Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
08 - Tecido Ósseo
08 - Tecido Ósseo
HISTOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
TECIDO ÓSSEO
Os ossos formam o esqueleto, estrutura essencial de sustentação do corpo humano. Ele também protege órgãos
vitais como o encéfalo, medula espinhal, coração e pulmão além de servir de local para inserção de músculos,
participando do sistema locomotor e participar do armazenamento de minerais, principalmente o cálcio. Os ossos contêm
uma cavidade interna que abriga a medula óssea, órgão hematopoiético responsável pela produção das células do
sangue.
Todos os ossos são recobertos, tanto na superfície interna como na externa, por camadas de tecido contendo
células osteogênicas. Internamente, tem-se o endósteo (tecido conjuntivo frouxo), que contém uma camada de células
osteogênicas e osteoblastos. Externamente, o osso é revestido pelo periósteo (tecido conjuntivo denso), que nele é
composto por fibras externas de colágeno tipo I e substância fundamental rica em proteoglicanos e glicoproteínas.
MATRIZ ÓSSEA
A matriz óssea, considerada como material extracelular calcificado, é constituída por componentes orgânicos e
inorgânicos. Como não existe a difusão de substancias através da matriz calcificada do osso, a nutrição dos osteócitos
depende de canalículos que perfuram esta matriz. Esses canalículos possibilitam as trocas de moléculas e íons entre os
capilares sanguíneos e os osteócitos.
COMPONENTE INORGÂNICO
A parte inorgânica dos ossos constitui cerca de 65% de seu peso seco. Os principais constituintes são: cálcio,
fósforo, magnésio, citratos e bicarbonato. O cálcio e fósforo estão presentes na forma de cristais de hidroxiapatita que
esta ordenada entre as fibras de colágeno tipo I dando ao osso força e dureza. Os cristais atraem água formando a capa
de hidratação, permitindo trocas de íons com o fluido extracelular.
COMPONENTE ORGÂNICO
O componente orgânico do osso é composto principalmente por fibras de colágeno tipo I, mas também é
possível identificar outras estruturas como glicosaminoglicanos sulfatados (condroitino-sulfato e queratan-sulfato). Estes
glicosaminoglicanos se ligam covalentemente formando os proteoglicanos curtos. Estes por sua vez se ligam ao ácido
hialurônico formando os compostos de agrecanos. É possível também identificar a presença de glicoproteínas
(osteocalcina, osteopontina e sealoproteína).
CÉLULAS OSTEOPROGENITORAS
As células osteoprogenitoras são originárias das mesenquimatosas embrionárias, elas têm a capacidade de
realizar mitose e se diferenciar em osteoblastos. Em condições de baixa de oxigênio, essas células podem diferenciar-se
em células condroblásticas. As células osteoprogenitoras são mais abundantes no período de crescimento ósseo
intenso.
OSTEOBLASTOS
Os osteoblastos são produzidos a partir da
diferenciação das células osteoprogenitoras, sua principal
função é a secreção de matriz óssea orgânica (fibras
colágeno tipo I, proteoglicanos, glicosaminoglicanos).
Estão localizados na superfície dos ossos como células
colunares ou cuboides (semelhante a um arranjo de
epitélio simples). Além disso, os osteoblastos lançam
prolongamentos curtos que entram em contato para
formar as junções comunicantes.
Ao fazer a exocitose da matriz óssea, os
osteoblastos vão se envolvendo por essa matriz, ficando
situados em regiões denominadas lacunas, para formar os
osteócitos.
A maior parte da medula óssea vai ser calcificada
entre a matriz e os osteoblastos formando-se uma
camada delgada que os separam: o osteoide.
1
www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA
Essas células possuem receptores ainda para hormônios paratireoidianos. Quando esse hormônio se liga aos
receptores, as células secretam ligante osteoprotegerina (OPGL), um fator indutor da diferenciação dos
préosteoclastos em osteoclastos, como o fator osteoclastoestimulante, que ativa os osteoclastos a reabsorverem ossos.
