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FIMUCA – Festival Internacional de Música em Casa

27/07 (Segunda-feira) – 14h00


Prof. Eduardo Sueitt – TEMA: Adaptação de ritmos regionais nordestinos
para bateria e a aplicabilidade na música instrumental brasileira

Baião
• Existência do termo baião na cultura nordestina antes mesmo dele se tornar um
gênero musical popularizado por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira;
• A partir da década de 1940 o baião passa a ser identificado como gênero musical
urbano;
• Climério de O. Santos (2013), retrata que nos anos 1940 e 1950, enquanto a
construção do baião ainda estava sendo apurada por Gonzaga, as duas primeiras
gravações de Baião apresentavam a Base 1;

Climério Santos (2013) – Batidas de zabumba

• Estes padrões de zabumba vão se modificando, a partir das gravações de "Que


nem jiló" e de "Vem morena";

Climério Santos (2013) – O padrão rítmico do baião (zabumba) nas canções Que nem jiló e Vem, morena
é idêntico ao ritmo executado por José da Luz, em 1938. O tresilho (variação 2) ocorre em diversas
músicas brasileiras e latino-americanas.

Eder Rocha (2003) – Variações de baião extraídas do livro Zabumba Moderno.


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Toque básico de baião a partir dos instrumentos, triângulo, zabumba e agogô. Fonte: Sergio Gomes,
2005. p.47.

Sugestões de adaptações rítmicas e timbrísticas para bateria

O termo adaptação rítmica e timbrística aqse refere à maneira com que os


bateristas comumente interpretam rítmica e timbristicamente o ritmo (gênero musical)
com o qual deseja transpor para bateria, visando uma semelhança sonora entre os
instrumentos de percussão (tradicional) e a bateria (instrumento transpositor).

Prato de condução/Chimbal – Triângulo


Bumbo – Toques graves do zabumba
Caixa/aro – Toques agudos do zabumba (bacalhau)

Sergio Gomes (2005) – Estrutura base de baião para bateria.

Estrutura base de baião proposta por Sergio Gomes no livro Novos Caminhos da
Bateria Brasileira (2005);

Duduka da Fonseca e Bob Weiner (1991) – Padrões de baião utilizando o prato de condução.

Sergio Gomes (2005) – Novos Caminhos da Bateria Brasileira


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Nenê (2008) – A Bateria Brasileira no Século XXI

Duduka da Fonseca e Bob Weiner (1991) – Brazilian Rhythms for Drumset

Nenê (1982) – Levada de bateria (Loro/Egberto Gismonti)



Nenê (1979) – Levada base de bateria (Suíte Norte, Sul. Leste, Oeste/Hermeto Pascoal)

Propostas adaptativas que rompem a estrutura binária

Utilizando como base a matriz rítmica intitulada "Tresilho” (colcheia pontuada,


colcheia pontuada e colcheia) – estrutura central do baião, adaptamos a levada de acordo
com a formula de compasso desejada.
A levada tocada por Airto Moreira na música Canto Geral (1967) gravada no
álbum Quarteto Novo, ilustra uma adaptação de baião onde o músico utiliza dois caxixis
(grave e agudo) emulando o som do zabumba (toques graves e agudos), no entanto, além
de romper com as características timbristicas, a proposta foge o padrão binário,
adaptando-o para 7/8.


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Airto Moreira (1967) – Canto Geral/Hermeto Pascoal (Quarteto Novo)

Partindo do mesmo conceito, toques graves e agudos (bacalhau) do zabumba,


podemos criar uma infinidade de combinações, e assim construir diferentes levadas.
Abaixo apresento dois exemplos em 7/8 e dois em 5/8, levadas que utilizo bastante nos
sons do meu cotidiano.


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Maracatu de Baque Virado


• Segundo o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Biu Vicente, “o
ritmo, o molejo dos corpos e a organização dos cortejos são originários das
práticas de africanos escravizados no Brasil”
• Guerra-Peixe afirma que é desconhecida a data exata do surgimento do Maracatu
no Recife, porém é sabido tratar-se de uma manifestação fruto do sincretismo
religioso, onde elementos de tradições africanas se confundem e são
ressignificados perante o convívio com o catolicismo.

De acordo com o percussionista Eder “O” Rocha em entrevista para o programa Mão
na Massa – Showlivre.com1 , apresentarei abaixo algumas linhas rítmicas referente
instrumentos de percussão característicos do Maracatu de Baque Virado, especificamente
a Nação Estrela Brilhante.

Alfaias

Segundo Eder, o tarol exerce uma função rítmica que tanto pode dialogar com os
toques das alfaias, quanto as rítmicas executadas pelo gonguê.


1
https://www.youtube.com/watch?v=uppBVWp7s9Y . Programa Mão na Massa – Showlivre.com

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Outra célula rítmica bastante comum no Maracatu de Baque virado é a que


apresentaremos a seguir.

