Você está na página 1de 18

1

ANÁLISE DE DESEMPENHO DA REDE PON DO GRUPO MULTIVIX

Gustavo Vettorazzi Berudio1, Ricardo de Almeida2, Vanderley Medina Barbosa3, Felipe Lobo 4

RESUMO

Este artigo aborda um estudo de caso, para a elaboração do projeto de construção de uma Rede
Óptica Passiva - PON, tendo como objetivos principais definir a arquitetura de uma rede de fibra
óptica GPON/FTTH e especificar os elementos passivos e ativos utilizados na rede com as suas
características e funções. Além disso, este estudo tem também como objetivo analisar o desempenho
do sistema para considerar a sua viabilidade em termos ópticos. Assim, foi analisada uma ligação,
cuja distância fosse a de maior valor, utilizando a ferramenta OptiSystem 8.0 para estudar o
desempenho do sistema.
Palavras-chave: Redes PON; Rede de acesso; GPON.

ABSTRACT

This article discusses a case study for the preparation of the construction project of a PON - Passive
Optical Network, the main objectives define the architecture of an optical fiber network GPON/FTTH
and specify passive and active elements used in the network with their features and functions. In
addition, this study also aims to analyze system performance to consider their viability in optical terms.
Thus, a link was analyzed, whose distance was the highest value using the tool OptiSystem 8.0 to
study the system performance.
Keywords: Networks PON; Access network; GPON.

1 Formando em Engenharia Elétrica pela Faculdade Brasileira - Multivix – Vitória.


2 Formando em Engenharia Elétrica pela Faculdade Brasileira - Multivix – Vitória.
3 Formando em Engenharia Elétrica pela Faculdade Brasileira - Multivix – Vitória.
4 Prof. Felipe Lobo da Faculdade Brasileira – Multivix Vitória.
2

1 INTRODUÇÃO

A evolução cada vez mais rápida da internet, com a disponibilizarão de maior volume de
conteúdo e a crescente quantidade de usuários vem demandando maiores taxas de
transmissão de dados entre máquinas. Com isso surge à necessidade de redes mais
rápidas e eficientes para atender a demanda desse crescente volume, para isso as
empresas estão sempre desenvolvendo novas técnicas e novos equipamentos. No campo
de redes, o cabo mais utilizado atualmente é o par trançado feito de cobre, contudo, com o
aumento de pesquisas em fibras ópticas, descobriu-se que esta apresenta diversas
vantagens quando se trata de transmissão de dados; como imunidade à interferência
eletromagnética, menor perda de energia por quilômetro e maior velocidade de transmissão,
além das características citadas, o fato de ser de sílica e, portanto possuir pouco valor
comercial para revenda, os casos de roubo de cabo são reduzidos consideravelmente.

A Rede Óptica Passiva (PON – Passive Optical Network) vem se apresentar como uma
opção para essa problemática. Diversas variações vêm sendo desenvolvidas para atingir um
principal objetivo de maiores taxas de transmissão, naturalmente acompanhada de
confiabilidade. Os pulsos de luz que carregam as informações na fibra óptica são
modulados, isso faz com que múltiplos serviços possam coexistir na mesma conexão sem
disputar por banda. Como exemplo pode-se transferir vídeo em alta definição em um
determinado comprimento de onda e transferir dados em outro comprimento de onda para a
mesma ONU (Optical Network Unit), equipamento instalado na residência ou escritório do
cliente. Para se garantir atendimento a vários clientes é utilizada a técnica acesso múltiplo
por divisão no tempo (TDMA). Desse modo a fibra óptica já é, em nível de camada física,
intrinsecamente multisserviço, podendo ser utilizada a uma distancia de 20 km entre a OLT
e ONU sem a necessidade do uso de repetidores.

