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Parte 1
Importante!
Proponho neste livro, o conteúdo que eu acredito ser essencial para o estudante
quando se aventura por este caminho.
A “estrada” é longa, e faz-se necessário entender que é importante tomar
consciência de que tudo o que será estudado aqui tem função prática. Ou seja,
afirmo que o conteúdo aqui apresentado tem como objetivo auxiliar a vida real
do baterista. Por outro lado o que eu chamo de “essencial” para a formação do
aspirante a baterista, a meu ver é tudo o que estudamos e praticamos como base
sólida e que serve para nós como uma “ponte” que nos levará ao “outro lado do
rio”. Faço votos sinceros de que com este conteúdo o estudante possa “alçar vôos”
mais altos no futuro.
Um dos problemas mais comuns que encontramos em bateristas que não tiveram
ou não puderam passar por um estudo fundamental e essencial como este no
início de suas carreiras, é a comprovada falta de estrutura para poder atuar em
diferentes situações musicais. A grande maioria dos estudantes atualmente quer
“começar a construir a casa pelo telhado”. Falta direcionamento, paciência,
constância e disciplina para que possam “alçar os tais vôos mais altos”. Acredito
piamente que este livro auxilia até mesmo quem já toca bateria há mais tempo,
quem está disposto a se organizar melhor e a quem tem consciência de que faltou
ALEX REIS |9
“cobrir” aspectos estruturais em seus estudos que aqui se encontram. Nunca é
tarde para buscar melhorar!
Ao utilizar este livro o estudante perceberá que em vários momentos vou propor a
prática de sua escrita e que desenvolva sua criatividade pessoal. Isto por que meu
objetivo também com este livro é instigar sua própria musicalidade enquanto
artista, mas é de extrema importância ter conhecimento estrutural para que haja
um desenvolvimento coerente e substancial onde possa-se comunicar ideias
musicais com clareza no futuro. Para saber cozinhar bem e misturar bem os
ingredientes, o cozinheiro necessita conhecer estes ingredientes e saber utilizá-
los. Assim poderemos elevar o nosso nível de aprendizagem e de aprendizado, o
que acontece durante toda nossa trajetória enquanto músicos.
Ao invés de “domesticar” o estudante, a minha proposta aqui é com que através
deste estudo de base ele possa despertar-se, descobrir-se artisticamente e
“caminhar com suas próprias pernas” no futuro.
Se você leu até aqui e concorda com o que proponho, seja muito benvindo, e
prepare-se para uma aventura incrível que se inicia agora. Boa sorte!
Estes livros complementares servirão para enriquecer ainda mais a qualidade dos
estudos e para que o aluno possa estar preparado para o próximo passo após
terminar o conteúdo deste livro.
10 | BATERIA ESSENCIAL
10 dicas para o estudante
1- Quando estiver estudando e praticando seja um autocrítico positivista.
Procure ser honesto consigo mesmo e use sempre o bom senso. Quando
algo ainda não estiver soando corretamente, procure melhorá-lo antes de
mudar de etapa. Aprenda também a identificar quando há melhora e
evolução;
2- Lembre-se: o bom é pior inimigo do melhor!;
3- Lembre-se também: O bom e o melhor são relativos ao ponto de vista de
cada pessoa, tenha sempre referências! Esteja sempre bem informado
sobre os assuntos que estiver desenvolvendo;
4- Estude e pratique sempre mais do que seu professor lhe pede. “Pode-se
levar o cavalo para beber água no lago... pode-se até forçá-lo a beber a água...
mas não se pode dar sede...”
5- Tenha paciência, perseverança e constância. Essas são as chaves para seu
sucesso! “Nunca, nunca, nunca desista!” (Orson Welles);
6- Respeite as pessoas que fazem ou já fizeram algo positivo pela classe
musical;
7- Nunca subestime ninguém! Quem é iniciante hoje poderá ser um grande
músico no futuro. “Cuide para que suas palavras sejam doces como mel,
pois provavelmente terá de engoli-las de volta!” (Renato Kell);
8- Procure ter uma mentalidade livre de pré-conceitos com relação à música.
Ouça diferentes estilos musicais aos quais está acostumado, e aprenda a
identificar o que tem substância e conteúdo de qualidade nos diferentes
segmentos. Somente aprende-se a tocar de verdade diferentes tipos de
música que realmente se gosta;
9- Tenha um relacionamento saudável com todos os músicos que conhecer,
pois precisará de todos eles e vice-versa. O universo é próspero para todos,
procure ocupar seu espaço e nunca o do outro;
10- Cuide de sua saúde como um todo. Tocar bateria exige uma demanda de
energia considerável.
Planejamento e metas
Proponho que ao iniciar os estudos deste livro, faça um planejamento de estudos e
trace METAS para que consiga concluí-lo. Peça ajuda à seu professor, e se for
estudá-lo sozinho, organize-se para poder manter uma sequência progressiva e
motivada sempre. Você deve conhecer muitas pessoas que começam estudar livros e
nunca os concluem. Isto é muito comum. Mas as pessoas incomuns é que se
destacam dentre os demais. Somente os que se esforçam conseguem resultados
satisfatórios, pois este é o mérito por terem se dedicado com afinco. Não conheço
ninguém que consegue resultados diferenciados positivos sem ter traçado
planejamentos, metas e que não tenha se dedicado com organização, paciência,
constância e persistência. Portanto, quero que você faça um trato consigo mesmo
para concluir os estudos deste livro. Somente assim você conseguirá usufruir de
todos os benefícios do mesmo.
ALEX REIS | 11
MÚSICA
CONHECIMENTOS GERAIS BÁSICOS
12 | BATERIA ESSENCIAL
ESTUDO 1
estudo no. 1
S om é todo ruído que impressiona os ouvidos. Resultante de vibrações dos
corpos, e se constitui de 4 qualidades principais fundamentais: altura, duração,
intensidade e timbre.
Altura/entoação são vibrações executadas pelo corpo sonoro podendo ser
graves ou baixos, médios, agudos ou altos. Vibrações rápidas produzem sons
agudos, enquanto que vibrações lentas produzem sons graves.
Duração/quantidade significa o maior ou menor tempo produzido pelo
som que é representada por valores chamados positivos, que abordaremos
depois.
Intensidade é o volume do som. De acordo com a força aplicada para se
conseguir um som mais ou menos forte/intenso.
