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FIBROSE QUÍSTICA

RELEVÂNCIA C
Rafael Silva Teixeira
rafaelesteixeira@gmail.com

Harrison’s Principles of Internal Medicine 20.ª ed


Cecil Essentials of Medicine 9.ª ed.

1
Legenda
SÍMBOLO COMPETÊNCIA SÍMBOLO SIGNIFICADO
MECANISMOS
MD de DOENÇA
INTEGRAÇÃO DE
CONHECIMENTO

D Estabelecer um
DIAGNÓSTICO ESTRATÉGIA
PEDAGÓGICA
P Medidas de saúde e
PREVENÇÃO
MUITO IMPORTANTE

T Elaborar um plano
TERAPÊUTICO
CONHECIMENTO
Elaborar plano de ESSENCIAL
GD GESTÃO DO DOENTE
MENOS perguntável
SÍMBOLO SIGNIFICADO

REFERÊNCIA INCOERÊNCIA
CHECK
a outros capítulos
2
Conceitos
EXOCRINOPATIA
Mutações no gene CFTR
Canal aniónico na membrana luminal/ apical das células epiteliais
Regula o volume e composição das secreções exócrinas

AFECTA MUITOS TECIDOS EPITELIAIS, INCLUINDO

1 Pulmões

2 Pâncreas

3 Sistema gastrointestinal

4 Órgãos reprodutivos

MORTALIDADE E MORBILIDADE mais associada à DOENÇA PULMONAR


(falência respiratória)
Epidemiologia
Existem programas nacionais de rastreio neonatal (TESTE DO PEZINHO)
MAIORIA dos pacientes é diagnosticada na INFÂNCIA
Mas alguns apenas na idade adulta

É a doença genética LETAL mais COMUM na população caucasiana


Frequência de portadores da doença [1 alelo mutado] é de 1:29 indivíduos
Doença [ambos os alelos mutados] afecta 1:3300 indivíduos

Expectativa de vida mediana são 37 anos


Até 1940 → em regra morriam durante o 1º ano de vida
Actualmente → 45% dos pacientes têm >18 anos (EUA)

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MD Genética 6
Cílios
AUTOSSÓMICA RECESSIVA 3 4
Cloro CFTR
Mutações no gene CFTR
2
Existem 2000 variantes alélicas Complexo Proteossoma
Apenas 10% são causadoras de doença de Golgi
1 5
Ret. Endoplasmático

Classes de defeitos no gene CFTR Núcleo

Classe Defeito Alelos


I Ausência de síntese (alelos G542X, R553X, W1282X (prevalente em Ashkenazi
non-sense) sendo o genótipo + comum em Israel)
II Defeito de maturação e F5o8del (mais comum, 70% dos alelos
degradação prematura defeituosos)
III Defeito de gating/ regulação G551 (~5% dos alelos
IV Defeito de condutância
V Defeito de transcrição
(anormalidades de splicing e
promotor)
VI Aumento de turnover da
superfície celular
5
MD Fisiopatologia
1 Proteína CFTR NORMAL:

Em mts tecidos epiteliais, a SECREÇÃO DE CLORO E BICARBONATO ARRASTA ÁGUA


passiva/, o que permite a mobilização e excreção das SECREÇÕES EXÓCRINAS

2 Proteína CFTR ANORMAL:


1 Transporte de
CLORO defeituoso

2 Aumento da reabsorção de
SÓDIO nas vias aéreas e
ductos epiteliais
1 2
Secreções anormalmente espessas e viscosas
S. respiratório, hepatobiliar, gastrointestinal e reprodutivo

Dificuldade em expelir secreções espessas


SINTOMAS RESPIRATÓRIOS
Obstrução e destruição dos ductos nos outros órgãos exócrinos afectados (ex: pâncreas)
→ FIBROSE E DISFUNÇÃO 6
MD Fisiopatologia
1 Vias aéreas tornam-se colonizadas

S. aureus ou H. Influenza Inicialmente P. Aeruginosa Seguidamente (após anos)

2 Infeção e inflamação persistentes das VAs

Destruição da parede brônquica e BRONQUIECTASIAS

3 Rolhões de muco nas pequenas vias aéreas

DILATAÇÃO QUÍSTICA das vias aéreas pós-obstrutivas

DESTRUIÇÃO do parênquima OBSTRUÇÃO progressiva do fluxo aéreo

4 Hipoxémia

Outras complicações que podem surgir:

1 Aspergilose Broncopulmonar Alérgica 2 Infecção por micobacterias não tuberculosas

3 Colonização e infecção por organismos multirresistentes


Burkholderia cepacia na FQ avançada (confere mau prognóstico) 7
D Clínica
1 CRIANÇAS 2 ADULTOS

Tosse crónica com expectoração


Pele com sabor a SAL espessa, sibilos e dispneia

Hipocratismo digital

Pólipos nasais
Atraso de crescimento e esteatorreia
Insuficiência Pancreática e Diabetes

Azoospermia (infertilidade masculina)


Íleus meconial
CONSIDERAR Fibrose Quística se:
(10-20% dos recém-nascidos) " Sinusite crónica inexplicada
" Bronquiectasias
" Infertilidade masculina com
ausência de ductos deferentes
" Pancreatite ou má-absorção
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D Diagnóstico
RASTREIO Programas neonatais: Identificar RN com POSSÍVEL Fibrose Quística

Teste do pezinho Doseamento do tripsinogénio imunorreactivo sérico


Não ocorre libertação das enzimas pancreáticas para o lúmen que se acumulam no sangue

DIAGNÓSTICO DEFINITIVO

1 Teste do suor Medição da concentração de cloro no suor

Os níveis de cloreto são marcadamente


elevados em doentes com FQ

Altamente específico de Fibrose Quística


[Cloro] > 60 mEq/L em ≥ 2 avaliações + clínica consistente com FQ

2 Genotipagem Pode ser usada se teste do suor for duvidoso

CONFIRMA o diagnóstico (se mutações conhecidas forem encontradas em ambos os alelos)


Pode ser usada nas raras situações em que
3 Medição da diferença de potenciais nasais ambos os testes anteriores são inconclusivos
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É um teste específico para FQ (↑ diferença de potencial) usado em muitas clínicas
D MCDTs
PROVAS DE FUNÇÃO VENTILATÓRIA

Obstrução Resposta broncodilatadora pode ocorrer

Hiperinsuflação

IMAGIOLOGIA TORÁCICA

Espessamento da parede brônquica


Bronquiectasias

Hiperinsuflação
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Caso clínico
Um menino de 1 ano é trazido ao pediatra pela mãe por má progressão ponderal. A mãe
está preocupada com o filho ”ser mais pequeno que os restantes meninos do infantário”.
Desde o nascimento que a mãe tem tentado várias fórmulas de leite artificial devido a
“fezes gordurosas e soltas” na fralda. A revisão dos hábitos alimentares da criança não
revelou nenhuma deficiência, tendo iniciado a diversificação alimentar há 6 meses
incluindo glúten. A mãe refere vários episódios de epistáxis no último mês. Tem
antecedentes de 3 admissões hospitalares por bronquiolites, e a mãe refere que a tosse
tem persistido desde o último episódio, há 1 mês atrás. Ao exame físico, apresenta
sibilância bilateral à auscultação cardíaca e equimosas dispersas pelas extremidades. Qual
a causa mais comum para a má progressão ponderal do doente?
A. Alergia ao glúten
B. Atraso constitucional
C. Intolerância à lactose
D. Insuficiência pancreática
E. Maus tratos

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Caso clínico
Um menino de 1 ano é trazido ao pediatra pela mãe por má progressão ponderal,
esteatorreia e epistáxis recorrente. Tem antecedentes de 3 admissões hospitalares por
bronquiolites, e a mãe refere que a tosse tem persistido desde o último episódio, há 1 mês
atrás. Ao exame físico, apresenta sibilância bilateral à auscultação cardíaca e equimosas
dispersas pelas extremidades. Qual a causa mais comum para a má progressão ponderal
do doente?
A. Alergia ao glúten- não está tipicamente associada a sintomas respiratórios
B. Atraso constitucional- seria assintomática
C. Intolerância à lactose- caracterizada por cólicas, distensão abdominal e diarreia após
ingestão de derivados do leite. É incomum em crianças <6 anos e não se associa a
condições pulmonares.
D. Insuficiência pancreática- a manifestação gastrointestinal mais comum da Fibrose
quística é a insuficiência pancreática. Se não identificada através do rastreio neonatal
ou ileus meconial, o atraso de crescimento e infeções recorrentes sinopulmonares
devem levantar a hipótese. As equimoses são explicadas pelo défice de vitamina K
(lipossolúvel)
E. Maus tratos- embora se possa apresentar com atraso de crescimento e equimoses, o
diagnóstico torna-se menos provável na presença de tosse crónica e esteatorreia.
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