O presente artigo descreve um estudo de caso, com o uso da tecnologia GPON - Gigabit
Passive Optical Network - nas instalações do Grupo MULTIVIX, interligando as unidades
Multivix – Serra e a da escola Darwin, além da previsão de novas instalações. Inicialmente
são enumerados os requisitos necessários e as premissas adotadas, levando-se em
consideração tanto os clientes como também os fornecedores. Em seguida apresenta-se o
padrão do ITU-T G.984, contendo as várias camadas, tais como a camada física e a
camada de convergência de transmissão, abordando também a estrutura das topologias e
as principais características do referido padrão. Depois é dado a conhecer ao leitor os
elementos que constituem uma rede GPON, sejam estes equipamentos passivos ou ativos.

2 MATERIAIS

Inicialmente utilizaremos como material de abordagem as redes de comunicação de nova


geração, onde se incluem as tecnologias de fibra óptica, têm sido uma área na qual tem
havido imensa investigação e desenvolvimento. As tecnologias de FTTx, em especial a
FTTH - Fiber to the Home, já são uma realidade em milhares de habitações em
variadíssimos países.
3

Seguidamente é descrito o planejamento para o projeto proposto onde foram estudados os


vários tipos de arquitetura utilizados pelo FTTH e definiu-se qual seria a melhor opção para
a zona urbana considerada. Utilizou-se o Google Maps, onde foi elaborada a rota da rede da
área escolhida, nos quais englobam a rede de alimentação, e a rede de distribuição,
totalizando 10,7 km de acordo com a Figura 1.

Figura 1 - Rota da Rede PON


Fonte: Google Maps

Para verificar a viabilidade do projeto em termos de potência óptica foi efetuado um cálculo
do balanço de potência. Assim, é considerada a ligação mais distante para averiguar se
existe potência óptica suficiente para cobrir essa ligação. Caso seja viável, então os outros
pontos de distribuição ópticos com distâncias inferiores também estarão suficientemente
alimentados em termos ópticos. São ainda abordados os vários tipos de perdas nas fibras
ópticas.

Finalmente, foram efetuados testes de simulação com o programa OptiSystem simulando a


ligação usada para o cálculo de potência podendo-se assim comparar valores e verificar o
desempenho do sistema através do Diagrama de Olho obtido.
4

2.1 REDES PON

As redes de fibras ópticas podem ser divididas em duas categorias, a arquitetura ponto-a-
ponto e a ponto-multiponto; utilizaremos a ponto-multiponto, cujo diagrama simplificado de
uma Rede GPON é mostrado na Figura 2, nesta arquitetura uma fibra é dividida para vários
usuários através do divisor óptico passivo.

Figura 1 - Diagrama Simplificado da Rede GPON.


Fonte: KEISER, 2006.

Os principais componentes da rede GPON são: Central Office (CO), Optical Line Terminal
(OLT), Optical Network Unit (ONU) e Splitter (Divisor óptico passivo – DOP). A rede é
considerada passiva quando na estrutura entre OLT’s e ONU’s não utiliza elementos ativos,
ou, não há necessidade de energia elétrica para o seu funcionamento.

O OLT é um componente ativo e está localizado na central, que tem por finalidade controlar
o Quality of Service (QoS) e o Service Level Agreement (SLA), e administrar a transmissão
das ONU’s através de um receptor que funciona em modo rajada. A ONU é um componente
ativo e sua localização depende da arquitetura da rede de acesso, podendo estar próximo
ou mais longe do usuário. A ONU fica longe dos usuários e, a depender da arquitetura,
quando localizadas junto ao usuário final, ela é chamada de Optical Network Terminal
(ONT). Tem algumas funções como, concentrar tráfego até que este possa ser transmitido,
fornecer acesso aos usuários, converter o sinal óptico em sinal elétrico para telefones,
computadores e demais equipamentos do usuário final.

