Data do estudo
Texto base: Tito 1:5
Ponha em Ordem
A Carta a Tito
Tito era um cristão gentio que se
converteu, provavelmente, via mi-
nistério de Paulo. Há poucas infor-
mações sobre ele, as quais não são
mencionadas no livro de Atos. Toda-
via, ele é referido nove vezes, em II
Coríntios, e foi também mencionado
em Gálatas. Participou da segunda
viagem missionária junto com Pau-
lo e Barnabé. Quando Paulo estava
em Éfeso, em sua terceira viagem
missionária, recebeu informações
da Igreja de Corinto, a saber, Tito foi
quem levou a carta corretiva (2 Co
8:6,16-17).
Diferentemente de Timóteo, Pau-
lo se recusou a circuncidar Tito, em-
bora quisessem os judeus (Gl 3:2-5).
Tito foi o representante de Paulo na
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Lição 12
ilha de Creta e na província da Dal-
mácia (2 Tm 4:10). Ele acompanhou
Paulo em Creta e, ali, ficou para
confirmar a estruturação da Igreja.
Quando Paulo escreve a sua carta,
a situação era muito difícil ali, pois
a Igreja, ainda, precisava de organi-
zação. Tito fica ali como pastor “para
que pusesse em ordem as coisas
que ainda restavam” (Tt 1:5). Muitas
lições preciosas temos diante de
nós, por meio dessa carta amorosa
de um mentor para o seu discípulo.
1. Completando a
organização da igreja
(1:5-9)
Quando Tito foi convocado para
servir ali, ele deveria realizar um
trabalho de unificação dos crentes,
e de tal forma que “colocasse em
ordem as coisas restantes” (1:5), re-
ferindo-se à organização das igrejas.
Provavelmente, a carta era para a
Igreja em geral. Para que isso acon-
tecesse, ele precisava preparar e
ordenar os pastores para cada uma
das cidades (1:5). Assim como orien-
tou a Timóteo, Paulo orienta a Tito
acerca das qualidades necessárias
para alguém ocupar ofícios tão es-
peciais como despenseiros de Deus.
Deveriam ser “irrepreensíveis, mari-
do de uma só mulher, que tenha fi-
lhos crentes que não são acusados
de dissolução, nem são insubor-
dinados” (1:6). Entretanto, atitudes
negativas deveriam ser observadas
e rejeitadas, como: “não arrogante,
não irascível, não dado ao vinho,
nem violento, nem cobiçoso de tor-
pe ganância”. Pelo contrário, deveria
ser “hospitaleiro, amigo do bem, só-
brio, justo, piedoso, que tenha domí-
nio de si, apegado à palavra fiel”.
2. Confrontanto as
heresias (1:10-16; 3:9-11)
As congregações da ilha de Creta
mal tiveram tempo de se organizar
e já estavam enfrentando ataques.
Paulo chama a atenção de Tito “por-
que existem muitos insubordinados”
(1:10), e, urgência, em nomear líde-
res com o caráter descrito anterior-
mente. A expressão ‘insubordinados’
demonstra a atitude de desrespeito
a autoridades da Igreja. Com ‘fala-
dores frívolos’, entende-se que usa-
vam de linguagem para impressio-
nar, mas sem nenhum conteúdo de
veracidade, e como consequência,
eram enganadores. Quando fala “es-
pecialmente os da circuncisão”, fica
claro que eram cristãos que, ainda,
se deixavam levar pela influência
judaica. Assim como as orientações
a Timóteo, aqui, a grande preocu-
pação também é com a sã doutri-
na, contra aqueles que, com falsa
doutrina, causavam divisão. Paulo
sabe que não tem tempo a perder
com essas pessoas e diz a Tito que
“é preciso fazê-los calar” (1:11), tapar
a boca como colocando uma mor-
daça, não apenas um freio como no
cavalo. A atitude extrema é para evi-
tar estrago maior, pois tais heresias
“transtornavam casas inteiras ensi-
nando o que não convém”.
