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Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Escola de Engenharia - EE
Departamento de Eletrônica – DEL

Seminário de Teleinformática
(Fev/99)

Voz sobre IP

Prof.: Otto Carlos Muniz Bandeira Duarte


Aluno: José Liesse Bollos Guimarães
Índice

1. Definição

2. Revisão: Comutação de Circuitos x Comutação de Pacotes

3. Motivações

3.1 Redução dos Custos

3.2. Integração de Serviços

4. Desafios

4.1. Congestionamento e Atrasos

4.2. Perda de Pacotes

4.3. Escassez de Banda Passante

5. Mecanismos para o seu desenvolvimeto

5.1. Controle de Congestionamento, Prioridade e Alocação de Recursos

5.2. Compressão do Sinal de Voz e Supressão do Silêncio

6. O que fazer com o sistema PBX

7. Como funciona o padrão H.323

7.1. Arquitetura de Rede do Sistema H.323


7.2. Como se realiza uma chamada

8. Comparação com outras tecnologias de rede para transmissão de voz

9. Perguntas

1. Definição

Voz sobre IP é uma tecnologia que permite utilizarmos uma rede de dados
(comutação de pacotes) baseada no Protocolo Internet (IP) para trafegarmos
voz. Como realizar esta tarefa? Porque utilizar tal tecnologia? Estas questões
serão aprofundadas nos parágrafos que seguem.

2. Revisão: Comutação de Circuitos x Comutação de


Pacotes

Neste item será feita uma breve revisão das duas diferentes
arquiteturas de rede que dão suporte a rede telefônica pública (PSTN
– Public Switched Telephone Network) e ao protocolo IP.

A rede telefônica é uma rede de comutação de circuitos. Com isto,


pode-se dizer que uma chamada de telefone reserva um "circuito
físico" entra a origem e o destino da chamada, durante a duração da
chamada telefônica. O termo "circuito físico" é muito usado na
literatura especializada, porém o seu uso pode vir a gerar
interpretações duvidosas e erradas por parte de um leitor menos
atento. O que realmente ocorre é uma reserva de banda passante, não
sendo possível que outros usuários do sistema possam compartilhar
esta banda passante (ou circuito) já reservada a outro usuário (banda
passante dedicada).
Redes de comutação de pacotes, tais como a Internet, intranets (redes
IP privadas), e outras redes de dados, não reservam uma banda
passante entre os pontos de origem e destino. Esta tecnologia de rede
faz uma divisão da mensagem em pequenos pacotes (ou células,
dependendo do tamanho), onde cada pacote pode percorre uma rota
diferente, através da rede, que é compartilha com pacotes de
mensagens de outros usuários (banda passante não é dedicada). Desta
maneira, a comutação de pacotes requer que os pacotes (quadro
– frame) tenham um cabeçalho com informações que garantam a rota
para o destino correto (encapsulameto) e a reconstrução da mensagem
na sua seqüência correta no terminal de destino.

Uma analogia útil, porém limitada entre as comutações de circuito e


de pacotes são as redes de transporte ferroviário e rodoviário. A
ferrovia é uma rede de comutação de circuito. O caminho é
essencialmente reservado, e o trem viaja através da rede intacto. Já a
rodovia é dividida (compartilhada) entre diversas unidades pequenas,
que têm uma capacidade própria para achar o seu destino. A ferrovia
oferece um nítido caminho de fim a fim (end-to-end), relativamente
imune a atrasos, porém com um alto custo de despesas. Já a rodovia
pode ser utilizada mais economicamente, porém é vulnerável a
congestionamento.

A vantagem das redes de comutação de circuitos é que elas


proporcionam uma banda passante dedicada e desta maneira, pode-se
garantir uma conhecida e consistente qualidade de serviço
(QoS – Quality of Service) em relação a qualidade sonora da voz,
atrasos e outras características que são importantes na comunicação
através de voz, e que serão analisadas nos próximos itens. A
desvantagem destas redes está relacionado a sua "pobre", não
eficiente utilização dos recursos da rede. Por exemplo, se durante
uma ligação telefônica os dois usuários ficam em silêncio, nenhuma
informação está sendo transmitida, porém a linha (banda passante)
continua reservada, isto é, outros usuários da rede de telefonia pública
(no caso, os seus assinantes) não podem realizar uma chamada. Até
mesmo pequenos instantes de silêncio significam desperdícios de
recursos , uma vez que hoje em dia os processadores com algoritmos
de supressão de silêncio utilizados principalmente em redes de
comutação de pacotes reconhecem uma banda passante "vazia"
(inexistência de informação), liberando-a para outro usuário.

