Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Óptica I
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialsolfo1/default.asp
Esta série de tutoriais apresenta o estudo para implantação da
tecnologia GPON aplicada à solução FTTH em um condomínio de
alto padrão fornecendo serviços como voz, dados e imagem, com
taxa de downstream de até 2,5 Gbit/s. Na Rede Óptica Passiva não
há equipamentos ativos no meio do enlace entre cliente e
prestador de serviço, permitindo que o prestador possua uma rede
de acesso de baixo custo de implantação e manutenção quando
comparada à rede metálica e o número de acessos que a mesma
oferece. As novas redes ópticas passivas ampliam a largura de
banda disponível para o atendimento e, além disso, permite o
aproveitamento das estruturas de redes já existentes e, no futuro
disponibilizarem altas taxas de velocidade compatíveis para o
atendimento aos serviços da Futura Geração de Banda Larga.
Contempla também o histórico de surgimento da Fibra Óptica e
Redes Passivas, bem como seu princípio de funcionamento,
multiplexação do sinal óptico, equipamentos e maneiras de
entrega do sinal através das soluções FTTx.
Os tutoriais foram preparados a partir do trabalho de conclusão de
curso “Soluções de atendimento em Fibra Óptica”, elaborado
pela autora, e apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica, da
Faculdade Pitágoras, como requisito parcial para a obtenção do
título de Graduado em Engenharia Elétrica. Foi orientador o Prof.
Marcelo dos Santos Menegazzo.
Este tutorial parte I apresenta um breve histórico do surgimento da
fibra óptica e das redes que a utilizam, descreve as Redes Ópticas
Passivas, os equipamentos básicos de uma rede PON, seu
Protocolo de transporte e os diversos tipos de multiplexação em
comprimento de onda, e as topologias possíveis para uma Rede
Passiva.
(1
)
Onde α é o coeficiente de atenuação, L (km) é o comprimento da
fibra, Pin é a potência do sinal de entrada e Pout é a potência de
saída na fibra.
As principais causas de atenuação na fibra definem-se por:
absorção, espalhamento e curvaturas.
Define-se como Perda por Absorção Total (Pat) a somatória das
Perdas por Absorção Intrínseca (Pai), Extrínseca (Pae) e, por
Alteração Atômica (Paa). A Perda por Absorção Intrínseca ocorre
devido à qualidade do material utilizado na fabricação da Fibra
Óptica, geralmente sílica, em torno de 0,003 dB por km. A Perda
por Absorção Extrínseca relacionada com a impureza do material
onde pode ter a presença de íons hidroxila (água dissolvida no
vidro) e Perda por Absorção por Alteração Atômica (normalmente é
desprezível, porém exposto à radiação, o material da fibra pode
sofrer alterações atômicas e significativas) (FERNANDES, 2003).
A Perda por Espalhamento é a dispersão de parte da energia
luminosa guiada pelos vários modos de propagação em várias
direções no interior da fibra, conhecidos por espalhamento
de Rayleigh, Raman estimulado e Brillouinestimulado. O mais
conhecido espalhamento de Rayleigh ocorre pela não linearidade
do sinal devido a defeitos na estrutura física do material
construtivo da Fibra Óptica provocando irradiação da potencia do
feixe luminoso (APOSTILA, 2006).
Outro tipo de atenuação que se apresenta na Fibra Óptica está
relacionado com as deformações mecânicas que a mesma sofre no
enlace conhecido como Macrocurvaturas e Microcurvaturas. A
Macrocurvatura ocorre quando a fibra sofre um raio de curvatura
muito acentuado e o sinal de luz tende a se irradiar para fora da
fibra, a Microcurvatura são pequenas irregularidades no raio de
curvatura da fibra, que podem se originar no processo de
fabricação da Fibra Óptica ou por pressões laterais no processo de
cabeamento da fibra, podendo ter danos irreversíveis que
impedem o seu uso (FERNANDES, 2003). Por isso para cabeamento
de fibra óptica é importante se ter mão de obra especializada para
que ocorram menos danos na implantação da Fibra e na atenuação
do sinal devido à macrocurvaturas e emendas mal feitas.
É importante que num projeto óptico, todas as perdas do enlace
sejam somadas, como as citadas acima e também dos elementos
ópticos (transmissor e receptor), emendas, conectores,
componentes passivos e ativos, e que o estudo do resultado final
seja viável a implantação do enlace atendendo os critérios de
parâmetros do sistema como normas ITU-T e também a
necessidade da operadora/cliente.
