da medição (teoria
e experimento). Então, cérebro é objeto. Interações entre objetos
obrigatoriamente produzem novos objetos. De onde nasce, então, o
sujeito da percepção? Partículas elementares, átomos, moléculas, células
(inclusive neurônios) e o cérebro são ondas de possibilidades que são
“atualizadas” pela “presença da consciência. O que é a consciência? Qual a
“natureza” da consciência? Podemos afirmar apenas que ela é o Tertium
Quid ( terceiro elemento que tem poder causal sobre dois elementos
correlacionados). Há, sim, o “terceiro” elemento capaz de “atualizar” a
energia das ondas de possiblidades. Chegamos na causação descendente.
Chegamos na compreensão de que há uma consciência cósmica una e
indivisa fora do espaço-tempo que se ‘particulariza’ quando se manifesta
na identificação do sujeito e seu cérebro no ato de obervação. A
consciência cósmica se torna consciente através de nós em cada ato de
observação. É o universo autoconsciente de Amit Goswami. A consciência
é a base de tudo! Ela se “divide” em sujeito e objeto para permitir a
percepção. Ela concede a “forma” para que a matéria una e indivisa da
realidade fundamental possa ser percebida e atualizada. A consciência
cósmica, O Deus, causa primeira de todas as coisas é tudo o que existe.
Deus está em tudo e tudo está em Deus. Não mais um Deus separado,
mas um Deus presente que se comunica com suas criaturas.  Nascemos
simples e ignorantes com o propósito de conhecer e saber. A percepção e
a memória são os instrumentos utilizados e disponíveis na dinâmica da
evolução criativa da consciência.  Portando tanto objeto corpóreo como o
sujeito da ação de perceber são constituídos pela mesma substância: a
Consciência cósmica. Deus é tudo e está em tudo. Deus está em tudo e
tudo está em Deus. Eu e Pai somos um! Isso agora faz muito sentido.

Somos formados pela substância de Deus e, durante o ato da percepção,


forma-se uma consciência imediata e egóica que é o sujeito, o “eu” de
cada observação. Esse sujeito possui um verdadeiro oceano interno de
intuições, pensamentos e sentimentos. O sujeito literalmente interage
com o objeto da observação. Eles são feitos da mesma “substância”.
Somos espíritos em evolução. Somos individualidades em evolução.
Somos susceptíveis a “erros” e “acertos”. Somos imperfeitos mas
possuidores da potencialidade em atingir aquilo que ainda não sabemos o
que é, mas que denominamos “perfeição”. Da mesma forma como a
“semente” que contém a potencialidade de vir a ser a árvore frondosa
com seus frutos. Qualquer realidade do universo está sob dois domínios:
possibilidades e fato manifesto. Percebem isso agora? Conseguem
visualizar que há um mundo de possiblidades e que nosso inconsciente
representa esse movimento quântico de objetos quânticos que são nossos
pensamentos e sentimentos. A todo instante estamos fornecendo
signficados em tudo em nossa vida! Os objetos corpóreos, os objetos
físicos existem também em nossa mente que não está separada do corpo
físico. É como se houvesse um “paralelismo” entre intuições,
pensamentos e sentimentos que são representados simultaneamente em
nosso cérebro. A consciência e todo o seu arsenal de processamento
consciente e inconsciente está em um processo de evolução. Como tal,
nascemos e renascemos de períodos em períodos para que a consciência
egóica, ou imediata seja educada. A escola que permite essa educação é o
planeta Terra com toda sua complexidade atual organizada em lares e
sociedades. Um código de ética cósmico também foi fornecido para que
essa consciência imediata ajuste seu comportamento segundo esse
código: O Evangelho de Jesus. As grandes “chagas” da humanidade são,
sem dúvidas, o orgulho e a vaidade. O exclusivismo e o solipsismo (A
minha consciência é a mais importante). Aprender, conhecer e saber.
Coerência no agir, pensar e sentir. Todos fomos criados simples e
ignorantes em uma única célula e atingimos a pluricelularidade. Saimos do
simples para o complexo. Cada forma mais complexa consegue expressar
uma complexidade correspondente da consciência. Nessa dinâmica
energias mais sutis são requisitadas. há um mundo espiritual onde as
consciências imediatas permanecem com sua “bagagem” de conquistas e
aguardam a oportunidade para coordenarem uma nova forma física
através do desenvolvimento embrionário. A ontogênese recapitula a
filogênese. A reencarnação é uma lei natural onde a consciência pode vir a
ser o mesmo ser em uma nova forma corpórea para novas interações e
experiências. Nascer, morrer e tornar a nascer, tal é a Lei. Acredito nisso!
A consciência imediata (espírito) aproveita das potencialidade gênicas
maternas e paternas para trazer “forma” a matéria una e indivisa.
Coordena um turbilhão de partículas elementares colapsando a nova
realidade corpórea. O processamento inconsciente reflete essa história. As
memórias adquiridas durante cada ato de percepcão impulsionam o ser
para as experiências que sejam necessárias em sua evolução, para sua
aprendizagem e educação. Seguimos evoluindo e interagindo.

A vida é um “dom” que devemos agradecer a cada dia! Somos


observadores participativos! Somos criaturas com seu criador junto a nós.
A cada momento podemos fazer escolhas diferentes. A cada momento
podemos dizer não ao hábito e condicionamento e construir um final
diferente. Criamos a nossa realidade ainda baseados na consciência
imediata e egóica. Somos todos um na jornada evolutiva. Estamos ainda
tentando representar o amor em nossas vidas. Estamos construindo os
circuitos cerebrais das emoções positivas. Estamos tentando dar novos
significados ao AMOR saindo de uma visão egocêntrica para uma visão
etnocêntrica (percebendo o outro além de mim) para quem sabe
adquirimos uma visão globocêntrica onde o “ nós” será realmente
valorizado.

Abraços fraternos

Milton

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