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ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e Suas Regras. 10.ed.

São
Paulo: Loyola, 2005.

Flávia Lopes Barbosa Siqueira¹

A presente resenha irá discorrer sobre os primeiros capítulos (O Senso Comum e a


Ciência) do livro Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e Suas Regras.
No primeiro capítulo, o autor Rubem Alves, discute a importância da desmistificação
do cientista. Inicialmente, o livro nos convida a refletir o que se passa na nossa cabeça
quando pensamos na palavra “ciência” ou “cientista”. O autor preocupa-se ao falar sobre
o que se tornaram os cientistas. O cientista virou um mito. E Todo mito é perigoso, porque
induz o comportamento e inibe o pensamento. Esse é um dos resultados engraçados (e
trágicos) da ciência. (ALVES, 2005, P. 10). Pode-se destacar também o trecho onde o
autor fala que precisamos acabar com o mito que o cientista é mais inteligente que as
outras pessoas. Sabe-se que o ser humano possui uma série de habilidades, e o fato de
sermos bons em determinado assunto, não quer dizer que somos mais inteligentes que
outras pessoas.
A partir disso, o autor realiza uma reflexão acerca da especialização, para ele os
cientistas são como pianistas, que resolveram se especializar em uma técnica só. De
acordo com Rubem Alves, a especialização pode se transformar em uma perigosa
fraqueza, pois, a partir do momento que um grande estudioso se especializa na sua área,
pode acabar não compreendendo as diversas linguagens de outras áreas.

A ciência não é um órgão novo de conhecimento. Ela é hipertrofia de capacidades


que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto maior a
visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da
especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos (ALVES, 2005, P.
12)

Nesse contexto, o texto chega à discussão em torno do senso comum. Conforme o


autor evidencia, a expressão “senso comum”, certamente foi criada por pessoas que
consideravam-se intelectualmente superiores àquelas que não possuíam uma
especialização científica. No que se refere a definição dessa expressão, Rubem Alves,
prefere não defini-la e considera que faz parte do senso comum tudo aquilo que não é
ciência. Logo, senso comum é aquilo que aprendemos em casa, com nossos pais, avós e
também passamos para nossos filhos. Crenças, costumes, receitas caseiras e tantas
outras coisas presentes no nosso cotidiano fazem parte do senso comum. Já a ciência,
não é uma forma de conhecimento diferente do senso comum, mas sim especialização de
algumas habilidades, assim como, disciplina e controle do uso delas. Para o autor, senso
comum e ciência partem do mesmo princípio e possuem a mesma necessidade básica.
Compreender o mundo é uma necessidade de todos os seres humanos. Desde os
primórdios, o homem tenta compreender o mundo e suas mudanças. Vale ressaltar que
nem sempre tivemos a ciência em nossas mãos, e por muito tempo o senso comum foi a
única forma de sobrevivência.
Na segunda parte do texto, o autor aborda a questão do pensar, para ele, o
pensamento surge a partir de uma problemática. O problema, é o ponto de partida para
análise e tentativa da resolução do mesmo. A gente pensa porque as coisas não vão bem
- alguma coisa incomoda. Quando tudo vai bem, a gente não pensa, mas simplesmente
goza e usufrui… (ALVES, 2005, P. 24). Neste capítulo, o autor afirma que para
desenvolver o saber científico é preciso formular e resolver problemas. Além disso, é
necessário construir hipóteses para o alcance dos objetivos. Por fim, o autor mostra
através de diversos exemplos, problemas práticos e a maneira na qual deveríamos
analisá-los e resolvê-los.

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