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29/09/21, 22:06 UNINTER - REGÊNCIA DE BANDA, CORO E ORQUESTRA

REGÊNCIA DE BANDA, CORO E


ORQUESTRA
AULA 4

Prof. José Luis Manrique

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29/09/21, 22:06 UNINTER - REGÊNCIA DE BANDA, CORO E ORQUESTRA

CONVERSA INICIAL

O estudo da regência pode ser aplicado a vários


estilos musicais e formações instrumentais, mas

cada gênero possui suas


particularidades. Quando levamos à prática os conceitos da regência, os

padrões
de movimento e os estudos socioculturais da música, nos encontramos com uma
verdadeira
diversidade de possiblidades, onde cada caso particular será
abordado de maneira diferente a partir

dos mesmos princípios. Assim, cada


regente aprofundará, em maior ou menor grau, nos estilos e

formações musicais
que irá liderar. Como exemplo concreto no Brasil, uma formação bastante

difundida
atualmente é a chamada Big Band, que carrega similaridades com a banda e a
fanfarra

principalmente nos elementos percussivos e de sopro. Com uma tradição


enraizada em terras

estrangeiras, a Big Band é capaz de interpretar diversos


repertórios sem deixar para atrás sua origem

no jazz.

Nesta aula faremos a análise e preparação de alguns


fragmentos de obras arranjadas para Big

Band: Gonna fly now e The


Incredibles, dos compositores Bill Conti e Michael Giacchino,

respectivamente. A partir deste estudo veremos o aquecimento, preparação do


grupo e como seria a

execução da regência para estes trechos. Por último,


exploraremos algumas ideias de emissão e

recepção do capital artístico e


avaliaremos os resultados da nossa prática.

TEMA 1 – ANÁLISE E PREPARAÇÃO DE UMA OBRA DE BANDA,


FANFARRA OU SIMILAR

Como foi proposto anteriormente, seguiremos com os


passos básicos da preparação de uma

interpretação musical, concretamente para


as duas obras escolhidas em formação de Big Band.

1.1 INVESTIGAR SOBRE AS OBRAS

O primeiro passo é investigar sobre as obras a serem


executadas. As duas obras foram

compostas especificamente para serem trilha


sonora de filmes. Gonna fly now foi composta por Bill

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Conti para o filme


Rocky, enquanto The Incredibles foi composta por Michael
Giacchino para o filme

com o mesmo nome.

Bill Conti é um compositor reconhecido em temas de


filmes, dentre seus trabalhos mais

importantes podemos mencionar The Karate


Kid, He-Man - Masters of the Universe e 007 - For Your

Eyes Only.
A trilha de Rocky foi composta em 1976, contribuindo com o perfil
emocional do

protagonista Rocky Balboa, um boxeador de bairro pobre em


Filadélfia, Estados Unidos da América,

que depois de muita derrota, desmotivado


e com tensões na vida pessoal consegue ganhar o

Campeonato Mundial de Pesos


Pesados. Como menciona o compositor numa entrevista, “é um filme
sobre um
perdedor, [...] mas começa a treinar para uma grande luta e queremos manipular ao

público para que eles acreditem que ele pode ganhar” (ABC10 News, 2021). Essa é
a emoção

norteadora da música, a firmeza por alcançar coisas que parecem


impossíveis.

No caso de Michael Giacchino, ele é um compositor de


trilhas sonoras com um sucesso mais

recente que Conti e que também compõe para


seriados e jogos de videogame. Dentre seus trabalhos

mais importantes podemos


mencionar Mission: Impossible III, Jurassic World: Fallen Kingdom
e Spider-

Man: Far From Home. “O estilo de Michael Giachino é


caraterizado por uma sensibilidade musical à

moda antiga e nostalgia pela


música dos Anos Dourados de Hollywood” (Wixon Music Works, 2011).

Assim, a música do filme The Incredibles,


que estreou em 2004, “tem a elegância distintiva dos anos

60, que ajuda a


estabelecer a atmosfera retro e configuração desejada para o filme” (Ibidem).
Neste

sentido, a obra “exorta ao público a aceitar o mundo estiloso de


super-herói, espionagem e aventura”

(Ibidem). Com isto podemos ter uma ideia da emoção a ser


transmitida na execução da peça musical.

1.2 ESCOLHA DA PARTITURA

As duas obras contempladas foram escritas


originalmente para Orquestra Sinfônica de Trilha

Sonora, mas devido ao estilo


são compatíveis sem nenhum problema com a formação de Big Band.

