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Resumo do GAI e CPI

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intelectual.

Regra 1: Em casos de índices não unitários (diferença de mais de 5 pontos


ponderados entre subtestes), devemos ter cautela ao interpretar GAI e QIT, sempre
olhando para o que fez com que houvesse tal diferença.

• Em casos de pelos 3 índices não unitários faz sentido fazer a análise por “clusters”.

Regra 2: Quando o QIT não for interpretável, calcular o GAI.

Como calcular o Índice de Capacidade Geral (GAI)?

Primeiro passo: você precisa saber se é possível calcular o GAI!


• Só podemos calcular o GAI caso não tenha diferença significativa entre ICV e IOP.

Segundo passo: some o ponto ponderado dos 3 subtestes do ICV e IOP.

Terceiro passo: Procure na tabela 1.4 (pág. 34 a 35 do livro WISC IV Avaliação Clínica e Intervenção.
Editora Pearson) ou na tabela 1 (pág. 128 e 129 do livro WISC IV Interpretação Clínica Avançada.
Editora Pearson).

Quarto passo: Analise a discrepância QIT-GAI: calcule a diferença entre o QIT e o GAI, subtraindo-se
o escore composto do GAI do escore composto do QIT (QIT – GAI = anote esse valor).

Quinto passo: Tabela 2 (pág.129) do livro WISC IV Avaliação Clínica e Intervenção:


• Encontre a faixa etária da criança e o nível de significância desejada.
• Leia a linha até a coluna apropriada para determinar o valor crítico.

Sexto passo: O valor absoluto da diferença de pontuação da criança dever ser igual ou superior ao
valor crítico para ser estatisticamente significativo.

Sétimo passo: Tabela 3 (pág.130) do livro WISC IV Avaliação Clínica e Intervenção: fornece a
porcentagem de crianças na amostra normativa do WISC-IV que obteve discrepância igual ou maior
entre o QIT e o GAI (frequência acumulada).
• Tabela 3: se a frequência acumulada for de 10% para baixo confirma que a diferença
significativa encontrada entre o QIT e GAI é rara, ou seja, é sim significativa.
• Tabela de frequência acumulada para amostra de um grupo especial (Tabela 4, pág. 131 a
132): Superdotados; Retardo mental leve ou moderado; Transtorno de Aprendizagem;
Transtorno de Aprendizagem combinados com Déficit de Atenção e Hiperatividade;

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Transtorno de linguagem expressivo; Transtornos misto de linguagem receptiva-expressiva;
Traumatismo cranioencefálico; Autismo; Asperger; Deficiência motora.

Regra 3: Quando nem o QIT e nem o GAI forem interpretáveis, descrever a


capacidade intelectual em índices, separadamente.

Regra 4: Quando calcular o GAI (se isso for possível), pode-se tentar calcular o CPI
para comparar as duas medidas.

Como calcular o Índice de Competência Cognitiva (CPI)?

Primeiro passo: você precisa saber se é possível calcular o CPI!


• Só podemos calcular o CPI caso não tenha diferença significativa entre IMO e IVP.

Segundo passo: some o ponto ponderado dos 2 subtestes do IMO e IVP.

Terceiro passo: procure na tabela 1.9 (pág. 43 a 44 do livro WISC IV Avaliação Clínica e Intervenção.
Editora Pearson) ou tabela 1 (pág. 184 do livro Interpretação Clínica Avançada. Editora Pearson).

Quarto passo: analisar se há discrepância entre GAI e CPI. Para analisar a frequência acumulada dessa
comparação, olhar na tabela 1.10 (pág. 44 a 45 do livro WISC IV Avaliação Clínica e Intervenção.
Editora Pearson) ou tabela 2 (pág. 185 do livro Interpretação Clínica Avançada. Editora Pearson).

