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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI


Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Almeida, Fábio Rafael de.


Estudos e Soluções para Provimento de uma Infraestrutura de
Rede FTTH em uma Área Residencial Multicondominial / Fábio
Rafael de Almeida. - 2022.
20 f.: il.

Artigo científico (graduação) - Universidade Federal do Rio


Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia de
Telecomunicações, Natal, RN, 2022.
Orientador: Prof. Dr. Gutembergue Soares da Silva.

1. Rede fiber to the home (FTTH) - Artigo científico. 2.


Internet - Artigo científico. 3. Rede óptica passiva com
capacidade Gigabit (GPON) - Artigo científico. I. Silva,
Gutembergue Soares da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.39

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262


Estudos e Soluções para Provimento de uma Infraestrutura de Rede FTTH em
uma Área Residencial Multicondominial

Fábio Rafael de Almeida (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN,
Brasil) – fabiorafaelufrn@hotmail.com

RESUMO- Nos últimos anos, os provedores de conexão têm investido em sua


infraestrutura de redes a fim de atender a demanda dos usuários por maior largura de banda,
bem como serviços de maior qualidade. Nessa perspectiva, as redes FTTH (Fiber To The
Home) surgiram como uma solução para as empresas de telecomunicações que buscavam
oferecer maiores taxas de transmissão com menor custo de manutenção, proporcionando
elevação nas taxas de download e upload, com baixa atenuação, fatores tecnológicos
essenciais para sobrevivência em um mercado competitivo. O trabalho descrito neste artigo
foi implantar uma rede FTTH para uma área residencial, baseada em rede óptica passiva
com capacidade Gigabit (GPON). Foram destacadas as etapas de instalação da rede para
o atendimento em uma área residencial composta por 4 condomínios na região da grande
Natal, fornecendo uma quantidade de 1.103 HP’s (Home Potencial), levando soluções
tecnológicas de melhor qualidade para provimento dos serviços de Internet, TV e
Telefonia.

Palavras-chave - FTTH; Internet; GPON; Serviços de Banda Larga, Plataforma


Multiserviços.

ABSTRACT- In recent years, ISPs have invested in their network infrastructure to meet
user demand for higher bandwidth as well as higher quality services. In these FTTH To
The HomeFiber networks, as a solution for high telecommunications companies that sought
to offer higher transmission rates with lower maintenance costs, providing an increase in
download and upload rates rates, with low transmission rates, essential technological
factors for survival in a competitive market. The work described in this article was
deployed an FTTH network for a residential area, based on a passive optical network with
Gigabit capability (GPON). We highlight the stages of better network to serve a residential
area composed of 4 condominiums in the greater Natal region, solutions for a quantity of
1,103 HP's (Home Potential), quality technological technologies for the project of Internet
services, TV and Telephony.
Key Words - FTTH; Internet; GPON, Broadband Services, Multiservice Platform.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o crescimento da demanda dos usuários por serviços de banda
larga fixa de qualidade, impulsionaram os provedores de conexão para utilização intensiva
de fibras ópticas, em toda sua infraestrutura de redes. Antes do surgimento das redes FTTH,
vale destacar que maior parte das redes existentes no Brasil eram híbridas, baseada na
topologia HFC (Hybrid Fiber Coaxial), que são compostas por fibras ópticas em seus
troncais principais e a outra parte por cabos coaxiais com componentes passivos de RF. No
seu início, a topologia HFC surgiu como solução na melhoria da qualidade do sinal, vez
que na época de seu surgimento, uma solução de rede 100% fibra óptica era inviável devido
ao alto custo financeiro para as empresas (DE CAMPOS e DE RESENDE, 2019).

As topologias HFC contemplam componentes de RF baseadas em cabeamento


metálico, onde muitos desses componentes são usados nas tecnologias DSL e HFC. Esses
elementos são sensíveis a chuva, interferências eletromagnéticas, onde acabam gerando
ruído e distorção do sinal transmitido. São crescentes os gastos para as empresas na compra
desses componentes novos e com manutenções (ZAMBRANO e CÁRDENAS, 2019).
Concomitantemente a este cenário, foi avançando o crescimento das tecnologias das redes
PON (redes ópticas passivas), de modo que, em um determinado momento, com a redução
dos custos associados as redes ópticas, tornou-se viável para os provedores de conexão a
adesão de novos componentes ativos e passivos para implantação de uma rede 100% fibra
óptica, ofertando maiores taxas de transmissão e qualidade nos serviços de internet e TV
(DA SILVA OLIVEIRA, MACIEL et al; 2021).