OSTEÓCITOS
Os osteócitos são células ósseas maduras derivadas dos osteoblastos que ficaram aprisionados dentro das
lacunas (um osteócito apenas por lacuna) da matriz extracelular calcificada. Das lacunas, irradiam canalículos que
abrigam os prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos. Esses prolongamentos entram em contato entre si,
formando junções comunicantes, permitindo a comunicação de íons e pequenas moléculas.
Os osteócitos são essenciais para a produção da matriz óssea, e sua morte é seguida por reabsorção da matriz.
OSTEOCLASTOS
São células gigantes e multinucleadas derivadas de um precursor na
medula óssea comum com os monócitos: a célula progenitora granulócita
macrófago. Os osteoclastos desempenham papel na reabsorção óssea
(participam dos processos de remodelação dos ossos) e estão localizadas
nas lacunas de Howship. Um osteoclasto está dividido em 4 regiões:
Zona Basal: maior concentração de organelas. Está mais distante
das lacunas de Howship.
Borda Ondulada: é a parte da célula responsável pela reabsorção
óssea. Ela possui projeções digitiformes, fazendo-a mudar
continuamente de forma ao se projetarem, formando o
compartimento subosteoclástico.
Zona Clara: está localizada na periferia da borda ondulada. Possui
muitos filamentos de actina que formam o anel de actina,
contribuindo para as integrinas da plasmalema da zona clara manter
contato com a periferia óssea da lacuna de Howship.
Zona Vesicular: está localizada entre a zona basal e a borda ondulada. É rica em vesículas endocíticas e
exocíticas que transportam enzimas lisossômicas para o compartimento subosteoclástico.
ESTRUTURA DO OSSO
Os ossos são classificados de acordo com sua forma anatômica
Ossos Longos: Corpo situado entre duas cabeças. Ex: Tíbia
Ossos Curtos: Possuem aproximadamente mesma largura e comprimento. Ex: Ossos do Carpo
Ossos Chatos: São achatados delgados semelhantes a placas. Ex: Ossos da caixa Craniana
Ossos Irregulares: Tem forma irregular. Ex: Esfenoide e Etmoide
Ossos Sesamoides: Formam-se dentro de tendões. Ex: Patela
2
www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA
A superfície articular dos ossos é revestida por cartilagem hialina, altamente polida, que reduz a fricção dos
ossos que se articulam. A placa epifisária e a metáfise são responsáveis pelo crescimento do osso em comprimento.
A diáfise é coberta pelo periósteo exceto nos tendões e onde os músculos se inserem no osso e na superfície
articular dos ossos. O periósteo é formado por tecido conjuntivo denso não-modelado, rico em fibras colágenas e são
fixas nos ossos pelas fibras de Sharpey. A camada externa ajuda a distribuir o suprimento sanguíneo enquanto a
camada celular interna possui células osteoprogenitoras e osteoblastos.
OBSERVAÇÕES MICROSCÓPICAS
Na observação microscópica é possível identificar dois tipos de ossos: Primário e secundário.
Primário (Imaturo / não lamelar): é o primeiro osso a se formar durante o desenvolvimento fetal e durante a
reparação óssea. Ele é rico em osteócitos e em feixes de colágeno não modelado, que, mais tarde serão
substituídos por osso secundário.
Secundário (maduro / lamelar): é osso maduro composto por lamelas paralelas ou concêntricas. Nesses ossos
apresentam trabéculas que se ligam com lacunas vizinhas formando uma rede de canais intercomunicantes, que
facilitam o fluxo de nutrientes hormônios, íons e produtos do catabolismo dos e para os osteócitos.
HISTOGÊNESE DO OSSO
Durante o desenvolvimento embrionário, a formação do osso pode ocorrer de duas maneiras: intramembranosa
ou endocondral.