Sabendo quais equipamentos serão instalados nas pontas (Tx-Rx),
quantas emendas o enlace irá possuir, a atenuação dos elementos
passivos do enlace, pode-se usar o OTDR (Refletômetro Óptico por
Domínio de Tempo – Optical Time Domain Reflectometer). O OTDR é
um instrumento de medida, o qual detecta luz refletida em
emendas ou conectores e luz retro-refletida devido ao fenômeno
de Espalhamento Rayleigh. Assim, localização de eventos (falhas,
emendas e conectores) e medidas de perdas de transmissão a
partir de um extremo da fibra óptica é possível de se efetuar de
modo eficiente. Assim com este valor basta somar a atenuação dos
elementos e conectores instalados em Tx e Rx para se conseguir a
atenuação total do enlace.
Características de utilização
A utilização da fibra óptica está cada vez maior, por apresentar
uma ótima relação Custo/Benefício e principalmente por não existir
outros meios de comunicação com melhores parâmetros de
Atenuação, Velocidade de Propagação, Capacidade de Transmissão
e Custos, tão bons quanto os apresentados pelas fibras ópticas.
A contínua evolução das Fibras permite a implantação hoje de
redes ópticas, classificando-as em três categorias principais: rede
core, na figura 5 representada como Rede Global, Rede
Metropolitana e Rede de Acesso.
155 a
155/622 155/622 1244 2488
Velocidade
s de upstream upstream upstream upstream
transmissã
o
622/1244 622/1244 1244 1244 ou
2488
downstre downstre downstre
(Mbit/s)
am am am downstre
am
Distância 20 km 20 km 10 km 20 km
Número de
32 32 16 / 32 64
divisões
Tipos de Rede Óptica Passiva
APON – Rede Óptica Passiva sobre Modo de Transferência
Assíncrona
Até a década de 90, muitas redes PON foram desenvolvidas e
testadas todas utilizando como conceito de multiplexação TDM,
porém as taxas de transmissão que se utilizava para atender os
serviços de telefonia e ISDN estavam inadequadas, visto a
necessidade do transporte de dados. Assim o PON passou a ser
baseado em Asynchronous Transfer Mode (ATM) conceituando o
APON e cooperando para a unificação das Redes DSL (Digital
Subscriber Line) (LIN, 2006).
A idéia do atendimento da última milha em uma rede óptica PON é
disponibilizar todos os serviços por um único enlace com altas
taxas, ou seja, um par de fibras leva a informação até próximo do
cliente (nos armários ou nos prédios) ou até o cliente.
O atendimento final ao usuário atualmente realizado em Redes
xDSL ( x Digital Subscriber Line), a banda se limita à distância que o
usuário se encontra da central de operações e a qualidade da
instalação elétrica, visto que todos os elementos da rede são
ativos. Assim quanto maior for a proximidade, mais largura de
banda o mesmo poderá ter em sua rede de acesso.
Em 1995, a British Telecom junto a mais 21 empresas de provedores
e fornecedores de serviços de banda larga, representadas na
tabela 3, formaram o FSAN (Full Service Access Network – Serviço
Completo de Acesso a Rede) que surgiu com o objetivo de criar
padronizações e projetar o modo mais barato e rápido para se
ampliar às redes de alta velocidade, implementando o Protocolo IP
(dados), vídeo e 10/100 Ethernet em cima da fibra para clientes
residenciais e empresariais no mundo.
Tabela 3: Identificação das Operadoras que participam do
Comitê FSAN
(Fonte: TAKEUTI, 2005)
BT – Bristish
Malta Telecom
Telecommunications
BellSouth SBC
Verizon Telstra
KT – Korean Telecom
Assim para planta física PON passou a ser baseado no protocolo
ATM conceituando o APON, PON por ser a opção mais viável
financeiramente em soluções de broadband óptica em larga escala
e, a utilização do protocolo ATM porque é viável a múltiplos
protocolos nos seus 53 bytes. O APON idealizado pela FSAN e
aceito pela ITU (União Internacional de Telecomunicações
– International Telecommunication Union) como norma (ITU-T G.983).
Considerou-se como prioridade o atendimento a usuários
residenciais e na sua versão inicial não incluiu o serviço de vídeo
(LIN, 2006).
De acordo com a norma G.983.1, as redes APON tiveram
inicialmente as taxas de 155 Mbit/s (Megabytes por segundo), mas
para a transmissão de vídeo viu-se a necessidade de aumento da
taxa para 622 Mbit/s, que são distribuídos até as ONUs (Optical
Network Unit – Unidade Óptica da Rede) conectados a rede.
BPON - Rede Óptica Passiva Banda Larga
Após o APON, o desenvolvimento de novas tecnologias para o
atendimento em altas taxas de bits para transferência de
informações fez do BPON o próximo passo nas Redes Ópticas
Passivas.