Timbre é a personificação do som, característica ou a “cor do som”. Através
do timbre definimos e distinguimos sons de mesma altura, duração ou
intensidade produzidos por vozes ou instrumentos diferentes.
Música
A “arte das musas” para os antigos gregos, é a arte ou ciência que combina diferentes
sons, variando melodias, altura, timbres, duração e ritmo.
É a arte dos sons expressados pelos seus três elementos fundamentais – harmonia,
melodia e ritmo - que combinados entre si e ordenados sob a lei de estética
transmitem sentimentos, ideias e vibrações.
A harmonia é a junção de vários sons ouvidos ao mesmo tempo, sempre
respeitando as leis que regem tais agrupamentos simultâneos.
A melodia é a sucessão de sons que forma um sentido musical.
O ritmo é o movimento ou cadência que definido por uma duração maior ou
menor, dá suporte a harmonia e a melodia em que a combinação dos três seja
definida como música. É a ordem simétrica dos sons e também o movimento
ordenado dos sons originários de uma pulsação musical.
ALEX REIS | 13
Origem da escrita e alfabetização musical
Chamamos a escrita musical de “notação musical”. Ao matemático e filósofo
grego Pitágoras (582-500AC) atribui-se a descoberta das razões numéricas dos
intervalos principais da escala musical que era escrita por meio de letras.
A evolução da escrita passou obviamente por etapas diferentes ao longo do tempo
como a notação numérica, notação neumática, notação romana/quadrada, notação
coral alemã, notação mensuralista, etc... Atualmente os sons musicais são
representados graficamente pelas notas musicais ou também conhecidas como
figuras musicais.
Som e silêncio
As várias durações do som ou do silêncio são representadas por figuras positivas e
negativas.
14 | BATERIA ESSENCIAL
Conceitos e princípios básicos de teoria rítmica
Compasso – é a divisão da música em pequenas partes e de duração igual ou
variável. Na pauta são representados por barras de separação entre cada um
deles como no exemplo a seguir:
Classificações de velocidades
Grave – lentíssimo quase parando – 40bpm (batidas por minuto)
Largo – lento – 40/60bpm
Larguetto – pouco mais que lento – 60/66bpm
Adágio – devagar – 66/76bpm
Andante – andando – 76/103bpm
Andantino – andando pouco mais rápido – 84/112bpm
Moderatto – moderado – 108/120bpm
Allegretto – pouco alegre – 112/120bpm
Allegro – alegre – 120/168bpm
Vivace – muito vivo, ligeiro – 152/168bpm
Presto – com muita rapidez – 168/200bpm
Prestíssimo – rapidíssimo – 200/208bpm
Alterações de andamento
O compositor da música opta por seguir e/ou compor em um determinado
andamento seguindo sua única e exclusiva intuição, criatividade, senso, gosto e
estética musical pessoal. Isto lhe dá a liberdade de alterar o andamento da
composição no decorrer da execução da mesma se assim desejar. Ao escrever a
música na partitura (conjunto de pautas), estas transições estarão exemplificadas
através de notações de alterações de andamento. As mais comuns são notações de
“rallentando” e “aumentando” que tem como objetivo alterar o
andamento/velocidade da música para o que a própria palavra está pedindo.
ALEX REIS | 15
Guia
Guiaessencial
essencialdedeconsulta
consulta- termos musicais
- termos comuns
musicais comuns
Alguns termos musicais mais comuns e seus significados
Para uma consulta rápida e uma memorização extremamente importante, utilize este
guia abaixo. E já que você deseja ser músico, procure pesquisar e conhecer mais
sobre estes termos a seguir:
Acento – indica que a nota deve ser tocada com mais intensidade/força.
Acompanhamento – as partes secundárias em uma textura musical. O ato
de acompanhar um solista por exemplo.
Acorde – o soar simultâneo de 3 ou mais cordas.
Acústica – ciência do som e da audição. Trata das qualidades sônicas de
recintos e edificações como também da transmissão do som pela voz, por
instrumentos musicais ou por meios elétricos.
Afinação – o ajuste da altura dos sons de um instrumento, ou os conjuntos
de altura nos quais os componentes desse instrumento podem ser afinados.
Anacruse – notas que se dão na última ou últimas pulsações de um
compasso. Compasso incompleto.
Binário – compasso de pulsação de dois tempos.
Contratempo – qualquer acento executado no tempo ou parte fraca num
padrão rítmico regular, que não seja sobre o primeiro tempo (forte) precedido
de pausas.
Crescendo – aumentando gradativamente a intensidade do som.
Decrescendo – diminuindo gradativamente a intensidade do som.
Desenho – refere-se às flexões da melodia e/ou desenhos rítmicos.
Dinâmica – aspecto da expressão musical resultante de variações na
intensidade sonora.
Levada – ritmo.
Metrônomo – aparelho para determinar andamentos musicais, podendo ser
mecânicos ou eletrônicos.
Nota “fantasma” – nota tocada com intensidade menor, leve, quase
imperceptível.
Ostinato – repetição de um padrão musical por muitas vezes sucessivas.
Quaternário – compasso de pulsação de quatro tempos.
Ressonância – fenômeno pelo qual um corpo sonoro vibra quando é
atingido por vibrações produzidas por outro corpo sonoro.
Síncope – articulação de um som em um tempo fraco do compasso que se
prolonga ao tempo forte seguinte podendo ser regular ou irregular.
Ternário – compasso de pulsação de três tempos.
Tessitura – parte de uma extensão vocal ou instrumental em que se
desenrola predominantemente uma peça musical.
16 | BATERIA ESSENCIAL
TESTE SUA MEMORIZAÇÃO!
1- Quais são as 4 qualidades do som?
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_____________________________________________________
_____________________________________________________
6- O que é o pentagrama?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
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ESTUDO
estudo no.2 2
As notas ou figuras musicais
As notas tem aparências distintas, e são constituídas de diferentes partes. Veja no exemplo a
seguir:
Nomes em português
Então como ponto de partida utilizando o exemplo básico de uma semibreve valendo
4 tempos de duração, os valores das notas ficarão assim:
Semibreve_______4
Mínima_________2
Semínima_______1
Colcheia________½
Semicolcheia_____¼
Fusa___________1/8
Semifusa________1/16
18 | BATERIA ESSENCIAL
Valores relativos – Em uma pulsação quaternária, utilizando a seguir como
exemplo inicial uma semibreve valendo 4 tempos de durabilidade dentro de
um compasso dividido também por quatro tempos. Observe a seguir no
gráfico que algumas notas (mínimas, semínimas, colcheias e semicolcheias)
sofrerão mudanças de valores de durabilidade em função das Quiálteras.