Exemplo de como colocar no laudo:

Escala Wechsler de Inteligência para Crianças e Adolescentes (WISC- IV)

Média
160
QI E Índices WISC IV 90 a 109
150
140
130 123
120 116
111
110
100
100
90 85
80
70
60
50
40
ICV IOP IMO IVP QIT

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Gráfico 1. Índice de Compreensão Verbal (ICV): composto por provas que avaliam as habilidades verbais por meio do raciocínio,
compreensão e conceituação. Índice de Organização Perceptual (IOP): constituído por atividades que examinam o grau e a qualidade
do contato não verbal do indivíduo com o ambiente, assim como a capacidade de integrar estímulos perceptuais e respostas motoras
pertinentes, o nível de rapidez com o qual executa uma atividade e o modo como avalia informações viso espaciais. Índice de Memória
Operacional (IMO): formado por provas que analisam atenção, concentração e memória de trabalho. Índice de Velocidade de
Processamento (IVP): constitui-se de atividades que avaliam agilidade mental e processamento grafo motor. Coeficiente de
Inteligência Total (QIT): avalia o nível geral do funcionamento intelectual.

Em relação ao desempenho de Pingo:


ICV = 123 (Superior)
IOP = 116 (Média Superior)
IMO = 85 (Média Inferior)
IVP = 100 (Média)
QI Total = 111 (Média Superior)

Interpretação: Coeficiente de Inteligência Total classificado como média superior (QIT = 111), com
diferenças significativas entre os resultados obtidos no Índice de Memória Operacional (IMO = 85,
média inferior) e os resultados dos Índices de Organização Perceptual (IOP = 116, média superior) e
Compreensão Verbal (ICV = 123, superior). Embora os escores alcançados tenham indicado esse
coeficiente de inteligência total (QIT = 111, média superior), vale ressaltar que a fidedignidade de tal
resultado pode ser questionada, em razão da discrepância presente entre os referidos índices, que
podem interferir nesse valor para análise geral. Em outras palavras, as discrepâncias sugerem que
outras variáveis possam estar comprometendo seu desempenho, a ponto de interferirem no QI
alcançado. No caso de Pingo, foi possível perceber que as dificuldades referentes ao Índice de
Memória Operacional interferem no seu desempenho.
Nesse sentido, Pingo apresentou uma variação muito grande entre os quatro diferentes índices da
escala WISC IV, impossibilitando a interpretação de forma fiel do QIT. Entretanto, a performance nos
Índices de Compreensão Verbal (ICV) e de Organização Perceptual (IOP) se mostraram bastante
semelhantes, sem discrepâncias. Sendo assim, essas pontuações podem ser combinadas e
produzirem um Índice de Capacidade Geral (GAI). O GAI difere do QIT uma vez que não é influenciada
pela performance das tarefas que avaliam velocidade de processamento e memória de trabalho. O
GAI reflete o raciocínio e abstração verbal e visual.
Além dos mais, a performance nos Índices de Memória Operacional (IMO) e de Velocidade de
Processamento (IVP) também se mostraram bastante semelhantes, sem discrepâncias. Essas
pontuações podem ser combinadas em um único índice, o Índice de Proficiência Cognitiva (CPI). O
CPI reflete a proficiência da criança para tratamento de certos tipos de informação. Um
processamento avançado, através da velocidade rápida e um bom controle mental, facilita o
raciocínio fluido e a aquisição de um novo material, reduzindo as demandas cognitivas de novas
tarefas.
Pingo demonstrou um Índice de Capacidade Geral (GAI) de 123 pontos, classificando a sua habilidade
intelectual geral como “superior”. Contudo, ele apresentou Índice de Competência Cognitiva (CPI) de
91 pontos, classificando o processamento rápido e controle mental na “média”. Quanto aos
intervalos de confiança e percentis, tanto do GAI como CPI, tais dados são demostrados na Tabela 1.