O Splitter (Divisor óptico passivo – DOP) é um elemento passivo, este dispositivo realiza
tarefas diferentes para upstream e downstream de informações. No upstream o Splitter
5

combina os vários sinais vindos dos usuários, e a seguir os combina em um só sinal para
enviar ao OLT, já no downstream o Splitter divide o sinal de entrada em diversas ONU’s a
ele ligadas (KEISER, 2006).

A rede PON possui somente elementos passivos entre o OLT e a ONU, assim há uma
grande economia de energia, espaço e manutenção de equipamentos. Dependendo da
direção do sinal o divisor óptico encaminha o sinal de da OLT a vários ONU’s ou, encaminha
o sinal das ONU’s ao OLT. Mesmo com o uso do divisor todas as ONU’s recebem sinais
com canais próprios e com suas bandas devidamente alocadas, permitindo a garantia do
QoS e SLA.

A ideia de rede de banda larga está associada ao fornecimento simultâneo de voz, dados e
vídeo, o que demanda uma alta taxa de transmissão. A alta demanda por taxas de
transmissão através de serviços atendidos por banda larga é mostrada na Figura 2 -
Demanda de Banda por Aplicação. Nota-se a aplicação de TV em alta definição que utiliza
20.000 kbit/s para prover este serviço (BARROS, 2006).

Figura 2 - Demanda de Banda por Aplicação.


Fonte: BARROS, 2006.

A necessidade de maiores Larguras de Banda Larga sob as redes de acesso,


disponibilizadas em par metálico, evidencia diversas limitações, como atenuação acentuada
da distância, Crosstalk, etc. Em redes que utilizam tecnologia PON as perdas são mínimas e
a entrega de banda torna-se confiável.

A operação em uma única fibra óptica é possível através do uso de dois sinais distintos em
comprimento de onda. A transmissão do sinal upstream, ou seja, do usuário para a central,
é feita na região espectral de 1.300 nm (de 1.260 a 1.360 nm) e a transmissão do sinal
downstream, ou seja, da central para os usuários, é feita na região espectral de 1.490 nm
6

(de 1.480 a 1.500 nm). A transmissão de sinal de vídeo da central para os usuários pode,
também, ocorrer na região espectral de 1.550 nm (1.550 a 1.560 nm). A largura de banda é
dividida entre os usuários da rede pelo compartilhamento do quadro de transmissão, através
de acesso por multiplexação temporal (Time Division Multiplexed Access - TDMA) (KEISER,
2006).

O protocolo de controle de acesso ao meio das redes GPON suporta uma distância máxima
lógica de 60 km entre a OLT e a ONT e uma máxima divisão de sinal de 128 vezes. Na
prática, devido às perdas das fibras e dos Splitters, muitos sistemas comerciais atendem à
especificação classe B, prevista na prática G.694.2 (ITU-T, 2003). Esta permite uma faixa
dinâmica de 28 dB, uma divisão do sinal óptico de até 32 vezes e uma distância máxima de
20 km entre a OLT e a ONT. No cálculo da distância a ser atingida, as perdas totais,
decorrentes dos Splitters e da fibra, devem atender à faixa dinâmica permitida, sempre
considerando as perdas reais das fibras e dos Splitters instalados em campo.

2.2 TOPOLOGIAS DA REDE PON

As topologias que estendem a fibra óptica através da arquitetura de acesso são: FTTH
(Fiber To The Home - até a casa), FTTB (Fiber To The Building - Fibra até o prédio),
FTTCab (Fiber To The Cabinet - Fibra até o gabinete), e FTTC (Fiber To The CURB - Fibra
até a calçada), como podem observar na Figura 3. Todas essas topologias oferecem um
mecanismo que habilita suficiente largura de banda para o envio de novos serviços e
aplicações (LIN, 2006).

Figura 3 - Topologias das Redes Ópticas de Acesso.


Fonte: LIN, 2006.
7

As redes ópticas passivas podem ser implementadas por três topologias físicas: em
barramento, anel, ou árvore (estrela). Cada topologia apresenta características distintas,
sendo construídas conforme a necessidade. Algumas destas características da topologia
árvore (topologia que será utilizada neste projeto) serão resumidas a seguir (KRAMER;
PESAVENTO, 2002).