A vantagem das redes de comutação de pacotes é a utilização mais


econômica e eficiente dos recursos disponíveis na rede. A sua
desvantagem em processos de comunicação de tempo real (Real-
time), tal como a voz, está relacionada com uma qualidade de serviço
variável. Esta qualidade de serviço variável é resultado dos
congestionamentos e dos conseqüentes atrasos que podem ocorrer
principalmente nos roteadores. Uma segunda desvantagem é o atraso
causado pela necessidade de compressão, descompressão e
digitalização dos sinais de voz e também a necessidade de inserção de
cabeçalhos contendo as informações de roteamento e seqüência que
serão processados. Uma melhor explicação em relação a estes
problemas a serem superados para que a comunicação de Voz sobre
IP ( VoIP - Voice over IP) seja viável será feita no item 4 (Desafios).

3. Motivações

Este item tem por objetivo citar os motivos pelo qual a tecnologia de
Voz sobre IP está atraindo tanta atenção e otimismo na comunidade
internacional (grandes empresas, grandes fabricantes de
equipamentos de rede e comunicação e até mesmo pessoas como eu e
você).

Estes motivos estão intimamente relacionados a questões comerciais


e tecnológicas e são os seguintes:

o Redução dos custos;


o Integração de serviços.

3.1. Redução dos custos

A redução dos custos é o principal fator que pode causar uma


mudança do sistema atualmente em uso trafegando voz através da
rede telefônica pública para um sistema onde a voz seja transportada
pela rede de dados utilizando o protocolo IP. As contas telefônicas de
interurbano e de ligações internacionais que as empresas com
escritórios em diversas localidades (por ex.: empresas multinacionais)
pagam hoje em dia estão com os seus dias contados. As tarifas
interurbanas e internacionais poderão ser substituídas por tarifas
locais oriundas das ligações telefônicas entre as empresas e os seus
provedores de acesso a Internet (ISP – Internet Service Provider),
dentro de uma mesma localidade. Uma vez que as tarifas locais são
menores que as demais tarifas cobradas pelas empresas telefônicas,
haverá ima redução nos valores das contas telefônicas. Desta maneira,
o custo deste tipo de ligação é equacionado através da seguinte
fórmula:

Já nas redes corporativas (intranet), a utilização da voz sobre IP, faz


com que haja uma economia na comunicação entre dois funcionários
em localidades onde haja algum tipo de linha dedicada.

3.2. Integração de serviços

Outro motivo importante para o desenvolvimento da tecnologia de


Voz sobre IP (ou VoIP) está relacionado com o aumento da
integração dos serviços, isto é, o transporte de voz e dados através de
uma única rede, baseada no protocolo IP.

A seguir podemos ver e comparar duas situações: uma empresa sem


integração entre voz e dados (figura 1); e uma empresa com a
integração (figura 2).
fig
ura
1.

fig
ur
a
2.

4. Desafios
A capacidade de se realizar uma chamada telefônica através de
Internet tem sido demonstrada e até comercializada desde 1995.
Contudo, prover este tipo de serviço com qualidade e satisfazendo as
necessidades dos usuários de empresas é uma outra questão. Para que
o sistema de pacotes de voz seja implementado, este deve satisfazer
as expectativas que o sistema de telefonia público já realiza há
décadas aos seus usuários. Estas expectativas estão diretamente
relacionadas aos parâmetros de qualidade oferecidos pela rede
telefônica, e eles são os seguintes:

o Uma vez estabelecida a conexão, não há desconexão (na


prática pode ocorrer algum problema técnico na rede
e/ou nas centrais telefônicas, podendo provocar uma
desconexão – linhar cair);
o Alta qualidade de voz;
o Atrasos pequenos;
o Capacidade de realização de outros serviços tais como:
PBX, gerenciamento/controle de chamadas, fax, etc...