Por esse
motivo, a escolha será por arranjos para Big Band disponíveis no mercado ou
elaborados

pelo próprio regente ou arranjador do grupo musical. Para Gonna


fly now será utilizado o arranjo de

Jay Chattaway[1] e para The Incredibles será utilizado o


arranjo de Stephen Bulla[2], em ambos os

casos
para Jazz Ensemble. Esta formação comercialmente aceita conta com a configuração
típica de

Big Band: 2 sax alto, 2 sax tenor, 1 sax barítono, 4 trompetes, 4


trombones, 1 guitarra, 1 piano, 1

baixo, 1 bateria e percussão (auxiliar).

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É possível que em alguns casos a nossa formação instrumental


seja um pouco diferente à

comercialmente aceita. Nesses casos o arranjador


local ou regente terá que adaptar as partes obtidas

para o grupo de forma


conveniente, cuidando para não modificar muito as intenções musicais e não

descaracterizar a ideia geral do arranjador e compositor.

1.3 ESTUDO DA PARTITURA

Para o estudo da partitura, dentro dos limites desta


aula, analisaremos alguns trechos

importantes de cada obra separadamente. Nesta


etapa serão aplicados os três elementos

mencionados por Labuta: exploração


geral da partitura, antecipar desafios de regência e identificar

desafios para
o grupo (Labuta, 2010, p.74-76).

No arranjo de Chattaway da obra Gonna fly now, de


modo geral não apresenta grandes

dificuldades, a não ser pelos agudos do trompete


superior considerado solista. Se não tivermos um

trompetista que alcance


confortavelmente esses agudos ou a possibilidade de executá-lo com um

trompete piccolo,
esta linha aguda poderia ser substituída por outro instrumento embora perdendo
o

timbre ardido do trompete nos agudos. Inclusive, uma opção de troca poderia
ser um teclado

sintetizador com som de brasses, bastante utilizado nos


anos 70 e contemporâneo ao estilo

composicional da obra. Respeitando os fins


pedagógicos desta aula, trabalharemos os primeiros 9

compassos, onde já
encontramos passagens interessantes para o estudo da regência. Apenas por

uma
simplificação gráfica, utilizaremos uma redução para piano da parte dos metais
em som real,

não transposto, como mostra-se na Figura 1.

Figura 1 – Gonna fly now – redução do


naipe de metais – compassos 1-9

Fonte: Manrique, 2014.

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O arranjo inicia com fortíssimos enérgicos nas cabeças


dos compassos (c.) 1, 3, 5, 6, 7 e 8, e o

quarto tempo ativo nos c. 2 e 5.


Também podemos notar ataques em contratempo nos c. 6 e 8. A

partir do c. 9
inicia o tema principal da música em anacruse e dinâmica mezzo-forte.

No caso do arranjo de Bulla da obra The Incredibles,


a peça demanda um maior nível de preparo

tanto do regente como também do grupo


musical, pois conta com várias mudanças de fórmula de

compasso e pulsação,
entradas rápidas em contratempo, elementos estilísticos de jazz e outras
dificuldades de performance. Isto se deve principalmente ao fato da obra
recolher vários momentos

musicais diferentes utilizados ao longo do filme.


Assim, na continuação trabalharemos com alguns

trechos diversos na partitura


original do arranjo.

Figura 2 – The incredibles – Anotação inicial de


tempo e interpretação

Fonte: Hal Leonard, 2021.

As indicações
iniciais, mostradas na Figura 2, comunicam o tema do filme a ser tratado que é Os

dias de gloria (The Glory Days), a intenção interpretativa que é


“rápida com excitação” (fast with

excitement), a velocidade do pulso ou


tempo em batidas por minuto, e outras caraterísticas básicas

de notação musical
como fórmula de compasso e armadura.

Figura 3 – The incredibles – Naipe de sax –


compassos 4-8

Fonte: Hal Leonard, 2021.