ALEX REIS | 19
Memorize a seguir o gráfico de notas para entender que em se tratando de divisão
musical à partir da semibreve, sempre uma nota valerá duas da seguinte.
Fórmulas de compasso
São frações numéricas que aparecem no início do pentagrama após a clave como no
exemplo a seguir:
Para o exemplo acima falamos musicalmente quatro por quatro e nunca quatro
quartos.
Elas servem como uma referência de divisão rítmica para que o músico interprete a
notação de forma esteticamente organizada.
Para compreender melhor as fórmulas de compasso, é de muita importância
conhecer os valores numéricos das notas. Dizer por exemplo que uma semínima vale
1 tempo de som também é correto porque este conceito é o básico e funciona como
um ponto de partida para o ensino e aprendizado. Porém, como visto anteriormente
a semínima poderá não valer 1 tempo de duração em outras situações dependendo da
20 | BATERIA ESSENCIAL
fórmula de compasso a que for submetida, ou devido a alguma alteração de um grupo
rítmico específico em que se utilizam quiálteras ou pontos de aumento.
Existem também os compassos mistos (5, 7 ou mais pulsações) que são a junção
combinada de compassos de 2, 3 e 4 pulsações de onde se originam.
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TESTE SUA MEMORIZAÇÃO!
1- O que as notas musicais ou figuras musicais expressam ao serem escritas?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
Muito bem, agora que você já tem uma noção básica de teoria musical podemos
iniciar. Lembre-se de que existem mais aspectos e diferentes abordagens sobre os
mesmos assuntos que tratamos anteriormente. Se você gostou desta parte, continue
pesquisando e se aprofundando nesta área, pois só tem a ganhar em termos de
conhecimento. Incentivo que na medida do possível, no futuro faça um curso sobre
harmonia com um bom professor desta área. Ser baterista não significa que você não
possa entender sobre estruturação harmônica e demais elementos importantes sobre
música. Isto o ajudará a complementar e enriquecer sua educação musical.
22 | BATERIA ESSENCIAL
BATERIA
CONHECIMENTOS ESSENCIAIS
ALEX REIS | 23
ESTUDOno.3 3
estudo
Breve história da bateria
A bateria é um instrumento originário dos Estados Unidos da América do Norte, e
basicamente foi concebido para que vários instrumentos de percussão pudessem ser tocados
por um instrumentista ao mesmo tempo. Chamado e conhecido por “drum set” “drum kit”
ou “trap kit”, que genericamente se traduz por “conjunto de tambores”, no Brasil
conhecemos por bateria remetendo-nos ao primitivo ato de “bater” nos tambores que em
minha opinião particular ao utilizamos este sub-nome, reduzimos e muito a identificação da
atividade onde ao invés de “bater em algo” prefiro acreditar que estou a “tocar um
instrumento”.
De 1880 à meados de 1930 era comum nos teatros e cabarés norte-americanos shows de
entretenimento onde em meio à dançarinos, atores, mágicos, acrobatas, malabaristas,
animais treinados, os músicos já faziam parte disto tudo onde a bateria no início era um
composto entre o bumbo, a caixa e pratos, todos extraídos das fanfarras e bandas marciais.
Esta “era” norte-americana ou estes tipos de apresentações eram conhecida como
“Valdeville” nome extraído da língua francesa que em português significa “teatro de
variedades” e pode-se dizer que foi o embrião do show business americano que se reflete até
os dias de hoje.
A influência européia e mais precisamente a francesa nesta área artística é extremamente
forte no “novo mundo”. Vale dizer aqui como um exemplo muito importante que no sul dos
Estados Unidos em New Orleans no “quarteirão francês” onde à beira do Rio Mississipi os
cabarés e casas noturnas também se tornaram o celeiro das apresentações de músicos ao
vivo para animar e alegrar aos visitantes e frequentadores destes locais ao som do Foxtrot e
do Dixieland que influenciados pelo Blues mais tarde dariam origem ao Jazz. Assim o
instrumento “bateria” começa a ser utilizado com frequência nestas ocasiões fazendo parte
integral nos grupos musicais. Atribui-se aos músicos “Baby” Dodds e Paul Barbarin em New
Orleans a honra de serem pioneiros no uso do set up de bateria desta era.
A partir de 1890 as primeiras experimentações com pedais começaram a ser feitas e em
1904/05 Dee Dee Chandler também de New Orleans patenteou sua versão, mas em 1909
Theodor Ludwig um dos fundadores da Ludwig & Ludwig Co. patenteou sua versão do que
evoluiu para os pedais de bumbo que utilizamos até hoje. Esta invensão foi um marco
histórico pois abriu a possibilidade aos bateristas de deixarem suas mãos livres para tocar os
outros instrumentos do set up/conjunto que nesta época já continha blocos sonoros (blocks),
sinos de vaca (cowbells), buzinas (klaxons, horns), apitos (whistles) e demais “armadilhas”
no sentido figurado, daí a explicação para o termo “Traps kit”.
As estantes ou “máquinas” de chimbau somente foram aparecer em 1926.
A partir de 1930 fica popularizado o uso dos “kits com 4 peças” sendo 1 bumbo, 1 caixa, 1 tom
tom e 1 surdo, fato curioso pois mesmo se utilizando dos pratos, não costumavam mencioná-
los no conjunto. Atribui-se esta popularização do kit de 4 peças a Ben Duncan
principalmente. Nesta fase desenvolve-se o “consolette” que consiste em uma peça colocada
acima do casco do bumbo para segurar e montar o tom tom, hoje conhecido como “tom
holder”.
Ao contrário do
Ao contrário do que
que muitos acreditam
atualmente os kits
acreditam oscom 2 bumbos
roqueiros, foram
os kits com 2 bumbos foram
no set up na década de 1940 por Louie Bellson.
inseridos na
O primeiro solo de bateria registrado em gravação foi feito por Gene Krupa que além de ser o
primeiro baterista “band leader” da história, também foi o primeiro a trazer o foco da
atenção do público ao instrumento, que após isso começa a notar sua importância.
