Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/contagio/contagio-29.php
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/contagio/contagio-29.php
Medicina hospitalar no século XIX
O século XIX foi caracterizado por grandes mudanças, pode-se afirmar que este estava
assente numa dicotomia entre a prática médica do ponto de vista teórico – Anatomia
clínica, e a Medicina Laboratorial, correspondendo respectivamente à primeira e
segunda metade do século XIX. A Medicina Laboratorial encontrava-se apoiada numa
crescente interacção entre ciências biológicas e não biológicas. As áreas como a
fisiopatologia, etiologia, físico-química e biologias modernas sofreram um grande
desenvolvimento, tendo sido protagonizadas por grandes nomes como o de Louis
Pasteur (1822-1895), Koch (1843-1910) e Claude Bernard (1813-1878).
Em Londres as intuições era sólidas, no entanto, nos Estados Unidos da América devido
às grandes diferenças sociais existentes, houve necessidade de se estabelecer uma
organização social diferente. Para que pudesse existir uma consolidação, alguns
hospitais especializados dos Estados Unidos da América associaram-se a sociedades
particulares alemãs, italianas e judias, criando-se fortes laços.
Os hospitais de Paris tiveram uma grande ênfase ao nível cirúrgico, nos anos 40 do
século XIX, resultante da entrada da anestesia na medicina.
Theodor Billroth (1829-1894), cirurgião alemão que se tornou mais tarde professor de
Viena, foi pioneiro na cirurgia abdominal, usando anti-sépticos, e posteriormente
métodos assépticos.
Louis Pasteur, teve muita importância pois criou a bacteriologia patológica com o seu Memoire
sur la fermentation lactique (1857), em 1864 descobriu a existência de micro - organismos, que
provocavam doenças, criando as bases de uma nova teoria - teoria do germe; descobriu ainda
em 1880 o estreptococo, em 1881 desenvolveu a vacina contra o carbúnculo, em 1885,
alcançou o sucesso mais notável ao vacinar um jovem pastor, mordido por um cão raivoso,
injectando-lhe extractos da medula espinhal de um cão portador da doença.
Koch juntamente com o inglês R. Ross (1857 – 1932), um dos grandes impulsionadores
da medicina e higiene tropicais.
Até então o papel do médico era observar e examinar extensamente o doente, tendo de
interrogá-lo, apalpá-lo e auscultá-lo, ponderando várias hipóteses para chegar a um
diagnóstico. Vindo em certos casos a anatomia tanatológica apoiar este tipo de
investigações. No entanto, este procedimento estava a mudar e começava a ser
introduzido o laboratório, usando aparelhos que doseiam e numeram as alterações
fisíco-quimicas. Um elevado número de elementos da classe médica passou não só a
examinar apenas, mas também a enviar amostras para esses, o que foi determinante para
a evolução da medicina.
A descoberta do raio X, por Wihelm Roentgen em 1895 foi bastante importante, pois
rapidamente começou a ser utilizado pelos médicos uma vez que permitia um diagnostico
mais preciso.
Neste século, também foram efectuadas inúmeras descobertas ao nível da genética, mas
só vieram a ter relevância no século XXI.
Com tanta inovação, não eram apenas os pacientes atraídos para o hospital como
também pessoas que queriam participar como agentes activos nestas novas técnicas de
investigação. Os hospitais foram então perdendo o seu estigma de caridade e tornaram-
se mais atractivos para os pacientes. O papel do hospital era agora mais do que uma
simples visita ao doutor ou farmacêutico.