Para que a tecnologia de Voz sobre IP seja adotada em larga escala


mundial , ela terá que apresentar no mínimo as mesmas características
de qualidades citadas acima. Além disto, as soluções para os pacotes
de voz tem que cumprir as promessas de redução de custos e
integração de serviços (vide item 3), e também os mesmos níveis de
qualidade da rede telefônica enquanto estão transportando dados
através da mesma rede (Internet).

Alguns desafios que terão que ser superados são os seguintes:

o Congestionamento e atrasos ;
o Perda de pacotes;
o Limite de banda passante.

4.1. Congestionamento e Atrasos


Em rede de comutação de circuito (ex.: PBX), o atraso não é um
problema, uma vez que há uma reserva de banda passante como já foi
explicado no item 2. Os atrasos que podem ocorrer estão relacionados
com a propagação do sinal de voz no meio de transmissão, e estes
atrasos são pequenos em virtude das altas velocidades de transmissão
. Uma forma de congestionamento neste tipo de rede pode ocorrer
quando todas as linhas estão "ocupadas"(não há banda passante
disponível). Este problema é resolvido com o aumento de infra-
estrutura (capacidade) da rede, sendo o custo o principal parâmetro
(balizador) que determina a viabilidade da solução.

O congestionamento e os atrasos resultantes, são um dos principais


desafios da tecnologia de Voz sobre IP, devido a própria
característica das redes de comutação de pacotes, que permitem o
compartilhamento de recursos e também devido aos processamentos
que são feitos nos roteadores e nos terminais de origem e destino da
informação na rede. O atraso pode ser definido como sendo o tempo
necessário para a transmissão do pacote de voz de sua origem ao seu
destino. Aplicações de dados, para os quais as redes de comutação de
pacotes foi originalmente projetada e implementada, são mais
tolerantes em relação a atrasos do que pacotes de voz para o serviço
de telefonia.

Em contraste, a voz para telefonia é intolerante em relação a atrasos.


Os projetistas das redes telefônicas determinaram que os seres
humanos podem suportar atrasos de até 250ms, antes que os
intervalos comecem a encomodá-los. Os atrasos podem ser inseridos
em diversos pontos na rede, e dependendo da situação, pode ser
bastante fácil superar este limite de 250ms.

É bem útil se classificar os atrasos em duas classes:

o Atrasos Fixos;
o Atrasos Variáveis (Jitter Delay)

Os atrasos fixos podem ser considerados como sendo os atrasos de


fim a fim (end-to –end) de um pacote de voz, mesmo que eles não
encontrem pontos de congestionamento na rede. Atrasos variáveis
(jitter delay) são atrasos adicionais que são causados por
congestionamento nos roteadores.

Os atrasos fixos são os seguintes:


o Compressão (ou codificação);
o Processamento;
o Transmissão/propagação;
o Buffer;
o Descompressão (ou decodificação).

Os sinais analógicos de voz para serem transmitidos através da rede


de dados, têm que ser digitalizados e comprimidos. Posteriormente,
no seu destino, este sinal sofre uma descompressão . Estes processos
de compressão e descompressão adicionam atrasos, porém eles são
importantes para que haja um uso mais eficiente da banda passante
como será visto no item 5.2. Desta maneira, os algoritmos de
compressão e descompressão precisam apresentar uma alta taxa de
compressão e ao mesmo tempo acrescentar pouco atraso no transporte
dos pacotes de voz.

O processamento que ocorre nos roteadores está diretamente


relacionado aos cabeçalhos dos pacotes, que contem informações que
determinam o seu destino e de uma certa maneira a rota que será
realizada.

Os atrasos devido a transmissão podem ser considerados desprezíveis


(0.25ms) se os "links" forem T1/E1 (1.544Mbit/s – 2.048Mbit/s) ou
até 7ms se for um "link" de 56Kbps.

Os atrasos de buffer estão relacionados com a serialização dos


pacotes de voz nos roteadores.

Abaixo podemos ver uma figura (figura 3) que ilustra estes atrasos na
rede:
f
i
g
u
r
a
3
.