Seguidos por Gene Krupa, os bateristas mais conhecidos desta época e das próximas décadas
são Art Blakey, Buddy Rich, “Big” Sid Catlett, Cozy Cole, Max Roach, Elvin Jones, Louie
Bellson, Shelly Mane, Papa Jo Jones, Phillie Joe Jones, Rufus Jones, Joe Morello, Kenny
Clark, Shadow Wilson, Roy Haynes, Frankie Dunlop, Louie Hayes, Tonny Williams, Jack
DeJonette , Al Foster e muitos outros não mencionados aqui e não menos importantes para
a popularização e evolução do instrumento até os dias de hoje.
24 | BATERIA ESSENCIAL
No Brasil, da mesma forma que as bandas marciais surgiram na América do norte, e
influenciados pelos bateristas do “swing” norte americano a bateria foi inserida
primeiramente nos cinemas (onde a orquestra acompanhava os filmes mudos), teatros,
gafieiras e cabarés. A data precisa de sua entrada no país permanece controversa, mas
acredita-se que foi por volta de 1919. Os bateristas brasileiros mais expressivos na época e
das décadas seguintes aos dias de hoje e de difrentes estilos que cito aqui são Luciano
Perrone, Milton Arizza “Chumbinho”, Rubens Barsotti, João Palma, Dom Um Romão,
Edison Machado, Milton Banana, Jadir de Castro, Nenê, Jayme Pladevall, Sut, Sutinho,
Claudio Slon, Antonio de Almeida (Toniquinho), Celso de Almeida, Argus Montenegro, Raul
de Barros, Paulinho “Briga” Vieira (Pinduca), Airto Moreira, Paulo Braga, Wilson das Neves,
Robertinho Silva, Duda Neves, Vera Figueiredo, Carlos Bala, Pepa D’Elia, Edu Ribeiro, Alex
Buck, Cuca Teixeira, Téo Lima, Paulinho Black, Paschoal Meireles, Renato “Massa” Calmon,
Pantico Rocha, Kiko Freitas, Christiano Rocha, Douglas Las Casas, Maurício Leite, Netinho,
Gel Fernandes, João Barone, Dámaso Cerruti ( baterista argentino mais “brasileiro” que
conheço) Jean Dolabela, Elói Casagrande, Marcos Kinder, Jorginho Gomes, Pablo Silva,
Gigante
GiganteBrasil,
Brasil,Pedrinho
PedrinhoBatera, Marcio
Batera, Bahia,
Marcio AlaorAlaor
Bahia, Neves,Neves,
SergioSergio
Gomes,Gomes,
Alexandre Cunha, Ricardo
Ricardo
Confessori, Aquiles Priester, Lauro Lellis, André Mello, Gledson Meira, André Gonzales,
Sandro Moreno, Maurício Zotarelli, Edson Guilardi, Ramon Montagner, Marco da Costa,
Fernando Baggio, Felipe Continentino e outros tantos que enobrecem e enaltecem a maneira
brasileira de se tocar bateria. O Brasil é um celeiro de excelentes bateristas!
Com a evolução e surgimento do Rock e a invasão dos grupos ingleses nas Américas, a
bateria também passou por mudanças tanto na formação do conjunto dos instrumentos
quanto em sua sonoridade.
Os set ups ficaram maiores e com mais quantidades de peças, apesar de que na era das “big
bands” já se utilizavam tambores grandes para que o baterista pudesse ser ouvido ao meio
dos instrumentos de sopro, no Rock o baterista tinha agora que se fazer ouvir em meio à
guitarras e outros instrumentos eletrônicos plugados em amplificadores e tocados em
volume muito alto. Portanto, obviamente tocar mais forte, utilizar instrumentos com mais
projeção, retirar as peles de resposta buscando em primeiro plano o volume sonoro, ficou
sendo o objetivo dos bateristas desta fase.
Um fato interessante é que os bateristas ingleses introduziram uma maneira muito particular
no rock (criado na América do norte) que até então era desconhecida até dos próprios
americanos. Acredito que pela influência dos ritmos centenários tocados na Europa e mesmo
pela influência musical genética advinda de sua própria natureza musical antecessora,
bateristas como Ringo Star, Charlie Watts, John Bonham, Phill Collins, Cozy Powell, Keith
Moon, Mitch Michell, Ginger Baker, Ian Paice, Bill Bruford e outros mais, desenvolveram
desenvolveam
uma maneira totalmente nova de se tocar Rock.
Após as décadas de 1960 e 1970 o instrumento se popularizou tanto que pode-se dizer que o
set up de bateria é muito conhecido nos quatro cantos do planeta. Consequentemente
também após estas décadas surgiram naturalmente excelentes bateristas nos mais diferentes
continentes destacando-se os brasileiros, cubanos, africanos, norte-americanos, europeus e
australianos, fato que acontece até o presente.
Atualmente o instrumento aparece também de forma “híbrida” se misturando com artefatos
eletrônicos e com instrumentos de percussão de diferentes partes do planeta. Não há limites
nem regras para estas misturas de set ups, isto tudo fica a cargo e ao bom senso do
instrumentista.
Resumindo, a bateria foi “inventada” ou “descoberta” pelos norte-americanos e desde então
este instrumento passa por evoluções incessantes. É um instrumento de origem popular e
não erudita, por isso o instrumento em si e sua forma pessoal de tocá-lo faz com que a arte
criativa seja constantemente explorada pelos que se aventuram por este caminho. A emoção
e o prazer de se tocar bateria é algo indescritível e somente vivenciado por quem toca. Talvez
pelo fato do ato de percutir em algo ter surgido com nossos ancestrais das cavernas, talvez
pelo fato de primitivamente nos comunicarmos através do som, mas a verdade é que tocar
bateria é divertido e faz muito bem!
ALEX REIS | 25
Guia
Guiaessencial de de
essencial consulta 2 - 2rítmos
consulta dasdas
- rítmos américas
américas
Estilos musicais mais expressivos nas Américas:
América do Norte
Basicamente são 4 estilos principais: o Blues, o Ragtime, o Funk e o Rock de
onde se derivaram o dixieland, jazz, swing, be bop, free form jazz, cool jazz,
mainstream jazz, avant-garde jazz, hard bop, fusion jazz, rhythm’n’blues, shuffle
blues, soul, hip hop, rap, house, dance, trance, drumn’bass, techno, rockabilly,
rockn’roll, hard rock, heavy metal, power metal, trash metal, etc…
América Central
Cuba- guaracha, descarga, bolero, cha cha cha, son montuno/mambo, rumba,
guaguancó, soca, mazacote, bomba, pachanga, bembé.