O primeiro osso a se formar é o osso primário, que mais tarde será reabsorvido e substituído pelo secundário,
que permanece por toda vida e é reabsorvido lentamente.
4
www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA
CALCIFICAÇÃO ÓSSEA
A calcificação começa quando há deposição de fosfato de cálcio sobre a fibrila de colágeno. Esta calcificação é
estimulada por alguns proteoglicanos e pela osteonectina.
2+ 3-
Os osteoblastos liberam vesículas contendo íons Ca e PO 4, cAMP, ATP, pirofosfatase, proteínas ligantes de
2+
cálcio e fosfosserina. A membrana da vesícula da matriz possui numerosas bombas de cálcio, que transportam íons Ca
para dentro da vesícula. Com o aumento da concentração desse íon, ocorre cristalização e o cristal de hidroxiapatita em
crescimento rompe a membrana estourando a vesícula da matriz, liberando seu conteúdo.
A alta concentração de hidroxiapatita de cálcio, liberada pelas vesículas, agem como ninhos de calcificação, e
juntamente com a presença de fatores de calcificação e proteínas ligantes de cálcio, promove a calcificação da matriz.
REMODELAÇÃO ÓSSEA
No adulto, a formação e a reabsorção de osso permanecem em equilíbrio, enquanto o osso é remodelado para
atender às forças aplicadas sobre ele. Entretanto, o osso cortical e o osso esponjoso não são remodelados da mesma
maneira, pois os osteoblastos e as células osteoprogenitoras do osso esponjoso estão contidos dentro dos limites da
medula óssea, e por isso, estão sob influencia direta das células da medula.
A estrutura interna do osso adulto é remodelada continuamente com novo osso sendo formado e o osso morto
ou o que está morrendo, sendo absorvidos. Este processo está relacionado aos seguintes fatos:
Os sistemas de Havers são substituídos continuamente.
O osso precisa ser reabsorvido em uma área e ser adicionado em outra para adequar-se às mudanças das
tensões exercidas sobre ele (peso, postura, fraturas, etc.).
OBS: as lamelas intersticiais observadas no osso adulto são restos de sistemas de Havers remodelados.
FRATURAS
Após uma lesão, osso sofre uma séria de processos de reparo (formação óssea intramembranosa e endocondral)
responsável pela volta de sua integridade.
A) Vasos sanguíneos são rompidos perto da fratura e a hemorragia causada é a responsável pela formação de
um coágulo de fibrina, interrompendo o suprimento vascular.
B) O coágulo sanguíneo que preenche o local da fratura é invadido por pequenos capilares e por fibroblastos
provenientes do tecido conjuntivo circundante, havendo a formação de tecido de granulação e a migração de
células inflamatórias é intensa. Além disso, há a liberação de mediadores químicos e fatores de crescimento.
C) O coágulo é invadido por células osteoprogenitoras provenientes do endosteo, formando um calo de osso
trabecular. A camada mais profunda das células osteoprogenitoras em proliferação se diferenciam em
osteoblastos e começam a produzir um colar ósseo, aderindo-se ao osso morto. Outras células
5
www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA
Nanismo: retardo do crescimento em crianças com deficiência de vitamina D, sem a qual, a mucosa intestinal não
absorve cálcio.
Gigantismo: crescimento exagerado dos ossos em crianças.
Acromegalia: ocorre nos adultos com excesso de secreção de somatotrofina, causando um espessamento
anormal dos ossos.
Osteoporose: diminuição da massa óssea devido à queda dos níveis de estrógeno, diminuindo a atividade de
osteoblastos. Com isso, a reabsorção óssea por meio dos osteoclastos passa a ser maior.
Raquitismo: ocorre em crianças com deficiência em vitamina D. Distúrbios na calcificação das cartilagens, ossos
deformados.
Osteomalácia: deficiência de vitamina D em adultos.
Tumores ósseos:
Condromas (benigno)
Condrossarcomas (maligno)
Osteomas (benigno)
Osteossarcomas (maligno)