A posição da enfermagem foi muito debatida, pois a imagem dos enfermeiros sofreu
uma grande transformação. A antiga falta de instrução era agora substituída por um
ensino e informação mais cuidada. Estas alterações levaram a classe média a procurar
hospitais. Graças à afluência da classe média aos hospitais, estes criaram serviços
especiais e quartos privados. Na Inglaterra alguns profissionais empreendedores
aproveitaram o aumento da procura dos cuidados hospitalares para estabelecerem as
suas próprias instituições.
http://pt.ars-curandi.wikia.com/wiki/Medicina_hospitalar_no_s%C3%A9culo_XIX
87. Graça, L. (2000) - Evolução do Sistema Hospitalar:
Uma Perspectiva Sociológica (III Parte). Europa: O
Sistema Tradicional (1096-1867) [The History of
Hospitals, Part III. Europe: The Traditional System
(1096-1867) ](a)
O hospital é, de certo, este lugar com uma dupla faceta, as duas faces de
Janus, ao mesmo tempo atracção e repulsão. Traduz todas as
ambiguidades de um espaço, primordialmente destinado aos indigentes e
aos velhos, independentemente de toda e qualquer doença, e depois aos
doenets hipertécnicos, antes de ser recupoerado pelos eu passado com a
chegada de pessoas precárias para quem o hospital é muitas vezes o
último recurso.
In "L'histoire de l'hôpital"
Last but not least, esta fase de evolução do sistema hospitalar coincide com
o reconhecimento de jure e de facto da medicina (incluindo a cirurgia) como
profissão, isto é, dotada de autonomia técnica e de poder jurisdicional ou de
auto-regulamentação (Steudler, 1974; Freidson, 1984).
Por outro lado, não é óbvio que o hospital toutes classes, o hospital aberto a
todos os grupos da população, independentemente da sua condição
socioeconómica, garanta a equidade no acesso aos cuidados de saúde
(Chauvenet, 1978).
Não admira, por isso, que na época vitoriana, há um século atrás, o custo
da construção civil representasse mais de 95% do custo de um hospital
central em Londres. Em contrapartida, em alguns hospitais de ponta, hoje
em dia, o custo do equipamento médico pode atingir os 35% do custo total
(Caetano, 1995).
Figura 2 - Estrutura de custos do hospital contemporâneo, em percentagem (França,
1984)
Encargos
médico-
Encargos c/
farmacêuticos;
reparação e
8,2
manutenção; 2,5
Encargos com a
hotelaria; 8,3
Encargos
financeiros e Encargos com o
outros; 15,6 pessoal; 65,4
Fonte: Adapt. de CERC (1984) - L'hospitalisation en France. Cit. por Maillard (1986.142)
Nº de pessoal não
50 mil 522 mil
médico
A este propósito, retomo aqui as ideias desenvolvidas por mim próprio e por
Faria sobre aquele documento (Graça e Faria, 1994).
Todavia, os desafios que se põem hoje à saúde, dentro e fora da União
Europeia, "não podem deixar de ter em conta o debate (necessariamente
teórico-ideológico) sobre os modelos de saúde/doença e de organização e
administração dos serviços de saúde (que não se esgotam nas questões do
financiamento)" (Graça e Faria, 1994).
Esse debate está, em grande parte, por fazer, por uma multiplicidade de
razões: "por inépcia da classe política, por estratégia defensiva da
corporação médica e do 'lobby' da indústria biomédica, por fraqueza
estrutural das organizações de utentes de saúde e, muito provavelmente
também, por ausência de movimentos sociais e de participação de outros
importantes stakeholders, como os cientistas sociais".
Do ponto de vista dos autores, o pano de fundo desse debate passaria
também "pela desconstrução do modelo biomédico e hospitalocênctrico que
se desenvolveu tentacularmente com o Estado-Providência, e que tenderá
muito provalvelmente a reforçar-se com o avanço espectacular das
biotecnologias e da genética molecular".
De acordo com uma leitura crítica desta teoria, feita por mim noutro lugar
(Graça, 1995), a especialização médica não pode ser vista apenas como uma
forma de divisão técnica do trabalho no hospital. Pelo contrário, ela introduz
uma noção de hierarquia social e, com ela, um sistema de selecção. Ou seja,
passa a haver uma hierquização dos médicos, dos serviços e das fileiras de
cuidados, e consequentemente um acesso desigual dos doentes.