Paulo retoma o tema da heresia,
instruindo Tito a “evitar discussões
insensatas, genealogias e conten-
das, e debates sobre a lei; porque
são coisas inúteis e vãs” (3:9). Preo-
cupar-se com esses assuntos só
traz contenda. E continua dizendo
que “ao homem herege, depois de
uma e outra admoestação, evita-o,
sabendo que esse tal está perverti-
do, e peca, estando já em si mesmo
condenado” (3:10,11).
O conselho é para que Tito não
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seja precipitado, mas depois de ad-
vertir uma e outra vez, deve evitar
todas as pessoas que têm intenções
facciosas, e prosseguem em desu-
nir a Igreja.
3. Instruindo sobre a
conduta cristã (2:1; 3:8)
Ao contrário do que faziam os
mestres do erro, Paulo enfatiza que
Tito deveria ensinar a sã doutrina a
cada pessoa em Creta. Nessa ver-
tente, então, valeria dizer que um
pastor, por exemplo, deveria con-
siderar a faixa etária e o sexo das
pessoas que lidera, pois cada um
tem necessidades diferentes, para
que cada grupo observasse um alto
padrão de conduta. O que está em
questão é a boa reputação da Igreja
e o crescimento do evangelho num
ambiente imoral.
a) Dos homens idosos – “quan-
to aos homens idosos, que sejam
temperantes, respeitáveis, sensatos,
sadios na fé, no amor e na cons-
tância” (2:2). A expressão constância
vincula-se a uma das dificuldades e
desencorajamentos da idade, uma
vez que a paciência imprescindível
nas igrejas perturbadas como as de
Creta, supõe-se que os idosos de-
veriam dar exemplo de ‘virtude’.
b) Das mulheres idosas – “quan-
to às mulheres idosas, semelhan-
temente, devem ser sérias em seu
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proceder, como convém a santas,
não caluniadoras, não dadas a mui-
to vinho, mestras do bem; para que
ensinem as mulheres novas” (2:3,4).
Vale destacar as orientações às dia-
conisas conforme 1 Tm 3:11. Prova-
velmente, duas fraquezas naquelas
mulheres eram a calúnia e a embria-
guez, por isso fez essas exigências.
O papel delas deveria ser de ‘mes-
tras do bem’, praticando aconselha-
mento e encorajamento, os quais de-
veriam ser explicitados por meio de
atitude, palavra, exemplo, demons-
trando, assim, um elevado padrão, a
fim de instruírem as jovens recém-
-casadas.
c) Das mulheres casadas – são
orientadas a “serem prudentes,
amarem seus maridos e a seus fi-
lhos, a serem moderadas, castas,
boas donas de casa, sujeitas a seus
maridos” (2:4,5). Essas virtudes, na
antiguidade, eram consideradas a
glória do caráter das mulheres. Os
dois primeiros adjetivos (moderadas
e castas) ressaltam o decoro da vida
sexual. A expressão traduzida por
‘boas donas de casa’, literalmente,
significa trabalhando em casa. Na
antiguidade, esposas, tanto judias
quanto gentias, se conservavam em
casa e não deveriam andar aleato-
riamente. Não deveriam esquecer-
-se da bondosa, simpatia para com
seus familiares. Paulo tem uma ra-
zão especial para exigir alto padrão
por parte das mulheres jovens: “para
que a palavra de Deus não seja difa-
mada”. O mundo está de olho na fa-
mília e criticará o próprio evangelho
por qualquer conduta oriunda dos
crentes que seja, portanto, chocan-
te.
