Você está na página 1de 45

CÁLCULO DE MEDICAÇÃO EM

PEDIATRIA

A ABORDAGEM À
CRIANÇA E A
ADMINISTRAÇÃO DE
MEDICAMENTO

ENFERMEIRA PEDIÁTRICA
LEILIANE LIMA
ABORDAGEM À CRIANÇA

Observar o comportamento em cada faixa etária,


iniciando o relacionamento com:

 Abordagem positiva e confiante.


 Explicar o que vai ser feito de acordo com o nível de
compreensão (usar brinquedos, mapas, simulações)
 Dar autonomia, permitindo que faça escolhas e se
envolva no procedimento.
ABORDAGEM À CRIANÇA

 Permitir que expresse suas emoções e


sentimentos (medo, raiva)
 Elogiar o esforço da criança
 Confortar a criança
REAÇÕES SÃO INFLUENCIADAS POR:

 Características do desenvolvimento
 Habilidades físicas e capacidades cognitivas:
influências ambientais
 Experiências anteriores
 Relacionamento com a enfermeira
 Percepção da situação presente
PRINCÍPIOS NA ADMINISTRAÇÃO

OBJETIVO: Produzir concentração efetiva do fármaco


a fim de alcançar efeitos terapêuticos para um local
específico.

O fármaco no organismo:
1. Absorção
2. Distribuição
3. Metabolismo
4. excreção
CINCO CERTOS

 MEDICAMENTO CERTO
 VIA CERTA
 HORARIO CERTO
 PACIENTE CERTO
 DOSE CERTA

ATENÇÃO: ABORDAGEM À CRIANÇA


VIAS PARENTERAIS

 VIA INTRADÉRMICA
 VIA SUBCUTÂNEA
 VIA INTRAMUSCULAR
 VIA ENDOVENOSA
 VIA INTRAÓSSEA
VIA INTRADÉRMICA -ID

È a introdução de pequena quantidade de


líquido medicamentoso na camada dérmica da pele.
É mais usada para aplicação de vacinas e testes
diagnósticos.
A dose utilizável é de 0,1 a 0,5 ml
Introduzir no máximo 2mm e um ângulo de 15º com
bisel para cima.
VIA INTRADÉRMICA -ID

LOCAIS DE APLICAÇÃO

 Face anterior do braço (facilitar a leitura dos


testes)
 Vacina BCG: inserção inferior deltóide D
VIA SUBCUTÂNEA - SC

A administração por esta via é indicada quando


se deseja uma absorção lenta, contínua e
segura do medicamento (ex. insulina).

Volume máximo de 2ml, rodízio de aplicação,


ângulo de 45º ou 90º com agulha de 13x4,5.
VIA SUBCUTÂNEA – SC
Locais de Aplicação

 Região abdominal
(exceto próximo ao
umbigo)
 Dorso do glúteo
 Região externa e
superior dos braços
 Região externa e
superior das coxas.
VIA INTRAMUSCULAR -IM

È a administração de medicamentos diretamente no


tecido muscular. É uma experiência traumática para
a criança e para a enfermeira.
INDICAÇÕES:
 Substância irritante por outras vias.
 Ação mais rápida que via oral, inativo pelo suco
gástrico.
 Quantidade máxima de 3ml na criança.
CONSIDERAÇÕES QUANTO AO
LOCAL

 A quantidade e as características do medicamento.


 A quantidade e a condição geral da massa muscular.
 A frequência e o número de injeções aplicadas durante o
tratamento.
 Fatores que impedem o acesso ao sítio ou podem causar
sua contaminação.
 Capacidade da criança de assumir a posição necessária.
 Ausência de grandes vasos ou nervos situadas
superficialmente.
LOCAIS DE APLICAÇÃO DE INJEÇÕES
VIA IM EM PEDIATRIA.

 DELTÓIDE
 VASTO LATERAL DA COXA
 GLÚTEO (CRIANÇAS MAIORES)
VIA ENDOVENOSA -EV

É a via que permite a introdução de medicamentos


diretamente na corrente sanguínea.
VANTAGENS:
 Obtenção rápida do efeito desejável.
 Administração de fármacos irritantes ou cujo efeito se
anula por outra via.
DESVANTAGENS:
 Risco aumentado de infecções.
 Se alergia presente, a repercussão é imediata e potente.
ADMINISTRAÇÃO

Segundo TREVISANI (2000)


 BOLUS: administração EV realizada em tempo menor
ou igual a 01 minuto.
 INFUSÃO RÁPIDA: administração EV realizada entre
01 a 30 minutos.
 INFUSÃO LENTA: administração EV realizada entre 30
a 60 minutos.
 INFUSÃO CONTÍNUA: administração EV realizada em
tempo superior a 60 minutos, ininterruptamente.
 INFUSÃO INTERMITENTE: administração EV realizada
em tempo superior a 60 minutos, não contínua.
LOCAIS DE PUNÇÃO

 Região cefálica (menores de 1 ano)


 Membros superiores

CUIDADOS:
1. Fixação do cateter periférico.
2. Deve prevenir deslocamento fácil.
3. Permitir boa visualização do local
VIA ORAL - VO

É a administração de medicamentos pela boca.


