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Curso de Teosofia
Curso de Teosofia
Curso de Teosofia
Aula 1
2) Cada ser existente --de um átomo a uma galáxia-- é enraizado na mesma Vida
Universal que cria a Realidade. Esta Realidade é toda penetrante, mas nunca pode
ser resumida em suas partes, pois ela transcende todas suas expressões. Ela
revela a si mesma nos processos plenos de propósito, ordenados e significativos
da natureza tanto quanto nos mais profundos recessos da mente e do espírito.
TEOSOFIA E ARTE
Os artistas que foram influenciados pelas idéias teosóficas incluem Jean Arp,
Giacomo Balla, Joseph Beuys, Emil Bisttram, Serge charchoune, Jean delbille, The
Van Doesburg, Arthur Dove, Marcel Duchamp, Paul Gauguin, Lawren Harris, Marsden
Hartley, Jacob Van Heemskerck, Johannes Ittem, Paul Klee, Yves Kleyn, Hilma of
Klint, Franzs Kupka, Kazimir Malevich, Brice Marden, Mikhail Matiushin, George
Musche, Georgia O'keef, Gordon Onslon Ford, Jackson Pollock, Richard Pousette
Dart, Paul Ranson, Odilon Redon, Paul Serusier e Jan Toorop.
TEOSOFIA E MÚSICA
A sinestesia foi descrita como um fato real por clarividentes tais como Annie
Besant e C. W. Leadbeater, que reportaram verem formas e cores na matéria dos
mundos sutís. Naqueles mundos a matéria parece ser tocada pelas emoções e
pensamentos, que assim são coloridas e formadas de acordo com a índole das
vibrações, o que ocorre também pelos sons musicais. Besant e Leadbeater
descreveram o aparecimento de formas construídas nos mundos sutís pela execução
da música no plano físico. De acordo com seus relatos, eles realmente "viram"
sons musicais.
TEOSOFIA E LITERATURA
Figuras literárias de menor reputação, tais como Henry Miller e Talbot Mundy,
também mostraram influências da Teosofia. Em "the Books in My Life" (Os livros em
minha vida), Miler discute alguns bem conhecidos trabalhos teosóficos, e Mundy
foi um residente na comunidade de point Loma, na California. L. Frank Baum também
foi um membro da Sociedade Teosófica, e as idéias teosóficas são centrais em sua
mais conhecida e amplamente amada estória, "The Wonderful Wizard of Oz" (11) (O
Maravilhoso Mágico de Oz).
Uma das figuras líderes do movimento dos direitos da mulher nos Estados
Unidos foi Matilda Joslyn Gage. Ela lutava ativamente pelos direitos femininos
desde 1850, e tornou-se presidente da associação Nacional para o Voto da Mulher,
e colaborou com Elizabeth Cady Stanton e Susan B. Anthony na tarefa de escrever
"A História do Voto da Mulher". Ela foi também membro da Sociedade Teosófica.
Como mãe adotiva de L. Frank Baum, ela foi indubitavelmente responsável por
introduzí-lo a Teosofia. A preocupação de Gage pelos direitos da mulher é
consistente com o primeiro objetivo de nossa sociedade, "Formar um núcleo da
fraternidade humana sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor".
TEOSOFIA E CIÊNCIA
Embora Capra não reconheça o fato, as visões orientais que ele reconhece tão
compatíveis com as da nova física foram divulgadas no ocidente pela Sociedade
Teosófica. Uma destas perspectivas é a de que em qualquer ato de observação o
observador e o observado estão inter-relacionados, não independentes e
desligados. Tradicionalmente os experimentos científicos têm assumido que eles
podem observar o que está acontecendo em um experimento sem perturbá-lo - que nós
somos observadores objetivos. Mas do ponto de vista oriental e teosófico, não há
limites separando o observador do que é observado; ao invés disto ambos
constituem parte de um único processo; este é um ponto de vista que rapidamente
tornou-se moda na recente teoria científica.
A Sociedade teosófica têm promulgado sua visão mundial desde 1870, e suas
idéias influenciaram a nossa cultura durante o século passado e adiante. Mas
somando-se as influências do tipo usual, há uma notável harmonia entre algumas
idéias dominantes de nosso tempo e a perspectiva teosófica mundial. Esta
coincidência é evidência da relevância do quanto há de pensamento teosófico na
formação espiritual de nosso tempo.
Cada época cultural pode ser compreendida como promotora de algumas idéias
seminais que penetram o pensamento e a sensibilidade e as respostas automáticas
de uma sociedade. A Idade Média foi dominada pelas idéias de Hierarquia, a
renascença pela do humanismo, a iluminista pela da ordem, a romântica pela idéia
da natureza. Em nosso tempo, uma análise pode ser feita de que as idéias
governantes desde o séc. XIX foram a evolução, a relatividade, sistemas e a
unidade.
EVOLUÇÃO
A evolução era conhecida dos antigos gregos e hindus, mas na cultura européia
ela não o era até o sec. XIX no qual ela tornou-se um modelo de pensamento sobre
o mundo. O ponto de mutação foi a publicação em 1859 de "Origens das Espécies" de
Charles Darwin, embora Alfred Wallace e outros tivessem sido influentes na mesma
época. Atualmente nós assumimos a evolução como norma para todas as manifestações
de mudanças históricas. Não somente espécies biológicas, mas governos,
linguagens, idéias, designs de computadores e máquinas, e até a "haute couture"
(alta costura), todas evoluem. Para nós, mudar é evoluir.
RELATIVIDADE
SISTEMAS
O prêmio Nobel Ilya Prigogine, descreve os seres vivos como sistemas que
podem em alguma extensão escapar do "pull" da entropia por sua habilidade de
auto-organização. Suas teorias explicam quão sistemática é a ordem do "caos". A
cibernética do matemático Norbert Weiner trata com sistemas de comunicação e
controle. Os sistemas estão em todo o lugar no pensamento moderno.
ESOTERISMO
Uma das principais preocupações de nosso tempo têm sido perscrutar abaixo da
superfície das aparências até à verdade por debaixo; procurar um nível mais
profundo da realidade. Tal procura é a expresssão do esoterismo. Por exemplo, o
conceito de ordem implícita de David Bohm é um dos conceitos ocultos ou
esotéricos que explicam o que está sob a ordem conhecida das coisas.
Similarmente, a idéia do nível subconsciente da psiqué humana, popularizada por
Freud, tornou-se um cliché do pensamento moderno; o subconsciente é o lado
esotérico de nossa personalidade exotérica. Assim também é o respeito,
freqüentemente exagerado frente às habilidade dos especialistas -doutores,
engenheiros, redatores de dicionários ou coisa que o valia- é característico de
nosso tempo; informação especializada e habilidades são conhecimento esotérico
não disponível às massas "exotéricas". Nós somos de fato devotados ao esoterismo,
o qual nós chamamos por vários nomes.
UNIDADE
David Bohm, um filósofo bem como físico, vê uma unidade delineadora sob a
matéria e consciência e sob as percepções superficialmente separadas de todos
nós:
A Teosofia assim propõe uma visão mundial coerente com as honras dos
indivíduos no Universo e com a contribuição aos processos do mundo, respeita o
passado e seus desenvolvimentos e está aberta para e confiante no futuro. Esta
perspectiva mundial é o "Zeitgeist"; o espírito de nosso tempo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - NOTAS
4.
BLAVATSKY, H.P. op. cit. acima nota (1), p. 61-62.
6. Uma história
recente notável da Sociedade Teosófica nos EUA é "100 Years of Theosophy" de Joy
Mills (Wheaton, IL: Theosophical Publishing House, 1987).
8. Esta influência não fora secreta. Ela foi tratada, por exemplo, por Sixten Ringbom, "Art in
'The Epoch of Great Spiritual':Occult Elements in The Early Theory of Abstract Painting, "
publicado no Journal of Warburg and Courtauld Institutes 29 (1966):336-418, e "The Sounding
Cosmos", Acta Academia Aboenis, série A, 38 Abo, (Finlândia:Abo Academy, 1970);
Guerrit Munnik, "The Influence of H.P. Blavatsky on Modern Art, " em
"H.P.Blavatsky" e "The Secret Doctrine", ed. Virginia Hanson (Wheaton,
IL.Theosophical Publishing House, 1971); uma exibição e catálogo do "Art of
Invisible" (Jarrow:Bede Gallery, 1977); e Rose-Carol Washton Long, "Kandinsky:The
Development of an Abstract Style" (Oxford: Clarendon, 1980)
10. Linda Darlrymple Henderson, "The Fourth Dimension and Non-Euclidean Geometry in
Modern Art" (Princeton, NJ: Princeton Univ. Press, 1983).
11. ALGEO, John. "A Notable Theosophist". L. Frank Baum". American Theosophist 74
(1986):270-73; e "The Wizard of Oz. The Perilous Journey", American Theosophist 74
(1986):291-97.
12. BROWN, Jack. "I VisitProfessor Einstein", (Ojai Valley News, 28 Set, 1983, C-7). Este
artigo, cuja cópia eu devo a William Laudhan, é parte da lenda que Einstein mantinha uma
cópia de "A Doutrina Secreta" no canto de sua mesa; as reminiscências de Brown talvez
sejam a fonte da lenda.
* Por John Algeo. Ph.D., foi vice-presidente da Sociedade Teosófica nos EUA,
e é professor de inglês na Universidade da Georgia. Seu mais recente livro
"Reincarnation Explored", foi publicado pela Quest Books. (O autor agradece a
ajuda prestada na confecção deste texto a Diana Dunningham Chapotin, Joy Mills e
Shirley Nicholson, por terem comentado uma versão anterior deste ensaio).
O QUE É A TEOSOFIA?
vivia, da Natureza e do vasto universo que o cercava. Hoje podemos ver claramente
são um registro histórico da busca humana pela verdade, a verdade acerca das
ocidente, alertam para o fato de que é através do modo de vida diário que o homem
deve elevar-se até esta verdade eterna chamada "Deus", no mundo cristão, "Bhrama"
essa que pode ser exemplificada pela tensão existente entre a visão de Heráclito
radicada no mundo das idéias, das formas ideais. E tal dicotomia persistiu ao
A ciência, por sua vez, sempre esteve obstinadamente ligada ao mundo dos
que ela buscou - e busca - um conhecimento cada vez mais preciso dos fatos, ela
tem na observação uma das colunas centrais de seu método. Atualmente, o poder de
conhecimento humano, da busca humana pela verdade. Mas uma pergunta se impõe:
idéia:
É então a Teosofia uma nova religião ? - eis a pergunta. De nenhum modo; não
é uma "religião, nem é "nova" a sua filosofia; pois, conforme temos declarado, é
religião egípcia, o Lamaísmo Tibetano, entre outros. A Teosofia também tem sido
dos tempos, que traz até o mundo de hoje os antigos ideários acerca da natureza
humana e sua constituição, da origem e destino do homem, como também das leis que
tempo, de mestre a discípulo. Vejamos o que H.P. Blavatsky, em sua obra "A Chave
centros espalhados pela Pérsia, Índia, Grécia, Roma e outros lugares. Seus
é bem ilustrativo. Ela provém do grego "mystérion", que por sua vez deriva-se do
verbo 'myein', "fechar, estar fechado". Também associada à mesma idéia esta a
consciência espiritual, que, por sua natureza, estão além do reino do intelecto
discursivo.
esclarecedor, como podemos constatar ao vermos que a palavra é formada por duas
sabedoria; 'theos', por sua vez, resulta do verbo grego 'thein', significando
significando "ver". Logo, podemos afirmar, com base nessa busca etimológica, que
Teosofia é um modo de ver as coisas que está em contínua expansão, em continuo
A senhora Blavatsky afirma que essa Sabedoria, também chamada por ela de
O mero conhecimento não nos torna integrados à vida e suas leis, seus modos
conceito que temos acerca da vida. Fomos educados dentro de determinados valores,
A Dr.a Besant uma vez comparou a Teosofia a um oceano. Ele possui baixios nos
quais uma criança pode banhar-se em segurança. Mas também possui profundidades
Sabedoria Antiga. Os livros não são oferecidos como uma descrição final dos fatos
Mas é importante salientar que, na medida que a filosofia teosófica revela uma
visão mais ampla dos processos da vida, ela também presupõe uma correspondente
idéia de que somos, quer queiramos ou não, responsáveis por essas ações.
retribuição, que busca sempre restaurar a harmonia do universo. Ela foi expressa
de forma objetiva no capítulo oitavo de 'O Idílio do Lótus Branco', escrito por
Mabel Collins:
escuridão para si mesmo; o decretador de sua vida, sua recompensa, sua punição
(4)."
perante o mundo, perante a vida, pois cada ação produz um resultado, determina o
estado futuro de nossa vida. Ação aqui não refere-se apenas a atos físicos, mas à
espiritual da existência.
Mas, como veremos em capítulos posteriores, tais preceitos não constituem uma
forma de autoridade externa, sendo, isso sim, a conduta resultante de uma visão
mais ampla da vida, quando o egoísmo deixa de ser a nota predominante de nossa
Sócrates considerava o filósofo como aquele que está dirigido para a virtude
passado.
Mas o sentido da palavra 'filosofia' é amor à Sabedoria e, como vimos,
sabedoria não é mero conhecimento. Ela pressupõe uma certa profundidade de visão,
A Teosofia não é apenas um amplo e profundo sistema filosófico, que lança luz
sobre a natureza e destino do homem, sobre as leis que regem o universo, sobre a
transformadora, cuja essência é compaixão por tudo que vive e sofre. O estudante
do serviço altruísta ao mundo, pois a sabedoria não apenas esclarece sua mente
acerca das mais profundas questões da vida como também acende em seu coração um
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
---------------------------
p.59.
(4) COLLINS, Mabel.O Idílio do Lótus Branco. São Paulo, Pensamento. p.83.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
-------------------------
1977.
BLAVATSKY, H.P. A Chave da Teosofia. São Paulo, Três, 1973. Brasília, Editora
Teosófica, 1991.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
-------------------------
BESANT, Annie. O Homem e seus Corpos. São Paulo, Pensamento, 1976.
TAIMNI, op. cit. acima nota (3)
LEADBEATER, C.W. O Homem Visível e Invisível. Sâo Paulo, Pensamento, 1969. "" , A
Mônada. São Paulo, Pensamento. p. 87.
Os planos de Existência (veja quadro acima), são constituídos pela terceiro aspecto da divindade
solar (chamado no cristianismo de Espírito Santo), sendo seus "átomos" constituídos no plano mais
elevado (Mahaparanirvânico) por "uma bolha" de Koilon. A cada nova plano criado segue-se uma
progressão geométrica, sendo o plano Paranirvânico (ou monádico) sendo constituído por 49 bolhas
primordiais. O processo de adensamento progride nesta progressão (49 elevado ao número do
plano de existência) , de forma que no plano material em que vivemos, os "átomos" são constituídos
por 49^6 bolhas de Koilon(quarenta e nove elevado a sexta potência), e as substâncias materiais
conhecidas pela ciência são constituídas não de algumas poucas subpartículas, nem meras 200 como
já reconhece a ciência, mas ao menos por 13.841.287.201 bolhas da matéria do plano puramente
espiritual.
Leadbeater em seu livro Química Oculta revelou o modelo do átomo ultérrimo de matéria física, ou
ANU, como também foi chamado, que teria a aparência de um complexo vórtice que vemos na
figura a seguir, sendo constituído pela circulação das milhões de particulas (bolhas) que o compõe:
Em síntese , biopsicoenergética é a ciência que se ocupa do estudo das energias biopsicológicas , sua
natureza causa e efeitos, e sua inter-relação com todo outro tipo de energias, sejam naturais ou
geradas . Estuda as energias biológicas e psicológicas ; suas causas e todas as relações possíveis com
outras energias .
Enquanto a Ciência Moderna apenas começava a falar em elétron e outras partículas atômicas ,
referindo-se a elas como "manchas de energia" e não como estruturas sólidas, em 1878 Edwin
Babbitt já mostrava em seu notável livro , The priciples of light and Color , o turbilhonante vórtice
de energia que constitui uma partícula atômica , ou ANU , como é chamado pela teosofia . Mais
tarde , C.W. Leadbeater e Annie Besant puderam confirmar quase exatamente a descrição e o
desenho de Babbitt . Ainda posteriormente , Geoffrey Hodson , o Teosofista clarividente , teve
condições de reiterar que o anu correspondia ao elétron.
"É um coração vivo, pulsante de energia ; com seus três turbilhões mais espessos e os sete mais
finos , é também um transformador , cada turbilhão constituído de sete ordens de espiras . Espirais
e espiras são as bases de sua estrutura e o ANU é modelado para realizar um trabalho .
Nos três turbilhões fluem correntes de eletricidade diferentes , os sete vibram como reação a ondas
etéricas de todos os tipos ... a sons, luz, calor , etc ; mostram as sete cores do espectro ; emitem os
sete sons da escala musical ; respondem de uma variedade de maneiras à vibração física ... corpos
relampejantes, cantantes, pulsantes, eles se movem incessantemente, inconcebivelmente belos e
brilhantes .
A partícula atômica ( ou ANU) , conforme observado até agora, exibe três movimentos
apropriados, isto é , movimentos próprios , independentes de qualquer outro que lhe seja imposto
de fora .
Gira incessantemente sobre seu próprio eixo , rodopiando como um pião a mover-se num pequeno
círculo ( nutação ) ; possui uma pulsação regular , uma contração e expansão parecidas com a
pulsação do coração ( a cada diástole enche-se de energia através do vórtice ; e a cada sístole
despeja uma torrente de energia pelo seu pólo sul ... a energia do prana ( a força vital ) . Quando
uma força é aplicada sobre ele, a partícula dança para cima e para baixo , oscila vigorosamente de
um lado para o outro , realiza os mais espantosos e rápidos giros , embora persistam sem cessar os
três movimentos fundamentais . Se é posto a vibrar , como um todo , à taxa que produz qualquer
uma das sete cores , o turbilhão pertencente a esta cor brilha fortemente . "
O ANU aparece e desaparece , subindo , por assim dizer , do plano astral e desaparecendo do físico
para o astral novamente .
O Prana
É a energia vital . Está presente em todo o Universo , no ar , nos minerais , nos alimentos (comida) e
nas radiações . É essencial para a existência da vida .
Assim como a comida o ar também é um alimento (menos denso e muito mais urgente ! ) . Sem
comida vive-se durante muitos dias , mas sem ar sobrevive-se apenas alguns minutos . Existe um
terceiro alimento que é ainda muito menos denso , pois pertence ao plano das radiações , ele é muito
mais urgente que o ar ; se houvesse carência deste terceiro elemento , o ser humano não poderia
sobreviver um único instante - este é o alimento absorvido pelos chacras (que veremos a seguir) .
Os Chacras
Chacras ( do Sânscrito Chakra = roda ), ou centro de força , são pontos de conexão pelos quais flui
a energia que percorre o corpo do homem. Basta um ligeiro grau de clarividência para ; poder vê-
los facilmente no duplo etérico , onde aparecem , sob a forma de depressões semelhantes a
redemoinhos ou vórtices .
Quanto mais espiritualizada for a pessoa , maior será o brilho e o tamanho desses chacras , que
serão vistos como refulgentes torvelinhos , à maneira de diminutos sóis.
Segundo seu tamanho e funções , os vórtices podem ser classificados em magnos, grandes, médios e
pequenos . Os magnos são os de maior tamanho e importância e estão vinculados a zonas ou órgãos
essenciais do corpo humano .
Todo ser humano , por meio dos órgãos de seu corpo sutil , mantém permanente relacionamento
com os campos energéticos naturais ou gerados que estão nas suas proximidades . Através de nossos
vórtices ou chacras absorvemos energia das plantas , dos minerais , da água , do ar e de tantas
outras fontes . Estas energias absorvidas são metabolizadas e , em alguns casos , sutilizadas para
níveis mais altos .
1 ) Chacra base ou raiz - é o primeiro centro ( fundamental ) situado na base da espinha dorsal e
recebe uma energia primária que emite quatro raios . Desta forma, suas ondulações se apresentam
divididas em quatro quadrantes , alternadamente vermelhos e alaranjados , com vazios entre eles .
Neste chacra , a vitalidade física do corpo depende da entrada correta e suficiente do raio vermelho
, particularmente no que tange às funções restauradora , procriadora e criadora . Seu talo
atravessa o plexo pélvico , o hipogástrico e termina entre a vértebra sacra e a primeira coccigia .
2) Chacra Esplênico - É o segundo chacra e está situado no baço e tem como função subdividir e
difundir a vitalidade do sol, apresentando-se através de sete modalidades ; seis correspondem aos
seis raios dos chacras, e a sétima fica concentrada no cubo da roda. Portanto, apresentam seis
pétalas ou ondulações de diversas cores, sendo muito radiante . O raio cósmico laranja controla o
chacra Esplênico e assiste o nosso corpo nos processos assimilativo, distribuidor e circulatório .
Tem efeito tônico poderoso e libera as funções corporais e mentais. Seu talo atravessa o plexo
hepático e termina entre a primeira e a segunda vértebra lombares. É também conhecido como raio
da sabedoria e aciona tanto a vitalidade quanto o intelecto.
3) Chacra umbilical - Está situado no umbigo , ou melhor , no plexo solar , e recebe a energia
primária , que se subdivide em dez radiações ou pétalas . É um centro muito importante para todo
o sistema nervoso e no controle dos processos digestivos ; sendo um raio mental, também estimula
as atividades intelectuais . Sua cor predominante é uma curiosa combinação de vários matizes do
vermelho e do verde. Todo este conjunto possui um talo complexo, que atravessa o plexo solar e
termina na coluna vertebral .
4) Chacra Cardíaco - situa-se na zona do coração e relaciona-se com o plexo nervoso . Exerce
grande efeito sobre os nervos e absorve o raio cósmico verde ( isto talvez ajude a explicar as
crescentes ondas de crime e delinqüência em cidades onde predomina a ausência de vegetação ) .
Cada um de seus quadrados está dividido em três partes , apresentando 12 ondulações ou raios .
Seu talo canaliza-se pelo orifício da mama esquerda , atravessa o plexo cardíaco e termina entre a
primeira e a segunda vértebra dorsal .
6) Chacra frontal - O sexto chacra está situado entre as sobrancelhas e parece dividido em duas
metades - uma em que predomina a cor rosada e a outra uma espécie de azul-purpúreo , recebendo
um total de 96 radiações . O brusco salto no número de raios , em relação aos anteriores , revela
que são chacras de ordem inteiramente distinta . Seu talo passa pela zona média da glândula
hipófise e termina na 1a. e 2a. vértebras cervicais .
7) Chacra coronário - Localiza-se na zona superior da cabeça , em forma de coroa . Quando está
em plena atividade , é o mais refulgente de todos e vibra com extraordinária rapidez , parecendo
conter todos os matizes do espectro, ainda que no conjunto predomine o violeta. Na Índia é
chamada de a flor de mil pétalas ", pois recebe 960 radiações de energia primária . É indicado na
assistência do desenvolvimento das faculdades espiritual e intuitiva. O talo desse vórtice termina na
glândula pineal .
São os chacras que seguem em ordem decrescente . Temos vórtices grandes nas palmas das mãos ,
nas articulações dos cotovelos , ombros, joelhos , nas cadeiras e nas plantas dos pés . O tamanho
destes chacras depende da atividade exercida pela pessoa . Nos músicos instrumentistas , pintores ,
escultores os vórtices das mãos são mais desenvolvidos . Já os vórtices médios estão situados em
volta dos chacras principais , como satélites , e os vórtices pequenos estão em maior quantidade
pelo corpo etérico , também como satélites dos chacras médios , podendo-se dizer que existem
tantos vórtices pequenos quanto os poros da pele.
A grande importância dos chakras está no fato de que eles conectam o Corpo Astral e o Corpo
Fìsico, e é um princípio que o corpo superior controla o inferior. Assim sendo, sendo o Astral o
"corpo das emoções" que controla o "corpo das ações", o físico, é importante conhecer a relação
dos chakras com as grandes glândulas que formam-se bem abaixo deles, bem como suas
extensões pelo sistema nervoso, como vemos na imagem a seguir. Como disse um dos Mestres de
Sabedoria: "As doenças são em sua maioria causadas pelas vibrações emocionais".
Bibliografia Recomendada:
Fraternalmente,
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Fisicamente Vivas
A Pessoa Comum
Essa classe consiste em pessoas cujos corpos físicos estão adormecidos e que quando temporariamente
desligadas da matéria (em função do sono, na maioria das vezes) flutuam pelo plano astral, em vários
graus de consciência.
Quando um homem "vai dormir", seus princípios superiores em seu corpo astral retiram-se do corpo
físico, e o corpo denso bem como o corpo etérico permanecem no leito, com o corpo astral flutuando
sobre eles. No sono, então, o homem está usando simplesmente seu corpo astral, em lugar do físico: só o
corpo físico está dormindo, não necessariamente o próprio homem.
Um homem muito pouco desenvolvido pode estar quase tão adormecido quanto seu corpo físico o está,
porque só é capaz de uma consciência muito pequena em seu corpo astral. Não pode também afastar-se da
vizinhança imediata de seu corpo físico adormecido e, se for feita uma tentativa de afastá-lo em seu corpo
astral, provavelmente acordaria aterrorizado em seu corpo físico.
O corpo astral de um homem assim é massa informe, espiral nebulosa, flutuante, toscamente ovóide, mas
muito irregular e indefinida em seu contorno.
Um homem desse tipo primitivo tem usado seu corpo astral durante sua consciência desperta, enviando
correntes da mente através do astral ao cérebro físico. Mas quando o cérebro está inativo, durante o sono
físico, o corpo astral, não sendo desenvolvido, é incapaz de receber impressões por sua própria iniciativa.
Assim, aquele homem está virtualmente inconsciente, incapaz de se expressar claramente através de seu
corpo astral de medíocre organização.
Numa pessoa muito pouco desenvolvida, portanto, os princípios superiores, isto é, o próprio homem,
estão quase tão adormecidos quanto o corpo físico.
A dificuldade com a pessoa comum não está no fato de o corpo astral não poder agir, mas no fato de que
durante milhares de anos aquele corpo esteve habituado a movimentar-se apenas pelas impressões
recebidas através do veículo físico. Assim, aquelas pessoas não compreendem que o corpo astral pode
trabalhar em seu próprio plano, por sua própria iniciativa e que a vontade pode agir sobre ele diretamente.
Quando um homem se torna discípulo de um dos Mestres, é habitualmente sacudido para fora daquela
condição sonolenta no plano astral, acordando inteiramente para as realidade que o cercam e para o
trabalho entre essas realidades, de forma que as horas de sono já não ficam em branco, mas são
preenchidas com ocupações ativas e úteis, sem que isso interfira de forma alguma no saudável repouso do
corpo físico cansado.
O Psíquico
A pessoa psiquicamente desenvolvida estará, de hábito, perfeitamente consciente quando fora do corpo
físico, mas por falta de um treinamento apropriado será talvez vítima de enganos quanto ao que vê. Com
freqüência poderá percorrer todos os subplanos astrais, mas às vezes é especialmente atraída por um deles
e raramente passa para além da influência desse plano. Suas recordações do que viu podem naturalmente
variar entre perfeita nitidez, máxima distorção, ou o absoluto esquecimento. Já que a supomos fora da
orientação de um Mestre, aparecerá sempre em seu corpo astral, já que não sabe como funcionar em seu
veículo mental.
O corpo astral mostra-se claramente delineado e definidamente organizado, parecendo-se ao corpo físico,
e esse homem pode usá-lo como um veículo, um veículo muito mais conveniente do que o corpo físico.
Neste caso a receptividade do corpo astral é maior, e ele pode responder instantaneamente a todas as
vibrações de seu plano, tanto as sutis como as grosseiras, mas no corpo astral de uma pessoa muito
altamente desenvolvida não haverá naturalmente qualquer matéria ainda capaz de responder às vibrações
grosseiras.
Tal homem está inteiramente desperto, trabalha muito mais ativamente, com maior exatidão e com maior
poder de compreensão do que quando está confinado ao veículo físico mais denso. Além disso, pode
mover-se livremente e com imensa rapidez para qualquer distância, sem causar a menor perturbação ao
corpo físico adormecido.
Pode encontrar amigos e com eles trocar idéias, sejam esses amigos encarnados ou desencarnados, os
quais acontece estarem igualmente acordados no plano astral. Pode encontrar pessoas mais evoluídas do
que ele próprio e receber delas avisos ou instruções; ou pode beneficiar os que sabem menos do que ele.
Ter obtido integral consciência no corpo astral é ter feito já um grande progresso: quando um homem
também lançou uma ponte sobre o vácuo ente a consciência física e a consciência astral, o dia e a noite já
não existem para ele, pois leva uma existência que não tem interrupção de continuidade. Para um homem
assim, mesmo a morte, tal como é comumente concebida, cessou de existir, já que ele leva consigo aquela
consciência integral não só através do dia e da noite, mas também através dos portais da própria morte, e
até o fim de sua vida no plano astral.
Esta classe não emprega habitualmente o corpo astral, e sim o corpo mental, que é composto da matéria
dos quatro níveis inferiores do Plano Mental. A vantagem deste veículo é permitir a passagem instantânea
do mental para o astral e vice-versa, permitindo ainda o uso, em todas as ocasiões, do poder maior e
maior agudeza dos sentidos de seu próprio plano.
Não sendo o corpo mental perceptível à visão astral, o discípulo que nele trabalha aprende a reunir em
torno de si um véu temporário de matéria astral, quando deseja tornar-se visível para entidades astrais. Tal
veículo, embora seja na aparência uma exata reprodução do homem, não contém nada da matéria de seu
próprio corpo astral, mas corresponde a ele da mesma forma pela qual a materialização corresponde a um
corpo físico.
Num estágio mais precoce de desenvolvimento, o discípulo pode ser encontrado funcionando em seu
corpo astral como qualquer outro; mas, seja qual for o veículo que esteja empregando, um discípulo, sob a
orientação de um Mestre competente, está sempre inteiramente consciente e pode funcionar facilmente
em todos os subplanos.
Esta classe corresponde, mais ou menos, à do Adepto e Seus Discípulos, a não ser que o desenvolvimento
tenha sido para o mal e não para o bem, ou os poderes adquiridos sejam usados para propósitos egoísticos
e não para fins altruísticos. Entre esta categoria inferior estão os que praticam os ritos das escolas de Obi
e Vudu e dos curandeiros das várias tribos. De intelecto superior, e por isso mesmo mais censuráveis, são
os magos negros tibetanos.
Fisicamente Mortas
Esta classe, obviamente muito grande, consiste em todos os níveis de pessoas, em diversas condições de
consciência. Nunca se insistirá demais no fato que não ocorre nenhuma mudança no homem, ao morrer;
ao contrário, ele permanece depois da morte exatamente o que era antes, a não ser que já não possua
corpo físico. Tem o mesmo intelecto, a mesma disposição, as mesmas virtudes e os mesmos vícios; a
perda do corpo físico não faz dele um homem diferente do que o faria a remoção de um terno. Ademais,
as condições em que ele se encontra são aquelas que seus próprios pensamentos e desejos criaram para
ele. Não há recompensa nem castigo vindos do exterior, mas somente o resultado real do que ele próprio
fez e disse e pensou enquanto viveu no mundo físico.
Esse é o primeiro e mais notável fato a observar: depois da morte não há uma estranha vida nova, mas
uma continuação, sob certas condições modificadas, da vida presente no plano físico. Tanto é esse o caso
que um homem, ao chegar ao plano astral após a morte física, de forma alguma sabe que está morto; e
mesmo quando compreende o que lhe aconteceu, nem sempre, de início, compreende em que o mundo
astral difere do físico. Há casos em que as pessoas consideram o próprio fato de ainda estarem
conscientes, como prova absoluta de que não morreram; isto se dá, a despeito da muita exaltada crença na
imortalidade da alma.
Se um homem jamais tinha ouvido algo sobre o plano astral em sua vida, provavelmente irá sentir-se mais
ou menos perturbado pelas condições totalmente inesperadas em que se encontra. Finalmente, aceita essas
condições, que não compreende, pensando que são necessárias e inevitáveis.
A compreensão do que aconteceu provavelmente se irá esclarecendo aos poucos, conforme o homem
descobre que, embora possa ver seus amigos, nem sempre pode comunicar-se com eles. As vezes dirige-
lhes a palavra, mas eles não parecem ouvir; tenta tocá-los e percebe que não fez impressão neles. Mesmo
então, durante algum tempo, pode persuadir-se de que está sonhando, porque em outras ocasiões, quando
seus amigos estão adormecidos, mostram-se perfeitamente conscientes dele e com ele falam como
outrora. Aos poucos o homem começa a compreender as diferenças entre sua vida presente e a que viveu
no mundo físico. Por exemplo, depressa compreende que para ele já não existem dor nem cansaço.
Descobre também que no plano astral os desejos e os pensamentos expressam-se em formas visíveis,
embora essas formas sejam compostas, em sua maior parte, da matéria mais fina daquele plano. E,
conforme sua vida continua, tais condições se fazem cada vez mais pronunciadas. Ademais, embora um
homem que está no plano astral não possa, habitualmente, ver o corpo físico de seus amigos, ainda assim
pode ver e vê seus corpos astrais e, conseqüentemente, sabe quais são seus sentimentos e emoções. Não
será capaz, necessariamente, de seguir em pormenores os acontecimentos de sua vida física; mas terá
imediata percepção quanto a sentimentos tais como amor ou ódio, ciúme ou inveja, porque eles se
expressarão através dos corpos astrais de seus amigos.
Freqüentemente, sem compreender que não tem necessidade de trabalhar para viver, comer, dormir etc.,
um homem, após a morte, continua a preparar e consumir refeições, criadas inteiramente pela sua
imaginação, ou chega mesmo a construir uma casa na qual possa viver. Da mesma forma, um homem,
novo na condições da vida astral, continua a entrar e sair de um aposento por uma porta ou uma janela,
não compreendendo que pode passar com a mesma facilidade através das paredes. Pela mesma razão, ele
caminha sobre a terra, quando poderia muito bem flutuar através do ar.
O homem que durante sua vida terrena tomou conhecimento, pela leitura ou outra forma qualquer, das
condições gerais da vida astral, encontra-se, depois da morte, naturalmente em terreno mais ou menos
familiar e conseqüentemente não se sente perdido sem saber o que fazer de si mesmo. Muitos dos que
morrem começam por ficar num estado de considerável inquietação e há outros que sentem um
verdadeiro terror. Quando encontram as formas-pensamentos que eles e os seus iguais têm estado a criar
durante séculos - pensamento sobre um demônio pessoal, uma entidade colérica e cruel, e castigo eterno -
ficam, com freqüência, reduzidos a um lamentável estado de medo e podem passar longos períodos de
agudo sofrimento mental antes que se possam libertar da influência fatal de tão tolas e supremamente
falsas concepções.
Embora não estejamos tratando, neste link, do trecho da vida após a morte, que é passado no plano
mental, ainda assim, a fim de que se compreenda inteiramente o que está acontecendo ao corpo astral no
plano astral, é aconselhável lembrar que a vida astral é, em grande extensão, um estágio intermediário no
ciclo completo da vida e da morte, uma preparação para a vida no plano mental.
Se considerarmos as condições da vida astral de um homem, haverá dois fatores importantes a serem
levados em conta: 1) a extensão do tempo em que ele passa em qualquer subplano particular;
O grau de conscientização depende do grau até o qual ele vivificou e usou a matéria do subplano
particular em sua vida física. Se durante a vida terrena a natureza animal foi afagada e teve permissão
para fazer excessos, se o aspecto intelectual e o espiritual foram negligenciados ou sufocados, então o
corpo astral, ou de desejo, persistirá por um longo tempo após a morte física. Por outro lado, se o desejo
foi dominado e cerceado durante a vida terrena, se foi purificado e treinado para obedecer à natureza
superior, pouco haverá então para energizar o corpo astral e ele rapidamente se dissolverá, desintegrando-
se.
Estar em dado subplano no mundo astral é ter desenvolvido sensibilidade das partículas do corpo astral
que pertencem àquele subplano. Ter prefeita visão do plano astral significa ter desenvolvido sensibilidade
em todas as partículas do corpo astral, de forma que todos os subplanos ficam simultaneamente visíveis.
Um homem que levou uma vida boa e pura, cujos sentimentos e aspirações foram espirituais e destituídos
de egoísmo, não se sentirá atraído pelo plano astral e, se for deixado inteiramente a sós, pouco encontrará
que o mantenha ali ou que desperte nele uma atividade, mesmo pelo período relativamente curto de seu
estágio. Suas paixões terrenas tendo sido dominadas durante a vida física e sua força de vontade tendo
sido dirigida para canais superiores, há pouca energia de desejo inferior para ser descartada no plano
astral. Assim, seu estágio ali será muito curto e é mais provável que tenha pouco mais do que uma
sonolenta semiconsciência até que mergulhe no sono durante o qual seus princípios mais altos finalmente
se libertem do corpo astral e ingressem na vida de beatitude do mundo celestial ou plano mental.
Todas as pessoas, depois da morte, têm de passar por todos os subplanos do plano astral, em seu caminho
para o mundo celestial. Mas o serem ou não consciente de todos eles, e em que extensão o seriam,
dependerá dos fatores citados. Por essas razões, é claro que a soma de consciência que um homem possa
ter no plano astral, e o tempo que ali irá passar em sua caminho para o mundo celestial, pode variar dentro
de limites muito amplos. Há alguns que passam ali apenas algumas horas ou dias, outros permanecem por
muitos anos, até mesmo durante séculos.
É da mais alta importância que depois da morte física um homem possa reconhecer claramente que ele se
está recolhendo continuamente em direção do ego e, conseqüentemente, que deve libertar seus
pensamentos, tanto quanto possível, das coisas físicas, fixando sua atenção nas coisas espirituais com as
quais se ocupará, quando, em devido tempo, passar do plano astral para o plano mental ou mundo
celestial. Muitas pessoas, infelizmente, recusam voltar seus pensamentos para o alto e se agarram aos
assuntos terrenos com desesperada tenacidade. Com a passagem do tempo, paulatinamente e no curso
normal da evolução, elas perdem contato com os mundos inferiores. Contudo, lutando a cada passo do
caminho, causam a si próprias muito sofrimento desnecessário e adiam seriamente seu progresso.
O pior que o homem comum do mundo habitualmente arranja para si próprio depois da morte é uma
existência inútil e altamente cansativa, sem interesses racionais - seqüência natural de uma vida
desperdiçada em auto-satisfação, futilidades e falatório ocioso, aqui na terra. As únicas coisas de que
gosta já não lhe são possíveis, porque no mundo astral não há negócios a fazer e, embora possa ter todo o
companheirismo que deseje, a sociedade é agora, para ele, uma coisa muito diferente, porque todas as
suas pretensões, no que a ela se referem e estão habitualmente baseadas neste mundo, já não são
possíveis.
O homem faz assim, para si mesmo, seu próprio purgatório e seu próprio céu, e tais coisas não são
lugares, mas estados de consciência. O inferno não existe: é apenas uma ficção da imaginação teológica.
Nem o purgatório nem o inferno podem ser eternos, porque uma causa finita não pode produzir resultado
infinito.
Passando para um tipo superior de homem, podemos considerar um que tenha algum interesse de natureza
racional, isto é, música, literatura, ciência etc. Não mais existindo a necessidade de passar uma grande
proporção de cada dia "ganhando a vida", o homem está livre para fazer precisamente aquilo de que
gosta, tanto quanto for capaz de realização sem a matéria física. Na vida astral é possível não só ouvir os
maiores músicos, mas ouvir muito mais música do que antes, porque há no mundo astral outras e mais
amplas harmonias do que os ouvidos físicos, relativamente embotados, podem captar. Para o artista, todo
o encantamento do mundo astral superior está aberto para seu gozo. Um homem poderá rápida e
facilmente mover-se de um lugar para outro e ver as maravilhas da Natureza, com muito maior facilidade,
é óbvio, do que jamais poderia fazê-lo no plano físico. Se ele é um historiador ou um cientista, as
bibliotecas e os laboratórios do mundo estão à sua disposição; sua compreensão dos processos naturais
será mais completa do que jamais fora, porque ele agora pode ver tanto o interior como o exterior dos
trabalhos e muitas das causas das quais antes apenas conhecia os efeitos. Em todos esses casos, sua
satisfação é grandemente aumentada porque não há fadiga possível. Um filantropo pode continuar seu
trabalho beneficente mais vigorosamente do que jamais o fizera e sob melhores condições do que no
mundo físico. Há milhares de criaturas que ele pode auxiliar e com maior certeza de estar propiciando
real benefício.
É bastante possível, para qualquer pessoa, depois da morte, dispor-se ao estudo, no plano astral,
adquirindo assim idéias inteiramente novas. Desta forma, há pessoas que podem tomar conhecimento da
Teosofia pela primeira vez, no mundo astral.
Qualquer homem desenvolvido é, sob todos os aspectos, tão ativo durante a vida astral após a morte como
o foi em sua vida física. Pode, indiscutivelmente, ajudar ou bloquear seu próprio progresso e o de outros,
tantos após a vida como antes, e conseqüentemente está todo o tempo gerando karma da mais alta
importância.
O ensinamento oculto nem por um momento aconselha que se esqueça o morto; mas sugere que a
lembrança afetuosa dele é uma força que, se dirigida apropriadamente na intenção de ajudar seu progresso
em direção do mundo mental e sua passagem através de um estado intermediário, pode ser de real valor
para ele, enquanto os lamentos não só são inúteis, mas prejudiciais.
A Sombra
Quando a vida astral de uma pessoa termina, ela morre no plano astral e deixa seu corpo astral em
desintegração, precisamente como, quando morre fisicamente, deixa seu cadáver físico que se deteriora.
O que acontece é que na maioria dos casos, o ego superior não pode retirar desses princípios inferiores o
todo de seu princípio manásico (mental); conseqüentemente, uma porção da matéria mental inferior
permanece presa ao cadáver astral. A porção de matéria mental que assim permanece consiste nos tipos
mais grosseiros de cada subplano, que o corpo astral conseguiu arrancar do corpo mental. Esse cadáver
astral, conhecido como Sombra, é uma entidade que de forma alguma é o indivíduo real. Não obstante,
guarda sua aparência exata, possui a sua memória, e todas as suas pequenas idiossincrasias. Pode,
portanto, ser tomado por ele, como de fato acontece, com freqüência, nas sessões espíritas. A Sombra não
é consciente de qualquer ato de impersonalização, porque, enquanto se refere ao intelecto, deve
necessariamente supor que é o indivíduo. Na realidade, é apenas um feixe sem alma de suas qualidades
inferiores.
A duração da vida de uma sombra varia de acordo com a quantidade de matéria mental inferior que a
anima, mas tal matéria vai-se esgotando, seu intelecto diminui em quantidade, embora possa possuir uma
grande dose de certa espécie de astúcia animal. E mesmo quase até o fim de sua carreira é capaz de
comunicar, retirando do médium uma inteligência temporária. Por sua própria natureza, está vastamente
exposta a oscilar entre toda a espécie de más influências e, estando separada de seu ego superior, nada
tem em sua constituição para responder às boas influências. Portanto, deixa-se usar para vários fins de
tipo inferior da espécie mais baixa de magos negros. A matéria mental que ela possui desintegra-se
gradualmente e retorna para a matéria geral de seu próprio plano.
O Cascão
Um cascão é o cadáver astral nos últimos estágios de sua desintegração, cada partícula mental já não
existindo ali. Em conseqüência, sem qualquer tipo de consciência ou inteligência, ele deriva,
passivamente, entre as correntes astrais. Pode ser mesmo então galvanizado por alguns momentos, num
tipo horrível de arremedo de vida, se lhe acontecer chegar ao alcance da aura de um médium. Sob tais
circunstâncias, ele ainda se parecerá exatamente com a personalidade que dele se separou, e pode até
reproduzir, em certa extensão, suas expressões familiares ou sua caligrafia.
Tem, também, a qualidade de ser ainda cegamente responsivo a vibrações, geralmente de ordem inferior,
tais como as que foram instaladas nela durante o último estágio de sua existência como sombra.
O Cascão Vitalizado
Esta entidade, estritamente falando não é humana: não obstante, é classificada aqui por causa de seu
aspecto externo, o cascão passivo, destituído de sentidos, que foi, um dia, apanágio da humanidade. Vida,
inteligência, desejo e vontade, tais como ele pode possuir, são os do elemental artificial que o anima,
sendo esse elemental artificial, por sua vez, criação do mau pensamento do homem.
Um cascão vitalizado é sempre malevolente, um verdadeiro demônio tentador, cuja má influência fica
limitada apenas pela extensão de seu poder. Como a sombra, é freqüentemente usado nas formas Obia e
Vudu de magia. Há escritores que se referem a ele com um "elemental".
Pode-se notar que essa classe, bem como a das Sombras e dos Cascões Vitalizados, são o que se pode
chamar vampiros menores, porque, ao terem oportunidade, prolongam sua existência sugando a vitalidade
de seres humanos aos quais consigam influenciar.
A posição do suicida é um tanto complicada pelo fato de que seu gesto insensato diminuiu imensamente o
poder do ego superior para recolher em si próprio sua porção inferior e, assim, levou-o a ficar exposto a
grandes perigos. Apesar disso, devemos lembrar que a culpa do suicídio difere consideravelmente,
segundo as circunstâncias, sendo assim, a posição depois da morte varia de acordo com as referidas
circunstâncias. As conseqüências kármicas do suicídio são habitualmente graves: afetarão certamente a
próxima vida e provavelmente outras ainda depois dessa. É um crime contra a Natureza interferir no
período determinado por uma teia intrincada de causas anteriores, isto é, pelo Karma, e aquele termo deve
chegar até o esgotamento, antes da dissolução da personalidade.
A atitude mental por ocasião da morte determina a posição subseqüente da pessoa. Assim, há uma
profunda diferença entre o que entrega sua vida por motivos altruísticos e o que deliberadamente destrói
sua vida por motivos egoístas, tais como medo etc. Os homens cuja mente é pura e espiritual, se forem
vítimas de um acidente etc., dormem tranqüilamente até o termo de sua vida natural. Em outros casos
permanecem conscientes - muitas vezes enleados na cena final de sua vida física durante algum tempo.
Sua vida kâmalóquica normal só começa depois que a teia da vida terrena é desfeita, e eles ficam
nitidamente conscientes tanto de seu ambiente físico como de seu ambiente astral.
O Vampiro e o Lobisomem
Estas duas classes são hoje extremamente raras, e exemplos deles são encontrados ocasionalmente. É, de
fato, possível que um homem viva uma existência de tal forma degradada, egoísta e brutal, que o todo da
mente inferior se torne emaranhado em seus desejos e acabe por se separar do ego superior. Isso é
possível apenas quando o menor raio de altruísmo e espiritualidade foi abafado, e quando não há qualquer
aspecto que leve à redenção. Tal entidade perdida encontra-se no plano astral e é irresistivelmente atraída,
em plena consciência, para "seu próprio lugar", a misteriosa oitava esfera, para ali desintegrar-se
lentamente, após experiências que é melhor não descrever. Se, contudo, morreu pelo suicídio ou pela
morte súbita, pode sob certas circunstâncias, especialmente se sabe algo de magia negra, evitar esse
destino passando à horrenda existência de vampiro.
Já que a oitava esfera não pode reclamá-lo enquanto não chega a morte do corpo, ele o preserva numa
espécie de transe cataléptico, transferindo para ele o sangue que suga de outro seres humanos através de
seu corpo astral semimaterializado, adiando assim seu destino final e cometendo, para tanto, mortes por
atacado. O remédio mais eficaz, num caso assim, tal como a "superstição" popular corretamente supõe, é
cremar o corpo, privando assim aquela entidade do seu ponto de apoio. Quando a sepultura é aberta, o
corpo aparece habitualmente bastante viçoso e sadio, e em geral o ataúde não se mostra cheio de sangue.
A cremação, como é óbvio, torna impossível essa espécie de vampirismo.
O Lobisomem pode manifestar-se, de início, somente durante a vida física de um homem, e isso implica
invariavelmente em algum conhecimento das artes mágicas - suficiente pelo menos para que ele consiga
projetar seu corpo astral. Quando um homem inteiramente brutal e cruel faz tal coisa, sob certas
circunstâncias o corpo astral pode ser apanhado por outras entidades astrais e ser materializado, não sob
forma humana, mas sob a forma de algum animal selvagem, quase sempre um lobo. Nesta condição ele
perambulará pela região que o rodeia, matando outros animais e mesmo seres humanos, satisfazendo
assim não só sua própria sede de sangue como também a dos demônios que o excitam. Nesse caso, como
com freqüência acontece com as materializações comuns, uma ferida feita à forma astral será reproduzida
no corpo físico humano, por um curioso fenômeno de repercussão. Depois da morte do corpo físico,
entretanto, o corpo astral, que provavelmente continuará a aparecer da mesma forma, é menos vulnerável.
Será, entretanto, menos perigoso, e, a não ser que encontre um médium apropriado, não poderá
manifestar-se integralmente. Em tais manifestações há, provavelmente, uma grande quantidade de matéria
do duplo etérico, e talvez até mesmo algum do líquido dos constituintes gasosos do corpo físico, como no
caso de algumas materializações. Em ambos os casos, esse corpo fluídico parece capaz de ir a distâncias
maiores do corpo físico, como no caso de algumas materializações. Em ambos os casos, esse corpo
fluídico parece capaz de ir a distâncias maiores do corpo físico do que de outra maneira seria possível,
tanto quanto se sabe, a um veículo contendo matéria etérica.
Esta classe corresponde, mutatis mutandis, à do discípulo à espera da reencarnação, mas, nesse caso, o
homem está desafiando o processo natural de evolução, mantendo-se na vida astral através de artes
mágicas - muitas vezes da mais horrível natureza.
Esta também é, presentemente, uma classe rara. Um discípulo que resolveu não "entrar em seu
Devachan", isto é, não passar para o plano mental ou mundo celestial, mas continuar a trabalhar no plano
físico, tem, às vezes, com a permissão arranjada por seu Mestre uma reencarnação adequada para ele.
Mesmo quando tal permissão é recebida, diz-se que o discípulo deve manter-se estritamente no plano
astral enquanto a matéria está sendo arranjada, porque, se tocar no plano mental, mesmo por um momento
que seja, pode ser arrastado por uma corrente irresistível, novamente, para a linha da evolução normal, e
passar assim para o mundo celestial.
Ocasionalmente, embora raramente, o discípulo pode ser colocado diretamente num corpo adulto, cujo
ocupante anterior não mais o usa. Mas só raramente há a disponibilidade de um corpo adequado.
Entretanto, o discípulo fica, naturalmente, com a consciência integral do plano astral e preparado para
seguir adiante com o trabalho que lhe deu seu Mestre, ainda com maior eficácia do que quando
embaraçado pelo corpo físico.
Os Nirmanakayas
É realmente muito raro isto de um ser tão elevado como um Nirmanakaya manifestar-se no plano astral.
Um Nirmanakaya é aquele que, tendo conquistado o direito de repouso, durante infinitas eras, em
indescritível beatitude, ainda assim escolheu permanecer em contato com a terra, suspenso, por assim
dizer, entre este mundo e o Nirvana, a fim de gerar correntes de força espiritual que possam ser
empregadas no auxílio à evolução. Se Ele desejar aparecer no plano astral, criará sem dúvida, para seu
uso um corpo astral temporário, usando a matéria atômica do plano. Isto é possível porque o
Nirmanakaya retém Seu corpo causal, e também os átomos permanentes que trouxe consigo durante a Sua
evolução, de forma que qualquer momento Ele pode materializar em derredor de si os corpos mental,
astral ou físico, se assim o desejar.
NÃO-HUMANAS
Essência Elemental
A palavra "elemental" é aqui empregada para denotar, durante certos estágios de sua existência, a
essência monádica, que por sua vez pode ser definida como uma efusão do espírito ou energia divina na
matéria.
Estamos tratando aqui, naturalmente, apenas da essência elemental astral. Essa essência consiste de
efusão divina que já se envolveu em matéria descendo ao nível atômico do plano mental, e então
mergulhou diretamente no plano astral, reunindo em torno de si um corpo de matéria astral atômica. Tal
combinação é a essência elemental do plano astral, pertencente ao terceiro reino elemental, o que precede
imediatamente ao mineral.
