DIREITO PENAL I (parte GERAL) - Esquema 3 – setembro 2019 –
Fontes do Direito Penal
1. Conceito: Fonte é o lugar de onde o direito provém. 2. Classificação das Fontes: 2.1. De produção, material ou substancial: refere-se ao órgão incumbido de sua elaboração / órgão responsável pela declaração do Direito. Compete à União (CF, art. 22, I). Parágrafo único do artigo 22 dispõe que lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas de Direito Penal. 2.2. Formal, de cognição ou conhecimento: modo pelo qual o Direito Penal se exterioriza / são os meios pelos quais se exterioriza o direito. Subdivide-se em: imediata: a lei, norma de Direito que manifesta a vontade do Estado na definição dos fatos proibidos e na cominação das sanções →composta de preceito primário (descrição da conduta) e secundário (sanção); mediata: costume, princípios gerais do direito, jurisprudência e doutrina, LINDB, art. 4º. 3. Classificação da lei penal a) leis incriminadoras: são as que descrevem crimes e cominam penas. b) leis não incriminadoras: não descrevem crimes, nem cominam penas. c) leis não incriminadoras permissivas: tornam lícitas determina das condutas tipificadas em leis incriminadoras. Exemplo: legítima defesa. d) leis não incriminadoras finais, complementares ou explicativas: esclarecem o conteúdo de outras normas e delimitam o âmbito de sua aplicação. Exemplo: arts. 12, 22 e todos os demais da Parte Geral do CP. 4. Características das normas penais a) exclusividade: só elas definem crimes e cominam penas; b) anterioridade: as que descrevem crimes somente têm incidência se já estavam em vigor na data do seu cometimento; c) imperatividade: impõem-se coativamente a todos, sendo obrigatória sua observância; d) generalidade: têm eficácia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive inimputáveis; e) impessoalidade: dirigem- se impessoal e indistintamente a todos. Não se concebe a elaboração de uma norma para punir especificamente uma pessoa. 5. Normas penais em branco (cegas ou abertas): são normas nas quais o preceito secundário (cominação da pena) está completo, permanecendo indeterminado o seu conteúdo. Trata -se, portanto, de uma norma cuja descrição da conduta está incompleta, necessitando de complementação por outra disposição legal ou regulamentar. Ato administrativo: nas leis penais em branco em sentido estrito o complemento do preceito primário é formulado por meio de ato administrativo. Nesses casos, o ato é considerado fonte mediata do Direito Penal. 6. Fontes formais mediatas 6.1. Costume: consiste no complexo de regras não escritas, considera das juridicamente obrigatórias e seguidas de modo reiterado e uniforme pela coletividade. São elementos do costume: a) repetição da conduta (elemento objetivo); b) convicção de obrigatoriedade (elemento subjetivo). Os costumes são obedecidos com tamanha frequência que acabam se tornando praticamente regras imperativas, ante a sincera convicção social da necessidade de sua observância. Diferente é o hábito, onde inexiste a convicção da obrigatoriedade jurídica do ato. Há três espécies de costume: a) “contra legem”: inaplicabilidade da norma jurídica em face do desuso, da inobservância constante e uniforme da lei→ também pode ser denominado costume ab-rogatório, por estar implicitamente revogando disposições legais. exemplo: o ‘jogo do bicho’ (jogo de azar expressamente proibido pela legislação); b) “secundum legem”: traça regras sobre a aplicação da lei penal.→ tipo de costume estabelecido por lei: Código Civil, Art. 569. O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; c) “praeter legem”: preenche lacunas e especifica o conteúdo da norma→ conduta paralela, não prevista no ordenamento jurídico (seja esta previsão uma proibição ou autorização), como exemplo: o cheque pré-datado (o cheque é uma modalidade de pagamento à vista, mas estabeleceu-se o ‘costume’ de utilizá-lo como modalidade de pagamento à prazo). 6.1.1. O costume não cria delitos, tampouco comina penas (princípio da reserva legal). O costume contra legem não revoga a lei, em face do que dispõe o art. 2º, § 1º, da LINDB, segundo o qual uma lei só pode ser revogada por outra lei. O sistema jurídico brasileiro não admite que possa uma lei perecer pelo desuso, porquanto, assentado no princípio da supremacia da lei escrita (fonte principal do direito), sua obrigatoriedade só termina com sua revogação por outra lei. Noutros termos, significa que não pode ter existência jurídica o costume contra legem. 6.2. Princípios gerais do direito: tratam-se de princípios que se fundam em premissas éticas extraídas, mediante indução, do material legislativo. 6.3. A analogia não é fonte formal mediata do Direito Penal, mas método pelo qual se aplica a fonte formal imediata, isto é, a lei do caso semelhante. De acordo com o art. 4º da LINDB, na lacuna do ordenamento jurídico, aplica-se em primeiro lugar outra lei (a do caso análogo), por meio da atividade conhecida como analogia; na sua ausência, recorrem-se então às fontes formais mediatas, que são o costume e os princípios gerais do direito. 6.4. Jurisprudência: alguns autores acrescentam como fonte mediata a jurisprudência. Com o surgimento da súmula vinculante (art. 103-A da CF/88 e Lei 11.417/2006), fortaleceu ainda mais essa posição de ser a jurisprudência, ao menos nessa hipótese, fonte de Direito Penal.