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Nos c. 4 e 5,
mostrados na Figura 3, aparecem duas frases sugerindo a melodia do tema
principal

a modo de pergunta e resposta entre os sax alto e tenor, com a


anotação entre parênteses de

“colcheias exatas” (straight 8ths). Esta


anotação é para alertar aos músicos que não se trata da prática

estilística do
jazz de ler uma dupla de colcheias como se fosse colcheia pontuada mais
colcheia em

ritmo interno de tercinas, comumente chamado “com swing”. Tal jogo


de pergunta e resposta finaliza

num forte-piano dos sax tenores que permite o


início em bloco da dinâmica em crescendo do c. 6, o

qual também contempla um


acelerando (accel.). Logo depois disto aparece a troca de fórmula de
compasso para 5/4 inaugurando outro tema que se chama Os Incredits (The
Incredits), que recebe a

aceleração anterior num pulso mais rápido (faster)


de aproximadamente 192 bpm para mais. Na
cabeça do c.7 temos o ataque dos 4 sax
superiores caindo em glissando sem altura definida

enquanto o sax barítono


inicia o novo motivo musical junto com os graves dos outros instrumentos e
a
base harmônica-rítmica, como aparece na Figura 4.

Figura 4 – The incredibles – Piano, baixo,


bateria e percussão – compassos 6-8

Fonte: Hal Leonard, 2021.

Complementarmente à
análise anterior, é necessário observar também que a bateria entra na
cabeça do
c. 6 com um “preenchimento enérgico” (busy fill) enquanto o piano inicia
seu glissando no
terceiro tempo do c. 6, dois elementos que precisariam de
atenção no meio do acelerando e

crescendo. Já no c. 7 inicia a parte rítmica


propriamente com notação para bateria e congas. A
notação de bateria não está
totalmente definida atualmente, mas podemos ver uma possibilidade de

interpretação bastante aceita na Figura 5.

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Figura 5 – Notação geral para bateria

Fonte: Drum Magazine,


2021.

A única questão desta


interpretação de notação de bateria que não encaixaria com a nossa
partitura é
a atribuição dos pratos, pois estilisticamente produziria um resultado pouco
esperado. Se

verificarmos o áudio de amostra da página da editora da partitura,


escutaremos que o c. 7 inicia com
um crash e continua com o chimbal nas
colcheias. Por esse motivo, assumiremos na nossa partitura

que o xis do quarto


espaço é o chimbal e o primeiro espaço suplementar superior é o crash.

Figura 6 – Notação geral para congas

Fonte: Rhythm Notes, 2021.

No caso das congas, na


Figura 6 mostra-se similarmente uma convenção de notação, embora

também possa
ser subjetiva. Neste caso, a nossa partitura só utiliza a “tumba” que é um som
grave e
o “quinto” que é um som agudo. Dessa forma, a noção de agudo-grave pode
ser aplicada

indistintamente a qualquer outro instrumento de percussão similar


às congas que consiga diferenciar
essas duas batidas.

Figura 7 – The incredibles – Melodia principal nos


trombones – compassos 15-17

Fonte: Hal Leonard, 2021.


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A melodia do tema
principal é apresentada pela primeira vez integralmente pelos trombones nos
c.
15, 16 e 17, como mostrado na Figura 7. Vemos que a agrupação rítmica interna
do 5/4 está

organizada nos agrupamentos de pulsos 3-2, como acontece


similarmente nos graves dos c. 7 e 8.
Isto com uma exceção na segunda metade do
c. 17 que pode ser assumido como uma síncope.

Figura 8 – The incredibles – Mudança de andamento


“com swing” – compassos 82-83

Fonte: Hal Leonard, 2021.

Na Figura 8 mostra-se
a mudança de andamento incluindo a interpretação “com swing”
mencionada
anteriormente, mas agora em fórmula de compasso 3/4. Este tipo de interpretação
típica

do jazz se manterá até o final da obra.

Figura 9 – The incredibles – Naipe de sax,


compassos 113-115

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Fonte: Hal Leonard, 2021.

No c.113 retoma-se o
tema principal de maneira muito especial, como aparece na Figura 9.

Tomando
apenas um instrumentista de cada linha de sax por causa da anotação “soli”,
a melodia é
executada “com swing” em mezzo-forte com um ornamento de grupeto
descendente no tempo 3 do

c. 113. Na continuação, a melodia é amolecida


ritmicamente na primeira metade do c. 114 onde
aparece uma tercina de semínimas
e que na segunda metade sobe em glissando. Claramente, este é

o trecho mais
delicado da obra onde a regência será de suma importância.

1.4 REFERÊNCIAS INTERPRETATIVAS

Como referência interpretativa, que serve para


enriquecer a nossa visão particular da obra, para

Gonna fly now podemos


citar a interpretação de Maynard Ferguson[3] e grupo, por ser uma
das mais

consagradas e lembradas no imaginário coletivo.