Do momento em que, pela influência de um pensamento ou desejo, a essência elemental é moldada como
força viva, torna-se então um elemental e pertence à classe "artificial". Mesmo então sua existência
separada é habitualmente evanescente, pois depressa, conforme seus impulsos se desprenderam, ele recai
na massa indiferenciada de essência elemental de onde veio. Um visitante do mundo astral será,
inevitavelmente, impressionado pela multiplicidade de formas da maré incessante de essência elemental,
sempre girando em torno dele, com freqüência ameaçadora, contudo sempre se retirando diante de um
determinado esforço da vontade. E ficará estupefato diante do exército imenso de entidades
temporariamente evocada, saídas daquele oceano para uma existência separada, através dos pensamentos
e sentimentos do homem, sejam eles bons ou maus.
Quando qualquer porção da essência elemental permanece por alguns momentos inteiramente intocada
pela influência externa - condição dificilmente obtida - não tem forma que lhe seja própria, definida. Com
a mais leve perturbação, porém, ela irrompe em espantosa confusão de formas inquietas, em contínua
modificação, que se plasmam, correm e desaparecem com a rigidez de bolhas à superfície de água
fervente. Essas formas evanescentes, embora geralmente as de criaturas vivas de algum tipo, humanas ou
não, não expressam mais a existência de entidades separadas na essência do que as igualmente mutáveis e
multiformes ondas erguidas durante alguns momentos sobre a superfície até então tranqüila de um lago,
que súbita rajada de vento encrespasse. Parecem meros reflexos tirados do vasto depósito da luz astral e,
ainda assim, têm habitualmente uma certa relação com o tipo de corrente de pensamento que as trouxe à
existência, embora quase sempre com alguma grotesca distorção, algum aspecto aterrador ou
desagradável.
Fica, assim, claro que o reino elemental, como um todo, é, em muito, aquilo que o pensamento coletivo
da humanidade faz dele. Há muitos usos para os quais as forças inerentes às múltiplas variedades da
essência elemental podem ser acionadas por alguém que tenha sido treinado para manejá-la. A vasta
maioria das cerimônias mágicas depende quase que inteiramente dessa manipulação, seja diretamente,
pela vontade do mago, ou através de alguma entidade astral mais definida que ele tenha evocado com esse
propósito.
Por meio dela quase todos os fenômenos físicos da sala de sessões espíritas são produzidos; é ela
igualmente o agente em muitos casos de pedras atiradas, toques de campainhas, casas assombradas, sendo
este último caso o resultado de esforços desatinados para atrair a atenção, esforços feitos por alguma
entidade presa à terra, ou simples travessura maliciosa de algum dos espíritos-da-natureza menores,
pertencentes à nossa terceira classe. Mas o "elemental" jamais deve ser considerado como aquele que
promove, pois ele é simplesmente uma força latente que precisa de poder externo para ser posto em
movimento.
Esta é uma classe extremamente grande, e ainda assim não ocupa lugar importante no plano astral, já que
seus membros habitualmente ficam ali por um curto espaço de tempo. A grande maioria de animais ainda
não se individualizou permanentemente, e quando um deles morre, a essência monádica que se esteve
manifestando através dele flui de retorno à alma-grupo de onde veio, levando consigo o avanço ou
experiência que obteve durante a vida terrena. Não é, contudo, capaz de fazer isso imediatamente. O
corpo astral do animal torna a arranjar-se, tal como acontece ao do homem, e o animal tem uma existência
real no plano astral, existência cuja extensão, embora nunca seja grande, varia de acordo com a
inteligência que ele desenvolveu. Na maioria dos casos, ele não parece estar mais do que semiconsciente,
mas parece perfeitamente feliz.
Os relativamente poucos animais domésticos que já atingiram a individualização e portanto não tornarão
a nascer como animais, neste mundo, têm no plano astral vida mais longa e mais animada do que seus
companheiros menos adiantados. Um animal assim individualizado, em geral, permanece próximo de seu
lar terreno e em contato íntimo com seu amigo e protetor especial. Esse período será seguido de um
período ainda mais feliz, que durará até que em algum mundo futuro assuma forma humana. Durante todo
esse tempo ele estará em condição análoga à de um ser humano no mundo celestial, embora em nível um
tanto inferior.
Nos países "civilizados", esses corpos astrais de animais acrescentam muito ao sentimento geral de
hostilidade no plano astral, porque a matança organizada de animais nos abatedouros, e por "esporte",
manda milhões para o plano astral, cheios de terror, de horror e de medo diante do homem. Nos últimos
anos esses sentimentos têm sido intensificados pela prática da vivisseção.
Espíritos-da-natureza
Esta classe é tão grande e tão variada que só é possível darmos aqui alguma idéia das características
comuns a todos eles.
Os espíritos-da-natureza pertencem a uma evolução muito diferente da nossa. Nunca foram nem serão
membros da humanidade como nós. Sua única conexão conosco está no fato de ocuparem,
temporariamente, o mesmo planeta. Parecem corresponder aos animais de uma evolução superior. Estão
divididos em sete grandes classes, habitando os mesmos sete estados de matéria impregnados pelas
variedades correspondentes de essência elemental. Assim, há espíritos-da-natureza da terra, da água, do
ar, do fogo (ou éter) - entidades astrais definidas, inteligentes, residindo e funcionando em cada um desses
meios. Só os membros da classe do ar residem normalmente no plano astral, mas seu número é tão
prodigioso que estão presentes ali em toda a parte. Na literatura medieval, os espíritos da terra são muitas
vezes chamados gnomos, os espíritos da água ondinas, os espíritos do ar silfos, os espíritos do éter
salamandras. Em linguagem popular têm sido chamados, variadamente, fadas, duendes, elfos, gênios,
djins, sátiros, faunos, espíritos domésticos, diabretes, trasgos etc.
Suas formas são muitas e variadas, porém a mais freqüente é a humana, em tamanho diminuído. Como
quase todas as entidades astrais, podem assumir qualquer aparência à vontade, embora tenham, sem
dúvida alguma, suas formas prediletas que usam quando nada os leva a assumir qualquer outra.
Habitualmente, são invisíveis aos olhos físicos, mas têm o poder de se tornarem visíveis pela
materialização, quando desejam ser vistos.
Devas (anjos)
Os seres chamados devas pelos hindus, são denominados anjos pelos demais, e também filhos de Deus
etc. Pertencem a uma evolução diferente da que rege a humanidade, uma evolução na qual podem ser
vistos como um reino logo acima da humanidade.
Jamais serão humanos, porque a maioria deles já está além desse estágio, mas há alguns, entre eles, que
foram humanos no passado. Os corpos dos devas são mais fluídicos do que os dos homens, sendo a
textura da aura, por assim dizer, mais frouxa. São capazes de expansão e contração muitíssimo maiores e
têm certa qualidade ígnea que os torna nitidamente distinguíveis do ser humano comum. A forma dentro
da aura de um deva, que é sempre aproximadamente uma forma humana, é muito menos definida do que
a do homem: o deva vive mais na circunferência, mais em toda a sua aura do que o homem. Os devas
aparecem, habitualmente, como seres humanos de tamanho gigantesco. Têm uma linguagem colorida, que
não pode ser provavelmente definida como a nossa linguagem, embora sob certos aspectos seja mais
expressiva.
Os devas estão, quase sempre, à mão e dispostos a expor e a exemplificar assuntos, ao longo de sua
própria linha, para qualquer ser humano suficientemente desenvolvido para apreciá-los. Embora
relacionados com a terra, os devas evoluem através de um grande sistema de sete cadeias, sendo o todo
dos nossos sete mundos como um só mundo para eles. Muito poucos, entre os da nossa humanidade,
alcançaram o nível do qual é possível reunir-se à evolução dos devas. A maioria dos recrutas do reino
deva tem vindo de outras humanidades do sistema solar, umas inferiores e outras superiores à nossa.
O objetivo da evolução dévica é elevar sua fileira mais avançada a um nível muito mais alto do que o
pretendido pela humanidade em período igual.
A manifestação dos Rupadevas e Arupadevas no plano astral é, pelo menos, tão rara como para uma
entidade astral é a sua materialização no plano físico.
Acima destas classes, há quatro outras grandes divisões, e acima e além do reino dévico estão as grandes
hostes dos Espíritos Planetários.
Certas evocações mágicas podem atrair-lhes a atenção, mas a única vontade humana que pode dominar a
deles é a de uma certa elevada classe de Adeptos.
Em regra, parecem pouco conscientes de nosso mundo físico, embora um deles possa ocasionalmente
prestar-lhe assistência, mais ou menos como o faríamos quando em auxilio de um animal. Compreendem
entretanto que, no presente estágio, qualquer interferência com os assuntos humanos tende a produzir
mais mal do que bem.
É desejável que se mencione, aqui, os quatro Devarajas, embora eles não pertençam, estritamente falando,
a qualquer das nossas classes. Esses quatro passaram por uma evolução que, certamente, em nada
corresponde à da nossa humanidade.
São eles os agentes do Karma do homem durante sua vida terrena e têm assim um papel muito importante
no destino humano. As grandes deidades kármicas do Cosmos, os Lipika, pesam as ações de cada
personalidade ao fim de sua vida astral e dão por assim dizer o molde de um duplo etérico inteiramente
apropriado ao seu karma, para o próximo nascimento do homem. Mas são os Devarajas que, tendo o
comando dos "elementos" dos quais o duplo etérico deve ser formado, arranjam suas proporções de forma
a preencher inteiramente as intenções do Lipika.
ARTIFICIAIS
As entidades artificiais formam a maior classe, e são também de certa forma as mais importantes para o
homem. Consistem em massa enorme, caótica, de entidades semi-inteligentes, diferindo entre elas como
os pensamentos humanos diferem, e praticamente incapazes de classificação e posicionamento detalhado.
Sendo inteiramente uma criação do homem, estão a ele relacionados por estreitos laços kármicos e sua
ação sobre o ser humano é direta e incessante.
O desejo e o pensamento de um homem atiram-se sobre a essência plástica elemental e modelam
instantaneamente um ser vivo de forma condizente. A forma de maneira alguma fica sob controle de seu
criador, mas vive uma existência própria cuja extensão é proporcional à intensidade do pensamento que a
criou, e tanto pode ser de alguns minutos como de muitos dias.
Um pensamento puramente intelectual e impessoal - tal como o relacionado com a álgebra ou a geometria
- estaria confinado à matéria mental. Se, por outro lado, o pensamento traz consigo qualquer desejo
egoísta ou pessoal, ele atrairá para si a matéria astral, além da mental. Se, ainda mais, o pensamento for
de natureza espiritual, se tiver o toque do amor e da aspiração, ou profundo e não egoístico sentimento,
então pode também entrar nele um pouco do esplendor e glória do plano búdico.
Cada pensamento definido produz dois efeitos: primeiro, uma vibração radiante, depois uma forma
flutuante. A vibração instalada no corpo mental e dele irradiando é acompanhada com um jogo de cores
que tem sido descrito como o do borrifar de uma cascata quando a luz do sol a atravessa, porém em grau
elevadíssimo de cor e vivida delicadeza. O segundo efeito, o de uma forma flutuante, é causado pela
porção de vibração que o corpo mental lança de si próprio, modelada pela natureza do pensamento, que
junta em torno de si matéria de ordem correspondente de delicadeza, retirada da essência elemental
circundante do plano mental. Essa é uma forma-pensamento pura e simples, composta apenas de matéria
mental. Se feita dos melhores tipos de matéria, será de grande poder e energia e pode ser usada como o
agente mais poderoso quando dirigida por uma vontade firme e forte.
Tanto a essência elemental mental como a astral, que possuem vida meio inteligente que lhes é própria,
respondem muito facilmente à influência do pensamento humano e ao humano desejo: conseqüentemente,
cada impulso enviado, seja do corpo mental de um homem, seja de seu corpo astral, reveste-se
imediatamente de um veículo temporário de essência elemental. Esses elementais artificiais tornam-se,
assim, uma espécie de criaturas vivas, entidades de intensa atividade, animadas pela idéia que as gerou.
São, na verdade, amiúde, tidas erroneamente, pelos psíquicos e clarividentes não treinados, como
entidades realmente vivas.
Assim, quando um homem pensa num objeto concreto - um livro, uma casa, uma paisagem etc. - constrói
minúscula imagem do objeto na matéria de seu corpo mental. Essa imagem flutua na parte superior
daquele corpo, quase sempre diante do rosto do homem e mais ou menos ao nível de seus olhos.
Permanece ali durante todo o tempo em que o homem estiver pensando no objeto, às vezes mesmo algum
tempo mais, a extensão daquela vida dependendo da intensidade e clareza do pensamento. A forma é
bastante objetiva e pode ser vista por qualquer outra pessoa que possua visão mental. Se um homem
pensa em outra pessoa, cria um minúsculo e exato retrato dessa pessoa.
Se o pensamento de um homem é a seu próprio respeito ou baseado num sentimento pessoal, como
costumam ser os pensamentos em sua vasta maioria, a forma pairará na vizinhança imediata do seu
gerador. A qualquer tempo então, quando ele estiver em condição passiva, seus pensamentos e
sentimentos não estando especificamente ocupados, sua própria forma-pensamento retornará para ele,
descarregando-se sobre si próprio. Além disso, cada homem também serve como magneto para atrair a si
as formas-pensamentos de outras, que sejam idênticas às suas, atraindo assim para sua própria pessoa um
reforço de energia vinda de fora.
Se a forma-pensamento está dirigida para outra pessoa, irá paira essa pessoa. Um, de dois efeitos, pode
então resultar daí.
Fazendo isso ela exibirá o que parece uma quantidade bastante considerável de inteligência e
adaptabilidade, embora seja realmente uma força atuando ao longo de uma linha de menor resistência -
pressionando com firmeza numa direção todo o tempo, e aproveitando qualquer canal que lhe aconteça
encontrar. Tais elementais podem naturalmente ser fortalecidos e seu período de vida estendido pela
repetição do mesmo pensamento.
( 2 ) Se, por outro lado, não houver na aura da pessoa matéria capaz de responder, então a forma-
pensamento não pode afeta-la. Portanto, irá refluir dali, com força proporcional à energia com a qual foi
atirada contra o alvo, retornando para bater em seu criador. Assim, por exemplo, o pensamento de desejo
de uma bebida não pode entrar no corpo de um abstêmio. Golpearia seu corpo astral, mas não chegaria a
penetrar nele e retornaria a quem o tivesse enviado.
Por outro lado, uma forma-pensamento de amor e desejo de proteção, fortemente dirigida para alguém
muito amado, atua como agente de amparo e proteção. Procurará todas as oportunidades para servir e
defender, aumentará forças amistosas e enfraquecerá as inamistosas que ataquem sua aura. Pode proteger
a pessoa contra a irritabilidade, a impureza, e o medo etc. Pensamentos amigáveis e sinceros bons desejos
criam e mantêm, assim, o que é virtualmente um "anjo da guarda", sempre ao lado da pessoa em que se
pensa, não importando o que ela possa ser. Os pensamentos e orações de muitas mães, por exemplo, têm
dado assistência e proteção ao seu filho. Tais pensamentos são vistos com freqüência pelos clarividentes e
em raros casos podem mesmo materializar-se, tornando-se visíveis.
Um desejo suficientemente forte - esforço concentrado de amor ou de ódio - criará tal entidade de uma
vez para sempre, uma entidade que será, então, bastante desligada de seu criador e levará adiante o
trabalho que lhe foi designado; sem considerar as intenções e desejos posteriores que aquele venha a
manifestar. Simples arrependimento não a traz de volta nem evita a sua ação, tal como o arrependimento
não pode deter um bala, uma vez disparada. O poder da entidade só poderia ser bastante neutralizado com
o envio, em seu seguimento, de pensamentos de tendência contrária.
Ocasionalmente, não conseguindo exercer sua força sobre seus objetivos nem sobre seu criador, um
elemental dessa classe pode tornar-se uma espécie de demônio errante, atraído por qualquer pessoa que
manifeste idênticos sentimentos. Se for suficientemente poderoso, conseguirá mesmo apoderar-se de um
cascão que passe e nele instalar-se, empregando mais cautelosamente seus recursos. Nessa forma pode
manifestar-se através de um médium e, fingindo-se um amigo bem conhecido, obtém influência sobre
pessoas que, de outra maneira, não conseguiria impressionar. Tais elementais, transformados assim em
demônios errantes - tenham sido consciente ou inconscientemente formados – procuram invariavelmente
prolongar sua vida, seja alimentando-se como vampiros da vitalidade dos seres humanos, seja
influenciando-os para que eles lhes façam ofertas. Entre as tribos simples, primitivas, têm conseguido,
com freqüência, tornar-se considerados como deuses da aldeia ou da família. Os tipos menos perigosos
podem contentar-se com oferendas de arroz e alimento cozido; os de classe mais baixa, os mais
repulsivos, pedem sacrifícios sangrentos. Ambas as variedades existem hoje na Índia e, em número maior,
na África.
A forma-pensamento-de-desejo tem como corpo a essência elemental, e como alma animadora, por assim
dizer, o desejo ou a paixão que a projetou. Tanto essas formas-pensamentos-de-desejo como as formas-
pensamentos puramente mentais são chamadas elementais artificiais. A vasta maioria das formas-
pensamentos comuns são do primeiro tipo, pois poucos são os pensamentos dos homens e mulheres
comuns que não sejam matizados pelo desejo, a paixão ou a emoção.
Os magos negros da Atlântida - os "senhores da face escura" - ao que parece especializaram-se nesse tipo
de elementais artificiais, e alguns deles, segundo se tem sugerido, conservam sua existência mesmo em
nossos dias. A terrível deusa hindu, Káli, será provavelmente uma relíquia desse tipo.
Artificiais humanos
Esta é uma classe muito peculiar, compreendendo poucos indivíduos, mas possuindo uma importância
inteiramente fora de proporção com seu número, devido à sua conexão íntima com o movimento espírita.
A fim de explicar sua gênese é necessário voltar à antiga Atlântida. Entre as lojas para o estudo oculto,
anteriores à Iniciação e formadas pelos Adeptos da Boa Lei, há uma que ainda observa o mesmo ritual
daquele antigo mundo e ensina as mesmas línguas atlantes como línguas tão sagradas e ocultas como nos
dias da Atlântida.
Os mestres dessa loja não estão no nível dos Adeptos e a loja não faz parte diretamente da Irmandade dos
Himalaias, embora haja alguns Adeptos himalaicos que estiveram relacionados com ela em encarnações
anteriores. Pelos meados do século dezenove, os dirigentes daquela loja, desesperados com o
materialismo crescente da Europa e da América, determinaram combatê-lo através de métodos novos e
oferecer oportunidades a qualquer homem sensato para que pudesse ter provas de uma existência
separada do corpo físico.
O movimento assim instalado se desenvolveu na vasta rede do espiritismo moderno, cujos aderentes se
contam aos milhões. Sejam quais forem os resultados que se possam ter seguido, é indiscutível que por
meio do espiritismo uma grande quantidade de pessoas adquiriram crença em, pelo menos, alguma
espécie de vida futura. E essa é uma conquista magnífica, embora alguns pensem que foi conseguida a um
custo demasiado alto.
O método adotado foi tomar alguma pessoa comum, depois da morte, despertá-la completamente no
plano astral, instruí-la até certo ponto quanto aos poderes e possibilidades que lhe pertenciam, e então
colocar a seu cargo um círculo espírita. Ela, por sua vez, "desenvolveu" dentro das mesmas linhas outras
personalidades falecidas, e todas agiram sobre os que freqüentavam suas sessões, "desenvolvendo-os"
como médiuns. Os líderes do movimento, sem dúvida alguma, manifestavam-se ocasionalmente sob
forma astral, naqueles círculos, mas na maioria dos casos apenas dirigiam e guiavam conforme
consideravam necessário. Pouco se duvida de que o movimento cresceu tanto que depressa foi além de
seu controle. Por muitos dos desenvolvimentos posteriores, portanto, só podem ser tomados como
indiretamente responsáveis. A intensificação da vida astral dos "controles" que tomaram os círculos a seu
cargo retardou claramente seu progresso natural e, embora aquilo fosse tomado como integral
compensação para tal perda através do resultado do bom karma trazido pelo fato de conduzir outros à
verdade, depressa se soube que era impossível fazer uso do "espírito-guia" por qualquer espaço de tempo
sem lhe causar sério e permanente dano.
Em alguns casos, tais "guias" foram retirados e substituídos por outros. Em outros casos, contudo, foi
considerado indesejável fazer tal mudança e então um notável expediente foi adotado, dando início a uma
curiosa classe de criaturas chamadas "artificiais humanos".
Deixou-se que os princípios superiores continuassem sua lenta evolução ao mundo celestial, mas a
Sombra que havia ficado atrás; foi tomada, sustentada e manipulada de forma a continuar a aparecer no
círculo, tal como antes. De início, isso parece ter sido feito por membros da loja, mas finalmente se
decidiu que a pessoa falecida que tinha sido apontada para suceder ao antigo "espírito-guia" ainda o fosse,
mas tomasse posse da Sombra deste último, sombra ou cascão, e simplesmente usasse sua aparência. É a
isso que se chama uma entidade "humana artificial". Em alguns casos, mais do que uma modificação
parece ter sido feita sem levantar suspeitas, mas por outro lado algumas investigações do espiritismo
observaram que depois de um tempo considerável as modificações apareceram subitamente nas maneiras
e nas disposições do "espírito".
Nenhum dos membros da Irmandade do Himalaia jamais empreendeu a formação de uma entidade
artificial desse tipo, embora não pudessem interferir com ninguém que se julgasse no direito de tomar tal
resolução. Além da decepção envolvida, um ponto fraco no arranjo é que outras lojas, que não a original,
podem adotar o plano, e nada poderá impedir que magos negros se supram de espíritos comunicantes,
como aliás, sabe-se, têm efeito.
Fraternalmente,
Osmar de Carvalho
Coordenador da Loja Teosófica Virtual
osmar@teosofia.com.br
O Plano Mental
O Plano Mental é um mundo, plano, nível, dimensão, esfera ou região de nosso universo; como um
mundo esplêndido de exuberante vida, onde podemos residir tanto agora como depois da vida astral, no
intervalo entre duas encarnações.
O Plano Mental é o imediatamente superior ao Astral, porém é absolutamente necessário que o estudante
de Teosofia e Esoterismo compreenda a verdade capital de que em nosso universo há sete planos,
mundos, níveis, esferas ou regiões, cada um com sua matéria peculiar de apropriado grau de densidade
que interpenetra a matéria do plano contiguamente inferior. Portanto, as palavras "superior", "alto" e
"baixo", com referência aos planos ou mundos de nosso universo, não denotam sua posição, pois que
todos ocupam o mesmo espaço, senão tão-só indicam o maior ou menor grau de condensação de matéria
primordial e sua diversa tônica de vibração.
Em conseqüência, quando dizemos que um indivíduo passa de um plano para outro, esse passo não
significa nem o menor movimento no espaço, senão simplesmente uma mudança de foco de consciência.
Porque cada ser humano tem em si mesmo matéria de cada um dos sete planos e um veículo ou corpo
correspondente a cada um deles, por cujo meio pode atuar quando sabe manejá-lo. Assim é que a
passagem de um plano para outro eqüivale a mudar de um veículo para outro o foco da consciência, e no
atual estado evolutivo da massa geral da humanidade esta mudança se contrai ao uso dos veículos Astral e
Mental, em lugar do físico.
O Plano Mental é uma elevada região do universo, o mundo-céu das religiões, denominado Devacan, "o
lugar dos deuses", ou Devasthan e Svarga pelos hindus; Sukhavati pelos budistas, Campos Elíseos pelos
antigos gregos, Céu pelos zoroastrianos e cristão. É geralmente tido como uma região de perene
felicidade. Há, tradicionalmente, sete níveis de plano e vida celeste. Segundo o autor, não se trata de um
deserto, habitado apenas por um pequeno grupo de almas eleitas que ali vivem uma vida contemplativa
mas passiva, alheia a tudo e a todos. Bem ao contrário, é um mundo maravilhoso, esplendente de luz,
dinamismo e atividade, que sucede imediatamente ao Mundo Astral, mas onde não penetram, nem podem
penetrar, o caos e a confusão dos mundos que lhe são inferiores, como o astral e o terreno.
No plano mental permanece o homem a maior parte do tempo durante o transcurso de sua evolução, a
menos que esteja sumamente atrasado. Em termo médio, a vida celeste dura vinte vezes mais que a mais
longeva vida física. A duração é muito menor nos indivíduos escassamente evoluídos, enquanto que, ao
contrário, nos muito evoluídos a vida celeste é trinta vezes mais longa que a física.
O plano mental é a peculiar e permanente morada do Ego, cujas descidas à encarnação são curtos ainda
que importantíssimos episódios de sua carreira. Portanto, não serão tempo nem esforço perdidos os
empregados em adquirir o maior conhecimento possível da vida celeste enquanto estivermos aprisionados
no corpo físico.
A matéria que vamos descrever é muitíssimo mais sutil do que a astral, ao querer expressá-las em
linguagem comum, o investigador se encontra completamente perdido e só pode esperar que a intuição
dos leitores supra a inevitável deficiência da descrição.
Como exemplo de uma das muitas dificuldades, parece como se no plano mental não existisse espaço
nem tempo, porque os acontecimentos que no plano físico se sucedem um após outro em lugares
separados, ocorrem no mundo mental simultaneamente e no mesmo lugar.
Não é possível focalizar plenamente a consciência no mundo celeste e retornar à terra com clara
recordação do que ali percebeu.
A intensiva felicidade é a primeira idéia capital em que devem basear-se nossos conceitos da vida celeste.
Tratamos de um mundo em que, por sua própria constituição, são impossíveis o mal e a tristeza; em que
todos são felizes, pois cada qual goza da maior felicidade espiritual de que é capaz de gozar. É um mundo
cujo poder de resposta de aspirações só está limitado pela capacidade do aspirante.
No mundo mental a onipresente vida palpita em toda a parte, incessantemente, e com enorme elevação de
tonalidade.
Para o explorador do mundo mental, pensar equivale a realizar sem dúvidas, demoras ou vacilações. Se
pensa num lugar, imediatamente se encontra no mesmo lugar. Se pensa num parente ou amigo,
instantaneamente o tem ante si, não são possíveis os erros e nem podem enganá-lo as falsas aparências,
porque como em um livro aberto lê os pensamentos e emoções do seu parente ou amigo.
O explorador conhece tudo quanto não transcende do mundo mental. O passado do mundo terrestre é para
ele tão claro como o presente, porque sempre tem à sua disposição os indeléveis arquivos da natureza, e a
história surge ante sua vista ao mandato de sua vontade. Já não está à mercê dos historiadores, que
arriscam a estar mal informados ou padecer de parcialidade, e pode estudar por si mesmo qualquer
incidente ou episódio histórico que lhe interesse, com a certeza de que conhecerá a verdade, toda a
verdade e nada mais do que a verdade.
Se for capaz de permanecer nos três subplanos superiores do plano mental, ante ele se desenvolverá toda
a história de suas vidas passadas e verá as causas cármicas que fizeram dele o que é, e também verá o
que o carma lhe reserva para esgotá-lo antes de saldar a triste e longa conta. Assim conhecerá exatamente
seu verdadeiro lugar na evolução.
O pensamento concreto toma a forma do objeto cuja idéia envolve, ao passo que as idéias abstratas se
plasmam em perfeitas e formosas formas geométricas.
O plano mental não tem cenário fixo, porém cada um estabelece um cenário peculiar segundo a índole de
seus pensamentos.
Como o astral e o físico também compreende sete subdivisões. As quatro inferiores constituem o mundo
mental inferior, onde subsistem as formas e a maioria dos seres humanos reencarnantes passa sua longa
vida de felicidade entre duas encarnações. As três subdivisões ou subplanos superiores constituem o
mundo mental superior, onde já não existem formas e é a verdadeira morada do Ego ou Alma humana.
Ao mundo mental inferior se chama mundo rúpico ou com forma, porque nele cada pensamento assume
uma forma definida, enquanto que ao mundo celeste superior se chama arúpico ou sem forma e nele o
pensamento se manifesta de maneira muito diferente.
O plano mental é um reflexo da Mente Divina, um inesgotável e infinito depósito donde o Ego pode
extrair tudo quanto lhe permita o dinamismo dos pensamentos e aspirações engendrados durante a vida
física e astral.
Nos começos de nossas investigações, tornou-se evidente que no plano mental também havia, como no
astral, uma essência elemental completamente distinta da matéria própria do plano, e que essa essência
elemental era ainda mais instantaneamente sensível à ação do pensamento que a do plano astral, pois no
mundo mental tudo era substância mental. Portanto, não só a essência elemental, mas toda a matéria
própria do plano está diretamente afetada pela ação do pensamento, de maneira que convém distinguir
entre ambas as ações.
Assim vemos que cada Ego é no mundo mental um foco emissor de radiações mentais que se propagam
em todas as direções, sem se entrecruzarem umas com as outras. Nisto se parecem a raios luminosos no
mundo físico.
Sem dúvida que nem todos os pensamentos percebidos formalmente no plano mental ou rúpico estão
dirigidos a determinada pessoa, mas que muitos flutuam vagamente no ambiente do plano com infinidade
de formas e cores, de modo que sua observação e estudo é em si uma ciência fascinadora. Nos dará uma
idéia dos princípios fundamentais de sua formação o seguinte extrato de um artigo publicado pela Dra.
Besant no Lúcifer de setembro de 1896, revista antecessora de The Theosophical Review:
As formas de pensamento laçadas pela ação da mente baseiam-se nos três princípios seguintes:
Os habitantes do mundo mental que ainda estão em corpo físico são invariavelmente os Adeptos e seus
discípulos já iniciados, pois enquanto um Mestre não ensina a seu discípulo a maneira de usar o seu
corpo mental, ele não poderá atuar conscientemente nem mesmo nos subplanos inferiores do mental. Para
funcionar conscientemente durante a vida física nos subplanos superiores, é necessário um adiantamento
muito maior, porque requer a unificação do homem.
Como exemplo da possibilidade de entrar no plano mental durante o sono, mencionaremos um incidente
ocorrido em relação a uma mulher de mente pura e considerável que se achava no mesmo estado em que
se encontra um homem comum depois da vida astral, ao chegar ao oceano de luz e cor em que ele flutua,
inteiramente absorto em seus próprios pensamentos. Isto é, que a mulher adormecida permanecia em
extática contemplação da paisagem e de tudo quanto a paisagem lhe sugeria, com aguda intuição, a
perfeita apreciação e o intenso vigor do pensamento peculiar do plano mental, em contínuo gozo de uma
inefável felicidade. Várias horas esteve a mulher adormecida nesta condição, embora parecesse ter
perdido a noção do tempo, até que por fim despertou com um sentimento de profunda paz e gozo interior,
embora não se recordasse de nada do que sonhou.
Os Desencarnados
Convém recordar que depois da vida astral que se segue à perda do corpo físico, o homem passa
sucessivamente pelos dois estados de consciência correspondente aos quatro subplanos do mundo mental
superior. No entanto, a maioria está tão pouco evoluída que sua consciência é tão tênue em ambos os
mundos, que bem se pode dizer que vivem sonolentas neles, embora consciente ou inconsciente,
dormindo ou acordado, todo ser humano tem que chegar ao Plano Causal - ou plano mental superior -
antes de se reencarnar no plano físico, e segundo progride em sua evolução, é mais real para ele o seu
contato com o plano causal. Não só é ele ali mais consciente à medida que progride, senão que sua
permanência nesse mundo é cada vez mais longa, porque sua consciência se vai elevando lenta mas
firmemente pelos diversos planos do sistema.
Por exemplo: o homem que começa a evoluir só é consciente no plano físico durante a vida terrena e nos
subplanos inferiores do plano astral depois da morte do corpo físico. Quando o indivíduo está algo mais
adiantado, já passa um curto período da vida celeste nos subplanos inferiores do mundo mental, embora
ainda passe no mundo astral a maior parte do intervalo entre duas encarnações. Conforme progrida, a vida
astral vai-se tornando cada vez mais curta e a mental mais longa, até que, quando alcança um alto grau de
inteligência e espiritualidade, passa rapidamente pelo mundo astral e permanece longo tempo no mundo
mental isto é, no subplano superior dos quatro rúpicos ou com forma. Ali, então, sua consciência se eleva
consideravelmente até passar para o mundo causal, onde no corpo causal, permanece a maior parte do
tempo ente duas encarnações.
O processo se repete daí em diante, no sentido de que cada vez é mais curta a vida astral e mais longa e
plena a vida mental.
O amor à família, a amizade leal e a devoção religiosa são qualidades que levam um homem à vida
mental, embora se tenha de distinguir que as duas variedades egoísta e inegoísta destas qualidades, pois as
de índole egoísta não abrem as portas ao mundo celeste (mental).
Todo indivíduo tem de retrair-se em seu verdadeiro ser no plano mental antes de se reencarnar; mas disso
não se segue que nesta condição haja de ser consciente, e do mesmo modo temos dito que os Egos
atrasados ou que começam a sua evolução não chegam ao plano mental.
Um ponto interessante sobre este particular é que se um indivíduo pode relacionar-se com a vida celeste
de vários parentes e amigos simultaneamente, poderá também manifestar-se ao mesmo tempo nas várias
imagens que deles se forjem.
Alguns perguntam se no mundo mental se tem noção do tempo, se há sucessão de dias e noites, e de sono
e vigília. A única coisa que há no mundo mental em relação a este particular é o despertar da mente à
inefável felicidade de que o Ego desfruta, e também a lenta queda no sono de uma ditosa inconsciência ao
terminar a vida celeste, que no princípio se nos descreveu comparando-a a uma espécie de prolongamento
ou série de todas as horas ditosas de uma pessoa na terra, porém com centuplicada felicidade.
Sem dúvida esta descrição é muito deficiente, como o são todas as que são feitas tomando por
comparação as coisas do plano físico.
Quando o Ego abandona definitivamente o corpo astral e fica com o corpo mental inferior como uma
envoltura externa, sobrevém um período de inconsciência superficial cuja duração varia entre limites
muito extremos, analogamente ao que ocorre ao morrer o corpo físico. O despertar da consciência mental
assemelha-se ao despertar pela manhã do sono profundo de uma noite. Da mesma forma que ao despertar
pela manhã passamos por um período de preguiça deleitosa durante o qual a mente não está ativa nem o
corpo rígido, assim também, quando ao despertar o Ego no mundo mental, passa por um período mais ou
menos longo de intensa e gradualmente crescente felicidade até alcançar a plena atividade.
A primeira vez que o Ego experimenta este admirável sentimento de gozo, enche todo o corpo de sua
consciência, e pouco a pouco se vê rodeado de um mundo de imagens forjadas por sua mente com as
características peculiares do subplano a que o levou o seu estado de consciência.
Outro caso mais recente observado foi o de um materialista que, ao despertar no mundo astral depois da
morte, acreditou que ainda estava vivo na terra, porém sob a influência de um pesadelo.
Para todos, exceto para alguns indivíduos muito adiantados, a vida celeste é absolutamente necessária,
porque só assim é possível que suas aspirações se convertam em faculdades, suas experiências em
conhecimentos, e o progresso que o Ego realiza deste modo é muito maior do que seria possível se por de
outra maneira, seja a negação das leis da natureza de que quanto mais próximo estivesse de conseguir seu
magno objetivo, mais determinados e formidáveis seriam os seus esforços para invalidar-se, o que não se
enquadra a leis que manifestam a mais alta sabedoria.
Corpo Causal (Arupa) - Homem Evoluído
Denomina-se também Plano Causal, céu superior, e está constituído pelos três subplanos superiores, ou
seja, o terceiro, segundo e primeiro do mundo mental, ou seja, os céus, quinto, sexto e sétimo. O mundo
mental arúpico, no qual os pensamentos não necessitam assumir forma, porque a mente abstrata, vibrante
por meio do corpo mental superior ou corpo causal, é a tônica do plano em que o Ego tem sua própria e
permanente morada durante o ciclo de suas reencarnações. O Ego tem neste plano uma visão clara de
tudo o que vê, porque transcendeu as ilusões e o refrativo meio da personalidade. Poderá ser tênue, débil e
limitada a sua visão, porém é verdadeira.
As condições da consciência no mundo causal são tão distintas das com as quais estamos familiarizados
no mundo físico, que nenhum vocábulo da terminologia psicológica serve para descrevê-las. O plano
causal é o reino do número em contraste com o fenômeno, das causas em contraste com os efeitos, das
essências em oposição às formas, mas ainda é um mundo de manifestação, embora real, se compara com
as ilusões dos mundos inferiores, e também há nele formas, porém de matéria tenuíssima e de essência
sutil.
Terminado o período a que chamamos vida celeste, o Ego tem que passar por outra fase de existência
antes de renascer na terra, e embora para a maioria das pessoas seja muito curto este período, não
devemos silenciar se queremos ter um conceito completo da vida superfísica do homem.
O resultado final se conhece quando neste processo de retração a consciência volta a concentrar-se no
Ego, sendo restituída à sua verdadeira morada, o mundo causal. Então se verifica que novas qualidades
adquiriu, ou melhor dizendo, atualizou aquele ciclo particular de sua evolução. Então o Ego também
percebe um vislumbre do conjunto de sua vida, pois tem por um momento um lampejo de consciência
clara, em que vê o resultado das três etapas física, astral e mental da vida que acaba de passar, e também o
que dela resultará para a sua próxima e imediata encarnação.
Este vislumbre envolve apenas o conhecimento da índole da próxima encarnação, pois o Ego só tem dela
um vago e geral sentimento que lhe descobre o objeto básico; porém o valor da lição consiste no
conhecimento dos resultados cármicos de suas ações passadas, e oferece-lhe uma ocasião que aproveitará
com maior ou menor vantagem segundo o grau de evolução que se encontre.
No princípio aproveita muito pouco, pois não tem a consciência bastante apta para examinar os fatos e
assinalar suas variadas relações; porém pouco a pouco vai aumentando sua aptidão para apreciar o que vê,
até que consegue recordar os vislumbres obtidos no fim do anterior ciclo de vida e compará-los entre si,
de modo que a comparação lhe dá a conhecer seu progresso na evolução.
O mundo mental superior, ou plano causal, e também é o mais povoado de todos os subplanos do
genérico mundo mental, porque ali estão presentes os sessenta mil milhões de Egos comprometidos na
atual evolução humana.
Segundo o Ego vá passando por experiências e assimilando seus resultados, adquire o conhecimento de
que umas ações são boas e outras más, e este conhecimento se manifesta imperfeitamente na
personalidade como uma incipiente consciência do justo e do injusto Pouco a pouco o sentimento de
justiça vai se afirmando, e mais claramente se formula na personalidade de modo que já serve um tanto de
guia de conduta.
Por meio das oportunidades que deparam os lampejos da plena consciência a que temos aludido, os Egos
mais avançados do terceiro subplano adiantam até o ponto de se ocuparem no estudo de seu passado,
assinalando as causas que o estabeleceram e aprendendo muito desta retrospecção, de modo que os novos
impulsos para a frente são mais claros e definidos, e transferem-se à personalidade como firme
convencimento e imperativas intuições.
O primeiro subplano mental é o mais glorioso, no qual moram poucas entidades pertencentes à nossa
humanidade, que são os Mestres de Sabedoria e Compaixão e seus discípulos e iniciados. A beleza de
forma, cor e som é inefável neste subplano, porque na linguagem humana não existem vocábulos em que
possam achar expressão tão radiantes esplendores.
Neste primeiro subplano o Ego também é consciente dos subplanos inferiores nos quais pode aproveitar
plenamente as imagens mentais de seus parentes e amigos, enquanto que no terceiro subplano e na metade
inferior do segundo, era ainda algo inconsciente dos subplanos inferiores, e instintiva e automática sua
ação nas imagens mentais. Porém, ao chegar à metade superior do segundo subplano, sua visão
esclareceu-se em certas condições muitíssimo melhor do que por meio da personalidade.
No primeiro subplano o Ego atua em seu corpo causal, envolto na magnificente luz e esplendor do sétimo
céu, e sua consciência pode focalizar-se instantaneamente em qualquer ponto dos subplanos inferiores e
intensificar com energia suplementar a imagem mental da qual deseja valer-se com o propósito de dar
ensinamento.
Deste primeiro e supremo subplando do mundo mental flui a maioria das influências dos Mestres de
Compaixão e Sabedoria, quando trabalham em favor da evolução humana e atuam diretamente nos Egos
dos homens, derramando sobre eles as inspiradoras energias que estimulam o progresso espiritual que
ilumina a mente e purifica as emoções.
Deste primeiro subplano do mundo mental o gênio recebe a luz que o ilumina e ali encontra sua
orientação todos os esforços de adiantamento espiritual.
O Reino Animal
Está representado no plano mental por duas divisões principais. No mental inferior encontramos as almas
grupais às quais está sujeita a imensa maioria dos animais, e no subplano inferior do mental superior
vemos os corpos causais dos poucos animais individualizados, que em rigor já não são animais, pois nos
oferecem o único exemplo que agora podemos ver do primitivo corpo causal em formação, debilmente
colorido pelas primeiras vibrações das recém-atualizadas qualidades.
Depois de sua morte nos mundos físico e astral, o animal individualizado tem uma longa e sonolenta
vinda no sétimo subplano mental ou primeiro céu. Sua condição durante este tempo é análoga à do ser
humano no mesmo nível, embora com muitíssimo menos atividade mental. Tem por ambiente suas
próprias formas de pensamento, embora quase não seja consciente delas e incluam as dos que foram seus
companheiros que os amaram aqui na terra. Se o sentimento amoroso e inegoísta for capaz de forjar estas
imagens, também o será de comover o Ego do amado e excitar nele uma resposta, pelo que o afeto,
carinho e amor posto nos animais favoritos têm sua resposta em favor da evolução do Ego que os amou
na terra.
Quando o individualizado animal se retrai em seu corpo causal à espera de que a roda da evolução lhe dê
oportunidade de encarnar pela primeira vez em forma humana, parece como se perdesse toda noção das
coisas externas e permanecesse em delicioso êxtase de paz e gozo. Ainda então, é possível que se adiante
interiormente de algum modo de difícil compreensão para nós; porém ao menos sabemos que toda
entidade, já comece a evolução humana, já esteja nela, goza no mundo celeste quanta felicidade seja
capaz de gozar.
Os Devas
São também chamados Anjos. O sistema superior de evolução especialmente relacionado com a nossa
terra, que saibamos, é os dos seres chamados devas pelos hinduístas e que em outras religiões são
chamados anjos. Pode-se considerar como um reino imediatamente superior ao humano, da mesma
maneira que o reino humano é imediatamente superior ao animal, com a diferença de que o animal, para
evoluir, tem de passar pelo reino humano, e o homem, quando chega ao adaptado, o nível asekha,
encontra a sua frente sete linhas de evolução, uma das quais é o reino dévico.
Atualmente não nos é possível saber grande coisa sobre os devas, embora sem dúvida a meta de sua
evolução há de ser notadamente mais elevado do que a nossa. Isto é, assim como o objetivo da evolução
humana é elevar o indivíduo ao nível de adepto no final da sétima ronda, o objetivo da evolução dévica é
o de elevar os da primeira categoria a um grau muito maior no mesmo período. Também para eles, como
para nós, há uma senda mais escarpada, à maneira de atalho, para chegar com o requerido esforço a
sublimes alturas às que mal podemos conjecturar.
Fraternalmente,
Para iniciarmos o estudo dos corpos ou veículos que o homem utiliza nos diversos planos da natureza,
temos que necessariamente modificar e subverter o conceito da ciência que, analisando o corpo humano
em todos os seus detalhes e minúcias diz: - "eis o homem". Essa "confusão", a identificação do homem
com seus veículos, é conseqüência da prisão em que se encontra a consciência nos veículos inferiores, no
caso o físico; levando à ilusão de que somos esse corpo mortal e imperfeito.
É evidente, que o homem não é unicamente constituído pelo corpo, que percebemos diretamente pelos
sentidos.
É importantíssimo resaltar que se os núcleos dos átomos de nosso corpo físico fossem aumentados ao
tamanho de uma bola de beisebol, eles estariam separados uns dos outros por uma distância de 2.000
milhas, aproximadamente. Estamos querendo dizer com isso que 99,99999% do átomo físico é vazio. Na
realidade, os objetos parecem sólidos porque as vibrações dos átomos preenchem esse espaço, mas
realmente há um amplo "lugar", dentro de nós, para a coexistência de vários corpos adicionais.
Como observamos no quadro abaixo, nós temos diversos corpos ou veículos, que são utilizados pela
nossa essência - o EGO - nos planos Físico, Astral e Mental, que são os que mais nos interessam neste
estudo.
Duplo Etérico
Causal
O Corpo Físico
No plano mais denso - o material ou o físico - nós utilizamos dois corpos formados, naturalmente, de
matéria do plano físico.
Os estados sólido, líquido e gasoso, compõem o assim denominado corpo físico denso, que todos
conhecemos e nos asseguramos de sua existência. As quatro subdivisões mais sutis da matéria física, nos
estados etérico, superetérico, subatômico e atômico, formam o duplo-etérico, assim chamado por ser o
duplicado, a cópia fiel do corpo físico denso, ao qual está intimamente ligado, raramente se afastando
mais que dois metros deste. O duplo etérico é composto de um fluido denso, um pouco mais sutil que a
nossa matéria carnal. Os átomos deste corpo "bioplásmico" vibram em uma freqüência tão rápida que
torna-se invisível à maioria das pessoas não-clarividentes.
O duplo etérico é facilmente visível à vista educada para esse fim e esse invólucro, por sinal, já é
facilmente fotografado e até mesmo analizado, graças à técnica desenvolvida pelo casal Kirlian,
parecendo nas fotos como um campo de energia que, além de penetrar completamente o corpo físico,
envolve-o com uma camada luminosa formando um potente campo magnético. Ele apresenta uma cor
roxo-acinzentada, ou azul-acinzentada, e a sua textura é fina ou grosseira, conforme for a do corpo denso.
É interessante salientar que este corpo já é conhecido desde a mais remota antiguidade.
O corpo físico está organizado de modo a servir de manifestação aos pensamentos, desejos e emoções
tanto quanto serve de instrumento da atividade física, cuja base é sempre o sistema nervoso. Assim a
mente atua por intermédio da substância cinzenta do cérebro e além disso se relaciona com os objetos
exteriores por meio dos cinco sentidos de sensação, cujos centros estão no cérebro, e proporcionam à
mente os materiais do pensamento. As emoções e os desejos atuam no sistema glandular por meio dos
nervos do grande simpático. A ação se efetua com o auxílio dos nervos que movem os músculos. Assim,
o sistema nervoso, fundamento do corpo físico, é o órgão de manifestação do Conhecimento, da Emoção
e da Atividade, correspondentes no mundo físico ao Intelecto, à Sabedoria e ao Poder dos três mundos
superiores.
Quanto as funções do corpo físico denso, são funções como a digestão, a assimilação, a locomoção e os
diversos fenômenos que os menos inteligestes dentre nós podem verificar, pois são diretamente
perceptíveis: são os fenômenos fisiológicos. O corpo físico denso é composto basicamente de carbono,
hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre. O nosso organismo físico denso é formado por células, órgãos
e sistemas (nervoso, endócrino, respiratório, cárdio-vascular, digestivo, genito-unitário e ósteo-muscular)
que desempenham funções específicas mas complementares.
Já as funções do duplo-etérico são: vivificar o corpo denso recebendo e distribuindo o Prana (bio-
energia), a fim de manter a vida física, daí ser chamado pelos hindus de Pranamayakosha ou veículo de
Prana, e serve de ligação entre o corpo físico denso e o corpo astral. É no duplo etérico que estão
localizados os Chakras, embora também existem os Chakras do Corpo Astral. Uma vez despertos e
desenvolvidos, os Chakras capacitam o homem para conhecer o mundo etérico, o astral e seus fenômenos.
O Chakras captam o Prâna, o combustível essencial da vida. Sem eles o Espírito não poderia exercer o
seu controle e sua atividade sobre o corpo físico, nem tomar conhecimento das sensações vividas pelo
mesmo, pois eles transferem à região anatômica correspondente, cada decisão assumida pelo Espírito no
seu mundo oculto. Para melhor compreenção, veja abaixo uma resumida descrição a respeito deles, com
exemplificação gráfica:
CENTROSDEENERGIA
É também no duplo-etérico que determina o tipo do corpo físico que o EGO vai ocupar ao reencarnar-se,
e "morre" cêrca de 36 horas depois da morte da parte física densa, acabando também por se desintegrar.
Tão íntima é a ligação do duplo-etérico com o corpo físico que tudo quanto afeta o duplo se reflete no
corpo físico e vice-versa. Podemos citar como exemplos de coisas que afetam o duplo etérico: drogas,
anestesias, perfume, alimentação etc.
Daí em diante, os outros corpos mais sutis que serão descritos abaixo, vão encarregar-se das funções
que os filósofos consideram como "faculdades da alma".
O Corpo Astral
As funções deste corpo, ou veículo do homem, podem ser toscamente agrupadas sob três títulos:
1 - Tornar possível a sensação.
2 - Servir de "ponte" entre a mente e a matéria física.
3 - Agir como veículo independente de consciência e ação.
É neste corpo que se produzem a imaginação, a sensibilidade, a dor, as emoções, os desejos, as paixões e
os gozos de grau pouco elevado.
Então, ao estudar as funções do corpo astral vemos que a sua primeira função é de converter em
sensações as vibrações recebidas pelos órgãos dos sentidos do corpo físico. As vibrações dirigidas sobre
os órgãos sensoriais são levadas pelos nervos aos centros correspondentes no cérebro físico. Daí são
refletidas para o corpo astral, cujos centros se convertem em sensações.
O seu contorno no homem que já galgou alguns degraus da escada evolutiva, é bem definido, e representa
a cópia exata do corpo físico, embora seja uma forma bastante luminosa e sutil. No homem comum, ao
contrário, o corpo astral não tem contornos definidos, mais se assemelhando a uma nuvem disforme.
Atuando como ponte entre a mente e o corpo físico, notamos que um impacto sofrido pelos sentidos
físicos é transmitido para o interior por Prana, e torna-se uma sensação pela ação dos centros sensórios e
esse impacto é percebido pela Mente. Inversamente, sempre que pensamos, pomos em movimento a
matéria mental que está dentro de nós; as vibrações assim geradas são transmitidas à matéria de nosso
corpo astral, a matéria astral afeta a matéria etérica, que, por sua vez, atua sobre a densa matéria física, a
matéria cinzenta do cérebro.
O Corpo Astral, sendo um veículo de matéria extrafísica, é normalmente invisível e intangível ao olhar e
toque físicos. Durante o estado de coincidência, ou junção dos veículos de manifestação da consciência,
ele está sediado por toda a extensão do corpo físico, interpenetrando-o completamente.
Quando dormimos, isto é, quando o nosso ser físico adormece, nós o abandonamos temporária e
parcialmente, passando a atuar, de posse do corpo astral, nos sub-planos astrais. A consciência das
atividades astrais está condicionada ao nosso estado evolutivo. Há pessoas que permanecem, no plano
astral, como que numa sonolência, outras já atuam com perfeito conhecimento do mundo ao seu redor, e
outras ainda, que possuam o que chamamos de consciência ininterrupta ou a capacidade de transferir para
o cérebro físico a totalidade das experiências astrais.
Quando o homem tranfere sua consciência plenamente para este corpo, pode vivenciar as mais diversas
esperiências no Plano Astral, das quais denominamos de "Viagens Astrais", "Projeções da Consciência"
ou ainda "Experiências Fora do Corpo". Uma das primeiras coisas que aprende o homem a fazer no
corpo astral é viajar através dele, pois tal corpo possui grande mobilidade e pode trasladar-se a grandes
distâncias do corpo físico mergulhado no sono.
Então, o Corpo Astral coincide com o corpo físico durante as horas em que a consciência está totalmente
desperta. Mas no sono, os laços que mantém os veículos de manifestação unidos se afrouxam e o Corpo
Astral se destaca do corpo físico. Essa separação é que constitui o fenômeno da projeção da consciência.
Pode ocorrer não somente durante o sono, mas também no transe, na síncope, no desmaio ou sob a
influência de um anestésico.