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), no Brasil, a


internet banda larga conquistou mais de 5 milhões de novos assinantes no último ano em
2021, ensejando um crescimento de 14%, se comparado com o ano anterior, chegando ao
patamar de 41,4 milhões de acessos. A crescente demanda dos usuários para obter elevadas
taxas de transmissão para atender ao crescimento das redes sociais, dos serviços de
streaming e das redes corporativas, obrigaram nos últimos anos os provedores de conexão
a reestruturar os seus entroncamentos ópticos (backbones) já existentes, base para topologia
de redes HFC e substituir a outra parte, chamada de ramificações (parte coaxial) por fibra
óptica, tornando suas redes 100% fibra óptica (FTTH), levando o sinal puramente óptico
até o local de acesso do usuário (ONT’s, IPTV’s e etc). Deste modo, as redes FTTH se
tornaram a solução para fornecer melhor qualidade nos serviços de banda larga como dados
de voz, vídeo e a suportar uma largura de banda muito maior, podendo expandir seu
atendimento para longas distâncias com uma latência reduzida.

Redes PON usa divisores ópticos passivos em seus enlaces, sem a necessidade de
fornecer energia elétrica para os componentes passivos entre o gabinete FTTH até o
usuário, onde o sinal óptico em uma fibra única é transmitido de forma bidirecional e pode
ser dividido numa estrutura de rede entre OLT (Optical Line Terminal) e ONT (Optical
Network Terminal) para vários assinantes. Em sua topologia não existem componentes
ativos entre o gabinete (Central com as OLT’s) e a instalação final no usuário (ONT’s),
onde todo o enlace de rede é composto por componentes passivos que proporcionam o
tráfego de sinais ópticos com seus valores específicos de comprimento de onda
(PINHEIRO, 2017).

Os principais tipos de tecnologias mais utilizados hoje em redes ópticas passivas


(PON) são: GPON (Gigabit-Capable PON) e EPON (Ethernet Passive Optical Network),

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que estão sendo amplamente utilizadas em redes de acesso FTTH, se caracterizando por
dividirem os sinais transmitidos em downstream para muitos usuários, onde a taxa de
transmissão, atualmente, nas interfaces GPON e EPON é na ordem de gigabits por segundo
(JIRACHARIYAKOOL, SRA-IUM et al; 2017).

Com base nestes conceitos, o propósito deste trabalho é planejar a implantação de


um projeto de rede de acesso FTTH baseado em GPON para uma área composta por 4
condomínios de casas. Com base na realização de um levantamento de campo no local de
atendimento, foi identificado a quantidade de lotes integrados pelos 4 condomínios, onde
o projeto formulou uma configuração para atendimento potencial de 1.103 HP’s (Home
Potential).

O artigo está dividido como a seguir. Na Seção II, são apresentados o referencial
teórico com exploração dos conceitos fundamentais que envolvem fibra óptica, arquitetura
FTTH, redes PON, padrão GPON, Multiplexação TDM-PON. Na Seção III são
apresentados a metodologia e o planejamento sistêmico para elaboração do atendimento a
área condominial e expansão do entroncamento para região. Na Seção IV, são apresentados
e discutidos os resultados obtidos. Por fim, a Seção V aborda as principais conclusões do
trabalho.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A rede FTTH é intensivamente utilizada no provimento dos serviços de banda larga,