Na topologia em árvore, as ONUs são conectadas a uma OLT por um único derivador por
meio de meio de uma fibra conforme apresentado na Figura 4. Essa topologia no sentido
downstream (OLT para ONUs) ela é ponto- multiponto (P2MP – point-to-multipoint), já no
sentido upstream (ONU para a OLT) ela é ponto-a-ponto (P2P - point-to-point). Uma grande
vantagem dessa topologia se dá pela redução de custos na estrutura da rede, porque ela
utiliza menos componentes passivos que as demais topologias (LAM, 2007).

Figura 4 - Topologia em Árvore.


Fonte: LAM, 2007.

2.3 TIPOS DE REDE

A FSAN em 2001 iniciou estudos para padronizar as redes PON operando em taxas acima
de 1Gbps, com o objetivo de suportar múltiplos serviços. Em 2003 foi padronizada pela ITU-
T a tecnologia GPON e são conhecidas como recomendações ITU-T da série G.984. (ITU-T,
2003). A GPON permite operar com taxas de 1,25 Gbit/s e 2,5 Gbit/s na direção downstream
e 155 Mbit/s, 622 Mbit/s, 1,5 Gbit/s e 2,5 Gbit/s na direção upstream (T-REC-G.984.3).

A Figura 5 mostra a estrutura do quadro GPON Transmission Convergence (GTC) para


direções downstream e upstream, o quadro GTC consiste no bloco de controle (PCBd) e o
GTC payload carga útil (dados) (T-REC-G.984.3). A função principal da camada GPON
Transmission Convergence (GTC) é fornecer o transporte de multiplexação entre o OLT e
ONUs. O quadro no GPON tem duração de 125 µs, no qual o fluxo de quadros contém
células ATM (PAUL, 2006).
8

Figura 5 - Formato do Quadro.


Fonte: PAUL, 2006.

O padrão GPON G.984 define o alcance lógico e o alcance físico. O alcance lógico da rede
é a máxima distância entre a ONU (ONT) e a OLT desprezando as limitações da camada
física, onde consegue alcance máximo de 60 km. O alcance físico é a máxima distância
física entre a ONU (ONT) e a OLT, e tem como definição duas opções definidas: 10 km e 20
km para taxas de 1,25Gbps ou acima.

2.4 TIPOS DE ACESSO

Nas redes PON é necessário controlar o acesso múltiplo ao canal na transmissão upstream,
em razão de todas ONUs compartilharem a mesma fibra. As técnicas mais utilizadas são
TDMA, WDMA, OCDMA, SCMA, porém na norma T-REC-G.983.1 define a utilização da
técnica TDMA (KRAMER; 2002).

A técnica de acesso múltiplo por divisão no tempo (TDMA) divide a largura de banda total do
enlace em vários canais. A distribuição de banda por esses canais é feita pela atribuição de
um intervalo de tempo, denominado time slot. O esquema TDMA permite que cada
ONU/(ONT - Optical Network Terminal) utilize um timeslot fixo ou variável explorando toda a
largura de banda do canal. Mas na distribuição da banda para um determinado usuário,
pode-se ocorrer que não haja informação a ser transmitida em espaços de tempo,
demonstrado na Figura 6. (KEISER, 2006).

Figura 6 - Alocação dos Espaços de Tempo no Tráfego ONT (ONU) para OLT.
Fonte: KEISER, 2006.
9

O WDM denso (DWDM) possibilita transmissão unidirecional de 4, 8, 16, 32 ou mais canais


ou comprimentos de Onda, com amplo espaçamento entre eles. A ITU - T, para possibilitar a
padronização entre equipamentos de diferentes fabricantes definiu para a Banda C,
Freqüências Centrais para espaçamentos de 100 GHz e 50 GHz iniciando em 1528,77 nm e
terminando em 1560,61 nm conforme Quadro 1.