Nos animais, o corpo astral é a sede dos instintos. É por intermédio deste corpo que se produzem os
fenômenos, por muito tempo contestados, da telepatia, aparições e visões que temos no sonho.
O Corpo Mental
O corpo mental (também chamado mais detalhadamente de "corpo mental inferior") é uma massa ovóide,
que interpenetra e ultrapassa os corpos astral e físico, e apresenta em seu centro um núcleo mais denso,
semelhante ao corpo físico.
É formado por matéria do nível "rupa" (com forma) ou mental inferior, constituindo-se no agente do
pensamento e da mente da personalidade, é nele que se produz tudo o que chamamos de manifestação de
inteligência. É nele - e não no cérebro - que se originam e se manifestam os pensamentos, com formas e
cores definidas, segundo suas qualidades específicas (pensamentos bons ou maus).
É a sede de todo e qualquer pensamento e da vontade, é o EU pensante no qual se produzem todos os
fenômenos da consciência.
O juízo, o raciocínio, as resoluções, as deliberações, fazem parte de seu domínio. No estado de
desenvolvimento que podemos apreciar é o princípio superior que governa todas as nossas funções e
preside a todas as nossas ações.
Não constitui como o astral e o duplo-etéreo, uma cópia exata do homem físico e apresenta-se numa
forma ovalada, que cresce, aumentando de volume, à medida que os atributos da inteligência se tornam
distintos. No homem comum, não funciona como veículo no seu próprio plano; quando exerce as
faculdades mentais, elas se revestem de matéria astral e física para que se tenha consciência de sua
atividade no cérebro físico
.
O corpo mental é, assim, o veículo do ego, do Pensador real, que reside no corpo causal.
Como mensionado acima, o corpo mental tem a particularidade de crescer em tamanho e, naturalmente,
em atividade, proporcionalmente ao desenvolvimento do homem. O corpo físico, conforme sabemos,
permaneceu substancialmente do mesmo tamanho, por longas idades; o corpo astral cresce até certo
ponto, mas o corpo mental (bem como o corpo causal) expande-se enormemente nos últimos estágios da
evolução, exibindo a mais opulenta irradiação de luzes multicoloridas, brilhando com intenso esplendor, e
despedindo deslumbrantes clarões quando em alta atividade.
O exame clarividente da aura do corpo mental tem mostrado que quando uma pessoa desenvolve uma
opinião preconcebida sobre qualquer assunto se opera uma certa transformação em seu corpo mental, na
área que corresponde a aquele tipo de pensamento. Como muito bem sabem os estudante de Ocultismo, os
diferentes tipos de pensamentos possuem áreas diferentes no corpo mental, que lhe são destinadas, da
mesma maneira como diferentes porções do cérebro são determinadasaos diferentes sentidos e tipos de
atividades mentais.
É importante resaltar que os sete sub-planos do plano mental, são divididos em dois grupos: um terciário
formado pelos três sub-planos superiores, daí chamar-se mental superior e um quaternário, formado
pelos quatro sub-planos inferiores, chamado mental inferior.
Essa divisão não é puramente didática, pois o mental inferior é o último nível, partindo do mais grosseiro
para o mais sutil aonde persiste o aspecto corpo, o aspecto "forma", razão pela qual recebe a
denominação técnica de "rupa" ou com corpo, com forma. No mental superior, não existe forma, devido
a extrema sutiliza da matéria, recebendo a denominação de "arupa" ou sem forma.
Para melhor esclarecimento, veja abaixo um esquema detalhado, do Plano Mental:
"arupa" 2 sub-plano
"rupa" 5 sub-plano
7 sub-plano
Quando os fenômenos conhecidos como pensamentos são examinados pelos psicologistas, constatam que
podem ser agrupados em duas amplas subdivisões. Os pensamentos concretos, que têm que ver com
nomes e formas, e os abstratos, que tratam de conceitos e princípios abstratos.
A investigação ocultua demonstrou que estas duas espécies de pensamentos, que são bem distintas uma
da outra, têm a sua origem em dois diferentes veículos de consciência operando no plano mental:
O corpo mental trata de peculiaridades conhecidas como pensamentos concretos; por exemplo, um
triângulo, etc (pensamentos com formas).
O corpo causal, trata de princípios, de pensamentos abstratos; por exemplo, o princípio de
triangularidade comum a todos os triângulos (pensamentos sem forma).
O Corpo Causal
"Ele não nasce, nem morre, nunca tendo sido, nunca cessará. Incriado, perpétuo, eterno, antigo, não é
morto quando o corpo é imolado."
Abaixo tentaremos dar alguma idéia do lugar que a mente superior ocupa em nossa vida e do veículo por
meio do qual opera.
O corpo Causal compõe-se de matéria dos três subplanos superiores do plano mental e constitui o veículo
mais denso do Ego imortal, que opera através de Atma-Buddhi-Manas.
A primeira função do corpo Causal é de servir como órgão do pensamento abstrato, o que significa dizer
que a formaçãos dos conceitos abstratos depende das vibrações da matéria pertecente a esse veículo de
consciência.
Esse corpo, que no início de sua evolução é incolor e sem expressão, torna-se após cada encarnação cada
vez mais belamente colorido e glorioso.
Então, a formação deste corpo marca o nascimento da alma humana e, daí por diante, ela passa pelos
processos da evolução humana, de acordo com as leis da Reencarnação e do Karma.
Este aperfeiçoamento gradual da característica humana para a divina é acompanhado de um
desenvolvimento paralelo do corpo Causal, que resulta num aumento do tamanho do ovóide áurico, no
aparecimento de bandas de cores brilhantes e num aumento geral da sua luminosidade.
O desenvolvimento, a evolução desse corpo, constitui um processo muito lento, levando centenas de vidas
até atingir a perfeição.
Nos estágios iniciais esta evolução é guiada somente de fora, pelas hostes dos emissários Divinos que
trabalham no Sistema Solar, e a alma quase que não participa do seu próprio desenvolvimento. Só quando
ela se aproxima do fim de sua jornada, e se torna consciente do propósito desta longa caminhada, é que
começa a tomar participação, sempre progressiva, no seu próprio crescimento e desenvolvimento.
Convém notar que o corpo causal não está ainda plenamente ativo nos indivíduos comuns, porque, quanto
a eles, somente a matéria pertence à terceira subdivisão está vivificada. À proporção que o Ego
desenvolve as suas faculdades latentes através da longa marcha de sua evolução, a matéria superior é
pouco a pouco posta em atividade. Porém, não atinge ao completo desenvolvimento senão no homem que
se tornou perfeito, ao qual damos o nome de Adepto.
O homem comum é ainda muito pouco desenvolvido como Ego; ele precisa da matéria mais rude de
planos muito inferiores para poder sentir vibrações e a elas responder.
A tríade que constitui o homem, Atma, Budhi e Manas, (Espírito, Intuição e Inteligência) encontra-se
no corpo causal: o EGO, o Eu Superior, a verdadeira e imortal "essência divina", manifesta-se através do
corpo causal, aí permanecendo até que o homem atinja a perfeição dos Mestres.
Aqui, neste veículo, os pensamentos não mais tomam forma e flutuam em nosso redor como o fazem em
níveis inferiores, mas passam como relâmpagos de uma alma para outra.
Aqui não temos veículos recém-adquiridos, mas estamos face a face com um corpo mais velho que as
colinas, uma verdadeira expressão da Glória Divina que sempre descansa por detrás dele, e brilha através
dele mais e mais no desdobramento gradual de seus poderes.
Causa e efeito são um, claramente visíveis em sua unidade como dois lados da mesma moeda. Deixamos
o concreto pelo abstrato; não temos mais multiplicidade de formas, mas a idéias que está por detrás de
todas aquelas formas. A essência de todas as coisas está disponível.
O corpo Mental, Astral, Duplo-etérico e Físico - que constituem o Eu Inferior - são meramente
"roupagens" do Corpo Causal que é a verdadeira morada do espírito. O corpo Causal não pode se
expandir, aprender em seu próprio plano, porque ali não existe matéria inferior para ele adquirir as
experiências necessárias à sua evolução, daí surge a necessidade da reencarnação..
CONCLUSÕES GERAIS
Estes corpos citados acima representam organismos distintos, que estão ajustados uns sobre os outros de
forma tal que uma impressão percebida por um é imediatamente transmitida aos outros.
Poder-se-ia comparar esta transmissão com a seguinte: tirando-se vigorosamente um som de uma harpa,
os instrumentos semelhantes, colocados na sua vizinhança, repetem a nota vibrada pela harpa, se
estiverem afinados no mesmo tom dela.
O Físico, o Astral e o Mental, por exemplo, representam aqui oitavas cada vez mais elevadas, de tal
forma que o cunjunto das notas, que podem ser dadas pelo Físico, forma uma oitava qualquer. O mesmo
conjunto de notas constitui, no Astral, uma oitava superior, e no Mental, uma oitava ainda mais elevada.
O ser Físico é dirigido pelo Astral e pelo Mental. Em princípio, ele é submetido ao astral durante o sono e
ao mental durante a vigília.
Os loucos, obcecados e todos os que obedecem aos impulsos mais ou menos irresistíveis, são quase que
exclusivamente governados pelo Astral, pois o Mental, que reina soberanamente nos homens fortes e
senhores de suas ações, perde, nos primeiros, sua autoridade, de modo mais ou menos completo
Como podemos concluir, o homem possue uma constituição complexa. Um jogo de veículos liga-nos com
todos os planos internos e cada um deles emite as suas vibrações peculiares para o cérebro produzindo,
assim, o complexo e variado fenômeno de nossa consciência física. Assim, as nossas sensações e
sentimentos são devidos à repercussão, no sistema cérebro espinhal, das vibrações provenientes do plano
astral. Os nossos pensamentos são devidos à reprodução no cérebro físico das vibrações do plano mental.
Quanto às nossas verdadeiras intuições são elas ecos abafados das vibrações provenientes de planos mais
sutis, que estão inda mais profundamente localizados. Em vista desta natureza múltipla das fontes onde se
originam os fenômenos que surgem na consciência física, ninguém tem possibilidade de classificá-los e
traçar suas respectivas procedências, a não ser que possua o poder de abandonar voluntariamente o
veículo físico para, em plena consciência, examiná-los nos planos superfísicos. Efetivamente, a ciência do
Ocultismo, no seu verdadeiro sentido, base que é da Sabedoria Antiga, é o resultado de tais investigações
procedidas há longo tempo pelos Adeptos, através de eons de ininterrupta continuidade.
O Eu constitui centros temporários para a sua vida em um ou outro destes corpos, seduzindo pelos
estímulos exteriores que despertam sua atividade e, através de sua atuação nesses corpos, com eles se
identifica. À medida que a evolução avança, que o Eu se desenvolve, ele descobre gradualmente que esses
centros físico, astral e mental são os seus instrumentos e não ele próprio; encara-os como partes do "não
eu" que temporariamente atraiu para com ele se unirem, da mesma maneira como se pode utilizar uma
caneta ou um pincel. O Eu reconhece a si mesmo como vida e não forma, bem-aventuraça e não desejo,
conhecimento e não pensamento. Tal pessoa é, em primeiro lugar, consciente da unidade, e por ela
mesma encontra a paz. Enquanto a consciência identifica-se com as formas, parece ser múltipla; quando
ela se identifica como vida, projeta-se em forma una.
Após conhecer os vários corpos ou veículos de que o homem utiliza para trilhar sua evolução nos planos
inferiores, veremos agora algo sobre a constituição do verdadeiro Ser, que todos somos.
O homem é, pois, em essência, uma Centelha do Fogo Divino, pertencente ao mundo Paranirvânico.
Daí em diante daremos a esta Centelha o nome de "Mônada". Para os fins da evolução humana, a Mônada
se manifesta nos mundos inferiores. Quando muda de estágio e penetra no mundo Nirvânico, apresenta-se
debaixo da forma de um Espírito Triplo, tendo três aspectos diferentes. O primeiro desses aspectos, que
chamamos "o Espírito no homem", permanece sempre no mundo Paranirvânico. É no mundo Nirânico ou
da Intuição que se manifesta o segundo aspecto "a Intuição no homem". Quanto ao terceiro, ao qual
damos o nome de "a Inteligência no homem", mostra-se no mundo Mental Superior. Assim, o homem que
é, na realidade, uma Mônada residindo no mundo Paranirvânico ou Monádico, existe, ao mesmo tempo,
no mundo mental superior, como "Ego" manifesta estes três aspectos de si mesmo - (Espírito, Intuição e
Inteligência) por intermédio de um "veículo" de matéria mental superior designado sob o nome de "Corpo
Causal".
Conclusão Final
O que é o homem?
Para compreendermos o que é o homem, devemos considerar a continuidade de sua vida, porque
continuadamente está desenvolvendo sua Divindade íntima e modelando seus corpos mutáveis, de sorte
que expressem sempre suas capacidades crescentes.
O homem está revestido de três corpos ou roupagens inseparáveis durante a série de reencarnações, e
sobrevestido de outros três corpos ou roupagens transitórias e separáveis, que nascem e morrem e cuja
matéria componente reverte à massa geral de seu respectivo mundo, para fazer parte de outras agregações
de matéria mineral, vegetal, animal e humana.
Nós não somos o corpo, o cérebro, a personalidade, mas nós somos o EGO reencarnado, Atma, Buddhi e
Manas (Vontade - Intuição - Inteligência), a identidade contínua que utiliza as várias personalidades
para adquirir experiências e aprendizados na Terra.
Assim, o homem é de natureza trina como o seu Criador, e por isso diz a Bíblia que Deus o fês "à Sua
imagem e semelhança" (Gên. 1:26).
-*-*-
Fraternalmente,
Osmar de Carvalho
Coordenador da Loja Teosófica Virtual
osmar@teosofia.com.br
O QUE É ESOTERISMO?
A palavra Esotérico quer dizer oculto, reservado, interno, em contraposição a Exotérico que significa
externo, não velado, público. Portanto Esoterismo é um conjunto de princípios que estuda o homem e o
mundo que o rodeia, desde antes de sua origem material, não apenas pelo aspecto externo e físico, mas
sobretudo e principalmente pelo interno e "espiritual". O Esoterismo, também chamado Ocultismo, é o
estudo do lado oculto da natureza, ou melhor, "é o estudo da natureza em sua totalidade, e não apenas
daquela parte mínima que é objeto de investigação da ciência moderna".
Esse "conjunto de princípios" formam uma só Verdade, que sempre esteve à disposição daqueles que a
buscaram como alvo principal em suas vidas, pois só permanece oculta "em razão de nossas, próprias
limitações". A partir do momento em que nos dispomos e nos qualificamos a seguir a trilha que conduz à
essa Verdade, as nossas capacidades, o nosso entendimento irá se tornando mais perfeito e veremos que
inevitavelmente a vereda também se alarga, mostrando uma paisagem de cuja existência jamais
suspeitamos. É essa Verdade que foi transmitida por Vyasa, Fo-Hi, Krishna, Buda, Lao-Tsé, Hermes,
Moisés, Pitágoras, Platão, Jesus e outros tantos grandes seres, e em todos os templos iniciáticos como
na Índia, China, Egito, Grécia, etc . . .
O Esoterismo deve ser considerado sob um aspecto trino: Filosofia, Religião e Ciência. A Filosofia (do
grego filos - amigo, sofia - sabedoria), refere-se "à especulação sobre as causas primeiras e os últimos
fins da realidade universal". Nesse aspecto o Esoterismo nos apresenta um esquema de evolução, com
inúmeros reinos evolutivos cujos habitantes povoam os vários planos da natureza acima e além do físico.
Inteligências Superiores regem essa evolução, nos apontando objetivos cíclicos a serem atingidos como
meta de perfeição dentro desse ciclo, e para onde todos os seres inexoravelmente se encaminham. Nos dá
portanto, a visão do passado, do presente e do futuro do homem, não como corpo físico, mas como
"essência divina" que faz uso de corpos para manifestar-se nos vários planos.
Se admitimos a Lei da Evolução, preconizada pela Ciência, e a estendermos ao mundo invisível, temos
que considerar, por um raciocínio lógico, seres mais evoluídos (e menos) que o homem comum. O que
nos leva por sua vez, as duas considerações:
1º) que esses seres perfeitos um dia estiveram na mesma faixa evolutiva que ora estamos;
2º) Existem meio de acelerar a nossa própria evolução, atingindo o nível desses grandes seres;
Existe um caminho que muitos já trilharam que leva à perfeição divina, com todos os atributos que lhe
são inerentes. Portanto passamos a considerar o aspecto religioso do ocultismo, ou seja, o "conjunto de
relações teóricas e práticas entre o homem e uma potência mística" a qual devemos nos reunir ou religar.
É este o sentido da palavra religião: religar, pois é derivada do latim, do prefixo ré ==>. repetição e de
ligare ==> ligar. E a finalidade da religião é a união como o nosso verdadeiro ser, finalidade que é
passível de ser compreendida de uma maneira clara e concludente, ao vislumbrar os ensinos esotéricos,
que inclusive nos asseguram base para um estudo comparativo das religiões visando as verdades por trás
dos ritos, dogmas e cerimônias exotéricas.
Ao nos convencermos, pela análise minuciosa, das verdades esotéricas, ou ao atingirmos o estado em que
comprovamos essas verdades, todo o nosso comportamento, todas as nossas concepções relações e
atitudes serão vistas sob um novo e verdadeiro prisma. Nos convenceremos de que este é o mundo da
ilusão, o reino dos efeitos, apenas um reflexo do invisível - o reino das causas.
Mas, como chegar a essa comprovação? Que meios devem utilizar para tal? Chegamos ao 3º aspecto - o
esoterismo como ciência.
Todo conhecimento humano está baseado na experiência; a ciência acadêmica, que se define como o
"conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e as leis que os regem", só aceita um fenômeno
como científico após submetê-lo à experiências rigorosamente controladas. O esoterismo afirma: "só é
aceito como verdade aquilo que possa ser comprovado experimental e praticamente".
A ciência oficial dispõe de aparelhos desenvolvidos sob as mais altas técnicas como o raio lazer, radar,
computador, etc ... Mas embora esses aparelhos sejam de alta precisão, nunca vão além dos fenômenos
materiais e só aperfeiçoam, ampliam a capacidade de percepção dos nossos sentidos ordinários. O radar -
a audição, o telescópio - a visão; o computador - a memória, etc ...
A ciência esotérica usa para exploração do mundo externo e do mundo oculto, um método científico ao
alcance de todos os homens, sem distinção de espécie alguma, pois os seus instrumentos são, ao contrário
da ciência oficial, os inerentes à natureza humana, todos os possuindo em menor ou maior grau de
desenvolvimento. Alguns devem ser somente aperfeiçoados através de exercícios próprios (a observação,
percepção, concentração, etc ...); outros que fazem parte das "faculdades superiores", devem ser
atualizados visto estarem em latência em quase toda a humanidade (clarividência, intuição, projeção da
consciência, etc ...).
Quem pode dispor de um microscópio para analisar o mundo celular? Quem pode utilizar sem riscos um
aparelho de Raio-X para observar os órgãos internos? Poucos, mas todos podemos desenvolver a
chamada visão etérica, que nos possibilita observações a nível celular e até a nível atômico; nos
possibilita analisar detalhadamente qualquer órgão interno de um corpo humano "vivo" como se este
fosse transparente. Essa faculdade é apenas uma das várias que o ocultista aprende a dominar e a usar
como dócil instrumento ao seu dispor. Mas, quão poucos estão preparados para pagar o preço da
conquista dessas faculdades que não é outro senão "certo padrão de serenidade, de amor, de
impessoalidade, de espírito de auto-sacrifício, de solidariedade e cooperação" além de um profundo
desejo de aperfeiçoamento moral e espiritual.
A aquisição dessas faculdades é apenas um "incidente" inevitável no desenvolvimento ate atingirmos a
condição de Adeptos, Mestres, com o perfeito conhecimento do plano divino. Não devem ser procuradas
como fim e sim como meios para se atingir a perfeição; na verdade são apenas acessórios com os quais
trabalhamos, significam um desenvolvimento paralelo ao principal.
Fraternalmente,
O CICLO DA VIDA
E DA MORTE
O homem, em todas as culturas, em todos os tempos, sempre observou, algo intrigado ou fascinado, o
incansável movimento da natureza:
"E também nasce o Sol, e põe-se o Sol, e célere retorna ao lugar onde nasceu.
"O vento vai para o Sol, e faz o seu giro para o Norte, e continuamente vai girando o vento, e volta
novamente refazendo seus percursos.
"Todos os rios correm para o mar e, contudo, o mar não se enche; do lugar de onde os rios vêm, de lá eles
retornam novamente" (1).
E assim segue o Eclesiastes a constatar o movimento cíclico de toda a natureza. Esse movimento, essa
vida pulsante, pode ser vista em toda a parte: nos átomos, nos astros; até mesmo em nosso coração. Aliás,
esse trecho bíblico, dos primórdios de nossa cultura, também nos fala do ciclo do homem dizendo:
"Uma geração passa, outra geração vem, mas a Terra para sempre permanece" (2).
E talvez esse seja o maior constraste que o homem percebe desde sua infância: de um lado, a vastidão do
Universo e o movimento perpétuo de toda a natureza e, de outro, a frágil e transitória constituição dos
corpos que dela fazem parte.
"Tudo o que se reúne, não escapa à separação... Tudo o que aparece, desaparece..." (3).
"Não tardará muito e este corpo jazerá por terra, abandonado, sem vida, inconsciente, insensível,
semelhante a um inútil galho seco" (4).
Usando metáfora semelhante, Lao Tsé, o antigo sábio chinês, refere-se assim à questão da morte:
"Quando nasce, o homem é fraco e flexível. Quando morre é forte e rígido. Isto acontece com tudo. As
árvores, as plantas, são macias e tenras quando novas. Secas e duras quando morrem. A firmeza e
resistência são sinais de morte. A fraqueza e flexibilidade, manifestação da vida" (5).
Também na tradição dos mistérios, existe essa busca de compreensão da morte nos ciclos da vida e da
própria natureza. Assim, por exemplo, o nascimento e a infância de uma pessoa eram comparados à
Primavera, onde a vida floresce. A maturidade era vista como sendo o Verão, onde a vida frutifica. Por
sua vez, o Outono era comparado com a velhice e a morte, porque com a queda das folhas desaparecia a
manifestação da vida. A árvore então se apresenta seca, sem o verdor que representa a vitalidade. 'Shri
Ramana', o sábio indiano contemporâneo, fazia comparação similar quando perguntava: "Pode o corpo,
que é inanimado como um pedaço de madeira, refulgir e funcionar como 'Eu' ?" (6)
Já o livro de Eclesiastes prefere comparar o corpo físico com um cântaro de barro na seguinte passagem:
"Ou sempre que o cordão de prata for rompido, ou a copa de ouro for despedaçada, ou o cântaro for
quebrado junto à fonte, ou a roldana for partida junto ao poço.
"Então o pó voltará à terra, como era; e o espírito voltará a Deus, que o deu" (7).
Essa passagem, já mencionada na lição anterior, faz clara alusão ao rompimento do cordão de prata no
momento da morte. Parece interessante lembrar que o cordão de prata é o vínculo sutil que existiria entre
o corpo físico e o duplo etérico, sendo esse último comparado a uma copa de ouro.
Quando esse cordão se rompe, o duplo se separa definitivamente do corpo físico, levando consigo a
vitalidade ou 'prána'. Assim, o organismo físico deixa de estar vivo como uma totalidade, perde a sua
unidade integral e passa a ser "meramente uma coleção de células independentes" (8). "A vida das células
separadas continua, como fica evidenciado pelo bem conhecido fato de que os cabelos do cadáver às
vezes continuarão a crescer" (9). Por outro lado, como lembrava Eliphas Levi, "o corpo não se
decomporia se ele estivesse morto; todas as moléculas que o compõem estão vivendo e lutando para
separar-se" (10). Como dizia Geoffrey Hodson, "dessa maneira, o corpo nunca está tão vivo do que
quando está morto, mas ele está vivo em suas unidades e morto em sua totalidade" (11).
Talvez possamos encontrar alguma analogia do cordão de prata com o cordão umbilical físico, que nutre
o corpo do feto, visto que os clarividentes, ao longo dos milênios, tem descrito aquele vínculo sutil como
"um jorro de forças fluentes que brilham com uma delicada luz prateada" (12). "Essa corrente flui entre as
cabeças dos corpos físico e superfísicos, conectando-se desse modo. Enquanto ela continua a fluir, há
sempre possibilidade do despertar físico. Uma vez interrompida, como no momento da morte, não há
mais possibilidade de retorno. Casos de aparente ressurreição são na realidade apenas 'redespertares' em
corpos que não estavam mortos" (13). Essa última idéia nos leva a questão bastante atual dos casos de
pessoas que "voltaram" à vida depois de terem sido consideradas clinicamente mortas, fato que se deve
aos recursos inusitados que a medicina moderna vem utilizando.
O Dr. Raymond Moody Jr., em seu livro "Vida Depois da Vida", que tornou-se um 'best-seller'
internacional, coletou cento e cinqüenta relatos de pacientes que foram assim revividos". Ao que tudo
parece indicar, esses relatos foram coletados com imparcialidade e têm uma série de traços comuns. Um
deles é o fenômeno da recapitulação, assim denominado pelo autor, onde a vida da pessoa que se
aproxima da morte retornaria como um filme projetado em sua mente. Citemos alguns exemplos:
"Depois de todo aquele barulho e de passar por aquele lugar comprido e escuro, todos meus pensamentos
infantis, minha vida inteira lá estava no final do túnel, iluminada diante de mim" (14).
"Esse 'flashback' foi na forma de imagens mentais muito mais vívidas que as normais. Via só as
principais, mas tudo era tão rápido como olhar todo o álbum das imagens da minha vida e ser capaz de
conseguir fazer isso em segundos. Passava diante de mim como uma fita de cinema numa velocidade
tremenda, e, no entanto, eu era capaz de ver e compreender absolutamente tudo" (15).
"Depois pude ver as coisas mesquinhas que fiz quando criança, e pensei em minha mãe e em meu pai,
desejando não ter feito aquelas coisas, desejando poder voltar e desfazê-las" (16).
Entre esses relatos de pessoas enfartadas, acidentadas, etc., também é freqüente a tentativa de descrição
do corpo astral, porém feita por pessoas que não conheciam intelectualmente tais conceitos, como pode-se
notar nos seguintes exemplos:
"Lembro-me de ter sido empurrada na maca até a sala de operação, e as horas seguintes foram o período
crítico. Durante esse tempo, eu ficava entrando e saindo do meu corpo físico, e podia vê-lo bem de cima.
Mas, enquanto isso, eu ainda estava em um corpo - não um corpo físico, mas algo que pode ser descrito
como um padrão de energia" (17).
"O ponto mais incrível de toda a experiência foi o momento em que o meu ser estava suspenso acima da
parte da frente da minha cabeça. Era quase como se ele estivesse tentando decidir se queria deixá-lo ou
ficar" (18).
"Eu não estava em um corpo como tal. Podia sentir algo, uma espécie de ... como uma cápsula, talvez,
como uma forma pura. Eu não podia vê-la; era como se fosse transparente..." (19).
Parece merecer destaque a semelhança desses relatos com o ovóide (corpo astral) vinculado ao corpo
físico pela cabeça, através do cordão de prata que citamos há pouco, conhecido entre os orientais como
'sútrátmá':o fio da vida, ou, literalmente, o fio do espírito.
O Livro Tibetano dos Mortos (Bardo Thodol), cujos manuscritos remontam ao século XIV d.C., ou antes,
bem como outros tratados orientais bem mais antigos como o Garuda Purána, não só contém
ensinamentos com semelhanças notáveis aos relatos aludidos, como vão muito mais além, dando-se ao
trabalho de descrever detalhes do fluxo de 'prána' (energia vital) pelos 'nádis' (condutores sutis do duplo
etérico) no momento da morte, que vão além do nível introdutório desse curso. Traçaremos apenas um
esboço desses ensinamentos.
Geralmente a aproximação da morte não é sentida pelo indivíduo porque o suprimento de sangue e,
portanto, de oxigênio para o cérebro, vai se reduzindo gradualmente, levando à inconsciência, semelhante
ao processo de pegar no sono, cessando mesmo qualquer dor física que alguma doença pudesse estar
produzindo.
"Quando a hora da dissolução se aproxima nós veremos forças vitais do corpo sendo retiradas das
extremidades e centralizadas no coração, para lá serem visíveis como uma dourada luz incandescente.
Depois disso, a sensação nos membros inferiores é grandemente reduzida. Então, como a morte se
aproxima, as forças vitais se retiram ainda mais para o centro da cabeça, no terceiro ventrículo do cérebro,
que é a sede da consciência Egóica durante a vida física" (20). Então deve começar, para o moribundo, o
processo de recapitulação "no qual os eventos da vida recém concluída passam perante o olho de sua
mente em clara perspectiva, causas e seus efeitos, sucessos e seus resultados, fracassos e suas
conseqüências, sendo vistos e correlacionados" (21). "Mesmo um 'louco', ou um homem num aceso de
'delirium tremens' terá seu instante de perfeita lucidez no momento da morte, ainda quando seja incapaz
de exprimi-lo para os presentes" (22). "Esse processo de recapitulação é muito importante, pois dele é
destilada uma certa sabedoria - o fruto da vida recém concluída. E por essa razão que nós devemos estar
mental, emocional e fisicamente quietos no aposento mortuário, a fim de que por um excesso de tristeza
nós não perturbemos o ente querido nesse importante processo. Ele agora está vivendo em um corpo mais
sutil, o corpo de sentimentos (corpo astral, N.T.), e portanto está altamente sensível às forças do
pensamento e emoção" (23).
A essa altura, o 'prána' se retira pelos 'nádis' do topo da cabeça e o cordão de prata rompe-se
definitivamente. Começa então o período de Inverno da alma, que se segue à morte outonal. Sem as
folhas, a árvore depende exclusivamente dos nutrientes acumulados no caule durante as outras estações e
das raízes, que se aprofundam no nível subterrâneo, para nutrir-se durante o Inverno. Por isso, as
tradições antigas comparavam o Inverno com o período 'pos-mortem', quando a alma destila , repetindo a
expressão do Sr. Geoffrey Hodson, anteriormente citada, a sabedoria - o fruto da vida recém concluída,
ou, se preferirmos, digere o "alimento" acumulado durante a vida física. Poderia-se dizer que, durante a
vida dita objetiva, nós "ingerimos" uma grande quantidade de experiências, às vezes tão rapidamente que
elas parecem não ter sentido. Por isso, é comum descobrirmos o significado de certas experiências
somente vários anos depois de elas terem ocorrido. Seja como for, o período após a morte nos obriga a
digerir, quer queiramos ou não, tudo o que ingerimos durante a vida. Esse processo de "digestão
psicológica" de nossas experiências, dependendo da natureza destas, nem sempre é agradável. Assim
como depois de um dia muito tumultuado nós podemos ter um sono intranqüilo, e as emoções de ódio que
permitimos arraigarem-se em nós poderão retornar na forma de um pesadelo, também a natureza da vida
'post-mortem' seria um reflexo de nossa vida física. Se nos "alimentamos" com experiências pouco
saudáveis, corremos o risco de uma "indigestão". Esse estado corresponde, particularmente, às
freqüências inferiores do plano astral.
Esses ensinamentos são de fato muito antigos pois, como disse Madame Blavatsky, "os Mistérios, ou seja,
o Ocultismo dramatizado, pertencem a uma época anterior à dos caldeus e egípcios" (24). Sobre os
Mistérios menores na Grécia Antiga, o bispo Leadbeater fornece-nos as seguintes informações:
"Os mitos da religião exotérica da nação eram tomados e estudados nos Mistérios Eleusianos tal qual nos
Mistérios do Egito. Entre os relacionamentos com a vida póstuma se achava o de Tântalo, que fora
condenado a sofrer perpétua sede no Hades. A água o rodeava por todos os lados, mas refluía dele toda a
vez que tentava bebê-la; sobre sua cabeça pendiam galhos de frutas, que se contraíam quando ele estendia
a mão para apanhá-las. Isto era interpretado no sentido de quem morre cheio de desejos sensuais de
qualquer espécie, depois da morte se sente ainda cheio de desejos, mas impossibilitado de satisfazê-los.
"Outro conto é o de Sísifo, condenado a empurrar eternamente para o cimo de uma montanha um enorme
bloco de pedra mármore, que tão logo alcançava o topo rolava de novo montanha abaixo. Isso representa
a condição após a morte de um homem cheio de ambição pessoal, que passou sua vida a traçar planos
com fins egoístas. No outro mundo continua traçando e executando planos, mas sempre descobre, no
momento de completá-los, que não passaram de um sonho" (25).
Nestas citações pode-se perceber algo das dificuldades iniciais da personalidade que traz hábitos da vida
física, mas é obrigada a adaptar-se às condições do 'Káma-Loka' (região do desejo) ou plano astral após a
morte, correspondendo ao período de purgação da alma apetitiva ou corpo astral. Quando isso se esgota,
ocorre a segunda morte, o indivíduo se separa do corpo astral, passando a ter o foco da consciência no
plano mental, o mundo-céu, através de seu corpo mental. então suas assimilação de significado das
experiências passa a ser muito mais intensa, pois as paixões do corpo astral não podem mais deformar a
percepção do valor das coisas, dos seres e dos fatos. É então que o indivíduo verdadeiramente "destila
uma certa sabedoria" dos eventos de sua vida.
O Hades, o "invisível", o mundo dos mortos da Tradição Grega, que citamos há pouco, tinha, tal qual o
Amenti dos egípcios, diversas regiões das quais a mais tenebrosa era o Tártaro, em contraposição aos
Campos Elísios, onde sempre era Primavera. Existe certa semelhança entre essas "regiões" e o purgatório
e céus cristãos, porém, na verdade, elas correspondem a diversos graus de projeção da mente, desde
"pesadelos" até "sonhos coloridos", embora essa comparação não seja perfeita.
Todavia, é interessante notar como os sentimentos em sonhos e pesadelos, que, como vimos na lição
anterior, ocorreriam no plano astral, podem ser muito mais intensos que os de nossa vida em vigília. Tal
se deve, segundo a tradição, porque "assim como... a maior parte da força do pensamento é gasta para
colocar em movimento as partículas cerebrais, assim a maior parte da eficiência de qualquer emoção é
exaurida na transmissão ao mundo físico, de tal forma que, tudo o que vemos aqui em baixo é um resto do
que sobra do sentimento real, após todo o trabalho que fez. A totalidade dessa força está disponível em
seu próprio mundo e, assim, lá é possível sentir a afeição ou devoção muito mais intensas do que jamais
podem ser obtidas nas névoas da Terra. Naturalmente, o mesmo é válido quanto às emoções menos
prazerosas; acessos de ódio e inveja ou ondas de comiseração e medo são cem vezes mais formidáveis
naquele plano do que neste. Assim, o homem que não tem autocontrole poderá sofrer uma intensidade de
sofrimento que é inimaginável nas restrições da vida normal que benevolamente nos são impostas" (26).
"O homem cria o seu purgatório e o seu céu. Correspondem ambos aos estados peculiares de consciência,
porém, de forma alguma a um local, conforme a opinião geralmente admitida. Quanto ao inferno, é uma
simples ficção, uma invenção teológica. Não existe. Entretanto, uma vida desregrada e extravagante
conduz a um purgatório penosíssimo e de mui longa duração, porém não eterno, porque nem o purgatório,
nem o céu podem ser, com efeito, eternos; uma causa finita não tem resultado infinito" (27).
Os casos de morte súbita por "acidente", como costuma ser chamado, ou por suicídio, trazem
complicações adicionais. A velhice, a doença, etc., que geralmente precedem a morte natural, vão
gradualmente desinteressando a pessoa pela vida física, de forma a tornar mais fácil a sua adaptação no
outro lado. "A morte súbita pode causar um choque temporário. Catástrofe pode gerar pânico. A
lembrança de atos malévolos feitos na Terra e a voz da consciência podem torturar a mente. Pode haver
um vício não conquistado, obrigações não cumpridas, conflitos psicológicos e complexos não resolvidos,
desejos profundos nunca satisfeitos, e tudo isso pode causar e, de fato, causa algum sofrimento
temporário após a morte" (28).
"A vantagem é que, por menos que a maioria das pessoas o compreenda, no mundo astral, toda a dor e
sofrimento são, na realidade, voluntários e estão absolutamente sob controle; é por isso que a vida
naquele nível é tão mais fácil para o homem que compreende" (29). "Portanto, não há razão alguma para
temer o plano astral, e onde o temor existe é apenas devido à ignorância" (30).
Na lição anterior foi abordada a questão das limitações da percepção sensorial. Vimos como a mente
compõe os objetos em si mesma a partir das limitadas informações que os sentidos nos fornecem. Assim,
"objetificamos" tudo como imagens mentais projetadas pela mente, como se fosse um filme de imagens
mentais-emocionais, sob a "tela" dos átomos físicos a vibrar ao nosso redor. Dessa forma, não
conhecemos sequer uma laranja, pois nunca vimos seus átomos a vibrar, mas, através de 'Vikshepa',
projetamos imagens que nos parecem a única realidade possível. Após a morte ou nos sonhos, esse
processo continua no plano astral, onde a maior plasticidade da "tela", que passa a ser de átomos de
matéria astral, oferece recursos muitíssimo maiores, tornando a projeção de imagens mais vívida e
intensa. Após a segunda morte, como vimos, a consciência atua diretamente sobre os átomos de matéria
mental, ainda mais plásticos e sutis. Conseqüentemente, a riqueza e intensidade da projeção são
inimagináveis na vida física. Por isso, os antigos chamavam esse estado de céu, 'Devachan' (morada dos
deuses), e corresponde às regiões superiores do 'Amenti' egípcio, onde a beatitude é constante. Como
nesse mundo mental a relação entre os seres é telepática, mesmo que a personalidade dos vivos possa não
tomar consciência física do fato, o "morto", assim chamado, se relaciona muito mais intensamente com os
seus queridos nesse estado do que quando vivia fisicamente entre eles. Isso porque a mente está em seu
próprio mundo e se relaciona com tudo muitíssimo mais livremente.
É nessa condição "invernal" da consciência que os nutrientes acumulados nas estações da vida são
digeridos e assimilados pelo corpo causal. É, na verdade, um processo de destilação no qual a essência
nobre da "flor", que é a personalidade em questão, se eterniza. Sobre isso Blavatsky comenta:
"O teu 'Eu' espiritual (O Eu Superior, N.T.) é imortal; mas do teu 'eu' (a personalidade terrestre, N.T.) ele
pode levar para a Eternidade somente aquilo que tornou-se digno de imortalidade, isto é, somente o aroma
da flor que foi ceifada pela morte" (31).
Dessa forma, a vida poderia ser vista como um processo de ingestão de "alimentos", as experiências
vividas no mundo físico, e após a morte ocorreria a "digestão" dessas experiências que nutririam o corpo
causal, o 'Kárana Sharíra' dos hindus, que o apóstolo Paulo parece chamar de corpo espiritual, quando diz:
Assim como no processo digestivo a maior parte do alimento é devolvida ao exterior e só o nutriente
permanece, da mesma forma só os sentimentos e conhecimentos nobres podem nutrir o corpo causal,
sendo todo o mal expelido. Por isso esse corpo espiritual nunca é penetrado pelo mal, embora ele possa
parecer "fraco", por falta de nutrientes, para orientar o corpo natural, que é sua "vestimenta", na direção
do bem. Por essa razão, a única maneira de vencer o mal é nutrindo o bem, porque este se eterniza,
impedindo que o mal retorne.
Infelizmente, a maior parte de nossas vidas são tão pobres em nutrientes significativos que é geralmente
pequeno o crescimento do corpo causal proveniente deles. E, "até que todos nós cheguemos... à medida
da estatura completa de Cristo" (33), citando Paulo mais uma vez, faz-se necessário que acumulemos
mais "tesouros no céu"(34), ou seja, mais nutrientes para o corpo espiritual. Por isso os hindus chamam
de 'trishna', e os budistas de 'Tanhá', à fome por experiências, que surge quando a "digestão" cessa. O
corpo espiritual, de acordo com a tradição egípcia, projetar-se-ia, então, para fora de 'Amenti' pela "porta
de saída", chamada 'Amh'. Aqui os egípcios costumavam usar o "símbolo do curso do Sol, que representa
a senda do Iniciado... (que) depois de passar por uma simulada morte no Ocidente, descobre o segredo da
renovação da vida, e volta a sair no Oriente e ascender outra vez ao meio do céu" (35).
A mesma idéia é também representada na Tradição dos Mistérios pela nova Primavera que surge após o
Inverno, trazendo os novos brotos. Dessa forma, a vida, que estava oculta no caule e na raiz, se manifesta
visivelmente mais uma vez, quando novas folhas e flores vêm ao mundo e nos alegram: a árvore parece
renascer !
"Como um homem, despojando-se de suas roupas velhas, toma outras novas; assim o morador do corpo,
despojando-se dos corpos gastos, entra em outros que são novos" (36). A isso ela chama "o girar da Roda
de 'Samsára'" - o ciclo da vida e da morte - ao qual o homem permanece ligado enquanto 'Trishná' - a sede
de experiências pessoais - perdurar. Jesus comparava a satisfação dos desejos pessoais com a água
comum, quando dizia:
"Qualquer que beber dessa água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca
mais terá sede, pois a água que eu lhe der será nele uma fonte d'água brotando para a vida eterna" (37). A
essa vida os budistas chamam 'Nirvána', e os hindus de 'Mukti' - a Libertação. O homem, então, ficaria
livre da Roda do 'Samsára', fechando assim o ciclo da vida e da morte, que seria uma das manifestações
da lei de periodicidade.
Madame Blavatsky, na segunda proposição do proêmio de "A Doutrina Secreta", já nos falava sobre a
universalidade absoluta daquela lei de periodicidade, de fluxo e refluxo, de crescimento e decadência, que
a ciência física tem observado e registrado em todos os departamentos da Natureza. Alternativas tais
como Dia e Noite, Vida e Morte, Sono e Vigília são fatos comuns, tão perfeitamente universais e sem
exceção, que será fácil compreender por que divisamos nelas uma das leis absolutamente fundamentais do
Universo" (38).
Pela seguinte pergunta feita a Jesus, percebe-se que seus discípulos também conheciam a doutrina da
reencarnação:
E, passando Jesus, viu um homem que era cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram,
dizendo: Mestre, quem pecou, esse homem ou seus pais, para que ele nascesse cego ? Jesus respondeu:
Nem esse homem pecou nem seus pais; mas foi para que as obras de Deus fossem manifestas nele" (39).
Uma análise completa da resposta de Jesus exigiria um estudo prévio da lei de ação e reação, ou lei do
karma como os hindus e os budistas a chamavam, bem como da perda da memória no processo da
reencarnação, que é devida à troca dos corpos; mas compararemos essa passagem com o seguinte diálogo
budista:
- Quando eras criança, maharaja, uma tenra criança deitada sobre o dorso, eras o mesmo de hoje ?
- Sendo assim, não tens nem pai, nem mãe, nem preceptor ! Tú não formaste nas artes, na virtude, na
sabedoria ! Haverá, então, uma mãe nova para cada novo estado do embrião, uma mãe para a pequena
criança e outra para o homem feito ? Um é aquele que se instruiu, outro aquele que recebe o castigo.
- Quando o leite transforma-se em coalhada, manteiga ou queijo, pode-se dizer que o leite fresco é o
mesmo que o leite coalhado, a manteiga ou queijo ?
Dessa forma, a Tríade Superior é imortal, sendo os quatro corpos do quaternário inferior substituídos a
cada reencarnação. Logo, seria tão correto afirmar que a Tríade se reencarna, quanto afirmar que a
personalidade, a lama no sentido pessoal, só surge no momento da concepção, quando o quaternário está
novamente manifesto e pode eternizar-se, em essência, "no céu" (no corpo causal).
Essas questões serão abordadas a próxima lição quando estudaremos a lei do Karma, que foi assim
sintetizada na Tradição dos Mistérios:
"Cada homem é seu absoluto legislador, o dispensador da glória ou das trevas para si próprio; é o
decretador de sua vida, recompensa e punição" (41).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(3) SILVA, Georges da & HOMENKO, Rita. Budismo: Psicologia do Autoconhecimento. São Paulo,
Pensamento. p. 227.
(4) DHAMMAPADA. Trad. Georges da Silva. São Paulo, Pensamento, 1978. p. 24. af. 41.
(5) TSÉ, Lao. Tao Té Ching. O livro do Caminho Perfeito. Trad. Murilo Nunes de Azevedo. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1975. p. 143.
(6) MAHARISH, Ramana. Quem Sou Eu ? Porto Alegre, Fundo Editorial Alvorada. p. 5.
(8) HODSON, Geoffrey. Basic Theosophy. Madras, The Theosophical Publishig House, 1981. p. 47-8.
(9) ibidem, p. 48.
(12) "" . Through the Gateway of Death. Madras, The Theosophical Publishing House, 1976. p. 8.
(13) ibidem, p. 8.
(14) MOODY JR:, Raymond A. Vida Depois da Vida. Rio de Janeiro, Nórdica, 1983. p. 72.
(21) ibidem, p. 9.
(22) THE MAHATMA letters to A.P. Sinnet. Madras, The Theosophical Publishing House, 1972. p. 167.
(24) BLAVATSKY,• H.P. A Doutrina Secreta. São Paulo, Pensamento. 1980. v.5. p. 282.
(25) LEADBEATER, C.W. Pequena Historia da Maçonaria. São Paulo, Pensamento, 1978. p. 117.
(31) BLAVATSKY, H.P. The Key to Theosophy (A Chave para a Teosofia). Trad. do original inglês
confrontada com a versão portuguesa. (São Paulo, Três, 1973). London, Theosophical Pblishing House
London LTD. p. 166.
(35) LEADBEATER, C.W. A Vida Oculta na Maçonaria. São Paulo, Pensamento, 1977. p. 197.
(36) THE BHAGAVAD Gita. Translated by Annie Besant, Madras, The Theosophical Publishing House,
1973. p. 26. II-22.
(38) BLAVATSKY, op. cit. acima nota (24), v. 1. p. 84. (39) João 9:1-3
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
HODSON, Geoffrey. através do Portal da Morte. Rio de Janeiro, Grupo Annie Besant, (1985). 55 . "" .É a
Reencarnação uma Verdade? Rio de Janeiro, Grupo Annie Besant, 1985. 71 p. COOPER, Irvinf S.
Reencarnação; A Esperança do Universo. São Paulo, Difel, 1981. LEADBEATER, C.W. O Plano Astral.
São Paulo, Pensamento, 1976. "" . O Plano Mental. São Paulo, Pensamento, 1979.
Fraternalmente,
Osmar de Carvalho
Coordenador da Loja Teosófica Virtual
osmar@teosofia.com.br
APÊNDICE
Tal como o homem que, despojando-se de suas roupas velhas, toma outras novas, de igual modo o
"morador do corpo, despojando-se dos corpos gastos, entra em outros que são novos".
"Essa é a palavra da virgem Laquesis (que cantava as coisas passadas; -388), filha da Necessidade. Almas
efêmeras, eis que começa para vós ''um novo ciclo de vida mortal''. Não é o fado que vos escolhe, e sim
vós que escolheis o vosso fado. Que gênero de vida, ao qual ficará inexoravelmente unido. A virtude é
livre, e cada um participará mais ou menos dela conforme a estima ou o menosprezo em que a tiver. A
responsabilidade é de quem escolhe. Deus está inocente nisso."
"'Muitos nascimentos atravessei no ciclo das vidas e das mortes'; em vão procurei o arquiteto da casa (da
vida e da morte). Que miséria 'nascer e renascer' sem fim !
"Conheço-te agora , oh arquiteto (desejos), e não mais construirás a casa. Quebradas estão as vigas
(paixões) e desabou a cumeeira (destruída a ignorância). Livre está a minha mente, pois cheguei a
extinção dos desejos, ao imortal Nirvana!"
E na Bíblia:
"E os seus discípulos o interrogaram dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias
venha primeiro ? (Alusão ao profeta judeu do século IX a.C. que teria sido levado ao Céu por um carro de
fogo para "retornar", mais tarde, como precursor do Messias - Tradição Judaica, e a profecia de
Malaquias:"Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do senhor."
Malaquias 4:5)
"E Jesus, respondendo, disse-lhes: "Em Verdade ''Elias virá primeiro'', e restaurara' todas as coisas (Jesus
confirma a profecia);
"Mas digo-vos que Elias já' veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão
eles também padecer o filho do Homem."
"Então entenderam os discípulos que ele lhes falava de João Batista." (Jesus confirma isso falando sobre
ele assim: "E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
- Mateus - 11:14-15 - 17:10-13)
Fraternalmente,
O vocábulo "morte" é uma impropriedade - um erro - admitido em todas as línguas, que tem como
significado a cessação da vida. A humanidade foi hipnotizada pela idéia da morte. O uso comum da
palavra reflete a ilusão. Ouvimos muitos falando dos mortos com as seguintes expressões: "...a ceifeira
medonha cortou seus dias...", "...a morte derrubou-o em sua primavera...", "...as suas atividades
terminaram...", "...findou-se uma vida ativa...", etc. Nestas locuções exprime-se a idéia de que um
indivíduo foi tirado da existência e reduzido a nada.
Se considerarmos, porém, que nada morre no Universo, por ser a vida real eterna e não temporária – e a
vida real é a partícula da Força ou Inteligência Universal que, quando em acionamento do corpo humano,
denominamos espírito – essa cessação nunca se deu, nem jamais se dará.
A morte não interrompe a vida. Aquilo a que chamamos morte, não passa de um acontecimento comum
na rotina da Vida Eterna. O indivíduo depois da morte, continua a ser o que era, com mais alguma
evolução, se algo fez em favor dessa conquista.
Portanto, devemos aproveitar a encarnação ao máximo, pois quanto maior for o aproveitamente na Terra,
menor será o número de encarnações a realizar e, consequentemente, menor também o número de mortes
a suportar.
A morte marca o término de uma jornada para dar início a outra, mas nunca o fim do que é imortal – a
vida.
O espírito perde, ao encarnar a noção das existências pretéritas, não guardando delas nenhuma
recordação. Quando o espírito volta ao seu mundo de luz, recupera na máxima amplitude, a visão
espiritual, não escapando nenhum fato, intenção ou pensamento de sua vida terrestre, nada absolutamente
nada, do que tenha feito.
As lições e experiências de uma encarnação, passam a integrar na memória espiritual, somando-se as das
encarnações anteriores e alguma evolução é alcançada.
O motivo pelo qual o espírito esquece ao encarnar, todo o seu passado, pende-se a razões de ordem
superior, nesse esquecimento, temos a vantagem do indivíduo não continuar dominado pelo remorso das
más ações, inclusive crimes praticados nas encarnações anteriores.
Quando o espírito não permanece na atmosfera da Terra, perturbado por fluidos materializados, entre uma
e outra encarnação, estagia no Espaço, em seu mundo astral, onde prepara ou projeta a encarnação
seguinte, que nunca é feita ao acaso, mas sempre previamente planejada.
A desencarnação é um fenômeno natural na vida dos seres humanos. Ela significa o oposto à encarnação.
O espírito encarna na ocasião em que se apossa do corpo, à natalidade, e desencarna no exato momento
em que abandona definitivamente esse corpo.
Quando isso acontece, o espírito faz com que se desprendam os laços fluidicos que transmitiam a vida ao
corpo físico, e dele se afasta com o seu Corpo Astral.
Uma vez abandonado pelo espírito, o corpo físico nada mais é que um composto de matéria. A sua fonte
de vida já não existe. Cessada esta, pelo afastamento do espírito, cai no domínio das leis químicas,
desintegra-se, e suas moléculas passam a compor outras formas de vida e a constituir outros organismos.
É natural o sentimento dos que ficam, diante da ausência dos que partem. O sentimento, sim, o desespero,
não. A saudade é compreensível e se admite. A mortificação, jamais.
Por não perder de vista os seus amigos encarnados, o espírito desencarnado não sente, como estes, a
separação. Ele não pode, é verdade, conversar, como o fazia antes. Dispõe, entretando, do sentido
telepático, por meio do qual é capaz de transmitir pensamentos ao espírito dos seres encarnados que os
recebem como se fossem os seus próprios pensamentos.