sendo basicamente composta por componentes passivos (Cabos ópticos, splitter’s,
conectores, adaptadores, caixas de emendas, pontos de terminação óptica e etc). Na rede
FTTH existem também os componentes ativos como a OLT que é responsável pelo
gerenciamento, distribuição de acesso aos serviços e transmissão do sinal óptico até a
instalação final, mantendo a coordenação da multiplexação d os terminais da rede e ONT
que é o elemento óptico da rede instalado no usuário onde é realizado a distribuição e
divisão dos serviços, como dados (Internet), TV via protocolo IP (IPTV) e voz por IP
(VOIP). A maioria das redes FTTH residenciais implantadas são baseadas nas tecnologias
EPON, regido pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE 802.3ah) e
GPON que é regido pela União internacional das Telecomunicações (ITU-T G.984), sendo
esta última a mais popular atualmente (LAM e YIN, 2020). Nas redes FTTH baseadas em
GPON existem diversas configurações de repartição e ambas podem ser classificadas como
repartições: 1:16, 1:32, 1:64, 1:128 ou até 1:256. Neste trabalho, para o projeto, foi
realizado a repartição 1:64, o que significa que 1(uma) OLT é responsável pelo
gerenciamento de 64 ONT’s, conforme figura 1.

A rede PON (Passive Optical Network) é uma rede óptica passiva com capacidade de
transmissão na faixa de Gigabits por segundo. Sua arquitetura é baseada em ponto-
multiponto, conforme figura 2. As redes PON tem maior destaque para modelos que
implementam a topologia de repartição de rede FTTH, pois utilizam apenas uma fibra
óptica com transmissão bidirecional (Upstream/Dowstream) por WDM (Wavelength
Division Multiplexing), ou seja, numa única fibra ocorre a transmissão em Dowstream da
OLT até a ONT e transmissão em Upstream da ONT até a OLT, trabalhando em
comprimentos de ondas diferentes (PINHEIRO 2017). O Alcance físico da transmissão
pela rede óptica, do gabinete gerenciador até o usuário final, recomenda-se atualmente em
até 20km, conforme a norma da ITU-G.984.

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Figura 1: Modelo de Repartição 1:64
Fonte: CABO TELECOM, 2020.

Figura 2: Arquitetura de uma rede ponto-multiponto ou topologia em árvore.


Fonte: TECHNOLOGIES Huawei, 2018.

A escolha do padrão PON para implementar a rede depende basicamente da


necessidade de banda e do valor do investimento. As principais tecnologias ou padrões de

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PON utilizados podem ser descritos na tabela 1. A arquitetura GPON (Gigabit Passive
Optical Network), ou rede óptica passiva gigabit é a segunda geração recomendada pelo
Setor de Normatização das Telecomunicações (ITU-T), conforme protocolo G.984. Esse
padrão é baseado no protocolo GFP (Generic Framing Protocol) onde é realizado o
encapsulamento dos pacotes e transportados por IP (PINHEIRO 2017). Tabela 1 classifica
os tipos de padrões PON utilizados atualmente.

Tabela 1: Comparação APON/BPON, GPON, EPON, G-EPON, 10G-EPON, XG-PON


Fonte: Adaptado TELECO, 2013.

A arquitetura GPON possibilita encapsulamento dos pacotes ethernet, sendo


transmitidos no mesmo canal em intervalos de tempos iguais, através da multiplexação por
divisão de tempo (TDM) em dowstream, onde também é realizado a extração dos pacotes
e processo contrário em upstream, por comprimentos de ondas diferentes. Os pacotes de
dados são transmitidos no método de broadcast para todos as ONTs.

Figura 3: Arquitetura TDM-PON


Fonte: HORVATH, 2020

Para o projeto, será considerado um comprimento de onda de 1490nm em


dowstream e 1310nm em upstream, apesar da tecnologia GPON permitir também um
comprimento de onda em upstream até 1550nm. Observando a tabela 1, vale destacar que
a tecnologia GPON possui uma capacidade de banda por porta PON de até 2,5Gbps para
dowstream, o que na prática em termos de perda, o padrão GPON pode ter apenas 8% de
taxa de overhead na capacidade de banda, sobrando ainda uma banda considerável para
distribuir aos usuários. Outro fator importante é que o GPON permite colocar até 128
usuários por porta PON, conforme ITU-G.984.