No caso de The Incredibles podemos citar a


interpretação da Big Belas Band[4] da Escola de

Música e
Belas Artes do Paraná (EMBAP-UNESPAR), com a condução do maestro José Luis
Manrique.

Além de bons resultados sonoros, a importância desta interpretação


para o nosso estudo recai na
aproximação à realidade brasileira dentro das
graduações em música no país.

TEMA 2 – AQUECIMENTO E PREPARAÇÃO DO GRUPO

Cada instrumentista da Big Band, e de outras formações


instrumentais similares, possui
aquecimentos específicos para cada caso. Por
exemplo, os instrumentistas de sopro precisam

principalmente ativar o músculo


diafragma, relaxar língua e lábios e preparar a digitação dos dedos,
articulando notas longas e curtas numa sequência apropriada para cada nível. Enquanto
isso, o

próprio instrumento também atinge a sua temperatura de execução para


garantir a afinação. O ideal
é que o processo de aquecimento para cada caso
seja orientado pelo professor de instrumento e/ou

trazido pelo próprio


instrumentista como parte da sua rotina. Por esse motivo é recomendado que o
instrumentista chegue com antecedência para finalizar seu processo de
aquecimento antes da hora

de início do ensaio.

É necessário que cada instrumentista chegue com suas


partes estudadas previamente e as
pratique momentos antes do ensaio, já
aquecidos. Para isto, as partes precisam ser enviadas aos

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instrumentistas com
antecedência e de acordo ao nível de execução de cada um.

A distribuição dos instrumentistas no espaço de ensaio


pode ser variada segundo o número de
participantes e o resultado sonoro
desejado pelo regente, mas recomenda-se que seja a mesma que

será utilizada no
momento da apresentação com público. Uma distribuição de Big Band bastante
utilizada que serve de referência aparece na Figura 10.

Figura 10 – Distribuição básica de uma Big Band

Fonte: Donald, 2021/


Crédito: Smile Ilustras.

A respeito da afinação, na Big Band é usual que cada instrumentista


afine pessoalmente seu
instrumento com algum dispositivo mecânico ou eletrônico
no padrão de 440hz antes do início do

ensaio. Em caso de trabalhar com piano


acústico, o mais recomendável será afinar segundo a nota
“la” deste
instrumento, para não correr o risco de ter diferenças de afinação por causa
das condições

climáticas do ambiente e da conservação do instrumento.

TEMA 3 – EXECUÇÃO DE ALGUNS TRECHOS

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Nesta seção analisaremos os trechos abordados


anteriormente desde a ótica da execução

gestual da regência. As soluções que


serão apresentadas seguem o estudo gestual apresentado
anteriormente, mas
também possuem a subjetividade do professor e, logicamente, são apenas
possibilidades norteadoras para o estudo.

No caso do Gonna fly now, o c. 1 pode ser


inaugurado com uma preparação em dois tempos
fazendo uso do movimento de
munheca chamado “click”. Este movimento consiste em iniciar no

plano de
regência com as mãos paralelas e perpendiculares em relação a este, marcando
com um
rápido giro de munheca o pulso anterior à preparação propriamente
deixando as mãos alinhadas

sobre o plano. Este gesto precisa ser vigoroso para


obter em resposta o fortíssimo inicial. No quarto
tempo do c. 2, observamos um acento
nos trombones que precisará de um gesto claramente ativo e

atacando na
sequência a segunda frase que inicia no c. 3, sem perder a dinâmica do
fortíssimo. No c.
5 a frase musical muda, mas mantém a estrutura rítmica do c.
3. No c. 6 continuamos com o primeiro

tempo ativo, mas no segundo tempo


aparecem elementos rítmicos em contratempo, os quais será
preciso marcar na
cabeça do tempo enfaticamente e receber a resposta sonora uma colcheia depois.
A marcação de um contratempo se faz na cabeça do tempo ao qual ele pertence, a
não ser que a

musicalidade do trecho justifique o contrário. Nos compassos


seguintes se segue o mesmo padrão

até marcar a entrada do tema principal no


anacruse do c.9. Estes movimentos garantirão a exatidão
das entradas dos
instrumentistas e a expressividade desejada no resultado sonoro.