O dia de Finados
Entenderam certas religiões que constituiria ato piedoso dar culto aos mortos em um dia do ano, e
escolheram, para esse fim, o dia 2 de novembro.
Mas o espírito, que é eterno, não morre nunca, e o individuo é um ser espiritual. Quem morre, se assim se
puder dizer, é o corpo físico, que é material e composto de elementos químicos do próprio planeta.
O Corpo Físico é, apenas uma roupagem provisória do espírito, que lhe serve durante a sua permanência
na Terra, no lapso que decorre entre o berço e o túmulo. Essa permanência é um estágio relativamente
efêmero, reproduzido numerosas vezes, e cada vez que encarna recebe o ser espiritual, ou seja o espírito,
uma nova roupagem, o que quer dizer, um novo Corpo Físico.
Esses diferentes corpos físicos não se assemelham, por serem constituídos pela matéria fornecida pelos
respectivos pais, que são outros ou diferentes, em cada estágio ou encarnação.
O espírito, depois de cada encarnação, ou no fim dela, desprende-se do corpo material, definitivamente,
não tendo mais com ele nenhum contato, tanto mais que tal vestimenta não conserva a sua forma física,
como todos sabem, pois a desintegração molecular se opera com relativa rapidez, voltando aquele corpo
ao pó da terra.
Diante desse quadro verdadeiro, somente a ignorância faz com que se renda homenagem à poeira, ao que
não existe mais na sua configuração, ao que deve ser esquecido, pelo natural fim que teve, em obediência
às leis naturais da transformação.
Muitos há que também cultuam a indumentária do corpo extinto, como preito de saudade a ele devotado,
e guardam-na como relíquia, fato que somente serve para explorar um sentimentalismo doentio e
sofredor.
Estas emoções medrosas não existem para os que adquiriram a consciência da ilusão da morte. Embora
sintam o pesar natural de uma separação temporária da perda de um companheiro ou companheira, sabem
que o ente amado apenas passou a uma outra fase da vida e que não se perdeu, nada pereceu.
O corpo físico, quando ainda alimentado pela vida que lhe é transmitida pelo espírito, está ligado ao corpo
fluídico por cordões igualmente flu ídicos.
Afastando-se o espírito do corpo físico, inicia-se o processo de desintegração da matéria, e, por
decomposição, as moléculas começam a separar-se, para formar outros corpos.
O espírito, logo que se desprende do corpo inerte, sem vida, não deseja mais ficar junto dele, porque se
sente mal com a exalação do mau cheiro do cadáver, já que os espíritos tem o poder olfativo bem mais
apurado do que o dos encarnados. O corpo físico em decomposição, é matéria tão repulsiva para o
espírito, como o é para as pessoas na Terra.
Não é, pois, junto dessa matéria apodrecida e repugnante que há de querer-se a presença dos seres
amados, com o fim impróprio de demonstrar-lhes que os amamos.
Pode dar-se o caso de haver reencarnado na mesma família um espírito desencarnado alguns anos antes, e
os parentes religiosos irem em romaria ao cemitério para prantea-lo lá, quando já se encontra novamente
com outra roupagem, no mesmo núcleo familiar.
A ignorância da Verdade faz com que o ser humano represente papéis tão incongruentes como esse, na
marcha pela vida terrena. Os espíritos libertos do seu corpo físico partem para o seu mundo de luz, se
viveram na Terra esclarecidamente; se, ao contrário, se conduziram criminosa e materialmente, ficam no
astral inferior, onde nada poderão fazer por ninguém, e atraí-los para o cemitério é um erro, já que se
encontram em más condições psíquicas e ali reforçarão as correntes da dor, da angústia e do desespero,
sem qualquer proveito.
A romaria ao cemitério, a 2 de novembro, é uma prática ditada por aqueles que nada sabem da vida no
campo astral, pois, do contrário, não cometeriam a imprudência e o desacerto de aconselhar medida
condenável e prejudicial, a um só tempo, ao físico e ao espírito do romeiro.
Os miasmas da putrefação e os micróbios das moléstias que ocasionaram a morte e o sepultamento do
corpo, estão presentes na terra e no ar circundante, razão pela qual se recomendam irradiações
higienizadoras, após haver-se tomado pane num enterro.
Melhor seria que, em lugar de cemitérios, existissem fornos crematórios, onde os corpos fossem cremados
ou incinerados, evitando-se, com isso, os inconvenientes da putrefação.
O que acontece com o ser humano, é pouco familiarizado com os preceitos espiritualistas, é que ele só
admite a existência da pessoa configurada na carne, e, fora disso, nada mais.
Para esses, o individuo é aquilo que a sua forma física revela, por serem incapazes de dissociar o espírito
do corpo físico, tanto assim que os evangélicos aguardam a ressurreição dos corpos mortos, mesmo que
transformados em pó.
A vida material encerra, na realidade, um forte poder de ilusão. A energia vital que o espírito transmite ao
corpo físico faz com que se tenha a impressão de que este seja realmente a própria criatura. Nessa
imagem é que se aloja a ilusão que inspira a romaria aos cemitérios. Os romeiros do dia de finados são
seres embalados pelos sonhos da ilusão.
O ser humano, na sua primeira fase evolutiva, passa por esse crivo das ilusões, e só pode libertar-se,
definitivamente, do engodo, quando estiver apto a seguir, na sua marcha ascendente, pelo caminho da
espiritualidade. Antes disso, qualquer explicação mais avançada parece-lhe absurda, e prefere ficar com
as suas ilusões.
Também ocorre que no estado primário da evolução, o individuo é, geralmente, pretensioso e pensa que
sabe muito, não sendo de boa prática, por isso, levar-se o conhecimento real das coisas, abertamente, aos
que não estão preparados para recebê-lo, para evitar situações desconcertantes.
Assim, os romeiros do dia de finados, na sua maioria, obedecem apreceitos religiosos, imbuidos de idéias
fantasiosas, e pensam estar praticando uma suposto caridade revendo túmulos evocativos, por se acharem
convencidos de tratar-se de um ato piedoso, e de que é com piedade que se conquistam as "graças
divinas". Não merecem censura por isso, porquanto, na sua esfera de ação, agem com os recursos de que
dispõem e ninguém pode dar mais do que possui.
Não há, portanto, aqui nenhum propósito de se fazerem recriminações, apenas se esboçando comentários
sobre o fato, objeto deste estudo, à luz da espiritualidade, a fim de situar o problema nesse campo, para
que possa servir de base a conclusões proveitosas. Há muitos estudiosos das questões espirituais que
gostam de meditar sobre assuntos desta natureza, e é para esses, principalmente, que se voltam estas
linhas.
Não há a menor prova de desamor, de desconsideração, de frieza sentimental, em não se procurar o
cemitério, para ali se invocarem, por pensamentos, os seres amados, situados em plano astral, porquanto,
para testemunhar-lhes perene afeição e amizade, não deverá haver nem lugar nem dia marcados, uma vez
que todos os instantes são oportunos, desde que se possa utilizà-los, em refúgio interno, para tal fim.
A necessidade de haver um anteparo opaco entre a vida terrena e a astral, com interrupção dos contatos, é
para que os familiares tudo façam no sentido de evitar as desencarnações dos seres afins.
Uma vez, porém, que se saiba que o espírito, em seu mundo, está cercado de amizades, pleno de saúde,
entregue a atividades prazerosas, livre de preocupações, em condições de vida muito superiores, por que,
egoisticamente, desejar que abandone esse bem-estar, para, num fétido cemitério, vir ouvir lamentações
enfermiças e receber vibrações penalizantes de angústia e de sofrimento?
O espírito, no Plano Astral, não sente a separação, porque, para ele, ela não existe. Lá, dispõe da
clarividência que lhe possibilita, quando quiser, ver o que se passa em qualquer ponto do planeta, e possui
outros recursos, como, por exemplo, o da volição.
Não há, assim, motivos para preocupação quanto aqueles que panem para os seus mundos, porque assim
como aqui existem uniões que equilibram a vida de relação, também no Espaço Superior o espírito se
associa aos demais com quem vai conviver, numa perfeita comunhão de idéias e de entendimento.
Os que vão no dia 2 de novembro ao cemitério não levam o sentido de irradiar pensamentos de fortaleza
espiritual, porque os que podem emitir tais vibrações são esclarecidos, e não perdem tempo com isso; os
que vão, além de darem provas de ignorância, só podem irradiar pensamentos de fraqueza, como são os
de lamentação e de abatimento moral, e ficam, deste modo, envoltos nas correntes da mesma espécie, ali
concentradas, de efeitos deletérios.
A,vida, que é eterna, se desdobra sempre apoiada em leis, a que todos têm de submeter-se, se não se
quiserem prejudicar. Ela é uma realidade que se revela mais intensa no plano Astral Superior, onde não
existem animosidades, porque o amor cristão é ali o poder predominante.
Nestas condições, quem é trasladado, normalmente, para o plano espiritual, é recebido, naquele lado,
pelos membros numerosos da família astral, que o acolhem com simpatia e lhe propiciam tudo aquilo de
que precisa, independentemente dos pedidos dos que ficaram na Terra.
A organização universal é modelar, e os dirigentes astrais cuidam de suas funções com muito maior rigor
e eficiência, do que os que aqui governam.
Por isso, não existem, nos mundos próprios, seres abandonados que necessitem da interveniência dos que,
aqui na Terra mal podem dar conta dos seus penosos deveres.
Conceitos de Evolução
"Mesmo o conhecimento meramente intelectual das condições da vida astral e, afinal, das verdades
teosóficas em geral, é de inestimável valor para um homem, em sua vida após a morte."
Arthur E. Powell, teósofo
-- A Morte Não Interrompe a Vida, de Luiz de Souza - publicado pelo "Centro Redentor".
-*-*-
Fraternalmente,
A LEI DO KARMA
Um dos Mestres de Sabedoria que se comunicava com mme. Blavatsky declarou que, entre os princípios
ocultos um dos mais difíceis para compreendermos é a Lei do Karma. Foi também frisado por este
Instrutor o quão importante é apreciar, tanto quanto nos seja possível, as operações do karma, pois ele é
uma influência vital em nossas vidas.
De acordo com A Doutrina Secreta, existe um período de manifestação, ou manvantara, quando um
universo está em processo de evolução, e um período quando não há organização, um tempo de equilíbrio
amorfo designado como 'pralaya'. Neste estágio sem forma não há polarização de energia, tudo é
aparentemente espaço vazio, um vácuo, um caos. Esta condição de vacuidade, de não existência, está
presente sempre que toda intenção, toda ideação, todo esforço tenha sido retirada do mundo. Sob tais
circunstâncias, causa e efeito, ou lei, não mais existe, e as formas, sistemas e mesmo a matéria em si
desapareceu da manifestação. O poder que traz a eliminação de todos os fenômenos é um força
constantemente ativa tanto durante um manvantara e um pralaya. Ele assemelha-se a algo análogo à
gravidade. Sabemos que os objetos físicos possuem peso o qual pressiona-os em direção ao centro da
terra. Em qualquer ocasião em que um objeto é liberto de seu apoio ele cai. A força que elimina a
organização age dessa mesma maneira , silenciosa e persistentemente.
Uma pessoa ergue uma casa. Imediatamente, ela inicia a ruir. Começa-se a reverter para uma condição
onde os materiais usados nesta construção não mais manifestam o plano ou organização da casa. Com o
tempo, cada vestígio da casa terá completamente desaparecido da existência. No meio tempo, os
materiais, tais como as tábuas e blocos que foram parte da construção, avançam para um estágio posterior
de desintegração que remove todos os traços e características de madeira e dos blocos. Finalmente, se
deixados aos processos naturais, o que foi uma vez uma casa retorna aos elementos básicos e compostos
que são mantidos por vastos períodos de tempo pela Vontade do Logos. Quando aquele impulso divino é
retirado, tudo que permanece desintegra-se naquilo que aparenta ser o espaço vazio.
Vontade, Sabedoria, Ideação e esforço inteligente são necessários para iniciar um universo. A Vontade
trilha através do Akasha, polarizando e despertando para a atividade a Substância Pré-cósmica. A isto
segue-se pela nota chave, e a Ideação que organiza a energia cósmica em matéria é seguida pelas formas
que são necessárias para trazer à manifestação o Plano Divino para o universo que deve ser. O mesmo
princípio está envolvido na produção de qualquer forma ou sistema. Deve haver um esforço motivado,
inteligente, para ultrapassar a força a qual resiste a todos os esforços para o iniciar ou o acelerar da
organização seguida pelo desenvolvimento da forma em harmonia com os objetivos a serem atingidos.
O início de um manvantara marca o início do karma. Com a intenção de iniciar a manifestação deve haver
um esforço dirigido pela Vontade e Ideação, os quais operam sobre a Substância Pré-cósmica do espaço
akásico. Este esforço é a causa, e o efeito é a emergência da organização que produz a matéria, seguida
pelas formas e sistemas necessários para trazer à existência o Plano do universo.
Existe o foco da Vontade e do Poder pelo Primeiro Logos, seguido pela cooperação da Sabedoria e
Ideação do Segundo e Terceiros Logoi. Estes por sua vez dão alento ao trabalho dos sete Logoi menores e
assim segue uma hierarquia de inteligências, cada uma responsável pela condução de uma parte ou um
aspecto do Plano. Cada passo no desenvolvimento de um universo procede de uma maneira similar.
A inércia, a resistência à organização está presente não somente no vazio -o caos das condições pré-
universais-mas continua em todos os níveis da manifestação. Cada passo na evolução recebe resistência, e
um esforço inteligente é necessário para estabelecer a matéria, e novamente uma resistência atua contra a
formação da matéria em compostos. Também, deve ser mantido em mente que a tendência dos materiais
de assumirem a condição amorfa necessita contínuo esforço para mantê-la e de forma idêntica ocorre com
todas às formações superimpostas sobre ela.
O homem está muito familiarizado com este fenômeno. Nos negócios humanos, com mencionado acima,
nossas máquinas, construções, nossas obras de arte, tudo começa a desintegrar-se tão logo elas sejam
deixadas a si próprias. Existem duas leis na ciência as quais incorporam estes princípios. A primeira delas
estabelece que para cada ação existe um reação oposta e igual, ou a lei de Causa e Efeito. Outra lei
estabelece que um sistema deixado a si mesmo caminha em direção a uma crescente desordem, ou
entropia.
Estes princípios representam o aspecto de engenharia do karma, a espécie de coisa que tem que ser levada
em conta na construção de uma casa, uma máquina, ou qualquer outra forma. Eles também deixam claro
porque cada forma, ou fenômeno, vêm à existência somente quando há uma causa adequada. Torna-se
óbvio porque tudo que é obtido, quer seja uma estrutura, um sistema, ou a capacidade interna dentro de
nós mesmos resulta somente de um esforço adequado. Não pode haver consecução, nem valores, sem um
trabalho inteligente e persistente, dirigido em direção aos fins a serem atingidos.
Existe um outro lado do karma que entra na ética ou no elemento moral. Como declarado antes, cada
organização inteligível é a incorporação de um plano, um pensamento ou uma idéia. O universo em si,
por necessidade, desenvolve-se de acordo com um super, ou Divino, Plano. Este plano, ou nota chave,
inclui tudo que tem sido e será na Vida do Cosmos. Ele inclui não somente as formas materiais e
sistemas, mas também o despertar espiritual das vidas e seres associados com ele. A evolução do homem
está preocupada com as formas necessárias para o pensamento, as emoções e ações, mas ela também
inclui o avanço espiritual em virtudes tais como a Inteligência, Consciência e Compaixão as quais vem do
correto uso da mente, das emoções e ações em um período de vida. Nós possuímos um lugar no Plano
Divino e o preenchimento dele é a meta de nossa existência. A lei kármica aplica-se a nós como causa e
efeito de nossas ações, mental, emocional e fisicamente, e ela aplica-se aos valores morais implícitos em
nosso comportamento.
Uma pessoa se determina preparar-se para uma profissão. Anos de esforço são gastos para atingir este
objetivo. Após ele ter concluído sua educação e estando ativamente engajado em seu trabalho, ainda lhe é
requerido expender esforços para manter um nível apropriado de efetividade. A tendência da organização
desintegrar-se e evanescer-se aplica-se ao aprendizado bem como para as máquinas. Tudo o que uma
pessoa é, em mente, emoções e em corpo físico, é uma conseqüência kármica do comportamento no
presente ou em vidas passadas. Mas em adição às formas que são necessárias para ganhar-se experiência,
na contato com o mundo à nossa volta, existem nossas atitudes, ou autocontrole, ou o grau de compaixão
pelos outros. Podemos possuir uma boa mente e corpo, mas a maneira com que esses instrumentos são
usados devem estar em acordo com o Plano Divino. Quando estamos em harmonia com o Plano, a
felicidade preenche nossas vidas. Mas quando não estamos em acordo com ele, então há o sofrimento que
nos leva a que que façamos as mudanças em nossas vidas que trazem-nos de volta o equilíbrio com o
ideal que supomos atingir.
É evidente que no curso da evolução, quando desenvolvemos mais compreensão, assumimos maior
responsabilidade ante a Lei do Karma. Por exemplo, o plano de um arquiteto para um arranha-céu
vagarosamente emerge para a manifestação. Existem numerosos indivíduos associados com a obra.
Obviamente, o chefe do projeto possui mais responsabilidade do que aqueles preocupados com as
subdivisões inferiores do trabalho. Também, nos diferentes estágios da construção, diferentes tipos de
esforço são necessários. O trabalho que esta em harmonia com o plano do arquiteto em um estágio estaria
fora de ordem em outro estágio do mesmo processo de construção. Da mesma forma, com nossa evolução
e obrigações, quando atingimos maior compreensão e competência, então temos uma maior
responsabilidade no trabalho de manifestar o plano. Também, o comportamento que está em harmonia
com o plano em um estágio, em outro gera desfavoráveis conseqüências kármicas. Pessoas em diferentes
níveis de evolução e posicionamentos com a Lei do karma reagem diferentemente.
Quando quebramos a lei, como disposto no Plano Divino, existe uma resposta automática para laborar em
direção a eliminação da desarmonia. Numa pessoa, isto faz surgir várias conseqüências que estão em
proporção com a seriedade do desvio do Plano. Se persistirmos em um curso errado, as reações adversas
tornam-se mais intensas. O indivíduo tenta evitar o sofrimento que vem dele. Ele procura novas
perspectivas para a vida e gradualmente chega a uma melhor compreensão de seu lugar e de seus deveres
no mundo. Desta forma, ele favorece seu desenvolvimento espiritual. Ele torna-se mais desperto, mais
consciente, com crescente apreciação dos problemas e dificuldades de seus semelhantes. O indivíduo
entra num alinhamento melhor com o Plano e torna-se mais efetivo em sua vida e seu trabalho.
A Doutrina Secreta ensina, "A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema
Universal, sendo esta última um aspecto da raiz Desconhecida;e a peregrinação obrigatória para todas as
Almas, centelhas daquela Alma Suprema, através do Ciclo de Encarnação, ou de Necessidade, durante
todo este período. Em outras palavras: nenhum Buddhi puramente espiritual (Alma Divina) pode ter uma
existência consciente independente, antes que a centelha, emanada da essência pura do Sexto Princípio
Universal --ou seja, da ALMA SUPREMA-- haja passado por todas as formas elementais pertencentes ao
mundo fenomenal do Manvantara, e adquirido a individualidade, primeiro por impulso natural e depois à
custa dos próprios esforços, conscientemente dirigidos e regulados pela Karma, escalando assim todos os
graus de inteligência, desde o Manas inferior até Manas superior, desde o mineral e a planta ao Arcanjo
mais sublime (Dhyâni-Buddha). A Doutrina axial da Filosofia Esotérica não admite a outorga dons
especiais ao homem, salvo aqueles que forem aqueles conquistados pelo próprio Ego com o seu esforço e
mérito pessoal, ao longo de uma série de metempsicoses e reencarnações." (v. 1, p. 82-83)
PROBLEMAS KÁRMICOS
É difícil apreciar o karma quando aplicado aos seres humanos sem uma compreensão de como o homem
está relacionado com outros reinos da natureza e com o mundo em geral. Sabemos que, de acordo com A
Doutrina Secreta, o mundo é um organismo vivo, e o homem através de suas formas entra em
relacionamento com o universo total. A mesma declaração poderia ser feita sobre uma pedra ou uma
planta, mas é essencialmente pertinente quando considera-se o homem, pois os seres humanos são
caracterizados por um equilíbrio entre matéria e espírito. O homem é realmente espiritual em virtudes tais
como a vontade, sabedoria, intuição, inteligência, consciência, e verdadeiramente animal em seu corpo
físico e sentimentos ou emoções que estão associadas com ele. O homem está ligado com todos os reinos
da natureza através de seu corpo físico, e através de sua natureza espiritual, ele é uno com os grandes
seres de luz incluindo o Logos Solar. Estes relacionamentos são todos ativos no karma humano.
Em primeiro lugar, de todos os reinos da natureza, somente o reino humano desenvolveu a auto-
consciência e com ele um certo grau de responsabilidade individual. O homem é pessoalmente
responsável ante à Lei do Karma. Esta responsabilidade acompanhada com sua influência de longo
alcance sobre a natureza põe o homem numa categoria especial ante à lei. Nós não somente temos o
problema de ajustar nossas relações com nossos semelhantes seres humanos, mas também necessitamos
estar em harmonia com o resto da natureza se queremos evitar as conseqüências kármicas
desconfortáveis.
Com o intento de apreciar o que está envolvido no karma, é necessário manter em mente os princípios
considerados anteriormente. Há a primeira lei de que tudo caminha da ordem para a desordem a menos
que um esforço inteligente seja feito para evitá-lo. Tudo move-se em direção a um estado de repouso de
equilíbrio ativo mas sem forma. Portanto, requere-se esforço para organizar a substância em formas e
sistemas, e é requerido contínuo esforço para mantê-la. O segundo princípio é de que todas as
organizações são expressões de um plano. Sabemos ser isto verdade na experiência humana. Cada ato
inteligível procede de acordo com um plano. Tendo desejado fazer-se algo, então vem a idéia do que deve
ser realizado através das ações no mundo físico. Tudo que realizamos procede desta maneira. Deve haver
um plano mesmo embora nós não estejamos cônscios dele. O mesmo princípio deve aplicar-se ao
universo como um todo desde que ele é um mundo, e não possuímos evidência que uma lei prive o de
uma construção humana e outra para as formas mais intrincadas e complicadas da natureza. Assim
conhecemos em razão, em experiência e em senso comum, que existe um plano atrás desta poderosa
manifestação que podemos chamar de sistema solar. Além disto, este Plano Divino constitui o modelo de
princípio para todas suas subdivisões. Nas questões humanas existe um plano para uma máquina ou uma
casa. Quando um operário traz o plano à manifestação, ou constrói a máquina ou a casa, o modelo de
procedimento no trabalho, o critério de quanto a construção esta procedendo corretamente, é o plano, o
projeto, ou esquema. Nossa evolução é governada pelo Plano Divino que aplica-se a nós. Portanto,
quando nosso comportamento não está de acordo com o Plano ou nota-chave de nosso universo, nós
geramos conseqüências kármicas adversas.
Devido ao homem estar ligado não somente com seus semelhantes humanos, mas também com todos os
reinos da natureza, ele possui muitas oportunidades de provocar desarmonia no mundo. Em outras
palavras, o homem está numa posição de ir contra o Plano Divino em muitas áreas não usualmente
reconhecidas. Limitado em conhecimento, o homem luta para encontrar a via para a felicidade e bem
estar. Sua inocência o conduz a dor e ao sofrimento, mas é através destas experiências que ele
gradualmente aprende o caminho pelo qual ele deveria seguir.
Para apreciar o quanto estamos unidos com o resto da humanidade e com a natureza, é necessário pensar
sobre alguns detalhes da constituição das formas humanas. Existe uma essência do plano mental a qual é
a fonte de todas as mentes, animais e humanas. É devido a este relacionamento que estamos unidos
mentalmente com os animais tanto quanto com os seres humanos. Realmente, a essência mental é
essencial nas formas minerais e vegetais tanto quanto nos grupos animais. Então, quando nós pensamos,
podemos afetar para bem ou para mal todos os outros reinos da natureza. O mesmo relacionamento existe
para o plano emocional. A maioria dos pensamentos conduzem pouco poder e são transitórios por
natureza. Mas pensamentos que ocupam muitas mentes e que são coloridos com fortes emoções podem
ser influências muito poderosas. Em adição, algumas formas pensamento são repetidas pelas grandes
massas de pessoas através de períodos de idades. Estas influências mentais, quando desarmoniosas,
trazem conseqüências para a natureza tanto quanto para o homem.
A personalidade humana é constituída de corpos físico, etérico, emocional e mental inferior. Cada um
destes é composto de entidades organizadas em uma grande série de diferentes níveis de
desenvolvimento. Por exemplo, existem as vidas no nível das células, tecidos, órgãos e sistemas
orgânicos do corpo físico. Finalmente, unindo todas estas unidades vivas existe uma inteligência,
chamada corpo elemental, que representa a vida da forma física. As outras vestimentas da personalidade
são organizadas de acordo com o mesmo princípio.
Estas formas elementais são a fonte de muitos problemas para muitas pessoas. Os problemas surgem,
devido a que damos alma à nossos corpos, e assim tendemos a identificar a nós mesmos com a
personalidade. O corpo elemental, e nós, o espírito, temos necessidades e objetivos diferentes. O homem
está lutando em direção à virtudes espirituais, enquanto as formas elementais estão impelidas em direção
a um envolvimento mais profundo com a matéria. Ordinariamente nós deveríamos ser capazes de
controlar estes aspectos necessários de nossos seres, mas devido a esta identificação de nós próprios com
eles, o corpo elemental pode usar nossa força.
O elemental mental deleita-se em tagalerice, ou constante atividade mental, quer isto tenha valor ou não.
O elemental emocional tenta promover emoções grosseiras e violentas de ódio, cólera ou depressão, e a
entidade física impele para a atenção indevida , à ociosidade e seus apetites. Até que tenhamos a medida
de controle sobre estes elementos na personalidade, eles tornam-se a fonte de muito karma adverso. Nós
fornecemos a eles nossa força graças à nossa ignorância, e eles nos prendem em jogos de pensamento,
emoções e ações que são contrárias as nossas necessidades e objetivos na vida.
Uma pessoa revela algo de suas obrigações kármicas pela forma que sua vida sucede. Seus sucessos, suas
falhas, seus amigos e relações são todos associados com seus compromissos e bens acumulados no
passado. Por exemplo, se nós, em prévias existências tivermos tido o habito de ser pouco cuidadosos no
pagamento de nossas dívidas ou no cumprimento de nossas obrigações, então nesta vida seremos
importunados com tais problemas em nossas relações com outros. A mesma retribuição em tipo pode ser
esperada para outras fraquezas de caráter. Temos uma pessoa que numa vida leva vantagem sobre outros
sobrecarregando ou sub-remunerando seus empregados, ou de alguma outra forma usando sua posição na
vida para tomar vantagem de outros. Naturalmente, em uma vida posterior esta pessoa irá apreciar seus
erros desempenhando o papel oposto, aquele da vítima. Nossa vida cotidiana e comportamento revela
muito de nosso status kármico, e podemos usar esta informação para fazer as mudanças necessárias.
O karma não pode ser apreciado a menos que aceitemos o princípio de muitas vidas. Este não é o lugar de
considerar a reencarnação em detalhes, mas deveríamos ter em mente os fatos básicos. O homem é um ser
espiritual, composto de mente superior, sabedoria e vontade. Esta trindade constitui a realidade dentro de
nós, como mencionado anteriormente. Durante um período de vida sobre este planeta, nossa consciência
esta centrada na personalidade ou nos corpos da mente inferior, das emoções e físico. No final de um
ciclo de vida, as formas físicas desintegram-se, seguidos em vários períodos pelas formas emocionais e
mentais. O Ego então por um certo tempo está centrado em sua natureza espiritual mais sublime. Existe
um período de descanso, então uma vez mais, as formas mentais, emocionais e físicas são reconstituídas e
tornam-se associadas com o embrião. E assim, outra vida inicia-se.
Na época do nascimento, tudo que somos é o resultado do karma. Isto é verdadeiro para os corpos da
mente, emoções e físico, e para as circunstâncias em que nascemos. Uma pessoa passa através da vida, ou
um período de existência em um corpo físico. Ele veio à vida como homem ou mulher e com qualidades
particulares da personalidade. Sua vida desdobra-se sob a base do que ele herdou de suas existências
anteriores. Ele possui um certo grau de liberdade, e dentro das limitações de seu ser e circunstâncias, ele
pode viver de uma tal maneira que sua próxima vida e a restante da presente seja melhor ou pior do que
tem sido. Como resultado das experiências ganhas vida após vida, com suas conseqüências kármicas, a
grande maioria da humanidade gradualmente evolui em crescente consciência e maior efetividade na
resolução dos problemas da vida.
É difícil para o indivíduo evitar os obstáculos que cercam seus progressos através da vida. Ele esta sujeito
aos resultados de erros anteriores. As formas elementais, como mencionado acima, são uma constante
dificuldade, desde que elas estão evoluindo em direção oposta àquela do espírito humano. Mas em adição,
cada um de nós torna-se enfeitiçado com nossas próprias formas pensamento durante um período de vida.
Existem também pensamentos e hábitos de vidas pretéritas. Nós temos internamente uma atração
instalada em nós para certos tipos de pensamento, sentimento e comportamento.
Existem também influências surgindo do local onde está o indivíduo na humanidade como um todo, em
uma raça, nação e família. Nós dividimos um karma grupal que forma-se com estas associações. Dentro
de uma raça ou nação existem costumes e hábitos especializados em relação à outros grupos raciais e
nações. Algumas nações estão permeadas com o ódio e animosidade frente a alguns outros países.
Existem toda sorte de complicações a este respeito que possuem um efeito sobre as atitudes e pensamento
das pessoas, e assim influenciam seu karma.
Todos nós sabemos por experiência quanto diferem homens e mulheres uns dos outros. Dentro de uma
população, existem alguns altamente desenvolvidos, alguns que sucumbiram ao ódio, violência,
criminalidade, e entre a grande massa de pessoas bem intencionadas com seus líderes e seguidores.
Correspondendo a estes vários níveis de desenvolvimento, existem níveis de pensamento e sentimento. O
resultado é que através das eras o homem criou reservatórios de ódio, medo, depressão e outras emoções
negativas como estas conjuntamente com os pensamentos que vem junto com eles. Também, desenvolveu
reservatórios de amor, amistosidade, harmonia e paz. Estes agregados radicalmente diferentes de
pensamentos e emoções constituem forças latentes nas mentes e emoções da humanidade.
Nós respiramos nestes bons e maus pensamentos e sentimentos quando nossos próprios pensamentos
estão de acordo com eles. As conseqüências cármicas de nossos pensamentos e emoções surgem em
algum grau da ligação com este bem e mal que paira a redor de todos nós. Tanto nossos momentos baixos
e sublimes são intensificados por essa fonte. E há um lado encorajador deste problema. Bons pensamentos
tem muitíssimo mais poder que a de variedade má.
Quando o homem pode estabelecer-se razoavelmente em sentimentos e pensamentos superiores, ele
torna-se espiritualmente orientado. Ele não somente retira para si o melhor do que as boas pessoas
acumularam no passado, mas começa a entrar em contato com um poder e luz maiores das forças mentais
e emocionais dos seres humanos espiritualmente avançados. Quando refletimos acerca desta coisas, elas
se auto-evidenciam. Muitas pessoas são sensíveis o bastante para ser afetadas pela atmosfera associada
com pensamentos e sentimentos muito bons ou maus. No presente, o tom prevalecente não é bom onde
grande número de pessoas estão concentradas. O fato de que muitos de nós responde à essas influências
talvez responda porque existe uma procura geral por retiros de férias nas montanhas, desertos e outros
lugares onde existem menos de nossos companheiros seres humanos.
MAIS SOBRE O KARMA
Se tudo que somos é o resultado do karma passado, como nós podemos ajudar à outra pessoa? Não são
seus problemas aqueles que tem sido colhidos, de forma que removê-los estaria indo contra a lei kármica?
Este problema tem surgido quando se cogita os procedimentos de cura tanto quanto a outros aspectos da
suspensão do sofrimento humano.
Por exemplo, existe a idéia da responsabilidade pessoal, e mesmo uma descoberta científica, tal como a
pasteurização do leite, ou a descoberta da necessidade da presença de pequenas quantidades de minerais e
vitaminas em alimentos, pode curar muitas saúdes abaladas. Mesmo outras pesquisas mais espetaculares
tornaram doenças mais mortíferas como a sífilis, a febre amarela, a peste bubônica, comparativamente
mais raras. Estas descobertas eliminaram o karma de um grande número de pessoas de forma que não
foram forçadas a suportar por muito tempo o sofrimento e a morte associadas com estas doenças ? Com a
ajuda do conhecimento que vêm da pesquisa biológica, a expectativa de vida média fôra assim dobrada no
último século. Quais são algumas das possíveis respostas a este problema ?
Nesta época materialista, existe, naturalmente, muita ênfase na sobrevivência. Mesmo a adição de alguns
anos, ou mesmo alguns meses, é considerado de grande valor, pois supostamente esta é toda a vida que a
pessoa irá ter. Uma existência de grande sofrimento é preferível a uma extinção completa e final. Por isso,
quando a expectativa de vida média é aumentada dez anos, as pessoas ficam comovidas com este
desenvolvimento.
Certamente supomos passar a maior parte de nossa vida por aqui. Ela pode ser uma grande oportunidade,
mas para a grande massa das pessoas, alguns anos extra de vida não são tão importantes. Muitos
indivíduos trabalham com algum deleite e estão despertos para os valores ao seu redor, mas com o
acúmulo dos anos seu entusiasmo desaparece. É muito comum para as pessoas gastarem a última parte de
suas vidas em uma condição retraída e deprimida. O corpo se desgasta e a tendência é de sombrear o
período final da vida relembrando os momentos obtidos nos anos iniciais. Sob tais circunstâncias pode
não ser tão importante o quanto a vida continua ou não no plano físico.
Não existe a eliminação de dívidas kármicas apenas porque algumas descobertas científicas conduziram
ao controle de uma doença. O que quer que seja que tenhamos obtido virá a nós quer seja para bem ou
para mal. Mas existem muitas maneiras pelas quais nossos débitos kármicos podem ser saldados. O
indivíduo salvo do sofrimento e da morte de uma enfermidade da infância irá, apesar disto, passar por
obrigações kármicas. Deve ser lembrado, também, que nas épocas que precederam a descoberta de
técnicas médicas que ajudaram a controlar muitas doenças dos infantes, a grande maioria das crianças
tanto tendiam menos a serem infectadas como sobreviviam as enfermidades que causavam a morte à
tantos outros.
É interessante notar que certas doenças tornaram-se menos sérias em países onde a medicina não era fato
de preocupação. As mortes por tuberculose declinaram nos países ocidentais, e isto poderia ter sido
considerado como o resultado de um maior conhecimento médico, mas houve o mesmo declínio da
mortalidade em outros países onde há falta de intervenção médica. Também, nós não conhecemos os
efeitos completos sobre as pessoas provindos dos vários tratamentos usados na medicina moderna. Dado
que estamos vivendo em uma civilização materialista do corpo-mente, tudo é interpretado em termos de
fornecer ao indivíduo alguns anos ou mesmo alguns meses de vida extra. Mas se pudéssemos visualizar
estas questões do ponto de vista oculto e notar os efeitos através de algumas vidas, poderíamos ser
surpreendidos ao verificar que muito do que é enfatizado é comparativamente de pouco significado. A
saúde neste país não é boa a despeito de todas as drogas miraculosas. Mesmo entre as pessoa tem sido
reportado que o número de voluntários rejeitados devido a defeitos físicos aumentou progressivamente
desde a segunda guerra mundial. Também, enquanto algumas doenças tem sido controladas, outras tais
como o câncer, as doenças cardíacas e circulatórias tornaram-se mais sérias, e as doenças mentais
avançaram marcadamente.
O meio de se atingir a saúde deve ser através de um reto viver o qual inclui pensamentos e emoções
harmoniosos tanto quanto em palavras e ações. O bem estar advém do interior. Nesta época de
materialismo, nós assumimos que o problema da doença pode ser solucionado através de meios físicos. A
enfermidade é geralmente tratada por esforços para remover os efeitos em lugar de remover as causas.
Mesmo a medicina psicossomática permanece a trabalhar sobre os efeitos, pois, quando está preocupada
com os estados mentais e emocionais e seus efeitos sobre a saúde, ela continua orientada pelo
materialismo. Existe um conjunto de drogas, junto com choques elétricos, usados no tratamento de
doenças psicossomáticas.
Qual é o uso então de se tentar ajudar a outras pessoas a dominarem sua saúde e outros problemas ? A
resposta a esta questão envolve alguns aspectos profundos da ciência oculta. Em primeiro lugar, a ajuda
dada a outros quando é motivada pela simpatia, pelo amor impessoal, aumenta a força, à resistência
daquele às voltas com problemas. Também, é um tributo a unidade da vida, dado que nós não podemos
realmente ajudar à outra pessoa sem tornarmo-nos de alguma maneira unos com ela. Em outras palavras,
o verdadeiro curador de enfermidades e outros problemas limpa os canais que conectam a personalidade
com o Ego Espiritual interior. O resultado é um fluxo de força que soma-se a resistência e bem estar.
Também, quando nós assistimos à outros podemos freqüentemente afastar a ignorância que tem sido a
causa do problema. A compreensão fundamental então para ajudar-se a outros é trazer mais do poder do
espírito para dentro da personalidade e, num segundo passo, despertar a mente inferior ao conhecimento
das leis da natureza que conduzem a pessoa a um melhor nível de vida e bem estar.
Nós podemos certamente ajudar à outros, não no sentido de evitar-se débitos kármicos, mas sim
incrementando a capacidade da pessoa para identificar e resolver os problemas mais efetivamente. A
ajuda real conduz a um fortalecimento da natureza espiritual daquele que é auxiliado. Nós todos somos
unos e através desta unidade deveríamos repartir a harmonia, a beleza, o bem estar o qual é a condição
normal da humanidade. Graças à ignorância os indivíduos tornam-se desgarrados da corrente principal do
espírito humano, e outros indivíduos podem associar seus recursos com estes desafortundaos para trazê-
los de volta a seu estado natural.
Todos nós necessitamos alguma ajuda às vezes, e ela vem à nós como uma parte de nosso direito natural.
Ela vem à nós através de outros seres humanos, e ele também vem à nós da natureza. Podemos, desde que
nossa compreensão o permita, beber em muitas fontes para obter assistência, e equilibramos a dívida pela
transmissão à outros daquilo que tenhamos recebido. O mundo é naturalmente belo, radiante, harmonioso,
abençoado. Quando colocamos a nós mesmos em alinhamento mais próximo com o Plano Divino, tudo o
que necessitamos flui à nós como nossa herança. O homem não paga aluguel pelo planeta que ele habita,
ele não é cobrado pelo ar que respira, ou pelos raios de Sol que são tão vitais para sua existência.
Igualmente, com o problema da cura, podemos assistir à uma pessoa para que ela volte a orientação
correta em relação ao mundo e a sí mesma. A saúde e o bem estar não são obtidos, eles já pertencem a
nós. O homem é privado deles pelo seu comportamento. A privação é a conseqüência e o despertar da
cura é o realinhamento com o estado de coisas natural.
Nesta época de materialismo, existe relativamente poucos que conscientemente procuram o
desenvolvimento espiritual, e parece ser menor o número daqueles que aspiram à ajudar no
desenvolvimento espiritual da humanidade. A maior parte das pessoas está na perseguição de objetivos
que tornam-se sem significado quando atingidos. Mas tudo isto é parte do longo e árduo trabalho de
desenvolvimento. Quer provem ou não serem de valor as nossas metas, o esforço para atingí-las nos leva
avante em consciência e compreensão.
Em relação as diferenças individuais, existem certas condições e limitações que nos afetam. A Doutrina
Secreta contém princípios ou verdades que aplicam-se a todos nós em variados graus. Também, como em
todos os períodos das atividades humanas, existem más compreensões, ou tipos de ignorância, que
inevitavelmente condenam o homem à vidas de frustração, sofrimento, incerteza, medo, enfermidade e
morte. Todos nós sabemos ser assim, mas é difícil de apontar especificamente a natureza das
incompreensões. As grandes religiões tem sempre estado preocupados com este problema. Elas tem
ofertado ensinamentos, tais como aqueles dados por Cristo ou Buda junto com muitos outros, os quais
contém a sabedoria que o homem requer na evolução humana, mas pouco são capazes de tirar vantagem
daquilo que é oferecido a eles.
O comportamento do homem, como refletido no pensamento, sentimento e ação, é influenciado por idéias
que são inatas na civilização em que ele vive. Existem certos princípios que são tidos como garantidos
que estão embebidos na consciência e subconsciência das pessoas e pelos quais elas agem como
mandamento hipnótico. Como resultado é extremamente difícil removê-los do coração e mente de uma
pessoa. Eles podem ser reconhecidos intelectualmente como inverídicos, mas não obstante sua influência
é revelada nas opiniões da pessoa e seus padrões de comportamento.
As tabelas abaixo sumarizam algumas destas suposições e as alternativas fornecidas em A Doutrina
Secreta. Estas suposições motivam e delineiam muito do comportamento do homem em nossa civilização
ocidental. Geralmente, o indivíduo não está consciente de sua presença em sua mente e emoções. Este
fato tende a torná-los mais potentes em seus efeitos sobre as opiniões e percepção sobre vida. A maioria
das pessoas, se considerarem cuidadosamente estas suposições reconhecerão que são contrárias a
experiência mais profunda e verdadeira do homem.
TABELA 1
SUPOSIÇÃO COMUM
A DOUTRINA SECRETA
1. O Homem é o corpo físico. Esta
identificação com a forma física e
1. O homem é um ser espiritual e utiliza
nossa atitude frente a idade, doença,
uma série de corpos físicos enquanto
morte, e muitos outros eventos em
progride no desenvolvimento evolutivo.
nossa vida.
2. O homem, como ser espiritual, ganha
2. Não existe consciência antes ou após
experiência no mundo físico e no estado
a vida no corpo físico.
post-mortem assimila as lições
aprendidas no corpo físico. Então ele
3. Cada pessoa está separada e aparte novamente encarna em uma nova forma
de outros seres humanos e da natureza. física.
Competição, o esforço de ultrapassar à
outros, é uma parte normal e necessária
3. Cada pessoa é uma manifestação da
da vida.
Vida Una, ou Espírito, e assim é una não
somente com seus semelhantes humanos
4. Os fora-da-lei, ou aqueles que mas com toda a natureza.
cometem crimes contra o homem ou
natureza, são punidos apenas quando
4. A Lei do Karma traz inapelavelmente
são descobertos e julgados.
a cada indivíduo aquilo que lhe seja
devido, seja bom ou mau.
5. Uma pessoa pode pensar com
malícia, ódio, mas como pensamentos
5. O que pensamos pode afetar as mentes
não são revelados em palavras e ações,
de outros para bem ou para mal.
e assim não são errados e são
cometidos em relação à outros.
6. O sucesso de uma vida é medido em
6. O sucesso ou falha de uma vida é
termos de desenvolvimento espiritual que
baseada principalmente em termos e
tenha atingido.
ganhos materiais.
7. O universo é regido por lei e ordem.
7. O acaso determina quando temos
Não existe lugar para o acaso nas
que nascer com um bom corpo e somos
questões do homem ou da natureza.
beneficiados com capacidades latentes
ou especiais. Também o acaso é o
grande fator no grau de sucesso de uma
vida.
Em adição a estas crenças que caracterizam o conjunto da civilização, todos nós possuímos crenças
individuais e familiares que acumularam-se no curso dos tempos. Um dos valores em estudos de trabalhos
tais como A Doutrina Secreta é de que ele ajuda a nos despertar para a presença em nós destas influências
ocultas. Quando nós as reconhecemos podemos começar a erradicá-las de nosso ser. Mas até que
estejamos conscientes de sua presença, seu poder sobre nosso comportamento continua.
O senso comum é o bastante para nos dizer que qualquer tipo de crença que não está de acordo com a
verdade será associada com conseqüências adversas. Do contrário, nós nunca seriamos estimulados a
descobrir nosso erro. Assim sendo, suposições inverídicas, como as listadas acima, inevitavelmente
trazem ao indivíduo algum grau de sofrimento e inefetividade na vida. O progresso humano ou evolução é
essencialmente um processo de chegar-se mais próximo à luz da verdade. Inverdades aparentam florescer
e serem permanentemente estabelecidas em uma civilização, ou no pensamento de um indivíduo, homem
ou mulher, entretanto mais cedo ou mais tarde a verdade deve prevalecer. A pressão da vida nos força
finalmente a desistir de nossas mais acalentadas desilusões, e abandoná-las é freqüentemente doloroso.
A lei kármica é uma luz-guia para o homem em sua difícil jornada em direção à iluminação. Se o homem
deve desenvolver-se em liberdade, então ele não pode ser conduzido por um ser mais avançado, mas deve
aprender o caminho por si mesmo através de sua própria experiência. Efetivamente, a experiência é a
recordação do que trouxe de felicidade ou sofrimento. Por milhões de anos a alma humana têm passado
por este processo de aprendizagem, e parece que sua experiência deveria ser ampla para possibilitar a ele
viver em felicidade e efetivamente. Mas algumas lições tem que ser repetidas muitas vezes antes que elas
tornem-se parte de nós. Isto ocorre por uma razão, existem tantos tipos de comportamento que
inicialmente trazem muita satisfação e entusiasmo, e é somente em anos posteriores que o indivíduo
aprende que ele cometeu um sério erro. Muitas pessoas repetem o mesmo erro ao longo de algumas vidas
antes que uma lição particular seja aprendida. Uma coisa é certa, o karma é imparcial e através dele nós
nos desenvolvemos e crescemos em verdade, na realidade de nós mesmos e do mundo.
Bibliografia: A Doutrina Secreta - Comentários e Analogias, Alfred Taylor, Krotona Institute and
School of Theosophy, 1971
Fraternalmente,
O MILAGRE DO NASCIMENTO
Estudo Clarividente da Vida Pré-Natal
Por
GEOFFREY HODSON
Tradução de
Valmiki Sampaio de Albuquerque – M. S. T.
Parece-nos auspicioso o fato de que a tradução para o Português das obras do Sr. Geoffrey Hodson se
tenha iniciado com este maravilhoso livro O MILAGRE DO NASCIMENTO, que sob certos aspectos é o
mais minucioso repositório de informações sobre a vida pré-natal, da literatura teosófica. O Sr. Hodson
possui um estilo onde refulge a beleza e a precisão, como uma feliz associação da poesia e eloqüência da
Drª Besant com a exatidão científica do Sr. Leadbeater - instrumento muito plástico e eficaz à expressão
do seu grande saber espiritual. Por tal motivo foi a nossa tarefa algo difícil; fizemos o possível para
preservar, em nossa língua, a feição estilística original, mas não estamos certos de o haver conseguido
cabalmente. Contudo, se o nosso esforço tiver algum mérito real, colocamo-nos à disposição dos nossos
prezados companheiros de labor teosófico para o translado de outros escritos que a pena privilegiada do
Sr. Geoffrey Hodson tem ofertado ao mundo.
O TRADUTOR
“Elevai as mulheres de vossa raça, até as verdes convertidas em rainhas, e que todo homem seja um rei
para cada rainha, honrando-se mutuamente e um no outro vendo a realeza. Cada lar, por menor que seja,
torne-se uma corte, cada filho um cavaleiro, cada criança um pajem. Que cada qual trate a todos com
cavalheirismo, honrando em cada um a sua ascendência real, seu régio nascimento; pois existe sangue
real em todos os homens; todos são filhos do Rei”.
Do livro de Geoffrey Hodson - “A Fraternidade entre os Anjos e os Homens”.
PREFÁCIO
Este relato de investigações clarividentes vai publicado na esperança de acrescer o conhecimento geral
sobre a paternidade com um estudo feito do ponto de vista teosófico.
Um dos muitos acontecimentos do atual período de transição da velha civilização para a nova é o
surgimento de um novo tipo racial. Consoante os ensinamentos teosóficos, são os homens e as mulheres
deste novo tipo que se constituirão pioneiros e construtores da civilização vindoura.
A Teosofia ensina que o processo da evolução é dual: consiste de um lado, no desdobramento de vida e
consciência e, do outro, no crescimento gradativo em busca de um modelo de perfeição da matéria e da
forma. Idealmente, esses dois movimentos complementares deveriam seguir pari passu, de modo que o
desenvolvimento consciente pudesse encontrar matéria adequada para a construção dos veículos em que o
mesmo se encarna.
Se for aceita e aplicada à vida humana essa maneira de ver, prontamente se compreenderá a máxima
importância de serem os corpos dos filhos da nova raça constituídos do mais fino material e concebidos,
nascidos e criados sob as melhores condições possíveis.
São, pois, muito pesados o dever e a responsabilidade de todos que assumem o papel de pais. Necessitam-
se corpos saudáveis, puros, sensíveis e refinados para os egos adiantados que deverão guiar a humanidade
na tarefa de construir a nova civilização. Tais corpos só podem ser produzidos pelos pais que
reconhecerem sua responsabilidade para com a raça. Os pais das crianças da nova era devem inspirar-se
nos mais elevados ideais do espírito e reconhecer que no homem o poder de criar é um atributo divino.
O estudo clarividente da formação e desenvolvimento dos corpos mental, emocional e físico do homem
durante o período intra-uterino - sobre cujos resultados se escreveu este livro - mostra a imensa
importância da atitude mental e espiritual dos pais.
Casamento e paternidade são, com efeito, sacramentais na sua natureza; a maternidade é sagrada e deve
merecer toda a reverência. Os filhos deveriam nascer de uniões inspiradas pelo amor mais profundo e
inegoístico e pelo mais alto idealismo espiritual, pois assim, e somente assim, poderá ser cumprida a
promessa de uma humanidade mais nobre, no futuro iminente, e da geração dos filhos da nova raça.
CAPÍTULO I
O HOMEM
Para que a concepção teosófica do propósito e dos fins da encarnação possa claramente ser entendida, faz-
se necessário um repasse dos ensinamentos da Sabedoria Antiga sobre este assunto.
Vivemos numa idade em que tem sido costume no Ocidente considerar o homem como sendo o corpo.
Pensa-se da alma corno um balão cativo flutuando por cima de sua cabeça. A concepção geral daqueles
que de algum modo cogitam da alma é que o homem é um corpo e tem uma alma. A Teosofia inverte o
asserto e diz que o homem é uma alma e tem um corpo. Conforme o expressou São Paulo, “se há um
corpo natural, há também um corpo espiritual”. A definição teosófica é que “o homem é aquele ser,
qualquer que seja o lugar do universo onde se encontre, no qual o mais alto espírito e a mais baixa matéria
estão unidos pelo intelecto”. A Sabedoria Antiga, modernamente representada pela Teosofia, ensina que o
verdadeiro ser do homem jaz, profundamente oculto, por trás de véu após véu de matéria de vários graus
de densidade.
O processo do nascimento é extraordinariamente complexo, pois além de encarnar-se no corpo físico, o
homem também se encarna em outros veículos. Aquele através do qual são expressas as suas emoções
pode ser chamado corpo emocional, e corpo mental aquele outro por meio do qual têm expressão os seus
pensamentos.
Ele próprio, o ego real, permanece numa região mais alta e mais sutil, num veículo que se chama corpo
causal. A verdadeira alma do homem, portanto, reside nos mundos supermentais, e naquele nível os
divinos atributos de Vontade, Sabedoria e Inteligência nele se manifestam muito mais facilmente do que é
possível nestes mundos mais baixos, onde a densidade da matéria os oculta de nossa vista.
O propósito da evolução do homem - como também do universo - é que esses atributos da Trindade
venham a brilhar com esplendor e poder crescentes. O método da evolução é o de uma série de sucessivos
nascimentos e mortes nos mundos mental, emocional e físico.
(1 ) Remete-se, o leitor à literatura teosófica para mais detalhes e informações sobre este assunto. (nota de
rodapé)
O homem é o filho pródigo da parábola. Todo homem sai de sua morada espiritual, para o exterior e para
baixo, penetrando nas profundezas do universo material, revestindo-se de corpo após corpo, até que o
mais denso seja alcançado. “E de bom grado ele se locupletava com as cascas que os porcos comiam”.