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Na figura 4 é representada a arquitetura GPON. Pode ser observado que em uma rede
de acesso GPON existem pelo menos 3(três) componentes principais. Os componentes
ativos (OLT’s, ONT’s) e componentes passivos (Splitter’s, repartidores). A OLT GPON é
o gerenciador da rede fica localizado no headend ou gabinete externo. Os splitter’s ópticos
ou repartidores ópticos são localizados no enlace e permitem que uma única fibra se divida
em várias fibras com a mesma potência óptica. Por fim a ONT que realiza a conversão do
sinal óptico recebido de acordo com sua faixa de comprimento de onda.

Figura 4: Arquitetura GPON


Fonte: JIRACHARIYAKOOL, 2017

3.METODOLOGIA APLICADA E PLANEJAMENTO DA REDE

O trabalho foi desenvolvido com base em uma ampla pesquisa sobre referencial
teórico. Através dessa pesquisa, foi possível contemplar os conceitos fundamentais de
fibra óptica, de redes PON, da arquitetura de redes FTTH, das normas regulamentadoras
e da estrutura de rede FTTH. Em sequência, foram realizadas com fundamento no
referencial teórico, explorado, os fundamentos de soluções de redes FTTH mais atuais,
compatibilizando com as características da região a ser atendida, sendo aplicadas com os
recursos das ferramentas e equipamentos utilizados no projeto. Por fim, após todo um
levantamento prévio da área no campo, de materiais, de equipamentos e ferramentas, foi
realizado o projeto de implantação da estrutura de rede FTTH, do gabinete FTTH
(Headend) até as instalações internas do usuário.

3.1 Levantamento da área de atendimento

Foi realizado um levantamento prévio de campo afim de obter as melhores


representações de mapeamento da região. Para isso, foram colhidas imagens via satélite,
através do software Google Earth. para uma área composta por 4 condomínios de casas
(Bosque dos pássaros, Bosque das Flores, Bosque dos Poetas e Bosque das Palmeiras),
situados em Nova Parnamirim-RN, destacados na Figura 5. De posse desses dados, foi
possível definir uma estimativa da quantidade de potenciais domésticos (HP’s) a serem
atendidos antes de começar a construção da rede FTTH. Em seguida, foi necessário realizar
uma visita em cada um dos 4 condomínios pertencentes ao nodo, nomeado Parnamirim10
(PA10), para realizar um levantamento de campo que consistiu na identificação das ruas e
na quantidade de ligações de energia elétrica em cada poste da concessionária, para ser
estimada a quantidade de pontos de acesso.

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Com isso, foi possível dar o primeiro passo na construção do projeto de rede FTTH
com o propósito de obter todos os dados necessários para somar ao memorial descritivo do
projeto, contendo informações como: Objetivo do projeto, caracterização, empresa
executante, meio físico utilizado e previsão de conclusão. Todos esses parâmetros foram
adicionados ao memorial. Foram realizados os cálculos do enlace e para o registro da ART
(Anotação de Responsabilidade Técnica), todas informações necessárias para que fosse
possível utilizar os postes da concessionária de energia para ancoragem dos cabos ópticos.

Figura 5: Delimitação do nodo ou da área a ser atendida.


Fonte: Setor de Projetos CABO TELECOM, 2020.

3.2 Quantidade de HP’s

Após ser realizado um levantamento de campo no local e de posse do mapa da


região, com o projeto da planta ter sido realizado com auxílio do software AUTOCAD em
formato .DWG, foi definido a quantidade de HP’s máximo ou lotes revelados a serem
atendidos na região e a quantidade máxima total de caixas de terminação óptica (CTO)
terminando nos splitter’s de 1:8 (CTO’s), conforme tabela 2:

Tabela 2: Quantidade de possíveis HP’s de acordo com o número de lotes


Fonte: CABO TELECOM, 2020

Na expansão inicial do projeto foi considerado um valor estimado de 70% de


adesões e como no local já existiam usuários utilizando os serviços do provedor pela rede
anterior (HFC), a expansão inicial considerou o valor estimado de 768 HP’s,
correspondente a 96 caixas de terminação óptica (CTO), com a possibilidade a posteriori
de duplicar os splitter’s de 1:8, conforme a necessidade.