O atraso variável, como o seu próprio nome sugere, mudam em


tempo real em função do tráfego e do congestionamento na rede. O
atraso variável é provocado pelo enfileiramento (Queuing Delay) para
se enviar os pacotes pela rede. Os atrasos variáveis são
essencialmente o somatório dos atrasos de enfileiramento que
ocorrem nos roteadores intermediários na rede. Contudo,
enfileiramento pode acrescentar atrasos significantes, uma vez que na
rede IP a voz está disputando os recursos com outras aplicações .
Outro atraso variável é devido ao Dejitter Buffer ou variação do
atraso. Este buffer tem a função de armazenar pacotes de voz que
venham separados, para repassá-los ao PABX sem muitos "buracos".

Desta maneira, uma tecnologia de controle de congestionamento,


prioridade e alocação de recursos são importantes para o
desenvolvimento da tecnologia de Voz sobre IP.

A figura abaixo (figura 4) ilustra como o atraso variável está presente


na rede.

fig
ura
4.
Através de uma análise quantitativa, podem ser feitas algumas
observações. O somatório dos atrasos fixos é aproximadamente o
seguinte:

Compressão 20-45ms
Processamento total 20ms
Transmissão 0.25-7ms
Buffer 20ms
Descompressão 10ms
Total de Atrasos Fixos 70-102ms

O somatório destes atrasos está entre 70 e 100 ms. Considerando-se o


pior caso, uma chamada pode tolerar até 150 ms, antes de exceder o
limite de 250 ms.

Contudo na Internet, os atrasos provocador pelos enfileiramentos que


ocorrem em seus nós (roteadores), fazem com que este limite de 250
ms seja superado em alguns momentos, dependendo principalmente
da quantidade de usuários que estão utilizando a rede ao mesmo
tempo, isto é , o trafego e o congestionamento da rede.

O gráfico abaixo (figura 5) apresenta uma relação de 5 grandes


provedores de acesso à Internet (ISP – Internet Service Provider) e os
seus atrasos máximo, mínimo e médio em uma viagem de ida e volta
de um pacote (round trip delay).
figura 5.

De uma maneira geral, a amplitude e a variação dos atrasos


associados a Internet impedem atualmente o seu uso como sendo a
solução para os serviços de telefonia das empresas e até mesmo das
pessoas em geral. Contudo, as redes corporativas privadas (intranet)
quando corretamente configuradas, podem ser um solução viável para
este tipo de serviço.

As intranet’s podem ser projetadas para terem baixos atrasos, porém


devido ao seu cabeçalho grande (24-48 byts) em relação por exemplo
a tecnologia de Frame Relay (4 bytes), e o mecanismos de prioridade
e alocação de recursos não muito eficientes, fazem com que exista a
necessidade de uma banda passante grande e de poucas aplicações
que a disputem.

Desta maneira, as redes IP estão sujeitas a congestionamento e


atrasos, a não ser que exita um algoritmo que permita o controle da
alocação de banda passante no momento que a rede apresentar
pacotes de voz disputando o meio com pacotes de dados, porém esta
discussão será realizado no item 5.1.
4.2. Perda de Pacotes

O congestionamento da rede geralmente resulta em perda de pacotes.


Protocolos de aplicação de dados, tal como o TCP (Transmissiont
Control Protocol), automaticamente retransmite os pacotes perdidos.
Porém a retransmissão não é possível em serviços de telefonia,
devido a sua necessidade de tempo real. Em transmissão de voz, as
perdas de até 5% dos pacotes são normalmente imperceptíveis para o
usuário. Perdas entre 5 e 10% podem ser perceptíveis, porém
toleradas desde que seja implementado um método adequado para a
prevenção de erros na fala. Perdas acima de 10% não são toleráveis
em serviços de telefonia.

As intranet’s bem projetadas são virtualmente imune a perdas,


embora necessite de uma banda passante grande em relação ao Frame
Relay, para realizar os mesmos níveis de perdas de pacotes. Já a
Internet apresenta uma grande variação em relação a perdas de
pacotes . Durante horários de pico, a taxa de perda supera
normalmente os 20%, até mesmo nos provedores de credibilidade
reconhecida (figura 6).

fig
ura
6.
4.3. Escassez de Banda Passante

A banda passante é o elemento que está relacionado diretamente ao


custos das redes de voz e dados. Em redes IP, o tamanho do
cabeçalho proporciona um "peso" a banda passante em aplicações de
voz (Voz sobre IP). E banda passante insuficiente é uma das
principais causas de congestionamento, atrasos e perdas de pacotes.