Finalmente depois de muitas centenas de tais encarnações, começa ele a aprender a lição da irrealidade e
impermanência de todos os prazeres físicos. Um anseio por alegria e paz mais permanentes e duradouras
desponta em seu íntimo.
“Eu surgirei e irei a meu Pai e a Ele direi: Pai, tenho pecado contra o céu e em Tua vista; não mais sou
digno de ser chamado Teu filho”. Ele aprende que o “paraíso” só pode ser ganho de novo quando se
houver libertado dos grilhões do desejo com que se encadeou à terra. Um a um deverá ele sacudi-los de
seus membros; dominar cada fraqueza da carne, conquistar e purificar cada desejo, controlar e aperfeiçoar
cada pensamento.
A luz do verdadeiro homem, o ego imortal, começa então a brilhar através de seus veículos. Algo do
poder, da paz e da beatitude que são característicos da sua verdadeira morada nos mundos superiores
começa a ser realizado e experimentado nos mundos inferiores.
Ele de fato começa a trilhar “o caminho do retorno”, que o levará à completa emancipação de toda terrena
tristeza, de toda limitação física, para a eterna paz e felicidade. Finalmente, será ele saudado ao fim da sua
jornada - completa a sua tarefa e todas as lições humanas aprendidas. Ficará ao lado de seu Pai - “perfeito
como o Pai no céu é perfeito”.
Não mais necessidade tem este de viver o que chamais vida; aquilo que nele começou quando ele
principiou - terminado está; realizou o propósito que dele fez Homem.
Nunca mais hão de torturá-lo anseios nem pecados virão manchá-lo, nem a dor de terrenas alegrias e
infortúnios invadirão a sua intangível paz eterna; nem mortes e vidas prosseguirão seu curso. Ele entra no
Nirvana.
É uno com a Vida; contudo já não vive. É bem-aventurado, deixando de ser. OM, MANI PADME, OM!
A gota de orvalho penetra no mar radioso.
“Luz da Ásia”, livro VIII
CAPÍTULO II
UMA TEORIA RELATIVA À FUNÇÃO CRIADORA
O método bi-sexual de reprodução tem-se revelado através das idades uma abundante fonte de sofrimento
para a espécie humana, de modo que o estudante quase pode ser perdoado ao indagar se os resultados
benéficos, obtidos pelo seu emprego, são suficientemente valiosos para contrabalançar os males a que tem
dado causa. Um mais aprofundado estudo do assunto, do ponto do vista teosófico, mostra-nos, contudo,
que não é o método em si o responsável pelos muitos males associados com a função criadora, mas o seu
uso impróprio é que constitui a fonte de tantas desgraças para o homem.
Tão eminentes são esses males nos tempos atuais, que pareceria da máxima importância fosse
drasticamente mudada a nossa atitude a respeito de tudo que se refere à questão do sexo.
Deveríamos nos empenhar para remover a feiúra, a viciosidade e a impureza que tem permanecido
associadas à função criadora.
O poder de criar é um dos mais divinos atributos que o homem possui. No exercício deste poder,
representa ele microcosmicamente o drama macrocósmico da criação. A fusão dos organismos masculino
e feminino é um reflexo físico da união do primeiro e terceiro aspectos do Logos, de que procede o
segundo. É uma representação sacramental do grande drama da criação do universo. Quando a sua
realização é motivada por amor puro e recíproco, unem-se as duas metades de Deus, representadas no
homem e na mulher.
Idealmente essa união deveria ocorrer em todos os planos da natureza em que o homem se manifesta. À
medida que prossegue a evolução do indivíduo, o nível daquela fusão deveria erguer-se mais e mais. No
selvagem é esse nível em maior proporção físico e emocional. No homem civilizado está incluído o
mundo mental, e certa medida da união mental é alcançada. O homem desenvolvido, que começa a atingir
a consciência intuicional, deveria visar e atingir a fusão no plano espiritual, assim como em todos os
níveis abaixo.
Quando se consuma a união ideal, as duas porções dos princípios humanos tornam-se mutuamente
afinadas, vibram sincronicamente e se fundem numa só.
Realiza-se uma descida de força quando os órgãos de polaridade oposta se unem. A quantidade e a
qualidade dessa força dependem do nível de consciência em que se realiza a união.
No homem a descida de força produz uma expansão de consciência, que pode ser apreciada pela medida
em que tenha sido espiritual a união na sua natureza e motivação, em vez de simplesmente física. Para
conseguir a maior vantagem possível desse fato, a consciência deve ser dirigida do plano físico para o
espiritual.
Deve então ser atingido o mais alto nível de força, alcançada a maior expansão possível de consciência e
devem ser propiciadas as melhores condições para a construção dos corpos do ego em via de encarnar-se.
Não se pode negar que no presente estágio do saber e desenvolvimento do homem o método bi-sexual de
reprodução é fonte de grandes dificuldades para toda a raça humana. Se, contudo, aceitarmos a idéia de
que a fusão mental e espiritual deva acompanhar a união física, haveremos de ver que ela pode ter sido
instituída com o fim de ajudar a humanidade a ganhar expansão de consciência e a realizar a unidade por
meio de uma experiência eficaz desta expansividade no ato procriativo freqüentemente repetido.
O abuso do sexo haveria de ser quase inevitável e deve ter sido previsto. A despeito da generalizada
miséria advinda em conseqüência desse abuso, o método tem desempenhado um grande papel no
desenvolvimento da raça e sem dúvida alguma, desempenhará um ainda maior, quando as suas mais altas
possibilidades vierem a ser realizadas.
As pesquisas clarividentes sugerem que o princípio pelo qual a perfeita sincronização de um par
opostamente polarizado libera energia de planos mais elevados, opera através de toda a natureza.
A vida que está por trás do vegetal, por exemplo, recebe uma vibração especial das forças de vida
planetárias, que a ela descem toda vez que ocorre a fertilização.
Sempre que a resposta é dada, acelera-se a sua evolução. As flores mais altamente desenvolvidas e
sensíveis da época atual já começam a responder de forma crescente ao estímulo daquela descida de
força.
Nas futuras raças-raízes, como nas ulteriores rondas, o poder de resposta no reino vegetal e nos outros
reinos da natureza tenderá naturalmente a se tornar cada vez maior e mais autoconsciente.
A aceitação desta teoria do sexo coloca o homem numa posição de grave responsabilidade no tocante ao
bom e mau emprego do poder criador. Só o homem, em todos os reinos da natureza, é autoconsciente e
autodirigente no exercício da função reprodutiva. O mau uso dela, por causa da ignorância de seu
subjacente significado espiritual e das grandes forças implicadas no ato procriador, acarreta resultados
que são realmente sérios, quer para o indivíduo, quer para a raça.
A saúde física, mental e moral é afetada, do que resulta a deterioração da capacidade espiritual, mental e
física. Rombo se torna o aguçado fio de todas as faculdades humanas. A acuidade, o esmero, a penetração
e o gênio, que deveriam caracterizar o poder mental do deus em evolução, que é o homem, gradualmente
cedem lugar à mediocridade e à preguiça mental.
Os novos corpos produzidos por aqueles que habitualmente usam mal o seu poder criador malogram
miseravelmente no provimento de templos adequados para o deus interno que está em via de encarnar-se
neles. A atmosfera psíquica do lar e da área em que tais práticas ocorrem não só afeta às crianças em
crescimento, que são extremamente sensíveis a essas invisíveis influências, como também a todos que
ficam sob o alcance das suas impuras emanações.
Estas condições aumentam de intensidade pela presença de certos elementais (2), que se banham nessa
atmosfera, a qual para eles é extremamente agradável e estimulante. Por sua vez, esses elementais
aumentam naquelas influências o alcance, densidade e poder de afetar os pensamentos, sentimentos e
vidas de outras pessoas. A significação deste fato será mais facilmente avaliada quando considerarmos em
capítulo posterior os processos pelos quais são construídos os veículos sutis e o corpo físico da criança.
(2) Inteligências evolventes que habitam os mundos suprafísicos e formam, parte de um quinto reino da
natureza - o Elemental. Vide Fundamentos da Teosofia”, de C. Jinarajadasa. (nota de rodapé)
Sérios são os efeitos de usar-se mal o poder criador, oriundos da ignorância, mas quase infinitamente
mais graves são aqueles que resultam da continuação desse mau emprego depois que se adquiriu o
conhecimento. É, por conseguinte, da maior importância para a evolução do indivíduo, para o progresso
da raça e para a construção da nova civilização que o ideal da pureza sexual seja aceito e aplicado por
todos aqueles que têm os interesses da raça no coração. A união que expressa o mais puro amor pode
enobrecer e exaltar as vidas e consciências daqueles que atingem o autocontrole e a mais pura expressão
de sua afeição mútua. A união que é mera gratificação da paixão animal apenas serve para degradar tanto
o corpo como o espírito. Ela macula o ideal da pura e graciosa feminilidade, que deveria atingir a sua
mais alta expressão física na maternidade.
Toda mulher é expressão e representante do aspecto feminino da divindade. Por ocasião do parto a mãe
representa o seu papel no drama imperecível da criação. O filho que ela dá à luz é o seu universo
microcósmico. Ser pai ou mãe é na realidade um sacramento, que não se deve levianamente profanar.
À medida que aumentar o conhecimento e que for praticado o autocontrole, e o amor crescer em
grandeza, altruísmo e beleza, aquele ideal uma vez mais governará a vida dos homens e das mulheres.
Então nascerá uma bela raça, que ofuscará até mesmo a imortal beleza dos antigos gregos. O
conhecimento e o poder das raças vindouras terão sido acrescentados à beleza helênica e com isso será
formada a Trindade essencial, de que somente poderá evolver uma humanidade perfeita e uma perfeita
civilização.
CAPÍTULO III
O CORPO MENTAL NO QUARTO MÊS
No quarto mês via-se o corpo mental quase descolorido, de contorno vago e forma ovóide. Era visível, à
superfície, certa opalescência que dava a impressão de cor. O interior do corpo revelava a existência de
matizes muito delicados de amarelo, verde, róseo e azul pálidos, com violeta em torno da parte superior
da periferia. As tintas eram tão delicadas que sugeriam cores, em vez de as expressarem definidamente -
antecipações das características do corpo mental em construção.
As partículas de que se compunha todo o corpo mental apresentavam-se num estado de rápido movimento
e até então, na superfície, mal se percebiam centros de força organizados. (3) Dentro, podia-se distinguir a
vaga aparência de uma forma humana, em que eram visíveis os centros ou chakras embrionários. Os
centros da cabeça estavam bem mais adiantados, particularmente o “Brahmadanda”. Na região desse
chakra a força parecia penetrar continuamente como através de uma abertura no cimo da cabeça.
(3) Vide “Os Chakras” de C.W. Leadbeater e “O Duplo Etéreo”, “O Corpo Astral” e “O Corpo Mental”,
de A. E. Powell. (nota de rodapé)
Também se podiam ver os centros da garganta, do coração, do plexo solar e o “muladhara”. Só os centros
da cabeça apresentavam grande atividade; mesmo estes pareciam não estar ainda desempenhando suas
definidas funções como chakras. Todo o tempo o ego trabalhava arduamente na construção do seu corpo,
fazendo descer forças sobre ele e carregando seus átomos de específico poder vibratório.
No caso de um ego adiantado, o conhecimento consciente tinha considerável emprego neste processo. O
homem desenvolvido possui uma idéia muito clara da espécie de corpo que lhe convém e geralmente
mostra firme determinação para obtê-lo.
A aparência geral do corpo mental embrionário, no caso investigado, era a de um ovóide opalescente com
abertura no topo. Descendo por esta passagem havia um constante jogo de forças que pareciam uma
corrente de partículas de luz brilhantemente coloridas. No meio dele encontrava-se diafanamente a forma
humana e pelo cimo da cabeça penetrava a corrente de força descendente.
O corpo causal, veículo em que reside o ego ou consciência encarnante, era muito maior do que o novo
corpo mental, que o primeiro parecia incluir parcialmente, como se a metade superior do mental
coincidisse com a metade inferior do causal. Podia-se ver a influência egóica descer e penetrar na
extremidade superior do corpo mental, conforme a descrição acima. Todo esse fenômeno estava cercado
de luz deslumbrante, incandescente, que aumentava de intensidade nas imediações do centro do corpo
causal. A força descendente mantinha os átomos do corpo mental em constante movimento e, ao entrar
em contacto com a matéria de que era composto esse corpo formava um vórtice para dentro, através do
qual o restante dessa matéria estava sendo continuamente arrastado. Esse movimento, contudo, não
afetava a forma geral, que permanecia ovóide, conforme a descrição supra. Conquanto a forma humana
fosse visível dentro do ovóide, não devemos julgá-la oca, e sim uma sólida massa, embora translúcida, de
matéria em rápido movimento.
Cada átomo do corpo passava através do vórtice e da corrente descencional que o produzia, sendo pela
mesma magnetizada; o seu brilho adquiria maior intensidade e depois gradualmente decrescia ao se
trasladar para outras partes do corpo mental. Pareciam variar as cores daquela corrente, fato que sugeria
estar o ego trabalhando conscientemente com faculdades definidas e magnetizando seu corpo mental com
vibrações específicas.
Havia uma atuação recíproca e contínua entre o corpo mental da criança em formação e o da mãe. A
conexão entre ambos produzia o efeito de dar estabilidade e coesão ao novo corpo, enquanto a
luminosidade e frescura da aura da criança acrescentavam brilho à aura da mãe. Interessante era comparar
a condição relativamente fixa e rígida do corpo mental mais velho com a supremamente elástica e fluídica
do novo corpo.
Fora da área dessa atividade, eram visíveis certos anjos (4). Um desses trabalhava ao nível mental e
parecia ter a seu cargo a construção dos três corpos; outro, de caráter um tanto subalterno, trabalhava ao
nível emocional. O deva mental parecia exercer uma influência protetora, permitindo que só alcançassem
o novo corpo mental certos graus de vibração. procedentes do mundo exterior. Parecia ele possuir um
conhecimento completo daquelas influências que são o resultado de anteriores encarnações e que estavam
modificando o crescimento e a formação dos novos corpos mental, emocional e físico.
(4) Vide meus livros “O Reino das Fadas”, “A Fraternidade entre os Anjos e os Homens”, “As Hostes
Angélicas” e “O Reino dos Deuses”, este último publicado posteriormente ao trabalho ora traduzido - N.
do T. (nota de rodapé)
Eram visíveis na aura do anjo algumas das passadas personalidades do ego encarnante. Unia delas parecia
ter sido a de um homem do período elisabetano e tinha-se a impressão que a nova vida haveria de ser uma
continuação do trabalho e desenvolvimento daquela encarnação. Agrupadas em torno dessa imagem de
um corpo físico anterior, viam-se na aura do anjo numerosas outras formas de homens e mulheres do
mesmo período, que aparentemente representavam as pessoas com as quais haviam sido formados laços
kármicos. Algumas delas sorriam, outras ostentavam feições severas e outras, ainda, eram indiferentes.
As suas atitudes e expressões provavelmente mostravam as relações kármicas entre elas e o ego cuja
descida à encarnação estava sendo estudada.
Ao nível do corpo causal havia outro grande anjo assistindo no processo encarnatório, para quem era
conhecida a totalidade das vidas passadas e do karma do ego. Ele passava ao seu irmão do nível mental
inferior a seção particular do karma que deveria ser esgotado na vida nascente.
Sob tais auspícios e guarda prosseguia a encarnação mental. Os devas subordinados assemelhavam-se a
um homem a quem estivesse entregue o cuidado de imensa fogueira e que a alimentasse continuamente
com material novo. Essa nova matéria entrava na circulação do corpo mental acima descrito e, ao passar
através do vórtice, era especializada pelo ego. Nessa incipiente fase do processo encarnatório. o ego não
parecia ter entrado completamente no corpo mental, embora já estivesse mui ativamente empenhado na
sua construção. A forma diáfana em seu interior era, contudo, até certo ponto unia expressão e um veículo
de sua consciência, que ele gradualmente começava a empregar com esse caráter.
CAPÍTULO IV
O CORPO EMOCIONAL NO QUARTO MÊS
A maior parte da tarefa do anjo a quem estava afeto o trabalho no nível emocional consistia em obter o
melhor veículo possível, dentro das circunstâncias kármicas e ambientais.
Todavia era concedida ao anjo certa amplitude de ação, tirando ele vantagem de todas as circunstâncias
pré-natais favoráveis e de quaisquer influências relacionadas com as encarnações, a fim de modificar os
efeitos das vidas passadas e melhorar o corpo emocional. Esse anjo não parecia realizar por si próprio
qualquer trabalho de construção. Este era o mister de espíritos da natureza menores.
O anjo velava pela crescente forma astral com atitude nitidamente maternal, protegendo-a no possível de
influências adversas. Ele permitia que o seu próprio magnetismo atuasse sobre a forma em construção,
partilhando com ela, quanto possível, o vigor de suas próprias forças de vida. Algumas vezes, por
exemplo, ele abarcava o pequeno corpo astral, cercando-o com a sua aura e inclinando a cabeça, como
para mantê-lo durante certo tempo completamente envolto.
Esse anjo realizava o seu trabalho com uma atitude de espírito científica e, muito embora sentisse grande
alegria e ternura para com a criança, sua atitude mental era a de alguém que deliberadamente aplicasse
certas forças com o fim de produzir um resultado claramente definido. Quando o ambiente fornecia
energia espiritual adequada, como, por exemplo, durante o tempo em que a mãe assistia ao serviço
religioso na igreja ou a outra reunião espiritual, ele absorvia na medida do possível aquela energia. O anjo
então mantinha, dentro do seu, o corpo astral em crescimento, pela maneira acima descrita, a fim de que a
energia atuasse por dentro e sobre o mesmo, magnetizando-o e modificando quaisquer tendências
kármicas contrárias. Produziam-se desta forma condições de mais fácil resposta às vibrações superiores e
conseqüentemente de menor resposta às inferiores.
No caso que estava sendo examinado, ambos os pais haviam praticado por muitos anos um sistema
regular de meditação diária. Resultara do mais alto valor esta circunstância e dela o anjo tirava as
melhores vantagens.
Nos locais densamente povoados das grandes cidades. considerável parte do trabalho do anjo consiste em
proteger o embrião e seu corpo astral de influências contrárias. Nos lugares em que a atmosfera psíquica é
particularmente deletéria, o anjo pode convocar um ou mais dos seus irmãos para assisti-lo no trabalho.
Ele é capaz de produzir efeitos indiretos sobre o corpo físico denso e o etéreo. Por conseguinte, seria
capaz de atenuar os resultados de um acidente ocorrido à mãe ou os de um ambiente desfavorável,
naquele nível e dentro dos limites kármicos do ego. No caso, por exemplo, em que a mãe viesse a sofrer
um choque, ele seria capaz de isolar o embrião pelo processo de envolvimento já descrito, minorando
deste modo o efeito de uma interação muito íntima.
O fator principal em todo o trabalho do ego é, no entanto, a atuação das suas próprias forças vitais sobre e
através os veículos de que ele está cuidando.
O corpo astral de uma criança aparece ao exame do observador como incluído no da mãe e, no caso
particular que deu origem a estas descrições, ele ocupava no quinto mês uma posição correspondente ao
espaço entre o terço superior da coxa e a extremidade inferior das costelas. Jazia obliquamente, com o
eixo inclinado sobre o corpo da mãe, num ângulo de 45 graus em relação ao horizonte. O pólo superior
encontrava-se do lado esquerdo. Tinha ele a aparência de um pequeno ovóide de trinta centímetros de
comprimento, mais ou menos, quase totalmente branco e radioso. Dentro da radiação era visível a
miniatura de uma vaga forma humana, que nesse estádio se definia apenas parcialmente.
Podia-se ver a corrente de vida egóica entrar pela parte superior do corpo astral e penetrar no centro da
cabeça. Até então essa corrente não havia descido abaixo de um ponto correspondente ao meio da cabeça.
Aí se ampliava numa esfera, da qual se projetava uma pequena intumescência em forma de radícula, que
por volta do quinto mês já alcançara a garganta, onde, por seu turno, se abria, não em esfera, mas em
ramificações, das quais três se podiam distinguir.
Esse processo, com as suas ramificações, era dourado e radiante, formando uma rede que, ao se estender
pelo corpo, trançava-se mais compactamente, à medida que progredia a construção deste.
A forma astral, no centro, guardava relação especial com o corpo físico, nas suas partes densa e etérea, as
quais ela cercava e interpenetrava. Os átomos permanentes astral e etérico estavam situados no local em
que ocorria a primeira amplificação da corrente descensional de vida egóica, conforme o que ficou acima
descrito, ou seja, no centro da cabeça, em um ponto que era também o centro da cabeça do embrião.
A aura materna não parecia interpenetrar muito livremente a da criança. Embora houvesse certa
comunicação entre os dois, o corpo da mãe movimentava-se em torno do exterior do corpo da criança,
tendo o seu tamanho claramente aumentado graças à presença da forma que dentro dele se desenvolvia.
CAPÍTULO V
O TRABALHO DOS ESPÍRITOS DA NATUREZA OBSERVADO NO QUINTO MÊS
O embrião partilhava do prana físico da mãe, fluindo através dele sem que nessa fase houvesse quaisquer
canais claramente definidos. A maior quantidade de prana era retirada do plexo solar materno para um
ponto correspondente do embrião, daí passando livremente a todas as regiões da forma embrionária.
Havia, contudo, uma ligeira concentração de prana na cabeça do embrião, mas o centro esplênico por esse
tempo ainda não entrara em atividade. A presença do embrião no interior do corpo materno fazia
certamente as suas exigências sobre a vitalidade deste. No entanto a mãe se capacitara a absorver e
assimilar uma quantidade muito maior, proporcionalmente.
Os espíritos da natureza também forneciam certa porção de vitalidade, que o embrião recebia toda vez
que eles depositavam a matéria etérica na irradiante forma embrionária. O prana era absorvido no
momento em que eles reuniam o material. Esse procedimento fazia com que os seus pequeninos corpos
adquirissem maior fulgor e expansão, enquanto que o duplo etérico do embrião também refulgia na região
em que aqueles descarregavam as partículas de matéria e a vitalidade.
Estes espíritos da natureza construtores eram visíveis dentro do ventre materno, ao nível astral, em que
eles apareciam trabalhando. Por vezes semelhavam lampejos de luz opalescente e, outras vezes, pontos
coloridos a se moverem rapidamente pela redondeza, dando impressão de grande atividade. Cada um
desses lampejos tinha um centro mais luminoso, com o diâmetro aproximado de um milímetro e meio,
cercado de minúscula aura brilhantemente colorida, que tinha cerca de três vezes o diâmetro do centro
brilhante. Os espíritos construtores também absorviam matéria do exterior, assimilavam-na e a
descarregavam no feto. Essa absorção ocorria no espaço livre, era arrastada para dentro do feto pelas
correntes de força e mesclada com elas. Depois aquela matéria passava por um processo de assimilação
análogo ao da digestão. Quando o processo estava completo, os espíritos da natureza voltavam ao feto,
mergulhavam nele e assim depositavam o novo material.
Havia centenas dessas minúsculas criaturas a trabalhar, todas da mesma aparência e usando o mesmo
método. Contudo, nem toda a matéria recolhida passava por eles; uma parte entrava diretamente em
posição, conforme foi anteriormente descrito, ao passo que outra parte penetrava a área do ventre e ali
ficava em suspensão até que os espíritos da natureza a assimilavam e a empregavam na construção do
feto. Havia uma distinta nota musical perceptível na vizinhança do ventre, aos níveis etérico e astral, que
se parecia com um zumbido suave, não muito diferente do que se ouve próximo a uma colméia de
abelhas, sendo o mesmo emitido primariamente pelo átomo permanente. Mas como todo o duplo etérico
do embrião e os espíritos da natureza que trabalhavam nele também vibravam com a mesma freqüência, o
ventre ficava cheio daquele som etérico.
Essa vibração exercia uma influência tanto formativa como protetora. Continuamente ela atuava sobre a
forma do corpo em crescimento, mantendo ao mesmo tempo, dentro da sua esfera de influência, uma
condição em que só vibrações harmoniosas e material “afinado” podiam penetrar.
CAPÍTULO VI
OS CORPOS ETÉRICO E DENSO NO OITAVO MÊS
Ao tempo em que fora alcançado o quinto mês notava-se um definido progresso em todos os processos
descritos nos capítulos anteriores. A consciência do ego começava a tocar o nível emocional e a
influenciar diretamente a construção do corpo das emoções. A construção e o crescimento do veículo
mental já se encontravam suficientemente adiantados para permitir que o ego deles retirasse a sua
atenção.
A linha de comunicação entre o ego e o feto tornara-se pouco a pouco mais larga. No quarto mês essa
ligação, que se mostrava como um feixe de luz argênteo-azulada, contava aproximadamente quatro
centímetros de diâmetro, enquanto no quinto mês ela chegara a seis centímetros e meio. Ao descer dos
mundos mais altos, o feixe luminoso entrava no corpo da mãe pelo lado esquerdo ligeiramente por trás,
no ponto em que se dá a mudança das vértebras torácicas para as lombares. Tocava a borda superior
externa do chakra esplênico, daí passando à cabeça do feto. A forma do corpo físico é decidida pela do
molde etérico, dentro do qual aquele corpo é construído pelos espíritos da natureza. Esse molde é
produzido em parte pelo poder formativo da vibração do “som” emitido pelo zigoto e pelo átomo
permanente, (5) e em parte pelos Senhores do Karma, que o prepararam de acordo com o karma do
indivíduo. É ele dotado de uma certa vida elemental própria, constituindo uma precipitação em forma
humana do karma físico do indivíduo.
(5) Vide Capítulo V. (nota de rodapé)
É passivo, no sentido de que não é capaz de tomar a iniciativa de qualquer ação, porém exerce uma
influência positiva no crescimento do feto.
Uma possível função do molde etérico será a de possibilitar ao feto passagem segura através dos estágios
repetitivos da evolução, do passado até a forma humana de hoje. O próprio molde mental não parece
peregrinar por todos esses estágios, embora seja de modo gradual que ele assume a aparência de uma
criança em pleno desenvolvimento. Também realiza ele uma função inibitória, que o capacita a impedir
que certas influências e condições da mãe cheguem a atingir o feto. Em casos de choque sofrido pela mãe,
por exemplo, ele agiria à guisa de almofada ou amortecedor. As influências que estão dentro do karma do
ego passam necessariamente pelo molde etérico, que sofre a conseqüente modificação, de igual modo
atuante no crescimento do feto.
O molde, no caso examinado, situava-se dentro da matriz, assemelhando-se ao contorno de um bebê
focalizado sob luz branca. Estava o referido molde construído de matéria etérica, que na superfície
externa se comprimia em uma capa ou “pele”. O efeito geral era o de um tremeluzente bebê todo branco,
como que banhado de luar, com luminosidade levemente instável. As feições ainda não se achavam
claramente definidas, contudo já de leve se esboçavam.
Via-se o prosseguimento da construção do corpo físico dentro da matriz. Muitas correntes de força
convergiam sobre este e havia uma intensa atividade dos espíritos construtores aos níveis físico, etérico e
astral. O feto parecia agir como um magneto, para o qual eram continuamente atraídas as partículas de
matéria.
Podia-se acompanhar clarividentemente a passagem delas para o ponto em que se agregavam e
“sentavam” no corpo. Correntes de força acionadas pela emissão primária das vibrações do “som”, acima
referidas, mostravam ter influência atrativa sobre essa matéria, conduzindo-a a diferentes partes do corpo,
de acordo com o seu tipo e freqüência vibratória.
O ego também afetava a mesma matéria através do dardo de luz já descrito. Podia-se ver a força egóica
descer continuamente pelo dardo luminoso, estabelecendo a sua própria vibração específica sobre as
partículas que eram trazidas. Essa matéria, arrastada de todos os lados, precipitava-se para o corpo da
mãe, era apanhada pelas correntes de força que imediatamente cercavam o feto e, a seguir, por elas posta
em posição no corpo em crescimento. Uma de tais correntes ligara-se ao duplo etérico do observador, daí
resultando que toda matéria que no corpo deste tinha freqüência vibratória correspondente à daquela
corrente particular, via-se arrastada para o corpo do embrião.
A extremidade do feixe luminoso, desde o ego à mãe, formava dentro do feto um “coração” astro-etérico,
num ponto correspondente mais ou menos ao plexo solar. Muito da energia vital do corpo também estava
concentrado neste ponto, de onde era distribuída para servir de estimulo à força original de atração, que
estava levando a matéria etérica para a matriz.
No momento da fertilização um clarão de luz desce do mais alto nível espiritual, do ego para o
espermatozóide, dá-lhe o seu impulso e energia criadora e lhe infunde poder para a realização do processo
acima descrito.
Libera-se então a força de atração, que começa a operar desde o momento em que se forma uma entidade
pela combinação das forças positiva e negativa do espermatozóide e do óvulo. A combinação dessas duas
forças em condições especiais, a saber, tendo por trás delas o ímpeto ou energia criadora, induz um fluxo
de força desde o plano astral. Imediatamente surge essa condição nos casos em que um ego deve
encarnar. O átomo físico permanente armazém das experiências físicas de vidas passadas é ligado ao
zigoto (*). Desde esse momento a força de atração começa a operar. Pertence ela à ordem vibratória do
som e “chama” os espíritos da natureza de diferentes tipos de vibrações. (* Célula reprodutora resultante
da fusão de dois gametas de sexo oposto; ovo.)
Essa força também assegura um isolamento etérico, dentro do qual se podem realizar as operações
construtivas, consoante o que se descreveu anteriormente. Quando ela topa com a matéria circundante,
imprime-lhe a sua própria freqüência vibratória, preparando-a destarte para a assimilação que incumbe
aos espíritos da natureza. O fluxo de força do astral para o etérico aumenta com o crescimento do feto, de
modo que a esfera de influência da força de atração estende-se gradualmente até atingir todo o tamanho
da matriz.
Continuando o crescimento e estando iminente a construção de órgãos especializados, novas séries
vibratórias são acrescentadas às existentes e dá-se a atração de novo tipo de espíritos da natureza e de
matéria.
CAPÍTULO VII
O SEXTO MÊS
Com a aproximação do sétimo mês notava-se um aumento considerável de atividade em todos os níveis.
Estavam sendo acelerados os processos observados anteriormente e o ego fazia chegar a seus corpos, cada
vez mais, a sua própria energia vital.
O foco da consciência egóica baixara do corpo mental para o astral, - que haveria logo mais de deixar
para estabelecer-se no etérico. Já por esse tempo o corpo astral se tornara capaz de consideravelmente
servir como veículo para o ego, no recebimento de impactos do plano astral. A ação das vibrações e o
funcionamento da consciência através daquele corpo estavam produzindo funções orgânicas bem
definidas; enquanto isso, os chakras começavam a aparecer visíveis.
O próprio ego ficara mais vivo e com maior capacidade de resposta, no seu próprio plano, aos impactos
externos. Agora já era mais fácil tomar contato com ele e obter resposta. O progresso favorável da
construção e crescimento dos novos veículos parecia deixar o ego mais livre para o contacto com a vida
no plano causal.
O ego particular, cuja encarnação estava sendo observada, tinha certa distinção, beleza de caráter e força
de vontade. Podia-se observar ao nível causal a forma humana, idealizada no mais alto grau. Radiantes e
gloriosos de expressão, delicados e cheios de luz do amor, eram o rosto e os olhos; nem por isso menos
esplendentes de poder. Não fora tanto a impressão da figura humana completa da forma causal que se me
gravara no cérebro físico, senão a beleza do rosto e dos olhos - a fisionomia, por assim dizer, do “Deus
interno”.
O contato mais íntimo que fui capaz de estabelecer com o ego, nessa fase, me permitiu partilhar, de certo
modo, das condições em que se processava a nova encarnação. A impressão dominante semelhava à de
alguém que, ao despertar de um sono prolongado e maravilhosamente reparador, se sentisse
completamente restaurado, na plenitude radiante de força e vitalidade. O ego que assim despertava
parecia ter atingido sua completa estatura, ao surgir pressurosamente no limiar do seu novo ciclo
encarnatório. Sua atmosfera era como a de uma manhã radiosa, de um maravilhoso despontar do sol na
primavera. Grandes esperanças surgiam para esse nascimento. Desabrochados à maturidade estavam os
planos formados no longo silêncio do repouso celeste. Refulgiam na consciência esquemas de trabalho e
maravilhosos recursos de auto-expressão, como os do artista ao começar um novo quadro que viesse a
traduzir cabalmente as suas aspirações estéticas.
Durante as investigações evidenciava-se com freqüência o fenômeno da multiplicidade de poderes de que
dispõe a consciência ao nível causal. O meu próprio contacto com essa consciência de maneira alguma
afetava a concentração de força que estava sendo dirigida para a construção dos novos corpos.
O feixe luminoso, acima referido, surgia como elo entre o ego e o embrião, num ponto dentro do corpo
causal, que correspondia ao plexo solar da forma humana. Parecendo uma seta de luz, de forma afunilada,
passava depois para o corpo mental, onde penetrava pela parte superior; atravessando-o, entrava de
maneira semelhante no corpo astral e, por fim, no embrião físico.
Aos seis meses e meio o dardo luminoso tinha de largura uns quinze centímetros, nos planos mental e
astral, e dez, nas subdivisões etérica e densa do plano físico. A vida e a força do ego cintilavam em cima e
em baixo daquele dardo, que, além de formar uma linha de comunicação entre o ego e o corpo físico,
também servia para manter os quatro veículos da personalidade em perfeito alinhamento uns com os
outros.
As limitações da consciência cerebral me impediam de traduzir a exata relação dos quatro corpos e a
direção seguida pelo feixe luminoso. Os veículos poderiam ser representados num diagrama como que
enfiados no feixe de luz, que se figuraria passando alternativamente pela parte superior e pela inferior de
cada veículo e ligando todos, do mais alto ao mais baixo, pela ordem descendente, até alcançar o físico.
Diagramaticamente o fenômeno descrito poderia ser verdadeiro, mas na realidade não era, pois que, muito
embora os corpos parecessem ocupar posição um acima do outro, havia, no entanto, certa superposição do
mais alto em relação ao que se lhe seguia imediatamente abaixo, como se a metade superior de um
ocupasse a metade inferior do outro.
Talvez não seja esta uma exposição tridimensional inteiramente verdadeira desses fatos. É, todavia, a
mais próxima a que posso chegar na consciência cerebral. Ao observar esse fenômeno com a visão e a
consciência dos planos superiores, a compreensão que deles eu formava parecia de todo satisfatória.
A passagem desse dardo luminoso através do corpo mental, agora quase plenamente desenvolvido,
mantinha dentro deste o processo de magnetização. O veículo mental tornara-se maior e mais
brilhantemente luminoso do que no mês anterior. Por esse tempo atingira a altura de um metro e quarenta
centímetros. Minúsculas partículas, inumeráveis, intensamente coloridas e em contínua movimentação,
dentro e à superfície do corpo, produziam cintilante opalescência. A aparência da superfície do corpo
mental não era diversa da que a neve apresenta sob intensa luz solar, quando os cristais produzem efeitos
prismáticos. Esse corpo adquirira uma densidade de construção bem maior, comparada à de um mês
antes. As partículas coloridas achavam-se distribuídas mais uniformemente e o corpo também ficara mais
homogêneo.
Já se via a figura humana interior bem definida, e o homem mental começava a mostrar distintamente
certo grau de autoconsciência. A maravilhosa atmosfera de frescor e prístina pureza, que fora observada
ao nível causal, era também assinalada característica no mental.
Quanto mais próximo o sétimo mês, maior a atividade do ego concentrada sobre o corpo astral. O método
empregado assemelhava-se ao descrito quando se tratou do mental, embora aqui a capacidade de resposta
da matéria fosse muito menor. Havia a aparência de uma abertura circular na parte superior do corpo
astral, cujas bordas estavam claramente dispostas à semelhança da corola central de uma flor, o que
sugeria uma composição de pétalas deitadas rente, em torno dela, sobre a periferia daquele corpo
acompanhando a forma ovóide que o mesmo apresentava. O dardo de luz penetrava naquela abertura
circular, que assim dava idéia de um chakra Brahmadanda embrionário. Olhando-se de cima aquela
abertura, tinha-se a impressão de um grande girassol. O cerne do dardo passava pelo coração da “flor”,
que aproximadamente contava cinco centímetros de diâmetro, ao passo que toda a flor tinha no mínimo
quinze centímetros. As pétalas se encurvavam para baixo e para dentro, na direção do centro, e passavam
em forma de pedúnculo alongado pelo cimo da cabeça do duplicado astral, para o centro deste, onde se
formava uma ponta que refulgia com luminosidade amarelo-dourada.
A partir dessa ponta a força descendente produzia quatro raios cruciformes que seguiam as linhas das
suturas do crânio físico. A corrente principal da força egóica passava ainda além, para atravessar um
pouco abaixo o chakra da garganta, onde havia uma concentração de força para dentro do coração e do
plexo solar. Esses três centros de força eram visíveis no embrião.
Nessa fase o ego ainda estava agindo sobre o corpo astral, antes de cima do que de dentro. Até então,
nesse plano revelava-se pouca ou nenhuma autoconsciência, ao contrário do plano mental, onde esta já
começava a manifestar-se.
Por esse tempo o corpo astral ocupava o espaço desde o ombro ao joelho da mãe, em posição quase ereta,
com ligeira inclinação, do ombro esquerdo para o joelho direito. Como a aura materna mantinha
proporcionalmente a sua extensão, podia ainda incluir todo o corpo da criança. A distinção e separação
entre as duas auras continuavam a ser perceptíveis.
A “criança” astral achava-se em estado de sonolência, povoada de sonhos, e as várias mudanças de
consciência apareciam acima e através do corpo astral como esmaecidas alterações de cor.
Ocasionalmente a “criança” era despertada desse estado de consciência pelos impulsos do ego e sacudida
de leve, como alguém que estivesse meio acordado. O efeito sobre o corpo das emoções, dessas
atividades sonhadoras da consciência astral, no seu desabrochar, se pareciam com as vagarosas mutações
de cores num céu de ocaso.
Culminava este efeito graças à aparência do próprio duplicado astral, que brilhava com aquela tremulante
luminosidade do sol ao mergulhar no horizonte.
O embrião físico parecia servir de fulcro ou âncora para o ego. O contato direto entre ambos tinha um
efeito estabilizante sobre os corpos sutis, mantendo-os, “em linha” e sob o controle do ego. O embrião
físico sentia a ação da força proveniente dos planos mais altos como um impulso contínuo, à busca de
movimento.
As consciências física, etérica e astral formavam uma unidade, nessa fase de desenvolvimento sendo que
o apercebimento externo e interno, revelado por tal unidade, estava situado mais ao nível astral.
No plano físico, a corrente de força que representava a consciência do ego concentrava-se por cima e
dentro da cabeça do feto, de onde descia à espinha, mostrando-se amarelo-clara ou quase da cor da luz
branca. Interessante era observar-se a diferença entre aquela força e o dardo ou feixe luminoso que servia
de ligação entre os veículos e representava o poder ou força de vida do ego, o qual passava do corpo astral
para a cabeça, descia através da garganta e o coração e terminava finalmente no plexo solar. Esta última
corrente, claramente visível no feto, fluía com a corrente cérebro-espinal até as vértebras embrionárias do
Atlas, através das quais ambas desciam. Abaixo desse nível, no entanto, as duas correntes seguiam rumos
diversos.
Via-se pulsar o sangue com as batidas cardíacas do embrião físico, que também parecia possuir um difuso
sentido de calor e conforto. Quando o impulso consciente do ego pela primeira vez toca o embrião físico,
depois de haver passado pelos corpos mental e astral, dá-se um aceleramento. Pode-se dizer que a
encarnação física começa propriamente nesse momento, pois é então que o ego tem o seu primeiro
contato consciente com o novo corpo físico.
CAPÍTULO VIII
O OITAVO MÊS
A observação seguinte foi feita no oitavo mês, quando se notava uma atividade muito aumentada e uma
expressão mais plena da força de vida egóica nos três planos. Sob a direção do próprio ego, a sua
consciência dirigia-se em grau bem maior para o plano físico. Ele havia então estabelecido um foco ou
centro de sua consciência dentro da nova personalidade, de sorte que o ego em relação a esta era muito
menos “estranho” do que fora durante os oito meses precedentes. Esse fato lhe traria mais limitação do
que em qualquer outra circunstância, mesmo depois de ter a personalidade atingido a idade adulta.
Em outras palavras, parecia que o ego dava mais de si mesmo à personalidade, nesse período de um mês
antes do nascimento, do que em qualquer outra época durante a encarnação. Não obstante, ficava ainda ao
ego, no nível causal, apreciável liberdade de vida e de ação. O dardo de luz atingira, por esse tempo, uns
trinta e cinco centímetros de largura, ao deixar o corpo causal, podendo-se então ver a forma humana
glorificada do Deus interno a contemplar intensamente concentrada o corpo físico da criança.
A consciência do ego, firmemente estabelecida nos corpos mental e astral, havia penetrado, pelos níveis
astrais mais baixos, no corpo etérico, sobre o qual atuavam livremente os seus poderes.
O corpo mental e o astral apareciam completos e muitos semelhantes um com o outro. Ambos
apresentavam à superfície a aparência da alvura iridescente das pérolas, cercados de emanações e
radiações da mesma cor. Os átomos de que se compunham vibravam ainda com maior rapidez e no seu
interior observava-se um contínuo movimento.
Via-se passar o feixe de luz, do ego para a grande depressão de forma afunilada, na parte superior do
corpo mental, depois de entrar pela cabeça do duplicado mental, à altura da fontanela anterior, e por fim
alargar-se a ponto de incluir toda a cabeça. Quanto ao corpo mental, tomara-se mais alongado e atingira a
um pouco mais de metro e meio de altura, enquanto que a forma humana, no centro, já excedia de um
metro. Embora a construção desse corpo parecesse completa, ele não se apercebia do que o rodeava
externamente, nem era ainda capaz de ser usado como veículo separado. Conforme o que ficou dito antes,
o foco da consciência encontrava-se nessa época ao nível astro-etérico, apenas passando pelo corpo
mental e vivificando-o.
Realizara-se ao nível astral um progresso correspondente, de modo que o corpo emocional se estendia do
ombro até um ponto entre o joelho e o calcanhar maternos. O anjo astral associava-se muito de perto ao
mencionado corpo. Ao tempo em que estava sendo feita a observação, ele aparecia por trás da mãe, e o
novo corpo astral, encerrado a meio na aura do anjo, formava protuberância semelhante a um ovo
multicor.
A consciência do anjo encontrava-se fixamente concentrada no seu encargo, pelo qual demonstrava o
maior interesse possível, agasalhando-o e protegendo-o das influências externas. Toda a sua atitude era a
de quem estivesse a produzir uma delicadíssima obra de arte. Algo tão raro, de tão alto preço e tão
maravilhoso, que o maior esforço, o máximo cuidado e reverência, mesmo, deviam ser empregados para
levá-lo à perfeição.
Semelhante era a assistência prestada à mãe pelo anjo. A bela aura angélica cobria-a com um manto,
como se fora lançado sobre ela por trás. Era esse manto de linda cor azul, recobrindo a ambos, o anjo e a
mãe, de amplas vestes áuricas providas de um capuz que passava por cima do deva e produzia notável
semelhança entre ele e Nossa Senhora. Um luminoso brilho azulado dava excepcional beleza à porção
superior da aura do anjo, como se ele estivesse a usar um manto azul de luz viva.
CAPÍTULO IX
NOSSA SENHORA
Descobrimos que a mudança na aparência do anjo, observada no oitavo mês, era produzida por uma
descida de forças dos mundos superiores, a qual se efetuava através do anjo, para a mãe e para a criança.
O meu empenho em descobrir a fonte desse poder alçou-me a um nível de consciência que de ordinário
está acima do meu alcance, e nos reinos espirituais em que fui despertado pela sua influência revelou-se a
presença daquela personificação do princípio feminino na divindade, que entre os povos antigos era
reconhecida como Ísis, Vênus e Ishtar e, em tempos mais recentes, como a Virgem Maria.
Mesmo à minha visão inexperiente e imperfeita, transparecia muito da sua gloriosa beleza e perfeição.
Ela é radiante e linda além de toda descrição, e brilhava como a encarnação da perfeita feminilidade, a
apoteose da beleza, do amor e da ternura. N’Ela reside a glória da divindade. Através de Seus olhos
maravilhosos refulge uma felicidade radiosa, um êxtase de alegria espiritual.
Apesar da intensidade de sua exaltação, é brando e terno o Seu olhar, em que transparece o riso ditoso das
crianças e o calmo e profundo contentamento da maturidade.
Sua aura esplêndida, de brilhantes e delicados coloridos, forma em torno d’Ela um halo radiante de glória,
velando e ao mesmo tempo revelando Seu amor Imortal.
O azul profundo, o branco argênteo, o róseo, o amarelo dourado e o delicado verde das folhas tenras na
primavera, fluem com todo o esplendor na roupagem de Sua aura, formando ondas e ondas de cor e luz
vivas.
Amiúde, o rico azul profundo permeia toda a aura da Virgem, iluminada por estrelas e cintilações de
matizes prateados.
Os anjos guardiões são Seus servos e mensageiros. Por intermédio deles estivera Ela presente desde o
princípio, guardando mãe e filho. D’Ela, a paz, o amor, a profunda compaixão os envolviam, evocados
pelo próximo sacramento da maternidade, o mistério do nascimento. Agora, acercando-se a hora do parto,
Ela tão perto chegara, que Seus anjos servidores se Lhe assemelhavam, à medida que uma crescente
abundância da Sua força e da Sua consciência por eles e neles se tornavam evidentes. Dia a dia mais
aproximada Ela estava, até que se manifestou a Sua Presença real. Além da ajuda que Sua divina Presença
dá aos egos da mãe e da criança, em todos os níveis, e das influências de calma e de harmonia que
difunde, Ela vigia bem de perto as mudanças emocionais e mentais da mãe, com esta sofrendo todas as
experiências e até mesmo partilhando de suas dores. Ao mesmo tempo Ela ajuda nas expansões de
consciência pelas quais, em certo grau, toda mãe passa durante aquele período de sacrifício. Essas
expansões se traduzem em crescimento, tanto para o indivíduo como para a raça.
Nossa Senhora vela pela raça do futuro, quando o casamento e a paternidade serão exaltados, quando
tomarão eles o devido e próprio lugar na vida dos homens como sacramentos espirituais, por cujo meio,
somente, poderá nascer uma raça pura, como Ela é pura, capaz de revelar algo da perfeição divina.
Nascerão nessa época corpos dignos de serem habitados como templos pelos Deuses em evolução.
Pelas minhas meditações, e conforme me foi dado tocar a fímbria de Sua poderosa consciência, capacitei-
me de que Ela trabalha continuamente para imprimir esses grandes ideais na humanidade. Ela é una com
todas as mulheres da raça humana deste planeta; voluntariamente absorve em Si os sofrimentos delas,
com elas partilha as aflições e as dores do parto, com elas sofre a aspereza e brutalidade que mortificam a
vida das infelizes. Tudo isso ela recebe em Si a fim de mais intimamente partilhar com as Suas irmãs
terrenas a Sua divina compaixão, Sua força, Sua perfeita pureza, Sua presença vivificadora, e prodigar-
lhes as bênçãos da Mãe do mundo.
Vi também que Ela participa de todas as alegrias do primeiro amor; que toda a felicidade da verdadeira
afeição entre homem e mulher encontra eco em Seu coração e que Ela a preenche do ilimitado oceano de
Seu próprio amor sublimado e ardente alegria. Nossa Senhora procura aumentar, abençoar, enriquecer e
purificar toda aquela maravilhosa profundeza de amor que pode nascer do coração de uma mulher. A
lascívia, em que tão comumente se perverte o amor, Ela conhece e procura transformar, recebendo os
venenos em Seu próprio coração a fim de transformá-los numa poção de amor verdadeiro e esparzi-lo
como poder que eleva as mulheres do mundo inteiro, exalta o amor humano e purifica o sacramento da
maternidade. Assim Ela desempenha o Seu grande papel no Plano e toma o lugar que Lhe cabe na
Hierarquia d’Aqueles que tendo aprendido a viver no Eterno, submetem-se voluntariamente à prisão do
tempo.
CAPÍTULO X
O OITAVO MÊS (continuação)
Continuemos o relato das investigações sobre o progresso da encarnação, no oitavo mês. Completara-se,
nesse tempo, o mecanismo da consciência, pelo menos no que afetava à cabeça do corpo astral, mas era
claro não poder ela operar em nível mais baixo, enquanto o corpo físico não estivesse suficientemente
desenvolvido.
O feixe central de luz penetrava na cabeça pela fontanela anterior e o que dele sobrava fluía por cima e
através do resto do corpo físico. Quando o cerne daquele feixe atingia uma posição correspondente à
glândula pineal, ele se alargava como um bulbo, que incluía tanto a glândula pituitária como a pineal.
Os ventrículos cerebrais estavam praticamente inativos nessa fase, ao passo que as glândulas pituitária e
pineal achavam-se completamente formadas. Encontravam-se indicações das três linhas de força dentro
do bulbo, na extremidade do dardo descendente. Duas de tais linhas entravam na glândula pituitária e na
pineal, respectivamente, enquanto a terceira fluía em direção às vértebras do Atlas.
O duplicado etérico do corpo pituitário assumia o molde de um botão de tulipa, ligeiramente curvas as
pétalas na parte de cima, formando uma abertura pela qual passava a corrente. O feixe luminoso brilhava
com maior fulgor naquela extremidade e o contorno do embrionário chakra “Ãjña” (*) era visível dentro
do duplo etérico e algo semelhante a um caniço oco, provido de miolo, para baixo do qual a corrente da
força descendente era incapaz de passar. O ponto em que o chakra saí do corpo pituitário estava fechado
pela parede etérica da pele da própria glândula.
* Ãjnã (Sânscrito) – Entre os Ioguis, é o sexto padma ou plexo (chakra) do corpo. Está situado entre as
sobrancelhas.
A glândula pineal achava-se em condição semelhante, mas a luminosidade era maior e produzia o efeito
de uma língua de chama pontuda, em que se via um pouco de azul. A passagem etérica que comunicava
esses dois centros com a fontanela anterior estava fechada pela matéria do duplo etérico, de maneira
semelhante à que se observara no chakra “Ãjña”, embora aqui fossem as partículas menos ativas, e o
miolo menos denso, como se a vida egóica o magnetizasse e produzisse uma freqüência vibratória mais
rápida. As partículas no interior estavam isoladas do restante do duplo etérico pela parede etérica da
passagem.
O terceiro fluxo das correntes cérebro-espinais ainda não estava transitando livremente pela espinha
abaixo. Inumeráveis radículas ou ramificações estendiam-se da base do bulbo central da cabeça, para
baixo, e penetravam no duplicado etérico da garganta.
A força fluía através delas, descia pela garganta até a altura do coração, onde havia outro alargamento,
com o formato de bulbo, porém muito menor, semelhante ao da cabeça e ocupando um espaço de
aproximadamente um quarto do conteúdo cúbico do coração.
Os chakras astrais eram visíveis nessa fase e já se encontravam relativamente em justaposição com os
quatro centros físicos mencionados acima, mas só a glândula pineal e o chakra Brahmadanda pareciam
ajustados e ligados completamente. Não havia, contudo, conexão orgânica ou fluxo de força nesse
estágio. Os centros entéricos encontravam-se dentro do campo magnético dos chakras astrais, mas ainda
não estavam funcionando, como acontece depois do nascimento.
CAPÍTULO X
AS PROXIMIDADES DO NASCIMENTO
A observação final do caso de que se recolheu a maior parte da matéria contida nestas descrições foi feita
hora e meia antes do nascimento.
Nessa ocasião os anjos do mental superior e do inferior tinham-se desligado da associação que vinham
mantendo com o ego e seus novos corpos; estava concluído o trabalho dos devas, não sendo mais
necessária a sua presença.
O anjo astral, também, havia partido, mas permanecia a forma-pensamento de Nossa Senhora. Já não era
esta vivificada pela consciência do anjo construtor do astral, mas pela própria forma da nossa abençoada
Senhora. A divina Figura estava agora dissociada da mãe e da criança, do lado esquerdo, próximo à
cabeceira do leito, inclinada sobre a mãe numa atitude de suprema ternura e proteção.