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3.3 Quantidade de OLT’s para região atendida

Para fins de cálculos sobre a quantidade de OLT’s para região foi considerado a
quantidade de HP’s da área condominial, oferecendo para atendimento da região uma
quantidade máxima de 1.103 HP’s. Considerando que cada porta PON da rede FTTH
gerencia 64 ONT’s, se faz necessário um valor de 17,23 OLT’s, que na prática representa
o potencial de atendimento a todos os usuários aos serviços do provedor de acesso nessa
região. Na fase inicial do projeto, por decisão do provedor, foram implantados 14 OLT’s
para gerenciar o NODO, vez que a quantidade de CTO’s para esta primeira etapa de
expansão foi 96. Sabendo que as CTO’s não são duplicadas, limitando apenas 8 conexões
por splitter em cada uma das 96 CTO’s, esta configuração garante a conexão de 768
usuários, meta inicial de projeto, contemplando um atendimento de aproximadamente 70%
da quantidade total de HP’s.

Tabela 3: Quantidade de materiais e equipamentos usados no nodo


Fonte: CABO TELECOM, 2020

3.4 Expansão do enlace e componentes passivos utilizados na região, conforme


Projeto

Para expansão do enlace da rede FTTH na região, a meta era a ativação dos
seguintes componentes passivos:

• 14 splitter’s de 1:2;
• 28 splitter’s de 1:4;
• 96 splitter’s de 1:8 (Caixa de terminação óptica);
• 9 Caixas de emenda óptica distribuídas no enlace.

3.5 Esquema de Fibra para ativação dos splitter’s na Região

Para expandir uma rede FTTH, obrigatoriamente a equipe de engenharia de


implantação deve ter em mãos o projeto de fibra da região, com vista a necessidade de
localizar os postes para instalação dos splitter’s. Porém, quando se trata de fibra óptica,
onde existem uma vasta ramificação de cabos de 12FO agrupados em cabos maiores como
de 36FO, 60FO ou até 120FO, o esquema de fibra facilita bastante no período de expansão
de um nodo, como também para realização de futuras manutenções. Para este projeto, foi
desenvolvido o esquema de fibra da região no software AUTOCAD, conforme figura 6.

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Figura 6: Esquema de fibra do Nodo.
Fonte: CABO TELECOM, 2020.

Por partes será apresentado a diante os blocos para observância do padrão de


cores adotados no projeto para as caixas de derivação primária e secundária, conforme o
padrão internacional EIA598-A.

Figura 7: Esquema de fibra da primeira caixa de derivação.


Fonte: CABO TELECOM, 2020.

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Figura 8: Esquema de Fibra da segunda caixa de derivação.
Fonte: CABO TELECOM, 2020

Figura 9: Esquema de fibra (Caixa 1:2) localizada no nodo


Fonte: CABO TELECOM, 2020

Figura 10: Esquema de fibra (Caixa 1:2) localizada no nodo


Fonte: CABO TELECOM, 2020.

3.6 Cálculos de Atenuação e Orçamento de Potência para uma rede FTTH

Para fins de cálculos de atenuação numa rede FTTH, deve ser levado em
consideração inicialmente os critérios para dimensionamento em enlaces ópticos. Para
tanto, foram consideradas as recomendações de PINHEIRO 2017 com vistas as
necessidades de que o enlace atenda aos padrões de perdas (em dB) com menores
tolerâncias. No caso de uma rede FTTH, deve-se levar em consideração que existem
componentes passivos como splitter’s, adaptadores, conectores, tipo de fibra óptica, além

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de que existe também uma faixa de potência mínima para que os componentes ativos (OLT
e ONT) operem normalmente.
Outro fator importante é atender também aos critérios de sensibilidade mínima para
garantir o funcionamento do enlace. A rede de acesso apresenta nos splitter’s as subdivisões
do sinal até o cliente final. Quanto mais divisões forem feitas, maior será a queda de
potência do sinal até o cliente final.