Agora abordaremos as possibilidades gestuais para os


trechos selecionados de The Incredibles.
Mesmo que não apareça na Figura
2, sabemos que outros instrumentos entram na cabeça do tempo

já no início, o
que levará a assumir gestos similares aos que foram propostos no início de Gonna
fly

now, só que desta vez em dinâmica forte, na expressividade sugerida e


marcando a entrada dos

saxofones no quarto tempo ativo. Nos c. 4 e 5 uma


marcação de tempos sólida em 4/4 funciona bem,
acentuando o forte-piano e logo
em seguida deixando o gesto pequeno, preparando-o para o

crescendo. Antes de
analisar o c. 6 precisamos definir a marcação de tempos do 5/4 que aparecerá na

sequência. Este 5/4, além de ser em andamento rápido, tem a organização interna
de 3-2. Uma
possibilidade é marcá-lo como binário irregular em dois arcos, o
primeiro de 3 tempos e o segundo

de 2 tempos. Definida a marcação a partir do


c. 7, agora teremos maior clareza para definir uma

transição que prepare para


esse momento. Assim, o c. 6 pode ser assumido como binário, neste caso

regular,
em movimento crescente e acelerando. O modelo binário será interessante também
para
mostrar o tempo ativo na entrada do piano e deixar um pouco mais livre ao
baterista para o

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crescente preenchimento enérgico. A dinâmica pode ser marcada


por um dos braços em abertura
diagonal enquanto o outro braço marca o tempo,
tirando proveito da independência dos nossos

membros superiores.

O tema principal nos trombones do c. 15 pede para manter


o mesmo gestual do 5/4, auxiliando

as dinâmicas com uma das mãos e cortando a


frase no final do c. 17. Já no c. 113 o gesto pede outras

caraterísticas além
de ter a marcação de 4/4. O gesto deve ser leve e legato durante todo o trecho.

Nas tercinas da primeira metade do c. 114 será conveniente arredondar


completamente a marcação
do segundo tempo para não atrapalhar o fluxo natural
das tercinas e reencontrar a precisão do pulso

no terceiro tempo.

A batuta no caso de Big Band será opcional, dependendo


da abordagem do regente, da

quantidade de instrumentistas e da distribuição


destes no espaço. Com estas breves orientações e

planejamentos estaremos
minimamente capacitados para encarar a execução das obras. Devemos
lembrar também
que assim como os instrumentistas ensaiam previamente, os gestos do regente já

devem estar incorporados ao corpo de maneira automática na hora do ensaio, para


que toda a

capacidade de atenção esteja dedicada ao resultado sonoro e não à


preocupação por acertar

movimentos.

TEMA 4 – PLANEJAMENTO DE EMISSÃO E RECEPÇÃO DO CAPITAL


ARTÍSTICO

Por serem obras relativamente atuais, os códigos


musicais utilizados não se afastam muito da

nossa realidade cultural,


diferentemente de obras do século 19 e anteriores. Não obstante, a

elaboração
de um programa de concerto é recomendada em todo caso, onde as obras devem
aparecer na ordem em que serão apresentadas com um mínimo de informações que
auxiliem ao

público entrar na poética. A ordem das músicas precisa ser


escolhida pelo regente, seja pelo grau de

dificuldade, seja por ordem


cronológica de composição ou por elementos estilísticos específicos. No

nosso
caso concreto, Gonna fly now apresenta traços estilísticos dos anos 70
enquanto The
Incredibles possui traços dos anos 60, o que diferiria se
optarmos pela ordem cronológica de

composição.

As duas obras a serem executadas pertencem ao


repertório de trilha sonora, o que poderia ser

valorizado como coesão poética


do concerto. Isto sugere adicionar ao programa outras músicas que

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também sejam
deste mesmo gênero. Algumas possibilidades de fluxo de capital artístico passam
pela

projeção de imagens dos filmes junto à execução do grupo e podem ir até


ter os personagens
fantasiados contracenando com os músicos, como é o caso da
proposta de The Music of Pixar Live![5]

, mostrado na Figura 11.

São muitas as possibilidades de planejamento de fluxo


de capital artístico. Estes subsídios

complementares à experiência sonora estão


atrelados normalmente à capacidade financeira e

logística que o projeto musical


possui e ao público específico a que será direcionado o evento. É

importante
notar que os cuidados do regente estarão presentes em todas estas decisões.

TEMA 5 – AVALIAÇÃO E CRÍTICA DOS RESULTADOS

  Dentro das possibilidades gestuais propostas, tem uma


que pode apresentar um problema se

não for adequadamente controlado. O gesto binário


irregular de 5/4 aplicado a partir do c. 7 de The

Incredibles apresenta
um primeiro arco subdividido em três pulsações seguido de um segundo

subdividido em duas pulsações. Pode ocorrer que no primeiro, por ter uma
duração métrica maior, a
amplitude do gesto tenda a ser maior em relação ao
segundo. Isto seria contraproducente pois é o

segundo arco que precisa ter mais


amplitude, preparando o gesto que marcará a cabeça dos

compassos.