Frequências centrais nominais Frequências centrais nominais Nominal centro


(THz) para espaçamentos de 50 (THz) para espaçamentos de 100 comprimentos de onda
GHz GHz (nm)
193.60 193.60 1548.51
193.55 - 1548.91
193.50 193.50 1549.32
193.45 - 1549.72
193.40 193.40 1550.12
193.35 - 1550.52
193.30 193.30 1550.92
193.25 - 1551.32
193.20 193.20 1551.72
Quadro 1 - Frequências Centrais Nominais.
Fonte: Norma T-REC-G.983.1.

A codificação de linha é utilizada em um canal de comunicação de modo a facilitar a


recuperação do sincronismo pelo receptor e melhorar a confiabilidade com que a informação
é transmitida. Na saída de uma fonte óptica, como um laser de semicondutor, é modulada
através da aplicação do sinal elétrico diretamente a fonte óptica ou a um modulador externo.
Há duas possibilidades para o formato de modulação do fluxo de bits óptica resultante.

Estes são mostrados na Figura 7 e são conhecidos como o retorno ao zero (RZ) e o não
retorno ao zero (NRZ). No formato de RZ, cada pulso óptico que representa o 1 bit é mais
curto do que o bit slot, e sua amplitude retorna a zero antes que acabe a duração do bit. No
formato NRZ, o pulso óptico permanece ligado em toda a duração do bit slot, e sua
amplitude não cai a zero entre dois ou mais bits 1 sucessivos. Como o resultado, a largura
de pulso varia segundo a sequência de bits, no formato RZ é que a largura dos pulsos é
constante. Uma vantagem do formato NRZ é que a largura de banda associada à sequência
de bits é quase um fator de 2 menor do que no formato RZ, simplesmente porque transições
de Ligado-desligado ocorrer menos vezes.

Figura 7 - Sequência de bits Codificadas nos formatos (a) com retorno a zero (RZ) e
(b) sem retorno a zero (NRZ). Fonte: AGRAWAL, 2002.
10

O Formato NRZ é frequentemente utilizado na prática por causa de uma largura de banda
menor sinal associado com isso (AGRAWAL, 2002). Na norma T-REC-G.983.1 define a
utilização da codificação NRZ.

2.5 DIAGRAMA DE OLHO

O diagrama de olho observado na

Figura 8 é utilizado para avaliar a qualidade de um sistema digital. Através deste torna-se
possível observar se o olho está degradado por ruído e timing jitter (incerteza temporal). O
diagrama é formado pela superposição dos períodos de bits no receptor de sequências
elétricas 2-3 bits do trem de pulsos, portanto através disso é fornecido uma forma visual de
monitorar o desempenho do receptor (fechamento do olho é uma indicação de que o
receptor não apresenta desempenho adequado) (AGRAWAL, 2002).

Figura 8 - Diagrama de Olho Ideal e Degradado para o Formato NRZ.


Fonte: AGRAWAL, 2002.

3 MÉTODOS

A ferramenta utilizada para efetuar as simulações foi o software Optiwave OptiSystem 7.0 na
sua versão gratuita que possibilita a realização de planejamentos, testes e simulações de
enlaces ópticos nas camadas de transmissão de redes ópticas, e também possui uma
extensa biblioteca de componentes e equipamentos para medição.

A simulação criada tem como objetivo demonstrar tudo o que foi estudado anteriormente,
com recomendações da ITU-T G.984, foi aplicado à tecnologia GPON para uma ligação
desde o OLT passando pela linha de transmissão até os ONUs, colocado na outra
extremidade. A simulação tem as seguintes definições principais apresentadas na Figura 9.
11

A taxa de bits do projeto é de 2,5G bits/s com uma janela de tempo de 0,41 µs e uma taxa
de amostragem de 80 GHz.