Tabela 4: Valores de referência para alguns componentes passivos


Componentes Valor de Referência
Fibra monomodo 0,35dB/km
Emenda por fusão 0,1dB
Emenda mecânica 0,5dB
Conector 0,325dB
Splitter 1:2 3,5dB
Splitter 1:4 7,5dB
Splitter 1:8 10,5dB
Splitter 1:16 14,5dB
Splitter 1:32 18,5dB
Splitter 1:64 22,5dB
Fonte: Adaptado de PINHEIRO, 2017

Tabela 5: Características ópticas dos componentes ativos


Parâmetros OLT ONT
Potência média mínima +1,5dBm +0,5dBm
Potência média máxima +5dBm +5dBm
Sensibilidade mínima -28dBm -27dBm
Sobrecarga mínima -8dBm -8dBm
Fonte: Adaptado de PINHEIRO, 2017

3.7 Dimensionamento dos Enlaces Ópticos

O dimensionamento de um enlace óptico envolve a escolha de componentes


ópticos passivos, bem como de elementos ativos, objetivando assegurar a transmissão do
sinal óptico a uma distância, com uma taxa de transmissão específica, seguindo parâmetros
de qualidade de desempenho definidos no projeto. O orçamento de potência óptica
corresponde a diferença entre a potência óptica entregue pelo transmissor à fibra e a
potência demandada pelo receptor, devendo ser considerada as perdas nos elementos
passivos da rede.
Este projeto FTTH com modelo de repartição 1:64 considerou o valor médio da
potência de transmissão da OLT estimado em +5 dBm, de acordo com o datasheet da OLT,
sendo consideradas todas as perdas estimadas dos componentes passivos no enlace:

• Nível de potência óptica na saída da OLT: +5dBm / 1490nm


• Perda de sinal óptico nos splitter’s 1:2: -3,5dB Loss
• Perda de sinal óptico nos splitter’s 1:4: -7,5dB Loss
• Perda de sinal óptico nos splitter’s 1:8: -10,5dB Loss
• Perda de sinal óptico em conexões mecânicas: -0,3dB Loss
• Perda de sinal óptico na fibra óptica: 0,35dB/km

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Com base nessas referências, podemos garantir que a potência que chegue a ONT
esteja dentro da sua faixa de funcionamento (Sensibilidade). Para isso, a diferença entre a
potência de saída e a perda do sinal deve ser maior que a sensibilidade do receptor,
devendo, portanto, ser cumprido, conforme PINHEIRO 2017, o orçamento de potência
seguindo a equação:

PTX – At > SRX

Onde:
Ptx = Potência de saída (Tx), em dBm;
At = Atenuação total;
Srx = Sensibilidade (Rx), em dBm.

Segundo o citado autor, atenuação total do enlace, que é dado por:


:
At = Afo + Pc + Pe + Pp + Ms

Em que:
Afo = Atenuação total da fibra óptica, em dB
Pc= Perda total dos conectores, em dB
Pe = Perda total nas emendas, em dB
Pp = Perda total nos elementos passivos, em dB
Ms = Margem de segurança, em dB

O propósito de qualquer enlace é a transmissão de dados com confiabilidade, de


modo que, a especificação adequada na rede garanta que os dispositivos utilizados tenham
o desempenho esperado e ofereçam soluções com potencial reduzido de falhas. Entre os
fatores mais relevantes para assegurar a qualidade de transmissão reside o controle das
perdas de potência da rede. Portanto, apresentamos a seguir o cálculo de orçamento de
potência. Para este projeto, foram definidos com os seguintes valores de referência dos
componentes ativos, conforme datasheet de cada equipamento:

• Valor da potência de transmissão (Ptx) para cada OLT: +5dBm;


• Margem de sensibilidade de Rx para cada ONT: -27dBm;
• Sobrecarga mínima para cada ONT: -8dBm.

A atenuação total (At) do enlace será, portanto:


At = (6,95km do enlace x 0,35dB) + (2 conectores x 0,325dB) + 0,5dB + 21,5dB + 0,2dB
At = 25,28dB

Desde modo:
Ptx – At > Srx
+5dBm – 25,28dB > -27dBm
-20,28dBm (valor do sinal óptico previsto na ONT) > -27dBm (valor em um enlace viável)

Portanto, fica estabelecida a viabilidade do enlace, pois o cálculo acima atendeu os


critérios de inserção dentro da margem de sensibilidade da ONT.