VANTAGENS:
 Mais econômico
 Maior segurança à criança
DESVANTAGENS:
 Paladar desagradável
 Irritação gástrica e efeito sobre os dentes.
FORMA DE APRESENTAÇÃO, USO E
CONSERVAÇÃO

LÍQUIDOS:
 Antibióticos VO; rotulados após reconstituição com
(nome, data, diluição e assinatura), validade de 07 a 14
dias.
 Xaropes e suspensões: validade de 30 dias
SÓLIDOS:
 Comprimidos e drágeas: triturar e diluir em 05ml de
água destilada.
 Cápsulas: retirar a capa e diluir em 05 ml de água
destilada.
CONSIDERAÇÕES

 Rediluir o medicamento em pequeno volume de água ou


suco.
 Não oferecer diluído em mamadeira ou com alimentos.
 Não forçar a ingestão (nunca tampar as narinas da
criança)
 Não oferecer o medicamento com a criança chorando.
 Utilizar colher de tamanho adequado, conta gotas ou
seringas oral.
 Manter o lactente no colo em posição semi-reclinada,
colocando a seringa no aspecto póstero-lateral da língua.
 Se houver vômitos logo após a administração aguardar a
criança se acalmar e repetir a dose.
 Adequar o horário da medicação à rotina da criança.
INSTILAÇÕES

Introdução de gotas de medicamentos em


determinados orifícios do organismo.

LOCAIS:
 Olhos
 Ouvidos
 nariz
GOTAS NASAIS

Visam o tratamento de infecções e inflamações


das mucosas nasais, facilitando a respiração.
HORÁRIO: antes de alimentação, antes de dormir.
MATERIAL: conta gotas

 Proceder limpeza mecânica das narinas antes


de administrar. (assoar ou aspirar)
GOTAS OTOLÓGICAS

É a administração do medicamento no conduto externo do


ouvido.
INDICAÇÃO:
 Alívio da dor
 Auxílio no tratamento de infecções otológicas.
POSIÇÃO: Tracionar o pavilhão
OBSERVAÇÕES:
 Aquecer o frasco: uso frio provoca dor, desconforto e
tonturas.
 Manter a posição da criança durante 2 a 5 minutos
 Não utilizar algodão
GOTAS OFTÁLMICAS

É a colocação de medicamento nas conjuntivas


oculares.
INDICAÇÃO:
 Tratamento de infecções oculares
 Alívio de dor
 Limpeza dos olhos
 Exames oftalmológicos
OBS: Realizar higiene ocular externa com soro
fisiológico antes de administrar o medicamento.
TÓPICAS

Medicamento tópico é aquele aplicado sobre a


pele ou mucosa.
OBJETIVOS:
 Alívio da dor
 Cicatrização de feridas
 Proteção contra microorganismos
 Hidratação
 Limpeza
 Alívio de prurido
APRESENTAÇÃO: pomadas, cremes, loções
VIA RETAL -VR

É a administração de medicamentos no reto,


através do ânus
APRESENTAÇÃO: supositórios e enemas
POSIÇÃO DA CRIANÇA:
 Manter a criança em decúbito dorsal
(lactente)
 Decúbito lateral esquerdo com a perna
superior fletida (criança maior)
ENEMA

 Lubrificar a sonda com gel anestésico ou soro


fisiológico.
 Introduzir suavemente de 3 a 7cm no ânus,
interrompendo se houver resistência.
 Manter na posição por alguns minutos (comprimindo
as nádegas)
 Colocar a comadre
 Observar as características das fezes eliminadas.
VIA INALATÓRIA

È a administração de medicamentos fragmentados


em micro partículas que pelo seu reduzido
tamanho atingem as vias aéreas inferiores.
A inalação é indicada para fluidificar secreções e
para a administração de substâncias
broncodilatadoras.
MATERIAL: inalador, SF 0,9%, seringa de 5ml,
medicação prescrita, fonte de oxigênio ou ar
comprimido.
FLUXO: 4 A 5 litros por minutos
ARMAZENAMENTO E
CONSERVAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Importante se faz ressaltar que o armazenamento e


a conservação dos medicamentos são também
co-responsabilidade da Enfermagem.
Em linhas gerais, poderíamos dizer que há
necessidade de verificação das especificações do
fabricante do medicamento quanto à
fotossensibilidade (sensibilidade à luz), à
estabilidade após a reconstituição e ou diluição
(tempo de conservação) e à termosensibilidade
(sensibilidade a certas temperaturas).
MEDICAÇÕES FOTOSENSÍVEIS

 Anfotericina B
 Furosemina
 Nitroprussiato de Sódio
 Vitamina A
 Vitamina K
 Complexo B
O melhor método para evitar este problema será o
uso de papel de alumínio, plástico, revestindo o
contendor de forma a impedir a penetração de luz.
CÁLCULO DE MEDICAMENTOS

A dose EXATA em cálculo de


medicação é uma das partes mais delicadas
da administração de medicamentos e
envolve responsabilidade, perícia e
competência técnico-científica
SOLUÇÕES E CÁLCULO DE
GOTEJAMENTO

Soluções são misturas homogêneas de duas ou


mais substâncias.
SOLUTO: substância a ser dissolvida
SOLVENTE: líquido no qual o soluto será
dissolvido.