Foram colocados equipamentos para análise, tais como, medidores de potência óptica,
analisadores de BER e analisadores de espectro, permitindo a obtenção de informação ao
longo do sistema óptico.

Figura 9 - Esquema Completo da Simulação GPON.


Fonte: Elaborado pelos autores.
12

Embora todos os componentes estejam conectados corretamente, o software ainda não é


capaz de executar a simulação corretamente, isso devido à propagação de sinal
bidirecional, o sinal tanto para frente e para trás deveria ter que se encontram ao mesmo
tempo (como tempo real), para corrigir esse problema foi introduzindo o Optical Delay
apresentado na Figura 10 que irá realizar a propagação do sinal na fibra até a conclusão da
operação em ambos os lados.

Figura 10 - Optical Delay.


Fonte: Elaborado pelos autores.

Na Figura 11 está representado uma ONU, constituído por mais que um elemento, com uma
entrada e duas saídas. Em uma saída possui regenerador 3R que recupera o sinal de
entrada e depois é enviado para o analisador de BER, no qual é examinado o valor da razão
de bits errados, e obtido o diagrama de olho do sistema, o que permite verificar o seu
desempenho.

Figura 11 - ONU - Optical Network Unit.


Fonte: Elaborado pelos autores.

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

Primeiramente, será apresentado resultado da simulação da rede GPON proposto e feita


uma analise com os resultados. A largura de banda disponível prevista para cada
terminação de rede (ONU) foi calculada com as seguintes premissas:
• Largura de banda de 2,5 Gbps;
• Fracionamento dos divisores ópticos 1:4;
• 25 pontos de terminação para cada ONU;
13

2,5Gbps
= 625Mbps
4

Supondo que cada cliente possui 25 pontos de terminação e que estão todos em operação,
temos uma largura de 25 Mbps:
625Mbps
= 25Mbps
25

Com esta taxa por canal podemos atender todos os serviços disponíveis indicados na
Tabela 1.

Comprimento Aplicação Taxa Requerida (Mbps)


de onda (nm)
1549,32 Dados (Navegação) 15
1550,12 Telefone (VoIP) 1
1550,92 Vídeo Vigilância 5
1551,72 Videoconferência 4
Total 25
Tabela 1 - Demanda Futura de Tráfego.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Na simulação a OLT consiste em quadros transmissores ópticos, um para transmitir no


comprimento de onda do 1549,32nm, um para transmitir no comprimento de onda do
1550,12nm, um para transmitir no comprimento de onda do 1550,92nm, e outro para
transmitir no comprimento de onda do 1551,72nm e ainda um fotodetector para receber o
sinal upstream no comprimento de onda de 1300nm, onde é interligado por um circuito de
fibra óptica desde a OLT até a ONU, e ao longo do enlace ocorrem ramificações por
divisores ópticos (elementos passivos) para atender adequadamente diversos clientes.

O ONU localizado no cliente consiste por quadros fotodetectores APD, um para o


comprimento de onda dos 1549,32nm, 1550,12nm, 1550,92nm e 1551,72nm de forma a
receber os sinais ópticos, e um transmissor óptico para transmitir no comprimento de onda
dos 1300nm. Segue a Figura 12 com o comprimento de onda Downstream e a Figura 14
com o comprimento Upstream com o auxilio do analisador de espectro.
14

Figura 12 - Comprimento de onda - Downstream Figura 13 - Comprimento de onda - Upstream


Fonte: Elaborado pelos autores. Fonte: Elaborado pelos autores.

Na parte referente ao OLT foram colocados quadros transmissores ópticos WDM presentes
na Figura 15 com as seguintes definições:

Figura 14 - Propriedades dos Transmissores.


Fonte: O Autor.

Os serviços para cada comprimento de onda estão descritos na Figura 15, todos com uma
potência do sinal óptico de entrada de -1 dBm, uma relação de extinção de 15 dB. A taxa de
transmissão de dados é de 2,5Gbps, com uma codificação NRZ.