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Tabela 1. Resultados do Índice de Capacidade Geral (GAI) e Índice de Competência Cognitiva (CPI)
Medidas Índice Percentil Nível de Classificação
confiança
95%

GAI 123 94 116 - 128 Superior


CPI 91 28 84 - 99 Média

Foi possível perceber que o CPI de Pingo se encontra na faixa “Média”, significativamente abaixo de
seu GAI que está na faixa “superior” (diferença de 32 pontos, ocorrendo em menos do que 0.6% da
população), podendo então sugerir que a velocidade e o controle mental não estão facilitando o
raciocínio fluido e a aquisição de um novo material. Desta forma, em muitas situações Pingo pode
não demonstrar suas reais capacidades de raciocínio uma vez que não o faz de maneira rápida ou
pode perder o foco.
Em relação ao Índice Compreensão Verbal (ICV), a criança apresentou inteligência cristalizada e
raciocínio verbal fluido do tipo abstrato acima do esperado, indicando que apresenta facilidades nas
habilidades de memória de conceitos ensinados e capacidade de identificação de semelhança entre
objetos. Importante ressaltar que de acordo com a história de vida relatada pela família e pela escola,
foi possível perceber que Pingo obteve estimulação cognitiva ambiental adequada, estudando
sempre em escolas que o estimulavam, além da estimulação da família. Outro fator importante a ser
ressaltado é que não houve em tais provas interferência de processamento auditivo, sendo que a
criança conseguiu compreender e executar aquilo que lhe foi solicitado. É importante ressaltar
também que apesar de Pingo apresentar habilidades de compreensão de regras sociais, por vezes,
ele burla tais regras conscientemente em benefício próprio.
No que se refere ao Índice de Organização Perceptual (IOP), Pingo demonstrou inteligência fluida e
processamento visual acima do esperado, tendo facilidades nas habilidades de resolução de
problemas sem pouco ou nenhum conhecimento prévio. Além disso, exibiu raciocínio não verbal
fluido do tipo abstrato dentro do esperado. Contudo, comparando o desempenho de Pingo nas
provas que exigem raciocínio verbal com as de raciocínio não verbal do tipo abstrato, percebe-se que
flutuações do foco atencional interferiram na sua produção.
Quanto ao Índice Memória Operacional (IMO), os resultados do teste indicaram prejuízo leve na alça
fonológica da memória operacional, indicando dificuldades em manter e manipular informações a
curto prazo. Além disso, Pingo solicitou repetições e esclarecimentos adicionais nas atividades
neuropsicológicas aplicadas no consultório, especialmente nos substestes do ICV, indicando que em
provas que exigem demandas cognitivas aumentadas de sua memória de curto e longo prazo e que
incluem certa necessidade de raciocínio, dificuldades da memória operacional interferem em seu
desempenho. Importante ressaltar que no quesito atenção seletiva auditiva, Pingo não apresentou
dificuldades nas provas realizadas. Contudo, clinicamente, durante todas as sessões da avaliação

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neuropsicológica, a examinadora necessitou dirigir a atenção de Pingo para as atividades
neuropsicológicas, pois a criança dispersava bastante o foco atencional diante de qualquer estímulo
visual, como os brinquedos do consultório. Tal fato corrobora o que a família disse na entrevista
inicial do processo de avaliação neuropsicológica quanto a dispersão nas atividades escolares. Em
uma das atividades neuropsicológicas aplicadas, Pingo recusou-se inicialmente a realizá-la, pois tinha
letras envolvidas nas quais deveria colocá-las em ordem alfabética. Mesmo Pingo sabendo a ordem
das letras no alfabeto (o que foi verificado pela examinadora), ele relatou que não gostava de nada
que envolvesse a escrita e a disciplina de Português, na qual ele considerava a mais chata (sic). Com
a insistência da examinadora, Pingo realizou tal atividade. Outro fator importante a ser mencionado
é que Pingo tem facilidades em realizar cálculos aritméticos e verbalizou que a Matemática é sua
matéria favorita.
Em relação ao Índice de Velocidade de Processamento (IVP), Pingo apresentou capacidade de
processar rapidamente informações simples ou de rotina com precisão adequada, indicando que a
velocidade de processamento está dentro do esperado. Contudo, é importante investigar quais
processos cognitivos interferem no seu desempenho em tais atividades, já que foi indicado que
possivelmente utiliza de estratégias compensatórias para reduzir os erros atencionais. Outro fator
que merece destaque é uma investigação da interferência do esboço visioespacial da memória
operacional.

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