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29/09/21, 22:11 UNINTER - MUSICALIZAÇÃO INFANTIL

MUSICALIZAÇÃO INFANTIL
AULA 2

Profª Florinda Cerdeira Pimentel

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CONVERSA INICIAL

O conceito de música possui diversas definições e


funções na vida do ser humano: arte, terapia,

aprendizagem, desenvolvimento,
entretenimento. Nesta aula, veremos a música como uma poderosa

ferramenta de
desenvolvimento e aprendizagem desde a mais tenra idade e como ela pode ser
inserida no cotidiano do indivíduo do ponto de vista educacional, afetivo e
estético.

De acordo com Bastian (2009, p. 42), a educação musical é


capaz de auxiliar no desenvolvimento

de capacidades cognitivas, criativas,


estéticas, sociais, emocionais e psicomotoras.

Também nesta aula, abordaremos o quanto a educação musical


pode ser transformadora em um

contexto sociocultural e faremos uma reflexão


sobre talento musical e a importância da avaliação

durante o processo de
musicalização infantil.

TEMA 1 – MÚSICA E MUSICALIZAÇÃO: PRINCÍPIOS DA


MUSICALIZAÇÃO INFANTIL

A música sempre esteve presente na infância: nas cantigas de


roda, nos acalantos, nas cantigas

de ninar, nas brincadeiras de rua e nos jogos


dos pátios da escola. Desde muito cedo, os bebês já

têm contato com o ritmo por


meio das pulsações do coração da mãe. Por meio de seus movimentos,

eles têm
contato com os diferentes timbres dos sons do corpo materno e imediatamente
quando

nascem estão expostos aos sons que os rodeiam.

O ouvido humano, diferente dos olhos que possuem as


pálpebras que filtram o que queremos

ou não ver, não apresenta “filtro”, ou


seja, captamos todos os sons ao nosso redor, direta ou

indiretamente. Sobre
essa condição Jeandot (1990, p. 21) afirma que

Para ouvir, basta estarmos expostos ao mundo sonoro e


possuirmos o aparelho auditivo em
funcionamento. Nunca cessamos de ouvir, de
receber as impressões dos ruídos, dos sons. Não
podemos fechar a porta dos
sons: não temos pálpebras auditivas. Já a escuta envolve interesse,
motivação,
atenção. É uma atitude mais ativa que o ouvir, pois, selecionamos o mundo
sonoro,
aquilo que nos interessa. Dessa maneira, podemos perceber a música,
seus elementos constituintes,
como a tonalidade, os timbres, o andamento, o
ritmo etc.

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Sendo assim, a musicalização infantil é um processo que visa


buscar uma escuta mais apurada,

em que o educador musical possibilita às suas


crianças a oportunidade de experimentar todos os

tipos de sons. Por meio dessa


pesquisa, ele desperta o interesse, a curiosidade, a criatividade e, a

partir
da exploração, ir desenvolvendo uma percepção mais apurada do universo sonoro
que as

rodeia. Por meio da escuta atenta, é possível então partir para outras
etapas da musicalização, como

o fazer musical, a apreciação e a composição.

TEMA 2 – ASPECTOS COGNITIVOS, AFETIVOS E ESTÉTICOS

Em Teoria de aprendizagem musical, Gordon (2000)


destaca que a música é concebida de

maneira orgânica, da mesma maneira com que


se aprende a língua materna. Esse processo se dá em

quatro etapas: escuta, imitação,


pensamento e improviso.

Pela escuta: o indivíduo, como já foi dito, tem acesso aos sons
desde o ventre materno,

segundo pesquisadores, a partir do quarto mês de


gestação, o feto já pode sentir as vibrações

sonoras e captá-las em seu


aparelho auditivo. Ao nascer, o bebê recebe informações sonoras
de todas as
formas, seja pelo som da própria voz, da voz das pessoas que o circundam ou os

sons do ambiente.