Os transmissores passam por multiplexação WDM que introduzem atenuação na saída da


OLT. É constituída por fibra óptica monomodo com uma atenuação de cerca de, 0,2 dB/km
de acordo com a norma G.652.B, e conforme a ANATEL a atenuação máxima de um splitter
1x4 será de 7,3dB, a perda individual nos conectores 0,3 dB e fusões com um valor de 0,02
dB de acordo com ANSI/TIA 568. As perdas teóricas à saída do OLT até a ONU foram
calculadas da seguinte forma:
15

Perdas para as ONU - MULTIVIX - SERRA e ONU - Darwin.


• Perdas = Perdas WDM + Perdas do cabo + Perdas do cabo (se houver) +
Perdas por conexões e fusões (2 conectores + 4 fusões) + Perdas no
Splitter.
• Perdas = 10km x 0,2 dB + 0,68 dB + 7,3 dB = 9,98dB.
• Potência ONU = -1 - 9,98 = -10,98dBm.

Figura
15 - Medidor de Potência na Entrada da ONU - Multivix - Serra e ONU – Darwin.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Perdas para as ONU1 e ONU2.


• Perdas = Perdas WDM + Perdas do cabo + Perdas do cabo (se houver) +
Perdas por conexões e fusões + Perdas no Splitter.
• Perdas = 10km x 0,2 dB + 0,68 + 10 km x 0,2 dB/km + 7,3 dB = 11,98 dB.
• Potência ONU = -1 - 11,98 = -12,98dBm.

Figura 16 - Medidor de Potência na Entrada da ONU3 e ONU4.


Fonte: Elaborado pelos autores.

Os valores obtidos na simulação serão maiores, conforme a Figura 16 e Figura 17, pois
considera outras perdas, que nos valores teóricos não se considera, devido às
características próprias das fibras, tais como a dispersão cromática, as perdas por
espalhamento, o tipo de conector e do próprio transmissor. Utilizando o analisador de BER
na simulação, obtemos o valor da taxa de bits errados, tomando como referencia a tabela T-
REC-G.984.2 que indica o valor mínimo do BER para uma taxa de transmissão de 2,5 Gbps
downstream e que este teria que ser inferior a 1x10-10.

Na Figura 17 podemos observar o Diagrama do Olho da ONU - Multivix - Serra e ONU -


Darwin que possuem uma tabela de analise no canto superior direito, obtendo-se um valor
mínimo da taxa de BER de 1,173x10-50; contudo na Figura 18 podemos observar o
Diagrama do Olho da ONU3 e ONU4 que obtém um valor mínimo da taxa de BER de
6,67x10-22.
16

Figura 17 - Diagrama de Olho da ONU - Multivix - Serra e ONU - Darwin.


Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 18 - Diagrama de Olho da ONU1 e ONU2


Fonte: Elaborado pelos autores.

Conforme analise de Kramer e os resultados do diagrama de olho concluímos que ocorre


um acréscimo de ruído de emissão espontânea (ruído branco) dos lasers das ONUs mais
próximas da OLT devido à característica dessa transmissão, o que causa interferência no
sinal da ONUs mais distantes. Esse fato e a distância foram os motivos para que o BER
aumentasse consideravelmente.

5 CONCLUSÃO

Idealizadas para atender a uma ampla gama de novos serviços baseados em protocolo IP,
as redes GPON poderão apresentar, em breve, gargalos de transmissão para serviços de
nova geração que exigem largura de banda dedicada por usuário. Este artigo apresentou
uma descrição desta tecnologia de rede óptica de acesso do tipo PON – baseadas em
multiplexação em comprimentos de onda – que permitirão o oferecimento de largura de
banda ilimitada aos usuários.