Adaptações de Maracatu de Baque Virado para Bateria

Nenê (2008) – A Bateria Brasileira no Século XXI

Nenê (1982) – Levada de bateria em Maracatu (Egberto Gismonti) – Transcrição por Eduardo Sueitt

https://www.youtube.com/watch?v=FK56bGqffsg


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Propostas adaptativas que rompem a estrutura quaternária

Baião de Matuto (Eduardo Sueitt) – inserção de maracatu em 7/8


https://www.youtube.com/watch?v=GGiQ00g07sc (4m25s)

Maracatu de Abertura (Trio Curupira) – Maracatu em 7/4

https://www.youtube.com/watch?v=sQKF6K7rCtA


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Bumba-meu-boi (Boi de Matraca)

• Azevedo Neto (1983, p. 21), cada “sotaque”, estilo ou tipo de Bumba-meu-boi


tem sua essência fundamentada em três aspectos: o ritmo, a dança e as
indumentárias.
• Rocha (2003), aponta para diferentes tipos de bois: boi de matraca, boi de
zabumba, boi de costa de mão e boi de orquestra, cada qual, com seu “sotaque”
ou formas musicais;
• A música do Bumba-meu-boi é composta de melodia, acompanhada por coro e
sem acompanhamento harmônico, com exceção o sotaque de Boi de Orquestra
que apresenta em sua composição a inserção de instrumentos de sopro e cordas.
• Os Bois da Ilha e os da Baixada utilizam como estrutura de base a polirritmia
3:2, ou seja, são tocadas simultaneamente tercinas e colcheias;
• O Bumba-meu-boi da Ilha ou também conhecido como Boi de Matraca é
composto instrumentalmente por pandeirões e matracas (em quantidade
variável), tambor-onça, o maracá do Amo, que lidera o grupo, e o apito utilizado
para dar os comandos.

Ritmo de execução das matracas no Bumba-Boi da Ilha.

Levada de marcação de pandeirão no Bumba-Boi da Ilha. Fonte: Leitão, 2013, p.100.

Toques de contratempo segundo os boieiros. Fonte: Leitão, 2013, p.100-101

Levada mais comum de Tambor-onça. Fonte: Leitão, 2013, p.103

Ritmo utilizado pelo maracá para dar inicio a toada. Fonte: Leitão, 2013, p. 105


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Adaptações de Bumba-meu-boi para Bateria

Adaptações de Bumba-meu-boi para bateria sugeridas por Rogério Leitão no


livro Batucada Maranhense.

Congada de Agradecimento (Trio Curupira), levada tocada por Cleber Almeida.

Bumba-meu-boi. Levada extraída de Congada de Agradecimento. Cleber Almeida – Trio Curupira (2003)


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Referências

GOMES, Sergio. Novos caminhos da bateria brasileira. São Paulo: Irmãos Vitale, 2005.
GUERA-PEIXE, César. Maracatus do Recife. São Paulo: Ricordi, 1956.
LEITÃO, Rogério R. das Chagas. Batucada Maranhense. Análise Rítmica dos Ciclos
Culturais. A visão de um baterista. São Luís: Gráfica RR, 2013.
NENÊ. A bateria brasileira no século XXI: ritmos brasileiros. Edição do autor, 2008.
ROCHA, Eder. Zabumba Moderno. Edição do autor, 2003.
SANTOS, Climério de O. Forró: a codificação de Luiz Gonzaga. Batuque Book. Recife:
Cepe, 2013.

Lista de audição

Banda de Pífanos de Caruaru. Banda de Pífanos de Caruaru. Continental. Brasil, 1976.

________________________. A bandinha vai tocar. Discos Marcus Pereira. Brasil,
1980.
Curupira. Desinventado. CD. JAM Music 0030 São Paulo, Brasil, 2002. 

Hermeto Pascoal. Zabumbê-bum-á. LP. Gravadora WEA, Brasil, 1979. 

Quarteto Novo. Quarteto Novo. LP. ODEON. Rio de Janeiro, Brasil, 1967.
Egberto Gismonti & Academia de Danças. Sanfona. LP. ECM Records, Brasil, 1981.

Lista de audição complementar


Nenê. Bugre. LP. Metro Records, França, 1983.
____. Ponto dos Músicos. LP. DAM, França, 1984.
____. Minuano. LP. Continental, Brasil, 1987.
____. Suite Curral D'el Rey. CD. Mix House. Brasil, 1997.
____. Porto dos casais. CD. Núcleo contemporâneo. Brasil, 1998.
Curupira. Curupira. CD. JAM Music. Brasil, 2000.
_______. Pés no Brasil, Cabeça no Mundo. MDR Records. CD. Argentina, 2008.
_______. Janela. CD. Brasil, 2013.
_______. Vinte. CD. Brasil, 2016.
Cleber Almeida Sexteto. Música de baterista. LP e CD. Brasil, 2016.
Luiz Gonzaga. A História Do Nordeste Brasileiro Na Voz de Luiz Gonzaga. LP. RCA
Victor. Brasil, 1955.
___________. São João Na Roça. LP. RCA Victor. Brasil, 1958.

___________. Luiz Gonzaga Canta Seus Sucessos Com Zé Dantas. LP. RCA
Victor. Brasil, 1959.
Instrumentos Populares Do Nordeste. Instrumentos Populares Do Nordeste. LP. Discos
Marcus Pereira. Brasil, 1976.
Banda de Pífanos de Caruaru. Raízes Dos Pífanos. LP. Copacabana. Brasil, 1982.


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