Pela imitação: a criança brinca com os sons que ouve –


especialmente a voz das pessoas mais

próximas – e passa a imitá-los. Os sons


rotineiros passam a ser assimilados com maior

frequência e facilidade.

Pelo pensamento: os sons ao redor da criança começam a ter


significado.

Pelo
improviso: o pensar das palavras faz com que o indivíduo seja capaz de compor
palavras e

frases.

De acordo com a teoria de Gordon, observa-se que é


primordial que alguns aspectos devam ser

respeitados no desenvolvimento da
criança para que o ensino da música seja efetivo, como a faixa

etária, a
individualidade e a sua bagagem cultural.

A musicalização infantil parte do princípio de que a criança


vivencie os sons, brinque e

experimente. Para Brito (2003, p. 41), “a forma com


que as crianças percebem, apreendem e se

relacionam com os sons, no


tempo-espaço, revela o modo como percebem, apreendem e se

relacionam com o
mundo que vêm explorando e descobrindo a cada dia”. O ensino tecnicista, em
que
a criança deve memorizar códigos e depois digitar em um instrumento, sem antes
ter sido

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exposta a vivências sonoras, torna o seu fazer musical um aprendizado


mecânico e, muitas vezes,

desestimulante.

O aprendizado musical, tanto nos aspectos cognitivos quanto


afetivos, proporciona ao indivíduo,

segundo Muszkat (2012), a ativação de


diversas áreas do hemisfério esquerdo cerebral que podem

potencializar além das


funções musicais, que ali se encontram como funções linguísticas. Muitos

circuitos neuronais são ativados pela música, uma vez que as percepções ocorrem
por meio de

estímulos simultâneos com tocar ou cantar e se movimentar, exigindo


funções cognitivas como

atenção, concentração e construção da memória.

As crianças, de maneira geral, expressam as emoções


mais facilmente pela música do que pelas
palavras. Nesse sentido, o estudo da
música pode ser uma ferramenta única para ampliação do
desenvolvimento
cognitivo e emocional das crianças, incluindo aquelas com transtornos ou
disfunções do neurodesenvolvimento como o déficit de atenção e a dislexia. (Muszcat,
2012, p. 68)

Além de proporcionar o desenvolvimento cognitivo e afetivo


do indivíduo, a criança que convive

com a música desde pequena desenvolve uma


sensibilidade sinestésica e emocional, ou seja, ela é

capaz de perceber a
beleza do que se ouve e consegue sentir sensações e se expressar por meio dos

sons. A estética musical é a habilidade que o indivíduo adquire quando é capaz


de perceber a

qualidade daquilo que se ouve. Esse processo se constrói na


medida em que, de forma lúdica e

sensível, desperta-se na criança um ouvinte


cada vez mais perceptível, quando ela já adquiriu um rico
repertório, capaz de velá-la
a fazer suas escolhas e demonstrar suas preferências.

TEMA 3 – ASPECTOS SOCIAIS DA MÚSICA NA INFÂNCIA

Desde muito pequenos, os recém-nascidos já iniciam suas relações


sociais. Pesquisadores

apontam que a partir do quarto mês de vida, eles já


reconhecem a voz e os rostos das pessoas mais

próximas de seu convívio. Isso


acontece porque o timbre é um forte elemento para a construção

dessa paisagem
sonora familiar para os bebês, em que por meio de canções de ninar, histórias,

acalantos e brincos, o cérebro em desenvolvimento converte os sons captados em


sensações (Pinto,

2009).

Por toda infância, a música, as canções, os jogos musicais e


as brincadeiras promovem o

desenvolvimento da socialização, pois por meio deles


é que a criança se relaciona com outras

pessoas. Nessas relações, ela aprende a


conviver em sociedade e aprende na prática conceitos tão

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importantes como compartilhar,


esperar a sua vez, dividir, emprestar, ser solidário, controlar seus

impulsos,
empatia, companheirismo e tantos outros aspectos essenciais para o bom convívio
social.

