Você está na página 1de 5

REPÚBLICA VELHA

1889-1930

República Oligárquica
(1894-1930)
► Movimentos sociais

» Apesar dos eficientes instrumentos de exclusão política das camadas


populares, mantê-las sob controle exigiu o uso de práticas violentas para
assegurar a manutenção os interesses e privilégios sociais das
oligarquias enquanto estas estiveram no comando da república brasileira.

» A exclusão se repetia socialmente, no campo e nas cidades, o que serviu


como forte motivação para diversos movimentos que questionaram
aquela realidade desigual e elitista.

» Esses movimentos criticavam, de forma organizada ou não, uma realidade


oligárquica, e mesmo tendo sido abafadas representaram importantes
momentos de conflitos de uma população espoliada e crítica à
manutenção de uma estrutura social baseada no latifúndio e na violência.
» Os principais movimentos daquele período foram:

Guerra de Canudos Revolta de Juazeiro Cangaço Revolta da Vacina Revolta da Chibata


1897 1912-1914 república velha 1904 1910
Onde? Aldeia de Belo Monte, no Arraial Ceará, Região do Cariri Atuava principalmente no interior Centro do Rio de Janeiro Baía de Guanabara, Rio de Janeiro
de Canudos – Bahia nordestino e do centro-oeste

Como surgiu? A chegada de uma liderança O historiador Eric Hobsbawn No mesmo período em que o Rio de A marinha, como uma das armas
religiosa que com seu discurso A política das Salvações, adotada classifica esse movimento como um Janeiro possou por um processo de mais tradicionais e elitistas da
deu esperança e organizou por Hermes da Fonseca (1910-1914) típico caso de banditismo social. reurbanização do centro, conhecido república, ainda era adepta de
aquela comunidade, criou uma provocou a derrubada da família Caracterizado por um quadro de com Rio Civiliza-se, posto em práticas como os castigos corporais
alternativa ao domínio violento Accioly, que mantinha o domínio miséria e exploração tão aviltante andamento pelo prefeito da época, aos marujos e ofereciam péssimas
dos coronéis que conseguiu política da região até então. que a opção pelo banditismo se Pereira Passos, percebemos o início condições de trabalhos aos mesmos.
atrair algo em torno de 25.000 A revolta foi uma reação das elites torna sedutora a ponto de atrair de um processo de segregação sócio- A revolta tem como estopim a
sertanejos. locais, que com apoio popular contingentes significativos que espacial evidente. punição de um marujo, por ter
motivado pela liderança religiosa de fogem das estruturas tradicionais de As obras que revitalizariam a ferido um cabo com uma navalha. A
Padre Cícero conseguiu mobilizar sobrevivência e submissão ao cidade foram responsáveis pela punição foi de 250 chibatadas,
considerável contingente para o coronelismo e ao latifúndio. A partir destruição de inúmeras habitações muito acima das 25 regularmente
conflito. de então, roubavam, matavam e populares, consideradas insalubres aplicadas.
faziam o que julgassem necessário e e portanto, focos prováveis de A insatisfação latente ganhou forma
interessante para satisfazer suas doenças contagiosas que assolavam de rebelião de marujos que
demandas do dia-a-dia. a capital fluminense. tomaram o controle de 2 grandes
Após a derrubada desses cortiços, navios, apontaram suas armas para
seus moradores, em sua maioria a capital e apresentaram suas
trabalhadores mal remunerados, exigências. Começou assim a revolta
não encontraram mas moradias a da Chibata.
preços acessíveis naquele centro
agora valorizado.
A revolta vai acontecer nessa
conjuntura em que os setores
populares estão sendo excluídos
desse espaço urbano, sendo
obrigados a procurar moradias
mais baratas em áreas distantes
e/ou sem qualquer infra-estrutura,
como nos morros da cidade ou nos
subúrbios da central. Existe
portanto um clima de insatisfação
com o os quaisquer representantes
do poder público.
Por isso, o projeto sanitarista de
Osvaldo Cruz, que procurava livrar
o Rio de doenças contagiosas que
afastavam os estrangeiros – febre
bubônica, febre amarela, varíola - ,
acabou sendo o estopim de uma
revolta urbana de proporções
assustadoras.
A vacinação obrigatória imposta
pelo governo gerou
desentendimentos e desafiou a
moral de uma população já
descontente com as novidades
daquele governo.
O Rio parou em um grande conflito
urbano.

Possuía Antônio Conselheiro, beato que Padre Cícero, religioso que exerceu Não possuía lideranças, mas dentre Nenhuma João Cândido, marinheiro, negro e
percorria o sertão nordestino fascínio junto aos sertanejos e que os principais chefes de bandos analfabeto que liderou o
liderança? apregoando em nome de Deus e fez uso de sua influência popular sertanejos se destaca a figura de movimento.
ajudando a população sertaneja para garantir um respeitável Virgulino Ferreira da Silva, vulgo,
exército de beatos que lutariam a Lampião. Porém, existiam outros
favor dos interesses das oligarquias como Corisco, Cabeleira, Lucas da
– às quais era aliado. Feira, Jesuíno Brilhante, Adolfo
Meia Noite, Antônio Silvino, Sinhô
Pereira...