O primeiro padrão para o BPON segue norma ITU-T G983.1, que
tem por padrão atender a taxas de 155 Mbit/s simétricos e 622/155
Mbit/s assimétrico sendo que para downstream 622 Mbit/s e 155
Mbit/s para upstream, após com a necessidade de se incluir um
novo comprimento de onda para transmissão de vídeo, estudos da
ITU aprovaram a norma ITU-T G983.3, onde a capacidade de link foi
estendida para 622 Mbit/s simétricos e 1244/622 Mbit/s
assimétrico assim teve-se a oportunidade de utilizar o PON para
atendimento em ultima estância para VDSL (KEISER, 2006).
Baseada no protocolo ATM a rede BPON é capaz de integrar dados,
voz, serviços de vídeo a clientes empresariais e residenciais por
uma única fibra, podendo realizar o atendimento final de acordo
com as soluções FTTx.
EPON - Rede Óptica Passiva sobre Ethernet
O EPON surgiu da idéia que a tecnologia APON era imprópria para
devido uso devido a sua falta de capacidade de transmissão de
vídeo, banda insuficiente, complexidade e custo. O rápido
desenvolvimento do Ethernet fez as taxas de transmissão
alcançarem os Gbit/s e a conversão entre os protocolos ATM para
IP, foram necessárias. A principais soluções de atendimento, para
as quais se aplica o EPON, são: FTTB, FTTC tendo por objetivo em
longo prazo a substituição para FTTH para entrega de serviços de
dados, voz e vídeo em cima de uma única plataforma com largura
de banda maior que o APON (KEISER, 2006).
Em novembro de 2000, um grupo de empresas com o objetivo de
padronizar a Ethernet PON no IEEE (Institute of Electrical and
Eletronics Engineers – Instituto de Engenharia Elétrica e de
Eletrônica), formaram um grupo de estudo para desenvolver um
padrão que aplicasse o estudo em uma rede de acesso.
A rede EPON adere a muitas recomendações da ITU-T G983, existe
na Norma G985 recomendações para enlaces ponto a ponto
Ethernet. A diferença fundamental entre EPONs e APONs é: EPON
os dados são transmitidos em pacotes de comprimento variável de
até 1,518 bytes de acordo com o IEEE 802.3 protocolo para
Ethernet, considerando que em APONs, os dados são transmitidos
em 53 bytes (IEC, 2009; KEISER, 2006).
GPON – Gigabit Passive Optical Network
A Rede Óptica Passiva Gigabit tem por capacidade transmitir
maiores velocidades de banda nas redes de acesso. Surgiu para
superar o BPON e EPON, com a idéia principal de transmitir
comprimentos de pacotes variáveis a taxa de gigabit por segundo,
para isso o grupo FSAN reuniu esforços e em abril de 2001
começou a desenvolver novas padronizações, sendo
posteriormente aprovadas e publicadas pela ITU-T na série de
recomendações para aplicação de um GPON, sendo os padrões
G984.1 a G984.4, publicados no primeiro semestre de 2008.
Descrito no padrão G984.1, as características gerais do GPON como
a sua arquitetura, tipos de serviços, taxas de bits desejadas podem
ser evidenciadas na tabela 4 e posterior na figura 11 que
representa uma arquitetura GPON.
Tabela 4: Obrigações do Serviço GPON
(Fonte: KEISER, 2006).
Parâmetro Especificações GPON
Aplicação em: 10/100 Base-T Ethernet, Telefonia Analógica,
Serviço
SONET/SDH, TDM, ATM.
Downstream>: 1,244 e 2,488 Gbit/s; Upstream: 155 Mbit/s,
Taxa de Dados
622 Mbit/s, 1,244 Gbit/s, 2,488 Gbit/s
Distancia 10 a 20 km máximo
Número de
Máximo 64 divisões
Divisões
Downstream voz/dados: 1480 to
Comprimentos
1500nm; Upstream voz/dados: 1260 to 1360
de onda
nm; Downstream de video: 1550 to 1560 nm
Proteção Proteção Totalmente Redundante 1+1; Proteção parcialmente
(comutação) Redundante 1:N
A segurança de informação no nível de protocolo para o
Segurança tráfego de downstream: por exemplo, a utilização
do Advanced Encryption Standard (AES).
Ainda no upstream é preciso se reservar uma banda de guarda,
demonstrado na figura 26, entre os pacotes de transmissão das
diferentes ONTs para que ocorra o menor erro de bit possível
mediante colisões de pacotes (CHOCHLIOUROS; KEISER, 2006).