Em uma única brincadeira musical, como Passa, passa


gavião, são trabalhados com as crianças

vários aspectos musicais, como


pulso, ritmo, melodia e o timbre de um determinado instrumento. No

entanto, o
objetivo principal da brincadeira é passar o instrumento ou o objeto sonoro
para que

todos possam experimentar aquele determinado som. Portanto, o fato de


passar para o colega do
lado, aguardar a sua vez de tocar e respeitar a
sequência da roda faz com que aspectos sociais

também sejam desenvolvidos.

As cantigas de roda também são grandes ferramentas de


socialização, tanto pela sua formação

na coreografia quanto pela própria letra


de determinadas cantigas. Mesmo sem perceber, as crianças

cantam sobre
sentimentos e emoções: “o anel que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor
que tu

me tinhas era pouco e se acabou”.

As cirandas fazem com que as crianças cantem de mãos dadas e


ali se desenvolvem noções de

ritmo, tempo, espaço e percepção musical, pois


todas devem seguir o mesmo andamento para que a

roda funcione, todos os


participantes devem se olhar, devem se ouvir. É mão com mão, em um só

pulso,
como uma engrenagem orgânica movida a música e a amizade.

São muitas as propostas pedagógicas que contribuem para o


desenvolvimento social, emocional

e afetivo das crianças como os jogos de mãos,


as bandinhas rítmicas e outras atividades em que a

proposta seja realizada em


grupo.

TEMA 4 – CONVERSANDO SOBRE O TALENTO MUSICAL

Vamos abordar o talento musical sob o ponto de vista do


psicólogo cognitivo e educacional

Howard Gardner, que desenvolveu a Teoria das


Inteligências Múltiplas. Em sua pesquisa, ele concluiu

que todos possuem um número


de faculdades mentais relativas e, ainda, que é possível desenvolver,

por meio
de estímulos, algumas dessas capacidades, que ele chama de inteligências
múltiplas. Essas

inteligências se localizam em diferentes regiões do


cérebro e são organizadas conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – As inteligências múltiplas

Inteligência Diz respeito à capacidade de realizações operacionais de


uma pessoa, ou seja, operações
lógico- numéricas e dedutivas.
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matemática

Está diretamente relacionada à habilidade de aprender


idiomas variados. Além disso, também
Inteligência
está ligada à capacidade de usar a fala
e a escrita para um fim, como a comunicação
linguística
interpessoal.

Inteligência Diz respeito à capacidade de compreensão, reconhecimento e


manipulação de situações que
espacial estejam considerando a visão como fator
determinante.

Inteligência Podemos entendê-la como uma “inteligência corporal”. Está


relacionada à capacidade de utilizar
físico- os movimentos corporais para a resolução
de algo. Vai desde montar um brinquedo até
cinestésica contribuir na construção de um
carro ou uma casa.

Inteligência Está ligada ao entendimento das intenções e desejos das


pessoas. Reflexo direto na relação
interpessoal social do indivíduo em grupo.

Inteligência Diretamente ligada ao desenvolvimento de uma compreensão de


si. Essa é a inteligência que é
intrapessoal trabalhada para se conhecer e poder agir para
alcançar objetivos pessoais.

Inteligência É o que muitos chamam de talento musical. É aquela


aptidão para compor, tocar ou estar
musical inserido no universo dos padrões
musicais.

Inteligência
Aquela que está relacionada ao reconhecimento e
classificação de uma espécie da natureza.
natural

Inteligência
Ligada à reflexão sobre temas que estão presentes na nossa
vida.
existencial

Seguindo a discussão sobre talento


musical, ao considerar as inteligências múltiplas de Gardner,
observa-se que
todos temos potencialidade para desenvolver alguma forma de talento, seja ela

musical ou não.

Quando o educador ou familiar percebe na criança uma


facilidade para a música, muitas vezes
desperta-se no adulto certa euforia,
pois realmente é encantador quando se observa crianças

pequenas com facilidade


em identificar certos timbres, memorizar sons ou reproduzir ritmos ou
melodias.
Até mesmo alguns indivíduos têm habilidades para manipular instrumentos
musicais com

muita facilidade. No entanto, esses indivíduos, mesmo que hábeis,


precisam de estímulos e estudos
para que aperfeiçoem suas habilidades.