5. Mecanismos para o Desenvolvimento de Voz sobre IP

No item anterior foram analisados os desafios que precisam ser superados


para o desenvolvimento da tecnologia de Voz sobre IP. Neste item serão
explicados algumas das técnicas que já existem (inclusive comercialmente)
para minimizar estes problemas.

5.1. Controle de Congestionamento, Prioridade e Alocação


de Recursos (RSVP)

Algoritmos e protocolos de prioridade e alocação de recursos podem


dinamicamente limitar ao quadros (frames) de dados quando pacotes
de voz estão presentes na rede (alocação de recurso) e também a
quantidade de pacotes de dados que podem ser enfileirados na frente
dos pacotes de voz (prioridade).

O controle de congestionamento em redes IP ainda não está muito


maduro, porém métodos como o UDP (User Datagram Protocol)
estão ajudando os gerentes de rede a manter o tráfego de voz fluindo
com regularidade.

Alguns dos mecanismos que utilizam as técnicas citadas acima são:


o Enfileiramento Justo por Peso (WFQ – Weighted Fair
Queuing);
o Entrega previsível de informação de voz.

5.1.1. Enfileiramento Justo por Peso – Weight Fair Queuing (WFQ)

A utilização deste mecanismo de controle de congestionamento está


diretamente associado ao "delay" causado pelo enfileiramento
("Queuing delay"). Com sua utilização, não importará a quantidade
de tráfego de dados que entre no roteador pois existirão uma fila para
pacotes de dados e outra para pacotes de voz, sendo um pacote de
cada fila serializado por vez. Deste modo, a voz sempre terá um lugar
garantido na transmissão. Este mecanismo pode ser verificado abaixo
(figura 7).

figura 7.

Este mecanismo também atende a um outro fator necessário ao


transporte de voz: prioridade de tráfego de voz frente ao tráfego de
dados.

5.1.2. Entrega previsível da informação de voz


Para que seja possível a passagem de voz através de uma rede de
dados, além da minimização e do controle do "delay", é necessário
que seja garantida a entrega dos pacotes de voz. Isto é, uma qualidade
de serviço (QoS) é fundamental para que a comunicação seja efetuada
com um mínimo de qualidade. O Resource reSerVation Protocol
(RSVP) é um protocolo de alocação de recursos e ele garante que
haverá uma banda mínima para a comunicação e um atraso máximo
permitido no envio e recepção de pacotes. O RSVP é utilizado em
conjunto com o WFQ de modo que a serialização dos pacotes seja
"programada" e orientada pelas requisições do RSVP. Abaixo (figura
8) é possível ver onde ele atua em conjunto com o WFQ.

fig
ura
8.

5.2. Compressão do Sinal de Voz e Supressão do Silêncio

Algoritmos de compressão de voz fazem com que seja possível uma


voz de alta qualidade fazendo um uso eficiente da banda passante. O
PCM (Pulse Code Modulation) é o padrão de codificação digital de
voz, porém consome 64Kbps de canal. Outros algoritmos de
codificação de voz tentam modelar o padrão PCM mais
eficientemente, usando menos bits.

Mais recentemente, a ITU (Iternational Telecommunication Union)


especificou os padrões G.729 E G.723.1 para padrões de codificação
de voz. O G.723.1 é um algoritmo que foi adotado como parte do ITU
H.323, que é um padrão :"guarda-chuva" para o transporte de voz,
vídeo e dados através de uma rede IP.

Os algoritmos de compressão de voz utilizam técnicas de supressão


de silêncio. Esta técnica atua nas "pausas entre as falas", provendo
uma compressão adicional . Durante uma conversação normal, as
falas ocorrem tipicamente durante 40% do tempo, do contrário é
silêncio. A supressão de silêncio tira proveito destas pausas (silêncio)
e somente transmite durante as rajadas de falas. Durante os períodos
de silêncio, outros pacotes de voz ou dados podem usar a banda
passante.

Os algoritmos de compressão e descompressão adicionam atrasos.