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Estão disponibilizados nas figuras 10 e figura 11, que se seguem, respectivamente,
o diagrama com as configurações com todos os componentes passivos da região e o trajeto
dos cabos e distribuição das caixas de terminação óptica.

Figura 10: Configuração com todos os componentes passivos do nodo e o trajeto dos
cabos.
Fonte: CABO TELECOM, 2020.

Figura 11: Distribuição das caixas de terminação óptica nas ruas dos condomínios.
Fonte: CABO TELECOM, 2020.

4 IMPLANTAÇÃO REDES E TESTES

4.1 Montagem do gabinete FTTH

A etapa de montagem do gabinete FTTH foi iniciada simultaneamente com os


trabalhos das equipes responsáveis pela expansão dos cabos ópticos na região. O gabinete
é o local de gerenciamento da rede, ou seja, nele estão as OLT’s acomodadas e as placas

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denominadas de chassi’s ópticos. Além de existir toda a parte de gerenciamento por parte
das OLT’s, existe também o esquema de ligação de energia que recebe da concessionária.

Para energização de todo o gabinete, a estrutura de alimentação é composta por uma


estrutura de energia elétrica que contém dispositivos de proteção (disjuntores),
retificadores de corrente elétrica e banco de baterias. No gabinete FTTH, existem também
os slot’s DIO (distribuidor interno óptico) para acomodar as fibras de entrada/saída, chassis
óptico composto por placas com OLT’s e cordões ópticos interligando as OLT’s com os
slot’s DIO’s, conforme figura 12.

Figura 12: Acomodação dos cabos ópticos no Gabinete FTTH.


Fonte: Autor, 2020.

A ideia de manter um padrão de organização dos cabos ópticos se dar pelo fato
que os componentes ativos e passivos de uma rede óptica devem ser montados em uma
estrutura adequada, de forma a garantir uma boa capacidade de gerenciamento da rede
física para realização de manutenções preventivas.

Pode ser verificado na figura 13 que existem módulos retificadores digitais onde
sua principal função no sistema é retificar a corrente alternada em 220VAC, tornando ela
continua e adequada para alimentação dos equipamentos do gabinete FTTH. Outro fator
importante é que tensão de entrada é 220VAC e sai para os equipamentos (54VDC). Na
figura 14, vemos um banco composto por 8 baterias de 93Ah e tensão nominal de 12V
ligadas em série, onde elas só serão acionadas na ausência de fase da rede elétrica no
circuito inversor, sendo mais um mecanismo de segurança para o gabinete.

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Figura 13: Dispositivos de proteção e Slot’s de DIO do Gabinete FTTH .
Fonte: Autor, 2020.
.

Figura 14: Banco de baterias do Gabinete FTTH pronto para funcionamento.


Fonte: Autor, 2020.

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Na figura 15, observa-se que os cordões ópticos que saim das OLT’s chegam aos
slot’s de DIO’s, e deles partem para o enlace. Na figura 16 vemos todas as portas PON
ativas e prontas para funcionamento, onde em cada placa do chassi óptico existem 8 portas
PON, o que na prática nos remetem que uma porta PON é para gerenciar 64 ONT’s, já que
a arquitetura é 1:64. Assim considerando cada placa temos um valor de até 512 ONT’s
sendo gerenciadas por placa. O chassi óptico para o projeto foi considerado com um valor
de 64 portas PON, 8 placas com 8 slot’s para OLT’s.

Figura 15: Fibras já fusionadas nos slot’s dos DIO’s.


Fonte: Autor, 2020.

Figura 16: Chassi Óptico com suas portas PON e OLT’s em funcionamento
Fonte: Autor, 2020.

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4.2 Instalação final no usuário e aspectos do gerenciamento

Após todo o processo de expansão e também a adesão dos usuários aos serviços
comercializados, o provedor de conexão passa a gerenciar a largura de banda alocada ao
usuário através do sistema de gerenciamento dos equipamentos, onde nele contém os
pacotes com os serviços aderidos e cada serviço é gerenciado pelo headend. Através de
gerenciamento de rede, a ONT obtém IP através das VLAN’s (Virtual Local Area Network)
em um mesmo domínio de broadcast. Já a OLT centraliza e distribui o sinal óptico para
ONT, tendo a função de distribuir dados, VOIP e IPTV para rede PON. Para o projeto,
necessitou apenas de 14 portas PON.
Na figura 17 para fins de representação, segue alguns parâmetros de gerência da
ONT que um provedor de acesso utiliza em uma rede FTTH baseada em GPON
.