Um cuidado muito importante que o educador deve ter com seus


alunos quando se trata de
talento é que o termo em si é um tanto excludente. Como
ficam as demais crianças quando se coloca

uma em destaque? Já observou em uma


atividade musical alguma criança que não demonstra prazer,

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que até participa


das propostas, mas tem dificuldade em executá-las ou que realiza com
facilidade,

mas as faz por obrigação? É uma reflexão importante a ser feita,


pois o fato dessa criança não ter
“talento musical” não a faz menos inteligente
do que as outras. Talvez essa criança tenha mais

habilidade com números ou com


movimentos físicos. Cabe ao professor de música lançar mão desses
recursos para
tornar suas aulas mais interessantes e, assim, todos possam participar com
alegria, sem

destacar este ou aquele aluno.

Mas existe alguma maneira de estimular a inteligência


musical nas crianças? De acordo com os

pesquisadores e educadores musicais mais


modernos, a melhor maneira de se estimular o
desenvolvimento musical é através
da vivência dos sons. Desde a mais tenra idade, deve-se
proporcionar a esse
indivíduo ambientes estimulantes para que esse “gosto” pela música surja

naturalmente nas crianças.

O Brasil é rico em sonoridades, porém dentro do ambiente


escolar a educação musical ainda

engatinha. Enquanto isso, no Japão, nos Estados


Unidos e em muitos países da Europa, as crianças
saem da escola alfabetizadas
musicalmente e isso faz toda a diferença. No entanto, nós, como

educadores, não
devemos nos restringir às limitações impostas à nossa condição, mas cada um
deve
fazer o seu melhor. Mais do que pensar em crianças talentosas, precisamos pensar
em crianças

felizes.

TEMA 5 – AVALIAÇÃO NA MUSICALIZAÇÃO INFANTIL

Quando se ouve o termo avaliação, logo associa-se a


prova, teste. No senso comum, criou-se

uma concepção de avaliação como sendo um


meio de dar notas a um aluno para saber se ele merece
ou não passar de ano.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases de 1961 a avaliação era


considerada classificatória, apenas
atentando para a posse do conhecimento. Não
havia uma preocupação quanto à recuperação,
ficando esta a cargo dos
familiares, cabendo à escola somente a verificação dos conhecimentos

através do
uso de segunda época (Lei n. 4.024/1961, art. 14).

O real papel da avaliação no sistema de ensino é abordar o


aprendizado do aluno como um

todo, considerando as dimensões emocionais e


sociais do indivíduo, não meramente mensurar sua
capacidade de armazenar
conhecimento e memorizar dados. O processo avaliativo, que deve ser

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planejado e
contínuo, serve como uma ferramenta para que o professor possa conhecer melhor
seus
alunos, visualizar suas dificuldades ou facilidades e, com base nessa
análise, possa trabalhar com eles

de maneira cada vez mais eficaz.

De acordo com a nova LDB de 1996, a avaliação passa a ser um


instrumento de
acompanhamento e verificação no processo de aprendizagem. Para
que isso aconteça, é necessário

que o professor lance mão de ferramentas de


avaliação que sirvam para que esse acompanhamento
ocorra não apenas pelo
professor, mas que o próprio aluno seja um verificador de seus progressos.

Na
educação musical, especialmente, o processo avaliativo precisa ser realizado
visando às
experiências do aluno, e não simplesmente quantificando-o.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997) indicam


que mais do que proporcionar
conhecimentos técnicos e teóricos, é fundamental
que o educador musical verifique se o indivíduo

desenvolveu sua musicalidade e


suas potencialidades. Para isso, o instrumento apontou metas e
objetivos do
ensino-aprendizagem, como saber se expressar por meio da música, desenvolvendo
a

percepção, emoção, imaginação e sensibilidade; interagir com instrumentos


musicais; e também
perceber a música como um fato histórico contextualizado em
diferentes culturas.