Jamaica – nayabing, ska, reggae., raggamuffin
Costa Rica -calipso, mento, vals, bolero, corrido, callera, chiquichiqui.
República dominicana – merengue, bachata.
Equador –passillo, pasacalle, yaraví, sanjuanitoy, tonada, andina, bomba del
chota.
Guatemala – son, marimba.
Haití – kompa, zouk.
México –huapango, ranchera, jarabes, corrido, boleros, abajeño,marimba,
son jarocho.
Porto rico – bomba, plena, reggaeton.
Nicarágua – son nica, polka, mazurca, jamaquello.
Panamá – tamborito, cumbia, punto, passillo, mento, palo de mayo, calipso.
América do Sul
Paraguay – polka, jopara, zarzuela.
Perú – landó, zamacueca, festejo, panalivio, cumunanas, socabones, andina
peruana.
Uruguay - candombe, tango, murga.
Venezuela – llanero, gaita zuliana, joropo.
Colômbia – cumbia, porro, vallenato.
Chile – cachimbo, rin, sirilla, cueca.
Bolívia – quéchua, aymara.
Argentina – tango, chacarera, zamba, chamamé.
Brasil – Boi bumbá (AM), carimbó (PA), cabocolinhos (PA/RN), xote
(AL/PB/PE/MA), marcha/arrasta pé/esquenta mulher (PB/CE/AL), baião
(AL/PB/PE/CE), xaxado (PB/PE), cocos de roda (AL/PE), cocos de embolada
(AL/PB), maracatús (PE), ciranda (PE), frevos (PE), bumba meu boi/cavalo marinho
(PE), maculelê (BA), ijexá (BA), barravento (BA), samba de roda (BA), samba reggae
(BA), tambor de crioula (MA), boi de zabumba/boi de matraca (MA), chula (RS/SC),
boi de mamão (RS/SC), cacumbi (RS/SC/PR), chimarrita (RS/PR/SC), fandango
(RS/PR/SC), siriri cururu (MS), polca pantaneira (MS), calango (MG,RJ), chorinho
(RJ/SP), samba canção (RJ,SP), samba de breque (SP), congos/congado (MG/SP),
sambas
sambasde debatuque/partido
batuque/partido alta/escola(RJ/SP), chorinho,
alto/escola (RJ/SP), canção
maxixe (RJ),(RJ/SP), maxixe (RJ),
jongo/caxambu
jongo/caxambu (SP/RJ),
(SP/RJ), zé pereira zé pereira
(RJ/SP), (RJ/SP),
candombe candombe
(MG), (MG),
ticumbi ticumbi
(ES), catira (ES),catira (MG/SP),
(MG/SP), folia do
folia do divino/folia
divino/folia de reis de reis (MG/SP),
(MG/SP), moçambique
moçambique (SP/MG),
(SP/MG), marchas
marchas de carnaval (SP/MG/RJ),
de carnaval
marchas de rancho
(SP/MG/RJ), (SP/MG/RJ).
marchas de rancho (SP/MG/RJ).
26 | BATERIA ESSENCIAL
TESTE SUA MEMORIZAÇÃO!
1- Por qual motivo a bateria foi concebida?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
2- Quais eram os primeiros locais no Brasil onde se usava a bateria como um dos
instrumentos musicais?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
9- Por que os bateristas de Rock tiveram que adaptar os set ups de bateria para
se tocar este estilo de música?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
ALEX REIS | 27
estudo no. 4
ESTUDO 4
Posição das peças da bateria na pauta
Para este livro utilizaremos a escrita relacionada a um set up de bateria considerado
comum: 1 bumbo, 1 caixa, 1 chimbau, 1 surdo, 2 toms, 2 pratos.
Barras
28 | BATERIA ESSENCIAL
Abreviaturas básicas
Para notas musicais
=
=
=
Para grupos rítmicos
Existem também os sinais de abreviação de repetição que indicam que os
agrupamentos de notas ou de células rítmicas deverão ser executados da mesma
forma no compasso posterior:
ALEX REIS | 29
O metrônomo
O metrônomo é um aparelho criado para que possamos marcar a velocidade e o
andamento no rítmo. Utilizamos este aparato para que enquanto bateristas,
possamos desenvolver e aprimorar o sentido de rítmo interno. Como bateristas,
somos grandes responsáveis por cuidar do andamento das músicas que tocamos,
principalmente junto aos outros músicos e acabamos sendo a maior referência neste
aspecto no ato da execução musical. Não somos os únicos responsáveis pelo
andamento, pois todos os músicos devem se preparar no quesito “ritmo” também. A
pulsação rítmica de todos é importante para que a música seja executada com mais
qualidade, porém vale lembrar que maior parte da responsabilidade sobre o tempo é
do baterista. Raciocine comigo: quando o baterista toca a música de forma mais
rápida ou mais lenta, os outros músicos o acompanham, certo? Portanto, a bateria
não somente acompanha como é acompanhada, pois o ritmo na música é a base
primitiva onde a harmonia e a melodia se apoiam. Então se somos nós o apoio
rítmico para os outros músicos, quem nos apoia para termos esta segurança rítmica?
A resposta é o uso constante do metrônomo como condicionamento.
Para estudar e praticar faça uso este aparato regularmente, então com o passar do
tempo perceberá que seu “andamento interno” estará mais desenvolvido e mais
seguro, e quando estiver tocando ao vivo consequentemente transmitirá esta
segurança aos outros músicos.
Há situações profissionais em que o uso do metrônomo pode ser coerente durante as
apresentações ao vivo onde através de monitores de áudio “intra canal auditivo” ou
“in ear” os músicos ouvem o “click click” do metrônomo para tocarem
sincronizadamente com instrumentos pré-gravados de samplers e computadores.
Neste caso a responsabilidade do baterista se transfere para a máquina.
Existem metrônomos mecânicos e eletrônicos.