Convencional (WDM)
Grosseiro (CWDM)
Denso (DWDM)
Ultra Denso (UDWDM)
O princípio de funcionamento do WDM é o mesmo para o CWDM,
onde a informação é agrupada em até 18 canais entre os
comprimentos de onda de 1270 nm e 1610 nm, e a distância entre
os canais é de 20 nm. Já os sistemas DWDM (Dense Wavelength
Division Multiplexing – multiplexação densa por comprimento de
onda) segundo a ITU, podem combinar até 64 canais em uma única
fibra. No entanto, pode-se encontrar, na prática, sistemas DWDM
que podem multiplexar até 128 comprimentos de onda, chegando
a ordem de tráfego de Tbit/s (por exemplo: nos 128 comprimentos
de onda sejam carregados cada um deles com STM-64 ~ 10 Gbit/s
em sinal digital). Além disso, foram realizados alguns testes que
provaram ser possível a multiplexação de até 206 canais
(WOODWARD, 2005)
CWDM (Coarse Wavelenght Division Multiplexing –
Multiplexação Grosseira por Divisão do Comprimento de Onda)
Com o desejo de se conseguir baixar os custos nas redes ópticas a
ITU-T lança em 2002 a Recomendação G694.2 onde se padroniza
um grid espectral para CWDM. A tecnologia CWDM trabalha na
faixa de espectro de 1270nm a 1610nm permitindo 18 canais com
espaçamento de 20nm entre os mesmos, exemplificado na figura
28.
Figura 3 – Comportamento do Sinal no Filtro AWG
(Fonte: GTA-UFRJ)
Uma importante característica do AWG é a utilização de uma livre
faixa espectral FSR (Free Spectral Range), que define a periodicidade
do comprimento de onda na fibra. A utilização de filtros AWG em
cascata melhora o fator de escala, a luz irá transmitir um
comprimento de onda e refletir todos os outros. Aplicando-se esse
cascateamento em um cenário estático o fornecimento de λ
dedicados, através dos AWG do nó passivo, melhora o roteamento
de banda por ONU. ONU idênticas utilizam mesmo λ no Upstream,
assim necessita-se de técnicas TDMA.
U-DWDM (Ultra Dense Wavelenght Division Multiplexing –
Multiplexação Ultra Densa por Divisão do Comprimento de
Onda)
Este tipo de multiplexação ainda encontra-se em estudo sendo um
dos próximos passos para a área de comunicações ópticas. O que
sabe-se segundo publicação GTA-UFRJ é que:
“Esta tecnologia combina 128 ou 256 comprimentos de onda
em uma única fibra óptica, sendo que cada comprimento de
onda teria uma taxa de transmissão de 2.5 Gbit/s, 10 Gbit/s e
até 40 Gbit/s. No U-DWDM os canais estão espaçados de 10
GHz, o que corresponde a 0.08 nm.”
QoS (Quality of Service – Qualidade de Serviço)
Um sistema de telecomunicações utilizará os procedimentos de
gestão de desempenho para monitorar e controlar os parâmetros-
chave que são essenciais para o bom funcionamento de um rede, a
fim de garantir uma QoS específica para usuários da rede.
Um dos desafios mais importantes da rede PON é oferecer
qualidade de Serviço (QoS). Os recursos utilizados na rede para
melhor eficiência da mesma tratam, preferencialmente os
parâmetros para se garantir a eficiência de tráfego e priorização de
determinados tipos de serviços, assim são utilizadas classes de
diferenciação de serviços e também assinantes.
Alguns parâmetros observados incluem a função de
monitoramento remoto, supervisão de erros, relatório estatísticos
referente a falhas da ONT/ONUs, além de parâmetros que podem
ser monitorados no nível físico como de erro de bit taxa e os níveis
de potência óptica, tanto OLT e os ONTs.
Aplicações atuais de serviços multimídia utilizam o melhor esforço
da largura de banda de uma rede provendo a prestação do serviço
(QoS) ou aplicação requisitada pelo assinante.Por exemplo, a
comunicação interativa de alta qualidade requer forma de um
atraso de menos de 150 ms e menos de 1% de perda de pacote.
Por outro lado, uma sessão de distribuição de streaming VoD
(Vídeo sob Demanda) tem atrasos menos rigorosos. A partir do
ponto de vista do prestador de serviços, prover QoS implica a
construção de uma rede IP gerenciada que possa transferir as
informações de mídia de um modo controlado e prioritário (LIN,
2006).
Utilizando o controle de QoS na rede a Largura de Banda
disponível é melhor dividida através das priorizações dos serviços.
Por segurança o tráfego de downstream de pacotes pela fibra
contém em seu cabeçalho a identificação da ONU correspondente.
Além disso o Padrão GPON utiliza um mecanismo de criptografia
em enlaces ponto-a-ponto sendo conhecido por AES (Advanced
Encryption Standard). A criptografia AES utiliza chaves de codificação
de 128, 192, 256 bits, o que se torna extremamente difícil de se
decifrar (KEISER, 2006).