Tinha Não possuíam projetos ou Assegurar a retomada do poder Sobreviver Nenhum, além de reagir com □ Melhores soldos
exigências políticas, lutaram pela oligarquia local, comandada violência às imposições daquele □ Melhor alimentação
objetivos? apenas para manterem suas pela família Accioly, aliada de Padre regime. □ Fim do recrutamento forçado
casas e lavouras naquele arraial Cícero. □ Fim dos castigos corporais.
de Canudos.

Quais as □ rural □ rural □ rural □ urbano □ urbano


principais □ popular □ oligárquica com apela □ popular □ popular □ militar
características? religioso que o tornava popular.
□ messianismo □ banditismo social
Pois Conselheiro acreditava na □ federalista
chegada de um líder que traria a Pois desafiava a política □ violência
salvação. intervencionista do poder federal.

□ sebastianismo
Esse messias esperado era D.
Sebastião, rei de Portugal
“desaparecido” em 1578 ao lutar
contra os muçulmanos no norte
da África.

□ monarquismo
Defendia o retorno da
monarquia, porém seus
argumentos eram sustentados
por questões fundamentalmente
teológicas.

Quem □ Sertanejos que já viviam da □ Camponeses pobres motivados em □ Sertanejos que não aceitavam □ trabalhadores urbanos □ marujos, dos quais grande parte
participou? agricultura, do gado, porém sob grande parte pelo fanatismo em mais a espoliação e o mandonismo prejudicados pelo Rio Civiliza-se era de negros e mestiços.
o julgo dos coronéis. Por isso torno da figura de Padre Cícero que ao qual estavam submetidos (bota abaixo) e descontentes com a
procuraram em Belo Monte um dessa maneira assegurava enquanto trabalhassem para os política de vacinação obrigatória.
lugar no qual viveriam longe realização dos objetivos das coronéis.
daquela estrutura republicana Oligarquias. □ cadetes da Escola Militar da Praia
baseada no latifúndio e na Vermelha, que tentaram sem
violência.. sucesso, fazer uso do movimento
popular para alcançar seus
objetivos golpistas.

A quem □ O coronelismo, uma vez que □ O governo federal que teve a □ O coronelismo, pois tinha sua □ A República, interessada em □ A República, sob o comando de
Canudos atraia multidões, política das salvações questionada e autoridade ameaçada e muitas vezes tornar a capital do país uma cidade Hermes de Fonseca.
incomodou? esvaziando os “currais interrompida no Ceará. diretamente desafiada. digna de atrair as atenções, as
eleitorais” que davam força visitas e os investimentos
política a eles. □ A república, já que o cangaço se estrangeiros.
tornava símbolo de um sertão sobre
□ O latifúndio, pois se tratava de o qual não havia controle efetivo.
um péssimo exemplo de
distribuição de terras de um □ A população, que também foi
latifúndio. Os senhores de terras vítima dos saques e assassinatos
temiam que isso começasse a se cometidos pelos cangaceiros.
repetir em outras fazendas.

□ A Igreja, já que Antônio


Conselheiro ocupava o papel
daquela, rompendo com um
monopólio de controle sobre a fé
daquele povo.

□ A república, que mesmo não


sendo criticada em termos
políticos diretos – Antônio
Conselheiro pregava a
monarquia de D. Sebastião – não
estava disposta a aceitar críticas
justo no momento de
consolidação de seu projeto civil
liberal.

Como Após três desastrosas expedições O cangaço só foi dissolvido durante Após 1 semana de batalhas no O governo prometeu negociar e
armadas, foi apenas na quarta Após conseguir o apoio dos a Era Vargas (1930-1945), centro do Rio de Janeiro, o aumento perdoar os líderes desde que eles se
terminou? tentativa, em junho de 1897 e latifundiários locais que assinaram especialmente a partir do Estado da repressão policial e a suspensão entregassem.
com cerca de 15.000 soldados o chamado “Pacto dos Coronéis” Novo, quando a repressão se da vacinação foram capazes de Tudo parecia terminar bem, os
que o governo conseguiu em 4 (1911) iniciando uma longa intensificou e a caça aos cangaceiros arrefecer o movimento. marinheiros se entregaram, as
meses de cerco, destruir a campanha contra Franco Rapelo, se tornou implacável. A morte de Acalmados os ânimos, o governo negociações pelo fim da chibata
comunidade de Canudos. Padre Cícero e seu exército Lampião em 1938 é considerado um voltou a vacinar e conseguiu estavam acontecendo, mas, um
conseguiram destituir o interventor marco desse processo, após esse erradicar a varíola da cidade. grupos de fuzileiros navais,
nomeado por Hermes da Fonseca. episódio o cangaço não resistiria por influenciados pela aparente vitória
O governo federal nada fez e a muito tempo. de seus colegas de armas se
vontade da oligarquia local sublevou na baía de Guanabara.
prevaleceu. Novas eleições foram O governo decretou Estado de Sítio,
marcadas e essas apenas prendeu os fuzileiros rebeldes que
confirmaram o poder recuperado não tinham o mesmo poder de fogo
pelos Accioly. que os marinheiros liderados por
João Cândido.
Por fim, a anistia dada aos
revoltosos da Chibata foi
desrespeitada, seus líderes e
participantes presos e condenados.
Alguns poucos dos 600
sobreviveram à prisão e quase
nenhum voltou do regime de
trabalhos forçados aos quais muitos
foram enviados na extração de
borracha na Amazônia.
Importante: a chibata, no fim de
tudo, foi proibida como instrumento
disciplinador.

Você também pode gostar