Os mecânicos são os mais antigos, possuindo um pêndulo que manualmente é
ajustado para a velocidade desejada e seu som do “tic tac” ou “click click” é de menor
volume. Geralmente são mais utilizados pelos pianistas. Os eletrônicos são muito
comuns hoje em dia e além do som digital, geralmente possuem uma luz piscante
auxiliando visualmente ao estudante, e também saída de áudio para fones de ouvido
ou amplificadores.
Seja qual for o que escolher, use-o sempre que puder pois ele será seu companheiro
nesta caminhada que se inicia. Afinal de contas, baterista que atrasa não adianta!
Metrônomo mecânico
30 | BATERIA ESSENCIAL
Posturas técnicas
Postura sentada
Parece algo sem muita relevância levar em consideração a maneira como se senta ao
banquinho da bateria, mas a verdade é que este quesito é extremamente importante!
Cada pessoa tem composição corporal e estatura diferente da outra, portanto é
imprescindível conhecer este detalhe. Dependendo de qual técnica o baterista usa
nos pedais, deverá então levar em conta a altura em que seu banquinho estará.
Independente de usar a postura dos pés plantados inteiros na plataforma dos pedais
com os calcanhares apoiados nos mesmos (em inglês “heel down”), ou a postura dos
pés com calcanhares levantados (“heel up”), algumas dicas importantes devem ser
levadas em conta. É constatado cientificamente que movimentos repetitivos fora do
ângulo adequado podem causar lesões irreparáveis à coluna vertebral, e às
articulações das pernas e pés. Geralmente, regular o banquinho muito alto para sua
estatura o fará se curvar demais sobre o instrumento e a coluna cervical sofrerá com
isso, sem falar que dá a impressão de que está pedalando uma bicicleta para quem o
assiste, pois normalmente quem faz isso fica com o tronco balançando lateralmente.
Se regular o banquinho muito baixo para sua estatura, a coluna lombar é que sofrerá
mais com dores, etc... e com o passar dos anos a situação pode piorar. Há pessoas
com o tronco maior do que o comprimento das pernas, e vice-versa. Analise sua
composição corporal e verifique em qual das duas você se encaixa. Se suas pernas
forem mais longas, obviamente que o uso do banquinho regulado mais alto será mais
confortável, se for o contrário (tronco mais longo) o banquinho regulado mais baixo
será mais confortável. Mas quando digo regulagem mais alta ou mais baixa, estou
falando de regulagens “ligeiramente” mais altas ou baixas. Às vezes um giro a mais
ou a menos na regulagem do banco faz uma imensa diferença no resultado tanto
técnico quanto sonoro do instrumento como um todo, e influencia até nas peças que
tocará com as mãos. Pessoalmente eu regulo o banco usando como referência a
altura dos meus joelhos. Eu fico na postura em pé ao lado do banco e subo ou desço o
seu assento até a altura de minhas rótulas. Esta é uma regulagem que me deixa muito
confortável para tocar os pedais. Enfim, tocar bateria é um constante “observar-se” e
uma constante atenção em sua postura corporal para obter o melhor resultado com o
mínimo de esforço. Em outras palavras, fazer “mais com menos”. Para isso que
servem as diferentes posturas técnicas.
ALEX REIS | 31
Posições dos pés nos pedais
Pedal do bumbo
Calcanhar no pedal
Calcanhar levantado
32 | BATERIA ESSENCIAL
Pedal do Chimbau
Calcanhar no pedal
Calcanhar levantado
ALEX REIS | 33
Postura convencional – francesa / palmas das mãos na vertical
34 | BATERIA ESSENCIAL
Postura tradicional – mão esquerda / palma da mão na vertical
ALEX REIS | 35
Tocando nos pratos
Hi hat / Chimbau
Há várias maneiras de se tocar o Hi hat. Aqui exponho somente duas. A primeira
toca-se com o “ombro” da baqueta, e a segunda toca-se com a ponta da baqueta.
36 | BATERIA ESSENCIAL
Movimentação das baquetas / baquetamento
Convencional
Tradicional
Aquecimentos
Estar em boa forma física ou ter um bom condicionamento físico não é algo que se
deve desenvolver somente para tocar bateria, e sim algo fundamental para a saúde
como um todo. Neste tópico irei abordar e demonstrar um aquecimento ou
esquentamento corporal para que basicamente em poucos minutos antes das
práticas, estudos ou apresentações ao vivo farão com que o organismo esteja
prevenido contra lesões e que o início da atividade seja mais prazeroso. É importante
que siga uma ordem escolhendo começar de cima para baixo (da cabeça para os pés)
ou vice versa. Isto porque o aquecimento da circulação sanguínea está associada a
esta sequencia onde músculos e tendões serão preparados para a prática.
Importante: se você tiver algum tipo de problema físico de
qualquer natureza, consulte seu médico antes de fazer estes
exercícios de aquecimento questionando-o se você está apto a
executá-los. A decisão de fazê-los é de inteira responsabilidade sua.
O autor e a editora deste livro estão isentos de quaisquer
responsabilidades relacionadas à decisão de fazer estes exercícios
físicos.
ALEX REIS | 37
Ombros – tensionar subindo e relaxar descendo
38 | BATERIA ESSENCIAL
Punhos – giros com cotovelos encostanto no tronco / braços abertos
ALEX REIS | 39
Pinça – somente os dedos sem movimentos de punho, antebraço ou ombro
40 | BATERIA ESSENCIAL
Dedos – fechar forte e abrir alongando ao máximo
ALEX REIS | 41
42 | BATERIA ESSENCIAL
Cintura – alongamentos laterais / giro de tronco com os joelhos esticados
ALEX REIS | 43
Joelhos – giros
Boa sorte!
44 | BATERIA ESSENCIAL
Guia
Guiaessencial
essencialde
deconsulta
consulta3 3- afinação dos
- afinação tambores
dos tambores
ALEX REIS | 45
“porosas” tem o intuito de imitar a sonoridade das antigas peles primitivas de
animais. Aliás, seriam porosas se fossem cheias de poros como nossa pele humana.
As peles lisas (clear) ou “limpas” tem mais projeção e ataque sonoro do que as
anteriores mencionadas.
Nosso quarto ponto diz respeito sobre a natureza do tambor novamente levando
em conta se ele tem apenas uma pele superior que é conhecida como “batedeira”
(outro nome popular que não concordo, pois como o músico-baterista toca/percute
e não bate, deveria ser conhecida como “tocadeira”) e nenhuma outra embaixo ou
no lado oposto do tambor, conhecida como “pele de resposta”. Se o instrumento tem
apenas a pele de cima, ele projetará mais volume e menos harmônicos, se tiver as
duas o volume, projeção e harmônicos serão mais balanceados.