O educador deve proporcionar, durante todo o processo de


musicalização, formas de avaliar que

atendam a esses requisitos e busque


diagnosticar o desenvolvimento individual e coletivo dos
alunos. Por meio de
uma percepção analítica, o professor pode observar constantemente o

desenvolvimento de aspectos como postura corporal, uso adequado da voz,


entrosamento entre os
colegas, manuseio dos instrumentos e objetos sonoros,
levando em consideração suas dúvidas, suas

descobertas, suas ideias e seu


desenvolvimento crítico.

O educador musical que utiliza a avaliação durante todo o


processo de musicalização como
ferramenta de aprendizagem fará com que o aluno
aprenda não apenas os elementos teóricos, mas

despertará nele um indivíduo


musicalmente consciente de suas possibilidades, capaz de criticar,
refletir,
compor e se expressar.

NA PRÁTICA

Como já foi dito anteriormente, ao assumir um aluno ou uma


turma de musicalização infantil, é

de primordial importância que o educador


assuma o papel de mediador de oportunidades de

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experimentações e vivências
musicais e sonoras, para que junto com a criança desenvolvam uma

prática
musical instigadora, criativa e efetiva.

Para isso, é necessário, antes de tudo, que ele tenha um


olhar observador e analise
particularmente seus alunos, reconhecendo o que a
turma realmente precisa. Ao elaborar um plano

de aula, assunto que abordaremos


mais tarde com detalhes, cabe ao professor ter “cartas na manga”,
pois, quando
se trata de crianças, é preciso que haja flexibilidade para lidar com os
imprevistos que

possam surgir, como birras, desinteresse ou excesso de


interesse por determinada proposta, fralda
suja, atrito entre as crianças,
indisciplina e outros tantos imprevistos comuns na rotina de uma sala de

aula.

Uma sugestão de planejamento que auxilia o professor no


despertar do interesse das crianças
logo no início das aulas é a chamada aula-espetáculo.
Nessa técnica, desenvolvida pelo educador

musical Estevão Marques (2017), ele


compara uma aula bem planejada a um show e diz que, nessa
ocasião, os
espectadores aguardam ansiosamente pelas suas canções favoritas antes de ouvir
os

lançamentos do artista, e é isso que prende a atenção do público. Na


proposta, o autor organiza a
aula nas seguintes etapas:

Canção de boas-vindas: o professor deve criar uma conexão com


seus alunos. A canção de
boas-vindas, além de cumprimentá-los, desperta o
entusiasmo para a aula que irá começar.

Aquecimento:
iniciar a aula com o aquecimento é fundamental porque “um corpo bem
desperto
faz com que a cabeça funcione bem melhor” (Marques, 2017). Aqui, o professor
não

necessita dizer quase nada; ele simplesmente coloca uma música instrumental
e dá início à
sequência de movimentos que permita com que as crianças trabalhem
a respiração, conectem-
se com seus próprios corpos e agucem seus sentidos. A
música instrumental desperta na

criança a imaginação criativa, pois ela compõe


seu próprio enredo a partir do que a melodia
propõe.

Os benefícios dessa atividade são: promoção de maior tônus


muscular e energia, escuta ativa,
disciplina, concentração, habilidade motora,
imaginação criativa, percepção da forma musical,

percepção sensorial,
equilíbrio.

Memória
brincante: nesta etapa da aula, sugere-se o resgate de alguma canção ou
atividade
musical conhecida pelos alunos, que esteja presente na memória
corporal e sonora das

crianças. Pode ser alguma cantiga trabalhada em aulas


anteriores, uma música do cotidiano,

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mas que seja algo que as crianças


identifiquem. Outra sugestão é resgatar o cancioneiro
popular, tão rico em
nosso país.