NA PRÁTICA

Esta aula e as próximas desta disciplina


caracterizam-se por serem essencialmente práticas. O

que “na prática” significa


que o estudante de regência precisa procurar espaços de desenvolvimento
e
situações reais de ensaio e execução musical, para testar no próprio corpo as
soluções

apresentadas e pôr à prova suas capacidades de comunicação verbal e


gestual com algum grupo

musical concreto.

FINALIZANDO

A música propõe sinergia, comunhão, emotividade,


caridade e outras caraterísticas humanas que
precisam estar presentes no ensaio
dos grupos. O perfil humano de cada grupo é diferenciado, mas

também influenciado
principalmente pela personalidade do regente, quem com entrega espiritual e

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profissionalismo guiará aos músicos nos percursos das interpretações musicais,


propiciando vivências

significativas e comprometidas com a construção social do


seu entorno.

REFERÊNCIAS

ABC 10 NEWS. Famed


composer Bill Conti explains birth of 'Rocky' theme. Disponível em:

<https://youtu.be/hKFEckIt-h8>. Acesso em: 6 jul.


2021.

DIS, T. The Music of


Pixar Live! | Disney's Hollywood
Studios. Disponível em:
<https://youtu.be/qxECsmXu2qA>. Acesso em: 6 jul. 2021.

DONALD, E. Jazz Big


Band seating placement. Disponível em: <

http://www.earlmacdonald.com/jazz-big-band-seating-placement/>.
Acesso em: 6 jul. 2021.

DRUM MAGAZINE. Drum Notation Guide. Disponível


em: https://drummagazine.com/drum-

notation-guide/>. Acesso em: 6 jul. 2021.

Grupo Educacional Bom Jesus. The


Incredibles - Coral da FAE e Big Belas Band.
Disponível em:

<https://youtu.be/IztEwV7y4lw>. Acesso em: 6 jul. 2021.

FERGUSON, Maynard. Gonna Fly Now. Disponível


em: <

https://open.spotify.com/album/7F6b82HkyRu3optHM2WGcX>.
Acesso em: 6 jul. 2021.

HAL LEONARD. The Incredibles. Jazz


Ensemble Library. Disponível em: <

https://www.halleonard.com/product/7011109/the-incredibles>.
Acesso
em: 6 jul 2021.

JWPEPPER. Gonna Fly


Now. Conti/arr. Chattaway - Alfred Publishing Co., Inc. Disponível em: <
https://www.jwpepper.com/Gonna-Fly-Now/2011641.item#/submit
>. Acesso em: 6 jul. 2021.

LABUTA, J A. Basic Conducting


Techniques. 6º Edição. New Jersey: Prentice Hall, 2010.

MANRIQUE, J. Gonna fly


now (redução). Redução para piano. Curitiba, 2014.

RHYTHM NOTES. 10 Conga


Patterns Every Percussionist Should Know Disponível em:
<https://rhythmnotes.net/conga-patterns/>. Acesso em: 6 jul 2021.

WIXON MUSIC WORKS. The


Incredibles: Musical Representations of “New Man” Masculinity
(Part 1). Disponível em: <http://wixonmusicworks.com/blog/the-incredibles-musical-representations-

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15
29/09/21, 22:06 UNINTER - REGÊNCIA DE BANDA, CORO E ORQUESTRA

of-new-man-masculinity-part-1>. Acesso em: 6


jul. 2021.

[1] Partitura oferecida no site: <https://www.jwpepper.com/Gonna-Fly-

Now/2011641.item#/submit>.
Acesso em: 8 jul 2021.

[2] Partitura oferecida no site: <https://www.halleonard.com/product/7011109/the-incredibles>.

Acesso em: 8 jul 2021.

[3] A interpretação está


disponível aqui:

<https://open.spotify.com/album/7F6b82HkyRu3optHM2WGcX>.
Acesso em: 8 jul 2021.

[4] A interpretação está


disponível aqui: <https://youtu.be/IztEwV7y4lw>. Acesso em: 8 jul. 2021.

[5] Este exemplo está


disponível em vídeo aqui: <https://youtu.be/qxECsmXu2qA>. Acesso em: 8

jul 2021.

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