A partir daí entramos em nosso quinto ponto a ser entendido no caso do tambor
conter as duas peles. Existem dois “efeitos” relacionados ao som que o tambor
projeta após o toque. O primeiro deles é o “Bend down” que acontece quando se afina
a pele de resposta em tonalidade mais grave do que a de cima. Ouve-se então uma
descendência tonal em que existe uma sensação de que o som está realmente indo do
agudo ao grave. O segundo é o “Bend up” onde se afina a pele de resposta
ligeiramente mais aguda que a de cima, e após o momento do toque ela “devolve” ou
responde de maneira mais rápida jogando o som de volta em que claramente temos
uma ascendência tonal vinda do grave para o agudo. A preferência é pessoal nestes
casos, experimente as duas e escolha a que melhor lhe agrada.
Ouve um tempo em que se afinavam as peças da bateria respeitando diferentes notas
da escala musical primária, mas com o passar dos anos isto mudou e hoje em dia no
geral a afinação da bateria segue mais uma preferência timbrística e pessoal.
Há bateristas que buscam no instrumento um aspecto mais melódico e assim prezam
muito pela qualidade de suas afinações.
46 | BATERIA ESSENCIAL
Ex:
Parabéns por ter chegado até aqui! A partir de agora iniciará seus estudos práticos,
boa sorte!
ALEX REIS | 47
BATERIA
PRÁTICA ESSENCIAL
48 | BATERIA ESSENCIAL
ESTUDO 5
estudo no. 5
Conteúdo prático
Em nossos estudos práticos iremos nos aperfeiçoar fazendo diferentes tipos de
exercícios. Seguiremos uma sequência de aprimoramento utilizando exercícios para
os pés (base estrutural), rudimentos para as mãos, exercícios de
coordenação motora combinando mãos e pés (ambidestria e independência
parte rítmica
entre os membros) e parte rítmica ouou ritmos
ritmos fundamentais
essenciais de diferentes
de diferentes
maneiras em diferentes estudos. A medida em que formos evoluindo, o nível de
dificuldade irá aumentando gradativamente e iremos experimentando exercícios
práticos mais avançados guardadas as devidas proporções e levando em conta o
propósito e a natureza deste livro de base essencial.
fundamental.
3)
4)
Chimbau (Ch)
5)
6)
7)
8)
ALEX REIS | 49
Bb+Ch
9) Pedalação “1 e 1”
10)
11) Pedalação “2 e 2”
12)
13) Pedalação “3 e 3”
14)
15) Pedalação “4 e 4”
16)
50 | BATERIA ESSENCIAL
Mãos - manulações e rudimentos
Caixa (Cx)
Rudimento “1 e 1” ou toque simples
1)
2)
4)
6)
8)
ALEX REIS | 51
Coordenação - combinações entre mãos e pés
Sugiro para esta seção, após estudar com as duas mãos somente na caixa, distribua
os toques de mãos juntas por todas as outras peças de sua bateria. Cuidado e atenção
ao tocar com as duas mãos juntas! Elas devem soar realmente juntas tocando apenas
uma nota a cada movimento.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
52 | BATERIA ESSENCIAL
Rítmo - levadas ou “grooves”
Conduções com as semínimas.
Você poderá neste momento escolher tocar com a MD no Ride ou no chimbau
fechado.
A ME deverá estar tocando a caixa.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
ALEX REIS | 53
estudo no. 10
Pés
Com o Ch
1)
2)
3)
4)
5)
6) Solo
Mãos
Continuação do estudo anterior de acentuações com tercinas
1)
2)
3)
Obs.: ao terminar esta parte, por enquanto ainda não inverta a ordem das
mãos. Antes disso é necessário deixar este estudo muito bem interiorizado.
Coordenação - Distribuindo os grupos rítmicos pelos tambores.
Agora chegou o momento esperado para explorarmos mais o instrumento!
1)4 tempos por tambor, de 1 nota por tempo até 4 notas por tempo e retornando a
1 nota novamente.
Rítmo
Continuação do estudo anterior, porém com Bb e Cx no contratempo e toques
seguidos de Bb
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Vamos criar?
Utilize este espaço para exercitar sua escrita musical e sua criatividade!
estudo no. 11
Pés
Tercinas de colcheias com o Bb
1)
2)
3)
4)
5)
Mãos
Acentuações com semicolcheias
1)
2)
3)
4)
5)
Coordenação
Coordenação
Com a ME “a tempo”, faremos o mesmo que anteriormente, porém vamos iniciar
do Surdo indo até à Caixa em movimento “anti-horário”
Rítmo
Continuação do estudo anterior
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
estudo no. 12
Pés
Com o Ch
1)
2)
3)
4)
5)
6) Solo
Mãos
1)
2)
3)
4)
5) Refaça todos os exercícios anteriores propostos invertendo a ordem das mãos (Ex.: EDED EDED
etc...). Poderá também neste momento retornar aos estudos 9 e 10 e refazer os exercícios de mãos
tercinados também começando com a ME. Congratulações pois estamos evoluindo!!!
Coordenação - Exercício similar ao de coordenação do estudo anterior,
porém agora faremos com a manulação alternada (toques simples).
1)
2) Com a ME “a tempo”
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
estudo no. 13
Pés
Quartinas, semicolcheias ou grupo de 4 notas
Com o Bb
1)
2)
3)
4)
5)
Mãos
Exercícios para resistência física e manutenção técnica
Após ter interiorizado estes exercícios, altere a velocidade aumentando-a sempre
utilizando um metrônomo. Faça-os sempre que puder para se aquecer ou manter sua
técnica com as mãos em dia.
1)
2)
3)
4)
Coordenação
Distribuindo alternadamente pelos 4 tambores. MD “a tempo”
Rítmo
Continuação do estudo anterior com 1 e 2 toques de caixa e/ou bumbo
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
estudo no. 14
Pés
Com o Ch
1)
2)
3)
4)
5)
6) Solo
2)
4)
5) Agora faça com a manulação alternada na caixa indo de 1 nota por tempo a 8
notas por tempo. Ex.: 1-2-3-4-6-8-6-4-3-2-1. Depois refaça também começando
com a ME.