Esta presença de Maria, Nossa Senhora, impedia os corpos mental e emocional da mãe de vibrarem em
resposta à dor além de um grau compatível com a manutenção da consciência no corpo físico. A dor não
podia ser diminuída aquém de um determinado ponto, mas ficava reduzido ao mínimo o seu efeito sobre
os corpos sutis.
Na realidade, graças à Sua Presença, a consciência pessoal da mãe se mantinha num estado de calma e
equilíbrio, não obstante o agudo sofrimento físico.
Mãe e filho achavam-se envoltos numa atmosfera de força e esplendor espirituais, que irradiavam de Sua
augusta Presença e eram assim mantidos até ser completado o nascimento.
Nos planos internos, todo o quarto ficara impregnado de uma atmosfera de paz e santidade. Anjos servos
de Nossa Senhora assistiam com a sua presença, e tanto a mãe como a criança recebiam a irradiação do
amor e da bênção da Mãe Divina. Ao se aproximar o momento do parto, a sua forma refulgia e aumentava
de tamanho à medida que através dela Sua consciência e Sua Vida encontravam maior grau de
manifestação, trazendo luz e bênçãos à mãe e ao filho.
Terminado o parto, Ela se retirara. A divina Figura, contudo, desintegrava-se lentamente, demorando o
processo de oito a dez horas.
Depois de se retirarem os anjos e de ter início o processo do parto, o contato do ego com o corpo físico
ficava sensivelmente diminuído, desaparecendo praticamente após o nascimento. Pode-se presumir, por
conseguinte, que o fato de estarem os veículos sutis da criança encerrados nos da mãe e protegidos pelos
anjos, capacitava o ego a obter um contacto mais íntimo com o seu novo corpo físico do que após o
nascimento.
Essa mudança era sentida muito distintamente pelo ego, que experimentava uma sensação de perda e se
apercebia da sua completa incapacidade de nele funcionar conscientemente ou de afetar seu novo corpo.
Nos momentos que precediam imediatamente ao parto, era visível a ligação entre ambos, podendo-se
distinguir o dardo luminoso atravessando a fontanela anterior. Todavia, esse dardo consistia, agora, mais
de energias prânicas e magnéticas dos planos suprafísicos do que de consciência egóica, que, então, não
descia abaixo do nível astral. As contrapartes densa e etérica do corpo físico eram incapazes, nesse
estágio, de transmitir a força da consciência egóica.
Depois do nascimento, pode o ego empreender a tarefa de ir aprendendo gradativamente a obter por si
próprio aquilo que a presença dos anjos e a imersão na aura da mãe lhe haviam possibilitado durante o
período da gestação.
Com esta última observação ficam concluídas as minhas pesquisas sobre este importante assunto.
Reconheço a necessidade de ulteriores investigações, antes que os princípios sugeridos por este estudo
possam ficar plenamente estabelecidos e compreendidos. A obra é, portanto, limitada e incompleta.
Ofereço-a no presente estado com a esperança de que outros estudantes empreenderão o trabalho ulterior
de pesquisa e investigação e de que eu mesmo venha a ter ainda o privilégio de observar outros casos
nesse importantíssimo período da vida.
FIM
Fraternalmente,
O CAMINHO DA ESPIRITUALIDADE
Há uma bela e significativa passagem no Evangelho segundo Mateus que transcrevemos aqui. Trata sobre
um jovem que questiona Jesus acerca da vida eterna.
"Aí alguém se aproximou dele e disse: 'Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna ?' Respondeu: 'por
que me perguntas sobre o que é bom ? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a Vida, guarda os
mandamentos'. ...Disse-lhe então o moço: 'Tudo isso tenho guardado. Que me falta ainda ?' Jesus lhe
respondeu: 'Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus.
Depois vem e segue-me'. O moço, ouvindo essas palavras, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitas
propriedades (1)."
A passagem revela que há algo além da mera observância de normas externas de conduta. Muito embora
os mandamentos se constituam em diretrizes éticas a serem observadas por todos, para os que desejam ir
mais além há outros tipos de pré-requisitos.
Em todas as grandes tradições religiosas podemos encontrar dois níveis de ensinamento: um exotérico,
público, destinado à grande maioria das pessoas; e o outro esotérico, interior, revelado somente àqueles
que se preparam para recebê-lo. Decorre daí o fato de que o segundo tipo de ensinamento é muito mais
exigente para com o aspirante, pois implica numa radical transformação de sua vida e mente, quando
ocorre a erradicação completa do egoísmo e da importância pessoal, passando o aspirante a dedicar sua
vida "ao serviço de Deus através do serviço a seus semelhantes". Essa transformação radical da natureza
interior do homem recebeu diversas denominações nas várias tradições. É chamada conversão no
cristianismo, "entrar na corrente" na tradição budista, equivale a um "novo nascimento", a uma
"iniciação", a uma nova percepção da vida e de seus relacionamentos.
As várias tradições falam sobre o "Caminho", a Senda Espiritual, cujo trilhar conduz o aspirante da
irrealidade das coisas mundanas e transitórias às coisas verdadeiras, à Realidade Eterna, ao Espírito
incriado e inesgotável. Esse caminho, ao contrário do que o nome sugere, não é algo exterior ao homem,
mas consiste numa progressiva transformação de sua natureza- um movimento do egocentrismo e
importância pessoal ao altruísmo e à ação inegoísta.
Tem sido dito que o começo do Caminho é um profundo questionamento, uma interrogação sobre a vida e
seu significado. Uma das pérolas do pensamento hindu, 'Vivekachudamani', o Diadema da Sabedoria,
escrita por um genuíno instrutor espiritual, Sri Shankaracharya, retrata bem a atitude do aspirante neste
estágio. Dirigindo-se ao Instrutor, o Discípulo pergunta:
"O que é escravidão? Onde ela se origina? Como ela é mantida? Como ela é removida? O que é o não-
espírito? O que é o Supremo espírito? Como se pode discernir entre eles?" (2)
O homem comum é presa de seus próprios hábitos e rotinas, sendo que estes são herdados da cultura na
qual vive, da tradição familiar ou religiosa a que pertença. Porque sua mente acustumou-se a movimentar-
se na superfície da existência, tornando-se condicionada e mecânica, ele não consegue dar atenção às
questões mais profundas da vida. Na verdade, o hábito da desatenção e superficialidade é algo tão
arraigado na mente humana que torna questões tão sérias e pertinentes, como as expostas acima como
sendo coisas "abstratas, destituídas de valor prático". Não é à toa que a interrogação e o questionamento
encontram-se no começo do Caminho, pois ele têm o poder de "sacudir-nos" de nosso torpor mental, de
romper com o círculo de auto-preocupação em que estamos inseridos e de fazer-nos pensar detidamente
sobre a vida, seu propósito e significado.
No hinduísmo, há uma clara alusão ao Caminho Espiritual, feita através de uma figura plena de
significado. Segundo esse ensinamento, existem dois movimentos fundamentais da consciência durante o
longo processo da existência manifestada. Eles são 'Pravittri Marga' e 'Nivritti Marga'. 'Pravritti' é uma
palavra composta, formada de 'pra', um prefixo preposicional que significa "adiante" ou "em frente" e
'vritti', da raiz verbal 'vrit', virar, resolver, rolar (3); 'marga' significa o oposto de 'Pravrittri'; 'ni' é um
prefixo preposicional que significa "fora de", "longe de", portanto de volta, no sentido de uma direção
reversa. 'Pravitti Marga' é o processo de progressiva exteriorização da consciência, de seu mergulho no
mundo manifestado, da busca de experiências e, conseqüentemente, da sua dependência do mundo
exterior na obtenção dessas experiências. Quando essa exteriorização atinge o seu ápice, começa o
processo de retorno, 'Nivritti Marga', da consciência voltada para suas próprias profundidades e sua
natureza eterna, perfeita, cuja essência é bem-aventurança e verdade.
Como vimos anteriormente, o homem preso ao exterior, aos estímulos do mundo externo, move-se na
superfície da existência, condicionado, age mecanicamente, está destituído de um sentido para a
existência. O questionamento e a interrogação marcam o início de seu caminho de retorno à totalidade da
vida, quando ele descobre que é possível caminhar por si mesmo e que pode libertar-se do
condicionamento imposto pelo mundo. A descoberta de que somos responsáveis por nossas próprias vidas
é um momento singular da existência. Ela encontra-se magistralmente expressa no poema 'Invictus', de
William Ernest Henley:
Em meio à noite que me envolve, Negra como o abismo de pólo a pólo, Eu agradeço quaisquer que sejam
os deuses Por minha alma inconquistável.
Na pálida garra da circunstância Eu não estremeci nem gritei. Sob as clavas do acaso Minha cabeça está
ensangüentada, mas ereta.
Além deste lugar de ira e lágrimas Avulta apenas o horror da sombra E, contudo, a ameaça dos anos
Encontrar-me-á destemido.
Não importa quão estreito o portal, Quão carregado com punição o pergaminho, Eu sou o mestre de meu
destino, Eu sou o capitão de minha alma.
Depois de ocorrer o despertar para as questões mais sérias da vida, surge a questão de como viver
corretamente. Que tipo de viver conduz à Verdade, à realização, a Deus ? O aspirante então defronta-se
com a questão das Qualificações para o Caminho e elas estão dispostas em quase todas as tradições
religiosas. O ponto comum a todas elas é que deve ocorrer uma profunda mudança nos hábitos mentais.
Que o "pensamento precede a ação" é um antigo preceito budista. Porque na maioria de nós o pensamento
é descontrolado, egocêntrico e tolo, nossas ações tendem a seguir este padrão. A mudança essencial deve
originar-se no modo de pensar. E as qualificações atacam esta questão de forma direta e final.
Segundo a Vedanta, uma das seis escolas filosóficas da Índia , são quatro as Qualificações para o
Caminho Espiritual. Em sânscrito, elas são assim descritas: 'Viveka', 'Vairagya', 'Shatsampati' e
'Mumukshutva'. 'Viveka' significa discernimento entre o irreal e o real, entre o falso e o verdadeiro, entre
o útil e o inútil. 'Viveka' é aquela percepção atenta que busca sempre o essencial e desvincula-se do
superficial. É a falta desta percepção que faz as pessoas correrem atrás da fama, do poder, do dinheiro,
crendo que tais coisas são as únicas coisas essenciais na vida. 'Viveka' é aquela percepção purificada que
distingue o real do ilusório e assim nos aproxima da Realidade, das coisas como elas são.
'Vairagya' significa desapego, desprendimento, ausência de interesse pessoal. Decorre, necessariamente,
de 'Viveka'. Quando se percebe que uma coisa é ilusória, não nos apegamos a ela. As gotas de água não se
aderem às pétalas da flor de lótus. 'Vairagya' implica num estado interior de liberdade em relação ás
coisas transitórias. Não se apegando ao que é irreal e falso a mente fica livre para investigar ainda mais
profundamente acerca da vida e de seu imenso significado.
Depois vem 'Shatsampati', as "seis jóias da conduta", que delineiam os princípios de uma conduta
equilibrada e harmônica. Elas são o 'domínio da mente', que implica em prestar atenção no que se faz e
não deixar a mente vagar. "A mente é extremamente difícil de controlar, mas pode ser controlada pela
prática constante" (4). O estudante compreenderá, com o tempo, porque a atenção é fundamental no
Caminho. A seguir, vem o 'domínio da ação', que implica em agirmos com equilíbrio, sem tensão,
fazendo aquilo que nos cabe. Para muitas pessoas é difícil ocupar-se de seu próprio trabalho somente, e
por isso estão constantemente intrometendo-se no trabalho alheio, causando confusão e conflito. Uma vez
que nosso pensamento foi dominado a ação seguirá seu curso, com harmonia e auto-responsabilidade.
'Tolerância' é a próxima qualidade, decorrente das anteriores. Como não possuímos o hábito da auto-
crítica e auto-observação, o caminho mais fácil é culparmos os outros pelas nossas falhas e fracassos.
Tolerância significa aceitarmos os outros como eles são e procurarmos viver sempre em harmonia com
nossos semelhantes. Mais uma vez a atenção é aqui de grande importância.
A outra qualidade é o 'contentamento', que implica em total aceitação do que vem a nós, sem rancor nem
reserva mental de nenhuma espécie. Porque o homem comum não se dá o trabalho de compreender a vida
e sua existência, ele tende sempre a reagir ao que lhe ocorre. Contentamento significa que sabemos que a
Lei é sábia e que os problemas que enfrentamos são apenas o retorno de ações passadas, por nós mesmos
praticadas. Uma atitude de contentamento tranqüiliza a mente e torna o viver mais fácil.
Também necessitamos de 'perseverança', uma forte disposição interior que nos auxilia a suportar as
agruras do Caminho. Se percebermos que trilhar o Caminho é supremamente importante, esta percepção
deverá instalar em nós uma firme resolução de trilhá-lo até o fim.
Por fim vem a 'confiança', confiança na Lei e em sua sabedoria e confiança no Instrutor que está sempre
pronto a auxiliar o aspirante que se tornou digno de ser auxiliado. Nos períodos de extrema dificuldade e
provas, a luz, a confiança na Lei e no Mestre são como um bálsamo que alivia os tormentos do aspirante,
renovando-lhe as forças para prosseguir no Caminho, na Senda que vale a pena ser trilhada.
A última das qualificações é 'Mumukshutva', geralmente traduzida por um "intenso desejo de liberação da
roda de nascimentos e mortes", "um desejo de união com o Supremo". O livrinho "Aos Pés do Mestre",
plenamente recomendável para os interessados no assunto, a apresenta como sendo o amor e, ao contrário
de outras definições rebuscadas e complexas, o define como sendo o "cuidado de não ferir nenhuma coisa
viva e ficar atento a uma oportunidade de prestar auxílio". O livro fala que de todas as Qualificações o
Amor é a principal, pois a tendo suficientemente todas as outras virão, mas todas as outras sem o amor
nunca serão suficientes para levá-lo adiante na Senda. É, na verdade, um desejo de união com o Supremo,
com Deus, de modo que o aspirante, por sua total entrega, torna-se um canal purificado por onde as
bênçãos e a força da Divindade possam fluir, alcançando seus semelhantes. Quanto maior é o avanço na
Senda, maior o inegoísmo, mais pleno e intenso é o sentimento de amor por todos os seres.
Certamente não é exigido do aspirante a perfeição nessas Qualificações, mas ele as deve ter incorporado
em seu viver numa medida considerável. Dessa forma, quando a necessária preparação foi feita, o
aspirante encontra-se pronto para a experiência crucial do Caminho, para uma profunda transformação
interior conhecida pelo nome de "iniciação".
"Iniciação" significa um novo começo, a vida numa nova direção, onde a importância pessoal cede lugar
a um profundo sentimento de integração com a vida e a disposição de colocar-se a serviço da Lei que é
Suprema Sabedoria e Perfeição. Em "Aos Pés do Mestre" é dito:"em todo o mundo há somente duas
espécies de pessoas - as que sabem e as que não sabem". Saber, aqui, significa ter consciência da
existência de um Grande Plano que promove a evolução de todas formas de vida. E o verdadeiro Iniciado
é aquele que se coloca irrestritamente a serviço desse Plano.
São cinco os estágios, segundo o Budismo. O primeiro deles é o de 'srotapatti'., "aquele que entrou na
corrente", quando se experimenta um profundo sentimento de unidade com nossos semelhantes, com o
céu, as estrelas, o vento e com toda a vida. Equivale à plena iluminação, à Verdade. Nesse estágio o
discípulo deve livrar-se do sentimento de um "eu" pessoal, da dúvida e da superstição. Estes são os
grilhões que o impedem de ir adiante.
O próximo estágio é o de 'sakridagamin', "aquele que volta ainda uma vez", e que, portanto, está próximo
do fim das reencarnações compulsórias na terra. Segundo a tradição, este é um estágio perigoso no
desenvolvimento do discípulo, pois aqui ocorre o despertar de suas faculdades latentes, os 'siddhis', os
extraordinários poderes inerentes à consciência. O aspirante deve exercer um grande autocontrole para
não cair vítima da arrogância e de sentir-se superior a seus semelhantes.
Depois surge o estágio de 'anagamim', "aquele que não volta", que está livre da reencarnação
compulsória, quando experimenta um reforçado sentimento de unidade com o Supremo. O quarto estágio
é o de 'Arhat', "o venerável", um profundo estado de consciência espiritual, onde é dito que o discípulo
conhece o significado incomunicável da existência. Mesmo aqui há grilhões, sutis, a serem quebrados.
São eles o apego à vida com forma, o apego à vida sem forma, o orgulho e a ignorância.
Após sua longa jornada, o discípulo-aspirante alcança, finalmente, o último estágio, que corresponde ao
fim da evolução humana, tornando-se um 'asekha', "aquele que não tem mais nada a aprender". O
discípulo transforma-se num Adepto da Sabedoria Divina e é guindado a outros trabalhos existentes na
imensidão da magnificência da Natureza e do Cosmos. É inútil tentar descrever aqui que trabalhos são
esses. Sabe-se, porém, que uma das possibilidades do Homem realizado é renunciar à eterna Bem-
Aventurança e permanecer como Instrutor da humanidade que tateia nas trevas. O livro "A Voz do
Silêncio" descreve com beleza este estágio:
"Agora inclina a cabeça e escuta bem, ó 'Bodhisattva - diz a Compaixão: 'Pode haver bem-aventurança
quando deve sofrer tudo o que vive ? Quererás salvar-te ouvindo todo o mundo chorar ?'" (5)
Assim, o Adepto escolhe conscientemente a Senda da Renúncia ao Nirvana, a Suprema felicidade e Paz,
para dedicar-se ao trabalho de auxiliar a humanidade em sua longa e árdua trajetória ao encontro de si
mesma. Pertencem a essa estirpe todos os Instrutores Espirituais da humanidade, tais como Buda, Cristo,
Orfeu, Zoroastro e tantos outros.
Tal é a culminância do Caminho da espiritualidade, que começa com um sério questionamento acerca da
vida e termina com o atingimento da Sabedoria cuja essência é a compaixão por tudo o que sofre. A
passagem a seguir expressa o sentimento vivido por um genuíno Instrutor espiritual:
"Até que a emancipação final reabsorva o 'Ego', ele 'deve' ser consciente das mais puras simpatias
evocadas pelos efeitos estéticos da arte superior, suas mais ternas cordas responderem ao chamado dos
mais santos e nobres apegos 'humanos'. Naturalmente, quanto maior o progresso em direção à libertação,
menos isto será o caso, até que, para coroar todos os sentimentos pessoais humanos e puramente
individuais - laços sangüíneos e de amizade, patriotismo e predileção racial - todos darão lugar, para
tornarem-se fundidos num único sentimento universal, o único verdadeiro e santo, o único inegoísta e
Eterno - Amor, um Imenso Amor pela humanidade - como um 'TODO' ! Pois é a 'Humanidade' que é a
grande Orfã, a única deserdada sobre esta Terra, meu amigo." (6)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. Mateus, 19:16
2. SHANKARACHARYA, Sri. Vivekachudamani . (Trad. Mohini M. Chaterji). Madras, T.P.H., 1973.
p.24.
3. BARBORKA, Geofrey A. The Divine Plan. Madras, T.P.H., 1980. p. 101.
4. THE BHAGAVAD GITA. (Trad. Annie Besant). Madras, T.P.H., 1978. p.87.
5. BLAVATSKY, H.P. A Voz do Silêncio . São Paulo, Pensamento, p.90.
6. THE MAHATMA Letters to A.P. Sinnet. Madras, T.P.H., p.32.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
KRISHNAMURTI, J. Aos Pés do Mestre. S. Paulo, Pensamento, 1977.
BESANT, Annie. O Caminho do Discipulado. S. Paulo, Pensamento, 1984.
LEADBEATER, C.W. Os Mestres e a Senda. S. Paulo, Pensamento, 1977.
Responsável por esta unidade: Pedro Rogério Moreno de Oliveira.
Fraternalmente,
Ao escrever seus livros, Madame Blavatsky tinha como principal objetivo atrair a atenção do mundo
ocidental para os ensinamentos da tradição-Sabedoria, a Ciência Sagrada do Oriente. Ela afirmava
repetidamente a antigüidade e universalidade destes ensinamentos, conhecidos desde os primeiros séculos
de nossa era como Teosofia. Para si mesma reivindicava apenas o papel de escritora e transmissora.
A maneira como encarava sua tarefa está claramente expressa no Prefácio de sua obra máxima, A
Doutrina Secreta, publicada em 1888:
Estas verdades não são de modo algum expostas com o caráter de revelação; nem a autora tem a
pretensão de se fazer passar por uma reveladora de tradições místicas agora tornadas públicas pela
primeira vez na história. A matéria contida nesta obra pode ser encontrada distribuída pelos milhares de
volumes que encerram as escrituras das grandes religiões Asiáticas e das primitivas religiões Européias-
oculta sob hieróglifos e símbolos, e até então desapercebida por causa desse véu. O que aqui se cogita é
reunir as mais antigas doutrinas e com elas formar um conjunto harmônico e contínuo.
O trabalho de reunir e publicar todos os escritos de Madame Blavatsky está quase terminando, alcançando
já 19 ou 2O substanciais volumes. O compilador desta Coletânea de Escritos (Collected Writtings), seu
sobrinho-neto Boris de Zirkoff, informa ao leitor que o primeiro artigo escrito por ela foi uma carta
publicada no Daily Graphic de Nova York, em 3O de outubro de 1874. Em 1877 sua primeira grande
obra, Ísis Sem Véu, foi publicada em dois grandes volumes. Foi seguida onze anos mais tarde pelos dois
volumes de A Doutrina Secreta. Seus últimos livros, A Voz do Silêncio e A Chave para a Teosofia, foram
publicados em 1889. Se nos lembrarmos de suas freqüentes e longas viagens e de sua péssima saúde, com
períodos de extrema gravidade, essa enorme produção literária em menos de dezessete anos, e em uma
língua diferente do seu idioma natal, chega a parecer miraculosa. É de se notar que apesar de alguns
artigos e cartas ainda aguardarem publicação na Coletânea de Escritos, os grandes livros têm sido
publicados continuamente por mais de cem anos, desde que se passou a primeira edição.
Em meio a um volume tão grande de material, com tópicos que vão desde o simbolismo bíblico até a
teoria darwiniana, da investigação da flora e da fauna antediluviana até citações de textos sagrados do
Hinduísmos e da Cabala, bem como de filósofos, teólogos e cientistas do Séc. XIX, seria difícil, senão
impossível, para o leitor extrair a estrutura essencial do sistema teosófico. Porém, a própria Madame
Blavatsky vem em socorro do estudante, dispondo os princípios que baseiam esse sistema em parágrafos
numerados em várias partes do texto. A compilação destas afirmações, aqui apresentada, tem a intenção
de servir como um "fio de Ariadne" através do vasto labirinto de informações, descrições, explanações,
críticas, comentários e instruções pessoais que constituem sua quase inesgotável dádiva à posteridade.
Por onde deve o estudante começar? Um grupo de dedicados membros da Sociedade Teosófica, que
estudavam seriamente A Doutrina Secreta, se reunia à volta de Madame Blavatsky em Londres, durante
seus últimos anos, questionando-a e insistindo por maiores esclarecimentos sobre os ensinamentos.
Felizmente para nós, a maior parte destas instruções orais foi anotada e publicada mais tarde nas Atas da
Loja Blavatsky (Transactions of the Blavatsky Lodge), que formam hoje a segunda metade do Volume X
da Coletânea de Escritos. Além disso, existem algumas notas, poucas mas valiosas, escritas na época por
um membro do grupo, o Comandante Robert Bowen, e tornadas públicas cerca de quarenta anos mais
tarde por seu filho, Capitão P.G. Bowen. Publicadas inicialmente em 1932 na revista Theosophy in
Ireland, desde então estas notas têm saído na forma de um livreto intitulado Madame Blavatsky sobre
Como Estudar Teosofia, reproduzido aqui no Apêndice A.
Nestas notas aprendemos não só a maneira como, segundo o ponto de vista dela, devemos iniciar o
estudo, que atitudes e expectativas tomar, como também em que ordem devemos colocar as afirmações
essenciais antes de abarcar a obra completa. Além disso, ela coloca diante do estudante as idéias básicas
que ele deve manter em mente durante todo o tempo. A apresentação destas idéias, junto com as seções
da obra para as quais ela pede atenção especial, formam a maior parte da presente coleção.
Ísis Sem Véu é reconhecidamente uma compilação difusa e desordenada, revelando a extraordinária
erudição de uma mulher que não havia tido educação formal e cuja biblioteca ambulante parece não ter
consistido de mais do que duas ou três dúzias de volumes. É uma massa de curiosidades, informações e
comentários críticos sobre um vasto leque de assuntos e de um conhecimento profundo sobre a tradição
oculta em suas muitas formas; mas o material está apresentado em um tom confuso e às vezes
agudamente polêmico, o que reafirma sua posição dentro daquela época. No fim do Volume II* Madame
Blavatsky resume em dez itens numerados os elementos essenciais do ensinamento que ela buscou
apresentar ao leitor. Ainda que essa tenha sido sua primeira tentativa de expor ordenadamente os
princípios fundamentais da filosofia esotérica enunciados em sua obra, essa relevante passagem é deixada
por último em nossa compilação porque, como se verá, ela não tinha naquela época delimitado claramente
os princípios gerais e o material secundário, Isto é: a aplicação dos princípios aos casos particulares. Ao
falar de seus instrutores ocultos ela os chamava de Mestres, porque foi dele que, como afirma
explicitamente na Chave para a Teosofia, ela derivou todo o conhecimento que tinha do sistema teosófico.
Contudo, ela tinha liberdade total para utilizar o conhecimento recebido da melhor maneira que pudesse,
organizando o material e desenvolvendo a habilidade literária à medida em que o colocava por escrito.
Na preparação das passagens para essa compilação foram consultadas as três edições de A Doutrina
Secreta em uso atualmente na língua inglesa, por ordem de edição: Primeira Edição de 1888; Terceira
Edição de 1893; e Edição de Adyar em seis volumes. Como nosso objetivo aqui é apresentar os
ensinamentos básicos da forma mais fácil possível, fizemos alguma modificação quanto ao uso da
pontuação, letras maiúsculas e itálicos, onde julgamos adequado, para facilitar a compreensão do texto.
Cada extrato é precedido por uma nota introdutória e no Apêndice B colocamos um Glossário.
* Na edição original em inglês (N.E.)
A listagem das idéias que devem ser reconhecidas como fundamentais para o sistema teosófico é até certo
ponto arbitrária. Assim vemos que Madame Blavatsky apresenta ao estudante de Teosofia três
proposições fundamentais; quatro idéias básicas; um resumo de seis pontos numerados; cinco fatos
provados e os dez itens essenciais de Ísis Sem Véu. Ainda assim, acima e além de todas as listas e
numerações de princípios, deve haver sempre a afirmação do UNO - a Realidade sem nome da qual e na
qual todas as coisas têm seu ser. Como não pode haver qualquer compreensão de Teosofia sem uma
constante referência a esta Unidade fundamental, a afirmação clara da Unidade foi colocada em primeiro
lugar na seleção dos textos.
Ianthe Hoskins
NOTA
A filosofia esotérica enfatiza que existe uma Realidade única por trás do multi-aspectado mundo de
nossas experiências, a fonte e a causa de tudo que foi, é e será. O grande exponente da tradição Védica,
Sri Sankarãchãrya, afirma com bastante simplicidade: não importa a forma dada à argila moldada, a
realidade do objeto permanece sempre sendo a argila, seu nome e sua forma sendo apenas aparências
transitórias. Assim também todas as coisas, tendo se originado do Uno Supremo, são por isso o Supremo
em sua natureza essencial. Desde o mais elevado até o mais inferior, do mais vasto ao mais diminuto, os
infinitos fenômenos do universo são o Uno, revestido pelo nome e pela forma.
O ensinamento da Unidade fundamental é o ponto principal do sistema teosófico. Conclui-se, assim, que
nenhuma doutrina baseada numa dualidade última, do espírito e da matéria separados eternamente, de
Deus e do homem como essencialmente distintos, do bem e do mal como realidades eternas, pode ter
lugar na Teosofia.
A unidade radical da essência última de cada parte constitutiva dos elementos compostos da Natureza,
desde a estrela ao átomo mineral, desde o mais elevado Dhyãn Chohan ao mais humilde dos infusórios,
na completa acepcão da palavra, quer se aplique ao mundo espiritual, intelectual ou físico - esta é a lei
una fundamental na Ciência Oculta.
The Secret Doctrine I,12O / I,145 / I,179. (Na edição da Pensamento; I,169)
NOTA
Durante as instruções orais dadas a seus estudantes em Londres e registradas nas notas do Comandante
Bowen (ver Apêndice A), Madame Blavatsky repetiu muitas vezes que o estudo de A Doutrina Secreta
não poderia levar a um quadro completo e final do universo. Destina-se, afirmou, a CONDUZIR À
VERDADE. Ela então delineou quatro idéias básicas que o estudante não deveria nunca perder de vista,
como auxílio à compreensão progressiva. Como foram dadas espontaneamente, estas idéias estão
apresentadas em uma linguagem mais simples do que nas grandes obras, e podem, portanto, servir de
preparação para a fraseologia mais complexa das afirmações completas.
Não importa o que se estude na DS, a mente deve manter com firmeza as seguintes idéias como base de
sua ideação:
(a) A UNIDADE FUNDAMENTAL DE TODA A EXISTÊNCIA. Essa unidade é algo completamente
diferente da noção comum de unidade - como quando dizemos que uma nação ou um exército está unido,
ou que este planeta está unido a outro por linhas de força magnética, ou algo semelhante. O ensinamento
não é esse, e sim o de que a existência é UMA COISA, não uma coleção de coisas colocadas juntas.
Fundamentalmente existe UM Ser, que possui dois aspectos: positivo e negativo. O positivo é o Espírito,
ou CONSCIÊNCIA; o negativo é a SUBSTÂNCIA, o sujeito da consciência. Esse Ser é o Absoluto em
sua manifestação primária. Sendo absoluto, nada existe fora dele. É o SER TOTAL. É indivisível, pois de
outro modo não seria absoluto. Se fosse possível separar-lhe uma parte, o restante não poderia ser
absoluto, pois surgiria imediatamente a questão da COMPARAÇÃO entre ele e a parte separada, e a
Comparação é incompatível com a idéia de absoluto. Conseqüentemente, é evidente que essa
EXISTÊNCIA ÚNICA, ou Ser Absoluto deve ser a Realidade existente em cada forma que existe.
O Átomo, o Homem, o Deus são, separadamente ou em conjunto, o Ser Absoluto em última análise; e isto
é a sua INDIVIDUALIDADE REAL. Este é o conceito que se deve manter sempre no fundo da mente
para servir de base para toda concepção que surgir do estudo da DS. No momento em que esquecemos
disso (o que é fácil acontecer quando estamos envolvidos com um dos muitos aspectos intrincados da
Filosofia Esotérica) sobrevém a idéia da SEPARAÇÃO e o estudo perde seu valor.
(b) A segunda idéia a manter com firmeza é a de que NÃO EXISTE MATÉRIA MORTA. O mais
ínfimo átomo está vivo. E não poderia ser de outra forma, pois cada átomo é fundamentalmente por si
mesmo o Ser Absoluto. Por isso não existe coisa tal como "espaços" de Éter ou Akasha, ou chame como
quiser, no qual os anjos e os elementais se divertem como trutas na água. Isso é o que se pensa
usualmente. O verdadeiro conceito é o de que cada átomo de substância, não importa de que plano, é ele
mesmo uma VIDA.
(c) A terceira idéia a manter é a de que o Homem é o MICROCOSMO. Assim sendo, todas as
Hierarquias dos Céus existem nele. Mas em verdade não existe nem Macrocosmo nem Microcosmo, mas
UMA EXISTÊNCIA. O grande e o pequeno só existem como tais quando vistos por uma consciência
limitada.
(d) A quarta e última idéia é aquela expressa no Grande Axioma Hermético que, na verdade, resume
e sintetiza todas as outras:
Como o Interno assim é o Externo; como o Grande, assim é o Pequeno; como é acima, assim é abaixo; só
exis
te UMA VIDA E UMA LEI e o que atua é o ÚNICO. Nada é Interno, nada é Externo; nada é GRANDE,
nada é Pequeno; nada é Alto, nada é Baixo na Economia Divina.
Deve-se buscar relacionar com essas idéias básicas qualquer coisa que se estude na DS.
NOTA
Nas notas de Bowen, Madame Blavatsky adverte o estudante de que "a primeira coisa a fazer, mesmo que
leve anos, é alcançar alguma compreensão dos 'Três Princípios Fundamentais' dados no Proêmio" - o
magistral prelúdio de A Doutrina Secreta. Os três princípios são apresentados com igual ênfase sobre sua
importância primordial, e no final Madame Blavatsky afirma novamente que estas são as idéias
fundamentais da tradição teosófica.
A Doutrina Secreta é em grande parte um comentário sobre algumas estâncias selecionadas de uma antiga
obra, o Livro de Dzyan. Segundo o uso moderno, o título do livro de Madame Blavatsky é sempre
colocado em itálico, enquanto que as referências à antiqüíssima filosofia esotérica são deixadas, como na
edição original, Doutrina Secreta, com iniciais maiúsculas*.
Livro de Dzyan, que constituem a estrutura da presente obra, é absolutamente necessário que conheça os
poucos conceitos fundamentais que formam a base e interpenetram todo o sistema de pensamento, ao qual
sua atenção está sendo convidada. Estas idéias básicas são poucas em número, mas de sua clara percepção
depende a compreensão de tudo o que se segue. Portanto, não é necessário escrúpulos para pedir ao leitor
que se familiarize com elas desde o início, antes de começar a leitura da obra.
I. Um PRINCÍPIO Onipresente, Eterno, Sem limites e Imutável, sobre o qual toda especulação é
impossível, porque transcende o poder da concepção humana, e porque somente o diminuiria qualquer
expressão ou comparação humana. Está fora dos limites e do alcance do pensamento, e segundo as
palavras do Mandukya, é "impensável e impronunciável".
Para que os leitores percebam mais claramente estas idéias, devem começar com o postulado de que há
Uma Realidade Absoluta anterior a todo Ser manifestado e condicionado. Esta Causa Infinita e Eterna,
obscuramente formulada no "Inconsciente" e no "Incognoscível" da filosofia européia corrente, é a Raiz
sem Raiz de "tudo quanto foi, é ou será". Acha-se, naturalmente, desprovida
de toda classe de atributos e permanece essencialmente sem qualquer relação com o Ser manifestado e
finito. É "Seidade" (*), mais propriamente do que Ser (Sat em sânscrito), e está fora do alcance de todo
pensamento ou especulação.
Esta Seidade é simbolizada na Doutrina Secreta sob dois aspectos. Por um lado, o Espaço Abstrato
Absoluto, que representa a pura subjetividade, aquilo que nenhuma mente humana pode excluir de
qualquer conceito e nem conceber como existente por si só. Por outro lado, o Movimento Abstrato
Absoluto, que representa a Consciência Incondicionada. Mesmo os nossos pensadores ocidentais já
demonstraram que a consciência é inconcebível para nós sem a mudança, e aquilo que melhor simboliza a
mudança é o movimento, sua característica essencial. Este último aspecto da Realidade Una é
simbolizado também pelo termo "O Grande Alento", símbolo sugestivo o bastante para necessitar de mais
elucidação. Assim, o primeiro axioma fundamental da Doutrina Secreta é este metafísico UM
ABSOLUTO - SEIDADE - que a inteligência finita simboliza como a Trindade teológica.
Parabrahman, a Realidade Una, o Absoluto, é o campo da Consciência Absoluta; ou seja, aquela Essência
que está fora de toda relação com a existência condicionada, e da qual a existência consciente é um
símbolo limitado. Mas quando, em pensamento, vamos além desta (para nós) Absoluta Negação, surge o
dualismo, no contraste de Espírito (ou Consciência) e Matéria, Sujeito e Objeto.
O Espírito (ou Consciência) e a Matéria, no entanto, não devem ser considerados como realidades
independentes, mas sim como as duas facetas ou aspectos do Absoluto, Parabrahman, que constituem a
base do Ser condicionado, seja subjetivo ou objetivo.
Considerando esta tríade metafísica como a Raiz da qual procede toda manifestação, o Grande Alento
assume o caráter de Ideação Pré-cósmica. Ele é o foras et origo (fonte e origem) da Força e de toda
consciência individual, e provê a inteligência diretora no vasto esquema da evolução cósmica. Por outro
lado, a Substância-Raiz Pré-cósmica (Mulaprakriti) é o aspecto do Absoluto que serve de fundamento a
todos os planos objetivos da natureza.
Assim como a Ideação Pré-cósmica é a raiz de toda consciência individual, também a Substância Pré-
cósmica é o substrato da matéria em seus vários graus de diferenciação.
Portanto, se verá com clareza que o contraste entre estes dois aspectos do Absoluto é essencial para a
existência do Universo Manifestado. Separada da Substância Cósmica, a Ideação Cósmica não poderia
manifestar-se como consciência individual, já que é somente por meios de um veículo (upadhi em
sânscrito) de matéria que a consciência surge como "Eu sou Eu", sendo necessária uma base física para
focalizar um raio da Mente Universal a um certo grau de complexidade. Por sua vez, separada da Ideação
Cósmica, a Substância Cósmica permaneceria como abstração vazia, e nenhuma manifestação de
Consciência poderia seguir-se.
O Universo Manifestado é, portanto, permeado pela dualidade, a qual vem a ser, por assim dizer, a
própria essência de sua EX-istência como manifestação. Mas assim como os pólos opostos de Sujeito e
Objeto, de Espírito e Matéria, são apenas aspectos da Unidade Una, na qual estão sintetizados, assim
também no universo manifestado existe "aquilo" que une o Espírito à Matéria, o Sujeito ao Objeto.
Este algo, desconhecido atualmente pela especulação Ocidental, é chamado Fohat pelos ocultistas. É a
"ponte" através da qual as Idéias que existem no Pensamento Divino imprimem-se sobre a Substância
Cósmica, como "leis da Natureza". Fohat é assim a energia dinâmica da Ideação Cósmica; ou então,
considerado sob seu outro aspecto, é o meio inteligente, o poder direcionador de toda manifestação, o
"Pensamento Divino" transmitido e feito manifesto por meio dos Dhyan Chohans, os Arquitetos do
mundo visível. Assim, do Espírito ou Ideação Cósmica se origina nossa Consciência; da Substância
Cósmica os vários veículos em que esta Consciência se individualiza e atinge a auto-consciência ou
consciência reflexiva; enquanto Fohat, em suas várias manifestações, é o elo misterioso entre Mente e
Matéria, o princípio vivificador que eletriza cada átomo para dar-lhe vida.
1. O ABSOLUTO: o Parabrahman dos vedantinos ou a Realidade Una, SAT, que é ... ao mesmo tempo
Absoluto Ser e Não-Ser.
II. A Eternidade do Universo in toto, como plano sem limites, periodicamente "cenário de Universos
Inumeráveis, manifestando-se e desaparecendo incessantemente", chamados "estrelas que se
manifestam", e "centelhas da Eternidade". "A Eternidade do Peregrino" é como um abrir e fechar de
Olhos da Auto-Existência (Livro de Dzyan). "O aparecimento e desaparecimento de Mundos é como o
fluxo regular das marés."
Esta segunda afirmação da Doutrina Secreta é a universalidade absoluta daquela lei de periodicidade, de
fluxo e refluxo, de decadência e crescimento, que a ciência física tem observado e registrado em todas as
esferas da Natureza. Uma alternância tal como dia e noite, vida e morte, sono e vigília, é um fato tão
perfeitamente universal e sem exceção que será fácil compreender de que forma vemos neles uma das
Leis absolutamente fundamentais do Universo.
III. A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo esta última um
aspecto da Raiz Desconhecida; e a peregrinação obrigatória de todas as Almas, centelhas daquela, através
do Ciclo de Encarnação (ou de "Necessidade") de acordo com a lei cíclica e cármica durante todo o
período. Em outras palavras, nenhuma Buddhi puramente espiritual (Alma divina) pode ter uma
existência (consciente) independente, antes que a centelha emanada da Essência pura do Sexto Princípio
Universal, ou seja, da ALMA SUPREMA, tenha (a) passado por todas as formas elementares
pertencentes ao mundo fenomenal daquele Manvantara, e (b) adquirido a individualidade, primeiramente
por impulso natural, e depois pelos esforços planejados e induzidos por si mesmo e regulados por seu
Karma, ascendendo assim por todos os graus de inteligência, desde o Manas inferior até o superior; do
mineral e planta ao Arcanjo (Dhyani-Buddha) mais sublime. A Doutrina central da Filosofia Esotérica
não admite para o homem nenhum privilégio ou dom especiais, salvo aqueles adquiridos por seu próprio
Ego, por esforço e mérito pessoais, através de uma longa série de metempsicoses e reencarnações. Por
isso dizem os hindus que o Universo é Brahman e Brahmã; porque Brahman está em todos os átomos do
Universo, sendo os seis princípios da natureza a expressão - os aspectos diversamente diferenciados - do
SÉTIMO e UNO, a única Realidade no Universo, seja cósmico ou microcósmico; e também porque as
ermutações psíquicas, espirituais e físicas do Sexto (Brahmã, o veículo de Brahman), no plano da
manifestação e da forma, são considerados, por antífrase metafísica, como ilusórias e "mayávicas".
Porque embora a raiz de todos os átomos individualmente, e de todas as formas coletivamente, seja este
Sétimo Princípio ou a Realidade única, em sua aparência manifestada, fenomenal e temporal, tudo isso é
tão-somente uma ilusão passageira de nossos sentidos.
The Secret Doctrine I, 13-2O / I,42-48 / I,79-85. (Na edição da Pensamento: I,81-87)
NOTA
O estudo das Três Proposições Fundamentais, adverte Madame Blavatsky, deve ser seguido pelo dos itens
numerados no Resumo, no final do Vol. I (parte I). Parece que sua intenção era reunir os aspectos
essenciais da Doutrina Secreta apresentados até ali em alguns parágrafos ordenados. Ela começa, porém,
no primeiro parágrafo numerado, com a referência à seção Introdutória da obra, onde reúne uma enorme
série de evidências que estabelecem, sem qualquer dúvida, a existência de uma tradição esotérica. Além
disso, no sexto parágrafo numerado, ela se recusa a se limitar a uma mera recapitulação e acrescenta uma
considerável quantidade de informações sobre aquelas Hierarquias de Seres por cujo intermédio "O
Universo é construído e guiado". Ainda assim, ela retorna mais de uma vez à lei fundamental de todo o
sistema, a Unidade essencial da existência.
A autora destas afirmações tem que se preparar de antemão para encontrar grande oposição, e mesmo a
negação do que afirma nesta obra. Não que exista qualquer pretensão de infalibilidade ou de exatidão
perfeita em todos os detalhes do que se diz aqui. Existem os fatos, e eles não podem ser negados. Mas,
devido às dificuldades intrínsecas dos assuntos tratados, e às limitações quase insuperáveis da língua
inglesa, como de todos os demais idiomas europeus, para a expressão de certas idéias, é mais do que
provável que a autora não tenha conseguido apresentar as explicações em sua melhor e mais clara forma;
no entanto, tudo quanto podia ser feito, sob as mais adversas circunstâncias, o foi, e isto é o máximo que
se pode exigir de qualquer escritor.
Recapitulemos, e a partir da vastidão dos assuntos expostos se demonstrará quão difícil, senão impossível,
é fazer-se plena justiça a eles.
1. A Doutrina Secreta é a Sabedoria acumulada das Idades, e a sua cosmogonia por si só é o mais
estupendo e elaborado de todos os sistemas; mesmo velado, como se encontra no exoterismo dos Puranas.
Mas tal é o poder misterioso do simbolismo oculto que os fatos que ocuparam gerações inumeráveis de
videntes e profetas iniciados, para serem ordenados, registrados e explicados através das desconcertantes
séries do progresso evolutivo, se encontram todos registrados em umas poucas páginas de
signos geométricos e hieróglifos. O olhar iluminado daqueles videntes penetrou o próprio cerne da
matéria e registrou a alma das coisas, ali onde um simples profano, por sábio que fosse, somente
perceberia o trabalho externo da forma. Mas a ciência moderna não crê na "alma das coisas", e, portanto
rejeitará todo o sistema da antiga cosmogonia. É inútil dizer que o sistema em questão não é fantasia de
um ou de vários indivíduos isolados; que é um arquivo ininterrupto, cobrindo milhares de gerações de
videntes cujas respectivas experiências eram levadas a efeito para comprovar e verificar as tradições,
transmitidas oralmente de uma raça antiga a outra, sobre os ensinamentos dos Seres superiores e
exaltados que velaram sobre a infância da humanidade; que durante longas eras, os "Homens Sábios" da
Quinta Raça, pertencentes ao grupo salvo e resgatado do último cataclisma e das transformações dos
continentes, passaram suas vidas aprendendo, e não ensinando. Como o faziam? É respondido:
comprovando, testando e verificando em cada esfera da Natureza as antigas tradições, por meio das visões
independentes de grandes Adeptos; ou seja, dos homens que aperfeiçoaram ao mais alto grau possível
seus organismos físicos, mentais, psíquicos e espirituais. Não era aceita a visão de qualquer Adepto, até
ser confrontada e confirmada pelas visões de outros Adeptos - obtidas de modo que se mostrassem como
evidência independente - e após séculos de experiência.
2. A Lei fundamental desse sistema, o ponto central do qual tudo emergiu; ao redor de e para o qual
tudo gravita, e do qual depende toda sua filosofia, é a SUBSTÂNCIA PRINCÍPIO, Divina, Una e
Homogênea, a Causa Radical única.
... Uns poucos, cujas lâmpadas resplandeciam mais, foram guiados de causa em causa à nascente secreta
da Natureza, e descobriram que deve existir um Princípio primeiro
4. O Universo, com cada uma das coisas que contém, é chamado MAYA porque tudo nele é
temporário; desde a vida efêmera de um pirilampo até a do sol. Comparado com a eterna imutabilidade do
UNO, e com a invariabilidade daquele Princípio, o universo, com suas formas efêmeras em perpétua
transformação, deve ser necessariamente, para a mente de um filósofo, não mais do que um fogo-fátuo.
No entanto, o Universo é suficientemente real para os seres conscientes que nele vivem, os quais são tão
ilusórios quanto ele mesmo.
5. Cada uma das coisas no universo, em todos os seus reinos, é CONSCIENTE; ou seja, é dotada
de uma consciência de um tipo próprio e em seu próprio plano de percepção. Nós humanos devemos nos
lembrar que, somente porque nós mesmos não percebemos qualquer sinal de consciência nas pedras, por
exemplo, nem por isso temos o direito de dizer que não existe nenhuma consciência nelas. Não existe
coisa tal como matéria "morta", ou "cega", como tampouco existe lei "cega" ou "inconsciente". Tais
idéias não encontram lugar entre os conceitos da Filosofia Oculta. Esta jamais se detém ante aparências
superficiais, e para ela possuem mais realidade as essências noumênicas do que suas contrapartes
objetivas; nisso se parece com o sistema dos Nominalistas medievais, para quem as universais eram as
realidades, e as particulares existiam somente nominalmente e na imaginação humana.
6. O Universo é elaborado e dirigido de dentro para fora. Tal como é em cima, é embaixo; assim
nos céus como na terra; e o homem, microcosmo e cópia em miniatura do macrocosmo, é o testemunho
vivo desta Lei Universal e de seu modo de funcionamento. Vemos que cada movimento, ação ou gesto
externo - seja voluntário ou mecânico, orgânico ou mental - é produzido e precedido por um sentimento
ou emoção, pela vontade ou volição, e pelo pensamento ou mente internos. Pois nenhum movimento ou
mudança exterior, quando é normal, pode ter lugar no corpo externo do homem se não for provocado por
um impulso interno, comunicado por uma das três funções citadas, e o mesmo ocorre com o Universo
externo ou manifestado. Todo o Kosmos é dirigido, controlado e animado por séries quase intermináveis
de Hierarquias de Seres sencientes, tendo cada um deles uma missão a cumprir, os quais - chame-os por
um nome ou outro, Dhyãn Chohans ou Anjos - são "mensageiros" no sentido único de serem agentes das
Leis Kármicas e Cósmicas. Variam infinitamente em seus respectivos graus de consciência e inteligência;
e chamá-los todos de Espíritos puros, sem qualquer influência terrena, "que o tempo, de costume,
transforma em presa" é somente uma licença poética. Pois cada um destes Seres, ou foi, ou se prepara
para converterse em um homem, se não no presente ciclo (Manvantara), em um dos passados ou futuros.
São homens aperfeiçoados, quando não incipientes; e em suas esferas superiores, menos materiais,
diferem moralmente dos seres humanos terrestres apenas por se acharem livres do sentimento de
personalidade e de natureza emocional humana - duas características puramente terrenas. Os primeiros, os
aperfeiçoados, libertaram-se destes sentimentos porque, (a) já não possuem corpos carnais - uma carga
sempre entorpecedora para a Alma, e (b) com o elemento espiritual puro mais livre e não encontrando
obstáculos, eles são menos influenciados por mãyã do que o homem, a menos que este seja um Adepto
que conserve suas duas personalidades (a espiritual e a física) separadas por completo. As Mônadas
incipientes, não havendo ainda possuído corpos humanos, não podem ter nenhum sentimento de
personalidade ou de EGO-ísmo. Sendo o que se pretende significar por "personalidade" uma limitação e
uma relação, ou como a definiu Coleridge, "a individualidade existente em si mesma, mas com uma
natureza como base", a palavra não pode aplicar-se, naturalmente, a entidades não-humanas; mas como
um fato sobre o qual insistem gerações de Videntes, nenhum destes Seres, elevados ou pequenos, possui
individualidade ou personalidade como Entidades separadas, no sentido, por exemplo, em que o homem
diz "Eu sou eu e ninguém mais"; em outras palavras, não têm consciência de tão manifesta separação
quanto a que existe na terra entre os homens e entre as coisas. A Individualidade é característica de suas
respectivas Hierarquias, e não de suas unidades; e estas características variam somente com o grau do
plano a que tais Hierarquias pertencem: quanto mais próximo está da região da homogeneidade e do Um
Divino, tanto mais pura e menos acentuada será a individualidade daquela Hierarquia. São finitas sob
todos os seus aspectos - com exceção de seus princípios mais elevados - as Centelhas imortais que
refletem a Chama Divina Universal, individualizadas e separadas somente nas esferas de Ilusão por uma
diferenciação tão ilusória quanto o resto. Eles são "Seres Viventes", posto que são as correntes projetadas
da VIDA ABSOLUTA sobre a tela Cósmica da Ilusão; Seres nos quais a vida não se pode extinguir antes
que o fogo da ignorância seja extinto naqueles que sentem estas "Vidas". Tendo vindo à existência sob o
poder vivificante do raio incriado - reflexo do grande Sol Central que irradia sobre as margens do rio da
vida - é o Princípio Interno neles que pertence às Águas da imortalidade, ao passo que suas vestes
diferenciadas são tão perecíveis quanto o corpo do homem. Portanto, razão tinha Young ao dizer que
Anjos são homens de uma espécie superior... e nada mais. Não são nem "ministros" nem "protetores",
tampouco "Arautos do Altíssimo", e menos ainda os "Mensageiros da cólera" de nenhum Deus, tal como
os criados pela imaginação humana. Apelar para a sua proteção é uma insensatez tão grande quanto supor
que se pode assegurar sua simpatia graças a qualquer tipo de propiciação; porque eles, tanto quanto o
homem, são escravos e criaturas da imutável Lei Kármica e Cósmica. A razão disso é evidente. Não
possuindo qualquer elemento de personalidade em sua essência, não podem estar dotados de quaisquer
qualidades pessoais, tais como as que os homens, em suas religiões exotéricas, atribuem a seu Deus
antropomórfico - um Deus ciumento e exclusivista, que se regozija e encoleriza, que se compraz com
sacrifícios e que é mais despótico em sua vaidade do que qualquer homem tolo e finito. O homem... sendo
um composto das essências de todas essas hierarquias celestiais pode conseguir, como tal, tornar-se
superior, em certo sentido, a qualquer Hierarquia ou Classe, e até a uma combinação das mesmas. "O
homem não pode nem propiciar nem comandar os Devas" - já se disse. Mas, paralisando sua
personalidade inferior e chegando com isso ao pleno conhecimento da não-separatividade de seu EU
Superior em relação ao Uno e Absoluto EU, o homem pode, mesmo durante sua vida terrestre, chegar a
ser como "Um de Nós". Assim, é alimentando-se do fruto do saber, que dissipa a ignorância, que o
homem se torna como um dos Elohim, ou Dhyãnis; e uma vez no plano deles, o Espírito de Solidariedade
e de Harmonia perfeita que reina em cada Hierarquia necessariamente se estende sobre ele e o protege em
todos os sentidos.