Osmolaridade ou Resistência de uma solução


é a quantidade de soluto numa porção definida
de solvente.
A resistência das soluções pode ser expressa da seguinte
maneira:
 Em porcentagem: 5%, 10%, 50%, o que significa que em
cada 100 partes de solvente, há respectivamente, 5, 10 e
50 partes de soluto.
SOLUÇÕES MAIS USADAS:
 Solução de glicose: soro glicosado
 Solução de cloreto de sódio: soro fisiológico
 Solução de glicose e cloreto de sódio: soro
glicofisiológico.
CÁLCULOS COM TRANSFORMAÇÕES
DE SOLUÇÕES

Foi elaborada uma prescrição de 500ml de soro


glicosado a 10%, porém só temos o soro a 5%.

PRIMEIRO MOMENTO:
100ml -------5g
500ml ------X X=25g

500 ml de soro glicosado a


5% contêm 25g de glicose
SEGUNDO MOMENTO
100ml---------10g
500ml--------X X=50g

500ml de soro glicosado a 10%


contêm 50g de glicose

Temos 25g e a prescrição foi de 50g, faltam portanto, 25g


TERCEIRA MOMENTO
Lançaremos mão de ampolas de glicose de
20ml a 50%.
100ml------50g
20ml--------X X=10g

Cada ampola de 20ml a 50% contêm 10g de glicose


Se uma ampola de 20ml a 50% contêm 10g,
quantos ml teremos em 25g.
20ml-------10g
X --------25g X=50ml

Então, basta colocarmos 50ml de glicose a 50%, ou seja,


02 ampolas e meia de 20ml no frasco de 500ml a 5%.
CÁLCULOS DE GOTEJAMENTO

Para calcularmos a velocidade de


gotejamento de um determinado medicamento,
devemos considerar a seguinte relação:
VOLUME DO MEDICAMENTO (ml)
-----------------------------------------------------------------
TEMPO (HORAS) x 3

LEMBRAMOS QUE:
1ml corresponde a 20 gotas
01 gota corresponde a 03 microgotas
1l = 1000ml
1ml = 100UI
DILUIÇÃO DE MEDICAMENTO

Temos gentamicina de 80mg em ampolas de 2ml.


Foi prescrito 60mg, quanto administrar.

REGRA DE TRÊS

2ml--------80mg
X --------60mg X= 1,5 ml

DEVO ADMINISTRAR 1,5 ML DE GENTAMICINA


MEDICAÇÃO EM PEDIATRIA

Nas crianças a dosagem da medicação é


calculada pelo peso para uma dose diária,
ou seja: mg/ Kg/ dia.
Temos então:
 Dose diária
 Dose de horário
EXEMPLO
Administrar para uma criança de 6 meses, sexo feminino,
pesando 6.800g, 5mg/kg/dia de garamicina EV de 8/8hs.
(apresentação: frasco ampola 40mg/ 2ml). Qual a dose diária e
a dose horária?

RESPOSTA:
Peso : 6800g 6,80 kg
5mg/kg/dia de garamicina EV de 8/8hs
Frasco: 40mg/ 2ml

DOSE DIÁRIA: 6,80 x 5 = 34mg


DOSE HORÁRIA: 34 / 3 = 11,33mg
40 mg - 2ml
11,33 mg - X

X = 0,56 ml ou 56 UI

Devemos aspirar 0,56 ml e em seguida diluir a


medicação com água destilada.
CONCLUSÃO

O cálculo de gotejamento de soro


corresponde a um dos conhecimentos
fundamentais do enfermeiro, mesmo com
facilidades das confiáveis bombas de infusão
muito comuns principalmente em UTIs, o
profissional de enfermagem precisa saber e
muito bem tanto como calcular o
gotejamento do soro tanto em micro quanto
em macrogotas quanto saber transformação
de concentração.
ANEXO (ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

kg Quilograma UI Unidade internacional


g Grama gts Gotas
mg Micrograma mgts Microgotas
L Litro ACM A critério médico
ml Mililitro SN Se necessário
H Hora DA Dose de ataque
min minuto DM Dose de manutenção
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Klinger e Marcio.CÁLCULOS DE
MEDICAMENTOS EM ENFERMAGEM:
editora AB. Goiânia,2006

Você também pode gostar