Coordenação
Vamos inserir sextinas e fusas no execício de coordenação indo de 1 a 8 toques e
voltando . Faça todos com a manulação alternada (tudo com toques simples).
2)
4) Agora com estes dois exemplos de acentuações, refaça os exercícios rítmicos dos
estudos anteriores.
estudo no. 15
Pés - Combinações entre colcheias, colcheias tercinadas e semicolcheias
Bb
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Mãos
Double stroke roll/ toque duplo/ “papa mama”/ “tata mama”/ 2 e 2
Assim como o toque simples, o toque duplo é muito usado e muito eficiente!
Pratique com atenção e faça bom uso!
1)
2)
“Papa mama” indo de 1 a 8 notas por tempo e voltando a 1 nota por
tempo na caixa
1)
2)
3) Repita o mesmo processo feito nos exercícios anteriores com o toque duplo
começando pela ME. E lembre-se, faça no sentido anti-horário!
2)
4)
5) Agora com estes exemplos de condução mostrados, você já pode refazer todos
exercícios rítmicos (condução em colcheias) dos estudos anteriores.
estudo no. 16
Pés
Com o Chimbau
1)
2)
3)
4)
5)
6) Solo
Mãos - Paradiddles
É um rudimento composto pela junção do toque simples (1 e 1) com o toque duplo (2
e 2). Serve para inúmeras funções quando o tocamos, mas a função primordial do
paradiddle é possibilitar a mudança de “direção” de um rudimento simples ou duplo.
Ao fazer toques simples sequencialmente com a MD a tempo e desejar inverter para
que a ME fique a tempo, faça uso do paradiddle. No Brasil antigamente o chamavam
de “paradilho”.
Proponho praticá-lo também com as tercinas, conhecidos como “paratriplets”.
1) PAradiddle
2) paRAdiddle
3) paraDIddle
4) paradiDDLE
2)
3)
4)
Rítmo - Abrindo o Chimbau no contratempo e fechando-o no tempo
O sinal “o” significa “abrir/soltar a pressão” do chimbau mas deixando-o na verdade semi-aberto
produzindo um som de “ssshhhh” onde o prato de cima fica mais solto mas continua em contato com
o de baixo. O sinal “+” significa o momento exato em que deve-se fechá-lo, ou seja, apertar os dois
pratos contra si. Procure perceber que o ar entra no meio dos pratos ajudando no efeito sonoro.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
Com estas “ferramentas” você poderá escolher qualquer um dos ritmos estudados
anteriormente e aplicar a abertura de chimbau da maneira que desejar. As
combinações são inúmeras! Utilize agora o seu bom gosto!
estudo no. 17
Pés - Bumbo e Ch juntos
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Mãos
1)Paradiddles com sextinas - “para-sextuplets”
2)Paradiddles com octinas. E para não perder o bom humor eu as chamo de:
“parafusas!”
Como no estudo anterior, você pode “deslocar” a acentuação pelas outras 3 notas do
paradiddle.
2)
3) 1 tempo por tambor
Rítmo
Solo com condução em colcheias simples
estudo no. 18
Pés
Continuação do estudo anterior
1)
2)
3)
4)
5)
Mãos
De 1 a 8 notas por tempo e voltar a 1 nota na caixa com paradiddles
1)
Coordenação - Distribuindo os paradiddles pelos tambores
1)
2)
3)
4)
Rítmo
Condução em colcheias com os paradiddles!
Sim, você pode usar o paradiddle também como rítmo/groove. Divirta-se!
1)
2)
3)
4)
5)
6)
estudo no. 19
Pés
Bumbo e Chimbau alternados
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Mãos
Deslocando a acentuação – paRAdiddle.
1)
Coordenação
Continuação do estudo anterior com os paradiddles distribuídos pelos tambores,
agora com octinas.
1)
2)
3)
4)
Rítmo
Continuação do estudo anterior com os paradiddles rítmicos/ groove paradiddles.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
11)
12)
13)
estudo no. 20
Pés
Continuação do estudo anterior com Bb e Ch alternados.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Coordenação
Estruturação para grooves tercinados. As notas não acentuadas de ch são
feitas com a ponta da baqueta.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Mãos
Sequência de análise para rulos. Usaremos os grupos de semicolcheias como
guia até atingirmos 15 toques por compasso.
1)
Rítmo
Shuffle
Agora começamos nossos estudos com as levadas/grooves em sentido “Shuffle”, que
quer dizer “arrastado/bêbado”. Pode ser dizer que o groove do Shuffle está entre o
Jazz e o Rock para que a compreensão deste fabuloso rítmo seja melhor. O sentido e
o sentimento do Shuffle é aplicado sobretudo no Blues como sua principal formação.
Reza a lenda de que esta cadência foi incorporada ao Blues quando os escravos das
plantações de algodão do estado do Mississipi nos EUA ouviam o som dos
mecanismos de locomoção dos trens de ferro ao passar, e assim incorporaram este
elemento de pulsação ao rítmo de suas canções.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
estudo no. 21
Pés
Continuação do estudo anterior.
1)
2)
3)
4)
5)Solo
Mãos - Flams
Apogiatura é o nome desta pequena nota que aparece antes da seguinte. Conhecida na
liguagem percussiva como a onomatopeia “flam”. É muito utilizado e é um dos rudimentos
fundamentais a serem aprendidos. Estudaremos a “manulação espelhada” (uma mão copia o
movimento da outra), e depois a “manulação alternada”, sempre iniciando com a MD a
tempo, e logo após repetindo tudo com a ME a tempo. Após estudar com a caixa, iremos
acrescentar o Bb e o Ch. Repetiremos várias vezes o primeiro grupo de flams a cada novo
exercício para que fique bem claro e estruturado a inversão das mãos.
1)
2)
3)
4)
Coordenação - Continuação do estudo anterior de estruturação para Shuffle.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Rítmo
Continuação do estudo anterior de Shuffle acrescentando dois toques seguidos de caixa.
1)
2)
3)
4)
5)
estudo no. 22
Pés
Estudos específicos com tercinas
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Mãos
Continuação do estudo anterior com os flams
1)
2)
3)
4)
Coordenação
Continuação do estudo anterior de coordenação com o bumbo nas terceiras notas das
tercinas.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Rítmo
Continuação do estudo anterior de Shuffle
1)
2)
3)
4)
5)
6)