Desta maneira, o atraso é um parâmetro que é levado em
consideração na análise do melhor algoritmo de compressão ,
juntamente com a sua taxa de compressão, que proporciona um uso
mais eficiente da banda passante, a complexidade do algoritmo e a
qualidade da voz.

A tabela (figura 9) abaixo monstra alguns padrões de codificação,


onde algumas das informações importante são o atraso que é gerado e
a sua taxa de compressão.
6. O que fazer com o sistema PBX

Com o desenvolvimento da tecnologia de Voz sobre IP um dos fatos


que irá ocorrer é que a maioria das empresas vão querer tirar
vantagem da economia de custos das redes de comutação de pacotes
para o transporte de voz e ao mesmo tempo preservarem a
funcionalidade e os investimentos feitos em suas redes de PBX
(Private Branch Exchange). Para realizar esta tarefa, os roteadores de
VoIP precisam suportar um canal comum de métodos de sinalização
tais como a taxa primária de sinalização da rede digital de serviços
integrados (ISDN – Intergrated Services Digital Network) e o Q.SIG.
A taxa primária de sinalização ISDN é o padrão de sinalização entre
PBX’s digitais e a rede telefônica pública. Já o Q.SIG é um padrão de
sinalização que permite a operação entre PBX’s.

A falta de suporte a estes protocolos significa que a rede telefônica irá


perder a sua funcionalidade, que é uma conseqüência que não é
desejável ao se fazer a implementação da comunicação através de
pacotes de voz. Desta maneira, os roteadores terão que ser capazes de
entender as informações de sinalização para que a transição para o
sistema de Voz sobre IP seja transparente para o usuário final.

O ITU definiu o protocolo H.245 (parte do H.323 – vide item 7)


como sendo o padrão de sinalização que irá coordenar os diversos
elementos de voz, vídeo e dados presentes no seu sistema.
7. Como funciona o padrão H.323

Neste item será feita uma análise dos protocolos que fazem parte do
padrão H.323 e também como eles funcionam para estabelecer a
comunicação de voz através de redes que utilizam o protocolo IP
(Voz sobre IP)

7.1. Arquitetura de Rede do Sistema H.323

Este item por objetivo citar os protocolos envolvidos no sistema


H.323. de comunicação de voz. Uma explicação de como estes
protocolos atuam na realização de uma chamada será feita no
próximo item (item 7.2).

Sendo assim os protocolos são:

o RTP (Real Time Protocol) e RTCP (Real Time Control


Protocol): Através destes protocolos é que são feitas as transmissões
dos sinais de voz codificados (RTP) e das informações de status da
transmissão (RTCP) entre os dois agentes H.323 (roteadores de
VoIP). Eles são transmitidos através de UDP.
o H.245: Este protocolo troca informações das capacidades de
transmissão dos agentes H.323 e também abre e fecha o canal lógico
utilizado na transmissão dos pacotes de voz. Ele é transmitido através
de TCP.
o H.225: Este protocolo é formado pelo RAS (Registration, Admission,
and Status) e pelo Q.931. O protocolo RAS está diretamente
relacionado a alocação de recursos (banda passante) para que a
transmissão seja efetuada entre os dois agentes H.323. Já o Q.931 é
protocolo de sinalização que é usado para se realizar um "setup" e
também o término da chamada entre dois agente H.323. Este
protocolos são transmitidos através de TCP.
A figura (figura 10) abaixo ilustra a disposição em camadas dos
protocolos citados acima:

7.2.Como se realiza uma chamada

Todo o caminho percorrido no momento do estabelecimento e no


desenrolar de uma chamada é feito em etapas. Primeiramente a
pessoa que deseja ligar entra com o número como qual se está
querendo conversar. Este número é enviado ao PABX. Se este
número corresponder a um escritório remoto, a chamada é
direcionada para o roteador de VoIP pertencente a matriz responsável
pela conexão ao local remoto. Neste ponto entra em ação o roteador
de VoIP (Gateway) que irá codificar esta informação de acordo com o
padrão G.723.1. Feito isto, um mapeamento do endereço IP
correspondente do número discado é realizado. De posse do endereço
IP destino, uma série de protocolos entram em ação para que seja
realizada a negociação da chamada. Primeiramente, um agente H.323
inicia esta negociação. O H.323 é um padrão que define como deve
ser feita este hand-shake, isto é, faz o gerenciamento dos protocolos
de maneira que a comunicação de voz através da rede seja possível. O
H.323 por sua vez, "chama" o protocolo RAS (parte do H.225) que
faz as reservas para alocação de recursos (banda passante) em ambos
os lados da comunicação de modo que a chamada se complete, isto é,
este protocolo controla a banda passante, determinando a sua
quantidade necessária e permitida para a realização desta chamada.
Sendo possível fazer uso da banda passante necessária para a
transmissão dos pacotes de voz, entra em ação o protocolo Q.931
(parte do H.225) para realizar a troca de mensagens de sianlização
entre os dois terminais (no caso os PBX’s), enviando uma mensagem
de "setup" da chamada. Seguindo esta fase da negociação, entra em
ação o protocolo H.245 que faz com que cada ponta da comunicação
informe a outra as capacidades de transmissão, isto é, faz com que
seja possível a identificação de um método compatível para que a
informação (voz, vídeo e dados) seja transmitida. Por exemplo, os
dois terminais negociam qual será o padrão de codificação de áudio
(vide item 5.2) que será usado para a transmissão da voz. Estes
protocolos são transmitidos através de um canal lógico seguro,
fazendo uso do protocolo TCP.

Se todas as etapas anteriores foram realizadas com sucesso, um


protocolo de tempo real RTP é acionado para que o "bate-papo" possa
ser realizado. Vale ressaltar que este protocolo, quando é enviado de
um roteador a outro, é encapsulado em UDP (canal lógico sem
segurança/retransmissão) e posteriormente em IP (com o endereço IP
mapeado) e aí sim são enviados no meio físico.

Este pacote será roteado normalmente pela "nuvem" IP (com a rota


estabelecida pelos roteadores da ponta-origem de modo que todas as
reservas de recursos sejam atendidas) até o roteador da outra ponta-
destino, que ao recebê-lo fará o processo inverso. As figuras (figura
11 e 12) abaixo facilitam a visualização deste processo.

figura 11.
figura 12.

8. Comparação com outras tecnologias de rede para a


transmissão de voz

Economia Utilização Aplicações em


Tecnologias de Rede Desempenho
de custos mundial potencial
PSTN Baixo Alto Alto Baixo
Frame Relay Alto Alto Moderado Baixo
Intranet (IP) Alto Moderado Moderado Alto
Internet (IP) Muito alto Muito baixo Alto Alto
ATM Baixo Alto Baixo Baixo

9. Perguntas
1- Quais os motivos para o desenvolvimento da técnica de Voz sobre IP ?

R.: A redução dos custos das ligações telefônicas interurbanas e


internacionais; e a integração de serviços (dados e voz numa única
rede).

2- Quais os desafios que devem ser superados para que seja viável a
implementação de Voz sobre IP e explique como eles prejudicam a
transmissão dos pacotes de voz para telefonia?

R.: Congestionamento, atrasos, perdas de pacotes e escassez de banda


passante são os principais desafios a serem superados. Os
congestionamentos geram atrasos e perdas de pacotes. Porém para
transmissão de voz para telefonia em redes IP (Internet,intranet),
existem limites de tolerância para os atrasos (250ms) e perdas de
pacotes (até 10%). Já a escassez de banda passante é uma das
principais causas de congestionamentos, atrasos e perdas de pacotes,
uma vez que, devido a própria característica da redes baseadas no
protocolo IP (comutação de pacotes), a banda passante é "disputada"
por outros pacotes (voz, dados, etc).

3- Como surge o atraso variável ?

R.: O atraso variável surge devido ao enfileiramento dos pacotes nos


roteadores da rede.

4- Qual a solução encontrada para os congestionamentos e atrasos ?

R.: Os mecanismos de controle de congestionamento, prioridade e


alocação de recursos foram a solução encontrada para os
congestionamento e atrasos e eles podem ser exemplificados através
de dois mecanismos: WFQ + RSVP.

5- Quais os protocolos que fazem parte do padrão H.323 e como se realiza


uma chamada ?

R.: Vide item 7.1 e 7.2


https://www.gta.ufrj.br/grad/98_2/liesse/relat.html

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