Essa proposta pedagógica faz com que as crianças, ao


realizar algo já familiarizado por elas,

sintam-se em território seguro, ou,


conforme o autor exemplifica, “sintam-se em casa”. Segundo
Marques (2017, p.
8), “neste momento, a casa, que era só do professor, também passa a ser a casa
da

criança. E assim acontece um pacto de confiança entre ambos, resultando numa


turma muito mais
unida, em que todos aprendem se divertindo!”.

Pode-se observar que até mesmo entre os adultos essa


“técnica” funciona. Quando se vai a um

show, por exemplo, mesmo que o artista


esteja lançando um novo trabalho, o público geralmente se
satisfaz somente quando
são tocadas as músicas conhecidas. Esse sim é o grande trunfo para o

sucesso de
um espetáculo, quando se aguarda ansiosamente pelos grandes sucessos, ao serem
tocados, o público se conecta profundamente ao artista.

Os benefícios desse momento da aula são: investigação cultural,


sociabilidade, integração entre
professor e aluno, agilidade dos reflexos,
assimilação do conteúdo, conexão entre atividades,

estrutura musical e
repertório popular.

Novidade:
depois de despertos a imaginação, o corpo, a memória e com alunos devidamente
motivados é hora de apresentar um novo conteúdo. No entanto, deve-se ter o
cuidado de

seguir o eixo proposto nas atividades anteriores.

Por exemplo: se no momento da memória brincante foi


trabalhada a canção Seu Lobato tinha
uma fazenda, sugere-se que o
conteúdo trabalhado gire em torno do tema (animais da fazenda ou

paisagem
sonora sobre o campo). Inclusive, na atividade de aquecimento, pode-se sugerir
às crianças
a imitação dos movimentos dos animais, das árvores ao vento, do espantalho
parado etc.

Nesta proposta, Marques enfatiza a importância de que tudo


dentro da aula-espetáculo —
canções, jogos, brincadeiras, leituras — deve estar
conectado. Para ele, “construir uma sequência

temática no planejamento de uma


aula é uma oportunidade para as crianças trabalharem um mesmo
conteúdo sob
diferentes olhares e linguagens, valorizando o potencial criativo de cada aluno”
(Marques, 2017, p. 8).

Os benefícios obtidos na realização dessa etapa são:


curiosidade, interdisciplinaridade, potencial
criativo, dinâmica de grupo,
ampliação de repertório, ludicidade, percepção musical e escuta ativa.

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Objetos
e instrumentos: até o momento, as atividades musicais propostas, como a
musicalidade

e a expressividade, foram trabalhadas com o corpo. Agora chegou a


hora de converter as
experiências corporais em experimentações de instrumentos
e objetos.

Em uma aula de musicalização, é fundamental que as crianças


tenham a oportunidade de

conhecer e manipular diferentes instrumentos musicais.


No entanto, o professor deve promover
atividades em que elas possam brincar com
outros tipos de materiais, investigando-os e descobrindo

possibilidades de
fazer música com copos, colheres, papéis, brinquedos, garrafas, potes e o que
mais
a imaginação permitir. Marques (2017) afirma que “ao trazer objetos do
cotidiano para este passo,

cada criança pode se colocar no papel de um


inventor, explorando as possibilidades de cada
material”.

Os elementos abordados nesta etapa são: ritmo, habilidade


motora, dinâmica musical, confiança

e motivação, técnica musical, pesquisa


sonora, lateralidade e pulsação.

Criação
e adaptação: desenvolver a criatividade e a expressividade é fundamental quando
se
propõe uma aula de musicalização com crianças. Nesta etapa, o professor pode
sugerir aos

alunos que inventem novas formas de brincar, tocar ou cantar os


conteúdos já trabalhados. As

crianças sempre trazem ideias muito interessantes.

Dar a elas a oportunidade de inventar uma nova letra para


uma canção conhecida, criar uma

coreografia, mudar a forma de tocar, realizar


arranjos e composições são excelentes formas de
despertar a imaginação.

Algumas conquistas alcançadas por meio de atividades como essas


são: experimentação e

investigação, criação literária, aprimoramento da


psicomotricidade, percepção corporal, treinamento

vocal, socialização e
cooperação, espontaneidade, teatralidade.