d) Dos jovens – “Exorta, seme-
lhantemente, os jovens para que
sejam moderados” (2:6). Paulo tor-
na-se mais severo quando chega
aos jovens, empregando aqui o im-
perativo, a fim de que sejam crite-
riosos, exerçam autocontrole. Tito
ainda era, relativamente, jovem e
sua maneira de comportar-se de-
veria influenciar os jovens. A pre-
gação de Tito teria mais probabili-
dade de ser aceita, caso mostrasse
padrão de boa conduta, bem como
de exemplo daquilo que pregasse
(2:7). O ensino deve mostrar “integri-
dade, reverência, linguagem sadia
e irrepreensível” (2:7,8), como uma
referência às suas atividades de
mestre. Integridade quer dizer pu-
reza e ausência de qualquer desejo
de lucro. Sua reverência denota alto
padrão moral e uma maneira séria
de viver. O conteúdo da sua men-
sagem deve ser em linguagem sa-
dia e irrepreensível de acordo com o
evangelho apostólico. O motivo nas
entrelinhas desses preceitos é “para
que o adversário seja envergonhado
não tendo indignidade nenhuma de
dizer a nosso respeito” (2:8). Os ad-
versários eram críticos do Cristia-
nismo, mas sua referência, aqui, diz
respeito aos indivíduos enfermiços
dentro da própria Igreja, os quais
procuravam a mínima oportunidade
para pegá-lo numa falha. A melhor
defesa seria a completa ‘integrida-
de’ quanto à sua pregação.
e) Dos servos – Paulo ressalta
que os escravos, também, têm uma
grande responsabilidade espiritual.
“Quanto aos servos, que sejam em
tudo obedientes aos seus próprios
senhores, dando-lhes motivo de sa-
tisfação” (2:9). Não somente os ser-
vos devem ser obedientes a seus
senhores, como também, devem
dar-lhe satisfação, sem responder
nem furtar. Devem cumprir seus
deveres com o desejo de agradar,
pensando na sua posição de cristão
mais do que de servo, esforçando-
-se para exibir prova de toda fideli-
dade. Como sempre faz, o apóstolo
apresenta uma razão profundamen-
te cristã para que os servos mante-
nham este alto padrão de conduta,
que é a tarefa suprema de honrar a
Deus nas suas vidas, a qual a Igreja
inteira é dedicada “a fim de orna-
rem, em todas as coisas, a doutrina
de Deus, nosso Salvador” (2:10). Em
outras palavras, o comportamento
obediente possibilita que a mensa-
gem cristã seja agradável e nobre,
proporcionando a sua proclamação
de modo hábil.
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 Conclusão
A Igreja de Creta, com todas as
suas congregações, embora ainda
recém-organizada, já era alvo dos
ataques externos e internos. As coi-
sas, ainda, precisavam de organiza-
ção e Paulo começa pelo caráter do
pastor, do líder.
É fundamental que o líder, além
de conhecimento, tenha uma con-
duta exemplar, para que não venha
a ser alvo dos inimigos, contudo,
tenha estrutura para combater as
heresias e impedir que a desunião
impere na Igreja, trazendo divisão.
Em sua organização, toda Igreja
precisa atentar para as diversas fai-
xas etárias e interesses de grupos
específicos, objetivando, assim, com
sabedoria atender a todas as neces-
sidades desde os bebês até os mais
idosos.
Para pensar e agir
1. Percebemos que em todas as
cartas pastorais, a preocupação é
com a sã doutrina e como comba-
ter as heresias. Em qualquer tempo
da vida de uma igreja, seja recém-
-organizada ou com muitos anos,
os ataques surgem. Como você se
comporta, quando surge uma apa-
rente novidade espiritual no meio da
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igreja? Se os líderes agirem como
pais na fé, ficará bem mais fácil dis-
tinguir os lobos.
2. A Igreja precisa atender às ne-
cessidades espirituais dos mem-
bros, de forma que o ensino da sã
doutrina seja compreendido por to-
dos. Nesse prisma, então, a Palavra
ensina que, deve ser exigida uma
conduta exemplar por parte dos
crentes em Cristo Jesus.
3. É preciso contextualizar as
orientações dadas a Tito, no que di-
zem respeito a mulheres e homens,
casados e solteiros, jovens e idosos.
Os valores morais e espirituais, po-
rém, nunca podem ser negociados.
Vivemos um tempo de muita rela-
tividade e libertinagem, em nome
do moderno, contrapondo-se ao
antigo. O propósito de uma conduta
exemplar sempre é: honrar o nome
de Deus e proclamar o Evangelho.
Leitura Diária
SEG Tito 1:1-9
TER Tito 1:10-16
QUA Hebreus 6:13-20
QUI Tito 2:1-15
SEX Colossenses 3:18; 4:1
SÁB Tito 3:1-15
DOM Romanos 13:1-14