Figura 17: Sistema de gerenciamento GPON mostrando parâmetros da ONT.


Fonte: Autor, 2020

Note que no sistema de gerenciamento existe informações como:


• Sinal óptico de downstream (ONT): -20,0dBm;
• Sinal óptico de upstream (OLT): -20,7dBm;
• Largura de banda alocada para ONT: 200 megabits para download e 80 megabits
para upload;
• NODO, posição do chassi óptico e posição da porta PON: NTL10-CH02/11/1/58;
• MAC da ONT obtendo IP público através da VLAN de dados;
• Distância do enlace, em Km, da OLT até a ONT: 6,95Km (usado no cálculo de
orçamento de potência)

Destacamos que a rede foi projetada para gerenciar uma quantidade de 64 ONT’s
por porta PON, porém se a quantidade de ONTs conectadas aumentar, a largura d e banda
diminui tanto no upstream (1,2Gbps por porta PON) quanto no downstream (2,5Gbps por
ponta PON).
Portanto, referente a taxa média de transferência em Dowstream e Upstream por
interface GPON, quem faz são os setores de Tecnologia da Informação (T.I) dos
provedores. Tudo vai depender da taxa de transferência ou banda passante nas OLT’s,

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sendo possível, eventualmente, a necessidade de realizar manobras por parte do T.I, para
assegurar o conveniente equilíbrio de banda por porta PON na rede.

Figura 18: Sinal óptico medido no cordão óptico da ONT


Fonte: Autor, 2020.

5 CONCLUSÃO

Deste modo, após ser realizado várias pesquisas sobre o tema, pudemos observar
que a demanda de usuários por uma largura de banda maior aumentou, permitindo que
muitos provedores de acesso investissem em redes ópticas baseadas em arquitetura FTTH.
O padrão GPON, de acordo com a pesquisa realizada, atualmente vem sendo a solução para
os provedores, pois permite melhor qualidade nos serviços de banda larga como dados de
voz, vídeo, aumento de largura de banda e suporte para longas distâncias com uma latência
reduzida.

Na execução deste projeto, foi realizado um expressivo levantamento dos materiais


a serem utilizados para exercer as melhores práticas com fibras ópticas. De posse do projeto
FTTH e do esquema de fibra, foi notado maior agilidade com que foi desenvolvido o enlace
na região. Observou-se que a implantação de fibra óptica requer atenção, cuidado,
cumprimento de padrão na fusão e organização das fibras integradas nos cabos ópticos.

Observado durante a expansão do enlace que a auditoria de rede é fundamental para


execução de projetos desse tipo, pois sem o comissionamento da rede FTTH tornam-se
mais frequentes as manutenções corretivas no futuro.

De antemão, após a conclusão deste projeto, foi possível ver inúmeras vantagens de
uma rede FTTH comparado as redes tradicionais (HFC e DSL). A tecnologia em FTTH
mais vantajosa atualmente é a GPON, pois permite criar uma infraestrutura de rede com
menos componentes, menor custo, maior alcance, além de propor ao usuário um aumento

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considerável em capacidade de tráfego em downstream e upstream. Além disso, GPON
também permite ter um maior controle de banda, segurança e gerenciamento de rede.

O trabalho evidenciou as melhores práticas recomendadas para desenvolver uma


rede FTTH, sendo necessário ter uma base mínima de conhecimento em redes FTTx e redes
PON para avançar nas fases de planejamento e execução de projetos FTTH. O projeto foi
baseado um amplo referencial teórico, que possibilitou a aplicação dos principais
requisitos, em aspectos técnicos e comerciais, que devem ser seguidos para elaboração de
projetos de redes ópticas, incluindo as normas e padrões adotados em projeto de redes
FTTH, de forma a assegurar que os resultados previstos no provimento dos serviços ao
mercado em questão, sejam alcançados de maneira satisfatória.

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