Com o objetivo de analisar a tecnologia PON, identificou-se os principais tipos de redes e os


requisitos para um projeto de rede óptica passiva de acesso entre os diversos campi do
17

Grupo MULTIVIX e futuras instalações. Na simulação, pretendeu-se analisar a perda de


potência ao longo do enlace e comparar com o valor teórico obtido do mesmo, e obter o
Diagrama de Olho típico, respeitando os parâmetros das tabelas do padrão T-REC-G.984.2.

Após o cálculo de perdas e dimensionamento de largura de banda, concluiu-se que todas as


escolhas feitas fizeram com que o sistema seja realizável, pois terá sinal suficiente para
percorrer todo o percurso, sendo que a potência de recepção das ONUs mais próximas
(cerca de 10Km) foi de -10,98dBm e as mais distantes (cerca de 20Km) foi de -12,98dBm, e
conforme tabela da norma ITU-T 983.1 a sensibilidade mínima do receptor e de -28dBm.

A taxa de BER obtida através do diagrama de olho encontra-se dentro dos valores
esperados, ou seja, como já mencionado anteriormente os valores teriam que ser inferiores
a uma BER de 1X10-10, sendo o valor mais alto obtido foi de 6,67x10-22.
Sendo assim, os estudos deste artigo possibilitaram a avaliação do uso da arquitetura de
uma rede de fibra óptica GPON/FTTH e especificar os elementos passivos e ativos
utilizados na rede atendendo às necessidades desta instituição.

6 REFERÊNCIAS

AGRAWAL, Govind P. Fiber Optic Communication Systems. 3ª Edição. A JOHN WILEY &
SONS, INC. PUBLICATION, 2002.

BARROS, Miriam Regina Xavier de. Apresentação Redes Ópticas de Acesso.


Departamento de Redes de Telecomunicação – CPqD. 2006. Disponível em:
<http://www.jr3e.fee.unicamp.br/semana/2006/06.pdf> Acesso em 22.mai.2015.

ITU TELECOMMUNICATION STANDARDIZATION SECTOR (ITU-T) G.652: General


Characteristics of Gigabit-capable Passive Optical Networks (GPON), 2009.

ITU TELECOMMUNICATION STANDARDIZATION SECTOR (ITU-T) G.692: Optical


interfaces for multichannel systems with optical amplifiers: Transmission media
characteristics – Characteristics of optical components and sub-systems, 1998.

ITU TELECOMMUNICATION STANDARDIZATION SECTOR (ITU-T) G.984.1: General


Characteristics of Gigabit-capable Passive Optical Networks (GPON), 2003a

ITU TELECOMMUNICATION STANDARDIZATION SECTOR (ITU-T) G.984.2: Gigabit-


capable Passive Optical Networks (GPON): Physical Media Dependent (PMD) layer
specification, 2003b.

ITU TELECOMMUNICATION STANDARDIZATION SECTOR (ITU-T) G.984.3: Gigabit-


capable Passive Optical Networks (GPON): Transmission convergence layer
specification, 2004a.

KEISER, Gerd. FTTX concepts and applications - John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New
Jersey, 2006.
18

KRAMER, Glen; PESAVENTO, Gerry. Ethernet Passive Optical Network (EPON):


Building a Next-Generation Optical Access Network, IEEE Communications Magazine,
2002.

LAM, C. F. Passive Optical Network: Principles and Practice, Elsevier Inc, 2007.
LIN, C. Broadband Optical Access Networks and Fiber-to-the-Home. Editora John Wiley
& Sons, Ltd, 2006.

PAUL, E. Green Jr., Fiber To The Home – The New Empowerment, 2006.

TELECO. Tutorial PON - Redes Ópticas de Acesso de Baixo Custo. 2009. Disponível
em: <http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialpon>. Acesso em: 11 de jun. 2015.

TELECO. Tutorial PON - Novas Tecnologias e Tendências. 2009. Disponível em:


<http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialpon>. Acesso em: 11 de jun. 2015.

Você também pode gostar