ORIGEM DO NOME
Na Europa medieval que irá ser profundamente marcada pela terrível
fragilidade da condição humana e pela escatologia cristão, esses hóspedes
eram originariamente qualquer pessoa que necessitasse de qualquer tipo de
cuidados (alojamento, alimentação, abrigo, ajuda, conforto, assistência ou
tratamento): não só os doentes, os incapacitados, os deficientes, os velhos,
os pobres, os vagabundos como também os peregrinos e os viajantes
(Rosen, 1960; Coe, 1973, Steudler, 1974).
Não havia, no entanto, uma clara distinção entre o cuidar dos corpos e o
cuidar das almas. Segundo a mentalidade cristã da época, a doença, o
sofrimento, a pobreza e a morte estavam submetidas à vontade divina. A
assistência aos enfermos e aos demais "pobres de Cristo", por sua vez, era
considerada como uma virtude cristã e como uma manifestação da
misericórdia de Deus. A caridade era então uma espécie de certificado de
alforro: Dar aos pobres era emprestar a Deus, ou seja, quantas mais boas
obras se amealhassem na terra, mais garantias tinha um cristão de alcançar
o céu e, com ele, a salvação eterna.
Não admira, por isso, que o hospital cristão medieval vá ser estruturado,
até na sua própria arquitectura e na sua organização espacio-temporal,
como a casa de Deus, um lugar onde, mais do que curar a doença, se
cuida sobretudo da salvação da alma. Daí os primitivos hospitais em
França adoptarem a designação de Hôtel-Dieu, como o de Paris, fundado
no Séc. VII (provavelmente por volta de 651), e considerado hoje o mais
antigo dos hospitais existentes em todo o mundo (Imbert, 1958).
Numa ampla sala, com colunas, vêem-se três camas, duas delas, dispostas
sob colunas, alinhadas contra a parede lateral, e viradas para o altar-mor.
Situação que era então muito frequente na época, há cinco doentes para
três camas. E mais pessoal do que doentes: nada menos do que onze. São
todos religiosos, a avaliar pelo vestuário e pelas funções que estão a
desempenhar. Nove são mulheres. Dos homens, um é o capelão, que está a
distribuir a comunhão e o outro é um acólito, transportando uma vela
acesa. Das mulheres, quatro trazem a comida aos doentes, enquanto uma
está a fazer um tratamento. Outras duas estão atarefadas a amortalhar dos
doentes que faleceram. Finalmente, as duas restantes consolam, cada uma
delas, a sua criança, muito provavelmente órfã ou abandonada.
Não admira, por isso, que o essencial das receitas do hospital, quer em
espécie quer em géneros, provenha do seu património fundiário (alugueres
de prédios urbanos, foros e rendas de prédios rústicos, exploração agrícola
directa, etc.).
Unidade: Libra
Total %
Tipo de rendimentos
Em espécie 173 26.6
Foros e rendas de bens fundiários 144 18.8
Legados, doações, ofertas, etc. (a) 27 3.5
Direitos senhoriais 2 0.3
Em géneros 593 77.4
Foros, dízimos, etc. 33 4.3
Exploração directa (v.g., vinho, trigo) 560 73.1
Total geral 766 100.0
(a) Incluindo 11 libras para a compra de camas, roupa, etc.
Unidade: Libra
Total %
Produtos
Vinho 297 53.0
Trigo 170 30.4
Cereais 56 10.0
Animais 35 6.3
Madeira 2 0.3
Total 560 100.0
Fonte: Adapt. de Rosen (1963. 11)
ARQUITETURA E ENGENHARIA
HOSPITALAR
O PIB era então calculado em 300 mil contos de réis enquanto a dívida
pública ia ao dobro;
Indicador Valor
Importações 44
Exportações 22
Não sem uma ponta de imodéstia, mas também consciente do seu emergente
protagonismo como facultativo, comenta o nosso articulista:
Não admira, por isso, que na época vitoriana, há um século atrás, o custo da
construção civil representasse mais de 95% do custo de um hospital central
em Londres. Em contrapartida, em alguns hospitais de ponta, hoje em dia, o
custo do equipamento médico pode atingir os 35% do custo total (Caetano,
1995).