A dificuldade principal que impede os homens de ciência de crer nos espíritos divinos, assim como nos da
Natureza, é seu materialismo. O principal obstáculo que ante si, por sua vez, encontra o Espírita, e que o
impede de crer neles, conservando por sua vez uma crença cega nos "Espíritos" dos mortos, é a
ignorância geral em que se acham todos, à exceção de alguns ocultistas e Cabalistas, sobre a verdadeira
essência e natureza da Matéria. É na aceitação ou rejeição da teoria da Unidade de tudo na Natureza, em
sua última Essência, que principalmente se apóia a crença ou incredulidade na existência de outros seres
conscientes em torno de nós, além dos Espíritos dos mortos. É na reta compreensão da Evolução primeva
e da essência real do Espírito-Matéria, que deve o estudante apoiar-se para uma melhor elucidação da
Cosmogonia Oculta, e para obter a única chave segura que pode guiá-lo em seus estudos subseqüentes.
Na pura verdade, conforme acabamos de demonstrar, cada um dos chamados "Espíritos" é ou um homem
desencarnado ou um homem futuro. Desde o Arcanjo mais elevado (Dhyãn Chohan) até o último
Construtor consciente (a classe inferior de Entidades Espirituais), todos eles são homens que viveram há
eras passadas, durante outros Manvantaras, nesta ou em outras Esferas; da mesma forma os Elementais
inferiores, semi-inteligentes e não-inteligentes, são todos homens futuros. O simples fato de um Espírito
ser dotado de inteligência é uma prova para o ocultista de que aquele Ser tem que ter sido um homem, e
adquirido seu saber e inteligência através do ciclo humano. Existe apenas uma Onisciência e Inteligência
indivisível e absoluta no universo, e esta vibra em cada um dos átomos e dos pontos infinitesimais de
todo o Kosmos, o qual não tem limites e ao qual se dá o nome de ESPAÇO, considerado
independentemente de qualquer uma das coisas nele contidas. Mas a primeira diferenciação de seu reflexo
no mundo manifestado é puramente espiritual, e os seres gerados nela não são dotados de uma
consciência que tenha relação com a que concebemos. Não podem possuir consciência ou inteligência
humana, antes de tê-la adquirido pessoal e individualmente. Isto pode ser um mistério; no entanto, é um
fato para a Filosofia Esotérica, e muito aparente, também.
Toda a ordem da Natureza evidencia uma marcha progressiva em direção a uma vida superior. Existe um
propósito na ação das aparentemente mais cegas forças. O processo inteiro de evolução com suas
intermináveis adaptações é uma prova disso. As leis imutáveis que fazem desaparecer as espécies débeis
para dar lugar às fortes, e que asseguram á "sobrevivência dos mais aptos", embora tão cruéis em sua ação
imediata, atuam todas em direção à grande meta final. O próprio fato de que adaptações ocorrem, de que
os mais aptos são os que sobrevivem na luta pela existência, demonstra que aquilo que é chamado
"Natureza inconsciente" é, em realidade, um conjunto de forças, manipuladas por seres semi-inteligentes
(Elementais), guiados por Espíritos Planetários elevados (Dhyãn Chohans), cujo conjunto forma o
verbum manifestado do LOGOS imanifestado, e constitui ao mesmo tempo a MENTE do Universo e sua
LEI imutável.
The Secret Doctrine, I, 272-78 / I, 293-98 / I, 316-20. (Na edição da Pensamento: I, 304-308)
NOTA
Uma vez mais Madame Blavatsky procura enfatizar certos aspectos importantes do ensinamento,
sublinhando o que já tinha sido explicado e reafirmando os fundamentos com mais comentários e
citações. Assim, aos seis parágrafos numerados do Resumo são acrescentados mais cinco itens,
apresentados como "fatos provados".
As palavras entre parênteses estão desta forma no texto original, sendo esclarecimentos da autora sobre as
passagens citadas.
Qualquer que seja o destino que o futuro distante reserve a estes escritos, esperamos haver provado até
agora os seguintes fatos:
1. A Doutrina Secreta não ensina nenhum Ateísmo, exceto no sentido que encerra a palavra
sânscrita nastika: uma rejeição de ídolos, incluindo todos os deuses antropomórficos. Neste sentido, cada
ocultista é um nastika.
(*) Mason, no inglês. A autora aqui usou esta palavra em duplo sentido, referindo-se também à sua outra
conotação, relativa à Maçonaria, onde mason se traduz por maçon. KT.)
3. Os Dhyãn Chohans são duais em suas constituições, estando compostos de (a) a energia bruta
irracional inerentre à matéria, e (b) a Alma inteligente, ou Consciência cósmica, que direciona e guia
aquela energia, e que é o Pensamento Dhyãn Chohânico, refletindo a ldeação da Mente Universal. Isto
resulta numa série perpétua de manifestações físicas e de efeitos morais na Terra, durante os períodos
manvantáricos, sendo tudo isso subserviente ao Karma. Como este processo não é sempre perfeito, e
posto que, por muitas que sejam as provas da existência de uma Inteligência diretora por trás do véu, nem
por isso deixa de haver falhas e lacunas, e mesmo resulta muitas vezes em fracassos evidentes; assim nem
à Hoste coletiva (o Demiurgos) nem a qualquer um dos Poderes atuantes, individualmente considerados,
cabe o culto ou honras divinos. Todos têm direito, no entanto, à reverência agradecida da Humanidade; e
o homem deve esforçar-se sempre por favorecer a divina evolução das Idéias, convertendo-se, no melhor
de suas capacidades, em cooperador da Natureza, na tarefa cíclica. Somente o sempre ignorado e
incognoscível Karana, a Causa sem Causa de todas as causas, é quem deve ter seu santuário e seu altar no
recinto santo e jamais violado de nosso coração; invisível, intocado e nunca mencionado, salvo através da
"voz tranqüila e silenciosa" de nossa consciência espiritual. Aqueles que lhe rendem culto devem fazê-lo
no silêncio e na solidão santificada de suas Almas; fazendo de seu Espírito o único mediador entre si
mesmos e o Espírito Universal, de suas boas ações os únicos sacerdotes, e de suas intenções pecaminosas
as únicas vítimas visíveis e objetivas a serem sacrificadas à Presença.
"E quando orardes, não sejais como os hipócritas... mas entrai em vossa câmara interior e, tendo fechado
a porta, orai a vosso Pai que está em segredo" (Mateus, VI, 5-6). Nosso Pai se encontra dentro de nós "em
segredo", nosso - e não Princípio na "câmara interna" da percepção de nossa alma. "O Reino de Deus" e
dos Céus se acha dentro de nós - disse Jesus - e não fora. Por que são os Cristãos tão absolutamente cegos
ao patente significado das palavras de sabedoria que se comprazem em repetir mecanicamente?
4. A Matéria é Eterna. É o upadhi ou base física, para que nela a Mente Universal e Infinita
construa suas ideações. Portanto, sustentam os esoteristas que não existe na Natureza qualquer matéria
inorgânica ou "morta", sendo a distinção que entre as duas foi estabelecida pela Ciência tão infundada
quanto arbitrária e desprovida de razão. Seja lá o que pense a Ciência, no entanto - e a Ciência exata é
mulher volúvel, como todos sabemos por experiência - o Ocultismo sabe e ensina algo diferente, como o
tem feito desde tempos imemoriais, desde o Manu e Hermes até Paracelso e seus sucessores.
Oh, filho meu! a matéria se torna; a princípio ela era; porque a matéria é o veículo para a transformação.
O vir-a-ser é o modo de atividade do Deus incriado e previsor. Tendo sido dotada dos germes do vir-a-
ser, a matéria (objetiva) foi conduzida ao nascimento; pois a força criadora a molda de acordo com as
formas ideais. A Matéria, ainda não gerada, não tem forma; ela vem a ser quando é posta em ação.
Sobre isto, a hábil compiladora e tradutora dos Fragmentos Herméticos, Dra. Anna Kingsford, comenta
em um nota:
"O Dr. Ménard faz observar como em Grego a mesma palavra significa nascer e vir-a-Ser. A idéia, aqui, é
que o material do mundo é, em sua essência, eterno, mas que antes da criação ou do 'vir-a-ser', se acha em
uma condição passiva ou imóvel. Assim é que 'era', antes de ser posta em operação; agora 'vem a ser', ou
seja, é móvel e progressiva.
"A Criação é portanto o período de atividade (Manvantara) de Deus, quem, de acordo com o pensamento
Hermético (ou o qual, de acordo com o Vedanta), possui duas formas - Atividade ou Existência. Deus em
evolução (Deus explicitus), e Passividade de Existência (Pralaya), Deus em involução (Deus implicitus).
As duas formas são perfeitas e completas, assim como o são os estados de vigília e de sono humanos.
Fichte, o filósofo alemão, distinguiu o Ser (Sein) como Um, que conhecemos apenas através da existência
(Dasein) como o Múltiplo. Esta visão é totalmente hermética. As 'Formas Ideais' ... são as idéias
arquetípicas ou formativas dos Neo-Platônicos, os conceitos eternos e subjetivos das coisas que subsistem
na Mente Divina antes da 'criação' ou 'vir-a-ser'."
Todas as coisas são o produto de um esforço universal criativo... Não existe nada morto na Natureza.
Tudo é orgânico e vivente, e conseqüentemente o mundo inteiro aparenta ser um organismo vivo.
Todos os Cabalistas Cristãos compreenderam bem a idéia-raiz Oriental. O Poder ativo, o "Movimento
Perpétuo do Grande Alento" apenas desperta Kosmos na aurora de cada novo Período, colocando-o em
atividade através das duas Forças contrárias - a centrípeta e a centrífuga, que são masculina e feminina,
positiva e negativa, física e espiritual, sendo as duas a Força Primordial una - e desta forma fazendo-a
tornar-se objetiva no plano da Ilusão. Em outras palavras, este movimento dual transfere Kosmos do
plano de Eterno Ideal para o da manifestação finita, ou do plano noumenal para o fenomenal. Tudo o que
é, foi e será eternamente É, mesmo as incontáveis formas, que são finitas e perecíveis apenas na sua
forma objetiva, mas não na ideal. Elas existiram como Idéias, na Eternidade, e quando se desvanecerem,
existirão como reflexos. O Ocultismo ensina que nenhuma forma pode ser dada a qualquer coisa, seja
pela Natureza ou pelo Homem, se seu tipo ideal já não existir no plano subjetivo; mais do que isso, que
nenhuma forma ou molde pode penetrar na consciência humana, ou evoluir em sua imaginação, se já não
existir em protótipo, ao menos como uma aproximação. Nem a forma humana, nem a de qualquer animal,
planta ou pedra, foi jamais "criada", e é apenas neste nosso plano que ela começou a "tornar-se", ou seja,
objetivando-se em sua materialidade presente, ou expandindo de dentro para fora, da essência mais
sublimada e suprasensória para sua aparência mais grosseira. Portanto, nossas formas humanas existiam
na Eternidade como protótipos astrais ou etéreos, modelos estes de acordo com os quais os Seres
Espirituais, ou Deuses - cujo dever era trazê-los à existência objetiva e à vida terrena - desenvolveram as
formas protoplasmáticas dos futuros Egos a partir de sua própria essência. Após o que, quando este
upádhi humano ou molde básico estava pronto, as forças terrestres naturais começaram a trabalhar sobre
estes moldes supra-sensórios, que continham, além dos seus próprios, os elementos de todas as'formas
vegetais passadas e animais futuras desse globo. Portanto, a concha externa do homem passou pela forma
de todos os corpos vegetais e animais antes de assumir a forma humana.
The Secret Doctrine I, 279-82 / I, 300-303 / l, 322-25. (Na edição da Pensamento: I, 310-313)
NOTA
O primeiro volume de A Doutrina Secreta tem como tema nascimento do Cosmos - "Cosmogênese". O
segundo volume (Vol. III da edição de Adyar em 6 vols.) trata do surgimento do Homem - a
Antropogênese. Sua primeira Seção, tal como no volume precedente, se baseia nas estâncias "extraídas
dos mesmos Registros Arcaicos que as Estâncias sobre Cosmogonia". Como uma indicação do tema
central, as Notas Preliminares que servem de introdução às estâncias e comentários são precedidas por
uma passagem de Ísis Sem Véu. Provocante e desafiador para os líderes do pensamento científico e
religioso contemporâneo, o extrato prepara o leitor para as idéias presumivelmente revolucionárias sobre
a história do Homem que são oferecidas no registro oculto.
Nas notas de Bowen, Madame Blavatsky atrai a atenção do estudante para estas Notas Preliminares, que
começam com a colocação de três novas proposições a respeito da evolução do Homem.
A Ciência Moderna insiste na doutrina da evolução; da mesma forma o fazem a razão humana e a
Doutrina Secreta, e esta idéia é corroborada pelas lendas e mitos antigos, e mesmo pela própria Bíblia,
quando lida nas entrelinhas. Vemos uma flor desabrochando lentamente a partir de seu botão, e o botão de
sua semente. Mas de onde vem a última, com toda a sua programação predeterminada de transformação
física, e suas forças invisíveis, e portanto espirituais, que gradualmente desenvolvem sua forma, cor e
perfume? A palavra evolução fala por si mesma. O germe da raça humana atual tem de ter pré-existido no
progenitor desta raça, assim como a semente, na qual jaz escondida a flor do próximo verão, desenvolveu-
se na cápsula de sua flor parental; o progenitor difere de sua progênie, ainda que apenas levemente. Os
ancestrais antediluvianos do elefante e do lagarto atuais eram, talvez, o mamute e o plesiossauro: por que
não poderiam os progenitores da raça humana ter sido os "gigantes" dos Vedas, do Voluspa e do Livro do
Gênese? Embora seja positivamente absurdo acreditar que a "transformação das espécies" se deu de
acordo com algumas das concepções mais materialistas dos evolucionistas, é ao menos natural pensar que
cada um dos gêneros, começando com os moluscos e terminando com o homem, modificou-se desde sua
própria forma primordial e distintiva.
NOTAS PRELIMINARES
As Estâncias deste Volume, juntamente com seus Comentários, foram extraídas dos mesmos Registros
Arcaicos que as Estâncias da Cosmogonia, no Volume I...
Com relação à evolução da espécie humana, a Doutrina Secreta postula três novas proposições, que estão
em direto antagonismo à ciência moderna e aos dogmas religiosos correntes. Ela ensina: (a) a evolução
simultânea de sete grupos humanos em sete diferentes porções do nosso globo; (b) o nascimento do corpo
astral' antes do físico, sendo o primeiro um modelo para o segundo; e (c) que o homem, nesta Ronda,
precedeu todos os mamíferos - incluindo os antropóides - no reino animal.
[Um pé-de-página a esta proposição indica o vasto número de tradições antigas das quais se pode citar
corroborações para os Registros Arcaicos. Ele diz.-]
Veja o Gênese, II, 19. Adão é formado no versículo 7, e no versículo 19 é dito: "O Senhor Deus formou,
da terra, todos os animais do campo e todas as aves do ar; e depois os apresentou a Adão para ver como
os queria chamar." Portanto, o homem foi criado antes dos animais; pois os animais mencionados no
Capítulo I são os signos do Zodíaco, enquanto o homem, "macho e fêmea", não é homem, mas a Hoste
das Sephiroth, FORÇAS ou Anjos, "feitos à sua (de Deus) imagem e semelhança". Adão, o homem, não é
feito àquela semelhança, nem tal coisa é dita na Bíblia. Além disso, o Segundo Adão é esotericamente um
setenário que representa sete homens, ou melhor, grupos de homens. Pois o primeiro Adão, o Kadmon é a
síntese das dez Sephiroth. Destes, a Tríade superior permanece no Mundo Arquetípico com a futura
"Trindade", enquanto as sete Sephiroth inferiores criam o mundo material manifestado; e este setenário é
o Segundo Adão. O Gênese, assim como os mistérios com base nos quais foi fabricado, originou-se no
Egito. O "Deus" do 1° capítulo do Gênese é o Logos, e o "Senhor Deus" do 2° capítulo os Elohim
Criadores, os Poderes inferiores.
' 'Corpo Astral' na "Doutrina Secreta" e "A Chave para a Teosofia" é o nome dado ao duplo etérico (linga-
sharira).
The Secret Doctrine II, XVI, I / II, XX, 1 / III, 14, 15. (Na edição da Pensamento: III, 15-16)
NOTA
A Doutrina Secreta inclui em sua vasta abrangência não só a grandiosa metafísica da tradição esotérica
como também a história da evolução de todas as formas de vida sobre o nosso planeta e uma perspectiva
do futuro que aguarda a humanidade. Além dos fatos disponíveis à ciência, enquanto se restringe ao uso
de seus instrumentos tradicionais, existem outros, preservados nos anais ocultos e acessíveis àqueles que
desenvolverem em si mesmos as faculdades necessárias. Ao proporcionar vislumbres da tradição secreta
para uma época em que as forças de um ciência materialista se batiam contra posições entrincheiradas da
religião supersticiosa, Madame Blavatsky procurou mostrar as limitações de uma e a cegueira da outra. O
quíntuplo objetivo de sua obra foi delineado claramente no Prefácio: "mostrar que a Natureza não é uma
'concorrência fortuita de átomos', e conferir ao homem seu verdadeiro lugar no esquema do Universo;
resgatar da degradação as verdades arcaicas que são a base de todas as religiões; revelar, até certo ponto,
a unidade fundamental da qual todas surgiram; e finalmente mostrar que a Ciência da civilização moderna
nunca se aproximou do lado oculto da Natureza". A Conclusão mostra alguma coisa do terreno coberto
pela autora nas tentativas de alcançar aquele objetivo.
Apesar de Madame Blavatsky se referir na última sentença a outros volumes "quase terminados", não se
encontrou nenhum manuscrito que correspondesse à descrição. Alguns papéis deixados por ela foram
publicados por Annie Besant como sendo o Volume III (Vol. V da ed. de Adyar), juntamente com certos
papéis que originalmente circularam privativamente entre os estudantes de sua Escola Esotérica.
Foi dito o suficiente para demonstrar que a evolução em geral, os eventos, a espécie humana e tudo o
mais na Natureza prosseguem em ciclos. Falemos de sete Raças, cinco das quais quase completaram seu
curso na Terra, e declaramos que cada Raça-Raiz, com suas sub-raças e inumeráveis divisões e tribos
familiares, era inteiramente distinta da precedente e da sucessora. A isto se fará objeção, com base na
autoridade da experiência uniforme sobre a questão por parte da Antropologia e da Etnologia. O homem
foi sempre o mesmo - salvo na cor e no tipo, e talvez nas peculiaridades faciais e capacidade craniana -
sob todos os climas e em todas as partes do mundo, dizem os naturalistas - sempre, mesmo na estatura.
Isto, ao mesmo tempo em que sustentam que o homem descende do mesmo ancestral desconhecido do
macaco - uma declaração que é logicamente impossível sem uma variação infinita de estatura e forma -
desde a sua primeira evolução para a condição de bípede. Mesmo as pessoas lógicas que sustentam ambas
as proposições têm direito às suas visões paradoxais. Uma vez mais, dirigimo-nos apenas àqueles que,
duvidando da derivação que em geral se faz dos mitos a partir da "contemplação das operações visíveis da
natureza exterior"... pensam ser "menos difícil acreditar que estas maravilhosas histórias de deuses e
semi-deuses, de gigantes e duendes, de dragões e monstros de todos os tipos, sejam transformações do
que acreditar que sejam invenções". A Doutrina Secreta ensina apenas estas "transformações" na natureza
física, tanto quanto na memória e nas concepções de nossa humanidade atual. Ela confronta as hipóteses
puramente especulativas da ciência moderna, baseadas na experiência e nas observações exatas de uns
meros poucos séculos, com a tradição e os registros contínuos de seus Santuários; e, destruindo o tecido
mais semelhante a teias de aranha das teorias formadas sob a escuridão que cobre um período de uns
poucos milênios para trás, o qual os europeus chamam sua "História", a Ciência Antiga nos diz: “Ouçam,
agora, a minha versão das memórias da Humanidade".
As Raças humanas têm origem uma na outra, crescem, se desenvolvem, envelhecem e morrem. Suas sub-
raças e nações seguem a mesma regra. Se a sua ciência moderna e pretensa filosofia, que tudo negam, não
contestam que a família humana é composta de uma variedade de tipos e raças bem definidas, é apenas
porque o fato é incontestável; ninguém diria que não há nenhuma diferença externa entre um inglês, um
negro africano, e um japonês ou chinês. Por outro lado, a maioria dos naturalistas nega formalmente que
raças humanas mescladas, isto é, as sementes de raças inteiramente novas, sejam ainda formadas nos
nossos dias...
Ainda assim nossa proposição geral não será aceita. Dir-se-á que, sejam quais forem as formas que o
homem tenha assumido durante o longo e pré-histórico Passado, não há mais mudanças para ele no futuro
(exceto certas variações, como agora). Assim sendo, as nossas RaçasRaízes sexta e sétima são ficções.
A isso, uma vez mais se responde: "Como você sabe? A sua experiência se limita a uns poucos milhares
de anos, a menos do que um dia na longa vida da humanidade e aos tipos presentes nos continentes e ilhas
atuais da nossa Quinta Raça. Como você pode saber o que vai ou não vai existir? Enquanto isso, tal é a
profecia dos Livros Secretos e de suas afirmações, que não são incertas.
Desde o princípio da Raça Atlante muitos milhões de anos se passaram, e no entanto ainda encontramos o
último dos atlantes ainda misturado com o elemento ário, onze mil anos depois. Isto demonstra a enorme
superposição de uma raça sobre a raça que a sucede, embora em características e tipo externo a mais
antiga perde suas características e assume as novas, as da raça mais jovem. Isto é comprovado em todas
as formações de raças humanas misturadas. Agora, a filosofia oculta ensina que mesmo hoje, sob nossos
novos olhos, a nova Raça e Raças estão se preparando para se formar, e que é na América que a
transformação ocorrerá - e já começou, silenciosamente.
Anglo-saxões puros há menos de trezentos anos atrás, os americanos dos Estados Unidos já se tornaram
uma nação à parte e, devido a uma forte mistura adicional de várias nacionalidades e casamentos inter-
racionais, tornaram-se quase que uma raça sui generis, não apenas mentalmente, mas também
fisicamente. "Toda raça misturada, quando uniforme e estabelecida, tem sido capaz de fazer o papel de
uma raça primária em cruzamentos novos", diz de Quatrefages: "A humanidade, no seu estado presente,
foi portanto formada, certamente, na sua maioria, pelos cruzamentos sucessivos de um número de raças
indeterminado, neste momento. (The Human Species, [As Espécies Humanas], pág. 274)
Assim os americanos se tornaram, em apenas três séculos, uma "raça primária", pro tem, antes de se
tornarem uma raça à parte, e fortemente separada de todas as outras raças que agora existem. Eles são, em
resumo, os germes da Sexta sub-raça, e em cerca de algumas centenas de anos, se tornarão mais do que
seguramente os pioneiros daquela raça que deverá suceder a européia presente, ou quinta sub-raça, em
todas as suas novas características. Depois disso, em cerca de vinte e cinco mil anos, eles se lançarão em
preparativos para a sétima subraça; até que, em consequência de cataclismos - a primeira série daqueles
que um dia haverão de destruir a Europa, e ainda mais tarde a raça ariana inteira (e desta forma afetar
ambas as Américas), assim como a maior parte das terras diretamente relacionadas com os confins do
nosso continente e ilhas - a Sexta Raça-Raiz terá aparecido no palco de nossa Ronda. Quando será isso?
Quem pode saber, exceto os grandes Mestres de Sabedoria, talvez, e eles são tão silenciosos sobre o
assunto quanto os picos cobertos de neve que se elevam acima deles? Tudo o que sabemos é que ela virá
silenciosamente à existência... A Quinta Raça se sobreporá à Sexta por muitas centenas de milênios, e se
transformará com ela mais lentamente do que sua nova sucessora, ainda se transformando em estatura,
físico geral e mentalidade, exatamente como a Quarta se sobrepôs à nossa Raça Ariana e a Terceira havia
se sobreposto aos atlantes.
Este processo de preparação para a Sexta grande Raça deve durar por toda a sexta e sétima sub-raças...
Mas os últimos remanescentes do Quinto Continente não desaparecerão até algum tempo depois do
nascimento da nova Raça; quando uma outra e nova moradia, o sexto continente, houver aparecido sobre
as novas águas na face do globo, para receber a nova estrangeira. Para ela também emigrarão e se
estabelecerão todos os que forem afortunados o suficiente para escapar ao desastre geral. Quando isto
ocorrerá - como se acabou de dizer - não é para esta escritora saber. Apenas que, já que a natureza não
evolui em saltos e inícios repentinos mais do que um homem se transforma repentinamente de uma
criança em um adulto maduro, o cataclismo final será precedido por muitas submersões e destruições
menores, por ondas marítimas e fogos vulcânicos. O ritmo exultante pulsará forte no coração da raça que
está agora na zona americana, mas não mais haverá americanos quando a Sexta Raça começar; não mais,
de fato, do que europeus; pois eles agora terão se tornado uma nova raça, e muitas nações novas. No
entanto a Quinta não morrerá: sobreviverá por algum tempo; sobrepondo-se à nova Raça por muitas
centenas de milhares de anos à frente, se transformará com ela - mais lentamente do que sua nova
sucessora - ainda sendo inteiramente alterada em mentalidade, físico geral e estatura. A humanidade não
crescerá mais à estatura dos corpos gigantescos dos lemurianos e atlantes; pois enquanto a evolução da
Quarta Raça desceu-a ao último nível da materialidade em seu desenvolvimento físico, a Raça presente
está em seu arco ascendente; e a Sexta rapidamente se libertará de seus grilhões de matéria, e mesmo da
carne.
Assim, desse modo ela é a humanidade do Novo mundo - uma que é de longe superior à nossa Antiga, um
fato que os homens também haviam esquecido - a humanidade de patala (a Antipode, ou o mundo
inferior, como a América é chamada na índia), cuja missão e karma é plantar as sementes de uma Raça
vindoura, mais grandiosa e muito mais gloriosa do que qualquer uma das Raças de que hoje já ouvimos
falar. Os ciclos de matéria serão seguidos por ciclos de espiritualidade e da mente plenamente
desenvolvida. Pela lei da história e raças paralelas, a maior parte da humanidade futura será composta de
gloriosos Adeptos. A humanidade é o fruto do Destino cíclico, e nenhuma de suas unidades pode escapar
à sua missão inconsciente, ou livrar-se da sua obrigação de trabalhar cooperativamente com a natureza.
Assim cumprirá a humanidade, raça após raça, a peregrinação cíclica que lhe foi prescrita. Os climas
mudarão - e já começaram - cada ano tropical, um após outro, produzindo uma suo-raça, mas apenas para
gerar mais um raça superior no ciclo ascendente; enquanto uma série de outros grupos menos favorecidos
- os fracassos da natureza - desaparecerão, assim como alguns indivíduos isolados, da família humana
sem nem mesmo deixar vestígios.
Tal é o curso da Natureza sob o império da LEI KÁRMICA: da Natureza sempre presente e sempre-
vindo-aser. Pois, nas palavras de um Sábio, conhecido apenas de uns poucos ocultistas: "O PRESENTE É
FILHO DO PASSADO; O FUTURO, O FRUTO DO PRESENTE. E NO ENTANTO, Ó MOMENTO
PRESENTE! NÃO SABES QUE NÃO TENS PROGENITOR, NEM PODES TER UM FILHO: QUE
ESTÁS SEMPRE GERANDO APENAS A TI MESMO? ANTES MESMO DE TERES COMEÇADO A
DIZER: 'SOU A PROGÊNIE DO MOMENTO QUE SE FOI, O FILHO DO PASSADO', TU TE
TORNASTE AQUELE MESMO PASSADO. ANTES DE TERES PRONUNCIADO A ÚLTIMA
SÍLABA, CONTEMPLA! TU NÃO ÉS MAIS O PRESENTE, MAS NA VERDADE AQUELE MESMO
FUTURO. PORTANTO, SÃO O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO A SEMPRE VIVENTE
TRINDADE EM UM - O MAHAMAYA DO ABSOLUTO É.
NOTA
Ao escrever sua primeira grande obra, parece que Madame Blavatsky tinha em mente a necessidade de
demonstrar ao leitor instruído de sua época que o que ela tinha a dizer não era de fato "nenhum novo
candidato à atenção do mundo". Cada capítulo de Ísis Sem Véu é introduzido por uma seleção de extratos
de fontes respeitáveis, antigas e contemporâneas, demonstrando que as posições assumidas e as
informações dadas por ela tinham precedentes. O capítulo final é encabeçado por várias destas citações,
das quais uma é dada aqui. O capítulo começa com uma tentativa de resumir as cacterísticas principais da
filosofia oriental apresentadas nos dois volumes de Ísis Sem Véu. Todavia, como foi mostrado
anteriormente, Madame Blavatsky estava nesse período fazendo experiências com o material que tinha à
sua disposição e tentando descobrir como passá-lo ao mundo. Conseqüentemente, os detalhes secundários
e ilustrações não foram claramente peneirados dos princípios fundamentais. O contraste entre essa
primeira tentativa de fazer um resumo numerado e as afirmações posteriores em A Doutrina Secreta é
uma flagrante evidência de seu próprio desenvolvimento tanto como discípula quanto como instrutora.
"O problema da vida é o honrem. Magia, ou melhor, a Sabedoria, é o conhecimento desenvolvido das
potencialidades do ser interno do homem; cujas forças são emanações Divinas, assim como a intuição é a
percepção de suas origens, e a iniciação, nossa introdução naquele conhecimento... Começamos com o
instinto: o fim é a ONISCIÊNCIA".
A. Wilder
Demonstraríamos pouco discernimento caso imaginássemos que outros que não fossem metafísicos, ou
místicos de algum tipo, teriam nos acompanhado até esse ponto, através de toda a obra. Caso contrário,
certamente os aconselharíamos a se pouparem do trabalho de ler este capitulo. Pois, ainda que todas as
afirmações sejam estritamente verdadeiras, eles não deixariam de considerar a menos maravilhosa das
narrativas como absolutamente falsa, por mais substanciada que estivesse.
Para compreender os princípios da lei natural envolvidos nos vários fenômenos aqui descritos, o leitor
tem de manter em mente as proposições fundamentais da filosofia oriental que sucessivamente
elucidamos. Vamos recapitular brevemente:
1° Não existe milagre. Tudo acontece como resultado da lei - eterna, imutável e sempre ativa. O
aparente milagre é apenas a ação de forças contrárias ao que o Dr. W.
B. Carpenter, F.R.S. - um homem de grande erudição mas pouco conhecimento - chama de "as bem
conhecidas leis da natureza". Tal como muitos de sua categoria, o Dr. Carpenter ignora que podem existir
leis que uma vez foram "conhecidas", mas que agora são desconhecidas pela ciência.
2° A Natureza é tríplice: existe uma natureza visível, e objetiva; uma invisível, energizante e
interior, sendo o princípio vital e modelo exato da outra; e acima destas, o espírito, origem de todas as
forças, o único eterno e indestrutível. As duas inferiores mudam constantemente, mas não a terceira
superior.
3° O Homem também é tríplice: tem seu corpo físico objetivo; seu corpo astral vitalizador (ou alma), o
homem real; e estes dois são assistidos e iluminados pelo terceiro - o espírito imortal e soberano. Quando
o homem real consegue se fundir neste último, torna-se uma entidade imortal.
4° Magia, enquanto ciência, é o conhecimento destes princípios, e da maneira pela qual o indivíduo pode
alcançar a onisciência e onipotência do espírito, passando a controlar as forças da natureza enquanto
ainda está no corpo. Como arte, é a aplicação prática deste conhecimento.
5° O conhecimento arcano torna-se feitiçaria se for mal usado; e em verdadeira magia, ou
SABEDORIA, quando utilizado beneficientemente.
7° Todas as coisas que existem, existiram ou existirão, estão registradas na luz astral ou memória do
universo invisível; o adepto iniciado, através da visão de seu próprio espírito, pode conhecer tudo o que é
ou pode ser conhecido.
8° As Raças humanas diferem em suas qualidades espirituais tanto quanto na cor, estatura ou
qualquer outra característica externa. Entre alguns povos a vidência é natural, enquanto que em outros
prevalece a mediunidade. Alguns se dedicam à feitiçaria e transmitem seus segredos de geração em
geração, tendo como resultado uma variação de fenômenos físicos mais ou menos ampla.
9° Uma etapa da habilidade mágica é o afastamento voluntário e consciente do homem interno (forma
astral) do homem externo (corpo físico). No caso de alguns médiuns esse afastamento ocorre, mas é
involuntário e inconsciente, tornando-se o corpo mais ou menos cataléptico nestes momentos. No caso do
adepto, no entanto, a ausência da forma astral não seria notada, pois os sentidos físicos continuam alertas
e o indivíduo parece estar apenas como em um momento de abstração - "absorto em reflexões", como
diriam alguns.
Em resumo: MAGIA é SABEDORIA espiritual, sendo a natureza aliada material, discípula e serva do
mago. Um princípio vital único permeia todas as coisas, e este pode ser controlado pela vontade humana
aperfeiçoada. O adepto pode estimular os movimentos das forças naturais em plantas e animais até um
grau sobrenatural. Tais experiências não são obstáculos à 'natureza, mas sim aceleramentos;
proporcionam condições para uma ação vital mais intensa.
O adepto pode controlar as sensações e alterar as condições dos corpos físico e astral de outras pessoas
que não sejam também adeptos; pode governar e usar como quiser os espíritos dos elementos. Não pode
controlar o espírito imortal de nenhum ser humano, vivo ou morto, pois todos estes espíritos são
igualmente centelhas da Essência Divina, e não estão sujeitos a qualquer domínio externo.
APÊNDICE A
Notas tomadas pelo Comandante Robert Bowen em 1891, menos de três semanas antes da morte de
Madame Blavatsky.
H.P.B. estava especialmente interessante sobre o tema A Doutrina Secreta no decorrer da última semana.
Julguei melhor organizar este material e escrevê-lo, por segurança, enquanto o tenho vívido na mente.
Como ela mesma disse, ele pode vir a ser útil para alguém dentro de trinta ou quarenta anos.
Em primeiro lugar, A Doutrina Secreta é apenas um fragmento bastante pequeno da Doutrina Esotérica
conhecida pelos membros mais elevados das Fraternidades Ocultas. Ela contém, diz H.P.B., apenas o
tanto que o Mundo pode receber durante o próximo século. Esta afirmação levantou uma questão que ela
respondeu da seguinte forma:
"O Mundo" significa o Homem vivendo na Natureza Pessoal. Este "Mundo" encontrará nos dois volumes
da DS tudo aquilo que sua máxima compreensão pode assimilar, nada mais. Isto não significa que o
Discípulo, que não está vivendo "no Mundo", não possa encontrar no livro mais do que o "Mundo"
encontra. Todas as formas, não importa o quão toscas, sejam, contêm ocultas em si a imagem de seu
"criador". O mesmo acontece com uma obra que, mesmo obscura, contém oculta a imagem do
conhecimento de seu autor. A partir desta afirmação eu concluo que a DS deve conter tudo o que H.P.B.
sabe, e muito mais que isto, considerando que a maior parte da obra vem de homens cujo conhecimento é
imensamente maior que o dela. Além disso, ela sugere de modo inconfundível que se pode muito bem
encontrar no livro conhecimentos que ela própria não possuía. É estimulante pensar na possibilidade de
que eu mesmo possa encontrar nas palavras de H.P.B. algum conhecimento de que ela não era consciente.
Ela se demorou bastante nesta idéia. X disse mais tarde: "H.P.B. deve estar perdendo sua firmeza,"
querende dizer, suponho, confiança em seu próprio conhecimento. Mas Y, Z e eu a entendemos melhor,
segundo acredito. Ela está nos dizendo, sem dúvida, para não nos prendermos a ela ou a qualquer pessoa
como autoridade final, mas para dependermos somente de nossas percepções cada vez mais abrangentes.
[Nota acrescentada posteriormente sobre o que foi escrito acima: Eu estava certo. Apresentei diretamente
a ela minhas opiniões, ao que ela aprovou sorrindo. É uma grande coisa conseguir seu sorriso aprovador?
- (ass.) Robert Bowen.]
Finalmente conseguimos que H.P.B. nos indicasse o caminho correto no que concerne ao estudo da DS.
Trato de colocar por escrito enquanto tudo está claro em minha memória.
Ler a DS página após página como se faz com qualquer outro livro (ela observa) apenas levará à
confusão. A Primeira coisa a fazer, mesmo que leve anos, é alcançar alguma compreensão dos "Três
Princípios Fundamentais", dados no Proêmio. Segue-se .com o estudo da Recapitulação - os itens
numerados no Resumo do Vol I (Parte I). Passa-se então para as Notas Preliminares e Conclusão no Vol
II.*
H.P.B. parece estar bastante segura sobre a importância do ensinamento (na Conclusão) relativo às épocas
de aparecimento das Raças e Sub-Raças. Ela explicou, de modo mais direto do que costuma fazer, que
não existe coisa tal como o "nascimento" futuro de uma raça. "Não existem nem NASCIMENTO nem
PASSAGEM, mas um eterno VIR-A-SER" ela diz. A Quarta Raça Raiz ainda está viva, como também a
Terceira, Segunda e Primeira - isto é, suas manifestações estão presentes em nosso atual plano de
substância. Acredito que sei o que ela quer dizer, mas está acima de minhas capacidades colocá-lo em
palavras. Da mesma forma a Sexta Sub-Raça está aqui, bem como a Sexta Raça Raiz, a Sétima, e mesmo
pessoas das Rondas vindouras. Isto é compreensível. Discípulos, Irmãos e Adeptos não podem ser
pessoas comuns da Quinta Sub-Raça, pois a raça é um estado de evolução.
Mas ela não deixa qualquer dúvida, no que diz respeito à humanidade em geral, de que estamos a
centenas de anos (no tempo e no espaço) até mesmo da Sexta SubRaça. Penso que H.P.B. demonstrou
peculiar ansiedade em sua insistência sobre este ponto. Ela insinuou sobre "perigos e enganos" que
surgem com a idéia de que a Nova Raça já despertou definitivamente no Mundo. Segundo ela, a duração
de uma Sub-Raça para a humanidade em geral coincide com o Ano Sideral (a precessão do eixo da terra -
em torno de 25.00O anos). Isto situa a nova raça em período ainda muito afastado.
Temos tido sessões excepcionais sobre o estudo da DS durante as últimas três semanas. Devo organizar
minhas notas e registrar os resultados com segurança antes que os perca.
H.P.B. falou bastante sobre o "PRINCIPIO FUNDAMENTAL". Disse que: se alguém imagina que vai
obter da DS um quadro satisfatório da constituição do Universo, esta pessoa somente chegará à confusão
em seus estudos. Esta obra não está destinada a dar um veredicto final sobre a existência, mas
CONDUZIR EM DIREÇÃO À VERDADE. Ela repetiu esta expressão muitas vezes.
É mais do que inútil procurarmos aqueles que imaginamos serem estudantes avançados (disse ela) e pedir
que nos dêem uma "interpretação" da DS. Eles não podem faze isto, e se o tentarem tudo o que poderão
dar serão traduções exotéricas fragmentadas e disformes que nem de longe se assemelham à VERDADE.
Aceitar tais interpretações significa nos prendermos a idéias fixas, enquanto a VERDADE está além de
qualquer idéia que possamos formular ou expressar. Interpretações exotéricas podem ser úteis e ela não as
condenava, enquanto vistas como indicadores de caminho para os iniciantes, e não aceitas pôr eles como
possuindo qualquer valor a mais. Muitas pessoas que estão na Sociedade Teosófica, e muitas ainda que
estarão, no futuro, são potencialmente incapazes de qualquer progresso que ultrapasse o alcance de uma
concepção exotérica. Mas existem alguns, e outros existirão, capazes de um alcance mais profundo, e para
eles ela mostra o seguinte e verdadeiro caminho de abordagem da DS.
Venha para a DS (ela diz) sem qualquer esperança de conseguir a Verdade final sobre a existência, e sem
qualquer outra idéia além de descobrir o quanto ela pode conduzí-los EM DIREÇÃO à Verdade. Veja no
estudo um meio de exercitar e desenvolver a mente nunca antes tocada por outros estudos. Observe as
seguintes regras:
Não importa o que se estude na DS, a mente deve manter com firmeza as seguintes idéias como base de
sua ideação:
Eu disse que, embora isso estivesse claro para mim, não acreditava que muitos membros das Lojas o
compreendessem. "A Teosofia - respondeu H.P.B. - é para aqueles que podem pensar, ou que podem ser
levados a pensar, e não para preguiçosos mentais." Ela tem se mostrado branda ultimamente; antes
costumava chamar o estudante médio de "cérebro lento"*.
O Átomo, o Homem, o Deus (ela diz) são, separadamente ou em conjunto, o Ser Absoluto em última
análise; e isto é a sua INDIVIDUALIDADE REAL. Este é o conceito Dumskulls, em inglês. (N.T.).
que se deve manter sempre no fundo da mente para servir de base para toda concepção que surgir do
estudo da DS. No momento em que esquecemos disso (o que é fácil acontecer quando estamos envolvidos
com um dos muitos aspectos intrincados da Filosofia Esotérica), sobrevém a idéia da SEPARAÇÃO e o
estudo perde seu valor.
(b) A segunda idéia a manter com firmeza é a de que NÃO EXISTE MATÉRIA MORTA. Todo átomo
final é vivo. E não poderia ser de outra forma, pois cada átomo é fundamentalmente por si mesmo o Ser
Absoluto. Por isso não existe coisa tal como "espaços" de Éter ou Akasha, ou chame como quiser, no qual
os anjos e os elementais se divertem como trutas na água. Isso é o que se pensa usualmente. O verdadeiro
conceito é o de que cada átomo de substância, não importa de que plano, é ele mesmo uma VIDA.
(c) A terceira idéia a manter é a de que o Homem é o MICROCOSMO. Assim sendo, todas as Hierarquias
dos Céus existem nele. Mas em verdade não existe nem Macrocosmo nem Microcosmo, mas UMA
EXISTÊNCIA. O grande e o pequeno só existem como tais quando vistos por uma consciência limitada.
(d) A quarta e última idéia é aquela expressa no Grande Axioma Hermético que, na verdade, resume e
sintetiza todos os outros.
Como o Interno assim é o Externo; como o Grande, assim é o Pequeno; como é acima, assim é abaixo, só
existe UMA VIDA E UMA LEI e o que atua é o ÚNICO. Nada é Interno, nada é Externo; nada é
GRANDE, nada é Pequeno; nada é Alto, nada é Baixo na Economia Divina.
Deve-se buscar relacionar com essas idéias básicas qualquer coisa que se estude na DS.
Sugeri que este tipo de exercício mental deve ser extremamente fatigante. H.P.B. acenou concordando e
sorriu. Somente um tolo (ela disse), alguém que pretenda terminar em um hospício, tentará conseguir
demais a princípio. O cérebro é o instrumento da consciência de vigília, e cada quadro mental consciente
formado significa mudança e destruição de seus átomos. A atividade intelectual comum segue por
caminhos bem traçados do cérebro e não força repentinos ajustes e destruições em sua substância. Mas
este novo tipo de atividade mental exige algo muito diferente - o traçar de "novos caminhos", o
estabelecimento de uma ordem diferente para as pequenas vidas cerebrais. Se forçado de forma insensata,
isto pode trazer sérios danos físicos ao cérebro.
Este modo de pensar (ela diz) é o que os indianos chamam de Jnãna Yoga. Na medida em que a pessoa
progride em Jnãna Yoga, percebe o surgimento de conceitos que ela, embora consciente deles, não pode
expressar e nem formular ainda em nenhum tipo de representação mental. Com o passar do tempo estes
conceitos se transformam em quadros mentais claros. Nesta hora deve-se estar em guarda e recusar ser
enganado pela idéia de que o maravilhoso quadro recém-encontrado tem de representar a realidade.
Porque não a representa. Com o prosseguimento do Trabalho se descobre que o quadro antes tão
admirado se torna apagado e insatisfatório, até que finalmente desaparece ou é descartado. Este é outro
ponto de perigo, pois a pessoa se encontra momentaneamente em um vazio, sem qualquer conceito em
que se apoiar, e pode ser tentada a reavivar a representação anteriormente desprezada, por falta de uma
melhor em que se apoiar. O verdadeiro estudante no entanto continuará a trabalhar despreocupado e logo
outros vislumbres surgirão, os quais, por sua vez, darão lugar a uma representação mais ampla e mais bela
que a última. Mas agora ele compreenderá que nenhum quadro pode jamais representar a VERDADE.
Este último se tornará tosco e desaparecerá como os outros, e assim o processo continuará até que
finalmente a mente e seus quadros sejam transcendidos e o estudante entre e permaneça no Mundo da
NÃO-FORMA, do qual todas as formas são pálidos reflexos.
O Verdadeiro Estudante de A Doutrina Secreta é um Jnãna Yogi, e esta Senda da Yoga é a verdadeira
Senda para o estudante Ocidental. A DS foi escrita para fornecer as indicações de caminho desta Senda.
Pergunto-me sobre o porquê de estar fazendo tudo isto. Este ensinamento deveria ser transmitido para o
público em geral, mas estou velho demais para fazê-lo. Entretanto me sinto como uma criança em
comparação a H.P.B., ainda que seja vinte anos mais velho.
Ela mudou muito desde que a encontrei há dois anos. É maravilhoso ver como ela se mantém firme face
ao estado grave de saúde. Mesmo se uma pessoa não soubesse e nem acreditasse em nada, H.P.B. a
convenceria de que é algo além de corpo e cérebro. Durante estas últimas reuniões, desde que ela ficou
tão doente, sinto que estamos recebendo ensinamentos de uma outra esfera mais elevada. Parece que
sentimos e sabemos tudo o que ela diz, ao invés de simplesmente a escutarmos com nossos ouvidos
físicos. X disse a mesma coisa na última noite.
19 de Abril de 1981.
APÊNDICE B GLOSSÁRIO
Karana - Causa.
Maya - Ilusão; o poder cósmico que torna possível a existência fenomenal. Mulaprakriti -
Substância não-diferenciada; a raiz da matéria.
Nastika - Ateísta, ou melhor, o que não adora quaisquer deuses ou ídolos. Parabrahman - O que está além
de Brahman; o Princípio Universal impessoal, inominado; o Absoluto.
Purusha - Espírito.
A LEI DE EVOLUÇÃO
Nem sempre a idéia de uma evolução da vida foi considerada natural. Charles Darwin, o primeiro
naturalista que defendeu cientificamente tal idéia, encontrou tanta oposição em sua época, no século XIX,
que chegou a considerar a resistência à sua obra "como um curioso exemplo da cegueira resultante de
uma opinião preconcebida"(1). Vigorava, naquela época, o Criacionismo: doutrina que sustentava a
criação independente de cada espécie a partir de um ato do próprio divino Criador. Era também
denominada Fixismo porque defendia a imutabilidade das espécies desde sua criação. Um dos seus
maiores defensores foi o Padre Suarez, que viveu no século XVI.
Darwin baseou sua idéia na ação do meio ambiente sobre os indivíduos e na luta pela vida, causadora de
um processo de seleção natural em que os indivíduos mais aptos sobreviveriam.
Na verdade, Lamarck antecipou-se a Darwin em sua posição evolucionista, mas, infelizmente, embora
tenha percebido a influência do meio ambiente, reduziu os meios dessa evolução a uma lei de uso e
desuso, e atribuiu a existência dos organismos atuais à geração espontânea, o que é cientificamente
insuficiente para explicar a evolução. Mais tarde, Weissmann, observando ratos, notou que a perda da
cauda não era hereditariamente transmissível, pois ratos que tivessem perdido a sua cauda tinham filhotes
com cauda. Criou assim uma teoria que distinguia as modificações das células somáticas, passíveis de
alterar o organismo pelo maior ou menor uso de um órgão, ou mesmo por sua eventual perda, dado que
essas não eram hereditariamente transmissíveis, das modificações das células germinativas, que seriam
aquelas que se transmitiriam às gerações futuras. Assim, por exemplo, o fato de que um tenista
geralmente desenvolve mais a musculatura de seu braço direito, pelo uso sistematicamente repetido
daqueles músculos, só produzirá uma adaptação individual do seu organismo àquele exercício, mas não
implicará que seus filhos venham a nascer com o braço direito mais desenvolvido que o esquerdo...
Assim surgiu o Neo-Darwinismo, corrigindo imprecisões da teoria Darwiniana, onde a mutação brusca e
casual, de Hugo de Vries, acrescida do crescente conhecimento sobre os mecanismos do código genético,
gerou as teorias que vigoram até hoje.
Embora exista atualmente uma aceitação geral no meio científico da teoria evolucionista, persiste a
tendência de atribuí-Ia ao acaso. A esse respeito é no mínimo interessante mencionar a posição do Prof.
Dr. Milton Menegotto, catedrático da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, conhecido
por suas obras publicadas, quando dizia:
"Suponhamos que eu te dissesse que esse relógio de ouro que uso em meu pulso era uma pepita de ouro
incrustada numa rocha no topo de uma montanha. E que pela ação da intempérie, o calor, o frio, a
tempestade, o raio, os ventos etc. aquela rocha partiu-se, e a pepita, assim liberada daquela rocha, foi
carreada pelas águas da chuva gradualmente montanha abaixo. O atrito de outras rochas e as forças da
intempérie continuaram agindo sobre a pepita por muitos anos até que carreada pelas águas da chuva ela
chegou ao sopé da montanha e era então esse relógio funcionando. Irias me levar a sério?'.
Assim, como torna-se difícil admitir que um simples relógio surgiu do acaso, e esse, nós humanos,
conseguimos construir, deveria parecer-nos muito mais difícil admitir que um corpo humano, em sua
incrível harmonia chamada vida, ou aquela outra mais incrível chamada inteligência, pudesse surgir do
acaso, porque esses, nós, humanos, não conseguimos construir.
Os medievais, e até mesmo Lamarck, acreditavam na geração espontânea como origem da vida, ou seja,
que os ratos surgiam do lixo etc. Ora, hoje isso nos parece risível! Todavia, a teoria de Oparin Müller, por
exemplo, sustenta a origem da vida ao acaso a partir da queda de raios sobre um oceano que contivesse os
20 aminoácidos essenciais. Pareceria isso de fato muito diferente da geração espontânea?
A respeito dessa teoria, o matemático N.C. Wickramasinghe, Professor da University College de Cardiff
(U.K.), e co-autor, com
Sir Fred Hoyle, do livro Evolution From Space (Evolução Proveniente do Espaço), faz o seguinte
comentário:
"O fato de os microorganismos serem muito complexos é a maior dificuldade relacionada à concepção
neodarwiniana da vida. Pode-se dizer que no momento da criação, ou da formação das bactérias, como
quer que tenha sido, 99.99% da bioquímica das formas de vida superiores já tinham sido descobertas.
Sabe-se que umas 2 mil enzimas ou mais são de importância vital para o amplo espectro de vida que vai
dos microorganismos simples ao homem As variações das seqüências de aminoácidos nessas enzimas são
em geral insignificantes. Em cada enzima uma série de posições-chaves são ocupadas por aminoácidos
praticamente invariáveis. Consideremos agora como essas seqüências de enzimas poderiam ter-se
originado de um caldo primordial, contendo em porções iguais os 20 aminoácidos biologicamente
importantes. Calcula-se que um mínimo de 15 posições por enzima devem ser preenchidas por
determinados aminoácidos para um funcionamento biológico adequado. O número de combinações
experimentais necessárias para encontrar essa associação é calculado em uns 10^40.000, uma cifra
enorme, ou melhor, astronômica. E a probabilidade de se descobrir essa associação, mediante
combinações ao acaso é de uma em 10^40.000, número que pode ser considerado a medida do conteúdo
de informação vital apenas das enzimas" (2).