Despedida:
o final da aula deve ser sinalizado com uma canção de despedida, de preferência

que seja a mesma em todas as aulas, para que se estabeleça uma rotina. No
entanto, um pouco
antes da canção, é um bom momento para que o professor
realize um momento relaxante com

os alunos, com uma música instrumental e


alguns movimentos suaves, pois, após a atividade de

criação, as crianças
costumam ficar agitadas. Outra sugestão é realizar uma roda de conversa

muito
tranquila, em que o professor agradece a participação de todos e menciona as
atividades
criativas que surgiram durante a aula.

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Esse processo é essencial para que seja fixado todo conteúdo


trabalhado durante a aula,
desacelere a turma para que receba tranquilamente o
próximo professor que possivelmente irá

chegar, além de desenvolver a


autoestima. Os benefícios promovidos pela realização desta etapa são:

disciplina, memória corporal, integração com a turma, confiança e autoestima,


assimilação do

conteúdo, expressividade, equilíbrio, concentração e foco.

1.  Educação Básica até a RCNEI.

2.  RCNEI.

3.  BNCC.

(   ) O aluno.

(   ) O conteúdo.

(   ) O professor.

FINALIZANDO

Nesta aula, vimos o quanto a musicalização infantil bem


planejada pode ser significativa para o

desenvolvimento social, cognitivo e


motor das crianças. Vimos também que, por meio da vivência

dos sons e da
música, pode-se promover o despertar de um indivíduo mais atento, crítico e
criativo,
capaz de perceber pela sua paisagem sonora o ambiente em que vive e
ampliar seu conhecimento

para outras formas de arte e cultura. Esse despertar


de mundo proporcionado pelo educador às

crianças por meio da musicalização as


torna adultos mais conscientes e sensíveis aos diferentes

povos e culturas.

Conversamos também sobre o talento musical e sobre a


importância de diferenciar talento de

inteligência, pois,
enquanto o termo talento pode ser discriminatório no ambiente escolar,
ao
falarmos sobre inteligência musical, sabemos da possibilidade que temos de
estimulá-la. De acordo

com a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner,


todos temos potencial para desenvolver alguma

forma inteligência.

Além disso, aprendemos que a avaliação na musicalização,


mais do que algo classificatório, deve

fazer parte do processo de


ensino-aprendizagem, sendo realizado cotidianamente, com o olhar do

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educador
para os alunos e do educador para si mesmo.

REFERÊNCIAS

BASTIAN, H. G. Música na escola. 1. ed.


São Paulo: Paulinas, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de


Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: Arte. Brasília,


1997. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em: 18
maio 2020.

_____. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de


1961. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 28 dez.
1961.

_____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de


1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,

Brasília, DF, 23 dez.


1961.

BRITO, T. A. de. Música na educação


infantil: propostas para a formação integral da criança. São

Paulo:
Peirópolis, 2003.

GORDON, E. A. Teoria da aprendizagem


musical: competências, conteúdos e padrões. Lisboa:

Fundação Calouste
Gulbenkian, 2000b.

JEANDOT, N. Explorando o universo da música.


São Paulo: Scipione, 1990.

MARQUES, E. O método da aula-espetáculo.


[S.l.]: [s.n.], 2017

MUSZKAT, M. Música, neurociência e desenvolvimento


humano. In: JORDÃO, G. et al. (Coord.). A

música na escola. São Paulo:


Allucci & Associados Comunicações, 2012. p. 68.

PINTO, R. da S. A música no processo de


desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro: [s.n.], 2009.

QUEM é Howard Gardner e o que é Teoria das


Inteligências Múltiplas. Laboratório Inteligência

de Vida, Rio de
Janeiro, 8 ago. 2018. Disponível em:

<https://blog.inteligenciadevida.com.br/2018/08/08/quem-e-howard-gardner-especialistas-em-
educacao/>.
Acesso em: 18 maio 2020.

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