Para que o leitor tenha uma idéia de quão pequena é essa probabilidade, é ilustrativo lembrar que a fração
1/10^40.000 pode também ser representada por um algarismo zero virgulado seguido de outros 39.999
zeros até chegar-se ao algarismo 1 final. Eximimo-nos de publicar tal número dessa forma porque ele
consumiria ao redor de 16 páginas somente de zeros... Mas o Prof. Wickramasinghe ainda acrescenta:
"0 número de combinações necessárias para descobrir a vida excede em muitas potências de 10 o número
de todos os átomos do Universo observável. Um vendaval que soprasse os restos de um avião teria
maiores possibilidades de juntar esses restos formando um Boeing 747 novinho em folha que os
processos do acaso de criar a vida a partir de seus componentes" (3).
Se é difícil explicar de modo probabilista a origem da vida, muito mais difícil seria atribuir a sua evolução
ao acaso até o surgimento do corpo do ser humano, sem mencionar a dificuldade maior ainda de explicar
a sua inteligência, porque, afinal, qualquer macaco tem um corpo muito parecido com o nosso. Pretender,
então, que, como afirma a lei de entropia da termodinâmica geral, qualquer sistema deixado a si mesmo
toma-se cada vez mais desorganizado e que o Universo é proveniente de uma grande explosão parece
profundamente contraditório. É pouco provável que consigamos imaginar algo mais caótico e
desorganizado que uma explosão. Se tal foi a origem do Universo, conforme a Ciência afirma, e se sua
evolução desde então foi casual e entrópica, com desordem crescente, só nos resta concluir que o
Universo ordenado no qual nós vivemos não existe, e que nós mesmos não existimos. Uma óbvia
impossibilidade! Pode a poeira cósmica resultante original de uma grande explosão organizar-se sozinha
ao acaso?
A Tradição-Sabedoria afirma, desde tempos imemoriais, que o Universo é cíclico, que se origina de um
ponto do qual se expande e que retornará a esse ponto contraindo-se para então novamente expandir-se
etc. A Ciência está gradualmente chegando a essa mesma conclusão, ao afirmar que o Universo origina-se
de uma grande explosão original (Big Bang), quando predominam as forças de repulsão ou expansão
(correspondendo ao predomínio de Brahma, o Criador, no Hinduísmo).
Gradualmente formam-se astros pela atração das massas de poeira cósmica resultante daquela explosão,
havendo um relativo equilíbrio entre as forças de atração e repulsão (correspondendo ao predomínio de
Vishnu, o Preservador, no Hinduísmo). Assim, as forças de atração gravitacional passam a predominar
tanto que surge o "buraco negro", do qual nem a luz escapa, dada a existência de massa ínfima nos fótons
que a constituem. Esse "buraco negro" passa, desta forma, a absorver sistemas solares inteiros
(correspondendo ao predomínio de Shiva, o Destruidor, Transmutador ou Libertador, no Hinduísmo) até
que seu núcleo, conforme se calcula hoje, atinja uma massa crítica que o levará a explodir novamente.
Ora, essa é a própria manifestação da lei de periodicidade ou ciclicidade universal que Blavatsky
expressou na proposição segunda do proêmio de sua obra A Doutrina Secreta, publicada em 1888, que já
citamos anteriormente no capítulo IV. Por sua vez, a autora afirmava apenas tê-la compilado de tratados
orientais milenares, conforme ali também se encontra fartamente documentado.
Além disso, pode-se perceber aqui como o ponto de vista hindu referente à Divindade, Brahman, com
seus três aspectos ou pessoas, a Trimurti, é basicamente uma descrição simbólica dos três estágios do
ciclo da manifestação do Universo, conforme a própria Ciência começa a descobrir. Esses três aspectos
do Logos, uma das designações gregas da Divindade, são encontrados pela Tradição Sabedoria com
diferentes nomes nas diversas Trindades das religiões. Correspondem, por exemplo, a Ísis, Hórus e Osíris,
na Tradição Egípcia, e ao Espírito Santo, ao Filho e ao Pai, na Tradição Cristã, respectivamente.
Infelizmente, o peso dos antropomorfismos, dos dogmas e das superstições milenares muitas vezes sufoca
e encobre o lado lógico dessas antigas concepções.
Por outro lado, se até Karnap, o grande epistemólogo, considerava as teorias da Ciência como
"inferências prováveis", por que alguns cientistas prefeririam admitir qualquer coisa, até mesmo a mais
improvável de todas - o acaso - como origem do Universo e da evolução da vida? Possivelmente, devido a
um mecanismo de defesa, para usar expressões já comuns da própria psicologia, oriundo das traumáticas
e atrozes perseguições religiosas que a Ciência moderna encontrou em seus primórdios. A Ciência
ocidental teve de escapar, em suas origens, das fogueiras da Santa Inquisição e de um Deus
antropomórfico a jogar sua ira sobre infiéis e pecadores de todo gênero, e a ser imposto dogmaticamente a
ferro e fogo.
Assim Giordano Bruno, um padre da Igreja, foi queimado vivo no não tão remoto dia 17 de fevereiro de
1600, apenas porque acreditava não ser digno da grandeza de Deus que houvesse vida somente no planeta
Terra, mas sim em Universos inumeráveis. Tal idéia foi considerada herética, bem como a de que a Terra
girava em torno do Sol, motivo pelo qual Galileu Galilei preferiu voltar atrás em sua teoria heliocêntrica,
permanecendo, mesmo assim, em prisão domiciliar até o fim dos seus dias. É, portanto, compreensível
que alguns cientistas tenham tido medo mesmo de levantar a hipótese de que possa existir um princípio
inteligente que ordene a evolução do Universo e da vida.
Contudo, tal não era o caso de um cientista ilustre como o Dr. Albert Einstein que dizia, como já citamos
no capítulo anterior:
"Eu creio em Deus... que se revela na harmonia ordenada do Universo. Eu creio que a Inteligência está
manifestada em toda a Natureza A base do trabalho científico é a convicção de que o mundo é uma
entidade ordenada e compreensível e não uma coisa ao acaso" (4).
"Pois Deus tem um plano e esse plano é a Evolução; quando o homem o tiver visto e realmente o
conhecer, não poderá deixar de trabalhar por ele tornando-se uno com ele, tal a sua glória e beleza" (5).
Todavia, gostaríamos de enfatizar que o conceito oriental aqui traduzido como Deus não corresponde
identicamente ao ocidental porque, conforme já mencionamos no capítulo III, ele é tanto espiritual quanto
material; antes é uma lei inteligente, presente inclusive na própria matéria e que é a causa da sua
ordenação. Ou como Blavatsky considera em sua primeira proposição:
"Um princípio Onipresente, sem limites, Eterno e Imutável, sobre o qual toda especulação é impossível,
porque transcende o poder da concepção humana e porque toda expressão ou comparação da mente
humana não poderia senão diminuí-lo. Está além do horizonte e do alcance do pensamento, ou, segundo
as palavras do Mandukya (Upanishad), inconcebível e inefável"' (6).
É fácil demonstrar como a tendência de fixar uma forma ou conceito para esse Princípio Onipresente, às
vezes traduzido como Deus, tem sido historicamente a causa de muita intolerância religiosa, fanatismo,
superstição e até mesmo guerras pretensamente "santas". Por exemplo, uma das maiores inconsistências
lógicas da Teologia cristã ocidental é o conceito de um Deus onipresente que não está no mal nem no
Diabo, que, aliás, é formulado para justificar a origem do próprio mal.
É sensível a diferença de tais conceitos na filosofia oriental, como podemos citar Krishna enquanto
encarnação ou manifestação de Vishnu, afirmando no Bhagavad Gita.
"Eu sou a trapaça do trapaceiro e o esplendor das coisas esplendidas Eu sou" (7).
Expressando plena, absoluta e vivamente o aspecto onipresente e imanente da divindade. Por outro lado,
não se pode reduzir tal filosofia a mero panteísmo, porque também é claro o aspecto transcendente da
divindade na seguinte passagem:
"Havendo impregnado todo este Universo com um fragmento de Mim mesmo, Eu permaneço" (8).
Tais passagens são apenas apresentadas aqui como exemplo de uma das correntes clássicas da filosofia
oriental a respeito de uma visão da divindade sensivelmente distinta da cristã tradicional. É esse sentido
último de que há um Princípio Onipresente ou Lei Ordenadora em todas as coisas que levou Blavatsky a
afirmar que "... não existe matéria morta. Todo átomo final é vivo. E não poderia ser de outra forma, pois
cada átomo é fundamentalmente por si mesmo o Ser Absoluto... Cada átomo de substância, não importa
de que plano, é ele mesmo uma Vida" (9). Assim, caso tomemos uma postura agnóstica ou estritamente
materialista e admitamos que a vida e a própria inteligência humana evoluíram de combinações fortuitas
de átomos, então teremos também que admitir que, no mínimo, a própria matéria é potencialmente
inteligente.
Essa inteligência potencial ou inconsciente na matéria apresentasse, por exemplo, na ordenação das
órbitas, partículas subatômicas que encontramos no crescimento dos cristais ou mesmo no incômodo que
um simples vírus produz, porque embora oficialmente tratado como um mero mineral pela Ciência, ele
consegue reproduzir-se ao interagir com nosso organismo. É no mínimo curioso o modo pelo qual a
matéria ordena-se naturalmente mesmo em suas manifestações mais ínfimas, sem mencionar a perfeita
ordenação dos astros num sistema solar ou numa galáxia.
Ora, se consideramos, como há pouco, que a própria Ciência começa a aceitar o Universo com
características cíclicas de expansão e contração, então, é no mínimo interessante considerar que qualquer
ciclo é ordenado e orientado. Ou seja, para tomar como mero exemplo um dos ciclos mais simples como
o dia e a noite na região equatorial, veremos que tais fases se alternam regularmente de doze em doze
horas. Noutras latitudes poderá variar tal duração do período, mas também haverá regularidade previsível.
Assim, voltando-se ao nosso exemplo, não poderíamos ter uma noite seguida de outra sem apresentar-se
um dia entre ambas. Tal é a lei da Natureza, pois todo o ciclo tem um sentido obrigatório, orientado. Não
podemos inverter-lhe a ordem, assim como não podemos fazer o tempo andar para trás neste plano. Há
visivelmente uma intenção orientada na Natureza, como expressão de sua própria essência. A Tradição-
Sabedoria não vê a evolução da forma e da vida, que até a Ciência verificou, como fenômeno casual, mas
antes como decorrente de uma pressão interior da vida oculta na forma em busca de uma maneira mais
plena de expressar-se. Assim, aquela inteligência inconsciente na poeira cósmica ordena suas partículas
ao longo de bilhões de anos até formar os astros, que se constituem de minerais, que evoluirão para a
constituição da vida orgânica vegetal e depois animal, humana etc. Há um pensamento antigo de origem
oriental que ilustra bem essa intenção evolutiva da Divindade ao afirmar:
"Deus dorme no mineral, sonha no vegetal, desperta no animal, torna-se autoconsciente no homem'.
Todavia é somente no homem perfeito, como Buda, Cristo, Krishna, Shankara e outros, que podemos
realmente vislumbrar a plenitude das potencialidades divinas ocultas no homem comum.
Uma análise mais detalhada deste pensamento sugere um esforço da Natureza, de modo que num
primeiro estágio, ou seja no reino mineral, seja conquistada a estabilidade da forma física. Assim, por
exemplo, temos minerais, como o ferro em nosso corpo, que se originaram, há bilhões de anos atrás, da
explosão de uma estrela supernova capaz de sintetizar o ferro, porque o nosso Sol não é capaz de
sintetizá-lo.
Porém a plasticidade do organismo é conquistada no reino vegetal, que indica o início da vida orgânica,
considerada pela Tradição Sabedoria como organizada por um duplo etérico, conforme consideramos no
capítulo III. Tal é a conquista desse estágio que, mesmo sem um sistema nervoso especializado, uma certa
sensibilidade começa a se desenvolver como atestam os rápidos movimentos de certas plantas carnívoras,
bem como as interessantíssimas experiências do Dr. Cleve Backster com plantas através de eletrodos de
polígrafos ou detectores de mentiras. Não corresponde ao nosso escopo detalhar tais experiências aqui,
até porque tal já foi feito no livro de Peter Tompkins, A Vida Secreta das Plantas.
O que talvez seja importante ressaltar é que a função própria do estágio evolutivo (dharma) dos vegetais,
enquanto primeiro degrau da pirâmide alimentar da vida orgânica, é justamente gerar a matéria orgânica.
Nesse sentido a ausência de um sistema nervoso especializado minimiza o sofrimento dos vegetais, de
modo que causamos muito menos dano à Natureza arrancando uma folha de uma árvore do que um olho
de um cachorro. É com esse espírito de causar menos dano à intenção evolutiva da Natureza que a cultura
hindu, por exemplo, é vegetariana.
A Natureza tem um trabalho muito maior para produzir um animal, e a conquista desse estágio culmina
na mobilidade coordenada por um sistema nervoso especializado. Isso implica a capacidade de ter
sensações, ou seja, os animais caracterizam-se por já ter um corpo astral ou emocional individualizado. A
Tradição-Sabedoria considera que o desenvolvimento evolutivo dos veículos da consciência ocorre a
partir de uma evolução inicialmente coletiva, chamada alma-grupo, até a conquista da individualização.
No reino mineral, conquista-se a forma física e o duplo etérico começa a ser formado. No reino vegetal, o
corpo físico e o duplo etérico, que organiza a vida orgânica, já estão separados, mas as emoções do corpo
astral ainda em formação acumulam-se na alma grupo. No reino animal, o corpo físico, o duplo etérico e
o corpo astral já estão separados, de modo que a alma-grupo está nucleada no plano mental, onde o corpo
mental ainda está em formação. Seria portanto errôneo dizer que o animal não pensa, embora em geral
sua memória seja pouco desenvolvida e a capacidade de abstração não exista. Contudo, mesmo o reflexo
condicionado pavloviano indica uma memória capaz de adestramento.
Por outro lado, os mamíferos superiores podem apresentar capacidades mentais razoavelmente
desenvolvidas; de modo que em busca do prazer e para fugir da dor a mente se desenvolve lentamente.
Pesquisas feitas com macacos antropóides, golfinhos, baleias etc., têm demonstrado inclusive certa
aptidão para a formação de uma linguagem própria.
Um dos casos mais interessantes foi o de Koko (10), uma gorila que aprendeu a falar por meio de uma
linguagem semelhante à dos surdos-mudos, chegando a dominar 375 palavras. Era, porém, capaz de criar
neologismos como, por exemplo, quando denominou "caçar em silêncio" à brincadeira de esconde-
esconde que lhe ensinaram. Quando lhe apresentaram uma máscara, ela denominou-a "furo para os
olhos", e ao Pinóquio ela chamou de "bebê-elefante", pela associação com a tromba. A capacidade de
mentir, e de culpar Michel, seu colega menor que só dominava 75 palavras, por qualquer problema,
também desenvolveu-se sem que ninguém lhe ensinasse. Mais impressionante porém foi quando, ao
assistir uma discussão entre especialistas sobre se ela já era adulta ou se ainda era criança, Koko interferiu
corrigindo-os ao afamar que ela era "uma gorila". Tal fato indica o surgimento de um princípio de
autoconsciência, sugerindo que o processo de individualização mental encontrava-se em estágio
avançado.
O pensamento teosófico considera que o princípio da mente abstrata, ou corpo causal, é a característica
distintiva do ser humano que lhe faculta ter autoconsciência, à medida que o conceito de "eu" sendo
reflexivo sobre si mesmo exige abstração mental. Ele surge por exclusão e objetificação de tudo mais
como sendo elementos do conjunto "não-eu", donde já se percebe que não é tão fácil definir o conceito de
"eu", porque sendo essencialmente subjetivo e reflexivo é abstrato. O bebê que ainda não desenvolveu
suficientemente sua mente ainda confunde-se com a mãe ou a toma como parte de si, porque o abstrato
conceito de "eu" ainda não foi suficientemente formulado.
mento de um raio que une instantaneamente a Terra às nuvens do céu a partir de um longo processo de
acúmulo de eletricidade estática. Quando a tensão entre os pólos assim constituídos vence a resistência do
ar o raio ocorre. Similarmente, se a força de vontade, o amor ou a inteligência desenvolvem-se no animal
além de um certo limite, segundo a Tradição-Sabedoria, ele não reencarnará mais como animal, mas seu
próximo corpo será humano, porque ele alcançou a autoconsciência.
Em média, talvez nas primeiras quinhentas encarnações no reino humano, a alma é ainda muito imatura e
primitiva, algo egoísta como criança. Apresenta ainda certas tendências animais em sua expressão, pois se
identifica demasiadamente com seu corpo físico e seus prazeres. Platão chama-as de almas de ferro em A
República. Contudo, é muito importante compreender claramente que essas classificações antigas
referem-se a estágios de despertar de consciência das almas. O conceito de fraternidade origina-se na
idéia de que todos somos irmãos e temos uma origem divina comum, e embora não estejamos todos no
mesmo estágio de evolução, isso não implica diferença de valor, pois há igualdade de valor entre irmãos,
mesmo que possa haver diferença de capacidades, desenvolvimento ou grau de despertar da consciência.
Ninguém pretenderá que, numa família, o bebê recém-nascido tenha menos valor que seu irmão de cinco
ou que sua irmã de dez anos de idade. Antes, pelo contrário, há uma tendência a auxiliar mais ao bebê
porque ele é mais frágil e necessita totalmente de nossos cuidados, amor e compaixão para que possa
sobreviver. Ele não viverá se alguém não alimentá-lo, porque ainda não desenvolveu capacidade para tal.
Nesse sentido, e com toda razão, dizia o XIV Dalai Lama que todos nós somos frutos da compaixão, que
essa é a origem comum de todos os seres humanos. Se depois nos corrompemos pelo poder e pela
guerra isso apenas demonstra que não sabemos quem somos nem qual foi nossa origem, sendo os
primeiros a sofrer por nossa própria ignorância, conforme já consideramos no capítulo sobre a
contradição humana.
Dizia Mahatma Gandhi que se pode conhecer o nível evolutivo de uma civilização pela maneira como ela
trata os animais. Isso é evidente, dada a fragilidade destes nossos pequeninos irmãos perante a força e o
poder das armas criadas pela mente humana. Poderíamos, provavelmente, estender esse conceito às
crianças, às mulheres, aos idosos, aos deficientes, enfim, a todos que podem ser mais facilmente vencidos
pela força bruta. É, às vezes, algo difícil perceber os motivos ocultos numa conduta gentil para com
aqueles que detêm mais poder ou capacidade que nós, mas é particularmente fácil evidenciá-los quando
tratamos com aqueles que circunstancialmente encontram-se com menos poder ou capacidade que nós.
Como já dizia o Cristo:
"Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes"
(11).
Por isso, é no modo de tratamento com os mais frágeis ou menos poderosos que conhecemos o verdadeiro
estágio de uma civilização como um todo, ou do nosso próprio desenvolvimento espiritual enquanto
indivíduos.
É óbvio que se as almas mais jovens ou primitivas são marginalizadas ao invés de educadas com amor e
paciência, a conseqüência inevitável é um alto nível de criminalidade. É preciso, de uma vez por todas,
compreender que uma mente pouco desenvolvida que não receba educação tem grande probabilidade de
tornar-se insensível e egoísta até porque ainda não percebe as conseqüências de seus atos. Não lhe ocorre
vivamente a dor futura que poderá advir de seus atos presentes. Possivelmente ainda não tenha
compreendido que o crime não compensa. É óbvio que essa alma ainda muito jovem precisa ser educada.
O sistema penal precisaria educar e dignificar, e não meramente punir e marginalizar. As almas mais
primitivas, assim como uma criancinha imatura, são as que mais precisam de paciência, compreensão e
amor, desde sua tenra infância. 0 meio as influencia muito, elas têm pouco desenvolvimento da mente e
da força de vontade para superar a influência do meio onde vivem. Para tais almas a educação é
fundamental. Do ponto de vista kármico, deveria ser desnecessário lembrar que a lamentável pena de
morte não é solução para tal problema porque obviamente o vínculo kármico assim gerado com o Estado
fará com que tais criminosos reencarnem naquele mesmo país, e, provavelmente, com ainda mais ódio e
predisposição ao crime.
Analogamente, se os animais desenvolverem a mente pelo medo dos homens e não pelo amor a eles, que
tipo de seres humanos eles tenderão a ser quando atingirem a individualização? Que tipo de civilização é
esta que trata os animais como mero artigo de comércio para engorde e abate, ou que considera pesca e
caça como esporte e passatempo?
Essa questão da compaixão e auxilio fraternal para com os menos evoluídos deveria despontar como
óbvia do estudo da lei de evolução, mas infelizmente nem sempre a história fez tal registro.
As inúmeras formas de dominação política e de classes sociais, a rigidez do sistema de castas na índia,
com os correspondentes maus tratos recebidos pelas castas consideradas inferiores, a manipulação nazista
do conceito de evolução racial, entre outras superstições lamentáveis, são deformações essencialmente
derivadas de uma má compreensão da lei de evolução, quando não de uma interpretação deliberadamente
deformada, egoísta e interesseira desta lei da Natureza. Deveria, portanto, ser desnecessário enfatizar a
enorme importância de uma clara compreensão desta lei que determina o próprio sentido da vida.
Um dos pontos que deve ficar muito claro, e que Platão, no livro III de A República, chegou a considerar
como "a primeira e principal regra que a Divindade impõe aos magistrados: ... de todas as coisas das
quais devem ser bons guardiães, a nenhuma dediquem maior zelo que às combinações de metais de que
estão compostas as almas das crianças" (12), ou seja, tomar sempre em consideração que o nível de
maturidade espiritual ou estágio evolutivo de cada alma não é hereditário, mas totalmente individual.
Platão enfatizou que "embora a composição paterna seja geralmente conservada nos filhos, pode suceder
que nasça um filho de prata de um pai de ouro, ou um filho de ouro de um pai de prata, e da mesma forma
nas demais classes" (13). Ora, o apego à família é um passo adiante na evolução de uma alma de ferro,
mas, por outro lado, o nepotismo costuma tornar-se um desastre na estruturação de um Estado. Platão
acrescenta:
"Porque diz um oráculo que a cidade perecerá no dia em que tiver à testa um guardião de ferro ou de
bronze" (14).
Sendo o estágio humano mais primitivo, a alma de ferro teria ainda muitas tendências animais, sendo a
identificação com o corpo físico muito forte. Assim, o seu desejo dominante é de satisfação sensual.
Costuma ser algo preguiçoso, predominando a qualidade tamásica ou da inércia de repouso. Seus
objetivos são as satisfações sensuais imediatas, e não têm a mente muito desenvolvida para perceber
vividamente as conseqüências de seus atos a longo prazo. Freqüentemente não querem assumir a
responsabilidade de educar os filhos que poderão vir a gerar em grande número ou com certa
irresponsabilidade, dado que buscam apenas a satisfação imediata de seus desejos sensuais. Todavia, até
por uma questão instintiva, as mulheres tendem a apegar-se mais às crianças porque estas foram geradas
em seu próprio corpo. Assim, o sentido de responsabilidade e fidelidade à família desenvolver-se-á
lentamente; à medida que, conduzida pelo karma, a alma vai trocando de sexo de tempos em tempos
(geralmente as investigações sugerem que o sexo do corpo é conservado pelo mínimo de três e máximo
de sete encarnações sucessivas) ela vai também conhecendo "os dois lados da moeda", ou
experimentando na própria carne as conseqüências dos seus atos. Ela colhe o que semeou. Gradualmente
ela descobre que o caminho mais rápido para a satisfação de seus desejos pode trazer frutos dolorosos a
longo prazo. Passo a passo, ela desenvolve a mente e resolve organizar os seus desejos para obter mais
satisfação e menos dor. Assim, a mente vai desenvolvendo astúcia por motivos ainda egoístas.
Inicia aqui um novo estágio: o das almas de bronze. O desejo egoísta é ainda a mola propulsora de seu
desenvolvimento. Paulatinamente a mente sofistica seus interesses e começa a arquitetar iniciativas mais
ambiciosas, superando a tendência tamásica da indiferença e acomodação. Surge o predomínio da
qualidade rajásica que busca as posses e o acúmulo de riquezas, características da alma de bronze. Mesmo
a relação afetiva da família nesse nível é muito possessiva, mas o desejo dominante já não é a mera
satisfação individual, porém passa a ser "o desejo de ajudar a própria família a viver confortável e
decentemente" (15), ou seja, deseja acumular riqueza para os seus. Esse seria o desejo dominante de uma
alma de bronze.
Cabe aqui introduzir o conceito hindu de dharma, palavra sânscrita que significa "dever, lei, direito,
justiça, virtude, moralidade etc.". (16). Annie Besant define dharma como o estágio ou "natureza interna
de uma coisa em qualquer estágio de evolução, e a lei do próximo estágio de seu desenvolvimento" (17),
ou seja, o estágio atual e a lei que rege o desenvolvimento do estágio seguinte. Assim, por exemplo, o
primeiro e mais simples dos dharmas humanos seria o da obediência, da devoção e da fidelidade. Tal qual
de uma criança, só isso podemos pedir de uma alma de ferro. Exigir mais que isso não seria fraternal, pois
é preciso ter paciência com uma alma simples onde a inteligência ainda não está significativamente
desenvolvida. É característica ainda neste estágio a falta de iniciativa própria, de modo que seu dharma é
o de servente. Como diz Annie Besant:
"Quando a faculdade de iniciativa é pequena, o juízo é destreinado, a razão é pobre e pouco desenvolvida,
o Ser é inconsciente de seu elevado destino, quando ele é predominantemente movido pelo desejo,
quando ele ainda tem que crescer pela gratificação da maioria senão de todos seus desejos, então o
dharma desse homem é o serviço, e somente cumprindo esse dharma pode seguir a lei evolutiva pela qual
ele atingirá a perfeição" (18).
A idéia essencial é a de que se uma pessoa não tem iniciativa própria, é pouco inteligente e não tem
controle sobre os seus próprios desejos e impulsos, só lhe resta a obediência às ordens de quem já tem
essas capacidades desenvolvidas para que sua evolução possa cumprir-se. De forma semelhante os pais
educam uma criança pequena.
Então, pelo cumprimento de seu dharma, a alma de ferro transmuta-se em bronze quando desperta a
ambição por acumular riquezas para sua família, como já considerávamos. Surge iniciativa, astúcia e um
certo grau de autodomínio para alcançar seus interesses. Conduzido pelo desejo ainda egoísta por posses e
riquezas, ela vai gradualmente controlando e subordinando outros impulsos de sua natureza. O dharma da
alma de bronze é aprender o primeiro uso do poder adquirindo riquezas. Nessa busca ela terá que
desenvolver a mente em várias qualidades, como por exemplo, a faculdade de não se deixar desviar do
objetivo pelo mero impulso dos sentimentos, economia, ausência de gastos e extravagâncias, desenvolver
astúcia e perspicácia para fazer melhores negócios, exatidão nos cálculos e pagamentos etc.
Gradualmente, porém, ela irá descobrindo que o acúmulo de riquezas só é possível e seguro num estado
estável, onde haja ordem, assim como também descobrirá que terá que zelar por seu nome para poder
manter suas riquezas e fazer cada vez melhores negócios porque agora ela tem algo que pode perder. Por
esses motivos, gradualmente a honestidade e o sentido de cidadania desenvolver-se-ão nela, pois esse é o
seu dharma, mesmo que tal desenvolvimento possa necessitar talvez de mais umas duzentas
reencarnações. Ele terminará por descobrir que não é possível acumular riquezas e trazer verdadeira
segurança e conforto para sua família num ambiente sem lei e ordem.
"É um mérito... ser frugal, recusar pagar mais do que deve, insistir em uma transação lícita e justa. Tudo
isso gera as qualidades que são necessárias e conduzirão para a perfeição futura. Nos seus estágios iniciais
essas qualidades às vezes são pouco amáveis, mas de um ponto de vista superior elas são o ^arma deste
homem, e se ele não for cumprido, haverá fraqueza em seu caráter, que se manifestará mais tarde e
prejudicará sua evolução". (19)
Assim, gradualmente, a alma de bronze cumpre o seu dharma de honestidade e passa a introjetar o
respeito à lei, que é a genuína cidadania, transmutando-se em alma de prata. É óbvio que não é
genuinamente civilizado, ou seja, cidadão, o indivíduo que só cumpre a lei enquanto a polícia o observa.
A verdadeira cidadania surge quando a alma respeita naturalmente a lei porque compreende que a lei é o
Estado, e que dela depende a ordem e segurança que criam a melhor forma de vida para o indivíduo e sua
família. Só então ele é verdadeiramente um cidadão, um patriota; ele desenvolveu consciência nacional.
Esse é o desejo predominante da alma de prata: servir a sua pátria, mesmo que isso possa lhe custar a
vida.
É evidente que as almas de prata já não são a maioria. Normalmente são necessárias setecentas
encarnações humanas para a alma alcançar a genuína civilidade. Conforme considera o Dr. Taimni:
"Diz-se que o número médio de vidas passadas na Terra entre a individualização e o atingimento do
Adeptado (perfeição humana, N.E.) é cerca de 777. Cerca de 700 destas são passadas na aquisição de
experiências nas condições de selvagem e semi-civilizados, cerca de 70 obtendo experiências em
condições civilizadas e aperfeiçoamento da natureza moral ç as últimas 7 trilhando o Caminho (ou Senda
Espiritual, N.E.) que conduz ao Adeptado" (20).
Talvez seja importante ressaltar, através de um breve comentário paralelo, que os números de
reencarnações apresentados neste capítulo são uma estimativa grosseira e especulativa, mas com certo
valor simbólico e pedagógico, à medida que adaptam aproximadamente a razão proporcional da
progressão geométrica aqui citada pelo Dr. Taimni. É evidente que se trata de aproximações numéricas
médias e gerais à proporção que algumas encarnações podem ter maior duração, enquanto outras podem
ser precocemente ceifadas pela morte. Mais significativo, porém, é ainda o fator, a considerar, da
disposição e vontade de aprender e cooperar, que varia enormemente de alma para alma. Contudo, sob um
ângulo pedagógico, o ponto realmente valioso desta progressão geométrica é alertar-nos para o fato de
que, à medida que a consciência vai despertando para a compreensão da vida e passa a cooperar
conscientemente com o seu propósito evolutivo, a aprendizagem e o desenvolvimento da alma aceleram-
se geometricamente, ou seja, não pela razão da adição, mas do produto.
A evolução da alma de prata já não se dá pelo egoísmo e ambição, mas pelo sacrifício pelo ideal de
justiça e ordem que a alma introjetou a lei. A verdadeira alma de prata é a defensora da lei. Seu dever é
proteger os mais fracos e indefesos, é fazer com que a lei seja cumprida. Ela deve defender o Estado e sua
ordem, expressa na lei, mesmo que para tal perca a sua vida. Assim como o verdadeiro bombeiro
sacrifica, se necessário, sua vida para salvar uma criança desconhecida das chamas. Evidentemente que é
mais fácil fazê-lo para defender o próprio filho, que afinal é uma extensão genética de nosso próprio
corpo, mas é distinto fazê-lo heroicamente por um estranho, ou morrer pela defesa de um ente ideal e
abstrato como a pátria. Conta-se que certa vez houve um atropelamento terrível, e a mãe correu
rapidamente para a multidão que cercava o corpo ensangüentado. Em seu desespero, ao conseguir
finalmente aproximar-se e ver a criança exclamou: "Graças a Deus, não é meu filho!" Mas, subitamente,
envergonhou-se ao perceber a dor da criança, ensangüentada, de modo que ao menos por um instante ela
sentiu aquela pequena criança como se fosse seu próprio filho. Afinal, poderão as diferenças físicas do
corpo separar a vida do espírito que é una? Um guardião, como Platão também chama às almas de prata, é
capaz de dar a vida por um estranho, pela lei, por ideal, por uma causa que entenda justa. Seu sentido de
eu já transcende a mera identificação pelo próprio corpo e pela família, que afinal é sua continuidade
consangüínea. Ele identifica-se com o Estado, a lei, a justiça, a nação, a comunidade. Seu dharma é o
desenvolvimento da coragem, do valor, da intrepidez, do heroísmo, de ser capaz de morrer pelo dever.
Seu trabalho é proteger o que lhe está confiado contra qualquer agressão exterior. Caso os dharmas
anteriores tenham sido bem cumpridos deverá ser possível cumprir o dharma da alma de prata em, talvez,
umas cinqüenta encarnações, porque agora a mente já atingiu certo desenvolvimento e começa a cooperar
com a lei de evolução, acelerando assim significativamente o próprio processo evolutivo. Diz o Dr.
Taimni:
'Nos estágios iniciais, essa evolução é guiada somente do exterior por hostes de agentes divinos em
operação no Sistema Solar, e a alma participa muito pouco do seu próprio desenvolvimento. Somente
quando se aproxima o fim de sua jornada e a alma se torna consciente do propósito da grande viagem
empreendida, é que começa a tomar parte cada vez mais em seu próprio crescimento e desenvolvimento -
os últimos estágios deste desenvolvimento são quase que exclusivamente guiados do interior para o
exterior". (21)
Tal é particularmente a situação da genuína alma de ouro. Se a alma de prata realmente aprendeu a morrer
pela causa, deve agora ser possível transmutar-se em alma de ouro e cumprir seu dharma de aprender a
viver por ela, morrendo diariamente para o seu eu pessoal em favor da humanidade. Tal é o desejo
predominante da alma de ouro: servir à humanidade. Neste estágio já predomina a qualidade sattvica, ou
de ritmo e harmonia.
Encontra-se aqui uma diferença sutil, pois enquanto a alma de prata tende a ser algo fanática ou rígida em
relação aos princípios de seu país, sua religião etc., a alma de ouro já deverá ter desenvolvido uma
percepção mais universal e interior da lei. Em defesa de seus princípios, a alma de prata pode ainda
incidir na intolerância e na guerra, na defesa do seu país, sua ideologia ou religião contra os outros. Não
se espera isso de uma alma de ouro. Seu dharma é a Sabedoria, a doçura, a piedade, a pureza e o perdão.
Já deve desenvolver simpatia por todas as criaturas. Ela aproxima-se da santidade e da paz espiritual.
"De onde vem esse verdadeiro sentimento de simpatia, esse sentimento de afinidade com todos os seres
humanos? Não do intelecto que é a própria fonte das tendências separativas e egoístas. A verdade é que
quando o veículo búdico está suficientemente desenvolvido, e o Ego (ou Eu Superior, N.E.) está
perceptivo à unidade da Vida no plano búdico, esse conhecimento se infiltra na consciência inferior e aí
aparecem como simpatia e ternura por todas as criaturas vivas, duas qualidades notavelmente
características de todos os santos e sábios" (22).
"São pessoas que não podem sentir-se felizes com a satisfação de suas necessidades individuais, e sua
natureza interior se recusa a ficar satisfeita enquanto a necessidade daqueles que estão em torno não for
preenchida. Quando vêem que outros sofrem, sofrem, até certo ponto, juntas... A verdadeira simpatia e a
profunda preocupação com o bem-estar dos outros não deve ser confundida com as concepções
puramente ideológicas da fraternidade baseadas somente no intelecto. Vemos estas concepções
encontrarem expressão no mundo moderno nos mais terríveis conflitos, associadas com crueldade e
insensibilidade de natureza mais bárbara" (23)
Uma alma de ouro começa a compreender que a causa do mal é a falta de percepção da luz da unidade
espiritual. O esquecimento ou falta da percepção de nossa verdadeira essência (Avidya) e a conseqüente
identificação artificial com o eu ilusório (Asmita), separativo ou personalidade, que gera o orgulho, são os
nossos verdadeiros problemas. Infelizmente, remover o egoísmo não é tão fácil quanto suprir as
necessidades básicas do corpo. Conforme considerava o jovem Krishnamurti:
"Alimentar os pobres é uma boa obra, nobre e útil, porém, alimentar-lhes as almas é ainda mais nobre e
mais útil. Qualquer homem rico pode alimentar o corpo, mas somente aqueles que sabem podem
alimentar a alma. Se tu sabes, é teu dever auxiliar outros a saber".(24)
Por esses e outros motivos, Platão considerava que cabia às almas de ouro governar o Estado, de modo
que fôssemos governados pela nossa melhor parte, ou seja, pelos mais sábios. Sua proposta de seleção
natural destes é simples: restringir os privilégios dos governantes de modo que somente as almas de ouro
mais altruístas suportem, por amor à causa, o fardo de governar em tais condições. Tal proposta, apesar de
lógica, não se encontra em nenhuma das ideologias vigentes que, unanimemente, cobrem de privilégios
seus governantes e sempre foi considerada utópica porque falta à maioria dos homens uma percepção de
sua verdadeira natureza áurea, que, todavia, freqüentemente está soterrada por metais mais vis.
Como dizia a Dra. Radha Burnier, atual Presidente Internacional da Sociedade Teosófica:
"Uma sociedade nobre não pode ser construída, nem a sabedoria pode ser encontrada, da noite para o dia.
O hábito tem poderosa influência sobre a mente humana, e por isso esta prefere a confusão e a dor de
viver sem sabedoria ao trabalho de avançar até ela. Muitas pessoas sentem que uma mudança
fundamental é inalcançável e, assim, tornam-na impossível para si mesmas. Uma nova energia varrerá
para longe as "teias de aranha" da sociedade se, pelo menos, umas poucas pessoas forem suficientemente
audazes para abrir caminho em uma nova direção - a da sabedoria - e viver de modo diferente. Então,
outros verão que o que eles consideravam impossível foi de fato alcançado, e também irão seguir a nova
direção". (25)
É extremamente importante que se compreenda que o propósito da vida humana não é meramente viver
uma vida animal sonolenta e passivamente acomodada em seus instintos, ou ansiosamente governada pela
ambição de satisfazer-se com a riqueza e o poder materiais. Precisamos despertar dessa sonolência
passiva e compreender o propósito da vida, que é a evolução, pois o dharma do ser humano é a perfeição
e a maestria sobre nosso corpo, emoções e mente, de modo que, cedo ou tarde, teremos de tomar nosso
destino em nossas próprias mãos. Ninguém poderá nos salvar se nós não fizermos isso por nós mesmos.
O ser humano é autoconsciente e, dessa forma, seu dharma é cooperar conscientemente com o plano
evolutivo, tendo, para tanto, que compreender esse plano com a mente que desenvolveu tão
laboriosamente ao longo de tantas reencarnações através de todos os diversos reinos.
"A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo esta última um
aspecto da Raiz Desconhecida; e a peregrinação obrigatória para todas as Almas, centelhas daquela Alma
Suprema, através do Ciclo de Encarnação, ou de Necessidade, durante todo esse período. Em outras
palavras: nenhum Buddhi puramente espiritual (Alma Divina) pode ter uma existência consciente
independente, antes que a centelha, emanada da Essência pura do Sexto Princípio Universal - ou seja, da
ALMA SUPREMA - haja passado por todas as formas elementais pertencentes ao mundo fenomenal do
Manvantara, e adquirido a individualidade, primeiro por impulso natural e depois à custa dos próprios
esforços, conscientemente dirigidos e regulados pelo karma, escalando assim todos os graus de
inteligência, desde o manas inferior até o Manas superior, desde o mineral e a planta ao Arcanjo mais
sublime (Dhyani-Buddha). A Doutrina axial da Filosofia Esotérica não admite a outorga de privilégios
nem de dons especiais ao homem, salvo aqueles que forem conquistados pelo próprio Ego com o seu
esforço e mérito pessoal, ao longo de uma série de metempsicoses e reencarnações". (26)
Em síntese, tal proposição significa que a mônada é feita à imagem e semelhança da divindade, sendo um
Logos em potencial, e que imerge na matéria para criar uma base física durante o reino mineral, a partir
da qual formará um organismo durante o reino vegetal, especializando um duplo etérico e iniciando
alguma atividade emocional no astral. Cada reino destes representa um esforço evolutivo dolorosamente
lento de bilhões de anos. No reino animal desenvolver-se-ão as emoções no corpo astral e iniciar-se-ão as
atividades do corpo mental. O reino humano principia quando a mônada consegue iniciar sua atividade
autoconsciente através da formação do corpo mental superior ou causal.
"Não confundas os teus corpos contigo mesmo, nem o teu corpo físico, nem o astral, nem o mental. Cada
um deles pretende ser o Ego, a fim de obter o que deseja. Precisas, porém, conhecê-los todos, e conhecer-
te a ti mesmo como o seu possuidor". (27)
Assim, enquanto alma de ferro encontra-se ainda muito identificada com o corpo físico, já sente
intensamente os desejos e emoções astrais, enquanto a mente é pouco desenvolvida.
Quando se transmuta em alma de bronze já consegue controlar algo do corpo físico, está identificada com
a alma apetitiva ou corpo astral, sendo ainda impulsionada predominantemente pelas emoções e desejos,
mas já os orienta pela mente inferior que ordena as suas ambições essas, por sua vez, estimulam o
desenvolvimento da mente inferior. Até, aqui, portanto, predominam os veículos do quaternário inferior,
personal e egocêntrico.
Mudança significativa ocorre no estágio seguinte: o da alma de prata. Começa a entrar em atividade mais
significativa o corpo causal, ou alma racional de Platão, de modo que sua vida já é algo orientada por
princípios que transcendem a personalidade, que principia a ser influenciada pelo Eu Superior. Assim,
embora a mente inferior, ou alma irascível, ainda seja o centro de identificação e já esteja bem
desenvolvida, as emoções já estão razoavelmente sob controle da mente, e desperta-se uma consciência
mais civilizada e altruísta pelo estímulo do corpo causal, capaz de seguir leis abstratas ou princípios.
Quando, porém, transmuta-se em alma de ouro, o corpo causal principia a dominar a personalidade,
tornando-se um ponto de identificação, que já é inspirado por uma incipiente percepção da unidade da
vida pelo princípio búdico.
Se os dharmas anteriores foram bem cumpridos é possível vencer este estágio talvez em umas vinte
reencarnações e despertar o veículo búdico quando a alma santifica-se e tem início a Senda Espiritual
propriamente dita, que culmina na perfeição humana ao longo de mais umas sete reencarnações em
média. Esse tema dos estágios da Senda Espiritual será melhor detalhado no capítulo VIII.
É fundamental perceber que uma verdadeira compreensão do processo evolutivo do dharma deveria
despertar em nós as virtudes da paciência e da tolerância, porque dela surge também a compreensão de
que cada estágio evolutivo tem o seu lugar apropriado na economia da Natureza. Como considera a Dra.
Annie Besant: "Se não pudermos fazer grandes coisas, que façamos pequenas coisas perfeitamente, pois,
a perfeição jaz na perfeição de cada detalhe e não no tamanho do ato. Não há nada grande, nem nada
pequeno do ponto de vista do Ser. O ato do Rei, cuja vontade molda uma nação, não é maior do ponto de
vista do Ser que o ato da mãe ao afagar uma criança chorando. Cada um é necessário, é parte da Divina
atividade. Porque é necessário, ele é grande em seu próprio lugar, e o todo, não qualquer uma das partes,
é a vida do Ser. Ela é como um imenso mosaico, e cada fragmento que não esteja no seu lugar próprio
provoca uma mancha na perfeição do todo. Nossas vidas são perfeitas à medida que preenchem a lacuna
no grande mosaico, e se deixarmos de fazer nosso trabalho enquanto ansiamos por outro, dois lugares
podem ficar vazios, e o todo mal feito" (28). "Sofrimentos de toda classe decorrem quando o fruto é
colhido antes de estar maduro... Pode-se julgar o progresso de um homem por sua boa vontade de
trabalhar com a Natureza e submeter-se à Lei... Liso explica porque a moralidade é algo relativo, porque o
dever tem de diferir para cada alma de acordo com o estágio de sua evolução" (29).
Assim, é pelo cumprimento o mais perfeito possível do dharma do nosso estágio evolutivo, ou seja, pelo
atingimento de uma perfeição relativa ao nosso dharma, que, etapa por etapa, nos aproximamos com mais
segurança do estágio de homem perfeito ou Mahatma.
Todavia, é importante ressaltar que no estágio da alma de ouro já não é mais suficiente seguir apenas
regras e leis externas ao indivíduo ou meramente convencionais. É preciso que se desperte uma percepção
interior da própria lei de evolução e da lei do karma no interior do próprio aspirante.
"Um roteiro de ação indicado pela sabedoria além de ser seguido invariavelmente pela ação certa, é isento
de hesitação ou pesar, mesmo que, no momento, a ação resulte em perda, desconforto ou sofrimento, por
causa da plena certeza de reverter em nosso benefício, com o correr do tempo, aquilo que é correto". (30)
"Pela palavra retidão não quero dizer um Código de Conduta, baseado em qualquer religião ou ideologia,
mas o hábito constante de praticar naturalmente, sem esforço ou luta, aquilo que consideramos certo tanto
quanto possamos ver" (31). "Sempre que fazemos o que consideramos correto, sem levar em conta as
conseqüências que podem acarretar-nos, purificamos um pouco a nossa mente, e a luz de buddhi brilha
um pouco mais através dela" (32). "Sempre que nos sentimos incapazes de traduzir em ação o que
desejamos fazer, há seguramente uma dúvida oculta no recôndito de nossa mente, embora não a
percebamos. Não é tanto uma questão de força de vontade, quanto de percepção correta e clara. Não
requer muita força de vontade abster-se alguém de tomar qualquer coisa que saiba conter veneno" (33).
Assim, quando o homem aprende a agir somente segundo nishkamakarma ou seja, agindo sem buscar
recompensa pessoal, fazendo o bem pelo bem, o justo pelo justo, o belo pelo belo ele., ele sacrifica o seu
ego inferior e se santifica. Seu desejo dominante passa a ser o de reunir a vontade pessoal à Vontade do
Supremo. Sobre tal desejo de se unir com Deus, dizia o jovem Krishnamurti em Aos Pés do Mestre:
"Na vida diária isto implica duas coisas: em primeiro lugar, ter o cuidado de não fazer mal a nenhum ser
vivo, e em segundo, vigiar sempre as oportunidades de prestar auxílio". (34)
O homem que realmente aspira identificar-se com a vontade do Supremo, entra para a Senda, ressuscita
em espírito e nasce para a Vida Eterna.
Em síntese, poder-se-ia considerar novamente que, na média, necessita-se de 700 vidas, desde uma
condição animal, para civilizar-se, ou seja, para introjetar a lei humana e compreender realmente que o
crime não compensa; mais 70 vidas para compreender a lei do karma, ou lei divina, aprendendo a dar de
si sem esperar pela recompensa, o que santifica o homem, colocando-o no início da Senda de Perfeição.
Duas definições clássicas desta Senda acelerada de Despertar Espiritual podem ser aqui acrescentadas.
Primeiramente a de Geoffrey Hodson:
"Desde que o homem é um ser autoconsciente, ele possui o poder de submeter-se a um processo de
estimulação para o amadurecimento espiritual, para uma auto-aceleração. Ele pode apressar a realização
de sua meta, através da aplicação deliberada, numa forma intensificada, dos princípios que governam o
crescimento normal". (35)
Segue a do jovem Krishnamurti em Aos Pés do Mestre: "Entras para a Senda porque aprendeste que
somente nela se podem encontrar as coisas dignas de aquisição. Os homens que não sabem, trabalham
para adquirir a riqueza e o poder, porém, estes bens são, quando muito, para uma vida somente e,
portanto, irreais. Há coisas maiores do que essas - coisas reais e duradouras; quando as tiveres visto uma
vez, não mais desejarás as outras... Pois Deus tem um plano e esse plano é a Evolução; quando o homem
o tiver visto e realmente o conhecer, não poderá deixar de cooperar nele, unificando-se com ele, tal a sua
glória e beleza... Estuda profundamente as leis ocultas da Natureza e organiza a tua vida de acordo com
elas, utilizando sempre a razão e o bom senso... Estuda, pois, mas estuda em primeiro lugar o que mais te
habilite a auxiliar os outros... porque o sábio pode ser sabiamente útil. Por muito que desejes prestar
auxílio, enquanto fores ignorante, poderás fazer mais mal do que bem" (36). Assim, o santo tem ainda 7
vidas para compreender tão bem a lei da Evolução, a ponto de tornar-se uno com ela, atingindo o
Adeptado ou Perfeição Humana. Como teria dito certa vez um Mestre:
'Temos que combater em nossas próprias batalhas, e o adágio familiar "o Adepto torna-se tal, não é feito",
é literalmente verdadeiro" (37).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
(1) DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. São Paulo, Hemus, 1981.
(2) WICKRAMASINGHE, Nalin Chandra. E se a Vida Veio do Espaço? Logos. Rio de Janeiro, 10:37-
43, mar./abr. 1983, p. 42. (compilado de O Correio da Unesco, n° 7, julho, 1982).
(3) Ibidem, p. 42.
(4) HODSON, Geoffrey. O Reino dos Deuses. Porto Alegre, FEEU, 1967.
(5) KRISHNAMURTI, J. At the Feet of the Master (Aos Pés do Mestre). Trad. do original inglês
confrontada com a versão portuguesa. (São Paulo, Pensamento, 1977). Wheaton, The Theosophical
Publishing House, 1974.
(6) BLAVATSKY, H.P. A Doutrina Secreta. São Paulo, Pensamento, 1980, v. 1, p. 81.
(7) THE BHAGAVAD Gita. Trad. Annie Besant. Madras, The Theosophical Publishing House, 1973, p.
150 (10:36).
(8) Ibidem, p. 152 (10:42).
(9) BLAVATSKY, H.P. Fundamentos da Filosofia Esotérica. Brasília, Ed. Teosófica, 1991, p. 84.
(10) KOKO: a gorila que fala. Correio do Povo. Porto Alegre, 04 out. 1983.
(11) THE HOLY Bible. King James Version, 1611. New York, American Bible Society, 1980. Matthew
25:40. (Mateus 25:40).
(12) PLATÃO. Diálogos, A República. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, s. d. p. 128.
(13) Ibidem, p. 128. (14) Ibidem, p. 128.
(15) TAIMNI, I.K. Autocultura; À Luz do Ocultismo. Rio de Janeiro, Grupo Annie Besant, 1980, p. 76.
(16) MONIER - WILLIAMS, Sir Monier. A Sanskrit-English Dictionary. Delhi, Motilal Banarsidass
Publishers, 1990, p. 510. (17) BESANT, Annie. Dharma. Madras, The Theosophical Publishing House,
1977, p. 17.
(18) Ibidem, p. 38-9. (19) Ibidem, p. 41. (20) TAIMNI, op. cit., p. 122-3. (21) Ibidem, p. 123.
(22) Ibidem, p. 141. (23) Ibidem, p. 141. (24) KRISHNAMURTI, op. cit., p. 11-2.
(25) BURNIER, Radha. On The Watch-Tower. The Theosophist, Madras, 3/92:83-85, dec. 1992, p. 85.
(26) BLAVATSKY, H.P. A Doutrina Secreta. São Paulo, Pensamento, 1980, v. 1, p. 84-5.
(27) KRISHNAMURTI, op. cit., p. 9.
(28) BESANT, Annie. A Vida Teosófica. In: A Doutrina do Coração. Brasília, Ed. Teosófica, 1991, p.
90-1.
(29) , op. cit. nota (16), p. 18-9. (30) TAIMNI, op. cit. p. 158.
(31) Ibidem, p. 157. (32) Ibidem, p. 157. (33) Ibidem, p. 159. (34) KRISHNAMURTI, op. cit., p. 27.
(35) HODSON, Geoffrey. Meditações Sobre a Vida Oculta. São Paulo, Pensamento, 1984, p. 7.
(36) KRISHNAMURTI, op. cit., p. 7-12.
(37) BEECHEY, Katherine A. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria. Rio de Janeiro, Sociedade
Teosófica no Brasil, 1981, p. 83.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
Fraternalmente,
Osmar de Car
Coordenador da Loja Teosófica Virtual
osmar@teosofia.com.br